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APTS notícias Associação Paulista dos Técnicos de Seguro SEGURO DE RC PRECISA RECOMEÇAR! Ano XXVII - Nº 114 / 2015 O alerta partiu do especialista Walter Polido, que apontou, em debate da APTS, a desatualização, defasagem e desconformidade deste ramo

Revista APTS Notícias - edição 114

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Publicação oficial da Associação Paulista dos Técnicos de Seguro

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APTSnot íc iasAssociação Paulista dos Técnicos de Seguro

SEGURO DE RC PRECISA RECOMEÇAR!

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DOS TÉCNICOS DE SEGURO

Ano X

XVII -

Nº 1

14 /

2015

O alerta partiu do especialista Walter Polido, que apontou, em debate

da APTS, a desatualização, defasagem e desconformidade deste ramo

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O saber como prioridade

N a sua essência, conhecimento é o segundo patri-mônio em importância que se pode transmitir ou, de algum modo, herdar. O primeiro é a pró-

pria herança genética.

Embora se confunda conhecimento com informação, esta última representa o dado em seu estado bruto, captado pelos sentidos em todos os níveis. O conhe-cimento é a informação analisada, compreendida e incorporada, que, submetida ao julgo dos nossos valo-res, se transforma em sabedoria. Portanto, não há sa-bedoria sem conhecimento e tampouco conhecimento sem informação.

Acreditamos que ter acesso a mais informação produz mais conhecimento e resulta em mais sabedoria. Nesse sentido, a APTS tem colaborado, por meio de seus even-tos, para prover informação, conhecimento e, inclusive, sabedoria aos profissionais de seguros. Antecipando--se às novidades do setor, a APTS prioriza a seleção

de temas atuais e abrangentes, provocando o embate de ideias e a interação entre os participantes. Sem dúvida, a associação dos técnicos de seguro investe no saber.

Cabe, então, aos sábios profissionais do se-tor de seguros aplicarem a sabedoria práti-ca, ou a “phronesis”, termo que o filósofo Aristóteles empregava para definir a habi-lidade de agir da maneira mais acertada.Luis López Vázquez

Presidente

palavra do presidente

14. CAPA Palestra de Walter Polido em debate sobre o seguro de Res-ponsabilidade Civil enfocou principais problemas do ramo, como atraso em relação a outros mercados e desconformidade técnica e jurídica.

4 . QUEM É QUEM com Boris Ber, vice-presidente do Sincor-SP

6. MERCADO

8. ESPECIAL Debate analisa como o equilíbrio financeiro do seguro de automóvel é afetado peça falta de informação do consumidor de seguros e pelas dificuldades das operações de ressarcimento

13. REGISTRO

21. PALESTRAS DO MEIO-DIA •“O que o pessoal do Corpo de Bombeiros pode fazer pelo seu segurado”, pelo coronel Rogério Bernardes Duarte, coordenador Operacional do Corpo de Bombeiros de São Paulo

• “Benefício a Empregados ou Benefício pós--Emprego - IAS 19 – CVM 695 – CPC 33 R1”, por Magali Zeller, da AT Service Consultoria Atuarial, e Roberto Michaelis, atuário

28. GERAL • Aniversariantes

APTSnot íc iasAssociação Paulista dos Técnicos de Seguro

SEGURO DE RC PRECISA RECOMEÇAR!

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DOS TÉCNICOS DE SEGURO

Ano X

XVII -

Nº 1

14 /

2015

O alerta partiu do especialista Walter Polido, que apontou, em debate

da APTS, a desatualização, defasagem e desconformidade deste ramo

sumário

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DOS TÉCNICOS DE SEGURO

APTSnot íc ias

DIRETORIA EXECUTIVA: Presidente: Luis López Vázquez Diretor Secretário: Carlos Antonio Barros de Moura Diretor Tesoureiro: José M. Pedreira de FreitasDiretor Comercial: Osmar Bertacini

Diretores Assessores da presidência: Alberto Dabus • Alexandre Milanez Camillo • Evaldir Barboza de Paula • José Roberto Ferreira Montoro • Luis Alberto Pomarole • Luiz Antonio N. Ramos de Oliveira • Marco Antonio de Lucca • Odair Negretti • Orlando da Costa • Paulo Leão de Moura Junior • Paulo Silva Braz • Plínio Gilberto Spina Junior • Ronaldo Santos de Oliveira • José Luis S. Ferreira da Silva

DIRETORIA TÉCNICA: • Artigos Técnicos: Francisco de Assis Braga • Assessoria Jurídica: Plinio Machado Rizzi • Assistência Emergencial: Dimas Camargo Maia Filho • Atuarial: Magali Rodrigues Zeller • Comunicação: Pedro Barbato Filho • Comunicação de Web-TV: Paulo Alexandre Silva • Contratos de Seguros e Resseguros: Fábio Galli Di Matteo • Eventos Especiais: Hélio Vassian • Eventos, Parcerias e Convênios no Rio de Janeiro: Luis Marques Leandro • Gestão de Riscos:

Francesco De Cicco • Gestão de Saúde: Ariovaldo Bracco • Jurídica: Márcia Cicarelli Barbosa de Oliveira • Microsseguros: Adevaldo Calegari • Novos Projetos: Maria Helena Gurgel Prado • Previdência Privada: Paulo Roberto de Campos Castro • Property: Armando Bandechi • Regulação de Sinistros: Bruno Piagentini • Relações Internacionais: Victor Adolfo Duarte • Responsabilidade Civil Profissional: Felippe Moreira Paes Barretto • Resseguro: Roberto Gomes da Rocha Azevedo • Riscos de Engenharia: Norberto Pancera • Riscos Digitais: Manuel Dantas Matos • Segurança do Trabalho e Patrimonial: Sérgio Duarte da Cruz • Seguro Agrícola: Cid Carlos Andrade Junior • Seguro de Automóvel: Miguel Angelo Fiori Sobrinho • Seguro de Pessoas: Paulo de Tarso Meinberg • Seguro de Transportes: Artur Luiz Souza dos Santos • Seguro Garantia: José Marcelino Risden • Seguros Massificados: Alexandre Del Fiori • Sinistros: Dirceu Morandini • Sinistros Massificados: José Roberto Macéa •Social: Sérgio Eloi · Tecnologia: Marco Antonio Damiani · Tecnologia em Saúde: Sérgio Mônaco.

CONSELHO ADMINISTRATIVO: Efetivos: Carlos Roberto De Zoppa • Nelson Martins Fontana• Pedro Barbato Filho. Suplentes: Eduardo da Silva Menezes • Luiz Gustavo Miranda de Souza • Osvaldo Tozi Ohnuma.

CONSELHO CONSULTIVO:Presidente: Antonio Penteado Mendonça • Secretária: Christina Roncarati • Integrantes: Acacio Queiroz • Alberto Oswaldo Continentino de Araújo • Avelino Schmitt • Cláudio Afif Domingos • Eiji Denda • Francisco Caiuby Vidigal • Jayme Brasil Garfinkel • João Francisco Borges da

Costa • Jorge Bento da Silva • José Américo Peón de Sá • Júlio de Albuquerque Bierrenbach • Luiz de Campos Salles • Nilton Molina

CONSELHO EDITORIAL: • André Pena • Caroline Rodrigues • Francisco Pantoja • Graciane Pereira • Guilherme Contrucci • Ivanildo J. M. Sousa • João Carlos Labruna • José Francisco Filho • Kelly Lubiato • Maurício Dias • Mauricio Rodrigues Silva • Paulo Kato.

Órgão oficial da ASSOCIAÇÃO PAULISTA DOS TÉCNICOS DE SEGURO

Redação e Publicidade: Largo do Paissandu, 72 - 17º an-dar - Conj. 1704 - São Paulo - SP - CEP 01034-901 - Fones: (11) 3229 6503 - 3227 4217 - Fone/Fax: (11) 3313 0773. www.apts.org.br – e-mail: [email protected]ção e Assessoria de Comunicação: Prisma Comuni-cação Integrada Jornalista Responsável: Márcia Alves (Mtb 20.338) [email protected] Colaborador desta edição: Carlos Alberto Pacheco Rego Secretária: Lucilaine Siqueira Mendes Design gráfico: Anilton Rodrigues Marques

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quem é quem

A vida tem pregado peças interessantes na vida do corretor e empresário paulistano Boris Ber. Desafios surgiram em quatro décadas de pro-fissão – e mesmo quando, ainda muito jovem,

assumiu responsabilidades. Nada abalou sua autocon-fiança ao encarar situações que poderiam causar medo a quem prefere levar uma vida apenas confortável. Hoje, aos 61 anos, ocupando a vice-presidência do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP), ele recorda episódios de sua trajetória com um misto de or-gulho e saudade.

De origem judaica, Boris concluiu o antigo primário no Colégio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem e o ginásio no Colégio Renascença. Morou até 1974 no bairro do Bom Retiro. Seu pai nasceu no Brasil e os avôs são natu-rais de Berasabia (região do Leste Europeu, fincada entre a Moldávia, Ucrânia e Romênia). Sua mãe é polonesa na-turalizada brasileira. Os avôs ma-ternos são da região de Opole (sul do país). Enfim, uma família com história e tradição transmitidos ao menino Boris que cresceu apren-dendo a valorizar cada momento da vida.

Nos anos 70, Boris formou-se em administração de empresas pela PUC de São Paulo. Os desafios co-meçaram antes mesmo do bacha-relado. A primeira experiência foi interessante – cumpriu estágio na Fepasa, a antiga Ferrovia Paulista, e atuou como monitor no Telecur-so 2° Grau. Mas, após algum tem-po, surgiu um segundo desafio. Seu pai o convidou para montar uma cozinha industrial em Guarulhos. Aos 20 anos!

Um líder com disposição para servir

Em 40 anos de atuação na corretagem de seguros, o atual vice-presidente do Sincor-SP, Boris Ber, esteve sempre pronto para colaborar com o desenvolvimento e consolidação da categoria

O rapaz fazia várias compras no Ceasa e carregava pesadas caixas de legumes, verduras e frutas. Estrutu-rou bem a cozinha e conheceu executivos e diretores de grandes empresas. Talvez não soubesse, mas, a partir daí, começaria a pavimentar sua migração para o setor de se-guros, incentivado pelo corretor Paschoal de Marques. “Em 1979, iniciei minhas atividades na Shilton Corretora de Seguros. Vivi um período fantástico de crescimento profissional”, recorda Boris.

