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 A REDEFINIÇÃO DO CONCEITO DE FAMÍLIA NA PERSPECTIVA DO NEOCONSTITUCIONALISMO Revista de Direito Privado | vol. 55/2013 | p. 265 | Jul / 2013 DTR\2013\7842 Anna Paula Alves de Medeiros Pós-graduanda em Direito Civil pela Universidade Anhanguera-Uniderp. Advogada. Rocco Antonio Rangel Rosso Nelson Mestre em Direito Constitucional pela UFRN. Especialista em Direito e Cidadania pela Escola Superior do Ministério Público. Especialista em Direito Penal e Criminologia pela Universidade Potiguar. Ex-professor do Curso de Direito da Unifacex. Professor de Direito do Instituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN. Área do Direito: Constitucional Resumo: O presente artigo tem por escopo analisar o redimensionamento do conceito de família em face da Constituição Federal de 1988. Com o neoconstitucionalismo, interpenetraram-se os princípios constitucionais nas relações privadas (teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais), não se falando mais em um modelo de família, mas, sim, em diversos modelos de entidades familiares. Afere-se que a base ontológica do direito de família encontra-se na essência dos direitos fundamentais, devendo a família ser o instrumento de concretização desses preceitos normativos basilares. Nesta premissa, a proposta da pesquisa, é tornar evidente a necessidade de uma nova forma de refletir as relações familiares, compatibilizando-as com o contexto do espaço e tempo atuais. Palavras-chave:  Neoconstitucionalismo - Eficácia horizontal dos direitos fundamentais - Novas modalidades de família. Abstract: The scope of this paper is to analyze the scaling of the family concept in the face of the Constitution of 1988. With neoconstitutionalism, interpenetrate to the constitutional principles on private relationships (horizontal effective theory of fundamental rights), not talking more in a family model, more so, in various models of family entities. Is measured at the ontological basis of family law is the essence of fundamental rights, the family should be the instrument for achieving these basic normative precepts. On this premise, the research proposal is to make evident the need for a new way to reflect family relationships, making them compatible with the context of current space and time. Keywords:  Neoconstitutionalism - Horizontal effectiveness of fundamental rights - New forms of family. Sumário: 1.DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS - 2.EVOLUÇÃO E TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO DE FAMÍLIA – ASPECTOS CONSTITUCIONAIS - 3.FORMAS DE CONSTITUIÇÃO FAMILIAR - 4.DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS - 5.BIBLIOGRAFIA 1. DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS Sob a ótica do neoconstitucionalismo, o trabalho em tela terá como proposta, através de uma visão sistemática do direit o, abordar sobre o redimensiona mento do instituto da famíli a, quando se trata do aspecto constitu cional , aprese ntando como basilar alusão, a teoria da eficác ia horizontal dos direito s fundamentais. O movimento neoconstitucionalista, tendo como primeiras referências históricas, as Constituições italiana e alemã, de 1947 e 1949, respectivamente, proclamam a prioridade aberta da elevação da pessoa humana, no qual, Poderes Públicos e sociedade, têm o comprometimento de resguardar e promover. Tal argumento exalta o poder constitucional, deixando de ser uma simples lista de jurisdição e indica çõe s, que r sej am pol íti cas ou morais, torn ando-se um sis tema de normas com vín cul os, estando aptos em moldar-se à realidade. A REDEFINIÇÃO DO CONCEITO DE FAMÍLIA NA PERSPECTIVA DO NEOCONSTITUCIONALISMO Página 1

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Revista de Direito Privado | vol. 55/2013 | p. 265 | Jul / 2013DTR\2013\7842

Anna Paula Alves de MedeirosPós-graduanda em Direito Civil pela Universidade Anhanguera-Uniderp. Advogada.

Rocco Antonio Rangel Rosso NelsonMestre em Direito Constitucional pela UFRN. Especialista em Direito e Cidadania pela EscolaSuperior do Ministério Público. Especialista em Direito Penal e Criminologia pela UniversidadePotiguar. Ex-professor do Curso de Direito da Unifacex. Professor de Direito do Instituto Federal doRio Grande do Norte - IFRN.

Área do Direito: ConstitucionalResumo: O presente artigo tem por escopo analisar o redimensionamento do conceito de família emface da Constituição Federal de 1988. Com o neoconstitucionalismo, interpenetraram-se os

princípios constitucionais nas relações privadas (teoria da eficácia horizontal dos direitosfundamentais), não se falando mais em um modelo de família, mas, sim, em diversos modelos deentidades familiares. Afere-se que a base ontológica do direito de família encontra-se na essênciados direitos fundamentais, devendo a família ser o instrumento de concretização desses preceitosnormativos basilares. Nesta premissa, a proposta da pesquisa, é tornar evidente a necessidade deuma nova forma de refletir as relações familiares, compatibilizando-as com o contexto do espaço etempo atuais.

Palavras-chave:  Neoconstitucionalismo - Eficácia horizontal dos direitos fundamentais - Novasmodalidades de família.Abstract: The scope of this paper is to analyze the scaling of the family concept in the face of theConstitution of 1988. With neoconstitutionalism, interpenetrate to the constitutional principles onprivate relationships (horizontal effective theory of fundamental rights), not talking more in a familymodel, more so, in various models of family entities. Is measured at the ontological basis of family lawis the essence of fundamental rights, the family should be the instrument for achieving these basicnormative precepts. On this premise, the research proposal is to make evident the need for a newway to reflect family relationships, making them compatible with the context of current space andtime.

Keywords:  Neoconstitutionalism - Horizontal effectiveness of fundamental rights - New forms offamily.Sumário:

1.DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS - 2.EVOLUÇÃO E TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO DEFAMÍLIA – ASPECTOS CONSTITUCIONAIS - 3.FORMAS DE CONSTITUIÇÃO FAMILIAR - 4.DASCONSIDERAÇÕES FINAIS - 5.BIBLIOGRAFIA

1. DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Sob a ótica do neoconstitucionalismo, o trabalho em tela terá como proposta, através de uma visãosistemática do direito, abordar sobre o redimensionamento do instituto da família, quando se trata doaspecto constitucional, apresentando como basilar alusão, a teoria da eficácia horizontal dos direitosfundamentais.

O movimento neoconstitucionalista, tendo como primeiras referências históricas, as Constituiçõesitaliana e alemã, de 1947 e 1949, respectivamente, proclamam a prioridade aberta da elevação dapessoa humana, no qual, Poderes Públicos e sociedade, têm o comprometimento de resguardar epromover.

Tal argumento exalta o poder constitucional, deixando de ser uma simples lista de jurisdição e

indicações, quer sejam políticas ou morais, tornando-se um sistema de normas com vínculos,estando aptos em moldar-se à realidade.

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O início da democracia presenciada em meados da década de 1980 e a Constituição Federativa doBrasil são exemplos de amplos marcos do neoconstitucionalismo no país.

É adequado pronunciar que a grande guinada ocorreu com a nova Constituição (1988), onde foraminseridas acentuadas transformações no conceito de família, e na maneira dispensada à essa

instituição, a qual é conceituada como alicerce da sociedade. Por consequência, aos novosensinamentos constitucionais foram editados regulamentos inovadores, que certamente passaram adeterminar intenso impacto sobre o arcaico Código Civil de 1916 (LGL\1916\1), sendo algunsrevogados significativamente, como por exemplo, o antigo desquite.

A pesquisa se propõe a tratar da evolução do Código Civil (LGL\2002\400) e as alterações sucedidasnas relações de família, transcendendo a ideia antes adotada, ou seja, o modelo de pátrio poder,alcançando a noção de poder familiar.

De tal sorte, será imprescindível definir o neoconstitucionalismo e seus reflexos, no que se refere àconstitucionalização do direito de família, isto porque, este “estágio” do constitucionalismo incutiu nocentro normativo a Constituição, que por sua vez, passou a exigir o respeito incondicional aosdireitos fundamentais.

Nesta perspectiva, sob o prisma dos direitos fundamentais, irradiam as relações familiares,questionando sob que forma e até que ponto tais relações se entrelaçam com a eficácia horizontaldos direitos fundamentais.

É notório, portanto, a relevância social, acadêmica e jurídica do tema em foco.

Se a família constitui a célula mater da sociedade, imprescindível analisá-la no contexto do EstadoConstitucional Democrático de Direito, o que requer o estudo dos princípios constitucionais do direitocivil no âmbito familiar, com relevância do princípio da afetividade, logo, os posicionamentosdoutrinários irão nortear o estudo dos casos, com a jurisprudência e as normas vigentes, assimcomo, o tratamento dos tribunais diante das interações familiares e suas complexidades.

Partindo desse pressuposto, através de uma visão sistemática do direito, sob a ótica doneoconstitucionalismo, dissertar-se-á sobre o redimensionamento do instituto da família sobre o

aspecto constitucional, tendo como referência a teoria da eficácia horizontal dos direitosfundamentais.

O trabalho em questão irá procurar abordar de que forma o neoconstitucionalismo e aconstitucionalização do direito, geraram influxo nas relações familiares. Por conseguinte, discorreráse é possível limitar as relações familiares com base na eficácia horizontal dos direitos fundamentais,e até que ponto tais direitos interferem nas relações de família.

Para tanto, será imprescindível destacar no atual contexto da jurisprudência pátria, como estãosendo refletidas as diversas formas de constituição familiar e suas interações familiares, inclusive aunião homoafetiva.

De tal maneira, será definido o neoconstitucionalismo, apresentando os aspectos constitucionaisdecorrentes das transformações do direito de família, por conseguinte será definida a eficácia

horizontal dos direitos fundamentais discorrendo seus reflexos nas relações de família, sendo assim,será feita uma distinção dos direitos humanos para com os direitos fundamentais, apresentando osdireitos fundamentais como limites ao poder do Estado, ainda, os fundamentos da vinculação dosparticulares a direitos fundamentais na Constituição Federal (LGL\1988\3).

Além disso, será analisada a teoria da eficácia mediata e imediata, a teoria de imputação ao Estadoe teoria integradora (modelo de Alexy).

Para tanto, será pontificado os princípios constitucionais do direito civil no âmbito familiar comrelevância do princípio da afetividade, e por fim as diversas formas de constituição familiar, sendoelas, a família matrimonial, aquela constituída de casamento, concubinato, família constituída pelaunião estável, família monoparental, família anaparental, família pluriparental, família eudemonista,família paralela, família unipessoal, família afetiva, e a nova família já consagrada pelas

 jurisprudências, intitulada como união homoafetiva.2. EVOLUÇÃO E TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO DE FAMÍLIA – ASPECTOS

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CONSTITUCIONAIS

Como lei capital e soberana do Brasil, a Constituição de 1988 está estabelecida no ápice normativode toda uma pirâmide jurídica, servindo de parâmetro e legitimidade para todas as demais classes deresoluções. Diante disso, o processo hermenêutico deve estar envolvido com os princípios

constitucionais procedidos quando da explanação dos dispositivos infraconstitucionais.Em se tratando de direito de família, há a necessidade de um entrelaçamento entre as normasconstitucionais e as infraconstitucionais, já que a primeira referida é de substância mais aberta(normas-princípios), enquanto a segunda, de fundo discreto (normas-regras), e estas, necessitampermanecer continuamente em combinação.

O art. 227, pertencente ao Capítulo VII da Constituição de 1988 que aborda da família em meio aoutras questões, ampara a entidade familiar, no entanto, é um modelo de regulamento programáticopor não satisfazer abertamente o direito aplicado.

“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, comabsoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, àprofissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,violência, crueldade e opressão.”

Nas diferentes etapas históricas existidas no Brasil, houve nas Constituições, uma série detransições entre o Estado Patriarcal-Patrimonial para o Estado Socioafetivo.

No ano de 1984, por exemplo, a Carta Magna (LGL\1988\3) não alude às inclusões familiares. AConstituição de 1891 origina unicamente um dispositivo, o art. 72, § 4.º: “a República só reconhece ocasamento civil, cuja celebração será gratuita”.

Com isso pretendia-se abstrair o Estado do domínio da Igreja até então com vasta autoridade edomínio.

Com o Dec. 181/1890, cria-se o matrimônio civil no país, retirando-se do casamento religioso toda

importância legal que oferecesse até mesmo com cárcere e pena a quem efetivar-se a ação religiosaantes de legalizar o casamento.

Com menção à proteção específica do Estado, a Constituição de 1934 destina todo um capítulo àfamília, ocorrência essa, sustentada nas Constituições posteriores.

