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BAGAGEM PARA A COPA B A H I A cr a Revista do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia Nº 41 > out.nov.dez > 2012 Especialistas e gestores públicos analisam perspectivas para a mobilidade urbana em 2014 DESAFIOS DA éTICA Após aposentadoria, ministra Eliana Calmon quer atuar em Ong de combate a corrupção

Revista CREA Bahia Edição 41

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Em destaque uma analise de perspectivas para a mobilidade urbana em 2014.

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bagagem para a copa

B A H I Acr a

Revista do Conselho Regional deEngenharia e Agronomia da Bahia Nº 41 > out.nov.dez > 2012

especialistas e gestores públicos analisam perspectivas para a mobilidade urbana em 2014

DESAFIOS DA étIcA após aposentadoria, ministra eliana calmon quer atuar em ong de combate a corrupção

sumário

CapaPrincipais portões

de chegada ao Estado, o aeroporto

e a rodoviária precisam de maior

infraestrutura para receber turistas na

Copa de 2014Página 26

12 Entre o rio e o mar, Imbassaí, atrai turistas de vários países e muitos baianos

fotos joão alvarez

jo

ão

alv

are

z

08 TCU indica metodologia da FPI ao Ministério do Meio Ambiente

17 Planejamento estratégico e inteligente para Salvador

21 Debate sobre ética e homenagem aos veteranos marcam Dia do Engenheiro

36 Os desafios de gerenciamento do aquífero Urucuaia

veja edição online no site www.creaba.org.br

crea4 V.3, n. 41, p. 4 - out/nov/dez.2012 - Bahia

>correio

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Seca

Parabéns pelos dez anos da revista. Participei da 3ª edição, com a matéria “Estradas na Bahia”. Com a intenção de colaborar com a matéria “A seca e seus espinhos”, publicada na 40ª edição, encaminho esta mensagem: “Novamente, o semiárido baiano é atingido por inclemente seca. Comba-ter o flagelo secular é impossível, mas existem modos de convivência. Pre-cisamos transformar crises em opor-tunidades. Chegou a hora em que, para encontrar a solução, no lugar de convocar para o horário da reunião é melhor convidar para o momento da união. Além da locução, vale a ação. Precisamos ir além do lamento, urgem a solução e o fomento. Sendo forte, o sertanejo precisa, antes de tudo, ser próspero. O Brasil deve inovar e vencer o secular desafio do semiárido”. Pau-lo Cesar Bastos, engenheiro civil e produtor rural

eStrangeiroS

Lendo, na edição 40 da revista Crea-BA, a matéria “Cresce número de estrangeiros no Brasil”, me lembrei de uma outra matéria que li, há cerca de um ano, sobre a grande publicida-de que foi feita do Brasil no exterior. Esta publicidade pode estar rendendo alguns frutos, principalmente quan-to à melhora da nossa autoestima, mas também traz alguns efeitos co-laterais. Sou engenheiro e conheço vários colegas que se submetem a empregos que não pagam o teto mí-nimo da categoria, além de engenhei-ros que estão desempregados. Para os engenheiros recém-formados, as oportunidades são mais difíceis ainda na Bahia. Considero a colocação do senhor Hani Hassan oportuna: “an-tes de abrir campo de trabalho para os estrangeiros, precisamos inserir os profissionais brasileiros no mercado”. Cléber Azevedo, engenheiro

encontro doS técnicoS

Parabenizo o Crea-BA e a Mútua pelo evento promovido, no dia 17 de dezembro de 2012, na Fieb. O 1º En-contro dos Técnicos Industriais foi um sucesso. Espero, em breve, ser convi-dado para o próximo. Elieser Morei-ra Santos, técnico eletromecânico

PddU

Quero parabenizar vocês pela ma-téria “Entidades questionam legali-dade da composição do Conselho da Cidade”, de 21/11/2012. O Crea-BA pre-cisa se manifestar e se posicionar con-tra o absurdo do atual PDDU. Estão destruindo as raríssimas áreas verdes que ainda existem na cidade. A espe-culação imobiliária e a construção ci-vil estão "enfeiando" Salvador com ex-cessos de prédios, desmatando áreas verdes em Patamares, Jaguaribe, Pia-tã e Pituaçu. É muito triste. Marcus Batista Bandeira dos Santos

PiSo Salarial

Gostaria de saber se o Crea-BA pode se manifestar contra o salário de R$ 800 que a prefeitura de Ita-maraju-BA está oferecendo a quem passar no concurso para engenheiro agrônomo. Há alguma forma legal que possa se usada? Adler Tamay, engenheiro agrônomo

Resposta: Existe a Lei 4.950/66, que estipula o salário para os engenheiros profissionais no valor de 8,5 salários mínimos, mas ela não é aplicada aos órgãos estatutários, apenas aos cele-tistas. O Crea-BA tem trabalhado na

Fale conosco

Envie a sua mensagem, contendo nome completo, e-mail e telefone, para o en-dereço eletrônico: [email protected]. Reservamo-nos o direito de, sem alte-rar o conteúdo, resumir e adaptar os textos publicados. Siga o Crea-BA nas redes sociais: www.facebook.com/CreaBa. @CreaBahia. twitter.com/CreaBahia. PARA ANUNCIAR: [email protected]. Tel.: (71) 3453-8912/3453-8929. Edição online no site www.creaba.org.br

conscientização do poder público so-bre a importância do cumprimento da legislação profissional. No caso de Ita-maraju, encaminhamos a sua denún-cia ao setor responsável para que entre em contato com a prefeitura.

concUrSo

Vai abrir o concurso do Sema e Inema-BA e os profissionais de enge-nharia de pesca não vão poder parti-cipar. Um concurso da área de meio ambiente e recursos hídricos e vocês não estão atentos a isso? É um desca-so com os profissionais da engenharia de pesca na Bahia! Leon Leal

Resposta: Encaminhamos ofício ao Sema e Inema e o edital já foi retifi-cado, incluindo, além da engenharia de pesca, para o cargo de especialista em meio ambiente e recursos hídri-cos, análise de sistema, aquicultura e ecologia aquática, ciências da com-putação, engenharia de aquicultura, engenharia hídrica, processamento de dados, sistema de informação e tecnologia da informação.

engenharia Pública

Acabei de receber a edição de nº 40, que traz uma matéria sobre a parceria entre o Crea e a Escola Politécnica, na criação de um escritório de engenha-ria pública. Gostaria de conhecer mais o projeto. Paulo Roberto Rodrigues Lisboa, técnico em edif icações

Resposta: Você pode obter mais in-formações com o chefe de gabinete do Crea-BA, Herbert Oliveira. O e-mail dele é [email protected].

crea6 V.3, n. 41, p. 6 - out/nov/dez.2012 - Bahia

Seminário de inspetores A regionalização das ações do Crea-BA foi discutida durante o 12º Seminário de Inspetores, promovido no dia 12 de dezembro de 2012, em Salvador. O evento propôs uma reflexão sobre os futuros projetos da entidade e avaliou os resultados das atividades realizadas ao longo do ano passado. Na ocasião, o presidente da autarquia federal, o engenheiro mecânico Marco Amigo, chamou a atenção dos 50 inspetores presentes para atuarem em favor da ocupação do espaço político de forma organizada e articulada, destacando ainda a intenção em organizar, este ano, 300 eventos, entre cursos e palestras, na sede e no interior do Estado.

O 12º seminário de inspetores reuniu 50 profissionais em torno de debates sobre futuros projetos do crea-BA

Legado sobre o semiáridoConsiderado um dos maiores defensores do Rio São Francisco, o engenheiro civil Manoel Bonfim Ribeiro, especialista em hidrologia, morreu no dia 4 de dezembro de 2012, em Salvador. Ex-diretor do DNOCS e da Codevasf, e ex-secretário geral do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, ele dedicou sua vida ao combate à seca e ao convívio do sertanejo com a estiagem, deixando várias obras sobre os assuntos, adotadas atualmente por diversas faculdades. Foi um grande colaborador da revista do Crea na matéria A seca e os seus espinhos, veiculada na edição nº 40, e foi o entrevistado da edição de nº 34, quando falou sobre a poluição e o descaso com os rios.

>cUrtaS

entre a academia e a indústria Em novembro do ano passado, no auditório da Fieb, o seminário Formação de Engenheiros para a Próxima Década: a visão do setor industrial da Bahia debateu a interação entre a academia e o setor industrial, apontada como a questão contemporânea que mais impulsiona a inovação e a formação plena dos profissionais. “O processo de troca de informações e parcerias, entre a universidade e o setor produtivo, é importante para o desenvolvimento da engenharia e da sociedade”, observou o engenheiro civil Luís Edmundo Campos, conselheiro do Crea-BA. O evento foi promovido pelo Fórum de Inovação da Bahia.

crea assume vaga no comamO Crea-BA assumiu, em 8 de novembro de 2012, uma vaga no Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). O colegiado integra o Sistema Municipal de Gestão Ambiental (SMGA), responsável pelo planejamento, promoção e execução da política de meio ambiente da capital. Com caráter consultivo, normativo e deliberativo, compete também a esta instituição a emissão de licenças para construção de grandes empreendimentos. Marco Amigo, presidente do Crea-BA, ressaltou o papel social da iniciativa. “Buscamos estar sempre alinhados às ações que visam promover o bem estar da sociedade. Considero nossa participação no Comam, oferecendo conhecimento técnico, um dever”.

paulo maCedo

crea 7V.3, n. 41, p. 7 - out/nov/dez.2012 - Bahia

Ufba é destaque em aerodesignOs estudantes de engenharia da Ufba conquistaram a 1ª colocação Norte-Nordeste na 14ª competição nacional de aerodesgin. O evento aconteceu entre os dias 1º e 4 de novembro, em São José dos Campos (SP), e contou com a participação de 62 equipes nacionais e internacionais. A equipe baiana Axé Fly, formada por 11 alunos dos cursos de engenharia mecânica, elétrica e controle e automação de processos, superou grupos tradicionais no ramo da engenharia aeronáutica, como o ITA. O capitão da equipe, Mateus Dantas, aluno do 6º semestre de engenharia mecânica, disse que o maior desafio da equipe é a captação de recursos. Além do apoio da Ufba, o grupo conta com o auxílio de empresas na cessão de recursos financeiros, materiais, serviços e capacitação.

Representantes de 26 instituições participaram da reunião do cER-BA

a cidade também é NossaO Fórum A Cidade Também é Nossa, que se reúne periodicamente no Crea-BA, vem se firmando como um espaço de garantia do controle social para as ações políticas realizadas em Salvador. Entre muitas lutas enfrentadas pelo colegiado em 2012, o destaque vai para o combate às alterações da Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo (Louos) e do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU). O colegiado repudiou ainda o pacote de projetos enviados pelo prefeito João Henrique para aprovação da Câmara de Vereadores no fim de novembro do ano passado. Entre eles, estava à autorização para licitação do Projeto Linha Viva.

plano Diretor de encostasA convite do Ministério Público, o Crea-BA participou, no dia 18 de outubro de 2012, da audiência pública inaugural para discutir propostas para o Plano Diretor de Encostas (PDE), documento técnico administrativo no qual constam 433 áreas de risco, com os devidos custos para a intervenção, e para o Plano de Implementação de Medidas Eliminadoras de Desastres. A ideia é que Salvador adote o exemplo da Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio), que atua no Rio de Janeiro, com ações desenvolvidas desde 1966 em favor da proteção das encostas. A audiência foi coordenada por Hortênsia Pinho, promotora de Justiça, Habitação e Urbanismo de Salvador.

cer-ba elege nova coordenação

Com a proposta de ampliar, organizar e fortalecer as organizações de classe da Bahia foi realizada, no dia 13 de dezembro de 2012, a reunião do Colégio de Entidades Regionais (CER). O encontro, promovido pelo Crea-BA, em Salvador, contou com a participação de representantes de 26 instituições, além do coordenador do Colégio de Entidades Nacionais (CDEN), engenheiro eletricista Ricardo Nascimento. Na ocasião, foi aprovado o regimento interno e eleita a coordenação geral e adjunta do fórum, composta respectivamente pelo engenheiro agrimensor Joseval Carqueija (Asseab) e a engenheira civil Karen Barbosa (Associenge).

conciliaçãoO Crea-BA esteve presente ao 1º Mutirão Multiconselhos, da Semana de Conciliação da Bahia, realizada no dia 13 de novembro do ano passado, em Salvador. Promovido pela Justiça Federal, o evento reuniu representantes de diversos conselhos de classe e teve o objetivo de facilitar a solução de conflitos litigiosos entre os cidadãos e as instituições presentes. “Indicamos 113 processos para conciliação. Desse total, 30% foram solucionados”, afirmou o procurador-chefe do Conselho, José Antonio Rocha.

V.3, n. 41, p. 8 - out/nov/dez.2012 - Bahia

>Meio aMbiente

crea

tCu elogia fpi do são franCisCo

Órgão federal recomendou aoministério do meio ambiente

a adoção da metodologia

fica e práticas de gestão hídri-cas. Até o final do ano passado, foram realizadas 29 etapas da fiscalização em 115 municípios da Bahia.

A FPI do São Francisco iniciou as atividades na primeira ges-tão do presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo. De acordo com o gestor, que está no terceiro mandato, a iniciativa reflete o compromisso da instituição com o coletivo, sendo considerada a principal ação social da autarquia federal. “Os benefícios gerados pela fis-calização vão além da proteção ambiental. Ela também garante cidadania à população e presta contas das ações realizadas pe-los órgãos federais e estaduais”.

coMProMiSSo Social

Segundo o acórdão do TCU, processo nº 026.570/2011-4, relativo ao Ministério do Meio Ambiente, a revitalização da bacia do São Francisco não ob-terá resultados favoráveis, caso

por NaDja pacheco

fotos giLsoN pereira

respeitabilidade em torno das ações da Fis-calização Preventiva In-

tegrada do São Francisco, pro-movida pelo Crea-BA e outras 17 instituições, ultrapassou as fronteiras do Sistema Confea/Crea e ganhou o reconheci-mento do Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão federal recomendou ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) a ado-ção da metodologia da FPI, por seu êxito nas atividades de revi-talização do rio.

A iniciativa, que completou 10 anos em 2012, inclui ativida-des com o objetivo de salvaguar-dar a população de situações de risco e impedir a degradação do meio ambiente. Entre as ações desenvolvidas pela FPI, estão a recomposição da mata ciliar, a preservação das áreas de pro-teção permanente, a realização de obras do sistema de esgota-mento sanitário, a recuperação de nascente, a implantação do sistema de informação geográ-

8

técnicos do

crea, do Ibama

e do Ministério

Público fiscalizam

obras na região

de casa Nova

crea 9

persistam as mesmas agressões ambientais ob-servadas hoje. “O aumento da fiscalização reduz o ritmo de degradação, devido aos seus efeitos dissuasivo e punitivo e, consequentemente, am-plia a efetividade do programa de revitalização. Iniciativas como a FPI devem ser estimuladas como auxiliares no processo de combate a essa degradação”. O documento, assinado pelo minis-tro Aroldo Cedraz, reconhece ainda o empenho da FPI em evitar e reparar os danos ambientais da bacia, além de estimular ações socioeducativas de conservação.

