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Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br DOS Bancários Revista Ano I - Nº 5 - Março de 2011 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco A VEZ DAS MULHERES ELas Estão EntErrando sécuLos dE oprEssão Em busca dE um mundo com iguaLdadE EntrE gênEros Tela de Teresa Costa Rêgo LEIA TAMBÉM EntrEVista EspEciaL com maria da pEnHa

Revista dos Bancários 05 - mar. 2011

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Revista mensal editada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco, com as principais notícias sobre os bancos, cultura e lazer.

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Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br

DOSBancáriosRevista

Ano I - Nº 5 - Março de 2011 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

A VEZ DASMULHERES

ELas Estão EntErrando sécuLos dE oprEssão Em busca dE um mundo com iguaLdadE EntrE gênEros

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LEIA TAMBÉM

EntrEVista EspEciaL com maria da pEnHa

2 REVISTA DOS BANCÁRIOS2 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Opinião Editorial

Em pleno século 21, as mulheres ainda ganham menos que os ho-mens no trabalho, sofrem com a violência doméstica e têm de

encarar uma dupla jornada para cuidar da carreira e da casa. Embora elas sejam a metade da população do planeta, as mu-lheres detém apenas 1% da riqueza.

Na categoria bancária, aqui no Brasil, as mulheres ganham em média 78,6% do salário dos homens. A diferença é regis-trada mesmo quando se considera cargos iguais, em todos os níveis. Dos cargos mais baixos, 53,3% são preenchidos pelas mulheres, enquanto as diretorias e supe-rintendências são compostas por 81% de homens. Se essa diferença de direitos é gritante na categoria bancária, uma das mais organizadas do Brasil, o que dizer de

outras classes de trabalhadores.

Vale destacar que o Sindicato dos Bancários de Pernambuco é pioneiro na luta pela igualdade entre os sexos. A entidade tem

mulheres em sua diretoria desde 1959, foi a primeira a criar uma secretaria voltada para a questão de gênero e hoje tem uma mulher na presidência e 50% da diretoria executiva composta pelo sexo feminino.

Nas próximas páginas, você vai ler um pouco sobre a história de luta das mulhe-res. E vai ver que não está longe o dia em que homens e mulheres terão os mes-mos direitos e uma vivência liberta dos padrões opressores baseados em normas de gênero.

A DIRETORIA

>>Um dia, homens e mulheres terão os mesmos direitos e uma vivência liberta dos padrões de opressão baseados no gênero

a luta pela igualdade população

feminina,As mulheres são a maioria da população brasileira, mas ainda sofrem para fazer carreira no trabalho e ocupam pouquíssimos espaços nas esferas de poder

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população feminina,

cultura masculina

>>

Especial dia internacional da mulher

Elas não são minoria. De acordo com o Censo 2010, as mulheres somam 51,04% da popula-ção. No entanto, continuam excluídas dos es-paços de chefia, poder e decisão. Levantamento

da consultoria em Recursos Humanos DMRH mostra que somente 3% das cadeiras de presidência nas empresas brasileiras estão nas mãos de mulheres. Entre diretores e vice-presidentes, elas são apenas 9%.

Na política, a situação não é diferente, embora esteja melhorando lentamente. Pela primeira vez na história, o Brasil tem uma presidenta. Nos ministérios, elas ocupam nove postos, o maior número dos últimos anos. Por ou-tro lado, as mulheres são apenas 8,77% dos deputados e 14,81% dos senadores. Em Pernambuco, a situação é pior: há apenas quatro deputadas estaduais: 8,16% da As-sembleia Legislativa.

A participação feminina no mercado de trabalho vem crescendo rapidamente, em proporção maior que a dos homens. No entanto, elas ocupam os cargos mais vulne-ráveis, são maioria entre os desempregados e recebem, em média, 75% do que ganham os homens. Mas, afinal, o que faz com que elas, que são a maioria da população, ainda sejam tratadas de forma desigual?

Formação não lhes falta. Pesquisas indicam que as meninas passam mais tempo na escola que os meninos.

Cinquenta e sete por cento das garotas de 15 a 17 anos estão no ensino médio, etapa correta para essa faixa etá-ria. Entre eles, só 47% cursam a série indicada para sua idade.

Não é a falta de formação que atrapalha a ascensão das mulheres na carreira e na vida pública. As estatísticas são outras: segundo dados do IBGE, mulheres de 10 anos ou mais dedicavam 22,3 horas semanais aos afazeres domésticos contra apenas 5,2 horas dos homens. Estudo do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais) mostra que, dentre os jovens que estão fora da escola e do mercado, as mulheres são 75%. São meninas que con-cluíram o ensino médio, mas não seguiram para a univer-sidade nem conseguiram emprego. Uma em cada quatro delas tinha filhos e quase metade era casada.

Ou seja, as mulheres estão ampliando sua presença no espaço público. Falta aos homens aumentar sua par-ticipação no espaço privado. Falta ao Estado garantir políticas públicas que possam assegurar a igualdade de oportunidades. Ampliar a oferta de creches, por exem-plo. Atualmente, menos de 20% das crianças até três anos têm acesso a esse serviço. E falta, a cada um, homens e mulheres, repensar valores. Porque a população brasilei-ra já é feminina em sua maioria. Mas a cultura continua masculina.