Em 1937, a Carta Magna (LGL\1988\3) trouxe de volta o matrimônio religioso, conferindo decorrênciacivil ao mesmo. Com incitação a descendência abundante, a de 1946 afiança à maternidade, ainfância e a adolescência.

No art. 167 da Constituição de 1967, que aborda sobre a família, apresenta como questão principal,o casamento. Ele é tido como indissolúvel, e se solenizado no religioso, poderá vir a conterfinalidades civis. Assim como na anterior, ela institucionaliza, por lei, a assistência à maternidade,infância e adolescência.

“Até 1988, o Código Civil de 1916 (LGL\1916\1) era o centro do ordenamento jurídico quanto ànormatização da vida privada das pessoas. Somente com a Constituição de 1988 há uma alteraçãonessa realidade e ela passa a ser o centro delineador de todo o sistema jurídico.”1

Fundado única e exclusivamente no casamento, a nova Constituição (1988) alterou o modelofamiliar, tendo por finalidade a preservação do patrimônio, mas que, conforme Cristiano Chaves,2 acusta “da felicidade pessoal dos membros da família – a proteção da estrutura familiar se confundiacom a tutela do próprio patrimônio”.

Como delimitação de todos os demais regulamentos e importâncias ativas, o princípio da dignidadedo ser humano, deve encabeçar todas as demais regras e valores, tais qual a liberdade, autonomiaprivada, cidadania, alteridade e solidariedade.

O princípio da excelência da pessoa humana certifica, no direito de família, todos os diversos direitose avais.

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Pode-se afirmar que ele é o ponto de partida para um novo direito de família no Brasil, pois a famíliatem reconhecida a sua importância no meio da sociedade, ganhando proteção com prestígioconstitucional.

“A proteção da dignidade da pessoa humana tem como finalidade propiciar tutela integral à pessoa,

de modo que não pode permanecer em departamentos estanques do direito público e do direitoprivado. Assim, o novo Código Civil (LGL\2002\400) privilegia a dignidade da pessoa humana, dianteda proteção oferecida à sua personalidade.”3

A família brasileira sofreu amplas variações sociológicas, culturais e econômicas posteriormente aConstituição de 1988. Composta de múltiplas conformações que se possa idealizar: monoparental(pai ou mãe criando o filho sozinho), homoparental (pares de homossexuais, gays ou lésbicas,criando filhos de um dos dois, adotados, ou frutos de inseminação artificial com óvulo ouespermatozoide de um dos componentes do casal), recomposta (filhos de vários casamentosconvivendo com pais recasados).

Além disso, na atual família, conta-se ainda o de três criadoras para uma mesma criança. A principal,dona do óvulo, a secundária, que abriga o feto e o feto por nove meses, e a terceira, a progenitorasocial, casada com o indivíduo que ofertou seu espermatozoide para a fecundação do óvulo.

Contudo, o desempenho econômico igualmente perdeu o significado, porquanto a família, para aqual era imprescindível o maior algarismo de componentes, especialmente filhos não é mais umaunidade produtiva nem segura, isto porque, no atual contexto, contribui para o detrimento dessacolocação, as progressivas emancipações econômica, igualitária e jurídica femininas, e a drásticadiminuição do identificador médio de filhos dos institutos familiares.

Essa modificação de uma relação econômico-contratual cedeu ambiente para a afabilidade, adependência recíproca, a colaboração e a deferência à distinção de cada um dos seus membros.

Teresa Arruda Alvim Wambier4 pronuncia que a cara da família moderna mudou.

Prosseguindo o entendimento, também, ficou oclusa qualquer discriminação no que desrespeita agenealogia da filiação.

Destarte, o Texto Constitucional sofreu alterações e trouxe por sua vez um conceito extenso no quediz respeito a família, como bem preceitua Maria Berenice:

“O seu principal papel é de suporte emocional do indivíduo, em que há flexibilidade e,indubitavelmente, mais intensidade no que diz respeito a laços afetivos. Difícil encontrar umadefinição de família de forma a dimensionar o que, no contexto social dos dias de hoje, se inserenesse conceito. É mais ou menos intuitivo identificar família com a noção de casamento, ou seja,pessoas ligadas pelo vínculo de matrimônio. Também vem à mente a imagem da família patriarcal, opai como a figura central, na companhia da esposa e rodeado de filhos, genros, noras e netos. Essavisão hierarquizada da família, no entanto, sofreu, com o tempo, enormes transformações. Além dasignificativa diminuição do número de seus componentes, também começou a haver umembaralhamento de papéis.”5

2.1 Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito de família

No que se refere à família, José Sebastião Oliveira analisa que:

“A Constituição Federal (LGL\1988\3), reconheceu uma evolução que já estava latente na sociedadebrasileira. Não foi a partir dela que toda a mudança da família ocorreu. Constitucionalizaram valoresque estavam impregnados e disseminados no seio da sociedade. O Texto Constitucional de 1988contemplou e abrigou uma evolução fática anterior de família e do direito de família que estavarepresado na doutrina e na jurisprudência.”6

O neoconstitucionalismo se destaca, na tentativa de trazer um novo arcabouço, priorizando aconstitucionalização das normas sob um Estado Democrático de Direito, onde sejam eficazes eatuantes os valores enraizados na Constituição, onde estão previstos os direitos sociais, direitosfundamentais e garantias constitucionais.

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O Prof. Francisco Amaral, sintetiza o direito civil como:

“É o conjunto de princípios e normas que disciplinam as relações jurídicas comuns de naturezaprivada. É o direito privado comum, geral ou ordinário. De modo analítico, é o direito que regula apessoa, na sua existência e atividade, a família e o patrimônio.”7

Em menos de uma geração, o direito constitucional no Brasil sobreveio da falta de bravura ao auge,isso, por conta da Constituição de 1988.

Uma composição não é só meramente técnica, carece existir por trás dela, a desmesuradainclinação de resumir conquistas e de movimentar o imaginário das pessoas para originaisprogressos.

Ocorreu no país o nascimento de uma emoção constitucional que faz jus à celebração. Aindaintrovertido, mas autêntico e franco, tal sentimento de maior deferência pela Lei Maior, a despeito dainstabilidade de sua escritura, reflete-se em melhoria quando se trata do direito de família.

Com isso, supera-se a periódica indiferença, que, através da história, se sustentou em inclusão àConstituição. O padrão filosófico do novo direito capital é o pós-positivismo.

Também denominado de “novo direito”, o neoconstitucionalismo identifica um conjugado detransformações, incididas tanto no Estado, como no direito constitucional, podendo ser apontadascomo marco histórico. Dado um conjunto de fenômenos, derivou um processo dilatado e intenso deconstitucionalização do direito.

A Constituição Federal (LGL\1988\3), seguindo esta tendência observa como necessária a irradiaçãode seus efeitos e a sua força normativa. É nesse contexto que se percebe a constitucionalização dodireito e a proteção constitucional a direitos sociais como uma tendência do Estado Social.

Ocorre nesse sentido uma reestruturação do papel do Estado em setores sociais, econômicos epolíticos como forma de concretizar a vontade constitucional.

Com isso, percebe-se também a constitucionalização do direito civil, com reflexo inevitável nas

relações familiares.A eficácia irradiante da Constituição, nesta ótica, exige um redimensionamento do pensar o direito defamília no âmbito do neoconstitucionalismo, o que requer uma análise inarredável da eficáciahorizontal dos direitos fundamentais.

Em feliz síntese, Inocêncio Mártires Coelho ensina que esse novo constitucionalismo marca-se pelosseguintes aspectos: “a) mais Constituição do que leis; b) mais juízes do que legisladores; c) maisprincípios do que regras; d) mais ponderação do que subsunção; e) mais concretização do queinterpretação”.8

Neste nível de progresso, o Estado teve seus desempenhos estendidos: além de ter que reverenciaros direitos de família, bem como o livre-arbítrio, o Estado foi obrigado a interferir no circo social, nasrelações privadas, agenciando atuações na extensão de bem-estar, domicílio, habitação, profissão,

entre outros, todas em prol do melhoramento do atributo de existência do cidadão.“Surgiu, então, a ideia de constitucionalização do direito civil, a resultar na substituição do CódigoCivil de 1916 (LGL\1916\1) pela Constituição Federal (LGL\1988\3), ou, ao menos, a servir de pontode referência e salvaguarda da uniformidade do sistema legislativo, teoria que vinha ganhandoadeptos, em face da interpenetração do direito constitucional e do direito civil, da interferência doEstado nas relações privadas e dos vários dispositivos da Constituição da República (LGL\1988\3)que regulam relações entre particulares.”9

2.2 Reflexos da eficácia horizontal dos direitos fundamentais nas relações de família

À luz da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, é possível perceber novos pilares para asustentação das relações familiares. Esta teoria traz à tona uma nova forma de aplicação dos direitosfundamentais. Estes só se aplicavam quando da proteção do particular em face do Estado, o que se

denomina eficácia vertical.

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Com a eficácia horizontal, insurgem caminhos inovadores que serão percorridos pela proteção de umparticular em face de outro com base na aplicabilidade dos direitos fundamentais.

“A breve exposição sobre a problemática da eficácia das normas constitucionais em geral revelou,dentre outros aspectos, que todo e qualquer preceito da Constituição (mesmo sendo de cunho

programático) é dotado de certo grau de eficácia jurídica e aplicabilidade, consoante a normatividadeque lhe tenha sido outorgada pelo Constituinte.”10

Indispensável ao que se faz clarificar, que os direitos básicos foram idealizados fundamentalmenteem uma conjuntura de onde o Estado perpetrava muitas intervenções arbitrárias sobre os direitossingulares das pessoas.

Dessa configuração, constituem-se a representação de positivação dos direitos humanos, os direitosbásicos, por elemento dos quais os cidadãos obtinham a proteção de vida face ao Estado.

No entanto, seria representação de legítima falta de visão, aceitar tão somente a pujança vertical dosdireitos fundamentais. Em uma coletividade em que o privado tem a idoneidade, até maior que ocompetente Estado, de tiranizar seus análogos, é viável, e impecavelmente admissível, o bomemprego dos direitos fundamentais às inclusões adentre particular.

O direito não pode ser visto de um formato concluído, improvisado de regulamentos finalizados eautomáticos, o que, pode-se dizer já se evidenciou superado. Daniel Sarmento corrobora com seusensinamentos:

“Ademais, a compreensão de que o princípio da dignidade da pessoa humana representa o centro degravidade da ordem jurídica, que legitima, condiciona e modela o direito positivado, impõe, no nossoentendimento, a adoção da teoria da eficácia direta dos direitos fundamentais nas relações entreparticulares. De fato, sendo os direitos fundamentais concretizações ou exteriorizações daqueleprincípio, é preciso expandir para todas as esferas da vida humana a incidência dos mesmos, pois,do contrário, a proteção à dignidade da pessoa humana – principal objetivo de uma OrdemConstitucional Democrática – permaneceria incompleta. Condicionar a garantia da dignidade do serhumano nas suas relações privadas à vontade do legislador, ou limitar o alcance das concretizaçõesdaquele princípio à interpretação das cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados do direito

privado, significa abrir espaço para que, diante da omissão do Poder Legislativo, ou da ausência decláusulas gerais apropriadas, fique irremediavelmente comprometida uma proteção, que, de acordocom a axiologia constitucional, deveria ser completa e cabal.”11

2.2.1 Distinção entre direitos humanos e direitos fundamentais

Pode-se dizer que quando se trata de direitos humanos, em síntese, são aqueles que garantem aexistência do indivíduo como pessoa, porém, por fatores instrumentais, não têm cautela simplificadae franca a todas as pessoas.

Em contrapartida, os direitos fundamentais são organizados por normas e princípios, positivadosconstitucionalmente, cujo apontamento não está restrito aos dos direitos humanos, que tendem agarantir a essência honrada, embora que minimamente, da pessoa, apresentando sua pujança,certificado pelos tribunais.

A separação entre os direitos humanos e direitos fundamentais não está assim tão evidente,conservando-se no caos da escuridão, pois, nos dois fatos o intuito da assistência é em prol do serhumano.

Prontamente, não constituindo crítica subjetiva aceitável para uma determinação do debate, há de seperguntar qual realmente seria a aparência adequada de abstrair os dois termos jurídicos.

