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Volume 2, Número 1, jul/dez 2020. Loja de Pesquisas Dom Bosco Nº 33 D B 3 3 REVISTA

revista Dom Bosco 33

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Volume 2, Número 1, jul/dez 2020.Loja de Pesquisas Dom Bosco Nº 33

DB 33R E V I S T A

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eDB 33 Loja de Pesquisas Dom Bosco Nº 33Volume 2, Número 1, jul/dez, 2020

DB 33 | Brasília, Vol.2, n.1, jul/dez, 2020

Esse modelo, que se espalhou pelo mundo maçônico, serviu de inspiração à Loja de Pesquisas "Dom Bosco", que faz chegar em vossas mãos esta terceira edição da DB33, a revista de nossa Loja de Pesquisas, com periodicidade semestral.

Desde a fundação da primeira Loja de Pesquisas, a Quatuor Coronati, fundada em 1886, em Londres, que tem milhares de membros correspondentes em todo o mundo e publica a revista AQC, que as Lojas de Pesquisa em todo o mundo funcionam de maneira similar: reúnem membros correspondentes que submetem artigos, ensaios e resenhas; avaliam essas produções de conhecimento maçônico; e publicam em periódicos.

Nesta edição, trazemos um artigo de relevância histórica, do Prof. Ronald Jean, relativo à suposta participação da maçonaria nas independências dos países do continente americano, incluindo o Brasil.

Há também um interessante ensaio teórico do Dr. Cláudio Bellaver sobre Deísmo e Religião, aplicável à Maçonaria e seus Landmarks.

Já o trabalho do Venerável Irmão Izautonio Junior destrincha esse importante símbolo bíblico e maçônico que é a Escada de Jacó.

Nossa Loja de Pesquisas já soma centenas de Membros Correspondentes, todos irmãos regulares de potências amigas, sem distinção de vertente, rito ou nacionalidade. Oferecemos literatura maçônica de qualidade e dedicada à Escola Autêntica da Maçonaria, de forma digital e gratuita. Se você conhece outros irmãos interessados no conhecimento maçônico, convide-os a acessar o nosso site e juntar-se a nós.

KENNYO ISMAILVenerável Mestre

E o historiador Adriano Viégas Medeiros faz uma profunda reflexão sobre a Ordem DeMolay e seu papel enquanto escola de moral e liderança.

Somos gratos a esses grandes pesquisadores e escritores por terem confiado à DB33 o repositório e divulgação do resultado dessas pesquisas e escritas e estamos orgulhosos de levar esse conteúdo, aprovado por nosso corpo de avaliação, a todos os senhores, com a excelente qualidade visual proporcionada por nosso Irmão e MCDB, Cássio Xavier, e de forma gratuita.

EDITORIAL

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A relevância social, humana e jurídica e a

contribuição a busca de limitar o poder estatal e a

garantia de direitos e garantias fundamentais tem

total relevância com os valores da maçonaria, quais

sejam, a liberdade, igualdade e fraternidade, pois,

tendo influência com a Revolução Francesa da 1789,

repercute ruptura com a autocracia e na criação do

chamado Estado de Direito, nos seus paradigmas

mais elementares de Estado Liberal, Estado Social e

Estado Democrático de Direito.

A influência de ideias liberais com a quebra da

“Idade das Trevas” e das ideias iluministas tem sua

origem nos EUA, França e Inglaterra, sendo, de forma

didática, feito um recorte epistemológico em um

critério local, qual seja, os países localizados no

Ronald Jean de Oliveira Henriques, MCDB 19082801¹

INFLUÊNCIA DA MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA DOS PAÍSES AMERICANOS E NO BRASIL

1. INTRODUÇÃO

Diante de tais mudanças sociais, culturas e

jurídicas no mundo, principalmente nos países do

continente americano, a maçonaria sempre teve

grande importância para atingir com plenitude os

interesses do povo e garant ia de di re i tos

fundamentais e que, em determinados momentos

históricos, necessitam de uma clara e latente

mudança de pensamento, assim como ocorre,

atualmente, na instituição do Estado Democrático de

Direito com a independência dos países.

continente Americano. Por tal motivo, deve-se ter em

mente a independência dos países de maior

relevância do referido continente, não se esquecendo

dos demais, pois cada história de lutas e conquistas

devem ser exaltadas na busca da paz social e do

estado de bem estar (warfare state)

Isso posto, propõe-se aqui fazer uma análise

histórica acerca da influência da maçonaria na

Atualmente, pode-se dizer que, vencido o

estado autocrático e teocrático e com a concepção

dos estados de direito, desde a sua criação no século

XVIII as ideias iluministas de liberdade, igualdade e

fraternidade imperam de forma angular nos países

que tiveram sua independência declarada, tendo a

maçonaria influência relevante em cada um dos seus

movimentos, seja com ruptura de ordem anterior ou

conquistas históricas de caráter ideológicos e

intelectuais.

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¹Doutorando em Direito Público (ênfase em Ciências Penais) pela PUC-MG (2019). Mestre em Direito Público (ênfase em Ciências Penais) pela PUC-MG (2018). Professor de Direito na PUC-MG. Oficial da PMMG. Especialização em Gestão de Polícia Ostensiva (CEGEPO) pela Academia de Polícia Militar de Minas Gerais (APM-MG) - Escola de Formação de Oficiais - EFO (2016). Graduado em Ciências Militares no Curso de Formação de Oficiais da PMMG (2016). Pós-graduado em Direito Público pela PUC-MG (2014). Bacharel em Direito pela FUMEC (2013).

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Antes de iniciar a discussão acerca do tema

propriamente dito da influência da maçonaria nos

países americanos, cabe ressaltar que a repercussão

das ideias o Estado Liberal iniciado na França em

1789 com a chamada Revolução Francesa, bem

como com os documentos normativos da Inglaterra

como a Magna Carta de 1215, do Rei João Sem Terra,

que pode ser considerado o embrião do valor

liberdade no mundo.

independência dos países americanos e no Brasil.

Em um primeiro momento, cabe uma análise

introdutória e conceitual do conceito de maçonaria e a

discussão acerca da sua origem no mundo, para se

ter um ponto de partida em busca do objetivo final que

é o conhecimento da contribuição da maçonaria para

a independência dos países do continente europeu.

Num segundo momento, será feito um recorte

histórico detida a análise da independência dos

Estados Unidos da América e a História da Maçonaria

no Brasil e a sua respectiva indecência, tendo em

mente que existem outros países que tiveram sua

independência influenciada pela ordem maçônica,

como Argentina, Colômbia, México, Haiti e dentre

outros.

Por fim, no desenvolver do trabalho procura-

se revelar como era a relação entre a maçonaria e o

Príncipe Regente, além da influência de Ledo e

Bonifácio sobre o futuro imperador. Contudo, a maior

ênfase será nos embates entre os dois líderes da

maçonaria brasileira no ano de 1822, e como isto irá

refletir nas decisões de D. Pedro, e quais suas

consequências para a maçonaria até o período do

início da República do Brasil com o primeiro

Presidente do Brasil, sendo um maçom.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O universalismo da Revolução

Diante de tal cenário o berço da maçonaria na

Inglaterra, influência de forma direta a independência

dos países da América, ao lado, claro, da França, com

suas ideias liberais. Na Inglaterra, destinada a ser,

no século XVIII, a mãe da maçonaria, a infiltração nos pedreiros-livres ocorreu em 1703. A maçonaria surgiu em França no reinado de Luiz XV, em 1737, com grande aceitação dos fidalgos fúteis e cortesãos. Relata um cronista coévo que mantinha “inviolável segredo” quanto às suas “assembleias ocultas e perigosas para o Estado”. Vinha importada da Inglaterra e o cardeal de Fleury, primeiro ministro, mandou fechá-la manu militari. Imputavam-lhe, como se vê, o mesmo propósito dos Templários: destruir a Religião e o Trono, destruindo o Estado). Iniciava a preparação do terremoto social de 1793. Porque nenhuma revolução, confessa o maior dos técnicos revolucionários modernos, pode triunfar sem antes haver destruído os fundamentos do Estado (BARROSO, 1937).

Francesa determinou um marco divisório da História, não tendo se constituído puramente num fenômeno francês, mas pertencido ao mundo pelos abalos que provocou nos alicerces da sociedade ocidental da época. Representou a Revolução a crise final do "Ancien Régime", aristocrático, feudal e mercantilista, cujas estruturas foram abolidas e substituídas por outras apropriadas ao novo Estado burguês, capitalista e liberal. Ela, que estabeleceu um governo liberal apoiado na burguesia, mudou profundamente a es t ru tu ra da soc iedade f rancesa , transformando-a em todos os níveis da realidade social, ou seja, no econômico, no político, no jurídico, no social e no ideológico. Esta mudança radical, porém, só fo i possível acontecer, dado o acirramento do clima de inconformismo e crise social então reinantes, que levando intelectuais e tantos outros instruídos nas letras e ciências, a procurar respostas e soluções para os grandes problemas de antanho, os fizeram enveredar, juntamente com a burguesia, por caminhos que rejeitavam as velhas crenças, os velhos textos, as velhas tradições (SOUZA, 2016).

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Diante de tal cenário percebe-se o número

grande de países do continente americano,

tornando-se, assim, inviável a análise detalhada e

completa de todos estes países, pois o objetivo

deste texto é demonstrar que a maçonaria com

seus princípios e atribuições sociais influenciaram

de forma direta ou indireta a independência de

vários países do mundo, inclusive das Américas.

Segundo maior continente em extensão

terr i tor ial , com 42.054.927 qui lômetros

quadrados, a América possui 35 países, que

estão distribuídos em três subcontinentes:

1. América do Norte: Canadá,

Estados Unidos da América (EUA) e México.

2. América Central: Ant ígua e

Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Costa

Rica, Cuba, Dominica, El Salvador, Granada,

Guatemala, Hai t i , Honduras, Jamaica,

Nicarágua, Panamá, República Dominicana,

Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente

e Granadinas e Trinidad e Tobago.

3. América do Sul: Argentina, Bolívia,

Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana,

Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

A pesquisa se in ic ia na busca por

informações sobre a Independência dos Estados

Unidos da América ocorrida em 4 de julho de 1776,

a qual é considerada a primeira rebelião do século

XVIII, o século das revoluções ou, também, Século

Ressalta-se, assim, que os países como

Estados Unidos da América, que teve sua

independência em 1776, como uma das mais

importantes do mundo, ao lado da França, em

1789, com a Revolução Francesa, bem como,

nesse assunto central, demonstrar a importância

da maçonaria na independência do Brasil, em suas

diversas concepções históricas.

das Luzes. Justo, afinal fora a época em que

George Washington apareceu para a história no

cenário mundial.

Orientador: José Flávio Morais Castro

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação

em Geografia - Tratamento da Informação Espacial

Essa definição apresenta construída com

base na origem e funcionamento:

A Maçonaria é uma ordem fraternal de homens l igados por juramento; decorrente da fraternidade medieval de maçons operativos, aderindo a muitas de suas antigas regras, leis, costumes e lendas, leais ao governo civil em que ela existe; que inculca as virtudes morais e soc ia is pe la ap l icação s imból ica dos instrumentos de trabalho dos pedreiros e por alegorias, palestras e obrigações; cujos membros são obrigados a respeitar os princípios de amor fraternal, igualdade, ajuda

No que tange a origem da maçonaria, não há

uma versão oficial da origem da Maçonaria,

conforme exposto na dissertação de Kennyo

Ismail, havendo e sendo contestadas diferentes

teorias ao longo dos anos, com historiadores,

maçons ou não, indicando raízes no Egito, Síria,

Babilônia e Israel, e em diferentes épocas, o que

tem destacado a origem da Maçonaria como um

dos temas mais discutíveis e debatidos nas

pesquisas históricas (WAITE, 1921; YATES, 1972;

KIRBY, 2005). No entanto, o surgimento da

Maçonaria como organização formal ocorreu entre

1717 e 1721, com a fundação da Grande Loja de

Londres, precursora do modelo maçônico

atualmente praticado em todo o mundo e composta

em sua maioria por maçons especulativos, que

tinham nas ferramentas de pedreiros seus

símbolos, e não instrumentos de trabalho (KNOOP,

JONES, 1947; GUNN, 2008; MOREL, SOUZA,

2008 apud ISMAIL, 2013, p. 05)

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mútua e assistência, sigilo e confiança; têm modos secretos de reconhecimento de para com outro, como maçons, quando viajando pelo mundo, e se encontram em Lojas, cada uma governada autocraticamente por um Mestre, assistido por Vigilantes, onde peticionários, após invest igação part icular em suas qualificações mentais, morais e físicas, são formalmente admitidos na Sociedade em cerimônias secretas baseadas em parte em velhas lendas da Arte Maçônica (Coil's Masonic Encyclopedia, COIL & BROWN apud ISMAIL, 2013, p. 06).

Outra definição importante, explora os

princípios e valores maçônicos, apresentando uma

visão mais filosófica da instituição:

Ainda, Maçonaria ou Franco-Maçonaria (de

maçom, pedreiro), significa, literalmente, pedreiro-

livre, podendo traduzir-se, modernamente, por

livre-pensador. A palavra freemason surgiu pela

primeira vez na Inglaterra em 1376, embora o mais

antigo regulamento maçônico date de 1390. Antes

Maçonaria, em seu sentido mais amplo e abrangente, é um sistema de moralidade e ética social, e uma filosofia de vida, de caráter simples e fundamental, incorporando um humanitarismo amplo e, embora tratando a vida como uma experiência prática, subordina o material ao espiritual; é moral, mas não farisaica; exige sanidade em vez de santidade; é tolerante, mas não indiferente; busca a verdade, mas não define a verdade; incentiva seus adeptos a pensar, mas não diz a eles o que pensar; que despreza a ignorância, mas não reprova o ignorante; que promove a educação, mas não propõe nenhum currículo; ela abraça a liberdade política e de dignidade do homem, mas não tem plataforma ou propaganda; acredita na nobreza e utilidade da vida; é modesta e não militante; que é moderada, universal, e liberal quanto a permitir que cada indivíduo forme e expresse sua própria opinião, mesmo sobre o que a Maçonaria é, ou deveria ser, e convida-o a melhorá- la, se puder (Coi l 's Masonic Encyclopedia, COIL & BROWN apud ISMAIL, 2013, p. 07).

No século XIII, em 1220, era fundada, na Inglaterra, durante o reinado de Henrique III, uma corporação dos pedreiros de Londres, que tomou o título de The Hole Craft and Fellowship of Masons (Santa Arte e Associação dos Pedreiros) e que, segundo alguns autores, seria o germe da moderna Maçonaria. Pouco depois, em 1275, ocorria a Convenção de Estrasburgo, convocada pelo mestre dos canteiros e da catedral de Estrasburgo, Erwin de Steinbach, para terminar as obras do templo. A construção da catedral, iniciada em 1015, estava praticamente terminada, quando foi resolvido ampliar o projeto original e, para isso, foi chamado Erwin A essa convenção acorreram os mais famosos arquitetos da Inglaterra, da Alemanha e da Itál ia, que criaram uma Loja, para as assembleias e discussão sobre o andamento dos trabalhos, elegendo Erwin como Mestre de Cátedra (Meister von sthul). (CHAVES, 2014. P. 36)

Desta forma, iniciando a discussão em tela,

cumpre destacar o conceito de maçonaria, que não

é totalmente unânime, mas ajuda o leitor a entender

o motivo da participação efetiva da Ordem em

movimentos políticos, sociais e intelectuais que

deram origem as independências dos países do

continente europeu.

