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Revista da Sociedade Brasileira de - SOBAMA · 2017. 8. 24. · chefe desta conceituda revista representante da Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada, a SOBAMA. Durante

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ISSN 1413-9006

Revista da Sociedade Brasileira deAtividade Motora Adaptada - SOBAMA

Editor-chefeEliane Mauerberg-deCastro

Editor-associadoVerena Junghähnel Pedrinelli

Editor-associado convidadoAdriana Inês de Paula

A revista da SOBAMA é um órgão de divulgação da SociedadeBrasileira de Atividade Motora Adaptada (SOBAMA) .

© Copyright 2003 Revista da SOBAMA

ISSN 1413-9006

Volume 8 • Número 1 • Dezembro 2003

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Revista da SOBAMASociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada

Volume 8 • Número 1 • Dezembro 2003

Pedro Américo de Souza SobrinhoPresidente da SOBAMA

Marco Túlio de MelloVice-Presidente da SOBAMA

Mey de Abreu van MunsterSecretária Geral da SOBAMA

Joslei Viana de Souza1a. Secretária

Daniela Sanches MachadoTesoureira

Silvio Soares Santos1a. Tesoureira

Conselho Fiscal

PresidenteFrancisco Camargo Netto

MembrosJane Gonzalez

Elisabeth de Mattos

Suplentes Sonia Maria Ribeiro

Carla Dantés MacedoManoel da Cunha Costa

Conselho ConsultivoKathya Augusta Thomé Lopes

Katia Euclydes de Lima e BorgesSidney de Carvalho Rosadas

José Júlio Gavião de AlmeidaValéria Manna Oliveira

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Volume 8 • Número 1 • Dezembro 2003

EditoraçãoEliane Mauerberg-deCastro, Doutora em CiênciasDebra F. Campbell, Jornalista e Doutoranda em Comunicação

ColaboraçãoMárcia V. Cozzani, doutoranda em Ciências da Motricidade

Apoio:UNESP/IB, Rio Claro

A revista da SOBAMApublica trabalhos de profissionais e pesquisadores dediferentes áreas como educação física e esportes, fisiote-rapia, educação especial, psicologia e outras cujos manus-critos tenham perfis direcionados à atividade motoraadaptada ou pertinentes aos interesses dos leitores darevista da SOBAMA.

Direitos AutoraisA revista da SOBAMA reserva os direitos autorais dosartigos aqui publicados. Qualquer reprodução parcial outotal destes está condicionada à autorização escrita doeditor da revista da SOBAMA.

IndexadorA revista da SOBAMA está indexada na SIBRADID

Encaminhamento de ManuscritosA remessa de manuscritos para publicação, bem comotoda e qualquer correspondência deverá ser feita para:Secretaria Geral:Márcia V. Cozzani1a. Secretária da SOBAMAUniversidade Estadual PaulistaDepartamento de Educação FísicaAv. 24-A, 1515, Bela VistaRio Claro, 13506-900 SPE-mail: [email protected]

ou diretamente com o novoEditor-chefe da revista da SOBAMA

Verena J. Pedrinelli (Editor-chefe)Universidade São Judas TadeuRua General Almério de Moura, 700São Paulo, 05690-080 SPE-mail: [email protected]

visite:http://www.sobama.org.br

PeriodicidadeAnual

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Consultores

Adriana Inês de Paula - UNESP, Presidente PrudenteAlberto Martins da Costa - UFU, UberlândiaAna Claudia Palla - University of Virginia, USAApolonio Abadio do Carmo - UFU, UberlândiaBenedito Sérgio Denadai - UNESP, Rio ClaroCândida Taís Gonçalves - University of Waterloo, CanadáCarolina Paioli - UNESP, Rio ClaroCícero Campos - UNESP, Rio ClaroClaudio Gobatto - UNESP, Rio ClaroEdison Duarte - UNICAMP, CampinasEdison de Jesus Manoel - USP, São PauloEliane Mauerberg-deCastro - UNESP, Rio ClaroElizabeth de Mattos - USP, São PauloFlorindo Stella - UNESP, Rio ClaroFrancisco Camargo - PUC RS, Porto AlegreGabriela Toloi - SUNY Cortland, USAJosé Angelo Barela - UNESP, Rio ClaroJosé Franscisco Silva Dias - UFSM, Santa MariaJosé Júlio Galvão de Almeida - UNICAMP, CampinasJuliana Schuller - UFMT, CuiabáLuis Augusto Teixeira - USP, São Paulo

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Volume 8 • Número 1 • Dezembro 2003

Luiz Alberto Lorenzetto - UNESP, Rio ClaroLilian T.B. Gobbi - UNESP, Rio ClaroLuzimar Teixeira - USP, São PauloMarcia V. Cozzani - UNESP, Rio ClaroMarcos Túlio de Melo - UNIFESP, São PauloMarli Nabeiro - UNESP, BauruMey van Munster - UFSC, São CarlosPaulo Barbosa Freitas Junior - UNIFAC, BotucatuPedro Américo de Souza Sobrinho - UFMG, Belo HorizonteRenato de Moraes - University of Waterloo, CanadáRosemary Mauerberg de Castro - E. Anjo da Guarda, CuritibaRuth Eugênia Cidade e Souza, UFPR, CuritibaSebastião Gobbi - UNESP, Rio ClaroSérgio Tosi Rodrigues - UNESP, BauruSidney de Carvalho Rosadas, UFES, VitóriaSonia Maria Toyoshima Lima - UEM, MaringáTatiane Calve - UNESP, Rio ClaroThátia Regina Bonfim, UNESP, Rio ClaroVerena Junghähnel Pedrinelli - USJT, São PauloWagner de Campos - UFPR, Curitiba

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Volume 8 • Número 1 • Dezembro 2003

Mensagem do editor

Este ano encerro minha gestão (iniciada no início de 2000, cumprindo dois mandatos) como editor-chefe desta conceituda revista representante da Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada,a SOBAMA. Durante estes quatro anos aprendi muito sobre a importância da publicação científica.Aprendi também um pouco mais sobre editoração, sobre redação, sobre o que se produz na área deatividade motora adaptada, sobre os consultores que gentilmente me cederam seu tempo eespecialidade revisando manuscritos para manter o processo da arbitragem. Também aprendi umpouco sobre as pessoas que escrevem, seus talentos, suas expectativas e também suasaprendizagens a partir do processo de uma publicação arbitrada. Deixo meu cargo para uma novaequipe chefiada pela professora Verena J. Pedrinelli a qual, daqui em diante, continuará com certezaa missão de melhorar cada vez mais este periódico. Continuarei, entretanto, como uma dos editores-associados.

Em 2004 iniciarei outra função junto à SOBAMA, a de presidente da diretoria executiva. Juntocomigo uma equipe ímpar:Vice-Presidente: Verena J. PedrinelliSecretária Geral: Joslei Viana de Souza1a Secretária: Márcia Valéria CozzaniTesoureira: Carolina Paioli Tavares1a Tesoureira: Ruth Eugênia Amarante Cidade e Souza

Conselho fiscal:Titulares:Sonia Maria Toyoshima LimaManoel Osmar Seabra JuniorÂngela Teresinha ZuchettoSuplentes do Conselho FiscalMarli NabeiroJuliana Aparecida de Paula SchüllerAdmilson Santos

Conselho ConsultivoMey de Abreu Van MunsterPaulo Henrique VerardiRosilene Moraes DiehlElizabeth de MattosPatrícia Silvestre de Freitas

Delegados RegionaisAL - Neiza de Lourdes Frederico FumesBA - Admilson Santos e João Danilo Batista de OliveiraDF - Nilma Garcia Pettengill e José Rafael Miranda (Suplente)ES - Sidney de Carvalho RosadasGO - João batista Turíbio de SenaMG - Pedro Américo de Souza Sobrinho e Silvio Soares dos Santos (Suplente)MS - Joslei Viana de Souza

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Volume 8 • Número 1 • Dezembro 2003

Mensagem do editor (cont.)

MT - Juliana Aparecida de Paula SchüllerPR - Sonia Maria Toyoshima LimaRJ - Lucia Sodré e Leonardo Mataruna (Suplente)RS - Claudio Marques MandarenoSC - Sonia Maria Ribeiro e Ângela Terezinha Zuchetto (Suplente)SP - Maria Teresa da Silva e Márcia Péricles Moisés (Suplente)

Eleita em novembro de 2003, as metas desta nova diretoria para o biênio 2004-2005 incluem:- Organização para 2005 do VI Congresso da SOBAMA com sede em Rio Claro, SP- Programação de reuniões anuais paralelas em eventos da área- Execução da revista da SOBAMA

- Nova comissão editorial- Assinatura e manutenção- Indexação

- Criação de uma revista profissional da área de atividade motora adaptada- Atualização do estatuto:- Estabelecimento e discussão de metas para os conselhos da SOBAMA- Levantamento de fundos e parcerias internacionais- Recrutamento de novos associados

- Simplificação da forma de pagamento das anuidades- Simplificação da filiação dos novos associados

- Criação de prêmio de reconhecimento por mérito acadêmico e profissional- Montagem do processo para pleitear o ISAPA- Manutenção do Boletim Informativo da SOBAMA

- ampliação do boletim existente dando visibilidade aos profissionais da área; indicação feitapor pares.- Expansão da Home Page da SOBAMAcom informações e links para interessados na área de atividademotora adaptada- Apoio ao grupo de profissionais do ensino superior da área de atividade motora adaptada- Criação de um banco de informações sobre esporte, atividade física e saúde com organizaçõesenvolvidas com indivíduos com deficiência- Manifestações públicas contra o preconceito e injustiça (via home page, Boletim Informativo, cartasremetidas à organizações e setores governamentais- Promoção da atividade motora adaptada em todos os níveis educacionais, junto à família, e sociedadede maneira geral.

Espero que vocês, leitores da revista, autores, sócios e não-sócios da SOBAMA, prestigiem o trabalhoda nova equipe desta revista, bem como prestigiem o trabalho da nova diretoria da SOBAMA. Assinem,filiem-se, divulguem, participem.

Um feliz 2004.

Eliane Mauerberg-deCastroEditor-chefe

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Sumário

Autor convidadoPlacement of Students with Disabilities in Physical Education:More than Inclusion or SegregationMartin E. Block ...................................................................................................................................... 1

Relato de pesquisaUm tutorial sobre percepção háptica no controle postural. Ilustrando o paradigma “âncora”e suas aplicações na reabilitação e na atividade física adaptadaEliane Mauerberg-deCastro; Tatiane Calve; Fernanda Fernandez de Viveiros;Suelen D. Polanczyk; Márcia V. Cozzani ........................................................................................... 7

Efeitos de um programa de treinamento com trampolim acrobático sobre o equilíbriode crianças surdasCícero Campos .................................................................................................................................... 21

Revisão da literaturaTríplice Visão do Envelhecimento: Longevidade, qualidade de vida, atividade físicae aspectos biopsicossociaisGeni de Araújo Costa .......................................................................................................................... 27

Normas para Publicação da revista da SOBAMA............................................................................... 41

Informações sobre a Sociedade.............................................................................................................. 47

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Revista da Sobama Dezembro 2003, Vol. 8, n.1, pp. 1-5

Autor Convidado

Placement of Students with Disabilities inPhysical Education:

More than Inclusion or Segregation

Martin E. BlockUniversity of Virginia

Resumo—“Inserção de alunos com deficiências na educação física: Mais do que inclusão ou segregação.” Muitosdistritos escolares nos Estados Unidos e no mundo oferecem poucas opções de inserção de crianças comdeficiências na educação especial e na educação física. Lamentavelmente, muitas crianças com deficiências poderiamse beneficiar de opções de inserção outras que aquelas da educação física geral em tempo integral ou educaçãofísica adaptada geral em tempo integral numa escola/instituição especial. O que foi proposto neste artigo é iniciaro processo de oferta de outras opções de inserção na educação física para crianças com deficiências dentro de umsistema de inserção dual na estrutura existente. Ao se trabalhar no sistema existente, mudanças podem serimplementadas sem grandes custos ou grandes estudos. Se tal colocação alternativa se mostrar fácil e eficiente emcustos de implementação assim como benéfica para crianças com deficiências, então existe uma oportunidade deexpandir a idéia de opções de inserção para as coordenadorias de escolas num âmbito local, estadual e nacional. Ameta não é fechar as escolas especiais ou colocar todos os alunos com deficiências na educação física geral. Massim, a meta é proporcionar a inserção mais apropriada e benéfica para cada criança com deficiência.

Palavras-chaves: Inserção, inclusão, escola.

Abstract—Many school districts in the United States and around the world offer very few placement options forchildren with disabilities in special education and in physical education. Unfortunately, many children withdisabilities would benefit from placement options other than full-time general physical education or full-timeadapted physical education in a special school/institution. What has been proposed in this article is to begin theprocess of offering other physical education placement options for children with disabilities within the existingdual placement system structure. By working within the existing system, change can be implemented without agreat deal of cost or scrutiny. If such alternative placements can be shown to be easy and cost efficient toimplement as well as beneficial to children with disabilities, then there is an opportunity to bring to local, state andnational school boards the idea of expanding placement options for children with disabilities. The goal is to notclose special schools or place all students with disabilities into general physical education. Rather, the goal is toprovide the most appropriate and beneficial placement for each child with a disability.

Keywords: Placement, inclusion, school.

Introduction

Ana is 13-year-old girl who loves sports and physicalactivity. Her favorite sport is soccer, and she is an excellentplayer. Her older brothers taught her how to play, and theysay she has the potential to be as good as any girl theyhave ever seen play. Unfortunately, Ana is deaf, and in hercountry all children who are deaf attend a residential schoolfor deaf children. Her school does not have enough girlswho are good enough or who are interested in playing soccer,so her school does not have a team. And her school principalthinks it is too difficult to allow Ana to join a local club team.

Even physical education is not fun for Ana as there are justa handful of children who share her love for soccer and herexceptional soccer skills. Is there someway to get childrenwho share Ana’s love of physical activity and soccer to playwith her?

Lin is a 10-year-old girl with the biggest smile you eversaw. Her favorite thing in the world is school, and she doesvery well in her general education school in all academicsubjects (her favorite subject is math!). Unfortunately, thereis one subject that Lin does not like—physical education.Lin has mild, athetoid cerebral palsy with involvement in allfour limbs. She can walk and run and throw and catch, but

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M. E. Block

her skills are awkward, and she is nowhere near the skilllevel of her 4th grade classmates. Lin tries her best in physicaleducation and she wants to improve her skills. However,since she attends a general education school and generalphysical education with over 40 children in her class, thereis no time for the general physical educator to provide Linany special instruction and create any adaptations for her.Lin was once really motivated to learn and improve her skills,but lately she seems to have lost interest in physicaleducation. She continues to fall further and further behindher peers, and she has asked if she could sit out and watch.Is there someway for Lin to get more individual attentionand practice to improve her skills and begin to feel betterabout herself?

In the United States and in many countries around theworld, physical education is an important requirement of theoverall education program for children with disabilities.Furthermore, in many countries placement of children withdisabilities is legislated by mandates that require childrenwith disabilities to be educated with children withoutdisabilities whenever possible. In the United States, thislegislative mandate is known as “least restrict environment(LRE),” and LRE is defined as:

To the maximum extent appropriate, childrenwith disabilities, including children in publicand private institutions or other care facilities,are educated with children who are not disa-bled; and special classes, separate schooling,or other removal of children with disabilitiesfrom the regular education environment occursonly when the nature or severity of the disabi-lity is such that education in regular classeswith the use of supplementary aids and servi-ces cannot be achieved satisfactorily (IDEA,20 U.S.C. 1412 [5][B], 1997).

Basically, the LRE mandate asks school districts toprovide children with disabilities opportunities to participatewith peers without disabilities whenever possible in a varietyof activities and classes throughout the school day,including physical education. Additionally, lawmakers in theUnited States assumed that such inclusive placement mightrequire extra support in the form of adapted equipment orextra personnel, so they added the provision of“supplementary aids and services.” In other words, a childwho is deaf might require an interpreter to be successful ingeneral physical education while another child with aphysical disability might require various types of adaptedequipment to be successful in general physical education.

Lawmakers in the United States also realized that not allchildren with disabilities would be appropriately accommo-dated in a general education setting (including generalphysical education) even with supplementary aids andsupports. So lawmakers added a comment regarding a“continuum of alternative placements.” A continuum ofalternative placements was defined by lawmakers in the

United States as:

Each public agency shall insure that acontinuum of alternative placements isavailable to meet the needs of children withdisabilities for special education and relatedservices. The continuum… must include…instruction in regular classes, special classes,special schools, home instruction, andinstruction in hospitals and institutions (IDEA,20 U.S.C. 1412 [5] [B], 1997).

In essence, lawmakers in the United States realized twothings when creating the continuum concept: First, somechildren with disabilities would be better served inplacements other than general education. Second, in theUnited States at the time the law was first enacted therealready existed special classes, special schools, and hospitaland institution programs. Lawmakers wanted to make surethat children in these setting received a free appropriateeducation in these settings (in many cases children inhospital and institutions in the United States were notreceiving any education) (Block, 2000)

Lawmakers in the United States hoped the continuummodel would lead to many different placement options forchildren with disabilities. With regard to physical education,the continuum model was interpreted as varying placementsin physical education from full-time general physicaleducation to full-time adapted physical education in ahospital or institution (see Table 1 for a sample of acontinuum for physical education) (Block, 2000).

The goal was for each child to be placed on a case-by-case basis into a placement that met the LRE mandate(opportunities for interactions with peers without disabilities)while providing the most appropriate placement for the childto learn and grow. However, research by Decker and Jansma(1995) showed that, while some school districts did havemany placement options, over 50 percent of the schooldistricts surveyed in the United States did not have acontinuum at all. Either students with disabilities were placedin general physical education settings full-time or were in aspecial school program full-time. While there is no publishedresearch on placement options for children with disabilitiesin other countries (not published in English), my guess isthat similar trends would be evident around the world. Thisdual option model (full time general or full time special school)would be most evident in countries were special school arestill prevalent. Unfortunately, full-time inclusion or full-timespecial school does not even begin to meet the needs ofmany children with disabilities.

It is difficult if not impossible to change the way specialeducation services are provided in many countries aroundthe world (and it is not the intention of this article to suggestthat states or countries close their special schools). Even incountries that are interested in providing more placementopportunities for children with disabilities, it would take yearsand even decades for such changes to be fully implemented.

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Inclusion

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As seen here in the United States, our laws regarding acontinuum have been around since 1975, but as of 1995Decker and Jansma showed that the continuum model hasnot been followed. What is more reasonable is to take aslower approach by offering more placement alternativeswithin the already existing options. In other words, canspecial services and special classes be provided within analready existing general education school placement, andcan more integrative opportunities be afforded to childrenwith disabilities in special schools and institutions? Thepurpose of this paper is to present some of these otherplacement options in places where a limited or not continuumexists. First, two options within a general education settingwill be outlined: using peer tutors and creating a specialphysical education class. Then two options within a specialschool/ institution will be outlined: bringing in peers withoutdisabilities to be friends and playmates with peers withoutdisabilities and bringing in peers without disabilities to assistchildren with disabilities.

Table 1. Sample of continuum of placement options onphysical education*

- Full-time general physical education, no support needed

- Full-time general physical education, accommodations needed(e.g., interpreter, adapted equipment, special instruction)

- APE provided within general physical education (student hasunique goals and objectives as well as a need foraccommodations, but these goals and objectives and accom-modations can be implemented in general physical education)

- APE provided within general physical education with supportfrom a peer tutor or from a teacher assistant (student has uniquegoals and objectives as well as a need for accommodations, butthese goals and objectives and accommodations can beimplemented in general physical education)

- APE provided within general physical education by an APEspecialist (student has unique goals and objectives as well as aneed for accommodations, but these goals and objectives andaccommodations can be implemented in general physicaleducation)

- APE provided part-time in general physical education and part-time in special APE class

- APE provided full-time in special APE class in regular schoolbuilding

- APE provided full-time in special APE class in special school

- APE provided full-time in special APE class in hospital orinstitution

*from Block, M.E. (2000). A teacher’s guide to includingstudents with disabilities in general physical education(2nd ed.). Baltimore: Paul H. Brookes.

Peer Tutoring within GeneralPhysical Education

Many children with disabilities attend general physicaleducation and do quite well. However, due to cognitive,behavioral, or physical problems, these children may requiresome occasional extra support by a peer. This support mightinclude repeating directions in a simpler way or providingan extra demonstration for a child with mild mental retardationor mild autism, reminding a child with attention deficit orother behavior problems about the rules of the gym andwhat to focus on during instruction and games, providingextra feedback and instruction for students with mentalretardation or developmental coordination disorder who arenot performing the skill correctly, and assisting a child withphysical disabilities in retrieving equipment and gettingaround the gymnasium. A peer tutor program can easily becreated and implemented by the general physical educator.It does not cost the physical educator or school district anyextra money, time, or resources since the peer tutor is alreadya member of the class. Some basic training of the peer tutorswill be required to make sure they know what to do to helpthe children with disabilities. However, in my experiencepeers with just a little training often do an excellent job oflearning what to do help their peers with a disability.

There are several studies that have shown peer tutoringto be an effective model for helping children with milddisabilities achieve in general physical education. Forexample, Houston-Wilson and her colleagues (1997)(children with mental retardation) and Lieberman (1996) (deafchildren) found that utilizing peer tutors improved the motorperformance of children with disabilities in general physicaleducation. Also, Obrusnikova, Block, and Valkova (2003)found that utilizing a peer tutor system in general physicaleducation with a child with muscular dystrophy did notnegatively affect the physical education program for childrenwithout disabilities. Clearly, peer tutoring is a simple, costeffective way to provide extra support to children withdisabilities in general physical education.

Special Class for Children with Disabilities inGeneral Education School

While peer tutoring can be quite effective for manychildren with mild disabilities who are included in generalphysical education, in some cases the child with disabilitiesrequires more direct instruction and support from a trainedgeneral physical educator. Unfortunately, with large generalphysical education class sizes, such individual attention isoften impossible to provide. One option in such situationsis for the general physical educator to create a small group,pull-out program during the day (if the school principalprovides some release time for the general physical educator)or before or after school. Such programs do not require agreat deal of time—perhaps 15-20 minutes of intense

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M. E. Block

instruction and training a few times per week. However, thislittle extra training could allow the general physical educationteacher a chance to provide the necessary one-on-oneinstruction and extra practice that a child with a mild disabilityneeds to master key motor skills or improve physical fitness.As with peer tutoring, the cost of running such a program isfairly minimal—basically just release time to run the programand some planning time for the general physical educator.

Creating a special physical education program is fairlyeasy. Students with disabilities or students with limited motorskills or fitness are identified in general physical education(to make this type of class work, only 5-7 students shouldbe selected). Then these students are invited to a specialphysical education session at a designated time. Thesestudents then come to this special session and work on theirindividual goals with the direct support and supervision ofthe general physical education teacher. For example, ageneral physical educator might identify four children whoare very overweight and unfit. The general physical educatorexplains to these children that she is starting a special fitnessprogram 3 mornings per week just before school starts. Theprogram would include some fitness training, nutritioncounseling, and peer discussions on how to become morefit and healthy. Identified children would bring a note hometo their parents to explain the program and to get permissionto participate. Interested children would then come to thistraining program and work on their fitness. Similar programscould be created for children who have motor problems andneed extra training in balance, ball skills, understanding therules of various sports, and other areas related to generalphysical education. Grant (2000) wrote a nice article on howto create and implement the special physical educationprogram within a general physical education school.

