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CREA REVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA v. 14, n. 50, Quarto trimestre de 2015 ISSN 1679-2866 Energia renovável pode ser obtida a partir do biogás Conheça os engenheiros que construíram o patrimônio da Bahia

Revista CREA Bahia Edição 50

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Conheça os engenheiros que construíram o patrimônio da Bahia.

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CREAREVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA

v. 14, n. 50,Quarto trimestre

de 2015

ISSN 1679-2866

Energia renovável pode ser obtida a partir do biogás

Conheça os engenheiros que construíram o patrimônio da Bahia

O trabalho do engenheiro está onde a gente mora, na nossa alimentação,

onde a gente anda e em, praticamente, tudo o que a gente faz.

Nos bons momentos, é símbolo de prosperidade.

Nos dias mais difíceis, representa a esperança, com ações que garantem

que a nossa economia continue girando e o desenvolvimento aconteça.

É por isso que nós não poderíamos deixar de homenagear e reconhecer

o importante papel que os nossos engenheiros desempenham

na sociedade todos os dias.

11/12 - DIA DO ENGENHEIRO

É DIA DE HOMENAGEAR QUEM NOS AJUDA A CONSTRUIR UMA VIDA MELHOR TODOS OS DIAS.

ANR 210x280mm CREA.ai 1 04/12/15 17:04

EDITORIAL

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Esta última edição do ano da Revista do Crea-BA é especial. Traz uma série de assuntos de interesse dos profissionais vinculados ao Conselho e também novos projetos que vão impactar diretamente na melhoria de nossos serviços, como o Escritório de Engenharia Pública e a Câmara de Mediação. O primeiro é fruto de uma parceria com a Prefeitura de Salvador e a Universidade Federal da Bahia e visa dar assistência técnica gratuita para projetos de construção, reforma e ampliação de habitações de interesse social. Abrigará estudantes de vários ramos da engenharia, possibilitando a prática na elaboração de projetos de edificações e urbanização.

O segundo serviço é uma Câmara de Mediação, uma alternativa de resolução de conflitos para assuntos ligados a engenharia. Quando estiver funcionando, quem se sentir prejudicado por alguma obra ou outro assunto relacionado à área de atuação do Crea-BA, poderá dar entrada com um processo e a Câmara de Mediação vai convidar a outra parte para iniciar a negociação. Ainda no primeiro semestre de 2016 deve começar a funcionar.

A revista tem ainda uma reportagem sobre o lançamento do livro “A Engenharia e a História da Bahia”, do escritor e jornalista Jolivaldo Freitas, e da série de vídeos da coleção Engenhar, dirigida pelo jornalista Antônio Pastori. Os projetos foram uma iniciativa do Crea-BA. São dois documentos essenciais para se entender a engenharia atual, com destaque para os grandes nomes que ajudaram a construir os principais marcos da Bahia, como igrejas, casarões e fortes.

Outro assunto importante é a modernização e padronização das inspetorias do Crea-BA, uma das promessas de nossa campanha. No mês de novembro, entregamos mais duas: Paulo Afonso e Santa Maria da Vitória.

A matéria de capa trata de um assunto que está na ordem do dia: a destinação correta dos resíduos sólidos. Além da questão da coleta, existe também o desafio de transformar o material, buscando melhores resultados ambientais e retorno financeiro. Uma das saídas é o biogás, que pode ser transformado em energia elétrica, em gás de cozinha ou combustível.

Boa leitura!

Marco AmigoEng. mecânico, presidente do Crea-BA

O trabalho do engenheiro está onde a gente mora, na nossa alimentação,

onde a gente anda e em, praticamente, tudo o que a gente faz.

Nos bons momentos, é símbolo de prosperidade.

Nos dias mais difíceis, representa a esperança, com ações que garantem

que a nossa economia continue girando e o desenvolvimento aconteça.

É por isso que nós não poderíamos deixar de homenagear e reconhecer

o importante papel que os nossos engenheiros desempenham

na sociedade todos os dias.

11/12 - DIA DO ENGENHEIRO

É DIA DE HOMENAGEAR QUEM NOS AJUDA A CONSTRUIR UMA VIDA MELHOR TODOS OS DIAS.

ANR 210x280mm CREA.ai 1 04/12/15 17:04

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 2015 3

PRESIDENTEEng. Mec. Marco Antônio Amigo

DIRETORIA 20151º. Vice-presidente: Eng. Agrim. Juci Conceição Pita

2º. Vice-presidente: Eng. Químico Paulo Gilberto Silva1º. Diretora Administrativa: Geóloga Marjorie Cseko Nolasco

2º. Diretor Administrativo: Eng. Agrôn. Nilton Sampaio Freire de Melo1º. Diretor Financeiro: Eng. de Seg. do Trabalho

Rodrigo Lobo Braga de Morais2ª. Diretor Financeiro: Eng. Civil Ronald José Souza da Silva

3º. Diretor Financeiro: Eng. de Produção Roberto de Carvalho

CONSELHO EDITORIAL Andersson Ambrósio - Engenharia Elétrica

Antônio Arêas - Engenharia MecânicaHerbert Oliveira - Chefia de gabinete

Karen Daniela - Engenharia CivilManuel Albuquerque - Engenharia Civil

Marjorie Nolasco - GeologiaPaulo Baqueiro - Agronomia

Rodrigo Lobo - Engenharia de SegurançaSilvana Palmeira - Engenharia Química

Assessora de Comunicação Daniela Biscarde

ElaboraçãoTriciclo Comunicação

Comercial da Revista: Triciclo ComunicaçãoLuana Lago (71) 98748-4682 / 3271-0313

Jornalistas Adelmo Borges e Edson Rodrigues

Apoio: Ascom Crea-BA

Foto de capaAdelmo Borges

FotosCOOFIAV - Cooperativa de Trabalho de Profissionais

de Fotografia, Imagem e Audiovisual da Bahia

Projeto gráfico e diagramaçãoAutor Visual / Pery Barreto

ImpressãoGráfica Edigráfica

Tiragem 45 mil exemplares

Nosso endereçoAv. Professor Aloisio de Carvalho Filho, 402, Engenho Velho de Brotas

CEP: 40243-620 – Salvador/BahiaTels (71) 3453-8989 Telecrea (71) 3453-8990

E-mail: [email protected]

As opiniões emitidas nas matérias e artigossão de total responsabilidade de seus autores.

Revista CREA-BA/Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia. Nº 50 (Quarto trimestre de 2015). Salvador: CREA-BA, 2006 - ISSN 1679-2866

Trimestral

1.Engenharia. I. Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia

CDU 72:63 (813.8)CDD 720

ISSN 1679-2866v. 14, n. 50,

quarto trimestre de 2015

08MobilizaçãoAgrônomos contra lei que limita atuação profissional

16NBR 15.575Nova norma impacta na construção civil

22Novidades tecnológicasFique por dentro das últimas invenções

34Petróleo e GásGrupo de Trabalho fará propostas para o setor

36História da Engenharia

Livro e documentário homenageiam grandes construtores

42Livros

Acompanhe as novidades no mercado editorial

44Novas ideias

Conselheiro federal eleito fala de seus planos

Foto: Portal Brasil

26A energia que vem do biogás

Aterro sanitário pode gerar combustível

ESPAÇO DO LEITOR

FALE CONOSCOEnvie sua mensagem com nome completo, e-mail e telefone para os endereços eletrônicos: [email protected] e [email protected]. Lembramos que as mensagens poderão ser resumidas ou adaptadas ao espaço da revista. Siga o Crea-BA nas redes sociais www.facebook.com/creabahia e Twitter: @CreaBahia. Para anunciar, ligue para (71) 98748-4682. Edição online no site: www.creaba.org.br

Sugestão de reportagemSou professor da Uneb (Universidade do Estado da Bahia) e gostei de ver na Revista do Crea-BA o meu ex-colega, contemporâneo e atual diretor da Faculdade Politécnica da Ufba, o ex-jogador de basquete, Luis Campos. Me chamou a atenção o conteúdo das folhas 43 e 44, no tocante aos novos conhecimentos e aos diversos conteúdos afins na formação dos engenheiros.Diante de temas atuais como crise econômica, desperdícios na construção civil, seus resíduos, o desemprego na construção civil, dentre outros, eu pergunto: será que a revista tem interesse em saber a respeito da Contabilidade da Construção Civil? Esta área das Ciências Contábeis também informa a respeito destes temas.

Professor Sérgio Pastori

Salvador

Caro professor. A sugestão será encaminhada ao Conselho Editorial da revista.

Coordenação de Comunicação do Crea-BA

Remuneração profissionalPara a prestação de serviços em uma empresa, qual deve ser a remuneração paga a um profissional legalmente habilitado pelo Crea?

Carlos Júnior -Salvador

Ao profissional legalmente habilitado pelo Crea, com graduação de nível superior ou tecnólogo, cujo contrato de trabalho seja regido pela CLT (empresas privadas ou públicas), deve ser atribuído o piso salarial definido na Lei Federal nº 4.950-A/66.

Para os diplomados pelos cursos regulares superiores mantidos pelas Escolas de Engenharia, de Agronomia, de Geologia, de Geografia, de Meteorologia e afins com curso universitário de quatro anos ou mais, o mínimo é de 6 salários mínimos nacionais para 6 horas trabalhadas.  Para os que trabalham 8 horas, a remuneração corresponde a 8,5 salários mínimos.

Para os diplomados pelos cursos regulares superiores, mantidos pelas Escolas de Engenharia, de Agronomia, de Geologia, de Geografia, de Meteorologia e afins, com curso universitário de menos de quatro anos, o mínimo é de 5 salários mínimos nacionais para 6 horas trabalhadas.  Nesta situação, para os que trabalham 8 horas, a remuneração corresponde a 7,5 salários mínimos.

Os técnicos de nível médio não possuem salário mínimo regulamentado por lei, sendo de livre acordo entre as partes ou, em alguns casos, definido conforme piso estabelecido em acordo coletivo com o sindicato de classe. Entretanto, existe um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional que prevê a fixação do salário mínimo profissional para essa categoria.

Assessoria Técnica do Crea-BA

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#UMA INSPETORIA PERTO DE VOCÊ

“A nova sede marca um importan-te momento da história do Crea em Paulo Afonso. Uma trajetória de mais de duas décadas ao lado da cidade e dos profissionais das áreas de nossa responsabilidade. Este novo espaço é dos funcionários do Crea, dos profissio-nais e da comunidade de toda a região que atendemos”, comenta o inspetor--chefe da Inspetoria de Paulo Afonso, o engenheiro agrônomo Arquimedes Ferreira Faria.

“O atendimento virtual do Crea-BA (pelo site) é muito bom, mas acho im-prescindível que o Conselho também se faça presente de forma material na região. Daí a importância da Inspetoria. Trabalho há cinco anos em Paulo Afonso e percebo a importância da Inspetoria do Crea aqui, organizando e fiscalizan-do o exercício das profissões sob sua responsabilidade”, opina o engenheiro civil Flávio Marcelo de Vasconcelos, que veio do Rio Grande do Norte para traba-lhar na Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).

A acessibilidade do novo prédio é ou-tro ponto a ser destacado. “Toda a sua estrutura foi pensada a partir da ideia de inclusão, ou seja, os aspectos que

citações de registro profissional e de carteiras. Atualmente, a região aten-dida pela Inspetoria abrange, além de Paulo Afonso, os municípios de Abaré, Chorrochó, Glória, Jeremoabo, Macureré, Pedro Alexandre, Rodelas e Santa Brígida. São cerca de 2 mil pro-fissionais ligados ao Crea-BA.

Nas duas solenidades, profissionais da região, acadêmicos e autoridades prestigiaram o evento, destacando a importância dessas requalificações para a melhoria no atendimento.

Em Paulo Afonso, a inspetoria realiza cerca de 4.800 atendimentos anuais, entre orientações, fiscalizações, soli-

DUAS NOVAS INSPETORIAS SÃO INAUGURADASCrea-BA moderniza estrutura de atendimento em Paulo Afonso e Santa Maria da Vitória

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) inaugurou, em novembro, duas nova inspetorias, mantendo, assim, o compromisso da atual gestão de modernizar e padronizar a estrutura do órgão no estado. No dia 6, o presidente Marco Amigo entregou a unidade de

Paulo Afonso e, no dia 27, a de Santa Maria da Vitória.

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Foto: Agenop Comunicação

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INSPETORIA

envolvem a acessibilidade foram idealizados desde a calçada, com piso direcional e rampa para cadeirantes. Todas as divisões de setores permitem que qualquer pro-fissional tenha sua demanda analisada”, destaca Marcos Dantas, técnico em agro-pecuária e diretor administrativo da Caixa de Assistência Profissional do Crea-BA.

Santa Maria da VitóriaEm Santa Maria da Vitória, a 1000 km de Salvador, a nova sede fica em uma rua bem localizada, com diversas vagas de estacionamento nas proximidades. A uni-dade está há 26 anos no município e realiza cerca de 1000 atendimentos anuais, entre eles demandas como solicitação de registro de profissional e de carteiras.

A sede nova possui um auditório para eventos, salas de recepção e atendimento, de fiscalização, reunião e de apoio, além de copa e sanitários. A unidade vai garantir mais espaço, conforto e estrutura de apoio para a inspetoria.

Marco Amigo reforçou, durante a inaugura-ção, que esse é um compromisso da atual gestão, de melhorar as condições de tra-balho dos inspetores e fiscais, assim como o atendimento ao público que procura o Conselho. “Nosso objetivo é oferecer um espaço de interação profissional, além de atuar em conjunto com prefeituras e ór-gãos específicos para trazer mais seguran-ça para a população”, disse o presidente.

Durante o evento, a promotora de Justiça do Ministério Público da Bahia (MP), Luciana Khoury, que também coordena o Núcleo do São Francisco, destacou que o Conselho tem sido um importante parceiro do MP. A pro-motora lembrou que o primeiro trabalho do Núcleo do São Francisco, quando iniciou suas atividades, foi procurar o Crea-BA para ser parceiro nas ações de Fiscalização Preventiva Integrada (FPI). “O conselho baiano é refe-rência para o MP em outros estados”, disse Luciana Khoury.

Também presente à solenidade, o prefeito de Santa Maria da Vitória, Amário Santana, ou Padre Amário, como é conhecido na cidade, destacou a importância de o município ter uma unidade do Crea para respaldar empreen-dimentos e fiscalizar o exercício profissional.

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# RESERVA DE MERCADO

ENGENHEIROS AGRÔNOMOS MOBILIZADOSProfissionais querem barrar lei que limita atuação

Esse projeto é um equívoco, na medida em que tenta proibir que os agrônomos exerçam

suas atribuições originaisPaulo Baqueiro

Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados (PL 1016/2015), de autoria da deputada federal Júlia Marinho, tem causado muita polêmica, colocando de um lado engenheiros agrônomos e médicos veterinários e, do outro, zootecnistas. A proposta da parlamentar é tornar exclusivo o exercício da zootecnia pelos profissionais da área.

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RESERVA DE MERCADO

Por meio da Coordenação Nacional das Câmaras Especializadas de Agronomia, órgão colegiado com representação das Câmaras Especializadas de Agronomia dos 27 estados, está sendo feito um tra-balho organizado de acompanhamento parlamentar, não só do PL 1016/2015, mas também de outros Projetos de Lei que afetam os agrônomos.

Para Paulo Affonso Leiro Baqueiro, engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), e integrante da Câmara Especializada de Agronomia do Crea-BA, esse projeto é um equívoco, na medida em que tenta proibir que os agrônomos exerçam suas atribuições originais.