De acordo com Augusto Queiróz, assessor de relações institucionais do Crea-BA, a visibilidade social e a credibilidade dos órgãos participantes da FPI junto à sociedade contribui para determi-nar e reafirmar a iniciativa do Sistema Confea/Crea como a única referência bem sucedida de projeto de cidadania de um sistema profissional de alcance nacional. “O programa é respeitado por diversas instituições e autoridades, possibili-tando a visibilidade do nome e do papel do Crea--BA na defesa dos interesses da sociedade”.

Queiróz reitera ainda que o modelo da FPI baia-na foi repassado aos Creas de Alagoas e Sergipe, e que o Ministério da Integração Nacional, por meio

da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), usou os relatórios com os diagnósticos da fiscalização para a liberação de recursos destinados a obras de saneamento básico em 48 municípios baianos. Segundo ele, devido ao sucesso da iniciativa, já foram aprovados, pelo Comitê da Bacia Hidrográ-fica do Rio São Francisco (CBHSF), novos recursos

As ações da

FPI incluem

visitas e

orientação

aos

moradores

de cada

localidade

V.3, n. 41, p. 9 - out/nov/dez.2012 - Bahia

crea V.3, n. 40, p. 10 - jul/ago/set.2012 - Bahia

>Meio aMbiente

504 municípios compõem a Bacia do são

francisco;

13 milhões moram em municípios

banhados pelo rio;

50% das águas do nordeste vêm deste rio;

115 municípios do total do vale do são

francisco estão na Bahia.

10

para operações. “Esses resultados de-monstram que a decisão do Crea-BA, em participar e manter investimentos na organização e realização das fisca-lizações, é o caminho certo no cum-primento do seu papel social”.

coMo fUnciona

A FPI do São Francisco é uma ação marcada pela atuação conjunta do Ministério Público do Estado, Crea e de diversos órgãos voltados para a de-fesa da sociedade. A intervenção en-volve diversas instituições que, no seu dia a dia, exercem individualmente o poder fiscalizador no âmbito de suas atribuições específicas. A proposta é salvaguardar a população de situa-ções de risco e impedir a degradação do meio ambiente.

Órgãos eNvoLviDos

crea-BA > Conselho regional de engenharia e agronomia da BahiaMPE > ministério público estadualMPF > ministério público federalMPt > ministério público do trabalhoSema > secretaria de meio ambiente da Bahia

*Inema > instituto de meio ambiente e recursos Hídricos

Sefaz > secretaria da fazenda do estado da BahiaSeagri > secretaria de agricultura da Bahia

*Adab > agência estadual de defesa agropecuária

SSP > secretaria de segurança pública

*coppa > Companhia de polícia de proteção ambiental*Graer > grupamento aéreo da polícia militar da Bahia

*cipe > Companhia independente de policiamento especializado* Polícia civil

Sesab > secretaria de saúde da Bahia

*Divisa > diretoria de vigilância sanitária e ambiental

DNPM > departamento nacional de produção mineralIbama > instituto Brasileiro de meio ambiente e recursos naturais renováveisSRtE > superintendência regional do trabalho e empregoSFPA > superintendência federal de pesca e aquiculturaFunasa > fundação nacional de saúdePRF > polícia rodoviária federalPM > polícia militar

* surbordinados ao órgão principal

Luciana Khoury, do Ministério Público, em palestra sobre a FPI

crea16

>SAÚDE

V.3, n. 40, p. 16 - jul/ago/set.2012 - Bahia

Além dos alimentos, também existem os óleos funcionais. Eles melhoram a saúde e ajudam a emagrecer, acelerando o metabolismo e produ-zindo uma sensação de saciedade. Além da perda de peso, podem ser utilizados como hidratantes para a pele e atenuantes dos sintomas da TPM.

A ingestão recomendada varia entre duas co-lheres de chá ou de sopa por dia, ou duas cápsulas antes das principais refeições, seguindo a orien-tação dos nutricionistas. Devem ser ingeridos em temperatura ambiente, já que o aquecimento pode eliminar alguns nutrientes, e são altamente recomendáveis quando há prática regular de ati-vidades físicas.

Entre as variedades de óleo funcional, desta-cam-se o de gergelim, antioxidante e com gran-de quantidade de Vitamina E; o óleo de abóbora, poderosa fonte de ômega-6, ômega-9 e vitamina E, e o óleo de linhaça, rico em ácidos graxos, que ajuda na redução de triglicerídeos, na regulação da pressão arterial e no combate à inflamação das células de gordura.

E não podemos ignorar o óleo de coco, gran-de estrela dos funcionais. Antioxidante natural, passou a ser cada vez mais recomendado pelos nutricionistas. Entre seus benefícios está o forta-lecimento da imunidade, a prevenção de doenças cardiovasculares, a redução das taxas de colesterol e, claro, o auxílio no processo de emagrecimento.

funcional – que deve ser elaborado por um nutricio-nista especializado.”

O treino funcional con-siste na prática de exer-cícios executados sem o auxílio de equipamentos convencionais. “Ao invés de utilizarmos os aparelhos das academias de ginástica, usamos outras ferramen-tas, como a escada de agi-lidade, bolas, cones, trenós e uma série de instrumen-tos que permite melhorar a flexibilidade, a coorde-nação motora, o potencial muscular e reduzir as lom-balgias, as chamadas dores nas costas”, explica Correia, que comanda, ao lado dos

professores Mateus Araújo e Felipe Macena, a Semea-re, especializada nessa mo-dalidade.

Além de proporcionar resultados mais rápidos, o treino funcional dispensa espaços fechados e o uso de aparelhos mais compli-cados. Uma corda, uma cai-xa e outros objetos simples são alguns dos utensílios indicados. E, o melhor, os exercícios podem ser reali-zados ao ar livre, na praia, na área externa do condo-mínio, na praça, no parque, até mesmo no pátio da em-presa. “Podemos elaborar as atividades e aplicá-las em qualquer lugar, o que

Óleos funcionais, por que não?

“ASSOCIAR AS DUAS PRÁTICAS É O IDEAL. ALÉM DE PROPORCIONAR MELHOR QUALIDADE DE VIDA, AUXILIA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS COMO HIPERTENSÃO, CÂNCER E DIABETES”

Amélia Duarte, nutricionista, sobre harmonizar dieta alimentar e treino funcional

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crea V.3, n. 40, p. 14 - jul/ago/set.2012 - Bahia

>Saúde

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crea 13V.3, n. 41, p. 13 - out/nov/dez.2012 - Bahia

Conviteao sol,ao mar e ao prazerlocalizada na linha verde, a apenas 65 quilômetros de salvador, imbassaí tem mar, rio, comidinhas deliciosas, restaurantes refinados e hotéis de luxo

por roNaLDo brito

fotos joão aLvarez

anhado pelas águas doce do Rio Imbassai e pe-las águas salgadas do Oceano Atlântico, o vila-rejo de Imbassaí, a 65 quilômetros de Salvador, é um convite ao prazer. Um dos destinos mais

procurados pelos turistas que buscam o litoral norte, a localidade se diferencia da maioria dos destinos daquela parte do litoral baiano. Ali, o rio e o mar se encontram e, juntos, convidam os visitantes a entregarem-se às suas belezas naturais. Embora não seja tão movimentada e badalada como a vizinha Praia do Forte, a simplicidade e o jeito despojado dos habitantes compensam a esco-lha. Como aliados, a vila tem ainda a seu favor a natureza exuberante e uma moderna infraestrutura.

Para alcançar o mar é preciso cruzar o rio. Entre os dois, dezenas de barracas com bebidas e comidinhas ajudam a colorir a deslumbrante paisagem. Ao longo dos seus mais de seis quilômetros de praia, estão instalados bares, res-taurantes de boa qualidade como o Três Marias, do chef espanhol Alfredo Rodriguez, um madrilenho que desem-barcou na vila quase por acaso (ele ia para a Praia do Forte encontrar um amigo e passou do ponto de ônibus) e nunca mais saiu de lá. A casa comandada por Rodriguez não dei-xa nada a dever aos sofisticados restaurantes dos grandes centros. Da sua sofisticada cozinha “espanhola moderna”,

>verão

crea

>verão

V.3, n. 41, p. 14 - out/nov/dez.2012 - Bahia

saem pratos que são um deleite para quem aprecia a boa gastronomia. Ain-da nessa seara, outra opção é o bar e restaurante do casal Manuel e Josefa Wenger. Ele suíço, ela pernambucana.

O espaço oferece ainda um bom cardápio de pizzas. Essas, uma es-pecialidade também de outro casal: André Moura e Taliana Electo, que montaram na vila um complexo gas-tronômico, o Jerimum, que inclui uma charmosa loja de artesanato e um simpático café. Empreendedores experientes, eles já passaram por ou-tras localidades como Ilha Bela (Rio de Janeiro) e Arraial da Ajuda (Porto Seguro). “Nós estávamos buscando

um lugar que estivesse em processo de crescimento e que quando este chegasse nós já estivéssemos estabe-lecidos”, conta Moura.

Estavam certos. Nos finais de se-mana. as filas de espera para saborear suas criações, como a pizza de nozes com gorgonzola, são grandes. Mas, quem aprecia a boa cozinha baiana, não pode perder a comida preparada por Vânia Ribeiro, dona do restauran-te que leva o seu nome. Natural de Santo Estevão, ela chegou ao litoral norte há 12 anos e fixou residência na Praia do Forte, onde montou um res-taurante. Com a urbanização do luga-rejo, resolveu seguir para em Imbassaí

14

Imbassaí tem culinária

para todos os gostos

e bolsos, da mais simples

à mais refinada, aliada

à tranquilidade da pequena

vila, que ainda guarda

o aspecto rústico, e de

uma rede hoteleira com

excelente infraestrutura

crea 15V.3, n. 41, p. 15 - out/nov/dez.2012 - Bahia

Entre o rio e o mar, os

turistas optam pela

travessia em charmosas

jangadas, ou vão a pé

pela areia até a praia

em busca de maior tranquilidade. “Eu queria ficar perto da natureza e achei esse lugar aqui que é maravilhoso e ainda muito tranquilo”.

A moqueca de camarão que sai do seu fogão também costuma gerar fi-las na porta do seu simpático restau-rante. Enquanto aguarda o prato ficar pronto, a pedida é uma das deliciosas roskas que levam sua assinatura e que fez crescer sua fama no vilarejo. Com uma boa rede hoteleira, Imbassaí dis-pões de boas pousadas, hotéis e até resorts. O custo da hospedagem nessa época do ano, não é dos mais caros. E, seguramente, menor que os valores comumente cobrados na vizinha Praia do Forte. Reza a lenda que o nome do vilarejo foi dado por seus antigos mo-radores. Palavra que, na língua tupi guarani, significa caminho das águas.

tUriSMo reSPonSável

A descoberta da vocação da vila para o turismo começou com a inaugura-ção da Linha Verde, em meados dos anos 1990. Antes, o lugar era consi-derado um paraíso ecológico e explo-rado apenas pelos apreciadores da natureza como o hoje dono da pou-sada Sítio da Fonte, Beto Pitombo, 50, autor da canção “Estrada Velha”, que se tornou uma espécie de hino do lu-gar. Com uma população fixa de pou-co mais de mil habitantes – costuma triplicar na alta temporada –, os mo-radores não abrem mão do equilíbrio entre a preservação e a exploração responsável.“Não queremos um tu-rismo predatório, que desfigure este lugar que é sagrado para nós”, avisa Márcia Viana, 52, da Associação de Moradores de Imbassaí.

Há 15 anos, ela e o marido, Hélio Viana, trocaram a vida agitada da capital pelo sossego de viver perto da natureza. Para sobreviver, abriram a Pousada Cajibá. Apesar da tran-quilidade, a expansão imobiliária já

chegou por lá. O Reserva Imbassaí, pilotada pelo grupo português Reta Atlântico, instalou por lá o resort Gran Paladium. Os preços das casas no condomínio variam de R$ 350 mil a R$ 1,1 milhão. Mas há opções mais em conta. Os villages têm preço que varia entre R$ 220 e R$ 315 mil.

Mas é o turismo ecológico e de aventura a grande vocação do lugar. Entre passeios bucólicos pelo rio e tri-lhas nas reservas de Mata Atlântica, Imbassaí é um convite à tranquilida-de. Suas ruas, recentemente urbani-zadas, e as casas, afastadas umas das outras, garantem a sensação de liber-dade. De quebra, ainda oferece bares com mesas e cadeiras dentro d´água, o que permite uma experiência única a quem gosta da dolce far niente. Na Cabana do Marujo, por exemplo, o cardápio oferece enormes pitus, vin-dos direto do Rio Negro, no Amazonas. Melhor que isso só mesmo um banho na Cachoeira de Dona Zilda, do outro lado da pista, um passeio a cavalo ou de caiaque pelo rio. Se quiser adicionar uma dose de adrenalina pode-se pra-ticar canoagem, vencendo a distância entre Santo Antônio e Imbassaí, se-guindo o caminho das águas.

crea V.3, n. 41, p. 16 - out/nov/dez.2012 - Bahia

>SUStentabilidade

metrÓpoles mais inteligentes e Humanas

para o urbanista Carlos leite, autor do livro Cidades sustentáveis, Cidades inteligentes,

salvador precisa de planejamento estratégico

s metrópoles podem ser criadas do zero ou devem ser constru-ídas através dos séculos? No

caso de São Paulo, Londres, Berlim, Nova York e Tóquio, as atuais cone-xões entre cidadãos, desenvolvimento e oportunidades são fruto de um pro-cesso de centenas de anos. Enquanto no Brasil ainda estamos em busca de soluções para problemas de trânsito, enchentes e apagões, segurança, saú-de e educação ineficientes, o conceito de cidade inteligente ou smart city – que usa a tecnologia para melhorar a qualidade de vida dos habitantes – já vem sendo aplicado na Europa, Esta-dos Unidos e Ásia, movimentando um mercado bilionário.

São comunidades que lançam mão

do que há de mais moderno em re-cursos tecnológicos e arquitetônicos como resposta aos desafios impostos pela alta concentração populacional, utilizando rede de sensores, análise de dados, plataformas de comunicação e serviços via web, para proporcionar uma vida sustentável aos seus habi-tantes. Sustentabilidade está no topo das discussões contemporâneas sobre os centros urbanos. Como organismos vivos, as cidades precisam ser repensa-das com o auxílio da tecnologia, pre-servando a essência da multiplicidade e diversidade humana.

reinvenção

De acordo com dados do Instituto Futura, 73% dos cidadãos de Salvador

gastam em média quatro horas por dia no trânsito. Com 2,7 milhões de habitantes circulando por suas ruas es-treitas, cortadas por ladeiras cheias de histórias, a primeira capital do Brasil e terceira maior cidade do País precisa de planejamento estratégico voltado para atender às necessidades das pessoas que a habitam. Esta é a opinião do ar-quiteto e urbanista Carlos Leite, autor do livro Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes.

“Se temos instrumentos tradicio-nais de planejamento estratégico e de smart city, para fazer uma Salvador mais interessante para os cidadãos, isso é excelente, mas o principal é o planejamento voltado para as pessoas. Por isso, acho que as novas tecnologias

por arivaLDo siLva

iLUstração geNtiL

16

creaV.3, n. 41, p. 17 - out/nov/dez.2012 - Bahia

de gestão inteligente das cidades são bem vindas. Serviços públicos agenda-dos por smartphones, transparência, menos corrupção, portanto mais efici-ência é excelente. Mas temos que prio-rizar uma cidade mais humana e não pensar em investir na tecnologia pela tecnologia”.