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Em 80 anos de criação, o Sindicato coleciona histórias de mulheres de fibra. Conheça algumas

Especial dia internacional da mulher

Quando o Sindicato dos Ban-cários surgiu, em 1931, as mulheres sequer podiam vo-tar. Só no ano seguinte, elas

conquistariam este direito. E, mesmo as-sim, não todas: apenas as mulheres casa-das, viúvas e solteiras com renda própria. As restrições só foram eliminadas em 1934. E apenas em 1946 o voto feminino passou a ser obrigatório.

Nesta época, os bancos eram um es-

paço masculino. Nas fotos daquele tempo, mulheres figuram apenas como esposas dos trabalhadores. Aos poucos, elas foram abrin-do espaços, nos bancos e no movimento sindical. Hoje, elas já são maioria nas ins-tituições financeiras. No entanto, continuam excluídas dos cargos mais elevados e ainda recebem salários menores.

No movimento sindical, as bancárias de Pernambuco merecem um capítulo à parte. Nesta trajetória de oito décadas, muitas mu-lheres se destacaram: militantes ou diretoras. Vinte delas serão homenageadas dentro da programação do mês da mulher. Conversa-mos com três destas pioneiras: a primeira diretora, a primeira secretária da Mulher, a primeira presidenta: Zita Guimarães, Maria José Félix, Jaqueline Mello.

Quando Zita começou a trabalhar, em 1944 com 15 anos de idade, o mundo acredi-tava que lugar de mulher é na cozinha. “Mas meu pai era um homem diferente. Sempre disse para a gente estudar, pra não ter de fi-car debaixo do pé de homem nenhum”. Foi o que fez a filha mais velha de uma família

mulheres pioneiras

guErrEiras: Zita guimarãEs, primEira dirEtora do sindicato, maria José FéLix, primEira sEcrEtária da muLHEr, E JaquELinE mELLo, primEira prEsidEnta

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Especial dia internacional da mulher

de sete mulheres e dois homens. Com 18 anos, já era bancária, da Cooperativa Banco do Nordeste.

Nesta época, não havia lugar para mulher nos bancos pú-blicos. Elas tinham mais espaço nas instituições privadas, sobretudo as de menor porte. “No Banco do Brasil, a gente nem podia se inscrever. Só depois da criação de Brasília é que começa-ram a abrir vagas para mulheres. Na Caixa e no BNB, ainda havia algumas. Mas eram ex-ceção”, lembra.

Eram exceção, tam-bém, nas atividades do Sindicato. Mas entre estas raridades, lá estava ela: Zita Gui-marães. A amizade com uma ativista do Sindicato dos Tecelões serviu como um estímulo a mais e, em 1959, durante a

ser feminista é...

“...ter orgulho de ser mulher. Ser feliz por ser mulher. E mostrar isso

ao mundo, lutando para que todas as mulheres possam sentir o mesmo”

Jaqueline Mello – presidenta do Sindicato

“...ter consciência do seu papel como ser político. É atuar e ocupar espaços, fazendo valer suas ideias,

direitos, voz e posicionamentos perante a sociedade”

Sandra Albuquerque – secretária da Mulher do Sindicato

“...um projeto de vida. É buscar igualdade de oportunidades para

mulheres em um mundo em que os valores foram construídos no

masculino. É querer um mundo em que ideias e oportunidades sejam

compartilhadas por todos”. Suzineide Rodrigues – secretária de

Finanças do Sindicato

guErrEiras: Zita guimarãEs, primEira dirEtora do sindicato, maria José FéLix, primEira sEcrEtária da muLHEr, E JaquELinE mELLo, primEira prEsidEnta

gestão de Gilberto Azevedo, ela tornou-se a primeira diretora do Sindicato dos Bancá-rios de Pernambuco. “Entrei como suplente e acabei ficando, como tesoureira”, lembra.

Com orgulho, ela relata os avanços da gestão. “Tínhamos um intercâmbio tão gran-de com outros sindicatos que nossa sede era chamada de Casa do Trabalhador. Participá-vamos da Liga Feminina de Pernambuco, viajávamos para o interior com trabalhos de educação para mulheres. Tínhamos um De-partamento Feminino, que oferecia cursos de formação, teatro, artesanato. Pelo nosso teatro, passaram figuras ilustres, como Teka Calazans e Zé Wilker. O Sindicato também foi o palco de muitas atividades do MCP (Movimento de Cultura Popular)”.

Em tempos de greve, ela organizava uma equipe de mulheres para preparar os lanches para quem estava na rua. Até altas horas da madrugada, ficava na sede, impri-mindo panfletos em silk screen. Integrava, também, as equipes de panfletagem. “Na-quela época não tinha computador, nada dessas coisas. Era muito mais trabalho”, diz.

O trabalho era tanto que ela decidiu não integrar a gestão seguinte, apesar dos ape-

los de Darcy Azevedo, que sucederia Gilberto na presidência. Mal sabia que a gestão de Darcy se-quer completaria um ano, brutalmente interrompida pelo golpe de 1964. Zita chegou a ficar detida, du-rante 27 horas no DOPS: “disseram até que a gen-te tinha armas guardadas no Sindicato. Quando fui depor, fiz gozação. Disse que a gente tinha até tan-que de guerra...”.