Segundo ele, ao longo dos anos, o Ministério da Educação e as secretarias estaduais subdividiram, muitas vezes sem consultar o Crea, a agronomia em especializações, como engenharia flo-restal, engenharia agrícola e zootecnia. “Algumas dessas subdivisões têm cau-sado atrito, porém o mais extremo está acontecendo agora com esse projeto de lei”, alerta Baqueiro, que esclarece que a Câmara Especializada de Agronomia do Crea-BA não é contra o exercício profissional de nenhuma categoria profissional, desde que se comprove a capacidade técnica, seja por meio da grade curricular, seja pelas especiali-zações devidamente documentadas.

O engenheiro ressalta que essas subdi-visões derivadas da matriz agronomia deveriam ser consultadas pelo MEC junto ao sistema Confea/Crea, pois é o sistema que define as atribuições profissionais. Mas isso nem sempre acontece. “No ensino médio acontece a mesma coisa, com a Secretaria de Educação da Bahia definindo os cur-sos da área agropecuária sem ouvir a Câmara Especializada do Crea-BA, gerando problemas nas atribuições profissionais.” Ele dá o exemplo de um técnico em apicultura, que não pode ser o responsável técnico pelo plantio de culturas perenes ou temporárias, “salvo se estiver em sua matriz curricular”.

Com relação ao ensino médio técnico profissional, Baqueiro destaca a inicia-

tiva da Superintendência de Educação Profissional (Suprof), que, a convite da Câmara Especializada de Agronomia do Crea-BA, participou de uma reunião de trabalho conjunta e busca equacionar os problemas.

“Como profissionais, precisamos estar mais próximos do Congresso e atentos ao que se desenrola para defender nos-sos interesses”, destaca o engenheiro, lembrando que está sendo proposta uma frente parlamentar da Ceagro Crea-BA em defesa da profissão. “No próximo ano pretendemos realizar essa ação em Brasília”, disse.

O engenheiro agrônomo lembra que existe uma petição na internet, com um abaixo-assinado contra o PL e que os profissionais estão assinan-do e divulgando em suas redes de relacionamento.

www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR82803

Atividade de caráter amploNa opinião de Catarina Cotrim de Mattos Sobrinho, engenheira agrônoma forma-da pela Universidade Federal de Viçosa

(MG) e que também integra a Câmara Especializada do Crea-BA, a agronomia, em sua essência, é uma atividade de caráter amplo, eclético e múltiplo. “Tal característica, com a crescente deman-da econômica e produtiva dos setores agrícolas, vem fazendo com que as es-pecialidades do curso de Agronomia sejam consideradas equivocadamente como profissões especificas, levando a sua pulverização e o sombreamento em diversas áreas de atuação.”

Para ela, é preciso repensar a agronomia no século XXI, que deve sustentar a formação generalista e eclética, e deixar as suas especialidades para o nível de pós-graduação.

Catarina lembra que a profissão de agrônomo foi a primeira regulamen-tada no Brasil desde 1957, e a lei já dispunha como atribuição dos enge-nheiros agrônomos a produção animal e atividades correlatas. “Em termos de formação acadêmica e atribuições, não existe função exclusiva do zootécnico, haja vista que essa atividade está con-templada na agronomia desde a sua regulamentação.”

A engenheira destaca ainda que, caso o projeto seja aprovado, serão afetadas as atividades relativas à produção de

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#RESERVA DE MERCADO

animais domésticos, selvagens, insetos úteis ao homem e organismos aquáti-cos, em todos os seus ramos e aspectos.

Lembra ainda que essa ação não é iné-dita. Em outra legislatura, já tramitou na Câmara dos Deputados proposta semelhante, o PL 2824/2008, em que não houve consenso, e o Confea, na época, se posicionou contrário, por meio da Decisão Plenária nº 721/2011.

Atualmente, o PL 1016/2015 está aguar-dando parecer do relator na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

TRECHO DO PROJETO DE LEIParágrafo único. Constituem atribuições privativas de zootecnista:

I. oexercíciodecargooufunçãopúblicadefinidoscomoespecíficosdezootecnista;

II. aresponsabilidadeesupervisãotécnicaemempreendimentoscarac-terizadoscomopessoajurídicapelaformulaçãodedietasqueimpli-quemnamanufaturaderações,alimentos,misturas,complementosesuplementosalimentaresdenaturezaorgânicaoumineral,comousemousodeaditivos,destinadosaoprópriousoecomercialização,paraconsumoexclusivamenteanimal;

III. aresponsabilidadeesupervisãotécnicadeempreendimentoscarac-terizadoscomodepessoajurídicarelacionadaaodesenvolvimentodeprogramaseprojetosdemelhoramentoanimaledeadaptabilidadeambientedeanimaiscomfinalidadeeconômica;

IV. aresponsabilidadeesupervisãotécnicaemestabelecimentosdecriaeproduçãodeanimaiscomfinalidadeeconômica.

Em termos de formação acadêmica e atribuições, não existe função exclusiva do zootécnico, haja vista que essa atividade está contemplada na agronomia

desde a sua regulamentação

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Catarina Cotrim de Mattos Sobrinho

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CÂMARA DE MEDIAÇÃO VAI AJUDAR A SOLUCIONAR CONFLITOSServiço será implantado pelo Crea-BA em Salvador

O cidadão que está incomodado com a altura do muro que o vizinho levantou em frente à sua casa, em vez de procurar a Justiça e passar um bom tempo esperando uma decisão, vai poder agora buscar uma solução na Câmara de Mediação do Crea-BA, que será inaugurada no primeiro semestre de 2016 na sede do órgão, no Ogunjá, em Salvador.

Rosane Fagundes, advogada responsável pela implantação da Câmara de

Mediação do Crea-BA

De acordo com a advogada e mediadora Rosane Fagundes, que atua há 18 anos com mediação e está implantando o serviço, a ideia partiu do Presidente do Conselho, en-genheiro mecânico Marco Amigo, que a convidou para implantar um sistema semelhante ao que já existe em outros Creas, como Minas Gerais, por exemplo.

“A Câmara é mais um meio de resolução de conflitos para assuntos ligados à engenharia e tem a finalidade de ofe-recer instrumentos para resolução de conflitos entre pes-soas físicas ou jurídicas ligadas às áreas abrangidas pelo Sistema Confea/Crea”, destaca a advogada, que presta consultoria na área de Gestão de Conflitos para empresas privadas e integra a Comissão de Mediação e Arbitragem da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Bahia.

Dra. Rosane lembra que desde junho deste ano a Mediação virou lei (Lei de Mediação nº 13.140, 26 jun 2015) e o Conselho Nacional de justiça (CNJ) tem fo-

mentado a implantação dessas Câmaras nas instituições e Órgãos para desafogar o judiciário.

Quando o serviço estiver funcionando, quem se sentir prejudicado por alguma obra ou outro assunto relacio-nado à engenharia, poderá dar entrada com um processo e a Câmara de Mediação vai convidar a outra parte para iniciar a negociação. Além disso, graças a um acordo que está sendo feito com a Defensoria Pública do Estado, os casos envolvendo as áreas de atuação do Crea-BA que chegam naquele órgão estadual também serão tratados na Câmara de Mediação. Caso haja entendimento entre as partes, elas assinarão um termo de acordo que será encaminhado para a Defensoria. Esse acordo, que precisa ser homologado por um juiz, passa a ter valor legal.

Dra. Rosane destaca que a Câmara de Mediação terá a função de reestabelecer o diálogo entre as partes, atu-ando de forma imparcial. Além de engenheiros que serão

#MEDIAÇÃO

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 2015 11

#MEDIAÇÃO

capacitados para fazer a Mediação, o serviço terá a participação tam-bém de estagiários de Direito e Engenharia de faculdades conveniadas ao Crea-BA.

O horário deverá obedecer o funciona-mento do Conselho (das 8h às 17h). Entre os parceiros estão, além da Defensoria Pública, OAB-Bahia, o Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), a Ufba, entida-des profissionais e outras instituições de ensino superior.

O engenheiro civil Arival Cidade desta-ca o protagonismo do Crea-BA, “aten-to às demandas das pessoas físicas e jurídicas”. Ressalta que a iniciativa é uma reivindicação antiga do Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e

O Crea-BA mais uma vez está sendo protagonista, atento às demandas das pessoas físicas e jurídicas

Arival Cidade, engenheiro civil

Arival Cidade, engenheiro civilCREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201512

ENTENDA AS DIFERENÇASARBITRAGEM – É uma forma adequada de solução de controvérsias, regulada no Brasil pela Lei Federal nº. 9.307/96, lei alterada pela atual 13.129/15, que permite às partes, quando do surgimento de um litígio oriundo de uma relação contratual, a escolha de uma terceira pessoa, capaz, independente e imparcial, especialista no conflito em questão, denominada Árbitro, para resolver o impasse. Qualquer questão que verse sobre direitos patrimoniais disponíveis pode ser objeto de arbitragem. As sentenças arbitrais são títulos executivos judiciais equiparadas para fins de direito às sentenças judiciais. São vantagens do instituto da arbitragem: a celeridade, a especialidade dos árbitros, a autonomia da vontade das partes e a confidencialidade.

CONCILIAÇÃO – É um procedimento amigável de resolução de conflitos, em que o Conciliador terá por função conduzir as partes a um acordo, mediante sugestão de propostas e soluções para a controvérsia em questão. A CMA oferece aos seus usuários uma conciliação especializada em que o conciliador tem conhecimento técnico no objeto da controvérsia e pode realizar visita in loco para auxiliar as partes na melhor solução da controvérsia.

MEDIAÇÃO – Também é um procedimento consensual de resolução de conflitos, que tem como protagonistas as próprias partes na busca de uma solução consensual para a controvérsia. O mediador tem por funções aproximar, auxiliar e facilitar a comunicação das partes, para que solucionem suas divergências e construam, por si próprias, seus acordos com base nos seus interesses. No Brasil, a mediação é regulada pela recente Lei 13.140/15.

MEDIAÇÃO

Perícias de Engenharia), do qual ele é presidente nacional.

Arival conta que, inicialmente, a Câmara oferecerá as modalidades de Mediação e Conciliação e, em um segundo momento, implantará os procedimentos de Arbitragem e DRB (Dispute Resolution Board, ou Comité de Resolução de Disputas - Conflitos).

Exemplo que vem de Minas GeraisAs atividades da Câmara de Mediação e Arbitragem (CMA) do Crea-MG foram iniciadas em dezembro de 2012, mas desde 1994 o órgão mineiro atua nessa área por meio do antigo

departamento de Apoio à Comunidade que tinha o propósito de auxiliar a composição amigável entre as partes.

Segundo explica Camila Linhares, di-retora executiva do CMA, o serviço foi criado com a missão de buscar contri-buir para a pacificação da sociedade, por meio da oferta de instrumentos para resolução de conflitos entre pes-soas físicas ou jurídicas ligadas às áre-as abrangidas pelo Sistema Confea/Crea.  “Para tanto, oferece quatro op-ções de procedimentos: Conciliação, Mediação, Arbitragem e DRB.”

Ela conta que o modelo da CMA é singu-lar, “por ser uma Câmara de Mediação, Conciliação e Arbitragem imersa em conselho de classe que foca o resgaste da autoridade técnica da engenharia e agronomia e tem a outra vertente que é o foco social.”

Da mesma forma que acontecerá na Bahia, o CMA do Crea-MG tem um convênio com a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais para os proces-

sos de conciliação. Os assistidos que chegam à Defensoria com um conflito decorrente da área de engenharia ou agronomia são instruídos a tentarem solucionar a pendência pela forma autocomposição, por meio da gestão da CMA/CREA-MG. Outra obrigação prevista no convê-nio é que a Defensoria Pública se disponibiliza a assistir a parte que está sem assessoria jurídica, desde que a parte solicite um defensor e a parte contrária esteja com advogado. “É importante destacar que este convênio não abrange os procedimentos arbitrais, por estes terem outro foco”, diz Camila.

Ainda segundo ela, a maioria dos conflitos administrados pela CMA/CREA-MG decorre da área de engenharia civil, tais como inadim-plência contratual, vícios construtivos, perdas e danos decorrentes de obra vizinha.

Por fim, Camila informa que a CMA/CREA-MG aplica um questionário de satisfação com os usuários do serviço e, independentemente de as partes chegarem a um acordo ou não, o índice de satisfação com o procedimento é de 90%.

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#CONTAGEM REGRESSIVA

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FINAL DO PRÊMIO ARLINDO FRAGOSODisputa fortalece ensino, pesquisa e extensão

A intenção é fixar o prêmio na agenda anual dos estudantes

de nível superior da BahiaEngenheiro Getúlio Lins Marques

O Prêmio Arlindo Fragoso de Tecnologia e Inovação está em fase final de análise dos nove projetos finalistas. Os vencedores serão conhecidos dia 11 de dezembro, em meio às comemorações do Crea-BA pelo Dia

do Engenheiro. Em sua primeira edição, vem chamando a atenção de estudantes, professores e pesquisadores de cursos superiores da área tecnológica, vinculados ao Sistema Confea/Crea.

Arlindo Fragoso, engenheiro

OS PROJETOS E SEUS AUTORESEMISSÃO ZERO DE CARBONO: GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA POR MEIO DE UM CICLO KALINA E FOTOBIORREATORES

COM UMA EMPRESA PRONTA PARA DECOLARUm dos trabalhos concorrentes é fruto das pesquisas de Bernardo Morais Bastos, Túlio Cerviño Teixeira Leite e Luan Saldanha Oliveira. Todos são estudantes de Engenharia Mecânica na Ufba. Quem conta um pouco da história desse trio é Luan: “O Prêmio Arlindo Fragoso é um incentivo para o desenvolvimento de novas tecnologias. Nosso grupo está entre o nono e o décimo semestre do curso e já temos até uma empresa, que está no mercado há seis meses e que nasceu após ganharmos um outro prêmio, o Ideias Inovadoras, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). O Arlindo Fragoso é mais um impulso para essa nossa entrada no mercado”. O projeto está enquadrado no tema Energia e tem a orientação de Júlio Augusto Mendes da Silva, do Departamento de Engenharia Mecânica/UFBA.

ICETEC - REFRIGERAÇÃO AUTOMOTIVA, UMA NOVA SOLUÇÃO

SEXTETO COM SEDE DE INOVAÇÃOUm sexteto em torno de uma ideia e muito trabalho. Vem sendo assim o cotidiano do grupo constituído por Bruno Henrique de Omena Rodrigues (estudante de Técnico de Mecânica no Senai e de Engenharia Mecânica na Unifacs), João Carlos Simões Queiroz (estudante de Engenharia Mecânica na Unifacs), Fernanda Siqueira Vieira (estudante de Técnica Naval no Senai), Raony Antônio Matos Santana e Gabriel Santana, ambos estudantes de Engenharia Mecânica no Senai. “Todo o processo tem sido muito positivo. A experiência do Prêmio Arlindo Fragoso tem nos amadurecido no campo do desenvolvimento de projetos de tecnologias e também no sentido de pensar como se colocar essa ideia no mercado, de forma profissional, com realização, por exemplo, de um plano de negócios”, comenta Bruno Henrique. A equipe incorpora estudantes das instituições Senai/Cimatec/Unifacs, com tema Energia e orientação do projeto de Antônio José Mendonça Ferreira/Departamento de Fabricação.

O coordenador da comissão julgadora e con-selheiro do Crea-BA, o engenheiro mecânico Eduardo Sousa, destaca o fortalecimento do tripé ensino, pesquisa e extensão. “Percebemos que os estudantes baianos têm grande poten-cial e precisamos ajudar a transformar esse potencial em oportunidades e negócios. O Prêmio Arlindo Fragoso vem justamente pro-porcionar essa ̀ vitrine´ que faltava”, comenta.

Outro participante da comissão julgadora, o engenheiro eletricista Getúlio Lins Marques, destaca que desde a divulgação junto aos es-tudantes foi percebido o interesse pelo Prêmio Arlindo Fragoso. “Trata-se de uma semente plantada, cujo processo de desenvolvimento foi cercado de cuidados de toda ordem, no sentido de fixar o prêmio na agenda anual dos estudantes do ensino superior da Bahia”, destacou Marques.