“Em que pese sejam ambos os termos (‘direitos humanos’ e ‘direitos fundamentais’) comumenteutilizados como sinônimos, a explicação corriqueira e, diga-se de passagem, procedente para adistinção é de que o termo ‘direitos fundamentais’ se aplica para aqueles direitos do ser humanosreconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, aopasso que a expressão ‘direitos humanos’ guardaria relação com os documentos de direito

internacional, por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal,independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional, e que, portanto,

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aspiram à validade universal, para todos os povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívococaráter supranacional (internacional).”12

Tem quem apresente que o esclarecimento mais convencionado é “direitos fundamentais dohomem”, mas assim como não há suspeitas que os direitos básicos sejam igualmente direitos

humanos, no significado de que seu titular será a pessoa humana, tal declaração torna-seredundante, motivo pelo qual se empregará “direitos fundamentais”.

Pode-se delinear que o termo “direitos fundamentais” numa conotação igualmente restringida, seapõe para aqueles direitos do ser humano, distinguidos e positivados constitucionalmente, ao passoque a expressão “direitos humanos”, numa conotação mais dilatada, preservaria inclusão com osdados de direitos universais.

“A maneira encontrada para a legitimação do Estado, a fim de possibilitar o fortalecimento da coesãosocial, foram às normas, vez que estas são o reflexo do poder (componente extra da sociedade) epossuem, como finalidade, abolir suposta anarquia. Além, é claro, de prevenir na esfera individual asinterferências ilegítimas do Poder Público, provenham elas do Executivo, do Legislativo ou, mesmo,do Judiciário. Somente em função da violação das regras é que o direito surge e se transforma. Osdireitos humanos surgiram para se valerem contra o Estado. Recordamos que há diferentes formas

de emprego da expressão direitos fundamentais: ‘direitos humanos’, ‘direitos do homem’, ‘direitossubjetivos públicos’, ‘liberdades públicas’, ‘direitos individuais’, ‘liberdades fundamentais’ e ‘direitoshumanos fundamentais’, apenas para referir algumas das mais importantes.”13

Do ponto de vista comum, contraído pelas proposições de explicação, nasce o respeitável litígio deformar discernimentos para a ressalva ou restrição dos titulares do direito fundamental.

É necessário para fundar a configuração de delimitar os titulares de direitos fundamentais induzindoem importância a estrutura destes direitos.

Se os princípios de direitos fundamentais constituírem estilo vinculativo moralmente ou politicamente,contudo não atreladas juridicamente, são apreciadas meras regras programáticas.

Neste significado os conflitos não caberiam nos tribunais por trazerem a atributos de meros enigmas

éticos ou políticos.“Essa questão é de grande complexidade, pois, em princípio, é completamente paradoxal considerarque o Estado seja, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo de direitos fundamentais. É umasituação até meio esquizofrênica, já que o Estado estaria invocando direitos fundamentais para seproteger dele mesmo! Na verdade, os direitos fundamentais, por natureza, são instrumentos deproteção contra o Estado e não a favor do Estado.”14

2.2.2 Fundamentos da vinculação dos particulares a direitos fundamentais na ConstituiçãoFederal

Marcelo Novelino é enfático ao afirmar que:

“No direito pátrio não há qualquer justificativa plausível para se negar a eficácia horizontal dos

direitos fundamentais. Este modelo não é coadunável com a triste realidade brasileira na qual asdesigualdades sociais estão entre as piores do mundo, impondo a necessidade de uma preocupaçãoainda maior com a proteção dos direitos fundamentais, sobretudo em relação aos hipossuficientes.As doutrinas jurídicas não podem ser simplesmente reproduzidas ou elaboradas isoladamente darealidade social, política, econômica e cultural na qual se inserem.”15

Ao ser conferido aos direitos fundamentais à qualidade de cláusula pétrea (art. 60, § 4.º, da CF/1988(LGL\1988\3)), aspirou ao constituinte especificar o exclusivo sentido, alvo dos direitos fundamentais,como informações da resolução jurídica.

Há uma unidade no preceito brasileiro, nada obstante, quando se trata de assinalar os acórdãos emque o STF afrontou de maneira mais direta a tese da eficácia entre particulares dos direitosfundamentais.

Trata-se de duas paradigmáticas determinações da década de 90, que permanecem em

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praticamente todas as obras jurídicas pátrias a respeito do assunto.

Sob o juízo de que os direitos fundamentais compõem uma resolução prática de importâncias que seamplia por todo o ordenamento legal, a grandeza material harmoniza o encontro dos direitosfundamentais na esfera das inclusões privadas, avaliando que domínios não estatais podem vulnerar

benefícios lícitos tutelados na Constituição.Têm-se duas pressuposições, como da pujança dos direitos fundamentais nas semelhançasprivadas: a comprovação de que o elemento do poder não é peculiar das relações com o Estado,mas igualmente se desponta nos arrolamentos no meio da coletividade civil; e a concepção daConstituição como resolução de importância da sociedade, agente por que norteia todos os camposda vida social.

“Na verdade, o fundamento da vinculação direta dos particulares aos direitos fundamentais deriva doreconhecimento de uma dimensão objetiva desses direitos. Essa vinculação direta estáintrinsecamente ligada aos demais efeitos que esta dimensão objetiva produz, quais sejam, aeficácia irradiante e os deveres estatais de proteção, que nada mais são do que os fundamentos,respectivamente, da teoria da eficácia mediata e da teoria dos deveres estatais de proteção.” 16

2.2.3 Teoria da eficácia imediata e mediata

Conforme os protagonistas da eficácia imediata, os direitos fundamentais são aproveitáveisfrancamente em inclusão aos particulares.

Aos que protegem a proposição da eficácia direta das regras de direitos fundamentais entre osparticulares, existindo ou não normas infraconstitucionais numa discussão, as normas constitucionaisprecisam ser aproveitadas como motivos primários e justificadores, no entanto nãofundamentalmente como as singulares, mas como normas de procedimento capazes para incidir noconteúdo das relações particulares.17

A essência de um regulamento legalístico que reitere expressamente regulamento ou princípioconstitucional, não significaria obstáculo para o bom emprego direto da norma constitucional.

Mais um assunto dos advogados da eficácia direta, é o de que a importância da eficácia direta nasafinidades entre particulares é uma qualidade de declaração genérica que concretiza o princípio deassistência dos direitos fundamentais.

Para bem ilustrar a teoria da eficácia imediata dos direitos fundamentais, José Adércio Sampaio,apresenta a seguinte situação:

“Uma empresa industrial estabelece como condição de admissão a renúncia a qualquer atividadepartidária ou a filiação em sindicatos. Nesse caso, a dita empresa está tolhendo o direito de livreassociação sindical como requisito para admissão em seus quadros de funcionários. Os defensoresda doutrina em questão entendem necessários “a imposição da observância direta dos direitosfundamentais, como princípios ordenadores da vida civil, implica que eles se apliquem nas relaçõesprivadas em que fica em perigo o mínimo de liberdade que os direitos fundamentais devem garantircomo elementos da ordem objetiva da comunidade.”18

A Carta Constitucional de 1988 não considerou qualquer acondicionamento expresso acerca dadependência dos particulares aos direitos fundamentais, no entanto, o STF já se despontou emdeterminadas ocasiões favoravelmente ao aproveitamento contíguo dos direitos fundamentais nasrelações de modo eminente privadas.

De acordo com teoria indireta ou mediata, os direitos fundamentais não têm por desempenhoessencial absorver conflitos de direito privado, necessitando a seu bom emprego realizar-semediante os ambientes colocados à disposição pelo competente sistema jurídico.

Incumbe ao legislador, básico destinatário dos regulamentos de direitos fundamentais, concretizar oaproveitamento das normas às relações jurídico-privadas e na insuficiência destas regras teria aexplanação da força judiciária em consonância com os direitos fundamentais. Significaria umaqualidade de atendimento dos direitos fundamentais pelo direito privado.

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Segundo Guilherme Marinoni analisando as formulações de direito:

“Quando se pensa em eficácia mediata, afirma-se que a força jurídica dos preceitos constitucionaissomente se afirmaria, em relação aos particulares, por meio dos princípios e normas de direitoprivado. Isso ocorreria através de normas de direito privado – ainda que editadas em razão do dever

de proteção do Estado. Além disso, os preceitos constitucionais poderiam servir como princípios deinterpretação das cláusulas gerais e conceitos indeterminados suscetíveis de concretização, porémsempre dentro das linhas básicas do direito privado.”19

Os simpatizantes desta presunção argumentam que a atenção direta dos direitos fundamentais nasrelações privadas origina grave intimidação à autonomia privada, além de infligir uma faculdadedesmedida às autoridades, em presença do grau de indeterminação dos códigos definidores dosdireitos constitucionais.

“Pretendendo mais resguardo do princípio da autonomia e do livre desenvolvimento dapersonalidade, recusa a incidência direta dos direitos fundamentais na esfera privada, alertando quetal latitude dos direitos fundamentais redundaria num incremento do poder do Estado, que ganhariaespaço para uma crescente ingerência na vida privada do indivíduo.”20

2.2.4 Teoria de imputação ao Estado e teoria integradora (modelo de Alexy)

A teoria integradora, por seu plano, recomenda um modelo em três planos que agrega as três teoriasfundamentais: teoria da eficácia mediata, teoria da eficácia imediata e teoria da imputação. Foiampliada por Alexy21 e possui três condições: (1) o dos deveres do Estado; (2) o dos direitos ante oEstado; e (3) o das relações jurídicas entre particulares.

A teoria da eficácia mediata, para Alexy, posiciona-se no nível dos deveres do Estado.

Os direitos perante o Estado situam-se no segundo nível, seguindo-se a teoria de Schwabe.22 Oparticular, em conflito com outro particular, tem o direito fundamental a que o Judiciário leve emconsideração os princípios fundamentais que apoiam a sua posição.

Já no terceiro nível, situa-se a eficácia imediata de direitos fundamentais nas relações jurídicas entre

particulares.Contudo, nos três casos, resulta uma eficácia imediata dos direitos fundamentais, uma vez que Alexydefine a eficácia imediata como sendo que “por razões fundamentais, na relação cidadão/cidadãoexistem determinados direitos e não direitos, liberdades e não liberdades, competências e nãocompetências que, sem essas razões, não existiriam”.23

2.3 Princípios constitucionais do direito civil

A Constituição vem tendo desde seus primórdios, de feitio gradual, princípios reguladores da ação doPoder Judiciário nos processos em comum, do papel do Juiz no desenvolver do processo, e naanálise da jurisdição de um modo geral:

“Com a crescente tendência de constitucionalização do direito civil, consequência dos movimentos

sociais e políticos de cidadania e inclusão, os princípios gerais têm-se reafirmado cada vez maiscomo uma importante fonte do direito e têm-se mostrado para muito além de uma supletividade. Elesse revestem de força normativa imprescindível para a aproximação do ideal de Justiça.”24

Em razão disso, se pode enxergar nas relações familiares a viabilidade de vigência de princípiosconstitucionais como igualdade e dignidade humana.

Desta forma, verifica-se a aplicação principiológica dos direitos fundamentais como limitadores dasrelações familiares.

A título de exemplo, questione-se: um pai poderá deixar herança somente para um filho, excluindo osdemais sem que estes deem motivos? É possível tolher direitos resultantes da relação familiar a umcasal que mantenha relação homoafetiva? Ambas as respostas são negativas, dados os direitosfundamentais que lhe são assegurados pelo ordenamento jurídico protegido pelas jurisprudências

dos tribunais.

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Neste contexto, é que se mostra indispensável que os fundamentos constitucionais sejamdestacados por sua influência na aplicação das regras, nas apropriadas palavras de Maria HelenaDiniz:

“As normas constitucionais relativas à família previstas na Constituição Federal de 1988 são eficazes

semanticamente, porque encontram reconhecimento de sua legitimidade pelo corpo social (…). Nãoexiste, inegavelmente, é uma mudança nos conceitos básicos, que imprimiram uma nova feição àfamília e que atendem às exigências da época atual, muito diferentes das exigências anteriores aoTexto Constitucional.”25

2.3.1 Princípio de proteção da dignidade da pessoa humana

A dignidade da pessoa humana é uma característica essencial, intrínseca de todo e qualquer serhumano é a particularidade que o determina como tal.

Entendimento de que em ensejo, tão unicamente, de sua qualidade humana e involuntariamente dealguma distinta peculiaridade, o ser humano é titular de direitos que necessitam ser reverenciadospelo Estado e por seus análogos.

É, porquanto, uma característica incluída como própria a todos os seres humanos e conforma-secomo uma importância adequada que o identifica.