Reverse Mainstreaming in a Special School

As noted earlier, many countries either place childrenwith disabilities into general education schools or into specialschools. Special schools tend to be for special categories ofdisabilities (e.g., school for deaf children or school forchildren who are blind) or for children with more severedisabilities who (as determined by the school district or state)cannot be successful in a general education school. Whilemany good things can happen in these schools, just by theirnature these schools provide very limited opportunities forchildren with disabilities to interact and learn with peerswithout disabilities. However, there are ways to providestudents with disabilities who attend these schools someopportunities for interactions with peers without disabilities.Social opportunities can be created by regularly bringingstudents without disabilities to these special schools (orthe reverse, children from the special school can be broughtto the general education school). Students withoutdisabilities then participate with their peers who attend theseschools in physical education and sport activities. This“reverse mainstreaming” program can be run by the adapted

physical educator or by an interested special educator atthe special school (or by the general physical educator ofthe children from the special school are brought to thegeneral education school).

To create such a program, the principal or adapted/special educator at the special school needs to identify andthen contact a general education school that is in relativelyclose proximity to the special school. Then arrangementscan be made to have select students from the generaleducation school (usually students who are doing well inschool and can miss a portion of their school day withoutfalling behind) come to the special school on a regular basis(say 1-2 times per week for 30-45 minutes per session), toparticipate in a group physical education or sport activity.Transportation will be an issue, so finding a school that iswalking distance to a special school would be ideal. If thisis not possible, then finding a school that is within a 10-15minute drive would reasonable. As noted above, the groupactivity will be conducted by the adapted physical educationteacher or special education teacher at the special school.The key is that the children from the general education schoolare not peer tutors but rather playmates and friends to theirpeers with disabilities. Both the children with and withoutdisabilities will actually participate together in the activitiesas equal members of the program.

An example of how this type of program might work is aschool for the deaf (recall the example of Ana at the beginningof this article). Deaf children often do not have motor orfitness problems that would affect their ability to besuccessful in general physical education and sport activities.However, for varying reasons many deaf children are placedin segregated, often residential schools with li t t leopportunity for interaction with peers without disabilities.By bringing in peers without disabilities on a regular basis,these deaf children will have an opportunity to interact with,play with, and learn from (learn incidentally and by watching)peers without disabilities.

Peer Tutoring in a Special School

Similar to the model above, children from a generaleducation school come to a special school. However, withthis option children from the general education school assistchildren with disabilities in physical activity and sportprograms. This model works particularly well for specialschools or institutions for children with more severedisabilities that need physical assistance. It is oftenimpossible for a special school or institution to have enoughhelp for all the children with severe disabilities in theirprogram. By bringing in peers without disabilities, childrenwith severe disabilities will get one-on-one attention by apeer close to their age while participating in physicalactivities.

Organizing a program requires similar steps as describedabove. A general education school has to be identified andthe principal of this school contacted. Select students from

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Inclusion

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this school who are interested in volunteering for this typeof program are identified, and their parents will receive anote asking for their permission to allow their child toparticipate in this peer tutoring program. Training thestudents from the general education school is needed atthis level since the students without disabilities will beexpected to work directly with the children with disabilities.Training will most likely be on-going and take place initiallyat the general education school and eventually at the specialschool.

An excellent example of this type of off-campus peertutoring program was conducted at the Duckworth Center inMaryland (Block, et al., 2001). Duckworth Center is in thesuburbs of Washington, D.C. It serves over 75 children withsevere disabilities including children with autism, severemental retardation, and severe, multiple disabilities. Studentsfrom three private, general education elementary schoolsnear Duckworth Center were identified, and select studentsfrom these schools were brought to Duckworth Center onetime per week to assist with physical activity and sporttraining with Duckworth children. Training of the studentsfrom the private school was conducted by the staff atDuckworth, and the program was organized and supervisedby the adapted physical education staff at Duckworth Center.Research showed that Duckworth children who receivedsupport from children without disabilities made significantimprovement in motor, behavioral, and social skills (see Blocket al., 2001, for more detail of this study).

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Author’s Note

Please send inquiries to:

Martin E. Block, Ph.D.Kinesiology ProgramUniversity of Virginia210 Emmet St., S.Box 400407Charlottesville, VA 22904-4407USAPhone: (1) 434-924-7073E-mail: [email protected]

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Introdução

Este tutorial tem como objetivo central oferecer ao leitoruma discussão sobre os conceitos de controle postural emecanismos de ação-percepção durante restrições nastarefas de equilíbrio corporal. As restrições foram definidasa partir de perturbações ao equilíbrio impostas ou acondições de deficiência que afetam o controle postural. Oconceito central de ação-percepção tratado neste tutorial éo háptico. Para ilustrarmos este conceito durante oscontextos de exploração com o uso de ferramentas, nósadotamos o paradigma experimental proposto por

Um Tutorial Sobre Percepção Háptica noControle Postural: Ilustrando o Paradigma“Âncora” e suas Aplicações na Reabilitação

e na Atividade Física Adaptada

Eliane Mauerberg-deCastroTatiane Calve

Fernanda Fernandez de ViveirosSuelen D. PolanczykMárcia V. Cozzani

Universidade Estadual Paulista

Resumo—Este tutorial tem como objetivo central oferecer ao leitor, familiarizado com a área de comportamentomotor e interessado nas necessidades práticas do campo da reabilitação e da atividade física adaptada, umadiscussão sobre os conceitos de controle postural e mecanismos de ação-percepção em tarefas de restrições aoequilíbrio corporal devidas a perturbações impostas ao organismo, ou a condições de deficiência que afetam ocontrole postural. Com o propósito de ilustrar como estes mecanismos de ação-percepção influenciam no controlepostural, nós aprofundamos nossa discussão em torno do conceito de percepção háptica durante a implementaçãoe uso de ferramentas (rígidas e não-rígidas) para auxiliar no equilíbrio corporal. Nós adotamos o paradigmaexperimental proposto por Mauerberg-deCastro em 2001 (Mauerberg-deCastro, 2002)—o paradigma é associadocom uma metáfora: a da âncora—para explicar o fenômeno da sensibilidade háptica através de experimentos emlaboratório com adultos com e sem deficiência mental. Ainda, nós discutimos como o paradigma experimental daâncora pode ser adotado em situações práticas de uma aula de atividade física adaptada.

Palavras-chaves: Sistema “âncora,” controle postural, sensibilidade háptica, atividade física adaptada

Abstract—“A tutorial about haptic perception on postural control: Illustrating an ‘anchor’ paradigm and itsapplications in rehabilitation and adapted physical activity.” The purpose of this tutorial is to offer to readers whoare familiar with human motor behavior, and who are interested in applications in the field of rehabilitation andadapted physical activity, a discussion about postural control concepts and action-perception mechanisms. Thesemechanisms can be identified during balance tasks restricted by pertubations, either imposed or due to disabilityconditions. In particular, we focused our discussion on how subjects organize haptic perception while using tools(rigid and non-rigid) to aid balance. We adopted an experimental paradigm proposed in 2001 by Mauerberg-deCastro (Mauerberg-deCastro, 2002), the “anchor paradigm,” in order to explain haptic phenomena in laboratoryexperiments using normal adults and adults with mental retardation. Also, we discussed how this anchor paradigmcan be used in a practical adapted physical activity setting.

Keywords: “Anchor” system, postural control, haptic sensitivity, adapted physical activity.

Mauerberg-deCastro em 2001 (Mauerberg-deCastro, 2002).O paradigma é associado com uma metáfora: a da âncora, aqual detalharemos posteriormente.

Nós iniciamos este tutorial discutindo como os sistemasde controle postural podem se relacionar com mecanismosde exploração perceptual háptica e vice-versa. Tipicamenteos mecanismos de exploração envolvem sistemas oumodalidades perceptuais, dentre os quais nós nosfamiliarizamos mais com o sistema visual—quando o assuntoé detectar a estrutura espacial do ambiente. Entretanto,outros sistemas perceptivos (menos enfatizados) têmimportância fundamental na exploração. Dentre eles está o

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sistema háptico. Para afirmarmos tal premissa precisamosestabelecer uma relação entre o sistema háptico e o sistemapostural. Geralmente reconhecemos com facilidade a naturezareativa do sistema de controle postural (e.g., durante eventoscomo tropeços), porém é menos evidente a naturezaexploratória do sistema háptico (e.g. , antecipandoirregularidades na superfície de modo a prevenir tropeços).Concomitantemente, o sistema de controle postural local (i.e.,mudanças de tônus muscular da mão de uma pessao cegasegurando um bengala usada para detectar uma superfíciequalquer) em si é subserviente à exploração háptica duranteatos exploratórios. Para facilitar o entendimento desta relaçãocooperativa entre estes dois sistemas, o de controle posturale o háptico, nosso próximo passo será descrever umametáfora para o controle postural em associação com apercepção háptica: o sistema âncora. Como veremos aolongo deste artigo, sua descrição e teste de utilidade evoluemtanto de experimentos em laboratório como de contextosaplicados como o de uma aula de educação física adaptada.

Sistemas de Controle Postural eMecanismos de Exploração

O ser humano mantém uma posição bípede onde 2/3 desua massa corporal está a 2/3 da sua altura em pé em relaçãoao solo. Assim, durante as inúmeras possibilidades motoras,um sistema de controle dedicado depende do constanteestado de instabilidade deste mesmo sistema. Estados deinstabilidade são fontes potenciais de iniciação e modulaçãoda ação e, mesmo na posição mais imóvel possível, umapessoa nunca terá completa inatividade muscular.

Ainda, a postura é o resultado da convergência dainfluência de vários sistemas estruturais, anatômicos,neuromusculares e sensoriais subordinados às leis físicas.Desta convergência emerge um sistema de orientação geralque permite ao corpo e seus segmentos expressarem suadinâmica nas ações de imediato e ao longo do tempo.

Os diversos estudos sobre postura e equilíbrio aindacentram suas experiências em torno da identificação dosmecanismos de controle e da sinergia por detrás dasmodulações posturais e reações após perturbações (Lee &Young, 1985; Shumway-Cook & Woollacott, 1985; Tang &Woollacott, 1996; Oddsson, 1990; Massion, 1998). Ainda,estes estudos avaliam a relação entre articulações e superfíciede apoio, ou como os sistemas sensoriais marcam suainfluência na presença de conflitos de input.

A literatura está cheia de exemplos em torno da tentativade induzir falsas impressões aos sistemas sensoriais ligadosà postura de modo a estudar suas respostas adaptativas(Shumway-Cook & Woollacott, 1985). Estes estudos têm umapreocupação importante: a de entender, nos contextos davida real, as razões por quê o sistema postural falha. A maiorpreocupação com estas falhas está na associação comquedas, especialmente onde as quedas são fator de riscoprimário à manutenção da mobilidade, particularmente entreos idosos (Winter, 1995; Tang & Woollacott, 1996). Outra

preocupação é em relação aos mecanismos adaptativos queemergem de um desenvolvimento atípico associado com umacondição de deficiência.

As razões sobre o por quê o sistema postural falha sãobastante extensas tanto em termos descritivos sobre suanatureza quanto em termos de predição das influênciasatravés de modelos matemáticos. Entretanto, poucos estudosabordam como o sistema postural adapta-se às demandasde tarefas exploratórias e incorpora elementos informativosdo ambiente de modo a superar os problemas de manutençãodo equilíbrio.

Vários sistemas como o visual, vestibular, proprioceptivoe háptico, tomam parte na organização postural (Goldfield,1995). O papel de muitos destes sistemas é bem conhecidonos estudos sobre postura. Entretanto, outros não são tãodiretamente relacionados. Em particular, a sensibilidadeháptica (i.e., o resultado de esforços coordenativos entrehabilidades cinestésicas e tatuais) que é tradicionalmenteestudada em contextos de detecção de informação duranteatos exploratórios, mas raramente estudada em relação aoseu papel no controle postural.

Burton (1993) chama a atenção para o fato de que—usando a percepção háptica—um indivíduo pode fazercontatos diretos com o mundo através de elementos não-biológicos. Organismos podem detectar informações usandoferramentas de diferentes texturas e dimensões. Quandoanexas ao organismo, ferramentas podem adicionar umaquantidade significativa de detalhes que auxiliam nas açõesexploratórias. O uso de bengalas por indivíduos cegos é umexemplo típico. A bengala auxilia a pessoa cega a se orientarno espaço com relação ao status da superfície não disponívelao sistema visual. A acurácia da orientação depende daestratégia exploratória pela pessoa cega e é fundamental parauma locomoção segura. Pessoas idosas também usambengalas para facilitar a manutenção da postura eretadurante a locomoção. Este uso é necessário por causa dadeterioração do equilíbrio e da força muscular. Quando aspessoas usam ferramentas para detectar informações, elasdependem do controle fino do movimento assim como docontrole postural para dar andamento a uma tarefaexploratória.

O que é a Percepção Háptica e qual suaRelação com o Sistema Postural?

Tipicamente os sistemas percepuais (e sensoriais1) e os

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1 Costumeiramente separamos conceitos de sensação e percepção. Asensação envolve a detecção e o processamento básico das informaçõescaptadas pelos órgãos e sistemas sensoriais. A percepção envolvefunções mais complexas gerenciadas pelo sistema nervoso central.Inicialmente é importante saber que a percepção é inseparável dacognição. A percepção depende da experiência e é expressapredominantemente num nível voluntário. A percepção éinterdependente da sensação e evolui das funções sensório-motorasprecoces.

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sistemas de ação são arbitrariamente separados emmodalidades. De acordo com Mauerberg-deCastro, dePaula,Tavares e Moraes (no prelo),

“…as modalidades sensoriais diversificam suasfunções—embora sejam interdependentes—entre os sistemas vestibular, visual, auditivo eháptico. A classificação funcional e asdefinições variam de autor para autor. O sistemavestibular, através de gravitorreceptores (i.e.,otolitos), é responsável por detectaracelerações rotacionais quando o organismoestá estático2 (Stoffregen & Riccio, 1988). Osistema háptico está relacionado com apercepção de textura, movimento e forças (porexemplo, inerciais, gravitacionais, e deaceleração) através da coordenação deesforços dos receptores do tato, visão, audiçãoe proprioceptivos. A função háptica dependeda exploração ativa do ambiente, seja esteestável ou em movimento. O sistemacinestésico e o sistema cutâneo sãosubsistemas hápticos. O primeiro dá aoobservador a consciência da postura estáticae dinâmica do corpo através de informaçãovinda de receptores dos músculos, pele earticulações; o segundo dá ao observadornoções de mudanças na estimulação fora docorpo, capturadas na superfície da pele(Srinivasan & Basdogan, 1997). Riley e Turvey(2001) fazem uma distinção entre o sistemaproprioceptivo háptico e o visual háptico. Oprimeiro dá fluência às ações coordenadasatravés das sinergias músculo-articulares. Osistema visual háptico não substitui o sistemaproprioceptivo háptico, pois atua num nívelde alta ordem que guia os movimentos a alvosvisualizados. Schwartz (1999) acrescenta opapel da informação auditiva háptica quandoa tarefa restringe o uso da visão. Outroconceito similar ao sistema cinestésico é osistema somatosensório. Winter (1995) incluio sistema somatossensório como responsávelpela detecção da velocidade e da posição docorpo e suas partes, os quais estão sobinfluência da ação da gravidade ou do contatocom objetos externos. Finalmente, temos osistema visual que, além das funçõessubjacentes ao sistema háptico, detectaprofundidade por causa da disparidadebinocular, movimento de paralaxe, gradiente de

textura e sombras (Atkins, Fiser & Jacobs,2001).”

A percepção háptica é a percepção de aspectosmecânicos do ambiente pelo empenho do tato e da habilidadecinestésica, implicando em uma alteração no significado daforça mecânica entre o ambiente e o tecido sensitivo (Burton,1993). A percepção háptica tanto pode ser direta (e.g., umapessoa cega decifrando uma frase escrita em braille) comoindireta (e.g., um cirurgião manipulando instrumentocirúrgico numa situação onde o feedback de tal manipulaçãoé dado por imagens em um computador). Burton cita exemplosde apêndices hápticos em outras espécies como, por exemplo,os insetos que captam informação através da vibração deseus pêlos. Nas aves, a percepção háptica ocorre através desuas penas. Já nos mamíferos a percepção ocorre atravésdos mecanorreceptores que têm a função de sentir vibraçõesna sua superfície. Através desses receptores os mamíferospodem obter informações sobre a localização, amplitude,velocidade e direção de seus predadores ou suas presas.

Essencialmente, o sistema háptico é investigado emcomportamentos de alta ordem, ou seja, aquelescomportamentos onde imperam o controle voluntário e aconsciência. O funcionamento do sistema posturalgeralmente ocorre num nível inconsciente e automático oque nem sempre demanda estratégias do tipo exploratórias,exceto no advento de perturbações ou na constatação deum ambiente hostil ao estado de equilíbrio. É o caso daquelesindivíduos com dificuldades posturais que precisamdirecionar sua atenção para as condições de ameaça ao atualestado de equilíbrio. Perder o equilíbrio pode significar umaqueda ou desestabilização de um gesto como, por exemplo,soltar uma bandeja com copos de vidro por causa de umescorregão.

Frank e Earl (1990) afirmam que os ajustes para manter apostura ereta dependem de feedback3 sensorial (vestibular,visual, proprioceptivo e cutâneo) e estratégias associadascom movimentos voluntários. O feedback sensorial a partirde sistemas como o vestibular, visual, proprioceptivo ecutâneo é bastante conhecido na literatura, porém, ofeedback a partir de sistemas do tipo exploratório hápticosão raramente estudados em associação com o controlepostural (Burton, 1993).

O sistema háptico detecta informações baseadas empropriedades de objetos, eventos e superfícies (Fitzpatrick,Carello, Schmidt & Corey, 1994). Essas investigações sobrea percepção de objetos que dão suporte à ação, constituem

2 Stoffregen e Riccio (1988) afirmam que o sistema vestibular durantetarefas dinâmicas como a locomoção é incapaz de distinguir forçasinerciais de forças gravitacionais, assim, quando o organismo estáacelerando, a sensação de movimento linear torna-se um constructodecorrente da computação de outros sinais sensoriais.

3 Feedback, assim como feedforward são dois mecanismos conhecidosno controle postural. Embora importantes no entendimento daorganização postural, não serão aqui discutidos. Para maiores detalhesveja Oddsson (1990).4 Segundo Moraes (1999), o termo affordance implica nacomplementaridade animal-ambiente. Gibson (1977) sugere “queo affordance de qualquer coisa é uma combinação específica daspropriedades de sua substância e sua superfície tomadas dareferência de um animal.” (p. 67)

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os estudos de affordance4, ou seja, estudos que enfatizam oconceito ecológico da indissociabilidade entre animal eambiente.

A premissa de affordance pode ser generalizada no ciclopercepção-ação, onde o sistema háptico é potencialmenteum sistema do tipo exploratório (do ambiente). O sistemaháptico pode usar elementos não-biológicos (ferramentas)anexos ao corpo com um propósito: o da expansão daorientação para estabilização ou para a captura de informaçãosobre as propriedades do ambiente adjacente.

Massion (1998) coloca que o input visual e o contatoháptico são importantes ferramentas para a orientação docorpo no ambiente. O contato háptico, segundo ele, torna-se uma espécie de ancoragem entre o corpo e o ambiente.Outros autores como Riley e Turvey (2001) tambémestudaram o contato háptico como uma fonte de informaçãopara manutenção do equilíbrio. Eles afirmam que apropriocepção háptica é a referência física da posição e daorientação do corpo no espaço. Em geral, nestes estudos, ocontato com superfícies de apoio ou o contato comferramentas (aparelhos) construídas para facilitar aexploração háptica é restrito por demandas específicas natarefa (e.g., manter-se imóvel por um tempo, ou pressionar asuperfície com uma força específica) (Riley & Turvey, 2001).

Uma Metáfora para o Controle Postural:O Sistema “Âncora”

Estudos comprovam que o uso de ferramentas ou objetoscomo extensão de segmentos corporais para a detecção deinformação combina a dinâmica dos segmentos corporaiscom a dinâmica do objeto à medida que o ambiente muda oua tarefa evolui (Mark & Vogele, 1987). Em particular, quandomediada por ferramentas, a postura caracteriza uma uniãoentre o homem e o ambiente que, hora facilita a exploração,ora depende da exploração. Assim, a forma como indivíduosem qualquer idade de desenvolvimento exploram o ambienteutilizando ferramentas sincronizadas com o movimento deseus segmentos corporais e deslocamentos do corpo comoum todo, sugere uma espécie de ancoragem entre organismoe ambiente (Ver Figura 1).

Imagine um barco ancorado no meio do mar (Figura 2). Obarco (o sistema) está amarrado a um cabo (a extensão daâncora), e as forças da maré empurram e puxam as águascontra este barco (reação de orientação). A âncora, no fundodo mar, permite estabilidade, mesmo quando o cabo estica eafrouxa periodicamente. A diferença entre o barco e umsistema biológico é que o primeiro não tem como detectar asmudanças na dinâmica da superfície (e.g., fundo do rio efluxo das águas) e o barco em si. Mesmo que o barco tenhaum acoplamento mecânico com a superfície, sua estabilidadeé influenciada pelas propriedades físicas dos múltiploscomponentes (e.g., o barco, a maré, a âncora e o fundo domar). Em sistemas biológicos, um fenômeno adicional deveser considerado: a estabilidade de um sistema é influenciadapelas ações exploratórias, as quais são restritas pelas

propriedades de componentes múltiplos (e.g., os estadosposturais do corpo, o uso de ferramentas rígidas ou não, eas superfícies adjacentes). Ainda, estes componentes não-biológicos (e.g., ferramentas e superfície adjacentes) tornam-se elementos constituintes do mecanismo exploratório.

Figura 1 – Ilustração do contato de uma criança cega com oprofessor através de uma corda durante o direcionamentoda locomoção.

Figura 2 – Barco ancorado no meio do mar.

A função de uma âncora resume-se na busca pelaestabilidade a partir do contato, através de uma extensão(e.g., corda ou cabo flexível), entre uma extremidade e umasuperfície fixa adjacente. A hipótese de que o organismodetecta informações mediadas por ferramentas sugere que arelação mútua entre a dinâmica do organismo e a dinâmicado ambiente—nem sempre fixo e estacionário (e.g., umasuperfície em solo submerso pode deformar e modificar a

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dinâmica de ancoragem)—pode ser resumida num novosubsistema. O material que compõe a extensão da âncora—por exemplo uma corda—reforça o posicionamento teóricocontra a separação de ambiente e organismo. Uma extensãode âncora é condutora de informação sobre o status dasuperfície e, ao mesmo tempo, altera-se quando o sistemabiológico busca a estabilidade (i.e., a manutenção do corpoem equilíbrio na posição em pé). Esta metáfora ilustra umparadigma experimental que oferece consideraçõesadicionais ao conceito dinâmico de acoplamento5

(Mauerberg-deCastro & Angulo-kinzler, 2000) e o conceitoecológico de affordance (Goldfield, 1995).

Este paradigma acrescenta um detalhe a estes conceitos:o de que o sistema biológico constrói um mecanismo dinâmico(i.e., a extensão deformável da âncora, ou seja a corda oucabo) entre uma extensão neural e outra não-neural (i.e., osegmento corporal e a âncora em si) para detecção deinformação (i.e., busca de estabilidade no comportamentoatual). Por exemplo, as fontes de tensões e direções impostasna corda estendida entre o braço e a âncora podem seraumentadas, diminuídas ou neutralizadas de acordo com amaneira como o indivíduo controla o material. Este mesmomaterial é utilizado para extrair informações não diretamentedisponíveis aos sistemas perceptuais com o objetivo deanular as perturbações ou explorar as condições dasuperfície.

