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A revista de quem é do Banco do Nordeste compartilhando vida COLABORADORES FALAM DE SUAS EXPERIÊNCIAS COM O ATO DE DOAR SANGUE memória Da gente ENTREVISTA ESPECIAL COM ETHEWALDO GUIMARÃES, FUNCIONÁRIO APROVADO NO PRIMEIRO CONCURSO DO BANCO RELAÇÕES HOMOAFETIVAS E LEGISLAÇÃO | CULINÁRIA MARANHENSE | VIVÊNCIAS DA FÉ EVANGÉLICA | ATLETAS BENEBEANOS RUMO À CHINA Janeiro / Fevereiro 2012 - Edição Bimestral N O. 34 ISSN 1980-3148

Revista Conterrâneos nº 34

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Capa e diagramação de conteúdo da Revista Conterrâneos nº 34. Publicação interna do Banco do Nordeste.

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A revista de quem é do Banco do Nordeste

compartilhando vidaCOLABORADORES FALAM DE

SUAS EXPERIÊNCIAS COM O ATO DE DOAR SANGUE

memória Da genteENTREVISTA ESPECIAL COM ETHEWALDO

GUIMARÃES, FUNCIONÁRIO APROVADO NO PRIMEIRO CONCURSO DO BANCO

RELAÇÕES HOMOAFETIVAS E LEGISLAÇÃO | CULINÁRIA MARANHENSE | VIVÊNCIAS DA FÉ EVANGÉLICA |

ATLETAS BENEBEANOS RUMO À CHINA

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Maurício Lima

Editor Ambiente de Comunicação [email protected]

Cartas do Leitor

Sou assídua leitora da Conterrâneos. Na edição 32, amei as matérias “Princesa do Sertão” – onde o repórter Gabriel Salgado fala da história, cultura e presença do BNB em Feira de Santana; “Encontro de Vaqueiros”, na qual Alexandre Castelo Branco narra com maestria o cotidiano do vaqueiro; e a crônica “Envelhe...ser”, que mostra o lindo olhar do amigo Hélio Antônio sobre a vida, com amor e humor. Parabéns!

Olívia C. Castello Branco Gerência de Controle (BA)

A edição 32, como todas as demais, estava ótima. Nós, funcionários, bem como nossas famílias, só estamos angariando conhecimentos sobre a Instituição e toda a Região. Com relação à Paulistana (PI), tive a honra de participar da primeira equipe daquela Unidade. Foram dias de lutas e sacrifícios, mas colhemos ótimos resultados. Complementando, informo a equipe que participou da fundação da Agência: Paulo Azevedo, Mardônio Bezerra, João Gomes, Pedro Pereira, Francisco Abreu, Carlos Augusto, Paulo Boto, Gonzaguinha, Rômulo, Ivonildo e José Martins.

Mardônio Bezerra MoreiraAgência Teresina João XXIII (PI)

Tal como são necessárias pedras fortes para erguer grandes construções, é preciso gente comprometida para tornar concreta uma verdadeira instituição. Isso porque são as pessoas que dedicam sua vida ao trabalho, tornando possíveis, porque não dizer, a criação de uma família, com todas suas alegrias, dificuldades e, acima de tudo, sonhos em comum.

Para iniciarmos as comemorações referentes ao 60º aniversário de criação do Banco do Nordeste, publicamos, a partir desta edição, uma série de reportagens especiais. A primeira delas traz a história de uma das nossas “pedras humanas”: Ethewaldo Guimarães, primeiro colocado no primeiro concurso para ingresso no BNB, e que chegou a diretor da instituição.

Se “Há 60 anos, o desenvolvimento é o nosso forte”, como bem diz o slogan da nossa mais recente campanha publicitária, Ethewaldo é uma das provas vivas da certeza dessa afirmação.

Nas páginas que seguem, você confere também matéria tratando da regularização da união homoafetiva no Brasil, que estabeleceu a equiparação dos direitos de casais homossexuais aos de heterossexuais. A medida, instituída na legislação brasileira em 5 de maio de 2011, já havia sido implementada no BNB durante o Acordo Coletivo 2009/10, o que demonstra o avanço da Instituição quanto à valorização da diversidade. Ainda no que tange às diferenças – que devem ser encaradas enquanto opções individuais e respeitadas como tal –, contamos os testemunhos de fé de colegas evangélicos, que regem suas vidas de acordo com os ensinamentos bíblicos.

Unidos pelo amor ao próximo, no Ceará, grupo de colaboradores percorrem instituições beneficentes, alimentando corpos e almas. Também no Estado, formou-se uma equipe de atletas da corrida; benebeanos que têm como missão chegar a competir na Grande Muralha da China!

A primeira Conterrâneos de 2012 traz ainda o tempero da cultura maranhense e nos leva a conhecer as cidades de Grão Mogol (MG), Caicó (RN) e Água Branca (PI). Integrando as comemorações de aniversário do Banco, presenteamos nossos leitores com uma coleção de receitas regionais, a serem encartadas também nas próximas edições, além de camisas da Revista de quem é do Banco do Nordeste. Saiba como participar dessa promoção ao final de sua leitura!

Até a próxima!

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Série BNB 60 anos Entrevista com o funcionário aposentado Ethewaldo Guimarães, primeiro concursado do Banco

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Heranças de outrora Em Grão Mogol (MG), vestígios do passado são conservados e fazem parte do cotidiano

Muralha benebeanaColegas criam grupo de corrida tendo como meta competir na Grande Muralha da China

Tempero maranhenseConheça a mistura dos costumes do sertão nordestino e da Amazônia, com pitadas da África e Portugal

De igual para igualRegularização da união homoafetiva faz avançar a legislação brasileira sobre o tema

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De coração abertoFormado por colaboradores, Grupo Fraterno Amor leva doações e amor para instituições beneficentes

Pregando a PalavraA visão de mundo dos colegas que vivem de acordo com os preceitos evangélicos

Caicó é festa!Conhecida pela animação carnavalesca, cidade comemora 33 anos de chegada do BNB

Carinho pela terra natalUnidade de Água Branca (PI) marca a trajetória de funcionários

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CapaRegistro do primeiro

concurso para provimento de pessoal do BNB. Na

primeira fila, Ethewaldo Guimarães, primeiro

colocado. Foto do acervo fotográfico do BNB.

Presidente: Jurandir Santiago

Diretores: Fernando Passos, José Sydrião de Alencar Júnior, Luiz Carlos Everton de Farias, Isidro Moraes de Siqueira, Paulo Sérgio Rebouças Ferraro e Stelio Gama Lyra Júnior.

Ainda nesta ediçãoColunas: “Papo Conectado” e “tudibom”Resenha: “O universo das fábulas como reflexão individual e social”Cordel: “Don Quixote enfrentando a Zé Limeira na fronteira dum mundo imaginado”Conto: “A insustentável presença do prefeito”Prá relaxar: ”Cruzadex “

Redação: Ambiente de Comunicação Social e Assessorias Estaduais de Comunicação. Edição: Mauricio Lima (CE 01165/JP). Diagramação: Deborha Rodrigues. Revisão: Raquel Dias. Conselho Editorial: Angélica Paiva, Edgar Fontenele, Eliane Brasil, Lúcia Teles, Mauricio Lima, Danilo Lopes.

Conterrâneos - Revista de comunicação interna dos funcionários do Banco do Nordeste, distribuída pelos Correios para o endereço constante do SIP. Funcionários aposentados podem solicitar assinatura gratuita através de correspondência para o Ambiente de Comunicação Social, e-mail para [email protected] ou ligação para 0800 7283030.

Correspondências - Cartas, sugestões de pauta e outras contribuições devem ser enviadas para a pasta institucional Revista Conterrâneos ou para o Ambiente de Comunicação Social - Av. Pedro Ramalho, 5700 - Passaré - CEP 60743-902 - Fortaleza - CE.

Miolo impresso em papel couche fosco 90g/m2 e capa em 170g/m2.

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Sobre a origem do nome, duas hipóteses são discutidas: a primeira diz que o termo surgiu com a descoberta de um grande diamante encontrado na Índia, em 1550, chamado de “Grão Mogol”. A segunda versão é relacionada aos inúmeros conflitos e assassinatos ocorridos no lugar tempos atrás, dando origem ao nome “Grande Amargor”. Com o tempo, e modificado regionalmente, teria se transformado em Grão Mogor, para anos mais tarde adquirir a denominação de hoje.

Devido à grande exploração das minas, Grão Mogol se manteve

Priscila Ferreira

Super-MG/[email protected]

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durante muito tempo na lista das cidades mais importantes da região. Mas, com o passar dos anos, a decadência da atividade mineradora atingiu toda a população local. Sem emprego e sem recursos, seus habitantes deram início ao processo de migração para as cidades vizinhas e capitais.

Assim, a cidade parou no tempo, fazendo com que se mantivessem heranças daquela época expostas em suas ruas até hoje. Preservados pelo tempo, prédios históricos, igrejas, estabelecimentos comerciais e moradias continuam vivos na cultura de seu povo, que convive com o passado e o presente em seu cotidiano.

Turismo, a nova descoberta

A antiga Serra de Santo Antônio do Itacambiruçu, hoje Grão Mogol, transformou sua história na atividade que mais move o comércio local. Assim, casas antigas se transformaram em atrações turísticas e o artesanato em mercadorias de venda para os visitantes, que chegam de todas as partes. Para fortalecer o turismo, a manutenção dos patrimônios históricos se tornou prioridade para as autoridades locais.

Convivendo com o passado

No ano de 1839, no norte de Minas, existia um lugar chamado Arraial de Grão Mogol, localizado entre montanhas na região do cerrado. Por possuir recursos favoráveis à mineração de diamantes, passou a atrair pessoas de todos os lugares, inclusive franceses, portugueses e outros europeus. Com o crescimento comercial, o arraial evoluiu

para Vila Provincial e, logo em seguida, para Distrito. Só em 1858, Grão Mogol passou a ser reconhecida como cidade.

Grão Mogol: a história mineira petrificada e espalhada pelas ruas da cidade.

Cachoeira Véu das Noivas, uma das belas atrações naturais da região

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Outra atividade que vem sendo fortalecida é a publicidade e propaganda. Com a divulgação de suas atrações, o número de visitantes aumentou consideravelmente, o que mostra a grande importância de expandir as atividades turísticas da cidade, que pretende ser um polo turístico nacional em poucos anos.

Para isso, vem investindo em desenvolvimento e tecnologia, como ocorreu com a inauguração da Usina Hidrelétrica de Irapé, que aumentou a capacidade comercial do município. Além disso, no ano de 2009 – com o programa do Governo Estadual Proacesso –, 53 km de estradas que ligam Grão Mogol à BR-251 foram asfaltados, melhorando assim o acesso até a cidade.

Para formalizar todo esse compromisso com o turismo foi criado, no dia 10 de abril de 1997, o Conselho Municipal de Patrimônio de Grão Mogol. O órgão, fiscalizador da herança histórica, artística e cultural da cidade, é composto por representantes civis e do Poder Público. O Governo de Minas também incluiu a cidade na lei do ICMS Turístico, o que permitiu que ela recebesse, em janeiro, R$ 342 mil em benefícios para aplicação no turismo.

Paradas obrigatórias

Pela cidade, patrimônios culturais podem ser vistos e admirados por todas as partes: seja nas casas antigas de janelas de madeira, pelas ruas de pedras ou nas telhas coloniais. As heranças estão presentes em todos os lugares. Grão Mogol também possui propriedades marcantes, que hoje foram transformadas em patrimônios culturais, como: Biblioteca Municipal Manoel Esteves; casa do senhor Élcio Paulino; prédio da Delegacia da Polícia e Casa da Cultura Terezinha Vasques, que são alguns dos pontos mais visitados pelos turistas.

Privilegiada por sua localização, o município também possuí belos atrativos proporcionados pela natureza: Cachoeira da Fumaça; Cachoeira do Véu das Noivas; Gruta do Quebra Coco; Lapa dos Fróes, entre muitos outros que merecem ser visitados. A cidade conta ainda com uma bela praia fluvial, formada por bancos de areia branca localizada às margens do Rio Itacambiruçu.

Ainda para a prática de atividades como o ecoturismo e pesquisas, a cidade conta

Rua principal em que todas as casas foram construídas por escravos, não podendo ser reformadas. Hoje, funciona a feirinha do comércio

Casarão, local reformado em 2011 onde funciona a biblioteca municipal e ocorrem exposições que retratam a cultura da cidade

Uma das tantas casas de moradores de Grão Mogol que foram construídas por escravos no período colonial

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com o Parque Estadual de Grão Mogol, uma reserva ambiental que permite a realização de ações junto à natureza de forma racional, possibilitando assim sua conservação.

No entanto, a grande atração da cidade e a mais visitada de todas é a Igreja da Matriz de Santo Antônio. Erguida com paredes de pedra, ela possui o teto coberto por telhas coloniais, um belo piso em madeira e o forro trabalhado com pinturas de santos, como São Sebastião e Santo Antônio. A igreja é valorizada não apenas por sua beleza, mas também pelo seu significado. Foi construída por escravos cedidos por senhores da região, segundo registros históricos, na segunda metade do século XIX. A Matriz foi arquitetada com o objetivo de atender as necessidades religiosas da população branca da época.

Além da Igreja da Matriz, outras atrações preservam toda a tradição religiosa da cidade, como a Capela Nossa Senhora do Rosário e a festa do Divino Espírito Santo. Em 2011, um grande acontecimento marcou a história de Grão Mogol: o maior presépio do mundo foi inaugurado na cidade mineira, o Presépio Natural Mão de Deus. Montado ao ar livre, o espaço conta com acesso aberto aos visitantes e possui estátuas em tamanho natural, levando ainda mais visitantes para conhecer essa pacata cidade mineira.

Igreja da Matriz de Santo Antonio de Grão Mogol, o local mais visitado pelos turistas Presépio Natural Mãos de Deus, o maior do mundo

Os Grãomogolenses

Como toda cidade do interior, Grão Mogol também faz parte das “cidadezinhas de Minas” onde os costumes e os modos dos moradores possuem particularidades distintas dos habitantes das capitais. Com pouco mais de 15 mil pessoas, Grão Mogol é aquela aconchegante cidade onde todo mundo se conhece, e esconder uma notícia por muito tempo não é tarefa fácil!

A maioria da população é formada por pessoas humildes, de costumes discretos e que levam a tradição da cidade no sangue. “As pessoas são bem hospitaleiras e não veem maldade no outro. No meu ponto de vista, os turistas são muito bem recebidos. Infelizmente, parte da população, principalmente os jovens, não dá o valor merecido à cidade, desconsiderando todo seu histórico. Mas esse reconhecimento é tido por quem vem de fora. Os turistas sempre se encantam com a cidade!”, relata a grãomogolense Vanessa Dias da Costa, estudante de Administração.

Ela destaca ainda algumas vantagens e desvantagens de morar em Grão Mogol. “O lado bom de viver em cidade pequena é que sempre podemos contar com alguém para nos ajudar. É uma cidade tranquila, aconchegante. Mas na questão de educação e oportunidade de emprego, Grão deixa a desejar, pois não oferece muitos recursos. Por isso, grande parte da população vai para cidades próximas em busca de crescimento profissional, como no meu caso. Atualmente, moro em Montes Claros, onde estou terminando minha faculdade e tenho meu emprego, mas sempre estou indo a Grão, afinal, não tem nada igual a nossa casa”, garante Vanessa.

