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SUMÁRIO (CONTENTS) Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental ISSN 1415-4366 v.15, n.8, p.761–872, agosto, 2011 763 794 778 801 MANEJO DE SOLO, ÁGUA E PLANTA SOIL, WATER AND PLANT MANAGEMENT Doses de potássio por gotejamento no estado nutricional do maracujazeiro • Potassium doses by drip irrigation in the nutritional state of yellow passion fruit • Jopson C. B. de Moraes, Ignácio H. Salcedo & Valdemício F. de Sousa Desempenho de cultivares de alface submetidas a diferentes níveis de salinidade da água de irrigação • Performance of lettuce cultivars under different salinity levels of irrigation water • Francisco de A. de Oliveira, Maria J. S. de O. Carrilho, José F. de Medeiros, Patrício B. Maracajá & Mychelle K. T. de Oliveira Geração de zonas de manejo para cafeicultura empregando-se sensor SPAD e análise foliar • Coffee crop management zone delimitation using chlorophyll index and leaf analysis • Francelino A. Rodrigues Junior, Luciano B. Vieira, Daniel M. de Queiroz & Nerilson T. Santos Efeito do composto orgânico e compactação do solo no milho e nutrientes do solo • Effect of compaction and organic compost application on corn biomass and macronutrient contents in soil • Pedro N. F. Rodrigues, Mário M. Rolim, Egidio Bezerra Neto, Raimundo N. T. Costa, Elvira M. R. Pedrosa & Veronildo S. Oliveira Crescimento e capacidade fotossintética da cultivar de amendoim BR 1 sob condições de salinidade Growth and photosynthetic capacity of the peanut cultivar BR 1 under saline conditions • Erika S. A. Graciano, Rejane J. M. C. Nogueira, Danúbia R. M. Lima, Cinthya M. Pacheco & Roseane C. Santos Produção de beterraba fertilizada com jitirana em diferentes doses e tempos de incorporação ao solo Production of sugar beet fertilized with scarlet starglory at different doses and times of incorporation to soil • Maiele L. da Silva, Francisco B. Neto, Paulo C. F. Linhares, José R. de Sá, Jailma S. S. de Lima & Aurélio P. Barros Júnior Atributos físicos do solo e produtividade do milho sob sistemas de manejo e adubações • Soil physical attributes and corn yield as affected by soil managements and fertilization • Mônica S. S. de M. Costa, Laércio A. Pivetta, Luiz A. de M. Costa, Laerte G. Pivetta, Gustavo Castoldi & Fábio Steiner ENGENHARIA DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM IRRIGATION AND DRAINAGE ENGINEERING Fertigação em mudas de citros utilizando-se mangueiras e microtubos sob regime de escoamento turbulento • Fertigation on citrus seedlings using hoses and microtubes under turbulent flow regime • Wanderley J. Souza, Tarlei A. Botrel, Daniel F. de Carvalho & Leonardo D. B. da Silva Impacto da água residuária de suinocultura no solo e na produção de capim-elefante • Impacts of pig farming wastewater on elephant grass production and on soil • Juarez R. Cabral, Paulo S. L. de Freitas, Roberto Rezende, Antonio S. Muniz & Altair Bertonha METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA AGRICULTURAL METEOROLOGY AND CLIMATOLOGY Modelagem agrometeorológica para estimação do desenvolvimento e da produção de jiló Agrometeorological model to estimate development and production of ‘jiló’ • Glauco de S. Rolim, Maria do Carmo de S. S. Novo, Angélica P. Pantano & Paulo E. Trani Coeficientes da equação de Angström-Prescott e sua influência na evapotranspiração de referência em Seropédica, RJ • Coefficients of the Angström-Prescott equation and its influence on evapotranspiration in Seropedica, Rio de Janeiro State, Brazil • Daniel F. de Carvalho, Dione G. da Silva, Adilson P. de Souza, Daniela P. Gomes & Hermes S. da Rocha 810 823 816 838 771 788 832

Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental

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Volume 15, Número 8, Agosto de 2011.

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  • SUMRIO (CONTENTS)

    Revista Brasileira deEngenharia Agrcola e Ambiental

    ISSN 1415-4366

    v.15, n.8, p.761872, agosto, 2011

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    MANEJO DE SOLO, GUA E PLANTASOIL, WATER AND PLANT MANAGEMENT

    Doses de potssio por gotejamento no estado nutricional do maracujazeiro Potassium doses by dripirrigation in the nutritional state of yellow passion fruit Jopson C. B. de Moraes, Igncio H. Salcedo &Valdemcio F. de Sousa

    Desempenho de cultivares de alface submetidas a diferentes nveis de salinidade da gua de irrigao Performance of lettuce cultivars under different salinity levels of irrigation water Francisco de A. de Oliveira,Maria J. S. de O. Carrilho, Jos F. de Medeiros, Patrcio B. Maracaj & Mychelle K. T. de Oliveira

    Gerao de zonas de manejo para cafeicultura empregando-se sensor SPAD e anlise foliar Coffeecrop management zone delimitation using chlorophyll index and leaf analysis Francelino A. Rodrigues Junior,Luciano B. Vieira, Daniel M. de Queiroz & Nerilson T. Santos

    Efeito do composto orgnico e compactao do solo no milho e nutrientes do solo Effect of compactionand organic compost application on corn biomass and macronutrient contents in soil Pedro N. F. Rodrigues,Mrio M. Rolim, Egidio Bezerra Neto, Raimundo N. T. Costa, Elvira M. R. Pedrosa & Veronildo S. Oliveira

    Crescimento e capacidade fotossinttica da cultivar de amendoim BR 1 sob condies de salinidade Growth and photosynthetic capacity of the peanut cultivar BR 1 under saline conditions Erika S. A. Graciano,Rejane J. M. C. Nogueira, Danbia R. M. Lima, Cinthya M. Pacheco & Roseane C. Santos

    Produo de beterraba fertilizada com jitirana em diferentes doses e tempos de incorporao ao solo Production of sugar beet fertilized with scarlet starglory at different doses and times of incorporation to soil Maiele L.da Silva, Francisco B. Neto, Paulo C. F. Linhares, Jos R. de S, Jailma S. S. de Lima & Aurlio P. Barros Jnior

    Atributos fsicos do solo e produtividade do milho sob sistemas de manejo e adubaes Soil physicalattributes and corn yield as affected by soil managements and fertilization Mnica S. S. de M. Costa, LarcioA. Pivetta, Luiz A. de M. Costa, Laerte G. Pivetta, Gustavo Castoldi & Fbio Steiner

    ENGENHARIA DE IRRIGAO E DRENAGEMIRRIGATION AND DRAINAGE ENGINEERING

    Fertigao em mudas de citros utilizando-se mangueiras e microtubos sob regime de escoamentoturbulento Fertigation on citrus seedlings using hoses and microtubes under turbulent flow regime WanderleyJ. Souza, Tarlei A. Botrel, Daniel F. de Carvalho & Leonardo D. B. da Silva

    Impacto da gua residuria de suinocultura no solo e na produo de capim-elefante Impacts of pigfarming wastewater on elephant grass production and on soil Juarez R. Cabral, Paulo S. L. de Freitas, RobertoRezende, Antonio S. Muniz & Altair Bertonha

    METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA AGRCOLAAGRICULTURAL METEOROLOGY AND CLIMATOLOGY

    Modelagem agrometeorolgica para estimao do desenvolvimento e da produo de jil Agrometeorological model to estimate development and production of jil Glauco de S. Rolim, Maria do Carmode S. S. Novo, Anglica P. Pantano & Paulo E. Trani

    Coeficientes da equao de Angstrm-Prescott e sua influncia na evapotranspirao de refernciaem Seropdica, RJ Coefficients of the Angstrm-Prescott equation and its influence on evapotranspiration inSeropedica, Rio de Janeiro State, Brazil Daniel F. de Carvalho, Dione G. da Silva, Adilson P. de Souza, DanielaP. Gomes & Hermes S. da Rocha

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    ARMAZENAMENTO E PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRCOLASSTORAGE AND PROCESSING OF AGRICULTURAL PRODUCTS

    Periods of constant and falling-rate for infrared drying of carrot slices Perodos de secagem constante edecrescente de fatias de cenoura por infravermelho Fernando M. Botelho, Paulo C. Corra, Andr. L. D. Goneli,Mrcio A. Martins, Felipe E. A. Magalhes & Slvia C. Campos

    GESTO E CONTROLE AMBIENTALENVIRONMENTAL CONTROL AND MANAGEMENT

    Tolerncia ao dficit hdrico em gentipos de feijo-caupi Tolerance to water deficit of cowpea genotypes Sebastio P. do Nascimento, Edson A. Bastos, Eugnio C. E. Arajo, Francisco R. Freire Filho & Everaldo M. da Silva

    Matria orgnica e textura do solo em veredas conservadas e antropizadas no bioma Cerrado Organicmatter and texture of the soil in conserved and altered wetlands in the Cerrado biome Ricardo F. de Sousa, Jorge L.do Nascimento, Eliana P. Fernandes, Wilson M. Leandro & Alfredo B. de Campos

    Escria de siderurgia e seus efeitos nos teores de nutrientes e metais pesados em cana-de-acar Basic slag and its effects on the concentration of nutrients and heavy metals in sugarcane Mrcio F. Sobral,Clstenes W. A.do Nascimento, Karina P. V.da Cunha, Hailson A. Ferreira, Airon J. Silva & Fernando B.V. Silva 867

  • 763Doses de potssio por gotejamento no estado nutricional do maracujazeiro

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.763770, 2011.

    1 Parte da Dissertao de Mestrado do primeiro autor apresentada no Curso de Ps-Graduao em Manejo de Solo e gua, Departamento deSolos e Engenharia RuralUFPB

    2 Eng Agrnomo M.Sc. DSER/UFPB. Rodovia BR 079, Km 12 CEP 58397-000, Areia, PB. Fone: (83) 3362-2300, Ramal 251. E-mail:[email protected]

    3 DEN/UFPE, Av. Prof. Luiz Freire, 1000, Cidade Universitria,CEP 50.740-540 Recife, PE. Fone:(81) 2126.8252 e 2126-8251. E-mail:[email protected]

    4 Pesquisador da Embrapa Meio-Norte. Av. Duque de Caxias 5650, Bairro Buenos Aires, CP 01, CEP 64006-220, Teresina, PI. Fone: (86) 3089-9120;Fax: (86) 3089-9130. E-mail: [email protected]

    Doses de potssio por gotejamento no estadonutricional do maracujazeiro1

    Jopson C. B. de Moraes2, Igncio H. Salcedo3 & Valdemcio F. de Sousa4

    RESUMOO objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses de potssio aplicadas via fertigao por gotejamento,sobre os teores de nutrientes, no solo e na soluo do solo e nas folhas do maracujazeiro amarelo, naregio semirida do Piau. O experimento foi realizado na rea do Projeto Piloto de Fruticultura Irrigadada CODEVASF, no municpio de Santa Rosa do Piau (06 47 56S, 42 1717 W e altitude de187 m). Utilizou-se o delineamento experimental de bloco ao acaso com cinco tratamentos e quatrorepeties. Os tratamentos foram constitudos por cinco doses de potssio (0; 0,225; 0,450; 0,675;0,900 kg de K2O planta

    -1 ano-1).Avaliou-se a concentrao de nutrientes no perfil do solo, na soluo dosolo (nas profundidades de 0-0,20 m e 0,20-0,40 m) tal como o estado nutricional das plantas domaracujazeiro amarelo. O aumento de doses de potssio aplicadas ao solo via fertigao tendeu a elevaros teores de potssio e sdio no solo. As doses de potssio influenciaram tambm a concentrao de Knas folhas do maracujazeiro amarelo, levando o estado nutricional das plantas acima do nvel timo. Aconcentrao de potssio na soluo do solo variou com o crescimento das plantas, at 132 DATmantendo-se, em seguida, estvel.

