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CREA REVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA v. 13, n. 46, set/out/nov 2014 ISSN 1679-2866 Gás natural consolida-se como matriz energética Prevenção é a melhor forma de evitar acidente de trabalho

Revista CREA Bahia Edição 46

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Prevenção é a melhor forma de evitar acidente de trabalho.

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Page 1: Revista CREA Bahia Edição 46

CREAREVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA

v. 13, n. 46,set/out/nov 2014

ISSN 1679-2866

Gás natural consolida-se como matriz energética

Prevenção é a melhor forma de evitar acidente de trabalho

Page 2: Revista CREA Bahia Edição 46

06Gás natural

Bahia é o segundo maior consumidor

12Mercado promissorBahia desponta no setor de tecnologia

20Ciência e TecnologiaNovidades no Brasil e no mundo

22Pontes estaiadasEspecialista fala sobre o tema em entrevista exclusiva

26Acidentes de trabalhoFalta cultura da prevenção no Brasil

32Norberto OdebrechtUm líder que fez história na Engenharia

36Preservação do Velho Chico

Esforço conjunto evita danos ao rio

38Sucesso no exterior

Engenheiros baianos brilham fora do país

ESPAÇO DO LEITOR

FALE CONOSCOEnvie sua mensagem com nome completo, e-mail e telefone para os endereços eletrônicos: [email protected] e [email protected]. Lembramos que as mensagens poderão ser resumidas ou adaptadas ao espaço da revista. Siga o Crea-BA nas redes sociais www.facebook.com/creabahia e Twitter: @CreaBahia. Para anunciar, ligue para (71) 8748-4682. Edição online no site: www.creaba.org.brMande sua sugestão de pauta pelo WhatsApp (71) 9956-0558

Elogios e sugestão de reportagemParabéns ao Crea-BA pela nova revista. Adorei os temas e o visual. Tem assuntos que interessam a todos, como as novas normas para construção. Gostaria, inclusive, de sugerir uma reportagem sobre o trabalho dos técnicos que atuam no subsolo da cidade, consertando e instalando cabos de telefone e outros equipamentos. Sempre tive curiosidade em saber como é trabalhar sob o solo. Tem insalubridade? Eles se aposentam mais cedo?

Claudio Oliveira Eletrotécnico

A sugestão será encaminhada ao Conselho Editorial da revista do Crea-BA.

Coordenação de Comunicação do Crea-BA

Embargo de obraGostaria de saber se o Conselho de Engenharia tem o poder de embargar uma construção irregular em minha rua?

Paulo Silva Filho

O Conselho não tem poder de embargar obras, mas pode multar o proprietário se ela estiver sem engenheiro responsável técnico e sem a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica - ART. A prerrogativa de embargo cabe ao município. No caso de Salvador, à Sucom e à Defesa Civil. O Conselho também não tem a função ou o poder de liberar alvarás de construção e habite-se de obra. Sempre que verifica uma irregularidade ou ameaça, o Crea-BA comunica aos órgãos competentes.

Assessoria Técnica do Crea-BA

DúvidaSou técnico em edificações (com anuidade em dia) e lendo a reportagem “Amadorismo com os dias contados” vi que, quando se fala de reformas e projetos assinados, apenas são citados o engenheiro ou o arquiteto. Fiquei na dúvida quanto à minha legalidade para assinar projetos, emitir ART, etc. Tinha conhecimento que, em empreendimentos de até três andares, nos era facultado essa assinatura, inclusive reformas. Aguardo parecer e orientação.

Antônio Cézar Batista PassosTécnico de Manutenção Sênior

Realmente deveria ter sido mencionado na matéria que os técnicos em edificações podem assinar projetos de até 80m² (térreo). Vale salientar que os técnicos não podem assinar reformas em prédios, por exemplo, mesmo pequenas, pois nesses casos, também precisa ser analisada toda a estrutura.

Assessoria Técnica do Crea-BA

Envio de revistaGostaria de saber se existe a possibilidade de receber a revista do Crea-BA em minha casa. Sou estudante de Engenharia Civil e acho a revista muito interessante para o meu conhecimento. Aguardo retorno.

Rafael Moura Estudante de Engenharia

Devido aos custos com postagens, o Crea-BA só distribui a revista para profissionais registrados e em dia com a anuidade.

Coordenação de Comunicação do Crea-BA

ERRATAS - Na matéria “Memória preservada”, da edição nº 45, o engenheiro civil e empresário Paulo Moraes afirmou que conseguiu com facilidade acessar o sistema do Crea para obter a Certidão de Acervo Técnico. Informamos que a solicitação do documento só é permitida com a apresentação presencial da documentação.

A matéria “O risco de construir sem um profissional habilitado”, publicada nas páginas 12 e 13, da edição 45 da Revista do Crea-BA, informou, de forma equivocada, que os fiscais do Crea também atendem as denúncias por meio do telefone. Na verdade, o Conselho só recebe denúncias por e-mail ou pelo site.

CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014 3

Page 3: Revista CREA Bahia Edição 46

EDITORIALCaro leitor,

Considerando seus 80 anos de história e uma imensa trajetória de serviços prestados à sociedade, sinto-me honrado de estar presidente do Crea-BA. Nos últimos meses tenho procurado, junto com a equipe técnica do Conselho, dar minha contribuição, como na preocupação com o planejamento estratégico da entidade e a melhoria dos trâmites dos processos internos. Além disso, construímos o orçamento 2015 de forma partici-pativa, aprovamos junto à plenária e implantamos algumas mudanças importantes na dinâmica da instituição.

Acreditar em um processo gerencial, na formulação de objetivos para a seleção de progra-mas de ação e para sua execução, levando em conta as condições internas e externas ao Conselho e sua evolução, são requisitos para o sucesso do planejamento estratégico que está sendo construído internamente. Dentro dessa ótica, espero plantar esta semente durante a minha passagem para que todo o processo tenha coerência e sustentação.

Reporto-me aos profissionais e à sociedade dizendo que iniciamos uma campanha estadual visando reduzir o número de inadimplentes entre os profissionais, pois estar em dia com o Conselho garante ao profissional maior credibilidade no mercado, a emissão de ART’s, além de uma série de benefícios, como acesso ao acervo técnico e a participação em concursos e licitações. A sociedade também cobra a regularização do profissional, tornando o registro relevante. Deste modo o Crea preserva o trabalho ético, o respeito aos profissionais e a remuneração adequada.

Pensando ainda na qualidade do atendimento aos profissionais, informo que os próximos dias disponibilizaremos mais um mecanismo de apoio para fiscalização, o Crea Móvel.

Complementando as melhorias, o público terá acesso ao SITAC, um sistema corporativo que permitirá o gerenciamento de documentos ligados às rotinas técnicas, administrativas e operacionais do Conselho. Dentre os ganhos esperados posso registrar a preocupação ecológica, com a redução de gastos com papel, tramitação eletrônica dos documentos para registro e cadastro de pessoas físicas e jurídicas, acompanhamento eletrônico de processos diretamente pelos profissionais e integração de todos os processos.

Esta revista reflete o atual momento do órgão. Buscamos, junto com o Conselho Editorial, definir pautas interessantes, voltadas não só para os profissionais da área técnica, mas também para o público em geral. A começar pela reportagem de capa, que trata de um tema de extrema relevância para todos, que é a prevenção do acidente de trabalho. Além de trazer depoimentos de especialistas, apresenta números da situação na Bahia e no Brasil.

Outra reportagem mostra que as empresas brasileiras estão cada vez mais exportando serviços de Engenharia e seus profissionais, levando a tecnologia nacional para outros países. A matéria conta a história de engenheiros baianos que estão fazendo sucesso no exterior, um deles na Arábia Saudita e outro na Romênia.

Ainda lembramos do movimento de Empresas Juniores. Particularmente, tive a opor-tunidade de ser um dos fundadores de uma delas e tenho consciência da importância desta experiência na minha vida profissional.

Eduardo SousaEngenheiro Mecânico e presidente em exercício do Crea-BA

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PRESIDENTE EM EXERCÍCIOEduardo Sousa

DIRETORIA 20142º. Vice-Presidente: Eng. Agrim. Juci Conceição Pita

1º. Diretor Administrativo: Eng. Minas Laelson Dourado Ribeiro2º. Diretor Administrativo: Eng. Civil Lúcio José de Castro

1º. Diretor Financeiro: Eng. Alim. Silvana Marília Ventura Palmeira2ª. Diretora Financeira: Eng. Agrôn. Lorena Maria Magalhães Rocha

3º. Diretor Financeiro: Eng. Elet. Andersson Alves Ambrósio

CONSELHO EDITORIAL Silvana PalmeiraArival Guimarães

Roberto Costa Flávio Vieira

Eduardo SousaAlessandro José

Rodrigo Lobo José HumbertoSilvana Marília

Marjorie NolascoHerbert Oliveira

Eduardo Rode

Assessora de Comunicação Daniela Biscarde

ElaboraçãoTriciclo Comunicação

Jornalistas Adelmo Borges e Fred Burgos

Apoio: Ascom Crea-BA

Foto de capa:Haroldo Abrantes

Projeto gráfico e diagramaçãoAutor Visual / Pery Barreto

ImpressãoGráfica Ediouro

Tiragem 45 mil exemplares

Nosso endereçoAv. Professor Aloisio de Carvalho Filho, 402, Engenho Velho de Brotas

CEP 40243-620 – Salvador/BahiaTels (71) 3453-8989 Telecrea (71) 3453-8990

E-mail: [email protected]

As opiniões emitidas nas matérias e artigossão de total responsabilidade de seus autores.

Revista CREA-BA/Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia. Nº 46 (Set./Out./Nov. 2014). Salvador: CREA-BA, 2006 - ISSN 1679-2866

Trimestral

1.Engenharia. I. Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia

CDU 72:63 (813.8)CDD 720

ISSN 1679-2866v. 13, n. 46, set/out/nov. 2014

Revista trimestral

Page 4: Revista CREA Bahia Edição 46

#GÁS NATURAL

A Bahia é o segundo estado brasileiro consumidor de gás natural, atrás apenas do Rio de Janeiro. Segundo o diretor presidente da Bahiagás, Luiz Gavazza, em 2006, a concessionária estadual de serviços de distribuição de gás enca-nado tinha três mil clientes. Em 2013, passaram a ser 53 mil, dos quais 27 mil já consumindo. Os outros clientes estão em empreendimentos em fase de implantação. “Hoje, a empresa distribui cerca de 4 milhões m3/dia, em média. Mas, com a entrada em operação de termoelétricas locais, como tem aconte-cido nos últimos meses, esse montante poderá ser acrescido de mais 1 milhão de m³/dia”, afirma.

O país ainda importa cerca de 34% do gás natural que consome, não produ-zindo internamente o suficiente para o crescimento da demanda por muito tempo. E nesse sentido poderia haver uma certa preocupação do mercado consumidor. Mas, para Luiz Gavazza, isso não pode ser encarado como um problema, se observarmos as crescentes reservas do país. As sucessivas desco-bertas e entrada em operação de poços de gás natural tanto na Bahia, a exem-plo de Manati, como principalmente na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde as reservas prova-das quadruplicaram nos últimos anos, ampliam continuamente o horizonte do setor, no seu entender.

Na Bahia, já houve mais demanda do

GÁS NATURALamplia participação na matriz energética

Da condição de mero coadjuvante para o lugar de um dos protagonistas na matriz energética nacional, o gás natural vem gradualmente assumindo uma posição crescente como alternativa energética no país, seja no setor industrial, seja nos segmentos comercial, residencial e veicular. Em

2012, o gás natural passou a contribuir com 11,5% da produção de energia no Brasil, o que representa um salto se for considerado que sua participação chegou a 9,4% em 2007 e representou apenas 3,1% da matriz nacional na década de 1990. Em 1996, a participação do gás natural na matriz energética baiana era de 10%. Em 2012, esse percentual passou para 16,5%.

Fotos: Edson Ruiz

Luiz Gavazza, diretor-presidente da Bahiagás

que oferta. Hoje é o contrário. Até 2007, a Bahiagás fornecia o produto para a Região Metropolitana de Salvador, além das cidades de Feira de Santana e Alagoinhas. Poucos consumidores industriais consumiam praticamente toda a oferta. Com a entrada em ope-ração de Manati, em 2007, com a capa-cidade instalada de 8 milhões m3/dia, a empresa iniciou a diversificação de sua base de clientes, avançando princi-palmente no segmento residencial em Salvador, mas também no veicular e para shoppings, hotéis e hospitais. Com a entrada em atividade do Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene), em 2010, a oferta de gás para a região Nordeste tornou-se ainda mais segura. Afinal, o gasoduto acrescentou, em potencial, mais 25 milhões de m3/dia de gás.

A Bahia é o segundo estado consumidor, atrás apenas do Rio de Janeiro

MATRIZ ENERGÉTICA

Hoje, a empresa distribui cerca de 4 milhões m3/dia, em média. Mas, com a entrada em operação de termoelétricas locais, como tem acontecido nos últimos meses, esse montante

poderá ser acrescido de mais 1 milhão de m³/diaLuiz Gavazza, diretor-presidente da Bahiagás

Loteamento Aquárius, em Salvador, é uma das

localidades abastecidas com gás natural.

