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UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURAL CANTO DA IRACEMA > ANO 11 > Nº 56 > JULHO 2010 UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURAL CANTO DA IRACEMA > ANO 11 > Nº 56 > JULHO 2010 Fortaleza! Fortaleza! férias... férias... a cultura cearense pertinho de você! a cultura cearense pertinho de você!

Revista Canto da Iracema - Edição julho 2010

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UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURALCANTO DA IRACEMA > ANO 11 > Nº 56 > JULHO 2010

UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURALCANTO DA IRACEMA > ANO 11 > Nº 56 > JULHO 2010

Fortaleza!Fortaleza!férias...férias...

a cultura cearense pertinho de você!a cultura cearense pertinho de você!

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CELEBRAÇÃO EM UMANOITE QUASE VAZIAgrupo quimeras de teatro...

VII FESTIVAL DA MERUOCA -NOVOS SONS DA TERRAjoanice sampaio...

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> as matérias publicadas são de inteira responsabilidade de seus autoresas matérias publicadas são de inteira responsabilidade de seus autoresas matérias publicadas são de inteira responsabilidade de seus autoresas matérias publicadas são de inteira responsabilidade de seus autoresas matérias publicadas são de inteira responsabilidade de seus autores

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coordenação geral zeno falcão jornalista responsável joanice sampaiocolaboradores audifax rios / fabio azevedo / grupo quimeras / serginho amizade / césar menezesdiagramação artzen / endereço rua joaquim magalhães 331 centro / fortaleza / cearácontato (85) 9993.7430 / 8803.8030 e-mail [email protected]

GLÓRIA MUNDO AFORAaudifax rios...

AMICI´S RESTAURANTE / Dragão do MarASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁBIBLIOTECA PÚBLICA MENEZES PIMENTELBNB / Sede / PassaréBNB / Centro Cultural / CentroBNB / Clube / Santos DumontCASA AMARELA / Eusélio OliveiraCASA DA PAZ / Rua Senador PompeuCÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZACENTRO DRAGÃO DO MAR DE ARTE E CULTURALA HABANERA CHARUTARIA / Praia de IracemaESCOLA DE MÚSICA ALBERTO NEPONUCENOBAR DO MINCHARIA / Praia de IracemaLIVRARIA LIVRO TÉCNICO / Dragão do MarMERCADO DOS PINHÕESMIS / Museu da Imagem e do SomMUSEU DO CEARÁPALÁCIO IRACEMA / Sede do Governo do Estado do CearáPREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZARÁDIO UNIVERSITÁRIA FMSECULTFOR / Secretaria de Cultura de FortalezaSECULT / Secretaria de Cultura do Estado do CearáCLUBE DO BODECONFRARIA DO CHAPÉU DE COUROTEATRO DA PRAIA / Praia de IracemaTHEATRO JOSÉ DE ALENCAR

// Locais onde você encontra o Canto da Iracema

A Revista CantodaIracema é feita com sua colaboração.Dê sua sugestão, critique, opine, xingue, faça a revista conosco.

[email protected]

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ENTREEMCONTATO

ARTE QUE CONVIDAÀ BRINCADEIRAdim...

FOTOS CAPA - ERICA CORREIAERICA CORREIAERICA CORREIAERICA CORREIAERICA CORREIA

EDITORIAL

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FÉRIAS

AO POVO OQUE É DE CEZARfábio giorgio azevedo...

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>>>>> [email protected]

FOI DESCOBERTA UMA NOVA ÁFRICA, A DO FUTEBOL. OS PRETOS, DESINIBIDOS CIDADÃOS, NÃO MAISSE CURVAM ANTE OS ANTIGOS INVASORES, MOSTRAM O QUE SABEM, DEITAM E ROLAM A JABULANI EMGRAMADOS EUROPEUS. E AS NAÇÕES BRANCAS DOBRAM O CABO DA BA ESPERANÇA, NOVAMENTEDAS TORMENTAS, E TORNAM À CASA, CABISBAIXAS. MANDELA AINDA VIU CARAS DE TODOS OS MATI-ZES SORRINDO NO SOLO PÁTRIO. ENQUANTO PORTUGAL BOTAVA OUTRA TARJA PRETA NA HISTÓRIAGLORIOSA: PARTIA SARAMAGO, ESTE COM UMA ESTRADA TÃO LONGA QUANTO A ROTA DE SEUS AUDA-ZES NAVEGANTES, TÃO DECANTADOS POR LUIZ VAZ. O QUAL BATIZA O PRÊMIO ABISCOITADO PELOMARANHENSE FERREIRA GULLAR, OUTRO ARTÍFICE DA LÍNGUA, COM PREOCUPAÇÕES SOCIAIS QUE OLEVAVAM, EM 64, PARA O EXÍLIO NA TERRA DE MARADONA, AO EMBALO DE UM TRISTE TANGO. PORAQUÍ, ALENCAR VÊ SEU TEATRO FAZER CEM ANOS E A IRACEMA DE CORBINIANO, QUARENTA E CINCO.

