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DESENROLANDO A LÍNGUA REVISTA OUTUBRO DE 2014 EDIÇÃO 8 EDITORA COBRA PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA Reportagem Especial: TIMOR LESTE Tudo o que você precisa saber: História Cultura Geografia Economia E muito mais... 1

Revista Desenrolando a Língua

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Revista Desenrolando a Língua, edição especial sobre o Timor Leste produzida pelos alunos Perla Chaves, Hélio Manzini, Davi Fateicha, Roberta Amaral e Antônio Jorge do 1° ano de Eletrotécnica do turno matutino.

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Page 1: Revista Desenrolando a Língua

DESENROLANDO A LÍNGUA R

EV

IST

A

OUTUBRO DE 2014 EDIÇÃO 8 EDITORA COBRA

PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

Reportagem Especial: TIMOR LESTE

Tudo o que você precisa saber:

•História

•Cultura

•Geografia

•Economia

•E muito mais...

1

Page 2: Revista Desenrolando a Língua

Aqui, temos taxas incríveis para

todos.

Venha conosco!

Inovando um país;

Evoluindo uma sociedade;

Conquistando novos

horizontes;

Uma nova história para

uma nova era.

2

Page 3: Revista Desenrolando a Língua

O banco do povo.

O seu banco. 3

Page 4: Revista Desenrolando a Língua

4

Vale a pena conferir:

Paisagem de Dili, capital do Timor Leste.

Page 5: Revista Desenrolando a Língua

Editorial

Gostaria de começar nosso diálogo agradecendo às mensagens, questionamentos e críticas enviados pelas dezenas de leitores que nos propiciaram uma sensação de dever cumprido da edição passada, que tinha a matéria especial para a Língua Portuguesa do seu local de origem, Portugal. Muito obrigado!!

Seguindo a programação para esse segundo semestre do ano, fomos à busca de um novo lugar. Timor Leste. Mas não somente para tratar de inovar em nossa revista, que de certo modo também é sua, queríamos achar a “agulha no palheiro”. E, confessemos, não foi nada fácil fazer essa coleção de informações tratando de um país tão misterioso e com intrínseca subjetividade.

Pode até parecer brincadeira, mas até mesmo nós nos questionamos sobre a eventual ocasião de jogar o tema principal dessa edição na lixeira; ainda bem que isso não passou das nossas mentes. Ir à busca dos gêneros, do conhecimento sobre o local, e, principalmente, pesquisar sobre um povo que fala a mesma língua que a nossa nos fez refletir o quão importante é a comunicação entre as pessoas.

Selecionar um país com 14.874 km², intercontinental com a Ásia e a Oceania, com influências de diversas etnias, costumes nada semelhantes que os nossos, esquecido e humilhado durante séculos, mas que pratica e se comunica com o mesmo recurso que nós usamos aqui, a Língua Portuguesa, é o tipo de desafio que mais nos impulsiona e fortifica o nosso profundo apreço por você, leitor e por esse meio de instigar o conhecimento.

Se você não conhecia, vai conhecer; se já, vai conhecer mais ainda. E como diz Martinho da Vila em uma das suas músicas: - Viva Timor Leste!

A Equipe

5

CARTA DO LEITOR

Gostaria de parabenizar a todos que fazem parte da produção da revista Desenrolado a Língua, em especial a edição de setembro, que trouxe informações interessantes sobre Portugal,mas também alertou todos os leitores sobre um grande problema que existe na nossa sociedade: o preconceito linguístico. Tirei minhas dúvidas sobre algumas palavras do português de Portugal e já estou de malas prontas para conhecer este país “irmão” de perto. Laura Martins São Paulo

Page 6: Revista Desenrolando a Língua

08

Um minuto de silêncio...

09

Historian-

do o Timor

Leste

10

Indepen-dência?

12

Esporte e Religião

13

Sistema Político

14

Um olhar Kultural

11

Economia

Sumário

17

Viajar e viajar

Page 7: Revista Desenrolando a Língua

18

Qual a sua língua

timorense?

19

O que falar no Timor

Leste?

20

Um gosti-nho da li-teratura ti-morense

22

O Timor Leste visto de dentro

24

Um gostinho da

literatura timorense

25

Caça-palavras

26

Antes de dizer

adeus...

