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PUBLICAÇÃO OFICIAL Revista de Súmulas SUPERIOR T RIBUNAL DE JUSTIÇA

Revista de Súmulas S DE T UPERIOR RIBUNAL USTIÇA · Marcos Perdigão Bernardes Servidores Andrea Dias de Castro Costa Eloame Augusti Gerson Prado da Silva ... Ministro Paulo de

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VOLUME 16, ANO 5MARÇO 2011

Revista de Súmulas

SUPERIOR

TRIBUNAL

DE JUSTIÇA

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇAGabinete do Ministro Diretor da Revista

Diretor

Ministro Hamilton Carvalhido

Chefe de Gabinete

Marcos Perdigão Bernardes

Servidores

Andrea Dias de Castro CostaEloame AugustiGerson Prado da SilvaJacqueline Neiva de LimaMaria Angélica Neves Sant’Ana

Técnico em Secretariado

Fagno Monteiro Amorim

Mensageiro

Cristiano Augusto Rodrigues Santos

Estagiários

Deusilene Duarte MartinsRicardo Rodrigues Fonseca Junior

Superior Tribunal de Justiçawww.stj.jus.br, [email protected] do Ministro Diretor da RevistaSetor de Administração Federal Sul, Quadra 6, Lote 1, Bloco C, 2º Andar, Sala C-240, Brasília-DF, 70095-900Telefone (61) 3319-8003, Fax (61) 3319-8992

Revista de Súmulas do Superior Tribunal de Justiça - V. 1 (nov. 2005) -. Brasília: STJ, 2005 -.

Periodicidade: Irregular.Repositório Ofi cial de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.Nome do editor varia: Superior Tribunal de Justiça / Editora Brasília Jurídica, 2005 a 2006,

Superior Tribunal de Justiça, 2009 -. Disponível também em versão eletrônica a partir de 2009: https://ww2.stj.jus.br/web/

revista/eletronica/publicacao/?aplicacao=revista.sumulas

ISSN 2179-782X

1. Direito, Brasil. 2. Jurisprudência, periódico, Brasil. I. Brasil, Superior Tribunal de Justiça (STJ). II. Título.

CDU 340.142(81)(05)

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MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO Diretor

Revista de Súmulas

SUPERIOR

TRIBUNAL

DE JUSTIÇA

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Resolução n. 19/1995-STJ, art. 3º.

RISTJ, arts. 21, III e VI; 22, § 1º, e 23.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇAPlenário

Ministro Ari Pargendler (Presidente)

Ministro Felix Fischer (Vice-Presidente)

Ministro Cesar Asfor Rocha (Diretor-Geral da ENFAM)

Ministro Aldir Guimarães Passarinho Junior

Ministro Gilson Langaro Dipp

Ministro Hamilton Carvalhido (Diretor da Revista)

Ministra Eliana Calmon Alves (Corregedora-Nacional de Justiça)

Ministro Francisco Cândido de Melo Falcão Neto (Corregedor-Geral da Justiça Federal)

Ministra Fátima Nancy Andrighi

Ministra Laurita Hilário Vaz

Ministro Luiz Fux

Ministro João Otávio de Noronha

Ministro Teori Albino Zavascki

Ministro José de Castro Meira

Ministro Arnaldo Esteves Lima

Ministro Massami Uyeda

Ministro Humberto Eustáquio Soares Martins

Ministra Maria Th ereza Rocha de Assis Moura

Ministro Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin

Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Ministro Sidnei Agostinho Beneti

Ministro Jorge Mussi

Ministro Geraldo Og Nicéas Marques Fernandes

Ministro Luis Felipe Salomão

Ministro Mauro Luiz Campbell Marques

Ministro Benedito Gonçalves

Ministro Raul Araújo Filho

Ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino

Ministra Maria Isabel Diniz Gallotti Rodrigues

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SUMÁRIO

Súmulas

213 ...............................................................................................................................11

214 ...............................................................................................................................41

215 ...............................................................................................................................77

216 .............................................................................................................................115

217 (Cancelada) .........................................................................................................155

218 .............................................................................................................................183

219 .............................................................................................................................199

220 .............................................................................................................................245

221 .............................................................................................................................287

222 .............................................................................................................................311

223 .............................................................................................................................343

224 .............................................................................................................................393

225 .............................................................................................................................417

Índice Analítico ................................................................................................................................................. 439

Índice Sistemático ........................................................................................................................................... 449

Siglas e Abreviaturas...................................................................................................................................... 455

Repositórios Autorizados e Credenciados pelo Superior Tribunal de Justiça ....................................................................................................................... 461

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Súmula n. 213

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SÚMULA N. 213

O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do

direito à compensação tributária.

Precedentes:

EDcl no REsp 77.226-MG (2ª T, 10.02.1998 – DJ 02.03.1998)

REsp 119.155-SE (2ª T, 07.08.1997 – DJ 20.10.1997)

REsp 137.790-PA (2ª T, 05.02.1998 – DJ 02.03.1998)

REsp 145.138-SP (1ª T, 03.11.1997 – DJ 15.12.1997)

REsp 148.742-SP (1ª T, 10.02.1998 – DJ 13.04.1998)

REsp 148.824-PB (2ª T, 16.10.1997 – DJ 17.11.1997)

Primeira Seção, em 23.09.1998

DJ 02.10.1998, p. 250

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL N. 77.226-MG (95.54027-4)

Relator: Ministro Ari Pargendler

Embargante: FMB Produtos Metalúrgicos Ltda.

Advogados: Rogério Borges de Castro e outros

Embargada: Fazenda Nacional

Procuradores: José Luiz Gomes Rolo e outros

EMENTA

Processo Civil. Mandado de segurança. Compensação tributária.

O reconhecimento de que o mandado de segurança é meio apto para

a declaração de que determinado tributo é compensável com outro

supõe que o writ tenha observado as exigências próprias, sendo a

tempestividade a primeira delas. Hipótese em que, dependendo a

compensação do reconhecimento judicial de crédito que remonta

ao ano-base de 1989, o prazo para a impetração se conta a partir da

data em que, então, o tributo foi recolhido a maior. Embargos de

declaração rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, nos

termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Participaram do julgamento os Srs.

Ministros Hélio Mosimann, Peçanha Martins e Adhemar Maciel.

Brasília (DF), 10 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Peçanha Martins, Presidente

Ministro Ari Pargendler, Relator

DJ 02.03.1998

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

16

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Ari Pargendler: - Na sessão de 17 de novembro de 1997,

a Turma não conheceu do recurso especial, nos termos do acórdão assim

ementado:

Processo Civil. Mandado de segurança. Prazo. Se o reconhecimento do crédito tributário carece de pronunciamento judicial, o mandado de segurança impetrado para assegurar a respectiva compensação está sujeito ao prazo previsto no artigo 18 da Lei n. 1.533, de 1951. Recurso especial não conhecido (fl . 330).

Os presentes embargos de declaração atacam o julgado aos fundamentos

de que:

a) a Turma não podia decidir a respeito da decadência, porque o tema não

foi prequestionado nas instâncias ordinárias:

(...) a decisão que chegou a este colendo Superior Tribunal de Justiça para ser confrontada com a legislação federal e com o paradigma invocado era inadequação da via mandamental para o fi m declaratório, e para a compensação. Ora, a Embargante foi surpreendida pela decretação da decadência do mandado de segurança, matéria não tratada pela decisão recorrida (fl . 335).

b) o pressuposto do acórdão é falso, na medida em que há reconhecimento

legal do crédito:

O crédito tributário aqui tratado é decorrente da aplicação, às demonstrações financeiras da Embargante, do BTNF calculado com base no IRVF, quando o deveria ter sido pelo IPC. A diferença entre os índices ocasionou recolhimentos a maior de Imposto Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o lucro e Imposto sobre o Lucro Líquido. Entretanto, a distorção das demonstrações, o direito à aplicação do IPC, e os consequentes recolhimentos a maior, foram reconhecidos pelo Estado, através da Lei n. 8.200/1991. Nessa linha, faleceria, até mesmo, à parte, do interesse de agir, face ao reconhecimento extrajudicial da parte adversa (o Estado) (fl . 340).

c) o prazo decadencial não se consumou:

Se a decadência é a inércia no exercício de um direito possível de ser exercido, apenas a partir do momento em que todos os pressupostos para o exercício do direito surgem é que se pode contar o referido prazo. Portanto, apenas depois de ocorrente o direito líquido e certo (tendo em vista que as demais condições já estavam preenchidas) tem início o prazo decadencial.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 17

Aqui, a Embargante pede para deduzir as despesas com a correção monetária de uma vez, e não à razão de 25% ao ano, em quatro períodos-base, como determina a Lei n. 8.200/1991. O direito da Embargante apenas tornou-se exercitável quando fechado o balanço de 1992, vale dizer, em 31 de dezembro de 1992, pois só aí a contribuinte soube que teria lucro tributável. Portanto, desta data é que se conta o prazo decadencial de 120 dias, que fi ndaria em 30 de abril de 1993. Entretanto, o presente mandado de segurança foi impetrado em 1º de março de 1993, data em que o prazo decadencial ainda fl uía (fl . 343).

VOTO

O Sr. Ministro Ari Pargendler (Relator): - O pedido inicial foi desdobrado

em dois tópicos:

a) o principal - para deduzir, no exercício de 1993, como ajuste de exercícios

anteriores, a correção monetária do balanço de 1990, computando-se neste a

variação do IPC integral (fl . 31);

b) e o secundário - para compensar os tributos pagos a maior, por força do

expurgo da infl ação no índice de correção monetária adotado no balanço de

1990, com os tributos devidos posteriormente (fl . 32).

O acórdão atacado pelo recurso especial julgou a Impetrante carecedora de

ação, à base da seguinte motivação:

De referência ao primeiro pedido, ou seja, para que a dedução se proceda quanto aos exercícios posteriores, temos como impertinente, eis que a via mandamental não pode ter sentença com eficácia financeira para períodos anteriores à impetração.

Quanto ao pedido subsidiário, tem entendido esta Corte ser imprópria a via estreita da ação de segurança para o fi m almejado - compensação (fl . 150).

À vista disso, é preciso corrigir a afirmação - feita nos embargos de

declaração - de que “a decisão que chegou a este colendo Superior Tribunal

de Justiça para ser confrontada com a legislação federal e com o paradigma

invocado era a inadequação da via mandamental para o fi m declaratório, e para

a compensação” (fl . 335).

O Tribunal a quo decidiu que o pedido principal estava prejudicado porque

repercutia fi nanceiramente em exercícios anteriores aos da impetração, e decidiu,

aí sim, que o mandado de segurança era via imprópria para a compensação.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

18

As razões do recurso especial atacaram o julgado em ambos os aspectos (fl .

168, item n. 28).

Pelo menos quanto ao primeiro, a questão da tempestividade do mandado

de segurança foi examinada, embora por meio de terminologia diversa; o

mandado de segurança que não pode ter efeitos pretéritos é o mandado de

segurança intempestivo.

A circunstância de que o pedido subsidiário foi decidido sem a percepção

de que também ele estava prejudicado pela intempestividade não inibe a Turma

de declará-la.

O reconhecimento de que o mandado de segurança é meio apto para a

declaração de que determinado tributo é compensável com outro supõe que o

writ tenha observado as exigências próprias, sendo a tempestividade a primeira

delas.

Vencedora na causa, a União Federal não tinha interesse recursal, sequer

para a oposição de embargos de declaração, e por isso seria desarrazoado que

perdesse a demanda porque removido o fundamento do julgado - não obstante

outro determinasse sua manutenção.

II

A alegação de que há reconhecimento legal do direito ao crédito incorre

no erro de argumentação que se conhece como petição de princípio.

A petição de princípio escreveram Chaim Perelman e Lucie Olbrechts-

Tyteca – “supõe que o interlocutor já aderiu a uma tese que o orador justamente

se esforça por fazê-lo admitir” (Tratado da Argumentação - A Nova Retórica,

Martins Fontes, São Paulo, 1966, p. 127).

A União Federal jamais reconheceu o direito ao aproveitamento do crédito,

de uma só vez; a Lei n. 8.200, de 1991, primeiro, só admitiu que isso se desse, a

partir de 1993, à razão de vinte e cinco por cento ao ano (art. 3°, I), isto é, em quatro

anos; prazo mais tarde alterado, pela Lei n. 8.682, de 1993, de modo que o

procedimento se completasse em seis anos-calendário, a partir de 1993, à razão

de 25% em 1993 e de 15% ao ano, de 1994 a 1998” (art. 11).

De resto, isso está confessado, a seguir, nas próprias razões dos embargos

de declaração, in verbis:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 19

Aqui, a Embargante pede para deduzir as despesas com a correção monetária de uma vez, e não à razão de 25% ao ano, em quatro períodos-base, como determina a Lei n. 8.200/1991 (fl . 343).

Conseqüentemente, o crédito reconhecido em lei, no exercício de 1993, era somente de 25% do montante da correção monetária expurgada no ano-base de 1990.

III

Finalmente, diz-se que “o direito da Embargante apenas tornou-se exercitável quando fechado o balanço de 1992, vale dizer, em 31 de dezembro de 1992, pois só aí a contribuinte soube que teria lucro tributável. Portanto, desta data é que se conta o prazo decadencial de 120 dias, que fi ndaria em 30 de abril de 1993. Entretanto, o presente mandado de segurança foi impetrado em 1º de março de 1993, data em que o prazo decadencial ainda fl uía” (fl . 343).

Aí os embargos de declaração já tem fi nalidade nitidamente infringente.

O acórdão decidiu, expressamente, que o prazo da impetração “se conta da declaração de renda oferecida pela pessoa jurídica no exercício de 1991, ano-base de 1990” (fl . 327).

Tudo porque o crédito de que FMB Produtos Metalúrgicos Ltda. se diz titular corresponde a diferenças de correção monetária não apropriadas nas demonstrações fi nanceiras do ano de 1989; quer dizer, ele depende do reconhecimento de que, naquele ano, pagou tributo maior do que o devido.

Decorridos cento e vinte dias deste então, o mandado de segurança já não podia ser impetrado.

Voto, por isso, no sentido de rejeitar os embargos de declaração.

RECURSO ESPECIAL N. 119.155-SE (97.0009832-0)

Relator: Ministro Peçanha Martins

Recorrente: Eletro Jóias Ltda.

Recorrida: Fazenda Nacional

Advogados: Mara Regina Siqueira de Lima e outros

Hélio Roberto Silveira Paes e outros

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

20

EMENTA

Tributário. Mandado de segurança. Compensação de tributos.

Finsocial e Cofi ns. Cabimento da via judicial. Inconstitucionalidade

(RE n. 159.764-1). Lei n. 7.689/1988, art. 9°. Precedentes STJ.

- O mandado de segurança constitui meio próprio para o exame

de pedido de compensação de créditos referentes a contribuição para

o Finsocial com parcelas vincendas da Cofi ns, por se tratar de questão

apenas de direito.

- Declarada inconstitucional a contribuição para o Finsocial

criada pelo art. 9º da Lei n. 7.689, de 1988 (RE n. 159.764-1), os

valores recolhidos a esse título, após serem corrigidos monetariamente

desde a data do pagamento, são compensáveis com aqueles devidos a

título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social -

Cofi ns.

- Recurso parcialmente provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e lhe dar

parcial provimento. Votaram com o Relator os Ministros Adhemar Maciel, Ari

Pargendler e Hélio Mosimann.

Brasília (DF), 07 de agosto de 1997 (data do julgamento).

Ministro Peçanha Martins, Presidente e Relator

DJ 20.10.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Peçanha Martins: Trata-se de recurso especial manifestado

por Eletro Jóias Ltda., com fundamento nas letras a e c do permissivo

constitucional, contra acórdão proferido pelo TRF da 5ª Região que, por

maioria, negou provimento à apelação interposta nos autos de ação mandamental

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 21

impetrada pela ora recorrente contra a Fazenda Nacional, objetivando compensar os recolhimentos realizados, a maior, a título de Finsocial, com parcelas vencidas e vincendas da Cofi ns e do PIS.

Sustenta a ora recorrente ter o v. acórdão recorrido violado o art. 1° da Lei n. 1.533/1951, quando entendeu não ser o Mandado de Segurança a via adequada para se pleitear a compensação tributária; negado vigência ao art. 66 da Lei n. 8.383/1991, bem como divergiu de julgados do TRF da 5ª Região, quando não permitiu a compensação dos tributos.

Recurso extraordinário simultaneamente interposto.

Os recursos foram admitidos no Tribunal a quo. Subiram os autos a esta Eg. Corte, onde vieram a mim conclusos.

Dispensei o parecer da Subprocuradoria-Geral da República, nos termos regimentais.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Peçanha Martins (Relator): Insurge-se a recorrente contra

o acórdão da 2ª Turma do TRF da 5ª Região que não reconheceu cabível o

mandado de segurança para pleitear a concessão da compensação de créditos

tributários, em decisão que recebeu a seguinte ementa (fl s. 120):

Tributário. Compensação. Art. 66 da Lei n. 8.383/1991.

1. A compensação autorizada pela Lei n. 8.383/1991, art. 66, só pode ocorrer entre tributos e contribuições da mesma espécie e desde que os créditos apresentados pelo contribuinte, além de serem inquestionáveis, se apresentem líquidos e certos, o que deve ser apurado por via administrativa ou judicial.

2. O Mandado de Segurança não é a via correta para se pleitear compensação tributária, quando o pedido não vem acompanhado de prova de que o crédito, em sua totalidade, a compensar se apresenta líquido e certo.

3. Crédito líquido e certo é o demonstrado a quantia certa, de modo indubitável, por meio de documento reconhecido pelo devedor.

4. Apelação a que se nega provimento.

E, através deste recurso especial em que sustenta ter sido violado o art. 1º

da Lei n. 1.533/1951, alega também ter o aresto recorrido decidido de modo

divergente de julgados do TRF da 5ª Região, comprovando o dissídio invocado.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

22

Assiste razão à recorrente.

Entendendo que a compensação de valores pagos a maior, a título de

Finsocial, com aqueles a serem recolhidos referentes a parcelas do Cofins

constitui questão apenas de direito, é o mandado de segurança o meio próprio

para o exame do tema. Portanto, está caracterizada a ofensa ao dispositivo de lei

federal apontado (Lei n. 1.533/1951, art. 1º).

No mesmo sentido, acórdão proferido por esta Segunda Turma, no REsp

n. 95.026-PA, DJ de 09.12.1996, assim resumido:

Mandado de segurança. Compensação. Finsocial e Cofi ns. Lei n. 8.383, de 1991, art. 66. Cabimento.

I - É cabível mandado de segurança para decidir-se sobre pedido de compensação relativo às parcelas do Cofi ns. Ofensa ao art. 1º da Lei n. 1.533, de 31.12.1951, caracterizada.

II - Recurso especial conhecido e parcialmente provido.

Julgando os RREE n. 150.755-1 e n. 159.764-1, de que foram relatores

para acórdão os E. Ministros Sepúlveda Pertence e Marco Aurélio, o STF

declarou que a contribuição para o Finsocial é denominação identifi cadora de

tributos juridicamente distintos: 1) o imposto chamado “contribuição para o

Finsocial, instituído pelo DL n. 1.940/1982; 2) a “contribuição para o Finsocial”

instituída pelo art. 28 da Lei n. 7.738/1989; 3) a contribuição para o Finsocial

criada pelo art. 9º da Lei n. 7.689/1988, declarada inconstitucional (RE n.

159.764-1).

A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofi ns,

criada em substituição à contribuição para o Finsocial, tem a mesma natureza

jurídica desta.

Quanto aos valores excedentes dos cobrados sob a rubrica de imposto

previsto no Decreto-Lei n. 1.940/1982 (0,5%), foram indevidamente

recolhidos, e, como bem frisou o E. Min. Ari Pargendler, não têm a natureza

de imposto nem a de contribuição - “são valores exigidos indevidamente - esta

sua qualifi cação, independentemente de qual seja o código utilizado para a

respectiva arrecadação, mas seu recolhimento se deu como se fossem devidos a

título de contribuição para o Finsocial e, para o efeito de compensação, devem

ser considerados assim”. (REsp n. 86.032-MG).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 23

Têm a mesma natureza jurídica a contribuição para o Finsocial (criada

pelo DL n. 1.940/1982) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social - Cofi ns, criada em substituição àquele e, portanto, compensáveis os

respectivos créditos e débitos na forma prevista no art. 66 da Lei n. 8.383/1991.

Continuando seu raciocínio, aduz o E. Min. Ary Pargendler: “Agora,

essa conclusão não vale para a Contribuição Social sobre o Lucro (outro fato

gerador), para as Contribuições Previdenciárias (fato gerador diverso), para

a Contribuição para o PIS (destinação diferente) e, muito menos, para os

impostos. Este o entendimento manifestado, unanimemente, pela Eg. 2ª Turma,

quando do julgamento do recurso a que nos referimos.

À vista do exposto, conheço do recurso e dou-lhe parcial provimento,

entendendo impossível a compensação com o PIS, mas, reconhecendo possível

a compensação do Finsocial com a Cofi ns, assegurada à administração pública a

fi scalização e controle do procedimento efetivo de compensação.

RECURSO ESPECIAL N. 137.790-PA (97.0043804-0)

Relator: Ministro Adhemar Maciel

Recorrente: Brasilton Belém Hotéis e Turismo S/A

Advogados: Raul Manoel Lima Cavalcante e outros

Recorrida: Fazenda Nacional

Procuradores: Maria Vanda Diniz Barreira e outros

EMENTA

Tributário. Contribuição para o Finsocial (Lei n. 7.689/1988).

Contribuição para o fi nanciamento da seguridade social - Cofi ns

(Lei Complementar n. 70/1991). Compensação (Lei n. 8.383/1991):

mandado de segurança. Possibilidade. Recurso especial conhecido e

provido.

I - Os valores recolhidos a título de contribuição para o

Finsocial, cuja exação foi considerada inconstitucional pelo STF (RE

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n. 150.764-1), são compensáveis diretamente pelo contribuinte com aqueles devidos à conta de Cofi ns, no âmbito do lançamento por homologação. Precedente: EREsp n. 78.301-BA, relator Ministro Ari Pargendler, 1ª Seção, julgado em 11.12.1996.

II - A IN n. 67/1992, como norma complementar prevista no art. 66, § 4º, da Lei n. 8.383/1991, não poderia criar óbices ao instituto da compensação tributária, não previsto na lei de regência, devendo limitar-se à sua simples regulamentação.

III - O mandado de segurança é meio próprio para exame de pedido de compensação, visto que a compensação da exação em tela se refere à questão apenas de direito.

IV - Recurso conhecido e provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.

Decide a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do recurso e lhe dar provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-relator, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado. Votaram de acordo os Srs. Ministros Ari Pargendler, Hélio Mosimann e Peçanha Martins.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 05 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Peçanha Martins, Presidente

Ministro Adhemar Maciel, Relator

DJ 02.03.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Trata-se de recurso especial interposto

por Brasilton Belém Hotéis e Turismo S/A, com fundamento no art. 105, III, c, da

Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

2. Brasilton Belém Hotéis e Turismo S/A impetrou mandado de segurança

com pedido liminar contra ato de representante da Receita Federal, com o fi to

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RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 25

de ver reconhecido seu direito à compensação contábil de seu crédito (art. 66 da

Lei n. 8.383/1991), decorrente dos pagamentos efetuados a maior a título de

contribuição para o Fundo de Investimento Social - Finsocial (Decreto-Lei n.

1.940/1982), tendo em vista a inconstitucionalidade do art. 9° da Lei n. 7.689,

do art. 7° da Lei n. 7.787/1989, do art. 1º da Lei n. 7.894/1989, e do art. 1° da

Lei n. 8.147/1990, autorizadores dos aumentos de alíquotas que excederam o

percentual de 0,5% sobre o faturamento (RE n. 150.764-1-PE), com a Cofi ns.

O juiz de 1° grau indeferiu a liminar e denegou a segurança. Inconformada, a

impetrante interpôs apelação cível.

3. O TRF da 1ª Região, à unanimidade, negou provimento à apelação.

Entendeu pela inconstitucionalidade das leis que majoraram a alíquota do

Finsocial. No entanto, entendeu ser impossível haver compensação entre o

Finsocial, pago indevidamente, e o Cofi ns, se não fi car demonstrada a liqüidez

e certeza dos créditos. Por fi m, aduziu que prevalece a cobrança do Finsocial

nos termos do Decreto-Lei n. 1.940/1982, e que pode ser cobrado também das

empresas prestadoras de serviços.

4. Foram interpostos embargos de declaração, os quais foram rejeitados.

5. Sobreveio o presente recurso especial, em que a ora recorrente alega

que o acórdão recorrido divergiu do entendimento jurisprudencial com outros

TRF’s.

6. Apresentadas contra-razões (fl s. 124-128).

7. O parecer do Ministério Público Federal, pela admissão do recurso

especial e, no mérito, pelo seu parcial provimento, para excluir a efetivação da

compensação na via mandamental, embora reconhecendo sua possibilidade em

tese, desde que utilizada a via processual adequada.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel (Relator): Como se ouviu do relatório, a

recorrente insurge-se contra acórdão do TRF da 1ª Região, o qual, considerando

que apesar de ser legitima a pretensão das empresas de ter reconhecido o seu

direito a recolher o Finsocial na alíquota do 0,5%, na compensação requerida,

além de encerrar pedido de devolução de exação paga em data anterior à

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impetração, não se coaduna com a via mandamental, visto que não estão

presentes os requisitos de liqüidez e certeza dos créditos a serem compensados.

O acórdão merece reforma.

A jurisprudência da 2ª Turma do STJ tem sido uniforme em admitir a

compensação dos valores recolhidos como Contribuição para o Finsocial com

aqueles devidos a título de Cofi ns.

Nesse sentido, os acórdãos cujas ementas merecem transcrição:

Tributário. Compensação. Contribuição para o Finsocial e contribuição para o Confi ns. Possibilidade. Lei n. 8.383/1991, art. 66. Aplicação.

I - Os valores excedentes recolhidos a título de Finsocial podem ser compensados com os devidos a título de contribuição para o Confi ns.

II - Não há confundir a compensação prevista no art. 170 do Código Tributário Nacional com a compensação a que se refere o art. 66 da Lei n. 8.383/1991. A primeira é norma dirigida à autoridade fiscal e concerne à compensação de créditos tributários, enquanto a outra constitui norma dirigida ao contribuinte e é relativa à compensação no âmbito do lançamento por homologação.

III - A compensação feita no âmbito do lançamento por homologação, como no caso, fi ca a depender da homologação da autoridade fi scal, que tem para isso o prazo de cinco anos (CTN, art. 150, § 4°). Durante esse prazo, pode e deve fi scalizar o contribuinte, examinar seus livros e documentos e lançar, de ofício, se entender indevida a compensação, no todo ou em parte.

IV - Recurso especial conhecido e provido, em parte. (REsp n. 82.038-DF, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJU de 1º.07.1996).

Tributário. 1. Crédito compensável e compensação. Distinção. A compensação demanda provas e contas, mas nada impede que, sem estas, se declare que o recolhimento indevido é compensável, porque a discussão até essa fase não desborda das questões de direito. 2. Finsocial. A contribuição para o Finsocial é denominação que se identifica dois tributos juridicamente diversos: a) o imposto chamado Contribuição para o Finsocial, instituído pelo Decreto-Lei n. 1.940, de 1982; b) a Contribuição para o Finsocial instituída pelo art. 28 da Lei n. 7.738, de 1989. Uma terceira espécie de Contribuição para o Finsocial foi declarada inconstitucional, aquela criada pelo artigo 9° da Lei n. 7.689, de 1988 (RE n. 150.764-1); os valores recolhidos a esse título são, depois de corrigidos monetariamente desde a data do pagamento, compensáveis com aqueles devidos à conta da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofi ns. Recurso especial conhecido e provido em parte. (REsp n. 89.031-MG, Rel. Min. Ari Pargendler, DJU de 30.07.1996, p.)

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 27

Na egrégia 1ª Seção, ao apreciar os Embargos de Divergência no REsp

n. 78.301-BA, relator o Ministro Ari Pargendler, julgado em 11.12.1996,

por maioria de votos, pacifi cou-se o entendimento de que são compensáveis

os valores pagos a maior pelo contribuinte a título de Finsocial (Decreto-

Lei n. 1.940/1982), com aqueles devidos à conta do próprio Finsocial e da

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins (Lei

Complementar n. 70/1991). Transcrevo, a seguir, excerto do voto de minha

lavra, em que acompanho o eminente relator, in verbis:

Omissis

Como se sabe, o Decreto-Lei n. 1.940/1982, quando vigia a Carta Política de 1969, a qual não contemplava a categoria da “contribuição para a seguridade social”, mas contribuição de interesse da previdência social (art. 21, § 2°, I), instituiu em seu art. 1° uma “contribuição social” com dois fatos geradores e duas alíquotas distintas. O primeiro (§ 1º) sobre a “receita bruta das empresas públicas e privadas que realizam venda de mercadorias” e das “instituições fi nanceiras e das sociedades seguradoras”. Alíquota, de 0,5%. O outro fato gerador, a venda de serviços das empresas públicas ou privadas que realizassem exclusivamente tal atividade. Alíquota de 5% sobre o valor do imposto de renda devido, ou como se devido fosse.

O TFR, no MS n. 97.775-DF, em decisão histórica, entendeu que na modalidade do § 1° foi criado um “imposto”, de natureza residual; na modalidade do § 2º, um “adicional ao imposto de renda”. A decisão do TFR foi, mais tarde, confi rmada pelo STF (RE n. 103.778-DF, rel. Min. Cordeiro Guerra, RTJ 116/1.138).

Com o correr do tempo, outros diplomas legais foram alterando o Finsocial. No limiar da nova ordem constitucional, havia, como observa o eminente Ministro Carlos Mario Velloso no relatório do RE n. 150.755-PE (RTJ 149/259), “quatro tipos de incidência (e quatro categorias de contribuintes) e duas alíquotas (0,5% e 5%) com um adicional provisório para uma delas (de 0,1%)”.

Em 05.10.1988, a nova Constituição, no Título VIII - Da Ordem Social - enxertou novo capítulo - o II - com no nome de Da Seguridade Social, que compreendia, na dicção constitucional, “ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (caput do art. 194). Em seu ADCT, o novo Estatuto Político dispôs no art. 56:

Até que a lei disponha sobre o art. 195, I, a arrecadação decorrente de, no mínimo, cinco dos seis décimos percentuais correspondentes à alíquota da contribuição de que trata o Decreto-Lei n. 1.940, de 25 de maio de 1982, alterada pelo Decreto-Lei n. 2.049, de 1º de agosto de 1983, pelo Decreto n. 91.236, de 8 de maio de 1985, e pela Lei n. 7.611, de 08 de julho de 1987, passa a integrar a receita da seguridade social, ressalvados,

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exclusivamente no exercício de 1988, os compromissos assumidos com programas e projetos em andamento.

O dispositivo supra transcrito curou da contribuição prevista no § 1º do art. 1º do Decreto-Lei n. 1.940/1982, uma vez que o Decreto-Lei n. 2.413/1988 fala em 0,6%, alíquota relativa à renda bruta das empresas que vendem mercadorias, como é o caso da ora embargante. Logo, inegável é que a contribuição social paga indevidamente pela embargante não tinha, com a promulgação da nova Constituição, natureza de imposto, mas de contribuição para a seguridade social.

O Finsocial, na primeira modalidade (art. 1°, § 1°), tem o mesmo fato gerador da Cofi ns e a mesma destinação orçamentária. Assim, são exações da mesma espécie tributária para efeito do art. 66 da Lei n. 8.383/1991, posteriormente alterado pelo art. 39 da Lei n. 9.250/1995. Compensáveis, pois.

O Professor Vittorio Cassone, em artigo doutrinário sobre compensação tributária, publicado no Suplemento Tributário da LTR n. 28/1994, p. 167, após alinhavar pontos de vista de Hugo Brito Machado, Roque Carrazza e Marco Aurélio Greco, conclui:

Como se pode notar, e no que diria tratar-se de aspectos substanciais, tais renomados autores são concordes, mormente na questão da compensação do Finsocial com a Cofins, e de que desde logo lancei tese sobre sua possibilidade, em base na distinção dos orçamentos (a Seguridade possui seu orçamento próprio - art. 165, § 5°, III da CF de 1988), e considerando o fato de que, tendo o excesso (acima de 0,5%), incidido a maior a partir da vigência da Lei n. 7.787/1989, art. 7°, ou seja, a partir de set./1989, nesta época o Finsocial já não era mais imposto (como o havia nomeado o STF), mas contribuição (em face da nova disposição constitucional), carreado para o orçamento da Seguridade Social (vejam-se: art. 56 do ADCT e art. 7° da Lei n. 7.787/1989).

Omissis

Com referência à tese da liqüidez e certeza do crédito tributário a compensar, o recurso merece prosperar. A hipótese em debate trata de tributo, cujo crédito é constituído através de lançamento por homologação. Neste caso, os créditos apurados em registros da contribuinte em relação ao fi sco devem ser considerados líqüidos e certos. Aliás, a veemência desse fato jurídico é tal que a própria Fazenda reconheceu, com a vigência do art. 2° da IN-SRF n. 67/1992, a possibilidade da compensação entre créditos e débitos vencidos, a ser efetuada pela contribuinte independente de prévia comunicação ao fi sco.

Por fi m, em relação à impropriedade da via eleita, o acórdão também está a merecer reforma. Nessa mesma linha de entendimento, merece transcrição a

seguinte ementa:

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Tributário. Mandado de segurança. Compensação de tributos Finsocial e Cofins. Cabimento da via judicial. Inconstitucional (RE n. 159.764-1). Lei n. 7.689/1988, art. 9°. Precedentes STJ.

- O mandado de segurança constitui meio próprio para o exame de pedido de compensação de créditos referentes a contribuição para o Finsocial com parcelas vincendas da Cofi ns, por se tratar de questão apenas de direito.

- Declarada inconstitucional a contribuição para o Finsocial criada pelo art. 9° da Lei n. 7.689, de 1988 (RE n. 159.764-1), os valores recolhidos a esse título, após serem corrigidos monetariamente desde a data do pagamento, são compensáveis com aqueles devidos a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofi ns.

- Recurso parcialmente provido. (REsp n. 119.155-SE, rel. Min. Peçanha Martins, DJU de 20.10.1997.

Conclui-se que os valores recolhidos indevidamente a título de Finsocial são

compensáveis com os devidos à conta de Cofi ns, assegurados à Administração a

fi scalização e controle do procedimento compensatório.

Com essas considerações, conheço do recurso especial e dou-lhe

provimento.

É como voto.

RECURSO ESPECIAL N. 145.138-SP (97.0059336-3)

Relator: Ministro José Delgado

Recorrente: Filadélfi a S/A Importação Comércio e Exportação

Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

Advogados: Marilise Beraldes Silva Costa e outros

Oswaldo de Souza Santos Filho e outros

EMENTA

Processual Civil e Tributário. Mandado de segurança.

Compensação. Possibilidade.

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1. A partir do julgamento do EREsp n. 78.301-BA, da relatoria

do eminente Min. Ari Pargendler, a 1ª Seção deste Tribunal vem

acolhendo a possibilidade de se efetuar compensação via mandado de

segurança.

2. Recurso provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Exmos. Srs. Ministros

da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, dar provimento ao recurso.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Ministros Garcia Vieira, Demócrito

Reinaldo, Humberto Gomes de Barros e Milton Luiz Pereira.

Brasília (DF), 03 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Humberto Gomes de Barros, Presidente

Ministro José Delgado, Relator

DJ 15.12.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Delgado: Filadélf ia S/A Importação, Comércio e

Exportação interpõe o presente recurso especial (fl s. 152-164) com fulcro no

artigo 105, inciso III, alíneas a, b e c, da Constituição Federal, contra acórdão (fl .

149) proferido pela 2ª Turma do TRF da 3ª Região, assim ementado:

Tributário. AMS. Contribuição previdenciária. Trabalhadores avulsos, autônomos e administradores. Leis n. 7.787/1989 e n. 8.212/1991. Inconstitucionalidade. Compensação. Inadequação da via. Extinção.

1. A via mandamental não é a correta para buscar-se a compensação de tributos, uma vez que não admite a dilação probatória necessária para a sua imprescindível liquidação. Extinção do processo relativamente a este pleito. Preliminar acolhida.

2. Preliminar de nulidade parcial da sentença, por ter afastado a inconstitucionalidade da Circular n. 40/1994, ao deferir a compensação, prejudicada.

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RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 31

3. O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade das expressões “avulsos, autônomos e administradores” contidas no inciso I do art. 3º da Lei n. 7.787/1989, e no inciso I do art. 22 da Lei n. 8.212/1991 (ADIn n. 1.102-2-DF, RREE n. 166.772 e n. 164.812).

4. Matéria preliminar e remessa ofi cial parcialmente providas e apelação a que se nega provimento.

Examina-se especial interposto contra acórdão que reconheceu a

impossibilidade da compensação de créditos tributários, pela via do mandado

de segurança, tendo em vista a inexistência de prova incontroversa da liquidez e

certeza dos valores a serem compensados.

Sustenta a recorrente violação à Lei n. 8.383/1991, além de suscitar dissídio

jurisprudencial.

A parte recorrida, em contra-razões (fl s. 178-185), pugna pela manutenção

do aresto atacado.

Admitido o especial por despacho (fl . 187) do Exmo. Sr. Vice-Presidente

do TRF da 3ª Região, subiram os autos a esta Corte.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro José Delgado (Relator): O recurso especial em apreciação

merece ser provido.

A reforma do aresto atacado se impõe, tendo em vista o posicionamento

jurisprudencial adotado pela 1ª Seção desta Corte a partir do julgamento do

EREsp n. 78.301-BA, da relatoria do eminente Ministro Ari Pargendler, do

qual destaco seu inteiro teor e adoto seus fundamentos como razão de decidir:

O Exmo. Sr. Ministro Ari Pargendler (Relator):

No nosso ordenamento jurídico, as decisões judiciais são proferidas à base da lei, mas na técnica de aplicação desta está sempre embutido o propósito de uma solução justa; as regras de hermenêutica têm sempre esse sentido, orientando o intérprete, pelo menos, a resultados razoáveis.

A lembrança desse truísmo decorre do thema decidendum, a partir da experiência de mais de vinte anos de trabalho como Juiz Federal, em que percebi como é desigual a efetividade da tutela judicial contra o Estado; não há, no âmbito privado, instrumento tão efi caz quanto é o mandado de segurança na

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defesa das pessoas contra o Estado; por outro lado, não há justiça contra o Estado, quando se trata de obrigá-lo a cumprir as condenações judiciais em dinheiro, tamanha a inefi ciência do regime de precatórios.

Registrei essa discrepância em Encontro Nacional de Magistrados Federais realizado no ano de 1993, do seguinte modo:

A tutela judicial em relação aos atos das pessoas jurídicas de direito público não é uniforme. O candidato aprovado em concurso público, e preterido na nomeação ao cargo por desrespeito à ordem de classifi cação, tem à sua disposição o mandado de segurança para reparar na plenitude os efeitos do ato ilegal. É mais do que o ordenamento jurídico assegura nas relações que obrigam os particulares entre si. Nesse âmbito nem existe uma ação de rito sumário, com as virtuosidades do mandado de segurança, nem o lesado tem o direito de exigir a prestação, só lhe restando a compensação das perdas e danos. A sujeição do Poder Público à chamada prestação in natura resulta da relação mantida pelo Estado com seus cidadãos, regrada pelo princípio da legalidade, e por isso não é exclusiva do mandado de segurança; pode-se obter o mesmo com quaisquer outras ações, embora então com procedimentos menos expeditos, v.g., a ação ordinária se a espécie demandar instrução probatória.

Mas sempre que a sentença for proferida contra a Fazenda Pública, isto é, tiver uma carga de condenação em dinheiro, a tutela judicial é da pior qualidade. Aqui o ordenamento jurídico provê menos do que em relação aos particulares que contratam entre si. O credor pode se valer da ação de execução e, por força desta, penhorar bens do devedor privado, bem assim levá-los a hasta pública para a satisfação do crédito. Mas, por defi nição, impenhoráveis os bens do Estado, o pagamento das respectivas condenações judiciais está sujeito ao regime do precatório. Numa conjuntura infl acionária, o valor nominal nunca corresponde ao montante do débito, e por mais que se repitam as atualizações do precatório sempre fica um resíduo por pagar. O credor se transforma em um pensionista do Estado sem que isso lhe aproveite. (Cadernos do Conselho da Justiça Federal n. 7, p. 82).

Estabilizada a moeda, desde a implantação do “Plano Real”, a situação não se modifi cou, porque os precatórios permanecem impagos, agora descaradamente. Com efeito, antes se cumpria o ritual de pagar valores inteiramente defasados; atualmente, já nada se paga - questão que, em relação aos Estados, tem sido freqüentemente posta no Colendo Supremo Tribunal Federal.

O pano de fundo deste julgamento, portanto, é esse: ou as empresas que recolheram indevidamente a Contribuição para o Finsocial têm o direito de compensar os respectivos valores com aqueles devidos a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofi ns, ou devem se sujeitar ao regime do precatório.

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RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 33

II

A Lei n. 5.172, de 1966, que instituiu o Código Tributário Nacional, previu a compensação como hipótese de extinção do crédito tributário (art. 156, II), cometendo, todavia, à lei, dispor a respeito das respectivas condições (art. 170).

No âmbito federal, essa regulamentação só veio a ocorrer vinte cinco anos depois, pelo artigo 66, da Lei n. 8.383, de 1991, do seguinte teor:

Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. § 1° - A compensação só poderá ser efetivada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. § 2° - É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. § 3º - A compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR. § 4° - As Secretarias da Receita Federal e do Patrimônio da União e o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS expedirão as instruções necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo.

Seguiu-se a Instrução Normativa n. 67, de 25 de maio de 1992, do Departamento da Receita Federal, fi xando no artigo 2° regra geral compatível com o lançamento por homologação, in verbis:

Art. 2º - A compensação de débitos vencidos a partir de janeiro de 1992 poderá ser efetuada por iniciativa do próprio contribuinte, independentemente de prévia solicitação à unidade da Receita Federal, ressalvado o disposto no art. 3°, incisos II e III.

No entanto, em relação a períodos anteriores a janeiro de 1992, o artigo 3º dispôs:

Art. 3° - Dependerá de solicitação à unidade da Receita Federal jurisdicionante do domicílio fi scal do contribuinte, cabendo à projeção local do Sistema de Arrecadação analisar a procedência do pedido e realizar os procedimentos necessários, quando a compensação referir-se aos seguintes casos:

I - se o vencimento do débito objeto da compensação ocorreu antes de janeiro de 1992;

II - se o débito ou crédito, ou ambos, tiveram origem em processo fi scal.

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Somou-se a essas restrições o Parecer PGFN-CRJN n. 638, de 08 de julho de 1993, do Procurador-Geral-Adjunto da Fazenda Nacional, a cujo teor “créditos do Finsocial somente poderão ser compensados com créditos do Finsocial” (Item n. 42, DOU 29.07.1993); - ... não pode o contribuinte pretender a compensação de créditos relativos a um imposto com débitos de outro imposto (ISOF com IR); de crédito de uma contribuição com débitos de um imposto (PIS/Pasep com IR, ou CS com IR), nem créditos relativos a uma contribuição com débitos de outra contribuição (PIS/Pasep com o Cofi ns, ou o Finsocial com Cofi ns, PIS) - (Item, n. 46, ibid).

Ficou inviabilizada, assim, na via administrativa, a compensação de valores indevidamente recolhidos como Contribuição para o Finsocial com os valores devidos à guisa de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins; a hipótese, alvitrada pelo parecer, de compensação entre valores recolhidos e devidos à conta de contribuições para o Finsocial só aproveitaria a quem, antes da Lei Complementar n. 70, de 1991, as tivesse recolhido a maior num período e deixado de pagá-las em outro, mas mesmo nesse caso o procedimento dependeria de autorização da Receita Federal (Instrução Normativa n. 67/1992, art. 3°, I).

III

O instituto da compensação é originário do direito privado, cuja defi nição, conteúdo e alcance, nos termos do artigo 109 do Código Tributário Nacional, devem ser respeitados pela Lei Tributária. Não se compreenderia, nessa linha, que, impondo tal exigência às demais leis, o Código Tributário Nacional fosse adotar, no seu próprio texto, outro conceito para a compensação em matéria tributária. Por isso, ou a compensação prevista no artigo 66 da Lei n. 8.383, de 1991, tem a mesma natureza da compensação prevista nos artigos 156, II e 170 do Código Tributário Nacional, ou aquela não pode subsistir em razão da contrariedade a este diploma legal, que tem força de lei complementar.

O que parece dar à compensação em matéria tributária um perfi l diferente é resultado do contexto da discussão, a qual se trava em torno de valores que devem ser creditados no âmbito de um lançamento por homologação. Nesse regime, o contribuinte identifi ca o fato gerador da obrigação tributária, calcula o montante do tributo devido e antecipa o respectivo pagamento (CTN, art. 150), nesse sentido de que recolhe o tributo antes da constituição do crédito tributário pela autoridade administrativa. Quid, se ele tem créditos contra a Fazenda Pública? Nesse caso, ao invés de recolher o tributo, o contribuinte registra o crédito na escrita, anulando o débito correspondente. Numa hipótese como na outra - vale dizer, a da antecipação do pagamento, bem assim a do registro do crédito - o procedimento tem caráter precário, valendo até a respectiva revisão, para cujo efeito a Fazenda Pública tem o prazo de 5 (cinco) anos (CTN, art. 150, § 4°). O pagamento ou a compensação, propriamente, enquanto hipóteses de extinção do crédito tributário, só serão reconhecidos por meio da homologação formal do

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 35

procedimento ou depois de decorrido o prazo legal para a constituição do crédito tributário, ou de diferenças deste (CTN, art. 156, incisos VII e II, respectivamente).

O procedimento do lançamento por homologação é de natureza administrativa, não podendo o juiz fazer as vezes desta. Nessa hipótese, está-se diante de uma compensação por homologação da autoridade fazendária. Ao invés de antecipar o pagamento do tributo, o contribuinte registra na escrita fi scal o crédito oponível à Fazenda Pública, recolhendo apenas o saldo eventualmente devido. A homologação subseqüente, se for o caso, corresponde à constituição do crédito tributário e, nessa modalidade de lançamento fi scal, com sua concomitante extinção pelo efeito de pagamento que isso implica. O juiz não pode, nessa atividade, substituir-se à autoridade administrativa. Bem por isso, a Egrégia 2ª Turma deste Tribunal nunca deferiu pedidos de compensação no sentido próprio, vale dizer, com efeito de quitação, mesmo quando os créditos e débitos tenham sido apurados judicialmente através de perícia. Acolheu, no entanto, parcialmente, tais pedidos, para arredar o que a Administração pôs arbitrariamente como óbice à compensação em matéria tributária, por exemplo, reconhecendo a compensabilidade entre valores recolhidos a título de Contribuição para o Finsocial e valores devidos à conta da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, bem assim declarando que a correção monetária do que foi indebitamente pago antes de 1º de janeiro de 1992 também incide desde a data do desembolso; ainda, que o procedimento do lançamento por homologação não depende de solicitação prévia à autoridade administrativa.

Disse, a propósito, o acórdão indicado como paradigma:

Qual é a natureza dos valores recolhidos indevidamente? Eles não têm a natureza de imposto nem a de contribuição; são valores exigidos indevidamente - esta sua qualifi cação, independentemente de qual seja o código utilizado para a respectiva arrecadação, mas seu recolhimento se deu como se fossem devidos a título de Contribuição para o Finsocial e, para o efeito de compensação, devem ser considerados assim.

A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofi ns foi criada em substituição à Contribuição para o Finsocial, com as mesmas características desta. Ambas são da mesma espécie tributária nos termos do artigo 66 da Lei n. 8.383, de 1991. Agora, essa conclusão não vale para a Contribuição Social sobre o Lucro (outro fato gerador), para as Contribuições Previdenciárias (fato gerador diverso), para a Contribuição para o PIS (destinação diferente) e, muito menos, para os impostos.

A compensação, nos tributos lançados por homologação, independe de pedido à Receita Federal. A lei não prevê esse procedimento, que de resto sujeitaria o contribuinte aos recolhimentos dos tributos devidos enquanto a Administração não se manifestasse a respeito. A correção monetária do indébito se dá a partir do recolhimento indevido. A limitação da atualização do crédito frustraria as fi nalidades da compensação.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Voto, por isso, no sentido de acolher os embargos de divergência para declarar que os valores excedentes da alíquota de 0,5%, recolhidos como Contribuição para o Finsocial, são compensáveis com os valores devidos a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofi ns; assegurados, evidentemente, à Administração Pública, a fi scalização e o controle do procedimento efetivo de compensação.

Face aos argumentos expostos, dou provimento ao recurso especial em

exame.

É como voto.

RECURSO ESPECIAL N. 148.742-SP (97.0065931-3)

Relator: Ministro Humberto Gomes de Barros

Recorrente: Nova Geração Veículos Ltda.

Recorrido: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

Advogados: Antônio de Rosa e outro e Solon R. Filho e outros

EMENTA

Processual. Mandado de segurança. Compensação tributária.

Possibilidade. Possibilidade de rever-se o lançamento.

- É possível conceder-se Mandado de Segurança, para que se

reconheça a possibilidade de compensação tributária, reservando-se

ao Fisco, a possibilidade de rever o lançamento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, dar provimento ao recurso,

nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com o Sr. Ministro

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 37

Relator os Srs. Ministros Milton Luiz Pereira, José Delgado, Garcia Vieira e

Demócrito Reinaldo.

Brasília (DF), 10 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Milton Luiz Pereira, Presidente

Ministro Humberto Gomes de Barros, Relator

DJ 13.04.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros: Cuida-se de acórdão que

denegou Mandado de Segurança, ao fundamento de que esta não “é a via

adequada para se obter a compensação decorrente de pagamentos indevidos”.

O indeferimento montou-se, também, no argumento de que não há

liquidez nos valores apresentados à compensação.

Este, o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros (Relator): - A Jurisprudência

do STJ assentou-se no sentido de que

I - O lançamento da compensação entre crédito e débito tributários efetiva-se por iniciativa do contribuinte e com risco para ele. O Fisco, em considerando que os créditos não são compensáveis, ou que não é correto o alcance da superposição de créditos e débitos, praticará o lançamento por homologação (previsto no art. 150 do CTN).

II - É lícito, porém, ao contribuinte pedir ao Judiciário, declaração de que seu crédito é compensável com determinado débito tributário. (EREsp n. 86.032-MG)

Dou provimento ao recurso, para conceder a Segurança, tão somente para

declarar a possibilidade da compensação, reservando-se ao Fisco, o direito de

rever seu lançamento.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RECURSO ESPECIAL N. 148.824-PB (97.0066013-3)

Relator: Ministro Hélio Mosimann

Recorrente: Fazenda Nacional

Procurador: Walter Giuseppe Manzi e outros

Recorrido: Agar Brasileiro Indústria e Comércio Ltda.

Advogado: Mara Regina Siqueira de Lima e outros

EMENTA

Mandado de segurança. Compensação de créditos.

Admissibilidade, em tese.

Admite-se a utilização do mandado de segurança para decidir

sobre a compensação de créditos, sendo a questão eminentemente de

direito.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso, nos termos

do voto do Sr. Ministro Relator. Participaram do julgamento os Srs. Ministros

Peçanha Martins, Adhemar Maciel e Ari Pargendler.

Brasília (DF), 16 de outubro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Peçanha Martins, Presidente

Ministro Hélio Mosimann, Relator

DJ 17.11.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Hélio Mosimann: Trata-se de recurso especial interposto

pela Fazenda Nacional, fundado no artigo 105, inciso III, alíneas a e c, da

Constituição Federal, contra acórdão que, em grau de embargos declaratórios,

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 11-39, março 2011 39

entendeu “induvidosa a aparência do bom direito, de quem pagou indevidamente

contribuições para o Finsocial, e pretende compensar os valores correspondentes com aqueles devidos a título de contribuição para o Cofi ns”.

Sustenta a recorrente, em síntese, ofensa aos artigos 66, da Lei n. 8.383/1991, e 170, do CTN, como também dissídio jurisprudencial.

Com as contra-razões de fl s. 173-177, vieram os autos a esta superior instância.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Hélio Mosimann (Relator): Em casos análogos, relatores os eminentes Ministros Ari Pargendler e Antônio de Pádua Ribeiro, esta egrégia

Segunda Turma consolidou o entendimento consubstanciado nas seguintes

ementas:

Processual Civil. Mandado de segurança. Tutela declaratória. Hipótese em que é inexigível a prova pré-constituída.

A compensação de créditos e débitos em matéria tributária supõe quantifi cação dos respectivos valores, exigindo prova incompatível com o rito do mandado de segurança; já a mera declaração de que créditos e débitos, identifi cados por suas espécies (impostos, taxas ou contribuições), podem ser compensados depende de juízo a respeito de questão eminentemente de direito, susceptível no writ.

Embargos de declaração rejeitados. (EdREsp n. 81.218-DF, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ de 17.06.1996)

Mandado de segurança. Compensação. Finsocial e Cofi ns. Lei n. 8.383, de 1991, art. 66. Cabimento.

I - É cabível mandado de segurança para decidir-se sobre pedido de compensação relativo às parcelas do Cofi ns. Ofensa ao art. 1° da Lei n. 1.533, de 31.12.1951, caracterizada.

II - Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (REsp n. 95.026-PA, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ de 09.12.1996).

O tema, tal como está posto, vem sendo decidido por esta Corte, razão

porque não conheço do recurso, mantendo a decisão recorrida que entendeu

possível a compensação tributária pleiteada.

É como voto.

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Súmula n. 214

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SÚMULA N. 214

O fi ador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento

ao qual não anuiu.

Referência:

CC/1916, art. 1.483.

Precedentes:

REsp 34.981-SP (6ª T, 13.12.1994 – DJ 27.03.1995)

REsp 50.437-SP (6ª T, 19.03.1996 – DJ 16.12.1996)

REsp 61.947-SP (5ª T, 02.04.1996 – DJ 06.05.1996)

REsp 62.728-RJ (5ª T, 12.03.1996 – DJ 22.04.1996)

REsp 64.019-SP (6ª T, 1º.07.1997 – DJ 25.08.1997)

REsp 64.273-SP (6ª T, 22.08.1995 – DJ 09.10.1995)

REsp 74.859-SP (5ª T, 15.04.1997 – DJ 19.05.1997)

REsp 90.552-SP (6ª T, 02.06.1997 – DJ 23.06.1997)

REsp 151.071-MG (6ª T, 25.11.1997 – DJ 19.12.1997)

Terceira Seção, em 23.09.1998

DJ 02.10.1998, p. 250

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RECURSO ESPECIAL N. 34.981-SP (93.0013173-7)

Relator: Ministro Pedro Acioli

Recorrente: Lourenço Veronezzi e cônjuge

Advogados: Amadeu Amaral de Franca Pereira e outros

Recorridos: Adriano Lourenço Beneduce e outro

Advogados: Silvio Giannubilo Schutzer e outros

EMENTA

Civil. Locação. Fiança.

I - O artigo 1.483 do Código Civil dispõe expressamente que

a fi ança deve se dar por escrito e não admite interpretação extensiva.

Assim sendo, se houve o ajustamento do valor da locação maior do

que estipulado no contrato, com a transigência da locatária, os fi adores

não estarão obrigados a responder pelo débito cobrado, não havendo

que se falar em “assentimento tácito”.

II - Recurso provido, a fi m de que sejam excluídos do débito

os valores cobrados em decorrência do reajuste extracontratual, sem

prejuízo de liquidez, certeza e exigibilidade do título exeqüendo.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Egrégia

Sexta Turma, do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas constantes dos autos, a Turma, por maioria, conhecer e

dar provimento ao recurso, vencidos os Srs. Ministros Adhemar Maciel e Luiz

Vicente Cernicchiaro. O Sr. Ministro Adhemar Maciel reconsiderou seu voto.

Brasília (DF), 13 de dezembro de 1994 (data do julgamento).

Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, Presidente

Ministro Pedro Acioli, Relator

DJ 27.03.1995

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RELATÓRIO

O Sr. Ministro Pedro Acioli: - Trata-se de recurso especial interposto por

Lourenço Veronezzi e cônjuge, com fulcro na letra a, do inciso III, do art. 105,

do permissivo constitucional, contra acórdão do 2º Tribunal de Alçada Civil

do Estado de São Paulo, que, confi rmado em sede de embargos infringentes,

no que interessa, manteve sentença monocrática que julgou improcedentes os

embargos opostos à execução por alugueres e encargos - fl . 228.

Os fi adores alegam que o venerando aresto contrariou o artigo 1.483

do Código Civil, ao entender que os fi adores são obrigados a honrar aluguéis

reajustados acima do contratado porque, com isso, assentiram tacitamente.

Intimada, a parte contrária apresentou contra-razões às fl s. 245-248 - (fl .

250).

O Presidente do Tribunal recorrido admitiu o recurso especial - fl s. 250-

251.

Às fl s. 256-258, o Ministério Público Federal opinou pelo provimento.

A fl. 260, neguei seguimento ao recurso especial, por considerá-lo

intempestivo, mas reconsiderei esta decisão tendo em vista o documento juntado

a fl . 264 pelos recorrentes.

É o Relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Pedro Acioli (Relator): - O voto-vencido, do Relator

sorteado nos embargos infringentes, quanto a matéria sub judice, consignou - fl .

236:

Resta a questão dos alugueres e neste passo tem-se que procedem, em parte, os embargos infringentes.

Com efeito. É ponto induvidoso nos autos que a partir de julho de 1985 o aluguel foi reajustado pelas partes contratantes, além do que estabelecia o contrato.

Ocorre que esse reajuste não pode prevalecer em relação aos fi adores, por falta de assentimento expresso.

E, no caso, não se vislumbra o indigitado assentimento tácito à elevação do locativo, pois isso não pode ser inferido do pedido de compensação deduzido nos embargos (fl . 07 do processo respectivo).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 47

E como a fi ança, nos termos do artigo 1.483 do Código Civil não pode receber interpretação extensiva, tal garantia não obriga os fi adores ao pagamento de débitos estipulados em desacordo com o contrato.

Destarte, os valores cobrados a mais, em decorrência do reajuste extracontratual dos alugueres, devem ser excluídos do débito exequendo.

Acresça-se que essa circunstância e a redução proporcional dos valores dos encargos não retiram a liquidez, certeza e exigibilidade do título exequendo, como bem destacado no douto voto majoritário.

Por outro lado, o art. 1.483, do Código Civil, expressis verbis, dispõe: “A

fi ança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.”

Em sentido contrário ao dispositivo legal, o aresto guerreado entendeu ser

possível transigência tácita para com o valor dos aluguéis pagos na forma exigida

pelo credor, sem existir contrato escrito dos fi adores nesse sentido.

Aliás, frisou o representante do órgão parquetiano - fl . 257:

O artigo 1.483 do Código Civil dispõe expressamente que a fi ança deve se dar por escrito e não admite interpretação extensiva. Assim sendo, se houve o ajustamento do valor da locação maior do que o estipulado no contrato, com a transigência da locatária, os fi adores não estarão obrigados a responder pelo débito cobrado, não havendo que se falar em “assentimento tácito” por parte dos mesmos.

Assim, conheço e dou provimento ao recurso especial, a fim de que

sejam excluídos do débito os valores cobrados em decorrência do reajuste

extracontratual, sem prejuízo de liquidez, certeza e exigibilidade do título

exeqüendo.

É como voto.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro: Não há dúvida, a fi ança é um

instituto jurídico de interpretação restrita, uma vez que signifi ca a promessa de

alguém, relativamente, a compromisso de terceiro. Não admite analogia para

ampliar os seus limites.

No caso dos autos, entretanto, e daí é a vênia que peço aos Eminentes

Ministros para dissentir do voto anteriormente expedido. Em consultando o

acórdão, o Egrégio Tribunal estabeleceu e reconheceu, expressamente, a natureza

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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jurídica da fi ança que não pode ser interpretada além do que pactuado. Todavia,

no caso concreto, teria havido, exclusivamente, uma correção e, inclusive, com o

assentimento dos fi adores.

Peço licença para ler a seguinte passagem da fundamentação do acórdão

que está às folhas 203:

Pagar aluguel e encargos constitui obrigação continuada, com valores modifi cados no curso do tempo. Os locativos sofrem alteração pelas correções periódicas e ajustes que as próprias partes vão operando no correr do cumprimento da avença; os encargos, de sua vez, estão sujeitos a variáveis, de quantidade consumida (água, luz, telefone, por exemplo) e valores exigidos pelos agentes prestadores do serviço usufruído.

Além disso, no mesmo acórdão, às folhas 208:

Como fácil de ver, os próprios apelantes reconheceram ter havido, também de sua parte, transigência tácita para com o valor dos aluguéis pagos na forma exigida pelo credor desde os idos de 1985. Do contrário não estariam a exigir diferenças que afi rmam em seu favor.

Em razões dessas considerações, e tendo este voto prevalecido no

julgamento dos embargos infringentes, como o recurso especial não se presta

a revolver a matéria probatória, mas tendo fi cado esclarecido que houve apenas

uma atualização do débito com o assentimento dos próprios fi adores, data venia,

não conheço do recurso.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Trata-se de pedido de vista. O relator,

Ministro Acioli, conheceu do REsp interposto por Lourenço Veronezzi e esposa,

dando-lhe parcial provimento a fi m de que sejam excluídos do débito “os valores

cobrados em decorrência do reajuste extracontratual, sem prejuízo de liqüidez,

certeza e exigibilidade do título exequendo”.

Os ora recorrentes especiais foram executados como fiadores de

Habitacional e Hotelaria Respaldo S/C Ltda. Ajuizaram embargos do devedor,

ação essa que foi julgada improcedente pelo juiz monocrático (fl s. 162-168).

Os então embargantes, ora recorrentes especiais, entendem que não tinham

como se responsabilizar, como fi adores, por créditos de impostos, contas de luz,

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 49

água e telefone, os quais não se acham protegidos pelo art. 585, IV, do CPC.

Alegam, mais, que houve excesso de execução por aumento de aluguel onde os

fi adores não foram ouvidos.

O juiz singular ponderou em sua sentença (fl . 165):

A execução se funda em contrato escrito de locação devidamente formalizado (fl s. 07-11 dos autos principais) e no qual os embargantes assumiram a qualidade de devedores solidários como fiadores e principais pagadores (renunciaram ao benefício de ordem), tanto quanto outros co-fi adores também signatários, obrigando-se pelo aluguel e todos os encargos da locação, inclusive ônus de utilização do telefone n. 883-3882 instalado no imóvel e prêmio de seguro de incêndio (cláusulas 10ª e 11ª do contrato).

Os aluguéis e encargos cobrados são créditos decorrentes do contrato locatício, todos eles integrantes do título executivo, à luz do art. 585, inciso IV do CPC (RT 554/174, 524/173, 487/119, 479/135, 449, 181, JTA-RT 100/347).

O relator da apelação, designado para lavrar o acórdão, Dr. João Saletti,

acolheu em parte a argumentação dos então apelantes, “apenas para reduzir, às

proporções mencionadas, os valores relativos às contas de consumo de energia

elétrica e de uso de linha telefônica (item n. 02, acima)”. O mesmo se deu com

o relator designado para os embargos infringentes, o Juiz Rémolo Palermo, que

entendeu que contrato prorrogado não é contrato tácito.

O Ministro relator, por sua vez, baseou-se no voto vencido do relator

originário, defendendo a tese de que houve reajuste do contrato sem a

participação dos fi adores (recorrentes especiais).

Senhor Presidente, peço vênia ao eminente Ministro relator para fi car

com o entendimento do aresto atacado. Os recorrentes, segundo se pode ver

do contrato de fl s. 49-54, abriram mão do benefício de ordem e se tomaram

fi adores de “todas as obrigações pactuadas neste instrumento” (cláusula 15).

Na cláusula 11 entram no contrato impostos, taxas e telefone. A cláusula 10,

ao cuidar do valor do aluguel, diz que o reajustamento “se fará sempre, mesmo

na hipótese de prorrogação da locação por prazo indeterminado decorrente de

consentimento expresso ou tácito das partes, ou de imposição legal”. Cabia aos

ora recorrentes, se quisessem se exonerar da responsabilidade pela fi ança, entrar

com pedido oportuno.

Assim, conheço do recurso para negar-lhe provimento.

É meu voto.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RECURSO ESPECIAL N. 50.437-SP (94.0019083-2)

Relator: Ministro William Patterson

Recorrentes: Luiz Roberto Simões de Paiva e cônjuge

Advogados: Luiz Fernando Valente de Paiva e outros

Recorridos: Maria Helena Castro Reis Passos e outros

Advogados: Benedicto Antônio Paiva D’Olival e outros

EMENTA

Locação. Fiança. Ação revisional de aluguéis de que não

participou o fi ador.

- A teor do art. 1.483 do Código Civil, que não admite

interpretação extensiva ao contrato de fi ança, não pode ser o fi ador

responsabilizado por diferenças de aluguéis ajustados em ação

revisional de que não foi cientifi cado.

- Precedentes do STJ.

- Recurso provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, prosseguindo no julgamento, por maioria, conhecer e dar

provimento ao recurso, vencidos os Srs. Ministros Luiz Vicente Cernicchiaro e

Adhemar Maciel. Os Srs. Ministros Anselmo Santiago e Vicente Leal votaram

com o Sr. Ministro Relator. Ausente, nesta assentada, o Sr. Ministro Vicente

Leal.

Brasília (DF), 19 de março de 1996 (data do julgamento).

Ministro Adhemar Maciel, Presidente

Ministro William Patterson, Relator

DJ 16.12.1996

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 51

RELATÓRIO

O Sr. Ministro William Patterson: - No recurso em tela, insurgem-

se contra acórdão unânime do Segundo Tribunal de Alçada Civil de São

Paulo que, mantendo decisão monocrática, repeliu os embargos à execução de

diferenças de alugueres fi xados em ação de revisão, porquanto entendem serem

os embargantes, na qualidade de fi adores, responsáveis pelo pagamento de tais

verbas, inobstante não tenham sido, os garantes, cientifi cados da revisional.

Esteiam o apelo nas alíneas a e c do permissivo constitucional, por pretensa

violação aos arts. 1.090 e 1.483 do Código Civil e ao art. 6º da LICC, além de

dissídio jurisprudencial que apontam face a julgados de diversos Tribunais, entre

os quais deste STJ.

Opostos, os embargos declaratórios foram parcialmente acolhidos para

suprir omissão sobre o valor concedido a título de honorários.

Com o especial foi interposto o extraordinário, ambos admitidos por

despacho de fl s. 178-179 e 180-181, respectivamente.

Nesta instância, pronunciou-se o MPF pelo provimento do recurso.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro William Patterson (Relator): - Cinge-se a controvérsia

em saber se os ora recorrentes, fi adores de contrato de locação residencial,

são ou não partes legítimas para fi gurarem no pólo passivo da execução, onde

em embargos do devedor se discute o pagamento de diferenças de aluguéis

resultantes de decisão judicial proferida em ação revisional do locativo, demanda

da qual não foram os garantes cientifi cados.

Entendeu o Tribunal a quo que sim, “máxime porque não houve

agravamento algum da responsabilidade, já que a revisão do valor está prevista

em lei e disso não poderiam se olvidar os fi adores ao subscrever o contrato”.

(Cfr. fl . 108).

De outra parte, os recorrentes, aduzindo que contra eles não se operava a

coisa julgada, porquanto não lhes foi dada ciência da ação revisional, asseveram:

ao subscreverem o contrato de locação, obrigaram-se na qualidade de fi adores a arcar solidariamente os valores de aluguéis constantes do contrato; e a arcar,

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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nos termos da legislação em vigor à época da assinatura do contrato, 1978, com as correções legais. Não se obrigaram, portanto, a arcar eventuais revisões do valor locativo seja por determinação judicial (inexistente à época) seja por pacto entre locador e locatário, o que consistiria, na verdade, em novação da obrigação original. (Cfr. fl . 128).

O Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Guskow, ao acolher a tese desenvolvida pelos recorrentes, embasou seu parecer em precedentes desta Corte, entre os quais destacou o REsp n. 6.465-SP, relatado pelo eminente Ministro Cláudio Santos e o REsp n. 10.987-RS, relatado pelo ilustre Ministro Athos Carneiro, cujas ementas, respectivamente, merecem transcrição:

Fiança. Locação. Ação revisional. Acréscimos e aluguel. Não responsabilidade do fi ador.

O fi ador do contrato de locação não se obriga pelos acréscimos do aluguel decorrentes de ação revisional.

A fi ança não admite interpretação extensiva.

Recurso especial não conhecido. (REsp n. 6.465-SP, 3ª Turma, Relator Ministro Cláudio Santos, publicado no DJ de 18.02.1991, p. 396)

Fiador. Contrato de locação. Art. 1.483 do Código Civil.

Sendo a fi ança contrato benéfi co, que não admite interpretação extensiva, não pode ser o fi ador responsável por majorações de alugueres, avençadas entre locador e locatário, em pacto adicional a que não anuiu. O fi ador só responde pelas majorações previstas no contrato a que se vinculou.

Recurso especial em parte conhecido e provido. (REsp n. 10.987-RS, 4ª Turma, Relator Ministro Athos Carneiro, publicado no DJ de 03.08.1992, p. 1.483)

Isto posto, há de se conceder inteira razão ao douto parecer. Tem sido reiteradamente admitida, nesta instância, a tese de que não pode o fiador ser responsabilizado perpetuamente por obrigações futuras resultantes de aditamento contratual, de que não participou.

Assim, por entender que o acórdão recorrido, ao conferir interpretação extensiva ao contrato de fi ança, está em desarmonia com o art. 1.483 do Código Civil, conheço do recurso pela alínea a, dando-lhe provimento.

VOTO-VOGAL

O Sr. Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro: Sr. Presidente, peço desculpas

para concluir nos termos do Código Civil que afi rma direito do fi ador, não

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 53

sendo por prazo certo a garantia acessória, a qualquer instante liberar·se ônus das custas e honorários, porque não foi parte.

Caso a execução aos fi adores se restrinja ao valor locatício, ou seja, à cobrança de alugueres e não desconstituída a obrigação fi dejussória, persistindo, portanto, a garantia, deverá o respectivo responsável arcar com as suas conseqüências. Excluam-se eventuais despesas referentes a honorários de advogado, custas e despesas processuais do processo de conhecimento.

Não conheço do recurso.

VOTO

O Sr. Ministro Anselmo Santiago: Trata-se de recurso especial interposto com fulcro nas alíneas a e c do permissivo constitucional, contra acórdão do Segundo Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo que, mantendo decisão de primeiro grau, repeliu os embargos à execução de diferenças de alugueres fi xados em ação de revisão, ao entendimento de serem os embargantes, na qualidade de fi adores, responsáveis pelo pagamento de tais verbas, inobstante não tenham sido, os garantes, cientifi cados da revisional.

Alega-se violação aos arts. 1.090 e 1.483 do Código Civil e 6° da Lei de Introdução ao Código Civil, além de divergência jurisprudencial.

Sr. Presidente, li o voto do Eminente Ministro Relator. Estou com S. Exa., porque também entendo que houve ofensa ao apontado art. 1.483 do Código Civil, na medida em que o v. acórdão conferiu interpretação extensiva da fi ança, até porque o contrato foi subscrito em 1978, antes, portanto, da instituição da possibilidade da revisão judicial do contrato de locação residencial pela Lei n. 6.649/1979, como fi cou salientado nas razões de recurso.

Conheço do recurso e lhe dou provimento.

É o voto.

RECURSO ESPECIAL N. 61.947-SP (95.0011101-2)

Relator: Ministro Edson Vidigal

Recorrente: Eduardo Salim Saliba

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Advogados: Alexandre Berboza Saliba e outro

Recorridos: Artur Duarte da Silva e cônjuge

Advogados: Alcides Marques da Silva e outro

EMENTA

Civil. Locação. Fiança.

1. Sendo a fi ança contrato que não admite interpretação extensiva, o fi ador não pode ser responsabilizado por obrigações resultantes de pacto adicional ajustado entre locador e locatário sem a sua anuência.

2. Recurso não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso. Votaram com o

Relator, os Srs. Ministros Assis Toledo e José Dantas. Ausente, justifi cadamente,

o Ministro Cid Flaquer Scartezzini.

Brasília (DF), 02 de abril de 1996 (data do julgamento).

Ministro Assis Toledo, Presidente

Ministro Edson Vidigal, Relator

DJ 06.05.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Edson Vidigal: Em embargos à execução movida contra

fiadores para cobrança de alugueres atrasados, o juiz julgou parcialmente

procedente o pedido, apenas para reduzir a quantia em execução, determinando

o prosseguimento do feito.

O 2° TACSP deu provimento ao apelo dos embargantes para reformar a

decisão de primeiro grau, exonerando-os da fi ança ao fundamento de que, com o

aditamento do contrato, houve novação, não subsistindo mais a responsabilidade

dos fi adores, que não assentiram ao novo pacto.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 55

Manifestou o embargado Recurso Especial com fundamento na

Constituição, Art. 105, III, a e c. Alega violação ao CC, arts. 999 e 1.000 e,

divergência jurisprudencial.

Admitido o recurso na origem somente pela alínea a, sem contra-razões

subiram os autos a esta Corte.

Relatei.

VOTO

O Sr. Ministro Edson Vidigal (Relator): Senhor Presidente, insurge-se o

recorrente contra acórdão que exonerou fi ança prestada em contrato de locação,

ao argumento de que o aditamento do contrato implicou novação, alterando a

equação econômica do ajuste sem consentimento dos fi adores.

Alega o recorrente que a decisão violou os art. 999 e 1.000 do Código

Civil, pois não houve a intenção de novar, mas apenas de estabelecer novo valor

para o aluguel.

Parece-me que no caso não vem a pêlo verifi car se houve ou não animus

novandi no acordo estipulado.

Restou devidamente comprovado nos autos que houve aditamento do

contrato locatício sem o assentimento dos fi adores. Isso basta para isentá-los de

qualquer responsabilidade com relação ao valor praticado após a alteração do

contrato.

Com efeito, o Código Civil estabelece que a fi ança não admite interpretação

extensiva. Desse modo, não podem os fi adores responder por majorações no

aluguel, pactuadas entre locador e locatário sem a sua anuência.

A jurisprudência da Corte já está fi rmada no mesmo sentido do acórdão

recorrido.

A propósito:

STJ, 5ª Turma, REsp n. 45.214-7-SP, Relator Ministro Assis Toledo, DJ 30.05.1994.

Locação. Fiança. Exoneração (art. 1.500 do Código Civil).

Sendo a fi ança contrato benéfi co que não admite interpretação extensiva (art. 1.483 do Código Civil), não pode o fi ador ser responsabilizado perpetuamente por

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obrigações futuras resultantes de aditamento contratual, de que não participou, fi rmado entre locador e locatário (art. 1.006 do Código Civil).

Por outro lado, a cláusula de validade da fi ança “até a entrega das chaves”, não pode ser interpretada como um beco sem saída para o fi ador, único a não poder dar por fi nda a locação e único a dela não extrair qualquer proveito. Por isso essa cláusula não implica renúncia absoluta à faculdade de exoneração da fi ança, prevista no art. 1.500 do Código Civil.

Controvérsia que se resolve pela adoção da tese que restabelece o equilíbrio entre as partes.

Recurso especial conhecido pela letra a e provido.

STJ, 6ª Turma, REsp n. 64.273-SP, Relator Ministro Adhemar Maciel, DJ

09.10.1995.

Civil e Processual Civil. Locação de imóvel urbano. Embargos à execução. Contrato de locação. Fiadores. Pacto adicional. Aplicação do art. 1.483 do CC. Precedente. Recurso conhecido e provido.

I - “Sendo a fi ança contrato benéfi co, que não admite interpretação extensiva, não pode ser o fi ador responsabilizado por majoração de alugueres, avençadas entre locador e locatário, em pacto adicional a que não anuiu. O fiador só responde pelas majorações previstas no contrato a que se vinculou.” (REsp n. 10.987-RS).

No tocante à alínea c o recurso não merece sequer ser conhecido, pois não

restou comprovada a divergência nos moldes do art. 255 do RISTJ.

Assim, na esteira de vários precedentes da Corte, não conheço do recurso.

É o voto.

RECURSO ESPECIAL N. 62.728-RJ (95.0014020-9)

Relator: Ministro Cid Flaquer Scartezzini

Recorrente: Stelio Bastos Belchior

Advogado: Stelio Bastos Belchior (em causa própria)

Recorrido: Pedro Mestre de Oliveira Almeida

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 57

Advogado: Antônio Luiz Aranha Macahyba

Sustentação oral: Stelio Bastos Belchior (em causa própria)

EMENTA

Locação. Fiança. Ação revisional.

- Não responde o fi ador pelos acréscimos verifi cados no aluguel,

se não fora citado como litisconsorte na revisional, considerando que

a fi ança é contrato benéfi co que não admite interpretação extensiva.

- Recurso provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e lhe dar

provimento. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Edson Vidigal, Assis

Toledo e José Dantas.

Brasília (DF), 12 de março de 1996 (data do julgamento).

Ministro Assis Toledo, Presidente

Ministro Cid Flaquer Scartezzini, Relator

DJ 22.04.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Flaquer Scartezzini: Conforme razões de fl s. 106-122, com

arrimo nas alíneas a e c, inciso III, do art. 105, da Carta Magna, foi apresentado

recurso especial por entender o recorrente que o v. acórdão recorrido malferiu

os arts. 1.483 e 1.090, do Código Civil, bem como 568, IV, do CPC, e 5°, LV,

da Constituição Federal, apresentado ainda, divergência jurisprudencial, ao

concluir que “O fi ador, ainda que não citado na ação revisional, responde pela

obrigação decorrente do acréscimo verifi cado ao aluguel, não importando isto

violação do princípio legal de que a fi ança não admite interpretação extensiva”.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Sustenta o recursante, em síntese, que a violação dos dispositivos legais invocados e o dissenso interpretativo deu-se em razão da ausência de contraditório, falta de citação do fi ador, a impossibilidade de interpretação extensiva da fi ança, nulidade da sentença por falta de fundamentação, e traz a colação como paradigmas, julgados das 3ª e 4ª Turmas do STJ, e dos Tribunais de Alçada do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, que abordam o tema da fi ança no sentido da inadmissão de sua interpretação extensiva, por se tratar de contrato benéfi co, argumentos estes com que pretende ver conhecido e provido o recurso.

Oferecidas as contra-razões de fl s. 161-169, admitido o apelo pela alínea c, do autorizador constitucional, os autos subiram, sendo-me conclusos.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Flaquer Scartezzini (Relator): Sr. Presidente,

o inconformismo foi ofertado com arrimo nas alíneas a e c, inciso III, da

Constituição Federal, visando a reforma do v. aresto, cujo sumário expressa,

verbis:

Embargos à execução. Execução, movida contra fiador para cobrança de diferença de aluguéis provenientes de ação revisional. Alegação de não se obrigar o fi ador pela modifi cação de valor se não foi citado para a ação. Incompetência absoluta, por desrespeito das regras contidas no artigo 69, parágrafo segundo, da Lei n. 8.245/1991 e no artigo 575, II, do Código de Processo Civil.

Incompetência absoluta. Inocorrência.

Proposta que foi a ação revisional antes de entrar em vigor a Lei n. 8.245/1991, é inaplicável a regra prevista no artigo 69, parágrafo segundo, por força do disposto no artigo 76.

O crédito decorrente de aluguel constitui título executivo extrajudicial. Demais, a sentença que julga ação revisional é de natureza constitutiva não sendo a sua execução alcançada pelo disposto no artigo 575, II, do Código de Processo Civil.

Fiança. Interpretação.

O fi ador, ainda que não citado na ação revisional, responde pela obrigação decorrente do acréscimo verifi cado ao aluguel, não importando isto violação do princípio legal de que a fi ança não admite interpretação extensiva. É que no caso presume-se que o aluguel inicialmente contratado equivale ao preço de mercado e que a ação revisional objetivou exatamente restabelecer a condição anterior.

Recurso improvido.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 59

Sustenta o recorrente que este entendimento, vulnerou os artigos 1.483 e 1.090, do Código Civil, bem como o art. 568, IV, do CPC, além de dissentir jurisprudencialmente de outros tribunais.

No que pertine à alegação de maltrato aos dispositivos legais invocados, verifi co que o recurso restou inadmitido no particular (fl s. 171-172), com o que parece-me haver resignado-se o recorrente, tanto que não agravou do decisório.

Resta, no entanto, o exame do recurso com relação ao dissídio interpretativo.

Foram indicados como paradigmas os julgados colacionados às fl s. 136-154, dois deste Egrégio Tribunal, um do Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul e outro do Primeiro Tribunal de Alçada do Estado do Rio de Janeiro.

A r. decisão do Primeiro Tribunal de Alçada do Estado do Rio de Janeiro (fl . 151), não se refere à ação de revisão em locação, aborda a matéria em contrato de câmbio, que não é a hipótese em discussão, não servindo, por conseguinte, para confi gurar o dissídio pretoriano.

Os demais arestos acostados aos autos, encontram-se assim, ementados:

Fiança. Ação revisional. Acréscimos de aluguel.

O fi ador do contrato de locação não se obriga pelos acréscimos do aluguel decorrentes de ação revisional.

A fi ança não admite interpretação extensiva.

Recurso especial não conhecido.

(REsp n. 6.465-SP - Rel. Sr. Min. Cláudio Santos - STJ - DJ de 18.02.1991).

Fiador. Contrato de locação. Art. 1.483 do Código Civil.

Sendo a fi ança contrato benéfi co, que não admite interpretação extensiva, não pode ser o fi ador responsabilizado por majorações de alugueres avençadas entre locador e locatário, em pacto revisional a que não anuiu. Fiador só responde pelas majorações previstas no contrato a que se vinculou.

Recurso especial em parte conhecido e provido.

(REsp n. 10.987-0-RS - Rel. Sr. Min. Athos Carneiro - 4ª Turma - STJ - DJ de 03.08.1992).

Fiança. Fiador convencional. Ação de reconhecimento. Litisconsorte passivo. Execução inadmissível.

A situação jurídica do fi ador convencional refoge ao preceitualizado no art. 568, IV, do CPC. Inadmissibilidade do processo de execução se o fi ador não foi litisconsorte em pretérita ação de condenação.

Provimento.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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(Apelação Civil n. 20.089 de Porto Alegre, Rel. Des. Cristovam Datello Moreira - Jurisprudência Brasileira 174/175).

Pelas ementas dos acórdãos em apreço, sem dúvida, o perseguido dissídio

restou demonstrado, pois, enfocam a questão afastando a responsabilidade do

fi ador diante da impossibilidade de interpretação extensiva da fi ança.

A Sexta Turma do STJ, ao julgar o REsp n. 64.273-SP (DJ de 09.10.1995),

veio a abonar a tese defendida pelo recursante, cuja ementa do acórdão da lavra

do Eminente Ministro Adhemar Maciel, diz:

Civil e Processual Civil. Locação de imóvel urbano. Embargos à execução. Contrato de locação. Fiadores. Pacto adicional. Aplicação do art. 1.483 do CC. Precedente. Recurso conhecido e provido.

I - “Sendo a fi ança contrato benéfi co, que não admite interpretação extensiva, não pode o fi ador ser responsabilizado por majorações de alugueres avençados entre locador e locatário, em pacto adicional a que não anuiu. O fiador só responde pelas majorações previstas no contrato a que se vinculou.”

(REsp n. 10.987-RS)

II - Recurso especial conhecido e provido.

Esta Turma, também, por ocasião do julgamento do REsp n. 45.214-7-

SP (DJ de 30.05.1994), relatado pelo Preclaro Ministro Assis Toledo, acolheu

ponto de vista semelhante ao da Sexta Turma, pelo que entendo deva prosperar

o inconformismo quanto à alínea c, do autorizador constitucional.

Com estas considerações, dou provimento ao recurso.

É como voto.

RECURSO ESPECIAL N. 64.019-SP (95.0018520-2)

Relator: Ministro Anselmo Santiago

Recorrentes: Jayme Nunes Coelho e cônjuge

Advogados: David Ituo Yoshida e outro

Recorrido: Celso Semedo Fernandes

Advogado: José Edgard Carmona

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RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 61

EMENTA

Civil. Locação comercial. Ação declaratória de exoneração

de fi ança. Obrigação com prazo indeterminado. Recurso especial.

Novação do contrato sem anuência dos fi adores. Violação aos arts.

85, 907, 1.006, 1.090, 1.483 e 1.500 do Código Civil e dissídio

jurisprudencial.

1. Os arts. 85, 907 e 1.500 do Código Civil não podem ser

examinados, uma vez que o primeiro não foi prequestionado, o segundo

não se aplica ao caso e o terceiro não teve a sua violação demonstrada.

2. O dissídio jurisprudencial não foi demonstrado de forma

analítica, conforme exigido. Deveriam ter sido indicados os pontos de

divergência entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma.

3. Os fi adores não podem ser responsabilizados por obrigações

novas, com as quais não tenham anuído, expressamente. Os ajustes

fi rmados exclusivamente entre os contratantes não obrigam os fi adores.

4. A majoração do locativo não prevista em cláusula específi ca e a

mudança da periodicidade dos reajustes, confi guram novação, eis que

alteram o conteúdo do contrato de locação, afetando, diretamente, o

contrato acessório de fi ança.

5. Não se pode falar em obrigação perpétua do fi ador, contra

a sua vontade, ainda que o contrato tenha sido fi rmado por prazo

indeterminado. A novação sem o consentimento do fi ador, o exonera

da obrigação assumida.

6. Recurso conhecido e provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, em conhecer do recurso e

lhe dar provimento. Votaram com o Sr. Ministro Relator os Srs. Ministros

William Patterson, Luiz Vicente, Cernicchiaro e Fernando Gonçalves. Ausente,

justifi cadamente, o Sr. Ministro Vicente Leal.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Brasília (DF), 1º de julho de 1997 (data do julgamento).

Ministro Anselmo Santiago, Presidente e Relator

DJ 25.08.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Anselmo Santiago: Jaime Nunes Coelho e sua mulher, Sônia

Martins Nunes Coelho, obrigaram-se, como fi adores, em contrato de locação

comercial fi rmado entre Colúmbia Mercantil de Acessórios Industriais Ltda., como

locatária, e Celso Semedo Fernandes, como locador.

Fundados na alegação de aumento do locativo, alteração da periodicidade

de reajustes e prorrogação do contrato, tudo sem a sua anuência, propuseram,

contra o locador, ação declaratória de exoneração de fi ança, que foi julgada

improcedente. A sentença foi mantida pela 9ª Câmara do Segundo Tribunal

de Alçada Civil do Estado de São Paulo e os embargos opostos pelos fi adores-

apelantes, rejeitados.

Inconformados, os autores fi adores-apelantes interpuseram o presente

recurso especial com fulcro no art. 105, inciso III, alíneas a e c da Constituição

Federal, sob a alegação de negativa de vigência aos arts. 85, 907, 1.006, 1.090,

1.483 e 1.500, todos do Código Civil Brasileiro, além de dissídio jurisprudencial,

deduzindo pedido alternativo de exoneração da fi ança, ou, limitação de sua

responsabilidade apenas ao que se obrigaram de fato, ou seja, aos reajustes legais

pela periodicidade anual.

Após a apresentação das contra-razões, nas quais o recorrido levanta

preliminar de intempestividade, o recurso foi admitido na origem, subindo os

autos ao exame deste Tribunal.

Dispensei a manifestação do Ministério Público Federal.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Anselmo Santiago (Relator): Preliminarmente, verifi ca-

se a tempestividade do recurso, eis que interposto apenas 9 (nove) dias após a

publicação do acórdão que decidiu os embargos de declaração.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 63

Passo, então, ao exame das condições de admissibilidade do recurso.

Quanto ao dissídio jurisprudencial apontado, anoto a ausência de

demonstração analítica do mesmo, a impedir o conhecimento do recurso pela

alínea c do permissivo constitucional.

Quanto à alínea a.

Os arts. 85, 907 e 1.500 do Código Civil Brasileiro não merecem ser

examinados por este Tribunal, eis que o primeiro não foi prequestionado,

o segundo é aplicável a devedores solidários e não a fiadores e o terceiro

simplesmente não teve demonstrada a sua violação pelo aresto recorrido.

Já no que se refere ao art. 1.006 do CC - o qual estabelece que a novação

sem consenso do fi ador, o exonera da obrigação assumida -, não resta dúvida de

que foi vulnerado. No acórdão recorrido, ignorou-se por completo o dispositivo

legal citado, forçando-se os fiadores a se responsabilizarem também por

obrigações novas, com as quais não concordaram de forma expressa.

Nessa parte, o acórdão recorrido também afrontou o disposto nos arts.

1.090 do Código Civil - que determina interpretação estrita para os contratos

benéfi cos, evitando-se a penalização do fi ador com uma obrigação perpétua

contra a sua vontade. De igual modo, afrontou o art. 1.483, do referido Código

Civil que exige que a fi ança seja dada por escrito, inadmitida a interpretação

extensiva, evitando-se que a garantia seja outorgada à revelia dos fi adores,

sobretudo em se tratando de um contrato já desfi gurado pelas partes contratantes,

sem a sua anuência expressa -, ambos do Código Civil Brasileiro. Isso porque a

fi ança é contrato acessório, necessitando de confi rmação por escrito, cada vez

que houver alteração do conteúdo do contrato principal.

Assim, consideram-se desobrigados os fi adores, desde o momento em que

se operou a novação, caracterizada pela criação das obrigações novas - majoração

do locativo não prevista no contrato e alteração da periodicidade de reajustes -,

sem a sua concordância expressa.

Não se trata de prorrogação do contrato, mas de novo ajuste, a reclamar

nova prestação de fi ança. Ninguém pode ser forçado a assumir obrigações

perpétuas e mutáveis, a exclusivo critério das outras partes. É necessária a

aquiescência dos fi adores a cada alteração não prevista no contrato original.

Nesses termos, conheço do recurso, exclusivamente, pela alínea a, para dar-

lhe provimento, declarando a exoneração da fi ança que pesa sobre os recorrentes.

É como voto.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RECURSO ESPECIAL N. 64.273-SP (95.019798-7)

Relator: Ministro Adhemar Maciel

Recorrentes: Carlos Alberto Balvedi e cônjuge

Advogado: Nilson Carvalho de Freitas

Recorrido: Blitz Indústria e Comércio Ltda.

Advogados: Dirceu Cândido Silveira e outros

EMENTA

Civil e Processual Civil. Locação de imóvel urbano. Embargos

à execução. Contrato de locação. Fiadores. Pacto adicional. Aplicação

do art. 1.483 do CC. Precedente. Recurso conhecido e provido.

I - “Sendo a fi ança contrato benéfi co, que não admite interpretação

extensiva, não pode ser o fi ador responsabilizado por majorações de

alugueres, avençadas entre locador e locatário, em pacto adicional a

que não anuiu. O fi ador só responde pelas majorações previstas no

contrato a que se vinculou.” (REsp n. 10.987-RS)

II - Recurso especial conhecido e provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.

Decide a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,

conhecer e dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr.

Ministro Relator, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos

autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado. Votaram de

acordo os Srs. Ministros Luiz Vicente Cernicchiaro, Anselmo Santiago e

Vicente Leal. Ausente, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 22 de agosto de 1995 (data do julgamento).

Ministro Adhemar Maciel, Presidente e Relator

DJ 09.10.1995

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 65

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Carlos Alberto Balvedi e cônjuge

interpuseram recurso especial (art. 105, III, a e c, CF) contra acórdão proferido

pelo 2º TACSP.

2. Os ora recorrentes opuseram embargos à execução movida por Blitz

Indústria e Comércio Ltda., aduzindo que o contrato de locação do qual foram

fi adores havia sido aditado com substituição de garantidores, aumento do aluguel

e prorrogação do contrato por mais doze meses. Assim, estariam desobrigados

de responder pelos débitos da devedora principal.

3. O 2° TACSP, através de sua 4ª Câmara, entendeu ser subsistente a

execução, limitada, entretanto, ao valor do locativo praticado antes do aditamento

contratual. Fixou, ainda, as custas pela metade, em razão da sucumbência

recíproca.

3. Os recorrentes indicam violação aos artigos 1.005 e 1.006 do CC e aos

artigos 585, IV e 618, I, do CPC. Aduzem que, em razão da novação contratual,

estão exonerados da fi ança. Por outro lado, inexigível o título exeqüendo, além

do que inexistiu sucumbência recíproca entre as partes, uma vez que decaíram

de parte mínima do pedido.

4. Contra-razões, fl s. 81-86.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel (Relator): A fi ança é contrato benéfi co

e, a teor do que dispõe o art. 1.483 do CC, não admite interpretação extensiva.

Assim, não pode o fi ador ser responsabilizado pelo o que não anuiu.

Eis o entendimento desta Corte:

Fiador. Contrato de locação. Art. 1.483 do Código Civil.