I N F L U Ê N C I A D A M A Ç O N A R I A N A

INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA

AMÉRICA

desta data são praticamente inexistentes

documentos sobre a Maçonaria, porque, não

obstante as suas origens mergulharem na mais

remota antiguidade, como veremos, os seus

ensinamentos, segredos e rituais sempre foram

transmitidos, apenas, pela via iniciática e pela

tradição oral (ARNAUT, 2017, p. 17).

O domínio da Inglaterra sobre as 13 colônias

americanas começou a causar revoltas, tendo

então Washington iniciado a sua atividade política

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A p r ime i ra Lo ja maçôn i ca , organizada sob carta-constitutiva emitida pela Grande Loja de Londres, surgiu em Boston, em 1733, recebendo o título de “Loja de São João”. A iniciativa partiu de Henri Price, amigo íntimo de Benjamin Franklin, nomeado pela Grande Loja de Londres Grão-Mestre Provincial da Nova Inglaterra. Ato contínuo, Price organizada em 1733, a que poderíamos chamar de primeira Obediência Maçônica regularmente constituída nas colônias norte-americanas, vindo a se

NAUDON situa, em 5 de junho de 1730, a origem oficial da Maçonaria nas treze colônias inglesas da América do Norte. Culturalmente vinculadas à Inglaterra, berço da Maçonaria especulativa, as treze colônias britânicas seguiam paradigmas idênticos aos da Corte, isto é, observavam valores religiosos, práticas e hábitos culturais muito próximos dos britânicos. A Maçonaria americana nasce sob a tutela e orientação filosófica, práticas e rituais da primeira Grande Loja, fundada em Londres, em 1717. Ritos, usos e costumes seguem, no alvorecer da Maçonaria norte-americana, o modelo Inglês dos “modernos” (FARIAS, apud NAUDON 2005, p. 36).

Em 1730 chegava a Franco-Maçonaria na

A m é r i c a C o l o n i a l . A p r i m e i r a l o j a e m

Massachussetts era formada em sua maior parte

por membros do regime britânico, porém isso foi

mudando com o passar do tempo, pois a grande

adesão de americanos natos e todas as

localidades foi imensa. Iniciados colonos

posteriormente ocasionaram a abertura de lojas

em todo o território norte americano, dando assim a

Instituição um peso maior, como vou detalhar mais

à frente, por consequência esta entidade teria ativa

atuação na fundação e na formação do Estados

Unido da América, gerando a maior nação

Maçônica do mundo.

na Assembleia de oposição da Virgínia, a qual

protestava perante o agravamento das tributações

impostas e fa l ta de l iberdade de ação.

Politicamente, Washington apoiava a resistência

às decisões britânicas.

tornar mais tarde na Grande Loja de Massachusetts. Tudo leva a crer que a liderança e presença de Price induziu o nascimento de outras lojas, que vieram a ser inicialmente organizadas, além da Philadelphia, [e como seria de se esperar], nas principais cidades costeiras como Norfolk (Virgínia), Charleston (Carolina do Sul), Savannah (Geórgia) e Nova York (NY). A maçonaria se estabelece primeiramente em tais cidades, fortalecidas pelo dinâmico movimento de mercadores e pelo estabelecimento de três grupos de elite: os negoc iantes (ar tesãos e lo j is tas) , os profissionais liberais e os oficiais de governo (tanto civis como militares) (Descartes apud TEIXEIRA, 1999, p. 69).

Em 1774 foi um dos sete delegados que

representou a Virgínia no Primeiro Congresso

Continental de Filadélfia, que se reuniu para

d i scu t i r as med idas a tomar con t ra os

colonizadores. Participou também do Segundo

Congresso Continental, que se realizou no ano

seguinte. Iniciadas as Guerra da Independência

(1775-1783), em 15 de junho de 1775 foi nomeado

por John Adams comandante-em-chefe de todos

os exércitos continentais, posto que assumiu em

Cambridge, Massachusetts, em 3 de julho.

A luta pela independência nos Estados

Unidos começou em Massachusetts, onde,

coincidentemente, se iniciou a Maçonaria. Quando

as Américas, submetidas ao colonialismo europeu,

lutavam pela sua emancipação, “é que mais se fez

sentir a ação política da Instituição, pois ela teve,

indiscutivelmente, um papel preponderante na

libertação das colônias americanas, como

planejadora e organizadora dos movimentos de

emancipação”.

O conflito se concretizaria, marcando o

verdadeiro início da Revolução Americana, em abril

de 1775, quando o comandante das tropas inglesas

e m B o s to n d e c i d i u p r e n d e r o s l í d e re s

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Seguindo o pensamento de Castellani, em

sua obra, A Maçonaria e o Movimento Republicano

Brasileiro, quanto ao aspecto político americano, a

maçonaria proporcionou a concretização da maior

nação maçônica do mundo: os Estados Unidos da

América, sobretudo nos Séculos XVIII e XIX

(CASTELLANI, 1989, p. 63).

revolucionários e maçônicos Samuel Adams e

John Hancock, além de apoderar-se do material

bélico dos colonos, em Concord.

Den t re os que comprovadamen te

pertenceram à ordem maçônica destacam-se

Benjamin Franklin e George Washington.

Em Paris Franklin publicou em 1730 o

primeiro artigo sobre a Maçonaria na América.

Quando era embaixador na França, exerceu de

1779 a 1781 o posto de Grão Mestre da loja “Les

Neuf Soeurs”, em Paris, a mesma a que pertenceu

Voltaire. Em 1787, de volta aos EUA, foi convidado

George Washington, o pai da nação

americana, líder do movimento da independência e

primeiro Presidente, foi também um maçom

dedicado, que chegou a ser indicado Grão-Mestre

dos Estados Unidos, pela Grande Loja da

Pennsylvania, em 20 de dezembro de 1779.

Benjamin Franklin (1706-1790) foi um dos

primeiros a propor a unificação das colônias,

criando uma nação, e um dos fundadores dos

Estados Unidos da América. Atuando como

diplomata durante a Revolução Americana, ele

garantiu a aliança com a França, fato fundamental

para a viabilidade da independência. Foi o único

dos fundadores que assinou quatro dos mais

importantes documentos dos EUA: o Tratado de

Paris, o Tratado de Aliança com a França, a

Constituição e a Declaração da Independência,

elaborada juntamente com Thomas Jefferson.

Q u a n d o , n o c u r s o d o s acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus na natureza, o respeito digno às opiniões exige que se declarem as causas que os levam a essa separação.

Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade (…)

Com os valores maçônicos a frente de toda a

luta contra a opressão a metrópole é dada, em 4 de

julho de 1776, a Independência dos Estados

Unidos da América. O trecho a seguir comprovam o

ideal de liberdade de sociedade que os americanos

defendiam, feito pelos maçônicos:

N ó s , p o r c o n s e g u i n t e , representantes dos Estados Unidos da América, reunidos em Congresso Geral, apelando para o Juiz Supremo do mundo pela retidão de nossas intenções, em nome e por autoridade do bom povo destas colônias, publicamos e declaramos solenemente: que estas colônias unidas são e de direito têm de ser Estados livres e independentes, que estão desoneradas de qualquer vassalagem para com a Coroa Britânica, e que todos vinculo político entre elas e a Grã-Bretanha está e deve ficar totalmente dissolvido; e que, como Estados livres e independente, tem por inteiro poder declarar guerra, concluir paz, contratar alianças, estabelecer comércio e praticar todos os atos e ações a que têm direito os estados independentes. E em apoio desta declaração, plenos de firme confiança na proteção da Divina Providência, empenhamos mutuamente nossas vidas, nossas fortunas e nossa sagrada honra. (Trecho da "Declaração de Independência dos

pelo Congresso a participar do comitê de criação do

Great Seal, emblema deveria refletir valores e

ideais “americanos” para as gerações futuras. Vem

daí a crença de que há símbolos maçônicos

inseridos nesse brasão, usado também na nota de

um dólar.

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O papel da Maçonaria na independência do

Brasil, o historiador Octávio Tarquínio de Sousa

(1988) declarou que “imensa foi a contribuição da

Maçonaria para o movimento da Independência”.

Em uma obra anterior, Sousa (1972) havia

explicitado sua compreensão do papel da

Maçonaria:

A influência das ideais da maçonaria de

liberdade, igualdade e fraternidade não ficaram

restritas ao iluminismo europeu e teve alcançando

t a m b é m o c o n t i n e n t e a m e r i c a n o e

d e s e m p e n h a n d o p a p e l r e l e v a n t e n a

Independência dos EUA e dos países latino-

americanos, incluindo o Brasil.

Nas Lojas Maçônicas foram estudadas, discutidas e aprovadas várias decisões importantes, como o manifesto que resultou no Dia do Fico, 9 de janeiro de 1822, a convocação da constituinte, os detalhes da aclamação de D. Pedro como defensor perpétuo do Brasil e, finalmente, como imperador, no dia 12 de outubro (GOMES apud ISMAIL, 2013, p. 09).

Estados Unidos da América", Ministro das Relações Exteriores, EUA.)

Conforme estudos em epígrafe, cabe

ressaltar a importância das ideias maçônicas para

os EUA, com forte influência Inglesa, pois ideias

liberais sempre são fundamentos para a busca do

bem estar social e aplicação dos princípios

maçônicos.

BREVE HISTÓRIA DA MAÇONARIA NO BRASIL

Essa atividade encoberta, esses juramentos em segredo deixam fora de dúvida como a independência já estava decidida alguns meses antes de setembro de 1822 e como o príncipe se dera sem reservas à causa brasileira (A Vida de D. Pedro I – Vol. 2, Octávio Tarquínio Sousa apud ISMAIL, 2013, p. 09).

Os registros históricos revelam que as primeiras Lojas Maçônicas em nosso país foram oficialmente estabelecidas no início do século XIX. Anteriormente, consta da literatura maçônica o Areópago de Itambé, datado de 1796, uma sociedade filosófica de caráter liberal, referenciada como o embrião da maçonaria brasileira, mas incluída na categoria de sociedade secreta, além de vários clubes, academias e associações, cuja filosofia seguia o pensamento maçônico.

A Maçonaria está intimamente ligada à História de Portugal dos últimos duzentos e cinquenta anos. As suas doutrinas p rogress is tas insp i ra ram os g randes mov imen tos l i be ra i s , repub l i canos e democráticos no nosso país. Essa profunda ligação à política e o empenhamento direto da Ordem com certos grupos e partidos trouxeram-lhe as inevitáveis perseguições e cisões. É uma l i ção que deve se r ap rend ida , po i s , congregando a Maçonaria pessoas de todas as ideologias democráticas, não deve, como tal, intrometer- -se na vida político-partidária, como aliás, resulta imperativamente da Constituição em vigor (ARNAUT, 2017, p. 47).

A maçonaria no Brasil tem forte influência da

França, mas não se pode esquecer que como o

Brasil foi colonizado por Portugal, a influência deste

país é direta para entender a independência do

Brasil e sua influência pela maçonaria.

A origem da maçonaria no Brasil não é

unânime, sendo importante determinar que,

oficialmente, foram estabelecidas no início do

século XIX. Outra origem discutida é sobre a

regularidade da loja “Cavaleiros da Luz” fundada na

Bahia em 17 de julho de 1797, a bordo da fragata

francesa La Preneuse. Também, o entendimento

da loja “União”, fundada por maçons portugueses,

constituída em 1800.

O u t r o s o b r e a q u a l r e c a i controvérsia sob o aspecto da regularidade é a “Cavaleiros da Luz”, fundada na Bahia em 17 de julho de 1797, a bordo da fragata francesa La Preneuse, mas que seguramente teria o caráter de uma sociedade secreta com fins políticos.

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A Loja “União”, fundada por maçons portugueses, constituída em 1800, e considerada irregular inicialmente, foi refundada com o nome de “Reunião” no Rio de Janeiro, em 1801, filiada a uma Obediência francesa. Na sequência, constam as Lojas “Virtude e Razão” (Bahia, 1802); “Constância” e “Filantropia” (RJ, 1804), “Virtude e Razão Restaurada” (Bahia, 1807); “Regeneração” (Engenho Paulista – PE, 1809); “Pernambuco do Ocidente” e “Pernambuco do Oriente” (1812); Distintiva (São Gonçalo da Praia Grande – Niterói-RJ, 1812); Guatimosim (Recife-PE, 1812); “União” (Bahia, 1813). (A I N D E P E N D Ê N C I A D O B R A S I L E A MAÇONARIA – PARTE I (Brasil). 2017. D i s p o n í v e l e m : https://opontodentrocirculo.com/2017/09/15/a-independencia-do-brasil-e-a-maconaria-parte-i/. Acesso em: 19 fev. 2020)

Tudo isso porque uma lo ja, para ser considerada regular, deve possuir uma carta constitutiva emitida por uma Obediência ou Potência também regular.

Os acontecimentos que resultaram na

independência do Brasil têm como largada o ano

de 1808, com a chegada de D. João ao Rio de

Janeiro no dia 7 de março, depois de uma estada

na Bahia, onde aportou em 22 de janeiro, sob a

proteção naval da marinha inglesa, trazendo a

Corte para o Brasil, em fuga da invasão e

dominação de Portugal pelas tropas francesas de

Napoleão Bonaparte, comandadas pelo General

Junot, com o assentimento da Espanha. Tal

acontecimento deu ao país nova organização

administrativa nos moldes de um Estado

independente e ensejando, segundo alguns

historiadores, a “inversão metropolitana”, onde

uma colônia passava a sediar uma corte europeia

pela primeira vez na história. Naquele momento,

Inglaterra e França disputavam a liderança no

continente europeu. D. João não obedecera às

determinações de Napoleão de fechar os portos

portugueses aos navios ingleses. Ao partir, D. João

· 1813 – Fundações de uma Obediência

efêmera e sem suporte legal – que alguns

consideram como o primeiro Grande Oriente

Brasileiro – constituída por três Lojas da Bahia e

uma do Rio de Janeiro;

· 1802 – Criação, na Bahia, da Loja Virtude e

Razão;

· 1809 – Fundação, em Pernambuco, da Loja

Regeneração;

· 1801 – Instalação da Loja Reunião,

sucessora da União;

· 1813 – Instalação, na Bahia, da Loja União;

· 1812 – Fundação da Loja Distintiva, em S.

Gonçalo da Praia Grande (Niterói);

· 1807 – Criação da Loja Virtude e Razão

Restaurada, sucessora da Virtude e Razão;

· 1797 – Fundação da Loja Cavaleiros da Luz,

na povoação da Barra, Bahia;

· 1800 – Criação, em Niterói, da Loja União;

Carvalho (2010), apresenta um breve

resumo dos primórdios até a fundação do Grande

Oriente do Brasil, a mais antiga, a maior e a mais

tradicional Obediência brasileira, a saber:

· 1796 – Fundação, em Pernambuco, do

Areópago de Itambé, que não era uma verdadeira

Loja, pois, embora criado sob inspirações

maçônicas não fosse totalmente composto por

maçons; 95 ISSN 1809-2888 Licenciado sob uma

Licença Creative Commons Ciberteologia - Revista

de Teologia & Cultura - Ano XI, n. 52

· 1804 – Fundação das Lojas Constância e

Filantropia;

· 1806 – Fechamento, pela ação do conde

dos Arcos, das Lojas Constância e Filantropia;

· 1815 – Fundação, no Rio de Janeiro, da Loja

deixara Portugal aos cuidados do Conselho de

Regência de 1807.

