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CREA REVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA v. 13, n. 45, jun/jul/ago 2014 ISSN 1679-2866 Consumidor está disposto a pagar mais por inovações em imóveis Crescimento do país exige transformação no ensino de engenharia

Revista CREA Bahia Edição 45

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Crescimento do país exige transformação no ensino de engenharia.

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Page 1: Revista CREA Bahia Edição 45

creaREVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA

v. 13, n. 45,jun/jul/ago 2014

ISSN 1679-2866

Consumidor está disposto a pagar mais por inovações em imóveis

Crescimento do país exige transformação no ensino de engenharia

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24Sustentabilidade

Consumidor disposto a pagar mais por inovação

32Acervo técnico

Crea-BA preserva a memória dos projetos

34Saneamento básico

Municípios carentes são beneficiados

40Ensino de engenharia

Saiba como está na Bahia

Nova norma da ABNTReforma de imóvel exige projeto técnico

Inspetoria de Lauro de FreitasCrea-BA melhora estrutura de atendimento

Ciência e TecnologiaFique por dentro das inovações

Convivência com o semiáridoTecnologias simples ajudam produtor

Engenheiro AgrimensorMercado em expansão

0812

1418

22

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ESpAço do LEITorIniciativa louvávelSou engenheiro agrônomo e li a matéria “Desperdício que gera fome” na última edição da revista do Crea-BA. Considerei louvável a importância de discutir um tema desta relevância para a humanidade. Todavia, para tratar do assunto, se faz prudente analisar os aspectos econômicos e sociais sobre desigualdade entre produtores e consumidores, bem como práticas de dumping, oligopólios, controle de tecnologia e de preços por multinacionais e sistema financeiro. Também deve ser levado em consideração que ainda possuímos milhões de hectares improdutivos passiveis de desapropriação para fins de reforma agrária. Também é possível diminuir a fome consideravelmente: diminuindo a desigualdade social, a distância entre produtores e consumidores, sem devastar novas áreas e com inclusão produtiva no campo.

Igor Bulhões

Recipientes de coletaA respeito da matéria sobre reciclagem publicada na revista do Crea-BA, acredito que, além da campanha com a população sobre a devolução de embalagens, pilhas, pneus, eletrônicos e lâmpadas, é preciso obrigar os revendedores a dispor de recipientes para coletas desses materiais.

Nos lugares por onde ando, não conheço nenhum mercado ou depósito que, vendendo lâmpadas e baterias, disponha de recipiente de coleta.

Campanha sem coleta não funciona.Eder Miranda

Elogios à revistaPronto, vocês me conquistaram! Depois que elogiei a revista por publicar matéria de capa com a iniciativa do Crea-BA em dar vida aos muros do Conselho, na edição seguinte, vocês nos presenteiam com matéria, também de capa, sobre as bicicletas e uma ótima entrevista com Enrique Peñalosa. Mais uma vez parabéns! Distribuí vários exemplares com amigos, cicloativistas e outros interessados no tema. Também enviei o link da revista por e-mail e postei no facebook.

Hendrik Aquino

Baixa na ARTComo faço para dar baixa na ART de uma obra concluída?

Paulo Gusmão

Para baixar a ART - Anotação de Responsabilidade Técnica, de uma obra concluída, acesse o programa de ART eletrônica no site do Crea-BA, escolha a ART específica e selecione a guia “baixa de ART”. Marque a opção 1: conclusão da obra/serviço e clique em baixar.

Assessoria Técnica do Crea-BA

FAlE ConoSCoEnvie sua mensagem com nome completo, e-mail e telefone para o endereço eletrônico: [email protected]. Lembramos que as mensagens poderão ser resumidas ou adaptadas ao espaço da revista. Siga o Crea-BA nas redes sociais www.facebook.com/creabahia. Para anunciar, ligue para (71) 8748-4682. Edição online no site: www.creaba.org.brMande sua sugestão de pauta pelo WhatsApp (71) 9956-0558

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EdITorIAL

PresidenteMarco Amigo

diretoria 20141º. Vice-presidente: Eng. Mec. Eduardo Ferreira de Sousa

2º. Vice-presidente: Eng. Agrim. Juci Conceição Pita1º. diretor Administrativo: Eng. Minas laelson Dourado Ribeiro

2º. diretor Administrativo: Eng. Civil lúcio José de Castro 1º. diretor Financeiro: Eng. Alim. Silvana Marília Ventura Palmeira2ª. diretora Financeira: Eng. Agrôn. lorena Maria Magalhães Rocha

3º. diretor Financeiro: Eng. Elet. Andersson Alves Ambrósio

Conselho editorial Silvana PalmeiraArival Guimarães

Roberto Costa Flávio Vieira

Eduardo SousaAlessandro José

Rodrigo lobo José HumbertoSilvana Marília

Marjorie nolascoHerbert oliveira

Eduardo Rode

Assessora de Comunicação Daniela Biscarde

ElaboraçãoTriciclo Comunicação

Jornalistas Adelmo Borges, Carlos Baumgarten e Fred Burgos

Apoio Ascom Crea-BA

Foto de capa:Robson nascimento

Projeto gráfico e diagramaçãoAutor Visual / Pery Barreto

ImpressãoGráfica Ediouro

Tiragem 45 mil exemplares

Nosso endereçoAv. professor Aloisio de Carvalho Filho, 402, Engenho Velho de Brotas

CEp 40243-620 – Salvador/BahiaTels (71) 3453-8989 Telecrea (71) 3453-8990

E-mail: [email protected]

As opiniões emitidas nas matérias e artigossão de total responsabilidade de seus autores.

revista CrEA-BA/Conselho regional de Engenharia e Agronomia da Bahia. Nº 45 (Junho/Julho/Agosto 2014). Salvador: CrEA-BA, 2006 - ISSN 1679-2866

Trimestral

1.Engenharia. I. Conselho regional de Engenharia e Agronomia da Bahia

CdU 72:63 (813.8)Cdd 720

issn 1679-2866v. 13, n. 45, jun/jul/ago. 2014

revista trimestral

No ano em que completa oito décadas de existência, o Crea-BA resolveu presentear os leitores com uma nova revista, apresentando outro tipo de comunicação, com conteúdos mais próximos da realidade dos profissionais que compõem o Conselho e com um projeto gráfico mais arrojado.

O leitor vai encontrar nesta publicação temas de interesse da socieda-de, como tecnologias de convivência com a seca, as novas normas da ABNT sobre reformas e sustentabilidade na construção civil. Temos também uma seção de novidades tecnológicas, cujas ideias podem servir de inspiração para os empreendedores baianos.

Os técnicos do Crea-BA agora passam a ser fonte de boa parte das reportagens. Desta forma, teremos condição de mostrar aos leitores a qualidade técnica do pessoal que compõe o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia.

O leitor vai perceber ainda que a atual gestão tem feito um grande esforço para melhorar a qualidade de nossos serviços, tanto para os profissionais que compõem o Crea-BA quanto para o público em geral.

Por isso, estamos requalificando todas as inspetorias do órgão no estado, com instalações modernas, seguras e funcionais. Uma delas, a de Lauro de Freitas, inaugura uma seção na revista: Uma Inspetoria perto de você. A cada edição vamos dar destaque a um de nossos escritórios, valorizando assim o trabalho dos colaboradores nas 26 unidades descentralizadas do órgão.

Esta revista, portanto, integra um conjunto de iniciativas que visam transformar e modernizar as ações do Conselho na Bahia. Temos muitos desafios pela frente, é verdade, mas é com paciência, tijolo a tijolo, que vamos construindo um Crea-BA cada vez melhor e mais atuante na defesa da sociedade.

Marco Amigo

Engenheiro Mecânico e presidente do Crea-BA

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Gestão no Crea-BAé compartilhada

A atual diretoria do Crea-BA implantou um modelo de gestão compartilhada, na qual as decisões não se concentram no presidente. Além da diretoria, existem Grupos de Trabalho e Câmaras Técnicas que dinamizam e democratizam as decisões.

A reunião plenária de nº 1.684 empossou, no dia 13 de janeiro, a atual diretoria e as Comissões Regimentais para o exercício de 2014. Além dessas comissões, a diretoria

é composta também por dois vice-presidentes, dois diretores administrativos e três diretores financeiros. Conta ainda com a colaboração do Plenário do Conselho. Confira o

histórico profissional dos atuais diretores do Crea-BA e os representantes do plenário.

PresidenteMarco Amigo

#dIrETorIA

Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marco Antônio Amigo, 54 anos, é funcionário da Petrobras há 30 anos. Foi presidente do Crea-BA entre 2000 e 2005, ocupou diferentes funções no Sistema Confea/Crea, foi conselheiro federal e diretor da Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais).

REPRESEnTAnTES Do PlEnáRIo Câmara de Eng. Elétrica - Eng. Químico Silvio Costa SantosCâmara de Eng. Civil - Eng. Agrim. Alessandro José M. MachadoCâmara de Agronomia - Eng. Mec. Lazaro Peres de Lima JuniorCâmara de Geologia e Minas - Eng. Mec. Marcos Alves BonfimCâmara de Eng. Química - Eng. Produção Roberto de CarvalhoCâmara de Eng. Mecânica - Eng. de Minas José Baptista de O. JúniorCâmara de Agrimensura - Eng. Civil Marcelo Cajado Sampaio

Eduardo Ferreira de Sousa

Engenheiro mecânico pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Pós-graduado em Engenharia de Gás Natural pela Ufba, faz atualmente MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV. Atua como coordenador de projetos na

gerência de Engenharia da empresa Bahiagás.

Andersson Alves Ambrósio

Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pós-graduado em gerenciamento de projetos pela ICL/Serra-ES e pós-graduando

em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade Pitágora – Teixeira de Freitas.

Atua como diretor técnico/comercial e responsável técnico pela empresa 3A-ENGE.

Juci Conceição Pita

Engenheiro agrimensor pela Faculdade Escola de Engenharia de Agrimensura da Bahia, também é formado em técnico em edificações. Atua como analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário no Incra-BA.

lorena Maria Magalhães Rocha

Engenheira Agronômica pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e especialista

em Gestão Ambiental. Mestra em Extensão Rural e Desenvolvimento Local – UFRPE. Atua como chefe de divisão de culturas alimentares na Empresa Baiana de

Desenvolvimento Agropecuário (EBDA).

Silvana Marília Ventura Palmeira

Engenheira de Alimentos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), mestre em Engenharia Química (UFBA), professora da Área 1, diretora de comunicação do Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge)

e diretora-executiva da Federação do Sindicato dos Engenheiros (Fisenge).

lúcio José de Castro

Graduação em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia de Passos/

UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais). Trabalha em consultoria

e projetos de obras e ampliações em Eunápolis, Porto Seguro e região do extremo

sul da Bahia. É autor de diversos projetos de construção civil, além de apoio em projeto

industrial de estrutura em concreto armado em obras da nova fabrica Veracel Celulose.

laelson Dourado Ribeiro

Graduado em Engenharia de Minas, com Mestrado em Metalurgia

Extrativa e especialização em Tecnologias Limpas. Atuou

como Engenheiro Pesquisador do Ceped e já foi professor

da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia.

Atualmente está na CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral e é Conselheiro

do Crea-BA desde 2012.

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AN REV CREA BG-008-14.ai 1 6/27/14 6:56 PM

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#NoVA NorMA dA ABNT

AMAdorISMo CoM oS dIAS CoNTAdoSnova norma da ABnT busca aumentar a segurança da sociedade

Na hora da reforma do imóvel, nada dos famosos “puxadinhos”, nem da ausência de pareceres técnicos assinados por profissionais habilitados. Afinal, como se diz na linguagem popular, o barato pode sair caro. E é com a proposta de reverter a cultura do amadorismo em reformas prediais, responsáveis por colocar em risco a vida humana, que surgiu

a NBR 16.280:2014, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em vigor desde o dia 18 de abril deste ano.

Foto: João Alvarez

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Foto: João Alvarez

Só um profissional habilitado tem condições de analisar e propor

diretrizes mais eficientes para a realização de uma obra de

reforma ou manutenção

o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e perícias de Engenharia (IBApE), Arival Guimarães, vê avanços na nova norma

Professor Luís Edmundo Prado de Campos

A norma pretende evitar acidentes como a do Edifício Liberdade, que de-sabou, no centro do Rio de Janeiro, em janeiro de 2012, levando junto mais dois prédios menores e 22 pessoas à morte. O acidente foi provocado por uma série de reformas que adicionaram mais cinco andares no edifício e, por último, a gota d’água, com a derrubada de paredes de sustentação para ampliação do espaço de uma das suas salas comerciais.

Com a norma, qualquer alteração estru-tural feita nas edificações – inclusive as executadas dentro das unidades – preci-sa ser comunicada ao síndico. Em outras palavras, a partir de agora, toda reforma de imóvel que altere ou comprometa a segurança da edificação ou de seu entorno precisará ser submetida à aná-lise da construtora/incorporadora e do projetista, quando a construção ainda estiver dentro do prazo de garantia, ou, após esse prazo, exigirá laudo técnico assinado por engenheiro ou arquiteto. O síndico ou administradora, com base em parecer de especialista, poderá autorizar na totalidade, autorizar com ressalvas ou proibir a reforma, caso entenda que ela irá colocar em risco a edificação.

No entender do professor e diretor da Escola Politécnica da Ufba, Luís Edmundo Prado de Campos, conselheiro do Crea-BA, a norma apenas reforça o que deveria ser feito desde sempre. “Só um profissional habilitado, com

conhecimento técnico, tem condições de analisar, avaliar e propor diretrizes mais eficientes para a realização de uma obra de reforma ou manutenção, além de garantir mais segurança para condôminos e usuários e aos que de-sempenham a função do síndico”, afirma Luís Edmundo parte do pressuposto de que a reforma de uma edificação é uma atividade multidisciplinar, que envolve a parte estrutural, elétrica, hidráulica, entre outras, trabalho muitas vezes realizado por pessoas não habilitadas.