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GLÓRIA MUNDO AFORA

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MEU REINO POR UMA CALENDA – Estamos no sétimo mês docalendário juliano, justamente no segmento que presta homenagemà Caio Júlio César (101 a.C. - 44 a.C.), o imperador romano queintroduziu a reforma cronológica para melhor monitorar os dias e asnoites de seus súditos. Muito mais tarde, em 1582, o Papa Gregório XIIIprocedeu uma revisão da famosa folhinha romana, preservando otermo calenda para o dia primeiro, o que não era usado na Grécia.Tudo arrumadinho, os astrólogos meteram seus signos em meio àsluas, com início dos decanatos diferenciados das calendas como pode-mos observar: até o dia 23 estaremos em Câncer (água/lua) e, a partirde então, em Leão (fogo/sol). Refletindo de oitiva como fazem oscancerianos; praticando a lealdade como procedem os leoninos. Napaz nunca se fala, é calenda grega.

SARAMÁGICA – Aos oitenta e sete se foi Saramago, único Nobelde Literatura da língua portuguesa, distinguido em 1998. Filho decamponês, foi mecânico, serralheiro, desenhista industrial, caminhode um comunista ateu.Trabalhou numa editora como gerente de pro-dução, a trilha de sua escritura. Deixou “Memorial do convento”, “Le-vantado do chão”, “A jangada de pedra”, “O ano da morte de RicardoReis” e tantos outros, ao todo, trinta e cinco livros. Foi censurado peloGoverno Português por conta da publicação de “O evangelho segundoJesus Cristo” trocando a patriamada por uma ilhota italiana, Lanzarote,onde viveu de 1991 até a morte. Em 95 recebeu o prêmio Camões com“Ensaio sobre a cegueira”. Anos atrás o poeta Virgílio Maia cordelizouseu conto “Centauro” para o qual fiz ilustrações que ele nunca chegoua ver, perdendo assim, meu laço pretensioso com o escritor. Mas ele eraamigo do Lustosa da Costa e isso me basta.

IRACEMA 45 GRAUS – Quando do centenário do romance Irace-ma, de José de Alencar, o então prefeito de Fortaleza, Murilo Borges,encomendou ao escultor pernambucano Corbiniano Lins um monu-mento que foi plantado à beira-mar, no lugar onde, segundo a lenda,Martim encontrava furtivamente com a bela nativa. A imponenteestátua foi inaugurada pelo Presidente Castelo na manhã de sol de 24de junho de 1965, há quarenta e cinco anos, portanto. A figura maisestimada do conjunto é o vira-latas Japi cuja cabeça foi decepadauma dúzia de vezes. Ao longo desse tempo houve, também, afanaçãode flecha e amputação de braços. A tudo Moacir assistiu impassível dofundo de seu alguidar. Há outras Iracemas espalhadas por estaFortalezamada. A “Guardiã” do Zenon Barreto, que a queria maior,erguida em frene ao saudoso Cais Bar. E a da lagoa da Messejana(onde a tabajara lavava a lama ibiapaba) que foi inspirada numamodelo eleita para tal e que depois fez sucesso num BBB global.

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DUAS DÉCADAS SEM RAULZITO – O Maluco Beleza tinha verda-deiro pavor a carnaval e futebol. E era incapaz de correr atrás de um trioelétrico, compulsão de bom baiano. Mas nasceu com a música nas veiasembora o estrondo de Hiroshima, que o perseguia desde o nascimento,atrapalhasse um pouco. Ou, quem sabe, impusesse o tom de rebeldia emsua futura obra. Aos doze anos Raul Seixas já introduzia instrumentoselétricos no seu grupo “Os Panteras”. Rebelde desde já, criou caso com a CBSquando editou “Sessão das dez” sem permissão. Apareceu, de fato, com“Ouro de tolo” e o público nunca mais o largou. Desapareceu por unstempos, esquecido nos porões da ditadura militar. Em 1974 “Gita” ganhouum disco de ouro com 600 mil cópias vendidas e ouvidas. Essas coisas,aliás, todo bom fã sabe de cor e salteado. Porém não é demais repetir suaspalavras: Minha existência caminha muitos anos à frente do meu corpo(…) frágil, magro, esquálido (…) que tem que suportar as demandas damente atribulada, terrivelmente neurotizada pela civilização”.