Dentre os nove projetos selecionados, há es-tudos sobre soluções sustentáveis nas áreas de energia, saneamento básico, construção civil, segurança pública e mobilidade urbana. Veja a relação completa a seguir.

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CONSTRUECO

AMIGAS E FUTURAS SÓCIAS Ariane Araújo Silva, Lorena Lima de Oliveira e Maria das Neves Felsembourgh Guimarães são estudantes do sexto período do curso de Engenharia de Produção da Faculdade Universo. Elas se conhecem desde o início do curso e a experiência no Prêmio Arlindo Fragoso vem amadurecendo a ideia de transformar a amizade em sociedade. “Quando começamos não esperávamos ir para a final, mas as coisas foram ganhando uma proporção grande, com tudo dando certo. Encontramos pessoas que acharam nosso projeto interessante e nos em-penhamos em melhorá-lo nas diversas fases do prêmio. Agora, independente do resultado final, pretendemos seguir juntas desenvolven-do nossas ideias dentro do campo da inova-ção”, comenta Ariane Silva. A equipe vem da Faculdade Universo, com tema Saneamento Básico/Construção Civil e orientação do projeto de Genivaldo Barbora dos Santos/Engenharia de Produção/Universo.

ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPREENSSÃO DO CONCRETO COM ADIÇÃO DE FIBRAS DE PAPEL: PROVENIENTES DE SACO DE CIMENTO TRITURADO

UMA IDEIA INICIAL BEM TRABALHADARecém-formado em Engenharia Civil pela Estácio FIB, Newton José Curvelo Soares Júnior inscreveu-se no Prêmio Arlindo Fragoso incen-tivado pelo seu orientador, que viu em seu projeto de conclusão de curso uma qualidade inovadora que o diferenciava. Nos seminários promovidos pelo prêmio, Newton amadureceu seu planejamento inicial. “Meu projeto não tinha um foco empreendedor e desenvolvi isso durante os cursos oferecidos pelo Arlindo Fragoso. O que mais gostei em todo o processo foi a contínua cobrança por se conseguir um bom projeto, propiciando a todos nós, con-correntes, os meios para se atingir essa qua-lidade, sempre orientados por profissionais interessantes. Também destaco que a comissão soube valorizar o esforço, mostrando o caminho percorrido para isso”. O trabalho se enquadra no tema Construção Civil e a orientação do projeto é de Landson Soares Marques/Estácio FIB.

PROJETOS

Getúlio Marques, engenheiro eletricista

GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

NO FUTURO, UMA EMPRESADaiane Nunes Angelim Santos, Uendeli Santos de Santana e Yasmim Cerqueira Oliveira formam outro trio feminino que concorre a esta primeira edição do Prêmio Arlindo Fragoso. Companheiras de estudos desde o início do curso de Engenharia de Produção, na Faculdade Área 1, elas se formam, também juntas, em 2016. “Somos um grupo que já vem de outras experiências de trabalho em conjunto, fazendo atividades diversas na facul-dade. Decidimos fazer um projeto de inovação na aplicabilidade para o Arlindo Fragoso e vem sendo uma experiência muito produtiva. Inclusive, es-tamos utilizando no projeto instruções e ferra-mentas apresentadas no curso do próprio prêmio. Essa experiência vem nos fazendo pensar mais na parte técnica do processo, na aplicabilidade no mercado. Estamos tão entusiasmadas que já pensamos em, juntas, abrir uma empresa de consultoria, após terminarmos nosso curso”, diz Daiane Nunes. O projeto traz como tema: Energia/Mobilidade Urbana/Segurança Pública e a orientação é de Roberto de Miranda Musser/Engenharia de Produção/Área 1.

APLICAÇÃO DO RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA PRODUÇÃO DE CONCRETO PARA SISTEMAS INDUSTRIAIS DE REFRIGERAÇÃO

AMADURECENDO EXPERIÊNCIAS VIVIDAS NA FACULDADEDesde o quarto semestre de seu curso de Engenharia Civil na Ufba, Nilson Santana de Amorim Júnior investe em Iniciação Científica. No primeiro ano de bolsa de estudos, trabalhou com gelo e degelo e no segundo juntou essa experiência com o estudo dos resíduos. Pronto, estava começando a ser pavimentado o caminho que levou o estudante, agora prestes a iniciar o sétimo semestre de seu curso, a entrar com um projeto no Prêmio Arlindo Fragoso. “Juntei coisa que já pesquisava na faculdade e que me interessavam, criando um projeto novo. Nós de engenharia, muitas vezes, ficamos presos às aulas de laboratório, às teóricas e às práticas, mas pensamos pouco no lado empreendedor de nossa profissão. E é aí que a experiência do prêmio tem sido muito válida para mim, pois, na verdade, não se trata apenas de um prêmio, já que o Arlindo Fragoso também proporciona cursos e palestras, o que enriquece muito os trabalhos”. O projeto tem o tema Construção Civil e a orientação de Daniel Véras Ribeiro/Engenharia Civil/UFBA.

CONSTRUÇÃO CIVIL ALIADA À SUSTENTABILIDADE: CONCRETOS E ARGAMASSAS PRODUZIDOS A PARTIR DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS

DUPLA APOSTOU NA INOVAÇÃOBruna Silva Santos e Débhora Flávia Soto França iniciam, em 2016, o sétimo semestre do curso de Engenharia Civil, na Ufba. Colegas desde o início da faculdade, costumam desenvolver trabalhos

juntas e foram alunas da Iniciação Científica do curso por um período. Quando souberam das inscrições para o Prêmio Arlindo Fragoso, não titubearam e logo trataram de colocar no papel ideias que já desenvolviam. “A participa-ção nessa seleção vem sendo muito produtiva para nós. Não paramos ainda para pensar no futuro desse nosso projeto, o que faremos com ele após o prêmio, mas percebemos que essa experiência no Arlindo Fragoso foi importante. Inclusive incorporamos ao projeto coisas que aprendemos no curso que fizemos, propiciado pelo próprio prêmio”, comenta Débhora França. O projeto tem como tema Construção Civil e a equipe conta com orientação de Daniel Véras Ribeiro/Engenharia Civil/Ufba.

NOVO SISTEMA FOTOELETROLÍTICO PARA TRATAMENTO DE REJEITO SANITÁRIO DE ORIGEM HUMANA

CONSTRUÇÃO DE UMA VISÃO EMPREENDEDORAO elo de ligação entre os estudantes Dyego Martins Costa (Engenharia Química/Ifba), Iasmin Araújo Lobão Campos (Engenharia Química/Ifba) e Manoel Bertino da Silva (Engenharia Civil/Ufba) foi o professor Francislei Santa Anna Santos. Diante do empenho dos estudantes, ele fez o desafio para o trio: desenvolver um projeto para inscrevê-lo no Prêmio Arlindo Fragoso. O encontro dessa equipe interdisciplinar deu tão certo que o grupo está entre os nove selecionados nessa fase final da empreitada. “Na faculdade prevalece uma visão acadêmica da engenharia, focada na formação do profissional para trabalhar em grandes empresas. O prêmio dá uma dimensão de mercado, de como podemos desenvolver propos-tas empreendedoras, e isso vem somando muito para toda nossa equipe”, diz Iasmin Campos. O projeto tem como tema Energia/Saneamento Básico/Construção Civil, com orientação do pro-fessor Francislei Santa Anna Santos/Ifba/Ufba.

HIDROGÊNIO COMO COMBUSTÍVEL EM FORNOS NAS OLARIAS

PRÓXIMO PASSO: BUSCAR PARCERIAS“Mesmo depois do Prêmio Arlindo Fragoso, a intenção de nossa equipe é seguir ampliando o projeto, buscando parceiros para realizá-lo. Queremos mostrar para o mercado a viabilidade econômica de nossa ideia”, comenta André Luis Andrade de Moura, estudante de Engenharia Elétrica da Faculdade Estácio FIB. Sua equipe se completa com João Augusto Silva Barbosa Coelho e Jovane dos Santos Conceição, ambos também estudantes de Engenharia Elétrica na Faculdade Estácio FIB. Com forte acento na área ambiental, a iniciativa de Jovane, João Augusto e André é um dos projetos concorrentes ao Prêmio Arlindo Fragoso que apostam em um futuro me-nos poluído e mais sustentável. O projeto tem como tema Energia e conta com a orientação de Ramon Luz Lemos Santos/Estácio FIB.

#NORMAS TÉCNICAS

Empresas e profissionais que trabalham na área da construção de edificações habitacionais vêm experimentando um novo momento no Brasil. Os projetos para futuros empreendimentos já precisam levar em conta os requisitos da NBR 15.575, norma de desempenho que traz critérios mínimos a serem adotados nos diversos sistemas da edificação. É um processo lento, mas contínuo, que exige

requalificação de profissionais e certamente mudará procedimentos. E esse processo de mudança de patamar já está iniciado.

NORMA DE DESEMPENHO IMPACTA NA CONSTRUÇÃO CIVILEmpresas da construção, fornecedores e profissionais se instrumentalizam para utilizar a NBR 15.575 e avaliam os seus desdobramentos

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Foto: Edson Ruiz

Foi em 19 de julho de 2013 que pas-saram, por lei, a serem exigidos os re-quisitos da NBR 15.575 – Edificações Habitacionais – Desempenho. Nela estão parâmetros técnicos para um variado conjunto de itens que integram uma edificação, como durabilidade, de-sempenho acústico e térmico, dentre outros. Um árduo e sistemático trabalho realizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, seguindo uma tendência mundial. Para estabe-lecer critérios e métodos de avaliação de desempenho, disciplinando suas aplicações, a norma foi dividida em seis partes.

A NBR 15.575/2013 especifica critérios mínimos de desempenho para os siste-mas das edificações por ela enfocados, além de definir as incumbências e in-tervenções necessárias para que a vida útil especificada das construções seja alcançada. É constituída das seguin-tes partes: (1) Requisitos gerais; (2) Requisitos para os sistemas estrutu-rais; (3) Requisitos para os sistemas de pisos; (4) Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e exter-nas; (5) Requisitos para os sistemas de coberturas; (6) Requisitos para os sistemas hidros sanitários.

Mas a aplicabilidade dessa norma é tão importante quanto complexa, devido à participação de diversos entes. Vem alterando projetos e procedimentos de fornecedores e construtores, além do cotidiano nas obras e na gestão da manutenção das habitações. Toda a cadeia da construção, no Brasil, de

alguma forma, vem experimentando modificações para atendimento das condições esperadas de desempenho.

“Os produtos da construção civil, defini-tivamente, passaram a ter os mesmos tratamentos dispensados a qualquer outro item de consumo, pois terão que garantir um desempenho míni-mo de uso, conforto e de durabilida-de. Portanto, tais produtos, além de continuarem obedecendo às normas de prescrições técnicas, terão também que atender a questões relacionadas à vida útil, funcionalidade e prazos de garantia”, comenta Valter Sarmento, presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis - Bahia (Abenc-BA).

Também conselheiro titular da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea-BA, Valter Sarmento lembra que a norma teve uma primeira versão pu-blicada em 2006, sendo discutida por vários anos, desde sua preposição até se chegar ao texto final. Ele ressalta que trata-se de uma norma de desempenho, ou seja, que indica quais efeitos devem ser produzidos em determinado item da construção. “Para entendimento, esse tipo de norma diz, por exemplo, que lajes e paredes devem garantir um de-terminado nível de isolamento acústico. Agora, para conseguir esse efeito, os projetistas, fornecedores e construtores são livres para escolher os processos e métodos para alcançá-lo, desde que atendam as normas prescritivas apli-cáveis, estimadas em 157 à época da edição da primeira versão da norma de desempenho.”

O fato é que todos os projetos regis-trados a partir de 19 de julho de 2013 precisam seguir a NBR 15.575. E isso não deixou de alimentar discussões. Na construção civil há quem mensure que edificações habitacionais – é impor-tante frisar que esta norma se restringe a esse segmento – podem ficar entre 5 e 10% mais caras. Mas tudo ainda está no campo da especulação, pois, como informa o diretor de Materiais e Tecnologia do Sindicato da Indústria da Construção – Bahia (Sinduscon-BA), ar-quiteto Marcos Galindo, ainda não foram concluídas obras suficientes, utilizando--se a NBR 15.575, para se ter a dimensão de um possível impacto financeiro no empreendimento.

“Coincidiu que a norma entrou efetiva-mente em vigor em um período de desa-quecimento da construção civil. O que há no mercado como edificações no-vas, atualmente, são empreendimentos cujos projetos foram aprovados antes de julho de 2013, portanto desobriga-dos de seguirem os indicativos da NBR 15.575. Somente com o surgimento de empreendimentos entregues seguindo a norma, poderemos, concretamente, apresentar aferições de impacto de cus-tos no mercado”, avalia Marcos Galindo, lembrando que, na construção civil, um empreendimento leva, do projeto à entrega, um período mínimo de cerca de três anos.

NORMAS TÉCNICAS

Os produtos da construção civil, definitivamente, passaram a ter os

mesmos tratamentos dispensados a qualquer outro item de consumo, pois

terão que garantir um desempenho mínimo de uso, conforto e durabilidade

Valter Sarmento, presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis - Bahia

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#NORMAS TÉCNICAS

Mudanças na área de projetos

O Sindicato da Indústria da Construção – Bahia (Sinduscon-BA) vem sendo um grande parceiro de seus associados no

trabalho de tirar dúvidas e instrumentalizar pro-fissionais para a nova realidade da NBR 15.575. “Sempre programamos atividades de capacita-ção para profissionais e empresas. Entendemos que é um processo lento, pois resulta em toda uma mudança de cultura, mas, com o tempo, to-dos irão se adequar”, comenta Marcos Galindo.

O diretor de Materiais e Tecnologia do Sinduscon-BA lembra que as grandes mudan-ças geradas pela NBR 15.575, do ponto de vista do profissional, vêm acontecendo no campo de quem projeta a construção. “O construtor tem como função colocar em prática o que foi projetado. Dentro dessa perspectiva, as novas normas já precisam estar evidenciadas no projeto. Então, é no projeto onde se darão as mudanças de procedimentos que se fazem exigir a partir da NBR 15.575, evidentemente impactando, lá na frente, no empreendimento.”

Para o presidente da Abenc-BA, Valter Sarmento, a NBR 15.575 não deve ser vista pelos profissionais como geradora de dificul-dades, mas, sim, “como uma grande oportuni-dade para os engenheiros se requalificarem intelectual e tecnicamente e crescerem em prestígio aos olhos da sociedade. A reenge-nharia da construção civil no Brasil tornou-se imperativa”. Sarmento chama a atenção para o fato de que os projetos só podem ser realizados por profissionais legalmente regulamentados e habilitados, estando também regulares junto aos seus respectivos Conselhos. “Cabe apenas aos órgãos administrativos verificarem se a for-ma de apresentação de determinados projetos atende às prescrições administrativas, mas nunca quanto ao conteúdo técnico”, informa.

Toda essa reengenharia terá impactos diversos nas empresas. A norma exige a elaboração de vários documentos e manuais, ensaios e testes. As empresas e profissionais que já incorporam a seus projetos um apuro maior, certamen-te não precisarão mudar tanto seus procedimentos. Mas há quem terá que repensar todo seu processo. “Projetista e construtor terão que pensar, juntos, o empreendimento. Não que isso não acontecesse antes, mas, agora, tudo terá que ser mais detalhado já no pro-jeto, na busca pela melhor eficiência de todo o empreendimento”, avalia, por sua vez, Marcos Galindo.

