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REVISTA DOS BANCÁRIOS 1 Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br DOS Bancários Revista Ano II - Nº 16 - Março de 2012 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco Negras ou brancas, gordas ou magras, baixas ou altas, jovens ou maduras. Toda mulher tem a sua beleza, principalmente se ela for feliz e ignorar o padrão estético imposto pela mídia e pela sociedade A BELEZA DA DIVERSIDADE DIRETORAS DO SINDICATO: ATUAL GESTÃO É A MAIS FEMININA DA HISTÓRIA

Revista dos Bancários 16 - mar. 2012

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Revista dos Bancários - março de 2012

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REVISTA DOS BANCÁRIOS 1

Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br

DOS BancáriosRevista

Ano II - Nº 16 - Março de 2012 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Negras ou brancas, gordas ou magras, baixas ou altas, jovens ou maduras. Toda mulher tem a sua beleza, principalmente se ela for

feliz e ignorar o padrão estético imposto pela mídia e pela sociedade

A BELEZA DADIVERSIDADE

Diretoras Do sinDicato: atual gestão é a mais feminina Da história

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Opinião Editorial

>>O Sindicato ficou satisfeito e feliz ao constatar que as bancárias estão usufruindo plenamente a licença-maternidade de 180 dias

Dever cumprido

DOS BancáriosRevista

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

ÍndiceDia da Mulher

Segurança Bancária

Imprensa: existe imparcialidade?

Entrevista: Paulo Santos

Dia do Teatro e do Circo

Bancário artista

Dicas culturais

Conheça Pernambuco

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No mês da mulher, o Sindicato colocou o tema igualdade de oportunidades no centro das discussões e retomou com a federação dos bancos (Fenaban) as negociações da pauta de reivindicações sobre o assunto.

Durante a reunião, os representantes das instituições financeiras apresentaram um levantamento que deixou o Sindicato satisfeito e feliz. Segundo a Fenaban, as bancárias estão usufruindo plenamente a licença--maternidade de 180 dias, conquistada pela categoria na Campanha Nacional de 2010. Os números mostram que 90,79% das 11.087 bancárias que tiraram licenças--maternidade em 2011 utilizaram os seis meses.

A luta para ampliar a licença-maternidade de quatro para seis meses não foi nada fácil. Depois de muita negociação, pressão e greve, os bancos aceitaram esta reivindicação tão importante, como os próprios

médicos reconhecem. Para os pediatras, a presença integral da mãe nos seis primeiros meses de vida dos bebês faz toda a diferença no desenvolvimento da criança.

A principal justificativa de prorrogar o período de licença--maternidade se dá pela neces-sidade de amamentação nos primeiros seis meses de vida do bebê. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, no

primeiro semestre de vida, a criança deve ser alimenta-da exclusivamente com o leite materno, que é a forma mais barata e fácil de prevenir doenças. Entretanto, muitas mães precisavam forçar os filhos a deixarem de mamar no peito porque tinham de voltar ao trabalho.

A presença das mães com os filhos por mais tempo também faz com que o desenvolvimento da criança no primeiro ano de vida ocorra sem problemas, além de diminuir e muito a mortalidade infantil.

Além de todos esses benefícios, há também o prazer e a satisfação de permanecer mais tempo juntinho com o bebê.

O Sindicato agora luta para ampliar a licença--paternidade. Justamente porque entendemos que a responsabilidade de criar os filhos e até mesmo as tarefas domésticas devem ser divididas, compartilhadas entre homens e mulheres.

Presidenta: Jaqueline melloSecretária de Comunicação: anabele silvaJornalista responsável: fábio Jammal makhoulConselho editorial: anabele silva, geraldo times, tereza souza e Jaqueline melloRedação: fabiana coelho, fábio Jammal makhoul e Wellington correiaProjeto visual e diagramação: libório melo e Bruno lombardiFoto da capa: ivaldo BezerraImpressão: NGE GráficaTiragem: 11.000 exemplares

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Abaixo a ditadura da beleza!