Além do trabalho de corretagem, dedicava-se a ativi-dades comunitárias. Foi diretor do Colégio Bialik e pre-sidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp). Atualmente é membro do conselho consultivo da federação e diretor da Confederação Israelita do Bra-sil (Conib). Na estrita acepção da palavra, Boris é um ati-vista comunitário. Orienta projetos e participa de ações de interesse da sociedade.

SUAS INfLUêNCIASEm 1982, ele e Paschoal funda-

ram a Asteca Corretora de Seguros. Neste e em outros desafios, Boris sempre teve o apoio da família. É casado há 34 anos com a miniatu-rista Thaís e pai de Renato, 32, e Fernando, 28. Ambos trabalham na corretora - o primeiro é respon-sável pela Autoridade de Registro e o outro comanda a área comer-cial. Naquele ano, ele conheceu o saudoso João Leopoldo Bracco de Lima, ex-presidente do Sincor-SP. “A trajetória de João Leopoldo é um exemplo a ser seguido”, diz.

Em 89, Paschoal o levou a fre-quentar as reuniões do Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo

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(CCS-SP). A amizade com João Leopoldo se fortaleceu. Entre uma reunião e outra, conheceu mais uma figura célebre, a do também ex-presidente do Sincor-SP, Leoncio de Arruda. A aproximação com João Leopoldo e Leoncio foi fundamental para ele atuar no sindicato. Seu registro na entidade é de 24 de outubro de 1981.

“Fui diretor de marketing do Sincor entre os anos de 2004 a 2006. Já no Clube dos Corretores, ocupei a pre-sidência entre 2006 e 2008”, conta Boris. Nessas entida-des, trabalhou bastante. No sindicato, por exemplo, ele lembra que ajudou muito na organização do Congresso dos Corretores (Conec) e colaborou em várias ações na área de comunicação. Não demorou muito para receber um convite tentador.

PROGRAMA SEGUROEm 2008, Leoncio apresentava na TV Gazeta o Progra-

ma Seguro, sempre exibido aos domingos, às 20 horas. Leoncio, que em 2011 estava com a saúde debilitada, o convidou para ser um dos âncoras. “Quando ele passava por ses-sões de quimioterapia, muitas vezes não se recuperava a tempo para as gravações. En-tão, eu e o Pedro Barbato Filho (presidente da Camaracor-SP e radialista) apresentamos alguns programas. Mas, no final de 2011, ele faleceu”, relata.

No final do contrato, firmado entre o fi-lho de Leoncio, Cristiano Arruda, e a TV Gazeta, a produtora Karina Mothio insistiu para que Boris continuasse com o projeto. A emissora deu sinal verde e os patrocinadores aprovaram o formato. O contrato foi pror-rogado por mais seis meses. O sucesso foi imediato e o programa continuou. Em 2012, Boris assumiu a coorde-nação-geral. O formato passou por algumas mudanças, “mas o estilo e o espírito continuam os mesmos”, garante o apresentador. Em janeiro último, Boris completou três anos no comando da atração. Uma homenagem prestada pelo programa ao criador, Leoncio de Arruda, foi levada ao ar no dia 8 de fevereiro.

ELEIçãOEm meados de 2013, Boris tinha a consciência de que já

havia contribuído muito com as entidades de classe, so-bretudo com o Sincor-SP. Contudo, o seu trabalho ganha-ra uma dimensão muito grande de tal forma que foi con-

vidado por três colegas para um almoço, cujo cardápio principal era a eleição para o sindicato. Segundo o corre-tor, ele e um grupo de profissionais estavam insatisfeitos com a atual diretoria e seu estilo de trabalho. O nome do próprio Boris foi proposto para candidato de oposição à presidência. No entanto, ganhou força o nome de Ale-xandre Camillo, então comandante do CCS-SP.

“Camillo fez um excelente trabalho à frente do Clube. Conversei com ele várias vezes sobre a situação da catego-ria e o panorama do mercado. Sem dúvida foi o candida-to que precisávamos”, comenta. Assim, Boris e um grupo de corretores iniciaram o movimento “Sincor Por Todos”, que durou 14 meses. Uma campanha exaustiva que incluiu visitas a todas as cidades onde a entidade tem regionais instaladas. As propostas do movimento foram bem aceitas pela maioria dos profissionais. O resultado surgiu nas ur-nas, com a vitória da chapa encabeçada por Camillo.

Em momento algum Boris desejou ocupar cargos. “Sou franco: eu não aspirava à vice-presidência. Participando como assessor ou colaborador, estaria satisfeito”, diz. Mas o seu nome foi referendado como vice. Na divisão de atribui-ções, Boris ficou responsável pela área de comunicação de-vido às valiosas experiências acumuladas nos últimos anos. Seu plano de gestão é calcado no binômio “transparência e profissionalização”. “Queremos que o Sincor-SP seja fonte dos grandes veículos de comunicação”, revela. Boris tam-bém quer empreender um trabalho vigoroso de aproxima-ção com entidades importantes como o Sescon, Sindseg-SP, Associação Comercial, Fenacor e CNseg. Há outras metas a serem cumpridas e a vontade de realizar todas elas. Nada demais para um homem que adora desafios.

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mercado

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mercado

Generali completa 90 anos de Brasil

Colaboradores da Delphos na Maratona do Rio

A Generali, uma das 50 maiores empresas do mun-do e o grupo líder em segu-ros na Comunidade Econô-mica Europeia, completou, em fevereiro, 90 anos de pre-sença no Brasil. Desde sua fundação em 1831 na cidade

de Trieste - Itália até os dias atuais, a Generali marca presença em quatro continentes.

No Brasil desde fevereiro de 1925, a seguradora foi a primei-ra estrangeira a chegar ao país. Na década de 30, inaugurou o Edifício Generali, na Avenida Rio Branco, um dos primeiros arranha-céus da cidade e que passou a ser a sua sede. Vinte anos depois, adquiriu o controle acionário da Companhia de Seguros Mercúrio. Ainda na década de 50 a empresa inaugu-rou o Edifício Assicurazioni Generali, no centro da cidade.

Atualmente, a Generali atua nos ramos patrimoniais de pessoas, massificados e linhas corporativas e está presente em todas as regiões do país, com 38 pontos de atendimento. Com a mudança do escritório Regional da América Latina para São Paulo, em 2013, a empresa consolidou seu projeto de for-talecimento no país pelos próximos anos. Hyung Mo Sung, CEO da Generali Brasil, projeta fazer com que os negócios no país representem 40% de faturamento da região até 2020.

Para estimular a prática de esportes constante entre seus colaboradores, a Delphos mantém o programa QualiVida e também premia os competidores de maratona com os me-lhores índices nas provas no fim do ano.

A empresa promoveu a inscrição de seus colaborado-res na Maratona Caixa do Rio de Janeiro, edição 2015. Na competição, o maratonista pode optar por correr o circuito completo, 42 km, ou encarar apenas a metade do percurso, na Meia Maratona.

A prova completa está agendada para 26 de julho, com lar-gada às 7h30, na Praça do Pontal Tim Maia, no Recreio dos Bandeirantes. Já na Meia Maratona, os competidores largam às 6h40, direto da Praia do Pepê, na Barra da Tijuca.

SulAmérica tem lucro líquido recordeA Sul América S.A. (BM&FBovespa: SULA11) encerrou

2014 com lucro líquido recorrente recorde de R$ 548,7 milhões, representando crescimento de 14,2% em relação a 2013. No quarto trimes-tre, o aumento do lucro líquido foi de 1,9%, atingindo a soma de R$ 294,6 milhões.

Alta significativa também foi registrada na receita total consolidada que chegou a R$ 4,2 bilhões nos últimos três meses de 2014 e crescimento de 15,1% no ano, tota-lizando R$ 16,9 bilhões em 2014. Conside-rando a operação de seguros, a SulAmérica

emitiu em 2014 um total de R$ 13,5 bilhões em prêmios, representando um aumento de 9,9% no quarto trimestre

de 2014 em relação ao mesmo período do ano anterior e de 10,7% na comparação com 2013.

Segundo o presidente da SulAmérica, Ga-briel Portella, contribuíram para o resulta-do a estratégia de ampliação comercial, sem desviar da política de subscrição com foco na rentabilidade, além da eficiência na ges-tão dos ativos próprios e rigoroso controle das despesas administrativas.

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Bate-pronto HDI ficará mais tempo em Porto Alegre

Berkley lucra cinco vezes mais em 2014

Graduação da ENS recebe calouros em São Paulo

A HDI Seguros prorrogou o período de permanência na Zona Sul de Porto Alegre de uma de suas unidades móveis para atendimento de sinistros. O Bate-pronto Móvel, que foi posicionado no dia 3 de fevereiro no Kranz Auto Center, localizado na Av. Chuí, 75, no Bairro Cristal, nas imedia-ções do Barra Shopping, ficará neste mesmo ponto até 30 de março. O horário de funcionamento é das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h45, de segunda à sexta-feira.

A HDI Seguros criou de forma pioneira o Bate-pronto Móvel, para atender com o máximo de eficiência os usuá-rios, mesmo em períodos críticos. A van dispõe de todos os serviços oferecidos nas centrais de atendimento físicas da seguradora, como total suporte em caso de sinistro, vistoria imediata do veículo e agilidade na entrega de documentos e informações.

Mesmo em meio a instabilidades econômicas, a Berkley Brasil fechou 2014 com incremento da receita de prêmios emitidos na ordem de 34,2% em comparação ao ano de 2013. O balanço anual da companhia registrou lucro líquido de R$ 8,9 milhões, valor cinco vezes maior do que o exercí-cio anterior, quando o montante foi de R$ 1,8 milhão.

O levantamento aponta ainda que as provisões técnicas atingiram R$ 152,9 milhões no final de 2014, um acrésci-mo de 59,7% em relação a 2013.Os ativos totais no valor de R$ 257,7 milhões foram 46,3% superiores se comparados ao saldo existente em 31 de dezembro de 2013.

Os fatores que justificam o desempenho positivo ao longo de 2014 foram os investimentos da Berkley no processo de regio-nalização, nas parcerias com assessorias de seguro e na contra-tação e treinamento de profissionais especialistas nos seguros.

“Mercado de Seguros: Situação, Tendências e o Papel do Ensino” foi o tema da palestra do diretor da Sompo Japan Nipponkoa do Brasil, Luiz Macoto Sakamoto, que marcou a aula magna da Graduação em Ad-ministração em São Paulo (SP), rea-lizada em fevereiro, na Unidade Av. Paulista.