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Gás natural em númerosO Brasil, com sua imensa extensão territorial, é detentor de grandes reservas de Gás Natural. As pesquisas atuais demonstram os seguintes dados de reservas já descobertas:

• 185 trilhões de m³ estão distribuídos pelo globo terrestre, sendo as maiores reservas situadas na Europa e países da Ex-União Soviética e no Oriente Médio;

• A América Latina possui 7 trilhões de m³ e deste total 364 bilhões de m³ estão distribuídos em reservas brasileiras;

• A Bahia possui 32 bilhões de m³, correspondendo a 63% das reservas do nordeste e 9% das reservas do Brasil;

• A participação do gás natural na matriz energética brasileira é de 9% e, dentro deste cenário, a Bahia representa 14,5%.

Interiorização do processoO Gasene tornou possível a amplia-ção do processo de interiorização da Bahiagás, com a oferta de gás natural para empresas como a Veracel Celulose (Eunápolis) e Suzano (Mucuri), além da disponibilização do produto para a cidade de Itabuna. Ao Manati e Gasene se soma ainda a produção de campos maduros, no Recôncavo Baiano, que adicionam mais de 2 milhões m3/dia no sistema estadual. Em janeiro de 2014, a Petrobras inaugurou no estado uma unidade para regaseificar o gás natural liquefeito (GNL), reforçando ainda mais a oferta local de gás natural. A unidade permitirá que o GNL possa ser transfor-mando em vapor e assim consumido. A sua capacidade de processamento é de 7 milhões de m3/dia.

Com tradição histórica na produção e consumo de gás natural, a Bahia é o segundo estado maior consumidor de gás natural do país. E a Bahiagás é a quarta maior companhia de gás do país e a nona maior empresa baiana. Sob sua responsabilidade está 31% da matriz energética industrial do estado. Sobre aspectos como custo e eficiên-cia energética, o diretor-presidente da companhia avalia que o gás natural é invariavelmente mais barato do que os outros combustíveis fósseis. O óleo

combustível, usado principalmente na indústria, sai 15% mais caro. Além disso, o gás é ambientalmente mais limpo e não exige, por exemplo, parada de caldeiras para limpeza periódica, o que, dentro outros aspectos, lhe garante uma eficiência energética cerca de 8% maior. Na área residencial, o gás natural

chega a ser 25% mais barato do que o GLP, além de ser muito mais seguro.

No caso do GNV (gás natural veicular), o ganho de economia é de cerca de 50% do preço. Para percorrer 100 km, um carro gasta cerca de R$ 15 em gás. Já abastecido por gasolina faria o mesmo percurso por cerca de R$ 25.

#GÁS NATURAL

ESTRUTURA RENOVADA PARA ATENDER MELHORInspetorias modernizadas aumentam a capacidade de atendimento do Crea nos municípios

A localização da nova inspetoria é estratégica,

com acesso fácilAndré Luís Dias Cardoso, inspetor-chefe

de Brumado, engenheiro civil

#UMA INSPETORIA PERTO DE VOCÊ

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CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014 98

Dentro dessa filosofia, foram requalifi-cadas, no segundo semestre de 2014, quatro inspetorias: Ilhéus, Brumado, Guanambi e Bom Jesus da Lapa, todas dentro de um novo padrão visual.

O eletrotécnico Benilton Bonfim foi atendido pela Inspetoria de Guanambi e diz que não demorou para conseguir o registro profissional. “O pessoal atende muito bem e as novas instalações dão mais conforto para quem procura o Crea”. O mesmo relata o técnico em edi-ficação Bruno Marquezine, que procurou o Crea local para registrar sua empresa

de serviço e locação. “Fui atendido com rapidez e atenção”, afirma.

O engenheiro civil Quirino Rabelo, de Bom Jesus da Lapa, destaca que atu-almente a cidade tem muitas obras de engenharia sendo realizadas e que o Crea local tem sido fundamental no re-gistro das empresas e profissionais. Ele constatou isso na prática. “Fui registrar minha empresa no Conselho e o aten-dimento foi rápido e bem eficiente”, diz.

Acompanhe a seguir detalhes econômi-cos e área de abrangência municipal de cada uma das novas inspetorias.

Modernizar a estrutura das inspetorias, melhorando as condições de trabalho e aumentando a capacidade de atendimento. Esta é filosofia da gestão do Crea-BA, que tem se esforçado para entregar à população equipamentos que garantam conforto e praticidade para quem busca o Conselho.

Page 6: Revista CREA Bahia Edição 46

INSPETORIA#UMA INSPETORIA PERTO DE VOCÊ

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BOM JESUS DA LAPA

BRUMADO

GUANAMBI

Brumado Abrangência - Aracatu, Barra da Estiva, Condeúba, Contendas do Sincorá, Cordeiros, Dom Basílio, Érico Cardoso, Guajeru, Ibicoara, Ituaçu, Jussiape, Livramento de Nossa Senhora, Malhada de Pedras, Paramirim, Piripá, Presidente Jânio Quadros, Rio de Contas, Rio do Antônio e Tanhaçu.

IlhéusAbrangência - Além de Ilhéus, a inspetoria atende Arataca, Aurelino Leal, Banco da Vitória, Barra do Rocha, Buerarema, Camacan, Canavieiras, Ibirapitanga, Ilhéus, Itacaré, Itaju do Colônia, Itapé, Maraú, Pau Brasil, Santa Luzia, Ubaitaba, Ubatã, Una e Uruçuca.

GuanambiAbrangência - Além de Guanambi, a inspetoria abrange Caculé, Caetité, Candiba, Ibiassucê, Iuiu, Jacaraci, Lagoa Real, Licínio de Almeida, Malhada, Matina, Mortugaba, Palmas de Monte Alto, Pindaí, Sebastião Laranjeiras e Urandi.

Bom Jesus da LapaAbrangência - Além de Bom Jesus da Lapa, a inspetoria atende aos municípios de Boquira, Botuporã, Ibipitanga, Ibotirama, Igaporã, Macaúbas, Oliveira dos Brejinhos, Paratinga, Riacho de Santana, Rio do Pires, Serra do Ramalho, Sítio do Mato e Tanque Novo.

Fui registrar minha empresa no Conselho e o atendimento foi rápido e

bem eficienteQuirino Rabelo, engenheiro civil

de Bom Jesus da Lapa

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#CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E DESIGN

TECNOLOGIA DE PONTA:da Bahia para o mundo

A ideia de uma Bahia praieira, com vocação natural e quase exclusiva para o turismo ou, no máximo, para a transformação industrial, tem dado espaço a um lugar de onde produtos finais, com alto teor tecnológico, estão sendo desenvolvidos desde a sua projeção no papel até a fabricação e entrega ao consumidor. A percepção crescente é de que a Bahia se

tornou um importante centro de engenharia de ponta no país. Dois importantes marcos nesse processo: a chegada da Ford a Camaçari, em 2001, que, no seu projeto Amazon, contemplou a instalação local do seu Centro de Desenvolvimento de Produtos, e a inauguração de um grande centro tecnológico local, o Cimatec – Campus Integrado de Tecnologia, unidade do Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai), localizado no bairro de Piatã, Salvador.

Nilton D. Otsuzi, gerente executivo de Powertrain da Ford para América do Sul e coordenador do Programa de Cooperação com Universidades

Luís Alberto Breda, gerente do Núcleo Estratégico do Senai

Um dos cinco centros de PD (Product Development) que a empresa norte--americana possui em todo o mundo (Brasil, EUA, Alemanha, Inglaterra e Austrália), a aposta no centro baiano foi alta. Afinal, se a ideia de implantar uma montadora em uma região sem qualquer tradição na produção de veí-culos já foi considerada muito arrojada, a proposta de um centro de desenvol-vimento de produto no local era algo que não só desafiava a inexistência de mão de obra especializada, como a au-sência de centros tecnológicos locais de suporte adicional. Hoje, diretamente da Bahia, produtos globais já saíram do papel para as ruas das grandes metró-poles mundiais, a exemplo EcoSport, Cargo Extra-Pesado e Novo Ka, além de tecnologias pioneiras como motor com injeção direta flex.

A unidade da Ford em Camaçari se tor-nou um grande centro de engenharia global. E a aposta permitiu ao estado criar um ambiente fecundo para o cres-cimento da engenharia de produtos. “Temos certeza de que nosso centro de desenvolvimento do produto é um novo paradigma do mercado, que está em busca de profissionais dinâmicos que se atualizam com rapidez, facilidade e dominam as novas tecnologias”, afir-ma Nilton D. Otsuzi, gerente executivo de Powertrain da Ford para América do Sul e coordenador do Programa de Cooperação com Universidades.

Um ano após a chegada da Ford, em 2002, foi a vez do Cimatec entrar em operação. Desde então, o centro do Senai tem assumido um importante papel no suporte à consolidação do es-tado como um ambiente fértil pra o de-senvolvimento da engenharia de ponta, a partir de três vertentes fundamentais: capacitação e formação de pessoal, de-senvolvimento de produto e testes de materiais e peças. Hoje, a partir de um reconhecimento nacional conquistado ao longo dos seus 12 anos de existência, o Cimatec virou referência para pro-gramas federais de grande porte, e se tornou um dos três centros tecnológicos nacionais a participar do projeto piloto da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

“A ideia da Embrapii é estabelecer uma ponte entre institutos de pesquisa e empresas que desejem investir em no-vos produtos e processos com apoio técnico de qualidade e financeiro. O governo federal entra com um terço dos recursos do empreendimento”, in-forma o gerente do Núcleo Estratégico do Senai, Luís Alberto Breda. Além do Cimatec, outros dois centros tec-nológicos existentes são o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), com 115 anos de existência, e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), criado há 93 anos.

Segundo Breda, no âmbito da Embrapii, o Cimatec é o centro que mais projetos desenvolveu. Já concluiu mais de 30, ao mesmo tempo em que cerca de 40 novos projetos de inovação estão ro-dando. Outros 100 projetos estão em processo de prospecção, dos quais cerca

de 30% devem ser fechados. São projetos que envolvem empresas

da Bahia e de outros estados, como Rio, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Goiás e Paraná. No total, somando-se inclusive os projetos que não fazem parte da Embrapii, mas que são apoiados pela Finep

(Finep – Inovação e Pesquisa), Fapesb (Fundação de Amparo à

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TECNOLOGIA

Montadoras de automóveis e centros de desenvolvimento de produtos para a indústria abrem campo para profissionais especializados

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Page 8: Revista CREA Bahia Edição 46

Pesquisa do Estado da Bahia) e Secti (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia), cerca de R$ 160 milhões estão sendo investidos em pesquisa e desenvolvimento no centro. Ao todo, os projetos concluídos até o momento pelo Cimatec já resul-taram na solicitação, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), de 60 patentes em tecnologias de engenharia de superfície, automa-ção, eletroeletrônica, energias renová-veis e outras.

A montadora chinesa JAC Motors, que acabou de ter liberado o financiamento para as obras de construção de unida-de baiana, já sugeriu pela imprensa, por meio do seu diretor da cadeia de suprimentos e de engenharia, Marcelo Sorato, que além da capacitação de sua mão de obra, a nova linha de veículos, a ser montada em Camaçari, demanda-rá do Cimatec serviços de engenharia para pesquisa e inovações. A relação do Cimatec com o setor automobilístico só tem crescido. Por meio do Projeto de Desenvolvimento de Cadeias de Suprimento (Decas) mapeou as pe-

No Centro da Ford, 35% dos profissionais são do Nordeste

Estúdio de design trabalha com computação gráfica

Ao investir na criação de produtos e tecnologias globais na Bahia, a Ford acaba incentivando também o desenvolvimento da engenharia brasileira e baiana, em especial, preparando os profissionais locais e criando um am-

biente de sinergia que aposta no presente e no futuro, para atender os mercados mais exigentes do mundo. Isso porque o centro de desenvolvimento da Ford exige alta capacitação e tecnologia para realizar todas as fases de criação de um veículo, desde o projeto de design e engenharia até a produção e testes de validação.

Dentro do Centro de Desenvolvimento de Produtos da Ford há ainda um moderno estúdio de design, com estado da arte em tecnologia de simulação por computa-ção gráfica, com os mesmos recursos encontrados nos outros estúdios da Europa, EUA e Ásia. “Nele, um carro nasce das ideias dos designers, que as aplicam em desenhos nos tablets e que depois se transformam em modelos tridimensionais, com escala real, construídos em argila”, conta Nilton D. Otsuzi, gerente executivo de Powertrain da Ford para América do Sul. A argila é modelada, esculpida e digi-talizada, gerando dados para que os modeladores eletrônicos possam desenvolver as superfícies que serão liberadas para a engenharia desenhar os ferramentais. Os modelos em argila também são conhecidos como Clay.

No tabuleiro da baiana tem, hoje, muita engenharia incorporada. Os veículos desenhados no cen-

tro de criação da Ford em Camaçari des-pontam como boas novas no mercado automobilístico. No Cimatec, pesquisa aplicada tem permitido o desenvolvi-mento de produtos que vêm fazendo a diferença. Em julho deste ano, o Ford EcoSport foi classificado para o prêmio de Carro do Ano 2015 na Europa, dentro da lista de 31 modelos pré-seleciona-dos para a eleição mais disputada do mundo. Esta é a primeira vez que um veículo totalmente desenvolvido no Brasil concorre como lançamento do ano no continente europeu.

