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Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

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AO LEITORAO LEITORAO LEITOR

Produzida e distribuída por Comunicar [email protected]

Acesse a versão eletrônica em

Maio/2010 Junho/2013Maio/2012

Maio/2014

Junho/2011 Dezembro/2013Novembro/2012

Novembro/2014 Novembro/2015

www.comunicarbrasil.com.br

Mais regulação e mais investimento

Ano 7 – Número 10 – Maio de 2016

www.cosemsrs.org.brC

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

151103_CapaFINAL.pdf 1 05/11/2015 18:46:03

SUL [email protected]: (51) 3023-6370Rua Rita Lobato, 191 - Conjunto 407Bairro Praia de BelasPorto Alegre/RS - CEP 90110-040

Editor e jornalista responsável: Charles Furtado Vilela (MTB 9780)

Colaboraram nesta edição: Diego Furtado Vilela (DRT/RS 16195), Mariana Aguirre (MTB 14773), Ranieri Zilio Moriggi (MTB 16114) e Simone Ludwig (MTB 17754)

Assistente de Operações: Rafael Ferreira Botelho

Projeto gráfico: Comunicar Brasil

SUDESTE [email protected]: (11) 3522-9203Av. Paulista, 1471 – Conjunto 1311Bairro Cerqueira César São Paulo/SP – CEP 01311-200

Capa: Giovani Urio e Charles Furtado Vilela

Diagramação: Giovani Urio

Revisão ortográfica: Amanda Dal’Zotto Parizote, Gabriela Bastos Cipriano, Leonardo Maliszewski da Rosa e Neuza Terezinha Bataglim

Impressão: Gráfica Pallotti

Tiragem: 5.000 exemplares

hegamos à 10ª edição da Revista COSEMS/RS, apresentando os 46 trabalhos selecionados para a “Mostra Estadual de Experiên-

cias Exitosas do SUS nos Municípios do Rio Grande do Sul 2015”, realizada no Congresso

do COSEMS/RS, e que recebeu um re-corde de inscrições, com 91 trabalhos par-ticipantes. Junto ao resumo de cada ini-ciativa, informamos o nome de seus autores e coautores, incluindo um telefone e e-mail para facilitar o contato

caso se deseje obter mais informações sobre a ação.

Na matéria central, retomamos o tema do financiamento que, por sua importância, es-

Cteve em diversas oportunidades pautado nessa publicação. Desta vez, ampliamos essa abor-dagem, envolvendo questões centrais do dia a dia das gestões que se rel acionam diretamente aos investimentos, como a contratualização e a regulação. Sem deixar de destacar o motivo principal da existência desta Revista — a de dar voz aos Secretários Municipais de Saúde —, agregamos, também, a posição de três pre-feitos. Mais do que administrar as dificuldades em seus municípios, esses gestores têm uma trajetória especial por terem ocupado a função de secretário municipal da Saúde ou, especial-mente no caso do prefeito de Panambi, Miguel Schmitt-Prym — primeiro presidente da Asso-ciação dos Secretários e Dirigentes Municipais de Saúde (ASSEDISA/RS), entidade que, em 2012, passou a se denominar COSEMS/RS —, que acumula ainda essa função.

Muito além de apresentar a dificul-dade que os gestores enfrentam para gerir a

saúde em seus territórios com recursos insu-ficientes, atraso nos repasses e instabilidade das políticas pactuadas em instâncias, como as Comissões Intergestores, nos permitimos problematizar o modo de condução da gestão e discutir a implicação do nível de controle que o município exerce sobre o sistema local e regio-nal de saúde. Acreditamos que, ao tratar desse tema, embora ainda de maneira inicial, esta-remos incentivando os gestores a avaliarem permanentemente seus processos, prática que é essencial para a melhoria constante do SUS. ***

A matéria central desta edição, e, mais especificamente, a que apresenta diver-sos depoimentos de secretários municipais de Saúde e prefeitos, foi produzida entre os me-ses de fevereiro e março de 2016.

Boa leitura a todos!

Charles Furtado VilelaEditor

EXPEDIENTEO Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS) é uma entidade civil de direito privado sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Tem por finalidade a luta pela hegemonia dos municípios, congregando os secretários e dirigentes municipais de Saúde e funcionando como órgão permanente de intercâmbio de experiências na área. Busca ser protagonista das políticas da Saúde em nível estadual e nacional e atua para que a Saúde nos municípios do Estado do Rio Grande do Sul seja a melhor possível.

* LISTA DE REPRESENTAÇÕES ATÉ MARÇO DE 2016DIRETORIAMarcelo Bosio PRESIDENTE Secretário da Saúde de Canoas Sandra Sperotto1ª VICE-PRESIDENTESecretária da Saúde de Viamão Marcos Roberto Petri 2º VICE-PRESIDENTESecretário da Saúde de Victor Graeff Dilma Tessari 1ª SECRETÁRIASecretária da Saúde de Caxias do Sul Celso Caetano 2º SECRETÁRIOSecretário da Saúde de Jaguarão

Emerson Magni da Silva 1º TESOUREIROSecretário da Saúde de Osório

Francisco Lima 2º TESOUREIROSecretário da Saúde de São Vicente do Sul CONSELHO FISCAL Titulares: Ademar Kuyven (Senador Salgado Filho), Paulo Fernandes (Palmeira das Missões) e Rosane da Rosa (Venâncio Aires)Suplentes: Daniel Ferrony (São Gabriel), Fernando Ritter (Porto Alegre) e Maria Ester Poersch Griebler (Bom Princípio)

SECRETARIAS ESPECIAISURGÊNCIA E EMERGÊNCIA Titular: Vera Elizabeth Lima da Silva (Rio Grande)Suplente: Glademir Schwingel (Lajeado)

ATENÇÃO BÁSICA Titular: Maria do Horto Salbego (Alegrete)Suplente: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa)

REGULAÇÃOTitular: José Eloir Wink (Sapucaia do Sul)Suplente: Fernando Ritter (Porto Alegre)

VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO EM SAÚDE Titular: Daniele Campana Campani (Bagé)Suplente: Altair Ecker (Sarandi)

GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE Titular: André Kissel (Santo Ângelo)Suplente: Melissa Wisniewski (Minas do Leão)

CONTROLE SOCIAL Titular: Marly Vendruscolo (Frederico Westphalen)Suplente: Adir Cesar Alves (Santo Antônio das Missões)

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Titular: Marino Eugênio Deves (Encantado)Suplente: Izar Mirailh (Quaraí)

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Titular: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa)Suplente: Carlos Alberto da Silva Santos Júnior (Bom Retiro)

COMUNICAÇÃOTitular: Cleonice Poletto da Silva (Jóia)Suplente: Ronaldo Costa Madruga (Pinheiro Machado)

SAÚDE MENTALTitular: Luciane Bastos da Silva (Canguçu)Suplente: Leomar Maurer (Cacequi)

MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE Titular: João Guerino Rui (Nova Prata)

Suplente: Natália Ivone Steinbrenner (Santana do Livamento)

CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO Titular: Vânia Olivo (Santa Maria)Suplente: Cláudia Daniel (Nova Araçá)

GRUPOS DE TRABALHO (GTs)ATENÇÃO BÁSICA Titulares: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa), Daniel Ferrony (São Gabriel), Maria do Horto Salbego (Alegrete), Rosane da Rosa (Venâncio Aires) e Sandra Sperotto (Viamão)Suplentes: Elisiane Bisognin (Santa Rosa), Fernando Ritter (Porto Alegre), José Eloir Wink (Sapucaia do Sul), Josedete Fróes (Entre Ijuís) e Realda Simone do Amaral (Igrejinha) VIGILÂNCIA EM SAÚDE Titulares: Daniele Campana Campani (Bagé), Fernando Ritter (Porto Alegre), Isabel do Canto (Nova Santa Rita), Marcelo Bosio (Canoas) e Vera Elizabeth Lima da Silva (Rio Grande)Suplentes: Andrea Candor da Silva (Lavras do Sul) e José Eloir Wink (Sapucaia do Sul) ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Titulares: Daniel Ferrony (São Gabriel), João Roberto Rotta Vogel (Espumoso), Luciano Pedron (Restinga Sêca) e Sandra Sperotto (Viamão)Suplentes: José Eloir Wink (Sapucaia do Sul) e Vilmar Luís Vasconcellos Muneiro (Hulha Negra) ATENÇÃO SECUNDÁRIA, TERCIÁRIA, REGULAÇÃO, URGÊNCIA E EMERGÊNCIATitulares: Dilma Tessari (Caxias do Sul), Fernando Ritter (Porto Alegre), José Eloir Wink (Sapucaia do Sul), Júlio Copstein Galperim (São Leopoldo) e Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa)Suplentes: Adriana Krum (Santa Maria), Arita Bergmann (Pelotas), Isabel do Canto (Nova Santa Rita), Marino Eugênio Deves (Encantado) e Marcelo Bosio (Canoas)Municípios de até 5 mil habitantes: Cláudia Daniel (Nova Araçá) e Valmir Alves de Borba (Fazenda Vila Nova)Entre 5 mil e 20 mil habitantes: Andrea Candor da Silva (Lavras do Sul)Entre 20 mil e 50 mil habitantes: Ana Paula Macedo (Esteio) e Madga Regina Dorr (Imbé) Entre 50 mil e 100 mil habitantes: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa) e Rosane da Rosa (Venâncio Aires)Acima de 100 mil habitantes: Leandro Abreu de Souza (Canoas) e Tânia Boniatti (Caxias do Sul)Representação de Porto Alegre: Fátima Ali

GESTÃO E PLANEJAMENTO Titulares: Dilma Tessari (Caxias do Sul), Emerson Magni da Silva (Osório), Isabel do Canto (Nova Santa Rita), Júlio Copstein Galperim (São Leopoldo) e Luís Carlos Bolzan (Assessor Técnico COSEMS)Suplentes: Cleonice Poletto da Silva (Jóia), João Guerino Rui (Nova Prata), Leomar Maurer (Cacequi) e Rosane Maria Muck (Três Coroas) REDE CEGONHADaiana Ruaro (Venâncio Aires), Dino Lorenzi (Caxias do Sul), Luciane Gomes (Piratini), Rosana Nery Soldatelli (Vacaria), Tatiane Jagnow Dias (Esteio), Vanessa da Fonseca (Viamão) e Vanessa Priegschardt Martins (Santa Maria)

RAPS Carina Corrêa da Silva (Nova Petrópolis), Cláudio Silva de Souza (Esteio), Elisiane Bisognin (Santa Rosa), Graziela Vasques (São Lourenço do Sul), Sandra Cristina Diemer (Sapiranga) e Sandra Sperotto (Viamão)

PROVAB E MAIS MÉDICOSTitulares: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa), Luís Carlos Bolzan (Assessor Técnico COSEMS) e Sinara Dhiel (Sinimbu)Suplentes: Daniel Ferrony (São Gabriel), Natália Ivone Steinbrenner (Santana do Livramento) e Rosane da Rosa (Venâncio Aires)

FINANCIAMENTOTitulares: Fernando Ritter (Porto Alegre) e Sandra Sperotto (Viamão)

COMISSÃO INTERGESTORES BIPARTITE (CIB)Municípios de até 5 mil habitantesTitular: Marcos Roberto Petri (Victor Graeff)Suplente: Cristiano Ricardo Scherdien (Turuçu) Entre 5 mil e 20 mil habitantes Titular: Francisco Lima (São Vicente do Sul)Suplente: Eloy Hirsch (Salto do Jacuí) Entre 20 mil e 50 mil habitantes Titular: Paulo Roberto Oliveira Fernandes (Palmeira das Missões)Suplente: Fabiana Bitencourt (Santa Vitória do Palmar) Entre 50 mil e 100 mil habitantesTitular: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa)Suplente: Daniel Ferrony (São Gabriel) Acima de 100 mil habitantes Titular: Dilma Tessari (Caxias do Sul)Suplente: Vânia Olivo (Santa Maria) Capital Titular: Fernando Ritter (Porto Alegre)Suplente: Fátima Ali (Porto Alegre)

SECRETARIA TÉCNICA (SETEC) Titular: Arilson da Silva Cardoso (São Lourenço do Sul)Suplente: Rosane da Rosa (Venâncio Aires)

Titular: Maria do Horto Salbego (Alegrete)Suplente: Emerson Leite (Sapiranga)

Titular: Diego Espíndola (Piratini)Suplente: Arita Bergmann (Pelotas)

Titular: Sandra Sperotto (Viamão)Suplente: José Eloir Wink (Sapucaia do Sul)

Titular: Marcelo Bosio (Canoas)

Titular: Fernando Ritter (Porto Alegre)Suplente: Fátima Ali (Porto Alegre)

DEMAIS REPRESENTAÇÕESCONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE (CES) Titular: Luís Carlos Bolzan (Assessor Técnico COSEMS)Suplente: Marcos Roberto Petri (Victor Graeff)

SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA Titular: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa)

FÓRUM PERMANENTE DE AUDITORIA Titular: Dilma Tessari (Caxias do Sul)

CONSELHO DELIBERATIVO DA FEPPS Titular: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa)Suplente: Emerson Magni da Silva (Osório) COMITÊ INTERFEDERATIVO DE AIDS Titular: Ângela Maria Henrich Marmitt (Estância Velha)Suplente: Sandra Sperotto (Viamão)

COMITÊ DA MICROCEFALIATitulares: Ana Maria Rodrigues (Assessora Técnica COSEMS) e Ana Paula Macedo (Esteio)Suplente: Sandra Sperotto (Viamão) COMISSÕES DE ACOMPANHAMENTO DOS HOSPITAIS 4ª CRS: Vânia Olivo (Santa Maria), 11ª CRS: Plínio Costa Júnior (Erechim), 13ª CRS: Rosane da Rosa (Venâncio Aires), 14ª CRS: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa), 18ª CRS: Emerson Magni da Silva (Osório) e 18ª CRS: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa)

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Produzida e distribuída por Comunicar [email protected]

Acesse a versão eletrônica em

Maio/2010 Junho/2013Maio/2012

Maio/2014

Junho/2011 Dezembro/2013Novembro/2012

Novembro/2014 Novembro/2015

www.comunicarbrasil.com.br

Mais regulação e mais investimento

Ano 7 – Número 10 – Maio de 2016

www.cosemsrs.org.brC

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

151103_CapaFINAL.pdf 1 05/11/2015 18:46:03

SUL [email protected]: (51) 3023-6370Rua Rita Lobato, 191 - Conjunto 407Bairro Praia de BelasPorto Alegre/RS - CEP 90110-040

Editor e jornalista responsável: Charles Furtado Vilela (MTB 9780)

Colaboraram nesta edição: Diego Furtado Vilela (DRT/RS 16195), Mariana Aguirre (MTB 14773), Ranieri Zilio Moriggi (MTB 16114) e Simone Ludwig (MTB 17754)

Assistente de Operações: Rafael Ferreira Botelho

Projeto gráfico: Comunicar Brasil

SUDESTE [email protected]: (11) 3522-9203Av. Paulista, 1471 – Conjunto 1311Bairro Cerqueira César São Paulo/SP – CEP 01311-200

Capa: Giovani Urio e Charles Furtado Vilela

Diagramação: Giovani Urio

Revisão ortográfica: Amanda Dal’Zotto Parizote, Gabriela Bastos Cipriano, Leonardo Maliszewski da Rosa e Neuza Terezinha Bataglim

Impressão: Gráfica Pallotti

Tiragem: 5.000 exemplares

hegamos à 10ª edição da Revista COSEMS/RS, apresentando os 46 trabalhos selecionados para a “Mostra Estadual de Experiên-

cias Exitosas do SUS nos Municípios do Rio Grande do Sul 2015”, realizada no Congresso

do COSEMS/RS, e que recebeu um re-corde de inscrições, com 91 trabalhos par-ticipantes. Junto ao resumo de cada ini-ciativa, informamos o nome de seus autores e coautores, incluindo um telefone e e-mail para facilitar o contato

caso se deseje obter mais informações sobre a ação.

Na matéria central, retomamos o tema do financiamento que, por sua importância, es-

Cteve em diversas oportunidades pautado nessa publicação. Desta vez, ampliamos essa abor-dagem, envolvendo questões centrais do dia a dia das gestões que se rel acionam diretamente aos investimentos, como a contratualização e a regulação. Sem deixar de destacar o motivo principal da existência desta Revista — a de dar voz aos Secretários Municipais de Saúde —, agregamos, também, a posição de três pre-feitos. Mais do que administrar as dificuldades em seus municípios, esses gestores têm uma trajetória especial por terem ocupado a função de secretário municipal da Saúde ou, especial-mente no caso do prefeito de Panambi, Miguel Schmitt-Prym — primeiro presidente da Asso-ciação dos Secretários e Dirigentes Municipais de Saúde (ASSEDISA/RS), entidade que, em 2012, passou a se denominar COSEMS/RS —, que acumula ainda essa função.

Muito além de apresentar a dificul-dade que os gestores enfrentam para gerir a

saúde em seus territórios com recursos insu-ficientes, atraso nos repasses e instabilidade das políticas pactuadas em instâncias, como as Comissões Intergestores, nos permitimos problematizar o modo de condução da gestão e discutir a implicação do nível de controle que o município exerce sobre o sistema local e regio-nal de saúde. Acreditamos que, ao tratar desse tema, embora ainda de maneira inicial, esta-remos incentivando os gestores a avaliarem permanentemente seus processos, prática que é essencial para a melhoria constante do SUS. ***

A matéria central desta edição, e, mais especificamente, a que apresenta diver-sos depoimentos de secretários municipais de Saúde e prefeitos, foi produzida entre os me-ses de fevereiro e março de 2016.

Boa leitura a todos!

Charles Furtado VilelaEditor

EXPEDIENTEO Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS) é uma entidade civil de direito privado sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Tem por finalidade a luta pela hegemonia dos municípios, congregando os secretários e dirigentes municipais de Saúde e funcionando como órgão permanente de intercâmbio de experiências na área. Busca ser protagonista das políticas da Saúde em nível estadual e nacional e atua para que a Saúde nos municípios do Estado do Rio Grande do Sul seja a melhor possível.

* LISTA DE REPRESENTAÇÕES ATÉ MARÇO DE 2016DIRETORIAMarcelo Bosio PRESIDENTE Secretário da Saúde de Canoas Sandra Sperotto1ª VICE-PRESIDENTESecretária da Saúde de Viamão Marcos Roberto Petri 2º VICE-PRESIDENTESecretário da Saúde de Victor Graeff Dilma Tessari 1ª SECRETÁRIASecretária da Saúde de Caxias do Sul Celso Caetano 2º SECRETÁRIOSecretário da Saúde de Jaguarão

Emerson Magni da Silva 1º TESOUREIROSecretário da Saúde de Osório

Francisco Lima 2º TESOUREIROSecretário da Saúde de São Vicente do Sul CONSELHO FISCAL Titulares: Ademar Kuyven (Senador Salgado Filho), Paulo Fernandes (Palmeira das Missões) e Rosane da Rosa (Venâncio Aires)Suplentes: Daniel Ferrony (São Gabriel), Fernando Ritter (Porto Alegre) e Maria Ester Poersch Griebler (Bom Princípio)

SECRETARIAS ESPECIAISURGÊNCIA E EMERGÊNCIA Titular: Vera Elizabeth Lima da Silva (Rio Grande)Suplente: Glademir Schwingel (Lajeado)

ATENÇÃO BÁSICA Titular: Maria do Horto Salbego (Alegrete)Suplente: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa)

REGULAÇÃOTitular: José Eloir Wink (Sapucaia do Sul)Suplente: Fernando Ritter (Porto Alegre)

VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO EM SAÚDE Titular: Daniele Campana Campani (Bagé)Suplente: Altair Ecker (Sarandi)

GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE Titular: André Kissel (Santo Ângelo)Suplente: Melissa Wisniewski (Minas do Leão)

CONTROLE SOCIAL Titular: Marly Vendruscolo (Frederico Westphalen)Suplente: Adir Cesar Alves (Santo Antônio das Missões)

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Titular: Marino Eugênio Deves (Encantado)Suplente: Izar Mirailh (Quaraí)

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Titular: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa)Suplente: Carlos Alberto da Silva Santos Júnior (Bom Retiro)

COMUNICAÇÃOTitular: Cleonice Poletto da Silva (Jóia)Suplente: Ronaldo Costa Madruga (Pinheiro Machado)

SAÚDE MENTALTitular: Luciane Bastos da Silva (Canguçu)Suplente: Leomar Maurer (Cacequi)

MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE Titular: João Guerino Rui (Nova Prata)

Suplente: Natália Ivone Steinbrenner (Santana do Livamento)

CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO Titular: Vânia Olivo (Santa Maria)Suplente: Cláudia Daniel (Nova Araçá)

GRUPOS DE TRABALHO (GTs)ATENÇÃO BÁSICA Titulares: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa), Daniel Ferrony (São Gabriel), Maria do Horto Salbego (Alegrete), Rosane da Rosa (Venâncio Aires) e Sandra Sperotto (Viamão)Suplentes: Elisiane Bisognin (Santa Rosa), Fernando Ritter (Porto Alegre), José Eloir Wink (Sapucaia do Sul), Josedete Fróes (Entre Ijuís) e Realda Simone do Amaral (Igrejinha) VIGILÂNCIA EM SAÚDE Titulares: Daniele Campana Campani (Bagé), Fernando Ritter (Porto Alegre), Isabel do Canto (Nova Santa Rita), Marcelo Bosio (Canoas) e Vera Elizabeth Lima da Silva (Rio Grande)Suplentes: Andrea Candor da Silva (Lavras do Sul) e José Eloir Wink (Sapucaia do Sul) ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Titulares: Daniel Ferrony (São Gabriel), João Roberto Rotta Vogel (Espumoso), Luciano Pedron (Restinga Sêca) e Sandra Sperotto (Viamão)Suplentes: José Eloir Wink (Sapucaia do Sul) e Vilmar Luís Vasconcellos Muneiro (Hulha Negra) ATENÇÃO SECUNDÁRIA, TERCIÁRIA, REGULAÇÃO, URGÊNCIA E EMERGÊNCIATitulares: Dilma Tessari (Caxias do Sul), Fernando Ritter (Porto Alegre), José Eloir Wink (Sapucaia do Sul), Júlio Copstein Galperim (São Leopoldo) e Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa)Suplentes: Adriana Krum (Santa Maria), Arita Bergmann (Pelotas), Isabel do Canto (Nova Santa Rita), Marino Eugênio Deves (Encantado) e Marcelo Bosio (Canoas)Municípios de até 5 mil habitantes: Cláudia Daniel (Nova Araçá) e Valmir Alves de Borba (Fazenda Vila Nova)Entre 5 mil e 20 mil habitantes: Andrea Candor da Silva (Lavras do Sul)Entre 20 mil e 50 mil habitantes: Ana Paula Macedo (Esteio) e Madga Regina Dorr (Imbé) Entre 50 mil e 100 mil habitantes: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa) e Rosane da Rosa (Venâncio Aires)Acima de 100 mil habitantes: Leandro Abreu de Souza (Canoas) e Tânia Boniatti (Caxias do Sul)Representação de Porto Alegre: Fátima Ali

GESTÃO E PLANEJAMENTO Titulares: Dilma Tessari (Caxias do Sul), Emerson Magni da Silva (Osório), Isabel do Canto (Nova Santa Rita), Júlio Copstein Galperim (São Leopoldo) e Luís Carlos Bolzan (Assessor Técnico COSEMS)Suplentes: Cleonice Poletto da Silva (Jóia), João Guerino Rui (Nova Prata), Leomar Maurer (Cacequi) e Rosane Maria Muck (Três Coroas) REDE CEGONHADaiana Ruaro (Venâncio Aires), Dino Lorenzi (Caxias do Sul), Luciane Gomes (Piratini), Rosana Nery Soldatelli (Vacaria), Tatiane Jagnow Dias (Esteio), Vanessa da Fonseca (Viamão) e Vanessa Priegschardt Martins (Santa Maria)

RAPS Carina Corrêa da Silva (Nova Petrópolis), Cláudio Silva de Souza (Esteio), Elisiane Bisognin (Santa Rosa), Graziela Vasques (São Lourenço do Sul), Sandra Cristina Diemer (Sapiranga) e Sandra Sperotto (Viamão)

PROVAB E MAIS MÉDICOSTitulares: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa), Luís Carlos Bolzan (Assessor Técnico COSEMS) e Sinara Dhiel (Sinimbu)Suplentes: Daniel Ferrony (São Gabriel), Natália Ivone Steinbrenner (Santana do Livramento) e Rosane da Rosa (Venâncio Aires)

FINANCIAMENTOTitulares: Fernando Ritter (Porto Alegre) e Sandra Sperotto (Viamão)

COMISSÃO INTERGESTORES BIPARTITE (CIB)Municípios de até 5 mil habitantesTitular: Marcos Roberto Petri (Victor Graeff)Suplente: Cristiano Ricardo Scherdien (Turuçu) Entre 5 mil e 20 mil habitantes Titular: Francisco Lima (São Vicente do Sul)Suplente: Eloy Hirsch (Salto do Jacuí) Entre 20 mil e 50 mil habitantes Titular: Paulo Roberto Oliveira Fernandes (Palmeira das Missões)Suplente: Fabiana Bitencourt (Santa Vitória do Palmar) Entre 50 mil e 100 mil habitantesTitular: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa)Suplente: Daniel Ferrony (São Gabriel) Acima de 100 mil habitantes Titular: Dilma Tessari (Caxias do Sul)Suplente: Vânia Olivo (Santa Maria) Capital Titular: Fernando Ritter (Porto Alegre)Suplente: Fátima Ali (Porto Alegre)

SECRETARIA TÉCNICA (SETEC) Titular: Arilson da Silva Cardoso (São Lourenço do Sul)Suplente: Rosane da Rosa (Venâncio Aires)

Titular: Maria do Horto Salbego (Alegrete)Suplente: Emerson Leite (Sapiranga)

Titular: Diego Espíndola (Piratini)Suplente: Arita Bergmann (Pelotas)

Titular: Sandra Sperotto (Viamão)Suplente: José Eloir Wink (Sapucaia do Sul)

Titular: Marcelo Bosio (Canoas)

Titular: Fernando Ritter (Porto Alegre)Suplente: Fátima Ali (Porto Alegre)

DEMAIS REPRESENTAÇÕESCONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE (CES) Titular: Luís Carlos Bolzan (Assessor Técnico COSEMS)Suplente: Marcos Roberto Petri (Victor Graeff)

SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA Titular: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa)

FÓRUM PERMANENTE DE AUDITORIA Titular: Dilma Tessari (Caxias do Sul)

CONSELHO DELIBERATIVO DA FEPPS Titular: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa)Suplente: Emerson Magni da Silva (Osório) COMITÊ INTERFEDERATIVO DE AIDS Titular: Ângela Maria Henrich Marmitt (Estância Velha)Suplente: Sandra Sperotto (Viamão)

COMITÊ DA MICROCEFALIATitulares: Ana Maria Rodrigues (Assessora Técnica COSEMS) e Ana Paula Macedo (Esteio)Suplente: Sandra Sperotto (Viamão) COMISSÕES DE ACOMPANHAMENTO DOS HOSPITAIS 4ª CRS: Vânia Olivo (Santa Maria), 11ª CRS: Plínio Costa Júnior (Erechim), 13ª CRS: Rosane da Rosa (Venâncio Aires), 14ª CRS: Luís Antônio Benvegnú (Santa Rosa), 18ª CRS: Emerson Magni da Silva (Osório) e 18ª CRS: Abel Valdomiro da Silva Júnior (Capão da Canoa)

Page 6: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

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36

ENTREVISTAA opinião de João

Gabbardo dos Reis sobre temas centrais

da gestão Estadual de Saúde

CENTRALNa matéria especial, ouvimos gestores municipais, prefeitos e especialistas para analisar o cenário da Saúde Pública para 2016, cujos objetivos são qualifi car as pactuações, redefi nir prioridades e melhorar o fi nanciamento e a gestão

O SUS É NOSSOConheça 46 iniciativas

inovadoras de Secretarias Municipais de Saúde para

a qualifi cação dos serviços de saúde à população e que podem servir de inspiração

para implantação

ÍNDICECLAITO

N DO

RNELLES/CBR

CHARLES VILELA

/CBR

07 MENSAGEM DO PRESIDENTE

BAGÉBOM RETIRO DO SULBOQUEIRÃO DO LEÃOCACEQUICAMPO BOMCANDELÁRIA CANOAS CAPÃO BONITO DO SULCAPÃO DA CANOA CAXIAS DO SULCHARQUEADAS

181819121917

24, 26 e 342726

15, 20 e 3127

3225332823

13 e 2016

13, 15 e 1628 e 3217 e 23

14, 24 e 25

223314

29 e 34293030212131

12 e 22

GRAVATAÍGUARANI DAS MISSÕESIGREJINHA LAJEADOMARATÁOSÓRIOPELOTASPORTO ALEGRE ROSÁRIO DO SULSANTA MARIASANTA ROSA

SANTANA DO LIVRAMENTOSÃO JOSÉ DO SULSÃO LEOPOLDOSÃO LOURENÇO DO SULSÃO SEPÉSÃO VICENTE DO SULSEVERIANO DE ALMEIDATAQUARAVENÂNCIO AIRESVERA CRUZVIAMÃO

08 CARTAS

68 EM PAUTA

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ENTREVISTAA opinião de João

Gabbardo dos Reis sobre temas centrais

da gestão Estadual de Saúde

CENTRALNa matéria especial, ouvimos gestores municipais, prefeitos e especialistas para analisar o cenário da Saúde Pública para 2016, cujos objetivos são qualifi car as pactuações, redefi nir prioridades e melhorar o fi nanciamento e a gestão

O SUS É NOSSOConheça 46 iniciativas

inovadoras de Secretarias Municipais de Saúde para

a qualifi cação dos serviços de saúde à população e que podem servir de inspiração

para implantação

ÍNDICE

CLAITON D

ORN

ELLES/CBRCH

ARLES VILELA/CBR

07 MENSAGEM DO PRESIDENTE

BAGÉBOM RETIRO DO SULBOQUEIRÃO DO LEÃOCACEQUICAMPO BOMCANDELÁRIA CANOAS CAPÃO BONITO DO SULCAPÃO DA CANOA CAXIAS DO SULCHARQUEADAS

181819121917

24, 26 e 342726

15, 20 e 3127

3225332823

13 e 2016

13, 15 e 1628 e 3217 e 23

14, 24 e 25

223314

29 e 34293030212131

12 e 22

GRAVATAÍGUARANI DAS MISSÕESIGREJINHA LAJEADOMARATÁOSÓRIOPELOTASPORTO ALEGRE ROSÁRIO DO SULSANTA MARIASANTA ROSA

SANTANA DO LIVRAMENTOSÃO JOSÉ DO SULSÃO LEOPOLDOSÃO LOURENÇO DO SULSÃO SEPÉSÃO VICENTE DO SULSEVERIANO DE ALMEIDATAQUARAVENÂNCIO AIRESVERA CRUZVIAMÃO

08 CARTAS

68 EM PAUTA

Assumir Integralmente a Gestão de Saúde

ão importa o território em questão: seja estadual, fe-deral ou municipal, somos responsáveis por todo o siste-

ma de Saúde — das políticas públicas, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e, também, do setor privado, que atua atra-vés de convênios ou de atendimento direto. Acredito que nós, gestores, temos de nos colocar nesse papel de comando e dizer “isso é comigo”, o que significa que qual-quer problema que aconteça com a saúde da população, independentemente de onde ocorrer o atendimento, é um tema que deve estar sob o cuidado do gestor público.

Creio que devemos fazer a autocrí-tica de que, quando o gestor não assume esse papel, a regulação passa a ser feita pelo mercado, por meio de corporações e instituições. É assim que nascem as princi-pais falhas e desequilíbrios no atendimen-to de Saúde. Enquanto agentes públicos, não podemos permitir que isso aconteça, pois operamos por meio de técnicas e pro-tocolos que visam um bom resultado para a população. Se perdermos esse funda-mento, deixamos de ter um sistema uni-versal, com participação social e capaz de prestar o atendimento integral que se es-pera da maior política pública que o nosso País tem, que é o acesso universal ao ser-viço de saúde.

Ao perder a capacidade de regula-ção, permite-se que o sistema produza in-justiças, como filas e falta de transparên-cia, o que acarreta em privilégios, como muitas vezes ocorre em consequência da judicialização. Isso pois, se a gestão não consegue garantir o atendimento em um

tempo razoável, gera-se uma “fila” para-lela que busca o acesso ao sistema por ou-tros meios. Em muitos casos, tal proces-so acontece de um modo extremamente injusto e, de certa forma, ao contrário do que muitos imaginam, é, sim, um privilé-gio. Por que determinado cidadão que tem condições de contratar um serviço de ad-vocacia passa à frente de quem respeita a regulação? É uma competição desleal que gera mais desigualdade.

É muito comum o SUS sofrer de-cisões judiciais que inflacionam agressi-vamente os custos, exigindo a compra de um leito, por exemplo, ou a imposição de um orçamento para um serviço. Em uma situação normal, um determinado procedi-mento que custaria R$ 10 mil poderá exigir até R$ 100 mil devido a uma decisão que o trata, muitas vezes sem o fundamento correto, como “excepcional”. Esse tipo de encaminhamento, mesmo que revestido de aparente legalidade, é injusto e contribui significativamente para desfinanciar e de-sorganizar o SUS, além de ser capaz de ge-rar outras injustiças, como a “autorização” para que determinado cidadão fure a fila e condene o sistema a pagar excessivamente por um serviço. É certo que, com esse cus-to, outras pessoas que aguardam procedi-mento igual ou semelhante poderiam ser atendidas da mesma forma.

O gestor tem que assumir este pa-pel de interferência propositiva nas rela-ções, de modo que elas ocorram de manei-ra mais saudável e justa, sempre prezando um pagamento adequado ao prestador de serviço pelo trabalho realizado. Contudo, o poder público precisa ter a capacidade e a iniciativa de mediar essas situações, as-sumindo as negociações, a fim de que se-jam corretas tanto para os trabalhadores, quanto para a instituição e, principalmen-te, para a população.

Não podemos aceitar que, em um momento de maior fragilidade da vida das pessoas, como quando há um dano na saúde em que se exige determinado aten-dimento, aconteça a regulação de merca-do que vise, em primeiro lugar, o lucro. A função da gestão pública é exatamente o contrário: garantir assistência a partir de critérios justos. Creio que essa mudança

de comportamento tornará o sistema mais viável, dando condições para que se tenha mais equilíbrio, qualidade e acesso. Isso também fará diferença quanto ao financia-mento, pois haverá uma otimização de re-cursos. Contudo, é essencial que o Estado mantenha a regularidade dos pagamentos constitucionais e dos serviços pactuados. As repactuações são necessárias e podem contribuir para aperfeiçoar os processos, mas precisam ser discutidas e encaminha-das com responsabilidade e nas esferas le-gais de pactuação, sob pena de, caso assim não ocorra, desestabilizar o funcionamento de ações e serviços já implantados e agra-var o subfinanciamento do SUS.

Estamos prestes a obter uma vitó-ria importante com a aprovação da Propos-ta de Emenda Constitucional 01-A/2015, que, a médio e longo prazos, garantirá o aumento do financiamento da União para a Saúde. O COSEMS/RS, ao lado de enti-dades como o CONASEMS, tem realizado contato permanente com os deputados fe-derais, especialmente os do Rio Grande do Sul, para que mantenham seu apoio a essa importante medida.

Precisamos, de uma vez por todas, assumir a gestão e regulá-la da melhor forma possível. Caso contrário, mesmo com o aumento dos recursos, o resultado tão esperado na elevação da qualidade e do acesso à população será uma incógni-ta. Nós, gestores, temos de avaliar nossos processos permanentemente e continuar a estabelecer, enquanto poder público, uma conduta saudável e justa de relacio-namento, de forma autônoma, com as instituições filantrópicas e privadas e com os planos de saúde. Precisamos chamar para nós a responsabilidade de gerir esse sistema em sua integralidade. A partir do momento que digo “a responsabilidade é minha”, estou buscando garantir o direi-to do cidadão. Nosso dever é acompanhar cada caso com a máxima atenção que nos é permitida e dialogar com o Estado para que o acesso se efetive com qualidade e a vida seja preservada.

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MENSAGEM DO PRESIDENTE

Um fraterno abraço. Marcelo Bosio

Presidente do COSEMS/RS

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Page 8: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

8 | www.cosemsrs.org.br

DANIELA REJANE DE SOUZA VIEIRACOORDENADORA DE ATENÇÃO BÁSICA

CHARQUEADAS/RS

A edição nº 9 da Revista

COSEMS/RS foi lançada em

novembro de 2015. Pela

primeira vez, a publicação

foi dedicada exclusivamente

à sistematização de um

Congresso. O evento, realizado

em julho, em Porto Alegre, teve

como tema “O fi nanciamento,

as responsabilidades e as

relações institucionais.”

Já o 27º Seminário de

Municipalização da Saúde

tratou do tema “Os Municípios

e a responsabilidade de fazer

Saúde no dia a dia e o novo

Pacto Federativo.”

A Revista é muito esclarecedora, com matérias de fácil compreensão, objetivas e acessíveis tanto para nós, profi ssionais da saúde, quanto para a população.

A Revista é um instrumento que oferece suporte e conhecimento, além de atualizar os gestores sobre o funcionamento do sistema de saúde. É preciso destacar e elogiar o esforço do COSEMS/RS em manter a publicação. É uma ação que fortalece muito a Instituição. Sei que não é uma atividade fácil porque participei de várias iniciativas semelhantes, em diversos locais. Acredito que a edição nº 9 não tenha somente divulgado o Congresso

A publicação é muito boa e traduz com fidelidade o cenário atual da saúde em nosso Estado e País. Ela aborda os diversos aspectos que envolvem a temática da saúde, tratando da gestão propriamente dita, até a interpretação das normas jurídicas relacionadas ao tema. Os textos, bem escritos, mostram com clareza as questões técnicas que envolvem a temática das matérias. A Revista transmitiu com muita precisão meu posicionamento durante o

ARQUIVO PESSO

AL

CLAITON D

ORN

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CLAITON D

ORN

ELLES/CBRCARTAS

FERNANDO MONTI DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E

PARLAMENTARES DO CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE

(CONASEMS)SÃO PAULO/SP

2015, mas trabalhou no que eu chamaria de “vivacidade do movimento”, estimulando outras pessoas a participarem, mantendo ativa a congregação dos secretários.

A Revista do COSEMS/RSé ótima. É um material que permite sua utilização como ferramenta de trabalho. Traz experiências exitosas de realidades dos municípios, a partir do relato de gestores e de outros profi ssionais. São conteúdos que colaboram com os municípios menores e também com os mais complexos. É uma publicação que auxilia o gestor a olhar para o seu município, abrindo novas possibilidades de implementação de serviços e de práticas assistenciais mais humanizadas. Oferece suporte a aqueles gestores que não têm condições de participar mais dos espaços de decisão, mas que estão todos os dias na prática. Uma revista que faça um compilado do

O conteúdo é abordado com a mesma linguagem que utilizamos diariamente. Sabemos que a comunidade acredita, muitas vezes, naquilo que é publicado na mídia, e quando temos em mãos um material como a Revista, confi rma-se aquilo que colocamos para a população em diversas situações, o que dá crédito ao nosso trabalho. Gostaria que mais exemplares chegassem aos municípios, para que mais pessoas tenham acesso ao conteúdo.

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151103_Revista9_FINAL.indd 1 06/11/2015 13:29:03

RICARDO AZERED

O/PM

PA

que é mais importante naquele período auxilia bastante. Ela foca não só no processo gerencial, mas também na atenção à saúde, trazendo para o debate a questão da humanização que, às vezes, fi ca longe do gestor por qestões burocráticas, de pactuação e de negociação, mas que, ao mesmo tempo, é muito importante para a população.

JULIANA MACIEL PINTO ENFERMEIRA E ASSESSORA DE

PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE

PORTO ALEGRE/RS

erro de interpretação da Constituição Federal, com o uso massifi cado de um mecanismo de solidariedade punindo os municípios e fazendo com que assumam papéis que não são seus. Acredito que a publicação deveria ser leitura obrigatória para todos aqueles que se atrevem a escrever ou falar sobre a realidade da Saúde Púb lica brasileira. Creio que ela carrega bastante conteúdo, tendo caráter documental, por abordar temas complexos com bastante profundidade e de maneira muito competente. Ao mesmo tempo, isso a torna pesada para ser lida como revista, reduzindo o interesse do público leigo.

LUÍS ANTÔNIO BENVEGNÚPRESIDENTE DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE

SAÚDE (FUMSSAR) E VICE-PREFEITOSANTA ROSA/RS

da saúde, gestor ou controle social, além da situação do tema em discussão, o comportamento e a posição dos secretários e do governo. Além disso, possui ótima qualidade gráfi ca e editorial. Houve muita repercussão da matéria em que fui fonte, pois o conteúdo aparece em uma revista com respeito devido à sua representação das secretarias e da qualidade de suas reportagens. Repercutiu positivamente no Conselho Municipal de Saúde e também na Prefeitura.

As reportagens apresentam um conteúdo muito instrutivo e rico para uso dos gestores no dia a dia. São textos claros e de fácil interpretação. Acho importante o fato de serem apresentados exemplos práticos de gestão com relatos de experiências. Sistematizar os temas discutidos no Congresso do COSEMS/RSfoi muito pertinente para que o conjunto da gestão de Saúde tivesse acesso ao seu conteúdo.

A Revista COSEMS/RS é de extrema importância para gestores e municípios, pois passa, de maneira muito clara, os acontecimentos atuais na área da saúde de todo o País. A publicação atualiza o gestor e traz vários exemplos de serviços implantados com sucesso em outros municípios. São textos focados e bem ilustrados. Sugiro que a publicação apresente um resumo das portarias e resoluções editadas pelo Estado e pelo Ministério da Saúde, e, principalmente, das questões mais relevantes e de maior importância para os gestores.

As reportagens apresentam informações interessantes, mostrando a realidade local. São textos bem fundamentados, com opiniões diversas de políticos e autoridades que representam a área da saúde. Atualmente, faço Especialização em Gestão de Políticas de Saúde pelo Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, participando das aulas em Porto Alegre, e utilizei textos da Revista como apoio para o meu trabalho. Gostaria de ler reportagens sobre os hospitais de pequeno porte e, também, utilizando como case, os da região carbonífera do Estado, além de matérias que fi zessem uma comparação entre regiões que abrangem uma mesma população.

A edição nº 9 da Revista COSEMS/RS trouxe à tona aquilo que para mim é um

LUIZ ARTUR ROSA FILHOSECRETÁRIO MUNICIPAL DA SAÚDE

PASSO FUNDO/RS

MICHELLE WISNIEWSKISECRETÁRIA MUNICIPAL DA SAÚDE

MINAS DO LEÃO/RS

CARTAS

Congresso das Secretarias Municipais de Saúde em 2015. Fez uma excelente síntese e, com isso, estou certo de que muitos gestores poderão ampliar suas percepções a respeito do Sistema Único de Saúde.

MAURO LUÍS SILVA DE SOUZA PROMOTOR DE JUSTIÇA COORDENADOR

DO CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

DO RIO GRANDE DO SUL PORTO ALEGRE/RS

ROSANE INÊS DA ROSA SECRETÁRIA ADJUNTA DA SAÚDE

VENÂNCIO AIRES/RS

CLAITON D

ORN

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AÇÃO/PM

ML

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AÇÃO/PM

PF

Achei a edição nº 9 muito boa. Apresenta reportagens com conteúdo informativo e o claro posicionamento dos secretários, refl etindo muito bem os temas discutidos no Congresso 2015. Os textos aprofundam os temas a que se propõem e trazem posições de diversos atores envolvidos, levando ao leitor, quer seja ele secretário, trabalhador

CLAITON D

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ARQUIVO PESSO

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REGIANE MOLLMANN SECRETÁRIA DA SAÚDE

IMIGRANTE/RS

Page 9: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

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DANIELA REJANE DE SOUZA VIEIRACOORDENADORA DE ATENÇÃO BÁSICA

CHARQUEADAS/RS

A edição nº 9 da Revista

COSEMS/RS foi lançada em

novembro de 2015. Pela

primeira vez, a publicação

foi dedicada exclusivamente

à sistematização de um

Congresso. O evento, realizado

em julho, em Porto Alegre, teve

como tema “O fi nanciamento,

as responsabilidades e as

relações institucionais.”

Já o 27º Seminário de

Municipalização da Saúde

tratou do tema “Os Municípios

e a responsabilidade de fazer

Saúde no dia a dia e o novo

Pacto Federativo.”

A Revista é muito esclarecedora, com matérias de fácil compreensão, objetivas e acessíveis tanto para nós, profi ssionais da saúde, quanto para a população.

A Revista é um instrumento que oferece suporte e conhecimento, além de atualizar os gestores sobre o funcionamento do sistema de saúde. É preciso destacar e elogiar o esforço do COSEMS/RS em manter a publicação. É uma ação que fortalece muito a Instituição. Sei que não é uma atividade fácil porque participei de várias iniciativas semelhantes, em diversos locais. Acredito que a edição nº 9 não tenha somente divulgado o Congresso

A publicação é muito boa e traduz com fidelidade o cenário atual da saúde em nosso Estado e País. Ela aborda os diversos aspectos que envolvem a temática da saúde, tratando da gestão propriamente dita, até a interpretação das normas jurídicas relacionadas ao tema. Os textos, bem escritos, mostram com clareza as questões técnicas que envolvem a temática das matérias. A Revista transmitiu com muita precisão meu posicionamento durante o

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FERNANDO MONTI DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E

PARLAMENTARES DO CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE

(CONASEMS)SÃO PAULO/SP

2015, mas trabalhou no que eu chamaria de “vivacidade do movimento”, estimulando outras pessoas a participarem, mantendo ativa a congregação dos secretários.

A Revista do COSEMS/RSé ótima. É um material que permite sua utilização como ferramenta de trabalho. Traz experiências exitosas de realidades dos municípios, a partir do relato de gestores e de outros profi ssionais. São conteúdos que colaboram com os municípios menores e também com os mais complexos. É uma publicação que auxilia o gestor a olhar para o seu município, abrindo novas possibilidades de implementação de serviços e de práticas assistenciais mais humanizadas. Oferece suporte a aqueles gestores que não têm condições de participar mais dos espaços de decisão, mas que estão todos os dias na prática. Uma revista que faça um compilado do

O conteúdo é abordado com a mesma linguagem que utilizamos diariamente. Sabemos que a comunidade acredita, muitas vezes, naquilo que é publicado na mídia, e quando temos em mãos um material como a Revista, confi rma-se aquilo que colocamos para a população em diversas situações, o que dá crédito ao nosso trabalho. Gostaria que mais exemplares chegassem aos municípios, para que mais pessoas tenham acesso ao conteúdo.

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RICARDO AZERED

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que é mais importante naquele período auxilia bastante. Ela foca não só no processo gerencial, mas também na atenção à saúde, trazendo para o debate a questão da humanização que, às vezes, fi ca longe do gestor por qestões burocráticas, de pactuação e de negociação, mas que, ao mesmo tempo, é muito importante para a população.

JULIANA MACIEL PINTO ENFERMEIRA E ASSESSORA DE

PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE

PORTO ALEGRE/RS

erro de interpretação da Constituição Federal, com o uso massifi cado de um mecanismo de solidariedade punindo os municípios e fazendo com que assumam papéis que não são seus. Acredito que a publicação deveria ser leitura obrigatória para todos aqueles que se atrevem a escrever ou falar sobre a realidade da Saúde Púb lica brasileira. Creio que ela carrega bastante conteúdo, tendo caráter documental, por abordar temas complexos com bastante profundidade e de maneira muito competente. Ao mesmo tempo, isso a torna pesada para ser lida como revista, reduzindo o interesse do público leigo.

LUÍS ANTÔNIO BENVEGNÚPRESIDENTE DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE

SAÚDE (FUMSSAR) E VICE-PREFEITOSANTA ROSA/RS

da saúde, gestor ou controle social, além da situação do tema em discussão, o comportamento e a posição dos secretários e do governo. Além disso, possui ótima qualidade gráfi ca e editorial. Houve muita repercussão da matéria em que fui fonte, pois o conteúdo aparece em uma revista com respeito devido à sua representação das secretarias e da qualidade de suas reportagens. Repercutiu positivamente no Conselho Municipal de Saúde e também na Prefeitura.

As reportagens apresentam um conteúdo muito instrutivo e rico para uso dos gestores no dia a dia. São textos claros e de fácil interpretação. Acho importante o fato de serem apresentados exemplos práticos de gestão com relatos de experiências. Sistematizar os temas discutidos no Congresso do COSEMS/RSfoi muito pertinente para que o conjunto da gestão de Saúde tivesse acesso ao seu conteúdo.

A Revista COSEMS/RS é de extrema importância para gestores e municípios, pois passa, de maneira muito clara, os acontecimentos atuais na área da saúde de todo o País. A publicação atualiza o gestor e traz vários exemplos de serviços implantados com sucesso em outros municípios. São textos focados e bem ilustrados. Sugiro que a publicação apresente um resumo das portarias e resoluções editadas pelo Estado e pelo Ministério da Saúde, e, principalmente, das questões mais relevantes e de maior importância para os gestores.

As reportagens apresentam informações interessantes, mostrando a realidade local. São textos bem fundamentados, com opiniões diversas de políticos e autoridades que representam a área da saúde. Atualmente, faço Especialização em Gestão de Políticas de Saúde pelo Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, participando das aulas em Porto Alegre, e utilizei textos da Revista como apoio para o meu trabalho. Gostaria de ler reportagens sobre os hospitais de pequeno porte e, também, utilizando como case, os da região carbonífera do Estado, além de matérias que fi zessem uma comparação entre regiões que abrangem uma mesma população.

A edição nº 9 da Revista COSEMS/RS trouxe à tona aquilo que para mim é um

LUIZ ARTUR ROSA FILHOSECRETÁRIO MUNICIPAL DA SAÚDE

PASSO FUNDO/RS

MICHELLE WISNIEWSKISECRETÁRIA MUNICIPAL DA SAÚDE

MINAS DO LEÃO/RS

CARTAS

Congresso das Secretarias Municipais de Saúde em 2015. Fez uma excelente síntese e, com isso, estou certo de que muitos gestores poderão ampliar suas percepções a respeito do Sistema Único de Saúde.

MAURO LUÍS SILVA DE SOUZA PROMOTOR DE JUSTIÇA COORDENADOR

DO CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

DO RIO GRANDE DO SUL PORTO ALEGRE/RS

ROSANE INÊS DA ROSA SECRETÁRIA ADJUNTA DA SAÚDE

VENÂNCIO AIRES/RS

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Achei a edição nº 9 muito boa. Apresenta reportagens com conteúdo informativo e o claro posicionamento dos secretários, refl etindo muito bem os temas discutidos no Congresso 2015. Os textos aprofundam os temas a que se propõem e trazem posições de diversos atores envolvidos, levando ao leitor, quer seja ele secretário, trabalhador

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A seção o “O SUS é nosso” destaca os 46 trabalhos selecionados na “Mostra de Experiências Exitosas do SUS nos Municí-pios do Rio Grande do Sul”, apresentados durante o Congresso COSEMS/RS 2015, realizado entre os dias 14 e 16 de julho, em Porto Alegre. Nessa edição do evento, pela primeira vez a entidade recebeu inscrições exclusivas para a exposição. Até então, os trabalhos apresentados durante o encon-tro dos secretários municipais de Saúde do Estado eram os mesmos selecionados para a “Mostra Brasil Aqui Tem SUS”, realizada pelo Conselho Nacional de Secretarias Mu-nicipais de Saúde (CONASEMS) durante o seu congresso anual.

EXITOSASEXPERIÊNCIAS

Chamou a atenção da comissão or-ganizadora do Congresso não só a quan-tidade recorde de trabalhos inscritos, mas, principalmente, a qualidade das experiências. Assim, o total de trabalhos selecionados, que inicialmente foi fi xado em 36 distribuídos em 12 categorias, teve de ser ampliado para 46. Ao todo, foram inscritos 91 trabalhos de municípios das mais diferentes regiões do Estado. Além da grande participação das Secretarias Municipais de Saúde (SMSs), a mostra foi qualifi cada com um espaço projetado exclusivamente para a exposição: uma ga-leria instalada no Espaço de Exposições, junto ao setor de estandes. Os trabalhos

Na página ao lado, vemos a numeração de categorias que receberam a inscrição de trabalhos e os municípios que tiveram experiências selecionadas em cada categoria.

foram apresentados em formato de pôster, com o resumo das informações da fi cha de inscrição, e expostos em painel iluminado, contendo, também, dados de contato dos autores e coautores, caso os participantes do Congresso tivessem interesse em obter mais informações ou esclarecimentos so-bre o trabalho durante o evento.

Para o presidente do COSEMS/RS, Marcelo Bosio, a Mostra cumpriu sua função ao apresentar e valorizar as ex-periências, consideradas inovações em políticas públicas, processos e implan-tações de metodologia de gestão ou de solução de práticas clínicas e de organi-zação de serviços. “Não precisamos fi car

CLAITON D

ORN

ELLES/CBR

O SUS É NOSSO

1 – Boas práticas de gestãoCacequi, Osório, Porto Alegre, Santa Rosa, São Leopoldo e Viamão

5 – Desenhos assistenciaisCanoas, Santa Maria e Santa Rosa

2 – Articulação institucionalCaxias do Sul, Pelotas, Porto Alegre e Santa Maria

10 – A regionalização no contextoda integralidade gestão dotrabalho e educaçãoSão Lourenço do Sul

7 – Atenção BásicaCapão Bonito do Sul, Capão da Canoa, Charqueadas, Lajeado, Rosário do Sul, São Lourenço do Sul, São Sepé, São Vicente do Sul, Severiano deAlmeida e Vera Cruz

3 – InovaçãoBagé, Bom Retiro do Sul, Boqueirão do Leão, Campo Bom, Candelária,Caxias do Sul, Osório, Taquara,Venâncio Aires e Viamão

11 – Regionalização e organizaçãodas redes de atenção à saúdeCanoas

8 – Vigilância em SaúdeCaxias do Sul, Gravataí, Rosário do Sul e São José do Sul

4 – Determinantes sociais em saúdeMaratá e Santana do Livramento

6 – Participação da comunidadeCanoas, Guarani das Missões eSanta Rosa

9 – Outras categoriasIgrejinha

inventando a roda todos os dias”, disse. “Temos que conhecer essas experiências, que são re-sultado do acúmulo de conhecimento que va-mos construindo, e usá-las favoravelmente, de modo que nos deem uma condição para sermos ainda mais resolutivos nesse processo.” Para ele, as mudanças realizadas na Mostra a partir de 2015 foram signifi cativas porque o processo foi ampliado, tanto na quantidade de trabalhos inscritos como na qualidade, o que demonstra a expertise dos municípios em desenvolver so-luções que incidem positivamente na vida e na saúde da população. “Temos que divulgar essas inovações, pois elas são o resultado do nosso trabalho, do esforço que fazemos diariamente para encontrar soluções para os problemas re-ais que vivemos em nossas comunidades.”

Outra novidade, implantada no Congresso COSEMS/RS 2015, foi a Roda de Chimarrão, um espaço destinado à apresentação oral dos trabalhos selecionados, com intervenções rea-lizadas durante a programação do evento pe-los autores ou coautores, com tempo médio de dez minutos. Dos 46 trabalhos inscritos, dez foram selecionados para a apresentação oral: Avaliação do Serviço de Saúde (Canoas); Im-plantação do Programa de Práticas Recreati-vas, Integrativas e Complementares na UBS Vila Ipê (Caxias do Sul); Rede de Articulação Intersetorial para o Cuidado em Saúde no bair-ro Canyon (Caxias do Sul); Teste da Linguinha (Osório); Acolhimento na Ouvidoria: inicia-tiva de ação integrada entre os componentes do SUS (Porto Alegre); Onde está o Aedes? (Porto Alegre); Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) como instrumento de operacionalização e qualifi cação do cuidado/assistência ao paciente portador de HIV/AIDS no CTA (Rosário do Sul); Saúde Mental Matri-ciamento (Santa Rosa); PIM Quilombola (São Lourenço do Sul); e Guias de Encaminhamen-to: o instrumento para redução das ações judi-ciais na Saúde (Viamão).

Outra modifi cação que agregou valor à Mostra foi a certifi cação dos trabalhos ao fi nal do Congresso. Todos os 46 trabalhos das SMSs selecionados receberam um diploma de parti-cipação, entregue pelo presidente do COSEMS/RS, Marcelo Bosio, e pela 1ª vice-presidente, Sandra Sperotto, na solenidade de encerra-mento do evento. O documento atesta que o sucesso da experiência contribui para a quali-fi cação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). O responsável pela apresentação da experiência selecionada – autor ou coautor – recebeu uma inscrição simples e gratuita para participar do Congresso.

O SUS É NOSSO

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A seção o “O SUS é nosso” destaca os 46 trabalhos selecionados na “Mostra de Experiências Exitosas do SUS nos Municí-pios do Rio Grande do Sul”, apresentados durante o Congresso COSEMS/RS 2015, realizado entre os dias 14 e 16 de julho, em Porto Alegre. Nessa edição do evento, pela primeira vez a entidade recebeu inscrições exclusivas para a exposição. Até então, os trabalhos apresentados durante o encon-tro dos secretários municipais de Saúde do Estado eram os mesmos selecionados para a “Mostra Brasil Aqui Tem SUS”, realizada pelo Conselho Nacional de Secretarias Mu-nicipais de Saúde (CONASEMS) durante o seu congresso anual.

EXITOSASEXPERIÊNCIAS

Chamou a atenção da comissão or-ganizadora do Congresso não só a quan-tidade recorde de trabalhos inscritos, mas, principalmente, a qualidade das experiências. Assim, o total de trabalhos selecionados, que inicialmente foi fi xado em 36 distribuídos em 12 categorias, teve de ser ampliado para 46. Ao todo, foram inscritos 91 trabalhos de municípios das mais diferentes regiões do Estado. Além da grande participação das Secretarias Municipais de Saúde (SMSs), a mostra foi qualifi cada com um espaço projetado exclusivamente para a exposição: uma ga-leria instalada no Espaço de Exposições, junto ao setor de estandes. Os trabalhos

Na página ao lado, vemos a numeração de categorias que receberam a inscrição de trabalhos e os municípios que tiveram experiências selecionadas em cada categoria.

foram apresentados em formato de pôster, com o resumo das informações da fi cha de inscrição, e expostos em painel iluminado, contendo, também, dados de contato dos autores e coautores, caso os participantes do Congresso tivessem interesse em obter mais informações ou esclarecimentos so-bre o trabalho durante o evento.

Para o presidente do COSEMS/RS, Marcelo Bosio, a Mostra cumpriu sua função ao apresentar e valorizar as ex-periências, consideradas inovações em políticas públicas, processos e implan-tações de metodologia de gestão ou de solução de práticas clínicas e de organi-zação de serviços. “Não precisamos fi car

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O SUS É NOSSO

1 – Boas práticas de gestãoCacequi, Osório, Porto Alegre, Santa Rosa, São Leopoldo e Viamão

5 – Desenhos assistenciaisCanoas, Santa Maria e Santa Rosa

2 – Articulação institucionalCaxias do Sul, Pelotas, Porto Alegre e Santa Maria

10 – A regionalização no contextoda integralidade gestão dotrabalho e educaçãoSão Lourenço do Sul

7 – Atenção BásicaCapão Bonito do Sul, Capão da Canoa, Charqueadas, Lajeado, Rosário do Sul, São Lourenço do Sul, São Sepé, São Vicente do Sul, Severiano deAlmeida e Vera Cruz

3 – InovaçãoBagé, Bom Retiro do Sul, Boqueirão do Leão, Campo Bom, Candelária,Caxias do Sul, Osório, Taquara,Venâncio Aires e Viamão

11 – Regionalização e organizaçãodas redes de atenção à saúdeCanoas

8 – Vigilância em SaúdeCaxias do Sul, Gravataí, Rosário do Sul e São José do Sul

4 – Determinantes sociais em saúdeMaratá e Santana do Livramento

6 – Participação da comunidadeCanoas, Guarani das Missões eSanta Rosa

9 – Outras categoriasIgrejinha

inventando a roda todos os dias”, disse. “Temos que conhecer essas experiências, que são re-sultado do acúmulo de conhecimento que va-mos construindo, e usá-las favoravelmente, de modo que nos deem uma condição para sermos ainda mais resolutivos nesse processo.” Para ele, as mudanças realizadas na Mostra a partir de 2015 foram signifi cativas porque o processo foi ampliado, tanto na quantidade de trabalhos inscritos como na qualidade, o que demonstra a expertise dos municípios em desenvolver so-luções que incidem positivamente na vida e na saúde da população. “Temos que divulgar essas inovações, pois elas são o resultado do nosso trabalho, do esforço que fazemos diariamente para encontrar soluções para os problemas re-ais que vivemos em nossas comunidades.”

Outra novidade, implantada no Congresso COSEMS/RS 2015, foi a Roda de Chimarrão, um espaço destinado à apresentação oral dos trabalhos selecionados, com intervenções rea-lizadas durante a programação do evento pe-los autores ou coautores, com tempo médio de dez minutos. Dos 46 trabalhos inscritos, dez foram selecionados para a apresentação oral: Avaliação do Serviço de Saúde (Canoas); Im-plantação do Programa de Práticas Recreati-vas, Integrativas e Complementares na UBS Vila Ipê (Caxias do Sul); Rede de Articulação Intersetorial para o Cuidado em Saúde no bair-ro Canyon (Caxias do Sul); Teste da Linguinha (Osório); Acolhimento na Ouvidoria: inicia-tiva de ação integrada entre os componentes do SUS (Porto Alegre); Onde está o Aedes? (Porto Alegre); Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) como instrumento de operacionalização e qualifi cação do cuidado/assistência ao paciente portador de HIV/AIDS no CTA (Rosário do Sul); Saúde Mental Matri-ciamento (Santa Rosa); PIM Quilombola (São Lourenço do Sul); e Guias de Encaminhamen-to: o instrumento para redução das ações judi-ciais na Saúde (Viamão).

Outra modifi cação que agregou valor à Mostra foi a certifi cação dos trabalhos ao fi nal do Congresso. Todos os 46 trabalhos das SMSs selecionados receberam um diploma de parti-cipação, entregue pelo presidente do COSEMS/RS, Marcelo Bosio, e pela 1ª vice-presidente, Sandra Sperotto, na solenidade de encerra-mento do evento. O documento atesta que o sucesso da experiência contribui para a quali-fi cação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). O responsável pela apresentação da experiência selecionada – autor ou coautor – recebeu uma inscrição simples e gratuita para participar do Congresso.