“Nada mais violento que impedir o ser humano de se relacionar com a natureza, com seussemelhantes, com os mais próximos e queridos, consigo mesmo e com Deus. Significa reduzi-lo aum objeto inanimado e morto. Pela participação, ele se torna responsável pelo outro e concriacontinuamente o mundo, como um jogo de relações, como permanente dialogação.”26

Segundo Carmem Lúcia Antunes Rocha, ao interpretar o art. 1.º da Declaração dos DireitosHumanos, faz as seguintes considerações:

“Gente é tudo igual. Tudo igual. Mesmo tendo cada um a sua diferença. Gente não muda. Muda oinvólucro. O miolo, igual. Gente quer ser feliz, tem medos, esperanças e esperas. Que cada qual vivea seu modo. Lida com as agonias de um jeito único, só seu. Mas o sofrimento é sofrido igual. A

alegria sente-se igual.”27

Não existe hierarquia entre os princípios constitucionais aqui elencados, por conseguinte valeressaltar a importância social que este princípio possui no que tange a evidente relevância jurídicanas decisões jurisprudenciais dos egrégios e até mesmo no convívio entre as pessoas, a partir deleque surgiram outros princípios do direito de família, o princípio da dignidade da pessoa humana estáinserido na Constituição Federal de 1988, em seu art. 1.º, III, sendo considerado como princípiofundante do Estado Democrático de Direito.2.3.2 Princípio do pluralismo familiar ou da liberdade de constituição de uma comunhão devida familiar

A Constituição Federal (LGL\1988\3) em seu art. 226, §§ 3.º e 4.º consente que a composição deuma comunhão de existência familiar seja constituída pelo matrimônio ou pela união estável, sem

nenhuma determinação ou observação de pessoa jurídica de direito público ou particular.Este título de pluralismo familiar, uma vez que o regulamento constitucional compreende a famíliamatrimonial e os institutos familiares (união estável e família monoparental), observando que o atualCódigo Civil (LGL\2002\400) nada cita sobre a família monoparental, constituída por um dosprogenitores e a descendência, esquecendo-se que 26% de brasileiros,28 aproximadamente, existemnessa modalidade de instituição familiar.

Silvio de Salvo Venosa provê que a Constituição Federal de 1988 aplica o amparo à família no art.226, abrangendo tanto a família estabelecida no casamento, quanto na união de fato, a famílianatural e a família adotiva. De há muito, profere, o país experimentava precisão de consideração dacélula familiar independentemente da vivência de casamento:

“A família à margem do casamento é uma formação social merecedora de tutela constitucional

porque apresenta as condições de sentimento da personalidade de seus membros e a execução da

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tarefa de educação dos filhos. As formas de vida familiar à margem dos quadros legais revelam nãoser essencial o nexo família-matrimônio: a família não se funda necessariamente no casamento, oque significa que casamento e família são para a Constituição realidades distintas. A Constituiçãoapreende a família por seu aspecto social (família sociológica). E do ponto de vista sociológicoinexiste um conceito unitário de família.”29

2.3.3 Princípio da solidariedade familiar

Solidariedade sugere em respeito e estima recíprocos em inclusão aos elementos do institutofamiliar.

A dependência mútua não é exclusivamente patrimonial, como igualmente afetuosa e psicológica.Resumem-se na obrigação de mútua ajuda que os semelhantes têm uns com os outros.

De tal modo a fonte do empenho alimentar são os vínculos de parentalidade que vinculam aspessoas que compõem uma família.

Este princípio, proveniente da escritura constitucional e contido em seu art. 3.º, I, aponta a adesãoentre as pessoas, na intenção de subsídio mútuo, quer seja na família, quer seja por fora dela.

No recinto familiar, ele se desponta transversalmente da afeição, cuidado, assistência, conduzindonos componentes da família, anseios de consideração e estimação.

Paulo Lobo, assim define o princípio da solidariedade familiar da seguinte maneira:

“A solidariedade do núcleo familiar compreende a solidariedade reciproca dos cônjuges ecompanheiros, principalmente quanto à assistência moral e material. Lar é por excelência um lugarde colaboração, de assistência, de cuidado; em uma palavra, de solidariedade civil. O casamento,por exemplo, transformou-se de instituição autoritária e rígida em pacto solidário. A solidariedade emrelação aos filhos responde à exigência da pessoa de ser cuidada até atingir a idade adulta, isto é,de ser mantida e instruída e educada para sua plena formação social. A Convenção Internacionaldos Direitos da Criança inclui a solidariedade entre os princípios a serem observados, o que sereproduz no ECA (LGL\1990\37) (art. 4.º).”30

2.3.4 Princípio constitucional da igualdade

A Constituição Federal (LGL\1988\3) dispõe em seu art. 5.º, caput, sobre o princípio constitucional daigualdade, em presença a lei, nos imediatos termos:

“Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aosbrasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, àigualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.” O princípio da igualdade prevê aigualdade de aptidões e de possibilidades virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômicopela lei.

Por meio desse princípio são vedadas as diferenciações arbitrárias e absurdas, não justificáveispelos valores da Constituição Federal (LGL\1988\3), e tem por finalidade limitar a atuação do

legislador, do intérprete ou autoridade pública e do particular.O princípio da igualdade na Constituição Federal de 1988 encontra-se representado,exemplificativamente, no art. 4.º, VIII, que dispõe sobre a igualdade racial; do art. 5.º, I, que trata daigualdade entre os sexos; do art. 5.º, VIII, que versa sobre a igualdade de credo religioso; do art. 5.º,XXXVIII, que trata da igualdade jurisdicional; do art. 7.º, XXXII, que versa sobre a igualdadetrabalhista; do art. 14, que dispõe sobre a igualdade política ou ainda do art. 150, III, que disciplina aigualdade tributária.31

O princípio da igualdade atua em duas vertentes: perante a lei e na lei. Por igualdade perante a leicompreende-se o dever de aplicar o direito no caso concreto; por sua vez, a igualdade na leipressupõe que as normas jurídicas não devem conhecer distinções, exceto as constitucionalmenteautorizadas.

Consagrado pela Constituição opera em dois planos distintos. De uma parte, frente ao legislador ouao próprio Poder Executivo, na edição, respectivamente, de leis, atos normativos e medidas

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provisórias, impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que seencontram em situação idêntica. Em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete, basicamente, aautoridade pública, de aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitária, “sem estabelecimento dediferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça e classe social”.32

O legislador não poderá editar normas que se separem do princípio da igualdade, sob pena deevidente inconstitucionalidade.

O intérprete e a autoridade política não podem aplicar as leis e atos normativos aos casos sólidos deconfiguração a instituir ou acrescentar desigualdades. O particular não pode relacionar seusprocedimentos em ações discriminatórias, preconceituosos, racistas ou sexistas.2.3.4.1 Princípio da igualdade entre cônjuges e companheiros

Com a publicação da Constituição de 1988, não ficaria mais admissível regular as inclusões defamília com embasamento no defasado Código Civil de 1916 (LGL\1916\1).

Quase tudo que era instituído em tal documento, no que pertencem as relações de família, foiabolido com o estabelecimento da Carta Magna (LGL\1988\3).

Em 2002 é estabelecido no ordenamento legal brasileiro um novo Código Civil (LGL\2002\400), queveio para regulamentar as inclusões privadas em conformidade com a Constituição de 1988.

“O Texto Maior reconhece a igualdade entre homens e mulheres no que se refere à sociedadeconjugal formada pelo casamento ou pela união estável (art. 226, §§ 3.º e 5.º, da CF/1988(LGL\1988\3)). ‘Lembramos que o art. 1.º do atual Código Civil (LGL\2002\400) utiliza o termopessoa, não mais homem, como fazia o art. 2.º do Código Civil de 1916 (LGL\1916\1), deixando claroque não será admitida qualquer forma de distinção decorrente do sexo’.”33

As relações entre as pessoas, sobretudo entre os cônjuges e companheiros, incidem a apresentarum novo enfoque.

Legitimamente a subordinação é extinguida, a sociedade não mais agrupa o sistema de ideias de

uma família patriarcal, machista e sexista.Nesse andamento histórico, a esposa já amplia respeitável função na coletividade. Além de ser mãe,mulher e filha, ela trabalha, torna-se independente, batalha pelas suas necessidades, contém

 julgamento e esperteza venerada.

Passa-se, portanto, a ter um novo padrão social, o matrimônio não é mais baseado nasrecomendações do pai, ou nas concordatas econômicas das famílias.

A afinidade matrimonial advém de amor, apreço e companheirismo; a mulher elege o homem queanseia repartir seus períodos de vida.

O casamento incide em ser governado pelos inícios essenciais, da decência da pessoa humana, daliberdade e da equidade.

“O princípio da dignidade humana pode ser concebido como estruturante e conformador dos demais,nas relações familiares. A Constituição, no artigo 1.º, o tem como um dos fundamentos daorganização social e política do país, e da própria família (artigo 226, § 7.º). Na família patriarcal, acidadania plena concentrava-as na pessoa do chefe, dotado de direitos que eram negados aosdemais membros, a mulher e os filhos, cuja dignidade humana não podia ser a mesma. O espaçoprivado familiar estava vedado à intervenção pública, tolerando-se a subjugação e os abusos contraos mais fracos. No estágio atual, o equilíbrio do privado e do público é matrizado exatamente nagarantia do pleno desenvolvimento da dignidade das pessoas humanas que integram a comunidadefamiliar, ainda tão duramente violada na realidade social, máxime com relação às crianças.Concretizar esse princípio é um desafio imenso, ante a cultura secular e resistente. No que respeitaà dignidade da pessoa da criança, o artigo 227 da Constituição expressa essa viragem, configurandoseu específico   bill of rigths,  ao estabelecer que é dever da família assegurar-lhe ‘com absolutaprioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária’, além de

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colocá-la ‘à salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade eopressão’. Não é um direito oponível apenas ao Estado, à sociedade ou a estranhos, mas a cadamembro da própria família. É uma espetacular mudança de paradigmas.”

Já o princípio da liberdade preceitua que:

“O princípio da liberdade diz respeito ao livre poder de escolha ou autonomia de constituição,realização e extinção de entidade familiar, sem imposição ou restrições externas de parentes, dasociedade ou do legislador; à livre aquisição e administração do patrimônio familiar; ao livreplanejamento familiar; à livre definição dos modelos educacionais, dos valores culturais e religiosos;à livre formação dos filhos, desde que respeite suas dignidades como pessoas humanas; à liberdadede agir, assentada no respeito à integridade física, mental e moral.”

E por fim, o princípio da dignidade finaliza seu conceito pontificando que:

“O princípio da igualdade, formal e material, relaciona-se à paridade de direitos entre os cônjuges oucompanheiros e entre os filhos. Não há cogitar de igualdade entre pais e filhos, porque cuida deigualar os iguais. A consequência mais evidente é o desaparecimento de hierarquia entre os que odireito passou a considerar pares, tornando perempta a concepção patriarcal de chefia. A igualdadenão apaga as diferenças entre os gêneros, que não pode ser ignorada pelo direito. Ultrapassada afase da conquista da igualdade formal, no plano do direito, as demais ciências demonstraram que asdiferenças não poderiam ser afastadas. A mulher é diferente do homem, mas enquanto pessoahumana deve exercer os mesmos direitos. A história ensina que a diferença serviu de justificativa apreconceitos de supremacia masculina, vedando à mulher o exercício pleno de sua cidadania ou arealização como sujeito de direito.”34

2.3.4.2 Princípio da igualdade entre filhos

Outrora, existiam os filhos naturais, os legítimos e os ilegítimos. Os naturais constituíam em filhos depais não matrimoniados, porém, que não se uniam por escolha. Pais solteiros originavam o filhoavaliado “natural”.

Quanto aos bastardos, um dos pais era impedido de se casar. Um casado, outro solteiro. O filho quedaí sobreviesse significaria avaliado ilegítimo.

E, por fim, os verdadeiros, que são os filhos resultantes da aliança.

Isto tudo fazia objeto nos acertamentos da criança, e igualmente nos relacionamentos das criançascom as diversas.

Filho ilegítimo era, de vez em quando, reprimido de conviver em determinadas escolas.

Com a Constituição, presentemente há a vedação da discriminação entre filhos, qualquer quesignifique sua ascendência. Não pode haver discriminação entre irmãos.

A Carta Magna (LGL\1988\3) garante a importância dos filhos em qualquer momento. Filho é filho.Nada tem a ver com a condição civil dos pais. Nessa qualidade de filho, ele tem identidade com seusirmãos.