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Disposição é o pré-requisito para ingressar na equipe de corrida AVIA Muralha. Composto por funcionários do Banco do Nordeste e outros participantes, o grupo começou em 2011, graças à ideia dos amigos Frederic Pereira Medeiros e Luciano Fábio Sá Alcantarino, ambos analistas de desenvolvimento humano do Ambiente de Gestão de

Pessoas do Passaré, em Fortaleza (CE).

de ficar parado. “Capoeira, karatê, jiu jitsu, sempre tava metido em alguma coisa! Mas não conseguia manter”, afirma Fredric.

Foi então que os dois amigos chamaram mais e mais pessoas que, inicialmente, não queriam participar, seja por pensarem que não iam conseguir completar o percurso ou por falta de tempo. Mas os que continuaram foram até o fim e fizeram da corrida uma nova paixão em suas vidas. E não demorou para eles perceberam que aquela equipe precisava de um nome!

Fred, com ajuda da esposa, criou uma sigla baseada em uma palavra da cultura nordestina. “A gente resolveu fazer um trocadilho usando alguma gíria nordestina com um significado para corrida. Foi aí que nós consultamos um dicionário de ‘nordestês’ e vimos a palavra ‘avia’, que tem tudo a ver com a gente. ‘Avia, menino! Vexado! Depressa!’. E a sigla ainda significa: Amigos da Velocidade Invadindo o Asfalto”, explica Fred.

Já o nome “Muralha” vem da meta que o grupo tem de correr na Maratona da Grande Muralha da China, em 2014.

Luciano já corria durante as horas vagas, mas não tinha uma rotina rígida de treinamento, devido à falta de companhia para a prática do exercício. “Tudo começou quando eu trabalhava em Aracati e gostava muito de correr, só que eu não conseguia manter. Aí começava a engordar demais”, conta.

Mas quando chegou a Fortaleza, decidiu voltar a treinar e tentar correr em alguma competição. Em 2010, ele participou, juntamente com alguns amigos, da Meia Maratona Pão de Açúcar de Revezamento, correndo na categoria 5 km para equipes de oito pessoas.

“Então eu pensei: ‘ah, ano que vem eu vou reunir quatro atletas para correr 10 km’. Mas passou o ano, veio novamente a propaganda da Maratona e eu estava totalmente parado. Fiquei bastante chateado comigo por não ter atingido a minha meta de 10 km, e ter que começar do zero. Foi então que cheguei no Banco e falei pro Fred [Frederic], e ele, de prontidão, foi logo me pagando a inscrição”, recorda.

O colega também já mantinha atividades físicas, pois nunca gostou

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Tamara Lopes

Bolsista do Ambiente de Comunicação Social

[email protected]

“Avia”, atletas! A muralha da China é logo ali!

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Para manter a saúde e motivados pelo bem-estar obtido com a prática esportiva, colegas do BNB criaram o grupo de atletas da corrida

“AVIA Muralha”, cujo objetivo é competir na Maratona da Grande Muralha da China, em 2014.

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“Mas será que vai ficar defasado? Porque pra corrida da Muralha da China nós vamos, sem dúvidas. E depois? Mas o Luciano disse que deixasse como estava, porque além de ser um objetivo, o nome indica força, união e solidez do grupo”, completa.

Hoje, o AVIA Muralha é composto por 20 pessoas, das quais onze são colaboradores do Banco do Nordeste. Em seis meses, a equipe já disputou 19 competições, entre corridas de rua e de orientação. Mesmo com choques de horário e grande distância entre os bairros onde moram, todos os integrantes mantêm uma rotina de treinamento para que as metas idealizadas sejam concretizadas e não ocorra dano físico no momento das competições. “Para o ano que vem, a meta é participar da São Silvestre”, assegura Fred.

Da geração X à geração Y

Ana Cecília Araújo Ferreira, gerente de produtos e serviços do Ambiente de Gestão

de Pessoas, trabalha no Banco há 28 anos e também faz parte da equipe AVIA Muralha. Ela sabe bem quais as melhorias da corrida para a qualidade de vida. Antes de começar a correr, fazia caminhadas para tratar o colesterol alto, mas ficou parada um tempo, devido a problemas que interferiam na rotina de treinamento.

“Eu quero retomar a caminhada e já pedi para eles [integrantes do AVIA Muralha] um esclarecimento sobre a corrida de orientação, porque acho muito interessante e divertida. Além de ser dinâmica, ela trabalha muito a mente do atleta”, conta. Nesse tipo de corrida, o atleta recebe um mapa e uma bússola para percorrer os caminhos do local, que muitas vezes tem terreno sinuoso e trilhas de difícil acesso.

Outra participante da equipe de corrida, Verônica Margarida Nunes Campos Ávila, que também é gerente de produtos e serviços do Ambiente de Gestão de Pessoas,

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Corrida de orientação na pria do Cumbuco (CE) Mais um desafio: Corrida da ASA

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decidiu iniciar a prática esportiva para tratar o estresse cotidiano. “Eu queria voltar a praticar alguma coisa e sempre quis jogar vôlei, mas nunca tinha um grupo. Então, os meninos me convidaram. Tinha vontade de correr, mas achava que não era capaz. Mas comecei devagarzinho: um quilômetro, depois dois... Hoje, meu treino é de cinco quilômetros”, diz.

Verônica passou a competir regularmente, chegando a ser premiada em uma das corridas de orientação da qual participou. E o gosto pelo esporte foi tão grande que até o filho de Verônica, que tem dez anos de idade, decidiu participar de algumas competições!

Assim como a maioria dos participantes, Cláudio Miranda Barreto, analista de sistemas do Ambiente de Gestão de Pessoas, também entrou no AVIA por meio da corrida de orientação. Ele não tinha tanta motivação para a corrida, já que é uma atividade muitas vezes solitária. Mas depois de participar de uma, teve maior interesse em competir e concretizar as metas do grupo.

Ele ressaltou a meta inusitada de correr na Muralha da China, já que os circuitos mais tradicionais das equipes de corrida são Nova York ou Paris. “É um desafio e eu tenho carência por desafios! Estou percebendo que a formação de um grupo de pessoas para a prática do esporte proporciona um vínculo forte, além de laços de amizade e companheirismo. Sem contar na disposição que agora eu tenho para jogar bola com o meu filho!”, destaca Cláudio.

Diante desses exemplos, o que você está esperando para ficar em forma e ganhar mais disposição? Avia, colega!

10ª Maratona Pão de Açúcar de Revezamento Ases Adventure II Corrida Beach Park Corrida da Asa 16° Caprius Cross 5ª Corrida Unimed 4ª Corrida Cagece Pé na Carreira Corrida do Contabilista Corrida da Caixa Corrida do Baton Corrida de Guaramiranga Corrida de Orientação de Pacajus Corrida Unifor Corrida dos Correios Corrida de Orientação do Cumbuco Copa Nordeste de Orientação Caminhada da Medida Certa 2ª Corrida do Coração - Camed

Corrida na Muralha

Maratona com um percurso sinuoso devido à variação de altitude, mas com piso uniforme. A prova é percorrida nos 5164 degraus da Muralha, e o atleta pode competir nas modalidades de cinco, dez, 21 e 42 quilômetros. A prova chega a durar de cinco a seis horas.

Por que correr é tão bom?

Boa parte das pessoas que começam a correr fala que o esporte é uma verdadeira paixão. Isso ocorre porque, em resposta às atividades físicas, o cérebro produz um neurotransmissor chamado endorfina, que é responsável pela preservação do corpo e pela sensação de prazer corporal. Além de proporcionar sensação de bem-estar, a endorfina auxilia a memória, aumenta a resistência física, proporciona disposição para enfrentar a rotina e melhora o sistema imunológico.

Fonte: Portal São Francisco http://www.portalsaofrancisco.com.br

Participação do Grupo AVIA Muralha em competições em 2011

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Sabor que vem do Maranhão

Muitas pessoas conhecem o Maranhão por meio das propagandas dos Lençóis Maranhenses, Delta do Parnaíba, cachoeiras de Carolina, Chapadas das Mesas, centro histórico de São Luís, ruínas de Alcântara... E não há dúvidas de que esses atrativos aquecem o potencial turístico do Estado. O que muita gente não sabe é que o Maranhão também tem bebidas típicas e uma culinária de dar água na boca.

Para além das atrações naturais, os visitantes do Maranhão também se encantam pelos quitutes da terrinha, que se dividem entre ingredientes e costumes culinários do sertão nordestino e produtos da Amazônia. Além disso, influências africanas e portuguesas formam outros pilares da cozinha local.

Rafaela Vidigal

[email protected]

Um dos lugares bastante procurados para experimentar a culinária maranhense é a Casa das Tulhas, situada no centro histórico da capital São Luís. No local, é possível encontrar a tiquira, bebida artesanal feita à base da raiz da mandioca, que serve de matéria prima para vários pratos.

Herança dos índios, a bebida possui uma cor azulada, devido à utilização de folhas de tangerina. Os nativos dizem que a tiquira funciona como energético e, reza a lenda que, após sua ingestão, não se pode ter contato com água, pois provocaria mal estar. O fato é que a graduação alcoólica da bebida varia de 36 a 54 graus, bastante semelhante à da cachaça.

Consumida historicamente por classes mais pobres e escravos do Maranhão, que a produziam, e também por seus descendentes, a tiquira sempre foi vista com preconceito. Pouco conhecida no País, ela é feita artesanalmente apenas no

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Maranhão e, em menor escala, no Piauí e na Bahia.

Um dos grandes produtores maranhenses da bebiba é o município de Urbano Santos, que abastece as quitandas da Casa das Tulhas. De acordo com os comerciantes, no processo de fabricação as raízes são trituradas e a massa peneirada ganha formato de beiju, seguindo para o forno. Depois de assados, os beijus são estocados em ambientes quentes e úmidos, ficando cobertos de fungos.

Um das etapas mais demoradas na fabricação da tiquira é justamente a fermentação, pois a massa da mandioca descansa por até oito dias! Nas caixas de madeira, as chamadas dornas, os beijus são dissolvidos com água. Após fermentada, essa mistura vai para os alambiques, onde ocorre a destilação, ou seja, a separação do álcool, e o que sobra desse processo é descartado.

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Casa das Tulhas, pedacinho da cultura maranhense

Também conhecida como Mercado da Praia Grande, a Casa das Tulhas foi construída em meados do século XIX e se tornou um dos mercados mais movimentados de São Luís. Podemos encontrar nesse espaço desde a cachaça ou peixe seco, até o cofo de palha, farinha de mandioca, doce, camarão, frutas típicas da região, artesanatos em madeiras e demais utensílios da cultura do povo maranhense.

O presidente da feira, Maurício Sampaio Filho, 49 anos, lembra que a relação com o espaço vem desde criança. O pai, Maurício Sampaio, 70 anos, está há 58 deles

Vamos aprender a fazer arroz de cuxá?

• Meio quilo de arroz; • 3 maços de vinagreira; • 250g de camarão seco sem casca; • Tomate cebola, pimentão, pimentinha de cheiro (picotar todos); • Azeite de dendê; • Óleo; • Sal.

Modo de Preparo

Cozinhe os três maços de vinagreira durante dez minutos, depois escorra o líquido e picote com uma faca. Deixe o camarão seco (sem casca) de molho por cinco minutos para tirar o sal.

Pegue tomate, cebola, pimentão e pimentinha de cheiro picadinhos e coloque numa panela por cinco minutos, para refogar com duas colheres de azeite de dendê e duas de óleo. Coloque meia garrafinha de leite de coco. Misture o camarão, a vinagreira e o arroz. Deixe cozinhar até secar. Bom apetite!

trabalhando por lá.

“Nasci e me criei na Madre Deus, bairro próximo daqui. Sou da época que o mercado só vendia camarão. Aqui era uma feira mesmo. Depois mudaram os produtos e, hoje, você encontra de artesanato à doce de espécie. O preço é bem mais acessível do que nas lojas lá de fora”, frisou. Atualmente, o local conta com cerca de 72 boxes, entre eles, 12 da família Sampaio.

Quem abraçou o Maranhão

A relação do funcionário Ivo Telles com o Maranhão tem tudo a ver com a história dele e do Banco do Nordeste. Natural do estado do Piauí, ele foi para a cidade maranhense de Chapadinha por conta da aprovação no concurso, em 2004.

Para ele, um dos atrativos mais marcantes do Maranhão é justamente a culinária. Nesses seis anos, ele já coleciona boas histórias pra contar! Uma delas é justamente com a famosa tiquira.

Ele lembra que, assim que chegou ao Banco, os colegas o colocaram para experimentar a bebiba. “Serviram para que eu pudesse provar. Esquenta demais! Depois, contaram que não poderia entrar na água”, diverte-se.

Arroz de cuxá, prato típico

“... Eu tenho muitas saudades/Da minha terra querida.../Onde atravessei a vida/O melhor tempo foi lá./Choro os folguedos da infância/E os sonhos da adolescência;/Mas...choro com mais frequência/O meu arroz-de-cuxá”.

Os versos do poeta maranhense Artur Azevedo expressam a paixão local pelo cuxá, comida à base de vinagreira que se mistura ao arroz e compõe o mais típico prato da região. Servido em todos os lugares, de bares simples aos restaurantes mais chiques, cabe à vinagreira a responsabilidade pelo sabor e cor da preparação. É preciso saber usá-la na dose certa, devido ao sabor “azedinho”!

“Não é tão simples fazer um arroz de cuxá como pensam. Tem o seu segredo. É um dos pratos mais pedidos, além do cuxá puro, acompanhado de camarão ou peixe serra frito. Em dias de muito movimento, chego a vender 100 porções para turistas e maranhenses”, garantiu Maria do Espírito

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Santo, que há oito anos trabalha em uma barraca culinária no centro histórico. Ela reforçou ainda que o ingrediente não deve ficar “nem demais, nem de menos”.

“Se for demais agride o sabor, pois o arroz fica muito azedo. Se for de menos fica sem graça, com a falta do produto principal. Tem que saber a medida certa”, aconselhou.

Para Ivo, apaixonado declarado pelos pratos típicos maranhenses, o arroz de cuxá desponta como preferência. “O arroz de cuxá daqui é bom porque não é molhado como de outras regiões. Ele é mais sequinho”, declarou.

Seca ou d’água, mas tem que ter farinha!

O arroz e a farinha-d’água ou de puba são ingredientes básicos da cozinha maranhense. Ambos, em muitas ocasiões, ascendem à categoria de elemento principal na preparação de pratos como paçocas, farofas, pirões e mingaus.

Por muitos anos, o Maranhão foi um dos maiores produtores de mandioca do País, mas hoje importa farinha d’água de outras localidades. A relação da maranhense Letícia Sanches, funcionária do Banco do Nordeste, com a farinha vem desde a infância. “Não dispenso uma banana com farinha d’água. É um costume que eu tenho desde criança. Principalmente banana-maçã com farinha de coco, é bom demais! ”, destacou.

No Maranhão, grande parte da produção vem de uma cidade

vizinha a São Luís, Santa Rita. Na localidade, situada próxima a BR-135 e via única de acesso à ilha, os moradores mostram seus produtos em barraquinhas montadas à margem da estrada. Lá, encontramos a farinha d’água, aquela amarela, de

caroço; a seca, que é mais fininha e bastante usada para o preparo

de farofa; além das duas opções acrescidas com pedaços de coco.