    Palavras-chave: fertigao, nutrio de planta, Passiflora edulis

    Potassium doses by drip irrigation in the nutritionalstate of yellow passion fruit

    ABSTRACTThe objective of this study was to evaluate the effect of potassium doses applied through fertigation bydrip irrigation upon the concentration of nutrients in the soil, soil solution and nutritional state of yellowpassion fruit plants, in the semi-arid region of Piau, Brazil. The experiment was accomplished in the PilotProject area of Irrigated Fruitculture of CODEVASF, in the Santa Rosa municipality, Piau state (06 47'56'S, 42 1717' W and 187 m of altitude). The experimental layout was a completely randomizedblock design with five treatments and four replications. The treatments were consisted of five potassiumdoses (0.00; 0.225; 0.450; 0.675; 0.900 kg of K2O plant-1year

    -1). The nutritional status of the plants wasevaluated and the nutrient concentration in the soil profile and in the soil solution in the layers of 0.0-0.20 and 0.20-0.40 m were determined. The increase of potassium doses applied to the soil throughirrigation water increased the potassium concentration and sodium in the soil. The potassium dosescaused also significant increases of K in the leaves of yellow passion fruit and increased the plantnutritional state above the optimum level. The potassium concentration in the soil solution varied withplant growth until 132 days after transplant, and remained relatively stable thereafter.

    Key words: fertirrigation, plant nutrition, Passiflora edulis

    Revista Brasileira deEngenharia Agrcola e Ambientalv.15, n.8, p.763770, 2011Campina Grande, PB, UAEA/UFCG http://www.agriambi.com.brProtocolo 058.10 07/04/2010 Aprovado em 01/06/2011

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    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.763770, 2011.

    INTRODUO

    O maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpaDeg.), originrio de regio tropical, uma cultura que se adaptabem s condies edafoclimticas da regio Nordeste,desenvolvendo-se em diferentes tipos de solo; contudo, osarenosos e os areno-argilosos, profundos e bem drenados,so mais adequados para a cultura (Cavalcante et al., 2005).Por essas caractersticas uma das fruteiras tropicais comgrande potencial de cultivo no nordeste brasileiroapresentando, assim, acentuada expanso, tanto no cultivoquanto no consumo.

    O maracujazeiro amarelo possui ciclos alternados devegetao e de produo, mais intensos no incio da primavera,estendendo-se at o final do outono (Sousa et al., 2003; Sousaet al., 2005). O equilbrio nutricional durante o ciclo domaracujazeiro importante para se obter altas produtividades(Borges et al., 2003). Para avaliao do comportamento domaracujazeiro, a associao das anlises qumicas do solo e dadiagnose foliar, vem-se mostrando til na consecuo desteobjetivo, por permitir a correlao das doses de nutrientesaplicadas no solo com os teores dos mesmos na planta e tambmcom sua produtividade (Borges et al., 2002).

    A nutrio das plantas e o efeito da adubao na produodo maracujazeiro amarelo foram relatados por vrios autores(Haag et al., 1973; Baumgartner et al., 1978; Colauto et al., 1986;Faria et al., 1991). Todavia, a literatura traz poucas refernciassobre os efeitos de nutrientes aplicados via gua de irrigaono estado nutricional, no crescimento e na produtividade domaracujazeiro amarelo, principalmente na regio semirida doNordeste brasileiro. A necessidade do potssio por esta culturaprecisa ser determinada e/ou ajustada conforme o sistema decultivo e manejo, considerando-se que no Brasil asrecomendaes de adubao convencional com potssio queconstam na literatura, so muito variveis, de 50 a 530 kg deK2O ha

    -1 ano-1 (Borges et al., 2002).Com referncia avaliao do estado nutricional das plantas

    do maracujazeiro amarelo por meio da diagnose foliar Sousa etal. (2008) verificaram que, mesmo com a aplicao frequente depotssio, as plantas apresentaram deficincia deste elementoa qual segundo os autores, pode ser atribuda idade dasplantas, poca de coleta das folhas, emisso das flores,gavinhas, botes florais e desenvolvimento de frutos. Deacordo com, Menzel et al. (1993) e Arajo et al. (2005) noperodo de frutificao, formao e maturao dos frutos, queas plantas mais demandam potssio, principal nutriente para omaracujazeiro, nesta fase.

    Autores como Daliparthy et al. (1994) relatam que o potssio requerido em larga quantidade pelo maracujazeiro. SegundoBaumgartner et al. (1978), a deficincia deste nutriente provocaatraso na florao, reduo no tamanho dos frutos e na rea

    foliar afetando, consequentemente, a fotossntese e ocontedo de slidos solveis nos frutos.

    Neste trabalho objetivou-se avaliar os efeitos de doses depotssio aplicados via fertigao por gotejamento, sobre osteores de nutrientes no solo, na soluo do solo e nas folhasdo maracujazeiro amarelo.

    MATERIAL E MTODOS

    O experimento foi desenvolvido em rea do Projeto Pilotode Fruticultura Irrigada no Vale do Parnaba, da CODEVASF,localizado no municpio de Santa Rosa do Piau, PI, com latitudede 06 47 56S, longitude de 42 1717 W e altitude de 187 m.O solo da rea experimental classificado como NeossoloLitlico Distrfico. Para sua caracterizao qumica, foramcoletadas amostras compostas nas camadas de 0,00 - 0,20 m e0,20 m 0,40 m, representativas para 1,0 ha, que foramposteriormente analisadas adotando-se metodologia propostapela EMBRAPA (1997) (Tabela 1).

    O clima, segundo Kppen, tropical semirido e apluviosidade mdia anual de 811 mm concentra-se no perodode novembro a abril. Os valores mdios de temperatura mdia,umidade relativa do ar so, respectivamente, 27,8 C e 54,2%.

    O delineamento experimental utilizado foi o de blocoscompletos casualizados com cinco tratamentos doses depotssio (Tabela 2) e quatro repeties. As parcelas foramconstitudas por trs fileiras e doze plantas teis por parcela.

    Tabela 1. Valores de pH, matria orgnica (MO), fsforo (P), potssio (K), clcio (Ca) e magnsio (Mg), sdio (Na),alumnio (Al) e hidrognio mais alumnio (H+Al) da rea experimental

    Tabela 2. Tratamentos e as respectivas doses de potssioadicionadas nas fases de formao e produo do maracujamarelo

    O preparo do solo consistiu de duas gradagens comaplicao de 2 t de calcrio dolomtico por hectare, com basena anlise de solo e exigncias da cultura. Posteriormente, foramabertas as covas no espaamento de 2,5 x 4,0 m, de formatocilndrico, com 1,0 m de dimetro e 0,5 m de profundidade. Fez-se a adubao de fundao aplicando-se, por cova: 20 L deesterco de curral, 0,250 kg de P2O5 na forma de superfosfatosimples e 50 g de FTE BR 12. Antes do transplantio das mudas,20 dias aps o preparo das covas, realizou-se a anlise qumicado solo da cova, cujos resultados se encontram na Tabela 3.

    MO P K Ca Mg Na Al H+Al Camada (m)

    pH H2O g kg mg dm-3 cmolc dm

    -3 0,00-0,20 4,31 12,20 4,90 082,10 0,55 0,50 0,03 1,46 5,31

    0,20-0,40 3,91 08,10 0,80 156,00 0,23 0,17 0,02 2,17 5,23

    Doses de potssio (kg de K2O planta-1 ano-1)

    Tratamentos Fase de formao (at 120 dias)

    Fase de produo (aps 120 dias)

    Total

    K0 0,000 0,000 0,000 K1 0,025 0,200 0,225 K2 0,050 0,400 0,450 K3 0,075 0,600 0,675 K4 0,100 0,800 0,900

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    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.763770, 2011.

    A cultura plantada foi o maracujazeiro amarelo (Passifloraedulis f. flavicarpa Deg.) cv. IAC 247, cujas mudas forampreparadas e transplantadas em 25/05/2007, 20 vinte dias apspreparo das covas, com idade de 60 dias.

    O sistema de irrigao utilizado foi o de gotejamento comtrs emissores de vazo de 4,0 L h-1 por planta, espaadosentre si 0,50 e 0,20 m do caule das plantas. Fez-se opo paraaplicao de gua com frequncia diria e a quantidade degua calculada de acordo com a evapotranspirao de refernciae coeficiente da cultura nas diferentes fases recomendadospor Sousa et al. (2003). O tempo de irrigao foi determinadoutilizando-se a Eq. 1.

    nqEf

    kraKcEToTi

    em que: Ti o tempo de irrigao (h); ETo a Evapotranspiraode referncia (mm dia-1); a a rea ocupada pela planta (m2); Kc o Coeficiente de cultivo; Kr o coeficiente de reduo derea; Ef a eficincia de irrigao (90 %); q a vazo dogotejador (L h-1) e n o nmero de gotejador por planta.

    Para monitorar o potencial de gua no solo dois tensimetrosforam instalados em cada tratamento, nas camadas de 0,0-0,20e 0,20-0,40 m e a 0,30 m do caule da planta, realizando-se leiturasdirias da tenso de gua.

    Para a aplicao dos fertilizantes utilizou-se uma bombainjetora de acionamento hidrulica, modelo (TMB WP-10) comcapacidade para 50 L h-1, instalada na estao de controle dosistema de irrigao. A quantidade de nitrognio foi 0,350 kgde N planta-1 ano-1 e o potssio, de acordo com os tratamentos.Como fonte de nitrognio e potssio utilizaram-se uria e cloretode potssio, respectivamente, aplicados via gua de irrigaocom frequncia de sete dias e tempo de durao de 45 minutospara cada tratamento. A aplicao dos tratamentos comfertigao iniciou-se em 06/06/07 (14 DAT).

    Para avaliao do contedo de nutrientes no perfil do soloamostras de solo foram coletadas aos 145 DAT e 174 DAT nascamadas de 0,00-0,20 m e 0,20-0,40 m determinando-se, emlaboratrio da Embrapa Meio Norte, o pH, contedo de matriaorgnica e de macro e micronutrientes segundo a recomendaoda EMBRAPA (1997). Para determinao dos teores de nutrientenas folhas do maracujazeiro amarelo amostras de folhas foramcoletadas, segundo recomendao em Malavolta et al. (1997),aos 145 DAT e 174 DAT. Os nutrientes analisados foram:nitrognio (N), fsforo (P), potssio (K), clcio (Ca) e magnsio(Mg). As anlises de macronutrientes foram realizadas deacordo com metodologias descritas por Malavolta et al. (1997).O N total foi determinado pelo mtodo de Kjeldahl, o fsforo

    total por calorimetria pelo mtodo do molibdato e o K, Ca e Mgpor espectrofotometria de absoro atmica.