De acordo com o urbanista, é pre-ciso atentar para as inteligências me-tropolitanas para conseguir vencer as desigualdades, a partir de exemplos positivos de revitalização. “Precisamos atuar conjuntamente com as cidades que souberam fazer o dever de casa e estão se reinventando. Salvador preci-sa implementar e concretizar grandes ações focadas em planejamento es-tratégico”. As questões ambientais e de mobilidade, na opinião de Leite, são do âmbito do território metropolitano, onde vivem 3,5 milhões de pessoas “e não apenas de Lauro de Freitas, Sal-vador ou Itaparica, como provam as experiências de São Paulo, Barcelona, Nova York e Bogotá”.

Leite aponta ainda a ampliação da diversidade social como chave para resolver graves questões da cidade. “O problema não é a favela, é essa absurda falta de sociodiversidade territorial, que encanta quando che-gamos à Macedônia, Buenos Aires, Ipanema, Copacabana, Higienopólis.

Pessoas de diferentes classes, dife-rentes gêneros e cores dividindo o mesmo lugar, isso é o que favorece uma cidade dinâmica, propensa à inovação e à qualidade de vida”.

infraeStrUtUra

Entre os especialistas no assunto, uma questão é unânime: para planejar com inteligência é preciso pensar uma cida-de sustentável para as pessoas, e essa foi a principal ideia debatida na aber-tura da 3ª edição do Agenda Bahia, no auditório da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), que debateu a infraes-trutura da metrópole baiana. Estudio-sos do Brasil e da Espanha, baseados em exemplos de outras capitais, fa-laram sobre espaço público, planeja-mento urbano e alternativas sustentá-veis para o trânsito de Salvador,

Nesse contexto, as soluções para a mobilidade urbana são as principais preocupações de governos e organiza-ções, sempre visando o deslocamento das pessoas e bens em um período ide-al de tempo e de maneira confortável. A urgência por soluções de longo pra-zo para problemas históricos aumen-ta conforme se aproximam os mega eventos esportivos que o Brasil irá sediar. Um dos responsáveis pela re-construção de Barcelona para as Olim-píadas de 1992, o engenheiro espanhol

Manuel Herce Valejjo criticou a falta de passeio para pedestres em Salvador e alertou que a construção de viadutos e de estacionamentos não vai resolver os problemas da capital.

Por possuir apartamento na ci-dade, Valejjo diz conhecer todas as suas peculiaridades e dificuldades. “É preciso dar atenção ao pedestre e melhorar o transporte público”, ob-serva. Para Ana Fernandes, professora da Ufba e doutora pela Universidade Paris XII, há várias possibilidades de projetos para a área urbana. “Preci-samos diminuir o espaço dos carros. É um investimento fácil, basta uma decisão política, capacidade técnica e respeito pela população. Uma cidade que não acolhe seu povo não pode ser considerada inteligente”.

MetróPole Projetada

Na Coréia do Sul, a cidade global do fu-turo – Songdo – está sendo construí-da a 65 quilômetros de Seul, em uma ilha artificial de 607 hectares. Com um investimento de R$ 80 bilhões, a metrópole, que deve ficar pronta em 2015, terá o que há de mais moderno em tecnologia e noções de urbanismo, tudo planejado para facilitar a vida do cidadão. Com 80 mil apartamentos residenciais, 4,6 km de escritórios e 40% de sua área, ou seja, 41 hectares

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>SUStentabilidade

destinados a parques e praças, a ideia é criar um novo centro financeiro da Ásia, uma mistura de Paris, Nova York e Dubai.

Além dos altos investimentos – em metrô, bondes elétricos e até táxis aquáticos elétricos – , as ruas desta metrópole projetada terão sensores no asfalto, para ajudar a entender os deslocamentos em tempo real e até diminuir a iluminação das vias quan-do ninguém estiver passando por elas, de modo a economizar energia. Sondo será também uma cidade wireless, to-talmente conectada.

exeMPloS

Responsável por notáveis intervenções em Bogotá, capital da Colômbia, o ex--prefeito Enrique Peñalosa mudou a maneira como a cidade tratava seus cidadãos, para isso restringiu o uso do automóvel e instituiu um sistema de transporte público rápido e segu-ro, que transporta hoje 1,2 milhões de pessoas por dia. Entre outras melho-rias, foram ampliadas e reconstruídas as calçadas, grandes espaços públicos foram criados, e construídos mais de 340 quilômetros de ciclovias exclusi-vas, que se estendem desde as áreas de favela até o centro da cidade, que se tornou referência em transporte sus-tentável. Outro item implantado em Bogotá é a restrição do uso de veículos somada à ampliação e qualificação do sistema de ônibus Transmilênio.

gestão eficiente do tempo Alguns aplicativos mobile estão no centro de importantes mu-danças na difusão de informações em tempo real, possibilitando ao usuário gerir melhor o seu tempo. Este é caso do Waze, uma ferra-menta de mapeamento dinâmico, geolocalização e informações de trânsito totalmente baseada em crowdsourcing, um modelo que utiliza a inteligência através de co-nhecimentos coletivos espalhados pela internet.

Outra ferramenta que tem sido usada para trocar informações em tempo real sobre o trânsito, nas grandes metrópoles, é o Twitter. Essas informações fazem parte do consciente coletivo e os dados podem, e devem, ser usados na rede de sensores para prover servi-ços básicos para a população, seja através de terminais e telas espa-lhadas pela cidade, seja através dos smartphones, companheiros das pessoas durante o dia.

O Rio de Janeiro é uma das poucas cidades brasileiras a colocar em práti-ca alguns conceitos de smart city. Em março deste ano, o The New York Ti-mes publicou um artigo com o título Rio é a nova cidade inteligente, sobre o Centro de Operações Rio, projeto que integra 30 órgãos que monitoram o cotidiano da cidade por 24 horas. Com estrutura da IBM, o centro capta a ima-gem de 560 câmeras, e auxilia na solu-ção imediata de problemas e na toma-da de decisões em momentos de crise.

A Cisco também anunciou investi-mentos no Rio, da ordem de R$ 1 bilhão até 2016, o que inclui a construção de um centro de inovação no Centro do Rio, programado para 2013. O foco das intervenções será em soluções de sis-temas de telecomunicações, comuni-cação entre sensores, redes cabeadas e sem fio, data centers e aplicações in-teligentes de análises de informações, principalmente em infraestrutura ur-bana, entretenimento e esportes.

economia criativaEconomia criativa e ferramentas digitais numa cidade feita por e para pessoas inteligentes. Este foi o tema da 2ª edição da conferência TEDXPelourinho, que ocorreu em setembro do ano passado, em Salvador. Um dos 14 pales-trantes, o publicitário Gabriel Medeiros afirmou que as pessoas devem se apossar do espaço público e tornar a ci-dade um local mais agradável para viver. “Cidade inteligente é o lugar onde as pessoas podem ser protagonistas”. TED é uma organização mundial sem fins lucrativos dedicada ao Ideas Worth Spreading – da tradução literal do inglês, ideias que merecem ser espalhadas. O evento começou em 1984, na Califórnia, originalmente influenciado pelo Vale do Silício, como uma conferência reunindo especialistas em tecnologia, entretenimento e design.

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>nononono

anúnCio mútua

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>dia do engenheiro

ual a relação entre a enge-nharia e os temas ligados ao desenvolvimento tecnológico

sustentável? Em torno desta questão, debatida no seminário Tecnologia, Ética e Desenvolvimento, o Crea-BA comemorou a passagem do Dia do Engenheiro e o cinquentenário de for-mação dos profissionais registrados na entidade. O evento ocorreu no dia 13 de dezembro, no Fiesta Convention Center, em Salvador, e teve como um dos temas Valorização e os Desafios da Ética na Área Tecnológica, palestra ministrada pelo engenheiro aeronáu-tico Ozires Silva, criador da Embraer.

Silva lembrou a importância do papel da inovação para o desenvolvi-mento nacional e apontou a educa-ção, o empreendedorismo, a lideran-ça e a competência gerencial como condições necessárias para consolidar

o evento, promovido pelo Crea, nofiesta Convention Center, emsalvador, homenageou a categoria

deBates soBre étiCa e teCnologiaCeleBram a profissão

por arivaLDo siLva

fotos joão aLvarez

Durante o evento, foram homenageados os profissionais que completavam 50 anos de registro no crea-BA

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este objetivo. “Temos de pensar gran-de. A capacidade que nós brasileiros temos é enorme e precisa ser explora-da. Basta vontade para o Brasil ocupar os melhores lugares, pois as oportu-nidades são globais e a educação de qualidade é essencial”.

tranSforMar realidadeS

Durante o evento, o presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo, felicitou os profissionais que, naquela ocasião, completavam 50 anos de registro na entidade e de atu-ação profissional. "Hoje, comemora-mos a formatura desses colegas, que são ícones do nosso trabalho e que merecem todas as nossas homena-gens, pois dedicaram uma vida inteira à engenharia”.

Amigo frisou o potencial transfor-mador inerente à profissão. “Pode-mos transformar a nossa realidade e o objetivo é aglutinar os profissionais da área tecnológica, visando o de-senvolvimento da nossa cidade e do nosso estado. Acredito que o exercício ético da profissão é o caminho para que possamos viver em um mundo melhor e Ozires Silva é um exemplo de ética”.

O legado deixado pelo arquiteto Oscar Niemeyer também foi lembra-do por Marco Amigo. “Ele é uma re-ferência da nossa área e soube apro-veitar as oportunidades que a vida lhe deu. Arquitetura e engenharia são

1. representantes da turma de 1962 2. marco amigo 3. Karen daniela melo miranda e jô furlan 4. marília Barreiros Correia de melo e luís edmundo de prado Campos 5. joseval Carqueija e marco amigo entregam placa comemorativa a antonio Batista machado 6. marco amigo entrega placa e diploma a ozires silva 7. roberto ibrahim uehbe, do Cra, homenageia o presidente do Crea-Ba 7. roberto ibrahim uehbe, do Cra, homenageia marco amigo

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>dia do engenheiro

profissões irmãs e sempre irão traba-lhar juntas”.

Ainda durante o seminário, Ineivea Farias, diretora-geral da Mútua-BA, engenheira de produção e técnica em segurança do trabalho, ressaltou a importância do compromisso ético no exercício profissional. “É necessá-rio colocar a ética como o principal objetivo de nossas conquistas”.

forMação

Conselheiro do Crea-BA e diretor da Escola Politécnica da Ufba, o enge-nheiro civil Luís Edmundo Prado Cam-pos exaltou o papel da educação na formação dos profissionais. “Estou orgulhoso por fazer parte deste even-to, pois a engenharia é uma profissão que engrandece o país”. Vereador elei-to, o engenheiro eletricista Leo Prates representou o prefeito ACM Neto no evento e contou que a engenharia faz parte da história de sua família. “Meu pai era uma pessoa de origem humil-de do interior e venceu na vida graças a engenharia, o que viabilizou a nossa permanência na capital”.

Segundo ele, o novo prefeito tem consciência da importância da en-genharia para o desenvolvimento da cidade. Entre os presentes, o supe-rintendente do Ibama-BA Célio Costa Pinto, as vereadoras Aladilce Souza e Olívia Santana (PCdoB) e o superin-tendente da Indústria e Mineração da Bahia Rafael Valverde, representando o secretário James Martins.

Também disseram sim ao convite do Crea-Ba a engenheira civil e deputa-da estadual Maria Del Carmem (PT), o deputado estadual Yulo Oiticica (PT), o engenheiro sanitarista Renavan Sobri-nho (da Sedur), o conselheiro federal pela Bahia, engenheiro Roberto Costa e Silva, o presidente do Crea-DF, Flávio Correa e Souza, e o coordenador do Co-légio de Entidades Nacionais (CDEN), Ricardo Nascimento.

1. erick Carvalho, Herbert oliveira, lucas santana, josé alexandre e luis edmundo Campos 2. vereador léo prates (dem-Ba) 3. deusdete Brito (jequié), vanderlino (itaberaba) e jorge estabel (luis eduardo magalhães) 4. deputada maria del Carmen (pt-Ba), marco amigo e joão Batista paim 5. uiliam almeida, sérgio souza, antonio Batista machado e esposa 6.. engenheiros reunidos

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“o brasileiro é criativo, mas não pode dar um passo sem um carimbo oficial”

os 81 anos, o engenheiro aeronáutico Ozires Silva continua em plena atividade. Graduado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1962, liderou a equipe que projetou o avião Bandeirante e presidiu a

Embraer até 1986, quando aceitou o desafio de comandar a Petrobras, onde fi-cou por três anos. Em 1990, assumiu o Ministério da Infraestrutura e, em 1991, retornou à Embraer, atuando diretamente no processo de privatização. Por três anos (2000-2003), foi presidente da Varig e criou, em 2003, a Pele Nova Biotecnologia, primeiro fruto da Academia Brasileira de Estudos Avançados, empresa focada em saúde humana. O engenheiro destaca-se ainda pela pro-dução literária. Já publicou quatro livros, entre eles, “Etanol: a revolução verde e amarela”, em 2008. Nesta entrevista, Ozires afirma que as escolas não têm nada a ver com a inovação, pelo contrário, representam o conservadorismo.

Como foi criar a Embraer, uma das maiores empresas de engenharia ae-ronáutica do mundo contra todas as expectativas contrárias?Essa pergunta dá um simpósio. Por-que foi um projeto bastante perse-guido durante muitos anos. Tivemos que manter o foco, saber exatamente onde queríamos chegar e vencer o negativismo das pessoas, que acham que o empreendedorismo não tem ris-co, que devemos fazer o que sabemos, o que já existe, e que não se pode, por exemplo, produzir aviões, porque não era uma vocação brasileira. E, no en-tanto, acabamos conseguindo. Mas realmente foi um caso típico de foco, permanentemente colocado com in-tensidade e espírito criativo. Porque não era apenas fabricar aviões no Bra-sil, tínhamos de fabricar um produto que fosse vendido e, para isso, era preciso ter compradores interessados. Certa vez, ouvi uma palestra do Steve Jobs e ele dizia que, quando criou o iPad, o mundo não sabia que precisa-va daquele produto. Hoje todo mundo deseja ter um. Portanto, ele foi visio-nário e enxergou além do horizonte. Sob certo aspecto foi o que tivemos que fazer. Porque precisávamos entrar no mercado com um produto que fos-se desejado e pudesse ser oferecido. Com isso, criamos o transporte aéreo regional, que não existia no passado. O trabalho empreendedor sempre é facilitado quando ele mira um nicho de mercado que seja viável.

Como o DNA de empreendedor im-pactou na inovação e infraestrutura no Brasil?Não tenho a presunção de dizer que conseguimos influenciar. Mas, no caso dos aviões, nos esforçamos bastante. O avião não é um empreendimento em si. Ele é uma soma de empreen-dimentos. Quando alguém compra um avião, não o faz por um atributo

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>dia do engenheiro

o qUe as escoLas têm De Dar a seUs aLUNos é competêNcia, para qUe eLes, seNDo iNovaDores, possam ter a capaciDaDe técNica Necessária para traNsformar as sUas iNovações em proDUtos”

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apenas. São vários e é preciso inovar de forma relativamente extensa para interessar o potencial comprador. De modo que a multiplicidade de tecno-logias embarcadas em uma aerona-ve, com os vários sistemas – elétrico, hidráulico, eletrônico, pneumático –, sejam somadas para desenvolver um produto mais competitivo.