Sendo a fi ança contrato benéfi co, que não admite interpretação extensiva, não pode ser o fi ador responsabilizado por majorações de alugueres, avençadas entre locador e locatário, em pacto adicional a que não anuiu. O fi ador só responde pelas majorações previstas no contrato a que se vinculou. (REsp n. 10.987-RS, Rel. Min. Athos Carneiro, DJ 03.08.1992, p. 11.322).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Colhe-se dos autos que a execução se refere ao período de outubro/1990

a maio/1991, i.e., a partir da alteração contratual, quando os embargantes/

recorrentes não eram mais fiadores. Assim, o título exeqüendo é inválido,

além do que inocorreu sucumbência recíproca, e cabe aos recorridos responder

integralmente pelos ônus sucumbenciais.

Desse modo, dou provimento ao recurso.

É o meu voto.

RECURSO ESPECIAL N. 74.859-SP (95.47891-9)

Relator: Ministro Felix Fischer

Recorrentes: Luiz José de Lemos e cônjuge

Recorrido: Manoel Vozmediano Sanchez

Advogados: Valter Alves de Souza

Sérgio Roberto Matos

EMENTA

Locação. Fiador. Acordo para reajuste de aluguel.

- Não tendo o fi ador participado de acordo para majoração do

encargo locatício, não pode ser responsabilizado pelos acréscimos

verifi cados no aluguel.

- Recurso provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe

provimento, nos termos do voto do Ministro-Relator. Votaram de acordo os

Ministros Edson Vidigal, José Dantas, Cid Flaquer Scartezzini e José Arnaldo.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 67

Brasília (DF), 15 de abril de 1997 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro Felix Fischer, Relator

DJ 19.05.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Felix Fischer: Trata-se de recurso especial, fulcrado no

artigo 105, III, a e c, da Lex Maxima, contra acórdão da 6ª Câmara do Segundo

Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, que entendeu o fi ador, ainda que não

anuindo em acordo que majora o aluguel, responsável pela obrigação decorrente

deste procedimento (fl s. 67).

Os recorrentes alegam violação ao artigo 1.090 e 1.483 do Código Civil,

uma vez que a decisão atacada teria admitido interpretação extensiva da fi ança.

Contra-razões às fl s. 92.

Despacho admitindo o recurso, apenas pela letra a, às fl s. 97.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Felix Fischer (Relator): Versa o presente recurso quanto ao

alcance, em relação ao fi ador, da majoração de aluguéis por ocasião de acordo

celebrado apenas entre locador e locatário.

Assiste razão aos recorrentes.

É assente neste Tribunal o entendimento de que o instituto da fi ança não

comporta interpretação extensiva, obedecendo assim disposição expressa do

artigo 1.483 do Código Civil.

Não se pode estender os efeitos de acordo para acréscimo locatício, do qual

não participou o fi ador, para obrigá-lo pela majoração do aluguel.

Na fi ança, o garante só pode ser responsabilizado pelos reajustes previstos

no contrato a que se vinculou.

Neste sentido:

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Processo de execução. Aluguéis. Acréscimos. Fiadores. Embargos. Limite da responsabilidade.

- O fi ador do contrato de locação não responde pelos acréscimos de aluguel decorrentes de acordo entre as partes a que não deu anuência, e por superarem, em muito, a previsão afi ançada.

- Contrato benefício que não comportar interpretação extensiva.

- Recurso conhecido e parcialmente provido. (REsp n. 60.653-SP, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 02.12.1996)

Civil. Locação. Fiança.

I - O artigo 1.483 do Código Civil dispõe expressamente que a fi ança deve se dar por escrito e não admite interpretação extensiva. Assim sendo, se houve o ajustamento do valor da locação maior do que estipulado no contrato, com a transigência da locatária, os fi adores não estarão obrigados a responder pelo débito cobrado, não havendo que se falar em “assentimento tácito”.

II - Recurso provido, a fim de que sejam excluídos do débito os valores cobrados em decorrência do reajuste extracontratual, sem prejuízo de liquidez, certeza e exigibilidade do título exeqüendo. (REsp n. 34.981-SP, Rel. Min. Pedro Acioli, DJ 27.03.1995)

Desta forma, dou provimento ao recurso, a fi m de excluir do débito as

majorações não previstas no contrato, pactuadas sem anuência dos fi adores.

É o voto.

RECURSO ESPECIAL N. 90.552-SP (96.0017099-1)

Relator: Ministro Fernando Gonçalves

Recorrentes: Fernando Campana e outros

Advogados: Carlos Alberto Bondioli e outros

Recorrido: Clube Alepo Social e Recreativo

Advogados: Maurício Pessoa e outros

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 69

EMENTA

Locação predial urbana. Moratória. Fiança. Exoneração. Limites.

1 - Nos termos do art. 1.483 do Código Civil, a fi ança deve ser

interpretada de maneira restritiva, razão pela qual os recorrentes, sem

sua anuência, não respondem por obrigações resultantes de pacto

adicional fi rmado entre locador e locatário, mormente em casos tais,

onde se concedeu moratória. Precedentes do STJ.

2 - Recurso conhecido e provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e lhe dar

provimento. Participaram do julgamento os Ministros Anselmo Santiago,

William Patterson e Vicente Leal. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Luiz

Vicente Cernicchiaro.

Brasília (DF), 02 de junho de 1997 (data do julgamento).

Ministro Anselmo Santiago, Presidente

Ministro Fernando Gonçalves, Relator

DJ 23.06.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves: Trata-se de recurso especial

interposto por Fernando Campana e outros com fundamento no art. 105, inciso

III, letras a e c, da Carta da República, contra acórdão da Quarta Câmara do

Segundo Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, assim ementado (fl s.

79), verbis:

1. O acordo celebrado entre inquilino e locador, sem participação dos fi adores, tendo por objeto o reconhecimento de débito vencido e a fi xação de prazo para desocupação, não confi gura novação ou moratória, não extingüindo a fi ança, por isso mesmo.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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2. Sendo a penhora posterior à vigência da Lei n. 8.245/1991, não se cogita da natureza de bem de família do imóvel dos fi adores.

3. O mero possuidor não se legitima aos embargos de devedor, que com os de terceiro não se confundem.

Sustentam os recorrentes negativa de vigência aos arts. 1.006 e 1.503,

inciso I, do Código Civil, além de dissídio pretoriano, porquanto, sob sua ótica,

o acordo celebrado entre locador e locatário, sem sua anuência, exonera-os da

fi ança.

Contra-arrazoado (fls. 103-116) o recurso, cujo processamento foi

admitido (fl s. 118-119), vindo-me os autos distribuídos.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves (Relator): O cerne da questão está

em se saber se os recorrentes, na qualidade de fi adores solidários, continuam

respondendo pela fi ança após o locador ter fi rmado com os locatários, sem

anuência daqueles, pacto atinente à moratória e demais encargos contratuais.

O acórdão recorrido entendeu que sim, entretanto, merece acolhida a tese

consignada pelos recorrentes no sentido de que a concessão de moratória ao

locatário, exonera-os da fi ança.

No mesmo sentido preconizado, já se pronunciou, mais de uma vez, este

STJ, verbis:

Locação. Fiança. Exoneração (art. 1.500 do Código Civil).

Sendo a fi ança contrato benéfi co que não admite interpretação extensiva (art. 1.483 do Código Civil), não pode o fi ador ser responsabilizado perpetuamente por obrigações futuras resultantes de aditamento contratual, de que não participou, fi rmado entre locador e locatário (art. 1.006 do Código Civil). Por outro lado, a cláusula de validade da fi ança “até a entrega das chaves”, não pode ser interpretada como um beco sem saída para o fi ador, único a não poder dar por fi nda a locação e único a dela não extrair qualquer proveito. Por isso essa cláusula não implica em renúncia absoluta à faculdade de exoneração da fi ança, prevista no art. 1.500 do Código Civil. Controvérsia que se resolve pela adoção da tese que restabelece o equilíbrio entre as partes.

Recurso especial conhecido, pela letra a e provido. (REsp n. 45.214-SP, Rel. Min. Assis Toledo, DJU de 30.05.1994)

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 71

Civil. Locação. Fiança.

1. Sendo a fi ança contrato que não admite interpretação extensiva, o fi ador não pode ser responsabilizado por obrigações resultantes de pacto adicional ajustado entre locador e locatário sem a sua anuência.

2. Recurso não conhecido. (REsp n. 61.947-SP, Rel. Min. Edson Vidigal, DJU de 06.05.1996)

Fiança. Transação entre credor-locador e devedor-locatário. Moratória. Desconhecimento. Fiador.

I - A concessão de moratória ao devedor-locatário sem consentimento do fi ador, o desobriga da obrigação. Aplicação do art. 150 do Código Civil.

II - Recurso especial conhecido e provido. (REsp n. 40.414-SP, Rel. Min. Pedro Acioli, DJU de 18.04.1994, p. 8.532)

A pretensão em exame se subsume, exatamente, à jurisprudência desta

Corte, vale dizer, nos termos do art. 1.483 do Código Civil, a fi ança deve ser

interpretada de maneira restritiva, razão pela qual os recorrentes, sem sua

anuência, não respondem por obrigações resultantes de pacto adicional fi rmado

entre locador e locatário, mormente em casos tais onde se concedeu moratória.

Ante o exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento.

É como voto.

RECURSO ESPECIAL N. 151.071-MG (97.0072055-1)

Relator: Ministro Vicente Leal

Recorrentes: Ana Maria Braga Gomes e outro

Recorridos: Jair Rodrigues Campos e cônjuge

Delci Martins Leite

Advogados: Francisco Lopes de Azevedo Rebello

Fabiola Peluci Monteiro

Luiz Alberto Portela Colen e outros

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EMENTA

Civil. Locação. Fiança. Interpretação restritiva. Alteração

contratual. Acordo celebrado nos autos de ação de despejo. Exame da

prorrogação da dívida. Vedação. Súmula n. 7 do STJ.

- A jurisprudência assentada nesta Corte construiu o pensamento

de que, devendo ser o contrato de fi ança interpretado restritivamente,

não se pode admitir a responsabilização do fiador por encargos

locatícios acrescidos ao pactuado originalmente sem a sua anuência.

- O debate sobre a legitimidade passiva ad causam de fi ador de

contrato de locação, em que se questiona a prorrogação do pagamento

de dívida mediante acordo celebrado em ação de despejo, não pode ser

objeto de exame em sede de recurso especial, por importar em exame

de provas, o que é vedado, nos termos da Súmula n. 7-STJ.

- Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do

recurso especial, na conformidade dos votos e notas taquigráfi cas a seguir.

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Fernando Gonçalves, Anselmo

Santiago, William Patterson e Luiz Vicente Cernicchiaro.

Brasília (DF), 25 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Anselmo Santiago, Presidente

Ministro Vicente Leal, Relator

DJ 19.12.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Vicente Leal: - Nos autos de ação de cobrança de aluguéis e

encargos locatícios ajuizada por proprietária de imóvel locado contra a empresa

locatária e seus fi adores, objetivando o pagamento da importância ajustada em

acordo celebrado em anterior ação de despejo, relativa ao valor da dívida em

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 73

seis prestações sucessivas a partir da desocupação, o R. Juízo de Primeiro Grau,

mantendo a obrigação quanto aos fi adores, julgou procedente a ação.

A egrégia Quinta Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de Minas

Gerais, por unanimidade de votos, em sede de apelação, julgou improcedente a

ação quanto aos fi adores, proclamando o entendimento de que a alteração

contratual mediante acordo celebrado em audiência de processo de despejo

estabelecendo nova forma de pagamento da dívida, por consubstanciar novação

do contrato, excluiu a responsabilidade dos fi adores. (fl s. 126-130).

Irresignada, a locatária interpõe o presente recurso especial, com esteio

na alínea a do permissivo constitucional, verberando ter o v. acórdão violado

o disposto no artigo 999, do Código Civil, ao considerar como novação o

parcelamento da dívida locatícia sem a presença dos fi adores, bem como no

artigo 39, da Lei n. 8.245/1991. Pugna, assim, pelo reconhecimento da obrigação

dos devedores solidários (fl s. 133-140).

Apresentadas as contra-razões e admitido o recurso na origem, ascenderam

os autos a esta Corte.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Vicente Leal (Relator): - Como patenteado no relatório,

a questão deduzida no presente recurso diz respeito ao alcance da fi ança dada

em contrato de locação, na hipótese de modifi cação do pacto mediante acordo

celebrado em audiência de ação de despejo entre as partes contratantes.

O Tribunal a quo, em sede de apelação, afastou a responsabilidade dos

fi adores pelas obrigações resultantes da ação de cobrança originária de débito

locatício objeto de acordo em ação de despejo, proclamando a tese de que a

alteração contratual admitindo nova forma de pagamento da dívida sem a

anuência dos fi adores importa na desoneração da fi ança.

Sustenta a locatária, por sua vez, ter o aresto hostilizado vulnerado os

artigos 999 e 1.503 do Código Civil, ao considerar que, in casu, o parcelamento

da dívida configura a novação capaz de determinar a extinção do vínculo

obrigacional estabelecido entre os fi adores.

Tenho que o inconformismo não merece prosperar.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Com efeito, a jurisprudência assentada hoje no âmbito desta Corte

construiu o pensamento de que, devendo ser o contrato de fi ança interpretado

restritivamente, não se pode admitir a responsabilização do fi ador por encargos

locatícios acrescidos ao pactuado originalmente sem a sua anuência.

Cumpre observar, ademais, que o acórdão recorrido afastou a legitimidade

dos réus, apoiando-se na circunstância de que a estrutura da dívida locatícia foi

modifi cada por força de acordo manifestado pelas partes contratantes, quando

se prorrogou o prazo para seu adimplemento sem audiência dos fi adores, ainda

que tenham os mesmos sido intimados da ação de despejo.

Destaque-se, por oportuno, o seguinte excerto contido no bojo do voto

condutor do acórdão recorrido, que apresenta a questão com propriedade, in

verbis:

Ao mudar toda a estrutura da dívida, inclusive em parcelas diversas do que o simples pagamento de aluguéis, estou com a sentença de que a locação é causa remota do referido débito, mas, data venia, discordo quanto à permanência da natureza do débito, pois, ao admitirem nova forma de pagamento, credor e devedor realmente criaram obrigação diversa.

Há uma previsão expressa no Código Comercial, segundo a qual “o fi ador fi ca desonerado da fi ança quando o credor, sem o seu consentimento ou sem lhe ter exigido o pagamento, concede ao devedor alguma prorrogação de termo, ou faz com ele novação do contrato ...” (art. 262, primeira parte). Por interpretação extensiva, o preceito é o mesmo do art. 1.503, I, do Código Civil, que prevê a desobrigação do fi ador “Se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor”.

(...)

O simples fato de ter sido o acordo feito em audiência de processo referente a despejo não altera a forma obrigacional da dívida contraída.

Também irrelevante se me afi gura a intimação dos fi adores no processo onde se pediu despejo, porque a simples intimação não os torna parte na causa nem os obriga a acordo de que efetivamente não tenham participado. (fl s. 127-128).

Verifi ca-se, assim, que o debate sobre a legitimidade passiva ad causam de

fi ador de contrato de locação, em que se questiona a prorrogação do pagamento

de dívida mediante acordo celebrado em ação de despejo, não pode ser objeto de

exame em sede de recurso especial, por importar em exame de provas, o que é

vedado, nos termos da Súmula n. 7-STJ.

Não se pode olvidar, ainda, que para o exame da ofensa aos preceitos do

diploma civil supostamente desrespeitados, tornou-se imprescindível a incursão

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 41-75, março 2011 75

no campo probatório dos presentes autos, principalmente a reavaliação do

acordo que alterou a forma de pagamento dos encargos locatícios não pagos, o

que é vedado a teor da Súmula n. 5, desta Corte, que dispõe:

A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial.

Ora, o Superior Tribunal de Justiça, na qualidade de guardião maior

do direito federal, não pode se transformar em mero órgão revisor, deixando

de observar os pressupostos técnicos essenciais ao conhecimento do recurso

especial.

Efetivamente, as instâncias ordinárias são soberanas quanto à avaliação do

quadro fático-probatório estampado nos autos, descabendo a esta Corte revolver

o que ali foi defi nido.

Isto posto, não conheço do recurso especial.

É o voto.

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Súmula n. 215

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SÚMULA N. 215

A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão

voluntária não está sujeita à incidência do Imposto de Renda.

Precedentes:

REsp 125.171-SP (2ª T, 18.12.1997 – DJ 25.02.1998)

REsp 127.121-SP (1ª T, 07.11.1997 – DJ 09.12.1997)

REsp 140.132-SP (2ª T, 1º.12.1997 – DJ 09.02.1998)

REsp 143.767-SP (1ª T, 03.11.1997 – DJ 02.02.1998)

REsp 144.760-SP (2ª T, 19.02.1998 – DJ 16.03.1998)

REsp 149.716-DF (1ª T, 03.11.1997 – DJ 09.02.1998)

REsp 153.242-SP (1ª T, 15.12.1997 – DJ 02.03.1998)

Primeira Seção, em 24.11.1998

DJ 04.12.1998, p. 82

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RECURSO ESPECIAL N. 125.171-SP (97.20715-3)

Relator: Ministro Ari Pargendler

Recorrente: Fidelcino Miranda

Advogados: Luís Roberto Bueloni S. Ferreira e outros

Recorrida: Fazenda Nacional

Procuradores: Elyadir Ferreira Borges e outros

EMENTA

Tributário. Imposto de renda. Rescisão, incentivada, do contrato de trabalho. A jurisprudência da Turma se fi rmou no sentido de que todo e qualquer valor recebido pelo empregado em razão da chamada demissão voluntária está salvo do imposto de renda. Ressalva do entendimento pessoal do relator, para quem a indenização trabalhista que está isenta do imposto de renda é aquela que compensa o empregado pela perda do emprego, e corresponde aos valores que ele pode exigir em Juízo, como direito seu, se a verba não for paga pelo empregador no momento da despedida imotivada - tal como expressamente disposto no artigo 6°, V, da Lei n. 7.713, de 1988, que deixou de ser aplicado sem declaração formal de inconstitucionalidade. Recurso especial conhecido e provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, renovando o julgamento, por unanimidade, conhecer do

recurso e dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, com

a ressalva do Sr. Ministro Adhemar Maciel. Participaram do julgamento os Srs.

Ministros Hélio Mosimann, Peçanha Martins e Adhemar Maciel.

Brasília (DF), 18 de dezembro de 1997 (data da renovação).

Ministro Peçanha Martins, Presidente

Ministro Ari Pargendler, Relator

DJ 25.02.1998

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RELATÓRIO

O Sr. Ministro Ari Pargendler: - Fidelcino Miranda, dizendo-se empregado

de Autolatina Brasil S.A., em vias de ter o contrato de trabalho rescindido sem

justa causa, impetrou mandado de segurança contra ato do Delegado da Receita

Federal em São Bernardo do Campo, SP, “a fi m de suspender a exigibilidade

do imposto de renda na fonte sobre o montante da indenização decorrente da

rescisão do contrato de trabalho correspondente às verbas voluntárias pagas pela

ex-empregadora AutoLatina Brasil S.A.” (fl . 09).

O Juiz Federal Dr. Fernando David Fonseca Gonçalves concedeu a ordem

(fl . 51), mas a sentença foi reformada pela Egrégia Quarta Turma do Tribunal

Regional Federal da 3ª Região, Relatora a eminente Juíza Lúcia Figueiredo (fl .

79-85).

Lê-se no julgado:

Já afi rmamos a propósito da quantia recebida pela desapropriação de um bem, que nela não poderá incidir o imposto de renda. E, assim deverá ser, porque a chamada justa indenização visa a repor o patrimônio do expropriado à situação anterior. Pretende deixar o expropriado indene, vale dizer, sem dano”. (...) “Indenizar é tornar sem dano. Compensar alguém da perda de alguma coisa que, voluntariamente, não perderia”. (...) “Impende verifi car, todavia, se o conceito de indenização trabalhista pode albergar a quantia paga pela empresa a título de incentivo para a despedida. Ora, se a dispensa dá-se voluntariamente, embora incentivada pela suposta indenização, não há que se falar em verba ressarcitória, por isso mesmo não tributável, e não isenta, como afirma a lei”. (...) “Ora, na indenização não há voluntariedade. Há dever, obrigação da parte de quem paga, e direito, crédito, da parte de quem recebe. Se é oferecida vantagem para que alguém abra mão da relação empregatícia, não há dever de uma parte, nem direito de outro. E, por outro lado, também não há indenização trabalhista. O direito do trabalho desconhece essa forma de “indenização”. (...) “Não se põe em contexto, como já afirmado, a Lei n. 7.713/1988 que, apenas, abrigou as indenizações por acidentes do trabalho bem como o aviso prévio pago por despedida ou rescisão do contrato de trabalho até o limite estabelecido na lei. Os benefícios compensatórios ou rotulados de qualquer outro nome não se incluem no conceito de indenizações, mas caem sim no conceito de renda ou proventos de qualquer natureza. “Indenizações pactuadas” inexistem. Podem existir, isso sim, “acordos” trabalhistas quanto ao valor de reais indenizações devidas, quando há possibilidade de disponibilidade, de transação. Mesmo que fossem “chancelados” pelo Judiciário Trabalhista os benefícios compensatórios, é dizer homologados a título de indenização, tal proceder seria fato tributável ... (fl . 80-83).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 83

Seguiu-se recurso especial, com base no artigo 105, inciso III, letras a e c,

da Constituição Federal, por violação do artigo 40, XVII, do Decreto n. 1.041,

de 1994, do artigo 3º, § 5º, da Lei n. 7.713, de 1988, dos artigos 2º, 3º e 457,

§ 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho e dos artigos 43 e 110 do Código

Tributário Nacional (fl s. 87-95).

VOTO

O Sr. Ministro Ari Pargendler (Relator): - Aqui se discute se os valores

não incluídos no conceito legal de indenização trabalhista são isentos do

imposto de renda.

A indenização trabalhista compensa o empregado pela perda do emprego,

e corresponde aos valores que ele pode exigir em Juízo, como direito seu, se a

verba não for paga pelo empregador no momento da despedida imotivada. O

plus acima referido não se inclui nesse conceito, constituindo mera liberalidade

do empregador. A circunstância de que o empregador e o empregado, no

momento da rescisão contratual, rotulem essa liberalidade como indenização não

produz qualquer efeito em relação ao Fisco, à vista do que dispõe o artigo 123

do Código Tributário Nacional, a saber: “Salvo disposições de lei em contrário,

as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de

tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modifi car a defi nição

legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes”.

“Legem habemus”.

O artigo 6º, inciso V, da Lei n. 7.713, de 1988, isenta do imposto de renda

apenas “a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de

contrato de trabalho, até o limite garantido por lei (... )”.

Já o artigo 40, XVIII, do Decreto n. 1.041, de 1994, que regulamentou o

aludido dispositivo legal, é expresso no sentido de que não entrarão no cômputo

do rendimento bruto apenas “a indenização e o aviso prévio pagos por despedida

ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido pela lei trabalhista ou

por dissídio coletivo e convenções trabalhistas homologadas pela Justiça do

Trabalho (...)”.

Sem a declaração formal da inconstitucionalidade, essas normas não

podem ser arredadas, impondo-se sua aplicação no caso concreto.

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Decidindo que os valores pagos a título de indenização trabalhista sem ter

essa natureza são tributáveis pelo imposto de renda, o acórdão dimensionou a

questão em termos próprios.

No entanto, no REsp n. 134.406-SP, Relator o eminente Ministro Hélio

Mosimann, a Turma decidiu em sentido contrário.

Voto, por isso, no sentido de, ressalvando o entendimento pessoal, conhecer

do recurso especial e de dar-lhe provimento para conceder a segurança.

VOTO-DIÁLOGO

O Sr. Ministro Hélio Mosimann: Sr. Presidente, dou provimento ao recurso

do ex-empregado, do contribuinte, ou melhor, do desempregado. Nem se pode

supor que com esse procedimento de demissão voluntária o empregado alijado

esteja sempre fazendo um grande negócio. Ele está sendo alijado, despedido,

mandado embora, muitas vezes aumentando o contingente dos desempregados.

A aparente vantagem é, realmente, ilusória, na maioria das vezes.

O Sr. Ministro Ari Pargendler (Aparte): Nesse caso, o empregado receberia

40%.

O Sr. Ministro Hélio Mosimann: O Governo esperava uma grande adesão,

mas a prática não correspondeu às expectativas.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Senhor Presidente, meu voto é idêntico

ao proferido no REsp n. 125.791, que transcrevo a seguir:

Pedi vista. O relator do recurso especial interposto por Hugo Marques de Melo Júnior, pelas alíneas a e c do autorizativo constitucional, é o eminente Ministro Mosimann.

A questão jurídica gravita em torno da incidência de IR sobre as denominadas verbas indenizatórias a título de incentivo à impropriamente denominada “demissão voluntária”.

O relator, com fulcro em doutrina de Roque Carazza, teve tal quantia como de natureza indenizatória, escapando, pois, da incidência do imposto de renda. Daí ter ele conhecido e dado provimento ao recurso

V. Exª, Senhor Presidente, acompanhou o relator.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 85

A questão está longe de ser uniforme na doutrina e na jurisprudência.

Na própria 2ª Turma, Senhor Presidente, no REsp n. 125.171-SP, o relator, Ministro Pargendler, manteve decisão do TRF da 3ª Região para a tributabilidade das denominadas verbas pagas por ex-empregadores a empregados que aderiram ao incentivo de desligamento do emprego.

Luiz Mélega, em artigo doutrinário publicado na Revista Dialética de Direito Tributário n. 08, invocando a Juíza Lúcia Valle Figueiredo, do TRF da 3ª Região, tem tal verba de incentivo como mera “doação”. Logo, insuscetível de incidência de IR.

Gustavo Amaral, também em artigo doutrinário (Revista de Direito Tributário n. 19), trilha caminho diverso. Entende que, quer se tome a verba de incentivo ao desligamento como indenização ou não, tal quantia está sujeita à incidência do IR.

A 1ª Turma do STJ, tendo como relator o eminente Ministro Garcia Vieira, assim cristalizou sua decisão:

Incentivo à demissão voluntária. Ajuda de custo. Indenização. Imposto de renda. Não incidência. A importância paga a servidor público como incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda porque não é renda e nem representa acréscimo patrimonial.

Recurso improvido (REsp n. 57.319-RS. DJU de 06.03.1995, p. 4.331).

Do TRF da 1ª Região colacionei as seguintes ementas:

Tributário. Imposto de renda. Programa de desligamento voluntário. A importância paga ao servidor público, por ter acordado em pedir desligamento do serviço, atendendo à nefasta política do governo, constitui indenização, não é uma renda, é uma compensação pela perda do emprego. Logo, não pode haver incidência do imposto de renda (AMS n. 142.237, Rel. Juiz Tourinho Neto, DJU de 25.03.1997, p. 17.580).

Do TRF da 4ª Região, estoutra, do estudioso Juiz Vladimir Passos de Freitas:

Tributário. Imposto de renda. Demissão voluntária. CTN/1966, art. 43, inc. 1 e inc. 2 e art. 123. CLT/1943, art. 477. Lei n. 7.713/1988, art. 6º, inc. 5. A quantia paga a empregado, a título de indenização por adesão ao plano de apoio à demissão voluntária, não está sujeita a imposto de renda, porque não constitui renda e nem acréscimo patrimonial, possuindo natureza compensatória (AMS n. 462.897-PR, DJU de 04.04.1997, p. 21.864).

Do TRF da 5ª Região, a seguinte ementa do Juiz e Professor Hugo de Brito Machado:

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Tributário. Imposto de renda. Indenizações. PADV.

- São isentas do Imposto de Renda, nos termos do art. 6º, da Lei n. 7.713/1988, as indenizações recebidas em virtude da rescisão do contrato de trabalho nos termos do denominado programa de apoio à demissão voluntária da CEF.

- Apelação improvida (AMS n. 556.922-AL, DJU de 23.05.1997, p. 37.351).

Senhor Presidente, o art. 43 do CTN baliza o Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer Natureza:

O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;

II - de proventos de qualquer natureza, assim entendido os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

Evidentemente, toca à lei ordinária detalhar o lineamento da lei complementar. Senhor Presidente, é verdade que a Lei n. 7.713/1988, em seu art. 6º, inciso V, isenta da incidência do IR -in verbis - “a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato do trabalho, até o limite garantido por lei”. (...) etc. (...)

Ora, no caso concreto, data venia, não estamos diante de uma “indenização” nominalmente contemplada pelo inciso V do art. 6° supra mencionado. Não se pode dizer que tenha havido “prejuízo” do exonerando ou demissionário. Ele, na realidade, não está sendo indenizado de nada. Não há lucros cessantes ou danos emergentes a serem compensados pela Administração ou pelo empregador. O servidor público ou empregado celetista tão-somente aderiu a uma vantagem que lhe foi oferecida de antemão. Também não se pode falar em “doação”. O detentor do emprego ou do cargo público nada doa.

Tenho para mim, Senhor Presidente, que à luz do CTN podemos dizer que houve “acréscimo patrimonial”. E se houve acréscimo de patrimônio, deve o benefi ciário recolher IR, por exigência do inciso II do art. 43 da CTN.

Senhor Presidente, permita-me transcrever trecho do trabalho do Procurador do Estado do Rio, Dr. Gustavo Amaral, já mencionado. Após alusão à teoria da sub-rogação desenvolvida na Grã-Bretanha no caso London & Thames Heaven Oil Wharves, Ltd. versus Attwoll, perfeitamente aplicável no Brasil, o ilustre doutrinador transcreve voto do Ministro Hugo de Brito Machado, proferido no TFR na AC n. 64.568-MG:

O simples fato de ser a quantia recebida uma indenização, é insufi ciente para determinar sua exclusão do conceito jurídico fi scal de renda. Uma

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RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 87

indenização destinada a cobrir um custo, ou uma despesa, objeto de registro contábil, simplesmente repõe o resultado operacional da empresa na situação que estaria se não ocorrido tal custo, ou despesa. Corresponde a um estorno do registro contábil do custo, ou despesa, anulando os seus efeitos na determinação do resultado que afinal servirá de base para o cálculo do Imposto de Renda. Neste caso, a indenização é simples recuperação de custo, ou de despesa, e se não for como tal escriturada, deve ser adicionada ao lucro para fi ns de tributação. Pode ocorrer também que uma indenização diga respeito a lucros cessantes, que em princípio não são objeto de registro contábil. Neste caso deve ser escriturado como receita, pois seu valor há de participar, positivamente, na formação do resultado, sendo irrelevante a não escrituração do prejuízo, vale dizer, daquilo que a empresa deixou de ganhar, que se designa pela expressão lucros cessantes.

Mais para a frente, o articulista prossegue:

(...) pensamos que há a incidência do imposto de renda sobre o incentivo nos programas de demissão voluntária e inexiste regra de isenção.

(...)

A alegação de que seria o incentivo uma verdadeira indenização além de ser uma petição de princípio, funda-se em premissa indemonstrada, qual seja, a não sujeição das indenizações ao imposto de renda.

Em todos os programas de demissão incentivada há um acordo de vontades entre empregador e empregado ou entre Estado e servidor. Se há o acordo, não vemos espaço para falar em prejuízos, até porque, não há direito à perpetuação da relação empregatícia, mas expectativa de direito.

Mesmo que se pense de modo contrário, mister será apontar que dano estaria sendo indenizado. Se é o dano da perda de percepção de uma renda certa, pela teoria da sub-rogação esse valor deverá ser tributado, pois os rendimentos seriam passíveis de tributação. Nesse caso, sequer seria possível invocar eventual intributabilidade dos salários ou vencimentos por não atingirem o mínimo legal, eis que em matéria de tributação das pessoas físicas é adotado o princípio caixa, de modo que pouco importa se há várias competências abrangidas em um pagamento único, a incidência se dará pelo somatório dos valores recebidos no mês pelo mesmo pagador, no caso da retenção na fonte, ou ao curso do ano, no caso da tributação na declaração de ajuste.

Com tais considerações, Senhor Presidente, não conheço do recurso pela alínea a. Pela alínea c, conheço para negar-lhe provimento.

É meu voto.

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VOTO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Conheço do recurso especial, mas faço

ressalva.

É meu voto.

RECURSO ESPECIAL N. 127.121-SP (97.0024555-1)

Relator: Ministro Humberto Gomes de Barros

Recorrente: Francisco Pereira de Souza e outros

Recorrida: União Federal (Fazenda Nacional)

Advogados: Nelson Antonio Ferreira e outros e Sérgio Gomes Ayala

e outros

EMENTA

Tributário. Imposto de renda. Demissão incentivada. Conceito jurídico do pagamento recebido pelo empregado despedido. Não incidência do tributo.

- A “demissão incentivada” resulta de compra e venda, em que o operário aliena de seu patrimônio o bem da vida constituído pela relação de emprego, recebendo, como preço, valor correspondente ao desfalque sofrido. Tal preço não é fato gerador de imposto sobre renda ou provento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, dar provimento ao recurso. Votaram

com o Sr. Ministro Relator os Srs. Ministros Garcia Vieira e Demócrito

Reinaldo. Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Milton Luiz Pereira e

José Delgado.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 89

Brasília (DF), 07 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Humberto Gomes de Barros, Presidente e Relator

DJ 09.12.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros: - Discute-se a incidência

de imposto sobre renda ou proventos no pagamento feito pelo patrão ao ex-

empregado, por efeito de demissão incentivada.

O v. acórdão recorrido proclama a incidência do tributo.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros (Relator): - Este recurso traz

ao exame da Corte Superior do Brasil um novo instituto, gerado em meio à crise

da era pós-industrial: a demissão incentivada.

A revolução capitalista desenvolveu-se em torno do confl ito entre os donos

do dinheiro e o proletariado - aqueles que nada tinham, senão a prole.

Os atritos produziram, como síntese, uma nova disciplina: o direito do

trabalho - conseqüência de aperfeiçoamentos e desdobramentos, operados a

partir da antiga locação de serviços.

O Direito do Trabalho, inspirado pelo imperativo de proteger o mais fraco,

efetivou o vínculo contratual, incorporando-o, como bem da vida, ao patrimônio

empregado.

O contrato de trabalho transformou o antigo proletário, em empregado -

alguém que já possui algo mais que a miserável prole.

A cibernética, com a robótica (seu corolário), tornou desnecessária a

manutenção de operários, em grande número. Em compensação, ampliou as

oportunidades de prestação autônoma de serviços.

As empresas passaram a depender, cada vez menos, do trabalho humano.

O pós-capitalismo tornou supérfluo o homem, mas não derrogou o

capitalismo. O lucro continua a ser o escopo fundamental da empresa.

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Surgiu nova preocupação, fundamental para a sobrevivência da empresa:

o enxugamento da folha de salários. Vale dizer: a diminuição do número de

empregados.

Persiste, entretanto, uma difi culdade: o sindicato, a proteger o trabalhador,

contra despedidas espoliadoras.

Para contorná-la, concebeu-se um artifício: a “despedida incentivada”.

Este modo de romper o vínculo empregatício consiste em induzir,

oferecendo compensações, o pedido de dispensa, pelo empregado.

O patrão se dirige ao operário e lhe propõe:

- Você aceita trocar o emprego, por dinheiro, em quantidade sufi ciente para

o estabelecimento de seu próprio negócio?

Feitas as contas e acertado o valor do pagamento, consuma-se o negócio:

o patrão recebe o pedido, dispensa o empregado, pagando-lhe a compensação.

Todos fi cam satisfeitos. De um lado, o patrão consegue enxugar a folha de

salários, sem enfrentar o sindicato; de sua parte, o ex-operário perde o emprego,

mas dispõe do capital necessário ao começo de uma vida nova.

A despedida incentivada foi recebida com grande simpatia. O Estado

brasileiro a utiliza constantemente.

Pergunta-se, agora: qual a natureza jurídica do instituto?

Sem dúvida, ele resulta de transação, com o escopo de obviar litígios.

Substancialmente, nele se envolve uma permuta: troca-se segurança por

esperança.

Sob o enfoque jurídico, o negócio confunde-se com o velho contrato de

compra e venda, no qual, um bem da vida é trocado por seu valor em dinheiro.

Um exame superfi cial pode conduzir o observador a enxergar no pagamento

feito pelo empregador, uma indenização.

Semelhante impressão é falsa. Indenização é o pagamento que se faz a

alguém, cujo patrimônio, contra sua vontade, foi lesado.

Na despedida incentivada, o pagamento corresponde ao valor de um bem

alienado mediante consentimento. Ajusta-se, pois, ao conceito de preço.

O preço acarreta metamorfose patrimonial: o emprego, bem da vida que

integrava o patrimônio do trabalhador, transmuda-se em dinheiro.

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RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 91

Em tese, a transformação não resulta em acréscimo ou diminuição

patrimonial.

Se assim ocorre, indaga-se: a compensação pelo desemprego incentivado é

fato gerador de imposto sobre a renda?

A resposta há que ser negativa.

Com efeito, a teor do CTN (art. 43), o imposto é gerado pela aquisição de:

1. renda (produto do capital ou do trabalho);

2. proventos (qualquer outro acréscimo patrimonial).

A compensação pelo desemprego não é produto do capital, nem do

trabalho. Tampouco, pode ser encarada como provento, já que não acarreta

acréscimo patrimonial.

Se assim ocorre, não há como considerá-la fato gerador de imposto sobre

a renda.

O tema já é nosso conhecido.

No julgamento do REsp n. 57.319, o Ministro Garcia Vieira conduziu esta

Turma - então formada pelos Ministros Demócrito Reinaldo, César Rocha e

por mim - ao acórdão unânime de que:

A importância paga ao servidor público como incentivo à demissão voluntária não está sujeita a incidência do imposto de renda, porque não é renda e nem representa acréscimo patrimonial.

Esta proposição, ao tempo em que mantém fidelidade aos institutos

jurídicos, obedece ao preceito contido no art. 5° da Lei de Introdução ao Código

Civil.

Com efeito, o pagamento correspondente à demissão tem como escopo

recompor a vida do ex-empregado. Ele se traduz em valor substancial. Se o

imposto incidisse sobre ele, certamente haveria de atingir a mais elevada das

alíquotas.

Imagine-se o trabalhador que renuncia à segurança do emprego, na

esperança de adquirir um automóvel que utilizará como táxi.

Imagine-se que a compensação acertada corresponda, justamente, ao preço

de um carro popular.

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Como fi caria este homem, ao saber que não lhe será possível adquirir o novo instrumento de trabalho, porque o Estado lhe tomou a quarta parte de seu patrimônio?

A despedida incentivada foi concebida para manter o empregado no mesmo nível econômico em que se encontrava - não para levá-lo à rua da amargura.

Dou provimento ao recurso.

RECURSO ESPECIAL N. 140.132-SP (97.0048625-7)

Relator: Ministro Hélio Mosimann

Recorrente: Benedito Pereira de Souza

Advogado: Sandra Maria Estefam Jorge e outro

Recorrido: Fazenda Nacional

Procurador: Elyadir Ferreira Borges e outros

EMENTA

Tributário. Mandado de segurança. Imposto de renda. Verbas

indenizatórias recebidas a título de incentivo à demissão voluntária.

Não incidência do tributo.

Não constituindo renda, mas indenização, de natureza reparatória,

que não pode ser objeto de tributação, as verbas recebidas a título de

incentivo à demissão voluntária não estão sujeitas à incidência do

imposto de renda.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos

votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do

recurso e dar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

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RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 93

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Peçanha Martins, Adhemar Maciel e Ari Pargendler.

Brasília (DF), 1º de dezembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Peçanha Martins, Presidente

Ministro Hélio Mosimann, Relator

DJ 09.02.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Hélio Mosimann: - Cuida-se de recurso especial interposto por Benedito Pereira de Souza, fundado no artigo 105, inciso III, alínea a, da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, que entendeu devida a retenção do Imposto de Renda na fonte sobre as verbas indenizatórias especiais, recebidas a título de incentivo à demissão voluntária.

Sustenta o recorrente, em síntese, contrariedade a lei federal.

Sem contra-razões, posto que não apresentadas, vieram os autos a esta superior instância.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Hélio Mosimann (Relator): Julgando caso semelhante,

onde se questionava a incidência do Imposto de Renda sobre indenização

recebida a título de licença-prêmio não gozada, lavrei o voto que aqui reproduzo

(REsp n. 46.963-SP):

Conforme destacado no relatório, a recorrente deu por violados, inicialmente, dispositivos de índole constitucional - artigos 150 e 153.

Nada a estranhar, não fosse o recurso especial mera cópia do recurso extraordinário.

De qualquer sorte, ainda que subsistente a irresignação no que se refere aos demais dispositivos, de natureza infraconstitucional,

(...) é indiscutível que o v. acórdão recorrido não estabeleceu, como pretende a recorrente, qualquer distinção em razão da natureza dos

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rendimentos, de forma a contrariar os dispositivos legais invocados. Deu-lhe, ao contrário, interpretação coerente com o texto constitucional, aplicando o conceito de renda tributável, resultante da própria lei e da doutrina.

Portanto, ao entender que a percepção - indenização de licença-prêmio - não constitui renda e, portanto, não está sujeita à incidência do Imposto de Renda, o v. acórdão não contrariou dispositivos infraconstitucionais, dando-lhes apenas interpretação compatível com o conceito doutrinário de renda. (Parecer do Ministério Público Estadual, fl . 312).

Sobre o tema, destaco o magistério de ROQUE ANTÔNIO CARRAZZA - “Novas Considerações sobre a Intributabilidade, por via de Imposto Sobre a Renda”, das Férias e Licenças-Prêmio recebidas em pecúnia - verbis:

A quantia recebida pelo servidor público, a título de ressarcimento, pelas férias e licenças-prêmio vencidas e não gozadas, por absoluta necessidade de serviço, é simples indenização. É medida reparatória que recompõe seu patrimônio, mas que absolutamente não lhe cria, sob o aspecto Jurídico, riquezas novas, é dizer, rendimentos ou ganhos de capital (proventos).

Temos por indisputável, pois, que o pagamento, em dinheiro, das férias e licenças-prêmio não gozadas, por necessidade de serviço, tem caráter indenizatório. E - repisamos - indenizações não podem ser objeto de tributação, por via de IR.

Cuidando da aplicação de idêntico princípio, embora se tratasse de indenização por férias não gozadas, disse o eminente Ministro Pádua Ribeiro que o pagamento, em pecúnia, “por sua natureza indenizatória, não está sujeito a imposto de renda”. E negou provimento a agravo, “porquanto o aresto atacado acha-se em harmonia com os precedentes desta Corte sobre a matéria” (REsps n. 27.487-8-SP, n. 30.978-9-SP e n. 34.988-0-SP - Agravo de Instrumento n. 46.146-7-SP, DJ de 24.02.1994). No mesmo sentido: REsp n. 40.249-2-SP, Min. José de Jesus, DJ de 21.03.1994”.

De destacar-se, fi nalmente, que a controvérsia tem seu desate consolidado no Verbete n. 125, da jurisprudência sumulada desta Corte, onde se lê que “o pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do Imposto de Renda.

Isto posto, não conheço do recurso.

É como voto.

No que respeita à importância paga a servidor público como incentivo

a demissão voluntária, também esta não está sujeita à incidência do Imposto

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 95

de Renda porque renda não é e nem representa acréscimo patrimonial. Assim

decidiu a Egrégia Primeira Turma no REsp n. 57.319-RS:

Incentivo à demissão voluntária. Ajuda de custo. Indenização. Imposto de renda. Não incidência.

A importância paga ao servidor público, como incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda porque não é renda nem representa acréscimo patrimonial. (Min. Garcia Vieira).

Conheço, assim, do recurso e lhe dou provimento.

É o voto.

VOTO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Sr. Presidente, ressalvo a minha posição e acompanho o Sr. Ministro-relator.

É meu voto.

RECURSO ESPECIAL N. 143.767-SP (97.0056495-9)

Relator: Ministro José Delgado

Recorrente: Fazenda Nacional

Recorrido: Ademar Fernandes

Advogados: Fernando Netto Boiteux e outros

Maria Aparecida Verzegnassi Ginez e outro

EMENTA

Programa de demissão voluntária. Quantias recebidas. Imposto de renda. Não incidência.

1 - Todo e qualquer quantum recebido em função de adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeito a incidência do imposto de renda, visto que tal valor não constitui renda,

nem caracteriza acréscimo patrimonial.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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2 - Precedente.

3 - Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Exmos. Srs. Ministros

da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e notas taquigráfi cas a seguir, por maioria, vencido o Exmo. Sr. Ministro Milton

Luiz Pereira, negar provimento ao recurso. Participaram do julgamento os

Exmos. Srs. Ministros Garcia Vieira, Demócrito Reinaldo, Humberto Gomes

de Barros e Milton Luiz Pereira.

Brasília (DF), 03 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Humberto Gomes de Barros, Presidente

Ministro José Delgado, Relator

DJ 02.02.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Delgado: A Fazenda Nacional interpõe o presente

recurso especial (fl s. 95-103), com fulcro no artigo 105, inciso III, alínea a, da

Constituição Federal, contra acórdão (fl . 88) proferido pelo TRF da 3ª Região,

assim ementado:

Tributário. Mandado de segurança. Imposto de renda na fonte. Rescisão de contrato de trabalho por ato do empregador. Honorários advocatícios. Não cabimento.

1. Na adesão ao programa de demissão incentivada ou no caso de dispensa sem justa causa, o empregado é compensado pela perda da estabilidade social através de benefícios chamados de “indenização especial”.

2. Toda e qualquer indenização recebida a esse título não confi gura aquisição de riqueza nova. Assim, não há que se falar em regra isentiva, mas sim em hipótese de não incidência do imposto de renda na fonte.

3. Em mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios. Inteligência da Súmula n. 512 do STF.

4. Apelação e remessa ofi cial improvidas.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 97

Sustenta a recorrente violação ao artigo 6º, inciso V, da Lei n. 7.713/1988 e

também aos artigos 43, I e II, e 111, II, do CTN.

A parte recorrida, em contra-razões (fl s. 105-114), pugna pela manutenção

do aresto atacado.

Admitido o especial por despacho (fl . 116) do Exmo. Sr. Vice-Presidente

do TRF da 3ª Região, subiram os autos a esta Corte.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro José Delgado (Relator): Examina-se especial interposto

contra acórdão que afastou a cobrança do Imposto de Renda sobre as quantias

percebidas em função de adesão a programa de incentivo à demissão voluntária.

O presente especial não comporta provimento.

Ao meu julgar, afiguram-se irretocáveis e bem lançadas as razões

despendidas pela digna prolatora do voto condutor do aresto atacado, pelo que,

ao adotá-las como razão de julgar, transcrevo-as (fl s. 84-86):

Tratam os autos de verbas recebidas pelo impetrante, por ocasião de dispensa sem justa causa, decorrente do denominado programa de ajuste de pessoal.

Tenho reiteradas vezes me manifestado no sentido de que esses valores não podem ser tangidos pela incidência do Imposto sobre a Renda, nos exatos termos do preceituado pelo artigo 43, do CTN.

A ruptura consignada no termo de rescisão é clara, no sentido de que houve uma compensação ao empregado que foi desligado da empresa, para que este se adequasse a ajustes necessários de ordem pessoal e econômica.

Ora, na verdade a relação biunívoca se estabeleceu, com evidente desfavor ao empregado, que troca uma situação social estável, no difícil mercado de trabalho, por valores que sem dúvida compõem a denominada indenização trabalhista.

Essa regra aliás é prestigiada pela Constituição Federal, não sendo pertinente trazer-se em confronto a regra inscrita no artigo 6°, da Lei n. 7.713/1988. Esta consigna hipótese de isenção do Imposto sobre a Renda em relação a indenização e aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido por lei.

A regra soa restritiva e em evidente descompasso com o que preceitua a Lei Maior, inciso I, do artigo 7°, que protege a relação empregatícia contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, determinando para a hipótese a

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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indenização compensatória, sendo esta defi nida como reparação, em pecúnia, decorrente da perda de direitos.

A propósito da matéria vem a lição precisa de Roque Antônio Carraza, publicada na Revista de Direito Tributário n. 52:

Na indenização, como é pacífi co e assente, há compensação em pecúnia, por dano sofrido. Noutros termos, o direito ferido é transformado em quantia em dinheiro. O patrimônio da pessoa lesada, não aumenta de valor, mas simplesmente é reposto no estado em que se encontrava antes do advento do gravame (status quo ante).

Em apertada síntese, na indenização inexiste riqueza nova. E, sem riqueza nova, não pode haver incidência do IR ou de qualquer outro imposto de competência residual da União (neste último caso, por ausência de indício de capacidade contributiva, que é o princípio que informa a tributação por meio de imposto, ex-vi do artigo 145, § 1°, da Constituição Federal.

Os juristas têm trazido em abono de sua tese a Súmula n. 39, do Tribunal Federal de Recursos, que explicita a não incidência do Imposto sobre a Renda incidente sobre indenização recebida por pessoa jurídica em decorrência de desapropriação amigável ou judicial.

Na verdade, a mesma razão que levou aquela Corte a pronunciar-se nesse sentido, deve informar essa recentíssima transformação social, operada pela adequação das empresas, e agora até mesmo pelo Governo, para redução de quadros funcionais e em decorrência de despesas operacionais. Dá-se de um lado, como indenização os valores que supostamente possam, de uma forma mesmo que passageira, compensar o desemprego, e de outro assegura-se a continuidade dos serviços, pela redução dos custos, diretos e indiretos.

De qualquer maneira, seja a adesão ao programa de demissão incentivada, ou como no caso dos autos, de dispensa sem justa causa, o certo é que não se há de inserir o contexto trazido com a inicial, no teto máximo previsto no artigo 6°, caput, e inciso V, da Lei n. 7.713/1988, in verbis:

Ficam isentos do Imposto sobre a Renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas:

V - a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido por lei.

Essa limitação não pode ser estendida à indenização, que por sua própria natureza, desgarra-se do atributo de aquisição de riqueza. Não pode ser considerada aquisição de riqueza nova a substituição de um bem da vida (estabilidade social, emprego regular) por outro, por sinal considerado como bem fungível, que se consome no tempo.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 99

Assim tenho que sobre todas as verbas recebidas pelo impetrante, não poderá falar em regra isentiva, mas sim em hipótese de não incidência do imposto de renda na fonte.

Outro não vem sendo o entendimento desta egrégia 1ª Turma. Confi ra-se:

Incentivo à demissão voluntária. Ajuda de custo. Indenização. Imposto de renda. Não incidência.

A importância paga ao servidor público como incentivo à demissão voluntária não está sujeita a incidência do imposto de renda porque não é renda e nem representa acréscimo patrimonial.

Recurso improvido. (REsp n. 57.319-0-RS, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ de 06.03.1995)

Por tais fundamentos, nego provimento ao recurso.

É como voto.

VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Milton Luiz Pereira: Senhor Presidente, fi co vencido.

RECURSO ESPECIAL N. 144.760-SP (97.058265-5)

Relator: Ministro Adhemar Maciel

Recorrente: Fazenda Nacional

Procuradores: Sérgio Augusto G. Pereira de Souza e outros

Recorridos: Antônio Afonso da Anunciação e outros

Advogados: Nélson Antônio Ferreira e outros

EMENTA

Tributário. Imposto de renda. Verba paga como “indenização

especial” pela dispensa de trabalhador. Ausência de hipótese de

incidência prevista no art. 43 do CTN.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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1. A não-incidência do IR sobre as denominadas verbas

indenizatórias a título de incentivo à impropriamente denominada

“demissão voluntária”, com ressalva do entendimento do relator

(REsp n. 125.791-SP, voto-vista, julgado em 14.12.1997), decorre da

constatação de não constituírem acréscimos patrimoniais subsumidos

na hipótese do art. 43 do CTN.

2. Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.

Decide a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,

não conhecer do recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-relator, na forma

do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos autos, que fi cam fazendo

parte integrante do presente julgado. Votaram de acordo os Srs. Ministros Ari

Pargendler, Hélio Mosimann e Peçanha Martins.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 19 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Peçanha Martins, Presidente

Ministro Adhemar Maciel, Relator

DJ 16.03.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Trata-se de recurso especial interposto

pela Fazenda Nacional com fundamento no art. 105, III, a e c, da Constituição

Federal, contra acórdão proferido pelo TRF da 3ª Região.

2. Antônio Afonso da Anunciação e outros impetraram mandado de segurança

contra o delegado da Receita Federal em Santo André-SP, objetivando afastar

a incidência de imposto de renda retido na fonte sobre verbas rescisórias de

contratos de trabalho entre os impetrantes e a Autolatina Brasil S/A (férias

indenizadas), bem como sobre valores pagos a título de indenização especial

como incentivo à demissão voluntária. O juízo de primeiro grau concedeu a

segurança. A Fazenda Nacional interpôs apelação.

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RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 101

3. O TRF da 3ª Região, por maioria, negou provimento à apelação e à remessa ofi cial. Entendeu não incidente o IR sobre as importâncias pagas a título de incentivo à demissão voluntária, com fundamento no art. 43 do CTN, na Lei n. 7.713/1988, e respaldado na jurisprudência desta Corte.

4. Irresignada, a Fazenda interpôs o presente recurso especial, em que aponta contrariedade dos arts. 43 e 111 do CTN, e da Lei n. 7.713/1988. Alega que são tributáveis as verbas pagas como “indenizações especiais” a título de incentivo à dispensa, provenientes de mera liberalidade da ex-empregadora. Levanta, igualmente, dissídio jurisprudencial entre o acórdão recorrido e precedentes do TRF da 3ª Região.

5. Contra-razões, às fl s. 253-269.

6. Parecer do Ministério Público Federal, pelo desprovimento do especial.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel (Relator): Preliminarmente, não conheço

do recurso pela divergência. É que a recorrente trouxe para confronto apenas

arestos do próprio tribunal de origem, o que encontra óbice na Súmula n. 13 do

STJ.

A vexata quaestio acerca da incidência do IR sobre as denominadas

verbas indenizatórias voluntárias a título de incentivo, com ressalva de meu

entendimento (REsp n. 125.791-SP, voto-vista, julgado em 14.12.1997), está

pacificada pela jurisprudência dominante de ambas as Turmas de Direito

Público, que segue a diretriz da não-tributação de tais verbas, por não

constituírem acréscimos patrimoniais subsumidos na hipótese do art. 43 do

CTN.

Vale ressaltar sobre o tema os seguintes julgados, cujas ementas transcrevo:

Incentivo à demissão voluntária. Ajuda de custo. Indenização. Imposto de renda. Não incidência.

A importância paga a servidor público como incentivo à demissão voluntária não está sujeita a incidência do imposto de renda porque não é renda e nem representa acréscimo patrimonial.

Recurso improvido (REsp n. 57.319-0-RS, Rel. Min. Garcia Vieira, 1ª Turma do STJ, publicado no DJU de 06.03.1995).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Tributário. Imposto de renda. Demissão incentivada. Conceito jurídico do pagamento recebido pelo empregado despedido. Não incidência do tributo.

- A “demissão incentivada” resulta de compra e venda, em que o operário aliena de seu patrimônio o bem da vida constituído pela relação de emprego, recebendo, como preço, valor correspondente ao desfalque sofrido. Tal preço não é fato gerador de imposto sobre renda ou provento (REsp n. 127.121-SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, provido unanimemente, 1ª Turma do STJ, publicado no DJU de 09.12.1997).

Tributário. Mandado de segurança. Imposto de renda. Verbas indenizatórias recebidas a título de incentivo à demissão voluntária. Não incidência do tributo.

Não constituindo renda, mas indenização, de natureza reparatória, que não pode ser objeto de tributação, as verbas recebidas a título de incentivo à demissão voluntária não estão sujeitas à incidência do imposto de renda (REsp n. 144.446-SP, Rel. Min. Hélio Mosimann, não conhecido unanimemente, 2ª Turma do STJ, publicado no DJU de 19.12.1997).

Com essas considerações, não conheço do recurso especial.

É como voto.

RECURSO ESPECIAL N. 149.716-DF (97.0067818-0)

Relator: Ministro Garcia Vieira

Recorrente: Fazenda Nacional

Recorridos: Maria Elice de Andrade Melo Nunes Freire e outros

Advogados: Joaquim Alceu Leite Silva e outros

Paulo Fernando Silva Souza e outros

EMENTA

Imposto de renda. Programa de incentivo à demissão voluntária.

Indenização.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 103

A vantagem oferecida pela empregadora, à demissão voluntária, é indenização e não está sujeita à incidência do imposto de renda por não ser renda nem proventos.

Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Exmos. Srs. Ministros

da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por maioria, vencido o Sr. Ministro Milton

Luiz Pereira, negar provimento ao recurso. Participaram do julgamento os

Exmos. Srs. Ministros Demócrito Reinaldo, Humberto Gomes de Barros,

Milton Luiz Pereira e José Delgado.

Brasília (DF), 03 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Humberto Gomes de Barros, Presidente

Ministro Garcia Vieira, Relator

DJ 09.02.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Garcia Vieira: - A Fazenda Nacional, com fundamento

na Constituição Federal, artigo 105, inciso III, letra a, interpõe recurso especial

(fl s. 161-168), guerreando acórdão que, entendeu indevida a incidência de

imposto de renda sobre as indenizações pagas ao recorrido, a título de incentivo

à demissão. Requer provimento para reformar o venerando aresto recorrido.

Contrariedade às fl s. 170-176.

Despacho (fl s. 178-179).

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Garcia Vieira (Relator): - Sr. Presidente: Conheço do

recurso pela letra a, porque o recorrente apontou, como violados, alguns

dispositivos legais, versando sobre questões devidamente prequestionadas.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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O recurso merece provimento.

Foram oferecidas indenizações especiais a empregados que aderissem a

programa de incentivo a demissão voluntária promovido pela empregadora.

Na realidade, a vantagem oferecida pela empregadora, como incentivo à

demissão voluntária apesar de ter sido denominada de ajuda de custo, não passa

de uma indenização ao empregado que concordasse em rescindir o seu contrato

de trabalho ou em exonerar-se, perdendo o emprego ou o cargo e indenização

não está sujeito à incidência do imposto de renda (artigo 1°, inciso V, da Lei

Federal n. 7.713, de 22 de dezembro de 1988). O imposto sobre a renda tem

como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da

renda (produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) e de

proventos de qualquer natureza (acréscimos patrimoniais não compreendidos

no inciso anterior), como se verifi ca do artigo 43 do CTN. Acontece que

referida indenização não é renda nem proventos. É uma compensação ao

empregado pelo que ele estará perdendo ao abrir mão de seu emprego ou cargo.

Também não pode ser tida como proventos porque não representa ela nenhum

acréscimo patrimonial.

Como se vê, o venerando acórdão recorrido não violou dispositivo do

Código Tributário Nacional e da Lei n. 7.713/1988.

Nego provimento ao recurso.

VOTO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros (Presidente): Farei juntar voto

proferido no Recurso Especial n. 146.884-SP.

ANEXO

RECURSO ESPECIAL N. 146.884-SP (97.0062165-0)

Ementa: Tributário. Imposto de renda. Demissão incentivada.

Conceito jurídico do pagamento recebido pelo empregado despedido.

Não incidência do tributo.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 105

- A “demissão incentivada” resulta de compra e venda, em que

o operário aliena de seu patrimônio o bem da vida constituído pela

relação de emprego, recebendo, como preço, valor correspondente ao

desfalque sofrido. Tal preço não é fato gerador de imposto sobre renda

ou provento.

VOTO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros: Este recurso traz ao exame da

Corte Superior do Brasil um novo instituto, gerado em meio à crise da era pós-

industrial: a demissão incentivada.

A revolução capitalista desenvolveu-se em torno do confl ito entre os donos

do dinheiro e o proletariado - aqueles que nada tinham, senão a prole.

Os atritos produziram, como síntese, uma nova disciplina: o direito do

trabalho - conseqüência de aperfeiçoamentos e desdobramentos, operados a

partir da antiga locação de serviços.

O Direito do Trabalho, inspirado pelo imperativo de proteger o mais fraco,

efetivou o vínculo contratual, incorporando-o, como bem da vida, ao patrimônio

empregado.

O contrato de trabalho transformou o antigo proletário em empregado -

alguém que já possui algo mais que a miserável prole.

A cibernética, com a robótica (seu corolário), tornou desnecessária a

manutenção de operários, em grande número. Em compensação, ampliou as

oportunidades de prestação autônoma de serviços.

As empresas passaram a depender, cada vez menos, do trabalho humano.

O pós-capitalismo tornou supérfluo o homem, mas não derrogou o

capitalismo. O lucro continua a ser o escopo fundamental da empresa.

Surgiu nova preocupação, fundamental para a sobrevivência da empresa:

o enxugamento da folha de salários. Vale dizer: a diminuição do número de

empregados.

Persiste, entretanto, uma difi culdade: o sindicato, a proteger o trabalhador,

contra despedidas espoliadoras.

Para contorná-la, concebeu-se um artifício: a “despedida incentivada”.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

106

Este modo de romper o vínculo empregatício consiste em induzir,

oferecendo compensações, o pedido de dispensa, pelo empregado.

O patrão se dirige ao operário e lhe propõe:

- Você aceita trocar o emprego por dinheiro, em quantidade sufi ciente para

o estabelecimento de seu próprio negócio?

Feitas as contas e acertado o valor do pagamento, consuma-se o negócio:

o patrão recebe o pedido, dispensa o empregado, pagando-lhe a compensação.

Todos fi cam satisfeitos. De um lado, o patrão consegue enxugar a folha de

salários, sem enfrentar o sindicato; de sua parte, o ex-operário perde o emprego,

mas dispõe do capital necessário ao começo de uma vida nova.

A despedida incentivada foi recebida com grande simpatia. O Estado

brasileiro a utiliza constantemente.

Pergunta-se, agora qual a natureza jurídica do instituto?

Sem dúvida, ele resulta de transação, com o escopo de obviar litígios.

Substancialmente, nele se envolve uma permuta: troca-se segurança por

esperança.

Sob o enfoque jurídico, o negócio confunde-se com o velho contrato de

compra e venda, no qual, um bem da vida é trocado por seu valor em dinheiro.

Um exame superficial pode conduzir o observador a enxergar, no

pagamento feito pelo empregador, uma indenização.

Semelhante impressão é falsa. Indenização é o pagamento que se faz a

alguém, cujo patrimônio, contra sua vontade, foi lesado.

Na despedida incentivada, o pagamento corresponde ao valor de um bem

alienado mediante consentimento. Ajusta-se, pois, ao conceito de preço.

O preço acarreta metamorfose patrimonial: o emprego, bem da vida que

integrava o patrimônio do trabalhador, transmuda-se em dinheiro.

Em tese, a transformação não resulta em acréscimo ou diminuição

patrimonial.

Se assim ocorre, indaga-se: a compensação pelo desemprego incentivado é

fato gerador de imposto sobre a renda?

A resposta há que ser negativa.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 107

Com efeito, a teor do CTN (art. 43), o imposto é gerado pela aquisição de:

1. renda (produto do capital ou do trabalho);

2. proventos (qualquer outro acréscimo patrimonial).

A compensação pelo desemprego não é produto do capital, nem do

trabalho. Tampouco, pode ser encarada como provento, já que não acarreta

acréscimo patrimonial.

Se assim ocorre, não há como considerá-la fato gerador de imposto sobre

a renda.

O tema já é nosso conhecido.

No julgamento do REsp n. 57.319, o Ministro Garcia Vieira conduziu esta

Turma então formada pelos Ministros Demócrito Reinaldo, Cesar Rocha e por

mim - ao acórdão unânime de que

A importância paga ao servidor público como incentivo à demissão voluntária não está sujeita a incidência do imposto de renda, porque não é renda e nem representa acréscimo patrimonial.

Esta proposição, ao tempo em que mantém fidelidade aos institutos jurídicos, obedece ao preceito contido no art. 5° da Lei de Introdução ao Código Civil.

Com efeito, o pagamento correspondente à demissão tem como escopo recompor a vida do ex-empregado. Ele se traduz em valor substancial. Se o imposto incidisse sobre ele, certamente haveria de atingir a mais elevada das alíquotas.

Imagine-se o trabalhador que renuncia à segurança do emprego, na esperança de adquirir um automóvel que utilizará como táxi.

Imagine-se que a compensação acertada corresponda, justamente, ao preço de um carro popular.

Como fi caria este homem, ao saber que não lhe será possível adquirir o novo instrumento de trabalho, porque o Estado lhe tomou a quarta parte de seu patrimônio?

A despedida incentivada foi concebida para manter o empregado no mesmo nível econômico em que se encontrava - não para levá-lo à rua da amargura.

Nego provimento ao recurso.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Milton Luiz Pereira: Senhor Presidente, data venia, fi co

vencido.

RECURSO ESPECIAL N. 153.242-SP (97.0076881-3)

Relator: Ministro Demócrito Reinaldo

Recorrentes: Gerson Gomes Bonfi m e outros

Recorrida: Fazenda Nacional

Advogados: Carlos Alberto Goes e outros

Elyadir Ferreira Borges e outros

EMENTA

Tributário. Imposto de renda. Sua incidência sobre as quantias

recebidas, pelo empregado em face da rescisão contratual incentivada.

Descabimento (art. 43 do CTN).

Na denúncia contratual incentivada, ainda que com o

consentimento do empregado, prevalece a supremacia do poder

econômico sobre o hipossufi ciente, competindo, ao Poder Público

e, especifi camente, ao Judiciário, apreciar a lide de modo a preservar,

tanto quanto possível, os direitos do obreiro, porquanto, na rescisão

do contrato não atuam as partes com igualdade na manifestação da

vontade.

No programa de incentivo à dissolução do pacto laboral, objetiva

a empresa (ou órgão da Administração Pública) diminuir a despesa

com a folha de pagamento de seu pessoal, providência que executaria

com ou sem o assentimento dos trabalhadores, em geral, e a aceitação,

por estes, visa a evitar a rescisão sem justa causa, prejudicial aos seus

interesses.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 109

O pagamento que se faz ao operário dispensado (pela via do

incentivo) tem a natureza de ressarcimento e de compensação pela

perda do emprego, além de lhe assegurar o capital necessário para a

própria manutenção e de sua família, durante certo período, ou, pelo

menos, até a consecução de outro trabalho.

A indenização auferida, nestas condições, não se erige em

renda, na defi nição legal, tendo dupla fi nalidade: ressarcir o dano

causado e, ao menos em parte, previdencialmente, propiciar meios para

que o empregado despedido enfrente as difi culdades dos primeiros

momentos, destinados à procura de emprego ou de outro meio de

subsistência. O quantum recebido tem feição previdenciária, além

da ressarcitória, constituindo, desenganadamente, mera indenização,

indene à incidência do tributo.

Recurso provido. Decisão indiscrepante.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide

a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar

provimento ao recurso, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes

dos autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado. Participaram

do julgamento os Srs. Ministros Humberto Gomes de Barros, José Delgado e

Garcia Vieira. Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Milton Luiz Pereira.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 15 de dezembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Humberto Gomes de Barros, Presidente

Ministro Demócrito Reinaldo, Relator

DJ 02.03.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Demócrito Reinaldo: Gerson Gomes Bonf im e outros

impetraram mandado de segurança contra Autoridade Fazendária, objetivando

eximir-se do pagamento do imposto de renda a incidir sobre o montante das

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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importâncias recebidas, a título de indenização especial e indenização adicional

complementar, tendo em vista a rescisão dos respectivos contratos de trabalho

com base no Programa de Ajuste Pessoal, de iniciativa da General Motors do

Brasil Ltda.

A segurança foi concedida, em primeira instância, e reformada a sentença

monocrática, em grau de remessa ofi cial e recurso apelatório, com a denegação

da ordem.

Irresignados, os vencidos manifestam recurso especial, sob o pálio da letra

a do admissivo constitucional, sobre alegar violação ao artigo 43 do Código

Tributário Nacional, além de indicar divergência do decisório com julgado de

outro tribunal (fl s. 118-128).

Contra-arrazoado e admitido o recurso na origem, vieram os autos a esta

instância, onde me foram distribuídos e conclusos.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Demócrito Reinaldo (Relator): Senhores Ministros:

Conforme relatado, ex-empregados da General Motors do Brasil Ltda. impetraram

mandado de segurança contra ato da competente Autoridade Fazendária

objetivando a sustação do desconto do imposto de renda, descontado na fonte,

sobre o montante das indenizações, tendo em vista as respectivas rescisões de

contratos de trabalho, com base no Programa de Ajuste Pessoal, de iniciativa da

referida empresa.

A decisão de primeira instância, deferindo a segurança, foi reformada, em

grau de remessa ofi cial e recurso voluntário, denegada assim a ordem.

Inconformado, manifestou, o vencido, recurso especial estribado na letra

a do admissivo constitucional, sobre alegar afronta ao art. 43 do CTN, eis

que as verbas recebidas em decorrência da rescisão de seus contratos celetistas

constituem indenização e, de conseqüência, estão indenes de incidência do

imposto de renda.

Afi gura-se-me que os recorrentes têm inteira razão estando a postulação

em consonância com a lei e a jurisprudência desta egrégia Corte. O principal

argumento do acórdão recorrido consiste em que, “benefícios recebidos em

razão de rescisão para a qual concorra voluntariamente o empregado não têm

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 111

natureza jurídica de indenização. O valor em dinheiro pago ao empregado,

assim como o bem por si recebido, não obstante rotulados de “indenização

especial”, de indenização não se cuida. É acréscimo patrimonial, tributável como

renda (CTN, art. 43, II)” - fl . 115.

Nada mais desarrazoado.

Em princípio se sabe que nesse incentivo prevalece a supremacia do

poder econômico sobre o hipossufi ciente, competindo aos poderes públicos

e, especificamente ao Judiciário, protegê-lo. Na rescisão dos contratos, na

verdade, não há igualdade entre as partes. Ao contrário, os empregados aceitam

a proposta da Empresa (ou do Estado ou Município), em relação à dispensa

incentivada, porque, de algum modo, lhe é mais favorável e para evitar a rescisão

sem justa causa. O que a Empresa pretende, com esse Programa, é diminuir a

despesa com pessoal e o faria unilateralmente, com ou sem o assentimento dos

operários. É ingenuidade pensar, nesses casos, na igualdade das partes.

Quando assim não fosse, a indenização que o empregado aufere na

dispensa incentivada tem a mesma natureza daquela percebida quando da

rescisão do contrato, ainda que imotivada (ou sem justa causa).

As quantias recebidas (em razão desse incentivo) têm o mesmo objetivo, o

de repor o patrimônio do empregado ao estado anterior, visto como, a rescisão

do contrato de trabalho, seja ou não consentida, implica, desenganadamente,

em dano, consistente na perda do emprego. O pagamento que se faz ao operário

afastado do seu emprego tem natureza de ressarcimento, de compensação pela

perda do emprego e, mais ainda, objetiva que o operário, nessas condições, tenha

o capital necessário para se manter com a sua família durante certo período,

pelo menos até a consecução de outro trabalho ou de atividade livre que lhe

assegure vida condigna com os seus. Toda e qualquer importância que receber

com incentivo ou sem ele - se decorrente da perda do emprego - têm o caráter

indenizatório, é mera compensação. Não há, pois, que falar, em acréscimo de

patrimônio, porque é dessa mísera indenização que o obreiro irá sobreviver, nos

meses subseqüentes e por período indefi nido. Nada mais justo que essa verba

que, aliás, constitui alimento no por vir, esteja isenta de qualquer desconto.

A indenização, adverte Russomano, “não é um simples ressarcimento

de prejuízo, matematicamente apurado, como vimos. Ela tem, igualmente,

um fi m previdencial. Tem uma fi nalidade dupla: a) ressarcir o dano causado

indevidamente, ao menos em parte; b) também ao menos em parte,

previdencialmente, dar meios a que o empregado despedido enfrente as

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

112

difi culdades dos primeiros momentos em que procura outro patrão” (Coms. à

Consolidação das Leis do Trabalho, vol. III, p. 798).

No caso, ainda que o obreiro tenha concordado com a despedida (e essa

concordância nunca é totalmente livre, espontânea), resta, ainda, em relação ao

quantum recebido, a feição previdenciária, que é a de sua própria subsistência,

com os seus, durante o incerto lapso de tempo em que fi cará desempregado.

Só essa circunstância, por si, convola as verbas de compensação que o operário

percebe, no momento da resilição consentida de seu contrato laboral, em

indenização e, por tal razão, indene à incidência do tributo.

E isso por força da legislação de regência. Quando a lei isenta do imposto

de renda as verbas indenizatórias, não estabelece diferença se defl uente de

dispensa imotivada ou não (ou incentivada). O que se pretende e que se cuide

de indenização. O imposto poderia incidir sobre o que sobejasse da indenização

prevista em lei, mas, essa questão não está em causa.

Assim é que, em caso semelhante, pontifi cou o nobre Ministro Garcia

Vieira, no julgamento do Especial de n. 57.319-0-RS: “A importância paga ao

servidor público como incentivo à demissão não está sujeita à incidência do

imposto de renda, porque renda não é e nem representa acréscimo patrimonial”.

E, no contexto do acórdão, enfatizou o eminente Ministro:

O art. 4º da Lei Estadual n. 9.437 de 27 de novembro de 1991 (...) ofereceu ao servidor público estatutário ou celetista que pedisse exoneração ou rescisão contratual uma compensação denominada de ajuda de custo. O objetivo do legislador era incentivar as demissões voluntárias (...) Na realidade, a vantagem oferecida pelo legislador estadual como incentivo à demissão voluntária, apesar de ter sido denominada de ajuda de custo, não passa de uma indenização ao servidor celetista ou estatutário que concordasse em rescindir o seu contrato de trabalho ou exonerar-se, perdendo o emprego ou o cargo e indenização não está sujeita à incidência do imposto de renda (art. 1º, inciso V, da Lei Federal n. 7.713 de 22 de dezembro de 1988). O imposto sobre a renda tem como fato gerador a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica e de proventos de qualquer natureza (art. 43 do CTN). Acontece que a referida indenização não é renda e nem proventos. É uma compensação ao servidor pelo que ele estará perdendo ao abrir mão de seu emprego ou cargo.

Naquele julgamento, proferi voto de vista e, após analisar a legislação de

regência, escrevi:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 77-114, março 2011 113

Não importa que a lei tenha denominado o incentivo de ajuda de custo. Ajuda de custo, segundo os Administrativistas, “é a quantia que o Estado põe à disposição do funcionário que, passando a ter exercício em nova sede, precisa ser compensado das despesas de viagem e da nova instalação” (José Cretella Júnior, Curso de Direito Administrativo, p. 490). In casu, o que se denomina de ajuda de custo constitui, indubitavelmente, indenização. Com efeito dispõe o art. 22, II, do Decreto n. 85.450: art. 22: não estarão no cômputo do rendimento bruto: V: a indenização e o aviso prévio, pago em dinheiro, por despedida ou rescisão do contrato de trabalho, que não excedam os limites garantidos por lei (...) Como se vê, a legislação pertinente afasta da incidência do imposto de renda a indenização paga em dinheiro em razão da despedida ou rescisão do contrato de trabalho. Foi o que ocorreu, no caso. A recorrida recebeu, com base na lei estadual, uma importância, a título de ajuda, calculada de acordo com o seu tempo de serviço público. Essa ajuda de custo, que em verdade é indenização, desponta, a toda evidência, como uma reparação em face da rescisão contratual, que é sempre danosa ao servidor, e tem, indiscutivelmente, o viso de prover a manutenção desse servidor e de seus dependentes, até a consecução de outro emprego, na área pública ou na iniciativa privada. Não há, pois, na percepção dessa indenização, sob título de ajuda de custo, um rendimento, um plus, um acréscimo nos ganhos do servidor exonerado, mas, uma compensação, uma indenização pela perda do emprego (...) Não vislumbro, pois, como acolher as alegações da recorrente, sobre ser, essa ajuda, um prêmio - premiado seria o servidor exonerado que, além de perceber a indenização (em seu todo) recebesse a chamada ajuda de custo. Aí, haveria um somatório, um adicional, um acréscimo e excedidos estariam os limites da lei. Sobre esse acréscimo incidirá o tributo. Mas, não é o que acontece no caso presente.

Observe-se que a lei isenta do imposto de renda as indenizações a aviso

prévio recebidos, em dinheiro, pagos por despedida ou rescisão de contrato

de trabalho. A lei não distingue se a despedida (ou rescisão) é desmotivada

ou incentivada, não cabendo, ao intérprete, distinguir: quod lex non distinguit,

non distinguere possumus. E a natureza jurídica do tributo é determinada pelo

fato gerador, sendo irrelevante para qualificá-la, a denominação e outras

características adotadas pela lei” (art. 4° do CTN). No caso, não se desfi gura a

natureza de mera indenização por despedida, a circunstância de o Programa que

estimulou a rescisão dos contratos de trabalho, ter denominado a contraprestação

de “indenização especial, de indenização complementar adicional” ou outra

qualquer. Basta que as importâncias recebidas decorram da despedida do

empregado, com ou sem justa causa; como providência unilateral da empresa ou

com o assentimento do empregado: o que se tem, aí, é indenização e, como tal,

isenta de imposto de renda.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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É certo que, no montante auferido pelo recorrente, se encontra a parcela

correspondente às férias (que, ainda não haviam sido gozadas). A inclusão dessa

parcela (férias) não desnatura a feição indenizatória. A indenização de férias,

esclarece Orlando Gomes, “dá-se quando há dissolução do contrato de trabalho

(CLT, art. 143). Neste caso será paga a título de indenização, a remuneração

correspondente ao período de férias cujo direito o empregado tenha adquirido.

Trata-se de uma indenização tarifada cuja estimativa há de ser fixada em

quantia igual às férias que fez jus em um ou mais períodos aquisitivos anteriores

à rescisão ou terminação do contrato. Não se trata de remuneração de férias,

como muitos inadvertidamente pensam, mas, sim, de típica indenização, pois,

o contrato de trabalho está extinto” (Curso de Direito do Trabalho, p. 358).

Assim, frente ao seu caráter essencialmente indenizatório, as férias estão imunes

à tributação. Também, as diferenças de 13° salário constituem indenização, na

hipótese de dispensa (Súmula n. 148 do TST).

Com estas considerações, conheço do recurso e lhe dou provimento, para

restabelecer a douta sentença de primeira instância.

É como voto.

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Súmula n. 216

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SÚMULA N. 216

A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça

é aferida pelo registro no protocolo da secretaria e não pela data da entrega na

agência do correio.

Referências:

CPC, arts. 374 e 508.

RISTJ, art. 66.

Precedentes:

AgRg no Ag 5.237-RJ (3ª T, 25.09.1990 – DJ 22.10.1990)

AgRg no Ag 9.386-SP (4ª T, 28.05.1991 – DJ 02.09.1991)

AgRg no Ag 18.310-RJ (4ª T, 29.09.1992 – DJ 26.10.1992)

AgRg no Ag 31.132-SP (2ª T, 03.03.1993 – DJ 15.03.1993)

AgRg no Ag 52.111-SP (2ª T, 10.08.1994 – DJ 05.09.1994)

AgRg no Ag 81.895-RJ (5ª T, 06.08.1996 – DJ 26.08.1996)

AgRg no Ag 118.351-SP (3ª T, 25.02.1997 – DJ 12.05.1997)

AgRg nos EDcl no REsp 73.170-SP (3ª T, 09.09.1996 – DJ 29.10.1996)

AgRg nos EDcl nos

EDcl no REsp 73.488-PR (1ª T, 21.10.1996 – DJ 25.11.1996)

EDcl no AgRg no Ag 78.261-RJ (6ª T, 18.03.1997 – DJ 22.04.1997)

EDcl no AgRg no Ag 99.876-SP (6ª T, 18.11.1996 – DJ 03.02.1997)

EDcl nos EDcl no REsp 80.938-SP (4ª T, 26.08.1996 – DJ 29.10.1996)

EDcl nos EDcl no REsp 85.333-RJ (3ª T, 26.11.1996 – DJ 03.02.1997)

Corte Especial, em 03.02.1999

DJ 25.02.1999, p. 77

Republ. DJ 15.03.1999, p. 32

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 5.237-RJ (90.081220)

Relator: Ministro Nilson Naves

Agravantes: Gladstone José dos Santos e cônjuge

Agravado: O R. Despacho de fl . 45

Partes: Gladstone José dos Santos e cônjuge e Sandra Maria de Melo Biar

Advogados: Iêdo Batista Neves e Antônio Augusto de Araújo Soares

EMENTA

Processo no STJ. Agravo regimental. Protocolo/prazo. O que

marca a tempestividade do agravo regimental é ser a sua petição

protocolada, no STJ, dentro do prazo. Agravo regimental não

conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide

a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do

Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 5.237-RJ, nos termos do voto

do Sr. Ministro Relator, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes

dos autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 25 de setembro de 1990 (data do julgamento).

Ministro Gueiros Leite, Presidente

Ministro Nilson Naves, Relator

DJ 22.10.1990

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Nilson Naves: - Por despacho publicado no DJ do dia 10,

segunda-feira, neguei provimento ao agravo de instrumento, verbis:

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Quando interposto, o recurso extraordinário dependia da argüição de relevância (ver despacho de fl. 29). Não deduzida a argüição em capítulo destacado na petição de recurso extraordinário, ocorreu a preclusão do tema infraconstitucional. No Superior Tribunal de Justiça, temos inúmeros precedentes. Mais a mais, o tema suscitado no recurso diz mais com a prova produzida no curso do processo. “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial” (Súmula n. 7-STJ).

Nego provimento ao agravo.

Daí o agravo regimental, por petição protocolada, neste Tribunal, no dia 18, terça-feira.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Nilson Naves (Relator): - O que marca a tempestividade do agravo regimental é ser a sua petição protocolada, no Tribunal, dentro do prazo de 05 (cinco) dias. Na espécie, o prazo terminou no dia 15, sábado, prorrogado para o dia 17, segunda-feira, mas a petição de fl s. 47-49 só foi protocolada no dia 18, terça-feira. Fora do tempo, portanto.

Não conheço do agravo regimental.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 9.386-SP (91.0003891-1)

Relator: Ministro Fontes de Alencar

Agravante: João Batista da Silva

Agravado: R. Despacho de folhas 54

Advogados: Eradio Bispo de Araújo Costa e outro

EMENTA

Agravo regimental. Telex. Intempestividade.

O protocolo na Corte marca a interposição do agravo regimental

manifestado por telex, e não a sua remessa.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 121

Recurso não conhecido.

Unânime.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas: Decide

a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer

do agravo regimental, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos

autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado.

Brasília (DF), 28 de maio de 1991 (data do julgamento).

Ministro Bueno de Souza, Presidente

Ministro Fontes de Alencar, Relator

DJ 02.09.1991

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Fontes de Alencar: Cuida-se de agravo regimental

interposto contra o seguinte despacho:

Trata-se de agravo de instrumento a despacho que indeferiu recurso especial contra decisão proferida em ação de usucapião.

Alega o recorrente violação dos arts. 246 e 942, II, do Código de Processo Civil.

Verifi co que o recorrente não rebateu os fundamentos do despacho agravado, permanecendo íntegra a decisão.

De mais a mais, o recurso especial não é a via adequada para o reexame da prova (Súmula n. 7 do STJ).

Em face do exposto, nego provimento ao presente agravo (art. 254, I, do RI-STJ). (fl . 54).

O recorrente interpôs agravo regimental através de duas petições

protocolizadas em 11.04.1991 e 15.04.1991, sendo esta última por telex.

É o relatório.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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VOTO

O Sr. Ministro Fontes de Alencar (Relator): Verifi co ser intempestivo o

agravo regimental.

Isto porque publicado o despacho que negou provimento ao agravo de

instrumento em 04.04.1991 (quinta-feira) o prazo para interposição do agravo

regimental esgotar-se-ia em 09.04.1991 (terça-feira).

As petições de agravo regimental foram protocolizadas em 11.04.1991 e

15.04.1991, quando já esgotado o qüinqüídio legal.

Devo ressaltar que no agravo regimental por telex conta-se o prazo da

entrada no protocolo desta Corte, e não, da sua remessa.

Em caso similar também assim se orienta a jurisprudência do Supremo

Tribunal Federal, consubstanciada, entre outros nos AgRg n. 120.388-RJ, Rel.

Min. Célio Borja, in RTJ 126/1.236, AgRg no AG n. 77.653-SC, Tribunal

Pleno, Rel. Min. Moreira Alves, Ementário n. 1.160-1, DJ de 25.02.1980;

AgRg no AG n. 64.399-SP, 2ª Turma, Rel. Min. Xavier de Albuquerque, DJ

de 03.09.1975; AgRg no AG n. 111.581-5-RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Sydney

Sanches, DJ de 17.10.1986 e AgRg no AG n. 85.308-1-SP, 2ª Turma, Rel. Min.

Moreira Alves, DJ de 04.12.1981. Nessa diretriz é o AgRg no AG n. 2.761, por

mim relatado.

Ressalto, ainda, que o telex sequer traz a indicação da fi rma reconhecida do

subscritor.

Em face do exposto, não conheço do presente agravo.

É o meu voto.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 18.310-RJ

Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo

Agravante: José Coelho dos Santos

Advogados: Wilma da Costa Cortes e outro

Agravado: R. Despacho de fl s. 98

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 123

EMENTA

Processo Civil. Recurso no STJ. Agravo regimental interposto

por telegrama. Reiteração por fax. Intempestividade. Data do registro

no protocolo. Precedentes. Agravo desprovido.

I - A tempestividade da prática do ato processual decorre da

data constante do registro da petição no protocolo geral do Tribunal,

inexistindo amparo legal para que se tenha em conta a data em que

enviado por via postal ou telegráfi ca.

II - Incumbe à parte fornecer, na petição recursal, a comprovação

dos fatos que inibam o curso dos prazos processuais, dado que

inexigível desta Corte o conhecimento das singularidades inerentes às

organizações Judiciárias locais.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.

Votaram com o Relator os Ministros Barros Monteiro e Fontes de Alencar.

Ausentes, por motivo justifi cado, os Ministros Bueno de Souza e Athos

Carneiro.

Brasília (DF), 29 de setembro de 1992 (data do julgamento).

Ministro Fontes de Alencar, Presidente

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Relator

DJ 26.10.1992

EXPOSIÇÃO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo: Em 11.06.1992 foi publicada no

DJU decisão monocrática que proferi, guardando o seguinte teor:

Com arrimo na certidão de fl s. 35, de intempestividade, não conheci do agravo. A decisão foi publicada em 07.05.1992, quinta-feira (fl s. 99).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Em 13.05.1992 (4ª feira) despachei ordenando a juntada de telegrama aos autos ostentando os seguintes dizeres:

Referente Agravo de Instrumento n. 18.310-Rio de Janeiro - DJU de 07.05.1992, folhas 6.220. Informamos a V. Exª que na Semana Santa, de 25 a 29.03.1991, não houve expediente no protocolo do Tribunal do Estado do Rio de Janeiro, de sorte que o agravo não é intempestivo, salvo melhor juízo. Saudações.

Na mesma data foi enviado telefax através do qual a advogada encaminhou cópia da Lei de Organização Judiciária daquele Estado, onde se lê que não há expediente forense na semana santa, de segunda a sexta-feira, além de solicitar seu recebimento como agravo regimental.

Ambos os documentos foram protocolados em 14.05.1992 (5ª feira).

O quinqüídio pra interposição do competente agravo regimental esgotara-se em 12.05.1992 (3ª feira), sendo portanto intempestivas ambas as manifestações. Neste sentido, a iterativa jurisprudência desta Corte: AgRg/Ag n. 5.237-RJ (DJ 22.10.1990), AgRg/Ag n. 2.108-SP (DJ 23.04.1990), AgRg/Ag n. 2.242-SP (DJ 07.05.1990), AgRg/Ag n. 14.492-MG (DJ 16.12.1991).

A eg. Terceira Turma ao julgar o AgRg/Ag n. 10.491-SP, relatado pelo em. Ministro Nilson Naves (DJ 1°.07.1991), lançou acórdão cuja ementa guarda o seguinte teor:

Processo no STJ. Agravo regimental.

1. É inadmissível recurso transmitido via fax. Precedentes.

2. O que marca a tempestividade do agravo regimental é ser a sua petição protocolada, no STJ, dentro do prazo.

3. Agravo regimental não conhecido.

In casu, incumbia ao agravante ter demonstrado quando da interposição do agravo de instrumento, a legislação local inibidora do curso do prazo, sequer tendo mencionado a circunstância.

Outrossim, ao ver inadmitido aquele agravo por intempestividade, sua conduta, nos termos da lei, deveria ter sido agravar regimentalmente, no prazo, o que também não fez, tendo se limitado a enviar as peças referidas no relatório, mas mesmo assim a destempo.

Não há como conhecer.

Enviado foi, então, dentro do quinqüídio, novo telegrama, que, recebi

como agravo regimental, verbis:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 125

Em atenção a REsp decisão publicada no DJU em 11.06.1992 a fls. 8.984, informamos a V. Exª. que o telegrama com efeito de agravo regimental foi expedido em 11.05.1992. Logo, S.M.J., dentro do quinqüídio legal.

Data venha o equívoco foi perpetrado pela certidão de fl s. 35 conforme restou provado pelas razões do telegrama com efeito de agravo regimental corroboradas pelo fax. Assim sendo, faz-se justiça ao agravante o reconhecimento do erro com a reconsideração do decreto de intempestividade do agravo de instrumento. Requer o agravante seja dado seguimento ao recurso para decisão do órgão ad quem. Não se trata de recurso via fax e sim via telegrama, uma forma permitida pela lei. (sic).

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo (Relator): Razão não assiste ao

agravante.

O telegrama, desacompanhado de razões e documentos, apenas afi rmando

na semana santa permanecera fechado o fórum, conquanto tenha sido expedido

em 11.05.1992, deu entrada no gabinete em 13.05.1992, um dia após o

encerramento do prazo recursal.

O fax, reiterando os termos do telegrama e trazendo consigo cópias da Lei

de Organização Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, foi despachado também

no dia 13.05.1992.

Ambas as manifestações, portanto, receberam despacho em 13.05.1992 e

chancela mecânica do protocolo do Tribunal em 14.05.1992, desatempadamente,

como se vê.

É remançosa a Jurisprudência desta Corte no sentido de que a

tempestividade da prática do ato processual decorre da data constante do

registro da petição no protocolo-geral do Tribunal.

Adotando esta orientação, a Terceira Turma não conheceu do AgRg/Ag n.

2.242-SP (DJ 07.05.1990), relatado pelo Sr. Ministro Waldemar Zveiter, de cuja

ementa se colhe:

Processual Civil. Agravo regimental no agravo de instrumento. Intempestividade. Art. 66 do RISTJ.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

126

I - Agravo regimental interposto por telex ou telegrama. Considera-se como data para aferição dos prazos, aquela constante do registro do Protocolo-Geral deste Superior Tribunal de Justiça. Inteligência do art. 86 do RISTJ.

II - Inexiste norma regimental dispondo sobre a validade de protocolo na representação do extinto TRF ou de Tribunais Regionais Federais, para o efeito de assegurar prazos nos recursos.

III - Agravo não conhecido.

Na mesma direção, a decisão do AgRg/Ag n. 5.237-RJ (DJ 22.10.1990),

da relatoria do Sr. Ministro Nilson Naves, ementado verbis:

Processo no STJ. Agravo regimental. Protocolo/prazo. O que marca a tempestividade do agravo regimental é ser a sua petição protocolada, no STJ, dentro do prazo.

Agravo regimental não conhecido.

Quanto ao telegrama, inviável, no caso, o conhecimento do agravo por seu

intermédio. Mesmo tendo sido expedido antes do término do prazo recursal,

somente veio a ser apresentado para despacho um dia após o encerramento

daquele. Destarte, mesmo que se considerasse a data do despacho para aferição

da tempestividade recursal, ainda assim, o recurso seria extemporâneo.

A questão já foi decidida quando, ao julgar o AgRg/Ag n. 16.107-RJ (DJ

09.03.1992), a Terceira Turma, adotando por voto unânime a decisão do relator,

o Sr. Ministro Eduardo Ribeiro, ementou:

Tempestividade. Aferição.

Afere-se a tempestividade da manifestação da parte pelo ingresso da petição no Protocolo do Tribunal ou sua apresentação a despacho. Inexiste amparo, na lei, para que se tenha em conta a data em que remetida por via postal.

No que concerne à petição encaminhada via fax, melhor fortuna não lhe

socorre.

A uma, porque esta Corte já pacifi cou o entendimento de ser inadmissível,

no estágio atual, o recurso transmitido por essa via.

A duas, porquanto apresentada somente em 13.05.1992, após o transcurso

do prazo legal para interposição do recurso.

Pertinentes, no ponto, dentre outros, os precedentes da relatoria dos Srs.

Ministros Eduardo Ribeiro (DJ 1°.07.1991) e Américo Luz (DJ 16.12.1991),

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 127

referentes, respectivamente, ao AgRg/Ag n. 10.491-SP e ao ED/AgRg/Ag n.

14.492-MG, que guardam as seguintes ementas:

Processo no STJ. Agravo regimental.