Sonho cor de rosa

Criado acidentalmente em 1920, quando o farmacêutico Jesus Noberto Gomes tentava sintetizar um remédio com uma máquina de gaseificação, o Guaraná Jesus – fabricado e vendido exclusivamente no Maranhão –, é reconhecido por sua chamativa coloração rosa. Com gosto extremamente adocicado, a bebida é amada por crianças, jovens e adultos. Até o cheiro dela é atrativo e o gosto lembra tutti-frutti, cravo e canela.

Como forma de presentear amigos, turistas chegam a levar estoque do refrigerante para seus estados. Agências de viagem também usam a bebida, alinhada com a cultura maranhense, como forma de atrair turistas.

Letícia Sanches é uma das fãs de Jesus. “Gosto muito do guaraná, por ser tipicamente maranhense, da nossa terra. É a cara do Maranhão! É algo que lembra a infância, pelo colorido e sabor muito doce. Todo mundo que vem ao Maranhão deveria

provar! Geralmente, quando viajo para cidades que tenho amigos, pedem que eu leve o Guaraná Jesus”, contou.

Doce de espécie, vindo de Alcântara

Já o doce de espécie, feito à base de coco, é típico de Alcântara, cidade histórica do Maranhão. É uma iguaria trazida pelos portugueses da região dos Açores, no século XVII. Aqui, o doce conquistou paladares e virou tradição, sendo famoso por sua distribuição na Festa do Divino.

Os colegas Ivo Teles e Letícia Sanches: um brinde à culinária maranhense

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Feito com açúcar e coco ralado, ele lembra o bom-bocado e tem o formato de uma concha. A receita é simples e fácil de executar. Para dez docinhos, primeiro prepare a massa que vai servir de base: duas xícaras de farinha de trigo, cinco colheres de sopa de óleo, meia xícara de água e meia colher de sal. Todo o processo de produção do doce de espécie dura cerca de 30 minutos. O resultado é delicioso!

O comerciante do Centro Histórico, Ulysses Barbosa, comprova. Há 15 anos, ele trabalha em um box com a esposa. Entre garrafas de tiquira, doces caseiros e Jesus, um dos destaques é para o doce de espécie de Alcântara.

“A venda é muito boa, principalmente para turistas. Cada pacote vendo de R$ 10 a R$ 12. Em mês de férias, chego a vender 30 bandejas”, contabilizou o feirante.

“Olha o sorvete de coco!”

Qual morador de São Luis nunca ouviu esse bordão? O sorvete não é de marca e só tem na cidade.Vendido nas praias de São Luís, é feito de forma caseira e comercializado em um copinho ou em uma casquinha de biscoito. O preço varia entre R$ 1,50 e R$ 2.

Quem tira o sustento do famoso sorvete de coco vendido na caixinha de isopor garante: o produto nunca deixou de fazer sucesso, tanto que passou a ser vendido também nas ruas. O segredo é o sabor caseiro, de receita simples e ingredientes 100% naturais.

1. Produto da mandioca, um dos ingredientes que não pode faltar na mesa dos maranhenses 2. Casa das Tulhas, um dos principais pontos turísticos de São Luís 3. Famoso doce à base de coco, iguaria típica da histórica cidade de Alcântara 4. DIversas embalagens do Guaraná Jesus

Maranhão, a funcionária Letícia Sanches deixa a dica: “Almoce arroz de cuxá com camarão, acompanhado de guaraná Jesus e, de sobremesa, peça um sorvete de coco. Tenho certeza que nunca mais vai esquecer!”, garantiu.

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Para quem ainda não foi, mas deseja conhecer o

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De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. No entanto, sabemos que, na realidade, a efetiva equiparação de direitos – seja ela referente a questões relacionadas à classe social, raça, sexo ou credo –, é uma busca histórica sem fim.

no Brasil, estima-se que esse grupo já represente 10% da população, algo que equivale a aproximadamente 20 milhões de pessoas. Nesse total, incluem-se os cerca de 60 mil casais homossexuais assumidos em todo o território nacional, contabilizados no Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Em meio a tanta representatividade e frentes de luta, o ano passado foi marcado por muitas conquistas desse grupo. Uma bem simbólica e expressiva foi ter o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecido, por unanimidade de seus ministros, a equiparação da união homossexual à heterossexual, regularizando assim a união homoafetiva no Brasil.

A sentença apresentou o seguinte argumento: “na ausência de proibição expressa à união estável homoafetiva, não se pode presumir tal proibição.

E quando nos referimos à união de indivíduos do mesmo sexo, o desafio não é diferente. Ao contrário, a desigualdade no tratar é até mesmo reforçada por outras minorias que, fundamentadas na tradição e conservadorismo, buscam legitimar o preconceito. Mas será que, finalmente, essa realidade vem ganhando novas nuances?

Visando promover a igualdade de direitos e dar um basta ao preconceito, cada vez mais setores da sociedade têm se mobilizado para avançar e equiparar as discussões ligadas à homossexualidade, que deve ser simplesmente encarada como uma das possibilidades da sexualidade humana.

Apesar de não existirem estatísticas oficiais para quantificar o número de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTTT)

Luziane Freire

Ambiente de Comunicação Social

[email protected]

Liberdade assegurada por lei

“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... Simplesmente,

disse eu? Mas como é difícil!”. Mário Quintana

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Cleiber Andrade averbou no cartório sua união

Não há limites semânticos no texto a impedir seu reconhecimento”. Esta baseou-se na atual Constituição Federal, que afirma ser “reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.

Ou seja, ao não apresentar um impedimento expresso – com palavras taxativas, como “apenas”, “somente”, “unicamente” –, a união entre homem e mulher descrita na Constituição é meramente explicativa, tornando possível a legitimação da união estável de pessoas do mesmo sexo.

Uma questão de justiça

Para o assessor técnico do Instituto Nordeste Cidadania (Inec), Cleiber Andrade da Silva, a “decisão é justa”. Homossexual assumido, ele defende que todos – independentemente de opção sexual –, devem lutar por seus direitos. “Quando se tem uma união com uma pessoa, você quer deixar para ela todos os benefícios que pertencem a você, no caso de um dia vir a faltar. Quando não existe o direito, a pessoa fica desprotegida e você de mãos atadas, com medo de que aconteça algo e o patrimônio dos dois acabe passando para outra pessoa que não tem nada a ver. No meu caso, eu e meu parceiro estamos construindo uma vida juntos. Nada mais justo que ele tenha direito a tudo que é nosso”, avalia.

Na prática, a regularização da união homoafetiva confere aos casais reconhecimentos como pensão alimentícia, herança, compartilhamento de plano de saúde, entre outros (ver box), antes não autorizados em função da ilegalidade da comunhão. Além disso, casos mais polêmicos, como a adoção, ganharam espaço para uma discussão maior, mais firme, tendo os juízes uma base sólida para tomar a decisão.

Além do aspecto jurídico, a legalização de uniões homoafetivas trouxe consigo outras conquistas que fortalecem a própria relação entre iguais. “O reconhecimento expresso em lei também representa um passo significativo contra a discriminação e o reconhecimento, sem preconceito, de sentimentos. Tudo isso deve ser comemorado, e muito”, afirma a analista de Comunicação do BNB, Maria Fabíola Lima Pereira, que tem também uma relação homoafetiva.

Homossexualidade e reconhecimento jurídico

O principal direito conquistado por casais homossexuais com a decisão do STF foi o reconhecimento da união estável, que propiciou uma série de conquistas. São elas:

Somar renda para aprovar financiamentos ou aluguel de imóveis; garantir pensão alimentícia em caso de separação; receber metade dos bens em caso de separação; assumir a guarda do filho do cônjuge; adotar o filho do parceiro; gozar de licença maternidade para nascimento de filho do casal ou em adoção; receber herança; permanecer no lar com a morte do parceiro; realizar visita íntima na prisão; autorizar cirurgia de risco; ser curador do parceiro declarado judicialmente incapaz; acompanhar parceiro servidor público transferido; receber abono família ou funeral; receber licença-luto para caso de morte do parceiro; participar de programas do Estado vinculados à família; proibir a divulgação de informações da imagem do companheiro falecido ou ausente e ter as ações legais julgadas pelas varas de família.

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A sociedade

Para o professor de Psicologia Jurídica da Universidade de Fortaleza (Unifor) e técnico em questões jurídicas envolvendo tutela, curatela e adoção de crianças, Marcelo Sidrião Salgado, a regularização da união homoafetiva no Brasil irá resultar grandes alterações na sociedade.

“O direito brasileiro sofreu um impacto muito grande com essa decisão do STF. Acredito que não é toda a sociedade que está apta para aceitar essa mudança, existem setores resistentes, o que é próprio da cultura. No entanto, essa conquista faz parte da luta de classes que há muito a humanidade conhece. É um avanço. Já a aceitação é um longo processo, é coisa para cem anos”, considera.

Mesmo que muitas discussões ainda devam acontecer até o pleno reconhecimento dos direitos homossexuais, principalmente no que diz respeito aos benefícios dos parceiros, existem empresas e instituições que, antes mesmo da decisão do STF, já reconheciam esse direito, como é o caso do Banco do Nordeste.

Durante o Acordo Coletivo de 2009/10, a Instituição oficializou a extensão de benefícios concedidos aos casais heterossexuais aos funcionários homossexuais com relação estável, dando um passo à frente da Justiça.

“Do mesmo modo como o heterossexual deseja se casar, nós, homossexuais, também sentimos essa necessidade. Funciona como uma concretização do sentimento. Por isso, eu e meu parceiro somos um casal legalizado. Acredito que, depois desse ato, passei a ver a relação com mais responsabilidade e, agora, perante a sociedade temos direitos reconhecidos”, explica Cleiber, que desde a metade de 2011 averbou no cartório sua união.

Casais homossexuais x Adoção

Devido a sua complexidade, nos últimos anos, a adoção de filhos por casais homossexuais tem sido bastante discutida em todo o mundo. Mas, afinal, o que pensam os especialistas?

É comprovado cientificamente que a criança aprende a agir por imitação, seja no que diz respeito à fala, cultura ou comportamento. Mas não é simples assim! Existem componentes biológicos e psicológicos que atuam de maneira a estimular determinadas atitudes. Já a homossexualidade é considerada inata, ou seja, é uma predisposição intrínseca do ser humano.

Como defendem os psicólogos, uma reflexão se faz necessária: se os homossexuais de hoje são filhos de pais heterossexuais, se a família heterossexual não garante filhos heterossexuais, por qual motivo a família homossexual irá garantir filhos homossexuais?

De acordo com Marcelo Sidrião, esse problema vai ser facilmente resolvido no futuro. Segundo ele, estudos realizados nos EUA sugerem que daqui a duas gerações não se irá falar mais de “gênero”, e sim de pessoa, porque a homoafetividade tende a crescer.

Também existe uma tendência apontando que, daqui a 50 anos, os casais vão ter duas casas: a que manterão relacionamento com uma pessoa do mesmo gênero e a que se relacionarão com o gênero diferente. “São tendências, claro, mas quem viver verá. Se você analisar a realidade, poderá observar que isso não é muito absurdo, é uma constatação”, analisa o professor.

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No mínimo duas vezes ao mês, o grupo faz visitas às instituições amparadas. Momentos que se tornaram verdadeiras lições de vida. É a oportunidade de ter contato direto com aqueles que são ajudados. “Passamos cerca de duas horas. São visitas bem simples, mas que levam muita alegria às pessoas que nos recebem. Tocamos violão, conversamos, cantamos... É muito importante essa vivência. São pessoas tão carentes que, às vezes, só em

Surgia, assim, um trabalho bonito de se ver, com pessoas que sentem verdadeiro prazer em ajudar, sem esperar nada em troca. “Nosso grupo é formado por pessoas sem nenhum tipo de vínculo, seja religioso, etário, financeiro ou profissional. Queremos apenas ajudar irmãos necessitados, repassando, em forma de ação solidária, as doações que recolhemos de amigos que nos ajudam”, explicou Leonardo Braga, funcionário do Banco e membro da equipe há três anos.

Formado atualmente por cerca dez membros, o Grupo Fraterno Amor leva, além de alimentos, roupas e produtos de higiene e limpeza, bem-estar e sorrisos para crianças, adultos e idosos de instituições beneficentes de Fortaleza (CE). Responsável pela edificação do grupo, Miguel Pereira Lima, funcionário do BNB lotado no Ambiente de Controles Internos, em Fortaleza

(CE), conta que já realizava trabalhos voluntários. “Apenas não havia tido a oportunidade de formar uma equipe e dar um nome para ela. Essa oportunidade aconteceu há cinco anos”, relembra.

Raynna Benevides

Ambiente de Responsabilidade [email protected]

O que você faz nas horas vagas, nos fins de semana? Fica com a família, com os amigos, namora, vai ao cinema? Para um grupo de homens e mulheres dispostos

a ajudar ao próximo, tempo livre significa muito mais que isso!

Alimento para a alma

Integrantes do grupo reunidos durante doação

no Asilo das Irmãs Missionárias Capuchinhas

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segurar nossa mão se sentem felizes. Isso é extremamente gratificante”, afirmou Leonardo.

Assistência

Basicamente, o Grupo Fraterno Amor vive da arrecadação de notas fiscais e tickets. “Enviamos e-mail para várias pessoas que já conhecem nosso trabalho. Elas se mobilizam, juntam esse material e nos repassam. Convertemos tudo em dinheiro, que é depositado numa conta que Miguel e eu administramos. Assim, organizamos o que será feito com a quantia arrecadada, o que vamos comprar e que instituição vamos assistir”, explicou ele. Por mês, no mínimo 400 pessoas são beneficiadas.

Além dos trabalhos habituais, realizados semanalmente, o grupo promove campanhas fixas em datas específicas, como Natal e Dia da Criança. Nessas ocasiões especiais são feitas grandes mobilizações. Em 2011, por exemplo, a equipe conseguiu arrecadar produtos de limpeza suficientes para abastecer, por pelo menos um ano, a Casa Madre Paulina, instituição que abriga aproximadamente 33 crianças. Ao SOS Criança, outra instituição que mantém cerca de 100 meninos e meninas, foram destinados vários brinquedos. Além disso, também são feitas campanhas trimestrais

para a arrecadação de fraldas geriátricas.

Porém, os heróis do Fraterno Amor não se restringem a ajudar somente instituições beneficentes, mas atendem a qualquer chamado. “Não ajudamos apenas grupos. Muitas vezes, conhecemos alguém que passa por dificuldade financeira para manter um familiar doente, ou que precisa comprar uma cadeira de rodas. Nesses casos, também convocamos nossa rede de amigos e juntamos recursos para prestar auxílio”, ressaltou Leonardo.

Com o objetivo de salientar a seriedade de suas ações, o Fraterno Amor também costuma prestar contas dos trabalhos realizados. Por meio de e-mails, é mostrado o que foi doado, quantos foram os auxiliados. A intenção, segundo Leonardo, é lembrar a todos que não se busca arrecadar recursos para o bem particular da equipe. Graças a esse tipo de ação, o grupo já ganhou a confiança de vários amigos, que também abraçam a causa.