Realizando uma Experiência em Laboratório

Mauerberg-deCastro (2002) organizou um estudo sobreo uso do sistema âncora durante uma tarefa de equilíbrionum só pé sem a informação visual. Os participantes, adultosneurologicamente normais, ficaram em pé num apoio simplespor trinta segundos sob privação visual. As condições deteste foram: 1. ficar em pé por 30 segundos (controle); e, 2. amesma condição da anterior, mas segurando em cada mãoum sistema de cabos flexíveis (i.e., extensão da âncora) comcargas fixadas nas extremidades, as quais foram mantidassempre em contato com a superfície. As cargas foram de 1Kg, 500 g, 250 g, e 125 g. Cada carga representou umacondição, i.e., 1K, 500, 250, 125 (a condição controle, ouseja, a realização da tarefa sem o sistema âncora, foi designadacomo CN). Os participantes foram instruídos a nãolevantarem as cargas do chão e, para tanto, praticaram atarefa por dois minutos antes do experimento (Figura 3).

Todos os participantes neste estudo tiveram seusmovimentos capturados pelo sistema Optotrak® paraefetivar uma análise cinemática. As variáveis cinemáticasanalisadas a partir dos deslocamentos e velocidades

5 Quando dois sistemas entrelaçam temporalmente sua atividadecomportamental, dizemos que eles estão acoplados. É o exemplo daatividade do segmento perna e coxa durante a marcha: um influencia ooutro como amortecedores e geradores de torque e, ambos, acoplados,caracterizam uma unidade comportamental.

angulares durante o período de 30 segundos da tarefapermitiram plotar retratos de fase (para maiores detalhes nestatécnica, veja Mauerberg-deCastro & Angulo-Kinzler, 2001)para ilustrar o fenômeno de coordenação e controle motor.

A análise cinemática revelou, através dos plots de retratosde fase, que a oscilação de vários segmentos corporais(cabeça-T1, tronco, coxa, perna e pé) no plano transversal(rotações no eixo) diminuiu nas condições âncora,independentemente da carga utilizada. A figura 4 ilustra arelação entre os parâmetros deslocamento angular evelocidade angular. Observe, na Figura 4, a diferenciaçãoentre as amplitudes e velocidades angulares dos diferentessegmentos corporais na condição CN (gráficos ao ladoesquerdo) e 1Kg (gráficos ao lado direito). O mesmo ocorrepara o participante NAT (Figura 5). As estratégias de controlepodem ser qualitativamente analisadas nestes retratos defase onde a área ocupada no espaço do estado6 (i.e.,coordenadas no plano cartesiano onde um sistema podeexistir) representa a magnitude de oscilação pelos segmentos.Assim, a grande área ocupada no retrato de fase reflete ainstabilidade e dificuldades no equilíbrio. Ainda, é possívelver a instabilidade de alguns segmentos sob a condição CNem contraste com as condições âncora. Para a maioria dosparticipantes o controle postural foi facilitado quandosegurando o sistema âncora. A exploração livre dos braços—permitida na condição CN—não parece ser uma estratégiaadequada para manter o equilíbrio na ausência da informaçãovisual.

Figura 3 – Ilustração do sistema âncora durante a tarefa deapoio em um só pé sem informação visual.

6 É uma região específica de um sistema de coordenadas, referida aquicomo espaço do estado, onde ocorre o retrato das mudanças nacinemática.

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Figura 4 – Ilustrando o controle postural através de retratos de fase dos respectivos segmentos: a) cabeça-T1, b) tronco, c)coxa, d) perna e e) pé (de cima para baixo) na condição CN (lado esquerdo) e condição âncora 1Kg (lado direito) do participanteGRE.

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Percepção háptica no controle postural

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Figura 5 – Ilustrando o controle postural através de retratos de fase dos respectivos segmentos: a) cabeça-T1, b) tronco, c)coxa, d) perna e e) pé (de cima para baixo) na condição CN (lado esquerdo) e condição âncora 125g (lado direito) do participanteNAT.

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A forma como os diferentes segmentos corporais oscilamrefletem estratégias de controle subordinadas aos graus deliberdade7 possíveis em cada articulação. Na Figura 4, oparticipante GRE nas condições CN e 1Kg exibiu poucadiferenciação entre as trajetórias da cabeça-T1 e do tronco,e ao contrário exibiu, na condição CN, ampla variação nonível da coxa em contraste com a perna. Observe que nósmantivemos constantes os limites máximos e mínimos doseixos x e y para que o leitor pudesse apreciar as mudançasquantitativas. Os segmentos distais ao tronco tendem areduzir suas amplitudes e velocidades angulares à medidaque aproximam-se do solo—observe a diferença entre oretrato de fase do pé e tronco. Isto confere uma ilustraçãodo pêndulo invertido (Winter, 1995). Nas condições âncora(1kg e 125g), os segmentos adjacentes diminuem suasdiferenças topológicas pois são mais estáveis. As trajetóriasdo segmento do pé são, independentemente da condiçãoexperimental, visivelmente reduzidas porque nas tarefas, opé, completamente em contato com o solo, não tem a mesmaliberdade para oscilar que os segmentos distais.

As diferenças topológicas entre condição CN e âncorarefletem uma dependência pelo sistema postural em tornoda informação visual (ausente neste tipo de tarefa).Entretanto, esta dependência não impede que osparticipantes adaptem-se a outros tipos de informação comoaquela do tipo háptico. De modo geral, com raras exceções,

todos diminuíram a amplitude da oscilação corporal quandoexpostos à tarefa com o sistema âncora. O segmento dacabeça-T1 apresentou valores mais altos do que o segmentotronco e, ao contrário, os demais segmentos distaisapresentaram valores drasticamente reduzidos. Os altosvalores das variáveis cinemáticas representam movimentosbalísticos que ocorrem durante a perda de equilíbrio e queforam capturados ao nível de determinados segmentos. Nocaso dos segmentos cabeça-T1 e tronco, os movimentosbalísticos são mais amplos em termos de rotação do que oobservado nos segmentos como a perna e o pé.

De maneira geral, entre os participantes, as amplitudesmáximas e mínimas (deslocamento angular) variaramextremamente. A Tabela 1 mostra que, através do desvio-padrão da média—obtida da diferença entre amplitudemáxima e mínima de cada segmento em seus respectivosplanos—, os desempenhos foram bastante heterogêneos.Isto indica que os níveis de controle postural diferenciadosentre os participantes estão intimamente associados com acapacidade de adaptação à sensibilidade proprioceptivaháptica. Embora todos tenham exibido algum grau deadaptação nas condições âncora, este grau foi dependentedas condições intrínsecas (i.e., equilíbrio dependente davisão) inferidas da condição CN.

De maneira geral, este experimento demonstrou um efeitorobusto de otimização do controle postural através do sistema

7 Graus de liberdade são todas as variáveis de um sistema que precisamser controladas independentemente. É o número de variáveis que sãonecessárias para descrever o sistema sem quebrar qualquer lei derestrição. Em um sistema rígido de pêndulos acoplados os graus deliberdade podem ser quantificados simplesmente contando-se quantashastes e eixos participam nas dimensões possíveis (observe os planosde movimento num sistema tridimensional) do sistema como um todo(Meriam, 1966). Em sistemas não rígidos e abertos, como os biológicos,estes números não são tão claros porque podem passar tanto peladescrição química, elétrica, quanto mecânica. Um comportamento motorcomo o sentar pode ter diversos graus de liberdade por causa de suasfontes de restrições.

Tabela 1 – Resultados médios da amplitude de movimento nos três planos para tês segmentos (desvio padrão em itálico).

Cabeça-T1 Tronco Pé

Transversal Coronal Sagital Transversal Coronal Sagital Transversal Coronal Sagital

NC 102 21 11 97 41 27 12 22 7 64 14 6 46 57 54 13 25 5

125g 78 19 9 81 18 9 8 17 5 75 19 5 38 17 6 8 15 2

250g 76 16 8 77 17 9 7 14 4 81 15 4 36 15 6 5 9 2

500g 70 17 9 67 16 9 7 13 4 68 18 6 28 16 6 5 9 2

1Kg 79 17 8 70 16 8 6 10 4 65 18 5 30 16 6 3 5 1

âncora por todos os participantes. A suspeita de que o apoiomecânico era secundário à sensibilidade háptica foiconfirmada pela não diferença entre as diferentes cargas dosistema âncora.

Um segundo estudo aplicando o sistema âncora emcontexto de laboratório foi desenvolvido por Mauerberg-deCastro e colaboradores (Mauerberg-deCastro, Calve,Viveiros, Cozzani & Tavares, 2003), o qual incluiu como tarefade equilíbrio o deslocamento de participantes, neurolo-gicamente normais, de olhos vendados sobre uma trave deequilíbrio sob as mesmas condições de âncora usadas noestudo anterior. Neste estudo, a condição sem âncora foi

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apresentada inicialmente (CNi) e ao final da sessão (CNf),ou seja, após as condições ancora, as quais foram entãorandomizadas. O objetivo era verificar se haveria umatendência de transferência, o que de fato ocorreu, comoveremos mais adiante (Figura 8).

A inspeção subjetiva das imagens revela que a realizaçãoda tarefa âncora foi dramaticamente superior à condiçãocontrole inicial. Numa visão geral, observa-se uma dramáticadiferença entre as tentativas do controle inicial (CNi) e dassituações âncora como nos exemplos abaixo (FLO). Nãosomente em relação à óbvia desorientação geral sobre a travede equilíbrio, mas em relação à instabilidade por todo otrajeto (Figura 6).

Na condição âncora (Figura 7) o desempenho foiimediatamente alterado para um padrão estável e controlado

sem quedas. Este desempenho foi observado já nas primeirasexecuções independentemente de carga da âncora.

Tipicamente, nesta fase descritiva dos resultados, todosos sujeitos utilizaram o sistema âncora de maneira similar.Ou seja, mantendo cada carga aproximadamente ao lado docorpo e esticando a extensão à medida em que o equilíbrioera perdido ou ameaçado.Os parâmetros médios da fasetemporal relativa (i.e., proporção temporal entre a passadada perna esquerda em relação à direita, e vice-versa, dentrode cada ciclo) pelos dez participantes não sofreram alteraçõessignificativas por conta das condições âncora, mantendoproporções temporais de 50% dentro de cada ciclo de marchaamostrado. Entretanto, os valores de desvio-padrão da fasetemporal relativa foram drasticamente diminuídos duranteas condições âncora. A Figura 8 resume estes resultados.

Figura 6 – Imagens do participante FLO na 1a. tentativa (sequência superior) e 4a. tentativa (sequência inferior) da condiçãosem âncora inicial (CNi).

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Figura 7 – Imagens do participante FLO na 2a. tentativa (sequência superior) e na 4a tentativa (sequência inferior) da condiçãoâncora 250.

Figura 8– Valores médios (esquerda) e de desvio-padrão (direita) da fase relativa nas condições controle inicial (CNi) e final(CNf), e nas condições âncoras.

Uma Experiência Terapêutica na Aula deEducação Física Adaptada

A metáfora da âncora, ou um paradigma experimental daâncora, pode ser útil para explicar certas relações entre ofenômeno percepção-ação que ocorrem durante o controlepostural e respectivas ações exploratórias. Uma vez que anoção de ancoragem pode facilitar o sistema de ação emsuas funções, nós assumimos que o sistema pode, além dejustificar conceitos dinâmicos e ecológicos, ter ums utilidadeprática de ordem terapêutica. Se, de fato um indivíduo podeotimizar seu controle postural e sua exploração através da

manipulação de um sistema de âncoras, como o descrito nametáfora, o paradigma poderia ser considerado uma opçãoterapêutica enquanto meio de estimulação de indivíduos comlimitações ou deterioração no equilíbrio e na mobilidade.

Abaixo ilustramos algumas aplicações práticas dosistema âncora em exercícios e atividades físicasdesempenhadas por adolescentes e adultos com deficiênciamental de graus moderado e leve. A Figura 9 ilustra algumasatividades de equilíbrio estático e dinâmico, de transposiçãode obstáculos, de deslocamentos sobre superfícies estreitase instáveis, passagens por diferentes aberturas, e controlede outros objetos (e.g., bolas, sacos de areia). Em seguida,o sistema âncora foi então introduzido nestas mesmasatividades (Figura 10).

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Os participantes ora ajustaram seus movimentos aosistema âncora como auxiliar do equilíbrio e do controlepostural, ora incorporaram como um anexo do próprio corpocriando restrições com diferentes graus de dificuldade. Emgeral, os participantes reduziram a oscilação corporal nastarefas de equilíbrio, especialmente estático. Com o uso dosistema âncora, os participantes realizaram sozinhos algumastarefas que antes eram realizadas com a ajuda de auxiliares.Além disso, o sistema âncora impôs desafios aosparticipantes em torno da percepção das dimensõescorporais e espaciais, desafios que foram resolvidos comcriatividade e, em geral, sucesso. Ou seja, como a tarefa eratransportar o sistema âncora como parte de seus corpos, o

mesmo expandiu a área de ação e, portanto, os participantestiveram que ajustar seus movimentos às novas dimensõesdos anexos.

Neste contexto prático, o sistema âncora demonstrou seruma ferramenta e um método viável de treinamento doequilíbrio corporal através de estratégias exploratórias. Osparticipantes, naturalmente usaram as cargas como apoiosob a simples instrução de transportá-las sempre em contatocom o chão. É dificil avaliar a extensão da influência cognitivaneste contexto exploratório. O fato é que, mesmos osparticipantes com mais dificuldade cognitiva utilizarameficientemente suas “ferramentas” âncora.

Figura 9 – Coletânea de imagens de contextos típicos de atividades físicas para adultos e adolescentes com deficiênciamental.

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Discussão

Os resultados apresentados neste tutorial refletem osprimeiros achados experimentais e ilustram a possívelutilidade terapêutica do sistema âncora. No experimento deMauerberg-deCastro (2002), as estratégias utilizadas pelosparticipantes durante as tarefas de manter-se na posição emum só pé sem informação visual foram capturadas atravésda observação da oscilação nos diferentes planos ediferentes segmentos. Estas estratégias resumiram-se emredução diferenciada da amplitude e velocidade de oscilação

nos diferentes segmentos e predominância de atividade noplano transversal. Outro resultado observado neste estudofoi que os pesos leves foram tão importantes para o equilíbriocomo os pesos maiores. Isto sugere que a tarefa de ancoragemem si já apresenta uma restrição positiva para o controle doequilíbrio. Se esta tendência se mantiver, é razoável confirmaras predições de Riley et al. (1999) sobre a importância darestrição da tarefa como elemento central nas estratégias decontrole postural. Em seus estudos, Riley e colegasdemonstraram que a exigência da tarefa de equilíbrio em si éque faz com que o indivíduo diminua a oscilação do corpo

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Figura 10 – Coletânea de imagens do uso do sistema âncora em contextos de atividades físicas para adultos e adolescentescom deficiência mental.

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de modo a se manter engajado na tarefa (Riley et al. , 1999;Riley, Balasubramaniam, Mitra & Turvey, 1998). Estainformação acrescenta um detalhe importante aos estudossobre sensibilidade tátil como mecanismo de estabilizaçãopostural (Jeka & Lackner, 1994; Barela, Jeka & Clark, 1999;Lackner, Rabin & DiZio, 2001). Nestes estudos, os autoresafirmam que o contato com o dedo indicador com umasuperfície estacionária pode atenuar significativamente aoscilação postural mesmo com forças abaixo daquelanecessária para dar suporte mecânico. É possível que ocontato com força mínima sobre uma superfície estacionária(ou não) seja um elemento de restrição à oscilação corporalpor conta de uma associação dos requerimentos da tarefa(manter o contato com menor pressão possível) e igualmentea informação tátil detectada da superfície estacionária. Emnosso estudo a diferença está na direção da força exercida,para cima invés de para baixo, e o tipo de contato, extensãoflexível do material em contato com a superfície estacionáriainvés de contato direto com a superfície estacionária.

Da mesma forma, o experimento do estudo de Mauerberg-deCastro et al. (2003) onde o sistema âncora foi usado duranteo deslocamento vendado sobre um trave de equilíbrio, ouso de cargas leves teve o propósito de testar a influênciada resistência mecânica e da sensibilidade háptica. Assumiu-se que um mínimo de carga poderia resumir a necessidadede feedback sobre o status da superfície adjacente àsâncoras. Se as cargas maiores fossem de fato melhorutilizadas do que as menores, teríamos de assumir que apostura, quando em estado de eminente instabilidade,depende mais de um requerimento mecânico do queperceptivo.

Neste experimento a tendência de transferência é um fatorque deve ser explorado futuramente por conta de suapotencial aplicabilidade na reabilitação. Se, de fato, oresultado de mecanismos exploratórios através do sistemaâncora puderem ser generalizados em tarefas de controlepostural embutidas nas tarefas da vida diária, então umanova técnica pode ser incorporadas nas rotinas dereabilitação ou estimulação da mobilidade em indivíduos quetêm estas funções ameaçadas por condições incapacitantes.Futuros estudos devem explorar se de fato ocorre umatransferência na performance a partir da estimulação com osistema âncora e por quanto tempo ela se mantém.

Essencialmente o produto da manipulação do sistema deâncoras é a manutenção do equilíbrio em graus de oscilaçãosignificativamente menores e um menor número de falhas natarefa (e.g., sair do apoio em um só pé). O processo destadinâmica reflete essencialmente a sensibilidade hápticadurante a exploração do ambiente através do sistema deâncoras. A tensão produzida nas extensões flexíveis (cabos)é consequência de forças gravitacionais, viscosidade eelasticidade do material e a forma como o indivíduo controlaa extensão proximal à âncora (i.e., as cargas).

A redução da oscilação corporal ocorre quando algumamassa cria resistência no sistema âncora como no exemploda âncora 250g. Desta forma, o indivíduo pode parametrizara quantidade de força de empuxo entre os lados direito e

esquerdo onde repousam as cargas das âncoras. O resultadodeste jogo de puxar os cabos o suficiente para recalibrar aposição do corpo como um todo e manter as cargas emcontato com o solo permite ao indivíduo uma orientaçãosobre a superfície com base na sensibilidade háptica.

A extensão da âncora conduz informação sobre o statusda superfície adajacente e, neste caso, o status é estacionáriocontra um sistema em estado de instabilidade (i.e., o corpo eseus segmentos). A meta final do indivíduo é ficarrelativamente imóvel e orientado. Estas metas foramindiretamente solicitadas nas diferentes tarefas durante asessão de educação física. Os participantes com deficiênciamental têm desordens posturais de diferentes graus.Entretanto, o desafio de transportar o sistema âncora aolongo de um ambiente congestionado de desafios levou osparticipantes a escolhas variadas de solução de problemas.Subir em uma trilha de bolas de medicine ball não é umatarefa fácil e o sistema âncora foi incorporado com relativaeficiência previnindo quedas e aumentando a motivação dosparticipantes em permanecer explorando alternativas na ação.Estas alternativas eliciadas por sistemas de alta ordem (i.e.,ações voluntárias), atuam em paralelo ao controle postural.

Conclusão

Através do presente tutorial sobre percepção háptica nocontrole postural, nós discutimos mecanismos de ação-percepção envolvidos no controle postural e, ilustramosatravés de uma metáfora, um sistema experimental “âncora”como uma ferramenta não-rígida potencialmente informativasobre o status postural. Concluímos que o sistema âncorafundamenta à idéia de que sistemas biológicos, a partir de“elementos” não-biológicos, podem construir mecanismosdinâmicos para detectar informação com o objetivo de manterou mudar o estado atual do sistema. Finalmente, a partir deresultados em laboratório demonstramos algumas aplicaçõespráticas deste sistema âncora em contextos de reabilitaçãonuma sessão de atividade física adaptada. Nestas situaçõespráticas, o participante pode adotar o sistema âncora comouma opção exploratória para o controle postural eficiente e,consequentemente, substituir potencialmente o apoiomecânico e a assistência à mobilidade em atividades deequilíbrio estático e dinâmico. Outro aspecto positivo de talimplementação prática do sistema âncora é a independênciaque o participante tem na seleção de estratégias de controlepara dar continuidade a uma tarefa em particular.

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Nota do Autor

O presente tutorial é parte da experiência de pós-doutoradona Indiana University junto com a Dra. Esther Thelen. ApoioCAPES e CNPq/PIBIC. Os autores agradecem a contribuiçãodada pelo revisor Renato de Moraes e um revisor anônimo.

Endereço:Profa. Dra. Eliane Mauerberg-deCastroLaboratório de Ação e PercepçãoDepartameno de Educação FísicaUniversidade Estadual PaulistaAv. 24-A, 1515, Bela Vista, Rio Claro 13506-900 SPFone: 19-3526-4333E-mail: [email protected]://www.rc.unesp.br/ib/e_fisica/aplab.htm

Manuscrito submetido em dezembro de 2003Manuscrito aceito em janeiro de 2004

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Efeitos de um Programa de Treinamentocom Trampolim Acrobático Sobre o

Equilíbrio de Crianças Surdas

Cícero CamposCentro Universitário de Votuporanga

Resumo⎯Geralmente a surdez do tipo neurossensorial pode associar-se com problemas no equilíbrio devido adanos relacionados à função vestibular. Entretanto, a experiência em tarefas que estimulem o controle posturalpode melhorar o estado do equilíbrio diminuindo os efeitos desse dano. Baseados nestes fatos o presente estudoteve o objetivo de investigar a influência de um programa de treinamento de equilíbrio utilizando o trampolimacrobático como recurso num programa para crianças surdas. Participaram deste estudo dez crianças surdas, deambos os sexos, com idades entre 6 e 8 anos (G1, n=3) e 10 e 13 anos (G2, n=7). Para a avaliação do equilíbrioutilizamos a prova I dos testes de Ozeretsky-Guillmain, em duas oportunidades: antes do início do programa detreinamento e ao término do mesmo. A análise e discussão dos resultados nos permitiu concluir que: 1. surdos maisvelhos têm mais experiência em tarefas de equilíbrio, o que influencia os resultados do teste e; 2. o programa detrampolim reduziu as diferenças encontradas entre as idades no teste de equilíbrio, provocando alterações favoráveisno controle do equilíbrio das crianças do grupo mais jovem, e, em menor grau, do grupo mais velho.

Palavras-chaves: Surdez, equilíbrio, sistema vestibular, trampolim acrobático.

Abstract⎯“Effects of a trampoline program on balance of deaf children.” Neurossensorial deafness can be associatedto damage in the vestibular organ and, therefore, affect balance control. Experiences in balance tasks can helpimproving balance. Based on these facts, the purpose of this study was to investigate the influence of a trampolineprogram on balance of deaf children. Three deaf children, both sexes, age six to eight, comprised Group 1. Sevendeaf children, both sexes, age ten to thirteen, comprised Group 2. To evaluate balance we used section I of theOzeretsky-Guillmain tests. The balance scores were obtained in two opportunities: before beginning the programand at the end. The analysis and discussion of results led us to conclude that: 1. older deaf children have morebalance experiences so, age was a determining factor on the results of the test and; 2. the trampoline programreduced the differences between ages in balance control of the children in the youngest group, and in a lessintense way influenced the older group’s balance.

Keywords: deafness, balance, vestibular system, trampoline.