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A presença da Corte portuguesa no Brasil acabou com a importância política da região Nordeste. Por isso, um sentimento antilusitano tomou conta da Bahia e de Pernambuco, e teve papel importante no movimento revolucionário que marcou o período, a Revolução Pernambucana de 1817, de tendência fortemente nacionalista, no sent ido de implantar a repúb l ica em Pernambuco. Os portos nordestinos recebiam navios e comerciantes norte-americanos, a procura de mercados, que traziam artigos de jornais, livros e exemplares da Constituição nor te-amer icana e faz iam reuniões e conferências com pessoas importantes da sociedade de Pernambuco. Com as discussões sobre a Declaração de Independência e a Constituição dos Estados Unidos, muitos acreditavam que as ideias republicanas e l i b e r a i s t r a r i a m o p r o g r e s s o e o desenvolvimento para o Nordeste.

O período, a Revolução Pernambucana de

1817, foi percussor para iniciar as ideias de

independência do Brasil, sendo iniciado pela

maçonaria, devido a influência do Declaração de

Independência e Constituição dos Estados Unidos

da América.

· 1821 – Reinstalação da Loja Comércio e

Artes, no Rio de Janeiro; 1822 – 17 de junho: fundação do Grande Oriente

· 1818 – Expedições do Alvará de 30 de

março, proibindo o funcionamento das sociedades

secretas, o que provocou a suspensão – pelo

menos aparentemente – dos trabalhos maçônicos.

I N F L U Ê N C I A D A M A Ç O N A R I A N A

INDEPENDÊNCIA NO BRASIL

Comércio e Artes;

A maçonaria e outras sociedades secretas, estimuladas pelos comerciantes e viajantes estrangeiros, se encarregaram de difundir os novos princípios liberais. O maçom Domingos José Martins, que era favorável à libertação dos escravos e a incorporação dos mesmos como

É impossível que os habitantes do Brasil, que forem honrados e se prezarem de serem homens – e, mormente os paulistas – possam consentir em tais absurdos e

soldados na luta contra os portugueses, liderou o movimento. Com a derrota do despreparado exército revolucionário, os principais chefes f o r a m l e v a d o s p a r a S a l v a d o r, o n d e responderam a processo sumário (devassa), sendo todos executados, incluindo Domingos José Martins, num total de 43, entre civis e militares, bem como três eclesiásticos, dentre os quais o famoso padre Roma (José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima), também maçom (Castelani, 1989). A Revolução Pernambucana é considerada a precursora da independência p o l í t i c a d o p a í s , j u n t a m e n t e c o m a Inconfidência Mineira, tendo ambas o p ro tagon ismo de vár ios maçons que fomentaram o caminho da emancipação total. (A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E A MAÇONARIA – PARTE I (Brasil). 2017. D i s p o n í v e l e m : https://opontodentrocirculo.com/2017/09/15/a-independencia-do-brasil-e-a-maconaria-parte-i/. Acesso em: 19 fev. 2020)

Na realidade, o primeiro passo oficial dos

Maçons, neste sentido, foi o “Fico”, de 9 de janeiro,

o qual representou uma desobediência aos

decretos 124 e 125, emanados das Cortes Reais

portuguesas e que exigiam o imediato retorno do

Príncipe a Portugal e, praticamente a reversão do

Brasil à sua condição colonial, com a dissolução da

união brasílico-lusa, complementando lei de 24 de

abril de 1821, emitida após o retorno de D. João VI

ao seu país. O episódio do “Fico” foi feito sob a

liderança dos Maçons José Joaquim da Rocha e

José Clemente Pereira, e com a representação de

diversas províncias ao Príncipe, no sentido de que

desobedecesse aos decretos, permanecendo no

país. Na representação dos paulistas, de 24 de

dezembro de 1821, redigida por José Bonifácio,

com a virilidade que sempre o caracterizou, pode-

se ler o seguinte (CHAVES, 2014).

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Nos quadros da maçonaria se destacou o

papel de Joaquim Gonçalves Ledo e José

Bonifácio de Andrade e Silva. Gonçalves Ledo

homem de negócios iniciou os estudos de Direito

em Coimbra, porém não concluiu para cuidar dos

negócios da família. Bonifácio estudou Ciências

Naturais e Direito em Coimbra, morou mais de

despotismos… V. Alteza Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes, não só para o nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura do mesmo. Se V. Alteza Real estiver (o que não é crível) deslumbrada pelo indecoroso decreto de 29 de setembro, além de perder para o mundo a dignidade de homem e de Príncipe, tornando-se escravo de um pequeno grupo de desorganizadores, terá que responder, perante o céu, pelo rio de sangue que, decerto, vai correr pelo Brasil com sua ausência… (CHAVES, Mário Monteiro, 2014. P. 41).

Deve-se revelar como era a relação entre a

maçonaria e o Príncipe Regente, além da

influência de Ledo e Bonifácio sobre o futuro

imperador. Contudo, a maior ênfase será nos

embates entre os dois líderes da maçonaria

brasileira no ano de 1822, e como isto irá refletir

nas decisões de D. Pedro, e quais suas

consequências para a maçonaria.

O irmão D. Pedro de Alcântara, com o nome histórico de Guatimogim, príncipe regente, empunhava o malhete de chefe da Maçonaria quando em Junho de 1822 foi jurada no seio da nossa Instituição a independência da colônia portugueza na America, constituindo-se o reino do Brazil, cuja coroa deveria caber ao principe. Esse primeiro brado erguido no interior dos nossos templos foi repercutir nos campos do Ipiranga e a 7 de Setembro do mesmo anno foi realisada essa grande aspiração do povo brasileiro (Trecho da “Boletim do Grande Oriente do Brazil, Jornal Offiàal da Maçon.: B r a z i l e i r a , d i s p o n í v e l e m : http://memoria.bn.br/pdf/709441/per709441_1891_00007.pdf, acessado em 19 fev. 2020)

trinta anos na Europa, tendo passado dez anos de

sua vida percorrendo aquele continente, e de volta

ao Brasil (1819) foi Vice-Presidente da Junta

Governativa de São Paulo (1821), e depois foi para

o Rio de Janeiro onde foi nomeado ministro do

príncipe regente D. Pedro.

Na luta do Malhete (1822), em uma sessão

presidida pelo Joaquim Gonçalves Ledo presidiu

uma das reuniões mais importantes da maçonaria

brasileira. Tendo nesta reunião sido proposta a

Independência do Brasil e a proclamação do

Príncipe Regente com Imperador do Brasil,

assunto que detalharemos em tópico próprio o

Primeiro Vigilante fez um discurso inflamando

pedindo a independência do Brasil e a proclamação

de D. Pedro o Imperador Constitucional do Brasil. O

termo constitucional demonstra a preocupação de

dar a nova nação um cunho liberal, já que Ledo

acreditava numa independência mais próxima da

República, e para isto o controle constitucional

seria indispensável. A ausência do Grão-Mestre em

tão importante sessão demonstra o choque de

interesses dos principais malhetes da Maçonaria

brasileira.Aberto o Gr O em Assembléa geral

de todo o povo Maçon, o Ill Ir 1º Vig dirigiu á Aug Assembléa um energico, nervoso e fundado discurso, ornado d´aquella eloquencia e vehemencia oratoria, que são peculiares a seu estilo sublime, inimitavel e nunca assaz louvado, e havendo elle com as mais solidas rasões demonstrado que as actuaes pol i t icas circumstancias de nossa patria, o rico, fertil e poderoso Brazil, demandavão e exigião imperiosamente que a sua cathegoria fosse inabalavelmente firmada com a proclamação de n o s s a I n d e p e n d e n c i a e d a R e a l e z a Constitucional na pessoa do Augusto Principe Perpetuo Defensor Constitucional do Reino do Brazil, foi a moção approvada por unanime e simultanea acclamação, expressada com o ardor do mais puro e cordial enthusiasmo patriotico. (GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (Brasil).

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Com o grande número de adesões à Loja

líder do movimento emancipador, a “Comércio e

Artes”, foi então fundado o Grande Oriente, a 17 de

junho de 1822, dia que, no calendário Maçônico,

correspondia ao 28º dia do 3º mês Maçônico do

Ano da Verdadeira Luz de 5.822. E continuou a luta

pela emancipação política do país, a qual pode ser

acompanhada pelas atas das sessões anteriores –

além da de fundação já abordada – à proclamação

da independência e das posteriores, até à

suspensão dos trabalhos do Grande Oriente em

outubro de 1822. Neste período tivemos 10

sessões da Assembleia Geral do Grande Oriente

para assuntos diversos da maçonaria.

REPERCUSSÕES DA INFLUÊNCIA DA MAÇONARIA CRIAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL

Desde a sua criação, a maçonaria no Brasil

estava em recesso, apenas retornando seus

2020. Disponível em: http://www.glojars.org.br)

A 17 de junho de 1822, fora criada a primeira Obediência maçônica do Brasil --- O Grande Oriente Brasílico, ou Brasiliano (Ver Anexo nº 1) --- com a finalidade principal de lutar pela independência política do Brasil 1. Para que fosse fundado o Grande Oriente, a Loja Comércio e Artes, criada em 1815, inativa após o alvará governamental de 1818 (Ver Anexo nº 2) --- que proibia o funcionamento das sociedades secretas --- e reerguida em 1821, foi dividida em três Lojas, daí resultando, além dela mesma, a União e Tranquilidade e a Esperança de Niterói (CASTELLANI, 2000. P. 2).

Percebe-se que, a influência de maçons

para instituir a independência do Brasil vem de

concepções liberais, o qual deram origem as

demais ideias como abolição da escravatura e

instituição da República no Brasil.

Em 1830, então, ressurgia a Maçonaria brasileira, com a criação do Grande Oriente Nacional Brasileiro, o qual ficou, também, conhecido como Grande Oriente da rua de Santo Antônio e, posteriormente, Grande Oriente do Passeio, em alusão aos locais em que se instalou, no Rio de Janeiro.

trabalhos em 1831 com a abdicação do trono pelo

D. Pedro I e assunção de seu filho, no qual inicia

uma discussão de independência do Brasil.

Durante praticamente todo o período restante do 1o. Império, as Lojas brasileiras permaneceram em recesso, só começando a ressurgir quando o cenário nacional caminhava para uma grave crise política, que iria levar, a 7 de abril de 1831, à abdicação de D. Pedro I em favor de seu filho, D. Pedro, então com pouco mais de cinco anos de idade, ao qual, alguns dias depois, ele escreveria uma carta, como se adulto fosse o herdeiro, plena de dramaticidade. (Ver Anexos nº 4 e nº 5)

Embora fundado em 1830, antes da abdicação de D. Pedro I, o Grande Oriente do Passeio viria a ser instalado a 24 de junho de 1831, quando passou a se denominar apenas Grande Oriente Brasileiro, que era formado pelas Lojas União, Vigilância da Pátria e Sete de abril, às quais logo se juntou a Razão, de Cuiabá. Sua Constituição, elaborada no início de suas atividades, previa que o Grande Oriente Brasileiro seria instalado quando existissem, no mínimo, três Grandes Orientes Provinciais, o que ocorreu logo depois, quando, ao Grande Oriente da Província do Rio de Janeiro, juntaram-se o de Pernambuco e o Paulistano. A primeira Loja da Província de São Paulo foi a Inteligência, de Porto Feliz, fundada a 19 de agosto de 1831, no Rito Moderno e sob a jurisdição do Grande Oriente Brasileiro (CASTELLANI, 2000. P. 5-6).

Em 1832 é criado o Supremo Conselho do

Rito Escocês Aceito e Antigo:A 12 de novembro de 1832, era

criado o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, como se pode ver em circular, emitida a 9 de fevereiro de 1833, por seu fundador, Francisco Gomes Brandão, futuro visconde de Jequitinhonha, o qual havia adotado o nome nativista de Francisco Gê Acayaba de Montezuma (CASTELLANI, 2000.

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P. 3).

Diante disso tem-se muito a estudar a

história da maçonaria no Brasil, devido a criação de

Grandes potências como Grande Oriente do Brasil

e Grande Oriente do Passeio, bem como fusão do

Grande Oriente do Brasil com o Supremo

Conselho, o que não é efetivamente o assunto

deste trabalho.

O marco histórico de grande relevância na

independência do Brasil foi o chamado “A

ascensão de Rio Branco – O Mani festo

Republicano”, por um grande líder republicado, em

3 de dezembro de 1870, ocorria um fato marcante,

para a história da campanha republicana: era

lançado o Manifesto Republicano, de inspiração

maçônica, liderado por Joaquim Saldanha

Marinho.O manifesto foi publicado nas

páginas do jornal “A República”, do Rio de Janeiro e, no dizer de Manoel Diegues Júnior (in “Notícia Histórica Sobre a Idéia Republicana no Brasil”, Revista do Brasil, 3ª fase, Ano II, nº 17 – Rio de Janeiro, 1939 – pág. 14), é “a primeira página verdadeiramente política do movimento republicano”, com o que concorda o maçom Manoel Ferraz de Campos Salles (in “Da Propaganda à Presidência”, pág. 1), ao afirmar que foi “o Manifesto de 3 de dezembro de 1870, atirado ao país, para servir de ponto de partida ao movimento republicano, que deveria triunfar, a 15 de novembro de 1889”. Reynaldo Carneiro Pessoa (in “O Primeiro Centenário do Manifesto Republicano de 1870”, separata da Revista de História, nº 84, pág. 409), diz que o manifesto “é um documento em cujo conteúdo pode ser encontrada uma cautelosa mensagem revolucionária, que requer, como necessárias, reformas em todas as estruturas do país, fundamentadas ideo log icamente nos princípios da liberal-democracia” e chega à conclusão de que o seu texto é da lavra de Quintino Bocaiúva, Salvador de Mendonça e Saldanha Marinho, todos maçons, assim como a maioria dos signatários (SOUZA apud DIEGUES JUNIOR, 2011 p. 310).

Outra contribuição importante da ordem

maçônica nessa construção de liberdade do Brasil,

foi a proposta de Lei do ventre livre e a questão

religiosa, na da gestão de Rio Branco, à frente do

Gabinete ministerial, foi a apresentação da lei

aprovada a 28 de setembro de 1871 --- quando Rio

Branco já era o Soberano Grande Comendador

Grão-Mestre --- que declarava livres, daí em diante,

as crianças nascidas de escravas, e que passou à

História como lei do ventre livre, embora tenha,

legislativamente, sido denominada lei visconde do

Rio Branco (CASTELLANI, 2000).

A Convenção Republicana de Itu, datado de

1873, foi uma importante inspiração para a

independência do Brasil, pois foi criado um clube

republicano, liderado pelo maçom, João Tibiriça

Piratininga.Em 1873 , oco r r i a ma is um

importante lance da campanha republicana, com a realização da Convenção de Itu, de inspiração maçônica, a qual tivera os seus pródromos a 10 de novembro de 1871, quando setenta e oito partidários da República federativa haviam se reunido, sob a presidência do maçom João Tibiriçá Piratininga, em Itu, na Província de São Paulo, com a finalidade de organizar o Partido Republicano local, criando um clube republicano, que pudesse servir de núcleo e centro do partido. Como corolário desse movimento, a 18 de abril de 1873, na casa de Carlos Vasconcellos de Almeida Prado --- que, hoje, abriga o Museu Republicano e está localizada em frente à Igreja Matriz, na praça Padre Miguel --- com a presença das principais lideranças republicanas, era realizada a primeira Convenção Republicana no Brasil (CASTELLANI, 2007, p. 113).