Mesmo depois de aposentada, Zita não se

contentou. Fez curso de direito e exerceu a profissão até dois anos atrás. Aos 82 anos, ela nunca se filiou a partido nenhum. Mas confessa: é fã de Fidel Castro. >>

ELEonora costa, dirEto-ra do sindicato, aLém dE Lutar pELas muLHErEs ainda tEm dE brigar con-tra o prEconcEito raciaL

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O golpe militar tratou de destruir o pouco espaço que mulheres como Zita Guimarães tinham conquistado no movimento sindical. Era preciso reco-meçar. E as primeiras sementes foram lançadas já na primeira gestão da CUT, no final dos anos 80. “Mas a ideia de criação de uma secretaria da Mulher não era aceita nem pela tendência da qual fazíamos parte. Lembro que fui para um congresso da CUT e só nós, bancárias de Pernambuco, defendemos esta posição”, conta Maria José Félix, que seria a primeira a ocupar o posto, na gestão seguinte.

Foi preciso brigar muito, enfren-tar ameaças, ouvir afirmações es-drúxulas. “Chegaram a dizer que eu não poderia estar à frente da Secreta-ria porque não era mãe, como se isso me fizesse menos mulher”.

Aos poucos, elas foram abrindo espaços. “Até para ter uma sala, pre-cisamos brigar. Só quando decidi-mos nos instalar dentro do banheiro, conseguiram um espaço para nós”. As bancárias passaram a ocupar, também, outras frentes. O Fórum de Mulheres, por exemplo. “Não foi fá-cil, porque levávamos demandas de trabalhadoras. E isso ainda não era comum dentro do Fórum”.

A participação do Sindicato na luta

contra a violência se revela na luta pela condenação do assassino de Mônica Francisca e de Daniela Pérez. “Neste último caso, a campanha foi o primei-ro passo rumo à criação da comissão estadual de mulheres trabalhadoras da CUT”, lembra Maria José.

Foi preciso oito gestões para que as mulheres chegassem à presidência da entidade e ocupassem 50% dos postos na direção executiva. À frente do Sindi-cato na gestão mais feminina da histó-ria da entidade, Jaqueline começou sua vida de militante no movimento estu-dantil. Como bancária, sempre foi dele-gada sindical, mesmo quando o direito não era reconhecido. Mas foi quando participou de seu primeiro congresso dos empregados da Caixa que percebeu o que queria. Desistiu de concorrer ao cargo de instrutora no banco e passou a integrar a diretoria do Sindicato.

“A mulher traz para o movimento uma leveza maior. Ao mesmo tempo, ela é muito prática, pelo costume de lidar com tantas tarefas ao mesmo tempo. A presença das mulheres no movimento sindical instala a sensibi-lidade e emoção, como componente essencial da política. E acho que tudo isso ajuda a tornar os trabalhadores mais próximos de quem dirige a enti-dade”, diz Jaqueline.

<< o feminino e o movimento sindical

ser feminista é...

“...ser guerreira, lutar por igualdade e ter que provar todo dia que é capaz. É quebrar tabus, se reinventar. É ser de tudo um muito, inclusive feminina”

Daniella Almeida – secretária deBancos Públicos do Sindicato

“... não aceitar a desigualdade e buscar o respeito entre os sexos. É se colocar como ser participante e não

aceitar qualquer tipo de exclusão”Tereza Souza – secretária de

Formação do Sindicato

“...ter dentro de si uma inquietude que não permite aceitar nenhuma forma de injustiça. A luta feminista não trata apenas da questão das mulheres, mas de toda raça humana e de nosso papel no mundo”

Anabele Silva – secretária de Comunicação do Sindicato

Especial dia internacional da mulher

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Entrevista maria da penha

uma mulher, uma Lei e uma longa batalhaMaria da Penha: a luta, agora, é para driblar as resistências à aplicação da Lei

Foto: I

valdo

Bezerra

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Entrevista maria da penha

Prêmio Mulheres de Coragem, concedido no ano passado pela Embaixada dos Estados Unidos

“Desde a década de 60, muitas mu-lheres vêm lutando para dar visibilidade ao tema da violência doméstica. Eu sou apenas parte de um processo. Esta home-nagem é dividida com todas as mulheres do movimento que, no anonimato, traba-lharam para combater este tipo de crime. Sem este alicerce, não haveria Lei”.

>>A cada minuto, duas mulheres são espancadas no Brasil. Dez são assassinadas todos os dias. E Pernambuco segue na liderança desta disputa inglória

Ela fez do sofrimento um combustível de luta. Hoje, viaja de canto a canto para defender a lei que leva seu nome e impedir que outras mulheres passem pelo que ela passou. Mas o inimigo toma assento na cultura e história do país. A cada minuto, duas mulheres

são espancadas no Brasil. E Pernambuco segue na liderança desta disputa inglória.

A cearense Maria da Penha Maia Fernandes foi duplamente vítima. Do próprio marido, o professor universitário que tentou assassiná-la. E da Justiça brasileira, que manteve em liberdade o homem que a deixou paraplégica. O seu caso chegou à OEA – Organização dos Estados Americanos e o Brasil foi condenado internacionalmente. O fato foi o estopim necessário para que o governo brasileiro criasse uma lei contra a violência doméstica que, até então, era considerada como crime de menor potencial ofensivo.