A norma se remete não apenas às obras em áreas comuns, mas também àque-las realizadas nas unidades privadas. “Infelizmente, em nossa cultura, poucos avisam os síndicos sobre reformas e obras dentro do condomínio. Muitos acreditam que, por se tratar de uni-dade autônoma, de sua propriedade, estão livres para efetuar as alterações que julgarem adequadas para o espa-ço. Algumas vezes sem se preocupar com o impacto sofrido pelas estruturas”, avalia o presidente nacional do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE), Arival Guimarães.

Projeto assinadoA principal mudança trazida pela NR 16.280 é que desde o dia 18 de abril último os proprietários que desejem realizar qualquer tipo de intervenção em suas unidades têm que apresentar um projeto assinado por um engenheiro ou arquiteto detalhando o que será feito.

No documento, onde deve constar uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), no caso de um engenheiro, ou um RRT (Registro de Responsabilidade Técnica), expedido por um arquiteto, deve haver um cronograma detalhado do que será feito na obra, o tempo es-timado da intervenção, além dos ma-teriais utilizados. No caso das ARTs, só podem ser assinadas por engenheiros registrados no Crea-BA.

Luís Edmundo observa que apesar de não terem força de lei, as normas da ABNT são usadas pelos juízes como peça jurídica, caso haja algum questionamen-to na Justiça. Apesar de não estabelecer regras de fiscalização ou mecanismos punitivos, a NBR 16.280 aumenta a responsabilidade do proprietário e sín-dico no caso de um eventual acidente.

Uma das preocupações da norma é quanto à perda de desempenho da edificação. Para o presidente da Associação Baiana de Administradoras de Imóveis e Imobiliárias (ABAI), o em-presário Manuel Teixeira, a norma é de suma importância porque “há de fato uma cultura disseminada de se fazer reformas de forma amadorística, colo-cando em risco a vida e a propriedade das pessoas. Sem saber se o prédio é de alvenaria mural ou não, não se pode, por exemplo, derrubar uma parede para ampliar o espaço de uma sala ou parte dela, para abertura de uma porta ou instalação de um ar condicionado. Mas isso é historicamente feito no país”, afirma.

NorMA

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Poucos são os condôminos que

avisam a realização de reformas em suas unidades

Um dos aspectos mais impor-tantes da norma 16.280 é que o síndico do condomínio passa a

ser responsável moral e criminalmente pelos danos provocados por determi-nada obra, propondo-se, assim, um encadeamento de responsabilizações que se remetem ainda a proprietários e profissionais especializados. A rigor, sem mencionar responsabilidades ad-ministrativas ou legais quanto às áreas privadas dos condomínios, o parágrafo quinto do artigo 1.348 do Código Civil Brasileiro já determina como uma das funções do síndico “diligenciar a conser-vação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores”.

Também entre os síndicos, a norma vem sendo bem recebida, porque, mes-

Síndico passa a ser corresponsável por danos

Mudar uma cultura exige investimento. E claro que o respeito à norma vai ge-rar um custo adicional, negligenciado na cultura do amadorismo, seja para os proprietários seja para síndicos, que terão que ter documentos assi-nados por responsáveis técnicos, com suas responsabilidades definidas pela norma. “Pela NBR, a gestão de condo-mínios terá que levar em conta nos seus orçamentos que obras em áreas comuns exigem o aval técnico de um engenheiro ou arquiteto. E o sindico só será responsabilizado se não tiver a documentação técnica, no caso das áreas comuns, ou não cobrar cópias des-ses documentos aos proprietários, em caso de obras em unidades privadas”, afirma Arival Guimarães, presidente nacional do IBAPE.

#NoVA NorMA dA ABNT

Julio Oliva, síndico do Edifício Magali

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mo não tendo o peso de uma lei, pode lhes dar mais garantias nas questões de responsabilização por reformas. “Infelizmente, vemos um contínuo desrespeito aos princípios básicos da boa convivência social. Poucos são os condôminos que avisam a realização de reformas em suas unidades. Mas, um dos papéis do síndico é mostrar a todos a necessidade de se respeitar os interesses da coletividade. Nos seus apartamentos, as pessoas pensam que podem mudar, por exemplo, uma pare-de de lugar, sem um laudo de um en-genheiro ou arquiteto. Simplesmente não levam em conta os prejuízos que podem causar a familiares e vizinhos”, afirma o empresário Julio Oliva, síndico do Edifício Magali, localizado na rua Tamoio, no bairro do Rio Vermelho.

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Page 11: Revista CREA Bahia Edição 45

NorMA

REFORMAS qUE PRECISAM DE AVAL PROFISSIONAL• Sistema hidrossanitário;

• Instalações elétricas e de gás;

• Reforma/instalação de equipamentos de prevenção e combate a incêndio;

• Reforma/instalação de aparelhos de dados e comunicação;

• Reforma/instalação de aparelhos de automação;

• Reforma/instalação de ar-condicionado, exaustão e ventilação;

• Retirada do revestimento com uso de marteletes ou ferramentas de alto impacto;

• Reforma que interfira na integridade ou na proteção mecânica;

• Reforma de vedação que interfira na integridade ou altere a disposição original;

• qualquer alteração do sistema ou adequação para instalação de esquadrias ou fachada-cortina e seu componentes;

• qualquer intervenção em elementos da estrutura, como furos e aberturas, alteração de seção de elementos estruturais e remoção ou acréscimo de paredes; e

• Instalação de qualquer componente à edificação, não previsto no projeto original ou em desacordo com o manual de uso, operação e manutenção do edifício ou memorial descritivo.

Porém, a responsabilidade legal será do profissional que apresenta a ART ou RRT. Caso algum acidente aconteça, ele será responsabilizado na Justiça comum e no seu órgão de classe. A norma 16.280:2014 vem para se as-sociar a um conjunto de outras normas, como as de Manutenção (NBR 5.674), Manual de Uso, Operação e Manutenção (NBR 14.037) e Norma de Desempenho (NBR 15.575). “Torna-se cada vez mais importante controlar todo o processo, registrar tudo isso, documentar e arqui-var os papéis, para que a segurança de todos esteja protegida”, diz Júlio Oliva.

Na visão do presidente da ABAI, Manuel Teixeira, nada que mexe no bolso é fácil. Os síndicos, condôminos e administra-doras de imóveis vão se debater. “Mas isso não foi feito por capricho, e sim por proteção à vida humana. É preciso terminar com essa cultura do arremedo, do improviso. Costuma-se dizer que no Brasil tem lei que pega e lei que não pega. Por isso, no caso da NBR, ou se fis-caliza ou a norma não pegará. Essa nor-ma é muito importante. É preciso tra-balharmos para que ela dê certo. O não respeito aos seus princípios tem sido pago com vidas humanas”, conclui.

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Page 12: Revista CREA Bahia Edição 45

de construir sem um profissional habilitado

As duas primeiras entregues à popu-lação foram as de Camaçari e Lauro de Freitas. A Revista do Crea-BA escolheu esta última para iniciar a seção�Uma Inspetoria perto de você. A nova sede da Inspetoria de Lauro de Freitas foi inaugurada no dia 23 de janeiro pelo presidente do órgão, engenheiro me-cânico Marco Amigo.

quem constrói sem o aval de um profissional habilitado está correndo um sério risco não só de ter a segurança do imóvel comprometida, mas também de ser notificado pelo Crea-BA. Quem faz esse trabalho são os fiscais do órgão, que possui 26 inspetorias espalhadas pela Bahia. Dentro do processo de descentralização implantado pela atual gestão,

as unidades do interior aos poucos vão ganhando uma nova estrutura, mais moderna e funcional.

#UMA INSpETorIA pErTo dE VoCê

o rISCo

Foto: João Alvarez

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to: Adelmo Borges

A UNIDADE REALIzA OS SEGUINTES SERVIçOS:• Registro profissional;• Renovação de carteira;• Regularização de anuidade;• Certidão de acervo técnico;• Defesas de notificação;

• Visto de profissionais de ou-tro Estado e;

• Emissão de certidão de pessoa física e jurídica.

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Page 13: Revista CREA Bahia Edição 45

InspetorIa de Lauro de FreItas

endereço

• Av.BrigadeiroMárioEpighaus,78,Ed.BusinesCenter,sala115-CondomínioPorto3

• Centro-LaurodeFreitas

• Tel.:(71)3024-3517

• E-mail: [email protected]

• Horáriodeatendimento:8às12hedas13às16h.

INSpETorIA

Sempre que preciso dos serviços do Crea-BA em Lauro de Freitas sou bem atendida

Ana Nery Rocha, engenheira civil

EDITAl DE ConVoCAçãoa associação Baiana de engenheiros de Minas – aBeM- convoca os seus associados para participarem da assembleia Geral ordinária a ser realizada no dia 18/08/2014, às 18h, em primeira convocação e às 19h30 em segunda, na Escola Politécnica, afim de participarem das eleições para a nova diretoria da entidade, gestão 2014-2016. o que ocorrer.

salvador, 18 de maio de 2014

Laelson Dourado Ribeiro-Presidente

ASSOCIAÇÃOBAIANA DE

ENGENHEIROS DE MINAS

Fo

to: Adelmo Borges

Frederico luís Almeida de SouzaInspetor-chefe

O inspetor-chefe Frederico Luís Almeida de Souza informa que o Crea-BA possui inspetoria em Lauro de Freitas desde 1997, atendendo a mais de 2.800 profis-sionais e englobando os municípios de Candeias, Simões Filho, São Francisco do Conde e Madre de Deus.

Segundo Frederico, a nova estrutura trouxe maior comodidade para quem procura os serviços do órgão, além de aumentar a segurança, pois a unidade fica dentro de um empreendimento comercial.

A fiscalização é feita em obras civis e públicas e os prepostos do Crea-BA ava-liam uma série de itens. Por exemplo: se a empresa de engenharia que executa a obra tem registro, se o responsável pos-sui ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e mesmo se existe uma em-presa terceirizada que não esteja regu-larizada executando a obra.

Cada fiscal possui uma zona de atuação nos cinco municípios, incluindo áreas ur-banas, rurais e industriais. Diariamente eles visitam diversos estabelecimentos, como escolas, hospitais, postos de gaso-

lina e residências em construção. Além disso, atendem também denúncias que chegam ao órgão, por email, no site ou por telefone.

quem está irregular recebe uma no-tificação preventiva com prazo de 10 dias para regularização. Se isso não acontecer, o sistema gera uma multa automática, que pode chegar a R$ 1.681, no caso de uma obra sem um respon-sável técnico. Caso a situação não seja regularizada, a pessoa ou empresa pode ser inscrita na Dívida Ativa da União.

O atendimento da nova unidade tem agradado aos clientes. É o caso da en-genheira civil Ana Nery Rocha, que atua nos municípios de Lauro de Freitas e Camaçari. “O meu registro é de São Paulo e sempre que preciso dos servi-ços do Crea-BA em Lauro de Freitas sou bem atendida”, destaca Ana Nery, que tem um filho que acaba de se formar em Engenharia Mecânica e que também vai se registrar no Conselho.

Além do inspetor-chefe, a equipe de Lauro de Freitas é formada por cin-co funcionários, sendo três fiscais

(Jairo Vicente, Augusto Barros e Bruno Teixeira) e duas assistentes adminis-trativas (Christianne Guimarães e Janice Fortes).

O inspetor lembra ainda que a unidade atua em diversos Conselhos Municipais, como de Acessibilidade, Meio ambiente, Política Urbana e Habitação.

Segundo o presidente do Crea-BA, a meta da atual gestão é trabalhar para que as 26 inspetorias sejam requali-ficadas de acordo com os padrões de acessibilidade, adequação e funciona-lidade, dentro da nova identidade visu-al do Conselho. “queremos estar mais próximos da sociedade, contribuindo para que direitos fundamentais sejam atendidos”.

NúMEROS DE LAURO DE FREITAS3. 510 PRoFISSIonAIS ATIVoS rEGISTrAdoS No CrEA-BA

doS qUAIS 1.379 São dE NíVEL SUpErIor E 1.771 dE NíVEL TéCNICo

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Page 14: Revista CREA Bahia Edição 45

Balão estratosférico vai usar energia solarA empresa Thales Alenia Space está concluindo a construção de um balão capaz de se manter em altitudes elevadas seguindo um curso predeterminado e ficar estacionado em relação a uma posição no solo. A intenção é que o equipamento, chamado de StratoBus, esteja disponível nos próximos cinco anos.

o veículo é um misto de drone e satélite artificial, pois voa de forma autônoma e faz observações de elevada altitude. quando estiver em operação, poderá levar cargas úteis de até 200 kg e voará a 20 km de altitude, no limite inferior da estratosfera, mas quase o dobro da altitude dos jatos comerciais.

o balão medirá entre 70 e 100 metros de comprimento e entre 20 e 30 metros de diâmetro. A fonte principal de energia será um painel solar, que a empresa afirma conter inovações que permitem que ele capte energia o tempo todo, em todas as estações, com o balão girando sobre o próprio eixo para manter os painéis solares sempre voltados para o sol.

A capacidade de observação autô-noma vai permitir o monitoramen-to ambiental, emitir alertas contra incêndios e queimadas em tempo real e fazer a vigilância de fronteiras.

Mais informações: www.thalesgroup.com/fr

Bicicleta dobrável do tamanho de um guarda-chuvapara quem sofre por não ter espaço para guardar sua bicicleta, existe um invento que promete acabar com esse problema. Saiu da cabeça de um italiano a ideia de criar uma bike dobrável que pode ser reduzida ao tamanho de um guarda-chuva.

o designer italiano Gianluca Sada apelidou seu invento de Sada Bike, fruto de um trabalho extenso de pesquisa que permitiu reduzir não só o tamanho do quadro, mas também o seu peso. Nos modelos comuns deste padrão, os quadros e rodas são menores, mas reduzem a eficiência das pedaladas.