UM PRÊMIO CONCRETO – Nem só Saramago ganhou o PrêmioCamões. José Ribamar Ferreira (80), o periquito do Seu Zé Newton e DonaAlzira, também recebeu a láurea lusa maior. Conhecido como autor de“Poema sujo” (a turva mão do sopro contra o muro escuro) e por suamilitância política, Ferreira Gullar mora no Rio de Janeiro desde 1951, masé natural da ilha de São Luiz do Maranhão, onde foi jornalista e locutor derádio. Seu primeiro livro, “Luta corporal” travou outra batalha com ostipógrafos que não entenderam a esdrúxula distribuição das palavras nopapel, a tal poesia concreta. E mais concreto foi o fato que presenciou em50: o assassinato, pela Polícia, de um operário. Na Rádio Timbira recebeordem para ler um comunicado oficial culpando os comunistas pela mortedo Baixinho. Não leu, foi demitido. Filia-se ao Pecebão e funda o GrupoOpinião. Preso em 68, livre, clandestino, viaja por Moscou, Santiago, Limae Buenos Aires. Lá escreve o “Poema sujo”, editado por Ênio Silveira eadaptado para o teatro. Indicado para o Nobel, ganhou o Camões.

A ÚLTIMA DO CARFIL – Paulo Cardoso Filho já foi publicitário, pintorde faixas e abridor de letreiros; dono de funerária e tapioqueira; já fezcaricatura de turista na calçada do Bar da Esquina (Zeno), no baixo Dragãodo Mar. Continua morando e tem ateliê nos fundos do Asilo da Parangabaem cujo quintal passou a infância brincando com os internos daquelemanicômio. Onde também, externou as primeiras manifestações de arte, oque foi observado pelo capelão que lhe deu bolsa para cursar desenho porcorrespondência, enquanto lambuzava os cartazes do cinema da ditaParangaba. Agora o Carfil foi contratado para retratar um grupo que fre-quenta o Ideal Clube aos sábados. E lá esteve nosso cartunista a protegerfisionomias e buscar o fundo da alma desses idealistas. Entre os clicados;Lúcio Alcântara, Ubiratan Aguiar, José Teles, Sérgio Braga, Airton Monte,Luciano Maia, Naje Cavalcante, Luiz Carlos Correia, Emerson Marinho, AlmirGomes e outros. Temos em mente organizar uma publicação, tipo álbum,que conte um pouco da vida e mostre a arte deste artista extraordinário.

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ALENCAR DE NOVO – A comédia “O dote” de Arthur Azevedo, encena-da pela Companhia Lucília Perez, do Rio de Janeiro, a rigor,inaugurou oTheatro José de Alencar. Antes, oficialmente, sua cortina fora aberta para aapresentação da Banda Sinfônica do Batalhão de Segurança, regida porHenrique Jorge e Luigi Maria Smido. Pronto, a longa batalha chegava aofim. Veja o percurso: 1- Em 1859 o Presidente da Província, João Silveira deSouza, envia relatório à Assembleia, ali esquecido. 2- José Bento FigueiredoJr. retoma a ideia em 1864 com o nome de Teatro Santa Tereza, novamentevetada. 3- Terreno é doado pela Câmara Municipal em1891 mas a obra nãosai. 4- Em 1893 o Presidente Bezerril Fontenelle compra a briga e escolhe oprojeto de Isaac Amaral. 5- Nogueira Accioly rescinde o contrato com Amaralem 1896 alegando má qualidade da obra. 6- Retomada a construção commodificações, vencendo a proposta de Natal Aghem. Em 1898, novo embar-go. 7- De volta ao governo, Accioly encomenda, em 1904, outro projeto emtorno de 400 contos de réis. 8- É inaugurado o teatro, agora com o nome deJosé de Alencar. A 17 de junho de 1910.

SANTANA, DOU-LHE TRÊS – Os santanenses, em todos os recantos dopaís, estão assanhados. Preparam-se para um breve retorno às origens, vera terrinha distante, os festejos em homenagem à padroeira Anna, avó doHomem. Procuram reviver a infância e, na verdade, só encontrarão trêspontos que batem com suas expectativas: O Rio Acaraú, novenário comprocissão e a Banda de Música. Ao som da furiosa lembrarão o bombardinodo Camarão, o sax do Albuquerque, a tuba do Zé Borges, o pistão do Xixá, otrombone do Erasmo. Hoje ainda dá pra ver, engalanado, do alto dos seusoitenta anos,o Maestro Athayde Araújo. O Acaraú comeu as ribanceiras daIlha e não tem mais canoa na sua travessia. Uma ponte de concreto corta seucurso e no leito seco erguem-se barracas para venda de bebidas. As procis-sões já não são tão solenes como outrora e os hinos, sem o coro, agora sãoeletrônicos. O andor da Santa vai de taxi mas o sino da atriz ainda é ooriginal. No mais é muito barulho causado por paredões sonoros de mildecibéis imbecis para mostrar um forró paraguaio.