    Coletou-se a soluo do solo utilizando-se extratores desoluo de cpsulas porosas nas profundidades de 0,20 m e0,40 m e a 0,30 m do caule da planta, sendo armazenada emfrascos acondicionados em ambiente refrigerado para posteriordeterminao da condutividade eltrica e da concentrao depotssio; para este ltimo, utilizou-se cartela eletrnica de onespecfico cardy-potssio, da marca Horiba. As amostragensde soluo sempre foram realizadas um dia antes da fertigao.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Concentraes de nutrientes no soloPelas avaliaes da concentrao dos nutrientes no solo

    aos 145 e 174 dias aps o transplantio (DAT) das mudas domaracujazeiro amarelo (Tabela 4), percebe-se que os valores depH, de matria orgnica, fsforo, potssio, clcio, magnsio esdio, foram maiores na camada mais superficial (0,0-0,20 m) emenores na camada de 0,20-0,40 m. Este comportamento podeser atribudo forma frequente de aplicao de gua, cujaslminas no favoreceram a movimentao acentuada denutrientes para a camada de 0,20-0,40 m. Com referncia ao teorde matria orgnica, constatou-se que os valores mdiosobtidos nas avaliaes realizadas aos 145 e 174 dias aps otransplantio (Tabela 4) foram menores que a concentraomdia (27,5 g kg-1) encontrada nas covas aos 20 dias aps opreparo das mesmas, refletindo provavelmente a mineralizaoda matria orgnica durante o perodo de quase 6 meses decrescimento da cultura.

    Os teores de P extravel variaram de 34,6 a 107 mg kg-1 desolo, variao esta que pode estar relacionada com ahomogeneizao do solo com o esterco e o superfosfatosimples, no ato de preparo das covas, visto que os valores nomostraram qualquer tendncia, segundo os tratamentos ecamadas (Tabela 4), o que dificulta a definio do teor mdiode P extravel na cova, mas foram inferiores aos 140 mg kg-1determinados aps 20 dias do seu preparo indicando atransformao do P para formas menos lbeis, nas extraveispor Mehlich-1. No se acredita que a heterogeneidade nadistribuio do P na cova tenha prejudicado o desenvolvimentodas plantas, uma vez que o sistema radicular deve t-lacompensado. Os teores de Ca e Mg foram mais homogneosque os de P e tambm inferiores ao teor obtido aps 20 dias dopreparo da cova, sobretudo o Mg devido, provavelmente, prpria extrao dos nutrientes pelas plantas.

    Considerando que o maracujazeiro se desenvolve bem emsolo com pH variando de 6,0 a 6,8, os valores observadosneste trabalho estavam em nvel adequado ao crescimento dasplantas, principalmente na amostragem realizada aos 174 DAT.De acordo com Raij (1991), os teores de matria orgnica,fsforo e clcio obtidos, so considerados mdios, enquantopara magnsio o teor considerado alto.

    Para a concentrao de potssio as anlises apresentaramvalores considerados altos (121-235 mg dm-3), mesmo para ostratamentos que no receberam e/ou receberam menores doses

    Tabela 3. Valores de teores de nutrientes no solo dascovas 20 dias aps o preparo

    pH (H2O)

    MO P K Ca Mg

    Material analisado

    g kg mg dm-3 cmolc dm-3

    Mistura da cova* 6,63 27,5 140 630 4,89 3,91

    * amostra composta por seis subamostras coletadas nas covas, 20 dias aps o preparo

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    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.763770, 2011.

    Tabela 4. Valores mdios de pH, matria orgnica (MO), fsforo (P), potssio (K), clcio (Ca), magnsio (Mg) e sdio(Na) no solo, aos 145 e 174 DAT nas camadas de 0,0-0,20 m e 0,20-0,40 cm, e resumo da anlise de regresso

    ns - no significativo (P > 0,10) ; L- linear; Q - quadrtica; CV - coeficiente de variao

    de potssio. Este comportamento na concentrao de potssiopode ser devido presena deste elemento no solo e no estercousado para o preparo das covas, haja vista que a anlise doesterco apresentou valor de 13300 mg dm-3 e que, para o materialamostrado nas covas 20 dias aps o seu preparo, o valor foi de630 mg dm-3, conforme apresentado na Tabela 3.

    De acordo com a Tabela 4, para as amostragens de solorealizadas aos 145 DAT as doses de K2O aplicadas culturavia fertigao por gotejamento influenciaram o teor de potssio(p < 0,01), e os teores de fsforo, clcio e sdio (p < 0,05), nacamada de 0,0-0,20 m, bem como o potssio (p < 0,01) e sdio(p < 0,05) na camada de 0,20-0,40 m. Para as amostragens desolo realizadas aos 174 DAT, as doses de potssio influenciaramapenas os teores deste elemento (p < 0,01) para as camadas de0,0-0,20 m e 0,20-0,40 m.

    Pela Figura 1 verifica-se que o efeito das doses de K2Osobre os teores de potssio no solo foi linear (p < 0,01) nasduas camadas, aos 145 e 174 DAT, o que se previa e coincidecom os resultados obtidos por Prado et al. (2004) que aplicaramdoses crescentes de potssio no maracujazeiro amarelo.

    Na camada de 0,0-0,20 m, os coeficientes de regresso dasequaes, indicados nas Figuras 1A e 1C, foram bastantesemelhantes para as duas datas de amostragem, enquanto na

    camada de 0,20-0,40 m (Figuras 1B e 1C) esses coeficientesmostram uma diminuio acentuada entre as amostragens aos145 e 174 DAT. Isto pode ser atribudo ao aumento dasexigncias por este nutriente pelas plantas do maracujazeiroamarelo e, consequentemente, maior absoro, j que nasegunda amostragem as plantas se encontravam na fase deemisso dos botes de florao e incio da frutificao, perodoem que ocorre um aumento crescente na exportao de potssio,principalmente para a formao dos frutos (Haag et al., 1973).

    Os teores de sdio no solo aos 145 DAT, decresceram como aumento das doses dos nutrientes fornecidos via fertigao(Figura 2). Na camada de 0,0-0,20 m, os valores decresceram deforma quadrtica (P < 0,05) (Figura 2A) e de forma linear (P 0,10); L - linear; Q - quadrtica; CV - coeficiente de variao

    N K P Ca Mg

    Doses K2O g kg-1

    145 DAT 0,00 35,10 36,30 02,14 05,88 03,10 0,225 35,90 33,50 02,24 05,48 02,55 0,450 35,00 35,60 03,12 06,33 02,78 0,675 35,60 37,00 02,62 06,47 02,63 0,900 36,50 38,70 02,60 06,27 02,55 L ns ns ns ns ns

    Q ns ns ns ns ns

    CV 08,31 15,10 18,10 23,50 11,50 174 DAT 0,00 34,80 29,80 02,23 05,23 03,53 0,225 31,30 26,80 02,46 03,88 02,83 0,450 33,70 29,80 03,01 05,98 03,05 0,675 34,80 31,70 02,69 05,70 03,20 0,900 35,10 44,70 02,40 04,30 03,55 L ns 0,017 ns ns ns

    Q ns 0,062 ns ns ns

    CV 08,30 24,70 20,50 28,70 21,80

    Tabela 5. Teores foliares de nitrognio (N), fsforo (P),potssio (K), clcio (Ca) e magnsio (Mg), nomaracujazeiro, aos 145 e 174 DAT e resumo da anlisede varincia de regresso

    Figura 5. Efeito de doses de K2O nos teores de potssiona folha do maracujazeiro amarelo; amostragem realizadaaos 174 DAT

    Resultados semelhantes foram obtidos por autores como,Carvalho et al. (2001), Borges et al. (2002), Sousa et al. (2003),Sousa et al. (2008) e Albuquerque et al. (2010), que verificaramque o aumento da quantidade de potssio aplicada resultouem aumento linear dos teores de K nas folhas do maracujazeiroamarelo. Os teores de potssio obtidos neste trabalho foramsuperiores queles obtidos por Sousa et al. (2008) e aosrecomendados em IFA (1992), sendo prximos daqueles obtidospor Haag et al. (1973), Carvalho et al. (2001), Borges et al. (2002)e Prado et al. (2004), mostrando que as plantas no seencontravam com deficincia de potssio. As diferenas entreos trabalhos podem estar relacionadas com a idade das plantas,as folhas amostradas e a produo colhida, pois esses sofatores que influenciam os teores de K nas plantas (Malavolta,2006). Por exemplo, Sousa et al. (2008) destacam que amostrasde folhas foram coletadas aps se ter colhido em torno de 75%da safra de uma produo relativamente grande que,provavelmente, extraiu elevada quantidade do potssioabsorvido pelas plantas. De acordo com Haag et al. (1973),Menzel et al. (1993) e Arajo et al. (2005), no perodo defrutificao, formao e maturao dos frutos, que as plantasmais demandam potssio, funcionando como drenos para essenutriente e provocando mobilizao a partir das folhas. Nocaso deste trabalho, as plantas no se apresentaram comdeficincia de potssio em virtude, provavelmente da idade,visto que, no perodo das amostragens, elas se encontravamno incio da florao e frutificao.

    CONCLUSES

    1. O aumento de doses de potssio aplicadas ao solo viafertigao, tendeu a elevar os teores de potssio e sdio nosolo.

  • 770 Jopson C. B. de Moraes et al.

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.763770, 2011.

    2. As doses de potssio influenciaram sua concentrao nafolha do maracujazeiro amarelo e elevaram o estado nutricionaldas plantas, acima do nvel timo.

    3. A concentrao de potssio na soluo do solo varioucom o crescimento das plantas, at 132 DAT mantendo-se, emseguida, estvel.

    LITERATURA CITADA

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  • 771Desempenho de cultivares de alface submetidas a diferentes nveis de salinidade da gua de irrigao

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.771777, 2011.

    1 DCAT/UFERSA, BR 110, km 47, CP 137, CEP. 59625-900, Mossor, RN (84) 3315-1740, E-mail: [email protected],[email protected], [email protected], [email protected]

    2 CCTA/UFCG, Campus Ponbal, Rua Joo Leite, 517, Centro, CEP. 58840-000, Pombal, PB, (83) 3431-2221, E-mail: [email protected]

    Desempenho de cultivares de alface submetidas a diferentesnveis de salinidade da gua de irrigao

    Francisco de A. de Oliveira1, Maria J. S. de O. Carrilho1, Jos F. de Medeiros1,Patrcio B. Maracaj2 & Mychelle K. T. de Oliveira1

    RESUMOEste trabalho foi desenvolvido em ambiente protegido objetivando avaliar o desempenho de cultivaresde alface em condies de salinidade. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, e ostratamentos foram distribudos em esquema fatorial 5 x 5, com cinco cultivares de alface (Mnica SF31,Grandes Lagos 659, Veneranda, Folha Roxa Quatro Estaes e Stella) e cinco nveis de salinidade degua (0,5; 1,5; 2,5; 3,5 e 4,5 dS m-1) e trs repeties. As plantas foram colhidas aos 35 dias aps otransplantio e avaliados as principais caractersticas morfofisiolgicas de crescimento: nmero de folhas,rea foliar, comprimento do caule, massa fresca e massa seca das plantas. Verificou-se efeito significativodos fatores isolados e da interao, para todas as caractersticas de crescimento. O maior desempenhofoi obtido na cultivar Folha Roxa Quatro Estaes. O nmero de folhas, a rea foliar e a fitomassa da partearea, foram reduzidos linearmente com o aumento da salinidade, sendo os maiores valores obtidos nascultivares Folha Roxa Quatro Estaes e Stella.