Desafios e metas

Como em qualquer outro trabalho, há obstáculos a serem superados. Miguel lembrou-se de episódios complicados que marcaram sua trajetória como voluntário. “Muitas vezes tive, sim, vontade de parar.

Crianças da Casa madre Paulina e do SOS Criança foram beneficiadas por doações do Grupo Fraterno Amor

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FoToS: ANA CriSTiNA DE oLivEirA

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“Par ticipar dessa corrente só faz bem, pois alimenta e sacia a alma”

Daniel [email protected]

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Fraquejei, esperava agradecimento das pessoas e não recebia. Hoje, não preciso mais disso, penso apenas que as pessoas necessitam”.

Recentemente, quando se dirigia à instituição Casa Madre Paulina para fazer a entrega de frangos, Leonardo foi assaltado. Levaram seu carro, seus pertences. Ele perdeu, pelo menos, R$ 6 mil. “É uma eventualidade, isso não é motivo para que eu pense em desistir”, explicou. Atualmente, está sendo feita uma rifa para cobrir pelo menos uma parte do prejuízo causado pelo assalto. Com alegria, o criador do grupo, Miguel relatou que várias pessoas já se dispuseram a comprar a rifa, mostrando, assim, a confiança depositada nos trabalhos desenvolvidos.

Quando questionado do motivo para se engajar em ações solidárias, Miguel é enfático: “todos nós temos a obrigação de fazer alguma coisa pelas pessoas. Deus nos usa como instrumento”. Para Leonardo, fazer parte da equipe é um prazer. “Sempre tive vontade de praticar trabalhos voluntários, e a oportunidade surgiu quando concluía minha faculdade, conhecendo o Grupo Fraterno Amor. O que me faz sentir bem como membro do grupo é a não obrigação. É tudo boa vontade”, destaca.

Para funcionar, o grupo depende do auxílio e da generosidade de todos os mobilizadores. “O que queremos mesmo é divulgar nosso trabalho, chamar as pessoas a participarem das visitas. E garanto que quem participa uma vez, volta, mesmo que esporadicamente. Somos um grupo que está aberto a receber pessoas.”, afirmou Leonardo. E participar dessa corrente só faz bem, pois alimenta e sacia a alma.

Bom exemplo

Conhecida pelas várias campanhas que realiza entre seus colaboradores, a equipe do Cliente Consulta do Banco do Nordeste mostrou, mais uma vez, o sucesso de suas boas ações. Prova disso foi a campanha “Cliente Consulta, seja legal – Doe seu cupom fiscal!”, coordenada pelo colega Djavan Pereira Cerqueira, no segundo semestre de 2011.

“O intuito era, além de arrecadar notas fiscais a serem doadas, estimular os trabalhos em nosso setor. Para conseguir notas, os participantes precisavam se unir e bater metas. Unimos o útil ao agradável”, explicou Djavan.

Foram criadas equipes de cinco pessoas, que se saíram muito bem. “No total, mais de R$ 268 mil em notas foi arrecadado. Todas foram encaminhadas ao Fraterno Amor, que fará excelente proveito da quantia destinada.

Sopão e entrega de mini cestas básicas para associação de idosos

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Tune in – Acesso a rádios locais, nacionais e internacionais

Já os programas Whatsapp e E-buddy são os mais populares aplicativos para troca de mensagens instantâneas.

Um dispositivo móvel também traz consigo a questão da customização, que não somente passa pela escolha da cor ou toque. Nesse sentido, a terceira categoria, que batizamos Social e Estilo, traduz essa capacidade de personalizar o dispositivo, o que passa por questões pessoais e culturais. Por se tratar de uma escolha subjetiva, aqui ficam a maioria dos jogos, aplicativos de leitura e acesso a conteúdo de jornais e revistas.

Shazam – Captura o som ambiente de uma música e identifica o nome da canção, artista e álbum.

Instagram – Compartilhamento de fotos com a possibilidade de incluir efeitos diferenciados.

Angry Birds – Um dos jogos mais famosos, no qual é possível treinar pontaria atirando em passarinhos.

A quantidade de opções nesse sentido é tanta que recebemos até indicação de um aplicativo que lembra as usuárias de tomar remédio anticoncepcional: o Hora da Pílula.

Vale lembrar que, para você ter um desses aplicativos em seu dispositivo móvel, é preciso verificar em seu sistema (Android, Symbian ou iOS) a disponibilidade e a forma de instalação. Será preciso conexão à Internet e, em alguns casos, o pagamento de taxas de instalação. E você? Também usa algum destes aplicativos? Tem mais alguma sugestão interessante? Colabore! Envie um e-mail para [email protected] e compartilhe suas preferências!

Muito bem. De tanto falarmos em smartphones e tablets em nossa coluna de tecnologia, você, caro leitor, decidiu comprar um. E agora? Nossa

equipe separou para você, e demais colegas que já possuíam estes aparelhos, alguns aplicativos interessantes e, porque não, quase necessários. A pesquisa foi realizada com alguns colegas do Banco, de forma espontânea. Após o levantamento dos dados, foi possível dividir os aplicativos em grupos, de acordo com as funções mais usadas.

A primeira categoria que identificamos demonstra a necessidade dos usuários em permanecer em suas Redes Sociais. Nada melhor do que ter, instantaneamente, atualizações dos amigos e ainda compartilhar tudo no mesmo instante.

Facebook – A rede social mais bem sucedida do mundo, com quase um bilhão de usuários.

Twitter – Microblog com grande alcance e reverberação mundial.

Foursquare – Compartilhamento da localização de pontos no mapa, atividades e gostos.

Destacamos também o Flipbook e o Tweetdeck, que são uma espécie de aceleradores de redes sociais, juntando todas as funcionalidades dos serviços em um só aplicativo.

A segunda categoria mais utilizada mostra a capacidade desses aparelhos em transcender a tradicional forma de Comunicação dos telefones celulares, tornando-os mais poderosos:

Skype – Permite bate-papo em tempo real, inclusive com som e vídeo.

Aplicativos móveis

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“Par ticipar dessa corrente só faz bem, pois alimenta e sacia a alma”

Daniel [email protected]

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DDe acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2010, no Brasil dos anos 80 – cuja população era de 119 milhões de habitantes –, havia pouco mais de sete milhões de evangélicos. Atualmente, chegamos a 192 milhões de brasileiros, entre os quais está uma população evangélica declarada de mais de 36 milhões de pessoas.

vício era o álcool, bebia todos os dias, sem distinção de horário ou de momento. Também usei maconha e cigarro. Cheirava lança-perfume, loló e produtos químicos para retirada de solda”, conta.

“Minha esposa sempre gostou de ouvir louvores em casa, no carro, em todos os lugares. Eu achava as músicas bonitas, mas nunca tinha me ligado muito naquilo. Um dia, estava dirigindo na estrada com minha família quando, sem maiores explicações, comecei a chorar. Foi quando percebi que o louvor que estava tocando no som do carro – e que eu já havia escutado milhares de vezes –, era Deus falando comigo. Foi uma sensação maravilhosa de paz, libertação e, a partir daí, minha vida mudou e me tornei uma pessoa melhor, em todos os sentidos”, relata.

Élcio destaca que não gosta de dizer que sua “religião” é evangélica. “Aliás, não gosto da palavra religião, pois ela foi criada pelos homens. Simplesmente sou cristão, pois sigo a Jesus Cristo e seus ensinamentos, que estão na Bíblia”.

Para a operadora de Logística da Super-PB, Nayanna Caroline de

Essa mudança é perceptível em nosso dia-a-dia e pode ser observada no Banco do Nordeste. Para a assessora de Comunicação do Rio Grande do Norte, Deyse Lene Santos de Moura, a primeira lembrança de fé se remete aos seus oito anos de idade, quando se converteu e passou a frequentar a Igreja Batista do Alecrim, em Natal.

“Eu me converti aos oito anos de idade. Nessa época, minha mãe recebeu a notícia que sofria de um câncer no útero, em estado terminal. O mundo de minha família desmoronou, e o que nos restava era a fé em Deus e as orações para que ela se curasse. E Deus misericordioso curou minha mãe do câncer. Foi um grande milagre para todos nós”, recorda Deyse, emocionada.

Segundo o assessor de Comunicação do BNB na Paraíba, Élcio Hilan Gomes, fazer parte da igreja evangélica “Bola de Neve Church”, em João Pessoa (PB), é mais do que uma dedicação à obra de Deus, pois foi por meio dela que encontrou a verdadeira felicidade.

“Conheci Jesus Cristo quando passava por um momento de saúde muito difícil, fui liberto em várias áreas, entre elas a droga. Meu maior

Fernanda Coelho

[email protected]

Com mais de 36 milhões de evangélicos, o Brasil vive uma era de mudanças nos seus conceitos, preceitos e religiosidade. O país dos católicos está

cada vez mais evangélico, com fiéis que pregam a vivência por meio dos ensinamentos baseados na Palavra (Bíblia) e no amor a Deus.

Vivendo a fé nos caminhos de Deus

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Amorim, um dos grandes milagres de Deus aconteceu em 2001.

“Eu e minha família sofremos um grave acidente automobilístico. Estávamos, eu e meus pais, saindo de Guarabira – cidade do brejo Paraibano –, em direção a Campina Grande. Íamos a um aniversário, tranquilamente, quando o motorista que vinha em sentido oposto, após uma manobra irresponsável, chocou-se contra nosso veículo, jogando-o em uma ribanceira. Com o impacto da colisão, meu pai sofreu traumatismo craniano, minha mãe passou por mais de 15 sessões de hemodiálises e ficou mais de 15 dias na UTI, sofrendo com diversas hemorragias internas. Já eu, tive perfurações nos pulmões e fratura nas clavículas. Depois de tanto sofrimento, nos recuperamos unidos e podemos dizer que vimos um milagre de Deus em nossas vidas. Hoje, mais do que nunca, temos convicção plena de que, se não fosse a mão do Senhor, não estaríamos aqui para contar a história”.

Vivência e convivência

A Igreja é, para muitos, um refúgio, a casa de Deus, um alicerce de formação para o indivíduo onde se encontra comunhão e fé, em todas as horas e em qualquer ocasião. Um lugar não só de oração, mas de convivência e vivência dentro dos preceitos e dos ensinamentos de Deus.

O analista bancário do BNB em Pernambuco, Mário Alcoforado, relata sua experiência com a religiosidade. “Minha relação com a comunidade religiosa começou quando tinha cinco anos de idade. Morando no bairro do Umuarama, na cidade de Olinda (PE), integrei-me à Igreja Presbiteriana de Olinda, que ficava a poucos metros da minha residência. Primeiramente, fiz parte do departamento infantil, onde tive oportunidade de conhecer diversas histórias dos personagens bíblicos, desde Adão a Davi e todos do Antigo Testamento, até as histórias de Jesus Cristo, Pedro, Paulo, Timóteo, no Novo Testamento. Já aos 12 anos – época de natural ebulição das emoções, questionamentos, incertezas –, houve uma profunda mudança em

“A igreja não é só um lugar de oração, mas de convivência e vivência dentro dos precei tos de Deus”

Carol com os pais e irmã, todos recuperados do acidenteÉlcio pregando em culto

O surgimento do Protestantismo

Em 1517, Martinho Lutero – em protesto contra a venda de indulgências e baseado nas escrituras sagradas –, passou a negar vários pontos-chave da doutrina católica romana. Outros, como Zwingli e Calvino, ainda

criticaram o ensino católico romano e adoração. Estes desafios deram início ao movimento chamado de Protestantismo, que repudiou o primado do papa, o

papel da tradição, os sete sacramentos e outras doutrinas e práticas católicas. Surgiam assim, os primeiros evangélicos.

Fonte: wikipedia.org

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minha vida, pois o motivo que me levava para a Igreja não era mais as amizades ou as determinações da minha mãe. Havia uma fé pessoal, uma consciência de uma relação íntima com Deus”, relata.

Foi nessa época que sua vida pessoal se cruzou fortemente com a profissional e ele viu o quão forte e inabalável era sua fé.

“Nesse período comecei a exercer o perfil de liderança que havia em mim. Realizávamos várias atividades, tínhamos um grupo musical do qual eu fazia parte, íamos para outras igrejas, participávamos de torneios de futebol, fazíamos piquenique em várias datas durante o ano e, especialmente, acampamentos no período de carnaval”, lembra. Segundo ele, aqueles eram momentos intensamente aguardados e aproveitados.

Foi nessa época, pouco antes de completar 16 anos, que ele ingressou no Banco do Nordeste, por meio do Curso de Habilitação Bancária. Ao final do CHB, foi transferido para Garanhuns. “Por incrível que pareça, nos três anos e meio que passei naquela cidade, viajei todos os finais de semana para Recife e nunca faltei às atividades da igreja aos domingos. Foi também nessa época que conheci minha esposa, minha amada companheira de luta e de fé. Noivei, casei e tive duas filhas, que foram batizadas dentro de minha igreja”, diz.

Fé, trabalho e vocação

Foi na Igreja que Deyse aprendeu os preceitos que leva até hoje e utiliza dentro e fora do BNB. “Foi com a Bíblia, meu livro de fé e prática, que aprendi as principais bases éticas e morais. Entendi os ensinamentos do Mestre, e estes estão comigo todo o tempo. Já servi a minha congregação em diversas áreas, inclusive fazendo parte do coral! Deus já fez grandes milagres em minha vida, o próprio nascimento da minha filha, em meio a tantas dificuldades, foi um deles, por isso que meu relacionamento com Ele é o mais importante da minha existência. O Senhor nos ensina que devemos amá-lo acima de todas as coisas, bem como ao próximo como a nós mesmos. Se fizermos isso, teremos uma vida de paz, em todas as áreas, enfatiza.

Élcio Hilan transformou a sua história em resgate e proposta de libertação. “O maior prazer da minha vida é servir a Deus em sua

obra, pois é graças a Ele que hoje eu, minha esposa e nossas duas filhas, vivemos em harmonia e com muito amor. Sou diácono e líder do Ministério de Assistência Social na Bola de Neve. O Senhor me transformou em tudo, inclusive no trabalho”, afirma.

Ele conta ainda que hoje realiza reuniões esporádicas com os colegas do Banco no intervalo do almoço, para falar um pouco de Jesus e discutir Sua palavra. “Glória a Deus! Eles têm sido tocados pelo Espírito Santo e já houve conversão e milagres em nosso meio. Vejo hoje o quanto tempo perdi com as coisas do mundo. Jesus Cristo é o único caminho e salvação, não existe outro além dEle. A própria Palavra de Deus diz, em João 8:32: ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’. Eu conheci a verdade, que é Jesus, e fui liberto”, avalia Élcio Hilan.

Mário, por sua vez, buscou conhecimentos teológicos para usar em seu dia-a-dia. Para tanto, cursou seminário e enveredou pelo desafio do pastorado. “Na Igreja Presbiteriana de Olinda, fui nomeado diácono, tendo exercido esse ofício por cinco anos. Em

Deyse tocando louvores em Conferência Missonária

Mário, esposa Iêda, filha Priscila e neto João Marcelo, em sua formatura em Pedagogia, na UFPE

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seguida, fui eleito presbítero, servindo assim por treze anos. Nesse período, senti o desejo de fazer o curso de Teologia e ingressei no Seminário Presbiteriano do Norte, que fica no bairro de Madalena, em Recife, no ano de 1998. Minha intenção era aperfeiçoar meus conhecimentos teológicos para exercer melhor minhas funções como presbítero, especialmente o ensino. Acontece que, durante o transcorrer do curso, fui confrontado com o desafio de exercer o pastorado, e aceitei essa nova missão. Concluí o curso em 2002 e, em 2003, fui ordenado pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil e designado para exercer o pastorado na Igreja Presbiteriana de Ouro Preto, na cidade de Olinda (PE), onde estou até hoje. Posso dizer que sou bancário por profissão e pastor por vocação!”, considera.