1. É inadmissível recurso transmitido via fax. Precedentes.

2. O que marca a tempestividade do agravo regimental é ser a sua petição protocolada, no STJ, dentro do prazo.

3. Agravo regimental não conhecido.

Agravo regimental. Petição transmitida por fax. Prazo.

- Na hipótese, afere-se a tempestividade do recurso pelo protocolo do original na Secretaria do Tribunal. Protocolada a petição fora do prazo assinalado pelo art. 258 do RISTJ, o agravo é intempestivo.

- Embargos rejeitados.

Ainda que, superados esses óbices relativos a prazos, assim como o

atinente à regularidade formal, restasse admitido o telex de fl s. 100 como agravo

regimental, ainda assim não lograria prosperar o inconformismo deduzido pela

recorrente no agravo de instrumento.

A uma, porque lhe cumpria, sabedora da peculiar circunstância prevista

nas disposições do Código de Organização Judiciária do Estado do Rio de

Janeiro, ter, nas razões do agrave, em tópico específi co, abordado a questão da

tempestividade, anexando cópia do referido Código ou certidão atestando o não

funcionamento dos órgãos do Poder Judiciário daquele Estado durante toda a

semana santa, dado que não se mostra exigível a esta Corte o conhecimento das

singularidades inerentes às organizações judiciárias de cada um dos Estados da

Federação.

A duas, porque o que pretende a agravante, no recurso especial a que se

negou seguimento, é o reexame do conjunto probatório e de cláusula contratual

sobre o que incidem as vedações dos Enunciados n. 5 e 7 da Súmula desta Corte.

Com efeito, o acórdão recorrido, analisando os termos do contrato de

mútuo e tratativas posteriores celebradas entre o recorrente e o recorrido,

entendeu que “a promessa do pagamento quando do ato do exercício de opções

(...) não constitui uma verdadeira condição, mas mera afi rmação do propósito

de liquidação do débito na mesma oportunidade”. Considerou, ainda, que

“passados vários anos, sem o exercício das opções, não pode o devedor valer-se

de sua própria omissão para protelar o pagamento” (fl s. 25).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

128

Destarte, a análise da alegada contrariedade ao art. 114, CC, único

dispositivo legal apontado pela recorrente como vulnerado, importaria em

reexame dos termos do contrato de mútuo e das posteriores tratativas para

que fosse possível constatar se de tais acordos constava condição suspensiva.

Não se cuida de valoração da prova, mas de ineludível apreciação das cláusulas

convencionadas.

Ademais, do que se depreende dos fundamentos do aresto recorrido,

mesmo que condição houvesse, o seu adimplemento estaria na dependência de

iniciativa do próprio recorrente e não da parte contrária.

Quanto à questão de o contrato de mútuo ter sido fi rmado em moeda

estrangeira, bem assim à relativa ao critério adotado pela decisão recorrida para

efetuar a conversão cambial em moeda brasileira, o recorrente fez mera alusão a

uma possível contrariedade à “legislação que proíbe a contratação de obrigações

em moeda estrangeira a particulares, no Brasil” (fl s. 28). Não indicou, contudo,

qual seria essa legislação, quais os dispositivos dela que teriam sido violados e

tampouco quais as circunstâncias que, no caso concreto, desautorizariam essa

contratação, ajustada com a participação dele próprio, o recorrente, somente

agora contestada.

Por derradeiro, também não restou confi gurado o dissídio jurisprudencial.

Quanto ao ponto, limitou-se o recorrente a transcrever duas linhas de decisões

publicadas em repositórios não autorizados. Inobservados, portanto, às inteiras,

os §§ 1º e 2º do art. 255-RISTJ.

Em face do exposto, nego provimento ao agravo.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 31.132-SP (92.0032325-1)

Relator: Ministro Antônio de Pádua Ribeiro

Agravante: Fazenda Nacional

Procuradores: Eleno Coêlho e outros

Agravada: Max Factor Produtos Cosméticos Ltda.

Advogados: Luiz Vicente de Carvalho e outros

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 129

EMENTA

Recurso especial. Protocolização na Justiça Federal de primeiro

grau. Descabimento. Intempestividade, no caso.

I - O recurso especial há de ser interposto perante o Presidente

do Tribunal recorrido, devendo, por isso, ser tempestivamente

protocolizado na Secretaria da Corte e não da Justiça Federal de

primeiro grau.

II - Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima

indicadas.

Decide a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade

dos votos e notas taquigráfi cas anexas, por unanimidade, negar provimento ao

agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com

o Relator os Ministros José de Jesus, Hélio Mosimann, Peçanha Martins e

Américo Luz.

Brasília (DF), 03 de março de 1993 (data do julgamento).

Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, Presidente e Relator

DJ 15.03.1993

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro: - Trata-se de agravo regimental,

interposto pela Fazenda Nacional contra o seguinte despacho (fl s. 40):

Afigura-me correta a decisão impugnada (folhas 31), que decidiu pela intempestividade do recurso especial protocolizado perante a Justiça Federal e recebido no Juízo competente quando já esgotado o prazo legal, diante dos precedentes desta Corte (Ag.Reg.Ag. n. 355-SP, Relator Ministro Gueiros Leite; Ag.Reg.Ag. n. 10.285-SP, Relator Min. Athos Carneiro e Ag.Reg.Ag. n. 2.108-SP, Relator Ministro Fontes de Alencar).

Isto posto, nego provimento ao agravo.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

130

Pleitea a agravante a reforma da decisão recorrida. Diz, em suma, que o

recurso foi protocolizado, por equívoco, na Justiça Federal de primeiro grau.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro (Relator): - Ao inadmitir o

processamento do recurso especial, aduziu o ilustre Presidente em exercício do

Egrégio Tribunal a quo (fl s. 31):

O apelo não reúne condições de alcançar a instância superior porque apresentado extemporaneamente.

Com efeito, o venerando acórdão foi publicado para efeito de intimação das partes, em 03 de fevereiro de 1992 sendo que a petição de recurso especial somente foi protocolada aos 13 de março de 1992, eis que o último dia para sua apresentação recaiu em 04 de março de 1992.

Pelo exposto não admito, por intempestivo, o recurso especial.

Para ser admitido, impunha-se que, no prazo legal, o recurso desse entrada

na Secretaria do Egrégio Tribunal a quo e não no protocolo na Justiça Federal de

primeiro grau.

É o que estabelece o art. 26 da Lei n. 8.038, de 28.05.1990, in verbis:

Os recursos extraordinário e especial, nos casos previstos na Constituição, serão interpostos no prazo comum de quinze dias, perante, o Presidente do Tribunal recorrido, em petições distintas (grifei).

Isto posto, nego provimento ao agravo.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 52.111-SP (94.14630-2)

Relator: Ministro Américo Luz

Agravante: J.T.S. Equipamentos Hidráulicos Ltda.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 131

Agravada: Fazenda do Estado de São Paulo

Advogados: José M. Duarte de Alvarenga Freire e outros

Paul Marques Ivan e outros

EMENTA

Agravo regimental. Petição transmitida por fax. Prazo.

- Na hipótese, afere-se a tempestividade do recurso pelo protocolo

do original na Secretaria do Tribunal. Protocolada a petição fora do

prazo assinalado pelo art. 258 do RISTJ, o agravo é intempestivo.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.

Votaram com o relator os Srs. Ministros José de Jesus, Hélio Mosimann e

Peçanha Martins. Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Antônio de Pádua

Ribeiro.

Brasília (DF), 10 de agosto de 1994 (data do julgamento).

Ministro Hélio Mosimann, Presidente

Ministro Américo Luz, Relator

DJ 05.09.1994

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Américo Luz: - Às fl s. 48 proferi a seguinte decisão, verbis:

O julgado recorrido, apreciando os declaratórios opostos, cuja cópia não foi trazida aos autos, qualificou-os de ofensivos e protelatórios, aplicando à recorrente a multa prevista no § único do art. 538 do CPC, questão que enseja o reexame das circunstâncias motivadoras da imposição, incomportável na via do especial (Súmula n. 7-STJ).

Nego provimento.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

132

Daí o presente regimental de fl s. 50-53, interposto via fax e com o respectivo

original protocolado após o prazo assinado pelo art. 258 do Regimento Interno

da Corte.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Américo Luz (Relator): - Cuida-se, na espécie, de agravo

regimental cuja petição foi transmitida pelo sistema fax.

A decisão agravada, conforme atesta a certidão de fl s. 49, foi publicada no

dia 31 de maio do corrente ano, terça-feira, iniciando-se a contagem do prazo

recursal na quarta-feira seguinte, com término no dia 06 de junho, data em que

recebida no Tribunal aquela transmissão - fl s. 50.

Entretanto, o respectivo original somente ingressou no protocolo da Corte

no dia 09 do referido mês de junho, portanto além do prazo de cinco dias

assinado pelo art. 258 do Regimento Interno.

Como na hipótese a tempestividade do recurso é aferida pelo ingresso do

original no protocolo, posto inexistente regulamentação que disponha de modo

diverso, tenho, na linha de reiterada jurisprudência da Casa, por intempestivo o

agravo.

Nego provimento.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 81.895-RJ (95.0040808-2)

Relator: Ministro José Arnaldo

Agravante: Pastrami Alimentos Ltda. - ME

Agravado: Germana Maria Conde Barroca

Advogados: William Matheus

Kátia Regina Lima Barreto Medina e outros

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 133

EMENTA

- Agravo regimental. Intempestividade. Postagem via correio.

- Petição do agravo protocolizada fora do qüinqüídio legal.

- A data para aferição dos prazos é a constante do registro do protocolo no Tribunal, não se tendo em conta a data em que foi postalizado via correios.

- Agravo não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do agravo regimental. Votaram com o Relator os Srs. Ministros José Dantas e Cid Flaquer Scartezzini. Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Edson Vidigal.

Brasília (DF), 06 de agosto de 1996 (data do julgamento).

Ministro José Dantas, Presidente em exercício

Ministro José Arnaldo, Relator

DJ 26.08.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Arnaldo: - Pastrami Alimentos Ltda. - ME interpõe

o presente agravo regimental da seguinte decisão proferida pelo Exmo. Sr. Min.

Jesus Costa Lima (fl s. 127-128):

O agravo de instrumento de Pastrami Alimentos Ltda. - Micro Empresa não tem condições de ser acolhido, face à jurisprudência adotada por esta Corte, admitindo-se a alteração da periodicidade dos reajustes de alugueres. Confi ra-se:

Locação. Alugueres. Reajustes. Periodicidade.

1. A periodicidade dos reajustes dos aluguéis pode ser modificada, considerando-se os altos índices da incontrolada infl ação.

2. Precedentes. (REsp n. 33.886-RJ, Rel. Min. Jesus Costa Lima, DJU de 31.05.1993, p. 10.684).

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Civil. Locação residencial. Redução da periodicidade de um ano para seis meses. Possibilidade (Lei n. 8.178/1991, arts. 16 e 17). Precedente do STJ. Pagamento em seis parcelas. Legalidade (Lei n. 6.649/1979, art. 53, § 3º).

Recurso especial conhecido pela alínea a e não conhecido pela alínea c do permissivo constitucional. (REsp n. 38.605-RJ, Rel. Min. Adhemar Maciel, DJU de 28.03.1994, p. 6.344)

Locação comercial. Ação renovatória.

Periodicidade de reajuste do aluguel. Viabilidade da modificação da cláusula contratual específica, por sentença da renovatória, atenta a estabilidade monetária. Reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. (REsp n. 55.176-RJ, Rel. Min. José Dantas, DJU de 07.11.1994, p. 30.031)

Locação. Renovatória. Alteração da periodicidade dos reajustes dos alugueres.

1. É possível a alteração da periodicidade dos reajustes dos alugueres, na oportunidade da renovatória.

2. Precedentes da Corte.

3. Recurso improvido. (REsp n. 35.222-RJ, Rel. Min. Edson Vidigal, DJU de 22.05.1995, p. 14.425)

Além disso, julgados do mesmo Tribunal não servem para comprovar a divergência jurisprudencial (Súmula n. 13-STJ) e os paradigmas trazidos de outras Cortes não guardam semelhança com a hipótese dos autos. Neles não se discutiu qual a periodicidade ideal - se semestral ou trimestral -, apenas se debateu sobre a tese da admissibilidade da alteração da periodicidade contratual em virtude da situação infl acionária do País.

Nego provimento ao agravo.

Alega não merecer subsistir a decisão agravada porque o v. acórdão objeto

do recurso especial, fi xou em trimestral a alteração da periodicidade, divergindo

do que vem decidindo esta E. Corte (pela semestralidade).

Que foram trazidos a confronto, além de arestos deste mesmo Tribunal,

outros dos Tribunais Estaduais do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo,

todos elegendo a semestralidade (Lei n. 8.178/1991) como período de reajuste

do aluguel, e não a trimestralidade.

É o relatório.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 135

VOTO

O Sr. Ministro José Arnaldo (Relator): - O presente agravo é intempestivo. A decisão agravada foi publicada no Diário da Justiça de 18.10.1995, quarta-feira (fl . 129), e o presente agravo somente protocolizado aos 24 dias do mesmo mês.

Às fls. 134 existe certidão da Subsecretaria da Turma afirmando e confi rmando o fato.

No fi nal da sua petição, o agravante assim dispõe: (fl . 133)

Em tempo: Tendo sido publicado o r. despacho agravado no DJU de 18.10.1995, p. 35.026, o presente agravo regimental é postado nos Correios antes de se fi ndar o prazo recursal em 23.10.1995.

Cumpre salientar, inicialmente, que nada existe nos autos que comprove a referida postagem. Ademais, ainda que o contrário fosse, não seria sufi ciente para se dar pela tempestividade do agravo. Neste sentido, esta Corte vem se manifestando:

Tempestividade. Aferição.

Afere-se a tempestividade da manifestação da parte pelo ingresso da petição no protocolo do Tribunal ou sua apresentação a despacho.

Inexiste amparo, na lei, para que se tenha em conta a data em que remetida por via postal.

(AgRg no Ag n. 16.107-RJ - DJ 09.03.1992 - Rel. Min. Eduardo Ribeiro)

Assim, meu voto é no sentido do não conhecimento do agravo, por

intempestivo.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 118.351-SP (96.0045192-3)

Relator: Ministro Waldemar Zveiter

Agravante: Ignácio Domingues de Moraes - espólio representado

por Roberto Padula de Moraes - inventariante

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

136

Agravado: O R. Despacho de fl s. 108

Partes: Ignácio Domingues de Moraes - espólio representado por Roberto

Padula de Moraes - inventariante e Agro Comercial Santa Elena S/A

Advogados: Jaime Velez e outros

Fernando Teixeira de Campos Carvalho

EMENTA

Processo Civil. Agravo de instrumento. Agravo regimental.

Interposição via postal. Intempestividade.

I - Afere-se a tempestividade do recurso pela data em que a

petição respectiva tenha sido apresentada no Protocolo-Geral do

Tribunal.

II - Sendo manifesta a extemporaneidade do recurso, dele não

se conhece.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros

da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos

votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do

agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Participaram do

julgamento os Senhores Ministros Menezes Direito, Costa Leite, Nilson Naves

e Eduardo Ribeiro.

Brasília (DF), 25 de fevereiro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Costa Leite, Presidente

Ministro Waldemar Zveiter, Relator

DJ 12.05.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter: - Às fl s. 108, neguei seguimento ao

Agravo de Instrumento por incidir na espécie as Súmulas n. 282 e n. 356 do

STF (falta de prequestionamento) e, ainda, tendo em vista a inobservância das

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 137

disposições do art. 255 e parágrafos do Regimento Interno desta Corte, no que

diz respeito com a sufi ciente caracterização do dissenso jurisprudencial.

Inconformado, o recorrente interpõe o presente Agravo Regimental,

sustentando (fl s. 111-112):

Merece reparo a douta decisão combatida, data maxima venia de seu nobre prolator, eis que encerra patentes equívocos.

O primeiro desses equívocos decorre, provavelmente, de açodado exame do que se contém nos autos. Com efeito, consta que o Espólio agravante não preencheu os requisitos necessários para o prosseguimento do Recurso Especial.

O Espólio agravante provou seu cerceamento de defesa, o que contraria frontalmente lei federal. O espólio recorrente não pode produzir suas provas, necessárias para o deslinde justo da questão.

O segundo equívoco reside na circunstância de que cerceada a defesa da parte, o processo é nulo, isto porque a nulidade se dá por falta de instrução. Houve prejuízo ao Espólio de Ignácio Domingues de Moraes, que não pode provar cabalmente e documentalmente a defesa de seus direitos.

O terceiro equívoco reside na não apreciação da nulidade existente no decorrer do processo, que inegavelmente não foi apreciado pelo Juízo monocrático e nem pelo órgão julgador de Segunda Instância.

O que se pretende com o Recurso Especial e a readequação do julgado recorrido aos parâmetros constitucionais ou do direito federal, respectivamente.

É de se observar que no decorrer de todo o processado não se observou a negativa de vigência ao artigo 130 do Código de Processo Civil.

A falha que se aponta no v. julgado é a de cerceamento de defesa, o que provoca a nulidade de todo o processado.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter (Relator): - O presente regimental não

reúne condições de prosperar.

Com efeito, publicada a decisão agravada no Diário da Justiça de

05.11.1996 (terça-feira), o prazo recursal começou a fluir em 06.11.1996

(quarta-feira) e, expirando em 10.11.1996 (domingo), foi prorrogado para o dia

11.11.1996 (segunda-feira) - certidão de fl . 114.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

138

Apesar de postada no dia 11.11.1996 (fl . 113), a petição do agravo regimental

ingressou no protocolo do Tribunal somente em 18.11.1996, conforme registro

à fl . 110, sendo, desse modo, manifesta a sua extemporaneidade, porquanto,

na aferição dos prazos, a data a ser considerada é aquela constante do registro

do Protocolo-Geral deste Tribunal, sendo irrelevante a data da postagem do

documento.

Sobre a matéria, aliás, pacífi co é o entendimento desta Corte.

Dentre outros arestos, confira-se o acórdão proferido quando do

julgamento do AgRgAg n. 2.242-SP, de minha relatoria - DJ de 07.05.1990.

Na mesma linha: AgRgAg n. 5.237-RJ, DJ de 22.10.1990; AgRgAg n.

16.107-RJ, DJ de 09.03.1992.

Diante do exposto, não conheço do recurso.

É o meu voto.

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL N. 73.170-SP (95.43493-8)

Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito

Agravantes: Lee Shu Ling e outro

Agravado: O R. Despacho de fl s. 290

Partes: Lee Shu Ling e outro e Banco Bradesco S/A

Advogados: Arthur Azevedo Neto e outro e Wilson Aparecido Mena

e outros

EMENTA

Agravo regimental. Tempestividade de embargos de declaração. Remessa pelo correio, através de sedex.

1. A tempestividade de recurso interposto nesta Corte é aferida pelo registro no protocolo da Secretaria e não pela data da postagem na agência do correio.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 139

2. Hipótese em que o agravante nem mesmo comprova o conteúdo do documento enviado por sedex, bem assim que o mesmo tenha sido recebido nesta Corte ainda dentro do prazo recursal.

3. Agravo regimental improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros

da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo

regimental. Participaram do julgamento os Senhores Ministros Nilson Naves,

Eduardo Ribeiro e Waldemar Zveiter. Ausente, justifi cadamente, o Senhor

Ministro Costa Leite.

Brasília (DF), 09 de setembro de 1996 (data do julgamento).

Ministro Waldemar Zveiter, Presidente

Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Relator

DJ 29.10.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito: - Cuida-se de agravo

regimental interposto por Lee Shu Ling e Lee Shun Shan, irresignados com o

despacho de fl s. 290, que tem o seguinte teor, verbis:

Vistos.

Lee Shu Ling e Lee Shun Shan opõem embargos de declaração ao v. acórdão de fl s. 265-269, publicado no Diário de Justiça de 26.02.1996, segunda-feira (fl s. 270).

Ocorre que a petição dos embargos foi protocolizada somente no dia 20.03.1996, quarta-feira (fl s. 271), quando já expirado o qüinqüídio previsto nos artigos 263, caput, do RISTJ e 536 do CPC.

Ante o exposto, nos termos do art. 34, XVIII, do RISTJ e 38 da Lei n. 8.038/1990, nego seguimento aos embargos.

Intime-se. (fl s. 290)

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Alegam os agravantes que os embargos de declaração são tempestivos, já

que, publicado o acórdão embargado em 26.02.1996, segunda-feira, remeteram

a petição recursal através de sedex em 1º.03.1996, sexta-feira, e invocam o

disposto no art. 87 do Regimento Interno desta Corte. Além disso, a parte não

pode responder pelas falhas do expediente de movimentação interna das peças

e autos e não consta que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT

tenha negligenciado a entrega rápida e urgente dos documentos (fl s. 292 a 296).

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito (Relator): - Os agravantes entendem que os embargos de declaração são tempestivos apenas pelo fato de ter postado a respectiva petição dentro do prazo legal, através de sedex, porém é tranqüila a jurisprudência desta Corte no sentido de que a tempestividade dos recursos é aferida pela entrega da petição no protocolo da Secretaria, conforme se pode observar através das seguintes ementas:

Processo no STJ. Agravo regimental. O prazo é de cinco (05) dias. Defi ne-se a sua tempestividade pela entrega, dentro do prazo, da petição no protocolo do tribunal, e não pela apresentação das razões no correio de origem. Agravo não conhecido. (AgRg n. 60.484-MG, Rel. Min. Nilson Naves, DJ 17.04.1995)

Processo no STJ. Agravo regimental. O prazo é de cinco (05) dias. Defi ne-se a sua tempestividade pela entrega, dentro do prazo, da petição no protocolo do tribunal, e não pela apresentação das razões no correio de origem. Agravo não conhecido. (AEREsp n. 40.038-RJ, Rel. Min. Nilson Naves, DJ 27.03.1995)

Embargos de declaração. Aferição. Da tempestividade de agravo regimental. Inexistência de erro material na contagem do prazo previsto no art. 258, caput, do Regimento Interno. O início do prazo dos recursos encaminhados mediante serviços de entrega rápida, como o da expedição através do sistema sedex da Empresa de Correios e Telégrafos, é determinado pela efetiva entrega da petição de interposição no protocolo do tribunal. Embargos de declaração rejeitados. (EDAGA n. 36.975-SP, Rel. Min. Cláudio Santos, DJ 08.11.1993)

Recurso. Agravo regimental. Intempestividade. Considera-se como data para aferição dos prazos aquela constante do registro do protocolo-geral do STJ, não bastando a mera postalização do recurso na agência local dos correios. Agravo regimental não conhecido. (AgRg n. 2.748-SP, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ 18.06.1990)

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 141

Por outro lado, apesar do art. 66 do Regimento Interno deste Tribunal

determinar que as petições e processos sejam registrados no protocolo da

Secretaria no mesmo dia do recebimento, o agravante nem mesmo comprova

que a petição dos embargos tenha chegado dentro do quinquídio legal.

Observe-se ainda que o certifi cado de postagem de fl s. 298 não comprova

o conteúdo do sedex enviado a este Tribunal.

Pelo exposto, nego provimento ao agravo regimental.

É o voto.

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL N. 73.488-PR (95.0044229-9)

Relator: Ministro José Delgado

Agravante: Rafagnin Maran e Companhia Ltda.

Agravado: Estado do Paraná

Advogados: Urias de Figueiredo Filho e outro

Júlio César Ribas Boeng e outros

EMENTA

Processual Civil. Agravo regimental. Início da contagem do prazo para interposição de recurso perante o Superior Tribunal de Justiça.

1. O prazo de recurso no âmbito do Superior Tribunal de Justiça

tem seu início a contar de sua apresentação no protocolo da Corte.

2. Recurso enviado pela ECT, via sedex, tem sua tempestividade

aprovada quando do seu registro no protocolo, a ser feito no mesmo

dia de sua apresentação.

3. Agravo regimental improvido.

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142

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Exmos. Srs. Ministros

da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo

regimental.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Ministros Demócrito Reinaldo,

Humberto Gomes de Barros e Milton Luiz Pereira. Ausente, justifi cadamente,

o Exmo. Sr. Ministro José de Jesus Filho.

Brasília (DF), 21 de outubro de 1996 (data do julgamento).

Ministro Humberto Gomes de Barros, Presidente

Ministro José Delgado, Relator

DJ 25.11.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Delgado: - O presente agravo regimental pretende

modifi car o despacho de fl s. 561, assim posto:

Examina-se embargos de declaração nos embargos de declaração no REsp n. 73.488-PR, interpostos em data de 19.03.1993, pela empresa Rafagnin Maran e Cia Ltda., onde pretende, alegando existência de omissão, a apreciação ou reapreciação de fatos assim narrados (fl s. 482-483):

Assim sendo, ao levarmos este pedido de reconsideração de despacho e mais buscando esclarecimentos sobre Leis próprias que existe e não são apreciadas, irregularidades processuais que a seguir iremos enumerá-las:

1 - Petição e com instrumento de procuração arquivada em cartório - Portanto sem representação nos autos;

2 - Juntada de procuração em segunda instância. Intempestivamente;

3 - Juntada de procuração em instância ad quem como e da presente lide, sem dar vista à parte contrária, o que caracteriza em cerceamento a defesa;

4 - Decreto n. 448/1992 do Sr. Presidente da República datado de 14.02.1992, onde o mesmo transformou as empresas de direito privado em indústria sem chaminé.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 143

Ocorre que à certidão de fl. 559, expedida pela Subsecretaria da Primeira Turma, registra o fato de que o prazo recursal foi aberto com a publicação do respeitável acórdão de fl s. 474-479, o embargado, no dia 12.03.1996 (terça-feira), com término em 18.03.1996 (segunda-feira).

Tendo a manifestação recursal ora examinada sido interposta em 19.03.1996, conforme registro às fl s. 481, evidente esta a sua intempestividade.

Diante do exposto, com fundamento no art. 38, Lei n. 8.038, de 28.05.1990, c.c. o art. 557, do CPC, nego seguimento aos presentes embargos declaratórios.

Alega a parte agravante que o prazo deve ser contado a partir da data da

apresentação do recurso à ECT, via sedex, após 24 horas.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro José Delgado (Relator): Mantenho a decisão agravada pelos

seus próprios fundamentos.

Está pacifi cado, no seio jurisprudencial, o entendimento de que a contagem

de prazo em sede de recurso apresentado perante o Superior Tribunal de Justiça,

deve ser iniciada quando do registro da peça recursal no protocolo da Corte.

Face a esse entendimento, não há como se emprestar provimento ao

presente agravo regimental, pela intempestividade comprovada dos embargos

declaratórios.

Nego provimento ao agravo.

É como voto.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 78.261-RJ (95.0032995-6)

Relator: Ministro Fernando Gonçalves

Embargante: Tinturaria e Lavanderia América do Sul Ltda.

Advogados: Eduardo Pinto Martins e outros

Embargado: V. Acórdão de fl s. 121

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EMENTA

Processual Civil. Recurso. Tempestividade.

- A tempestividade do recurso se afere pela sua apresentação no

protocolo do Superior Tribunal de Justiça, e não pela sua postagem na

repartição dos Correios.

- Embargos de declaração rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, rejeitar os embargos declaratórios. Votaram com o Relator os Ministros Anselmo Santiago, William Patterson, Luiz Vicente Cernicchiaro e Vicente Leal.

Brasília (DF), 18 de março de 1997 (data do julgamento).

Ministro Anselmo Santiago, Presidente

Ministro Fernando Gonçalves, Relator

DJ 22.04.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves: Trata-se de embargos de declaração opostos por Tinturaria e Lavanderia América do Sul Ltda., ao acórdão assim ementado (fl s. 121):

Agravo regimental. Intempestividade.

I - É intempestivo o agravo regimental interposto fora do prazo de cinco dias (art. 258, do RISTJ).

II - Agravo regimental não conhecido.

Sustenta a embargante que a greve dos correios provocou a intempestividade

do agravo regimental, que postado no dia 19 de agosto de 1996, no Rio de

Janeiro, só chegou ao seu destino, Brasília, no dia 21 do mesmo mês, cuidando-

se, assim, de motivo de força maior, a teor do art. 507 do CPC. Pede, então, seja-

lhe restituído o prazo.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 145

Busca provar o alegado com o documento de fl s. 130, da ECT.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves (Relator): As hipóteses previstas

no art. 535, do Código de Processo Civil, aptas a ensejar a interposição dos

embargos declaratórios, não estão presentes no acórdão.

Na verdade, o fundamento de força maior para se obter a restituição do

prazo é improcedente, porquanto o recurso foi postado, do Rio de Janeiro

para Brasília, apenas no penúltimo dia do prazo, sendo previsível o atraso na

chegada. De mais a mais, o parágrafo único do art. 506 do CPC dispõe que,

no prazo para a interposição do recurso, a petição será protocolada em cartório.

A Corte, em diversas oportunidades, já fi xou, conforme anota THEOTÔNIO

NEGRÃO, em comentários ao art. 508 do CPC, que “o recurso só se considera

interposto quando protocolado em repartição judiciária” (Ag n. 10.491-SP, Rel.

o Min. Nilson Naves).

Em hipótese mais específi ca, no julgamento do Ag n. 32.963-4-SP, o

eminente Ministro Cláudio Santos, destacou:

A tempestividade de recurso encaminhado pelo serviço “sedex” de entrega rápida é comprovada pela efetiva apresentação no protocolo deste Tribunal.

Em suma, a tempestividade do recurso se afere pela sua apresentação no

protocolo da repartição judiciária competente. Esta, evidentemente, não é a

hipótese dos autos.

De outro lado, o acórdão-recorrido, objeto de recurso especial cuja subida

busca o embargante, está em perfeita sintonia com o entendimento do STJ

quando afi rma (fl s. 40) que, na locação comercial, milita em favor do retomante

presunção de sinceridade, nos termos da Súmula n. 485-STF, mesmo porque

já entendeu também esta Casa que, dizer se o motivo da retomada é ou não

sincero, implica em revolvimento da matéria fática, inviável de ser levado a

cabo em sede especial, nos termos da Súmula n. 7-STJ (REsp n. 60.701-SP, DJ

30.09.1996).

Ante o exposto, rejeito os embargos.

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 99.876-SP (96.0007327-9)

Relator: Ministro William Patterson

Embargante: Jacques Roberto Galvão Bresciani

Advogados: Maria Teresa da Silva G. Bresciani e outro

Embargado: V. Acórdão de fl s. 216

EMENTA

Processual Civil. Embargos de declaração. Agravo regimental.

Aferição da tempestividade dos recursos postados para o STJ.

Protocolo.

- A tempestividade de qualquer recurso é aferida pela data de

sua protocolização na Secretaria do STJ. Em sendo assim, a esse

pressuposto nada informa a data de postagem ou de recebimento das

respectivas petições, em dependências outras que não o Protocolo

deste Tribunal.

- Embargos rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, rejeitar os embargos declaratórios, nos

termos do voto do Sr. Ministro Relator. Participaram do julgamento os Srs.

Ministros Luiz Vicente Cernicchiaro, Vicente Leal, Fernando Gonçalves e

Anselmo Santiago.

Brasília (DF), 18 de novembro de 1996 (data do julgamento).

Ministro Anselmo Santiago, Presidente

Ministro William Patterson, Relator

DJ 03.02.1997

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 147

RELATÓRIO

O Sr. Ministro William Patterson: - Jacques Roberto Galvão Bresciani opõe

embargos de declaração ao acórdão de fl s. 213-216, que traz a seguinte ementa:

Processual Civil. Agravo regimental. Intempestividade.

- A intempestividade do agravo regimental implica no seu não conhecimento.

Justificando a utilização da via postal, pois, na assertiva de que impossibilitado o advogado Fernando Carlos Navarro de Andrade de, pessoalmente, apresentar a petição do agravo regimental no protocolo desta Corte - (cfr. certidão de fl . 222, noticiando a atuação do causídico como defensor de réu preso, levado a julgamento em 25.06.1996), ao fi nal, alega-se a existência de dúvida no acórdão, à consideração de que recebida neste Tribunal a petição do recurso de agravo no dia 24.06.1996, ou seja no último dia do prazo, sua protocolização, a destempo, em data de 26.06.1996, não deve ser atribuída ao recorrente. É ver-se das razões de fl s. 220-221:

(...) estando o defensor do ora embargante, face ao júri designado pelo MM. Juiz de Direito da 2ª Vara do Júri da Comarca de São Paulo, impossibilitado de estar na cidade de Brasília no dia 25.06.1996, enviou as razões de agravo regimental para este E. Superior Tribunal de Justiça mediante postagem via sedex com competente aviso de recebimento, dentro do prazo legal, 24 horas antes de terminar o prazo de 05 (cinco) dias previsto em lei, sendo certo que, como já demonstrado, as razões de agravo regimental chegaram ao seu destino dentro do prazo legal, no dia 25.06.1996, e dentro do horário de expediente desta Egrégia Corte, somente não tendo sido protocoladas no prazo legal por, quiçá, lapso da pessoa que as recebeu.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro William Patterson (Relator): Eis os fundamentos do

acórdão embargado (fl . 214):

Nos termos do art. 39 da Lei n. 8.038/1990, combinado com o art. 258 do RISTJ, o prazo de interposição do agravo regimental é de 05 (cinco) dias.

A decisão agravada, segundo a certidão de fl . 211, foi publicada em 20.06.1996, (quinta-feira). Começando a fl uir na sexta-feira subseqüente, o prazo extinguiu-se em 25.06.1996 (terça-feira). Protocolado o agravo em 26.06.1996 (quarta-feira), resta evidente a sua intempestividade.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

148

De outra parte, o argumento basilar da embargante é o de que, postado em

24.06.1996, o agravo regimental foi recebido em tempo hábil neste Tribunal,

pois, às 17 horas do dia subsequente.

Todavia, incorre o embargante em equívoco, porquanto somente se

consideram interpostos os recursos na data em que é protocolizada a petição, no

setor competente deste Tribunal.

A corroborar esse entendimento, assinale-se a assentada jurisprudência

desta Corte e do Colendo Supremo Tribunal Federal, sobre o tema:

Embargos de declaração. Aferição da tempestividade do agravo regimental. Inexistência de erro material na contagem do prazo previsto no art. 258, caput, do Regimento Interno.

O início do prazo dos recursos encaminhados mediante serviços de entrega rápida, como o da expedição através do sistema sedex da Empresa de Correios e Telégrafos, é determinado pela efetiva entrega da petição de interposição no protocolo do Tribunal.

Embargos de declaração rejeitados. (Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 36.975-9-SP, Rel. Ministro Cláudio Santos, DJ de 23.08.1993)

Embargos de declaração. Tempestividade.

O protocolo do STF constitui o único registro hábil a aferição da tempestividade dos atos processuais praticados no âmbito desta Corte. Disso resulta que o ingresso de petição recursal em setor administrativo diverso, ainda que ocorrido em tempo oportuno, não se revela apto a descaracterizar a extemporaneidade do ato processual, se a protocolização que a ele corresponder for efetivada após o decurso do prazo respectivo.

Agravo regimental improvido. (Agravo Regimental nos Embargos de Declaração no Recurso Extraordinário n. 116.386, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ de 27.08.1992)

Outrossim, assinale-se que o fato de encontrar-se um dos advogados, no

caso Dr. Fernando Carlos Navarro de Andrade, impossibilitado de chegar até

esta Capital para protocolar a petição do agravo - face a sua atuação em processo

diverso julgado da cidade de São Paulo -, além de não constituir justa causa

(arts. 183 e 507 do CPC), não é motivo de escusabilidade da extemporânea

interposição do recurso. Ofi ciando junto a este Tribunal, estava a Dra. Maria

Teresa da Silva Gordo Bresciani, advogada também constituída nos autos. Não

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 149

fosse assim, ao advogado impossibilitado de exercer o seu mister, a lei faculta o

substabelecimento dos poderes recebidos.

Por esses motivos, rejeito os embargos de declaração.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL N. 80.938-SP (95.62465-6)

Relator: Ministro Barros Monteiro

Embargante: Aparecido Silva Campos e cônjuge

Embargado: V. Acórdão de fl s. 420

Advogados: Paulo Sérgio Queiroz Barbosa e outros e Arthur Azevedo

Neto e outro

EMENTA

Recurso. Embargos de declaração. Intempestividade.

O que defi ne a tempestividade do recurso interposto junto ao

Tribunal é a entrega, dentro do prazo, da petição no protocolo e não a

apresentação das razões no correio de origem. Precedentes.

Inocorrência de inexatidão material e de omissão.

Embargos rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.

Decide a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,

rejeitar os embargos de declaração, na forma do relatório e notas taquigráfi cas

precedentes que integram o presente julgado. Votaram com o Relator os Srs.

Ministros Ruy Rosado de Aguiar, Fontes de Alencar e Sálvio de Figueiredo

Teixeira.

Brasília (DF), 26 de agosto de 1996 (data do julgamento).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

150

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Presidente

Ministro Barros Monteiro, Relator

DJ 29.10.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Barros Monteiro: - Aparecido Silva Campos e sua mulher

oferecem segundo embargos de declaração, agora contra o acórdão de fl s. 417-

420, que decidiu sob a seguinte ementa:

Embargos de declaração.

Intempestivos, deles não se conhece (fl s. 420).

Asseveram os embargantes erro material no julgamento, eis que entre a data de publicação do acórdão anterior (relativo ao REsp) e a postalização dos primeiros embargos não passaram mais do que dois dias. Sustentam que, a persistir a inexatidão material, estarão confi gurados: a) o desrespeito à Lei Processual Civil; b) ofensa ao direito de ampla defesa; c) tratamento desigual às partes; d) supressão do devido processo legal e, conseqüentemente, ofendidos os arts. 5°, caput, incisos II, XXXVI, LIV e LV, 37, § 6°, e 174, caput, da Lei Maior.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Barros Monteiro (Relator): - Não há as alegadas inexatidão material e omissão no decisum embargado.

Segundo a jurisprudência desta Corte, o que defi ne a tempestividade do recurso interposto junto ao Tribunal é a entrega, dentro do prazo, da petição no protocolo e não a apresentação das razões no correio de origem (AgRg nos Agravos n. 40.038-2-RJ e n. 60.484-5-MG, ambos de relatoria do em. Ministro Nilson Naves).

Ora, na hipótese em exame, a protocolização dos embargos deu-se no dia 26.04.1996, havendo este Relator proferido o despacho no rosto da petição no dia 24.04.1996 (fl s. 392). Mesmo que se considere esta última data como sendo

a da apresentação do recurso (o que foi admitido por esta Turma - fl s. 418), o

seu ingresso nesta Casa ocorreu a destempo.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 151

Não há, pois, o que modifi car no decisório embargado, sendo impertinentes no caso as normas invocadas do RISTJ. Tocante aos preceitos constitucionais referidos pelos embargantes (arts. 5°, caput, incisos n. II, XXXVI, LIV e LV, 37, § 6°, e 174, caput, da Constituição da República), há a respeito a mera alegação da parte, de vez que em nenhum momento se cuidou no REsp de matéria constitucional, aliás, tema que lhe é de todo estranho.

Ante o exposto, rejeito os embargos.

É o meu voto.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL N. 85.333-RJ (96.0001165-6)

Relator: Ministro Eduardo Ribeiro

Embargante: Pedro Cavalcanti D’ Albuquerque Filho

Embargado: O V. Acórdão de fl . 397

Partes: Baluarte Construções Ltda.

Condomínio do Edifício Solar das Laranjeiras

Advogados: Walmir Ferreira Neves e outros

Leon Goldgewicht e outro

Ruth Oliveira da Rocha

EMENTA

Embargos declaratórios. Superior Tribunal de Justiça.

Para aferir a tempestividade considera-se a data em que a petição

deu entrada no protocolo do Tribunal, não relevando aquela em que

haja sido entregue em dependência dos correios.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros

da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

152

dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, rejeitar os

embargos de declaração.

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Waldemar Zveiter, Menezes

Direito, Costa Leite e Nilson Naves.

Brasília (DF), 26 de novembro de 1996 (data do julgamento).

Ministro Costa Leite, Presidente

Ministro Eduardo Ribeiro, Relator

DJ 03.02.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro: - Pedro Cavalcanti D’ Albuquerque

Filho apresentou embargos declaratórios ao acórdão que julgou o recurso

especial no processo em que também partes Baluarte Construções Ltda. e

outros. Não foram conhecidos, uma vez que apresentados além do prazo. Assim

me manifestei no julgamento:

Os presentes embargos são intempestivos. Publicado o acórdão no dia 26 de agosto, o prazo terminaria a 31, que foi sábado. Prorrogou-se para segunda, dia dois. Os embargos, embora com essa data, deram entrada no protocolo no dia três.

O embargante apresentou petição, visando a alcançar reconsideração do

decidido e pleiteando, caso não deferido o pedido, fosse recebida como agravo

de instrumento. Alega que os embargos foram postados no dia dois de setembro

de 1996, último dia do prazo.

Incabíveis o pedido de reconsideração e o agravo, admiti a petição como

embargos de declaração.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro (Relator): - A norma invocada pelo

recorrente - artigo 525, § 2º do CPC - é específi ca do agravo de instrumento.

Não se aplica aos demais recursos, regidos que são pelo disposto no artigo 506,

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 115-153, março 2011 153

parágrafo único. Desse modo, a data a ser considerada é aquela em que o pedido

de declaração deu entrada no protocolo deste Tribunal e não a de sua entrega

em repartição dos correios.

Rejeito os embargos.

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Súmula n. 217

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(*) SÚMULA N. 217 (CANCELADA)

Não cabe agravo de decisão que indefere o pedido de suspensão da

execução da liminar, ou da sentença em mandado de segurança.

Referências:

Lei n. 4.348/1964, art. 4º.

Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º.

RISTJ, art. 271, § 2º.

Precedentes:

AgRg na SS 11-BA (CE, 08.03.1990 – DJ 02.04.1990)

AgRg na SS 182-PI (CE, 09.09.1993 – DJ 04.10.1993)

AgRg na SS 443-DF (CE, 04.09.1996 – DJ 29.10.1996)

AgRg na SS 601-MG (CE, 04.02.1998 – DJ 02.03.1998)

Corte Especial, em 03.02.1999

DJ 25.02.1999, p. 77

Republ. DJ 15.03.1999, p. 326

(*) Julgando o AgRg na SS n. 1.204-AM, na sessão de 23.10.2003, a Corte

Especial deliberou pelo CANCELAMENTO da Súmula n. 217.

DJ 10.11.2003, p. 225

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QUESTÃO DE ORDEM NO AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N. 1.204-AM (2003⁄0059414-1)

Agravante: Fazenda Nacional

Procurador: Maria Dionne de Araújo Felipe e outros

Agravado: Samsung Eletrônica da Amazônia Ltda.

Advogado: Rogério da Silva Venâncio Pires e outros

Requerido: Tribunal Regional Federal da 1ª Região

EMENTA

Suspensão de segurança. Liminar ou sentença em mandado

de segurança. Pedido de suspensão. Agravo regimental. Cabimento/

não-cabimento. Zona Franca de Manaus. Classifi cação de aparelhos

de telefonia celular digital. Redução na alíquota do imposto de

importação. Inevidente grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à

economia públicas. Recurso a que se negou provimento.

1. De acordo com a posição do Relator, não cabe agravo de

decisão que indefere o pedido de suspensão (Leis n. 4.348/1964, art.

4º, e n. 8.038/1990, art. 25, § 2º, e Regimento Interno, art. 271, § 2º).

2. De acordo, porém, com a maioria da Corte Especial, cabe,

sim, o agravo, porquanto o sistema teria sido alterado pela Lei n.

8.437/1992. Cancelamento da Súmula n. 217.

3. O deferimento do pedido de suspensão condiciona-se à

comprovação dos requisitos previstos no art. 4º da Lei n. 8.437/1992.

4. A excepcional medida de suspensão não se presta ao exame

de error in procedendo e error in judicando, o que deve ser combatido

através dos meios processuais adequados.

5. A reiteração dos argumentos do pedido indeferido torna

inexistente o ataque à decisão recorrida.

6. A Corte, por maioria, conheceu do agravo, mas negou-lhe

provimento.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,

acordam, por unanimidade, os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal

de Justiça, em Questão de Ordem suscitada pelo Sr. Ministro Ari Pargendler,

cancelar a Súmula n. 217 deste Tribunal.

Ainda preliminarmente, decidem conhecer, por maioria, do agravo

regimental, tendo votado vencido o Sr. Ministro Relator, que dele não conhecia.

E, no mérito, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental nos

termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Fontes de Alencar, Barros Monteiro, Humberto

Gomes de Barros, Cesar Asfor Rocha, Ari Pargendler, José Delgado, Fernando

Gonçalves, Carlos Alberto Menezes Direito, Felix Fischer, Aldir Passarinho

Junior, Hamilton Carvalhido e Franciulli Netto votaram com o Sr. Ministro

Relator.

Ausentes, ocasionalmente, os Srs. Ministros José Arnaldo da Fonseca e

Eliana Calmon.

Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Francisco Peçanha Martins,

Gilson Dipp, Jorge Scartezzini e Francisco Falcão.

Licenciado o Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, substituído pelo

Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior.

Brasília (DF), 23 de outubro de 2003 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro Nilson Naves, Relator

DJ 22.03.2004

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Nilson Naves: Trata-se de pedido de suspensão de execução

de sentenças que assim concluíram nos mandados de segurança impetrados pela

Samsung contra a Superintendência da Zona Franca de Manaus:

Ante o exposto, em divergência com o parecer ministerial, concedo a segurança, e, em conseqüência, confi rmo a ordem liminar concessiva, diante da liquidez e certeza do direito da Impetrante, para que nas internações de telefones

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 161

celulares por ela produzidos na Zona Franca de Manaus e classifi cados na TEC na posição e sub-posição 8525.20, industrializados com matérias-primas, outros insumos importados, para qualquer parte do território nacional, esteja sujeita ao pagamento do Imposto sobre Importação com a redução de 88%, conforme permissivo do parágrafo 4º do art. 7º do Decreto-Lei n. 288⁄1967, com nova redação dada pela Lei n. 8.387/1991.

Sem honorários advocatícios, consoante Súmulas n. 512 do STF e n. 105 do STJ (fl s. 24-5).

Consta que idêntico pedido de suspensão fora ter ao Regional, onde

foi deferido pelo Presidente do Tribunal, mas ao agravo se deu provimento,

por maioria de votos, em acórdão cuja relatoria coube ao Juiz Catão Alves

(16.08.2001). Eis a sua ementa:

Agravo regimental. Suspensão de segurança. Risco de dano à economia pública não caracterizado.

1 - O risco de dano à economia pública só é passível de se materializar se houver suspensão abrupta de uma receita já prevista, sendo executada e fazendo parte do orçamento. Por conseguinte, não estará caracterizado se nenhum numerário entrou ou deixar de entrar no caixa do Tesouro porque a situação do erário permanecerá a mesma.

2 - Agravo regimental provido.

3 - Decisão reformada (fl s. 159).

Catão Alves foi acompanhado pelos Juízes Eustáquio, Aloísio, Jirair, Mathias, Mário César, Luciano, Hilton, Amílcar, Antonio Ezequiel e Ricardo Machado.

Aqui também se alega grave lesão à ordem pública, em suma: (I) “a União não foi chamada a fi gurar no pólo passivo da relação jurídico-processual”; (II) “a r. sentença monocrática foi proferida em meio a indiscutível e grave afronta a princípios constitucionais relativos ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal”; (III) “na hipótese dos autos, a decisão judicial causa também grave lesão à economia pública, haja vista os vultosos valores envolvidos, além de repercutir e ensejar a multiplicação de ações da mesma natureza”; e (IV) “é de clareza hialina, portanto, que as três sentenças sob comento merecem ter seus efeitos e sua execução suspensos” (fl s. 08-12).

Em 30.04, indeferi o pedido da União (Fazenda Nacional), nestes termos:

Neste caso, verifico ausentes os pressupostos autorizadores da medida extrema, porquanto não restou comprovado o risco de grave lesão à ordem,

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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tampouco à economia pública. Afi nal de contas, os atos administrativos sujeitam-se ao controle de legalidade do Judiciário, e o tema atinente à arrecadação tributária subsome-se no âmbito do litígio entre as partes, não afetando os interesses envolvidos no juízo excepcional da suspensão. Deve, portanto, ser dirimida a questão pelas vias ordinárias.

De qualquer sorte, a Administração possui meios eficazes para recolher os valores a ela devidos em caso de eventual recebimento do montante não-arrecadado, descaracterizando-se, assim, a possibilidade de irreversibilidade dos efeitos das decisões ora atacadas.

Alfi m, ressai nitidamente o propósito da requerente de utilizar-se da suspensão de segurança para modifi car decisão judicial que lhe é adversa. Entretanto esta Presidência, em diversas oportunidades, já se posicionou pelo não-cabimento da excepcional via para corrigir eventuais error in judicando e error in procedendo.

Isso posto, indefi ro o pedido (fl s. 170-1).

Daí o presente agravo, resumidamente:

A perda de arrecadação da União, como fruto da sentença em xeque, levando-se em conta, evidentemente, apenas a impetrante, monta à quantia de R$ 21.485.468,68 (consoante demonstrado às fl s. 02-17), o que por si só é sufi ciente para a caracterização de dano à economia nacional.

Não é preciso alongar-se, portanto, na demonstração da alta relevância e signifi cação que tem a concessão da suspensão pleiteada para os cofres do Erário Nacional.

A quebra ou diminuição da receita tributária, à revelia dos cânones legais, importa prejuízo para toda a sociedade, circunstância essa que possibilita o desatendimento ao interesse da coletividade, em toda sua gama de necessidades.

Mas não é só sob o aspecto fi nanceiro ou econômico que a relevante situação deve ser examinada. Isto porque tal liminar desafi a a ordem pública, causando-lhe gravíssima lesão ao impedir ou coarctar, a ação e o dever, constitucionalmente previsto, do cumprimento da arrecadação de receitas mandadas cobrar pelo legislador constituinte derivado (...) (fl . 179).

É o relatório.

VOTO-PRELIMINAR VENCIDO

O Sr. Ministro Nilson Naves (Relator): Em 03.02.1999, a Corte Especial

editou a Súmula n. 217 nestes termos: “Não cabe agravo de decisão que indefere

o pedido de suspensão da execução da liminar, ou da sentença em mandado de

segurança.”

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 163

Servem-lhe de referência o art. 4º da Lei n. 4.348/1964, in verbis: “Quando,

a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada e para evitar

grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o Presidente

do Tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso (vetado)

suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar, e da sentença,

dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de cinco dias,

contados da publicação do ato”; o art. 25, § 2º, da Lei n. 8.038⁄1990, in verbis:

“Do despacho que conceder a suspensão caberá agravo regimental”; e o art. 271,

§ 2º, do nosso Regimento Interno, in verbis: “Da decisão a que se refere este

artigo, se concessiva da suspensão, caberá agravo regimental, no prazo de cinco

dias, para a Corte Especial.”

Também lhe servem de referência os seguintes precedentes jurisprudenciais:

(1) “O agravo regimental só é cabível do despacho do Presidente que concede

a suspensão de liminar em mandado de segurança - (Lei n. 4.348/1964, art.

4º; RISTJ, art. 271, § 2º). Agravo não conhecido” (AgRg na SS n. 11, DJ de

02.04.1990, Ministro Torreão Braz); (2) “O agravo regimental só é cabível do

despacho do Presidente que concede a suspensão de liminar em mandado de

segurança (Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º, e RISTJ, art. 271, § 2º)” (AgRg na

SS n. 182, DJ de 04.10.1993, Ministro William Patterson); (3) “1. Consoante

uníssona e reiterada orientação jurisprudencial, incabível se torna a interposição

de agravo regimental contra decisão exarada pela Presidência desta Corte que

indefere pedido de suspensão de liminar concedida em ação mandamental.

2. Agravo regimental do qual não se conhece” (AgRg na SS n. 443, DJ de

29.10.1996, Ministro Bueno de Souza); (4) “1 - Não cabe agravo regimental de

decisão do Presidente do Superior Tribunal de Justiça que indefere pedido de

suspensão de segurança concedida em ação mandamental. 2 - Inteligência do

art. 271, § 2º, do Regimento Interno do STJ. 3 - Precedentes da Corte Especial

(Agravos Regimentais nas Suspensões de Segurança de números: 182, 287,

356, 443 e 601) e do Supremo Tribunal Federal (Súmula n. 506, RTJ 150/695,

153/753, RJ 209/51). 4 - Agravo não conhecido” (AgRg na SS n. 601, DJ

02.03.1998, Ministro Américo Luz).

Em nome de tão assentada e pacífica orientação - observem, e bem

observem, que até já foi sumulada (Súmula n. 217) - é que, aqui e agora, estou

votando pelo não-conhecimento do agravo. Vejam que, no caso em tela, o

pedido de suspensão foi por mim indeferido, daí o inconformismo da Fazenda

Nacional em forma de agravo.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

164

2. Em 1968, o Supremo Tribunal Federal fez publicar o seguinte enunciado:

“O agravo a que se refere o art. 4º da Lei n. 4.348, de 26.06.1964, cabe, somente,

do despacho do presidente do Supremo Tribunal Federal que defere a suspensão

da liminar, em mandado de segurança; não do que denega” (Súmula n. 506).

Serviu-lhe de referência, igualmente, o mesmo art. 4º da Lei n. 4.348. De

igual modo, o AgRg na SL n. 87, nestes termos: “Agravo regimental. Cabe da

decisão do Presidente que suspende a segurança, não da que nega a suspensão.

Art. 4º da Lei n. 4.348, de 26.06.1964. Agravo não conhecido” (RTJ 45/209,

Ministro Luiz Gallotti). Disse S. Exª.:

Penso que não cabe o agravo regimental ora interposto, pois o art. 4º da Lei n. 4.384, de 28.06.1964, é inequívoco no sentido de dar agravo apenas da decisão do Presidente de Tribunal que suspende a segurança, não da que nega a suspensão. Quer dizer: a lei, claramente, só dá, em tal caso, recurso ao impetrante da segurança; não à autoridade coatora. Para esta, a decisão do Presidente do Tribunal é irrecorrível. Logo, não pode caber agravo regimental numa hipótese em que a lei, inequivocamente, excluiu a possibilidade de recorrer.

O atual Regimento do Supremo, de 1980, dispõe, no § 2º do art. 297, que

“do despacho que conceder a suspensão caberá agravo regimental”. Ao contrário,

do despacho que denega a suspensão, portanto, não cabe o agravo. Confi ra-se,

entre outras, a publicação na RTJ 77/359.

Da mesma maneira, dispunha o Regimento de 1970 no art. 276:

“Do despacho a que se refere o artigo anterior (‘suspender em despacho

fundamentado ...’) caberá agravo regimental (art. 300).”

3. Em tal pé e em tal objeto se achavam as coisas, quando a Lei n. 8.437, de

30.06.1992, que “dispõe sobre a concessão de medidas cautelares contra atos do

Poder Público e dá outras providências”, foi alterada, em 2001, acrescentando-

se-lhe, ao ver do § 3º do art. 4º, o seguinte: “Do despacho que conceder ou negar

a suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será levado a julgamento

na sessão seguinte a sua interposição”; daí se indagar se essa disposição não

se aplicaria ao mandado de segurança, de forma que o agravo também tivesse

cabimento em caso de despacho negativo.

Aqui entre nós, como lá no Supremo, o entendimento foi neste sentido: “O

cabimento de agravo regimental contra decisão suspensiva de liminar é restrito,

em conformidade com o disposto no § 3º do art. 4º da Lei n. 8.437/1992, ao

processo cautelar comum. Em relação ao mandado de segurança, continua a

valer a regra de que só contra o deferimento da suspensão é cabível o agravo

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 165

(art. 4º da Lei n. 4.348/1964 e art. 297, § 2º, do Regimento Interno do Supremo

Tribunal Federal)” (RTJ 150/695, Ministro Octávio Gallotti).

Do Superior Tribunal, entre outros, veja-se o AgRg na SS n. 601, Ministro

Américo Luz, exatamente um dos quatro precedentes informativos da Súmula

n. 217.

4. Acontece, porém, que, recentemente, o Supremo voltou sobre os seus

próprios passos, cancelando a Súmula n. 506. Em seu voto, após pedido de

vista dos autos, disse o Ministro Gilmar Mendes conclusivamente: “Como

demonstrado, não se vislumbra qualquer razão para um tratamento assimétrico

na espécie. Indeferido o pedido de suspensão nos processos referidos na Lei n.

8.437, de 1992, caberá agravo. Não há razão para não admiti-lo nos casos de

indeferimento de suspensão de segurança.”

5. Qual a posição do Superior Tribunal de Justiça? A matéria é

infraconstitucional, sem dúvida alguma. A minha posição, portanto, tratando-se

de matéria infraconstitucional, é no sentido da Súmula n. 217, que não sofreu,

com a Lei n. 8.437, arranhão algum.

Bem ou mal, a lei teve direção certa, destinando-se à ação cautelar

inominada, à ação popular e à ação civil pública; é o que se lê do § 1º do art.

4º: “Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de

ação cautelar inominada, no processo de ação popular e na ação civil pública,

enquanto não transitada em julgado”.

Tanto assim é, que se aplicam à suspensão de segurança, segundo o art.

14 da Medida Provisória n. 2.180-35, de 2001, disposições outras que não o

referido § 2º: “Aplicam-se à suspensão de segurança de que trata esta Lei (de n.

4.348, de 1964) as disposições dos §§ 5º a 8º da Lei n. 8.437, de 30 de junho de

1992”.

6. Porque reputo irrepreensível a nossa Súmula n. 217, não conheço,

preliminarmente, do agravo.

QUESTÃO DE ORDEM - 23.10.2003

O Sr. Ministro Ari Pargendler: Sr. Presidente, no julgamento anterior -

salvo engano - a matéria foi decidida com mais de doze votos.

Suscito questão de ordem, sugerindo que a Súmula n. 217 seja cancelada.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Fontes de Alencar: Senhor Presidente, acolho a questão de

ordem proposta pelo Senhor Ministro Ari Pargendler.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Barros Monteiro: Sr. Presidente, acolho a questão de ordem

proposta pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO-VOGAL

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros: Sr. Presidente, acolho a

questão de ordem proposta pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha: Sr. Presidente, acolho a questão de

ordem proposta pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro José Delgado: Sr. Presidente, acolho a questão de ordem

proposta pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves: Sr. Presidente, acolho a questão de

ordem proposta pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito: Senhor Presidente,

acolho a questão de ordem proposta pelo Senhor Ministro Ari Pargendler.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 167

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Felix Fischer: Sr. Presidente, acolho a questão de ordem

proposta pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior: Sr. Presidente, acolho a questão de

ordem proposta pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Franciulli Netto: Sr. Presidente, acolho a questão de ordem

proposta pelo Sr. Ministro Ari Pargendler.

VOTO-PRELIMINAR

O Sr. Ministro Fontes de Alencar: Senhor Presidente, data venia, conheço

do agravo regimental.

VOTO-MÉRITO

O Sr. Ministro Nilson Naves: Quer a agravante seja deferida a suspensão pleiteada, repisando os fundamentos de manifesta e grave lesão à ordem, incluída aí a jurídica, e à economia públicas.

De acordo com o disposto no art. 4º da Medida Provisória n. 1.984-22, de 27 de setembro de 2000, o pedido de suspensão somente é cabível para evitar a ocorrência de lesão aos seguintes valores tutelados: ordem, saúde, economia e segurança públicas. Não é possível, portanto, o seu deferimento por ofensa à lei. Para tanto, dispõe a agravante de meios processuais adequados que lhe possibilitam combater o error in procedendo e o error in judicando.

Quanto às demais alegações, verifi co que confi guram mera reiteração dos argumentos do pedido antes indeferido, o que torna inexistente qualquer ataque aos fundamentos da decisão recorrida. Confi rmo, portanto, a decisão por mim tomada anteriormente, porquanto não restou comprovado o risco de grave lesão

à ordem, tampouco à economia pública.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Como disse, os atos administrativos sujeitam-se ao controle de legalidade do Judiciário, e o tema atinente à arrecadação tributária subsome-se no âmbito do litígio entre as partes, não afetando os interesses envolvidos no juízo excepcional da suspensão. A questão deve ser dirimida pelas vias ordinárias.

De qualquer sorte, reafi rmo que a Administração possui meios efi cazes para recolher os valores a ela devidos em caso de eventual recebimento do montante não-arrecadado, descaracterizando-se, assim, a possibilidade de irreversibilidade dos efeitos das decisões ora atacadas.

Nego provimento ao agravo.

AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N. 11-BA (90.00004497)

Relator: Ministro Torreão Braz

Agravante: Câmara Municipal de Lauro de Freitas

Agravados: Maria Cristina Guimarães Sodré e outros (r. despacho de

fl s. 125-126).

Advogado: Danilo Augusto Paes de Azevedo

EMENTA

- Processual Civil. Suspensão de liminar em mandado de

segurança. Agravo regimental.

- O agravo regimental só é cabível do despacho do Presidente

que concede a suspensão de liminar em mandado de segurança - (Lei

n. 4.348/1964, art. 42, RISTJ, art. 271, § 2º).

- Agravo não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 169

Decide a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, à unanimidade,

não conhecer do agravo, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes

dos autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 08 de março de 1990 (data do julgamento).

Ministro Washington Bolívar de Brito, Presidente

Ministro Torreão Braz, Relator

DJ 02.04.1990

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Torreão Braz: - A Câmara Municipal de Lauro de Freitas-

Bahia, requereu a suspensão de liminar concedida pelo relator de mandado

de segurança impetrado, no Tribunal de Justiça do mesmo Estado, por alguns

vereadores, com fundamento no art. 4º da Lei n. 4.348/1964, argumentando

com a gravidade da lesão que a execução da medida poderá causar à ordem

pública e aos interesses superiores da administração municipal.

Indeferi o pedido em despacho cujo teor é o seguinte (fl s. 125-126): (lê)

Inconformada, a citada Câmara Municipal agravou regimentalmente.

Mantive o despacho agravado.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Torreão Braz (Relator): Nos termos do art. 4º da Lei n.

4.348/1964 e do art. 271, § 2º, do Regimento Interno deste Tribunal, somente

cabe agravo do despacho do Presidente que defere a suspensão liminar, não

havendo previsão de recurso relativamente ao despacho que a denega.

Por esta razão, não conheço do agravo.

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AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N. 182-PI (93.19941-2)

Relator: Ministro William Patterson

Agravante: Estado do Piauí

Advogados: Abílio de Santana Ribeiro e outros

Agravado: R. Despacho de fl s. 54-55

EMENTA

- Processual Civil. Suspensão de liminar em mandado de segurança. Agravo regimental.

- O agravo regimental só é cabível do despacho do Presidente que concede a suspensão de liminar em mandado de segurança (Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º, e RISTJ, art. 271, § 2º).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do agravo regimental.

Os Senhores Ministros Torreão Braz, José Cândido, Américo Luz, Flaquer Scartezzini, Jesus Costa Lima, Costa Leite, Nilson Naves, Dias Trindade, Assis Toledo, Edson Vidigal, Peçanha Martins, Demócrito Reinaldo, Gomes de Barros, Adhemar Maciel e Anselmo Santiago votaram com o Senhor Ministro Relator.

Os Senhores Ministros Bueno de Souza, Pedro Aciolli, Eduardo Ribeiro, José de Jesus, Hélio Mosimann, Milton Pereira e Cesar Rocha não compareceram à sessão por motivo justifi cado.

O Senhor Ministro Antônio de Pádua Ribeiro não participou do julgamento.

Brasília (DF), 09 de setembro de 1993 (data do julgamento).

Ministro José Dantas, Presidente em exercício

Ministro William Patterson, Relator

DJ 04.10.1993

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 171

RELATÓRIO

O Sr. Ministro William Patterson: Em agosto do corrente ano, proferi

despacho indeferindo pedido de suspensão de liminares formulado pelo Estado

do Piauí.

Eis o seu teor (fl s. 54-55):

Vistos, etc.

O Estado do Piauí requer, com fundamento no art. 4º da Lei n. 4.348/1964, e no art. 25 da Lei n. 8.038/1990, a suspensão das liminares concedidas pelo Presidente do Tribunal de Justiça local, nos autos dos Mandados de Segurança n. 1.260, n. 1.261 e n. 1.262, impetrados pelos Desembargadores e Juízes aposentados, pelos pensionistas e pelos servidores aposentados daquela Corte Judiciária.

Para tanto, alega que as liminares autorizaram o pagamento dos proventos e pensões dos impetrantes sem observância da vedação legal (Lei n. 5.021/1966, art. 1º, § 4º), aduzindo, ainda, que:

(...) não satisfeito com as ilegalidades cometidas, o Sr. Presidente do Tribunal, após 48 horas da concessão das malsinadas liminares determinou, arbitrariamente e afrontando a Constituição Federal, a requerimento dos impetrantes, o bloqueio dos valores pedidos nas iniciais e a transferência destes valores para a conta do Tribunal de Justiça do Estado, a fim de satisfazer totalmente o objeto dos mandados de segurança, que é o pagamento dos proventos e pensões dos impetrantes (doc. 03 e 04). (fl . 03).

Prosseguindo, assevera o requerente que as medidas acautelatórias, além de violarem o disposto no art. 4º e parágrafo único da Lei n. 8.197, de 27.06.1991, são inconstitucionais porque ferem frontalmente o art. 100 e seus parágrafos da Constituição Federal.

Por último, conclui que:

É evidente que a liminar concedida causa grave lesão à economia do Estado, pois, sabe-se por ser público e notório que o Estado, pois, é o mais pobre da federação, onde seus minguados recursos praticamente apenas cobrem o pagamento da folha de pessoal dos três Poderes, sendo que o bloqueio e seqüestro de Cr$ 29.525.867.587,73 (vinte e nove bilhões, quinhentos e vinte e cinco milhões, oitocentos e sessenta e sete mil, quinhentos e oitenta e sete cruzeiros e setenta e três centavos), como demonstrado na documentação anexa, inviabilizará a economia do Estado e forçará, indubitavelmente, o atraso e a possível falta de recursos para o pagamento de todo o funcionalismo estadual, impossibilitando, ainda, a construção de hospitais, escolas, estradas e a realização de outras obras ou empreendimentos em favor da população carente do Estado, que clama

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por melhores condições de vida, além de terem, também, direito, através de obras sociais, à participação nos recursos do Estado, que não podem ser destinadas apenas para pagamento dos servidores públicos, em detrimento da população. (fl . 06)

Ouvido o Ministério Público Federal, o seu ilustre representante Dr. Paulo da Rocha Campos, Subprocurador-Geral da República, manifestou-se contrário ao deferimento da medida.

Isto posto, decido.

As leis de regência (Lei n. 4.348/1964, art. 4º; Lei n. 8.038/1990, art. 25) autorizam a suspensão de liminar em mandado de segurança com o fi to de evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia popular.

A competência conferida ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça, portanto, está limitada aos parâmetros que os dispositivos legais em referência indicam, não merecendo consideração, para tal fim, as diversas questões de direito suscitadas, que, embora relevantes, escapam do estreito âmbito do pedido de suspensão e deverão ser resolvidas pelas vias processuais próprias.

Quanto à grave lesão à economia pública, limitou-se o Estado requerente em suscitar tal possibilidade, sem, contudo, demonstrá-la adequadamente.

À vista dos argumentos expendidos, indefi ro o pedido.

Publique-se.

Inconformado, manifesta agravo, aduzindo, às fl s. 60-61 que:

1. Conforme já exposto nestes autos, trata-se de liminares concedidas em mandados de segurança, pelo MM. Sr. Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, contra o Exmo. Sr. Governador daquele Estado, tendo em vista o pagamento de proventos e pensões aos Desembargadores, Juízes e servidores aposentados, bem como a pensionistas do Poder Judiciário local.

2. Após concedidas as liminares, o Senhor Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí determinou o bloqueio dos valores pedidos nas iniciais, bem como a transferência desses valores para a conta do próprio Tribunal, a fi m de satisfazer totalmente o objeto dos mandamus.

3. Os recursos bloqueados na conta do Estado do Piauí foram da importância de Cr$ 29.525,867.587,73 (vinte e nove bilhões, quinhentos e vinte e cinco milhões, oitocentos e sessenta e sete mil, quinhentos e oitenta e sete cruzeiros e setenta e três centavos). São valores que, indubitavelmente ocasionam grave lesão à economia do Estado, sobretudo quando se trata da Unidade mais pobre da Federação, no qual notoriamente os minguados recursos apenas cobrem o pagamento da folha de pessoal dos Três Poderes.

4. Em que pese a demonstração cabal, através de documentos juntados aos autos, da prova do bloqueio dos recursos, o pedido de suspensão veio a

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 173

ser indeferido, sob o seguinte fundamento: “quanto à grave lesão à economia pública, limitou-se o Estado requerente em suscitar tal possibilidade, sem, contudo, demonstrá-la adequadamente”.

5. Entretanto, Senhor Presidente, é notório que o bloqueio dos recursos mencionados implicará na inexecução da Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, o que por si só acarreta grave lesão às fi nanças do Estado. Isto porque aqueles recursos representam aproximadamente 2,5% da Receita Corrente Líquida apurada, conforme demonstra o documento em anexo, emitido pela Secretaria de Fazenda do Estado (mediante simples operação matemática).

6. Ora, esses valores representam quase a metade daqueles destinados ao Poder Judiciário como um todo, por isso estar devidamente demonstrada a grave lesão à economia pública, a justifi car o pedido de suspensão de segurança.

7. Em face do exposto, pedindo vênia a Vossa Excelência, vem o Peticionário requerer a reconsideração do despacho atacado ou, caso assim não entenda, que então venha submeter o presente agravo regimental à egrégia Corte Especial, para melhor exame da matéria.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro William Patterson (Relator): A Lei n. 8.038, de 25.05.1990, ao tratar da competência do Presidente do Superior Tribunal de Justiça para suspender, em despacho fundamentado, a execução de liminar ou de decisão concessiva de mandado de segurança, estabeleceu que “Do despacho que conceder a suspensão caberá agravo regimental” (art. 25, § 2º). Assim sendo, a medida não é cabível quando o despacho é denegatório.

Igual previsão resulta da Lei n. 4.348, de 1964 (art. 4º).

Aliás, nesse sentido já se pronunciou este Colegiado, ao julgar o Ag. Reg. na SS n. 11-BA, relatado pelo Ministro Torreão Braz, consoante está expresso na ementa do respectivo acórdão, verbis:

- Processual Civil. Suspensão de liminar em mandado de segurança. Agravo regimental.

- O agravo regimental só é cabível do despacho do Presidente que concede a suspensão de liminar em mandado de segurança (Lei n. 4.348/1964, art. 4º, e RISTJ, art. 271, § 2º).

- Agravo não conhecido.

Ante o exposto, não conheço do agravo.

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AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N. 443-DF (96.0003360-9)

Relator: Ministro Bueno de Souza

Agravante: Estado de Mato Grosso do Sul

Advogado: Salomão Francisco Amaral

Agravado: R. Despacho de fl . 104

Requerente: Estado de Mato Grosso do Sul

Advogado: Salomão Francisco Amaral e outros

Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n. 418.133

do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul

Impetrante: Leocádia Aglae Petry Leme e outro

EMENTA

Processual Civil. Suspensão de segurança. Despacho indeferitório. Agravo regimental.

1. Consoante uníssona e reiterada orientação jurisprudencial, incabível se torna a interposição de agravo regimental contra decisão exarada pela Presidência desta Corte que indefere pedido de suspensão de liminar concedida em ação mandamental.

2. Agravo regimental do qual não se conhece.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Corte

Especial do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do agravo.

Votaram com o Relator os Srs. Ministros José Dantas, William Patterson,

Antônio de Pádua Ribeiro, Nilson Naves, Eduardo Ribeiro, José de Jesus

Filho, Garcia Vieira, Luiz Vicente Cernicchiaro, Fontes de Alencar, Sálvio

de Figueiredo, Hélio Mosimann, Peçanha Martins, Demócrito Reinaldo,

Humberto Gomes de Barros e Anselmo Santiago.

Ausentes, ocasionalmente, os Senhores Ministros Cid Flaquer Scartezzini,

Edson Vidigal e Waldemar Zveiter.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 175

Ausente, justifi cadamente, o Senhor Ministro Costa Leite.

Brasília (DF), 04 de setembro de 1996 (data do julgamento).

Ministro Américo Luz, Presidente

Ministro Bueno de Souza, Relator

DJ 29.10.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Bueno de Souza: O Estado de Mato Grosso do Sul

interpôs o presente agravo regimental em face da decisão que indeferiu pedido

de suspensão de segurança, com base nos seguintes fundamentos (fl s. 104),

verbis:

I - Leocádia Aglae Petry Leme e Luiz Antônio Álvares Gonçalves obtiveram, junto ao Pleno do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, a concessão de segurança para reintegração dos impetrantes nos cargos de reitor e vice-reitor da Fundação Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

II - O Estado de Mato Grosso do Sul pleiteia que se suspenda a execução do julgado, ao fundamento de que a Universidade, a despeito de criada e instituída por legislação estadual, não tem autorização do Conselho Federal de Educação (hoje Conselho Nacional de Educação), para seu funcionamento, bem como para criação e instalação de nenhum dos cursos superiores que se pretende oferecer, afrontando a Lei n. 4.024/1961 (Lei de Diretrizes e Bases de Educação) e Lei n. 5.540/1960, art. 47 (que cuida do ensino superior).

III - Daí decorre, segundo o Requerente, que: “O funcionamento ilegal da UEMS, bem como tendo à sua frente uma ‘reitora’ nomeada ilegalmente a cometer atos de duvidosa legalidade e moralidade administrativa causam prejuízo ao erário público, prejuízo aos estudantes e às suas famílias, ou seja prejuízo social à comunidade e ofensa à ordem e à economia públicas, sendo jurídico e razoável a suspensão da execução da segurança”.

IV - Não se afiguram caracterizadas, na espécie, qualquer das hipóteses autorizativas do acolhimento do pedido de suspensão da segurança concedida pelo eg. Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul. Em verdade, as questões de direito suscitadas pelo requerente, embora relevantes, constituem críticas à juricidade do decisório, matéria que não se comporta nas lindes estritas da suspensão de segurança. A falta de autorização do Conselho Nacional da Educação, a nomeação do reitor e seu vice, bem como o exame da legalidade (e moralidade) dos atos que praticaram, constituem questões a ser dirimidas pelas vias processuais próprias.

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Inconformado com a decisão supratranscrita, o agravante sustentou (fl s.

109 à 112) que não se utilizou da suspensão de segurança para criticar a

juricidade do decisório a quo, e bem assim que a dispersão de recursos públicos

destinados ao ensino básico e sua aplicação em uma universidade, cuja

instalação e funcionamento sequer foram autorizados pelo Conselho Nacional

de Educação e pelo Senhor Presidente da República, confi gura dano à economia

e à ordem pública.

Mantida a decisão, submeto o presente recurso à Corte.

VOTO

O Sr. Ministro Bueno de Souza (Relator): A Lei n. 8.038, de 28 de

maio de 1990, em seu art. 25, § 2°, ao tratar da competência do Presidente

do Superior Tribunal de Justiça para suspender, em despacho fundamentado,

execução liminar ou decisão concessiva de mandado de segurança, estabeleceu

que “do despacho que conceder a suspensão caberá agravo regimental”. Como

pode ser observado, a lei foi clara e concisa no sentido de que o recurso de

agravo é cabível de decisão concessiva de suspensão. Logo, o referido recurso não

é cabível quando a decisão recorrida for um despacho denegatório.

No mesmo sentido, dispõem o art. 4°, da Lei n. 4.348, de 1964 e o art. 271,

§ 2°, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça (RISTJ).

Ademais, reiterados são os precedentes deste Superior Tribunal de

Justiça no sentido de somente ser cabível agravo regimental contra o despacho

concessivo da suspensão de segurança. Senão vejamos, verbis:

- Processual Civil. Suspensão de liminar em mandado de segurança. Agravo regimental.

- O agravo regimental só é cabível do despacho do Presidente que concede a suspensão liminar em mandado de segurança (Lei n. 4.348, art. 4º, RISTJ, art. 271, § 2º).

- Agravo não conhecido.

(AgRgSS n. 11-BA, Rel. Exmo. Sr. Ministro Torreão Braz)

No mesmo sentido:

Suspensão de segurança. Despacho denegatório. Agravo regimental.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 177

1. Não cabe agravo, se o Presidente do Tribunal indefere pedido de suspensão de liminar ou de decisão concessiva de mandado de segurança, proferida, em única ou última instância (Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2° e RISTJ, art. 271, § 2º).

(AgRgSS n. 183-SP, Rel. Exmo. Sr. Ministro William Patterson)

E ainda:

Processual Civil. Suspensão de segurança.

1. Descabe agravo regimental contra decisão que não conhece ou indefere pedido de suspensão de liminar concedida em mandado de segurança.

2. Precedentes.

3. Agravo regimental desprovido.

(AgRgSS n. 287-AM, de que fui Relator)

Isto posto, não havendo previsão de recurso contra despacho denegatório

de suspensão de segurança, não conheço do agravo regimental.

É como voto.

AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N. 601-MG (97.58929-3)

Relator: Ministro Américo Luz

Agravante: Município de Alpinópolis

Advogado: Marisa Bernadete dos Santos Dias Campos

Agravado: R. Despacho de fl s. 291-292

Requerente: Município de Alpinópolis

Advogados: Marisa Bernadete dos Santos Dias Campos

Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n. 955.385

do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Impetrante: Município de São José da Barra

Advogados: Simone Ribeiro Figueiredo Teixeira e outro

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EMENTA

Processo Civil. Suspensão de segurança. Indeferimento. Agravo regimental. Descabimento.

1 - Não cabe agravo regimental de decisão do Presidente do Superior Tribunal de Justiça que indefere pedido de suspensão de segurança concedida em ação mandamental.

2 - Inteligência do art. 271, § 2º do Regimento Interno do STJ.

3 - Precedentes da Corte Especial (Agravos Regimentais nas Suspensões de Segurança de números: 182, 287, 356, 443 e 601) e do Supremo Tribunal Federal (Súmula n. 506, RTJ 150/695, 153/753, RJ 209/51).

4 - Agravo não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator.

Impedido o Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo.

Votaram com o Relator os Srs. Ministros José Dantas, Costa Leite, Nilson Naves, Eduardo Ribeiro, Edson Vidigal, Luiz Vicente Cernicchiaro, Waldemar Zveiter, Barros Monteiro, Hélio Mosimann, Peçanha Martins, Demócrito Reinaldo, Humberto Gomes de Barros, Milton Luiz Pereira, Anselmo Santiago e Vicente Leal.

Licenciados os Srs. Ministros William Patterson e Bueno de Souza, sendo substituídos pelos Srs. Ministros Vicente Leal e Barros Monteiro, respectivamente.

Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Cid Flaquer Scartezzini, Garcia Vieira e Fontes de Alencar.

Brasília (DF), 04 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, Presidente

Ministro Américo Luz, Relator

DJ 02.03.1998

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 179

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Américo Luz: Senhor Presidente, cuida-se de agravo

regimental interposto de decisão que proferi no seguinte sentido, verbis:

I - O Município de São José da Barra - MG impetrou mandado de segurança contra ato do Secretário da Fazenda e do eminente Governador do Estado de Minas Gerais, objetivando o recebimento, por inteiro, do VAF (Valor Adicionado Fiscal) decorrente da receita apurada pela produção de energia elétrica produzida pela usina de Furnas, ao fundamento de que desde a criação do município, em 1995, o local do fato gerador do ICMS (o local da sede fi scal) se situa no território do Impetrante.

II - O eminente Desembargador Cláudio Costa deferiu a liminar com lastro em decisões desta Corte no sentido de que “a água de lagoa situada em município diverso em que está o estabelecimento onde ocorre a operação tributável, não confere àquela participação do ICMS a pretexto de ocorrência de valor agregado”.

III - Inconformado, o litisconsorte passivo do writ formula o presente pedido de suspensão daquele decreto liminar, alegando lesão à ordem e à economia públicas em face do corte sofrido no repasse do ICMS. O Ministério Público Federal opina no sentido do deferimento do pleito.

IV - Não vejo como possa acolher a pretensão do requerente sem entrar em rota de colisão com a jurisprudência desta Corte. De fato, no Recurso Especial n. 38.344-7-PR, a egrégia Primeira Turma fi xou orientação no sentido de que:

A ocorrência do ICMS circunscreve-se aos limites do Estado, Distrito Federal, Território ou Município, não defl uindo a sua incidência, quanto à energia elétrica, do fato casual do represamento d’ água atingir áreas territoriais diversas, onde não é efetuada a operação, tendo dita energia como objeto e sem a ocorrência da sua saída. (Relator para o acórdão Min. Milton Luiz Pereira, in RSTJ, vol. 66, p. 314).

V - No mesmo sentido a egrégia Primeira Turma voltou a se posicionar no Recurso em Mandado de Segurança n. 5.823-9-MG, estampando o v. acórdão a seguinte ementa, verbis:

ICMS. Geração de energia. Local do fato gerador. Compensação.

O fato gerador é a saída do estabelecimento produtor da energia elétrica, e não a formação do lago. A compensação aos municípios, pela perda de seus territórios, é feita através de royalties. É inconfundível a usina geradora de energia elétrica com o reservatório de água. Recurso provido. (Relator Min. Garcia Vieira, in DJU de 04.09.1995)

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VI - Na espécie, a decisão hostilizada guarda absoluta harmonia com o entendimento predominante nesta Corte. Assim sendo, não vislumbro razões para acolher a pretensão do Requerente. Indefi ro o pedido.

II - Inconformado com a decisão, o Município de Alpinópolis interpõe o presente agravo regimental sustentando, em síntese:

a) o cabimento o recurso nos termos do ar. 39 da Lei n. 8.038/1990;

b) a decisão agravada invadiu o mérito do mandado de segurança, quando deveria fi car adstrita às circunstâncias mencionadas no art. 4° da Lei n. 4.348/1964;

c) não houve fundamentação da decisão, porquanto ficou adstrita ao reexame do mérito do decreto liminar;

d) acham-se presentes os requisitos autorizadores da concessão da medida, consoante manifestação do Ministério Público Federal opinando no sentido do deferimento da pretensão.

III - Eis, em síntese, uma breve exposição dos fatos, a título de relatório,

Senhor Presidente.

VOTO-PRELIMINAR

O Sr. Ministro Américo Luz (Relator): Senhores Ministros,

preliminarmente, não conheço do recurso porquanto a decisão hostilizada foi

no sentido de não concessão da segurança. Esta Corte Especial no julgamento

do Agravo Regimental n. 356-0-MA, no qual funcionei como Relator, deixou

assentado que não cabe agravo de decisão indeferitória do pedido de suspensão

de segurança.

O v. acórdão restou resumido nos dizeres da seguinte ementa:

Processual Civil. Agravo regimental. Despacho indeferitório de suspensão de segurança.

1. É inadmissível o agravo de regimento manifestado contra o despacho do Presidente que indeferiu o pedido de suspensão de segurança, segundo entendimento jurisprudencial já pacifi cado.

2. Agravo regimental não conhecido.

De fato, a jurisprudência desta Corte têm reiteradamente se pautado pelo

descabimento de agravo regimental contra decisão indeferitória de suspensão

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 155-182, março 2011 181

de segurança, merecendo registro, além do precedente a que já me referi, os

Agravos Regimentais em Suspensão de Segurança n. 287 (DJU 29.12.1996)

e n. 443 (DJU de 28.08.1995), Relator o eminente Ministro Bueno de Souza,

n. 182, relatado pelo em. Ministro William Patterson (DJU 04.10.1993), bem

como o de n. 356, também de minha relatoria (DJU 04.09.1995).

Finalmente, a eg. Corte Especial, ao julgar, em sessão do dia 04 de fevereiro

de 1998, o Agravo Regimental na Suspensão de Segurança n. 601, da qual fui

Relator, em decisão unânime, proclamou que:

Processo Civil. Suspensão de segurança. Indeferimento. Agravo regimental. Descabimento.

1 - Não cabe agravo regimental de decisão do Presidente do Superior Tribunal de Justiça que indefere pedido de suspensão de segurança concedida em ação mandamental.

2 - Inteligência do art. 271, § 2º do Regimento Interno do STJ.

3 - Precedentes da Corte Especial (Agravo Regimental em Suspensão de Segurança de n. 182, n. 287, n. 356 e n. 443) e do Supremo Tribunal Federal (Súmula n. 506, RTJ 150/695, 153/753, RJ 209/51).

4 - Agravo não conhecido.

De outra parte, cumpre destacar que não há previsão legal para o seu

cabimento, porquanto o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça,

no Título X, relativo aos processos incidentes, ao disciplinar, no Capítulo I, a

suspensão de segurança (§ 2° do art. 271), expressamente deixou assentado que:

Art. 271 (...)

§ 2° Da decisão a que se refere este artigo, se concessiva da suspensão, caberá agravo regimental, no prazo de dez dias, para a Corte Especial.

Nessa mesma linha de entendimento, o Supremo Tribunal Federal

construiu e cristalizou sua jurisprudência, conforme se constata do Enunciado n.

506 de sua Súmula, verbis:

Súmula n. 506: O agravo a que se refere o art. 4° da Lei n. 4.348 de 26.06.1964 cabe, somente, do despacho do Presidente do Supremo Tribunal Federal que defere a suspensão liminar, em mandado de segurança; não do que a denega.

Mesmo com o advento da Lei n. 8.437/1992, que estabeleceu a

recorribilidade, em qualquer hipótese, nas decisões proferidas nos pedidos

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

182

de suspensão de liminar formulado nas ações cautelares, o Excelso Pretório

perseverou fi rme prestigiando o verbete sumular, conforme anota Th eotônio

Negrão na nota n. 3-C, ao art. 4°, da Lei n. 4.348, lançada à fl . 1.145 da 28ª

edição de sua obra “Código de Processo Civil e Legislação Processual em vigor”, pela

Editora Saraiva, verbis:

O cabimento de agravo regimental, contra decisão denegatória de suspensão de liminar, é restrito, em conformidade com o disposto no § 3° do art. 4º da Lei n. 8.437/1992, ao processo cautelar comum. Em relação ao mandado de segurança, continua a valer a regra de que só contra o deferimento da suspensão é cabível o agravo (art. 4º da Lei n. 4.348/1964 e art. 297, § 2º do Regimento Interno do STF). (STF - Pleno: RTJ 150/695, 153/753, RJ 209/51)

Nessa moldura, de minha parte também persevero no sentido da

Jurisprudência pacifi cada no Supremo Tribunal Federal e, forte nos precedentes

desta Corte Especial aos quais já me referi, não conheço do presente recurso.

É como, preliminarmente, voto, Senhor Presidente.

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Súmula n. 218

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SÚMULA N. 218

Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual

decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em

comissão.

Referência:

Estatuto dos Funcionários Públicos Estaduais.

Precedentes:

CC 5.563-RO (3ª S, 11.11.1993 – DJ 13.12.1993)

CC 11.410-PE (3ª S, 18.05.1995 – DJ 07.08.1995)

CC 12.630-CE (3ª S, 26.02.1997 – DJ 14.04.1997)

CC 16.753-PE (3ª S, 24.04.1996 – DJ 03.06.1996)

CC 17.768-BA (3ª S, 09.10.1996 – DJ 11.11.1996)

Terceira Seção, em 10.02.1999

DJ 24.02.1999, p. 106

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 5.563-RO

Relator: Ministro Assis Toledo

Autor: Antônio Braga Gonçalves

Réus: Enéas Rômulo Dalton Di Franco de Araújo

Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia

Município de Porto Velho-RO

Estado de Rondônia

Suscitante: Juízo de Direito da Vara da Fazenda Pública, Falências e

Concordatas de Porto Velho

Suscitada: 3ª Junta de Conciliação e Julgamento de Porto Velho-RO

Advogados: Paulo Roberto Teixeira Albuquerque

Lindolfo Santana Júnior

Rosyara Martins de Barros Freitas

Savio de Jesus Gonçalves

EMENTA

Processual Civil. Competência. Relação empregatícia. Cargo em

comissão.

O exercício do cargo em comissão não gera relação empregatícia

de natureza trabalhista. Competência da Justiça Comum Estadual.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e declarar

competente o Suscitante, Juízo de Direito da Vara da Fazenda Pública, Falências

e Concordatas de Porto Velho-RO, nos termos do voto do Ministro-Relator.

Votaram de acordo os Ministros Edson Vidigal, Luiz Vicente Cernicchiaro,

Adhemar Maciel, Anselmo Santiago, José Dantas, José Cândido de Carvalho

Filho, Pedro Acioli e Jesus Costa Lima.

Brasília (DF), 11 de novembro de 1993 (data do julgamento).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

188

Ministro Cid Flaquer Scartezini, Presidente

Ministro Assis Toledo, Relator

DJ 13.12.1993

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Assis Toledo: Antônio Braga Gonçalves propôs reclamação

trabalhista contra a Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia e outros,

objetivando o recebimento de férias, salários, FGTS, aviso prévio, etc, alegando

ter sido demitido sem justa causa.

A 3ª Junta de Conciliação e Julgamento de Porto Velho-RO declinou de

sua competência.

O Juízo de Direito da Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas

de Porto Velho deu-se, igualmente, por incompetente, suscitando o presente

confl ito.

A douta Subprocuradoria-Geral da República, em parecer da Dra. Delza

Curvello Rocha, opinou pela competência da Justiça Trabalhista.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Assis Toledo (Relator): O reclamante foi admitido em

02.02.1987 para exercer cargo em comissão de assessor junto à Assembléia

Legislativa do Estado de Rondônia. Demitido em 10.12.1992, requer vantagens

a que teria direito.

Este Tribunal, por sua 2ª Seção, tem entendido que, no caso em que se

postula vantagem decorrente do exercício de cargo em comissão, regido por

normas de direito administrativo, a competência é fi rmada pela natureza da

lide, delineada na inicial, sendo competente a Justiça Comum Estadual (CC n.

2.348-SP, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ 18.05.1992).

O extinto Tribunal Federal de Recursos também entendia que o exercício

de função acessória de cargo público não gerava relação empregatícia de natureza

trabalhista (CC n. 5.529-PE, Rel. Min. Jesus Costa Lima, DJ 08.03.1984; CC

n. 6.929-SP, Rel. Min. Washington Bolívar, DJ 30.10.1986).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 183-198, março 2011 189

Por outro lado, se a ação proposta é inadequada, caberá ao juiz competente decidir a respeito, indeferindo a inicial ou procedendo como julgar de direito, conforme já se decidiu nesta Seção quando do julgamento no CC n. 3.298-1-SC, do qual fui relator, cujo acórdão fi cou assim ementado:

Processual Civil. Administrativo. Competência. Funcionário público federal.

Litígio sobre vantagens decorrentes de relação estatutária. Reclamação trabalhista equivocadamente proposta perante a Justiça do Trabalho.

Competência da Justiça Federal, à qual caberá decidir sobre a inadequação da via processual eleita.

(DJ 05.10.1992, p. 17.064).

Diante do exposto, na linha dessa jurisprudência, conheço do Confl ito e declaro competente o Juízo de Direito da Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas de Porto Velho-RO, suscitante.

É o voto.

VOTO

O Sr. Ministro José Dantas: Senhor Presidente, a generalização de que cargo em comissão é, por natureza, estatutário, não me parece proceder, pois que, até a instituição do “regime único”, havia mesmo cargo em comissão regido pela CLT - o chamado de DAS-LT que o Serviço Público Federal e Estadual admitiam.

Essa observação apenas serve de ressalva àquela generalização do Sr. Min. Relator, dado que, numa rápida consulta aos autos, verifi quei que a reclamada está correta ao dizer que, neste caso, tratava-se mesmo de cargos em comissão estatutário.

Portanto, acompanho o voto do Sr. Ministro-Relator.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 11.410-PE (94.034776-6)

Relator: Ministro Adhemar Maciel

Autor: Mario Guedes Loureiro

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

190

Advogado: Celso Barreto de Miranda

Ré: Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco

Réu: Estado de Pernambuco

Advogados: Cléa Lúcia Maia da Silva e outros

Suscitante: Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda do Estado de

Pernambuco

Suscitado: 14ª Junta de Conciliação e Julgamento de Recife-PR

EMENTA

Processual Civil. Competência. Relação empregatícia. Cargo

em comissão. O exercício do cargo em comissão não gera relação

empregatícia de natureza trabalhista. Competência da Justiça Comum

Estadual.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.

Decide a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,

conhecer do confl ito e declarar a competente o Suscitante, Juízo de Direito

da 1ª Vara da Fazenda do Estado de Pernambuco, nos termos do voto do Sr.

Ministro-relator, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos

autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado. Votaram de

acordo os Srs. Ministros Anselmo Santiago, Vicente Leal, José Dantas, Jesus

Costa Lima, Assis Toledo, Edson Vidigal e Luiz Vicente Cernicchiaro.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 18 de maio de 1995 (data do julgamento).