Mas, ainda que a Lei tenha ajudado a tirar da sombra este crime tão silenciado, ainda que tenha estimulado as mulheres a buscarem a proteção do Estado e denunciarem seus algozes, a resistência ainda é grande. E tem assento entre aqueles que deveriam defendê-la: os operadores do direito.

Recentemente, a sexta turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que processos de indiciados pela Lei Maria da Penha podem ser suspensos por um período de dois a quatro anos e, depois disso, caso os agressores não cometam novas faltas, a punibilidade pode ser extinta. Outra medida que tem enfrentado polêmicas é a que trata da necessidade de representação. Pela lei, a mulher tem até a data de entrega da denúncia para desistir da ação. Depois disso, o assunto torna-se de interesse do Estado e o processo segue, sem necessidade da presença da vítima. Mas a disposição tem passado em branco em boa parte dos processos movidos.

No dia 18 de fevereiro, Maria da Penha esteve no Recife, em audiência no Ministério Público de Pernambuco. Nos microfones, os representantes da Justiça e dos movimentos sociais se revezavam em defesa da Lei. Mas, ao nosso lado, um destes operadores do direito confidenciava: “os que cumprem a Lei são pouquíssimos. Boa parte ainda acha que estes assuntos têm de ser resolvidos dentro de casa”. Confira alguns depoimentos feitos por esta cearense que, por pouco não perde a vida. Dentro de casa.

Violência e níveis sociais

“A violência existe em todas as camadas sociais. A diferença é que as pessoas de nível social inferior denun-ciam mais. Nas classes mais favoreci-das, a dificuldade é maior: as mulheres são intimidadas pelo status”.

Sua história“Eu sou farmacêutica. Conheci

meu agressor em São Paulo, onde fui para fazer mestrado. Ele era profes-

sor universitário e frequentava meu círculo de amizades. Era uma pessoa fora de suspeitas: cordial, afetivo, se dava bem com todo mundo. Depois que nos casamos, comecei a enfren-tar violências psicológicas e, depois, os maus-tratos vinham através de minhas filhas, que sofriam agressões físicas e eram muito maltratadas. Nenhuma mãe pode se calar vendo isso. Eu ainda tentei conversar, bus-car uma separação amigável. Mas ele não aceitava a separação e a situ-

ação foi ficando cada vez mais difí-cil. Uma noite, eu estava dormindo e acordei com um tiro nas costas. Du-rante o tempo em que estive cons-ciente, eu tinha certeza de que tinha sido ele. Mas ele simulou o próprio assalto: foi encontrado na cozinha com o pijama rasgado e uma corda no pescoço. Passei quatro meses hospitalizada. E, durante muito tem-po, o único depoimento que havia no inquérito era o dele. Ele só saiu de vítima para acusado quando a pró-pria polícia começou a perceber que havia contradições nos depoimentos que ele prestava”.

A briga pela Justiça“Passei, então, a ser vítima do

Poder Judiciário. Passei oito anos acompanhando o processo, andando de um lado para outro... Só depois de todo esse tempo, aconteceu o primei-ro julgamento. Ele foi condenado, mas saiu em liberdade. Foi quando eu decidi transformar minha história em um livro: Sobrevivi... posso con-tar. Dez anos depois, ele chegou ao Conselho Jurídico de Direito Interna-

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Entrevista maria da penha

números da violência no brasilDez mulheres são assassinadas todos os diasA cada minuto, duas mulheres são espancadas43% das brasileiras já foram vítimas da violência machistaUma em cada quatro mulheres já foi agredida pelo companheiro ou ex-companheiroNúmero de denúncias de violência contra a mulher cresceu 128% em 2010121 mulheres foram assassinadas em Pernambuco em 2010, uma redução de 12% em relação a 2009

>>A cada minuto, duas mulheres são espancadas no Brasil. Dez são assassinadas todos os dias. E Pernambuco segue na liderança desta disputa inglória

cional, pelas mãos das ONGs. E o Brasil foi denunciado na OEA. Quatro anos de-pois, o país foi condenado internacional-mente, o que provocou a criação da Lei”.

Sobre a aplicação da Lei“É preciso melhorar e uniformizar a ação.

Na maioria dos estados não existem delega-cias das mulheres em todos os municípios. No Ceará, por exemplo, um único juizado da mulher recebe mais denúncias que todas as varas criminais do Estado. A região do Cariri é tão violenta com suas mulheres quanto o

Recife. Então, nós conseguimos regionalizar o Juizado de Juazeiro, para que ele atendes-se também os três municípios vizinhos. No

entanto, quando ocorre a denúncia, os advo-gados do agressor alegam que o Juizado não tem competência para julgar o caso porque lá existem varas criminais. Temos ainda muito a avançar. E cabe aos operadores do direito tomar consciência e observar o que acontece nas delegacias e juizados”.

Sobre a necessidade de representação da vítima

“Não dá pra colocar a mão na cabe-ça do agressor. Quase sempre, quando a mulher chega numa delegacia, ela já vem sofrendo violência há muito tempo. Não adianta tentar buscar uma concilia-ção porque há muito ela tenta conciliar. Geralmente, ela está com muito medo, muito fragilizada. Não existe esta história de que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Não existem estatísti-cas sobre os órfãos da violência domés-tica. Mas creio que, quando uma mulher morre, deixa uma média de três a quatro filhos. E sob que condições estas crian-ças vão crescer? Certamente crescerão sem acreditar no Estado porque ele não pôde ajudar sua mãe. E a tendência é de que a violência se reproduza. Ou seja, a violência doméstica sai da esfera indi-vidual e avança sobre a social: torna-se uma questão de saúde pública. É dever do Estado garantir que, com ou sem a presença da mulher, os agressores sejam punidos”.