Completando 50 anos de graduação em engenharia aeronáutica, como o senhor avalia a qualidade do ensino superior no Brasil? Quais as áreas mais promissoras, em sua opinião?Acho que não daria para concluir o processo de avaliação agora, porque o sistema educacional brasileiro mu-dou bastante nos últimos dez anos. Há escolas oficiais com a reputação estabelecida, mas também existem escolas privadas com qualidade. De modo que qualquer pesquisa hoje tem que envolver a escola privada. Até porque, na área da graduação, no caso da engenharia, atualmente, 80% dos jovens estão em escolas privadas. As escolas oficiais, rigorosamente fa-lando, não criaram nenhuma vaga adicional, permitindo uma entrada muito forte do ensino em instituições particulares. Acho que nosso sistema educacional ainda está em processo de maturação.

Na sua concepção, como aliar desen-volvimento com sustentabilidade? O que falta, nos dias de hoje para que as maiores capitais brasileiras te-nham uma infraestrutura sustentá-vel e inteligente?Educação. O próprio MEC divulga que 70% dos brasileiros são analfabetos funcionais. De modo que a nossa po-pulação não tem essa capacidade de julgamento. Talvez até por modismo, eles venham a aderir à sustentabili-dade, que muitas vezes é praticada com excessos ilógicos e não coeren-

tes entre si. Isso é uma deficiência do processo educacional. Eu diria que o Brasil não está participando inten-samente da corrida mundial pela educação. Está em um dos últimos lugares. E se nós queremos ver o país que aspiramos nascer no horizonte, temos de melhorar consideravelmen-te o processo de desenvolvimento educacional, focados na formação de brasileiros vencedores para o merca-do mundial, porque as fronteiras dos países não têm o mesmo valor do pas-sado. Elas são furadas por produtos, moedas, pessoas e assim por diante. O mundo mudou dramaticamente, então também temos de mudar nos-sa educação para preparar os brasilei-ros para esta realidade.

O senhor está acompanhando a re-alização das obras de infraestrutura nos aeroportos brasileiros? Eles su-portarão o fluxo de um evento como a Copa do Mundo de Futebol?Vou responder a sua pergunta com outra pergunta. Existe plano de in-fraestrutura no Brasil? Existem obras significativas no sentido de construir

o Brasil do futuro? Eu diria que não. Para fazer um julgamento sobre in-fraestrutura brasileira que precisa-mos, primeiro temos de colocar a vontade política de que esta questão seja realmente atendida. A China, que tem mais ou menos as mesmas dimensões continentais do Brasil, está se transformando de maneira dramática. Enquanto discutíamos o trem-bala de Campinas ao Rio de Janeiro, os chineses fizeram um do Tibet até Pequim, com 1.200 km, em dois anos e meio e pela metade do custo. Sem dúvida, precisamos de um plano para o setor no Brasil, para dar uma resposta satisfatória sobre este assunto. Porque, infelizmente, ainda não temos.

Salvador é a primeira capital do Brasil e hoje é a terceira metrópole do País, com quase três milhões de habitan-tes. Em questões de infraestrutura, a cidade sofre com o crescimento de-sordenado. Como é possível resolver a mobilidade urbana, em uma cidade onde os moradores levam mais de duas horas para ir ao trabalho e mais duas no retorno para casa, problema de complexidade comparável a ou-tros municípios com maior extensão territorial, número de habitantes e veículos?Dois atributos fundamentais são: bom planejamento e melhor execu-ção. A mobilidade urbana hoje está sob ataque no mundo inteiro. Se você for a Nova York, Londres ou mesmo Paris, você vai encontrar problemas igualmente sérios. Na realidade, hoje o que precisamos é de planejamentos extremamente bem feitos, abrangen-tes e com execução muito melhor do que temos feito até agora. Se você visitar Pequim, vai encontrar um dos melhores aeroportos do mundo, feito numa velocidade espantosa para as olimpíadas. Acredito que nós temos

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um Brasil antes da Copa do Mundo e das Olimpíadas 2016 e teremos um outro país depois. Então, temos de planejar para o Brasil e não, efetiva-mente, para os eventos. Claro que, se os eventos justificarem investi-mentos, palmas para eles, mas esta não deve ser a razão fundamental. Se focarmos a área da aviação, posso afirmar tranquilamente que o Brasil tem uma aviação muito menor do que a ideal. Para se ter uma ideia, em 5.500 municípios, temos linhas aé-reas atendendo a 60 cidades. É uma demonstração cabal de que o avião, com a sua mobilidade e capacidade de vascularizar o território nacional, está sendo usado insuficientemente. E, certamente, uma das coisas que mais inibe isso é a regulamentação governamental, que está dificultando – para os empreendedores, os investi-dores, os inovadores – o lançamento de produtos novos.

O brasileiro tem a característica de ser um povo criativo e essa criati-vidade contribui para estimular a inovação tecnológica. Em que as uni-versidades e escolas técnicas podem contribuir para avançarmos na área tecnológica?As melhores escolas do mundo são conservadoras. Então não se pode atribuir inovação às escolas de um modo geral. O que as escolas têm de dar a seus alunos é competência, para que eles, sendo inovadores, possam ter a capacidade técnica necessária para transformar as suas inovações

em produtos. O processo educacional tem um papel enorme na inovação. O brasileiro é criativo, mas não pode dar um passo sem um carimbo oficial, diferentemente dos Estados Unidos, onde a legislação diz que o que não está escrito pode ser feito, aqui no Brasil, o que não está escrito tem de escrever para ser feito. Então, real-mente, nós temos um processo buro-crático que limita enormemente a ca-pacidade do inovador avançar. Tanto é que as inovações que implantamos no Brasil são projetos de fora do País e, às vezes, já chegam aqui velhas. Ou-tro entrave é a carga tributária. Há pa-íses que têm tributação superior à do Brasil, mas tem uma devolução para a população muito melhor que a nossa. O problema da nossa carga de tribu-tos talvez não seja o número, mas o que nós recebemos efetivamente em troca do imposto que pagamos.

O senhor foi ministro da infraestru-tura, conhece bem os problemas des-ta área no Brasil?O Estado mudou muito desde a época em que fui ministro da Infraestrutura. O Estado hoje se amarrou, demasia-damente, em legislação e fiscalização, no sentido de que não é a educação que impede a corrupção, mas a fisca-lização, eu acho que não. Eu acho que só a educação pode impedir a corrup-ção. Para sairmos do gargalo em que nós estamos, o Governo deve pres-tigiar a concessão pública. Ao invés de tentar executar, deve só regular e fiscalizar.

acreDito qUe NÓs temos Um brasiL aNtes Da copa Do mUNDo e Das oLimpíaDas 2016 e teremos Um oUtro país Depois. eNtão, temos De pLaNejar para o brasiL e Não, efetivameNte, para os eveNtos”

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crea V.3, n. 41, p. 26 - out/nov/dez.2012 - Bahia26

ma das doze cidades sedes da Copa do Mundo, Salvador deverá receber mais de 700 mil visitantes entre os meses de junho e julho de 2014. Levantamento feito pela Superintendência de Investimentos e Polos Turísticos da Secretaria de Turis-mo da Bahia, revela que o aumento do fluxo de turistas no mês de junho, em com-paração a um ano comum, será de 114,3%, com a entrada de 433 mil visitantes na cidade. No mês de julho, a previsão é que desembarquem aqui outros 325,6 mil passageiros. Isso significa 15,4% a mais que o índice normal. A expectativa dos dirigentes públicos é de que estes torcedores, vindos dos mais diversos cantos do planeta, injetem R$ 683 milhões na economia local.

Tamanha movimentação tem requerido dos governos, federal, estadual e mu-nicipal, investimentos pesados em infraestrutura para atender esse público. Parte disso ainda não saiu do papel. Por hora, apenas o Aeroporto Internacional de Sal-vador começou a decolar com seus planos de reforma e ampliação. Embora pro-metidos, os investimentos no sistema de transporte urbano local, intermunicipal

proximidade da Copa força gestores públicos e especialistas a pensarem soluções para a mobilidade urbana

tranSPorteS

rumoa 2014por roNaLDo britofotos joão aLvarez

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O aeroporto

baiano responde

por mais de 30%

da movimentação

no Nordeste

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tranSPorteS

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e interestadual, ainda não pegaram o caminho da modernização, o que pre-ocupa o trade turístico e especialistas do setor de transportes.

atraSoS

A menos de dois anos do campeo-nato mundial, Salvador ainda não re-solveu mesmo as pequenas questões de mobilidade urbana que garantem conforto e comodidade aos visitan-tes. Há quase 13 anos, por exemplo, os baianos esperam que o seu “micro metrô” entre nos trilhos. Espaços fun-damentais para atender ao grande fluxo de visitantes, como a Estação Rodoviária, sequer tem um projeto de reforma ou ampliação em curso.

Na primeira quinzena de janeiro, o governador Jaques Wagner, o se-cretário executivo da Aviação Civil, Guilherme Ramalho e o presidente da Empresa Brasileira de Infraestru-

tura Aeroportuária (Infraero), Antô-nio Gustavo do Vale, assinaram uma ordem de serviço para iniciar as obras de ampliação do terminal de passa-geiros do Aeroporto Internacional de Salvador, que custarão R$ 87 milhões.

A reforma, prevista para ser con-cluída em 360 dias, vai contemplar ainda o edifício-garagem. "Já estão em curso as obras de construção da nova torre, que consumirá R$ 15 mil milhões e as de ampliação dos pátios das aeronaves que custarão outros R$ 18 milhões", explica o superinten-

dente do Aeroporto Internacional de Salvador, Manoel Henrique Cardoso Bandeira.

O aeroporto baiano atualmente responde por mais de 30% da movi-mentação de passageiros do Nordes-te, recebendo uma média diária de 19 mil pessoas distribuídos em 240 pousos e decolagens. “Em 2012, pas-saram pelo aeroporto 8,6 milhões de passageiros. Ainda não temos a ex-pectativa do número de pessoas que circularão por aqui durante a Copa do Mundo, mas já estamos trabalhando pra atender a demanda futura”, com-pleta o superintendente da Infraero.

Durante a solenidade de assinatura dos convênios, o governador Jaques Wagner esclareceu que as obras não têm apenas o objetivo de preparar o aeroporto baiano para atender ao au-mento do fluxo de visitantes durante a Copa de 2014, mas também para outros grandes eventos na cidade. “Essa reforma é de grande importân-cia, não somente para a aviação regio-nal como para o desenvolvimento do País. Precisamos otimizar a hotelaria, bares, restaurantes, o comércio, e me-lhorar a infraestrutura do aeroporto, já que somos uma capital que vive ba-sicamente de serviços".

fora da rota

Embora estejam fora do roteiro da Copa, dois outros municípios baianos também receberão recursos para os seus aeroportos. Vitória da Conquista, no sudoeste, receberá R$ 60 milhões para construção de um novo aeropor-to. Deste total previsto, R$ 20 milhões, serão liberados na primeira etapa da obra. O outro município baiano con-templado com os recursos é Barreiras, no oeste do estado. O projeto, orçado em R$ 49 milhões, prevê a ampliação

Além do edifício-garagem, a área interna do aeroporto será reformada

700 miltorcedores

invadirão salvador entre junho e julho de 2014

V.3, n. 41, p. 29 - out/nov/dez.2012 - Bahia crea 29

e reforma das pistas de pouso e de-colagem, ampliação da pista de táxi, construção de um novo pátio para o estacionamento de aeronaves, vias de acesso interno, serviço contra incên-dio e ampliação da cerca.

Com relação aos prazos, Wagner disse que algumas obras ficarão pron-tas para a Copa das Confederações, mas outras só serão finalizadas no fi-nal de 2013. “Nem todas ficarão pron-tas porque estão sendo preparadas para a Copa do Mundo. A obra está sendo bastante avançada, acabamos de visitar a ampliação do pátio três, já vamos começar a ampliação do pátio um e tem um conjunto de obras que ultrapassa R$ 130 milhões na área de passageiros, incluindo a visibilidade da outra pista”.Com a conclusão das obras, segundo o governo, o número de passageiros pode aumentar para 40 milhões por ano. A capacidade atual é de nove milhões. No projeto, estão incluídos o estacionamento do aeroporto e o metrô com destino a Lauro de Freitas, município da região metropolitana de Salvador, que deve-rá passar na frente do aeroporto.

rodoviária

Enquanto o aeroporto ensaia a de-colagem para o futuro, a Estação Ro-doviária se dirige para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Construído há quase 40 anos, o Terminal Rodoviário de Salvador há muito entrou em um processo de saturação. Sem estrutura física para atender à demanda atual, a rodoviária chegou ao ponto de es-trangulamento. “O transporte físico está limitado. Não há condições de ampliação de novas linhas”, afirma a engenheira civil, Denise Ribeiro, do Departamento de Transportes da Universidade Federal da Bahia.

Mobilidade urbana está no

centro dos debates sobre

a infraestrutura da cidade

para a copa do Mundo

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tranSPorteS

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No momento, o departamento tra-balha num projeto conjunto com o Ministério dos Transportes para ava-liar a possibilidade de trazer de volta os trens regionais para ampliar a ofer-ta de transporte entre os municípios baianos. “O governo federal tem um

programa que prevê a reabilitação e o fortalecimento das linhas ferroviárias regionais e a Bahia está incluída. Por-tanto, a possibilidade de termos de volta esse importante meio de trans-porte é grande. Estamos concluindo o estudo de viabilidade e, já digo de an-temão, que está evidenciado que isso vai acontecer”.

PlanejaMento

A Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Trans-portes e Comunicações da Bahia (Agerba), responsável pela gestão da estação rodoviária, sinaliza com a possibilidade da construção de um novo terminal no município de Si-mões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, para atender à capital.

O projeto ainda não está sequer no papel, mas, para os que criticam a distância entre os dois municípios, Denise Ribeiro alerta que essa não é a questão mais importante. “Tudo depende do planejamento. O trem re-gional ou o metrô, seriam fundamen-tais. O mais importante não é a dis-tância entre as cidades, mas a oferta de transportes para fazer a ligação”.

A especialista lembra que muita gente trabalha na capital e mora em municípios próximos, como Candeias, Camaçari e Feira de Santana, e têm como única alternativa de transporte o sistema rodoviário. “Os trens regio-nais seriam o meio mais adequado”, diz. Na sua avaliação, o sistema de transporte urbano de Salvador está a beira do estrangulamento.

“Não existe um projeto em curso e a gestão das estações está muito aquém da necessidade da população. Até mesmo para o turista comum que visita Salvador, a situação já chegou ao limite, imagine se não houver um

A Agerba sinaliza a

possibilidade da construção

de um novo terminal

rodoviário em Simões Filho

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o sistema de transporte urBano de salvador e a gestão das estações está muito aquém da neCessidade da população. até mesmo para o turista Comum que visita salvador”

Denise Ribeiro, engenheira civil e pesquisadora do do Departamento de transportes da Universidade Federal da Bahia

investimento para a Copa do Mundo”, diz a engenheira, que acredita que falta uma política pública de uso do solo para fazer a integração de linhas. “Hoje a precariedade do sistema de transporte urbano é uma realidade, tanto em termos de infraestrutura quanto em serviços. Os problemas da rodoviária, não se restringem a falta de espaço físico".

O superintendente de Transporte da Secretaria de Infraestrutura do Es-tado, Ivan Barbosa, confirma que não há nenhum projeto em curso para construção de um novo terminal, mas defende que a estação rodoviária, tal qual está, ainda não está completa-

mente saturada. “O governo tem feito adequações à nova realidade”.