O SUS É NOSSO

Page 12: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

12 | www.cosemsrs.org.br

População: 250 mil habitantes Regional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

REGULAÇÃO: O DESAFIO PRESENTE NO AJUSTE DOS FLUXOS E PROCESSOS DE TRABALHO PARA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE

Autora: Lisiane Wasem Fagundes(51) 3054-7504 - [email protected]

Coautora: Sandra Denise de Moura Sperotto

VIAMÃO

1 – BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO

O município implantou processos de regulação dos encaminhamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) a fi m de reduzir o alto número de espera em fi las para atendimento, a necessidade de qualifi cação técnica das equipes, a difi culdade de acesso à atenção Secundária e Terciária e o absenteísmo, que chegava a cerca de 43% dos agendamentos de consultas e procedimentos. As mudanças aconteceram entre 2013 e 2015, com a humanização do espaço na central de consultas, onde os guichês de atendimento foram ajustados; a subs-tituição de estagiários por técnico de enfermagem e assistente administrativo; a confecção de informativo que passou a ser grampeado com o protocolo de solicitação de atendimento; e a criação de protocolo impresso do paciente, con-tendo meios para contato e histórico de ligações. Também passou a se realizar a educação permanente da equipe para a adequada inserção de informações no sistema; ações de educação com a população; contatos contínuos dos serviços com a comunidade; agendamentos de acordo com a prioridade de cada pacien-te; o ajuste para a inserção de dados, com a equipe da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) atualizando o prontuário do paciente; e um estudo aprofundado da fi la, realizado por dois profi ssionais médicos, para ações imediatas de apoio técnico. Os resultados foram percebidos já nas primeiras semanas de adequa-ção, com a possibilidade de organização dos fl uxos de trabalho nos encaminha-mentos para especialistas, qualifi cando a rede de atenção à saúde e verifi cando a redução do absenteísmo para 10%. Já no quantitativo de atendimento, em que a demanda reprimida era de 13 mil pacientes aguardando por atendimento na atenção Secundária e Terciária, o número foi reduzido para menos de 9 mil.

População: 13 mil habitantes Regional do COSEMS: Entre Rios (2ª Re-gião de Saúde – 4ª CRS)

PROCESSO DE TRABALHO INTEGRADO NASF E NAAB

Autor: Leomar Maurer(55) [email protected]

Coautores: Deise Prates, Elena Gonçalves, Léo Marcorra, Letícia Fonseca e Patrícia Zambeli

Procurando qualifi car as ações das Es-tratégias de Saúde da Família (ESF), os Nú-cleos de Apoio à Atenção Básica (NAAB) e de Apoio à Saúde da Família (NASF), que antes atuavam isoladamente, passaram a desenvol-ver um trabalho integrado no apoio matricial à ESF. Com um representante de cada grupo servindo de referência no apoio às equipes, foram organizadas reuniões e encontros se-manais para o planejamento das atividades conjuntas. Isso permitiu uma maior auto-nomia através do trabalho integrado, que se sobrepôs à atuação individual. Desde que esse processo foi iniciado, em 2013, não só as equipes desenvolveram um vínculo maior entre si, fortalecendo o conjunto, como tam-bém a fi scalização das ações para a qualifi -cação da Atenção Básica passou a ser mais efetiva. Os núcleos sentiram o refl exo dessa mudança, pois passaram a avaliar constante-mente o planejamento estratégico estabeleci-do, estando o foco multiprofi ssional voltado ao benefício dos pacientes. Como resultado, pode-se observar, ainda, a solução de casos em rede, que contam com o apoio da gestão.

CACEQUI

REVISTA COSEMS/RS

DIVULG

AÇÃO/PM

V

ANFRÉIA SAN

TINI/PM

C

Ao perceber que pacientes oriundos de um convênio extinto enfrentavam de-sassistência ambulatorial e hospitalar em Porto Alegre, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) propôs o acolhimento por meio da Ouvidoria, consolidando uma linha de cuidado orientada pela escuta qualifi cada e pela ação coletiva integrada com os componentes da gestão em saúde. Essa ação estabeleceu a continuidade do cuidado por meio de um mecanismo de transposição para o Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, a Ouvidoria passou a trabalhar de forma proativa na busca dos pacientes, realizando avaliações individualizadas dos casos e das ne-cessidades assistenciais de cada um e estabelecendo um processo de trabalho compartilhado com os componentes da gestão para decisões e transposição as-

OSÓRIO

PORTO ALEGRE

O SUS É NOSSO

População: 1,4 milhão de habitantesRegional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

ACOLHIMENTO NA OUVIDORIA: INICIATIVA DE AÇÃO INTEGRADA ENTRE OS COMPONENTES DO SUS

Autora: Maria Juliana Moura Corrêa(51) 3289-2802 - [email protected]

Coautores: Fátima Ali, Carmen Jasper, Adriane Correia, Cassiane Kerkhoff, Guilherme Frosi, Mário J. Kurz, Ruth Gonçalves e Rejane Vilarinho

Usar o processo de escrita e papel como forma de armazenamento de informações difi culta o controle das atividades devido à grande velocidade com que os dados acumulam-se nas unidades de saúde. Assim, a Secreta-ria da Saúde de Osório se modernizou, automatizando a sistematização das informações por meio da digitalização, contando com um processo or-ganizado e metodológico. Foram contratados 13 profi ssionais para operar o inovador sistema, e adquiridos equipamentos para o estabelecimento de conexão em rede das unidades de saúde, além da contratação de uma em-presa fornecedora de software especializado. Seguindo etapas, os servidores

foram capacitados para conhecerem o funcio-namento de todo o sistema e sua importância, o que deve resultar em uma assistência de me-lhor qualidade. O sistema facilitou o controle da rotina da Secretaria, que obteve uma melhor efi ciência a partir da adoção dessa tecnologia, permitindo que os usuários possam realizar o agendamento de consultas em qualquer unida-de da rede.

População: 43 mil habitantes Regional do COSEMS: Bons Ventos (5ª Região de Saúde – 1ª CRS)

INFORMATIZAÇÃO TOTAL DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Autor: Emerson Arli Magni da Silva

Coautor: César dos Santos Camargo(51) 3601-3314 - [email protected]

DIVULG

AÇÃO/PM

OCRISTIN

E ROCHO

L/PMPA

sistencial. Dentro do período de execução do proje-to, de maio a junho de 2015, foram identifi cados 74 usuários desassistidos que estavam em tratamento oncológico. A equipe de Ouvidoria realizou contato com 52 pacientes e foram agendadas 42 consultas oncológicas no SUS. O novo fl uxo de trabalho de-monstrou a potencialidade do serviço de Ouvido-ria, implementou novas tecnologias de trabalho — como o monitoramento do itinerário terapêutico — e qualifi cou o modelo de atenção à saúde.

Page 13: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

13

População: 250 mil habitantes Regional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

REGULAÇÃO: O DESAFIO PRESENTE NO AJUSTE DOS FLUXOS E PROCESSOS DE TRABALHO PARA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE

Autora: Lisiane Wasem Fagundes(51) 3054-7504 - [email protected]

Coautora: Sandra Denise de Moura Sperotto

VIAMÃO

1 – BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO

O município implantou processos de regulação dos encaminhamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) a fi m de reduzir o alto número de espera em fi las para atendimento, a necessidade de qualifi cação técnica das equipes, a difi culdade de acesso à atenção Secundária e Terciária e o absenteísmo, que chegava a cerca de 43% dos agendamentos de consultas e procedimentos. As mudanças aconteceram entre 2013 e 2015, com a humanização do espaço na central de consultas, onde os guichês de atendimento foram ajustados; a subs-tituição de estagiários por técnico de enfermagem e assistente administrativo; a confecção de informativo que passou a ser grampeado com o protocolo de solicitação de atendimento; e a criação de protocolo impresso do paciente, con-tendo meios para contato e histórico de ligações. Também passou a se realizar a educação permanente da equipe para a adequada inserção de informações no sistema; ações de educação com a população; contatos contínuos dos serviços com a comunidade; agendamentos de acordo com a prioridade de cada pacien-te; o ajuste para a inserção de dados, com a equipe da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) atualizando o prontuário do paciente; e um estudo aprofundado da fi la, realizado por dois profi ssionais médicos, para ações imediatas de apoio técnico. Os resultados foram percebidos já nas primeiras semanas de adequa-ção, com a possibilidade de organização dos fl uxos de trabalho nos encaminha-mentos para especialistas, qualifi cando a rede de atenção à saúde e verifi cando a redução do absenteísmo para 10%. Já no quantitativo de atendimento, em que a demanda reprimida era de 13 mil pacientes aguardando por atendimento na atenção Secundária e Terciária, o número foi reduzido para menos de 9 mil.

População: 13 mil habitantes Regional do COSEMS: Entre Rios (2ª Re-gião de Saúde – 4ª CRS)

PROCESSO DE TRABALHO INTEGRADO NASF E NAAB

Autor: Leomar Maurer(55) [email protected]

Coautores: Deise Prates, Elena Gonçalves, Léo Marcorra, Letícia Fonseca e Patrícia Zambeli

Procurando qualifi car as ações das Es-tratégias de Saúde da Família (ESF), os Nú-cleos de Apoio à Atenção Básica (NAAB) e de Apoio à Saúde da Família (NASF), que antes atuavam isoladamente, passaram a desenvol-ver um trabalho integrado no apoio matricial à ESF. Com um representante de cada grupo servindo de referência no apoio às equipes, foram organizadas reuniões e encontros se-manais para o planejamento das atividades conjuntas. Isso permitiu uma maior auto-nomia através do trabalho integrado, que se sobrepôs à atuação individual. Desde que esse processo foi iniciado, em 2013, não só as equipes desenvolveram um vínculo maior entre si, fortalecendo o conjunto, como tam-bém a fi scalização das ações para a qualifi -cação da Atenção Básica passou a ser mais efetiva. Os núcleos sentiram o refl exo dessa mudança, pois passaram a avaliar constante-mente o planejamento estratégico estabeleci-do, estando o foco multiprofi ssional voltado ao benefício dos pacientes. Como resultado, pode-se observar, ainda, a solução de casos em rede, que contam com o apoio da gestão.

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Ao perceber que pacientes oriundos de um convênio extinto enfrentavam de-sassistência ambulatorial e hospitalar em Porto Alegre, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) propôs o acolhimento por meio da Ouvidoria, consolidando uma linha de cuidado orientada pela escuta qualifi cada e pela ação coletiva integrada com os componentes da gestão em saúde. Essa ação estabeleceu a continuidade do cuidado por meio de um mecanismo de transposição para o Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, a Ouvidoria passou a trabalhar de forma proativa na busca dos pacientes, realizando avaliações individualizadas dos casos e das ne-cessidades assistenciais de cada um e estabelecendo um processo de trabalho compartilhado com os componentes da gestão para decisões e transposição as-

OSÓRIO

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O SUS É NOSSO

População: 1,4 milhão de habitantesRegional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

ACOLHIMENTO NA OUVIDORIA: INICIATIVA DE AÇÃO INTEGRADA ENTRE OS COMPONENTES DO SUS

Autora: Maria Juliana Moura Corrêa(51) 3289-2802 - [email protected]

Coautores: Fátima Ali, Carmen Jasper, Adriane Correia, Cassiane Kerkhoff, Guilherme Frosi, Mário J. Kurz, Ruth Gonçalves e Rejane Vilarinho

Usar o processo de escrita e papel como forma de armazenamento de informações difi culta o controle das atividades devido à grande velocidade com que os dados acumulam-se nas unidades de saúde. Assim, a Secreta-ria da Saúde de Osório se modernizou, automatizando a sistematização das informações por meio da digitalização, contando com um processo or-ganizado e metodológico. Foram contratados 13 profi ssionais para operar o inovador sistema, e adquiridos equipamentos para o estabelecimento de conexão em rede das unidades de saúde, além da contratação de uma em-presa fornecedora de software especializado. Seguindo etapas, os servidores

foram capacitados para conhecerem o funcio-namento de todo o sistema e sua importância, o que deve resultar em uma assistência de me-lhor qualidade. O sistema facilitou o controle da rotina da Secretaria, que obteve uma melhor efi ciência a partir da adoção dessa tecnologia, permitindo que os usuários possam realizar o agendamento de consultas em qualquer unida-de da rede.

População: 43 mil habitantes Regional do COSEMS: Bons Ventos (5ª Região de Saúde – 1ª CRS)

INFORMATIZAÇÃO TOTAL DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Autor: Emerson Arli Magni da Silva

Coautor: César dos Santos Camargo(51) 3601-3314 - [email protected]

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sistencial. Dentro do período de execução do proje-to, de maio a junho de 2015, foram identifi cados 74 usuários desassistidos que estavam em tratamento oncológico. A equipe de Ouvidoria realizou contato com 52 pacientes e foram agendadas 42 consultas oncológicas no SUS. O novo fl uxo de trabalho de-monstrou a potencialidade do serviço de Ouvido-ria, implementou novas tecnologias de trabalho — como o monitoramento do itinerário terapêutico — e qualifi cou o modelo de atenção à saúde.

Page 14: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

14 | www.cosemsrs.org.br

Criada em 2013, a Assessoria de Comunicação da Fundação Municipal de Santa Rosa (FUMSSAR) tem aprimorado a comunicação interna e externa da instituição com a adoção de várias estratégias. Internamente, houve destaque ao informativo mensal, que contemplava informações gerais sobre a instituição e seus trabalhadores, estreitando as relações interpessoais. Atualmente, utiliza-se como recurso a Intranet, que concentrou sistemas de apoio aos setores de infor-mática e manutenção, informações úteis, notícias e interatividade. Essa iniciativa tem sido efetiva na interação dos servidores do sistema de saúde local. Quanto à comunicação externa, destaca-se a iniciativa das reuniões periódicas das 17 Equi-

Com o elevado número de funções e demandas, muitas vezes, o secre-tário da Saúde não consegue interagir com os cidadãos, deixando de ouvir comentários e sugestões que poderiam colaborar com a prestação de um serviço mais efi ciente. Visando suprir as defi ciências na comunicação entre a gestão e a população, foram criadas audiências públicas para estabelecer um canal de comunicação direta com os usuários do SUS. As sessões co-meçaram em 2014, ocorrendo uma vez por semana. Até o momento, foram atendidas mais de duas mil pessoas. Através do projeto, tanto os gestores quanto a comunidade puderam ter um melhor panorama do quadro de Saú-de do município. A aproximação permitiu, ainda, que o secretário e os mem-

SANTA ROSA

SÃO LEOPOLDO

pes de Saúde da Família (ESFs) com as comunida-des. Essas oportunidades são espaços participação democrática protagonizados em cada território da Estratégia de Saúde da Família e utilizados para monitoramento e avaliação das ações necessárias à população. Observa-se, com essa ação, uma maior proximidade da comunidade com a equipe, um vín-culo de cooperação e objetivos comuns e o fortaleci-mento do sistema de saúde.

bros da equipe que participam das audiências pudessem entender mais sobre as necessidades dos usuários, de modo a projetar melhorias. Já a população conseguiu ter um espaço para ser ouvida, sendo diretamente responsável por con-tribuir com o aumento da qualidade da rede, passando a aumentar a compreensão como fun-ciona o SUS. Esse tipo de ação viabilizou uma oportunidade para troca, constituindo-se em um canal para o diálogo.

REVISTA COSEMS/RS

População: 71,6 mil habitantesRegional do COSEMS: Fronteira Noroeste (14ª Região de Saúde – 14ªCRS)

A COMUNICAÇÃO E A QUALIDADE NOS PROCESSOS DE TRABALHO

Autor: Luís Antônio Benvegnú

Coautores: Elisiane Bisognin, Délcio Stefan e Aldair Melchior (55) 3513-5115 - [email protected]

População: 214 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale dos Sinos (7ª Região de Saúde – 1ª CRS)

AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O SECRETÁRIO DE SAÚDE

Autor: Julio Copstein Galperim(51) 9339-4911 - [email protected]

Coautora: Miriam Korenowski Bavoso

DIVULG

AÇÃO/PM

SRD

IVULGAÇÃO

/PMSL

PORTO ALEGRE

2 – ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL

Pioneira em Caxias do Sul, a Rede de Arti-culação Intersetorial do bairro Canyon surgiu há sete anos devido à necessidade de combater vulnerabilidades por meio da relação entre os serviços da rede. Formado pelas Secretarias Municipais da Saúde, da Educação e da Assis-tência Social, pela associação de moradores, e por outros órgãos convidados, o grupo se reúne uma vez por mês para discutir as difi culdades dos núcleos familiares do bairro, como notifi -cações do Conselho Tutelar e casos de menores em situação de risco, e a busca do desenvolvi-mento de ações conjuntas para a melhoria das condições individuais, familiares e locais. O trabalho já alcançou conquistas importantes, como a obtenção de recursos federais, atendi-mentos coletivos de doentes crônicos (incluin-do a prescrição de medicação e a solicitação de exames), atividades de promoção de saúde e a formação de grupos de adolescentes que tratam de temas como sexualidade e DSTs. Além disso, a rede oportunizou melhorias na infraestrutura local e na integração da comunidade, propor-cionando, por exemplo, passeios anuais de con-fraternização com os idosos da localidade.

CAXIAS DO SUL

O SUS É NOSSO

População: 1,4 milhão de habitantes Regional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

A EXPERIÊNCIA DE UM COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DE UMA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Autora: Maria Mercedes Bendati(51) 3289-2451 - [email protected]

Coautores: Adriano Cordeiro, Anita Marques, Benjamin Roitman, Daila Arena Raenck da Silva, Eder Kroeff Cardos, Jana Ferrer, Leticia Vasconcellos Tonding, Lisiane Morelia Weide Acosta e Thais Schossler

O aumento dos projetos de pesquisas realizados nos serviços de saúde, oriundos principalmente de instituições de ensino superior e de centros de pesquisa, alertaram para a necessidade de atualização do fl uxo de tramitação ética dessas propostas na Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Em 2014, o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da SMS estabeleceu o fl uxo interno de andamento e a documentação de orientação para os pesquisadores por meio do site www2.portoalegre.rs.gov.br/sms. Naquele ano, houve um aumento no número de projetos analisados, totalizando 131 – 60 a mais do que em re-lação a 2013 –, fato explicado pelas difi culdades iniciais enfrentadas pelos pesquisadores com a Plataforma Brasil. Dos projetos analisados, 84% foram de iniciativa de outras instituições, sendo a SMS coparticipante. Em relação às proponentes, verifi cou-se que a UFRGS apresentou 24% dos planos, e que a área de Enfermagem concentrou 20% dos estudos. Quanto ao tipo, 34% eram Trabalhos de Conclusão de Curso. Os Comitês de Ética em Pesquisa em instituições são necessários para orientar pesquisadores que realizam estu-dos em serviços de saúde. A experiência mostrou a importância do olhar da Gestão Municipal de Saúde sobre as pesquisas realizadas com a população e com trabalhadores da saúde, a fi m de garantir que não haja prejuízo à assis-tência em saúde nesses ambientes durante a pesquisa. Também ressalta-se a importância dos CEPs em garantir os direitos dos participantes de pesquisas, conforme defi nido na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

População: 470 mil habitantesRegional do COSEMS: Caxias e Hortênsias (23ª Regional de Saúde – 5ª CRS)

REDE DE ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL PARA O CUIDADO EM SAÚDE NO BAIRRO CANYON

Autora: Jacqueline Silva Oliveira(54) [email protected]

Coautores: Fábio Zatti, Gabriel Trevizan Correa e Susana Duarte

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Criada em 2013, a Assessoria de Comunicação da Fundação Municipal de Santa Rosa (FUMSSAR) tem aprimorado a comunicação interna e externa da instituição com a adoção de várias estratégias. Internamente, houve destaque ao informativo mensal, que contemplava informações gerais sobre a instituição e seus trabalhadores, estreitando as relações interpessoais. Atualmente, utiliza-se como recurso a Intranet, que concentrou sistemas de apoio aos setores de infor-mática e manutenção, informações úteis, notícias e interatividade. Essa iniciativa tem sido efetiva na interação dos servidores do sistema de saúde local. Quanto à comunicação externa, destaca-se a iniciativa das reuniões periódicas das 17 Equi-

Com o elevado número de funções e demandas, muitas vezes, o secre-tário da Saúde não consegue interagir com os cidadãos, deixando de ouvir comentários e sugestões que poderiam colaborar com a prestação de um serviço mais efi ciente. Visando suprir as defi ciências na comunicação entre a gestão e a população, foram criadas audiências públicas para estabelecer um canal de comunicação direta com os usuários do SUS. As sessões co-meçaram em 2014, ocorrendo uma vez por semana. Até o momento, foram atendidas mais de duas mil pessoas. Através do projeto, tanto os gestores quanto a comunidade puderam ter um melhor panorama do quadro de Saú-de do município. A aproximação permitiu, ainda, que o secretário e os mem-

SANTA ROSA

SÃO LEOPOLDO

pes de Saúde da Família (ESFs) com as comunida-des. Essas oportunidades são espaços participação democrática protagonizados em cada território da Estratégia de Saúde da Família e utilizados para monitoramento e avaliação das ações necessárias à população. Observa-se, com essa ação, uma maior proximidade da comunidade com a equipe, um vín-culo de cooperação e objetivos comuns e o fortaleci-mento do sistema de saúde.

bros da equipe que participam das audiências pudessem entender mais sobre as necessidades dos usuários, de modo a projetar melhorias. Já a população conseguiu ter um espaço para ser ouvida, sendo diretamente responsável por con-tribuir com o aumento da qualidade da rede, passando a aumentar a compreensão como fun-ciona o SUS. Esse tipo de ação viabilizou uma oportunidade para troca, constituindo-se em um canal para o diálogo.

REVISTA COSEMS/RS

População: 71,6 mil habitantesRegional do COSEMS: Fronteira Noroeste (14ª Região de Saúde – 14ªCRS)

A COMUNICAÇÃO E A QUALIDADE NOS PROCESSOS DE TRABALHO

Autor: Luís Antônio Benvegnú

Coautores: Elisiane Bisognin, Délcio Stefan e Aldair Melchior (55) 3513-5115 - [email protected]

População: 214 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale dos Sinos (7ª Região de Saúde – 1ª CRS)

AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O SECRETÁRIO DE SAÚDE

Autor: Julio Copstein Galperim(51) 9339-4911 - [email protected]

Coautora: Miriam Korenowski Bavoso

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SRD

IVULGAÇÃO

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2 – ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL

Pioneira em Caxias do Sul, a Rede de Arti-culação Intersetorial do bairro Canyon surgiu há sete anos devido à necessidade de combater vulnerabilidades por meio da relação entre os serviços da rede. Formado pelas Secretarias Municipais da Saúde, da Educação e da Assis-tência Social, pela associação de moradores, e por outros órgãos convidados, o grupo se reúne uma vez por mês para discutir as difi culdades dos núcleos familiares do bairro, como notifi -cações do Conselho Tutelar e casos de menores em situação de risco, e a busca do desenvolvi-mento de ações conjuntas para a melhoria das condições individuais, familiares e locais. O trabalho já alcançou conquistas importantes, como a obtenção de recursos federais, atendi-mentos coletivos de doentes crônicos (incluin-do a prescrição de medicação e a solicitação de exames), atividades de promoção de saúde e a formação de grupos de adolescentes que tratam de temas como sexualidade e DSTs. Além disso, a rede oportunizou melhorias na infraestrutura local e na integração da comunidade, propor-cionando, por exemplo, passeios anuais de con-fraternização com os idosos da localidade.

CAXIAS DO SUL

O SUS É NOSSO

População: 1,4 milhão de habitantes Regional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

A EXPERIÊNCIA DE UM COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DE UMA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Autora: Maria Mercedes Bendati(51) 3289-2451 - [email protected]

Coautores: Adriano Cordeiro, Anita Marques, Benjamin Roitman, Daila Arena Raenck da Silva, Eder Kroeff Cardos, Jana Ferrer, Leticia Vasconcellos Tonding, Lisiane Morelia Weide Acosta e Thais Schossler

O aumento dos projetos de pesquisas realizados nos serviços de saúde, oriundos principalmente de instituições de ensino superior e de centros de pesquisa, alertaram para a necessidade de atualização do fl uxo de tramitação ética dessas propostas na Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Em 2014, o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da SMS estabeleceu o fl uxo interno de andamento e a documentação de orientação para os pesquisadores por meio do site www2.portoalegre.rs.gov.br/sms. Naquele ano, houve um aumento no número de projetos analisados, totalizando 131 – 60 a mais do que em re-lação a 2013 –, fato explicado pelas difi culdades iniciais enfrentadas pelos pesquisadores com a Plataforma Brasil. Dos projetos analisados, 84% foram de iniciativa de outras instituições, sendo a SMS coparticipante. Em relação às proponentes, verifi cou-se que a UFRGS apresentou 24% dos planos, e que a área de Enfermagem concentrou 20% dos estudos. Quanto ao tipo, 34% eram Trabalhos de Conclusão de Curso. Os Comitês de Ética em Pesquisa em instituições são necessários para orientar pesquisadores que realizam estu-dos em serviços de saúde. A experiência mostrou a importância do olhar da Gestão Municipal de Saúde sobre as pesquisas realizadas com a população e com trabalhadores da saúde, a fi m de garantir que não haja prejuízo à assis-tência em saúde nesses ambientes durante a pesquisa. Também ressalta-se a importância dos CEPs em garantir os direitos dos participantes de pesquisas, conforme defi nido na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

População: 470 mil habitantesRegional do COSEMS: Caxias e Hortênsias (23ª Regional de Saúde – 5ª CRS)

REDE DE ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL PARA O CUIDADO EM SAÚDE NO BAIRRO CANYON

Autora: Jacqueline Silva Oliveira(54) [email protected]

Coautores: Fábio Zatti, Gabriel Trevizan Correa e Susana Duarte

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O padrão de qualidade do serviço de saúde bucal não era uniforme devido a questões como perfi l, interesses e comprometimento dos profi ssionais, além de não possuir o fi nanciamento necessário para uma qualidade mais consis-tente no atendimento à demanda. Foi estabelecida, então, uma parceira com a Faculdade de Odontologia/UFPel para a implementação de métodos e práticas ensinados no curso, alinhados às estratégias do município. O programa Sor-rindo na Escola atua na educação de crianças, prevenindo doenças dentárias, e conta com a participação de estudantes de odontologia, como forma de estimu-lar os futuros profi ssionais a expandir o serviço clínico e a atuar no SUS. Foram obtidos recursos junto ao Ministério da Saúde para fi nanciar as mudanças que

A partir do registro de casos autóctones de dengue em Porto Alegre, a área técnica da Vigilância em Saúde (VS) do município identifi cou a necessidade de ampliação da divulgação de informações sobre a doença. Em fevereiro de 2015, foi lançado o site “Onde está o Aedes?” (www.ondeestaoaedes.com.br) como ferramenta de promoção das ações da Prefeitura em relação ao combate à doença. A ação foi possibilitada por meio de uma integração da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), da VS, da Procempa e do Gabinete de Comuni-cação Social. O site informa a população, por meio de notícias atualizadas, sobre a aplicação de inseticidas e o mapa de infestação do vetor, e também da

PELOTAS

PORTO ALEGRE

o serviço demandava, como a criação de cargos de auxiliares e a melhor qualifi cação dos profi s-sionais que já atuavam. Também foi qualifi cado o local de trabalho, permitindo que os funcionários tivessem acesso a equipamentos adequados para oferecer um melhor tratamento. Como resultado, atualmente há uma maior resolutividade do servi-ço, reconhecido em 2014 com o Prêmio InovaSUS como uma das dez melhores experiências munici-pais em gestão de saúde no País.

prevenção e situação epidemiológica, tendo capa-cidade para atingir diversos públicos. Em pouco mais de quatro meses de operação, a página tinha quase 75 mil visualizações, com 15 mil usuários acessando-o de 42 países e 384 cidades diferen-tes. No entanto, a maioria dos acessos — 82,5% —, era de usuários de Porto Alegre, cumprindo com o objetivo do projeto de levar informação à população local.

REVISTA COSEMS/RS

População: 341 mil habitantes Regional do COSEMS: Região Sul (21ª Região de Saúde – 3ª CRS)

EXPERIÊNCIA ENTRE ACADEMIA E SERVIÇO DE SAÚDE BUCAL

Autor: Leandro Leitzke Thurow(53) 3284-7742 - [email protected]

Coautores: Eduardo Dickie de Castilhos, Mariane Baltassare Laroque, Tania Izabel Bighetti e Raquel Viégas Elias

População: 1,4 milhão de habitantesRegional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

ONDE ESTÁ O AEDES?

Autora: Patricia Coelho de Souza

Coautoras: Liziane Cordeiro, Thais Fensterseifer, Liane Oliveira Fetzer e Maria Mercedes Bendati(51) 3289-2451 - [email protected]

LEAND

RO LEITZKE THURO

W/PM

PIVO GO

NÇALVES/PM

PA

CANDELÁRIA

3 – INOVAÇÃO

Devido à fragilidade no atendimento às vítimas de violência, especialmente a se-xual, Santa Maria estabeleceu o Grupo de Trabalho Integrado de Enfrentamento às Violências para oferecer suporte e facilitar o acesso à assistência. Formado por profi s-sionais da área da Saúde e do Desenvolvi-mento social, o grupo tem a função de esta-belecer a rede de acolhimento como forma de proteção contra esse tipo de problema, normatizando as etapas do processo de cuidado que mais necessitam de ajustes. O trabalho conta com a participação da Promotoria da Infância e Juventude para a organização de um serviço de atendi-mento, que tem como referência o Hospi-tal Universitário. A articulação do fl uxo de acolhimento torna o sistema mais fl uente, integrando os serviços de saúde, assistên-cia social, segurança e justiça. Essa relação permite a melhoria na assistência e prote-ção das vítimas, trazendo mais visibilida-de para as situações de violência através do suporte de rede, que cobre todas as etapas necessárias para atuar de maneira efi caz nesses casos.

SANTA MARIA

O SUS É NOSSO

População: 30 mil habitantes Regional do COSEMS: Santa Cruz do Sul (28ª Região de Saúde – 13ª CRS)

1º CIRCUITO DE CORRIDA ROTA DOS DINOSSAUROS

Autor: Douglas dos Santos Braga (51)3743-8196 - [email protected]

Coautores: Aline Gewehr Trindade, Fernando Serena Menezes, Grazieli Priebe, Julio Cezar Lopes Steffanello, Larissa Maria Jacobi Burger e Rafael Siqueira Oliveira

O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e a equipe de gestão da Secretaria de Saúde, conscientes dos benefícios trazidos pela atividade física, idealizaram o 1º Circuito de Corrida Rota dos Dinossauros. A ação aplica a promoção de saúde de modo diferenciado, desvinculando-a do modo comum de ofertar serviços de saúde, como consultas clínicas, exa-mes, encaminhamentos, cirurgias e fornecimento de medicações. O evento apresentou, em sua essência, um trabalho em saúde de forma preventiva, desprendendo as ações do paradigma biomédico que tem foco na doença. O Circuito ocorreu no dia 12 de outubro de 2014, e contava com provas de corrida de 1km a 5km, divididas nas faixas etárias infantil e adulto, além de um circuito de caminhada. Durante o evento, ocorreram diversas ativida-des de cunho sociocomunitário e cultural, como apresentações artísticas, mateada e divulgação de serviços públicos e privados. A corrida recebeu 400 inscrições, sendo incluída no calendário anual de eventos do municí-pio. A grande participação da comunidade serviu de motivação para que fossem organizados grupos de corridas e caminhadas pela cidade. A ação incentivou a prática de atividade física realizadas nas unidades de saúde, favorecendo, assim, uma melhor qualidade de vida e propiciando a divul-gação e promoção da saúde. Além disso, a iniciativa tem forte apelo comu-nitário e de potencialização do turismo, pelo fato de Candelária possuir signifi cativos sítios paleontológicos.

População: 261 mil habitantes Regional do COSEMS: Verdes Campos (1ª Região de Saúde – 4ª CRS)

A CONSTRUÇÃO DE LINHA DE CUIDADO DA VIOLÊNCIA SEXUAL: UMA VIVÊNCIA INTERSETORIAL E INTERDISCIPLINAR

Autora: Vânia Maria Fighera Olivo (55) [email protected]

Coautoras: Ingrit Amaraim, Pâmela Kurtz Cezar e Solange Capaverde

DIVULG

AÇÃO/PM

SM

GR

AZIELE PRIEBE/PMC

Page 17: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

17

O padrão de qualidade do serviço de saúde bucal não era uniforme devido a questões como perfi l, interesses e comprometimento dos profi ssionais, além de não possuir o fi nanciamento necessário para uma qualidade mais consis-tente no atendimento à demanda. Foi estabelecida, então, uma parceira com a Faculdade de Odontologia/UFPel para a implementação de métodos e práticas ensinados no curso, alinhados às estratégias do município. O programa Sor-rindo na Escola atua na educação de crianças, prevenindo doenças dentárias, e conta com a participação de estudantes de odontologia, como forma de estimu-lar os futuros profi ssionais a expandir o serviço clínico e a atuar no SUS. Foram obtidos recursos junto ao Ministério da Saúde para fi nanciar as mudanças que

A partir do registro de casos autóctones de dengue em Porto Alegre, a área técnica da Vigilância em Saúde (VS) do município identifi cou a necessidade de ampliação da divulgação de informações sobre a doença. Em fevereiro de 2015, foi lançado o site “Onde está o Aedes?” (www.ondeestaoaedes.com.br) como ferramenta de promoção das ações da Prefeitura em relação ao combate à doença. A ação foi possibilitada por meio de uma integração da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), da VS, da Procempa e do Gabinete de Comuni-cação Social. O site informa a população, por meio de notícias atualizadas, sobre a aplicação de inseticidas e o mapa de infestação do vetor, e também da

PELOTAS

PORTO ALEGRE

o serviço demandava, como a criação de cargos de auxiliares e a melhor qualifi cação dos profi s-sionais que já atuavam. Também foi qualifi cado o local de trabalho, permitindo que os funcionários tivessem acesso a equipamentos adequados para oferecer um melhor tratamento. Como resultado, atualmente há uma maior resolutividade do servi-ço, reconhecido em 2014 com o Prêmio InovaSUS como uma das dez melhores experiências munici-pais em gestão de saúde no País.

prevenção e situação epidemiológica, tendo capa-cidade para atingir diversos públicos. Em pouco mais de quatro meses de operação, a página tinha quase 75 mil visualizações, com 15 mil usuários acessando-o de 42 países e 384 cidades diferen-tes. No entanto, a maioria dos acessos — 82,5% —, era de usuários de Porto Alegre, cumprindo com o objetivo do projeto de levar informação à população local.

REVISTA COSEMS/RS

População: 341 mil habitantes Regional do COSEMS: Região Sul (21ª Região de Saúde – 3ª CRS)

EXPERIÊNCIA ENTRE ACADEMIA E SERVIÇO DE SAÚDE BUCAL

Autor: Leandro Leitzke Thurow(53) 3284-7742 - [email protected]

Coautores: Eduardo Dickie de Castilhos, Mariane Baltassare Laroque, Tania Izabel Bighetti e Raquel Viégas Elias

População: 1,4 milhão de habitantesRegional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

ONDE ESTÁ O AEDES?

Autora: Patricia Coelho de Souza

Coautoras: Liziane Cordeiro, Thais Fensterseifer, Liane Oliveira Fetzer e Maria Mercedes Bendati(51) 3289-2451 - [email protected]

LEAND

RO LEITZKE THURO

W/PM

PIVO GO

NÇALVES/PM

PA

CANDELÁRIA

3 – INOVAÇÃO

Devido à fragilidade no atendimento às vítimas de violência, especialmente a se-xual, Santa Maria estabeleceu o Grupo de Trabalho Integrado de Enfrentamento às Violências para oferecer suporte e facilitar o acesso à assistência. Formado por profi s-sionais da área da Saúde e do Desenvolvi-mento social, o grupo tem a função de esta-belecer a rede de acolhimento como forma de proteção contra esse tipo de problema, normatizando as etapas do processo de cuidado que mais necessitam de ajustes. O trabalho conta com a participação da Promotoria da Infância e Juventude para a organização de um serviço de atendi-mento, que tem como referência o Hospi-tal Universitário. A articulação do fl uxo de acolhimento torna o sistema mais fl uente, integrando os serviços de saúde, assistên-cia social, segurança e justiça. Essa relação permite a melhoria na assistência e prote-ção das vítimas, trazendo mais visibilida-de para as situações de violência através do suporte de rede, que cobre todas as etapas necessárias para atuar de maneira efi caz nesses casos.

SANTA MARIA

O SUS É NOSSO

População: 30 mil habitantes Regional do COSEMS: Santa Cruz do Sul (28ª Região de Saúde – 13ª CRS)

1º CIRCUITO DE CORRIDA ROTA DOS DINOSSAUROS

Autor: Douglas dos Santos Braga (51)3743-8196 - [email protected]

Coautores: Aline Gewehr Trindade, Fernando Serena Menezes, Grazieli Priebe, Julio Cezar Lopes Steffanello, Larissa Maria Jacobi Burger e Rafael Siqueira Oliveira

O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e a equipe de gestão da Secretaria de Saúde, conscientes dos benefícios trazidos pela atividade física, idealizaram o 1º Circuito de Corrida Rota dos Dinossauros. A ação aplica a promoção de saúde de modo diferenciado, desvinculando-a do modo comum de ofertar serviços de saúde, como consultas clínicas, exa-mes, encaminhamentos, cirurgias e fornecimento de medicações. O evento apresentou, em sua essência, um trabalho em saúde de forma preventiva, desprendendo as ações do paradigma biomédico que tem foco na doença. O Circuito ocorreu no dia 12 de outubro de 2014, e contava com provas de corrida de 1km a 5km, divididas nas faixas etárias infantil e adulto, além de um circuito de caminhada. Durante o evento, ocorreram diversas ativida-des de cunho sociocomunitário e cultural, como apresentações artísticas, mateada e divulgação de serviços públicos e privados. A corrida recebeu 400 inscrições, sendo incluída no calendário anual de eventos do municí-pio. A grande participação da comunidade serviu de motivação para que fossem organizados grupos de corridas e caminhadas pela cidade. A ação incentivou a prática de atividade física realizadas nas unidades de saúde, favorecendo, assim, uma melhor qualidade de vida e propiciando a divul-gação e promoção da saúde. Além disso, a iniciativa tem forte apelo comu-nitário e de potencialização do turismo, pelo fato de Candelária possuir signifi cativos sítios paleontológicos.

População: 261 mil habitantes Regional do COSEMS: Verdes Campos (1ª Região de Saúde – 4ª CRS)

A CONSTRUÇÃO DE LINHA DE CUIDADO DA VIOLÊNCIA SEXUAL: UMA VIVÊNCIA INTERSETORIAL E INTERDISCIPLINAR

Autora: Vânia Maria Fighera Olivo (55) [email protected]

Coautoras: Ingrit Amaraim, Pâmela Kurtz Cezar e Solange Capaverde

DIVULG

AÇÃO/PM

SM

GR

AZIELE PRIEBE/PMC

Page 18: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

18 | www.cosemsrs.org.br

Como forma de controlar a reprodução de cães e gatos no município e evitar a transmissão de doenças aos seres humanos, a Prefeitura de Bagé realizou um convênio com o Núcleo Bageense de Proteção de Animais (NBPA) para a castração desses animais, seguindo orientações da Orga-nização Mundial de Saúde (OMS). O trabalho, iniciado em 2008, foi ex-pandido e, atualmente, conta com três unidades: Casa de Saúde Animal, Centro de Atenção aos Animais de Rua e Unidade Móvel de Castração. São 12 funcionários das diversas áreas da Prefeitura envolvidos, além de 11 es-tagiários, que atendem todos os dias entre 8h e 21h. Até junho de 2015,

Observando o elevado número de crianças e adolescentes envolvidos em problemas sociais devido à falta de estrutura familiar, social e econômica, a equipe de Saúde Mental do município desenvolveu a Ofi cina de Teatro. Inicia-do em novembro de 2013, o projeto acontece semanalmente no auditório da Prefeitura, espaço escolhido por ter um palco com boa acústica, permitindo que os jovens experimentem novas emoções e expressem sentimentos viven-ciados no dia a dia, trazendo a sua bagagem emocional e a verbalizando no cenário teatral. A atividade serve como dispositivo terapêutico, oferecendo uma oportunidade educacional e permitindo que o grupo tenha um apren-

BAGÉ

BOM RETIRO DO SUL

o projeto havia realizado 30 mil castrações, 55 mil aplicações de antiparasitários, 26 mil aten-dimentos clínicos, 3 mil fi scalizações de maus tratos e 25 mil internações, tornando Bagé refe-rência estadual no trato de cães e gatos. A expe-riência mostrou, também, como a colaboração entre o poder público e a comunidade protetora pode ser uma união de sucesso para a resolução de um problema que afeta toda a população.

dizado social, afetivo e educacional, buscando também dar visibilidade e aceitação à diversi-dade. A ofi cina já organizou Mostras de Teatro, em que os trabalhos realizados durante o ano são apresentados para a comunidade, destacando o quanto cada participante evoluiu nesse período, e o quão benéfi ca foi a experiência ao afastá-los da violência e atuar na redução dos índices de in-frequência e baixo rendimento escolar.

REVISTA COSEMS/RS

População: 120 mil habitantesRegional do COSEMS: Pampa (22ª Região de Saúde – 7ª CRS)

CONTROLE POPULACIONAL DE CÃES E GATOS

Autores: Dudu Colombo e Muriel Vaz Sarmento

Coautores: Coordenadoria Municipal de Bem-estar Animal e Núcleo Bageense de Proteção aos Animais(53) 3240-4341 - [email protected]

População: 11 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale da Luz (30ª Região de Saúde – 16ª CRS)

OFICINA DE TEATRO

Autora: Camila Maria Oliveira (51) 3766-3464 - [email protected]

Coautoras: Bianca Flores e Cassiane Purper de Souza

COO

RDEN

ADO

RIA DE CO

MUN

ICAÇÃO DA PREFEITUR

A DE BAG

É/PMB

JENN

IFER HARTZ/PM

BRS

Em março de 2015 foi iniciado o projeto Grupo Roda de Conversa para Ado-lescentes, visando reduzir o alto índice de suicídio, o uso abusivo de álcool, a gra-videz na adolescência e a desestrutura familiar, fatores que difi cultam essa fase da vida. Realizando encontros quinzenais, o grupo fomenta a discussão e a refl exão dos jovens sobre temas de interesse comum, tendo um mediador para orientar o esclarecimento dos questionamentos à medida que eles se apresentam. A dinâmica é descontraída, permitindo aos participantes escolher o espaço onde as reuniões acontecem, regadas à música, chimarrão e lanches. Conforme os debates prosse-guem, a interação entre os jovens aumenta: eles passam a compartilhar mais as

O projeto Saúde que Brota da Terra surgiu devido à elevada prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, que geralmente estão relacionadas às más práticas de alimentação por parte da população. Assim, várias ações foram cria-das para promover a alimentação saudável e o uso racional das plantas medici-nais. Entre elas, o Almoço Saudável, que acontece em diversos bairros da cida-de, onde as refeições são preparadas por técnicos de enfermagem e voluntários. Os ingredientes utilizados no preparo são naturais e, em parte, fornecidos pe-los próprios usuários. Durante o evento, ocorrem palestras com profi ssionais, como médicos e nutricionistas, que conscientizam quanto à importância da ali-

BOQUEIRÃO DO LEÃO

CAMPO BOM

experiências e dúvidas sobre temas como sexua-lidade, alcoolismo e outras questões essenciais ao seu desenvolvimento, passando a entender melhor a realidade em que vivem. Como refl exo desta expe-riência, o convívio familiar melhorou, fortalecendo os laços afetivos ao se compreender os direitos e os deveres que cada um tem. O espaço de escuta, sem julgamento ou pré-conceitos, permite que eles sejam protagonistas de suas próprias histórias.

mentação saudável e seus benefícios para a saúde. Entre os resultados apurados, está o aumento do interesse pelo assunto por parte da população, que passou a buscar mais informações sobre formas de alimentação saudável, até então desconhecidas. O projeto foi criado em 2008 e continua até os dias de hoje, constituindo-se em uma oportunidade de caráter educativo altamente gratifi cante para os envolvidos.

O SUS É NOSSO

População: 7 mil habitantes Regional do COSEMS: Vales e Montanhas (29ª Região de Saúde – 16ª CRS)

GRUPO RODA DE CONVERSA PARA ADOLESCENTES

Autora: Camila Maria Oliveira(51) 3789-1512 - [email protected]

Coautora: Juliana da Rosa

População: 60 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale dos Sinos (7ª Região de Saúde – 1ª CRS)

SAÚDE QUE BROTA DA TERRA

Autor: Charles Luciano Genehr(51) 3598-8600 - [email protected]

Coautores: Maria Cristina Dietrich, Marta Maria Alves de Oliveira, Roberta dos Santos e Fabiana Mewius Marques

CHARLES G

ENEHR

/PMCB

BETHELEN D

A ROSA O

LIVEIRA

/PMBL

Page 19: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

19

Como forma de controlar a reprodução de cães e gatos no município e evitar a transmissão de doenças aos seres humanos, a Prefeitura de Bagé realizou um convênio com o Núcleo Bageense de Proteção de Animais (NBPA) para a castração desses animais, seguindo orientações da Orga-nização Mundial de Saúde (OMS). O trabalho, iniciado em 2008, foi ex-pandido e, atualmente, conta com três unidades: Casa de Saúde Animal, Centro de Atenção aos Animais de Rua e Unidade Móvel de Castração. São 12 funcionários das diversas áreas da Prefeitura envolvidos, além de 11 es-tagiários, que atendem todos os dias entre 8h e 21h. Até junho de 2015,

Observando o elevado número de crianças e adolescentes envolvidos em problemas sociais devido à falta de estrutura familiar, social e econômica, a equipe de Saúde Mental do município desenvolveu a Ofi cina de Teatro. Inicia-do em novembro de 2013, o projeto acontece semanalmente no auditório da Prefeitura, espaço escolhido por ter um palco com boa acústica, permitindo que os jovens experimentem novas emoções e expressem sentimentos viven-ciados no dia a dia, trazendo a sua bagagem emocional e a verbalizando no cenário teatral. A atividade serve como dispositivo terapêutico, oferecendo uma oportunidade educacional e permitindo que o grupo tenha um apren-

BAGÉ

BOM RETIRO DO SUL

o projeto havia realizado 30 mil castrações, 55 mil aplicações de antiparasitários, 26 mil aten-dimentos clínicos, 3 mil fi scalizações de maus tratos e 25 mil internações, tornando Bagé refe-rência estadual no trato de cães e gatos. A expe-riência mostrou, também, como a colaboração entre o poder público e a comunidade protetora pode ser uma união de sucesso para a resolução de um problema que afeta toda a população.

dizado social, afetivo e educacional, buscando também dar visibilidade e aceitação à diversi-dade. A ofi cina já organizou Mostras de Teatro, em que os trabalhos realizados durante o ano são apresentados para a comunidade, destacando o quanto cada participante evoluiu nesse período, e o quão benéfi ca foi a experiência ao afastá-los da violência e atuar na redução dos índices de in-frequência e baixo rendimento escolar.

REVISTA COSEMS/RS

População: 120 mil habitantesRegional do COSEMS: Pampa (22ª Região de Saúde – 7ª CRS)

CONTROLE POPULACIONAL DE CÃES E GATOS

Autores: Dudu Colombo e Muriel Vaz Sarmento

Coautores: Coordenadoria Municipal de Bem-estar Animal e Núcleo Bageense de Proteção aos Animais(53) 3240-4341 - [email protected]

População: 11 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale da Luz (30ª Região de Saúde – 16ª CRS)

OFICINA DE TEATRO

Autora: Camila Maria Oliveira (51) 3766-3464 - [email protected]

Coautoras: Bianca Flores e Cassiane Purper de Souza

COO

RDEN

ADO

RIA DE CO

MUN

ICAÇÃO DA PREFEITUR

A DE BAG

É/PMB

JENN

IFER HARTZ/PM

BRS

Em março de 2015 foi iniciado o projeto Grupo Roda de Conversa para Ado-lescentes, visando reduzir o alto índice de suicídio, o uso abusivo de álcool, a gra-videz na adolescência e a desestrutura familiar, fatores que difi cultam essa fase da vida. Realizando encontros quinzenais, o grupo fomenta a discussão e a refl exão dos jovens sobre temas de interesse comum, tendo um mediador para orientar o esclarecimento dos questionamentos à medida que eles se apresentam. A dinâmica é descontraída, permitindo aos participantes escolher o espaço onde as reuniões acontecem, regadas à música, chimarrão e lanches. Conforme os debates prosse-guem, a interação entre os jovens aumenta: eles passam a compartilhar mais as

O projeto Saúde que Brota da Terra surgiu devido à elevada prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, que geralmente estão relacionadas às más práticas de alimentação por parte da população. Assim, várias ações foram cria-das para promover a alimentação saudável e o uso racional das plantas medici-nais. Entre elas, o Almoço Saudável, que acontece em diversos bairros da cida-de, onde as refeições são preparadas por técnicos de enfermagem e voluntários. Os ingredientes utilizados no preparo são naturais e, em parte, fornecidos pe-los próprios usuários. Durante o evento, ocorrem palestras com profi ssionais, como médicos e nutricionistas, que conscientizam quanto à importância da ali-

BOQUEIRÃO DO LEÃO

CAMPO BOM

experiências e dúvidas sobre temas como sexua-lidade, alcoolismo e outras questões essenciais ao seu desenvolvimento, passando a entender melhor a realidade em que vivem. Como refl exo desta expe-riência, o convívio familiar melhorou, fortalecendo os laços afetivos ao se compreender os direitos e os deveres que cada um tem. O espaço de escuta, sem julgamento ou pré-conceitos, permite que eles sejam protagonistas de suas próprias histórias.

mentação saudável e seus benefícios para a saúde. Entre os resultados apurados, está o aumento do interesse pelo assunto por parte da população, que passou a buscar mais informações sobre formas de alimentação saudável, até então desconhecidas. O projeto foi criado em 2008 e continua até os dias de hoje, constituindo-se em uma oportunidade de caráter educativo altamente gratifi cante para os envolvidos.

O SUS É NOSSO

População: 7 mil habitantes Regional do COSEMS: Vales e Montanhas (29ª Região de Saúde – 16ª CRS)

GRUPO RODA DE CONVERSA PARA ADOLESCENTES

Autora: Camila Maria Oliveira(51) 3789-1512 - [email protected]

Coautora: Juliana da Rosa

População: 60 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale dos Sinos (7ª Região de Saúde – 1ª CRS)

SAÚDE QUE BROTA DA TERRA

Autor: Charles Luciano Genehr(51) 3598-8600 - [email protected]

Coautores: Maria Cristina Dietrich, Marta Maria Alves de Oliveira, Roberta dos Santos e Fabiana Mewius Marques

CHARLES G

ENEHR

/PMCB

BETHELEN D

A ROSA O

LIVEIRA

/PMBL

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20 | www.cosemsrs.org.br

Motivada pela busca da ampliação da integralidade do cuidado e de uma melhor qualidade de vida para a comunidade em situação de vulnerabilida-de social da Vila Ipê, a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) local criou, em outubro de 2014, o Programa de Atividades Recreativas, Integrativas e Complementares. Antes do início das atividades, o projeto foi desenvolvido em quatro fases: defi nição de um núcleo responsável; análise situacional da realidade local e mapeamento de demandas; estruturação e formalização dos processos; e, fi nalmente, a implantação, que ocorreu em maio de 2015. O programa despertou o interesse da população, abrangendo faixas etárias

CAXIAS DO SUL

OSÓRIO

entre 27 e 78 anos e com uma adesão superior às 20 vagas iniciais, formando listas de espera para a possibilidade da abertura de novas tur-mas. Mesmo no início, o programa mostrou ca-pacidade de ampliação do cuidado e de criação de vínculo com o usuário, que a cada novo en-contro é recebido com uma atividade diferente. Além disso, há a expectativa de ampliação das ações para outras comunidades.

REVISTA COSEMS/RS

População: 470 mil habitantesRegional do COSEMS: Caxias e Hortênsias (23ª Regional de Saúde – 5ª CRS)

IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE PRÁTICAS RECREATIVAS, INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA UBS VILA IPÊ

Autora: Patrícia Saccaro Turella(54) 3901-1060 - [email protected]

Coautora: Jacqueline Silva de Oliveira

Como forma de estabelecer medidas preventivas, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) implantou o projeto de detecção e intervenção precoce das alterações do frênulo da língua, o Teste da Linguinha, tornando-o obrigató-rio por lei (5.171/2013) em todos os recém-nascidos do município. A execu-ção do projeto mostrou-se fundamental devido à demanda por serviços de fonoaudiologia e odontologia em patologias que, em muitos casos, poderiam ser evitadas por medidas preventivas e pela solução de problemas no proces-so de aleitamento materno, mastigação e fala, que podem ser causados pela “língua presa”. O teste é feito por meio de agendamento prévio e, em casos de

alterações, é feita a frenotomia, conhecida como “pique na língua”. São realizados cerca de 60 testes por mês e, desde o início do projeto, foram realizadas 130 frenotomias. Segundo a SMS, a relevância do Teste se reafi rma por ser capaz de evitar o desmame precoce, as alterações de mastigação, deglutição e fala, e as consequentes repercussões sociais dessas patologias que são notadas na vida dos indivíduos.

População: 43 mil habitantesRegional do COSEMS: Bons Ventos (5ª Regional de Saúde – 18ª CRS)

TESTE DA LINGUINHA

Autora: Ana Paula de Carvalho Sudbrack(51) 3601-3349 - [email protected]

Coautoras: Alessandra Stenzel Petrucci, Celina Rech Maggi e Gilceany Vilar Almeida ASCO

M/PM

OD

IVULGAÇÃO

/PMCS

Devido à dificuldade da população de Taquara em acessar serviços especializados em tratamento da dor e de outras doenças, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) implantou, em julho de 2013, o ambulatório de acupunturiatria na Unidade de Saúde Central. O espaço foi dividido com a área de fisioterapia, o que oportunizou a oferta de um serviço a mais à população sem apresentar um custo financeiro elevado. Dentro do projeto são oferecidos exercícios físicos de alongamento e orienta-ções quanto à alimentação, ao vestuário e aos hábitos de vida. Dois anos

Após verifi car um alto número de doenças relacionadas ao sedentarismo e à obesidade, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Venâncio Aires decidiu criar um espaço para a promoção de saúde que oportunizasse as práticas corporais. Criada em 2013, a Academia da Saúde atende diversas faixas etárias e trabalha na promoção da saúde, do bem-estar e do convívio social, proporcionando atendimento em três turnos: manhã, tarde e noite, sempre contando com o acompanhamento de profi ssionais de Educação Fí-sica. Após passar por avaliações físicas, cada novo membro pode participar de atividades como aulas de jump, step, dança, grupos de caminhadas e ofi -

TAQUARA

VENÂNCIO AIRES

após a sua implantação, a iniciativa já havia beneficiado mais de 350 pacientes e realizado mais de dois mil atendimentos. Esses serviços médicos resultaram na diminuição do uso de analgésicos e anti-inflamatórios, na redução do tempo de uso desses medicamentos e na melhora ou cura da doença miofascial, atuan-do na qualidade de vida da população local.

cinas de teatro e culinária. Além disso, há um grupo de reeducação alimentar coordenado pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Uma nova Academia da Saúde foi inaugurada no município em 2015, comprovando o sucesso do projeto. Cada vez mais os usuários têm aderido ao projeto na busca da modifi cação de hábitos, incorporando práticas corporais e uma alimen-tação saudável às suas rotinas.

O SUS É NOSSO

População: 170 mil habitantes Regional do COSEMS: Santa Cruz do Sul (28ª Região de Saúde – 13ª CRS)

ACADEMIA DA SAÚDE VENÂNCIO AIRES

Autora: Eliane dos Santos Turcatto(51) 3741-4088 - [email protected]

Coautora: Rosane da Rosa

População: 57 mil habitantesRegional do COSEMS: Paranhana (6ª Região de Saúde – 1ª CRS)

AMBULATÓRIO DE ACUPUNTURIATRIA

Autor: José Karam Magalhães(51) 3541-9339 - [email protected]

Coautora: Mariane Farias Da Silva

MAGD

A RABIE/PM

TELIAN

E TURCATTO/PM

VA

Page 21: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

21

Motivada pela busca da ampliação da integralidade do cuidado e de uma melhor qualidade de vida para a comunidade em situação de vulnerabilida-de social da Vila Ipê, a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) local criou, em outubro de 2014, o Programa de Atividades Recreativas, Integrativas e Complementares. Antes do início das atividades, o projeto foi desenvolvido em quatro fases: defi nição de um núcleo responsável; análise situacional da realidade local e mapeamento de demandas; estruturação e formalização dos processos; e, fi nalmente, a implantação, que ocorreu em maio de 2015. O programa despertou o interesse da população, abrangendo faixas etárias

CAXIAS DO SUL

OSÓRIO

entre 27 e 78 anos e com uma adesão superior às 20 vagas iniciais, formando listas de espera para a possibilidade da abertura de novas tur-mas. Mesmo no início, o programa mostrou ca-pacidade de ampliação do cuidado e de criação de vínculo com o usuário, que a cada novo en-contro é recebido com uma atividade diferente. Além disso, há a expectativa de ampliação das ações para outras comunidades.

REVISTA COSEMS/RS

População: 470 mil habitantesRegional do COSEMS: Caxias e Hortênsias (23ª Regional de Saúde – 5ª CRS)

IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE PRÁTICAS RECREATIVAS, INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA UBS VILA IPÊ

Autora: Patrícia Saccaro Turella(54) 3901-1060 - [email protected]

Coautora: Jacqueline Silva de Oliveira

Como forma de estabelecer medidas preventivas, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) implantou o projeto de detecção e intervenção precoce das alterações do frênulo da língua, o Teste da Linguinha, tornando-o obrigató-rio por lei (5.171/2013) em todos os recém-nascidos do município. A execu-ção do projeto mostrou-se fundamental devido à demanda por serviços de fonoaudiologia e odontologia em patologias que, em muitos casos, poderiam ser evitadas por medidas preventivas e pela solução de problemas no proces-so de aleitamento materno, mastigação e fala, que podem ser causados pela “língua presa”. O teste é feito por meio de agendamento prévio e, em casos de

alterações, é feita a frenotomia, conhecida como “pique na língua”. São realizados cerca de 60 testes por mês e, desde o início do projeto, foram realizadas 130 frenotomias. Segundo a SMS, a relevância do Teste se reafi rma por ser capaz de evitar o desmame precoce, as alterações de mastigação, deglutição e fala, e as consequentes repercussões sociais dessas patologias que são notadas na vida dos indivíduos.

População: 43 mil habitantesRegional do COSEMS: Bons Ventos (5ª Regional de Saúde – 18ª CRS)

TESTE DA LINGUINHA

Autora: Ana Paula de Carvalho Sudbrack(51) 3601-3349 - [email protected]

Coautoras: Alessandra Stenzel Petrucci, Celina Rech Maggi e Gilceany Vilar Almeida ASCO

M/PM

OD

IVULGAÇÃO

/PMCS

Devido à dificuldade da população de Taquara em acessar serviços especializados em tratamento da dor e de outras doenças, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) implantou, em julho de 2013, o ambulatório de acupunturiatria na Unidade de Saúde Central. O espaço foi dividido com a área de fisioterapia, o que oportunizou a oferta de um serviço a mais à população sem apresentar um custo financeiro elevado. Dentro do projeto são oferecidos exercícios físicos de alongamento e orienta-ções quanto à alimentação, ao vestuário e aos hábitos de vida. Dois anos

Após verifi car um alto número de doenças relacionadas ao sedentarismo e à obesidade, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Venâncio Aires decidiu criar um espaço para a promoção de saúde que oportunizasse as práticas corporais. Criada em 2013, a Academia da Saúde atende diversas faixas etárias e trabalha na promoção da saúde, do bem-estar e do convívio social, proporcionando atendimento em três turnos: manhã, tarde e noite, sempre contando com o acompanhamento de profi ssionais de Educação Fí-sica. Após passar por avaliações físicas, cada novo membro pode participar de atividades como aulas de jump, step, dança, grupos de caminhadas e ofi -

TAQUARA

VENÂNCIO AIRES

após a sua implantação, a iniciativa já havia beneficiado mais de 350 pacientes e realizado mais de dois mil atendimentos. Esses serviços médicos resultaram na diminuição do uso de analgésicos e anti-inflamatórios, na redução do tempo de uso desses medicamentos e na melhora ou cura da doença miofascial, atuan-do na qualidade de vida da população local.

cinas de teatro e culinária. Além disso, há um grupo de reeducação alimentar coordenado pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Uma nova Academia da Saúde foi inaugurada no município em 2015, comprovando o sucesso do projeto. Cada vez mais os usuários têm aderido ao projeto na busca da modifi cação de hábitos, incorporando práticas corporais e uma alimen-tação saudável às suas rotinas.

O SUS É NOSSO

População: 170 mil habitantes Regional do COSEMS: Santa Cruz do Sul (28ª Região de Saúde – 13ª CRS)

ACADEMIA DA SAÚDE VENÂNCIO AIRES

Autora: Eliane dos Santos Turcatto(51) 3741-4088 - [email protected]

Coautora: Rosane da Rosa

População: 57 mil habitantesRegional do COSEMS: Paranhana (6ª Região de Saúde – 1ª CRS)

AMBULATÓRIO DE ACUPUNTURIATRIA

Autor: José Karam Magalhães(51) 3541-9339 - [email protected]

Coautora: Mariane Farias Da Silva

MAGD

A RABIE/PM

TELIAN

E TURCATTO/PM

VA

Page 22: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

22 | www.cosemsrs.org.br

SANTANA DO LIVRAMENTO

4 – DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE

O município idealizou, no ano de 2013, uma Guia de Encaminhamentos para or-ganizar e reduzir o número de internações compulsórias no âmbito da Saúde Mental, que eram realizadas através do ajuizamen-to de ações junto à Defensoria Pública (DP) e ao Ministério Público (MP). Ao ser gerado, o documento é numerado pelo órgão de-mandante e trazido pelo paciente ou fami-liar a qualquer um dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município. Assim, o paciente é avaliado pela equipe, que dá o en-caminhamento mais adequado. No período de maio de 2013 a abril de 2014, 214 guias foram encaminhadas à Secretaria, geradas pela procura de pacientes ou familiares com o objetivo de mover ações judiciais pleitean-do a avaliação ou a internação compulsória. Desse total, apenas 23 foram ajuizadas, ou seja, percebe-se uma redução de 86% das ações judiciais no serviço de Saúde Mental do município. O monitoramento dessas guias ocorre semanalmente e o que se concluiu é que, com a utilização desse procedimento organizativo proposto pela SMS, foi possível uma importante aproximação e articulação com as instâncias do Poder Judiciário.

VIAMÃO

REVISTA COSEMS/RSREPRO

DUÇÃO: "M

ADRE E HIJA" D

E MICH

ÈLE WAUQ

UIER/PM

SL

População: 82 mil habitantes Regional do COSEMS: Fronteira Oeste (3ª Região de Saúde – 10ª CRS)

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV EM SANTANA DO LIVRAMENTO/RS

Autor: Luiz Henrique Soares Brum(55) 3968-1186 - [email protected]

Coautores: Elaine Liz de Brito e Leandro Carneiro

Santana do Livramento, atento ao alto índice de transmissão verti-cal do HIV por gestantes infectadas, passou a realizar, em de janeiro de 2005, o controle desse problema. O projeto é desenvolvido através da Coordenação DST/AIDS do município, com o objetivo de qualifi car o atendimento às gestantes soropositivas, que até então eram atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), o que gerava resistência, pois o atendimento não era específi co para a sua condição de saúde. O processo consiste em acompanhamento e cuidados a essas gestantes, com dedica-ção especial da enfermagem e do corpo clínico, que orientam, acolhem e explicam as rotinas quanto às medicações do tratamento antirretro-viral até o momento da internação para o parto. Após, o recém-nascido é encaminhado para a primeira consulta e acompanhamento com o pe-diatra. O programa já atendeu 33 gestantes, que passaram pelo Centro de Testagem e Aconselhamento e tiveram seus exames positivos para HIV. Destas, considerando as que aderiram ao tratamento antirretro-viral, 100% de seus bebês foram negativados para o HIV. Esse trabalho persiste até os dias atuais e traz uma visão abrangente em relação à pre-venção, ao tratamento e ao acompanhamento de pacientes portadores de HIV/AIDS, tendo como método um acolhimento mais humanizado e personalizado. O projeto é de suma importância para a instituição, pois existe uma demanda de pacientes a serem atendidos, o que exige a sua continuidade e qualifi cação permanentes.