Enquanto a mídia e a sociedade impõem um padrão de beleza em que a mulher tem de ser magra, jovem, branca, de cabelos lisos e esvoaçantes, algumas se recusam a ser escrava destes esterótipos, se aceitam e são felizes

Elas conquistaram o espaço público. Deixaram de ser apenas as donas de casa para serem maioria no mercado

de trabalho. Conquistaram o direito ao voto, alcançaram a educação supe-rior, passaram a exercer o controle da reprodução e reorganizaram os papéis sociais. No entanto, as mulheres conti-nuam escravas de um modelo que exige delas um padrão único de beleza.

O peso das modelos de moda, segun-do Naomi Wolf em seu livro “O mito da beleza”, desceu para 23% abaixo do das mulheres normais. Os distúrbios ligados à nutrição aumentaram e, cada vez mais, aumentam as tecnologias de cirurgias estéticas. As instituições financeiras reproduzem o modelo e, sobretudo nos bancos privados, o

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atendimento ao público é reservado àquelas que se encaixam nos moldes. Mas, há sempre aquelas que desafiam as regras e se amam para além dos padrões.

Suzana Moraes é bela, sorridente, poeta, bem humorada e... gordinha. Para completar, desde pequena é obrigada a tomar corticoides, o que aumenta ainda mais o seu peso. Mas ela não tem qualquer problema com isso. “Nunca sofri preconceitos, nunca tive dificuldades pra namorar... pelo contrário, sempre fui bem namoradeira”, conta Suzana, que é bancária da Caixa.

Suas taxas de glicose e colesterol estão equilibradas. Sua saúde vai bem. En-tão, ela prefere fazer o que lhe dá prazer. “Adoro comer. Não sou muito fã de frituras, mas amo chocolate. Aliás, se você encontrar um gordinho que disser que não come muito, tenha certeza de que ele está mentindo. Eu mesma nunca tive paciência pra dieta, nem para esportes”, revela Suzana.

Capa Dia da Mulher

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Capa Dia da Mulher

A bancária afirma que, em sua agência, esta pressão pela aparência não existe tanto. “Existem outras gordinhas. E creio que todas são tranquilas com relação à autoesti-ma”, diz.

A realidade é bem diferente em outros bancos, sobretudo nos pri-vados. Que o diga Suzineide Ro-drigues, bancária do Bradesco e secretária de Finanças do Sindicato. Ela ainda era aluna da Fundação Bradesco quando ouviu de uma di-retora: “Deste jeito, você nunca vai ser contratada pelo banco”.

A exigência era para que ela se vestisse de acordo com os padrões, alisasse os cabelos, pusesse maquia-gem e fizesse uma dieta – algo que Suzi se recusava a fazer. “Eu era a aluna nota dez. Mas era meio hippie, tinha um jeito próprio de me vestir e não ligava para a aparência. Quando eu fui chamada para fazer o teste no Bradesco, a diretora quase não acredita”, conta.

Vencido o primeiro desafio, o de ser contratada, nova prova começava – dentro do banco. “Fui mandada para o terceiro andar – departamento de

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>>O peso das modelos de moda é 23% menor que o das mulheres normais. Os distúrbios ligados à nutrição cresceram e, cada vez mais, aumentam as tecnologias de cirurgias estéticas. As instituições financeiras reproduzem o modelo, mas há sempre mulheres que desafiam as regras e se amam para além dos padrões

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Elas são 48,48% da mão-de-obra nos bancos. Nos privados, já são maioria. São mais escolarizadas que os homens: 71,67% delas tem curso superior completo, contra 66,52% dos homens. No entanto, ganham em média 24,10% menos que os bancários. Ou 29,92% menos, em bancos privados. É o que revela o levantamento inédito da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financei-ro), feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos

Sócio-econômicos), com base na Rais (Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho).