Condomínio e proprietário terão clareza sobre responsabilidadesA NBR 15.575 deixa claro quais são responsabilidades que cabem à cons-trutora e, a título de manutenção, ao condomínio e ao proprietário. Na prá-tica, a construtora terá que elaborar

um manual de uso, operação e manu-tenção onde estará claro o que cabe ao condomínio e ao proprietário para que o imóvel e suas áreas sociais se mantenham em boas condições de uso.

“Já há um certo detalhamento sobre isso, de certa forma, nos documentos de compra e venda. Mas, a partir da norma, também haverá um manual, mais es-pecífico e detalhado. Isso é muito bom pois deixará claro quais as obrigações de cada uma das partes no tangente ao empreendimento. O condomínio e o proprietário da unidade também pas-sarão a ter uma gama maior de infor-mações sobre manutenção do empre-endimento e limites de utilização”, diz Marcos Galindo.

O morador, na prática, terá pleno conhe-cimento sobre o desempenho de sua residência em quesitos como vida útil da estrutura do concreto, nível de ruído no apartamento, isolamento térmico etc. Tudo deve estar acima dos níveis estabelecidos pela norma, sendo que, a depender da eficiência do projeto, o desempenho de cada requisito será qualificado como mínimo, intermediário ou superior.

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QUEM FAZ E ONDE ENCONTRARA NBR 15.575 foi elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Trata-se do órgão responsável pela normatização técnica no país, tendo sido criado em 1940 para fornecer a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de Normalização, por meio da Resolução n.º 07 do Conmetro, de 24 de agosto de 1992.

A NBR 15.575 pertence ao catálogo da ABNT e pode ser adquirida no site do órgão: www.abnt.org.br/catalogo. Cada uma das suas seis partes é vendida separadamente, em versões físicas (impressas) ou eletrônicas (disponibilizadas para acesso),

sendo que cada parte é negociada por valores que vão de R$ 120 a R$ 196.

ESCRITÓRIO DE ENGENHARIA PÚBLICAvai favorecer população de baixa renda

Na busca por ampliar a sua atuação social, contribuindo para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da sociedade, o Crea-BA está na fase final de implantação do seu Escritório de Engenharia Pública, que irá oferecer, em Salvador, assistência técnica gratuita para projetos de construção, reforma e ampliação de habitações de interesse social. Aberto, prioritariamente, a

famílias de baixa renda, o escritório tem foco na engenharia civil, além de desenvolver relação continuada com outras engenharias, como a elétrica, a sanitária, a de segurança do trabalho, ambiental, mecânica e de produção, dentre outras. O escritório também pode elaborar projetos para entidades (pessoas jurídicas) que prestem serviços à comunidade, como centros comunitários, centros de cultura, ONG e outras iniciativas nessa linha.

Herbert Oliveira,engenheiro químico

Foto: João Alvarez

Iniciativas como esta também trazem oportunidade para as pequenas

empresas de engenharia, que ganham um outro nicho de mercado

Herbert Oliveira, chefe de gabinete da Presidência do Crea-BA

lhos no início de 2016”, diz o engenheiro químico Herbert Pereira de Oliveira, chefe de gabinete da Presidência do Crea-BA, responsável pelo projeto.

Há alguns anos, o Conselho tem busca-do meios para assegurar a reestrutura-ção do Escritório de Engenharia Pública da Prefeitura de Salvador. Agora, a par-ceria se fortalece. “Os números mostram que 75% da ocupação da nossa capital é irregular. Queremos contribuir para alterar esse cenário, na busca por dar uma maior ordenação a essa realidade. O escritório da prefeitura é importante, mas a demanda é gigantesca. Então, vamos contribuir ainda mais, criando nosso próprio escritório, que se somará ao da prefeitura na busca por melhorar a cidade e, por consequência, a qualidade de vida de quem mora nela”, continua Herbert Oliveira.

da Prefeitura de Salvador, que fica localizado na estrutura do Sindec, nos Barris. Ampliando o escopo do convênio e conforme previsto no Planejamento Estratégico do Conselho para o período de 2015 a 2020, o Crea-BA decidiu im-plantar um escritório público próprio, para atuação de forma complementar ao da prefeitura. “Queremos finalizar o processo de implantação até o final deste ano para já iniciarmos os traba-

O Crea-BA tem discutido, há mais de dez anos, por meio do Grupo de Trabalho de Assistência Técnica, formas de atuar junto às comunidades de Salvador. Na atual gestão, iniciada em 2012, essa ati-vidade chegou no momento de dar um importante passo. E isso aconteceu com a assinatura de convênio, ao final de 2014, entre o Crea-BA, a Universidade Federal da Bahia e a prefeitura, para a reestruturação do Escritório Público

#PROJETOS DE ENGENHARIA

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Qualificação ProfissionalO Escritório de Engenharia Pública do Crea-BA também tem uma preocupação educacional. Abrigará estudantes de várias engenharias, sobretudo a civil, possibilitando a eles a prática na ela-boração de projetos de edificações e urbanização, além do acompanhamento de obras, sempre sob a supervisão de professores e profissionais habilitados. Além disso, promoverá cursos de quali-ficação profissional dentro das próprias comunidades, buscando formar mão--de-obra qualificada para a construção civil (pedreiros, eletricistas, encanado-res e demais profissionais necessários no canteiro de obras).

“Nossa intenção é criar um projeto que some esforços do Crea-BA, das insti-tuições de ensino, da prefeitura, das empresas e das comunidades na busca por soluções para uma moradia mais segura, confortável e econômica, em bairros de baixa renda. Vamos fazer os projetos e acompanhar as obras, com a participação de estudantes de engenha-ria. Nossa intenção é que esse projeto seja um piloto para que inspetorias do Crea do interior da Bahia, prefeituras e instituições de ensino possam utilizar o modelo, espalhando-o pelo Estado”, diz Luís Edmundo Prado de Campos, engenheiro civil, professor da Ufba e coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea-BA.

Vamos fazer o projeto da casa e acompanhar a obra, com a participação

de estudantes universitáriosLuís Edmundo Campos, engenheiro civil e professor da Ufba

Diversas frentes de atuaçãoO Escritório de Engenharia Pública do Crea-BA será um espaço propício para a realização de parcerias. A triagem do público a ser atendido, em um primeiro momento, será realizada pelo Escritório Público da Prefeitura de Salvador, se-guindo critérios legais de enquadramen-to para habitação de interesse social. A demanda que for aceita terá assegurada a assistência técnica para a elaboração do projeto e o acompanhamento da obra, por parte do Crea-BA, e também assessoria da prefeitura para regulariza-ção da posse do imóvel. Por causa disso, além do foco em engenharia, o processo, em seu todo, pode integrar ainda a parti-cipação de profissionais e estudantes de áreas como direito e assistência social.

“Um projeto como este atua em diversas frentes, favorecendo em muito a socie-dade e os envolvidos. Além da questão da construção em si, a família que pas-sar pelo projeto também terá, por meio da regularização de seu imóvel, acesso

#PROJETOS DE ENGENHARIA

Escritório de Engenharia Pública do Departamento de Tecnologia da UefsCREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201520

PROJETOS GRATUITOS DE ENGENHARIA

a crédito para a própria obra. Com a regularização se abre caminho para que serviços como os oferecidos pela Coelba, Embasa, Bahiagás estejam ao alcance do morador. Da parte dos estudantes envolvidos, é muito importante se ter uma experiência dessas na formação, evidenciando a função social do en-genheiro. E há ainda a intervenção na comunidade, oferecendo cursos para pedreiros, eletricistas, encanadores...”, enumera o professor Luís Edmundo.

Herbert Oliveira destaca outra con-sequência positiva de projetos de im-plantação de escritórios de engenharia pública, que é a circulação de renda. “Iniciativas como esta também tra-zem oportunidade para as pequenas empresas de engenharia, que ganham um outro nicho de mercado. As em-presas de material de construção dos bairros também são beneficiadas, assim como a mão-de-obra local, que tem seu mercado alargado.” Ele ainda destaca a importância do Crea-BA desenvolver iniciativas deste vulto. “O Escritório de Engenharia é outro exemplo de que o Crea/Bahia está em sintonia com a cidade e seus problemas, sempre pro-

curando juntar forças com outros órgãos e entidades, na busca pelo amplo de-senvolvimento da sociedade.”

A experiência positiva de Feira de SantanaA Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) é pioneira, entre as universidades baianas, na implemen-tação de escritório de engenharia pú-blica. Neste ano, o seu Escritório de Engenharia Pública do Departamento de Tecnologia (Eptec) completou uma década de atividades ininterruptas. O Eptec incentiva o diálogo entre diver-sos cursos da universidade, como as engenharias civil, de alimentos e de computação, além de agronomia e ge-ografia, dentre outros.

“É uma realização multidisciplinar. Não é só fazer o projeto de uma casa, mas pensar o espaço urbano, orientar a famí-lia que irá receber o projeto. Envolvemos vários alunos de diferentes cursos e, com isso, estamos construindo uma trajetória sólida para nosso escritório”, diz Gerinaldo Costa, engenheiro civil

pós-graduado, professor do Departamento de Tecnologia da Uefs e coordenador do Eptec.

A iniciativa, que começou como um pro-jeto de extensão, já realizou centenas de atendimentos. “Fizemos desde peque-nos projetos de edificação até estudos de levantamento cadastral e topográfico, além de intervenções urbanas”, enumera Gerinaldo Costa.

À semelhança dos modelos dos escritórios da prefeitura de Salvador e do Crea-BA, o da Uefs também não cobra pelos seus projetos. As demandas selecionadas são destinadas às habitações de interesse social, fazendo com os estudantes mergu-lhem na vida cotidiana dos bairros menos favorecidos e das famílias que os habitam. “Nosso projeto nos faz estar presente nas questões das comunidades. Promovemos eventos e participamos de diversos deba-tes sobre desenvolvimento urbano em Feira de Santana, como as discussões sobre o seu Plano Diretor. Também pu-blicamos artigos e trabalhos científicos. Queremos que nossos estudantes dis-cutam sobre a cidade que eles querem e interfiram nos processos”, conclui o professor Gerinaldo.

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Skate movido a bateria que cabe na mochilaCom o trânsito cada vez mais caótico nas grandes cidades e uma poluição crescente, os cientistas têm buscado meios de amenizar esse problema. No Japão, um jovem de apenas 26 anos inventou um transportador portátil que cabe em uma mochila. Batizado de Walkcar, o invento parece um skate e é alimentado por uma bateria de lítio recarregável. Feito de alumínio e pesando cerca de dois quilos, o equipamento promete levar cargas de até 120 quilos, pois é feito com um alumínio especial. Ele atinge velocidade máxima de 10 km/h, podendo percorrer até 12 km após três horas de carregamento. O produto deve estar disponível no próximo ano.

#NOVIDADES TECNOLÓGICAS

Cientistas criam barata-robô para achar sobreviventes de terremotosCientistas russos desenvolveram uma barata-robô, que se movimenta igual ao inseto detestado pelas mulheres, com o objetivo de achar sobreviventes entre os escombros após um terremoto. O grande desafio foi fazer um robô eletrônico que se parecesse o máximo possível com seu protótipo animal. Tanto que a cinco metros de distância não dá para distinguir um do outro. Para isso, dedicaram dois meses para estudar a maior barata do mundo, que vive em Madagascar (na África) e chega a medir dez centímetros. O novo equipamento tem peças de cinco mícrons (a milésima parte de um metro), que ninguém tinha fabricado antes.

A barata eletrônica mede menos de dez centímetros e uma autonomia de movimentos de 20 minutos. Sua missão será encontrar vida humana após um terremoto, enviar um sinal e fazer imagens.

Medidor de água inteligenteCriado sobretudo para cidades que precisam racionar água, o medidor inteligente, inventado por espanhóis possui duas peças principais. Um sensor que fica na tubulação principal e um monitor que se pendura na parede, uma espécie de termostato, em cuja tela é possível verificar os dados de consumo de água, em tempo real e acumulado.

O equipamento também dá detalhes sobre a tendência de consumo, faz recomendações para melhorar o uso da água em casa e vem acompanhado de um aplicativo que possui com gráficos animados, sobre as reservas da região e previsão meteorológica.

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Robô inspirado na abelha voa e mergulhaUm robô capaz de voar e mergulhar, inspirado nas abelhas, é a aposta de um grupo de engenheiros da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Batizado de RoboBee, o protótipo é o primeiro desenvolvido com essas duas habilidades. Tem o tamanho de um inseto e conta com um impulso vertical mais forte que a força da gravidade para conseguir se mover pelo ar. Além disso, ele também é capaz de gerar força na traseira para conseguir se mover no líquido. Para voar, o RoboBee bate as asas em uma frequência de 120 batimentos por segundo. Já para conseguir nadar, essa rotação precisa ser reduzida para somente nove batimentos por segundo.

TECNOLOGIA

Alunos reutilizam óleo de cozinha para produzir sabão

Alunos do ensino Fundamental da escola pública Professor Mozart Tavares de Lima, em São Paulo, aprendem desde cedo noções

práticas de sustentabilidade. Com a ajuda de professores, eles criam sabão por meio da reutilização de óleo de

cozinha. Realizada pela professora mediadora Marilda de Fátima Salles Amorim, a iniciativa acontece uma vez por semana no pátio da unidade escolar. Além de ajudar a preservar o planeta, o sabão é utilizado dentro da escola pelos funcionários e também pelas mães dos estudantes. Além do óleo, são utilizados outros

ingredientes, como água e desinfetante.

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Objetos que levitam com ondas sonorasNão é mais ficção científica. Cientistas das Universidades de Bristol e Sussex, no Reino Unido, em colaboração com a empresa Ultrahaptics, criaram um mecanismo sônico que permite levitar e manipular pequenos objetos com precisão. São 64 mini alto-falantes que emitem sons em alta frequência e alta intensidade, direcionadas de forma a criar um holograma sônico capaz de reter objetos no ar. Esse holograma pode ter três formas: um par de pinças, um redemoinho e uma gaiola. O primeiro manipula como nossos dedos; o segundo, suga para o meio; e o terceiro prende em todas as direções. Por enquanto apenas pequenos objetos entre 0.6 a 4 mm de diâmetro foram usados no invento. A questão agora é

mudar a frequência para segurar objetos mais pesados. Um dos usos do invento é para nanocirurgia.

#NOVIDADES TECNOLÓGICAS

Cadeira de rodas que sobe escadasMesmo não sendo uma novidade, a invenção de um grupo de estudantes suíços promete facilitar a vida de quem precisa se locomover por meio de cadeira de rodas. Batizada de Scalevo, o equipamento elétrico sobe e desce escadas a um segundo por degrau, utilizando um sistema de esteiras. O cadeirante sobe de costas pode ver o que está abaixo dele, enquanto um pequeno dispositivo de vídeo semelhante ao que se usa nos carros para estacionar equipa o braço da cadeira e possibilitando ver o que está atrás.

Sistema de iluminação pública inteligenteAlguns shoppings já possuem um sistema que avisa os motoristas, por meio de luzes, as vagas disponíveis no estacionamento. O mesmo princípio norteia o projeto da Continental, empresa alemã conhecida por sua relação com o mercado automotivo, que anunciou o Street LightsSmart, sistema que, em um futuro próximo, promete facilitar a visualização de todo tipo de usuário das ruas: pedestres, ciclistas e veículos. Componentes eletrônicos, como um módulo de controle com sensores, permitirá que todo tipo de informação seja compartilhada por meio de nuvens. Isso permitirá, por exemplo, que sejam facilmente identificadas vagas de estacionamento que estão disponíveis e aquelas que estão ocupadas. Além disso, também será possível ajustar a emissão de luz de acordo com o tipo de “objeto” que estiver trafegando pela via. Se um ciclista estiver transitando pela faixa exclusiva, o poste direcionará o facho para ele; se houver uma faixa de pedestres com uma pessoa fazendo a travessia, ela será destacada; o mesmo se aplicará a um carro que estiver percorrendo a faixa da direita, por exemplo.