    Palavras-chave: Lactuca sativa L., estresse salino, recursos hdricos

    Performance of lettuce cultivars under differentsalinity levels of irrigation water

    ABSTRACTThis study was carried out in greenhouse to evaluate the performance of different cultivars of lettuceunder saline conditions. The experimental design was a completely randomized in factorial scheme,with five cultivars of lettuce (Mnica SF31, Grandes Lagos 659, Veneranda, Folha Roxa Quatro Estaese Stella) and five levels of water salinity (0.5 , 1.5, 2.5, 3.5 and 4.5 dS m-1) and three replications. Theplants were harvested at 35 days after transplanting and the main morphophysiological growth parameters,that is, the number of leaves, leaf area, stem length, fresh weight and dry weight of plants were evaluated.Significant effect of the isolated factors and of the interaction for all parameters was found. The bestperformance was obtained in cultivar Folha Roxa Quatro Estaes. The number of leaves, leaf area andbiomass of shoots were reduced linearly with increasing salinity, with higher values in cultivars FolhaRoxa Quatro Estaes and Stella.

    Key words: Lactuca sativa L., saline stress, water resources

    Revista Brasileira deEngenharia Agrcola e Ambientalv.15, n.8, p.771777, 2011Campina Grande, PB, UAEA/UFCG http://www.agriambi.com.brProtocolo 101.09 10/07/2009 Aprovado em 01/06/2011

  • 772 Francisco de A. de Oliveira et al.

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.771777, 2011.

    INTRODUO

    O setor hortcola possibilita a gerao de grande nmero deempregos devido, sobretudo elevada exigncia de mo-de-obra, desde a semeadura at a comercializao. As hortaliasocuparam, em 2006 uma rea de 773,2 mil hectares, produzindoaproximadamente 17,4 milhes de toneladas e gerando quase 3milhes de empregos no campo (IBGE, 2008).

    A alface (Lactuca sativa L.) uma das hortalias maisdifundidas atualmente, sendo cultivada por todo pas, devido,principalmente, a grande divergncia gentica existente entreas cultivares utilizadas pelos produtores (Sousa et al., 2007),est includa entre as principais hortalias de consumo dirio ese destaca pelo elevado teor de pr-vitamina A nas folhasverdes, alcanando at 4.000 UI.100g-1 (Filgueira, 2008); sualarga adaptao s condies climticas adversas, apossibilidade de cultivos sucessivos no mesmo ano, o baixocusto de produo, a pouca susceptibilidade a pragas edoenas e a comercializao segura, fazem com que a alfaceseja a hortalia preferida pelos pequenos produtores, o quelhe confere grande importncia econmica e social, sendosignificativo fator de agregao do homem no campo,destacando-se como a hortalia folhosa de maior consumo noBrasil (CEASA, 2006).

    A disponibilidade mundial de gua doce para irrigao estdiminuindo em razo da crescente competio com odesenvolvimento urbano e industrial, de forma que o uso degua de qualidade inferior para irrigao se torna um desafio.Para a utilizao dessas guas de qualidade inferior naagricultura deve-se utilizar um manejo racional, atravs dealternativas economicamente viveis, de modo que a culturadesenvolva a produtividade esperada, boa qualidade dosprodutos e com mnimos riscos pelo efeito de salinizao dossolos (Medeiros et al., 2007).

    A tolerncia salinidade varivel entre espcies e, mesmoem uma espcie, entre estdios de desenvolvimento, em cadafase a tolerncia a salinidade controlada por mais de um genee altamente influenciada por fatores ambientais (Flowers, 2004;Flowers & Flowers, 2005; Munns, 2005); entretanto, os efeitosdependem, ainda, de outros fatores, como espcie, cultivar,estdio fenolgico, tipo de sais, intensidade e durao doestresse salino, manejo cultural e da irrigao e condiesedafoclimticas (Tester & Davnport, 2003; Taiz & Zeiger, 2009;Munns, 2005).

    No Nordeste, a maior parte das guas utilizadas na irrigaocontm teores relativamente elevados de sais, sendofrequentemente encontrados valores da ordem de 0,1 a 5,0 dS m-1(Costa et al., 2004). Segundo Ayers & Westcot (1999), a alface moderadamente sensvel salinidade, tendo a produodecrescida em 13% por aumento unitrio de condutividadeeltrica do extrato de saturao (CEes) acima de 1,3 dS m-1 emtermos de condutividade eltrica de gua (CEa) o limiar seria de0,9 dS m-1, considerando-se a relao entre CEa e CEes, propostapor Ayers & Westcot (1999) para frao de lixiviao entre 0,15 e0,20.

    Diante da importncia da alface para a regio e danecessidade do uso da gua de qualidade inferior na irrigao,este trabalho foi desenvolvido objetivando avaliar o

    desempenho de cultivares de alface irrigada com gua dediferentes nveis de salinidade.

    MATERIAL E MTODOS

    O experimento foi conduzido no perodo de julho a agostoem condies de ambiente protegido, no Departamento deCincias Vegetais da Universidade Federal Rural do Semi-rido(UFERSA), municpio de Mossor, RN, coordenadasgeogrficas de 5 11 31"de latitude sul e 37 20 40" de longitudeoeste de Greenwich, com altitude mdia de 18 m. O clima daregio, na classificao de Kppen, do tipo BSwh, (quente eseco), com precipitao pluviomtrica bastante irregular, mdiaanual de 673,9 mm; temperatura mdia de 27C e umidade relativado ar mdia de 68,9% (Carmo Filho & Oliveira, 1995).

    A estrutura da casa de vegetao era de ao galvanizado eas paredes laterais e frontais confeccionadas com malha negracom 50% de sombreamento; a cobertura era em arco tipo tnel,medindo 7,0 m de largura e 18,0 m de comprimento, com mantade polietileno de baixa densidade, transparente, com 0,15 mmde espessura.

    O delineamento experimental utilizado foi o inteiramentecasualizado, e os tratamentos foram arranjado em esquemafatorial 5 x 5, com trs repeties, sendo a unidade experimentalrepresentada por um vaso contendo uma planta. Os tratamentosresultaram da combinao de cinco cultivares de alface (CV1-Mnica SF31, CV2-Grandes Lagos 659, CV3-Veneranda, CV4-Folha Roxa Quatro Estaes e CV5-Stella) com cinco nveis desalinidade da gua de irrigao (S1-0,5; S2-1,5; S3-2,5; S4-3,5 eS5-4,5 dS m-1). Os diferentes nveis salinos foram obtidos peladissoluo de cloreto de sdio (NaCl) em gua proveniente dosistema de abastecimento do campus da UFERSA (S1), cujosvalores de condutividade eltrica foram ajustados atravs deum condutivmetro de bancada com correo para temperatura.As caractersticas fsico-qumicas da gua utilizada seencontram na Tabela 1.

    Tabela 1. Resultado da anlise fsico-qumica da gua dosistema de abastecimento utilizada no experimento

    O plantio foi realizado com mudas produzidas em bandejasde poliestireno expandido de 128 clulas, sendo as sementessemeadas em substrato comercial base de vermiculita. Quandoas mudas apresentaram cerca de 3 a 4 folhas definitivas, foramtransplantadas para vasos de concreto, com capacidade para3 dm3. Como substrato utilizou-se uma mistura de material desolo com esterco bovino na proporo 3:1 (v/v). O material de

    Parmetros Unidades Resultados pH 8,30 CE dS m-1 0,50 Ca2+ mmolc L-1 3,10 Mg2+ mmolc L

    -1 1,10 K+ mmolc L

    -1 0,30 Na+ mmolc L

    -1 2,30 Cl- mmolc L

    -1 1,80 HCO3

    - mmolc L-1 3,00

    CO3- mmolc L

    -1 0,20

  • 773Desempenho de cultivares de alface submetidas a diferentes nveis de salinidade da gua de irrigao

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.771777, 2011.

    solo utilizado neste experimento foi coletado na camada de 020 cm de um solo classificado como Argissolo VermelhoAmarelo de textura arenosa (EMBRAPA, 1999) coletado emrea localizada no Campus da UFERSA.

    O material de solo coletado foi peneirado em malha de 2 mm,dele se retirou uma subamostra para caracterizao qumica efsica (EMBRAPA, 1997), cujas caractersticas so apresentadasna Tabela 2.

    total; em seguida, a parte area foi separada do sistema radiculare pesada em balana digital de preciso (0,01 g).

    As plantas foram acondicionadas em sacos de papelpreviamente identificados e postas para secagem em estufacom circulao forada de ar, na temperatura de 65 C (1),onde permaneceram at atingirem peso constante; emsequencia, as plantas foram pesadas em balana digital depreciso (0,01 g), e determinada a massa seca da parte area(MSPA), massa seca do sistema radicular (MSR) e massa secatotal (MST). Os dados obtidos foram submetidos anlise devarincia e ajustou equao de regresso entre os vrios nveisde salinidade da gua (Ferreira, 2000).

    RESULTADOS E DISCUSSO

    De acordo com a anlise da varincia, o nmero de folhasfoi afetado significativamente pela salinidade, em que o efeitofoi variado para cada cultivar estudada (p < 0,01). Estecomportamento demonstra que o efeito do salinidade sobre ocrescimento das plantas varivel em funo do materialgentico utilizado, estando assim de acordo com Parida &Das (2005). Trabalhos desenvolvidos com outras culturastambm puderam evidenciar esse comportamento, comoobservado para o meloeiro (Medeiros et al., 2007), bananeira(Willadino et al., 2011) e feijo caupi (Santos et al., 2009), oque evidencia a importncia da seleo de gentipos paracultivo em condies ambientais em que seja inevitvel ouso de gua salina para irrigao. Independente dos nveissalinos pode-se observar que o maior nmero de folhas foiconstatado nas cultivares CV4 (29 folhas Planta-1) e CV5 (25folhas Planta-1), enquanto o menor nmero de folhas foiobservado na cultivar CV2 (13 folhas Planta-1); provavelmenteesta diferena se deva s caractersticas genticas de cadacultivar (Figura 1A).

    As maiores perdas foram observadas na cultivar CV3 (42,6%),seguida da cultivar CV4 (39,5%), enquanto a menor perda foiconstatada na cultivar CV2 (26,3%) (Figura 1A). Para todas ascultivares estudadas, o comportamento das plantas sobcondies salinas pode ser explicado por equaes lineares,apresentando coeficiente de correlao satisfatrio, variandode 0,8457 a 0,9976 (Tabela 3).

    Para todas as cultivares estudadas, a salinidade influenciounegativamente a emisso de folhas, e as equaes que melhorse ajustaram foram lineares, apresentando coeficiente dedeterminao satisfatrio (R2 > 0,84). Verifica-se facilmente queas cultivares estudadas apresentaram comportamentosdiferenciados, compondo dois grupos distintos; o primeiroformado pelas cultivares CV4 e CV5, que sempre apresentaramo maior nmero de folhas emitidas, independente do nvel salinoaplicado, enquanto o segundo grupo ficou formado pelascultivares CV1, CV2 e CV3, que mostraram menor nmero defolhas e no apresentaram diferenas significativas entre si(Figura 1A).

    Esses resultados concordam com os encontrados por Vianaet al. (2001), que verificaram expressiva reduo do nmero defolhas da alface com aumento da salinidade, mas diferem dosresultados encontrados por Andriolo et al. (2005) que,

    Tabela 2. Caractersticas fsico-qumicas do solo utilizadono experimento

    Nos trs primeiros dias aps o transplantio das mudasrealizou-se a irrigao com gua proveniente do sistema deabastecimento do campus da UFERSA, coletada de um pooprofundo, cujas caractersticas so apresentadas na Tabela 1.