População: 250 mil habitantes Regional do COSEMS: PoA/ Região Metro-politana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

GUIAS DE ENCAMINHAMENTO: O INSTRUMENTO PARA REDUÇÃO DAS AÇÕES JUDICIAIS NA SAÚDE

Autora: Lisiane Wasem Fagundes (51) 3054-7504 [email protected]

Coautora: Sandra Denise de Moura Sperotto

DIVULG

AÇÃO/PM

V

SANTA MARIA

5 – DESENHOS ASSISTENCIAIS

Para reduzir o alto número de reinter-nações psiquiátricas de determinado grupo de pacientes das mesmas famílias, cujos surtos estavam ligados a problemas sociais, econômicos e culturais, a solução encon-trada foi intervir em certos determinantes, como o isolamento e a segregação social, que potencializam a doença. Através de encontros realizados semanalmente, os pa-cientes são buscados em casa e incentivados a participar de uma série de atividades, que incluem danças folclóricas alemãs, ativida-des de integração ao campo com a assistên-cia de coordenadores, lanche comunitário, rodas de Terapia Comunitária Integrativa (TCI), entre outros. É um tratamento mais humanizado, que acolhe o grupo e oferece a atenção necessária que, muitas vezes, não é encontrada nas abordagens de tratamento biomédicas tradicionais, permitindo, as-sim, a integração afetiva e o atendimento individual. A resposta foi efi caz, com o nú-mero de reinternações sendo praticamente zerado, e com aumento na prevenção de cri-ses graças ao acompanhamento contínuo que permite uma melhor assistência aos pacientes, reduzindo e melhorando a asser-tividade da medicação.

MARATÁ

O SUS É NOSSO

DIVULG

AÇÃO/PM

SM

População: 261 mil habitantes Regional do COSEMS: Verdes Campos (1ª Região de Saúde - 4ª CRS)

A CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE VIVEM COM HIV/AIDS

Autora: Vânia Maria Fighera Olivo (55) 3921-7203 - [email protected]

Coautoras: Solange Capaverde, Valéria Rosa e Daniela Kinalski

A partir dos dados epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde referentes à incidência de HIV/AIDS no município, sentiu-se a necessidade de se construir um novo formato de fl uxo para o atendi-mento de crianças e adolescentes portadores do vírus, por esse público necessitar de uma assistência mais específi ca e da supervisão de um pediatra infectologista.

Como resultado de um acordo fi rmado com o serviço da Secretaria Municipal da Saúde, o Hospital Universitário passou a prestar o atendi-mento com a assistência envolvendo outros profi ssionais, como pedia-tras, infectologistas, psicólogos e serviços de apoio aos familiares, com acompanhamento constante.

Entre maio e julho de 2015, ocorreram as reuniões orientadoras da proposta para a construção do atendimento, quando foram discutidos di-versos casos e obtidos relatos que serviram de base para a construção do fl uxograma, elaborado de acordo com as necessidades do usuário e a par-tir da troca de experiências. Devido à complexidade de cada caso, o fl u-xo do atendimento precisa ser revisto periodicamente e adequado a cada particularidade. Essa construção foi fundamental para a valorização do tema, para o estímulo à união dos diversos profi ssionais das equipes dos vários setores e, principalmente, para facilitar o acesso do paciente ao serviço, sendo esse o fator desencadeador na adesão à linha de cuidado de pessoas convivendo com HIV/AIDS.

População: 2 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale do Caí Metro-politana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

OFICINA TERAPÊUTICA RESGATANDO A CIDADANIA

Autora: Eva Solange Rosa de Oliveira (51) [email protected]

Coautoras: Kellen Guedes Cardoso e Marly Pereira da Silva

SMSM

/PMM

PORTA DEENTRADA

> 14 ANOS11 MESES E

29 DIAS

< 14 ANOS11 MESES E

29 DIAS

CASATREZE DE MAIO

AVALIAÇÃO CLÍNICA POR MEIO DE ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO

HOSPITALUNIVERSITÁRIO

DE SM

Page 23: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

23

SANTANA DO LIVRAMENTO

4 – DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE

O município idealizou, no ano de 2013, uma Guia de Encaminhamentos para or-ganizar e reduzir o número de internações compulsórias no âmbito da Saúde Mental, que eram realizadas através do ajuizamen-to de ações junto à Defensoria Pública (DP) e ao Ministério Público (MP). Ao ser gerado, o documento é numerado pelo órgão de-mandante e trazido pelo paciente ou fami-liar a qualquer um dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município. Assim, o paciente é avaliado pela equipe, que dá o en-caminhamento mais adequado. No período de maio de 2013 a abril de 2014, 214 guias foram encaminhadas à Secretaria, geradas pela procura de pacientes ou familiares com o objetivo de mover ações judiciais pleitean-do a avaliação ou a internação compulsória. Desse total, apenas 23 foram ajuizadas, ou seja, percebe-se uma redução de 86% das ações judiciais no serviço de Saúde Mental do município. O monitoramento dessas guias ocorre semanalmente e o que se concluiu é que, com a utilização desse procedimento organizativo proposto pela SMS, foi possível uma importante aproximação e articulação com as instâncias do Poder Judiciário.

VIAMÃO

REVISTA COSEMS/RS

REPROD

UÇÃO: "MAD

RE E HIJA" DE M

ICHÈLE W

AUQUIER

/PMSL

População: 82 mil habitantes Regional do COSEMS: Fronteira Oeste (3ª Região de Saúde – 10ª CRS)

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV EM SANTANA DO LIVRAMENTO/RS

Autor: Luiz Henrique Soares Brum(55) 3968-1186 - [email protected]

Coautores: Elaine Liz de Brito e Leandro Carneiro

Santana do Livramento, atento ao alto índice de transmissão verti-cal do HIV por gestantes infectadas, passou a realizar, em de janeiro de 2005, o controle desse problema. O projeto é desenvolvido através da Coordenação DST/AIDS do município, com o objetivo de qualifi car o atendimento às gestantes soropositivas, que até então eram atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), o que gerava resistência, pois o atendimento não era específi co para a sua condição de saúde. O processo consiste em acompanhamento e cuidados a essas gestantes, com dedica-ção especial da enfermagem e do corpo clínico, que orientam, acolhem e explicam as rotinas quanto às medicações do tratamento antirretro-viral até o momento da internação para o parto. Após, o recém-nascido é encaminhado para a primeira consulta e acompanhamento com o pe-diatra. O programa já atendeu 33 gestantes, que passaram pelo Centro de Testagem e Aconselhamento e tiveram seus exames positivos para HIV. Destas, considerando as que aderiram ao tratamento antirretro-viral, 100% de seus bebês foram negativados para o HIV. Esse trabalho persiste até os dias atuais e traz uma visão abrangente em relação à pre-venção, ao tratamento e ao acompanhamento de pacientes portadores de HIV/AIDS, tendo como método um acolhimento mais humanizado e personalizado. O projeto é de suma importância para a instituição, pois existe uma demanda de pacientes a serem atendidos, o que exige a sua continuidade e qualifi cação permanentes.

População: 250 mil habitantes Regional do COSEMS: PoA/ Região Metro-politana (10ª Região de Saúde – 2ª CRS)

GUIAS DE ENCAMINHAMENTO: O INSTRUMENTO PARA REDUÇÃO DAS AÇÕES JUDICIAIS NA SAÚDE

Autora: Lisiane Wasem Fagundes (51) 3054-7504 [email protected]

Coautora: Sandra Denise de Moura Sperotto

DIVULG

AÇÃO/PM

V

SANTA MARIA

5 – DESENHOS ASSISTENCIAIS

Para reduzir o alto número de reinter-nações psiquiátricas de determinado grupo de pacientes das mesmas famílias, cujos surtos estavam ligados a problemas sociais, econômicos e culturais, a solução encon-trada foi intervir em certos determinantes, como o isolamento e a segregação social, que potencializam a doença. Através de encontros realizados semanalmente, os pa-cientes são buscados em casa e incentivados a participar de uma série de atividades, que incluem danças folclóricas alemãs, ativida-des de integração ao campo com a assistên-cia de coordenadores, lanche comunitário, rodas de Terapia Comunitária Integrativa (TCI), entre outros. É um tratamento mais humanizado, que acolhe o grupo e oferece a atenção necessária que, muitas vezes, não é encontrada nas abordagens de tratamento biomédicas tradicionais, permitindo, as-sim, a integração afetiva e o atendimento individual. A resposta foi efi caz, com o nú-mero de reinternações sendo praticamente zerado, e com aumento na prevenção de cri-ses graças ao acompanhamento contínuo que permite uma melhor assistência aos pacientes, reduzindo e melhorando a asser-tividade da medicação.

MARATÁ

O SUS É NOSSOD

IVULGAÇÃO

/PMSM

População: 261 mil habitantes Regional do COSEMS: Verdes Campos (1ª Região de Saúde - 4ª CRS)

A CONSTRUÇÃO DO FLUXO DE ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE VIVEM COM HIV/AIDS

Autora: Vânia Maria Fighera Olivo (55) 3921-7203 - [email protected]

Coautoras: Solange Capaverde, Valéria Rosa e Daniela Kinalski

A partir dos dados epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde referentes à incidência de HIV/AIDS no município, sentiu-se a necessidade de se construir um novo formato de fl uxo para o atendi-mento de crianças e adolescentes portadores do vírus, por esse público necessitar de uma assistência mais específi ca e da supervisão de um pediatra infectologista.

Como resultado de um acordo fi rmado com o serviço da Secretaria Municipal da Saúde, o Hospital Universitário passou a prestar o atendi-mento com a assistência envolvendo outros profi ssionais, como pedia-tras, infectologistas, psicólogos e serviços de apoio aos familiares, com acompanhamento constante.

Entre maio e julho de 2015, ocorreram as reuniões orientadoras da proposta para a construção do atendimento, quando foram discutidos di-versos casos e obtidos relatos que serviram de base para a construção do fl uxograma, elaborado de acordo com as necessidades do usuário e a par-tir da troca de experiências. Devido à complexidade de cada caso, o fl u-xo do atendimento precisa ser revisto periodicamente e adequado a cada particularidade. Essa construção foi fundamental para a valorização do tema, para o estímulo à união dos diversos profi ssionais das equipes dos vários setores e, principalmente, para facilitar o acesso do paciente ao serviço, sendo esse o fator desencadeador na adesão à linha de cuidado de pessoas convivendo com HIV/AIDS.

População: 2 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale do Caí Metro-politana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

OFICINA TERAPÊUTICA RESGATANDO A CIDADANIA

Autora: Eva Solange Rosa de Oliveira (51) [email protected]

Coautoras: Kellen Guedes Cardoso e Marly Pereira da Silva

SMSM

/PMM

PORTA DEENTRADA

> 14 ANOS11 MESES E

29 DIAS

< 14 ANOS11 MESES E

29 DIAS

CASATREZE DE MAIO

AVALIAÇÃO CLÍNICA POR MEIO DE ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO

HOSPITALUNIVERSITÁRIO

DE SM

Page 24: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

24 | www.cosemsrs.org.br

População: 341 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale do Caí/Metropolitana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

CONSULTÓRIO NA RUA DE CANOAS: PROMOVENDO ACESSO À SAÚDE COM EQUIDADE E INTEGRALIDADE

Autores: Equipe do Consultório na Rua de Canoas (51) 3425-7663 - [email protected]

Coautores: Franciele Silva Delevati, Greice Niara Bizarro, Mariana Vanuza Vieceli, Osvaldo Martins de Carvalho, Taciana Madruga Schnornberger e Veridiana Farias Machado

Para avançar no cuidado integral da Saúde Mental na Atenção Primá-ria, profi ssionais da área técnica da Saúde Mental, equipes de referência e gestores da Fundação Municipal de Saúde de Santa Rosa (FUMSSAR) desenvolvem, desde 2011, um processo de reformulação da atenção. O tra-balho busca a superação do processo de cuidado fragmentado e individu-al, centrado no atendimento psicológico. Para isso, focou-se as ações na reformulação do tradicional sistema de encaminhamentos, promovendo acolhimento às demandas de saúde mental por toda a equipe, oferecendo espaços terapêuticos no seu território, com a qualifi cação do trabalho das

CANOAS

SANTA ROSA

com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, e as discussões com as Coordenadorias da Mulher e da Diversidade são algumas das ações propor-cionadas. Apesar de ter iniciado as atividades há pouco tempo, em dezembro de 2014 já havia sido realizado o cadastro de mais de cem moradores e ocorrido mais de 500 atendimentos, incluindo o acesso a consultas nas Unidades Básicas de Saúde e nos serviços especializados do território.

Estratégias de Saúde da Família (ESF), e cons-truindo ferramentas efi cientes na atenção in-tegral ao sujeito. Entre os resultados está uma maior compreensão dos profi ssionais das ESFs com relação às suas possibilidades de atuação terapêutica frente ao sofrimento psíquico, a corresponsabilização no acompanhamento dos usuários e a ampliação de ações intersetoriais de promoção e prevenção em Saúde Mental.

REVISTA COSEMS/RS

População: 71 mil habitantesRegional do COSEMS: Fronteira Noroeste (14ª Região de Saúde – 14ªCRS)

SAÚDE MENTAL MATRICIAMENTO

Autora: Elisiane Bisognin(55) 3513-5115 - [email protected]

Coautores: Adriane Oss Emer Soares Alpe, Fabiana Breitenbach, Maria Cristina Elhert, Vivian Heimerdinger, Sabrina Machado Servat e Luís Antônio Benvegnú

DIVULG

AÇÃO/PM

CD

IVULGAÇÃO

/PMSR

Frente ao fato de a população de rua não ter acesso aos direitos garantidos por lei devido ao preconceito que sofre pelas condições em que vive, a Secretária Municipal da Saúde (SMS) habilitou uma equipe de Consultório na Rua tipo dois para suprir a necessidade deste grupo social marginalizado. Composta por dois redutores de danos, uma técnica de enfermagem, uma assistente social, uma enfermeira e uma psicóloga, a equipe, que tem atuação itinerante e inter-setorial, não só busca garantir o acesso à saúde de modo integral, como tam-bém promove políticas públicas, buscando ampliar o acesso dos benefi ciados a outros serviços, além dos de saúde. A confecção de documentos, a articulação

SANTA ROSA

6 – PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE

A fi toterapia é uma ciência antiga, e o uso de plantas medicinais nativas para o trata-mento de enfermidades está ligado à origem da humanidade. Apesar disso, ela ainda é vista com ressalvas, muitas vezes pela falta de comprovação farmacológica de seus be-nefícios e, também, devido a possíveis riscos como a toxidade. Tendo consciência deste problema, foi desenvolvida uma ação de edu-cação em saúde para estudar se a fi toterapia está sendo usada corretamente, tendo em vis-ta que os moradores de Guarani das Missões são adeptos a esse tipo de terapia. Através de uma pesquisa realizada com os usuários aten-didos pela equipe de agentes comunitários de saúde, questionou-se o modo de utilização das plantas, das propriedades ao preparo. Dessa maneira, foi possível comprovar que muitos estavam usando essa forma de prevenção e tratamento de doenças de maneira equivoca-da, não tendo o cuidado adequado no manejo. Foi desenvolvido, então, um fôlder explicativo, e buscou-se a capacitação de funcionários da Secretaria Municipal da Saúde para dialogar com a população sobre as formas corretas de utilização das plantas.

GUARANI DAS MISSÕES

O SUS É NOSSO

População: 71 mil habitantes Regional do COSEMS: Fronteira Noroeste (14ª Região de Saúde – 14ª CRS)

A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA QUALIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHOS DAS ESFs

Autora: Elisiane Bisognin(55) 3513-5115 - [email protected]

Coautores: Aldair Melchior, Délcio Stefan e Luís Antônio Benvegnú

As equipes de saúde de Santa Rosa enfrentavam um distanciamento da comunidade e reclamações constantes dos processos de trabalho. As-sim, no início de 2013, foi estabelecido um planejamento estratégico que direcionou as prioridades a serem enfocadas pelas equipes das unidades de saúde. Na agenda da gestão municipal, de 2013 a 2016, foram defi ni-das as diretrizes da integralidade, equidade, humanização e participação popular. As etapas constituídas são a discussão com os coordenadores das unidades de saúde e com as equipes; o planejamento das atividades e do formato das reuniões, com a defi nição das pautas locais; a discussão nas equipes, antes da reunião, para organizar as linhas de abordagem, com predomínio de espaço para debate; a realização de reuniões nas co-munidades das equipes a cada seis meses, em conjunto com o Conselho Municipal de Saúde; e a avaliação da atividade e o planejamento de novas abordagens. Esse planejamento estratégico está em andamento, deven-do ocorrer até o ano de 2016. Contudo, alguns resultados já podem ser observados, como melhorias na atenção primária em saúde, autonomia e protagonismo dos usuários, processo de trabalho organizado para as respostas às necessidades de saúde, agilidade e democratização das dis-ponibilidades assistenciais, maior satisfação dos usuários e relações hori-zontais entre os profi ssionais, a gestão e a comunidade. A experiência de trabalhar na temática da comunicação e a qualifi cação dos processos na instituição, embora não seja tarefa fácil, tem grande potencial modifi ca-dor das relações com a comunidade e entre a equipe.

População: 8 mil habitantes Regional do COSEMS: Sete Povos das Missões (11ª Região de Saúde - 12ª CRS)

EDUCAÇÃO EM SAÚDE FITOTERÁPICOS

Autora: Juliana Gomes Carvalho(55) 9986-9964 [email protected]

Coautora: Thamara Copetti Pavim

DIVULG

AÇÃO/PM

SR

JULIANA GO

MES CARVALHO

/PMG

M

Page 25: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

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População: 341 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale do Caí/Metropolitana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

CONSULTÓRIO NA RUA DE CANOAS: PROMOVENDO ACESSO À SAÚDE COM EQUIDADE E INTEGRALIDADE

Autores: Equipe do Consultório na Rua de Canoas (51) 3425-7663 - [email protected]

Coautores: Franciele Silva Delevati, Greice Niara Bizarro, Mariana Vanuza Vieceli, Osvaldo Martins de Carvalho, Taciana Madruga Schnornberger e Veridiana Farias Machado

Para avançar no cuidado integral da Saúde Mental na Atenção Primá-ria, profi ssionais da área técnica da Saúde Mental, equipes de referência e gestores da Fundação Municipal de Saúde de Santa Rosa (FUMSSAR) desenvolvem, desde 2011, um processo de reformulação da atenção. O tra-balho busca a superação do processo de cuidado fragmentado e individu-al, centrado no atendimento psicológico. Para isso, focou-se as ações na reformulação do tradicional sistema de encaminhamentos, promovendo acolhimento às demandas de saúde mental por toda a equipe, oferecendo espaços terapêuticos no seu território, com a qualifi cação do trabalho das

CANOAS

SANTA ROSA

com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, e as discussões com as Coordenadorias da Mulher e da Diversidade são algumas das ações propor-cionadas. Apesar de ter iniciado as atividades há pouco tempo, em dezembro de 2014 já havia sido realizado o cadastro de mais de cem moradores e ocorrido mais de 500 atendimentos, incluindo o acesso a consultas nas Unidades Básicas de Saúde e nos serviços especializados do território.

Estratégias de Saúde da Família (ESF), e cons-truindo ferramentas efi cientes na atenção in-tegral ao sujeito. Entre os resultados está uma maior compreensão dos profi ssionais das ESFs com relação às suas possibilidades de atuação terapêutica frente ao sofrimento psíquico, a corresponsabilização no acompanhamento dos usuários e a ampliação de ações intersetoriais de promoção e prevenção em Saúde Mental.

REVISTA COSEMS/RS

População: 71 mil habitantesRegional do COSEMS: Fronteira Noroeste (14ª Região de Saúde – 14ªCRS)

SAÚDE MENTAL MATRICIAMENTO

Autora: Elisiane Bisognin(55) 3513-5115 - [email protected]

Coautores: Adriane Oss Emer Soares Alpe, Fabiana Breitenbach, Maria Cristina Elhert, Vivian Heimerdinger, Sabrina Machado Servat e Luís Antônio Benvegnú

DIVULG

AÇÃO/PM

CD

IVULGAÇÃO

/PMSR

Frente ao fato de a população de rua não ter acesso aos direitos garantidos por lei devido ao preconceito que sofre pelas condições em que vive, a Secretária Municipal da Saúde (SMS) habilitou uma equipe de Consultório na Rua tipo dois para suprir a necessidade deste grupo social marginalizado. Composta por dois redutores de danos, uma técnica de enfermagem, uma assistente social, uma enfermeira e uma psicóloga, a equipe, que tem atuação itinerante e inter-setorial, não só busca garantir o acesso à saúde de modo integral, como tam-bém promove políticas públicas, buscando ampliar o acesso dos benefi ciados a outros serviços, além dos de saúde. A confecção de documentos, a articulação

SANTA ROSA

6 – PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE

A fi toterapia é uma ciência antiga, e o uso de plantas medicinais nativas para o trata-mento de enfermidades está ligado à origem da humanidade. Apesar disso, ela ainda é vista com ressalvas, muitas vezes pela falta de comprovação farmacológica de seus be-nefícios e, também, devido a possíveis riscos como a toxidade. Tendo consciência deste problema, foi desenvolvida uma ação de edu-cação em saúde para estudar se a fi toterapia está sendo usada corretamente, tendo em vis-ta que os moradores de Guarani das Missões são adeptos a esse tipo de terapia. Através de uma pesquisa realizada com os usuários aten-didos pela equipe de agentes comunitários de saúde, questionou-se o modo de utilização das plantas, das propriedades ao preparo. Dessa maneira, foi possível comprovar que muitos estavam usando essa forma de prevenção e tratamento de doenças de maneira equivoca-da, não tendo o cuidado adequado no manejo. Foi desenvolvido, então, um fôlder explicativo, e buscou-se a capacitação de funcionários da Secretaria Municipal da Saúde para dialogar com a população sobre as formas corretas de utilização das plantas.

GUARANI DAS MISSÕES

O SUS É NOSSO

População: 71 mil habitantes Regional do COSEMS: Fronteira Noroeste (14ª Região de Saúde – 14ª CRS)

A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA QUALIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHOS DAS ESFs

Autora: Elisiane Bisognin(55) 3513-5115 - [email protected]

Coautores: Aldair Melchior, Délcio Stefan e Luís Antônio Benvegnú

As equipes de saúde de Santa Rosa enfrentavam um distanciamento da comunidade e reclamações constantes dos processos de trabalho. As-sim, no início de 2013, foi estabelecido um planejamento estratégico que direcionou as prioridades a serem enfocadas pelas equipes das unidades de saúde. Na agenda da gestão municipal, de 2013 a 2016, foram defi ni-das as diretrizes da integralidade, equidade, humanização e participação popular. As etapas constituídas são a discussão com os coordenadores das unidades de saúde e com as equipes; o planejamento das atividades e do formato das reuniões, com a defi nição das pautas locais; a discussão nas equipes, antes da reunião, para organizar as linhas de abordagem, com predomínio de espaço para debate; a realização de reuniões nas co-munidades das equipes a cada seis meses, em conjunto com o Conselho Municipal de Saúde; e a avaliação da atividade e o planejamento de novas abordagens. Esse planejamento estratégico está em andamento, deven-do ocorrer até o ano de 2016. Contudo, alguns resultados já podem ser observados, como melhorias na atenção primária em saúde, autonomia e protagonismo dos usuários, processo de trabalho organizado para as respostas às necessidades de saúde, agilidade e democratização das dis-ponibilidades assistenciais, maior satisfação dos usuários e relações hori-zontais entre os profi ssionais, a gestão e a comunidade. A experiência de trabalhar na temática da comunicação e a qualifi cação dos processos na instituição, embora não seja tarefa fácil, tem grande potencial modifi ca-dor das relações com a comunidade e entre a equipe.

População: 8 mil habitantes Regional do COSEMS: Sete Povos das Missões (11ª Região de Saúde - 12ª CRS)

EDUCAÇÃO EM SAÚDE FITOTERÁPICOS

Autora: Juliana Gomes Carvalho(55) 9986-9964 [email protected]

Coautora: Thamara Copetti Pavim

DIVULG

AÇÃO/PM

SR

JULIANA GO

MES CARVALHO

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Page 26: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

26 | www.cosemsrs.org.br

Na busca de uma gestão cada vez mais focada na qualidade, a Secretaria Municipal de Saúde de Canoas (SMS) implantou um pro-grama de avaliação dos serviços de saúde para ouvir a comunidade de forma qualifi cada. O objetivo é identifi car a percepção dos usuários sobre a qualidade dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no município, medir as expectativas e a satisfação do usuá-rio e servir de instrumento de apoio à gestão da SMS. A expectativa era coletar 500 pesqui-sas mensalmente no período entre junho de 2015 e maio de 2016, em nove serviços: UPAs, Hospitais, CAPSs, UBSs, Centros de Especia-lidades, Teleagendamento, Clínicas de Fisio-terapias, Farmácia Básica e Laboratórios. Já no início do projeto, a população foi receptiva à aplicação dos questionários, mostrando-se interessada em apontar as necessidades do sistema. A apuração dos resultados ocorre mensalmente e, a cada três meses, acontecem as “Rodas de Conversa”, para que os gestores dos serviços e os trabalhadores possam trocar experiências e avaliar os resultados.

CANOASCAPÃO DA CANOA

7 – ATENÇÃO BÁSICA

REVISTA COSEMS/RS

População: 46 mil habitantes Regional do COSEMS: Belas Praias (4ª Região de Saúde – 18ª CRS)

PROGRAMA MELHOR EM CASA NO MUNICÍPIO DE CAPÃO DA CANOA

Autora: Joice Souza Aresi (51) 3665-3204 - [email protected]

Coautor: Abel Valmiro da Silva Júnior

População: 341 mil habitantesRegional do COSEMS: Vale do Caí/Metro-politana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Autora: Liziane Silva Menezes(51) [email protected]

Coautores: Marcelo Bosio, Ony Teresinha Silva, Marisete Zanatta e Andrea Olicheski Morais

IRENO JARD

IM/PM

C

DIVULG

AÇÃO/PM

CC

A falta de leitos no hospital local e o aumento da população idosa foram as preocupações que levaram a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) a aderir ao Programa Melhor em Casa, do Ministério da Saúde, implantado em 2014. O paciente que solicita participar do programa é avaliado pela Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar (EMAD), que defi ne a possibilidade de assumir esse usuário através de visita ins-titucional ou domiciliar, solicitada pela rede. Após a inclusão da pessoa, é realizado um plano de cuidado que visa, principalmente, promover a qualidade de vida e a autonomia ao paciente, além de dar o apoio e suporte ao cuidador. O serviço de atenção domiciliar conta com apoio da rede de saúde em que são prioritariamente atendidos, conforme pactuações realizadas com entidades públicas e privadas, facilitando, assim, o tratamento dos assistidos. Os impactos positivos são visíveis, principalmente na qualidade de vida das pessoas, pois a EMAD reali-za um trabalho em conjunto, contando com profi ssionais capacitados e estabelecendo um cuidado contínuo com foco no paciente. A inser-ção do programa no município diminuiu as reinternações e melhorou a qualidade de vida de usuários e cuidadores. A Secretaria da Saúde continuará levando o cuidado no domicílio através da iniciativa, pois acredita que o acolhimento e a dignifi cação da vida trazem melhora aos pacientes e satisfação aos cuidadores.

Capão Bonito do Sul, com território de 527 km², é um dos municípios com o menor índice de densidade populacional por quilômetro quadrado do Estado, com 72,54% de seus habitantes vivendo no meio rural, muitos sem acesso a meios frequentes de transporte coletivo, em distâncias que chegam a até 30km da cidade. Em consequência disso, muitos desses mo-radores acabam não buscando a assistência adequada por não terem como se deslocar até a unidade de saúde, buscando-a, muitas vezes, somente quando a doença encontra-se em estágio avançado. Através de uma uni-dade móvel terrestre, realiza-se, semanalmente, atendimento clínico e

O desinteresse da população de Charqueadas por exercícios físicos inspi-rou a Equipe de Saúde da Família a desenvolver o projeto Alongando a Vida Academia de Saúde, que engloba atividades conjuntas ao ar livre para desper-tar as pessoas para os benefícios que o cuidado adequado à saúde proporcio-na. A rotina das ações diárias é composta por alongamento, exercícios, ginás-tica localizada, orientação nutricional, massagem e confraternização entre os participantes, cobrindo uma gama variada de cuidados com a saúde corporal e também ajudando no diagnóstico de doenças. Os participantes mais assí-duos ganharam disposição e energia, respondendo melhor aos tratamentos

CAPÃO BONITO DO SUL

CHARQUEADAS

ginecológico, coleta de exames, aplicações de medicações, procedimentos médicos, de enfer-magem e de atendimento odontológico básico. Isso possibilita que doenças sejam diagnostica-das precocemente, com a inclusão nos serviços de saúde de parte da população que até então estava desassistida, com a redução dos gastos com transporte para urgências e emergências e com a diminuição de internações.

preventivos, e tiveram a redução dos índices de colesterol, glicose e triglicerídeos, melhorando a circulação sanguínea, a pressão arterial e redu-zindo os sintomas de ansiedade e depressão. Os exercícios em conjunto geram uma mudança no astral do grupo, focado no mesmo objetivo, que é a busca de melhorias na qualidade de vida atra-vés de dinâmicas novas que se transformam em espaço de aprendizado.

O SUS É NOSSO

População: 1,7 mil habitantes Regional do COSEMS: Região das Araucárias (18ª Região de Saúde - 6ª CRS)

SAÚDE NA COMUNIDADE: UMA ALTERNATIVA PARA A EFETIVAÇÃO DO ATENDIMENTO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO RURAL

Autora: Thaís de Oliveira Roman Rieth (54) 3625-3025 - [email protected]

Coautor: Felippe Junior Rieth

População: 38 mil habitantes Regional do COSEMS: Carbonífera/Costa Doce (9ª Região de Saúde - 2ª CRS)

ALONGANDO A VIDA ACADEMIA DE SAÚDE

Autora: Daniela Rejane de Souza Vieira(51) 3958-8531 - dani.efi @hotmail.com

Coautor: André da Fonseca Sippel

DIVULG

AÇÃO/PM

CBSD

IVULGAÇÃO

/PMC

Page 27: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

27

Na busca de uma gestão cada vez mais focada na qualidade, a Secretaria Municipal de Saúde de Canoas (SMS) implantou um pro-grama de avaliação dos serviços de saúde para ouvir a comunidade de forma qualifi cada. O objetivo é identifi car a percepção dos usuários sobre a qualidade dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no município, medir as expectativas e a satisfação do usuá-rio e servir de instrumento de apoio à gestão da SMS. A expectativa era coletar 500 pesqui-sas mensalmente no período entre junho de 2015 e maio de 2016, em nove serviços: UPAs, Hospitais, CAPSs, UBSs, Centros de Especia-lidades, Teleagendamento, Clínicas de Fisio-terapias, Farmácia Básica e Laboratórios. Já no início do projeto, a população foi receptiva à aplicação dos questionários, mostrando-se interessada em apontar as necessidades do sistema. A apuração dos resultados ocorre mensalmente e, a cada três meses, acontecem as “Rodas de Conversa”, para que os gestores dos serviços e os trabalhadores possam trocar experiências e avaliar os resultados.

CANOASCAPÃO DA CANOA

7 – ATENÇÃO BÁSICA

REVISTA COSEMS/RS

População: 46 mil habitantes Regional do COSEMS: Belas Praias (4ª Região de Saúde – 18ª CRS)

PROGRAMA MELHOR EM CASA NO MUNICÍPIO DE CAPÃO DA CANOA

Autora: Joice Souza Aresi (51) 3665-3204 - [email protected]

Coautor: Abel Valmiro da Silva Júnior

População: 341 mil habitantesRegional do COSEMS: Vale do Caí/Metro-politana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Autora: Liziane Silva Menezes(51) [email protected]

Coautores: Marcelo Bosio, Ony Teresinha Silva, Marisete Zanatta e Andrea Olicheski Morais

IRENO JARD

IM/PM

C

DIVULG

AÇÃO/PM

CC

A falta de leitos no hospital local e o aumento da população idosa foram as preocupações que levaram a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) a aderir ao Programa Melhor em Casa, do Ministério da Saúde, implantado em 2014. O paciente que solicita participar do programa é avaliado pela Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar (EMAD), que defi ne a possibilidade de assumir esse usuário através de visita ins-titucional ou domiciliar, solicitada pela rede. Após a inclusão da pessoa, é realizado um plano de cuidado que visa, principalmente, promover a qualidade de vida e a autonomia ao paciente, além de dar o apoio e suporte ao cuidador. O serviço de atenção domiciliar conta com apoio da rede de saúde em que são prioritariamente atendidos, conforme pactuações realizadas com entidades públicas e privadas, facilitando, assim, o tratamento dos assistidos. Os impactos positivos são visíveis, principalmente na qualidade de vida das pessoas, pois a EMAD reali-za um trabalho em conjunto, contando com profi ssionais capacitados e estabelecendo um cuidado contínuo com foco no paciente. A inser-ção do programa no município diminuiu as reinternações e melhorou a qualidade de vida de usuários e cuidadores. A Secretaria da Saúde continuará levando o cuidado no domicílio através da iniciativa, pois acredita que o acolhimento e a dignifi cação da vida trazem melhora aos pacientes e satisfação aos cuidadores.

Capão Bonito do Sul, com território de 527 km², é um dos municípios com o menor índice de densidade populacional por quilômetro quadrado do Estado, com 72,54% de seus habitantes vivendo no meio rural, muitos sem acesso a meios frequentes de transporte coletivo, em distâncias que chegam a até 30km da cidade. Em consequência disso, muitos desses mo-radores acabam não buscando a assistência adequada por não terem como se deslocar até a unidade de saúde, buscando-a, muitas vezes, somente quando a doença encontra-se em estágio avançado. Através de uma uni-dade móvel terrestre, realiza-se, semanalmente, atendimento clínico e

O desinteresse da população de Charqueadas por exercícios físicos inspi-rou a Equipe de Saúde da Família a desenvolver o projeto Alongando a Vida Academia de Saúde, que engloba atividades conjuntas ao ar livre para desper-tar as pessoas para os benefícios que o cuidado adequado à saúde proporcio-na. A rotina das ações diárias é composta por alongamento, exercícios, ginás-tica localizada, orientação nutricional, massagem e confraternização entre os participantes, cobrindo uma gama variada de cuidados com a saúde corporal e também ajudando no diagnóstico de doenças. Os participantes mais assí-duos ganharam disposição e energia, respondendo melhor aos tratamentos

CAPÃO BONITO DO SUL

CHARQUEADAS

ginecológico, coleta de exames, aplicações de medicações, procedimentos médicos, de enfer-magem e de atendimento odontológico básico. Isso possibilita que doenças sejam diagnostica-das precocemente, com a inclusão nos serviços de saúde de parte da população que até então estava desassistida, com a redução dos gastos com transporte para urgências e emergências e com a diminuição de internações.

preventivos, e tiveram a redução dos índices de colesterol, glicose e triglicerídeos, melhorando a circulação sanguínea, a pressão arterial e redu-zindo os sintomas de ansiedade e depressão. Os exercícios em conjunto geram uma mudança no astral do grupo, focado no mesmo objetivo, que é a busca de melhorias na qualidade de vida atra-vés de dinâmicas novas que se transformam em espaço de aprendizado.

O SUS É NOSSO

População: 1,7 mil habitantes Regional do COSEMS: Região das Araucárias (18ª Região de Saúde - 6ª CRS)

SAÚDE NA COMUNIDADE: UMA ALTERNATIVA PARA A EFETIVAÇÃO DO ATENDIMENTO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO RURAL

Autora: Thaís de Oliveira Roman Rieth (54) 3625-3025 - [email protected]

Coautor: Felippe Junior Rieth

População: 38 mil habitantes Regional do COSEMS: Carbonífera/Costa Doce (9ª Região de Saúde - 2ª CRS)

ALONGANDO A VIDA ACADEMIA DE SAÚDE

Autora: Daniela Rejane de Souza Vieira(51) 3958-8531 - dani.efi @hotmail.com

Coautor: André da Fonseca Sippel

DIVULG

AÇÃO/PM

CBSD

IVULGAÇÃO

/PMC

Page 28: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

28 | www.cosemsrs.org.br

A acessibilidade dos cidadãos às unidades de saúde muitas vezes sofre com as limitações do atendimento médico. No caso de Lajeado, havia o pro-blema das fi las que se formavam durante a madrugada para garantir senhas de acesso, limitadas de acordo com a capacidade do serviço. Por consequên-cia, muitas pessoas eram prejudicadas, não conseguindo ou tendo adiados o tratamento e a assistência, gerando, assim, desconforto aos usuários e baixa efi ciência resolutiva. Para eliminar as fi las e qualifi car assistência a todos, adotou-se o agendamento de consultas e a classifi cação do grau de vulnerabi-lidade dos casos para a priorização do atendimento. Também foi qualifi cada a

A população masculina de Rosário do Sul necessitava desenvolver o hábito de realizar exames preventivos e ter um cuidado constante com a saúde. Com a baixa procura dos homens pelo cuidado, o índice de morbi-mortalidade por doenças estava alto nesse público. A solução encontrada foi desenvolver estratégias usando o Novembro Azul para disponibilizar serviços de atendimentos médico gratuitos e ações de conscientização. Foram disponibilizados serviços como verificação da glicemia capilar e da pressão arterial, testagem rápida de HIV, sífilis e hepatites B e C, e avaliações nutricional, odontológica e médica, com solicitação de exames

LAJEADO

ROSÁRIO DO SUL

forma como as enfermidades são tratadas. Agora não há mais a necessidade de fi las para disputar fi chas, havendo uma maior facilidade para se conseguir tratamento. Com reuniões semanais de avaliação, os resultados indicam o sucesso da iniciativa. Com amplo diálogo com a comunidade e educação permanente, todos os atores foram envolvidos, democratizando a clínica e permitin-do a evolução da promoção da saúde.

laboratoriais. A conclusão da ação mostrou que 52% dos homens atendidos apresentavam resultados alterados nas verificações, neces-sitando de acompanhamento médico, eviden-ciando a importância dos exames preventivos e da atenção especializada a esse público. A ação conseguiu inserir esses usuários na rede, direcionando-os, preferencialmente, para a Atenção Básica.

REVISTA COSEMS/RS

População: 77 mil habitantes Regional do COSEMS: Vales e Montanhas (29ª Região de Saúde - 16ª CRS)

ACOLHIMENTO SOLIDÁRIO: ELIMINANDO AS FILAS DA MADRUGADA

Autor: Glademir Schwingel (51) 9586-1519 - [email protected]

Coautoras: Ana Gleisa Cargnelutti, Josiane Hilgert Bandeira e Marcele Wagner Brandelli

População: 40 mil habitantes Regional do COSEMS: Fronteira Oeste (3ª Região de Saúde – 10ª CRS)

A EXPERIÊNCIA DE ROSÁRIO DO SUL NA ATENÇÃO À SAÚDE DO HOMEM

Autora: Valéria Guedes Avila (55) 3231-6266 - [email protected]

Coautoras: Catiane Pacheco Ramos e Fernanda Badinelli Martins

AIPMRS/PM

RSG

LADEM

IR SCHW

ING

EL/PML

Com cinco comunidades remanescentes de quilombos em seu terri-tório, o município de São Lourenço do Sul, por meio da Secretaria da Saúde (SMS), da coordenação da Atenção Básica e do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), julgou importante a integralização da visita do-miciliar semanal do PIM às ações de cuidado da equipe de Saúde da Fa-mília, levando os benefícios do programa para localidades mais remotas. A ampliação do PIM iniciou em 2013 e, atualmente, o programa atende 32 famílias quilombolas. O projeto garantiu a equidade e o acesso nas co-munidades, além da valorização da identidade cultural, com orientações

O município de São Sepé já possuía atividades de promoção à saúde, como caminhadas orientadas e acompanhamento de doenças crônicas, mas, ao per-ceber que os frequentadores desses grupos apresentavam quadro de dores na coluna vertebral, além de doenças crônicas e degenerativas, a Secretaria Mu-nicipal da Saúde (SMS) implantou uma atividade que pudesse amenizar esses problemas: a prática aberta e orientada de Lian Gong. O método chinês forta-lece músculos, tendões e ossos, e consiste em três sequências de 18 exercícios de fácil aprendizado e execução. A atividade se iniciou no segundo semestre de 2014 e conta com 120 participantes divididos em quatro grupos. Durante o

SÃO LOURENÇO DO SUL

SÃO SEPÉ

para o cuidado da criança partindo dos valo-res de cada família, oportunizando empodera-mento para as mães e cuidadoras, que se tor-nam protagonistas do cuidado e dos saberes. A interação da comunidade com a ESF e o PIM cria uma situação de bem-estar e acolhimento, já que a visita domiciliar semanal potencializa o trabalho dos outros profissionais da saúde, com uma resposta positiva das famílias.

primeiro ano, já foi possível constatar os benefí-cios na população através de relatos de melhoria nas atividades do dia a dia, maior disposição, re-dução e até mesmo desaparecimento dos quadros de dores, maior controle da hipertensão arterial, redução nos quadros de doenças respiratórias, redução de episódios de insônia relatados no iní-cio da prática e melhora na interação pessoal dos indivíduos envolvidos.

O SUS É NOSSO

População: 24 mil habitantesRegional do COSEMS: Verdes Campos (1ª Região de Saúde – 4ª CRS)

EXPERIÊNCIA DA INSERÇÃO DE LIAN GONG COMO PRÁTICA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

Autor: Gerson Ribeiro da Silva Júnior

Coautor: Marcelo Ellwanger(55) 3233-8150 - [email protected]

População: 43 mil habitantesRegional do COSEMS: Região Sul (21ª Região de Saú-de – 3ª CRS)

PIM QUILOMBOLA - A EXPANSÃO DA EQUIDADE

Autora: Luita Maria Nunes(53) 3251-3943 - [email protected]

Coautora: Denise Padilha HENRIQ

UE JALIL/PMSLS

GERSO

N RIBEIRO DA SILVA JUN

IOR

/PMSS

Page 29: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

29

A acessibilidade dos cidadãos às unidades de saúde muitas vezes sofre com as limitações do atendimento médico. No caso de Lajeado, havia o pro-blema das fi las que se formavam durante a madrugada para garantir senhas de acesso, limitadas de acordo com a capacidade do serviço. Por consequên-cia, muitas pessoas eram prejudicadas, não conseguindo ou tendo adiados o tratamento e a assistência, gerando, assim, desconforto aos usuários e baixa efi ciência resolutiva. Para eliminar as fi las e qualifi car assistência a todos, adotou-se o agendamento de consultas e a classifi cação do grau de vulnerabi-lidade dos casos para a priorização do atendimento. Também foi qualifi cada a

A população masculina de Rosário do Sul necessitava desenvolver o hábito de realizar exames preventivos e ter um cuidado constante com a saúde. Com a baixa procura dos homens pelo cuidado, o índice de morbi-mortalidade por doenças estava alto nesse público. A solução encontrada foi desenvolver estratégias usando o Novembro Azul para disponibilizar serviços de atendimentos médico gratuitos e ações de conscientização. Foram disponibilizados serviços como verificação da glicemia capilar e da pressão arterial, testagem rápida de HIV, sífilis e hepatites B e C, e avaliações nutricional, odontológica e médica, com solicitação de exames

LAJEADO

ROSÁRIO DO SUL

forma como as enfermidades são tratadas. Agora não há mais a necessidade de fi las para disputar fi chas, havendo uma maior facilidade para se conseguir tratamento. Com reuniões semanais de avaliação, os resultados indicam o sucesso da iniciativa. Com amplo diálogo com a comunidade e educação permanente, todos os atores foram envolvidos, democratizando a clínica e permitin-do a evolução da promoção da saúde.

laboratoriais. A conclusão da ação mostrou que 52% dos homens atendidos apresentavam resultados alterados nas verificações, neces-sitando de acompanhamento médico, eviden-ciando a importância dos exames preventivos e da atenção especializada a esse público. A ação conseguiu inserir esses usuários na rede, direcionando-os, preferencialmente, para a Atenção Básica.

REVISTA COSEMS/RS

População: 77 mil habitantes Regional do COSEMS: Vales e Montanhas (29ª Região de Saúde - 16ª CRS)

ACOLHIMENTO SOLIDÁRIO: ELIMINANDO AS FILAS DA MADRUGADA

Autor: Glademir Schwingel (51) 9586-1519 - [email protected]

Coautoras: Ana Gleisa Cargnelutti, Josiane Hilgert Bandeira e Marcele Wagner Brandelli

População: 40 mil habitantes Regional do COSEMS: Fronteira Oeste (3ª Região de Saúde – 10ª CRS)

A EXPERIÊNCIA DE ROSÁRIO DO SUL NA ATENÇÃO À SAÚDE DO HOMEM

Autora: Valéria Guedes Avila (55) 3231-6266 - [email protected]

Coautoras: Catiane Pacheco Ramos e Fernanda Badinelli Martins

AIPMRS/PM

RSG

LADEM

IR SCHW

ING

EL/PML

Com cinco comunidades remanescentes de quilombos em seu terri-tório, o município de São Lourenço do Sul, por meio da Secretaria da Saúde (SMS), da coordenação da Atenção Básica e do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), julgou importante a integralização da visita do-miciliar semanal do PIM às ações de cuidado da equipe de Saúde da Fa-mília, levando os benefícios do programa para localidades mais remotas. A ampliação do PIM iniciou em 2013 e, atualmente, o programa atende 32 famílias quilombolas. O projeto garantiu a equidade e o acesso nas co-munidades, além da valorização da identidade cultural, com orientações

O município de São Sepé já possuía atividades de promoção à saúde, como caminhadas orientadas e acompanhamento de doenças crônicas, mas, ao per-ceber que os frequentadores desses grupos apresentavam quadro de dores na coluna vertebral, além de doenças crônicas e degenerativas, a Secretaria Mu-nicipal da Saúde (SMS) implantou uma atividade que pudesse amenizar esses problemas: a prática aberta e orientada de Lian Gong. O método chinês forta-lece músculos, tendões e ossos, e consiste em três sequências de 18 exercícios de fácil aprendizado e execução. A atividade se iniciou no segundo semestre de 2014 e conta com 120 participantes divididos em quatro grupos. Durante o

SÃO LOURENÇO DO SUL

SÃO SEPÉ

para o cuidado da criança partindo dos valo-res de cada família, oportunizando empodera-mento para as mães e cuidadoras, que se tor-nam protagonistas do cuidado e dos saberes. A interação da comunidade com a ESF e o PIM cria uma situação de bem-estar e acolhimento, já que a visita domiciliar semanal potencializa o trabalho dos outros profissionais da saúde, com uma resposta positiva das famílias.

primeiro ano, já foi possível constatar os benefí-cios na população através de relatos de melhoria nas atividades do dia a dia, maior disposição, re-dução e até mesmo desaparecimento dos quadros de dores, maior controle da hipertensão arterial, redução nos quadros de doenças respiratórias, redução de episódios de insônia relatados no iní-cio da prática e melhora na interação pessoal dos indivíduos envolvidos.

O SUS É NOSSO

População: 24 mil habitantesRegional do COSEMS: Verdes Campos (1ª Região de Saúde – 4ª CRS)

EXPERIÊNCIA DA INSERÇÃO DE LIAN GONG COMO PRÁTICA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

Autor: Gerson Ribeiro da Silva Júnior

Coautor: Marcelo Ellwanger(55) 3233-8150 - [email protected]

População: 43 mil habitantesRegional do COSEMS: Região Sul (21ª Região de Saú-de – 3ª CRS)

PIM QUILOMBOLA - A EXPANSÃO DA EQUIDADE

Autora: Luita Maria Nunes(53) 3251-3943 - [email protected]

Coautora: Denise Padilha HENRIQ

UE JALIL/PMSLS

GERSO

N RIBEIRO DA SILVA JUN

IOR

/PMSS

Page 30: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

30 | www.cosemsrs.org.br

A ofi cina para gestantes no município de São Vicente do Sul surgiu a partir da necessidade de oferta de uma assistência integral durante o pré-natal. As atividades educativas foram implantadas em uma parceria entre as Equipes de Saúde da Família (ESFs), o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e o Núcleo de Apoio à Atenção Básica (NAAB). Na proposta de trabalho estavam informações sobre cuidados com o recém-nascido, amamentação, alimenta-ção saudável na gestação, vínculo mãe e fi lho, orientações posturais e exercí-cios. O grupo se reuniu mensalmente durante o ano de 2014 e contou com a participação de uma equipe multiprofi ssional composta por enfermeiro,

Criado em 2011, o projeto de Saúde Integrada do município de Severiano de Almeida foi uma iniciativa da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Equipe de Saúde da Família (ESF), com o intuito de construir uma identidade responsável, cidadã e consciente, tanto na população quanto na equipe de saúde. O objetivo é reverter o quadro de busca de serviços de saú-de centrados no nível curativo e médico, apostando na intersetorialidade e interdisciplinaridade. Assim, a SMS criou grupos que incluem todas as fai-xas etárias da comunidade de forma integrada e articulada. Cada um deles – Amigos da Vida, Reaproveitamento de Alimentos, Estudos em Alcoolismo e

SÃO VICENTE DO SUL

SEVERIANO DE ALMEIDA

médico, cirurgião dentista, fi sioterapeuta, nu-tricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo e educador físico. Além disso, ao fi nalizar as ativi-dades, as gestantes confeccionaram lembranci-nhas em preparação à chegada dos bebês. Essa ofi cina teve como objetivo potencializar o de-sempenho ocupacional dessas mulheres quanto à autonomia nas atividades diárias e ao fortale-cimento social e familiar.

Drogadição, Hiperdia, Gestantes, Horto Plantas Medicinais, Próteses Dentárias, Sorrindo para o Futuro, Saúde na Escola, Pilates e PICs – tem agenda própria e encontros periódicos com pro-gramação para o desenvolvimento de ações. O projeto trouxe dinamismo e entusiasmo à popu-lação, bem como à equipe multidisciplinar, que aprendeu a construir formas de intervenção e resolubilidade na Atenção Básica.

VERA CRUZ

REVISTA COSEMS/RS

População: 8,7 mil habitantesRegional do COSEMS: Verdes Campos (1ª Região de Saúde – 4ª CRS)

OFICINAS PARA GESTANTES: UM MOMENTO DE COMPARTILHAR CONHECIMENTOS NA ATENÇÃO BÁSICA

Autora: Larissa Santos Nunes(55) 9968-0991 - [email protected]

Coautora: Jocinara Goulart Camargo

População: 3,8 mil habitantesRegional do COSEMS: Alto Uruguai Gaúcho (16ª Região de Saúde – 11ª CRS)

PRÁTICA EDUCATIVA EM SAÚDE ATRAVÉS DA FORMAÇÃO DE GRUPOS: DO SABOR AO SABER

Autor: Samuel Salvi Romero(54) 3525-1219 - [email protected]

Coautores: Marcos Santin, Jeneci Vendruscolo e Marcia Zanella

LARISSA SANTO

S NUN

ES/PMSVS

DEPARTAM

ENTO D

E CULTURA E TURISM

O/PM

SA

CAXIAS DO SUL

8 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Este projeto foi motivado pelo desconhe-cimento, por parte da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), sobre o estado nutricional das crianças entre 4 meses e 5 anos de ida-de matriculadas nas EMEIs de Vera Cruz. A ideia foi, então, realizar avaliações nutricio-nais e alimentares por meio do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), utilizando-o como uma ferramenta facilita-dora no planejamento de ações para reduzir o número de crianças com peso inadequado e prevenir a obesidade infantil. As avaliações ocorrem desde 2012, entre os meses de abril e junho, e são realizadas com a autorização prévia dos pais ou responsáveis pelas crian-ças. Ao notarem o aumento do número de estudantes com sobrepeso, as secretarias de Saúde e Educação decidiram, em 2015, criar o Grupo de Educação Alimentar para Pais e Filhos – Infância Saudável, que atende indivi-dualmente crianças com risco para sobrepeso ou obesidade. Além disso, os resultados das avaliações proporcionam mudanças nos car-dápios da merenda das escolas, reduzindo o teor de açúcar, sal e frituras e promovendo o aumento do consumo de verduras e frutas.

VERA CRUZ

O SUS É NOSSO

População: 470 mil habitantes Regional do COSEMS: Caxias e Hortênsias (23 ª Região de Saúde - 5ª CRS)

CEREST SERRA NO APS

Autora: Soeli Dea de Fátima Serafi m Matos (54) 3290-4508 - [email protected]

Coautores: Ana Maria Mezzomo Bedin, BenHur Chamorra, Elisa Marylene Mattana, Glediston Perottoni, Ida Marisa Dri, José Enio Fontoura de Andrade, Niciele Sguissardi e Nivade Zorzi

População: 25,5 mil habitantesRegional do COSEMS: Santa Cruz do Sul (28ª Região de Saúde – 13ª CRS)

ESTADO NUTRICIONAL DAS CRIANÇAS MATRICULADAS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL (EMEIs): DIAGNÓSTICO, MONITORAMENTO E PLANEJAMENTO DE AÇÕES UTILIZANDO O SISVAN

Autora: Samia Nassere(51) [email protected]

Coautora: Caroline Ortolan

DIVULG

AÇÃO/PM

VC

SOELI D

EA DE FATIM

A MATO

S/PMCS

O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da Região Serrana (CEREST/Serra), pertencente à Secretaria da Saúde de Caxias do Sul, pre-ocupado com as condições de saúde e segurança dos trabalhadores rurais, desenvolveu ações em conjunto com a Atenção Básica, agregando ideias que proporcionem melhor qualidade de vida a essa população.

O projeto, que teve início em 2014 e deverá ocorrer até 2016, atua em 29 municípios com população de até seis mil habitantes, promovendo en-contros com secretários da Saúde, Equipes de Saúde da Família e represen-tantes de órgãos envolvidos com o meio rural. Em um segundo momento, são realizadas capacitações dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), de forma que estes atores tornem-se multiplicadores de informação, alertando o público-alvo sobre os riscos à saúde e à segurança existentes nesse meio, com ênfase na temática sobre o uso correto dos agrotóxicos. Também é apli-cado um questionário para levantamento de dados da realidade local. Nesta análise, são apresentadas sugestões que devem ser seguidas pelas equipes de saúde e apontadas as condições de vida e saúde dos trabalhadores.

A proposta foi aceita por todos os municípios participantes da primeira fase do projeto, motivando o CEREST/Serra a continuar desenvolvendo a iniciativa nos demais territórios que desejarem sensibilizar profi ssionais de Saúde e a comunidade a debater e planejar ações coletivas capazes de inter-vir no uso inadequado de agrotóxicos e de promover os cuidados a serem tomados na utilização dos equipamentos e maquinários no campo.

Page 31: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

31

A ofi cina para gestantes no município de São Vicente do Sul surgiu a partir da necessidade de oferta de uma assistência integral durante o pré-natal. As atividades educativas foram implantadas em uma parceria entre as Equipes de Saúde da Família (ESFs), o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e o Núcleo de Apoio à Atenção Básica (NAAB). Na proposta de trabalho estavam informações sobre cuidados com o recém-nascido, amamentação, alimenta-ção saudável na gestação, vínculo mãe e fi lho, orientações posturais e exercí-cios. O grupo se reuniu mensalmente durante o ano de 2014 e contou com a participação de uma equipe multiprofi ssional composta por enfermeiro,

Criado em 2011, o projeto de Saúde Integrada do município de Severiano de Almeida foi uma iniciativa da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Equipe de Saúde da Família (ESF), com o intuito de construir uma identidade responsável, cidadã e consciente, tanto na população quanto na equipe de saúde. O objetivo é reverter o quadro de busca de serviços de saú-de centrados no nível curativo e médico, apostando na intersetorialidade e interdisciplinaridade. Assim, a SMS criou grupos que incluem todas as fai-xas etárias da comunidade de forma integrada e articulada. Cada um deles – Amigos da Vida, Reaproveitamento de Alimentos, Estudos em Alcoolismo e

SÃO VICENTE DO SUL

SEVERIANO DE ALMEIDA

médico, cirurgião dentista, fi sioterapeuta, nu-tricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo e educador físico. Além disso, ao fi nalizar as ativi-dades, as gestantes confeccionaram lembranci-nhas em preparação à chegada dos bebês. Essa ofi cina teve como objetivo potencializar o de-sempenho ocupacional dessas mulheres quanto à autonomia nas atividades diárias e ao fortale-cimento social e familiar.

Drogadição, Hiperdia, Gestantes, Horto Plantas Medicinais, Próteses Dentárias, Sorrindo para o Futuro, Saúde na Escola, Pilates e PICs – tem agenda própria e encontros periódicos com pro-gramação para o desenvolvimento de ações. O projeto trouxe dinamismo e entusiasmo à popu-lação, bem como à equipe multidisciplinar, que aprendeu a construir formas de intervenção e resolubilidade na Atenção Básica.

VERA CRUZ

REVISTA COSEMS/RS

População: 8,7 mil habitantesRegional do COSEMS: Verdes Campos (1ª Região de Saúde – 4ª CRS)

OFICINAS PARA GESTANTES: UM MOMENTO DE COMPARTILHAR CONHECIMENTOS NA ATENÇÃO BÁSICA

Autora: Larissa Santos Nunes(55) 9968-0991 - [email protected]

Coautora: Jocinara Goulart Camargo

População: 3,8 mil habitantesRegional do COSEMS: Alto Uruguai Gaúcho (16ª Região de Saúde – 11ª CRS)

PRÁTICA EDUCATIVA EM SAÚDE ATRAVÉS DA FORMAÇÃO DE GRUPOS: DO SABOR AO SABER

Autor: Samuel Salvi Romero(54) 3525-1219 - [email protected]

Coautores: Marcos Santin, Jeneci Vendruscolo e Marcia Zanella

LARISSA SANTO

S NUN

ES/PMSVS

DEPARTAM

ENTO D

E CULTURA E TURISM

O/PM

SA

CAXIAS DO SUL

8 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Este projeto foi motivado pelo desconhe-cimento, por parte da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), sobre o estado nutricional das crianças entre 4 meses e 5 anos de ida-de matriculadas nas EMEIs de Vera Cruz. A ideia foi, então, realizar avaliações nutricio-nais e alimentares por meio do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), utilizando-o como uma ferramenta facilita-dora no planejamento de ações para reduzir o número de crianças com peso inadequado e prevenir a obesidade infantil. As avaliações ocorrem desde 2012, entre os meses de abril e junho, e são realizadas com a autorização prévia dos pais ou responsáveis pelas crian-ças. Ao notarem o aumento do número de estudantes com sobrepeso, as secretarias de Saúde e Educação decidiram, em 2015, criar o Grupo de Educação Alimentar para Pais e Filhos – Infância Saudável, que atende indivi-dualmente crianças com risco para sobrepeso ou obesidade. Além disso, os resultados das avaliações proporcionam mudanças nos car-dápios da merenda das escolas, reduzindo o teor de açúcar, sal e frituras e promovendo o aumento do consumo de verduras e frutas.

VERA CRUZ

O SUS É NOSSO

População: 470 mil habitantes Regional do COSEMS: Caxias e Hortênsias (23 ª Região de Saúde - 5ª CRS)

CEREST SERRA NO APS

Autora: Soeli Dea de Fátima Serafi m Matos (54) 3290-4508 - [email protected]

Coautores: Ana Maria Mezzomo Bedin, BenHur Chamorra, Elisa Marylene Mattana, Glediston Perottoni, Ida Marisa Dri, José Enio Fontoura de Andrade, Niciele Sguissardi e Nivade Zorzi

População: 25,5 mil habitantesRegional do COSEMS: Santa Cruz do Sul (28ª Região de Saúde – 13ª CRS)

ESTADO NUTRICIONAL DAS CRIANÇAS MATRICULADAS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL (EMEIs): DIAGNÓSTICO, MONITORAMENTO E PLANEJAMENTO DE AÇÕES UTILIZANDO O SISVAN

Autora: Samia Nassere(51) [email protected]

Coautora: Caroline Ortolan

DIVULG

AÇÃO/PM

VC

SOELI D

EA DE FATIM

A MATO

S/PMCS

O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da Região Serrana (CEREST/Serra), pertencente à Secretaria da Saúde de Caxias do Sul, pre-ocupado com as condições de saúde e segurança dos trabalhadores rurais, desenvolveu ações em conjunto com a Atenção Básica, agregando ideias que proporcionem melhor qualidade de vida a essa população.

O projeto, que teve início em 2014 e deverá ocorrer até 2016, atua em 29 municípios com população de até seis mil habitantes, promovendo en-contros com secretários da Saúde, Equipes de Saúde da Família e represen-tantes de órgãos envolvidos com o meio rural. Em um segundo momento, são realizadas capacitações dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), de forma que estes atores tornem-se multiplicadores de informação, alertando o público-alvo sobre os riscos à saúde e à segurança existentes nesse meio, com ênfase na temática sobre o uso correto dos agrotóxicos. Também é apli-cado um questionário para levantamento de dados da realidade local. Nesta análise, são apresentadas sugestões que devem ser seguidas pelas equipes de saúde e apontadas as condições de vida e saúde dos trabalhadores.

A proposta foi aceita por todos os municípios participantes da primeira fase do projeto, motivando o CEREST/Serra a continuar desenvolvendo a iniciativa nos demais territórios que desejarem sensibilizar profi ssionais de Saúde e a comunidade a debater e planejar ações coletivas capazes de inter-vir no uso inadequado de agrotóxicos e de promover os cuidados a serem tomados na utilização dos equipamentos e maquinários no campo.

Page 32: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

32 | www.cosemsrs.org.br

Buscando fortalecer o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, o município de Gravataí desenvolveu uma ação voltada para a edu-cação. O objetivo central é instruir funcionários de empresas, instituições, sociedade civil organizada e órgãos de governo sobre as formas de prevenção à doença, seja dentro ou fora do local de trabalho, em ações continuadas para a eliminação constante de criadouros. Com o auxílio da equipe técnica do Pro-grama Nacional de Combate à Dengue (PNCD), foram realizadas ações e ati-vidades diárias. Observou-se que o conhecimento adquirido passou a integrar a vida dos participantes, que acabam propagando este aprendizado para toda

Com o aumento no número de pacientes do Centro de Testagem e Aco-lhimento (CTA), a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Rosário do Sul identifi cou a necessidade de uma constante qualifi cação da assistência e de uma padronização das informações, como forma de identifi car possíveis abordagens para reduzir o número de notifi cações. Para isso, foi utilizada a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que organiza o traba-lho conforme o método, o pessoal e os instrumentos que possibilitam a ope-racionalização do processo de enfermagem através de uma fi cha de coleta de dados padrão. O CTA atende cerca de 200 pacientes soropositivos para HIV,

GRAVATAÍ

ROSÁRIO DO SUL

a comunidade. Com o sucesso da ação, escolas municipais e estaduais demonstraram interesse na participação de alunos nas atividades, abrindo uma oportunidade para que um novo público seja somado à iniciativa. Além disso, a Certifi cação de Combate à Dengue valorizou o trabalho de cam-po dos agentes de combate a endemias, de modo que a comunidade passou a reconhecer o progra-ma como um trabalho importante.

que são entrevistados por um profi ssional de en-fermagem utilizando a fi cha da SAE. O instru-mento serve como fonte de pesquisa clínico-epi-demiológica para todos os membros da equipe multidisciplinar. A partir dessas informações, o atendimento é planejado, a fi m de ser prestado da maneira mais individualizada possível. Com a SAE, notou-se a qualifi cação da assistência e um melhor acolhimento ao paciente.