Ministro Cid Flaquer Scatezzini, Presidente

Ministro Adhemar Maciel, Relator

DJ 07.08.1995

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 183-198, março 2011 191

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Trata-se de conflito negativo de competência estabelecido entre o juízo de direito da 1ª Vara da Fazenda do Estado de Pernambuco, o suscitante, e a 14ª Junta de Conciliação e Julgamento de Recife-PE, a suscitada.

A ação é uma reclamatória trabalhista em que servidor público estadual, lotado na assembléia legislativa do Estado, pugna em desfavor do Estado de Pernambuco perante a 14ª JCJ de Recife-PE.

Vindica reajustes salariais devidos por produtividade e créditos trabalhistas (Férias, 13º salário proporcional) em virtude de ter sido admitido em cargo de confi ança em 1°.03.1989 e exonerado em 28.02.1991 por ato do presidente da Assembléia Legislativa de Pernambuco.

A procuradoria-geral do Estado argúi a exceção de incompetência absoluta da justiça trabalhista, uma vez que se trata de relação de trabalho regido pelo Regime Jurídico Único do Estado.

Acolhida a exceção, os autos foram encaminhados ao juízo de direito da 1ª Vara da Fazenda do Estado de Pernambuco, que suscitou o presente confl ito negativo de competência.

O Ministério Público opinou pela competência do juízo federal.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel (Relator): Trata-se, como se viu do

relatório, de conflito negativo entre juiz de direito e junta trabalhista. O

reclamante era servidor público estadual, que ocupava cargo em comissão.

Assim manifestou-se esta Corte no CC n. 5.563-RO, rel. Min. Assis Toledo:

Processual Civil. Competência. Relação empregatícia. Cargo em comissão.

O exercício do cargo em comissão não gera relação empregatícia de natureza trabalhista. Competência da Justiça Estadual (DJU de 13.12.1993, p. 27.387).

Com estas breves considerações, declaro a competência do juízo suscitante

( Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda do Estado de Pernambuco).

É como voto.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 12.630-CE (95.0003583-9)

Relator: Ministro Vicente Leal

Autor: Francisco Marcos Oria

Réu: Estado do Ceará

Suscitante: Sétima Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza-CE

Suscitado: Juízo de Direito da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Municipal de

Fortaleza-CE

Advogados: Antonio José da Costa

Stelio Lopes Mendonça Junior

EMENTA

Constitucional. Administrativo. Competência. Ação postulatória

de vantagem estatutária. Incorporação de gratificação de cargo

comissionado. Servidor estadual.

- Compete à Justiça Comum do Estado processar e julgar

ação em que se postula a incorporação de gratificação de cargo

comissionado, de natureza nitidamente estatutária, em função da

estabilidade adquirida pelo tempo de serviço comissionado exercido,

ainda que sob a égide da legislação trabalhista.

- Conflito conhecido. Competência do Juízo de Direito, o

suscitado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do confl ito

e declarar competente o Suscitado, Juízo de Direito da 3ª Vara dos Feitos

da Fazenda Municipal de Fortaleza-CE, na conformidade dos votos e notas

taquigráfi cas a seguir. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Fernando

Gonçalves, Felix Fischer, José Dantas, William Patterson, Luiz Vicente

Cernicchiaro e Anselmo Santiago. Ausentes, ocasionalmente, os Srs. Ministros

Cid Flaquer Scartezzini e José Arnaldo.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 183-198, março 2011 193

Brasília (DF), 26 de fevereiro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro Vicente Leal, Relator

DJ 14.04.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Vicente Leal: - Proposta ação trabalhista por servidor

público estadual objetivando a incorporação a seus vencimentos de gratifi cação

de cargo de confi ança exercido, por quase treze anos, ainda sob a regência

das regras trabalhistas, a 7ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza,

acolhendo o entendimento das partes quanto a sua incompetência para processar

e julgar o feito, determinou a remessa dos autos a Justiça Estadual.

Por sua vez o ilustre Juiz de Direito da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda

também declarou-se incompetente e suscitou o presente confl ito negativo de

competência.

A douta Subprocuradoria-Geral da República opinou em prol da

competência do Juízo suscitado, o trabalhista (fl s. 88).

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Vicente Leal (Relator): - A pretensão deduzida na ação

reclamatória tem como ponto central a incorporação da gratifi cação de cargo

comissionado DAS-2 e o pagamento das diferenças salariais decorrentes, em

função da estabilidade adquirida por ter exercido, durante quase treze anos

habitualmente, cargos comissionados, ainda que sob a égide da legislação

trabalhista.

Verifi ca-se, com efeito, que se postula em Juízo vantagem de natureza

nitidamente estatutária excluída dos vencimentos do autor, servidor público

estadual, pela contagem de tempo de serviço celetista exercido em cargo

comissionado.

Assim, tanto o pedido como a causa de pedir colocam a demanda no campo

no campo de Direito Administrativo, de competência da Justiça Comum Estadual.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Isto posto, conheço do confl ito para declarar a competência do Juízo de

Direito da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Municipal de Fortaleza-CE.

É o voto.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 16.753-PE (96.0018209-4)

Relator: Ministro William Patterson

Autor: Aluízio Furtado de Mendonça

Advogado: Aluízio Furtado de Mendonça (em causa própria)

Recorrido: Fundação de Saúde Amaury de Medeiros - FUSAM

Advogados: Vânia Cristina de Holanda Cavalcanti e outros

Suscitante: Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública do Recife-PE

Suscitado: Terceira Junta de Conciliação e Julgamento de Recife-PE

EMENTA

- Competência. Servidor estadual. Cargo em comissão.

- Tratando-se de direitos vindicados por ocupante de cargo em

comissão, declara-se a competência da Justiça Comum.

- Confl ito conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e declarar

competente o Suscitante, Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública do

Recife-PE, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com o Relator

os Srs. Ministros Cid Flaquer Scartezzini, Edson Vidigal, Adhemar Maciel,

Anselmo Santiago, Vicente Leal e José Dantas.

Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 183-198, março 2011 195

Brasília (DF), 24 de abril de 1996 (data do julgamento).

Ministro Assis Toledo, Presidente

Ministro William Patterson, Relator

DJ 03.06.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro William Patterson: - Na ação que ajuizou, perante a Justiça

do Trabalho, contra a Fundação de Saúde Amaury de Medeiros, entidade de

direito público do Estado de Pernambuco, Aluízio Furtado de Mendonça

pleiteou o recebimento de verbas rescisórias, afi rmando despedida imotivada.

Constatando tratar-se de ocupante de cargo em comissão, a Junta de

Conciliação e Julgamento declinou da competência para a Justiça Comum, por

decisão que veio a ser confi rmada pela Corte Regional do Trabalho, em autos do

recurso ordinário.

Daí a remessa dos autos ao Juízo de Direito, que suscitou o presente

confl ito.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro William Patterson (Relator): - Revelam os autos, tratar-se

de ação ajuizada por servidor admitido pela Fundação da Secretaria de Saúde do

Estado de Pernambuco para ocupar cargo em comissão.

Destarte, anoto que sobre a hipótese este Superior Tribunal já assentou sua

jurisprudência, na linha do precedente abaixo ementado:

Processual Civil. Competência. Relação empregatícia. Cargo em comissão.

O exercício do cargo em comissão não gera relação empregatícia de natureza trabalhista. Competência da Justiça Comum Estadual. (CC n. 11.410-PE, Rel. Min. Adhemar Maciel, DJ de 07.08.1995)

Em coerente raciocínio com o julgado desta Egrégia Terceira Seção,

conheço do confl ito para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara

da Fazenda Pública do Recife-PE.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 17.768-BA (96.0040840-8)

Relator: Ministro Vicente Leal

Autora: Neuza Novais de Oliveira Antunes

Réu: Secretaria de Planejamento Ciência e Tecnologia do Governo

do Estado da Bahia

Suscitante: Juízo de Direito da Fazenda Pública de Santa Maria

da Vitória-BA

Suscitado: Junta de Conciliação e Julgamento de Bom Jesus da Lapa-BA

Advogado: Geraldo Oliveira

EMENTA

Constitucional. Competência. Servidor público estatutário.

Regime jurídico próprio.

- Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação

proposta por servidor ocupante de cargo de provimento comissionado,

cuja situação funcional era regida por estatuto Jurídico próprio, de

natureza eminentemente estatutária.

- Conflito conhecido. Competência do Juízo de Direito da

Fazenda Pública de Santa Maria da Vitória-BA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do confl ito

e declarar competente o Suscitante, Juízo de Direito da Fazenda Pública de

Santa Maria da Vitória-BA, na conformidade dos votos e notas taquigráfi cas

constantes dos autos. Participaram do julgamento os Srs. Ministros José

Arnaldo, Fernando Gonçalves, José Dantas, Cid Flaquer Scartezzini, Luiz

Vicente Cernicchiaro e Anselmo Santiago. Ausente, justifi cadamente, o Sr.

Ministro William Patterson.

Brasília (DF), 09 de outubro 1996 (data do julgamento).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 183-198, março 2011 197

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro Vicente Leal, Relator

DJ 11.11.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Vicente Leal: - Neuza Novais Oliveira, nomeada para exercer cargo em comissão na Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado da Bahia, após ser exonerada do cargo, ajuizou ação reclamatória trabalhista contra a sua empregadora, pleiteando o pagamento das verbas decorrentes da injusta dispensa, como férias, 13º salário, Horas-Extras, bem como pedindo a anotação da carteira de trabalho.

A Justiça Especializada declinou de sua competência em favor da Justiça Comum, afi rmando que o pedido se revelou incompatível, porque se fundava em relação estatutária, matéria estranha à sua competência, já que a servidora era regida pelo Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado (fl s. 138-139).

O ilustre Juiz de Direito da Comarca de Santa Maria da Vitória, por sua vez, declarou sua incompetência para julgar o feito, ao argumento de que, não tendo sido legalmente nomeada para o cargo em comissão que ocupava nem tão pouco investida em cargo público mediante concurso público, inexiste vínculo estatutário entre as partes, mas sim de emprego. Suscitou, pois, confl ito de competência e determinou a remessa dos autos ao egrégio Tribunal Regional do Trabalho. (fl s. 143).

O Órgão Especial daquele tribunal, ao constatar que o conflito se estabelecera entre juízes de tribunais diversos, declinou de sua competência e determinou a subida dos autos a esta Colenda Corte, competente para dirimir o confl ito, a teor do disposto no artigo 105, I, d, da CF/1988.

A douta Subprocuradoria-Geral da República, em parecer de fl s. 159, opina pela competência da Justiça Especializada.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Vicente Leal (Relator): - Examinando-se o contexto

dos autos, verifi ca-se ser de clareza meridiana a compreensão da res in judicio

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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deducta, de vez que a demanda envolve relação fundada em vínculo estatutário,

sujeita às normas de direito público.

Com efeito, trata-se de ação proposta por funcionária pública ocupante

de cargo público comissionado em função de confi ança, tendo sido sua situação

funcional regida pelo Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado da Bahia,

Lei n. 2.323/1966.

Ademais, a própria natureza do cargo de provimento em comissão reclama

que a ele se apliquem as regras inscritas no campo do direito administrativo.

Como se vê, não se trata de pleito de natureza trabalhista, de vez que não

se encontrava sujeita a normas previstas na Consolidação das Leis do Trabalho.

Impõe-se, portanto, que se reconheça a competência do Juízo de Direito da

Fazenda Pública de Santa Maria da Vitória-BA.

Isto posto, conheço do confl ito e declaro a competência do Juízo suscitante.

É o voto.

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Súmula n. 219

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SÚMULA N. 219

Os créditos decorrentes de serviços prestados à massa falida, inclusive a

remuneração do síndico, gozam dos privilégios próprios dos trabalhistas.

Referências:

Lei n. 6.449/1977.

Decreto-Lei n. 7.661/1945, arts. 102, caput, e 124, § 1º, III.

Precedentes:

REsp 6.119-SP (3ª T, 24.03.1998 – DJ 25.05.1998)

REsp 32.959-SP (2ª S, 13.08.1997 – DJ 20.10.1997)

REsp 58.730-SP (4ª T, 05.03.1998 – DJ 29.06.1998)

REsp 76.943-SP (3ª T, 07.05.1998 – DJ 29.06.1998)

Segunda Seção, em 10.03.1999

DJ 25.03.1999, p. 49

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RECURSO ESPECIAL N. 6.119-SP (90.0011670-8)

Relator: Ministro Costa Leite

Recorrente: Ana dos Santos Tsuchiya

Recorrida: TMA Tecnologias Mecânicas Aplicadas S/A - massa falida

Interessado: Fermeture Aille

Advogados: João Batista Cornachioni e outros

Sueli Avellar Fonseca e outros

EMENTA

Falência. Créditos trabalhistas. Restituições.

Restituições, por referirem-se a bens que não integram o

patrimônio do falido, não se sujeitam aos efeitos da concordata.

Em princípio, os créditos trabalhistas preferem os encargos e

dívida da massa.

Consolidou-se a jurisprudência do STJ, entretanto, no sentido de

que se incluem na categoria dos créditos trabalhistas os encargos que

são oriundos da prestação de serviços à massa (REsp n. 32.959-SP).

Recurso conhecido em parte e, nessa parte, provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira

Turma do Superior Tribunal de Justiça, em conformidade com os votos e notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer em parte do recurso especial e,

nesta parte, dar-lhe provimento. Participaram do julgamento os Srs. Ministros

Eduardo Ribeiro, Waldemar Zveiter e Menezes Direito.

Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Nilson Naves.

Brasília (DF), 24 de março de 1998 (data do julgamento).

Ministro Costa Leite, Presidente e Relator

DJ 25.05.1998

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

204

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Costa Leite: - A espécie foi assim sumariada na origem:

A r. sentença de fl . 990 homologou a conta de liquidação de fl s. 968-71, destes autos de falências, tendo a credora trabalhista Ana dos Santos Tauchiya apelado a fl . 992, visando o reconhecimento da preferência especial de seu crédito sobre todos os demais.

Recurso processado, subiram os autos, manifestando-se a douta Procuradoria da Justiça pelo improvimento.

Decidindo, a e. Terceira Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou provimento à apelação.

Daí o recurso especial, com fundamento nas alíneas a e c do permissivo constitucional, alegando negativa de vigência aos arts. 102 e 124, § 3°, da Lei de Falências, além de divergência jurisprudencial.

O parecer do Ministério Público Federal é pelo provimento do recurso.

É o relatório, Senhores Ministros.

VOTO

O Sr. Ministro Costa Leite (Relator): - A questão diz com a preferência

do crédito trabalhista na falência, encontrando no acórdão recorrido o seguinte

desate:

Os encargos da massa não se qualificam como créditos de terceiros, em condições de serem postos em confronto para a verificação de eventuais preferências ou privilégios; são despesas que se fi zeram necessárias para que o processo falimentar chegasse ao seu termo fi nal.

E, quanto ao segundo fundamento, bem assinala a douta Procuradoria da Justiça, no r. parecer de fl s. 1.028, calcado em expressiva jurisprudência, que “reclamante de restituição em pecúnia, inclusive, aquele em que a coisa, de que é dono, em moeda se converteu, não pode ser considerado credor, visto que o dinheiro que lhe é devido não integra a massa falida, assim como não estava no patrimônio do devedor”.

No tocante às restituições, há perfeita sintonia com a jurisprudência deste

Superior Tribunal. Aliás, em verdade, por referirem-se a bens que não integram

o patrimônio do falido, não se sujeitam aos efeitos do concurso falimentar.

(REsp(s) n. 32.827 e n. 90.068, entre outros).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 205

De outra parte, é incontestável que os créditos trabalhistas têm preferência

sobre todos os demais, após as Leis n. 3.726/1960 e n. 6.449/1977. Firmou-se,

entretanto, a jurisprudência da e. Segunda Seção no sentido de que se incluem

na categoria dos créditos trabalhistas os encargos que são oriundos da prestação

de serviços à massa. Peço vênia para relançar trecho do voto do eminente

Ministro Eduardo Ribeiro, que acabou se constituindo no leading case (REsp n.

32.959-SP):

Admita-se, e a lei outra coisa não permite, que um crédito derivado de serviços prestados à massa não deva ser pago antes de outro, oriundo do trabalho de empregado da falida. Que o sejam, entretanto, em igualdade de condições. Note-se, ainda, que a administração da massa requer serviços de alta qualifi cação, como o de advogados e peritos, e também outros, modestíssimos. Assim, apenas como exemplo, a guarda dos bens do ativo, que exige serviços de vigilância, ou o seu transporte, quando se cuide realizar o leilão e seja necessário reuni-los. Tais trabalhos não podem deixar de ser remunerados e constituiria simples fantasia supor que os obreiros que disso se encarregassem houvessem de fazê-lo estimulados pela convicção de que desempenhavam um munus público.

Considero, em vista do exposto, que encargos e dívidas não podem ser atendidos antes dos créditos trabalhistas. Nessa última categoria, entretanto, se hão de ter como incluídos os oriundos da prestação de serviço à massa.

Do quanto exposto, conheço em parte do recurso e, nessa parte, lhe dou

provimento, para, modifi cando o capítulo pertinente do acórdão, reconhecer a

preferência do crédito do recorrente, em relação aos encargos e dívidas da massa,

salvo, quanto aos primeiros, os créditos decorrentes de trabalhos prestados à

massa, pelas razões antes apontadas. É o meu voto.

RECURSO ESPECIAL N. 32.959-SP (93.0006527-0)

Relator: Ministro Eduardo Ribeiro

Recorrentes: Michelle Piazzolla e outros

Manoel Messias de Melo e outros

Recorrido: Siam Util S/A - massa falida

Advogados: Mário de Passos Simas

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

206

João Batista Cornachioni

Alfredo Luiz Kugelmas e outros

EMENTA

Falência. Créditos trabalhistas. Preferências.

Após as Leis n. 3.726/1960 e n. 6.449/1977, os créditos

trabalhistas preferem a todos os demais, inclusive os relativos a custas,

dívidas e encargos da massa. Na categoria daqueles, entretanto, se

haverão de incluir os oriundos da prestação de serviço à massa.

Restituições.

Devem efetivar-se antes do pagamento de qualquer crédito,

ainda que trabalhista, pois os bens a que se referem não integram o

patrimônio do falido.

As contribuições previdenciárias descontadas dos salários e

retidas pelo empregador sujeitam-se a esse regime, devendo ser

entregues à Previdência. Excetuam-se as relativas ao período posterior

à vigência do Decreto-Lei n. 66/1966 e até a entrada em vigor da

Lei n. 8.212/1991, quando aquelas contribuições gozaram apenas do

privilégio atribuído aos tributos de competência da União, havendo de

ser atendidas após os créditos trabalhistas.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da

Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso em

parte e, por maioria, dar-lhe provimento nesta parte, nos termos do voto do Sr.

Ministro Relator.

Votaram com o Relator os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Costa Leite

e Nilson Naves.

Votaram vencidos parcialmente, os Srs. Ministros Sálvio de Figueiredo

Teixeira, Barros Monteiro e Ruy Rosado de Aguiar, que proviam o recurso em

menor extensão.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 207

Ausente, por motivo de férias, o Sr. Ministro Romildo Bueno de Souza.

Brasília (DF), 13 de agosto de 1997 (data do julgamento).

Ministro Waldemar Zveiter, Presidente

Ministro Eduardo Ribeiro, Relator

DJ 20.10.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro: - Na falência de Siam Útil S.A., ex-empregados da falida insurgiram-se contra a classifi cação de seus créditos, de natureza trabalhista, notadamente a preferência que sustentam devam ter em relação aos encargos da massa, aos decorrentes de pedidos de restituição e a custas.

Sua pretensão não foi acolhida em segundo grau, argumentando-se que “os encargos da massa devem preferir a qualquer outro crédito, mormente quando se referem a honorários do Sr. Síndico dativo e avaliadores” e, quanto a restituições, “há de considerar que não se trata de dívidas da massa ou da falida”, compreendendo bens que não chegaram a compor o patrimônio da falida, mas pertencem a terceiros. Não mais existindo, “a restituição se fará em dinheiro, antes que se pague a qualquer credor”.

Michelle Piazzolla e outros apresentaram recurso especial, alegando violação dos artigos 449, § 1º da CLT, 186 do CTN e 102 e 124 da Lei de Falências.

Também recorreram Messias de Mello e outros. Indicaram, como desatendidos, os artigos 102 e 124, § 1º, inciso I do Decreto-Lei n. 7.661, invocando, também, o disposto no Decreto-Lei n. 66, quanto à preferência sobre as restituições de importâncias devidas à Previdência e retidas pelo empregador.

Apontaram os recorrentes, ainda, dissídio jurisprudencial.

Admitidos os recursos, pela letra a, neste Tribunal opinou o Ministério Público “no sentido do conhecimento e provimento do primeiro recurso, e, em parte, do segundo, apenas e tão-só, no concernente à precedência dos créditos por salários e indenização dos empregados em face dos créditos por encargos da massa”.

É o relatório.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

208

VOTO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro (Relator): - Primeiro ponto a examinar

refere-se à posição dos créditos trabalhistas em relação à preferência com que

hão de ser atendidos encargos e dívidas da massa. O acórdão entendeu que

esses últimos serão pagos em primeiro lugar, “mormente quando se referem a

honorários do Sr. Síndico dativo e avaliadores, pessoas que são convocadas para

prestar serviços ao Juízo, é bem verdade, mas também a todos os credores, por

mais privilegiados que sejam eles”.

Acrescentou aquele julgado:

Sem a colaboração desses auxiliares da Justiça não haveria possibilidade alguma de seguir seu curso o procedimento, inviabilizando qualquer outro pagamento.

Prestando eles serviço aos credores, inclusive por créditos acidentários e trabalhistas, devem receber os honorários correspondentes à função, sem a qual não se haveria de apurar o ativo com que se pagarão os credores.

As observações são de inegável procedência. Em verdade, um processo de

falência, notadamente a realização do ativo, não se faz sem despesas. E não é

razoável pretender que alguém contrate com a massa sem uma certa segurança

de que irá receber o que lhe for devido. Daí a conveniência de que os débitos

com essa origem sejam saldados preferencialmente, evitando-se óbices ao

desenvolvimento do processo, sem o que não será possível o pagamento dos

créditos admitidos à falência, inclusive trabalhistas.

Ocorre, entretanto, que tal entendimento só pode ser defendido de lege

ferenda.

O artigo 449, § l° da CLT, em sua primitiva redação, estabelecia constituir

“crédito privilegiado a totalidade dos salários devidos ao empregado e um terço

das indenizações a que tiver direito, e crédito quirografário os restantes dois

terços”.

A Lei de Falências - artigo 102 - dispôs sobre a classifi cação dos créditos

e colocou os trabalhistas entre os que gozavam de privilégio geral. Resguardou,

entretanto, “a preferência dos credores por encargos ou dívidas da massa”. E

o artigo 124 dispunha que encargos e dívidas seriam pagos com preferência

sobre todos os créditos admitidos à falência. Ressalvou apenas o disposto no

artigo 125, que se refere aos bens objeto de garantia real ou privilégio especial.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 209

Não poderia, pois, haver dúvida. Os débitos de natureza trabalhista só seriam

satisfeitos após encargos e dívidas.

Sobreveio, então, a Lei n. 3.726/1960. Modificou o caput do artigo

102 da Lei de Falências, estendendo a ressalva nele contida aos créditos dos

empregados, por salários e indenizações trabalhistas. E explicitou que, depois

deles, se observaria a preferência por encargos e dívidas. Coerentemente, retirou

os créditos trabalhistas do rol daqueles a que se assegura privilégio especial.

E no artigo 124, ao cuidar de encargos e dívidas, deixou expresso que seriam

pagos com preferência, ressalvados, entretanto, os artigos 102 e 125. A ressalva

signifi ca mais uma vez afi rmar que a preferência de encargos e dívidas não

abrange créditos trabalhistas. Não bastasse isso, alterou-se também o § 3° do

artigo 124, para deixar claro que o pagamento de encargos e dívidas e o rateio

em cada classe não prejudicariam aqueles créditos.

No que se refere à abrangência do privilégio, quanto a indenizações,

a Lei n. 6.449/1977 tornou-a ampla, depois do retrocesso que signifi cou o

Decreto-Lei n. 192/1967, expressamente revogado. Note-se que essa lei, embora

mencionando créditos privilegiados, não modifi cou os artigos 102 e 124 do

Decreto-Lei n. 7.661/1960. Seu objetivo foi apenas estender o privilégio à

totalidade das indenizações, sem alterar, a toda evidência, o grau desse privilégio.

Considero, entretanto, que se há de estabelecer uma distinção. Entre os

encargos da massa se compreendem os relativos a pagamentos devidos a pessoas

que contribuíram com seu trabalho para fazer possível tivesse continuidade o

processo e para que fossem os bens arrecadados, avaliados e alienados. No sistema

anterior à Lei n. 3.726/1960 tais gastos eram atendidos preferencialmente, só

concorrendo com outros encargos. Aquele diploma inspirou-se no objetivo

evidente de prestigiar quem se tornara credor, em virtude de seu trabalho e

teve em conta o caráter alimentar da retribuição que lhe é devida. Ora, tais

razões se acham presentes também quando se cuida de remunerar o trabalho

que foi prestado para a administração da massa. Se no sistema anterior dava-se

preferência ao pagamento desse crédito, não se há de entender que o legislador

se tenha orientado pelo objetivo de inverter a situação, de modo a poder resultar

que, entre dois prestadores de serviço, um receba tudo e o outro possa receber

nada.

Certo que a lei não permite o entendimento de que encargos e dívidas

prefi ram aos créditos trabalhistas. Enseja, entretanto, o de que nessa última

categoria se hajam de compreender também os provenientes de trabalhos

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

210

prestados à massa. Cumpre conferir ao texto interpretação compatível com a

razão de ser do sistema. Não se há de apegar o julgador à circunstância de o

artigo 124, III referir-se, expletivamente, à comissão do síndico, ao arrolar os

encargos da massa. Fê-lo para garantir-lhe primazia. Não se há de entender

que sirva, agora, para estabelecer injustifi cável distinção entre prestadores de

serviços.

O eminente Ministro Ruy Rosado, em voto proferido no julgamento do

REsp n. 23.642, cujo acórdão se juntou aos autos, assim se pronunciou a respeito

do tema:

O argumento de que a comissão do síndico tem preferência “porque não é obrigado a trabalhar sem remuneração” fi ca prejudicado diante da pretensão de um outro trabalhador, que já prestou seus serviços ao falido, ainda antes do síndico, e que também não estava obrigado a trabalhar sem remuneração. Entre os dois credores, passa a frente o interesse do que já era empregado do falido, que foi contratado ainda antes da decretação da falência, não havendo nenhuma razão para ceder à pretensão de quem foi nomeado depois da quebra, escolhido entre os maiores credores, ou entre os profi ssionais que se dedicam a tais afazeres, qualquer um deles já sabendo dos riscos da função assumida. As difi culdades para a administração da falência não devem recair sobre os trabalhadores que anteriormente prestaram o seu serviço, já agora prejudicados pela demora no recebimento de seu crédito alimentar.

Vê-se que foi examinada a questão tendo em conta a pretensão de que o

pagamento dos encargos precedesse ao dos créditos trabalhistas. Aqui cuido de

outra possibilidade.

Admita-se, e a lei outra coisa não permite, que um crédito derivado

de serviços prestados à massa não deva ser pago antes de outro, oriundo do

trabalho de empregado da falida. Que o sejam, entretanto, em igualdade de

condições. Note-se, ainda, que a administração da massa requer serviços de alta

qualifi cação, como o de advogados e peritos, e também outros, modestíssimos.

Assim, apenas como exemplo, a guarda dos bens do ativo, que exige serviços de

vigilância, ou o seu transporte, quando se cuide realizar o leilão e seja necessário

reuni-los. Tais trabalhos não podem deixar de ser remunerados e constituiria

simples fantasia supor que os obreiros que disso se encarregassem houvessem de

fazê-lo estimulados pela convicção de que desempenhavam um munus público.

Considero, em vista do exposto, que encargos e dívidas não podem ser

atendidos antes dos créditos trabalhistas. Nessa última categoria, entretanto, se

hão de ter como incluídos os oriundos da prestação de serviço à massa.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 211

Outro ponto refere-se às custas dos processos movimentados pelos ex-

empregados. Também a essas preferem os créditos em exame, sem a menor

dúvida. Sejam elas de se classifi car como encargos, se decorrentes de processos

em que a massa houver sido vencida, ou como créditos da União ou dos Estados,

se referentes a condenações anteriores à decretação da falência, de qualquer

sorte não deverão ser pagas antes de que o sejam os créditos trabalhistas.

Por fi m, as restituições.

Tem-se como certo, em regra, que não se confundem com o pagamento de

credores. E a jurisprudência deste Tribunal é tranqüila no sentido de que essa

se faz sem que haja cogitar de concurso. Assim decidiu a Terceira Turma, no

julgamento do REsp n. 12.100 (rel. Cláudio Santos, DJ 28.09.1992), e a Quarta,

ao apreciar o REsp n. 10.021 (rel. Sálvio de Figueiredo, DJ de 03.05.1993).

Trata-se de bens de terceiros, em poder do falido, ou de situações que a lei a isso

equiparou.

Menciona-se, no recurso, que nem todas as restituições se justifi cavam. Isso

não pode ser aqui suscitado. Haveria de sê-lo quando foram requeridas. Nessa

fase apenas se decidirá sobre a preferência das que foram deferidas.

A dúvida se coloca, entretanto, quando a hipótese diz com as contribuições

dos empregados, devidas à Previdência, não recolhidas pelo empregador.

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal era no sentido de que tais

contribuições, retidas pelo empregador, pertenciam à entidade previdenciária

e lhe deviam, pois, ser entregues. Tratando-se de restituição, não haveria lugar

para rateio nem se cogitaria de eventuais preferências. Desse modo, ainda

fosse a hipótese de crédito trabalhista, primeiro se faria a transferência das

contribuições. Exemplo desse entendimento se encontra no acórdão, juntado

aos autos, relativo ao RE n. 101.333, relatado pelo Ministro Rafael Mayer, e

onde se faz menção a numerosos precedentes no mesmo sentido. Observe-se

que não se afasta de tal sentir a decisão proferida no RE n. 59.100 (rel. Victor

Nunes, RTJ 40/491). Ali se teve em conta uma peculiaridade. Os salários não

haviam sido pagos. Em relação a esses não se fi zera, obviamente, a retenção.

Daí que não havia falar em restituição. A regra de que as contribuições retidas

devem ser restituídas foi, entretanto, reafi rmada.

Neste Tribunal tem-se decidido que as restituições em geral - não

especifi camente as pertinentes a contribuições previdenciárias retidas - devem

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

212

ser feitas antes do pagamento de quaisquer créditos, inclusive trabalhistas, pois

têm natureza distinta desses. Explicitou-o o Ministro Sálvio de Figueiredo ao

votar no julgamento do REsp n. 10.021:

É certo, e em momento algum se negou, que o crédito trabalhista goza de privilégio, em relação aos demais créditos, preferindo inclusive ao pagamento dos encargos e dívidas da massa.

A restituição, contudo, não pode ser equiparada a crédito. Trata-se simplesmente de devolução de coisas - e, em sua falta, do correspondente em dinheiro (art. 78, § 2°) - que, embora arrecadadas em poder do falido, não integravam seu patrimônio. Característicos bens de terceiro.

No mesmo sentido os Recursos Especiais n. 12.100 (rel. Cláudio Santos, DJ 28.09.1992) e n. 56.133 (rel. Waldemar Zveiter, DJ 21.08.1995).

Em relação às contribuições em exame, entendeu-se que seriam objeto de restituição, no julgamento do REsp n. 2.135 (rel. Waldemar Zveiter, DJ 06.08.1990).

Por fi m, o que mais diretamente importa: se a restituição das contribuições de que se cuida há de fazer-se antes mesmo de atendidos os créditos trabalhistas.

Dois julgados devem ser objeto de menção. Na ementa do acórdão relativo ao REsp n. 11.067 (Nilson Naves, DJ 22.06.1992) lê-se que não ofendeu os artigos 102 da LF e 499, § 1º da CLT o aresto que, ao dispor sobre preferências, colocou as restituições devidas ao IAPAS após os créditos pertinentes a salários e horas extras e antes dos relativos a indenizações e férias. Há que se ter em conta, entretanto, circunstância relevantíssima. Tratava-se, no caso, de recurso de ex-empregado da falida. Sujeita a reexame estava apenas a parte da decisão que colocara a restituição, devida à autarquia, à frente de parcela de seu crédito. Não a que entendera deverem salários ser pagos antes das restituições. Daí haver o Ministério Público, em parecer mencionado pelo Relator, ressaltado que o recorrente fora “contemplado pelo Ven. aresto atacado com mais do que lhe seria lícito esperar”.

Vê-se, pois, que esse acórdão não placitou o decidido no Tribunal Estadual, quando afi rmou a preferência dos salários sobre as contribuições, pois disso não cuidou.

Outra decisão, entretanto, enfrentou diretamente a matéria. Refi ro-me ao REsp n. 23.642, acima já citado, de que foi relator o douto Ministro Ruy Rosado (DJ 27.03.1995). Entendeu-se que o crédito por salário haveria de ser

pago preferencialmente à restituição de contribuição devida ao INSS.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 213

Examina-se a legislação específica, relativa ao tema. Dele tratou, em

primeiro lugar, o Decreto-Lei n. 65 de 14.12.1937. Estabeleceu, em seu

artigo 9°, que, nos processos de falência, concordata ou concursos de credores,

seriam privilegiados os créditos dos Institutos e Caixas de Aposentadoria e

Pensões. Acrescentou, entretanto, que seriam essas entidades incluídas “como

reivindicantes em relação às quantias recebidas pelos empregadores de seus

empregados”. A Lei n. 3.807/1960 - Lei Orgânica da Previdência Social -

dispôs de modo análogo em seu artigo 157. Os créditos das instituições de

previdência seriam privilegiados, mas a elas caberia o “direito à restituição de

quaisquer importâncias arrecadadas pelas empresas ao público, a título de Quota

de Previdência e aos segurados”.

Parece-me que, segundo essa legislação, não poderia haver dúvida. As

retidas pelo empregador, a título de contribuição dos empregados, haveriam de

ser entregues às instituições de Previdência, independentemente de rateio. A

ser de modo diverso, não se justifi caria distinguisse o mesmo dispositivo entre

créditos privilegiados e direito a restituição.

Ocorre que, em novembro de 1966, foi editado o Decreto-Lei n. 66,

alterando vários dispositivos da Lei n. 3.807. Entre eles, de modo expresso, o

citado artigo 157. Em virtude da alteração aí introduzida, determinou-se que

os créditos da Previdência Social sujeitar-se-iam às disposições atinentes aos

créditos da União. E, esse o ponto relevante, suprimiu-se a referência a direito

de restituição. Desapareceu do ordenamento a previsão de que as contribuições

retidas seriam reivindicadas pela Previdência e restituídas pela massa.

Alguns decretos, pretendendo consolidar os dispositivos vigentes,

reintroduziram a referência a restituição. Deles, entretanto, não há cogitar,

pois, em virtude da hierarquia das normas jurídicas e da natureza da matéria,

careciam de força para alterar o direito vigente.

A situação veio a modifi car-se a partir da Lei n. 8.212/1991 que, em

seu artigo 51, dispôs sobre a equiparação dos créditos previdenciários aos da

União e, em parágrafo a esse artigo, previu que o INSS reivindicaria “os valores

descontados pela empresa de seus empregados e ainda não recolhidos”. A

hipótese em julgamento, entretanto, refere-se a situações a ela anteriores.

Cumpre, pois, examinar se subsistiu o direito à restituição, após a edição do

Decreto-Lei n. 66.

A questão longe está de ser nova. Nos autos se dá notícia do entendimento

que veio a prevalecer, ao menos durante certa fase, no Tribunal de Justiça de São

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Paulo, no sentido de que não havia mais lugar para pedido de restituição. Em

contrário, entretanto, se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento

já citado, de que relator o Ministro Rafael Mayer. Também este Tribunal,

em decisão tomada pela Terceira Turma, no julgamento do REsp n. 2.135,

relatado pelo Ministro Waldemar Zveiter (DJ 06.08.1990), e de que participei.

Entendeu-se que, malgrado a alteração introduzida pelo Decreto-Lei n. 66,

subsistia o direito à restituição. Argumentou-se que esse derivava simplesmente

do disposto na Lei de Falências e do fato de que o empregador nada mais era

que depositário da importância, que pertencia à Previdência. De entender-se

que o artigo 9° do Decreto-Lei n. 65/1937 não fora revogado. E o artigo 25 do

Decreto-Lei n. 66 não excluíra expressamente a restituição.

Embora, como salientei, haja concorrido com meu voto para o julgamento

tomado pela Terceira Turma, levado agora convocado a reexaminá-lo, concluí

que não foi o mais acertado.

Não me parece, com a devida vênia, seja possível sustentar que o artigo 9º

do Decreto-Lei n. 65/1937 continuasse em vigor. Foi substituído pelo artigo

157 da Lei n. 3.807 que regulava exatamente a mesma questão, fazendo-o, aliás,

em termos quase idênticos. E esse artigo 157 é que foi alterado pelo Decreto-

Lei n. 66.

Também não se me afigura relevante não haja esse último excluído

expressamente o direito a restituição. Fê-lo, expungindo do texto, que

declaradamente alterou, a previsão desse direito.

Valioso, por certo, o argumento de que, a rigor, nenhuma norma seria

necessária. As importâncias pertencem à Previdência, sendo o empregador

mero depositário. A restituição seria de fazer-se, sem necessidade de qualquer

disposição explícita, bastando a invocação da Lei de Falências.

Talvez se pudesse aceitar essa razão, não fosse o contexto histórico-

legislativo. Na elaboração de diversos diplomas legais teve-se como necessário

fi casse consignado que as importâncias poderiam ser reivindicadas (Decreto-Lei

n. 65 e Lei n. 8.212) ou, o que dá no mesmo, que deveriam ser restituídas (Lei

n. 3.807). Não se há de supor que tais previsões se fi zeram pleonasticamente,

pois já resultavam do ordenamento jurídico vigente. Mas, ainda isso se admita,

não me parece razoável entender que a alteração trazida pelo Decreto-Lei n.

66, retirando do texto, até então em vigor, a menção a restituição, possa ser tida

como despicienda, vazia de qualquer conseqüência. Note-se que não houve aí

edição de toda uma regulamentação nova, em que se pudesse ter como presente

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 215

a preocupação de apuro técnico, eliminando disposições inúteis. Alteraram-se

alguns dispositivos e, entre eles, o que cuidava dos créditos previdenciários. E, ao

fazê-lo, suprimiu-se a referência a restituição. Só posso interpretar tenha havido

o propósito deliberado de modifi car. E esse entendimento mais se fortalece

com a consideração de que lei posterior voltou a incluir o que fora eliminado.

No período compreendido entre as duas não subsistiu o direito de restituição,

quanto a contribuições do empregado retidas pelo empregador.

Por último, considero que essa interpretação também se recomendaria

por outro motivo, apontado no recurso de Manoel Messias de Melo e outros

(fl. 5.464). Diversos tributos são hoje retidos por empresas para posterior

recolhimento aos cofres públicos. Isso ocorre, sem dúvida alguma, com o

imposto de renda retido na fonte. Sucede, entretanto, também com os impostos

ditos indiretos, como IPI e ICMS, em que distinto o contribuinte de fato

do de direito. Esse último, devedor do tributo, recebe seu valor de quem lhe

adquire o bem, em virtude do fenômeno da repercussão. Deixando de recolher a

importância que já recebeu, estará em situação análoga à do empregador que se

abstém de repassar à Previdência o descontado do empregado. Não me consta,

entretanto, que ao Fisco, em tais casos, se reconheça o direito de restituição. E se

isso se viesse a reconhecer, fi caria enormemente esvaziado o privilégio do crédito

trabalhista. Mais uma razão para, em tais matérias, só se admitir seja a hipótese

de restituição quando a lei assim o determinar. E, em relação à Previdência,

deixou de fazê-lo no lapso de tempo que decorreu entre a edição do Decreto-

Lei n. 66/1966 e a entrada em vigor da Lei n. 8.212/1991.

Em vista de todo o exposto, dou provimento em parte aos recursos.

Quanto a encargos e dívidas da massa, para que sejam pagos após os créditos

trabalhistas, estabelecido, entretanto, que, na categoria desses últimos, com eles

concorrendo, pois, serão incluídos os decorrentes de trabalhos prestados à massa.

Em relação às restituições, para determinar que como tal não sejam tratadas as

que se originem de contribuições de natureza previdenciária retidas pela falida.

Gozarão do privilégio atribuído aos tributos da União e não serão pagas antes

dos créditos trabalhistas. Por fi m, também as custas, a cujo pagamento houver

sido condenada a massa, não serão atendidos antes daqueles créditos.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: 1. Trata-se de pretensão

manifestada por ex-empregados nos autos da falência de Siam Útil S/A.,

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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insurgindo-se contra a classifi cação de seus créditos trabalhistas, sustentando a

preferência destes em relação aos encargos da massa, aos créditos decorrentes de

pedidos de restituição e ao pagamento de custas.

A decisão de segundo grau desacolheu o pleito aos fundamentos de que “os

encargos da massa devem preferir a qualquer outro crédito, mormente quando

se referem aos honorários do Sr. Síndico dativo e avaliadores”, tendo assinalado

que, quanto às restituições, “há que se considerar que não se trata de dívidas da

massa ou da falida”, incidindo sobre bens de propriedade de terceiros que não

se incorporaram ao patrimônio da falida, aduzindo que, não mais existindo os

bens, “a restituição se fará em dinheiro, antes que se pague a qualquer credor”.

O primeiro recurso especial, interposto por Michelle Piazzolla e outros,

veicula alegação de afronta aos arts. 499, § 1º, CLT, 186 do Código Tributário

Nacional, 102 e 124 da Lei de Falências.

O segundo recurso especia1, interposto por Messias de Mello e outros,

além de divergência jurisprudencial, aponta como violados os arts. 102 e 124,

§ 1º, I, do Decreto-Lei n. 7.661, assim como o Decreto-Lei n. 66, no tocante

às restituições de importâncias devidas à Previdência Social e retidas pelo

empregador.

Admitidos ambos os recursos pela alínea a, o parecer do Ministério Público

Federal concluiu pelo provimento do primeiro recurso e parcial provimento

do segundo, no que diz com a preferência dos créditos referentes a salários e

indenizações em face dos encargos da massa.

2. O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro, ao votar como relator, deu provimento em parte aos recursos para que os encargos e dívidas da massa sejam pagos após os créditos trabalhistas, “estabelecido, entretanto, que na categoria desses últimos, com eles concorrendo, pois, serão incluídos os decorrentes de trabalhos prestados à massa”. “Em relação às restituições”, concluiu S. Exa. por “determinar que como tal sejam tratadas as que se originem de contribuições de natureza previdenciária retidas pela falida”, acentuando, no entanto, que “gozarão do privilégio atribuído aos tributos da União e não serão pagas antes dos créditos trabalhistas”, estabelecendo, quanto às custas a cujo pagamento houver sido condenada a massa, que “não serão atendidas antes daqueles créditos”.

Após esse voto, para maior refl exão sobre os temas propostos, solicitei vista dos autos.

Três, em suma, são as questões debatidas: a) a preferência ou não dos

créditos trabalhistas sobre os encargos da massa; b) a natureza jurídica dos

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RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 217

valores referentes às contribuições previdenciárias retidas pela falida, buscando

inicialmente a defi nição de cuidar-se, ou não, de restituição, e, em caso afi rmativo,

se deve ser esse numerário restituído com preferência aos créditos trabalhistas;

c) a preferência ou não dos créditos trabalhistas em relação às custas a cujo

pagamento tiver sido condenada a massa.

O voto do Ministro Relator concluiu pela preferência dos créditos

trabalhistas sobre todos os demais, ressalvando, porém, que a remuneração dos

que trabalham para a massa deve ser também elencada sob tal rubrica. Quanto

às contribuições previdenciárias retidas pela falida, asseverou esse voto que

desde a data da vigência do Decreto-Lei n. 66/1966 até entrar em vigor a Lei

n. 8.212/1991 os créditos delas decorrentes não seriam oponíveis à massa e

aos demais credores com a natureza jurídica de restituição, posto que o texto

daquela norma teria retirado a expressa previsão nesse sentido contida no art.

157 da Lei n. 3.807.

3. Em relação ao privilégio absoluto do crédito trabalhista em face de todos

os demais credores, tenho por razoável e jurídica a argumentação desenvolvida

pelo Ministro Eduardo Ribeiro, no sentido de que os trabalhadores que prestam

serviços à massa sejam tratados em igualdade de condições com os credores

trabalhistas da falência, ao fundamento de “conferir-se ao texto interpretação

compatível com a razão de ser do sistema”.

Não empresto minha adesão por inteiro, entretanto, e com a máxima venia,

ao respeitável entendimento de que a remuneração do síndico seja enquadrada

nessa categoria de crédito.

Além de ser o síndico, geralmente, credor da massa e por isso interessado

no processo falimentar, a Lei de Quebras de forma explícita distingue os créditos

trabalhistas dos encargos da massa, não ensejando, s.m.j., enquadramento das

dívidas da massa como créditos trabalhistas da falência. Neste sentido, inclusive,

já se pronunciou a Quarta Turma, por unanimidade, ao julgar o REsp n. 23.642-

7-SP (DJ 27.03.1995), sob a relatoria do Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar,

cujo voto, no particular restou assim fundamentado:

Nos termos claros do art. 102, caput, da Lei de Falências, a primeira ressalva feita à ordem de classifi cação dos créditos habilitados na falência é em favor dos créditos dos empregados, verbis:

Art. 102 - Ressalvada a partir de 02 de janeiro de 1958, a preferência dos créditos dos empregados, por salários e indenizações trabalhistas, sobre

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cuja legitimidade não haja dúvida, ou quando houver, em conformidade com a decisão que for proferida na Justiça do Trabalho, e, depois deles, a preferência dos credores por encargos ou dívidas da massa (art. 124), a classifi cação dos créditos, na falência, obedece à seguinte ordem.

O argumento de que a comissão do síndico tem preferência “porque não é obrigado a trabalhar sem remuneração” fi ca prejudicado diante da pretensão de um outro trabalhador, que já prestou seus serviços ao falido, ainda antes do síndico, e que também não estava obrigado a trabalhar sem remuneração. Entre os dois credores, passa à frente o interesse do que já era empregado do falido, que foi contratado ainda antes da decretação da falência, não havendo nenhuma razão para ceder à pretensão de quem foi nomeado depois da quebra, escolhido entre os maiores credores, ou entre os profi ssionais que se dedicam a tais afazeres, qualquer um deles já sabendo dos riscos da função assumida. As difi culdades para a administração da falência não devem recair sobre os trabalhadores que anteriormente prestaram o seu serviço, já agora prejudicados pela demora no recebimento de seu crédito alimentar.

Não há razão, pois, para dar interpretação diversa àquela que claramente exsurge do texto legal.

Convém ainda ressaltar que, na dicção do art. 124, § 1º, III, da Lei de

Falências, nos encargos da massa se inclui a comissão do síndico, sendo certo

que, por determinação do caput do art. 102, dessa mesma Lei, os créditos

trabalhistas preferem àquela classe de créditos.

Quanto ao ponto, portanto, adotando posição divergente da esposada pelo

Sr. Ministro Relator, conheço dos recursos pela alegada violação dos arts. 102 e

124 da Lei Falencial, dando-lhe provimento, a fi m de garantir a preferência dos

créditos dos recorrentes sobre os encargos da massa, notadamente a remuneração

do síndico.

4. No concernente às contribuições previdenciárias retidas pela falida,

mantenho o posicionamento que sufraguei no julgamento do referido REsp n.

23.642-7-SP, acompanhando o voto do seu Relator, que expressou:

Quanto ao pedido de restituição do IAPAS, tem razão o recorrente ao mostrar a inexistência de tal direito.

Nos termos do art. 51, da Lei n. 8.212, de 24.07.1991 (Lei Orgânica da Previdência Social):

O crédito relativo a contribuições, cotas e respectivos adicionais ou acréscimos de qualquer natureza arrecadados pelos órgãos competentes,

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 219

bem como a atualização monetária e os juros de mora estão sujeitos, nos processos de falência, concordata ou concurso de credores, às disposições atinentes aos créditos da União, aos quais são equiparados.

Parágrafo único. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) reivindicará os valores descontados pela empresa de seus empregados ainda não recolhidos.

Este Tribunal, através da Eg. 3ª Turma, sendo relator o eminente Min. Nilson Naves, já teve oportunidade de decidir pela prioridade do crédito salarial sobre o pedido de restituição do INSS:

Falência. Classifi cação dos créditos. Restituição. Não ofendeu os arts. 102 da Lei de Falências e 499, § 1° da Consolidação das Leis do Trabalho, acórdão que, para o rateio, estabeleceu, no ponto de interesse destes autos, a seguinte ordem: a) crédito trabalhista, compreendendo salários e horas extras devidos aos ex-empregados da falida; b) restituição devida ao IAPAS; c) crédito trabalhista, compreendendo indenizações, férias, etc. Recurso especial não conhecido. (REsp n. 11.067-0-SP, rel. em. Min. Nilson Naves, DJU 22.06.1992).

Também o Eg. Supremo Tribunal Federal assumiu o mesmo posicionamento:

1) A Súmula n. 417 (restituição de dinheiro em falência) aplica-se às contribuições de previdência dos empregados retidas pelo falido (RE n. 18.635, ERE n. 32.210, RE n. 52.249, RE n. 43.309).

2) Entretanto, se os salários não chegaram a ser pagos, só após esse pagamento tem lugar a restituição a instituição previdenciária, se a massa tiver recursos. (RE n. 59.100, rel. em. Min. Victor Nunes, DJU 08.03.1967).

No caso, segundo afi rmado pelo requerente, sem contestação (fl .), trata-se de crédito salarial.

3. Por tais razões, penso que o v. acórdão violou as disposições dos arts. 102 e 124 da Lei de Falências, e dou provimento ao recurso para ordenar o pagamento preferencial do credor salarial trabalhista.

5. Acrescento que, no particular, já expressei entendimento no sentido

de que a restituição, porque não propriamente crédito mas devolução ao

proprietário de coisa que não integrava o patrimônio do falido, deveria ser feita

antes do pagamento a qualquer credor, por mais privilegiado que fosse. Do voto

que proferi como relator do REsp n. 10.021-SP (DJU 03.05.1993), versando

tema assemelhado, fi z constar:

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A restituição, contudo, não pode ser equiparada a crédito. Trata-se simplesmente de devolução de coisas - e, em sua falta, do correspondente em dinheiro (art. 78, § 2º) - que, embora arrecadadas em poder do falido, não integravam seu patrimônio. Característicos bens de terceiro. Nessa diretriz, o magistério de Rubens Requião, referido na decisão impugnada e no parecer do Parquet federal:

Em síntese, o primeiro efeito do pedido é, precisamente, a suspensão da disponibilidade da coisa, e, em seguida, a restituição, exista em espécie ou tenha sido sub-rogada por outra. Não existindo, nem uma nem outra, por ter sido vendida ou consumida, restitui-se o respectivo preço. A restituição do valor, expresso no preço, deve ser pago desde logo, fora do rateio, antes de qualquer credor, mesmo privilegiado, pois constitui valor de terceiro, resultante de sua propriedade privada, que deve ser preservada (“Curso de Direito Falimentar”, 1° vol., Saraiva, 13ª ed., 1989, n. 225, p. 246-247).

Tal orientação, a meu sentir, é a que mais corresponde ao espírito da

“Lei de Quebras”, ajustando-se ao sistema por ela estabelecido, devendo

prevalecer em relação aos demais créditos com privilégio. Em relação aos

créditos salariais, todavia, reformulei esse entendimento no citado REsp n.

23.642-SP, tendo em vista a sua fi nalidade alimentar, em relação à qual até

mesmo o texto constitucional, ao excluir tais créditos da ordem dos precatórios

decorrentes de débitos de natureza distinta, no art. 100, houve por bem tratar

com excepcionalidade.

Em relação ao tema, portanto, reconheço que, em face do sistema da Lei de

Falências, trata-se de restituição, que, conquanto devesse preferir na ordem da

falência aos créditos com privilégio, cede, porém, ante o crédito salarial, que deve

ser atendido em primeiro lugar.

Destarte, no ponto, acompanho o Sr. Ministro Relator quanto à conclusão,

embora discordando da sua fundamentação, uma vez que, no meu entendimento,

s.m.j., em qualquer época, independentemente do período de vigência do

Decreto-Lei n. 66/1966, as contribuições previdenciárias retidas pelo falido são

objeto de restituição pela massa. Assim, conheço dos recursos pela violação ao

art. 102 da Lei de Falências, para reconhecer a preferência do crédito salarial em

relação à restituição das contribuições previdenciárias.

6. Quanto às custas a cujo pagamento tenha sido condenada a massa,

nos termos do art. 124, § 1º, I, da Lei de Quebras, são encargos da massa e,

como tais, devem ser pagos depois dos créditos trabalhistas, obedecendo-se ao

comando do art. 102, caput, do mesmo diploma.

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7. À luz do exposto, conheço dos recursos, pelos fundamentos que venho

de desenvolver, e aos mesmos dou provimento parcial para determinar a inclusão

dos créditos dos recorrentes com preferência sobre: a) os encargos da massa,

incluindo-se nesses a remuneração do síndico; b) a restituição das contribuições

previdenciárias retidas pela falida e não repassadas ao órgão competente; c) as

custas a cujo pagamento tenha sido condenada a massa.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Barros Monteiro: - 1. Nos cálculos de fl s. 5.248-5.302,

cerca de 65% do ativo da Massa foram destinados à solução dos encargos e

dívidas e, ainda, aos pedidos de restituição, fi cando o remanescente para ser

rateado entre os créditos trabalhistas habilitados por ex-empregados da falida.

Estes últimos impugnaram a conta, sustentando que os créditos trabalhistas

contam com preferência sobre qualquer dívida ou encargo da Massa Falida.

O MM. Juiz de Direito afastou as impugnações e, via de conseqüência,

homologou a “liquidação”, o que ensejou a interposição de três apelações. O

Tribunal de Justiça de São Paulo negou provimento aos apelos de Manoel

Messias de Mello e outros, de Michelle Piazzolla e outros e deu-o, em parte, ao

de Manoel Francisco dos Reis a fi m de incluir o seu nome na classifi cação. Eis

os fundamentos do v. acórdão:

Data venia das abalizadas opiniões em contrário, os encargos da massa devem preferir a qualquer outro crédito, mormente quando se referem a honorários do Sr. Síndico dativo e avaliadores, pessoas que são convocadas para prestar serviços ao Juízo, é bem verdade, mas também a todos os credores, por mais privilegiados que sejam eles.

Sem a colaboração desses auxiliares da Justiça não haveria possibilidade alguma de seguir seu curso o procedimento, inviabilizando qualquer outro pagamento.

Prestando eles serviço aos credores, inclusive por créditos acidentários e trabalhistas, devem receber os honorários correspondentes à função, sem a qual não se haveria de apurar o ativo com que se pagarão os credores.

No que diz respeito à classifi cação dos requerentes de restituições, há que se considerar, como aliás bem ponderaram o Sr. Síndico Alfredo Luiz Kugelmas, a douta Curadoria e a Egrégia Procuradoria Geral de Justiça que não se trata de dívidas da massa ou da falida. São de bens que, em razão do tempo restrito em que ingressaram no estabelecimento ou em razão da natureza do contrato pelo qual ali vieram ter, não integraram o acervo da falida. Pertencem eles a terceiros

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e, não mais existindo esses bens, a restituição se fará em dinheiro, antes que se pague a qualquer credor.

O apelo de Manoel Francisco dos Reis merece amparo, na parte em que reclama contra sua exclusão, apenas. Se o Sr. Contador o omitiu na classifi cação, bem provável que sua habilitação se encontrasse no volume (IVº) desaparecido.

De qualquer forma, porém, haverá meios de fornecerem certidões para a elaboração de nova conta (fl s. 5.439-5.340).

Rejeitaram-se os declaratórios.

Daí os recursos especiais (2) manifestados por Michelle Piazzolla e outros

(fl s. 5.449-5.454) e Manoel Messias de Mello e outros (fl s. 5.457-5.467).

Sustentando que os créditos trabalhistas, decorrentes de saldo de salários,

13º salário e férias, têm prioridade de pagamento, apontaram os primeiros

recorrentes afronta aos arts. 449, § 1º, da CLT, 186 do CTN e 102 e 124 da Lei

de Falências, além de dissídio jurisprudencial.

Os segundos invocaram contrariedade aos arts. 102 e 124, § 1º, inc. I,

e § 3º da Lei de Quebras, assim como dissídio de julgados. Insistiram na

assertiva de preferência absoluta do crédito trabalhista sobre quaisquer outros,

incluindo custas processuais, remuneração do Síndico e pedidos de restituição.

Asseveraram, outrossim, que o privilégio da Previdência Social previsto no art.

157 da Lei n. 3.807/1960 foi extinto pelo Dec. Lei n. 66/1966.

Admitidos ambos os recursos pela letra a, o Ministério Publico Federal

exarou parecer pelo provimento do primeiro recurso e parcial do segundo.

O Sr. Ministro Relator deu provimento, em parte, aos recursos para que os

encargos e dívidas da Massa sejam pagos após os créditos trabalhistas, incluídos

nessa categoria, entretanto, os créditos decorrentes de trabalhos prestados à

Massa Falida. Em relação às restituições, S. Exa. determinou que como tal não

sejam tratadas as que se originem de contribuições previdenciárias retidas pela

falida, acentuando, no entanto, que “gozarão do privilégio atribuído aos tributos

da União e não serão pagas antes dos créditos trabalhistas”. Pôr fi m, estabeleceu

que as custas, a cujo pagamento houver sido condenada a Massa, não serão

atendidas antes daqueles créditos.

De tal entendimento dissentiu parcialmente o em. Ministro Sálvio de

Figueiredo Teixeira, cujo douto voto deu provimento, em parte, a ambos os

recursos para determinar a inclusão dos créditos dos recorrentes com preferência

sobre: a) os encargos da massa, incluindo-se nesses a remuneração do síndico;

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 223

b) a restituição das contribuições previdenciárias retidas pela falida e não repassadas ao órgão competente; c) as custas a cujo pagamento tenha sido condenada a massa.

2. Os créditos trabalhistas têm prioridade em relação aos encargos e dívidas da Massa, conforme defl ui inequivocamente da ressalva de pronto feita pelo art. 102 da Lei Falimentar. Essa preferência vem reafi rmada no art. 124 do mesmo diploma legal, cujo caput excetua às expressas o disposto no art. 102 referido. Entre os encargos da Massa acha-se a comissão do Síndico, motivo pelo qual, a despeito de todo o empenho e dedicação que o Dr. síndico dativo tenha desenvolvido durante todos estes anos na tramitação do processo de falência, não encontra arrimo na lei a determinação de conferir primazia à sua remuneração, bem como à dos Srs. Avaliadores e do Sr. Contador, pelas mesmas razões.

A preferência, de resto, realça-se com a preceituação constante do § 3° do art. 124 da mesma Lei, que desta forma se enuncia:

Não bastando os bens da massa para o pagamento de todos os seus credores, serão pagos os encargos antes das dívidas, fazendo-se rateio, em cada classe, se necessário, sem prejuízo, porém, dos créditos de natureza trabalhista.

Eis por que, consoante leciona José da Silva Pacheco, “na classifi cação dos créditos, há que prevalecer, com absoluta precedência, os créditos trabalhistas. Explica-se: a empresa é fruto do capital e trabalho: se ela cai, a este cabe a participação prioritária no produto da massa, a que se reduziu a empresa. Ressalvada, pois, em primeiro lugar, a preferência dos créditos trabalhistas e depois deles os credores por encargos ou dívidas da massa, a classifi cação dos créditos obedece à ordem estabelecida pelo art. 102” (Processo de Falência e Concordata, p. 576, 5ª ed.). Nesse mesmo sentido o escólio de Rubens Requião (Aspectos Modernos de Direito Comercial, 2° vol., p. 139, ed. 1980).

Essa a linha de orientação por sinal esposada pela Quarta Turma em precedente de que foi Relator o em. Ministro Ruy Rosado de Aguiar. Refi ro-me ao REsp n. 23.642-7-SP (DJU de 27.03.1995), que registra a seguinte e expressiva ementa:

Falência. Crédito salarial. Contribuição do INSS. Encargos da massa.

O crédito salarial do empregado é pago com prioridade aos encargos da massa (comissão do síndico, salários dos peritos, etc.) e à restituição de contribuições ao INSS, retidas pela empregadora.

Art. 102 da Lei de Falências.

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Em seu voto, o Sr. Ministro Relator teve ocasião de destacar os motivos

pelos quais a primazia há de ser outorgada aos créditos de natureza trabalhista,

como, aliás, estatui a lei:

O argumento de que a comissão do síndico tem preferência “porque não é obrigado a trabalhar sem remuneração” fi ca prejudicado diante da pretensão de um outro trabalhador, que já prestou seus serviços ao falido, ainda antes do síndico, e que também não estava obrigado a trabalhar sem remuneração. Entre os dois credores, passa à frente o interesse do que já era empregado do falido, que foi contratado ainda antes da decretação da falência, não havendo nenhuma razão para ceder à pretensão de quem foi nomeado depois da quebra, escolhido entre os maiores credores, ou entre os profi ssionais que se dedicam a tais afazeres, qualquer um deles já sabendo dos riscos da função assumida. As difi culdades para a administração da falência não devem recair sobre os trabalhadores que anteriormente prestaram o seu serviço, já agora prejudicados pela demora no recebimento de seu crédito alimentar.

Não há razão, pois, para dar interpretação diversa àquela que claramente exsurge do texto legal.

Nesse item da irresignação recursal, rogo vênia ao il. Ministro Relator

para acompanhar a conclusão manifestada pelo voto proferido pelo Exmo. Sr.

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira.

3. Classifi cadas que são as custas judiciais como encargos da Massa (art.

124, § 1°, do Dec.-Lei n. 7.661/1945), dúvida não paira de que os créditos

trabalhistas também possuem preferência em relação a elas. Nesse particular,

são concordantes os votos proferidos pelos Srs. Ministros Relator e Sálvio de

Figueiredo Teixeira.

4. No tocante aos pedidos de restituição de contribuições previdenciárias,

os dois votos já proferidos são coincidentes na conclusão, divergindo o Sr.

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira do em. Relator tão-somente com

respeito à fundamentação expendida.

Tratando-se de restituição e, portanto, não de crédito habilitado na falência,

deveria ela, em princípio, ser efetivada antes do pagamento a qualquer credor,

por mais privilegiado que fosse. Assim se decidira quando do julgamento do

REsp n. 10.021-0-SP, relator Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira:

Os valores devidos a título de restituição, porque não propriamente créditos, mas dinheiro de terceiros, não podem ser havidos como dívidas ou encargos da massa, devendo, porque não sujeitos aos efeitos do concurso falimentar, ser pagos antes de qualquer credor, por mais privilegiado que seja.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 225

No caso em exame, por cuidar-se de contribuições devidas à Previdência

Social retidas indevidamente pela falida, haveria que se efetuar, em tese, o

pagamento correspondente às restituições desde logo, antes mesmo de

contemplar-se os ex-empregados da empresa falida. Não se vê a rigor pertinência

aqui do v. aresto que se acha estampado na RTJ vol. 40, p. 491-492 (RE n.

59.100-MG, relator Ministro Victor Nunes Leal), porquanto na espécie apenas

parte de salários não pagos aos ex-empregados é que não haviam sido solvidos

pela falida. A maior parte fora saldada, de tal modo que as restituições pleiteadas

dizem com aquilo que efetivamente devia ter sido recolhido aos cofres da

Previdência Social e não o foi.

Reformulando, assim, o posicionamento adotado quando do julgamento

do REsp n. 23.642-7-SP, peço vênia para acompanhar, neste tópico da

inconformidade, a motivação exposta pelo voto do Sr. Ministro Relator, no

sentido de que, no período de vigência do Dec.-Lei n. 66, de 21.11.1966, não

subsistiu à entidade previdenciária o direito de restituição no que tange às

contribuições do empregado retidas pelo empregador.

São procedentes, a meu ver, para dirimir a controvérsia ora em apreciação

os fundamentos aduzidos pelo em. Relator, dos quais destaco o seguinte excerto:

Cumpre, pois, examinar se subsistiu o direito à restituição, após a edição do Decreto-Lei n. 66.

A questão longe está de ser nova. Nos autos se dá noticia do entendimento que veio a prevalecer, ao menos durante certa fase, no Tribunal de Justiça de São Paulo, no sentido de que não havia mais lugar para pedido de restituição. Em contrário, entretanto, se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento já citado, de que relator o Ministro Rafael Mayer. Também este Tribunal, em decisão tomada pela Terceira Turma, no julgamento do REsp n. 2.135, relatado pelo Ministro Waldemar Zveiter (DJ 06.08.1990), e de que participei. Entendeu-se que, malgrado a alteração introduzida pelo Decreto-Lei n. 66, subsistia o direito à restituição. Argumentou-se que esse derivava simplesmente do disposto na Lei de Falências e do fato de que o empregador nada mais era que depositário da importância, que pertencia à Previdência. De entender-se que o artigo 9º do Decreto-Lei n. 65/1937 não fora revogado. E o artigo 25 do Decreto-Lei n. 66 não excluíra expressamente a restituição.

Embora, como salientei, haja concorrido com meu voto para o julgamento tomado pela Terceira Turma, levado agora convocado a reexaminá-lo, conclui que não foi o mais acertado.

Não me parece, com a devida vênia, seja possível sustentar que o artigo 9º do Decreto-Lei n. 65/1937 continuasse em vigor. Foi substituído pelo artigo 157

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

226

da Lei n. 3.807 que regulava exatamente a mesma questão, fazendo-o, aliás, em termos quase idênticos. E esse artigo 157 é que foi alterado pelo Decreto-Lei n. 66.

Também não se me afigura relevante não haja esse último excluído expressamente o direito a restituição. Fê-lo, expungindo do texto, que declaradamente alterou, a previsão desse direito.

Valioso, por certo, o argumento de que, a rigor, nenhuma norma seria necessária. As importâncias pertencem à Previdência, sendo o empregador mero depositário. A restituição seria de fazer-se, sem necessidade de qualquer disposição explícita, bastando a invocação da Lei de Falências.

Talvez se pudesse aceitar essa razão, não fosse o contexto histórico- legislativo. Na elaboração de diversos diplomas legais teve-se como necessário ficasse consignado que as importâncias poderiam ser reivindicadas (Decreto-Lei n. 65 e Lei n. 8.212) ou, o que dá no mesmo, que deveriam ser restituídas (Lei n. 3.807). Não se há de supor que tais previsões se fi zeram pleonasticamente, pois já resultavam do ordenamento jurídico vigente. Mas, ainda isso se admita, não me parece razoável entender que a alteração trazida pelo Decreto-Lei n. 66, retirando do texto, até então em vigor, a menção a restituição, possa ser tida como despicienda, vazia de qualquer conseqüência. Note-se que não houve aí edição de toda uma regulamentação nova, em que se pudesse ter como presente a preocupação de apuro técnico, eliminando disposições inúteis. Alteraram-se alguns dispositivos e, entre eles, o que cuidava dos créditos previdenciários. E, ao fazê-lo, suprimiu-se a referência a restituição. Só posso interpretar tenha havido o propósito deliberado de modificar. E esse entendimento mais se fortalece com a consideração de que lei posterior voltou a incluir o que fora eliminado. No período compreendido entre as duas não subsistiu o direito de restituição, quanto a contribuições do empregado retidas pelo empregador.

Por último, considero que essa interpretação também se recomendaria por outro motivo, apontado no recurso de Manoel Messias de Melo e outros (fl . 5.464). Diversos tributos são hoje retidos por empresas para posterior recolhimento aos cofres públicos. Isso ocorre, sem dúvida alguma, com o imposto de renda retido na fonte. Sucede, entretanto, também com os impostos ditos indiretos, como IPI e ICMS, em que distinto o contribuinte de fato do de direito. Esse último, devedor do tributo, recebe seu valor de quem lhe adquire o bem, em virtude do fenômeno da repercussão. Deixando de recolher a importância que já recebeu, estará em situação análoga à do empregador que se abstém de repassar à Previdência o descontado do empregado. Não me consta, entretanto, que ao Fisco, em tais casos, se reconheça o direito de restituição. E se isso se viesse a reconhecer, fi caria enormemente esvaziado privilégio do crédito trabalhista. Mais uma razão para, em tais matérias, só se admitir seja a hipótese de restituição quando a lei assim o determinar. E, em relação à Previdência, deixou de fazê-lo no lapso de tempo que decorreu entre a edição do Decreto-Lei n. 66/1966 e a entrada em vigor da Lei n. 8.212/1991.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 227

5. Anoto, por derradeiro, que o dissídio de julgados não é passível

de configurar-se, desde que os recorrentes não cuidaram de mencionar as

circunstâncias que identifi quem ou assemelhem as hipóteses confrontadas.

6. Ante o exposto, conheço dos recursos pela alínea a do admissivo

constitucional e dou-lhes provimento parcial para determinar a inclusão dos

créditos habilitados pelos recorrentes com preferência sobre os encargos e dívidas

da massa, nestas compreendidas a remuneração do Síndico, dos avaliadores e do

Sr. Contador, bem como as custas judiciais. Em relação às restituições, como

tal não deverão ser tratadas as que se originem de contribuições previdenciárias

retidas pela empresa falida. Gozarão do privilégio atribuído aos tributos da

União e não serão pagas antes dos créditos trabalhistas.

É o meu voto.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha: 1. O eminente Ministro Eduardo

Ribeiro, assim relatou o feito:

Na falência de Siam Útil S.A., ex-empregados da falida insurgiram-se contra a classifi cação de seus créditos, de natureza trabalhista, notadamente a preferência que sustentam devam ter em relação aos encargos da massa, aos decorrentes de pedidos de restituição e a custas.

Sua pretensão não foi acolhida em segundo grau, argumentando-se que “os encargos da massa devem preferir a qualquer outro crédito, mormente quando se referem a honorários do Sr. Síndico dativo e avaliadores” e, quanto a restituições, “há de considerar que não se trata de dívidas da massa ou da falida”, compreendendo bens que não chegaram a compor o patrimônio da falida, mas pertencem a terceiros. Não mais existindo, “a restituição se fará em dinheiro, antes que se pague a qualquer credor”.

Michelle Piazzolla e outros apresentaram recurso especial, alegando violação dos artigos 449, § 1º da CLT, 186 do CTN e 102 e 124 da Lei de Falências.

Também recorreram Messias de Mello e outros. Indicaram, como desatendidos, os artigos 102 e 124, § 1º, inciso I do Decreto-Lei n. 7.661, invocando, também, o disposto no Decreto-Lei n. 66, quanto à preferência sobre as restituições de importâncias devidas à Previdência e retidas pelo empregador.

Apontaram os recorrentes, ainda, dissídio jurisprudencial.

Admitidos os recursos, pela letra a, neste Tribunal opinou o Ministério Público “no sentido do conhecimento e provimento do primeiro recurso, e, em parte, do

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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segundo, apenas e tão-só, no concernente à precedência dos créditos por salários e indenização dos empregados em face dos créditos por encargos da massa”.

Ao proferir o seu erudito voto, Sua Excelência observou que o “primeiro

ponto a examinar refere-se à posição dos créditos trabalhistas em relação à

preferência com que hão de ser atendidos encargos e dívidas da massa. O

acórdão entendeu que esses últimos serão pagos em primeiro lugar, mormente

quando se referem a honorários do Sr. Síndico dativo e avaliadores, pessoas

que são convocadas para prestar serviços ao Juízo, é bem verdade, mas também

a todos os credores, por mais privilegiados que sejam eles”, isso porque,

conforme consta do julgado recorrido, “sem a colaboração desses auxiliares da

Justiça não haveria possibilidade alguma de seguir seu curso o procedimento,

inviabilizando qualquer outro pagamento. Prestando eles serviço aos credores,

inclusive por créditos acidentários e trabalhistas, devem receber os honorários

correspondentes à função, sem a qual não se haveria de apurar o ativo com que

se pagarão os credores”.

Após discorrer sobre as variações legais quanto às primazias que foram

estabelecidas ao longo do tempo, referentes aos pagamentos a serem efetuados

pela massa, o Senhor Ministro Relator concluiu:

Considero, em vista do exposto, que encargos e dívidas não podem ser atendidos antes dos créditos trabalhistas. Nessa última categoria, entretanto, se hão de ter como incluídos os oriundos da prestação de serviço à massa.

Quanto ao segundo ponto a ser examinado, qual seja o referente às

custas dos processos movimentados pelos ex-empregados, o ilustrado Relator

consignou que “sejam elas de se classifi car como encargos, se decorrentes de

processos em que a massa houver sido vencida, ou como créditos da União ou

dos Estados, se referentes a condenações anteriores à decretação da falência,

de qualquer sorte não deverão ser pagas antes de que o sejam os créditos

trabalhistas”.

Ao abordar o último tópico, o atinente às restituições, o Senhor Ministro

Eduardo Ribeiro, ao afi rmar ter como certo, em regra, que a jurisprudência deste

Tribunal é tranqüila no sentido de que essas são feitas sem que haja cogitar

de concurso, entendeu, todavia, que como tal não devem ser tratadas as que se

originem de contribuições de natureza previdenciária retidas pela falida, uma

vez que estas gozarão do privilégio atribuído aos tributos da União e não serão

pagas antes dos créditos trabalhistas.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 229

2. O eminente Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira proferiu judicioso

voto-vista acompanhando o Senhor Ministro Relator quanto à preferência dos

créditos trabalhistas sobre as custas, a cujo pagamento tenha sido condenada

a massa, bem como sobre a restituição das contribuições previdenciárias

retidas pela falida e não repassadas ao órgão competente, embora discordando,

neste tópico, da sua fundamentação, por entender que em qualquer época,

independentemente do período de vigência do Decreto-Lei n. 66/1966, as

contribuições previdenciárias retidas pelo falido são objeto de restituição pela

massa.

Todavia, abriu dissidência quanto à remuneração do síndico, por tê-la

como encargo da massa e, como tal, preferida pelos créditos trabalhistas dos

recorrentes, no que foi em tudo acompanhado pelo eminente Ministro Barros

Monteiro, consoante se depreende do douto voto-vista proferido por Sua

Excelência.

3. Pedi vista dos autos para melhor refl etir sobre o tema.

Em síntese, como visto, as questões postas em desate reclamam defi nição

acerca da preferência ou não dos créditos trabalhistas sobre: a) os créditos

decorrentes de trabalhos prestados à massa falida; b) as contribuições

previdenciárias retidas pela falida; e, c) as custas a cujo pagamento tiver sido

condenada a massa.

4. Quanto às duas últimas, adiro às inteiras e sem maiores considerações aos

três judiciosos votos anterior e indiscrepantemente (nestes tópicos) proferidos,

para ter pela primazia dos créditos trabalhistas.

5. Com relação à primeira, confesso que impressiona a colocação de que

“as difi culdades para a administração da falência não devem recair sobre os

trabalhadores que anteriormente prestaram o seu serviço, já agora prejudicados

pela demora no recebimento de seu crédito alimentar”.

Todavia, é preciso notar, data venia, que a condução da falência é feita

com o concurso de vários auxiliares da Justiça sem o que não haveria nenhuma

possibilidade de ter seguimento, do que decorreria, por lógico, inviabilizado o

pagamento a qualquer credor, por mais privilegiado que fosse.

Assim, dos serviços prestados por esses auxiliares decorrem benefícios para

os próprios credores, aí incluídos também os detentores de títulos acidentários e

trabalhistas.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

230

Ademais, esses encargos da massa decorrentes do trabalho dos que

contribuíram para fazer possível a continuidade do processo falimentar e para

que fossem os bens arrecadados, avaliados e alienados, têm a mesma natureza

alimentar daqueles créditos dos que trabalharam para a falida antes da sua

quebra.

Com efeito, não me parece justo que esses trabalhadores que emprestam

o seu esforço à massa venham a ser remunerados somente depois de quitados

os créditos daqueles outros, decorrentes também do trabalho, só porque este foi

desenvolvido em prol da empresa, confi guração anterior da massa falida.

Assim, nos planos lógico e axiológico não encontro razão para conferir

distinção entre esses créditos ora cogitados.

Por outro lado, também por razões pragmáticas, colhidas da experiência

comum, não me vejo motivado a dar nenhuma preferência aos créditos

trabalhistas, quando confrontados com esses encargos de que ora se cuida.

Pois quem haverá de querer trabalhar para a massa com o aceno de ser

remunerado apenas se resultar saldo depois da quitação dos créditos trabalhistas

anteriores à falência?

Evidentemente que não seria fácil o recrutamento nessas condições e

dúvidas até poderiam ser despertadas sobre a seriedade das intenções de quem

se sujeitasse a trabalhar com o risco fundado de fazê-lo gratuitamente.

Inobstante isso, haverá de ser dito, como o foi nos judiciosos votos dos

eminentes Ministros Sálvio de Figueiredo Teixeira e Barros Monteiro, que “a Lei

de Quebras de forma explícita distingue os créditos trabalhistas dos encargos

da massa, não ensejando enquadramento das dívidas da massa como créditos

trabalhistas da falência”.

Contudo, como consignado pelo eminente Ministro Eduardo Ribeiro, é

“certo que a lei não permite o entendimento de que encargos e dívidas prefi ram

aos créditos trabalhistas. Enseja, entretanto, o de que nessa última categoria

se hajam de compreender também os provenientes de trabalhos prestados à

massa. Cumpre conferir ao texto interpretação compatível com a razão de ser

do sistema. Não se há de apegar o julgador à circunstância de o artigo 124,

III referir-se, expletivamente, à comissão do síndico, ao arrolar os encargos da

massa. Fê-lo para garantir-lhe primazia. Não se há de entender que sirva, agora,

para estabelecer injustifi cável distinção entre prestadores de serviços”.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 231

Com efeito, se é certo que a Lei Falimentar prioriza o pagamento dos

créditos dos trabalhadores antes da quebra, por outro lado não relega a segundo

plano os créditos dos que trabalharam para a massa.

Em vista do exposto, com respeitosas vênias aos eminentes Ministros

Sálvio de Figueiredo Teixeira e Barros Monteiro, dou provimento em parte aos

recursos, nos termos do voto do eminente Ministro Eduardo Ribeiro: quanto a

encargos e dívidas da massa, para que sejam pagos após os créditos trabalhistas,

estabelecido, entretanto, que, na categoria desses últimos, com eles concorrendo,

pois, serão incluídos os decorrentes de trabalhos prestados à massa; em relação

às restituições, para determinar que como tal não sejam tratadas as que se

originem de contribuições de natureza previdenciária retidas pela falida.

Gozarão do privilégio atribuído aos tributos da União e não serão pagas antes

dos créditos trabalhistas; por fi m, também as custas, a cujo pagamento houver

sido condenada a massa, não serão atendidas antes daqueles créditos.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar: 1. O Recurso Especial que está

em julgamento nesta eg. 2ª Seção envolve três questões, todas relativas à

preferencialidade de créditos trabalhistas na falência, em confronto com: a)

os encargos da massa; b) as custas processuais; c) pedido de restituição de

contribuições descontadas e devidas à Previdência Social.

2. Acompanho integralmente o em. Relator, no ponto referente às custas:

“Também a essas preferem os créditos em exame, sem a menor dúvida. Sejam

elas de se classifi car como encargos, se decorrentes de processos em que a massa

houver sido vencida, ou como créditos da União ou dos Estados, se referentes a

condenações anteriores à decretação da falência, de qualquer sorte não deverão

ser pagas antes de que os sejam os créditos trabalhistas”.

3. Também sigo seus passos quando coloca, em igualdade de condições

com os créditos trabalhistas, o crédito derivado de serviços prestados à massa

por trabalhadores que recebam salários, como “por exemplo, pela guarda dos

bens do ativo, que exige serviços de vigilância, ou o seu transporte, quando se

cuide realizar o leilão e seja necessário reuni-los. Tais trabalhos não podem

deixar de ser remunerados e constituiria simples fantasia supor que os obreiras

que disso se encarregassem houvessem de fazê-lo estimulados pela convicção de

que desempenhavam um munus público”.

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Continuo, porém, excluindo dessa equiparação, além de outros honorários, a comissão do síndico, pela fundamentação do voto expendido pelo em. Min. Sálvio de Figueiredo (n. 03 do seu voto).

4. No que diz com a restituição de contribuições descontadas e devidas ao INSS, o em. relator entendeu de rejeitá-la porque corresponde ao período de vigência do Dec.-Lei n. 66/1966, que equiparou os créditos da previdência social aos da União, sem prever a hipótese de restituição. Acompanho-o também nesse ponto, mas não só por essa fundamentação, pois me parece que, seja na vigência do DL n. 66/1966 seja na da Lei n. 8.212/1991, somente pode ocorrer a restituição depois de respeitada a preferência do crédito trabalhista. Quanto ao período anterior, porque não permitida na lei; já sob a Lei n. 8.212/1991, porque a reivindicação ali permitida deve ser afastada enquanto há crédito correspondente ao salário gerador da contribuição. Sendo uma de natureza previdenciária, destinada à satisfação de necessidade futura, e outra de caráter alimentar, a atender necessidade presente, a preferência desta faz com que a restituição das contribuições somente possam acontecer depois de liquidado o crédito trabalhista. Reitero a fundamentação exposta no REsp n. 23.642-SP, já constante dos autos.

5. Em resumo, voto com o relator, dando provimento na extensão do voto do em. Min. Sálvio de Figueiredo, equiparando aos créditos trabalhistas preferenciais os salários devidos aos trabalhadores que prestaram serviços à massa, assim como exemplifi cado.

É o voto.

VOTO-VOGAL

O Sr. Ministro Costa Leite: Sr. Presidente, peço vênia para acompanhar a corrente capitaneada pelo Eminente Ministro-Relator, que representa o entendimento que prevalece na Terceira Turma.

RECURSO ESPECIAL N. 58.730-SP (95.6642)

Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar

Recorrente: Fundição Yadoya S/A - massa falida

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 233

Recorrido: Edivaldo Dias da Silva

Advogados: Edison Mendes Macedo - síndico

Cristina A. Lorenzetti Monteiro

EMENTA

Falência. Crédito trabalhista. Comissão do síndico.

De acordo com o entendimento predominante na eg. Segunda Seção, a comissão do síndico se inclui entre os créditos trabalhistas, com eles concorrendo. Ressalva da posição do relator.

Recurso conhecido e provido em parte.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Barros Monteiro e Cesar Asfor Rocha. Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Bueno de Souza e Sálvio de Figueiredo Teixeira.

Brasília (DF), 05 de março de 1998 (data do julgamento).

Ministro Barros Monteiro, Presidente

Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Relator

DJ 29.06.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar: Nos autos da falência da Fundição

Yadoya S/A, o síndico Edison Mendes Macedo interpôs agravo de instrumento,

insurgindo-se contra a decisão de fl . 57 que diminuiu o percentual de sua

remuneração de 20% para 6% e que também asseverou a preferência dos créditos

trabalhistas sobre todos os demais. Alega o agravante que tal decisão lhe impôs

prejuízos materiais após mais de dez anos no patrocínio da demanda, pelo que

deve ser reformada.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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A eg. Terceira Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

deu parcial provimento ao agravo, em acórdão assim ementado:

II - O objetivo deste recurso é o de restabelecer o percentual de 20% a título de remuneração do síndico e, também, o de serem respeitados, prioritariamente, os encargos da massa e restituições, vindo, a seguir, os créditos trabalhistas.

A questão relativa ao arbitramento da remuneração do síndico já fora decidida, anteriormente, quando se fi xou o percentual de 20%. Pode-se dizer, portanto, que a respeito desse tema se operou a preclusão, como ponderou a douta Procuradoria de Justiça. Dessa forma, perde sentido discussão sobre o percentual máximo de 6% a que se refere o art. 67, da Lei Falimentar, devendo, portanto, ser restabelecido o percentual de 20%, não impugnado habilmente.

Porém, só nesta parte comporta provimento o agravo.

A segunda pretensão se apresenta inadmissível, uma vez que a Lei de Falências (arts. 102 e 104, § 3°) cuida expressamente da preferência dos créditos trabalhistas. A seguir é que virão os créditos por encargos e dívidas da massa.

A orientação da jurisprudência é clara no sentido de que “Os créditos provenientes de salários e indenizações são privilegiados e precedem, na falência, a quaisquer outros, sejam fi scais, sejam decorrentes de encargos da massa, como custas, remuneração do síndico e perito judicial” (Rev. Trib. 614/78), aliás como anotou a douto Procuradoria de Justiça.

Assim, em que pese o esforço do ilustre advogado e síndico dativo durante os longos anos em que conduziu o processo, impossível se afi gura sua pretensão de que o rateio dos créditos trabalhistas se faça após a reserva dos 20% sobre o montante do ativo da massa. (fl s. 96-97)

Rejeitados os embargos de declaração, o síndico-agravante ingressou com

recursos extraordinário e especial, este por ambas as alíneas, alegando afronta

aos artigos 67, § 1º, 124 e 125, todos do Decreto-Lei n. 7.661/1945 (Lei de

Falências), além de divergência jurisprudencial com o REsp n. 11.067-0-SP.

Sustenta: a) - o v. aresto recorrido ao condicionar o pagamento da comissão

do síndico e encargos da massa, em processo falimentar, à preferência dos

créditos trabalhistas, impôs ao recorrente irrecuperáveis e injustos prejuízos

em favor dos obreiros, sendo o síndico-recorrente, também um deles; b) -

a massa não comporta, em seu valor integral, o pagamento dos benefícios

concedidos aos empregados, em especial considerando o provimento parcial,

no pertinente ao quantum de 20% fi xado no v. aresto, a título de arbitramento

da remuneração concluindo-se, por óbvio, que o síndico nada receberá caso

prevaleça o acórdão recorrido. E conclui: “Caso entenda de outra maneira essa I.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 235

Turma, alternativamente, requer o recorrente concorra o Síndico, no que tange à

sua comissão, no mesmo patamar e na mesma categoria dos créditos trabalhistas,

conjuntamente, de forma a se evitar que, após todo o lavor desempenhado, veja-

se penalizado sem qualquer remuneração, como de melhor Justiça.”

Nas contra-razões, sustenta-se, em síntese, que o fato do recorrente exercer

a função de síndico par mais de 12 anos não é sufi ciente por si só para alterar o

quadro geral de credores determinado pela Lei de Falências, que se encontra em

plena vigência.

O Tribunal de origem indeferiu o recurso extraordinário e admitiu o

especial apenas pela alínea c, subindo os autos a este STJ.

O d. MPF opinou pelo provimento do recurso, louvando-se no REsp

n. 32.959-SP, de relatoria do em. Min. Eduardo Ribeiro, que concluiu que

os honorários devidos ao síndico pelos trabalhos prestados à massa fossem

inseridos na categoria de créditos trabalhistas e, portanto, preferenciais.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar (Relator): 1. Esta Quarta Turma já

assim decidiu no REsp n. 23.642:

Nos termos claros do artigo 102, caput, da Lei de Falências, a primeira ressalva feita à ordem de classifi cação dos créditos habilitados na falência é em favor dos créditos dos empregados, verbis:

Art. 102 - Ressalvada a partir de 02 de janeiro de 1958, a preferência dos créditos dos empregados, por salários e indenizações trabalhistas, sobre cuja legitimidade não haja dúvida, ou quando houver, em conformidade com a decisão que for proferida na Justiça do Trabalho, e, depois deles, a preferência dos credores por encargos ou dívidas da massa (art. 124), a classifi cação dos créditos, na falência, obedece à seguinte ordem.

O argumento de que a comissão do síndico tem preferência “por que não é obrigado a trabalhar sem remuneração” fi ca prejudicado diante da pretensão de um outro trabalhador, que já prestou seus serviços ao falido, ainda antes do síndico, e que também não estava obrigado a trabalhar sem remuneração. Entre os dois credores, passa a frente o interesse do que já era empregado do falido, que foi contratado ainda antes da decretação da falência, não havendo nenhuma razão para ceder à pretensão de quem foi nomeado depois da quebra, escolhido

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

236

entre os maiores credores, ou entre os profi ssionais que se dedicam a tais afazeres, qualquer um deles já sabendo dos riscos da função assumida. As difi culdades para a administração da falência não devem recair sobre os trabalhadores que anteriormente prestaram o seu serviço, já agora prejudicados pela demora no recebimento de seu crédito alimentar. Não há razão, pois, para dar interpretação diversa àquela que claramente exsurge do texto legal.

O mesmo fi cara decidido no REsp n. 30.294-SP da relatoria do em. Min.

Fontes de Alencar:

Falência. Crédito trabalhista.

O crédito por salário prefere os encargos e dívidas da massa.

Recurso especial atendido em parte.

Unânime.

Quando do julgamento do REsp n. 32.959-SP, na eg. Segunda Seção,

ressalvei a situação dos créditos trabalhistas realizados depois da decretação da

falência, mas não a comissão do síndico:

1. O Recurso Especial que está em julgamento nesta eg. 2° Seção envolve três questões, todas relativas à preferencialidade de créditos trabalhistas na falência, em confronto com: a) os encargos da massa; b) as custas processuais; c) pedido de restituição de contribuições descontadas e devidas à Previdência Social.

2. Acompanho integralmente o em. Relator, no ponto referente às custas: “Também a essas preferem os créditos em exame, sem a menor dúvida. Sejam elas de se classifi car como encargos, se decorrentes de processos em que a massa houver sido vencida, ou como créditos da União ou dos Estados, se referentes a condenações anteriores à decretação da falência, de qualquer sorte não deverão ser pagas antes de que os sejam os créditos trabalhistas”.

3. Também sigo seus passos quando coloca, em igualdade de condições com os créditos trabalhistas, o crédito derivado de serviços prestados à massa por trabalhadores que recebam salários, como “por exemplo, pela guarda dos bens do ativo, que exige serviços de vigilância, ou o seu transporte, quando se cuide realizar o leilão e seja necessário reuni-los. Tais trabalhos não podem deixar de ser remunerados e constituiria simples fantasia supor que os obreiros que disso se encarregassem houvessem de fazê-lo estimulados pela convicção de que desempenhavam um munus público”.

Continuo, porém, excluindo dessa equiparação, além de outros honorários, a comissão do síndico, pela fundamentação do voto expendido pelo em. Min. Sálvio de Figueiredo (n. 03 do seu voto).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 237

2. De acordo com esse entendimento, o v. acórdão recorrido, de lavra do

em. Des. Flavio Pinheiro:

A segunda pretensão se apresenta inadmissível, uma vez que a Lei de Falências (arts. 102 e 104, parágrafo 3°) cuida expressamente da preferência dos créditos trabalhistas. A seguir é que virão os créditos por encargos e dívidas da massa.

A orientação da jurisprudência é clara no sentido de que “Os créditos provenientes de salários e indenizações são privilegiados e precedem, na falência, a quaisquer outros, sejam fi scais, sejam decorrentes de encargos da massa, como custas, remuneração do síndico e perito judicial” (Rev. Trib. 614/78), aliás como anotou a douta Procuradoria de Justiça.

Assim, em que pese o esforço do ilustre advogado e síndico dativo durante os longos anos em que conduziu o processo, impossível se afi gura sua pretensão de que o rateio dos créditos trabalhistas se faça após a reserva dos 20% sobre o montante do ativo da massa. (fl . 97)

3. Contudo, na eg. Segunda Seção terminou prevalecendo o voto do em.

Min. Eduardo Ribeiro, que equiparou aos créditos trabalhistas a comissão do

síndico, com o seguinte fundamento:

Considero, entretanto, que se há de estabelecer uma distinção. Entre os encargos da massa se compreendem os relativos a pagamentos devidos a pessoas que contribuíram com seu trabalho para fazer possível tivesse continuidade o processo e para que fossem os bens arrecadados, avaliados e alienados. No sistema anterior à Lei n. 3.726/1960 tais gastos eram atendidos preferencialmente, só concorrendo com outros encargos. Aquele diploma inspirou-se no objetivo evidente de prestigiar quem se tornara credor, em virtude de seu trabalho e teve em conta o caráter alimentar da retribuição que lhe é devida. Ora, tais razões se acham presentes também quando se cuida de remunerar o trabalho que foi prestado para a administração da massa. Se no sistema anterior dava-se preferência ao pagamento desse crédito, não se há de entender que o legislador se tenha orientado pelo objetivo de inverter a situação, de modo a poder resultar que, entre dois prestadores de serviço, um receba tudo e o outro possa receber nada.