Enquanto o governo assegura que a situação está sob controle, a popu-lação reclamam. “Aqui falta seguran-ça, temos que conviver com sujeira, mau cheiro, piso danificados, além de pontos de ônibus precários”, reclama Ana Márcia Ribeiro que, todos os dias, passa pela estação para se dirigir a São Francisco do Conde. A professo-ra, assim como outros passageiros, sonha com dias melhores. “Nossa es-perança é que a Copa leve os gestores públicos a pensarem em alternativas para resolver os problemas de mobili-dade da cidade”.

«

crea V.3, n. 40, p. 28 - jul/ago/set.2012 - Bahia32

“sou uma mulHer sem dono”

pós dois anos à frente da Cor-regedoria Nacional de Justiça, com uma atuação impecável,

a ministra Eliana Calmon, retornou às suas funções no Superior Tribunal de Justiça (STJ). De quebra, assumiu o co-mando da Escola Nacional de Forma-ção de Magistrados e já deu sinais de que, por onde passa, deixa sua marca. “Um jornalista de Brasília comentou, que onde vou piso, os pés no tomate”, conta, em tom de risos. No seu con-fortável apartamento, com vista para o mar da Barra, a baiana recebeu a Revista do Crea-Ba e falou sobre seus planos para o futuro, o assédio que vem recebendo dos partidos políticos que a querem na política e outros te-mas polêmicos, como o julgamento do mensalão. Desde setembro do ano passado, na vice-presidência do STJ, em substituição ao ministro Gilson Dipp, Eliana prepara-se agora para assumir, interinamente, a presidência da instituição, no lugar do atual presi-dente, que entrará em férias.

tamente a escola. Em janeiro de 2013, passo a substituir o presidente do STJ, que sairá de férias.

A senhora tem a pretensão de chegar à presidência do STJ?Não. Eu chegarei pelo tempo, mas se-ria por pouco tempo, e acho que isso atrapalha a administra da instituição. De forma que não terei como alcançar os dois anos necessários, porque me aposentarei antes desse período.

E já pensou no que fará depois da aposentadoria?Não. Ainda tenho dúvidas. A minha ideia sempre foi participar de uma Ong, voltada para o combate à cor-rupção, para a área do Judiciário, que acho importantíssima. Creio que esse poder, se houvesse vontade política, seria capaz de solucionar o problema da corrupção no País e, hoje, está ha-vendo um pouco mais de consciência em relação a isso. Eu, pela minha ex-periência, acredito que poderia con-tribuir muito trabalhando numa Ong. Existem muitas que são sérias.

Parar de trabalhar, então, não está nos planos?Não. Eu sou muito inquieta, combati-va, e acredito muito nesse combate, porque tenho sido muito bem suce-dida em todos os meus empreendi-mentos, inclusive em todas as minhas “pisadas de tomate”, termino me dan-do bem. Isso porque eu sou muito co-medida, sei até onde eu vou, até onde chegam as minhas forças. Então, acho que tenho ainda muito a contribuir com meu País.

A senhora vem sendo muito assedia-da pelos partidos para ingressar na política. Isso está nos seus planos?Realmente, tenho sido muito procura-da pelos políticos, pois adquiri muita

>entreviSta eliana calmon, ministra do superior tribunal de justiça

por roNaLDo brito fotos joão aLvarez

A senhora está à frente da Escola Na-cional de Formação de Magistrados. Como sabemos que não é de se aco-modar com uma vidinha tranquila, com certeza já começou a revolucio-nar aquilo lá, estou certo? Está. Como diz um jornalista lá de Bra-sília, onde quer que vá, sempre piso os pés no tomate. Lá, não está sendo diferente. Estou querendo mudar um pouco a orientação na formação dos magistrados. E não estou querendo fazer aquilo que as escolas estaduais já vêm fazendo, que é dar formação jurídica. Eu não quero isso, quero dar uma formação macropolítica. Política judiciária. Acho que esse é o papel da escola nacional.

Em paralelo, a senhora atua como vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) interina desde setem-bro do ano passado. Como concilia as duas funções?Estou substituindo o vice, que está hospitalizado, e conduzindo conjun-

de férias na Bahia, antes de voltar à função dupla de presidente interina do stf e diretora da escola nacional de formação de magistrados, eliana

crea 33V.3, n. 40, p. 29 - jul/ago/set.2012 - Bahia

ciamento de campanha, que é um absurdo. Eu não vou colocar o meu pequeno patrimônio, que é fruto do meu trabalho, em risco, nem quero ser financiada por ninguém, para que ele seja meu “dono”. Sou uma mulher sem dono. De forma que é meio com-plicado aceitar um convite político.

Mas a política a seduz?Eu acho que tudo termina no Poder Ju-diciário, mas passa, necessariamente, pelo Poder Legislativo. Aliás, no filme “Tropa de Elite”, a mensagem é muito positiva, porque, depois de toda a luta do capitão Nascimento, ele encontra abrigo no Congresso Nacional. Aquilo é lindo. Mas, hoje, temos uma política

eU Não soU mUito a favor Dessa qUestão De íNDoLe. acho qUe isso Não existe, o qUe existe é eDUcação. se você é eDUcaDo para Um país civiLizaDo é Uma coisa. se você é eDUcaDo em Um país oNDe faLta a ética, você Leva ferro o tempo toDo”

« credibilidade popular e isso faz bem a alguns partidos. O PPS, por exemplo, é um partido que tem uma forma di-ferente, que se inclina mais para as questões da ética e da moral, e tem procurado candidatos com esse perfil. O PPS foi o primeiro partido a me pro-curar. Me ofereceram uma medalha de mérito legislativo. Depois, fui até lá, na sede deles, até para agradecer, e eles fizeram uma abordagem dire-ta. O PV também já me abordou. No partido de Kassab (PSP), seria para sair como senadora por Brasília. Mas eu não tenho muita inclinação para a política. Nunca fui política. Acho que a gente tem que fazer o que sabe. Outra coisa é esse sistema de finan-

crea V.3, n. 40, p. 30 - jul/ago/set.2012 - Bahia34

sem sombra De DúviDas. toDas as vezes qUe existir Uma impUNiDaDe, existe também estímULo para qUe isso coNtiNUe. qUaNDo há a coNDeNação, a repressão, as pessoas recUam”

>entreviSta eliana calmon, ministra do superior tribunal de justiça

«nacional que foi dominada por uma linha que é completamente absurda. Estamos elegendo, como presiden-te do Senado, Renan Calheiros. Isso é um absurdo! Vamos eleger, como presidente da Câmara, Henrique Al-ves! São pessoas que não têm credi-bilidade, do ponto de vista da ética e da moral... Estamos orgulhosos, politicamente, de empossar José Ge-noíno, que acaba de ser condenado por crimes gravíssimos, no Supremo Tribunal Federal (STF). E sabemos que dificilmente a pena dele vai cair, por-que será o próprio STF que julgará os recursos. E se utilizaram desse expe-diente regimental para empossá-lo. Um acinte ao Poder Judiciário. Esse é o Congresso que nós temos. Precisa-mos melhorar? Precisamos. Mas será que eles querem melhorar? Tenho muitas duvidas a esse respeito. Quem seria Eliana Calmon no Congresso Nacional. Ali é que eu tenho medo de “pisar no tomate”.

E o Poder Executivo, não a interessa?Muita gente diz que vou acabar indo para lá, que irei para o Ministério da Justiça, para a Advocacia Geral da União, mas o Executivo é também um problema sério. Nem a presidente da República tem carta branca. Ela é re-fém de Lula, dos partidos aliados, do PMDB... E eles estão ganhando força agora, estão dizendo que vão colocar ela nos eixos. Então eu pergunto: é possível chegar a um ministério des-

ses com carta branca? Lógico que não. Para eles, seria bom colocar lá alguém que tenha credibilidade po-pular, dariam uma satisfação ao povo, mas acabariam com a minha credibili-dade. Me matariam de inanição. Com todos os defeitos, tive independência para fazer o trabalho que fiz na Cor-regedoria.

Como a senhora está viu o julgamen-to do mensalão?Fiquei muito satisfeita. Não pelo re-sultado, mas pelo seguimento das coisas, pela clareza com que os votos foram dados, pela postura assumida pelos ministros, que expressaram-se em uma linguagem compreensível. Porque eu entendia que o Judiciário, por meio do STF, falava uma lingua-gem tão hermética que até nós, que somos de lá, muitas vezes, não enten-díamos. Eram aqueles votos enormes, imensos, cheios de tecnicismos. De forma que o julgamento do mensa-lão foi tão claro que os brasileiros o seguiram como seguem uma novela. As pessoas iam para casa mais cedo para ouvir os ministros. Acompanha-ram tudo, porque entendiam o que os ministros estavam fazendo.

O que a gente pode tirar de aprendi-zado desse julgamento?Tiramos a lição de que o povo quer que a Justiça funcione. E esse é um grande avanço para a Justiça brasi-leira, saber que conta com um povo

que deseja realmente que as coisas funcionem.

A senhora acha que as condenações servirão de exemplo para que outros políticos, gestores públicos ou em-presários pensem duas vezes antes de cometer crimes contra o erário?Sem sombra de dúvidas. Todas as ve-zes em que existe uma impunidade, existe também o estímulo para que isso continue. Quando há a condena-ção, a repressão, as pessoas recuam. E eu acho que, a partir de agora, te-remos um grande divisor de águas. Isso porque, até então, nunca tivemos um julgamento de poderosos, de cri-me de colarinho branco. O STF ficava com aquelas teses de “garantismos”, criadas pelos grandes escritórios de advocacia de São Paulo, e nunca en-frentou as coisas como deveria. Tanto que os advogados de defesa dos acu-sados do mensalão tinham consciên-cia absoluta de que seus clientes não seriam condenados, que o julgamen-to seria como estavam acostumados a ver. Até saiu publicada uma foto, em um jornal, que pretendo recuperar e colocar em um quadro. É de um gru-po desses grandes advogados rindo à ponto de se virarem pra trás, como se estivessem felizes, com a certeza da absolvição de seus clientes, num de-boche absoluto. Aquilo me indignou.

Era esse o resultado que a senhora esperava?Não. Eu esperava que o relator (Joa-quim Barbosa), que eu conheço bem, tivesse aquela postura, mas não pen-sei que houvessem tantas adesões ao voto do relator. Eu estive conversando com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fui me despedir dele, e perguntei-lhe qual a expectativa. Ele me disse que não tinha a menor ideia. O que eu posso dizer é que as

creaV.3, n. 40, p. 31 - jul/ago/set.2012 - Bahia 35

precisamos meLhorar? precisamos. mas será qUe eLes qUerem, efetivameNte, meLhorar? teNho mUitas DUviDas a esse respeito. qUem seria eLiaNa caLmoN No coNgresso NacioNaL. aLi é qUe eU teNho meDo De pisar No tomate”

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provas são muito contundentes. Eles (os acusados) não tiveram nenhuma preocupação em esconder as provas. Vivemos uma crise de ética?Ah sim, porque é do ser humano que-rer se dar bem. Essa crise de ética na política, nos poderes públicos, irradia para a população. Onde começar essa limpeza ética? Tem que ser no Estado, que deve dar o exemplo. O Estado, na medida em que este está contamina-do com essa infiltração de pessoas que só querem se dar bem, torna a população refém, muito embora esta não concorde. A população sempre está do lado certo. Ou fazemos uma reforma política, que nos coloque num patamar de ética, ou não tere-mos um povo ético.

Em sua opinião, a ética pode ser ad-quirida ou ela diz respeito apenas a índole da pessoa?É um exercício. Eu não sou muito a fa-vor dessa questão de índole. Acho que isso não existe, o que existe é educa-ção. Se você é educado para um país civilizado é uma coisa. Se você é edu-cado em um país onde falta a ética, você leva ferro o tempo todo. E você acaba entrando no campo da Lei de Gérson, de se dar bem. Em um mo-mento em que o País começa a cami-nhar certo, começa a respeitar os seus direitos, você intui que tem de andar dessa forma também. Ninguém se in-comoda de jogar lixo na rua, porque sabe que não existe sanção para isso. No dia em que houver, as pessoas dei-xarão de jogar.

crea36 V.3, n. 41, p. 36 - out/nov/dez.2012 - Bahia

>recUrSoS hídricoS

crea36

descaso com as águas subter-râneas e superficiais brasilei-ras não se restringe somente

à questão ambiental. A falta de ges-tão integrada desses mananciais e o desconhecimento, por parte da po-pulação, são problemas antigos no Brasil. O assunto passou a ser discuti-do no mundo na década de 90, mas, por aqui, ainda é impossível prever uma data para o início deste geren-ciamento. Preocupados com o tema, geólogos, hidrogeólogos, hidrólogos, técnicos de órgãos dos governos esta-dual e federal e representantes de ins-tituições de ensino participaram do Seminário Nacional Sobre o Sistema Aquífero Urucuia (SAU), realizado em Salvador, em dezembro de 2012.

Majoritariamente situado na Bahia, onde ocupa 142 mil km, o SAU se estende também pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí, Goiás e Minas Gerais, interferindo nas bacias dos rios São Francisco, Tocantins e Parnaíba. Recentemente, a universi-dade assumiu a tarefa de desmistifi-

gerenCiamentodas águasmoBilizaespeCialistasestudos sobre o aquífero urucuia põem em discussão a necessidade urgente de uma gestão integrada

por NaDja pacheco

car o Urucuia. Estudos vêm sendo de-senvolvidos pela Ufba, UNB e Unesp, na tentativa de definir geometria, espessura, delimitação do substrato, caracterização geológica e hidrogeo-lógica, gerando informações técnicas fundamentais para a gestão dos re-cursos. Os dados serão utilizados para planejar o desenvolvimento sustentá-vel da região e definir o limite de uso da água subterrânea sem comprome-ter a sua contribuição para a manu-tenção da vazão do Rio São Francisco.

MonitoraMento

De acordo com Márcia Pantoja, geren-te de águas subterrâneas da Agência Nacional das Águas (ANA), a gestão integrada de recursos hídricos é com-plexa devido à variedade de compo-nentes físicos, legais e políticos. “A gestão de água superficial e subterrâ-nea não pode ser separada. Para que o gerenciamento ocorra, é necessário disponibilização de recursos financei-ros, ampliação da articulação entre as instituições, implantação de um

banco de dados e capacitação técnica continuada”, explica.

Pantoja explicou que a ANA vem desenvolvendo estudos no Sistema Aquífero Urucuia, um projeto orçado em R$ 4,5 milhões. “Estamos fazendo o levantamento em torno da vulnera-bilidade e manejo da água, uso e ocu-pação do solo, riscos de contamina-ção, entre outros”, afirma, destacando que a agência está trabalhando com informações de 200 poços tubulares no Urucuia. Os estudos da ANA de-verão ser encerrados no primeiro se-mestre deste ano.