REVISTA COSEMS/RS

População: 255 mil habitantes Regional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde - 2ª CRS)

AQUI SE COMBATE A DENGUE

Autora: Patrícia Silva da Silva Rosa (51) 3600-7742 - [email protected]

Coautores: Carine Garcia Daniel, Pierina Carlesso Velho Costa, Getulio Silva da Costa, Gabriel Gaperin e Alcione José dos Santos

População: 40 mil habitantesRegional do COSEMS: Fronteira Oeste (3ª Região de Saúde – 10ª CRS)

SAE COMO INSTRUMENTO DE OPERACIONALIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO CUIDADO/ASSISTÊNCIA AO PACIENTE PORTADOR DE HIV/AIDS NO CTA

Autora: Fernanda Badinelli Martins(55) 3231-2523 - [email protected]

Coautora: Valéria Guedes Ávila

COM

UNICAÇÃO SM

S/PMG

DAVID D

ALLAQUA

/ FREEIMAG

ES.COM

IGREJINHA

9 – OUTRAS CATEGORIAS

Um estudo do Sistema de Pactuação (SISPACTO), do Ministério da Saúde, mostrou uma realidade assustadora em Igrejinha: o nú-mero de internações causadas por infarto agudo do miocárdio e a taxa de mortalidade prematura – pessoas com menos de 70 anos – pelo conjunto das quatro principais doenças do aparelho circulató-rio, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas estavam altos. Como essas patologias estão ligadas diretamente à cultura compor-tamental da população, o projeto Saúde na Praça entrou em ação, oferecendo atividades ao ar livre para melhorar a qualidade de vida. Alongamentos, exames médicos, como a verificação da pressão arte-rial e da glicose, shiatsu, limpeza de pele e incentivo ao uso de plan-tas medicinais são algumas das atividades diárias que fazem parte da programação, que também inclui encontros com nutricionistas, médicos e educadores físicos. Essa inserção de hábitos saudáveis na rotina diária, mesmo que de um pequeno grupo, é benéfica não ape-nas por melhorar a saúde física, mas por influenciar positivamente as famílias dessas pessoas e a comunidade.

Algumas microempresas do setor alimentício de cidades do interior não conferem importância e investimento adequados à Vigilância Sanitária, ge-rando baixa qualificação profissional para cuidar do armazenamento e a falta de uma atuação adequada para que os produtos não corram o risco de serem contaminados. O trabalho dos vigilantes muitas vezes acaba não tendo o reconhe-cimento merecido por empresários, que desconhecem a capacidade dos profis-sionais em prevenir e eliminar riscos à saúde. Para modificar essa problemá-tica, foi realizada uma ação especial no município de São José do Sul para a conscientização da população. Através da busca ativa nos estabelecimentos, foi ministrado um curso para promover o cuidado na manipulação de alimentos, com o objetivo de evitar a contamina-ção de consumidores e trabalhadores, entre outros riscos. Os participantes fo-ram capacitados, otimizando o cuidado dos locais. O descaso com o serviço de Vigilância Sanitária deu lugar a uma co-laboração mútua entre proprietários de estabelecimentos e fiscais, visando qua-lificar os procedimentos.

SÃO JOSÉ DO SUL

O SUS É NOSSO

População: 34 mil habitantes Regional do COSEMS: Paranhana (6ª Região de Saúde - 1ª CRS)

SAÚDE NA PRAÇA

Autora: Luciana Di Franco Linden (51) 9144-8954 - [email protected]

Coautores: Fabiana Rasia, Lidiane Frick e Realda Simone do Amaral

População: 2 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale do Caí/Metro-politana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

PRÁTICA EDUCATIVA EM VISA

Autora: Letícia Maria Mossmann(51) 3614–[email protected]

Coautora: Marcia Hanauer

COM

UNICAÇÃO

/PMSJS

COM

UNICAÇÃO

/PMI

Page 33: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

33

Buscando fortalecer o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, o município de Gravataí desenvolveu uma ação voltada para a edu-cação. O objetivo central é instruir funcionários de empresas, instituições, sociedade civil organizada e órgãos de governo sobre as formas de prevenção à doença, seja dentro ou fora do local de trabalho, em ações continuadas para a eliminação constante de criadouros. Com o auxílio da equipe técnica do Pro-grama Nacional de Combate à Dengue (PNCD), foram realizadas ações e ati-vidades diárias. Observou-se que o conhecimento adquirido passou a integrar a vida dos participantes, que acabam propagando este aprendizado para toda

Com o aumento no número de pacientes do Centro de Testagem e Aco-lhimento (CTA), a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Rosário do Sul identifi cou a necessidade de uma constante qualifi cação da assistência e de uma padronização das informações, como forma de identifi car possíveis abordagens para reduzir o número de notifi cações. Para isso, foi utilizada a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que organiza o traba-lho conforme o método, o pessoal e os instrumentos que possibilitam a ope-racionalização do processo de enfermagem através de uma fi cha de coleta de dados padrão. O CTA atende cerca de 200 pacientes soropositivos para HIV,

GRAVATAÍ

ROSÁRIO DO SUL

a comunidade. Com o sucesso da ação, escolas municipais e estaduais demonstraram interesse na participação de alunos nas atividades, abrindo uma oportunidade para que um novo público seja somado à iniciativa. Além disso, a Certifi cação de Combate à Dengue valorizou o trabalho de cam-po dos agentes de combate a endemias, de modo que a comunidade passou a reconhecer o progra-ma como um trabalho importante.

que são entrevistados por um profi ssional de en-fermagem utilizando a fi cha da SAE. O instru-mento serve como fonte de pesquisa clínico-epi-demiológica para todos os membros da equipe multidisciplinar. A partir dessas informações, o atendimento é planejado, a fi m de ser prestado da maneira mais individualizada possível. Com a SAE, notou-se a qualifi cação da assistência e um melhor acolhimento ao paciente.

REVISTA COSEMS/RS

População: 255 mil habitantes Regional do COSEMS: PoA/Região Metropolitana (10ª Região de Saúde - 2ª CRS)

AQUI SE COMBATE A DENGUE

Autora: Patrícia Silva da Silva Rosa (51) 3600-7742 - [email protected]

Coautores: Carine Garcia Daniel, Pierina Carlesso Velho Costa, Getulio Silva da Costa, Gabriel Gaperin e Alcione José dos Santos

População: 40 mil habitantesRegional do COSEMS: Fronteira Oeste (3ª Região de Saúde – 10ª CRS)

SAE COMO INSTRUMENTO DE OPERACIONALIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO CUIDADO/ASSISTÊNCIA AO PACIENTE PORTADOR DE HIV/AIDS NO CTA

Autora: Fernanda Badinelli Martins(55) 3231-2523 - [email protected]

Coautora: Valéria Guedes Ávila

COM

UNICAÇÃO SM

S/PMG

DAVID D

ALLAQUA

/ FREEIMAG

ES.COM

IGREJINHA

9 – OUTRAS CATEGORIAS

Um estudo do Sistema de Pactuação (SISPACTO), do Ministério da Saúde, mostrou uma realidade assustadora em Igrejinha: o nú-mero de internações causadas por infarto agudo do miocárdio e a taxa de mortalidade prematura – pessoas com menos de 70 anos – pelo conjunto das quatro principais doenças do aparelho circulató-rio, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas estavam altos. Como essas patologias estão ligadas diretamente à cultura compor-tamental da população, o projeto Saúde na Praça entrou em ação, oferecendo atividades ao ar livre para melhorar a qualidade de vida. Alongamentos, exames médicos, como a verificação da pressão arte-rial e da glicose, shiatsu, limpeza de pele e incentivo ao uso de plan-tas medicinais são algumas das atividades diárias que fazem parte da programação, que também inclui encontros com nutricionistas, médicos e educadores físicos. Essa inserção de hábitos saudáveis na rotina diária, mesmo que de um pequeno grupo, é benéfica não ape-nas por melhorar a saúde física, mas por influenciar positivamente as famílias dessas pessoas e a comunidade.

Algumas microempresas do setor alimentício de cidades do interior não conferem importância e investimento adequados à Vigilância Sanitária, ge-rando baixa qualificação profissional para cuidar do armazenamento e a falta de uma atuação adequada para que os produtos não corram o risco de serem contaminados. O trabalho dos vigilantes muitas vezes acaba não tendo o reconhe-cimento merecido por empresários, que desconhecem a capacidade dos profis-sionais em prevenir e eliminar riscos à saúde. Para modificar essa problemá-tica, foi realizada uma ação especial no município de São José do Sul para a conscientização da população. Através da busca ativa nos estabelecimentos, foi ministrado um curso para promover o cuidado na manipulação de alimentos, com o objetivo de evitar a contamina-ção de consumidores e trabalhadores, entre outros riscos. Os participantes fo-ram capacitados, otimizando o cuidado dos locais. O descaso com o serviço de Vigilância Sanitária deu lugar a uma co-laboração mútua entre proprietários de estabelecimentos e fiscais, visando qua-lificar os procedimentos.

SÃO JOSÉ DO SUL

O SUS É NOSSO

População: 34 mil habitantes Regional do COSEMS: Paranhana (6ª Região de Saúde - 1ª CRS)

SAÚDE NA PRAÇA

Autora: Luciana Di Franco Linden (51) 9144-8954 - [email protected]

Coautores: Fabiana Rasia, Lidiane Frick e Realda Simone do Amaral

População: 2 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale do Caí/Metro-politana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

PRÁTICA EDUCATIVA EM VISA

Autora: Letícia Maria Mossmann(51) 3614–[email protected]

Coautora: Marcia Hanauer

COM

UNICAÇÃO

/PMSJS

COM

UNICAÇÃO

/PMI

Page 34: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

34 | www.cosemsrs.org.br

População: 43 mil habitantes Regional do COSEMS: Região Sul (21ª Região de Saúde – 3ª CRS)

PERCURSO FORMATIVO NO SUS: SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA

Autor: Arilson da Silva Cardoso (53) 3251-6151 - [email protected]

Coautores: Diego Elias Rodrigues dos Santos, Georgina Élida Matias e Graziela de Araújo Vasques

População: 341 mil habitantes Regional do COSEMS: Vale do Caí/Metropolitana (8ª Região de Saúde – 1ª CRS)

GOVERNANÇA ASSISTENCIAL EM UM HOSPITAL FOCADO NO ATENDIMENTO AOS CASOS DE CURTA PERMANÊNCIA: O PROTAGONISMO DO HOSPITAL DE PRONTO-SOCORRO DE CANOAS PARA A ORGANIZAÇÃO DA RUE E ARTICULAÇÃO COM A RAS

Autor: Rafael Lima Silva (51) 3415-4501 - [email protected]

Coautores: Gustavo Correa, Marcelo Bosio e Maximiliano das Chagas Marques

SÃO LOURENÇO DO SUL

CANOAS

10 – A REGIONALIZAÇÃO NO CONTEXTO DA INTEGRALIDADE GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO

11 – REGIONALIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), com o propósito de estruturar um intercâmbio para a troca de experiências e para a ampliação das possibilidades de intervenção para os profi ssionais da Rede de Aten-ção Psicossocial (RAPS), desenvolveu, entre junho de 2014 e agosto de 2015, o percurso formativo no Siste-ma Único de Saúde (SUS): Saúde Mental na Atenção Básica. A proposta foi realizar uma troca de experi-ências, a partir da convivência com outras realida-des, e desenvolver ofi cinas de atualização com ênfase na Saúde Mental na Atenção Básica. O intercâmbio constituiu um encontro da RAPS no período de dez meses, em um total de 30 dias, com profi ssionais dos municípios de Barra de Santa Rosa/PB, Cláudio/MG, Mucuri/BA, Bela Vista de Goiás/GO e Maravilha/SC. A experiência de intercâmbios entre redes e regionais

A necessidade de cobertura em serviços para o ma-nejo dos casos críticos de saúde fez com que a Secre-taria da Saúde de Canoas promovesse a identifi cação e o reforço das vocações terapêuticas de cada espaço de sua Rede de Atenção. O município investiu na or-ganização do acesso às ações e aos serviços de saúde com cadastramento amplo e controle e monitoramento do ingresso eletivo à Atenção Básica e Especialidades. Foi assim que, de 2010 a 2014, Canoas organizou es-trategicamente sua Rede de Atenção Integral às Urgên-cias e Emergências, com espaços de escuta na Atenção Básica, atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (SAMU), com suporte das Unidades de Pronto-Atendimento, em modalidades de 16h e 24h, e pelo Hospital Nossa Senhora das Graças e o Hospital de Pronto-Socorro (HPS). Nesse período, os atendimentos

REVISTA COSEMS/RS

Page 35: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

35

O SUS É NOSSO

de saúde resultou na participação de dez turmas com dois profi ssionais de cada ponto da rede de outros estados. O evento possibilitou a potencializa-ção de ações de Educação Permanen-te na rede local, a problematização das práticas de cuidado e modelos de atenção à saúde e a experiência entre seis municípios. O projeto teve um retorno imediato e mobilizou a rede de atenção como um todo, possibili-tando uma profunda refl exão de prá-ticas, modelos de atenção e execução de produção de relatórios, ofi cinas, debates e compartilhamento de co-nhecimentos.

executados no HPS tiveram incremento de 89,7% no total de internações e de 132,4% nas cirurgias, sendo a proporção entre as cirurgias e as demais internações eleva-da em 44%. Em contrapartida, a média de permanência em internação foi reduzida em 31,7%, passando de 5,7 dias (2010) para 3,9 dias (2014). A letalidade hospitalar também recuou: de 42,5% a 3,3% (2014). Esse mo-delo de governança adotado para viabilizar e operar o PS de Canoas possibilitou a am-pliação do acesso, a racionalização dos in-vestimentos públicos, a segurança e a qua-lidade assistencial, bem como o reforço dos princípios do SUS e a qualificação de seu papel na vocação do cuidado.

SSMD D

IVULGAÇÃO

/PMC

DECO

M PREFEITUR

A DE SÃO LO

URENÇO D

O SUL/PMSLS

Page 36: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

36 | www.cosemsrs.org.br

CAPA

GRANDES METASPARA 2016

dia é um sábado do mês de abril. 13h. Um secretário mu-nicipal de Saúde envia men-sagem aflita: “Todas as emer-

gências fechadas. Estamos sem ambulância disponível. Todas as macas ocupadas. Al-guém tem leito disponível?” A primeira res-posta vem de um gestor que está a mais de 300 quilômetros distante: “Tenho dez leitos clínicos à disposição.” Na sequência, outro secretário, de um município mais próximo, responde: “Aqui está superlotado também, mas podemos conseguir alguns leitos de Saúde Mental e um leito clínico de pedia-tria.” E as respostas seguem: “Aqui estamos com os leitos clínicos e de UTI lotados, mas estou monitorando. Se sobrar algo, aviso”; “Aqui, superlotadíssimo!!!”; “Temos dois leitos femininos aqui”; e o diálogo seguiu

sábado afora. Essa é uma rotina que, infelizmente,

tem se tornado recorrente em um canal de mensagens por telefone celular que conec-ta gestores municipais de Saúde de todo o Estado. Mais do que atestar a dificuldade em acessar determinados procedimentos de urgência e emergência, o uso do canal para esse fim é a prova cabal da fragilidade da regulação do acesso no Rio Grande do Sul. Pelo fato de o serviço que deveria fazer esse gerenciamento não responder às demandas na quantidade e no tempo necessários, os gestores têm de se valer de inúmeras estra-tégias no momento de conseguir um leito especializado ou uma remoção, e, de forma cada vez mais frequente, apelar para a so-lidariedade de outros secretários devido às deficiências da regulação.

Para o presidente do COSEMS/RS, Marcelo Bosio, há uma dificuldade maior em realizar esse processo e garantir que o serviço seja eficiente em municípios e re-giões em que se tem uma menor capacidade instalada. “Nesse caso, a limitação aumenta e a dependência do Estado e de sua regu-lação é maior, pois o gestor local não tem relação com os prestadores nem poder para contratualizar e exigir serviços”, diz. “De-fendemos que os municípios tenham uma participação efetiva na discussão e na de-cisão sobre os serviços contratados em seu território ou região, independentemente se quem está contratando é o Estado ou a União ou do tamanho do município.”

A combinação entre não priorizar as ações preventivas e de fortalecimento da Atenção Básica, somadas à compra de servi-

O

2013 2014Primeiro ano em que o Estado cumpriu a destinação do mínimo de 12% das Receitas Correntes Líquidas para a Saúde. O percentual, que vinha sendo elevado gradativamente, principalmente a partir de 2011, experimentou maior aumento a partir de 2012, quando R$ 765,5 milhões foram acrescidos ao orçamento em relação ao ano anterior, a maior elevação dos últimos 13 anos (entre 2003 e 2015). Com o Estado, finalmente, cumprindo a Emenda Constitucional nº 29, o clima entre os gestores municipais era de euforia.

Com as perspectivas de 2013, novos serviços foram abertos nos municípios e o acesso foi ampliado, devido, principalmente, à disponibilização de mais recursos para a Atenção Básica. Tanto no Estado como na União, o discurso era da consolidação dos programas e serviços que vinham sendo pactuados no período.

Page 37: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

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ços privados que nem sempre correspondem à real necessidade de determinado território, é explosiva do ponto de vista do gerencia-mento da Saúde Pública. Isso significa que investir mais nem sempre resulta em mais assistência e mais qualidade. Se não houver o minucioso planejamento da aplicação dos escassos recursos disponíveis e a certificação de que esses investimentos estejam, essen-cialmente, conectados com as necessidades locais e regionais — o que seria um custo justificado pelo benefício ao conjunto da po-pulação — eles podem se traduzir em simples gasto para atender, em determinadas situa-ções, a interesses corporativos ou privados.

Comprovadamente, o sistema de Saú-de, pelas necessidades que lhe são impostas a cada dia, é subfinanciado. Mas é verdade, também, que os processos necessitam ser

aperfeiçoados, com um controle maior da gestão pública. Se o recurso que está sendo aplicado é do Sistema Único de Saúde (SUS), seja da esfera Estadual ou Federal, o gestor municipal de Saúde deve atuar de maneira decisiva nas pactuações, de forma que estas transformem-se em mais assistência. Não há outro caminho, se não o de organização do local e do regional. Assim, obviamente, a estrutura mais macro, que compreende o Rio Grande do Sul como um todo, terá um funcionamento mais adequado.

Contudo, é ilusório propor tudo isso se sequer o mínimo dos repasses constitucio-nais para a Saúde não são pagos regular-mente pelo Estado. Do mesmo modo, seria extremamente danoso ao SUS o Governo cortar investimentos já pactuados, sob pena de inviabilizar, de forma definitiva, serviços

que foram implantados pelos municípios. Se no horizonte, ao menos em curto pra-

zo, não há perspectiva de mais investimen-to para a Saúde, o que os gestores podem (e devem) fazer é gerenciar com a máxima qualidade os recursos disponíveis, de modo que atendam aos interesses da população na ampliação e na qualificação dos serviços. Para esse controle existir, é necessário mui-to mais do que uma simples discussão e o apontamento das necessidades, mas sim a utilização de ferramentas de planejamento, pactuação, contratualização e fiscalização eficientes. Esse cenário exige a capacidade de dialogar não somente com os órgãos liga-dos diretamente à Saúde, mas também com o Controle Social, com a Justiça, com o Mi-nistério Público, com o Tribunal de Contas e, principalmente, com a própria comunidade.

2015

2016CUMPRIMENTO DE PACTOS

DISCUSSÃO DE PRIORIDADES

MELHORIAS NO FINANCIAMENTO

MELHORIAS NA GESTÃO

A instabilidade nos repasses constitucionais estaduais, que começou a ser verificada ainda no primeiro semestre de 2014, acentuando-se no terceiro e quarto trimestres daquele ano, foi percebida mais fortemente em 2015, deixando os municípios com sérias dificuldades para manter os serviços que haviam sido assumidos mediante as devidas pactuações, com garantia de implantação e custeio.

Com a crise econômica que atinge o País, as perspectivas de financiamento da Saúde não são boas. É um consenso entre os gestores que, se houver condições para manter a estrutura atual, sem a criação de novos serviços ou a ampliação dos já existentes, o resultado será, dentro da conjuntura que se apresenta, satisfatório. Na esfera Estadual, mesmo com o aumento de tributos aprovado no final de 2015, a aguardada melhora na arrecadação, ao menos nos dois primeiros meses de 2016, não se confirmou. Situação que gera incertezas sobre a capacidade de o Governo honrar com o compromisso de pagar os mais de R$ 500 milhões atrasados dos anos de 2014 e 2015, que foram negociados com os municípios para quitação em 24 parcelas, com pagamento a partir de janeiro. Em contrapartida, na esfera Federal, embora os repasses estejam ocorrendo com regularidade, não há perspectiva de novas habilitações, nem mesmo para os serviços que foram pactuados e tampouco para os que já estão em funcionamento, que acabam sendo bancados pelos municípios, sobrecarregando ainda mais as gestões locais.

Page 38: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

38 | www.cosemsrs.org.br

Em 2015, quase metade dos municípios do Rio Grande do Sul investiu mais de 20% em saúde

Obrigados pela Lei Complementar (LC) nº 141, de 13/01/2012, a investir no míni-mo 15% da arrecadação na saúde, os muni-cípios acabam por exceder frequentemente esse percentual para garantir assistência à população. Em levantamento realizado nos dados disponíveis no Tribunal de Contas do Estado (TCE), mais de 98% dos municípios investiram o mínimo constitucional entre os anos de 2005 e 2015.

Em 2005, primeiro ano que os dados foram disponibilizados, apenas seis muni-cípios não atingiram o percentual. Naquele mesmo ano, outros 60 (12,17%), investiram mais de 20% de suas receitas em saúde. Al-guns anos depois, em 2008, todos os mu-nicípios atingiram os 15%, sendo que 105 municípios (21,17%) direcionaram mais de 20% de sua arrecadação para o setor. Já em 2012, o número dos que investiram mais que 20% na saúde pulou para 231

(46,82%), com a aplicação máxima, che-gando a 38,99% da arrecadação própria, em Panambi, na região Norte do Estado. Em 2015, ano em que todos os municípios atingiram o percentual constitucional, dos

485 municípios com dados informados pelo TCE até o fechamento desta edição, 218 (44,94%) haviam investido mais de 20% na saúde, com o máximo chegando a 36,79%, novamente em Panambi.

Estado passou a cumprir os 12% em saúde em 2013, mas continua a incluir despesas que não são do SUS

A Emenda Constitucional (EC) nº 29, de 13/09/2000, passou a determinar o percen-tual de 12% como o mínimo a ser aplicado pelos Estados em ações e serviços públicos de saúde. Em 2012, a emenda foi regulamen-tada pela Lei Complementar (LC) nº 141, de 13/01/2012. No entanto, no Estado do Rio Grande do Sul, a Constituição não foi cumpri-da até o ano de 2013, quando, com um valor de R$ 2,84 bilhões, foram, finalmente, apor-tados 12,47% das Receitas Líquidas de Im-postos e Transferências (RLIT) para a Saúde.

Contudo, mesmo com a LC nº 141 de-finindo claramente o que são ações e servi-ços de saúde, o Estado continuou incluindo despesas que não fazem parte da área, como as destinadas ao Instituto de Previdência do Estado (IPERGS) e os hospitais da Bri-gada Militar. Esses valores representam, em 2016, o equivalente a 16% dos R$ 3,361 bilhões que devem ser destinados à saúde, derrubando o percentual real de investi-mento de 12% para 9,9%.

O cumprimento dos 12%, ainda que com

a inclusão de gastos em serviços que não poderiam ser enquadrados dentro do orça-mento da saúde, ocorreu de forma gradativa desde 2003 – primeiro ano em que foi pos-sível resgatar dados através do Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS). Naquele ano, a saúde do Rio Grande do Sul recebeu R$ 373 milhões, apenas 4,32%, de suas receitas, que incluíam, além de gastos com o IPERGS e os hospitais da Brigada Militar, o pagamento dos servido-res inativos do Estado e despesas com o sa-neamento básico, tornando o valor real para saúde ainda menor que o percentual orçado.

Mais tarde, em 2007, mesmo o valor glo-bal do investimeno tendo sido elevado con-sideravelmente em relação ao ano anterior, o percentual foi de apenas 5,80%, o que não correspondeu nem à metade do definido pela EC nº 29. Em 2010, o valor passou para R$ 1,35 bilhão, chegando a 7,62% das RLIT. Após 2013, os valores mantiveram-se acima dos 12%, com R$ 3,15 bilhões e R$ 3,20 bilhões em 2014 e 2015, respectivamente.

As diferenças, em termos de montante financeiro, e não de percentual de arrecada-ção, começaram, de fato, entre 2007 e 2008,

Fonte: Tribunal de Contas do Estado

REVISTA COSEMS/RS

2005 98,79% 12,17% 30,36%2006 99,80% 19,55% 33,97%2007 99.60% 22,58% 33,22%2008 100% 21,17% 31,99%2009 99,80% 30,64% 33,65%2010 99,20% 29,54% 34,68%2011 99,80% 27,82% 34,32%2012 100% 46,82% 38,99%2013 100% 40,04% 36,97%2014 99,20% 44,86% 38,80%2015 100% 44,94% 36,79%

ANOMUNICÍPIOS QUE

INVESTIRAM OMÍNIMO DE 15%

MUNICÍPIOS QUEINVESTIRAM

ACIMA DE 20%

PERCENTUALMÁXIMO INVESTIDO

quando o salto foi de R$ 238 milhões, che-gando aos R$ 921 milhões destinados à saú-de. A partir daí, o orçamento apresentou um crescimento tímido de um ano em relação ao outro, nunca ultrapassando 1% de aumento sobre os valores obtidos a partir da RLIT. Foi apenas em 2013 que o Rio Grande do Sul viu um acréscimo realmente substancial: o inves-timento foi de 9,71% para 12,47%, passando de R$ 1,96 bilhão (2012) para R$ 2,84 bi-lhões (2013). Novamente, o valor monetário cresceu no ano seguinte, chegando a R$ 3,15 bilhões, o que correspondeu a 12,72% (2014). Em 2015, a variação foi menor (12,20%) em comparação ao período mais recente, atin-gindo R$ 3,20 bilhões, e negativa em relação

à porcentagem de arrecadação. Para 2016, o orçado cobre os 12% constitucionais, chegan-do a R$ 3,63 bilhões.

No entanto, esses valores nem sempre apresentaram crescimento real, seja devido à manutenção no orçamento de itens que não são considerados ações e serviços de saúde, ou devido aos níveis de inflação. O percen-tual de investimento é baseado na receita do Estado, por isso, depedendo da variação da arrecadação, o valor destinado para a saúde pode não ser capaz nem mesmo de cobrir a inflação do ano anterior. Por exemplo, em 2014, ano em que mais se investiu na área, chegando a 12,72% das receitas do Estado e a um valor de R$ 3,15 bilhões, R$ 310 mi-

lhões a mais que o valor investido em 2013, o aumento real foi, depois de descontada a inflação, inferior à metade, ou seja, R$ 142 milhões. Já em 2015, no auge da crise, o va-lor investido na saúde chegou a 12,20%; no entanto, os R$ 3,20 bilhões não foram sufi-cientes para cobrir a inflação acumulada do ano anterior, apresentando um déficit de R$ 151,6 milhões. Para este ano, com uma infla-ção de 10,67% acumulada de 2015, o Esta-do precisaria investir, no mínimo, R$ 3,541 bilhões. Contudo, a previsão orçamentária aponta 12% exatos, um montante de R$ 3,63 bilhões, representando um aumento real de investimento de pouco mais de R$ 88 mi-lhões, em relação a 2015.

PIES teve importante incremento nos últimos anosSuspensa no início de 2015, a Política

Estadual de Incentivo para Qualificação da Atenção Básica (PIES-AB) foi retomada ape-nas em agosto do mesmo ano, com um repas-se de R$ 8,9 milhões realizado pelo Governo do Estado naquele mês. A previsão era repas-sar R$ 60 milhões em seis parcelas, das quais apenas quatro foram pagas (segundo infor-mações apuradas até a 1ª semana de abril de 2016). As duas restantes, referentes a outubro e novembro, estão incluídas no pagamento da dívida geral com os municípios, que foi rene-gociada em 24 parcelas através da Federação de Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS). Para 2016, o orçamento

CENTRAL

*Fonte: SIOPS/**Fonte: Orçamento Estadual Anual 2016 – PL 342/2015

Page 39: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

39

Em 2015, quase metade dos municípios do Rio Grande do Sul investiu mais de 20% em saúde

Obrigados pela Lei Complementar (LC) nº 141, de 13/01/2012, a investir no míni-mo 15% da arrecadação na saúde, os muni-cípios acabam por exceder frequentemente esse percentual para garantir assistência à população. Em levantamento realizado nos dados disponíveis no Tribunal de Contas do Estado (TCE), mais de 98% dos municípios investiram o mínimo constitucional entre os anos de 2005 e 2015.

Em 2005, primeiro ano que os dados foram disponibilizados, apenas seis muni-cípios não atingiram o percentual. Naquele mesmo ano, outros 60 (12,17%), investiram mais de 20% de suas receitas em saúde. Al-guns anos depois, em 2008, todos os mu-nicípios atingiram os 15%, sendo que 105 municípios (21,17%) direcionaram mais de 20% de sua arrecadação para o setor. Já em 2012, o número dos que investiram mais que 20% na saúde pulou para 231

(46,82%), com a aplicação máxima, che-gando a 38,99% da arrecadação própria, em Panambi, na região Norte do Estado. Em 2015, ano em que todos os municípios atingiram o percentual constitucional, dos

485 municípios com dados informados pelo TCE até o fechamento desta edição, 218 (44,94%) haviam investido mais de 20% na saúde, com o máximo chegando a 36,79%, novamente em Panambi.

Estado passou a cumprir os 12% em saúde em 2013, mas continua a incluir despesas que não são do SUS

A Emenda Constitucional (EC) nº 29, de 13/09/2000, passou a determinar o percen-tual de 12% como o mínimo a ser aplicado pelos Estados em ações e serviços públicos de saúde. Em 2012, a emenda foi regulamen-tada pela Lei Complementar (LC) nº 141, de 13/01/2012. No entanto, no Estado do Rio Grande do Sul, a Constituição não foi cumpri-da até o ano de 2013, quando, com um valor de R$ 2,84 bilhões, foram, finalmente, apor-tados 12,47% das Receitas Líquidas de Im-postos e Transferências (RLIT) para a Saúde.

Contudo, mesmo com a LC nº 141 de-finindo claramente o que são ações e servi-ços de saúde, o Estado continuou incluindo despesas que não fazem parte da área, como as destinadas ao Instituto de Previdência do Estado (IPERGS) e os hospitais da Bri-gada Militar. Esses valores representam, em 2016, o equivalente a 16% dos R$ 3,361 bilhões que devem ser destinados à saúde, derrubando o percentual real de investi-mento de 12% para 9,9%.

O cumprimento dos 12%, ainda que com

a inclusão de gastos em serviços que não poderiam ser enquadrados dentro do orça-mento da saúde, ocorreu de forma gradativa desde 2003 – primeiro ano em que foi pos-sível resgatar dados através do Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS). Naquele ano, a saúde do Rio Grande do Sul recebeu R$ 373 milhões, apenas 4,32%, de suas receitas, que incluíam, além de gastos com o IPERGS e os hospitais da Brigada Militar, o pagamento dos servido-res inativos do Estado e despesas com o sa-neamento básico, tornando o valor real para saúde ainda menor que o percentual orçado.

Mais tarde, em 2007, mesmo o valor glo-bal do investimeno tendo sido elevado con-sideravelmente em relação ao ano anterior, o percentual foi de apenas 5,80%, o que não correspondeu nem à metade do definido pela EC nº 29. Em 2010, o valor passou para R$ 1,35 bilhão, chegando a 7,62% das RLIT. Após 2013, os valores mantiveram-se acima dos 12%, com R$ 3,15 bilhões e R$ 3,20 bilhões em 2014 e 2015, respectivamente.

As diferenças, em termos de montante financeiro, e não de percentual de arrecada-ção, começaram, de fato, entre 2007 e 2008,

Fonte: Tribunal de Contas do Estado

REVISTA COSEMS/RS

2005 98,79% 12,17% 30,36%2006 99,80% 19,55% 33,97%2007 99.60% 22,58% 33,22%2008 100% 21,17% 31,99%2009 99,80% 30,64% 33,65%2010 99,20% 29,54% 34,68%2011 99,80% 27,82% 34,32%2012 100% 46,82% 38,99%2013 100% 40,04% 36,97%2014 99,20% 44,86% 38,80%2015 100% 44,94% 36,79%

ANOMUNICÍPIOS QUE

INVESTIRAM OMÍNIMO DE 15%

MUNICÍPIOS QUEINVESTIRAM

ACIMA DE 20%

PERCENTUALMÁXIMO INVESTIDO

quando o salto foi de R$ 238 milhões, che-gando aos R$ 921 milhões destinados à saú-de. A partir daí, o orçamento apresentou um crescimento tímido de um ano em relação ao outro, nunca ultrapassando 1% de aumento sobre os valores obtidos a partir da RLIT. Foi apenas em 2013 que o Rio Grande do Sul viu um acréscimo realmente substancial: o inves-timento foi de 9,71% para 12,47%, passando de R$ 1,96 bilhão (2012) para R$ 2,84 bi-lhões (2013). Novamente, o valor monetário cresceu no ano seguinte, chegando a R$ 3,15 bilhões, o que correspondeu a 12,72% (2014). Em 2015, a variação foi menor (12,20%) em comparação ao período mais recente, atin-gindo R$ 3,20 bilhões, e negativa em relação

à porcentagem de arrecadação. Para 2016, o orçado cobre os 12% constitucionais, chegan-do a R$ 3,63 bilhões.

No entanto, esses valores nem sempre apresentaram crescimento real, seja devido à manutenção no orçamento de itens que não são considerados ações e serviços de saúde, ou devido aos níveis de inflação. O percen-tual de investimento é baseado na receita do Estado, por isso, depedendo da variação da arrecadação, o valor destinado para a saúde pode não ser capaz nem mesmo de cobrir a inflação do ano anterior. Por exemplo, em 2014, ano em que mais se investiu na área, chegando a 12,72% das receitas do Estado e a um valor de R$ 3,15 bilhões, R$ 310 mi-

lhões a mais que o valor investido em 2013, o aumento real foi, depois de descontada a inflação, inferior à metade, ou seja, R$ 142 milhões. Já em 2015, no auge da crise, o va-lor investido na saúde chegou a 12,20%; no entanto, os R$ 3,20 bilhões não foram sufi-cientes para cobrir a inflação acumulada do ano anterior, apresentando um déficit de R$ 151,6 milhões. Para este ano, com uma infla-ção de 10,67% acumulada de 2015, o Esta-do precisaria investir, no mínimo, R$ 3,541 bilhões. Contudo, a previsão orçamentária aponta 12% exatos, um montante de R$ 3,63 bilhões, representando um aumento real de investimento de pouco mais de R$ 88 mi-lhões, em relação a 2015.

PIES teve importante incremento nos últimos anosSuspensa no início de 2015, a Política

Estadual de Incentivo para Qualificação da Atenção Básica (PIES-AB) foi retomada ape-nas em agosto do mesmo ano, com um repas-se de R$ 8,9 milhões realizado pelo Governo do Estado naquele mês. A previsão era repas-sar R$ 60 milhões em seis parcelas, das quais apenas quatro foram pagas (segundo infor-mações apuradas até a 1ª semana de abril de 2016). As duas restantes, referentes a outubro e novembro, estão incluídas no pagamento da dívida geral com os municípios, que foi rene-gociada em 24 parcelas através da Federação de Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS). Para 2016, o orçamento

CENTRAL

*Fonte: SIOPS/**Fonte: Orçamento Estadual Anual 2016 – PL 342/2015

Page 40: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

40 | www.cosemsrs.org.br

A médio prazo, PEC 01-A deverá trazer fi nanciamento mais sustentável ao SUS

Após um longo período de debates e mobilizações, a Proposta de Emenda Consti-tucional (PEC) 01-A/2015, que pretende ga-rantir, de maneira escalonada, mais recursos da União para a área da saúde, foi aprovada no dia 22 de março em primeiro turno na Câ-mara dos Deputados. A PEC necessita ainda de mais uma votação na Câmara antes de se-guir para apreciação do Senado.

A Proposta visa estabelecer novos per-centuais para calcular a aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde com base nas Receitas Correntes Líquidas (RCL). De acordo com o seu texto, haverá um au-mento percentual progressivo, iniciando em 14,8% no primeiro ano subsequente à apro-vação e promulgação da emenda, passando para 15,5% no segundo, 16,2% no tercei-ro, até alcançar 19,4%, no sétimo ano. Sua concepção é inspirada no Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLC) 321/2013, do movi-mento “Saúde+10”, responsável pela coleta de mais de 2,2 milhões de assinaturas solici-tando que a União destine 10% das Receitas Correntes Brutas (RCB) para o Sistema Úni-co de Saúde (SUS).

Porém, a emenda não deve garantir, de maneira imediata, o aumento de investi-mento para a saúde na esfera federal. Isso ocorrerá somente ao longo do tempo e de-

CLAITON D

ORN

ELLES/CBR

pendendo, também, de como se comportar a arrecadação. Contudo, deverá trazer uma mudança importante ao estabelecer que a União não poderá aplicar um orçamen-to menor do que o do exercício anterior, mesmo que a RCL apurada seja inferior, a exemplo do que ocorreu de 2015 para 2016. “Isso evitará uma ampliação no desfinan-ciamento do sistema”, aponta a assessora técnica do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Blenda

Leite. “A PEC tenta, minimamente, resgatar o Saúde+10, que estabelecia o investimen-to de 10% da RCB. A curto prazo não terá grande diferença, mas a médio prazo have-rá maiores aportes da União.” Atualmente, 19,4% da RCL equivale a 10% da RCB pre-vista no Saúde+10.

Para ela, caso a PEC 01-A vigorasse já a partir de 2017, haveria alguma melhora, em-bora pequena, na destinação de recursos fe-derais para a saúde. Isso porque a Emenda Constitucional (EC) nº 86, de 17 de março de 2015, que veio substituir a EC 29, trouxe uma redução de recursos devido à mudança da metodologia do cálculo. Em 2015, foram apli-

Com a obrigatoriedade de

aplicar um percentual em emendas parlamentares — o chamado orçamento impositivo —, foi inserida uma nova metodologia.

Isso causou o efeito reverso no financiamento da saúde, com a retração

dos recursos. Os próprios parlamentares

reconheceram que a Emenda Constitucional 86

foi um retrocesso. Blenda Leite

prevê que o incentivo volte a ser repassado re-gularmente totalizando R$ 120 milhões. Con-tudo, até o fechamento desta Revista, apenas o valor referente a janeiro havia sido pago.

A bandeira de luta por um financiamen-to estadual da Atenção Básica no Rio Grande do Sul faz parte da agenda do COSEMS/RS desde 1997. O Ministério da Saúde tinha sua contrapartida através do Piso de Atenção Bá-sica (PAB), e o Estado, no ano de 1997, não participava com essa compensação aos mu-nicípios. Naquele mesmo ano, a Associação dos Secretários e Dirigentes Municipais de Saúde (ASSEDISA/RS) — entidade que em 2012 passou a se denominar COSEMS/RS — começou tencionar com o Governo Estadual, em um trabalho exaustivo junto aos deputa-dos estaduais na luta pelo financiamento, não obtendo êxito naquele momento.

Em 1999, o Governo Estadual implan-

tou o Programa Municipalização Solidária, oferecendo um recurso extra que poderia ser utilizado tanto no investimento quanto no custeio, com base em indicadores de saúde, como a mortalidade infantil. Em 2003, com a troca de governo, o repasse mudou de nome, passando a se chamar Município Resolve; po-rém, com o passar do tempo, o financiamento acabou sendo interrompido. Os municípios seguiram negociando a implantação de um piso fundo a fundo para o custeio da Atenção Básica. Em 2010, o repasse voltou a ocorrer, atingindo R$ 15 milhões.

Na estruturação do orçamento da saúde para 2011, um movimento do COSEMS/RS e da FAMURS junto à Assembleia Legislativa garantiu o remanejo de recursos, tendo o va-lor do piso da Atenção Básica aumentado para R$ 40 milhões e sendo a PIES incorporada como política a partir de maio de 2011.

REVISTA COSEMS/RS

cados pela União 14,8% da RCL, o que cor-respondeu a cerca de R$ 110 bilhões; porém, devido à mudança de metodologia, em 2016 o mínimo constitucional seria cumprido com um investimento de apenas R$ 100,3 bilhões.

Segundo previsões do CONASEMS, se-riam necessários pelo menos R$ 123 bilhões para este ano, para suprir as deficiências or-çamentárias de 2015. A entidade estima que, para o exercício de 2016, já soma-se mais de R$ 24 bilhões de déficit, considerando o pa-drão de gasto do ano passado. O montante foi atingido devido à atualização dos valores com base na inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e ao contingenciamento anunciado pelo Governo Federal para a área da saúde em 2016, que é praticamente igual ao adotado em 2015, de R$ 9,9 bilhões. Somente com a mudança de cálculo da EC 86, a perda de recursos em 2015 superou os R$ 4 bilhões.

O texto da PEC 01-A eleva os percen-tuais já estabelecidos na EC 86, em vigor, que determina o repasse da União em gastos mínimos com saúde em 13,2% da RCL, che-gando, no máximo, a 15% a partir de 2020. “Com a obrigatoriedade de aplicar um per-centual em emendas parlamentares — o cha-mado orçamento impositivo —, foi inserida uma nova metodologia”, diz. “Isso causou o efeito reverso no financiamento da saúde, com a retração dos recursos. Os próprios parlamentares reconheceram que a Emenda Constitucional 86 foi um retrocesso.”

Para entender a importância da propos-ta, a assessora aborda a evolução histórica do financiamento nas três esferas de governo.Em 1993, a União era responsável por aproxi-madamente 72% do investimento público em saúde, os Estados, 12%, e os Municípios, 16%. Com o passar dos anos, o aporte da União foi diminuindo, ao passo que a participação de Estados e Municípios foi sendo elevada. Em 2015, a defasagem de investimento da União chegou a 30%, se comparado a 1993, com uma participação de apenas 42%, enquanto os Estados investiram 27% e os Municípios, 31%. “A partir do momento em que a União retira ou reduz a sua alocação para a saúde, as outras esferas são obrigadas a aportar mais recursos próprios para manter o nível de in-vestimento que se tinha até o momento — es-pecialmente os Municípios —, que dobraram a sua participação.”

Essa disparidade fez com que, em 2015, os Municípios aplicassem R$ 24,79 bilhões e os Estados R$ 6,3 bilhões acima do mínimo

constitucional. Assim, o ente que menos ar-recada, o Município, se vê obrigado a aplicar mais porque os outros entes não investem o necessário. Mesmo assim, para Blenda, o estabelecimento de percentuais mínimos de investimentos para os entes foi um ganho. “A vinculação de recurso é importante, contudo, a União começou a aplicar a lógica do teto-pi-so, ou seja, investe somente o mínimo exigi-do”, diz. “O município não consegue fazer isso porque a população que está lá na ponta cobra para que o gestor invista mais. Desde a cons-tituição dos percentuais mínimos, os municí-pios vêm assumindo novas responsabilidades em que as receitas não são condizentes com essas exigências.”

Conforme a assessora, os municípios, que são os grandes responsáveis pela execução e operacionalização das ações de saúde, ficam sem o aporte financeiro necessário, e, por isso, metas e planos não estão sendo exerci-dos adequadamente. “Existe um financia-mento tripartite que não é cumprido, e esse é o problema”, afirma. “Os incentivos estão de-satualizados, os valores que foram definidos na época da criação do incentivo nunca sofre-ram uma correção. Os Municípios continuam a receber o mesmo valor, só que o poder de compra diminuiu e é preciso recompô-los.”

Blenda aponta, ainda, a necessidade da discussão do Pacto Federativo da Saúde, prin-cipalmente no que se refere ao financiamento do SUS. “Hoje, quem realmente financia a saúde deste País são os Estados e Municípios, sendo que os municípios ainda têm uma par-cela maior de investimento”, diz. “O Pacto Fe-derativo deve ser capaz de definir com clareza as responsabilidades de cada ente e garantir, de forma permanente e estável, a contrapar-tida de recursos financeiros necessários às

obrigações assumidas pelos entes.” Como forma de amenizar o subfinancia-

mento da saúde, ela propõe ainda a adoção de outras fontes de recursos, como a taxação so-bre grandes fortunas, com valores destinados para a seguridade social e percentual signifi-cativo para a saúde, a taxação de lucros e di-videndos de pessoas físicas, a rediscussão da Contribuição para Financiamento da Seguri-dade Social (COFINS) e outros tributos sobre a movimentação financeira, nos moldes da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Mas, hoje, o que esta-mos defendendo é a aprovação da PEC 01-A, que não deve ampliar os serviços, mas servirá, pelo menos, para manter o que se tem.”

A vinculaçãode recurso é importante,

contudo, a União começou a aplicar a lógica do teto-

piso, ou seja, investe somente o mínimo

exigido. O município não consegue fazer isso porque a população que está lá na ponta cobra

para que o gestor invista mais. Desde a constituição

dos percentuais mínimos, os municípios vêm assumindo novas responsabilidades em

que as receitas não são condizentes com essas

exigências.

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A médio prazo, PEC 01-A deverá trazer fi nanciamento mais sustentável ao SUS

Após um longo período de debates e mobilizações, a Proposta de Emenda Consti-tucional (PEC) 01-A/2015, que pretende ga-rantir, de maneira escalonada, mais recursos da União para a área da saúde, foi aprovada no dia 22 de março em primeiro turno na Câ-mara dos Deputados. A PEC necessita ainda de mais uma votação na Câmara antes de se-guir para apreciação do Senado.

A Proposta visa estabelecer novos per-centuais para calcular a aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde com base nas Receitas Correntes Líquidas (RCL). De acordo com o seu texto, haverá um au-mento percentual progressivo, iniciando em 14,8% no primeiro ano subsequente à apro-vação e promulgação da emenda, passando para 15,5% no segundo, 16,2% no tercei-ro, até alcançar 19,4%, no sétimo ano. Sua concepção é inspirada no Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLC) 321/2013, do movi-mento “Saúde+10”, responsável pela coleta de mais de 2,2 milhões de assinaturas solici-tando que a União destine 10% das Receitas Correntes Brutas (RCB) para o Sistema Úni-co de Saúde (SUS).

Porém, a emenda não deve garantir, de maneira imediata, o aumento de investi-mento para a saúde na esfera federal. Isso ocorrerá somente ao longo do tempo e de-

CLAITON D

ORN

ELLES/CBR pendendo, também, de como se comportar a arrecadação. Contudo, deverá trazer uma mudança importante ao estabelecer que a União não poderá aplicar um orçamen-to menor do que o do exercício anterior, mesmo que a RCL apurada seja inferior, a exemplo do que ocorreu de 2015 para 2016. “Isso evitará uma ampliação no desfinan-ciamento do sistema”, aponta a assessora técnica do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Blenda

Leite. “A PEC tenta, minimamente, resgatar o Saúde+10, que estabelecia o investimen-to de 10% da RCB. A curto prazo não terá grande diferença, mas a médio prazo have-rá maiores aportes da União.” Atualmente, 19,4% da RCL equivale a 10% da RCB pre-vista no Saúde+10.

Para ela, caso a PEC 01-A vigorasse já a partir de 2017, haveria alguma melhora, em-bora pequena, na destinação de recursos fe-derais para a saúde. Isso porque a Emenda Constitucional (EC) nº 86, de 17 de março de 2015, que veio substituir a EC 29, trouxe uma redução de recursos devido à mudança da metodologia do cálculo. Em 2015, foram apli-

Com a obrigatoriedade de

aplicar um percentual em emendas parlamentares — o chamado orçamento impositivo —, foi inserida uma nova metodologia.

Isso causou o efeito reverso no financiamento da saúde, com a retração

dos recursos. Os próprios parlamentares

reconheceram que a Emenda Constitucional 86

foi um retrocesso. Blenda Leite

prevê que o incentivo volte a ser repassado re-gularmente totalizando R$ 120 milhões. Con-tudo, até o fechamento desta Revista, apenas o valor referente a janeiro havia sido pago.

A bandeira de luta por um financiamen-to estadual da Atenção Básica no Rio Grande do Sul faz parte da agenda do COSEMS/RS desde 1997. O Ministério da Saúde tinha sua contrapartida através do Piso de Atenção Bá-sica (PAB), e o Estado, no ano de 1997, não participava com essa compensação aos mu-nicípios. Naquele mesmo ano, a Associação dos Secretários e Dirigentes Municipais de Saúde (ASSEDISA/RS) — entidade que em 2012 passou a se denominar COSEMS/RS — começou tencionar com o Governo Estadual, em um trabalho exaustivo junto aos deputa-dos estaduais na luta pelo financiamento, não obtendo êxito naquele momento.

Em 1999, o Governo Estadual implan-

tou o Programa Municipalização Solidária, oferecendo um recurso extra que poderia ser utilizado tanto no investimento quanto no custeio, com base em indicadores de saúde, como a mortalidade infantil. Em 2003, com a troca de governo, o repasse mudou de nome, passando a se chamar Município Resolve; po-rém, com o passar do tempo, o financiamento acabou sendo interrompido. Os municípios seguiram negociando a implantação de um piso fundo a fundo para o custeio da Atenção Básica. Em 2010, o repasse voltou a ocorrer, atingindo R$ 15 milhões.

Na estruturação do orçamento da saúde para 2011, um movimento do COSEMS/RS e da FAMURS junto à Assembleia Legislativa garantiu o remanejo de recursos, tendo o va-lor do piso da Atenção Básica aumentado para R$ 40 milhões e sendo a PIES incorporada como política a partir de maio de 2011.

REVISTA COSEMS/RS

cados pela União 14,8% da RCL, o que cor-respondeu a cerca de R$ 110 bilhões; porém, devido à mudança de metodologia, em 2016 o mínimo constitucional seria cumprido com um investimento de apenas R$ 100,3 bilhões.

Segundo previsões do CONASEMS, se-riam necessários pelo menos R$ 123 bilhões para este ano, para suprir as deficiências or-çamentárias de 2015. A entidade estima que, para o exercício de 2016, já soma-se mais de R$ 24 bilhões de déficit, considerando o pa-drão de gasto do ano passado. O montante foi atingido devido à atualização dos valores com base na inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e ao contingenciamento anunciado pelo Governo Federal para a área da saúde em 2016, que é praticamente igual ao adotado em 2015, de R$ 9,9 bilhões. Somente com a mudança de cálculo da EC 86, a perda de recursos em 2015 superou os R$ 4 bilhões.

O texto da PEC 01-A eleva os percen-tuais já estabelecidos na EC 86, em vigor, que determina o repasse da União em gastos mínimos com saúde em 13,2% da RCL, che-gando, no máximo, a 15% a partir de 2020. “Com a obrigatoriedade de aplicar um per-centual em emendas parlamentares — o cha-mado orçamento impositivo —, foi inserida uma nova metodologia”, diz. “Isso causou o efeito reverso no financiamento da saúde, com a retração dos recursos. Os próprios parlamentares reconheceram que a Emenda Constitucional 86 foi um retrocesso.”

Para entender a importância da propos-ta, a assessora aborda a evolução histórica do financiamento nas três esferas de governo.Em 1993, a União era responsável por aproxi-madamente 72% do investimento público em saúde, os Estados, 12%, e os Municípios, 16%. Com o passar dos anos, o aporte da União foi diminuindo, ao passo que a participação de Estados e Municípios foi sendo elevada. Em 2015, a defasagem de investimento da União chegou a 30%, se comparado a 1993, com uma participação de apenas 42%, enquanto os Estados investiram 27% e os Municípios, 31%. “A partir do momento em que a União retira ou reduz a sua alocação para a saúde, as outras esferas são obrigadas a aportar mais recursos próprios para manter o nível de in-vestimento que se tinha até o momento — es-pecialmente os Municípios —, que dobraram a sua participação.”

Essa disparidade fez com que, em 2015, os Municípios aplicassem R$ 24,79 bilhões e os Estados R$ 6,3 bilhões acima do mínimo

constitucional. Assim, o ente que menos ar-recada, o Município, se vê obrigado a aplicar mais porque os outros entes não investem o necessário. Mesmo assim, para Blenda, o estabelecimento de percentuais mínimos de investimentos para os entes foi um ganho. “A vinculação de recurso é importante, contudo, a União começou a aplicar a lógica do teto-pi-so, ou seja, investe somente o mínimo exigi-do”, diz. “O município não consegue fazer isso porque a população que está lá na ponta cobra para que o gestor invista mais. Desde a cons-tituição dos percentuais mínimos, os municí-pios vêm assumindo novas responsabilidades em que as receitas não são condizentes com essas exigências.”

Conforme a assessora, os municípios, que são os grandes responsáveis pela execução e operacionalização das ações de saúde, ficam sem o aporte financeiro necessário, e, por isso, metas e planos não estão sendo exerci-dos adequadamente. “Existe um financia-mento tripartite que não é cumprido, e esse é o problema”, afirma. “Os incentivos estão de-satualizados, os valores que foram definidos na época da criação do incentivo nunca sofre-ram uma correção. Os Municípios continuam a receber o mesmo valor, só que o poder de compra diminuiu e é preciso recompô-los.”

Blenda aponta, ainda, a necessidade da discussão do Pacto Federativo da Saúde, prin-cipalmente no que se refere ao financiamento do SUS. “Hoje, quem realmente financia a saúde deste País são os Estados e Municípios, sendo que os municípios ainda têm uma par-cela maior de investimento”, diz. “O Pacto Fe-derativo deve ser capaz de definir com clareza as responsabilidades de cada ente e garantir, de forma permanente e estável, a contrapar-tida de recursos financeiros necessários às

obrigações assumidas pelos entes.” Como forma de amenizar o subfinancia-

mento da saúde, ela propõe ainda a adoção de outras fontes de recursos, como a taxação so-bre grandes fortunas, com valores destinados para a seguridade social e percentual signifi-cativo para a saúde, a taxação de lucros e di-videndos de pessoas físicas, a rediscussão da Contribuição para Financiamento da Seguri-dade Social (COFINS) e outros tributos sobre a movimentação financeira, nos moldes da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Mas, hoje, o que esta-mos defendendo é a aprovação da PEC 01-A, que não deve ampliar os serviços, mas servirá, pelo menos, para manter o que se tem.”

A vinculaçãode recurso é importante,

contudo, a União começou a aplicar a lógica do teto-

piso, ou seja, investe somente o mínimo

exigido. O município não consegue fazer isso porque a população que está lá na ponta cobra

para que o gestor invista mais. Desde a constituição

dos percentuais mínimos, os municípios vêm assumindo novas responsabilidades em

que as receitas não são condizentes com essas

exigências.

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Nesse sentido,os secretários de Saúde são mais organizados.

O que nos falta é uma aproximação maior com a pauta

da saúde, talvez por enfrentarmos inúmeros

desafios que nos demandam

atenção.Fábia Richter

Para Fábia Richter, alternância constante no comando das gestões difi culta normas de regulação

Conforme relata a prefeita Fábia Richter, em consequência da crise vivida pelo País, o município de Cristal foi obri-gado a fazer escolhas, estabelecendo priori-dades para aplicar o orçamento. “Tivemos que cortar em algumas áreas para manter o que avaliamos como essencial”, afirma. “No programa de governo havia 12 processos estruturantes, mas sempre dissemos que, se acontecesse algum problema, quatro áreas seriam priorizadas: Saúde, Educação, Desenvolvimento Agropecuário e a busca da solução de concessionárias de serviços, como a CEEE. Conseguimos manter os ser-viços de saúde porque deixamos de fazer outras coisas.”

investimentos, mas a receita não acompa-nhou essa elevação: as previsões do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não se cumpriram. Ela, que acompanha o Sistema Único de Saúde (SUS) há pelo menos 15 anos, diz nunca ter presenciado os municípios e hospitais pas-sarem por tantas dificuldades. “É difícil di-zer exatamente o que aconteceu; contudo, o Estado e a União deveriam priorizar a saú-de. Gostaria que o orçamento de 2015 tives-se sido igual à aplicação de 2014”, lamenta. “Como foi possível adquirir tanto em 2014, enquanto atualmente não é obtido nada? Vimos alguns hospitais fechados ou com os serviços parados, o que deixa uma parcela muito grande da população sem assistên-cia. E isso é muito sério.”

Fábia, que integra a Comissão de Saúde da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), além de ter integrado, até o ano passado, a diretoria da Federação de As-sociações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), acredita que falta articula-ção política entre os prefeitos para a reali-zação de feitos maiores. “Nesse sentido, os secretários de Saúde são mais organizados. O que nos falta é uma aproximação maior com a pauta da saúde, talvez por enfrentar-mos inúmeros desafios que nos demandam atenção”, opina. Ela acredita que a luta mu-

nicipalista seja a mais verdadeira, já que é nos municípios que as políticas públicas realmente acontecem. “Sinto falta de estar mais diretamente ligada à pauta da saúde. Sempre serei uma defensora do SUS, em qualquer espaço, e me tranquiliza saber que existem gestores qualificados travando essa luta.”

Para a prefeita, é preciso evoluir nos aspectos de controle e fiscalização, deven-do existir um melhor acompanhamento dos municípios junto aos prestadores de serviço e hospitais com relação ao cum-primento de contratos e metas. “Nada que não é fiscalizado, funciona”, opina. “Não é de agora que os prestadores de serviço fazem aquilo que paga mais e negam-se a fazer o que tem remuneração menor. Toda vez que o município paga algo que o Estado ou a União já estão financiando, estamos pagando duas vezes pela mesma coisa. E isso é um grave problema.” Um dos exem-plos da problemática da contratualização citada por ela refere-se às biópsias, em que os serviços, na maioria dos casos, não fa-zem a investigação do câncer, apenas o seu tratamento, mesmo estando pactuado que deve ser prestado o atendimento integral. “Quem faz a biopsia então? O paciente é obrigado a comprar esse serviço através da colonoscopia, da ultrassonografia de prós-tata, e assim por diante”, informa. “Mas o

Segundo Fábia, nessa reestruturação de serviços, foram ampliadas as equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e algumas especialidades em odontolo-gia, mas, em contrapartida, foi reduzida a quantidade de raio-x, e os exames de ul-trassonografia e a quiropraxia deixaram de ser realizados no município. “Quando vemos as pessoas tendo que pagar a sua biopsia ou não podendo fazer um exame, como a colonoscopia para verificar o cân-cer, para o prefeito, que olhou no olho e pediu e recebeu o voto, é realmente muito difícil”, desabafa.

Fazendo uma avaliação das últimas décadas, Fábia acredita que a saúde no Rio Grande do Sul jamais esteve em situação tão ruim. Com a sinalização de mais re-cursos, os municípios aumentaram seus

CLAITON D

ORN

ELLES/CBRREVISTA COSEMS/RS

serviço já está recebendo por isso.”Para ela, a dificuldade em gerir o siste-

ma de saúde também ocorre devido ao seu tamanho. Somado a isso, as trocas constan-tes de gestores municipais, estaduais, coor-denadores de saúde e diretores de serviço prejudicam o andamento das atividades e a construção de fluxos mais sustentáveis. “Es-sas mudanças acabam parando a negociação no meio do caminho. Penso que serviços com profissionais fariam com que pudésse-mos ter, também, uma continuidade melhor. Os gestores não são técnicos, são políticos.”

Ela aponta, ainda, a atuação corporativis-ta de algumas entidades de classe, que se po-sicionam, sistematicamente, para desestabili-zar o sistema. “Que a gente não tenha o tempo todo que conviver com essas organizações, serviços e pessoas que tentam burlar o siste-ma, quebrando a rede e desconstruindo tudo aquilo que é organizado e pactuado”, declara.

Por isso a prefeita acredita que iniciati-vas que poderiam organizar melhor o SUS, como a Programação Pactuada Integrada (PPI) e o Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP) não se efetivam.

“Há muito tempo tenho dito que boa parte das legislações está apenas teorizada: escri-tas muito bem no papel, mas na prática não funcionam”, argumenta. “Várias vezes me vejo discutindo novamente temas que foram

pactuados e que voltam para o debate. É um total desacordo.”

Contudo, ela acredita que, com outro tipo de financiamento, com a destinação de recursos fundo a fundo, a exemplo do que ocorre na Gestão Plena, e com os serviços melhor remunerados, pode-se impactar de-finitivamente no acesso. “Às vezes, temos de aceitar pouco, porque isso já melhora. Sa-bemos que não irá resolver todos os proble-mas, mas irá amenizar a situação, ao menos momentaneamente”, enfatiza. “Então, em vez de tomarmos o antibiótico para tratar o problema, usamos só um anti-inflamatório e continuamos doentes.”

Como perspectiva de melhoria a cur-to prazo, Fábia aponta a aprovação da PEC 01-A/2015. “O financiamento será mais equilibrado e penso que, em curto prazo, já estaremos sentindo a diferença”, comenta. Contudo, para ela, será necessário fiscalizar a sua implementação. “Não pode ser mais uma lei necessitando ser, efetivamente, cumpri-da. O processo é lento, fato que se comprova pela demora da execução da Emenda Consti-tucional nº 29.”

Machado alerta que novas contratualizações devem garantir a fonte fi nanciadora da despesa

De acordo com o prefeito de Araricá e 3º vice-presidente da Federação de Asso-ciações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), Sérgio Delias Machado, o problema do subfinanciamento da saúde arrasta-se há tempos e os municípios são os que mais sofrem, pois não possuem condições para bancar o déficit cada vez maior nos orçamentos. De acordo com Machado, as prefeituras enfrentam uma grave crise econômica, principalmen-te devido à queda das transferências da União e do aumento das despesas, que é ocasionado, entre outros fatores, pela de-satualização dos repasses.

Para ele, existe uma omissão dos de-mais entes — Estado e União — com as obrigações que deveriam ser comparti-lhadas com os municípios. Dessa forma, os prefeitos vêm assumindo responsabi-lidades que não são de sua competência, sem saber de onde sairão os recursos. “Somos obrigados a aceitar as imposições de outras esferas, caso contrário, diversos

DIVULG

AÇÃO/PM

A

problemas técnicos e políticos acabam sendo gerados. Qual ente tem facilida-de em dar uma resposta negativa sobre determinado serviço?”, questiona. “Os

mais distantes. O prefeito e o secretário da Saúde não podem negar atendimento à população. Isso tem implicações diretas na judicialização, cujo processo de redu-

Nada quenão é fiscalizado,

funciona. Não é de agora que os prestadores de serviço fazem

aquilo que paga mais e negam-se a fazer o

que tem remuneração menor. Toda vez que o município paga algo

que o Estado ou a União já estão financiando,

estamos pagando duas vezes pela mesma

coisa. E isso é um grave problema.