A Sada Bike possui, da mesma forma que uma bicicleta tradicional, aro 26 e a roda é o grande diferencial, pois não tem raios: é totalmente vazada por dentro. para dobrar a bicicleta basta forçar o selim e todas as dobradiças aplicadas entram em ação para que o quadro da bike fique do mesmo tamanho de um guarda-chuva grande. A estrutura cabe dentro de uma mochila, para facilitar o transporte.

o designer começou a inventar o equipamento há seis anos e agora busca apoio para produzir em larga escala. Mais informações sobre o assunto: www.sadabike.it

#NoVIdAdES TECNoLóGICAS

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Page 15: Revista CREA Bahia Edição 45

Outdoor purifica o ar no peruUm outdoor capaz de purificar cem mil metros cúbicos de ar ao dia, o equivalente a 1.200 árvores. é o que projeta a Universidade de Engenharia e Tecnologia de Lima, no peru, que instalou o painel num perímetro urbano e sua eficiência alcança uma área de até cinco quadras ao seu redor.

“Este painel busca despertar a vocação nos jovens e seu interesse em engenharia. Ele também está aliado à missão que a universidade tem de formar engenheiros criativos, sensíveis às necessidades sociais e com um amplo conhecimento científico que os permita se tornarem pesquisadores aptos a desenvolver soluções para problemas existentes na sociedade”, explica a diretora de comunicação da UTEC, Jessica Rúas, em comunicado oficial.

A função da máquina é recuperar o ar nas zonas urbanas, livrando-o da contaminação. de acordo com a UTEC, todo o sistema utiliza apenas 2.5 quilowatts/hora de energia. A água usada é 100% reciclável e os resíduos coletados podem ser encaminhados para análises sobre a qualidade do ar na região em que está inserido. Mais informações: www.utec.edu.pe

TECNoLoGIA

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Lixo do mar pode virar embalagem plásticarecolher artefatos de plástico do mar e reaproveitar este material para fabricar embalagens. Esta é a proposta da Ecover, empresa belga especializada na fabricação de produtos de limpeza, que desenvolveu uma tecnologia para reaproveitar resíduos retirados do oceano. A iniciativa é uma parceria com outra empresa, a Logoplaste, responsável pela tecnologia. As novas garrafas são feitas com uma mistura entre o plástico retirado do mar e o plástico feito de cana de açúcar. Inicialmente as embalagens serão feitas com 10% de material reaproveitado, mas as empresas pretendem aumentar esse percentual para torná-la mais sustentável futuramente. A empresa precisa fazer essa mistura de matéria-prima devido à diversidade na qualidade dos plásticos retirados do oceano. A Ecover pretende lançar a nova embalagem no reino Unido em breve. Com informações do site Ciclo Vivo.

China planeja ter elevador mais rápido do mundoUm elevador planejado para alcan-çar velocidades de até 72 km/h é o que promete a japonesa Hitachi, que projeta o equipamento para um arranha-céu na localidade de Guangzhou, no sul da China.

Seria o mais rápido do mundo, levando 43 segundos para chegar do térreo ao 95° andar. Atualmente, o elevador mais rápido do planeta fica em Taipei (capital de Taiwan), no Edifício 101, que é capaz de alcançar velocidades de 60 km/h. Vai do primeiro ao 89° andar em apenas 37 segundos.

de acordo com a Hitachi, a nova tecnologia conseguiria evitar a sensação de bloqueio de ouvido causada pela diferença de pressão por meio da alteração artificial da pressão aérea dentro do local. o prédio com a novidade tecnológica deve ser inaugurado em 2016 e contará com um total de 95 elevadores, dois dos quais de alta velocidade. Com informações do portal G1.

recorde de concretagem contínuaA construção do prédio New Wilshire Grand, localizado em Los Angeles (Estados Unidos), bateu o recorde de concretagem ininterrupta, alcançando 16,2 mil m³. o processo, realizado em fevereiro, demorou 18 horas e demandou o uso de 208 caminhões-betoneiras.

A concretagem do edifício, que possui 73 andares, estava sendo preparada há cinco meses. o bloco tem mais de cinco metros de profundidade e demandou o uso de cerca de sete milhões de kg de aço.

De acordo com os engenheiros, o grande desafio da etapa da obra foi garantir que o concreto chegasse a tempo no local e, diante de uma grande área e profundidade, que todo o material fosse submetido a uma mesma temperatura. para evitar esse problema, o concreto foi resfriado por meio de um bombeamento de água. o empreendimento será inaugurado em 2017. o investimento é de cerca de US$ 1 bilhão de dólares. o vídeo pode ser visto no site: http://vimeo.com/86856568

#NoVIdAdES TECNoLóGICAS

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Estrada que brilha no escuroUm trecho de uma estrada na Holanda recebeu uma pintura especial que brilha no escuro visando economizar energia. A pintura contém um pó que é carregado durante o dia e, lentamente, libera um brilho verde à noite, eliminando a necessidade de iluminação pública. A ideia é do artista daan roosegaarde e a tecnologia está sendo testada em um trecho de 500 metros.

Uma vez carregada, a faixa pode brilhar por até oito horas no escuro. A tecnologia também é uma alternativa sustentável para lugares onde não há iluminação convencional.

o projeto ainda está em testes e espera-se que possa ser expandido internacionalmente ainda este ano. Com informações da BBC Brasil.

Garagem com teto solar

TECNoLoGIA

Um dos grandes inconvenientes dos carros elétricos é a pouca autonomia em relação ao motor de combustão. pensando nisso, a montadora alemã BMW lançou um novo conceito de garagem solar feita de carbono e bambu e coberta com módulos solares. os painéis são translúcidos e segundo a fabricante garantem um alto rendimento energético.

Atualmente, com a tecnologia da bateria de íon-lítio, um carro elétrico totalmente recarregado consegue rodar uma distância comparável com a de um motor de combustão interna com o tanque cheio, mas ele ainda precisará ser conectado a um carregador no fim desse tempo, o que implica o carro ficar várias horas fora de operação antes de ser novamente carregado.

A garagem não só proporciona energia limpa, mas também funciona para abastecer diretamente as baterias do carro elétrico, que pode ser conectado ao sistema e se tornar independente das redes de transmissão de eletricidade em locais onde o sol é intenso.

o interessante é que o consumidor controla, por meio de um painel, toda a energia usada na recarga e ainda tem acesso a um comparativo sobre os custos da mesma quantidade proveniente da rede de transmissão. Caso a produção de energia solar seja maior do que a necessidade do carro, o excedente pode ser encaminhado para uso doméstico. Com informações do site Ciclo Vivo.

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O semiárido brasileiro é uma das regiões mais chu-vosas do mundo, afirmava Manoel Bonfim Ribeiro, ex-engenheiro do DNOCS. Mas, devido ao mane-jo inadequado, à grande evaporação e falta de articulação entre os diversos órgãos que tratam do

problema, todos os anos assistimos cenas lamentáveis de gado morrendo e pessoas fugindo do campo em busca de oportuni-dades nas metrópoles por causa da seca.

TECNoLoGIAS SIMpLESajudam na convivência com o semiárido

Engenheiro Agrônomo do Crea-BA defende projeto agroflorestal integrado com obras de infraestrutura para o semiárido

#CoNVIVêNCIA CoM o SEMIárIdo Foto: EBDA

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SISTEMA AGroFLorESTAL

João Ramalho, que é ex-diretor de agri-cultura da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola) e ex-coorde-nador do programa quintais Florestais, enfatiza que, em paralelo às grandes obras, é importante a economia de água e que a matriz tecnológica mais adequada é a agroecologia. No semiá-rido brasileiro em alguns anos ocorre o fenômeno do déficit hídrico, no qual chove menos do que se evapora. Por exemplo, chove 500 mm e evapora 700 mm (200 mm estavam no solo), mas existem várias técnicas para conviver com essa dificuldade.Uma delas é utilizar culturas pouco exi-gentes ou adaptadas, como a palma, o sorgo, o andu, a maniçoba ou mandio-ca brava, moringa, melancia cabocla, o umbuzeiro, dentre outras variedades crioulas (nativas).

Outra ação importante é evitar a eva-poração e evapotranspiração, uma vez que é fundamental reduzir a insolação, por meio de consórcio de espécies arbó-reas nativas com temporárias, técnica eficaz, que no verão reduz a evapotrans-piração em virtude do sombreamento

parcial e, no inverno (estiagem), reduz a evaporação, uma vez que as folhas da vegetação nativas já caíram cobrindo e protegendo o solo.

Ramalho explica que a adoção de Sistemas Agroflorestais (SAF’s) nada mais é do que uma imitação de um pro-cesso natural das plantas da caatinga, que têm um ciclo rápido de desenvol-vimento e capacidade de economizar água, cobrindo o solo com as próprias folhas para evitar a evaporação.

Aliado a esse sistema agroflorestal, é preciso pensar em outras formas de renda da pecuária, contemplando, além de abelhas melíponas e ápis melífera, outros animais adaptados ao clima, como a galinha caipira, caprinos, ovinos e gado SRD (Sem Raça Definida), pois são adaptados a uma convivência com poucos recursos hídricos. “Esses animais devem ser tangidos para o curral e o es-terco da criação serve para adubar o solo do quintal, fechando o ciclo energético”, enfatiza o especialista, acentuando que o solo bem nutrido e devidamente co-berto é produtivo no semiárido por pelo menos sete meses (novembro a maio).

A cena clássica do solo rachado pelo sol e o gado esquálido se repete ano a ano sem uma solução aparente. Segundo o engenheiro agrônomo e analista do Crea-BA, João Bosco Cavalcanti Ramalho, tecnologia existe e mesmo os piores índices pluviométricos do se-miárido brasileiro(que variam em média de 450 a 500 mm) estão entre os mais elevados do planeta.

Para ele, o problema não é a escassez de chuva, mas a falta de um conjunto de medidas que deveriam ser tomadas para que o produtor pudesse conviver com o fenômeno da seca. O caminho, segundo Ramalho, seria a associação entre sistemas agroflorestais nas pe-quenas propriedades com obras de infraestrutura (cisternas, barragens, açudes e adutoras).

Entre as tecnologias existentes, João Ramalho cita as cisternas de consumo e de produção e as barragens subterrâne-as. “Mas essas tecnologias não dispen-sam as grandes obras governamentais que possam levar água de mananciais permanentes, sobretudo para o consu-mo humano”, destaca.

João Ramalho, do Crea-BA, defende o uso de culturas

pouco exigentes ou adaptadas, como a palma e o sorgo

É melhor ter 50% de alguma coisa na mesa das famílias

do que 100% de nadaJoão Ramalho, do Crea-BA

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#CoNVIVêNCIA CoM o SEMIárIdo

Falta articulação entre as políticas públicasDo ponto de vista das políticas públicas, Ramalho acredita que é preciso unir as diversas estratégias existentes para oti-mizar os esforços. A política de constru-ção de cisternas de produção (federal), por exemplo, deve ser combinada com os quintais agroflorestais (estadual).

“Falta um diálogo entre essas esferas”, afirma Ramalho, dando outro exemplo: a construção de barragens subterrâne-as é feita sem uma articulação com a implantação dos quintais agroflores-tais. Além de dar sentido às políticas públicas, as torna tecnicamente viá-veis e produtivas, cumprindo o seu objetivo que é proporcionar a geração de renda no campo. A falta de uma

cobertura de solo após a construção de uma barragem subterrânea, por exemplo, pode acelerar um processo de salinização do solo.

O analista do Crea-BA destaca ainda que os órgãos de extensão precisam deixar de lado o preconceito contra a agroe-cologia. Ele dá o exemplo da semente crioula, adaptada há milhares de anos a produzir com pouca chuva e fertilidade adequada ao local, além de ser resistente a pragas e doenças. “Mesmo assim, o governo insiste em entregar sementes melhoradas, que custam caro, têm alto rendimento, é verdade, mas precisam de alta umidade e são pouco resistentes, necessitando de agrotóxico para com-bater as pragas”.

Segundo Ramalho, a semente crioula não tem a mesma produtividade da hí-brida, “mas é melhor ter 50% de algu-ma coisa na mesa das famílias, do que 100% de nada”, destaca o especialista,

lembrando que existem várias entidades que desenvolvem experiências agroe-cológicas comprovadas no semiárido, como a EBDA, IRPAA, Caatinga, IPB, SASOP, Fundação Dom Helder, Embrapa, Centro Sabiá dentre outras.

Ramalho destaca ainda que é importan-te não perder de vista que a educação contextualizada e ambientalmente ade-quada não deve ser negligenciada, pois o problema não é resolver algo passa-geiro, mas para toda a vida, para todas as gerações.

Para o engenheiro agrônomo, a caatinga é um bioma único no mundo, sendo viável a convivência humana pacífica. “O semiárido sempre existiu e existi-rá, portanto precisamos que todas as pesquisas e técnicas de convivência se tornem uma prática diária de todo sertanejo, então não haverá necessidade de êxodo, porque a seca não será mais uma tragédia”, conclui.

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Produtores podem ser multiplicadoresA Embrapa Semiárido (petrolina – pE) atua para disponibilizar tecnologias de convivência com o semiárido aos produtores rurais. Segundo o engenhei-ro agrônomo do órgão federal, Sérgio Guilherme de Azevedo, a empresa bus-ca, por meio de parcerias com outras entidades, capacitar multiplicadores nas tecnologias. “Muitas vezes capacitamos agricultores, mas sempre na perspectiva destes serem multiplicadores em suas comunidades”, diz.

A Embrapa Semiárido tem assegurado orçamento para 2014 de cerca de r$ 1 milhão para ações de transferência de tecnologia em seus projetos. o órgão atua valorizando plantas nativas, como o feijão de corda, o milho, o sorgo e a mandioca, sempre com foco na agricul-tura familiar. “As estratégias utilizadas vêm focando na redução dos ciclos das culturas”, afirma.

outro órgão que atua nessa área é o IrpAA (Instituto regional da pequena Agropecuária Apropriada), uma organização Não Governamental sediada em Juazeiro, na Bahia. Segundo o coordenador da oNG, o técnico em agropecuária Cícero Félix dos Santos, uma das ações da instituição é no re-catingamento, que consiste em rein-troduzir no semiárido plantas nativas, como o umbuzeiro, o angico e a baraúna.

A baraúna, por exemplo, é uma espécie nativa que além de garantir alimento para os animais, tem uso medicinal.