A Lei Maior foi de modo inclusivo além, depositando essa equidade até mesmo nos arrolamentosincestuosos. A criança brotada da adulteração não é culpada, por conseguinte é juridicamenteanáloga a todas as seguintes da família, possuindo assim os mesmos direitos.

Relação sexual entre mãe e filho, originando um filho-irmão, depositará no mundo uma criança emempate de classes jurídicas em inclusão aos antigamente proferidos “legítimos”.

Perante as circunstâncias instituídas pelo ser humano, vê-se sempre, e sucessivamente, que omundo está em presença de provocações jurídicas desmedidas, sobretudo em relação às criançasque nada têm a ver com a ação que a gerou. A criança tem que ser resguardada pelo direito. “Aigualdade tem que ser buscada em todas as situações, inclusive nas relações espúrias com os pais.”35

2.3.4.3 Eficácia do princípio da igualdade nas relações entre particulares

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Observe-se que para os simpatizantes da teoria da eficácia mediata e indireta dos direitosfundamentais a assistência nas relações entre particulares deve ser prenunciada pelo legislador,estabelecendo uma matéria no próprio direito privado que se revele combinado com os pareceresconstitucionais.

Ao Poder Judiciário sobraria tão somente o papel de rechear as disposições indeterminadas editadaspelo legislador e professar a inconstitucionalidade daqueles regulamentos privados conflitantes coma Carta Fundamental.36

Sob a ótica crítica, a teoria da eficácia indireta e mediata dos direitos fundamentais, ao atribuir aolegislador e não ao juiz o dever de constituir o palco de assistência dos particulares.

Se por um lado garante uma maior legalidade a esta disposição, uma vez que o primeiro é nomeadopor meio de procedimento de parecer público, no caso brasileiro por meio de eleições diretas, e osegundo sem a informação direta do povo, seja através de concurso público, seja por meio derecomendação presidencial com aceitação do Congresso Nacional, por outro lado, deixa osparticulares submissos às pluralidades acidentais, bem como à morosidade na concordância deregulamentos pelo Poder Legislativo.

Este rol de proteção consagra um modelo de Estado do Bem-Estar Social, voltado para a promoçãoda igualdade, não só formal, mas também material, inexistindo uma separação rígida entre o Estadoe a sociedade civil, sendo, nos dizeres de Daniel Sarmento: “francamente incompatível com a teseradical, adotada nos Estados Unidos, que simplesmente exclui a aplicação dos direitos individuaissobre as relações privadas”.37

Portanto, no Brasil, não houve a adoção da tese da  state action  norte-americana. Vê-se, desta forma,que nossa Lei Fundamental também não adotou a tese da eficácia indireta e mediata dos direitosfundamentais nas relações privadas.2.3.5 Princípio da afetividade

A afabilidade é distinta pela quase unanimidade dos doutrinadores como um das descrições

características entre a família clássica e contemporânea. Em outros períodos, o instituto domésticoera cenário exclusivamente bem como um conjugado de semelhanças contornado, sobretudo, àprocriação e para fins econômicos.

Recentemente, posteriormente a Carta Magna (LGL\1988\3) de 1988, a família passou a ser vistacomo uma essência que transporta ao íntegro incremento da individualidade dos seus componentes,continuamente incluindo como hipótese o componente apego.

No instituto da família não era utilizado o termo afeto, para o ordenamento jurídico e para a aferiçãodas imediações resumidas da instituição familiar.

Segundo Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald:

“O escopo precípuo da família passa a ser a solidariedade social e demais condições necessárias ao

aperfeiçoamento e progresso humano, regido o núcleo familiar pelo afeto, como mola propulsora. Aentidade familiar deve ser atendida, hoje, como grupo social fundado, essencialmente, em laços deafetividade, pois, a outra conclusão não se pode chegar à luz do Texto Constitucional.”38

A oportuna terminologia empregada por ampla parte de autores, entre eles, Cristiano Chaves,significa o modo plural da percepção atualizada do instituto familiar.

Não somente o casamento apresenta o condão de constituir legitimamente uma família, mas, aintuição familiar tem como essência a afetividade, tendo uma ampla compreensão, protegendo osmais variáveis institutos familiares.3. FORMAS DE CONSTITUIÇÃO FAMILIAR

A inquietação jurídica atualizada no peito da coletividade brasileira, depois da vinda da Constituição

Federal de 1988, é precisamente a figura de marca jurídica estatal relativamente à adesão dos sexoscontrapostos, à composição da família, a assistência à prole, o feitio patrimonial da equação

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homem/mulher/filhos, bem como toda a gama de importâncias que gravitam sob a família, sobretudoa fim  entre os seus elementos.

Por ocasião daquele documento constitucional, a estrutura familiar desprendeu-se da instituiçãocondicionante para sua legalidade lícita: o matrimônio.

O legislador representado defendeu a união imutável franca (concubinato: designação em datapretérita), instituição desburocratizada das juntas e condições básicas contemporâneas no apanhomatrimonial, antigamente apresentada como adversa ao ordenamento jurídico, concebida commenosprezo e desapreço, já que sua essência, equivalente ao matrimônio, aborrecia juscivilistasmais conservantes.

Tido como certo, com o desenvolvimento da sociedade, o legislador não aprovaria o direitorelacionado a outras formas de constituição familiar, senão a do matrimônio, uma lei que estivessede acordo com os costumes amplamente assegurados pelo direito consuetudinário, que, por fim,teve sua teoria já aceita pelos Tribunais Superiores, um estatuto que convive ao lado do casamento,estas relações afetivas ambicionam uma união mais libertária da inspeção por cláusulas imperiosas,

 já que as que disciplinam o casamento são muito ajuizadas pelo Estado, pois é de seu méritoacautelar-se pela família, e data vênia, até é no casamento que se localiza a garantia jurídica de uma

instituição familiar regrada e consolidada.Como bem proclama o eminente civilista Caio Mário da Silva Pereira:

“Vivemos uma crescente publicização do direito de família, e por consequência, do casamento, jáque este instituto, ainda considerado pela grande maioria dos doutos civilistas pátrios como sendo omeio assecuratório ideal de constituição da família pretendido pelo Estado, pois, o Estado-Juizdisciplina regra que devem ser seguidas necessariamente pelos cônjuges, interferindo e fiscalizandoo comportamento destes dentro da sociedade doméstica, e em especial, destes relativamente aosfilhos, fornecendo aos contraentes do matrimônio uma pequena margem de autonomia, a fim de queo direito civil não perca seu objetivo: regulação dos interesses privados. De certo, as normasdisciplinadoras do instituto casamento são de cunho formalístico, dotadas de solenidade, devendo osnubentes seguir passo a passo, a previsão do legislador, como uma espécie de norma padronizada aser respeitada, sob pena de irregularidade, nulidade, anulabilidade ou mesmo inexistência docasamento. Em contrapartida, foi feliz o legislador, pois tais leis-padrões acabam por afastar docasamento, e consequentemente da família, toda a sorte de males que poderiam danificar aconstituição da sociedade familiar, como exemplos: adultério, incesto, bigamia, fraudes (no quetange aos patrimônios dos cônjuges para com terceiros), conduta desonrosa dos consortes, enfim,uma série de fatores cuja inobservância conduziria a instabilidade e ao caos social. Viveríamos numaverdadeira balbúrdia de valores se o Estado não tomasse para si a responsabilidade de delimitar aforma e os meios da convolação das núpcias e os regramentos a que estão sujeitos os cônjuges naconstância da sociedade conjugal. Todavia, é de bom talante gizar que tal intervenção nos interessesprivados é imprescindível para bem se pautar a sociedade, já que a família é sua célula de formação(estrutura-base), seja ela decorrente do matrimônio ou não.”39

Acontece, entretanto, que a união estável em meio a pessoas do sexo distinto, livre de todos ospré-requisitos condicionantes do matrimônio despontados pelas cláusulas de denso modo

publicístico, implantadas adentra de um Código regulador de inquietação privados, foiinstitucionalizada, ou mais perfeito, foi recepcionada constitucionalmente.

Na realidade, tal conjuntura fática, de contínuo, permaneceu dentro da coletividade, carecendo,porquanto o legislador voltar-se mais atentamente aos clamores que os fatos palpáveisasseveravam.

Circunstâncias que se localizam por fora das juntas advocatícias do casamento, que derivamtambém do mesmo modo, na aparência da família, e por isso até, demandam e recompensa aprecisada salvaguarda e resguardo estatal.

Esta foi a ansiedade do legislador-constituinte ao arriscar-se igualar-se ao matrimônio.

Assim como há inúmeras garantias no casamento, há também obrigações estabelecidas aos

nubentes, todos disciplinados no Código Civil (LGL\2002\400).

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O legislador, assistindo o estabelecimento classiquíssimo do casamento com apropriados olhares, odefendeu perto que corretamente.

E, incontestavelmente, ainda é a configuração mais segura para aqueles que aspiram organizar umafamília.

Quem sabe constituísse um absurdo legislar a propósito de uma união atendida como firme que porsi só já ajuíza em consciência, o livre-arbítrio, a autonomia das pessoas em se arrolarem à suaconfiguração, além, por conseguinte, da interferência do Estado com suas regras imperativas, comoacontece no casamento.

“O mesmo não se deu com a união estável livre, que ganhou relevância jurídica recente, sendodisciplinada pelo Estatuto da Convivência (Leis 8.971/1994 e 9.278/1996), preservando os interessese pretensões, primeiro, indiretamente: dos filhos havidos fora do casamento, equiparando-os aoshavidos do enlaço matrimonial, proibindo quaisquer designações discriminatórias; segundo,diretamente: das pessoas que pretendem unir-se estavelmente, ou regulando as que já se achavamconvivendo sob o mesmo teto, compartilhando interesses patrimoniais e espirituais, com ou semprole constituída. E terceiro também diretamente: para regular a situação do antigo concubinatoadulterino (o que não o fez com precisão), ou seja, aquela relação de qualquer dos cônjuges com

terceiro (concubina ou concubino) vista ainda com preconceito, coexistindo paralelamente aocasamento. Esta última não teve o respaldo legal merecido.”40

Não é recomendado abordar com superficialidade uma entidade que a cada dia faz censura por maisresguardo jurídico.

O legislador careceria ter permanecido mais conciso a fim de que tal sociedade de fato contraísseautonomia competente e se desvinculasse do instituto do matrimônio, pois, se guarda para siparticularidades que lhe são intrínsecas, não pode valer-se de outro estatuto, com o qual seincompatibiliza na técnica.

Já que a finalidade é proteger, que se faça com o respaldo que o episódio social certifica.

E o evento de duas pessoas se vincularem, com fins comunais, estejam carnais ou imateriais,

objetivando ou não a procriação, ensaia máximos regramentos por elemento do Estado, a fim de quedistintas situações não adivinhadas pelo legislador possam ser resolvidas sem se amparar àentidade casamento, que contém aparelhos que não se coadunam com os agentes jurídicoscontemporâneas nas leis que ajustam o estado de convivência, que são fundamentalmente a tutelade interesses dos companheiros, sem aquelas cláusulas imperiosas que gravitam sob o casamento.

A união é aberta, necessita exclusivamente de legislação mais pormenorizada a fim de que seemancipe do estatuto matrimônio, existindo a precisão de formular para aperfeiçoar as vagasviventes, algo não alcançado com muita exatidão pelas distintas Cortes.

Conforme Silvio Rodrigues:

“O que se deve pretender é uma legislação mais completa, com critérios de aferição mais concretos,o que facilitaria bastante a aplicação. Não uma forma de restrição, mas, uma equiparação, visto que,

sob ambos os institutos, é constituída a família, e não podemos crer que, por conta do rigorismoformal constante no casamento, a família estruturada sob seu manto gozaria de maior legitimidadeou estaria hierarquicamente privilegiada. Não, mesmo porque, até o casamento fora bombardeadopor novos valores, novas concepções, que muito o fragilizaram. Com tal desiderato, também sedeixaria de recorrer analogamente ao casamento em busca da solução pacífica não disciplinadapelas referidas leis do Estatuto. Obviamente que tal distinção não poderia contrariar princípiosprimordiais com os vistos no casamento, instituição por excelência, de regulamentação maissubstanciosa e laboriosa.”41

Ademais, se o legislador, na Lei 9.278/1996, foi capaz de delinear “alguns regramentos de conduta”a que precisam analisar os companheiros (constância, respeitabilidade etc.), a fim de resguardar osvalores do pactuário, com muito mais propriedade, estes precisam adotar o alvo aspirado pelolegislador.