Os estudos de marcos mais recentes, a

chamada A Década da Abolição da Escravatura e

da República (1881 – 1890), no final de 1882,

começaria a chegar ao fim a cisão na Maçonaria

brasileira, com a fusão das duas Obediências em

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que ela se dividia, conhecida pelo documento “A

última hora”, inicia com uma discussão da real

abolição da escravatura brasileira.

A maçonaria dessa época influenciada na

política, mas também as forças militares, neste

momento percebe-se que muitos membros da

maçonaria eram oriundos das forças militares.I m p o r t a n t e é n o t a r q u e ,

coincidentemente, a Maçonaria brasileira, já a partir do último quartel do século XIX, era formada, em sua maioria, por homens oriundos da classe média, tornando-se cada vez mais raros, nela, os membros da aristocracia e das oligarquias agrícolas. Não era estranhável, portanto, o fato de haver, na época, um grande con t i ngen te de m i l i t a res , que a e la pertenceram, destacando-se, inclusive, como chefes militares e líderes maçônicos, podendo-se citar, neste caso, os nomes de Caxias, Osório, Deodoro, Benjamin Constant, Floriano Peixoto, Lauro Sodré, Hermes da Fonseca e Gomes Carneiro (CASTELLANI, 2014, p. 92).

Preparado em segredo, nos meios militares e nas rodas republicanas, onde era expressivo o número de maçons, o levante deveria acontecer no dia 20 de novembro de 1889. Já no dia 10, havia sido decidida a queda do Império, durante uma reunião na casa de

O movimento “O levante”, instituído por

ideias maçônicas, previsto para o dia 20 de

novembro de 1989, marca a queda do império no

Brasil e início da república com ideias de

independência.

A 20 de janeiro de 1885, era sancionada uma nova Constituição do Grande Oriente do Brasil, sendo, no mesmo ano, eleita a nova administração da Obediência, com Luís Antônio Vieira da Silva (depois, visconde Vieira da Silva), como Grão-Mestre, e João Baptista Gonçalves de Campos, visconde de Jary, como Grão-Mestre Adjunto. Enquanto isso, o ambiente político-social ia se tornando agitado diante das campanhas abol icionista e republicana, aquela, empolgando a opinião pública, e esta, atingindo os meios militares, mas ambas com participação ativa de muitas Lojas e maçons (CASTELLANI, 2007, p. 115).

A 19 de dezembro de 1889, pouco mais de um mês após a proclamação da República, Deodoro, que era o chefe do Governo Provisório, era eleito Soberano Grande Comendador Grão-Mestre, tendo, como Adjunto Lugar Tenente, o visconde de Jary, que, falecido a 17 de maio de 1890, foi substituído por Paulo Vianna, até que fosse eleito, a 31 de julho, Josino do Nascimento e Silva Filho. Deodoro só iria, todavia, tomar posse do cargo a 24 de março de 1890, enquanto que Josino assumiria a 18 de agosto daquele ano. Tendo em vista a alteração do sistema de governo do país, a Obediência passava a ser chamada de Grande Oriente e

Com todos esses acontecimentos e para

realmente sacramentar a importância da

maçonaria na vida política do Brasil, tem-se como o

Primeiro Presidente do Brasil um grão-mestre, o

Marechal Deodoro da Fonseca foi o primeiro

presidente do Brasil, governando 1 ano e 3 meses

no "Governo Provisório" e 9 meses como

presidente eleito pela Assembleia Nacional

Constituinte em 25 de fevereiro de 1891, ainda na

chamada "República da Espada".

Benjamin Constant, à qual estiveram presentes Francisco Glycerio e Campos Salles. Nos dias 13 e 14, porém, temendo as hesitações e dificuldades de última hora e considerando o boato --- entre os muitos da época--- de que o governo mandara prender Deodoro, decidiram, os líderes do movimento, antecipar o golpe, começando, na madrugada do dia 15, a movimentação das tropas, à frente das quais iam Deodoro, Benjamin e Quintino (este, o único civil). Deposto o Conselho de Ministros e afastado o imperador, foi proclamada a República e Deodoro assumiu o poder, como chefe do Governo Provisório, com um ministério, que, por feliz coincidência, era totalmente composto de maçons: Benjamin Constant (Guerra), Quintino Bocayuva (Transportes), Aristides Lobo (Interior), Campos Salles (Justiça), Eduardo Wandenkolk (Marinha), Demétrio Ribeiro (Agricultura) e Ruy Barbosa (Fazenda). Esse ministério executou a reforma inst i tucional, inclusive com a separação entre a Igreja e o Estado (CASTELLANI, 2007, p.126).

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Supremo Conselho do Brazil, enquanto que o Supremo Conselho, isoladamente, tinha o título de Supremo Conselho do 33º. e último grau do Rito Escocês Antigo e Aceito para os Estados Unidos do Brazil, de acordo com as alterações introduzidas na Constituição de 1885 e no Regulamento Geral da Ordem de 1886, a 22 de setembro de 1890, pelo Decreto Nº. 79. Foi a partir daí que a Oficina Chefe do Rito Escocês Antigo e Aceito passou a se chamar Supremo Conselho do Brasil. Mas, na realidade, Deodoro pouco podia se dedicar ao Grão-Mestrado e Supremo Conselho, já que o novo s i s tema de gove rno necess i t ava de consolidação e, além disso, não contava com o consenso de seus artífices, pois, desde os primeiros momentos da República, havia duas correntes com idéias antagônicas. Uma dese java uma repúbl ica democrát ica representativa, enquanto que a outra queria uma ditadura sociocrática do tipo comtista, ou seja, de acordo com a doutrina positivista de Augusto Comte. Acabaria vencendo a corrente democrática, sustentada por Ruy Barbosa, o seu maior expoente e a cuja diligência deve-se a elaboração do projeto de Constituição Provisória, a partir do qual se instalou o Congresso Constituinte (CASTELLANI, 2007, p. 126-127).

Percebe-se, que mesmo de forma breve, a

história de independência do Brasil se confunde e

está intimamente ligada a história da maçonaria,

desde a concepção da Revolução Pernambucana

de 1817 até a assunção da república no Brasil e do

primeiro Presidente do Brasil Marechal Deodoro da

Fonseca.

CONCLUSÃO

Como exposto, o presente trabalho

pretendeu apresentar ao leitor uma visão descritiva

e narrativa acerca da influência da maçonaria na

independência dos países americanos e no Brasil,

mormente por, conforme restou evidenciado,

perceber que cabe uma análise mais aprofundada

da temática, pois envolve diversas bibliografias,

Destarte em uma breve anál ise da

maçonaria no Brasil e as suas repercussões

políticas e sociais, tendo influência de maçons para

instituir a independência do Brasil vem de

concepções liberais, o qual deram origem as

demais ideias como abolição da escravatura e

instituição da República no Brasil

Observa-se, ainda, que, cabe ressaltar a

importância das ideias maçônicas para os EUA,

com forte influência Inglesa, pois ideias liberais

sempre são fundamentos para a busca do bem

estar social e aplicação dos princípios maçônicos,

tendo levado a Declaração da Independência em

1776, conforme relatos históricos.

Desta forma, analisando as considerações

iniciais, cumpre destacar o conceito de maçonaria,

que não é totalmente unânime, mas ajuda o leitor a

entender o motivo da participação efetiva da Ordem

em movimentos políticos, sociais e intelectuais que

deram origem as independências dos países do

continente europeu, seja na Inglaterra ou França, e

no continente europeu nos EUA.

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E A MAÇONARIA – PARTE I (Brasil). 2017. Disponível em: https://opontodentrocirculo.com/2017/09/15/a-independencia-do-brasil-e-a-maconaria-parte-i/.

8. REFERÊNCIAS

mas, que fica evidente, que a maçonaria

influenciou e influencia até os dias atuais a política

e sociedade.

Diante do que foi discutido neste trabalho,

percebe-se que não há como encerrar as

discussões sobre o tema influência da maçonaria

na independência dos países americanos e no

Brasil. Importante ressaltar, como se disse, houve e

há influência da maçonaria na vida social de forma

a salvaguardar direitos e evolução social.

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Volume 2, Número 1, jul/dez, 2020

DB 33 | Brasília, Vol.2, n.1, jul/dez, 2020

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A Escada de Jacó é sem dúvida um dos

temas mais estudados pelos maçons no grau de

Aprendiz. Inexistente em alguns ritos, este símbolo

é citado nas instruções maçônicas do Craft

americano, nos rituais do Craft inglês e escocês e

na versão do Rito Escocês Antigo e Aceito adotado

pelas Grandes Lojas do Brasil.

O SIGNIFICADO DA ESCADA DE JACÓ

Izautonio da Silva Machado Junior, CMDB 18110305¹

1. INTRODUÇÃO

Dada a importância do assunto, diante da

gama de textos com variadas formas de abordar a

Escada de Jacó e pela observação das

concepções correntes entre os maçons, constata-

se a necessidade de um estudo que vise aproximar

seu significado original.

Este trabalho tem por escopo apresentar o

significado da Escada de Jacó, sem a pretensão de

esgotar o assunto. Entendemos que a exata

compreensão de um símbolo deve partir da sua

A Escada de Jacó é um símbolo de

profundas lições. Que as próximas linhas sirvam de

seta para apontar o seu valor e instigar os maçons a

subir os seus degraus conscientemente.

concepção original, para só então o intérprete, no

exercício da liberdade intelectual, se aventurar em

exercícios especulativos.

Organizamos este trabalho em tópicos que

abordam a origem do símbolo na maçonaria, as

instruções maçônicas, a fundamentação bíblica, a

filosofia por detrás das Virtudes Teologais, a

simbologia da escada, entre outros que visam

clarificar o significado.

No Manuscrito Dumfries nº 04 (1710), que

leva o nome de uma antiga Loja do Condado de

Dumfries na Escócia, encontramos na parte “Dever

do Aprendiz” duas perguntas e respostas que citam

a Escada de Jacó:

R: - O Pai, o Filho e o Espírito Santo

Esta embrionária citação da Escada de Jacó

S U R G I M E N T O D O S Í M B O L O N A

MAÇONARIA

R: - Três.P: - Quem são esses três?

P: - Quantos degraus tem a Escada de Jacó? Bacharel em Direito. Especializações: Direito Civil e Processo Civil;

Maçonologia - História e Filosofia da Maçonaria. Venerável Mestre da ARLS

Virtual Lux in Tenebris nº 47 (GLOMARON). Cavaleiro Templário (Rito de

York). Grau 29 (REAA). Past Ilustre Mestre do Conselho Lux Mundi nº 54 de

Maçons Crípticos. Presidente da Loja de Perfeição Jorge Teixeira.

Desembargador do TJM da GLOMARON. E-mail: [email protected].

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como símbolo maçônico se releva influenciada

pelo cristianismo trinitário, tão comum entre os

maçons daquela época e lugar, ao citar a

Santíssima Trindade como os três degraus da

escada.

Fazendo uma viagem no tempo, parece não

haver mais indícios da existência do símbolo nos

antigos catecismos. Nada encontramos a seu

respeito na exposição Maçonaria Dissecada de

Samuel Prichard (1730). O símbolo também é

ausente na maçonaria continental europeia, e não

é mencionado na obra inglesa O Espírito da

Maçonaria (1775) de William Hutchinson, que foi

um texto importante da época e que descreveu

inclusive a cobertura da Loja.

Retrato reverso em miniatura de Francis Cornelia. Loja Innocence and Morality, 1776.

Somente voltamos a encontrar o símbolo da

Escada de Jacó no terceiro quarto do século XVIII,

em desenhos do simbolismo maçônico. Albert

Mackey sugere que ele teria sido introduzido por

Thomas Dunckerley, que revisou o ritual e

construiu um novo código de palestras para a

Grande Loja da Inglaterra, tese que faz sentido na

medida em que o símbolo passa a aparecer nos

registros escritos logo em seguida. Fato é que a

Escada de Jacó pode ser encontrada como parte

da simbologia maçônica a partir do ano de 1776.

Esta informação é corroborada pelas instruções da

Grande Loja de Nova York e por Assis Carvalho.

William Preston, na década de 1780

descreve uma escada “consistindo em muitos, mas

fortalecido por três etapas principais”. Nas

palestras de Thomas Smith Webb do final do século

XVIII, constava a apresentação da “escada

teológica que Jacó em sua sabedoria viu ascender

da terra ao céu”. Anote-se, todavia, que

diferentemente do Manuscrito Dumfries nº 04, a

simbologia maçônica do final daquele século passa

a relacionar os degraus da escada não mais com a

Santíssima Trindade, e sim com a Virtudes

Teologais da Fé, da Esperança e da Caridade, que

também são de natureza cristã, conforme será

melhor explicado adiante.

Concluímos que a Escada de Jacó não é

daqueles símbolos típicos do período operativo,

donde provieram outros símbolos comuns do

Ofício, como é o caso das ferramentas de trabalho.

Se trata de um símbolo extraído da tradição

religiosa cristã, e que foi incorporado à maçonaria

com o escopo de servir de plataforma para lições de

cunho moral.

3. A ESCADA DE JACÓ NO CRAFT AMERICANO

A instrução da Escada de Jacó é abordada

no Grau de Aprendiz. Na versão da Grande Loja de

Nova York, o texto da instrução tem o seguinte

conteúdo:

A cobertura de uma Loja é nada menos do que a abóbada com nuvens ou um céu adornado de estrelas, onde todos os bons Maçons esperam finalmente chegar, com a ajuda daquela escada que Jacó viu, em sua visão, estendida da terra até o céu, cujos degraus principais são a Fé, a Esperança e a Caridade. Fé em Deus, Esperança na imortalidade e Caridade para com toda a humanidade. A maior destas Virtudes, chamadas teologais, é a Caridade, pois a Fé pode ser perdida de vista e a Esperança termina na realização. Porém, a Caridade

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O símbolo da Escada de Jacó foi extraído do

Livro de Gênesis da Bíblia:

Embora o resultado seja o mesmo - a

Esperança pode se esvaecer tanto pela realização

como pela frustração - mencionamos essa

peculiaridade apenas por curiosidade.

4. A ESCADA DE JACÓ NO TEXTO BÍBLICO

Jacó partiu de Berseba e rumou para Harã. Chegando a determinado lugar, parou para pernoitar, porquanto o sol já se havia posto no horizonte. Tomando uma das pedras dali, usou-a como travesseiro e deitou-se. E teve um sonho no qual viu uma escada apoiada na terra; seu topo alcançava os céus, e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. (...) Então sentiu medo e exclamou: “Quão temível é este lugar! Certamente não é outro, senão bêt El, a casa de Deus; eis que encontrei a porta dos céus!” (Gênesis, 28, 10-12 e 17, Bíblia King James Atualizada)

estende-se além do túmulo, através dos reinos ilimitados da eternidade.

Interessante anotar que outros textos,

quando mencionam a Esperança, ao invés de

usarem a frase “a esperança termina em

realização” como na instrução acima, usam a frase

“a esperança termina em frustração”. Este é o caso

dos rituais das Grandes Lojas de Nevada,

Michigan, Prince Hall da Califórnia e do Monitor de

Jeremy Cross (1826). Por outro lado, encontramos

outros textos que também usam a palavra

“realização” da mesma forma que na Grande Loja

de Nova York, conforme constatamos nos rituais

das Grandes Lojas de Illinois, Flórida, no Monitor

de Charles Moore (1868) e no Manual da Loja de

Albert Mackey (1862).