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NÚMEROS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL

Fontes: Pesquisa IBGE/ABRELPE

*Nota: Todos os números levam em conta a cadeia completa dos Resíduos Sólidos Urbanos, incluindo desde serviços de varrição, capina, limpeza, limpeza de córregos e manutenção de parques e jardins, até a destinação final dos RSU.

Geração total de RSU(toneladas/ano)

aumentode 2,90%

2013 | 76.387.200

2014 | 78.583.405

Geração de RSUper capita (kg/hab./ano)

aumentode 2,20%

2013 | 379.96

2014 | 387.63

Coleta de RSU(toneladas/ano)

aumentode 3,20%

2013 | 69.064.935

2014 | 71.260.045

Coleta de RSUper capita (kg/hab/ano)

aumentode 2.34%

2013 | 343.46

2014 | 351.49

Empregos diretos do setorde limpeza urbana

2013 | 332.777

2014 | 353.328

Total da população brasileira (IBGE 2014)

População pesquisada

202.799.518

91.764.305

Destinação final dos RSU coletados (toneladas/ano)

Adequada | 58,3%(40.234.680)Inadequada | 41,7%(28.830.255)

2013201320132013

Adequada | 58,4%(41.600.875)Inadequada | 41,6%(29.659.170)

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#APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201526

A ENERGIA QUE VEM DO BIOGÁSAterro sanitário pode gerar combustível para automóveis, eletricidade e gás de cozinha

A Revolução Industrial iniciada no século XVIII mudou o mundo e todas as relações de produção e consumo. Um processo dinâmico que criou um outro patamar civilizatório, mas que também não deixou de provocar problemas consideráveis. Um dos entraves desse processo

vem sendo a sempre crescente produção de resíduos, rejeitos da sociedade moderna. De algumas décadas para cá, porém, vem se fortalecendo o entendimento de que esses resíduos podem ser reaproveitados, gerando-se melhor qualidade ambiental e até mesmo recursos financeiros. O que muitos antes consideravam apenas lixo imprestável, hoje pode ser reciclado ou transformado.

O tema é gigantesco e repleto de subdivisões. Toda a cadeia dos Resíduos Sólidos Urbanos, os RSU (desde varrição, capina, limpeza e manutenção de parques e jardins, limpeza de córregos e despesas com a destinação final), empregou diretamente no Brasil, em 2014, cerca de 350 mil pessoas, segundo pesquisa IBGE/Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas Brasileiras de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Um número impactante na economia do país.

Além da questão da coleta desses resí-duos, existe também o passo seguinte, mais problemático e desafiador: trans-formar o material, buscando melhores resultados ambientais e retorno finan-ceiro. Nesse ponto, o Brasil ainda enga-tinha, se comparado ao que acontece na Europa e nos Estados Unidos.

Uma das apostas de aproveita-mento dos resíduos é o biogás, que pode ter várias destinações. Mas antes de entrar em de-talhes sobre essas opções, é importante explicar como o processo acontece. A quebra biológica da matéria orgânica na ausência de oxigênio cria o bio-gás. Sua produção pode ocorrer de forma natural, em qualquer local submerso em que o oxigênio atmosférico não consiga pene-trar, como acontece em pântanos ou no intestino de animais. Sua produção pode também acontecer através da ação do homem, como acontece nos aterros sanitários e usinas de biogás. O biogás pode ser utilizado como gás combustível ou mesmo ter uso domiciliar, em cozi-

NÚMEROS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL

Fontes: Pesquisa IBGE/ABRELPE

*Nota: Todos os números levam em conta a cadeia completa dos Resíduos Sólidos Urbanos, incluindo desde serviços de varrição, capina, limpeza, limpeza de córregos e manutenção de parques e jardins, até a destinação final dos RSU.

Geração total de RSU(toneladas/ano)

aumentode 2,90%

2013 | 76.387.200

2014 | 78.583.405

Geração de RSUper capita (kg/hab./ano)

aumentode 2,20%

2013 | 379.96

2014 | 387.63

Coleta de RSU(toneladas/ano)

aumentode 3,20%

2013 | 69.064.935

2014 | 71.260.045

Coleta de RSUper capita (kg/hab/ano)

aumentode 2.34%

2013 | 343.46

2014 | 351.49

Empregos diretos do setorde limpeza urbana

2013 | 332.777

2014 | 353.328

Total da população brasileira (IBGE 2014)

População pesquisada

202.799.518

91.764.305

Destinação final dos RSU coletados (toneladas/ano)

Adequada | 58,3%(40.234.680)Inadequada | 41,7%(28.830.255)

2013201320132013

Adequada | 58,4%(41.600.875)Inadequada | 41,6%(29.659.170)

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#APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS Foto: Edson Ruiz

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201528

nhas por exemplo, deslocando o gás na-tural ou gás liquefeito de petróleo (GLP), mas, no caso de troca, é importante fri-sar que os bocais de queima dos fogões (ou sistemas de aquecimento) pode-rão ter que ser substituídos por serem produtos não intercambiáveis. Outra forma de utilizar o biogás é como ocor-re no Aterro Metropolitano Centro de Salvador (AMC/SV), gerando, após pas-sar por outras etapas, energia elétrica.

Há uma grande discussão a respeito do uso do biogás no Brasil. Existem espe-cialistas que apostam que no momen-to a melhor destinação do biogás é o biometano, que serve de combustível para automóveis. Outros lembram que o Brasil é um país continental e por isso trabalhar o biogás, distribuindo-o para uso doméstico, em cozinhas, se-ria a maneira mais viável de pequenas cidades encontrarem uma destinação econômica para seus aterros sanitários - frisando que o biogás ou o biometano terão que ser alimentados a redes de distribuição para chegar às residências, pois não podem ser envasilhados, como acontece com os botijões de GLP. E há o grupo de pesquisadores que, diante da crise energética e dos problemas ambientais provocados pelas hidrelé-tricas, apontam o biogás como mais uma possibilidade de se produzir ener-gia elétrica, junto com outras soluções como a energia solar e a eólica.

Na Europa, onde essa discussão está bem mais avançada, já existem di-retrizes rígidas que dão prazos para mudanças consideráveis quanto a in-serção das energias renováveis na ma-triz energética. Alexandre Caldeira, da Superintendência de Biocombustíveis e Qualidade do Produto da Agência Nacional de Petróleo (ANP), explica este momento da União Europeia (UE).

“Há duas diretivas na UE: uma trata da inserção das energias renováveis na matriz energética como um todo (pelo menos 20% até 2020) e outra sobre a participação dos biocombustíveis na energia a ser usada para mobilidade, no caso em substituição aos combustíveis fósseis, em pelo menos 10% até 2020. O biogás e o biometano são dois entre ou-

BIOGÁS

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tros biocombustíveis (temos também o etanol e o biodiesel). Na UE o biogás é usado principalmente para a geração de energia elétrica, enquanto que o biome-tano pode ser injetado na rede de trans-porte ou de distribuição de gás natural ou então para ter uso veicular (como GNV)”, explica Alexandre Caldeira.

Já Marcio Schittini, especialista em biogás, lembra que as tecnologias mu-dam, e o mercado também, e por isso o importante é se ter o biogás sempre como uma possibilidade viável. “Um país como o Brasil não pode parar de investir na extração e beneficiamento do biogás. Neste momento, economica-mente falando, sua melhor aplicação é mesmo para combustível e o chamado gás de cozinha. Mas tudo pode mudar e a transformação do biogás em energia elétrica, que já acontece no Brasil em escala pequena, vir a se tornar uma opção cada vez mais economicamente atrativa, mudando todo o mercado”, ava-lia Schittini, que trabalha na Biometano, empresa que desde 2010 capta, trata e distribui o biogás gerado a partir de fontes renováveis.

Sobre as mudanças de mercado, Alexandre Caldeira lembra que, em um futuro próximo, a vontade política em todo o mundo pode redirecionar o negócio do biogás. “Percebemos uma evolução, mas tudo pode avançar mais rápido. Entre novembro e dezembro (de 30 de novembro a 11 de dezembro), a França recebe os mandatários dos mais importantes países do mundo para a Conferência do Clima, em Paris. O Brasil estará representado. Pode ser que de lá saíam boas notícias no tangente a incentivos para a criação de energia a partir de fontes renováveis. E isso pode impactar positivamente no negócio do biogás”, diz o especialista da ANP.

Além do formalismo político, há tam-bém a necessidade do envolvimento

da sociedade como um todo, como lembra Marcio Schittini. “Em última análise, o que está em jogo é o futuro que queremos para o nosso planeta. Notamos uma conscientização cres-cente a respeito da necessidade em se apostar nas energias geradas a partir de fontes renováveis. Por outro lado, há a necessidade de se dar uma finalidade ambientalmente eficaz e economica-mente viável para os Resíduos Sólidos Urbanos. Então, soluções como o biogás tendem a ser cada vez mais aceitas e defendidas.”

Classificação dos resíduosNo Brasil, a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de agosto de 2010, classifica os RSU em três categorias: recicláveis, orgânicos e rejeitos. A parte orgânica constitui em média mais de 50% de todos os RSU coletados e com ela é possível, por exemplo, através da decomposição dos resíduos, extrair o biogás e valorizá-lo através da geração de energia térmica, elétrica e conversão em biocombustíveis (biometano).

“Não há autosuficiência nesse campo em nenhum lugar do mundo. Mas na

Europa e nos Estados Unidos os avanços são frequentes. Portugal, por exemplo, há 20 anos estava em um estágio de manejo de seus resíduos muito parecido com o que vivemos hoje no Brasil. Após a aprovação, em julho de 1997, do Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (Persu), a União Europeia, por meio de financiamentos que utilizam fundos comunitários, auxiliou o país para que os lixões fossem fechados”, diz Diego Nicoletti, superintendente técnico do Grupo Solvi, que trabalha com projetos para resíduos públicos, saneamento, valorização energética e engenharia. Os incentivos se davam da seguinte forma: as cidades portuguesas que erradicassem seus lixões e implan-tassem aterros sanitários dentro dos prazos estabelecidos no Plano tinham seus projetos financiados em até 100%. “Com isso, Portugal mudou sua relação com os resíduos. Então, há de se ter uma política que também leve em conta a disponibilização de recursos aos muni-cípios”, completa Diego Nicoletti.

Os lixões representam um grande atraso como local de destinação dos RSU. Não possuem sistema de tratamento de efluentes líquidos, como o chorume (que escorre do lixo e surge da decomposição orgânica), que pode contaminar o lençol freático. Atrai animais (ratos, baratas, urubus, animais e insetos diversos) e é potencial foco de doenças. No Brasil são comuns e só não são piores do que os chamados aterros controlados, que estão no meio caminho entre o lixão e o

Na Europa, até 2020, por lei, a matriz energética de todos os países precisará ser pelo menos 20% provinda do biogás

Alexandre Caldeira, da Superintendência de Biocombustíveis e Qualidade do Produto da ANP

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#APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS

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CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201530

aterro sanitário. Nos aterros controlados a área tem cobertura de grama e argila para receber o lixo que, depois, é enterrado, o que diminui o mau cheiro, o impacto visual e a proliferação de animais. Os aterros controlados, porém, ainda apresentam riscos de contaminação, em especial do lençol freático, pois não possuem imper-meabilização em sua base.

A melhor opção para o descarte dos RSU são os aterros sanitários, que evitam ao máximo danos à saúde pública e ao meio ambiente. Sua implantação segue normas regulamentares que exigem que o solo do local seja tratado e impermeabilizado, evitando a infiltração de agentes contami-nantes. Reaproveitam o lixo com seleção para reciclagem e também captação do gás metano resultante da decomposição da matéria orgânica, dentre outras pos-sibilidades.

“O aterro sanitário é uma solução que muda a forma de se ver os RSU. Ele passa a ter uma utilização possível, não sendo apenas sinônimo de gastos para o gestor público, mas também de considerável re-ceita”, comenta Celso Rodrigues, diretor de energia da Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra).

Mais de 40% dos resíduos sólidos têm destinação inadequadaA maioria das cidades brasileiras ainda descarta seus RSU em lixões. Dados da pesquisa IBGE/Abrelpe (2014) indicam que 41,6% dos RSU coletados no Brasil tiveram destinação final inadequada. São mais de 3.500 lixões ativos nas diversas regiões brasileiras, evidentemente com maior concentração nas áreas periféricas do país. Mas há também exemplos incrus-tados em regiões privilegiadas.

No Distrito Federal existe o chamado Lixão da Estrutural, que está em funcionamento desde os anos 1960 e é considerado o maior de toda a América Latina, com o tamanho de 170 campos de futebol e uma altura equivalente a 50 metros de lixo. Lá, existe o projeto do Aterro Sanitário Oeste, em Samambaia, que passaria a receber todos os resíduos, só que a conclusão da obra vem sendo sequencialmente adiada e a promessa agora é que tudo só funcione em meados de 2016. Enquanto isso, a solução é mesmo jogar tudo no lixão - se é que isso é uma solução.

BIOGÁS

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 2015 31

A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos foi festejada à época de sua efe-tivação. Estipulou prazos até agosto de 2012 para que todos os municípios bra-sileiros apresentassem planos de gestão integrada de resíduos sólidos (art. 55) e até agosto de 2014 para o completo encerramento das atividades dos lixões (art. 54) que deveriam ser substituídos por aterros sanitários. Os dois prazos foram simplesmente descumpridos pela maioria das prefeituras brasileiras. Em tese, um grande problema, pois a lei prevê várias sanções aos administra-dores das cidades. Mas isso só em tese.

Sob grande pressão dos prefeitos e seus lobistas, Senado e Câmara dos Deputados vêm estudando prorroga-ções desses prazos. Atualmente, este projeto de lei com novas datas, o PL 2289/2015, já tem caráter conclusivo e está sendo analisado pelas comis-sões de Trabalho; de Administração e Serviço Público; de Desenvolvimento Urbano; de Constituição e Justiça; e de Cidadania, da Câmara dos Deputados. O novo projeto estende até 31 de julho de 2018 o prazo para que capitais de estados e municípios integrantes de região metropolitana terminem com os lixões e criem aterros sanitários. Um ano mais tarde acaba o prazo para os municípios com população superior a 100 mil habitantes e também para aqueles cuja mancha urbana da sede municipal esteja situada a menos de 20 quilômetros da fronteira com outros países. Já municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes terão prazo até 31 de julho de 2020 para se adequar às novas diretrizes; e até 31 de julho de 2021 vai o prazo para municí-pios com população inferior a 50 mil. A proposta também amplia os prazos para elaboração dos planos estaduais de resíduos sólidos.

Ou seja, o que estava previsto para acon-tecer até agosto de 2014 - a extinção dos lixões no Brasil - agora só será iniciado, por força de lei e sendo o PL 2289/2015 aprovado, a partir de 31 de julho de 2018, com total conclusão em 2021. Isso caso novos projetos de lei não ve-nham a adiar novamente as datas limite.

A ENERGIA DO ATERRO SANITÁRIO DE SALVADORAté o ano de 2000, a cidade de Salvador depositava os RSU em um lixão no bairro de Canabrava. Ficaram famosas as fotos do lugar, onde montanhas de material diverso formavam a paisagem, sempre povoada pelos chamados “badameiros”, mulheres, homens e — infelizmente — muitas crianças que viviam da cata do que a sociedade dis-pensava. Naquele ano, porém, outra etapa no manejo dos resíduos se iniciava na ca-pital da Bahia. O Lixão de Canabrava foi de-sativado e iniciadas as atividades do Aterro Metropolitano Centro de Salvador (AMC/SV), operado pela Battre (Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos), que recebe os RSU de Salvador e também das vizinhas cidades de Lauro de Freitas e Simões Filho.