Os dados mostram ainda que, quanto maior a escolaridade, maior a desi-gualdade. A diferença salarial entre mulheres e homens com doutorado, por exemplo, chega a 53,25%. Enquanto o salário médio de uma bancária com doutorado é de R$ 5.889,10, o de um bancário é R$ 12.595,93.

Para elas, as principais ocupações estão relacionadas com a venda de produtos e

serviços ou atendimento ao público. São “profissionais de comercialização e con-sultoria de serviços bancários”, “agentes, assistentes e auxiliares administrativas”, “gerentes de comercialização, marketing e comunicação”, “técnicas em operações e serviços bancários” ou “operadoras de telemarketing”.

A perspectiva de carreira também é menor, segundo revela o levantamento. Se são maioria nas faixas entre 17 e 39 anos, a partir dos 40 anos, elas tornam--se minoria.

cadastro. No primeiro andar, de atendi-mento ao público e captação, ficavam as belíssimas, as moças-Bradesco. No segundo, as comuns. No terceiro, as que estavam fora dos padrões”, revela.

Em sua agência, havia apenas duas gordinhas. E nenhuma negra. “Claro que não existe nada escrito sobre isso. Mas basta olhar como funcionam as agências, até hoje. Então, as mulhe-res acabam se tornando escravas: se enchem de remédios, vestem cintas, fazem milhões de dietas, alisam os cabelos”, diz.

Suzi contestava. Mas, ao mesmo tempo, como empregada, era forçada a ceder aos padrões. “Tive de aprender a me maquiar e me vestir como as outras se vestiam”, revela. Ao mesmo tempo, tentava compensar as exigências es-téticas exigindo de si própria conhe-cimento e competência. “Onde tinha serviço para aprender, eu ia. Procurava saber muito sobre tudo e executar meu trabalho o melhor possível”.

Como tantas outras mulheres, Suzinei-de já tentou fazer dieta e vestiu cinta para parecer mais magra. “A pressão é muito

grande. A começar pela própria moda: a gente vai numa loja, vê um vestido lindo. Só tem modelo até 44. Que falar, então, na moda da cintura baixa? É difícil a gente encontrar uma roupa que se adapte ao nosso padrão”, desabafa.

Hoje, assim como Suzana, Suzineide aprendeu a valorizar o próprio estilo, para além da ditadura da moda e da beleza. “Até porque o belo não existe. É uma imposição cultural. Então, não adianta viver buscando o corpo perfei-to. A gente tem é que pensar na saúde. E ser feliz”, conclui.

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Pesquisa inédita revela que desigualdades persistem nos bancos

Capa Dia da Mulher

suzana: autoestima

elevaDa

suzineiDe superou o preconceito Do BraDesco com competência

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Segurança bancária Sindicato em ação

Bancos na berlindaDepois de muita pressão do Sindicato, as autoridades deram início às fiscalizações contra os bancos e já autuaram cerca de 15 agências por desrespeito às leis de segurança

Na última edição da Revista dos Bancários, a matéria de capa noticiava que os funcionários dos bancos

de Pernambuco estavam trabalhando apavorados por conta da escalada do número de assaltos às agências. Até o fechamento desta edição, os dados apontavam para 18 ataques a bancos ocorridos apenas em janeiro e fevereiro, número exatamente igual ao de todos os

assaltos registrados em 2011 inteiro. Na tentativa de encontrar uma solução para o problema, o Sindicato se mobilizou

em fevereiro e procurou as autoridades exigindo uma ação imediata no sentido de obrigar os bancos a cumprirem as leis de segurança bancária.

A pressão do Sindicato deu resultado e desde o dia 13 do mês passado a Prefei-tura do Recife e os Procons municipal e estadual estão fiscalizando os bancos. E o resultado tem sido alarmante. Em menos de um mês, cerca de quinze agências bancárias foram autuadas por desrespeito às leis de segurança e podem ser fe-chadas ainda este mês caso não se enquadrem à legislação.