    A partir do terceiro dia as plantas foram irrigadas com guasapresentando os diferentes nveis salinos, de acordo com ostratamentos aplicados. A irrigao foi realizada com frequnciade uma vez por dia, at 15 dias aps transplantio (DAT), quandoa irrigao passou a ser realizada com a frequncia de duasvezes dirias a partir do 16 DAT at a colheita, aplicando-seem cada irrigao, um volume de gua suficiente para elevar osubstrato capacidade de mxima reteno de gua do materialde solo. Obteve-se o volume de gua de reposio para cadavaso a partir da evapotranspirao real da cultura (ET), sendocaracterizada pela perda de gua no conjunto planta-substrato,obtida atravs de pesagens dirias dos vasos.

    A colheita foi realizada aos 35 dias aps o transplantio,quando as plantas atingiram o ponto de colheita comercial. Asplantas coletadas foram acondicionadas em sacolas plsticasdevidamente identificadas e em seguida transportadas para oLaboratrio de Irrigao e Salinidade da UFERSA, para seremanalisadas quanto as caractersticas de crescimento.

    As caractersticas avaliadas foram: nmero de folhas (NF),rea foliar (AF), comprimento do caule (CC), massa fresca total(MFT) e massa seca total (MST). Para contabilizao do nmerode folhas, utilizaram-se apenas as folhas comerciais. Determinou-se a rea foliar utilizando-se um integrador de rea, modelo LI-3100 da Licor, sendo utilizadas todas as folhas de cada planta. Ocomprimento do caule foi determinado logo aps a separao daparte area do sistema radicular, destacando-se as folhas e serealizando, em seguida medies, com o auxlio de uma rguagraduada. O peso da massa fresca das plantas foi determinadologo aps a colheita, iniciando-se com o peso da massa fresca

    Parmetros Unidades Resultados pH (H2O) 007,10 P mg kg-1 035,61 K+ cmolc dm

    -3 000,27 Ca2+ cmolc dm

    -3 004,10 Mg2+ cmolc dm

    -3 002,10 Na+ cmolc dm

    -3 000,11 H cmolc dm

    -3 002,48 Al3+ cmolc dm

    -3 000,05 Densidade do solo kg m3 001,30 Matria orgnica g kg-1 017,00 Areia g kg-1 900 00 Silte g kg-1 020,00 Argila g kg-1 080,00

  • 774 Francisco de A. de Oliveira et al.

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.771777, 2011.

    absoro de gua, como consequncia de alteraesmorfolgicas e anatmicas, refletindo-se na reduo datranspirao.

    A rea foliar apresentou comportamento semelhante aonmero de folhas, alm de ser afetada significativamente (p 7), sendo consideradasrefugo todas as razes danificadas, rachadas, bifurcadas emenores que 4 cm de dimetro (Horta et al., 2001).

    Realizaram-se anlises de varincia para as caractersticasavaliadas, atravs do aplicativo software SISVAR 3.01 (Ferreira,2000). O procedimento de ajustamento de curvas de respostapara os fatores-tratamento foi realizado atravs do softwareTable Curve (Jandel Scientific, 1991). O teste de Student foiutilizado para comparar a mdia entre o tratamento adicional ea mdia dos tratamentos provenientes do fatorial.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    No houve interao significativa entre as doses de jitiranaincorporadas ao solo e seus tempos de incorporao, paranenhuma das caractersticas avaliadas na beterraba (Figuras 1a 6), significando que o comportamento das caractersticasavaliadas na beterraba em funo das doses de jitiranaincorporadas ao solo, foi semelhante em cada tempo deincorporao da jitirana ao solo e vice-versa.

    A.

    B.

    Figura 1. Altura de plantas de beterraba em funo dedoses de jitirana (A) e de seus tempos de incorporao aosolo (B)

    Uma resposta crescente na altura de plantas de beterrabafoi observada em funo das doses de jitirana incorporadas aosolo, em que a altura mxima de 23,9 cm foi alcanada naquantidade de 15,6 t ha-. O acrscimo entre a menor (5,4 t ha-)e a maior (15,6 t ha-) dose de jitirana, foi da ordem de 3 cm(Figura 1A). Trabalhos realizados por Alves et al. (2008)avaliando o desenvolvimento e o estado nutricional dabeterraba em funo da omisso de nutrientes, sinalizam umaaltura mdia de plantas de 40,5 cm no tratamento com todos osnutrientes, porm no tratamento com ausncia de N esteresultado decaiu mais de 70% na altura de plantas da beterraba.

    Por outro lado, a resposta da altura da beterraba foidecrescente nos tempos de incorporao da jitirana ao solo.Este decrscimo entre o tempo de 0 dia e de 30 dias da

    Altu

    ra d

    e pl

    anta

    (cm

    )

  • 804 Maiele L. da Silva et al.

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.801809, 2011.

    incorporao, foi da ordem de 3,3 cm (Figura 1B), resultadoque adveio da baixa relao C/N do adubo verde incorporado(18/1), influenciando na mineralizao e disponibilidade de Nno tempo em que a cultura necessitava deste nutriente para oseu desenvolvimento.

    Para o rendimento de massa fresca da parte area observou-se uma resposta crescente, em funo das doses crescentesde jitirana incorporadas ao solo, em que o maior valor derendimento (9,03 t ha-1) foi obtido na quantidade de jitirana de15,6 t ha-1, correspondendo a um acrscimo de 22,36% (Figura2A). Resposta crescente de rendimento de massa fresca tambmfoi observada em beterraba de mesa, em funo da dose de N,por Aquino et al. (2006) e Trani et al. (2005). Este tipo de respostase deve maior quantidade de N encontrado na maior dose dejitirana incorporada ao solo. De acordo com Filgueira (2003) oN favorece o crescimento vegetativo de hortalias.

    Resposta decrescente foi constatada no rendimento demassa fresca da parte area da beterraba, em funo dos temposde incorporao da jitirana ao solo com rendimento mximo de10,18 t ha-1 no tempo de 0 dia da incorporao (Figura 2B). Estedecrscimo entre o tempo de 0 dia e de 30 dias da incorporao,foi da ordem de 27,7%; no entanto, resultado diferente foiobservado por Linhares et al. (2009a) estudando a cultura do

    Figura 2. Rendimento de massa fresca da parte area debeterraba em funo de doses de jitirana (A) e de seustempos de incorporao ao solo (B)

    A.

    B.

    rabanete em diferentes tempos de incorporao da jitirana aosolo.

    Resposta crescente foi observada para o rendimento demassa seca da parte area de beterraba em funo das dosescrescentes de jitirana incorporadas ao solo, quando o maiorvalor de rendimento (1,24 t ha-1) foi observado na dose dejitirana de 15,6 t ha-1, correspondendo a um acrscimo de 35%(Figura 3A). Resposta crescente tambm foi constatada emcenoura adubada com jitirana aps a semeadura, por Oliveira(2009).

    Outrossim, resposta decrescente foi observada norendimento de massa seca da parte area em funo dos temposde incorporao da jitirana ao solo, com o rendimento mximode 1,31 t ha- de massa seca da parte area no tempo de 0 dia daincorporao (Figura 3B). Este decrscimo entre o tempo de 0dia e de 30 dias da incorporao, foi da ordem de 29% derendimento de massa seca da parte area; resultado diferentefoi observado por Oliveira (2009) estudando a cultura dacenoura em diferentes tempos de incorporao da jitirana aosolo.

    Para a produtividade comercial de razes de beterrabaobservou-se resposta crescente em funo das doses de jitiranaincorporadas ao solo, com maior produtividade comercial de

    A.

    B.

    Figura 3. Rendimento de massa seca da parte area debeterraba em funo de doses de jitirana (A) e de seustempos de incorporao ao solo (B)

    Ren

    dim

    ento

    de

    mas

    sa fr

    esca

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    parte

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    ha-1

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    Ren

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    eca

    da p

    arte

    ar

    ea (t

    ha-1

    )

  • 805Produo de beterraba fertilizada com jitirana em diferentes doses e tempos de incorporao ao solo

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.801809, 2011.

    9,80 t ha- obtidas na dose de 15,6 t ha- (Figura 4A). Estaprodutividade difere da encontrada por Alves et al. (2004),avaliando hortalias orgnicas aps a incorporao de biomassade guandu, com produtividade comercial de 22,9 t ha- debeterraba na presena de faixa de guandu incorporada. Osbaixos valores de produtividade comercial de razes de beterrabapodem ser explicados pelas doses de adubo verde incorporadasao solo, observando-se que no houve um ponto mximo comconsequente diminuio, at a quantidade mais elevadatestada.

    Em relao ao tempo de incorporao constatou-sedecrscimo da ordem de 65,8% com a produtividade comercialmxima de 14,93 t ha- obtida no tempo de 0 dia da incorporaoda jitirana (Figura 4B). Este tipo de resposta pode ter sidodevido poca de maior exigncia da beterraba por nutrientesse concentrar ao redor dos 40 a 60 dias. Segundo Grangeiro etal. (2007) a exigncia da beterraba por N est no perodo de 50a 60 dias e por K de 30 a 40 dias aps a semeadura.

    No rendimento de massa seca de razes observou-se umaresposta crescente em funo das doses de jitiranaincorporadas ao solo. O rendimento mximo (2,14 t ha-1) foiconstatado quando se aplicaram 15,6 t ha-1 de jitirana, o quecorrespondeu a um acrscimo da ordem de 33,6% em relao menor quantidade (5,4 t ha-1) (Figura 5A). Este tipo de resposta

    foi semelhante ao observado por Aquino et al. (2006), aoobterem maior rendimento de massa seca de razes de beterrabana maior dose de N. Oliveira et al. (2009) observaram que asdoses de jitirana no influenciaram os rendimentos de massaseca da cenoura.

    Para os tempos de incorporao da jitirana ao solo foiconstatada uma resposta decrescente no rendimento de massaseca de razes de beterraba, com decrscimo da ordem de 51,5%,no rendimento entre o tempo de 0 dia e de 30 dias daincorporao da jitirana (Figura 5B). Linhares et al. (2009a),avaliando a cultura do rabanete adubado com jitirana,mencionam maior rendimento de massa seca de razes no tempode 28 dias da incorporao.

    Para a porcentagem de razes extra de beterraba, no foipossvel ajustar nenhuma equao de regresso em funodas doses de jitirana incorporadas ao solo, observando-se umaporcentagem de razes extra de beterraba de 27,25 e 30,14% nasdoses de jitirana de 5,4 t e 15,6 ha-1 (Figura 6A).

    Uma resposta decrescente na porcentagem de razes extrafoi observada em funo dos tempos de incorporao dejitirana, com decrscimo da ordem de 5,5% entre o tempo de 0dia e 30 dias (Figura 6B).

    Para a porcentagem de razes extra A no foi possvel ajustarqualquer equao de regresso em funo das doses de jitirana

    Figura 4. Produtividade comercial de razes de beterrabaem funo de doses de jitirana (A) e de seus tempos deincorporao ao solo (B)

    A.

    B.

    A.

    B.

    Figura 5. Rendimento de massa seca de razes de beterrabaem funo de doses de jitirana (A) e de seus tempos deincorporao ao solo (B)

    Prod

    uvid

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    )

  • 806 Maiele L. da Silva et al.

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.801809, 2011.