ENCOURADAS CABEÇAS – Através do professor Léllis Luna, caboclodos canaviais da Barbalha, conheci a ”Confraria do Chapéu de Couro”, paraa qual concebi o logotipo. Finalizei, melhor dizendo, a ideia veio pronta. Umdia conheci o pessoal no seu habitat com seu ritual de praxe. Tudo muitocertinho, ata, discussões em pauta. Até a comida tinha sabor da terra. Aolargo, um artista pirografava chapéus de couro vaqueiros com o nome doirmão. E tudo documentado, fotografado. Sábado desses fizeram uma visitade cortesia ao “Clube do Bode”, de índole, relaxado, meio anárquico. Resul-tado; darão agora, neste julho, as honrarias de compadre de fogueira paraeste escriba, o livreiro Sérgio Braga e o pesquisador Gilmar de Carvalho.Outra: a irmandade já colhe os primeiros frutos. Foi aprovado pela Culturaprojeto de um de seus membros que tem tudo a ver:a documentação doroteiro a ser refeito pela estrada do gado, desde Icó até a pancada do mar.Com cheiro de charque e curtume e o gosto salgado de jabá. O documentovai virar livro e filme e muita conferência que vai dar o que falar. Principal-mente pela boca dos depoentes, homens rudes destes chãos repalmilhados.

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As esculturas criadas pelo artista, com design ex-clusivo para o Zoológico, foram projetadas parainteração com o publico infantil, mas, fogem dos

desenhos dos parquinhos convencionais: são per-

sonagens com formas plásticas inusitados e coresvivas e alegres que sugerem enredos e convidamseus usuários a expansão da fantasia e a criaçãodo mundo feliz do faz de conta.

Pela articulação entre arte e brincadeira, Dim con-

segue unir o aspecto lúdico e a beleza e incentivao admirador não só a contemplar, mas também amanipular sua obra. E, é no movimento da

interação entre o apreciador e a obra que estacompleta seu sentido lúdico: a arte convida à brin-cadeira, e a brincadeira engendra o movimento

pelo qual o apreciador ultrapassa a recepção pas-siva e se torna co-autor da obra numa dinâmica

infinita de recriação do brincar. Assim as criaçõesde Dim são também um estímulo a percepçãosensível: brincando as crianças tocam texturas,

percebem formas, apreciam cores, refinam o olhar

e são incentivadas à apreciação da arte por meioda diversão.

Mas a interatividade presente na obra de Dimnão se limita a relação com pessoas, mas, com a

natureza também. Uma das preocupações do ar-tista é a localização das esculturas em sombrasde árvores, segundo ele, suas peças são guardiãsdas árvores porque precisam destas para oferecerbons ambientes para a brincadeira, e seu sentidotambém não se completa sem elas.

A interação entre arte e natureza faz parte docotidiano do artista, o sítio “Brinquedim”, emPindoretama, onde mora, é uma maquete domundo da imaginação: em meio ao verde da ve-

getação nativa, preservada por Dim, se destaca ocolorido da minhoca gigante saindo da terra, dosdragões-gangorra, do gato-túnel, e de uma cente-na de esculturas-brinquedos resultantes dainventividade inesgotável do artista.

Estar para além dos museus e galerias é uma

característica do trabalho do brincante Dim, suaspeças se inserem no cotidiano das pessoas, e sãoencontradas em espaços públicos onde convenci-

ARTE QUE CONVIDAARTE QUE CONVIDAARTE QUE CONVIDAARTE QUE CONVIDAARTE QUE CONVIDA

À BRINCADEIRAÀ BRINCADEIRAÀ BRINCADEIRAÀ BRINCADEIRAÀ BRINCADEIRA

O O O O O ZOOLÓGICOZOOLÓGICOZOOLÓGICOZOOLÓGICOZOOLÓGICO S S S S SARGENTOARGENTOARGENTOARGENTOARGENTO P P P P PRARARARARATTTTTAAAAA RECEBERECEBERECEBERECEBERECEBE

UMUMUMUMUM CONJUNTOCONJUNTOCONJUNTOCONJUNTOCONJUNTO DEDEDEDEDE SEISSEISSEISSEISSEIS ESCULESCULESCULESCULESCULTURASTURASTURASTURASTURAS DODODODODO

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onalmente não se teria acesso à arte. Socializar a

obra de arte, oferecer um produto de alto níveltécnico e estético à população, em lugares caren-

tes de referências visuais mais harmônicas é, paraDim, uma alternativa democrática a artecontemplativa. Mas, sua intenção, ao criar em es-

paços públicos o apelo à brincadeira, à fantasia, eà participação coletiva, através de cenários lúdicose ambientes acolhedores e humanizados, é esti-

mular a conviviailidade e partilhar a perspectiva

de uma vida solidária e alegre.