“O Aterro Sanitário Metropolitano de Salvador fez com que a capital baiana, e as vizinhas Lauro de Freitas e Simões Filho, passassem a figurar entre as cidades brasileiras que dão a destinação adequada aos seus resíduos sólidos. Representa um avanço considerável”, dimensiona Celso Rodrigues, da Seinfra.

Para se ter uma ideia desse avanço, dados da pesquisa IBGE/Abrelpe 2014 mostram que no Nordeste existem apenas outros 454 aterros sanitários como o de Salvador, que representa a maneira atual mais ade-quada para se descartar os RSU. O restante coletado no Nordeste vai para 505 aterros controlados e 834 lixões.

O projeto do AMC/SV gerou desdobramen-tos positivos. Um deles é a Termoverde Salvador, usina inaugurada em 2011 que ocupa sete hectares do AMC/SV e é res-ponsável por processar os gases metano e dióxido de carbono que são gerados na decomposição dos RSU. A Termoverde Salvador é a primeira usina termoelétri-ca a biogás do Nordeste e a terceira des-te tipo que passou a operar no Brasil. A Termoverde nasceu de um investimento na casa dos R$ 50 milhões, aportados pelo Grupo Solvi. Tem capacidade de produzir

20 MWh, energia suficiente para atender a cerca de 250 mil residências durante todo o ano, 24 horas por dia. A usina vende sua energia elétrica no Mercado Livre de Energia e também negocia os créditos de carbono, conforme o Protocolo de Kyoto.

“Costumo dizer que o Brasil tem uma le-gislação avançada quanto aos RSU, mas seu cumprimento deixa muito a desejar. O que vem acontecendo agora com a tenta-tiva de modificação dos prazos da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos é um exemplo disso”, comenta Diego Nicoletti, do Grupo Solvi, que implantou a Termoverde Salvador. Segundo ele, a falta de pressão para uma necessária mudança adia proje-tos de implantação de aterros sanitários e de usinas de coleta de biogás, princi-palmente nas cidades menores do país. “Temos projetos variados relacionados aos RSU, em todo o Brasil, da coleta à implan-tação de aterros sanitários, passando por plantas de biogás e até de coleta seletiva. Mas o fato é que, atualmente no Brasil, a maioria dos projetos nesse campo ain-da se dão nas grandes cidades e regiões metropolitanas. O interior do Brasil ainda tem muito a avançar nesse campo”, avalia Diego Nicoletti.

Projeto piloto - Aproveitando a experiên-cia com a extração de biogás no AMC/SV, a Secretaria de Infraestrutura da Bahia vem desenvolvendo estudos para criar um projeto piloto de pequenos aterros sanitários que possam atender a cidades do interior da Bahia. O projeto integra ao aterro uma pequena usina de até 1 MWh, capaz de produzir energia para cerca de 12 mil residências.

“Estamos avançados no escopo desse projeto, inclusive com uma empresa pri-vada realizando os estudos econômicos. Queremos iniciar a execução desse proje-to piloto ainda em 2016”, comenta Celso Rodrigues. Segundo ele, a partir do projeto piloto se iniciará uma fase de oferta do projeto para outras cidades. “Poderemos ter uma planta para atender a uma cidade maior, ou mesmo fazer um aterro sanitário em determinada região capaz de atender a várias cidades vizinhas”, adianta o diretor de energia da Seinfra.

Foto: Luiz Morier

#APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS / PING-PONG

Mariana Schaedler,engenheira ambiental

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201532

sanitário, valor inferior à média da re-gião, e o restante, 69,1%, é destinado inadequadamente em lixões e aterros. A Política Estadual de Resíduos Sólidos da Bahia foi aprovada ano passado, por força da Lei Estadual nº 12.932/14, que foi uma evolução na instituição das políticas públicas no Estado, po-rém com atraso, posto que, de acordo com o prazo da Política Nacional de Resíduos Sólidos, 2014 deveria ter sido o ano da extinção de todos os lixões no Brasil (prorrogamentos dessa data constam em projetos em tramitação no Congresso Nacional), sendo que o

para arcar com os custos envolvidos, o que inviabiliza a adequação dos siste-mas de coleta e destinação existentes.

2) Crea-BA - De alguns anos para cá, percebe-se uma mudança gradual no entendimento de toda a problemática que envolve o RSU, inclusive como fonte de recursos renováveis. Sobre isso, em que estágio estamos, no Brasil?

Mariana Schaedler - A Política Nacional de Resíduos Sólidos traz o conceito de Ciclo de Vida de Produtos para os resí-duos, o que antes era considerado ̀ lixo´ hoje é matéria-prima para novos pro-dutos, dividindo-se os resíduos sólidos urbanos em três categorias: reciclável, orgânico e rejeitos. A fração dos resí-duos orgânicos, na grande maioria dos municípios, é o maior percentual gerado, cerca de 55-60%, e a decomposição dos resíduos orgânicos gera o biogás, gás com alto poder calorífico, podendo ser convertido em energia térmica, elétrica e em biocombustível (biometano). O Brasil passa, atualmente, por um pro-cesso acelerado de inserção deste novo biocombustível na matriz energética brasileira, tendo aprovado, em janei-ro deste ano, a regulação (Resolução ANP 08/2015). A ideia da produção do biometano é transformar passivo ambiental em ativo energético.

3) Como está o Nordeste, e especificamente a Bahia, nesse cenário?

Eduardo Sousa - De acordo com a pes-quisa IBGE/Abrelpe 2014, o Nordeste conta com uma taxa de coleta de 78,5% em seu território, sendo que do volume de resíduos coletados apenas 35,6% é destinado adequadamente para aterro sanitário. O Estado da Bahia destina 30,9% do volume coletado para aterro

A Revista Crea-BA convidou dois especialistas em resíduos e gás natural para uma conversa a

respeito de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), sua destinação e possível apro-veitamento como fonte renovável de recursos. A reciclagem e a transformação dos RSU em fonte primária de energia se mostram, aqui, como caminhos para essa necessária revolução que tem capacida-de para mudar em muito a convivência da sociedade com seus resíduos.

É por esse caminho que segue a conver-sa com Mariana Schaedler (engenheira ambiental e de segurança do trabalho, especialista em projetos de resíduos) e Eduardo Sousa (engenheiro mecânico, pós-graduado em engenharia de gás natural e em gerenciamento de projetos, Conselheiro do Crea-BA). Confira.

1) Crea-BA - Quais os entraves da coleta e aproveitamento dos resíduos sólidos no Brasil?

Mariana Schaedler - Todo o sistema que engloba a destinação correta e otimiza-da de resíduos envolve uma cadeia com-plexa que parte desde a conscientização sobre a separação e acondicionamento adequado dos resíduos, até a disponi-bilidade de infraestrutura pública para realizar a coleta de forma eficiente e a destinação adequada, o que demanda recursos de investimento e operação contínuos. De acordo com a Lei nº 11.445/2007, que institui a Política Nacional do Saneamento Básico, em seu Art. 29, `a sustentabilidade eco-nômica dos serviços de saneamento precisa ser assegurada, sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos serviços´. O que ocorre é que a maioria dos municípios brasileiros não cobra por esta prestação de serviço, ou quando cobra o valor é insuficiente

Seis questões sobre Resíduos Sólidos Urbanos

BIOGÁS

A decomposição dos resíduos orgânicos gera o biogás, com

alto poder calorífico, podendo ser convertido em energia térmica, elétrica

e em biocombustível (biometano)Mariana Schaedler

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 2015 33

Estado ainda conta com 1.339 muni-cípios em desconformidade com esta prerrogativa.

4) Crea-BA - Quais seriam os estados e países que poderiam nos servir de exemplos para uma boa destinação e aproveitamento de resíduos?

Mariana Schaedler - Na União Europeia, um bom exemplo é a Bélgica, que recicla ou composta 57% dos Resíduos Sólidos Urbanos gerados. Lá, os moradores de-vem separar os resíduos em sacos de cores diferentes e se pode aplicar mul-tas a quem não classificar seus resíduos corretamente. Além disso, em algumas regiões da Bélgica os moradores podem pagar mais de 2,00€ por saco de lixo

destinado ao aterro, até cinco vezes mais do que pagar por sacos de lixo classificados para materiais recicláveis. Outro bom exemplo a ser seguido é o Japão. A Política de Gestão de Resíduos no Japão é datada de 1970, com aplica-ção de políticas públicas eficientes que preconizam os 3R´s (reduzir, reutilizar e reciclar), além da inserção do conceito de `ciclo de produtos´, que permitiram ao país um decréscimo na geração de resíduos em cerca de 4%. A principal tecnologia empregada no país é a in-cineração, mas, por ser uma tecnologia onerosa, cada vez mais o governe inves-te na segregação e coleta seletiva dos materiais para reduzir o custo desse tratamento.

5) Crea-BA - No Brasil, os municípios menores têm graves problemas com o descarte e reaproveitamento de seus resíduos. Como enfrentar essa questão?

Mariana Schaedler - Mesmo as tecno-logias mais baratas de coleta e desti-nação dependem de recursos não dis-poníveis nos municípios brasileiros. Por isso, a constituição de municípios em consórcio ou em regiões que se unem para aumentar a escala e reduzir os custos envolvidos se apresenta como a melhor opção. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, inclusive, prioriza a obtenção de recursos e incentivos do Governo Federal para os consórcios públicos constituídos, nos termos da Lei n° 11.107 de 2005. Há também a necessidade de capacitação de agentes públicos para que estes possam pro-por projetos de reaproveitamento nas suas regiões.

6) Como o Crea pode contribuir nessa questão, em especial?

Eduardo Sousa - Existem diversos pro-fissionais no Conselho com atuação di-reta nessa área, promovendo ações que já podem ser percebidas, exatamente, nesse momento de avanço, mesmo que ainda inicial, na questão. Trazermos para dentro da estrutura do Crea toda essa discussão, como estamos fazendo, por exemplo, com esta matéria na re-vista do Crea-BA, também é uma forma de informar sobre a questão e interferir nela. Futuramente também podemos constituir um grupo de trabalho e envol-ver outros stakeholders nas discussões.

O estado da Bahia destina 30,9% do volume coletado (RSU) para aterro

sanitário, valor inferior à média da região

Eduardo Sousa

Essas medidas, caso implementadas, são a luz no fim do túnel para as

empresas fornecedoras de produtos e serviços desse setor

Empresário Marcelo Jezler

Participaram do evento, realizado pelo Crea-BA, UPB e Sebrae, empresários, acadêmicos, especialistas e represen-tantes de órgãos públicos. Entre eles o vice-governador da Bahia, João Leão (PP); a presidente da UPB, prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria Mendes; o presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo; o deputado federal Valternir Pereira; o deputado es-tadual Rosemberg Pinto; o superinten-dente do Sebrae-BA, Adhvan Furtado; e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

Um dos assuntos debatidos foi o alto número de demissões nos municípios baianos envolvidos com a exploração de petróleo, além da queda na produção. O consultor do Sebrae, Ricardo Marquini,

citou dados divulgados pela Agência Nacional de Petróleo que mostram que, mesmo se mantendo estável, a produ-ção de petróleo na Bahia caiu de 6% a 7%, de 2014 para 2015. Uma série de fatores são atribuídos a esse declínio, entre eles a questão do ciclo de vida dos campos de petróleo na Bahia, que, com o tempo, têm uma queda natural da produção.

A presidente da UPB, Maria Quitéria, prefeita de um dos municípios afeta-dos com a crise, disse estar preocupada com a queda nas receitas oriundas dos royalties. Ela disse que é preciso ir além dos discursos e buscar uma agenda propositiva para retomar a produção.

O presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo, abordou a ques-

Marco Amigo, presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico

Foto: Edson RuizGRUPO DE TRABALHO VAI PROPOR SOLUÇÕESpara a cadeia de petróleo e gás

O Grupo de Trabalho (GT) da cadeia de petróleo e gás, liderado pelo Crea-BA e com a participação de vários segmentos, vai elaborar uma agenda com proposições concretas a ser apresentada ao governo da Bahia e ao Congresso Nacional. A decisão foi tomada durante o Seminário Petróleo na Bahia: Novos Rumos, Novas Perspectivas, realizado dia 23 de novembro, no auditório da

União dos Municípios da Bahia (UPB), no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

tão do conteúdo local, sugerindo que os recursos oriundos das multas aplicadas nas empresas pela falta de conteúdo local sejam aplicados no próprio setor.

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#PETRÓLEO E GÁS

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201534

AÇÕES ESTRUTURANTESPara George Câmara, da empresa Câmara Consultoria, credenciada pela ANP (Agência Nacional de Petróleo) para certificação de conteúdo local, o setor precisa de ações estruturantes que envolvam os atores-chave do processo decisório.

Segundo ele, todo evento que busque discutir o setor de óleo e gás da Bahia é importante em virtude do momento atual. “Há a necessidade de se discutir soluções de gover-nança e também de implantação de novas tecnologias que impulsionem o segmento”, destaca Câmara, lembrando que mesmo não tendo esse foco o evento levantou questões críticas para alavancar o setor.

Para o empresário Marcelo Jezler, da empresa Etep, o evento na UPB foi uma oportunidade para discutir e entender melhor o setor de petróleo e gás nesse momento pós “lava-jato”. Foram discutidas medidas que podem atenuar os efeitos da operação e que  farão parte da proposição que o Crea-BA levará ao grupo de trabalho em Brasília. “Essas medidas, caso implementadas, são a luz no fim do túnel para as empresas fornecedoras de produtos e serviços desse setor”, disse.

O empresário João Paulo, coordenador da Rede Petro Bahia, que congrega empresas do setor no estado, destacou a

importância do evento e disse que será lançado em breve um APL (Arranjo Produtivo Local), patrocinado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). João Paulo informa que ainda está sendo definido o modelo de governança do APL, mas o objetivo já está bem claro: unir forças para tornar o setor mais competitivo e criar uma interação maior entre as empresas.

PETRÓLEO

Foto: Edson Ruiz

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Foto: Agência Petrobras

Implantação de novas tecnologias

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#HISTÓRIA DA ENGENHARIA

OS PRIMEIROS ENGENHEIROS DO BRASILtrabalharam na Bahia

As dificuldades foram enormes, devido ao

terreno irregularJolivaldo Freitas

Sinônimo de desenvolvimento e de resolução de problemas, a engenharia está presente em praticamente tudo o que fazemos no dia a dia. Desde situações mais óbvias, como acender uma lâmpada e assistir televisão,

até a caneta que usamos para escrever, a água para escovar os dentes e a cama que dormimos.

Para celebrar o dia dedicado ao enge-nheiro, 11 de dezembro, a Revista do Crea-BA resolveu homenagear alguns dos grandes profissionais que ajudaram a construir Salvador, a primeira capital do Brasil e hoje a terceira cidade mais populosa do País.

Usamos como base o livro “A Engenharia e a História da Bahia”, do escritor e jornalista Jolivaldo Freitas, lançado dia 23 de novembro, no Teatro Eva Hertz, da Livraria Cultura, do Salvador Shopping. A publicação é uma iniciativa do Crea-BA e integra a comemoração pelos 80 anos de criação do Conselho (ver matéria na página 42).

Elevador Lacerda no século XIXCREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201536

HISTÓRIA

O início de tudoNos séculos passados, a engenharia não tinha essa nomenclatura, mas foi ela a responsável por erguer a cidade de Salvador. O conceito de engenha-ria existe desde a Antiguidade, explica Jolivaldo Freitas, a partir do momento em que foram criados inventos interes-santes e fundamentais para a história da humanidade, como a roda, a polia e a alavanca e até os nano objetos.