Introdução

A surdez do tipo neurossensorial é caracterizada pela perdaparcial ou total da capacidade de perceber sinais sonoros.Devido à organização anatômica do ouvido interno, além dasurdez podem haver danos ao aparelho vestibular, os quaiscausam problemas no equilíbrio corporal (Brunt &Broadhead, 1982; Butterfield & Ersing, 1986; Ellis & Darby,1993; Gayle & Pohlman, 1990; Goodman & Hopper, 1992;Schmidt, 1985; Sherrill, 1993). Esses problemas de equilíbriosomados à dificuldade de comunicação podem, de algumamaneira, restringir a interação do indivíduo surdo com asinformações presentes no ambiente. Tais informações sãovaliosas no que diz respeito ao desenvolvimento desseindivíduo, levando em consideração seus aspectos motor,cognitivo e afetivo-social.

Muitos dos efeitos do dano vestibular podem sercompensados pela utilização de outros sistemas sensoriais

como o proprioceptivo e, principalmente, o visual. Nósacreditamos que, com a experiência em tarefas específicas,algumas crianças podem desenvolver estratégias posturaispara superar ou compensar as dificuldades de equilíbrio(Gayle & Pohlman, 1990; Schmidt, 1985, Shumway-Cook &Woollacott, 2003).

McCurrey (conforme citado por Ellis & Darby, 1993) fezuma pesquisa comparando o equilíbrio dinâmico departicipantes atletas e não atletas com participantes surdosatletas e não atletas. O autor não encontrou diferenças noequilíbrio entre atletas e não atletas ouvintes. Ainda, elenão detectou diferença entre atletas surdos e atletasouvintes.

Dentre as variáveis possíveis que podem afetar oequilíbrio do surdo estão a etiologia (fator causador da perdaauditiva), a extensão da perda (o quanto a criança perdeu decapacidade auditiva), as experiências motoras diferenciadasentre o sexo feminino e masculino, e idade. Com relação à

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idade, Butterfield e Ersing (1986) concluem que odesempenho de equilíbrio dos surdos, tanto estático quantodinâmico, melhora com o aumento da idade cronológica. Osmesmos resultados foram encontrados por Brunt eBroadhead (1982) e Gayle e Pohlman (1990). Os autoresjustificam que essa melhora pode ser decorrente decompensações funcionais ou adaptações motoras, ambasdevidas tanto ao processo de maturação como aoportunidades adicionais que as crianças mais velhas tiverampara praticar tarefas de equilíbrio em comparação com asmais jovens.

Butterfield e Ersing (1986) estudaram também a influênciada etiologia da surdez no equilíbrio de crianças surdas. Elesencontraram que os indivíduos com surdez hereditáriaapresentaram pouca ou nenhuma diferença no equilíbriocomparados com pessoas normais da mesma idade. Já osindivíduos com surdez adquirida apresentaram déficits deequilíbrio comparados com os indivíduos com surdezhereditária, principalmente com relação ao equilíbrio estático.Goodman e Hopper (1992) também chegaram às mesmasconclusões. A etiologia da surdez daqueles indivíduos comsurdez hereditária não afeta o sistema vestibular. Ao contrário,aqueles que adquiriram a surdez devido a alguma doençainfecciosa têm tanto as células ciliadas do labirinto vestibularcomo as células cocleares afetadas (Butterfield & Ersing,1986; Horak, Shumway-Cook, Crowe & Blake, 1988; Sherrill,1993).

Embora poucos pesquisadores comparem aspectosmotores de indivíduos surdos com diferentes graus de perdaauditiva, os resultados existentes não apontam paradiferenças significativas entre indivíduos ouvintes,hipoacústicos e surdos (Butterfield & Ersing, 1986). Osmesmos autores compararam a influência do sexo nodesempenho de tarefas de equilíbrio por crianças surdas econcluíram que os desempenhos dos meninos sãocomparáveis aos das meninas para todas as idades testadas.Os mesmos resultados foram encontrados por Schmidt (1985)e Gayle e Pohlman (1990). Portanto, variáveis como gênero eextensão da perda auditiva não influenciam no desempenhoem tarefas de equilíbrio por crianças surdas.

Thelen (1993) aponta que o desenvolvimento é uma sériede elaboradas interações temporais e espaciais quedependem do contexto, isto é, dependem de característicasdo ambiente, não sendo determinadas apenas geneticamente.Isso quer dizer que o processo de desenvolvimento podeser acelerado através de estimulação ao mesmo tempo que afalta desta pode retardá-lo. Portanto, crianças surdasnecessitam vivenciar as mais variadas formas de experiênciasmotoras, intelectuais e sensoriais com o intuito dedesenvolver e reorganizar possíveis atrasos funcionais emalguma área do desenvolvimento. Assim, é evidente aimportância da atuação do profissional de educação físicarealizando um trabalho específico com o aluno surdo, visandoum melhor desenvolvimento das capacidades físicas ehabilidades motoras que dependem e influenciam aorganização postural.

Diversos estudos testam a eficiência de programas de

treinamento visando a melhora do equilíbrio não só depessoas surdas, mas também de jovens e idosos ouvintes(Lindsey & O’Neal, 1976; Effgen, 1981; Lewis, Highman &Cherry, 1985). No desenvolvimento normal da criança aemergência das sinergias de respostas para controle doequilíbrio ocorre numa seqüência distal para proximal, comas respostas nos músculos distais aparecendo mais cedo nodesenvolvimento e as dos músculos proximais mais tarde(Woollacott, 1994). Essa mesma autora realizou um programade treinamento para melhorar a eficácia em tarefas deequilíbrio por crianças ouvintes e concluiu que o treinamentoteve um efeito significativo na probabilidade de ativação deuma sinergia que incluía um número maior de músculosatuando no grupo treinado mas não no grupo controle.

Igarashi, Sasaki, Nagaba, Seki, Nakano e Takeda (1994)desenvolveram um estudo comparando o equilíbrio decrianças e jovens adultos ouvintes submetidos a umtreinamento de equilíbrio e concluíram que os jovens adultosnão mudaram o status do equilíbrio entre a primeira e segundatestagem. Porém, quando o treinamento foi constituído porexercícios específicos, realizados durante 10 minutos, duasvezes por semana, durante as aulas de educação física, ascrianças melhoraram. Esses resultados apontam para aimportância de se fazer um programa de intervenção visandoa melhora do equilíbrio logo na infância, período em que sepode alcançar melhores resultados.

O trampolim acrobático como uma modalidade ginásticae acrobática pode ser considerado como um dos meios maiseficientes na estimulação do equilíbrio corporal. Além doaspecto motivacional despertado pelo aparelho, o trampolimacrobático é uma das modalidades esportivas que mais exigecontrole da postura uma vez que, na maior parte do tempo, oindivíduo está suspenso no ar sem contato nenhum com asuperfície. Após a realização do gesto esportivo, o saltadordeve retornar à superfície em condições para realizar opróximo gesto. Outro ponto favorável é que o trampolimacrobático não requer dos praticantes habilidades econdições físicas especiais para sua utilização. Todas aspessoas, incluindo aquelas com limitações físicas, podemobter diversão e benefícios físicos com a ampla classe demovimentos que podem ser realizados sobre o aparelho(Blake, 1986). Submeter uma população de crianças surdascom déficits no equilíbrio a um programa de trampolimacrobático poderia provocar adaptações no sistema posturaldesses indivíduos em decorrência da instabilidade oferecidapela superfície do trampolim. Assim, o objetivo deste trabalhofoi verificar os efeitos de um programa de treinamento comtrampolim acrobático sobre o equilíbrio de crianças surdasnas faixas etárias de seis a oito anos e de dez a treze anos.

MétodoParticipantes

Participaram deste estudo dez crianças surdas, com perdado tipo neurossensorial, de ambos os sexos, com idade entreseis e oito anos (Grupo 1, n = 3) e dez e treze anos (Grupo 2,

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Trampolim acrobático para crianças surdas

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n = 7), da cidade de Rio Claro, SP. Todos os participantesapresentavam surdez congênita devido rubéola congênita,conforme dados médicos fornecidos pela instituição escolarfreqüentada pelos participantes.

Procedimentos

O programa de treinamento com o trampolim acrobático.O programa, realizado no ginásio de ginástica artística daUniversidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro, teve aduração de três meses com uma freqüência de duas sessõespor semana, sendo que cada sessão durou cerca de umahora. Cada sessão incluiu: aquecimento (15 min.), parteprincipal (40 min.) e parte final com volta à calma (5 min.).Nós administramos aproximadamente 22 sessões para cadagrupo.

No aquecimento realizamos atividades diversificadas,porém com predomínio de corrida e atividades de flexibilidade,como por exemplo: “pega-pega,” mini-futebol, atividades comcorda, bastão, arco, etc.. Na parte principal do programa nósensinamos os princípios básicos de cada salto, utilizando-se de demonstração e feedback. Toda sessão foi baseada narevisão dos saltos aprendidos até o momento e quando osalto estava relativamente bem dominado era introduzidoum novo salto.

Nós distribuímos o conteúdo da seguinte forma: noçõesde segurança e adaptação ao aparelho (1 aula), coordenaçãode braços-pernas (1 aula), saltos grupado, carpado e afastado(4 aulas), giros (2 aulas), saltos sentados e suas variações (4aulas), aperfeiçoamento dos saltos aprendidos (restante dasaulas).

Como parte final, nós incluímos atividades dealongamento e exercícios de força visando compensar aatividade no trampolim, além de uma melhora da resistênciamuscular localizada. Os exercícios de alongamento damusculatura da coluna vertebral tiveram o objetivo dediminuir o efeito de compressão dos anéis intervertebraisdevido ao impacto no momento da aterrissagem na lonaprovocado pelo ato de saltar no trampolim acrobático.

Nós informamos todas as instruções aos participantessurdos através de linguagem de sinais, verbalização e outrosrecursos visuais auxiliares. Os professores responsáveispelo ensino regular das crianças acompanharam todas assessões do programa, sendo que os mesmos auxiliaram natransmissão das informações e na manutenção da disciplina.

Testagem do equilíbrio estático

Para avaliar o equilíbrio estático utilizamos a prova I dostestes de Ozeretsky-Guillmain (Picq & Vayer, 1985). Este testetem onze tarefas que exigem controle de equilíbrio emdeterminadas posições e em determinado tempo, que variade 10 a 15 segundos. Cada tarefa corresponde a umadeterminada idade que vai de 2 a 5 anos (pequena infância)e de 6 a 11 anos (grande e média infância). Todos osparticipantes, independentemente da idade, tentaram realizaras seis tarefas correspondentes à média e grande infância, 6

a 11 anos, e para cada acerto contamos um (1) ano, cominício nos 6 anos. Nos casos onde a criança conseguiurealizar a tarefa apenas pela metade, isto é, com apenas umadas pernas, nós contamos seis meses dentro da prova.Quando a criança não realizava nenhuma das 6 tarefas damédia e grande infância, então nós passávamos para astarefas correspondentes à pequena infância. Nesse caso nãorealizamos todas as tarefas, e iniciávamos pela tarefacorrespondente à idade mais alta, 5 anos, em seqüênciadecrescente (4, 3, 2 1/2 e 2), até que a criança obtivesse êxitona tentativa.

A coleta de dados exigiu a presença de pelo menos doisexperimentadores: um para passar as informações e outropara marcar o tempo (com a utilização de um cronômetro) eanotar os escores numa folha de resposta individual. Nóstestamos os grupos em duas oportunidades: antes doprograma (teste) e após o mesmo (reteste).

Análise dos dados

Para verificar se houveram diferenças nos desempenhosde equilíbrio entre os dois grupos testados nós realizamos aprova U de Mann-Whitney. Para verificar possíveisdiferenças entre teste e reteste realizamos a prova deWilcoxon. Neste segundo teste juntamos os resultados deambos os grupos para verificar o efeito do treinamento,independente da idade. Nós consideramos comomarginalmente diferentes os testes que apresentaram alfaentre 0,05 e 0,10.

Resultados

A tabela 1 reúne os resultados obtidos por ambos osgrupos no teste de equilíbrio. Esta tabela contém a idadecronológica de cada participante, os escores totais (idadepsicomotora) obtidos nas situações de teste e reteste, assimcomo as tarefas executadas com sucesso pelos participantesem cada testagem. A Tabela 1 traz os resultados de teste ereteste para os participantes de ambos os grupos, G1 e G2.Cabe lembrar que os valores “meio” (1/2) obtidos no escoretotal indicam que o participante realizou a tarefa apenas comuma das pernas, e equivale à idade em meses.

Como podemos notar no reteste, a maioria dosparticipantes apresentou um escore total superior comparadocom o escore no teste. Exceto JRS, do G2, que apresentouescore 8.5 no teste e 7.5 no reteste, e DHE, também do G2,que apresentou o mesmo escore, sendo este equivalente àsua idade cronológica, 10 anos. Os demais participantesmelhoraram seus escores no reteste. Nós notamosparticularidades de desempenho para ACGS do G1, cujoescore de 6.5 aumentou para 8.5, e LUC do G2, que aumentoude 7.5 para 9.5. O participante PAO melhorou meio ponto (de10 para 10.5). Já CAS e SAS subiram um (1) ponto no reteste(de 5 para 6) e TBA, PAT e DAN subiram 1.5, respectivamente,Tabela 1. - Escores totais nas tarefas executadas com sucesso

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por participante, por grupo e para as situações de teste e reteste.

TESTE RETESTE

Participante Idade EscoreTotal Tarefas executadas Escore total Tarefas executadas

CAS 6 5 5 6 8

G 1 ACGS 7 6.5 61/2,9 8.5 6,8,91/2.10

SAS 8 5 5 6 8

JRS 10 8.5 6,8,9,111/2 7.5 6,9,111/2

DHE 10 10 6,7,8,9,10 10 6,7,9,10,11

TBA 12 8 6,7,9 9.5 6,8,9,10,111/2

G 2 PAT 12 7.5 6,8,9 ½ 9 6,8,9,10

PAO 13 10 6,7,8,9,10 10.5 6,7,8,9,10,11 ½

DAN 13 5 5 6.5 8,9 ½

LUC 13 7.5 6,7,9 ½ 9.5 6,7,8,9,11 ½

de 8 para 9.5, de 7.5 para 9 e de 5 para 6.5. Cabe ressaltar queos escores obtidos por participante, no teste, estão quasetodos abaixo da idade cronológica correspondente.

Devemos notar também que, em alguns casos, as tarefasexecutadas com sucesso por determinado participante, noteste, não foram necessariamente as mesmas do reteste. Porexemplo, DHE obteve escore idêntico tanto para teste quantopara reteste, equivalente a 10. Entretanto, no teste, as tarefasexecutadas com sucesso foram as de número 6, 7, 8, 9 e 10 ejá no reteste foram as de 6, 7, 9, 10 e 11.

A Figura 1 apresenta as médias e os desvios-padrão dosdois grupos, tanto na situação de teste quanto na de reteste.

Figura 1. Médias e desvios-padrão para equilíbrio estáticonas situações de teste e reteste, por grupo.

Na situação de teste, a análise U de Mann-Whitneymostrou que os grupos foram estatisticamente diferentesentre si (p = 0,03), com melhores resultados para o grupomais velho. Já no reteste, a diferença encontrada foimarginalmente significativa (p = 0,06), indicando, nesta últimasituação, redução nas diferenças entre os grupos. Nacomparação entre teste e reteste, juntamos os resultados

dos dois grupos para verificar a influência do treinamentode trampolim. A prova estatística de Wilcoxon indicou quehouve diferença significativa entre as testagens, ou seja, osresultados do reteste foram melhores que os do teste (p =0,02) (Figura 2).

Figura 2 - Médias e desvios-padrão para equilíbrio estáticonas situações de teste e reteste.

Discussão

Embora Schmidt (1985) aponte que as pesquisas nãodeixam claro como o desempenho em tarefas de equilíbrio depessoas com disfunção vestibular possa ser melhorado, emnosso estudo, os participantes surdos com problemas decontrole postural (detectados nos testes de equilíbrioestático) foram capazes de melhorar esse controle mesmosem terem alcançado o nível característico de crianças semdéficit neurossensorial da mesma idade.

Devido ao melhor desempenho do G2 em comparação

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Trampolim acrobático para crianças surdas

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com o G1, nós reconhecemos que a idade cronológica foi umfator determinante em tarefas de equilíbrio estático antes doprograma de trampolim acrobático. Essa afirmação ésustentada por Brunt e Broadhead (1982), Butterfield e Ersing(1986) e Gayle e Pohlman (1990) que concluíram em seusestudos que o desempenho de equilíbrio de pessoas surdas,tanto estático quanto dinâmico, melhora com o aumento daidade cronológica. Processos de maturação, assim como ummaior tempo de experiência e prática em favor dosparticipantes mais velhos, podem ser responsáveis por essadiferença.

Um dos resultados mais importantes deste trabalhoaponta que o programa de trampolim provocou alteraçõesfavoráveis no controle do equilíbrio dos participantes,confirmando a hipótese de que o mesmo pode melhoraratravés de um programa de trampolim acrobático. De acordocom os resultados do teste inicial, essas crianças ainda nãoapresentavam os padrões de controle de equilíbrioadequados, sendo que após o programa de trampolim houveuma reorganização do sistema postural. Essa reorganizaçãodo sistema se traduziu numa melhora no controle doequilíbrio. Essa possibilidade de adaptação, como apontamShumway-Cook e Woollacott (2003) pode ser resultante dadesestabilização do sistema provocada pela passagem dapredominância visual para a predominância somatossensorialno controle do equilíbrio. Esta desestablização geralmenteocorre em crianças na fase de idade entre 3 e 7 anos. Issopossibilitou, principalmente para o G1, uma melhorassimilação dos benefícios oferecidos pelo trampolimacrobático. Estes benefícios têm origem nas oportunidadesde seleção de estratégias de controle de equilíbrio.

Nós ressaltamos que, mesmo com a melhora do equilíbrioapresentada por ambos os grupos, ainda assim os escoresobtidos no teste foram quase todos abaixo da idadecronológica correspondente. Esses dados confirmam osresultados de Brunt e Broadhead (1982) sobre o equilíbrioinferior dos surdos em relação aos ouvintes em todos osníveis de idade. No reteste, mesmo com o aumento nosescores da maioria dos participantes, apenas um deles obteveum escore acima da idade cronológica. Portanto, a defasagemque existia entre idade cronológica e escore no teste não foitotalmente recuperada após o programa de trampolimacrobático. Brunt, Layne, Shumway-Cook e Rowe (1987)justificam esses déficits apresentados por pessoas surdascom base na utilização de respostas posturais dominadasvisualmente em oposição às informações somatossensoriaisfornecidas pelos músculos e articulações com relação àposição do corpo no espaço. Respostas posturais baseadasem informações visuais requerem um tempo adicional deprocessamento sensorial, atrasando a resposta necessáriapara a correção postural.

O escore mais baixo do reteste (em comparação com oteste) de um dos participantes do G2 pode ser relacionadocom fatores motivacionais. Na realidade, o escore maisdifícel, entre a idade de 11 e 12 anos, foi mantido (e.g., 111/2)no reteste. Outro detalhe é que todos os participantesrealizaram o reteste no mesmo dia menos o participante JRS,

por estar ausente. Esse participante realizou o reteste numoutro dia e por isso, provavelmente, seu desempenho foiinfluenciado. A falta de concentração e desatenção emalguns momentos do teste podem influenciar o desempenhovisto que controlamos as tarefas por tempo. Assim,pequenos descuidos casuais podem anular a tentativa doparticipante. Lewis, Highman e Cherry (1985), num programade intervenção visando a melhora do equilíbrio, tambémencontraram participantes surdos com escores inferiores noreteste em comparação com os do teste.

Em comparação com os do G1, os participantes do G2não apresentaram tanta melhora com relação aos testes deequilíbrio. Provavelmente os participantes do G2 jáapresentavam um padrão de controle mais consolidado enão sofreram tanta influência do programa de trampolim.Além disso, as crianças do G2 já podiam estar apresentandoum potencial maximizado de controle, sendo que estecontrole foi melhorado até determinado ponto, passando, apartir daí, a não sofrer mais influência do programa. Essemesmo fato foi anteriormente discutido por Effgen (1981),numa tentativa de explicar a ineficácia de seu programa detreinamento do equilíbrio com um grupo de surdos.

Conclusões

Os resultados obtidos permitiram as seguintes conclusões:- A idade foi um fator determinante nas tarefas de

equilíbrio estático, com os participantes mais velhosapresentando melhores desempenhos que os participantesmais jovens, antes do programa de trampolim.

- O programa de trampolim acrobático reduziu asdiferenças entre as idades no teste de equilíbrio, provocandoalterações favoráveis no controle do equilíbrio para ascrianças do grupo mais jovem, e influenciando de maneiramenos intensa o equilíbrio do grupo mais velho.

Recomendações

Embora o teste de equilíbrio utilizado neste trabalho tenhasido escolhido como um dos preferidos por educadores epesquisadores para se testar o equilíbrio estático de criançassurdas, sabemos que ele apresenta alguns problemas. Umdeles é a questão da validade ecológica. Permanecer em pésobre apenas uma das pernas e equilibrar-se com os olhosfechados, não são tarefas usuais para a maioria das pessoas,salvo em casos específicos, como em alguma brincadeira,ou em uma posição de ginástica, por exemplo. Dessa forma,os resultados do teste podem estar medindo mais umafacilidade em permanecer em algumas posições estáticasespecíficas, do que realmente indicar uma qualidade doequilíbrio em geral.

Cada tarefa do teste corresponde a uma determinada idade(de 2 a 11 anos). À medida que a idade aumenta, aumentaproporcionalmente a dificuldade exigida para a execução da

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tarefa. Nós não observamos esta tendência nos resultadosobtidos neste trabalho, visto que, por exemplo, váriosparticipantes conseguiram realizar com sucesso a tarefacorrespondente a 9 anos, mas falharam na tarefacorrespondente a 7 anos, teoricamente mais fácil. Nósrelacionamos esse resultado com as dificuldades individuaisda criança adotar esta ou aquela posição estática emparticular. Ainda, com o fato de que algumas das tarefastestadas foram realizadas com os olhos fechados. Mauerberg-deCastro (1989), que utilizou o mesmo teste, encontrou amesma tendência em seu estudo com treinamento dapercepção auditiva com dança em crianças e adolescentessurdos. Seus resultados mostraram em vários participantes,inversões na direção das provas relacionadas as diferentesidades.

Estudos futuros devem incluir um número maior departicipantes, a presença de um grupo controle e uma análisemais detalhada sobre o desempenho dos participantes emcada uma das tarefas do teste de equilíbrio. Desta forma,poderemos avaliar melhor o uso das informações vestibularese somatossensoriais, em oposição às informações visuais.

Referências

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Nota do Autor

Este estudo é parte da dissertação de mestrado concluídano programa de pós-graduação Ciências da Motricidade daUNESP de Rio Claro sob orientação da Profa. Dra. ElianeMauerberg-deCastro. Apoio financeiro: FAPESP # 98/01534-7. Cícero Campos é docente responsável pela área deatividade motora adaptada na UNIFEV, Votuporanga e naFAE, São João da Boa Vista.