Além das grandes esculturas para parques e pra-ças, Dim cria, também, pequenas esculturas para

espaços internos, todas com finalidade lúdica. Oapelo ao lúdico é uma marca constante no traba-lho do artista que realizou sua primeira exposi-ção de esculturas-brinquedos há 22 anos, e de lápara cá criou milhares de peças que fizeram tantosucesso que hoje estão espalhadas por todo omundo. Peças suas podem ser encontradas tanto

em suas versões pequenas, em lojas de Paris ou

em importantes Museus de objetos brasileiros,

quanto em suas versões gigantes como na Praça

Principal de Paracambi, Rio de Janeiro, ou no

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, emFortaleza, dentre outros.

Parte do trajeto de sua vida de criação está ex-presso no filme documentário “Dim”, do cineas-ta Nirton Venâncio; no livro “Dim As Artes deum Brincante”, da pesquisadora Beatriz Muniz

Freire, (Publicado pela FUNART, Rio de janeiro,

1999); no livro “Eu era assim: Infância Cultura eConsumismo”, do jornalista Flávio Paiva (Publi-

cado pela Cortez, São Paulo, 2009), no livro “Em

Nome do Autor”, da jornalista Beth Lima (Pu-blicado pela Proposta Editorial, São Paulo, 2008)dentre outros.

// FOTOS CLÁUDIO LIMACLÁUDIO LIMACLÁUDIO LIMACLÁUDIO LIMACLÁUDIO LIMA

CONTATOS:[email protected]

Tel. 8705.1956As peças do Zoológico estão disponíveis

para a população desde o dia 25 de junho.

>

ARTE QUE CONVIDAARTE QUE CONVIDAARTE QUE CONVIDAARTE QUE CONVIDAARTE QUE CONVIDA

À BRINCADEIRAÀ BRINCADEIRAÀ BRINCADEIRAÀ BRINCADEIRAÀ BRINCADEIRA

RECEBERECEBERECEBERECEBERECEBE, , , , , PPPPPARAARAARAARAARA EXPOSIÇÃOEXPOSIÇÃOEXPOSIÇÃOEXPOSIÇÃOEXPOSIÇÃO PPPPPERMANENTEERMANENTEERMANENTEERMANENTEERMANENTE,,,,,

DODODODODO ARARARARARTISTTISTTISTTISTTISTAAAAA PLÁSTICOPLÁSTICOPLÁSTICOPLÁSTICOPLÁSTICO CEARENSECEARENSECEARENSECEARENSECEARENSE D D D D DIMIMIMIMIM.....

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Numa época em que a divulgação de novas mú-

sicas, grupos, compositores e intérpretes acontece

pela internet – razão pela qual subverteu a fór-

mula da indústria do disco – os festivais continu-

am a ser via de acesso e vitrine aos veteranos e

aos novos.

Muito popular no Brasil, entre os anos 1960 e

1980, os festivais revelaram nomes que posterior-mente entraram para o panteão da MPB, tais

como, Gonzaguinha, Ivan Lins, Fagner, Belchior,Raul Seixas, Ednardo, entre outros.

Ao longo do ano em diversos estados do paísacontecem mostras competitivas. Dentro desse cir-

cuito, o Ceará é um dos destinos prediletos, ondese realiza a mostra competitiva do Festival deInverno da Serra da Meruoca, na zona norte doEstado. Tradicionalmente, os novos sons aque-

cem o frio da serra durante o feriado de CorpusChristi.

Este ano, o festival chegou a sua sétima edição,

consolidado no calendário cultural do País. “A

mostra competitiva de música do VII Festival deInverno Serra da Meruoca se consolidou no ca-

lendário nacional de cultura e se fortaleceu como

o princípio essencial desse evento que, conseguemeritoriamente chegar a sua sétima edição deforma ininterrupta”, declara o Coordenador Ge-ral da Mostra Competitiva do Festival, Pingo deFortaleza.

Mostra Competitiva do VII Festival de Inverno da Serra da Meruoca se consolida no calendário culturalbrasileiro e este ano trouxe inovações. O evento foi realizado nos dias 03, 04 e 05 de junho.