Na ausência de algum dos conviventes, o danificado carecerá cometer acudir suas cobiças contra o

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procedimento excluído do responsável, já que, mesmo por ser libertária, não se pode consentir quecondutas arbitrárias viessem a perder e pôr em precipitação a união livre, até porque, o amplo fimestatal ao defender tal estatuto, é a tutela legal da família, já que a avaliação de entidade familiar nãose fundamenta mais tão apenas na precisão de procriação, na vivência da prole, mas, para o futuro,na configuração ativa de aferição.

O grau de bondade entre os complementares de uma entidade familiar, não custando os elementosque o componham.

Quiçá isso terá proveito num amanhã bem próximo, independentemente de discernimentos legais aserem adotados com aspereza, como a  affectio societatis   42 permanecerá membro crucial paraverificação de uma coletividade dita consolidada, pois que os vínculos afetuosos que abarcam aspessoas são os apoios e o suporte almejado pelo Estado para a avaliação mais suave daquilo quedecorra a conformar o adequado instituto doméstico.3.1 Família matrimonial – Constituída de casamento

Conforme Maria Berenice Dias os enlaces entre homem e mulher com conclusões reprodutivasantecedem à história, ou seja, havia antes mesmo de se conceber a consideração de sociedade, de

se compor o Estado. E estes:“Sob o pretexto de manter a ordem social, passaram a regular estas uniões afetivas, de formaconservadora e moralista, denominando-a de família, consagrando-a ainda, como um sacramento eimpondo a indissolubilidade do vínculo conjugal.”43

O Estado era constituído como o exclusivo legitimador do casamento, proveniente a regulamentá-loem completos os seus feitios, todavia, com cautela exclusiva à extensão patrimonial.

Finalmente, apresentando em cenário que o ordenamento jurídico decorre do direito romano, acomposição familiar, com todas as suas particularidades, igualmente pela atual sociedade legada,pois era “matrimoniada, patriarcal, hierarquizada, patrimonial e heterossexual”.44

Existia, portanto, o bolo de trigo, que após a segregação, era repartido para os que ali estavam, esta

denominação religiosa antes usada pelos romanos era  confarreatio,  45

hoje, considerado o bolo denoiva.

Havia, ainda, diferentes formas de união além do matrimônio, era a união que derivava de uminteresse jurídico de aquisição, designado   mancipatio,   46 na qual o patriarca, retentor do pátriodomínio, comerciava a mulher como um artefato, sobrevindo igualmente no Brasil, mas em termosmais suavizados, contudo, incidia ao mesmo tempo em um interesse jurídico.

Atualmente, o matrimônio é determinado, como, a união durável entre homem e mulher, deconcordata com o regulamento, a fim de se reproduzirem, de se auxiliarem reciprocamente e decriarem os filhos, acrescentando que esse fornecimento mútuo não é só material, mas aindaimaterial.

Nas palavras de Maria Berenice:47 “(…) o casamento é a união de duas pessoas de sexos diferentes,

realizando uma integração psíquica permanente”.O casamento se sintetiza em um acordo que tem por fim originar a união de homem e mulher, deacordo com a lei, para adequarem suas relações sexuais, proporcionarem amparo mútuo e vigiaremda prole comum, mas para Berenice Dias (2009) o matrimônio é ainda um ajuste, só que de união,posto que o Estado o adequa desde sua comemoração até após de sua dissolução.

Não obstante de todas as festividades do casamento, a união atualmente decorre, sim, da aspiraçãodos noivos, uma vez que lei qualquer impetra conservar atrelados homem e mulher se não for deambição mútua, pois, o Estado pode exclusivamente controlar meros cerimoniais, mas não ofundamental elemento para esse persistir: a afeição.3.2 Concubinato

A atualizada Lei do Concubinato surgiu de um Projeto exposto à Câmara no princípio de 1991, pelaDeputada Beth Azize e que estava concluído desde 1989.

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Somente no ano de 1996, foi votado na Câmara e consagrado pelo Presidente Fernando Henrique.

Esta Lei apresenta como apoio a Constituição Federal (LGL\1988\3). O Capítulo VII, art. 226, § 3.º,pronuncia:

“Para efeito da proteção do estado, é reconhecida a união estável entre homem e mulher comoentidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.”

Partindo da Constituição e reconhecendo a realidade brasileira, o Poder Legislativo aprovou a Lei9.278, em 10.05.1996, que regula as relações referente a união estável no qual garante direitos eimpõe deveres aos companheiros.

A própria Constituição afiança a inclusão concubinária. Essa Lei é atualizada e inovadora.Coligações de legisladores não confiam na competência de mulheres e homens brasileiros emadministrar suas próprias vidas.3.3 Família constituída pela união estável

A união estável como a união do homem e da mulher, por fora do casamento, de estilo durável, maisou menos contemporizada, para o fim da exultação sexual, subsídio mútuo e dos filhos comuns eque alude uma prevista lealdade da mulher ao homem.

As adesões igualmente conservadas à margem da lei caracterizam-se como concubinato, mas aCarta Magna (LGL\1988\3) de 1988, ao dispor sobre as uniões de fato, alimentadas pelo homem e amulher, sem a rubrica da lei, ao oposto da fórmula de expressão “concubinato”, optou usar adesignação união estável, tendo-a como instituto familiar.

Mesmo que a união estável não se confunda com o matrimônio, incidiu a equiparação dos institutosfamiliares, instituindo todas dignas da mesma assistência.

A Constituição aprimorou por distinguir juridicidade ao afeto, ao abranger as uniões organizadas pela junção de afabilidade à camada de instituto familiar, não apresentando nenhuma discriminação, seconfrontada ao casamento.

“A Constituição Federal de 1988 fez a inserção de normas dispondo sobre o reconhecimento daunião estável no seu art. 226, § 3.º:

‘Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (…)

§ 3.º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulhercomo entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.’”3.4 Família monoparental

Uma família é denominada monoparental ou instituto familiar, quando a pessoa, no caso o homemou a mulher acha-se sozinhos, e existe com uma ou múltiplas crianças, podendo, de tal maneira,viver recolhidos ou no domicílio de idênticos, como o domicílio dos pais.

É comum os avôs adotar temporariamente ou não parte do encargo das figuras parentais, podendoigualmente originar entre avós e pais a concepção de um par educativo ou provedor intercedido porsuas qualidades culturais e socioeconômicas, a acomodação é o abatimento da renda doméstica.

Em se versando de separação ou divórcio, a ruptura como assinalam as estatísticas, quaseininterruptamente tomadas pelas mulheres, se perpetram seguir de uma disposição onde elasadotam uma ação.

Essa iniciativa sugere que as mulheres não tenham que aguentar os resultados da ruptura.

Ademais, a ampla pluralidade das mulheres seleciona encarar o fato do dia a dia, a se conter aclasses precárias.

Na maior parte das vezes, o acabamento de um casamento está relacionado com o adultério e

perversos tratos.

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“Existe outra forma de monoparentalidade que é um dos genitores que escolhe ter uma famíliaadotando uma criança, de acordo com o art. 42 do ECA (LGL\1990\37) independente do estado civila pessoa que se encontra só tanto o homem quanto a mulher se torna uma família ao adotar umacriança, essa união é uma união de afeto, respeito, carinho contendo os requisitos que se torna umafamília e que através da escolha do genitor passou a ser uma família monoparental. O ideal é que a

criança seja educada, preparada para a vida, para a convivência harmoniosa em grupo,respeitando-se sua individualidade, para que cresça com dignidade, em acordo com valoresvigorantes na sociedade. Em grande parte, o ser humano é produto do meio e, não há melhor meiodo que o familiar, onde convivem e se relacionam afetivamente pais e filhos para produzir um serhumano equilibrado, apta a conviver socialmente. Nesse caso, ‘a inexistência dos laços genéticosnão invalida as relações parentais’. E, nesse ambiente, são importantes os laços sanguíneos, massão ainda mais importantes, os laços afetivos, o calor aconchegante de um lugar propício à vida.”48

A proposição dessas mudanças induz a presumir a existência de variações nos costumes detransferência familiar.

A circunstância monoparental nem sempre permaneceu atrelada ao fim de uma circunstânciabioparental.

Muitas vezes, é uma alternativa de um dos pais, pode vir de mães solteiras que foram desamparadaspor seu parceiro.

Muitas ocasiões, por escolha em tão alto grau do homem como da mulher.3.5 Família anaparental

Nem sempre o vínculo afetivo ocorrido da verticalidade é aceitável e singular para se ajeitar umafamília.

A diferença de origens pode e carece convir para dar apoio de suporte ao legislador para adotar uminstituto familiar. Fato importante dizer este ponto, como o legislador pátrio deslembrou-se deregulamentar as famílias assim proferidas anaparentais.

O convívio adentre parente ou entre pessoas, mesmo que não parentes inclusos de umaestruturação com identidade de finalidade atribuem o conceito da essência de uma entidade familiara ter direito à designação de família anaparental.

Como sugere Berenice Dias:

“Mesmo não existindo conotação sexual nessa união, a convivência de ambos simboliza a conjunçãode esforços para desenvolver um acervo patrimonial, cabendo, portanto aplicar por analogia, asdisposições do casamento ou até da união estável.”49

A família anaparental, por fim, é definida como sendo uma entidade familiar composta de pessoascom vínculo sanguíneo, parentes, irmãos, que moram juntos, porém, sem os pais.

É importante destacar que pode existir uma consequência matrimonial, em alguns casos, como no

exemplo dado por Maria Berenice:“Duas irmãs convivem sob o mesmo teto com o intuído de construir um matrimônio, se uma delasmorre, descabe dividir de maneira igualitária a herança da que faleceu.”50

É de fácil entendimento, que através do exemplo citado, fica caracterizado a família anaparental.3.6 Família pluriparental

A foto da família não é mais a imagem de um casamento.

Com a marca da Justiça, impôs-se a edificação da lei jurídica sob a ótica da pluralidade. Os casosque não acham cautela na lei tocam às portas do judicial.

O magistrado que, por conseguinte, tem a intenção de agir à luz do que prega os ditames sociais,bem como reverenciar o ordenamento jurídico, acha formas de criar, no campo jurídico, através dos

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métodos e técnicas da hermenêutica, o que o legislador não previu.

O caso é que a Justiça não pode somente censurar à invisibilidade e negar tutela ao que sai domolde intenso na legislação.

Este estilo admite adotar direitos sob a justificativa de conduta desviar-se do padrão preconizado nalei.

“Cunhado um novo conceito de família, atentando muito mais à natureza do vínculo que une seusintegrantes do que ao seu formato ou modo de constituição, é necessário reconhecer que outrasestruturas de convívio merecem ser enlaçadas no âmbito do direito das famílias. Não há como exigira diferença de gerações ou a prática sexual entre seus integrantes para se reconhecer a existênciade uma família. Esta visão mais abrangente leva à inserção, no âmbito do conceito de família, daschamadas famílias parentais, ou seja, os núcleos de convívio formados por parentes. Não parentesno conceito legal da expressão, segundo graus e linhas de parentesco, ao qual a lei empresta efeitos

 jurídicos. Merecem serem chamados de famílias parentais os vínculos de convivência em que hácomprometimento mútuo decorrente da afetividade.”51

Igualmente se acomodam no julgamento de pluriparentalidade as conexões que se instituem com

mais de duas pessoas, realizando os desempenhos parentais.Estas são novos fatos cada vez ao mesmo tempo frequentes, especialmente quando sãoaproveitados os presentes procedimentos de reprodução auxiliada, em que mais de uma pessoa fazparte do procedimento procriativo.

É de grande oportuno mencionar que nestes novos amoldamentos, os direitos são assegurados atodos indistintamente e todos precisam adquirir obrigações decorrentes da conexão pluriparental.

Conforme os ensinamentos de Berenice:

“As famílias pluriparentais são caracterizadas pela estrutura complexa decorrente da multiplicidadede vínculos, ambiguidade das funções dos novos casais e forte grau de interdependência. Aadministração de interesses visando equilíbrio assume relevo indispensável á estabilidade das

famílias. Mas a lei esqueceu delas!”52

E persiste:

“A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído por casais onde um ouambos são egressos de casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para a nova família seusfilhos, e muitas vezes, tem filhos em comum. É a clássica expressão: os meus, os teus, os nossos(…).”53

3.7 Família eudemonista

A família eudemonista ou afetiva significa “doutrina que admite ser a felicidade individual ou coletivao fundamento da conduta humana moral”, o que a aproxima da afetividade.54

A família eudemonista é uma apreciação atual que menciona à família que procura a efetivação totalde suas partes, distinguindo-se pela comunhão de amor mútuo, a estima e a consideraçãorecíprocas em meio aos elementos que a compõe, livre da amarração biológica.