O tradicional prêmio automotivo é re-

alizado desde 1964 e conta com um júri formado por jornalistas das principais revistas e sites automotivos de vários países daquele continente. O resultado final será conhecido no dia 2 de março de 2015, durante o Salão de Genebra. Como pré-requisito para participar da premiação, os modelos devem ser ven-didos em cinco ou mais países europeus e ter, no mínimo, cinco mil unidades comercializadas por ano.

Reconhecimento nacional e internacional

Em um ambiente sem qualquer cultura automobilística, um dos investimentos centrais para todo

o projeto da Ford em Camaçari foi a capacitação da mão de obra. Alguns profissionais, principalmente da área de Engenharia, foram trazidos de outras plantas da montadora no país. Hoje, o Centro de Desenvolvimento da Ford, em Camaçari, conta com uma equipe mul-ticultural de profissionais de aproxima-damente 1.300 engenheiros, técnicos e designers. Desse total, 35% são da região Nordeste. Se pensarmos em todo o complexo Ford, identificaremos nele o maior empregador do Polo Industrial de Camaçari, gerando 9,5 mil empregos diretos, ao longo de toda a sua cadeia produtiva.

Para garantir a excelência técnica dos profissionais que ali trabalham – e tam-bém de futuros profissionais –, tem sido necessário um esforço coletivo entre universidades locais, a exemplo da Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal do Recôncavo, Universidade Salvador (Unifacs), e centros tecnológicos, como o Senai Cimatec, de papel importante na capacitação de mão de obra para a Ford, assim como para o desenvolvimento e teste de novos produtos em outras plantas industriais.

A parceria da Ford com o Senai tem contribuído para importantes resultados. Um deles foi o programa Fast Track, por meio do qual o Cimatec conseguiu atender uma demanda de capacitação de pessoal específica da Ford em um curto espaço de tempo. Cerca de cinco mil funcionários da Ford já passaram pelos cursos do Senai, desde operadores, soladores, engenheiros mecatrônicos, engenheiros me-cânicos, de materiais e elétricos. Na parceria estão previstas ainda doações de carros, motores e peças, para fomentar o conhecimento tecnológico. Essa relação possibilitou a criação de um laboratório de bancada, cursos de mestrado, cursos profissionalizantes e de mestrado, além de projetos de pesquisa. Da primeira turma de mestrado em Gestão e Tecnologias Industriais, do Cimatec, dos 30 alunos concluintes, 20 eram da indústria automotiva.

ças usadas pela Ford fora do Estado e fez o cruzamento com as empresas baianas para adensar a cadeia local. Além disso, está na ponta da agulha a graduação em Engenharia Automotiva, prevista para iniciar turma em 2015.

O terreno é fértil e o mercado tem sido promissor. Tanto que o Cimatec passou por uma segunda ampliação, com a inauguração em março deste ano dos módulos 3 e 4, num investimento de R$ 78 milhões, dos quais R$ 51 milhões em obras civis. Com 16,7 mil metros quadra-dos, as novas áreas abrigarão dois cen-tros: Conformação Mecânica e Fundição e Logística e Gestão da Produção.

A relação entre formação de pessoal e demanda real do mercado de trabalho

tem sido estreita. O Cimatec trouxe, em 2007, para o Brasil, a metodologia alemã TheoPrax, por meio da qual o aluno aprende, durante um ano, a partir de demandas específicas da indústria. Durante os seis primeiros meses, o aluno se dedica à elaboração de uma proposta para a empresa. Nos outros seis, executa seu projeto. Ao final, o trabalho é examinado por uma banca e precisa também ser validado pela empresa. A metodologia foi trazida pelo Instituto Fraunhofer IML , Dortmund, Alemanha, inicialmente adotada em cursos técnicos. Em 2009, foi estendi-da à graduação, segundo o gerente do Núcleo Estratégico do Senai Bahia, Luís Alberto Breda.

100 projetos estão em processo de prospecção, dos quais cerca de 30% devem

ser fechadosLuís Alberto Breda, gerente do

Núcleo Estratégico do Senai

#TECNOLOGIA TECNOLOGIA

CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014 1514

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Com 10 anos de Ford, a baiana Verônica Wildberger Lisboa Okano exerce, hoje, o cargo de gerente de Desenvolvimento de Transmissões e Sistemas 4x4 para

a América do Sul. Foi a única mulher na sua turma e a quinta de todo o curso de Engenharia Mecânica, da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Pós-graduada em gestão de pro-jetos pela Unifacs, foi responsável por liderar uma equipe multicultural para o desenvolvimento do conjunto de motor e transmissão do Novo EcoSport.

Uma engenheira baiana na Ford

O EcoSport já está presente em cerca de 50 mercados, a exemplo da Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Espanha, Portugal, Holanda, Áustria, Bélgica, Grécia, Suíça e em breve deve chegar a mais de 125 países em cinco continentes: Américas, Europa, Ásia, Oceania e África. No Brasil, o veículo é líder absoluto do segmento de utilitários esportivos e coleciona diversos prêmios, bem como em países

como Argentina e Índia, onde também foi eleito o Carro do Ano. A exportação se dá, principalmente, para o México e para Argentina.

Segundo Nilton D. Otsuzi, gerente exe-cutivo de Powertrain da montadora, o novo Ford Ka teve suas vendas iniciadas no mês de setembro. A expectativa é disputar a liderança do segmento de ha-tches compactos 1.0, além de sobressair

entre os compactos com motor até 1.6. “Com a chegada do Novo Ka também se renova toda a nossa linha no Brasil, que passa a ser 100% global. Isso reforça que a fábrica de Camaçari está perfei-tamente preparada em termos de quali-dade, recursos modernos, treinamento e motivação das equipes para a produção do veículo, que já começou muito bem, vencendo os comparativos de impor-tantes publicações do setor”, afirma.

#TECNOLOGIA

Como foi a experiência com o desenvolvimento do Novo EcoSport?

Verônica Lisboa - Essa foi uma experiência única e muito en-riquecedora. Conduzir a equipe de engenheiros e especialistas no desenvolvimento do conjunto de motor e transmissão do primeiro carro global da Ford desenvolvido pela engenharia brasileira foi algo que me deixou muito feliz.

Qual a importância de um centro de desenvolvimento como o da Ford para a construção de um ambiente atraente para novos talentos?  

Verônica Lisboa - Um centro de desenvolvimento é um grande atrativo para novos talentos. É estimulante saber que podemos trabalhar em um dos cinco centros de desenvolvi-mento da Ford do mundo. Nos enche de orgulho saber que aqui são desenvolvidos projetos globais que são lançados em seguida, em mais de 100 diferentes países do mundo, como o projeto do Novo EcoSport.

A chegada de empresas como a Ford, com seu Centro de Desenvolvimento de Produtos, e a entrada em operação do Cimatec, tem ajudado a criar um ambiente de uma maior expertise local em torno das engenharias? De que forma isso se dá? 

Verônica Lisboa - Para desenvolver projetos de tamanha magnitude, os engenheiros alocados aqui precisam conhecer diferentes legislações, costumes e culturas dos países que recebem nossos produtos. São poucas as empresas no Brasil que oferecem ao engenheiro de projetos essa oportunidade. Para isso, diversos treinamentos são oferecidos, além de termos à nossa disposição toda a tecnologia dos laborató-rios da Ford no Brasil e no mundo. A parceria com o Cimatec também é muito importante, pois amplia a disponibilidade de equipamentos e laboratórios e cria oportunidade para o crescimento das instituições na região.

CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 201416

Page 10: Revista CREA Bahia Edição 46

A INTERFACEentre a teoria e a prática

Na Alemanha, dos jovens entre 15 e 19 anos, 53% têm educação profissional. No Brasil, esse número é de apenas 6,6%. Para reverter esse quadro, especialistas sugerem uma quebra no paradigma do modelo educacional brasileiro. Segundo o Censo de Educação Superior, do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), dos cerca de

24 milhões de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos, menos de 15% chegam às universidades. Isso significa que apenas 3,4 milhões partem para a graduação, e 20 milhões precisam buscar outros caminhos.

#PROFISSÕES: TÉCNICOS INDUSTRIAIS

técnica é o jovem de classe C, embora a procura tenha aumentado em todas as idades e classes sociais. Na Bahia, o Instituto Federal da Bahia (Ifba), o Instituto Federal Baiano (IFBaiano) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) são as principais ins-tituição de ensino. Nos últimos anos, a oferta de cursos profissionalizantes tem aumentado no Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec) do governo federal, instituído em 2011, está adi-cionando vagas tanto nos cursos de formação inicial quanto no ensino téc-nico de nível médio.

No Brasil, existem mais de 2,5 milhões de trabalhadores com nível técnico. Um estudo do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), de 2012, mostrou que trabalhadores de muitas áreas técnicas ganham mais

do que profissionais com diploma uni-versitário, como médicos, advogados, analistas de sistemas e desenhistas industriais. Na Bahia, o salário varia, em média, de R$ 1,5 mil a R$ 4,8 mil, podendo chegar excepcionalmente a casa dos R$ 10 mil.

Com cursos técnicos na área de meio ambiente e de segurança do trabalho, André Cyrne, aposta na importância desses profissionais. “O técnico indus-trial assume o papel de interface entre o conhecimento teórico e prático, exer-cendo uma função relevante na exe-cução de diretrizes do planejamento”, avalia. Segundo Cyrne, para muitos, o curso técnico é uma trajetória de co-nhecimento que se completa com a graduação. Ele, por exemplo, é o único dos seus ex-colegas de cursos que ainda não concluiu a graduação.

No Brasil, a taxa de desemprego entre os jovens supera 12%, muito maior do que a média do mercado (4,9%, em outubro). Uma solução possível para a reversão desse quadro tem sido a ampliação da oferta de cursos técnicos de nível médio, que tende a crescer ainda mais, até mesmo por uma exigência das novas configurações da economia local. “A educação profissional técnica é o caminho mais curto para ingressar no mercado de trabalho. Possibilita a entrada, a obtenção de renda, para que, futuramente, se pense em uma trajetória de formação que caminhe para ao ensino superior”, avalia o pre-sidente do Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do Estado da Bahia (Sintec-BA), Sérgio Souza dos Santos.

Para a chefe do departamento de educação profissional técnica de nível médio do Instituto Federal da Bahia (Ifba), Diana Sampaio Melo Pipolo, não se pode ficar na dualidade de ou parar no curso médio ou se preparar para ingresso no curso superior. “Nos últimos anos, estamos tendo uma política de valorização da formação técnica. Para isso trans-formar-se em cultura, demanda décadas. Mas a expectativa é que esse caminho seja reforçado continuamente. Até porque a inexistência dessa cultura gera no mercado uma ausência de mão de obra qualificada, o que afeta a produ-tividade e a competitividade da economia como um todo”, avalia a professora.

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unicação Sintec-BA

Na Bahia, se-gundo dados do

Sintec-BA, existem cerca de 52 mil técni-

cos industriais. O mercado é amplo e complexo, com diversas ra-mificações por cada modalidade profis-sional. Só na modalidade civil, existem 10 submodalidades de técnicos. Já na modalidade mecânica e metalúrgica, são 29. Na área de elétrica, o mercado de trabalho apresenta aquecimento, em especial pela expansão de parques eólicos no território baiano, em municí-pios como Caetité, Mundo Novo, Morro do Chapéu, Casa Nova, dentre outros.

Com a esperança de iniciar cedo sua vida profissional, jovens estudam 20 horas por semana em um curso técnico. Será assim, em média, por dois anos e meio. De acordo com Sérgio Souza dos Santos, o maior público da formação

O técnico industrial é o profissio-nal que possui formação escolar, obtida através da conclusão de

curso regular e válido para o exercício da profissão e diplomação por escola oficial autorizada ou reconhecida, de nível médio. As principais modalidades de técnicos industriais são Civil, Elétrica; Mecânica e Metalúrgica, Química, Minas e Geologia e Agrimensura. A sua área de atuação é ampla, sendo as mais comuns edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica, química, saneamento e te-lecomunicações.

Entre suas atribuições genéricas es-tão: responsabilizar-se pela elaboração e execução de projetos compatíveis

com a respectiva formação profissional; conduzir a execução dos trabalhos de sua especialidade; prestar assistência técnica no estudo e desenvolvimento de projetos, pesquisas tecnológicas, compra, venda e utilização de produtos e equipamentos especializados; orien-tar e coordenar a execução dos servi-ços de manutenção de equipamentos e instalação.

Os técnicos da área de engenharia ci-vil, à semelhança dos de arquitetura, podem projetar e dirigir edificações de até 80m2 de área construída, que não constituam conjuntos residenciais. Podem também realizar reformas, des-de que não impliquem em estruturas

de concreto armado ou metálica. Já os técnicos em eletrotécnica podem projetar e dirigir instalações elétricas com demanda de energia de até 800 kva (Kilovoltampere).