Violência doméstica e discriminação

“A agressão é um crime em qualquer circunstância. Como pode ser qualificada como crime de potencial ofensivo quando ocorre em sua pior forma: dentro do lar? Alguns juristas chegaram a afirmar que a lei é interessante, mas que deveria se tro-car a palavra mulher pela palavra pessoa, como se homens e mulheres estivessem nas mesmas condições de vulnerabilida-de. A Lei prevê a prevenção, com capa-citação de professores para lidar com o tema. E prevê a punição, com garantia de proteção às vítimas e de reabilitação so-cial dos agressores”.

Polos de atendimento“Muitas mulheres são desencoraja-

das a dar prosseguimento ao processo por conta das dificuldades que têm de enfrentar. Na maioria dos locais, o jui-zado é em um canto, o IML em outro, a defensoria pública em outro... e ela tem de passar por uma longa peregrinação. Outros estados, como Pernambuco, já criaram polos de atendimento que con-centram em um só ponto todas estas instâncias e ainda oferecem assistência psicológica e social. É preciso que estas ações se expandam”.

Medidas protetivas“Em Fortaleza, antes da criação do

Juizado da Mulher, houve uma mani-cure que já havia feito três Boletins de Ocorrência. Na terceira vez, a delega-da ligou pra juíza da vara responsável pelo julgamento e solicitou urgência para conceder abrigo. Mas a juíza ale-gou que só poderia conceder a pro-teção depois de ouvir o depoimento, que estava marcado para dois meses depois. Uma semana antes de ser ouvi-da, a manicure foi assassinada. Deixou três órfãos. Eu pergunto: por que não enxugar as varas criminais e criar mais delegacias da mulher? Sempre, para atender necessidades das mulheres, a luta tem de ser redobrada.

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Cultura mulheres

Escolhemos três esferas da arte: o teatro, as artes plásticas, a música. Para cada uma delas, uma mulher, ou grupo de mulheres. Com estilos e perfis bem diferentes, elas dão a dimensão das infinitas faces da expressão feminina na arte pernambucana. Diversidade que se revela pelas mãos de Teresa Costa Rêgo, pelas vozes das meninas do Bellas Marias e pelos gestos das Loucas de Pedra Lilás

>>Prostitutas, noivas, gestantes, Ofélias, meninas, Evas. Todas as mulheres estão nas telas de Teresa Costa Rêgo, cuja arte ilustra a capa desta edição da Revista dos Bancários

artistas emtrês dimensões

>>

As mulheres estão todas nas te-las de Teresa. As prostitutas, noivas, gestantes, Ofélias, me-ninas, Evas, ou a mulher Pátria,

servida em ceia larga aos políticos de nossa história. Mas não é no feminino que Tere-sa se reconhece. “Pinto mulheres porque o corpo feminino é mais plástico. Mas eu me sinto, antes de qualquer coi-sa, um bicho”. E, de fato, eles estão lá. Junto a cada mulher retratada, há cabras, tatus, corujas, gatos, pássa-ros, serpentes. É o femini-no que se junta à terra e ao animal, dando ao trabalho da artista uma sensualidade que vem da relação com a natureza.

Teresa Costa Rêgo é uma mulher que impressio-na. Aos 82 anos, ela tem uma beleza e uma vitalidade que desafiam os limites do tem-po. Obra, talvez, de uma vida que se recria. Teresa já foi Teresinha, dama da alta so-ciedade recifense. Então se apaixonou por Diógenes Arruda, um dos mais importantes quadros do PCB (Partido Comunista Brasi-leiro). Divorciou-se do marido, abandonou

tudo e foi banida da aristocracia para seguir uma vida de clan-destinidade, prisões e exílio. Rebatizou-se como Joana. Correu o mundo e viveu muita história em sua vida de exilada. Quan-do veio a anistia, ela pôde voltar. Mas a morte levou seu gran-de amor e ela teve, mais uma vez, de reconstruir-se. Escolheu Olinda para refazer seu mundo. Tornou-se Teresa Costa Rêgo.

Sua obra tem um traço peculiar. “Eu pinto sobre o preto. E, quase sempre começo a pintar pelos pés”, conta a artista. Há outro aspecto que singulariza seus trabalhos: as dimensões. “Eu pintava telas menores. Então, na época da eleição de Mi-guel Arraes, integrei a Brigada Portinari. Foi quando descobri que me expressava melhor em grandes painéis”, diz Teresa, que hoje tem telas de até 12 metros.