“é uma forma de preservar a vegetação onde o bioma caatinga está sendo de-vastado”, destaca o coordenador, lem-brando que esse trabalho está sendo feito em vários municípios da região do São Francisco, como Uauá, remanso, Curaçá e Canudos.

o IrpAA também apoia produtores ru-rais, capacitando-os para um manejo adequado de caprinos e ovinos, animais

adaptados ao clima da região.

Precisamos que todas as pesquisas

e técnicas de convivência se

tornem uma prática diária de todo

sertanejo, então não haverá necessidade de êxodo, porque a seca não será mais

uma tragédiaJoão Ramalho, do Crea-BA

SISTEMA AGroFLorESTAL

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Sérgio Guilherme de Azevedo, engenheiro agrônomo da

Embrapa Semiárido

o umbuzeiro é uma espécie nativa da região que resiste bem à falta de chuva crea, Salvador, BA, v.13, n.45, jun/jul/ago 2014 21

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Sempre que ocorrer uma

situação que não estava prevista, o

profissional tem que estar presente para

corrigir os rumos

MErCAdo proMISSorBoas opções de trabalho

Juci PitaEngenheiro Agrimensor, conselheiro do Crea-BA

durante um empreendimento o engenheiro agrimensor precisa acompanhar todo o processo de construção

Profissional fornece subsídios à Justiça para a definição de conflitos envolvendo questões agrárias

#proFISSõES: ENGENHArIA dE AGrIMENSUrA

No dia 4 de junho se comemora o Dia do Engenheiro Agrimensor, profissão que tem-se consolidado no mercado devido à sua função estratégica nas obras de engenharia, tanto que a Universidade Federal da Bahia (Ufba) criou, em 2010, o curso de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica, que ainda vai formar sua primeira turma. Fo

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Juci Pita

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De acordo com o engenheiro agrimensor Juci Pita, conselheiro e segundo vice--presidente do Crea-BA, de forma bem didática, esse profissional dentre outras atuações, fornece os elementos iniciais para que as outras engenharias possam atuar, ampliando o conceito original da palavra agrimensura, que conforme o dicionário, tem o significado de medir e demarcar terras.

Contudo, o trabalho do engenheiro agrimensor não se restringe a isso. “Nós fazemos cálculos e projetos de estradas, desenvolvemos atividades de levantamento topográfico, geodésico e batimétrico de uma área”, detalha Pita, ressaltando que o profissional participa de uma obra do início ao fim.

Durante a execução de um empre-endimento como um viaduto, por exemplo, o engenheiro agrimensor precisa acompanhar todo o processo de construção, para que a execução da obra seja fidedigna ao que foi projeta-do. “Sempre que ocorrer uma situação que não estava prevista, o profissional tem que estar presente para corrigir os rumos”, diz Pita.

Outra área de atuação é nos cartórios de registro de imóveis. Desenvolvendo atividades necessárias ao loteamento, desmembramento e remembramento, também, o engenheiro agrimensor é quem fornece subsídios à Justiça na hora da definição de conflitos envol-vendo questões agrárias.

Pita, que foi coordenador nacional das Câmaras de Engenharia de Agrimensura do Sistema Confea/Crea (2013/2014), esclarece ainda que aquele profissio-nal que faz a medição topográfica que verificamos nas ruas normalmente é um “prático”, sem necessariamente ter formação na área. Ele faz a medição do terreno, ângulo, diferença de nível e distâncias, levando o resultado des-sa atividade para subsidiar o trabalho do profissional de nível universitário.

Graduado pela Escola de Engenharia de Agrimensura (EEEMBA), ele esclarece que o engenheiro agrimensor se pre-para na faculdade para trabalhar em empresas de engenharia, indústrias, construção civil, serviços públicos e instituições de ensino e pesquisa.

Mas nem todos os gestores públicos

sabem da importância desse profis-sional, por isso que a Associação dos Engenheiros Agrimensores da Bahia (Aseab) desenvolve diversas ações para inserir o engenheiro agrimensor nos concursos públicos, assim como esclarecer aos gestores a função e a importância desse profissional.

Sobre o mercado de trabalho, o con-selheiro do Crea-BA destaca que as opções são boas, mas nem sempre as oportunidades que surgem estão perto de casa. “Nossa profissão é nômade, pois não podemos escolher o local do trabalho”, diz Pita, acrescentando que a tecnologia facilitou bastante a ativi-dade. Hoje existe a popularização das tecnologias de posicionamento global via satélite e de geoprocessamento, realidade cotidiana desses profissionais e que paulatinamente vão chegando também para o público em geral.

Com relação à remuneração, existe um piso estabelecido pela Lei nº 4.950-A/66, de seis salários mínimos para uma jornada de seis horas diárias e oito salários e meio, para uma jornada de oito horas/dia.

proFISSõES

AGRIMENSURA EM ALTA Em 2001 foi criado um cadastro nacional para levantar dados territoriais

sobre todos os imóveis rurais no Brasil - atribuição dos engenheiros agrimensores. Desde então, segundo dados do Incra, dos mais de cinco milhões de imóveis cadastrados, apenas pouco mais de 73 mil foram certificados. São necessários mais profissionais para avançar com a regularização fundiária do país;

Além das oportunidades oferecidas pela iniciativa privada em obras como o Metrô de Salvador, intervenções na Av. Paralela, nas empresas que administram os pedágios das estradas baianas, inúmeros concursos abriram vagas para Engenheiro Agrimensor nos últimos dois anos, dentre eles:Prefeitura de Joinvile (SC);Prefeitura de Pedro II (PI);Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam);Prefeitura Municipal de Botucatu (SP);Superintendência de Desenvolvimento da Capital – Sudecap (MG).Na Bahia, foram oferecidas vagas para a Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb), Incra, Prefeitura Municipal de Camaçari, Conder, UFBA (corpo docente), IBGE, dentre outros órgãos.

Percebendo a demanda do mercado, a UFBA criou um curso de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica.

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Page 24: Revista CREA Bahia Edição 45

INoVAção EM ALTAConsumidores dispostos a pagar mais por imóveis sustentáveis

Há bem pouco tempo, as obras de engenharia deixavam de lado questões básicas de sustentabilidade, se preocupando com o custo e a funciona-lidade. Hoje em dia, os impactos ao meio ambiente e ao entorno social são observados cuidadosamente e ações que atentem para esses dois quesitos são cobradas, cada vez mais, pela sociedade civil organizada e

por órgãos de fiscalização.

#INoVAção TECNoLóGICA

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Torneira Automática economiza água

E a mudança de atitude não tem exatamente um interesse financeiro direto. Ou seja, o consumidor está disposto a pagar mais por imóveis que respeitem conceitos inovadores de construção. É o que revela uma pesquisa divulgada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

De acordo com o estudo, entre as pessoas que ganham entre cinco e 10 salários mínimos, é significativo o volume de consumidores que aprovariam pagar 10% ou mais do valor do imóvel pelo conjunto de inovações apresentadas pelas constru-toras. O percentual cresce na proporção em que aumenta o nível de escolaridade dos entrevistados, chegando a 61,4% de aprovação na faixa com renda superior a 20 salários mínimos.

A pesquisa, realizada em 23 estados e no Distrito Federal, entre 11 e 15 de maio de 2013, ouviu 1.100 entrevistados. Eles apontaram os itens economia (30,2%), segurança (16,3%), conforto (4,9%) e fatores sustentáveis/ecológicos (4,1%) como as inovações tecnológicas mais lembradas em um imóvel.

Pagar mais pelo imóvel não significa, necessariamente, uma despesa maior. Na verdade, o mercado encara como um investimento que traz retorno em curto prazo. “Muitas vezes, o cliente, quando procura um imóvel, não conhece tudo o que podemos oferecer. quando você mostra que existe uma necessidade e está disposto a servir àquela necessi-dade, ele adere ao conceito”. É o que afirma o diretor regional da Odebrecht, Eduardo Pedreira.

Ele acredita que a tendência de inovação e introdução de conceitos de sustenta-bilidade é um caminho sem volta para a construção civil. Para ilustrar o pensa-mento do diretor, pode-se observar uma obra da própria construtora: o Hangar.

Localizado na Avenida Paralela, em Salvador, o empreendimento nasceu a partir do conceito chamado mix use: são nove torres implantadas, sendo sete empresariais e duas hoteleiras. “A expectativa é que, cada vez mais, esses empreendimentos possam se sustentar por si só, gerando, inclusive, a sua própria energia”, diz Eduardo.

No caso do Hangar, o diretor destaca ainda o sistema de reaproveitamento da água, que é tratada em estações insta-ladas no próprio complexo e reutilizadas nas bacias acopladas e na irrigação do jardim suspenso.

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Page 25: Revista CREA Bahia Edição 45

Menos calor, mais sustentabilidadeEm uma cidade como Salvador, que é privilegiada com um “verão no ano inteiro”, buscar alternativas para amenizar o calor é uma necessidade. O ar-condicionado, em muitos locais, deixa de ser um artigo de luxo. No entanto, é um dos eletrodo-mésticos de maior consumo de energia.

Por isso, é uma tendência também que os empreendimentos invistam em tec-nologias que possam ser aplicadas para amenizar o calor e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de energia por parte do ar-condicionado. A Odebrecht utilizou alumínio composto para a composição da fachada das torres do Hangar, além de instalar vidros com alta eficiência energética.

A medida permite que as torres aproveitem o máximo de luz natural e, da mesma forma, ameniza a passagem do calor para a parte interna dos prédios. “Também utilizamos lâmpadas de LED e eletrônicas, cujo consumo de energia é mais redu-zido”, complementa Eduardo Pedreira.

“Paga-se mais pelo imóvel, porém, seu custo operacional é mais baixo, com a redução no consumo de energia e de água, por exemplo. Estima-se que o gasto operacional seja reduzido entre 20% e 30% com aplicações de ações como essa. Tudo isso é levado em conta também pelo consumidor e pelas construtoras, na hora de aplicar tecnologias inovadoras e ações sustentáveis”.

Por essas inovações, o Hangar conquistou a certificação Procel Nível A, sendo o primeiro empreendimento do Brasil a adquirir o selo. Recentemente, foi também premiado pela Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário

da Bahia (Ademi-Ba), nas categorias Empresa do Ano, Gestão Sustentável e Empreendimento do Ano.

Exemplo que vem de “casa”Para o diretor de relações institucionais do Sindicato da Indústria da Construção Civil na Bahia (Sinduscon), Vicente Mattos, a pesquisa divulgada pelo CBIC representa uma forte indicação aos construtores de que vale a pena investir em inovação. “Isso possibilita o desenvolvimento de uma cultura nas organizações que favoreça esse tipo de iniciativa”.

Como sindicato representativo do setor, o Sinduscon não poderia deixar de dar o exemplo. No final do ano passado, a entidade inaugurou sua nova sede, construída sob os pilares da susten-tabilidade.

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Alumínio composto na fachada e vidros com alta eficiência energética aproveitam ao máximo a luz natural

pESqUISA CBIC

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Page 26: Revista CREA Bahia Edição 45

Paga-se mais pelo imóvel, porém, seu custo operacional é mais baixo

O Sinduscon optou por construir o edifício-sede dentro dos critérios es-tabelecidos pelo Processo AqUA (Alta qualidade Ambiental), que é o primei-ro referencial técnico brasileiro para construções sustentáveis, auditado pela Fundação Vanzolini (instituição sem fins lucrativos gerida pelos professo-res do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo). O empre-endimento já conquistou a certifica-ção nas fases Programa e Concepção e passará pela auditoria para a fase Realização. Após um ano, o prédio será novamente auditado para a certificação da fase de Uso e Operação.

O edifício está localizado no terreno onde funcionava a antiga sede da entidade e se apresenta como uma vitrine de conceitos e soluções de sustentabilidade. Demonstra ainda a viabilidade econômica e técnica para incorporar novas tecnologias, sistemas, materiais e boas práticas, que abrangem desde a concepção até o uso e operação do edifício.

O projeto levou em conta também a construção de espaços que promovam a saúde e o bem-estar dos usuários, com soluções e tecnologias que garantam o conforto higrotérmico, acústico, olfativo e visual, além da qualidade sanitária dos ambientes, da água e do ar.

No que se refere à gestão sustentável da água, a nova sede do Sinduscon in-corporou sistemas de aproveitamento fluvial, da água cinza e das águas que vêm do sistema de ar condicionado, além de implantar outros sistemas de economia, a exemplo de vasos sanitá-rios sem água e torneira tipo spray, com fechamento automático.

A intenção é que a nova sede seja um in-centivo a outros projetos sustentáveis, elevando a construção civil da Bahia a um novo patamar de crescimento e competitividade. “O Sinduscon foi as-sertivo ao ter saído do discurso e ter investido e mostrado a viabilidade de um empreendimento sustentável e com grande grau de inovação tecnológica. A construção de um edifício que abarca

#INoVAção TECNoLóGICA

os conceitos da sustentabilidade é um exemplo didático para nossa comuni-dade”, destaca Vicente Mattos.

Pisos intertravadosÉ também preocupação das constru-toras pensarem em soluções para a mobilidade urbana, em diversos senti-dos. Para os pedestres, uma calçada que permita uma caminhada segura e sem obstáculos é o ideal para seguir o seu rumo com segurança e sem acidentes.

Os famosos pisos de paralelepípedo compõem as paisagens de diversas localidades em quase todos os muni-

cípios brasileiros. No que diz respeito à acessibilidade, esse tipo de piso é fator problemático para a população, pois são irregulares e podem causar acidentes, sobretudo em dias de chuva.

Dessa forma, o piso intertravado com blocos de concreto tem surgido como uma solução economicamente viável, prática e ecologicamente sustentável. O piso é aplicado em praças, ruas, ave-nidas, parques e condomínios.

Entre as razões apontadas para esse desempenho estão a questão da du-rabilidade, baixo custo, manutenção rápida e treinamento simplificado de mão de obra. As peças pré-moldadas se encaixam sem a necessidade de rejunte e permite o seu uso imediato.