Especialista em Administração pela FGV-SP e certificado pelo AICPCU/IIA (atual The Institu-tes), com mais de 30 anos de experiência no mercado de seguros, Macoto comentou o potencial de expansão do setor, cuja parti-cipação atual no PIB ultrapassa 4%. “Em economias maduras, a participação é de 8% a 12%, portanto, temos espaço para cresci-mento”, avaliou o executivo.

A escassez de talentos nesse segmento foi outro assunto em pauta. “Hoje, temos necessidade de mão de obra qualificada e é neste ponto que a Escola Nacional de Seguros desempenha papel importante”, explicou Macoto. O diretor também é um dos pro-fessores da Graduação em Administração em São Paulo e lecio-na no MBA Executivo em Seguros e Resseguro, atualmente com inscrições abertas para a oitava turma na capital paulista.

Grupo BB e MAPFRE lança seguro para pequenas frotasO grupo BB E MAPFRE acaba de lançar um seguro para a

proteção de pequenas frotas. Exclusivo para clientes pessoa jurídica, o novo produto é destinado a frotas de dois a quin-ze veículos. “Estamos ampliando as facilidades comerciais para os empresários que contam com operações de menor porte, mas que necessitam de apoio dos seus parceiros para garantir melhor rentabilidade”, afirma Jabis Alexandre, dire-tor geral de Automóvel do grupo.

Outra novidade é que os parceiros do grupo poderão re-alizar a cotação online da apólice. O seguro para pequenas frotas do grupo BB E MAPFRE é destinado para todos os tipos de veículos, como passeio e carga. Entre as coberturas básicas estão colisões, incêndio, roubo/furto e responsabi-lidade civil (danos materiais, morais e estéticos). As assis-tências gratuitas para o veículo (guincho, chaveiro, socorro mecânico etc.) também fazem parte do pacote de vantagens.

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especial

falta de informação afeta seguro de automóvel

Problema resulta em perda do direito à indenização, ações na Justiça e dificuldade de ressarcimento contra causador do dano

“N a medida em que o segurado não enten-de o produto que está comprando au-mentam as chances de reclamar na Jus-tiça, às vezes até por situações que não

tem direito”, disse a diretora de Novos Projetos da APTS, Maria Helena Gurgel Prado. Ela coordenou o Debate Bom--Dia “Consumidor e Ressarcimento: o equilíbrio do seguro de Automóvel”, realizado no dia 26 de novembro, na sede da APTS. Dois debatedores participaram do evento: Fer-nando Martins Chaves, que atua nas áreas de ressarcimen-to e jurídica da Alfa Seguradora, e Darli Polvani Bechara, responsável pela equipe de ressarcimento da HDI Seguros.

Helena Prado abriu o evento com o relato do episódio

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que marcou o nascimento do seguro de automóvel no mundo, em 1898. “O Dr. Truman J. Martin foi a Travellers Insurance de New York e contratou o primeiro seguro de automóvel para o seu carro a vapor, preocupado em colidir com um cavalo ou carruagem”. Ela destacou, em seguida que, hoje, 116 anos depois, ainda existem questões que sus-citam dúvidas no seguro de automóvel. “A consequência é o aumento do custo interno das seguradoras para defesas, agravando o resultado da carteira”, acrescentou.

O prOblemaSe os consumidores fossem mais bem informados sobre

os seus seguros, não haveria tantas ações na Justiça contra seguradoras. Esta é a opinião do advogado Fernando Mar-tins Chaves, responsável pelo setor de ressarcimento e pelo suporte jurídico na Alfa Seguradora. Ele, que está cursando especialização em direito do consumidor, tem uma visão clara do problema. “Falta de informação gera demanda ju-dicial e dificulta a venda de seguros”, disse.

Para Fernando Chaves, o problema começa pelo enten-dimento de alguns juízes, que ainda consideram o direito à indenização como intrínseco ao pagamento do prêmio. Até porque era este o conceito aplicado pelo Código Civil

de 1916, cuja vigência durou quase um século. Já o Código Civil atual aprimorou esse conceito ao estabelecer no arti-go 757 que: “o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados”.

Para o advogado, o termo “predeterminados” representa uma mudança importante, pois, significa que o segurador estipula os riscos que pretende cobrir. Já o segurado, por sua vez, adere ao contrato. Outra mudança importante foi a menção ao “interesse legítimo”, que, a seu ver, “quebra” a sinalagma, ou dever mutuo, de que apenas pagar o prêmio é o suficiente para ter direito à indenização. “Precisa haver o interesse legítimo”, reforçou. Apesar das mudanças na le-gislação, a base do seguro não mudou. “Continua intacta, com risco, mutualidade e boa-fé”, disse.

DemanDas juDiciaisUma das principais causas de demandas judiciais no se-

guro automóvel, segundo Fernando Chaves, é a falta de entendimento do segurado sobre a diferença entre valor de mercado referenciado e valor determinado na apólice. Ele explicou que o primeiro é decorrente da valorização do automóvel e seu reflexo no prêmio. Já o valor da apólice é o montante que será pago ao segurado em caso de sinistro.

O Ministério Público levou essa questão ao Superior Tri-bunal de Justiça (STJ), solicitando a declaração de inexis-

Darli Polvani Bechara, da HDI Seguros

Fernando Martins Chaves, da Alfa Seguradora

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especial

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tência ou de abusividade da cláusula de valor de mercado referenciado. A conclusão do STJ foi pela legalidade da cláusula, por entender que era vantajoso para o consumi-dor ter mais essa opção de contratação.

Outra situação, também geradora de conflitos, é a dos segurados que ignoram determinadas atitudes que podem resultar em agravamento de risco. Caso, por exemplo, de acidentes provocados por condutores inabilitados ao vo-lante, em que o segurado entende ter pleno direito de pedir indenização.

Fernando Chaves citou, ainda, o exemplo do segurado que decide fazer um pacto com o terceiro prejudicado por acidente para o conserto do veículo, mas sem comunicar à seguradora. Segundo ele, casos como esse majoram o dano e trazem prejuízo para a seguradora. Inclusive o segura-do, notadamente por ignorar seus direitos, não usufruiu de benefícios que o seguro lhe garante, como, por exemplo, o auxílio técnico e jurídico para a sua defesa, se vier a ser acionado na Justiça. “São benefícios que, às vezes, não che-gam ao consumidor”, disse.

No âmbito do Judiciário, a falta de informação sobre seguro também produz equívocos, como confundir cláu-sula abusiva com cláusula limitadora de risco. Esta última

está explicita no artigo 757 do Código Civil, que trata do conceito de “predeterminado” e, ainda, no artigo 760, que menciona “os riscos assumidos”. O próprio Código de De-fesa do Consumidor (CDC) se refere à limitação do risco, exigindo apenas que o termo seja destacado no contrato. Para ele, sem a distinção entre as cláusulas, a seguradora assumiria riscos que inviabilizariam a comercialização do seguro.

cOntrOvérsiasEmbora o seguro perfil não seja novidade, muitos segu-

rados não sabem que o descumprimento de algumas regras pode levar à perda de direito à indenização. Nesse sentido, o Código Civil define que a perda ocorre em caso de omis-são de informação ou declaração inexata de situações que possam influir na alteração da proposta ou taxa do prêmio. O exemplo clássico é o do segurado que declara guardar o veículo na garagem, mas, na verdade, o estaciona na rua. Entretanto, Fernando Chaves esclarece que a perda do di-reito apenas será aplicada se houver o nexo de causalidade entre a declaração inexata e a ocorrência do sinistro.

Não menos polêmico é o acidente provocado por moto-rista em estado de embriaguez. A começar pela dificuldade

Maria Helena Gurgel, diretora de Novos Projetos da APTS, ao centro, com Darli Polvani e Fernando Martins

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que a seguradora tem de obter a prova, seja pela falta de ferramentas adequa-das ou pela recusa do motorista em fazer o teste, o que é lícito. Também di-ficulta a posição contrária do STJ. Os julgadores questionam se o acidente aconteceria caso o motorista não es-tivesse embriagado. “A meu ver, isso é uma afronta, um retrocesso. A maioria dos países desenvolvidos trata a em-briaguez com rigidez”, disse.

Outra questão controversa é a pos-sibilidade de ingresso de ação direta de terceiro contra o segurador, para pleitear o recebimento da indenização do seguro de RCF. Segundo Fernando Chaves, a questão gerou polêmica no próprio STJ, que acabou concluindo, em julgamento dos Recursos Repetitivos de Controvérsia, pela impossibilidade de ação direta do terceiro. “O argumento utilizado foi o de que a cláusula de RCF para atender o terceiro não é estipu-lada em favor da vítima, mas do segurado”, disse.

A prescrição foi a última questão trazida pelo debatedor. A grande polêmica, segundo ele, é a contagem do prazo, que no Código Civil é de um ano, mas no CDC, de cinco anos. Para o advogado, o mais razoável é aplicar o prazo do Código Civil, que é mais específico. Já o prazo prescricional do CDC, deve ser aplicado somente em relação a defeitos, de produtos e serviços.

Como a contagem do prazo se a inicia a partir do mo-mento em que o segurado tem ciência do sinistro, a maioria das seguradoras opta por carta registrada para comunicar a negativa de indenização. “Se a seguradora não responder de forma inequívoca, o prazo prescricional estará suspenso e o segurado poderá acioná-la anos depois”, explicou. Fer-nando Chaves concluiu que as seguradoras precisam inves-tir em maneiras de informar o consumidor. “Se o consumi-dor não for atingido pela informação, teremos um cenário árduo para trabalhar e continuar avançando”, disse.

O Difícil ressarcimentOResponsável, atualmente, pela equipe de ressarcimento

da HDI Seguros, a advogada Darli Polvani Bechara reco-nhece que, apesar da importância do ressarcimento para seguradoras, nem todas priorizam essa operação. “Mas, es-tamos tentando mudar isso”, disse. As mudanças começa-ram, segundo ela, a partir de 2009, com a criação do grupo

de Ressarcimento junto à FenSeg. Até então, poucas segu-radoras buscavam o ressarcimento e, geralmente, por meio de acordo de reciprocidade com congêneres. “O grupo foi uma grande evolução”, disse.