21

Conhecen-do sabores

Page 8: Revista Desenrolando a Língua

Um minuto de silêncio...

8

Calai Montes Vales e fontes Regatos e ribeiros Pedras dos caminhos E ervas do chão, Calai Calai Pássaros do ar E ondas do mar Ventos que sopram Nas praias que sobram De terras de ninguém, Calai Calai Canas e bambus Árvores e "ai-rús" Palmeiras e capim Na verdura sem fim

Do pequeno Timor, Calai Calai Calai-vos e calemo-nos POR UM MINUTO É tempo de silêncio No silêncio do tempo Ao tempo de vida Dos que perderam a vida Pela Pátria Pela Nação Pelo Povo Pela Nossa Libertação Calai - um minuto de silêncio...

Francisco Borja da Costa, tendo escrito a maior parte da sua obra em língua Tétum.

Page 9: Revista Desenrolando a Língua

TIMOR LESTE EM DESTAQUE

A República Democrática de Timor Leste, a mais nova nação lusófona do mundo, ocupa parte oriental da Ilha de Timor, no extremo do sudeste asiático e ao norte do território australiano. Possui um território de aproximadamente 15 mil quilômetros quadrados. Com clima Tropical, quente e úmido, mas também muito seco boa parte do ano. As temperaturas variam entre 19 e 30 graus e a noite pode chegar

até 10 graus.

Quanto a sua flora, apresenta uma floresta primária cerrada, com cobertura espessa e orlas fechadas que a tornam quase impenetrável, na parte leste do território. Na costa Sul , a floresta é mais em gêneros e espécies. A floresta secundária, produto da ação do homem , cobre quase todo o país com formações densas e arbustos, pequenas árvores e as savanas e pastagens, de grande importância na parte leste da ilha.

Timor também possui uma fauna rica, onde se pode ver corais, estrelas do mar peixes coloridos, na suas costas crocodilo marinho,

diversas aves. Existem também espécie que foram introduzidas como a cabra e a vaca.

Porém, durante quatro séculos os portugueses apenas utilizaram o território timorense para fins comerciais, explorando os recursos naturais da ilha, sem se importarem pelo desenvolvimento local. Apenas nos anos

HISTORIANDO O TIMOR LESTE

CURIOSIDADE! Estudiosos, revelam que Timor Leste é habitado há mais de 35.000 anos.Sendo rota das migrações marítimas entre o Sudeste Asiático e a Oceania. A região tornou-se, desde o século XIII um importante polo de atração para mercadores chineses e malaios interessados em seu sândalo, mel e cera de abelha.

Seus produtos naturais atraíram comerciantes portugueses, os primeiros europeus a fixarem moradia em Timor Leste, 1512, seguidos pelo missionários católicos responsáveis pela implantação do catolicismo e a disseminação da

Por Equipe

Page 10: Revista Desenrolando a Língua

INDEPENDÊNCIA?

Em Agosto de 1975, devido a um revolução que acontecia em Portugal , os portugueses decidiram abandonar Timor , passando o poder à FRETILIN ( Frente Revolucionaria do Timor Leste), que proclamaram a república em 29 de Novembro . Porém , a independência durou pouco, pois o general Suharto, governante da Indonésia, mandou tropas do exercito invadirem a ilha.

Centenas de aldeias foram destruídas pelos bombardeios do exercido da Indonésia, sendo que foram utilizadas toneladas de napalm contra a resistência timorense. O uso do produto queimou boa parte das florestas do país, limitando o refúgio dos guerrilheiros na densa vegetação local.

Diante da repercussão internacional Portugal e Indonésia chegam a negociar uma consulta popular, sob a supervisão de uma missão da ONU ( Organização das Nações Unidas ) . Percebendo que a maioria dos timorense querem a independência , as milícias,

protegidas pelo exercito indonésio , desencadeiam uma violência extrema antes dos resultados. Homens armados matam qualquer pessoa suspeita de ter votado pela independência. Diante de tanta violência a ONU decide intervir . E em 22 de setembro de 1999 soldados da ONU entram em Dili e encontram um país totalmente incendiado e devastado. Xanana Gusmão, líder da resistência timorense foi logo libertado pelos soldados da ONU.