A denúncia política e a análise histórica também se revelam pelas mãos de Teresa. Mas com o traço de sensualidade que lhe é próprio. “Eu tenho cinco irmãos homens. E, quando eu era pequena, fingia que estava dormindo para escutar as histórias deles. Na minha cabeça, todas as coisas importantes da história aconteciam nos puteiros”, conta a artista, sobre sua série dos bordéis. Pelas mãos de Teresa, a injustiça e exploração que marcam a história brasileira figuram junto a anjos, serpentes, mulheres e bichos. Pelas suas mãos, a terra se reinventa. A vida se reinventa. No feminino.

diVErsidadE FEminina nas artEs dE tErEsa costa rêgo, das Loucas dE pEdra LiLás E do bELLas marias

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Cultura mulheres

artistas emtrês dimensões

As Loucas de Pedra Lilás são, antes de tudo, um grupo de mulheres militan-tes do movimento feminista. A diferença é que, vinte anos atrás, elas decidiram se aproximar da linguagem da rua e tradu-zir a realidade em gestos e ações simples, que fazem rir. “O teatro ajuda a fazer o feminismo descer redondo. Rompe aquela ideia de que para ser militante do movimento tem de ser antipática”, diz Gigi Bandler, que integra o grupo desde sua criação.

O grupo foi para as ruas pela primeira

vez há 21 anos, durante uma programa-ção sobre saúde da mulher. Desde então, passou a integrar o calendário de ações do movimento de mulheres. Há 15 anos, elas passaram a ter financiamento, o que ajudou a qualificar o trabalho. Hoje, onde quer que haja uma ação envolvendo mu-lher e cidadania, lá estão elas.

E as questões são múltiplas: saúde reprodutiva, HIV Aids, violência domés-tica, empoderamento, saúde mental, ra-cismo, diversidade sexual. Conversamos com o grupo em uma atividade de am-

bientalistas e pescadores contra a propos-ta de flexibilização do Código Florestal. “A terra é nossa casa. E a casa é de todos. Mas as mulheres são as maiores prejudi-cadas pelos efeitos do desenvolvimento predatório”, afirma Gigi.

Com espetáculos como “Com a for-ça da goela”, “Para bom entendedor”, e “Qual é a bronca”, além de atos per-formáticos sobre diversos assuntos, elas percorrem o estado e o Brasil. Também já rodaram por outros países e são presença marcante no Fórum Social Mundial.

Feminismo traduzido em gestos

Quando o grupo Bellas Marias surgiu, em 2001, eram raros os grupos musicais formados apenas por mulheres. Hoje, dez anos depois, e sempre com apoio do Sindicato dos Bancários, elas se preparam para lançar mais um CD, no final de abril: o Bellas Marias canta Pernambu-co, volume II. Durante todos estes anos, muitas mulheres passaram pela banda. Mas o estilo se mantém, com raízes na cultura nordestina e pernambucana.

Por trás de tudo, o comando de uma mulher: Deusdeth Ferro, idealizadora e produtora do grupo. “Eu sempre achei que havia poucas oportunidades para as mulheres musicistas”, conta ela, que também é compositora. “Os compositores de maracatu, por exemplo, eram quase sempre homens. No centenário do frevo, eu fui a única mulher a ter uma composição de maracatu selecionada pela Prefeitura do Recife”, lembra Deusdeth.

No Bellas Marias, a voz não discrimina. Pelo contrário – ela constrói pontes. E as meninas do grupo cantam músicas que costumam se expressar no masculino: os aboios, por exemplo. Neste novo CD, uma circunstância do destino as levou a ir além. Um dos maestros adoeceu. E as musicistas Cynthia Pimentel e Bráulia Vital tiveram de assumir a direção musical.

<< bellas marias canta pernambucodiVErsidadE FEminina nas artEs dE tErEsa costa rêgo, das Loucas dE pEdra LiLás E do bELLas marias

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dia do teatroTEATRO

dia nacional do circo

No Dia Mundial do Teatro e do Circo, 27 de março, artistas pernambucanos têm programação especial. O Movimento de Teatro Popular de Pernambuco e a Associação de Teatro de Olinda organizam uma divertida caminhada no dia 25, em Recife, e no dia 27, em Olinda. O Sesc Casa Amarela tem espetáculos, leitura de contos e exibições de filmes no Teatro Capiba, na biblioteca da unidade, no Alto José do Pinho e no Cineclube Coliseu. Tem apresentações, também, no Sesc Piedade. E, no Teatro Arraial, a peça “Meu Reino por um Drama” (foto) inaugura temporada de circulação pelo estado.

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Cultura dicas

interpoéticaQuem gosta de literatura não pode deixar de acessar o Interpoética, que este ano ganhou novo visual. Ele reúne o que de melhor existe na literatura brasileira e, mais especificamente, pernambucana: www.interpoetica.com

Escritores e talVale conferir, também, o site Escritores e

Tal, que reúne textos de mais de dez poetas e escritores do estado. Há poesias, contos, crôni-cas, artigos, resenhas de livros e notícias. Acesse: www.escritoresetal.com.br

SitesrEcomEndados

O Dia Mundial do Teatro, 27 de março, é também a data de aniversário do Pa-lhaço Piolin, o rei dos palhaços brasileiros. É em sua homenagem que instituiu-se, neste dia, o Dia Nacional do Circo. Abelardo Pinto nasceu em Ribeirão Preto, São Paulo, em 1897 e manteve, por mais de trinta anos, o Circo Piolin. Neste 27 de março, o Sindicato presta homenagem a Alakazam, Madre Escobar e o Arri-circo, Índia Morena, Sandro Danday, Palhaço Cavaquinho, Palhaço Pinóquio, Moleza e Gentileza, Fátima Pontes e a Escola Pernambucana de Circo, Irmãos Santana, Mágico Lu-gom, Mágico Ryan Rodrigues, Sonato Wilker, Circo Trin-dade, Gérson (Circo Trans-América) e Zenaide Ferreira (Circo Big Brasil), entre tantos outros artistas circenses pernambucanos.