    Figura 6. Porcentagem de razes extra, extra A, extra AA, gradas e refugo de beterraba em funo de doses de jitirana (A,C, E, G e I) e de seus tempos de incorporao ao solo (B, D, F, H e J)

    A. B.

    C. D.

    E. F.

    G. H.

    I. J.

  • 807Produo de beterraba fertilizada com jitirana em diferentes doses e tempos de incorporao ao solo

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.801809, 2011.

    incorporadas ao solo notando-se, entretanto, uma porcentagemde razes extra A de 10,85 e 16,45% nas doses de jitirana de 5,4e 15,6 t ha-1 (Figura 6C).

    Resposta decrescente na porcentagem de razes extra A foiobservada em funo dos tempos de incorporao da jitiranaao solo, com decrscimo da ordem de 11,88% entre o tempo 0dia e de 30 dias da incorporao (Figura 6D).

    Para a porcentagem de razes extra AA, no foi possvelajustar nenhuma equao de regresso em funo das dosesde jitirana incorporadas ao solo, observando-se umaporcentagem de razes extra AA de beterraba de 3,85 e 7,85%,nas doses de jitirana de 5,6 e 15,6 t ha-1 (Figura 6E).

    Resposta decrescente na porcentagem de razes extra AAfoi observada em funo dos tempos de incorporao dajitirana, com decrscimo da ordem de 9,3% entre o tempo 0 diae de 30 dias da incorporao (Figura 6F).

    Para a porcentagem de razes gradas de beterraba no foipossvel ajustar qualquer equao de regresso, em funotanto das doses de jitirana incorporadas ao solo como dostempos de incorporao (Figuras 6G e 6H). Uma porcentagemde razes gradas de beterraba entre 0,77 e 2,45% foi observadanas doses de jitirana de 5,4 e 15,6 t ha-1 (Figura 6G). Em relaoaos tempos de incorporao da jitirana a porcentagem de razesgradas decresceu at o tempo de 20 dias de incorporao(Figura 6H). Esses baixos valores de razes gradas podem serexplicados pelo curto tempo de colheita da cultura neste trabalho(68 dias). De acordo com Horta et al. (2001), o prolongamentoda colheita de beterraba aumenta a produtividade comercial de

    razes e as cultivares de beterraba podem prolongar seu ciclo eparcelar a colheita em trs vezes, para obteno do seu pontoideal, ao mesmo tempo (Filgueira, 2003).

    Observou-se uma resposta decrescente para porcentagemde razes refugo em funo das doses de jitirana incorporadasao solo, com porcentagem de razes refugo de 57,25 e 45,11%nas doses de jitirana de 5,4 e 15,6 t ha-1 (Figura 6I). Em relaoaos tempos de incorporao a porcentagem de razes refugocresceu at o tempo de 30 dias da incorporao, atingindo umaporcentagem de 59,37% no tempo de 30 dias (Figura 6J).

    Para altura de plantas, rendimento de massa fresca e secada parte area se observaram, em porcentagem de razesgradas, diferenas significativas entre os valores mdios datestemunha e dos tratamentos provenientes do fatorial, comos maiores valores registrados na testemunha (cerca de 18,5;39,9; 27,3 e 200% superior, respectivamente). No se observou,porm, qualquer diferena significativa entre os valores mdiosda testemunha e dos provenientes dos tratamentos do fatorialna produtividade comercial de razes, rendimento de massaseca das razes, porcentagem de razes extra, extra A, extra AAe porcentagem de razes refugo (Tabela 1).

    O custo total de produo de 1 ha de beterraba utilizando-sejitirana como adubo verde, foi estimado para cada quantidadede jitirana incorporada ao solo, sendo observados os seguintesvalores: R$ 5.834,54; R$ 6.338,54; R$ 6.842,54 e R$ 7.3467,54 paraas doses de 5,4; 8,8; 12,2 e 15,6 t ha-1, respectivamente. O custode utilizao de 80 t ha-1 de esterco bovino no cultivo da beterrabafoi da ordem de R$ 10.410,54 (Tabela 2).

    * Mdias da testemunha significativamente diferentes da mdia dos tratamentos provenientes do fatorial pelo teste t de Student, a nvel de 5% de probabilidade1 Testemunha esterco bovino

    MFPA MSPA PC MSR E EA EAA G R Tratamento

    AP (cm) (t ha-1) (%)

    Testemunha 26,9 a * 11,8 a 1,4 a 8,6 a 1,7 a 24,2 a 13,4 a 7,7 a 5,4 a 49,2 a Fatorial 22,7 b * 8,43 b 1,1 b 8,3 a 1,8 a 28,4 a 14,6 a 5,7 a 1,8 b 49,3 a

    Tabela 1. Valores mdios da testemunha e das mdias dos tratamentos provenientes do fatorial na altura de plantas (AP),rendimento de massa fresca e massa seca da parte area (MFPA, MSPA), produtividade comercial de razes (PC), rendimentode massa seca de razes (MSR), porcentagem de razes extra (E), extra A (EA), extra AA (EAA), gradas (G) e refugo (R) debeterraba em funo de doses de jitirana e de seus tempos da incorporao ao solo

    Tabela 2. Indicadores econmicos de renda bruta, renda lquida, taxa de retorno e ndice de lucratividade para a culturada beterraba em funo de doses de jitirana e de seus tempos de incorporao ao solo

    Renda bruta Custo de produo

    Renda lquida Taxa de retorno

    Doses de jitirana (t ha-)

    Tempos (DAS)

    Produo (t ha-)

    (R$ ha-1)

    ndice de lucratividade

    (%) 05,4 00 12,11 18.165,00 5.834,54 12.330,46 3,11 -67,9

    05,4 10 5,40 8.100,00 5.834,54 2.265,46 1,39 -27,9 05,4 20 3,22 4.830,00 5.834,54 -1.004,54 0,82 -20,8 05,4 30 2,75 4.125,00 5.834,54 -1.709,54 0,70 -41,4 08,8 00 14,00 21.000,00 6.338,54 14.661,46 3,31 -69,8 08,8 10 7,35 11.025,00 6.338,54 4.686,46 1,74 -42,5 08,8 20 6,86 10.290,00 6.338,54 3.951,46 1,63 -38,4 08,8 30 5,00 7.500,00 6.338,54 1.161,46 1,10 -15,5 12,2 00 15,62 23.430,00 6.842,54 16.587,46 3,42 -70,8 12,2 10 9,87 14.805,00 6.842,54 7.962,46 2,16 -53,8 12,2 20 5,32 7.980,00 6.842,54 1.137,46 1,16 -14,2 12,2 30 5,84 8.760,00 6.842,54 1.917,46 1,20 -21,9 15,6 00 16,96 25.440,00 7.346,54 18.093,46 3,46 -71,1 15,6 10 8,60 12.900,00 7.346,54 5.553,46 1,75 -43,0 15,6 20 6,78 10.170,00 7.346,54 2.823,46 1,38 -27,7 15,6 30 6,84 10.260,00 7.346,54 2.913,46 1,39 -28,4

    Esterco bovino 80 (t ha-) 9,41 14.115,00 10.410,54 3.704,46 1,35 -26,3

  • 808 Maiele L. da Silva et al.

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.801809, 2011.

    Observaram-se as maiores rendas e eficincias monetriasna maior dose de jitirana incorporada de 15,6 t ha-1 e no tempode 0 dia aps a semeadura, com valores estimados de rendabruta de R$ 25.440,00, de renda lquida de R$ 18.093,46, taxa deretorno de R$ 3,46 e ndice de lucratividade de 71,1%. Por outrolado, as menores rendas e eficincias monetrias foramconstatadas na menor dose de 5,4 t ha- no tempo 30 dias daincorporao da jitirana aps a semeadura da beterraba,registrando-se renda bruta de R$ 4.125,00, renda lquida deR$ -1.709,54, taxa de retorno de R$ 0,70 e ndice de lucratividadede -41,4%, comparativamente ao uso do esterco bovino, quetambm apresentou resultados inferiores para taxa de retornode R$ 1,35 e ndice de lucratividade de 26,3%. Desta forma e seutilizando a jitirana como adubo verde incorporada ao solo notempo 0 dia na dose de 15,6 t ha-1, o produtor pode obter 3,46reais de retorno a cada real investido (Tabela 2).

    A renda bruta e a lquida variaram de R$ 4.125,00 a R$25.440,00 e de R$ -1.709,59 a R$ 18.093,46 respectivamente,com as doses de jitirana aplicadas ao solo e seus tempos deincorporao da jitirana. A taxa de retorno e o ndice delucratividade variaram de 0,70 a R$ 3,46 e de -41,4 a 71,1%,respectivamente, com as doses de jitirana e seus tempos deincorporao. Os maiores valores desses indicadores foramobtidos na dose de 15,6 t ha-1 no tempo 0 dia da incorporaoda jitirana ao solo (Tabela 2).

    De modo geral, a renda bruta, renda lquida, taxa de retornoe o ndice de lucratividade com uso da dose de 15,6 t ha- dejitirana no tempo de 0 dia da incorporao da jitirana ao solo,foram superiores aos do tratamento com esterco bovino.

    CONCLUSES

    1. A melhor performance produtiva da beterraba foi obtidana dose de 15,6 t ha- de jitirana incorporada ao solo, no tempo0 dia.

    2. Os indicadores econmicos na dose de 15,6 t ha- no tempode 0 dia foram superiores aos obtidos com o uso de 80 t ha-1 deesterco bovino.

    3. O cultivo da beterraba vivel agroeconomicamente como uso da jitirana como adubo verde.

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  • 810 Mnica S. S. de M. Costa et al.

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.810815, 2011.

    1 Programa de Ps-Graduao em Engenharia Agrcola Universidade Estadual do Oeste do Paran PGEAGRI/UNIOESTE, Rua Universitria,2069, Jardim Universitrio. C.P. 711. CEP 85819-110 Cascavel, PR. Fone: (45) 3220-3000. E-mail: [email protected]; [email protected]

    2 Programa de Ps-Graduao em Agronomia/Agricultura, FCA/UNESP, Fazenda Experimental Lageado, Rua Jos Barbosa de Barros, 1780. C.P.237. CEP 18610-370, Botucatu, SP. Fone: (14) 3811-7211. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected];[email protected]

    Atributos fsicos do solo e produtividade do milhosob sistemas de manejo e adubaes

    Mnica S. S. de M. Costa1, Larcio A. Pivetta2, Luiz A. de M. Costa1,Laerte G. Pivetta2, Gustavo Castoldi2 & Fbio Steiner2

    RESUMOO sistema plantio direto (SPD) uma tcnica eficiente no controle da eroso do solo porm algunsestudos indicam a ocorrncia de compactao, principalmente na camada superficial. Estratgias queelevem o teor de matria orgnica, como a rotao de culturas e a adubao orgnica, podem serutilizadas para resolver este problema. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de sistemas de manejo(rotao e sucesso de culturas) e adubaes (mineral, orgnica e organomineral) sobre as propriedadesfsicas do solo e a produtividade do milho, de 2006 a 2008. As avaliaes foram realizadas em fevereirode 2007, aps a colheita do milho de vero, e em setembro de 2008, aps a colheita do milho safrinha.A rotao de culturas promoveu reduo na densidade e resistncia do solo penetrao e elevao namacroporosidade e porosidade total. O uso de fontes orgnicas de adubao no apresentou efeitosobre os atributos fsicos do solo. Na safra de vero a produtividade do milho foi superior na sucessode culturas e na adubao mineral; entretanto, na safrinha no houve diferena entre os sistemas demanejo nem entre as adubaes.