Em abril de 2001, os timorenses vão novamente às urnas para a escolha do novo líder do país. As eleições

REPRESSÃO

Percebendo que Timor Leste estava prestes a conquistar a independência, a ala radical do exército indonésio recruta e treina milícias armadas locais para espalharem o terror entre a população. Apesar das ameaças, mais de 98% da população timorense vai às urnas no dia 30 de agosto de 1999 para votar na consulta popular, e o resultado apontou que 78,5% dos timorenses escolheram a independência.

Page 11: Revista Desenrolando a Língua

A economia de Timor Leste é essencialmente agrícola, sendo as principais culturas o café, o cacau, a borracha., o tabaco e as oleaginosas .

Na industria destaca a fabricação de panos de algodão (tais ou sarãos), esteiras e artefatos de palha, açúcar e aguardente para uso indígena. No extrativismo destaca-se o sal e os minérios, cobre em Bibicusso, ferro em Laleia (Baidobala) e o ouro (quartzo aurífero) em Orlaquiri, Tubuloso e Turiscain. A proximidade de centros fabris, como a Austrália e outras ilhas, supre as necessidades locais de maior exigência.

Esperanças de um futuro melhor estão depositadas no desenvolvimento da exploração de reservas de petróleo no oceano que já rende ao governo mais de US$ 40 milhões anuais de renda, e o sucesso na exportação de produtos da agricultura.

A moeda oficial do Timor é o dólar americano.

Mais de cinquenta por cento do PIB é gerado pelo comércio e serviços.

ECONOMIA

Page 12: Revista Desenrolando a Língua

RELIGIÃO

A religião católica é a

predominante em Timor Leste, com

cerca de 90% de praticantes,

embora existam algumas

comunidades muçulmanas e

budistas. No entanto, qualquer outra

religião pode ser livremente

praticada.

ESPORTE Com a independência de Timor Leste em 2002, foi criada a Federação de Futebol de Timor Leste - FFTL, com sede na capital Díli, admitida como 206º membro da FIFA em 14 de Setembro de 2005, por ocasião do seu 55º congresso ordinário em Marraquexe, no Marrocos.

Timor Leste foi a 9ª seleção de língua portuguesa filiada à FIFA, além de Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-

Bissau, São Tomé e Príncipe e Macau. A seleção ocupa atualmente o 202º lugar no ranking de seleções da FIFA. Sendo por tanto o futebol o esporte mais praticado em Timor.

Page 13: Revista Desenrolando a Língua

SISTEMA POLÍTICO

República Semi-Presidencialista

O chefe de Estado de Timor Leste é o presidente, que

é eleito pelo voto popular para um mandato de cinco anos.

Embora o papel seja largamente simbólico, o presidente não

tem poder de veto sobre certos tipos de legislação. Após as

eleições, o presidente designa o líder do maior partido ou

coligação majoritária como o primeiro-ministro de Timor

Leste. Como chefe do governo, o primeiro-ministro preside o

Conselho de Estado ou de governo.

Primeiro-Ministro

Kay Rala Xanana Gusmão

Xanana Gusmão foi responsável pela criação e implementação da Política de Unidade Nacional, que se traduziu na cooperação ativa com as autoridades tradicionais em Timor Leste e com membros da Igreja Católica. Tomando partido do período de cessar-fogo, desenvolveu a primeira rede clandestina organizada a nível nacional, batizada de Frente Clandestina. Em 1988 o sucesso da Política de Unidade Nacional conduz à criação do Conselho Nacional de resistência Maubere (CNRM), evoluindo mais tarde para Conselho Nacional de Resistência

José Maria de Vasconcelos, conhecido Nome de guerra: Taur Matan Ruak, é um político e militar de Timor Leste e atual presidente de seu país. Seu nome de guerra significa "dois olhos vivos" em tétum.

Page 14: Revista Desenrolando a Língua

UM OLHAR KULTURAL

A cultura de Timor leste reflete inúmeras

influências, incluindo de Portugal, da tradição Católica

Romana, da Malásia, sobre as culturas indígenas

austronésicas melanésias e de Timor.