Os técnicos em agrimensura podem realizar medição, demarcação e le-vantamentos topográficos, bem como projetar, conduzir e dirigir trabalhos topográficos, funcionar como peritos em vistorias e arbitramentos relativos à agrimensura e exercer a atividade de desenhista de sua especialidade. Todos podem ainda exercer a atividade de desenhista de sua especialidade.

Perfil de atuação profissional

Nos últimos anos, estamos tendo uma política de valorização da

formação técnicaDiana Sampaio Melo Pipolo, do

Instituto Federal da Bahia (Ifba)

PROFISSÕES

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Sérgio Souza dos Santos, presidente do Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do Estado da Bahia (Sintec-BA)

André Cyrne, técnico na área de meio ambiente e de

segurança do trabalho

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Empresa cria sensor que informa pelo celular o horário de irrigação das plantasQuem está sempre correndo contra o tempo para cumprir as tarefas do dia a dia tem agora um aliado para não esquecer de molhar as plantas. A empresa PlantLink lançou um sensor que, instalado no vaso, verifica as condições do solo e informa o usuário.

Ao adquirir essa tecnologia, a pessoa recebe dois sensores: um é usado diretamente na terra onde foi feito o plantio e outro funciona como uma base para receber e transmitir as informações.

Além de afundar o sensor na terra, é necessário que o usuário se cadastre no aplicativo da empresa. Ao informar o tipo de planta em que o sensor será usado, o aplicativo consegue mensurar a quantidade de água ideal para que ela cresça saudável.

A partir daí, todas as vezes que o usuário se conectar ao PlantLink, ele passa a receber notificações sobre as condições de sua planta. Além disso, essas informações também podem ser enviadas por e-mail, alertas no celular ou mensagens em SMS. Informações: http://myplantlink.com/how-it-works/

Híbrido ecológico de carro e moto economiza gasolinaUm híbrido de carro e moto desenvolvido pela companhia norte-americana Elio Motors consegue fazer 35 quilômetros com um litro de gasolina, sendo mais econômico que os modelos tradicionais. Além disso, promete emitir baixas emissões de carbono. O veículo possui somente três rodas e tem capacidade para apenas uma pessoa. Como possui menos de quatro rodas é considerado uma motocicleta, mas é totalmente fechado, possui vidros elétricos, volante e pedais de freio. Fabricado nos Estados Unidos, o transporte individual promete emitir cerca de um terço dos gases poluentes em comparação aos automóveis convencionais do país. O custo estimado é de US$ 6 mil, com previsão de venda para 2015. De início, o Elio será comercializado apenas nos Estados Unidos.

Baianos criam skate que se transforma em mochilaInventores baianos criaram um skate motorizado projetado para pequenas distâncias que se transforma em mochila. O equipamento é comandado por um controle manual de velocidade e freio e possui autonomia de 15 km, com bateria recarregável em apenas duas horas. O novo meio de transporte foi produzido no Parque Tecnológico da Bahia, em Salvador, onde empresas de pequeno porte desenvolvem ideias inovadoras. Chamado de Movpak, o skate foi desenvolvido no Parque Tecnológico da Bahia por uma startup que leva o mesmo nome do invento. Esta solução inovadora foi concebida durante dois anos e conta com o apoio e suporte da incubadora Áity, do Parque Tecnológico da Bahia, que é vinculado à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. A invenção é um esforço conjunto de Hugo Dourado, Felipe Junquilho e Ivo Machado, que já apresentaram a universitários e a profissionais de grandes empresas da Califórnia, com sucesso.

TECNOLOGIA#NOVIDADES TECNOLÓGICAS

Bancos de praça possuem carregador solarOs moradores de Boston, capital de Massachusetts (EUA), estão tendo a possibilidade de desfrutar de tecnologia gratuitamente nas áreas verdes da cidade. Dispositivos instalados em bancos de praças públicas possuem entrada USB para carregar dispositivos móveis, fornecem informações sobre localização, qualidade do ar e níveis de ruído.

Batizados de “Soofa”, as unidades aproveitam a energia solar para manter seu funcionamento. Os dados de sensores ambientais foram desenvolvidos pelo laboratório norte-americano MIT Media Lab.

A ideia foi das designers Jutta Friedrichs e Sandra Richter e da engenheira Nan Zhao. Com custo de US$ 3 mil, cada unidade possui duas entradas USB e acomoda três pessoas.

Wakeboard elétrico: menos poluição no marUma nova invenção promete diminuir a poluição da água com a queima de combustíveis. É o wakeboard elétrico, uma prancha motorizada inventada pelo sueco Philip Werner que permite a prática do esporte sem que seja necessário o uso de uma lancha ou de ondas, podendo ser usado em represas e canais.

A invenção começou a ser planejada em 2012, quando Werner ainda estava na universidade. Nos últimos dois anos o sistema foi aprimorado e apresentado ao público com a intenção de ser disponibilizado ao mercado em 2015. Apelidado de Radinn Board, o wakeboard elétrico é capaz de alcançar a velocidade máxima de 46 km/h, potência suficiente para garantir emoção aos esportistas e permitir que algumas manobras semelhantes ao do wakeboard tradicional. Isso sem que o praticante precise ser puxado por um barco.

Todo o sistema, incluindo a bateria, pesa 29 quilos e é pequeno o bastante para ser transportado dentro do porta-malas de um carro. A bateria tem autonomia de 30 minutos e a velocidade é controlada por um controle remoto.

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#ENTREVISTA PING-PONG

É verdade que a ponte Rio-Niterói, que possui 40 anos, perderá o posto de maior ponte do Brasil com a construção da ponte Salvador-Itaparica?

Sim. A ponte Rio-Niterói tem, no mar, pouco menos de 9 km e a Salvador-Itaparica terá pouco mais de 12 km, além de ser mais larga em toda a sua extensão. Com as alças de acesso, a ponte Rio-Niterói tem menos de 13 km e a da Bahia pouco mais de 15 km. No mundo será a 10ª em comprimento, entretanto a maior em comprimen-to total e em área do Hemisfério Sul. Outros dois aspectos relevantes: será o maior vão livre estaiado em tabuleiro de concreto do mundo, com 550 metros de vão central, deixando em segundo lugar uma ponte na Suécia, que possui 520 metros. Além disso, terá o maior gabarito vertical sobre o mar do mundo, com 125 metros.

Por que o projeto da Bahia prevê uma ponte estaiada?

Porque para vão livres acima de 200 metros e abaixo de 1.200 metros é a solução mais econômica. Outras solu-ções estruturais para o vão definido de

550 metros da ponte Salvador-Itaparica ou são mais caras ou inexequíveis. Vale ressaltar que, por ser de concreto, a ma-nutenção terá custo próximo de zero. Se fosse de aço, teria que se gastar com pintura anticorrosiva periodicamente. Hoje existem aditivos usados no con-creto que o  protegem contra a agressi-vidade do sal marinho que asseguram sua vida acima de 100 anos.

Como está o processo para a construção da ponte?

Atualmente estamos elaborando (atra-vés do consórcio formado pelas empresas Enescil, Cowi e Maia Melo) o projeto bá-sico da obra e nosso prazo de entrega é novembro deste ano. Após a aprovação pelo Derba, Seinfra, órgãos ambientais e Governo do Estado, será feita a licitação da ponte por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada). Nessa parceria, o máxi-mo que o governo pode aportar é 80%, o restante é com o grupo privado. Caberá ao consórcio vencedor providenciar o projeto executivo final da obra, que deve manter as características principais de nosso projeto básico. O grupo que vencer a concorrência da PPP é que vai definir

quem vai fazer o projeto executivo. Tão logo ele seja aprovado, se iniciará a cons-trução propriamente dita. A estimativa de conclusão da obra é de cinco anos, incluindo aí o tempo para elaboração do projeto executivo, instalação de cantei-ro, sondagens complementares, mobili-zação e execução da obra.

Existe a possiblidade de a ponte não ser construída?

Eu sou um pé-quente. Todos os projetos básicos de pontes que eu fiz viraram obra. Eu acho que vai sair. Primeiro porque Salvador necessita muito, pois hoje só tem caminho rodoviário para o norte. A ponte vai abrir a possibilidade de acessar rapidamente o Sul e o Oeste do Estado e vai integrar a capital com o resto da Bahia. A travessia de carro, a 60 km por hora, será feita em 12 minutos. Hoje, para chegar a Salvador, o morador da ilha perde muito tempo. Além dis-so, os imóveis vão valorizar, sem falar na geração de emprego. Serão 10 mil postos de trabalho diretos e mais 10 mil indiretos. E essa mão de obra será quase toda local, gerando renda para a economia baiana.

“PONTE NA BAHIAterá o maior gabarito vertical sobre o mar do mundo”

A ponteSalvador-Itaparica

terá o maior vão livre estaiado

em tabuleiro de concreto do mundo,

com 550m

Catão Francisco RibeiroEngenheiro Civil

Maior especialista do Brasil em pontes estaiadas e autor do projeto

da ponte Salvador-Itaparica, a maior do Hemisfério Sul

A travessia de carro, a 60 km por hora, será feita em

12 minutosNascido em São Paulo, capital, o en-genheiro civil Catão Francisco Ribeiro é  um dos maiores  especialistas  do Brasil em pontes estaiadas e  um dos principais autores do projeto básico da

ponte Salvador-Itaparica, a maior do Hemisfério Sul, com  aproximadamente  15  km de extensão e 125 metros de altura livre sobre o mar. Em en-trevista exclusiva para a revista do Crea-BA, ele aborda não só esse projeto, mas fala sobre sua

atuação profissional, que inclui mais de 3 mil pontes, sendo 20 delas estaiadas. Formado pela Escola Politécnica da USP, começou a trabalhar como estagiário em 1972 na Enescil Engenharia de Projetos Ltda, empresa na qual atua até hoje e onde é sócio majoritário. Bem-humorado e rápido nas respostas, ele justifica a ponte na Bahia por considerá-la uma importante ligação de Salvador com o Sul e Sudeste do país por meio da BR-101. Acompanhe a entrevista completa.

Projeção de como ficará a ponte Salvador-Itaparica à noite, caso seja construída

CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014 2322

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#ENTREVISTA

O importante é deixar claro que, por sua magnitude, essa não é uma obra da Bahia, mas do Brasil. Será um marco de originalidade, construída com o que há de mais moderno no mundo e um orgulho para o baiano e o brasileiro. A última ponte desse tipo foi feita na Rio-Niterói, há mais de 40 anos.             

É bom lembrar também que a ponte vai ter uma via exclusiva para caminhões pesados, evitando assim que esse fluxo in-terfira na vida dos moradores de Itaparica.

Quais as diferenças da ponte baiana para as demais estaiadas que o Sr. já projetou?

A principal diferença é a magnitude: o maior vão livre de ponte de concreto do mundo; a maior largura de ponte

em um único tabuleiro do mundo; a 10ª maior ponte em comprimento do mundo (12,2 km no mar e 2,8km em solo) com um total de 15 km, sendo maior que a ponte Rio-Niterói em todos os critérios. Terá ainda o mastro mais alto do hemisfério sul (serão 273 metros acima do nível do mar). A ponte vai permitir a passagem de embarcações de até 125 metros de altura. Os navios mais altos que sairão do estaleiro da Petrobras de Madre de Deus têm 115 metros. Não seria econômico fazer uma ponte móvel, pois não teria um uso que justificasse o investimento.

Outro aspecto da magnitude dessa obra: a torre Eiffel, na França, tem 314 metros de altura e as torres da ponte terão 282 metros acima do mar. Vai ser

como aproximadamente  duas torres de Paris no meio do mar, que, iluminadas à noite, vão oferecer uma visão magnífica.

Qual o custo total da obra e quem vai financiá-la?

A previsão é que o financiamento saia do governo federal, governo estadual e um grupo privado, que, através de PPP, farão o investimento total para a construção da obra, cujo valor está sendo orçado pelo projeto em curso. O custo total ainda não está concluído. Vale destacar que as empresas brasi-leiras têm todas as condições de ga-nhar essa licitação, pois demonstram competência aqui e no exterior. Basta citar o exemplo das arenas e das pontes e aeroportos construídos em outros países por nossas companhias.

É um tipo de construção que dá prazer fazer; é o

legado do projetista para a comunidade

Quais foram as principais pontes estaiadas que o Sr. já projetou?

Cerca de 20, sendo a mais famosa a ponte jornalista Octávio Frias sobre o Rio Pinheiro em São Paulo, capital. Cabe destacar também a ponte sobre o Rio Negro, com 3,6 km de extensão em Manaus, no Estado do Amazonas.

A manutenção desse tipo de ponte exige conhecimentos específicos?

Não é uma construção comum como outra qualquer, mas basta seguir os procedimentos técnicos específicos para que seja executada com quali-dade e segurança. O importante é que ela tem um baixo custo de manuten-ção, maior funcionalidade e estética diferenciada.

Por que o Sr. decidiu se especializar nesse tipo de construção?