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Nesse sentido,os secretários de Saúde são mais organizados.

O que nos falta é uma aproximação maior com a pauta

da saúde, talvez por enfrentarmos inúmeros

desafios que nos demandam

atenção.Fábia Richter

Para Fábia Richter, alternância constante no comando das gestões difi culta normas de regulação

Conforme relata a prefeita Fábia Richter, em consequência da crise vivida pelo País, o município de Cristal foi obri-gado a fazer escolhas, estabelecendo priori-dades para aplicar o orçamento. “Tivemos que cortar em algumas áreas para manter o que avaliamos como essencial”, afirma. “No programa de governo havia 12 processos estruturantes, mas sempre dissemos que, se acontecesse algum problema, quatro áreas seriam priorizadas: Saúde, Educação, Desenvolvimento Agropecuário e a busca da solução de concessionárias de serviços, como a CEEE. Conseguimos manter os ser-viços de saúde porque deixamos de fazer outras coisas.”

investimentos, mas a receita não acompa-nhou essa elevação: as previsões do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não se cumpriram. Ela, que acompanha o Sistema Único de Saúde (SUS) há pelo menos 15 anos, diz nunca ter presenciado os municípios e hospitais pas-sarem por tantas dificuldades. “É difícil di-zer exatamente o que aconteceu; contudo, o Estado e a União deveriam priorizar a saú-de. Gostaria que o orçamento de 2015 tives-se sido igual à aplicação de 2014”, lamenta. “Como foi possível adquirir tanto em 2014, enquanto atualmente não é obtido nada? Vimos alguns hospitais fechados ou com os serviços parados, o que deixa uma parcela muito grande da população sem assistên-cia. E isso é muito sério.”

Fábia, que integra a Comissão de Saúde da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), além de ter integrado, até o ano passado, a diretoria da Federação de As-sociações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), acredita que falta articula-ção política entre os prefeitos para a reali-zação de feitos maiores. “Nesse sentido, os secretários de Saúde são mais organizados. O que nos falta é uma aproximação maior com a pauta da saúde, talvez por enfrentar-mos inúmeros desafios que nos demandam atenção”, opina. Ela acredita que a luta mu-

nicipalista seja a mais verdadeira, já que é nos municípios que as políticas públicas realmente acontecem. “Sinto falta de estar mais diretamente ligada à pauta da saúde. Sempre serei uma defensora do SUS, em qualquer espaço, e me tranquiliza saber que existem gestores qualificados travando essa luta.”

Para a prefeita, é preciso evoluir nos aspectos de controle e fiscalização, deven-do existir um melhor acompanhamento dos municípios junto aos prestadores de serviço e hospitais com relação ao cum-primento de contratos e metas. “Nada que não é fiscalizado, funciona”, opina. “Não é de agora que os prestadores de serviço fazem aquilo que paga mais e negam-se a fazer o que tem remuneração menor. Toda vez que o município paga algo que o Estado ou a União já estão financiando, estamos pagando duas vezes pela mesma coisa. E isso é um grave problema.” Um dos exem-plos da problemática da contratualização citada por ela refere-se às biópsias, em que os serviços, na maioria dos casos, não fa-zem a investigação do câncer, apenas o seu tratamento, mesmo estando pactuado que deve ser prestado o atendimento integral. “Quem faz a biopsia então? O paciente é obrigado a comprar esse serviço através da colonoscopia, da ultrassonografia de prós-tata, e assim por diante”, informa. “Mas o

Segundo Fábia, nessa reestruturação de serviços, foram ampliadas as equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e algumas especialidades em odontolo-gia, mas, em contrapartida, foi reduzida a quantidade de raio-x, e os exames de ul-trassonografia e a quiropraxia deixaram de ser realizados no município. “Quando vemos as pessoas tendo que pagar a sua biopsia ou não podendo fazer um exame, como a colonoscopia para verificar o cân-cer, para o prefeito, que olhou no olho e pediu e recebeu o voto, é realmente muito difícil”, desabafa.

Fazendo uma avaliação das últimas décadas, Fábia acredita que a saúde no Rio Grande do Sul jamais esteve em situação tão ruim. Com a sinalização de mais re-cursos, os municípios aumentaram seus

CLAITON D

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serviço já está recebendo por isso.”Para ela, a dificuldade em gerir o siste-

ma de saúde também ocorre devido ao seu tamanho. Somado a isso, as trocas constan-tes de gestores municipais, estaduais, coor-denadores de saúde e diretores de serviço prejudicam o andamento das atividades e a construção de fluxos mais sustentáveis. “Es-sas mudanças acabam parando a negociação no meio do caminho. Penso que serviços com profissionais fariam com que pudésse-mos ter, também, uma continuidade melhor. Os gestores não são técnicos, são políticos.”

Ela aponta, ainda, a atuação corporativis-ta de algumas entidades de classe, que se po-sicionam, sistematicamente, para desestabili-zar o sistema. “Que a gente não tenha o tempo todo que conviver com essas organizações, serviços e pessoas que tentam burlar o siste-ma, quebrando a rede e desconstruindo tudo aquilo que é organizado e pactuado”, declara.

Por isso a prefeita acredita que iniciati-vas que poderiam organizar melhor o SUS, como a Programação Pactuada Integrada (PPI) e o Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP) não se efetivam.

“Há muito tempo tenho dito que boa parte das legislações está apenas teorizada: escri-tas muito bem no papel, mas na prática não funcionam”, argumenta. “Várias vezes me vejo discutindo novamente temas que foram

pactuados e que voltam para o debate. É um total desacordo.”

Contudo, ela acredita que, com outro tipo de financiamento, com a destinação de recursos fundo a fundo, a exemplo do que ocorre na Gestão Plena, e com os serviços melhor remunerados, pode-se impactar de-finitivamente no acesso. “Às vezes, temos de aceitar pouco, porque isso já melhora. Sa-bemos que não irá resolver todos os proble-mas, mas irá amenizar a situação, ao menos momentaneamente”, enfatiza. “Então, em vez de tomarmos o antibiótico para tratar o problema, usamos só um anti-inflamatório e continuamos doentes.”

Como perspectiva de melhoria a cur-to prazo, Fábia aponta a aprovação da PEC 01-A/2015. “O financiamento será mais equilibrado e penso que, em curto prazo, já estaremos sentindo a diferença”, comenta. Contudo, para ela, será necessário fiscalizar a sua implementação. “Não pode ser mais uma lei necessitando ser, efetivamente, cumpri-da. O processo é lento, fato que se comprova pela demora da execução da Emenda Consti-tucional nº 29.”

Machado alerta que novas contratualizações devem garantir a fonte fi nanciadora da despesa

De acordo com o prefeito de Araricá e 3º vice-presidente da Federação de Asso-ciações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), Sérgio Delias Machado, o problema do subfinanciamento da saúde arrasta-se há tempos e os municípios são os que mais sofrem, pois não possuem condições para bancar o déficit cada vez maior nos orçamentos. De acordo com Machado, as prefeituras enfrentam uma grave crise econômica, principalmen-te devido à queda das transferências da União e do aumento das despesas, que é ocasionado, entre outros fatores, pela de-satualização dos repasses.

Para ele, existe uma omissão dos de-mais entes — Estado e União — com as obrigações que deveriam ser comparti-lhadas com os municípios. Dessa forma, os prefeitos vêm assumindo responsabi-lidades que não são de sua competência, sem saber de onde sairão os recursos. “Somos obrigados a aceitar as imposições de outras esferas, caso contrário, diversos

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A

problemas técnicos e políticos acabam sendo gerados. Qual ente tem facilida-de em dar uma resposta negativa sobre determinado serviço?”, questiona. “Os

mais distantes. O prefeito e o secretário da Saúde não podem negar atendimento à população. Isso tem implicações diretas na judicialização, cujo processo de redu-

Nada quenão é fiscalizado,

funciona. Não é de agora que os prestadores de serviço fazem

aquilo que paga mais e negam-se a fazer o

que tem remuneração menor. Toda vez que o município paga algo

que o Estado ou a União já estão financiando,

estamos pagando duas vezes pela mesma

coisa. E isso é um grave problema.

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Somos obrigados a aceitar as imposições de

outras esferas, caso contrário, diversos

problemas técnicos e políticos acabam sendo gerados. Qual ente tem facilidade em dar uma

resposta negativa sobre determinado serviço? Os mais distantes. O

prefeito e o secretário da Saúde não podem negar

atendimento à população. Isso tem implicações

diretas na judicialização, cujo processo de redução

está avançando, mas ainda de forma muito

morosa.

Sérgio Delias Machado

vez das 36 vezes propostas pelo governo”, diz. Segundo ele, no acordo, foram prio-rizados os municípios que apresentavam maiores dificuldades e com atrasos mais significativos em programas como as UPAs, o SAMU e o PIM. “Agora, a luta é para receber o restante do dinheiro em dia. Estamos fazendo um esforço muito grande para manter os atendimentos.”

Para não gerar novos problemas de interrupção de repasses, Machado reco-menda que tanto os prefeitos como os secretários da Saúde não pactuem novos serviços ou ações em que não esteja claro de onde virá o recurso de implantação e custeio. “Pedimos à Secretaria Estadual da Saúde que não se contratualize sem a anuência do prefeito ou do secretário da Saúde”, diz. “Queremos que nosso usuá-rio seja atendido no local mais próximo, mas também é necessário que o serviço tenha viabilidade e sustentabilidade fi-nanceira.” Ele critica a falta de cobertura do orçamento estadual em ações e ser-viços que foram contratados, principal-mente a partir do segundo semestre de 2014. “Sem sombra de dúvidas, a Secre-taria de Fazenda tinha certeza de que não teria condições de bancar estes serviços, que foram ofertados de maneira inade-quada”, ressalta.

O dirigente da FAMURS não consi-dera correto que os prestadores ofertem apenas os serviços de seu interesse, sem observar as necessidades reais dos mu-nicípios e da população. “Não podemos aceitar que permaneça essa lógica que vigora hoje, em que o prestador de servi-ço diz o que quer fazer e oferece somente aquilo que obtém mais lucro, que é alta complexidade”, critica. “Quem deve de-terminar isso é o prefeito e o secretário da saúde, a partir das necessidades da comunidade.”

De acordo com o prefeito, para ame-nizar os problemas financeiros dos hos-pitais filantrópicos, gestores precisam ti-rar recursos do caixa das prefeituras para garantir o funcionamento dessas insti-tuições, o que nem sempre é reconheci-do pelos prestadores. “Nenhum hospital beneficente vive sem o auxílio das pre-feituras”, afirma. “Se a casa de saúde é filantrópica, não deve ser custeada pelo município. Parece que estamos diante de um ‘saco sem fundo’, porque União e Estado aplicam recursos nos hospitais

filantrópicos e, mesmo assim, os municí-pios têm que investir recursos. O paga-mento, então, é feito de forma duplicada ou triplicada.” Ele critica o aumento no repasse de recursos estaduais a essas ins-tituições, que receberam um aumento de mais de 700% nos aportes, enquanto o acesso foi ampliado em apenas 6%.

A situação de irregularidade nos re-passes do Estado compromete os cro-nogramas das prefeituras e impede o planejamento de ações que seriam es-senciais à saúde. Para o prefeito, a rea-lidade dos municípios menores é ainda pior, pois eles não têm recursos próprios suficientes para suportar os atrasos nos repasses. “O Estado tem muita dificul-dade de pagar aquilo com o que se com-prometeu”, afirma. Ele acredita que a situação não irá melhorar a curto pra-zo, somente a médio e longo prazos, e ocorrerá apenas se houver uma melhor organização dos prefeitos em busca de uma gestão mais autônoma e sustentá-vel. “Estamos juntos para diminuir essa sangria. Prefeitos que forem assinar convênios e programas devem saber de qual fonte de receita sairá o recurso. É necessário termos essa resposta obje-tiva. Torna-se complicado trabalhar e cumprir compromissos com tantos atra-sos e quedas de repasses, que continuam se agravando com a crise política.”

ção está avançando, mas ainda de forma muito morosa.”

Nos últimos dois anos, Araricá inves-tiu cerca de 30% de recursos próprios em Saúde Pública, o dobro do exigido cons-titucionalmente. “Isso representa, para um município de pequeno porte como o nosso, mais de R$ 1,3 milhão por ano”, diz. “Hoje, na situação em que estamos, embora considere a aplicação de recursos na saúde como investimento, faço porque não tenho outra alternativa.”

Machado reclama dos atrasos de re-passes em nível estadual, que, além de comprometer os pagamentos, prejudicam a garantia de acesso da população aos serviços. Ele foi um dos principais inter-locutores da FAMURS junto ao Estado na negociação ocorrida em dezembro de 2015 para o parcelamento de cerca de R$ 500 milhões devidos aos municípios na área da saúde referente aos anos de 2014 e 2015. “Não foi possível realizar o mesmo formato de negociação que foi feito com os hospitais, com pagamento integral por meio de financiamento, mas conseguimos pactuar o pagamento em 24 parcelas, em

Nenhum hospital beneficente

vive sem o auxílio das prefeituras. Se a casa de saúde é filantrópica, não deve ser custeada pelo município. Parece que estamos diante de um

‘saco sem fundo’, porque União e Estado aplicam recursos nos hospitais filantrópicos e, mesmo

assim, os municípios têm que investir recursos. O pagamento é feito

de forma duplicada ou triplicada.

REVISTA COSEMS/RS

Na gestão de Prym, saúde é prioridade absolutaPanambi, município de 43 mil habitan-

tes, localizado na região norte do Estado, é um dos que mais investe em saúde. Em 2015, o gasto próprio foi de 36,79% e, em 2012, de 38,99%, segundo dados do Tribu-nal de Contas do Estado (TCE). Mesmo en-frentando uma crise econômica que acar-reta em queda de arrecadação, o prefeito Miguel Schmitt-Prym não abre mão de que o município continue a ser referência no setor na região e no Estado. “Na verdade, os municípios estão arrecadando igual a 2012”, diz. “Considerando a inflação, esta-mos com uma perda muito grande. O re-curso que vem do Governo Federal é muito pequeno, não representando atualmente 20% do custeio. Do Governo do Estado, praticamente não recebemos nada.”

Isso fez com que Panambi encerrasse o exercício de 2015 com déficit, forçando a utilização de recursos orçamentários próprios para manter serviços essenciais, como aqueles na área da saúde, em que cerca de 80% do gasto é financiado pelo município. Diferentemente de outros mu-nicípios, que já vêm há cerca de dois anos encontrando dificuldades financeiras, Prym garante que, graças ao planejamen-to e a uma estrutura sólida, com quatro secretarias e menos de 20 cargos de con-fiança, somente no ano passado as contas saíram do azul.

Em seu quarto mandato, o prefeito, que sempre acumulou a função de secretá-rio da Saúde, priorizou a área porque, em sua opinião, é o elemento central para o bem-estar e a qualidade de vida da popu-lação. “Na verdade, é uma opção política, não partidária, mas pública, porque en-tendemos que a Saúde é tão ou mais im-portante que a Educação. Se a pessoa está doente, não estuda, e, se estuda, não tem bom rendimento”, afirma. Estar em Ges-tão Plena e ter uma fonte de arrecadação local graças ao polo metal-mecânico são fundamentais na adoção de uma postura mais independente do município em rela-ção ao custeio da saúde.

Mesmo investindo na saúde mais que o dobro do que é definido constitucional-mente como obrigação para os municípios, devido à redução de repasses e à queda da arrecadação, foi necessária a adoção de medidas de controle, como diminuir a

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distribuição de medicamentos. Agora, ape-nas os remédios da Lista Básica Municipal Ampliada (Remune) são fornecidos na far-mácia central. Para os que não fazem parte da relação, a entrega é restrita às famílias que estão no Programa Bolsa-Família.

Contudo, para Prym, que em 1986 foi o primeiro presidente da Associação dos Se-cretários e Dirigentes Municipais de Saú-de (ASSEDISA/RS) — entidade que deu origem ao COSEMS/RS —, a opção pela saúde é percebida no dia a dia da popula-ção. “Nossa realidade é diferente do que o restante do País vive quando se trata de saúde pública”, destaca. “Temos uma boa qualidade de internação e não temos pro-blemas de vaga em hospitais. Aquilo que vemos diariamente na mídia, de pessoas hospitalizadas em corredores e em macas, não existe aqui.” Em Panambi, 80% do custeio do hospital é pago pelo município, que ainda banca integralmente o Pronto-Socorro, que funciona 24 horas. Há ainda uma policlínica que disponibiliza vários tipos de exames de imagens, fisioterapia, odontologia e psicoterapia.

Panambi foi na contramão dos de-mais municípios do Rio Grande do Sul, que entraram na Justiça para exigir que o Governo do Estado cumprisse os repasses constitucionais em dia. A exceção ocorreu quando a Secretaria Municipal da Saúde foi obrigada, por decisão judicial, a com-prar leitos de UTIs em hospitais privados, devido à dificuldade de acesso por meio da regulação estadual. Segundo o prefeito, o

maior entrave para viabilizar o serviço de UTI é a questão financeira e, principal-mente, a falta de profissionais disponíveis. Mas a decisão de assumir responsabilida-des que deveriam, por lei, ser compartilha-das com a União e, sobretudo, com o Esta-do, custa caro ao município, consumindo boa parte do orçamento que poderia ser investido em outras áreas. “No final de cada ano, somamos tudo aquilo que seria de responsabilidade do Estado que nos é devido e entramos com uma ação judicial”, afirma.

Para Prym, as dificuldades de regula-ção se devem à falta de opção política dos governantes em priorizar a saúde. “Falam em ligações asfálticas das cidades, em es-tradas, em conservações de rodovias, em grandes obras, mas muito pouco de saú-de”, critica. “Aqui, em Panambi, não tem mãe ganhando filho na frente do hospital, nem paciente morrendo por falta de assis-tência. O atendimento é rápido e de boa qualidade.” Segundo ele, não há demandas reprimidas em cirurgias de urgência, nem em eletivas. “Tivemos que reduzir o acesso em setembro do ano passado para ameni-zar o déficit, mas em janeiro já retomamos o ritmo normal”, orgulha-se. “Temos co-bertura em cirurgia geral, pediatria, gine-cologia obstetrícia, urologia e traumatolo-gia, entre outros. Disso não abrimos mão. Não podemos retroceder.”

Na verdade,é uma opção política, não partidária, mas pública,

porque entendemos que a Saúde é tão ou

mais importante que a Educação. Se a pessoa

está doente, não estuda, e, se estuda, não tem bom

rendimento. Miguel Schmitt-Prym

CENTRAL

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Somos obrigados a aceitar as imposições de

outras esferas, caso contrário, diversos

problemas técnicos e políticos acabam sendo gerados. Qual ente tem facilidade em dar uma

resposta negativa sobre determinado serviço? Os mais distantes. O

prefeito e o secretário da Saúde não podem negar

atendimento à população. Isso tem implicações

diretas na judicialização, cujo processo de redução

está avançando, mas ainda de forma muito

morosa.

Sérgio Delias Machado

vez das 36 vezes propostas pelo governo”, diz. Segundo ele, no acordo, foram prio-rizados os municípios que apresentavam maiores dificuldades e com atrasos mais significativos em programas como as UPAs, o SAMU e o PIM. “Agora, a luta é para receber o restante do dinheiro em dia. Estamos fazendo um esforço muito grande para manter os atendimentos.”

Para não gerar novos problemas de interrupção de repasses, Machado reco-menda que tanto os prefeitos como os secretários da Saúde não pactuem novos serviços ou ações em que não esteja claro de onde virá o recurso de implantação e custeio. “Pedimos à Secretaria Estadual da Saúde que não se contratualize sem a anuência do prefeito ou do secretário da Saúde”, diz. “Queremos que nosso usuá-rio seja atendido no local mais próximo, mas também é necessário que o serviço tenha viabilidade e sustentabilidade fi-nanceira.” Ele critica a falta de cobertura do orçamento estadual em ações e ser-viços que foram contratados, principal-mente a partir do segundo semestre de 2014. “Sem sombra de dúvidas, a Secre-taria de Fazenda tinha certeza de que não teria condições de bancar estes serviços, que foram ofertados de maneira inade-quada”, ressalta.

O dirigente da FAMURS não consi-dera correto que os prestadores ofertem apenas os serviços de seu interesse, sem observar as necessidades reais dos mu-nicípios e da população. “Não podemos aceitar que permaneça essa lógica que vigora hoje, em que o prestador de servi-ço diz o que quer fazer e oferece somente aquilo que obtém mais lucro, que é alta complexidade”, critica. “Quem deve de-terminar isso é o prefeito e o secretário da saúde, a partir das necessidades da comunidade.”

De acordo com o prefeito, para ame-nizar os problemas financeiros dos hos-pitais filantrópicos, gestores precisam ti-rar recursos do caixa das prefeituras para garantir o funcionamento dessas insti-tuições, o que nem sempre é reconheci-do pelos prestadores. “Nenhum hospital beneficente vive sem o auxílio das pre-feituras”, afirma. “Se a casa de saúde é filantrópica, não deve ser custeada pelo município. Parece que estamos diante de um ‘saco sem fundo’, porque União e Estado aplicam recursos nos hospitais

filantrópicos e, mesmo assim, os municí-pios têm que investir recursos. O paga-mento, então, é feito de forma duplicada ou triplicada.” Ele critica o aumento no repasse de recursos estaduais a essas ins-tituições, que receberam um aumento de mais de 700% nos aportes, enquanto o acesso foi ampliado em apenas 6%.

A situação de irregularidade nos re-passes do Estado compromete os cro-nogramas das prefeituras e impede o planejamento de ações que seriam es-senciais à saúde. Para o prefeito, a rea-lidade dos municípios menores é ainda pior, pois eles não têm recursos próprios suficientes para suportar os atrasos nos repasses. “O Estado tem muita dificul-dade de pagar aquilo com o que se com-prometeu”, afirma. Ele acredita que a situação não irá melhorar a curto pra-zo, somente a médio e longo prazos, e ocorrerá apenas se houver uma melhor organização dos prefeitos em busca de uma gestão mais autônoma e sustentá-vel. “Estamos juntos para diminuir essa sangria. Prefeitos que forem assinar convênios e programas devem saber de qual fonte de receita sairá o recurso. É necessário termos essa resposta obje-tiva. Torna-se complicado trabalhar e cumprir compromissos com tantos atra-sos e quedas de repasses, que continuam se agravando com a crise política.”

ção está avançando, mas ainda de forma muito morosa.”

Nos últimos dois anos, Araricá inves-tiu cerca de 30% de recursos próprios em Saúde Pública, o dobro do exigido cons-titucionalmente. “Isso representa, para um município de pequeno porte como o nosso, mais de R$ 1,3 milhão por ano”, diz. “Hoje, na situação em que estamos, embora considere a aplicação de recursos na saúde como investimento, faço porque não tenho outra alternativa.”

Machado reclama dos atrasos de re-passes em nível estadual, que, além de comprometer os pagamentos, prejudicam a garantia de acesso da população aos serviços. Ele foi um dos principais inter-locutores da FAMURS junto ao Estado na negociação ocorrida em dezembro de 2015 para o parcelamento de cerca de R$ 500 milhões devidos aos municípios na área da saúde referente aos anos de 2014 e 2015. “Não foi possível realizar o mesmo formato de negociação que foi feito com os hospitais, com pagamento integral por meio de financiamento, mas conseguimos pactuar o pagamento em 24 parcelas, em

Nenhum hospital beneficente

vive sem o auxílio das prefeituras. Se a casa de saúde é filantrópica, não deve ser custeada pelo município. Parece que estamos diante de um

‘saco sem fundo’, porque União e Estado aplicam recursos nos hospitais filantrópicos e, mesmo

assim, os municípios têm que investir recursos. O pagamento é feito

de forma duplicada ou triplicada.

REVISTA COSEMS/RS

Na gestão de Prym, saúde é prioridade absolutaPanambi, município de 43 mil habitan-

tes, localizado na região norte do Estado, é um dos que mais investe em saúde. Em 2015, o gasto próprio foi de 36,79% e, em 2012, de 38,99%, segundo dados do Tribu-nal de Contas do Estado (TCE). Mesmo en-frentando uma crise econômica que acar-reta em queda de arrecadação, o prefeito Miguel Schmitt-Prym não abre mão de que o município continue a ser referência no setor na região e no Estado. “Na verdade, os municípios estão arrecadando igual a 2012”, diz. “Considerando a inflação, esta-mos com uma perda muito grande. O re-curso que vem do Governo Federal é muito pequeno, não representando atualmente 20% do custeio. Do Governo do Estado, praticamente não recebemos nada.”

Isso fez com que Panambi encerrasse o exercício de 2015 com déficit, forçando a utilização de recursos orçamentários próprios para manter serviços essenciais, como aqueles na área da saúde, em que cerca de 80% do gasto é financiado pelo município. Diferentemente de outros mu-nicípios, que já vêm há cerca de dois anos encontrando dificuldades financeiras, Prym garante que, graças ao planejamen-to e a uma estrutura sólida, com quatro secretarias e menos de 20 cargos de con-fiança, somente no ano passado as contas saíram do azul.

Em seu quarto mandato, o prefeito, que sempre acumulou a função de secretá-rio da Saúde, priorizou a área porque, em sua opinião, é o elemento central para o bem-estar e a qualidade de vida da popu-lação. “Na verdade, é uma opção política, não partidária, mas pública, porque en-tendemos que a Saúde é tão ou mais im-portante que a Educação. Se a pessoa está doente, não estuda, e, se estuda, não tem bom rendimento”, afirma. Estar em Ges-tão Plena e ter uma fonte de arrecadação local graças ao polo metal-mecânico são fundamentais na adoção de uma postura mais independente do município em rela-ção ao custeio da saúde.

Mesmo investindo na saúde mais que o dobro do que é definido constitucional-mente como obrigação para os municípios, devido à redução de repasses e à queda da arrecadação, foi necessária a adoção de medidas de controle, como diminuir a

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AÇÃO/PM

P

distribuição de medicamentos. Agora, ape-nas os remédios da Lista Básica Municipal Ampliada (Remune) são fornecidos na far-mácia central. Para os que não fazem parte da relação, a entrega é restrita às famílias que estão no Programa Bolsa-Família.

Contudo, para Prym, que em 1986 foi o primeiro presidente da Associação dos Se-cretários e Dirigentes Municipais de Saú-de (ASSEDISA/RS) — entidade que deu origem ao COSEMS/RS —, a opção pela saúde é percebida no dia a dia da popula-ção. “Nossa realidade é diferente do que o restante do País vive quando se trata de saúde pública”, destaca. “Temos uma boa qualidade de internação e não temos pro-blemas de vaga em hospitais. Aquilo que vemos diariamente na mídia, de pessoas hospitalizadas em corredores e em macas, não existe aqui.” Em Panambi, 80% do custeio do hospital é pago pelo município, que ainda banca integralmente o Pronto-Socorro, que funciona 24 horas. Há ainda uma policlínica que disponibiliza vários tipos de exames de imagens, fisioterapia, odontologia e psicoterapia.

Panambi foi na contramão dos de-mais municípios do Rio Grande do Sul, que entraram na Justiça para exigir que o Governo do Estado cumprisse os repasses constitucionais em dia. A exceção ocorreu quando a Secretaria Municipal da Saúde foi obrigada, por decisão judicial, a com-prar leitos de UTIs em hospitais privados, devido à dificuldade de acesso por meio da regulação estadual. Segundo o prefeito, o

maior entrave para viabilizar o serviço de UTI é a questão financeira e, principal-mente, a falta de profissionais disponíveis. Mas a decisão de assumir responsabilida-des que deveriam, por lei, ser compartilha-das com a União e, sobretudo, com o Esta-do, custa caro ao município, consumindo boa parte do orçamento que poderia ser investido em outras áreas. “No final de cada ano, somamos tudo aquilo que seria de responsabilidade do Estado que nos é devido e entramos com uma ação judicial”, afirma.

Para Prym, as dificuldades de regula-ção se devem à falta de opção política dos governantes em priorizar a saúde. “Falam em ligações asfálticas das cidades, em es-tradas, em conservações de rodovias, em grandes obras, mas muito pouco de saú-de”, critica. “Aqui, em Panambi, não tem mãe ganhando filho na frente do hospital, nem paciente morrendo por falta de assis-tência. O atendimento é rápido e de boa qualidade.” Segundo ele, não há demandas reprimidas em cirurgias de urgência, nem em eletivas. “Tivemos que reduzir o acesso em setembro do ano passado para ameni-zar o déficit, mas em janeiro já retomamos o ritmo normal”, orgulha-se. “Temos co-bertura em cirurgia geral, pediatria, gine-cologia obstetrícia, urologia e traumatolo-gia, entre outros. Disso não abrimos mão. Não podemos retroceder.”

Na verdade,é uma opção política, não partidária, mas pública,

porque entendemos que a Saúde é tão ou

mais importante que a Educação. Se a pessoa

está doente, não estuda, e, se estuda, não tem bom

rendimento. Miguel Schmitt-Prym

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REVISTA COSEMS/RS

No município de Santa Rosa, o pre-sidente da Fundação Municipal de Saú-de (FUMSSAR), Luís Antônio Benvegnú, conta que o maior impacto da crise tem sido nos valores desembolsados com in-sumos e pagamento de pessoal, pois são despesas que têm reajuste anual e que não encontram contrapartida de atualização nos repasses estaduais e federais, sendo o município o único a arcar com essa eleva-ção progressiva nos gastos.

Segundo ele, o resultado disso é que um incentivo que inicia cobrindo 50% do custo de determinado serviço, por exem-plo, um ou dois anos depois pode repre-sentar apenas 30% da necessidade para mantê-lo. E quem paga essa diferença? Obviamente, mais uma vez, os municí-pios, que têm de usar recursos de seu orçamento. Além disso, a arrecadação municipal, que vinha crescendo até então, agora está reduzindo. Benvegnú fala com propriedade, pois além de gestor de saú-de, é vice-prefeito do município. “Há uma disparidade muito grande que aumenta a cada ano entre a elevação dos nossos cus-tos, como os de pessoal, e o repasse dos programas, que está estacionado, sem cor-reção”, afirma. “Evidentemente, isso nos faz replanejar a expansão e a qualificação dos serviços que vínhamos vislumbrado e planejar com outro olhar as nossas ações.”

Em uma análise dos efeitos da crise em Santa Rosa, Bevengnú relembra que, devi-do ao aumento crescente nos repasses do Estado para a saúde, que se acentuaram a partir de 2011, culminando em 2013 com a exigência do cumprimento da Emenda Constitucional nº 29 na destinação de, no mínimo, 12% do orçamento para as ações e serviços de saúde, além da melhor ar-recadação municipal, motivada por um momento positivo na economia, o municí-pio conseguiu trabalhar com uma melhor perspectiva de expansão, aumentando a cobertura de programas como o Estratégia de Saúde da Família (ESF) e implantando serviços como o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), o Cen-tro Especializado em Reabilitação (CER), o CAPS Álcool e Drogas e o Programa Melhor em Casa. “Agora estamos em um

Oferta de recursos sem planejamento de impacto e expansão muito rápida ampliaram efeitos da crise

período de manutenção, para continuar o funcionamento dos serviços que já ofere-cemos”, diz.

tentamos não realizar a substituição, pelo menos de maneira imediata”, explica. Ele conta que no período anterior à expansão, a espera para uma tomografia chegou a 90 dias, sendo reduzida para menos de 30 dias quando a conjuntura econômica tornou-se mais favorável. “Agora passamos para 60 dias, o que respeita a nossa capacidade de compra. Se tivermos mais recursos, com-pramos mais serviços e abreviamos o tem-po. A regulação tem sido importante para priorizar o que é mais urgente”, disse. Além disso, a informatização da rede tem permiti-do controles mais rigorosos na dispensação de medicamentos e na racionalização das consultas. Como Santa Rosa é referência em diversos serviços de média e alta complexi-dade para 22 municípios de sua região, tem sentido um aumento da demanda, mas que é limitada ao que é contratualizado.

Sobre a situação da crise no Estado, Benvegnú conta que Santa Rosa tem parce-las atrasadas de alguns serviços desde 2013, entre eles os referentes à UPA e ao SAMU, que têm grande impacto no orçamento e são de abrangência regional. Para ele, quando ocorreu a ampliação do orçamento estadual e houve uma maior destinação de recursos para a saúde, foram criados diver-sos incentivos sem um cálculo rigoroso do

Luís Antônio Benvegnú

Os incentivos foram sendo criados,

e os municípios começaram a se

organizar para buscar esses recursos, como

deveria ser. No entanto, não foi previsto o

orçamento necessário para uma ampla adesão, e o resultado foi a falta

de cobertura financeira.

CHARLES VILELA

/CBR

Para acompanhar os novos tempos, as palavras-chave no município têm sido contenção e racionalização. “Não fechamos nenhum serviço, e como somos Gestão Ple-na, aumentamos o controle e diminuímos o nosso quantitativo em algumas áreas. Se um funcionário se demite ou aposenta-se,

Em 2015, o governo dizia que o problema era,

além da crise nacional, que o orçamento havia sido feito pela administração anterior.

Argumentava que seria preciso aumentar impostos para poder honrar com os compromissos com a saúde. No entanto, a

situação se repete em 2016 com o orçamento feito pelo atual governo e com a Assembleia Legislativa tendo concedido amplo apoio ao aumento do

ICMS e a outras medidas propostas pelo governo.

Celso Caetano

Jaguarão usa recursos livres para não fechar serviços e reclama de desassistência nas referências

Jaguarão, no sul do Estado, tem usa-do os recursos livres para cobrir o déficit na saúde, causado, principalmente, pelo atraso nos repasses por parte do Esta-do. Com isso, outras áreas da prefeitura,

como a de obras, vêm sendo penalizadas. Somente no ano passado, o município aportou mais de R$ 1 milhão de recursos próprios para manter em funcionamento o Hospital Santa Casa de Caridade, ins-

tituição que, desde 2013, está sob inter-venção municipal visando regularizar os problemas com atrasos na folha e com o pagamento a fornecedores, entre outros. No final de fevereiro, a dívida do Estado

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AÇÃO/PM

J

CENTRAL

Se começarmos a fechar serviços e a

desconstruir políticas de assistência, o

receio é que, mesmo com o passar da

crise, acumule-se um prejuízo do ponto de

vista da organização do processo de trabalho. Contudo, persistindo a crise, teremos que

iniciar cortes no curto ou médio espaço de

tempo.

real impacto no orçamento. “Os incentivos foram sendo criados, e os municípios co-meçaram a se organizar para buscar esses recursos, como deveria ser. No entanto, não foi previsto o orçamento necessário para uma ampla adesão, e o resultado foi a falta de cobertura financeira”, observa.

Conforme relembra, 2012 e 2013 foram anos bons para a expansão de serviços. A partir de 2014, os recursos começaram a diminuir, e os gestores de saúde foram pegos de surpresa. “A ampliação que está-vamos experimentando era muito rápida”, analisa. “Talvez se fosse mais planejada e regrada, tanto em nível federal como es-tadual, não estaríamos enfrentando tantos problemas de falta de recursos como ago-ra.” Como resultado disso, os municípios tiveram que frear o crescimento para fazer a manutenção daquilo conquistado e, em alguns casos, regredindo, segundo o presi-dente da FUMSSAR. “Se tivéssemos feito um crescimento lento, agregando coisas novas aos poucos, demoraria um tempo

maior para termos implantado o que con-seguimos em um curto período, porém o resultado de longo prazo mostraria-se mais efetivo”, diz.

mismo. Para ele, ainda será tempo de ga-rantir o financiamento dos serviços que o município tem, e nada mais. “Temos muito receio da continuidade dos recursos fede-rais e dos repasses estaduais. A crise não mostra sinais de diminuir, o que impactará também na arrecadação municipal. A pers-pectiva é incerta”, lamenta. No entanto, mesmo que o cenário não seja dos melho-res, o gestor sugere que os municípios não se precipitem em fechar serviços, para não perderem os avanços conquistados na me-lhoria do Sistema Único de Saúde (SUS). “Vamos garantir o que temos e tomar me-didas que nos permitam manter a estrutu-ra atual, nem que a fila aumente por algum período”, fala. “Se começarmos a fechar serviços e a desconstruir políticas de assis-tência, o receio é que, mesmo com o passar da crise, acumule-se um prejuízo do pon-to de vista da organização do processo de trabalho. Contudo, persistindo a situação atual, teremos que iniciar cortes no curto ou médio espaço de tempo”, analisa.Benvegnú não vê 2016 com muito oti-

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REVISTA COSEMS/RS

No município de Santa Rosa, o pre-sidente da Fundação Municipal de Saú-de (FUMSSAR), Luís Antônio Benvegnú, conta que o maior impacto da crise tem sido nos valores desembolsados com in-sumos e pagamento de pessoal, pois são despesas que têm reajuste anual e que não encontram contrapartida de atualização nos repasses estaduais e federais, sendo o município o único a arcar com essa eleva-ção progressiva nos gastos.

Segundo ele, o resultado disso é que um incentivo que inicia cobrindo 50% do custo de determinado serviço, por exem-plo, um ou dois anos depois pode repre-sentar apenas 30% da necessidade para mantê-lo. E quem paga essa diferença? Obviamente, mais uma vez, os municí-pios, que têm de usar recursos de seu orçamento. Além disso, a arrecadação municipal, que vinha crescendo até então, agora está reduzindo. Benvegnú fala com propriedade, pois além de gestor de saú-de, é vice-prefeito do município. “Há uma disparidade muito grande que aumenta a cada ano entre a elevação dos nossos cus-tos, como os de pessoal, e o repasse dos programas, que está estacionado, sem cor-reção”, afirma. “Evidentemente, isso nos faz replanejar a expansão e a qualificação dos serviços que vínhamos vislumbrado e planejar com outro olhar as nossas ações.”

Em uma análise dos efeitos da crise em Santa Rosa, Bevengnú relembra que, devi-do ao aumento crescente nos repasses do Estado para a saúde, que se acentuaram a partir de 2011, culminando em 2013 com a exigência do cumprimento da Emenda Constitucional nº 29 na destinação de, no mínimo, 12% do orçamento para as ações e serviços de saúde, além da melhor ar-recadação municipal, motivada por um momento positivo na economia, o municí-pio conseguiu trabalhar com uma melhor perspectiva de expansão, aumentando a cobertura de programas como o Estratégia de Saúde da Família (ESF) e implantando serviços como o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), o Cen-tro Especializado em Reabilitação (CER), o CAPS Álcool e Drogas e o Programa Melhor em Casa. “Agora estamos em um

Oferta de recursos sem planejamento de impacto e expansão muito rápida ampliaram efeitos da crise

período de manutenção, para continuar o funcionamento dos serviços que já ofere-cemos”, diz.

tentamos não realizar a substituição, pelo menos de maneira imediata”, explica. Ele conta que no período anterior à expansão, a espera para uma tomografia chegou a 90 dias, sendo reduzida para menos de 30 dias quando a conjuntura econômica tornou-se mais favorável. “Agora passamos para 60 dias, o que respeita a nossa capacidade de compra. Se tivermos mais recursos, com-pramos mais serviços e abreviamos o tem-po. A regulação tem sido importante para priorizar o que é mais urgente”, disse. Além disso, a informatização da rede tem permiti-do controles mais rigorosos na dispensação de medicamentos e na racionalização das consultas. Como Santa Rosa é referência em diversos serviços de média e alta complexi-dade para 22 municípios de sua região, tem sentido um aumento da demanda, mas que é limitada ao que é contratualizado.

Sobre a situação da crise no Estado, Benvegnú conta que Santa Rosa tem parce-las atrasadas de alguns serviços desde 2013, entre eles os referentes à UPA e ao SAMU, que têm grande impacto no orçamento e são de abrangência regional. Para ele, quando ocorreu a ampliação do orçamento estadual e houve uma maior destinação de recursos para a saúde, foram criados diver-sos incentivos sem um cálculo rigoroso do

Luís Antônio Benvegnú

Os incentivos foram sendo criados,

e os municípios começaram a se

organizar para buscar esses recursos, como

deveria ser. No entanto, não foi previsto o

orçamento necessário para uma ampla adesão, e o resultado foi a falta

de cobertura financeira.

CHARLES VILELA

/CBR

Para acompanhar os novos tempos, as palavras-chave no município têm sido contenção e racionalização. “Não fechamos nenhum serviço, e como somos Gestão Ple-na, aumentamos o controle e diminuímos o nosso quantitativo em algumas áreas. Se um funcionário se demite ou aposenta-se,

Em 2015, o governo dizia que o problema era,

além da crise nacional, que o orçamento havia sido feito pela administração anterior.

Argumentava que seria preciso aumentar impostos para poder honrar com os compromissos com a saúde. No entanto, a

situação se repete em 2016 com o orçamento feito pelo atual governo e com a Assembleia Legislativa tendo concedido amplo apoio ao aumento do

ICMS e a outras medidas propostas pelo governo.

Celso Caetano

Jaguarão usa recursos livres para não fechar serviços e reclama de desassistência nas referências

Jaguarão, no sul do Estado, tem usa-do os recursos livres para cobrir o déficit na saúde, causado, principalmente, pelo atraso nos repasses por parte do Esta-do. Com isso, outras áreas da prefeitura,

como a de obras, vêm sendo penalizadas. Somente no ano passado, o município aportou mais de R$ 1 milhão de recursos próprios para manter em funcionamento o Hospital Santa Casa de Caridade, ins-

tituição que, desde 2013, está sob inter-venção municipal visando regularizar os problemas com atrasos na folha e com o pagamento a fornecedores, entre outros. No final de fevereiro, a dívida do Estado

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AÇÃO/PM

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Se começarmos a fechar serviços e a

desconstruir políticas de assistência, o

receio é que, mesmo com o passar da

crise, acumule-se um prejuízo do ponto de

vista da organização do processo de trabalho. Contudo, persistindo a crise, teremos que

iniciar cortes no curto ou médio espaço de

tempo.

real impacto no orçamento. “Os incentivos foram sendo criados, e os municípios co-meçaram a se organizar para buscar esses recursos, como deveria ser. No entanto, não foi previsto o orçamento necessário para uma ampla adesão, e o resultado foi a falta de cobertura financeira”, observa.

Conforme relembra, 2012 e 2013 foram anos bons para a expansão de serviços. A partir de 2014, os recursos começaram a diminuir, e os gestores de saúde foram pegos de surpresa. “A ampliação que está-vamos experimentando era muito rápida”, analisa. “Talvez se fosse mais planejada e regrada, tanto em nível federal como es-tadual, não estaríamos enfrentando tantos problemas de falta de recursos como ago-ra.” Como resultado disso, os municípios tiveram que frear o crescimento para fazer a manutenção daquilo conquistado e, em alguns casos, regredindo, segundo o presi-dente da FUMSSAR. “Se tivéssemos feito um crescimento lento, agregando coisas novas aos poucos, demoraria um tempo

maior para termos implantado o que con-seguimos em um curto período, porém o resultado de longo prazo mostraria-se mais efetivo”, diz.

mismo. Para ele, ainda será tempo de ga-rantir o financiamento dos serviços que o município tem, e nada mais. “Temos muito receio da continuidade dos recursos fede-rais e dos repasses estaduais. A crise não mostra sinais de diminuir, o que impactará também na arrecadação municipal. A pers-pectiva é incerta”, lamenta. No entanto, mesmo que o cenário não seja dos melho-res, o gestor sugere que os municípios não se precipitem em fechar serviços, para não perderem os avanços conquistados na me-lhoria do Sistema Único de Saúde (SUS). “Vamos garantir o que temos e tomar me-didas que nos permitam manter a estrutu-ra atual, nem que a fila aumente por algum período”, fala. “Se começarmos a fechar serviços e a desconstruir políticas de assis-tência, o receio é que, mesmo com o passar da crise, acumule-se um prejuízo do pon-to de vista da organização do processo de trabalho. Contudo, persistindo a situação atual, teremos que iniciar cortes no curto ou médio espaço de tempo”, analisa.Benvegnú não vê 2016 com muito oti-

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com o hospital, segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde, ultrapas-sava os R$ 700 mil. “Não está havendo regularidade nem nos repasses, que de-veriam ser mensais, nem no pagamento dos atrasados de 2014 e 2015”, afirma o secretário Celso Caetano.

Ele diz que a crise tem deixado a prestação dos serviços muito aquém do que poderia ser feito. “Queríamos abrir mais Estratégias de Saúde da Família, do programa NASF, mas infelizmente não será possível neste ano, pois não há pers-pectiva de melhora e o Estado só nos diz que a tendência é piorar”, diz. Anteven-do as dificuldades que estavam por vir, o município lançou, na metade de 2015, um plano de contingenciamento de gas-tos em que as áreas da Saúde e da Edu-cação foram preservadas. Mesmo assim, teve de encerrar o Programa Primeira Infância Melhor (PIM). Agora, as visitas foram absorvidas dentro da própria rede, com acompanhamentos mais frequentes dos agentes de saúde. “As secretarias que dependem dos recursos livres estão pre-judicadas, porque tem sido priorizado o investimento na saúde para não cair a qualidade dos serviços”, conta. No ano passado, foram investidos 19% da receita do município na área. “As demais áreas se tiverem que parar, irão parar, tocando do jeito que for possível, mas a Educação e a Saúde são total prioridade”. Apesar da crise, Jaguarão tem conseguido man-ter as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) abertas durante 8 horas por dia, sem re-dução de serviços.

Hospital do município enfrenta problemas por falta de repasses

No final de fevereiro, segundo Caetano, a Secretaria Estadual da Saúde con-cordou com os dados apresentados pela Prefeitura de Jaguarão que apontavam, naquela ocasião, uma dívida de mais de R$ 700 mil. Nesse valor não estavam contabilizados incentivos como o Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (IHOSP), por exemplo, que, segundo o secretário, já é considerado “perdido” pelo município. O valor da dívida da Secretaria Estadual da Saúde (SES) com o município foi composto por atrasos em repasses que vinham ocorrendo, princi-palmente, desde setembro de 2015. Caetano alega que, a cada mês de atraso por parte do Estado, o valor da dívida é acrescido em R$ 373 mil. Ou seja, ao final de março, o valor devido era mais de R$ 1 milhão. “Não há divergências entre os valores que estão sendo cobrados”, diz. “A questão é, basicamente, de adim-plência.” Até 2013, antes da intervenção na instituição realizada pelo municí-pio, o contrato MAC era de cerca de R$ 183 mil mensais. Após, passou a ser de R$ 373 mil por mês, o que, segundo o secretário, seria um valor “sustentável”, tendo em vista que o hospital assumiu vários serviços regionais (parto, mamo-grafia digital, etc.), passando a atender as comunidades de outros municípios. Questionado se foi um erro o município ter assumido a estrutura, o secretário disse que “não haveria outra alternativa”, tendo em vista que a condição da ges-tão, até então, era precária. Ele destaca, também, a mudança de conceito, pois o hospital deixou de ser local e passou a ser regional, o que aumentou a previsão de faturamento MAC. Até o fechamento desta edição, não havia sido resolvida a situação e o município havia restringido o acolhimento no Pronto-Socorro a so-mente atendidos pelo SAMU. Uma Unidade Básica de Saúde passou a realizar, maneira precária, o serviço para os casos de Urgência e Emergência.

Como se não bastasse a crise finan-ceira, Jaguarão, a exemplo de outros municípios do Rio Grande do Sul e do País, também enfrenta o desabasteci-mento de vacinas essenciais e de soro antiofídico. “Estamos tendo um retro-cesso na política vacinal do Brasil, que era referência para o mundo”, critica. “Não estamos cumprindo o calendário vacinal de nossas crianças pela mais ab-soluta falta de produto, e a população, muitas vezes, não entende que essa é uma questão de responsabilidade do Mi-nistério da Saúde e que o município não tem como intervir.”

Caetano critica a falta de uma ação mais objetiva do Estado no sentido de priorizar determinadas áreas que são es-senciais à população. “Em 2015, o gover-no dizia que o problema era, além da cri-se nacional, que o orçamento havia sido feito pela administração anterior”, disse. “Argumentava que seria preciso aumen-tar impostos para poder honrar com os compromissos com a saúde. No entanto, a situação se repete em 2016 com o or-çamento feito pelo atual governo e com a Assembleia Legislativa tendo concedi-

do amplo apoio ao aumento do ICMS e a outras medidas propostas pelo governo.”

O maior hospital da região sul, a Santa Casa de Rio Grande, estava com-pletamente parada e com os servidores em greve no final do mês de fevereiro. “Como a instituição absorve todo o ser-viço de ortopedia, traumatologia e res-sonância magnética da região, estamos completamente desamparados nessa área”, lamenta. “Isso provoca um efeito cascata de desassistência, não por um serviço que nosso município tenha fecha-do, mas por nós e outros municípios de-pendermos dele como referência. Deslo-camos os pacientes e eles são devolvidos sem assistência.” Ele cita problemas em outras áreas, como a cardiologia.

Além do uso dos recursos livres e da redução de despesas, outra alternativa que vem sendo estuda por Jaguarão é transformar-se em Gestão Plena. Assim, espera Caetano, a chegada de parte dos recursos destinados ao município, prin-cipalmente os federais, daria-se de modo mais rápido e direto, sem a necessidade de repasse por meio da Secretaria Esta-dual da Saúde.

Isso provoca um efeito cascata de

desassistência, não por um serviço que

nosso município tenha fechado, mas por nós e outros municípios

dependermos dele como referência. Deslocamos

os pacientes e eles são devolvidos sem

assistência.

REVISTA COSEMS/RS

Natália Ivone Streibrenner

Em um momento de crise, a situação dos

municípios se agrava, porque é onde acontece

o primeiro acesso do cidadão, através da

atenção primária, que é a ordenadora do cuidado

e, ao mesmo tempo, o ente que fica com a menor parte do bolo

tributário.

Por autonomia, Santana do Livramento torna-se Gestão Plena; secretária critica falta de priorização da Saúde

Para Natália Ivone Streibrenner, secretá-ria da Saúde de Santana do Livramento, mu-nicípio localizado na fronteira oeste, o SUS é a política pública que mais incluiu o cidadão, por trazer em sua concepção princípios como a participação popular, o acesso universal, a integralidade da atenção e a descentralização. Contudo, nessa descentralização, cerca de 90% da execução dos serviços cabe aos muni-cípios, com financiamento que deveria ser tri-partite e solidário sob responsabilidade tanto do governo federal, como dos estados e muni-cípios. “Em um momento de crise, a situação de municípios se agrava, porque é onde acon-tece o primeiro acesso do cidadão, através da atenção primária, que é a ordenadora do cui-dado e, ao mesmo tempo, o ente que fica com a menor parte do bolo tributário”, compara.

Após um período de expansão da assis-tência, iniciado em 2012, com o Governo do Estado estimulando programas como o Estra-tégia da Saúde da Família (ESF) com Saúde Bucal, Segundo Enfermeiro, Programa Jo-vem Articulador de Saúde, Saúde Mental, Nú-cleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Po-lítica Estadual de Incentivo para Qualificação da Atenção Básica (PIES), entre outros, com o custeio para a implantação e também para a manutenção dos serviços, Natália alamenta que a crise atual venha interromper esse pro-cesso de ampliação e qualificação. “Em 2015, o município teve que reprogramar todo o or-çamento para não fechar serviços, mas a ex-pansão ficou comprometida”, lamenta.

Segundo ela, existem três unidades de ESF prontas, com equipamentos comprados e concurso público realizado, aguardando condições para implantação. Com a queda generalizada da receita, tanto do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) como da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e, principal-mente, devido aos atrasos e cortes nos repas-ses do Estado, que não têm um cronograma fixo, a ampliação do programa ficou, pelo me-nos a curto prazo, comprometida.

Se, por um lado, a diminuição de arreca-dação — que envolve todas as esferas de go-verno — e a falta, por parte do Estado, de um cronograma regular e fixo de transferências de recursos já pactuados com os municípios agravam a crise, para Natália, uma definição

de prioridades poderia amenizar seus efeitos. “Quando enfrentamos uma crise, temos que definir prioridades, sendo a Saúde e a Edu-cação as principais. Por isso, têm percentual constitucional garantido”, explica. “A saúde não espera. O quadro de um usuário pode pio-rar, levando-o a complicações do seu quadro clínico e até mesmo ao óbito. A saúde é uma política pública que precisa ser preservada, ainda que seja preciso fazer cortes em outras áreas.”

Santana do Livramento reprogramou o orçamento e canalizou mais recursos do que os previstos para que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) não precisasse fechar ou re-duzir serviços. Com isso, em 2015, foram in-vestidos 20,22% na área, 5,22% a mais do que o previsto na Constituição Federal. Para 2016, a previsão é de se aportar o mesmo valor ou, ainda, aumentar essa porcentagem. Graças a isso, o município vem conseguindo manter as equipes de ESF com atendimento de 40 horas semanais. “O que está nos ajudando muito é o Programa Mais Médicos, senão, já teríamos reduzido os serviços”, explica. Porém, Natália lamenta que não esteja conseguindo expandir as equipes de acordo com o previsto.

No ano passado, o município enfrentou problemas com o hospital filantrópico San-ta Casa. Devido aos atrasos de recursos do governo estadual, ocorreram paralisações e sinalizações de greve dos profissionais, fato que obrigou o município a declarar estado de calamidade pública no setor hospitalar e intervir na instituição, instaurando um con-selho gestor. “Tivemos que colocar um aporte maior de recursos para garantir que o hospital não fechasse as portas”, afirma. “Vivemos em uma região de fronteira, em que o município mais próximo está distante mais de cem qui-lômetros, e o acesso mais próximo à alta com-

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com o hospital, segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde, ultrapas-sava os R$ 700 mil. “Não está havendo regularidade nem nos repasses, que de-veriam ser mensais, nem no pagamento dos atrasados de 2014 e 2015”, afirma o secretário Celso Caetano.

Ele diz que a crise tem deixado a prestação dos serviços muito aquém do que poderia ser feito. “Queríamos abrir mais Estratégias de Saúde da Família, do programa NASF, mas infelizmente não será possível neste ano, pois não há pers-pectiva de melhora e o Estado só nos diz que a tendência é piorar”, diz. Anteven-do as dificuldades que estavam por vir, o município lançou, na metade de 2015, um plano de contingenciamento de gas-tos em que as áreas da Saúde e da Edu-cação foram preservadas. Mesmo assim, teve de encerrar o Programa Primeira Infância Melhor (PIM). Agora, as visitas foram absorvidas dentro da própria rede, com acompanhamentos mais frequentes dos agentes de saúde. “As secretarias que dependem dos recursos livres estão pre-judicadas, porque tem sido priorizado o investimento na saúde para não cair a qualidade dos serviços”, conta. No ano passado, foram investidos 19% da receita do município na área. “As demais áreas se tiverem que parar, irão parar, tocando do jeito que for possível, mas a Educação e a Saúde são total prioridade”. Apesar da crise, Jaguarão tem conseguido man-ter as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) abertas durante 8 horas por dia, sem re-dução de serviços.

Hospital do município enfrenta problemas por falta de repasses

No final de fevereiro, segundo Caetano, a Secretaria Estadual da Saúde con-cordou com os dados apresentados pela Prefeitura de Jaguarão que apontavam, naquela ocasião, uma dívida de mais de R$ 700 mil. Nesse valor não estavam contabilizados incentivos como o Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (IHOSP), por exemplo, que, segundo o secretário, já é considerado “perdido” pelo município. O valor da dívida da Secretaria Estadual da Saúde (SES) com o município foi composto por atrasos em repasses que vinham ocorrendo, princi-palmente, desde setembro de 2015. Caetano alega que, a cada mês de atraso por parte do Estado, o valor da dívida é acrescido em R$ 373 mil. Ou seja, ao final de março, o valor devido era mais de R$ 1 milhão. “Não há divergências entre os valores que estão sendo cobrados”, diz. “A questão é, basicamente, de adim-plência.” Até 2013, antes da intervenção na instituição realizada pelo municí-pio, o contrato MAC era de cerca de R$ 183 mil mensais. Após, passou a ser de R$ 373 mil por mês, o que, segundo o secretário, seria um valor “sustentável”, tendo em vista que o hospital assumiu vários serviços regionais (parto, mamo-grafia digital, etc.), passando a atender as comunidades de outros municípios. Questionado se foi um erro o município ter assumido a estrutura, o secretário disse que “não haveria outra alternativa”, tendo em vista que a condição da ges-tão, até então, era precária. Ele destaca, também, a mudança de conceito, pois o hospital deixou de ser local e passou a ser regional, o que aumentou a previsão de faturamento MAC. Até o fechamento desta edição, não havia sido resolvida a situação e o município havia restringido o acolhimento no Pronto-Socorro a so-mente atendidos pelo SAMU. Uma Unidade Básica de Saúde passou a realizar, maneira precária, o serviço para os casos de Urgência e Emergência.

Como se não bastasse a crise finan-ceira, Jaguarão, a exemplo de outros municípios do Rio Grande do Sul e do País, também enfrenta o desabasteci-mento de vacinas essenciais e de soro antiofídico. “Estamos tendo um retro-cesso na política vacinal do Brasil, que era referência para o mundo”, critica. “Não estamos cumprindo o calendário vacinal de nossas crianças pela mais ab-soluta falta de produto, e a população, muitas vezes, não entende que essa é uma questão de responsabilidade do Mi-nistério da Saúde e que o município não tem como intervir.”

Caetano critica a falta de uma ação mais objetiva do Estado no sentido de priorizar determinadas áreas que são es-senciais à população. “Em 2015, o gover-no dizia que o problema era, além da cri-se nacional, que o orçamento havia sido feito pela administração anterior”, disse. “Argumentava que seria preciso aumen-tar impostos para poder honrar com os compromissos com a saúde. No entanto, a situação se repete em 2016 com o or-çamento feito pelo atual governo e com a Assembleia Legislativa tendo concedi-

do amplo apoio ao aumento do ICMS e a outras medidas propostas pelo governo.”

O maior hospital da região sul, a Santa Casa de Rio Grande, estava com-pletamente parada e com os servidores em greve no final do mês de fevereiro. “Como a instituição absorve todo o ser-viço de ortopedia, traumatologia e res-sonância magnética da região, estamos completamente desamparados nessa área”, lamenta. “Isso provoca um efeito cascata de desassistência, não por um serviço que nosso município tenha fecha-do, mas por nós e outros municípios de-pendermos dele como referência. Deslo-camos os pacientes e eles são devolvidos sem assistência.” Ele cita problemas em outras áreas, como a cardiologia.

Além do uso dos recursos livres e da redução de despesas, outra alternativa que vem sendo estuda por Jaguarão é transformar-se em Gestão Plena. Assim, espera Caetano, a chegada de parte dos recursos destinados ao município, prin-cipalmente os federais, daria-se de modo mais rápido e direto, sem a necessidade de repasse por meio da Secretaria Esta-dual da Saúde.

Isso provoca um efeito cascata de

desassistência, não por um serviço que

nosso município tenha fechado, mas por nós e outros municípios

dependermos dele como referência. Deslocamos

os pacientes e eles são devolvidos sem

assistência.

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Natália Ivone Streibrenner

Em um momento de crise, a situação dos

municípios se agrava, porque é onde acontece

o primeiro acesso do cidadão, através da

atenção primária, que é a ordenadora do cuidado

e, ao mesmo tempo, o ente que fica com a menor parte do bolo

tributário.

Por autonomia, Santana do Livramento torna-se Gestão Plena; secretária critica falta de priorização da Saúde

Para Natália Ivone Streibrenner, secretá-ria da Saúde de Santana do Livramento, mu-nicípio localizado na fronteira oeste, o SUS é a política pública que mais incluiu o cidadão, por trazer em sua concepção princípios como a participação popular, o acesso universal, a integralidade da atenção e a descentralização. Contudo, nessa descentralização, cerca de 90% da execução dos serviços cabe aos muni-cípios, com financiamento que deveria ser tri-partite e solidário sob responsabilidade tanto do governo federal, como dos estados e muni-cípios. “Em um momento de crise, a situação de municípios se agrava, porque é onde acon-tece o primeiro acesso do cidadão, através da atenção primária, que é a ordenadora do cui-dado e, ao mesmo tempo, o ente que fica com a menor parte do bolo tributário”, compara.

Após um período de expansão da assis-tência, iniciado em 2012, com o Governo do Estado estimulando programas como o Estra-tégia da Saúde da Família (ESF) com Saúde Bucal, Segundo Enfermeiro, Programa Jo-vem Articulador de Saúde, Saúde Mental, Nú-cleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Po-lítica Estadual de Incentivo para Qualificação da Atenção Básica (PIES), entre outros, com o custeio para a implantação e também para a manutenção dos serviços, Natália alamenta que a crise atual venha interromper esse pro-cesso de ampliação e qualificação. “Em 2015, o município teve que reprogramar todo o or-çamento para não fechar serviços, mas a ex-pansão ficou comprometida”, lamenta.

Segundo ela, existem três unidades de ESF prontas, com equipamentos comprados e concurso público realizado, aguardando condições para implantação. Com a queda generalizada da receita, tanto do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) como da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e, principal-mente, devido aos atrasos e cortes nos repas-ses do Estado, que não têm um cronograma fixo, a ampliação do programa ficou, pelo me-nos a curto prazo, comprometida.

Se, por um lado, a diminuição de arreca-dação — que envolve todas as esferas de go-verno — e a falta, por parte do Estado, de um cronograma regular e fixo de transferências de recursos já pactuados com os municípios agravam a crise, para Natália, uma definição

de prioridades poderia amenizar seus efeitos. “Quando enfrentamos uma crise, temos que definir prioridades, sendo a Saúde e a Edu-cação as principais. Por isso, têm percentual constitucional garantido”, explica. “A saúde não espera. O quadro de um usuário pode pio-rar, levando-o a complicações do seu quadro clínico e até mesmo ao óbito. A saúde é uma política pública que precisa ser preservada, ainda que seja preciso fazer cortes em outras áreas.”

Santana do Livramento reprogramou o orçamento e canalizou mais recursos do que os previstos para que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) não precisasse fechar ou re-duzir serviços. Com isso, em 2015, foram in-vestidos 20,22% na área, 5,22% a mais do que o previsto na Constituição Federal. Para 2016, a previsão é de se aportar o mesmo valor ou, ainda, aumentar essa porcentagem. Graças a isso, o município vem conseguindo manter as equipes de ESF com atendimento de 40 horas semanais. “O que está nos ajudando muito é o Programa Mais Médicos, senão, já teríamos reduzido os serviços”, explica. Porém, Natália lamenta que não esteja conseguindo expandir as equipes de acordo com o previsto.

No ano passado, o município enfrentou problemas com o hospital filantrópico San-ta Casa. Devido aos atrasos de recursos do governo estadual, ocorreram paralisações e sinalizações de greve dos profissionais, fato que obrigou o município a declarar estado de calamidade pública no setor hospitalar e intervir na instituição, instaurando um con-selho gestor. “Tivemos que colocar um aporte maior de recursos para garantir que o hospital não fechasse as portas”, afirma. “Vivemos em uma região de fronteira, em que o município mais próximo está distante mais de cem qui-lômetros, e o acesso mais próximo à alta com-

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plexidade fica a 230 quilômetros; além dossp estamos a 500 quilômetros da capital.”