Eduardo Pedreira, diretor da Odebrecht

Os números revelam por que investir em sustentabilidade na construção civil é fundamental hoje em dia. Segundo informações levantadas pelo engenheiro civil Luiz Henrique Ceotto, mestre em Engenharia de

Estruturas pela Universidade de São Paulo, o setor consome cerca de 70% dos recursos naturais, 40% de toda a energia produzida, representa cerca de 40% de todo o resíduo produzido no mundo, gera 30% das emissões globais de gases de efeito estufa e demanda cerca de 16% da água potável disponível.

“Não se trata de ecomarketing. É uma necessidade. Hoje, consumimos um volume de recursos que está muito acima do limite do planeta. Por isso, é uma mudança de comportamento que gera impacto para todos”, destaca o engenheiro eletricista Thales de Azevedo, que foi um dos responsáveis pelo projeto de implantação de ações sustentáveis na nova sede do Sinduscon.

O projeto já nasceu dentro de um conceito de sustentabilidade, confor-me relata Thales. “Desde as obras para a remoção da antiga estrutura

números mostram economia a longo prazo

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Page 27: Revista CREA Bahia Edição 45

ALGUMAS AçõES DE SUSTENTABILIDADE• Sistema de reaproveitamento da água da chuva e da que vem do ar-condicionado;

• Torres integradas para diminuir circulação de carros;

• Vidros de alta eficiência energética para amenizar o calor;

• Utilização de lâmpadas de LED e eletrônicas de menor consumo de energia; e

• Área verde interna para minimizar o calor.

APRoVAção• 81,9% aprovam as inovações nos imóveis

EConoMIA E SEGuRAnçA• 30,2% avaliam como positivas as inovações que

promovam redução de custos

• 16,3% avaliam como positivas as inovações que tragam segurança

ConFoRTo E APElo EColóGICo• 4,9% citaram espontaneamente o conforto como

um dos resultados da inovação

• 4,1% citaram espontaneamente o apelo ecológico como um dos resultados da inovação

ITEnS ConSIDERADoS IMPoRTAnTES PARA EConoMIA• 21,4% consideram a racionalização do uso de energia

• 12,1% consideram a racionalização do uso de água

• 8,5% consideram a implantação de um teto para geração de energia solar

pErCEpção dA pESqUISAITEnS ConSIDERADoS IMPoRTAnTES PARA SEGuRAnçA• 12,7% consideram importante um sistema de

alarme elétrico

• 7,5% consideram importante o uso de câmeras para monitoramento

EnERGIA SolARRegiões que consideram mais importante a implantação do sistema

• Centro-oeste – 18,4%

• Norte – 15,1%

• Sul - 2,1%

SEGuRAnçAItens considerados mais importantes para a segurança por região

• Nordeste – alarme elétrico – 18,1%

• Sul – monitoramento por câmera – 11,5%

• Sudeste – monitoramento por câmera – 8,8%

Prédio do Sinduscon incorpora novidades tecnológicas para economizar recursos naturais

pESqUISA CBIC

da sede até o acabamento, buscamos causar o mínimo de impacto ao entorno”, explica.

Segundo o engenheiro, o custo de sustentabilidade chega a 11% do valor total da obra, sendo que a média de retorno do investimento é de 60 meses. “Além do ganho sustentável, ações como essa, implantadas no Sinduscon, contribuem para a redução do custo operacional da obra. Ou seja, é um investimento que retorna no período de 60 mesas, sendo que a redução de gastos é significativa”.

Exemplo disso é a economia de energia, que, segundo Thales, chega a quase R$ 30 mil anuais, a partir de inovações sustentáveis. “Inovar exige, acima de tudo, criatividade. Não podemos confundir inovação com a inserção de altas tecnologias, com valores exorbitantes. Muitas vezes, técnicas simples, porém eficazes, geram resultados benéficos para o empreendimento e, consequen-temente, para a sociedade”, conclui o engenheiro.

Fonte: Pesquisa CBIC

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#GEoLoGIA

Investigamos a ação das forças naturais sobre

o planeta e seus efeitos

Fernando Cunha, geólogo e conselheiro do Crea-BA

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GEoCIêNCIA

O público-alvo é formado por estudantes universitários, pesqui-sadores, professores e empresários do segmento. Em função do caráter multidisciplinar das geociências e da temática do evento, profissionais de outras áreas devem marcar presença, como oceanógrafos, geógrafos, químicos, meteorologistas, agrônomos, arqueólogos, biólogos, engenheiros de minas, entre outros.

Na programação, além de sessões temáticas, simpósios e mini-cursos, ocorrerão cinco fóruns especiais. Em cooperação com a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, palestras e oficinas pré-congresso, que têm o foco na popularização da geologia e

uma melhor capacitação para os docentes da educação básica, serão dirigidas aos professores de escolas do ensino fundamental e médio da rede pública da capital e do interior. A meta é capa-citar 400 professores.

Para a professora da Universidade Estadual de Feira de Santana, Marjorie Nolasco, integrante do comitê organizador do congresso, a expectativa é favorecer o diálogo e fortalecer o espaço profis-sional na área de geologia. “A presença do Crea-BA é também fundamental, no sentido de apresentar a importância do con-selho no aspecto político, organizativo, legislativo, fiscalizador e

AS NoVAS FroNTEIrAS doS rECUrSoS NATUrAISSalvador vai sediar maior encontro de geologia da América latina

As novas fronteiras dos recursos naturais será o tema do 47° Congresso Brasileiro de Geologia (CBG), o maior evento relacionado à geologia na América Latina, que acontecerá em Salvador, no Centro de Convenções, no período de 21 a 26 de setembro

de 2014. O congresso tem como objetivo reunir a comunidade geológica e difundir os conhecimentos atuais das geociências, através da divulgação de sua produção técnico-científica, além da discussão de temas políticos e geração de oportunidades de negócios envolvendo o setor mineral e petrolífero.

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O trabalho do geólogo está por trás de praticamente

todos os bens de consumo essenciais para a sociedade

#GEoLoGIA

na promoção e proteção de profissões ligadas à entidade”. Para se inscrever e obter outras informações, é só acessar o site do evento: www.47cbg.com.br.

Gestão ambientalquando se fala em geologia, muitas pes-soas podem vincular a atividade única e exclusivamente ao estudo de formações rochosas, cavernas, grutas e minérios. Na verdade, a profissão engloba muito mais aspectos. A extração mineral, rea-lizada de maneira displicente, por exem-plo, pode ser prejudicial ao meio am-biente e, nesse quesito, o profissional da área desempenha um papel importante para evitar danos ao meio ambiente. “Precisamos identificar a fragilidade de um ecossistema para evitar impactos negativos”, ressalta Reginaldo Alves, chefe do Departamento de Geologia do CPRM (Serviço Geológico do Brasil).

O geólogo atua na gestão ambiental através da análise dos recursos hídri-cos, monitorando bacias qualitativa e quantitativamente. “Ajudamos a pre-venir as cheias de rios, por exemplo, através da medição dos níveis da água. Ultrapassando determinados limites, que são observados historicamente, podemos antecipar uma cheia que ve-nha ocorrer”, relata Alves.

No outro extremo, a seca, o geólogo tem também uma atuação fundamental, no estudo do terreno para localizar lençóis freáticos que possam amenizar a falta de água nas localidades impactadas com a estiagem.

As belezas naturais das grutas e montanhas também dependem da atuação do geólogo para a conservação dos espaços. “atuamos em um segmento denominado de geoturismo e contribuímos com a preservação das rochas que desenham as belezas de locais como a Chapada”, diz Alves.

Em tempos de mudanças climáticas e de adoção de um novo comportamento frente às questões ambientais, o geólogo torna-se um profissional essencial no processo de prevenção de desastres. Fernando Cunha, conselheiro do Crea-BA e também colaborador do CPRM, acrescenta que os governos contratam geólogos para ajudar no planejamento e avaliação de escavações, áreas de construção, projetos de recuperação ambiental, prevenção e mitigação de desastres naturais. “Investigamos a ação das forças naturais sobre o planeta e seus efeitos, como a erosão, escorregamentos, glaciação e a desertificação, assim como estudo de recursos naturais”.

Da tinta ao computadorO estudo e a localização de petróleo e minérios também dependem da atuação desse profissional. Ou seja, para obter peças que fazem funcionar um computa-dor pessoal ou mesmo para passar um simples verniz em uma mesa ou porta de madeira, é preciso, antes, contar com um profissional da área de geologia.

Essa atuação pode ser constatada desde aspectos mais simples até os mais complexos. Um exemplo recente foi o fenômeno registrado no município de Lapão, a 500 km de Salvador. A cidade, que foi erguida sobre relevo calcário (de onde nascem as grutas subterrâneas), começou a ser tomada por rachaduras que chegavam a um palmo de largura. Em outras palavras, o município estava literalmente afundando.

Para identificar o problema e buscar as soluções necessárias, foi fundamental a presença de um geólogo que pudesse apontar as causas do fenômeno.

Conforme explica Reginaldo Alves, as áreas de atuação desses profissionais são muito diversificadas, apesar de não estarem tão explícitas. “Pode-se dizer, sem medo de errar, que o trabalho do geólogo está por trás de praticamente todos os bens de consumo essenciais para a sociedade”.

A chegada de mineradoras multinacionais aqueceu o mercado de trabalho para os geólogos. Empresas canadenses e australianas passaram a investir no Brasil, a exemplo da Yamana Gold, que está instalada na região centro norte da Bahia.

Agências governamentais e universidades também têm empregado um grande número de geólogos. Reginaldo informa que o CPRM contratou recentemente cerca de 100 geólogos, por meio de concurso público, para atuar em todo o Brasil.

Reginaldo Alves, chefe do Serviço Geológico do Brasil

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GEoCIêNCIA

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Reginaldo Alves, chefe do departamento de Geologia do CprM (Serviço Geológico do Brasil)

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) é um local apropriado para se obter informações sobre

a atuação desse profissional. O órgão federal foi fundado no ano de 1969 e desenvolve uma série de ações como: levantamentos geológicos e geofísicos, avaliação de recursos minerais e análi-ses químicas e minerais.

O CPRM possui oito superintendências regionais e três centros de treinamen-to, nas cidades de Apiaí (SP), Morro do Chapéu (BA) e Caçapava do Sul (RS).

Para desenvolver suas atividades téc-nicas, um dos suportes para os traba-lhos de campo do Serviço Geológico do Brasil são as análises laboratoriais efetuadas no LAMIN, seu laboratório

Ações do Serviço Geológico

oficial, localizado no Rio de Janeiro. Ali são feitas desde descrições de rochas e análise de suas características estru-turais, mineralógicas e químicas, até estudos biológicos e de certificação de águas minerais.

O Serviço Geológico, em parceria com o Ministério da Defesa, atua também na pesquisa dos recursos da plataforma continental, além de fornecer subsídios para políticas públicas de arranjos pro-dutivos locais, tendo como foco princi-pal os minerais não metálicos (como a argila), que servem de insumo para materiais de construção.

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MEMórIA prESErVAdAAcervo técnico pode ser solicitado por profissionais registrados no Crea-BA

Os profissionais vinculados ao sistema Confea/Crea têm à disposição toda a memória de seus projetos e obras executadas, o que serve não só para preservar dados importantes, como para facilitar a vida do profissional. Esse acervo técnico é registrado com base na Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e pode ser solicitado a qualquer tempo

pelos profissionais regularmente inscritos no sistema.

#ACErVo TéCNICo

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Page 33: Revista CREA Bahia Edição 45

MEMórIA prESErVAdAAcervo técnico pode ser solicitado por profissionais registrados no Crea-BA

empresas privadas. “Por isso a ART é tão importante, pois além de permitir a formação do acervo técnico, funciona como uma espécie de selo de qualidade profissional”, afirma Eduardo.

O engenheiro civil e empresário Paulo Moraes já precisou usar várias vezes o seu acervo técnico para participar de licitações na Bahia. Ele conta que sempre conseguiu com facilidade aces-sar o sistema do Crea-BA para obter o documento. “O processo é todo feito pela internet, o que facilita bastante”, diz o engenheiro, que participou, re-centemente, de uma licitação para pa-vimentação e construção de um posto médico na cidade de Wagner.

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4 motivos para registrar a ART1. Garantia de aspectos legais, contratuais

e a autoria técnica dos projetos/obras/serviços;

2. Comprovaçãodaexperiênciaprofissionale da formação do acervo técnico (curri-culumvitaeoficialdoprofissional);

3. Comprova aptidão técnica exigida nas licitações;

4. Para efeito de aposentadoria, no caso dos autônomos, a ART comprova o exer-cícioprofissional.

Quando e como fazerApós a assinatura do contrato, antes ou no início do desenvolvimento da atividade, para evitar a cobrança de multas. O Artigo 4º da Resolução nº 1025/2009 do Confea determina que nenhuma obra ou serviço poderá ter início sem o registro da ART.

O registro da ART é 100% eletrônico. Portanto, seu preenchimento depende da instalaçãodeumprogramaespecífico.ORegistroNacionaldoProfissional(RNP)éobrigatório e apenas aqueles que possuem número nacional podem emitir ART.

Onde registrarPara projetos, avaliações e arbitramentos, dentre outros, a ART deve ser emitida e recolhidanajurisdiçãoondeoprofissionalatua e mantém o seu escritório ou empresa.

Jáasexecuçõesefiscalizaçõesdeobrasouserviços técnicos só podem ser registradas na jurisdição do Crea-BA onde o trabalho serárealizado.

Onde requererO sistema de ART eletrônica pode ser baixado a partir da home page do Crea. Lembre-se sempre de baixar as ART´s con-cluídas ou em que houve o destrato, antes do término. Isso evita problemas com a fiscalizaçãoeeventualresponsabilizaçãoem caso de acidente e, obriga o dono da obra/serviçocontrataroutroprofissional

para substituí-lo.

“Antes de tudo a ART é um instrumento de defesa da sociedade, pois assegura que os serviços prestados serão reali-zados por um profissional habilitado”, diz Eduardo Rode, assessor técnico do Crea-BA. Além de permitir, por parte do Conselho, o acompanhamento da atuação de profissionais habilitados, coibindo o exercício ilegal e o desvio de funções, a ART é também um ins-trumento legal que identifica a autoria de projetos, obras ou serviços técnicos e pode ser utilizada em situações que ameacem o cumprimento das regras estabelecidas nesses contratos.