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Carnaval Festa

Centenas de bancários lotaram a boate Metrópole, no últi-mo dia 25, e se divertiram pra valer no primeiro Baile

de Máscaras realizado pelo Sindicato. Além de comemorar o carnaval, o even-to abriu a programação do Sindicato para o Dia Internacional da Mulher.

“Foi uma grande festa, os bancários adoraram. O objetivo é realizar bailes como este em todos os carnavais”, ex-plica a secretária para Assuntos da Mu-lher do Sindicato, Sandra Trajano, uma das organizadoras do evento.

O baile ganhou o nome de “Nem oito nem Oitenta”, em alusão ao 8 de Março e aos 80 anos do Sindicato. “O título mostra ainda que o ser humano deve buscar sempre o equilíbrio”, expli-ca Sandra.

O Sindicato escolheu a boate gay Metrópole para realizar o baile de más-caras com o intuito de quebrar tabus e colocar um fim ao preconceito.

Festa realizada pelo Sindicato também marcou a abertura da programação da entidade para o Mês da Mulher

Veja a programação para o mês da mulher03/03 – Bloco Carnavalesco “Nem com uma Flor”Promoção: Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Prefeitura do Recife, com a participação do bloco “CUTucando as Mulheres”, da CUT/PE e demais agremiações femininas. Concentração às 16h30, na Praça do Marco Zero.14 a 18/03 – Semana da Saúde e BelezaShiatsu, manicure, pedicure, maquiagem, avaliação estética, massagem corpo-ral, spa dos pés e muito mais. No Sindicato dos Bancários, com hora marcada. Sindicalizadas não pagam nada.16/03 – Palestra “A Mulher e suas diversas faces”Com a Socióloga Verônica Ferreira (SOS Corpo). Às 19h, no Sindicato.22 e 24 /03 – A Mulher e a Sétima ArteDia 22, às 19h, no Sindicato: “A proposta”Dia 24, às 19h, no Sindicato: “As Bruxas de Eastwick”30/03 – Palesta “A Influência do estresse sobre a libido feminino” Com a professora de História do Direito da Unijorge/BA e doutora em Ciências Sociais pela Unicamp/SP, Petilda Vazquez. Às 19h30, no Sindicato.

baile de máscaras dos bancáriosbaile de máscaras dos bancários

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Saúde condições de trabalho

O Sindicato lançou no último dia 28 de fevereiro um anuário com todos os dados sobre a saúde dos bancários de Pernambuco. O objetivo do levantamento é verificar os principais problemas enfrentados pela ca-tegoria em 2010 e propor soluções para que os trabalhadores tenham

melhores condições de saúde e trabalho nos bancos no Estado. “Com esses dados, que vamos atualizar todos os anos, fica mais fácil sistema-

tizar os problemas e encontrar soluções para negociarmos com os bancos”, explica o secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino, que organizou o anuário.

No ano passado, o Sindicato emitiu 185 Comu-nicações de Acidente de Trabalho (CAT) e os bancos outras 58. Todas elas se reverteram em benefício para os trabalhadores no INSS. A maior parte é resultado das LER/DORT, doença que afeta os bancários mais que a média nacional. “Assim, podemos afirmar que a forma da organização do trabalho nos bancos, somado ao ritmo frenético para vender produtos e bater metas e ao uso intenso de computadores, muitas vezes em condições precárias, são os maiores responsáveis pelas

doenças osteomoleculares nos bancários”, diz Rufino.Outro problema que tem liderado as aberturas de CAT é a violência que bancá-

rios e bancárias sofrem em assaltos ou sequestros. “A falta de segurança tem gerado transtornos psíquicos e nossa categoria já é uma das que mais sofrem com pro-blemas mentais”, afirma Rufino.

>>Sindicato publica anuário com os principais dados sobre a saúde dos bancários de Pernambuco para balizar as negociações com os bancos

como vai a sua saúde?

Tão grave quanto as doenças que afetam os bancários é a postu-ra dos bancos, sobretudo os priva-dos, quando se trata das emissões de CAT. Segundo o levantamento, apenas o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal fazem sistema-ticamente o atendimento multidis-ciplinar aos seus trabalhadores e emissão de CAT quando ocorrem assaltos. Todas as CAT decorrentes de assaltos no setor privado foram emitidas pelo Sindicato.

“Os bancos privados não têm emitido CAT para os bancários víti-mas da insegurança. Temos casos de funcionários que são obrigados a se aposentar por invalidez, devido às consequências e sequelas permanen-tes dos transtornos psíquicos. Temos de pressionar mais os bancos priva-dos para que eles cumpram suas obri-gações e sejam responsáveis com os seus trabalhadores”, finaliza.

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Saúde assédio moral

Os bancários de Pernambuco aca-bam de ganhar um canal exclu-sivo no Sindicato para denunciar casos de assédio moral ocorridos

dentro dos bancos. Menos de um mês após a assinatura do histórico acordo que visa com-bater e prevenir os conflitos nos ambientes de trabalho, o Sindicato disponibilizou um tele-fone e um e-mail para os bancários.