Sonho de Jacob (1649). Afresco de Raphael localizado na Loggia do Vaticano.

Em síntese, a visão da escada em um sonho ocorreu durante sua viagem à terra da mesopotâmia, quando em seu trajeto vagando pelo deserto, passou a noite nas proximidades do antigo santuário cananeu de Luz. Para melhor contextualizar esta passagem bíblica, vejamos um pouco da história que a envolve.

Rebeca, a amada esposa de Isaac, sabendo por inspiração Divina que uma bênção especial foi colocada na alma de seu marido, estava desejosa de obtê-la para o seu filho favorito, Jacó, embora sabendo que por direito ela pertencia ao seu primogênito, Esaú. Jacó, que mais tarde obteria a bênção de seu pai de modo fraudulento, foi obrigado a fugir da ira de seu irmão que, num momento de raiva e desapontamento, o ameaçara de morte. E, enquanto se dirigia a Padãaram, na terra da Mesopotâmia, (conforme determinado por seus pais, viu-se obrigado a ir) fatigado, pernoitou no meio do deserto e, deitando-se, tomou a terra com seu leito, uma pedra por travesseiro e a Abóbada Celeste como uma coberta. Então, em uma visão, viu uma Escada cujo topo atingia os Céus e pela qual os Anjos do Senhor subiam e desciam. Foi então que o Todo-Poderoso fez um solene trato com Jacó, de que se ele observasse a s S u a s l e i s e g u a r d a s s e o s S e u s mandamentos, Ele não só o levaria de volta à casa de seu pai, em paz e prosperidade, como faria de sua descendência um povo grande e poderoso. Isso foi amplamente cumprido, pois, após um lapso de vinte anos, e Jacó retornou à sua terra de origem, foi gentilmente recebido pelo seu irmão Esaú. O seu filho José tornou-se posteriormente, por ordem do Faraó, o segundo homem do Egito. Os filhos de Israel, altamente favorecidos pelo Senhor, constituíram-se ao longo do tempo em uma das maiores e mais

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5. O SIGNIFICADO DA PALAVRA CARIDADE

poderosas Nações da face da terra. (MENDES, 2011, p. 199)

De nota que, embora o símbolo da Escada

de Jacó na Maçonaria faça uma relação entre os

degraus e as Virtudes Teologais da Fé, da

Esperança e da Caridade, esta associação

simplesmente não existe na Bíblia. Na verdade, as

Virtudes Teologais provêm de outra passagem:

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, e a

caridade, estas três; mas a maior destas é a

caridade” (1 Coríntios 13:13, Bíblia Revista e

Corrigida de João Ferreira de Almeida).

A conexão entre um texto do Antigo

Testamento - Livro de Gênesis - com um texto do

Novo Testamento - Coríntios - nos leva à conclusão

de que a simbologia adotada na maçonaria é de

natureza cristã.

A Fé, a Esperança e a Caridade têm sido

frequentemente referidas como as Virtudes

Teologais para distingui-las das antigas Virtudes

Cardeais do Cristianismo, que são a Prudência, a

Justiça, a Força e a Temperança.

Para compreender a razão desta diferença

de traduções, é necessário esclarecer que a

palavra Amor é polissêmica, e a antiga filosofia

grega dava a ela diferentes significados, como

Afeição Fraterna (storge), Amizade (philia),

Atração Erótica (eros), e Caridade (agápē). É a

Uma questão interessante se refere ao fato

de que algumas versões da Bíblia traduzem o

vocábulo original como “Caridade”, enquanto

outras usam a palavra “Amor”. Isso ocorre porque a

língua original dos Coríntios é o grego koiné, onde

as três virtudes são escritas como Pistis, Elpis e

Agápē.

Assim é que, ao rever a instrução maçônica,

se clarifica o entendimento do que seja “Caridade

para com toda a humanidade” e a “Caridade se

estende além do túmulo, através dos reinos

ilimitados da eternidade”. Por ser algo inerente à

este último sentido que a Bíblia se refere.

É relevante a compreensão do verdadeiro

sentido da palavra Caridade nas instruções

maçônicas, pois se trata de algo que está muito

além de simplesmente praticar atos de bondade. A

prática da Caridade é viver plenamente a

experiência do amor; as práticas caritativas são

apenas uma consequência disso, e não um objetivo

central que se esgota por si mesmo.

A caridade é a principal virtude social e a característica distintiva dos Maçons. Esta virtude inclui um grau supremo de amor ao grande Criador e Governante do universo e um afeto ilimitado pelos seres de sua criação, de todos os tipos e de toda denominação. (PRESTON, 2017, p. 43)

Considerando ser esta a acepção da palavra

Caridade que se pretendeu adotar nas instruções

maçônicas, podemos ler os antigos escritos de

William Preston, Thomas Smith Webb e seus

contemporâneos sob um novo olhar mais profundo

de significados. Vejamos por exemplo o que

William Preston falou a respeito:

O significado da Caridade no sentido de

agápē não se restringe simplesmente a ações de

assistência caritativa, como soa parecer o seu uso

em nosso idioma. Em essência, agápē significa

uma bondade amorosa ilimitada para com toda a

humanidade. Ao substituir a palavra Caridade por

Amor, algumas traduções bíblicas pretenderam

aproximar a palavra adotada de seu sentido

original, que se relaciona à teologia do Amor

Cristão.

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“A escada ou escadaria que Jacó vê em seu sonho é a passagem entre o céu e a terra. A palavra comparável em acadiano é usada na mitologia mesopotâmica para descrever o que o mensageiro dos deuses usa quando quer passar de um reino a outro. É esta escadaria mitológica que os babilônios procuraram representar na arquitetura dos zigurates, que foram construídas para fornecer um caminho para a divindade descer ao templo e à cidade”. (Gênesis 28:13-15, The IVP Bible Background Commentary).

alma, o Ser a transporta após a morte, para o além-

túmulo ou vida eterna.

A exegese bíblica informa que a visão de

Jacó remete a uma escadaria no estilo das típicas

que ladeavam os zigurates mesopotâmicos, como

as da Torre de Babel, que permitiria que muitos

anjos a utilizassem simultaneamente. Jacó seria

de origem sumeriana e teria vivido na Idade do

Bronze. A interpretação de que ele viu uma

escadaria de zigurate se funda em sua própria

cultura da época, sendo objeto de comentários em

bíblias consagradas. Vejamos a seguir um texto

que corrobora esta interpretação:

É nítido que o estilo da Escada de

Jacó não poderia ser diferente, pois uma escada

com apenas duas hastes e degraus não permitiria

que anjos subissem e descessem sobre ela ao

mesmo tempo. Na época a que faz alusão o texto

bíblico, as construções seguiam o estilo acima

indicado, de modo que outra não poderia ter sido a

visão de Jacó. Vejamos a imagem do Zigurate de

Ur, situado no Iraque, construído no séc. XXI a.C. e

restaurado no ano 6 a.C.:

6. A ESCADA MESOPOTÂMICA

Do ponto de vista maçônico, o simbolismo

da escada pode ser resumido em uma mensagem

simples e ao mesmo tempo poderosa: a ascensão

ao Céu por intermédio da aplicação prática da

virtude em nossas vidas.

O fato de ter se popularizado a imagem de uma escada com duas hastes e degraus pode ser considerada simplesmente a escolha de uma forma bidimensional de desenho para expressar o símbolo, graficamente mais simples e ao mesmo tempo capaz de transmitir a mesma ideia, que é a de ser uma plataforma de subida e descida, um caminho, uma ponte da Terra ao Céu.

De um modo geral, a imagem de uma

escada como símbolo de progresso e ascensão

iniciática pode ser considerada universal.

Significados simbólicos de uma escada podem ser

localizados em religiões antigas, como o

Mitraísmo, e em correntes esotéricas, como o

Hermetismo e a Cabalá, por exemplo.

A Escada de Jacó é por vezes citada por

autores maçônicos como Escada Mística

(MACKEY, 2017, p. 78) ou Escada da Consciência

(MACNULTY, 2012, p. 160) e representa o

caminho pelo qual os maçons aspiram chegar ao

Céu. Ela traduz a ideia de uma ascensão iniciática;

de uma viagem de evolução que conduz à

Newhouse, E. L., ed., The Builders, The National Geographic Society, Washington, D.C., 1992.

7. A SIMBOLOGIA DA ESCADA DE JACÓ

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Divindade; de uma peregrinação da Terra ao

Paraíso, de uma ponte por onde descem as

Virtudes.

Na instrução maçônica, a escada é

composta de vários degraus, sendo os principais a

Fé, a Esperança e a Caridade, sem citar os demais.

Albert Mackey, no entanto, acrescenta às três

Virtudes Teologais as quatro Virtudes Cardeais

para chegar a sete degraus e fazer um paralelo

com o simbolismo do número Sete em várias

culturas da antiguidade:

Sendo a Loja a representação do mundo, a

Escada figura como um elemento de ligação com o

Céu, representada pela Abóbada de sua

Cobertura.

Em alguns do Antigos Mistérios, os sete degraus representavam os sete planetas, e então o Sol estava no ponto mais elevado; em outros, representava os sete metais, e então, o Ouro estava no ponto mais elevado; nos mistérios Bramínicos, eles representavam os sete mundos que constituíam o universo indiano, e então o mundo da Verdade era o mais elevado. (...) Ora, como caridade é amor e o Sol representa o Amor Divino, e também como o símbolo astronômico do Sol é o ouro, e como a verdade é um sinônimo de Deus, é evidente que o topo de todas essas escadas, seja o Sol, ou o Ouro, ou a Verdade, ou a Caridade, transmite a mesma exata lição de simbolismo, ou seja, que o Maçom, vivendo e trabalhando no mundo como sua Loja, deve elevar-se acima dele, àquela eminência que o transpõe, onde somente lá ele poderá encontrar a DIVINA VERDADE. (MACKEY, 2017, p. 79)

Sem dúvida o número sete possui um amplo

respaldo quando se faz uma conexão com as

Antigas Tradições. Todavia, a instrução se limitou a

citar apenas os três degraus principais. “Se sete

virtudes fossem simbolizadas, penso que as quatro

adicionais seriam as Virtudes Cardeais, mas

apesar de ter examinado um grande número de

Painéis antigos, não me recordo de ter visto

Nesse ponto, embora a escada não seja

oficialmente de sete degraus, o número sete surge

em vários painéis de outro modo no topo da

escada, seja através da imagem de uma estrela de

sete pontas, seja de uma constelação com sete

estrelas. Outras vezes encontramos a estrela de

sete pontas e ao mesmo tempo as sete estrelas ao

redor da lua. Estas sete estrelas simbolizam a

princípio o número de maçons necessários para

abrir uma loja. No entanto as interpretações

astrológicas as identificam como a Constelação de

Plêiades, conhecida como As Sete Irmãs, e a partir

daí se abre um novo campo de interpretações.

qualquer uma delas ser simbolizada além das

outras três” (CARR, 2012, p. 145).

Tábua de Delinear de Primeiro Grau, gravada por F. Curtis e

impressa por John Cole, 1801.

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A razão pela qual a Escada de Jacó se apoia

sobre o Livro Sagrado é que este simboliza o

Código Moral que os maçons devem seguir. Esta

concepção de que o Livro Sagrado é um símbolo

denota o caráter universal da maçonaria, que não é

uma religião e abraça em seu seio maçons de

todas as crenças. No entanto, nos sistemas

maçônicos teístas, a compreensão das Sagradas

Escrituras assume contornos mais religiosos, para

considerar seu conteúdo uma Revelação Divina.

Nesses termos, se considera que as Escrituras

S a g r a d a s c o n t ê m u m a s u b s t â n c i a d e

ensinamentos nos quais os maçons devem se

apoiar para evoluir espiritualmente. O sistema

inglês segue esta linha:

Porque pelas doutrinas contidas naquele Livro Sagrado, somos levados a crer nas disposições da Providência Divina; a qual reforça a nossa Fé e nos habilita a subir ao primeiro degrau. Essa Fé, naturalmente cria em nós a Esperança de alcançar as abençoadas promessas nele contidas; esperança que no habilita a subir ao segundo degrau. Mas o tercei ro e ú l t imo, sendo a Car idade, compreende o todo; e o Maçom que possui essa virtude no seu mais amplo sentido, pode com justiça considerar ter alcançado o ápice de

Voltando aos degraus, pode haver duas razões pelas

quais geralmente as escadas são simbolizadas nas

antigas tradições com números ímpares de degraus,

sejam três, sete ou qualquer outro (HARWOOD, 2014, p.

129). Para o arquiteto e escritor romano Vitrúvio, a

maioria dos antigos Templos possuíam números de

degraus ímpares pois era considerado um bom presságio

se chegar ao topo pisando com o mesmo pé com o qual se

pisou o primeiro degrau. Outra razão estaria fundada no

sistema pitagórico, em que os números ímpares eram

considerados mais perfeitos do que os números pares, e

ascender em uma escada com número ímpar poderia

simbolizar o alcance do estado de perfeição almejado

pelo maçom.

8. AS VIRTUDES TEOLOGAIS

Como todo símbolo, a escada pode

comportar vár ias interpretações, e esta

característica faz da simbologia um estudo

enriquecedor. Para exemplificar isto, propomos

um exercício de interpretação para associar as

Virtudes à escada, partindo da premissa de que

elas estão em uma sequência, e considerando que

cada degrau dela represente um nível. A Fé estaria

situada na base da escada, em um nível abaixo,

próximo do mundo físico, e serve de força

propulsora para se alcançar níveis mais altos de

espiritualidade. A Esperança estaria localizada no

meio da escada, em um nível intermediário,

relacionando-se como o mundo da psiquê, e serve

de força propulsora para seguir a jornada em

direção ao Céu. A Caridade, estaria situada na

parte mais alta da escada, relacionando-se com o

mundo espiritual, e representa um estado de

consciência mais iluminado que conduz a chegada

no topo, onde brilha o reino da Divindade.

Conforme a lição maçônica, a Escada de

Jacó possui tantos degraus quantos sejam as

virtudes morais, porém os três principais são a Fé, a

Esperança e a Caridade, sendo a maior delas a

Caridade, “(...) pois a Fé pode ser perdida de vista e

a Esperança termina na realização. Porém, a

Caridade estende-se além do túmulo, através dos

reinos ilimitados da eternidade”.

sua arte; falando figurativamente, uma mansão etérea, velada aos olhos dos mortais pelo firmamento estrelado, emblematicamente representado em nossas Lojas por s...e es...s, numa alusão a igual número de Maçons regulares; sem os quais nenhuma Loja é perfeita e nenhum candidato pode ser legalmente iniciado na Ordem. (MENDES, 2011, p. 200)

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Interessante explicação sobre o significado

dessa instrução encontramos em textos da Grande

Loja de Nova York, da qual elaboramos a seguinte

síntese: a Fé é uma forte crença em algo para o

qual não há provas, portanto, por natureza, ela

requer falta de provas. Se o objeto de Fé for

provado, ela deixa de existir por falta de motivo que

a sustente. A Esperança é o desejo acompanhado

por uma expectativa ou crença de que será

realizado, portanto, por natureza, ela requer um

desejo não realizado. Se o objeto de esperança for

realizado, ela deixa de existir por falta de motivo. A

Caridade, ao contrário da Fé e da Esperança, não

possui condicionantes que possam causar a sua

perda: a capacidade humana para a bondade

amorosa é infinita.