Darli conta que o grupo já produziu resultados, como é o caso do manual de ressarcimento, que orienta sobre os pro-cedimentos para agilizar a operação. Outra iniciativa foi a criação de um sistema de controle dos protocolos, prazos e regulação dos processos de ressarcimento entre as congê-neres. Segundo ela, entre as seguradoras do grupo vigora o princípio da reciprocidade e da confiança. “Todas têm o mesmo interesse. Então, se faço bem minha regulação, acredito que meu colega faça o mesmo”, disse.

cOnceitO e funciOnamentOA advogada explicou que a operação de ressarcimento

consiste na busca do valor indenizado ao segurado, nos si-nistros em que o terceiro é culpado. “Quando a seguradora indeniza, subroga-se desse direito do segurado para bus-car do terceiro o valor pagou”, disse. A prática é amparada pelo Código Civil, que estabelece a obrigação de reparação do dano pelo causador. Mas, também nessa área, falta in-formação ao segurado, que não sabe, por exemplo, do seu direito de cobrar do terceiro a franquia.

Na prática, as seguradoras costumam dividir a operação de ressarcimento em cobrança do terceiro e cobrança das congêneres. Algumas mantêm departamentos bem estru-turados para essa tarefa, com dezenas de funcionários. A maioria, porém, terceiriza o serviço e remunera de acordo com o êxito na recuperação dos valores. Obter o ressarci-

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mento do terceiro por meio judicial não é a primeira op-ção. Antes, porém, é preciso tentar a recuperação de forma amigável.

Os benefícios do ressarcimento vão além da recuperação do dinheiro para as seguradoras, provocando também, na definição de Darli, “um efeito em cascata”. Segundo ela, re-duz a sinistralidade da seguradora, da sua filial e - porque não dizer -, até dos corretores, resultando em maior com-petitividade e aumento das vendas. “É um ciclo: dinheiro traz dinheiro”, disse.

falta De infOrmaçãOA falta de conhecimento dos segurados sobre ressarci-

mento tem provocado equívocos que, muitas vezes, pre-judicam os próprios. O principal erro, segundo Darli, é o segurado acreditar que pode negociar a reparação do dano diretamente com o terceiro. Para ela, não está claro para o segurado que ao receber a indenização subroga seus di-reitos à seguradora. A prática é estabelecida pelo Código Civil, no artigo 786 que também define a ineficácia de qual-quer ato do segurado que possa extinguir esse direito da seguradora.

Nos casos em que o valor do prejuízo supera o valor das coberturas de danos materiais e corporais fixados na apó-lice do terceiro, Darli revelou que o mercado adota uma prática não muito correta, a seu ver. “Se o valor da apólice é de R$ 50 mil, mas o prejuízo é de R$ 80 mil, por exem-plo, a seguradora do terceiro pede à congênere o termo de quitação, com o intuito de proteger o segurado. Mas, do ponto de vista comercial, discordo desta prática, porque o segurado acabará sempre contratando cobertura de valor de danos corporais medíocre em detrimento do próprio mercado de seguros”, disse.

OutrOs DesafiOsDescobrir a identidade do terceiro causador do dano é

uma tarefa árdua e, às vezes, impossível, segundo Darli, caso não seja informada a placa do veículo. O Boletim de Ocorrência é um instrumento importante nessa busca, mas não é obrigatório na regulação e, por isso, nem sempre faz parte do processo.

Mas, saber o número da placa não significa o fim do pro-cesso de ressarcimento. Segundo Darli, chegar até a identi-dade do terceiro exige muita pesquisa e garimpo. O tempo é importante, já que a prescrição para o ressarcimento é de três anos a partir da ocorrência do sinistro. Para ela, se o segurado conhecesse o ressarcimento e os seus benefí-

cios, poderia colaborar mais na coleta de dados do terceiro. Também os corretores poderiam ajudar.

Outro desafio do ressarcimento é a negociação, que en-volve uma forma de cobrança diferenciada. Daí porque, exige-se técnica da empresa de cobrança. Darli explicou que o negociador deve ser técnico, falar sobre o contrato de seguro e usar persuasão. Mas, o acordo com o terceiro não garante o recebimento.

A advogada encerrou sua apresentação, concluindo que a falta de informação do segurado é um problema. “Mais de cem anos depois do primeiro seguro de automóvel e ainda estamos aqui, hoje, falando sobre a falta de informação”. Fernando Chaves aproveitou para reforçar a necessidade de o corretor participar da solução do problema. “Essa res-ponsabilidade também é dele”, disse.

A coordenadora Helena Prado observou que o conhe-cimento é proporcional à complexidade do seguro. “Em transporte, por exemplo, o segurado, transportador, corre-tor, todos sabem o que é ressarcimento”, disse. Por fim, ela chamou a atenção para a necessidade de esclarecer o segu-rado também sobre os valores de danos materiais e, prin-cipalmente, corporais. “Em caso de atropelamento, o dano material pode ser um detalhe diante dos custos de danos corporais”, disse.

OpiniãO da plateia “O debate foi ótimo. Os esclareci-mentos devem ser passados adiante para corretores e segurados. Foi bem explanado que o segurado não tem conhecimento do que está contra-tando, dos seus deveres e da segura-dora. É difícil, mas o segurado precisa entender o que está contratando”.

Dante Giancoli – prestador de serviço

“A falta de informação, notamos no dia a dia que traz bastante dificulda-de. Como a Darli comentou, é preciso garimpar, ir de atrás de informações, porque na hora da abertura do sinis-tro esta não é uma preocupação do segurado. Outro ponto fundamental debatido foi a área de ressarcimen-

to, que, como a Darli disse, não chama muito atenção. Mas acredito que a tendência seja cada vez mais ganhar importância, porque visa o retorno financeiro para a seguradora”.Daniela ZiDan lorencini – Zidan Sociedade de Advogados

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reGistro

APTS e ANSP apresentarão visão atualizada do Microsseguro

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O Café da Manhã “Microsseguros: uma visão atualizada no Brasil e no mundo”, que APTS e a ANSP realizarão na manhã do dia 29 de abril, no auditório do Sind-seg-SP, apresentará as experiências bem--sucedidas de países que comercializam microsseguros e também o atual estágio desse seguro no Brasil.Na América Latina, o microsseguro cres-ceu quase 8%, entre 2011 e 2013, e atin-

giu US$ 800 milhões em prêmios. Estas e outras novidades apresentadas na 10ª Conferência Internacional de Micros-seguros, realizada em novembro do último ano, na Cidade do México, serão trazidas ao evento pela advogada Ana Rita

Petraroli, coordenadora da cátedra de Microsseguros da ANSP.A abertura será realizada pelo coorde-nador Adevaldo Calegari, que é diretor de Microsseguros da APTS e mentor do Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP). Também está confir-mada a participação de Bento Zanzini, diretor do Grupo Segurador Banco do Brasil e MAPFRE, que foi um dos paine-

listas na conferência mexicana. Ele apre-sentará palestra sobre o atual momento do microsseguro no Brasil, os produtos, serviços e os primeiros resultados.

PROGRAMAçãO*Café da Manhã “Microsseguros: uma vi-são atualizada no Brasil e no mundo”Dia 29 de abril, das 8h30 às 11h30, no auditório do Sindseg-SP, na Av. Paulista,

1.294, 4º andar.Coordenação: Adevaldo Calegari e Ana Rita PetraroliRealização: APTS e ANSP8h30 - Recepção e café de boas-vindas9h15 – Abertura – por Adevaldo Calegari9h30 – Palestra “Novidades do Microsseguro pelo mundo” (informações do último congresso mundial) – por Ana Rita Petraroli10h10 – Palestra “Momento do Microsseguro no Brasil: pro-dutos, serviços e primeiros resultados” – por Bento Zanzini10h50 – Debates e esclarecimentos11h30 - Encerramento

Informações e inscrições pelos telefones (11) 3227 4217 e 3229 6503 ou e-mail: [email protected](*) programação preliminar sujeita a alterações

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Seguro de RC precisa começar de novo

Desconstruir para construir em bases mais modernas. Com esta proposta,

o especialista Walter Polido mostrou por que o seguro

de RC está desatualizado, defasado e desconforme

A o abrir o Debate do Meio-Dia sobre “Ten-dências no seguro de Responsabilidade Ci-vil: novos direitos, novas coberturas”, no dia 10 de dezembro na sede da APTS, a missão

do advogado e consultor Walter Polido era apresentar uma visão construtiva do ramo, sobretudo em relação às perspectivas. Entretanto, ele, que é um dos profis-sionais mais experientes na matéria, entendeu que não poderia discorrer sobre o futuro sem antes situar seus expectadores sobre a grave situação atual do seguro de RC. “Porque, às vezes, nem sempre é possível criar coi-sas novas se a coisa antiga ou aquela já sedimentada não está bem conduzida”, disse.

Deste ponto em diante, Polido passou a “descons-truir” o seguro de RC, evidenciando o atraso e o des-compasso do ramo em relação ao Direito, às relações de consumo e, principalmente, aos mercados desen-volvidos. “Desconstruir para construir em bases mais modernas. Esta é minha intenção porque vejo que o modelo atual, evidentemente, não é sustentável, já que

ainda tem um ranço de mercado fechado”, justificou. Otimista, ele acredita que o mercado conseguirá supe-rar a fase atual de transição na medida em que romper

com velhos procedimentos. O evento da APTS contou com a par-

ticipação dos debatedores Gutemberg Viana, gerente de Responsabilidade Civil da Chubb, e Bruno Amorim, diretor da

Aon. A mediação ficou a cargo do diretor técnico da APTS na área de Responsabilidade Civil Profissional, Felippe Moreira Paes Barretto.

A LEGISLAçãO E O SEGUROEntre os artigos do Código Civil que contextuali-

zam o fundamento da responsabilidade civil no país, o principal é o 186, que também menciona o dano moral como ato ilícito. Os demais são os artigos 787, 927 e 931. Sobre este último artigo, Polido chamou a atenção para a mudança conceitual em relação a danos causados por produtos, que desde então bastam estar em circulação.

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Seguro de RC precisa começar de novo

APTS

Antes do Código Civil de 2002, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) determinava a responsabilização apenas por defeito de produto. “O significado de ‘circu-lação’ é muito mais amplo que ‘defeito’. Ou seja, basta que o produto exista e cause dano a seus usuários para que haja a responsabilização”, disse.