“Graças à pressão do Sindicato, conseguimos finalmente que os órgãos com-petentes dessem início às fiscalizações dos bancos. Já faz quase um ano que a

procon e sinDicato fiscalizam agência Do santanDer Da aveniDa parnamirim, no último Dia 27. tapume no lugar Da porta esconDe as marcas Da violência Do assalto ocorriDo três Dias antes

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lei municipal de segurança bancária do Recife está em vigor e até agora nada de os bancos se mexerem para respeitarem a legislação. Esperamos que com essas autuações e com o possível fechamento de agências os bancos cumpram as leis”, diz a presi-denta do Sindicato, Jaqueline Mello, que tem acompanhado pessoalmente as fiscalizações.

A diretora do Procon Recife, Cleide Torres, responsável por um dos órgãos que comanda a fiscalização, conta que o desrespeito à lei é gritante. Segundo ela, existe agência que não tem nem mesmo autorização da Prefeitura para funcionar. “O Itaú, por exemplo, não tem portas giratórias em suas agências e já foi notificado. Vamos voltar às unidades fiscalizadas e, se o banco não tiver se adequado à lei, vamos fechar as agências para que as pessoas não fiquem expostas. Principalmente os bancários, que correm mais riscos, já que eles convivem com a falta de segurança dia-riamente e não esporadicamente como é o caso dos consumidores”, explica Clei-de, que completa: “Com os lucros que os bancos têm, nada justifica esta falta de investimento em segurança”, diz.

De acordo com o diretor do Sindicato, Flávio Coelho, que também tem acom-panhado as fiscalizações, a comitiva de autoridades pretende voltar ainda este mês nas agências autuadas para verificar se elas estão cumprindo as leis. “O Procon e a Prefeitura deram prazo de dez dias para as agências autuadas se enquadrarem à legislação. Agora, vamos voltar a essas unidades e, se os bancos não tiverem se adequado, vamos fechar as agências”, diz Flávio.

ParCEIro IMPorTanTEA luta do Sindicato para que os

bancos cumpram as leis de segurança bancária ganhou um parceiro impor-tante há alguns meses e que tem sido fundamental para garantir o respeito

dos bancos. Trata-se do Ministério Público de Pernambuco, que no final de fevereiro reforçou o pedido de fiscali-zação ao expedir uma recomendação à Diretoria de Controle Urbano do Recife (Dircon), ao Procon da Prefeitura do Recife e do Estado de Pernambuco exi-gindo que estes órgãos exerçam o poder de polícia, autuando, multando e inter-ditando todas as agências bancárias do

Recife que não estiverem cumprindo a legislação federal e municipal de segurança bancária. O documento é de autoria do promotor de Justiça Ricardo Van Der Linden Coelho.

Segundo o documento, o sistema de segurança oferecido pelos bancos é precário. O promotor destaca que as agências do Recife, em sua maioria, não têm o necessário alvará de fun-cionamento, além de descumprirem a legislação federal e municipal de segurança bancária.

A Lei Municipal nº 17.647/2010, redigida com o auxílio do Sindicato, dispõe que as instituições financeiras e bancárias, estabelecidas no muni-cípio do Recife, ficam obrigadas a instalar equipamentos de segurança como portas blindadas, giratórias e individualizadas em todos os acessos providos ao público, com travamento e retorno automático. Vidros e janelas com blindagem para armas de grosso calibre nas portas de entrada, circuito interno de televisão nas entradas e sa-ídas das agências e também em lugares estratégicos são outras medidas que constam na norma.

Segurança bancária Sindicato em ação

o promotor De Justiça ricarDo van Der linDen coelho tem siDo um granDe parceiro Do sinDicato na luta por mais segurança Bancária

Jaqueline mello: pressão Do sinDicato Deu resultaDo

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Mídia Jornalismo

A imprensa tem um ladoTravestida com o mito da imparcialidade, a imprensa brasileira tem se posicionado quando o assunto é política, favorecendo sempre o lado mais conservador

Nunca antes na história deste país a imprensa brasileira foi tão questionada e cri-ticada como no governo

do presidente Lula. E não era para menos. Praticamente todos os grandes veículos de comunicação trabalharam para derrubar o PT da presidência, prin-cipalmente em 2005, com o chamado escândalo do “mensalão”.