A partir de abril, o município estará assumindo a Gestão Plena da Saúde. Com isso, as transferências de recursos passarão a ser diretas entre os fundos nacional e es-tadual da saúde e o fundo municipal, o que simplifica o processo das contratualizações, que poderá ser feito em nível local, melho-rando a capacidade de fiscalização e moni-toramento dos serviços.

Para a secretária, esse é um momento de mobilizar a sociedade e os municípios para que o Estado torne a saúde a prioridade número um. “Precisamos fazer um diálogo construtivo, de forma que haja uma repro-gramação dos recursos, pois a área da saúde não pode ficar desassistida”, diz. Ela alega ser necessário o estabelecimento de um cronograma fixo de pagamentos por parte do Estado, ainda que não existam recursos para novos serviços, com a manutenção da-quilo já pactuado, como as ESFs e a PIES, as quais são fundamentais. “Temos lutado por esses serviços e recursos por tantos anos e, quando conseguimos organizar o sistema local de saúde dentro desses programas, a

falta de repasses desordena tudo”, lamenta. “Minha perspectiva é que tenhamos uma melhora progressiva. Contudo, a avaliação que o Estado tem passado nas reuniões da CIB e da CIR é que 2016 será pior do que 2015. Se não der para o Estado fazer tudo, o governo tem que entender que pelo menos a saúde ele terá de fazer.”

Para Natália, com a ampliação dos ser-viços de saúde realizada nos últimos anos, as dificuldades também foram aumentadas, devido aos atrasos nos repasses e aos cor-tes no orçamento feitos pelo Estado. “Cito o exemplo da PIES, que foi reduzida em 50% se compararmos ao que recebemos em 2014 com 2015. Mesmo assim, várias par-celas não foram repassadas”, afirma. Dados da Secretaria de Saúde de Santana do Li-vramento apontam que, do conjunto de re-cursos repassados pelo Estado, o município recebeu, em 2013, cerca de R$ 4,49 milhões e, em 2014, R$ 4,87 milhões. Já em 2015, esse valor foi reduzido para R$ 941,6 mil.

Apesar de todas as dificuldades, ela destaca que a implantação das ESFs e do Programa Mais Médicos foram fundamen-tais para a melhoria do conjunto dos indi-cadores de saúde, entre os quais a redução de internações clínicas passíveis de atendi-mentos ambulatorial, a ampliação de con-sultas na atenção primária, o aumento da expectativa de vida ao nascer, e a redução da mortalidade infantil em crianças meno-res de um ano, que, em 2015, atingiu 7,46% para cada 1.000 nascidos vivos.

Precisamosfazer um diálogo

construtivo, de forma que haja uma reprogramação

dos recursos, pois a área da saúde não

pode ficar desassistida. Temos lutado por esses serviços e recursos por tantos anos e, quando

conseguimos organizar o sistema local de saúde

dentro desses programas, a falta de repasses desordena tudo.

Antevendo a crise, Alegrete optou pela qualifi cação dos serviços existentes sem ampliá-los

No fim de 2014, antevendo a situação de crise que estava por vir, a gestão de Ale-grete decidiu não projetar ampliações para o biênio 2015-2016, trabalhando na manu-tenção dos avanços até então conquistados. “Projetamos para esse período a consoli-dação do trabalho já realizado, sem novas expansões”, explica a secretária municipal da Saúde, Maria do Horto Salbego. Com um salto da cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) de 7%, em 2009, para os atuais 85%, ela considera fundamental que todo o serviço seja qualificado.

Além disso, o aumento de cobertura triplicou a demanda por serviços da área de apoio, como exames para análises clínicas, medicamentos e demais itens necessários à completude do atendimento. Isso sem considerar a qualificação realizada no aten-dimento especializado, com ampliação das equipes e fortalecimento dos serviços, como os da área de saúde mental e endocrinolo-gia, e os projetos de cirurgias geral, diges-

CLAITON D

ORN

ELLES/CBRREVISTA COSEMS/RS

tivas, bucomaxilo-facial e traumatologia. “A crise é grande, mas, devido à opção pela qualificação e ampliação da rede, não preci-samos desmontar nenhum serviço, mesmo com os repasses estaduais em atraso”, disse.

para manter a UPA em funcionamento. A decisão de não investir no Carnaval de Rua este ano deu fôlego para o município cus-tear a UPA em novembro e dezembro. “Vol-tou a entrar alguns recursos do Estado em dezembro e, devido à economia que havía-mos feito, conseguimos antecipar o custeio de janeiro”, conta.

Outro fator destacado por Maria do Horto é o esforço que o governo munici-pal faz no diálogo com a comunidade, por meio de conversas com a população, com o Conselho de Saúde e, até mesmo, com os fornecedores da Prefeitura. “Quando atrasamos algum pagamento, procuramos conversar com o fornecedor para que seja entendido o motivo daquela situação”, disse. “Como a comunidade está sempre informada do que acontece, há certo en-tendimento quando algum serviço não está tendo a resposta esperada.”

Questionada sobre a sustentabilidade das políticas públicas, Maria do Horto acre-dita que o aumento de orçamento do Estado para a Saúde realizado no último governo foi extremamente positivo e necessário, ten-do em vista a regulamentação da Emenda Constitucional (EC) nº 29, que estabeleceu o percentual mínimo de 12% das receitas líquidas para o setor. Para ela, o problema da falta de recursos foi ocasionado pela re-dução de arrecadação verificada a partir de 2014, o que comprometeu o valor global ne-cessário para as ações e serviços de saúde. “Com a crise, os municípios arrecadaram menos do que o previsto, e isso replicou nas outras esferas de governo”, argumenta.

Por isso, a administração municipal vem trabalhando para aumentar a arreca-dação própria. Na área da saúde, por exem-

plo, se apostou na captação de recursos, aderindo a programas de outras esferas de governo, como o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), no qual o município participou desde o início. “Des-de 2009, conseguimos captar um total de R$ 15 milhões”, comemora. “Apesar de ser uma época de freio no crescimento, há ser-viços que precisam aumentar para garantir o bom atendimento à população.” Esse é o caso dos exames laboratoriais, que, com o aumento da cobertura de ESF, naturalmen-te tiveram sua demanda ampliada, e dos medicamentos para dar suporte no diag-nóstico e garantir o sucesso do tratamento.

Para manter a assistência à população sem precisar reduzir o atendimento, bus-cou-se a diminuição dos gastos adminis-trativos. O transporte de pacientes, que consome mais de R$ 100 mil por mês, foi otimizado. As ligações para celular ficaram restritas e também foi feito o controle do consumo de água e luz. Mensalmente, a meta é economizar pelo menos 20% nesses itens, a partir de um uso mais racional. As equipes de saúde foram redimensionadas, evitando a contratação de pessoal.

O projeto do município é entregar três obras de unidades de ESF, uma em anda-mento e duas em licitação, com recursos já captados. Com isso, a economia da Secreta-ria Municipal da Saúde (SMS) deverá che-gar a R$ 150 mil anuais, já que hoje essas equipes atuam em prédios locados. “É tra-balhando nas pequenas coisas que alcan-çaremos a sustentabilidade. Não adianta pensarmos em grandes projetos. São as pe-quenas medidas que vão nos ajudar a che-gar até o final do ano”, analisa a secretária.

Maria do Horto Salbego

A criseé grande, mas, devido à opção pela qualificação

e ampliação da rede, não precisamos

desmontar nenhum serviço, mesmo com os repasses estaduais em

atraso.

No entanto, segundo ela, a área de Ur-gência e Emergência, devido aos elevados custos e por ter de estar “sempre pronta e à disposição da população”, representa o maior desafio do município. “É difícil man-ter a UPA funcionando sem os repasses, por ser uma unidade complexa”, disse. Para os demais serviços, há uma programação para que os recursos do município sejam suficientes. “Na Atenção Básica, o aporte do Estado nos ajuda a qualificar, embora não sustente todos os serviços. Já para a UPA, sem o repasse do Estado não damos conta do custeio.”

A unidade tem um custo mensal de R$ 500 mil, sendo cerca de R$ 220 mil banca-dos pelo município. Com o atraso dos re-passes do Estado, Alegrete teve que buscar recursos em outras áreas da administração municipal. Em 2015, o município precisou investir R$ 1,24 milhão além do projetado

Busca pelo SUS aumenta em Caxias do Sul, que chega a colocar 31,7% de recursos próprios na saúde

A Constituição Federal determina que pelo menos 15% da arrecadação municipal deve ser destinada à Saúde. E não haveria problema algum com essa regra, não fosse a realidade: para manter os serviços com cer-ta qualidade, os municípios têm de investir muito além do que é sua obrigação legal. Sem esse aporte extra, ficaria praticamente impossível gerir as dificuldades como atra-sos sistemáticos nos repasses e descontinui-

dade das políticas pactuadas nas instâncias estadual e federal. “Trabalhamos cerca de um ano e meio produzindo e crescendo, e agora estamos freando projetos e revendo serviços”, lamenta a secretária da Saúde de Caxias do Sul, Dilma Tessari. “Isso, para uma gestão que tem todo um ideal de trabalho e uma perspectiva de ampliação, realmente é sofrido. O que houve nas outras esferas de governo, deixo que os analistas avaliem. A

nós, resta trabalhar para minimizar os efei-tos da crise, para que ela seja percebida na menor intensidade possível pela população.”

É o que tem o município, que, atra-vés de uma otimização de recursos, usou nada menos que 31,73% do orçamento próprio no último quadrimestre de 2015 na saúde. Mais do que o dobro do que de-termina a Constituição. “No final do ano, normalmente, os caixas das outras esferas

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plexidade fica a 230 quilômetros; além dossp estamos a 500 quilômetros da capital.”

A partir de abril, o município estará assumindo a Gestão Plena da Saúde. Com isso, as transferências de recursos passarão a ser diretas entre os fundos nacional e es-tadual da saúde e o fundo municipal, o que simplifica o processo das contratualizações, que poderá ser feito em nível local, melho-rando a capacidade de fiscalização e moni-toramento dos serviços.

Para a secretária, esse é um momento de mobilizar a sociedade e os municípios para que o Estado torne a saúde a prioridade número um. “Precisamos fazer um diálogo construtivo, de forma que haja uma repro-gramação dos recursos, pois a área da saúde não pode ficar desassistida”, diz. Ela alega ser necessário o estabelecimento de um cronograma fixo de pagamentos por parte do Estado, ainda que não existam recursos para novos serviços, com a manutenção da-quilo já pactuado, como as ESFs e a PIES, as quais são fundamentais. “Temos lutado por esses serviços e recursos por tantos anos e, quando conseguimos organizar o sistema local de saúde dentro desses programas, a

falta de repasses desordena tudo”, lamenta. “Minha perspectiva é que tenhamos uma melhora progressiva. Contudo, a avaliação que o Estado tem passado nas reuniões da CIB e da CIR é que 2016 será pior do que 2015. Se não der para o Estado fazer tudo, o governo tem que entender que pelo menos a saúde ele terá de fazer.”

Para Natália, com a ampliação dos ser-viços de saúde realizada nos últimos anos, as dificuldades também foram aumentadas, devido aos atrasos nos repasses e aos cor-tes no orçamento feitos pelo Estado. “Cito o exemplo da PIES, que foi reduzida em 50% se compararmos ao que recebemos em 2014 com 2015. Mesmo assim, várias par-celas não foram repassadas”, afirma. Dados da Secretaria de Saúde de Santana do Li-vramento apontam que, do conjunto de re-cursos repassados pelo Estado, o município recebeu, em 2013, cerca de R$ 4,49 milhões e, em 2014, R$ 4,87 milhões. Já em 2015, esse valor foi reduzido para R$ 941,6 mil.

Apesar de todas as dificuldades, ela destaca que a implantação das ESFs e do Programa Mais Médicos foram fundamen-tais para a melhoria do conjunto dos indi-cadores de saúde, entre os quais a redução de internações clínicas passíveis de atendi-mentos ambulatorial, a ampliação de con-sultas na atenção primária, o aumento da expectativa de vida ao nascer, e a redução da mortalidade infantil em crianças meno-res de um ano, que, em 2015, atingiu 7,46% para cada 1.000 nascidos vivos.

Precisamosfazer um diálogo

construtivo, de forma que haja uma reprogramação

dos recursos, pois a área da saúde não

pode ficar desassistida. Temos lutado por esses serviços e recursos por tantos anos e, quando

conseguimos organizar o sistema local de saúde

dentro desses programas, a falta de repasses desordena tudo.

Antevendo a crise, Alegrete optou pela qualifi cação dos serviços existentes sem ampliá-los

No fim de 2014, antevendo a situação de crise que estava por vir, a gestão de Ale-grete decidiu não projetar ampliações para o biênio 2015-2016, trabalhando na manu-tenção dos avanços até então conquistados. “Projetamos para esse período a consoli-dação do trabalho já realizado, sem novas expansões”, explica a secretária municipal da Saúde, Maria do Horto Salbego. Com um salto da cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) de 7%, em 2009, para os atuais 85%, ela considera fundamental que todo o serviço seja qualificado.

Além disso, o aumento de cobertura triplicou a demanda por serviços da área de apoio, como exames para análises clínicas, medicamentos e demais itens necessários à completude do atendimento. Isso sem considerar a qualificação realizada no aten-dimento especializado, com ampliação das equipes e fortalecimento dos serviços, como os da área de saúde mental e endocrinolo-gia, e os projetos de cirurgias geral, diges-

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tivas, bucomaxilo-facial e traumatologia. “A crise é grande, mas, devido à opção pela qualificação e ampliação da rede, não preci-samos desmontar nenhum serviço, mesmo com os repasses estaduais em atraso”, disse.

para manter a UPA em funcionamento. A decisão de não investir no Carnaval de Rua este ano deu fôlego para o município cus-tear a UPA em novembro e dezembro. “Vol-tou a entrar alguns recursos do Estado em dezembro e, devido à economia que havía-mos feito, conseguimos antecipar o custeio de janeiro”, conta.

Outro fator destacado por Maria do Horto é o esforço que o governo munici-pal faz no diálogo com a comunidade, por meio de conversas com a população, com o Conselho de Saúde e, até mesmo, com os fornecedores da Prefeitura. “Quando atrasamos algum pagamento, procuramos conversar com o fornecedor para que seja entendido o motivo daquela situação”, disse. “Como a comunidade está sempre informada do que acontece, há certo en-tendimento quando algum serviço não está tendo a resposta esperada.”

Questionada sobre a sustentabilidade das políticas públicas, Maria do Horto acre-dita que o aumento de orçamento do Estado para a Saúde realizado no último governo foi extremamente positivo e necessário, ten-do em vista a regulamentação da Emenda Constitucional (EC) nº 29, que estabeleceu o percentual mínimo de 12% das receitas líquidas para o setor. Para ela, o problema da falta de recursos foi ocasionado pela re-dução de arrecadação verificada a partir de 2014, o que comprometeu o valor global ne-cessário para as ações e serviços de saúde. “Com a crise, os municípios arrecadaram menos do que o previsto, e isso replicou nas outras esferas de governo”, argumenta.

Por isso, a administração municipal vem trabalhando para aumentar a arreca-dação própria. Na área da saúde, por exem-

plo, se apostou na captação de recursos, aderindo a programas de outras esferas de governo, como o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), no qual o município participou desde o início. “Des-de 2009, conseguimos captar um total de R$ 15 milhões”, comemora. “Apesar de ser uma época de freio no crescimento, há ser-viços que precisam aumentar para garantir o bom atendimento à população.” Esse é o caso dos exames laboratoriais, que, com o aumento da cobertura de ESF, naturalmen-te tiveram sua demanda ampliada, e dos medicamentos para dar suporte no diag-nóstico e garantir o sucesso do tratamento.

Para manter a assistência à população sem precisar reduzir o atendimento, bus-cou-se a diminuição dos gastos adminis-trativos. O transporte de pacientes, que consome mais de R$ 100 mil por mês, foi otimizado. As ligações para celular ficaram restritas e também foi feito o controle do consumo de água e luz. Mensalmente, a meta é economizar pelo menos 20% nesses itens, a partir de um uso mais racional. As equipes de saúde foram redimensionadas, evitando a contratação de pessoal.

O projeto do município é entregar três obras de unidades de ESF, uma em anda-mento e duas em licitação, com recursos já captados. Com isso, a economia da Secreta-ria Municipal da Saúde (SMS) deverá che-gar a R$ 150 mil anuais, já que hoje essas equipes atuam em prédios locados. “É tra-balhando nas pequenas coisas que alcan-çaremos a sustentabilidade. Não adianta pensarmos em grandes projetos. São as pe-quenas medidas que vão nos ajudar a che-gar até o final do ano”, analisa a secretária.

Maria do Horto Salbego

A criseé grande, mas, devido à opção pela qualificação

e ampliação da rede, não precisamos

desmontar nenhum serviço, mesmo com os repasses estaduais em

atraso.

No entanto, segundo ela, a área de Ur-gência e Emergência, devido aos elevados custos e por ter de estar “sempre pronta e à disposição da população”, representa o maior desafio do município. “É difícil man-ter a UPA funcionando sem os repasses, por ser uma unidade complexa”, disse. Para os demais serviços, há uma programação para que os recursos do município sejam suficientes. “Na Atenção Básica, o aporte do Estado nos ajuda a qualificar, embora não sustente todos os serviços. Já para a UPA, sem o repasse do Estado não damos conta do custeio.”

A unidade tem um custo mensal de R$ 500 mil, sendo cerca de R$ 220 mil banca-dos pelo município. Com o atraso dos re-passes do Estado, Alegrete teve que buscar recursos em outras áreas da administração municipal. Em 2015, o município precisou investir R$ 1,24 milhão além do projetado

Busca pelo SUS aumenta em Caxias do Sul, que chega a colocar 31,7% de recursos próprios na saúde

A Constituição Federal determina que pelo menos 15% da arrecadação municipal deve ser destinada à Saúde. E não haveria problema algum com essa regra, não fosse a realidade: para manter os serviços com cer-ta qualidade, os municípios têm de investir muito além do que é sua obrigação legal. Sem esse aporte extra, ficaria praticamente impossível gerir as dificuldades como atra-sos sistemáticos nos repasses e descontinui-

dade das políticas pactuadas nas instâncias estadual e federal. “Trabalhamos cerca de um ano e meio produzindo e crescendo, e agora estamos freando projetos e revendo serviços”, lamenta a secretária da Saúde de Caxias do Sul, Dilma Tessari. “Isso, para uma gestão que tem todo um ideal de trabalho e uma perspectiva de ampliação, realmente é sofrido. O que houve nas outras esferas de governo, deixo que os analistas avaliem. A

nós, resta trabalhar para minimizar os efei-tos da crise, para que ela seja percebida na menor intensidade possível pela população.”

É o que tem o município, que, atra-vés de uma otimização de recursos, usou nada menos que 31,73% do orçamento próprio no último quadrimestre de 2015 na saúde. Mais do que o dobro do que de-termina a Constituição. “No final do ano, normalmente, os caixas das outras esferas

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e de outros municípios da região, que re-presentam cerca de 40% do atendimento, sem esse tratamento indispensável para a saúde. No entanto, a sustentabilidade do sistema começa a preocupar, e a capacida-de do município mostra sinais de exaustão.

Dilma Tessari

Trabalhamoscerca de um ano e meio produzindo e crescendo, e agora estamos freando

projetos e revendo serviços. Isso, para uma

gestão que tem todo um ideal de trabalho e uma perspectiva de

ampliação, realmente é sofrido.

estão exauridos, restando uma quantidade maior de investimento por parte do muni-cípio”, explica a secretária. No total do ano de 2015, o gasto na área chegou a 26,21%, o que representa quase 75% a mais do que a obrigação constitucional.

Como se não bastasse a necessidade de os municípios terem de colocar um volu-me maior de recursos próprios, devido ao histórico baixo financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), ao teto financei-ro não recomposto e à falta dos repasses pactuados das esferas estadual e federal, o atual momento que o País vive, de grave crise econômica, gera como consequência uma redução na arrecadação de tributos em todos os níveis de governo, e, em espe-cial, nos orçamentos locais.

A arrecadação de Caxias, em grande par-te, é proveniente da atividade industrial, um dos setores mais atingidos pela crise e que já dá sinais de retração. Além disso, a redução da atividade econômica, com a diminuição da empregabilidade e o fechamento de pos-tos de trabalho, acaba impactando signifi-cativamente a assistência, à medida em que coloca trabalhadores que até então contavam com planos suplementares de saúde a de-pender exclusivamente do SUS. A demanda por atendimento aumentou cerca de 20% nas consultas da Atenção Básica e especia-lizadas, e 23% na demanda por exames la-boratoriais. “Recentemente foi fechada uma empresa com 400 funcionários e a tendência é que migrem, na sua totalidade, exclusiva-mente para o SUS”, exemplifica.

O município também tem encontrado dificuldade para manter serviços de alta complexidade, como a radioterapia, que en-contra-se em funcionamento desde agosto

Radioterapia aguarda habilitação há quase dois anos

Atendendo entre 80 e 100 pacientes por dia, sendo cerca de 40% provenientes dos 28 municípios das Regiões de Saúde nº 23, 24 e 26, o serviço de radioterapia de Caxias do Sul aguarda habilitação do Ministério da Saúde desde a sua abertura, em agosto de 2014. Com um impacto mensal de aproximadamente R$ 200 mil, en-quanto os recursos federais prometidos não chegam, resta ao município arcar com a maior parte das despesas.

Dilma Tessari afirma que o serviço só foi aberto no momento em que houve a garantia do Estado, por meio da Resolução CIB nº 430, de 05/08/2014, de que o serviço seria custeado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) até que a habilitação pelo Ministério da Saúde estivesse concluída e os repasses regulares da União se efetivassem. No entanto, nem o repasse do Estado, nem a habilitação do Ministério foram concretizados em quase dois anos após a abertura da radioterapia. “A habi-litação já esteve na orçamentação do Ministério e voltou para a área técnica após a troca dos ministros Arthur Chioro por Marcelo Castro”, relembra.

Além disso, foi exigido, pelo Governo Federal, o Plano Estadual de Oncologia, que não existia e tampouco era, na oportunidade, impedimento para a habilitação ocorrer, sendo que tal demanda também já foi providenciada. “O serviço é de exce-lência, preenchendo todas as condições técnicas e documentais necessárias, além de estar funcionando. Mesmo assim, a habilitação federal não acontece”, diz. A secre-tária acredita que a demora se deva à falta de recursos. Há outros serviços também pendentes de habilitação pelo Governo Federal, como leitos de UTI, equipes de Es-tratégia de Saúde da Família (ESF), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), e na Saúde Prisional.

Em 2015, Caxias do Sul conseguiu reverter um valor de R$ 85 mil do teto de Bento Gonçalves, antiga sede de radioterapia na 5ª Coordenadoria Regional de Saú-de, o que tem amenizado, em parte, o impacto nos cofres do município.

CHARLES VILELA

/CBR

de 2014, mas sem a devida contrapartida do Governo Federal, pois ainda não foi ha-bilitada. E sem habilitação, o recurso pro-metido para o custeio nunca chegou. Mais uma vez, resta ao município colocar recursos próprios para não deixar pacientes de Caxias

REVISTA COSEMS/RS

Arita Bergmann

Temos procuradogerenciar a crise com soluções criativas e

inovadoras, mas a situação só não é mais dramática

porque estamos em Gestão Plena e temos a

possibilidade da negociação direta com os prestadores

e fazemos um acompanhamento de perto

do que é contratado.

“Se a crise se agravar, e continuarmos com essa situação em que não há a devida con-trapartida dos governos estadual e federal, não teremos como manter alguns serviços. Precisamos focar no essencial e naquilo que realmente temos condições de fazer com qualidade”, projeta.

Para ela, persistindo a situação de difi-culdade econômica, os municípios devem manter apenas os programas já existen-

Gestão Plena, planejamento e orçamento realista reduzem os efeitos da crise em Pelotas

O planejamento com foco em deman-das e orçamento realistas, a busca de so-luções alternativas e a priorização da área da saúde pelo município fez com que as políticas públicas fossem mantidas em Pe-lotas no mesmo nível de quantidade e qua-lidade de acesso pretendido. A secretária da Saúde, Arita Bergmann, lembra que, já em 2013, quando a atual gestão assumiu, foi realizado um planejamento estratégico que atendesse às necessidades da saúde, mas que fosse, antes de tudo, viável do ponto de vista da disponibilidade de re-cursos financeiros.

volumes de compras e possíveis perdas. Também foi implantado recentemente o ponto biométrico, o que permitiu a poten-cialização dos serviços da rede básica, ga-rantindo que os profissionais estejam dis-poníveis para o atendimento da população no tempo em que estão contratados.

Trabalhar com um orçamento equili-brado está sendo fundamental para man-ter a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) neste momento de crise e, inclusive, para absorver usuários que, de-vido ao crescente desemprego, ficam sem os planos suplementares. “Só comprome-temos nosso orçamento quando temos o correspondente financeiro disponível, evi-tando projetar ações e serviços sem ter a devida contrapartida”, relata. Para isso, são

realizadas avaliações periódicas nos saldos e remanejamentos entre as áreas quando necessário. “Temos obtido êxito relativo no enfrentamento da crise; contudo, não vi-vemos em uma ilha. Nem tudo o que a po-pulação precisa nós podemos oferecer. Há serviços que buscamos fora”, disse. “Temos procurado gerenciar a crise com soluções criativas e inovadoras, mas a situação só não é mais dramática porque estamos em Gestão Plena e temos a possibilidade da negociação direta com os prestadores e de fazer um acompanhamento de perto do que é contratado.”

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também foi buscar soluções alternativas para a execução de projetos, como a cap-tação de recursos e a adesão em todas as

tes, cujos recursos já estão disponíveis. As áreas mais prejudicadas serão a média e a alta complexidade. Isso afetará não somen-te o atendimento em Caixas, mas também em mais de uma dezena de municípios da região na qual o município serrano é refe-rência para diversas especialidades. Outra estratégia apontada pela gestora é traba-lhar melhor as áreas que não demandam tantos recursos, como as ações da Atenção

Básica. “São ações que dependem mais de conscientização e de gestão propriamente dita, como é o caso do combate ao mosqui-to Aedes aegypti, em que toda a população está envolvida e não houve casos autócto-nes até o momento (final de fevereiro)”, diz. “Cruzar os braços porque há crise não é o nosso perfil. Iremos trabalhar muito com o que temos e será oferecido o que for possível, mas com a devida qualidade.”

Na oportunidade, foi realizado um le-vantamento dos saldos disponíveis em cada bloco de financiamento e adotado um rigo-roso controle dos processos de licitação, buscando o menor preço, mas sem abrir mão da qualidade dos produtos e serviços, de modo a atender bem o interesse público. Assim, os produtos são licitados em deter-minados períodos, abstendo-se de grandes

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e de outros municípios da região, que re-presentam cerca de 40% do atendimento, sem esse tratamento indispensável para a saúde. No entanto, a sustentabilidade do sistema começa a preocupar, e a capacida-de do município mostra sinais de exaustão.

Dilma Tessari

Trabalhamoscerca de um ano e meio produzindo e crescendo, e agora estamos freando

projetos e revendo serviços. Isso, para uma

gestão que tem todo um ideal de trabalho e uma perspectiva de

ampliação, realmente é sofrido.

estão exauridos, restando uma quantidade maior de investimento por parte do muni-cípio”, explica a secretária. No total do ano de 2015, o gasto na área chegou a 26,21%, o que representa quase 75% a mais do que a obrigação constitucional.

Como se não bastasse a necessidade de os municípios terem de colocar um volu-me maior de recursos próprios, devido ao histórico baixo financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), ao teto financei-ro não recomposto e à falta dos repasses pactuados das esferas estadual e federal, o atual momento que o País vive, de grave crise econômica, gera como consequência uma redução na arrecadação de tributos em todos os níveis de governo, e, em espe-cial, nos orçamentos locais.

A arrecadação de Caxias, em grande par-te, é proveniente da atividade industrial, um dos setores mais atingidos pela crise e que já dá sinais de retração. Além disso, a redução da atividade econômica, com a diminuição da empregabilidade e o fechamento de pos-tos de trabalho, acaba impactando signifi-cativamente a assistência, à medida em que coloca trabalhadores que até então contavam com planos suplementares de saúde a de-pender exclusivamente do SUS. A demanda por atendimento aumentou cerca de 20% nas consultas da Atenção Básica e especia-lizadas, e 23% na demanda por exames la-boratoriais. “Recentemente foi fechada uma empresa com 400 funcionários e a tendência é que migrem, na sua totalidade, exclusiva-mente para o SUS”, exemplifica.

O município também tem encontrado dificuldade para manter serviços de alta complexidade, como a radioterapia, que en-contra-se em funcionamento desde agosto

Radioterapia aguarda habilitação há quase dois anos

Atendendo entre 80 e 100 pacientes por dia, sendo cerca de 40% provenientes dos 28 municípios das Regiões de Saúde nº 23, 24 e 26, o serviço de radioterapia de Caxias do Sul aguarda habilitação do Ministério da Saúde desde a sua abertura, em agosto de 2014. Com um impacto mensal de aproximadamente R$ 200 mil, en-quanto os recursos federais prometidos não chegam, resta ao município arcar com a maior parte das despesas.

Dilma Tessari afirma que o serviço só foi aberto no momento em que houve a garantia do Estado, por meio da Resolução CIB nº 430, de 05/08/2014, de que o serviço seria custeado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) até que a habilitação pelo Ministério da Saúde estivesse concluída e os repasses regulares da União se efetivassem. No entanto, nem o repasse do Estado, nem a habilitação do Ministério foram concretizados em quase dois anos após a abertura da radioterapia. “A habi-litação já esteve na orçamentação do Ministério e voltou para a área técnica após a troca dos ministros Arthur Chioro por Marcelo Castro”, relembra.

Além disso, foi exigido, pelo Governo Federal, o Plano Estadual de Oncologia, que não existia e tampouco era, na oportunidade, impedimento para a habilitação ocorrer, sendo que tal demanda também já foi providenciada. “O serviço é de exce-lência, preenchendo todas as condições técnicas e documentais necessárias, além de estar funcionando. Mesmo assim, a habilitação federal não acontece”, diz. A secre-tária acredita que a demora se deva à falta de recursos. Há outros serviços também pendentes de habilitação pelo Governo Federal, como leitos de UTI, equipes de Es-tratégia de Saúde da Família (ESF), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), e na Saúde Prisional.

Em 2015, Caxias do Sul conseguiu reverter um valor de R$ 85 mil do teto de Bento Gonçalves, antiga sede de radioterapia na 5ª Coordenadoria Regional de Saú-de, o que tem amenizado, em parte, o impacto nos cofres do município.

CHARLES VILELA

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de 2014, mas sem a devida contrapartida do Governo Federal, pois ainda não foi ha-bilitada. E sem habilitação, o recurso pro-metido para o custeio nunca chegou. Mais uma vez, resta ao município colocar recursos próprios para não deixar pacientes de Caxias

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Arita Bergmann

Temos procuradogerenciar a crise com soluções criativas e

inovadoras, mas a situação só não é mais dramática

porque estamos em Gestão Plena e temos a

possibilidade da negociação direta com os prestadores

e fazemos um acompanhamento de perto

do que é contratado.

“Se a crise se agravar, e continuarmos com essa situação em que não há a devida con-trapartida dos governos estadual e federal, não teremos como manter alguns serviços. Precisamos focar no essencial e naquilo que realmente temos condições de fazer com qualidade”, projeta.

Para ela, persistindo a situação de difi-culdade econômica, os municípios devem manter apenas os programas já existen-

Gestão Plena, planejamento e orçamento realista reduzem os efeitos da crise em Pelotas

O planejamento com foco em deman-das e orçamento realistas, a busca de so-luções alternativas e a priorização da área da saúde pelo município fez com que as políticas públicas fossem mantidas em Pe-lotas no mesmo nível de quantidade e qua-lidade de acesso pretendido. A secretária da Saúde, Arita Bergmann, lembra que, já em 2013, quando a atual gestão assumiu, foi realizado um planejamento estratégico que atendesse às necessidades da saúde, mas que fosse, antes de tudo, viável do ponto de vista da disponibilidade de re-cursos financeiros.

volumes de compras e possíveis perdas. Também foi implantado recentemente o ponto biométrico, o que permitiu a poten-cialização dos serviços da rede básica, ga-rantindo que os profissionais estejam dis-poníveis para o atendimento da população no tempo em que estão contratados.

Trabalhar com um orçamento equili-brado está sendo fundamental para man-ter a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) neste momento de crise e, inclusive, para absorver usuários que, de-vido ao crescente desemprego, ficam sem os planos suplementares. “Só comprome-temos nosso orçamento quando temos o correspondente financeiro disponível, evi-tando projetar ações e serviços sem ter a devida contrapartida”, relata. Para isso, são

realizadas avaliações periódicas nos saldos e remanejamentos entre as áreas quando necessário. “Temos obtido êxito relativo no enfrentamento da crise; contudo, não vi-vemos em uma ilha. Nem tudo o que a po-pulação precisa nós podemos oferecer. Há serviços que buscamos fora”, disse. “Temos procurado gerenciar a crise com soluções criativas e inovadoras, mas a situação só não é mais dramática porque estamos em Gestão Plena e temos a possibilidade da negociação direta com os prestadores e de fazer um acompanhamento de perto do que é contratado.”

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também foi buscar soluções alternativas para a execução de projetos, como a cap-tação de recursos e a adesão em todas as

tes, cujos recursos já estão disponíveis. As áreas mais prejudicadas serão a média e a alta complexidade. Isso afetará não somen-te o atendimento em Caixas, mas também em mais de uma dezena de municípios da região na qual o município serrano é refe-rência para diversas especialidades. Outra estratégia apontada pela gestora é traba-lhar melhor as áreas que não demandam tantos recursos, como as ações da Atenção

Básica. “São ações que dependem mais de conscientização e de gestão propriamente dita, como é o caso do combate ao mosqui-to Aedes aegypti, em que toda a população está envolvida e não houve casos autócto-nes até o momento (final de fevereiro)”, diz. “Cruzar os braços porque há crise não é o nosso perfil. Iremos trabalhar muito com o que temos e será oferecido o que for possível, mas com a devida qualidade.”

Na oportunidade, foi realizado um le-vantamento dos saldos disponíveis em cada bloco de financiamento e adotado um rigo-roso controle dos processos de licitação, buscando o menor preço, mas sem abrir mão da qualidade dos produtos e serviços, de modo a atender bem o interesse público. Assim, os produtos são licitados em deter-minados períodos, abstendo-se de grandes

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linhas de custeio oferecidas pelo Ministério da Saúde, como a Rede de Urgência e Emer-gência (RUE) para a habilitação de 104 novos leitos e custeio da porta de entrada do siste-ma, sendo Pelotas o primeiro município fora da região metropolitana financiado com re-cursos da RUE.

Uma parceria com a organização da so-ciedade civil possibilitou apoio no desenvol-vimento técnico e, também, financeiro para a implantação da “Rede Bem Cuidar”, projeto prioritário do governo municipal para a im-plementação de um novo conceito de acolhi-mento e acesso na Atenção Básica. A atuação do Conselho Municipal de Saúde e a criação dos conselhos locais de saúde para o acom-panhamento da performance da rede básica, assim como o apoio das universidades Ca-tólica (UCPel) e Federal (UFPel), têm con-tribuído no processo. A Secretaria também mantém convênio com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para o aproveitamento de mão de obra prisional, que é usada na manutenção e reforma estru-tural das unidades de saúde. São 12 apenados do regime semiaberto que prestam serviços como pintura e conservação de rede elétrica a custos menores do que os praticados no mer-cado. A iniciativa possibilita, ainda, a reinser-ção dessas pessoas na comunidade e auxilia na sua recuperação.

O município também direcionou recur-sos de outras áreas para a Saúde, como os R$ 2,4 milhões previstos para o Carnaval que foram usados no custeio das UPAs. Essa medida possibilitou que a UPA tipo um, que será aberta neste semestre, tenha um or-çamento da fonte própria garantido para o custeio mensal de cerca de R$ 500 mil por pelo menos meio ano. Essa escolha permitirá que Pelotas banque com recursos próprios a unidade até que ela esteja devidamente ha-bilitada para receber recursos previstos em portarias, processo que normalmente arras-ta-se por alguns meses.

Projetos que, em 2013, tinham uma pre-visibilidade de sustentação com fonte pró-pria, como o teleagendamento de consultas na rede básica, com gasto mensal de cerca de R$ 250 mil, foram substituídos. Essa de-manda aos poucos vem sendo preenchida pelo sistema e-SUS, que é gratuito. Na rede hospitalar, a Gestão Plena confere ao muni-cípio a possibilidade de fazer uma negociação direta com os prestadores de serviços. “Até o momento, não diminuímos ou fechamos nenhum serviço”, ressalta. Porém, há uma

preocupação quanto ao funcionamento da Urgência e Emergência do atendimento mó-vel do SAMU. Devido à elevação do custo operacional, com o aumento do combustível, a renovação de frota e o incremento de salá-rios para os funcionários, os valores de cus-teio vindos dos governos estadual e federal, que não passaram por reajuste, tornaram-se insuficientes. Assim, a previsão é que o servi-ço feche o ano com um déficit de mais de R$ 1 milhão, valor que, mais uma vez, terá de ser coberto pelo orçamento municipal.

nanças e pagar o passivo negociado com a FAMURS em forma de parcelamento, e que esse recurso venha a suprir algumas carên-cias que temos”, avalia. Já por parte do go-verno federal, segundo a secretária, aquilo que foi comprometido está sendo repassado com regularidade ao município. Porém, há uma demora excessiva na habilitação de no-vos serviços, como leitos de UTI e a amplia-ção do custeio da oncologia.

Como Gestão Plena, Pelotas é respon-sável pela contratualização com hospitais, conseguindo fazer um planejamento para diminuir gastos e otimizar serviços, contan-do com o auxílio do Conselho Municipal de Saúde (CMS), que contribui tanto na fiscali-zação quanto nas discussões. Isso possibili-ta avaliações mais cuidadosas e que as ações sejam direcionadas, de fato, às necessidades da população de referência. “Levamos seis meses, de junho a dezembro de 2015, discu-tindo o Plano Operativo 2016 do convênio com os hospitais”, explica. As discussões são coordenadas pela Comissão de Contro-le e Avaliação, que faz o acompanhamento dos contratos do ponto de vista físico e das metas qualitativas. Essa comissão acom-panha trimestralmente o cumprimento do contrato. Quando o que foi pactuado não é cumprido e não há a possibilidade de com-pensações, a SMS pede a devolução dos va-lores aos prestadores de serviços. “Por ser Gestão Plena, tenho a possibilidade de me reunir semanalmente com os hospitais para discutir soluções”.

Devido às estratégias adotadas por Pe-lotas, a secretária projeta para 2016 a fina-lização da construção de quatro Unidades Básicas de Saúde (UBSs), sendo três na zona rural e uma na cidade, onde será im-plementado o conceito da “Rede Bem Cui-dar”, a inauguração de duas UPAs, uma tipo um ainda no primeiro semestre, a informati-zação de 100% da rede de saúde e o fortaleci-mento da rede de Saúde Mental, que passará a ter um foco maior na prevenção do que no serviço assistencial. “Tenho a perspectiva de que o Estado vá cumprir com o compromis-so de parcelamento da dívida, e que a União não atrasará pagamentos”, disse. “Espero que a Secretaria Estadual da Saúde (SES) e o Ministério da Saúde possam custear o financiamento das UPAs, além de manter a regularidade nos pagamentos. Também continuo na expectativa de que o Estado consiga fazer a sua recuperação e pague em dia os repasses de 2016.”

Para ela, esse mesmo cuidado de com-patibilizar o comprometimento de gastos com a receita realizada parece não ter acon-tecido no planejamento em nível estadual. Em 2014 foi observada uma destinação de valores para as políticas de saúde, especial-mente na área hospitalar, com o cofinan-ciamento dessas estruturas, sem recursos suficientes para cobrir as várias pactuações realizadas na Comissão Intergestores Bi-partite (CIB). “Vimos que no final do gover-no anterior havia mais convênios e políticas pactuadas do que a disponibilidade orça-mentária e financeira”, diz. “Isso distorceu o orçamento, que ficou fora da possibilidade financeira real. O planejamento de gastos tem de ocorrer de acordo com uma previsão realista de disponibilidade de caixa.”

Atualmente, o Estado tem pendências com Pelotas, relativas a 2014 e 2015, de cer-ca de R$ 8 milhões. “Não perdi a esperança. Mesmo em período de crise, espero que o governo estadual consiga recuperar suas fi-

Vimos que no final do governo anterior havia mais

convênios e políticas pactuadas do que a disponibilidade orçamentária e

financeira. Isso distorceu o orçamento, que ficou fora da possibilidade

real financeira. O planejamento de gastos tem de ocorrer de forma

casada com uma previsão realista de disponibilidade

de caixa.

REVISTA COSEMS/RS

Arilson Cardoso

Essa irregularidade (de recursos) dificulta o planejamento.

Queríamos contar com o recurso dentro de uma

previsibilidade. Essa é uma reinvindicação antiga dos

municípios.

Para enfrentar a crise, São Lourenço do Sul discutiu com a comunidade as ações prioritárias e fez cortes

Em São Lourenço do Sul, município localizado na região da Costa Doce, no Sul do Estado, a Secretaria da Saúde (SMS) fez reduções para enxugar o orçamento e manter os serviços essenciais, devido ao quadro de irregularidade e redução dos repasses do Estado. Conforme conta o se-cretário Arilson Cardoso, essas medidas começaram a ser implementadas no início de 2015, quando se avaliou que a crise não teria uma solução rápida. “Desde então, es-tamos na mais absoluta contenção de des-pesas”, afirma.

lhos Locais. “Os ajustes foram discutidos e encaminhados com o aval da comunidade e a população entende que foi uma medi-da necessária. Mesmo assim, há reclama-ções”, disse. “Determinado dia, o médico poderá não estar na unidade, pois tirou folga para compensar o trabalho extra.” O mesmo ocorre com a Saúde Bucal, em que havia dentistas nas unidades todos os dias. Com a redução, o atendimento é feito de modo alternado. Para Arilson, a situação só não é pior na Atenção Básica devido ao Programa Mais Médicos, que permite ao município manter todas as equipes de ESF em funcionamento.

Analisando a situação financeira do Estado, ele diz que há dois pontos a con-siderar. O primeiro é, de fato, a crise orça-mentária, que não possibilita dar susten-tabilidade financeira a todos os serviços implementados. O segundo é a priorização. “A saúde tem que ser entendida como uma área essencial. Não pode estar na vala co-mum das outras ações de governo”, analisa o secretário, que foi duas vezes presidente do COSEMS/RS. “A saúde não pode estar no plano de contenção deste ou de qual-quer governo. Ao que me parece, não está havendo, por parte da gestão estadual, o entendimento de que a saúde precisa ser priorizada, sendo submetida ao fluxo de caixa como as demais áreas, o que é um equívoco”, critica.

Para ele, em função de a crise do Rio

Grande do Sul ser histórica, a saúde não poderia estar sendo tão afetada. Graças ao acolhimento de uma ação judicial impetra-da em dezembro de 2015 pelo município pedindo a regularidade nos repasses por parte do Estado, os pagamentos, desde en-tão, vêm ocorrendo sem atraso. Contudo, a situação verificada no hospital Santa Casa não é tranquila, devido aos atrasos nos re-passes estaduais, o que gera uma constante apreensão sobre o atendimento de Urgên-cia e Emergência. Um dos cortes realizados foi nas equi-

pes de Saúde Bucal. Até então, o município oferecia o dobro da quantidade mínima do serviço preconizado pelo Ministério da Saúde, que prevê pelo menos uma equipe de Saúde Bucal para cada duas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF). Agora, as 13 ESFs contam com 7 equipes de Saúde Bucal. Outro ajuste foi a redução “drástica” nas horas extras, principalmen-te para os deslocamentos na área rural, o que impactou na diminuição de cerca de 10% da despesa mensal da secretaria. “Os deslocamentos agora são planejados para ocorrer dentro do horário do servidor, e, na necessidade inequívoca de horas extras, a compensação é feita através de folgas em vez de pagamento”, disse.

São Lourenço do Sul destaca-se por manter uma estrutura atuante de parti-cipação da comunidade na discussão da política de saúde, através do Conselho Municipal de Saúde (CMS) e dos Conse-

CHARLES VILELA

/CBR

CENTRAL

Quanto aos repasses do governo fede-ral, o problema tem sido a irregularidade nos pagamentos, por não haver um calen-dário fixo. Em alguns meses, algum incen-tivo não é depositado, sendo compensado no mês seguinte com o pagamento em dobro.

Estamos namais absoluta contenção de

despesas. Cada município tem que avaliar, junto à sua população, quais

ações serão mantidas e em que

intensidade.

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linhas de custeio oferecidas pelo Ministério da Saúde, como a Rede de Urgência e Emer-gência (RUE) para a habilitação de 104 novos leitos e custeio da porta de entrada do siste-ma, sendo Pelotas o primeiro município fora da região metropolitana financiado com re-cursos da RUE.

Uma parceria com a organização da so-ciedade civil possibilitou apoio no desenvol-vimento técnico e, também, financeiro para a implantação da “Rede Bem Cuidar”, projeto prioritário do governo municipal para a im-plementação de um novo conceito de acolhi-mento e acesso na Atenção Básica. A atuação do Conselho Municipal de Saúde e a criação dos conselhos locais de saúde para o acom-panhamento da performance da rede básica, assim como o apoio das universidades Ca-tólica (UCPel) e Federal (UFPel), têm con-tribuído no processo. A Secretaria também mantém convênio com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para o aproveitamento de mão de obra prisional, que é usada na manutenção e reforma estru-tural das unidades de saúde. São 12 apenados do regime semiaberto que prestam serviços como pintura e conservação de rede elétrica a custos menores do que os praticados no mer-cado. A iniciativa possibilita, ainda, a reinser-ção dessas pessoas na comunidade e auxilia na sua recuperação.

O município também direcionou recur-sos de outras áreas para a Saúde, como os R$ 2,4 milhões previstos para o Carnaval que foram usados no custeio das UPAs. Essa medida possibilitou que a UPA tipo um, que será aberta neste semestre, tenha um or-çamento da fonte própria garantido para o custeio mensal de cerca de R$ 500 mil por pelo menos meio ano. Essa escolha permitirá que Pelotas banque com recursos próprios a unidade até que ela esteja devidamente ha-bilitada para receber recursos previstos em portarias, processo que normalmente arras-ta-se por alguns meses.

Projetos que, em 2013, tinham uma pre-visibilidade de sustentação com fonte pró-pria, como o teleagendamento de consultas na rede básica, com gasto mensal de cerca de R$ 250 mil, foram substituídos. Essa de-manda aos poucos vem sendo preenchida pelo sistema e-SUS, que é gratuito. Na rede hospitalar, a Gestão Plena confere ao muni-cípio a possibilidade de fazer uma negociação direta com os prestadores de serviços. “Até o momento, não diminuímos ou fechamos nenhum serviço”, ressalta. Porém, há uma

preocupação quanto ao funcionamento da Urgência e Emergência do atendimento mó-vel do SAMU. Devido à elevação do custo operacional, com o aumento do combustível, a renovação de frota e o incremento de salá-rios para os funcionários, os valores de cus-teio vindos dos governos estadual e federal, que não passaram por reajuste, tornaram-se insuficientes. Assim, a previsão é que o servi-ço feche o ano com um déficit de mais de R$ 1 milhão, valor que, mais uma vez, terá de ser coberto pelo orçamento municipal.

nanças e pagar o passivo negociado com a FAMURS em forma de parcelamento, e que esse recurso venha a suprir algumas carên-cias que temos”, avalia. Já por parte do go-verno federal, segundo a secretária, aquilo que foi comprometido está sendo repassado com regularidade ao município. Porém, há uma demora excessiva na habilitação de no-vos serviços, como leitos de UTI e a amplia-ção do custeio da oncologia.

Como Gestão Plena, Pelotas é respon-sável pela contratualização com hospitais, conseguindo fazer um planejamento para diminuir gastos e otimizar serviços, contan-do com o auxílio do Conselho Municipal de Saúde (CMS), que contribui tanto na fiscali-zação quanto nas discussões. Isso possibili-ta avaliações mais cuidadosas e que as ações sejam direcionadas, de fato, às necessidades da população de referência. “Levamos seis meses, de junho a dezembro de 2015, discu-tindo o Plano Operativo 2016 do convênio com os hospitais”, explica. As discussões são coordenadas pela Comissão de Contro-le e Avaliação, que faz o acompanhamento dos contratos do ponto de vista físico e das metas qualitativas. Essa comissão acom-panha trimestralmente o cumprimento do contrato. Quando o que foi pactuado não é cumprido e não há a possibilidade de com-pensações, a SMS pede a devolução dos va-lores aos prestadores de serviços. “Por ser Gestão Plena, tenho a possibilidade de me reunir semanalmente com os hospitais para discutir soluções”.

Devido às estratégias adotadas por Pe-lotas, a secretária projeta para 2016 a fina-lização da construção de quatro Unidades Básicas de Saúde (UBSs), sendo três na zona rural e uma na cidade, onde será im-plementado o conceito da “Rede Bem Cui-dar”, a inauguração de duas UPAs, uma tipo um ainda no primeiro semestre, a informati-zação de 100% da rede de saúde e o fortaleci-mento da rede de Saúde Mental, que passará a ter um foco maior na prevenção do que no serviço assistencial. “Tenho a perspectiva de que o Estado vá cumprir com o compromis-so de parcelamento da dívida, e que a União não atrasará pagamentos”, disse. “Espero que a Secretaria Estadual da Saúde (SES) e o Ministério da Saúde possam custear o financiamento das UPAs, além de manter a regularidade nos pagamentos. Também continuo na expectativa de que o Estado consiga fazer a sua recuperação e pague em dia os repasses de 2016.”

Para ela, esse mesmo cuidado de com-patibilizar o comprometimento de gastos com a receita realizada parece não ter acon-tecido no planejamento em nível estadual. Em 2014 foi observada uma destinação de valores para as políticas de saúde, especial-mente na área hospitalar, com o cofinan-ciamento dessas estruturas, sem recursos suficientes para cobrir as várias pactuações realizadas na Comissão Intergestores Bi-partite (CIB). “Vimos que no final do gover-no anterior havia mais convênios e políticas pactuadas do que a disponibilidade orça-mentária e financeira”, diz. “Isso distorceu o orçamento, que ficou fora da possibilidade financeira real. O planejamento de gastos tem de ocorrer de acordo com uma previsão realista de disponibilidade de caixa.”

Atualmente, o Estado tem pendências com Pelotas, relativas a 2014 e 2015, de cer-ca de R$ 8 milhões. “Não perdi a esperança. Mesmo em período de crise, espero que o governo estadual consiga recuperar suas fi-

Vimos que no final do governo anterior havia mais

convênios e políticas pactuadas do que a disponibilidade orçamentária e

financeira. Isso distorceu o orçamento, que ficou fora da possibilidade

real financeira. O planejamento de gastos tem de ocorrer de forma

casada com uma previsão realista de disponibilidade

de caixa.

REVISTA COSEMS/RS

Arilson Cardoso

Essa irregularidade (de recursos) dificulta o planejamento.

Queríamos contar com o recurso dentro de uma

previsibilidade. Essa é uma reinvindicação antiga dos

municípios.

Para enfrentar a crise, São Lourenço do Sul discutiu com a comunidade as ações prioritárias e fez cortes

Em São Lourenço do Sul, município localizado na região da Costa Doce, no Sul do Estado, a Secretaria da Saúde (SMS) fez reduções para enxugar o orçamento e manter os serviços essenciais, devido ao quadro de irregularidade e redução dos repasses do Estado. Conforme conta o se-cretário Arilson Cardoso, essas medidas começaram a ser implementadas no início de 2015, quando se avaliou que a crise não teria uma solução rápida. “Desde então, es-tamos na mais absoluta contenção de des-pesas”, afirma.

lhos Locais. “Os ajustes foram discutidos e encaminhados com o aval da comunidade e a população entende que foi uma medi-da necessária. Mesmo assim, há reclama-ções”, disse. “Determinado dia, o médico poderá não estar na unidade, pois tirou folga para compensar o trabalho extra.” O mesmo ocorre com a Saúde Bucal, em que havia dentistas nas unidades todos os dias. Com a redução, o atendimento é feito de modo alternado. Para Arilson, a situação só não é pior na Atenção Básica devido ao Programa Mais Médicos, que permite ao município manter todas as equipes de ESF em funcionamento.

Analisando a situação financeira do Estado, ele diz que há dois pontos a con-siderar. O primeiro é, de fato, a crise orça-mentária, que não possibilita dar susten-tabilidade financeira a todos os serviços implementados. O segundo é a priorização. “A saúde tem que ser entendida como uma área essencial. Não pode estar na vala co-mum das outras ações de governo”, analisa o secretário, que foi duas vezes presidente do COSEMS/RS. “A saúde não pode estar no plano de contenção deste ou de qual-quer governo. Ao que me parece, não está havendo, por parte da gestão estadual, o entendimento de que a saúde precisa ser priorizada, sendo submetida ao fluxo de caixa como as demais áreas, o que é um equívoco”, critica.

Para ele, em função de a crise do Rio

Grande do Sul ser histórica, a saúde não poderia estar sendo tão afetada. Graças ao acolhimento de uma ação judicial impetra-da em dezembro de 2015 pelo município pedindo a regularidade nos repasses por parte do Estado, os pagamentos, desde en-tão, vêm ocorrendo sem atraso. Contudo, a situação verificada no hospital Santa Casa não é tranquila, devido aos atrasos nos re-passes estaduais, o que gera uma constante apreensão sobre o atendimento de Urgên-cia e Emergência. Um dos cortes realizados foi nas equi-

pes de Saúde Bucal. Até então, o município oferecia o dobro da quantidade mínima do serviço preconizado pelo Ministério da Saúde, que prevê pelo menos uma equipe de Saúde Bucal para cada duas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF). Agora, as 13 ESFs contam com 7 equipes de Saúde Bucal. Outro ajuste foi a redução “drástica” nas horas extras, principalmen-te para os deslocamentos na área rural, o que impactou na diminuição de cerca de 10% da despesa mensal da secretaria. “Os deslocamentos agora são planejados para ocorrer dentro do horário do servidor, e, na necessidade inequívoca de horas extras, a compensação é feita através de folgas em vez de pagamento”, disse.

São Lourenço do Sul destaca-se por manter uma estrutura atuante de parti-cipação da comunidade na discussão da política de saúde, através do Conselho Municipal de Saúde (CMS) e dos Conse-

CHARLES VILELA

/CBRCENTRAL

Quanto aos repasses do governo fede-ral, o problema tem sido a irregularidade nos pagamentos, por não haver um calen-dário fixo. Em alguns meses, algum incen-tivo não é depositado, sendo compensado no mês seguinte com o pagamento em dobro.

Estamos namais absoluta contenção de

despesas. Cada município tem que avaliar, junto à sua população, quais

ações serão mantidas e em que

intensidade.

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O SUS é umsistema que deu

certo. Só que para o seu funcionamento,

precisamos alimentá-lo, porque percebemos que, junto a essa crise, existe uma força muito grande para derrubar e enfraquecer o sistema e fortalecer empresas

privadas.Cleonice Poletto

Joia aposta em estratégias de redução em outras áreas para não desassistir a população na saúde

O corte nos recursos repassados pelo Governo do Estado, somado à crise fi-nanceira que o País enfrenta, deixou as finanças dos municípios gaúchos em si-tuação ainda mais crítica, sobretudo os pequenos, que dependem, às vezes, quase que exclusivamente desses valores para a manutenção de programas que atendem à população. Além de passarem por um replanejamento interno, em alguns casos a saída tem sido acionar a Justiça para garantir os repasses constitucionais. No município de Joia, a secretária da Saúde, Cleonice Poletto, conta que foi necessário reorganizar ações e projetos em todos os setores, com o intuito de priorizar a saúde.

titucionais aos municípios”, diz. “Devido à crise, é preciso fazer reduções, sim, mas também é necessário que essas mudanças sejam bem estruturadas. Do contrário, alguém ficará sem esse recurso. Os mu-nicípios estão sendo afetados, pois não podem cumprir aquilo que acordam com a população. Faltou pactuação por parte do Estado e um olhar mais comprometido para com os municípios.”

Em virtude do corte de repasses, a Se-cretaria Municipal da Saúde (SMS) ado-tou, ainda no final do ano passado, um plano de custos para não interromper os serviços essenciais, além de utilizar os recursos próprios e livres para cobrir as lacunas das verbas do Estado que não che-garam. Uma das primeiras medidas foi paralisar as construções e reformas. Para aquilo que não pode ser adiado por muito tempo, como a manutenção de veículos, a secretaria tem negociado valores com for-necedores na busca do melhor preço. No

entanto, o maior corte realizado está no transporte de pacientes. Como a maioria das especialidades acessadas pelo muni-cípio são referenciadas, é preciso deslocar os pacientes para atendimento. Para isso, o município adquiriu um micro-ônibus e estabeleceu o transporte para as consul-tas somente no turno da manhã. À tarde ficou reservado para aqueles usuários em tratamento na oncologia e na radioterapia ou para imprevistos. O transporte de pa-cientes na zona rural — onde vive cerca de 80% da população — para o Pronto-Aten-dimento localizado na zona urbana tam-bém foi restringido somente para os casos de urgência. Com isso, o município conse-guiu economizar cerca de 40% nos custos de transporte.

Foi adotada também uma nova estra-tégia na realização de exames. Quando há solicitações de vários procedimentos, eles são feitos em partes, já que não há cotas para realizá-los de uma só vez. Embora

Para ela, essa mesma ação deveria ter sido feita também pelo Governo do Esta-do. “Não posso falar pelo Estado sobre as dívidas herdadas, mas acredito que faltou um planejamento para que se pudesse cumprir ao menos com os repasses cons-

CLAITON D

ORN

ELLES/CBRREVISTA COSEMS/RS

“Essa irregularidade dificulta o planejamen-to. Queríamos contar com o recurso dentro de uma previsibilidade”, disse. “Essa é uma reinvindicação antiga dos municípios.”

Para Arilson, 2016 deve ser um perío-do de “ginástica financeira”, muito plane-jamento e de estabelecer, junto à comuni-

dade, ações prioritárias. Para ele, também é importante discutir a situação com os trabalhadores de saúde, de modo que eles entendam o que está acontecendo. “Cada município tem que avaliar junto à sua po-pulação quais ações serão mantidas e em que intensidade”, sugere. Além disso, este

deve ser um momento de muita união entre os secretários municipais da saúde para pressionar tanto o governo do Esta-do quanto a União quanto à priorização da saúde e a manutenção regular dos repasses constitucionais ou acordados nas instân-cias de pactuação.

tenham ocorrido essas reduções, a secre-tária afirma que a população tem com-preendido a situação. “Explicamos que há uma crise, em nível de Estado e Brasil, e que estamos fazendo contenções de des-pesas, a fim de garantir suporte para os casos mais urgentes”, afirma. “Estamos em contato constante com o Conselho Municipal de Saúde para manter o diá-logo e buscar apoio da população quanto aos problemas gerados pela crise e pela falta de repasses.”

Nos últimos três anos, o município investiu 15,28% (2013), 15,98% (2014) e 18,76% (2015), conforme dados dis-poníveis no Tribunal de Contas do Es-tado (TCE), cumprindo as exigências constitucionais da Lei Complementar nº 141/2012. Até abril deste ano, os repasses da União estavam regularizados. Porém, os atrasos dos pagamentos estaduais

obrigaram o município a aplicar ainda mais recursos próprios para manter os serviços. “Há uma mobilização entre os prefeitos da região para garantir a regu-laridade dos recursos por meio da Justi-ça. O município de Joia ainda estuda essa possibilidade”, diz.

De acordo com a secretária, o fato de Joia ser um município com Gestão Plena tem amenizado um pouco os efeitos da crise, pois os investimentos de Média e Alta Complexidade (MAC) chegam direto ao Fundo Municipal de Saúde. “Assim, conseguimos fazer as coisas acontece-rem, porque, se dependêssemos somente do Estado, os serviços estariam encerra-dos”, afirma.

Sobre o futuro do Sistema Único de Saúde (SUS), a secretária diz que, se não forem injetados recursos, a gestão não irá evoluir. “O SUS é um sistema que deu cer-

to. Só que, para o seu funcionamento, pre-cisamos alimentá-lo, porque percebemos que, junto a essa crise, existe uma força muito grande para derrubar e enfraque-cer o Sistema e fortalecer empresas priva-das”, avalia. De acordo com ela, maiores investimentos e a priorização de políticas públicas por parte dos entes federados podem ser considerados os pontos-chave para sair da crise. “Temo que, muito em breve, chegará um momento em que não teremos mais recursos para pagar os pro-fissionais e não teremos como cumprir com essa obrigação”, lamenta. Para Cleo-nice, se os repasses estaduais não forem regularizados, a partir de julho ou agos-to não haverá recursos para manter as quatro equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF). O município ainda estuda a redução de algumas secretarias munici-pais, como forma de diminuir gastos.

Gerônimo Paludo

Temos ainda esse agravante, com usuários omitindo o endereço para atendimento em nosso serviço. É

como se fôssemos um município-mãe

ou estivéssemos assumindo uma Gestão

Plena, sem sermos remunerados

por isso.

Redução e incerteza nos repasses difi cultam a assistência e freiam a expansão em Torres

No município de Torres, a expansão da cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi interrompida devido à falta de recursos. Com três Unidades Bá-sicas de Saúde (UBSs) prontas, o secre-tário da Saúde, Gerônimo Paludo, diz ser inviável, pelo menos momentaneamente, montar as equipes necessárias para que o atendimento à população seja iniciado. Isso porque o município não tem como

arcar com esses custos enquanto espe-ra habilitação do Ministério da Saúde. “Também não há garantia de repasses nem a regularidade por parte do Estado”, afirma. Além disso, existe as limitações com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Atualmente, o município gasta 55% da receita em despesa com pessoal,

sendo que o permitido é 54%. Além dos atrasos dos repasses da saú-

de, outro problema que afeta Torres e a totalidade dos municípios do Estado é a redução do valor do Fundo de Participa-ção dos Municípios (FPM) devido à crise. Além das Estratégias de Saúde da Família (ESF), existe um projeto pré-aprovado

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O SUS é umsistema que deu

certo. Só que para o seu funcionamento,

precisamos alimentá-lo, porque percebemos que, junto a essa crise, existe uma força muito grande para derrubar e enfraquecer o sistema e fortalecer empresas

privadas.Cleonice Poletto

Joia aposta em estratégias de redução em outras áreas para não desassistir a população na saúde

O corte nos recursos repassados pelo Governo do Estado, somado à crise fi-nanceira que o País enfrenta, deixou as finanças dos municípios gaúchos em si-tuação ainda mais crítica, sobretudo os pequenos, que dependem, às vezes, quase que exclusivamente desses valores para a manutenção de programas que atendem à população. Além de passarem por um replanejamento interno, em alguns casos a saída tem sido acionar a Justiça para garantir os repasses constitucionais. No município de Joia, a secretária da Saúde, Cleonice Poletto, conta que foi necessário reorganizar ações e projetos em todos os setores, com o intuito de priorizar a saúde.

titucionais aos municípios”, diz. “Devido à crise, é preciso fazer reduções, sim, mas também é necessário que essas mudanças sejam bem estruturadas. Do contrário, alguém ficará sem esse recurso. Os mu-nicípios estão sendo afetados, pois não podem cumprir aquilo que acordam com a população. Faltou pactuação por parte do Estado e um olhar mais comprometido para com os municípios.”