O Timor é conhecido pelas suas tradições

musicais, materiais e de dança. A celebração da

“cultura” representou um papel crucial na resistência à

ocupação indonésia de 1975 a 1999, e a

independência de Timor Leste fez surgir uma série

de projetos culturais. No entanto, uma forte cultura

de artesanato e de “criação” com materiais locais

disponíveis tem passado despercebida, ou seja,

pouco valorizado. Veja o que diz o coordenador do

projeto “Tatoli ba Kultura” David Palazón sobre a

cultura no Timor Leste.

“Kultura não é bem aquilo que nós

concebemos no mundo ocidental. Para o timorense,

cultura são todas aquelas coisas que vêm do

passado, é um ponto de referência para a

compreensão de onde vêm.”

RITMO TIMORENSE

Tebe é o ritmo timorenses mais popular. Os

principais instrumentos musicais tipicamente

timorenses são o babadok que nada mais é que

um tambor mal feito, e o dadir que é um tubo de

metal que deveria ser uma flauta, mas tiveram

ideia de uso para ele apenas o batuque de seu

tilintar.

Page 15: Revista Desenrolando a Língua

A Arte Timorense

A cestaria, juntamente com a

tecelagem, é a arte tradicional mais

característica e espalhada por todo o

território de Timor Leste, já que vários tipos

de cestos continuam a ser utilizados no dia

a dia em suas múltiplas funções.

Uma forma de tecelagem criada

pelas mulheres de Timor Leste são os

panos multicoloridos fabricados

artesanalmente, conhecidos como Taís.,

utilizados para a ornamentação cerimonial,

decoração e vestuário. As imagens e os

padrões de Taís variam muito de região

para região, mas muitas vezes eles incluem

mensagens de localidade e eventos

significativos.

Vestuário

Panos multicoloridos fabricados

artesanalmente, conhecidos como Tais,

são frequentemente utilizados no

vestuário. Nas cerimônias, os homens

vestem panos retangulares em volta da

cintura, denominados tais mane, e as

mulheres vestem tais feto, feitos para

assentar justo ao corpo, usados em volta

da cintura ou atravessados na zona do

peito, apenas com uma prega em baixo

para permitir o movimento. Todavia os

têxteis locais possuem significado muito

importante nos rituais que celebram as

mudanças das várias fases da vida, como

casamento por exemplo.

Page 16: Revista Desenrolando a Língua

Engana-se quem imagina que

uma visita a Timor Leste se resume a

conhecer Díli, capital do país e seus

arredores. O interior timorense – nos

chamados “distritos” – reserva

excelentes surpresas. Entre

paisagens espetaculares, os

resquícios da colonização portuguesa

e da brutal ocupação indonésia são

ainda visíveis. Vilas típicas, arrozais e

praias semivirgens pontilham a

pequena nação do Sudeste Asiático,

mas veículos 4x4 são necessários

para transpor as pequenas estradas e

trilhas que levam aos pontos mais

interessantes – um prato cheio para

quem curte turismo de aventura.

Durante o caminho pode-se ver

diversas aldeias que ainda

conservam de maneira muito viva as

tradições e cultura timorenses – não é

incomum se deparar com algum

pequeno festival, com mulheres

cantando e homens portando catanas

(facões típicos) e trajando roupas

típicas. Muitas das vilas possuem

Praia de Jacó faz com que visitante se sinta em um cartão postal

Casas de sapé nas montanhas

VIAJAR E VIAJAR

Page 17: Revista Desenrolando a Língua

QUAL A SUA LÍNGUA TIMORENSE?

Para fortalecer a disseminação

da Língua portuguesa no

Timor, Brasil e Portugal

fecharam um acordo para a

expansão do português no país

asiático mediante a

colaboração de universidades

para formar professores e criar

material escolar. Segundo os

dados do governo do Timor

Leste, em 2010, cerca de 90%

dos cidadãos do país utilizava

o tétum diariamente, 35%

dominavam o indonésio, e 23%

falavam, liam e escreviam em

português. No entanto, este

último é o idioma que registra

maior crescimento nos últimos

anos.