Esse instituto visa a busca da felicidade individual, essa doutrina induz a prática da eudaimonia noâmbito familiar, como bem preceitua Berenice:

“A família identifica-se pela comunhão de vida, de amor e de afeto no plano da igualdade, daliberdade, da solidariedade e da responsabilidade recíproca. No momento em que o formatohierárquico da família cedeu à sua democratização, em que as relações são muito mais de igualdadee de respeito mútuo, e o traço fundamental é a lealdade, não mais existem razões morais, religiosas,políticas, físicas ou naturais que justifiquem a excessiva e indevida ingerência do Estado na vida daspessoas.”55

Acontece que a família nos tempos que percorrem, é cientificada pela importância do afeto.

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É a família eudemonista, em que a concretização global de seus complementares, acontece ser oagente e a defesa de vivência desse núcleo.

Daí, a importância do feitio afetuoso da paternidade, que predomina o respeito de o vínculo biológico,o que esclarece que a filiação signifique muito mais como um acontecimento igualitário do que

genético.3.8 Família paralela

O instituto familiar designado paralela, igualmente distinguida como concubinato impuro, seindividualiza fundamentalmente pelo relevo de outra família, como a oportuna denominação alude,paralela à família básica, vivente no matrimônio.

Os direitos da procedência paralela, não são afiançados em sua perfeição, ou seja, a família paralelaé desprezada.

Podem-se mencionar dois contextos para tal inteligência, principal, caso existisse segurança, alegislação permaneceria de certo formato, impulsionando o aparecimento de definida circunstância,qual seja, da experiência de uma família análoga, que, como se compreende, vai de colisão às

importâncias igualitárias atualizadas.Não oponente, em secundário, a carência de garantias propende dar a precisada caução jurídica aoestabelecimento casamento.

Em privado, percebe-se que, os eventos da história não podem ser denegados, sobretudo pelodireito.

Se por modelo, uma mulher de apropriada índole, consagra seus empenhos para a felicidade dafamília, sem conhecimento que seu consorte já possui diferente família sob o regime de aliança,precisaria ter seus direitos tutelados.

Em resumo, tal matéria é de uma complexidade muita ampla, contudo, por ser um lance social deatribuição crescente, acredita-se que o legislador poderia se destinar, além disso, ao objeto tema.

A jurista Berenice Dias profere:

“Mesmo sendo indicada na lei como requisito obrigacional a mantença da fidelidade, trata-se dedireito, cujo adimplemento não pode ser exigido em Juízo. Ou seja, desatendendo um do par o deverda fidelidade, não se tem notícia de ter sido proposta, na constância do casamento, demanda quebusque o cumprimento de tal dever. Tratar-se-ia de execução de obrigação não fazer? E, em casode procedência, de que forma poderia ser executada a sentença que impusesse a abstinência sexualextramatrimonial ao demandado?”56

Na ideia da nobre jurisperita, a aspiração de erguer a monogamia a começo capital é a passagempara se aproximar a implicações trágicas.

Por exemplo, quando houver simultaneidade de relacionamentos, renunciar de conferir

consequências a uma ou ambas as afinidades, sob o contexto de se estar golpeando a máxima damonogamia, completaria consentindo, tão simplesmente o desenvolvimento ilegítimo do par desleal,permanecendo o mesmo com toda a riqueza e sem encargo qualquer para com o outro.3.9 Família unipessoal

Família unipessoal é a composta por tão somente uma pessoa.

De modo recente, o STJ lhe atribuiu à assistência do bem de família, como se deduz da Súmula 364:“O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente apessoas solteiras, separadas e viúvas”.

Euclides de Oliveira57 argumenta que a assistência dada pela mencionada Súmula se dá emacolhimento ao direito constitucional de habitação.

3.10 Família afetiva

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De tal modo, como as famílias transformaram, os âmagos domésticos igualmente passaramadulterações em sua composição e arranjo.

A família arranjada por vários elementos principiou a abafar ânimo ao extenso dos anos, bem comoaquela cultivada exclusivamente por filhos verdadeiros, seja por determinação judicial, seja porqueos centros familiares incidiram a melhorar um fator indispensável para sua instauração, ou seja, oamor, o afeto.

Não tem porque negar que a nova intenção da família contemporânea é a sua conciliação repousadana afetividade.

Compreende-se que legislador não tem como instituir ou atribuir a afetividade como regulamentoerga omnes,  58 pois esta surge pela convivência entre pessoas e reciprocidade de sentimentos.

O afeto desponta os pais do coração, e a retenção de estado de filho é a entidade que pinta essaafinidade edificada cotidianamente no afeto e no afago.

Logo, pais são aqueles que ambicionaram o filho, e não aqueles que unicamente suscitaram ou quea lei os trata como tais.

Transversalmente de inclusões de consanguinidade produzidas pela lei ou pelo sangue, é apretensão de encontrar-se em família que perpetra com que as pessoas coexistamharmoniosamente, involuntariamente dos vínculos que os conectam.3.11 Família ou união homoafetiva

Nas pronúncias de Maria Berenice Dias:

“São direitos que compõem a dignidade pessoal e constituem a condição humana, cuja valoraçãoresulta nos valores fundantes da humanidade. A evolução dos direitos atinge o seu ápice, a suaplenitude subjetiva e objetiva. São direitos humanos plenos, de todos os sujeitos contra todos ossujeitos, para proteger tudo que condiciona a vida humana, fixados em valores ou bens humanos,patrimônio da humanidade, segundo padrões de avaliação que garantam a existência com adignidade que lhe é própria.”59

Uma das dificuldades da família homoafetiva é concebida pela projetação da sexualidade dossujeitos que a compõe.

Por consistir em sendo do mesmo sexo, ocasiona um escândalo de preconceitos perante acoletividade.

A sexualidade é também abarcante bem como não trata de um fator simplesmente anatômico,agregam igualmente na sexualidade fatores psicológicos do sujeito que proclamará seusacometimentos sexuais de formato livre, não se abreviando, exclusivamente aos órgãos genitais quetem.

Maria Berenice Dias garante juridicamente, que: “o sexo integra a própria condição humana. É direitohumano fundamental que acompanha o ser humano desde o seu nascimento, pois decorre de suaprópria natureza”.60

O exercício da sexualidade é um direito natural, que nasce com o indivíduo e o acompanha por todaa sua vida, compreende também a sua dignidade, portanto, ninguém “pode se realizar como serhumano, se não tiver assegurado o respeito ao exercício da sexualidade”.61

A família homoafetiva é um instituto que deve ser concebido tal como se ajeita, não há necessidadede igualar-se com a união estável.

A família homoafetiva possui assistência constitucional, mesmo que esta não permaneçapromulgada nos incrementos do art. 226 da referida Lei.

A Constituição não é imperativa. Em outras expressões ela não elimina qualquer instituto familiar. Afamília descrita nos §§ 3.º e 4.º do art. 226 são exclusivamente exemplificativos.

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É cediço, que, o instituto da família vem sofrendo grandes transformações, dentre elas, podemoscitar o reconhecimento da união estável, o entrave teve seu fim, após julgamento da ADIn 4.277 e daADPF 132, a união homoafetiva foi concebida como entidade familiar garantida jurisdicionalmente.

O trecho do posicionamento dominante da jurisprudência vigente alude:

“O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em sentido contrário, nãose presta como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz do inciso IV do art. 3.ºda Constituição Federal (LGL\1988\3), por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de‘promover o bem de todos’. Silêncio normativo da Carta Magna (LGL\1988\3) a respeito do concretouso do sexo dos indivíduos como saque da kelseniana ‘norma geral negativa’, segundo a qual ‘o quenão estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido’. Reconhecimento dodireito à preferência sexual como direta emanação do princípio da ‘dignidade da pessoa humana’:direito a autoestima no mais elevado ponto da consciência do indivíduo. Direito à busca da felicidade.Salto normativo da proibição do preconceito para a proclamação do direito à liberdade sexual. Oconcreto uso da sexualidade faz parte da autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico usoda sexualidade nos planos da intimidade e da privacidade constitucionalmente tuteladas. Autonomiada vontade. cláusula pétrea.”62

É nesta premissa que se identifica os avanços jurisprudenciais, e o respeito ao princípio da dignidadeda pessoa humana, tem-se clarividente o respeito aos valores já elencados na Constituição Federal(LGL\1988\3), onde é vedada a discriminação de preconceitos por motivos de origem, raça, sexo ouidade e assegura o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar,o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna,pluralista e sem preconceitos.4. DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na trajetória do estudo, entende-se que a inclusão sócia afetiva carece da essência de analogia deafabilidade, que o pai trate o filho como seu, sendo esta a primeira afinidade distinguida pelacoletividade, não bastando que o filho use o nome do pai.

As famílias constituídas excepcionalmente por relações de apego, de dedicação, de cuidado,

demonstram, para toda a sociedade, a ideia de que certo ente familiar é filho e componente efetivo àconformidade e prosperidade da mesma.

Essa família que se estabelece sócio afetivamente vêm sofrendo inúmeras modificações, causadaspor mera negligência ou inobservância por parte de alguns, sobretudo no que se refere ao filho sócioafetivo e à carência deste na informação na delação dos domínios/direitos/empenhos de seu “pai”quando este vem a falecer.

Não distinguir esse fato aludiria até mesmo em insulto a títulos constitucionais, às garantiasapresentadas ao homem pela Constituição, aos direitos humanos e à compostura da pessoahumana.

Certamente, há de se relevar a preservação dos laços da afetividade, estes mesmo, munidos dedenominações como solidariedade, respeito, consideração e amor, para se possuir a manutenção davida familiar e procriar neste sentido cidadãos que respeitam a união afetiva.

Como bem exprimido nas decisões do STF, no que concernem, as relações homoafetivas, éclarividente acentuado o postulado constitucional implícito que consagra o “direito à busca dafelicidade”, teoria esta já adotada pelos egrégios para configuração dos direitos fundamentais.

Outrossim, é importante frisar, o afeto sob o prisma constitucional, defendido plausivelmente suaaplicação nas relações diretas entre os particulares. A Min. Nancy Andrighi do STJ se manifestouplausivelmente sobre o assunto atinente ao abandono de afetividade e ressalvou: “Amar é faculdade,cuidar é dever”.63

A importância da eficácia horizontal nas relações entre os particulares, com base na aplicabilidadedos direitos fundamentais, alcançando o particular de forma direta, e ainda, independentemente de

normas infraconstitucionais legislando sobre a matéria. Esta teoria já foi adotada por vários países,ficando assim, longe de ser incontroversa.

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O conceito de autoridade patriarcal, antes usado com bastante habitualidade, oriundo do direitoromano, que tinha a figura do pater, onde, a esposa e os filhos ficavam subordinados ao chefe defamília, perde seu significado, dando ensejo ao novo conceito de administração de família,atualmente estão presentes a solidariedade e dualidade entre pais na educação de seus filhos.

É de se perceber, o atendimento ao princípio da isonomia, no que se refere aos direitos pertencentesaos filhos, sendo eles adotados, naturais, legítimos ou “bastardos”, a Constituição Federal(LGL\1988\3) e o Código Civil (LGL\2002\400) asseguram os mesmos direitos, proibindo quaisquerque sejam as distinções ou discriminação.

Nesse sentido, entende que a Constituição Federal (LGL\1988\3) consente que a construção de umacomunhão de vida íntima seja pelo matrimônio ou pela união estável.

Maria Helena Diniz64 chama este cabeçalho de pluralismo familiar, uma vez que o regulamentoconstitucional compreende a família conjugal e os institutos familiares, ressalvando que o novoCódigo Civil (LGL\2002\400) nada fala sobre a família monoparental, composta por um dosprogenitores e a prole, esquecendo-se que grandes partes dos brasileiros convivem nessamodalidade de instituto familiar.

Silvio de Salvo Venosa65

provê que a Constituição Federal de 1988 sagra a assistência à família noart. 226, incluindo tanto a família estabelecida no casamento, como a união de fato, a família naturale a família adotiva. De há muito, diz, o país pressentia indigência de relevo da célula familiarinvoluntariamente da experiência de casamento.