// M

úsic

a

Para esta mostra, os organizadores receberam 160

inscrições de compositores e intérpretes dos esta-dos do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia,Minas Gerais e também do Ceará, unindo expe-riência musical e ineditismo autoral. Vale desta-

car as participações dos remanescentes do movi-

mento Massafeira Livre, Chico Pio e VicenteLopes e de quem está chegando, como a paulistaClarissa Araripe e os cearenses Marina Mapurunga

e Ciço Lifrati, de Lavras da Mangabeira. Além

de encontros e reencontros o festival foi marcado

mais uma vez pela diversidade musical – seresta,

valsa, xote, maractu, pop, rock.E foi do Ceará a maioria dos ganhadores deste

ano, como Dalwton Moura, classificado em ter-ceiro lugar geral, com a canção Futuro e Memó-

ria, dedicou o prêmio aos compositores cearenses.

“A Arte sofre uma dificuldade de financiamento

e, hoje nesse festival se sobressaiu a arte de umcara que não tem condições de bancar seu traba-lho e hoje ele ficou conhecido através desse even-to. Daí, a importância desse evento. Se não fosse

esse evento será que essa música não ia ficar nagaveta por mais cinco anos?”, declara Ciço Lifrati,

cantor e compositor cearense, vencedor do festi-val em primeiro lugar geral e como melhor letra,

com a canção “Força, Facão e Fé”.

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> Joanice SampaioE-mail: [email protected]

Blog: papocult3.blogspot.comMSN: [email protected]

Twitter.com/joanices

// CONFIRA O RESULTADO DA FINALÍSSIMA

1º Lugar Geral: Força, Facão e Fé - Ciço Lifrate(Lavras da Mangabeir-CE).Intérprete: Cícero Lifrati (Lavras da Mangabeira-CE).

2º Lugar Geral: Corpo e Alma - Zebeto Corrêa(Belo Horizonte-MG).Intérprete: Zebeto Corrêa (Belo Horizonte-MG).

3º Lugar Geral: Futuro e Memória - Dalwton Mourae Rogério Franco (Fortaleza-CE).Intérprete: Aparecida Silvino (Fortaleza-CE).

1º Lugar Regional: Tribo de Paz - William Rodrigues(Sobral-CE).Intérprete: William Rodrigues (Sobral-CE).

2º Lugar Regional: Domingo - Wellington Galvão(Sobral -CE).Intérprete: Régis Brito (Sobral-CE).

Melhor Letra: Força, Facão e Fé - Ciço Lifrate(Lavras da Mangabeira-CE).

Melhor Intérprete: Aparecida Silvino (Fortaleza -CE).

Canção de Aclamação Popular: Xote de Liverpool -Raimundo Cassundé (Fortaleza-CE).Intérprete: Cumpade Barbosa (Fortaleza-CE).

// FO

TOS

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LGAÇ

ÃO“Eu acho mais importante é saber que eu tiveaqui e as pessoas escutaram a minha música”,diz o veterano de festivais pelo Brasil, o mineirode Belo Horizonte, Zebeto Corrêa, vencedor em

segundo lugar geral com a canção Corpo e Alma.

Nesta edição, a novidade foi a categoria Regional,realizada para dar oportunidade e valorizar oscompositores e intérpretes do Vale do Acaraú.

Outra novidade foram as eliminatórias. A primei-ra e a segunda eliminatória contaram com a apre-sentação de 20 músicas classificadas na categoriaGeral (10 em cada noite), destas, as oito mais

pontuadas foram classificadas para a grande Fi-nal, onde se somaram às duas mais votadas naCategoria Regional.

Os classificados receberam a premiação no atodo resultado e participaram da gravação do CDdo Festival. Na ocasião da entrega dos prêmiosfoi lançado o CD do VI Festival de Inverno daSerra da Meruoca, que aconteceu em 2009.

Bastidores do Festival

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// Te

atro

Sob a influência da obra do Anjo Pornográfi-co, o mestre Nelson Rodrigues, o espetáculo “U“U“U“U“Umamamamama

NNNNNoite Quase Voite Quase Voite Quase Voite Quase Voite Quase Vazia”azia”azia”azia”azia”, passeia pelo inconscientehumano que ainda vive preso ao passado.

Neste enredo, seus personagens vivem uma

realidade claustrofóbica onde suas ações são po-larizadas e se mostram irônicas, moralistas e

detratoras de sentimentos indefinidos.

Como a personagem Aurélia, uma mulher queconflita a religião e o instinto, e tenta a todo custosustentar um casamento falido pela impercepçãoda convivência. Em contra partida, Olavo, seu

esposo, movido a paixão, comete uma loucura

CELEBRAÇÃO EMCELEBRAÇÃO EMCELEBRAÇÃO EMCELEBRAÇÃO EMCELEBRAÇÃO EMUMA NOITE QUMA NOITE QUMA NOITE QUMA NOITE QUMA NOITE QUUUUUASE VASE VASE VASE VASE VAZIAAZIAAZIAAZIAAZIA

Grupo Quimeras de Teatro, encena durante os sábados de julho,espetáculo com texto e direção de Antônio Marcelo.

que levará as personagens à reinvenção delasmesmas.