Em virtude do corte de repasses, a Se-cretaria Municipal da Saúde (SMS) ado-tou, ainda no final do ano passado, um plano de custos para não interromper os serviços essenciais, além de utilizar os recursos próprios e livres para cobrir as lacunas das verbas do Estado que não che-garam. Uma das primeiras medidas foi paralisar as construções e reformas. Para aquilo que não pode ser adiado por muito tempo, como a manutenção de veículos, a secretaria tem negociado valores com for-necedores na busca do melhor preço. No

entanto, o maior corte realizado está no transporte de pacientes. Como a maioria das especialidades acessadas pelo muni-cípio são referenciadas, é preciso deslocar os pacientes para atendimento. Para isso, o município adquiriu um micro-ônibus e estabeleceu o transporte para as consul-tas somente no turno da manhã. À tarde ficou reservado para aqueles usuários em tratamento na oncologia e na radioterapia ou para imprevistos. O transporte de pa-cientes na zona rural — onde vive cerca de 80% da população — para o Pronto-Aten-dimento localizado na zona urbana tam-bém foi restringido somente para os casos de urgência. Com isso, o município conse-guiu economizar cerca de 40% nos custos de transporte.

Foi adotada também uma nova estra-tégia na realização de exames. Quando há solicitações de vários procedimentos, eles são feitos em partes, já que não há cotas para realizá-los de uma só vez. Embora

Para ela, essa mesma ação deveria ter sido feita também pelo Governo do Esta-do. “Não posso falar pelo Estado sobre as dívidas herdadas, mas acredito que faltou um planejamento para que se pudesse cumprir ao menos com os repasses cons-

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“Essa irregularidade dificulta o planejamen-to. Queríamos contar com o recurso dentro de uma previsibilidade”, disse. “Essa é uma reinvindicação antiga dos municípios.”

Para Arilson, 2016 deve ser um perío-do de “ginástica financeira”, muito plane-jamento e de estabelecer, junto à comuni-

dade, ações prioritárias. Para ele, também é importante discutir a situação com os trabalhadores de saúde, de modo que eles entendam o que está acontecendo. “Cada município tem que avaliar junto à sua po-pulação quais ações serão mantidas e em que intensidade”, sugere. Além disso, este

deve ser um momento de muita união entre os secretários municipais da saúde para pressionar tanto o governo do Esta-do quanto a União quanto à priorização da saúde e a manutenção regular dos repasses constitucionais ou acordados nas instân-cias de pactuação.

tenham ocorrido essas reduções, a secre-tária afirma que a população tem com-preendido a situação. “Explicamos que há uma crise, em nível de Estado e Brasil, e que estamos fazendo contenções de des-pesas, a fim de garantir suporte para os casos mais urgentes”, afirma. “Estamos em contato constante com o Conselho Municipal de Saúde para manter o diá-logo e buscar apoio da população quanto aos problemas gerados pela crise e pela falta de repasses.”

Nos últimos três anos, o município investiu 15,28% (2013), 15,98% (2014) e 18,76% (2015), conforme dados dis-poníveis no Tribunal de Contas do Es-tado (TCE), cumprindo as exigências constitucionais da Lei Complementar nº 141/2012. Até abril deste ano, os repasses da União estavam regularizados. Porém, os atrasos dos pagamentos estaduais

obrigaram o município a aplicar ainda mais recursos próprios para manter os serviços. “Há uma mobilização entre os prefeitos da região para garantir a regu-laridade dos recursos por meio da Justi-ça. O município de Joia ainda estuda essa possibilidade”, diz.

De acordo com a secretária, o fato de Joia ser um município com Gestão Plena tem amenizado um pouco os efeitos da crise, pois os investimentos de Média e Alta Complexidade (MAC) chegam direto ao Fundo Municipal de Saúde. “Assim, conseguimos fazer as coisas acontece-rem, porque, se dependêssemos somente do Estado, os serviços estariam encerra-dos”, afirma.

Sobre o futuro do Sistema Único de Saúde (SUS), a secretária diz que, se não forem injetados recursos, a gestão não irá evoluir. “O SUS é um sistema que deu cer-

to. Só que, para o seu funcionamento, pre-cisamos alimentá-lo, porque percebemos que, junto a essa crise, existe uma força muito grande para derrubar e enfraque-cer o Sistema e fortalecer empresas priva-das”, avalia. De acordo com ela, maiores investimentos e a priorização de políticas públicas por parte dos entes federados podem ser considerados os pontos-chave para sair da crise. “Temo que, muito em breve, chegará um momento em que não teremos mais recursos para pagar os pro-fissionais e não teremos como cumprir com essa obrigação”, lamenta. Para Cleo-nice, se os repasses estaduais não forem regularizados, a partir de julho ou agos-to não haverá recursos para manter as quatro equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF). O município ainda estuda a redução de algumas secretarias munici-pais, como forma de diminuir gastos.

Gerônimo Paludo

Temos ainda esse agravante, com usuários omitindo o endereço para atendimento em nosso serviço. É

como se fôssemos um município-mãe

ou estivéssemos assumindo uma Gestão

Plena, sem sermos remunerados

por isso.

Redução e incerteza nos repasses difi cultam a assistência e freiam a expansão em Torres

No município de Torres, a expansão da cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi interrompida devido à falta de recursos. Com três Unidades Bá-sicas de Saúde (UBSs) prontas, o secre-tário da Saúde, Gerônimo Paludo, diz ser inviável, pelo menos momentaneamente, montar as equipes necessárias para que o atendimento à população seja iniciado. Isso porque o município não tem como

arcar com esses custos enquanto espe-ra habilitação do Ministério da Saúde. “Também não há garantia de repasses nem a regularidade por parte do Estado”, afirma. Além disso, existe as limitações com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Atualmente, o município gasta 55% da receita em despesa com pessoal,

sendo que o permitido é 54%. Além dos atrasos dos repasses da saú-

de, outro problema que afeta Torres e a totalidade dos municípios do Estado é a redução do valor do Fundo de Participa-ção dos Municípios (FPM) devido à crise. Além das Estratégias de Saúde da Família (ESF), existe um projeto pré-aprovado

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para a construção de uma UPA; porém, as incertezas quanto ao tempo de habilitação e à garantia de repasses impedem que o projeto seja concretizado. Como alterna-tiva, o município conta com uma unidade de Pronto-Atendimento (PA) que, apesar de ter o custo de manutenção equivalen-te a uma UPA tipo 2, no valor de cerca de R$ 650 mil mensais, não possui linhas de financiamento estadual ou federal, restan-do ao município arcar integralmente com o custo de manutenção.

O município, localizado no litoral norte, próximo à divisa com Santa Catarina, tem uma situação atípica em relação aos demais municípios de porte médio do Rio Grande do Sul, possuindo apenas um hospital, que é gerenciado pela iniciativa privada. A insti-tuição trabalha com a porta de emergência referenciada, que recebe somente pacientes atendidos pelo Serviço de Atendimento Mó-vel de Urgência (SAMU) ou pelo Pronto-A-tendimento (PA), categorizados com o nível vermelho para atendimento. “O atendimen-to de todos os demais pacientes é bancado pelo município”, afirma.

Segundo Gerônimo, foi acordado, em agosto de 2015, junto ao Ministério Público Estadual, que os sete municípios da região teriam que se conveniar com Torres para receber atendimento; contudo, apenas três fizeram o processo. “Temos ainda esse agra-vante, com usuários omitindo o endereço para atendimento em nosso serviço. É como se fôssemos um município-mãe ou estivés-semos assumindo uma Gestão Plena, sem sermos remunerados por isso.” O custo ex-tra mensal que acaba sendo financiado por Torres é de aproximadamente R$ 300 mil.

Além de criticar a falta de linha de fi-nanciamento para PA, tanto por parte do Estado como da União, ele considera inade-quado que o hospital privado instalado no município negue-se a receber os pacientes de emergência (com classificação amarela), passando-os para o PA sem que o Estado corte o recurso mensal de R$ 150 mil que a instituição recebe para prestar o serviço. “Antes, a demanda do PA era de cerca de 90 atendimentos. Agora, com a negativa do hospital em prestar a porta de entrada, atendemos mais de 200 pacientes, sem re-muneração alguma”, afirma. “Parece-me uma exigência absurda que foi imposta a Torres pelo MPE, ao mesmo tempo que não encontramos contrapartida alguma do Es-tado para atender essa exigência.”

Segundo o secretário, o município tem a receber cerca de R$ 1,7 milhão do Esta-do. “Os Municípios tiveram que utilizar re-cursos livres para continuar o atendimento durante todo o ano passado e para cobrir os atrasos, já que o Estado não cumpriu sua parte de financiamento”, afirma. Para ele, o ideal seria que as parcelas em atraso vies-sem como recurso livre, de modo que o mu-nicípio consiguisse se recuperar nas áreas que precisou deixar desassistidas para prio-rizar a saúde. “O calendário divulgado não está sendo cumprido e continuamos com a insegurança todos os meses, tendo que usar os recursos livres para fechar as con-tas. Como o recurso é vinculado, quando é pago pelo Estado não podemos usá-lo para outra ação ou serviço de saúde. Precisamos flexibilizar isso.”

Apesar de o município não ter reduzi-do os serviços no seu território, algumas outras medidas foram necessárias. O ser-viço de remoção medicalizada, que custa cerca de R$ 3 mil por deslocamento, re-cebeu um maior controle da regulação e, hoje, em vez de uma média de 5 remoções por mês, foram realizadas duas no perío-do de 5 meses. Se a média anterior fosse mantida, seriam cerca de 25 viagens no período. Há, também, um controle mais rígido nas horas extras, mas, segundo o secretário, não há mais onde reduzir. “A primeira parcela do Projeto Verão, cerca de 40% do valor disponibilizado, só che-gou em fevereiro, quase no final da tem-porada”, diz. “Tivemos que utilizar, mais uma vez, os recursos do município para atender uma população que passa de 38 mil habitantes para quase 400 mil duran-te a virada do ano, sem termos condições de ampliar as equipes.”

Segundo o secretário, embora não te-nha ocorrido uma diminuição assistencial no município, a população sente os efeitos da falta de recursos na demora da reposi-ção de insumos como medicamentos. No entanto, já começa a se agravar a situação nas referências regionais. O secretário con-ta que serviços como a Psiquiatria Infantil de Capão da Canoa e 10 leitos de UTI em Tramandaí fecharam. “Os hospitais e os municípios não estão conseguindo man-ter os serviços com o recurso que o Estado vem repassando, o que tranca as referên-cias que estavam começando a ser cons-truídas no litoral”, lamenta. “Assim, aca-ba-se voltando ‘aos velhos tempos’, com um número grande de decisões judicais e referenciando pacientes para a porta de Urgência e Emergência de Porto Alegre.”

De acordo com Gerônimo, o maior problema da crise é a falta de priorização da área da saúde por parte do Estado, já que os municípios vêm, há muito tempo, fazendo isso. Torres, por exemplo, inves-tiu 19,2% na saúde em 2015. Já que há uma crise nacional, pondera o secretário, é nessa hora que o gestor tem que tomar uma decisão, que seria muito mais técnica do que política, de quais serviços vai aten-der. “Na minha opinião, Saúde, Educação e Segurança são prioridades, e não é o que temos visto, principalmente no âmbito es-tadual. Ou prioriza-se a saúde, ou teremos o ano mais difícil na área desde a criação do SUS”, finaliza.

Na minhaopinião, Saúde,

Educação e Segurança são prioridades, e não é o que temos visto, principalmente no

âmbito estadual. Ou prioriza-se a saúde,

ou teremos o ano mais difícil na área desde a

criação do SUS.

REVISTA COSEMS/RS

Com a falta de fluxos e referências, o número de judicializações tem aumentado significativamente. “Não se consegue dar vazão às demandas em nosso próprio ter-ritório e acabamos sendo atropelados por decisões judiciais. Não há vaga para nada hoje em dia. Se a secretaria tem de cum-prir uma ação judicial na neonatal, por exemplo, fica três ou quatro dias tentando vaga no Estado inteiro e não consegue por-que os hospitais estão fechando serviços e, alguns deles, com salários atrasados e sem perspectiva de recursos novos”, afirma. “Estamos habilitando uma unidade tera-pêutica no município porque as referên-cias que o Estado tem oferecido são muito longe, como em Santo Ângelo. Como ficará a questão da humanização? Como a famí-lia irá visitar esse paciente? Ainda há a di-ficuldade de ir levar e buscar o usuário.”

A partir domomento em que cortamos

o serviço e deixamos de atender os munícipes,

gera-se uma crise política na saúde municipal

pela descontinuidade, e os usuários não

querem saber de quem é a responsabilidade. A população quer ser atendida e cobra do

município.

Emerson Magni da Silva

Instabilidade de repasses faz com que Osório repense serviços

Com o cancelamento e o corte de re-cursos para programas e convênios por parte dos governos federal e estadual, a Secretaria da Saúde de Osório, município localizado no litoral norte do Estado, pas-sou a adequar os serviços à nova realidade financeira. À frente da pasta que recebeu mais de 30% do orçamento municipal em 2015, o secretário Emerson Magni da Sil-va destaca que foram necessários diversos ajustes financeiros para a continuidade dos serviços, muitos deles de responsa-bilidade do Estado. “Estamos mantendo, com recursos próprios, muitas ações que não são atribuições do município, entre elas as especialidades de média complexi-dade e a Saúde Prisional, que atende cerca de 1,3 mil detentos”, diz. “Isso está cau-sando danos em vários setores. Por mais que Saúde e Educação sejam áreas priori-tárias, estamos realizando reuniões perió-dicas para definir o que é mais necessário no momento.”

CHARLES VILELA

/CBR

As perspectivas, segundo Emerson, não são boas. Com o aumento do gasto com a folha de pagamento e na demanda dos usuários, o que deveria ser aplicado na área acaba sendo insuficiente para suprir as necessidades da população. Segundo ele, mesmo investindo-se o dobro do que é previsto por lei e Osório indo além de suas obrigações, quando algum procedi-

mento é reduzido, a população cobra por soluções. “A partir do momento em que cortamos o serviço e deixamos de atender os munícipes, gera-se uma crise política na saúde municipal pela descontinuidade, e os usuários não querem saber de quem é a responsabilidade. A população quer ser atendida e cobra do município.”

Apesar da redução de repasses do Es-tado, Osório está conseguindo, até o mo-mento, manter a maioria dos serviços em saúde. “Alguns procedimentos que não são da cota do Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilizados pela prefeitura foram mantidos, porém, com oferta re-duzida.” No entanto, o secretário observa que o município realiza o remanejamen-to de verbas livres de outras áreas para serem aplicadas na saúde e, assim, man-ter o atendimento.

Além das ações desenvolvidas pelo munícipio, a preocupação do secretário é com aqueles serviços em construção, como a UPA tipo um e um Centro Espe-cializado de Reabilitação (CER) tipo três, que atenderá cerca de 360 mil pessoas de diversos municípios do Litoral Norte. Ele explica que o recurso para a constru-ção das unidades já foi disponibilizado e

que a obra está em bom andamento. No entanto, o que gera temor é o custeio das estruturas quando elas estiverem prontas. “O maior obstáculo está nas habilitações e homologações por parte do Ministério da Saúde. Atualmente, o município aguarda a homologação de uma equipe de Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), que já tem inclusive portaria de habilitação publicada”, afirma. “Como será a abertura dessas unidades? Como custear uma UPA e um CER sem os recursos do Ministério da Saúde? Essa insegurança demonstra a irresponsabilidade dos governos, que não sustentam as políticas que criam.”

Para o secretário, a instabilidade nos repasses em nível estadual e a falta de sustentabilidade dos programas em nível federal resultaram em modificações na forma de gerenciar a Saúde Pública no Es-tado. “Como o município vai abraçar uma política de saúde criada por outros entes sem ter dinheiro para custeá-las? Na vira-da de 2014 para 2015, houve uma redução significativa na disponibilida de recursos da saúde pública do Rio Grande do Sul, e quem sofre com isso é a população”, disse.

O que vem ocorrendo, de acordo com Emerson, é que os municípios estão sen-

CENTRAL

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59

para a construção de uma UPA; porém, as incertezas quanto ao tempo de habilitação e à garantia de repasses impedem que o projeto seja concretizado. Como alterna-tiva, o município conta com uma unidade de Pronto-Atendimento (PA) que, apesar de ter o custo de manutenção equivalen-te a uma UPA tipo 2, no valor de cerca de R$ 650 mil mensais, não possui linhas de financiamento estadual ou federal, restan-do ao município arcar integralmente com o custo de manutenção.

O município, localizado no litoral norte, próximo à divisa com Santa Catarina, tem uma situação atípica em relação aos demais municípios de porte médio do Rio Grande do Sul, possuindo apenas um hospital, que é gerenciado pela iniciativa privada. A insti-tuição trabalha com a porta de emergência referenciada, que recebe somente pacientes atendidos pelo Serviço de Atendimento Mó-vel de Urgência (SAMU) ou pelo Pronto-A-tendimento (PA), categorizados com o nível vermelho para atendimento. “O atendimen-to de todos os demais pacientes é bancado pelo município”, afirma.

Segundo Gerônimo, foi acordado, em agosto de 2015, junto ao Ministério Público Estadual, que os sete municípios da região teriam que se conveniar com Torres para receber atendimento; contudo, apenas três fizeram o processo. “Temos ainda esse agra-vante, com usuários omitindo o endereço para atendimento em nosso serviço. É como se fôssemos um município-mãe ou estivés-semos assumindo uma Gestão Plena, sem sermos remunerados por isso.” O custo ex-tra mensal que acaba sendo financiado por Torres é de aproximadamente R$ 300 mil.

Além de criticar a falta de linha de fi-nanciamento para PA, tanto por parte do Estado como da União, ele considera inade-quado que o hospital privado instalado no município negue-se a receber os pacientes de emergência (com classificação amarela), passando-os para o PA sem que o Estado corte o recurso mensal de R$ 150 mil que a instituição recebe para prestar o serviço. “Antes, a demanda do PA era de cerca de 90 atendimentos. Agora, com a negativa do hospital em prestar a porta de entrada, atendemos mais de 200 pacientes, sem re-muneração alguma”, afirma. “Parece-me uma exigência absurda que foi imposta a Torres pelo MPE, ao mesmo tempo que não encontramos contrapartida alguma do Es-tado para atender essa exigência.”

Segundo o secretário, o município tem a receber cerca de R$ 1,7 milhão do Esta-do. “Os Municípios tiveram que utilizar re-cursos livres para continuar o atendimento durante todo o ano passado e para cobrir os atrasos, já que o Estado não cumpriu sua parte de financiamento”, afirma. Para ele, o ideal seria que as parcelas em atraso vies-sem como recurso livre, de modo que o mu-nicípio consiguisse se recuperar nas áreas que precisou deixar desassistidas para prio-rizar a saúde. “O calendário divulgado não está sendo cumprido e continuamos com a insegurança todos os meses, tendo que usar os recursos livres para fechar as con-tas. Como o recurso é vinculado, quando é pago pelo Estado não podemos usá-lo para outra ação ou serviço de saúde. Precisamos flexibilizar isso.”

Apesar de o município não ter reduzi-do os serviços no seu território, algumas outras medidas foram necessárias. O ser-viço de remoção medicalizada, que custa cerca de R$ 3 mil por deslocamento, re-cebeu um maior controle da regulação e, hoje, em vez de uma média de 5 remoções por mês, foram realizadas duas no perío-do de 5 meses. Se a média anterior fosse mantida, seriam cerca de 25 viagens no período. Há, também, um controle mais rígido nas horas extras, mas, segundo o secretário, não há mais onde reduzir. “A primeira parcela do Projeto Verão, cerca de 40% do valor disponibilizado, só che-gou em fevereiro, quase no final da tem-porada”, diz. “Tivemos que utilizar, mais uma vez, os recursos do município para atender uma população que passa de 38 mil habitantes para quase 400 mil duran-te a virada do ano, sem termos condições de ampliar as equipes.”

Segundo o secretário, embora não te-nha ocorrido uma diminuição assistencial no município, a população sente os efeitos da falta de recursos na demora da reposi-ção de insumos como medicamentos. No entanto, já começa a se agravar a situação nas referências regionais. O secretário con-ta que serviços como a Psiquiatria Infantil de Capão da Canoa e 10 leitos de UTI em Tramandaí fecharam. “Os hospitais e os municípios não estão conseguindo man-ter os serviços com o recurso que o Estado vem repassando, o que tranca as referên-cias que estavam começando a ser cons-truídas no litoral”, lamenta. “Assim, aca-ba-se voltando ‘aos velhos tempos’, com um número grande de decisões judicais e referenciando pacientes para a porta de Urgência e Emergência de Porto Alegre.”

De acordo com Gerônimo, o maior problema da crise é a falta de priorização da área da saúde por parte do Estado, já que os municípios vêm, há muito tempo, fazendo isso. Torres, por exemplo, inves-tiu 19,2% na saúde em 2015. Já que há uma crise nacional, pondera o secretário, é nessa hora que o gestor tem que tomar uma decisão, que seria muito mais técnica do que política, de quais serviços vai aten-der. “Na minha opinião, Saúde, Educação e Segurança são prioridades, e não é o que temos visto, principalmente no âmbito es-tadual. Ou prioriza-se a saúde, ou teremos o ano mais difícil na área desde a criação do SUS”, finaliza.

Na minhaopinião, Saúde,

Educação e Segurança são prioridades, e não é o que temos visto, principalmente no

âmbito estadual. Ou prioriza-se a saúde,

ou teremos o ano mais difícil na área desde a

criação do SUS.

REVISTA COSEMS/RS

Com a falta de fluxos e referências, o número de judicializações tem aumentado significativamente. “Não se consegue dar vazão às demandas em nosso próprio ter-ritório e acabamos sendo atropelados por decisões judiciais. Não há vaga para nada hoje em dia. Se a secretaria tem de cum-prir uma ação judicial na neonatal, por exemplo, fica três ou quatro dias tentando vaga no Estado inteiro e não consegue por-que os hospitais estão fechando serviços e, alguns deles, com salários atrasados e sem perspectiva de recursos novos”, afirma. “Estamos habilitando uma unidade tera-pêutica no município porque as referên-cias que o Estado tem oferecido são muito longe, como em Santo Ângelo. Como ficará a questão da humanização? Como a famí-lia irá visitar esse paciente? Ainda há a di-ficuldade de ir levar e buscar o usuário.”

A partir domomento em que cortamos

o serviço e deixamos de atender os munícipes,

gera-se uma crise política na saúde municipal

pela descontinuidade, e os usuários não

querem saber de quem é a responsabilidade. A população quer ser atendida e cobra do

município.

Emerson Magni da Silva

Instabilidade de repasses faz com que Osório repense serviços

Com o cancelamento e o corte de re-cursos para programas e convênios por parte dos governos federal e estadual, a Secretaria da Saúde de Osório, município localizado no litoral norte do Estado, pas-sou a adequar os serviços à nova realidade financeira. À frente da pasta que recebeu mais de 30% do orçamento municipal em 2015, o secretário Emerson Magni da Sil-va destaca que foram necessários diversos ajustes financeiros para a continuidade dos serviços, muitos deles de responsa-bilidade do Estado. “Estamos mantendo, com recursos próprios, muitas ações que não são atribuições do município, entre elas as especialidades de média complexi-dade e a Saúde Prisional, que atende cerca de 1,3 mil detentos”, diz. “Isso está cau-sando danos em vários setores. Por mais que Saúde e Educação sejam áreas priori-tárias, estamos realizando reuniões perió-dicas para definir o que é mais necessário no momento.”

CHARLES VILELA

/CBR

As perspectivas, segundo Emerson, não são boas. Com o aumento do gasto com a folha de pagamento e na demanda dos usuários, o que deveria ser aplicado na área acaba sendo insuficiente para suprir as necessidades da população. Segundo ele, mesmo investindo-se o dobro do que é previsto por lei e Osório indo além de suas obrigações, quando algum procedi-

mento é reduzido, a população cobra por soluções. “A partir do momento em que cortamos o serviço e deixamos de atender os munícipes, gera-se uma crise política na saúde municipal pela descontinuidade, e os usuários não querem saber de quem é a responsabilidade. A população quer ser atendida e cobra do município.”

Apesar da redução de repasses do Es-tado, Osório está conseguindo, até o mo-mento, manter a maioria dos serviços em saúde. “Alguns procedimentos que não são da cota do Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilizados pela prefeitura foram mantidos, porém, com oferta re-duzida.” No entanto, o secretário observa que o município realiza o remanejamen-to de verbas livres de outras áreas para serem aplicadas na saúde e, assim, man-ter o atendimento.

Além das ações desenvolvidas pelo munícipio, a preocupação do secretário é com aqueles serviços em construção, como a UPA tipo um e um Centro Espe-cializado de Reabilitação (CER) tipo três, que atenderá cerca de 360 mil pessoas de diversos municípios do Litoral Norte. Ele explica que o recurso para a constru-ção das unidades já foi disponibilizado e

que a obra está em bom andamento. No entanto, o que gera temor é o custeio das estruturas quando elas estiverem prontas. “O maior obstáculo está nas habilitações e homologações por parte do Ministério da Saúde. Atualmente, o município aguarda a homologação de uma equipe de Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), que já tem inclusive portaria de habilitação publicada”, afirma. “Como será a abertura dessas unidades? Como custear uma UPA e um CER sem os recursos do Ministério da Saúde? Essa insegurança demonstra a irresponsabilidade dos governos, que não sustentam as políticas que criam.”

Para o secretário, a instabilidade nos repasses em nível estadual e a falta de sustentabilidade dos programas em nível federal resultaram em modificações na forma de gerenciar a Saúde Pública no Es-tado. “Como o município vai abraçar uma política de saúde criada por outros entes sem ter dinheiro para custeá-las? Na vira-da de 2014 para 2015, houve uma redução significativa na disponibilida de recursos da saúde pública do Rio Grande do Sul, e quem sofre com isso é a população”, disse.

O que vem ocorrendo, de acordo com Emerson, é que os municípios estão sen-

CENTRAL

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60 | www.cosemsrs.org.br

Fernando Ritter

Em cincoanos, a participação do município no custeio

de medicamentos saltou de R$ 2 milhões

para R$ 16 milhões, e a contrapartida do

Estado e da União, que era 90% do gasto, agora

representa menos da metade.

Porto Alegre otimiza recursos e prega pactuações mais rígidas que sejam sustentáveis a longo prazo

Na Capital do Estado, uma das medi-das adotadas para o enfrentamento da cri-se foi a criação de um grupo de trabalho para otimizar os recursos disponíveis para a saúde. De acordo com o secretário da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, o objetivo do trabalho é analisar todos os gastos, identificando onde estão as maio-res despesas e se há algum desperdício. “Por mais que imaginássemos que a crise aconteceria, ela foi muito maior do que es-perávamos”, diz. “Então, nos organizamos para enfrentar as dificuldades, como a im-possibilidade de contratar novo pessoal e até mesmo frear a expansão de alguns ser-viços que já estavam implantados.”

nistrativos e os de energia elétrica, tele-fone e papel. Isso evitou que ocorressem surpresas e possibilitou o corte de gastos que poderiam ser suspensos ou reorgani-zados para a manutenção de serviços. “De cada ator da gestão, exigiu-se a participa-ção nessa redução de custos, de modo que fosse verificado o custo real de cada ação, seja de promoção, prevenção, tratamento ou reabilitação”, conta. “Não expandimos em absolutamente nada, e nosso grande objetivo foi não diminuir os serviços pró-prios do município, fazendo mais com os valores que já tínhamos”, explica.

Esse replanejamento foi necessário, pois, além da crise, os municípios en-frentam um problema ainda mais grave: a falta de reajuste nos repasses tanto da União como do Estado. Segundo o secre-

tário, muitos valores não são reajusta-dos há mais de cinco anos e alguns estão há mais de 20 anos sem correção. “Já o custo de procedimentos e ações aumenta anualmente, então, cada vez mais o mu-nicípio tem que deslocar seus recursos próprios de uma área para outra”, diz. No caso dos medicamentos, há cinco anos, Porto Alegre gastava R$ 16 milhões com os insumos, sendo que, desse valor, R$ 14 milhões vinham das esferas estadual e federal. Hoje, sem reajuste algum, Estado e União continuam enviando os mesmos R$ 14 milhões; no entanto, os gastos já chegam a R$ 32 milhões. Toda essa dife-rença é paga por recursos da Prefeitura. Isso obrigou a gestão, em alguns casos, a destinar recursos próprios que seriam uti-lizados em obras de ampliação e melho-

Essa verificação permitiu que a Secre-taria Municipal da Saúde (SMS) planejas-se cada ação de forma global, listando os investimentos, desde aqueles empregados com a hora de trabalho do profissional, até gastos mais simples, como os admi-

CHARLES VILELA

/CBR

do obrigados a se tornarem mais inde-pendentes, afinal, com a diminuição de repasses, os gestores de saúde precisam se adaptar à nova realidade e buscar, dentro de seus orçamentos próprios, os recursos para manter os serviços funcionando. Po-rém, com o tempo, isso gera um ônus in-suportável para os municípios, que ficam com a menor fatia de arrecadação, mas acabam desembolsando muito mais no fi-

nanciamento do SUS. Para ele, a Atenção Básica, que deveria

ser o alicerce da saúde em todos os municí-pios, “está sangrando” com todos os cortes que vem sofrendo no orçamento, o que im-possibilitou avanços e paralisou a abertura de novos serviços, muitos deles já prontos para funcionar, como é o caso da equipe NASF de Osório. “Não vejo perspectiva de melhora. Cada vez mais, nós, municípios,

temos que abraçar a responsabilidade da saúde no Estado, assumindo não só a Aten-ção Básica, como a Média Complexidade e hospitais. Por isso, a saída é dialogar e levar uma alternativa, um caminho para sairmos desse cenário. É o momento de nos unirmos trabalharmos em rede, fazendo pactuações eficientes e pressionando o Estado para que a saúde passe a ser a grande prioridade da política do governo”, finaliza.

REVISTA COSEMS/RS

ções claras a serem controladas pelo Es-tado, e que isso seja, de fato, cumprido, acarretando punições para o município ou para o prestador que não responder adequadamente ao que se propôs. “O ci-dadão já descobriu que acessar pela porta de emergência é mais rápido do que pro-curar a Atenção Básica, passar por um serviço especializado, passar por uma regulação, e, então, chegar a um procedi-mento eletivo. Mas isso acaba rompendo a lógica de organização do sistema.”

Para o secretário, deveria haver um controle mais rigoroso sobre os gastos da União e, principalmente, do Estado, sobre as ações que financiam. “Se seguirmos à risca o que está estabelecido como ações e serviços de saúde, o percentual consti-tucional mínimo de 12% continua a não ser cumprido pelo Estado, pois gastos não relacionados ao SUS não podem ser colocados nessa conta”, diz. Ritter tam-bém critica o que chama de “centralidade” dos recursos da União. “O formato atual de credenciamento e habilitações de pro-gramas e serviços do Ministério da Saú-de é completamente engessado e, muitas vezes, ignora o que foi pactuado em ins-tâncias legais com as Comissões Interges-tores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT).” Para ele, os municípios, através de entida-des como o COSEMS e o CONASEMS, de-vem ter uma posição mais incisiva nessas questões. “Temos que ser mais enérgicos e cobrar uma postura mais equilibrada, mais sustentável e menos política, tanto do Estado quanto da União.”

rias para a aquisição de medicamentos. “Em cinco anos, a participação do muni-cípio saltou de R$ 2 milhões para R$ 16 milhões, e a contrapartida do Estado e da União, que era 90% do gasto, agora repre-senta menos da metade”, avalia.

trimento de outros. “Passamos a investir mais naquele serviço cuja demanda repri-mida fosse elevada, reduzindo o gasto em outros”, explica.

Para o gestor, uma das principais cau-sas do não cumprimento dos repasses do Estado foi, sobretudo, a falta de uma pre-visibilidade real do Orçamento. “Muitos recursos destinados em 2014 não tinham nem orçamento, nem previsibilidade fi-nanceira para suprir as necessidades”, analisa. “As ideias eram fantásticas: a Política de Incentivo Estadual à Qualifi-cação da Atenção Básica em Saúde (PIES) foi fundamental e o incentivo hospitalar também, mas eram investimentos frágeis, que poderiam ser retirados a qualquer momento, como de fato aconteceu.” A fim de evitar essa instabilidade na disponibi-lização de recursos, Ritter defende o fim da lógica de incentivos e propõe o paga-mento por produção, para valorizar o ser-viço realmente entregue à população. “Os municípios têm de cobrar uma ação mais duradoura, que seja uma política perma-nente e não apenas de um determinado governo”, sugere.

Para ele, projetar investimentos frá-geis é tão negativo quanto não prever investimento algum. “Creio que as duas coisas são ruins, e não é a forma como a gestão pública deve agir na prática”, critica. “Criar uma expectativa de inves-timento sem previsibilidade real de onde sairá o recurso é uma espécie de ilusão aos municípios, aos hospitais e à Atenção Básica. Mas ficar na inércia acaba crian-do uma necessidade que obrigará o mu-nicípio expandir de qualquer jeito, pois a carga de doenças aumenta, a população envelhece, os gastos em saúde, especial-mente os de média e alta complexidade, aumentam, e precisamos, de alguma for-ma, responder a isso.”

Outro caminho apontado pelo se-cretário é a necessidade de uma análise apurada para a otimização dos recursos: investir mais naqueles municípios que conseguem ter um melhor controle e re-sultado com os seus gastos. Além disso, para Ritter, uma regulação mais atuante por parte do Estado faz-se necessária. “Enquanto não houver regulação e as pessoas acessarem o serviço na porta que melhor lhe convir, a saúde vai continuar neste caos”, afirma. Também é necessário firmar um contrato que defina pactua-

Se seguirmosà risca o que está

estabelecido como ações e serviços de saúde, o percentual

constitucional mínimo de 12% continua a não

ser cumprido pelo Estado, pois gastos não relacionados

ao SUS não podem ser colocados nessa conta.

Como resultado dessa falta de corre-ção de valores, o município acaba arcando com a maior fatia no financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com Ritter, em 2014 o Estado entrou com 10% do total do investimento, o Gover-no Federal com 45% e Porto Alegre com os 45% restantes. Já em 2015, quando o gasto total com saúde foi de R$ 1,55 bi-lhão, a participação estadual baixou para 7% e o repasse da União foi reduzido a 41%, restando ao município a carga de 52% de investimentos, representado 22% das suas receitas próprias investidas em Saúde Pública.

Dentre a diminuição de repasses es-taduais, Porto Alegre perdeu o chamado extrateto, um valor proveniente do Incen-tivo de Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (IHOSP), que chegava a R$ 49 milhões por ano. O Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia de Porto Ale-gre, por exemplo, produzia mensalmente entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões a mais do que estava no contrato, sendo o va-lor excedente compensado pelo IHOSP. Com o corte do incentivo, desde janeiro de 2015, a produção foi reduzida, sendo necessário otimizar a demanda, dando prioridade para alguns serviços em de-

O formatoatual de

credenciamento e habilitações de

programas e serviços do Ministério da Saúde

é completamente engessado e, muitas vezes, ignora o que

foi pactuado em instâncias legais

com as Comissões Intergestores

Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT).

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Fernando Ritter

Em cincoanos, a participação do município no custeio

de medicamentos saltou de R$ 2 milhões

para R$ 16 milhões, e a contrapartida do

Estado e da União, que era 90% do gasto, agora

representa menos da metade.

Porto Alegre otimiza recursos e prega pactuações mais rígidas que sejam sustentáveis a longo prazo

Na Capital do Estado, uma das medi-das adotadas para o enfrentamento da cri-se foi a criação de um grupo de trabalho para otimizar os recursos disponíveis para a saúde. De acordo com o secretário da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, o objetivo do trabalho é analisar todos os gastos, identificando onde estão as maio-res despesas e se há algum desperdício. “Por mais que imaginássemos que a crise aconteceria, ela foi muito maior do que es-perávamos”, diz. “Então, nos organizamos para enfrentar as dificuldades, como a im-possibilidade de contratar novo pessoal e até mesmo frear a expansão de alguns ser-viços que já estavam implantados.”

nistrativos e os de energia elétrica, tele-fone e papel. Isso evitou que ocorressem surpresas e possibilitou o corte de gastos que poderiam ser suspensos ou reorgani-zados para a manutenção de serviços. “De cada ator da gestão, exigiu-se a participa-ção nessa redução de custos, de modo que fosse verificado o custo real de cada ação, seja de promoção, prevenção, tratamento ou reabilitação”, conta. “Não expandimos em absolutamente nada, e nosso grande objetivo foi não diminuir os serviços pró-prios do município, fazendo mais com os valores que já tínhamos”, explica.

Esse replanejamento foi necessário, pois, além da crise, os municípios en-frentam um problema ainda mais grave: a falta de reajuste nos repasses tanto da União como do Estado. Segundo o secre-

tário, muitos valores não são reajusta-dos há mais de cinco anos e alguns estão há mais de 20 anos sem correção. “Já o custo de procedimentos e ações aumenta anualmente, então, cada vez mais o mu-nicípio tem que deslocar seus recursos próprios de uma área para outra”, diz. No caso dos medicamentos, há cinco anos, Porto Alegre gastava R$ 16 milhões com os insumos, sendo que, desse valor, R$ 14 milhões vinham das esferas estadual e federal. Hoje, sem reajuste algum, Estado e União continuam enviando os mesmos R$ 14 milhões; no entanto, os gastos já chegam a R$ 32 milhões. Toda essa dife-rença é paga por recursos da Prefeitura. Isso obrigou a gestão, em alguns casos, a destinar recursos próprios que seriam uti-lizados em obras de ampliação e melho-

Essa verificação permitiu que a Secre-taria Municipal da Saúde (SMS) planejas-se cada ação de forma global, listando os investimentos, desde aqueles empregados com a hora de trabalho do profissional, até gastos mais simples, como os admi-

CHARLES VILELA

/CBR

do obrigados a se tornarem mais inde-pendentes, afinal, com a diminuição de repasses, os gestores de saúde precisam se adaptar à nova realidade e buscar, dentro de seus orçamentos próprios, os recursos para manter os serviços funcionando. Po-rém, com o tempo, isso gera um ônus in-suportável para os municípios, que ficam com a menor fatia de arrecadação, mas acabam desembolsando muito mais no fi-

nanciamento do SUS. Para ele, a Atenção Básica, que deveria

ser o alicerce da saúde em todos os municí-pios, “está sangrando” com todos os cortes que vem sofrendo no orçamento, o que im-possibilitou avanços e paralisou a abertura de novos serviços, muitos deles já prontos para funcionar, como é o caso da equipe NASF de Osório. “Não vejo perspectiva de melhora. Cada vez mais, nós, municípios,

temos que abraçar a responsabilidade da saúde no Estado, assumindo não só a Aten-ção Básica, como a Média Complexidade e hospitais. Por isso, a saída é dialogar e levar uma alternativa, um caminho para sairmos desse cenário. É o momento de nos unirmos trabalharmos em rede, fazendo pactuações eficientes e pressionando o Estado para que a saúde passe a ser a grande prioridade da política do governo”, finaliza.

REVISTA COSEMS/RS

ções claras a serem controladas pelo Es-tado, e que isso seja, de fato, cumprido, acarretando punições para o município ou para o prestador que não responder adequadamente ao que se propôs. “O ci-dadão já descobriu que acessar pela porta de emergência é mais rápido do que pro-curar a Atenção Básica, passar por um serviço especializado, passar por uma regulação, e, então, chegar a um procedi-mento eletivo. Mas isso acaba rompendo a lógica de organização do sistema.”

Para o secretário, deveria haver um controle mais rigoroso sobre os gastos da União e, principalmente, do Estado, sobre as ações que financiam. “Se seguirmos à risca o que está estabelecido como ações e serviços de saúde, o percentual consti-tucional mínimo de 12% continua a não ser cumprido pelo Estado, pois gastos não relacionados ao SUS não podem ser colocados nessa conta”, diz. Ritter tam-bém critica o que chama de “centralidade” dos recursos da União. “O formato atual de credenciamento e habilitações de pro-gramas e serviços do Ministério da Saú-de é completamente engessado e, muitas vezes, ignora o que foi pactuado em ins-tâncias legais com as Comissões Interges-tores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT).” Para ele, os municípios, através de entida-des como o COSEMS e o CONASEMS, de-vem ter uma posição mais incisiva nessas questões. “Temos que ser mais enérgicos e cobrar uma postura mais equilibrada, mais sustentável e menos política, tanto do Estado quanto da União.”

rias para a aquisição de medicamentos. “Em cinco anos, a participação do muni-cípio saltou de R$ 2 milhões para R$ 16 milhões, e a contrapartida do Estado e da União, que era 90% do gasto, agora repre-senta menos da metade”, avalia.

trimento de outros. “Passamos a investir mais naquele serviço cuja demanda repri-mida fosse elevada, reduzindo o gasto em outros”, explica.

Para o gestor, uma das principais cau-sas do não cumprimento dos repasses do Estado foi, sobretudo, a falta de uma pre-visibilidade real do Orçamento. “Muitos recursos destinados em 2014 não tinham nem orçamento, nem previsibilidade fi-nanceira para suprir as necessidades”, analisa. “As ideias eram fantásticas: a Política de Incentivo Estadual à Qualifi-cação da Atenção Básica em Saúde (PIES) foi fundamental e o incentivo hospitalar também, mas eram investimentos frágeis, que poderiam ser retirados a qualquer momento, como de fato aconteceu.” A fim de evitar essa instabilidade na disponibi-lização de recursos, Ritter defende o fim da lógica de incentivos e propõe o paga-mento por produção, para valorizar o ser-viço realmente entregue à população. “Os municípios têm de cobrar uma ação mais duradoura, que seja uma política perma-nente e não apenas de um determinado governo”, sugere.

Para ele, projetar investimentos frá-geis é tão negativo quanto não prever investimento algum. “Creio que as duas coisas são ruins, e não é a forma como a gestão pública deve agir na prática”, critica. “Criar uma expectativa de inves-timento sem previsibilidade real de onde sairá o recurso é uma espécie de ilusão aos municípios, aos hospitais e à Atenção Básica. Mas ficar na inércia acaba crian-do uma necessidade que obrigará o mu-nicípio expandir de qualquer jeito, pois a carga de doenças aumenta, a população envelhece, os gastos em saúde, especial-mente os de média e alta complexidade, aumentam, e precisamos, de alguma for-ma, responder a isso.”

Outro caminho apontado pelo se-cretário é a necessidade de uma análise apurada para a otimização dos recursos: investir mais naqueles municípios que conseguem ter um melhor controle e re-sultado com os seus gastos. Além disso, para Ritter, uma regulação mais atuante por parte do Estado faz-se necessária. “Enquanto não houver regulação e as pessoas acessarem o serviço na porta que melhor lhe convir, a saúde vai continuar neste caos”, afirma. Também é necessário firmar um contrato que defina pactua-

Se seguirmosà risca o que está

estabelecido como ações e serviços de saúde, o percentual

constitucional mínimo de 12% continua a não

ser cumprido pelo Estado, pois gastos não relacionados

ao SUS não podem ser colocados nessa conta.

Como resultado dessa falta de corre-ção de valores, o município acaba arcando com a maior fatia no financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com Ritter, em 2014 o Estado entrou com 10% do total do investimento, o Gover-no Federal com 45% e Porto Alegre com os 45% restantes. Já em 2015, quando o gasto total com saúde foi de R$ 1,55 bi-lhão, a participação estadual baixou para 7% e o repasse da União foi reduzido a 41%, restando ao município a carga de 52% de investimentos, representado 22% das suas receitas próprias investidas em Saúde Pública.

Dentre a diminuição de repasses es-taduais, Porto Alegre perdeu o chamado extrateto, um valor proveniente do Incen-tivo de Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (IHOSP), que chegava a R$ 49 milhões por ano. O Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia de Porto Ale-gre, por exemplo, produzia mensalmente entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões a mais do que estava no contrato, sendo o va-lor excedente compensado pelo IHOSP. Com o corte do incentivo, desde janeiro de 2015, a produção foi reduzida, sendo necessário otimizar a demanda, dando prioridade para alguns serviços em de-

O formatoatual de

credenciamento e habilitações de

programas e serviços do Ministério da Saúde

é completamente engessado e, muitas vezes, ignora o que

foi pactuado em instâncias legais

com as Comissões Intergestores

Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT).

CENTRAL

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62 | www.cosemsrs.org.br

REVISTA COSEMS/RS - O senhor foi secretário da Saúde do Rio Grande do Sul em 2006, no final do Governo Rigotto, mas, antes, desde 2003, no mesmo governo, desempenhou as funções de diretor-geral e secretário-adjunto na Secretaria Estadual da Saúde (SES). O que mudou na estruturação e qualificação do SUS Estadual desde aquela época até o momento atual, quando o senhor retornou ao comando da Secretaria?JOÃO GABBARDO DOS REIS - Bem, pri-meiro, a realidade é totalmente diferente. Naquela época, os recursos que eram co-locados por parte do tesouro do Estado

eram muito menores. Agora há um mon-tante maior de recursos. Isso qualificou muito o atendimento, melhorando de-terminadas linhas de cuidado, como foi o caso da Urgência e da Emergência, e possibilitando a criação do Centro de Es-pecialidades. Além disso, houve um volu-me de recursos sem vinculação a projetos que foram destinados fundamentalmente para os hospitais, como o Incentivo de Co-financiamento da Assistência Hospitalar (IHOSP), que teve aporte de R$ 300 mi-lhões ao ano. Isso surpreendeu bastante, e identificamos uma situação muito difícil:

um volume de compromissos, contratos e convênios estabelecidos com hospitais e municípios muito superior à capacida-de que o Estado tinha e tem de financiar, com a destinação de recursos muito acima do próprio orçamento. Tivemos de fazer uma adequação de compromissos com os hospitais e os municípios de acordo com o orçamento previsto. Mesmo mantendo os 12% (de investimento na saúde), que é um compromisso deste governo, seria in-suficiente para manter todos os convênios e contratos que haviam sido estabelecidos. A segunda questão é que percebemos que

ENTREVISTAD

IVULGAÇÃO

/SES

Para Gabbardo, assistência deve ser reorganizada a partir da Atenção Básica

O secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo dos Reis, ao mesmo tempo em que se dedica a criar alternativas para responder a uma das mais graves crises econômicas do Estado, luta contra o avanço da dengue e do Zika vírus. Nesta entrevista exclusiva concedida à Revista COSEMS/RS, ele reafirma o compromisso do governo em manter o investimento mínimo de 12% na saúde, mas critica a destinação de recursos pela gestão anterior, com pagamentos que foram além da capacidade de o Estado honrar. Para ele, o aporte de grande parte desses recursos à rede hospitalar, em detrimento da qualificação da Atenção Básica, precisa ser revisto.

Mesmo com o aumento do ICMS, o secretário prevê que 2016 será um ano de muita difi culdade fi nanceira para a área da saúde. Como alternativas para superar o problema, ele sugere a suspensão de novos investimentos e a racionalização e redução de custos

acordo com os municípios para pagar essa dívida em 24 parcelas. O que nos preo-cupa é que em 2016 não vamos ter essas alternativas. Não vamos mais poder fazer o FUNAFIR e teremos de pagar, além das parcelas normais, o empréstimo, para en-tão quitar a dívida com os hospitais e (o parcelamento) com os municípios. A frus-tração que temos é que começamos 2016 com uma tendência de arrecadação menor que em 2015, mesmo com o aumento do ICMS. Em 2016, não teremos mais recur-sos para a saúde do que em 2015, e não teremos mais a possibilidade de usar esses processos criativos para substituir a falta de recursos. É muito preocupante, e creio que os municípios e hospitais têm que agir enfrentando a crise. Não adiantará fazer pressão para conseguir mais dinheiro do Governo Federal ou do Governo Estadual, porque isso não acontecerá. Todo mundo terá de estabelecer uma nova forma de trabalho, com redução de custos. Vamos ter que parar de pensar em novos investi-mentos e garantir este custeio de rede, que está quase impossível atualmente, com os recursos que são disponibilizados.

houve, no período entre a minha saída e o meu retorno (à direção da SES), um di-recionamento muito mais significativo dos recursos para os hospitais do que para os municípios. Os programas municipais ti-veram o volume de recursos aumentados nesse período, mas muito abaixo do que o repassado aos hospitais. Precisamos redis-cutir se essa lógica de financiamento, em que estamos contemplando os hospitais, tornando-os centralizadores do processo, é a mais adequada. Entendemos que não. Acreditamos que devíamos ter o serviço de Atenção Básica funcionando de uma maneira mais resolutiva, com qualificação e amplitude maiores. Isso, com certeza, diminuiria a necessidade das internações hospitalares. Primeiro, porque o hospital não é o local mais adequado para termos nossos pacientes: a estrutura é mais cara, oferece risco de infecção, e acaba-se en-caminhando para os hospitais pessoas que poderiam ser atendidas na rede de um modo mais tranquilo e com um custo muito menor. Isso faz com que filas nos hospitais aumentem, gerando dificuldade para os pacientes que, de fato, precisam desse tipo de atendimento, obrigando-os a competir nas emergências com usuários que não deveriam estar lá, o que atrapa-lha toda a organização do serviço. Nossa ideia é que se deve qualificar esse acolhi-mento na Atenção Básica, reorganizan-do-o, de forma que seja mais resolutivo e priorize não os acessos eventuais, mas os de pacientes com doenças crônicas, como diabéticos e hipertensos. Esse tipo de pa-ciente deveria ser controlado e mantido nas unidades durante todo o período. Isso evitaria uma quantidade enorme de inter-nações e reduziria a mortalidade. Apenas injetar mais dinheiro nos hospitais não re-solve. A ideia é que o serviço de saúde seja reorganizado a partir da Atenção Básica.

REVISTA COSEMS/RS - Portanto, nesse pe-ríodo, o financiamento Estadual cresceu muito, mas foi direcionado prioritariamente para os hospitais? GABBARDO - Sim, para os hospitais. Parte da destinação desses recursos precisa ser rediscutida. Só que depois de esse dinheiro estar com o hospital, fica muito difícil reti-rá-lo. Creio que os novos recursos, e tudo o que for possível remanejar, devem ser in-vestidos na reorganização do atendimento básico, que precisa ser qualificado: não

pode ficar apenas na “consultinha” que, a qualquer problema, encaminha para o hospital. Tem que ser uma Atenção Básica resolutiva e que possa evitar o encaminha-mento desses pacientes para os hospitais.

Precisamos rediscutir se essa lógica de financiamento, que estamos contemplando os hospitais, tornando-

os centralizadores do processo, é a mais

adequada. Entendemos que não.

ENTREVISTA

REVISTA COSEMS/RS - Neste primeiro ano de gestão, quais foram ou serão as principais mo-dificações na condução da política estadual de saúde e o que será mantido em relação ao último governo?GABBARDO – Vamos manter algumas parcerias importantes, como o Telessaú-de. Esse é um projeto que tem que ser am-pliado pois ajuda a qualificar o atendimen-to na rede básica, oferecendo suporte para

REVISTA COSEMS/RS - Qual a sua avaliação sobre os resultados obtidos neste primeiro ano à frente da SES e quais as perspectivas para os próximos três anos de governo?GABBARDO – O nosso principal proble-ma é esta crise financeira que o Estado e o resto do Brasil estão vivendo. No Rio Grande do Sul, ela talvez tenha iniciado um pouco antes dos demais estados. A situação aqui é muito grave, com queda na arrecadação, no desenvolvimento e no PIB. Como temos, na saúde, recursos que são vinculados à receita, existe uma redução ou um não crescimento do inves-timento na mesma proporção do custo do sistema. A inflação na área é muito maior que a inflação normal, e isso não está sen-do acompanhado pelos recursos disponí-veis, tanto do Governo Federal quanto do próprio tesouro do Estado. Conseguimos superar 2015 devido a uma reengenharia financeira por meio do Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospi-tais Privados, sem fins lucrativos, e Hos-pitais Públicos (FUNAFIR), que foi um empréstimo que possibilitou colocar em dia todas as dívidas que tínhamos com os hospitais, datadas de 2014, assim como algumas parcelas de 2015 que não haviam sido pagas pela nossa gestão. Foi dessa maneira que conseguimos chegar até o fi-nal do ano, remanejando recursos de sal-dos de outras contas que tínhamos com o Governo Federal, bem como recursos de outras áreas, que foram transferidos para a área da assistência. Depois, fizemos um

A frustração que temos é que começamos

2016 com uma tendência de arrecadação menor que

em 2015, mesmo com o aumento do ICMS. Em 2016, não teremos mais recursos

para a saúde do que em 2015, e não teremos mais

a possibilidade de usar esses processos criativos para substituir a falta de

recursos.

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REVISTA COSEMS/RS - O senhor foi secretário da Saúde do Rio Grande do Sul em 2006, no final do Governo Rigotto, mas, antes, desde 2003, no mesmo governo, desempenhou as funções de diretor-geral e secretário-adjunto na Secretaria Estadual da Saúde (SES). O que mudou na estruturação e qualificação do SUS Estadual desde aquela época até o momento atual, quando o senhor retornou ao comando da Secretaria?JOÃO GABBARDO DOS REIS - Bem, pri-meiro, a realidade é totalmente diferente. Naquela época, os recursos que eram co-locados por parte do tesouro do Estado

eram muito menores. Agora há um mon-tante maior de recursos. Isso qualificou muito o atendimento, melhorando de-terminadas linhas de cuidado, como foi o caso da Urgência e da Emergência, e possibilitando a criação do Centro de Es-pecialidades. Além disso, houve um volu-me de recursos sem vinculação a projetos que foram destinados fundamentalmente para os hospitais, como o Incentivo de Co-financiamento da Assistência Hospitalar (IHOSP), que teve aporte de R$ 300 mi-lhões ao ano. Isso surpreendeu bastante, e identificamos uma situação muito difícil:

um volume de compromissos, contratos e convênios estabelecidos com hospitais e municípios muito superior à capacida-de que o Estado tinha e tem de financiar, com a destinação de recursos muito acima do próprio orçamento. Tivemos de fazer uma adequação de compromissos com os hospitais e os municípios de acordo com o orçamento previsto. Mesmo mantendo os 12% (de investimento na saúde), que é um compromisso deste governo, seria in-suficiente para manter todos os convênios e contratos que haviam sido estabelecidos. A segunda questão é que percebemos que

ENTREVISTA

DIVULG

AÇÃO/SES

Para Gabbardo, assistência deve ser reorganizada a partir da Atenção Básica

O secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo dos Reis, ao mesmo tempo em que se dedica a criar alternativas para responder a uma das mais graves crises econômicas do Estado, luta contra o avanço da dengue e do Zika vírus. Nesta entrevista exclusiva concedida à Revista COSEMS/RS, ele reafirma o compromisso do governo em manter o investimento mínimo de 12% na saúde, mas critica a destinação de recursos pela gestão anterior, com pagamentos que foram além da capacidade de o Estado honrar. Para ele, o aporte de grande parte desses recursos à rede hospitalar, em detrimento da qualificação da Atenção Básica, precisa ser revisto.

Mesmo com o aumento do ICMS, o secretário prevê que 2016 será um ano de muita difi culdade fi nanceira para a área da saúde. Como alternativas para superar o problema, ele sugere a suspensão de novos investimentos e a racionalização e redução de custos

acordo com os municípios para pagar essa dívida em 24 parcelas. O que nos preo-cupa é que em 2016 não vamos ter essas alternativas. Não vamos mais poder fazer o FUNAFIR e teremos de pagar, além das parcelas normais, o empréstimo, para en-tão quitar a dívida com os hospitais e (o parcelamento) com os municípios. A frus-tração que temos é que começamos 2016 com uma tendência de arrecadação menor que em 2015, mesmo com o aumento do ICMS. Em 2016, não teremos mais recur-sos para a saúde do que em 2015, e não teremos mais a possibilidade de usar esses processos criativos para substituir a falta de recursos. É muito preocupante, e creio que os municípios e hospitais têm que agir enfrentando a crise. Não adiantará fazer pressão para conseguir mais dinheiro do Governo Federal ou do Governo Estadual, porque isso não acontecerá. Todo mundo terá de estabelecer uma nova forma de trabalho, com redução de custos. Vamos ter que parar de pensar em novos investi-mentos e garantir este custeio de rede, que está quase impossível atualmente, com os recursos que são disponibilizados.

houve, no período entre a minha saída e o meu retorno (à direção da SES), um di-recionamento muito mais significativo dos recursos para os hospitais do que para os municípios. Os programas municipais ti-veram o volume de recursos aumentados nesse período, mas muito abaixo do que o repassado aos hospitais. Precisamos redis-cutir se essa lógica de financiamento, em que estamos contemplando os hospitais, tornando-os centralizadores do processo, é a mais adequada. Entendemos que não. Acreditamos que devíamos ter o serviço de Atenção Básica funcionando de uma maneira mais resolutiva, com qualificação e amplitude maiores. Isso, com certeza, diminuiria a necessidade das internações hospitalares. Primeiro, porque o hospital não é o local mais adequado para termos nossos pacientes: a estrutura é mais cara, oferece risco de infecção, e acaba-se en-caminhando para os hospitais pessoas que poderiam ser atendidas na rede de um modo mais tranquilo e com um custo muito menor. Isso faz com que filas nos hospitais aumentem, gerando dificuldade para os pacientes que, de fato, precisam desse tipo de atendimento, obrigando-os a competir nas emergências com usuários que não deveriam estar lá, o que atrapa-lha toda a organização do serviço. Nossa ideia é que se deve qualificar esse acolhi-mento na Atenção Básica, reorganizan-do-o, de forma que seja mais resolutivo e priorize não os acessos eventuais, mas os de pacientes com doenças crônicas, como diabéticos e hipertensos. Esse tipo de pa-ciente deveria ser controlado e mantido nas unidades durante todo o período. Isso evitaria uma quantidade enorme de inter-nações e reduziria a mortalidade. Apenas injetar mais dinheiro nos hospitais não re-solve. A ideia é que o serviço de saúde seja reorganizado a partir da Atenção Básica.

REVISTA COSEMS/RS - Portanto, nesse pe-ríodo, o financiamento Estadual cresceu muito, mas foi direcionado prioritariamente para os hospitais? GABBARDO - Sim, para os hospitais. Parte da destinação desses recursos precisa ser rediscutida. Só que depois de esse dinheiro estar com o hospital, fica muito difícil reti-rá-lo. Creio que os novos recursos, e tudo o que for possível remanejar, devem ser in-vestidos na reorganização do atendimento básico, que precisa ser qualificado: não

pode ficar apenas na “consultinha” que, a qualquer problema, encaminha para o hospital. Tem que ser uma Atenção Básica resolutiva e que possa evitar o encaminha-mento desses pacientes para os hospitais.

Precisamos rediscutir se essa lógica de financiamento, que estamos contemplando os hospitais, tornando-

os centralizadores do processo, é a mais

adequada. Entendemos que não.

ENTREVISTA

REVISTA COSEMS/RS - Neste primeiro ano de gestão, quais foram ou serão as principais mo-dificações na condução da política estadual de saúde e o que será mantido em relação ao último governo?GABBARDO – Vamos manter algumas parcerias importantes, como o Telessaú-de. Esse é um projeto que tem que ser am-pliado pois ajuda a qualificar o atendimen-to na rede básica, oferecendo suporte para

REVISTA COSEMS/RS - Qual a sua avaliação sobre os resultados obtidos neste primeiro ano à frente da SES e quais as perspectivas para os próximos três anos de governo?GABBARDO – O nosso principal proble-ma é esta crise financeira que o Estado e o resto do Brasil estão vivendo. No Rio Grande do Sul, ela talvez tenha iniciado um pouco antes dos demais estados. A situação aqui é muito grave, com queda na arrecadação, no desenvolvimento e no PIB. Como temos, na saúde, recursos que são vinculados à receita, existe uma redução ou um não crescimento do inves-timento na mesma proporção do custo do sistema. A inflação na área é muito maior que a inflação normal, e isso não está sen-do acompanhado pelos recursos disponí-veis, tanto do Governo Federal quanto do próprio tesouro do Estado. Conseguimos superar 2015 devido a uma reengenharia financeira por meio do Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospi-tais Privados, sem fins lucrativos, e Hos-pitais Públicos (FUNAFIR), que foi um empréstimo que possibilitou colocar em dia todas as dívidas que tínhamos com os hospitais, datadas de 2014, assim como algumas parcelas de 2015 que não haviam sido pagas pela nossa gestão. Foi dessa maneira que conseguimos chegar até o fi-nal do ano, remanejando recursos de sal-dos de outras contas que tínhamos com o Governo Federal, bem como recursos de outras áreas, que foram transferidos para a área da assistência. Depois, fizemos um

A frustração que temos é que começamos

2016 com uma tendência de arrecadação menor que

em 2015, mesmo com o aumento do ICMS. Em 2016, não teremos mais recursos

para a saúde do que em 2015, e não teremos mais

a possibilidade de usar esses processos criativos para substituir a falta de

recursos.

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os profissionais que estão no atendimento dessas unidades e fazendo com que espe-cialistas colaborem no encaminhamento de pacientes. Com isso, evita-se filas para os especialistas. Temos, hoje, mais de du-zentas mil pessoas aguardando uma con-sulta especializada, isso sem considerar a demanda de Porto Alegre. Para mim, este é o principal problema do sistema de saú-de do Rio Grande do Sul, também verifi-cado no Brasil: a falta de acesso a determi-nados serviços. Isso ocorre devido à falta de qualificação da Atenção Básica, e espe-ramos superar isso. Quando for realmen-te necessário o encaminhamento, ele será feito, mas teremos diminuído o volume de consultas para as especialidades. Tra-balhar a questão do acesso ao serviço de saúde é uma medida que iniciamos no ano passado e que vamos manter e ampliar em 2016. O que não teremos condições

mos fazer um empréstimo para pagar os hospitais e os municípios. Perceba: o gas-to foi tão superior à receita, que se utilizou os 12% e faltou muito dinheiro. O grande desafio é fazer essa readequação entre os compromissos que o Estado estabeleceu com hospitais e municípios com relação à receita. Foi um processo desvirtuado, em que os compromissos ficaram muito aci-ma dos 12%.

de fazer em relação à gestão passada é a manutenção de determinados incentivos concedidos aos hospitais, como o IHOSP. Já não o tivemos em 2015 e certamente não o teremos em 2016, devendo haver uma descontinuidade nesse sentido. Esta-mos, nesse momento, criando um comitê com a participação de representantes dos hospitais, do COSEMS e da Secretaria da Saúde para rediscutir esses incentivos e a permanência deles, se precisamos am-pliá-los ou diminuí-los. Esse é um tema que apresenta muitas queixas quanto ao modo de execução dos incentivos, às ve-zes, inexplicável. Por que determinados hospitais recebem e outros não? Por que determinadas instituições têm um trata-mento diferenciado de outras? Perdeu-se um pouco de equilíbrio de tratamento aos vários prestadores de serviço. Percebe-mos que há unidades que são melhor re-muneradas, recebendo mais recursos para fazer a mesma coisa que outros serviços fazem com um financiamento muito me-nor. Então, essas injustiças precisam ser analisadas. Não é possível termos crise em determinado conjunto de prestadores e em outros se ter recursos de sobra.