    Palavras-chave: compactao do solo, rotao de culturas, adubao orgnica

    Soil physical attributes and corn yield as affectedby soil managements and fertilization

    ABSTRACTNo-tillage system is an efficient technique in control of soil erosion, when compared with conventionaltillage, however, some studies indicate higher compaction under no-tillage, mainly in the surface layer.Strategies that increase the organic matter content, as crop rotation and organic fertilization, can be usedto solve the soil compaction. The aim of this study was to evaluate the effect of soil managements (cropsuccession and crop rotation) and fertilization (organic, mineral and organic-mineral) in the physicalproperties of the soil, under no-tillage system, from 2006 to 2008. The evaluations were carried out inFebruary 2007, after the summer corn harvest, and in September 2008, after the winter corn harvest.Crop rotation decreased the soil density and soil resistance to penetration and increased the macroporosityand total porosity. The use of organic sources of fertilization did not affect any of the physical attributesof soil. The yield of summer corn was highest in succession crop and mineral fertilization, however, inthe winter, there was no difference between the soil managements and among the fertilizations.

    Key words: soil compaction, rotation crops, organic fertilization

    Revista Brasileira deEngenharia Agrcola e Ambientalv.15, n.8, p.810815, 2011Campina Grande, PB, UAEA/UFCG http://www.agriambi.com.brProtocolo 178.10 24/10/2010 Aprovado em 01/06/2011

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    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.810815, 2011.

    INTRODUO

    O sistema plantio direto (SPD) uma tcnica eficiente nocontrole da eroso do solo quando comparado com o sistemaconvencional (Bertol et al., 1997), porm alguns estudosindicam uma compactao maior no SPD, provocada pelo efeitocumulativo do trfego de mquinas e acomodao natural daspartculas slidas (Klein & Boller, 1995), sobretudo na camadasuperficial.

    Para preservar a qualidade do solo e eliminar a necessidadede mobilizaes no SPD, aconselhvel o uso da rotao deculturas, a qual diminui a densidade e aumenta a porosidade, acondutividade hidrulica saturada e a estabilidade de agregadosdo solo (Genro Jnior et al., 2009). Albuquerque et al. (1995),observaram menor densidade do solo e maior porosidade totalnos sistemas de rotao de culturas, comparados com os dassucesses.

    Muzilli (2006), relata que possvel prevenir o problema dacompactao no SPD com base na rotao de culturas complantas de cobertura que possuam caractersticas de rusticidadee sistema radicular vigoroso. A melhoria nas propriedades dosolo pela rotao de culturas tambm pode promover o aumentoda produtividade das culturas. Genro Jnior et al. (2009),avaliaram rotaes de cultura com guandu-ano, crotalria eaveia em comparao com a sucesso soja/trigo, durante trsanos e encontraram maiores produtividades quando utilizadaa crotalria.

    Alm da rotao de culturas outra forma de melhorar aspropriedades fsicas do solo o uso de resduos orgnicoscomo adubao, elevando o teor de matria orgnica emelhorando a fertilidade e as caractersticas fsicas do solo. Aadubao com composto orgnico elevou os nveis de carbonoorgnico do solo enquanto a adubao mineral reduziu otamanho mdio dos agregados, em um Argissolo Vermelho-Amarelo, em experimento conduzido por Gomes et al. (2005).

    Segundo Mosaddeghi et al. (2009), a adubao orgnicapode reduzir a vulnerabilidade do solo eroso e compactao,diminuir a densidade e a resistncia do solo penetrao eelevar a capacidade de reteno de gua. Edmeades (2003), emuma reviso sobre ensaios de adubao orgnica com longadurao (20-120 anos), concluiu que os adubos orgnicoselevam o contedo de carbono orgnico e a atividademicrobiana, o que pode levar melhoria nas propriedades fsicasdo solo.

    Objetivou-se, com o experimento, avaliar o efeito de doissistemas de manejo (rotao e sucesso de culturas) e trsadubaes (mineral, orgnica e organomineral) sobre algunsatributos fsicos do solo e a produtividade do milho, em sistemaplantio direto.

    MATERIAL E MTODOS

    O experimento foi conduzido na Estao Experimental Prof.Dr. Antnio Carlos dos Santos Pessoa, pertencente ao Ncleode Estaes Experimentais, da Universidade Estadual do Oestedo Paran (UNIOESTE), localizada no municpio de Marechal

    Cndido Rondon, PR. As coordenadas geogrficas so 540145 W e 24 3142 S, com altitude mdia de 420 m.

    O solo classificado como Latossolo Vermelho eutrofrrico,de textura muito argilosa (EMBRAPA, 2006), cuja composiogranulomtrica na camada de 0,0 a 0,2 m foi de 629 g kg-1 deargila, 264 g kg-1 de silte e 107 g kg-1 de areia. Antes do incio doexperimento a rea vinha sendo cultivada em plantio direto,por seis anos, com trigo (Triticum aestivum) no inverno e soja(Glycine max) no vero. Os resultados da anlise qumica dosolo antes da implantao do experimento na camada de 0,0 a0,2 m, foram: pH (CaCl2) = 4,69; P (Mehlich-1) = 31,25 mg dm

    -3;H++Al3+ = 4,87 cmolc dm

    -3; Al3+= 0,25 cmolc dm-3; K+ = 0,41

    cmolc dm-3; Ca2+ = 3,69 cmolc dm

    -3; Mg2+ = 1,81 cmolc dm-3;

    CTC = 10,78 cmolc dm-3; V = 54,82%.

    O clima da regio, segundo a classificao de Kppen, Cfa (subtropical mido com temperaturas mdias anuaisvariando entre 17 e 19 C e precipitaes totais entre 1200 e2000 mm bem distribudos durante o ano e veres quentes).

    Para caracterizar a rea experimental coletou-se, com anelvolumtrico, uma amostra de solo em cada parcela, em trsprofundidades, e se determinaram a densidade e a porosidadeinicial do solo (Tabela 1).

    Tabela 1. Densidade (Ds), macroporosidade (Macro),microporosidade (Micro), porosidade total (PT) e matriaorgnica (MO) do solo antes da instalao do experimento

    Macro Micro PT

    Profundidade (m)

    Ds (Mg m-3) (m3 m-3)

    MO (g dm-3)

    0,0 - 0,1 1,41 0,04 0,45 0,49 28,20 0,1 - 0,2 1,43 0,04 0,45 0,49 23,14 0,2 - 0,3 1,42 0,03 0,46 0,49 16,19

    O experimento foi conduzido do inverno de 2006 at o inverno

    de 2008, totalizando cinco cultivos. O delineamentoexperimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquemafatorial 2 x 3, utilizando-se dois sistemas de manejo (sucessode culturas e rotao de culturas) e trs fontes de adubao(orgnica, mineral e organomineral), sob sistema plantio direto,com quatro repeties, totalizando 24 parcelas. Cada unidadeexperimental apresentava 12 m de comprimento por 7,4 m delargura, compreendendo uma rea de 88,8 m2.

    No tratamento com rotao a sequncia de culturas foi: aveiapreta+nabo forrageiro+ervilhaca peluda/milho/trigo/Brachiariaruziziensis+mucuna cinza+crotalria juncea/milho. Notratamento em sucesso a sequncia de culturas foi: trigo/milho/trigo/soja/milho. Em ambos os sistemas as culturas receberamadubao, exceto as parcelas em que foram semeadas as plantasde cobertura. A adubao era realizada segundo a necessidadeda cultura, mediante anlise de solo, cuja recomendao estapresentada na Tabela 2.

    Tabela 2. Recomendao de adubao para cada cultura,em kg ha-1

    Ano/safra Culturas

    Trigo 2006

    Milho 2006/2007

    Trigo 2007

    Soja 2007/2008

    Milho 2008

    N 50 120 50 00 120 P2O5 20 052 10 60 060 K2O 30 030 30 40 060

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    Na adubao orgnica a dose era calculada de acordo como nutriente que atingisse primeiro a dose recomendada,mediante a anlise da fonte utilizada. Na adubaoorganomineral a dose do adubo orgnico era a mesma daadubao orgnica, com uma complementao de fontesminerais dos nutrientes que ficavam abaixo da necessidade dacultura (Tabela 3).

    As avaliaes das propriedades fsicas do solo foramrealizadas em duas pocas, a primeira em fevereiro de 2007,aps a colheita do milho de vero e a segunda em setembro de2008, aps a colheita do milho safrinha. Foram realizadas asanlises de macroporosidade, microporosidade, porosidadetotal e densidade do solo, com duas repeties por parcela, emtrs profundidades: 0,0 a 0,1; 0,1 a 0,2; 0,2 a 0,3 m. A anlise daresistncia do solo penetrao foi realizada at 0,4 m deprofundidade, dividida em camadas de 0,025 m, em trsrepeties por parcela.

    Para determinar a densidade e a porosidade do solo, amostrascom estrutura indeformada foram retiradas utilizando-se aniscom volume de 50 cm3. As amostras foram saturadas durante48hembandejacomgua,atdoisterosdaalturadoanel;emseguida, as amostras foram drenadas na tenso equivalente a60cm,utilizando-seumamesadetenso.Osvaloresdemacro,micro e porosidade total do solo foram obtidos de acordo comEMBRAPA (1997). Aps a secagem das amostras a densidadedo solo foi determinada de acordo com EMBRAPA (1997).

    A resistncia do solo a penetrao foi avaliada com umpenetrmetro construdo com base no modelo de Stolf (1991),com massa de impacto de 2,880 kg e massa dos demaiscomponentes de 1,185 kg, altura de queda da massa de impactode 40 cm, cone com ngulo de 30 e rea da base de 1,287 cm2.Para minimizar diferenas de umidade do solo entre ostratamentos e entre as profundidades, realizou-se a avaliaotrs dias aps uma precipitao, com a umidade prxima dacapacidade de campo; enfim, foi determinada a produtividadedo milho na safra de vero (2006/2007) e na safrinha (2008).

    Os dados foram submetidos a anlise de varincia pelo testeF, para cada camada; quando significativas, as mdias foramcomparadas pelo teste de Tukey, para adubaes, e pelo testeF, para sistemas de manejo, ambos a 5% de probabilidade.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    A interao entre os sistemas de manejo e adubaes nofoi significativa para nenhuma das variveis, nos dois anosavaliados. A matria orgnica no foi alterada significativamentepelos sistemas de manejo nem pelas adubaes, nas trs

    profundidades e em ambos os anos avaliados (Tabela 4). Ataxa de acmulo de matria orgnica do solo depende de muitosfatores, entre eles: as culturas componentes de cada rotao, aquantidade e o tipo de palhada formada, o grau de mobilizaodo solo na semeadura, o regime climtico, o tipo de solo e omanejo da fertilidade (Anghinoni, 2007). Para S et al. (2001),sistemas de cultivo com menor perturbao do solo, como oplantio direto, tendem ao aumento do teor de matria orgnicado solo com o tempo de adoo.

    No primeiro ano a densidade e a resistncia penetraoapresentaram diferenas entre as adubaes, nas camadassubsuperficiais (Tabelas 4 e 5), resultado este associado a algumfator aleatrio de ocorrncia anterior instalao doexperimentos, pois, devido ao reduzido perodo de conduo eem virtude da adubao ter sido realizada em superfcie, asprovveis alteraes ocorreriam apenas na camada superficial.Este comportamento com relao s adubaes ocorreu tambmpara a densidade, macroporosidade e resistncia penetrao,no segundo ano (Tabelas 4 e 5).

    Albuquerque et al. (2005) encontraram, estudando diferentesplantas de cobertura em associao com o milho durante cincoanos, maiores valores de carbono orgnico no solo quando omilho foi cultivado com mucuna cinza e guandu ano,associando este resultado com o maior aporte de matria secadessas plantas de cobertura.