Por isso, ele considera que determinar hoje no clau-sulado da apólice de RC Produtos que a garantia

do seguro somente se efetivará a partir da materialização do defeito é algo que se con-

tradiz com o ordenamento jurídico. “Os segu-rados não podem ficar descobertos ou des-

protegidos desta forma”, disse. “O Direito evoluiu, a responsabilização idem e os clausulados de seguros devem acompanhar esse dinamis-mo, sob a pena de obsolescência e de prejuízo aos segurados”, acrescentou.

O descompasso entre o seguro de RC e a legislação atual demonstra, na visão de Polido, que o mercado de

seguros ainda tem um longo caminho a percorrer, mas deve ser célere na busca da atualização. A responsabi-lização por dano moral, por exemplo, que sequer era mencionada no Código Civil anterior, ainda hoje é ig-norada pelo mercado. No seguro de RC essa cobertura é excluída e oferecida apenas como acessória e mes-mo assim mediante sublimite e com sobretaxa. “É um mecanismo atrasado, que expõe o segurado a risco. Em mercados desenvolvidos é inconcebível jurídica e tecnicamente excluir danos morais do contexto de indenização de RC”, afirmou. “Esta parcela faz parte integrante do cômputo indenizatório”, complementou.

A exclusão de danos estéticos também é motivo de indignação. “Um cidadão que atropele alguém na rua poderá causar dano material, corporal, moral e esté-

Walter Polido, advogado e consultor de seguros

PATROCINADORES DO DEbATE

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tico. Mas, no entanto, muitas seguradoras não garantem esses riscos. Por quê? Por-que é mais difícil de regular, mais traba-lhoso e demorado na análise do sinistro”, disse. Pior ainda é a apólice de reembolso, que ele classifica de “jabuticaba” brasileira, já que existe apenas no país. “É um imbró-glio criado no mercado fechado, quando as seguradoras temiam a ação direta de terceiro. Além de contrariar a função bá-sica indenitária do seguro, quebra 100% a garantia, pois, de acordo com a apóli-ce, primeiramente o segurado deve pagar, para então fazer jus ao reembolso”, disse. Significa que o segurado deve permanecer indene sempre e jamais ser reembolsado depois que já se descapitalizou.

Outra questão importante é a ampliação dos con-ceitos de perdas e danos. Na lei, na doutrina e na in-terpretação de juízes, danos corporais e materiais são comumente associados às perdas financeiras decor-rentes. Mas, o termo “perda”, às vezes, é mal utilizado pelo seguro, como no caso de Riscos de Engenharia, cuja apólice substitui “dano” por “perda”, apesar de não pretender garantir lucros cessantes. Na visão de Poli-do, a terminologia dos clausulados está em descon-formidade legal em várias e múltiplas situações e não apenas no ramo RC. Ele cita o caso de defeito de pro-duto, que pode resultar em negativa de indenização e, consequentemente, em conflitos levados aos tribu-nais. “O contrato de seguro não pode excluir o objeto essencial da cobertura por ele proposta”, adverte.

COMPARATIVO ENTRE CLAUSULADOSVinte e dois anos depois da vigência do CDC e mais

de uma década depois da entrada em vigor do Có-digo Civil de 2002, alguns clausulados de seguros de RC Produtos ainda permanecem desatualizados. Na visão de Polido, essa é a causa principal do aumento do número de ações na Justiça contra o seguro, o que não necessariamente se configura na judicialização do contrato. “Perto de mim ninguém diz essa bobagem. Deveriam se indagar por que milhares de ações che-gam ao Judiciário primeiro. A resposta é: porque os clausulados são mal redigidos”, disse.

Outro problema dos clausulados são os termos mal definidos ou com nomenclaturas dúbias ou mesmo

impróprias. Polido desconfia que no caso da utiliza-ção do termo “acidente” em clausulados de RC, inclu-sive nos padronizados da Susep, haja a influência do pessoal de property. “Com base nesse mal empregado termo algumas seguradoras negam indenização para danos em RC Produtos, alegando que não houve aci-dente”, disse. Segundo ele, nem sempre haverá a con-figuração de ‘acidente’, tal como o termo é concebido em property, nos sinistros de RC. Por isso, alertou os

Gutemberg Viana, Felippe Barretto, Walter Polido e Bruno Amorim

Felippe Moreira Paes Barretto, diretor técnico da APTS

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corretores de seguros para que exijam a retirada desse termo das apólices. “Se venderem um produto ‘capen-ga’ estarão se expondo perante a lei pelo simples fato de não terem sugerido opção de produto melhor redi-gido aos seus clientes. Pensem nisso”.

Em comparação a mercados mais desenvolvidos, a grande diferença do mercado brasileiro, segundo o es-pecialista, é a preocupação exacerbada de excluir ris-cos ao invés de cobri-los. Outra diferença importante é que no mercado externo predomina o modelo “all risks”, que oferece maior garantia ao segurado, ao con-trário do modelo nacional de riscos nomeados, que limita as situações de sinistros ao especificar os riscos cobertos. “Lá fora se vê a frequência de sinistros como publicidade, cujo mecanismo é eficaz para a promoção do seguro. Quanto maior a frequência, mais pessoas compram seguro”, disse.

A responsabilidade pela situação dos clausulados ele atribui ao órgão regulador, cuja atuação classifica como ultrapassada e conservadora. “Precisamos de outro modelo, de outra posição, em que a Susep deixe de fazer clausulados, para cuidar apenas da fiscaliza-ção das seguradoras, visando a liquidez do sistema”, disse. Em sua opinião, a elaboração de clausulados é matéria de responsabilidade exclusiva das segura-doras e não do Poder Público e tampouco dos cor-retores de seguros. “Os produtos não-padronizados, inclusive, sofrem imposições contidas nas Listas de Verificações, também da Susep, as quais igualmen-te “padronizam” os clausulados de seguros no país e sob regras nem sempre condizentes com a realidade jurídica”, disse. Por isso, conclui que esses procedi-mentos não podem mais prosperar desta forma, caso o mercado deseje de fato modernizar-se. “Estamos no século XXI, em 2015”.

CLAUSULADO PADRONIzADOPolido não poupou críticas à Circular Susep

437/2012, que introduziu o modelo de clausulado pa-dronizado em RC. Ele rejeita o argumento de que a norma “protege” o pequeno segurado em detrimen-to do “grande”, concluindo que houve retrocesso. Os problemas começam, a seu ver, pela expressão “exclu-sivamente” em riscos nomeados, o que configura a exclusão de garantia para os riscos não previstos. Em seguida, listou todas as coberturas que não são garan-tidas de forma automática, iniciando pela de perdas

financeiras e lucros cessantes diretamente decorren-tes. “Um absurdo. Isso não existe em nenhum lugar do mundo e também não acontecia no Brasil antes dessa circular”, afirmou.

Ele citou, ainda, as despesas com a defesa do segura-do como outra parcela de risco hoje excluída pela cir-cular da Susep e sujeita a cobertura adicional. “Como pode se afirmar que este tipo de procedimento prote-geu alguém no país?! Os segurados de RC sempre tive-ram essas coberturas automaticamente mas, agora de-vem prevê-las adicionalmente. Este ponto certamente redundará em ações judiciais contra as seguradoras e mesmo contra os corretores que não se atentarem para essas mudanças e deixarem de orientar conveniente-mente os seus clientes a respeito”, afirmou.

Ele orientou os corretores a solicitarem das segura-doras essa garantia. “Segurados que tinham essa co-bertura automática por 20 ou 30 anos, vão descobrir que não as têm mais apenas na ocorrência do sinistro”, disse. A mesma situação se aplica em relação às des-pesas com defesa do segurado – as quais nunca foram excluídas em mercados mais modernos -, e também com a garantia de danos morais e erro de projeto em RC Produtos. “Impraticável, na atualidade, pretender excluir o risco de erro de projeto de produtos de forma

Gutemberg Viana, gerente de Responsabilidade Civil da Chubb

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a conceder a garantia adicionalmente. Não há razão técnica para este procedimento, que é exclusivamente brasileiro”, disse.

Na lista de coberturas que perderam a automaticida-de está a de poluição ambiental, incluindo o risco de poluição súbita e de 72 horas para RC Produtos. Para Polido, na questão particularizada do risco ambiental, a Circular Susep 437/12 conseguiu realizar verdadeiro “imbróglio redacional, notadamente para o segmen-to de RC Operações”. Segundo ele, “certamente gerará muitos conflitos em sobrevindo sinistros sob a égide dessa inconsistência normativa, a qual será transposta para as apólices das seguradoras”. A seu ver, há confusão em todos os sentidos neste pormenor e jus-tamente num risco de alta com-plexidade.

A Circular 437 também não garante os produtos distribuídos pelo segurado de forma gratuita. “De onde tiraram essa cláusula de produtos incidentais?”, questio-nou, acrescentando que “o CDC garante o produto, quer a entrega seja provisória ou amostra grátis”. Ele garante que não há distinção. “Quem distribui produtos é res-ponsável pelas consequências da comercialização, tenha fabricado ou não”, reforçou.

NOVO CONCEITO PARA DANOSAtualmente, danos corporais cobrem lesão física,

doença ou morte e mais as perdas financeiras decor-rentes. Mas, esse conceito, talvez, não seja suficiente diante da evolução da doutrina e do surgimento de novos direitos, alguns deles já previstos no Código Ci-vil. Um caso é o dos direitos da personalidade (arts. 11 a 21), que envolve nome, fama, imagem e vida privada. Outro são os danos estéticos (arts. 949 e 950), também previstos no Código Civil anterior, mas, muitas vezes ausente das apólices atuais de RC. “O corretor que tem apólices de RCF-V deve retirar sua produção das se-guradoras que excluam danos estéticos da cobertura”, sugeriu.

Surgido na França no século passado, a perda de chan-ce ou de oportunidade é outro novo conceito de dano

ou perda que chegou ao Brasil. A princípio mais ligado à área médica, em questões de diagnósticos, já alcançou também a classe de advogados, em relação à perda de prazo, e agora deve atingir outras categorias profissio-nais. Polido acredita que não demora muito para alcan-çar os corretores de seguros. Na prática, segundo ele, o corretor poderá ser responsabilizado por não oferecer ao segurado as coberturas para todos os seus riscos.