Passar por momentos de dúvidas é mais comum do que parece, principalmente na adolescência, quando o jovem começa a questionar e radicalizar os seus sentimentos e pensamentos. Carol passou por esta fase e conta como a superou.

“Passei por um momento de conflito e acabei me distanciando do caminho que sempre acreditei. Contudo, Deus tinha preparado um reencontro com Ele, quando participei do Encontro de Libertação e Restauração de Vidas, realizado pela Igreja Batista Nacional em Miramar. Posso dizer que aquilo foi o divisor de águas, onde vi de maneira sobrenatural o mover de Deus na vida de cem mulheres e, em especial, na minha”, disse. Hoje, Carol atua na Igreja como professora do departamento infantil, ensinando a palavra de Deus aos pequenos, e como segunda secretária, fazendo parte da

Secretaria de Eventos do Ministério Jovem na igreja em que congrega.

Alimento para o corpo e para a alma

Tendo Cristo como exemplo e meta, nossos colegas benebeanos não apenas alimentam a alma, mas também o corpo daqueles que necessitam. Em trabalhos voluntários e de maneira simples, eles ajudam a sanar a fome e o frio dos mais carentes.

“Procuramos exercer nossa fé, atendendo pessoas em suas necessidades espirituais e físicas. Ajudamos nossa comunidade com alimento para o corpo e para a alma”, diz Mário. Ele completa: “Vivemos um momento em que é bastante difícil identificar os trabalhos sérios que estão sendo desenvolvidos. Em 2009, concluí o curso de Pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco. Ali, tive a oportunidade de conviver com as mais diversas linhas de pensamento. Posso afirmar, com toda convicção, que nenhum filósofo, psicólogo, nem pensador de qualquer área que seja pode transmitir vida, paz, confiança e direção da forma e com a profundidade que encontramos nas Sagradas Escrituras”.

Élcio também destaca que sempre são arrecadadas roupas e sapatos para distribuir aos necessitados. “Para muitos deles é a única forma de se acalentarem do frio”, acredita.

Minha visão, meu depoimento

Como repórter, muito duvidei do que poderia escrever de novo, de maneira que explorasse e mostrasse a fé com a sutileza e a delicadeza que o assunto deve ser tratado. Porém, mais do que escrever sobre uma religião, sua ligação com o trabalho e seus testemunhos, aprendi sobre o poder da Bíblia como alimento da alma e sobre a união de um povo. Não o evangélico, mas o povo de Deus!

Aqui, não levanto bandeira. Sou católica, de família 100% católica. No entanto, por meio desta matéria pude compreender o poder de crer e de seguir a um Deus que, em qualquer que seja a religião, é o mesmo.

Que as nossas vidas tenham o mesmo objetivo da vida de Jesus Cristo: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 6.38).

Mário, na Igreja Presbiteriana de Ouro Preto, no natal de 2010. “Distribuimos lençóis para os moradores carentes ao redor da Igreja”

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Belas imagens, momentos felizes, cenários nacionais e internacionais: esse é o recheio que queremos para a tudibom! E vocês, que fazem o Banco do Nordeste, são os responsáveis por isso! Esse espaço é seu, é nosso. Continuem mandando suas fotos e até a próxima edição. Um abraço.

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tudibom - o lugar da nossa genteBruno [email protected]

Tudibom é pouco pra descrever esse momento! Célia Cristina Guerra (Linhares-ES) fez uma aventura emocionante e cheia de adrenalina em Dubai (Emirados Árabes). Vestiu a camisa do Banco, saltou de paraquedas e a gente fez questão de abrir a coluna com essa imagem incrível!

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Foto subaquática é tudibom! Maragogi (AL) e suas belas praias foi um dos cenários escolhidos pela colega Kelma Furtado (Amb. de Infraestrutura de TI) passar férias. “O Banco produziu um calendário que tinha fotos de alguns pontos turísticos do Brasil, foi quando eu escutei falar de Maragogi pela primeira vez. Eu via a imagem e pensava: um dia quero estar lá, nas galés de Maragogi”, conta ela.

Juliana Melo (Central Jurídica de Proc. de Cobrança Judicial) foi clicada na Estação Fluvial Domingo Faustino Sarmiento, na

cidade argentina de Tigre. Ela passeou de barco pelo Delta do Tigre, entre outras

aventuras na terra do tango.

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tudibom - o lugar da nossa gente

O casal Rosaline Dourado e Gomes Filho celebrou o aniversário da filhota Sophia. A tudibom deseja muitas felicidades, saúde e paz para a família!

Esse casal é tudibom! ... e em Nova Iorque então! Esdras (Guarabira-PB) e Renata Ribeiro (João Pessoa-Centro) clicaram o passeio pela Times Square e ilustram a coluna.

A tudibom registra a confraternização da turma da Central de Retaguarda Operacional MG/ES. Equipe boa é assim: unida no trabalho e na diversão!

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Deborha Rodrigues, Walisson Pinheiro, Wendell Sá, Rosanne Rocha e Max Oliveira (Ambs. de Com. Social e Pub. e Mídias Digitais) clicados em Baturité (CE). Os amigos passaram o dia fazendo trilha e rapel. Ô povo animado!

Um cruzeiro para Fernando de Noronha é ou não é tudibom? A felicidade estampada por Fabrícia Assunção (Super RN) e seu marido André Luis não deixa dúvida.

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resenha

“O pequeno Hércules” (2011) trata de fábulas – histórias criadas a partir da personificação de animais –, que visam transmitir valores e comportamentos positivos. Mesmo sendo uma obra voltada ao universo infantil, jovens e adultos são convidados a viajar em sua leitura, sendo conduzidos a reflexões sobre sua atuação no mundo.

A obra é o segundo trabalho da funcionária Simone Pessoa, lotada no Ambiente do Gabinete da Presidência, e foi agraciado pelo Programa Cultura da Gente do BNB. Em 2005, a escritora havia publicado “Dissertação não é bicho-papão: desmitificando teses, monografias e escritos acadêmicos”, cujas vendas em âmbito nacional superaram mais de 3.500 exemplares.

No enredo de “O pequeno Hércules”, as histórias são abordadas com muita delicadeza. A obra trata de temas, como: valorização da diversidade, capacidade do perdão, importância do trabalho, adoção, vaidade, enfrentamento de medos, honestidade, escolhas e suas consequências etc.

Repassando valores

A fábula do “Pequeno Hércules”, personagem-título, trata de um cachorrinho que não era exemplo de inteligência ou esperteza, mas era uma criaturinha fofa, pois procurava fazer amizades com animais sociáveis e sinceros, evitava brigas e não se dava a malfeitorias. O cãozinho costumava dizer sempre: ”fazer certo, sempre dá certo”. Para ele, a honestidade e a sinceridade estavam acima de tudo!

Embora o livro tenha essa propensão construtiva, as fábulas não objetivam os tradicionais desfechos do tipo “moral da história”, uma vez que pretendem levar o próprio leitor a refletir e tirar suas próprias conclusões. “Lendo e incentivando crianças e jovens para a leitura das fábulas, poderemos nos utilizar desse livro como auxílio em nossa ação cultural e de influência formadora, com reflexos favoráveis ao interesse individual e coletivo”, explicou Simone Pessoa.

O pequeno Hércules [Simone Pessoa]

Cultura da Gente, 2011 Fábulas / 64 págs.

O universo das fábulas como reflexão individual e social

* Por Ana Maria Pinto Ambiente de Comunicação Social

Simone e o cachorrinho Hércules, inspirador da história tema

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Mericiana Paiva

Super-RN [email protected]

oÉ hora do almoço em Caicó, Rio Grande do Norte. Sirva-se de feijão verde, arroz da terra, carne de sol e macaxeira, salpique um pouco de manteiga da terra por todo o prato... Estava gostoso e comeu demais? Então descanse em uma das redes fabricadas pelas artesãs do município. Se for período de festa, então recupere logo as

energias, pois a agitação na cidade é certa.

Arco na praça matriz da cidade

do mundo”, diverte-se.

Para Thiago, Caicó traz memórias fantásticas, que ele faz questão de destacar. “Acredito que minha cidade tem uma magia diferente das demais. Seus habitantes exaltam muito mais do que seus atributos, motivo pelo qual creio que a ela tenha uma projeção nacional a ponto de ser cortejada em ‘prosa e verso’”, avalia.

Origem

Chamada pelos historiadores de “A Guerra dos Bárbaros (1687-1697)”, a batalha decisiva entre indígenas e colonizadores foi travada, principalmente, no Vale do Açu e Apodi. Entretanto, estendeu-se também ao Seridó, onde, em Acauã – atualmente Acari –, índios cariris e caicós lutaram bravamente.

Somente após a vitória dos portugueses foi possível o povoamento definitivo do Seridó e demais microrregiões do sertão potiguar, com pessoas radicadas nas capitanias do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Afluíram ainda outras do reino, as quais se tornaram fundadoras de estirpes, constituindo-se a elite político-econômica local.

A história de Caicó – que já foi chamada de Povoado Seridó, Vila Nova do Príncipe e Cidade do Príncipe –, foi construída a partir de relatos, segundo os quais o início se deu em torno de promessas feitas a Nossa Senhora Sant’Ana. Caso fossem cumpridas, uma

Localizada a 270 km da capital Natal, Caicó é a principal cidade da região Seridó. São mais de 60 mil habitantes e uma economia bem diversificada, com ênfase nas áreas de comércio e serviços. No entanto, o município tem de tudo. Universidades, grandes comemorações que arrastam multidões – como o carnaval e a festa da padroeira Sant´Ana –, e um polo de artesanato com qualidade reconhecida internacionalmente são algumas das atrações.

Não tem praia, mas o Itans, principal açude da região, supre bem essa “ausência”, permeando as lembranças do gerente de Negócios da Agência Natal-Centro, Thiago Dantas. Ele recorda os concorridos finais de semana nos três balneários estrategicamente localizados às margens do açude. “Onde tivesse água os jovens se encontravam. Afinal de contas, o calor humano transforma Caicó em um dos locais mais quentes

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deCaicó, sabor e alegria

Colaboração: Deyse Moura e Kamilo Marinho

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Santuário e Praça do Rosário

Na cabeça dos brasileiros

Uma cidade onde o sol reina o ano inteiro precisava criar uma maneira de se proteger. E esse “jeitinho” transformou-se na marca “Bonés de Caicó”. A história conta que a produção de chapéus de couro fazia parte da atividade econômica, assim como a tecelagem. Após uma crise no setor, as pessoas migraram para a fabricação dos bonés.

O sucesso foi tanto, que hoje Caicó é o segundo polo produtivo do Brasil. Emprega mais de duas mil pessoas e produz cerca de 2,4 milhões de bonés por mês, gerando um faturamento de quase R$ 5 milhões. A produção circula todo o Brasil, sendo a maior parte destinada para as regiões Sudeste e Centro-Oeste.

A expectativa agora gira em torno da Copa de 2014, quando a oportunidade de crescimento nos pedidos de bonés, chapéus, gorros e demais produtos para o torcedor estarão em alta. Vai dar Caicó na cabeça!

capela para homenageá-la seria erguida. E assim se fez! A cidade se desenvolveu em torno da Capela de Sant’Ana, que originou a Rua da Matriz, a primeira da cidade.

Sabor marcante do sertão

Essências, cheiros, sabores, texturas... Estes e tantos outros detalhes dão realce à culinária caicoense. Os fogões à lenha oferecem o toque especial no preparo dos pratos, além de fazer parte da decoração do ambiente.

A cidade se destaca pela extraordinária carne de sol e os queijos de manteiga e coalho que fazem toda diferença ao paladar. Depois do primeiro contato, você saberá que está comendo uma carne de sol de Caicó! Assim, acontece com tudo que se prova vindo dessas terras... São receitas passadas de geração em geração, com todo o cuidado no preparo das massas, no corte, no ponto. É o preciosismo marcante de preservar a qualidade e o sabor caicoense de ser, claro!

Dentro desse balaio de gostosuras, incluem-se os deliciosos biscoitos caseiros, as raivinhas, os sequilhos, as broas de leite, as gravatinhas e os famosos doces, que não ficam despercebidos.

Caicó é uma festa!

O carnaval de Caicó está se tornando um dos maiores eventos do Rio Grande do Norte. A cidade fica tão lotada, que os hotéis não dão conta de atender a demanda de foliões. A opção são as cidades vizinhas, que servem de dormitório para os carnavalescos.

As festas começam na semana que antecede o feriado de Momo. Aí vem a criatividade caicoense para comemorar quase 15 dias de carnaval! O baile do branco e preto, o desfile das virgens, e por aí vai... Tudo acontece na rua, lembrando os carnavais de antigamente.

Na ocasião, grupos de amigos formam blocos, com camisetas e fantasias estilizadas, mas isso não é condição inerente para participar do Bloco Ala Ursa do Poço de Sant’Ana, o famoso bloco do “Magão”. Criado por Ronaldo Batista de Sales, o próprio Magão, o bloco surgiu da necessidade de não deixar morrer um dos pontos turísticos de Caicó, o Poço de Sant’Ana.

Já a tradicional celebração da padroeira de Caicó, ocorre todo mês de julho, há mais de 260 anos. Em 2010, o evento foi declarado como Patrimônio Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo reconhecido como expressão cultural genuína da cidade, transmitida de geração em geração.

Muitos caicoenses que residem fora retornam para participar da diversificada programação

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Ilha de Sant’Ana

Equipe

Adamo Herbert do Nascimento Cota Andrea Carla Lima de Oliveira Danilo de Oliveira Matos Erenildo Jair de Oliveira Francisco Antonio Filho Helto Joaomar Araújo Borges Inácio Pacífico da Silva José Jailton de Lima Nunes Josemira Alves Ferreira Marcial Araújo Batista Miguel Guedes Filho Ricardo Dantas de Sousa Toni Flávio Dias Valderi Dantas Filho (gerente) Waldery Dantas da Cruz

da festa, que mescla momentos religiosos e sociais em homenagem a Nossa Senhora Sant’Ana. Um dos pontos fortes é a Feirinha de Sant’Ana, lugar certo para encontrar os de casa, os que estão visitando e aqueles que estão retornando. Todas as gerações brindando e comemorando com as delícias da culinária seridoense e seus regalos.

Outro momento concorrido da programação sociocultural é o famoso Baile dos Coroas. Nele, todos se arrumam para um evento de gala. As mulheres antecipam o agendamento nos salões em, no mínimo, 20 dias. Dá pra imaginar o burburinho feminino em torno dos preparativos para o baile? Tem que estar impecável! São vestidos de grife, penteados, adereços... Enfim, tudo que faz parte do mundo da produção da mulherada.