    As plantas de cobertura produziram, em mdia, 5184 e 10296kg ha-1, e as culturas comerciais 2834 e 4767 kg ha-1, no invernode 2006 e vero de 2007, respectivamente. Apesar do maioraporte de resduos proporcionado pelas plantas de cobertura,o reduzido tempo de implantao dos sistemas de manejo nofoi suficiente para promover diferenas no teor de matriaorgnica do solo, sobretudo pelo fato dos sistemas noapresentarem revolvimento do solo, diferenciando-se apenaspelas culturas utilizadas.

    Mesmo com diferenas no aporte de matria seca por plantasde cobertura (crotalria, milheto e lab-lab) antecedentes culturado milho, Sousa Neto et al. (2008) no encontraram efeito sobreo teor de matria orgnica do solo atribuindo este fato ao climaquente e chuvoso, o que promove a rpida decomposio dosrestos vegetais e diminui os efeitos sobre a matria orgnicado solo, assim como nas condies do presente experimento.

    Em experimento de curta durao, com trs anos de aplicao,o uso de adubao orgnica (vermicomposto, dejeto bovino ede frangos), promoveu elevao no carbono orgnico do solo,na camada de 0 a 0,15 m; contudo, no influenciou a densidadenem a agregao do solo, comparada com a adubao mineral ea testemunha no adubada (Ramesh et al., 2009). Aps 25 anosde aplicao o uso de adubao com dejeto suno (75 Mg ha-1)

    Tabela 3. Fonte de adubo orgnico utilizado em cada cultura, com suas respectivas doses e a complementao comfontes minerais na adubao organomineral

    Culturas Trigo Milho Trigo Soja Milho

    Fonte dejeto suno dejeto suno dejeto de poedeiras

    composto dejeto de poedeiras

    Dose 25 m3 ha-1 38 m3 ha-1 2,94 Mg ha-1 4,5 Mg ha-1 5,8 Mg ha-1 N - - 09,0 - -

    P2O5 05,0 2,0 - 51,0 32,0 Complementao

    (Organomineral) (kg ha-1) K2O 12,0 5,0 19,0 - 29,0

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    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.810815, 2011.

    Tabela 4. Efeito de sistemas de manejo e adubaes nos valores mdios de matria orgnica (MO), densidade do solo(Ds), macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro) e porosidade total (PT), em diferentes profundidades, nos doisanos avaliados 2007 2008 MO Ds Macro Micro PT MO Ds Macro Micro PT

    (g dm-3) (Mg m-3) (m3 m-3) (g dm-3) (Mg m-3) (m3 m-3) Sistemas 0,0 - 0,1 m

    Rotao 30,44 1,29 a 00,08 0,42 0,50 26,73 1,16 B 00,18 Ab 0,41 0,59 A Sucesso 31,10 1,28 a 00,07 0,43 0,50 26,32 1,28 A 00,12 Bb 0,43 0,55 B Adubaes Orgnica 31,08 1,26 a 00,08 0,43 0,51 27,00 1,24 a 00,14 ab 0,42 0,56 B Mineral 29,60 1,28 a 00,08 0,42 0,50 25,40 1,20 a 00,15 ab 0,42 0,57 B OrgMin 31,64 1,31 a 00,07 0,42 0,49 27,17 1,22 a 00,16 ab 0,42 0,58 B CV(%) 07,75 5,03 a 32,79 2,50 3,05 11,78 7,33 a 30,39 ab 6,29 4,03 B Sistemas 0,1 - 0,2 m Rotao 26,08 1,36 a 00,05 0,42 0,47 23,13 1,36 a 00,09 ab 0,43 0,52 B Sucesso 25,65 1,34 a 00,05 0,42 0,47 26,09 1,42 a 00,07 ab 0,44 0,51 B Adubaes Orgnica 26,21 1,33 b 00,05 0,42 0,47 23,84 1,40 a 00,07 ab 0,44 0,51 B Mineral 24,94 1,34 b 00,04 0,42 0,46 25,72 1,39 a 00,08 ab 0,43 0,51 B OrgMin 26,45 1,39 a 00,04 0,43 0,47 24,26 1,37 a 00,08 ab 0,43 0,51 B CV(%) 13,37 2,06 a 27,80 1,74 2,31 19,07 6,61 a 58,56 ab 4,81 4,99 B Sistemas 0,2 - 0,3 m Rotao 18,53 1,32 a 00,04 0,44 0,48 16,01 1,41 a 00,04 ab 0,46 0,50 B Sucesso 18,92 1,33 a 00,05 0,44 0,49 19,08 1,40 a 00,04 ab 0,46 0,51 B Adubaes Orgnica 18,56 1,32 a 00,05 0,44 0,49 18,45 1,39 b 00,04 ab 0,47 0,51 B Mineral 18,31 1,31 a 00,05 0,44 0,49 16,40 1,44 a 00,03 bb 0,47 0,50 B OrgMin 19,31 1,35 a 00,04 0,45 0,49 17,77 1,39 b 00,05 ab 0,46 0,51 B CV(%) 14,29 2,45 a 33,56 2,35 2,56 22,70 2,17 a 33,00 ab 2,10 1,61 B

    Letras maisculas diferentes para sistemas e minsculas para adubaes, diferem entre si pelo teste F e de Tukey, respectivamente, a 5% de probabilidade

    Tabela 5. Efeito de sistemas de manejo e adubaes nos valores mdios de resistncia do solo a penetrao, em MPa, paradiferentes profundidades, nos dois anos avaliados

    2007 2008 Sistemas Adubaes Sistemas Adubaes

    Profundidade (m)

    Rot Suc Org Min OrgMin CV (%) Rot Suc Org Min OrgMin

    CV (%)

    0,000 - 0,025 0,89 1,12 0,99 a 0,86 ab 1,16 b 38,93 0,67 B 0,84 A 0,72 a 0,72 ab 0,84 ab 33,85 0,025 - 0,050 1,74 1,84 1,69 a 1,66 ab 2,01 b 28,36 1,44 B 2,04 A 1,68 a 1,71 ab 1,84 ab 16,61 0,050 - 0,075 2,09 2,14 2,09 a 1,94 ab 2,32 b 24,85 1,78 B 2,77 A 2,37 a 2,10 ab 2,35 ab 17,78 0,075 - 0,100 2,25 2,36 2,31 a 2,06 ab 2,53 b 17,19 2,31 B 3,11 A 2,91 a 2,58 ab 2,63 ab 15,20 0,100 - 0,125 2,49 2,71 2,62 a 2,32 ab 2,86 b 16,32 2,51 B 3,35 A 3,07 a 2,98 ab 2,74 ab 11,23 0,125 - 0,150 2,80 2,85 2,97 a 2,60 ab 2,91 b 17,90 2,68 B 3,36 A 3,20 a 3,06 ab 2,80 ba 09,56 0,150 - 0,175 3,12 3,15 3,26 a 3,04 ab 3,10 b 14,29 2,78 B 3,29 A 3,20 a 3,06 ab 2,85 ba 08,12 0,175 - 0,200 3,23 3,12 3,33 a 3,21 ab 2,98 b 15,60 2,77 B 3,08 A 3,07 a 3,05 ab 2,65 ba 08,55 0,200 - 0,225 3,14 3,05 3,27 a 3,19 ab 2,82 b 12,86 2,66 B 2,82 A 2,93 a 2,84 ab 2,44 ba 11,01 0,225 - 0,250 2,95 2,91 3,18 a 2,92 ab 2,68 b 12,80 2,36 B 2,52 A 2,58 a 2,48 ab 2,26 ab 11,97 0,250 - 0,275 2,96 2,82 3,07 a 2,90 ab 2,71 b 14,76 2,15 B 2,35 A 2,41 a 2,20 ab 2,13 ab 14,47 0,275 - 0,300 2,76 2,73 2,98 a 2,80 ab 2,46 b 17,62 2,06 B 2,15 A 2,33 a 1,97 ab 2,01 ab 19,13 0,300 - 0,325 2,66 2,62 2,87 a 2,74 ab 2,30 b 16,58 1,98 B 2,06 A 2,26 a 1,86 ab 1,93 ab 19,99 0,325 - 0,350 2,75 2,59 2,93 a 2,78 ab 2,29 b 20,95 1,84 B 2,01 A 2,13 a 1,80 ab 1,84 ab 19,80 0,350 - 0,375 2,71 2,61 2,78 a 2,89 ab 2,31 b 19,07 1,80 B 1,97 A 2,13 a 1,68 ab 1,84 ab 18,90 0,375 - 0,400 2,78 2,69 2,96 a 2,97 ab 2,27 b 22,17 1,74 B 1,95 A 2,08 a 1,66 ba 1,79 ab 16,47

    Letras maisculas diferentes para sistemas e minsculas para adubaes, diferem entre si pelo teste F e de Tukey, respectivamente, a 5% de probabilidade

    combinada com adubao mineral promoveu elevao da matriaorgnica, porosidade total e agregao do solo e reduo dadensidade, na camada de 0 a 0,15 m, em comparao com aadubao mineral e a testemunha (Zhao et al., 2009).

    No segundo ano avaliado a rotao de culturas reduziu adensidade do solo, elevou a macroporosidade e a porosidadetotal, na camada de 0 a 0,10 m (Tabela 4) e reduziu a resistncia penetrao, na camada de 0,025 a 0,20 m (Tabela 5). Este

    resultado se deve principalmente ao sistema radicular agressivodas plantas de cobertura de vero; entretanto, no h comodistinguir um possvel efeito das plantas de cobertura deinverno, cultivadas em 2007. Destaca-se, desta forma, aimportncia do uso contnuo de plantas de cobertura no sistemaplantio direto, assim como o acompanhamento das condiesfsicas do solo ao longo do tempo, fundamental para a avaliaoe desenvolvimento dos sistemas de manejo.

  • 814 Mnica S. S. de M. Costa et al.

    R. Bras. Eng. Agrc. Ambiental, v.15, n.8, p.810815, 2011.

    Avaliando o sistema plantio direto com 2, 8 ou 14 anos apsa implantao, Ralisch et al. (2008) encontraram, aos 14 anos,valores de resistncia do solo penetrao semelhantes aosdas condies naturais. Kubota et al. (2005), avaliaram o efeitodo nabo forrageiro e do trigo cultivados anteriormente soja,sobre as propriedades fsicas do solo, aps trs anos. Aps omanejo do nabo forrageiro a densidade do solo e a resistncia penetrao foram maiores e a porosidade total menor, emcomparao com o trigo, na camada de 0 a 0,05 m. Na avaliaoaps a soja no houve mais diferenas para as variveis citadasanteriormente, enquanto o nabo forrageiro promoveu maiorestabilidade de agregados na camada de 0 a 0,05 m.

    Cunha et al. (2007) estudaram sistemas de rotao com aincluso da Brachiaria brizantha aps trs anos e noencontraram efeito sobre a densidade e a macroporosidade dosolo; contudo, a associao de gramneas de vero com a B.brizantha contribuiu para diminuir a resistncia do solo penetrao.

    No houve interao significativa entre os sistemas demanejo e adubaes para a produtividade do milho, emnenhuma das avaliaes (Tabela 6). Entre os sistemas de manejona safra de vero (2006/2007), a sucesso de culturas apresentoumaior produtividade do milho devido as plantas de coberturade inverno no terem recebido adubao, ao contrrio do trigo.Na safrinha (200