Desde 1972, ainda estudante na Escola Politécnica da USP, comecei a trabalhar em projetos de pontes como estagiário na própria Enescil, empresa que na épo-ca era do meu tio Jethero. Desde então me apaixonei por pontes e cada vez gosto mais do desafio de projetá-las. A estaiada é o grande sonho dos en-genheiros que projetam pontes. Assim, logo que tive a oportunidade, participei do projeto da primeira, que foi a estaia-da Metroviária Jamil Sabino, sobre o Rio Pinheiros, em São Paulo. É um tipo de construção que dá prazer fazer; é o legado do projetista para a comu-nidade e que nos envaidece. No caso desta ponte Itaparica-Salvador posso dizer que participar deste projeto é o maior privilégio e honra de minha vida profissional.

Existe um vão mínimo ou máximo para esse tipo de ponte?

A rigor não, mas a faixa de vão livre ótima para obras estaiadas vai de 200 metros a 1.200 metros. Isso, entretan-to, não impede que sejam usadas em vão menores a um custo um pouco maior, porém com a vantagem de se tornar um ícone para a arquitetura de qualquer lugar. É um tipo de obra que podemos chamar de “estado da arte” em engenharia estrutural. Vale destacar que elas só puderam ser projetadas e construídas devido à grande evolução dos computadores, seja em termos de hardware (capacidade de armaze-namento e processamento), seja em software (programas específicos para essa finalidade). Antigamente, antes dos anos 1980, não se podia fazer uma ponte estaiada com essa complexidade.

Esse tipo de construção exige criatividade ou é mais importante a parte técnica?

As duas são importantes. Ambas têm que estar alinhadas para atender os requisitos de menor custo, melhor téc-nica construtiva, segurança e melhor funcionalidade, além de um baixo custo de manutenção.  

O custo de uma ponte estaiada é muito superior a uma ponte tradicional?

Será sempre mais barata se o vão for aci-ma de 200m e menor que 1.200m. Isso não impede que seja feita em um vão me-nor,  mesmo custando um pouco mais.

O que o Sr. diria para um estudante que sonha em fazer engenharia? Construir pontes é gratificante?

É uma bela profissão e projetar e  cons-truir pontes é  uma das  partes mais sofisticadas da engenharia civil. Uma barragem é grande, mas não é tão com-plexa. Por ter maior campo de trabalho, a engenharia civil é a mais procurada pelos estudantes. É gratificante sim, sobretudo pelo legado social que você deixa. Quanto mais diferenciada for a obra, mais você será lembrado, seja por um prédio, um aeroporto ou uma ponte.

Fale um pouco sobre a importância de um Conselho profissional, como o Crea, para os engenheiros.

É importantíssimo, porque o Crea or-ganiza e fiscaliza a profissão. Numa concorrência, quem vence não é quem oferece o menor preço, o acervo téc-nico do engenheiro chancelado pelo Conselho é muito importante, além da fiscalização das atividades. É uma entidade fundamental para o acompa-nhamento dos profissionais e aferição da qualidade das universidades que estão formando engenheiros.

A ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira, em São Paulo, é um dos orgulhos do engenheiro civil Catão Francisco Ribeiro

CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014CREA, Salvador, BA, v.13, n.46, set/out/nov 2014 2524

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#SEGURANÇA NO TRABALHO SEGURANÇA

Tais números constam da publicação Perfil do Trabalho Decente no Brasil – Um Olhar sobre as Unidades da Federação, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Acompanhando uma tendên-cia nacional, a taxa de incidência de acidentes de trabalho em território baiano apresentou uma redução de 16,7, para cada mil vínculos empregatícios, em 2008, para 13,6, em 2010; e de 7,7 mortes para 6,8, considerando-se o mesmo universo de vínculos e períodos.

Segundo o presidente da Associação Baiana de Engenharia de Segurança (Abese) e conselheiro do Crea-BA, Rodrigo Lobo, no Brasil, vivemos uma falta de cultura de prevenção. Só se pensa em cumprir regras quando se é fiscalizado. Para exemplificar, ele traça um quadro comparativo a partir do Japão, onde há uma cultura de prevenção popular. “Certamente isso impacta no fato de que, em um país sujeito a abalos sísmicos constantes e

tsunamis, o índice de vítimas fatais é sempre menor do que a intensidade desses desastres naturais sugere. Todo mundo sabe o que fazer. Ninguém entra em desespero”, observa.

Já no Brasil, onde há uma quase absoluta ausência de preocu-pação com a prevenção, ele lembra, vimos um acidente como da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que provocou a morte de 242 jovens, em um universo de 700 pessoas que estavam dentro da casa de show. “No Japão, os dois fenômenos mataram menos da metade do que se registrou em Santa Maria”. Para Rodrigo Lobo, é incompreensível que uma casa de show use materiais inflamáveis, tenha seu alvará expedido, que a banda que lá se apresenta use fogos de artifícios em um ambiente fechado, que os clientes não procurem saber quais as rotas de fuga e, principalmente, que depois se diga que foi uma fatalidade.

SEGURANÇA NO TRABALHOFalta de cultura para a prevenção é principal causa de acidentes

O número de acidentes de trabalho registrados na Bahia diminuiu de 26.142, em 2010, para 23.934, em 2012, representando um declínio de 8,4%, em sintonia com o cenário nacional, onde se registrou uma queda de 7,2%. Esses números apontam para uma melhoria gradual do quadro de acidentes de trabalho na Bahia, e no país, mas o seu ritmo é

considerado tímido por especialistas, diante dos valores absolutos e da gravidade da situação. A principal causa seria a persistência de uma cultura de falta de prevenção, que coloca em risco a saúde e a vida de trabalhadores brasileiros.

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Só se pensa em cumprir regras quando se é fiscalizado

Rodrigo Lobo, presidente da Associação Baiana de Engenharia de Segurança (Abese) e conselheiro do Crea-BA

Rodrigo LoboPresidente da Associação Baiana

de Engenharia de Segurança (Abese) e conselheiro do Crea-BA

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Na construção, 70% dos acidentes fatais são por queda de altura, choque

elétrico e soterramentoFlávio Nunes, chefe do setor de fiscalização de saúde e segurança no

trabalho, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego

O presidente da Abese, Rodrigo Lobo, observa que, na maior parte das organi-zações, entende-se que a segurança não é algo tangível, no primeiro momento. Portanto, não deve integrar os esforços de investimento; não sendo tomada como uma prioridade zero, diante de tantas dificuldades enfrentadas na luta pela sobrevivência dos negócios. Afinal, como se diz, por aqui “mata-se um leão por dia”. “O empresário prefere apostar no risco. Só quando o acidente acontece, é que se entende o custo. E aí a reação social é sempre emotiva, no calor do momento”.

Ele lembra que, com a comoção ime-diata com as mortes da boate Kiss, o corpo de bombeiros do Rio Grande do Sul registrou, no período logo imediato, a recepção de dezenas de ligações tele-fônicas nos finais de semana de pessoas querendo saber se os estabelecimen-

Rodrigo Lobo. Segundo ele, é comum encontrar empresários que não inves-tem em segurança. Há um cálculo no empresariado nacional, na perspectiva de Lobo, que leva em conta a facilidade de reposição de “peças” e a impunidade.

No entender de Flávio Nunes, hoje, o grande problema da fiscalização é que a demanda é muito maior do que se pode atender. “Houve um grande crescimento no número de empresas e de trabalhadores formais, na última década. Isso não foi seguido pelo cres-cimento do setor de fiscalização. E o Estado tem que ser forte no papel de fiscalização”, avalia. Estima-se que o Brasil deveria ter cerca de 5.100 audi-tores fiscais do trabalho. Hoje, eles são aproximadamente 2.800, para atuar em todo território nacional. Há 20 anos, em 1994, esse número chegou a 3.500, quando os contingentes de empresas

e soterramento. Intervenções preventi-vas nesses três aspectos de uma obra reduziriam em muito esses acidentes”, afirma Nunes. O setor que apresenta mais acidentes fatais é o de transporte, por excesso de jornada de trabalho. Já os que mais adoecem são bancos e o teleatendimento. A forma como o tra-balho é organizado e gerenciado acaba adoecendo as pessoas.

Para a médica do trabalho, Cristina Pacheco, especialista em medicina social preventiva, com concentração em saúde do trabalhador, há um tripé importante no combate a acidentes de trabalho que passa pelos órgãos fiscali-zadores, empresas e trabalhadores. Essa relação tem-se ampliado, inclusive por conta da intensificação da fiscalização, o que tem nos apresentado uma espiral crescente de procura por meios para garantir a segurança no ambiente de

e trabalhadores eram bem menores.

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2013, morreram em todo o país 2.800 trabalhadores por acidente de trabalho. Desses, 400 era da constru-ção civil. Na Bahia, morreram, no total, 120 trabalhadores. De acordo com Flávio Neves, em Salvador, até 2010, a média era de 25 trabalhadores mortos em acidentes na construção civil. De lá para cá, ele afirma ter havido uma in-tensificação no trabalho de fiscalização do setor, chegando-se até a interdição de canteiros de obra.

Esse fato, associado a uma mudança na cultura por parte dos empreendedores e a pressão dos sindicatos dos trabalha-dores, fez com que esse índice baixasse para 19 mortes, em 2011, seis mortes, em 2012, e oito mortes, em 2013. “Na construção, 70% por acidentes fatais são por queda de altura, choque elétrico

tos tinham alvará de funcionamento. “Depois a noção de gravidade se perdeu, e tudo voltou ao normal’”, observa.

Nos últimos cinco anos, o governo federal tem revisado a legislação na área de acidentes no trabalho. Todo esse processo tem sido feito a partir de comissões tripartites, com governo, empresários e trabalhadores, juntos, elaborando uma proposta de texto co-mum que é, posteriormente, colocada em consulta pública e, por fim, tem seu texto final consolidado a partir das con-tribuições da sociedade civil. Todo esse esforço tem sido construído em torno de normas regulamentadoras (NRs), que estabelecem os requisitos e condições mínimas em torno de medidas de con-trole e sistemas preventivos.

“O resultado tem sido normas mais abrangentes. Mas não adianta ter lei boa se não houver fiscalização”, afirma

O mesmo entendimento tem o chefe do setor de fiscalização de saúde e segu-rança no trabalho, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, Bahia, Flávio Nunes. Para ele, o fato de no Brasil prevalecer o princípio do improviso em detrimento da prevenção define, por exemplo, que muitos riscos no ambien-te de trabalho não sejam reconheci-dos pelo empregador e trabalhadores. Quando o risco se apresenta, depois que o dano acontece, entra em cena o improviso. “Seria preciso que nos ante-cipássemos ao acidente, reconhecendo os riscos, projetando e implementan-do medidas preventivas. A legislação brasileira exige isso. E os empresários precisam entender que não se trata de um custo adicional. É um investimento em torno de um aspecto importante do negócio, como tantos outros. Quem não quiser enxergar isso e cumprir a legis-lação, terá que mudar de vida”, avalia.

SEGURANÇA#SEGURANÇA NO TRABALHO

ACIDENTES DO TRABALHO COMMAIOR OCORRÊNCIA NO PAÍSFerimento do punho e da mão - 69.383

Fratura no nível do punho e da mão - 49.284 Dorsalgia - 35.414

Fonte: Ministério da Previdência Social. Dados de 2012.

SETORES CAMPEÕES EM ACIDENTES DE TRABALHO

Comércio e reparação de veículos automotores - 95.659

Saúde e serviços sociais - 66.302 Construção Civil - 62.874

OCORRÊNCIAS COM MORTE

Em todo o país, 2.731 trabalhadores morreram

em 2012 e quase 15 mil ficaram permanentemente

incapacitados em decorrência de acidentes laborais.

ACIDENTES POR GÊNERO E FAIXA ETÁRIA

SEXO MASCULINO, entre 25 e 29 anos - 91.277

SEXO FEMININO, entre 30 e 34 anos - 36.958

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#SEGURANÇA NO TRABALHO

Doenças ocupacionais são consideradas acidentes de trabalho

Legal e conceitualmente, as doen-ças ocupacionais são enquadradas como acidentes de trabalho. A ideia

subjacente é de que não é necessário que haja uma consequência imediata, um marco zero. Basta que exista uma causa direta no ambiente de trabalho. Pelo senso comum, o acidente ocor-re em um momento específico, com dano imediato. “Sabe-se, por exemplo, do nexo direto entre o benzeno e a leu-cemia; ou da silicose (pneumoconiose causada pela inalação de pó de pedras, areia etc.) e o trabalho em uma pedreira. Nesses casos, a causa do problema de saúde do trabalhador instala-se gra-dualmente, mas para fins legais são considerados acidentes de trabalho”, afirma Rodrigo Lobo, presidente da Associação Baiana de Engenharia de Segurança (Abese).

De acordo com a Organização Interna-cional do Trabalho (OIT), as doenças pro-fissionais se mantêm como as principais causas de mortes relacionadas ao traba-

lho. Pelas estimativas da OIT, 86,3% dos 2,34 milhões de acidentes de trabalho mor-tais a cada ano devem-se a diversos tipos de enfermidades relacionadas com o traba-lho, o que equivale a uma média diária de mais de 5.500 mortes. Para os especialis-tas, trata-se de um déficit inaceitável de condições seguras no ambiente de trabalho.