Segundo Maria Antonieta Alcân-tara Mourão, doutora em geologia e técnica do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a rede de monitoramento do órgão federal no Urucuia é composta por 38 poços, responsáveis pela gera-ção de informações sobre o comporta-mento do aquífero. A meta, este ano, é implantar três poços estratigráficos. Mas, ela salienta que falta fundamen-tação técnica que comprove a presen-ça de agrotóxico na água do Urucuia – uma denúncia constante dos mo-vimentos sociais da região Oeste da Bahia. “As análises químicas não mos-traram a presença de veneno, mas es-tamos ajustando tudo para que as di-ficuldades sejam contornadas e a rede integrada seja viável”. A CPRM possui 250 poços de monitoramento no País.

dadoS coMPartilhadoS

O geólogo Renato Andrade, analis-ta técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-BA), chama a atenção dos representantes da ANA e CPRM para a necessidade de atuação integrada dos órgãos e união de esforços para a formação de um banco de dados com informações consistentes, que permitam a gestão adequada do Urucuia. “A legislação sobre água subterrânea não é uni-ficada. Minas Gerais, por exemplo,

crea

NGilbués (PI)

Formosa do Rio Preto (BA)

Luís EduardoMagalhães (BA)

Barreiras (BA)

Correntina (BA)

BA

MG

Posse (GO)

Taguatinga (TO)

GOMG

GO

BA

TO

GO

BA

TO

PI

TO

PIBA

SISTEMA CÁRSTICO-FISSURALCRÁTON DO SÃO FRANCISCO

SISTEMA CÁRSTICO-FISSURAL

PROVÍNCIA TOCANTINS

SAUORIENTAL

SAUCENTRAL

SAUOCIDEN-

TAL

METROS

POSSE

PLUVIOSIDADEMÉDIA(mm)

ÁREA DE RECARGAPRINCIPAL DO SAU

1.000

900

800

700

600

500

Rio São FranciscoSRA. Mª DA

VITÓRIA

SÃO FÉLIXDO CORIBE

CORRENTINA

NEOPROTEROZOICO

ARQUEANO/PALEOPROTEROZOICO

Grupo Bambuí

Complexo gnáissico-migmatítico de Correntina

CONVENÇÕES GEOLÓGICAS

MESOZOICO (Neocretáceo)Grupo Urucuia

Formação Serra das Araras

Formação Posse

AD

CB

Nível estático regional

Nível potenciométrico

Eixo divisor do fluxo subterrâneo

Rios

Nascentes

Paleoventos

AQUÍFERO LIVRE COM NÍVELESTÁTICO PROFUNDO

CONVENÇÕES HIDROGEOLÓGICAS

AQUÍFERO DE TRANSFERÊNCIA -Função recarga do Sistema Cárstico-Fissural do Cráton do São Francisco

A

D

Rio Arrojado

Rio da PrataRio Formoso

Rio Corrente

SISTEMA AQUITARDE-AQUÍFERO

Rio Corrente

1.500 1.400 1.300 1.200 1.100 1.000 900 800

TÍTULO DO GRÁFICONono nono non, nnon, non nononnonnonon non nononon nononon non,no nono non, nnon, non nonoon.

>O Oeste baiano é responsável por 40% da área irrigada da Bahia;

>A Bahia também possui os aquíferos cárstico da região de irecê, de são sebastião no recôncavo e da Bacia sedimentar de tucano.

>a idade aproximada do sau é de 65 milhões de anos.

>existem 1.433 poços e nascentes cadastrados no sau

saiba mais sobre o UrUcUia

por DeNtro Do aqUífero

>

90% das águas do rio são francisco, na época de seca, vêm do sau.

140 mil hectares do oeste baiano são irrigados

V.3, n. 41, p. 37 - out/nov/dez.2012 - Bahia

possui uma lei própria de gestão das águas subterrâneas (Lei. 13771/2000). A Bahia possui apenas um capítulo na Lei que estabelece a Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei. 11612/2010). É importante que todas as informa-ções sejam disponibilizadas à socie-dade, afinal os estudos são feitos com recursos públicos”.

De acordo com Zoltan Romero Rodrigues, geólogo e especialista em recursos hídricos do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), apesar de a maior parte do Urucuia estar em solo baia-no, a Bahia é o estado mais atrasa-do em relação à questão de outorga das águas subterrâneas. “É por meio de eventos como este que tentamos chamar a atenção para a questão”. O geólogo reiterou ainda a contribuição

da gestão integrada das águas para análise dos impactos ambientais. “Os estudos da ANA e da CPRM são fun-damentais para envolver usuários, órgãos gestores e sociedade. Por en-quanto a situação é confortável, mas quando existirem impactos, haverá conflitos entre os seis estados”, alerta.

Diretor de Hidrologia e Gestão Ter-ritorial do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Thales Sampaio afirmou que o levantamento geofísico sem controle estratigráfico não funciona. “Faremos o que for necessário na geologia, geo-física e estratigrafia para compreender o Sistema Aquífero de Urucuia e garan-tir a vazão do rio São Francisco e o de-senvolvimento econômico”, pontuou, assegurando a alocação de recursos para que as dúvidas ainda existentes sobre o SAU sejam esclarecidas.

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estrutura CompleXa é desafio para espeCialistas

crea

>tecnologia

V.3, n. 41, p. 38 - out/nov/dez.2012 - Bahia

magine acordar e não ter mais os movimentos dos membros infe-riores ou superiores. A situação é comum para vítimas de Acidente

Vascular Cerebral (AVC) ou de lesões medulares, que muitas vezes perdem a dorsiflexão – o movimento de fle-xão na articulação do tornozelo. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o estudante Vitor Veiga, 18 anos, quan-do tinha apenas 14, em 2008. Con-tudo, em meio ao drama familiar, o poder de se colocar no lugar do outro pode dar um rumo diferente a essa e diversas outras histórias.

Comovido com a situação do ir-mão, Daniel Veiga, 22, estudante de engenharia mecatrônica da Unifacs, criou, em parceria com os colegas Bruno Cavalcanti e Bruno Soares, o protótipo de uma palmilha inteligen-te, que evoluiu para uma tornozeleira batizada de Motus (do latim movi-mento). A tecnologia é capaz de im-pulsionar o músculo que movimenta a ponta do pé de uma pessoa com deficiência, por meio da eletroestimu-lação, funcionando como uma central de processamento de dados ligada ao músculo por elétrodos. Os estudantes criaram a Startup Vitae – Soluções em

inovadores por naturezaestudantes e profissionais brasileiros usam ferramentas tecnológicas para alavancar o desenvolvimento econômico do país

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acessibilidade, empresa de engenha-ria que desenvolve produtos na área de reabilitação.

O aparelho foi concebido dentro do Laboratório de Robótica, da Incu-badora de Negócios Unifacs, sob a coordenação do engenheiro mecâ-nico Thomas Buck, com consultoria de professores de fisioterapia da uni-versidade. O projeto aguarda agora a liberação do Comitê de Ética Médica, do Conselho Nacional de Saúde, para que os primeiros testes sejam realiza-dos. “Meu irmão sofreu a dissecção da artéria carótida, vaso sanguíneo que leva sangue do coração ao cérebro, por conta de um problema genético. O quadro evoluiu para um AVC. Parti para a pesquisa e consultei um amigo fisioterapeuta, que disse já existir um aparelho parecido para auxiliar na lo-comoção de pacientes com dificulda-de de mobilidade. Usamos como base e criamos o Motus”, conta Daniel.

caPacitação

O jovem faz parte de um grupo cada vez maior de brasileiros que buscam capacitação para o salto de qualida-de tão necessário para o desenvol-vimento nacional. “O quanto você

está motivado é o quanto você pode alcançar. É a medida para chegar mais longe”. O Motus é uma órtese, complementa o membro danificado, diferentemente de uma prótese, que substitui um órgão. O sistema é acio-nado por uma conexão sem fios via rádio a partir da tornozeleira, onde está instalado um módulo de sen-sores que detecta as características do passo a ser dado após a retirada do calcanhar do chão: aceleração, inclinação, velocidade e deslocamen-to. Com o dispositivo, os estudantes venceram a edição 2011 do prêmio Ideias Inovadoras, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (Sebrae) e receberam o prêmio de R$ 8mil, investido na pa-tente do invento.

Esse trabalho levou Daniel a Wa-shington (EUA), em abril de 2012. Ele foi o único brasileiro, entre cem estu-dantes de 96 países, escolhido pela Laureate International Universities, para representar o Brasil no Clinton Global Initiative University, evento criado pelo ex-presidente Bill Clinton para premiar iniciativas inovadoras,

por arivaLDo siLva

foto joão aLvarez

creaV.3, n. 41, p. 39 - out/nov/dez.2012 - Bahia

habilidades em liderança e compro-metimento social em universidades de todo o mundo. “A importância do Motus vai além do estímulo elétrico. Os dados armazenados no apare-lho serão usados por fisioterapeutas e médicos para balizar e aprimorar o tratamento do paciente”, explica Bruno Cavalcanti. Outro dispositivo desenvolvido pelos estudantes é uma impressora braile de baixo custo que

com ideias promissoras ligadas a pes-quisa. Estes empreendedores estão antenados com as mudanças históri-cas e atuam no desenvolvimento de tecnologia e conhecimento de ponta, seja dentro de empreendimentos de base tecnológica, seja em incubado-ras, instaladas nas universidades, com o objetivo de gerar inovação em prol da sociedade.

Projetos surgidos na capital baiana destacam-se pela inovação e uso da tecnologia em áreas distintas. Um de-les é um sistema de automação batiza-do de “Barras de Proteção para Metrôs e Trens Metropolitanos”, que recebeu menção honrosa durante a 15ª Edição Internacional - Negócios nos Trilhos, que ocorreu em novembro do ano pas-sado na capital paulista.

Desenvolvido pelos baianos João Marques (tecnólogo de petróleo e gás), Álvaro Lessa (inventor e proje-tista) e Daniel Santos (metalúrgico), o invento foi escolhido entre mais de 30 projetos de renomadas empresas do segmento metroferroviário de todo o País. “Os acidentes em estações são rotineiros. Sem a proteção adequada, são ainda mais frequentes. Espera-mos que Salvador seja a primeira ci-dade a usar este equipamento”, afir-ma João Marques.

incentivo e inovação

No bojo das inovações tecnológicas que estão surgindo, o Parque Tec-nológico da Bahia tem papel impor-tante, com seus grupos de pesquisas divididos nas áreas de: tecnologia da informação e comunicação, energia e engenharias e biotecnologia e saúde. O empreendimento conta hoje com as seguintes empresas: IBM, Unigel, Softwell, Jus Brasil, VCR Informática, Cetene, Prodeb, Grupo Meta, EriccsonI-novação, Indra. Implantado em 2007, o Programa Estadual de Incentivo à Ino-vação Tecnológica – Inovatec – dispõe

ganhou, pelo segundo ano consecuti-vo, o prêmio da Fapesb para inovação, desta vez no valor de R$ 15 mil.

fenôMeno StartUP

Empreendedorismo social e inova-ção. Estas palavras traduzem o es-pírito dos que se dedicam à área de tecnologia de ponta. O fenômeno é chamado de startup, empresas que, geralmente, surgem em incubadoras,

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Daniel Veiga, estudante de mecatrônica, e atornozeleira Motus

COMO FUNCIONAAtravés da eletroestimulação é possível movimentar a ponta do pé deuma pessoa com deficiência

Uma central de processamento de dados é ligada ao músculo através de eletrodos. O sistema é acionado por uma conexão sem fios via rádio a partir da tornozeleira, onde está instalado um módulo de sensores que detecta as características do passo a ser dado após a retirada do calcanhar do chão

O dispositivo detecta a aceleração, inclinação, velocidade e deslocamento

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>tecnologia

de R$ 15 milhões em recursos do Fundo de Investimento Econômico e Social (Fies) para fomentar projetos que con-tribuam para o desenvolvimento cien-tífico e tecnológico do Estado.

aS incUbadoraS

Segundo dados do Conselho Na-cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a Bahia é o sexto Esta-do com mais pesquisadores no País e o primeiro do Norte/Nordeste. De acordo com o secretário estadual de Ciência Tecnologia e Inovação, Paulo Câmara, o cenário é propulsor e o in-vestimento é indispensável para o de-senvolvimento de uma cultura de em-preendedorismo. “No Tecnocentro, já temos nove empresas totalmente voltadas para a sinergia inovadora. E novos investimentos estão sendo fei-tos. Agora, o programa será estendido para cidades do interior, como Ilhéus, Itabuna, Vitória da Conquista e Feira de Santana”.

O Tecnocentro, edifício central do Parque Tecnológico da Bahia, foi inau-gurado em setembro de 2012 e, nele, foram investidos R$ 53,3 milhões do ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e R$ 7,1 milhões de contrapartida do Governo da Bahia. Todo esse investimento, objetiva abrigar pequenas, médias e grandes empresas a fim de gerar novos negó-cios e impulsionar a economia baia-na. Dados do estudo Demografia das Empresas 2009, do Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que quatro em cada dez empresas fecham após os dois pri-meiros anos. Já o estudo do Sebrae, Taxa de Sobrevivência de Empregos no Brasil, de 2011, indica que mais de 1,2 milhão de novos empreendimen-tos formais são criados anualmente no País. Desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas e Empre-endedores Individuais (EI).

a quase inacreditávelrevolução da bio-retinaEm meados dos anos 1960, quando a série de ficção científica Jor-nada nas Estrelas - Star Trek estava no auge, o engenheiro-chefe da nave Enterprise, comandante Geordi La Forge, chamava atenção por conta de um acessório que utilizava como visor. Portador de cegueira congênita, La Forge usava uma prótese que funcionava como uma espécie de retina artificial, transformando sinais luminosos em ima-gens enviadas diretamente ao cérebro, fazendo-o enxergar.

Hoje, os avanços da bioengenharia focados em regeneração ocu-lar divulgados em pesquisas da Universidade de Cornell (EUA), e de uma empresa de Israel, rompem as barreiras entre ficção e realida-de e trazem esperança a pessoas que perderam a visão, por doenças oculares degenerativas. Batizada de bio-retina, o invento é um chip com uma célula fotovoltaica implantada por meio de uma incisão e fixada na retina. O chip é alimentado por uma fonte de lasers instala-dos nos óculos do paciente.

a LiNgUagem Do empreeNDeDorismo tecNoLÓgico

Startup >a expressão em inglês é usada nos eua há várias décadas. no entanto, foi com a chamada bolha da internet, entre 1996 e 2001, que o termo começou a ser usado no Brasil como sinônimo de um grupo de pessoas trabalhando em ideias que podem gerar dinheiro. startup também é aquela ebulição criativa, própria de quem inicia uma empresa e a coloca em funcionamento.

incubadora de base tecnológica >é um ambiente que permite o acesso a serviços especializados, orientação em gestão, espaço físico e infraestrutura técnica, administrativa e operacional, para o desenvolvimento de empreendimentos inovadores.

Outro vetor de crescimento destas empresas são as incubadoras, como a de Base Tecnológica da Escola Politéc-nica da Ufba – a Inovapoli, ambiente onde são gerados produtos, proces-sos ou serviços a partir de pesqui-sas aplicadas, nas quais a tecnologia representa alto valor agregado. De acordo com o conselheiro do Crea-BA e diretor da Escola Politécnica, enge-nheiro civil Luís Edmundo Campos, as universidades e o governo estão esti-mulando as ideias dos empreendedo-res. “É preciso fomentar o empreen-dedorismo desde a universidade para mudar a cultura do estudante em re-lação ao mercado. Na Bahia, o profis-sional, não só de engenharia, conclui a faculdade para ser empregado. Não existe inovação sem empreendedo-rismo”. E para isso, segundo ele, a in-cubadora é fundamental. “Se a incu-badora consegue proteger a empresa nesse período, consegue-se melhorar a situação do País e dar mais emprego e renda para a população”.