Entrelaçando toda a programação, acontecem as feirinhas de artesanato e os eventos noturnos na Ilha de Sant’Ana, com atrações nacionais e bandas locais. Mas o ponto áureo que encerra a festa e orgulha o caicoense é a procissão de Sant’Ana, que conseguiu ultrapassar a casa dos 100 mil participantes.

Agência

Ser caicoense é bom, mas poder trabalhar no Banco em sua cidade natal é melhor ainda. Esse é o caso do agente de desenvolvimento da Agência Caicó, Marcial Araújo Batista. Ele nos conta que uma de suas maiores alegrias foi quando saiu o resultado da seleção para o Curso de Habilitação Bancária, em Recife. Na ocasião, os seis bolsistas de nível médio lotados na Unidade foram aprovados. “Éramos

o orgulho dos nossos pais”, recorda Marcial.

Emocionado, o agente relata que, depois de oito anos trabalhando em outras cidades, voltou para Caicó bastante estimulado. “Afinal, é uma satisfação muito grande trabalhar aqui A equipe é sempre muito dedicada, entusiasmada, comprometida e com espírito de união. O trabalho é feito de forma incansável, visando cumprir as metas e desenvolver de forma sustentável os municípios da jurisdição”, relata.

A Agência de Caicó está presente na vida dos cidadãos desde 1979, apoiando também outros nove municípios: São José do Seridó, Cruzeta, Jucurutu, São Fernando, Jardim de Piranhas, Timbaúba dos Batistas, Serra Negra do Norte, São João do Sabugi e Ipueira.

O gerente da Unidade, Valderi Dantas, destaca que a Agência está de portas abertas para o desenvolvimento da região, tendo como destaque o apoio ao segmento de MPE.

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Esse caso se deu na Divisão / Zé Limeira encontrou-se com Quixote O Cervantes olhou como era o mote / Que o Tejo escreveu no Alcorão Astier foi levar de caminhão / E chamou um poeta encantado Pinto Velho por ele indicado / Pra servir de juiz a vez primeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira na fronteira dum mundo imaginado.

Alberto da Cunha Melo

[email protected]

DON QUIXOTE enfRENTANDO A ZÉ LIMEIRA NA FRONTEIRA DUM MUNDO IMAGINADO

Don Quixote desceu da montaria Sancho Pança amarrou lá no curral Pro Brasil da Espanha e Portugal A viagem durou só meio dia Se não fosse a danada da azia A jornada não tinha demorado Don Quixote chegou meio ramado De ressaca curando a bebedeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Zé Limeira chegou no de a pé Recebeu o convite na Sibéria Entendeu como sendo uma pilhéria Passou antes nas terras de sapé Costa Leite o levou até sumé Ensinou o restante do traçado Se mandou pro engenho em Condado Foi vender seu cordel na sexta-feira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Don quixote afinou sua viola Zé Limeira alaúde ponteou A platéia agitada se calou Recusou um pedinte a esmola Aapateiro só fez a meia sola Do chinelo que foi encomendado Seu antônio não foi buscar o gado Multidão a entrar pela porteira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Otacílio chegou com Lourival Velho Jó trouxe o Zeto Cantador Vi Valmar agarrado a serrador

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Para ver desafio imortal Desse canto que é universal O repente por Deus iluminado Para um chão por Jesus abençoado Veio um misto com gente de Teixeira Don quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Cada um foi tocando seu baião Os acordes pro gosto do freguês Durou séculos contei foi mais de seis Todo mundo esperando a função Não se ouvia um pio no salão Severino Ferreira extasiado E o Silvio Romero no apontado Anotando com lápis na carreira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

O cascudo ficou no de ouvir Leonardo tomou uma lapada O rapé a rodar pela latada Mão em mão e dois dedos a unir O pó preto e o povo a tossir A dizer que tabaco bom danado Manuel o bandeira admirado Foi guardando o sagrado na algibeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Virgulino Ferreira o Lampião Veio manso pacato parecendo A Maria Bonita foi dizendo

Ilustrações: HeMetérIo ruFIno

É melhor aprender essa lição Veja bem o compasso da canção Na batida do pé o ensinado

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E cantora de tango no passado Piazzola num fole endiabrado A tocar com tremenda ciumeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira do mundo imaginado.

Luis Lua chegou do Araripe Velho jegue foi sua condução Botou sela na ponta do Mourão De passagem estava pra Sergipe Alcatrão com limão pra curar gripe Cento e vinte a sanfona do seu lado Minha gente a olhar o convidado Descansando da vida sanfoneira Don Quixote enfrentando Zé Limeira Na fronteira do mundo imaginado.

Unamuno um discurso foi dizendo A ribeira queria escutar Cantoria já ia começar Marcel Proust ficou no aprendendo Guimarães assuntando e entendendo José Lins conversando com Machado De engenho e de corte o fraseado Bonde antigo e menino em bagaceira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira do mundo imaginado.

Vi Rachel em conversa com Clarice A falar de Milquinha em Neve Branca Entre as duas a prosa era

tão franca Duas damas lembrando a

meninice O carinho o prazer e a meiguice Por do sol a ficar no escutado Lua cheia pintando em céu bordado De estrelas dançando a vez primeira Don Quixote enfrentando Zé Limeira Na fronteira do mundo imaginado.

James Joyce pulava de alegria O profeta João num riso só

Madalena a pedir mais um xodó

E Maria a olhar pro namorado E em volta sentada a cabroeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Vi ascenso tirando o seu chapéu E dizer que queria vadiar Ao trabalho não ia mais voltar A não ser no preparo dum cordel Duma virgem santinha lá no céu Que voou sem ter nunca namorado E o Frei Damião encabulado Ensinando o Pai Nosso à rezadeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

O Germano saiu lá da lagoa Gato velho partiu do Moxotó Foi buscar Waldemar em Cabrobó Não queria perder uma só loa O Cordeiro vivia numa boa Português ensinava ao alunado O convite foi muito festejado Deu de garra ao gibão e da perneira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

O Francisco Romano e Zé Pretinho Ugulino e Maria a tebana Na barraca pediram uma cana Tira gosto um assado passarinho Muita pena tiveram do bichinho Uma reza pro pássaro degolado Chico Mendes olhando revoltado Quis a todos matar com a peixeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira do mundo imaginado.

Jacó Alves andava pela China Uma nave alugou por dois tostões Apertou um a um todos botões E à tarde passou na Argentina Deu um cheiro na velha dançarina

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Escutando a paco de Lucia Violão a marcar a melodia Alaúde e viola em pinicado Um flamenco saiu improvisado Parecendo água pura em cachoeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

O pinzon aportou o seu navio Degredados sentaram no terreiro O Cabral trouxe um velho candeeiro Pouco fogo saia do pavio Quase escuro na margem do meu rio Botou fraque e cartola o delegado Com o quepe de lona engomado Nessa noite esqueceu a ladroeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

O Bernardo e compadre Marcolino De tamancos na sala de reboco Era um ensinando ao outro o coco O idoso ensinando ao menino Seis da tarde na torre bate o sino Minha avó preparava um guisado Pra servir com feijão e bode assado Sabiá a cantar na laranjeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Em um canto pro lado do oitão Vi Helena Meirelles reclamando Coralina bem perto recitando A Meirelles falava com razão Uma Cora esquecida da nação E não vejo ninguém envergonhado Um país desse jeito é ultrajado Não merece essa alma brasileira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Jorge Amado chegou de barco à vela

Paquetá que saiu do Piauí E com ele veio o bardo bemtivi E cachorra baleia a sentinela Esperava por eles na janela

Certo Ramos da terra alagoana

Arrancharam na porta da cabana Para o pé de

parede esperado Manezinho solfejou

um embolado E Leandro ajeitou a

cabeleira Don Quixote

enfrentando a Zé Limeira

Na fronteira dum mundo imaginado.

João do Vale e Jackson do Pandeiro Com Firmino Teixeira do Amaral Me pediram caju com pouco sal Um Tião solta o verso no barreiro A canção que falava de dinheiro Era Jackson a cantar meio enrolado Amaral da Viola em ponteado E o Vale agarrado à bananeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Vi Eugenia do poeta acompanhada Lenço branco e decote ombros nus E seus seios dançando entre azuis Parecendo uma fada encantada Era o Vate beijando a sua amada E o povo ficou extasiado O sereno saudou o desejado Com o beijo caiu a cristaleira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Belarmino de frança e Oscar a lembrar de pombal e de dublin a conversa chegava até a mim a irlanda e sertão do relembrar e ficaram os dois no cochichar menestréis viajando no passado tanto um como o outro mareado que saí pra não ver a choradeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

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De repente uma nau catarineta a poeira encobrindo o juazeiro jogou longe a folha do umbuzeiro e um anjo tocou sua corneta eram bombos, clarins e clarineta a saudar repentista iluminado aderaldo de porte afidalgado tateando por causa da cegueira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

O Noé com seus bichos foi chegando O atraso foi culpa do avião Me contou da tragédia do japão Hiroshima no fogo se acabando Nagasaki seus mortos enterrando Um horror que ninguém tinha pensado Certa rosa a subir pro estrelado No ataque da gente bandoleira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Vi chorar pesaroso o Salvador Bem dali catalunha relembrada E Galdino da terra consagrada Eram dois pranteando a mesma dor Um do norte abaixo do Equador Outro gênio a chegar do outro lado Cada um a seu modo pranteado Barro e tinta pra cena derradeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

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“Quem me segue pra sempre me alcança” Eu sou lerdo e vôo devagar Uma voz no quintal a declamar E nos olhos brilhando a esperança Sempre assim desde os tempos de criança Era Gil português no recordado A lembrar dos seus autos do passado E duns versos embaixo da videira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado

Chegou perto Camões do Menestrel Um abraço lhe deu e hoje lembro Fim de tarde na noite de dezembro Pirilampos desciam lá do céu E a noite chegando com seu véu Pra saudar o encontro anunciado E os dois versejando do meu lado Pedi tema pra Fátima padroeira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

Com a benção da santa mãe Maria Velho Pinto chamou os trovadores Explicou direitinho aos cantadores Deu empate nos versos da porfia Foi chegando bem perto a poesia E pediu de um jeito educado Improviso devia ser gravado Todos três escutando a conselheira Don Quixote enfrentando a Zé Limeira Na fronteira dum mundo imaginado.

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No ano em que se comemora o 60º aniversário do Banco do Nordeste, “pedras humanas” que ajudaram

a construir a Instituição merecem destaque. Elas representam uma geração, época ou mentalidade que fizeram parte dessa história. Nesta edição, a Conterrâneos inicia uma série de

Memória é vida. É isso que o diálogo nos convida a comprovar.

Revista Conterrâneos: Vamos tentar retornar àquele prédio, na Rua Senador Pompeu, nº 590, onde o Banco do Nordeste nasceu. O ano é aquele em que o senhor começou a trabalhar. Como era a sua vida naquele tempo? Quais eram os sonhos?

Ethewaldo: O sonho era fazer carreira, porque se tratava de uma instituição nova e víamos inúmeras oportunidades de ascensão. Na ocasião, ocorreram concursos para o Banco do Brasil, fiscal de imposto e consumo e outros concursos federais. Mas nós [funcionários] optamos pelo Banco do Nordeste exatamente porque era uma instituição nova; nasceríamos e cresceríamos com ela. E foi exatamente isso o que ocorreu.

Fizemos uma carreira no Banco: entrei como auxiliar de escriturário, veio o primeiro concurso para escriturário, passaram 33 aqui em Fortaleza. Fui muito bem classificado e, de imediato, convidado para ser assessor do presidente da Instituição. Assumi como um dos assessores e o chefe da assessoria era Joaquim Batista Fernandes, funcionário do Banco do Brasil emprestado à Instituição. Ele e mais outros nove funcionários do Banco do Brasil fizeram um excelente trabalho, implantando aqui o que tínhamos de bom.

Luiz Ethewaldo de Albuquerque Guimarães nasceu junto com o Banco do Nordeste. Sem tomar a data de fundação como referência, a metáfora transforma em palavras o que se

depreende nos gestos, no rosto e na fala de nosso entrevistado: uma vida inteira marcada pelo signo benebeano.

Os olhos vivazes e a distinção dos modos denunciam a sociabilidade acostumada a cerimoniais e ao trato político. No conversar, o uso de “nós” em vez de “eu” vai além da modéstia, indicando um resquício de discursos.

Antes de ser realizado o primeiro concurso do Banco do Nordeste, para o cargo de escriturário, Ethewaldo já era auxiliar dessa mesma função na Casa. Do antigo prédio da Rua

Senador Pompeu, nº 590, onde tudo começou, ele mudou-se com o Banco e traçaram, juntos, a mesma trajetória de ascensão.

E, assim, tornou-se escriturário, assessor da Presidência, analista de projetos econômicos, professor do Curso de Aprendizagem Bancária e diretor financeiro. Toda a carreira na Casa se justifica porque Ethewaldo simplesmente ama o Banco do Nordeste. E dele não se esquece, nem se aparta – nem mesmo se desejasse.

Benebeano de primeira

Emanuele Sales

Ambiente de Comunicação Social

[email protected]

Ethewaldo Guimarães

matérias especiais em homenagem ao Banco e a seus colaboradores.

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“o mais importante ativo de uma instituição é, sem dúvida, seu pessoal”

RC: Como era a sua vida familiar? O senhor era muito jovem à época?

E: Meu pai era fiscal do imposto e consumo, nós éramos sete irmãos. Eu, logo em seguida, me casei. Ingressei no Banco em 1954. O Banco abriu as portas, creio eu, em 6 de junho de 1954. Comecei a trabalhar informalmente na Casa, porque havia algum problema de documentação, tínhamos de apresentar a carteira profissional e uma série de documentos que eram exigidos. Oficialmente, fui incorporado à Casa no dia 11 de agosto de 1954. Eu me casei na época, e vivia perto do Banco. Morava na Rua Pereira Filgueiras, esquina com Dom Manuel, e ia a pé para a Rua Senador Pompeu 590... [com ar saudoso, como se estivesse relembrando o caminho].

Trabalhávamos muito e fizemos um bom progresso na Casa. Primeiro, iniciei os trabalhos no serviço de Relações Públicas, que era chefiado pelo Hermenegildo de Sá Cavalcante [jornalista e escritor cearense falecido em 1995]. Em seguida, passei para a Divisão de Pessoal. Após o concurso para escriturário, trabalhei no Gabinete da Presidência durante um longo período. Fui convidado para organizar o Departamento de Estatística e Orçamento do Banco. Depois, tive a oportunidade de fazer um doutorado nos Estados Unidos. Fiz um curso na Universidade de Vanderbilt, no Tennessee, e me formei em Economia, me especializando em Projetos de Desenvolvimento Econômico.

RC: O senhor disse que foi assessor da presidência. Na época, quem era o presidente?

E: Quando ingressei no Banco, era um baiano o presidente, Rômulo Almeida, e, logo em seguida, ele foi substituído por Olavo João Galvão, porque veio a falecer o presidente da República, Getúlio Vargas. Pouco tempo depois, assumiu a presidência da Instituição o doutor Raul Barbosa e, na gestão dele, fiquei como assessor da Presidência.

RC: Que lembranças o senhor tem dessa convivência com o Raul Barbosa, mais amistosa do que profissional?