Para Lobo, a falta de políticas preventivas adequadas para as enfermidades profissionais tem efeitos negativos profundos não somente nos trabalhadores e suas famílias, mas também na sociedade, em razão ao enorme custo gerado, em especial no que se refere à perda de produtividade e à sobrecarga do sistema de seguridade social. Estudo do Serviço Social da Indústria (Sesi), de 2011, aponta que indústria brasileira registra perdas equivalente a 3% do PIB, com queda na produtividade por acidentes de trabalho.

A médica do trabalho Cristina Pacheco observa que há situações em que o risco se torna iminente, a despeito da sua evidência. Ela lembra que no momento da expansão da construção civil, entre 2010 e 2012, em palestra da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia, foi apresentado um contracheque de um pedreiro com rendimentos da ordem de R$ 10 mil. “Como esse não é de longe o salário desse tipo de profissional, isso sinalizava uma sobrecarga de horas extras extrema, o provavelmente colocava em risco o próprio pedreiro e seus colegas de obra”, afirma.

No entender de Flávio Nunes, da SRTE Bahia, a prevenção é mais eficaz e tem menor custo que o tratamento e a reabilitação. “É fundamental que todas as orga-nizações tomem medidas concretas para melhorar sua capacidade de prevenção das enfermidades profissionais ou relacionadas com o trabalho. O prejuízo em vidas, produtividade e imagem organizacional é imenso”.

trabalho. “Esse é um aspecto das relações de trabalho amplo, que se inicia com o reconhecimento do risco, implementação de medidas de proteção coletiva e vai até a nuances como a saúde de cada trabalhador. Não se pode pensar, por exemplo, na ausência de avaliação médica do trabalhador. Já pensou o risco que corre um operário com hipertensão arterial trabalhando o dia todo no sol e na altura?”, questiona.

O juiz da 25ª Vara do Trabalho, Agenor Calazans, des-taca que na Justiça é grande o número de reclamações por doenças ocupacionais e também de acidentes de trabalho típico. “Em alguns casos, o trabalhador fica incapacitado não só para continuar a executar a atividade, mas para o resto da vida”, diz o juiz. Ele dá o exemplo de um jovem que perde, em um acidente de trabalho, a perspectiva de crescimento na carreira. Esse tipo de prejuízo é reparável, a partir de uma com-pensação pelo sofrimento, e a sentença judicial serve para inibir a reincidência do problema.Agenor Calazans

Juiz da 25ª Vara do Trabalho

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1957Teatro Castro Alves

– Construção do Teatro Castro Alves, em Salvador. As obras

foram realizadas em 11 meses e entregues oficialmente ao

Estado em julho de 1958.

LIN

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DO

TE

MPO

Década de 1970

Atuação nacional e internacional – A Odebrecht torna-se uma

empresa de atuação nacional, com obras na maioria dos estados

brasileiros. Em 1979, são assinados os primeiros contratos fora do

país. Tem início a construção da Hidrelétrica Charcani V, no Peru.

1943O início de tudo – Em 1943, o

jovem Norberto Odebrecht forma-se em Engenharia Civil pela Escola

Politécnica da UFBA e um ano depois cria sua firma individual, marco fundador da Organização

Odebrecht.

1946Primeiras obras – Entre 1945 e

1948, Norberto Odebrecht realiza obras em Salvador e no interior da

Bahia e começa a construir uma marca diferenciada de inovação.

Entre os projetos, estavam o Círculo Operário (1946).

1969Expansão no Sudeste – A partir de

1969, a Organização expande-se para o Sudeste brasileiro. Constrói,

no Rio de Janeiro, o edifício-sede da Petrobras , o campus da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, o Aeroporto Internacional do Galeão e a Usina Angra I.

Início da holding – Em 1981, é criada a holding Odebrecht

S.A., voltada para a preservação das concepções filosóficas e o direcionamento dos negócios. Início da atuação em Angola, com a assinatura do contrato

para a construção da Hidrelétrica de Capanda.

Década de 1990

Primeiras obras nos EUA – Em 1991, tem início a atuação

nos Estados Unidos, sendo a primeira empresa brasileira a realizar uma obra

pública naquele país. Construção, em Cingapura, da primeira plataforma

semissubmersível: a P-18, para a Petrobras.

Reconhecimento internacional – Aquisição, em leilão, do controle da Copene, central de matérias-primas do Polo Petroquímico de Camaçari,

na Bahia. A Odebrecht torna-se, de acordo com a revista norte-

americana ENR (Engineering News Records), a número 1 do mundo na construção internacional de usinas

hidrelétricas.

Década de 2010

Criação de arenas multiuso – A Odebrecht investe fortemente

em concessões e amplia seu portfólio, com a operação de

arenas multiuso, rodovias, trens urbanos, serviços de saneamento

básico, metrôs e aeroportos.

#LEGADO DE SUCESSO

Foto: D

ivulgação

Década de 1980 Década de 2000

NORBERTO ODEBRECHTConheça um pouco da história do engenheiro de formação, mas empresário por vocação, que projetou o nome da Bahia para o mundo

A trajetória do engenheiro e empreendedor Norberto Odebrecht, falecido no dia 19 de julho, em Salvador, é cheia de fatos marcantes. Pernambucano de origem, mas baiano de coração, Dr. Norberto, como era chamado, construiu uma empresa com base em princípios inovadores que hoje atua não só no Brasil, mas em

23 países, e emprega cerca de 200 mil pessoas.

A história da empresa confunde-se com o próprio desenvolvimento da Bahia nos últimos 70 anos, idade da compa-nhia. Fundador e presidente de Honra da Organização Odebrecht, Dr. Norberto implantou uma filosofia que é segui-da até hoje pela organização, a TEO (Tecnologia Empresarial Odebrecht), que preconiza, entre outras coisas, um

processo de delegação planejada, base-ada na confiança e parceria entre líderes e liderados (veja mais na página 38).

Como engenheiro, foi responsável por grandes obras na Bahia e no Brasil (veja a linha do tempo abaixo) e entre os co-laboradores deixou muitos ensinamen-tos. “Entrei na organização ainda como estudante. Logo percebi que era uma

empresa completamente diferenciada, pois enquanto as outras eram fortes em equipamentos, a Odebrecht era forte em patrimônio humano, forte de pessoas, de filosofia”, diz Renato Baiardi, do Conselho de Administração, que ainda guarda na memória o primeiro encontro com o fundador. “Ele me disse que mais impor-tante era quem estava certo, quem tinha

a verdade, e não quem era o chefe. Eu passei a

me identificar com a organização naquele exato momento”, diz Baiardi.

Outro que começou bem cedo na orga-nização foi Piero Marianetti (ex-diretor da Construtora Norberto Odebrecht). “Ele transmitia confiança e tinha aquela característica própria dos líderes. Aquele

‘algo mais’ que a gente sente nas pessoas diferenciadas”, diz Marianetti, que também destaca os princípios que norteavam sua trajetória. “A filosofia que ele praticava era basicamente a valorização dos recursos humanos, que era tudo, a alma da empre-sa. Havia também a descentralização, ele delegava e as pessoas se sentiam respon-sáveis por aquilo que estavam fazendo”.

Pedro Novis, do Conselho de Adminis-tração, destaca que teve todas as opor-tunidades que um profissional pode ter, “seja pela atuação empresarial e oportunidade de ajudar a crescer uma organização como a Odebrecht, seja pelo convívio com pessoas marcantes para a vida empresarial do país, como foi o Dr. Norberto”, diz ele, que se orgulha

ODEBRECHT

A empresa baiana construiu várias arenas multiuso para a Copa do Mundo no Brasil

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CRITÉRIOS GERAIS• O ser humano é a medida de todos os valores na organização;• O empresário deve dominar seu negócio para satisfazer simultaneamente

o cliente e o acionista;• A educação pelo trabalho é indissociável da tarefa empresarial;• Os que prestam apoio aos responsáveis por negócios devem estar sempre

orientados para oportunidades e melhores resultados;• O profissional tem o direito de partilhar os resultados que diretamente

contribui para gerar e que possam ser medidos, faturados e pagos pelo cliente;

• O empresário deve estar sempre aberto para reconhecer e pronto para corrigir rapidamente seus erros;

• A imagem que importa e faz diferença é aquela construída junto à comunidade, com base na satisfação de cada cliente e no comprometimento com o bem-estar de todos;

• Os líderes têm o dever de promover sua própria saúde e a de cada um de seus liderados, bem como a segurança das operações, a qualidade de vida e a conservação ambiental nas comunidades em que atuam.

*Extraído do site da Organização Odebrecht

de ter participado de empreendimentos que foram e são importantes para a história da infraestrutura e urbanização do Brasil e de outros países.

Basta lembrar, na Bahia, algumas obras como o Teatro Castro Alves; a ponte do Funil, ligando a ilha de Itaparica ao continente, na Baía de Todos os Santos; as avenidas Luis Viana Filho (Paralela) e Contorno; a Arena Fonte Nova e tantas outras.

TrajetóriaFilho de Emílio e Hertha Odebrecht, Norberto chegou a Salvador aos cin-co anos, em 1920, vindo de Recife, Pernambuco. Aos 15, começou a tra-balhar nas oficinas da empresa do pai, a Emílio Odebrecht & Cia, onde apren-deu os ofícios de pedreiro, serralheiro e armador. Nesse período, conviveu com mestres de obras e operários. Aos 18 anos iniciou, na Escola Politécnica de Salvador, o curso de Engenharia. Ainda no terceiro ano de faculdade, aos 21 anos, assumiu a empresa do pai, que passava por dificuldades financeiras. Com muita determinação, conseguiu conciliar trabalho e estudos e concluiu

a graduação em engenharia em 1943.

Em 1944 fundou a Construtora Odebrecht, em Salvador. Após algumas décadas no mercado, a empresa tornou-se um con-glomerado com atuação internacional. Em 1965, criou a Fundação Odebrecht, que apoia projetos de desenvolvimento social no Baixo Sul da Bahia.

No início, a companhia era formada por jovens, alguns deles dos últimos anos da Escola Politécnica, que podiam trabalhar sem abandonar os estudos. Aprendiam com os mestres, que eram responsáveis pela formação do futuro líder. Para Odebrecht, essa é a maneira de realizar o potencial do ser humano. “Um líder tem a responsabilidade de motivar, estimular, desafiar e criar con-dições para partilhar com seus colabo-radores os resultados que eles ajudaram a construir”, dizia o criador da empresa.

Em 1981 foi concebida a holding Odebrecht S.A., voltada para a pre-servação das concepções filosóficas e o direcionamento dos negócios. Em 1991, Norberto passou a presidên-cia da Odebrecht S.A. ao filho Emílio Odebrecht. O fundador da Organização se tornou então presidente do Conselho

de Administração, cargo que o filho Emílio assumiu em 1998. Desde então, Norberto era o presidente de honra da Odebrecht S.A., além de presidente do Conselho de Curadores da Fundação Odebrecht e membro da Academia Nacional de Engenharia.

Entenda como funciona a TEO“A TEO tem por base a confiança nas pessoas e a capacidade ilimitada de-las se desenvolverem”. Era assim que Dr. Norberto enxergava a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), filosofia de trabalho que criou e que até hoje norteia as ações da empresa.

Valoriza potencialidades do ser humano, como a disposição para servir, a capaci-dade e o desejo de evoluir e a vontade de superar resultados. A ideia é que todos os Integrantes da organização atuem em consonância com esses princípios. Essas referências, no entanto, não de-vem, na visão de seu criador, tolher a iniciativa e a criatividade do profissio-nal, mas, pelo contrário, potencializar a capacidade individual.

Confiança nas pessoas, em sua capacidade e em seu desejo de evoluir;

Satisfação do cliente, servindo-o com ênfase na qualidade, na produtividade e na responsabilidade socioambiental;

Retorno aos acionistas e valorização de seu patrimônio;

Parceria entre os integrantes, que participam da concepção e da realização do trabalho, e dos resultados que geram;

Autodesenvolvimento das pessoas, sobretudo por meio da educação pelo trabalho, assegurando a sobrevivência, o crescimento e a Perpetuidade da Organização;

Reinvestimento dos resultados, para a criação de novas oportunidades de trabalho e para o desenvolvimento das comunidades.

Os Princípios Fundamentais da TEO estabelecem os valores culturais e éticos que devem conduzir os Negócios na Odebrecht:

Princípios fundamentais

#LEGADO DE SUCESSO

Os depoimentos foram extraídos do vídeo “A Pedagogia da Presença”, da Organização Odebrecht.

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O mecanismo de atuação da FPI foi apre-sentado aos participantes da 71ª SOEA (Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia), pelo assessor de Relações Institucionais do Crea-BA, José Augusto Pinto de Queiróz, coordenador da FPI da Bacia do São Francisco no Conselho. Realizado em agosto, no Piauí, o evento contou com palestras, apresentações científicas e estandes dos Creas regio-nais, entre eles o da Bahia (veja box na pág. 39).

Mostrando como a FPI trouxe imensos benefícios para a fiscalização da Bacia

do Rio São Francisco, José Augusto lembrou que o trabalho já conta com dezenas de etapas realizadas e que o conjunto dessas ações será transfor-mado em livro, com apoio do Ministério do Meio Ambiente e Confea.