São inúmeras as inovações advindas da Constituinte de 1988 que dão ensejo ao direito de famíliacom modificações plausíveis, Carlos Roberto Gonçalves acentua:

“Frise-se, por fim, que as alterações pertinentes ao direito de família, advindas da ConstituiçãoFederal de 1988 e do Código Civil (LGL\2002\400) de 2002, demonstram e ressaltam a função socialda família no direito brasileiro, a partir especialmente da proclamação da igualdade absoluta doscônjuges e dos filhos; da disciplina concernente a guarda a quem revelar melhores condições deexercê-la, bem como para suspender ou destituir os pais do poder familiar, quando faltarem aosdeveres a ele inerentes; do reconhecimento do direito a alimentos inclusive aos companheiros e da

observância das circunstâncias socioeconômicas em que se encontrarem is interessados; daobrigação imposta a ambos os cônjuges, separados judicialmente, de contribuírem, na proporção deseus recursos, para a manutenção dos filhos etc.”66

Diante do esposado, fica evidente, a necessidade de uma interpretação abrangente dos civilistas.

Ora, nos tempos hodiernos, não se tem meramente sujeitos titulares de bens e sim sujeitos dedireitos, com garantias e direitos fundamentais explícitos na Constituinte de 1988, no entanto, émister a dimensão ontológica para alcançar a efetivação de direitos civis constitucionalizados.

É imperioso, o respeito aos princípios constitucionais que possuem grande valor normativo, a fim dese construir uma sociedade mais livre justa e solidária, conforme os ditames expressos na Lei Maior.

Para tanto, é imprescindível enxergar o direito de família com base numa nova hermenêutica, ou

seja, o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional, que exige aconcretização dos direitos fundamentais e o reconhecimento da eficácia da força normativa daConstituição.

O direito é lei do comportamento social; a família, alicerce da sociedade; o progresso desta não podefugir à melhora do direito, sob pena de incluir normas legais fidedignas, mas impotentes.

“O que há de maravilhoso numa casa não é ela abrigar-nos, nem aquecer-nos, nem nós possuirmosas suas paredes; o que é maravilhoso é ela ter depositado em nós estas provisões de doçura, é elaformar, no fundo do nosso coração, este maciço obscuro, donde brotam como águas de uma fonte,os sonhos”67 (Saint-Exupéry. Terra dos homens).5. BIBLIOGRAFIA

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2 FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito civil: teoria geral. 4. ed. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2006. p. 90.

3 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2007. vol. 2, p. 18.

4 ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa. Direitos de família e do menor. 3. ed. Belo Horizonte: Del

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Rey, 1993. p. 83.

5 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. ed. São Paulo: Ed. RT, 2010. p. 42.

6 OLIVEIRA, José Sebastião. Fundamentos constitucionais do direito de família. São Paulo: Ed. RT,2002. p. 91.

7 AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 105.

8 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 127.

9 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2007. vol. 2, p. 11.

10 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 6. ed. Porto Alegre: Livraria doAdvogado, 2006. p. 242.

11 SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relações privadas. Rio de Janeiro: Lumen Juris,2004. p. 289.

12 SARLET, Ingo Wolfgang. Op. cit., p. 35.

13 LAUTENSCHLAGER, Lauren. Direitos fundamentais como limites jurídicos ao poder do Estado:conteúdo essencial dos preceitos constitucionais. Jus Navigandi. n. 2.803. ano 16. Teresina,05.03.2011. Disponível em: [http://jus.com.br/revista/texto/18644]. Acesso em: 27.03.2012.

14 MARMELSTEIN, George. Direitos fundamentais. Disponível em: [http://direitosfundamentais.net].Acesso em: 27.03.2012.

Nessa mesma linha, a Corte Constitucional alemã já decidiu que: “os direitos fundamentais não sãopor princípio aplicáveis às pessoas jurídicas de direito público ao realizarem tarefas públicas (…). Seos direitos fundamentais se referem à relação dos indivíduos para com o Poder Público, então é comisso incompatível tornar o Estado, ele mesmo, parte ou beneficiário dos direitos fundamentais. OEstado não pode ser, ao mesmo tempo, destinatário e titular dos direitos fundamentais” (cf.SCHWAB, Jürgen. Cinqüenta anos de Jurisprudência do Tribunal Constitucional Alemão.Montevideo: Konrad Adenauer Stiftung, 2006. p. 170). Aqui no Brasil, seguindo uma lógicasemelhante, o STF sumulou o entendimento de que “a garantia da irretroatividade da lei, prevista noartigo 5.º, inc. XXXVI, da Constituição da República (LGL\1988\3), não é invocável pela entidadeestatal que a tenha editado” (Súmula 654).

15 NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Método, 2008. p. 234.

16 SARMENTO, Daniel. Op. cit., p. 133.

17 Cf. COSTA JR., Ademir de Oliveira. A eficácia horizontal e vertical dos direitos fundamentais.

Disponível em: [www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_ link=revista_artigos_leitura{L-End}&artigo_id=1838]. Acesso em: 03.04.2012.

18 Em última análise, os direitos fundamentais dos trabalhadores deveriam prevalecer sobre asregras impostas pela empresa, eles poderiam acionar o Poder Judiciário, se necessário, pararequerer a admissão na empresa, nos termos estabelecidos, sem o tolhimento dos direitosfundamentais. SAMPAIO, José Adércio Leite. Direitos fundamentais: retórica e historicidade. BeloHorizonte: Del Rey, 2004. p. 234.

19 MARINONI, Luiz Guilherme. Técnica processual e tutela dos direitos. São Paulo: Ed. RT, 2004. p.172.

20 PINTO, Luciana Vieira Santos Moreira. A eficácia dos direitos fundamentais nas relaçõesinterprivadas. Jus Navigandi. n. 3.006. ano. 16. Teresina, 24.09.2011. Disponível em:[http://jus.com.br/revista/texto/20057]. Acesso em: 30.03.2012.

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21 ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Trad. Luís Afonso Heck. 2. ed. Porto Alegre:Livraria do Advogado, 2008. p. 516.

22 Cf. PESSOA, Flávia Moreira Guimarães. A dignidade da pessoa humana como direitofundamental e sua aplicação na relação de trabalho. Disponível em:[www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura{L-End} &artigo_id=5123].Acesso em: 04.04.2012.

23 ALEXY, Robert. Op. cit., p. 517.

24 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Princípios fundamentais norteadores para o direito de família. BeloHorizonte: Del Rey: 2006. p. 22.

25 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro.  12. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. vol. 5, p.18-19.

26 SARLET, Wolfgang Ingo. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na  Constituiçãoda República (LGL\1988\3) de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002. p. 22.

27 ROCHA, Carmem Lúcia Antunes. Direito de todos e para todos. Belo Horizonte: Fórum, 2004. p.13.

28 MENDES, Nívea Zênia dos Santos Martins. A família monoparental do direito brasileiro.Disponível em: [www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=8687{L-End} &cat=En saios{L-End}&vinda=S]. Acesso em: 04.04.2012.

29 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil, direito de família. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005. vol. VI, p.77.

30 LOBO, Paulo. Princípio da solidariedade familiar. Disponível em: [www.ibdfam.org.anais]. Acessoem: 29.03.2012.

31 BARRETO, Ana Cristina Teixeira. Carta de 1988 é um marco contra discriminação. Disponívelem:[www.conjur.com.br/2010-nov-05/constituicao-1988-marco-discriminacao-familia-contemporanea].Acesso em: 04.04.2012.

32 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 65.

33 TARTUCE, Flávio. Novos princípios do direito de família brasileiro. Jus Navigandi. n. 1.069. ano.11. Teresina, 05.06.2006. Disponível em:[http://jus.com.br/revista/texto/8468/novos-principios-do-direito-de-familia-brasileiro]. Acesso em:02.04.2012.

34 Idem.35 Sem autor. Características gerais do direito de família e um pouco de história. Disponível em:[http://notasdeaula.org/dir7/direito_civil6_24-02-11.html]. Acesso em: 02.03.2012.

36 Da mesma forma, ela (Constituição de 1988) nos parece inconciliável com a posição maiscompromissória, mas ainda assim conservadora, da eficácia horizontal indireta e mediata dos direitosindividuais, predominante na Alemanha, que torna a incidência destes direitos dependente davontade do legislador ordinário, ou os confina ao modesto papel de meros vetores interpretativos dascláusulas gerais do direito privado. Cf. (SARMENTO, Daniel. Op. cit., p. 214).

37 SARMENTO, Daniel. Op. cit., p. 214.

38 FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito das famílias . 2. ed. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2010. p. 153.

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39 PEREIRA, Caio Mário Silva. Instituições de direito civil. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p.97.

40 Idem, p. 103.

41 RODRIGUES, Silvio. Direito de família. São Paulo: Saraiva, 1980. vol. 6, p. 234.

42 A expressão affectio societatis  surgiu para sublinhar a exigência de continuidade e deperseverança da vontade para a manutenção da sociedade. Disponível em:[http://jus.com.br/revista/texto/4905]. Acesso em: 03.03.2012.

43 DIAS, Maria Berenice. Comentários – Família pluriparental, uma nova realidade. 29.12.2008. p.44. Disponível em: [www.lfg.com.br/public_html/article.php]. Acesso em: 04.04.2012.

44 Idem, p. 45.

45 Em Roma, a confarreatio  era a celebração entre classes mais favorecidas e das pessoas ditasimportantes. Disponível em: [http://notasdeaula.org/dir7/direito_civil6_10-03-11.html]. Acesso em:

04.04.2012.

46 Idem. Também em Roma, a mancipatio  era o que hoje chamamos de escritura pública.

47 DIAS, Maria Berenice. Comentários… cit., p. 44.

48 Sem autor. Op. cit.

49 DIAS, Maria Berenice. Comentários… cit., p. 44.

50 Idem, p. 48.

51 Idem.

52 DIAS, Maria Berenice. Manual … cit., p. 50.

53 Idem, p. 49.

54 BIRMANN, Sidnei Hofer. O direito a filiação frente à inconstitucionalidade do art. 10 do novoCódigo Civil (LGL\2002\400). Âmbito Jurídico. Rio Grande, 35, 01.12.2006. Disponível em:[www.ambito-jurídico.com.br/site/index.php]. Acesso em: 04.04.2012.

55 DIAS, Maria Berenice. Manual … cit., p. 55.

56 DIAS, Maria Berenice. O dever de fidelidade, em questões controvertidas no direito da família e das sucessões. São Paulo: Método, 2006. p. 64.

57 OLIVEIRA, Euclides de. Agora é Súmula: bem de família abrange imóvel de pessoa solteira.Revista Boletim do Direito Imobiliário, n. 11, ano XXIX, p. 35.

58 SIMÕES, Thiago Felipe Vargas. A família afetiva – O afeto como formador de família. Disponívelem: [www.ibdfam.org.br/artigos24/10/2007]. Acesso em: 06.04.2012.

59 DIAS, Maria Berenice. O dever de fidelidade … cit., p. 73.

60 DIAS, Maria Berenice. Manual … cit., p. 176.

61 Idem, p. 231.

62 STF, ADPF 132, Pleno, rel. Min. Ayres Brito, 2011. Disponível em:[www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADPF+132%29{L-End}

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&base=baseA cordaos]. Acesso em: 10.04.2012.

63 Disponível em:[http://amab.jusbrasil.com.br/noticias/3106241/03-05-stj-pai-deve--indenizar-filha-em-r-200-mil-por-abandono-afetivo].Acesso em: 03.05.2012.

64 DINIZ, Maria Helena. Op. cit., p. 21.

65 VENOSA, Silvio de Salvo. Op. cit., p. 33. “A família à margem do casamento é uma formaçãosocial merecedora de tutela constitucional porque apresenta as condições de sentimento dapersonalidade de seus membros e a execução da tarefa de educação dos filhos. As formas de vidafamiliar à margem dos quadros legais revelam não ser essencial o nexo família-matrimônio: a famílianão se funda necessariamente no casamento, o que significa que casamento e família são para aConstituição realidades distintas. A Constituição apreende a família por seu aspecto social (famíliasociológica). E do ponto de vista sociológico inexiste um conceito unitário de família”.

66 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Direito de família.  São Paulo: Saraiva, 2005.vol. VI, p. 19.

67 SAINT-EXUPÉRY. Terra dos homens. Disponível em:[http://pensamentos.aaldeia.net/o--que-ha-de-maravilhoso-numa-casa]. Acesso em: 10.04.2012.

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