Endereço:Cícero CamposAv. 38-A, 360 Vila AlemãRio Claro, 13506-640 SPE-mail: [email protected]

Manuscrito submetido em maio de 2003Manuscrito aceito em novembro de 2003

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Tríplice Visão do Envelhecimento:Longevidade, Qualidade de Vida, Atividade

Física e Aspectos Biopsicossociais

Geni de Araújo CostaUniversidade Federal de Uberlândia

Resumo⎯Esta revisão da literatura tem como objetivo destacar as alterações resultantes do processo deenvelhecimento nos aspectos biopsicossociais. Visa ainda reforçar os valores da prática de atividade física para osidosos pela sua influência benéfica em minimizar a degeneração e estimular as funções essenciais orgânicas epsicológicas. A prática de atividade física resulta em diversas aprendizagens, melhor qualidade de vida e maiorbem-estar geral. Propõe-se também que essa prática, longe de visar o desempenho técnico e a performance, seja umespaço criativo, de liberdade e de conhecimento expressivo que deve oportunizar a ampliação de perspectivas edesenvolvimento de potencialidades selecionadas pelos sujeitos dentro de um contexto mais amplo e unificador:sujeito/identidade cultura/sociedade.

Palavras-chaves: Longevidade, qualidade de vida, atividade física.

Abstract⎯“Bio-psycho-social aspects of aging: longevity, quality of life, and physical activity.” This literaturereview has as its objective the highlighting of the bio-psycho-social aspects that occur as a result of the agingprocess. It also aims to reinforce the benefits of physical activity for the elderly, including the lessening ofphysical degeneration as well as the stimulation of essential, organic, and psychological functions. Involvement inphysical activity provides participants with a space for creative freedom and expression, unifying the contextbetween subject, self-identity, culture, and society. This can result in significant improvements in learning, a betterquality of life, and a greater general sense of well-being.

Keywords: longevity, quality of life, and physical activity.

Ninguém me fará calar, gritarei sempreque se abafe um prazer, apontarei os desanimados,

negociarei em voz baixa com os conspiradores,transmitirei recados que não se ousa dar nem receber,

serei, no circo, o palhaço,serei médico, faca de pão, remédio, toalha,

serei bonde, barco, loja de calçados, igreja, enxovia,serei as coisas mais ordinárias e humanas,

e também as excepcionais.[Carlos Drummond de Andrade]

A longevidade do homem é uma realidade incontestável. Acada nova década, vive-se mais, prolonga-se o tempo daexistência ao máximo. Por outro lado, ninguém quer ficarvelho—teme-se e despreza-se o desconhecido.

O ser humano teme as agruras comumente associadas aoenvelhecimento e as despreza por considerar que essas“imperfeições” só acometem os “outros.” Entretanto,compreender esse processo natural, dinâmico, progressivoe lamentavelmente irreversível, é um ato emergente enecessário.

A percepção e/ou concepção da velhice ocorre dediferentes maneiras: uma relação multidimensional1 e multire-

ferencial. Isto quer dizer que a velhice não tem tempo definidopara se instalar ou começar. Cada sujeito percebe a si própriono tempo segundo um novo estado de ser. Ele está situadoem um tempo transcorrido da vida de acordo com as suaslimitações e os indicativos socio-históricos impostos pelaprópria sociedade a qual pertence. Como todas as situaçõeshumanas, a velhice tem uma dimensão existencial quemodifica a relação do indivíduo com o tempo e, portanto,sua relação com o mundo e com a própria história.

1 Relação multidimensional significa poder ter olhares diversos sobrea velhice: dimensões biológica, sociológica, cronológica, dar sentido esignificado à existência, saber lidar com as emoções, desejos etc. Já arelação multireferencial depende das demarcações históricas que, porlongo tempo associava a velhice somente aos declínios, às perdas. Sódepois que os pesquisadores do envelhecimento adotaram um olharmais profundo e menos superficial é que várias faces doenvelhecimento emergiram. A posição central dos psicólogos de cursode vida é que não há ganho sem perda, e nem perda sem ganho—é achamada cultura positiva da velhice.

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G. de A. Costa

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A velhice como etapa da vida é um processo biológicoinevitável, porém não é o único. Implica não somente emmodificações somáticas como também em mudançaspsicossociais. No processo de envelhecimento as dimensõessão contempladas ininterruptamente no sentido de promoverum processo contínuo da interação humana—como afirmamBirren e Schroots (citados por Birren & Bengston, 1988), emuma tríplice visão do envelhecimento. Esta contempla asinfluências biológicas, sociais e psicológicas. Estasinfluências são ilustradas na senescência, relativa aoaumento da probabilidade da morte com o avanço da idade;na maturidade social, correspondente à aquisição de papéissociais e de comportamentos apropriados aos diversos eprogressivos grupos de idade; e no envelhecimentocorrespondente ao processo de auto-regulação dapersonalidade.

Na verdade, não basta descrever os aspectos da velhicede maneira analítica porque estão interrelacionados, ou seja,cada um afeta e é afetado por todo os outros. O ponto deanálise mais importante é, segundo Spirduso (1995), saberse a qualidade de vida daqueles que vigorosamenteobtiveram mais anos de vida será notada ou se esseprolongamento trará apenas de um período de aumento deestados patológicos e de morbidade que precede a morte(Chaimowicz, 1998).

Relacionar os fatores constantes que caracterizam ossujeitos que estão na velhice é ação bastante comum entreaqueles que universalizam as concepções acerca dedeterminada categoria etária. Todavia, as afirmações geraissobre o que é semelhante nos idosos não impedem de termosa noção de que existem inúmeras velhices, tendo em vista asdiferentes formas de viver, simbolizar e representar oenvelhecimento em cada sociedade específica.

Na tentativa de universalizar pontos comuns emexperiências distintas (Geertz, 1978, p.52), estudiososconsiderados “universais” acabam construindo as chamadas“categorias vazias,” como mostra o autor:” O fato de que emtodos os lugares as pessoas se juntam e procriam tem algumsentido do que é meu e do que é teu [...] e se protegem[...]isso pouco ajuda no traçar um retrato do homem que sejauma parecença verdadeira e honesta e não uma espécie decaricatura de um “João universal”[...].

O autor critica a concepção da universalidade doconhecimento e das interpretações porque não acredita sernela que se encontra a essência do ser humano. Percorrendocaminho inverso, o autor propõe que “pode ser que nasparticularidades culturais dos povos—em suas esquisitices—sejam encontradas algumas das revelações mais instrutivassobre o que é ser genericamente humano” (1978, p.55).

A partir dessas considerações, entende-se que, para obterinformações confiáveis sobre o processo de envelhecimento,é preciso considerá-lo como uma maneira heterogênea,processual e singular de adquirir mais anos de vida. Paraefeito didático, melhor apropriação, e maior compreensãodo leitor, apresentaremos uma formulação em separado,porém não compartimentalizada, dos aspectosbiopsicossociais do processo de envelhecimento.

Longevidade e a Dimensão Biológica do Ser

Alterações morfológicas e funcionais, doençascrônicas e implicações das atividades físicas nossujeitos envelhecidos

Fundamentalmente, marca-se o envelhecimento biológicopela diminuição da taxa metabólica que reflete a lentidão dointercâmbio de energia do organismo. A energia (capacidadede reserva), quando usada em excesso, não é totalmenterecuperada uma vez que o aumento da idade celulardecorrente de menor capacidade para a divisão celular resultaem desaceleração funcional. Assim, o envelhecimento dotecido é resultado da mudança das células renováveis paranão renováveis. Há uma diminuição marcada da capacidadede regeneração celular. O progresso do tecido intersticialsobre os tecidos nobres é surpreendente no nível dasglândulas e do sistema nervoso (McArdle & Katch, 1998).

Para a determinação da idade biológica é necessárioestabelecer parâmetros de ordens morfológica, fisiológica,bioquímica e psicológica. Assim, os seres humanos começamcom o passar do tempo a apresentarem mudanças que sãotípicas do processo da senescência. Elas são descritas comomudanças no aspecto exterior, no embranquecimento doscabelos, alterações na fala, na lentidão dos movimentos, nodeclínio do equilíbrio, na diminuição da força e rapidez dereação, alterações na esfera emotivo-psicológica, além dasperdas cognitivas. As mudanças internas ocorrem tanto pelomau ou irregular funcionamento de alguns órgãos (e.g.coração, fígado, rins, pulmões), como pelas alterações nometabolismo basal (respiração, circulação, tônus muscular,temperatura corporal, atividade glandular) representantesnaturais na manutenção das funções vitais do organismo(Schneider & Rowe, 1990). A idade cronológica e a idadebiológica estão longe de coincidir. É o envelhecimentointrínseco e não a idade cronológica, o determinante básicodo desenvolvimento e do envelhecimento (Schroots &Birren, 1990). A capacidade funcional declina com a idade,mas nem sempre no mesmo ritmo para todas as pessoas.Pode ser influenciada beneficamente por muitos fatores. Aprática de atividade física regular retém níveis mais altos decapacidade funcional, fundamentalmente na funçãocardiovascular (Spirduso, 1995; Shephard, 1997). A reduçãoda capacidade de adaptação diminui a flexibilidade que regulao equilíbrio necessário para manter constante o meio interno.Essa diminuição funcional aciona fenômenos compensadoresque podem assegurar, com maior ou menor intensidade, aintegridade do indivíduo idoso (Pescatello & Di Pietro, 1993).

Em outras palavras, com relação às perdas provocadaspelo envelhecimento, Staudinger, Marsisk e Baltes (conformecitado por Neri, 1999, p.121) afirmam que o que decrescecom a idade

[...] “é a plasticidade, ou seja, a flexibilidade ea rapidez com que o indivíduo pode mudar emtermos comportamentais, físicos e

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psicológicos, o que se traduz em capacidadede ajustar-se fisicamente, crescer, aprender einovar. Decresce também sua resiliência, que éa capacidade de recuperação do organismodepois de exposição a traumas ou pressõesprovenientes do ambiente ecológico, doambiente social, da dinâmica de suapersonalidade e do seu organismo biológico.”

No processo de envelhecimento as modificações maisacentuadas são sofridas por volta dos 40 ou 50 anos. Acoluna curva-se para frente e a estatura, por volta dos 70anos, sofre um pequeno encurvamento, diminuindo de 2 a2,5 centímetros. Isto se justifica pelo achatamento dascartilagens intervertebrais. A marcha torna-se mais lenta, compassadas curtas, e pode aparecer o tremor nas mãos. Muitascausas podem estar relacionadas a essas alterações, comoproblemas articulares, os quais prejudicam a movimentaçãodos membros inferiores, dificultando a subida em ônibus eescadas; problemas visuais, os quais podem levar aacidentes por causa de irregularidades do piso; restriçõesambientais, como a existência de escadas sem corrimão,obstáculos à passagem, iluminação pobre. Essas mudançaspodem ser causadas também pela existência de doençasneurológicas tais como mal de Parkinson, hidrocefalia depressão intermitente ou deficiências da circulação cerebral.

As alterações esqueléticas podem desencadear aosteoporose que é a redução da massa óssea por unidadede volume de osso. Trata-se de uma doença “silenciosa,”que progride quase ou totalmente sem sintomas. É um dosproblemas mais sérios de saúde pública no mundo uma vezque ela incapacita grande número de pessoas, principalmenteas mulheres após a menopausa. As mulheres têmaproximadamente 30% a menos de massa óssea do que oshomens. Os negros têm 10% a mais que os brancos(Shephard, 1995).

De acordo com Matsudo e Matsudo (1992), para ambosos sexos, o início do decréscimo ósseo se dá com uma perdade massa óssea de menos de 0,5% ao ano, sendo alterada napós-menopausa para 3% a 10% para o osso trabecular e 1%a 2% para o cortical. Smith e Tommerup (citados por Okuma,1998), consideram que, nas mulheres, a perda é maior (1% aoano) do que nos homens. Desde quando o problema se instalaas mulheres atingem um limite menor de massa óssea e avelocidade de perda feminina é maior do que a do homem.Os autores assinalam a necessidade do estresse mecâniconos ossos, produzido pela atividade física, a ingestão decálcio durante a infância e os hormônios gonadais para seatingir um pico ótimo de massa óssea. Os ossos maiscomumente afetados pela doença são as vértebras, fêmur,rádio, pelve, úmero e costelas.

Já o coração não muda muito, mas seu funcionamento sealtera. O coração perde progressivamente suas faculdadesde adaptação e os indivíduos tendem a reduzir suasatividades para poupá-lo. Entre 30 e 70 anos, como resultadode mudanças no sistema vascular do coração, o sistemacardiovascular declina por volta de 30%. No miocárdio

aparecem áreas de fibrose e depósitos de lipofucsina e desubstância amilóide. As artérias perdem a elasticidade desuas paredes pelos depósitos de cálcio e lipídios. Nesteparticular, o esforço causa alterações na aceleração dafreqüência cardíaca, uma vez que, após os 60 anos, acapacidade do coração de aumentar a freqüência e a pressãodos batimentos cardíacos nos esforços está diminuída(Shephard, 1997). Portanto, ao iniciar uma atividade física,qualquer pessoa com mais de 40 anos deverá se submeter aum teste ergométrico para avaliar sua reserva cardíaca.

Sabe-se que, dentre as várias doenças que acometem oidoso, a hipertensão arterial é a de maior prevalência, e épotencialmente danosa ao sujeito velho, independente desexo ou raça. É uma das doenças que mais se relaciona commortalidade e morbidade e apresenta um risco maisacentuado em homens do que em mulheres. A perda daelasticidade das artérias resulta no aumento da pressãoarterial. Aos 75 anos, mais de 75% das pessoas sãohipertensas (McArdle & katch, 1998). É preciso observar,aliás, que a hipertensão, tão perigosa para os adultos, podeser bem tolerada pelos idosos. As doenças cardíacas maiscomuns, causadas pelo aumento da pressão sistólica(aumento da máxima) são a angina e o infarto. Já o aumentoda pressão diastólica (pressão mínima) provoca as demaisdoenças cardíacas. As terapias mais recomendadas para ocontrole da hipertensão são: a restrição de sódio e doconsumo do álcool, a redução do peso corporal e a práticade atividade física. Evidências sugerem que idosos ativosfisicamente têm pressão arterial mais baixa que os sedentários(Pescatello & Di Pietro, 1993).

Além da hipertensão arterial, outras variáveis sãoigualmente importantes como a diabetes mellitus, ahipercolesterolemia, o tabagismo, a obesidade e osedentarismo que hoje são vistos como componentes deuma síndrome cujo resultado é o envelhecimento precoce eacelerado das artérias no processo da arteriosclerose.Noventa e sete por cento das pessoas não sabem que sãoportadoras de diabetes pois ele é quase assintomático(Okuma, 1998). O diabetes mellitus é um poderoso fator derisco que conduz à doença cardiovascular, renal earterosclerótica. A hipertensão arterial é mais freqüente entreindivíduos com diabetes mellitus. Além do mais, ahipertensão arterial em pacientes diabéticos aumenta o riscoe acelera o curso da doença renal, da arteriosclerose, daretinopatia, do acidente vascular cerebral e das doençascardiovasculares. O diabetes acelera a catarata, causandocegueira e comprometendo a cicatrização. O controle corretodo diabetes sustenta-se sobre uma tríade: alimentação,medicamento e atividade física (Costa & Almeida Neto, 1992).Vários são os benefícios da atividade física para o diabético,tais como: queima da glicose pelos músculos, aumento daação dos medicamentos, redução da quantidade de insulinadiária, redução do peso corporal, aumento da remoção etolerância à glicose.

Evidencia-se a hipercolesterolemia como sendoresponsável pela gênese do processo arterosclerótico(elevado nível de colesterol) e das doenças do sistema

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vascular. Na população americana, segundo Pescatello e DiPietro (1993), há índices elevados de colesterol emaproximadamente 30% dos indivíduos com mais de 60 anos.As modalidades conhecidas de tratamento que influenciamos níveis de lipídios e lipoproteínas são a dieta e o exercício.A dieta causa um impacto mais eficiente no tratamento.Estudos epidemológicos comprovam níveis mais baixos delipídios e lipoproteínas em indivíduos de meia-idade e idososativos do que entre sujeitos sedentários.

A obesidade está associada a doenças crônicas tais comodoenças cardiovasculares, cérebro-vasculares, hipertensão,hiperlipidemia, diabetes mellitus tipo II e certos tipos decâncer. O conjunto de evidências que implica a obesidade eo sedentarismo no processo de endurecimentoarterosclerótico das artérias é menos nítido. Porém, há umconsenso de que o aumento do tecido adiposo e a falta deexercícios físicos estão associados à elevação daslipoproteínas séricas, aumentando, portanto, mesmo queindiretamente, o risco individual. A adiposidade na meiaidade tende a acumular-se no tronco. Nesse padrão degordura, observa-se a inclusão de células hipertrofiadas queestão associadas a efeitos deletérios para a saúde (McArdle& Katch, 1998).

Por volta dos 20 anos o cérebro pesa aproximadamentede 1375g até 1500g. A partir dessa idade passa a ocorrer umcontínuo decréscimo no peso com cerca de 10% de perdapor volta dos 90 anos. Esta perda é evidenciada peloalargamento de sulcos e ventrículos cerebrais. Estudoscomprovam que dos 20 aos 50 anos a substância cinzentadiminui mais rapidamente que a substância branca. Após os50 anos a relação se inverte. O cérebro idoso é cinco vezesmais leve do que o do jovem, o qual tem mais ou menos dezbilhões de neurônios. Ao longo da vida estima-se que cercade 50.000 a 60.000 neurônios morrem diariamente (Graaff,1991; Restak, 1999). Com a idade ocorre a hipertrofia eproliferação de células da glia, portanto, em comparação comindivíduos mais jovens, o idoso tem uma diminuição donúmero de neurônios (Vernadakis, 1985). As mensagens sãotransmitidas com menor rapidez pela má qualidade dosreceptores. O funcionamento do cérebro é menos flexíveldado ao decréscimo de fluxo sangüíneo cerebral encontradono envelhecimento, o que demonstra a diminuição ou perdados neurônios, levando a uma redução de consumo deoxigênio no cérebro. As perdas podem ser compensadas pornovas sinapses e pelo progresso de axônios, mesmo napresença de doenças neurodegenerativas (Cotman, 1990).

Estudos e pesquisas constatam que a memória imediata(reserva temporária e limitada) não é atingida. Assim como amemória lógica, a memória concreta (relacionada com dadosbem conhecidos) que localiza a capacidade consciente derecordar eventos anteriores, pode decair entre 30 e 50 anos.Em caso de alterações cerebrais mais acentuadas podeaparecer a demência (Cotman, 1990). Essa síndromecompromete as funções intelectuais como a memória, alinguagem, a capacidade de conhecimento e dereconhecimento, e a personalidade. A pessoa demenciadaperde habilidades e capacidades para a manutenção da vida

diária (alimentar-se, vestir-se) e tem dificuldade derelacionamento com a família, com amigos e com o trabalho.No caso do idoso, a forma mais comum da demência é adoença de Alzheimer (aproximadamente 50% dos casos)(Blazer, 1998).

Com a idade, o número de junções entre os nervos emúsculos (unidades motoras) diminui, portanto tem-semenos ativação muscular, o que leva à perda do tecidomuscular. Assim, a coordenação sensório-motoragradualmente torna-se menos eficiente. O idoso precisa deinstruções claras e concretas e não de movimentos rápidos,uma vez que se preocupa em analisar a tarefa a ser executadaantes de desempenhar ou não um ato motor (Pikunas, 1987).Os nervos motores transmitem com menor velocidade asexcitações e as reações são mais lentas. A força e a massamuscular diminuem, alterando a dinâmica dos movimentosque passam a ser morosos. As pessoas idosas têm muitadificuldade de se adaptar às situações novas e, assim, elasreorganizam facilmente coisas conhecidas, mas resistem amudanças. Para muitos neurologistas, a maior suspeita doculpado desse desgaste no processo é a inatividade e nãoapenas uma conseqüência inevitável do envelhecimento(Spirduso, 1997, Nadeau, 1985).

Para o idoso, o equilíbrio depende do volume e datonicidade muscular dos membros inferiores, mas outrasevidências apontam para a falha dos mecanismos de equilíbriodo cérebro. Isto é uma conseqüência das mudançasresultantes do envelhecimento nos condutores nervosos quevão do ouvido ao tronco do cérebro e ao córtex cerebral. Océrebro amadurecido se atrasa na tarefa de manter umarepresentação dinâmica da localização espaço/temporal docorpo.

Há inúmeras evidências positivas sobre as implicaçõesdas atividades físicas na qualidade e a expectativa de vida.A atividade física moderada e regular contribui para preservaras estruturas orgânicas e o bem-estar físico, levando àdiminuição do ritmo da degeneração psicofisiológicas. Emqualquer idade, as práticas corporais podem combater o ciclopernicioso de sedentarismo e diminuir os danos resultantesda fragilidade física e motora, os quais são responsáveispor muitos dos casos de invalidez na velhice. Desse modo, aatividade física assume papel preponderante na vida daspessoas e podem ser evidenciados nas falas dos sujeitospraticantes no projeto Vida Ativa AFRID:

“Eu era enfermeira [...], aposentei e fiquei maisquieta. A osteoporose me pegou [...]. Quandoo médico descobriu, ele disse para eu fazer“física.” Agora tudo melhorou [...] tenho menosmedo de me machucar. Voltei a fazer de tudo(Madalena, 76 anos).

Relacionando longevidade e patologias pode-se salientarque, no Brasil, nos indivíduos com 60 anos ou mais, apredominância de óbitos é dada por doenças crônico-degenerativas. Ao findar esse século, cuidados especiaiscom relação à prevenção devem ser prioritários, pois, com o

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ciclo de vida aumentando, nada mais justo que esse tempoque se estende seja vivido de forma mais saudável eprazerosa.

Longevidade e a Dimensão Psicológica do Ser

Sabedoria, qualidade de vida e bem-estarpsicológico

Sabemos que, com a chegada da velhice, várias alteraçõesvão sendo acrescentadas ao corpo idoso, acarretandotambém conseqüências psicológicas. No idoso, a dimensãopsicológica modifica comportamentos e atitudes diante dedeterminadas circunstâncias.

Verificar o processo de envelhecimento cunhado em umaótica psicológica é aceitar sua natureza dinâmica e suacomplexidade. Não se trata apenas de descrever as mudançasocorridas nessa fase, mas de buscar informaçõescientificamente fundamentadas que tenham a preocupaçãocom o bem-estar e a trajetória de vida do crescente númerode brasileiros que vivem por mais tempo.

Com a velhice em cena, uma nova área surge dentro dapsicologia: a psicologia do curso de vida. Essa linha dopensamento considera que a natureza do desenvolvimentoenvolve mudanças com características qualitativas e não sóquantitativas—o que, além de considerar a interação e/ou ainterconexão entre sistemas de pessoas em desenvolvimento,leva a crer que cada período etário se caracteriza porcomportamentos e papéis singulares. A idéia principal é a deque o desenvolvimento comporta simultaneamente ganhose perdas. Nessa perspectiva, o envelhecimento é consideradouma fase do desenvolvimento como outra qualquer. Sendoa velhice um fato não estático, passa a ser entendida comouma categoria, um movimento contínuo e dinâmico carregadode subjetividade. É, portanto, o resultado e o prolongamentode um processo, caracterizado primordialmente pela idéia demudança em que a cada instante o equilíbrio das funções seperde e se reconquista através das mutações e adaptaçõesbiológicas.

Para Baltes (1995), à medida que os desafios geraramnovos conhecimentos sobre o sujeito velho é que,lentamente, foi se reconhecendo que o envelhecimento podeenvolver avanços selecionados em todos os domínios defuncionamento e comportamental. Estes podem serotimizados se os indivíduos e a sociedade forem capazes deinvestir mais recursos na geração de uma cultura positiva davelhice.