Após mais de quatro séculos de

colonização portuguesa, o Exército indonésio

ocupou a pequena nação durante os 24 anos

seguintes. Nesse período, o português foi proibido

e perseguido ao constituir-se como a língua da

resistência timorense, confinada nas montanhas

da ilha. Uma vez recuperada a soberania, em

maio de 2002, o português voltou às ruas e

instituições políticas, como o Parlamento e as

cortes de Justiça, enquanto ainda se consolida no

sistema educacional. Nas ruas do Timor as

saudações e os agradecimentos em português

são parte da vida cotidiana, mas são o indonésio

e o tétum que predominam nos ambientes de

trabalho e são mais frequentes nos principais

meios de comunicação. De acordo com

a Constituição de Timor Leste, o tétum e o

português tem o estatuto de línguas oficiais. De

acordo com parágrafo 3 do artigo 3 da Lei 1/2002,

em caso de dúvida na interpretação das leis

prevalece o português. Portanto os timorenses

possuem duas línguas oficiais. Ao adotarem dois

idiomas tornam-se diferenciados , em relação a

comunidade indonésia , pois o uso do tétum

aproxima os falantes locais, e a língua portuguesa

Page 18: Revista Desenrolando a Língua

O QUE FALAR NO TIMOR LESTE?

Começando pelo próprio nome do país, Timor Lorosa ‘e é o nome em tétum de Timor Leste. Larosa’e significa nascer do sol ou “leste”.

Português Tétum

Bom dia Bondia/ Dader diak

Boa tarde Boatarde/Lorokraik diak

Como estás? Di’ ak kA lae?

Estou bem – Há’u di’ak

Obrigado Obrigadu

Sabes falar tétum? Ita bele ko’alia tetum?

Sim Loos

Não Lae

Compreendo Há’u comprende

Tenha um bom dia Sorte diak ba loron ohin

Bom apetite Han ho gostu

Como se diz … em tétum?

... ilha tetum dehan saída?

Repita pro favor Favor ida bele repete fali Adeus Hau ba lai Por favor Favór ida

Com licença Kolisensa

Quanto custa isto? Ida ne’e folin hira

Onde é a casa de banho? Sintina iha ne’ebe?

Quer dançar comigo? Ita hakarak dansa ho hau

Bom Natal Ksolok loron natal nian

Boa Viagem!!

Page 19: Revista Desenrolando a Língua

Durante muitos anos a literatura do

Timor Leste era essencialmente em

português, apenas há alguns anos têm

começado a aparecer novas obras em

tétum, mesmo assim, a tradição literária

timorense nunca foi muito grande, e com

os ataques da Indonésia, milhares de

livros foram queimados, restando quase

nada. É evidente que a cultura timorense

está presente com muita força na

oralidade, nos poemas e cantigas

passadas de geração em geração.

Porém, ler é importante, a

população de qualquer localidade deveria

ter um acervo literário, inclusive o Timor

Leste, onde infelizmente faltam os livros.

Mesmo que livros em português fossem

enviados para lá, isso não beneficiaria

todos, porque boa parte da população

não domina esse idioma. O aparecimento

recente de uma literatura tetumófona traz

esperança de que as coisas mudem. Se

as crianças começarem lendo em sua

língua materna isso despertará o desejo

de ler ainda mais, quem sabe até em

outros idiomas, evidentemente em

português, o que traria um avanço

enorme na vida dos pequenos

timorenses.

Um dos maiores destaques na literatura do

Timor Leste é o líder da Resistência timorense durante

a invasão Indonésia, ex-presidente, atual primeiro-

ministro da República Democrática de Timor Leste e

escritor Xanana Gusmão.Em 1973, antes mesmo da

Revolução dos Cravos, que libertou as colônias de

Portugal, Gusmão já se destacava na literatura, porém,

foi a Guerra Civil Timorense em 1975 que despertou

em Gusmão o desejo de se expressar através da

escrita. Entre 1977 e 1979, ele publicou dois livros:

“Pátria e Revolução” e “Guerra, Temática Fundamental

do Nosso Tempo”.

Segue abaixo um dos textos mais conhecidos de

Xanana Gusmão. O poema intitulado Pátria carrega em

suas palavras o amor pelo país e o desejo de liberdade,

características que o fez tornar-se um verdadeiro hino

da causa

timorense.