Frontispício de An Encyclopaedia of Freemasonry and Its

Kindred Sciences, de Albert G. Mackey. The Masonic History

Company, Nova York, 1917.

Enquanto nos rituais norte-americanos a locução é “Fé

em Deus, Esperança na imortalidade e Caridade para

com toda a humanidade”, nos rituais ingleses é “Fé no

Grande Arquiteto do Universo, Esperança na Salvação e,

Caridade para com todos os homens”. É de nota que as

R. É um fundamento da Justiça, um laço da amizade e o principal sustentáculo da sociedade civil. Nós vivemos e caminhamos p e l a F é . P o r e l a t e m o s o c o n t í n u o reconhecimento de um Ser Supremo. Pela Fé temos acesso ao trono da graça, somos justificados, aceitos e, finalmente recebidos. Uma Fé verdadeira e sincera é a evidência das coisas que não podemos ver, mas a substância das que almejamos. Assim, bem mantida e respondida em nossa profissão Maçônica, ela nos levará àquelas mansões abençoadas, onde alcançaremos a felicidade eterna com Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

P. A ESPERANÇA.

P. Eu lhe solicito definir a FÉ.

P. A CARIDADE.

instruções em exame são econômicas nos rituais norte-

americanos, ao passo que os rituais ingleses apresentam

definições para cada uma das virtudes.

As definições das Virtudes da Fé, Esperança

e Caridade são trabalhadas em obras teológicas e

acadêmicas. Entretanto, nos valemos de textos

maçônicos para este fim:

R. É uma âncora da alma, segura e firme, na qual penetra envolta em um véu. Deixemos então que uma firme confiança no Onipotente anime as nossas expectativas e nos ensine a manter os nossos desejos dentro dos limites de Suas abençoadas promessas. Então, seremos coroados de êxito. Se acreditamos que algo seja impossível, a nossa descrença fatalmente levará a isso, mas, aquele que perseverar em causa justas vencerá todas as dificuldades.

R. Admirável por si só, é o mais brilhante ornamento com que podemos adornar nossa Arte Maçônica. É o melhor teste e a mais segura prova de sinceridade de nossa religião. É o melhor teste e a mais segura prova de sinceridade de nossa religião. A Benevolência, praticada com a Caridade Celestial, honra a nação que a tem por berço, prática e a preza. Feliz é o homem que tem semeadas em seu peito as sementes da benevolência; ele não inveja o seu vizinho, não crê nas falsidades lançadas contra si, perdoa as injúrias dos homens e se esforça em apagá-las de sua memória. Então Irmão, lembremo-nos que somos Maçons livres e aceitos; sempre prontos

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O Craft americano de modo geral não adota

Tábuas de Delinear em seus rituais, mas é comum

se servir de Tapetes do Mestre, que são conjuntos

de plataformas visuais referentes aos graus

simbólicos. O Tapete de cada grau possui as

imagens simbólicas correspondentes, sendo

usado nas lojas como suporte visual para

compreensão das instruções maçônicas.

a ouvir a quem clama por nossa assistência; e não deixemos de estender a nossa mão liberal àque le que tem necess idade. Que a recompensa dos nossos trabalhos seja a satisfação do fundo do nosso coração, ao que se seguirá o resultado do amor e da Caridade.

O ritual de Aprendiz do Rito Escocês Antigo

e Aceito das Grandes Lojas brasileiras também

adotam a Escada de Jacó, símbolo não original

deste rito, que foi nele enxertado em 1928, por

meio do “Ritual de Behring”, onde encontramos a

alocução: “Fé no Grande Arquiteto do Universo,

Esperança no Aperfeiçoamento Moral e Caridade

para com o Gênero Humano”.

(MENDES, 2011, p. 199)

9. O TAPETE DO MESTRE E AS TÁBUAS DE

DELINEAR

Tapete do Mestre do grau de aprendiz (John Sherer, 1855),

onde consta na Terceira Seção a Escada de Jacó.

Por sua vez, o sistema inglês usa Tábuas de

Delinear, das quais surgiram muitas variações ao

longo do tempo. Nos desenhos mais antigos do

século XVIII, encontramos as letras F, H e C nos

degraus, significando Faith (Fé), Hope (Esperança)

e Charity (Caridade).

Tábua de Delinear de Primeiro Grau. Josiah Bowring, 1819. Veja o detalhe de uma Chave pendurada.

No início do século XIX as Tábuas passaram a ter

figuras femininas, com a Fé representada por uma mulher

segurando a Bíblia, a Esperança por uma mulher

segurando uma Âncora e a Caridade por uma mulher com

crianças abrigadas em suas saias.

Tábua de Delinear de Primeiro Grau. John Browne, 1800.

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Na segunda metade do século XIX, as

figuras femininas passaram a ser omitidas,

passando a Fé a ser simbolizada por uma Cruz ou a

Bíblia, a Esperança por uma Âncora e a Caridade

por um Cálice com uma mão se estendendo em

direção a ele. Estudiosos presumem que o Cálice

seja uma referência ao Santo Graal sendo elevado

ao Céu pela Mão de Deus.

Tábua de Delinear de Primeiro Grau. Ritual Standard da

Grande Loja da Escócia (2017).

É ainda possível encontrarmos Tábuas com

a imagem de um Coração para representar a

Caridade. Outras vezes, vemos anjos na Escada,

em alusão ao sonho de Jacó. Também é comum o

desenho de uma Chave pendurada na Escada, que

nos rituais mais antigos como o Registro da Casa

de Edimburgo (1696), simboliza “uma linguagem

bem elaborada”, estando a chave guardada em

uma “Caixa de Ossos” (isto é, a boca), significando

que ela guarda segredos.

Por derradeiro, às vezes as virtudes são

relacionadas com os Pilares de sustentação da

Loja: Sabedoria, Força e Beleza. Pilar da

Sabedoria: é sábio quem tem Fé no Grande

Arquiteto do Universo. Pilar da Força: a Esperança

é uma Âncora que traduz firmeza e segurança.

Tais concepções não colidem com o fato de

que a maçonaria não é uma religião. Simplesmente

não é, e suas lições não conflitam com as

convicções religiosas de quem quer que seja.

Fundadas as premissas de que o maçom deve crer

em um Ser Supremo e de que a maçonaria é uma

escola de evolução pessoal, o símbolo da Escada

de Jacó é perfeitamente aplicável aos estudos da

Ordem.

Pilar da Beleza: a Caridade é um belo ornamento

no coração dos homens de sentimentos puros.

Existe uma equivocada concepção de que

os degraus da escada de Jacó aludem aos graus

maçônicos, o que pelo exposto, não tem

fundamento. Quando se diz que após a Iniciação o

maçom põe o pé no primeiro degrau da Escada de

Jacó, está se fazendo uma alusão às virtudes

maçônicas, que são os degraus da escada.

A Escada de Jacó representa nada menos

que um caminho de evolução. O objetivo dos

maçons não deveria ser outro que não a busca da

Luz. Desde a passagem simbólica das Trevas para

a Luz na Iniciação, o maçom inicia uma grande

viagem. A Ordem aponta o caminho... ao maçom

cabe a busca da iluminação, por seus próprios

esforços de transformação pessoal.

As lições maçônicas não existem apenas

para fins de ginástica mental, são ensinamentos

para serem praticados na vida, além do plano

puramente abstrato das ideias. A Ordem nos incita

a praticar as virtudes, sendo que Caridade possui

um belo e profundo significado que se relaciona

com o Amor (agápē).

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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CAVALCANTE, Sérgio. Rituais Simbólicos da Maçonaria Prince Hall. João Pessoa: edição do Autor, 2019.

CARR, Harry. O ofício do maçom. Tradução de Carlos Raposo. São Paulo: Madras, 2012.

O objetivo deste trabalho foi o de trazer luz

ao significado da Escada de Jacó, abordando um

pouco de sua história, simbologia e filosofia. Se

apenas uma única informação tiver sido útil,

consideramos a missão cumprida.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Londrina: Editora Maçônica “A Trolha”, 2012.

BÍBLIA. Português. King James Atualizada. 2ª ed. São Paulo: Abba Press, 2013.

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JUK, Pedro. Exegese simbólica para o Aprendiz Maçom. Londrina: Editora Maçônica “A Trolha”, 2007.

HARWOOD, Jeremy. Maçonaria: desvendando os mistérios milenares da fraternidade: rituais, códigos, sinais e símbolos maçônicos explicados com mais de 200 fotografias e ilustrações. São Paulo: Madras, 2014.

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PRESTON, Wil l iam. Esclarecimentos sobre Maçonaria. Tradução de Hugo Roberto Lima Ramírez. 1ª ed. Rio de Janeiro: Arcanum, 2017.

SUPREMO GRANDE CONSELHO DE MAÇONS DO REAL ARCO DO BRASIL. Ritual de Aprendiz Maçom. Rio de Janeiro: edição do Autor, 2013.

WEBB, Thomas Smith. O Monitor dos Franco-Maçons. Tradução de Edgar da Costa Freitas Neto. 1ª ed. Salvador: Curtipiu Publicações, 2017.

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Por outro lado, é possível constatar em

algumas religiões, barreiras aos seus fiéis na

participação e nas relações com a maçonaria. Esse

1. INTRODUÇÃO

Claudio Bellaver, MCDB 20090101¹

Os maçons previamente a maçonaria

professam alguma religião ou, já possuem

nativamente a crença em Deus, sem a qual não é

possível ingressar na ordem maçônica. A

maçonaria especulativa nos ensina desde a

iniciação, através das instruções, do simbolismo e

das ritualísticas, os fundamentos da filosofia

m a ç ô n i c a . Ta m b é m a p r e n d e m o s n o s

regulamentos da ordem que existem os

Landmarks, os quais são antigas obrigações,

costumes e tradições da maçonaria e um deles,

trata da crença no Grande Arquiteto do Universo.

PODEMOS SER DEÍSTAS, SEM CONFLITAR COM RELIGIÕES?

antagonismo tem sido predominantemente

unilateral, mas por vezes, também os maçons

mostraram incompatibilidade com doutrinas

religiosas. Isto foi bem evidenciado por Barata

(1994), citado por Morais (2016), que mostra o

conflito entre a igreja católica e a maçonaria

analisando os acontecimentos entre as duas

últimas décadas do sec. XIX e a primeira década do

sec. XX. Recentemente, Fávero (2020) mostrou na

sua apresentação em sessão virtual, que a posição

da igre ja cató l ica permanece a mesma,

restringindo a participação de maçons em suas

cerimônias religiosas. Com isso, estabelece-se

uma contradição na participação de maçons nas

igrejas católica, entre outras religiões e fica aberta

uma discussão sobre essa dualidade. Assim, esse

artigo se propõe a fazer o desenvolvimento dessa

discussão, visando minimizar esse conflito no

ponto de vista central espiritual, Deus ou, como diz

na maçonaria, na crença do Grande Arquiteto do

Universo, uma deidade não dogmática.

De acordo com a Grande Loja British Columbia

e Yukon (2021), os Landmarks embora com

2. DESENVOLVIMENTO

¹ Pós-doutorado pela Universidade de Illinois, IL, EUA (1996); PhD em

Animal Science pela Universidade de Illinois, IL, EUA (1989); Mestre em Zootecnia pela UFSM, RGS, Brasil (1977); Graduação em Medicina Veterinária pela UFSM, RGS, Brasil (1972). Membro regular da Loja "Elos da Fraternidade" Nº 84, jurisdicionada à Grande Loja de Santa Catarina. E-mail: [email protected]

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A maçonaria não pretende ocupar ou imitar o lugar da religião, mas ao mesmo tempo a oração é uma parte essencial das cerimônias da ordem. Com isso, torna-se aspiração da alma, a busca pela Inteligência Absoluta e Infinita, que é a Deidade Suprema Una, simplificadamente caracterizada como um "arquiteto". É um magnetismo espiritual que conecta a alma humana com a Divindade. (p. 6);

algumas divergências, são imutáveis para as

Grandes Lojas e estão consolidados desde 1858,

quando Albert G. Mackey definiu os 25 marcos da

Maçonaria. Entre os Landmarks, o 19, trata da

crença em um ser superior, o Grande Arquiteto do

Universo (GADU). Em adição, a Grande Loja

British Columbia e Yukon (2021), exibe uma

síntese da obra de Albert Pike (1809-1891), cujo

título é Morals and Dogma of the Ancient and

Accepted Scottish Rite of Freemasonry, da qual

retiramos conhecimentos importantes para

solidificar a crença no Grande Arquiteto do

Universo (GADU), assim postulados na referida

obra:

A obrigação do candidato a maçonaria é com o livro sagrado de sua religião, sendo que a Maçonaria não tem nenhuma outra preocupação com o credo religioso de cada um (p. 11);

A Maçonaria não é uma religião e quem faz dela uma crença religiosa, a falsifica e a corrompe (p. 161);

Nenhum homem, tem o direito de interferir de alguma forma na crença religiosa de outro e ao abrir seu portal, a Maçonaria se refere ao assunto, convidando a entrar e viver em paz e harmonia, o Protestante, o Católico, o Judeu, o Muçulmano; pois todo homem que leva uma vida verdadeiramente virtuosa e moral, ama seus irmãos, ministra aos enfermos e aflitos e acredita em Deus único, todo-poderoso, onisciente, presente em todos os lugares, o Arquiteto, Criador e Preservador de todas as coisas. (p. 167);

A Maçonaria não propaga nenhum credo, exceto o seu entendimento mais simples e sublime, o da religião universal, ensinada pela Natureza e pela Razão. Reitera os preceitos da moralidade de todas as religiões; venera o caráter e elogia os ensinamentos advindos do bem de todas as idades e de todos

Com essa visão maçônica sobre religiões e

deidade, chegamos as raízes do Deísmo, a qual

Cruz (2019), liga-a aos antigos filósofos gregos e

sobretudo à filosofia aristotélica. O autor vai além,

dizendo que é preciso buscar e entender

movimentos mais recentes, ocorridos na Idade

Média, definida por alguns historiadores como

idade das trevas, onde o conhecimento era detido

pela Igreja, que se iniciaram as grandes mudanças

sociais. Vieram na sequencia os representantes do

Renascimento (século XVI), que se afirmavam

críticos do obscurantismo medieval existente até o

final do século XV, em uma atitude de contestação à

influência da religião na cultura e no pensamento

ocidental. Mais tarde o movimento floresceu

durante o Iluminismo, com o apoio de cientistas

italianos e britânicos, como Galileu Galilei, Isaac

Newton e Voltaire. O Iluminismo progrediu e foi um

movimento intelectual surgido na Europa, que

defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime

de trevas (obscurantismo) e pregava maior

liberdade econômica e política. Foi no Iluminismo,

no final do século XVII e durante o século XVIII, que

o Deísmo atingiu o seu apogeu. Também nos EUA o

Deísmo se popularizou e a independência

americana foi fomentada por Maçons de filosofia

Deísta, tais como Benjamin Franklin, Thomas

Jefferson, George Washington, entre outros.

Modernamente vários fatores contribuíram para um

certo declínio da crença Deísta, sobretudo com o

os países. Ela extrai o bem e não o mal, a verdade e não o erro de todos os credos e reconhece que há muitas coisas boas e verdadeiras em tudo (p. 718).

Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry. D i s p o n í v e l e m :

h�p://freemasonry.bcy.ca/texts/moralsanddogma.html.

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surgimento de filosofias Ateístas e a propaganda

de clérigos cristãos equiparando de má-fé o

Deísmo ao Ateísmo. O Deísmo, entretanto, é uma

postura filosófica oposta tanto ao Ateísmo quanto

ao Teísmo.

A concepção deísta de Deus é derivada

inicialmente na ética de Spinoza (Baruch Spinoza,

1632 - 1677), que tem como tese conhecer Deus

pela causa. E a causa primeira de todas as coisas é

Deus. Mas, quem é Deus? Aqui, entramos na visão

inicial espinozana, que foi a negação de Deus da

maneira que era até então entendido pelas

religiões. Spinoza, entretanto, defende em seu livro

Ética Demonstrada na Visão do Geômetra, que

Deus e Natureza são uma coisa só (GLEIZER,

2020).

A natureza, no caso da filosofia da natureza,

Manfred Durner, citado por Assumpção (2014)

aponta que há influências dignas de nota, como

Platão, Kant, Leibniz, Spinoza além das ciências

da época, entre as quais a química, a matemática e

a mineralogia. O contato de Schelling (1775-1854)

com Spinoza (1632-1677), o filósofo holandês de

origem judaica, está relacionando ao estudo de

Teologia no pensamento do “incondicionado”,

como ponto de partida de seu sistema. Porém, para

Schielling, Spinoza teria errado em tentar objetivar

o incondicionado como substancia. Não obstante

essa crítica, à noção espinozana de natura

naturans, será interpretado por Schelling como

natureza dotada de autoprodutividade, o que virá a

ser um importante recurso para o empreendimento

de uma filosofia da natureza, que tenta

compreender justamente como é possível a

natureza, ou o todo da experiência. Enquanto as

ciências naturais estudam os produtos da natureza

(natura naturata), a filosofia da natureza estuda a

produtividade em si (natura naturans).

Alkimim (2021) sintetiza com base no “Livro I da

Ética e no Tratado sobre a Religião e o Estado”,

mostra que o filósofo holandês Baruch Spinoza

de l ine ia a sua concepção de um Deus

despersonalizado e geométrico, contrária a todas

as formas de se conceber Deus como uma espécie

de entidade, oculta e transcendente, que age

conforme os seus desígnios e a sua vontade

suprema. Com efeito, a crença de Spinoza era em

um Deus baseado no seguinte princípio: Deus e

Natureza são a mesma coisa: Deus sive Natura

(Deus ou Natureza).

Um famoso Deísta francês foi Voltaire,

pseudônimo literário de François Marie Arouet

(1694-1778) e a ele é atribuído o pensamento que

dizia acreditar no Deus que criou os homens e não

no Deus que os homens criaram. E ainda, que a voz

de Deus nos diz constantemente que uma falsa

ciência faz um homem ateu, mas uma verdadeira

ciência leva esse homem a Deus. Com a imigração

de Deístas ingleses e a difusão das ideias

iluministas, o Deísmo se popularizou nos Estados

Unidos e a independência americana foi fomentada

por maçons de filosofia Deísta, tais como Benjamin

Franklin, Thomas Jefferson, George Washington,

entre outros. Os princípios Maçônicos e Deístas

tiveram efeito sobre as estruturas política e

religiosa dos Estados Unidos, tais como a

separação entre Igreja e Estado e a liberdade

religiosa.

Para Cruz (2019), modernamente vários

fatores contribuíram para um certo declínio da

crença Deísta, sobretudo com o surgimento de

filosofias ateístas e a propaganda de clérigos

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cristãos igualando erradamente o Deísmo ao

Ateísmo. Portanto, o Deísmo é uma postura

filosófica oposta ao Ateísmo, pois admite a

existência de um Deus criador, mas não

interferente, como apregoam as religiões nos

assuntos naturais e humanos, que são regidos por

leis naturais e científicas e pelas ações ou falta de

ações do homem. O Alcorão, a Bíblia e outros

textos ditos divinos, foram escritos por homens e

não há como se comprovar que são a palavra de

Deus. A crença nessas Escrituras Sagradas é de

n a t u r e z a m e t a f í s i c a , n ã o r e q u e r e n d o

comprovação, como se dá nas verdades

científicas. Portanto, para o Deísmo, as religiões

são criações humanas, entre si competitivas para

enunciar a “verdade divina”.

O Deísta acredita que a própria estrutura do

universo, tão complexa como é, prova que existe

u m D e u s C r i a d o r, q u e t a n t o p o d e s e r

transcendental criador das coisas (CRUZ, 2019),

como pode ser uma força imanente, o Deus

espinozano ou seja, um Deus que é imanente

(ALMEIDA; ALBERTUNI, 2021) e única substância

existente, a partir da qual todo o mundo existe e por

ela é determinado a existir. Em geral, a imanência

refere-se a algo que tem em si próprio o seu

princípio e seu fim. A transcendência, por sua vez,

faz referência a algo que possui um fim externo e

superior a si mesmo, como são as religiões judaico-

cristãs e islâmica (PORFÍRIO, 2021).

Espinoza não nega a Deus, mas o vincula a

toda a natureza sendo derivada de Deus. Nós

humanos, que somos parte da substancia derivada

da natureza e que usamos a inteligência e a

racionalidade podemos vencer a imaginação e as

paixões. Entre as paixões há boas paixões e que

são totalmente dadiva de Deus e outras paixões

Cruz (2014) segue analisando o Deísmo como

a existência de Deus através da Razão, em vez de

procurar elementos comuns das religiões Teístas,

tais como, a "revelação divina" e os dogmas, que

são crenças sem comprovação científica, mas

também tem base na tradição. Os Deístas

geralmente questionam as religiões e seus deuses

ditos "revelados", argumentando que Deus é o

criador do mundo, mas que não intervém nos

afazeres do mesmo, embora esta posição não seja

estritamente parte da filosofia Deísta. Para os

Deístas, Deus se revela através da das leis da

natureza, muitas das quais explicáveis pela

ciência.

que devemos evitar pois é aquilo que avilta o ser

humano. Podemos decidir pelas paixões, sejam

más ou boas, com o uso da razão. Para aqueles

que atribuem a unidade ou singularidade a um

conceito, por exemplo, à existência humana,

dizemos ser monista (Monismo e Mônada, 2021)

em oposição ao dualismo. Talvez o mais conhecido

filósofo monista por excelência, tenha sido

Spinoza, pois defende que se deve considerar a

existência de uma única substância (natura

naturans / natureza original), da qual tudo o mais,

incluindo mente e matéria, são partes. O ponto

dentro do círculo foi usado pelos pitagóricos e

depois por gregos posteriores para representar o

primeiro ser metafísico, a Mônada ou o Absoluto.

Hegel defende um monismo semelhante, dentro de

um contexto de absolutismo racionalista, baseado

na descrição do Absoluto. Dado que cada mônada

possui em si a representação de todo o Universo e

da relação entre todas as mônadas, um espírito

absoluto – Deus.

Os Deístas não necessariamente descreem de

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milagres, os quais podem ser fenômenos

completamente naturais com causas puramente

científicas, para os quais a ciência ainda não

encontrou explicações, mas que no futuro pode

encontrar. Quanto a questões metafísicas, como a

existência ou não de vida após a morte, cada

Deísta é livre para formar a sua opinião sobre isso.

Podem crer, encontrando para si mesmo alguma

expl icação c ient ífica; não crer, por não

encontrarem para si uma explicação científica; ou,

podem não ter opinião sobre tal assunto,

considerando que não dá para saber ou, que ainda

não foram encontradas provas científicas que

comprovassem ou desmentissem esse conceito.

Para o Deísmo não existem anjos ou

demônios. Anjos e principalmente demônios são

apenas fraquezas da mente humana que podem

ser vencidas pelo raciocínio lógico. Deístas não

acreditam num Deus interferente que castigue ou

premie as pessoas pelos seus atos, acreditando

que cada um é responsável pelas atitudes que

toma e suas consequências. O mais próximo da

ideia de um Deus interferente em que um Deísta

pode acreditar é a ideia de uma “providência

geral/divina” e soberana sobre tudo o que acontece

no universo.

Além dos famosos maçons Isaac Newton,

Voltaire, Benjamin Franklin Thomas Jefferson e

George Washington, muitos outros admitiam a

filosofia Deísta e também a própria concepção de

Deus na Maçonaria, que o define como sendo o

Grande Arquiteto do Universo - GADU. Isso é uma

visão Deísta, ou seja, Deus é único, neutro e aberto

a toda compreensão possível. A maçonaria vai

além disso e estabelece um Landmark imutável a

todos os maçons, que é a crença no GADU.

Entretanto, não define necessidade de nenhuma

crença religiosa. O maçom, portanto, consegue

compreender e ter fé no GADU sendo ele cristão,

hinduísta, maometano, judaico ou, de qualquer

outra crença religiosa. Para os Deístas, o GADU se

manifesta por meio de sinais naturais do corpo

humano e sua alma, na natureza e no universo em

equilíbrio. Isso é condizente e mostrado na alegoria

de nossos Templos maçônicos, que representam o

macro e o microcosmo. O universo se mantém com

seus planetas, astros, sistema solar, galáxias,

nebulosas, buracos negros, enfim todo o universo.

O GADU se apresenta e regula essa realidade

também explicada por leis físicas químicas e

biológicas.

3. CONCLUSÕES

Fica evidente que o Grande Arquiteto do

Universo está inteiramente adequado ao conceito

de deidade, portanto, sempre existiu. Representa

um Ser supremo, Deus que é a fonte de tudo,

responsável pela criação e o controle do universo,

bem como dos seres dotados de consciência.

Em adição, ao responder a pergunta:

“Podemos ser deístas sem conflitar com religiões?

”, concluímos pelo sim, pois a maioria das religiões

são crentes em um Ser supremo e o que as

diferencia, são os dogmas, as crenças e as

narrativas estabelecidas e atribuídas aos homens

iluminados como Cristo; os Profetas Maomé e

Moisés, narrados na Bíblia cristã do Velho e do

Novo Testamento, bem como, no Torá judaico e no

Alcorão do Islã. Houveram os Iluminados de todas

religiões, sendo que essas pretendem dogmatizar

que representam ser a palavra do próprio Deus.

Todos dogmas são aceitos nas suas respectivas

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4. REFERÊNCIAS

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ASSUMPÇÃO, G. A. 2014. Natura Naturans e Naturphilosophie: a natureza como produtividade em Schelling. Revista do Seminário dos Alunos do P P G L M / U F R J , v . 5 , n . 1 , 2 0 1 4 . h�ps://seminarioppglm.wordpress.com/revista-do-seminario-dos-alunos-do-ppglm/2014-2/ Consultado em 29/01/2021.

ESPINOSA, B. Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar / Baruch de Espinosa 1632-1677; prefácio M. Chaui; Introdução E. A. da R. Fragoso, E. M. Itokazu ; tradução e notas E. A. da R. Fragoso, L. C. G. Oliva. - Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012. - (Coleçáo FILÔ/Espinosa). Título original: Korte Verhandeling van God, de Mensch en deszelfs Welstand. ISBN 978-85-65381-43-7

FÁVERO, J.A. Considerações sobre a igreja e a maçonaria. Peça de Arquitetura apresentada na sessão virtual de 04/06/2020. Loja Elos da Fraternidade, 84. GLSC. 2020. SNT. Autor In memoriam.

CRUZ, A. S. O que é Deísmo? In: Martins, L. Jornal O I n d e p e n d e n t e , 1 0 - 1 0 - 2 0 1 9 . h�p://jornaloindependente.com.br/no�cias.php?id=MTQ0NQ%3D%3D&cat=Mj I%3D Consul tado em 28/01/2021.

religiões e todos iluminados pregavam a prática

das virtudes e do bem. Por isso, os maçons e/ou

deístas podem ficar confortáveis, sem se tornarem

contraditórios com relação ao Grande Arquiteto do

Universo, pois acreditam que cada indivíduo é

único e responsável pelas atitudes que toma na

natureza e por suas consequências, frente a um

Deus único onipotente e onipresente.

GLEIZER, M. A. Quem é Deus para Spinoza? Prof. de Filosofia da UFRJ. 2020. h�ps://youtu.be/BDUErcHzff4Consultado em, 28/01/2021.

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Adriano Viégas Medeiros, MCDB 20062501¹

1. Introdução

As prerrogativas de um verdadeiro seguidor da ordem paramaçônica

que forma líderes para o futuro

QUANDO UM DEMOLAY VESTE A CAPA:

Abordar a história e a formação da Ordem DeMolay é relativamente fácil, ela foi iniciada com uma visão de grande importância, sendo uma ordem filosófica, iniciática e fraternal, tendo como meta apoiar jovens masculinos que precisavam de um convívio social após a grande Guerra, mas não é somente disto que se trata este grande movimento.

Sendo uma entidade apoiada pela maçonaria ela deve, entre outras coisas, contemplar o livre desenvolvimento, a formação de caráter, o apoio aos amplos padrões científicos e principalmente iniciar nosso jovem em uma visão de mundo para o bem de nossa sociedade.

Quando se é iniciado nesta ordem um jovem não deixa de ser o jovem, mas agora ele carrega mais uma consideração consigo, é futuro, força, providencia, ele agora é um propagador de relações que são laços firmes e vão ser estreitados para o resto de sua vida e que vão lhe fazer evoluir, se assim desejar.

Sendo esta uma prerrogativa forte, estabelecer novas bases, estamos sempre valorizando e caminhando com nossos jovens, mas somente isto não basta, ele deve buscar sua evolução, um trabalho interno onde o DeMolay se confronta em vários momentos, entendendo que suas transformações são exteriores, mas também mental e intelectual.

Ninguém é obrigado a participar da Ordem DeMolay, mas se assim o fizer, entenda, deve se inserir de coração, corpo e alma, levando mais adiante e com razão todos os ensinamentos, porque ao se tornar DeMolay muito é visto neste jovem, ele é o que esperamos de uma sociedade mais justa e perfeita, longeva e principalmente mais coerente.

Para ser tudo isto, o jovem iniciado deve levar em consideração algumas situações, condições, mensagens e ter um perfil que vai fazer este futuro homem se elevar como ser humano, por isto trabalhamos virtudes, honramos nossas leis e ainda mais, respeitamos nossa irmandade.

2. História

¹Graduado em História pela PUC-RS (2006). Especialista em metodologias de ensino de geografia. Professor tutor da Unopar - polo Uruguaiana, trabalhando com a turma de graduação em história e nas disciplinas complementares como sociologia e filosofia.Membro da Loja "Labor e Concórdia Nº146", jurisdicionada ao Grande Oriente de Santa Catarina - GOSC. E-mail: [email protected]

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Este texto não busca rememorar os fatos e as datações históricas templárias, menos ainda ficar ancorando suas palavras nas confirmações importantes de fortalecimento histórico dos grandes organizadores da ordem, mas sim, lembrar aos participantes da Ordem DeMolay que os valores são para a vida e além dela.

Criada nos moldes da cavalaria templária a Ordem DeMolay preserva ensinamentos, ser um jovem que usa capa não é uma brincadeira, um momento de diversão ou um mero passatempo, este que está participando é um representante fiel de tudo que é mais digno e sagrado dos antigos ensinamentos daqueles homens que deram suas vidas, fizeram história e mais ainda, mantiveram uma moral e suas virtudes firmes diante de ações contraditórias.