V.3, n. 41, p. 3 - out/nov/dez.2012 - Bahia crea 41

m estudo inédito realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) revela a necessida-

de de mão de obra qualificada para a indústria até 2015, com a previsão de 7,2 milhões de vagas para técnicos. De acordo com o levantamento, dos 24 milhões de jovens brasileiros (18 a

>edUcação

o domínio dos téCniCosno merCadoopção por cursos profissionalizantes, uma constante em países ricos como japão e alemanha, começa a ganhar força no Brasil

por NaDja pacheco

fotos joão aLvarez

24 anos), apenas 3,4 milhões (15%) in-gressam nas universidades. A escolha pelos cursos profissionalizantes, ape-sar de não ser uma realidade no Brasil, onde apenas 6,6% dos estudantes fa-zem esta opção, é uma constante em países ricos como Japão e Alemanha, onde 50% dos jovens preferem o en-sino técnico.

A pesquisa sinalizou a região Su-deste como a que vai demandar mais mão de obra, 57,6%, o que representa abertura de oportunidades para cerca de 4,13 milhões de técnicos. A previsão é que, até 2015, o Nordeste empregue 854,5 mil profissionais de nível mé-dio. Este foi o cenário apresentado durante o 1º Encontro de Técnicos In-dustriais da Bahia, realizado em 17 de dezembro do ano passado, em Salva-dor. Promovido pelo Crea-BA, Mútua e Sindicato dos Técnicos Industriais da Bahia (Sintec), o evento abordou o mercado de trabalho, a formação, o perfil, a regulamentação e a represen-tação da categoria.

Segundo o gerente do Senai-Ce-tind, Alex Santiago, existem 177 ocu-pações diferentes para a área técnica e as maiores demandas se concen-tram nas seguintes áreas: controle de procedimentos, eletrônica, eletricida-de, desenvolvimento de sistemas e aplicações e operação de computado-res. “O Brasil precisa de um modelo de educação que consiga potencializar o seu desenvolvimento econômico e

O 1º Encontro de técnicos Industriais da Bahia abordou o mercado de trabalho e a formação da categoria

crea42

>edUcação

V.3, n. 40, p. 42 - jul/ago/set.2012 - Bahia

social”. Santiago diz que o desafio do Senai é abrir quatro milhões de matrí-culas até 2014 em suas 809 unidades operacionais. “Em 70 anos qualifica-mos aproximadamente 55 milhões de pessoas. Queremos continuar for-mando bons técnicos para o mercado brasileiro”.

As expectativas em torno do cres-cimento do mercado baiano são positivas. Foi o que sinalizou Rafael Valverde Souto, superintendente de Indústria e Mineração do Governo

energiaS renováveiS

De acordo com Rafael Valverde, a Bahia possui 59 projetos de energia eólica. “A Bahia é o único Estado do Nordeste que continua vendendo pro-jetos, pois possui um potencial inex-plorado de 10 vezes o valor comercia-lizado. Temos condições excepcionais de vento e de comercialização”, afir-ma, destacando que Camaçari cami-nha para ser o maior potencial eólico da América Latina, com a geração de oito mil empregos na área. Segundo o superintendente, a Bahia também é a segunda fonte de energia solar com maior potencial do Brasil.

De olho nesse mercado de energia renovável, a Alstom instalou uma de suas fábricas de produção de aeroge-rador em Camaçari em 2011. Segun-do o gerente de recursos humanos da multinacional, Fernando Picolo, a região Nordeste detém o maior potencial eólico brasileiro (75GW). “Vinte e cinco por centro da energia do mundo é Alstom, não poderíamos ficar longe deste mercado”. Sobre o empenho do profissional baiano, Picolo afirmou que a empresa está satisfeita. “Não temos do que recla-mar até aqui. podemos constatar que o nível dos técnicos é excelente”. Segundo o gerente, a multinacional, que é formada por um quadro 100% técnico, deve empregar mais 60 pro-fissionais de nível médio este ano. “Viemos para fazer da Bahia o futuro do Brasil”.

Perfil

Gostar da área industrial, analisar criticamente fatos e dados, ter inicia-tiva e ser capaz de trabalhar em equi-pe são alguns dos pré-requisitos ado-tados pela Braskem para contratar seus profissionais. A empresa possui 7.600 funcionários e 3.900 atuam na carreira técnica operacional (51%). De acordo com Nadja Mello Silva, geren-

da Bahia. O representante da gestão estadual reiterou a importância da formação de mão de obra para aten-der a grande demanda prevista para os próximos três anos: que é a gera-ção de 82 mil empregos, abertura de 510 indústrias e o investimento de U$ 34 bilhões. Segundo ele, o reflexo do aumento de oportunidades para os profissionais de nível médio é a trans-formação do Polo de Camaçari, que deixou de ser petroquímico, passando a abrigar outros negócios.

"a BaHia é o úniCo estado do nordeste que Continua vendendo projetos, pois possui um potenCial ineXplorado de 10 vezes o valor ComerCializado. temos Condições eXCepCionais"

Rafael Valverde, superintendente

de Indústria e Mineração da Bahia

“é neCessárioampliar a partiCipação dos téCniCos nasquestões polítiCasdo Confea-Crea, mas é preCiso que eles proCurem organizaçãopor meio das entidades”

Sérgio Souza, presidente do Sindicato dos técnicos Industriais da Bahia (Sintec)

creaV.3, n. 41, p. 43 - out/nov/dez.2012 - Bahia 43

te de educação industrial da multi-nacional, criatividade, determinação, maturidade e confiabilidade também são características analisadas. A ge-rente destacou os programas de for-mação de operadores e de estágio técnico.

O primeiro, com duração de 18 meses, visa atrair e formar novos ta-lentos para ingressarem na carreira de operação industrial. O segundo investe em jovens talentos e oferece oportunidades para o início da carrei-ra profissional. “Iremos contratar, nos próximos cinco anos, 895 técnicos, então é importante que os jovens es-tejam atentos a essas iniciativas”, res-salta, destacando ainda o portal Jo-vem Braskem (www.jovensbraskem.com.br), canal criado com a proposta de interação e troca através das co-munidades, compartilhamento de

dúvidas nos chats, de links úteis e ar-tigos e inscrição de currículos.

regUlaMentação

A representatividade dos técnicos no Sistema Confea/Crea ainda está sen-do construída. Segundo Sérgio Souza, presidente do Sindicato dos Técnicos Industriais da Bahia (Sintec), o plená-rio do Conselho Federal de Engenha-ria e Agronomia e de alguns Creas do Brasil já é composto por profissionais de nível médio, mas na Bahia ainda não existe representação da catego-ria. Segundo ele, é importante inse-rir esses profissionais nas discussões políticas. “São necessários esforços, a fim de ampliar a participação dos técnicos nas questões políticas do Sis-tema Confea-Crea, mas é preciso que eles procurem organização por meio das entidades.”

Jessé Lira (Sintec-PE); Marco Amigo ( crea-BA); Sérgio Souza ( Sintec-BA) e Luis Roberto Dias (Sintec-GO)

27.263técnicos estão registrados no Crea-

Ba e 442 mil, no Confea;

r$ 2 mil é a remuneração inicial;

30%da produção industrial da Bahia

está focada no petróleo;

o estaleiro Enseada do Paraguaçu vai gerar

7 mil

empregos e deve funcionar em janeiro de 2014;

A Bahia é o

5º maior produtor de veículo e de

minérios do país

>

crea44 V.3, n. 41, p. 44 - out/nov/dez.2012 - Bahia

>conStrUção civil

crescimento da indústria da construção civil na Bahia tem rendido números estratos-

féricos. Somente em 2011, segundo dados da Ademi-Ba, foram lançadas no mercado local quase 13 mil novas unidades. O setor é também um dos recordistas na produção de resíduos sólidos. As perdas, oriundas do des-perdício de materiais e do refugo das demolições, levaram as empresas do segmento a buscarem soluções para o reaproveitamento do que iria parar no lixo. Um dos casos mais emblemá-ticos foi o do antigo estádio da Fonte Nova. Sua demolição, para dar lugar à nova arena que sediará algumas das disputas de futebol da Copa do Mun-do de 2014, gerou aproximadamente 77,5 mil toneladas de resíduos.

O que, em outros tempos, teria como destino os parcos aterros da ci-dade ganhou novas funções. As mais de mil toneladas de aço resgatadas da demolição foram parar nas siderúr-gicas. Parte do material foi transfor-mado em souvenires que, após serem comercializados, renderam recursos para as Obras Sociais de Irmã Dulce (OSID). Outras 40 mil toneladas ga-

a ordem é reCiClar e ser

sustentávelConsiderada exemplo no

segmento, a arena fonte nova reaproveitou 100% dos materiais

da demolição do antigo estádio

com universidades e com o Ministério Público no intuito de melhorar o cená-rio da construção civil na Bahia. Seja através de palestras, seminários e cur-sos, seja no fortalecimento de ações e no desenvolvimento de diagnósticos quantitativo e qualitativo da geração, coleta e destinação dos resíduos. O compromisso do Sinduscon-Ba com a gestão dos resíduos o levou a inte-grar o Grupo Gestor de Resíduos da Construção Civil, que faz parte da Co-missão do Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC). Este grupo, como expli-ca Thomas, desenvolve trabalhos em função da das Políticas Nacionais de Resíduos Sólidos.

por roNaLDo brito

no

no

no

oo

no

no

no

nharam vida e se transformaram em arte pelas mãos do artista plástico Bel Borba, que criou esculturas, reunidas na exposição Aqui. 7 elementos, mos-trada nos principais museus da cida-de, a exemplo do Palacete das Artes, onde as peças expostas tinham até quatro metros de altura.

ParceriaS

A reutilização, segundo o diretor de engenharia da Arena Fonte Nova, José Luiz Góes, foi de 100%. “Os resíduos tiveram os mais diversos fins. Desde o uso de materiais para confecção dos uniformes dos operários até o rea-proveitamento de parte dos resíduos para o corpo de prova de concreto.”

A iniciativa não é a única. De acor-do com Natasha Thomas, assessora técnica do Sinduscon-Ba, a reu-tilização dos resíduos tem sido prática comum nas construtoras. “O Sindus-con-Ba vem fortalecendo a cada dia as parcerias com o Sistema S (Sebrae, Senai e Sesi)”.

Além destes, a parceria também foi estabelecida

divulgação

crea 45V.3, n. 41, p. 45 - out/nov/dez.2012 - Bahia

Segundo dados da Limpurb, o volu-me de resíduos sólidos gerados pelas construtoras tem crescido na propor-ção do mercado imobiliário. Em 2011, de acordo com o órgão, foram gera-dos 708 mil toneladas de resíduos. Nos últimos cinco anos, a média foi de 583 mil toneladas/ano. A escassez de aterros específicos também tem sido uma preocupação do setor. Para dri-blar a situação, a resolução determina que os grandes geradores de resíduos sólidos (acima de 2m) elaborem proje-tos de gerenciamento, com o objetivo de estabelecer procedimentos neces-sários ao manejo e destinação.

Na capital baiana, segundo o Sin-duscon-Ba, os resíduos classificados na categoria C (para os quais não fo-ram desenvolvidas tecnologias econo-micamente viáveis) vão para o Aterro Revita, que hoje funciona como uma área de transbordo e triagem. Já os metais e plásticos (B) seguem para as cooperativas de reciclagem, enquan-to a madeira é destinada a indústrias como a de cerâmica. “Já o material classificados pelo Conama como C e D são dirigidos aos aterros sanitá-rios próprios para resíduos perigosos

onde devem passar por processos de tratamento antes da disposição final”, garante a técnica. Já os pequenos ge-radores transferem para o poder pú-blico municipal a responsabilidade de gerir os resíduos que produzem.

Na capital baiana, existem hoje apenas dois Pontos de Descarga de Entulho (PDE), também chamados de “ecopontos”, disponibilizados a es-tes pequenos produtores de resíduos pela prefeitura. No âmbito do Sin-duscon-Ba está sendo elaborado um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção, assim como o desenvolvimento de um sistema de-claratório dos geradores, transporta-dores e áreas de destinação.

reaProveitaMento

Para o sindicato dos empresários da construção civil da Bahia, casa de fer-reiro não é espeto de pau. Na nova sede que a entidade está construin-do, o projeto obedece aos critérios de sustentabilidade do Selo de Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental). “Além de estar incorporando inova-ções tecnológicas de eficiência ener-gética, de consumo de água, mate-

riais e sistemas inovadores, temos o compromisso de reaproveitar 15% dos resíduos gerados durante a constru-ção e durante a demolição da casa, onde será erguido o novo prédio”.

Foi essa mesma preocupação que levou a Arena Fonte Nova a difundir a imagem de empresa sustentável. "Criamos quatro ecopontos para a co-leta e posterior reciclagem, em parce-ria com o Renove”, diz o engenheiro da obra. Exemplos como esse tem sido seguidos por outras empresas que atuam no segmento.

Ações como esta, além de resolver as questões ambientais ainda tem alcance social. No caso da confecção dos uniformes, a partir de material reciclado da demolição, o Projeto Axé garantiu trabalho para seus assisti-dos, que trabalharam na produção das roupas, criadas pela estilista baia-na Luciana Galeão.

O reaproveitamento e a

destinação dos resíduos mobiliza

empresários da construção civil. À

esquerda, trabalho de Bel Borba,

que transformou entulho em arte

crea

>energia

V.3, n. 41, p. 46 - out/nov/dez.2012 - Bahia

ocê já imaginou saber, em tempo real, o consumo exa-to de cada eletrodoméstico,

identificando os horários de pico? Ou então, um cenário ideal onde as concessionárias são avisadas auto-maticamente, via dados digitais, sem-pre que houver interrupção ou outro problema na transmissão de energia, eliminando a necessidade de contato do cliente? Essas são apenas algumas funcionalidades da tecnologia Smart Grid – que , aplicada aos sistemas elétricos, é chamada de Redes Inteli-gentes de Energia.

Em linhas gerais, pode-se dizer que as Smart Grids empregam um eleva-do grau de tecnologia de automação na execução das atividades inerentes ao processo elétrico, permitindo ope-rações autônomas, favorecendo tam-bém a integração dos sistemas e dos diferentes perfis de consumo.

Professora da Universidade de Bra-sília (UnB), com doutorado em enge-nharia elétrica, Cristina Silveira explica que para suprir o consumo crescente o sistema elétrico depende de uma infraestrutura de rede e de geração

o futuro está prÓXimoa implantação do smart grid – sistema de redes inteligentes – é fundamental para a melhoria do sistema elétrico brasileiro

por cíNtia ribeiro foto joão aLvarez

da por energia aliada à necessidade de reduzir as emissões de dióxido de car-bono, é preciso dispor de um sistema elétrico capaz de enfrentar esses de-safios de forma sustentável, confiável e econômica. Como a rede inteligente permite integrar fontes sustentáveis de geração distribuída, sua implan-tação favorece a sustentabilidade e o melhor aproveitamento dos recursos energéticos”, explica Cristina Silveira.

De acordo com o diretor de gestão do setor elétrico do Ministério de Mi-nas e Energia, Marcos Franco Moreira, no momento as ações governamen-tais estão voltadas para a regulação. “Precisamos definir as diretrizes para elaboração do Programa Brasileiro de Redes Inteligentes”. Ainda segundo, Moreira, desde 2010, com a criação de um Grupo de Trabalho sobre o tema, o governo tem focado no estudo da evolução das redes inteligentes no mundo. Mas a implantação das redes propriamente dita encontra-se num estágio embrionário. O que existe em termos de padronização são apenas os requisitos para a especificação de medidores eletrônicos. Ainda assim, a expectativa do setor é de que até 2020 sejam investidos R$ 15 bilhões de reais na substituição de medidores analógicos por digitais.