Certo que a lei não permite o entendimento de que encargos e dívidas prefi ram aos créditos trabalhistas. Enseja, entretanto, o de que nessa última categoria se hajam de compreender também os provenientes de trabalhos prestados à massa. Cumpre conferir ao texto interpretação compatível com a razão de ser do sistema. Não se há de apegar o julgador à circunstância de o artigo 124, III referir-se, expletivamente, à comissão do síndico, ao arrolar os encargos da massa. Fê-lo para garantir-lhe primazia. Não se há de entender que sirva, agora, para estabelecer injustifi cável distinção entre prestadores de serviços. (REsp n. 32.959-SP, Segunda Seção, rel. em. Min. Eduardo Ribeiro, DJ 20.10.1997)

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

238

Submetendo-me à orientação da douta maioria da eg. Segunda Seção,

competente para a matéria de Direito Privado, conheço do recurso, pela

divergência, e lhe dou provimento em parte a fi m de reconhecer que o crédito

correspondente à comissão do síndico se inclui entre os créditos trabalhistas,

pois corresponde à prestação de serviços à massa.

É o voto.

RECURSO ESPECIAL N. 76.943-SP (95.53469-0)

Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito

Recorrente: Companhia Nacional de Tecidos - massa falida

Recorridos: Neusa Cortes de Oliveira e outros

Advogados: Nelson B. Opice - síndico e Francisco Ribeiro Fernandes

EMENTA

Falência. Créditos trabalhistas. Remuneração do síndico. Juros.

1. Na forma de precedente da Corte, após “as Leis n. 3.726/1960

e n. 6.449/1977, os créditos trabalhistas preferem a todos os demais,

inclusive os relativos a custas e encargos da massa. Na categoria

daqueles, entretanto, se haverão se incluir os oriundos da prestação de

serviços à massa”.

2. O art. 39 da Lei n. 8.177/1991, de fato, comanda que os

“débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos

pelo empregador nas épocas próprias assim defi nidos em lei, acordo

ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula contratual

sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no período

compreendido entre a data do vencimento da obrigação e seu efetivo

pagamento”. Todavia, na compreensão do Relator, essa regra jurídica

não retira força do comando da lei especial na sua parte fi nal, ou

seja, os juros correrão, mas desde que o ativo apurado baste para o

pagamento do principal. Não é razoável uma interpretação que apaga

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 239

a situação especial da empresa sob o regime falimentar, diante de uma

lei posterior que não invade o seu específi co domínio, limitando-se a

regular o pagamento dos juros nos créditos trabalhistas de qualquer

natureza, estabelecendo a fórmula de calculá-los.

3. Recurso especial conhecido e provido, em parte.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros

da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer em parte do recurso

especial e, nessa parte, dar-lhe provimento. Participaram do julgamento os

Senhores Ministros Costa Leite, Nilson Naves e Waldemar Zveiter. Ausente,

justifi cadamente, o Senhor Ministro Eduardo Ribeiro.

Brasília (DF), 07 de maio de 1998 (data do julgamento).

Ministro Costa Leite, Presidente

Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Relator

DJ 29.06.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito: Companhia Nacional de

Tecidos - Massa Falida interpõe recurso especial, com base nas alíneas a e c do

permissivo constitucional, contra acórdão da 6ª Câmara Civil do Tribunal de

Justiça do Estado de São Paulo, que deu provimento a agravo de instrumento de

decisão que, nos autos de falência, homologou plano de pagamento de credores,

com a seguinte fundamentação:

Na classificação dos créditos admitidos à falência, a primazia absoluta é conferida aos créditos de natureza trabalhista. Tais créditos gozam de preferência até mesmo no confronto com os créditos fi scais e com os encargos e dívidas da massa. É o que resulta do disposto nos artigos 102 e 124 da Lei de Falências, no artigo 186 do Código Tributário Nacional e no artigo 1º da Lei n. 6.449 de 14.10.1977 (fl s. 448).

(...)

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

240

Destarte, não pode subsistir o plano de pagamento preparado pelo síndico, no qual os créditos trabalhistas tiveram tratamento idêntico ao dos demais créditos habilitados (fl s. 24-56).

Por outro lado, sujeitos estão os créditos trabalhistas à correção monetária integral (cf. Decreto-Lei n. 75, de 21.11.1966; Decreto-Lei n. 2.322, de 26.02.1987, artigo 3º; Lei n. 7.738, de 09.03.1989, artigo 6º, V; RT 607/40 e 637/77).

A Lei n. 8.177, de 1º.03.1991, derrogando o artigo 26 da Lei de Falências, disciplinou a matéria nos seguintes termos: Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim defi nidas em lei, acordo ou convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula contratual, sofrerão juros de mora equivalentes à TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento. § 1º. Aos débitos trabalhistas constantes de condenação pela Justiça do Trabalho ou decorrentes dos acordos feitos em reclamatória trabalhista, quando não cumpridos nas condições homologadas o constantes do termo de conciliação, serão acrescidos, nos juros de mora previstos no caput, juros de um por cento ao mês, contados do ajuizamento da reclamatória e aplicados pro rata die, ainda que não explicitados na sentença ou no termo de conciliação.

Convém frisar que “não ocorre anatocismo, fi gura proibida em lei, na cobrança de juros cumulada com correção, porquanto a correção é a reposição do valor da moeda, corroído pela infl ação, enquanto que juros são o rendimento do capital” (RT 684/160).

Segundo assinala JOSÉ DA SILVA PACHECO, “devem os credores com garantia real e, à semelhança deles, os com privilégio especial, ser pagos pelo seu capital e juros, como exceção à regra geral de que não fl uem juros durante a falência. Ao capital se incluem os juros anteriores à falência e os posteriores a ela, até a data do pagamento. Logo, haverá que levantar a conta de juros atualizada ao pagar” (ob. cit., n. 966, p. 681).

Impõe-se, pois, o refazimento do plano de pagamento dos credores, de modo que tenham preferência absoluta, na entrega do numerário arrecadado, os créditos trabalhistas já atualizados na forma acima explicitada (Lei de Falências, art. 126), cumprindo-se, após, a ordem de preferência e privilégios estabelecidos nos artigos 102, 124 e 125-130 da Lei de Quebras. Para esse fi m, novo cálculo deve ser realizado pelo contador.

Quanto à verba advocatícia, importa ressaltar que se trata de arbitramento intempestivo, pois ainda não se apurou o montante real dos bens da massa (fl s. 320). Foi o que observou esta Câmara, aliás, no Agravo de Instrumento n. 136.810, julgado em 23 de maio de 1991. De qualquer modo, a remuneração do síndico constitui encargo da massa a ser pago após os débitos trabalhistas (Lei de Falências, art. 124). (fl s. 449 a 451).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 241

Houve embargos de declaração (fl s. 467 a 470 e 459 a 462), rejeitados (fl s.

467 a 470).

Sustenta a recorrente contrariedade aos artigos 26, 67 e 188, inciso II, da

Lei de Falências, além de dissídio jurisprudencial. Para tanto, diz que:

a) contra a massa não correm juros, ainda que acordados, quando o ativo

não bastar para o pagamento do principal;

b) o pagamento preferencial dos juros aos credores trabalhistas e dos

créditos correcionais relativos aos planos econômicos fere o artigo 188, inciso II,

da Lei de Falências;

c) não poderia o acórdão cassar a comissão do síndico, arbitrada na fase

adequada, não se justifi cando relegá-la para depois;

d) o acórdão divergiu de outros tribunais ao entender que os créditos

trabalhistas gozam de preferência absoluta sobre os pedidos de restituição e os

encargos da massa;

e) houve divergência com o Enunciado n. 315-TST ao determinar a

correção monetária plena dos créditos laborais, compreendendo os planos do

Governo Federal (500 a 507).

Para comprovar a divergência jurisprudencial indica precedente desta

Corte.

Foram oferecidas contra-razões (fl s. 539 a 542) e o recurso especial foi

admitido pelo despacho de fl s. 548 a 558 que, também, admitiu o recurso

extraordinário de fl s. 474 a 481.

Opina a Subprocuradoria-Geral da República pelo conhecimento

e provimento parcial do recurso especial para que sejam pagos

contemporaneamente os créditos trabalhistas e a comissão do síndico, em

parecer do Dr. Roberto Casali.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito (Relator): Agravo

de instrumento contra decisão que determinou a suspensão oferecida pelo

“síndico dativo, rejeitando, sem declarar as razões do referido entendimento às

impugnações feitas ao cálculo do Sr. Contador do Juízo, bem como rejeitando

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

242

as peças, sem que o mesmo fosse ouvido, e ainda arbitrando os honorários

do síndico dativo em dez por cento (10%) sobre os produtos dos bens da

massa, admitindo a permanência no processo do advogado do síndico dativo.

Mesmo porque tal função é indelegável”. O Tribunal de Justiça de São Paulo

proveu o recurso “para cassar a r. decisão agravada, devendo outra ser proferida

oportunamente, após regular apuração do valor atualizado dos créditos

preferenciais dos agravados (fl s. 300-301 e 334-34)”. Os declaratórios foram

rejeitados. Os recursos extraordinário e especial de fl s. 474 a 481 e 500 a 537,

respectivamente, foram admitidos.

O presente processo, como ponderou, oportunamente, o eminente

Subprocurador-Geral da República, Dr. Roberto Casali, aguardou o julgamento

do REsp n. 32.959-SP, de que foi Relator o Senhor Ministro Eduardo Ribeiro,

na Segunda Seção, publicado no DJ de 20.10.1997. Realizado o julgamento

opinou o eminente membro do Ministério Público Federal pelo conhecimento e

provimento, em parte, do especial, “para que sejam pagos contemporaneamente

os créditos trabalhistas e a comissão do síndico”.

O precedente indicado tem a ementa que se segue, verbis:

Falência. Créditos trabalhistas. Preferências.

Após as Leis n. 3.726/1960 e n. 6.449/1977, os créditos trabalhistas preferem a todos os demais, inclusive os relativos a custas e encargos da massa. Na categoria daqueles, entretanto, se haverão de incluir os oriundos da prestação de serviços à massa.

Restituições.

Devem efetivar-se antes do pagamento de qualquer crédito, ainda que trabalhistas, pois os bens a que se referem não integram o patrimônio do falido.

As contribuições previdenciárias descontadas dos salários e retidas pelo empregador sujeitam-se a esse regime, devendo ser entregues à Previdência. Excetuam-se as relativas ao período posterior à vigência do Decreto-Lei n. 66/1966 e até a entrada em vigor da Lei n. 8.212/1991, quando aquelas contribuições gozaram apenas do privilégio atribuído aos tributos de competência da União, havendo de ser atendidas após os créditos trabalhistas.

Vê-se, pois, que nesta parte está correto o julgado no que se refere ao

crédito trabalhista privilegiado. Contudo, merece reparo no que concerne aos

honorários do síndico, que recebem o mesmo tratamento, incluído na categoria

dos que prestam serviços à massa.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 199-243, março 2011 243

Investe o especial, também, na parte relativa aos juros. Entende o recurso

que não há falar em derrogação do art. 26 da Lei de Falências diante do que

estabelece a Lei n. 8.177/1991. O art. 39 desta Lei, de fato, comanda que

os “débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos pelo

empregador nas épocas próprias assim defi nidas em lei, acordo ou convenção

coletiva, sentença normativa ou cláusula contratual sofrerão juros de mora

equivalentes à TRD acumulada no período compreendido entre a data

do vencimento da obrigação e seu efetivo pagamento”. Todavia, na minha

compreensão essa regra jurídica não retira força do comando da lei especial na

sua parte fi nal, ou seja, os juros correrão, mas desde que o ativo apurado baste

para o pagamento do principal. Não tenho por razoável uma interpretação

que apaga a situação especial da empresa sob o regime falimentar, diante de

uma lei posterior que não invade o seu específi co domínio, limitando-se a

regular o pagamento dos juros nos créditos trabalhistas de qualquer natureza,

estabelecendo a fórmula de calculá-los. Assim também nesta parte, eu admito

como violado o art. 26, in fi ne.

Quanto ao mais, assim o art. 188, inciso II, e o art. 67, §§ 2° e 3° da Lei

de Falências entendo que não há prequestionamento, com o que está barrada a

passagem do especial.

Em conclusão: conheço e provejo o especial para determinar que os

honorários do síndico sejam pagos na forma indicada no precedente da Corte e

que os juros dos créditos trabalhistas sejam pagos na forma do art. 26, in fi ne, da

Lei Falimentar.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Costa Leite: - Pedi vista dos autos na assentada

de julgamento de terça-feira última, para o fi m de conferir precedente de

minha lavra, que não tem adequação ao caso dos autos. Nele se cuidou da

impossibilidade de cumulação dos juros de mora com a TRD em caderneta. A

solução preconizada no voto do ilustre Relator não atrita com tal orientação.

Acompanho Sua Excelência.

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Súmula n. 220

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SÚMULA N. 220

A reincidência não infl ui no prazo da prescrição da pretensão punitiva.

Referência:

CP, art. 110.

Precedentes:

EREsp 54.398-PR (3ª S, 11.02.1998 – DJ 18.05.1998)

HC 7.942-PR (6ª T, 23.11.1998 – DJ 14.12.1998)

REsp 31.285-PR (5ª T, 12.05.1993 – DJ 07.06.1993)

REsp 34.031-PR (5ª T, 02.06.1993 – DJ 28.06.1993)

REsp 54.398-PR (5ª T, 17.09.1996 – DJ 18.11.1996)

Terceira Seção, em 12.05.1999

DJ 19.05.1999, p. 121

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EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL N. 54.398-PR (97.0002184-0)

Relator: Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro

Embargante: Ministério Público Federal

Embargado: José de Souza Neto

Advogados: Bento Pereira de Camargo Neto e outro

EMENTA

EREsp. Penal. Reincidência. Prescrição. Pretensão punitiva.

A sentença somente ganha força executória (sentido material) após

transitada em julgado, conseqüência do princípio da presunção de

inocência. As normas restritivas devem ser aplicadas sem ampliação.

A reincidência que implica no aumento de um terço no prazo da

prescrição é a anterior à condenação. Tal prazo não se majora pelo

crime posterior à condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas constantes dos autos, por unanimidade, conhecer dos embargos,

mas os rejeitar, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram de acordo

os Srs. Ministros Anselmo Santiago, José Arnaldo, Fernando Gonçalves, Felix

Fischer, José Dantas e Cid Flaquer Scartezzini. Ausentes, justifi cadamente, os

Srs. Ministros William Patterson e Vicente Leal.

Brasília (DF), 11 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, Relator

DJ 18.05.1998

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

250

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Vicente Cernicchiaro: Embargos de Divergência

interpostos pelo Ministério Público Federal contra v. acórdão proferido pela eg.

5ª Turma, no REsp n. 54.398-PR, Relator Ministro Edson Vidigal, cuja ementa

sintetiza o conteúdo do julgado, verbis:

Penal. Reincidência. Prescrição da pretensão punitiva. Inaplicabilidade do acréscimo de um terço do art. 110, caput, do CP.

1. O art. 110 do CP refere-se à prescrição da pretensão executória. Sendo norma desfavorável ao réu, não pode ter sua aplicação extendida à prescrição da pretensão punitiva, pois inadmissível em direito penal a analogia in malan partem.

2. Recurso improvido. (fl s. 218).

O embargante alega que tal entendimento diverge de julgado da Eg. 6ª

Turma, no julgamento do REsp n. 6.814-PR, Relator Ministro Carlos Th ibau,

no sentido de que a majoração prevista no art. 110 do Código Penal tem

aplicação tanto na prescrição da pretensão executória como na prescrição da

pretensão punitiva.

Despacho às fl s. 237 recebendo os embargos.

Sem impugnação (fl s. 239).

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Vicente Cernicchiaro (Relator): O v. acórdão embargado,

Relator o E. Ministro Edson Vidigal, entendeu que o disposto no art. 110, caput

do Código Penal só se aplica à prescrição relativa à pretensão executória.

O v. acórdão-paradigma, Relator o E. Ministro Carlos Th ibau, da 6ª Turma,

diferentemente, consagrou que a reincidência aumenta o prazo prescricional

também para os casos de pretensão punitiva.

A divergência é evidente.

Conheço dos Embargos Infringentes.

O disposto no art. 110 do Código Penal tem a seguinte redação:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 251

A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifi ca-se nos prazos fi xados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

A r. sentença condenatória aplicou a pena de 06 meses de detenção (fl s.

107), aos 04 de fevereiro de 1993 (fl s. 102).

Essa decisão não foi modifi cada. O v. acórdão estadual declarou extinta

a punibilidade (fl s. 153), aos 11 de março de 1994 (fl s. 152). Aliás, o Recurso

Especial fora restrito à prescrição a esse instituto.

O nomen iuris do art. 110 é - Prescrição depois de transitar em julgado

sentença final condenatória. Esse referencial não é decisivo, entretanto,

importante para indicar extensão da norma. Na espécie não há confl ito. Ao

contrário, perfeita adequação. Aliás, o dispositivo registra literalmente: “A

prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória (...).”

Em conseqüência, ilação lógica, a majoração não alcança as situações -

anteriores ao trânsito em julgado.

Há, data venia, explicação para tanto. A sentença somente ganha força

executória (sentido material) após transitada em julgado, conseqüência do

princípio da presunção de inocência.

As normas restritivas devem ser aplicadas sem ampliação. Na espécie sub

judice, referem-se à chamada pretensão executória:

FRAGOSO, Lições de Direito Penal, A Nova Parte Geral, Forense, Rio,

1986, 10ª ed., p. 424, n. 428, escreve:

A reincidência que implica no aumento de um terço no prazo é a anterior à condenação, referente ao crime de que se trata. O prazo prescricional não se aumenta pelo crime posterior à condenação.

Nessa linha, colecionam-se julgados do E. Supremo Tribunal Federal

(DJU, 10.04.1992, p. 4.798) e do Superior Tribunal de Justiça (DJU, 07.06.1993,

p. 11.270, 5ª Turma, Rel. Ministro Assis Toledo e DJU de 28.06.1993, p. 12.899,

5ª Turma, Rel. Ministro Costa Lima).

Em se tratando, pois, de interpretação restritiva, sem consentir ampliação

analógica, o v. acórdão embargado merece ser prestigiado.

Rejeito os Embargos de Divergência.

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252

HABEAS CORPUS N. 7.942-PA (98.0066653-2)

Relator: Ministro Fernando Gonçalves

Impetrante: Nilton dos Santos

Impetrado: Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Alçada do Estado

de Paraná

Paciente: Nilton dos Santos (preso)

EMENTA

Habeas corpus. Prescrição. Extinção da pretensão punitiva. Reincidência. Irrelevância.

1. O entendimento pretoriano é no sentido de não interferir a reincidência na extinção da pretensão punitiva pela ocorrência da prescrição, mas, tão-somente, na da pretensão executória.

2. Ordem de habeas corpus concedida.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conceder o habeas corpus. Votaram com o Relator os Vicente Leal, Luiz Vicente Cernicchiaro e Anselmo Santiago. Ausente, por motivo de licença, o Ministro William Patterson.

Brasília (DF), 23 de novembro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Vicente Leal, Presidente

Ministro Fernando Gonçalves, Relator

DJ 14.12.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves: Nilton dos Santos, em causa própria, fez impetrar ordem de habeas corpus junto ao Tribunal de Alçada do Estado do Paraná ao fundamento de que, preso, por força de condenação proferida pelo Juízo

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 253

da 10ª Vara Criminal de Curitiba, estaria extinta a punibilidade pela prescrição retroativa, advinda da ausência de sua declaração de constrangimento ilegal.

A Terceira Câmara Criminal denegou a ordem (fl s. 152-157), sustentando o paciente, em contraposição, não interferir a reincidência na fl uência do prazo prescricional, no caso de a causa extintiva ocorrer subseqüentemente à sentença condenatória.

Sem necessidade de informações, porquanto avidamente instruído o feito, opinou a Subprocuradoria-Geral da República, por intermédio do Dr. João Francisco Sobrinho, pelo deferimento da ordem.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves (Relator): O paciente tem razão. Com efeito, condenado por infringência ao art. 171, do Código Penal, à pena de 04 (quatro) anos de reclusão, por sentença publicada em mãos do escrivão na data de 15 de abril de 1982, sem recurso da acusação, somente em 22 de agosto de 1991 teve início a execução, quando, a teor do disposto nos arts. 109, IV c.c. o 110, § 1º, daquele estatuto, extinta se encontrava a pretensão punitiva por força da prescrição superveniente, desinfl uente, data venia, a toda evidência, a questão da reincidência, somente relevante em se tratando de extinção da pretensão executória. Neste sentido, aliás, pacífi ca a jurisprudência do STF e do STJ, que, em harmonia com os demais Pretórios, proclamam não interferir a reincidência na prescrição da pretensão punitiva, mas, tão-somente, na da pretensão executória (STF - HC n. 69.044 - DJ de 10.04.1992 - p. 4.798 - Rel. o Min. Célio Borja; STJ - REsp n. 31.285 - DJ de 07.06.1993 - p. 11.270 - Rel. o Min. Assis Toledo).

Diante do exposto, concedo a ordem para que seja o paciente colocado em

liberdade, se per al não estiver preso.

RECURSO ESPECIAL N. 31.285-PR

Relator: Ministro José Dantas

Relator para o acórdão: Ministro Assis Toledo

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254

Recorrente: Ministério Público do Estado do Paraná

Recorrido: Carlos Sidney Storti

Advogados: José Deretti Netto e outro

EMENTA

Prescrição. Prazo aumentado de um terço pela reincidência (art.

110 caput, in fi ne, do CP). Norma expressa, restrita à prescrição da

condenação, inaplicável à prescrição da ação penal.

A transposição da regra do art. 110 caput, in fi ne, do CP, para

regular a contagem dos prazos do art. 109 caput, por via meramente

interpretativa, implica em aplicação analógica da primeira (analogia in

malam partem), não permitida em Direito Penal.

Recurso especial conhecido mas improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e, por maioria,

negar-lhe provimento. Votaram com o Ministro Assis Toledo os Ministros

Edson Vidigal e Flaquer Scartezzini. O Ministro Costa Lima modifi cou seu

voto para acompanhar o Ministro Assis Toledo. Votou parcialmente vencido o

Ministro-Relator.

Brasília (DF), 12 de maio de 1993 (data do julgamento).

Ministro Flaquer Scaterzzini, Presidente

Ministro Assis Toledo, Relator para o acórdão

DJ 07.06.1993

RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Dantas: Trata-se de acórdão de Câmara Criminal do Tribunal de Alçada do Paraná, pelo qual, em grau de apelação de sentença condenatória, decretou-se a extinção da punibilidade, fundada em que:

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RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 255

Extinção da punibilidade. Reincidência. Prescrição retroativa. Fluência do prazo. Reconhecimento. Apelação provida.

1. Com o decurso de mais de dois anos entre o despacho receptivo da denúncia e a prolação da sentença condenatória, que impôs pena de 07 meses, sem recurso da acusação, operou -se a extinção da punibilidade.

2. A reincidência não infl ui no prazo prescricional da prescrição retroativa (RT 600/302).

3. Mérito prejudicado. - fl s. 200.

Daí o recurso especial do Ministério Público pelas letras a e c do permissivo, postos em colação do dissídio os acórdãos do Supremo Tribunal Federal no RHC n. 64.295-1-SP (Rel. Min. Néri da Silveira, in JBC, 18/147), e desta Eg. Turma, proferido no REsp n. 46-PR, do qual fui relator (in RSTJ 4/1.481), conforme a seguinte ementa:

Criminal. Reincidência. Prescrição retroativa.

- Prazo. Para efeito da aplicação do art. 110, caput, in fi ne, do Código Penal, não há distinguir entre a prescrição da pretensão executória e a que alcança a pretensão punitiva. Divergência pretoriana demonstrada, para efeito do conhecimento do recurso especial, e prevalente a orientação paradigma, para efeito do provimento. (DJU de 21.08.1989, p. 13.331). - fl s. 220.

As contra-razões de fl s. 234-41 tecem severa crítica àquele precedente

de minha lavra - indigitando-o equívoco na asseveração de que os padrões do

Supremo Tribunal Federal, então examinados sob proposição do parecer da

Procuradoria-Geral da República, não asseveravam a infl uência da reincidência

na avaliação da prescrição retroativa, mas sim, que tratavam apenas da prescrição

da pretensão executória, referida no art. 110, caput do Cód. Penal; tanto mais

que a expressão que atribui ao Min. Aldir Passarinho no voto do RHC n. 65.332

(RTJ 123/984) - “não haver, na lei, qualquer determinação no sentido da exceção

pretendida” - referia-se à exceção da pena de multa quanto à caracterização da

reincidência, e não à distinção das discutidas formas de prescrição.

Nesta instância, o parecer do Subprocurador-Geral Miguel Guskow é

contrário ao provimento do recurso, consoante os seguintes argumentos:

2.2. A discussão da tese tem certamente fundamentos diversos.

2.2.1. A tese esposada pelo acórdão atacado e por inúmeros outros diz: se a reincidência não infl ui no cômputo do prazo prescricional da pretensão

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256

punitiva da pena em abstrato, sendo a prescrição retroativa da mesma espécie, o tratamento deveria ser igual. Diz essa tese que o caput do art. 110 do CP que trata da prescrição executória, manda acrescer 1/3 sobre o prazo prescricional. No entanto, os seus §§ 1º e 2º dizem respeito apenas à prescrição retroativa, donde, não haveria base lógico-jurídica para se estender aquele acréscimo sobre a prescrição retroativa, similar da pena em abstrato e possuindo todos os seus efeitos.

2.2.2. No entanto, a segunda tese, que tem decisões embasando-a, não vê qualquer distinção entre prescrição retroativa e prescrição executória, sendo a base doutrinária para esse entendimento a diferença de tratamento que deve ser dada ao reincidente.

2.3. Embora a matéria se preste a discussões doutrinárias que embasam jurisprudência, vê-se que o art. 110 caput não autoriza acréscimo de tempo no lapso prescricional retroativo, como é o caso.

2.4. Com o devido respeito à causa já julgada por essa Colenda Turma, inclusive sendo V. Exa. o relator, a tese de que não há distinção entre prescrição retroativa e prescrição executória não encontra respaldo na lei. A vingar esse entendimento, estar-se-á apenando o réu duplamente, sem lei que defina o segundo apenamento, o da prescrição retroativa, que é, para efeitos legais, diversa da executória, se reincidente foi o réu. - fl s. 251.

Relatei.

VOTO

O Sr. Ministro José Dantas (Relator): Senhor Presidente, começo por

me penitenciar do equívoco que deveras cometi naquele acórdão ora trazido à

colação. Na realidade, relendo o voto do Sr. Ministro Aldir Passarinho, ao qual ali

me referi, agora vejo que S. Exª., ao ressaltar a falta de qualquer determinação, na

lei, no sentido da exceção pretendida pelo recorrente, aludia mesmo à proposição

da reincidência em razão da condenação anterior à pena de multa. Penitencio-

me, é certo, mas me justifi co por haver buscado a citada afi rmação no seguinte

contexto de aparente referência à prescrição em si mesma:

Estou que é de negar-se o habeas corpus. O paciente é reincidente, pelo que, na conformidade do disposto na parte fi nal do art. 110 do Código Penal, o prazo prescricional fi ca aumentado de um terço, não havendo qualquer determinação, na lei, no sentido da exceção pretendida pelo recorrente. - RTJ 123/986.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 257

De qualquer forma, o equívoco da citação textual não desmerece a assertiva

de que o analisado precedente realmente servia ao dissídio pretoriano então

argüido, inerente à exceção da prescrição retroativa aos efeitos da reincidência. E de

que se tratava exatamente da hipótese, disse-o S. Exa., em conclusão de seu voto:

Assim, como a condenação foi à pena de 10 meses de reclusão, com o aumento de um terço do prazo prescricional, passou a ser ele de dois anos e oito meses, o qual não foi atingido pelo período compreendido entre o recebimento da denúncia e a sentença condenatória. - Idem, p. 986 (grifos da transcrição).

Acaso se cuidasse da prescrição da pretensão executória, não havia

considerar-se tal lapso retroativo, senão que o lapso contado a partir da sentença

trânsita em julgado.

Igual asseveração se faça no tocante àqueloutro acórdão relatado pelo Sr.

Ministro Néri da Silveira, novamente colacionado no presente caso; de fato,

confi ram-se-lhe desde o relatório ao voto as seguintes explicitações:

(...) impetrou em causa própria ordem de habeas corpus pleiteando a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, ao fundamento de que entre a data do recebimento da denúncia, a 04.05.1983, e a sentença condenatória, proferida em 19.09.1985, decorreu lapso de tempo bastante à concessão do benefício. (relatório)

(...)

Portanto, no caso, a prescrição prevista no art. 109, VI, do CP, é de dois anos e oito meses, eis que, a teor do art. 110 do mesmo diploma, acresce-se de um terço o prazo, em face da reincidência. (voto - grifos da transcrição) - JBCr 18/147.

Igual colação merece o acórdão no HC n. 67.637-SP, Rel. Min. Sydney

Sanches, a tratar-se também da chamada prescrição retroativa, então

considerado o lapso entre o fato e o recebimento da denúncia, embora transitada

em julgado a sentença (RTJ 132/772-73). Ou este outro da mesma eminente

relatoria, de cujos relatório e voto destaco os seguintes trechos:

(...) 6. Mas o paciente é reincidente e como tal declarado foi no decisum (fl . 08), o que também traz ao tema o caput do artigo 110, do CP, verbis:

Art. 110 - A prescrição, depois de transitar em julgado a sentença condenatória, regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos

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fixados no artigo anterior, os quais se aumentam um terço, se o condenado é reincidente.

7. Ora, se assim dispõe o caput, da norma, seus parágrafos hão de observar sempre a cláusula fi nal de acréscimo.

(…)

VOTO

O Sr. Ministro Sydney Sanches (Relator): 1. Acolho o parecer do Ministério Público Federal.

2. O fato delituoso, segundo a denúncia reproduzida à fl . 05, ocorreu a 18 de março de 1977.

E o recebimento desta se deu a 14 de dezembro de 1987 (fl . 05).

A sentença condenou o réu, ora paciente, a quatro anos de reclusão, por crime de falsidade (art. 298 do C. Penal) (fl . 38).

E como o Ministério Público não apelou (fl. 286 dos autos principais, em apenso), operam as normas dos §§ 1º e 2º do art. 110 do Código Penal, in verbis:

§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação (...), regula-se pela pena aplicada.

§ 2º A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa.

Regulando-se pela pena aplicada, a prescrição, ocorre nos prazos do art. 109, como determina o caput do art. 110.

Sendo a pena, in concreto, de quatro anos, a prescrição ocorreria, então, em oito anos (art. 109, IV, c.c. o art. 110, caput e §§ 1º e 2º).

Tratando-se de condenado reincidente, como fi cou expresso na sentença (fl . 08), o prazo prescricional é acrescido de 1/3, nos termos, ainda, do caput do art. 110. - RTJ 135/608-609.

Feitas essas observações em resposta à critica do julgado de minha

relatoria, permaneço convencido da boa razão da cotejada exegese legal, pelo

que me reporto ao voto que então proferi, e do qual farei oportuna juntada por

xerocópia (lê).

É bem verdade que, em nova busca nos arquivos do Supremo Tribunal

Federal, alertada, aliás, por indicação do v. acórdão recorrido, agora deparei

acórdão da Eg. Segunda Turma, relatado pelo Sr. Min. Célio Borja em data mais

recente, e cujo voto condutor é do seguinte teor:

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RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 259

O Sr. Ministro Célio Borja (Relator): - A doutrina converge no sentido preconizado na impetração e no parecer do Ministério Público Federal.

DAMÁSIO E. DE JESUS, cuidando da reincidência, com vistas à prescrição da pretensão executória, do artigo 110, CP: “O aumento não se aplica à prescrição da pretensão punitiva (CP art. 109)” (Código Penal Anotado, Edit. Saraiva, 1989, p. 260).

No mesmo sentido, CELSO DELMANTO, em comentário ao artigo 109, CP, no tópico Reincidência: “Não se aplica à prescrição da pretensão punitiva (‘da ação’) o aumento previsto no fi nal do art. 110, caput para o condenado reincidente. Tal acréscimo só incide na hipótese de prescrição da pretensão executória (‘da condenação’) (Cód. Penal Comentado, Ed. Renovar, 1988, p. 109).” - HC n. 69.044-1-RJ, em 18.02.1992.

Inobstante essa nova fonte revisionista, si et in quantum permaneço naquele

entendimento, quanto mais que a Eg. Sexta Turma deste Tribunal veio a

endossar o precedente desta Eg. Turma, conforme acórdão unânime, relatado

pelo Sr. Min. Carlos Th ibau, assim ementado:

Pena. Reincidência. Prescrição da pretensão punitiva. Art. 110, caput, do CP. Aplicação.

I. A majoração prevista no art. 110, caput, in fi ne, do Código Penal, tem aplicação tanto na prescrição da pretensão executória (da pena), como na prescrição da pretensão punitiva (da ação).

II. Recurso provido para afastar a prescrição reconhecida e determinar o exame do mérito pelo Tribunal a quo. - REsp n. 6.814-PR, 6ª T., em 19.11.1991.

Em suma, continuo na compreensão de que, na chamada “prescrição

retroativa” - cuja característica comum a ambas as hipóteses extintivas é a pena

em concreto -, não há distinguir-se o efeito da reincidência, quer se cuide da

pretensão executória ou da punitiva.

Desse modo, vem ao caso consultar tratar-se de condenação a sete meses

de detenção (art. 129), prescritível, pois, em dois anos, prazo que, por força da

reincidência, acresce-se de um terço (para dois anos e oito meses) considerada

inocorrente a prescrição, dado tratar-se de denúncia recebida a 09.02.1990 e

sentença de 24.03.1992.

Pelo exposto, conheço do recurso e lhe dou provimento, em ordem a que o

Eg. Tribunal a quo julgue o mérito da apelação do réu.

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ANEXO

RECURSO ESPECIAL N. 46-PR

VOTO

O Sr. Ministro José Dantas (Relator): - Senhores Ministros, indiscutível, pelo óbvio, a declinatória suprema, a mim parece que a conversão recursal de que se trata mostra-se aparelhada para julgamento, sem carência formal alguma, pois que, inobstante a vacatio legis tocante ao processamento do recurso especial, por analogia plena ao mesmo se devem aplicar as normas processuais atinentes ao recurso extraordinário, com os suprimentos regimentais recomendados desde mesmo o Ato Regimental n. 1-STJ.

Por conseguinte, segundo a boa técnica recomendada para o caso de dissídio jurisprudencial, cumpre iniciar-se o julgamento pela preliminar de conhecimento do recurso especial, por sinal que o primeiro a ser julgado pelo

Superior Tribunal de Justiça.

Nesse mister, sem maior difi culdade, verifi co que a divergência pretoriana está cabalmente demonstrada. Com efeito, enquanto o v. acórdão recorrida, ao que se viu, pôs-se em louvar os escólios doutrinários que levam em conta distinguir-se a prescrição da pretensão executória da que alcança a pretensão

punitiva, e concluiu por dizer inaplicável neste último caso o disposto na parte fi nal do art. 110 do Código Penal, em sentido diametralmente oposto é a proclamação do acórdão paradigma, proferido em hipótese idêntica, para afi rmar a incidência do preceito também no caso da prescrição retroativa, norteada pela pena concretizada. Consulte-se o voto condutor, lavra do Sr. Min. Néri da Silveira, com esta conclusiva reportação ao parecer da Procuradoria Geral da República, verbis:

5. O paciente foi condenado a seis meses de detenção, em sentença que o reconhece, expressamente, como reincidente em crime contra o patrimônio (vide sentença fl s. 25-32).

6. Nos termos do art. 110, parte fi nal, do Código Penal, o prazo prescricional, de dois anos (art. 110, c.c. art. 109, VI do CP) será acrescido de um terço, em face da reincidência, reconhecida pelo próprio recorrente.

7. Considerando que entre o recebimento da denúncia (causa interruptiva da prescrição) e a prolação de sentença condenatória não transcorreram dois anos

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 261

e oito meses, mas dois anos, quatro meses e quinze dias, não houve extinção da punibilidade pelo decurso do tempo, porque inalcançando o prazo próprio.

Do exposto, nego provimento ao recurso. (xérox de fl s. 353-354).

Dessa forma, conheço do recurso, a teor da regência hoje estabelecida no

art. 105, III, letra c, da Constituição Federal.

No mérito, ao que presumo das referências doutrinárias trazidas aos autos,

mormente o invocado tópico do judicioso prelecionamento do Prof. Damásio

de Jesus (“Prescrição Penal”, Saraiva, 1987, p. 139), a construção sufragada pelo

v. decisório recorrido parte do pressuposto de que, valorizada como agravante,

a reincidência previamente infl ui na dosimetria da pena aplicada, a qual, por

sua vez, referencia o prazo prescricional retroativo a considerar; cuidar-se-ia,

assim, de uma inconcebível duplicidade valorativa da reincidência, com função

exasperante.

O argumento, salvo equívoco dessa dissecação analítica, se bem que

reverencie, em parte, antiguíssima posição doutoral de menosprezo à relevância

penal da reincidência, na verdade, d.m.v., mostra-se discutível em face do texto

examinado, cuja literalidade parece conjugar-se pelo brocardo da interpretatio

cessat in clarins. Quando nada, é o que se colhe da colecionada orientação do

Pretório Excelso sobre a pretendida distinção, ao proclamar, singelamente, não

haver, na lei, qualquer determinação no sentido da exceção pretendida (RHC n.

65.332-SP, 2ª T., Rel. Min. Aldir Passarinho, in RTJ 123/984). E mais, com

igual ênfase tem-se pronunciado o Supremo quanto ao similar dispositivo (art.

115) de redução desse prazo, mesmo que retroativa a prescrição, quando menor

de 21 anos o delinqüente (HC n. 67.362-7-PR, Rel. Min. Francisco Rezek, in

DJ de 16.06.1989).

Por outro lado, avaliado o tema sob o aspecto teleológico, convenha-se na

razão-maior da agravação dos efeitos jurídicos da reincidência, regra que vem

da antiguidade e que ainda hoje se inspira fi nalisticamente na incontestável

revelação de maior culpabilidade, à qual deve corresponder maior rigor da

reprovação social, em presunção, ademais, da incorrigibilidade do agente,

avaliação esta que interessa de perto ao moderno conceito da pena e seus

institutos correlatos.

Registre-se, afi nal, no particular das analisadas conseqüências jurídicas,

que nas sucessivas reformas penais e processuais penais de 1965, 1967, 1977 e de

1984 (Leis n. 4.898, n. 5.349, n. 6.416 e n. 7.209), inobstante o abrandamento

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

262

da reincidência e suas infl uências prejudiciais estabelecidas pelo Código Penal de 1940 - a exemplo da perpetuidade dos efeitos, da conversibilidade da multa em detenção ainda que insolvente o réu, e da força majorante da pena quando específi ca a reincidência; ou a exemplo das antigas taxações do Cód. de Proc. Penal - a prisão preventiva obrigatória e a inafi ançabilidade rigorosa; ainda assim, a mais não chegou essa mitigação, nunca ao ponto de abolir o discutido acréscimo do prazo prescricional, quer se trate da pretensão executória, quer da punitiva, propriamente dita.

Em suma, até mesmo poar força de suas bases ontológicas, a regra onerosa do prazo extintivo da punibilidade vem resistindo à atenuação da recidiva como circunstância infl uente na aplicação da pena e sua execução. A primitiva letra do art. 110, caput, do velho Código subsistiu imune às sucessivas modifi cações dos parágrafos que lhe foram acrescidos, tal qual também inalterada se mantém a sua exegese, no pormenor da desejada exceção, segundo se viu da cotejada jurisprudência-suprema.

Pelo exposto, conheço do recurso e lhe dou total provimento.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Assis Toledo: O Tribunal de Alçada do Estado do Paraná, apreciando recurso de sentença condenatória, decretou a extinção da punibilidade pela prescrição, reportando-se à doutrina e jurisprudência segundo as quais “a reincidência não infl ui no prazo prescricional da prescrição retroativa”. (fl s. 203).

Com essa decisão não se conformou o Ministério Público e, na via do recurso especial, pelas letras a e c, postula a sua reforma para o efeito de fazer-se incidir a majoração de que trata o art. 110, in fi ne, do CP, sem distinção, aos prazos prescricionais, quer se trate de prescrição da ação, quer se trate de prescrição da condenação.

O Ministro-Relator, na linha de precedentes desta e da 6ª Turma, o primeiro por ele próprio relatado, o segundo da lavra do Min. Carlos Th ibau (REsp n. 46-PR e REsp n. 6.814-PR), acolheu o apelo excepcional, assim concluindo o seu voto:

Em suma, continuo na compreensão de que, na chamada “prescrição retroativa” - cuja característica comum a ambas as hipóteses extintivas é a pena em concreto -, não há distinguir-se o efeito da reincidência, quer se cuide da pretensão executória ou da punitiva.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 263

Desse modo, vem ao caso consultar tratar-se de condenação a sete meses de detenção (art. 129), prescritível, pois, em dois anos, prazo que, por força da reincidência, acresce-se de um terço (para dois anos e oito meses), considerada inocorrente a prescrição, dado tratar-se de denúncia recebida a 09.02.1990 e sentença de 24.03.1992.

Pelo exposto, conheço do recurso e lhe dou provimento, em ordem a que o Eg. Tribunal a quo julgue o mérito da apelação do réu.

Pedi vista para melhor meditar sobre a matéria e, agora, trago o meu voto.

Conheço do recurso pelo dissídio, no caso bem demonstrado.

Passo ao mérito.

Há certa lógica na distinção acolhida pelo acórdão recorrido e combatida

no recurso. É que a prescrição da ação e a prescrição da condenação são tratadas

diferentemente no Código Penal, com prazos distintos. A primeira tem prazos

dilatados, calculados sempre a partir do máximo da pena privativa da liberdade

cominada ao crime (art. 109, caput), pelo que o acréscimo de um terço para o

reincidente tornar-se-ia supérfl uo. A segunda, ao contrário, tem, na prática,

prazos bem mais reduzidos, pela mudança do critério de cálculo que passa a ser

feito a partir da pena aplicada, em regra inferior ao máximo da pena cominada.

Se alguma ampliação necessitar o prazo prescricional para o reincidente, é

óbvio que esse reforço deverá recair sobre a prescrição da condenação, que tem

prazo menor, não sobre a prescrição da ação, já com prazo máximo.

Vejo nesse argumento uma explicação para a opção do legislador brasileiro

ao incluir apenas no art. 110, caput, que trata da prescrição da condenação, a

previsão de aumento de um terço do prazo prescricional, in verbis:

Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifi ca-se nos prazos fi xados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

Por aí se vê que os prazos que se aumentam (“os quais se aumentam” ...) são

apenas aqueles relativos à prescrição “depois de transitar em julgado a sentença

condenatória”, não outros relativos à prescrição “antes de transitar em julgado a

sentença condenatória”.

A transposição da regra restrita do art. 110, caput, para regular a contagem

dos prazos do art. 109, caput, por via meramente interpretativa, implicaria, a

meu ver, em aplicação analógica daquela primeira norma, com violação do

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

264

princípio nullum crimen, nulla poena sine lege stricta, desdobramento necessário

do princípio da reserva legal, inscrito no art. 5º, XXXIX, da Constituição,

baseado no qual não se permite em nosso Direito Penal a analogia in malam

partem. (Cf. Princípios Básicos de Direito Penal, Saraiva, 4ª ed., p. 26).

Acrescente-se que a doutrina brasileira também não apóia,

predominantemente, a tese do recurso. Consultem-se a respeito: Lições de Direito

Penal, Helena Fragoso, Forense, 7ª ed., p. 424; Código Penal Comentado, Renovar,

Celso Delmanto, 2ª ed., p. 199; Código Penal Anotado, Damásio de Jesus, Saraiva,

p. 265; Tratado de Direito Penal, Saraiva, 3ºv., Frederico Marques, p. 407).

Pelo exposto, pedindo vênia ao Ministro-Relator, conheço do recurso mas

nego-lhe provimento.

É o meu voto.

VOTO

O Sr. Ministro Costa Lima: Sr. Presidente, após o voto do Sr. Ministro Assis

Toledo, retifi co o meu incorporando os fundamentos do pronunciamento de S.

Exa. Na verdade, embora sem desconhecer a divergência que lavra no Supremo

Tribunal Federal, convenci-me de que o aumento só deve ser computado

tratando-se da prescrição da pretensão executória.

VOTO-VOGAL

O Sr. Ministro Edson Vidigal: Senhor Presidente, consignando

a divergência existente no Supremo Tribunal Federal a qual faz menção o

Eminente Ministro-Relator, inclino-me, contudo, em acompanhar o lado da

divergência aqui trazida no voto do Eminente Ministro Assis Toledo. Assim,

pedindo vênia ao Sr. Ministro-Relator, acompanho S. Exª. o Sr. Ministro Assis

Toledo.

É o voto.

RECURSO ESPECIAL N. 34.031-PR

Relator: Ministro Costa Lima

Recorrente: Ministério Público do Estado do Paraná

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 265

Recorrido: Luis Pedro Bossi

Advogados: Rosangela de Fátima Santana Dalpiaz e outros

EMENTA

Penal. Reincidência. Prazo. Prescrição. Pretensões punitiva e

executória. Distinção.

1. Resulta do disposto no caput do artigo 110, do Código Penal

que, reconhecida a reincidência em sentença trânsita em julgado para

a acusação, o prazo da prescrição da pretensão executória é alargado

de um terço, o mesmo não ocorrendo em se tratando da prescrição da

pretensão punitiva.

2. Precedentes.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por maioria, conhecer do recurso, mas negar-lhe

provimento. Votaram com o Relator os Ministros Assis Toledo e Flaquer

Scartezzinl. Votou vencido o Ministro José Dantas. Ausente, ocasionalmente, o

Ministro Edson Vidigal.

Brasília (DF), 02 de junho de 1993 (data do julgamento).

Ministro Cid Flaquer Scartezzini, Presidente

Ministro Costa Lima, Relator

DJ 28.06.1993

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Costa Lima: O Ministério Público do Estado do Paraná,

baseado nas alíneas a e c, item III, art. 105 da Constituição Federal, interpõe

recurso especial, inconformado com o v. aresta da eg. Quarta Câmara Criminal

do Tribunal de Alçada do Paraná, assim sumulado:

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266

Extinção da punibilidade. Reincidência. Prescrição retroativa. Fluência do prazo. Reconhecimento. Apelação provada.

1. Com o decurso de mais de dois anos entre o despacho receptivo da denúncia e a prolação da sentença condenatória, que impôs pena de cinco meses, sem recurso da acusação, operou-se a extinção da punibilidade.

2. A reincidência não infl ui no prazo prescricional da prescrição retroativa (RT 600/302).

3. Mérito prejudicado. (ut fl . 144)

Afi rma o recorrente que “o art. 110, caput (in fi ne) do C. Penal é claro e não faz distinção entre prescrição da pretensão executória (da pena) e prescrição da pretensão punitiva (da ação) via modalidade retroativa” (ut fl . 155). Assim, o prazo prescricional, no presente caso, é de dois anos e oito meses e não de apenas dois anos, posto que aplicável o acréscimo de um terço previsto no dispositivo referido. Para confronto, traz julgados desta Corte, bem como do Pretório Excelso (fl s. 151-166).

Nesta instância, o Dr. Edinaldo de Holanda, ilustrado Subprocurador-Geral da República, opina pelo provimento do recurso, arrimado no REsp n. 46, Rel. Ministro José Dantas, DJU de 21.08.1989 (fl s. 205-206).

Relatei.

VOTO

O Sr. Ministro Costa Lima (Relator): O ilustrado Ministério Público do

Estado do Paraná tem vindo a esta Corte com pretensões idênticas. No caso,

aponta como precedente o acórdão proferido no REsp n. 46-PR relatado pelo

eminente Ministro José Dantas.

Diga-se a bem da verdade que as Primeira e Segunda Turmas do

colendo Supremo Tribunal Federal têm posicionamento divergente quanto

ao alargamento do prazo prescricional respeitante às pretensões punitiva e

executória.

Sustenta o eminente Ministro Néri da Silveira:

Habeas corpus. Receptação. Prescrição. Reincidência. Código Penal, arts. 109, VI, e 110. Condenação a seis meses de detenção. Prazo prescricional acrescido de um terço em face da reincidência, totalizando dois anos e oito meses. Extinção da punibilidade não verifi cada. Recurso desprovido. (RHC n. 64.295-SP, DJU de 27.03.1987, p. 5.162)

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 267

Já o ilustrado Ministro Célio Borja entendia:

Habeas corpus. Reincidência. Prescrição da pretensão punitiva.

O acréscimo de que cuida o art. 110, caput, do Código Penal não se aplica à prescrição da pretensão punitiva. Prescrição superveniente caracterizada tendo em vista o quantum da pena imposta e a ausência de recurso da acusação. Extinção da punibilidade.

Ordem concedida. (HC n. 69.044-1-RJ, DJU de 10.04.1992, p. 4.798)

Na sessão do último dia 12 do mês de maio (1993), quando era julgada

matéria absolutamente idêntica e também originária do Paraná, aderi ao voto-

vista do eminente Ministro Assis Toledo, ao entendimento de que o caput do

art. 110, do Código Penal tem incidência apenas na prescrição da pretensão

executória. Vale integrar este voto dos fundamentos alinhados pelo Ministro

Assis Toledo:

Há certa lógica na distinção acolhida pelo acórdão recorrido e combatida no recurso. É que a prescrição da ação e a prescrição da condenação são tratadas diferentemente no Código Penal, com prazos distintos. A primeira tem prazos dilatados, calculados sempre a partir do máximo da pena privativa da liberdade cominada ao crime (art. 109, caput), pelo que o acréscimo de um terço para o reincidente tornar-se-ia supérfl uo. A segunda, ao contrário, tem, na prática, prazos bem mais reduzidos, pela mudança do critério de cálculo que passa a ser feito a partir da pena aplicada, em regra inferior ao máximo da pena cominada.

Se alguma ampliação necessitar o prazo prescricional para o reincidente, é óbvio que esse reforço deverá recair sobre a prescrição da condenação, que tem prazo menor, não sobre a prescrição da ação, já com prazo máximo.

Vejo nesse argumento uma explicação para a opção do legislador brasileiro ao incluir apenas no art. 110, caput, que trata da prescrição da condenação, a previsão de aumento de um terço do prazo prescricional, in verbis:

Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifi ca-se nos prazos fi xados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

Por aí se vê que os prazos que se aumentam (“os quais se aumentam” ...) são apenas aqueles relativos à prescrição “depois de transitar em julgado a sentença condenatória”, não outros relativos à prescrição “antes de transitar em julgado a sentença condenatória”.

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268

A transposição da regra restrita do art. 110, caput, para regular a contagem dos prazos do art. 109, caput, por via meramente interpretativa, implicaria, a meu ver, em aplicação analógica daquela primeira norma, com violação do princípio nullum crimen, nulla poena sine lega stricta, desdobramento necessário do princípio da reserva legal, inscrito no art. 5°, XXXIX, da Constituição, baseado no qual não se permite em nosso Direito Penal a analogia in malam partem. (Cf. Princípios Básicos de Direito Penal, Saraiva, 4ª ed., p. 26). (REsp n. 31.285-5-PR).

HELENO CLÁUDIO FRAGOSO nas suas “Lições de Direito Penal -

A Nova Parte Geral”, 428, da 8ª ed., Forense, comenta:

Depois que transita em julgado a sentença condenatória, a prescrição se regula pela pena imposta e se verifi ca nos mesmos prazos estabelecidos pelo art. 109, CP, os quais aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. Declarado que seja, neste caso, a prescrição, subsistem os efeitos secundários da condenação. Cessa apenas, para o Estado, o direito à execução da pena.

A reincidência que implica no aumento de um terço no prazo é a anterior à condenação, referente ao crime de que se trata. O prazo prescricional não se aumenta pelo crime posterior à condenação.

O prazo prescricional deste é que será aumentado. O STF já entendeu que a reincidência, para aumentar o prazo prescricional, deve estar mencionada na sentença. (p. 424)

JÚLIO FABBRINI MIRABETE (“Manual de Direito Penal, Vol. 1,

Atlas, 12.4.3) explica:

Os prazos referentes à prescrição da pretensão executória estão previstos no artigo 110, caput, que determina: “A prescrição, depois de transitar em julgado a sentença condenatória, regula-se pela pena aplicada e verifi ca-se nos prazos fi xados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.”

Exemplifi cando: a prescrição da pretensão executória referente à pena de dois anos de detenção, imposta na sentença condenatória, qualquer que seja o crime, vai prescrever em quatro anos se o condenado não é reincidente; se o for, o prazo é de cinco anos e quatro meses. Pouco importa, agora, quais os limites máximos das penas cominadas abstratamente para o ilícito, tendo-se por base a pena aplicada como fundamento para o cálculo de acordo com os prazos estabelecidos também no artigo 109.

O prazo será aumentado de um terço se o condenado for reconhecido como reincidente na sentença que aplicou a pena a ser considerada para efeito de prescrição. (p. 390)

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 269

DAMÁSIO E. DE JESUS acentua que nos “termos do art. 110, caput,

parte fi nal, do CP, cuidando-se de condenado reincidente, o prazo prescricional

da pretensão executória é aumentado de um terço”. (“Prescrição Penal”, ed.

Saraiva, 1989, p. 97).

A jurisprudência da Turma, ainda que por maioria, começa a fi rmar-se no

sentido de que os prazos aumentados referem-se, exclusivamente, à prescrição

da pretensão executória.

Desse modo, conheço do recurso especial, mas nego-lhe provimento.

VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro José Dantas: Senhor Presidente, com a devida vênia dos

Eminentes Ministros, insisto no entendimento manifestado no primeiro

precedente invocado pelo Ministério Público recorrente, pelo que, na devida

oportunidade, farei juntada de xerocópia do voto.

Assim, conheço do recurso e o provejo.

ANEXO

RECURSO ESPECIAL N. 31.285-5-PR

VOTO

O Sr. Ministro José Dantas (Relator): Senhor Presidente, começo por

me penitenciar do equívoco que deveras cometi naquele acórdão ora trazido

à colação. Na realidade, relendo o voto do Sr. Ministro Aldir Passarinho,

ao qual ali me referi, agora vejo que S. Exa., ao ressaltar a falta de qualquer

determinação, na lei, no sentido da exceção pretendida pelo recorrente, aludia

mesmo à proposição da reincidência em razão da condenação anterior à pena

de multa. Penitencio-me, é certo, mas me justifi co por haver buscado a citada

afi rmação no seguinte contexto de aparente referência à prescrição em si mesma:

Estou que é de negar-se o habeas corpus. O paciente é reincidente, pelo que, na conformidade do disposto na parte fi nal do art. 110 do Código Penal, o prazo

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

270

prescricional fi ca aumentado de um terço, não havendo qualquer determinação, na lei, no sentido da exceção pretendida pelo recorrente. - RTJ 123/986.

De qualquer forma, o equívoco da citação textual não desmerece a assertiva

de que o analisado precedente realmente servia ao dissídio pretoriano então

argüido, inerente à exceção da prescrição retroativa aos efeitos da reincidência.

E de que se tratava exatamente da hipótese, disse-o S. Exª., em conclusão de seu

voto:

Assim, como a condenação foi à pena de 10 meses de reclusão, com o aumento de um terço do prazo prescricional, passou a ser ele de dois anos e oito meses, o qual não foi atingido pelo período compreendido entre o recebimento da denúncia e a sentença condenatória. - Idem, p. 986 (grifos da transcrição).

Acaso se cuidasse da prescrição da pretensão executória, não havia

considerar-se tal lapso retroativo, senão que o lapso contado a partir da sentença

trânsita em julgado.

Igual asseveração se faça no tocante àqueloutro acórdão relatado pelo Sr.

Ministro Néri da Silveira, novamente colacionado no presente caso; de fato,

confi ram-se-lhe desde o relatório ao voto as seguintes explicitações:

(...) impetrou em causa própria ordem de habeas corpus pleiteando a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, ao fundamento de que entre a data do recebimento da denúncia, a 04.05.1983, e a sentença condenatória, proferida em 19.09.1985, decorreu lapso de tempo bastante à concessão do benefício. (relatório)

(...)

Portanto, no caso, a prescrição prevista no art. 109, VI, do CP, é de dois anos e oito meses, eis que, a teor do art. 110 do mesmo diploma, acresce-se de um terço o prazo, em face da reincidência. (voto - grifos da transcrição) - JBCr 18/147.

Igual colação merece o acórdão no HC n. 67.637-SP, Rel. Min. Sydney

Sanches, a tratar-se também da chamada prescrição retroativa, então

considerado o lapso entre o fato e o recebimento da denúncia, embora transitada

em julgado a sentença (RTJ 132/772-73). Ou este outro da mesma eminente

relatoria, de cujos relatório e voto destaco os seguintes trechos:

(...) 6. Mas o paciente é reincidente e como tal declarado foi no decisum (fl . 08), o que também traz ao tema o caput do artigo 110, do CP, verbis:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 271

Art. 110 - A prescrição, depois de transitar em julgado a sentença condenatória, regula-se pela pena aplicada e verifi ca-se nos prazos fi xados no artigo anterior, os quais se aumentam um terço, se o condenado é reincidente.

7. Ora, se assim dispõe o caput, da norma, seus parágrafos hão de observar sempre a cláusula fi nal de acréscimo.

(...)

VOTO

O Sr. Ministro Sydney Sanches (Relator): 1. Acolho o parecer do Ministério Público Federal.

2. O fato delituoso, segundo a denúncia reproduzida à fl . 05, ocorreu a 18 de março de 1977.

E o recebimento desta se deu a 14 de dezembro de 1987 (fl . 05).

A sentença condenou o réu, ora paciente, a quatro anos de reclusão, por crime de falsidade (art. 298 do C. Penal) (fl . 38).

E como o Ministério Público não apelou (fl. 286 dos autos principais, em apenso), operam as normas dos §§ 1º e 2º do art. 110 do Código Penal, in verbis:

§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação (...), regula-se pela pena aplicada.

§ 2º A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa.

Regulando-se pela pena aplicada, a prescrição, ocorre nos prazos do art. 109, como determina o caput do art. 110.

Sendo a pena, in concreto, de quatro anos, a prescrição ocorreria, então, em oito anos (art. 109, IV, c.c. o art. 110, caput e §§ 1º e 2º).

Tratando-se de condenado reincidente, como fi cou expresso na sentença (fl . 08), o prazo prescricional é acrescido de 1/3, nos termos, ainda, do caput do art. 110. - RTJ 135/608-609.

Feitas essas observações em resposta à crítica do julgado de minha

relatoria, permaneço convencido da boa razão da cotejada exegese legal, pelo

que me reporto ao voto que então proferi, e do qual farei oportuna juntada por

xerocópia (lê).

É bem verdade que, em nova busca nos arquivos do Supremo Tribunal

Federal, alertada, aliás, por indicação do v. acórdão recorrido, agora deparei

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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acórdão da Eg. Segunda Turma, relatado pelo Sr. Min. Célio Borja em data mais

recente, e cujo voto condutor é do seguinte teor:

O Sr. Ministro Célio Borja (Relator): - A doutrina converge no sentido preconizado na impetração e no parecer do Ministério Público Federal.

DAMÁSIO E. DE JESUS, cuidando da reincidência, com vistas à prescrição da pretensão executória, do artigo 110, CP: “O aumento não se aplica à prescrição da pretensão punitiva (CP art. 109)” (Código Penal Anotado, Edit. Saraiva, 1989, p. 260).

No mesmo sentido, CELSO DELMANTO, em comentário ao artigo 109, CP, no tópico Reincidência: “Não se aplica à prescrição da pretensão punitiva (‘da ação’) o aumento previsto no fi nal do art. 110, caput para o condenado reincidente. Tal acréscimo só incide na hipótese de prescrição da pretensão executória (‘da condenação’) (Cód. Penal Comentado, Ed. Renovar, 1988, p. 109).” - HC n. 69.044-1-RJ, em 18.02.1992.

Inobstante essa nova fonte revisionista, si et in quantum permaneço naquele

entendimento, quanto mais que a Eg. Sexta Turma deste Tribunal veio a

endossar o precedente desta Eg. Turma, conforme acórdão unânime, relatado

pelo Sr. Min. Carlos Th ibau, assim ementado:

Pena. Reincidência. Prescrição da pretensão punitiva. Art. 110, caput, do CP. Aplicação.

I. A majoração prevista no art. 110, caput, in fi ne, do Código Penal, tem aplicação tanto na prescrição da pretensão executória (da pena), como na prescrição da pretensão punitiva (da ação).

II. Recurso provido para afastar a prescrição reconhecida e determinar o exame do mérito pelo Tribunal a quo. - REsp n. 6.814-PR, 6ª T., em 19.11.1991.

Em suma, continuo na compreensão de que, na chamada “prescrição

retroativa” - cuja característica comum a ambas as hipóteses extintivas é a pena

em concreto -, não há distinguir-se o efeito da reincidência, quer se cuide da

pretensão executória ou da punitiva.

Desse modo, vem ao caso consultar tratar-se de condenação a sete meses

de detenção (art. 129), prescritível, pois, em dois anos, prazo que, por força da

reincidência, acresce-se de um terço (para dois anos e oito meses), considerada

inocorrente a prescrição, dado tratar-se de denúncia recebida a 09.02.1990 e

sentença de 24.03.1992.

Pelo exposto, conheço do recurso e lhe dou provimento, em ordem a que o

Eg. Tribunal a quo julgue o mérito da apelação do réu.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 273

ANEXO

RECURSO ESPECIAL N. 46-PR

VOTO

O Sr. Ministro José Dantas (Relator): - Senhores Ministros, indiscutível, pelo óbvio, a declinatória suprema, a mim parece que a conversão recursal de que se trata mostra-se aparelhada para julgamento, sem carência formal alguma, pois que, inobstante a vacatio legis tocante ao processamento do recurso especial, por analogia plena ao mesmo se devem aplicar as normas processuais atinentes ao recurso extraordinário, com os suprimentos regimentais recomendados desde mesmo o Ato Regimental n. 1-STJ.

Por conseguinte, segundo a boa técnica recomendada para o caso de dissídio jurisprudencial, cumpre iniciar-se o julgamento pela preliminar de conhecimento do recurso especial, por sinal o primeiro a ser julgado pelo Superior

Tribunal de Justiça.

Nesse mister, sem maior difi culdade, verifi co que a divergência pretoriana está cabalmente demonstrada. Com efeito, enquanto o v. acórdão recorrido, ao que se viu, pôs-se em louvar os escólios doutrinários que levam em conta distinguir-se a prescrição da pretensão executória da que alcança a pretensão

punitiva, e concluiu por dizer inaplicável neste último caso o disposto na parte fi nal do art. 110 do Código Penal, em sentido diametralmente oposto é a proclamação do acórdão paradigma, proferido em hipótese idêntica, para afi rmar a incidência do preceito também no caso da prescrição retroativa, norteada pela pena concretizada. Consulte-se o voto condutor, lavra do Sr. Min. Néri da Silveira, com esta conclusiva reportação ao parecer da Procuradoria Geral da República, verbis:

5. O paciente foi condenado a seis meses de detenção, em sentença que o reconhece, expressamente, como reincidente em crime contra o patrimônio (vide sentença fl s. 25-32).

6. Nos termos do art. 110, parte fi nal, do Código Penal, o prazo prescricional, de dois anos (art. 110, c.c. art. 109, VI do CP) será acrescido de um terço em face da reincidência, reconhecida pelo próprio recorrente.

7. Considerando que entre o recebimento da denúncia (causa interruptiva da prescrição) e a prolação de sentença condenatória não transcorreram dois anos

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e oito meses, mas dois anos, quatro meses e quinze dias, não houve extinção da punibilidade pelo decurso do tempo, porque inalcançando o prazo próprio.

Do exposto, nego provimento ao recurso. (xérox de fl s. 353-354).

Dessa forma, conheço do recurso, a teor da regência hoje estabelecida

no art. 105, III, letra c, da Constituição Federal. No mérito, ao que presumo

das referências doutrinárias trazidas aos autos, mormente o invocado tópico

do judicioso prelecionamento do Prof. Damásio de Jesus (“Prescrição Penal”,

Saraiva, 1987, p. 139), a construção sufragada pelo v. decisório recorrido parte

do pressuposto de que, valorizada como agravante, a reincidência previamente

infl ui na dosimetria da pena aplicada, a qual, por sua vez, referencia o prazo

prescricional retroativo a considerar: cuidar-se-ia, assim, de uma inconcebível

duplicidade valorativa da reincidência, com função exasperante.

O argumento, salvo equívoco dessa dissecação analítica, se bem que

reverencie, em parte, antiguíssima posição doutoral de menosprezo à relevância

penal da reincidência, na verdade, d.m.v., mostra-se discutível em face do texto

examinado, cuja literalidade parece conjugar-se pelo brocardo da interpretatio

cessat in clarins. Quando nada, é o que se colhe da colecionada orientação do

Pretório Excelso sobre a pretendida distinção, ao proclamar, singelamente, não

haver, na lei, qualquer determinação no sentido da exceção pretendida (RHC n.

65.332-SP, 2ª T., Rel. Min. Aldir Passarinho, in RTJ 123/984). E mais, com

igual ênfase tem-se pronunciado o Supremo quanto ao similar dispositivo (art.

115) de redução desse prazo, mesmo que retroativa a prescrição, quando menor

de 21 anos o delinqüente (HC n. 67.362-7-PR, Rel. Min. Francisco Rezek, in

DJ de 16.06.1989).

Por outro lado, avaliado o tema sob o aspecto teleológico, convenha-se na

razão-maior da agravação dos efeitos jurídicos da reincidência, regra que vem

da antiguidade e que ainda hoje se inspira fi nalisticamente na incontestável

revelação de maior culpabilidade, à qual deve corresponder maior rigor da

reprovação social, em presunção, ademais, da incorrigibilidade do agente,

avaliação esta que interessa de perto ao moderno conceito da pena e seus

institutos correlatos.

Registre-se, afi nal, no particular das analisadas conseqüências jurídicas, que nas sucessivas reformas penais e processuais penais de 1965, 1967, 1977 e de 1984 (Leis n. 4.898, n. 5.349, n. 6.416 e n. 7.209), inobstante o abrandamento da reincidência e suas infl uências prejudiciais estabelecidas pelo Código Penal de 1940 - a exemplo da perpetuidade dos efeitos, da conversibilidade da multa

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em detenção ainda que insolvente o réu, e da força majorante da pena quando específi ca a reincidência; ou a exemplo das antigas taxações do Cod. de Proc. Penal - a prisão preventiva obrigatória e a inafi ançabilidade rigorosa; ainda assim, a mais não chegou essa mitigação, nunca ao ponto de abolir o discutido acréscimo do prazo prescricional, quer se trate da pretensão executória, quer da punitiva, propriamente dita.

Em suma, até mesmo por força de suas bases ontológicas, a regra onerosa do prazo extintivo da punibilidade vem resistindo à atenuação da recidiva como circunstância infl uente na aplicação da pena e sua execução. A primitiva letra do art. 110, caput, do velho Código subsistiu imune às sucessivas modifi cações dos parágrafos que lhe foram acrescidos, tal qual também inalterada se mantém a sua exegese, no pormenor da desejada exceção, segundo se viu da cotejada jurisprudência-suprema.

Pelo exposto, conheço do recurso e lhe dou total provimento.

RECURSO ESPECIAL N. 54.398-PR (94.0029104-3)

Relator: Ministro Edson Vidigal

Recorrente: Ministério Público do Estado do Paraná

Recorrido: José de Souza Neto

Advogado: Bento Pereira de Camargo Neto

EMENTA

Penal. Reincidência. Prescrição da pretensão punitiva.

Inaplicabilidade do acréscimo de um terço do art. 110, caput, do CP.

1. O art. 110 do CP refere-se à prescrição da pretensão executória.

Sendo norma desfavorável ao réu, não pode ter sua aplicação extendida

à prescrição da pretensão punitiva, pois inadmissível em direito penal

a analogia in malam partem.

2. Recurso improvido.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e, por maioria,

negar-lhe provimento. Votaram com o Relator os Ministros Cid Flaquer

Scartezzini e José Arnaldo. Votou vencido o Ministro José Dantas.

Brasília (DF), 17 de setembro de 1996 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente e Relator

DJ 18.11.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Edson Vidigal: Eles viveram amasiados por mais de um

ano, foi o que Anir Maria, 29 (vinte e nove) anos, disse ao delegado. José Neto,

30 (trinta) anos, comerciante, não se conformava com a separação, queria sua

mulher de volta. Foi até a casa de Maria Anir suplicar outra chance. Mas ela

estava mesmo decidida, não queria mais José que, desesperado, agarrou-a pelos

cabelos, batendo sua cabeça contra a parede, agredindo-a com vários socos.

A sentença o condenou por lesão corporal - CP, art. 129, caput, c.c. art. 61,

I, a seis meses de detenção.

O Tribunal de Alçada Criminal do Paraná deu provimento ao apelo

de José, para decretar extinta sua punibilidade pela prescrição retroativa, em

acórdão assim ementado:

Extinção da punibilidade. Prescrição retroativa. Reincidência. Art. 110 do CP. Provimento.

O aumento do prazo prescricional em razão da reincidência, previsto no art. 110 do CP, refere-se, apenas, à prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória, excluída a prescrição da pretensão punitiva, pelo que se dá provimento ao recurso, para declarar a extinção da punibilidade, sob esse fundamento.

Agora, Recurso Especial do Ministério Público fundado na Constituição, art. 105, III, a e c, alega que o acórdão violou o CP, art. 110, caput, in fi ne, além de divergir de julgados do STF e desta Corte.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 277

Argüi, em resumo, que o acréscimo de que cuida o CP, art. 110, incide tanto sobre contagem do lapso de tempo da prescrição da pretensão executória como da pretensão punitiva. Assim, considerando o aumento de 1/3, o prazo prescricional, no caso, seria de dois anos e oito meses, e não de dois anos como considerou o acórdão; pelo que não se verifi caria a prescrição.

Admitido o recurso na origem, com as contra-razões do recorrido subiram os autos.

Relatei.

VOTO

O Sr. Ministro Edson Vidigal (Relator): Senhor Presidente, como se vê do relatório, o cerne da questão reside em saber se o acréscimo em 1/3 no prazo prescricional, por força da reincidência - CP, art. 110, in fi ne, deve ser levado em conta somente na prescrição da pretensão executória - tese defendida no acórdão recorrido - ou se, em sentido oposto, a majoração alcança também a pretensão

punitiva.

O tema é controvertido e divide a jurisprudência do STF, assim como desta Corte. Colacionou o recorrente acórdão da Corte Suprema, proferido no RHC n. 64.295-SP, Relator Ministro Néri da Silveira, DJ 27.03.1987, em que se sustenta tese divergente da sufragada no aresto recorrido. Eis a ementa:

Habeas corpus. Receptação. Prescrição. Reincidência. Código Penal, arts. 109, VI, e 110. Condenação a seis meses de detenção. Prazo prescricional acrescido de um terço em face da reincidência, totalizando dois anos e oito meses. Extinção da punibilidade não verifi cada.

Recurso desprovido.

Por outro lado, encontrei decisões também do STF, no mesmo sentido do

acórdão hostilizado. A propósito, o HC n. 69.044-1-RJ, Relator Ministro Célio

Borja, DJ 10.04.1992:

Habeas corpus. Reincidência. Prescrição da pretensão punitiva.

O acréscimo de que cuida o art. 110, caput, do Código Penal não se aplica à prescrição da pretensão punitiva. Prescrição superveniente caracterizada tendo em vista o quantum da pena imposta e a ausência de recurso da acusação. Extinção da punibilidade.

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Entre nós, no STJ, a jurisprudência não é menos vacilante. O paradigma

trazido é da nossa turma, e da lavra do Min. José Dantas, assim ementado:

Criminal. Reincidência. Prescrição retroativa.

- Prazo. Para efeito da aplicação do art. 110, caput, in fi ne, do Código Penal, não há distinguir entre a prescrição da pretensão executória e a que alcança a pretensão punitiva. Divergência pretoriana demonstrada, para efeito do conhecimento do recurso especial, e prevalente a orientação paradigma, para efeito do provimento. (STJ, 5ª Turma, REsp n. 46-PR, DJ 21.08.1989)

Da 6ª Turma, aponto o REsp n. 6.814-PR, Relator Ministro Carlos

Th ibau, no mesmo sentido do referido precedente.

No entanto, posteriormente ao julgamento do paradigma da 5ª Turma, em

12.05.1993, apreciamos o REsp n. 31.285-PR, de idêntica matéria e também

da relatoria do Ministro José Dantas que, sustentando o mesmo ponto de vista

anterior, restou vencido no julgamento. Na oportunidade, aderi ao voto-vista

do Ministro Assis Toledo, ao entendimento de que o disposto no CP, art. 110,

incide tão-somente na prescrição da pretensão executória.

Por oportuno transcrevo o seguinte trecho do voto vencedor:

Há certa lógica na distribuição acolhida pelo acórdão recorrido e combatida no recurso. É que na prescrição da ação e a prescrição da condenação são tratadas diferentemente no Código Penal, com prazos distintos. A primeira tem prazos dilatados, calculados sempre a partir do máximo da pena privativa da liberdade cominada ao crime (art. 109, caput), pelo que o acréscimo de um terço para o reincidente tornar-se-ia supérfl uo. A segunda, ao contrário, tem, na prática, prazos bem mais reduzidos, pela mudança do critério de cálculo que passa a ser feito a partir da pena aplicada, em regra inferior ao máximo da pena cominada.

Se alguma ampliação necessitar o prazo prescricional para o reincidente, é óbvio que esse reforço deverá recair sobre a prescrição da ação, já com prazo máximo.

Vejo nesse argumento uma explicação para a opção do legislador brasileiro ao incluir apenas no art. 110, caput, que trata da prescrição da condenação, a previsão de aumento de um terço do prazo prescricional, in verbis:

Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifi ca-se nos prazos fi xados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

Por aí se vê que os prazos que se aumentam (“os quais se aumentam”...) são apenas aqueles relativos à prescrição “depois de transitar em julgado a sentença condenatória”.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 279

A transposição da regra restrita do art. 110, caput, para regular a contagem dos prazos do art. 109, caput, por via meramente interpretativa, implicaria, a meu ver, em aplicação analógica daquela primeira norma, com violação do princípio nulum crimen, nulla poena sine lege stricta, desdobramento necessário do princípio da reserva legal, inscrito no art. 5°, XXXIX, da Constituição, baseado no qual não se permite em nosso Direito Penal a analogia in malam partem. (Cf. Princípios Básicos de Direito Penal, Saraiva, 4ª ed., p. 26).

Acrescente -se que a doutrina brasi leira também não apóia, predominantemente, a tese do recurso. Consultem-se a respeito: Lições de Direito Penal, Heleno Fragoso, Forense, 7ª ed., p. 424; Código Penal Comentado, Renovar, Celso Delmanto, 2ª ed., p. 199; Código Penal Anotado, Damásio de Jesus, Saraiva, p. 265; Tratado de Direito Penal, Saraiva, 3° v., Frederico Marques, p. 407).

Pelo exposto, pedindo vênia ao Ministro-Relator, conheço do recurso mas nego-lhe provimento.

O meu entendimento permanece inalterado, pois sendo a norma do art. 110, CP, desfavorável ao réu, não pode ser estendida sua incidência de forma a atingir a pretensão punitiva, já que o citado artigo de lei disciplina a prescrição da pretensão executória.

Face ao exposto, decidiu corretamente o acórdão ao considerar, no caso, o prazo prescricional de 02 (dois) anos, julgando, por conseguinte, extinta a punibilidade pela prescrição.

Assim, não conheço do recurso pela alínea a, dele conhecendo, no entanto, pela divergência, mas para lhe negar provimento.

É o voto.

VOTO

O Sr. Ministro José Dantas: Senhor Presidente, com a devida vênia do voto de V. Exa., mantenho meu entendimento defendido no precedente louvado agora por V. Exa., cujos fundamentos farei juntada da cópia do respectivo voto (REsp n. 31.285).

De maneira que acolho o recurso do Ministério Público.

ANEXO

RECURSO ESPECIAL N. 31.285-5-PR

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VOTO

O Sr. Ministro José Dantas (Relator): Senhor Presidente, começo por

me penitenciar do equívoco que deveras cometi naquele acórdão ora trazido

à colação. Na realidade, relendo o voto do Sr. Ministro Aldir Passarinho,

ao qual ali me referi, agora vejo que S. Exa., ao ressaltar a falta de qualquer

determinação, na lei, no sentido da exceção pretendida pelo recorrente, aludia

mesmo à proposição da reincidência em razão da condenação anterior à pena

de multa. Penitencio-me, é certo, mas me justifi co por haver buscado a citada

afi rmação no seguinte contexto de aparente referência à prescrição em si mesma:

Estou que é de negar-se o habeas corpus. O paciente é reincidente, pelo que, na conformidade do disposto na parte fi nal do art. 110 do Código Penal, o prazo prescricional fi ca aumentado de um terço, não havendo qualquer determinação, na lei, no sentido da exceção pretendida pelo recorrente. - RTJ 123/986.

De qualquer forma, o equívoco da citação textual não desmerece a assertiva

de que o analisado precedente realmente servia ao dissídio pretoriano então

argüido, inerente à exceção da prescrição retroativa aos efeitos da reincidência. E

de que se tratava exatamente da hipótese, disse-o S. Exa., em conclusão de seu

voto:

Assim, como a condenação foi à pena de 10 meses de reclusão, com o aumento de um terço do prazo prescricional, passou a ser ele de dois anos e oito meses, o qual não foi atingido pelo período compreendido entre o recebimento da denúncia e a sentença condenatória. - Idem, p. 986 (grifos da transcrição).

Acaso se cuidasse da prescrição da pretensão executória, não havia

considerar-se tal lapso retroativo, senão que o lapso contado a partir da sentença

trânsita em julgado.

Igual asseveração se faça no tocante àqueloutro acórdão relatado pelo Sr.

Ministro Néri da Silveira, novamente colacionado no presente caso; de fato,

confi ram-se-lhe desde o relatório ao voto as seguintes explicitações:

(...) impetrou em causa própria ordem de habeas corpus pleiteando a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, ao fundamento de que entre a data do recebimento da denúncia, a 04.05.1983, e a sentença condenatória, proferida em 19.09.1985, decorreu lapso de tempo bastante à concessão do benefício. (relatório).

(...)

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 281

Portanto, no caso, a prescrição prevista no art. 109, VI, do CP, é de dois anos e oito meses, eis que, a teor do art. 110 do mesmo diploma, acresce-se de um terço o prazo, em face da reincidência. (voto - grifos da transcrição) - JBCr 18/147.

Igual colação merece o acórdão no HC n. 67.637-SP, Rel. Min. Sydney

Sanches, a tratar-se também da chamada prescrição retroativa, então considerado

o lapso entre o fato e o recebimento da denúncia, embora transitada em julgado

a sentença (RTJ 132/772-73). Ou este outro da mesma eminente relatoria, de

cujos relatório e voto destaco os seguintes trechos:

(...) 6. Mas o paciente é reincidente e como tal declarado foi no decisum (fl . 08), o que também traz ao tema o caput do artigo 110, do CP, verbis:

Art. 110 - A prescrição, depois de transitar em julgado a sentença condenatória, regula-se pela pena aplicada e verifi ca-se nos prazos fi xados no artigo anterior, os quais se aumentam um terço, se o condenado é reincidente.

7. Ora, se assim dispõe o caput, da norma, seus parágrafos hão de observar sempre a cláusula fi nal de acréscimo.

(...)

VOTO

O Sr. Ministro Sydney Sanches (Relator): 1. Acolho o parecer do Ministério Público Federal.

2. O fato delituoso, segundo a denúncia reproduzida à fl . 05, ocorreu a 18 de março de 1977.

E o recebimento desta se deu a 14 de dezembro de 1987 (fl . 05).

A sentença condenou o réu, ora paciente, a quatro anos de reclusão, por crime de falsidade (art. 298 do C. Penal) (fl . 38).

E como o Ministério Público não apelou (fl. 286 dos autos principais, em apenso), operam as normas dos §§ 1º e 2º do art. 110 do Código Penal, in verbis:

§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação (...), regula-se pela pena aplicada.

§ 2º A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa.

Regulando-se pela pena aplicada, a prescrição, ocorre nos prazos do art. 109, como determina o caput do art. 110.

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Sendo a pena, in concreto, de quatro anos, a prescrição ocorreria, então, em oito anos (art. 109, IV, c.c. o art. 110, caput e §§ 1º e 2º).

Tratando-se de condenado reincidente, como fi cou expresso na sentença (fl . 08), o prazo prescricional é acrescido de 1/3, nos termos, ainda, do caput do art. 110. - RTJ 135/608-609.

Feitas essas observações em resposta à crítica do julgado de minha

relatoria, permaneço convencido da boa razão da cotejada exegese legal, pelo

que me reporto ao voto que então proferi, e do qual farei oportuna juntada por

xerocópia (lê).

É bem verdade que, em nova busca nos arquivos do Supremo Tribunal

Federal, alertada, aliás, por indicação do v. acórdão recorrido, agora deparei

acórdão da Eg. Segunda Turma, relatado pelo Sr. Min. Célio Borja em data mais

recente, e cujo voto condutor é do seguinte teor:

O Sr. Ministro Célio Borja (Relator): A doutrina converge no sentido preconizado na impetração e no parecer do Ministério Público Federal.

DAMÁSIO E. DE JESUS, cuidando da reincidência, com vistas à prescrição da pretensão executória, do artigo 110, CP: “O aumento não se aplica à prescrição da pretensão punitiva (CP art. 109)” (Código Penal Anotado, Edit. Saraiva, 1989, p. 260).

No mesmo sentido, CELSO DELMANTO, em comentário ao artigo 109, CP, no tópico Reincidência: “Não se aplica à prescrição da pretensão punitiva (‘da ação’) o aumento previsto no fi nal do art. 110, caput para o condenado reincidente. Tal acréscimo só incide na hipótese de prescrição da pretensão executória (‘da condenação’) (Cód. Penal Comentado, Ed. Renovar, 1988, p. 109). - HC n. 69.044-1-RJ, em 18.02.1992.

Inobstante essa nova fonte revisionista, si et in quantum permaneço naquele

entendimento, quanto mais que a Eg. Sexta Turma deste Tribunal veio a

endossar o precedente desta Eg. Turma, conforme acórdão unânime, relatado

pelo Sr. Min. Carlos Th ibau, assim ementado:

Pena. Reincidência. Prescrição da pretensão punitiva. Art. 110, caput, do CP. Aplicação.

I. A majoração prevista no art. 110, caput, in fi ne, do Código Penal, tem aplicação tanto na prescrição da pretensão executória (da pena), como na prescrição da pretensão punitiva (da ação).

II. Recurso provido para afastar a prescrição reconhecida e determinar o exame do mérito pelo Tribunal a quo. REsp n. 6.814-PR, 6ª T., em 19.11.1991.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 283

Em suma, continuo na compreensão de que, na chamada “prescrição

retroativa” - cuja característica comum a ambas as hipóteses extintivas é a pena

em concreto -, não há distinguir-se o efeito da reincidência, quer se cuide da

pretensão executória ou da punitiva.

Desse modo, vem ao caso consultar tratar-se de condenação a sete meses

de detenção (art. 129), prescritível, pois, em dois anos, prazo que, por força da

reincidência, acresce-se de um terço (para dois anos e oito meses), considerada

inocorrente a prescrição, dado tratar-se de denúncia recebida a 09.02.1990 e

sentença de 24.03.1992.

Pelo exposto, conheço do recurso e lhe dou provimento, em ordem a que o

Eg. Tribunal a quo julgue o mérito da apelação do réu.

ANEXO

RECURSO ESPECIAL N. 46-PR

VOTO

O Sr. Ministro José Dantas (Relator): Senhores Ministros, indiscutível,

pelo óbvio, a declinatória suprema, a mim parece que a conversão recursal de

que se trata mostra-se aparelhada para julgamento, sem carência formal alguma,

pois que, inobstante a vacatio legis tocante ao processamento do recurso especial,

par analogia plena ao mesmo se devem aplicar as normas processuais atinentes

ao recurso extraordinário, com os suprimentos regimentais recomendados desde

mesmo o Ato Regimental n. 1-STJ.

Por conseguinte, segundo a boa técnica recomendada para o caso de

dissídio jurisprudencial, cumpre iniciar-se a julgamento pela preliminar de

conhecimento do recurso especial, por sinal o primeiro a ser julgado pelo Superior

Tribunal de Justiça.

Nesse mister, sem maior difi culdade, verifi co que a divergência pretoriana

está cabalmente demonstrada. Com efeito, enquanto o v. acórdão recorrida,

ao que se viu, pôs-se em louvar os escólios doutrinários que levam em conta

distinguir-se a prescrição da pretensão executória da que alcança a pretensão

punitiva, e concluiu por dizer inaplicável neste último caso o disposto na

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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parte fi nal do art. 110 do Código Penal, em sentido diametralmente oposto

é a proclamação do acórdão paradigma, proferido em hipótese idêntica, para

afi rmar a incidência do preceito também no caso da prescrição retroativa,

norteada pela pena concretizada. Consulte-se o voto condutor, lavra do Sr. Min.

Néri da Silveira, com esta conclusiva reportação ao parecer da Procuradoria

Geral da República, verbis:

5. O paciente foi condenado a seis meses de detenção, em sentença que o reconhece, expressamente, como reincidente em crime contra o patrimônio (vide sentença fl s. 25-32).

6. Nos termos do art. 110, parte fi nal, do Código Penal, o prazo prescricional, de dois anos (art. 110, c.c. art. 109, VI do CP) será acrescido de um terço em face da reincidência, reconhecida pelo próprio recorrente.

7. Considerando que entre o recebimento da denúncia (causa interruptiva da prescrição) e a prolação de sentença condenatória não transcorreram dois anos e oito meses, mas dois anos, quatro meses e quinze dias, não houve extinção da punibilidade pelo decurso do tempo, porque inalcançando o prazo próprio.

Do exposto, nego provimento ao recurso. (xérox de fl s. 353-354).

Dessa forma, conheço do recurso, a teor da regência hoje estabelecida no art. 105, III, letra c, da Constituição Federal.

No mérito, ao que presumo das referências doutrinárias trazidas aos autos, mormente o invocada tópico do judicioso prelecionamento do Prof. Damásio de Jesus (“Prescrição Penal”, Saraiva, 1987, p. 139), a construção sufragada pelo v. decisório recorrido parte do pressuposto de que, valorizada como agravante, a reincidência previamente infl ui na dosimetria da pena aplicada, a qual, por sua vez, referencia o prazo prescricional retroativo a considerar: cuidar-se-ia, assim, de uma inconcebível duplicidade valorativa da reincidência, com função exasperante.

O argumento, salvo equívoco dessa dissecação analítica, se bem que reverencie, em parte, antiguíssima posição doutoral: de menosprezo à relevância penal da reincidência, na verdade, d.m.v., mostra-se discutível em face do texto examinado, cuja literalidade parece conjugar-se pelo brocardo da interpretatio cessat

in clarins. Quando nada, é o que se colhe da colecionada orientação do Pretório Excelso sobre a pretendida distinção, ao proclamar, singelamente, não haver, na

lei, qualquer determinação no sentido da exceção pretendida (RHC n. 65.332-SP, 2ª T., Rel. Min. Aldir Passarinho, in RTJ 123/984). E mais, com igual ênfase tem-se

pronunciado o Supremo quanto ao similar dispositivo (art. 115) de redução desse

prazo, mesmo que retroativa a prescrição, quando menor de 21 anos o delinqüente (HC n. 67.362-7-PR, Rel. Min. Francisco Rezek, in DJ de 16.06.1989).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 245-286, março 2011 285

Por outro lado, avaliado o tema sob o aspecto teleológico, convenha-se na razão-maior da agravação dos efeitos jurídicos da reincidência, regra que vem da antiguidade e que ainda hoje se inspira fi nalisticamente na incontestável

revelação de maior culpabilidade, à qual deve corresponder maior rigor da

reprovação social, em presunção, ademais, da incorrigibilidade do agente,

avaliação esta que interessa de perto ao moderno conceito da pena e seus

institutos correlatos.

Registre-se, afi nal, no particular das analisadas conseqüências jurídicas,

que nas sucessivas reformas penais e processuais penais de 1965, 1967, 1977 e de

1984 (Leis n. 4.898, n. 5.349, n. 6.416 e n. 7.209), inobstante o abrandamento

da reincidência e suas infl uências prejudiciais estabelecidas pelo Código Penal

de 1940 - a exemplo da perpetuidade dos efeitos, da conversibilidade da multa

em detenção ainda que insolvente o réu, e da força majorante da pena quando

específi ca a reincidência; ou a exemplo das antigas taxações do Cod. de Proc.

Penal - a prisão preventiva obrigatória e a inafi ançabilidade rigorosa; ainda

assim, a mais não chegou essa mitigação, nunca ao ponto de abolir o discutido

acréscimo do prazo prescricional, quer se trate da pretensão executória, quer da

punitiva, propriamente dita.

Em suma, até mesmo por força de suas bases ontológicas, a regra onerosa

do prazo extintivo da punibilidade vem resistindo à atenuação da recidiva coma

circunstância infl uente na aplicação da pena e sua execução. A primitiva letra

do art. 110, caput, do velho Código subsistiu imune às sucessivas modifi cações

dos parágrafos que lhe foram acrescidos, tal qual também inalterada se mantém

a sua exegese, no pormenor da desejada exceção, segundo se viu da cotejada

jurisprudência-suprema.

Pelo exposto, conheço do recurso e lhe dou total provimento.

VOTO-VISTA

O Sr Ministro Cid Flaquer Scartezzini: Sr. Presidente, entendeu o v.

acórdão recorrido que:

O aumento da pena previsto no art. 110, caput, do CP, refere-se à prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória, isto é, à prescrição da pretensão executória, não havendo qualquer referência à prescrição retroativa, que se opera após o trânsito em julgado da condenação para a acusação, conforme previsão do parágrafo primeiro deste artigo (fl s. 154).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

286

O recurso ministerial sustenta que o acréscimo previsto no art. 110, caput,

in fi ne, CP, aplica-se tanto à prescrição da pretensão punitiva como à prescrição

da pretensão executória (fl s. 157-167).

O eminente Ministro Edson Vidigal, relator, na linha da jurisprudência

da Turma, ainda que por maioria (restando vencido o Ministro José Dantas),

improveu o recurso.

Feito este breve relato, passo ao exame do mérito.

Embora a matéria não se mostre pacífi ca, permaneço convencido de que

o acréscimo em um terço no prazo prescricional por forca da reincidência (art.

110, caput, in fi ne, CP), aplica-se exclusivamente à prescrição da pretensão

executória e não da prescrição retroativa.

Com efeito, diz o artigo retro mencionado, verbis:

Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifi ca-se nos prazos fi xados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

Depreende-se, daí, que, nestes casos, a condenação já se tornou defi nitiva

tanto para a acusação como para a defesa.

Na hipótese dos autos, ainda que comprovada a reincidência do réu, não

se aplica o aumento do prazo prescricional, de vez que a sentença condenatória

transitou em julgado apenas para a acusação. (grifei).

Verifi ca-se, portanto, que o art. 110, caput, in fi ne, CP, não autoriza o

acréscimo de tempo no lapso prescricional retroativo (§§ 1º e 2º), como in

casu, só incidindo na hipótese de prescrição depois de transitar em julgado à

condenação.

Com estas considerações, acompanho o eminente Ministro Edson Vidigal,

negando provimento ao recurso.

É como voto.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro José Arnaldo: - Acompanho o voto do Sr. Ministro-Relator.

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Súmula n. 221

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SÚMULA N. 221

São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de

publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do

veículo de divulgação.

Referências:

CC/1916, art. 159.

Lei de Imprensa, art. 49, § 2º.

Precedentes:

EREsp 154.837-RJ (2ª S, 09.09.1998 – DJ 16.11.1998)

REsp 14.321-RS (3ª T, 05.11.1991 – DJ 02.12.1991)

REsp 122.128-RJ (3ª T, 10.03.1998 – DJ 31.08.1998)

REsp 184.232-SP (3ª T, 05.11.1998 – DJ 22.02.1999)

Segunda Seção, em 12.05.1999

DJ 26.05.1999, p. 68

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EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL N. 154.837-RJ (98.0026122-2)

Relator: Ministro Cesar Asfor Rocha

Embargante: Renato Luiz Campos de Aroeira

Embargado: Nilo Batista

Interessado: Jornal do Brasil S/A

Advogados: Rogério Ribeiro Domingues

André de Souza Martins e outros

Márcio Vieira Souto Costa Ferreira e outro

Sustentação oral: Gustavo Martins de Almeida, pelo embargante

EMENTA

Civil e Processual Civil. Ofensa à honra. Matéria veiculada em

jornal. Legitimidade passiva do jornalista.

O jornalista responsável pela veiculação de notícia ou charge em

jornal, de que decorreu a ação indenizatória de dano moral promovida

pelo que se julga ofendido em sua honra, tem legitimidade para fi gurar

no seu polo passivo.

Divergência superada.

Embargos de divergência não conhecidos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da

Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer dos embargos.

Votaram com o Relator os Srs. Ministros Ruy Rosado de Aguiar, Carlos Alberto

Menezes Direito, Romildo Bueno de Souza, Nilson Naves e Eduardo Ribeiro.

Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Costa Leite, Waldemar Zveiter e

Sálvio de Figueiredo Teixeira.

Brasília (DF), 09 de setembro de 1998 (data do julgamento).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Ministro Barros Monteiro, Presidente

Ministro Cesar Asfor Rocha, Relator

DJ 16.11.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha: - Embargos de divergência interpostos

contra acórdão da egrégia Terceira Turma desta Corte, relatado pelo eminente

Ministro Eduardo Ribeiro, assim sumariado no ponto que aqui interessa:

Jornalista. Charge de caráter ofensivo.

Poderá o ofendido demandar indenização por dano moral, diretamente do autor do desenho. (fl . 281)

O embargante afi rma ter o v. aresto divergido do entendimento da egrégia Quarta Turma, no julgamento dos Recursos Especiais n. 11.884 (relatado pelo em. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira), n. 53.483 e n. 74.513 (da relatoria do eminente Ministro Barros Monteiro), nos quais se teria decidido, em hipóteses semelhantes, pela legitimidade passiva apenas da pessoa natural ou jurídica que explora o meio de informação ou divulgação, a quem se facultaria a ação regressiva contra o autor do escrito.

Demonstrada a divergência, admiti os embargos, abrindo vista à parte contrária que apresentou a impugnação de fl s. 354-360, juntamente com cópias de julgados desta Corte (fl s. 361-409), que endossariam a tese do acórdão embargado.

Os autos retomaram ao meu gabinete no dia 24 de agosto de 1998, sendo indicados para pauta no dia 28 do mesmo mês e ano.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha (Relator): - A questão objeto da

divergência adstringe-se única e exclusivamente em que se defi na se o jornalista

autor da charge de caráter ofensivo à honra do embargado, tem ou não

legitimidade para fi gurar no polo passivo da ação ordinária para reparação de

dano moral por este intentada.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 293

Nesta fase, já não se discute mais nada no condizente com a autoria e com

a existência da ofensa, estando o debate, pois, limitado à questão processual da

legitimidade passiva.

Esta egrégia Segunda Seção já apreciou semelhante controvérsia quando

do julgamento do Recurso Especial n. 158.717-SP, de que fui relator, tendo

prevalecido, por maioria de votos, a tese, também por mim defendida, da

legitimidade do jornalista responsável pela veiculação da notícia, nos mesmos

termos da conclusão a que chegou o v. acórdão ora embargado.

Reproduzo, portanto, os fundamentos por mim lançados naquela

oportunidade:

A jurisprudência da 4ª Turma consolidou-se em sentido contrário ao da r. decisão recorrida, vale dizer, que a ação civil em casos tais deve sempre ser promovida contra a pessoa natural ou jurídica que explora o meio de informação ou divulgação, imposição que se justifi caria, dentre outras razões pelas expostas pelo eminente Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, no judicioso voto proferido no REsp n. 11.884-0-SP, de onde extraio os seguintes excertos:

a) freqüentemente o autor do escrito, transmissão ou notícia, ou o responsável por sua divulgação, não possui situação patrimonial que permita o ressarcimento integral dos danos experimentados pela pessoa ofendida em sua reputação;

b) a pessoa que explora o meio de informação e divulgação, a par de ter o dever de avaliar o que publica, é que dispõe de maior facilidade para produzir prova acerca, por exemplo, de quem foi o autor do escrito, notícia ou transmissão, de quem foi o responsável pela divulgação, da autenticidade das declarações nesses casos de entrevista, enfi m, se houve e a quem incumbe atribuir responsabilidade pessoal pela reparação pretendida.

A respeito da sistemática dissociativa adotada na Lei de Imprensa, leciona Darcy Arruda Miranda:

O Capitulo V da presente lei trata, exclusivamente, da responsabilidade penal, cuidando da civil no Capítulo VI.

No que tange aos responsáveis pelos abusos ou crimes cometidos através da imprensa e das emissoras de radiodifusão, o legislador de 1967 preferiu seguir a tradição, estabelecendo a escala sucessiva, a partir do autor (“Comentários à Lei de Imprensa”, vol. II, RT, n. 598, p. 674).

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E especifi camente sobre a responsabilidade civil:

Se a violação de direito ou o prejuízo ocorreu por qualquer das formas previstas nesta lei (jornal, periódico, serviço de radiodifusão e agência noticiosa), quem responde pela reparação do dano (por cochilo da revisão, a publicação oficial consignou a expressão “repartição do dano”, ao invés de reparação) é a pessoa física ou jurídica que explore o meio de publicação ou divulgação (art. 50). Contra ela é que se moverá a ação civil (ob. cit. n. 702, p. 797).

(...)

Na forma do art. 49, § 2º, in fi ne, quem responde civilmente pela reparação do dano (moral ou material) é a empresa, pessoa natural ou jurídica, que explora o meio de informação ou divulgação, através do qual o fato foi divulgado. Entretanto, ressarcindo o prejuízo causado, a empresa fi ca com direito a uma ação regressiva contra o autor do escrito, transmissão ou noticia, ou do responsável por divulgação, para haver a quantia que foi obrigada a desembolsar, com a limitação prevista no art. 52 (ob. cit, n. 704, p. 800).

Assim, a ação indenizatória deve ser ajuizada contra a “pessoa natural ou jurídica que explora o meio de informação ou divulgação” que, se o caso, poderá exercer pretensão regressiva contra o autor do escrito, transmissão ou notícia, ou contra o responsável por sua divulgação. Neste sentido, inclusive, já decidiu a Terceira Turma desta Corte, quando do julgamento do REsp n. 2.327-RS, em que se apreciou caso similar ao vertente, também relativo à legitimidade passiva de entrevistado para a ação indenizatória. O acórdão restou assim ementado:

Ação por danos morais. Lei de Imprensa. Legitimação passiva.

A empresa que explora periódico, radioemissora ou agência noticiosa figura no pólo passivo da ação indenizatória por danos morais, toda vez que por qualquer desses veículos tenha sido divulgada a matéria causadora do dano (Lei n. 5.250/1967, art. 49, § 2º).

Recurso conhecido e provido. (in DJU de 1°.08.1994).

No mesmo sentido, os REsps n. 2.327-RS, relator eminente Ministro Gueiros Leite, n. 53.483-6-SP e n. 74.513-RJ relatados pelo eminente Ministro Barros Monteiro, e n. 87.916-RJ, da relatoria do eminente Ministro Ruy Rosado de Aguiar, além do aresto publicado na RTJ vol. 123, p. 781, relator eminente Ministro Carlos Madeira.

Devo consignar, com o devido respeito, que embora reconhecendo a excelência das razões acima reproduzidas e exaltando a elevada autoridade dos

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 295

seus eminentes defensores, nunca me dei por convencido da conclusão a que elas conduziam, conforme, aliás, tive oportunidade de proclamar no voto-vista proferido no REsp n. 74.513-RJ.

No entanto, como aquela era a posição já adotada pela Quarta Turma quando passei a integrá-la, resolvi acatá-la, com um natural desconforto, por não ter nenhum entusiasmo pelo rumo até então tomado, por isso mesmo que sempre ressalvando o meu pessoal ponto de vista, como se deu no REsp n. 141.638-RJ (julgado em 25.11.1997).

Agora, contudo, animado pelo que decidiu a Terceira Turma no REsp n. 61.922-RS, que prestigia o meu entendimento, trago o assunto para ser defi nido de vez por esta Segunda Seção, órgão competente deste Tribunal para pacifi car a jurisprudência, no ponto de que se cogita.

Assim, de logo devo consignar que a ação pode ser proposta, a juízo do ofendido, contra a empresa que explora o meio de comunicação, contra o autor do escrito, ou contra os dois.

Com o devido respeito, não me convence o fundamento de que “frequentemente o autor do escrito, transmissão ou notícia, ou o responsável por sua divulgação, não possui situação patrimonial que permita o ressarcimento integral dos danos experimentados pela pessoa ofendida em sua reputação”.

É que se a empresa que explora o meio de informação não desfrutar de saudável situação patrimonial - o que não é tão incomum, sobretudo nas cidades de menor porte - será frustrado o intento do ofendido de obter a reparação. Ademais, algumas vezes o autor do escrito se encontra em condição de ele mesmo responder pela condenação. Além disso, se o objetivo ressarcitório, pelo aspecto pecuniário, não for alcançado, o único prejudicado será o próprio ofendido. Com efeito, não se pode afastar o autor da ofensa de responder pela ação proposta pelo ofendido, sob o argumento de que com isso, o direito deste fi cará melhor resguardado, se próprio ofendido dispensar esse alegado privilégio.

Igualmente não me impressiona, data venia, o argumento segundo o qual “a pessoa que explora o meio de informação e divulgação, a par de ter o dever de avaliar o que publica, é que dispõe de maior facilidade para produzir prova acerca, por exemplo, de quem foi o autor do escrito, notícia ou transmissão, de quem foi o responsável pela divulgação, da autenticidade das declarações nesses casos de entrevista, enfi m, se houve e a quem incumbe atribuir responsabilidade pessoal pela reparação pretendida”.

Ora, se a ação é proposta contra o próprio autor do escrito, ninguém melhor do que ele poderá infirmar o alegado pelo autor; ninguém mais do que ele envidará esforços para defender-se das acusações que lhe são assacadas.

Ademais, ainda que assim não fosse, nenhum prejuízo haveria, para ninguém, se ficasse ao alvedrio do ofendido escolher contra quem a ação deveria ser

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aforada: se contra o autor da informação, se contra a empresa que explora o meio de informação, ou se contra os dois. Ele - ofendido - mais do que ninguém saberá discernir sobre quem devera chamar para responder pela reparação que reclama.

De mais a mais, tenho por pertinente anotar que muitas vezes o ofendido prefere investir contra o próprio autor da ofensa, seja porque o conforto íntimo da reparação moral se dá com maior intensidade quando esta recair contra o próprio ofensor, seja também pelo receio de despertar a ira da empresa proprietária do veículo, cujo poder é na grande maioria das vezes reconhecidamente maior que o do próprio autor da ofensa, por mais conceituado que este seja.

Além de tudo isso, admitir que o autor da ofensa somente seja chamado a juízo regressivamente pela empresa de comunicação, além de dificultar o andamento do feito, por trazer também ao processo aquele a quem se impõe a culpa, implicaria, quando nada, na duplicação das contendas: uma, do ofendido contra a empresa; outra, da empresa contra o ofensor.

Essas são, a meu sentir, as conclusões que podem ser extraídas das regras contidas na Lei n. 5.240/1967, a que se ajusta a espécie.

Pontifica o seu art. 49 que “aquele que no exercício da liberdade de manifestação de pensamento e de informação, com dolo ou culpa, viola direito, ou causa prejuízo a outrem, fi ca obrigado a reparar” os danos morais e materiais, nos casos que indica.

Com efeito, em linha de princípio, quem deve reparar os danos é, nos termos da lei, “aquele que no exercício da liberdade de manifestação de pensamento e de informação, com dolo ou culpa, viola direito, ou causa prejuízo a outrem”.

Assim, resulta evidente que a ofensa será respondida por quem a comete.

É certo que o § 2º de mencionado dispositivo indica que “se a violação de direito ou o prejuízo ocorre mediante publicação ou transmissão em jornal, periódico, ou serviço de radiofusão, ou de agência noticiosa, responde pela reparação do dano a pessoa natural ou jurídica que explora o meio de informação ou divulgação”, tendo esta ação regressiva contra o autor do escrito (art. 50).

Ora, quando a lei impõe a responsabilidade da pessoa natural ou jurídica que explora o meio de comunicação, ela está apenas conferindo mais garantia para o ofendido, tanto sob o aspecto material, por ser mais uma entidade a responder pelos prejuízos eventualmente causados, quanto também para possibilitar a descoberta da verdadeira origem da notícia divulgada, além, naturalmente, de servir de estímulo para a empresa exercitar com maior denodo o dever de avaliar o que publica.

Com efeito, por qualquer ângulo que se queira examinar a questão posta não tenho como correto, data venia, extrair do reportado § 2º do art. 49, que traz, em essência, uma proteção a mais para o ofendido, uma ilação que resulte em seu desfavor e ainda mais para trazer benefício ao próprio ofensor que é, sempre,

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 297

ainda que em última análise, a pessoa que deve responder pelos danos causados, mesmo para aqueles que entendem que a ação deve ser proposta apenas contra a empresa de comunicação.

A divergência, portanto, está superada.

Nos termos do Verbete n. 168 da Súmula desta Corte:

Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se fi rmou no mesmo sentido do acórdão embargado.

Diante de tais pressupostos, não conheço dos embargos.

RECURSO ESPECIAL N. 14.321-RS (91.182079)

Relator: Ministro Dias Trindade

Recorrentes: Renato Klein e outro

Recorrido: Sejalmo Sebastião de Paula Nery

Advogados: Roque Joaquim Volkeiss e outros; Júlio Cezar Coitinho

e outro

EMENTA

Civil. Ofensa pela imprensa. Danos. Responsabilidade civil.

Liquidação.

1. São civilmente responsáveis por danos morais e materiais

em caso de ofensa pela imprensa, tanto o autor do escrito, quanto o

proprietário do jornal que o veicula.

2. Nos casos do art. 49 da Lei n. 5.250/1967, admite-se a

liquidação do dano moral por aplicação analógica do § único do art.

1.547 do Código Civil.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas:

Decide a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,

não conhecer do recurso especial, na forma do relatório e notas taquigráfi cas

constantes dos autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 05 de novembro de 1991 (data do julgamento)

Ministro Nilson Naves, Presidente

Ministro Dias Trindade, Relator

DJ 02.12.1991

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Dias Trindade: Com fundamento no art. 105, III, a da

Constituição Federal recorrem Renato Klein e outro de acórdão proferido pela

Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que negou

provimento a apelação interposta pelos ora recorrentes em ação de indenização

por injúria e ofensa proposta por Sejalmo Sebastião de Paula Nery.

Sustentam os recorrentes violação do acórdão aos arts. 264, 294, 460, 515 e

20 parágrafo único 3º do Código de Processo Civil, art. 1.525 do Código Civil e

arts. 57 e 51 da Lei n. 5.250/1967.

Recebido e processado o recurso vieram os autos a este Tribunal.

É como relato.

VOTO

O Sr. Ministro Dias Trindade (Relator): Em virtude de ofensa à sua honra,

irrogada por publicação em órgão da imprensa, o autor desta ação, ora recorrido,

pretende indenização que cubra os danos morais e materiais sofridos.

Obteve êxito nas instâncias ordinárias e do acórdão que confi rmou a

sentença é interposto este recurso, com fundamento em contrariedade e negativa

de vigência de leis federais, cujos dispositivos estão mencionados no relatório e

que passo a examinar:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 299

A primeira questão diz com a legitimidade passiva da proprietária do jornal em que veiculada a matéria causadora dos danos, por isso que, segundo argumentam os recorrentes, não seria a mesma parte na demanda, dirigida apenas contra o autor do escrito e o próprio jornal, que não tem personalidade jurídica própria.

Ora, ingressando no feito, para contestá-lo, na qualidade de proprietária do mencionado periódico, a ora recorrente não substitui o dito órgão, antes assume a verdadeira posição na lide, até porque, ainda tivesse o jornal personalidade júridica própria, nem assim se eximiria a sua proprietária de responder pelos danos causados, segundo expressa determinação do art. 49 § 2º da Lei n. 5.250, de 09 de fevereiro de 1967 - Lei de Imprensa, que consagra a doutrina da desconsideração da pessoa jurídica, no tocante à responsabilidade civil, por danos causados pela imprensa.

Não há, por conseguinte, como dizer que tenha o acórdão contrariado o art. 264 do Código de Processo Civil, que cuida da imutabilidade das partes na relação processual.

Por seu turno, não restou contrariado o art. 294, porquanto não se inovou quanto ao pedido.

O acórdão faz, efetivamente, alusão a uma outra publicação, anterior à que determinou a condenação, que conteria título agressivo, mas não teve dita referência como fundamento do que decidiu, assentado que está no que foi publicado na edição sob n. 294 do jornal, publicação essa na qual se reconheceram os danos materiais e morais a indenizar.

Não há, deste modo, por que dizer contrariados os arts. 460 e 515 do Código de Processo Civil, posto que o acórdão se limitou ao quanto devolvido na apelação.

Dizem os recorrentes, ainda, que houve negativa de vigência ao art. 1.525 do Código Civil, porquanto foram absolvidos na esfera criminal, por não constituir a publicação os delitos capitulados na denúncia.

Ora, é de dizer que o art. 1.525 mencionado somente veda o reexame na instância civil quando, no crime, se tenha negado a existência do fato e de quem seja o seu autor, o que aqui não ocorre, porquanto apenas se disse que o fato existente não constitui crime, o que não signifi ca que não cause danos, apuráveis

na instância civil, independente.

Além disto, é de ressaltar que a extinção da ação penal diz respeito a ofensa

decorrentes do que se publicou na edição de n. 288, do jornal e não na de n. 294,

que é objeto da presente ação.

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Afi rmam, também, os recorrentes que o acórdão teria contrariado o art. 51

da Lei n. 5.250/1967, ao se socorrer do art. 1.547 do Código Civil, que tem por

derrogado, no particular, pela total disciplina que lhe dá o mencionado art. 51 da

Lei de Imprensa.

É de dizer, contudo, que a espécie não se subordina à responsabilidade

prevista no art. 51, aludido, que diz com aquela decorrente da concorrência de

jornalista profi ssional para o dano, por imprudência, imperícia ou negligência,

mas, ao contrário, repousa no art. 49, de maior amplitude, de sorte que bem

podia ser aplicada a regra de liquidação da obrigação indenizatória, consignada

no art. 1.547 do Código Civil. Ocorre, no entanto, que o parágrafo único do

mencionado dispositivo se refere a danos materiais, a supor a sua não atinência

quanto à liquidação de dano moral. Contudo, evidenciado que a incidência dessa

regra, na espécie, representa evidente minoração da obrigação indenizatória,

afastá-la importaria em verdadeira decisão in pejus, para sujeitar os executados a

arbitramento na liquidação que, por certo, agravaria a situação dos recorrentes.

E nada impede que se aplique, analogicamente, tal regramento para a liquidação

do valor do dano moral, como o fez a sentença: (ler fl s. 295):

E o recurso, nesta parte, irroga contrariedade ao art. 51 da Lei de Imprensa,

que nenhuma aplicação tem à espécie, como acima tenho que fi cou demonstrado.

É de dizer que o recurso especial, como se vê do despacho de delibação,

foi admitido apenas em função de possível violação desse dispositivo da lei

especial, por entender que o mesmo previa indenização inferior à que foi

deferida.

Por último, a violação ao art. 20 § 3º, é posta em função da condenação a

indenizar danos materiais, resultantes da contratação de advogado, para a defesa

dos interesses do ofendido, seja na esfera penal, seja na civil reparatória, bem

assim porque, em relação à parcela em que decaiu o autor, os honorários tenham

sido fi xados em quantia certa, quando deveria recair em percentual sobre a

sucumbência.

Estou que os recorrentes não estão com a razão, porquanto os honorários

contratados estão postos como integrando a causa de pedir e o pedido.

É de dizer que, no que tange à parte da verba honorária para o trato desta

ação, a sentença, destacando-a, deixou de fazer incidir outro valor sucumbencial,

evitando a sua acumulação, por indevida.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 301

E, quanto à sucumbência do autor da ação, em parte, não há contrariedade

ao mencionado art. 20 § 3º , porquanto estabelecidos os honorários em quantia

certa, com apoio no § 4º, expressamente invocado.

Isto posto, voto no sentido de não conhecer do recurso.

RECURSO ESPECIAL N. 122.128-RJ (97.0015587-0)

Relator: Ministro Eduardo Ribeiro

Recorrente: Maria Aparecida Campos Straus

Recorrido: Newton Paulo Azeredo da Silveira

Advogados: Marcelo de Moura Souza e outros

Antônio Sebastião de Lima e outro

EMENTA

Ofensas cometidas pela imprensa. Interpretação dos artigos 12,

49 e 50 da Lei n. 5.250/1967.

Possibilidade de o ofendido obter reparação de quem fez as

declarações ao jornal ou concedeu a entrevista, não estando adstrito a

buscá-la exclusivamente junto a quem as divulgou.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da

Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso especial

e, por maioria, vencido o Sr. Ministro Nilson Naves, negar-lhe provimento.

Impedido o Sr. Ministro Waldemar Zveiter.

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Eduardo Ribeiro, Menezes

Direito e Costa Leite.

Brasília (DF), 10 de março de 1998 (data do julgamento).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

302

Ministro Costa Leite, Presidente

Ministro Eduardo Ribeiro, Relator

DJ 31.08.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro: - O Segundo Grupo de Câmaras Cíveis

do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, julgando embargos infringentes

manifestados por Newton Paulo Azeredo da Silveira, autor na ação de

responsabilidade civil em que fi gura como ré Maria Aparecida Campos Straus,

proferiu decisão assim ementada:

Dano moral. Ofensa à honra de magistrado através da imprensa jornalística. Interpretação restritiva do art. 49, § 2º da Lei n. 5.250/1967. Sentença e acórdão, este, por maioria, extinguindo o processo por ilegitimidade ad causam passiva. A responsabilidade objetiva ou virtual da empresa jornalística, prevista no art. 49, § 2º da Lei n. 5.250/1967, não exclui a solidariedade do ofensor, o que está pressuposto no direito de regresso do art. 50. Provimento do recurso.

No especial a vencida sustentou contrariedade ao artigo 49, § 2º da Lei n.

5.250/1967 e dissídio com julgados que arrolou. Insiste em que responsável o

órgão da imprensa que divulgou as declarações.

Recurso admitido e processado.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro (Relator): - Em pelo menos duas

oportunidades tive ocasião de examinar o tema relativo à possibilidade de

ofendido por publicação feita na imprensa demandar reparação diretamente

do jornalista que haja praticado a ação que se increpa de conter ofensa à honra.

Reproduzo o voto que proferi no julgamento do REsp n. 61.922:

A questão submetida a julgamento diz com a possibilidade de ser diretamente responsabilizado, em ação civil, o jornalista autor do ato que se pretende violador de direito. O acórdão recorrido, proferido em embargos infringentes, concluiu

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 303

pela afirmativa. O eminente relator do especial considerou que a causa foi corretamente julgada, havendo invocado o disposto no inciso X do artigo 50 da Constituição.

Esta Terceira Turma, apreciando o REsp n. 2.327, de que relator o Ministro Gueiros Leite (RSTJ 13/362), decidiu de modo diverso. Entendeu-se que sujeito passivo do direito à indenização seria a empresa jornalística, a essa assistindo direito de regresso contra o autor da violação.

A egrégia Quarta Turma orientou-se no mesmo sentido ao julgar os Recursos Especiais n. 11.884 (rel. Sálvio de Figueiredo, DJ 1º.08.1994) e n. 53.483 (rel. Barros Monteiro, DJ 22.05.1995).

Colaborei com meu voto para que se tomasse decisão acima mencionada, relativa ao REsp n. 2.327, notadamente tendo em conta precedente unânime do Supremo Tribunal Federal. Confesso, entretanto, que a solução nunca me pareceu inteiramente satisfatória e o tema me incomodava. Voltando a examiná-lo e estimulado pela excelência do debate, tanto quando decididos os embargos, quanto a apelação, assim como pelo voto do eminente Relator, considerei que a matéria merecia ser revista.

Em dois dispositivos, a Lei n. 5.250/1967 afi rma o mesmo princípio constante do artigo 159 do Código Civil, refl etindo norma geral, acolhida nos ordenamentos jurídicos dos países civilizados. Assim é que, no artigo 12, dispõe responder pelos prejuízos causados aqueles que, valendo-se dos meios de informação e divulgação, praticarem abusos. No artigo 49, reitera-se a regra, prevendo, de modo genérico, que fi ca obrigado a reparar danos morais e materiais “aquele que, no exercício da liberdade de manifestação de pensamento e de informação, com dolo ou culpa, viola direito, ou causa prejuízo a outrem”.

Surge a difi culdade em virtude do disposto no § 2° desse último artigo. De seu conteúdo retira a corrente limitadora a conclusão de que se pretendeu restringir a responsabilidade, pela reparação do dano, apenas a quem explore o meio de informação ou divulgação, quando a violação do direito ou o prejuízo decorrer de publicação ou transmissão em jornal, periódico, ou de serviço de radiodifusão ou de agência noticiosa. Perante aquele que foi atingido seria responsável a empresa e não o jornalista que, utilizando-se dos meios por ela propiciados, houvesse praticado o ato causador dos danos. Em relação a ele teria a empresa direito regressivo, previsto no artigo 50. Esse entendimento seria ainda reforçado pela leitura do constante do § 3° do mesmo artigo 49. Tratando-se de impresso não periódico, haveria responsabilidade do autor do escrito, se nele indicado, ou de quem explore a ofi cina impressora, caso falte essa indicação.

Os textos, cumpre reconhecer, dão lugar a mais de uma interpretação, perfeitamente justifi cável o dissídio existente. Convenci-me do acerto da tese consagrada pelo acórdão recorrido.

Cumpre considerar que o entendimento contrário importa abrir notável exceção à regra, geralmente aceita, de que a violação do direito, dolosa ou

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culposa, faz surgir, para o responsável por essa, o dever jurídico de reparar o dano. Claro está que a legislação poderá contemplar tal exceção, se o contrário não resultar de disposição constitucional. Entretanto, a própria excepcionalidade da situação está a recomendar que se encare com grandes reservas a interpretação a isso conducente.

Procura-se, é certo, justificar tal conclusão, com o argumento de que as empresas responsáveis terão mais facilmente condições de arcar com as reparações do que os jornalistas que muitas vezes percebem modesta remuneração. A assertiva não me parece aceitável. Se a motivação da regra se acha na conveniência de quem busca o ressarcimento, o razoável seria deixar a ele mesmo a escolha. Estabelecer, sim, a responsabilidade da empresa, mas sem prejuízo da que couber ao autor direto do dano. Não se favorece a reparação, limitando os responsáveis. Ademais, como assinalado no julgamento recorrido, aquela diferenciação econômica nem sempre corresponde à realidade, quando se trate de pequenos jornais interioranos.

Vale notar que, dando-se o caso de ser a empresa insolvente, fi cará o dano sem reparação, livre seu autor de qualquer responsabilidade, que só surgiria com o pagamento feito por aquela, ensejando o direito de regresso. Tal resultado difi cilmente se acomoda ao que se tem como assente em tema de responsabilidade civil.

Igualmente não se me afi gura deva-se agasalhar o fundamento de que se justifi ca a responsabilidade da empresa porque lhe cumpre exercer fi scalização quanto aos que se utilizam dos meios por ela propiciados, cabendo-lhe, também, selecionar criteriosamente seus colaboradores. Essa razão pode servir de base para que se tenha a empresa como responsável; jamais para fazê-la a única. Nem lhe é praticamente possível exercer censura que evite todos os abusos.

Vale aqui uma observação. Guarda alguma similitude com a hipótese a disposição, que vem sendo repetida nos textos constitucionais, pertinente à responsabilidade civil do Estado. Embora com algumas respeitáveis exceções, como a representada por Hely Lopes Meirelles, a doutrina tem-se orientado no sentido de que, considerando tenha o funcionário agido com dolo ou culpa, poderá quem sofreu o dano desde logo responsabilizá-lo. E nesse sentido a jurisprudência atual. Consultem-se, do Supremo Tribunal Federal, os julgamentos relativos aos Recursos Extraordinários n. 77.169, rel. Antonio Neder, RTJ 92/144, n. 90.071, relator Cunha Peixoto, RTJ 96/240 e n. 99.214, relator Moreira Alves, RTJ 106/1.185. Deste Tribunal, o REsp n. 34.930, relator Milton Pereira.

Sendo a interpretação que sustenta a impossibilidade de ação direta contra o jornalista algo que não se coaduna com o ordenamento jurídico em que inserida a Lei de Imprensa, só haverá de ser adotada caso outra não permitam os textos. E tenho que isso não se verifi ca.

O caput do artigo 49 estabeleceu a responsabilidade de quantos, agindo com dolo ou culpa, violem direito, nas circunstâncias ali expostas. A norma do § 2º

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 305

cuida da responsabilidade objetiva da empresa. Não se exigirá a demonstração de que concorreu com culpa, lato sensu, para o resultado. E isso importava porque não bastaria a regra de que a culpa do preposto faz presumir a do preponente. Em jornais publicam-se também trabalhos de pessoas que não têm com a empresa qualquer vínculo, difi cilmente se podendo falar em preposição. Assim se entendendo a disposição, não constituirá uma restrição ao que amplamente se estabeleceu no caput. Trata-se de ampliar a responsabilidade da empresa e não de restringir a do que praticou o ato ofensivo.

Em relação ao § 3º, há de entender-se como significando cingir-se a responsabilidade da empresa que explore a ofi cina impressora à hipótese de não constar do escrito o nome de seu autor. Cuidando-se de periódico, será ampla a responsabilidade da empresa. Não sendo esse o caso, só existirá havendo o anonimato.

Considero, em resumo, que não se há de eleger entendimento que se choca com os princípios consagrados em tema de responsabilidade civil se outro permite a lei, como, a meu sentir, permite.

O caso não é idêntico, mas guarda com aquele outro sufi ciente similitude.

Aqui não se trata de jornalista, mas de pessoa que fez declarações reproduzidas

no jornal. A conclusão não poderá ser diversa. Com maior razão, aliás. Não se

pode impedir o lesado de procurar reparação daquele que praticou a ofensa,

concedendo a entrevista ou fazendo as declarações, devendo dirigir-se apenas

contra quem se limitou a divulgá-las.

Conheço, em virtude do dissídio, mas nego provimento.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito: Senhor Presidente, já

tenho posição fi rmada nessa matéria. Quando do Recurso Especial n. 61.922-

RS, de que fui Relator, entendi do mesmo modo que o Senhor Ministro Eduardo

Ribeiro: “É absolutamente impossível afastar-se a legitimação passiva do autor

da ofensa”. Tenho assinalado, ademais, que, com o advento da Constituição de

1988, essa interpretação fi ca ainda mais reforçada, no sentido de autorizar-se

a responsabilização daquele que efetivamente praticou a ofensa por meio de

veículo de comunicação social.

Há antigo precedente desta Turma, Relator o Senhor Ministro Dias

Trindade, Recurso Especial n. 14.321-RS, julgado em novembro de 1991. Nesse

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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precedente, a Turma discrepou de entendimento então consolidado que impedia

essa legitimação passiva.

Com essas razões, para não mais me alongar, uma vez que conhecida é a

minha posição nessa matéria, também conheço do recurso pela divergência, mas

nego-lhe provimento, acompanhando o voto do Senhor Ministro Relator.

VOTO-VISTA

O Sr. Ministro Nilson Naves: - No caso, o ponto controvertido identifi ca-

se com o que foi examinado, na 3ª Turma, nos REsp’s n. 2.327, n. 57.033 e

n. 61.922, e na 4ª Turma, nos REsp’s n. 11.884 e n. 53.483, com a diferença

de que a presente ação foi proposta contra a pessoa que fi zera as declarações

reproduzidas no jornal. O acórdão da apelação, tomado por maioria de votos,

mantinha a sentença, consoante esta ementa: “Ofensa à honra através da

imprensa. Procedimento especial do art. 57 da Lei n. 5.250/1967. Legitimação

passiva. Responsabilidade civil da empresa que explora o jornal divulgador

das declarações ofensivas prestadas pela ré. Art. 49, § 2º da Lei n. 5.250/1967.

Pedido indenizatório dirigido contra a entrevistada. Extinção do processo por

ilegitimidade passiva. Sentença confi rmada. Voto vencido”. Vou confi rmá-lo,

reformando, em consequência, o acórdão dos embargos infringentes. Reporto-

me ao voto que proferi no REsp n. 57.033.

Também conheço do especial. Peço, no entanto, vênia para dar provimento

ao recurso, restabelecendo o acórdão da apelação.

RECURSO ESPECIAL N. 184.232-SP (98.43257-4) (6.283)

Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito

Recorrente: Luís Nassif

Recorrido: José Roberto Battochio

Advogados: Taís Borja Gasparian e Sérgio Ferraz

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 307

EMENTA

Dano moral. Lei de Imprensa. Legitimidade passiva. Precedente

da Corte.

1. Na linha de precedente da Corte, a regra do art. 49, § 2°, da Lei

de Imprensa não comporta interpretação que exclua a legitimidade

passiva daquele que, diretamente, usou as expressões apontadas como

violadoras do direito fundamental do autor. Identifi cado o autor da

ofensa à honra, pode o ofendido acioná-lo diretamente, não colhendo

fruto a alegada ilegitimidade passiva.

2. Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros

da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso

especial. Participaram do julgamento os Senhores Ministros Costa Leite,

Nilson Naves, Eduardo Ribeiro e Waldemar Zveiter.

Brasília (DF), 05 de novembro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Costa Leite, Presidente

Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Relator

DJ 22.02.1999

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito: Luís Nassif interpõe

recurso especial, com fundamento nas alíneas a e c do permissivo constitucional,

contra acórdão proferido pela 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de

Justiça do Estado de São Paulo, em agravo de instrumento tirado de ação

ordinária, estando o aresto assim ementado:

O art. 49, § 2º, da Lei n. 5.250/1967 (Lei de Imprensa) não foi recepcionado pelo sistema de controle da liberdade de expressão da Constituição Federal, de forma que aquele que se sentir lesado em sua honra por artigos assinados publicados

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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em jornais, tanto poderá pleitear indenização das empresas jornalísticas que referendaram os textos, como do articulista que as assinou - Artigos 5º, V e X, da CR e 159 do Código Civil - Agravo improvido. (fl s. 137)

Sustenta a recorrente que, ao assim decidir, o Tribunal a quo infringiu o

artigo 49, § 2°, da Lei n. 5.250/1967, eis que entendeu que o autor do escrito é

parte legítima para responder à ação de indenização por danos morais e, além

disso, determinou que fosse aplicada a regra do direito comum, e não da Lei de

Imprensa.

Aduz ser necessário reconhecer a ilegitimidade passiva do recorrente,

autor do escrito que o recorrido julga ter-lhe provocado danos, pois “quem deve

responder pela reparação do dano é a pessoa natural ou jurídica que explora o

meio de informação ou divulgação” (ut fl s. 183). O réu somente integraria a lide

na hipótese de denunciação oposta pela pessoa jurídica legitimada.

Para comprovar o dissídio jurisprudencial, traz julgados do Supremo

Tribunal Federal, do Tribunal de Justiça de São Paulo e desta Corte.

Foi oferecido também recurso extraordinário (fl s. 150 a 168).

Contra-arrazoados (fl s. 207 a 216 e 218 a 224), ambos os recursos foram

admitidos (fl s. 226 a 228).

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito (Relator): O recorrido

ajuizou ação de reparação por danos morais contra o recorrente, articulista

do jornal Folha de São Paulo, que publicou quatro artigos lesivos à sua

honra. A sentença indeferiu a petição inicial e julgou extinto o processo, sem

julgamento do mérito. Mas, o Tribunal de Justiça de São Paulo proveu o apelo

para determinar o prosseguimento do feito. Retornando o feito entendeu o

Magistrado que o acórdão do Tribunal “apenas determinou o processamento da

ação, até que surgisse melhor oportunidade para que a questão da legitimidade

fi casse decidida”, concluindo, neste aspecto, que as alegações do réu não foram

sufi cientes para abalar os fundamentos do acórdão, sendo, portanto, conveniente

que as partes produzam as provas para que, então, “se decida em defi nitivo sobre

a questão da legitimidade de parte questão que não está sujeita de preclusão,

e pode ser apreciada a qualquer tempo”. O réu agravou, mas o Tribunal de

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 287-309, março 2011 309

Justiça de São Paulo entendeu que o “art. 49, § 2º, da Lei n. 5.250/1967 (Lei

de Imprensa) não foi recepcionado pelo sistema de controle da liberdade de

expressão da Constituição Federal, de forma que aquele que se sentir lesado

em sua honra por artigos assinados publicados em jornais, tanto poderá pleitear

indenização das empresas jornalísticas que referendaram os textos, como

do articulista que as assinou - Artigos 5°, V e X, da CR e 159 do Código

Civil”, como destacado na ementa. O acórdão, ademais desse fundamento

constitucional, considera, já no plano infraconstitucional, que “a decisão que

rejeitou a preliminar de ilegitimidade passiva”, está correta porque não ofendeu

os “artigos 49, § 2° e 50 da Lei n. 5.250/1967”, nem está em “divergência com o

autorizado precedente do colendo Superior Tribunal de Justiça”.

A decisão recorrida está, de fato, em conformidade com a jurisprudência da

Corte, valendo, por todos, o REsp n. 96.609-SP (DJ de 04.05.1998), para o qual

fui designado Relator, de que destaco o seguinte trecho de meu voto:

(...)

Em precedente de que fui Relator (REsp n. 61.922, sessão de 10.11.1997), reconhecendo embora a divergência jurisprudencial, asseverei, em voto que mereceu o acolhimento da maioria, vencidos os Srs. Ministros Waldemar Zveiter e Nilson Naves, que quando o autor da ofensa está identifi cado não há razão alguma para livrá-lo da responsabilidade. De fato, na minha compreensão, naquela oportunidade desenvolvida, não é possível enxergar violação a nenhuma regra da Lei de Imprensa, porque com a Constituição de 1988, o art. 49, § 2º invocado sempre, não comporta interpretação que exclua a legitimação passiva daquele que, diretamente, usou as expressões apontadas como violadoras do direito fundamental da honra do autor, sob pena de grave violação da nova sistemática da responsabilidade civil por dano moral. Outro caminho, sempre com todo respeito aos votos divergentes, seria criar uma situação de desigualdade entre os ofensores que se agasalham na lei especial e ofensores que fi cam ao relento do direito comum. A ofensa à honra não é compatível com essa restrição na legitimação passiva.

Na mesma oportunidade, destacou o Senhor Ministro Eduardo Ribeiro,

“que não se há de eleger entendimento que se choca com os princípios

consagrados em tema de responsabilidade civil se outro permite a lei, como, a

meu sentir, permite”.

Essa posição foi ratifi cada pela 2ª Seção, pacifi cando, no âmbito da Corte,

a questão da legitimidade passiva em tais casos.

Eu não conheço do especial, presente a Súmula n. 83 da Corte.

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Súmula n. 222

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SÚMULA N. 222

Compete à Justiça Comum processar e julgar as ações relativas à

contribuição sindical prevista no art. 578 da CLT.

Referências:

CF/1988, art. 114.

CLT, art. 578.

Lei n. 8.984/1995.

Precedentes:

CC 19.608-MG (2ª S, 10.12.1997 – DJ 13.04.1998)

CC 19.616-SC (2ª S, 11.02.1998 – DJ 27.04.1998)

CC 20.878-SP (2ª S, 29.04.1998 – DJ 19.10.1998)

CC 21.594-RJ (2ª S, 12.08.1998 – DJ 26.10.1998)

CC 22.749-RJ (2ª S, 14.10.1998 – DJ 07.12.1998)

CC 22.878-SP (2ª S, 09.09.1998 – DJ 16.11.1998)

EDcl no CC 17.765-MG (2ª S, 13.08.1997 – DJ 03.08.1998)

Segunda Seção, em 23.06.1999

DJ 02.08.1999, p. 252

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 19.608-MG (97.238830)

Relator: Ministro Nilson Naves

Autor: Banco do Brasil S/A

Réus: Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos

Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Distrito Federal -

FEEB-MG-GO-TO-DF e Sindicato dos Empregados em

Estabelecimentos Bancários de Teófilo Otoni e Região

Suscitante: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

Suscitado: Juízo de Direito da 2ª Vara Cível de Teófi lo Otoni-MG

Advogados: Antônio Luiz Barbosa Vieira e outros e Dimas Ferreira Lopes

e outros

Humberto Marcial Fonseca e outro

EMENTA

Contribuição sindical (Consolidação, arts. 578 e seguintes). Ação

de consignação em pagamento. Competência da Justiça Estadual, a

teor da decisão proferida nos Embargos de Declaração no Confl ito de

Competência n. 17.765 (Sessão de 13.08.1997). Confl ito conhecido e

declarado competente o suscitado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da 2ª

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e declarar

competente a 2ª Vara Cível de Teófi lo Otoni-MG, a suscitada.

Votaram com o relator os Srs. Ministros Eduardo Ribeiro, Sálvio de

Figueiredo Teixeira, Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha, Ruy Rosado de

Aguiar, Carlos Alberto Menezes Direito e Costa Leite.

Ausente, por motivo de licença especial, o Sr. Ministro Romildo Bueno de

Souza.

Brasília (DF), 10 de dezembro de 1997 (data do julgamento).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

316

Ministro Waldemar Zveiter, Presidente

Ministro Nilson Naves, Relator

DJ 13.04.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Nilson Naves: - Tomo por relatório o parecer do Ministério

Público Federal, da lavra do Dr. Henrique Fagundes, Subprocurador-Geral da

República, nesses termos:

1. Trata-se de conflito negativo de competência estabelecido entre o eg. Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região e o Juízo de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Teófi lo Otoni, no Estado de Minas Gerais.

2. Banco do Brasil S/A ajuizara, perante o Juízo de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Teófi lo Otoni, no Estado de Minas Gerais, ação de consignação em pagamento contra o Sindicato dos Empregados em Teófilo Otoni e Região e outro, sob o fundamento de dúvida a quem efetivamente pagar (Código Civil, art. 973, n. IV), pretendendo, assim, desobrigar-se do recolhimento da contribuição sindical devida, fi xada na Consolidação das Leis Trabalhistas, malgrado a incerteza sobre a titularidade passiva do credor do benefício, em cujo processo deverão os Sindicatos discutir tal questão. A 2ª Vara Cível daquela Comarca, todavia, deu-se por incompetente, em virtude da superveniência da Lei n. 8.984/1995, remetendo os autos à Justiça Obreira que, por sua vez, julgou procedente o pedido formulado pelo Banco consignante. Inconformado com a decisão, a Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Distrito Federal interpôs recurso ordinário ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Este, a seu turno, acolhendo a preliminar de levantada no nupercitado recurso, suscitou o presente confl ito de competência.

3. É certo haver a Corte, incluído na competência da Justiça Laboral única e exclusivamente as ações de cumprimento de acordo ou convenção coletiva de trabalho, relegando, assim, à Justiça do Estado as demais contribuições, tais como as fi xadas na Consolidação das Leis do Trabalho e naquelas Assembléias Gerais, conforme o Julgamento dos Embargos de Declaração no Conflito de Competência n. 17.767-MG, de que fora relator o eminente Ministro Costa Leite, na sessão de julgamento de 13.08.1997.

Menos certo não é também conceituar-se a ação de consignação em pagamento como uma ação de cobrança ao inverso, onde a mora justifi cadora do pleito de extinção da obrigação é a do accipiens e não a do solvens. Decorre disso

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 317

que, se toda vindicação de extinção da obrigação do pagamento da contribuição sindical, pela mora do solvens, poderá ser da competência da Justiça Laboral ou Estadual, também haverá de sê-lo a mesma ação de extinção obrigacional, mediante o pagamento por consignação da contribuição sindical pretendido pelo accipiens.

Há mais, porém. Nos termos do artigo 898 do CPC, nos casos em que a consignação se funda na dúvida a quem pagar, comparecendo mais de um pretendente, “o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os credores”. Bem se vê, portanto, que, na presente ação de consignação em pagamento, instaurar-se-á entre os Sindicatos réus um concurso de preferência sobre o produto consignado, devendo o juiz, então, decidir qual deles representa a categoria profi ssional do consignante. Ora, in casu, isso é matéria estranha à jurisdição laboral, inserindo-se, mais adequadamente, dos misteres da Justiça Comum.

4. Diante do exposto, o Ministério Público Federal opina pela procedência do Presente confl ito, de forma a declarar-se competente o douto Juízo suscitado, o Juízo de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Teófi lo Otoni, no Estado de Minas Gerais.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Nilson Naves (Relator): - Segundo o autor da ação de

consignação em pagamento, deve ele recolher, à vista do disposto nos arts. 578 e

seguintes da Consolidação, “a quem de direito, até o fi nal do mês de abril, o valor

referente à contribuição sindical, descontado do salário de seus funcionários,

incidente sobre o mês de março/1995, conforme relação anexa, no valor de R$

235,09 (duzentos e trinta e cinco reais e nove centavos).”

A competência era da Justiça do Trabalho, ao ver, v.g., dos CC’s n. 15.778

e n. 19.197: “Discutindo-se nos autos apenas sobre qual sindicato tem direito

a receber as contribuições sindicais e assistenciais dos trabalhadores previstas

na consolidação das Leis do Trabalho e em convenção coletiva de trabalho,

competente é a justiça laboral.” (DJ de 29.09.1997).

Sucede, no entanto, que a Seção alterou a sua posição relativamente

à interpretação da Lei n. 8.984, de 07.02.1995, quando do julgamento dos

Embargos de Declaração no Confl ito de Competência n. 17.765, fi cando o

acórdão assim ementado:

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

318

Competência. Ação de cumprimento. Acordo ou convenção. Contribuição sindical.

A competência cometida à Justiça do Trabalho pela Lei n. 9.984/1995 é restrita ao dissídio que tenha origem no cumprimento de convenção ou acordo coletivo, não se podendo ampliá-la, em ordem a alcançar a cobrança de contribuição sindical estabelecida em lei. Competência da Justiça Comum. Cumulação inadmitida de pedidos. Aplicação quanto ao ponto do princípio da Súmula n. 170-STJ. Embargos de declaração parcialmente recebidos, implicando a integração a modifi cação do julgado (Sessão de 13.08.1997).

À vista da novel orientação, a competência, no caso em exame, deve

ser estadual. Acolhendo, portanto, o parecer da Subprocuradoria-Geral da

República, conheço do confl ito e declaro competente o Juízo de Direito da 2ª

Vara Cível de Teófi lo Otoni, o suscitado.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 19.616-SC (97.0023899-7)

Relator: Ministro Bueno de Souza

Autor: Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do

Estado de Santa Catarina

Advogado: Mario Sílvio Cargnin Martins

Réu: Abastecedora Wilges Ltda.

Advogado: Odílio Hilário Lermen

Suscitante: Juízo de Direito de Itapiranga-SC

Suscitado: Junta de Conciliação e Julgamento de São Miguel do Oeste-SC

EMENTA

Constitucional. Confl ito de competência. Contribuição sindical.

Compete à Justiça Estadual processar e julgar ação de cobrança

de contribuição sindical prevista na CLT.

Precedentes do STJ.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 319

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e

declarar competente o Juízo de Direito de Itapiranga-SC, o suscitante.

Votaram com o Relator os Srs. Ministros Costa Leite, Nilson Naves,

Eduardo Ribeiro, Sálvio de Figueiredo Teixeira, Barros Monteiro, Cesar Asfor

Rocha, Ruy Rosado de Aguiar e Carlos Alberto Menezes Direito.

Brasília (DF), 11 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Waldemar Zveiter, Presidente

Ministro Bueno de Souza, Relator

DJ 27.04.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Bueno de Souza: Trata-se de ação de cumprimento

proposta pelo Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do

Estado de Santa Catarina contra Abastecedora Wilges Ltda., perante a Justiça

Trabalhista, em 15 de janeiro de 1996.

Pleiteia-se o pagamento por parte da ré, de contribuições assistenciais

referentes ao período de 1989-1995, fi xadas pelo artigo 579 da CLT.

A MM. Junta de Conciliação e Julgamento declinou de sua competência

em razão da matéria.

Inconformado, o autor recorreu ordinariamente a fim de que fosse

declarada competente a justiça laboral.

O v. acórdão, por unanimidade, conheceu do recurso e negou-lhe

provimento; confi rmando assim a decisão de primeiro grau pela competência do

juízo de direito.

Assim, o MM. Juiz de Direito de Itapiranga-SC suscitou o presente

confl ito negativo de competência, com fulcro no art. 105, I, d.

O Ministério Público Federal concluiu pela competência do Juízo Estadual.

É o relatório.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

320

VOTO

O Sr. Ministro Bueno de Souza (Relator): Senhor Presidente, acolho

as razões do judicioso parecer da lavra do ilustrado Subprocurador Geral da

República, Dr. Henrique Fagundes, que ora transcrevo:

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Santa Catarina ajuizara, perante a Junta de Conciliação e Julgamento de São Miguel D’oeste, do Estado Catarinense, ação de cumprimento de acordo coletivo de trabalho contra a Abastecedora Wilges Ltda., pleiteando-lhe a cobrança de descontos sindicais de seus empregados, fi xados no artigo 579 da Consolidação das Leis Trabalhistas.

A MM. Junta de Conciliação e Julgamento do Município de São Miguel D’oeste, no entanto, declinou de sua competência. Interposto recurso ordinário ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 12ª Região, este, conheceu do recurso, enviando os autos à Justiça Comum. Esta, por sua vez, tendo em vista a superveniência da Lei n. 8.984/1995, suscitou o presente confl ito.

Sem razão o digno Juízo suscitante.

Antes da Lei n. 8.984/1995, era de pleno vigor e efi cácia a Súmula n. 57 desse Colendo Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual competia à Justiça Comum Estadual processar e julgar as ações de cumprimento fundadas em acordo ou convenção coletiva, ainda que não homologados.

Entretanto, após o advento da referida lei, inclinou-se a jurisprudência desse Tribunal por uma interpretação extensiva do dispositivo legal, de sorte a encartar, na competência da Justiça do Trabalho, além das contribuições previstas em acordos ou dissídios coletivos, também, as estabelecidas em assembléias gerais das entidades sindicais e as prescritas na Consolidação das Leis Trabalhistas. Todavia, essa orientação veio a ser modifi cada, assentando a Corte, em defi nitivo e por derradeiro, no julgamento dos Embargos de Declaração no Confl ito de Competência n. 17.767-MG, de que fora relator o eminente Ministro Costa Leite, na sessão de julgamento de 13.08.1997, incluir-se na competência da Justiça Laboral única e exclusivamente as ações de cumprimento de acordo ou convenção coletiva de trabalho, relegando, assim, à Justiça do Estado as demais contribuições, tais como as fi xadas na Consolidação das Leis do Trabalho e naquelas Assembléias Gerais.

Assim, também, foi o entendimento do Ministro Cesar Asfor Rocha, como

Relator do CC n. 17.165-SP, com a seguinte ementa:

Constitucional e Processual Civil. Conflito de competência. Contribuição sindical. Competência da Justiça Estadual.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 321

- Compete à Justiça Estadual processar e julgar ação de cobrança da contribuição sindical instituída pela CLT, não se justificando a competência da Justiça do Trabalho, já que não diz respeito à relação de emprego ou ao cumprimento de acordo ou convenção coletiva de trabalho.

- Competência do Juízo de Direito da 3ª Vara Cível de São Paulo-SP, o suscitante.

As exatas considerações do r. parecer transcrito, respaldadas em nossos

precedentes, devem prevalecer.

Em conseqüência, conheço do confl ito para declarar competente o Juízo

de Direito de Itapiranga-SC, suscitante.

É como voto.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 20.878-SP (97.0073968-6)

Relator: Ministro Cesar Asfor Rocha

Autor: Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Asseio e Conservação

de Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Santos e São Vicente

- Sindilimpeza

Ré: Imperlimp - Distribuidora de Material de Limpeza Ltda.

Suscitante: Quarta Junta de Conciliação e Julgamento de Cubatão-SP

Suscitado: Juízo de Direito da 2ª Vara Cível de Santos-SP

Advogados: Rita de Cássia Pellegrini Almeida e outros

EMENTA

Processual Civil. Confl ito de competência. Ação de cumprimento.

Contribuições confederativa e assistencial previstas em acordo coletivo.

Competência da Justiça Trabalhista. Cobrança de contribuição

sindical. Impossibilidade de cumulação dos pedidos. Inteligência da

Súmula n. 170-STJ.

- De acordo com o entendimento jurisprudencial fi rmado pela

egrégia Segunda Seção, compete à Justiça Trabalhista processar e

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

322

julgar ações que tenham origem no cumprimento de acordo ou

convenção coletiva de trabalho, em observância ao artigo 1° da Lei

n. 8.984/1995 (EDcl no CC n. 17.765-MG, Relator o eminente

Ministro Costa Leite, julgado em 13.08.1997).

- A Justiça Estadual é quem tem competência para processar

e julgar ações relativas à contribuição sindical prevista nos artigos

578 e seguintes da CLT, não se justifi cando a competência da Justiça

do Trabalho, já que não diz respeito a relação de emprego ou a

cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou acordos coletivos

de trabalho.

- Compete ao juízo onde primeiro for intentada a ação envolvendo

acumulação de pedidos, um da competência da Justiça Trabalhista

e outro da Justiça Comum Estadual, decidi-la nos limites da sua

jurisdição, fi cando facultado ao autor da demanda, se assim o quiser,

postular, perante a Justiça Comum, nova causa visando a cobrança da

contribuição sindical.

- Competência da Quarta Junta de Conciliação e Julgamento

de Cubatão-SP, a suscitante, para apreciar o pedido relativo às

contribuições confederativa e assistencial.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e declarar competente a 4ª Junta de Conciliação e Julgamento de Cubatão-SP, a suscitante, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Ruy Rosado de Aguiar, Carlos Alberto Menezes Direito, Costa Leite, Nilson Naves, Eduardo Ribeiro e Barros Monteiro. Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Romildo Bueno de Souza e Waldemar Zveiter.

Brasília (DF), 29 de abril de 1998 (data do julgamento).

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Presidente

Ministro Cesar Asfor Rocha, Relator

DJ 19.10.1998

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 323

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha: - Cuida o presente feito de confl ito

negativo entre a Quarta Junta de Conciliação e Julgamento de Cubatão-

SP (suscitante) e o Juízo de Direito da 2ª Vara Cível de Santos (suscitado),

defl agrado nos autos de ação que busca o pagamento de contribuição sindical

prevista nos artigos 578 e seguintes da CLT, bem como das contribuições

confederativa e assistencial, tendo sido estas últimas fi xadas em acordo coletivo

de trabalho.

A Subprocuradoria-Geral da República, em parecer de fl s. 113-115, opinou

pela competência da Justiça Especializada.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha (Relator): - 1. Trata o presente confl ito

sobre competência, se da Justiça Estadual ou da Justiça do Trabalho, para

processar e julgar ação que tem como objeto a cobrança de contribuição sindical

prevista nos artigos 578 e seguintes da CLT, bem como das contribuições

confederativa e assistencial fi xadas em acordo coletivo de trabalho, as quais estão

sendo exigidas por sindicato representante de categoria profi ssional.

2. No que tange à competência para analisar o cumprimento do acordo

coletivo de trabalho na parte em que o mesmo previu o pagamento de

contribuição confederativa, a competência é da Justiça Especializada.

Com efeito, esteve pacifi cada a presente controvérsia, inclusive tendo

sido esta matéria objeto de Súmula, no sentido de que “compete à Justiça

Comum Estadual processar e julgar ação de cumprimento fundada em acordo

ou convenção coletiva não homologados pela Justiça do Trabalho” (Súmula n.

57-STJ).

Entretanto, com o advento da Lei n. 8.984/1995, o referido Verbete n. 57

da Súmula predominante desta Corte foi revogado.

É que o citado diploma legal, em seu artigo 1º, fi xou que “compete à Justiça

do Trabalho conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento

de convenções coletivas do trabalho ou acordos coletivos de trabalho, mesmo

quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e

empregador”.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

324

Tal comando, destarte, impõe a competência da Justiça Trabalhista para julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de acordo ou convenção coletiva de trabalho, independentemente de estar ou não homologados judicialmente.

Ademais, esta egrégia Segunda Seção no julgamento do EDcl no CC n. 17.765-MG (Relator o eminente Ministro Costa Leite, julgado em 13.08.1997), fi xou o entendimento de que compete à Justiça Trabalhista o julgamento de todas ações que busquem o cumprimento de acordo ou convenção coletiva.

3. Por outro lado, a competência para julgar a questão relativa à Contribuição Sindical é da Justiça Comum, em consonância com o entendimento pacífi co desta egrégia Segunda Seção, visto que tal contribuição é legal, fi xada pela própria CLT, e não decorrente de cumprimento de acordo ou convenção coletiva de trabalho, bem como não diz respeito às “controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas”, nos termos do artigo 114 da Constituição.

4. Verifi ca-se, destarte, que o sindicato autor da presente ação cumulou pedidos envolvendo jurisdições diversas, sendo um da competência da Justiça Trabalhista e o outro da competência da Justiça Comum, o que impõe a aplicação do princípio constante da Súmula n. 170 desta Corte, o qual preceitua que o juízo onde primeiro for intentada a ação deverá apreciá-la nos limites de sua jurisdição, fi cando facultado ao autor da demanda, se assim o quiser, postular, perante a Justiça Comum, nova causa visando a cobrança da contribuição sindical.

5. Em face do exposto, conheço do confl ito e declaro competente a Quarta Junta de Conciliação e Julgamento de Cubatão-SP, a suscitante, perante a qual foi ajuizada a ação, para apreciar o pedido relativo às contribuições confederativa e assistencial.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 21.594-RJ (98.0003978-3)

Relator: Ministro Eduardo Ribeiro

Autor: Sindicato dos Empregados Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 325

Réu: CIPA Administradora de Imóveis

Suscitante: Juízo de Direito da 19ª Vara Cível do Rio de Janeiro-RJ

Suscitado: Quadragésima Segunda Junta de Conciliação e Julgamento do

Rio de Janeiro-RJ

EMENTA

Contribuição sindical. Litígio. Competência.

Tratando-se de contribuição criada diretamente pela lei, a

competência para o processo e julgamento dos litígios pertinentes a

sua cobrança é da Justiça Comum.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da

Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e

declarar competente a 19ª Vara Cível do Rio de Janeiro-RJ, a suscitante.

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Barros Monteiro, César

Asfor Rocha, Ruy Rosado de Aguiar, Costa Leite e Nilson Naves.

Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Waldemar Zveiter, Carlos

Alberto Menezes Direito e Romildo Bueno de Souza.

Brasília (DF), 12 de agosto de 1998 (data do julgamento).

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Presidente

Ministro Eduardo Ribeiro, Relator

DJ 26.10.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro: - Trata-se de ação ajuizada por Sindicato

dos Empregados Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro. Discute-se sobre o

pagamento da contribuição sindical, que seria devida por CIPA Administradora

de Imóveis.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

326

O juízo do trabalho declinou da competência, determinando a remessa dos

autos à Justiça Comum que suscitou o confl ito.

Opina o Ministério Público “pela improcedência do presente confl ito,

reconhecendo-se a competência do Juízo suscitante, a 19ª Vara Cível da

Comarca do Rio de Janeiro.”

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro (Relator): - A matéria relativa à competência para cobrança das diversas contribuições, devidas a sindicatos patronais ou de empregados, havia alcançado certa tranqüilidade, no regime anterior à Constituição de 1988, consagrado em súmula, pelo Tribunal Federal de Recursos, o entendimento de que cabia à Justiça Comum Estadual o respectivo processo e julgamento. A vigente Constituição, entretanto, veio a explicitar que competiria à Justiça do Trabalho o julgamento dos

litígios que se originassem do “cumprimento de suas próprias sentenças,

inclusive coletivas”. E ocorre que as sentenças em dissídios coletivos, aí

compreendidas as homologatórias de convenções, freqüentemente incluem

cláusulas, cuidando de contribuições devidas aos sindicatos. Por força

da norma constitucional, as ações relativas a sua cobrança passaram à

competência da Justiça do Trabalho.

Uma dúvida, entretanto, se colocou. Nem sempre as convenções são

objeto de homologação por aquela Justiça especializada. Como o critério

era exclusivamente formal - tratar-se de sentença proferida por órgão dela

integrante - questionou-se sobre a competência, quando o litígio dissesse com

o cumprimento de acordo não homologado. Firmou-se, no Supremo Tribunal,

a orientação de que seria da Justiça Comum. No mesmo sentido, editou este

Tribunal a Súmula n. 57. Desse modo, decidiam-se questões, substancialmente

idênticas, na Justiça Comum ou na do Trabalho, consoante a matéria constasse

ou não de convenção homologada.

Sobreveio, então, a Lei n. 8.984/1995, cujo artigo 1º atribuiu à Justiça

Trabalhista conciliar e julgar dissídios originários do cumprimento de

convenções ou acordos coletivos de trabalho. Prescindiu-se, para fi rmar essa

competência, de que tivesse havido homologação.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 327

Evitou-se, com isso, a ilogicidade, acima apontada, de questões da mesma

natureza, objeto de acordos coletivos, serem julgadas pela Justiça Comum ou

do Trabalho, em função apenas de terem sido aqueles homologados ou não.

Tendo por fundamento tais convenções, a competência será sempre do foro

laboral.

Subsistiu, entretanto, uma difi culdade, decorrente do fato, já salientado,

de a Justiça do Trabalho admitir a inserção, em dissídios coletivos, de cláusulas

que estabelecem obrigações, para os integrantes de determinada categoria

econômica, em relação ao respectivo sindicato. Referem-se a contribuições, ditas

assistenciais, estranhas ao litígio que a sentença normativa ou o acordo coletivo

se destinam a compor. Não se justifi ca que de um dissídio coletivo resulte

obrigação, se não para as categorias representadas, uma em relação a outras,

ou mesmo entre um sindicato e os integrantes do sindicato com que se litiga.

Contribuições para determinado sindicato, a serem suportadas pela categoria

que representa, é questão que haveria de ser decidida internamente. Pouco

aceitável me parece a justifi cativa de que tais contribuições representariam uma

compensação ao sindicato pelo próprio trabalho de intermediação. Essa haveria

de ser determinada por seus integrantes.

Note-se que outra questão é a possibilidade de se prever a obrigação de o

empregador efetuar desconto, no salário de empregado, de contribuição que, em

assembléia do respectivo sindicato, haja sido estabelecida. Esse tema é próprio

da convenção, por criar obrigação para as partes convenientes. E é o de que, a

meu ver, cogita o artigo 462 da CLT.

O fato, entretanto, é que aquelas cláusulas constam das sentenças. E

a Constituição determinou que compete à Justiça do Trabalho decidir os

litígios que tenham origem no cumprimento das sentenças coletivas por ela

proferidas. Desse modo, não há como negar que lhe estarão afetas as lides

que, bem ou mal, derivem de sentenças coletivas. Se essas apresentam vício,

por compreenderem matéria que lhes seria estranha, é tema a ser dirimido por

aquela Justiça especializada.

Evidencia-se a incoerência. Se a contribuição é simplesmente criada pelo

sindicato, sem que seja objeto de sentença coletiva, a competência para decidir

os litígios, que a propósito surjam, será da Justiça Comum. Se, entretanto,

constar daquela sentença, embora criando vínculo substancialmente idêntico,

será da Justiça do Trabalho.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

328

Com a Lei n. 8.984, estendeu-se aquela competência, que passou a abranger

as convenções em geral, não importando tenha havido ou não intervenção da

Justiça Trabalhista.

Em face do direito vigente, creio não haver outra solução. Ainda que a

contribuição tenha a mesma natureza, fi rmar-se-á a competência em função de

ser ou não objeto de convenção ou sentença coletiva, embora levando a situações

algo estranhas, como a de submeter-se ao foro trabalhista controvérsias que se

fi rmam exclusivamente entre empregadores e seus sindicatos.

Resta, entretanto, a questão da constitucionalidade da lei, tema que tem

sido suscitado por alguns Juízes Trabalhistas.

Devo consignar que me inclinava inicialmente por entender de maneira

mais restrita o disposto no artigo 114 da Constituição, quando defere ao

legislador ordinário a possibilidade de ampliar a competência da Justiça Laboral

para “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho”. Pareceu-me

que aí, tal argumentaram alguns magistrados, se compreenderiam apenas

aquelas hipóteses em que há prestação de serviço sem vínculo de emprego. Vim,

entretanto, a modifi car meu entendimento.

Em verdade, não se pode dizer não haja uma relação de trabalho envolvida.

E sindicatos existem em razão dela, sendo que a hipótese objeto da lei diz com

a mesma questão que já se submeteria à Justiça do Trabalho se cuidada em

sentença coletiva. A lei veio ajustar essa situação, não se recomendando exegese

restritiva do texto constitucional que levasse a não permitir que isso ocorresse.

Do que fi cou dito, verifi ca-se que, versando o litígio sobre a contribuição

sindical, objeto dos artigos 578 e seguintes da CLT, criada diretamente pela lei, a

competência será da Justiça Comum. Em outros casos, ter-se-á que verifi car se a

contribuição é objeto de convenção coletiva.

O entendimento exposto corresponde ao adotado, após algumas

divergências, pela Segunda Seção deste Tribunal, a partir da decisão proferida

nos Embargos de Declaração no CC n. 17.765.

No caso em julgamento, discute-se contribuição sindical, prevista em lei,

inexistindo menção a que tenha sido objeto de convenção coletiva. Observa-se

equívoco por parte do juiz suscitante, ao afi rmar que se trata de contribuição

assistencial, constante em acordo coletivo.

Declaro competente a Justiça Estadual, suscitante.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 329

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 22.749-RJ (98.50452-4) (6.314)

Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito

Autor: Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas,

Mecânicas, Informática, Material Eletrônico, Construção e Reparo

Naval, Manutenção e Conservação de Elevadores, Material Bélico,

Siderúrgicas, Reparação e Manutenção de Veículos, Refrigeração e

Material Elétrico do Município do Rio de Janeiro

Ré: Sade Vigesa S/A

Suscitante: Juízo de Direito da 37ª Vara Cível do Rio de Janeiro-RJ

Suscitada: Trigésima Sétima Junta de Conciliação de Julgamento do Rio

de Janeiro-RJ

EMENTA

Conflito de competência. Ação de cobrança proposta por

sindicato de trabalhador contra empresa. Contribuição confederativa

estabelecida em assembléia geral extraordinária.

1. Compete à Justiça Comum do Estado processar e julgar ação

judicial proposta por sindicato de trabalhador contra empregador,

na qual se discute sobre a exigibilidade, ou não, de contribuição

destinada ao custeio das atividades daquele, prevista em assembléia

geral extraordinária.

2. Aplicação literal do art. 1° da Lei n. 8.984, de 07.02.1995.

3. Confl ito conhecido para declarar a competência da Justiça

Comum do Estado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros

da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e declarar

competente a 37ª Vara Cível do Rio de Janeiro-RJ, a suscitante. Votaram com o

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

330

Relator os Senhores Ministros Romildo Bueno de Souza, Costa Leite, Nilson

Naves, Eduardo Ribeiro, Sálvio de Figueiredo Teixeira, Barros Monteiro, Cesar

Asfor Rocha e Ruy Rosado de Aguiar.

Brasília (DF), 14 de outubro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Waldemar Zveiter, Presidente

Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Relator

DJ 07.12.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito: Confl ito negativo de

competência estabelecido entre a 37ª Junta de Conciliação e Julgamento do

Rio de Janeiro-RJ, suscitada, e o Juízo de Direito da 3ª Vara Cível do Rio de

Janeiro-RJ, havendo dissenso sobre qual a Justiça competente para processar e

julgar ação de cobrança trabalhista proposta pelo Sindicato dos Trabalhadores

nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, Informática, Material Eletrônico,

Construção e Reparo Naval, Manutenção e Conservação de Elevadores, Material

Bélico, Siderúrgicas, Reparação e Manutenção de Veículos, Refrigeração e

Material Elétrico do Município do Rio de Janeiro contra Sade Vigesa S/A,

buscando receber contribuição confederativa estabelecida em Assembléia Geral

Extraordinária.

Opina o Dr. Moacir Guimarães Morais Filho, ilustrado Subprocurador-

Geral da República, pela competência da Justiça do Trabalho, em parecer assim

ementado:

1. Confl ito de competência. Juíza do Trabalho e Juíza de Direito. Contribuição assistencial. Sindicato.

2. Contribuição sindical estabelecida por acordo ou convenção coletiva de trabalho. Competência da Justiça Trabalhista. Precedentes.

3. Parecer do Ministério Público Federal pelo conhecimento do confl ito para que seja reconhecida a competência do Juízo do Trabalho. (fl s. 19)

É o relatório.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 331

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito (Relator): O sindicato empregador pretende receber da empregadora contribuição confederativa estabelecida em assembléia geral extraordinária.

Após tormentosas discussões sobre temas muito próximos entre si e referentes à Lei n. 8.984, de 07.02.1995, esta Seção, em 13.08.1997, no julgamento dos embargos de declaração opostos no Confl ito de Competência n. 17.765-MG, Relator o Senhor Ministro Costa Leite, chegou à conclusão de que se deveria conferir uma interpretação mais literal ao referido diploma, de forma a não admitir a ampliação das hipóteses de competência da Justiça do Trabalho.

Seguindo essa orientação a que faço ressalvas e aplicando-se a letra da lei, tem-se que a Justiça Comum do Estado é a competente para processar e julgar a presente ação, já que as contribuições em discussão foram estabelecidas em assembléia geral extraordinária.

Ante o exposto, conheço do confl ito para declarar a competência do Juízo de Direito da 37ª Vara Cível do Rio de Janeiro-RJ.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 22.878-SP (98.54242-6)

Relator: Ministro Barros Monteiro

Autora: Confederação Nacional da Agricultura

Ré: Agropecuária Caimã Ltda.

Suscitante: Primeira Junta de Conciliação e Julgamento de Bauru-SP

Suscitado: Juízo de Direito da 3ª Vara Cível de Bauru-SP

Advogado: Ricardo Sanches

EMENTA

Competência. Ação monitória. Contribuição sindical rural.

Compete à Justiça Estadual processar e julgar ação monitória que visa ao recebimento de contribuição sindical rural.

Confl ito conhecido, declarada competente o suscitado.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas: Decide a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do confl ito e declarar competente a 3ª Vara Cível de Bauru-SP, a suscitada, na forma do relatório e notas taquigráfi cas precedentes que integram o presente julgado. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Carlos Alberto Menezes Direito, Romildo Bueno de Souza, Nilson Naves e Eduardo Ribeiro.

Brasília (DF), 09 de setembro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Presidente

Ministro Barros Monteiro, Relator

DJ 16.11.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Barros Monteiro: - Perante a 3ª Vara Cível da Comarca de Bauru-SP, a “Confederação Nacional da Agricultura” ajuizou ação monitória contra “Agropecuária Caimã Ltda.”, visando ao recebimento da contribuição sindical rural.

O Magistrado, com fundamento no art. 1º da Lei n. 8.984/1995, deu-se por incompetente e determinou a remessa dos autos à Justiça do Trabalho.

A MM. 1ª Junta de Conciliação e Julgamento de Bauru-SP, considerando que se trata de entidade patronal cobrando de empregador a ela vinculado a contribuição sindical prevista em lei, bem como que não se aplica à espécie a Lei n. 8.984/1995, também se deu por incompetente e suscitou o presente confl ito negativo de competência.

Tratando-se de matéria objeto de jurisprudência pacífi ca no âmbito desta Casa, dispensei a manifestação do Ministério Público Federal.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Barros Monteiro (Relator): - A autora pretende receber

verba decorrente da contribuição sindical rural.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 333

Ao apreciar os Embargos de Declaração opostos no Conflito de

Competência n. 17.765-MG, relator Ministro Costa Leite, esta C. Segunda

Seção defi niu diretriz de conformidade com a qual compete à Justiça Estadual

processar e julgar ação que visa ao recebimento da contribuição sindical prevista

em lei. Naquela ocasião entendeu-se que a interpretação da Lei n. 8.984/1995

há de ser restrita, à luz da disciplina constitucional.

Isto posto, conheço do confl ito e declaro competente o Juízo da 3ª Vara

Cível da Comarca de Bauru-SP - suscitado.

É como voto.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 17.765-MG (96.0040837-8)

Relator: Ministro Costa Leite

Embargante: Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos

de Minas Gerais - Sincodiv-MG

Embargado: Acórdão de fl . 166

Parte: Dimatra Veículos Ltda.

Advogados: William Bertozzi Dornas e outros

Jurandyr de Carvalho

EMENTA

Competência. Ação de cumprimento. Acordo ou convenção. Contribuição sindical.

A competência cometida à Justiça do Trabalho pela Lei n. 9.984/1995 é restrita ao dissídio que tenha origem no cumprimento de convenção ou acordo coletivo, não se podendo ampliá-la, em ordem a alcançar a cobrança de contribuição sindical estabelecida em lei. Competência da Justiça Comum. Cumulação inadmitida de pedidos. Aplicação quanto ao ponto do princípio da Súmula n. 170-

STJ. Embargos de declaração parcialmente recebidos, implicando a

integração a modifi cação do julgado.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

334

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, em conformidade com os votos e notas taquigráfi cas a seguir, por maioria, receber os embargos, emprestando-lhes efeitos modifi cativos, para integrando o acórdão, declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Varginha-MG, o suscitado, para julgar o pedido de Contribuição Sindical. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Eduardo Ribeiro, Barros Monteiro, Ruy Rosado de Aguiar e Waldemar Zveiter (art. 24, I, in fi ne, do RISTJ).

Vencidos os Srs. Ministros Nilson Naves, Sálvio de Figueiredo Teixeira, Cesar Asfor Rocha e Carlos Alberto Menezes Direito, que recebiam os embargos tão somente para suprir omissão do acórdão.

Ausente, por motivo de férias, o Sr. Ministro Romildo Bueno de Souza.

Brasília (DF), 13 de agosto de 1997 (data do julgamento).

Ministro Waldemar Zveiter, Presidente

Ministro Costa Leite, Relator

DJ 03.08.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Costa Leite: - Trata-se de embargos de declaração opostos

pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas

Gerais - Sincodiv-MG contra o acórdão de fl s. 161-165, assim exteriorizado:

Competência. Ação de cumprimento. Acordo/dissídio coletivo de trabalho.

Com o advento da Lei n. 8.984/1995, dispondo que incumbe à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas ou acordos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicatos de trabalhadores e empregadores, restou inteiramente superada a jurisprudência que se atinha à parte fi nal do art. 114 da Constituição, para defi nir a competência da Justiça Comum. Constitucionalidade do dispositivo. Confl ito conhecido, declarando-se a competência da Justiça do Trabalho.

Eis as razões de embargar: (lê)

É o relatório, Senhor Presidente.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 335

VOTO

O Sr. Ministro Costa Leite (Relator): - Há cumulação de pedidos. Com

efeito, a ação ajuizada persegue contribuição sindical e contribuição assistencial.

No que diz com esta última, não se vislumbra omissão, porquanto o dissídio tem

origem no cumprimento da convenção coletiva fi rmada pelo embargante e a

entidade sindical representativa dos empregados.

A respeito da contribuição sindical, entretanto, impende reconhecer que

o acórdão incorreu no vício apontado. Tal contribuição deriva da lei e, no

julgamento, não se atentou para essa circunstância, fazendo-se mister, pois, a

integração reclamada, com o exame da questão competencial sob esse outro

prisma.

Cometendo o art. 114 da Constituição, em sua parte fi nal, competência

à Justiça do Trabalho apenas para o processo e julgamento dos litígios que

tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas,

fi rmou-se a jurisprudência, quanto aos acordos e convenções não homologados,

em que competente para a ação de cumprimento a Justiça Comum. É o que se

acha expresso no Verbete n. 57 da Súmula deste Tribunal:

Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de cumprimento fundada em acordo ou convenção coletiva não homologados pela Justiça do Trabalho.

Convém, ainda, que se relance o seguinte trecho do voto proferido pelo

eminente Ministro Moreira Alves no Recurso Extraordinário n. 13.055-SP:

Portanto, ao não se referir o art. 114 da Constituição, em sua parte final, aos litígios que tenham origem em convenções ou acordos coletivos, utilizou-se ele do “silêncio eloqüente”, pois essa hipótese já estava alcançada pela permissão anterior do mesmo artigo, ao facultar à lei ordinária estender, ou não, a competência da Justiça do Trabalho a outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, ainda que indiretamente.

Em consequência, e não havendo lei que atribua competência à Justiça do Trabalho para julgar relações jurídicas como a sob exame, é competente para julgá-la a Justiça Comum.

Assim é que se desvelava, em caráter dual, a competência para as ações

de cumprimento até o advento da Lei n. 9.984/1995, que, na conformidade da

permissão que se contém no art. 114 da Constituição, estatuiu que incumbe

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no

cumprimento de convenções coletivas ou acordos coletivos de trabalho,

mesmo que ocorram entre sindicatos ou entre sindicatos de trabalhadores e

empregadores.

Em tal contexto, cabe indagar a propósito da aplicação da Lei n. 9.984/1995

a dissídio que tenha outra origem, como o de que aqui se trata, envolvendo

cobrança de contribuição sindical, que é prevista em lei. Há precedentes no

sentido afi rmativo, para os quais, aliás, concorri com o meu voto. Convenci-me,

porém, em que não há lugar para a interpretação ampliativa que neles se adotou,

por mais que se justifi que do ponto de vista pragmático, por isso que atrita com

a Constituição.

Tendo o legislador, ao usar de permissão constitucional (art. 114), se

limitado a dispor em relação aos acordos e convenções, ou seja, tão-só unifi cado

a competência para a ação de cumprimento, é intuitivo que não se pode entender

compreendida na competência da Justiça do Trabalho matéria estranha, ainda

que análoga, à de que cuidou a lei. A interpretação há de ser restrita, à luz da

disciplina constitucional.

Por fi m, tem-se aqui cumulação de pedidos, como se viu antes. Constitui

requisito de admissibilidade de cumulação que seja competente para conhecer

dos pedidos o mesmo juízo, na conformidade do disposto no art. 292, § 1º, II,

do CPC. Não é o caso dos autos, o que atrai a aplicação do princípio da Súmula

n. 170:

Compete ao juízo onde primeiro for intentada a ação envolvendo acumulação de pedidos, trabalhista e estatutário, decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com o pedido remanescente, no juízo próprio.

Do quanto exposto, Senhor Presidente, recebo em parte os embargos,

com efeitos modifi cativos, decorrentes de necessária integração do julgado,

conhecendo, em conseqüência, do confl ito, para declarar a competência do MM.

Juiz de Direito, perante o qual a ação foi ajuizada, para o pedido concernente à

contribuição sindical. Quanto ao outro pedido, qual seja o relativo à contribuição

assistencial, a questão se resolve nos termos do verbete antes mencionado. É o

meu voto.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 337

VOTO

O Sr. Ministro Nilson Naves: - Sr. Presidente, também eu recebo os

embargos, porém, não lhes dou efeito modifi cativo. É que não creio deva ser

alterada a conclusão do julgado, data venia.

Propõe o Sr. Relator que se adote interpretação restrita, no que diz respeito

à Lei n. 8.984, segundo a qual “Compete à Justiça do Trabalho conciliar e

julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas

de trabalho ou acordos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre

sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e empregador” (art. 1°).

“Ora, é melhor para os trabalhos desta Casa que todos os casos”, disse eu

em voto-preliminar por ocasião do julgamento do CC n. 16.296, “diretos ou

refl examente atinentes às convenções ou aos acordos coletivos de trabalho, bem

assim às contribuições em geral, fi quem na competência de uma única e mesma

Seção”. Em conseqüência, queria entender que todos esses casos devessem

também competir a uma única e mesma Justiça, salvo alguma exceção, como,

aliás, a do próprio CC n. 16.296.

A interpretação que defendo não é a restrita. É a extensiva, qual a ementa

do CC n. 18.116, verbis:

Competência. Confl ito. Contribuição sindical prevista nos arts. 578 e seguintes da CLT. Ação de consignação. Justiça do Trabalho. Precedentes.

A jurisprudência da Segunda Seção já se firmou no sentido de que, “por interpretação abrangente do art. 10 da Lei n. 8.984/1995, a competência para processar e julgar ações relativas às contribuições aludidas é da Justiça Trabalhista”. (Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo, DJ de 03.02.1997).

De igual modo, o CC n. 16.557, conforme esse voto do Sr. Ministro Barros

Monteiro, conclusivamente:

Quanto ao segundo pedido, considero, por interpretação abrangente da disposição legal acima mencionada, que a competência é também da Justiça laboral, isto porque a contribuição confederativa não possui natureza diversa das contribuições sindicais estipuladas em Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho. Lembro, ainda, que esta C. Seção adotou idêntico entendimento em relação à contribuição sindical estabelecida em lei (CC n. 14.777-PR e CC n. 16.748-SP, por mim relatados, e CC n. 15.778-TO, relator Ministro Costa Leite, entre outros).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Isto posto, conheço do conflito e declaro competente a suscitante - 61ª Junta de Conciliação e Julgamento do Rio de Janeiro-RJ, a quem se remeterão, oportunamente, os autos originais em apenso. (DJ de 04.11.1996).

Pois peço vênia para manter a competência da Justiça do Trabalho.

VOTO-VOGAL

O Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar: 1. Examinando o tema da

competência para processar e julgar as ações relativas a contribuições arrecadadas

por sindicatos, tenho sustentado perante essa eg. 2ª Seção, a partir do julgamento

dos EDC-CC n. 17.144-MG e do voto vencido no CC n. 15.094-SP, que a

competência da Justiça do Trabalho, nessa matéria, se resume às causas relativas

às contribuições previstas em convenção ou acordo coletivo do trabalho, nos

termos da Lei n. 8.984/1995.

2. Como se sabe, são no mínimo três espécies de contribuições hoje

existentes no nosso ordenamento:

(a) Contribuição Sindical, prevista em lei (art. 578 e seguintes da CLT), de natureza parafiscal (“CLT Comentada”, Eduardo Saad, p. 432), antigo imposto sindical, obrigatória para todos os que participam da categoria; (b) Contribuição Assistencial, estabelecida em dissídio, convenção ou acordo coletivos, cobrada para “custear a participação do sindicato nas negociações coletivas para obter novas condições de trabalho para a categoria e também da prestação de assistência jurídica, médica e dentária” (“Contribuição Confederativa”, Sérgio Pinto Martins, p. 125). A sua fonte é a convenção ou o acordo, não a lei, embora prevista no art. 513, e, da CLT: (c) Contribuição Confederativa, mencionada no art. 8°, inc. IV da CR, que é “prestação pecuniária, espontânea, fi xada pela assembléia geral do sindicato, tendo por finalidade custear o sistema confederativo” (Martins, op. cit., p. 114), isto é, destinada a custear as despesas gerais do sindicato, da federação e da confederação, sendo paga tanto pelos empregados como pelos empregadores, para o respectivo sistema. Além dessas, ainda podem ser referidas as contribuições de solidariedade (recebidas dos não associados do sindicato, pelo êxito que este obteve), a contribuição social (art. 149 da CR) e outra contribuição estatutária, porventura criada (art. 548, b, da CLT).

3. Sempre se entendeu competente a Justiça Estadual, para a cobrança da

contribuição sindical:

- Súmula n. 87-TFR: “Compete à Justiça Comum Estadual o processo e julgamento da ação de cobrança de contribuições sindicais”.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 339

- A contribuição sindical prevista em lei (CLT, 580 e seguintes), difere das chamadas contribuições assistenciais, e independe de acordo coletivo inter partes. A consignação judicial de seu valor não se insere na competência da Justiça do Trabalho (CF, art. 114). (STJ, 1ª Seção, CC n. 2.490; no mesmo sentido: CC n. 2.052).

Tocante à cobrança das contribuições previstas em dissídios ou acordos coletivos, discutiu-se sobre a competência da Justiça do Trabalho, diante dos novos termos da Constituição (art. 114), que estendeu a competência da Justiça especializada para as ações originadas do cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas. Predominou, porém, a tese da competência da Justiça Comum, para as ações fundadas em convenções ou acordos não homologados (RE n. 130.555-SP), sendo da Justiça do Trabalho quando homologados.

Com a superveniência da Lei n. 8.984/1995, fi cou resolvida a questão antiga: a ação para a cobrança da contribuição instituída em acordo ou convenção, com ou sem homologação é da competência da Justiça do Trabalho.

Todavia, não houve nenhuma alteração quanto à contribuição sindical, prevista na lei, obrigatória para todos os da categoria, que o Estado criou e o sindicato cobra, a qual permaneceu na competência da Justiça Estadual, pois nenhum fato novo alterou o panorama.

Nos termos do art. 114 da CR, a lei que veio para incluir na competência da Justiça do Trabalho “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho”, que é a Lei n. 8.984/1995, referiu-se apenas aos litígios que tenham origem em convenções ou acordos coletivos.

Assim fi cou decidido no CC n. 12.149, da 1ª Seção, rel. em. Min. Hélio Mosimann:

Cuidando-se de pedido relacionado à percepção da “contribuição sindical”, prevista em lei que não deriva de acordo ou convenção, competente é a Justiça Estadual para dirimir a controvérsia. A recente lei que ampliou a competência da Justiça do Trabalho, tratando apenas dos dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções ou acordos coletivos, não abrange as intituladas contribuições sindicais.

Também no que se refere à contribuição confederativa, já se decidiu nesta 2ª Seção pela competência da Justiça Estadual:

Processual Civil. Conflito de competência. Ação sumaríssima declaratória. Contribuição confederativa. Consolidado na jurisprudência do STJ o

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

340

entendimento no sentido de que a causa petendi e o pedido demonstram a natureza da tutela jurisdicional pretendida, definindo-lhe a competência. Hipótese em que se discute matéria sujeita ao Direito Civil. Confl ito conhecido, declarando-se competente o Juízo de Direito, suscitado.

No corpo do respeitável acórdão, de lavra do em. Min. Waldemar Zveiter, além de acentuado o fato de se tratar de entidade patronal, está reproduzido trecho da manifestação da Dra. Juíza do Trabalho:

Em razão da matéria, portanto, nitidamente, por não ter origem em convenção ou acordo coletivo, a contribuição confederativa que integra e forma o fulcro da ação não se inclui na extensão da competência da Justiça do Trabalho determinada pela Lei n. 8.984/1995.

É certo que, em outros precedentes, prevaleceu a determinação da competência da Justiça do Trabalho, como ocorreu no CC n. 14.430-SP, da relatoria do em. Min. Barros Monteiro, mas atendeu-se ali à peculiaridade da cumulação de pedidos, para cobrança de contribuição assistencial e de contribuição sindical.

4. Sendo assim, a competência da Justiça do Trabalho, por ser defi nida em texto constitucional, complementada por lei ordinária emitida nos limites permitidos pela CR, não pode desbordar, em se tratando de “outras controvérsias”, daquilo que fi car defi nindo “na forma da lei” (art. 114, CR). Isso signifi ca, para o que nos interessa, não se estender além da hipótese prevista na Lei n. 8.984/1995, cujo artigo primeiro apenas se refere às ações que tenham origem no cumprimento de acordo ou convenção coletiva. Quer dizer, as ações de cumprimento ou de cobrança, as consignatórias, as anulatórias e outras que derivem da mesma relação, ainda que o pedido seja inverso ao da ação de cumprimento.

Aplicada pelo eg. STF a Lei n. 8.984/1995 (RE n. 131.096, 1ª Turma, rel. o em. Min. Moreira Alves, DJ 29.09.1995), não há razão para afastá-la neste julgamento.

5. Estou, portanto, acompanhando o em. Min. Relator, para acolher em parte os embargos e declarar a competência da Justiça Estadual para julgar a ação sobre contribuição de natureza sindical não instituída em acordo ou convenção coletiva do trabalho.

6. Quanto ao pedido que extravasa da competência do Dr. Juiz de Direito, também aplico a Súmula n. 170-STJ.

É o voto.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 311-341, março 2011 341

VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: Peço vênia ao Sr. Ministro-

Relator e aos que o acompanharam para divergir.

Tenho também conforme assinalado, ser de toda conveniência a fi xação de

orientação neste Tribuna1, porque esta, inclusive, é sua missão constitucional. No

entanto, a jurisprudência desta Seção está já fi rmada no sentido da competência

da Justiça do Trabalho, mais afeita à matéria que ora é posta em julgamento.

Em conclusão, acolho parcialmente os embargos, mas não lhe dou o efeito

modifi cativo.

VOTO-DESEMPATE

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter (Presidente): Ocorrendo o empate,

profi ro voto no sentido de acompanhar o Sr. Ministro Costa Leite.

A cobrança de contribuição sindical não tem origem em convenção ou

acordo coletivo, mas em Lei, permanecendo inalterada a competência da Justiça

Estadual para o julgamento das ações que visam sua cobrança.

Tal como o Sr. Ministro Relator, recebo em parte os Embargos, com efeito

modifi cativo, declarando competente o MM. Juiz de Direito para o pedido

concernente à contribuição sindical. Quanto aquele referente à contribuição

assistencial, aplicável a Súmula n. 170-STJ.

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Súmula n. 223

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SÚMULA N. 223

A certidão de intimação do acórdão recorrido constitui peça obrigatória do

instrumento de agravo.

Precedentes:

AgRg no Ag 74.287-RS (5ª T, 06.12.1995 – DJ 26.02.1996)

AgRg no Ag 151.069-RJ (6ª T, 19.03.1997 – DJ 06.04.1998)

AgRg no Ag 153.273-CE (CE, 05.11.1997 – DJ 29.06.1998)

AgRg no Ag 154.985-RJ (3ª T, 10.03.1998 – DJ 04.05.1998)

AgRg no Ag 157.303-SP (5ª T, 25.11.1997 – DJ 16.02.1998)

AgRg no Ag 162.188-MG (2ª T, 17.02.1998 – DJ 16.03.1998)

AgRg no Ag 162.554-ES (5ª T, 19.03.1998 – DJ 13.04.1998)

AgRg no Ag 166.398-SP (4ª T, 10.02.1998 – DJ 04.05.1998)

AgRg no Ag 167.615-SP (3ª T, 10.03.1998 – DJ 04.05.1998)

EDcl no Ag 170.842-SP (6ª T, 19.03.1998 – DJ 06.04.1998)

EDcl no

AgRg no Ag 158.467-SP (1ª T, 24.03.1998 – DJ 11.05.1998)

Corte Especial, em 02.08.1999

DJ 25.08.1999, p. 31

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 74.287-RS (95.24805-0)

Relator: Ministro Assis Toledo

Agravante: União Sucessora do Instituto Nacional de Assistência Médica

da Previdência Social

Agravados: Ângelo Alves de Sena e outros

Advogados: Lúcia Nobre Conegatto e outros

EMENTA

Processual Civil. Agravo de instrumento. Traslado incompleto.

Considera-se incompleto o traslado no qual falte a certidão comprobatória da tempestividade do recurso especial. Precedentes do STF quanto ao recurso extraordinário.

Agravo regimental improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Votaram com o Relator os Ministros José Dantas e Cid Flaquer Scartezzini. Ausente, justifi cadamente, o Ministro Edson Vidigal.

Brasília (DF), 06 de dezembro de 1995 (data do julgamento).

Ministro Assis Toledo, Presidente e Relator

DJ 26.02.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Assis Toledo: Neguei seguimento a agravo de instrumento

interposto pela União - Sucessora do Inamps, nestes termos:

Trata-se de agravo de instrumento interposto pela União contra decisão que negou seguimento a recurso especial.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

348

O Supremo Tribunal Federal vem entendendo que se revela incompleto o traslado quando falta peça comprobatória da oportuna interposição do apelo extremo, como se pode ver da seguinte decisão:

2. O agravo não comporta seguimento.

3. Com efeito, compulsando os autos, verifi ca- se que o agravante não trasladou, quando da formação do instrumento, prova de que interpôs seu apelo extremo tempestivamente. Tal prova constitui elemento indispensável, no julgamento de agravo de instrumento contra o despacho que não admitiu o apelo derradeiro. De um lado, porque, se o traslado estiver devidamente instruído, pode-se, desde logo, julgar o recurso extraordinário, sendo sempre o juízo sobre a tempestividade do apelo um prius ao exame do mérito. De outra parte, saber se o recurso extraordinário é tempestivo constitui, em qualquer hipótese, preliminar não só à apreciação do mérito, mas dos próprios pressupostos específi cos para o processamento do apelo derradeiro, inadmitido pelo Presidente da Corte a quo, notadamente quando, no despacho agravado, não se afi rmou ser o recurso tempestivo. Incumbe, ademais, ao Tribunal ad quem, em qualquer hipótese, o exame da tempestividade do recurso que há de julgar. Nesse sentido, decidiu a Primeira Turma, a 24.05.1990, relator o Ministro Celso de Mello, no AgRg no Ag n. 133.647-RJ, de cuja ementa do acórdão, destaco: “Agravo regimental. Súmula n. 288. Defi ciente formação do instrumento de agravo. Traslado incompleto. Ausência de peça comprobatória da tempestividade do recurso extraordinário. Caráter essencial da peça faltante. Pretendida complementação no Supremo Tribunal Federal. Impossibilidade. Agravo regimental improvido.” (RTJ 131/1.403). Também a 22.05.1990, a mesma Turma, no Ag n. 125.465 (AgRg)-SP, relator o Ministro Celso de Mello, reafi rmou (RTJ 132/1.345): “A prova da oportuna interposição do recurso extraordinário, cujo processamento deixou de ser admitido na instância a quo, deve ser necessariamente produzida pelo agravante quando da formação do traslado. Trata-se de peça essencial à defi nição de um dos pressupostos recursais objetivos de maior signifi cação: a própria tempestividade do apelo extremo”. E a Segunda Turma também vem decidindo no mesmo sentido: AgRg no Ag n. 151.485-1-SP, AgRg no Ag n. 162.654-3-PR, AgRg no Ag n. 154.013-4-RJ e AgRg no Ag n. 151.030-8-SP. Incide, pois, a Súmula n. 288.