Do ponto de vista da qualidade de vida, Neri (1993), emsua contemporaneidade, defende que a satisfação ou bem-estar psicológico significa velhice bem-sucedida. Seguindouma trajetória ascendente de significado e valores, oenvelhecimento passa a ser enfocado sob outro ângulo: oda qualidade de vida na idade madura. Essa perspectivapsicológica defende o equilíbrio entre as limitações e aspotencialidades do indivíduo, o que lhe permite lidar com as

inevitáveis perdas que o processo de envelhecimento podeprovocar em diferentes situações e graus de eficácia. Peloseu caráter sociocultural, viver uma velhice satisfatóriaexcede a responsabilidade pessoal, tornando-se então oresultado da qualidade da interação entre indivíduos emmudança em um contexto em constante transformação.

Nesse sentido, o envelhecimento assume um caráter deexperiência heterogênea e o modo de envelhecer pode ounão garantir o envelhecimento saudável e satisfatório. Naverdade, o envelhecimento saudável e satisfatório dependedos fatores patológicos que podem interferir na sua saúde,dos fatores genéticos e ambientais, da maneira como cadaindivíduo organiza e vivencia seu curso de vida, e das suascircunstâncias histórico-culturais.

As descontinuidades que permeiam o processo deenvelhecimento devem ser consideradas na suaprovisoriedade, na sua temporalidade, permitindo aossujeitos do processo uma condição ímpar de suporte paraseu crescimento pessoal por meio da manutenção deatividades significativas (Costa, 2001).

A visão multidimensional do bem-estar psicológico esatisfação na velhice deverá abarcar questões relacionadascom a satisfação pessoal—sentido e significado daexistência (saber lidar com a perda), bem como dimensõesque envolvem a sensibilidade, as emoções, os sentimentos,os desejos—, indo de encontro às subjetividadesmanifestadas no sujeito singular. Assim sendo, por dependerda história de vida de cada indivíduo, a velhice bem sucedidaassume um caráter subjetivo que, por sua vez, depende dosistema de valores vigentes em um determinado momentosócio-histórico. O bem-estar emocional, como coloca Simonede Beauvoir (1990, p.20), significa aceitar “a própria velhicecomo a época privilegiada da existência: ela traz, [...]experiência, sabedoria e paz. Se compreendida assim, a vidahumana não conheceria declínio.”

Por outro lado, os grandes e pequenos eventos queacompanham o envelhecimento podem alterar o bem-estar,dependendo do modo como os idosos se vêem e como agemdiante de tais circunstâncias. Tudo isso em virtude daredução da capacidade de se manterem ativos e da formacomo lidam com as pressões que acompanham oenvelhecimento (Neri, 1993).

O que parece evidente é que os velhos mais saudáveissão aqueles que continuam realizando projetos possíveis,de acordo com os seus interesses, suas limitações corporais,suas preferências e os vínculos estabelecidos ao longo dotempo. Cria-se, dessa forma, uma subjetividade especial deser velho circunscrito em um processo de subjetivaçãoinesgotável da velhice.

Com relação a esse dinamismo, Baltes e Baltes (1990),apresentam um modelo psicológico de velhice bem-sucedida,no qual, através de mecanismos de compensação eotimização, a manutenção da competência em domíniosselecionados do funcionamento são providênciasfundamentais para uma boa velhice. De acordo com o modelo,a velhice bem-sucedida depende da seleção dos domínioscomportamentais em que o indivíduo demonstra melhor

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desempenho e da otimização desse funcionamento medianteestratégias de treino e ativação dos motivos para aprender.Esse duplo movimento (seleção e otimização) garante acompensação das perdas ocasionadas pelo envelhecimentoe, conseqüentemente, a continuidade da funcionalidade emdomínios selecionados e o aumento da motivação para arealização de novas tarefas. Assim, é possível dar maiorsentido e significado a existência.

É conveniente lembrar que as providências sociais postasem prática raramente incluem oportunidades de treinamentoou projetos de capacitação ou reciclagem profissional. Osidosos, por sua vez, distanciados do processo produtivo,são incentivados a envolverem-se com atividades de lazer ede voluntariado para ocupação do tempo ocioso. A esserespeito, não há como negar a importância dessas ações naformação integral de todos os indivíduos, mas, também nãopodem ser consideradas suficientemente apropriadas parasuprir as necessidades imediatas de todos os idosos. Elassão imprescindíveis, porém não são excludentes.

A idéia de velhice bem-sucedida, está fortemente,relacionada com a prática de atividade física. Os efeitosbenéficos do treinamento regular incluem a manutenção dobem-estar e da funcionalidade do corpo idoso. Ainda, oprazer em praticar uma atividade física resulta na satisfaçãopessoal (como necessidade biológica) e na percepção desucesso sobre o próprio desempenho. Por outro lado, osprogramas de ativação motora—porque envolvem todo osistema muscular de forma generalizada—, abrangem tambéma memória que, submetida a programas de treinamento, podeauxiliar os mais velhos a organizarem suas vidas e assimsentirem-se mais competentes, satisfeitos e autodeter-minados (Costa, 2001). Um afeto positivo pela vida resultadessa circularidade. Essa dinâmica acrescenta tanto asabedoria e as especialidades (níveis de conhecimentoespecializado), como as possibilidades compensatóriasimportantes na velhice.

Paralelamente às mudanças físicas, o envelhecimentopsíquico é um processo extraordinariamente complexo einfluenciado por fatores individuais. A seguir serãoenfocados as principais alterações no cérebro amadurecidoem algumas das funções mentais dessa condição senescente:a inteligência, a memória e a personalidade/identidade.

Inteligência fluída e inteligência cristalizada

A medida mais importante das funções superiores docérebro é a da inteligência. O estudo da inteligência no idosodeve avaliar separadamente seus múltiplos aspectos, poisas modificações que ocorrem no envelhecimento não sãoglobais. Schaie (1990) relata que praticamente nenhumindivíduo apresenta deterioração em todas as habilidadesmentais até os 80 anos. 75 % dos indivíduos de 60 anosmanterão seus níveis de funcionamento por mais de seteanos em ao menos 80% das funções mentais. Neste estudo,os indivíduos testados aos 81 anos mantiveram seus níveisem 50% das funções. Os dados obtidos não mostram

diferenças entre os sexos nas alterações intelectuaisrelacionadas ao envelhecimento. No contexto dos modelosmultifatoriais da inteligência, a distinção entre inteligênciafluida e cristalizada é uma das mais produtivas criaçõesorganizacionais e conceituais próprias para trabalhar osdomínios da inteligência (capacidades intelectuais) quecirculam na literatura do curso de vida.

A distinção entre um tipo e outro de inteligência,fundamentada em pesquisas e verificadas por testes, éoferecida por Cattell-Horn (citados por Baltes, 1995). Eleafirma que a inteligência fluida constitui-se no processamentobásico da informação; refere-se à capacidade de raciocinar,perceber a relação entre objetos, criar novas idéias e adaptar-se a mudanças (organização da informação em situaçõesconcretas). Adquire seu ponto máximo na adolescência(ápice aos 25 anos), começando, a partir daí, o seu declíniogradual. Já a inteligência cristalizada (aumenta durante todaa vida) constitui-se no processo do conhecimento cultural;baseia-se no produto da educação (acúmulo de informações),no conhecimento e na experiência que os indivíduosadquirem no seio sociocultural (Restak, 1999).

Baltes (1995) acrescenta uma distinção entre os doisconstructos idealizados e amplia a conceituação original dateoria de Cattell-Horn, propondo nova formulação:inteligência fluída-mecânica e a inteligência cristalizada-pragmática. Nesse esquema, a mecânica cognitiva reflete aarquitetura neurofisiológica do cérebro resultante doprocesso da evolução. É desse fato que decorre o relativoprejuízo do funcionamento do sistema de processamentobásico da informação na medida em que se envelhece. Apragmática cognitiva depende da influência de fatoressocioculturais, conhecimentos e informações que as culturasoferecem sobre o mundo e os assuntos humanos. Osindivíduos adquirem estes assuntos como participantes deum processo de socialização associado à cultura. O progressoda cristalizada-pragmática está ligado à possibilidade deespecialização cognitiva em domínios selecionados deatuação como a sabedoria e a revisão da vida.

Baseado nessa posição teórica, o autor assume que osdois aspectos da inteligência do idoso apresentam diferentestrajetórias de desenvolvimento. A mecânica-cognitiva e ainteligência fluida, captadas pela velocidade e precisão noprocessamento da informação (coleta e utilização deinformações novas), demonstram declínio associado à idadedesde o início da meia-idade. Entretanto, em face àscircunstâncias culturais e pessoais positivas há evidênciascrescentes de que a inteligência pragmática-cognitiva podese estabilizar e até se desenvolver. Tais evidências podemser confirmadas por meio de testes de vocabulário, deconhecimento especializado ou de compreensão verbal.

As pesquisas de Baltes (1995, p.41) sobre os domíniosda inteligência se complexificam e, surge então a teoria dasabedoria. Nesse ideal teórico, a sabedoria é defendida como:“um sistema altamente desenvolvido de conhecimentorelativo a procedimentos e relativo a fatos, e de julgamentopara lidar com o que chamamos de pragmática fundamentalda vida. [...] Envolve conhecimento e julgamento sobre o

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Tríplice visão do envelhecimento

curso, variações, condições, conduta e significado de vida.”As idéias centrais de Baltes (1995) estão alinhavadas de

tal modo que a sabedoria dos mais velhos é consideradacomo um crescimento, uma especialização na pragmática-cognitiva da vida adulta (inteligência cristalizada). Estaestabilização engloba critérios que indicam que essacapacidade se refere ao conhecimento: sobre a condição davida (imprevisibilidade e finitude biológica), sobre a suaorigem, sobre os fatores e condicionamentos culturais que amoldam, sobre como lidar com problemas complexos e sobrecomo se organiza a vida de tal maneira que se possainterpretá-la e imprimir-lhe significado (conhecimento amplorelativo a fatos e procedimentos, contextualismo do cursode vida, relativismo e incerteza/imprevisibilidade).

O estudioso desenvolveu pesquisas com diferentescortes populacionais com objetivos direcionados a umaelaboração teórica da sabedoria. Em um de seus estudos,Baltes descobriu que, ao lidarem com resolução de problemassociais (componente importante da sabedoria), pessoas maisvelhas (média de 72 anos) tinham um desempenho tão bomquanto o de voluntários jovens (média 32 anos). Uma pessoamais velha saudável tem desempenho inferior quanto àaferição mecânica-cognitiva, mas, por outro lado, na aferiçãoda sabedoria, os escores são superiores. Baltes (1994)ressalta que habilidades relativas à sabedoria podem seralcançadas por idosos desde que não tenham sido atingidospor nenhuma patologia cerebral e tenham vivenciadocircunstâncias favoráveis e facilitadoras à sua emergência.

A manutenção da eficiência mental dependerá do nívelde intelectualidade do indivíduo (Morris, 1991). Graças aosefeitos que produzem na estrutura e funcionamento cerebral,a educação e o aprendizado contínuo aumentam acapacidade de reserva cognitiva. Experiências socioculturaispodem, em qualquer idade, compensar as limitações daeducação formal (em oportunidade e conteúdo). Entendidanesses moldes a educação passa a ser um poderosodeterminante da velhice bem-sucedida que, como ditoanteriormente, pelo caráter social e dinâmico, deve ocorrerdurante toda a vida (Neri, 1999). As atividades intelectuaisdesempenhadas no passado impõem-se no presente,delineando uma forma mais rica e variada de experenciar onovo estado de ser com a chegada da velhice (Restak, 1999).

A inatividade acarreta uma apatia que mata todo o desejode movimento. “A indiferença intelectual e afetiva do homemidoso pode reduzi-lo a uma total inércia” (Simone deBeauvoir, 1990, p.556). Por outro lado, maior quantidade deatividades realizadas, seja de qual for a natureza, traz melhoriaao conjunto de suas funções, inclusive as intelectuais e,conseqüentemente, na manutenção da eficiência mental. Umambiente estimulante pode prevenir a degradação dainteligência global que normalmente surge por volta dos 70,80 anos de idade (Morris, 1991).

Memória: Da performance intelectual à função

social

A memória é a faculdade mental que mais sofre com oenvelhecimento e é também a que causa maior preocupaçãopor parte dos pesquisadores. Aquilo de que não se podelembrar não existe, seja para elucidar uma questão, pararesolver um problema, ou para dar veracidade a um conceito.

O estudo das funções da memória requer a adoção demodelos teóricos do funcionamento desse sistema. Para aanálise da memória relacionada ao envelhecimento utiliza-se, preferencialmente, o modelo linear, o qual apresenta amemória dividida em três tipos: memória primária (ouimediata), a qual tem uma reserva de capacidade limitada enão se fixa sem repetição; memória secundária (ou defixação), a qual é responsável pelo armazenamento deinformações recentes; e memória terciária (ou de evocação),a qual armazena as informações bem aprendidas, mais antigase pessoais.

Vários estudos têm sido realizados a partir desse modelono sentido de avaliar e quantificar as alterações no processomnêmico que ocorrem com o envelhecimento. A mais alteradaé a memória que implica na formação de novas associações(aquisição de uma nova língua). Destaca-se para osintelectuais um grau inferior de perdas. Trabalhosintelectuais e artísticos2 podem ser realizados sem limite detempo e, ainda, podem conferir a seu autor um status especial,porque certos setores da sociedade difundem a sabedoriada experiência (Morris, 1991). Resultados obtidos dessasinvestigações demonstram que, com a idade, ocorre umdeclínio geral na velocidade de recuperação das váriasreservas de memória. O declínio maior na memória secundáriaé causado pelo retardo nos sistemas sensório-motores. Esseretardo observado não afeta sensivelmente as capacidadesde memória sensorial, primária ou terciária (Siegler & Poon,1992). Entretanto, os ganhos no domínio da inteligênciaprática, referentes à organização e ao manejo do ambientepodem compensar as perdas cognitivas decorrentes doenvelhecimento.

A antropologia tem grande interesse na discussão quecircunda a velhice, no que tange às representações sociais,aos sujeitos do envelhecimento, às classificações etárias eàs modificações nos códigos de valores. A memória e alembrança aparecem com ênfase reforçada. Ferreira (1998,p.208) faz uma análise da memória no espaço social e afirma:[...] “discutir o papel da memória significa, pois, abordar olocus privilegiado de construção da identidade do ser velhoe as estratégias de afirmação nos espaços sociais. [...] amemória atualizada pela categoria lembrança constitui, ela

2 Charles Chaplin dedicou setenta anos ao cinema e morreu lúcido aos88 anos (1997). Platão morreu com 81 anos, escrevendo. Sófocles seaproximava dos 90 anos quando escreveu sua tragédia Édipo Rei efaleceu com quase cem. Michelangelo faleceu aos 89 anos e quatro diasantes do seu falecimento pintava a famosa Pietà inacabada do PalácioSforza, em Milão.

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própria, uma representação que os sujeitos fazem de suaprópria vida.”

Assim, num recorte analítico, a memória, sempre acionadano presente, é vista como uma ligação forte entre o sujeito eseu mundo, disposta na interface entre o indivíduo e o social.A idéia de um indivíduo desmemoriado vem sempre associadacom a idéia de seu deslocamento do mundo dos significadossociais, de sua fragmentação como sujeito, em decorrênciada perda de sua história pessoal, de sua trajetória social, desuas referências de pertencimento. Os depoimentos dosujeito evocador não têm sentido senão através de suarelação com o grupo do qual faz parte.

Bosi (1994, p.63) afirma que “o homem ativo (independentede sua idade) se ocupa menos em lembrar, exerce menosfreqüentemente a atividade da memória, ao passo que ohomem já afastado dos afazeres mais prementes do cotidianose dá mais habitualmente à refacção do seu passado.”Portanto, as identidades se constroem e se afirmam no mundovivido, e é do passado que os velhos se nutrem. Essa união(construção e afirmação de identidade) promove a idéia do“eu” individualizado, caracterizado a partir dos papéis queirão dimensionar essa identidade (Moragas, 1997).

Ao lembrar, cada sujeito busca realizar no presente o querepresenta tal ocorrência ou atitude no passado. Os idososprocuram encontrar nexo entre o próprio indivíduo e ossignificados subjacentes nas novas ações e quando se vêemdistanciados da experiência vivida e presos a um contextohistoricamente marcado por alterações, obscurecem omomento atual e supervalorizam o tempo passado.Ampliando essa reflexão, Ferreira (1998, p.221) completa,afirmando que se a memória “é justamente identificada comsensibilidades, inscrita, portanto, no campo da subjetividade,ela não se cristaliza na permanência pura e simples, mas éconstantemente renovada pelos novos sentidos esignificados que adquire no momento contemporâneo.”

Se, para Bosi (1994), a função social do velho é lembrar eaconselhar, Bobbio (1997, p.55) assume definitivamente essepapel ao fazer recomendações desejáveis na obtenção deum envelhecimento satisfatório: “Concentremo-nos. [...] asrecordações não aflorarão se não as formos procurar nosrecantos mais distantes da memória [...]. Na rememoraçãoencontramos a nós mesmos e a nossa identidade. Nada deparar.”

A memória, nesse sentido, toma vulto de história viva esua preservação reivindica a construção da identidadesocial. Cada fato ou imagem resgatada do passado pelosmais velhos tende a ter um significado especial porque essahistória nada oficial fala sempre das origens e da identidadedos sujeitos. Firma-se, aqui, um valor social e relacional paraa reminiscência.

Cuidando da saúde psicológica

Depressão: Doença que mais acomete osidosos

Dentre os principais distúrbios mentais do idoso está adepressão, alcançando índices que variam de 20 a 25% napopulação idosa. Segundo Guz (1990), o termo depressãopode referir-se: à sintomas depressivos, a reaçõesdepressivas ou depressões reativas e a doença depressiva.

O sintoma depressivo está vinculado a estados de tristezaou alterações de humor básico, com intensidade e duraçãosuaves e, normalmente, não merece tratamento especializado.Por outro lado, as reações depressivas (transtornos afetivos)são representadas pelos sinais somáticos como a alteraçãodo padrão do sono, a perda da libido, a tristeza severa,pessimismo, fadiga, anorexia, constipação intestinal. Todosestes sinais surgem concomitantemente com a ocorrênciade eventos como doenças físicas e psíquicas importantesou eventos relacionados a problemas morais, socioeco-nômicos de difícil solução ou ainda a morte de pessoas comlargo laço afetivo. A preocupação e a sensibilidade ao perigocausam retraimento diante de situações desafiadoras. Essassituações podem agravar o processo de declínio do idoso,levando-o, em muitos casos, ao estresse. Essas reaçõesdepressivas desaparecem quando o indivíduo adapta-se ànova condição de vida, pois obtendo-se resultadosdesejáveis, recupera-se a auto-estima (Stoppe & Louzã,1999).

Entretanto, os sintomas físicos no indivíduo idosomerecem especial atenção porque as alterações psicofísicasconfundem-se com os chamados sintomas de depressãoobtidos a partir dos dados empíricos de indivíduosdeprimidos jovens. Shroots e Birren (1990) salientam que adesorganização de ritmos biológicos pode ocorrer em idososmesmo a partir de estímulos considerados pouco importantespara os indivíduos jovens. Já a doença depressiva refere-sea condições patológicas e alterações clínicas. Nesse caso, ahereditariedade, a etiologia e a patogenia têm forte influêncianas manifestações depressivas e o início dos sintomas é, emgeral, rápido.

Analisando os prontuários dos idosos participantes doprojeto Vida Ativa AFRID/UFU3 sobre os motivos que oslevaram a procurar este trabalho, encontra-se a depressão,com grande vantagem sobre os demais problemas (e.g.,coluna vertebral, osteoporose, hipertensão e doençascardiovasculares).

Essa incidência de sintomas de depressão éparticularmente significativa em pessoas de 65 anos ou mais.Blazer (1999) afirma que episódios de depressão que ocorrempela primeira vez na velhice são comuns e nem semprerecebem tratamento em tempo hábil. Bromley (1990) afirma

3 AFRID– Atividades Físicas e Recreativas para a Terceira Idade– Univer. Federal de Uberlândia

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que a depressão no idoso é uma resposta normal às múltiplasperdas e estresses associados ao envelhecimento. Essedistúrbio inclui desolação, diminuição da atividade física,empobrecimento da saúde, restrição de oportunidades edesligamento, na maioria das vezes total, das relaçõessocioeconômicas. A longa duração da doença depressivano velho leva médicos e pacientes a ignorarem uma possívelpresença de distúrbio afetivo, o que pode levar à cronicidadepor falta de tratamento

A ocorrência de quadros depressivos de início precoce etardio remete a uma importante diferenciação. Essas duasformas de depressão nos idosos apresentam significativasdiferenças clínicas e evolutivas entre si. A depressão de iníciotardio apresenta particularidades mais biológicas ouambientais específicas (alterações na morfologia e funçãocerebrais) do que genética—não há história familiar dedepressão. Além desses componentes, as doenças crônicasassociadas ao envelhecimento e de característicasincapacitantes (artrite reumatóide, doença de Parkinson edoença de Alzheimer) estão associadas a maior freqüênciade sintomas depressivos e depressão (Stoppe e Louzã, 1999).

Atividade física e depressão no idoso

O número de estudos é relativamente pequeno no quetange a relação entre atividades físicas e depressão. Numarevisão de 12 estudos sobre experiências clínicas e atividadesfísicas realizada com sujeitos com idade variando entre 17 e60 anos, Martinsen (1994) comenta os dados e afirma quetodos os estudos indicam que a atividade física é mais eficazdo que qualquer outro tratamento psicoterápico observadoem distúrbios depressivos leves e moderados. Para osdistúrbios de depressão severa, depressão melancólica ounos distúrbios bipolares, os efeitos das atividades físicassão limitados.

Bons exemplos dessa relação podem ser encontrados nosrelatos dos praticantes de atividades físicas do projeto VidaAtiva AFRID/UFU:

“Eu sempre fui muito alegre. [...]. De unstempos para cá me sentia sem vontade de tudo.Comecei a fazer exercícios aqui. Depois de umtempo eu voltei a ser como eu era. [...] Hojesinto vontade de viver” (Luzia, 75 anos).”

“Depois que perdi meu marido eu fiquei meioperdida. Aqui eu encontro gente, façoexercícios [...] aqui ocupo minhas tardes eacabou minha depressão” (Lourdes, 67 anos).

“Eu tive câncer e quando recuperei da cirurgianão queria mais viver. Fiquei depressiva.Agora, sinto que tudo está sendo recuperado.Faço até aula de dança de salão” (Carmem, 69anos).

Situando o Ser no Social:

O Idoso Brasileiro e a Sociedade Atual

A sociedade atual vive um momento de transição—apassagem de um país jovem para uma nação com crescentenúmero de idosos. Concomitantemente à essa transformaçãohá uma segregação da categoria na maioria dos setoressociais.

No sentido de alterar o quadro vigente é que as minoriastêm lutado e reagido contra os processos sociaisdiscriminatórios que atacam tanto mulheres, negros e velhos.E quanto à questão do idoso deficiente físico e/ou mental?4

Se os velhos considerados “normais” são segregadossocialmente, podendo vivenciar sérias privações afetivas emateriais, como será no caso do velho deficiente? Comcerteza será mais traumático porque há uma duplavulnerabilidade. Se por um lado aliena-se o sujeito por suacondição de velho, por outro ele é discriminado por carregarconsigo a marca da deficiência que o distancia dos sujeitoscomuns. E se esse sujeito ainda for mulher e/ou negra?Haverá mais elementos estigmatizadores? Será ele ainda maissegregado? Não é intenção do artigo abordar a temáticasobre esses aspectos, entretanto não há como negar suarefletida visibilidade social.