Atento ao avanço do uso das smarts grids, o Crea, em parceria com a Coordenadoria das Câmaras Espe-cializadas de Engenharia Elétrica, sediou um workshop sobre o tema. Para o coordenador da Câmara de Elétrica da entidade, Sérvulo de Oli-veira Ramos, a escolha do Smart Grid justifica-se pelo fato de que esse sis-tema vem sendo adotado mundial-mente como alternativa de política energética de redução de impactos. “Nossa preocupação recai na regula-mentação e nas políticas de pesquisa e desenvolvimento que serão imple-mentadas”.

inteligente e flexível. “Nas redes tra-dicionais de energia, essa geração se-gue a demanda. Em breve, entretanto, o consumo virá depois da geração – e não o contrário, como acontece hoje. Isso significa uma mudança de para-digma, no qual os fluxos de energia e comunicação unidirecionais atuais se-rão substituídos pelos bidirecionais”, explica a engenheira.

logica

A tecnologia ainda pouco desenvol-vida no Brasil – com projetos experi-mentais em cidades como Aparecida do Norte (SP) – promete alterar a ló-gica da distribuição, medição e con-sumo, a exemplo do que ocorre em países como Canadá, EUA,Japão e Co-munidade Europeia.

Dentre os motivos para o “atraso” brasileiro estão os processos de regu-lamentação e padronização dos me-didores e fornecedores, que precisam ser estabelecidos previamente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), antes que essa tecnologia es-teja disponível para o consumidor fi-nal. “Para atender à crescente deman-

46

crea 47V.3, n. 41, p. 47 - out/nov/dez.2012 - Bahia

Implantação das redes inteligentes terá impacto na qualidade do sistema

o qUe mUDa com o smart griD

DIStRIBUIçãO >se transforma em uma rede de energia descentralizada, com máxima eficiência para todos os participantes. integração de infraestrutura, com maiores funcionalidades de monitoramento e controle e análise de falha.

MEDIçãO >Combinam funções de medição sofisticadas, gestão de redes de distribuição e integração de sistemas de ti, desenvolvidos para atender aos requisitos do mercado livre de energia. as distribuidoras podem otimizar processos essenciais e oferecer serviços como tarifas flexíveis.

cONSUMO >o consumidor se transforma em "prosumidor" (produtor + consumidor). poderá instalar seu próprio sistema de gestão de microenergia, contribuindo para a geração e o abastecimento.

MOBILIDADE ELétRIcA >pontos de recarga para veículos elétricos devem ser integrados a uma rede inteligente. o uso desses sistemas de transporte reduz a emissão de Co2.

impacto Na qUaLiDaDe>energia de melhor qualidade nos vários níveis de tensão

>aumento da estabilidade do sistema.

>menor consumo e maior eficiência operacional das concessionárias

>possibilidade de fluxo de energia bidirecional.

>maior segurança do sistema.

>melhor acompanhamento e monitoramento.

>redução dos custos de ciclo de vida dos ativos.

Um passo importante que coloca a Bahia na trilha da geração distribu-ída, voltada à tecnologia das redes inteligentes, é a instalação no estádio Governador Roberto Santos, localiza-do no bairro de Pituaçu, do primeiro sistema solar fotovoltaico em arenas esportivas da América Latina.

Parceria entre a Coelba, o Governo do Estado da Bahia, com cooperação técnica da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto é apontado como um marco de eficiên-cia energética.

Com um custo total de R$ 5,5 mi-lhões e capacidade de geração da ordem de de 400 kWp (quilowatts-

eficiência energética tem teste pioneiro em pituaçu

-pico), a iniciativa permite que o ex-cedente da energia gerada em Pitu-açu seja lançado na rede da Coelba. Anualmente, são gerados 630 MWh (megawatts-hora) de energia elétrica. Ou seja, com um consumo médio/ano de 360 MWh, Pituaçu tem 270 MWh/ano de excedente o que representa uma economia de R$ 120 mil/ano.

Este projeto utiliza 2.302 módulos fotovoltaicos e, dependendo da área, painéis flexíveis de silício amorfo ou monocristalino. Por meio do efeito fotovoltaico, as células de silício dopa-do convertem a luz solar em energia elétrica. Já o faturamento mensal é feito a partir do registro do balanço energético entre a energia gerada e a energia consumida.

crea 49

>artigo glória Cecília figueiredo

V.3, n. 40, p. 49 - jul/ago/set.2012 - Bahia

No bojo da polêmica sessão da Câmara municipal, que aprovou uma nova Lei de ordenamento do uso e ocu-pação do solo e um novo có-digo de obras mais uma vez sem qualquer discussão e participação da população, destaca-se também a lei da Reforma Administrativa, que está conformando a gestão do atual prefeito.

Aparentemente, as no-vas secretarias e competên-cias municipais criadas pa-recem sofisticar e atualizar a Prefeitura soteropolitana, a exemplo da nomenclatura inovadora da Secretaria de Cidade Sustentável. Porém, o problema é que o “diabo mora nos detalhes”.

A definição de que a Casa Civil assume competências relacionadas com as parce-rias público-privadas, sem apontar mecanismos con-cretos de regulamentação e normatização municipal que garantam a eficiência no cumprimento das mis-sões de Estado e o respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços é um equívoco.

Até aqui e em geral, as experiências brasileiras des-sas parcerias têm priorizado a alta lucratividade das em-presas que assumem, qua-se sem risco, os contratos administrativos de conces-são patrocinada ou admi-

nistrativa, mesmo que isso implique em prejuízos para a maior parte da sociedade.

Outra questão é a re-produção do velho e falido mantra do turismo como principal motor econômi-co da capital baiana. A Se-cretaria Municipal do De-senvolvimento, Turismo e Cultura, aponta para uma vinculação do Turismo e da Cultura, essa última se con-figurando mais como ativo econômico, do que como manifestação social espe-cífica, com a macro estra-tégia do desenvolvimento municipal. No entanto, uma estratégia eficiente de de-senvolvimento, no âmbito municipal e regional, preci-sa potencializar, de modo equilibrado, a estruturação de outras cadeias e nichos socioprodutivos.

Sobre a Secretaria Muni-cipal de Urbanismo e Trans-porte, a questão que nos parece fundamental não está colocada, é a de que é necessário centrar o De-senvolvimento Urbano do Município Salvador na su-peração das suas desigual-dades socioespaciais. Nesta perspectiva, a questão da legislação urbana pode e deve ser vista como um des-dobramento do processo de planejamento, que, por seu turno, deve apoiar a gestão municipal. Portanto, uma

municipais, caso dos licen-ciamentos aprovados pela SUCOM em áreas de prote-ção ambiental; do fato das ações operadas das políticas de transportes e mobilida-de centrarem-se em obras viárias e pró-automóvel individual e poluente, em detrimento do transporte público e de modais alter-nativos e antipoluentes; da insuficiência da coleta e tratamento do esgoto que se transforma também em poluição dos corpos hídricos – nesse caso no que pese o papel da EMBASA enquanto órgão estadual é ao muni-cípio quem compete, cons-titucionalmente, a provisão dos serviços essenciais.

Por fim, gostaríamos de comentar ainda a criação da Secretaria Municipal de Ordem Pública. Sua emer-gência nos leva a pergun-tar de que concepção de ordem pública se trata? Certamente, a problemáti-ca dos ambulantes é muito mais complexa do que um ordenamento meramente formal. Estamos falando de um imenso contingente populacional que atua na informalidade para sobre-viver. A inserção socioeco-nômica dessa população deveria integrar uma estra-tégia de desenvolvimento municipal e regional que se pretenda séria.

a reforma administrativa da nova gestão municipal de salvador

Glória cecília Figueiredo é urbanista e diretora-presidente da sociedadeBrasileira de urbanismo

ampla revisão/atualização do campo normativo im-plica numa reestruturação das políticas públicas, orien-tadas para a redução das desigualdades, e do plane-jamento urbano e regional, numa lógica inovadora, que rearticule o processo decisó-rio com metas claras.

SUStentável

Já a Secretaria Cidade Sus-tentável não pode abordar a sustentabilidade de modo genérico. Para além das ne-cessárias ações de educa-ção ambiental, gestão de parques e hortos e preser-vação de áreas verdes, esse órgão precisa se debruçar sobre problemas urbanos ambientais graves. Muitas vezes, tais problemas são potencializados pela ação equivocada ou omissão de outras secretarias e órgãos

V.3, n. 41, p. 3 - out/nov/dez.2012 - Bahiacrea50

>nononono

AlAgoinhAsInspetor chefe: Eng. agrônomo Luiz Cláudio Ramos CardosoRua Dantas Bião, s/n, sala 52, Laguna Shopping, Centro. CEP: 48.030-030Telefax: (75) [email protected]

BArreirAsInspetor chefe: Eng. agrônomo Nailton Sousa AlmeidaTravessa 15 de Novembro, 21, Sandra Regina. CEP: 47.803-130Tel: (77) 3612-3700Telefax: (77) [email protected]

Bom Jesus dA lApAInspetor chefe: Eng. civil Fábio Lúcio Lustosa de AlmeidaAv. Duque de Caxias, Ed. Professor Antonio Ferreira Barbosa,493, Centro. CEP: 47.600-000Tel: (77) [email protected]

BrumAdoInspetor chefe: Eng. civil André Luís Dias CardosoAv. Otávio Mangabeira, 210, Centro CEP: 46.100-000Tel: (77) [email protected]

CAmAçAriInspetor chefe: Téc. de Segurança do Trabalho e eletromecânico Fabiano Ribeiro LopesAv. Jorge Amado, s/n, Shopping Camaçari Open Center Sala 18- Térreo, Ponto Certo.CEP: 42.806-170Tel:(71) 3621 [email protected]

Cruz dAs AlmAsInspetor chefe: Eng. civil Luís Carlos Mendes SantosRua Januário Velame, 41, Assembleia.CEP: 44.380-970Tel: (75) [email protected]

eunápolisInspetor chefe: Eng. civil Ezequiel

Inspetorias

Eliahu MizrahiRua Castro Alves, 374, Salas 02 e 03, Centro. CEP: 45.820-350Tel: (73) [email protected]

FeirA de sAntAnAInspetor chefe: Eng. civil Diógenes Oliveira SennaRua Prof. Geminiano Costa, 198, Centro.CEP: 44.001-120Tel: (75) [email protected]

guAnAmBiInspetor chefe: Eng. agrimensor Wellington Donato de CarvalhoRua Maria Quitéria, 35, Centro.CEP: 46.430-000Tel: (77) [email protected]

ilhéusInspetor chefe : Eng. civil Gilvam Coelho Porto Júnior Rua Conselheiro Dantas, 81, Centro.CEP: 45.653-360Tel: (73) [email protected]

ireCêInspetor chefe: Eng. agrônomo Marcelo Dourado LoulaRua Antonio Carlos Magalhães, 59, Centro. CEP: 44.900-000Tel: (74) 3641-3708 Telefax (74) 3641 - [email protected]

itABerABAInspetor chefe: Eng. agrônomo Valmir Macedo de SouzaPraça Flávio Silvany, 130, sala 15, Edf. Empresarial João Almeida Mascarenhas, Centro.CEP: 46.880 - 000Tel: (75) [email protected]

itABunAInspetor chefe: Eng. civil Dermivan Barbosa dos SantosRua Nações Unidas,625, Térreo, Centro. CEP: 45.600-673Tel: (73) 3211-9343

Fax: (73) [email protected]

JACoBinAInspetor chefe: Eng. agrônomo Ernani Macedo PedreiraRua Duque de Caxias, 400A – Estação CEP: 44.700-000Tel: (74) [email protected]

JequiéInspetor chefe: Eng. civil Deusdete Souza BritoRua Jornalista Fernando Barreto, 133, Centro. CEP: 45.200-000Tel: (73) [email protected]

JuAzeiroInspetor chefe: Eng. agrônomo Luciano César Dias MirandaRua XV de Novembro, 56, CentroCEP:48.905-090Tel:(74) 3611-8186Telefax: (74)3611-3303 [email protected]

lAuro de FreitAsEstrada do Coco, Shopping Ponto Verde, s/nº, loja 17 CEP: 42.700-000Tel: (71) 3378-7216Telefax: (71)[email protected]

luís eduArdo mAgAlhãesInspetor chefe: Eng. agrônomo Paulo Roberto GouveiaAv. JK, Qd. 91, Lote 1, Salas 1 e 3, Centro. CEP: 47.850-000Tel:(77) [email protected]

pAulo AFonsoInspetor chefe: Técnico agropecuário Marcos de Souza DantasRua Carlos Berenhauser, 322, térreo, General Dutra.CEP: 48.607-130Tel:(75) [email protected]

riBeirA do pomBAlInspetor chefe: Eng. civil Jone Souza Santos

Av. Dep. Antônio Brito, 132, Centro.CEP: 48.400-000Tel: (75) [email protected]

sAntA mAriA dA VitóriAInspetor chefe: Eng. civil José Oliveira SilveiraRua Ruy Barbosa, s/nº, Centro.CEP: 47.640-000Tel: (77) 3483-1090 Telefax: (77) [email protected]

sAnto Antônio de JesusInspetor chefe: Eng. eletricista Leonel Pereira dos Reis NetoAv. Roberto Santos, 88, Ed.Cruzeiro do Sul, salas 103 e 104, Centro. CEP: 44.570-000Tel: (75) [email protected]

seABrAInspetor chefe: Eng. civil Juracy de Souza WanderleyRua Jacob Guanaes, 565.CEP: 46.900-000Tel:(75) [email protected]

teixeirA de FreitAsInspetor chefe: Eng. civil Carlos Luís Rocha JúniorAv. Presidente Getúlio Vargas, 3421, Centro, Ed. Esmeralda - salas 203 a 205, Centro.CEP: 45.995-006Tel: (73) 3291-3647Telefax: (73) [email protected]

VAlençAInspetora chefe: Engª. sanitarista e ambiental Márcia Cristina Alves do LagoRua Dr. Heitor Guedes de Melo,111, Ed. Argeu Farias Passos, Centro CEP: 45.400-000Tel: (75) [email protected]

VitóriA dA ConquistAInspetor chefe: Eng. civil Marcos Santana LeiteAvenida Otávio Santos, 722,Recreio.CEP: 45.020-750Tel: (77) 3422-1569Telefax: (77) [email protected]

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Em atenção à legislação vigente, informamos que as perspectivas, assim como as cores, objetos, móveis e decoração contidos neste folheto têm fins meramente ilustrativos, podendo sofrer alterações de cor, textura, acabamento e composição, não integrando o contrato de compra e venda. Incorporador/Construtor: Ibérica Construções e Incorporações Ltda., CNPJ no 10.863.415/0001-42. Responsável técnico: Mariana Wenck Martins, CREA/BA no 32723. Registro de incorporação na matrícula 15.166 do Ofício de Registro de Imóveis da Comarca de Mata de São de João/BA. Responsável pelas vendas: Remax – CRECI 1016, Brito & Amoedo – CRECI J 1063 e Ponto 4 & Coelho da Fonseca – CRECI J 1195.

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