A partir de novos direitos conquistados pela socie-dade, o conceito de dano passou a abranger o dano existencial; dano sexual; prejuízo juvenil; prejuízo do lazer; perda de tempo do consumidor; responsabilida-

de compartilhada - logística reversa; riscos ciberné-ticos -, entre outros. No caso de danos materiais, que cobrem bens tangíveis e mais perdas financeiras dire-tamente decorrentes, a questão é saber se a cobertura é suficiente para os dias atuais.

“Se uma empresa vizinha paralisar suas operações em decorrência de um incêndio no quarteirão, que foi originado nas instalações do segurado, mas não sofrer diretamente os danos materiais pelo fogo, não terá cobertura no seguro de RC Operações, pois será uma perda financeira indireta. É plausível na atuali-dade este entendimento e limitação?”, questiona. Nas apólices internacionais, segundo o especialista, esta perda estaria garantida. Ele observou que algumas seguradoras nacionais já oferecem essa garantia por meio de clausulados mais sofisticados do que os tra-dicionais.

Plateia atenta

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NOMENCLATURA ADEQUADAAinda mais grave que a desconformidade legal dos

clausulados de RC são as nomenclaturas inadequadas tecnicamente. Em sua análise apurada, Polido detec-tou erros na substituição de termos que desvirtuam a finalidade do seguro. Isso ocorre, por exemplo, em algumas apólices de E&O, segmento de RC que garan-te as consequências dos erros e omissões no desem-penho de atividades diversas, quase sempre represen-tadas por perdas financeiras causadas a terceiros ou clientes do segurado. O termo “perdas” é substituído por “danos materiais e corporais” em determinados produtos nacionais, como se fosse um seguro de RC de Operações tradicional.

Na visão do especialista, essa troca chega a ser alar-mante, uma vez que descaracteriza a garantia do segu-ro e cria toda sorte de conflitos. Há, inclusive, situações de sinistros para as quais são negadas as indenizações pleiteadas e em função justamente desse erro de no-menclatura. “Isso não pode acontecer, de forma algu-ma. Como a seguradora pode se valer do seu próprio erro de redação para negar o pagamento do sinistro? Inconcebível a situação”.

Houve o caso do advogado que cometeu um erro, causando perda financeira ao seu cliente. Mas, a se-

guradora negou a indenização alegando a ausência de danos materiais e corporais. “Ora, a seguradora ne-gou o sinistro com base no erro dela. É evidente que a questão se reverterá em mais uma ação judicial. E se cair nas mãos de um juiz que seja lógico, investigativo e racional, não demorará cinco minutos para ele en-tender o que é o seguro E&O”, disse. Segundo ele, essa é mais uma das situações que levam à falsa sensação de judicialização do contrato de seguro.

Outra cobertura de RC que pode frustrar o segura-do é a de risco de poluição ambiental, por causa das definições pertinentes ao risco de poluição acidental e súbita e da exclusão taxativa para os danos a bens naturais. Para ele, o nome da cobertura pode levar o segurado a pensar que dispõe de cobertura eficaz e ampla, o que não corresponde à verdade. “As segu-radoras devem criar produtos específicos para riscos ambientais, assim como se faz em outros países. Mas não induzir os clientes delas a pensarem que já pos-suem coberturas amplas na apólice do seguro RCG contratada, porque de fato eles não têm”, disse.

Já o no campo do seguro D&O, por causa de uma única cláusula, o segurado também pode ficar confu-so. “A empresa compra o D&O e acha que tem cober-tura para risco ambiental, mas não tem. Se muito, terá a cobertura da defesa do administrador, mas nunca a garantia de recuperação ambiental”, disse.

A RESPONSAbILIDADE DE TODOSColocar o seguro de RC no caminho certo depende

de todos do mercado. A começar pelo corretor de se-guros, cuja missão é descrita no artigo 723 do Código Civil (redação alterada pela Lei 12.236/10): “Parágrafo único. Sob pena de responder por perdas e danos, o cor-retor prestará ao cliente todos os esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores e de outros fatores que possam influir nos resul-tados da incumbência”.

Na interpretação de Polido, significa que o corre-tor deve prestar todas as informações sobre o risco. “O corretor não deve, por exemplo, excluir ou reduzir ou sequer oferecer coberturas aos seus clientes apenas sob a ótica do ‘preço’ do seguro; deixar de informar, exaustivamente, o alcance e as limitações das cobertu-ras avençadas”, disse. Já em relação ao mercado segu-rador, ele destacou a necessidade de profissionalização acentuada, inclusive na área de underwriting, na qual a Bruno Amorim, diretor da Aon

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grande rotatividade de profissionais prejudica o ramo de RC. “As seguradoras devem criar mecanismos para reter os bons profissionais”, sugeriu.

No novo standard para o seguro de RC, Polido propôs que o papel da Susep seja exclusivamente de preservar a higidez do sistema. Outra providência seria revogar o artigo 36, alínea “c”, do Decreto Lei 73/66 para que as seguradoras possam “assumir o papel de desenvolver o mercado e seus respectivos produtos de seguros, sem a interferência do Estado na atividade”. Ele encerrou sua apresentação reafirmando que o seguro de RC tem um longo caminho para se desenvolver. “Por isso que não quis falar apenas de coisas novas, sem mencionar aqui-lo tudo que precisa ser melhorado”, justificou.

CORREçãO DISTANTENa condição de debatedor, Gutemberg Viana, da

Chubb, reforçou a opinião de Polido em relação à falta de experiência dos profissionais no underwri-ting e a alta rotatividade nas empresas. “Ainda que es-tude, faça pós-graduação e mestrado, o profissional de RC precisa permanecer alguns anos na atividade para poder colher os frutos e então dizer que está em algum caminho. Note que eu disse ‘algum caminho’, porque a correção do processo de RC ainda está dis-tante”, disse.

Por outro lado, ele reconheceu que o ramo é com-plexo. Para Gutemberg, a falha, talvez, esteja em olhar o seguro de RC de forma isolada, como uma carteira. “Temos de enxergar o seguro como indústria, fomen-

tando todos os lados e participantes para que se de-senvolvam”, disse. Ele observou, ainda, que faltam boas coberturas. “Mas não sei se o seguro não vende mais porque faltam boas coberturas ou se faltam boas co-berturas porque não vende mais”, analisou.

Para Gutemberg, a falta de especialização da força de venda também é um obstáculo ao desenvolvimento do seguro de RC. “É uma situação delicada. Não adianta o produto ter alguns diferenciais se isso não for percebi-do na ponta, porque, então, também não será entendi-do pelo segurado”, disse. Em sua avaliação, a venda do seguro de RC requer especialização. “Diria que o segu-ro de RC não existe sem o Direito, logo, quem atua no ramo precisa estudar e conhecer a matéria”, afirmou. Ele observou, ainda, que poucas seguradoras se preocupam em constituir um departamento especializado em RC. “É um círculo vicioso que não leva a lugar algum”.

Felippe Barretto, mediador do debate, comentou que muitos corretores têm em seus arquivos renovações de seguros de RC, mas não se deram conta de que as con-dições foram alteradas pela Circular 437/12. “Este é o momento de se preocupar com algumas coberturas, já que, por incrível que pareça, algumas seguradoras regrediram em condições, apesar da 437. Na hora em que ocorrer o sinistro, o corretor poderá descobrir que aquela cobertura banal, que até então era básica, está entre as coberturas adicionais”, disse.

Apesar de Polido defender o all risks há muito tem-po, o debatedor Bruno Amorim, da Aon, afirmou que conhece apenas duas seguradoras com clausulados all risks. Em parte, segundo ele, “falta vontade às segu-radoras”. Mas, enumerou outras razões. “Primeiro: o cliente não percebe a diferença do que está compran-do. Segundo: o mercado tem linhas para determinadas coberturas, o que, teoricamente, traz mais proteção, porque garante prêmios individuais. Mas, o mercado americano, que é mais desenvolvido, permite colocar cinco ou seis linhas numa apólice”, disse. Em seguida, questionou Polido a respeito do cenário futuro.

“Sou otimista”, afirmou Polido. “Muitos consideram que minha fala é de desconstrução. Mas a intenção é essa mes-ma: desconstruir para construir em bases mais modernas”, acrescentou. Em sua visão do futuro, ele enxerga a Susep operando como Agência reguladora, nos moldes europeus, comandada por especialistas com mandato por tempo de-finido, inclusive e sem a ingerência do Estado e mesmo dos setores privados mais concentrados na administração.

OpiniãO da plateia “Gostei muito do debate. O tema é bastante pertinente para estimular a reflexão de subscritores de seguro e resseguro de RC, bem como de cor-retores, sobre novos riscos aos quais os segurados estão expostos e sobre novas oportunidades de negócios. Destaco a necessidade de especiali-

zação, conhecimento técnico e jurídico e experiência do subscritor de RC para dar melhor tratamento aos riscos cobertos e excluídos no contrato de seguro. Além disso, é essencial saber oferecer melhor os seguros de RC para despertar a percepção do segurado em relação a riscos que esteja exposto, mas não saiba”.Giseli Giusti tilGer – IRB-Brasil Re

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PALESTRA DO MEIO-DIAPALESTRA DO MEIO DIA

APOIO

PATROCINADORES

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palestra do meio-dia

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A experiência dos bombeiros a serviço do seguro

Fundabom, entidade formada pelo pessoal do Corpo de Bombeiros, expõe rol de serviços direcionados à proteção de risco, que podem ser contratados por empresas ou seguradoras

U ma das razões para o problema dos riscos declináveis é a falta de proteção dos riscos de alguns empreendimentos. “De empresas de produtos químicos a supermercados, são

muitas as atividades que não conseguem cobertura do seguro em razão da falta de condições de seguran-ça”, explica o diretor geral da APTS, José Cesar Caiafa Junior. Para ele, existem meios de tornar o risco mais protegido e aceitável. Uma das alternativas é contar com a experiência e o conhecimento dos bombeiros.

Caiafa coordenou a Palestra do Meio-Dia “O que o pessoal do Corpo de Bombeiros pode fazer pelo seu segurado”, com a participação do coronel Rogério Ber-nardes Duarte, coordenador Operacional do Corpo de

Bombeiros de São Paulo, dia 22 de outubro. Na ocasião, o cel. Duarte apresentou a Fundabom, entidade forma-da pelo pessoal do Corpo de Bombeiros, que oferece serviços diversos à iniciativa privada, de vistorias a treinamentos.