Pátria

Pátria é, pois, o sol que deu o ser Drama, poema, tempo e o espaço, Das gerações, que passam, forte laço

E as verdades que estamos a viver. Pátria.., é sepultura... é sofrer De quem marca, co’a vida, um novo passo. Ao povo — uma Pátria— é, num traço

simples… Independência até morrer! Do trabalho o berço, paz, tormento, Pátria é a vida, orgulho, a aliança

Da alegria, do amor, do sentimento. Pátria… é tradições, passado e herança!

Um gostinho da literatura timorense

Page 20: Revista Desenrolando a Língua

CONHECENDO SABORES

Convenhamos, comer é um dos melhores prazeres da vida, e nada melhor do que ao conhecer um país novo, conhecer também sua culinária. No Timor Leste, a culinária sofre muitas influências diferentes e marcantes de países como Portugal, China, Índia, e também do continente africano, porém, possui pratos bastante exóticos e com uma identidade própria.

O curil, prato asiático, é muito popular no Timor Leste. O arroz, coco, amendoim e são essenciais em quase todos os pratos e normalmente acompanham cabrito, a carne preferida dos timorenses, ou então peixe seco. As folhas de papaya, o milho e a mandioca são também uma marca especial na comida do país.

O Brasil possui pratos deliciosos, mas de vez em quando bate aquela vontade de experimentar um tempero

Doces Mano Tem

Ingredientes:

bananas maduras e esmagadas

gramas de farinha

gramas de açúcar

ovos

½ litro de leite

½ colher de fermento

Modo de preparo:

. Junte todos os ingredientes de uma vez e os misture rapidamente. . Depois deixe a mistura em repouso por alguns

minutos. . Em seguida forme vários bolinhos e frite-os em óleo

quente com a ajuda de uma colher. . Antes de servir polvilhe os bolinhos com canela. . Deixe esfriar um pouco, e sirva.

Muito parecido com os bolinhos de chuva, estes doces são servidos comumente junto ao lanche ou ao almoço. Eles são fritos e são considerados como a salvação das donas de casa timorenses quando estas recebem uma visita inesperada.

Page 21: Revista Desenrolando a Língua

A época de independência, entre

1975 e 2002, foi muito conturbada para os

timorenses. Na internet e em jornais é

possível saber o que aconteceu nesses

anos, mas como os que viram tudo isso de

perto se sentiram? Leia abaixo uma

entrevista a um ancião do Timor Leste e

se coloque no lugar dele, imagine se tudo o

que você conhecesse fosse destruído,

tente entender o quanto esse povo

inocente sofreu para ter sua

independência.

O que o senhor lembra sobre a época de

independência do Timor Leste?

— Em 1960, a ONU disse que Timor

Leste era dominada por Portugal. Mas com a

revolução de lá em 1974, as colônias

portuguesas ficaram independentes, e todo

mundo achava que Timor Leste também

estaria livre. Só que surgiram alguns partidos

aqui que tavam em desavença, uns queriam a

independência e outros não, e por isso

começou uma guerra civil. Como Portugal

não estava conseguindo parar com a guerra,

deixou o país, e o partido FRETILIN, que

queria desde o começo a independência, fez

isso mandando os outros partidos embora.

O que aconteceu após isso?

— O povo queria que a FRETILIN

assumisse o governo do país, mas os

capitalistas não queriam isso, dizendo que o

partido comunista só porque ele queria ajudar a

comunidade. Então, no meio da Guerra Fria,

ainda em 75, os Estados Unidos e a Austrália

apoiaram a Indonésia que invadiu nossa terra.

A destruição foi muito grande, começando na

capital e depois chegando nos povoados

afastados.

(Percebo lágrimas nos olhos do senhor e deixo-o

continuar falando...)

— Eles chegaram matando todo

mundo, crianças, adultos, velhos, qualquer

um. Eu era bem novo, vi minha mãe ser

estuprada e meus pais serem mortos na

minha frente, tive que cuidar sozinho dos

meus irmãos. Os indonésios nos tiraram tudo.

Todo mundo passava fome. Eles matavam

meu povo do jeito que bem queriam. A alegria

O Timor Leste visto de dentro Por Perla Chaves

Page 22: Revista Desenrolando a Língua

E como seu povo conseguiu se libertar disso?