José Augusto destacou ainda que a FPI é formada por órgãos como os Ministérios Públicos estadual e federal, Ministério Público do Trabalho, Ibama, Inema, Divisa, DNPM, PRF, CIPA, SRTE e outros, contando ainda com o apoio do Ministério do Meio Ambiente, Comitê da Bacia do São Francisco e Codevasf.

Terra da felicidade e da engenhariaO estande montado pelo Crea-BA na 71ª SOEA foi um dos mais visitados. Com o slogan “Bahia, terra da felicidade e da engenharia” o espaço distribuiu publi-cações do Conselho e brindes para o publico, que pôde ainda tirar fotos com a embaixadora oficial do turismo baiano, Marly Trindade, vestida a caráter e oferecendo os petiscos tradicionais da cozinha baiana, como acarajé, abará, queijadinha e tapioca, além da fitinha do Senhor do Bonfim. Os visitantes também puderam provar as cachaças orgânicas da Bahia, envelhecidas em barris de garapeira. O evento foi uma oportunidade de reciclagem e troca de experiências para os técnicos do Crea-BA. A novidade na programação da Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia deste ano foi a primeira edição do Congresso Técnico e Científico (Contecc), que levou grandes nomes nacio-

nais e internacionais para enriquecer os debates.

O trabalho dividido por equipes torna a FPI

mais eficienteESFORÇO CONJUNTOevita danos ao Rio São FranciscoResultados da FPI da Bacia do São Francisco foram apresentados pelo Crea-BA na 71ª SOEA

Marly Trindade, embaixadora oficial do turismo baiano

A degradação do “Rio da Integração Nacional”, o São Francisco, é um fato que preocupa a todos, mas poderia ser muito pior, não fosse a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), um esforço conjunto de 19 órgãos de fiscalização, entre eles o Crea-BA, para evitar e valorar danos ambientais na Bacia Hidrográfica do rio na Bahia.

Ele explicou que a ferramenta obser-va fatores ligados à pesca, agricultura, relacionamento com a economia e o social em todos os locais visitados. As equipes verificam a situação do rio e das comunidades do entorno e entre os resultados concretos dessas ações estão a realização de audiências pú-blicas e de cursos para conscientizar a população sobre a importância da preservação ambiental.

São várias equipes atuando em sin-tonia e em vários campos, entre eles saneamento, diagnóstico, agrotóxico, gestão ambiental, trânsito, fauna e mi-neração. O trabalho dividido por equi-pes, segundo José Augusto, torna a FPI mais eficiente. “Temos como parceiro o Ministério Público e muitas denúncias acabam sendo utilizadas em ações do próprio MP. Quando nos convidaram para a parceria, apresentamos a ferra-menta da FPI e ela foi adotada imedia-tamente”. Ele informa que já foram re-alizados 2.765 Termos de Ajustamento de Conduta ao longo de 12 anos.

São realizadas três FPIs por ano, englo-bando cerca de 120 pessoas de diversos órgãos, mas tudo coordenado e pla-nejado. Nessas ações são observados diversos aspectos, como a condição do esgotamento sanitário, disposição de resíduos sólidos, tratamento e abaste-cimento de água, piscicultura, produção de carvão, desmatamento, mineração, serrarias, descarte de embalagens, quei-madas ilegais, entre outros.

Entre os resultados alcançados estão a melhoria da qualidade de vida da po-pulação que vive no entorno do rio, a manutenção dos recursos naturais e uma maior conscientização de todos sobre a necessidade de preservação. A FPI ajuda ainda vários ministérios, como do Meio Ambiente, Integração e das Cidades, com informações sobre o rio fruto da fiscalização.

Durante o evento o engenheiro civil Marcelo Morais, conselheiro federal do Confea, disse que, em virtude dos bons resultados alcançados, o modelo da FPI do São Francisco servirá como referên-cia para outros rios nacionais.

#FPI DA BACIA DO SÃO FRANCISCO FISCALIZAÇÃO

José Augusto Pinto de Queiróz, assessor de Relações Institucionais do Crea-BA

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EXPORTAÇÃO

O Brasil é o segundo País que mais exporta serviços de engenharia, atrás apenas de empresas espanholas, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI). Ainda segundo o estudo, 45% do faturamento das empresas de

engenharia correspondem a ganhos com serviços externos, sobretudo na África e América Latina. As empresas exportam não só serviços, mas também mão de obra nacional, abrindo mercado para quem atua na área de tecnologia.

Ainda segundo o estudo, 45% do faturamento das empresas de engenharia correspondem a ganhos com serviços externos, sobretudo na África e América Latina

#EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENGENHARIA

BRASIL EXPORTA SERVIÇOS DE ENGENHARIAPesquisa aponta que 45% do faturamento das empresas do setor correspondem a ganhos com atuação no exterior

A presença internacional de empresas brasileiras em projetos de engenharia de grande porte começou a se inten-sificar a partir da década de 2000. O estudo da ABEMI mostra que hoje, em média, 45% do faturamento dessas companhias correspondem à exporta-ção de serviços de engenharia. Grandes empresas nacionais atuam no exterior, principalmente nos setores de transpor-tes, energia e indústria de transforma-ção, bem como petróleo e gás.

A importância da exportação de ser-viços de engenharia vai além dos be-nefícios alcançados pelas empresas, uma vez que movimenta cerca de 1.500 companhias no país, que atuam direta ou indiretamente em projetos internacionais. Segundo a pesquisa da ABEMI, esse mercado gera três vezes mais empregos que o de exportação de bens, com 192 empregos criados para cada milhão de dólares de serviços exportado. “O fortalecimento das mul-tinacionais brasileiras no exterior gera competividade e restringe a aquisição de companhias locais por grandes gru-pos estrangeiros”, destaca o presidente da associação, Antonio Müller.

Um exemplo de mão de obra local que atua no exterior é o engenheiro quími-co Kleber Barbosa da Silva, 39, baiano

de Nazaré das Farinhas, que há anos atua fora, já tendo passado por vários países, como Alemanha, Inglaterra e atualmente está na Arábia Saudita. Formado em Engenharia Química pela UFBA (2002), ele começou como ope-rador de Processo na Dow Química Cloro Soda e hoje, atuando como engenheiro na mesma empresa, lidera uma equi-pe de comissionamento e partida no projeto de uma planta industrial na Arábia Saudita.

Desde 2011 que Kleber atua no exterior e o convite surgiu em função de sua experiência em cloro soda dentro da empresa. Ele conta que o início é sempre difícil, mas com força de vontade e uma boa base de inglês dá para trabalhar no exterior. “Na Alemanha, depois de seis meses, a família já estava adaptada e minha filha de cinco anos saiu falan-do alemão fluente e tanto eu como minha esposa tam-bém aprendemos”, conta o engenheiro.

Ele destaca, entretanto, que é preciso se adaptar à cultura e aos costumes locais. Sobre a saudade de casa, Kleber conta que a tecnologia favorece bas-tante, pois com a internet e a

TV a cabo é possível saber, em tempo real, o que está acontecendo no Brasil.

Com relação ao número de brasileiros atuando no exterior, Kleber conta que por onde passou sempre viu compa-triotas trabalhando, um sinal de que o ensino no Brasil tem evoluído. Ele elogia a qualidade do curso que fez na UFBA, mas ressalta que só a Universidade não é suficiente para ter sucesso no exterior. “A parte prática, que se aprende no dia a dia do trabalho, é muito importante, além de algumas características, como capacidade de liderança, objetividade e criatividade”, destaca o engenheiro, en-fatizando que somente no projeto que faz parte atualmente no Oriente Médio, há cerca de 40 engenheiros brasileiros, muitos baianos.

Sobre a diferença entre as normas técni-cas no Brasil e no exterior, Kleber

diz que, em geral, são muito parecidas. “Mas claro que

existem sempre deta-lhes que recebem um destaque maior ou menor a depender de aspectos locais,

Unidade em construção do Sadara Chemical Company, na Arábia Saudita

Kleber Barbosa da Silva,engenheiro químico

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trabalho na Arábia Saudita Kleber conta que foi necessário fazer inscrição no conselho Árabe de Engenharia e, para tal, foi exigido comprovar o registo que tinha no Crea-BA.

Com relação à burocracia para se tra-balhar no exterior, Kleber destaca que existe sim, mas com a intermediação e o suporte de uma grande empresa, o caminho é menos árduo, como foi o seu caso.

Para quem sonha em atuar no exterior, Kleber tem certeza que vale a pena a experiência. “Lute pelo seu sonho, bus-que a oportunidade, preferencialmente através de empresas multinacionais, mas para isso esteja preparado tecni-camente e principalmente na fluência do idioma local, pois todo o esforço vale a pena para o seu desenvolvimento pessoal e profissional”.

Daniel Rebouças Moráis, engenheiro mecânico

Para trabalhar na Arábia Saudita foi necessário fazer o registro no conselho

Árabe de Engenharia e, para tal, foi exigida a inscrição que eu tinha no Crea-BA

#EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENGENHARIA

daí a vantagem de se trabalhar numa grande empresa que obedece padrões técnicos. Nesse caso, o funcionário já

tem uma referência inicial que ajuda a minimizar os desvios às normas”. Uma curiosidade é que para obter o visto de

Outro profissional que saiu da Bahia para atuar no exterior foi o engenheiro mecânico Daniel Rebouças Moráis, 44 anos, que trabalha na Romênia desde 2010.

No Brasil, trabalhava na Petro Recôncavo S/A, como coorde-nador de manutenção, quando foi convidado. Inicialmente foi sozinho, mas depois de seis meses levou a família.

Iniciou como coordenador de manutenção mecânica e em 2012 assumiu a gerência de manutenção e coordenação de projetos. “Sou responsável pela modernização das antigas plantas de processamento primário de petróleo e gás, com o objetivo de otimizar custos operacionais, eliminar proble-mas de meio ambiente e aumentar a confiabilidade dessas plantas do ponto de vista da operação, controle e medição”, detalha o engenheiro.

Para aprender a língua, ele conta que passou seis meses tendo aulas diárias de romeno com uma professora particular, pois tinha que se comunicar com a equipe de supervisores e engenheiros que falam muito pouco de inglês. Com relação aos costumes, a diferença é grande. “É uma cultura de pouco convívio social e o duro período de inverno faz com que as pessoas permaneçam mais tempo em suas casas”.

Em termos profissionais, Moráis diz que sua capacidade de liderança e de interagir em situações de conflito favoreceu a adaptação.

Com relação às normas técnicas, ele diz que existe bastante diferença. “Toda a Europa está fundamentada em normas alemãs (DIN) e inglesas (BS), que, apesar de usarem como referência as normas norte-americanas (como API, ANSI e ASME), são mais restritivas, exatamente para proteger a comunidade europeia da influência americana”.

Sobre os aspectos legais para se trabalhar no exterior, a exemplo de Kleber, Moráis diz que o respaldo de uma em-presa brasileira facilita bastante. “No início são necessários documentos que justifiquem e comprovem o porquê de sua presença no país. Nesse caso, os períodos precisam ser renovados com mais frequência, mas depois da aquisição do visto de permanência para trabalho o processo se resume à renovação a cada dois anos para mim e toda a família”.

Para quem busca atuar no exterior, Moráis diz que vale muito a pena, pois é uma experiência única, com grandes desafios.

“É uma oportunidade de desenvolver competências, de aprendizado de novas culturas e idiomas,

conhecer processos tecnológicos diferentes, desenvolver a capacidade de se comunicar em outra língua e modificar velhos concei-tos de trabalho e rotinas”.

Um baiano na Romênia

O mercado internacional de serviços de engenharia, construção e montagem movimenta R$ 510 bilhões por ano e o Brasil aparece como o 2º que mais exporta esses serviços, atrás apenas de empresas espanholas.45% desse faturamento correspondem a ganhos com serviços externos e, desse total, 17,8% dos trabalhos são destinados para a América Latina e a África.

45%

17,8%

R$ 510 bilhões

Fonte: Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI)

EXPORTAÇÃO

Kleber Barbosa da Silva, engenheiro químico

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#ATUAÇÃO SUPERVISIONADA

O movimento existe para suprir a lacuna de um modelo de ensino

com ênfase teóricaA

experiência de viver na prática, desde o início do curso, os conhecimentos aprendidos em sala de aula e, ao mesmo tempo, respirar os ares do empreendedorismo na área de atuação que marcará as próximas décadas de suas vidas são motivações reais para alunos de cursos de graduação em todo o mundo participarem do movimento de empresas júnior. “O

movimento existe para suprir a lacuna de um modelo de ensino com ênfase teórica, especialmente para aqueles que queiram ter um aprendizado prático desde o começo de sua vida acadêmica”, avalia Pedro Ita, presidente da Federação de Empresas Júnior do Estado da Bahia (UNIJr.-BA), entidade que congrega 18 empresas juniores baianas.