Ele observa, com relato constante no Wikpedia, com base em textos de Cláudio Luis Grizotto, Ellen M. McGee e G. Q. Maguire, Jr., Fábio Sérgio da Costa

Foto: Antonio Queirós

Pereira e Mateus Meque, dentre outros, que o termo engenharia surgiu na Língua Portuguesa no início do século XVI, vol-tado apenas para alguém que construía ou operava um engenho. Os autores observam que, por sua vez, o termo tem uma origem ainda mais antiga, vinda do latim ingenium, que significa “gênio”. Aliás, Jolivaldo aproveita esta reporta-gem para se desculpar com os autores, uma vez que na edição do livro foi citada a origem, mas não os nomes deles, o que será feito numa segunda edição.

Com o passar dos anos e o surgimento das imensas pontes e edifícios passou a se usar o termo construção civil ou

Cruzeiro São Francisco Porto da Barra

“Engenharia Civil”, que se contrapunha à Engenharia Militar, prática mais antiga.

O primeiro “engenheiro” foi Luís Dias, que chegou de Portugal junto com o Governador-Geral Tomé de Sousa. A missão era erguer a cidade que seria a capital do império portu-guês nas Américas. As dificuldades foram enormes, devido ao terreno irregular da cidade.

“Os registros históricos mostram que a primeira ação neste sentido foi hercúlea e seu ‘engenheiro’ teve de enfrentar o terreno úmido de barro que subia ao lado da ermida de Nossa Senhora da Conceição em direção ao ponto onde hoje fica a Praça Castro Alves. Foi neces-sário aterrar todo o percurso para se fazer uma ladeira (que só ganhou sua forma definitiva em meados do século XIX) e após esta, um braço em direção ao norte; já quase em seu final, sendo implanta-da a Porta de Santa Luzia. Esta foi das primeiras grandes obras de ‘Engenharia’ realizada na Bahia”, destaca Jolivaldo.

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 2015 37

São Marcelo, São Pedro e o de Santo Antônio Além do Carmo.

Para projetar e executar as construções que iriam defender o Brasil das invasões estrangeiras, Portugal enviou diversos profissionais para Salvador, como o ca-pitão e engenheiro João Coutinho, que ajudou a fazer um plano em larga escala para a defesa da capital, ainda no século XVII, o engenheiro João Massé, os mes-tres Miguel Pereira da Costa, o capitão Gaspar de Abreu e o engenheiro militar Florentino Baccio de Filicaia, entre outros.

Fortes, ruas, igrejas e sobrados carac-terizaram as primeiras funções de en-genheiros e construtores no Brasil. Não era um profissional fácil de achar no período colonial e ainda com o agra-vante de sofrer discriminação, até o

século XIX, por parte do Exército, que não respeitava a profissão. O professor, historiador e pesquisador baiano Mário Mendonça de Oliveira, em seu livro “As Fortificações Portuguesas de Salvador”, enumera uma série de engenheiros que foram importantes para nossa defesa e desenvolvimento.

Entre eles Baccio de Philicaia, Francisco Frias de Mesquita, Diogo Paes, Pedro Pelifigue, Pedro Garcim, Antônio Correia, João Coutinho, José Paes Estevens, Miguel Pereira da Costa, Gaspar de Abreu, Gonçalo da Cunha Lima, José Ferreira de Sousa, João Teixeira de Araújo, Nicolau Abreu de Carvalho, Antônio de Brito Gramacho, Manoel Cardoso de Saldanha, José Antônio Caldas e Manoel de Oliveira Mendes.

Outro grande engenheiro foi Francisco Frias de Mesquita, que chegou a Salvador após a frus-

trada tentativa de invasão holandesa. Portugal enviou para sua colônia um profissional de formação renascentista, que já veio nomeado engenheiro-mor do Brasil, e de imediato, em 1603, iniciou um novo plano para a cidade.

Entre as obras que projetou e executou, destaque para o Forte do Mar, em 1608. Entre 1609 e 1612, construiu o Forte de São Diogo, tendo ainda executado em 1612 o projeto da Casa da Relação, e a planta do Seminário de Salvador.

De 1625 a 1629, ele foi o responsável por recuperar os fortes que sofreram ataques dos holandeses. Consta que ele teria tido a ajuda de outro engenheiro. Marcos Ferreira, que chegou ao Brasil em 1627, para ajudar nas fortificações da Bahia e também na construção civil. Francisco Frias de Mesquita partiu de volta para Portugal em 1635, deixando um grande legado de obras.

Além de Francisco Frias, outros que vieram depois também deixaram sua marca na engenharia dos fortes, prin-cipal construção de defesa da capital e que foram tão bem feitas que até hoje dominam o cenário de Salvador. Alguns deles são famosos como o de

Francisco Frias de Mesquita, o construtor de fortes

#HISTÓRIA DA ENGENHARIA

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Dias

Forte São Marcelo

Farol de Itapuã

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Forte São Pedro

HISTÓRIA

Além dos fortes, as igrejas foram obras de engenheiros e arquitetos, entalhadores, carpinteiros, mestres de obras, ourives, escultores, pintores, oleiros e tantos outros profissionais que contribuíram para dar o formato que a cidade tem hoje. Muitos engenheiros e arquitetos tinham vindo da ciência militar, mas os religiosos também já tinham profissionais gabaritados para erguer seus templos.

Jolivaldo Freitas enumera algumas igrejas importantes:

• Igreja de Santana – Sua ermida de taipa foi de 1580. A igreja atual é de 1967, construída, aproveitando-se a velha estrutura do Fortim do Rio Vermelho;

• Igreja do Rosário da Penha – Concluída em 1802, ela foi construída por escravos;

• Igreja dos Quinze Mistérios – No bairro do Santo Antônio, foi construída em 1829, em estilo neoclássico. Fica na esquina da Praça dos Quinze Mistérios, no bairro de Santo Antônio;

• Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Tororó – É de 1871 e batiza o bairro onde está acolhida.

Muitos engenheiros e arquitetos tinham vindo da ciência militar, mas os religiosos também já

tinham profissionais gabaritados

Foto: Adelmo Borges

CONSTRUÇÃO DE IGREJAS ENVOLVEU VÁRIOS PROFISSIONAIS

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Solares importantesOs solares também foram obras im-portantes que formataram a cidade e alguns deles até hoje podem ser vis-tos. Um dos mais famosos é o Solar do Unhão, do século XVII, um conjunto arquitetônico com casa-grande, capela, senzala, armazéns e cais.

Tinha como função principal receber e exportar a produção açucareira do Recôncavo. Nele morava o desembar-gador Pedro Unhão Castelo Branco. Atualmente é sede do Museu de Arte Moderna da Bahia.

Tem ainda o Solar do Ferrão, que teve sua construção iniciada em fins do sécu-lo XVII e concluído no século seguinte. Hoje é o Museu Abelardo Rodrigues.

Já o Solar do Conde dos Arcos, erguido em 1781, teve esse seu nome devido a Marcos de Noronha (que tinha esse

#HISTÓRIA DA ENGENHARIA

título) e que ali viveu. Hoje é lá que funciona o Colégio Dois de Julho.

Outro solar importante é o atual abrigo Dom Pedro I. Construído no século XIX, era residência de Antônio Gonçalves Gravatá e depois do comendador Francisco Xavier Machado. Depois de 1877 passou a ser a ser asilo para idosos.

A Bahia teve também grandes enge-nheiros responsáveis pela construção de ferrovias que facilitaram o escoamento da produção e transporte de pessoas. Entre eles, o engenheiro baiano Afonso Glycerio da Cunha Maciel e Lauro de Freitas. As estradas de ferro foram ce-dendo lugar, ao longo do tempo, às rodo-vias, que tiveram início com o presidente Washington Luís no começo do século XX.

No século XX, grandes obras mudaram o perfil de Salvador. O Teatro São João foi consumido por um incêndio em 1923. A cidade já havia sido anteriormente bombardeada em 1912 na luta pelo poder das oligarquias.

O centro da cidade, que possuía mui-tas igrejas, o Palácio do Governo e a Biblioteca Pública foram seriamente da-nificados. A disputa que envolveu José Joaquim Seabra contra os adversários Ruy Barbosa e Luiz Viana, dentre outros, terminou com o bombardeio da cidade por forças do Governo Federal. Prédios históricos foram destruídos, como o palácio, que só veio a ser recuperado em 1919, já com o nome de Rio Branco.

O estilo modernista predominava na época e, a partir de 1912, assume o go-verno da Bahia J. J. Seabra, que elabora um plano de alargamento de ruas, colo-cação de esgotos e água, e embeleza-mento. Ele foi o responsável por uma grande obra, mas também pela derruba-da de prédios históricos. A implantação da Avenida Sete de Setembro, ligando a Praça Castro Alves ao Farol da Barra, foi um marco na época. Obras de sane-amento também foram importantes para melhorar a saúde pública e vários engenheiros estiveram envolvidos.

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Forte São Diogo na BarraCREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201540

HISTÓRIA

Foi Arlindo Fragoso que teve a ideia de criar uma Escola Politécnica, no fim do

século XIX, para formar profissionais na Bahia

Jolivaldo destaca um importante evento, em 1935: a realização da “Semana de Urbanismo”, prepa-

rada pela Comissão Organizadora do Plano da Cidade, do Governo do Estado e Prefeitura. Os principais pontos que dificultavam o desenvolvimento da ci-dade: condições de saúde e higiene, ha-bitação, recursos naturais, saneamen-to, sistema de transporte, patrimônio artístico e histórico, e malha urbana.

Como a cidade crescia sem ordenamen-to, foi criado, em 1943, o Escritório do Planejamento Urbanístico da Cidade do Salvador (Epucs), que terminou ficando mais conhecido com o nome do seu engenheiro coordenador: Plano Mário Leal Ferreira. O Epucs tinha como meta tratar Salvador como uma grande metrópole que precisava de cuidados.

Nos dias de hoje, depois de muitas transformações, como a expansão da cidade para a região norte, a discus-

são se dá no âmbito do PDDU - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. Desde 1988 a Constituição Brasileira determina que cada cidade deve ter um Plano Diretor a cada oito ou dez anos. Eles são importantes para definir a normatização, uso e ocupação do solo, mobilidade e sustentabilidade.

Foi o engenheiro Arlindo Fragoso que teve a ideia de criar uma Escola Politécnica, no fim do século XIX, para formar pro-fissionais na Bahia. No dia 5 de julho de 1896, ele anunciou a criação da institui-ção. Com Arlindo Fragoso permanecia um grupo de nove engenheiros: Affonso Glycerio da Cunha Maciel, Austricliano

de Carvalho, Alexandre Freire Maia Bittencourt, Justino da Silveira Franca, Salvador Pires de Carvalho e Aragão, Francisco Lopes da Silva Lima, Antônio Luís Freire de Carvalho, Fortunato Fausto Galo e Antônio Augusto Machado. No ano seguinte, já tinha prédio próprio, na Rua das Laranjeiras, número 6.

Em maio de 1898, o governo, por decre-to, reconheceu a escola como de ensino superior. Em abril de 1901, foi para o bairro de São Pedro, na hoje conhe-cida Avenida Sete. Em 1903 formou sua primeira turma de engenheiros. Somente nos anos 1960 ele mudou de endereço para o atual, na Federação.

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Forte São Diogo na Barra

Arlindo Fragoso, o fundador da Escola Politécnica

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#LANÇAMENTOS

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HISTÓRIA DA ENGENHARIA NA BAHIA CONTADA EM PROSA E IMAGENSCrea-BA lança livro e série de vídeos dentro das comemorações pelos 80 anos da instituição

Um bate papo descontraído, conduzido pelo historiador e arquiteto Francisco Sena, com os jornalistas Jolivaldo Freitas e Antônio Pastori marcou o lançamento do livro “A Engenharia e a História da Bahia” e o documentário “Engenhar”, no dia 23 de novembro, no Teatro Eva Herz,

da Livraria Cultura, em Salvador. Participaram do evento, que integrou as comemorações pelos 80 anos do Crea-BA, engenheiros, técnicos, jornalistas e acadêmicos.

LANÇAMENTOS

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 2015 43

José Spinola da Cunha Filho, Cláudio Niederauer e apoio dos arquivos da Fundação Gregório de Mattos. Traça um panorama de como começou a cons-trução de Salvador, as dificuldades e so-luções criativas encontradas na época. Jolivaldo lembrou, por exemplo, que as chuvas dificultaram bastante as primei-ras construções na região onde hoje é o mercado modelo e o Elevador Lacerda.

A série Engenhar foi documentada em vídeo, dividido em capítulos, com dura-ção média de 30 minutos, e traz relatos sobre a engenharia na Bahia com de-poimentos de especialistas em várias áreas do saber (História, Arquitetura, Urbanismo e Engenharia) que recebe-ram o jornalista Antonio Pastori e a equipe da produtora Casa do Verso.

Tanto Freitas quanto Pastori contaram como realizaram suas obras, além de agradecer ao Crea-BA pela iniciativa e à equipe envolvida em cada proje-to. Francisco Sena destacou não só os grandes engenheiros citados nas obras, mas também fez uma referência especial à Escola Politécnica da Bahia, berço de grandes profissionais. “Antes de a instituição ser fundada por Arlindo Fragoso, os engenheiros que atuavam aqui ou vinham de Portugal ou no Rio de Janeiro”, lembrou, destacando que os dois lançamentos não são voltados apenas para os engenheiros, mas para outros públicos, como estudantes, his-toriadores e arquitetos.

O presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo, foi o último a falar, agradecendo a presença de todos e lembrando que a semente de todo o projeto começou ainda em seu pri-meiro mandato à frente do Conselho, com conversas gravadas com o histo-riador Cid Teixeira. O presidente refor-çou ainda o apoio da Coelba, Braskem, Embasa, Odebrecht, Ferbasa, Instituto Politécnico da Bahia e Caixa Econômica Federal para realização do projeto.

O kit com o livro e os vídeos foi dis-tribuído ao público que compareceu ao lançamento. O Crea-BA vai enviar agora para os patrocinadores e univer-sidades e, diante da grande procura, estuda a possibilidade de lançar uma nova edição.

Os dois lançamentos não são voltados apenas para os engenheiros,

mas para outros públicos, como estudantes, historiadores e arquitetos

Francisco Sena, historiador e arquiteto

Durante a conversa, Francisco Sena elogiou os dois trabalhos lançados e lembrou de personalidades impor-tantes da engenharia citadas tanto no livro de Jolivaldo Freitas quanto no filme de Antônio Pastori, como Arlindo Fragoso, fundador da Escola Politécnica; e Diógenes Rebouças, res-ponsável pelos projetos da antiga Fonte Nova, Escola Parque e a Faculdade de Arquitetura da Ufba.

O livro possui 220 páginas ilustradas com fotografias de Sérgio Pedreira,

Ao final foi exibido um trailler, da série e em seguida, servido um coquetel.

Francisco Sena, Jolivaldo Freitas e Antônio Pastori, durante os lançamentos no Teatro Eva Hertz

“VOU TRABALHAR INCANSAVELMENTE EM DEFESA DO EXERCÍCIOprofissional na área tecnológica”

O fato de eu ter sido eleito por todos

os profissionais, confere a minha

atividade um caráter multidisciplinar

Alessandro MachadoEngenheiro civil

Diretor da Federação Nacional dos Engenheiros Agrimensores (Fenea)

e membro da Câmara de Agrimensura do Crea-BA

Após vários anos, a Bahia volta a ocupar um lugar no Conselho Federal do sistema Confea/Crea. Depois da disputa eleitoral, no dia 11 de novembro, os profissionais registrados no Crea-BA elegeram para a vaga de Engenharia Civil Alessandro Machado, que tem como suplente George Câmara.

#ENTREVISTA

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 201544

PING-PONG

O representante vai participar de reuniões mensais em Brasília e será o porta-voz das demandas dos profis-sionais baianos no Conselho Federal.