A peça demorou 10 anos para ser concebida,e, finalmente poderá ser conferida aos sábadosdo mês das férias, no Teatro Morro do Ouro,

anexo do Theatro José de Alencar.

A montagem marca a volta de Antônio Mar-

celo aos palcos e os quinze de vivência artísticado dramaturgo que chega ao décimo sexto texto

escrito para teatro. A estreia, no dia 17 de julho

também comemora os 14 anos de atividade do

Grupo Quimeras de Teatro.

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“Esta peça, elafoi escrita paraser apresentadaem preto e bran-co. Ao escrevê-la eu sentia soli-dão, e tinhacomo forte inspi-ração, O Beijo noAsfalto, de Nel-son Rodriguesna versão apre-sentada pelo

Marcelo Costa, e o cenário cedido por ele também.Enfim, em 2000 a peça desandou, e o cenário doBeijo no Asfalto foi parar na montagem de Eu SouAntes, Eu Sou Quase, Eu Sou Nunca. E assim se pas-saram dez anos, mas eu tentei manter as impres-sões da primeira tentativa em montar. Naquela épo-ca, eu bebia na fonte do Grupo Balaio, embora hojetenha armazenado em mim o aprendizado, avivência. E volto para o palco ainda com encantos.A certeza é que eu nunca me ausentei do teatro. Noúnico ano em que não me apresentei que foi em2009, eu escrevi para teatro cinco textos. E aqui,estou com o tremor nas mãos, diante a platéia. Sãoquinze anos, com uma interrupção. Uma Noite Qua-se Vazia é o tremor em minhas mãos!”, revela o au-tor e diretor cearense Antônio Marcelo.

> Beth FontenellePatrícia BastosGláucia AlencarRubem VenturaSamuel MouraLevi AdonaiBibi MesquitaRommel Costa.

ELENCO

>Uma Noite Quase VaziaGrupo Quimeras de TeatroTexto e direção: Antonio Marcelo

Teatro Morro do Ouro(anexo Theatro José de Alencar)Rua Liberato Barroso s/nDias 17, 24 e 31de julho às 19h.Classificação:16 anosIngressos: R$ 10,00 (inteira) e 5,00 (meia)Duração: 1 horaCapacidade do teatro: 90 lugares

SERVIÇO:

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É, para dizer o mínimo, curioso, que aquilo que se afir-mou acerca das sociedades “primitivas”, dos selva-gens, seja muito parecido com o que se diz sobre aimagem do “povo” – o chamado “cidadão comum”.Se corroborarmos com as observações do antropólo-go Pierre Clastres, no artigo “A Sociedade contra oEstado”, veremos que os termos com os quais se abor-da as “sociedades selvagens” são análogos aos queinformam a opinião “civilizada” sobre o povo.

Segundo Clastres, quase sempre, “... as sociedadesarcaicas são determinadas de maneira negativa, sob ocritério da falta: sociedades sem Estado, sociedadessem escrita [analfabetos], sociedades sem história”(CLASTRES, 2003, p. 208). Haveria uma imagemantiga, mas sempre eficaz, segundo a qual se conside-ra os selvagens: a imagem da miséria. Pois eles tam-bém não dispõem de mercado, e vivem numa econo-mia de subsistência:

Hoje, quanto ao “povo”, ocorre o mesmo. A visão quese tem do povo (por vezes chamado “comunidade”) éque é carente: de modos, de educação, de saúde, desaneamento básico, de organização... E, quando sefala que as pessoas devem se organizar, está se tra-tando da relação institucional da sociedade civil com oPoder Público. O que está colocado nessa relação éque a sociedade deve aprender os meios legítimos delidar com o Estado, as maneiras de participação. Istoporque há uma mentalidade na qual se identifica onível de civilidade de uma cultura com sua capacida-de de se organizar através do Estado democrático.Cultura “evoluída”, civilizada, é cultura com Estado, edemocrático.