De uma maneira geral, os valores e os significadosconstruídos na contemporaneidade desconfiguram asorganizações do passado. As lembranças transmutadas emsabedoria, enfim, a existência viva das memórias sãocolocadas à margem da ação social. A esse respeito, Bosi(1994) afirma que a sociedade rejeita o velho não oferecendonenhuma sobrevivência de sua obra. Quando as pessoasabsorvem as idéias da classe dominante (acumulação debens), agem como loucas porque delineia assim o seu própriofuturo—medo da “marginalização.”

Essa sociedade que discrimina os velhos faz grandesinvestimentos nos jovens por representarem a força detrabalho produtiva da nação, e encara os maiores de 60 anoscomo pessoas nas quais não compensa investir. A moraloficial discursa sobre o respeito em relação ao velho,entretanto, dissimuladamente tenta convencê-lo a se afastardos cargos de liderança, alienando-o da autoridade e do

4 Constata-se, atualmente, um crescente número de deficientes idosos.Essa é uma boa notícia, porque, por exemplo, há cerca de 40 anos aexpectativa de vida de um portador da Síndrome de Down nãoultrapassava os 17 anos. Problemas cardiológicos e distúrbios digestivosestavam associados à deficiência mental, sendo os principais motivosde morte. Fatores como tratamento médico e a senilidade precoceaumentaram o contingente de excepcionais idosos. O processo deenvelhecimento para eles começa aos 25 anos, quando aparecemsintomas de doenças como arteriosclerose, Mal de Alzheimer, artrose eoutras. Como o tempo entre as fase do ciclo de vida desses sujeitos écurto, as famílias se assustam quando descobrem que não se prepararampara conviver com a velhice dos filhos deficientes. Se não houveramadurecimento suficiente poderá haver grandes conflitos de ambas aspartes.

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poder em favor dos mais jovens. A sociedade hoje, comoafirma Simone de Beauvoir (1990), só concede “lazeres” aosvelhos tirando-lhes os meios materiais para aproveitá-los.Falta humanidade e reconhecimento para com os sujeitosque, hoje envelhecidos, deixam de fazer parte do processo.Observa-se com freqüência o isolamento e a transferênciado interesse dos idosos para o interior de si mesmo, emdetrimento do interesse para a ação e para os objetos doexterior, o que Erikson (apud Moragas, 1997) denomina“integração do eu.”

A esse distanciamento que a sociedade provoca e amaioria dos mais velhos admite, Hanah Arendt (1989, p.68)expõe questões pertinentes ao estabelecer uma diferenciaçãoentre o homem privado e público. A autora afirma que ohomem privado é a “ausência do outro [...] não se dá aconhecer, e, portanto é como se não existisse.” Nessesentido, se no espaço privado o velho não se atualiza, viveisolado e, por privar-se de outros, priva-se também de direitos.Por outro lado, no espaço público, o velho se identifica econvive com seus pares, se organiza em torno de interessescomuns movido pela solidariedade e pode reivindicarconsciente e conjuntamente seus direitos de cidadão.

Entre jovens e velhos (conflito intergeracional), a relaçãoé distanciada e marcada pela indiferença. A característica darelação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade quepode se traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade.

Mesmo no seio da família há uma intolerância velada comos mais velhos. Este passa de responsável pela constituiçãoe manutenção da família, de elemento integrador e geradorde equilíbrio, respeito e sobrevivência dos membros dogrupo, para apenas um elemento desse mesmo grupo. Bosi(1994, p.78) explicita o comportamento do adulto no interiordas famílias afirmando que “a cumplicidade dos adultos emmanejar os velhos, em imobilizá-los com cuidados para “seupróprio bem,” utilizando-se de atitudes autoritárias, além deserem arbitrárias são, sobretudo, ações desumanas.”Quantos anciãos não pensam estar provisoriamente no asiloem que foram abandonados pelos seus?

Essa última argumentação está amparada nos termos dalei 8.842/94, no art. 4o, inciso III, nas diretrizes da PNI5, a qualressalta a importância do convívio familiar íntimo para amanutenção e/ou restabelecimento dos idosos. Ela consideraimprescindível a “priorização do atendimento do idosoatravés de suas próprias famílias, em detrimento doatendimento asilar à exceção dos idosos que não possuamcondições que garantam sua própria sobrevivência.”

Quando o quadro de alteração se aproxima com mudançastensas e brutais, o idoso não se vê enquadrado no processo,então surge a chamada “crise de identidade,” acontecimentosque desequilibram a formulação da sua própria identidade esugerem uma reestruturação dos conhecimentos que a pessoa

tem de suas potencialidades físicas e mentais, das idéias,dos valores, dos significados das coisas e do mundo. Apessoa idosa, distanciada de sua identidade, desvinculadade um conceito de circunscrição da realidade em quadros dereferência—da maneira como em princípio todos oselementos que constituem o ego funcionam e se articulam—, se sente ultrajada, num conflito mais social que geracional(Moragas, 1997; Goldfarb, 1998). Este conflito faz os maisvelhos sentirem-se como imigrantes perdidos no espaço,pois na medida em que na sociedade industrial moderna oque importa é produzir, os idosos são esquecidos o tempotodo porque não interessa a essa sociedade investir emprogramas que não ofereçam retorno.

Os transtornos nas vidas das pessoas idosas com achegada da aposentadoria são inevitáveis. Isso se dá porqueé pela identidade profissional que o indivíduo se vê partícipeda conjuntura social. Ao se desligarem e já tendo absorvidoos valores ideológicos da lucratividade e da eficácia assumemo articulado comportamento prescrito pelo poder social—seautodefinem como desqualificados, inúteis e“problemáticos.”

O depoimento de um participante do projeto Vida AtivaAFRID/UFU é exemplar no que diz respeito à representaçãoda própria velhice vinculada a estereótipos negativos, e nãodifere do da maioria:

[...] “não tem problema... é assim mesmo queacontece com todos que se aposentam.Ficamos esperando por este momento equando chega é assim... É solitário seraposentado. Como ficamos decadentes com achegada da idade, então, damos lugar aosmeninos de hoje. [...] Ihhh... ficar velho não ébom não! Velho dá muito trabalho!” (Sebastião,75 anos)

A questão da velhice como autoconvencimento éperversa porque constitui um processo carregado desentimentos político e existencial negativos que coloca oindivíduo como gestor de seus problemas, os quais, namaioria das vezes, são sociais e culturais.

Os indivíduos, na sua grande maioria, sem saberempreencher o tempo livre conquistado, seguem trajetórias quelevam à inatividade e ao isolamento, confirmando assim ovalor ambíguo da aposentadoria. Conseqüentemente àinatividade, surge a depressão que marcadamente relaciona-se com o dinâmico movimento do passado.

Diante dessas proposições, a reconfiguração do serenvelhecente pode ser analisada seguindo o pensamentode Simone de Beauvoir (1996, p.329) que descarta a idéia deaposentadoria como tempo de início de lazer pois “é muitoraro que o lazer permita o desabrochar de uma vocação atéentão sufocada.” A autora não despreza o direito ao lazermas não encontra neste a dinâmica determinante de umavelhice bem-sucedida ou a qualidade totalizadora do bemviver. A prática do lazer é um direito de qualquer cidadão emqualquer idade, em situações diversas, mas não deve

5 PNI– Política Nacional do Idoso

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transformar-se num “ópio do povo.” Numa sociedade demassas, condicionadora de tantos aspectos do viver coletivo,as atividades de lazer devem proporcionar uma oportunidadede realização pessoal livre e não há como negar seu valorsocial e terapêutico.

Para garantir esses direitos—promoção da saúde e aqualidade de vida dos idosos—é necessário extrapolar oslimites da responsabilidade pessoal e atribuí-los à dinâmicapolítico-social dos tempos atuais. A esse respeito Veras(1994, p.07) diz:

“Já é hora de nos estruturarmos pararesponder a mais esta importante demandasocial: a questão social do idoso, em face desua dimensão, exige uma política ampla eexpressiva [...] Após tantos esforços realizadospara prolongar a vida humana, seria lamentávelnão se oferecer condições adequadas paravivê-la.”

Conclusão

Falar sobre a velhice num país que, fundamentalmente,privilegia os jovens não é uma tarefa nada fácil. O fato deassociar a velhice aos desgastes, às doenças e às disfunçõese incapacidades vinculados à idéia de incompetênciacomportamental descaracteriza o espaço social dos idosos,sendo possível identificar inúmeros estereótipos a elavinculados pelos mais diversos segmentos da sociedade.

Pretendeu-se com esse artigo dar uma contribuição àcompreensão das questões do envelhecimento sob o pontode vista da educação física, na promoção de uma velhicebem-sucedida, com a mais nítida certeza de que não foipossível esgotar o tema em toda a sua amplitude eabrangência. Não é e não poderia ser pretensão do estudotratar a questão da velhice reduzindo-a a meras constataçõesbiológicas, psicológicas e sociais, pois um conjunto deimplicações de ordem prática e ideológica reagem,concomitantemente, sobre todos os outros aspectos davelhice.

Ainda que diretrizes e ações em favor dos idosos estejamlentamente acontecendo, muitos desafios estão sendolançados. Ao mesmo tempo em que aumenta o contingentede idosos no Brasil (aproximadamente 15% da populaçãogeral), ganha força a idéia de que novos conteúdos podemser atribuídos à experiência do envelhecimento(educabilidade dos sujeitos). Aos poucos abandona-se opressuposto de que o avanço da idade é algo negativo em simesmo para valorizar a velhice como um momento privilegiadoda vida, no qual a realização pessoal, a satisfação e o prazerencontram o seu auge e são vividos de maneira mais madurae profícua.

Cuidados preventivos, adoção de um estilo de vidasaudável, suporte social apropriado e atenção médica efamiliar permanentes poderão, provavelmente, favorecer adiminuição do período de morbidade ou de estados

disfuncionais de pré-morbidade. À medida que a longevidadeaumenta, mais etapas da vida poderão ser vividas. O ciclode vida aumentado e vivido até o seu final de forma saudável,com autonomia, independência e qualidade para o indivíduo,representa um período de tempo que reflete um acúmulo dememórias felizes. Representa também a culminância e asíntese de projetos de uma vida bem vivida, e não acarretaum desastre econômico-social para a sociedade.

Certamente para os idosos de nada adianta ocupar otempo apenas porque eles estão ociosos. Preencher espaçosde tempo apenas para suprimir o tédio, a recusa do diálogo,o banimento e a discriminação é fugir e reafirmar aincompetência individual e social. Novas formas de melhorempregar o tempo devem ser incorporadas no cotidiano dosmais velhos a partir de preferências e eleições individuais,pois não há bem-estar emocional e psicológico distanciadoda atividade, seja ela qual for.

E por falar em atividades, isso remete-nos a pensar empráticas corporais, as quais têm evidências de implicaçõessobre a qualidade e expectativa de vida dos sujeitos. Dentreos mecanismos preventivos está a atividade física com seuimpacto na capacidade aeróbica máxima, força muscular,respostas motoras, e capacidade funcional geral. Como umaconseqüência da diminuição da tolerância ao esforço físico,um grande número de pessoas idosas vive abaixo do limiarde sua capacidade física, necessitando somente de umaintercorrência mínima na saúde para tornarem-secompletamente dependentes.

De acordo com vários autores (já citados no corpo dotexto), o declínio linear natural das capacidades funcionaispode ser notoriamente modificado pelo exercício, pelocontrole do peso e pela dieta. Evidências demonstram quemais da metade do declínio da capacidade física dos idososé devida ao tédio, à inatividade e à expectativa deenfermidades.

Nesse sentido, salienta-se a importância da realização deatividades sistêmicas ou regulares que emprestam significadoe satisfação à existência, quer pelo compromisso eresponsabilidade social nela implícitos quer pelaoportunidade de manter o convívio social, ou quer, ainda,por seus valores preventivos, terapêuticos e lúdicos. Aescolha das atividades deve seguir o estilo próprio de cadaidoso de acordo com seus interesses e possibilidades.Espera-se que essas atividades contribuam para reforçar osentimento de valor pessoal, o bem-estar físico e a dinâmicasocial entre pares.

Os programas para a terceira idade (a exemplo, o projetoVida Ativa AFRID/UFU) proporcionam ambientesapropriados para que experiências de criação, autonomia eliberdade, as quais todas as pessoas reconhecem comopossíveis. Nesses eventos o idoso deve ser focalizado nabusca de sua atualização em todos os aspectos. Como ser,está sempre em direção à expansão de suas potencialidades.Nós, profissionais, devemos favorecer essa expansão e nãoreprimi-la.

Essa ressignificação da velhice traz elementos quesustentam a continuidade efetiva de uma educação

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permanente que surge, inevitavelmente, como possibilidadede informação, valorização e acesso social.

À guisa de análises conclusivas, é importante salientaralguns pontos críticos como direções futuras fundamentaispara que, assim, possa surgir a institucionalização de novasformas de atenção e conhecimentos científico-sociais sobreo idoso e da velhice nos aspectos biopsicossociais. A noçãoda velhice bem-sucedida depende de:

- Maior integração entre a geriatria e a gerontologia,buscando uma compreensão integral do idoso;

- Implementação efetiva da lei 8.842/94 (PNI) no sentidode garantir uma velhice digna à população;

- Estabelecer mecanismos que favoreçam a divulgaçãode informações de caráter educativo sobre os aspectosbiopsicossociais do envelhecimento;

- Maior difusão da idéia de que a velhice é uma realidadeheterogênea, ou seja, pode assumir várias configuraçõesassociadas a influências como: raça, etnia, gênero, classesocial, profissão, valores, crenças, atitudes, condições desaúde e experiências pessoais;

- A geriatria deverá valorizar, prioritariamente, aprevenção das doenças crônicas e/ou próprias doenvelhecimento natural;

- Oportunizar a capacitação e reciclagem dos recursoshumanos envolvidos com essa clientela;

- Combater o sedentarismo através da criação, em númeroe diversidade, de programas voltados aos idosos;

- Os estudos realizados na área da educação físicadeverão ultrapassar a análise obsessiva de causa e efeitodos exercícios sob o ponto de vista clínico, funcional, deperformance, para uma análise mais abrangente quecompreenda as especificidades do envelhecimento singular;

- Garantir maior qualidade nos serviços prestados pelacoesão das diferentes áreas do conhecimento que compõema gerontologia;

- Implementação de programas que garantam aos idososmaior conhecimento sobre seus direitos e deveres comocidadão comum;

- Difusão e esclarecimento de novas terminologias sobrevelhice e envelhecimento entre os idosos e os profissionaisque lidam com eles;

- Maior valorização das atividades físicas por parte detodos os profissionais que lidam com idosos,compreendendo-a como ação integralizadora, capaz de alteraro bem-estar geral do praticante;

- Maior esclarecimento sobre a ocupação do tempo livre;- Promover maiores condições de educação formal através

de programas vinculados às universidades e faculdades.

Enfim, apresentar aos velhos condições de atingir umavelhice bem-sucedida, “bem-educada” é dever dasinstituições governamentais, de toda a sociedade efamiliares. É dar condições de reapropriar com dignidade osentido e o significado da velhice memoriosa, revestida desabedoria, rumo a uma dinâmica contínua e informativa.

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Nota do Autor

Profa. Dra. Geni de Araújo Costa é docente adjunto IV,coordenadora do projeto Vida Ativa AFRID/UFU daUniversidade Federal de Uberlândia (UFU), Faculdade deEducação Física, FAEFI.

Endereço:Rua Johen Carneiro, 955, apto. 302, bairro LídiceUberlândia, 38400-072 MGTelefones: (34) 3232 2560; 9971 5082Fax: (34) 3218 2912; 3218 2925E-mail: [email protected]

Manuscrito submetido em maio de 2003Manuscrito aceito em novembro de 2003

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Normas para Publicação

Normas para Publicação da Revista da Sobama

Apresentação

A revista da SOBAMA é um órgão de divulgação da Socie-dade Brasileira de Atividade Motora Adaptada. A revista daSOBAMA foi criada para atender às necessidades de divul-gação e discussão da produção científica e de assuntos daárea de atividade motora adaptada. A revista da SOBAMAaceita a submissão de manuscritos de profissionais e pes-quisadores de diferentes áreas como educação física e es-portes, fisioterapia, educação especial, psicologia e outrascujos manuscritos tenham perfis direcionados à área de ati-vidade motora adaptada ou pertinentes aos interesses dosleitores da revista da SOBAMA. Cabe aos editores da revistada SOBAMAdecidir sobre a pertinência da colaboração.

I. Tipos de colaboração aceitos pelarevista da SOBAMA

Trabalhos originais relacionados à área de atividade motoraadaptada que se enquadrem nas seguintes categorias:1. Relato de pesquisa: investigação baseada em dadosempíricos, utilizando metodologia científica.2. Estudo teórico: análise de construtos teóricos, levandoao questionamento de modelos existentes e à elaboração dehipóteses para futuras pesquisas.3. Relato de experiência profissional: estudo de caso, con-tendo análise de implicações conceituais, ou descrição deprocedimentos ou estratégias de intervenção, contendo evi-dência metodologicamente apropriada de avaliação de efi-cácia, de interesse para a atuação de profissionais em áreasafins.4. Revisão crítica da literatura: análise de um corpoabrangente de investigação, relativa a assuntos de interes-se para o desenvolvimento da área de atividade motora adap-tada.5. Comunicação breve: relato de pesquisa sucinto, mascompleto, de uma investigação específica. Limitado a 12páginas espaço duplo conforme especificações do item III.6. Ponto de Vista: Temas de relevância para o conhecimentopedagógico, científico, universitário ou profissional, apre-sentados na forma de comentários que favoreçam novas idéi-as ou perspectivas sobre o assunto. Limitado a 12 páginasespaço duplo conforme especificações do item III.7. Carta ao Editor: avaliação crítica de artigo publicado narevista da Sobama ou resposta de autores à crítica formula-da a artigo de sua autoria. Limitado a 12 páginas espaçoduplo conforme especificações do item III.8. Nota técnica: descrição de instrumentos e técnicas ori-ginais de pesquisa. Limitado a 12 páginas espaço duploconforme especificações do item III.

9. Resenha: revisão crítica de obra recém publicada, orien-tando o leitor quanto a suas características e usos potenci-ais. Limitado a 6 páginas espaço duplo conformeespecificações do item III.

Poderá também ser publicada, a critério do editor:10. Notícia: divulgação de fato ou evento de conteúdo rela-cionado à área de atividade motora adaptada, não sendoexigidas originalidade e exclusividade na publicação. Limi-tado a 6 páginas espaço duplo conforme especificações doitem III.

II. Apreciação pelo conselho editorial

O manuscrito—nas categorias 1 a 8—é aceito para análi-se pressupondo-se que: (a) o mesmo não foi publicado enem está sendo submetido para publicação em outro perió-dico; (b) todas as pessoas listadas como autores aprovaramo seu encaminhamento à revista da SOBAMA; (c) qualquerpessoa citada como fonte de comunicação pessoal aprovoua citação.

Os trabalhos enviados serão apreciados pelo editor-chefee editores associados especialistas nas áreas afins, quedeverão fazer uso de consultores ad hoc. Os autores serãonotificados da aceitação ou recusa de seus manuscritos. Osmanuscritos, mesmo quando rejeitados, não serãodevolvidos.

Pequenas modificações no texto poderão ser feitas peloeditor ou pelos editores associados. Quando estes julgaremnecessárias modificações substanciais, o(s) autor(es)será(ão) notificado(s) e encarregado(s) de fazê-las, devol-vendo o trabalho reformulado no prazo máximo de duassemanas. Manuscritos re-submetidos depois do prazo deseis meses do envio do último resultado da análise pelosconsultores não serão considerados para continuidade doprocesso de revisão. Neste caso, serão considerados comouma submissão nova e um novo processo de avaliação seráreiniciado.

III. Forma de apresentação dos manuscritos

A revista da SOBAMA adota as normas de publicaçãoda APA (American Psychological Association), exceto emsituações específicas onde há conflito com a necessidadede se assegurar o cumprimento da revisão cega por pares,regras do uso da língua portuguesa, normas gerais da ABNT,procedimentos internos da revista, inclusive característicasde infra-estrutura operacional. A omissão de informação nodetalhamento que se segue implica em que prevalece a ori-entação do manual da APA. Os manuscritos devem ser redi-gidos em português. Excepcionalmente, o inglês, o francês,

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Normas para Publicação

o espanhol e o alemão poderão ser aceitos, a critério doseditores.

Os manuscritos originais deverão ser encaminhados emquatro cópias—sendo uma cópia com identificação comple-ta dos autores e três cópias sem identificação—digitadosem espaço duplo, fonte tipo Curier, tamanho 12, nãoexcedendo, quando for o caso, o número de páginasapropriado de cada categoria em que o manuscrito se insere.A página deverá ser tamanho carta, com formatação demargens superior e inferior no mínimo de 2,5 cm, esquerda edireita no mínimo de 3 cm. Para estimar a equivalênciaconsidere que uma página impressa da publicaçãocorresponde a 3 páginas do manuscrito. Além das cópiasimpressas, o autor deverá incluir uma cópia em disquete, emprocessador de texto formato IBM Microsoft Word ouformato texto.

A versão final revisada deverá ser encaminhada em duascópias impressas no mesmo formato da versão inicial.Também deverá incluir uma cópia em disquete, emprocessador de texto formato IBM Microsoft Word ouformato texto.

Todo e qualquer encaminhamento à revista deve seracompanhado de carta assinada pelo autor principal, ondeesteja explicitado a intenção de submissão ou re-submissãodo trabalho para publicação. Em caso de aceite do trabalhouma carta de acordo de publicação deverá ser preenchida eassinada pelo autor principal para encaminhamento do tra-balho para prelo.

Obs. geral: Nunca utilize caixa alta em palavras inteira(exemplo: ATIVIDADE MOTORA) em nenhuma etapa domanuscrito. Utilize, quando apropriado, apenas a inicial emcaixa alta (exemplo: Atividade Motora).

A apresentação dos trabalhos deve seguir a seguinte ar-dem:

1. Folha de rosto despersonalizada contendo apenas:1.1. Título sem abreviações, em português, não devendo

exceder 10 palavras.1.2. Sugestão de título abreviado para cabeçalho, não

devendo exceder 4 palavras.1.3. Título sem abreviações, em inglês, compatível com o

título em português.

2. Folha de rosto personalizada contendo:2.1. Mesma informação dos itens 1.1; 1.2 e 1.3. acima.2.2. Nome de cada autor, seguido por uma afiliação

institucional apenas e por extenso por ocasião da submissãodo trabalho.

2.3. Indicação do autor a quem o leitor do artigo deveenviar correspondência, seguido de endereço completo, deacordo com as normas do correio. Se disponível, o endereçoeletrônico deve também ser indicado.

2.4. Indicação de endereço para correspondência com oeditor sobre a tramitação do manuscrito, incluindo fax, tele-fone e, se disponível, endereço eletrônico.

2.5. Se necessário, indicação de atualização de afiliação

institucional.2.6. Se apropriado, parágrafo reconhecendo apoio finan-

ceiro, colaboração de colegas e técnicos, origem do traba-lho (por exemplo, anteriormente apresentado em evento, de-rivado de tese ou dissertação, coleta de dados efetuada eminstituição distinta daquela informada no item 2.4), e outrosfatos de divu1gação eticamente necessária.