4. Do exposto, com base no art. 38, da Lei n. 8.038, de 28 de maio de 1990, combinado com o art. 21, § 1º, do RISTF, nego seguimento ao agravo. (Ag n. 0155.185-2-040-SP, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 30.08.1995, p. 27.055).

O mesmo entendimento se aplica ao recurso especial.

Assim, não constando do traslado a cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido, nego seguimento ao agravo de instrumento.

(fl s. 53-54).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 349

Dessa decisão vem o agravo regimental, no qual se alega:

(...)

4. Pelo despacho de fl s. 41, o Sr. Juiz Presidente do TRF-4ª Região, não admitiu o REsp, motivo pelo qual foi interposto o Agravo de Instrumento, que teve negado o seu seguimento em face da decisão de fl s. 53-54.

5. Funda-se o despacho indeferitório em que as decisões proferidas em Recurso Extraordinário são aplicáveis ao Especial, em face de sua singular natureza.

6. A questão cinge-se em mera interpretação de conteúdo de Lei Ordinária, pois é hialino que dispositivo de lei federal teve sua vigência negada, razão pela qual compete ao Superior Tribunal de Justiça apreciar essa frontal violação.

7. Ora, o Recurso Extraordinário sobe à apreciação constitucional, e não infra.

8. Assim, deve o presente recurso ser admitido, conhecido e provido para determinar-se o regular processamento do Recurso Especial. (fl s. 59).

Por manter a decisão agravada, trago o feito a julgamento.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Assis Toledo (Relator): A matéria discutida neste agravo

está pacifi cada no Supremo Tribunal Federal, conforme noticia esta ementa:

Agravo de instrumento. Traslado incompleto. Ausência de certidão comprobatória da tempestividade do recurso extraordinário. Função jurídico-processual do agravo de instrumento deduzido contra decisão que nega trânsito ao recurso extraordinário. Súmula n. 288-STF. Aplicabilidade. Agravo improvido.

Traslado incompleto. Prova da tempestividade do recurso extraordinário. Súmula n. 288.

- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de considerar incompleto o traslado a que falte, dentre outras peças essenciais à compreensão global da controvérsia, a necessária certidão comprobatória da tempestividade do recurso extraordinário. Aplicabilidade da Súmula n. 288-STF. Precedentes de ambas as Turmas do STF.

Controle da tempestividade do recurso extraordinário. Matéria de ordem pública.

- O agravo de instrumento, na hipótese de recusa de processamento do recurso extraordinário, possui conteúdo temático próprio e específico, justificando o

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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exercício, pelo Supremo Tribunal Federal, do seu incontrastável poder de verificação de todos os pressupostos inerentes ao apelo extremo, dentre os quais avulta, por sua extrema relevância, aquele concernente ao requisito da tempestividade, ainda que não invocado por qualquer dos sujeitos da relação processual.

O controle da tempestividade do apelo extremo - precisamente por constituir pressuposto recursal de ordem pública - revela-se matéria suscetível de conhecimento ex offi cio pelo Supremo Tribunal Federal, independendo, em conseqüência, de qualquer formal provocação dos sujeitos que intervêm no procedimento recursal.

Juízo de admissibilidade no Tribunal a quo. Decisão de caráter provisório.

- O juízo de admissibilidade emanado da Presidência do Tribunal a quo, seja ele positivo ou negativo, precisamente porque veiculado em ato decisório de caráter preliminar, instável e provisório, não importa em preclusão da faculdade processual que assiste ao Supremo Tribunal Federal de reapreciar, em toda a sua extensão, a ocorrência, ou não, dos pressupostos legitimadores da interposição do recurso extraordinário. (AgRg no Ag n. 137.897-3-SP, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 20.10.1995, p. 35.265).

Aplicam-se, obviamente, ao recurso especial, as mesmas considerações

quanto a admissibilidade do recurso extraordinário (art. 26 da Lei n. 8.038/1990).

Ante o exposto, não demonstrado o desacerto da decisão agravada, nego

provimento ao agravo.

É o voto.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 151.069-RJ (97.0043126-6)

Relator: Ministro William Patterson

Agravante: Empresa Jornal do Brasil S/A

Advogados: Alexandre Moura Dumans e outra

Agravado: R. Despacho de fl s. 173-174

Agravado: Governador do Estado do Rio de Janeiro

Advogados: Carlos Eduardo Machado e outros

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 351

EMENTA

Processual Civil. Agravo regimental. Formação do instrumento.

Ônus. Controle da tempestividade do recurso especial.

- É do agravante o ônus de fi scalizar a formação do instrumento.

- Assentada jurisprudência sobre a obrigatoriedade do traslado

da certidão de publicação do acórdão recorrido, sob pena de não

conhecimento do agravo.

- Precedente do Colendo STF e do STJ (Questão de Ordem do

AGA n. 153.273, julgado em 05.11.1997 - Corte Especial).

- Agravo regimental a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental,

nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com o Sr. Ministro Relator

os Srs. Ministros Luiz Vicente Cernicchiaro, Vicente Leal, Fernando Gonçalves

e Anselmo Santiago.

Brasília (DF), 19 de março de 1997 (data do julgamento).

Ministro Anselmo Santiago, Presidente

Ministro William Patterson, Relator

DJ 06.04.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro William Patterson: - Acolhendo o parecer ministerial,

onde anotada a falta de traslado da certidão de intimação do acórdão recorrido,

neguei provimento ao agravo de instrumento (173-174).

Se opondo à decisão, a Empresa Jornal do Brasil S/A manifesta, em tempo

hábil, o presente agravo regimental. Insiste em demonstrar a tempestividade

do recurso especial, fazendo saber, inclusive, que outros foram os fundamentos

da sua inadmissão na origem. Ao demais, aduz que as peças obrigatórias são

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

352

aquelas expressas no parágrafo 1º do art. 544 do CPC, inexistindo disposição

que permita aos tribunais ampliar o seu número (cfr. fl s. 176-183).

Mantive a decisão e trouxe o agravo a julgamento.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro William Patterson (Relator): - Neste agravo regimental

limita-se a repetir tese já enfrentada no âmbito deste Tribunal e do Colendo

STF, onde proclamado o dever de vigilância do agravante na formação do

instrumento (RTJ 593/599), por isso que, inclusive reafi rmada, naquele Pretório

Excelso, a orientação da Súmula n. 288, que vem a ser complementada com

freqüentes decisões sobre arrolar-se entre as peças obrigatórias à compreensão

da controvérsia a certidão de publicação do acórdão recorrido. Neste sentido,

a Questão de Ordem do Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n.

153.273, julgado em 05.11.1997 - Corte Especial do STJ:

A Corte Especial, por maioria, apreciando questão de ordem, decidiu ser indispensável para instrução do agravo de instrumento contra decisão denegatória de recurso especial a juntada de certidão de intimação do acórdão recorrido.

Em sendo assim, inobstante o esforço do Agravante, nego provimento ao

agravo regimental.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 153.273-CE (97.0048091-7)

Relator originário: Ministro Waldemar Zveiter

Relator para o acórdão: Ministro Barros Monteiro

Agravante(s): Companhia Nacional de Abastecimento - Conab

Agravado(s): R. Despacho de fl s. 113

Advogado(s): José Fragoso da Luz e Sérgio Silva Costa Sousa

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 353

EMENTA

Agravo de instrumento. Peça essencial. Cópia da certidão de

publicação do acórdão recorrido.

A certidão de intimação do acórdão recorrido é peça essencial

à regular formação do agravo de instrumento manifestado contra a

decisão denegatória de REsp, uma vez que sem ela não se pode aferir

a tempestividade do apelo extremo. Aplicação da Súmula n. 288-STF.

Questão de ordem decidida pela Eg. Corte Especial.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas: Decide

a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, ser indispensável

a instrução do agravo de instrumento contra decisão denegatória de recurso

especial a juntada de certidão de intimação do acórdão recorrido, vencidos

os Srs. Ministros Relator, Sálvio de Figueiredo Teixeira, Humberto Gomes

de Barros, Costa Leite, Nilson Naves, Eduardo Ribeiro e Edson Vidigal, na

forma do relatório e notas taquigráfi cas precedentes que integram o presente

julgado. Votaram com o Sr. Ministro Barros Monteiro, os Srs. Ministros Helio

Mosimann, Peçanha Martins, Demócrito Reinaldo, Milton Luiz Pereira, José

Dantas, William Patterson e Cid Flaquer Scartezzini,.

Brasília (DF), 05 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, Presidente

Ministro Barros Monteiro, Relator para o acórdão

DJ 29.06.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter: Às fl s. 113 não conheci do Agravo de

Instrumento sob os seguintes fundamentos:

O apelo não merece prosperar.

Com efeito, compulsando os autos, verifi ca-se que a Agravante não trasladou, quando da formação do instrumento, cópia da certidão de intimação do acórdão

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

354

recorrido e da procuração da parte agravada, peças elencadas no art. 544, § 1°, do CPC, obrigatórias e essenciais à compreensão da controvérsia. Aplicação da orientação consubstanciada no Enunciado n. 288 da Súmula do STF.

Isto posto, não conheço do agravo.

Intime-se.

Inconformada, Companhia Nacional de Abastecimento - Conab interpõe

o presente Regimental alegando em suas razões não poder ser preterida no

direito de julgamento por não ter sido juntado, pelo agravado, o instrumento

procuratório outorgado ao advogado por ele constituído, bem como, ter este

Ministro Relator usado de excessivo rigor na questão da exigência da cópia

da certidão de publicação do acórdão recorrido, e para isso sustenta, verbis (fl s.

116):

Ocorre que a espécie cuida de recurso, cuja resposta transita nos limites de sua conveniência. Assim, data venia, a Agravante não pode ser preterida no direito de julgamento de seu recurso pelo fato da parte recorrida não ter juntado o instrumento de procuração.

Quanto à falta de juntada da certidão de intimação do acórdão recorrido, o Excelentíssimo Senhor Ministro Relator conduziu a questão com excessivo rigor, concessa venia. O despacho que publicou o referido acórdão foi publicado regularmente no DJU de 18.07.1997, p. 55.218, nos exatos termos da inclusa xerocópia do recorte do referido diário.

Na sessão de julgamento a C. Terceira Turma, em decisão majoritária,

acolheu questão de ordem para enviar este feito a julgamento pela C. Corte

Especial, na forma do permissivo do inciso IV do art. 16 do RISTJ, quanto

a interpretação que deve ser dada ao art. 544, § 1º, do CPC, sob ser ou não

necessária a oferta da certidão da intimação do acórdão recorrido, tido pelas 1ª

e 3ª Seções deste Tribunal como indispensável para aferir-se a tempestividade

do Especial.

QUESTÃO DE ORDEM

Ementa: Processo Civil. Agravo de instrumento. Ausência de

cópia da certidão de publicação do aresto recorrido. Peça não essencial.

1. A cópia da certidão de publicidade do aresto recorrido não é peça

essencial. Inteligência do art. 544, § 1º do Cõdigo de Processo Civil.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 355

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter (Relator): A c. Terceira Turma tem aceito como dispensável o traslado da cópia da certidão de publicação tanto do acórdão recorrido, quanto da decisão proferida em embargos declaratórios, a fi m de que se afi ra a tempestividade do recurso especial (ex. AgRgAg n. 113.279-GO, DJ de 22.04.1997).

Todavia essa orientação não se afi na com os demais órgãos fracionários que, na linha de orientação do Colendo Supremo Tribunal Federal, entendem no sentido de que a apresentação da referida peça é imprescindível à compreensão da controvérsia acerca da tempestividade do recurso especial, impossibilitando, sua ausência, a verificação sobre a observância do prazo recursal, sendo a tempestividade um dos requisitos essenciais à admissibilidade do apelo nobre.

Assim é ressaltado pelo Sr. Ministro Vicente Leal, quando do julgamento do AgRgAg n. 121.239-PA, DJ 17.02.1997, “caso se verifi casse a possibilidade de se converter o agravo em recurso especial (CPC, art. 544, § 3°), estando presentes os elementos necessários ao julgamento do mérito, a falta de comprovação da data da intimação do acórdão objurgado fatalmente impediria seu exame, apresentando-se oportuno o trancamento quando da apreciação do agravo de instrumento, em benefício da economia e celeridade processuais”.

Ainda no mesmo sentido, cito os seguintes julgados que confi rmam tal

orientação:

I - Processo Civil. Agravo regimental no agravo de instrumento. Traslado incompleto.

1. Considera-se defi ciente o traslado no qual falte a certidão de intimação do acórdão recorrido, peça essencial à verifi cação da tempestividade do recurso.

2. Precedentes do STF quanto a recurso extraordinário.

3. Agravo regimental improvido. (AgRgAg. n. 85.038-SP, Relator Sr. Ministro Anselmo Santiago, DJ de 1º.07.1996).

II - Agravo regimental. Formação defeituosa do instrumento de agravo. Ausência da certidão de intimação do acórdão recorrido.

- Deve ser prestigiada a jurisprudência no sentido do necessário traslado da certidão de intimação do acórdão recorrido, peça essencial à verifi cação da tempestividade do recurso.

- Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRgAg. n. 88.418-SP, Relator Sr. Ministro William Patterson, DJ de 04.03.1996).

Assim, atendendo ao fi m primordial desta Corte, qual o de uniformização do entendimento sobre a aplicação de Lei Federal, é que reconhecendo tal divergência, trago a espécie a julgamento.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Inobstante as fundadas razões das C. 1ª e 3ª Seções, peço vênia para manter-me fi liado à orientação da Terceira Turma, de que é exemplo o AgRgAg

n. 113.279-GO, Relator para acórdão o Sr. Ministro Nilson Naves, que restou

assim ementado:

Agravo de instrumento contra decisão denegatória de recurso especial. Peças de apresentação obrigatória. Entre elas, segundo a dicção do art. 544, § 1º, do Cód. de Pr. Civil, não se encontra a certidão de publicação do acórdão contra o qual interposto o especial (isto é, a certidão de intimação do acórdão recorrido). Agravo regimental provido. Voto vencido.

Assim, não se encontrando a certidão de publicação do acórdão, contra

o qual interposto o especial, no elenco de peças indispensáveis referidas no

parágrafo 1º do art. 544, do CPC, para formação do agravo do despacho

denegatório, não há como se a exigir para conhecer do recurso.

Forte em tais lineamentos é que decido a questão de ordem no sentido de

não ter como válida a exigência de tal certidão para o conhecimento do recurso.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro (Presidente): - O Sr. Ministro-

Relator traz a título de questão de ordem, em razão da relevância da questão

processual e da divergência acentuada entre as Seções do Superior Tribunal

de Justiça. A questão de ordem proposta pelo Ilustre Relator está em saber da

necessidade ou não de juntada, ao agravo, da certidão de intimação do acórdão

recorrido para verifi car se o agravo foi interposto tempestivamente ou não.

Essa questão, conforme sabemos, no Supremo Tribunal Federal é

pacífi ca. Hoje são reiterados os julgados nesse sentido e na Vice-Presidência,

sistematicamente, venho negando seguimento aos recursos que procura sustentar

essa tese. A posição majoritária do Superior Tribunal de Justiça, segundo

salientou o ilustre Relator, é no sentido adotado pelo Supremo Tribunal Federal.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: Vou acompanhar o Ministro-

Relator, coerente com o entendimento que temos tido na Quarta Turma.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 357

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Barros Monteiro: - Sr. Presidente, adstringe-se o thema

decidendum à obrigatoriedade ou não de traslado, no recurso de agravo de

instrumento interposto a esta Corte, da certidão de intimação do acórdão

recorrido. No âmbito da Eg. Segunda Seção deste Tribunal, entendi que sim,

mas, vencido, submeti-me à diretriz então traçada por aquele órgão fracionário

do Tribunal. Fico agora à vontade para retornar à minha antiga posição, na

conformidade com a jurisprudência fi rme da Suprema Corte e predominante

nesta Casa (Primeira e Terceira Seções).

Considero a certidão de publicação do acórdão recorrido peça de traslado

indispensável na formação do agravo.

A tempestividade é pressuposto objetivo de todo e qualquer recurso,

não podendo fugir à regra em se tratando de recurso especial. Tratando-se de

requisito de ordem pública, deve ser objeto de verifi cação ex-offi cio pelo Tribunal

ad quem, independentemente, pois, da circunstância de haver sido agitada

ou não a matéria anteriormente, quando do juízo prévio de admissibilidade

exercido pelo Tribunal de origem.

Cuida-se, portanto, de peça essencial à definição de um pressuposto

objetivo da maior signifi cação: a própria tempestividade do REsp. Incumbe

ao Tribunal ad quem, em qualquer hipótese, o exame da tempestividade do

recurso que há de julgar. Assim decidiu a Eg. Segunda Turma do C. Supremo

Tribunal Federal no AgRg no Ag n. 151.485-SP, relator o Sr. Ministro Néri da

Silveira (in RTJ vol. 158, p. 252 e seguintes). Idêntica a orientação imprimida a

respeito pela C. Primeira Turma do mesmo Augusto Sodalício (AgRg no Ag n.

149.722-1-DF, relator Ministro Moreira Alves).

Não colhe o argumento de que, dentre as peças elencadas no art. 544, §

único, do CPC, não se encontra a indigitada cópia da certidão de publicação do

acórdão recorrido. Se há a exigência ali da certidão de intimação do decisório

agravado (para aferir-se a tempestividade do agravo), não se vê por que

dispensar-se a certidão de intimação do acórdão recorrido, que tem a mesma

fi nalidade: constatar-se a tempestividade do próprio apelo excepcional. Se este

é intempestivo, se, assim, já transitou em julgado o acórdão impugnado, não há

razão de ser para a subida do agravo.

A enumeração feita pelo art. 544, § único, da Lei Processual Civil, por

conseguinte, não é exaustiva.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

358

Acresce que a legislação infraconstitucional prevê a possibilidade de

conversão do agravo de instrumento em recurso especial, desde que aquele

contenha os elementos necessários ao julgamento de mérito do REsp (arts. 28,

§ 3º, da Lei n. 8.038, de 28.05.1990, e 544, § 3º, do CPC). É mais um motivo

para exigir-se a comprovação da tempestividade do apelo especial. Sem o

traslado da peça questionada, não se poderá julgar o recurso especial interposto.

Trata-se, como se vê, de peça essencial na formação do agravo de

instrumento. A sua ausência importa em aplicação do disposto na Súmula n.

288 do Excelso Pretório.

Por tais motivos, rogando vênia aos eminentes Ministros que pensam de

modo contrário, respondo à questão de ordem formulada no sentido de que é

indispensável à instrução do agravo de instrumento manifestado contra decisão

denegatória de REsp a cópia da certidão de intimação do acórdão recorrido.

É como voto.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Hélio Mosimann: Senhor Presidente, não recordo de ter

me defrontado com essas questões, até porque não as analiso minuciosamente, a

não ser que a parte suscite, requerendo a apreciação.

Acompanho o Eminente Ministro Barros Monteiro, no sentido da

necessidade.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Peçanha Martins: - Senhor Presidente, entendo que a

matéria já está uniformizada no Supremo Tribunal Federal e, também, neste

Tribunal, por maioria.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Demócrito Reinaldo: Senhor Presidente, peço vênia aos

demais Ministros para associar-me à divergência. A lei, ao se referir às peças,

não consigna uma relação exaustiva, mas simplesmente exemplifi cativa. E isso

porque, existem outras peças que, em determinadas hipóteses, são necessárias

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 359

à formação do instrumento, sob pena de impossibilitar o julgamento do agravo

de instrumento. Vou exemplifi car: quando o Presidente de Tribunal Ordinário

indefere a subida de um recurso especial, por ausência de prequestionamento,

se faz necessária a juntada das razões ou contra-razões, de apelação, conforme

a parte que tenha interposto o recurso especial, para se verifi car se há ou não

o prequestionamento. Tenho afi rmado em decisões na Primeira Turma, que

também é uma absurdidade jurídica e fere o princípio da economia processual,

determinar-se a subida de um recurso especial sem se ter certeza de que é

tempestivo, quer dizer: mandar subir um recurso intempestivo.

Por essas razões, acompanho o nobre Ministro Barros Monteiro, com a

devida dos que pensam em contrário.

É como voto.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros: Sr. Presidente, vou pedir vênia para acompanhar o Eminente Ministro-Relator, e o faço porque, durante vinte e três anos de vigência do Código de Processo Civil, jamais esta exigência foi feita. Depois, acho que o processo não pode funcionar como armadilha para apanhar as partes nem os advogados. Enxergo nesta juntada da certidão de intimação do recurso uma solene inutilidade. Digamos que o recurso tenha sido juntado num dia tal que na contagem nossa, aqui, desse pela intempestividade. No entanto, lembro uma data, que não é feriado nos demais locais do Brasil, a de 16 de setembro que é feriado em Alagoas. Sem conhecer esta circunstância, diríamos que o recurso seria tempestivo. Deixaríamos de conhecê-lo porque a certidão juntada levaria à intempestividade. Parece-me que se deveria exigir uma declaração do Tribunal de que o recurso é tempestivo, não montar esta armadilha que se colocou em relação às partes.

Com todas as vênias, não é inventando difi culdades que resolveremos o problema da inviabilidade do Superior Tribunal de Justiça. Deveremos resolvê-lo enfrentando-o. Estamos fazendo um tratamento sintomático, não estamos enfrentando as causas do problema que é realmente uma conjuntura cultural, uma conjuntura que precisa de reformas profundas. Isso não diminuirá sequer o volume de recursos que nos chegam, porque continuarão a chegar os agravos de instrumentos que, improvidos, suscitarão agravos regimentais e as partes continuarão, sem qualquer sanção, a provocar duas decisões do Superior Tribunal de Justiça em relação a isto.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

360

Acredito que a solução é inócua sob o aspecto prático e moral. É também inócua sob o aspecto de se viabilizar um Tribunal que está se viabilizando,

justamente em função destes tratamentos sintomáticos que estamos aplicando

às difi culdades.

Por que não punir o recurso protelatório?

Por que não estender o princípio da sucumbência aos agravos?

O meu voto é acompanhando o Eminente Ministro-Relator.

APARTE

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: Na Quarta Turma, quando o

tema foi discutido, tive ensejo também de assinalar que as partes não deveriam

ser surpreendidas, pelo que a mudança de orientação deveria estabelecer um

critério temporal. E pessoalmente o fi xei, estabelecendo uma data limite.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro José Dantas: Senhor Presidente, em matéria de tecnicismo formal do recurso especial, sempre sigo o conselho do Supremo Tribunal Federal pela longa experiência com recurso extraordinário, que é irmão colaço do recurso especial. Mesmo porque não discuto o mérito da questão, senão que basta ao meu posicionamento a reiterada posição do Supremo Tribunal Federal sobre exigir tal certidão para o recurso extraordinário, pelo que não entendo como deva este Superior Tribunal agir diferentemente em relação ao recurso especial.

Acompanho o Sr. Ministro Barros Monteiro.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO-VOGAL

O Sr. Ministro William Patterson: - Sr. Presidente, também acompanho a

divergência, coerente com a posição na Egrégia Terceira Seção.

Gostaria de assinalar que o grande argumento do Supremo Tribunal

Federal, nesta questão, é a aplicação do § 3º do art. 28 da Lei n. 8.038, ao dizer

que, a partir de quando a lei permitiu a conversão do agravo de instrumento em

recurso especial, para julgamento, não se pode dispensar essa peça essencial.

Acompanho o Sr. Ministro Barros Monteiro.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 361

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Costa Leite: Sr. Presidente, pedirei vênia aos que pensam

em contrário para persistir no entendimento que venho, até aqui, adotando,

na Terceira Turma, no sentido de que o rol das peças constantes do art.

544 é exaustivo. Fora daí, realmente, não me parece aplicável a pena de não

conhecimento, até porque pode-se mandar subir os autos principais quando

houver dúvida a respeito da tempestividade do recurso especial.

Com essas breves considerações, adiro ao voto do Eminente Ministro-

Relator.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO

O Sr. Ministro Nilson Naves: - Sr. Presidente, voto com o Sr. Relator, data

venia.

QUESTÃO DE ORDEM - VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro: - Admito seja útil a peça reclamada

para quando se pretenda proceder à conversão do agravo em recurso especial.

Isso não obstante, não me parece possível emprestar à sua falta a conseqüência

questionada.

O Código de Processo Civil; ao regular o agravo, tendente a obter a

admissão de recurso especial, é minucioso na enumeração das peças obrigatórias,

que hão de ser apresentadas, pena de não conhecimento. Chega ao requinte

de entre elas arrolar a procuração outorgada ao advogado do agravante. E

expressamente mencionou a certidão de intimação da decisão agravada. Não

exigiu, entretanto, viesse também a certidão de intimação do acórdão recorrido.

Não cominou, consequentemente, a sanção de não conhecimento para quando

faltasse.

Certo que, em certas circunstâncias, outras peças podem fazer-se

indispensáveis. Assim, por exemplo, se o acórdão se reporta aos fundamentos

da sentença, essa haverá de ser trazida; se alegada a inépcia da inicial, mister

venha a respectiva cópia. Importante assinalar, entretanto, que isso se verifi ca

eventualmente, em função do caso concreto e, a toda evidência, não seria viável

previsse o Código todas as hipóteses que podem ocorrer.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Diverso, entretanto, é o caso em exame. Aquela certidão muito difi cilmente

deixará de existir. Sua ausência será muito mais rara do que, por exemplo, as

contra-razões ao especial ou a procuração da parte contrária. Não se estabeleceu,

entretanto, devesse ser necessariamente apresentada. Não se a teve, pois, como

indispensável. Não me parece razoável que a omissão da lei, se existe, haja

de ser suprida, punindo-se a parte que se fi ou em seus termos ao compor o

instrumento.

Assinalo, na linha do eminente Ministro Gomes de Barros, que os

julgadores devem ter a cautela de não transformar o processo em um campo

minado. Durante décadas, a propósito de outros textos análogos, prescindiu-se

da apresentação da peça em exame. A súbita guinada jurisprudencial colhe de

surpresa as partes, que poderão sofrer graves prejuízos. A mudança legislativa

não pode ter efeitos retroativos, mas a jurisprudência, na prática, termina por

tê-lo.

Com todo o respeito a quantos entendem de modo diverso, não conheço

do recurso.

QUESTÃO DE ORDEM

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: Gostaria de assinalar que a Quarta Turma, por unanimidade, tem decidido no sentido de não se fazer a exigência, mas estabeleceu que, uma vez a Corte decidindo, qualquer que seja a votação, no tema, vai seguir sua orientação.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 154.985-RJ (97.521176)

Relator: Ministro Nilson Naves

Agravantes: Vicente de Sousa Mata e cônjuge

Agravado: O R. Despacho de fl . 167

Partes: Vicente de Sousa Mota e cônjuge e Fabrimar S/A Indústria e Comércio

Advogados: José de Assis Medina e outros e Geraldo Beire Simões e outro

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 363

EMENTA

Agravo de instrumento contra decisão denegatória de recurso

especial. Instrução (peças de apresentação obrigatória). Certidão

de publicação do acórdão. Decidiu a Corte Especial do STJ que a

certidão de publicação do acórdão contra o qual interposto o especial

(isto é, a certidão de intimação do acórdão recorrido) é peça de

apresentação obrigatória. Votos vencidos (inclusive o deste Relator).

Anteriores precedentes das Turmas componentes das 1ª e 3ª Seções.

Jurisprudência que se consolidou, inclusive na 2ª Seção (opinião

ressalvada). Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da 3ª

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráficas a seguir, por maioria, negar provimento ao agravo regimental.

Vencido o Sr. Ministro Eduardo Ribeiro. Participaram do julgamento os Srs.

Ministros Eduardo Ribeiro, Waldemar Zveiter e Menezes Direito. Ausente,

justifi cadamente, o Sr. Ministro Costa Leite.

Brasília (DF), 10 de março de 1998 (data do julgamento).

Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Presidente

Ministro Nilson Naves, Relator

DJ 04.05.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Nilson Naves: - Diante do agravo regimental interposto,

submeto à consideração da Turma o seguinte despacho:

Não consta dos autos cópia da certidão de intimação do acórdão recorrido. O meu entendimento sempre foi o de que tal não se trata de peça essencial à plena compreensão da controvérsia (Súmula n. 288-STF e art. 544 e §§ do Cód. de Pr. Civil). Nesse sentido, tornei-me relator para acórdão de caso levado à consideração da 3ª Turma (AgRg no Ag n. 113.279, DJ 22.04.1997).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

364

Acontece, porém, que o assunto foi à Corte Especial, e lá se decidiu, por maioria de votos, “ser indispensável para instrução do agravo de instrumento contra decisão denegatória de recurso especial a juntada de certidão de intimação do acórdão recorrido” (Questão de Ordem no Agravo de Instrumento n. 153.273, sessão de 05.11.1997). Fiquei vencido, mas devo daqui em diante obediência ao que fi cou decidido na Corte Especial.

Destarte, do presente agravo de instrumento não conheço.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Nilson Naves (Relator): - Para o Agravo Regimental no

Agravo de Instrumento n. 113.279, julgado pela 3ª Turma, em 17.09.1996,

escrevi a seguinte ementa:

Agravo de instrumento contra decisão denegatória de recurso especial. Peças de apresentação obrigatória. Entre elas, segundo a dicção do art. 544, § 1º, do Cód. de Pr. Civil, não se encontra a certidão de publicação do acórdão contra o qual interposto o especial (isto é, a certidão de intimação do acórdão recorrido). Agravo de instrumento, de que o Relator não conhecera. Agravo regimental provido. Voto vencido.

Sucede, como se viu do despacho ora agravado, que a Corte Especial, em

05.11.1997, decidiu doutro modo. Aliás, as Turmas que compõem a 1ª e a 3ª

Seções deste Tribunal já vinham adotando essa orientação, por exemplo:

- Processual Civil. Agravo regimental no agravo de instrumento. Traslado defi ciente. Ausência da certidão de publicação do acórdão recorrido. Súmula n. 288-STF. Precedentes. Art. 525 do CPC. Inaplicabilidade in casu.

1. O art. 525 do CPC desserve para embasar o agravo de instrumento voltado contra decisão que inadmite o recurso especial na origem.

2. A certidão de publicação do acórdão recorrido é peça essencial à formação do instrumento, consoante têm afi rmado a Suprema Corte e o STJ.

3. Agravo regimental improvido. Decisão unânime. (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 157.681, 1ª Turma, Sr. Ministro Demócrito Reinaldo, DJ de 15.12.1997)

- Processual Civil. Recurso especial inadmitido. Agravo para o STJ. Instrumento. Ausência de cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido. Não-

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 365

conhecimento do agravo: possibilidade. Precedentes do STJ e do STF. Agravo regimental improvido.

I - Nega-se seguimento a agravo quando não consta do instrumento cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido.

II - Agravo regimental improvido. (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 124.393, 2ª Turma, Sr. Ministro Adhemar Maciel, DJ de 03.11.1997)

- Agravo de instrumento. Traslado incompleto. Ausência de cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido.

1. A certidão de publicação do acórdão recorrido é peça obrigatória desde o advento da Lei n. 8.038/1990, conforme jurisprudência do STF e STJ, independente de ser a verifi cação da tempestividade do recurso especial objeto ou não do agravo de instrumento.

2. Cabe ao agravante a juntada das peças obrigatórias.

3. Agravo regimental improvido. (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 142.257, 5ª Turma, Sr. Ministro Edson Vidigal, DJ de 13.12.1997)

- Processual Civil. Agravo regimental. Formação do instrumento. Controle da tempestividade do recurso especial.

Assentada jurisprudência sobre a obrigatoriedade do traslado da certidão de publicação do acórdão recorrido, sob pena de não conhecimento do agravo.

Precedente do STF.

Agravo regimental a que se nega provimento. (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 162.964, 6ª Turma, Sr. Ministro William Patterson, DJ de 1º.12.1997)

Aqui na 3ª Turma, adotou-se, por maioria de votos, a orientação que se

fi rmou na apreciação, pela Corte Especial, da aludida Questão de Ordem,

conforme, entre outros, o Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n.

164.347, assim ementado:

Agravo. Peça essencial. Consolidou-se a jurisprudência do STJ no sentido de que a certidão de intimação do acórdão recorrido tornou-se peça essencial à formação do instrumento, a partir da vigência da Lei n. 8.038/1990. Agravo a que se negou provimento (Sr. Ministro Costa Leite, sessão de 05.12.1997).

A 4ª Turma, pelo que fui informado, adotou orientação análoga à das

outras Turmas, a partir do corrente ano, tal em face da decisão tomada pela

Corte Especial.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Pelo visto, trata-se de orientação assentada pela Corte, e que já vinha

sendo adotada por 4 de suas 6 Turmas, reportando-se alguns dos seus julgados à

orientação estabelecida há bom tempo pelo Supremo Tribunal (por exemplo, ver

o Ag n. 176.874, DJ de 31.10.1995, Sr. Ministro Néri da Silveira, aqui citado no

Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 142.257, 5ª Turma).

O vezo, se é que se trate de costume criticável, não é apenas de nossas

Cortes. Os critérios técnicos são também adotados por outras Cortes, como a

Supreme Court, pelo que se vê de Lawrence Baum, nessas passagens:

Para merecer aceitação pela Corte Suprema um caso precisa satisfazer a certos requisitos técnicos. Acima de tudo, a petição de apreciação precisa atender às normas da Corte. Uma petição pode ser indeferida, por exemplo, pelo fato de o suplicante não ter fornecido o número requerido de cópias dos documentos constantes dos autos do processo. Estes requisitos são relaxados para as petições dos pobres, mas até mesmo estas petições podem ser indeferidas se for extremo seu desvio das normas. (“A Suprema Corte Americana”, Forense-Universitária, 1985, p. 148 e 149)

À vista de tal orientação, desde logo aplicável, nego provimento ao agravo

regimental. Deixo, porém, ressalvado o meu ponto de vista.

VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro: - A Corte Especial realmente decidiu

nos termos indicados pelo relator, mas não se alcançou maioria absoluta. Peço

vênia para manter meu entendimento, pelas razões que expus ao ser apreciada a

matéria naquele órgão:

Admito seja útil a peça reclamada para quando se pretenda proceder à conversão do agravo em recurso especial. Isso não obstante, não me parece possível emprestar à sua falta a conseqüência questionada.

O Código de Processo Civil, ao regular o agravo, tendente a obter a admissão de recurso especial, é minucioso na enumeração das peças obrigatórias, que hão de ser apresentadas, pena de não conhecimento. Chega ao requinte de entre elas arrolar a procuração outorgada ao advogado do agravante. E expressamente mencionou a certidão de intimação da decisão agravada. Não exigiu, entretanto, viesse também a certidão de intimação do acórdão recorrido. Não cominou, conseqüentemente, a sanção de não conhecimento para quando faltasse.

Certo que, em certas circunstâncias, outras peças podem fazer-se indispensáveis. Assim, por exemplo, se o acórdão se reporta aos fundamentos

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 367

da sentença, essa haverá de ser trazida; se alegada a inépcia da inicial, mister venha a respectiva cópia. Importante assinalar, entretanto, que isso se verifi ca eventualmente, em função do caso concreto e, a toda evidência, não seria viável previsse o Código todas as hipóteses que podem ocorrer.

Diverso, entretanto, é o caso em exame. Aquela certidão muito difi cilmente deixará de existir. Sua ausência será muito mais rara do que, por exemplo, as contra-razões ao especial ou a procuração da parte contrária. Não se estabeleceu, entretanto, devesse ser necessariamente apresentada. Não se a teve, pois, como indispensável. Não me parece razoável que a omissão da lei, se existe, haja de ser suprida, punindo-se a parte que se fi ou em seus termos ao compor o instrumento.

Assinalo, na linha do eminente Ministro Gomes de Barros, que os julgadores devem ter a cautela de não transformar o processo em um campo minado. Durante décadas, a propósito de outros textos análogos, prescindiu-se da apresentação da peça em exame. A súbita guinada jurisprudencial colhe de surpresa as partes, que poderão sofrer graves prejuízos. A mudança legislativa não pode ter efeito retroativo, mas a jurisprudência, na prática, termina por tê-lo.

Data venia, dou provimento.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 157.303-SP (97.58319-8)

Relator: Ministro Felix Fischer

Agravante: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo

Agravados: Cristina Maria Fernandes Leite e outros

Advogados: Silvia Zeraik Melo Bueno e outros

Evelcor Fortes Salzano

EMENTA

Processual Civil. Agravo regimental. Cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido. Súmula n. 182-STJ.

- Inexistência da certidão de publicação do acórdão objeto do

especial.

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- Impossibilidade de conhecimento do agravo por formação defi ciente do instrumento.

- Precedentes do STF e STJ.

- “É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especifi camente os fundamentos da decisão agravada.” (Súmula n. 182-STJ).

- Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Votaram com o Relator os Ministros Edson Vidigal, José Dantas, Cid Flaquer Scartezzini e José Arnaldo.

Brasília (DF), 25 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro Felix Fischer, Relator

DJ 16.02.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Felix Fischer: O Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo interpõe agravo regimental contra decisão

assim fundamentada:

O agravo de instrumento não pode ser conhecido porquanto não foi juntada a cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido (STF: Ag n. 0155185-2-040-SP, DJU de 30.08.1995, p. 27.055; Ag n. 146.704-RS, DJU de 03.12.1993; RTJ 131/1.403 e 132/1.345; STJ: AgRg n. 78.087-DF, 5ª Turma, DJU de 25.03.1996, p. 8.595; AgRg n. 88.418-SP, 6ª Turma, DJU de 04.03.1996, p. 5.443), ex vi art. 28, § 1°, da Lei n. 8.038/1990 e art. 544, § 1°, do CPC.

Não conheço do agravo. (fl s. 69).

Sustenta o agravante que todos as peças previstas na formalização do

agravo de instrumento foram devidamente acostadas aos autos, não havendo

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 369

imperfeições ou ausências impeditivas ao conhecimento do agravo. Destaca,

ainda, que está juntando as peças que irão formar o instrumento.

Por manter a decisão, trago o feito à Turma.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Felix Fischer (Relator): A questão submetida ao presente

agravo há muito já foi pacifi cada, tanto pelo STF como pelo STJ.

A aludida certidão é indispensável para verifi cação de ser ou não tempestivo

o especial, tarefa que cabe ao agravante demonstrar e a este Tribunal analisar.

Não é outro o entendimento desta Corte:

Recurso especial. Inadmissão.

- Agravo regimental. Seu improvimento, em face dos próprios fundamentos da decisão agravada, informada pela orientação do Supremo Tribunal Federal, sobre exigir como peça necessária do instrumento o traslado da certidão de publicação do acórdão então recorrido.

(AgRg no Ag n. 93.889-DF, Rel. Min. José Dantas, DJ 10.06.1996).

- Agravo regimental. Formação defeituosa do instrumento de agravo. Ausência da certidão de intimação do acórdão recorrido.

- Deve ser prestigiada a jurisprudência no sentido do necessário traslado da certidão de intimação do acórdão recorrido, peça essencial à verifi cação da tempestividade do recurso.

- Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no Ag n. 88.418-SP, Rel. Min. William Patterson, DJ 04.03.1996).

Matéria também pacífi ca no STF:

Agravo de instrumento. Traslado defi ciente. Súmula n. 288.

Na conformidade da Súmula n. 288, nega-se provimento a agravo para subida de recurso extraordinário, quando faltar no traslado a petição de recurso extraordinário.

A defi ciência na juntada de peças - mesmo quando requeridas pelo agravante - não comporta a conversão do agravo de instrumento em diligência para complementação da prova faltante.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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A vigilância na formação do instrumento é dever atribuído exclusivamente à parte agravante.

Agravo regimental improvido. (Ag n. 140.081-1-GO - AgRg, 1ª Turma do STF, relator Ministro Ilmar Galvão, publicado no DJ de 28.02.1992).

Ademais, da análise das razões de agravo regimental, constata-se que o

agravante alegou que inadmissível a manutenção da decisão, uma vez que “todas

as peças previstas na formalização do agravo de instrumento foram devidamente

acostadas para o ato processual da espécie”, destacando, ainda, que está juntando

aos autos as peças que irão formar o instrumento.

Conclui-se, portanto, que o fundamento da decisão que negou provimento

ao agravo restou inatacado no presente recurso, assim incidindo, no caso em tela,

o preceito contido na Súmula n. 182 desta Corte.

Com estas considerações, nego provimento ao agravo regimental.

É o voto.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 162.188-MG (97.070322-3)

Relator: Ministro Adhemar Maciel

Agravante: Bicalho Cereais Ltda.

Advogados: Juvenil Alves Ferreira Filho e outros

Agravada: Fazenda Pública do Estado de Minas Gerais

Advogados: Marcelo Cássio Amorim Rebouças e outros

EMENTA

Processual Civil. Agravo “regimental”. Ausência no instrumento

de xerocópia de peça essencial (cópia do acórdão dos embargos de

declaração e sua certidão de publicação). Verifi cação da tempestividade

do recurso especial. Aplicação da Súmula n. 288-STF.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 371

I - Não se conhece do agravo quando não constar do instrumento

a cópia do acórdão dos embargos declaratórios e de sua certidão de

publicação, peças essenciais para verifi cação da tempestividade do

recurso especial. Aplicação da Súmula n. 288 do STF.

II - Agravo “regimental” improvido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.

Decide a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,

negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-

relator, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos autos, que

fi cam fazendo parte integrante do presente julgado. Votaram de acordo os Srs.

Ministros Ari Pargendler, Hélio Mosimann e Peçanha Martins.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 17 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Peçanha Martins, Presidente

Ministro Adhemar Maciel, Relator

DJ 16.03.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Bicalho Cereais Ltda. interpõe, com fulcro

no art. 258 do RISTJ, agravo “regimental” contra a decisão que proferi, às fl s. 48,

não conhecendo do agravo de instrumento, por não constar do traslado a cópia

do acórdão dos embargos de declaração e de sua certidão de publicação, peças

essenciais para aferição da tempestividade do recurso especial.

A ora agravante alega que a falta das referidas peças não pode obstar o

conhecimento do agravo de instrumento, pois não há expressa obrigatoriedade

consignada em lei.

É o relatório.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

372

VOTO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel (Relator): Sr. Presidente, o agravo

“regimental” não merece prosperar.

Não consta do traslado a cópia do acórdão dos embargos declaratórios,

nem sua certidão de publicação, pelo que não se pode verifi car um dos requisitos

extrínsecos de admissibilidade recursal: a tempestividade.

Aplica-se, portanto, o preceito da Súmula n. 288 do STF, uma vez que,

neste caso, a cópia da certidão de publicação dos embargos declaratórios é peça

essencial para comprovação da tempestividade do recurso especial.

Transcrevo, por oportuno, o julgamento do AgRg n. 82.348-SP, DJU de

10.06.1996, em que fui relator:

Processual Civil. Agravo regimental. Decisão do relator que não conhece do agravo de instrumento do art. 28, caput, da Lei n. 8.038/1990, por falta de peças obrigatórias e essenciais (art. 28, parágrafo 1°, da Lei n. 8.038/1990, c.c. o Enunciado n. 288 da Súmula do STF). Cópia do acórdão proferido em sede de embargos de declaração: indispensabilidade. Xerocópia da certidão de publicação do acórdão recorrido: Imprescindibilidade. Precedentes do STF. Agravo regimental improvido.

I - Na expressão “acórdão recorrido”, contida no parágrafo 1° do art. 28 da Lei n. 8.038/1990, e no parágrafo único do art. 253 do RISTJ, estão compreendidos o acórdão proferido em grau de apelação ou de agravo e, se houver, o acórdão prolatado em sede de embargos de declaração.

II - Não se conhece do agravo do art. 28, caput, da Lei n. 8.038/1990 quando não constar do instrumento a xerocópia do acórdão proferido em sede de embargos de declaração, já que tal peça é de traslado obrigatório (art. 28, parágrafo 1°, da Lei n. 8.038/1990, e art. 253, parágrafo único, do RISTJ). Precedentes do STF: Ag n. 135.022-9-DF - AgRg, relator Ministro Sepúlveda Pertence.

III - Nega-se seguimento ao agravo do art. 28, caput, da Lei n. 8.038/1990, quando não constar do instrumento a cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido. Aplicação do Enunciado n. 288 da Súmula do STF. Precedentes do STF: Ag n. 125.465-SP, relator o Ministro Celso de Mello, Ag n. 133.647-RJ - AgRg, relator Ministro Celso de Mello, e Ag n. 146.704-RS - AgRg, relator Ministro Paulo Brossard.

IV - Agravo regimental improvido.

Com essas considerações, nego provimento ao agravo “regimental”.

É como voto.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 373

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 162.554-ES (97.0070950-7)

Relator: Ministro Edson Vidigal

Agravante: Silvestre Jose Vieira Coutinho

Advogados: Silvestre Jose Vieira Coutinho (em causa própria)

Agravado: Justiça Pública

EMENTA

Processual Penal. Agravo de instrumento. Não conhecimento pelo relator. Traslado incompleto. Alegação de desvio das peças obrigatórias na formação do agravo.

1. Nega-se seguimento ao agravo do art. 544, caput, do CPC, quando não constar do instrumento a cópia das contra-razões ao Recurso Especial ou da certidão de publicação do acórdão recorrido.

2. Inexistência de elementos que comprovem o alegado desvio.

3. Agravo “Regimental” improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.

Votaram com o Relator, os Srs. Ministros José Dantas, Cid Flaquer Scartezzini,

José Arnaldo e Felix Fischer.

Brasília (DF), 19 de março de 1998 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente e Relator

DJ 13.04.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Edson Vidigal: Insurge Silvestre José Vieira Coutinho

contra despacho que proferi negando seguimento a Agravo de Instrumento,

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

374

por não constar do translado as contra-razões ao Recurso Especial (ou certidão de que elas não foram apresentadas pela recorrida) e a certidão de publicação do acórdão recorrido, indispensável à aferição da tempestividade da especial inconformação.

Alega o agravante que trasladou as aludidas peças, mas que, no entanto, teriam sido desviadas pelo juízo ad quem, “dando prosseguimento a perseguição à pessoa do Agravante” (fl . 151), não tendo o mesmo contribuído para a situação. Requer a reforma da decisão agravada, a fi m de que seja processado Recurso Especial.

Por não ver motivos para modifi car a decisão agravada, mantenho-a.

Relatei.

VOTO

O Sr. Ministro Edson Vidigal (Relator): Senhores Ministros, alega o

agravante que trasladou as referidas peças, tendo sido desviadas por ocasião da

subida do agravo e não por culpa da defesa. Após a citação de inúmeras passagens

bíblicas, requer que “seja a r. decisão da Quinta Turma reformada, cassada, nos

termos da lei, e conseqüentemente, o Agravo de Instrumento redistribuído para

outra Turma desse Pretório Excelso, a fi m de que seja conhecido o Agravo de

Instrumento interposto tempestivamente e, via de regra, dado provimento ao

mesmo para determinar a imediata subida do Recurso Especial” (fl . 155).

A jurisprudência do STF e desta Corte é interativa quanto à necessidade

do traslado das contra-razões e da certidão de publicação do acórdão recorrido,

cabendo ao agravante juntar as peças obrigatórias, conforme disposto no CPC,

art. 544, § 1°; na Lei n. 8.038/1990 e no RISTJ, art. 253, parágrafo único.

Ao agravante - e não ao relator - cabe zelar pela correta formação do

instrumento. (STJ, 4ª Turma, Ag n. 30.560-5-SP - AgRg, Rel. Min. Barros

Monteiro, DJ 05.04.1993; STJ, 5ª Turma, Ag n. 28.814-0-SP - AgRg, Rel. Min.

Costa Lima, DJ 25.11.1992: STJ, 3ª Turma, Ag n. 33.258-0-PE, Rel. Eduardo

Ribeiro, DJ 10.05.1993).

O recorrente não provou como teria ocorrido o alegado desvio, não

havendo elementos que permitam auferir tal afi rmativa.

Assim, nego provimento ao Agravo “Regimental”.

É o voto.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 375

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 166.398-SP (97.0079277-3)

Relator: Ministro Barros Monteiro

Agravante(s): Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo

Agravada: R. Decisão de fl s. 87

Advogados: Silvia Zeraik Melo Bueno e outros e Nisia Leonor

Taconi Topolovszki

EMENTA

Agravo de instrumento. Peça essencial. Contra-razões e cópia da

certidão de publicação do acórdão recorrido.

1. Segundo o disposto no art. 544, § 1°, do CPC, compete

às partes instruir o agravo, sendo de sua responsabilidade a não

apresentação das peças tidas como obrigatórias.

2. A certidão de intimação do acórdão recorrido é peça essencial

à regular formação do agravo de instrumento manifestado contra a

decisão denegatória de REsp, uma vez que sem ela não se pode aferir

a tempestividade do apelo extremo. Aplicação da Súmula n. 288-STF.

3. A juntada extemporânea dessa peça não viabiliza a pretensão

recursal.

Agravo improvido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas: Decide

a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar

provimento ao agravo regimental, na forma do relatório e notas taquigráfi cas

precedentes que integram o presente julgado. Votaram com o Relator os Srs.

Ministros Cesar Asfor Rocha, Ruy Rosado de Aguiar e Sálvio de Figueiredo

Teixeira.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Brasília (DF), 10 de fevereiro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Barros Monteiro, Presidente e Relator

DJ 04.05.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Barros Monteiro: - Agrava-se da seguinte decisão:

Cuida-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que negou seguimento ao recurso especial.

Não consta do presente instrumento a cópia das contra-razões, peça considerada obrigatória, ex vi do art. 544, § 1°, do CPC.

Por outro lado, também ausente aos autos cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido. Trata-se de peça essencial, porquanto sem ela é impossível aferir-se a tempestividade do apelo extremo. Aplicação da Súmula n. 288 do STF. Esta foi, por sinal, a orientação traçada pela Eg. Corte Especial, no julgamento do AgRg no Ag n. 153.273-CE, sessão do dia 05.11.1997.

Ante o exposto, não conheço do agravo (fl s. 87).

Alega o agravante que todas as peças previstas para formação do

instrumento de agravo foram devidamente acostadas aos autos. Assim, sustenta

não existir razão para o não conhecimento do recurso, o que implicaria

cerceamento de defesa. Por fi m, requer a juntada, novamente, das peças tidas

como ausentes.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Barros Monteiro (Relator): O instrumento de agravo

não cumpre o disposto no art. 544, § 1°, do CPC. Ausente, com efeito, a cópia

das contra-razões ao recurso especial, bem como da certidão de publicação do

acórdão recorrido.

O dispositivo processual estabelece expressamente que compete às

partes instruir o agravo, sendo de sua responsabilidade a não apresentação

das peças consideradas obrigatórias. A exigência legal prende-se à

necessidade de achar-se o instrumento de agravo instruído com as peças

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 377

essenciais, a fim de permitir-se, em sendo o caso, a conversão desde logo do

agravo em recurso especial, nesta Corte.

Acrescente-se que a Egrégia Corte Especial, resolvendo Questão de

Ordem suscitada no AgRg no Ag n. 153.273-CE, proclamou, por maioria

de votos, ser indispensável à instrução do agravo de instrumento manifestado

contra decisão denegatória de REsp a juntada de cópia da certidão de intimação

do acórdão recorrido.

Naquela assentada (05.11.1997), proferi o seguinte voto, cuja

fundamentação se mostra pertinente à espécie:

Sr. Presidente, adstringe-se o thema decidendum à obrigatoriedade ou não de traslado, no recurso de agravo de instrumento interposto a esta Corte, da certidão de intimação do acórdão recorrido. No âmbito da Eg. Segunda Seção deste Tribunal, entendi que sim, mas, vencido, submeti-me à diretriz então traçada por aquele órgão fracionário do Tribunal. Fico agora à vontade para retornar à minha antiga posição, na conformidade com a jurisprudência fi rme da Suprema Corte e predominante nesta Casa (Primeira e Terceira Seções).

Considero a certidão de publicação do acórdão recorrido peça de traslado indispensável na formação do agravo.

A tempestividade é pressuposto objetivo de todo e qualquer recurso, não podendo fugir à regra em se tratando de recurso especial. Tratando-se de requisito de ordem pública, deve ser objeto de verifi cação ex-offi cio pelo Tribunal ad quem, independentemente, pois, da circunstância de haver sido agitada ou não a matéria anteriormente, quando do juízo prévio de admissibilidade exercido pelo Tribunal de origem.

Cuida-se, portanto, de peça essencial à defi nição de um pressuposto objetivo da maior signifi cação: a própria tempestividade do REsp. Incumbe ao Tribunal ad quem, em qualquer hipótese, o exame da tempestividade do recurso que há de julgar. Assim decidiu a Eg. Segunda Turma do C. Supremo Tribunal Federal no AgRg no Ag n. 151.485-SP, relator o Sr. Ministro Néri da Silveira (in RTJ vol. 158, p. 252 e seguintes). Idêntica a orientação imprimida a respeito pela C. Primeira Turma do mesmo Augusto Sodalício (AgRg no Ag n. 149.722-1-DF, relator Ministro Moreira Alves).

Não colhe o argumento de que, dentre as peças elencadas no art. 544, § único, do CPC, não se encontra a indigitada cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido. Se há a exigência ali da certidão de intimação do decisório agravado (para aferir-se a tempestividade do agravo), não se vê por que dispensar-se a certidão de intimação do acórdão recorrido, que tem a mesma fi nalidade: constatar-se a tempestividade do próprio apelo excepcional. Se este é intempestivo, se, assim, já transitou em julgado o acórdão impugnado, não há razão de ser para a subida do agravo.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

378

A enumeração feita pelo art. 544, § único, da Lei Processual Civil, por conseguinte, não é exaustiva. Acresce que a legislação infraconstitucional prevê a possibilidade de conversão do agravo de instrumento em recurso especial, desde que aquele contenha os elementos necessários ao julgamento de mérito do REsp (arts. 28, § 3°, da Lei n. 8.038, de 28.05.1990, e 544, § 3°, do CPC). É mais um motivo para exigir-se a comprovação da tempestividade do apelo especial. Sem o traslado da peça questionada, não se poderá julgar o recurso especial interposto.

Trata-se, como se vê, de peça essencial na formação do agravo de instrumento. A sua ausência importa em aplicação do disposto na Súmula n. 288 do Excelso Pretório.

Por tais motivos, rogando vênia aos eminentes Ministros que pensam de modo contrário, respondo à questão de ordem formulada no sentido de que é indispensável à instrução do agravo de instrumento manifestado contra decisão denegatória de REsp a cópia da certidão de intimação do acórdão recorrido.

Por outro lado, a juntada extemporânea dessa peça não viabiliza a pretensão

recursal.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

É como voto.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 167.615-SP (97.82499-3) (4.535)

Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito

Agravante: Banco Real S/A

Agravados: Nair Gimenez Palmieri e outros

Decisão agravada: O R. Despacho de fl s. 123

Advogados: Rogério Reis de Avelar e outros e Reginaldo da Silva Pinto

EMENTA

Recurso especial não admitido. Agravo de instrumento. Traslado

de peças. Certidão de publicação do acórdão. Contra-razões.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 379

1. A certidão de publicação do acórdão é peça necessária à

aferição da tempestividade do recurso especial, daí que obrigatório o

traslado da mesma. Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal

Federal.

2. Deixa-se de conhecer, igualmente, do agravo de instrumento

não instruído com peça obrigatória, exigida pelo art. 544, § 1°, do

Código de Processo Civil, conforme previsto no mesmo dispositivo

e em consonância com a jurisprudência desta Corte e do Supremo

Tribunal Federal que veda a conversão do julgamento em diligência

com o propósito de suprir a falta.

3. Agravo regimental improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros

da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por maioria, vencido o Senhor Ministro

Eduardo Ribeiro, negar provimento ao agravo regimental. Participaram do

julgamento os Senhores Ministros Costa Leite, Nilson Naves, Eduardo Ribeiro

e Waldemar Zveiter.

Brasília (DF), 10 de março de 1998 (data do julgamento).

Ministro Costa Leite, Presidente

Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Relator

DJ 04.05.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito: Banco Real S/A interpõe

agravo regimental, inconformado porque deixei de conhecer de agravo de

instrumento à falta do traslado da certidão de publicação do acórdão recorrido e

das contra-razões ao recurso especial.

Alega o agravante, no presente regimental, que no exame de admissibilidade

realizado no Tribunal a quo não foi apresentada qualquer ressalva quanto à

intempestividade, bem assim que a certidão de publicação do acórdão não é

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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peça exigida pelo art. 544, § 1°, do Código de Processo Civil. Além disso, a

ausência das contra-razões é vício plenamente sanável, tendo sido violado o art.

5°, incisos XXXV e LV, da Constituição Federal (fl s. 130 a 133).

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito (Relator): A exigência

de que a certidão do acórdão recorrido componha o traslado do agravo

de instrumento, para aferir a tempestividade do especial, conforme deixei

expresso na decisão agravada, foi resolvida, fi nalmente, pela Corte Especial, no

julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 153.273-CE,

Relator o Ministro Waldemar Zveiter, em 05.11.1997.

Essa orientação vem sendo adotada em diversas oportunidades pelo

Supremo Tribunal Federal. Anote-se:

Direito Constitucional e Processual Civil. Recurso extraordinário. Prova de sua tempestividade no instrumento do agravo R.E.: requisitos de admissibilidade. Súmula n. 279.

1. É fi rme a jurisprudência de ambas as turmas do STF, no sentido de que deve constar do instrumento de agravo certidão da publicação do acórdão extraordinariamente recorrido, sem o que fi ca impossibilitada a verifi cação da tempestividade do R.E., matéria a ser considerada de ofício, inclusive na corte, por se tratar de requisito de admissibilidade.

2. Hipótese, ademais, em que o aresto recorrido, para rejeitar embargos à execução fi scal relativa a ICM, levou em conta “que não há prova de que tivesse havido o pagamento do tributo pela fornecedora dos lingotes de alumínio”.

3. Sem a prova referida, a questão de direito nem precisava ser apreciada.

4. E o quadro probatório não poderia ser reexaminado pelo STF, em R.E., a teor da Súmula n. 279.

5. Sendo assim, a questão constitucional, sobre a não cumulatividade do ICM, não pode ser enfrentada nesta instância.

6. Aliás, pela mesma razão, o STJ, manteve o não processamento do recurso especial, sobre a matéria infraconstitucional.

7. R.E. inadmitido.

8. Agravo improvido. (AgRg n. 176.607, Relator o Ministro Sydney Sanches)

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 381

Agravo de instrumento. Súmula n. 288. Certidão de publicação do acórdão recorrido. Contra-razões ao recurso. Decisão agravada e sua respectiva intimação. Peças essenciais ao exame da controvérsia.

A certidão de publicação do acórdão recorrido prova da oportuna interposição do apelo derradeiro, cujo processamento foi obstaculizado na Instância a quo deve necessariamente ser reproduzida quando da formação do agravo de instrumento, sob pena de aplicação da Súmula n. 288.

Demais peças que ante o seu caráter obrigatório atribuído pelo art. 28, par. 1º, da Lei n. 8.038/1990 e pelo art. 523 do CPC, em vigor quando da interposição do agravo, devem, de igual forma, fazer parte do instrumento, sob pena de não conhecimento.

Orientação da Jurisprudência do STF fi rme no sentido de que a parte agravante deve fi scalizar a formação do instrumento, por cuja defi ciência responde, não se permitindo sua complementação quando os autos já se encontram nesta instância.

Agravo Regimental improvido. (AgRg n. 135.896, Relator o Ministro Ilmar Galvão)

Agravo regimental em agravo de instrumento. Falta prequestionamento. Defi ciência no traslado: ausência da certidão de publicação do acórdão recorrido. Consequência. Impossibilidade de ser aferida a tempestividade do recurso extraordinário inadmitido. Incidência da Súmula n. 288-STF.

1. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a questão constitucional não foi ventilada no aresto recorrido, nem se lhe opôs embargos de declaração, para sanar eventual omissão. Súmula n. 282.

2. A certidão de publicação do aresto recorrido é imprescindível para se aferir a tempestividade do extraordinário. A ausência dessa peça essencial implica no indeferimento do agravo de instrumento, por inobservância a um dos pressuposto objetivos do recurso. Incidência da Súmula n. 288, desta Corte.

3. Agravo regimental improvido. (AgRg n. 139.573, Relator o Ministro Maurício Corrêa)

O entendimento acima justifi ca-se por diversas razões, as quais passo a

esclarecer.

O requisito primeiro e comum a todos os recursos, e que deve ser

examinado pelo Magistrado, é o da tempestividade, sem o qual o exame de todas

as questões jurídicas levantadas no respectivo apelo fi cam prejudicadas.

Não vislumbro como se possa admitir o seguimento de um recurso

especial sem que haja possibilidade de aferir a sua tempestividade, devendo-

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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se lembrar que ao interessado compete provar os requisitos intrínsecos e

extrínsecos do recurso.

Por outro lado, o provimento de agravo de instrumento, determinando

a subida do recurso especial, sem peça comprobatória de requisito de

admissibilidade, qualquer que seja ele, para só depois examiná-lo nos autos

principais, contraria o entendimento consolidado nesta Corte de não se admitir

diligências para suprir a ausência de peça essencial. É que, nessa hipótese, apesar

de se proibir a complementação do traslado, estar-se-ia autorizando a subida de

todo o processo no qual a peça faltante encontra-se juntada, passando-se, em

preliminar, ao exame da tempestividade do apelo, pressuposto de ordem pública

aferível ex offi cio.

Concluindo o meu entendimento, dizer que a certidão de publicação do

acórdão recorrido não é peça obrigatória equivale a afi rmar que a tempestividade

não é requisito essencial de admissão do recurso especial.

A propósito, vale transcrever, ainda, o voto proferido pelo Ministro

Demócrito Reinaldo, Relator do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento

n. 88.681-MG, verbis:

Consoante se depreende das razões deduzidas no presente agravo regimental, a inconformação da agravante consiste na inaceitabilidade da exigência de cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido, indispensável à constatação da tempestividade do recurso especial inadmitido na origem, como peça essencial ao exame do agravo de instrumento no juízo de admissibilidade desta instância.

Seus argumentos basilares, como visto, resumem-se na assertiva de que tal exigência não se encontra inserida no parágrafo único do artigo 523 do CPC, resultando a imposição em negativa da prestação jurisdicional, devendo o Tribunal ad quem limitar-se aos pressupostos da admissibilidade do próprio agravo. Sustenta, ademais, que ainda não se encontra pacifi cado no Pretório Excelso o entendimento assentado na decisão agravada (fl s. 87-92).

A recorrente, todavia, não se me afi gura com razão.

Há de considerar, preliminarmente, que o precedente trazido à colação, em despacho proferido pelo eminente Ministro Marco Aurélio, em sede de agravo de instrumento, constitui voz discordante isolada, no âmbito da Suprema Corte, onde tem predominado o entendimento, segundo o qual é de se exigir, na espécie, a cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido, como peça essencial à verificação da tempestividade do próprio recurso extraordinário. Nesse sentido, entre os reiterados julgamentos sobre a matéria, conforme citados na decisão hostilizada, à guisa de exemplo, pode ser citado o acórdão que porta a seguinte ementa:

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 383

Agravo regimental.

A certidão de publicação do acórdão recorrido é peça essencial para a verifi cação da tempestividade do recurso extraordinário não-admitido, acarretando sua falta a aplicação da Súmula n. 288.

Agravo a que se nega provimento (AgRg. em Ag. Inst. n. 149.722-1-DF - Rel. Ministro Moreira Alves, DJ de 22.09.1995).

Nessa decisão, em que se travou aprofundado debate sobre ser, ou não, a certidão da publicação do acórdão recorrido peça essencial ao seguimento do agravo de instrumento, o insigne Ministro Moreira Alves, Relator da matéria, teceu judiciosas considerações, valendo destacar, do seu voto, os seguintes excertos:

A tempestividade do recurso extraordinário é pressuposto de ordem pública de seu cabimento, e, em razão disso, deve ser verificado de ofício, sendo, portanto, necessário que exista, no traslado, a peça que possibilite essa aferição, ou seja, a certidão da publicação do acórdão recorrido (inclusive a do de embargos declaratórios, se houver) no Diário da Justiça, à semelhança, aliás, da necessidade de constar do traslado - a certidão da intimação do despacho agravado, que se exige para a verifi cação da observância do mesmo pressuposto com relação ao próprio agravo, independentemente de controvérsia a respeito da tempestividade deste. Querer se distinguir a hipótese em que, no agravo de instrumento, se discute a tempestividade do recurso extraordinário daquela em que se silencia a esse respeito, para exigir-se na primeira a certidão da publicação do acórdão como peça essencial e na segunda não, só teria sentido se esse pressuposto de admissibilidade do recurso extraordinário não devesse ser examinado de ofício, como sucede como o pressuposto de admissibilidade do próprio agravo de instrumento.

Em seguida, o eminente Ministro invoca precedentes daquela Corte Suprema, que tiveram como Relatores os Ministros Celso de Mello e Paulo Brossard, adotando o mesmo entendimento, observando, ao fi nal:

Por fim, é de notar-se que tem razão o eminente Ministro Celso de Mello ao salientar que “o entendimento consubstanciado na Súmula n. 288 desta Corte é o de que o agravo de instrumento deve ser sufi cientemente instruído com as peças de traslado obrigatório ou com qualquer outra que seja essencial à compreensão da controvérsia ou, até mesmo, à defi nição da própria tempestividade do recurso extraordinário deduzido”. Essa alusão fi nal é meramente exemplifi cativa de elementos que não dizem respeito ao que tenha sido controvertido no Tribunal de origem, mas ao que é indispensável à plena aferição dos requisitos de cabimento do recurso extraordinário ainda que não tenham sido objeto

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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de apreciação pelas partes ou pelo despacho agravado. Em razão disso é que, independentemente de controvérsia a respeito, quando a parte afi rma na petição de recurso extraordinário que o prequestionamento se fez em embargos declaratórios, se exige a juntada, como peça essencial, da petição do recurso (assim por exemplo, da apelação) que foi decidido pelo acórdão embargado, pois é essa uma peça indispensável para verifi car-se se a questão a ser prequestionada só foi originariamente levantada nesses embargos (o que, segundo a jurisprudência da Corte, não é bastante para o prequestionamento), ou se, invocada naquele recurso, o acórdão embargado se omitiu a respeito. Essa peça é essencial, e sua falta no traslado enseja inequivocamente a aplicação da Súmula n. 288 ainda que não diga respeito, stricto sensu, à compreensão de qualquer controvérsia.

No âmbito desta egrégia Corte, já se firmou a mesma orientação jurisprudencial, com iterativas decisões, em sede de agravo de instrumento e de regimental, a exemplo dos Ag. Reg. no Ag. de Inst. n. 84.692-SP, Rel. Min. Assis Toledo, e n. 70.847-SP, Rel. Min. Jesus Costa Lima, cujos acórdãos encontram-se assim ementados:

Agravo regimental. Ausência de certidão comprobatória da tempestividade do recurso especial. Traslado incompleto.

Precedentes do STF quanto ao recurso extraordinário. Aplicação, ao recurso especial, das mesmas exigências de admissibilidade (art. 26 da Lei n. 8.038/1990).

Agravo regimental a que se nega provimento (Agr. no Ag. Inst. n. 84.692-SP - julgado em 20.11.1995).

Processual. Agravo de instrumento de recurso especial. Peças essenciais. Traslado obrigatório.

I - Ao contrário do afi rmado pelo embargante o traslado da decisão recorrida, seja dos embargos infringentes, seja dos embargos declaratórios, bem assim a certidão pertinente à data em que foi publicado este último recurso é exigência bem antiga prevista no art. 29, § 1º da Lei n. 8.038 de 1990, que revogou os artigos 541 a 546, do Código de Processo Civil, hoje objeto de ampliada disciplina pela Lei n. 8.950/1994, já em vigor quando o agravo foi interposto, a qual, de forma expressa, exige que venha instruído, sob pena de não conhecimento, de “cópia do acórdão recorrido, da petição de interposição do recurso denegado, das contra-razões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado”.

II - Agravo regimental a que se nega provimento, pois o agravo deixou de ser reconhecido porque defi cientemente instruído. (Agr. no Ag. Inst. n. 70.847-SP, D.J. 25.09.1995)

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 385

Demais disso, ainda que fosse superado o óbice indicado, conforme acentuado na própria decisão impugnada, não haveria de prosperar a irresignação, porquanto a pretensão recursal esbarra em outros empecilhos, bem destacados no juízo primeiro de admissibilidade, nos seguintes termos:

No tocante ao argumento da contrariedade à lei federal, o recurso é manifestamente defi ciente, pois sequer aponta o dispositivo legal tido por vulnerado. Incide na espécie, pois, o Enunciado da Súmula n. 284 do STF.

Por fi m, o acórdão recorrido está em harmonia com a jurisprudência do STJ, o que inviabiliza o recurso nos termos da Súmula n. 83 dessa Corte. Com efeito, no julgamento do ROMS n. 3.071/1993, Relator Ministro Antônio de Pádua Ribeiro (DJ de 11.04.1994, p. 7.622), decidiu-se: “Depósitos judiciais. Cobrança de IOF. Proibição determinada pelo juiz com relação aos depósitos sob sua tutela. Licitude” (fl . 77).

Com essas considerações, nego provimento ao presente agravo regimental. (DJ de 03.06.1996)

Se tanto não bastasse, conforme expresso no art. 544, § 1°, do Código de

Processo Civil, não se pode conhecer de agravo quando ausente o traslado das

contra-razões ao especial, sendo certo, ainda, que a jurisprudência desta Corte

e do Supremo Tribunal Federal não admite a conversão do julgamento em

diligência para sanar a referida falha.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro: - A Corte Especial realmente decidiu

nos termos indicados pelo relator, mas não se alcançou maioria absoluta. Peço

vênia para manter meu entendimento, pelas razões que expus ao ser apreciada a

matéria naquele órgão:

Admito seja útil a peça reclamada para quando se pretenda proceder à conversão do agravo em recurso especial. Isso não obstante, não me parece possível emprestar à sua falta a conseqüência questionada.

O Código de Processo Civil, ao regular o agravo, tendente a obter a admissão de recurso especial, é minucioso na enumeração das peças obrigatórias, que hão de ser apresentadas, pena de não conhecimento.

Chega ao requinte de entre elas arrolar a procuração outorgada ao advogado do agravante. E expressamente mencionou a certidão de intimação da decisão agravada.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Não exigiu, entretanto, viesse também a certidão de intimação do acórdão recorrido. Não cominou, conseqüentemente, a sanção de não conhecimento para quando faltasse.

Certo que, em certas circunstâncias, outras peças podem fazer-se indispensáveis. Assim, por exemplo, se o acórdão se reporta aos fundamentos da sentença, essa haverá de ser trazida; se alegada a inépcia da inicial, mister venha a respectiva cópia. Importante assinalar, entretanto, que isso se verifi ca eventualmente, em função do caso concreto e, a toda evidência, não seria viável previsse o Código todas as hipóteses que podem ocorrer.

Diverso, entretanto, é o caso em exame. Aquela certidão muito difi cilmente deixará de existir. Sua ausência será muito mais rara do que, por exemplo as contra-razões ao especial ou a procuração da parte contrária. Não se estabeleceu, entretanto, devesse ser necessariamente apresentada. Não se a teve, pois, como indispensável. Não me parece razoável que a omissão da lei, se existe, haja de ser suprida, punindo-se a parte que se fi ou em seus termos ao compor o instrumento.

Assinalo, na linha do eminente Ministro Gomes de Barros, que os julgadores devem ter a cautela de não transformar o processo em um campo minado. Durante décadas, a propósito de outros textos análogos, prescindiu-se da apresentação da peça em exame. A súbita guinada jurisprudencial colhe de surpresa as partes, que poderão sofrer graves prejuízos. A mudança legislativa não pode ter efeito retroativo, mas a jurisprudência, na prática, termina por tê-lo.

Data venia, dou provimento.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 170.842-SP (97.0089050-3)

Relator: Ministro Fernando Gonçalves

Embargantes: Indústria e Comércio de Plásticos Camdiz Ltda. e outros

Advogados: Luiz Fernando Muniz e outros

Embargado: R. Despacho de fl s. 134

Embargada: Omni Locação e Comércio Ltda.

Advogado: Sebastião Miranda Prado

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 387

EMENTA

Embargos de declaração. Agravo de instrumento. Falta de juntada

da certidão de publicação do julgado recorrido. Motivo para se negar

seguimento a agravo de instrumento. Precedentes da Corte e do STF.

1 - Consoante jurisprudência assente na Corte e no Supremo

Tribunal Federal é obrigação do agravante juntar ao instrumento

cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido, com vistas à

verifi cação da tempestividade do recurso especial, que é feita de ofício

pelo Relator.

2 - Embargos de declaração rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração.

Participaram do julgamento os Ministros Anselmo Santiago, William Patterson

e Luiz Vicente Cernicchiaro. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Vicente Leal.

Brasília (DF), 19 de março de 1998 (data do julgamento).

Ministro Anselmo Santiago, Presidente

Ministro Fernando Gonçalves, Relator

DJ 06.04.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves: Trata-se de embargos de declaração

opostos contra decisão que negou seguimento a agravo de instrumento, vazada

nestes termos:

Vistos, etc.

Consoante se depreende da leitura das peças que integram o instrumento, dele não consta a certidão de publicação do acórdão recorrido, pello que, na esteira da jurisprudência do STF (Ag n. 125.465-SP-AgReg, Relator Ministro Celso de Mello; Ag n. 134.721-DF-AgReg, Relator Ministro Maurício Corrêa e Ag n. 146.704-RS-

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AgReg, Relator Ministro Paulo Brossard) e do STJ (Ag n. 78.718-SP-AgReg, Relator Ministro Adhemar Maciel; Ag n. 88.861-DF-AgReg, Relator Ministro Assis Toledo e Ag n. 88.418-SP-AgReg, Relator Ministro William Patterson, AgRegAg n. 76.930-RJ, DJ 1º.07.1996, Rel. Min. Adhemar Maciel), não merece prosperar o agravo.

Como relator: Ag n. 102.486-GO, Ag n. 80.943-DF e Ag n. 104.684-SP, todos in DJ 18.09.1996.

Ante o exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento.

Sustentam os embargantes existir contradição e obscuridade na decisão

atacada que, segundo entende padece de falta de fundamentação, além do que a

peça tida como faltante foi juntada às fl s. 39.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves (Relator): Não há nada reparar na

decisão embargada, posto que não padece dos vícios a ela imputados.

Com efeito, de início, a peça juntada pelos embargantes é a certidão de

publicação da primitiva decisão agravada, proferida no Tribunal a quo. O que

consignou o despacho atacado, foi a inexistência da certidão de publicação do

acórdão do Pretório a quo, porque o entendimento da Corte é no sentido de

que é obrigação do agravante providenciar a colação dessa peça, com vistas

à verifi cação da tempestividade do recurso especial, que é feita de ofício pelo

Relator. É o que se depreende da ementa a seguir transcrita, verbis:

Processual. Agravo “regimental”. Decisão de relator que nega seguimento ao agravo do caput do art. 28, da Lei n. 8.038/1990, por não constar do instrumento cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido. Enunciado n. 235 do Extinto TFR. Inaplicabilidade na instância excepcional. Precedentes do STF e do STJ. Agravo improvido.

I - Nega-se seguimento ao agravo do art. 28, caput, da Lei n. 8.038/1990, quando não constar do instrumento a cópia da certidão de publicação do acórdão recorrido. Aplicação do Enunciado n. 288 da Súmula do STF.

II - Precedentes do STF: Ag n. 125.465-SP-AgReg, Relator Ministro Celso de Mello; Ag n. 134.721-DF-AgReg, Relator Ministro Maurício Corrêa e Ag n. 146.704-RS-AgReg, Relator Ministro Paulo Brossard.

III - Precedentes do STJ: Ag n. 78.718-SP-AgReg, Relator Ministro Adhemar Maciel; Ag n. 88.861-DF-AgReg, Relator Ministro Assis Toledo e Ag n. 88.418-SP-AgReg, Relator Ministro William Patterson.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 389

IV - O Enunciado n. 235 do antigo TFR não tem aplicabilidade na instância excepcional, pelo que não há que se falar em conversão do agravo de instrumento em diligência para complementação do traslado imperfeito. Precedentes do STJ: Ag n. 26.519-RJ-AgReg e Ag n. 19.910-SP-AgReg.

V - Agravo “Regimental” improvido. (AgRgAg n. 76.930-RJ, DJ 1°.07.1996, Rel. Min. Adhemar Maciel)

Ante o exposto, rejeito os embargos.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 158.467-SP (97.0062016-6)

Relator: Ministro Demócrito Reinaldo

Embargante: Walsywa Industrial Ltda.

Embargada: Fazenda do Estado de São Paulo

Advogados: José Carlos Graça Wagner e outros

João Carlos Pietropaolo e outros

EMENTA

Processual Civil. Embargos de declaração. Traslado defi ciente.

Ausência da certidão de publicação do acórdão impugnado pela via do

especial. Peça essencial. Súmula n. 288 do STF. Matéria constitucional.

1. Na formação do instrumento do agravo a que alude o art. 544

do CPC, a certidão de publicação do aresto recorrido constitui peça

essencial para que se possa aferir a tempestividade do recurso especial,

pressuposto recursal de ordem objetiva.

2. O recurso especial é via imprópria para a discussão de tema

essencialmente constitucional.

3. Não há omissão, contradição ou obscuridade no acórdão

embargado.

4. Embargos de declaração rejeitados. Decisão unânime.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a

Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, rejeitar os

embargos, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos autos, que

fi cam fazendo parte integrante do presente julgado. Participaram do julgamento

os Srs. Ministros Milton Luiz Pereira, José Delgado e Garcia Vieira. Ausente,

justifi cadamente, o Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros. Custas, como de

lei.

Brasília (DF), 24 de março de 1998 (data do julgamento).

Ministro Milton Luiz Pereira, Presidente

Ministro Demócrito Reinaldo, Relator

DJ 11.05.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Demócrito Reinaldo: Cuida-se de embargos de declaração

opostos por Walsywa Industrial Ltda. contra acórdão proferido em agravo

regimental onde, em última análise, não se permitiu a subida de recurso especial.

Alega, em resumo, que a exigência da certidão, tida como peça essencial ao

deslinde da controvérsia, contraria o art. 5°, II, da Constituição Federal.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Demócrito Reinaldo (Relator): Consoante se depreende

das razões deduzidas nos presentes embargos de declaração, a inconformação da

agravante consiste na inaceitabilidade da exigência de certidão da publicação do

acórdão recorrido, como peça essencial ao exame do agravo de instrumento que

se processa perante esta Corte.

Seus argumentos basilares, como visto, resumem-se na assertiva de que

tal exigência é contrária a preceitos constitucionais e, que a jurisprudência

cristalizada nos tribunais não é sufi ciente para obstar o trânsito do recurso.

A recorrente, todavia, não se me afi gura com razão.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 343-391, março 2011 391

Isto porque a tempestividade do recurso especial é pressuposto de ordem

pública de seu cabimento e, em razão disso, deve ser verifi cado de ofício. Para

tanto, faz-se necessário que exista, no traslado, a peça que possibilite essa

aferição, ou seja, a certidão da publicação do acórdão recorrido no Diário da

Justiça.

Ademais, a embargante não consegue disfarçar o desiderato de

prequestionar matéria essencialmente constitucional, o que é impossível, na via

eleita, sob pena de usurpação da competência do colendo STF.

Com essas considerações, não havendo omissão, contradição, rejeito os

presentes embargos de declaração.

É como voto.

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Súmula n. 224

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SÚMULA N. 224

Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a

declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar

confl ito.

Precedentes:

CC 11.149-SP (2ª S, 14.12.1994 – DJ 03.04.1995)

CC 11.544-SP (2ª S, 22.02.1995 – DJ 03.04.1995)

CC 14.528-SP (2ª S, 22.05.1996 – DJ 26.08.1996)

CC 15.636-SC (2ª S, 27.03.1996 – DJ 20.05.1996)

CC 19.382-SE (2ª S, 12.11.1997 – DJ 19.12.1997)

CC 21.028-RS (1ª S, 16.12.1997 – DJ 02.03.1998)

CC 22.165-RS (2ª S, 26.08.1998 – DJ 16.11.1998)

CC 22.994-SP (2ª S, 11.11.1998 – DJ 17.02.1999)

Corte Especial, em 02.08.1999

DJ 25.08.1999, p. 31

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 11.149-SP (94.0032578-9)

Relator: Ministro Waldemar Zveiter

Autor: Cajuci de Quadros

Réus: Banco Central do Brasil

Nossa Caixa - Nosso Banco S/A

Caixa Econômica do Estado de São Paulo S/A - CEESP

Suscitante: Juízo de Direito da 7ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo-SP

Suscitado: Juízo Federal da 9ª Vara Cível da Seção Judiciária do Estado

de São Paulo

Advogado: Cajuci de Quadros (em causa própria)

EMENTA

Processual Civil. Conflito de competência. Inexistência de

interesse do Banco Central do Brasil.

I - Compete ao Juízo Federal avaliar o interesse da União Federal

ou de seus entes no processo. Inexistindo este, deve simplesmente

remeter os autos ao Juízo Comum Estadual. Caso em que deixa de

existir confl ito, eis que não mais subsistente o motivo de declinatória

de competência.

II - Confl ito conhecido e declarado competente o suscitante.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os senhores Ministros

da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e

declarar competente o Juízo de Direito da 7ª Vara da Fazenda Pública de São

Paulo-SP, o suscitante. Votaram com o Relator os Senhores Ministros Fontes de

Alencar, Cláudio Santos, Sálvio de Figueiredo, Barros Monteiro, Ruy Rosado

de Aguiar, Antônio Torreão Braz, Costa leite e Nilson Naves.

Brasília (DF), 14 de dezembro de 1994 (data do julgamento).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Ministro Eduardo Ribeiro, Presidente

Ministro Waldemar Zveiter, Relator

DJ 03.04.1995

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter: À guisa de relatório, adoto a parte

expositiva do parecer da douta Subprocurador·Geral da República (fl s. 21-22):

Cuida-se de ação ordinária declaratória interposta por Cajuci de Quadros contra o Bacen, Nossa Caixa - Nosso Banco e Caixa Econômica do Estado de São Paulo S/A, distribuída por dependência à medida cautelar em curso perante o Juízo da 9ª Vara da Seção Judiciária do Estado de São Paulo.

S. Exª. declinou da competência em favor da Justiça Estadual após excluir da lide a autarquia federal, como lhe competia.

O confl ito foi suscitado pelo MM. Juízo de Direito da 7ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo-SP, porque:

(...)

O MM. Juízo suscitado aceitou a competência para a ação cautelar, que não foi remetida a este juízo. Assim, era ele competente, como já se decidiu, em caso similar a este.

Acrescento que a manifestação é pelo não conhecimento do confl ito.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter (Relator): Cuida-se de Ação Ordinária objetivando a correção monetária do saldo referente a depósito em caderneta de poupança, calculando-se-a com base no índice divulgado pelo IBGE, o IPC, para o mês de março de 1990, relativo a cruzados novos bloqueados.

O entendimento consolidado na jurisprudência da Corte é no sentido de que ao Juízo Federal compete avaliar o interesse da União Federal ou de seus entes no processo.

Se o Juiz Federal excluiu do processo o Banco Central, por entender

inexistente o indigitado interesse, deveria simplesmente remeter os autos ao

Juízo Comum Estadual.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 399

Caso em que deixa de existir o Confl ito, posto que não mais subsiste o

motivo do deslocamento da competência. Nesse mesmo sentido se decidiu,

dentre outros, no CC n. 10.181-6-SP, de minha relatoria (DJ de 05.12.1994).

Consoante anotado pela eminente Subprocuradora-Geral da República,

Dra. Yedda de Lourdes Pereira (fl s. 23):

Este Superior Tribunal de Justiça, em numerosos precedentes, vem decidindo que, se o Juízo Federal inadmite a denunciação à lide ou exclui quaestio o ente federal, desaparece o motivo que o levava a ser competente, não havendo confl ito a ser dirimido. Deve, simplesmente, devolver os autos ao Juízo Estadual (CCCC n. 3.998-7-SP, j. 30.03.1993; n. 4.869-1-SP, j. 16.06.1993; n. 3.863-6-DF, j. 10.03.1993; n. 4.137-4-RJ, j. 31.03.1993; n. 4.904-0-SP, j. 25.08.1993; n. 7.735-4-SP, j. 13.04.1994), não cabendo ao Juiz Estadual, nem ao Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar o confl ito, decidir quanto ao acerto ou desacerto ao provimento do Juiz Federal. O eventual reexame do decido caberá ao Tribunal Regional Federal. Enquanto não revista a decisão, terá o processo curso perante o Juiz Estadual (STJ - 2ª Seção, CC n. 1.555-RS, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 27.02.1991).

Com base nesses lineamentos, conheço do confl ito e dou como competente

o Juízo de Direito da Sétima Vara da Fazenda Pública de São Paulo-SP,

suscitante.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 11.544-SP (94.0036542-0)

Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo

Autora: Arlete Luíza Caproni dos Santos

Réu: Banco do Brasil S/A

Suscitante: Juízo Federal da 2ª Vara Cível da Seção Judiciária do Estado

de São Paulo

Suscitado: Juízo de Direito da 4ª Vara Cível de Santo André-SP

Advogado: José Carlos Bertolani

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

400

EMENTA

Competência. Inexistência de conflito. Procedimento a ser

observado.

- Recebidos os autos por declinação do Juiz de Direito, em face

da alegação, que à Justiça Federal cabe com exclusividade apreciar, de

serem litisconsortes necessários a União e o Banco Central, excluída a

pertinência do litisconsórcio cumpre ao Juiz Federal apenas devolver

os autos à Justiça Estadual, e não suscitar o confl ito.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do confl ito e determinar

a remessa dos autos ao Juízo de Direito da 4ª Vara Cível de Santo André-SP, o

suscitado. Votaram com o Relator os Ministros Barros Monteiro, Ruy Rosado

de Aguiar, Costa Leite, Nilson Naves, Waldemar Zveiter, Fontes de Alencar e

Cláudio Santos. Ausente, justifi cadamente, o Ministro Antônio Torreão Braz.

Brasília (DF), 22 de fevereiro de 1995 (data do julgamento).

Ministro Eduardo Ribeiro, Presidente

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Relator

DJ 03.04.1995

EXPOSIÇÃO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo: Trata-se de ação movida contra o

Banco do Brasil S/A, em que se postula recuperação de perdas do poupador

relativas aos créditos de rendimentos em sua conta de poupança, por ocasião do

“Plano Collor”, ajuizada perante o Juízo da 4ª Vara Cível de Santo André-SP.

Foram os autos enviados à Justiça Federal para “acolher o verdadeiro

litisconsórcio existente entre a Instituição Financeira e os dois entes de direito

público mencionados” (União e Banco Central).

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 401

O Juiz Federal da 2ª Vara da Seção Judiciária de São Paulo, após afi rmar

que não havia na espécie litisconsórcio necessário, abriu oportunidade para

que a autora dissesse se pretendia litigar com os entes federais mencionados,

ao que esclareceu ela que manifestara sua pretensão tão somente contra o

Banco do Brasil.

Argumentando que não há como “impedir que a parte autora

exercite desse modo seu direito”, mas “tendo em vista que o feito já fora

encaminhado à Justiça Federal, bem como pela controvérsia que o tema tem

ensejado”, houve por bem o magistrado em “desde logo suscitar o confl ito de

competência, aguardando-se o pronunciamento do E. Superior Tribunal de

Justiça”.

A Subprocuradoria Geral da República opina pelo “não conhecimento do

confl ito, devendo o feito prosseguir perante o Juízo Estadual”.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo (Relator): Em que pese a diligência

do magistrado suscitante, o confl ito não é de ser conhecido, uma vez que,

afastada a pertinência do litisconsórcio necessário, que a ele competia com

exclusividade apreciar, aventado pelo Juízo Estadual, cumpria-lhe tão somente

a devolução dos autos à Justiça Estadual, para que esta desse prosseguimento

ao feito.

Apropriado, no particular, mutatis mutandis, o CC n. 2.928-3-RN (DJ

21.09.1992), de que fui relator, no qual restou decidido:

Competência. Confl ito inexistente.

- Recebidos os autos por declinação do Juiz de Direito, em face da alegação de conexão entre essa causa e outra em trâmite perante a Justiça Federal, excluída a pertinência da conexão e afastado o interesse de ente federal no feito, cumpre ao Juiz Federal apenas devolver os autos à Justiça Comum Estadual, e não suscitar o confl ito.

Pelo exposto, do confl ito não conheço.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

402

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 14.528-SP (95.0037379-3)

Relator: Ministro Waldemar Zveiter

Autor: José Gomes de Souza e outro

Réu: União

Suscitante: Juízo Federal da Décima Terceira Vara Cível da Seção Judiciária

do Estado de São Paulo

Suscitado: Juízo da Segunda Vara de Registros Públicos de São Paulo-SP

EMENTA

Processual Civil. Conflito de competência. Usucapião extraordinário. Inexistência de interesse da União.

I - Compete o Juízo Federal avaliar o interesse da União Federal ou de seus entes no processo. Inexistindo este, deve simplesmente devolver os autos ao Juízo de origem. Caso em que deixa de existir o Confl ito, eis que não mais subsistente o motivo da declinatória de competência.

II - Confl ito não conhecido e determinada a remessa dos autos ao Juízo suscitado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do confl ito e determinar a remessa dos autos ao Juízo da Segunda Vara de Registros Públicos de São Paulo, o suscitado. Votaram com o Relator os Senhores Ministros Fontes de Alencar, Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha, Ruy Rosado de Aguiar, Costa Leite e Nilson Naves. Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira.

Brasília (DF), 22 de maio de 1996 (data do julgamento).

Ministro Eduardo Ribeiro, Presidente

Ministro Waldemar Zveiter, Relator

DJ 26.08.1996

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 403

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter: - Às fl s. 69-70 expõe-se:

Cuida·se de ação de usucapião extraordinário proposta por José Gomes de Souza e Cleonice Nunes de Souza perante o Juízo da 2ª Vara de Registros Públicos de São Paulo-SP, onde ocorreu a intervenção da União Federal, deduzindo interesse no feito uma vez que “a porção de terra que se pretende adquirir através de usucapião, confi gura desde outrora res publica, não apenas pelo fato de ter sido aldeamento indígena, mas também pela circunstância histórico-legal de tais terras já de há séculos terem pertencido à Coroa e, na ordem das sucessivas legislações, terem passado ao domínio da União (doc. 01 em anexo - traslado da carta da data de sesmaria das terras dos índios), assim como da Certidão do Serviço de Patrimônio da União anexa.”

O MM. Juiz Estadual, então, declinou da competência para a Justiça Federal e esta, julgando inconsistente o interesse deduzido pela União, como lhe competia, suscitou o confl ito negativo.

O Ministério Público Federal manifesta-se pelo conhecimento do

Confl ito, sugerindo se declare competente para processar e julgar a Segunda

Vara de Registros Públicos.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter (Relator): Diz a ilustre Dra.

Subprocuradora-Gera da República (fl s. 70):

Agiu acertadamente o magistrado federal. In casu não se trata da fi xação da competência em função da norma contida no art. 109, XI, da CF - ratione materiae, por não ser o caso. Tampouco fi xa-se a competência em razão da pessoa - CF, art. 109, I - uma vez que o magistrado federal, nos limites de sua competência, julgou inapto o interesse manifestado pelo ente federal.

Tenho precedentes que endossam essa orientação.

É ver os confl itos, como abaixo:

CC n. 9.421-6-SP

Processual Civil. Confl ito de competência. Inexistência de interesse do Banco Central do Brasil e da União Federal.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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I - Compete ao Juízo Federal avaliar o interesse da União Federal ou de seus entes no processo. Inexistindo este deve simplesmente devolver os autos ao Juízo de origem. Caso em que deixa de existir o Confl ito, eis que não mais subsistente o motivo da declinatória de competência.

CC n. 10.181-6-SP

Processual Civil. Confl ito de competência. Usucapião especial. Inexistência de interesse da União Federal.

I - Compete o Juízo Federal avaliar o interesse da União Federal ou de seus entes no processo. Inexistindo este, deve simplesmente devolver os autos ao Juízo de origem. Caso em que deixa de existir o Confl ito, eis que não mais subsistente o motivo da declinatória de competência.

Assim que, cumprido seu ofício, com a exclusão do ente federal, não se

há de considerar existente Conflito. Competia a ilustre Dra. Juíza Federal

tão só a devolução do feito à Justiça Estadual, suscitada, a Segunda Vara de

Registros Públicos de São Paulo Capital, competente para apreciá-lo.