Assim como os templários não eram um clube de relações de conversa, esta entidade também não é, afinal dentro desta, assim como a ordem templária, muito se trabalha e se dignifica o caminhar e as relações de moralidade e ética, sendo estes valores aplicados, compreendidos e ainda mostrados diante de todos.

Não tenha ve rgonha de se r um participante da Ordem DeMolay, porque na histór ia recente podemos ver grandes personalidades que fizeram pela ordem e depois levaram para o mundo aqui lo que era fundamental para contribuir com mudanças positivas e pelo bem de todos.

Um iniciado, aquele que honra seu juramento, veste a capa (dentro e fora da ordem) e metaforicamente está fazendo tudo que for de mais út i l , está elevando as vir tudes e contribuindo de verdade para o bem de sua Nação, de seus irmãos e de seus pensamentos.

Por isto devemos nos deter em uma profundidade de conhecimentos que nos permitem ser alguém melhor, um DeMolay não passa pela ordem como um período de modismo, imagine se os antigos templários pudessem viver de modismos? Este que ali se encontra em ritualística, em participação, apoio ao estudo, caridade é um verdadeiro homem, que faz o que for melhor para ele e para todos

Quando são compreendidas as sete virtudes dentro da Ordem DeMolay (Amor Filial, Reverência pelas Coisas Sagradas, Cortesia, Companheir ismo, Fidel idade, Pureza e Patriotismo) não são palavras jogadas ao vento ou meras ilustrações para decorar e depois esperar a hora de recitar como um poema épico que deve ser lembrado.

que o cercam.

Não deixe que os falsos paradigmas o iludam em resplandecentes modernidades que nada contribuem para a evolução do caráter, da moralidade e da honradez, afinal como diz o ditado vão-se os anéis, mas ficam os dedos, e no final de tudo o que lhes sobra é aquilo que realmente pode usar para continuar suas lutas pelo bem.

Olhe e veja, a história é um elemento forte que nos resguarda de futuros incautos, se os antigos templários foram injustiçados como pessoas, sua moralidade e sua perseverança resistiu e nosso mundo precisa se basear em verdades que sejam coerentes, por isto a Ordem DeMolay escolheu estes antigos soldados como re fe renc ia , e l es se f o ram, mas seus pensamentos seguem firme e devem ser destacados.

3. A Moral e Ética de um DeMolay.

Isto está intrinsecamente relacionado ao desempenho como ser humano, veja que para se obter o reconhecimento destas virtudes e mais ainda, para aplicar, devemos nos balizar em um senso de justiça, de força moral e ética que poucos podem suportar.

Aquele que não sabe de onde obter tais referências, pode contar com seus irmãos, tios ou outras pessoas na sociedade para que tenha uma ideia de como evoluir, mas o mais importante de tudo isto é realmente aplicar e ser um DeMolay com a mais profunda verdade de suas ações.

Não cabe para um iniciado viver uma vida dupla de ações, palavras, atitudes, por uma questão simples e lógica, este tipo de vida não se

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Para deixar claro, vamos lembrar algumas ideias de pensadores sobre o que seria a ética e moral e como ela pode ser aplicada dentro das virtudes de um verdadeiro DeMolay.

sustenta por muito tempo, logo a pessoa cansa de ser duas faces da mesma moeda e resolve escolher em qual lado sua atitude vai fluir.

Segundo Stukart a ética é uma palavra que vem do grego ETHOS, que significa estudo de caráter, juízo do ser humano e reflete sobre a situação vivida, para ele, “A ética não analisa o que o homem faz, como a psicologia e a sociologia, mas o que ele deveria fazer. É um juízo de valores, como virtude, justiça, felicidade, e não um julgamento da realidade” (STUKART (2003, p.14).

Ter ética é uma condição do homem, mas aplicar e ainda unificar esta ética dentro de uma organização é algo que exige força de vontade, por isto não se pode viver em desarmonia, ou este jovem faz de sua via uma verdade em termo de condução ou abandona seus rumos vivenciados com seus irmãos de Ordem.

Por isto que a Ordem DeMolay se mantém em constante estudo, observamos que nossa moral e nossa ética são uma resposta para os problemas que nossos jovens observam diante de si, e dentro desta fraternidade acabam por adquirir força e união para seguir adiante, ao olhar ao seu redor estão ali dispostos juntos outros irmãos, espelhos, se refletem como iguais, na mesma busca por melhorias.

A palavra moral vem do latim mos, moris, que significa “maneira de se comportar regulada

A ética e a moral historicamente são constituídas pelo processo de mudança entre as sociedades e as épocas. “[...] as doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em di ferentes épocas e sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações entre os h o m e n s , e , e m p a r t i c u l a r p e l o s e u comportamento moral efetivo” (VÁZQUEZ, 2008, p. 267).

Por isto sabemos que nosso jovem deve trabalhar elementos como caridade, boa educação, estudo, força de vontade, são estas situações que acabam elencando razões individuais para persistir, afinal o ser humano é influenciado por suas vontades.

pelo uso”, daí “costume”, e de moralis, morale, adjetivo usado para indicar o que é “relativo aos costumes”. Já ética vem do grego ethos, que tem o mesmo significado de “costume”.

Kant, analisando os princípios da consciência moral, destacou que a vontade humana é verdadeiramente moral quando regida por imperativos categóricos, que são assim chamados por serem incondic ionados, absolutos, voltados para a realização da ação tendo em vista o dever, indicando ainda que viver de forma justa e ética é viver pela razão.

Mesmo com o tempo decorrido, um verdadeiro iniciado jamais esquece que suas virtudes, quando bem trabalhadas, vão ser sempre dignificadas, porque ele sabe que na construção de sua identidade como ser humano e mais ainda como alguém que honrou a Ordem DeMolay ele vai seguir fiel depositário daquilo que é correto para sua vida.

4. Conclusão

Quando se é um legítimo DeMolay, destes que olham para sua caminhada e observam que

A felicidade é um tema em constante busca, por isto o humano troca de foco em sua jornada, mas não precisa trocar suas bases para seguir caminhando em busca da felicidade, é neste ponto que podemos ver a ação de tal grupo, a perseverança de valores que elevam o DeMolay e o fortificam na busca pela paz de espírito em sua jornada.

Isto denota que mesmo estando diante de uma sociedade iniciática, fraterna, estamos ali desenvolvendo maneiras e costumes, visão de mundo que pode contribuir para uma evolução, nos diferentes segmentos, mas não podemos abandonar nosso jovem é ele que hoje recebe, reforça e amanhã propaga estes ideais.

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ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os Pensadores).

DICIONÁRIO AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

E assim sempre há de lembrar aquilo que é mais profundo, o que está guardado em seu coração, as virtudes, sua moral, ética e sua paixão por ser um DeMolay!

CORTINA, A. Cidadãos do Mundo: para uma teoria da cidadania. São Paulo:Edições Loyola, 2005.

Quando se é um legítimo iniciado que sabe aplicar sua moral e ética, sem temer represálias ou sem ter que viver de forma dupla, vive o mais sublime dos ensinamentos a evolução interna, pois este que vestiu capa, vestiu ainda mais, a boa conduta, a força de vontade e a dignidade para se tornar um homem de razão.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

a capa, os cargos ou ainda o tempo de reuniões não foi a diferença, mas sim as virtudes, a amizade a caridade e tudo aquilo que o conjunto dos irmãos contruiu e ainda faz parte de sua vida, então ele se sente edificado como ser humano, se sente melhor como amigo, filho, irmão, sobrinho, porque carrega consigo um pouco de cada um dos que passaram pela sua vida e além de tudo deixou muito de sua marca mais positiva na jorna que fez.

APEL, Karl-Otto. Estudos de Moral Moderna. Petrópolis: Vozes, 1984.

Quem passa pela Ordem DeMolay e se torna um verdadeiro iniciado do mundo DeMolay não esquece que por mais longe que vá, por mais discursos que escute ou por mais coisas que veja, lembra desta máxima de Walt Disney: “Quem dera fôssemos apenas homens, mas somos DeMolays”.

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o

5. Bibliografia

KANT, I. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980, (Os Pensadores).

READ, Piers Paul. Os Templários: A História dramática dos Templários, a mais poderosa Ordem Militar dos Cruzados. Rio de Janeiro: Imago, 2001.

KORTE, Gustavo. Iniciação à Ética. São Paulo: Juarez Oliveira, 1999.

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Tradução de Jaime A. Clasen. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

MORRISSON, Cécile. Cruzadas. Tradução de William Lagos. 1. ed. Porto Alegre: L E Pm Editores, 2011.

STUKART, Herbert Lowe – Ética e Corrupção – Os benefícios da conduta ética na vida pessoal e empresarial. São Paulo - Editora Nobel – 2003.

VÁZQUEZ, Adolfo Sanchez – Ética – Rio de Janeiro - Editora Civilização Brasileira – 2008.

PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994.

cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

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Sem pretensão de futurologia, é fato inconteste que com o avanço da tecnologia, as reuniões virtuais iriam se tornar mais comuns em algum momento do futuro. Este processo natural foi apenas acelerado em vários anos por motivo da pandemia.

Em 2020, a pandemia do COVID-19 espalhou-se por todo planeta e obrigou os governos a adotarem medidas de distanciamento social. A maçonaria, como não poderia ser diferente, suspendeu as suas atividades presenciais. Diante do impedimento dos encontros presenciais, muitas lojas maçônicas passaram a realizar reuniões virtuais, que com o tempo foram evoluindo em quantidade e qualidade.

Com centenas de membros correspondentes em todo o Brasil e de outros países - pois na web não existem barreiras geográficas - a Loja Virtual não tem a intenção de concorrer com as lojas presenciais, pelo contrário, as fortalece na medida em que tem como requisito que os seus membros sejam filiados a uma loja de potência regular e reconhecida. As reuniões, adaptadas ao ambiente virtual (sem sinais, toques e palavras), se realizam ordinariamente duas vezes por mês, e extraordinariamente em datas e horários previamente comunicados.

Izautonio da Silva Machado Junior, MCDB

Diante do diagnóstico de que as reuniões promovem uma democratização do aprendizado maçônico, sem os obstáculos de tempo e dinheiro - tempo para fazer viagens e dinheiro para investir nas despesas com as viagens - no dia 25 de setembro de 2020, surgiu no cenário maçônico brasileiro a ARLS Virtual Lux in Tenebris nº 47, jurisdicionada à GLOMARON. Uma loja criada com o objetivo de se tornar, por intermédio de reuniões virtuais, um foco de fraternidade e disseminação de conhecimentos maçônicos.

A LOJA VIRTUAL "LUX IN TENEBRIS Nº 47" – GLOMARON

Um fenômeno interessante foi que um número considerável de Irmãos, alguns com décadas de Iniciados, passaram a relatar que no curto espaço de poucos meses, absorveram mais conhecimentos maçônicos nas reuniões virtuais do que em toda a sua trajetória na Ordem. Outra constatação foi a ampliação da fraternidade, uma vez que maçons de todos os lugares e separados por grandes distâncias passaram a interagir. Em meio a um isolamento forçado, os maçons encontraram nas reuniões virtuais uma forma de fazer novos progressos e estreitar os laços de fraternidade.

Os maçons interessados em participar das reuniões da ARLS Virtual Lux in Tenebris nº 47 ou obter maiores informações, podem fazer contato com a secretaria através do e-mail , [email protected] n a h i p ó t e s e d e d e s e j a r s e t o r n a r m e m b r o , d e v e m p r e e n c h e r o l i n k h�ps://forms.gle/7ea62RQewA5nJ8hW6 e aguardar a resposta da Secretaria.

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Kennyo Ismail, MEDB

Uma Loja de Pesquisas promove, preserva e difunde o

estudo, a pesquisa e a cultura maçônicas. Para

promover, ela reúne irmãos interessados na cultura e

educação maçônica, planejando e implementando

estratégias de incentivo ao estudo, pesquisa e

produção de conhecimento maçônico de qualidade.

Para preservar, ela adota critérios objetivos de

avaliação e um mínimo de rigor sobre as fontes e

referências utilizadas, bem como a lógica e coerência

das análises e teorias apresentadas, criando um

repositório de obras, artigos, ensaios e resenhas

aprovados. E para difundir, ela utiliza de meio(s) de

comunicação para que os trabalhos aprovados

alcancem o máximo de irmãos possível, espargindo

mais luz na Maçonaria.

Entretanto, essa hercúlea missão é impossível de ser

cumprida por algumas poucas dúzias de irmãos,

mesmo os mais cultos e capacitados. Assim, uma loja

de pesquisas aceita membros correspondentes que

queiram buscar e espargir mais luz na Maçonaria.

Conhecendo A LOJA DE PESQUISAS

Esse é o modus operandi da Loja de Pesquisas "Dom

Bosco" #33, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do

Distr i to Federal , que acei ta como membros

correspondentes irmãos regulares do GOB, das

Grandes Lojas da CMSB, dos Grandes Orientes da

COMAB e das obediências maçônicas estrangeiras

O nome da Loja, "Dom Bosco", é em homenagem ao

santo italiano que dedicou toda sua vida à educação,

tendo sido o criado das escolas salesianas e que teria

tido um sonho premonitório que, acredita-se, trata-se de

Brasília, capital do Brasil, onde a loja é sediada. A loja

adota como lema a expressão em latim "Facio Liberos

Ex Liberes Libris Libraque", que pode ser traduzida

como “Transformo crianças em homens livres por meio

de livros e comparações”.

Para saber mais, acesse: lojadepesquisas.com.br

A filiação ao Círculo de Membros Correspondentes é

f e i t a p o r m e i o d e s e u w e b s i t e o fi c i a l ,

lojadepesquisas.com.br, e é gratuita, não sendo

cobrado nenhum tipo de anuidade ou taxa a esses

membros. Os artigos submetidos e aprovados são

publicados em sua revista digital, a DB33, que tem

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DOM BOSCO #33

G.L.M

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L. D. PPESQ.

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eDB 33 Loja de Pesquisas Dom Bosco Nº 33

Revista: Db33Publicação: Março 2021Referência: Julho a Dezembro de 2020.

DADOS CATALOGRÁFICOS

Número: 01

Editor: Cássio P. Xavier da Silva

Formato: Digital

Periodicidade: Semestral

Volume: 02

Portal: www.lojadepesquisas.com.brRealização: Loja de Estudos e Pesquisas "Dom Bosco" #33 - GLMDF

Revisor: Kennyo Ismail

Os ar t igos publ icados são de in te i ra responsabilidade de seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Revista DB33. Não é necessário solicitar prévia autorização para reproduzir parte do conteúdo publicado nesta revista, desde que sejam devidamente citados o autor e a fonte.

CAPAIlustração editada pelo Ir. Cássio Xavier, Maçonaria durante a pandemia, a luta pela

Acervo particular e Freepik.

Citação desta edição:

pela vida, a maçonaria se adequando anova realidade.

AVISO:

SOBRENOME, Nome do autor. Título do artigo. Revista DB33, Vol. 2, N. 1, jul-dez, 2020, p. __-__.

Conhecimento e Maçonaria: O estudo dedicado aos temas relacionados a instituição é indispensável a boa formação do maçom. Mas não todo e qualquer conteúdo sem referencia ou embasamento.

FONTE:

Volume 2, Número 1, jul/dez, 2020

DB 33 | Brasília, Vol.2, n.1, jul/dez, 2020