REVISTA COSEMS/RS - O Rio Grande do Sul, historicamente, era um dos estados que me-nos investia em saúde. Em 2003, por exemplo, o gasto foi de 4,32%. Nos últimos anos, e mais especificamente na gestão anterior, devido à regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, esse percentual foi sendo elevado até al-cançar 12,72% em 2014. O atual governo tem garantido que irá manter, no mínimo, 12% de investimento na saúde. Contudo, no último tri-mestre de 2014, e durante praticamente todo o ano de 2015, ocorreram atrasos nos repasses constitucionais aos municípios. Uma das alter-nativas apresentadas pelo Governo do Estado foi a elevação das alíquotas do ICMS, medida que, inclusive, foi apoiada pelo COSEMS na perspectiva da garantia do repasse em dia dos recursos constitucionais à saúde. Qual cenário o senhor prevê a partir de agora em relação à quantidade de recursos a serem investidos pelo Estado e à regularidade dos pagamentos? GABBARDO – O primeiro deles é a ga-rantia do cumprimento da EC 29, com a manutenção do investimento de, no míni-mo, 12% em saúde. Em 2015, mesmo com todos os atrasos ocorridos, o investimento foi de 12,24%. O que quero destacar é que, mesmo cumprindo os 12%, nós precisa-

Boa partedo volume do recurso (novo) ficou em Porto

Alegre. Então, isso não resolve. Se esse recurso

tivesse sido efetivamente disponibilizado para os

hospitais regionais, aí sim haveria descentralização do

atendimento. Mas não foi essa a lógica na destinação

dos recursos. O IHOSP foi estabelecido a partir

de um percentual sobre o faturamento. Logo, a maior parte do recurso ficou com aqueles hospitais que mais

faturavam.

REVISTA COSEMS/RS – E há perspectiva de aumento de arrecadação com a elevação das alíquotas de ICMS? GABBARDO – Infelizmente, não. É mui-to cedo ainda, mas a previsão inicial da Secretaria da Fazenda era que teríamos em torno de R$ 2 bilhões a mais na arre-cadação, o que não deverá acontecer de-vido à crise econômica no País. As empre-sas estão fechando, o comércio não está vendendo, a indústria está produzindo menos. Então, mesmo com o aumento do ICMS, a receita final não vai aumentar. Essa é a dificuldade.

REVISTA COSEMS/RS - Com a destinação de mais recursos do Estado para a saúde nos últimos anos, houve, segundo informação da SES no final de 2014, uma redução na pres-

REVISTA COSEMS/RS

Percebemos que há unidades que são

melhor remuneradas, recebendo mais recursos para fazer a mesma coisa que outros serviços fazem

com um financiamento muito menor. Então,

essas injustiças precisam ser analisadas. Não é possível termos crise em um determinado

conjunto de prestadores e em outros se ter recursos

de sobra.

DIVULG

AÇÃO/SES

O ideal seriaque tivéssemos todos os municípios em Gestão

Plena, para que pudessem controlar a sua média e alta complexidade. Assim, o Estado faria

apenas a organização, o planejamento e o serviço de compensação entre os

vários municípios.

ENTREVISTA

são pelo atendimento em Porto Alegre, pois as regiões passaram a ofertar mais serviços e, portanto, os descentralizaram em parte. De que forma a crise de 2015 e o atraso nos pa-gamentos fez com que essa centralização em Porto Alegre voltasse a ocorrer? GABBARDO – Os dados que temos não mostram que tenha ocorrido uma redu-ção da procura por atendimento em Porto Alegre. Há uma manutenção dos percen-tuais que já vinham ocorrendo nos últimos anos. Não houve aumento nem redução do atendimento em Porto Alegre. Continua a mesma coisa.

que estamos enfrentando uma defasagem dos valores nas tabelas de procedimentos do Ministério da Saúde. Claro que o Minis-tério, nos últimos anos, optou por não rea-justar a tabela e repassar recursos através da criação de incentivos. Muitas vezes, não é justo dizer que “a tabela está paralisada”. Sim, ela está congelada, mas houve aporte de recursos através de novos incentivos; mesmo assim, isso não é o suficiente. Des-sa forma, fica muito difícil para os hospi-tais manterem o equilíbrio financeiro. A crise é permanente, mas não tenho ne-nhuma dúvida de que há uma necessidade de melhoria na gestão dos hospitais. Mas só a melhoria da gestão não resolveria esse problema. Muitas vezes sou critica-do por falar na questão da gestão, porque todo mundo só quer dizer que o problema é a falta de dinheiro. É falta de dinheiro, sim, mas, também, de gestão. Penso que ela poderia melhorar entre 10 e 15% o dé-ficit que temos, mas o déficit não se resu-me a isso. Creio que chega a 50%, 70%. Então, precisaríamos ter mais dinheiro e melhorar a gestão para equilibrar. E esse “ter mais dinheiro” refere-se ao governo federal, pois os municípios estão fazendo a sua parte, colocando muito mais recur-sos que a emenda constitucional estabe-lece. Os Estados, também. Já os recursos federais têm reduzido proporcionalmente nos últimos anos. O Ministério da Saúde não consegue reajustar os valores das ta-belas e há muita dificuldade em habilitar novos serviços. Temos serviços de oncolo-gia e UTIs funcionando sem habilitação. Quem está bancando isso é o Estado e os municípios. Hoje, temos hospitais com UTIs prontas, mas fechadas porque não há quem financie. Em Santa Rosa, por exemplo, temos uma UTI pronta e equi-pada aguardando habilitação para iniciar o funcionamento. É a mesma situação em relação às UPAs que estão prontas no Es-tado. Se o Ministério conseguisse repassar mais recursos, poderíamos abri-las, e isso certamente reduziria um pouco o fluxo de pacientes nos hospitais.

REVISTA COSEMS/RS - O senhor tem uma ideia de quanto mais em recursos federais, por ano, seria necessário para solucionar ou amenizar a falta de recursos para a saúde do Estado?GABBARDO – Para mantermos os ser-viços existentes hoje sem habilitar nada novo, temos um déficit de R$ 20 milhões

por mês. Precisaríamos de R$ 240 mi-lhões a mais por ano do Governo Federal para manter esses serviços, sem pensar em novos investimentos, sem considerar a abertura das UPAs que não estão funcio-nando e sem melhorar o pagamento para os hospitais.

Precisaríamos de R$ 240 milhões a mais

por ano do Governo Federal para manter os serviços que

estão em funcionamento hoje, sem pensar em

novos investimentos, sem considerar a abertura

das UPAs que não estão funcionando e sem melhorar

o pagamento para os hospitais.

REVISTA COSEMS/RS - Como o senhor acredita que deve ser o papel do Estado no financia-mento dos três níveis de atenção? GABBARDO – Creio que o financiamento deva ser compartilhado nos três níveis de atenção. Mesmo no recurso da Atenção Básica, em que parte vem do PAB fixo e variável do Ministério da Saúde, há tam-bém recursos do Estado. Acho que não deve existir essa distinção de financia-mento pelos três níveis. O que para mim é muito claro e desejável é que haja uma distribuição de atribuições e compromis-sos. O município deve ser o responsável pela Atenção Básica; não que tenha que bancá-la sozinho, mas sim ser responsá-vel por geri-la. O ideal seria que tivésse-mos todos os municípios em Gestão Plena, para que pudessem controlar a sua média e alta complexidade. Assim, o Estado faria apenas a organização, o planejamento e o serviço de compensação entre os vários municípios. Como isso não acontece, o Rio Grande do Sul fica responsável por esses serviços. Então, entendo que o financia-mento não deve ter essa distinção, mas os níveis de gestão precisariam ser melhora-dos e simplificados. Atualmente, o proces-so é muito complexo, com muitas portarias, normas e legislações que tratam do mesmo tema. Penso que o Ministério da Saúde de-

REVISTA COSEMS/RS – Mas não deveria ter ocorrido um impacto com o aumento do inves-timento em saúde na maior descentralização do atendimento para as regiões, desconcen-trando-o de Porto Alegre?GABBARDO - Mas boa parte do volume do recurso (novo) ficou em Porto Alegre, com a Santa Casa, com a PUC e com o Hospi-tal Conceição. Então, isso não resolve. Se esse recurso tivesse sido efetivamente dis-ponibilizado para os hospitais regionais, como os de Cruz Alta, Santa Rosa, Pas-so Fundo, Pelotas e Rio Grande, se esses hospitais tivessem um aporte maior de recursos, aí sim haveria descentralização do atendimento. Mas não foi essa a lógica na destinação dos recursos. O IHOSP foi estabelecido a partir de um percentual so-bre o faturamento. Logo, a maior parte do recurso ficou com aqueles hospitais que mais faturavam. E quais são os hospitais que mais faturam? Os de Porto Alegre. Isso não significa que Porto Alegre também não necessite de recursos. O problema é

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65

os profissionais que estão no atendimento dessas unidades e fazendo com que espe-cialistas colaborem no encaminhamento de pacientes. Com isso, evita-se filas para os especialistas. Temos, hoje, mais de du-zentas mil pessoas aguardando uma con-sulta especializada, isso sem considerar a demanda de Porto Alegre. Para mim, este é o principal problema do sistema de saú-de do Rio Grande do Sul, também verifi-cado no Brasil: a falta de acesso a determi-nados serviços. Isso ocorre devido à falta de qualificação da Atenção Básica, e espe-ramos superar isso. Quando for realmen-te necessário o encaminhamento, ele será feito, mas teremos diminuído o volume de consultas para as especialidades. Tra-balhar a questão do acesso ao serviço de saúde é uma medida que iniciamos no ano passado e que vamos manter e ampliar em 2016. O que não teremos condições

mos fazer um empréstimo para pagar os hospitais e os municípios. Perceba: o gas-to foi tão superior à receita, que se utilizou os 12% e faltou muito dinheiro. O grande desafio é fazer essa readequação entre os compromissos que o Estado estabeleceu com hospitais e municípios com relação à receita. Foi um processo desvirtuado, em que os compromissos ficaram muito aci-ma dos 12%.

de fazer em relação à gestão passada é a manutenção de determinados incentivos concedidos aos hospitais, como o IHOSP. Já não o tivemos em 2015 e certamente não o teremos em 2016, devendo haver uma descontinuidade nesse sentido. Esta-mos, nesse momento, criando um comitê com a participação de representantes dos hospitais, do COSEMS e da Secretaria da Saúde para rediscutir esses incentivos e a permanência deles, se precisamos am-pliá-los ou diminuí-los. Esse é um tema que apresenta muitas queixas quanto ao modo de execução dos incentivos, às ve-zes, inexplicável. Por que determinados hospitais recebem e outros não? Por que determinadas instituições têm um trata-mento diferenciado de outras? Perdeu-se um pouco de equilíbrio de tratamento aos vários prestadores de serviço. Percebe-mos que há unidades que são melhor re-muneradas, recebendo mais recursos para fazer a mesma coisa que outros serviços fazem com um financiamento muito me-nor. Então, essas injustiças precisam ser analisadas. Não é possível termos crise em determinado conjunto de prestadores e em outros se ter recursos de sobra.

REVISTA COSEMS/RS - O Rio Grande do Sul, historicamente, era um dos estados que me-nos investia em saúde. Em 2003, por exemplo, o gasto foi de 4,32%. Nos últimos anos, e mais especificamente na gestão anterior, devido à regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, esse percentual foi sendo elevado até al-cançar 12,72% em 2014. O atual governo tem garantido que irá manter, no mínimo, 12% de investimento na saúde. Contudo, no último tri-mestre de 2014, e durante praticamente todo o ano de 2015, ocorreram atrasos nos repasses constitucionais aos municípios. Uma das alter-nativas apresentadas pelo Governo do Estado foi a elevação das alíquotas do ICMS, medida que, inclusive, foi apoiada pelo COSEMS na perspectiva da garantia do repasse em dia dos recursos constitucionais à saúde. Qual cenário o senhor prevê a partir de agora em relação à quantidade de recursos a serem investidos pelo Estado e à regularidade dos pagamentos? GABBARDO – O primeiro deles é a ga-rantia do cumprimento da EC 29, com a manutenção do investimento de, no míni-mo, 12% em saúde. Em 2015, mesmo com todos os atrasos ocorridos, o investimento foi de 12,24%. O que quero destacar é que, mesmo cumprindo os 12%, nós precisa-

Boa partedo volume do recurso (novo) ficou em Porto

Alegre. Então, isso não resolve. Se esse recurso

tivesse sido efetivamente disponibilizado para os

hospitais regionais, aí sim haveria descentralização do

atendimento. Mas não foi essa a lógica na destinação

dos recursos. O IHOSP foi estabelecido a partir

de um percentual sobre o faturamento. Logo, a maior parte do recurso ficou com aqueles hospitais que mais

faturavam.

REVISTA COSEMS/RS – E há perspectiva de aumento de arrecadação com a elevação das alíquotas de ICMS? GABBARDO – Infelizmente, não. É mui-to cedo ainda, mas a previsão inicial da Secretaria da Fazenda era que teríamos em torno de R$ 2 bilhões a mais na arre-cadação, o que não deverá acontecer de-vido à crise econômica no País. As empre-sas estão fechando, o comércio não está vendendo, a indústria está produzindo menos. Então, mesmo com o aumento do ICMS, a receita final não vai aumentar. Essa é a dificuldade.

REVISTA COSEMS/RS - Com a destinação de mais recursos do Estado para a saúde nos últimos anos, houve, segundo informação da SES no final de 2014, uma redução na pres-

REVISTA COSEMS/RS

Percebemos que há unidades que são

melhor remuneradas, recebendo mais recursos para fazer a mesma coisa que outros serviços fazem

com um financiamento muito menor. Então,

essas injustiças precisam ser analisadas. Não é possível termos crise em um determinado

conjunto de prestadores e em outros se ter recursos

de sobra.

DIVULG

AÇÃO/SES

O ideal seriaque tivéssemos todos os municípios em Gestão

Plena, para que pudessem controlar a sua média e alta complexidade. Assim, o Estado faria

apenas a organização, o planejamento e o serviço de compensação entre os

vários municípios.

ENTREVISTA

são pelo atendimento em Porto Alegre, pois as regiões passaram a ofertar mais serviços e, portanto, os descentralizaram em parte. De que forma a crise de 2015 e o atraso nos pa-gamentos fez com que essa centralização em Porto Alegre voltasse a ocorrer? GABBARDO – Os dados que temos não mostram que tenha ocorrido uma redu-ção da procura por atendimento em Porto Alegre. Há uma manutenção dos percen-tuais que já vinham ocorrendo nos últimos anos. Não houve aumento nem redução do atendimento em Porto Alegre. Continua a mesma coisa.

que estamos enfrentando uma defasagem dos valores nas tabelas de procedimentos do Ministério da Saúde. Claro que o Minis-tério, nos últimos anos, optou por não rea-justar a tabela e repassar recursos através da criação de incentivos. Muitas vezes, não é justo dizer que “a tabela está paralisada”. Sim, ela está congelada, mas houve aporte de recursos através de novos incentivos; mesmo assim, isso não é o suficiente. Des-sa forma, fica muito difícil para os hospi-tais manterem o equilíbrio financeiro. A crise é permanente, mas não tenho ne-nhuma dúvida de que há uma necessidade de melhoria na gestão dos hospitais. Mas só a melhoria da gestão não resolveria esse problema. Muitas vezes sou critica-do por falar na questão da gestão, porque todo mundo só quer dizer que o problema é a falta de dinheiro. É falta de dinheiro, sim, mas, também, de gestão. Penso que ela poderia melhorar entre 10 e 15% o dé-ficit que temos, mas o déficit não se resu-me a isso. Creio que chega a 50%, 70%. Então, precisaríamos ter mais dinheiro e melhorar a gestão para equilibrar. E esse “ter mais dinheiro” refere-se ao governo federal, pois os municípios estão fazendo a sua parte, colocando muito mais recur-sos que a emenda constitucional estabe-lece. Os Estados, também. Já os recursos federais têm reduzido proporcionalmente nos últimos anos. O Ministério da Saúde não consegue reajustar os valores das ta-belas e há muita dificuldade em habilitar novos serviços. Temos serviços de oncolo-gia e UTIs funcionando sem habilitação. Quem está bancando isso é o Estado e os municípios. Hoje, temos hospitais com UTIs prontas, mas fechadas porque não há quem financie. Em Santa Rosa, por exemplo, temos uma UTI pronta e equi-pada aguardando habilitação para iniciar o funcionamento. É a mesma situação em relação às UPAs que estão prontas no Es-tado. Se o Ministério conseguisse repassar mais recursos, poderíamos abri-las, e isso certamente reduziria um pouco o fluxo de pacientes nos hospitais.

REVISTA COSEMS/RS - O senhor tem uma ideia de quanto mais em recursos federais, por ano, seria necessário para solucionar ou amenizar a falta de recursos para a saúde do Estado?GABBARDO – Para mantermos os ser-viços existentes hoje sem habilitar nada novo, temos um déficit de R$ 20 milhões

por mês. Precisaríamos de R$ 240 mi-lhões a mais por ano do Governo Federal para manter esses serviços, sem pensar em novos investimentos, sem considerar a abertura das UPAs que não estão funcio-nando e sem melhorar o pagamento para os hospitais.

Precisaríamos de R$ 240 milhões a mais

por ano do Governo Federal para manter os serviços que

estão em funcionamento hoje, sem pensar em

novos investimentos, sem considerar a abertura

das UPAs que não estão funcionando e sem melhorar

o pagamento para os hospitais.

REVISTA COSEMS/RS - Como o senhor acredita que deve ser o papel do Estado no financia-mento dos três níveis de atenção? GABBARDO – Creio que o financiamento deva ser compartilhado nos três níveis de atenção. Mesmo no recurso da Atenção Básica, em que parte vem do PAB fixo e variável do Ministério da Saúde, há tam-bém recursos do Estado. Acho que não deve existir essa distinção de financia-mento pelos três níveis. O que para mim é muito claro e desejável é que haja uma distribuição de atribuições e compromis-sos. O município deve ser o responsável pela Atenção Básica; não que tenha que bancá-la sozinho, mas sim ser responsá-vel por geri-la. O ideal seria que tivésse-mos todos os municípios em Gestão Plena, para que pudessem controlar a sua média e alta complexidade. Assim, o Estado faria apenas a organização, o planejamento e o serviço de compensação entre os vários municípios. Como isso não acontece, o Rio Grande do Sul fica responsável por esses serviços. Então, entendo que o financia-mento não deve ter essa distinção, mas os níveis de gestão precisariam ser melhora-dos e simplificados. Atualmente, o proces-so é muito complexo, com muitas portarias, normas e legislações que tratam do mesmo tema. Penso que o Ministério da Saúde de-

REVISTA COSEMS/RS – Mas não deveria ter ocorrido um impacto com o aumento do inves-timento em saúde na maior descentralização do atendimento para as regiões, desconcen-trando-o de Porto Alegre?GABBARDO - Mas boa parte do volume do recurso (novo) ficou em Porto Alegre, com a Santa Casa, com a PUC e com o Hospi-tal Conceição. Então, isso não resolve. Se esse recurso tivesse sido efetivamente dis-ponibilizado para os hospitais regionais, como os de Cruz Alta, Santa Rosa, Pas-so Fundo, Pelotas e Rio Grande, se esses hospitais tivessem um aporte maior de recursos, aí sim haveria descentralização do atendimento. Mas não foi essa a lógica na destinação dos recursos. O IHOSP foi estabelecido a partir de um percentual so-bre o faturamento. Logo, a maior parte do recurso ficou com aqueles hospitais que mais faturavam. E quais são os hospitais que mais faturam? Os de Porto Alegre. Isso não significa que Porto Alegre também não necessite de recursos. O problema é

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veria fazer uma simplificação de tudo isso nas transferências de recursos, diminuindo essas “caixinhas” com exigências de que tal recurso é somente para isso e tal recurso é para aquilo. Creio que, muitas vezes, dedi-ca-se uma maior quantidade de recursos para fazer a gestão desse processo em vez de efetivamente aplicá-lo.

REVISTA COSEMS/RS - Uma das críticas dos mu-nicípios à SES sempre foi em relação ao baixo desempenho operacional das Coordenadorias Regionais na descentralização da gestão e no apoio aos municípios. Embora nos últimos anos tenha ocorrido uma evolução nesse sentido, há a necessidade de uma melhor qualidade de apoio que reflita na política de saúde como um todo. Como o senhor vê essas estruturas hoje e como o atual governo pretende operá-las? GABBARDO – Nos últimos anos, houve uma qualificação expressiva nas estruturas regionais, que receberam recursos e um número importante de funcionários atra-vés de concursos e nomeações. Temos tra-balhado insistentemente para melhorar as orientações para as nossas coordenadorias, pois entendemos que é muito importante o papel dessas estruturas no processo de reorganização e rediscussão dos fluxos de atendimento nas regiões. Para isso, é ne-cessário que se tenha um espaço regional mais ágil e que não atue apenas sob o viés de fiscalização. Queremos, sim, um proces-so de integração, de planejamento, de reor-ganização, porque não se pode estabelecer que, no município, as coisas aconteçam sempre dentro de um determinado limite

geográfico. Os municípios não vão atender a todas as necessidades dos pacientes, nem é desejável que seja assim; então, há uma necessidade de se estabelecer estudos dos encaminhamentos dos pacientes e, para isso, não podemos deixar os municípios sozinhos nessa definição. Deve haver uma coordenadoria que conheça, efetivamente, todas as necessidades daquela região, que tenha um levantamento da oferta de servi-ço de toda capacidade instalada e que pos-sa reorganizar isso em fluxos lógicos. Hoje, vemos alguns encaminhamentos em que os pacientes poderiam ter sido atendidos mais próximos de sua residência, mas que, de uma forma inexplicável, receberam atendi-mento em locais mais distantes. Isso tem de ser visto pelas coordenadorias. REVISTA COSEMS/RS – O Decreto nº 7.508, que trata do COAP, é de 2011. Por diversas vezes, o Ministério da Saúde ensaiou efetivá-lo, mas o processo praticamente estacionou. Como o Estado percebe esse tema quanto à sua impor-tância? Pretende efetivá-lo? Em caso positivo, em que prazo? E o que está sendo feito para que isso ocorra?GABBARDO – Esse processo não evoluiu porque é muito complexo, muito difícil de se tornar prático. Tanto que somente dois Estados da Federação o implementaram. O que estamos tentando é fazer que o Mi-nistério da Saúde reveja toda a legislação dessa proposta, que é boa na sua essência, mas tem de ser simplificada para que os Estados possam participar. O problema está no número de informações envolvi-

das, que é muito grande e gera uma neces-sidade de trabalho de atividade de meio muito maior do que a finalidade. Quanto aos incentivos, estamos criando uma nova série de regulações para fazer as transfe-rências dos recursos. Tem de simplificar isso em responsabilidade e criar critérios mais transparentes e mais simples para transferir recursos. Temos trabalhado isso por meio do Conselho Nacional de Secre-tários de Saúde (CONASS), e creio que o Ministério da Saúde irá se dispor a discutir esse processo de simplificação.

Deve haveruma coordenadoria que conheça, efetivamente, todas as necessidades

daquela região, que tenha um levantamento da

oferta de serviço de toda capacidade instalada e que possa reorganizar isso em

fluxos lógicos.

CLAITON D

ORN

ELLES/CBR

REVISTA COSEMS/RS - Há uma perspectiva de ampliação da Atenção Básica? GABBARDO – Em 2014, 68,29% da popu-lação contava com cobertura das equipes de Atenção Básica e a meta para 2015 era de 70%. O índice desejado programado no Plano Plurianual 2016-2019 é de 64,67%. Em 2015 não tivemos o aumento que es-perávamos, que seria o resultado prático de não colocar mais recursos nos hospi-tais e ampliar os programas municipais. Contudo, impedimos a tendência de cres-cimento do investimento nos hospitais e de redução dos valores em coberturas e programas de Atenção Básica. Se a CPMF for aprovada e tivermos mais recursos na saúde, nossa ideia é que este recurso seja colocado nos programas de Atenção Bási-ca. Para o Estado, viria em torno de R$ 1,2 bilhão a mais ao ano, se 0,09% do tributo for destinado para os Estados, 0,09% para os Municípios e 0,20% para a União, tota-lizando 0,38%.

REVISTA COSEMS/RS - Desde o início da gestão, o senhor teve uma postura bastante corajosa ao criticar a centralização de cerca de 70% dos re-

Em 2015, no Congresso do COSEMS/RS, Gabbardo defendeu a qualifi cação da Atenção Básica para reduzir internações desnecessárias

REVISTA COSEMS/RS

cursos do Estado nos hospitais filantrópicos e ao defender a Atenção Básica como prioritária na linha de cuidado e como forma de evitar ou reduzir as internações desnecessárias. Esse enfrentamento público, inédito até então, já teve algum resultado? GABBARDO – Creio que sim. Primeiro, no momento em que pegamos todo o valor da dívida com os municípios e o repactua-mos para efetuar o pagamento em 24 par-celas. Alguns haviam recebido boa parte dos incentivos até a metade daquele ano. Em alguns, o atraso chegava a 9 meses: havia programas pagos até março, e nada mais. Conseguimos isso à medida que não colocamos mais recursos na rede hospita-lar. Assim, tivemos dinheiro para investir nos municípios. Este ano, faremos um esforço para manter os pagamentos em dia e não haver mais atrasos. Então, este é um resultado prático. Ao não colocar mais recursos nos hospitais, acreditamos que não se criará uma dívida tão grande com os municípios, porque isso nos des-moraliza no processo de busca por adesão a vários programas. Como vamos chegar no prefeito e solicitar que ele aumente o Programa Infância Melhor (PIM) ou que coloque mais equipes de Saúde da Família se não há a garantia do recurso? O melhor resultado ocorreria se tivéssemos mais recursos para incentivar e estimular a Atenção Básica na prática, mas ainda não conseguimos aumentar a cobertura.

REVISTA COSEMS/RS – O Brasil enfrenta uma cru-zada difícil em relação ao controle do Aedes e das doenças causadas pelo mosquito. Tendo em vista que a dengue é uma doença conhecida, o senhor acredita que houve uma falha da política públi-ca de prevenção? Como o senhor avalia o modo como esse trabalho vem sendo desempenhado? É possível, nesse momento, prever um resultado? GABBARDO – Creio que houve, sim, uma fa-lha, e não somente no combate ao mosquito, especificamente. Acho que a falha principal é que, para resolvermos a questão, é preci-so investir em saneamento. Então, estamos tentando resolver o problema do mosquito em uma região do País em que não há água tratada, onde as pessoas recebem água de ca-minhão-pipa. Não adianta pensar no comba-te ao mosquito agindo dessa forma. Enquan-to não se fizer um investimento na qualidade da água oferecida às pessoas e na qualidade do saneamento básico, sempre haverá fa-lhas. Não estamos trabalhando e tentando resolver o problema na sua base. Estamos tentando pegar um processo pela metade, que é a criação do mosquito, combatendo o seu criadouro colocando larvicida e veneno. Mas o mosquito vai voltar. Em relação à es-tratégia de combate ao Aedes, creio que fa-lhamos também, pois há uma tendência de a gente partir da premissa de matar o mos-quito, usando o larvicida e o inseticida, quan-do o mais adequado seria impedir a criação do mosquito. Nós precisamos trabalhar na prevenção dos criadouros e isso se faz, fun-damentalmente, com as pessoas: as famílias trabalhando em suas residências e o gover-no fazendo a sua parte, oferecendo água e saneamento básico. Por isso, não é possível prever um desfecho nesse momento. Creio que vamos conviver com isso por muito tem-

Ao não colocarmais recursos nos hospitais,

acreditamos que não se criará uma dívida tão

grande com os municípios, porque isso nos desmoraliza

no processo de busca por adesão a vários programas.

Como vamos chegar no prefeito e solicitar que

ele aumente o Programa Infância Melhor (PIM) ou

que coloque mais equipes de Saúde da Família se não há a

garantia do recurso?

po. O Rio Grande do Sul, nas primeiras 7 se-manas de 2016, registrou 5 vezes mais casos de dengue do que no ano passado. Estamos muito longe de ter um resultado satisfatório em relação a isso. Mas também não acredito que todos esses casos de microcefalia que es-tão sendo noticiados pela imprensa sejam re-correntes do Zika vírus. Avalio que estamos comparando dados de microcefalia recentes com uma estatística passada e irreal, pois es-ses dados estavam subnotificados, por não ser (a microcefalia) uma doença de comuni-cação compulsória.

REVISTA COSEMS/RS – Qual mensagem o se-nhor gostaria de deixar aos secretários muni-cipais de Saúde? GABBARDO – Que ainda vamos passar um ano muito difícil; que todos os secretários ve-jam 2016 como um ano de crise, buscando racionalizar os gastos, reduzindo-os. Creio que não devemos fazer novos investimen-tos, mas sim tentar usar, da melhor maneira possível, o escasso recurso que teremos em 2016, e esperar que o País tenha uma recu-peração no seu desenvolvimento a partir de 2017, para que possa voltar a ter uma possi-bilidade de melhorar o serviço de saúde.

Acho que afalha principal é que,

para resolvermos a questão, necessita-se investir

em saneamento. Então, estamos tentando resolver

o problema do mosquito em uma região do País em que não há água tratada, onde

as pessoasrecebem água decaminhão-pipa.

João Gabbardo dos Reis é médico, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com especialização em Pediatria pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foi secretário municipal da Saúde em Santa Rosa (1993). Gerenciou o planejamento do Grupo Hospitalar Conceição e chefiou o Departamento de Controle e Avaliação do Ministério da Saúde nas gestões de Adib Jatene, Carlos Albuquerque, Barjas Negri e José Serra. No governo Rigotto, foi diretor-geral, secretário-adjunto e secretário da SES. Também foi superintendente do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal e, em 2015, eleito presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) para a gestão 2015/2016.Fonte: SES/RS

ENTREVISTA

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veria fazer uma simplificação de tudo isso nas transferências de recursos, diminuindo essas “caixinhas” com exigências de que tal recurso é somente para isso e tal recurso é para aquilo. Creio que, muitas vezes, dedi-ca-se uma maior quantidade de recursos para fazer a gestão desse processo em vez de efetivamente aplicá-lo.

REVISTA COSEMS/RS - Uma das críticas dos mu-nicípios à SES sempre foi em relação ao baixo desempenho operacional das Coordenadorias Regionais na descentralização da gestão e no apoio aos municípios. Embora nos últimos anos tenha ocorrido uma evolução nesse sentido, há a necessidade de uma melhor qualidade de apoio que reflita na política de saúde como um todo. Como o senhor vê essas estruturas hoje e como o atual governo pretende operá-las? GABBARDO – Nos últimos anos, houve uma qualificação expressiva nas estruturas regionais, que receberam recursos e um número importante de funcionários atra-vés de concursos e nomeações. Temos tra-balhado insistentemente para melhorar as orientações para as nossas coordenadorias, pois entendemos que é muito importante o papel dessas estruturas no processo de reorganização e rediscussão dos fluxos de atendimento nas regiões. Para isso, é ne-cessário que se tenha um espaço regional mais ágil e que não atue apenas sob o viés de fiscalização. Queremos, sim, um proces-so de integração, de planejamento, de reor-ganização, porque não se pode estabelecer que, no município, as coisas aconteçam sempre dentro de um determinado limite

geográfico. Os municípios não vão atender a todas as necessidades dos pacientes, nem é desejável que seja assim; então, há uma necessidade de se estabelecer estudos dos encaminhamentos dos pacientes e, para isso, não podemos deixar os municípios sozinhos nessa definição. Deve haver uma coordenadoria que conheça, efetivamente, todas as necessidades daquela região, que tenha um levantamento da oferta de servi-ço de toda capacidade instalada e que pos-sa reorganizar isso em fluxos lógicos. Hoje, vemos alguns encaminhamentos em que os pacientes poderiam ter sido atendidos mais próximos de sua residência, mas que, de uma forma inexplicável, receberam atendi-mento em locais mais distantes. Isso tem de ser visto pelas coordenadorias. REVISTA COSEMS/RS – O Decreto nº 7.508, que trata do COAP, é de 2011. Por diversas vezes, o Ministério da Saúde ensaiou efetivá-lo, mas o processo praticamente estacionou. Como o Estado percebe esse tema quanto à sua impor-tância? Pretende efetivá-lo? Em caso positivo, em que prazo? E o que está sendo feito para que isso ocorra?GABBARDO – Esse processo não evoluiu porque é muito complexo, muito difícil de se tornar prático. Tanto que somente dois Estados da Federação o implementaram. O que estamos tentando é fazer que o Mi-nistério da Saúde reveja toda a legislação dessa proposta, que é boa na sua essência, mas tem de ser simplificada para que os Estados possam participar. O problema está no número de informações envolvi-

das, que é muito grande e gera uma neces-sidade de trabalho de atividade de meio muito maior do que a finalidade. Quanto aos incentivos, estamos criando uma nova série de regulações para fazer as transfe-rências dos recursos. Tem de simplificar isso em responsabilidade e criar critérios mais transparentes e mais simples para transferir recursos. Temos trabalhado isso por meio do Conselho Nacional de Secre-tários de Saúde (CONASS), e creio que o Ministério da Saúde irá se dispor a discutir esse processo de simplificação.

Deve haveruma coordenadoria que conheça, efetivamente, todas as necessidades

daquela região, que tenha um levantamento da

oferta de serviço de toda capacidade instalada e que possa reorganizar isso em

fluxos lógicos.

CLAITON D

ORN

ELLES/CBR

REVISTA COSEMS/RS - Há uma perspectiva de ampliação da Atenção Básica? GABBARDO – Em 2014, 68,29% da popu-lação contava com cobertura das equipes de Atenção Básica e a meta para 2015 era de 70%. O índice desejado programado no Plano Plurianual 2016-2019 é de 64,67%. Em 2015 não tivemos o aumento que es-perávamos, que seria o resultado prático de não colocar mais recursos nos hospi-tais e ampliar os programas municipais. Contudo, impedimos a tendência de cres-cimento do investimento nos hospitais e de redução dos valores em coberturas e programas de Atenção Básica. Se a CPMF for aprovada e tivermos mais recursos na saúde, nossa ideia é que este recurso seja colocado nos programas de Atenção Bási-ca. Para o Estado, viria em torno de R$ 1,2 bilhão a mais ao ano, se 0,09% do tributo for destinado para os Estados, 0,09% para os Municípios e 0,20% para a União, tota-lizando 0,38%.

REVISTA COSEMS/RS - Desde o início da gestão, o senhor teve uma postura bastante corajosa ao criticar a centralização de cerca de 70% dos re-

Em 2015, no Congresso do COSEMS/RS, Gabbardo defendeu a qualifi cação da Atenção Básica para reduzir internações desnecessárias

REVISTA COSEMS/RS

cursos do Estado nos hospitais filantrópicos e ao defender a Atenção Básica como prioritária na linha de cuidado e como forma de evitar ou reduzir as internações desnecessárias. Esse enfrentamento público, inédito até então, já teve algum resultado? GABBARDO – Creio que sim. Primeiro, no momento em que pegamos todo o valor da dívida com os municípios e o repactua-mos para efetuar o pagamento em 24 par-celas. Alguns haviam recebido boa parte dos incentivos até a metade daquele ano. Em alguns, o atraso chegava a 9 meses: havia programas pagos até março, e nada mais. Conseguimos isso à medida que não colocamos mais recursos na rede hospita-lar. Assim, tivemos dinheiro para investir nos municípios. Este ano, faremos um esforço para manter os pagamentos em dia e não haver mais atrasos. Então, este é um resultado prático. Ao não colocar mais recursos nos hospitais, acreditamos que não se criará uma dívida tão grande com os municípios, porque isso nos des-moraliza no processo de busca por adesão a vários programas. Como vamos chegar no prefeito e solicitar que ele aumente o Programa Infância Melhor (PIM) ou que coloque mais equipes de Saúde da Família se não há a garantia do recurso? O melhor resultado ocorreria se tivéssemos mais recursos para incentivar e estimular a Atenção Básica na prática, mas ainda não conseguimos aumentar a cobertura.

REVISTA COSEMS/RS – O Brasil enfrenta uma cru-zada difícil em relação ao controle do Aedes e das doenças causadas pelo mosquito. Tendo em vista que a dengue é uma doença conhecida, o senhor acredita que houve uma falha da política públi-ca de prevenção? Como o senhor avalia o modo como esse trabalho vem sendo desempenhado? É possível, nesse momento, prever um resultado? GABBARDO – Creio que houve, sim, uma fa-lha, e não somente no combate ao mosquito, especificamente. Acho que a falha principal é que, para resolvermos a questão, é preci-so investir em saneamento. Então, estamos tentando resolver o problema do mosquito em uma região do País em que não há água tratada, onde as pessoas recebem água de ca-minhão-pipa. Não adianta pensar no comba-te ao mosquito agindo dessa forma. Enquan-to não se fizer um investimento na qualidade da água oferecida às pessoas e na qualidade do saneamento básico, sempre haverá fa-lhas. Não estamos trabalhando e tentando resolver o problema na sua base. Estamos tentando pegar um processo pela metade, que é a criação do mosquito, combatendo o seu criadouro colocando larvicida e veneno. Mas o mosquito vai voltar. Em relação à es-tratégia de combate ao Aedes, creio que fa-lhamos também, pois há uma tendência de a gente partir da premissa de matar o mos-quito, usando o larvicida e o inseticida, quan-do o mais adequado seria impedir a criação do mosquito. Nós precisamos trabalhar na prevenção dos criadouros e isso se faz, fun-damentalmente, com as pessoas: as famílias trabalhando em suas residências e o gover-no fazendo a sua parte, oferecendo água e saneamento básico. Por isso, não é possível prever um desfecho nesse momento. Creio que vamos conviver com isso por muito tem-

Ao não colocarmais recursos nos hospitais,

acreditamos que não se criará uma dívida tão

grande com os municípios, porque isso nos desmoraliza

no processo de busca por adesão a vários programas.

Como vamos chegar no prefeito e solicitar que

ele aumente o Programa Infância Melhor (PIM) ou

que coloque mais equipes de Saúde da Família se não há a

garantia do recurso?

po. O Rio Grande do Sul, nas primeiras 7 se-manas de 2016, registrou 5 vezes mais casos de dengue do que no ano passado. Estamos muito longe de ter um resultado satisfatório em relação a isso. Mas também não acredito que todos esses casos de microcefalia que es-tão sendo noticiados pela imprensa sejam re-correntes do Zika vírus. Avalio que estamos comparando dados de microcefalia recentes com uma estatística passada e irreal, pois es-ses dados estavam subnotificados, por não ser (a microcefalia) uma doença de comuni-cação compulsória.

REVISTA COSEMS/RS – Qual mensagem o se-nhor gostaria de deixar aos secretários muni-cipais de Saúde? GABBARDO – Que ainda vamos passar um ano muito difícil; que todos os secretários ve-jam 2016 como um ano de crise, buscando racionalizar os gastos, reduzindo-os. Creio que não devemos fazer novos investimen-tos, mas sim tentar usar, da melhor maneira possível, o escasso recurso que teremos em 2016, e esperar que o País tenha uma recu-peração no seu desenvolvimento a partir de 2017, para que possa voltar a ter uma possi-bilidade de melhorar o serviço de saúde.

Acho que afalha principal é que,

para resolvermos a questão, necessita-se investir

em saneamento. Então, estamos tentando resolver

o problema do mosquito em uma região do País em que não há água tratada, onde

as pessoasrecebem água decaminhão-pipa.

João Gabbardo dos Reis é médico, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com especialização em Pediatria pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foi secretário municipal da Saúde em Santa Rosa (1993). Gerenciou o planejamento do Grupo Hospitalar Conceição e chefiou o Departamento de Controle e Avaliação do Ministério da Saúde nas gestões de Adib Jatene, Carlos Albuquerque, Barjas Negri e José Serra. No governo Rigotto, foi diretor-geral, secretário-adjunto e secretário da SES. Também foi superintendente do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal e, em 2015, eleito presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) para a gestão 2015/2016.Fonte: SES/RS

ENTREVISTA

Page 68: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

68 | www.cosemsrs.org.br

EM PAUTA

Audiência no MPE tratou da entrega de medicamentos por enfermeiros

Conselho das Secretarias Muni-cipais de Saúde (COSEMS/RS) solicitou ao Ministério Público Estadual (MPE), em reunião

realizada no dia 4 de março, em Porto Ale-gre, a intervenção do órgão para garantir que os profi ssionais de enfermagem possam continuar a realizar a entrega de medica-mentos na rede pública de saúde. A iniciativa do COSEMS/RS teve como base a Resolução nº 008/2016 do Conselho Regional de En-fermagem do Rio Grande do Sul (COREN/RS), emitida em janeiro, que veda a entrega de medicamentos por profi ssionais de enfer-magem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem).

O COSEMS/RS solicitou, ainda, que o MPE se manifestasse no sentido de garantir condições operacionais às Secretarias Muni-cipais de Saúde para a continuidade da assis-tência à população, através da entrega de me-dicamentos. Em nota à comunidade gaúcha, o Conselho lamentou que a resolução tenha sido imposta de forma arbitrária, sem a devi-da discussão nas instâncias de gestão pública de Saúde ou controle social, colocando em risco o atendimento dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) ao inviabilizar opera-cionalmente uma atividade básica e essencial em milhares de Unidades Básicas de Saúde, que é a entrega de medicamentos.

Tal medida, se efetivada, demandaria a contratação, em regime de urgência, de mi-lhares de profi ssionais somente para a en-trega de medicamentos, demonstrando uma

é tarefa exclusiva de farmacêuticos, seja em postos de saúde municipais ou pequenos hos-pitais com menos de 50 leitos”.

No dia 9 de março, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul publicou decisão liminar autorizando profi ssionais de enfermagem a entregar medicamentos nas unidades de saú-de de Porto Alegre, determinando a retoma-da imediata desse serviço para a população. Durante o período que vigorou a decisão do COREN/RS, de 28/02/2016 até a publicação da decisão da Justiça Federal, em pelo menos metade das 141 unidades de saúde de Porto Alegre não houve distribuição de remédios à população. Na sequência, municípios como Alvorada, Estrela Velha, Júlio de Castilhos, Santiago e São Sepé obtiveram o mesmo re-sultado favorável na Justiça Federal.

total desconexão com as necessidades da política pública de Saúde e, principalmente, com os interesses da população no que se re-fere a elementos básicos da assistência.

A norma, além de contrariar uma recente decisão do próprio COREN/RS, a de número 137/2012, que determina ser “permitido aos profi ssionais de enfermagem a entrega de medicamentos, defi nido este termo como o simples ato que visa transferir um medica-mento do estoque/prateleira para as mãos do usuário”, contraria ainda a Política Nacional de Atenção Básica, que estabelece normas de trabalho para o conjunto de profi ssionais que integram as equipes de saúde, defi nidas pelo Ministério da Saúde. Soma-se a isso uma ju-risprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerando que a dispensação “não

Fernando Ritter (esq.), de Porto Alegre, e Marcelo Bosio (dir.) e Diego Espíndola, de Piratini, representaram o COSEMS/RS

CHARLES VILELA

/CBRO

SES e COSEMS emitem nota sobre vacinação da gripeAdiantada cinco dias em relação ao

calendário nacional, a Campanha de Va-cinação da Infl uenza 2016 na rede pública de Saúde do Rio Grande do Sul foi iniciada em 25 abril, sendo o “Dia D” no dia 30 e o término da mobilização no dia 20 de maio. Os grupos defi nidos para esta vacinação são aqueles considerados vulneráveis, por apresentarem maior risco de desenvolver quadros graves da doença e até mesmo

serem levados ao óbito após infecção pelo vírus da Infl uenza.

A antecipação da Campanha no Estado considerou o cenário epidemiológico do ví-rus no País e o início da circulação viral no Rio Grande do Sul. Além disso, levou-se em conta o recebimento do quantitativo neces-sário para a Campanha entre os dias 18 e 22/04/2016 e a complexidade da logística de distribuição para cada uma das Unida-

des Básicas de Saúde.A data de 25 de abril foi escolhida

porque, naquele momento, havia plenas condições de se manter o fl uxo normal programado. Por isso, a recomendação da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS) e do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS) foi para que os municípios começassem a vacinação naquela data.

COSEMS/RS articula apoio junto a deputados federais para a aprovação da PEC 01-A/2015

O COSEMS/RS, junto a entidades como o Conselho Nacional de Secretarias Munici-pais de Saúde (CONASEMS), tem realizado ações de articulação junto aos deputados fe-derais, especialmente com os parlamentares do Rio Grande do Sul, para que mantenham voto favorável à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 01-A/2015. A proposta estabelece novos critérios para o in-vestimento da União na Saúde. No dia 22 de março, a proposta foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, com 402 votos a favor e apenas um contrário. Antes de ser encaminhada ao Senado para discussão e votação, a PEC ainda deverá ser submetida à nova votação na Câmara, em segundo turno.

No texto encaminhado pelo COSEMS/RS aos deputados, a entidade aponta que o orça-mento da União para a Saúde em 2016, de apenas R$ 100,25 bilhões, somente será re-alizado se a arrecadação da Receita Corrente Líquida totalizar a estimativa ofi cial de R$ 759 bilhões. “Algo que consideramos difícil de ocorrer diante a manutenção do atual ce-

nário de recessão econômica”, enfatiza o pre-sidente do Conselho, Marcelo Bosio. “Isso, ao certo, agravará o problema histórico de subfi nanciamento do SUS, aumentando ain-da mais a pressão sobre a gestão municipal, que, apesar de ter a obrigação constitucional de destinar 15% para a Saúde, tem investido cerca de 20%, chegando, em alguns casos, a quase 40% da receita própria.”

A PEC 01-A/2015 estabelece novos per-centuais, de forma escalonada, para calcular a aplicação mínima em ações e serviços pú-blicos de Saúde com base na Receita Corren-te Líquida, iniciando, no primeiro ano, em 14,8%, e atingindo, no sétimo ano, 19,4%. A proposta foi inspirada no Projeto de Lei de Iniciativa Popular 321/2013 e baseada no movimento “Saúde+10”, responsável pela coleta de mais de 2,2 milhões de assinaturas favoráveis à destinação de 10% das Receitas Correntes Brutas para o SUS. Para Bosio, a aprovação da PEC 01-A/2015 é de funda-mental importância, pois o Governo, histo-ricamente, somente disponibiliza os valores

mínimos dos recursos previstos em despesas para ações e serviços públicos de Saúde du-rante cada ano, contingenciando o excedente aprovado no orçamento.

Diretoria do COSEMS/RS discutiu diversos assuntos de interesse da gestão municipal de Saúde em encontro com a SES

Proposta que deverá garantir mais recursos da União para a Saúde ainda precisará de segunda votação na Câmara, antes

de ser apreciada pelo Senado

CHARLES VILELA

/CBRAN

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A BORG

ES/CÂMAR

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S DEPUTAD

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EM PAUTA

Secretários municipais reúnem-se com a SES para tratar de temas prioritários à gestão de Saúde

Na primeira quinzena de janeiro, a di-retoria do COSEMS/RS reuniu-se com a Secretaria Estadual da Saúde (SES) para discutir diversos pontos da gestão da Saúde Pública no Estado. Representando o Conse-lho, estiveram presentes o presidente, Mar-celo Bosio (Canoas), a 1ª vice-presidente, Sandra Sperotto (Viamão), a 1ª secretária, Dilma Tessari (Caxias do Sul), o 1º tesourei-ro, Emerson Magni da Silva (Osório), e o 2º tesoureiro, Francisco Solano de Lima (São Vicente do Sul). Representando a SES, es-tavam o secretário Estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, e a coordenadora da As-sessoria Técnica e de Planejamento (Asste-plan), Aglaé Regina da Silva.

Entre os diversos temas discutidos, Gabbardo propôs a simplifi cação na lógica de transferência de incentivos, com acom-panhamento por meio de indicadores. O secretário Francisco de Lima defendeu que fosse considerada, também, a avaliação de

desempenho junto aos usuários. Ficou defi -nida a criação de um grupo para discutir o novo formato. Bosio e Gabbardo acordaram,

ainda, que a discussão sobre a simplifi ca-ção dos incentivos fosse feita com a União através do CONASEMS e do CONASS.

Page 69: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

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EM PAUTA

Audiência no MPE tratou da entrega de medicamentos por enfermeiros

Conselho das Secretarias Muni-cipais de Saúde (COSEMS/RS) solicitou ao Ministério Público Estadual (MPE), em reunião

realizada no dia 4 de março, em Porto Ale-gre, a intervenção do órgão para garantir que os profi ssionais de enfermagem possam continuar a realizar a entrega de medica-mentos na rede pública de saúde. A iniciativa do COSEMS/RS teve como base a Resolução nº 008/2016 do Conselho Regional de En-fermagem do Rio Grande do Sul (COREN/RS), emitida em janeiro, que veda a entrega de medicamentos por profi ssionais de enfer-magem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem).

O COSEMS/RS solicitou, ainda, que o MPE se manifestasse no sentido de garantir condições operacionais às Secretarias Muni-cipais de Saúde para a continuidade da assis-tência à população, através da entrega de me-dicamentos. Em nota à comunidade gaúcha, o Conselho lamentou que a resolução tenha sido imposta de forma arbitrária, sem a devi-da discussão nas instâncias de gestão pública de Saúde ou controle social, colocando em risco o atendimento dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) ao inviabilizar opera-cionalmente uma atividade básica e essencial em milhares de Unidades Básicas de Saúde, que é a entrega de medicamentos.

Tal medida, se efetivada, demandaria a contratação, em regime de urgência, de mi-lhares de profi ssionais somente para a en-trega de medicamentos, demonstrando uma

é tarefa exclusiva de farmacêuticos, seja em postos de saúde municipais ou pequenos hos-pitais com menos de 50 leitos”.

No dia 9 de março, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul publicou decisão liminar autorizando profi ssionais de enfermagem a entregar medicamentos nas unidades de saú-de de Porto Alegre, determinando a retoma-da imediata desse serviço para a população. Durante o período que vigorou a decisão do COREN/RS, de 28/02/2016 até a publicação da decisão da Justiça Federal, em pelo menos metade das 141 unidades de saúde de Porto Alegre não houve distribuição de remédios à população. Na sequência, municípios como Alvorada, Estrela Velha, Júlio de Castilhos, Santiago e São Sepé obtiveram o mesmo re-sultado favorável na Justiça Federal.

total desconexão com as necessidades da política pública de Saúde e, principalmente, com os interesses da população no que se re-fere a elementos básicos da assistência.

A norma, além de contrariar uma recente decisão do próprio COREN/RS, a de número 137/2012, que determina ser “permitido aos profi ssionais de enfermagem a entrega de medicamentos, defi nido este termo como o simples ato que visa transferir um medica-mento do estoque/prateleira para as mãos do usuário”, contraria ainda a Política Nacional de Atenção Básica, que estabelece normas de trabalho para o conjunto de profi ssionais que integram as equipes de saúde, defi nidas pelo Ministério da Saúde. Soma-se a isso uma ju-risprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerando que a dispensação “não

Fernando Ritter (esq.), de Porto Alegre, e Marcelo Bosio (dir.) e Diego Espíndola, de Piratini, representaram o COSEMS/RS

CHARLES VILELA

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SES e COSEMS emitem nota sobre vacinação da gripeAdiantada cinco dias em relação ao

calendário nacional, a Campanha de Va-cinação da Infl uenza 2016 na rede pública de Saúde do Rio Grande do Sul foi iniciada em 25 abril, sendo o “Dia D” no dia 30 e o término da mobilização no dia 20 de maio. Os grupos defi nidos para esta vacinação são aqueles considerados vulneráveis, por apresentarem maior risco de desenvolver quadros graves da doença e até mesmo

serem levados ao óbito após infecção pelo vírus da Infl uenza.

A antecipação da Campanha no Estado considerou o cenário epidemiológico do ví-rus no País e o início da circulação viral no Rio Grande do Sul. Além disso, levou-se em conta o recebimento do quantitativo neces-sário para a Campanha entre os dias 18 e 22/04/2016 e a complexidade da logística de distribuição para cada uma das Unida-

des Básicas de Saúde.A data de 25 de abril foi escolhida

porque, naquele momento, havia plenas condições de se manter o fl uxo normal programado. Por isso, a recomendação da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS) e do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS) foi para que os municípios começassem a vacinação naquela data.

COSEMS/RS articula apoio junto a deputados federais para a aprovação da PEC 01-A/2015

O COSEMS/RS, junto a entidades como o Conselho Nacional de Secretarias Munici-pais de Saúde (CONASEMS), tem realizado ações de articulação junto aos deputados fe-derais, especialmente com os parlamentares do Rio Grande do Sul, para que mantenham voto favorável à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 01-A/2015. A proposta estabelece novos critérios para o in-vestimento da União na Saúde. No dia 22 de março, a proposta foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, com 402 votos a favor e apenas um contrário. Antes de ser encaminhada ao Senado para discussão e votação, a PEC ainda deverá ser submetida à nova votação na Câmara, em segundo turno.

No texto encaminhado pelo COSEMS/RS aos deputados, a entidade aponta que o orça-mento da União para a Saúde em 2016, de apenas R$ 100,25 bilhões, somente será re-alizado se a arrecadação da Receita Corrente Líquida totalizar a estimativa ofi cial de R$ 759 bilhões. “Algo que consideramos difícil de ocorrer diante a manutenção do atual ce-

nário de recessão econômica”, enfatiza o pre-sidente do Conselho, Marcelo Bosio. “Isso, ao certo, agravará o problema histórico de subfi nanciamento do SUS, aumentando ain-da mais a pressão sobre a gestão municipal, que, apesar de ter a obrigação constitucional de destinar 15% para a Saúde, tem investido cerca de 20%, chegando, em alguns casos, a quase 40% da receita própria.”

A PEC 01-A/2015 estabelece novos per-centuais, de forma escalonada, para calcular a aplicação mínima em ações e serviços pú-blicos de Saúde com base na Receita Corren-te Líquida, iniciando, no primeiro ano, em 14,8%, e atingindo, no sétimo ano, 19,4%. A proposta foi inspirada no Projeto de Lei de Iniciativa Popular 321/2013 e baseada no movimento “Saúde+10”, responsável pela coleta de mais de 2,2 milhões de assinaturas favoráveis à destinação de 10% das Receitas Correntes Brutas para o SUS. Para Bosio, a aprovação da PEC 01-A/2015 é de funda-mental importância, pois o Governo, histo-ricamente, somente disponibiliza os valores

mínimos dos recursos previstos em despesas para ações e serviços públicos de Saúde du-rante cada ano, contingenciando o excedente aprovado no orçamento.

Diretoria do COSEMS/RS discutiu diversos assuntos de interesse da gestão municipal de Saúde em encontro com a SES

Proposta que deverá garantir mais recursos da União para a Saúde ainda precisará de segunda votação na Câmara, antes

de ser apreciada pelo Senado

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Secretários municipais reúnem-se com a SES para tratar de temas prioritários à gestão de Saúde

Na primeira quinzena de janeiro, a di-retoria do COSEMS/RS reuniu-se com a Secretaria Estadual da Saúde (SES) para discutir diversos pontos da gestão da Saúde Pública no Estado. Representando o Conse-lho, estiveram presentes o presidente, Mar-celo Bosio (Canoas), a 1ª vice-presidente, Sandra Sperotto (Viamão), a 1ª secretária, Dilma Tessari (Caxias do Sul), o 1º tesourei-ro, Emerson Magni da Silva (Osório), e o 2º tesoureiro, Francisco Solano de Lima (São Vicente do Sul). Representando a SES, es-tavam o secretário Estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, e a coordenadora da As-sessoria Técnica e de Planejamento (Asste-plan), Aglaé Regina da Silva.

Entre os diversos temas discutidos, Gabbardo propôs a simplifi cação na lógica de transferência de incentivos, com acom-panhamento por meio de indicadores. O secretário Francisco de Lima defendeu que fosse considerada, também, a avaliação de

desempenho junto aos usuários. Ficou defi -nida a criação de um grupo para discutir o novo formato. Bosio e Gabbardo acordaram,

ainda, que a discussão sobre a simplifi ca-ção dos incentivos fosse feita com a União através do CONASEMS e do CONASS.

Page 70: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

70 | www.cosemsrs.org.br

Municípios mobilizam-se no combate ao Aedes aegypti

COSEMS/RS lança site direcionado aos gestores

Em janeiro, no lançamento da Sala de Monitoramento de Ações Estratégicas de Combate ao Aedes aegypti, instalada no 6º andar do Centro Administrativo Fernan-do Ferrari, em Porto Alegre, o presidente do COSEMS/RS, Marcelo Bosio, destacou que o momento era de união de esforços de toda a comunidade gaúcha, independen-temente de serem instituições públicas, privadas ou fi lantrópicas, representantes de categorias profi ssionais, sindicatos ou imprensa. “Temos de estar unidos para esse ato de enfrentamento contra o Aedes”, disse. “Se não conseguirmos ter esse foco, provavelmente apresentaremos números que não irão nos orgulhar.”

O presidente do COSEMS/RS destacou a importância da publicação da Portaria nº 12, pactuada na Comissão Intergesto-res Bipartite (CIB) — em que têm assento o COSEMS e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) —, por defi nir as políticas públicas de saúde do Estado e possibilitar uma mu-dança no foco de trabalho dos agentes co-munitários de Saúde, de forma que pudes-sem, a partir de então, realizar o controle vetorial por meio do manejo ambiental, da eliminação de focos e da orientação da população. “Com essa medida, ganhamos uma força de trabalho importante. É o momento em que nós, gestores municipais de Saúde, mais temos que trabalhar para mobilizar nossas comunidades e conscien-

O COSEMS/RS criou um canal direto para os gestores de Saúde informarem--se e terem êxito no combate ao Aedes – a melhor maneira de evitar a dengue, a chikungunya e o Zika vírus. No sitewww.naodeixeoaedesnascer.com.br é pos-sível encontrar notícias, dicas e novidades para intensifi car o trabalhos do município nessa tarefa que deve ser de todos: gestores públicos e comunidade. Para auxiliar na construção da ferramenta, podem ser en-viadas informações e fotos sobre o que os municípios estão fazendo para combater o Aedes. O compartilhamento das iniciativas e de seus respectivos resultados auxiliarão outras Secretarias Municipais de Saúde no trabalho permanente de prevenção.

tizar cada cidadão.” Bosio defendeu a necessidade de a

população ser convocada a se preocupar com seus espaços domésticos e de traba-lho, tendo mais orientações a respeito do descarte de lixo e resíduos não apenas nas residências, mas também nos espaços pú-blicos. “Se cada cidadão não se conscien-tizar e colaborar, possivelmente a própria população que estamos tentando defender sentirá os efeitos desse relaxamento na ati-tude de prevenção individual e coletiva”, afi rmou. “Os secretários da Saúde e os pre-feitos estão engajados para fazer o melhor,

organizando as suas comunidades através dos comitês municipais de modo que pos-samos obter um bom resultado nesta cam-panha”, disse.

Na oportunidade, foi assinado um ter-mo colaborativo entre a SES, o COSEMS e o Sindicato Médico (SIMERS) para a coloca-ção de totens com material informativo so-bre a campanha. O custo com a instalação dos expositores e com a disponibilização de material informativo será de responsabili-dade da entidade sindical; já a elaboração conceitual do material fi cou a cargo da SES e do Telessaúde/RS.

Marcelo Bosio (esq.); o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis; e o secretário municipal da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, no lançamento da campanha “RS Contra o Aedes”

Canal centraliza diversas informações úteis à gestão municipal de Saúde e à população

CHARLES VILELA

/CBRD

IVULGAÇÃO CO

SEMS/RS

REVISTA COSEMS/RS

Page 71: Revista COSEMS/RS - Edição nº 10

Municípios mobilizam-se no combate ao Aedes aegypti

COSEMS/RS lança site direcionado aos gestores

Em janeiro, no lançamento da Sala de Monitoramento de Ações Estratégicas de Combate ao Aedes aegypti, instalada no 6º andar do Centro Administrativo Fernan-do Ferrari, em Porto Alegre, o presidente do COSEMS/RS, Marcelo Bosio, destacou que o momento era de união de esforços de toda a comunidade gaúcha, independen-temente de serem instituições públicas, privadas ou fi lantrópicas, representantes de categorias profi ssionais, sindicatos ou imprensa. “Temos de estar unidos para esse ato de enfrentamento contra o Aedes”, disse. “Se não conseguirmos ter esse foco, provavelmente apresentaremos números que não irão nos orgulhar.”

O presidente do COSEMS/RS destacou a importância da publicação da Portaria nº 12, pactuada na Comissão Intergesto-res Bipartite (CIB) — em que têm assento o COSEMS e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) —, por defi nir as políticas públicas de saúde do Estado e possibilitar uma mu-dança no foco de trabalho dos agentes co-munitários de Saúde, de forma que pudes-sem, a partir de então, realizar o controle vetorial por meio do manejo ambiental, da eliminação de focos e da orientação da população. “Com essa medida, ganhamos uma força de trabalho importante. É o momento em que nós, gestores municipais de Saúde, mais temos que trabalhar para mobilizar nossas comunidades e conscien-

O COSEMS/RS criou um canal direto para os gestores de Saúde informarem--se e terem êxito no combate ao Aedes – a melhor maneira de evitar a dengue, a chikungunya e o Zika vírus. No sitewww.naodeixeoaedesnascer.com.br é pos-sível encontrar notícias, dicas e novidades para intensifi car o trabalhos do município nessa tarefa que deve ser de todos: gestores públicos e comunidade. Para auxiliar na construção da ferramenta, podem ser en-viadas informações e fotos sobre o que os municípios estão fazendo para combater o Aedes. O compartilhamento das iniciativas e de seus respectivos resultados auxiliarão outras Secretarias Municipais de Saúde no trabalho permanente de prevenção.

tizar cada cidadão.” Bosio defendeu a necessidade de a

população ser convocada a se preocupar com seus espaços domésticos e de traba-lho, tendo mais orientações a respeito do descarte de lixo e resíduos não apenas nas residências, mas também nos espaços pú-blicos. “Se cada cidadão não se conscien-tizar e colaborar, possivelmente a própria população que estamos tentando defender sentirá os efeitos desse relaxamento na ati-tude de prevenção individual e coletiva”, afi rmou. “Os secretários da Saúde e os pre-feitos estão engajados para fazer o melhor,

organizando as suas comunidades através dos comitês municipais de modo que pos-samos obter um bom resultado nesta cam-panha”, disse.

Na oportunidade, foi assinado um ter-mo colaborativo entre a SES, o COSEMS e o Sindicato Médico (SIMERS) para a coloca-ção de totens com material informativo so-bre a campanha. O custo com a instalação dos expositores e com a disponibilização de material informativo será de responsabili-dade da entidade sindical; já a elaboração conceitual do material fi cou a cargo da SES e do Telessaúde/RS.

Marcelo Bosio (esq.); o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis; e o secretário municipal da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, no lançamento da campanha “RS Contra o Aedes”

Canal centraliza diversas informações úteis à gestão municipal de Saúde e à população

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