“Outra grande vantagem desse instru-mento é que ele serve para comprovar, perante o INSS, o tempo de serviço do profissional autônomo para fins de aposentadoria”, destaca o funcionário do Crea-BA.

A ART é exigida na elaboração de projetos, consultoria, execução de obras e serviços, independentemen-te do nível de atuação do profissional. A sua exigência é válida também para o registro de desempenho de cargo ou função técnica em órgãos públicos ou

Esse instrumento serve para comprovar, perante o INSS, o tempo de serviço do profissional autônomo

para fins de aposentadoriaEduardo Rode, assessor técnico do Crea-BA

RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL• O cadastro e o registro da A.R.T. são de responsabilidade do

profissional, quando autônomo;

• Quando contratado, cabe ao profissional o cadastro e à empresa o pagamento da taxa da ART;

• Devem registrar a ART todos os profissionais ou empresas legalmente habilitados que executarem obras ou serviços nas áreas de Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia.

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Page 34: Revista CREA Bahia Edição 45

#SANEAr MAIS BAHIA

SANEAMENTo EM LArGA ESCALAPrograma vai beneficiar 50 municípios baianos com menor IDH

Cinquenta cidades baianas com os mais baixos índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do estado contarão com um importante reforço na melhoria da qualidade de vida de suas populações. O Programa Sanear Mais Bahia vai garantir a esses municípios apoio técnico para a elaboração dos seus planos municipais de saneamento básico (PMSB),

uma das condições estabelecidas pela Lei Federal 11.445/2007 para o acesso aos recursos  da União voltados a ações de saneamento básico, a partir de 1° de janeiro de 2016. Além do plano devidamente elaborado e aprovado, os municípios brasileiros terão ainda a obrigação de instituir, por meio de legislação específica, o órgão de controle social, a partir do primeiro dia de janeiro de 2015.

O programa Sanear Mais Bahia é resultado de convênio entre o Crea-BA e a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), no valor de R$ 6,8 milhões. Seu lançamento oficial ocorreu no começo de abril, em evento na União

pArCEIroS qUE VALIdArAM A METodoLoGIA do proGrAMA• Agersa

• Ministério Público Estadual;

• Tribunal de Contas da União;

• Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia);

• Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Sedur);

• Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento);

• Ufba (Universidade Federal da Bahia);

• Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana).

dos Municípios da Bahia (UPB), quando prefeitos das 50 cidades selecionadas assinaram termos de compromisso, as-segurando a participação de servidores efetivos das prefeituras e do poder local em todas as etapas da elaboração do

PMSB, dentre outras obrigações. Para o presidente do Crea-BA, o engenheiro mecânico Marco Antônio Amigo, o pro-grama é um desafio para o Conselho, com grande repercussão social, já que as dificuldades são históricas, na medida em que essas prefeituras não dispõem de equipe técnica para elabo-ração dos planos.

“O Sanear Mais Bahia tem uma grande importância, já que os municípios sele-cionados são os mais carentes do esta-do e não teriam como fazer um plano de saneamento básico sem pessoal técnico capacidade e apoio especializado do programa. Nosso objetivo ao aceitar o desafio foi fortalecer a gestão municipal de saneamento, além de desenvolver, aplicar e validar uma proposta de meto-dologia que contribua para a formação de políticas públicas voltadas à área”, avalia Marco Amigo.

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Page 35: Revista CREA Bahia Edição 45

O papel do Crea-BA será de capacitar equipes nos municípios e assessorar tecnicamente as prefeituras na elabo-ração dos seus planos municipais de saneamento básico (PMSBs), além de conduzir todos os eventos de mobiliza-ção social e oficinas de elaboração dos produtos. A metodologia do programa foi desenvolvida pelo Crea-BA e Funasa, ao longo de 2013, quando foi validada por especialistas em saneamento bási-co e técnicos de organizações.

De acordo com o engenheiro quími-co Herbert Oliveira, responsável pelo programa no Crea-BA, a metodologia do Sanear Mais Bahia incorpora con-ceitos de gestão de projetos e noções da ISO (International Organization for Standardization) e do PMI (Project Management Institute). “Trata-se de uma metodologia com forte interação entre a área técnica e a social, algo fun-damental para a mobilização social nos municípios e para a efetividade do pro-grama”, afirma.

Segundo a engenheira sanitarista e ambiental da Funasa, Luiza de Andrade Berndt, o prazo total para elaboração dos 50 planos é de onze meses con-tados a partir do momento em que as equipes de coordenação, execução e apoio forem contratadas pelo Crea-BA. Após o diagnóstico técnico participativo das atuais condições do município, o plano vai contemplar todo o planeja-mento do saneamento básico local, com ações englobando o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. “É importante salientar que o

plano a ser elaborado não garantirá a execução das obras. Mas será indispensável para que as prefeituras, quando tiverem seus projetos de engenharia, possam pleitear recursos junto ao governo federal”, afirma Luiza de Andrade.

Garantia de recursosA Lei 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, exige que os municípios apresentem planos em sintonia com as realidades locais. O Decreto 8.211, de 21 de março de 2014, da Casa Civil da Presidência da República, determina que após 31 de dezembro de 2014 será vedado o acesso aos recursos da União aos municípios que não instituírem o controle social dos serviços públicos de saneamento básico realizado por órgão colegiado. Por controle social se entende o conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações, representações técnicas e participação nos processos de formulações de políticas de planejamento e de avaliação. De acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), estão previstos R$ 508 bilhões para a área de saneamento básico nos próximos 20 anos (2013 – 2033).

O trabalho de avaliação e a seleção dos municípios que integram o programa foi feito pelo Núcleo Intersetorial de Cooperação Técnica (NICT), da Superintendência Estadual da Funasa na Bahia. Dos 417 municípios baianos, 325 possuíam todos os critérios de elegibilidade, definidos pela portaria nº 30, de 16 de janeiro de 2014, da Funasa. Ou seja, ter menos que 50 mil habitantes, não fazer parte de região metropolitana nem pertencer a uma Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (RIDE), além de não ter contrato com a Funasa ou qualquer outro órgão do governo federal ou estadual, cujo objeto seja a elaboração de plano de saneamento básico.

SANEAMENTo BáSICo

presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo, participou do lançamento do programa

Municípios mais carentes da Bahia terão condições de melhorar o saneamento básico

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#SANEAr MAIS BAHIA

oBrIGAçõES doS MUNICípIoS• Elaborar, juntamente com a Superintendência Estadual da Bahia

(Suest-Ba)/Funasa e Crea-BA, o Plano de Mobilização Social;

• Garantir a plena divulgação dos eventos à sociedade no intuito de assegurar a ampla participação da população em todo o processo de elaboração do plano;

• Fornecer e garantir estrutura física e logística;

• Indicar, no mínimo, cinco representantes, do quadro efetivo, do Poder Público Municipal, para compor o Comitê Executivo para elaboração do PMSB;

• Indicar, no mínimo, oito representantes do Poder Público Municipal, para compor o Comitê de Coordenação para elaboração do PMSB;

• Buscar e fornecer as informações solicitadas pela Suest-BA/Crea-BA que subsidiarão a elaboração dos produtos que compõem o PMSB e;

• Elaborar o Plano Municipal de Saneamento Básico com o apoio da equipe multidisciplinar do Crea-BA.

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Expectativa nas prefeiturasDentre as obrigações das prefeituras dos municípios que integram o progra-ma Sanear Mais Bahia estão elaborar o Plano de Mobilização Social juntamente com o Crea-BA, garantir a divulgação dos eventos à sociedade e mobilizá-la para assegurar a ampla participação da população, fornecer estrutura física e logística, indicar, no mínimo, cinco re-presentantes do quadro efetivo da pre-feitura para compor o Comitê Executivo que irá executar todas as atividades previstas para a elaboração do plano e, no mínimo, oito do poder público muni-cipal para o Comitê de Coordenação, que vai discutir, avaliar e aprovar o trabalho produzido pelo Comitê Executivo.

CaetitéCom uma taxa de incidência de diar-reia para cada 100 mil habitantes equivalente a 10.294, de acordo com o Ministério da Saúde, a maior dentre os municípios selecionados pelo programa, o município de Caetité conta com uma população de 47.515 habitantes, pelo Censo de 2010, dos quais 40,13% resi-dem na zona rural. A cidade, distante

residente de 9.560 habitantes, cerca de 78% se encontra na zona rural, tendo uma cobertura de abastecimento de água equivalente 38% por rede geral. Distante 177 quilômetros de Salvador, o município foi distrito de Serrinha, até julho de 1962, quando obteve sua emancipação.

Segundo o prefeito Dival Pinheiro, no ano passado, 62% dos recursos do mu-nicípio foram comprometidos com a folha de pessoal. O limite legal é de 54%. “quando assumimos o município, encontramos a cidade com uma dívida de cerca R$ 7,5 milhões de INSS, R$ 2,5 milhões de FGTS e quase de R$ 800 mil com a Embasa. Negociamos essas dívidas, que, parceladas, consomem, por mês, R$ 75 mil do município. Hoje, trabalhamos para pagar a folha e reali-zar os serviços básicos. Há quatro anos Lamarão obteve o segundo pior IDH-M do Brasil. Nos últimos dois anos, acre-ditamos que demos um salto passando cerca de 17ª posições. Certamente por termos colocado as contas do municí-pio em dia, fomos selecionados para participar do Sanear Mais Bahia, que é um presente para a população, porque com saneamento básico há a melhoria da qualidade de vida e a redução de doenças”, conclui.

757 quilômetros da capital do estado, Salvador, conta com a única mina de urânio em produção do Brasil, com re-servas de 100 mil toneladas do minério, além de possuir jazidas importantes de ametista, manganês e ferro.

Responsável local pela condução do termo de compromisso do programa, o secretário do meio ambiente de Caetité, João Antônio Portela Lopes, é um dos seus grandes entusiastas. “Saneamento e saúde pública são aspectos que não podem ser dissociados. A gente tinha uma dificuldade grande na elaboração do nosso plano pela ausência de pes-soal técnico especializado e por falta de recursos. quando o edital foi lançado, o programa caiu como uma luva. Estamos com uma grande expectativa de que tudo dê certo. Trata-se de uma inicia-tiva de fundamental importância para se resolver a questão do saneamento dos municípios”, observa.

lamarãoJá o município de Lamarão, inserido no “Polígono das Secas”, é o que possui o menor IDH-M (2010) dentre os 50 sele-cionados, com 0,518. O índice vai de 0 a 1, e quanto mais próximo de um, melhor a qualidade de vida. Da sua população

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Page 37: Revista CREA Bahia Edição 45

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Page 39: Revista CREA Bahia Edição 45

Equipes passam por capacitaçãoDamasceno e do gestor ambiental Sílvio Ribeiro, especialista em política social. Segundo o responsável pelo programa no Crea-BA, engenheiro químico Herbert Oliveira, após sua elaboração, os 50 planos de saneamento básico ao serem executados poderão representar inves-timentos da ordem de R$ 1 bilhão. Uma vez concluídos os planos, os municípios poderão ter acesso ou poderão captar recursos na ordem de R$ 1 milhão, o que vai gerar oportunidade de negócios para empresas de engenharia e cerca de 2.000 empregos diretos.

coordenação técnica do programa, contou com 80 horas de atividades presenciais (56h) e estudos dirigidos (24h). Dentre os 22 profissionais pré--selecionados estão engenheiros civis, sanitaristas e ambientais e cientistas sociais, que formarão, no total, oito equipes. “Além deles, o programa contará com uma equipe de gestão, responsável pela administração do dia a dia do programa, assim como garantir o apoio necessário às equipes de campo”, afirma Fabiano Cunha.

O programa terá como líderes, na área técnica, o engenheiro civil Sérgio Gomes e engenheiro sanitarista Francisco Chagas, enquanto na área social contará com a atuação da socióloga Ângela

O Crea-BA tem promovido um con-junto de atividades de capacita-ção das equipes do Sanear Mais

Bahia. Os profissionais pré-selecionados que atuarão em campo junto às equi-pes dos municípios já participaram de uma oficina de alinhamento dos pres-supostos técnicos e metodológicos do programa. “Este é o momento de se esclarecer dúvidas e promover sintonia fina. Teremos que chegar no campo de trabalho afinados”, afirmou o presidente do Crea-BA, Marco Antonio Amigo.

De acordo com o subcoordenador do Sanear Mais Bahia pelo Crea-BA, en-genheiro de produção Fabiano Cunha, a oficina, que fez parte das ativida-des preparatórias desenvolvidas pela

Oficina de alinhamento dos pressupostos técnicos e metodológicos do programa na sede do Crea-BA

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NúMEROS DO SANEAR MAIS BAHIAR$ 7 MIlHõES EM rECUrSoS ENVoLVIdoS NA ELABorAção doS pLANoS doS MUNICípIoS

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SANEAMENTo BáSICo

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#CUrSo dE ENGENHArIA

o crescimento do país exige a formação de engenheiros em diversas modalidades

As escolas de engenharia, no

geral, possuem uma razoável estrutura de

laboratórios

Os transformers dos filmes hollywoodianos são uma “realidade” somente na ficção científica, mas foi esse tipo de história imaginativa que motivou o jovem Maurício Andrade, de 20 anos, a optar pelo curso de Engenharia de Controle e Automação, na Universidade Federal da Bahia (Ufba). “Desde criança, gostava de ficção científica e tinha

interesse por tecnologia”, lembra.

ENSINo EM TrANSForMAção

Diretor da Escola Politécnica da Ufba, Luís Edmundo Campos

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o crescimento do país exige a formação de engenheiros em diversas modalidades

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ENSINo EM TrANSForMAção

Hoje, cursando o 5º semestre, Maurício tem consciência que um transformer é algo que existe apenas no imaginário das pessoas e ele tem um foco dire-cionado para um mercado específico. “Meu objetivo é atuar na Petrobras, nos controles de processos”, revela o estu-

dante. “Mas muita gente imagina que quem cursa Engenharia de Controle e Automação aprende só a fazer robô”, complementa, brincando.