A partir de agora, quem sofrer ou presen-ciar um caso de assédio moral pode denunciar ao Sindicato por meio do telefone (81) 3316-4215 ou pelo e-mail [email protected]. Além da criação desses canais, o Sindicato está instituíndo um grupo dentro da Secretaria de Saúde para acompanhar toda a investigação das denúncias.

Conquista da campanha nacional do ano passado, o acordo assinado em 26 de janeiro estabelece, pela primeira vez na história das relações de trabalho no Brasil, mecanismos de

Luz no fim do túnelSindicato cria canal para bancários denunciarem casos de assédio moral. Problema pode estar com os dias contados, graças a um acordo histórico assinado com os bancos

prevenção e combate ao assédio moral dentro dos bancos. “Este acordo é resultado de muitos anos de luta dos bancários. Só o Sindicato de Pernam-buco trabalha com esta questão há mais de uma década. Vale lembrar que o combate ao assédio moral é uma das principais exigências dos bancários”, comenta a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.

Pelo acordo, os bancos comprometem-se a declarar explicitamente a condenação a qualquer ato de assédio e reconhecem que o objetivo é alcançar a valorização dos empregados, em um ambiente saudável.

“Menos de vinte dias após a assinatura do acordo, o Sindicato co-locou em prática este importante canal para que os bancários possam denunciar os casos de assédio moral. Este acordo é histórico e, desde a assinatura, priorizamos a implantação deste espaço para os trabalha-dores com o objetivo de efetivar esta conquista o mais breve possível”, explica Jaqueline.

Conforme o acordo, a Fenaban deverá fazer uma avaliação semes-tral do programa, com a apresentação de dados estatísticos setoriais. “Os bancos devem criar indicadores que avaliem seu desempenho no que diz respeito ao assédio moral. Os bancários poderão fazer denúncias pelo e-mail ou pelo telefone disponibilizado pelo Sindicato. O sigilo do nome do trabalhador é garantido e, após receber a denúncia, o banco terá 60 dias corridos para apurar o caso e prestar esclarecimentos ao Sindicato”, explica Suzineide Rodrigues, diretora do Sindicato e uma das coor-denadoras do grupo que liderou diversas pesquisas e trabalhos sobre assédio moral no Brasil.

<<Quem sofrer ou presenciar um caso de assédio moral pode denunciar ao Sindicato por meio do telefone (81) 3316-4215 ou pelo e-mail [email protected]

Turismo conheça pernambuco

uma cidade que faz jus ao nome

COMO CHEGARDe Recife, o melhor acesso para Bonito é pela BR 232 que é bem pavimentada e duplicada. Entre para a nova estrada na altura de Bezerros que passa por Sairé, Camocim de São Felix e você chega em Bonito.

Não é por acaso que o município de Boni-to, no agreste pernambucano, recebeu este nome. As belezas naturais da cidade, loca-lizada a 132 km do Recife, são de encher

os olhos. Encravado numa área cercada por cachoei-ras, Bonito é reconhecido como um dos melhores ro-teiros do Estado e é considerada uma das “Sete mara-vilhas de Pernambuco”.

Com oito quedas d’água, riachos e piscinas na-turais, Bonito é um lugar tranquilo para quem quer descansar e curtir suas belezas naturais. E, para os atletas de plantão, o município é perfeito para prati-car o chamado turismo de aventura. Quem gosta de

sentir a adrenalina à flor da pele e desafiar os limites da capacida-de física pode aderir a técnicas de escaladas com cordas, tirolesas, pontes e rapeis.

Além disso, as trilhas disponíveis para os aventureiros que chegam à cidade revelam paisagens escondidas e de uma beleza emocionante. Entre os locais mais procurados, destacam-se a Bica do Engenho Barra Azul; as cachoeiras Pedra Redonda, da Corren-te, Humaytá, do Encanto, Tomada do Mágico e Véu da Noiva; as furnas da Pedra Oca e do Rodeadouro; o Mirante da Serra do Ara-ticum; e a Reserva Ecológica Mata do Mucuri.

Afora toda essa natureza exuberante, com clima ameno e acon-chegante, Bonito ainda conta com um festival de cores formado pelas mãos do homem. A Colônia Japonesa cultiva flores de várias espécies, que dão um colorido especial ao lugar e um presente ao olfato dos visitantes.

Toda essa beleza natural recebe a infra-estrutura da rede hotelei-ra, que também representa outro ponto forte da cidade. Os turistas podem encontrar uma extensa lista de pousadas e hoteis-fazenda, além de várias áreas de camping. E, para os bancários sindicaliza-dos, há descontos especiais no Hotel Fazenda Engenho Pedra do Rodeadouro. Mais informações pelo telefone (81) 3231-1253.

BONITO

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00Fone: 3316.4233 / 3316.4221Correio eletrônico: [email protected]ítio na rede: www.bancariospe.org.br

Presidenta: Jaqueline MelloSecretária de Comunicação: Anabele SilvaJornalista responsável: Fábio Jammal MakhoulConselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Tereza Soza e Jaqueline MelloRedação: Fábio Jammal, Fabiana Coelho e Wellington CorreiaProjeto visual e diagramação: Libório MeloImagem da Capa: Tela de Teresa Costa RêgoImpressão: AGN GráficaTiragem: 10.000 exemplares REVISTA DOS BANCÁRIOS 16

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