Remetam-se, pois, os autos, extraindo-se cópia a ser enviada ao douto

Juiz Federal.

Forte em tais lineamentos não conheço do confl ito.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 15.636-SC (95.612593)

Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar

Suscitante: Juízo Federal da 5ª Vara da Seção Judiciária do Estado

de Santa Catarina

Suscitado: Juízo de Direito do Juizado Formal de Pequenas Causas de

Florianópolis-SC

Autora: Vera Lucia do Amaral Silva

Réus: Banco do Estado de Santa Catarina S/A - Crédito Imobiliário e outro

Advogado: Luiz Eugenio da Veiga Cascaes

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 405

EMENTA

Confl ito de competência. Justiça Federal. União.

- Tendo o magistrado federal julgado descabido a intervenção

da União no feito, o mesmo deve ser remetido à Justiça Estadual,

inexistindo confl ito.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do confl ito e determinar

a remessa dos autos à Justiça Estadual. Votaram com o Relator os Srs. Ministros

Nilson Naves, Waldemar Zveiter, Fontes de Alencar, Sálvio de Figueiredo

Teixeira, Barros Monteiro e Cesar Asfor Rocha. Ausente, justifi cadamente, o Sr.

Ministro Costa Leite.

Brasília (DF), 27 de março de 1996 (data do julgamento).

Ministro Eduardo Ribeiro, Presidente

Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Relator

DJ 20.05.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar: O Dr. Juiz Federal da 5ª Vara

Federal de Florianópolis-SC suscitou o presente confl ito de competência, na

ação de cobrança proposta por Vera Lúcia do Amaral Silva contra o Banco

do Estado de Santa Catarina, para haver diferença de atualização de saldos de

cadernetas de poupança, relativa a março de 1990. Entendeu o magistrado que,

não requerida a denunciação da lide à União, nem sendo o caso de reconhecê-la,

e inexistindo litisconsórcio passivo necessário, descabia a intervenção da União

do feito.

É o relatório.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

406

VOTO

O Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar (Relator): Está pacifi cado nesta 2ª Seção que, negado o interesse da União Federal no feito, por decisão do Juízo Federal, os autos devem ser enviados à Justiça Estadual, inexistindo confl ito.

Posto isso, não conheço do confl ito, e determino remessa dos autos à Justiça Estadual.

É o voto.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 19.382-SE (97.0013149-1)

Relator: Ministro Costa Leite

Autores: Francisco Alves Menezes Neto e cônjuge

Rés: Norcon Sociedade Nordestina de Construções Ltda.

Caixa Econômica Federal - CEF

Suscitante: Juízo Federal da 1ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Sergipe

Suscitado: Juízo de Direito da 8ª Vara Cível de Aracaju-SE

Advogados: José Alvino Santos Filho

Luiz Antônio Silveira Teixeira

Cicero Corbal Guerra Neto

EMENTA

Competência. Denunciação da lide. Inexistência de confl ito.

Desaparecido o motivo da declinatória, com o Juízo Federal decidindo a respeito do que lhe incumbia, denunciação da lide a ente federal, os autos deveriam simplesmente ter sido devolvidos ao Juízo Estadual. Confl ito não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, em conformidade com os

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 407

votos e notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do confl ito.

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Nilson Naves, Eduardo Ribeiro,

Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha e Ruy Rosado de Aguiar.

Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Waldemar Zveiter e Carlos

Alberto Menezes Direito.

Ausente, por motivo de licença especial, o Sr. Ministro Romildo Bueno de

Souza.

Brasília (DF), 12 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Presidente

Ministro Costa Leite, Relator

DJ 19.12.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Costa Leite: Adoto, à guisa de relatório, o parecer do

Ministério Público Federal, que assim resumiu a espécie e sobre ela opinou:

Trata-se de conflito negativo de competência suscitado pelo douto Juízo Federal da 1ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Sergipe.

Francisco Alves Menezes Neto e cônjuge ajuizaram, perante a 8ª Vara Cível da Comarca de Aracaju, ação ordinária de anulação de ato jurídico cumulada com pedido de repetição de indébito e perdas e danos contra a Sociedade Nordestina de Construções Ltda. - Norcon.

De acordo com os acontecimentos narrados nos autos, os autores tiveram frustrado financiamento de imóvel pela Caixa Econômica Federal. A ré, conseqüentemente, denunciou a lide à Caixa Econômica Federal, invocando o fato de o malogro do fi nanciamento ser atribuível à falha dessa instituição fi nanceira. Em razão disso, o MM. Juiz de Direito procedeu à remessa dos autos à Justiça Federal. O d. Juízo Federal, suscitante do confl ito, declinou de sua competência por vislumbrar a falta do interesse jurídico daquela autarquia federal para ingressar no feito, indeferindo, pois, a denunciação da lide.

Não é o caso de se conhecer do presente confl ito, competindo tão-somente ao ora suscitante decidir sobre a existência do interesse jurídico de ente federal, conforme se depreende da Súmula n. 150, desse Colendo Pretório.

Assim, após a interlocutória de inadmissão do ingresso do ente federal na causa, lavrado pelo Digno Juízo Federal, os autos deveriam ter retomado à Justiça

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Estadual, conforme se depreende do julgamento do CC n. 9.868-8-PR, em que se decidiu:

Não admitida, pelo Juiz Federal, a pretendida intervenção do ente federal, volta a competência ao Juiz Estadual, a quem não cabe discutir o acerto daquela decisão (STJ - 2ª Seção, rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 08.03.1995, v.u., DJU 03.04.1995, p. 8.104, 1ª col., em.).

Ante o exposto, opina o Ministério Público Federal por não se conhecer do confl ito, e, graças ao entendimento do Juízo Federal de não inclusão da Caixa Econômica Federal na lide, deve o Juízo de Direito da 8ª Vara Cível de Aracaju julgar a demanda como lhe aprouver.

É o relatório, Senhor Presidente.

VOTO

O Sr. Ministro Costa Leite (Relator): Correto o parecer do Ministério Público. O Juízo Estadual andou bem ao declinar da competência, em vista da denunciação da lide a ente federal, tendo o Juízo Federal, a seu turno, nos limites de sua competência, reconhecido a ilegitimidade da CEF. Cumpria-lhe, na esteira da assente jurisprudência desta Corte, uma vez desaparecido o motivo da declinatória, tão-só devolver os autos à Justiça Estadual, e não suscitar confl ito de competência.

Tais as circunstâncias, não conheço do confl ito. É o meu voto, Senhor Presidente.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA 21.028-RS (97.78058-9)

Relator: Ministro Ari Pargendler

Autores: Renato Biedzicki e cônjuge

Advogada: Eliane Maria Rech

Ré: Habitasul Crédito Imobiliário S/A

Suscitante: Juízo de Direito da 18ª Vara Cível de Porto Alegre-RS

Suscitado: Juízo Federal da 1ª Vara da Seção Judiciária do Estado do

Rio Grande do Sul

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 409

EMENTA

Confl ito de competência. Decisão de Juiz Federal, excluindo a

Caixa Econômica Federal do processo. Inexistência de confl ito. Só

o Juiz Federal tem competência para decidir se a Caixa Econômica

Federal deve ou não participar do processo; a decisão que a exclui do

processo vincula a Justiça Estadual, porque esta não pode dispor a

respeito. Confl ito de competência não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, retifi car a decisão proferida na sessão

do dia 10 de dezembro de 1997 para não conhecer do confl ito, nos termos do

voto do Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros José Delgado, Garcia Vieira,

Demócrito Reinaldo, Humberto Gomes de Barros, Milton Luiz Pereira e

Adhemar Maciel votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Hélio Mosimann.

Brasília (DF), 16 de dezembro de 1997 (data da retifi cação).

Ministro Peçanha Martins, Presidente

Ministro Ari Pargendler, Relator

DJ 02.03.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Ari Pargendler: - Renato Biedzicki e cônjuge ajuizaram

ação de consignação em pagamento perante a 1ª Vara Federal do Estado do

Rio Grande do Sul contra Habitasul Crédito Imobiliário S/A e contra a Caixa

Econômica Federal para que o reajuste das prestações de seu imóvel seja feito

“de acordo com os aumentos salariais dos Suplicados ou seja, pela equivalência

salarial” (fl . 05).

A MM. Juíza da 1ª Vara Federal do Estado do Rio Grande do Sul Dra.

Helena Delgado Ramos excluiu a Caixa Econômica Federal do processo e

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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declinou da competência para a Justiça Estadual (fl . 23-26), seguindo-se o

presente incidente, suscitado pelo MM. Juiz de Direito da 18ª Vara Cível de

Porto Alegre Dr. Bayard Ney de Freitas Barcellos (fl . 02-04).

O Ministério Público Federal na pessoa do eminente Subprocurador-

Geral da República, Dr. Miguel Guskow, opinou pela competência da Justiça

Federal (fl . 30-32).

VOTO

O Sr. Ministro Ari Pargendler (Relator): No estado dos autos, não há

confl ito de competência, porque, excluída a participação da Caixa Econômica

Federal, na ação de consignação em pagamento, essa decisão vincula o MM. Juiz

de Direito, enquanto não reformada, através de recurso, pelo Tribunal Regional

Federal.

Aqui nem se sabe se esse recurso foi interposto.

Voto, por isso, no sentido de não conhecer do confl ito de competência.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 22.165-RS (98.0031352-4)

Relator: Ministro Cesar Asfor Rocha

Autor: João Anedi da Rosa Lacerda

Réu: Sul Brasileiro Crédito Imobiliário S/A

Suscitante: Juízo Federal de Novo Hamburgo-RS

Suscitado: Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul

Advogado: João Raimundo Fonseca

EMENTA

Competência. Embargos à execução. Contrato de

fi nanciamento não garantido pelo FCVS. Ilegitimidade passiva

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 411

da Caixa Econômica Federal reconhecida pelo Juízo Federal.

Competência da Justiça Comum.

Tendo o Juízo Federal reconhecido a ilegitimidade para causa

da pessoa jurídica de direito público que ensejaria a incidência do

art. 109, I, Constituição, a competência para processar e julgar a

ação resulta do Juízo de Direito em virtude da decisão proferida, não

sendo o caso de se suscitar o confl ito, mas tão-somente de devolver

os autos à Justiça Estadual.

Confl ito não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da

Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do confl ito

e determinar a remessa dos autos ao Tribunal de Alçada do Estado do Rio

Grande do Sul, o suscitado. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Ruy

Rosado de Aguiar, Carlos Alberto Menezes Direito, Costa Leite, Nilson Naves,

Eduardo Ribeiro, Sálvio de Figueiredo Teixeira e Barros Monteiro. Ausente,

justifi cadamente, o Sr. Ministro Romildo Bueno de Souza.

Brasília (DF), 26 de agosto de 1998 (data do julgamento).

Ministro Waldemar Zveiter, Presidente

Ministro Cesar Asfor Rocha, Relator

DJ 16.11.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha: Cuida-se de confl ito negativo de

competência, tendo como suscitante o Juízo Federal de Novo Hamburgo-RS e

como suscitado o Tribunal de Alçada do mesmo Estado.

Ambos afi rmam-se incompetentes para o julgamento de embargos opostos

à execução de contrato de fi nanciamento proposta por Sul Brasileiro Crédito

Imobiliário S.A.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Em sede de agravo de instrumento contra decisão que indeferiu pedido de

assistência judiciária, o egrégio Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande

do Sul declinou de sua competência em favor da Justiça Federal, pronunciando

a nulidade dos atos decisórios, visto se tratar de contrato regido pelo Sistema

Financeiro da Habitação.

Daí o confl ito suscitado pelo Juízo Federal tendo em conta a ilegitimidade

passiva para causa da Caixa Econômica Federal já que o contrato não seria

garantido pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS.

Parecer do douto Ministério Público Federal pela competência do

suscitado, o Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul.

Recebidos no dia 24 de agosto do corrente ano de 1998.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha (Relator): - Conforme salientado no

relatório, cuida-se de suposto confl ito negativo de competência entre Juízos de

Direito e Federal, ambos afi rmando-se incompetentes para o julgamento de

embargos opostos à execução de contrato de fi nanciamento proposta por Sul

Brasileiro Crédito Imobiliário S.A.

Na hipótese, o MM Juiz Federal afirmou que o contrato não seria

garantido pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS, donde a

ilegitimidade da Caixa Econômica Federal para a causa.

Assim, tendo o Juízo Federal, o competente para tanto, declarado a

ilegitimidade passiva da Caixa Econômica Federal, bastava retomar os autos ao

Juízo de Direito, uma vez desaparecida a causa declinatória da competência.

A propósito, cito como exemplo os seguintes julgados:

Processual Civil. Conflito de competência. Usucapião extraordinário. Inexistência de interesse da União.

I - Compete ao Juízo Federal avaliar o interesse da União Federal ou de seus entes no processo. Inexistindo este, deve simplesmente devolver os autos ao juízo de origem. Caso em que deixa de existir o confl ito, eis que não mais subsistente o motivo da declinatória de competência.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 413

II - Conflito não conhecido e determinada a remessa dos autos ao juízo suscitado. (CC n. 14.528-SP, Relator eminente Ministro Waldemar Zveiter, DJ de 26.08.1996)

Confl ito de competência. Justiça Federal. União.

- Tendo o magistrado federal julgado descabida a intervenção da União no feito, o mesmo deve ser remetido à JusZtiça Estadual, inexistindo conflito. (CC n. 15.636-SC, Relator eminente Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ de 20.05.1996)

Competência. Intervenção da União Federal.

Negado no foro federal o interesse da União na causa, bastava ao MM. Juiz Federal tão-somente devolver os autos ao Juízo de origem, como o fez, uma vez que cessada a causa que determinara a sua competência.

Confl ito não conhecido, devendo o feito prosseguir perante o Juízo do Distrito Federal. (CC n. 13.131-DF, Relator eminente Ministro Barros Monteiro, DJ de 29.05.1995)

Competência. Inexistência de confl ito. Procedimento a ser observado.

- Recebidos os autos por declinação de Juiz de Direito, em face da alegação, que à Justiça Federal cabe com exclusividade apreciar, de serem litisconsortes necessários a União e o Banco Central, excluída a pertinência do litisconsórcio cumpre ao Juiz Federal apenas devolver os autos à Justiça Estadual, e não suscitar o conflito. (CC n. 11.544-SP, Relator eminente Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 03.04.1995)

Competência. Denunciação da lide. Inexistência de confl ito.

Desaparecido o motivo da declinatória, com o Juízo Federal decidindo a respeito do que lhe incumbia, denunciação da lide a ente federal, os autos deveriam simplesmente ter sido devolvidos ao Juízo Estadual. Conflito não conhecido. (CC n. 19.382-SE, Relator eminente Ministro Costa Leite, DJ de 19.12.1997)

Assim, afastada pela Justiça Federal a legitimidade de qualquer dos entes

federais que ensejaria a sua competência, resulta manifesta a competência da

Justiça Comum.

Posto isso, não conheço do conflito, cabendo ao egrégio Tribunal de

Alçada do Estado do Rio Grande do Sul, o suscitado, prosseguir no exame do

agravo como entender de direito.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 22.994-SP (98.58764-0)

Relator: Ministro Barros Monteiro

Autora: Célia Maria Tangari

Réu: Itaú Crédito Imobiliário S/A

Suscitante: Juízo Federal da 10ª Vara Cível da Seção Judiciária do Estado

de São Paulo

Suscitado: Juízo de Direito da 31ª Vara Cível de São Paulo-SP

Advogados: Agenor Xavier Filho e outro

EMENTA

Competência. Ação de consignação em pagamento ajuizada pelo

mutuário contra o agente fi nanceiro. Ilegitimidade ad causam da Caixa

Econômica Federal.

Decidido pelo Juiz Federal que o ente federal é parte ilegítima ad

causam, o processo terá curso perante o Juiz Estadual.

Confl ito não conhecido, devendo o feito prosseguir perante o

Juízo de São Paulo.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas:

Decide a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não

conhecer do confl ito e determinar a remessa dos autos a 31ª Vara Cível do Foro

Central de São Paulo, a suscitada, na forma do relatório e notas taquigráfi cas

precedentes que integram o presente julgado. Votaram com o Relator os Srs.

Ministros Cesar Asfor Rocha, Ruy Rosado de Aguiar, Romildo Bueno de

Souza, Costa Leite, Nilson Naves e Eduardo Ribeiro.

Brasília (DF), 11 de novembro de 1998 (data do julgamento).

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Presidente

Ministro Barros Monteiro, Relator

DJ 17.02.1999

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 393-416, março 2011 415

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Barros Monteiro: - Perante a 31ª Vara Cível do Foro

Central de São Paulo, Célia Maria Tangari ajuizou ação de consignação em

pagamento contra “Itaú Crédito Imobiliário S/A”.

O MM. Juiz de Direito, entendendo que a discussão se trava em torno

de reajuste de prestações de imóvel fi nanciado pelo Sistema Financeiro da

Habitação e que a “Caixa Econômica Federal”, na qualidade de sucessora do

“Banco Nacional da Habitação”, deve ser citada como litisconsorte necessário,

determinou a remessa dos autos a uma das varas da Justiça Federal.

Redistribuídos os autos à 10ª Vara Federal da Seção Judiciária de São

Paulo, promoveu-se a citação da “Caixa Econômica Federal” - a qual sustentou

ser parte passiva ilegítima ad causam.

Ao fi nal, a Magistrada, considerando que é inviável a intervenção da “Caixa

Econômica Federal” em ações originadas de contratos de mútuo posteriores a

1986, fi rmados entre particulares e instituições bancárias outras, que a mesma

é “fi gura estranha à relação jurídica estabelecida e é-lhe indiferente o desate

da controvérsia”, bem como que eventual condenação implica exclusivamente

o patrimônio do agente fi nanceiro e do construtor, sem refl exos no FCVS,

suscitou o presente confl ito negativo de competência.

O parecer do Ministério Público Federal é pela competência do Juízo de

Direito da 31ª Vara Cível de São Paulo.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Barros Monteiro (Relator): A Juíza Federal entendeu que

a “Caixa Econômica Federal” é parte ilegítima ad causam, excluindo-a, ao fi m e

ao cabo, do pólo passivo. Prevalece, assim, a orientação de há muito traçada por

este Órgão fracionário no sentido de que, decidido pelo Juiz Federal não possuir

interesse no litígio o ente federal mencionado, o processo terá curso perante o

Juiz Estadual.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

416

Destarte, bastava à Juíza Federal devolver os autos à vara de origem e não

suscitar o confl ito (cfr., dentre outros, CC n. 11.544-2-SP, relator Ministro

Sálvio de Figueiredo Teixeira).

Ante o exposto, não conheço do confl ito, devendo o feito ser remetido ao

Juízo de Direito da 31ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo.

É o meu voto.

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Súmula n. 225

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SÚMULA N. 225

Compete ao Tribunal Regional do Trabalho apreciar recurso contra

sentença proferida por órgão de primeiro grau da Justiça Trabalhista, ainda que

para declarar-lhe a nulidade em virtude de incompetência.

Precedentes:

CC 2.177-PA (2ª S, 25.03.1992 – DJ 04.05.1992)

CC 9.962-CE (3ª S, 15.09.1994 – DJ 19.12.1994)

CC 16.383-CE (2ª S, 12.06.1996 – DJ 12.08.1996)

CC 18.644-ES (3ª S, 09.04.1997 – DJ 02.06.1997)

CC 18.686-SC (3ª S, 09.04.1997 – DJ 26.05.1997)

CC 19.336-ES (3ª S, 12.08.1998 – DJ 31.08.1998)

CC 20.480-RJ (3ª S, 26.11.1997 – DJ 23.03.1998)

Corte Especial, em 02.08.1999

DJ 25.08.1999, p. 31

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 2.177-PA (91.0012954-2)

Relator: Ministro Waldemar Zveiter

Autor: União Federal

Réu: Manoel Luiz de Oliveira

Suscitante: Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região

Suscitado: Juízo Federal da 1ª Vara-PA

Advogados: Deoclécio da Paz Pereira e outro

EMENTA

Processual Civil. Conflito de competência. Reclamação

trabalhista contra União Federal. Justiça Federal. Art. 27, § 10, do

ADCT. CF/1988.

I - Inteligência do art. 27, § 10, do Ato das Disposições

Constitucionais transitórias, da Constituição Federal, de 1988.

II - Consolidado na jurisprudência do STJ o entendimento

no sentido de que a nulidade do julgado deve ser expressa, com a

declaração de incompetência e, no caso, cabe ao Tribunal Regional do

Trabalho da Oitava Região declará-la, em face da decisão proferida

pela Junta de Conciliação e Julgamento de Belém-PA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros

da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do Confl ito e

declarar competente o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, o

suscitante. Votaram com o Ministro Relator os Senhores Ministros Fontes de

Alencar, Cláudio Santos, Sálvio de Figueiredo, Barros Monteiro, Nilson Naves,

Eduardo Ribeiro, Dias Trindade e Athos Carneiro.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 25 de março de 1992 (data do julgamento).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

422

Ministro Bueno de Souza, Presidente

Ministro Waldemar Zveiter, Relator

DJ 04.05.1992

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter: Manoel Luiz de Oliveira ajuizou

Reclamação Trabalhista, em 30.05.1986, contra a União Federal, objetivando

parcelas fundadas na Consolidação das Leis do Trabalho.

A Quinta Junta de Conciliação e Julgamento de Belém-PA, acolhendo

exceção de incompetência, em razão da pessoa, determinou a remessa do

processo à Justiça Federal (fl s. 28-29).

O Dr. Juiz Federal da Primeira Vara, por sua vez, declinou de sua

competência, com base nos artigos 114, da CF e 27, § 10, do ADCT, devolvendo

os autos da reclamatória à Justiça Trabalhista, onde foi julgada (fl s. 96-101).

Interposto Recurso Ordinário, o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da

Oitava Região, com base no art. 125, da Carta Magna precedente, decidiu pela

incompetência da Justiça Laboral para examinar o feito, eis que a Reclamação

foi distribuída em 1976 (fl s. 121-123).

A douta Subprocuradoria-Geral da República, invocando precedentes

desta Corte, opinou pelo conhecimento do Confl ito e competência da Justiça do

Trabalho para declaração da nulidade da decisão trabalhista e remessa dos autos

à Justiça Federal julgamento da demanda (fl s. 132-135).

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter (Relator): Trata-se de confl ito negativo

de competência suscitado nos autos da reclamação trabalhista ajuizada antes de

promulgada a Constituição de 1988, contra a União Federal.

Há de se aplicar, à espécie, o disposto no art. 27, § 10, do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias que diz competir “a Justiça Federal

julgar as ações nela propostas até a data da promulgação da Constituição”, tal

como ocorreu nos presentes autos.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 417-438, março 2011 423

Nesse mesmo sentido, confi ra-se os acórdãos proferidos por esta Egrégia

Segunda Seção, quando do julgamento dos Confl itos de Competência n. 182-

DF e n. 289-DF, dos quais fui relator.

Contudo, não tendo, porém, aquele Tribunal declarado a nulidade da

decisão proferida pela Quinta Junta de Conciliação e Julgamento de Belém–

PA; e em harmonia com a orientação fi rmada neste Egrégio Superior Tribunal

de Justiça no sentido de que a nulidade do julgado deve ser expressa com a

declaração de incompetência, cabe ao Colendo Tribunal Regional do Trabalho

declará-la e, remeter os autos à Justiça Federal, competente para processar e

julgar o feito (CC n. 1.618-SP, Relator o Senhor Ministro Vicente Cernicchiaro -

DJ de 11.05.1991).

Assim sendo, com base nos precedentes desta Corte e no parecer da

douta Subprocuradoria-Geral de República, conheço do Confl ito para declarar

competente o Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 9.962-CE (94.0021622-0)

Relator: Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro

Suscitante: Tribunal Regional Federal da 5ª Região

Suscitado: Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região

Autores: José Rastelli Júnior e outros

Réu: União Federal

Advogado: Miguel Angelo Carvalho Pinheiro

EMENTA

CC. Constitucional. Competência. TRT/Juiz Federal. A JCJ,

proferindo sentença, resta exaurida sua jurisdição. Ao TRT cabe,

no recurso, se achar que houve incompetência, anular julgado. Em

seguida, suscitar o confl ito. Se não for anulada a sentença e o Juiz

Federal for compelida a prolatar outra, haverá duas sentenças, o que é

impossível.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

424

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas constantes dos autos, por unanimidade, conhecer do

confl ito e declarar competente o Suscitado, Tribunal Regional do Trabalho

da 7ª Região, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com o

Relator, os Srs. Ministros Adhemar Maciel, Barros Monteiro (convocado),

José Dantas e Edson Vidigal. Ausentes, por motivo justificado, os Srs.

Ministros Cid Flaquer Scartezzini, Pedro Acioli, Assis Toledo e Anselmo

Santiago.

Brasília (DF), 15 de setembro de 1994 (data do julgamento).

Ministro Jesus Costa Lima, Presidente

Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, Relator

DJ 19.12.1994

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro: Conflito negativo de

competência entre Tribunal Regional Federal da 5ª Região e Tribunal Regional

do Trabalho da 7ª Região.

Trata-se de ação ordinária de reposição salarial ajuizada em face à União

Federal objetivando o recebimento de diferenças salariais referentes ao não

pagamento dos índices de 26,06 % a incidir a partir do mês de junho de 1987.

Sentença da 7ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza-CE às fl s.

60-62.

Despacho, às fl. 67, remetendo os autos à Justiça Federal, face à

incompetência do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região.

Acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, às fl . 81, suscitando o

presente confl ito de competência.

Parecer do Ministério Público Federal às fl . 86.

É o relatório.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 417-438, março 2011 425

VOTO

O Sr. Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro (Relator): No caso, há confl ito.

O TRT é competente para apreciar a sentença, ainda que seja para anulá-la e,

em seguida, remeter os autos ao TRF.

Conheço do conflito e declaro competente o Tribunal Regional do

Trabalho.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 16.383–CE (96/0009156-0)

Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira

Autor: Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de

Dados do Estado do Ceará

Ré: Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social-Dataprev

Suscitante: Tribunal Regional Federal da 5ª Região

Suscitado: Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região

Advogados: Alberto Fernandes de Farias Neto e outros

Rogério Dardeau de Carvalho e outros

EMENTA

Competência. Confl ito. Recurso ordinário interposto contra

sentença proferida por Junta de Conciliação e Julgamento. Compete

ao Tribunal Regional do Trabalho ao qual se acha vinculada a Junta

conhecer e julgar o recurso.

- Cuidando-se de recurso ordinário interposto contra sentença

proferida por Junta de Conciliação e Julgamento, competente para

dele conhecer é o Tribunal Regional do Trabalho ao qual se acha

vinculada a Junta, ainda que seja para declarar a incompetência

da Justiça do Trabalho para a causa e anular os atos decisórios

praticados.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e declarar competente o Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, o suscitado. Votaram com o Relator os Ministros Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha, Ruy Rosado de Aguiar e Fontes de Alencar. Ausentes, ocasionalmente, os Ministros Nilson Naves, Waldemar Zveiter e Costa Leite.

Brasília (DF), 12 de junho de 1996 (data do julgamento).

Ministro Eduardo Ribeiro, Presidente

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Relator

DJ 12.08.1996

EXPOSIÇÃO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: Trata-se de reclamação trabalhista ajuizada, perante a Justiça do Trabalho, contra a Dataprev - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social, pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados do Estado do Ceará, “na condição de substituto processual”, pleiteando:

O pagamento ora reclamado, referente ao IPC de Março (84,32%), com as conseqüentes repercussões nos reajustes dos meses posteriores, cumulativamente, e com integração ao salário para todos os efeitos de direitos, inclusive 13° salário, férias, FGTS, etc.

Proferida a sentença e manifestado o recurso ordinário, encaminhado ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, este, pelo Juiz relator, em face da “decisão do Supremo Tribunal Federal, que declarou a inconstitucionalidade das alíneas d e e, do art. 240, da Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990”, houve por bem determinar a remessa dos autos à Justiça Federal.

A Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região suscitou o confl ito negativo.

O parecer da Subprocuradoria Geral da República conclui pela “competência da Justiça do Trabalho, suscitada”.

É o relatório.

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 417-438, março 2011 427

VOTO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira (Relator): l - Cumpre anotar,

inicialmente, que não se cuida na espécie de pretensão deduzida por servidor

público, hipótese na qual a competência para dirimir o confl ito seria da eg.

Terceira Seção desta Corte, mas de reclamação ajuizada pelo sindicato, na

qualidade de substituto processual dos empregados da reclamada, empresa

pública federal.

Essa relação jurídica era regida pela CLT antes da edição da Lei do

Regime Jurídico Único e, nos termos do art. 1º desse diploma, não é por ela

abrangida. É o que se depreende da sua leitura:

Art. 1º - Esta Lei institui o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais.

2. Quanto ao conflito, tratando-se de decisão proferida por Junta de

Conciliação e Julgamento, competente para conhecer e julgar o recurso contra

ela manifestado é o Tribunal Regional do Trabalho ao qual se acha a Junta

vinculada, ainda que seja para declarar a incompetência da Justiça do Trabalho e

anular os atos decisórios praticados.

Neste sentido o parecer do Ministério Público Federal, subscrito pelo Dr.

Henrique Fagundes, do qual extraio:

O egrégio Tribunal suscitado, data venia, confundiu competência para julgar a causa com a competência para julgar o recurso.

A competência dos Tribunais, em grau recursal, limita-se, exceto nas hipóteses de delegação, à revisão de atos dos juízes que lhe sejam vinculados.

No caso dos autos, a sentença fora proferida por Junta de Conciliação e Julgamento. Assim, a competência para julgar o recurso é da instância superior (art. 895, da CLT), ou seja, do Tribunal Regional do Trabalho, ainda que seja para anular a decisão.

Nesse sentido, esse egrégio Superior Tribunal de Justiça já decidiu:

Constitucional. Conflito de competência. Reclamação trabalhista. Recurso.

1. Em se tratando de recurso contra sentença proferida por Junta de Conciliação e Julgamento em causa trabalhista, cabe ao Tribunal Regional do Trabalho julgar o apelo, ainda que seja para anular a decisão.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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2. Confl ito conhecido para declarar-se competente o Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, o suscitado.

(STJ - CC n. 7.300-CE, Rel. Min. Anselmo Santiago, DJ 11.03.1996).

CC. Constitucional. Juízo Federal. JCJ.

- Ao Tribunal Regional do Trabalho cumpre processar e julgar recurso de sentença proferida na Junta de Conciliação e Julgamento. Irrelevância da superveniência da Lei n. 8.112/1990. Ainda que o acórdão se limite a declarar a incompetência da Justiça do Trabalho.

(STJ - CC n. 8.169-CE, Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJ 26.09.1994).

Reclamação trabalhista. Recurso ordinário.

- Argüição de incompetência. Cabe ao Tribunal Regional recorrido declarar a nulidade da decisão da Junta de Conciliação e Julgamento reputada incompetente, e só então atribuir à Justiça Federal a discutida competência.

(STJ - CC n. 9.209-ES, Rel. Min. José Dantas, DJ 08.05.1995).

À luz do exposto, conheço do confl ito para declarar competente o Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, suscitado, para conhecer e julgar o recurso ordinário interposto contra a sentença proferida pela 8ª Junta de Conciliação e Julgamento de Fortaleza-CE, dando-se conhecimento desta decisão, por cópia, ao Juízo suscitante.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 18.644-ES (96.0072811-9)

Relator: Ministro William Patterson

Autor: Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência no

Estado do Espírito Santo – Sindprev-ES

Advogado: Eustachio Domicio Luchesi Ramacciotti

Réu: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

Advogado: Miguel Arcanjo da Silva Neto

Suscitante: Juízo Federal da 3ª Vara da Seção Judiciária do Estado do

Espírito Santo

Suscitado: Terceira Junta de Conciliação e Julgamento de Vitória-ES

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 417-438, março 2011 429

EMENTA

Confl ito negativo de competência. Decisão de JCJ. Anulação.

- Ao declinar de sua competência, deve a Corte Regional declarar

a nulidade da decisão da JCJ.

- Confl ito conhecido para declarar a competência do TRT da

17ª Região.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e declarar

competente o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, nos termos do voto

do Sr. Ministro Relator. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Cid Flaquer

Scartezzini, Luiz Vicente Cernicchiaro, Anselmo Santiago, Vicente Leal, José

Arnaldo, Fernando Gonçalves, Felix Fischer e José Dantas.

Brasília (DF), 09 de abril de 1997 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro William Patterson, Relator

DJ 02.06.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro William Patterson: - No entendimento de que íntegra e

efi caz a sentença de carência proferida na Justiça Especializada, cuja nulidade

não foi expressamente declarada no grau do recurso, o Juízo Federal da 3ª Vara–

SJ-ES suscita o confl ito negativo de competência, assim expondo os fatos (fl s.

52-53):

Trata-se de ação cautelar inominada, ajuizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência no Estado do Espírito Santo – Sindiprev contra o Instituto Nacional do Seguro Social, perante a 1ª Vara-II desta Seção Judiciária (atualmente 5ª Vara) com o objetivo de restaurar a jornada de trabalho de 30 (trinta) horas semanais ou 06 (seis) horas diárias, vigente até a edição da Portaria

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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n. 3.495, de 10.07.1990, do Ministro do Trabalho e Previdência Social, que alterou tal jornada para 40 (quarenta) horas semanais ou 08 (oito) horas diárias. A ação cautelar é preparatória de urna ação ordinária em que o autor pretende um provimento de caráter cominatório, obrigando o réu a alterar a jornada de trabalho de seus servidores.

Ajuizada a ação ordinária, foram os autos apensados aos desta cautelar, passando ambos a tramitar simultaneamente. Como o autor informou que havia ajuizado, também, uma ação com o mesmo objeto desta, perante a Justiça do Trabalho, mas relativamente aos servidores celetistas, a ilustre Juíza da 5ª Vara desta Seção Judiciária despachou, nos autos da ação ordinária, determinando a remessa de ambos os processos (ações cautelar e ordinária) para a Justiça do Trabalho.

Dando-se por competente para o feito, a 3ª Junta de Conciliação e Julgamento desta capital proferiu sentença na ação cautelar declarando a ilegitimidade ad causam do autor, por entender que ele estava pleiteando, em nome próprio, direito alheio (fl s. 96-98).

Subindo os autos ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, em face do Recurso Ordinário interposto pelo autor, aquela Corte decidiu, por maioria, “declarar a incompetência da Justiça do Trabalho e, determinar a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª Região”.

A 3ª Turma do Egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por sua vez, sem adentrar no mérito da questão, determinou a remessa dos mesmos à Seção Judiciária do Espírito Santo, entendendo que o fato de o TRT da 17ª Região haver declarado a incompetência da Justiça do Trabalho implicava em implícita anulação da sentença proferida pela 3ª Junta de Conciliação e Julgamento. Aqui os autos foram distribuídos à 3ª Vara.

Na anotação de imprecisa a tramitação dos diferentes feitos noticiados, face

a defi ciente instrução do confl ito, manifestou-se o Ministério Público Federal

no sentido de declarar-se a competência do Tribunal Regional do Trabalho da

17ª Região, que deverá anular a decisão de primeira instância, assim, evitando a

desaconselhável coexistência de duas sentenças.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro William Patterson (Relator): - Declinando da competência,

o Juízo Federal remeteu os autos da ação ordinária e, em apenso a cautelar, para a

Justiça Especializada. Nesta, houve o decreto de carência que motivou o recurso

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 417-438, março 2011 431

ordinário para o TRT, que declarou a sua incompetência, sem, expressamente,

anular a decisão monocrática. Retomando os autos ao Juízo Federal, neste foi

suscitado o confl ito.

Assim esquematizada a espécie, com razão o douto parecer ministerial.

Até mesmo pela complexidade da hipótese, onde imprecisa a tramitação de

diferentes processos, deve-se declarar a competência da Corte Regional do

Trabalho, eis que reiterada a jurisprudência deste STJ no sentido de que a

nulidade do julgado deve ser expressa com a declaração da competência (CC

n. 1.618-SP, Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJ de 11.05.1991; CC n.

2.177-PA, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ de 04.05.1992). Aliás, ainda nos

termos desta orientação, é o precedente desta Egrégia Terceira Seção citado pelo

douto juiz suscitante. Confi ra-se:

CC. Constitucional. Competência. TRT/Juiz Federal.

A JCJ, proferindo sentença, resta exaurida a sua jurisdição. Ao TRT cabe, no recurso, se achar que houver incompetência, anular o julgado. Em seguida, suscitar o confl ito. Se não for anulada a sentença e o Juiz Federal for compelido a prolatar outra, haverá duas sentenças, o que é impossível. (CC n. 4.516-SP, Relator Ministro Luiz Vicente Cenicchiaro, DJ de 28.11.1994).

Conheço do confl ito para declarar a competência do Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 18.686-SC (96.0074822-5)

Relator: Ministro José Arnaldo

Autor(es): Sônia Maria Gamba

Réu(s): Município de Rio do Sul

Suscitante(s): Juízo de Direito da 1ª Vara de Rio do Sul-SC

Suscitado(s): Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região

Advogado(s): Célio Simão Martignago

Alcides Claudino dos Santos e outro

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

432

EMENTA

- Confl ito de competência. Juízos Estadual e Trabalhista. Recurso

ordinário. Decisão de mérito proferida por Junta. Competência do

TRT.

- Tratando-se de recurso ordinário de sentença de mérito

proferida por Junta de Conciliação e Julgamento, competente para

apreciá-lo, ainda que seja para anular aquela decisão, é o TRT ao qual

se acha a Junta vinculada.

- Confl ito conhecido declarando-se a competência do TRT da

12ª Região, o juízo suscitado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do confl ito e

declarar competente o Suscitado, Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região,

nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com o Relator os Srs.

Ministros Fernando Gonçalves, Felix Fischer, José Dantas, William Patterson,

Luiz Vicente Cernicchiaro, Anselmo Santiago e Vicente Leal. Ausente,

ocasionalmente, o Sr. Ministro Cid Flaquer Scartezzini.

Brasília (DF), 09 de abril de 1997 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro José Arnaldo, Relator

DJ 26.05.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Arnaldo: - Servidor público municipal ajuizou

reclamação trabalhista pleiteando anotação na CTPS, reconhecimento do

vínculo, FGTS e outras verbas.

A Junta de Conciliação e Julgamento de Rio do Sul, julgou procedente a

ação, tendo gerado recurso ordinário interposto pelo município, perante o Eg.

TRT da 12ª Região, que assim decidiu (fl . 95):

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 417-438, março 2011 433

Servidor público. Incompetência da Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho é incompetente para apreciar e julgar ação de servidor público regido por estatuto próprio, contra a Administração.

Recebendo os autos, o Juízo Estadual suscitou o presente confl ito (fl .

105v.).

O Ministério Público Federal opina pela competência de um terceiro juízo,

o federal.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro José Arnaldo (Relator): - A bem da verdade, houve

decisão de mérito proferida pela Junta de Conciliação e Julgamento respectiva,

depreendendo-se que competente para o conhecimento e julgamento de recurso

daquela decisão interposta seja o TRT ao qual aquela Junta acha-se vinculada.

Nos autos do CC n. 16.383-CE, rel. Min. Sálvio de Figueiredo,

o Ministério Público Federal, em sua manifestação, a qual peço vênia para

transcrever, resumiu a matéria da seguinte forma:

O egrégio Tribunal suscitado, data vênia, confundiu competência para julgar a causa com a competência para julgar o recurso.

A competência dos Tribunais, em grau recursal, limita-se, exceto nas hipóteses de delegação, à revisão de atos dos juízes que lhes sejam vinculados.

No caso dos autos, a sentença fora proferida por Junta de Conciliação e Julgamento. Assim, a competência para julgar o recurso é da instância superior (art. 895, da CLT), ou seja, do Tribunal Regional do Trabalho, ainda que seja para anular a decisão.

Nesse sentido, esse Egrégio Superior Tribunal de Justiça já decidiu:

Constitucional. Confl ito de competência. Reclamação trabalhista. Recurso.

1. Em se tratando de recurso contra sentença proferida por Junta de Conciliação e Julgamento em causa trabalhista, cabe ao Tribunal Regional do Trabalho julgar o apelo, ainda que seja para anular a decisão.

2. Conflito conhecido para declarar-se competente o Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, o suscitado. (STJ - CC n. 7.300-CE, rel. Min. Anselmo Santiago, DJ 11.03.1996).

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

434

Assim, voto no sentido de que se declare a competência do Eg. TRT

da 12ª Região para apreciar e julgar o recurso interposto, uma vez que houve

decisão de mérito proferida pela Junta de Conciliação já citada.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 19.336-ES (97.0010177-0)

Relator: Ministro Vicente Leal

Autores: Clovis Carlos e outros

Réu: União

Suscitante: Tribunal Regional Federal da 2ª Região

Suscitado: Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região

Advogado: Carlos Alberto de Souza Rocha

EMENTA

Constitucional. Reclamatória trabalhista. Reajuste de vencimentos. Sentença proferida por juiz trabalhista. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso ordinário. Anulação.

- Somente nas hipóteses em que o juiz trabalhista se encontra investido na jurisdição de competência federal, cabe ao Tribunal Federal reexaminar, em grau de apelação, a sentença por ele prolatada.

- Ao Tribunal Regional do Trabalho, por força de sua jurisdição recursal, cabe declarar a nulidade dos atos decisórios praticados por Juiz trabalhista incompetente e remeter os autos ao Juízo competente ou julgar o recurso ordinário, fi xando, assim, sua competência, sob pena de coexistirem duas decisões no mundo jurídico.

- Conflito não conhecido. Remessa dos autos ao Tribunal

Regional do Trabalho da 17ª Região.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 417-438, março 2011 435

conhecer do confl ito e determinar a remessa dos autos ao Tribunal Regional

do Trabalho da 17ª Região, na conformidade dos votos e notas taquigráfi cas a

seguir. Participaram do julgamento os Srs. Ministros José Arnaldo, Fernando

Gonçalves, Felix Fischer, Gilson Dipp, José Dantas e Anselmo Santiago.

Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministro William Patterson e Edson Vidigal.

Brasília (DF), 12 de agosto de 1998 (data do julgamento).

Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, Presidente

Ministro Vicente Leal, Relator

DJ 31.08.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Vicente Leal: - Trata-se de confl ito negativo de competência

entre o Tribunal Regional Federal da 2ª Região e o Tribunal Regional do

Trabalho da 17ª Região, em face de recurso ordinário e remessa ofi cial de

sentença que julgou parcialmente procedente reclamatória trabalhista ajuizada

por funcionários públicos contra a União Federal objetivando a concessão de

reajuste de vencimentos decorrentes de planos econômicos.

O ilustre Juiz da 2ª Junta de Conciliação e Julgamento de Vitória concedeu

o reajuste no percentual de 26,05%, relativo ao Plano Verão (fl s. 34-36), tendo,

todavia, o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região declinado de sua

competência e determinando a remessa dos autos ao Tribunal Regional Federal

da 2ª Região, ao reconhecer o vínculo estatutário estabelecido entre as partes.

Por sua vez, o Tribunal Regional Federal recusa sua competência, ao

entendimento de que postulam-se em juízo vantagens celetistas anteriores à

instituição do regime estatutário.

A d. Subprocuradoria-Geral da República, em parecer de fls. 113-

115, opina pela competência do Tribunal Regional do Trabalho, para anular

a sentença prolatada por Juízo incompetente e remeter os autos ao Juízo

competente ou julgar, em grau de recurso ordinário, a reclamatória trabalhista,

evitando, assim, a possibilidade de coexistirem duas decisões no meio jurídico.

É o relatório.

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

436

VOTO

O Sr. Ministro Vicente Leal (Relator): O ponto nodal da questão centra-

se na aferição da competência para processar e julgar reclamatória trabalhista

ajuizada por servidores públicos federais objetivando o reajuste de seus

vencimentos pela concessão dos Planos Bresser e Verão.

A controvérsia estabelecida no âmbito dos juízes confl itantes cingiu-se à

natureza do vínculo jurídico estabelecido entre as partes à época das vantagens

postuladas em juízo, se celetista ou estatutário.

Como anotado no relatório, o Tribunal Regional do Trabalho, em sede de

recurso ordinário e remessa ofi cial, declinou de sua competência, reconhecendo

a natureza estatutária do vínculo. De outra parte o Tribunal Regional Federal da

2ª Região, declarando natureza celetista das vantagens postuladas, reconheceu

sua incompetência, encaminhando os autos a esta Corte.

Todavia, sem qualquer consideração quanto ao mérito da questão,

cumpre ressaltar, conforme oportunamente levantado no parecer ministerial, a

impossibilidade de coexistirem duas decisões sobre a mesma questão no mundo

jurídico. Assim, cabia ao Tribunal Regional do Trabalho, ao analisar a remessa

ofi cial e o recurso ordinário, ao decidir pela competência da Justiça Federal para

processar e julgar o feito, anular a sentença prolatada pelo Juiz trabalhista.

Se o Juízo sentenciante é absolutamente incompetente para conhecer do

writ, cabe à instância trabalhista recursal a que está vinculado por força de sua

jurisdição declarar a nulidade de todos os atos decisórios e remeter os autos à

Justiça competente ou julgar o recurso ordinário, fi xando, assim sua competência.

Isto posto, não conheço do confl ito e ordeno a remessa dos autos ao TRT

da 17ª Região.

É o voto.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N. 20.480-RJ (97/0062288-6)

Relator: Ministro Anselmo Santiago

Autor: Onofre Dalmacio Pereira - espólio

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SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (16): 417-438, março 2011 437

Advogados: Paulo Cesar Mahomed Alli e outro

Ré: União Federal

Suscitante: Juízo Federal da 3ª Vara da Seção Judiciária do Estado do

Rio de Janeiro

Suscitado: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

EMENTA

Competência. Sentença proferida por Junta de Conciliação e

Julgamento. Recurso. Incompetência da Justiça do Trabalho decidida

pelo Tribunal a quo que não anulou a sentença.

1. Ainda que restrito a declarar a nulidade do julgado de Junta de

Conciliação e Julgamento, somente pode fazê-lo o Tribunal Regional

do Trabalho.

2. Confl ito conhecido, declarado competente o Tribunal Regional

do Trabalho da 1ª Região, o suscitado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, em conhecer do confl ito e declarar

competente o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, o suscitado. Votaram

com o Sr. Ministro Relator os Srs. Ministros Vicente Leal, José Arnaldo,

Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Jose Dantas, William Patterson e Cid

Flaquer Scartezzini. Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Luiz Vicente

Cernicchiaro.

Brasília (DF), 26 de novembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro Anselmo Santiago, Relator

DJ 23.03.1998

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

438

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Anselmo Santiago: Onofre Dalmacio Pereira, funcionário

do Ministério do Trabalho, em data de 10 de junho de 1992, ajuizou reclamação

trabalhista perante a MM. 35ª Junta de Conciliação e Julgamento do Rio

de Janeiro, contra a União Federal, objetivando o recebimento de vantagens

decorrentes das diferenças salariais relativas às URPs de junho de 1987 e

fevereiro de 1989, com seus refl exos.

A Junta de Conciliação referida proferiu sentença, julgando procedente em

parte o pedido, tendo os autos subido ao E. Tribunal Regional do Trabalho da

1ª Região por remessa obrigatória, que decidiu pela incompetência da Justiça

Laboral, determinando a remessa dos autos à Justiça Federal, sem contudo

anular a sentença do juízo de primeiro grau.

Parecer da Subprocuradoria-Geral da República às fl . 72.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Anselmo Santiago (Relator): O confl ito, sem dúvida, existe.

Ainda que restrito a declarar a nulidade do julgado da Junta de Conciliação

e Julgamento, somente pode fazê-lo o Tribunal Regional do Trabalho.

Declaro competente o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, o

suscitado.

É o meu voto.

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Índice Analítico

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A

Agravo - Não-cabimento - Lei n. 4.348/1964, art. 4º - Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º - Mandado de segurança - Pedido de suspensão da execução da liminar - Indeferimento - RISTJ, art. 271, § 2º. Súmula n. 217-STJ. RSSTJ 16/155.

Agravo de instrumento - Certidão de intimação do acórdão recorrido - Peça essencial. Súmula n. 223-STJ. RSSTJ 16/343.

Autor do escrito - Proprietário do veículo de divulgação - CC/1916, art. 159 - Dano - Ressarcimento - Lei n. 5.250/1967, art. 49, § 2º - Publicação pela imprensa - Responsabilidade civil. Súmula n. 221-STJ. RSSTJ 16/287.

C

Cargo em comissão - Competência - Direitos e vantagens estatutárias - Justiça Estadual - Servidor público estadual. Súmula n. 218-STJ. RSSTJ 16/183.

CC/1916, art. 159 - Autor do escrito - Proprietário do veículo de divulgação - Dano - Ressarcimento - Lei n. 5.250/1967, art. 49, § 2º - Publicação pela imprensa - Responsabilidade civil. Súmula n. 221-STJ. RSSTJ 16/287.

CC/1916, art. 1.483 - Contrato - Aditamento - Fiador - Anuência - Não-ocorrência - Locação - Obrigação - Responsabilidade - Ausência. Súmula n. 214-STJ. RSSTJ 16/41.

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ÍNDICE ANALÍTICO

442

Certidão de intimação do acórdão recorrido - Peça essencial - Agravo de instrumento. Súmula n. 223-STJ. RSSTJ 16/343.

CF/1988, art. 114 - CLT, art. 578 - Competência - Contribuição sindical - Justiça Estadual - Lei n. 8.984/1995. Súmula n. 222-STJ. RSSTJ 16/311.

CLT, art. 578 - CF/1988, art. 114 - Competência - Contribuição sindical - Justiça Estadual - Lei n. 8.984/1995. Súmula n. 222-STJ. RSSTJ 16/311.

Compensação tributária - Declaração do direito - Mandado de segurança - Via adequada. Súmula n. 213-STJ. RSSTJ 16/11.

Competência - Cargo em comissão - Direitos e vantagens estatutárias - Justiça Estadual - Servidor público estadual. Súmula n. 218-STJ. RSSTJ 16/183.

Competência - CF/1988, art. 114 - CLT, art. 578 - Contribuição sindical - Justiça Estadual - Lei n. 8.984/1995. Súmula n. 222-STJ. RSSTJ 16/311.

Competência - Justiça do Trabalho - Sentença de primeiro grau - Recurso - Tribunal Regional do Trabalho. Súmula n. 225-STJ. RSSTJ 16/417.

Confl ito de competência - Suscitação - Não-cabimento - Ente federal - Exclusão do feito - Juiz Estadual - Declinação da competência - Juiz Federal - Restituição dos autos. Súmula n. 224-STJ. RSSTJ 16/393.

Contrato - Aditamento - CC/1916, art. 1.483 - Fiador - Anuência - Não-ocorrência - Locação - Obrigação - Responsabilidade - Ausência. Súmula n. 214-STJ. RSSTJ 16/41.

Contribuição sindical - CF/1988, art. 114 - CLT, art. 578 - Competência - Justiça Estadual - Lei n. 8.984/1995. Súmula n. 222-STJ. RSSTJ 16/311.

CP, art. 110 - Prescrição da pretensão punitiva - Prazo - Reincidência - Irrelevância. Súmula n. 220-STJ. RSSTJ 16/245.

CPC, arts. 374 e 508 - Recurso - Superior Tribunal de Justiça (STJ) - Registro no protocolo da Secretaria - Validade - RISTJ, art. 66 - Tempestividade - Aferição. Súmula n. 216-STJ. RSSTJ 16/115.

Crédito privilegiado - Decreto-Lei n. 7.661/1945, arts. 102, caput, e 124, § 1º, III - Falência - Lei n. 6.449/1977 - Serviços prestados à massa falida - Síndico - Remuneração. Súmula n. 219-STJ. RSSTJ 16/199.

D

Dano - Ressarcimento - Autor do escrito - Proprietário do veículo de divulgação - CC/1916, art. 159 - Lei n. 5.250/1967, art. 49, § 2º - Publicação pela imprensa - Responsabilidade civil. Súmula n. 221-STJ. RSSTJ 16/287.

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ÍNDICE ANALÍTICO

RSSTJ, a. 5, (16): 439-447, março 2011 443

Decreto-Lei n. 7.661/1945, arts. 102, caput, e 124, § 1º, III - Crédito privilegiado - Falência - Lei n. 6.449/1977 - Serviços prestados à massa falida - Síndico - Remuneração. Súmula n. 219-STJ. RSSTJ 16/199.

Direitos e vantagens estatutárias - Cargo em comissão - Competência - Justiça Estadual - Servidor público estadual. Súmula n. 218-STJ. RSSTJ 16/183.

E

Ente federal - Exclusão do feito - Confl ito de competência - Suscitação - Não-cabimento - Juiz Estadual - Declinação da competência - Juiz Federal - Restituição dos autos. Súmula n. 224-STJ. RSSTJ 16/393.

F

Falência - Crédito privilegiado - Decreto-Lei n. 7.661/1945, arts. 102, caput, e 124, § 1º, III - Lei n. 6.449/1977 - Serviços prestados à massa falida - Síndico - Remuneração. Súmula n. 219-STJ. RSSTJ 16/199.

Fiador - Anuência - Não-ocorrência - CC/1916, art. 1.483 - Contrato - Aditamento - Locação - Obrigação - Responsabilidade - Ausência. Súmula n. 214-STJ. RSSTJ 16/41.

I

Imposto de Renda (IR) - Não-incidência - Indenização - Programa de Incentivo à Demissão Voluntária - Adesão. Súmula n. 215-STJ. RSSTJ 16/77.

Indenização - Imposto de Renda (IR) - Não-incidência - Programa de Incentivo à Demissão Voluntária - Adesão. Súmula n. 215-STJ. RSSTJ 16/77.

J

Juiz Estadual - Declinação da competência - Confl ito de competência - Suscitação - Não-cabimento - Ente federal - Exclusão do feito - Juiz Federal - Restituição dos autos. Súmula n. 224-STJ. RSSTJ 16/393.

Juiz Federal - Restituição dos autos - Confl ito de competência - Suscitação - Não-cabimento - Ente federal - Exclusão do feito - Juiz Estadual - Declinação da competência. Súmula n. 224-STJ. RSSTJ 16/393.

Justiça do Trabalho - Sentença de primeiro grau - Recurso - Competência - Tribunal Regional do Trabalho. Súmula n. 225-STJ. RSSTJ 16/417.

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ÍNDICE ANALÍTICO

444

Justiça Estadual - Cargo em comissão - Competência - Direitos e vantagens estatutárias - Servidor público estadual. Súmula n. 218-STJ. RSSTJ 16/183.

Justiça Estadual - CF/1988, art. 114 - CLT, art. 578 - Competência - Contribuição sindical - Lei n. 8.984/1995. Súmula n. 222-STJ. RSSTJ 16/311.

L

Lei n. 4.348/1964, art. 4º - Agravo - Não-cabimento - Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º - Mandado de segurança - Pedido de suspensão da execução da liminar - Indeferimento - RISTJ, art. 271, § 2º. Súmula n. 217-STJ. RSSTJ 16/155.

Lei n. 5.250/1967, art. 49, § 2º - Autor do escrito - Proprietário do veículo de divulgação - CC/1916, art. 159 - Dano - Ressarcimento - Publicação pela imprensa - Responsabilidade civil. Súmula n. 221-STJ. RSSTJ 16/287.

Lei n. 6.449/1977 - Crédito privilegiado - Decreto-Lei n. 7.661/1945, arts. 102, caput, e 124, § 1º, III - Falência - Serviços prestados à massa falida - Síndico - Remuneração. Súmula n. 219-STJ. RSSTJ 16/199.

Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º - Agravo - Não-cabimento - Lei n. 4.348/1964, art. 4º - Mandado de segurança - Pedido de suspensão da execução da liminar - Indeferimento - RISTJ, art. 271, § 2º. Súmula n. 217-STJ. RSSTJ 16/155.

Lei n. 8.984/1995 - CF/1988, art. 114 - CLT, art. 578 - Competência - Contribuição sindical - Justiça Estadual. Súmula n. 222-STJ. RSSTJ 16/311.

Locação - CC/1916, art. 1.483 - Contrato - Aditamento - Fiador - Anuência - Não-ocorrência - Obrigação - Responsabilidade - Ausência. Súmula n. 214-STJ. RSSTJ 16/41.

M

Mandado de segurança - Agravo - Não-cabimento - Lei n. 4.348/1964, art. 4º - Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º - Pedido de suspensão da execução da liminar - Indeferimento - RISTJ, art. 271, § 2º. Súmula n. 217-STJ. RSSTJ 16/155.

Mandado de segurança - Via adequada - Compensação tributária - Declaração do direito. Súmula n. 213-STJ. RSSTJ 16/11.

O

Obrigação - Responsabilidade - Ausência - CC/1916, art. 1.483 - Contrato - Aditamento - Fiador - Anuência - Não-ocorrência - Locação. Súmula n. 214-STJ. RSSTJ 16/41.

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ÍNDICE ANALÍTICO

RSSTJ, a. 5, (16): 439-447, março 2011 445

P

Pedido de suspensão da execução da liminar - Indeferimento - Agravo - Não-cabimento - Lei n. 4.348/1964, art. 4º - Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º - Mandado de segurança - RISTJ, art. 271, § 2º. Súmula n. 217-STJ. RSSTJ 16/155.

Prescrição da pretensão punitiva - Prazo - CP, art. 110 - Reincidência - Irrelevância. Súmula n. 220-STJ. RSSTJ 16/245.

Programa de Incentivo à Demissão Voluntária - Adesão - Imposto de Renda (IR) - Não-incidência - Indenização. Súmula n. 215-STJ. RSSTJ 16/77.

Publicação pela imprensa - Autor do escrito - Proprietário do veículo de divulgação - CC/1916, art. 159 - Dano - Ressarcimento - Lei n. 5.250/1967, art. 49, § 2º - Responsabilidade civil. Súmula n. 221-STJ. RSSTJ 16/287.

R

Recurso - Superior Tribunal de Justiça (STJ) - CPC, arts. 374 e 508 - Registro no protocolo da Secretaria - Validade - RISTJ, art. 66 - Tempestividade - Aferição. Súmula n. 216-STJ. RSSTJ 16/115.

Registro no protocolo da Secretaria - Validade - CPC, arts. 374 e 508 - Recurso - Superior Tribunal de Justiça (STJ) - RISTJ, art. 66 - Tempestividade - Aferição. Súmula n. 216-STJ. RSSTJ 16/115.

Reincidência - Irrelevância - CP, art. 110 - Prescrição da pretensão punitiva - Prazo. Súmula n. 220-STJ. RSSTJ 16/245.

Responsabilidade civil - Autor do escrito - Proprietário do veículo de divulgação - CC/1916, art. 159 - Dano - Ressarcimento - Lei n. 5.250/1967, art. 49, § 2º - Publicação pela imprensa. Súmula n. 221-STJ. RSSTJ 16/287.

RISTJ, art. 66 - CPC, arts. 374 e 508 - Recurso - Superior Tribunal de Justiça (STJ) - Registro no protocolo da Secretaria - Validade - Tempestividade - Aferição. Súmula n. 216-STJ. RSSTJ 16/115.

RISTJ, art. 271, § 2º - Agravo - Não-cabimento - Lei n. 4.348/1964, art. 4º - Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º - Mandado de segurança - Pedido de suspensão da execução da liminar - Indeferimento. Súmula n. 217-STJ. RSSTJ 16/155.

S

Serviços prestados à massa falida - Crédito privilegiado - Decreto-Lei n. 7.661/1945, arts. 102, caput, e 124, § 1º, III - Falência - Lei n. 6.449/1977 - Síndico - Remuneração. Súmula n. 219-STJ. RSSTJ 16/199.

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ÍNDICE ANALÍTICO

446

Servidor público estadual - Cargo em comissão - Competência - Direitos e vantagens estatutárias - Justiça Estadual. Súmula n. 218-STJ. RSSTJ 16/183.

Síndico - Remuneração - Crédito privilegiado - Decreto-Lei n. 7.661/1945, arts. 102, caput, e 124, § 1º, III - Falência - Lei n. 6.449/1977 - Serviços prestados à massa falida. Súmula n. 219-STJ. RSSTJ 16/199.

Súmula n. 213-STJ - Compensação tributária - Declaração do direito - Mandado de segurança - Via adequada. RSSTJ 16/11.

Súmula n. 214-STJ - CC/1916, art. 1.483 - Contrato - Aditamento - Fiador - Anuência - Não-ocorrência - Locação - Obrigação - Responsabilidade - Ausência. RSSTJ 16/41.

Súmula n. 215-STJ - Imposto de Renda (IR) - Não-incidência - Indenização - Programa de Incentivo à Demissão Voluntária - Adesão. RSSTJ 16/77.

Súmula n. 216-STJ - CPC, arts. 374 e 508 - Recurso - Superior Tribunal de Justiça (STJ) - Registro no protocolo da Secretaria - Validade - RISTJ, art. 66 - Tempestividade - Aferição. RSSTJ 16/115.

Súmula n. 217-STJ - Agravo - Não-cabimento - Lei n. 4.348/1964, art. 4º - Lei n. 8.038/1990, art. 25, § 2º - Mandado de segurança - Pedido de suspensão da execução da liminar - Indeferimento - RISTJ, art. 271, § 2º. RSSTJ 16/155.

Súmula n. 218-STJ - Cargo em comissão - Competência - Direitos e vantagens estatutárias - Justiça Estadual - Servidor público estadual. RSSTJ 16/183.

Súmula n. 219-STJ - Crédito privilegiado - Decreto-Lei n. 7.661/1945, arts. 102, caput, e 124, § 1º, III - Falência - Lei n. 6.449/1977 - Serviços prestados à massa falida - Síndico - Remuneração. RSSTJ 16/199.

Súmula n. 220-STJ - CP, art. 110 - Prescrição da pretensão punitiva - Prazo - Reincidência - Irrelevância. RSSTJ 16/245.

Súmula n. 221-STJ - Autor do escrito - Proprietário do veículo de divulgação - CC/1916, art. 159 - Dano - Ressarcimento - Lei n. 5.250/1967, art. 49, § 2º - Publicação pela imprensa - Responsabilidade civil. RSSTJ 16/287.

Súmula n. 222-STJ - CF/1988, art. 114 - CLT, art. 578 - Competência - Contribuição sindical - Justiça Estadual - Lei n. 8.984/1995. RSSTJ 16/311.

Súmula n. 223-STJ - Agravo de instrumento - Certidão de intimação do acórdão recorrido - Peça essencial. RSSTJ 16/343.

Súmula n. 224-STJ - Confl ito de competência - Suscitação - Não-cabimento - Ente federal - Exclusão do feito - Juiz Estadual - Declinação da competência - Juiz Federal - Restituição dos autos. RSSTJ 16/393.

Súmula n. 225-STJ - Competência - Justiça do Trabalho - Sentença de primeiro grau - Recurso - Tribunal Regional do Trabalho. RSSTJ 16/417.

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ÍNDICE ANALÍTICO

RSSTJ, a. 5, (16): 439-447, março 2011 447

T

Tempestividade - Aferição - CPC, arts. 374 e 508 - Recurso - Superior Tribunal de Justiça (STJ) - Registro no protocolo da Secretaria - Validade - RISTJ, art. 66. Súmula n. 216-STJ. RSSTJ 16/115.

Tribunal Regional do Trabalho - Competência - Justiça do Trabalho - Sentença de primeiro grau - Recurso. Súmula n. 225-STJ. RSSTJ 16/417.

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Índice Sistemático

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Súmula 213

EDcl no REsp 77.226-MG .... Rel. Min. Ari Pargendler ........................ RSSTJ 16/15REsp 119.155-SE .................. Rel. Min. Peçanha Martins ...................... RSSTJ 16/19REsp 137.790-PA .................. Rel. Min. Adhemar Maciel ..................... RSSTJ 16/23REsp 145.138-SP ................... Rel. Min. José Delgado ............................ RSSTJ 16/29REsp 148.742-SP ................... Rel. Min. Humberto Gomes de Barros ......RSSTJ 16/36REsp 148.824-PB .................. Rel. Min. Hélio Mosimann ..................... RSSTJ 16/38

Súmula 214

REsp 34.981-SP ..................... Rel. Min. Pedro Acioli ............................. RSSTJ 16/45REsp 50.437-SP ..................... Rel. Min. William Patterson .................... RSSTJ 16/50REsp 61.947-SP ..................... Rel. Min. Edson Vidigal .......................... RSSTJ 16/53REsp 62.728-RJ ..................... Rel. Min. Cid Flaquer Scartezzini ........... RSSTJ 16/56REsp 64.019-SP ..................... Rel. Min. Anselmo Santiago .................... RSSTJ 16/60REsp 64.273-SP ..................... Rel. Min. Adhemar Maciel ...................... RSSTJ 16/64REsp 74.859-SP ..................... Rel. Min. Felix Fischer............................. RSSTJ 16/66REsp 90.552-SP ..................... Rel. Min. Fernando Gonçalves ................ RSSTJ 16/68REsp 151.071-MG ................ Rel. Min. Vicente Leal ............................. RSSTJ 16/71

Súmula 215

REsp 125.171-SP ................... Rel. Min. Ari Pargendler ......................... RSSTJ 16/81REsp 127.121-SP ................... Rel. Min. Humberto Gomes de Barros .... RSSTJ 16/88REsp 140.132-SP ................... Rel. Min. Hélio Mosimann ..................... RSSTJ 16/92REsp 143.767-SP ................... Rel. Min. José Delgado ............................ RSSTJ 16/95REsp 144.760-SP ................... Rel. Min. Adhemar Maciel ...................... RSSTJ 16/99

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ÍNDICE SISTEMÁTICO

452

REsp 149.716-DF .................. Rel. Min. Garcia Vieira .......................... RSSTJ 16/102

REsp 153.242-SP ................... Rel. Min. Demócrito Reinaldo .............. RSSTJ 16/108

Súmula 216

AgRg no Ag 5.237-RJ ............ Rel. Min. Nilson Naves .......................... RSSTJ 16/119AgRg no Ag 9.386-SP ........... Rel. Min. Fontes de Alencar .................. RSSTJ 16/120AgRg no Ag 18.310-RJ .......... Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira . RSSTJ 16/122AgRg no Ag 31.132-SP ......... Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro ..... RSSTJ 16/128AgRg no Ag 52.111-SP ......... Rel. Min. Américo Luz .......................... RSSTJ 16/130AgRg no Ag 81.895-RJ .......... Rel. Min. José Arnaldo .......................... RSSTJ 16/132AgRg no Ag 118.351-SP ....... Rel. Min. Waldemar Zveiter .................. RSSTJ 16/135AgRg nos EDcl no REsp 73.170-SP ..................... Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito .. RSSTJ 16/138AgRg nos EDcl nos EDcl noREsp 73.488-PR .................... Rel. Min. José Delgado .......................... RSSTJ 16/141EDcl no AgRg noAg 78.261-RJ ......................... Rel. Min. Fernando Gonçalves .............. RSSTJ 16/143EDcl no AgRg noAg 99.876-SP ......................... Rel. Min. William Patterson .................. RSSTJ 16/146EDcl nos EDcl no REsp 80.938-SP ..................... Rel. Min. Barros Monteiro .................... RSSTJ 16/149EDcl nos EDcl no REsp 85.333-RJ ..................... Rel. Min. Eduardo Ribeiro .................... RSSTJ 16/151

Súmula 217 (Cancelada)

QO no AgRg na SS 1.204-AM ......................... Rel. Min. Nilson Naves .......................... RSSTJ 16/159AgRg na SS 11-BA ................ Rel. Min. Torreão Braz .......................... RSSTJ 16/168AgRg na SS 182-PI ................ Rel. Min. William Patterson .................. RSSTJ 16/170AgRg na SS 443-DF .............. Rel. Min. Bueno de Souza ..................... RSSTJ 16/174AgRg na SS 601-MG ............ Rel. Min. Américo Luz .......................... RSSTJ 16/177

Súmula 218

CC 5.563-RO ........................ Rel. Min. Assis Toledo ........................... RSSTJ 16/187CC 11.410-PE ....................... Rel. Min. Adhemar Maciel .................... RSSTJ 16/189CC 12.630-CE ....................... Rel. Min. Vicente Leal ........................... RSSTJ 16/192CC 16.753-PE ....................... Rel. Min. William Patterson .................. RSSTJ 16/194CC 17.768-BA ....................... Rel. Min. Vicente Leal ........................... RSSTJ 16/196

Súmula 219

REsp 6.119-SP ....................... Rel. Min. Costa Leite ............................ RSSTJ 16/203REsp 32.959-SP ..................... Rel. Min. Eduardo Ribeiro .................... RSSTJ 16/205

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ÍNDICE SISTEMÁTICO

RSSTJ, a. 5, (16): 449-454, março 2011 453

REsp 58.730-SP ..................... Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar ........... RSSTJ 16/232REsp 76.943-SP ..................... Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito ..RSSTJ 16/238

Súmula 220

EREsp 54.398-PR ................. Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro ...... RSSTJ 16/249HC 7.942-PR ......................... Rel. Min. Fernando Gonçalves .............. RSSTJ 16/252REsp 31.285-PR ................... Rel. Min. José Dantas ............................ RSSTJ 16/253REsp 34.031-PR .................... Rel. Min. Costa Lima ............................ RSSTJ 16/264REsp 54.398-PR .................... Rel. Min. Edson Vidigal ........................ RSSTJ 16/275

Súmula 221

EREsp 154.837-RJ ................. Rel. Min. Cesar Asfor Rocha ................. RSSTJ 16/291REsp 14.321-RS .................... Rel. Min. Dias Trindade ........................ RSSTJ 16/297REsp 122.128-RJ ................... Rel. Min. Eduardo Ribeiro .................... RSSTJ 16/301REsp 184.232-SP ................... Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito .. RSSTJ 16/306

Súmula 222

CC 19.608-MG ..................... Rel. Min. Nilson Naves .......................... RSSTJ 16/315CC 19.616-SC ....................... Rel. Min. Bueno de Souza ..................... RSSTJ 16/318CC 20.878-SP ........................ Rel. Min. Cesar Asfor Rocha ................. RSSTJ 16/321CC 21.594-RJ ........................ Rel. Min. Eduardo Ribeiro .................... RSSTJ 16/324CC 22.749-RJ ........................ Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito .RSSTJ 16/329CC 22.878-SP ........................ Rel. Min. Barros Monteiro..................... RSSTJ 16/331EDcl no CC 17.765-MG ....... Rel. Min. Costa Leite............................. RSSTJ 16/333

Súmula 223

AgRg no Ag 74.287-RS ......... Rel. Min. Assis Toledo ........................... RSSTJ 16/347AgRg no Ag 151.069-RJ ........ Rel. Min. William Patterson .................. RSSTJ 16/350AgRg no Ag 153.273-CE ...... Rel. Min. Waldemar Zveiter .................. RSSTJ 16/352AgRg no Ag 154.985-RJ ........ Rel. Min. Nilson Naves .......................... RSSTJ 16/362AgRg no Ag 157.303-SP ....... Rel. Min. Felix Fischer........................... RSSTJ 16/367AgRg no Ag 162.188-MG ..... Rel. Min. Adhemar Maciel .................... RSSTJ 16/370AgRg no Ag 162.554-ES ....... Rel. Min. Edson Vidigal ........................ RSSTJ 16/373AgRg no Ag 166.398-SP ....... Rel. Min. Barros Monteiro .................... RSSTJ 16/375AgRg no Ag 167.615-SP ....... Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito .. RSSTJ 16/378EDcl no Ag 170.842-SP ........ Rel. Min. Fernando Gonçalves .............. RSSTJ 16/386EDcl no AgRg no Ag 158.467-SP ....................... Rel. Min. Demócrito Reinaldo .............. RSSTJ 16/389

Súmula 224

CC 11.149-SP ........................ Rel. Min. Waldemar Zveiter .................. RSSTJ 16/397CC 11.544-SP ........................ Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira . RSSTJ 16/399

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ÍNDICE SISTEMÁTICO

454

CC 14.528-SP ........................ Rel. Min. Waldemar Zveiter .................. RSSTJ 16/402CC 15.636-SC ....................... Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar ........... RSSTJ 16/404CC 19.382-SE ....................... Rel. Min. Costa Leite ............................ RSSTJ 16/406CC 21.028-RS ....................... Rel. Min. Ari Pargendler ....................... RSSTJ 16/408CC 22.165-RS ....................... Rel. Min. Cesar Asfor Rocha ................. RSSTJ 16/410CC 22.994-SP ........................ Rel. Min. Barros Monteiro .................... RSSTJ 16/414

Súmula 225

CC 2.177-PA ......................... Rel. Min. Waldemar Zveiter .................. RSSTJ 16/421CC 9.962-CE ......................... Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro ..... RSSTJ 16/423CC 16.383-CE ....................... Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira .. RSSTJ 16/425CC 18.644-ES ....................... Rel. Min. William Patterson .................. RSSTJ 16/428CC 18.686-SC ....................... Rel. Min. José Arnaldo .......................... RSSTJ 16/431CC 19.336-ES ....................... Rel. Min. Vicente Leal ........................... RSSTJ 16/434CC 20.480-RJ ........................ Rel. Min. Anselmo Santiago .................. RSSTJ 16/436

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Siglas e Abreviaturas

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AC Apelação Cível

Adm Administrativo

Ag Agravo de Instrumento

AgRg Agravo Regimental

AI Argüição de Inconstitucionalidade

Ana Agência Nacional de Águas

Anatel Agência Nacional de Telecomunicações

Aneel Agência Nacional de Energia Elétrica

APn Ação Penal

AR Ação Rescisória

CAt Confl ito de Atribuições

CC Código Civil

CC Confl ito de Competência

CCm Código Comercial

Cm Comercial

CNE Conselho Nacional de Educação

Com Comunicação

CP Código Penal

CPC Código de Processo Civil

CDC Código de Proteção e Defesa do

Consumidor

CPP Código de Processo Penal

CR Carta Rogatória

CRI Carta Rogatória Impugnada

Ct Constitucional

CTB Código de Trânsito Brasileiro

CTN Código Tributário Nacional

Cv Civil

D Decreto

DL Decreto-Lei

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SIGLAS E ABREVIATURAS

458

DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

E Ementário da Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

EAC Embargos Infringentes em Apelação Cível

EAR Embargos Infringentes em Ação Rescisória

EAg Embargos de Divergência no Agravo

EC Emenda Constitucional

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

EDcl Embargos de Declaração

EJSTJ Ementário da Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

El Eleitoral

EREsp Embargos de Divergência em Recurso Especial

ERMS Embargos Infringentes no Recurso em Mandado de

Segurança

ExImp Exceção de Impedimento

ExSusp Exceção de Suspeição

ExVerd Exceção da Verdade

ExecAR Execução em Ação Rescisória

ExecMC Execução em Medida Cautelar

ExecMS Execução em Mandado de Segurança

HC Habeas Corpus

HD Habeas Data

HSE Homologação de Sentença Estrangeira

IDC Incidente de Deslocamento de Competência

IExec Incidente de Execução

IF Intervenção Federal

IJ Interpelação Judicial

Inq Inquérito

IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IUJ Incidente de Uniformização de Jurisprudência

LC Lei Complementar

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SIGLAS E ABREVIATURAS

RSSTJ, a. 5, (16): 455-460, março 2011 459

LCP Lei das Contravenções Penais

Loman Lei Orgânica da Magistratura

LONMP Lei Orgânica Nacional do Ministério Público

MC Medida Cautelar

MC Ministério das Comunicações

MI Mandado de Injunção

MS Mandado de Segurança

NC Notícia-Crime

PA Processo Administrativo

Pet Petição

PExt Pedido de Extensão

Pn Penal

Prc Precatório

PrCv Processual Civil

PrPn Processual Penal

Pv Previdenciário

QO Questão de Ordem

R Revista do Superior Tribunal de Justiça

Rcl Reclamação

RD Reconsideração de Despacho

RE Recurso Extraordinário

REsp Recurso Especial

RHC Recurso em Habeas Corpus

RHD Recurso em Habeas Data

RMI Recurso em Mandado de Injunção

RMS Recurso em Mandado de Segurança

RO Recurso Ordinário

Rp Representação

RSTJ Revista do Superior Tribunal de Justiça

RvCr Revisão Criminal

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SIGLAS E ABREVIATURAS

460

S Súmula

SAF Secretaria de Administração Federal

Sd Sindicância

SEC Sentença Estrangeira Contestada

SF Senado Federal

SL Suspensão de Liminar

SLS Suspensão de Liminar e de Sentença

SS Suspensão de Segurança

STA Suspensão de Tutela Antecipada

Tr Trabalho

Trbt Tributário

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Repositórios Autorizados e Credenciados pelo

Superior Tribunal de Justiça

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REPOSITÓRIOS AUTORIZADOS E CREDENCIADOS PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

01. Lex – Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – editada pela Lex Editora S.A. – Portaria n. 1, de 19.08.1985 – DJ 21.08.1985 – Registro revalidado – Edital de 20.10.1989 – DJ 24.10.1989.

02. Revista de Direito Administrativo – editada pela Editora Renovar Ltda. – Portaria n. 2, de 19.08.1985 – DJ 21.08.1985 – Registro cancelado – Portaria n. 1, de 05.09.2007 – DJ 19.09.2007.

03. Revista LTr – Legislação do Trabalho e Previdência Social – editada pela LTr Editora Ltda. – Portaria n. 5, de 26.08.1985 – DJ 28.08.1985 – Registro revalidado – Edital de 20.10.1989 – DJ 24.10.1989.

04. Jurisprudência Brasileira Cível e Comércio – editada pela Juruá Editora Ltda. – Portaria n. 6, de 09.09.1985 – DJ 12.09.1985 – Registro cancelado – Portaria n. 1, de 09.02.2006 – DJ 15.02.2006.

05. Julgados dos Tribunais Superiores – editada pela Editora Jurid Vellenich Ltda. – Portaria n. 7, de 06.11.1987 – DJ 10.11.1987 – Registro cancelado – Portaria n. 2, de 06.03.2001 – DJ 09.03.2001.

06. Revista de Doutrina e Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – Portaria n. 1, de 29.11.1989 – DJ 1º.12.1989 - Registro alterado/retifi cado – Portaria n. 3, de 19.06.2002 – DJ de 25.06.2002.

07. Revista de Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul – Portaria n. 1, de 08.02.1990 – DJ 12.02.1990 - Registro alterado - Portaria n. 3, de 19.03.2010 - DJe 22.03.2010.

08. Revista Jurídica Mineira – Portaria n. 3, de 02.04.1990 – DJ 04.04.1990 – Registro cancelado – Portaria n. 4, de 13.05.1999 – DJ 04.06.1999.

09. Revista Jurídica – editada por Notadez Informação Ltda. – Portaria n. 4, de 02.04.1990 – DJ 04.04.1990.

10. Julgados do Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul – Portaria n. 5, de 02.05.1990 – DJ 09.05.1990 – Registro cancelado – Portaria n. 8, de 16.11.2000 – DJ 24.11.2000.

11. Revista de Processo – editada pela Editora Revista dos Tribunais Ltda. – Portaria n. 6, de 31.05.1990 – DJ 06.06.1990.

12. Revista de Direito Civil – editada pela Editora Revista dos Tribunais Ltda. – Portaria n. 7, de 31.05.1990 – DJ 06.06.1990 – Registro cancelado – Portaria n. 4, de 06.06.2000 – DJ 09.06.2000.

13. Revista dos Tribunais – editada pela Editora Revista dos Tribunais Ltda. – Portaria n. 8, de 31.05.1990 – DJ 06.06.1990.

14. Revista de Direito Público – editada pela Editora Revista dos Tribunais Ltda. – Portaria n. 9, de 31.05.1990 – DJ 06.06.1990 – Registro cancelado – Portaria n. 5, de 11.06.2001 – DJ 19.06.2001.

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REPOSITÓRIOS AUTORIZADOS E CREDENCIADOS PELO STJ

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15. Revista Ciência Jurídica – editada pela Editora Nova Alvorada Edições Ltda. – Portaria n. 10, de 21.08.1990 – DJ 24.08.1990 – Registro cancelado – Portaria n. 2, de 04.07.2003 – DJ 14.07.2003.

16. Revista Jurisprudência Mineira – editada pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais – Portaria n. 12, de 10.09.1990 – DJ 12.09.1990.

17. Revista de Julgados do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais – Portaria n. 13, de 17.12.1990 – DJ 19.12.1990 – Registro cancelado – Portaria n. 10, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

18. Jurisprudência Catarinense – editada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina – Portaria n. 1, de 22.05.1991 – DJ 27.05.1991.

19. Revista SÍNTESE Trabalhista e Previdenciária – editada pela IOB Informações Objetivas Publicações Jurídicas Ltda. – Portaria n. 3, de 16.09.1991 – DJ 20.09.1991 – Registro retifi cado – Portaria n. 9, de 22.11.2006 – DJ 11.12.2006 – Registro retifi cado e ratifi cado – Portaria n. 8, de 25.10.2010 – DJe 28.10.2010

20. Lex – Jurisprudência dos Tribunais de Alçada Civil de São Paulo – editada pela Lex Editora S.A. – Portaria n. 1, de 10.03.1992 – DJ 13.03.1992 – Registro cancelado – Portaria n. 6, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

21. Jurisprudência do Tribunal de Justiça – editada pela Lex Editora S.A. – Portaria n. 2, de 10.03.1992 – DJ 13.03.1992 – Registro retifi cado – Portaria n. 9, de 16.11.2000 – DJ 24.11.2000.

22. Lex – Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal – editada pela Lex Editora S.A. – Portaria n. 2, de 10.03.1992 – DJ 13.03.1992.

23. Revista de Previdência Social – editada pela LTr Editora Ltda. – Portaria n. 4, de 20.04.1992 – DJ 24.04.1992.

24. Revista Forense – editada pela Editora Forense – Portaria n. 5, de 22.06.1992 – DJ 06.07.1992.

25. Revista Trimestral de Jurisprudência dos Estados – editada pela Editora Jurid Vellenich Ltda. – Portaria n. 6, de 06.11.1992 – DJ 10.11.1992 – Registro cancelado – Portaria n. 3, de 04.07.2003 – DJ 14.07.2003.

26. Série – Jurisprudência ADCOAS – editada pela Editora Esplanada Ltda. – Portaria n. 1, de 18.02.1993 – DJ 25.02.1993 – Registro cancelado – Portaria n. 2, de 23.08.2004 – DJ 26.08.2004.

27. Revista Ata – Arquivos dos Tribunais de Alçada do Estado do Rio de Janeiro – Portaria n. 2, de 11.02.1994 – DJ 18.02.1994 – Registro cancelado – Portaria n. 3, de 04.05.1999 – DJ 18.05.1999.

28. Revista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região – editada pela Livraria do Advogado Ltda. – Portaria n. 3, de 02.03.1994 – DJ 07.03.1994.

29. Revista de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – Portaria n. 4, de 15.06.1994 – DJ 17.06.1994.

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REPOSITÓRIOS AUTORIZADOS E CREDENCIADOS PELO STJ

RSSTJ, a. 5, (16): 461-467, março 2011 465

30. Genesis – Revista de Direito do Trabalho – editada pela Genesis Editora – Portaria n. 5, de 14.09.1994 – DJ 16.09.1994 – Registro cancelado – Portaria n. 4, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

31. Decisório Trabalhista – editada pela Editora Decisório Trabalhista Ltda. – Portaria n. 6, de 02.12.1994 – DJ 06.12.1994.

32. Revista de Julgados e Doutrina do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo – Portaria n. 1, de 18.12.1995 – DJ 20.12.1995 – Registro cancelado – Portaria n. 5, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

33. Revista do Tribunal Regional Federal da 3ª Região – editada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região – Portaria n. 1, de 11.04.1996 – DJ 22.04.1996 – Registro cancelado – Portaria n. 18.06.2010 – DJe 22.06.2010.

34. Lex – Jurisprudência do Tribunal Federal de Recursos – editada pela Lex Editora S.A. – Portaria n. 2, de 29.04.1996 – DJ 02.05.1996 – Registro cancelado – Portaria n. 11, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

35. Revista de Direito Renovar – editada pela Editora Renovar Ltda. – Portaria n. 3, de 12.08.1996 – DJ 15.08.1996.

36. Revista Dialética de Direito Tributário – editada pela Editora Oliveira Rocha Comércio e Serviços Ltda. – Portaria n. 1, de 16.06.1997 – DJ 23.06.1997.

37. Revista do Ministério Público – Portaria n. 1, de 26.10.1998 – DJ 05.11.1998 – Registro retifi cado – Portaria n. 9, de 14.06.1999 – DJ 22.06.1999.

38. Revista Jurídica Consulex – editada pela Editora Consulex Ltda. – Portaria n. 1, de 04.02.1999 – DJ 23.02.1999 – Republicada em 25.02.1999 – Registro cancelado – Portaria n. 1, de 06.03.2001 – DJ 09.03.2001.

39. Genesis – Revista de Direito Processual Civil – editada pela Genesis Editora – Portaria n. 2, de 12.04.1999 – DJ 15.04.1999 – Registro cancelado – Portaria n. 3, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

40. Jurisprudência Brasileira Criminal – editada pela Juruá Editora Ltda. – Portaria n. 6, de 14.06.1999 – DJ 22.06.1999 – Registro cancelado – Portaria n. 2, de 09.02.2006 – DJ 15.02.2006.

41. Jurisprudência Brasileira Trabalhista – editada pela Juruá Editora Ltda. – Portaria n. 7, de 14.06.1999 – DJ 22.06.1999 – Registro cancelado – Portaria n. 3, de 09.02.2006 – DJ 15.02.2006.

42. Revista de Estudos Tributários – editada pela marca SÍNTESE, de responsabilidade da IOB Informações Objetivas Publicações Jurídicas Ltda. – Portaria n. 8, de 14.06.1999 – DJ 22.06.1999.

43. Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – editada pela Editora Brasília Jurídica Ltda. – Portaria n. 10, de 29.06.1999 – DJ 05.07.1999 – Registro cancelado – Portaria n. 1, de 23.08.2004 – DJ 26.08.2004.

44. Revista Interesse Público – editada pela Editora Fórum Ltda. – Portaria n. 1, de 14.03.2000 – DJ 21.03.2000.

45. Revista SÍNTESE Direito Civil e Processual Civil – editada pela IOB Informações Objetivas Publicações Jurídicas Ltda. – Portaria n. 2, de 14.03.2000 – DJ 21.03.2000

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REPOSITÓRIOS AUTORIZADOS E CREDENCIADOS PELO STJ

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– Registro retifi cado – Portaria n. 9, de 22.11.2006 – DJ 11.12.2006 – Registro retifi cado e ratifi cado – Portaria n. 8, de 25.10.2010 – DJe 28.10.2010.

46. Revista SÍNTESE Direito de Família – editada pela IOB Informações Objetivas Publicações Jurídicas Ltda. – Portaria n. 3, de 29.03.2000 – DJ 03.04.2000 – Registro retifi cado – Portaria n. 2, de 14.09.2009 – DJe 15.09.2009 – Registro retifi cado e ratifi cado – Portaria n. 8, de 25.10.2010, DJe 28.10.2010.

47. Revista ADCOAS Previdenciária – editada pela Editora Esplanada Ltda. – ADCOAS – Portaria n. 5, de 21.06.2000 – DJ 27.06.2000 – Registro cancelado – Portaria n. 8, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

48. Revista ADCOAS Trabalhista – editada pela Editora Esplanada Ltda. – ADCOAS – Portaria n. 6, de 21.06.2000 – DJ 27.06.2000 – Registro cancelado – Portaria n. 7, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

49. Revista de Jurisprudência ADCOAS – editada pela Editora Esplanada Ltda. – ADCOAS – Portaria n. 7, de 21.06.2000 – DJ 27.06.2000 – Registro cancelado – Portaria n. 9, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

50. Revista SÍNTESE Direito Penal e Processual Penal – editada pela IOB Informações Objetivas Publicações Jurídicas Ltda. – Portaria n. 4, de 06.03.2001 – DJ 09.03.2001 – Registro retifi cado – Portaria n. 9, de 22.11.2006 – DJ 11.12.2006 – Registro retifi cado e ratifi cado – Portaria n. 8, de 25.10.2010 – DJe 28.10.2010

51. Revista Tributária e de Finanças Públicas – editada pela Editora Revista dos Tribunais – Portaria n. 6, de 11.06.2001 – DJ 19.06.2001.

52. Revista Nacional de Direito e Jurisprudência – editada pela Nacional de Direito Livraria Editora Ltda. – Portaria n. 1, de 08.04.2002 – DJ 02.05.2002 – Republicada em 19.04.2002 – Registro cancelado – Portaria n. 1, de 31.07.2009 - DJe 05.08.2009.

53. Revista do Tribunal Regional Federal da 5ª Região – editada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região – Portaria n. 2, de 23.04.2002 – DJ 02.05.2002 - Registro cancelado - Portaria n. 5, de 09.04.2010 - DJe 18.04.2010.

54. Revista Dialética de Direito Processual – editada pela Editora Oliveira Rocha Comércio e Serviços Ltda. – Portaria n. 1, de 30.06.2003 – DJ 07.07.2003.

55. Revista Juris Plenum – editada pela Editora Plenum Ltda. – Portaria n. 1, de 23.05.2005 – DJ 30.05.2005.

56. Revista Bonijuris – versão impressa – co-editada pelo Instituto de Pesquisas Jurídicas Bonijuris, Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Associação dos Magistrados Catarinense (AMC) e Associação dos Magistrados do Trabalho IX e XII (Amatra) – Portaria n. 2, de 18.10.2005 – DJ 27.10.2005.

57. Revista Juris Plenum Trabalhista e Previdenciária – editada pela Editora Plenum Ltda. – Portaria n. 3, de 16.12.2005 – DJ 08.02.2006.

58. Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal – editada pela Editora Magister Ltda. – Portaria n. 4, de 02.08.2006 – DJ 09.08.2006.

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REPOSITÓRIOS AUTORIZADOS E CREDENCIADOS PELO STJ

RSSTJ, a. 5, (16): 461-467, março 2011 467

59. CD-ROM – Jur Magister – editado pela Editora Magister Ltda. – Portaria n. 5, de 09.08.2006 – DJ 15.08.2006.

60. DVD – Magister – editado pela Editora Magister Ltda. – Portaria n. 6, de 09.08.2006 – DJ 15.08.2006.

61. Revista Previdenciária e Trabalhista Gazetajuris – editada pela Editora Portal Jurídico Ltda. – Portaria n. 7, de 09.08.2006 – DJ 15.08.2006 – Registro cancelado – Portaria n. 2, de 08.10.2007 – DJ 18.10.2007.

62. CD-ROM – Gazetajuris – editado pela Editora Portal Jurídico Ltda. – Portaria n. 8, de 02.10.2006 – DJ 04.10.2006 – Registro cancelado – Portaria n. 6, de 12.11.2008 – DJe 17.11.2008.

63. Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil – editada pela Editora Magister Ltda. – Portaria n. 1, de 1º.02.2008 – DJ 11.02.2008.

64. Revista Brasileira de Direito Tributário e Finanças Públicas – editada pela Editora Magister Ltda. – Portaria n. 2, de 1º.02.2008 – DJ 11.02.2008.

65. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões – editada pela Editora Magister Ltda. – Portaria n. 4, de 10.10.2008 – DJe 15.10.2008.

66. Revista de Direito Tributário da Associação Paulista de Estudos Tributários – editada pela MP Editora Ltda. – Portaria n. 5, de 30.10.2008 – DJe 07.11.2008.

67. Portal da Rede Mundial de Computadores “editoramagister.com” – editado pela Editora Magister Ltda. – Portaria n. 7, de 15.12.2008 – DJe 17.12.2008.

68. “Revista de Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul” (versão eletrônica) - Portal da Rede Mundial de Computadores - endereço eletrônico: htpps://www.tjrs.jus.br/site/publicacoes/revista_da_jurisprudencia/ - editada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Grande do Sul - Portaria n. 1, de 19.02.2010 - DJe 24.02.2010 - Registro retifi cado e ratifi cado - Portaria n. 4, de 19.03.2010 - DJe 22.03.2010.

69. Portal da Rede Mundial de Computadores - “jurisprudência-online” - editada pela Associação dos Advogados de São Paulo - Portaria n. 2, de 19.02.2010 - DJe 24.02.2010.

70. Revista do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (versão eletrônica) - Portal da Rede Mundial de Computadores - endereço eletrônico: https://www.trf5.jus.br/revista_jurisprudencia/- editado pelo Tribunal Federal Regional da 5ª Região - Portaria n. 5, de 09.04.2010 - DJe 13.04.2010.

71. DVD ROM Datadez - editado pela Notadez Informação Ltda. - Portaria n. 7, de 10.09.2010 - DJe 14.09.2010.

72. Portal da Rede Mundial de Computadores – “Plenum On-line” – endereço “www.plenum.com.br” – editado pela Plenum Editora Ltda. – Portaria n. 1, de 31.01.2011, DJe 02.02.2011.

73. DVD-ROM – Júris Síntese DVD – editado pela marca “Síntese”, de propriedade da IOB Informações Objetivas Publicações Jurídicas Ltda. – Portaria n. 2, de 31.01.2011, DJe 02.02.2011.

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