E: Ah! [exclama com entusiasmo]. Sem dúvidas, o Raul Barbosa era uma pessoa excelente. Era um advogado capacitado e um político muito hábil, que usou essa habilidade para evitar que a política, nos primórdios da Instituição, adentrasse a Casa. Todos eram admitidos através de concurso e promovidos por merecimento. Raul fez muito pelo Banco, defendeu-o de ataques políticos que sempre existiram.

Recordo perfeitamente que houve uma tentativa de retirada de recursos do Fundo de Risco das Secas. Existia, na Constituição, um artigo que determinava que um percentual da Receita Tributária fosse destinado ao fundo de Risco da Secas, parte do qual vinha para o Banco para ser aplicado 70% em empréstimos de longo prazo e 30% em empréstimos de curto prazo. E houve uma tentativa do Ministério da Fazenda de retirar esses recursos. Coube a nós preparar um trabalho, mostrando a impossibilidade, uma vez que parte desses recursos tinha sido emprestado a longo prazo, e parte estava no crédito comercial.

Teríamos condições de devolver dentro de um determinado prazo, uns 90 ou 120 dias, os recursos do crédito comercial. Mas os recursos emprestados a longo prazo, de maneira alguma. Esse estudo foi levado ao Ministério da Fazenda, e revogou-se a decisão de retirá-los. Mas foi um trabalho político do Raul Barbosa, um trabalho muito importante nos primórdios desta Casa.

RC: Quais foram os principais desafios do Banco do Nordeste que nascia?

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E: O principal desafio era a formação do seu quadro de pessoal, porque o mais importante ativo de uma instituição é, sem dúvida, seu pessoal e a dedicação para os propósitos e objetivos últimos da Casa, que era a promoção do desenvolvimento da Região, como ainda é. O Raul teve muitos problemas nessa área, mas ele criou o CAB, Curso de Aprendizagem Bancária, que permitiu o ingresso de pessoas acima de 14 anos, que eram treinadas. Tive a oportunidade também de lecionar no CAB – fui um dos primeiros professores do curso –, e pude ensinar o que é realmente um banco, como se trabalha. Havia aulas de Português, Matemática, Geografia... Era um curso completo.

Muitos funcionários da Casa vieram do CAB, do CHB – porque depois ele se transformou em CHB. Mas foi uma ideia do doutor Raul Barbosa, não é? Ele sempre favoreceu o treinamento de pessoas. Eu mesmo fui beneficiado com o curso na Escola Brasileira de Administração Pública, no Rio de Janeiro. Passei um ano na Ebape, estudando Administração, depois me formei nos Estados Unidos. E muitos outros funcionários foram beneficiados com bolsas de estudos e cursos dessa natureza. O próprio Nilson Holanda, que foi presidente, o Jeová Pereira Lima, que foi diretor comercial, também fizeram curso no exterior. Muitos outros funcionários tiveram essa mesma oportunidade.

RC: Ser promovido tinha um preço. No seu caso, acredito que tenha sido desapegar-se de Fortaleza. Como foi sair daqui de Fortaleza, já casado e com filhos?

E: A família me acompanhou aos Estados Unidos. Meu filho tinha seis meses de idade. Não foi fácil, evidentemente. Mas adorei o curso, porque tive uma oportunidade excepcional de lidar com os luminares da Economia na época. Por exemplo, tive aula com o autor da matriz de insumo-produto, Leontief [Wassily Leontief, economista russo falecido em 1999, ganhador do Prêmio Nobel de Economia], que era uma sumidade no assunto, e outros professores de renome.

Foi uma oportunidade magnífica. Agradeço muito ao Banco a formação que recebi graças a essa bolsa. Procurei, dentro de minhas limitações, corresponder a essa confiança, e retribuí o que recebi, trabalhando pela Instituição, na formação de pessoas. Fui também professor da Universidade Federal do Ceará, depois professor da Universidade Estadual do Ceará. Trabalhei sempre no sentido de transmitir aos novos funcionários e aos alunos os conhecimentos que havia adquirido.

RC: E após a viagem?

E: Quando regressei, fui indicado para o Departamento Industrial, era a Carteira Industrial, o Carin. Meu trabalho era a análise e avaliação de projetos. Mas, depois de

1. Resultado do primeiro concurso para provimento de vagas no Banco. Ethewaldo foi classificado em primeiro

lugar 2. Ethewaldo (D) ao lado do ex-diretor comercial Edson de Sousa Leão (C), em 1974 3. Com Nilson

Holanda (E) e Raul Barbosa (C) 4. Durante a gestão de Roberto Smith (D), ladeado pelo ex-presidente Lula

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um ano e meio que eu estava no Carin, recebi um convite do governador, que era o Virgílio Távora, para trabalhar com ele e organizar uma companhia de desenvolvimento econômico. Então, na garagem da minha casa, foi criada a Codec: Companhia de Desenvolvimento Econômico do Ceará.

Fui o primeiro dirigente dessa Companhia. Criamos também uma financeira. Isso depois foi transformado no Bandece, o Banco de Desenvolvimento do Estado do Ceará, que veio a ser absorvido pelo BEC [Banco do Estado do Ceará, fundado em 1964 e privatizado em 2005]. Também participei da constituição do BEC, no primeiro plano de metas do 1º governo Virgílio (1963-66). O Distrito Industrial também foi criado nessa época e a Codec foi transformada em Codece e hoje é Adece, dirigida por nosso ex-presidente, Roberto Smith.

RC: Qual foi a sua principal colaboração para o Banco do Nordeste?

Ethewaldo: Em 2003, fui convidado por Roberto Smith para a Diretoria da Casa. Durante a primeira gestão dele, fui diretor financeiro e nós tivemos um trabalho muito grande de reestruturação e de uniformização dos trabalhos na avaliação dos projetos. Mas, talvez um trabalho mais marcante já foi quando eu deixei a Diretoria e tornei-me secretário de Planejamento do Tribunal de Justiça e, depois de uma luta grande, conseguimos carrear todos os depósitos judiciais, na ordem de R$ 300 milhões, que estavam sendo efetuados no Banco do Brasil e na Caixa Econômica, para o Banco do Nordeste. Foi minha colaboração, digamos assim, lá do Tribunal para o Banco, trazer a administração desses recursos para uma instituição da Região.

Voltando um pouco ao passado, um trabalho importante que acredito ter feito pelo Banco foi a criação do Departamento de Operações Internacionais, o antigo Depin. E o Banco passou a operar em câmbio em 1º de julho de 1976. Na ocasião, o mercado de câmbio aqui era 85% Banco do Brasil e 15% bancos privados. Isso em 1º de julho. Quando você olha, seis meses depois, as estatísticas, você até toma um susto, porque o Banco do Nordeste ficou com 45% do mercado de câmbio, 40% o Banco do Brasil e apenas 15% os bancos privados.

Quer dizer, realmente foi um trabalho de fôlego em favor da Instituição. Contamos com a plêiade de funcionários que adoravam trabalhar no

câmbio e faziam daquilo uma devoção. Levamos parte desse pessoal para treinar no Banespa, no Bradesco, no Banco do Brasil, em bancos internacionais como o Banco de Boston.

Também foi uma sugestão nossa a criação das agências no Rio e em São Paulo. Deu trabalho porque a Administração, por razões políticas, não queria instalá-las. Uma vez, fui a uma reunião no Rio de Janeiro, representando o presidente da Casa que tinha ido a São Paulo participar de um congresso. Nessa reunião, estava o ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, que era meu amigo particular, e o Paulo Lira, presidente do Banco Central.

No coffee break, eles vieram conversar comigo. Por coincidência, não houve a reunião em São Paulo e o Nilson Holanda, que era o presidente do Banco, chegou exatamente nessa hora. Então, me deu aquela centelhazinha e eu perguntei: “Mário, o que tá havendo? Nós já pedimos a carta patente para as agências do Rio e São Paulo, e o Paulo Lira aqui não nos deu”... E o Paulo Lira: “Não, eu nunca recebi ofício pedindo isso, não”. E eu: “Mas doutor Nilson, o senhor não me disse que fez o ofício?”. “Sim, eu fiz o ofício...” e tal. Mas eu notei que ele tinha descolorido um pouco na face, porque eu acredito mesmo que ele não tenha feito esse ofício. E as cartas não saíam porque não se pedia, por razões políticas, não por razões econômicas e técnicas.

Eu disse: “Mário, como é que vai ser o negócio?”. Ele disse: “Paulo, anota aí no teu livrinho. Tu tens 24h para expedir as cartas patentes solicitadas pelo Ethewaldo”. E foi assim que nós obtivemos autorização para o Banco funcionar fora da Região. Porque sobravam recursos, divisas, aqui.

O Nordeste exportava mais do que importava, mas essas divisas eram carreadas pelo Banco do Brasil para o Centro-Sul e estavam financiando a industrialização do Centro-Sul, sem nenhum benefício para a Região. Então a ideia do Banco operar em câmbio e ter agências lá fora era participar da venda dessas divisas. Isso deu um resultado positivo durante vários anos, e a Agência de São Paulo, com esse resultado

“Na garagem da minha casa foi criada a Codec”

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positivo, sustentou muitas agências deficitárias no interior do Nordeste.

RC: Nos anos 1950, o Brasil estava se industrializando. Como foi chamar recursos para essa carteira, especificamente?

E: Contávamos com recursos do Fundo de Risco das Secas para o financiamento. Além disso, veio, no final da década, a criação da Sudene, e o artigo 3418, que permitia que 50% do imposto de renda fosse dedicado ao investimento em indústria que se instalasse no Nordeste. Então, você utilizava uma parte dos recursos do imposto de renda para a formação do capital e ainda tinha a oportunidade de receber financiamento a longo prazo do Banco. No governo do Virgílio Távora, utilizamos a Codec também como meio de alavancar esses recursos.

RC: O Banco do Nordeste foi pensado como uma instituição de desenvolvimento regional. Como foi essa atuação em estados distintos entre si, mas que fazem parte da mesma Região?

E: O Banco já nasceu com nove agências, uma em cada capital do Nordeste. Raul Barbosa teve um cuidado muito grande. Já que os recursos eram escassos, ele estabeleceu que nenhum projeto deveria ter um investimento superior a 5% do patrimônio líquido da Instituição. Claro que isso foi uma decisão de Diretoria que poderia ser excepcionalizado como vem sendo hoje em dia, em vários outros projetos. Mas foi muito importante na época de recursos escassos, porque permitiu uma distribuição dos recursos por toda a Região. Não fora essa atitude do doutor Raul Barbosa, possivelmente os

recursos estariam ainda muito mais concentrados no Ceará, na Bahia e em Pernambuco, que eram os estados que demandavam mais recursos e que tinham mais possibilidade de apresentação de projetos para financiamento de longo prazo.

RC: Olhando para os 60 anos de história do Banco do Nordeste, que pedras humanas o senhor poderia destacar? Quem ficou em sua memória como destaque nessa construção?

E: Sem dúvida alguma, o doutor Raul Barbosa foi um expoente em toda a história dessa Casa. O Joaquim Batista Fernandes também. Ele foi um homem que se dedicou totalmente ao progresso do Banco e, com descortino e perspicácia, orientou a administração do Raul. Tivemos aqui como diretor financeiro muito bom o Mário Lima, que veio do Banco do Brasil, todo o pessoal do Banco do Brasil foi muito bom. Zé Bonifácio de Sousa prestou relevantes serviços como primeiro superintendente da Casa. Tivemos Francisco de Assis Barbosa, que trabalhou na superintendência, também muito competente. Heraldo Alves Costa, na parte de crédito agrícola, era imbatível.

Enfim, o Banco teve muita sorte e contou também com Hélio Moura Lima na organização do sistema contábil. Da Casa, tivemos Nilson Holanda, Rubens Costa. A administração do doutor Roberto Smith também trouxe um progresso acentuado.

RC: Então, nós agradecemos a entrevista.

E: Eu que agradeço a oportunidade e digo que continuo a amar esta Instituição. Não estou mais na Casa, mas a amo e torço pelo seu progresso, além de desejar muito sucesso ao novo presidente.

1. Foto de formatura (1960) em Ciências Contábeis e Atuariais, na Universidade Federal do Ceará 2. Em 2003, assume a Diretoria Financeira do Banco do Nordeste, na gestão de Roberto Smith 3. Hoje, se dedica à consultoria de projetos de Desenvolvimento Econômico

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Mara Dallenna Barroso

Super-PI [email protected]

de Água Branca

Entre as trajetórias de vida marcadas pela pacata cidade de Água Branca está a de Josélia Batista Fontes dos Santos, funcionária do Banco do Nordeste desde 1976. Ela conta que chegou ao município em 1980, e que o trabalho naquela época “funcionava à base de máquinas de calcular e um caixa manual com manivela, que tinha de ser puxada

a cada número registrado. Os contratos eram todos datilografados. Inclusive, comprei uma dessas máquinas do Banco para guardar de recordação”.

Hoje, Josélia está aposentada e é cliente do BNB. Foi pioneira no ramo da comercialização de frios e congelados na cidade. Antes, a compra desses produtos só podia ser feita na capital. “O Banco foi o meu alicerce, era o meu sonho. Na época, todos gostariam de trabalhar ou no Banco do Brasil ou no Banco do Nordeste, mas simpatizo mesmo é com o BNB, que continua fazendo parte da minha vida. Todos os negócios para crescimento da minha empresa são feitos na Agência de

Localizada a 90 quilômetros de Teresina e considerada capital econômica da região, a cidade

guarda boas recordações de funcionários do BNB.

*Colaborou Djalma Cardoso Lima Neto

Atualmente, a Agência de Água Branca é coordenada pelo gerente Milton Higino de Sousa Filho e conta com 28 colaboradores. Funcionários:

Milton Higino de Sousa Filho (gerente) Djalma Cardoso Lima Neto Edivaldo Campos Nunes Filho Francisco das Chagas Alves de Araújo Francisco das Chagas Barbosa Nunes Jeffherson Policarpo Craveiro Joel Pedreiras dos Santos Lopes Marcelo Barros de Moura Milton Floriano Siqueira Filho Sebastião Ferreira Filho

Água Branca”, declara satisfeita.

O sonho de se tornar funcionário do Banco do Nordeste também era compartilhado por Djalma Cardoso Lima Neto, hoje o mais novo funcionário da Agência do município. Inicialmente aprovado para o Maranhão, sete meses depois ele conseguiu retornar para sua pacata Água Branca.

“O Banco é muito importante na minha vida, quero crescer e me aposentar nesta empresa mesmo. Hoje

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As praças de Água Branca

Água Branca possui uma característica especial: suas praças. Conservadas e limpas, elas estão por toda a cidade, tornando-se palco de eventos, passeios e encontros de casais apaixonados.

A Praça José Pereira Lopes, também conhecida como a Praça de Eventos, é um dos centros culturais da cidade e já recebeu shows de artistas locais e nacionais.

Como em todo município do interior, a praça da Igreja (Jesuíno Barbosa Monteiro) concentra os tradicionais eventos da cidade como procissões, festejos e festas juninas.

Além dessas, a cidade conta ainda com a Praça Deputado Gomes Callado, conhecida como praça da Agência e funciona também como uma espécie de rodoviária local.

Entre as principais atrações da cidade, considerada capital econômica da região, destaca-se ainda o açude Água Branca e os festejos no período carnavalesco, que atrai visitantes de diversas localidades e aquece o comércio local.