Não é exatamente robô que um es-tudante de Engenharia de Controle e Automação aprende a construir. Trata-

ENGENHArIA

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agenciaziper.com

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ENGENHArIA

se do ramo da engenharia que desen-volve e executa projetos de automação industrial, ou seja, o profissional dessa área projeta equipamentos utilizados nos processos automatizados das in-dústrias, e está apto, obviamente, a também fazer a manutenção desses equipamentos.

Além disso, o engenheiro de controle e automação é o responsável pela pro-gramação das máquinas e adaptação de softwares que são aplicados em pro-cessos nas indústrias, podendo ainda exercer a função de gerente de projetos de automação industrial e comercial.

Enfim, há uma série de segmentos in-dustriais que demandam a presença de um engenheiro de controle e auto-mação. Maurício acredita ter o prepa-ro essencial na Escola Politécnica da Ufba. No entanto, ainda espera para ver como o mercado está absorvendo

os estudantes oriundos da instituição. “A primeira turma de Engenharia de Controle e Automação está se forman-do este ano”.

Para quem é leigo na área, o curso es-colhido por Maurício não é dos mais conhecidos, afinal está relacionado, principalmente, a processos internos das indústrias. O impacto na sociedade não é tão explícito quanto o da constru-ção civil, por exemplo.

Esse setor é um dos mais associados à engenharia. Salvador, como diversas capitais, vivenciou um boom nos últi-mos anos, tornando-se comum dizer que “está sobrando vagas para enge-nheiros civis no mercado”. A paisagem urbana da capital baiana foi modifi-cada, com o surgimento de uma série de empreendimentos (residenciais e comerciais) em diversas áreas, diante da forte demanda, especialmente, por moradia, com as facilidades de finan-ciamento constatadas.

Mas, para os estudantes que pretendem seguir na área da civil, não é apenas nesse aspecto que a engenharia civil é demandada. “O Brasil tem sérios pro-blemas de infraestrutura, por isso ob-servamos esse boom da civil”, destaca o diretor de comunicação da Associação

Brasileira de Educação e Engenharia (Abenge), Vanderli Oliveira. Ele chama a atenção, porém, para a falta, no mer-cado, de engenheiros com experiência e atualizados.

Nesse aspecto, ele justifica que o en-genheiro deve ter uma formação sistê-mica e holística, sendo preparado para tomar decisões. “Mas essa formação é incipiente nos nossos cursos. Os países mais desenvolvidos têm engenheiros em todas as suas esferas, enquanto no Brasil isso não ocorre. Há uma ideia, desde as nossas origens, de que o en-genheiro que atua em outras áreas não está atuando em engenharia”.

O diretor da Escola Politécnica da Ufba, Luís Edmundo Campos, complementa, afirmando que, para o crescimento do país, é necessário a formação de en-genheiros em diversas modalidades. “Para o Brasil passar a ser uma grande potência mundial, há a necessidade de investimento em infraestruturas, que incluem ferrovias, portos, aeroportos, hidrelétricas, linhas de transmissões, in-dústrias, hospitais, escolas, habitações, mobilidade, irrigação, produção agrícola, entre tantas outras que demandam a presença de engenheiros”.

luís Edmundo Campos, diretor da Escola politécnica da Ufba

Maurício AndradeEngenharia de Controle e Automação

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200 anos de ensinoAs escolas de engenharia foram criadas no Brasil a partir de 1792, com a pioneira Real Academia de Artilharia, Fortificação de Desenho, a atual Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Até 1909, havia uma concentração de escolas nas capitais. Depois do Rio, vieram as escolas de enge-nharia em Ouro Preto, em 1874 (na época, capital de Minas Gerais), São Paulo, em 1893, Recife, em 1895, outra em São Paulo, em 1896 (a atual Manckenzie), em Porto Alegre em 1896, e em Salvador, 1897.

A primeira escola de engenharia criada fora de uma capital foi a de Juiz de Fora, em 1909. O curso, no en-tanto, foi extinto em 1914. Belém do Pará ganhou sua primeira escola de engenharia em 1931, que foi tam-bém a única criada no país em um intervalo de 17 anos.

A concentração dessas instituições em capitais durou até 1996 e, notadamente, havia um número maior de instituições no Sudeste. Muitos estados da região passaram a distribuir os cursos de engenharia pelo interior. A maioria dos cursos de engenharia ofertada em São Paulo concentrava-se fora da capi-tal. Rio de Janeiro e Minas Gerais também passaram a ter oferta de cursos no interior. Em seguida, foi observada essa movimentação também em estados do sul, especialmente no Rio Grande do Sul.

Ao longo desses anos, no Brasil, em uma área que sempre demanda por novas tecnologias, o formato e as metodologias, obviamente, passaram por mu-danças, como destaca o diretor da Abenge, Vanderli Oliveira. “Há aplicação de novas metodologias, como a PBL (aprendizagem baseada em problemas, tra-dução da sigla em inglês) e a utilização de recursos de rede, por exemplo. O surgimento de cursos a distância também tem sido constatado na área de engenharia”.

Para Luís Edmundo Campos, no geral, existe um problema enfrentado pelas escolas de engenharia, diante da abertura de diversos cursos, que resi-de na falta de profissional qualificado para con-tratação. Sobre a infraestrutura, o professor diz que “as escolas de engenharia, no geral, possuem uma razoável estrutura de laboratórios. quanto às montagens dos laboratórios, existe a dificuldade inicial do investimento em equipamentos, porém a maior dificuldade, ressalto, é ainda a contratação dos técnicos para o desenvolvimento das aulas práticas. Para a implantação da metodologia PBL,

é fundamental o investimento em laboratórios, tanto em equipamento, quanto em pessoal”.

#CUrSo dE ENGENHArIA

Consciência ambientalO professor Luís Edmundo destaca também que, nas últimas décadas, o país investiu na formação dos profissionais, com diversos cursos de pós-graduação, o que possibilitou, segundo ele, um maior desenvolvi-mento nas áreas de pesquisa e inovação. “Entretanto, ainda falta uma maior disseminação destes profissionais na indústria, pois grande parte está na academia”, ressalta. 

Outra mudança destacada pelo professor está na formação dos engenheiros, especialmente na área ambiental. “Os profissionais estão com mais consciência ou estão sendo cobrados por esse olhar sobre o impacto no meio ambiente. Os projetos atuais necessitam de estudos preliminares para avaliação do impacto antes, durante e depois das construções”.

E existem os ramos da engenharia direcionados para o desenvolvi-mento econômico sustentável e que possuem em sua premissa o respeito aos limites de exploração dos recursos naturais. Pode-se destacar a atuação do engenheiro sanitário e ambiental, que tam-bém desenvolve projetos para construção, ampliação e operação de sistemas de água e esgoto.

O interesse, especialmente, pela área ambiental fez com que a estu-dante Juliana Clenes, de 22 anos, escolhesse o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Ufba. Estudante do 9º semestre, ela diz que pretende atuar na elaboração de planos de saneamento. “Sempre fui atenta às questões ambientais e, no decorrer do curso, foi a área de saneamento que mais me chamou a atenção”.

Juliana poderá atuar no planejamento, coordenação e administração de redes de distribuição de água, estações de tratamento de esgoto, além de supervisionar a coleta e descarte do lixo. É esse profissional que também avalia o impacto de grandes obras sobre o meio ambien-te, prevenindo a polução de mananciais, rios e represas, entre tantas outras atividades. “Acredito que é uma área de forte impacto social, no sentido de tentar melhorar a qualidade de vida das pessoas, em inúmeros aspectos”, aponta a estudante.

O Brasil possui 2.416 instituições de ensino

superior, sendo 2.112 privadas e 304 públicas

Professor Luís Roberto Liza Curi

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Page 45: Revista CREA Bahia Edição 45

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ENGENHArIA

Salvador sedia Fórum de Gestores deInstituições de Educação em Engenharia

O diretor da Abenge, Vanderli Oliveira, foi um dos palestran-tes do IV Fórum de Gestores

de Instituições de Educação em Engenharia, promovido pela Associação em parceria com a Ufba. O evento acon-teceu em Salvador, dia 19 de maio, no auditório da Escola Politécnica. O Crea-BA apoiou a iniciativa, que trouxe discussões acerca de cursos de enge-nharia a distância, o Exame Nacional de Desenvolvimento dos Estudantes e o Programa Nacional de Mestrado Profissional em Ensino de Engenharia e de Tecnologia.

Na ocasião, Vanderli Oliveira falou so-bre a existência no Brasil de 250 polos de engenharia EaD (ensino a distân-

cia). Foram formados profissionais nas áreas de engenharia ambiental, civil, produção e elétrica.

Dados apresentados pelo membro do Conselho Nacional de Educação, o professor Luís Roberto Liza Curi apontam que o Brasil possui 2.416 instituições de ensino superior, sen-do 2.112 privadas e 304 públicas. Na ocasião, ele chamou atenção para o dado do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (Inep), que aponta que 66% dos municípios brasileiros, equiva-lendo a 3.662 cidades, não possuem nenhum polo de ensino superior. Esses números, segundo o professor, justi-ficam a necessidade no investimento em cursos a distância.

O diretor de EaD do Capes, Manoel Brod Siqueira, defendeu o conceito de cur-sos a distância com encontros também presenciais. Em sua apresentação, ele falou sobre metas e desafios para o ensino dentro dessa metodologia. Em um aspecto macro do ensino, ele trou-xe as metas da Universidade Aberta Brasil (UAB), um sistema integrado por universidades públicas que oferece cur-sos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de aces-so à formação universitária, por meio do uso da metodologia da educação a distância. Entre as prioridades estão a formação inicial e continuada em áreas estratégicas e a institucionalização de um ensino a distância de qualidade.

novas competênciasVanderli Oliveira, da Abenge, acredi-ta que o sistema atual de formação no Brasil ainda carece de implantação desses métodos. “O sistema de forma-ção ainda centra-se na aula tradicional. Hoje, a formação deve ser por compe-

tência. O foco deve estar no que o egres-so sabe fazer com o que aprendeu. É ur-gente que se diminua o tempo em sala de aula tradicional, substituindo esse conteúdo por atividades que permitam aos alunos se desenvolverem, a partir dos conteúdos, habilidades e compe-tências inerentes à engenharia”, pontua.

Ele afirma que aliar teoria e prática foi uma das principais razões para

se criar as escolas de engenharia, de acordo com os documentos da funda-ção considerada como a primeira da área no mundo: a École de Ponts et Chaussées, criada na França, em 1747. “Até hoje estão tentando fazer isso con-traditoriamente, separando as aulas prá-ticas das teóricas. O desenvolvimento de competências exige o contexto de aplica-ção indissociado da teoria e da prática”.

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Page 46: Revista CREA Bahia Edição 45

SEM FroNTEIrAS pArA o CoNHECIMENToEstudantes baianos de engenharia enriquecem aprendizado com intercâmbio

“Apesar de as aulas durarem menos que no Brasil, elas apresentam um maior número de conteúdos e é preciso estudar mais fora da classe”. Esta é avaliação da estudante Camila Louzado Dantas, 22 anos, que está no oitavo semestre do curso de Engenharia

Civil e faz parte do Programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal. Ela estuda na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e mora nos Estados Unidos desde agosto de 2013.

#CIêNCIA SEM FroNTEIrAS Fotos: Divulgação

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Page 47: Revista CREA Bahia Edição 45

Estrutura impressionaO estudante Gilberto Alves da Silva Neto, 22 anos, que cursa o 7° semes-tre de Engenharia Civil, conta que ficou impressionado com a estrutu-ra da University of Alabama em rela-ção à Universidade Estadual de Feira de Santana.

Conta que a estrutura de bibliotecas e salas de aula, por exemplo, são de um nível que nunca tinha visto antes, “o que considero fundamental para comple-mentar minha graduação”. O jovem, que retorna ao Brasil em dezembro deste ano, tem planos de complementar os estudos no exterior após a graduação.

INTErCâMBIo

Sobre o programa, Gilberto acredita que traz muitos benefícios. “É uma ex-periência única e que recomendo para qualquer universitário”. 

Já para quem está preparando as malas para viajar, a expectativa é grande. É o caso de Matheus Menezes Amorim, 20 anos, 4º semestre de Engenharia Mecânica na Ufba. Para ele, o Ciência sem Fronteiras é a melhor oportunidade acadêmica oferecida pela Universidade. “Vejo como uma chance de aprender no-

vas abordagens, matérias interessantes que não existem em minha grade cur-ricular e melhorar minha proficiência na língua mais utilizada no mundo, que é o inglês”.

O jovem se prepara para estudar na Montana State University, no estado de Montana (Estados Unidos).

Gilberto Alves da Silva neto

MatheusMenezes Amorim

Allan Ribeiro Pimenta

Segundo Camila, o país é bastante estru-turado, com um sistema de transporte organizado. “Além de tudo, as leis são cumpridas rigorosamente o que pas-sa uma sensação de segurança muito maior”, completa.

A principal diferença que percebeu foi em relação ao método de avaliação e de en-sino. “Apesar de também sermos avalia-dos por provas, há um maior número de discussões em sala, elaboração de proje-tos e avaliação da participação do aluno”.

Camila conta que cursou o nível básico de inglês no Brasil, porém não tinha proficiência na língua inglesa. “O primei-ro semestre na minha universidade de intercâmbio – Michigan State University – foi voltado para um curso intensivo em um centro especializado no ensino de inglês como segunda língua. Tive dificuldades principalmente na fala, mas o curso ajudou bastante”.

Sobre a adaptação, Camila conta que não só ela, mas todos os brasileiros foram muito bem recebidos na Universidade de Michigan pelos professores e mem-bros da universidade.

Para quem deseja ingressar no Ciência sem Fronteiras, Camila diz que vale mui-to a pena, pois “proporciona um enrique-

cimento no âmbito cultu-ral, linguístico e de conheci-mentos específicos”. Ela conta que o período no exterior é longo e que a distância de familiares e amigos é difícil, mas com toda tecnologia hoje em dia é possível contornar este problema.

A jovem retorna ao Brasil em dezembro deste ano e já pensa em fazer outro curso no exterior para enriquecer os conhecimentos.