2.7. Indique na carta de encaminhamento, quando for ocaso de estudos envolvendo seres humanos ou animais,que o estudo obedeceu os requisitos da Res. CNS 196/96referente a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)e que foi devidamente aprovado pelo comitê de ética dainstituição de origem do autor responsável pelo estudo.

3. Folha contendo o Resumo, em português.O resumo deve ter no máximo 150 palavras para manus-

critos na categoria 1, e 100 palavras para manuscritos nascategorias 2, 3, 4 e 5. As demais categorias não admitemresumo. Ao resumo devem-se seguir 3 a 5 palavras-chavepara fins de indexação do trabalho.

No caso de relato de pesquisa, o resumo deve incluir:descrição sumária do problema investigado, característicaspertinentes da amostra, método utilizado para a coleta dedados, resultados e conclusões, suas implicações ou apli-cações.

O resumo de uma revisão crítica ou de um estudo teóricodeve incluir: assunto tratado em uma frase, objetivo, tese ouconstruto sob análise, fontes usadas (p. ex. observação fei-ta pelo autor, literatura publicada) e conclusões.

4. Folha contendo o abstract, em inglês, compatível com otexto do resumo.

O abstract deve obedecer as mesmas especificações paraa versão em português, seguido de key words, compatíveiscom as palavras-chave.

5. Texto propriamente dito.Em todas as categorias de trabalho original, o texto deve

ter uma organização de reconhecimento fácil, sinalizada porum sistema de títulos e subtítulos que reflitam esta organi-zação. No caso de relatos de pesquisa o texto deverá, obri-gatoriamente, apresentar: introdução, metodologia, resulta-dos e discussão. As notas não bibliográficas deverão serreduzidas a um mínimo e colocadas ao pé das páginas, orde-nadas por algarismos arábicos que deverão aparecer imedi-atamente após o segmento de texto ao qual se refere a nota.Os locais sugeridos para inserção de figuras e tabelas deve-rão ser indicados no texto. As citações de autores deverãoser feitas de acordo com as normas da APA, exemplificadasno item IV. No caso de transcrição na íntegra de um texto, atranscrição deve ser delimitada por aspas e a citação doautor seguida do número da página citada. Uma citação lite-ral com 40 ou mais palavras deve ser apresentada em blocopróprio, começando em nova linha, com recuo de 5 espaçosda margem, na mesma posição de um novo parágrafo. O ta-manho da fonte deve ser 12, como no restante do texto.6. Referências, ordenadas de acordo com as regras gerais

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Normas para Publicação

que se seguem. Trabalhos de autoria única e do mesmo au-tor são ordenados por ano de publicação, o mais antigo pri-meiro. Trabalhos de autoria única precedem trabalhos deautoria múltipla, quando o sobrenome é o mesmo. Trabalhosem que o primeiro autor é o mesmo, mas co-autores diferemserão ordenados por sobrenome dos co-autores. Trabalhoscom a mesma autoria múltipla serão ordenados por data, omais antigo primeiro. Trabalhos com a mesma autoria e amesma data serão ordenados alfabeticamente pelo título,desconsiderando a primeira palavra se for artigo ou prono-me, exceto quando o próprio título contiver indicativo deordem; o ano é imediatamente seguido de letras minúsculas.Quando repetido, o nome do autor não deve ser substituídopor travessões ou outros sinais. A formato da lista de refe-rências deve ser apropriada à tarefa de revisão e deeditoração além de espaço duplo e tamanho de fonte 12,parágrafo normal com recuo apenas na primeira linha, semdeslocamento das margens (cf. exemplificado no item V); Osgrifos deverão ser indicados por um traço sob a palavra (p.ex., sublinha). A formatação dos parágrafos com recuo e dosgrifos em itálico é reservada para a fase final de editoraçãodo artigo.7. Anexos, apenas quando contiverem informação originalimportante, ou destacamento indispensável para a compre-ensão de alguma seção do trabalho. Recomenda-se evitaranexos.

8. Folha contendo título de todas as figuras, numeradasconforme indicado no texto.

9. Figuras, incluindo legenda, uma por página em papel epor arquivo de computador, quando preparadas eletronica-mente. Para assegurar qualidade de reprodução as figurascontendo desenhos deverão ser encaminhadas em qualida-de para fotografia; as figuras contendo gráficos não pode-rão estar impressas em impressora matricial. Como a versãopublicada não poderá exceder a largura de 8,3 cm para figu-ras simples, e de 17,5 cm para figuras complexas, o autordeverá cuidar para que as legendas mantenham qualidadede leitura, caso redução seja necessária. O encaminhamentode arquivos eletrônicos das figuras em formato JPG ou inse-ridos em documento MSWord ou Excell é recomendado aosautores.

10. Tabelas, incluindo título e notas, uma por página em pa-pel e por arquivo de computador. Na publicação impressa atabela não poderá exceder 17,5 cm de largura x 23,7 cm decomprimento. Ao prepará-las, o autor deverá limitar sua lar-gura a 60 caracteres, para tabelas simples de modo a ocuparuma coluna impressa, incluindo 3 caracteres de espaço en-tre colunas da tabela, e limitar a 125 caracteres para tabelascomplexas de modo a ocupar duas colunas impressas. Ocomprimento da tabela não deve exceder 55 linhas, incluin-do título e rodapé(s). Para outros detalhamentos, especial-mente em casos omissos, o manual da APA deverá ser con-sultado.

IV. Tipos comuns de citação no texto

Citação de artigo de autoria múltipla

1. Dois autoresO sobrenome dos autores é explicitado em todas as cita-

ções, usando e ou & conforme abaixo:“O método proposto por Ulrich e Thelen (1979)” ou “Este

método foi inicialmente proposto para o estudo da marchaautomática (Ulrich & Thelen, 1979)”

2. De três a cinco autoresO sobrenome de todos os autores é explicitado na pri-

meira citação, como acima. Da segunda citação em diante sóo sobrenome do primeiro autor é explicitado, seguido de “etal..” e o ano, se for a primeira cita,cão de uma referênciadentro de um mesmo parágrafo:Mattos, Lima e Teixeira (1994) verificaram que [primeira cita-ção no texto]Mattos et al. (1994) verificaram que [citação subsequente,primeira no parágrafo]Mattos et al. verificaram [omita o ano em citações subse-quentes dentro de um mesmo parágrafo]

Exceção: Se a forma abreviada gerar aparente identidadede dois trabalhos em que os co-autores diferem, os co-auto-res são explicitados até que a ambigüidade seja eliminada.Os trabalhos de Hayes, S.C., Brownstein, A.J. Haas, J.R. &Greenway, D.E. (1986) e Hayes, S.C. Brownstein, A.J., Zettle,R.D., Rosenfarb, I. & Korn, Z. (1986) são assim citados:“Hayes, Brownstein, Haas et al. (1986) e Hayes, Browustein,Zettle et al. (1986) verificaram que...”

Na seção de referências todos os nomes são relaciona-dos.

3. Seis ou mais autoresNo texto, desde a primeira citação, só o sobrenome do

primeiro autor é mencionado, seguido de “et al.”exceto seeste formato gerar ambigüidade, caso em que a mesma solu-ção indicada no item anterior deve ser utilizada:

Rodrigues et al. (1988).Na seção de referências todos os nomes são relaciona-

dos.

Citações de trabalho discutido em uma fontesecundária

O trabalho usa como fonte um trabalho discutido em outro,sem que o trabalho original tenha sido lido (por exemplo, umestudo de Lima, citado por Silva, 1982). No texto, use a se-guinte citação:

“Lima (conforme citado por Silva, 1982) acrescenta queestes estudantes...”

Na seção de referências informe apenas a fonte secun-dária, no caso Silva, usando o formato apropriado.

Citações de obras antigas reeditadas

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Normas para Publicação

Autor (data da publicação original/data da ediçãoconsultada). Ex.: Campbell (1790/1946).

Citação de comunicação pessoal

Este tipo de citação deve ser evitada, por não oferecerinformação recuperável por meios convencionais. Se inevi-tável, deve aparecer no texto, mas não na seção de Referên-cias.B. D. Ulrich (comunicação pessoal, 5 de maio de 1995)

V. Exemplos de tipos comuns de referência

1. Relatório técnico.Birney, A.J. & Hall, M.M. (1981). Earlv identification of

children with written language disabilities (relatório n. 81-1502). Washington, DC: National Education Association.

2. Trabalho apresentado em congresso, mas não publicado.Haidt, J., Dias, M.G. & Koller, 5. (1991, fevereiro). Disgust.

disrespect and culture: Moral judgement of victimlessviolations in the USA and Brazil. Trabalho apresentado emReunião Anual (Annual Meeting) da Society for Cross-Cul-tural Research, Isla Verde, Puerto Rico.

3. Trabalho apresentado em congresso com resumo publica-do em publicação seriada regular.

Tratar como publicação em periódico, acrescentando logoapós o título a indicação de que se trata de resumo.

Silva, A.A. & Engelmann, A. (1988). Teste de eficácia deum curso para melhorar a capacidade de julgamentos corre-tos de expressões faciais de emoções [Resumo]. Ciência eCultura. 40 (7, Suplemento), 927.

4. Trabalho apresentado em congresso com resumo publica-do em publicação especial.

Tratar como publicação em livro, informando sobre oevento de acordo com as informações disponíveis em capa.

Mauerberg-deCastro, E. & Moraes, R. (1962). Psicofísicado esforço: Impacto no Esporte [Resumo]. Em SociedadeBrasileira de Psicologia (Org.), Resumos de comunicaçõescientíficas. XXII Reunião Anual de Psicologia (p.666). Ri-beirão Preto: SBP.

5. Teses ou dissertações não publicadas.Castro, L. (1889). A família atleta: interação entre compe-

tência e competição. Estudo de caso. Dissertação deMestrado, Universidade de São Paulo, São Carlos.

6. Livros.Sherrill, C. (1983). Educação Física Adaptada. Rio de Ja-

neiro: Zahar.

7. Capítulo de livro.Block, S.S. & Borg, P. (1677). Early psychophysics. In:

A.T. Moore & J.E. Stadium (Eds.), Handbook of human

behavior (pp.500-550). Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall.Hoffman, L.W. (1979). Experiência da primeira infância e

realizações femininas. Em: H. Bee (Ed.), Psicologia dodesenvolvimento: questões sociais (pp.45-65). Rio de Janei-ro: Interamericana.

8. Livro traduzido, em língua portuguesa.Magill, C.C. (1900). Aprendizagem motora. (E.J. Costa,

Trad.) Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original pu-blicado em 1800)

Se a tradução em língua portuguesa de um trabalho emoutra língua é usada como fonte, citar a tradução em portu-guês e indicar ano de publicação do trabalho original.

No texto, citar o ano da publicação original e o ano datradução: (Magill, 1800/1900).

9. Artigo em periódico científico.Moore, J. M., Thompson, G. & Thompson, M. (1975).

Auditory localization of infants as a function of reinforcementconditions. Journal of Speech and Hearing Disorders. 40,29-34.

Informar número, em parêntesis e em seguida o volume,apenas quando a páginação reinicia a cada número (e não acada volume, como a regra geral)

Affonso, D. M. (1887). Sobre o surgimento do voleibalradical. Educação. 3 (3), 1-19.

Obras antigas com reedição em data muitoposterior

Cabral, P.A . (1946). Tratado sobre o Brasil. Rio de Janei-ro: Colombo (Originalmente publicado em 1500).

1. Obra no prelo.Não forneça ano, volume ou número de páginas até que

o artigo esteja publicado. Respeitada a ordem de nomes, é aúltima referência do autor.

Moraes, R. M., Mauerberg-deCastro, E. & Schuller, J.(no prelo). Nada sobre nada em esporte. Motriz.

2. Autoria institucional.American Psychiatric Association (1988). DSM-III-R. )

Diagnostic and statistical manual of mental disorder (3 ed.revisada). Washington, DC: Autor.

Obras publicadas na InternetSobrenome do autor, primeira inicial. (data da publicação

ou “sem data” se não disponível). Título do artigo ou seçãoutilizada [Número de parágrafos]. Título do trabalho com-pleto. [Forma, tal como HTTP, CD-ROM, E-MAIL]. Disponí-vel: URL completo [data de acesso].

Exemplo típico:Distance Education and Technology (1999). Tools for

online learning. [HTTP]. Available at: http:/ /demo.cstudies.ubc.ca/

Fox Valley Technical College. [HTTP]. Available at: http:/

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Normas para Publicação

/its.foxvalley.tec.wi.us/techround/lrnresourc.htmHara, N. & Kling, R. (March 30, 2000). Students’ Distress

with a Web-based Distance Education Course. IndianaUniversity, Bloomington, Department of InstructionalSystems Technology (IST). [HTTP]. Available at: http://www.slis.indiana.edu/CSI/wp00-01.html

Citação no texto:A chamada “limpeza étnica” não está especificamente

associada com conflitos armados, mas pode ocorrer em paí-ses onde a política está em crise (Bruce, 1996).

Outros exemplos:Gilberti, A. (2000, February). ITE 679. Online Lessons for

ITE 679, Lesson 2. [E-mail]. Available: http://isu.indstate.edu/gilberti/ite679folder/gettingstartedite679.htm [2000, Feb. 3]

VI. Direitos autorais

Artigos publicados na revista da SOBAMA

Os direitos autorais dos artigos publicados pertencem àrevista da SOBAMA. A reprodução total dos artigos destarevista em outras publicações, ou para qualquer outra utili-dade, está condicionada à autorização escrita do editor darevista da SOBAMA. Pessoas interessadas em reproduzirparcialmente os artigos desta revista (partes do texto queexcederem 500 palavras, tabelas, figuras e outras ilustrações)deverão ter permissão escrita do(s) autor(es). O autor prin-cipal de cada artigo receberá uma revista contendo o seuartigo.

Reprodução parcial de outras publicações

Manuscritos submetidos que contiverem partes de textoextraídas de outras publicações deverão obedecer aos limi-tes especificados para garantir originalidade do trabalho sub-metido. Recomenda-se evitar a reprodução de figuras, tabe-las e desenhos extraídos de outras publicações.

O manuscrito que contiver reprodução de uma ou maisfiguras, tabelas e desenhos extraídos de outras publicaçõessó será encaminhado para análise se vier acompanhado depermissão escrita do detentor do direito autoral do trabalhooriginal para a reprodução especificada na revista daSOBAMA. A permissão deve ser endereçada ao autor dotrabalho submetido. Em nenhuma circunstância a revista daSOBAMA e os autores dos trabalhos publicados nestarevista repassarão direitos assim obtidos.

Mitos sobre direitos autorais na internet

Algumas considerações feitas do trabalho de Templeton, B.(no date).

Templeton, B. (no date). 10 Big Myths about copyrightexplained. [URL]. Available: http://www.templetons.com/brad/copymyths.html [2000, May 11]

- “Se não tem um aviso sobre direitos autorais ou copyright,não está protegido.”

Era verdade no passado, mas hoje a maioria das naçõessegue a convenção de Berne copyright. Nos EUA quasetudo criado em caráter privado após 1 de Abril de 1989 estáprotegido por lei tenha ou não aviso sobre direitos autoriais.Isto inclui figuras. “Scanear”figura da internet é ilegal amenos que esteja explicitamente anunciado “domínio públi-co” ou “sem reservas autorais” ou “pode copiar à vontade.”

- “Se eu não usar com fins lucrativos ou usar com finalida-des acadêmicas ou educacionais, não é crime”Errado. Fatos e idéias não podem se limitados nos direitosautorias, mas sua expressão escrita e estrutura podem. Vocêsempre pode escrever sobre fatos com suas próprias pala-vras.

- “Se eu criar minha própria história baseada em outro traba-lho, meu novo trabalho me pertence.”Errado. Leis de direitos autorais são bem explicitas quantoaos “trabalhos derivativos” —Você precisa de permissãoautoral.

- “Se eu não causar danos a ninguém, tudo bem—na verda-de é até propaganda de graça.”Errado. É decisão do autor se ele quer ou não propagandade graça.

Para mais informações visite:http://www.templetons.com/brad/copymyths.htmlhttp://www.tjc.com/copyrighthttp://lcweb.loc.gov/copyright/ht tp: / /www.aust l i i .edu.au/au/ legis /c th/consol_act /ca1968133/index.htmlhttp://cipo.gc.ca/http://www.benedict.com/http://www.eff.org/pub/CAF/law/ip-primer

No Brasil:http://www.persocom.com.br/brasilia/plagio1.htm

VII. Endereço para encaminhamento

A remessa de manuscritos para publicação, bem como todaa correspondência que se fizer necessária, deve serendereçada para:

Verena J. Pedrinelli (Editor-chefe)Universidade São Judas TadeuRua General Almério de Moura, 700São Paulo, 05690-080 SPE-mail: [email protected]

Comunicações rápidas podem também ser feitas através doendereço eletrônico:[email protected]

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Estatuto da SOBAMA

Revista da Sobama Dezembro 2003, Vol. 8, n.1, pp. 47-48

SOBAMA

Informações sobre a Sociedade

O que é SOBAMA?

A SOBAMA, Sociedade Brasileira de Atividade Motora, fundada em 9 de dezembro de 1994, na cidade de São Paulo, é umasociedade civil de caráter científico e educacional sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria que visa o progres-so dos estudos da atividade motora adaptada em todas as suas áreas.

A idéia da criação da SOBAMA nasceu de vários profissionais que atuando na área por vários anos, sentiram a necessidadede se aglutinarem em uma sociedade de caráter científico, facilitando, desta forma, o intercâmbio e a troca de experiência.

Quais os Objetivos da SOBAMA?

Congregar estudiosos da área de atividade motora adaptada; Apoiar e incentivar o desenvolvimento técnico-científico dosseus associados; Promover congressos, cursos, simpósios sobre assuntos relacionados à área; Manter intercâmbio cultural,técnico, científico e associativo com entidades congêneres do país e exterior; Conferir títulos, certificados e prêmios; Promo-ver a divulgação do conhecimento produzido na área.

Por que atividade motora e não educação física?

Em muitos lugares utiliza-se tanto os termos educação física adaptada como atividade motora adaptada. Na SOBAMA considera-se que a palavra Atividade Motora enfatiza as necessidades de vivências relacionadas ao movimento corporal em todo tipo deambiente. A palavra educação, por outro lado, é freqüentemente usada para enfocar indivíduos na idade escolar em ambientesde instrução. A atividade motora adaptada corresponde a um conjunto de atos intencionais que visam melhorar e promover acapacidade para o movimento considerando-se as diferenças individuais e as discapacidades em contextos inclusivos ounão.

Como associar-se à SOBAMA?

Se você é...... uma pessoa estudiosa e profissional comprometida com a atividade motoraadaptada,

Se você quer..... assinar a revista da SOBAMA, publicada anualmente,

Se você pretende...... aproveitar os descontos no Congresso Brasileiro de Atividade Motora Adaptadae outros eventos na área,

... então associe-se e compartilhe investigações, teorias, modelos, e práticas.

Ajude a fortalecer o futuro da Atividade Motora Adaptada para pessoas portadoras de deficiências/discapacidades.

Poderão fazer parte da SOBAMA todos os profissionais acadêmicos que exerçam funções ou atividades na área da atividademotora adaptada.

Sócio titular efetivo:O profissional com título universitário.

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Estatuto da SOBAMA

Revista da Sobama Dezembro 2003, Vol. 8, n.1, pp. 47-48

Sócio titular colaborador:Aquele que não tem o título universitário.

Estatuto

CAPITULO lDa Constituição, Denominação, Sede, Duração e Fins.

Art.1º - A Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adap-tada (SOBAMA), fundada em 09 de dezembro de 1994, nacidade de São Paulo, é uma sociedade civil, de caráter cien-tífico e educacional sem fins lucrativos, com personalidadeJurídica e patrimônio próprios que visa o progresso dos es-tudos da Atividade Motora Adaptada em todos os seus ra-mos.

Art.2º - A SOBAMA tem sede permanente na cidade deCampinas, Estado de São Paulo, é de duração indeterminadae passa a reger-se por estes estatutos.Parágrafo único - A SOBAMA, terá sempre sede administra-tiva e foro na cidade e estado onde residir o Presidente eTesoureiro, podendo abrir sub-sedes em qualquer unidadeda Federação.

Art.3º - O Patrimônio da entidade será constituído demóveis e utensílios, imóveis, veículos, contribuições dossócios e outros donativos em dinheiro ou em espécie, auxí-lios oficiais ou subvenções e de qualquer tipo de aplicaçãofinanceira de quaisquer espécie entre ativos da sociedade.

Art.4º - A SOBAMA tem por finalidade:

a) Congregar os estudiosos da área de Atividade MotoraAdaptada;

b) Apoiar e incentivar o desenvolvimento técnico-científicodos seus sócios;

c) Promover congressos, cursos, simpósios sobre assuntosrelacionados a área;

d) Manter intercâmbio cultural, técnico, científico eassociativo com entidades congêneres do País e do Exteri-or;

e) Conferir títulos, certificados e prêmios;

f) Outras ações que não colidam com este Estatuto;

g) Promover a divulgação do conhecimento produzido naárea.

CAPÍTULO llDos Sócios

SEÇÃO l

Da Admissão

Art.5º - Poderão fazer parte da SOBAMA todos os pro-fissionais e acadêmicos que exerçam funções ou atividadesna área de Atividade Motora Adaptada.

SEÇÃO llDa Classificação

Art.6º - O quadro social da SOBAMA é composta desócios, cujo número é ilimitado e que são divididos nas se-guintes categorias:

a) Fundador;

b) Titular Efetivo;

c) Colaborador;

d) Honorário;

e) Beneméritos.

Art.7º - Entende-se por sócio Fundador o profissional e/ou acadêmico que participaram da Primeira Reunião daSOBAMA e assinaram a respectiva ata de fundação.

Art.8º - Entende-se por sócio Titular Efetivo o profissio-nal portador de título Universitário que exerça atividades noreferido campo de conhecimento.

Parágrafo único - O sócio Titular Efetivo será admitidomedianteproposta do Delegado Estadual a que pertença ointeressado ou sócio fundador acompanhada de curriculumvitae e encaminhada à Diretoria Executiva da SOBAMA.

Art.9º - Entende-se por sócio Colaborador o profissionalainda não portador de título universitário, que desejar inte-grar o quadro social da SOBAMA.

Parágrafo único - O sócio Colaborador será admitido medi-ante proposta do Delegado

Nosso Endereço:Márcia V. Cozzani1a. Secretária da SOBAMAUniversidade Estadual PaulistaDepartamento de Educação FísicaAv. 24-A, 1515, Bela VistaRio Claro, 13506-900 SPE-mail: [email protected]

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Revista da SOBAMA

ISSN 1413-9006

Informações

Para submeter manuscritos

Informações gerais sobre normas e assuntos relativos à revista, contate os editores:Verena J. Pedrinelli (Editor-chefe)E-mail: [email protected]

A remessa de manuscritos para publicação, bem como toda a correspondência que se fizer necessária,deve ser endereçada para:Verena J. Pedrinelli (Editor-chefe)Universidade São Judas TadeuRua General Almério de Moura, 700São Paulo, 05690-080 SPE-mail: [email protected]

Para obter assinaturas e números anteriores, contate:

Márcia V. Cozzani1a. Secretária da SOBAMAUniversidade Estadual PaulistaDepartamento de Educação FísicaAv. 24-A, 1515, Bela VistaRio Claro, 13506-900 SPE-mail: [email protected]

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