PARCERIA COM O SEGUROEntre os novos projetos da Fundabom, o cel. Duarte

apresentou alguns que, a seu ver, interessam ao merca-do de seguros e podem ser desenvolvidos em parceria. Um deles é o “Ensinando a projetar edificações segu-ras”, que transmite as técnicas e o conhecimento do Corpo de Bombeiros em projetos de proteção contra incêndio. Segundo o coronel, a intenção de creden-

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ciar pessoas nessa área, por meio de cursos regulares, aliviando a demanda do Corpo de Bombeiros. “Ao contrário do que muitos pensam, temos interesse em difundir esse conhecimento por meio de cursos que, um dia, talvez, se tornem de graduação na área de engenharia contra incêndio, algo que ainda não existe no país”, disse.

Outro projeto que pode ser desenvolvido em parceria com o setor de seguros, segun-do o cel. Duarte, é o “Otimização do seguro contra incêndio”. Como o nome sugere, o projeto objetiva assessorar empresas e in-dústrias que desejam contratar ou reduzir o preço do seguro incêndio, a partir da im-plantação de um programa de prevenção e gerencia-mento de riscos. “Algumas empresas têm dificuldade para contratar seguro porque ainda não têm cultura prevencionista”, disse. Segundo o coronel, o público--alvo nas empresas são os profissionais que atuam na área de segurança, brigadistas, bombeiros, engenheiros e técnicos de segurança.

Ele explicou que na primeira etapa do projeto, a análise do risco resulta em um relatório que informa quais os riscos da empresa e o que deve ser feito para atingir o ideal em termos de segurança contra incên-dio. O projeto também prevê a orientação e o acom-

panhamento contínuo de implantação das medidas de segurança na empresa. Também são previstas palestras sobre a manutenção das medidas de proteção contra incêndio.

“A empresa que não possua AVCB, por exemplo, terá de fazer um projeto, prevendo a instalação de equipa-

apoio institucional

Relação antiga com o seguroO cel. Duarte lembrou que a relação entre bombeiro e se-

guro no país é mais antiga do que se imagina. Data, mais precisamente, do século XIX, quando ambas as atividades iniciaram no país. Desde então, o vínculo se tornou per-manente, sobretudo em situações relacionadas ao seguro incêndio. “Diria que a evolução do bombeiro na área de prevenção se deve ao seguro”, afirmou. Para o ele, existe um bom motivo, atualmente, para estreitar o relacionamento entre o seguro e os bombeiros. “Temos soluções que podem ajudar seguradoras a explorarem alguns nichos, que não fa-zem seguro por causa do risco e do custo”, disse.

As soluções mencionadas pelo coronel são oferecidas pela Fundação de Apoio ao Corpo de Bombeiros (Fundabom), entidade privada sem fins lucrativos, criada em junho de 2013, por voluntários da categoria. Ele explicou que a mis-são da Fundabom é promover e difundir a produção e o

conhecimento cultural e científico da área de emergências. Além disso, apoiar o Corpo de Bombeiros, contribuindo para seu crescimento e aperfeiçoamento.

A Fundabom atua nas áreas de ensino e pesquisa; orga-nização de eventos para suporte de cursos de capacitação e treinamento; produção e divulgação de informações e co-nhecimento técnico e cientifico; e conservação do patrimô-nio cultural do Corpo de Bombeiros. Daí porque o sonho da entidade, segundo o cel. Duarte, é reunir em único local o acervo de viaturas históricas e outras instituições que pre-servam a memória da corporação.

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palestra do meio-dia

mentos. Em seguida, antes de solicitar a vistoria oficial do Corpo de Bombeiros, a Fundabom fará uma visto-ria prévia para checar os equipamentos que faltam ou corrigir as falhas dos que não funcionam. Uma pos-sibilidade é proporcionar descontos na renovação do seguro para empresas que tenham o AVCB”, disse. “O objetivo é fortalecer e estimular a mentalidade de se-gurança”, acrescentou.

Ele lembrou que o caso da Boate Kiss gerou uma onda de prevenção em diversas áreas e aumentou a demanda do Corpo de Bombeiros para regularização de edificações. Em São Paulo, a tragédia ocorrida no Sul do país motivou a criação do Código Estadual de Proteção Contra Incêndios e Emergências, sancionado pelo governador Geraldo Alckmin em janeiro de 2015.

A nova lei dará poder de polícia aos bombeiros, per-mitindo aos integrantes da corporação a aplicação de penalidades, inclusive multas. Além de poderem vis-toriar locais sem que o proprietário solicite, os bom-beiros poderão cassar o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), caso verifiquem algum problema estrutural que comprometa a segurança do imóvel.

Na visão do coronel, o projeto traz ganhos para todos os envolvidos. As empresas, segundo ele, aumentarão

AçõesA Fundabom também desenvolve cursos, treina-

mentos e campanhas em convênios com empresas públicas e privadas. Atualmente, a entidade está en-volvida na campanha “Chama Segura”, idealizada por uma distribuidora de gás para reduzir aciden-tes provocados pelo uso de GLP (gás de cozinha). A campanha de cunho educativo promove palestras para comunidades e entrega o kit gás (registro, man-gueira e braçadeira).

Embora a legislação municipal proíba o uso de bo-tijões de gás em prédios residenciais, o perigo maior, segundo o coronel, são as favelas verticais. “No cen-tro da cidade, principalmente, existem muitos imó-veis invadidos que correm risco de incêndio. Diria que está perto de acontecer tragédias na proporção do Joelma e do Andraus”, disse.

Em outra frente de trabalho, a Fundabom mantém parceria com uma indústria química, fabricante de tintas, para treinamento de pessoal contra incêndio. “Apesar de terem uma brigada de incêndio bastante profissional, a parceria é interessante, porque, além de ensinar, aprendemos bastante com a expertise de-les”, disse.

a consciência e segurança dos funcionários, obtendo o benefício da contratação do seguro por preços mais acessíveis. A sociedade também ganhará com o desen-volvimento da cultura de segurança. Já as seguradoras poderão viabilizar as condições e aceitação de novos seguros. “Além disso, a seguradora poderá associar sua marca à cultura de segurança, evitando a ocorrência de sinistros de incêndio e mitigando eventuais danos materiais e pessoais”, disse.

Ele sugere que o projeto seja aproveitado pelas segu-radoras na oferta de benefícios aos segurados, na forma de serviços agregados. “Assim como as seguradoras ofe-recem serviços de encanador, eletricista etc., podem ofe-recer também a assessoria dos bombeiros para viabilizar a contratação do seguro, reduzindo o risco e o valor do prêmio, estimulando a venda de novos seguros”, disse.

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U m tema inédito no ciclo de Palestras do Meio-Dia da APTS foi apresentado pela diretora Técnica Atuarial Magali Zeller, sócia da AT Service Consul-toria Atuarial, e por Roberto Michaelis. Na palestra

intitulada “Benefício a Empregados ou Benefício pós-Empre-go - IAS 19 – CVM 695 – CPC 33 R1”, realizada no dia 19 de novembro, ambos abordaram a contabilização obrigatória de benefícios a empregados para companhias abertas.

Magali Zeller comentou que o objetivo do evento era tratar das recentes alterações na norma internacional IFRS/IAS 19 em relação à contabilização e à divulgação dos benefícios conce-didos aos empregados, considerando a adoção e convergência do Brasil a estas normas. O IFRS (International Financial Re-porting Standards), por meio do Comitê de Pronunciamen-tos Contábeis (CPC) a da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), divulgou a Deliberação CVM 695/12, aprovando a adoção da norma CPC 33 R1. Segundo ela, a nova norma im-

põe mudanças no que se refere ao reconhecimento, contabiliza-ção e a respectiva divulgação de passivos atuariais e despesas/receitas pelas companhias abertas, em decorrência de seu pa-trocínio ou manutenção de planos de benefícios pós-emprego.

“Este é o principal motivo pelo qual o conhecimento e a ob-tenção da correta interpretação das implicações das alterações ocorridas, da contabilização e das divulgações de relatórios financeiros pelas empresas, que traz consequências para os usuários, tornou-se cada vez mais premente à governança das companhias abertas. Exige conhecimento do fluxo de caixa das empresas, riscos e implicações em seu resultado e situa-ção patrimonial”, disse. Ela destacou, ainda, que a intenção era elucidar os processos inerentes ao reconhecimento do passivo atuarial e despesa/receita de benefícios pós-emprego, desde a sua concepção, influência das hipóteses e premissas atuariais aplicáveis aos planos e demais compromissos, sob as diversas modalidades.

apoio institucional

Atuários orientam sobre contabilização de benefícios pós-emprego

Magali Zeller e Roberto Michaelis explicaram como e em que momento reconhecer e diferenciar contabilmente os benefícios pagos por empresas a empregados, de acordo com a norma internacional IAS 19

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palestra do meio-dia

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Os benefícios, conforme a CPC 33

Segundo Magali Zeller, ao contrário do que possa parecer, o critério da CPC 33 é benéfico às empresas. “A empresa fará o re-conhecimento contábil de um benefício já incorrido e que no futuro se transformará em caixa, de forma gradativa. Dessa for-ma, evitará grande volatilidade no balanço, além de incorporar aos seus custos presen-tes uma despesa efetiva que deveria estar na sua planilha de custos no momento em que esse benefício é adquirido e não na data do pagamento”, explica.

De acordo com Roberto Michaelis, o trata-mento contábil difere de acordo com o bene-fício, havendo necessidade de seguir padrões para a divulgação nas demonstrações financeiras da patrocinadora ou mantene-dora (disclosure). Ele informou, ainda, que no escopo do IAS 19 constam todos os benefícios pagos pela empresa durante o tempo de prestação de serviços dos seus empregados, formais e informais, que implicam em obrigação construtiva (aquelas que, embora não formalizadas, sejam utilizadas frequentemen-te pelas empresas, gerando expectativa dos funcionários de re-ceberem o mesmo tratamento no futuro). Também faz parte da norma os benefícios pagos indiretamente por meio de contri-buições para uma entidade de previdência complementar.

Michaelis comentou que o IAS 19 distingue os planos de be-

Magali explicou que o objetivo da norma é estabelecer a contabilização e a divulgação dos benefícios concedidos aos empregados. Para tanto, o CPC 33 requer que a entidade re-conheça: (a) o passivo quando o empregado prestou o ser-viço em troca de benefícios a serem pagos no futuro; (b) a despesa quando a entidade se utiliza do benefício econômico proveniente do serviço recebido do empregado em troca de benefícios ao mesmo. Os benefícios a emprega-dos são classificados, conforme o CPC 33, em: benefícios de curto prazo; benefícios de desli-gamento/rescisórios; benefícios de longo prazo; benefícios pós-emprego.