— Nós lutamos, nossa resistência era

comandada pelo grande Xanana Gusmão. Nas

montanhas de Timor a gente protestava, e a

Indonésia atacava. Mesmo com tantas mortes,

nós não desistimos. Então o grande general

Suhartoem disse que o povo decidiria se a

região deveria ser independente ou não. A

Indonésia nos atacou mais ainda, para que

não votássemos pela independência, mas

mesmo assim nós fizemos, e os ataques

pioraram mais ainda. Depois disso a ONU

condenou a Indonésia e mandou tropas para

parar os ataques. Só em 2002 a ONU saiu

daqui e o Timor Leste estava realmente

independente.

Como foi a vida de vocês depois de tudo o que

aconteceu?

— Os ataques pararam, mas a vida não

voltou ao que era antes por aqui. Muitos locais

estavam destruídos, muitas pessoas mortas,

não tinha comida, água, terra fértil, nossas

coisas preciosas tinham sido levadas. Até hoje

meu povo tenta se levantar e o governo procura

maneiras de melhorar nossa vida. Aqui tem

muito problema sabe? Mas eu espero que ainda

vivo consiga ver as crianças daqui com uma

Page 23: Revista Desenrolando a Língua

Caça-palavras

Encontre as palavras: *Dili *Timorenses

*Timor *Leste

*Obrigadu

*Tetum

*Xanana

Page 24: Revista Desenrolando a Língua

Aula de português

A linguagem na ponta da língua,

tão fácil de falar e de entender. A linguagem

na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatando

o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, equipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora,

em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada

do namoro com a prima. O português são dois; o outro,

mistério.

Antes de dizer adeus...

Page 25: Revista Desenrolando a Língua

Uma obra do escritor angolano José Eduardo Agualusa, o

livro conta a aventura desafiadora e emocionante da jovem

linguista portuguesa, Iara, de recolher novas palavras e

neologismos e colecioná-los num dicionário. Com a ajuda do

Neotrack, um programa informático que captura as palavras

que ainda não foram ao dicionário através dos jornais diários

disponíveis na internet, Iara vai desbravando a língua

portuguesa, até chegar ao Brasil, junto ao seu professor, em

busca de uma resposta á subversão da mesma. Agualusa leva

o leitor por uma viagem no tempo acerca da história da

formação e evolução da língua portuguesa ao mesmo tempo

em que demonstra o amor entre os personagens e o tema da

obra.

Veja um trecho do primeiro capítulo de “Milagrário pessoal”:

“As palavras, como os seres vivos, nascem de vocábulos anteriores, desenvolvem-se e fatalmente morrem. As mais

afortunadas reproduzem-se. Há as de índole agreste, cuja

simples presença fere e desagrada, e outras que de tão

amoráveis tudo à sua volta suavizam.”

Um romance que vai te encantar pela linguagem leve, pelas

histórias reveladoras e pelo prazer de ler.A “Desenrolando” indica esta leitura!

Dica de

Leitura

Uma obra do escritor angolano José Eduardo Agualusa, o

livro conta a aventura desafiadora e emocionante da jovem

linguista portuguesa, Iara, de recolher novas palavras e

neologismos e colecioná-los num dicionário. Com a ajuda do

Neotrack, um programa informático que captura as palavras

que ainda não foram ao dicionário através dos jornais diários

disponíveis na internet, Iara vai desbravando a língua

portuguesa. Agualusa leva o leitor por uma viagem no tempo

acerca da história da formação e evolução da língua

portuguesa ao mesmo tempo em que demonstra o amor entre

os personagens e o tema da obra.

Veja um trecho do primeiro capítulo de “Milagrário pessoal”:

“As palavras, como os seres vivos, nascem de vocábulos anteriores, desenvolvem-se e fatalmente morrem. As mais

afortunadas reproduzem-se. Há as de índole agreste, cuja

simples presença fere e desagrada, e outras que de tão

amoráveis tudo à sua volta suavizam.”

Um romance que vai te encantar pela linguagem leve,

pelas histórias reveladoras e pelo prazer de ler., tratando da

nossa língua de um jeito inovador. A “Desenrolando” indica esta leitura!

Page 26: Revista Desenrolando a Língua