Trabalho em grupoOutro estudante do programa, Allan Ribeiro Pimenta, 22 anos, também está gostando bastante da experiência. Ele cursa Engenharia Civil na Monash University, em Melbourne, Austrália, e na Bahia estuda na Universidade Estadual de Feira de Santana.

“A Austrália é um país sensacional em organização e funcionalidade de ser-viços públicos. Pode-se dizer que aqui tudo funciona”, diz o jovem, acrescen-tando que lá os professores dão mais liberdade ao aluno, estimulando-o a ser autodidata, a trabalhar em grupo, desenvolver projetos. “Eles permitem apenas quatro matérias por semestre, o que resulta em uma reduzida carga

horária de aulas teóri-cas comparada ao Brasil

e mais aulas práticas”.

Allan destaca ainda a moderna es-trutura da universidade e o alto nível dos estudantes. A bolsa termina em novembro de 2014, porém ele acre-dita que o Ciência Sem Fronteiras irá estendê-la por mais 3 meses para que seja possível a realização de um estágio nesse período, pois é obrigatório.

Sobre a receptividade aos brasileiros, ele conta que foi muito boa. “Eles prepa-raram uma semana de orientação com palestras, cursos e atividades para que entendêssemos a filosofia da universi-dade e os aspectos culturais do país”.

Sobre a experiência do Ciência sem Fronteiras, Allan diz que está contri-buindo significativamente para seu crescimento profissional e pessoal. “Estar inserido em uma nova cultura, com pessoas de outras nacionalida-des, com diferentes costumes, hábitos, aprender um novo idioma, estudar em uma universidade de ponta, estagiar em empresas renomadas mundialmente e poder um dia aplicar o conhecimento adquirido no Brasil são alguns dos be-nefícios que o intercâmbio pode trazer”. 

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Page 48: Revista CREA Bahia Edição 45

O estudante que pode participar

A interlocução com o Programa Ciência sem Fronteiras deverá ser realizada obrigatória e exclusivamente pelo site

www.capes.gov.br/faleconosco - escolhendo a opção Ciências sem Fronteiras e posteriormente Bolsas no Exterior, pelo telefone 0800616161 opção 0 subopção 1, de segunda a sexta-feira, no horário de 8h as 20h, observado o horário oficial de Brasília /DF.

o que é o programaO Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacio-nalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.

O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com

sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação.

#CIêNCIA SEM FroNTEIrAS

Vejo como uma chance de aprender novas

abordagens, matérias interessantes que não

existem em minha grade curricular

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ção

O candidato de graduação deverá obrigatoriamente preen-cher os seguintes requisitos:

• Estar regularmente matriculado em curso de nível superior nas áreas e temas contemplados pelo CsF. É de exclusiva responsabilidade do candidato informar no formulário de inscrição a Instituição de Ensino Superior (IES) na qual está matriculado, sendo permitida a identificação de apenas uma única IES;

• Ter nacionalidade brasileira;

• Ter integralizado no mínimo 20% e, no máximo, 90% do currículo previsto para seu curso, no momento do início previsto da viagem de estudos;

• Ter obtido nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) igual ou superior a 600 pontos, em exames realizados a partir de 2009;

• Apresentar perfil de aluno de excelência, baseado no bom desempenho acadêmico segundo critérios da IES;

• Comprovar proficiência conforme consta no texto das chamadas;

• Os candidatos que atenderem a todos os requisitos, mas não obtiverem o nível mínimo de proficiência, poderão, a critério da Capes e do CNPq, serem beneficiados com cursos a distância no Brasil e presenciais no exterior e;

• Não ter usufruído de bolsa de graduação sanduíche no exterior, financiada no todo ou em parte, pela Capes ou pelo CNPq.

Matheus Menezes Amorim, 4º semestre de Engenharia Mecânica na Ufba

Fonte: www.cienciasemfronteiras.gov.br

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Page 49: Revista CREA Bahia Edição 45

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Page 50: Revista CREA Bahia Edição 45

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Rua Dantas Bião, s/n, sala 52, Laguna Shopping - Centro. CEP: 48030-03075 [email protected](a): Eng. agrônomo Luiz Cláudio Ramos Cardoso

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Travessa 15 de Novembro, 21, Sandra Regina. CEP: 47803-13077 3611-2720/[email protected](a): Eng. agrônomo Nailton Sousa Almeida

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Av. Radial A, nº 67,Centro, Edfício Empresarial Pacific Center, salas Q e R, 1º andar. CEP: 42.807-00071 3621-1456 / [email protected](a): Téc. de segurança do trabalho e eletromecânico Fabiano Ribeiro Lopes

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Rua J. B. da Fonseca, nº 137, Centro.75 [email protected](a): Eng. civil Luís Carlos Mendes Santos

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Rua Maria Quitéria, 35 - Centro. CEP: 46430-00077 [email protected](a): Eng. agrimensor Wellington Donato de Carvalho

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Rua Conselheiro Dantas, 81 - Centro. CEP: 45653-36073 [email protected](a): Eng. civil Gilvam Coelho Porto Júnior

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Rua Antonio Carlos Magalhães, 59 - Centro. CEP: 44900-00074 3641-3708/[email protected](a): Eng. agrônomo Marcelo Dourado Loula

Itaberaba

Praça Flávio Silvany , 130, sala 15, Edf. Empresarial João Almeida Mascarenhas - Centro. CEP: 46880-00075 [email protected](a): Eng. civil Vanderlino de Oliveira Moura Júnior

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Rua Nações Unidas, 625, Térreo. CEP: 45600-67373 3211-9343 Fax: [email protected](a): Eng. civil Dermivan Barbosa dos Santos

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Rua Duque de Caxias, 400A – Estação. CEP: 44.700-000Tel: (74) [email protected](a): Eng. Agrônomo Ernani Macedo Pedreira

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Rua Frederico Costa, 61 - Centro.CEP: 4520363073 [email protected](a): Eng. civil Deusdete Souza Brito

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Rua XV de Novembro, 56 - Centro.CEP: 48.905-09074 3611-3303/[email protected](a): Eng. agrônomo Luciano César Dias Miranda

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Av. Brigadeiro Mário Epighaus, 78, Ed. Busines Center, sala 115 - Condomínio Porto 3 - Centro71 [email protected](a): Téc. em Seg. do Trabalho Frederico Luís Almeida de Souza

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Av. JK, nº 1973, Qd. 91, Lote 1, Salas 1 e 3 - Centro. CEP: 47850-00077 [email protected](a): Eng. agrônomo Paulo Roberto Gouveia

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Rua Carlos Berenhauser, 322 Térreo, General Dutra. CEP: 48607-13075 [email protected](a): Técnico agropecuário Marcos de Souza Dantas

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Av. Dep. Antônio Brito, 132 - Centro. CEP: 48.400-000

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Rua Ruy Barbosa, s/n -Centro. CEP: 47640-00077 3483-109077 [email protected](a): Eng. civil José Oliveira Silva

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Av. Roberto Santos, 88, Ed. Cruzeiro do Sul, salas 103 e 104. CEP: 44570-00075 3631-440475 [email protected](a): Eng. eletricista Leonel Pereira dos Reis Neto

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Rua Jacob Guanaes, 565. CEP: 46900-00075 [email protected](a): Eng. civil Francisco Antonio Brito Santana

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Rua Dr. Heitor Guedes de Melo, nº 111, Ed. Argeu Farias Passos, Centro. CEP: 45400-00075 [email protected]: Engª sanitarista e ambiental Márcia Cristina Alves do Lago

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Avenida Otávio Santos, 722 – Recreio. CEP: 45.020-75077 3422-156977 [email protected](a): Eng. agrônomo Emanuel Alves Batista

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Page 51: Revista CREA Bahia Edição 45

KNAUF NA BAHIA O futuro da construção civil chega ao Estado que construiu o Brasil.

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Knauf. Construindo o futuro.

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Page 52: Revista CREA Bahia Edição 45

MAIS INVESTIMENTONO INTERIOR.MAIS DESENVOLVIMENTOPARA A BAHIA.CoCCoCCoCoCCoCoCoCommmmmmm m m m mm inininnnniniinininvvevevveveveveveststsstststssts imimimimimimmmeneneneneee totototototosssss dedededdde RRRRRRR$$ $$$$ $ $$ 55555555555555555 55555 55 mimimimimimmimimmimmmm lhlhllhlhlhlhlhlhõeõeõeõeõõeõeõeõ sssss,s,s, aaaaaa ccccccaananananaan dadadadadadadadadaddeneenenenenenenneenennennsssssesseseseseseseseese LLLLLLLLLLLLLLLaarararaaraararrarararrgogogogogogogogoggggoggg RRRRRRRReesesseseseeseseesese ooooououooouououurcrcrcceseseesese ddddddddddááááááááááááininninnininiinininícícíccícícícccícioioioooioiioioi àààààààààààààà ppppppppprorororororoorororoodudududddddududddduuduçãçãçãçããçãçãçãçãoo ooooo o o deddeddddededdde vvvvvvananananannna ááddááddádádádádádádádádioiioioioioioioioioo eeeeeeeeeeeemmmmmmmmm MMaMaMMaMaaMaaMaararararararrararacácácáácáccácácácáásssssssss,ssss,s,ss,, nnnnnnnnnnnooooooooooooooo ssusuusuussussuuusuuuddodododododdoddoddoddoododoooddoodd eesesesessesesesesesesee tetetetetetetettt ddddddda a a a BaBaBaBahihihihiaa.a.a A AAAAAAAAA rerererereer seseeeseseeeeseseservrvrvvvrvrvrvrvaaa,a,a,a,, ccccccccomoomomomomomm ooooo mmmmmmmmmaiiaiaiaiaiaiaiss sss s alalllalalalalllltotototototototototo ttttttteoeoeoeoeoeorrr r r dededdeddddededeessssssssseee eee e e mmmimimimimiiiimimmminéénéénéénéénénénéririiiriiririooooooo oo o o nononononoonononoo mmmmmmmmmmmmmuununununununuunununuunu dodododoooddddodododoododddddoddood , ,, , ,, fofofofofffofofofofoof iiiiiii ii dedededededededeedededededeedescscscscscsssccscscscsscsccc bbbboboboboboboboobobbobobobobobbobobobeeeererererererrererererrrerrererrerrrere ttttatatatatataaatatatatatatatatatatataa ppppppppppppppp lleleleleleleeleeleleeleleelelee aaaaaaa aaa CCoCoCoCoooCooCC mpmmpmpmpmmpmpmpmmmmpaaannnnnnaaananna hihihihihhihihihhh a aaaa aaaa BBaBaBaBaBaaaaBaBaBaBaiaiaiaiaiaiiaiiiianannanananana dddddddddeee ee PePPePeePesqsssqsqqqsqsqsqqq iuiuiuiuiuiuiuuiuiuisasasasasasa MMMMMinininininerererererere lallaalall ––– CCCCCCCBPBPBPBPPBBBPBPBPBPB MMMMMM.M.MMM.MM. AAAAAAAAA eeeeeeeexpxpxppxpxpxpxxppllolololololololorrrrarara ãçãçãçãçãçãçção oo dadaddaddada jjjjjazazazzazazzzidididdidida,a,a,a,a,a,a, únúnnnúnúnúúnú iciciciciicica aaaaaa a dddadadadadadaass ssss sss AmAmAmAmAmAmAmmAmAmAmmmééérérérérérérérrééré iciiiciciciccciicicccciccicasasasasasasasasasaasasas, , , , ,,, vavavavavavavavaiiiiii i gegegeegegeg rararrrar r rrr rr mamamamamammamamamaisisisissisisisisis ddddddddddeee e ee e 33333 3 33 mimiimimimim lll l l ememememmmmprprppprp eggegegegggggosososos nnnnna aa a aa rereererererere iiigigigigigigigig ãoãoãããooãoãoão.. oCoCoCoCoCoCoCoCoCommm mm mm mm ooooo GoGoGoGoGGoovevevevevevevvevveveveerrnrnrnrnnrnrnrnrnrnrnnooo oooooooo oo ddadadadadadada BBBBBBBBahahahahhahahahahahaahahahahahiaiaiaiiaiaaiaaa iiiiiinvnvvnvnvnvvnveseseseseesestitiittitit ndndnddndndnddndnnddoooooooo cacaacc dadadadaa vvvvezezezez mmmmmmmaiaiaiaiaiaiaiaissss sss s nononoonono iiiiiiintntnnttererererioiooioiooioi rrr,rr,r, ttttododddddoodo oooo oo ooooo oooo EEEEEssEsEEsEsEEEsEstatatataatat doddodddododddo sseeeeeededeeedeededdedeeseseeeeeeeseenvnvnvvvnvvvoololololololvveveveveveveeeve... EEE EE MMMaMaMaMMaM raraarraa ácááccácác sss,s,s, nnnnacaccaaca ioioiioioi nanananalmllmlmmeneenenentetetetetee rrrrrrececececcoonononononhhhehhhehehhehe iicicicicicidddaddadaaddadada ccccccccomomomomomomomomomomoooooo aaa ciiiciciddadddadadadadedededee ddddasasasas flflofloflofloflooflflflflfloorrerereres,s,,ss,s aaaaagoggogoogoorrararara ssssserrererereráá á áá á mumumumumumuumundndndndndndnddiaiaiaiaiaiaiaiaiaalmlmlmlmlmlmlmlll enenenenenenntetetetetete cccconononhehehheciciiciicicicciidaddaaadaddaddaad ccccccomomomomomomomomomommoooooo aaa aa aa cicicic daddaddaddededededdd ddddo oo vavavanánánáánáádidididid o,oo,oo, mmamamaammmmaisiisisssis uuuuuuuuuuummmm mommommmmm titititiivovovovovovvoo ddddddddde e eeeee oororooroo guguugugulhlhlhlhlhhlhlhooooooo papapapap rararaaraaa aaaaaaaaaaaaaaa sssssssssssssuauauauauauauauauauuauauau gggggggggggenenenenennnentttetetete.

Inaugurada a mina Vanádio de Maracás.

BG AN 21X28 VANADIO EM MARACAS.ai 1 5/19/14 4:16 PM