Com 44 anos, Alessandro possui duas graduações: Engenheiro Civil, pela Universidade Católica do Salvador; e Engenheiro Agrimensor, pela Faculdade de Engenharia de Agrimensura. Assumiu diversos cargos ao longo da carreira, como a presidência da Associação dos Engenheiros Agrimensores (Aseab), diretor da Federação Nacional dos Engenheiros Agrimensores (Fenea) e membro da Câmara de Agrimensura do Crea-BA.  

Fomos ouvir o novo conselheiro para saber dele quais são suas metas de tra-balho e impressões sobre a campanha.

Qual o papel de um conselheiro federal?

Na condição de conselheiro federal, vou atender às demandas tanto da sede quanto das inspetorias do Crea-BA para promover a atualização das reso-

luções, decisões normativas e decisões plenárias referentes ao exercício e à fiscalização das profissões de forma a promover uma integração com as políticas públicas, sendo um elo de li-gação entre as demandas da matriz e o conselho federal. Devo participar de grupos de trabalho de áreas diversas e receber as propostas dos profissionais que integram o sistema.

Quer dizer que a representação não se limitará à área tecnológica civil?

Existem várias câmaras especializadas no sistema, de diversas modalidades. Quando o conselheiro federal assu-me o cargo, ele deixa de defender sua bandeira de origem e se aprofunda nas questões debatidas tanto na plenária nacional, quanto na regional. O conse-lheiro federal tem que estar em sintonia com todos esses atores.

Além de participar de reuniões, o que mais faz um conselheiro federal?

Existe uma série de demandas que exigem um trabalho de corpo a corpo

dos conselheiros. Por exemplo, uma maior integração com a bancada parlamentar em defesa do exercício das atividades profissionais da área tecnológica, a qual abrange engenhei-ros, técnicos, tecnólogos, geógrafos, cartógrafos, agrônomos e uma série de outras profissões. Vamos procurar esses deputados e buscar auxiliá-los nos projetos de interesse do sistema Confea/Crea. Além disso, vou traba-lhar incansavelmente em defesa da carreira, do exercício profissional. E até propor que outros profissionais que tanto almejam ser inseridos no sistema, como os geofísicos e outros, possam agregar em auxilio ao desen-volvimento do nosso país.

Temos que participar, regimentalmen-te, de reuniões plenárias mensais em Brasília. Mas existem outras, provoca-das pelas câmaras regionais. Como a quantidade de conselheiros, 19, não en-globa todas as unidades de Federação, a demanda é muito grande.

Quando o conselheiro

federal assumeo cargo, ele

deixa de defender sua bandeira de

origem

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 2015 45

#ENTREVISTA

Cite um exemplo prático de uma decisão do conselho:

Um exemplo prático: se houvesse uma resolução do sistema Confea/Crea para que fosse implementado nas universi-dades a “Engenharia Pública”, uma ação que tanto iria auxiliar a sociedade em suas demandas, como ser um instrumento de aprendizado e aperfeiçoamento profissio-nal, semelhante às residências médicas. Ou seja, um profissional habilitado atuaria como coach e prestaria suporte aos que ainda estivessem em formação ou àque-les com pouca prática profissional. Seria um ganho de mão dupla, ao exercício da profissão e à sociedade.

E as demandas dos profissionais ligados ao Crea-BA?

Existem várias demandas das câmaras setoriais, além da necessidade de convê-nios com órgãos do Estado e do município para fomento ao desenvolvimento da área tecnológica na Bahia. Portanto, eu tenho que trabalhar para que as atribuições se-jam exercidas de forma compatível com a formação e a grade curricular, propor o cancelamento da Resolução 1.010 e elaborar uma nova que permita o aperfei-çoamento ou especialização do exercício profissional. Na agronomia, por exem-

plo, existem algumas funções exclusivas dos engenheiros e outras dos técnicos. Precisamos estudar as grades de formação para que o exercício seja cabível a cada um individualmente e não haja competição.  

Vou estar, portanto, em diálogo cons-tante com as câmaras. O fato de eu ter sido eleito por todos os profissionais, confere à minha atividade um caráter multidisciplinar.

Você já teve alguma experiência de reunião nacional?

Para mim esse cargo não é tão novidade. Participo de uma câmara regional em um patamar próximo, onde são geradas demandas para a instância superior e há dois anos já tenho estado presente nas reuniões nacionais. Tive a oportunidade de representar o Crea-BA na Alemanha, no ano passado, a convite do Confea. Pude conhecer diversas novidades tecnológicas, dentre elas o “drone”, sensoriamento remoto pioneiro no Brasil, sistemas avançados de controle e gestão que podem ser extremamente úteis nas atividades ligadas à área tecnológica. A ideia é estabelecer, junto com agências reguladoras, mecanismos de controle. Por exemplo, o equipamento, comandado por um profissional habilitado, pode ajudar

a identificar os efeitos sobre o meio ambiente, executando, em uma escala menor, o que faz o satélite.

Cite uma demanda importante hoje no sistema:

Estamos passando por algumas catástro-fes provocadas pela natureza, mas tam-bém pelo homem. Deveria haver um moni-toramento do solo e do subsolo brasileiro, com o apoio dos profissionais da área tec-nológica. A cidade de Mariana, em Minas Gerais, foi atingida pela lama com restos de mineração, porque a barragem que se rompeu não estava sendo monitorada. Se uma empresa constrói uma unidade de armazenamento daquele tamanho per-to de uma localidade habitada, é preciso um monitoramento constante, o que não ocorreu. O Conselho Federal pode atuar propondo soluções de controle e legislação de auxilio à sociedade, como o projeto de Lei de Infraestrutura que salvaguardaria, ou alertaria os municípios quanto aos riscos no seu entorno. Estas ferramentas auxiliariam o Congresso, como exemplo, para que seja aprovado o novo Código de Mineração, que obriga as empresas a contratar seguro ambiental para projetos com potencial de contaminação da água ou do solo.

Um drone comandado por um profissional habilitado pode ajudar a identificar os efeitos sobre o meio ambiente,

executando, em uma escala menor, o que faz o satélite

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CONCRETO ARMADO - EU TE AMO VOL. I

O livro foi desenvolvido

para estudantes de engenharia

civil, arquitetura, tecnólogos e

profissionais da construção em geral.

A intenção dos autores foi apresentar,

em forma de manual, o mundo do concreto armado As

informações contidas na publicação têm aplicação

prática atuante em construções de até quatro andares, ou seja, a maioria das

edificações brasileiras.Editora: Blucher

Organizadores: Manoel Henrique Campos Botelho

e Osvaldemar Machetti

Ano: 2015

Páginas: 553

QUÍMICA GERAL APLICADA À

ENGENHARIA

Química Geral Aplicada à Engenharia

apresenta uma introdução concisa do tema, ampliando o papel da química para muitas áreas

da engenharia e da tecnologia moderna.

O objetivo dos autores Thomas Holmes e

Lawrence S. Brown foi mostrar a abrangência

da química em relação a muitas

áreas da engenharia e tecnologia,

proporcionando conhecimento e valorização dos

princípios químicos de estrutura e ligação

que dão suporte à ciência dos materiais.

Editora: Cengage Learning

Autores: Thomas Holmes e Lawrence S. Brown

Ano: 2015

Páginas: 632

CIÊNCIAS AMBIENTAIS PARA

ENGENHARIA

O objetivo do livro, organizado por Capaz

& Horta Nogueira, é propiciar uma

visão integrada e holística do meio

ambiente, além de estudar as principais

atividades e os impactos ambientais

ocasionados e que estejam relacionados com a engenharia. De acordo com resolução do Conselho Nacional de Educação, de março

de 2002, no art. 6º, parágrafo 1º, todo

curso de engenharia deverá dispor de

30% de sua carga horária geral para o

desenvolvimento dos tópicos que compõem

o “Ciclo Básico”. Neste conjunto,

o tópico “Ciências do Ambiente” tem ganhado

destaque devido aos esforços em tornar

sustentáveis os processos produtivos.

Editora: Elsevier

Organizadores: Capaz & Horta Nogueira

Ano: 2014

Páginas: 352

ENGENHEIROS DA VITÓRIA

Contrariando as histórias clássicas da Segunda Guerra, que privilegiam os líderes políticos e militares, o escritor Paul Kennedy (autor de “Ascensão e queda das grandes potências”) procurou enaltecer o esforço

dos cientistas, engenheiros e soldados que

garantiram a vitória dos aliados na

Segunda Guerra Mundial. Entre as muitas histórias narradas no livro

“Engenheiros da Vitória – Os

Responsáveis Pela Reviravolta na

Segunda Guerra Mundial”, estão a invenção do

Magnetron, um radar em miniatura, tão pequeno como um prato de sopa, que

podia ser facilmente instalado em aviões e navios de combate menores. O escritor conduz o leitor para os bastidores dessas

descobertas.Editora: Companhia das

Letras

Autor: Paul Kennedy

Ano: 2014

Páginas: 504

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA

MECÂNICA

A intenção dos autores é introduzir o leitor no campo da

engenharia mecânica, proporcionando aos

estudantes uma visão de como os

engenheiros devem projetar máquinas e equipamentos. O

livro traz problemas, análise e execução de

projetos, tudo com aplicações ao mundo

real e à tecnologia prática. O texto traz informações sobre

motores a explosão, prototipagem

rápida, projetos de engenharia auxiliados

por computador, robótica, entre outros

temas da área. Editora: Cengage Learning

Autores: Jonathan Wickert e Kemper Lewis

Ano: 2015

Páginas: 376

SISTEMAS FOTOVOLTAICOS -

DA TEORIA À PRÁTICA

O livro traz aspectos teóricos e práticos ligados ao�sistema

fotovoltaico. Começa com uma introdução

à Geometria Solar, tratando o movimento da Terra em torno do sol e estabelecendo

a ponte para o aproveitamento da

energia irradiada pelo sol. O

dimensionamento de um sistema

ligado à rede e de um sistema isolado são apresentados

passo a passo no livro, voltado para técnicos,

eletrotécnicos e projetistas de

sistemas solares fotovoltaicos.

Editora: Publindústria

Autores: Josué Morais

Ano: 2015

Páginas: 128

#COMPARTILHANDO CONHECIMENTO

CREA, Salvador, BA, v.14, n.50, quarto trimestre de 2015 47

#INSPETORIAS DO CREA-BA

ALAGOINHAS

Rua Dantas Bião, s/n, sala 52, Laguna Shopping, Centro. CEP: 48.030-030(75) [email protected]: Eng. agrônomo Luiz Cláudio Ramos Cardoso

BARREIRAS

Rua Maria Mendes Ferreira, nº21 – Sandra ReginaCEP: 47.802-022(77) 3611-2720/[email protected]: Eng.civil Edson José Boll

BOM JESUS DA LAPA

Rua do Flamengo, 300 – Amaralina CEP: 47.600-000(77) [email protected]: Eng. civil Fábio Lúcio Lustosa de Almeida

BRUMADO

Praça Coronel Zeca Leite, 460 – Centro(77) [email protected]: Eng. Agrônomo Sinval Xavier de Aguiar

CAMAÇARI

Av. Radial A, nº 67, Edfício Empresarial Pacific Center, salas Q e R, 1º andar – Centro CEP: 42.807-000(71) 3621-1456 / [email protected]: Téc. Eletrotéc. Sandro Augusto Vieira da Silva

CRUZ DAS ALMAS

Rua J. B. da Fonseca, nº 137 – CentroCEP: 44.380-000(75) [email protected]: Eng. civil Luís Carlos Mendes Santos

EUNÁPOLIS

Rua Castro Alves, 374, Sala 02 e 03 – Centro CEP: 45.820-350(73) [email protected]: Eng. Agrônomo José Emarcio Bezerra Torres

FEIRA DE SANTANA

Rua Prof. Geminiano Costa, 198 – CentroCEP: 44.001-120(75) [email protected]: Eng. Eletricista Edson José Nunes

GUANAMBI

Av. Messias Pereira Donato, 495 – Aeroporto Velho CEP: 46.430-000(77) [email protected]: Eng. agrimensor Wellington Donato de Carvalho

ILHÉUS

Praça Rui Barbosa nº 32 – CentroCEP: 45.653-340(73) [email protected]: Eng. civil Claudio Nepomuceno Pinto

IRECÊ

Avenida Tertuliano Cambuí, n° 350 – CentroCEP: 44.900-000(74) 3641-3708 / [email protected]: Eng. agrônomo André Fernando Martinez Rocha

ITABERABA

Praça Flávio Silvany , 130, sala 105, Edf. Empresarial João Almeida Mascarenhas– Centro. CEP: 46.880-000(75) 3251-3213 / [email protected]: Eng. eletricista Jayme Carneiro Calmon Neto

ITABUNA

Avenida Princesa Izabel, 395. Cond. Itabuna Trade Center, sala 202. CEP: 45.607-291(73) 3211-9343 Fax: [email protected]: Eng. agrônomo José Celso de Santana

JACOBINA

Rua Duque de Caxias, 400A – Estação CEP: 45.600-124(74) [email protected]: Téc em Seg. do Trabalho Sergio Alves Pedroza

JEQUIÉ

Rua Frederico Costa, 61 – CentroCEP: 45.2036-30(73) [email protected]: Eng. civil Deusdete Souza Brito

JUAZEIRO

Rua do Paraíso, nº 97, Centro Médico e Empresarial Dr. Olavo Balbino, sala 35 – Santo Antonio. CEP: 48.903-050(74) 3611-3303 / [email protected]: Eng. agrônomo Luciano César Dias Miranda

LAURO DE FREITAS

Av. Brigadeiro Mário Epighaus, 78, Ed. Busines Center, sala 115, Bloco B, Condomínio Porto 3 – Centro(71) [email protected]: Téc. de Telec. Johnson Euclides Pacheco

LUIS EDUARDO MAGALHÃES

Av. JK, nº 1973, Salas 1 e 3 – Centro CEP: 47.850-000(77) [email protected]: Eng. agrônomo Paulo Roberto Gouveia

PAULO AFONSO

Rua Carlos Berenhauser, 322, Térreo – Alves de Souza. CEP: 46.608-080(75) [email protected]: Eng. agrônomo Arquimedes Ferreira Faria

RIBEIRA DO POMBAL

Av. Dep. Antônio Brito, 132 – CentroCEP: 48.400-000(75) [email protected]: Eng. civil Jone Souza Santos

SANTA MARIA DA VITÓRIA

Rua 06 de outubro, S/Nº – CentroCEP: 47.640-000(77) 3483-1090 Fax: [email protected]: Eng. civil Antocélio Ribeiro Teixeira

SANTO ANTÔNIO DE JESUS

Av. Roberto Santos, 88, Ed. Cruzeiro do Sul, salas 103 e 104 – Centro. CEP: 44572-060(75) [email protected]: Eng. eletricista Leonel Pereira dos Reis Neto

SEABRA

Rua Jacob Guanaes, 565 – CentroCEP: 46.900-000(75) [email protected]: Eng. de Computação Jacques Jefferson Leão Lima

TEIXEIRA DE FREITAS

Av. Presidente Getúlio Vargas, 3421, Edificio Esmeralda - salas 203, 204 e 205 – CentroCEP: 45.985-200(73) 3291-3647/ [email protected]: Eng. civil Exuperio Amaral Souza

VALENÇA

Rua Dr. Heitor Guedes de Melo, nº 111, Ed. Argeu Farias Passos – CentroCEP: 45.400-000(75) [email protected]: Engª sanitarista e ambiental Márcia Cristina Alves do Lago

VITÓRIA DA CONQUISTA

Avenida Otávio Santos, 722 – RecreioCEP: 45.020-750(77) 3422-1569 (77) [email protected]: Eng. civil Alexandre José Pedral Sampaio

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