EMPREENDEDORISMO JÚNIORJovens vivem na prática o conhecimento

Detentora de registro na Junta Comercial, uma empresa júnior é ca-racterizada como uma associação civil sem fins lucrativos e com fins educa-cionais, embora possam prestar servi-ços remunerados à sociedade. Essas empresas são compostas exclusiva-mente por alunos de cursos de gradu-ação de instituições de ensino superior, mas contam, no caso das empresas

EMPREENDEDORISMO

Pedro Ita, presidente da Federação de Empresas Júnior do Estado da Bahia (UNIJr.-BA)

juniores das áreas das engenharias e da agrimensura, com a orientação téc-nica de professores ou profissionais devidamente registrados. São esses profissionais que assinam e registram a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) junto ao Crea.

A importância de se identificar o pro-fissional responsável pelo projeto ao decidir contratar uma empresa júnior é uma recomendação do Crea-BA, que já foi notificado por um cliente de uma empresa júnior local, por conta de um erro de concepção, em que o orientador se encontrava fora do país fazendo dou-torado, sem acompanhar pessoalmente o projeto.

O professor da Escola Politécnica da Ufba, Luiz Vladmir Vilalva Falcão, é um dos fãs do conceito por trás dessas empresas. Mesmo aposentado, ele ainda orienta os empreendedores juniores da Engetop – Empresa Júnior de Engenharia Civil da Ufba. “A empresa júnior é uma excelente oportunidade para complementar a carga de conheci-mentos teóricos dos alunos com práti-cas”, diz. Por outro lado, ele observa que, no movimento, há algo a ser sempre alvo de grande atenção que é a rotativi-dade natural dos membros da empresa, o que pode gerar descontinuidade, caso não se construa um “caderno de encar-gos” que ajude a passar o aprendizado e a cultura para os novos membros.

No quinto semestre do curso de Engenharia Civil da Ufba, Danilo Morais é o presidente atual da Engetop, que em dezembro completa 12 anos de cria-ção, ao longo dos quais cerca de 300

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Além de aprender com mais agilidade por

conta da prática, temos que desde cedo lidar com uma autonomia

administrativa importante

colaboradores deixaram sua contribui-ção. Segundo ele, os projetos realizados saem por um custo cerca de 40% abaixo do praticado no mercado, de acordo com a tabela do Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge-BA). Os membros da empresa não são remunerados. O dinheiro obtido é investido no custo de operacionalização dos projetos, no aperfeiçoamento da infraestrutura e na capacitação dos colaboradores, inclusive apoiando a sua participação em cursos e eventos ligados ao empreendedorismo.

“Além de aprender com mais agilidade por conta da prática, temos que, desde cedo, lidar com uma autonomia admi-nistrativa importante. Fazemos proces-sos seletivos, gerimos nossos recursos financeiros, promovemos prospecção e gestão de projetos e exercitamos re-lacionamento com clientes. Tudo isso potencializa um caráter empreendedor importante para nosso futuro profis-sional”, diagnostica Danilo Morais. A Engetop, hoje, conta com 46 membros, dos quais 33 são efetivos e 13 se encon-tram em treinamento.

Presidente da Práxis, empresa júnior que congrega estudantes dos cursos de Engenharias e Arquitetura da Unifacs, desde agosto deste ano, Thiago Muniz está no sexto semestre de Engenharia Química. Para ele, há um diferencial substantivo na experiência do empre-endedor júnior em relação ao estágio. “Em uma empresa júnior, o aprendi-zado é global, porque seus membros participam de todas as decisões, o que, em geral, não acontece nos estágios. Esse ambiente acaba por gerar um sentimento de paixão pelo que fazemos”, observa. Sem querer generalizar, Danilo Morais, da Engetop, avalia que, mui-tas vezes, o estagiário acaba por fazer trabalhos triviais que não permitem o aprofundamento de sua aprendizagem, “quando é isso que garante uma forma-ção profissional mais completa”.

E é exatamente por conta dessa atuação multifuncional que, segundo presidente da UNIJr.-Ba, Pedro Ita, o empreende-dor júnior acaba por desenvolver uma grande habilidade interpessoal, ao lidar desde cedo com a formatação de pro-

jetos e defesa de ideias. “A gente vê uma diferença muito grande entre o aluno que teve essa experiência e o que não teve”, avalia. “Isso fica perceptível quando a pessoa tem, por exemplo, que fazer uma apresentação. Sua postura e desenvoltura são totalmente distintas”, acredita Thiago Muniz.

Sentimento similar tem Catchita Jabinal, estudante do quarto semestre do curso de Engenharia de Produção Civil, da Universidade Estadual da Bahia – Uneb. Ela atua como gerente de re-cursos humanos na Calculus, empresa júnior da instituição. “A gente tem níveis de experiências que não encontraria em outros lugares. No meu caso, por exemplo, tenho que trabalhar com de-senvolvimento, capacitação e, princi-palmente, motivação, algo fundamental num ambiente de trabalho em que as pessoas não são remuneradas”, conclui.

#ATUAÇÃO SUPERVISIONADA

Danilo Morais, presidente da Engetop

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OFICINA

FORÇA-TAREFA OTIMIZA FISCALIZAÇÃONessas ações são alocados profissionais de várias unidades do Crea por área de atuação

Em geral, uma operação desse tipo dura duas semanas

Uvirley Borges, supervisor regional de inspetorias

Desde que passou a realizar ações coordenadas por meio de forças- tarefas, o Crea-BA aumentou a efetividade de sua atuação, zerando o passivo de processos, protocolos tramitados e diligências para as inspetorias. Dados atualizados dessa ação foram apresentados duran-te a 2ª Oficina Integrada de Fiscalização realizada em Porto Seguro,

entre 1º e 5 de setembro.

De acordo com Coordenador de Fiscalização do órgão, João Falcão, es-sas ações começaram em 2013 e são executadas periodicamente de dois em dois meses. “Este ano já foram realiza-das em Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas, Jequié e Brumado”, destaca Falcão, lembrando que a força-tarefa envolve todos os municípios de abran-gência da inspetoria do Crea-BA.

Até o final do ano, deve ser realiza-da pelo menos mais uma na Bahia. “Fazemos um ‘pente fino’ em todas as áreas, como construção civil, agropecu-ária e fiscalização do exercício profissio-nal”, destaca Falcão, ressaltando que nessas atividades são alocados fiscais de várias unidades do Crea da região.

Segundo o supervisor regional de ins-petorias, Uvirley Borges, está previsto também para este ano não uma força--tarefa, mas um apoio operacional para a inspetoria da cidade de Juazeiro, no

norte da Bahia, visando atender a uma demanda reprimida.

“Vamos fazer uma operação detalhada em depósitos de agrotóxicos e outros produtos do gênero”, destaca o inspetor, acrescentando que para essa opera-ção serão deslocados dois fiscais de Salvador, um de Paulo Afonso e outro de Ribeira do Pombal para dar suporte à atividade, que vai envolver também os municípios de Campo Formoso e Senhor do Bonfim.

Segundo o supervisor, a força-tarefa conseguiu aumentar em mais de 500% o índice de fiscalização de algumas ins-petorias. Ele destaca ainda que, antes da operação, é feito um planejamento e divisão de tarefas. Os fiscais saem a campo em dupla para cumprir suas metas, sempre com o acompanhamento da supervisão. “Em geral, uma operação desse tipo dura duas semanas”, lembra o supervisor.

#FISCALIZAÇÃO

Procedimentos uniformizadosO objetivo da 2ª Oficina Integrada de Fiscalização foi uniformizar e debater procedimentos por meio de atividades práticas, além de ser uma oportunidade para reciclagem e aprimoramento das técnicas de trabalho.

Entre os participantes, o diretor- administrativo e engenheiro civil Lúcio José de Castro, representando o pre-sidente em exercício Eduardo Sousa. “Estamos fazendo várias ações com o propósito de modernizar a estrutura e melhorar o Conselho para os profissio-nais e funcionários”, disse.

Participaram também o inspetor de Eunápolis, engenheiro civil Ezequiel Eliahu Mizrahi, o chefe de gabinete, engenheiro químico Herbert Oliveira e Vanessa Costa, representante

da Mútua.Foto

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Page 26: Revista CREA Bahia Edição 46

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ALAGOINHAS

Rua Dantas Bião, s/n, sala 52, Laguna Shopping – Centro. CEP: 48030-03075 [email protected](a): Eng. agrônomo Luiz Cláudio Ramos Cardoso

BARREIRAS

Travessa 15 de Novembro, 21, Sandra Regina. CEP: 47803-13077 3611-2720/[email protected](a): Eng. agrônomo Nailton Sousa Almeida

BOM JESUS DA LAPA

Rua Flamengo, nº 300 – Amaralina77 [email protected] (a): Eng. Civil Fábio Lúcio Lustosa de Almeida

BRUMADO

Praça Coronel Zeca Leite, 460, Centro.77 [email protected]: Eng. civil André Luís Dias Cardoso

CAMAÇARI

Av. Radial A, nº 67,Centro, Edfício Empresarial Pacific Center, salas Q e R, 1º andar. CEP: 42.807-00071 3621-1456 / [email protected](a): Téc. de segurança do trabalho e eletromecânico Fabiano Ribeiro Lopes

CRUZ DAS ALMAS

Rua J. B. da Fonseca, nº 137, Centro.75 [email protected](a): Eng. civil Luís Carlos Mendes Santos

EUNÁPOLIS

Rua Castro Alves, 374, Sala 02 e 03. CEP: 45820-35073 [email protected](a): Eng. civil Ezequiel Eliahu Mizrahi

FEIRA DE SANTANA

Rua Prof. Geminiano Costa, 198, Centro. CEP: 44001-12075 [email protected](a): Eng. civil Diógenes Oliveira Senna

GUANAMBI

Av. Presidente Castelo Branco, 495 – Aeroporto Velho. CEP: [email protected](a): Eng. agrimensor Wellington Donato de Carvalho

ILHÉUS

Praça Ruy Barbosa, nº 32. CEP: 45653-34073 [email protected](a): Eng. civil Gilvam Coelho Porto Júnior

IRECÊ

Rua Antonio Carlos Magalhães, 59 - Centro. CEP: 44900-00074 3641-3708/[email protected](a): Eng. agrônomo Marcelo Dourado Loula

ITABERABA

Praça Flávio Silvany , 130, sala 15, Edf. Empresarial João Almeida Mascarenhas - Centro. CEP: 46880-00075 [email protected](a): Eng. civil Vanderlino de Oliveira Moura Júnior

ITABUNA

Rua Nações Unidas, 625, Térreo. CEP: 45600-67373 3211-9343 Fax: [email protected](a): Eng. civil Dermivan Barbosa dos Santos

JACOBINA

Rua Duque de Caxias, 400A – Estação. CEP: 44.700-000Tel: (74) [email protected](a): Eng. Agrônomo Ernani Macedo Pedreira

JEQUIÉ

Rua Frederico Costa, 61 - Centro.CEP: 4520363073 [email protected](a): Eng. civil Deusdete Souza Brito

JUAZEIRO

Rua XV de Novembro, 56 - Centro.CEP: 48.905-09074 3611-3303/[email protected](a): Eng. agrônomo Luciano César Dias Miranda

LAURO DE FREITAS

Av. Brigadeiro Mário Epighaus, 78, Ed. Busines Center, sala 115 - Condomínio Porto 3 - Centro71 [email protected](a): Téc. em Seg. do Trabalho Frederico Luís Almeida de Souza

LUIS EDUARDO MAGALHÃES

Av. JK, nº 1973, Qd. 91, Lote 1, Salas 1 e 3 - Centro. CEP: 47850-00077 [email protected](a): Eng. agrônomo Paulo Roberto Gouveia

PAULO AFONSO

Rua Carlos Berenhauser, 322 Térreo, General Dutra. CEP: 48607-13075 [email protected] licenciado

RIBEIRA DO POMBAL

Av. Dep. Antônio Brito, 132 - Centro. CEP: 48.400-000

75 [email protected](a): Eng. civil Jone Souza Santos

SANTA MARIA DA VITÓRIA

Rua 06 de outubro, S/Nº, Centro.CEP: 47.640-00077 3483-109077 [email protected](a): Eng. civil José Oliveira Silva

SANTO ANTÔNIO DE JESUS

Av. Roberto Santos, 88, Ed. Cruzeiro do Sul, salas 103 e 104. CEP: 44570-00075 3631-440475 [email protected](a): Eng. eletricista Leonel Pereira dos Reis Neto

SEABRA

Rua Jacob Guanaes, 565. CEP: 46900-00075 [email protected](a): Eng. civil Francisco Antonio Brito Santana

TEIXEIRA DE FREITAS

Av. Presidente Getúlio Vargas, 3421, Centro.Edificio Esmeralda - Salas 203, 204 e 205. CEP: 45995-00673 3291-3647/[email protected](a): Eng. eletricista Agnaldo Conceição Gomes Alves

VALENÇA

Rua Dr. Heitor Guedes de Melo, nº 111, Ed. Argeu Farias Passos, Centro. CEP: 45400-00075 [email protected]: Engª sanitarista e ambiental Márcia Cristina Alves do Lago

VITÓRIA DA CONQUISTA

Avenida Otávio Santos, 722 – Recreio. CEP: 45.020-75077 3422-156977 [email protected](a): Eng. civil Alexandre José Pedral Sampaio

ESCOLAS PARCEIRAS

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