Nesse contexto, o Estado é considerado a organiza-ção social que uma cultura (que se mantémhegemônica) tem encontrado para aferir ares de civi-lidade à suposta espontaneidade da vida selvagem (ago-ra expressa nos modos de viver do povo). Para essa

Referência bibliográfica: CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o EstadoA sociedade contra o EstadoA sociedade contra o EstadoA sociedade contra o EstadoA sociedade contra o Estadopesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

Fábio Giorgio Azevedo Fábio Giorgio Azevedo Fábio Giorgio Azevedo Fábio Giorgio Azevedo Fábio Giorgio Azevedo é Psicólogo e, Professor, Coordenador de Política e Ação Cultural da Secultfor

AO POVO O QUE É DE CEZAR

nossa civilização, o Estado é o ápice do empreendi-mento da vida coletiva, o mediador por excelência doviver junto, a maneira civilizada de organizar a vidasocial. Clastres aponta para uma espécie de compor-tamento, ou de mentalidade naturalizada, que nos fazrelacionar, automática e arbitrariamente, o estado decivilização com a civilização do Estado. (CLASTRES,2003, p. 208).

O fato é que, numa visão “civilizada” de sociedade, aespontaneidade do povo, a valorização da improvisa-ção e da informalidade, geraria, do ponto de vista domercado, estagnação – tendo em vista uma culturaque se legitima pela capacidade de planejar o agir atra-vés de planos, programas e projetos. E, do ponto devista político, cairíamos numa relação personalista einstrumental com o poder (a sedução exercida poraquilo que se pode ganhar), que acabaria, paradoxal-mente, corrompendo a capacidade do povo em exer-cer a cidadania (por exemplo, através do controle so-cial sobre seus governantes).

Desse modo, vê-se que o que está em questão noBrasil é a formação de uma cultura política que con-sidere tanto certa adequação do Estado aos modos dopovo, quanto a construção de um sentimento de cida-dão que o empodere a agir como co-responsável pelacoisa pública e pelos rumos da vida coletiva.

Entretanto, e para surpresa de alguns, as práticas dasculturas tradicionais ancestrais, por exemplo, no con-texto do Estado brasileiro, podem exercer uma fun-ção crítica ao seu funcionamento, e torná-lo (pelo con-tágio estilístico daquelas práticas) mais concernenteaos modos e expressões do povo. Através de um tra-balho de compreensão e “atualização” de alguns ritu-ais dessas culturas, pode-se propor alguns princípiosnorteadores para fundamentar a proposição demetodologias de participação democrática.

O que subjaz a essa defesa “romântica” de uma es-pécie de afirmação da espontaneidade do costume eda organização do povo, é uma aposta na atualização

recombinante dos arranjos culturais her-dados, sob uma ética afirmativa que sir-va de esteio à fabricação do porvir denossa vida pública, com a invenção dasinstituições, rituais e idéias democráticasque convenham e sejam pertinentes aosnossos contextos.

“Ora, a idéia de economia de subsistência con-

tém em si mesma a afirmação implícita de que,

se as sociedades primitivas não produzem exce-

dente, é porque são incapazes de fazê-los, intei-

ramente ocupadas que estariam em produzir o

mínimo necessário à sobrevivência, à subsistên-

cia” (CLASTRES, 2003, p. 208).

Por: FÁBIO GIORGIO AZEVEDO

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FEITOarte

O reduto era o Estoril, o famoso bar atraves-sou décadas e viu passar gerações de escrito-res, jornalistas, cantores, compositores, espor-tistas que, de uma maneira ou de outra, seencantavam com o lugar. Alguém poderáperguntar Esportistas? Claro que sim. Foi vi-zinho ao Estoril que nasceu o futebol de sa-lão no Ceará. Os craques da época,Fernandinho, Joaci, Esquerdinha e outros, de-pois dos treinos, jantavam no Estoril.

Mas sem dúvida, a figura esportiva mais co-nhecida na área era o Pacoti, que começou aandar por ali na década de 50. Jogava notime do Nacional dos Correios e Telegráfos, emorava na pousada que ficava ao lado doantigo Restaurante La Tratoria. Encantou-secom o bairro, casou com uma iracema, correuo mundo jogando futebol, ganhou uma por-ção de títulos e, no ano de 1966 fixou resi-dência.

Bom anfitrião, o nosso Pacoti uma vez hospe-dou Mané Garrincha. Saíram andando pelasruas e o povo os acompanhava. Lá pelastantas, Garrincha entrou em uma birosca epediu uma pinga. O pessoal também pediu,entre umas e outras, ficou todo mundo dis-traidamente jogando conversa fora, quandoo olhar de Mané Garrincha desviou-se para ooutro lado da rua, e o que vê lhe incomoda.

Do outro lado da rua Mané Garrincha viuuma birosca completamente vazia, o dono aobservar, com olhar suplicante, o movimentoao lado de seu pequeno comércio. Foi ai queGarrincha se virou para toda a turma e diz,“Ei gente, vamos beber um pouquinho lá nodoutro lado, porque o cara também é filho deDeus”.

Pinga do Garrincha

SÉRGIO RÊDES(SERGINHO AMIZADE)

EX-JOGADOR> Por: SERGINHO AMIZADE

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