Os benefícios de curto prazo são aqueles pa-gos no período de até 12 meses após a pres-tação de serviços, como: ordenados, salários e contribuições para a previdência social; licen-ça anual remunerada (férias, doença e invali-

dez de curto prazo, maternidade e paternidade, serviços a tribunais e serviço militar); participação nos lucros e bônus; e benefícios não monetários (assistência médica, moradia, carros e bens ou serviços gratuitos ou subsidia-dos) para empregados atuais.

Já os benefícios de longo prazo e pós-emprego incluem benefícios de aposentadoria e pensão e outros pagáveis a

partir do final do vínculo empregatício, tais como: benefícios de aposentadoria (pensões e pagamentos únicos por ocasião da aposen-tadoria); seguro de vida e assistência médica pós-emprego; plano jubileu ou planos de pre-miação de funcionários, em função do tempo de casa completado; multa do FGTS pago a funcionários demitidos, planos de previdên-cia complementar; planos de saúde para apo-sentados.

nefícios por modalidades. A de contribuição definida se refere aos planos em que a obri-gação da empresa se limita ao valor aportado, sem nenhum risco de aportes adicionais. Já na modalidade de benefício definido, existe a pro-messa de pagamento de um benefício no fu-turo, em que a empresa é responsável por pelo menos uma parte dos recursos adicionais, caso os valores contabilizados ou pagos ao longo do tempo em que o funcionário prestou serviços não sejam suficientes para o pagamento desse benefício.

Segundo Michaelis, no reconhecimento contábil, além dos benefícios de curto pra-

zo, os demais de longo prazo e pós-emprego exigem o tra-balho de atuário em conjunto com a empresa para a defini-ção de premissas e hipóteses atuariais e econômicas. Neste caso, as premissas envolvem método de avaliação atuarial; custo dos serviços passado e presente; apuração de ganhos e perdas atuariais; e desconto a valor presente. A lista in-clui, ainda, os benefícios por demissão do funcionário, caso exista o comprometimento da empresa no desligamento antes da aposentadoria, que são os benefícios demissionais ou pós-emprego.

A norma estabelece que o tratamento contábil para o reem-bolso, comum em planos de saúde, é a liquidação de uma obri-

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apoio institucional

Os principais benefícios

Termos contábeis

Os principais benefícios pagos pelas empresas, que podem ser contabilizados no longo prazo ou pós-emprego, são: pre-videnciários, planos de saúde e odontológicos, seguro de vida, pagamento correspondente à multa de FGTS, grati-ficações; outros benefícios, como planos previdenciários e planos de assistência médica, ambos diferenciados para exe-cutivos ou pequenos grupos.

• Previdenciários: são os benefícios mais conhecidos, nas modalidades “benefício definido” e “contribuição variável”, embora o IAS 19 não faça distinção entre ambos.

• Planos de saúde e odontológicos: pode ser um benefício corrente ou futuro, cujas provisões devem ser realizadas de acordo com a Lei 9.656. Segundo Magali, este benefício gera passivo porque, se for contributário, prorroga o direito aos funcionários demitidos e aposentados. • Seguro de vida: a contabilização considera o pagamento

corrente, aos funcionários ativos, e também a provisão fu-tura, aos aposentados.

• Multa de FGTS: o pagamento é feito tanto por demissão normal do funcionário, como por aposentadoria. Existe

um consenso no mercado que a multa paga por aposen-tadoria é um benefício pós-emprego e deve ser contabili-zada. Quanto à provisão da multa por demissão em idade anterior a aposentadoria, não existe consenso.

• Gratificações: prêmios por tempo de serviço (jubileu) ou pagos na demissão ou aposentadoria.

• Outros benefícios: planos previdenciários e planos de as-sistência médica diferenciados para executivos ou peque-nos grupos. Michaelis explicou que, para efeito contábil e legal, a empresa somente poderá pagar benefícios aos seus funcionários ativos. “O ex-funcionário não gera mais be-nefício econômico para a empresa”, justificou. Daí porque, segundo ele, a empresa deverá fazer o reconhecimento de tudo que pagará ao ex-funcionário no futuro durante o período de prestação do serviço.Michaelis citou, ainda, dois benefícios pagos pelas

empresas, que não podem ser contabilizados como de longo prazo ou pós-emprego. Um é o plano de demissão voluntária (PDV) e o outro são os planos de remunera-ção em ações ou títulos.

gação de benefício definido. Neste caso, a empresa deve reco-nhecer o direito como um ativo separado e as variações no valor de justo. Segundo Roberto, nos plano de contribuição definida, a empresa patrocinadora não possui riscos de ativos ou atua-riais. O custo equivale às contribuições e não requer cálculos atuariais e tampouco a figura de ganhos ou perdas atuariais.

Também não é necessário o desconto a valor presente para as obrigações que ultrapassem 12 meses de previsão de paga-mento. As divulgações para planos de contribuição definida são substancialmente menos onerosas comparadas às divulgações dos planos de benefício definido. Já o excedente deve ser conta-bilizado segundo o IFRIC 14.

Nos planos de benefício definido, Michaelis explicou que a entidade possui a obrigação de pagar os benefícios acordados para funcionários ativos. A norma faz distinção por tipo de aporte: fundeado, parcialmente fundeado e não fundeado. Um exemplo de plano fundeado é a previdência privada.

Nos plano de benefício pós-emprego, o custo dos serviços passados representa a mudança no valor presente da obriga-ção de benefício definido, resultante de alteração ou redução. Segundo Michaelis, o custo do serviço passado deve ser reco-nhecido como despesa no momento em que ocorrer a alteração ou a redução.

Sobre as definições da norma para os termos contá-beis, o atuário elencou, primeiramente, o custo do ser-viço corrente, que representa os custos para contabilizar o ano de serviço. Já o custo de juros ou custo financeiro líquido, ele explicou que é preciso comparar com o cus-to para carregar o passivo de um ano para o outro.

Outros termos da norma são: o custo do serviço pas-sado e os ganhos e perdas atuariais, este último significa o “erro” de estimativa do atuário em relação às premis-sas utilizadas. “Se atuário estimou uma premissa de taxa de juro que não se verificou, a diferença entre o valor presente contra o valor recalculado terá outro tratamen-to contábil”, disse.

No caso dos ativos dos planos a valor justo, o atu-ário esclareceu que são diferentes dos planos pre-videnciários, porque estes são contabilizados pelo valor de mercado. Além disso, o IAS 19 traz outros termos, como: Curtailments, Settlements e Amend-ments, que na norma brasileira figuram como redu-ção, liquidação e alterações.

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28 | Nº 114 |

Geral

Feliz aniversário!A APTS deseja a todos um AbRIL

6 João Antonio dos Santos

7 Luiz Alberto Pomarole

11 Margareth Timus Freitas

12 Abel Dato

14 Júlio César Juliato

19 Arthur Lauandos Tozzi

21 Sérgio Monaco

23 Carlos Alberto Collino; Hilcio Riccioppo Junior

26 Ernesto Tzirulnik

27 Lucia Kyoko H. Minami

28 Carlos Antonio de Barros Moura

maiO

3 João Urdiales Gongora; André Luis Coentro de Almeida

6 Alexandre Cedirian; Jorge Luiz Perito; João José Pires; Gilberto Cópola

7 Avelino Benjamim Schmitt

8 Valdecir Montti

10 André Dabus; Álvaro Dabus

11 Fabio Camargo Prado

13 Evaldir Barboza de Paula

14 Ricardo Ramos Costa

18 Francisco de Assis Braga; Christian Rainer Kolbe

20 Josusmar Alves de Sousa

23 Rosemary R. B. Herzka

24 Luiz Lessa Rinder; Octávio José Milliet

27 Rogério Antonio Alves

junhO

3 Eduardo T. Marques; Almir Roberto Loreto

6 José Roberto Macéa

9 Artur Luis S. dos Santos; Renato Rosa

10 José Marcelino Risden; Ana Rita R. Petraroli

11 Geralda Alves Barbosa Maschio

12 Luiz Eduardo do Nascimento Legaspe

13 Eduardo Lojkasek Lima

14 Luiz Antonio Negrisoli Ramos de Oliveira

23 Felippe Krinker

27 Victor Adolfo Duarte Rodriguez; Paulo Roberto Pereira

29 Fernando Mercês de Almeida; Fabio Galli Di Matteo

30 Pedro Paulo O. Negrini

26 | Nº 112 |

Geral

Feliz aniversário!A APTS deseja a todos um outubro01 - Silvio Fonseca02 - Adevaldo Calegari03 - Roberto da Rocha Azevedo04 - Luis López Vázquez07 - Nelson Martins Fontana11 - Ronald Kaufmann13 - César Tadeu Carloni13 - Felipe Gustavo Galesco15 -Wagner Morales18 - Marcos Antonio Barreto Silva18 - Felippe Moreira Paes Barretto20 - Ana Paula da Fonseca 24 - Aníbal Eugênio Filho24 - Luiz Oswaldo Pamio25 - Odair Negreti26 - Wilson Matos de Lima 29 - José M. Pedreira de Freitas

novembro01 - Jayme Brasil Garfinkel02 - Fabio Ferreira de Aquino03 - Alberto J. Kupcinskas03 - Roberto Kunio Nakamura07 - Luiz Carlos Frias08 - João Collakis10 - Ernani Bacci Junior14 - Luiz Gustavo Miranda de Sousa14 - Renato Marinho Teixeira17 - Carlos Roberto de Zoppa20 - Marcelo D’Alessandro23 - Paulo Silva Bráz 23 - Magali Rodrigues Zeller27 - Cristina Rosati Guaiana

Dezembro05 - Orlando da Costa08 - Maria de Fátima M. Guedes de Oliveira 11 - José Ferreira das Neves13 - Gilberto Antonio Gonçalves Pucci14 - Alexandre Alves Penteado18 - Jorge Eduardo de Souza19 - Ariovaldo Bracco de Lima19 - Fábio Luchetti19 - Mario K. Sambuichi20 - Henrique Kubala21 - Paulo Roberto dos Santos24 - Miguel Roberto Soares Silva24 - Marilu Dionísio da Silva24 - Claudio Cambraia da Silveira 25 - Sérgio Duarte Cruz

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