Josélia ingressou na unidade em 1976 e hoje é aposentada e cliente do Banco

me sinto realizado em fazer parte desta história, e tenho orgulho de falar do Banco e das facilidades para realização de negócios”, afirma Djalma.

Mais de 30 anos separam a história de Josélia e Djalma Neto. Mas o carinho dispensado à cidade e ao trabalho no Banco é o mesmo. “Água Branca é uma cidade que está no centro da região do Médio Parnaíba, verdadeiro centro comercial. Temos vários clientes de grande potencial, bem estruturados e que, graças ao Banco do Nordeste, cresceram e desenvolveram a região”, diz Djalma Neto.

Djalma Neto é o funcionário mais novo na Agência

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Adstoni Lopes

Ambiente de Comunicação

[email protected]

Tenho boas recordações do Holofote do Progresso, que acontecia em todos os recantos deste nosso nordestesão. O programa foi válido na época, ficou conhecido em tudo que é cidade, disseminou informações técnicas, ajudou a organizar comunidades e até a acabar casamentos. Muita gente reclamava que não gerava muitas operações, mas seu

objetivo imediato não era esse.

A coisa nem sempre era fácil para os desbravadores encarregados de “acender” o Holofote de forma linear em todos os recantos, pequenos e grandes, litoral, sertão, cerrado, região pré-amazônica e por aí vai.

As pelejas são baseadas em fatos reais, salpicadas com tempero de ficção. Poderiam ter ocorrido com qualquer um de nós naqueles idos dos anos 90.

Um parênteses para registrar que Pereirinha era casado à época com Jaciara, morena brejeira que ficava muito bem até – ou preferencialmente –, em vestidos de chita. Mas, deixemos de mão a vida pessoal do nosso herói e sigamos com a história.

Tomava um sossegado café da manhã com a patroa, depois de uma noite mal dormida devido ao choro do caçula, quando é chamado na agência. Uma rápida reunião antes de ganhar o mundo promovendo o desenvolvimento. O gerente geral, Seu Taborda, recebera instruções para “nivelar procedimentos” entre os agentes de fomento.

Nem a agência de Nova Siriema, nem o Taborda, muito menos o Pereirinha, tinha a simpatia da Supervisão Geral,

Faccumsan eum et auguerci et vel ulput lutat luptat. Euguercing eu faccum illa faccum dunt prat,

pois políticos viviam pedindo coisas impossíveis e o lugar para onde se direcionava a frustração e a culpa era sempre a humilde Nova Siriema.

Quando Pereirinha chegou, encontrou os outros agentes apreensivos. Uma ligação da Superger era sempre motivo de apreensão. Dependendo do ânimo do outro lado, aquele poderia ser seu último dia de trabalho naquele rincão.

Mas Nova Siriema ficava no alto sertão do vale do umbuzeiro seco, o que quase inviabilizava transferência como forma de punição. Naquele dia, o gerente foi direto ao assunto:

– De agora em diante, queremos a presença do prefeito em todas as reuniões do Holofote do Progresso. Precisamos melhorar nossa nota no Programa de Avaliação e a presença do prefeito agora vale pontuação extra.

O desbravador Pereirinha não achou a cobrança descabida. Afinal de contas, apesar das dificuldades, todos tinham uma boa relação com os alcaides. Não seria muito difícil convencê-los a participar das reuniões.

O problema era Calangopólis, onde o prefeito não queria a menor conversa

A insustentável presença do prefeito

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com qualquer coisa que se relacionasse a trabalho e compromissos formais.

Mas não havia tempo para ponderações. Pereirinha viajaria exatamente para Calangópolis, 100 quilômetros em estrada de barro, pedras e buracos. Pouco mais de mil “almas” habitavam aquele lugar esquecido do mundo, mas semanalmente lembrado pelos bravos rapazes do Holofote do Progresso.

Nosso herói encheu seu carro com o aparato tecnológico da época: retroprojetor, flip-chart transparências, pincéis atômicos, fita adesiva, cartazes, cartolinas, notebook e páginas e mais páginas de relatórios, para o caso do inconstante computador de mão recusar-se a desempenhar seu papel. Aquela seria mais uma exitosa oficina de Cadeias Produtoras.

Chegando na única rua asfaltada do município, foi direto para a cadeia. A empresa tinha uma espécie de escritório volante que funcionava na cadeia pública, único lugar disponível. Apesar de inusitado, o prédio atendia bem aos requisitos de funcionamento, só houve problema uma vez, mas isso é outra história...

Naquele dia Pereirinha atendeu uma dúzia de produtores, fez dois cadastros, coletou assinaturas em contratos novos e em aditivos de prorrogação de dívida. Três calanguenses foram perguntar sobre novos financiamentos, um foi deixar uma pamonha e outro apenas para saber o resultado do futebol.

Depois de atender o último cliente, Pereirinha foi para o Panela de Bode, o melhor, até porque único, restaurante da cidade. O cardápio era farto: galinha ou bode. Sentou-se numa das quatro mesas, espantou um cachorro que bufava embaixo e escolheu galinha.

Depois do almoço, Pereirinha dirigiu-se ao ginásio Gerivaldão, onde às 14 horas deveria iniciar a oficina do Holofote. Boa representatividade e a presença das poucas instituições públicas e privadas que atuavam no município. O representante do empresariado local era exatamente Chico Gago, próspero proprietário do Panela de Bode.

Biu das Medalhas, secretário de agricultura que ajudava muito Pereirinha a divulgar as reuniões, havia garantido a presença do prefeito.

Chegando o momento de iniciar a oficina, nada do Gerivaldo. Sem disfarçar a impaciência,

Pereirinha pediu ao grupo de xaxado Cacimba de Poeira, que estava ali interessado em fazer um financiamento, que fosse distraindo o povo. Nosso agente, então, foi correndo, feito preá que sai de gaiola, até a casa do prefeito.

O alcaide palitava os dentes numa rede do alpendre. Na dúvida se deveria mesmo incomodar o descanso, pensou no bônus que Nova Siriema obteria e foi em frente.

– Boa tarde, seu prefeito. Nossa reunião já vai começar, né?

– Boa. Respondeu o prefeito, apurando a vista para ver quem o incomodava. - O que vai ser tratado mesmo? complementou, comprovando o que se desconfiava. O prefeito não lera o convite, nem Biu falara do assunto.

– Vamos debater sobre os elementos das Cadeias Produtoras, gargalos e potencialidades, as principais atividades econômicas do município e o que podemos fazer para desenvolvê-las, aumentando assim a geração de emprego e renda, melhorando a qualidade de vida das pessoas e fazendo circular mais recursos no município.

Pereirinha disse tudo isso num fôlego só, para não dar uma brecha para o prefeito encaixar outro assunto e sair pela tangente.

Enquanto Gerivaldo pensava numa desculpa qualquer, o agente emendou:

– O povo já está lá esperando. Sua presença é fundamental para o sucesso da reunião.

Populista e vaidoso, esses detalhes acertaram dois pontos fracos do chefe do Executivo.

– Quantas pessoas têm lá? Perguntou ele, já convencido a não perder a chance.

Chegaram juntos ao ginásio, com Gerivaldo acenando. Foi parar o forró e nosso herói dar as boas vindas. Falou da satisfação de iniciar a oficina, enalteceu a presença ilustre do prefeito,

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“parceiro de todas as horas”, e passou a palavra.

Enquanto Gerivaldo se ajeitava ao microfone, o agente sentou-se à mesa, abriu o notebook para registrar a fala que provaria a presença bonificadora junto às instâncias superiores.

O prefeito colocou a mão esquerda no ombro de Pereirinha e fez o seguinte discurso:

– Meu caro amigo, Calangópolis é uma cidade sem futuro. A única coisa que movimenta aqui é a aposentadoria dos velhinhos. Se vocês quiserem botar mais dinheiro, será muito bom, mas aviso

que aqui não tem esse negócio de cadeia produtora. A única cadeia é aquela que já emprestamos para vocês. Diante do exposto, peço a sua licença, pois tenho um compromisso importante e inadiável.

Nosso agente ficou por alguns segundos sem saber o que

fazer. Mesmo treinado para missões quase impossíveis, aquela marmotagem do prefeito fugira do seu script.

Seguindo a pauta, foi apresentar as transparências com informações sobre o que era mesmo uma cadeia produtora, seus possíveis elementos enfim, todo o seu arsenal argumentativo que aprendera no curso na capital. Na plateia, silêncio abissal.

Sua saída foi fazer perguntas para tirar o povo da passividade. Perguntou sobre a existência de caprinos suficientes para gerar rendimento e a oficina começou a esquentar.

Zé da Doida, da associação dos produtores do Chão Rachado, perguntou se Pereirinha não havia reparado na grande quantidade de determinado animal na estrada de piçarra. Sem esperar resposta, Zé passa a discorrer sobre os calangos que empestavam aquela caatinga.

Para não voltar à estaca zero, Pereirinha seguiu:

– O que pode ser explorado no calango?

– Ora, a carne e o couro. Ponderou Zé. Vi na televisão gente ganhando dinheiro com jacaré. E calango não é um tipo de jacaré que anda no seco e se esqueceu de crescer?

– Só se a carne for para tira gosto de cachaça e o couro para fazer cinto de mulher, rebateu logo dona Zefa Galega, presidente do Clube de Mães, fazendo pouco caso da ideia.

Desconfiado que aquele remoído não terminaria bem, Pereirinha tentou dar um sentido mais pragmático àquela reunião.

– Temos alguns financiamentos de caprinos e, nesse caso, poderíamos dar ênfase a esse segmento econômico. Era Pereirinha falando difícil para tentar dar um rumo ao debate.

– Ah, mas aqui em Calangópolis só quem vende bode é seu Gerivaldo, que vai buscar na feira de Bodelândia, todo sábado, no caminhão da prefeitura, mas o preço é muito salgado! Disse o vereador Raimundo Bacurau, oposicionista, desde que o prefeito não estivesse presente.

As fichas caíram na cabeça do nosso agente. Entendia agora porque Gerivaldo era tão arredio. Além de único atravessador, usava a máquina da prefeitura para vender seus bodes.

Mas, a partir daí, a reunião avançou e culminou com a proposta de realização da 1ª. Feira de Caprinos de Calangópolis, mesmo com o risco de bater de frente com o chefe do executivo.

Na estrada, no retorno para Nova Siriema, Pereirinha acelerou, atropelou involuntariamente alguns calangos e lembrou-se da recomendação do Taborda para dar uma boa “guaribada” nos depoimentos. Deixou de lado a má vontade do prefeito que, para encurtar a história, teve sua fala registrada mais ou menos assim:

“Prefeito Gerivaldo: ponderou sobre os gargalos e as dificuldades socioeconômicas do município, falou sobre a movimentação financeira naquela comunidade e enfatizou a parceria do Banco com a prefeitura para superar os entraves de acesso ao crédito. Demonstrou certo desconhecimento sobre a dinâmica das cadeias produtoras, o que comprovou o caráter oportuno da referida oficina”.

Vamos em frente!

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CruZADEX

Vamos testar seus conhecimentos gerais, com ênfase no Nordeste. Envie suas respostas para a pasta institucional Revista Conterrâneos ou para o Ambiente de Comunicação Social. Os 50 primeiros a enviarem respostas corretas serão contemplados com camisa da revista de quem é do Banco do Nordeste.

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HORIZONTAIS

1 - Cidade cearense com praia homônima em Recife (AG) – Pequeno lagarto abundante no Nordeste – Sigla inglesa para Universal Serial Bus, que permite diversas conexões.2 - Cidade da antiga Mesopotâmia, terra natal de Abraão – Unidade do Banco que, em convênio com o Inec, mescla atendimento a clientes com atividades socioculturais – O choro do bebê.3 - Passar para dentro de – Sigla do estado de Alagoas – A cantora romântica de sobrenome Lafayete – Abreviatura de arroba.4 - O sétimo dos profetas menores hebraico, autor do livro que leva seu nome – Escola de Formação (sigla) – Documento Único de Trânsito (sigla) – Abreviatura de jurídico.5 - Palavra latina que é elemento formativo de palavras com o sentido de todo ou inteiro – Nome do décimo terceiro papa da igreja cristã, entre 174 e 189 – Palmeira nativa da amazônia, cuja plantação denomina grande município maranhense.6 - _____Connery, ator escocês que fez sucesso como James Bond – Alimentar – Na fórmula 1, a ordem dos pilotos no ínicio da corrida.7 - Arquivo Nacional – Bairro nobre de Salvador – Folhagens – Primeira pessoa do verbo amar.8 - Instituto de Tecnologia – Oposto de entrada – Personagem da história pernabucana que passou para o lado dos holandeses, no século XVII.9 - Antônimo de fundo – Preposição – Tipo de pena capital.10 - Muitos formam uma corrente – Cozinhar – Escola de Administração – Verbo derivado de dor.11 - Companhia (Abrev.)– Mamífero robusto com chifres sobre o nariz – Soldado (sigla).12 - Município baiano com homônimo do Piauí (AG) – Escola Superior de Educação – Município paraibano (AG).

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VERTICAIS

1 - Capital da Argentina e município de Pernambuco.2 - Salto ___ (modalidade de esporte aquático).3 - ___ Luso, time de futebol do Pará – Eu soco, Tu socas, Ele ___.4 - Fissurado, viciado (regional) – Ele (francês).5 - Instituto Superior de Arqueologia – Símbolo de sódio (químico) – Comissão de Assuntos Econômicos.6 - Confiscado.7 - Gabão (sigla) – Substantivo de fluido.8 - ___ de Queiroz (escritor lusitano) – Vulcão localizado na Itália – Período de tempo longo que geralmente começa com fato histórico. 9 - Caixilho para guarnecer quadros – Primeira pessoa do pretérito perfeito de rir. 10 - Unidade de Terapia Intensiva – Ceará (sigla) – Nordeste (sigla).11 - A Revista de quem é do Banco do Nordeste. 12 - Caru___, cidade pernambucana, capital mundial do forró (AG) – Planta herbácea comestível.13 - Lei de Diretrizes Básicas da Educação – Masculino de irmã.14- Três primeiras vogais – Contrário de fechar.15 - National Security Agency (sigla) – Sagrados 16 - Grupo de trabalho (sigla) – Oferenda dedicada a orixás (africano) – Deus egípcio do Sol – Laço.17 - Organização dos Estados Americanos (sigla) – Timeline (sigla). 18 – Campina Grande (AG) – Artefato para frear equinos. 19 - Cidade serrana do interior cearense que possui parque nacional – Em + o.20 - Cidade do interior de Pernambuco com nome de peixe fluvial (AG) – Trabalho final de um doutorado.21 - Município maranhense com reserva indígena (AG).

*Todas as cidades sinalizadas com a sigla AG possuem agências do Banco do Nordeste.

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A revista de quem é do Banco do Nordeste

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SUAS EXPERIÊNCIAS COM O ATO DE DOAR SANGUE

memória Da genteENTREVISTA ESPECIAL COM ETHEWALDO

GUIMARÃES, FUNCIONÁRIO APROVADO NO PRIMEIRO CONCURSO DO BANCO

RELAÇÕES HOMOAFETIVAS E LEGISLAÇÃO | CULINÁRIA MARANHENSE | VIVÊNCIAS DA FÉ EVANGÉLICA |

ATLETAS BENEBEANOS RUMO À CHINA

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