Não que o governo Lula fosse perfeito e não desse motivos para ser criticado. Pelo contrário, houve práticas no mí-nimo questionáveis, que deveriam sim ser denunciadas pela grande imprensa. O problema é que as denúncias deram lugar aos xingamentos e a matérias sem qualquer apuração ou compromisso com a verdade. Os grandes jornais, revistas e redes de televisão abandonaram o jorna-lismo para fazer política, numa tentativa de provar para a população que o governo do PT inventou a corrupção no Brasil. Enquanto isso, a grande imprensa baju-lava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os presidenciáveis tucanos, como José Serra e Geraldo Alckmin, além de mostrar um PSDB cheio de boas intenções com o país.

A cobertura da imprensa nos últimos oito anos foi alvo de centenas de pesqui-

sas acadêmicas e levantamentos feitos pelos próprios jornalistas, revoltados com os rumos tomados pela mídia. Uma destas pesquisas se transformou no livro “Latifúndio Midiota: crime$, crise$ e trapaça$”, do jornalista Leonardo Severo, que será lançado no dia 15 de março na sede do Sindicato.

a MÍDIa naS ELEIçõES 2006

Quando o presidente Lula foi reeleito, em 2006, a população que saiu às ruas para comemorar a vitória do petista fez muitas críticas à cobertura da imprensa. Nos quatro cantos do país, era comum ver alguém levantando um cartaz com os dizeres: a “esperança venceu a mídia”, em contraponto ao mote da campanha anterior do PT, que dizia que a “esperança venceu o medo”.

As críticas tinham razão. Segundo o Observatório Brasileiro de Mídia (OBM), a cobertura da imprensa nas eleições de 2006 foi muito desigual e favoreceu o candidato do PSDB em detrimento de Lula. O OBM acompanhou a cobertura dos candidatos cotidianamente de 6 de julho, data do início oficial das campanhas eleitorais, a 27 de outubro, véspera do se-gundo turno, e o resultado é gritante. Nos

cinco principais jornais do país (Folha de S. Paulo, Estadão, O Globo, Jornal do Brasil e Correio Brasiliense), o Observa-tório constatou o seguinte resultado:

“No conjunto das 13 semanas de campanha que antecederam o primeiro turno, o candidato Lula foi o que teve maior número de reportagens publicadas a seu respeito, portanto sua candidatura foi mais exposta à sociedade do que as demais. Além de maior exposição, a candidatura do petista, durante todo o primeiro turno, teve percentual positivo de reportagens sempre menor que o de Alckmin. Em relação ao percentual negativo, a situação dos candidatos foi inversa. No conjunto dos cinco jornais, o candidato Lula teve o percentual nega-tivo de reportagens sempre maior do que positivo. Nas sete semanas que antecede-ram a votação do primeiro turno, do total de reportagens sobre a candidatura Lula, o percentual de positivas foi sempre me-nor que 30%, enquanto o percentual de negativas se mostrou sempre acima dos

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50%. Em relação à candidatura Alckmin, a tendência da cobertura feita pelos cinco jornais, no seu conjunto, foi inversa. No segundo turno, Alckmin continuou ten-do percentual de reportagens positivas maior do que Lula, inclusive na última semana, quando as pesquisas de opinião indicavam a vitória do petista”.

IMParCIaLIDaDE não ExISTE

A tão propalada imparcialidade é tida como objetivo por todas as principais publicações, que, em tese, perseguem a isenção e o ideal de objetividade. Esses princípios clássicos do jornalismo têm como pressuposto o poder da verdade dos fatos para esclarecer os cidadãos.

Do discurso à realidade, entretanto, há uma longa distância. A objetividade e a imparcialidade estão mais presentes nos dispositivos e normativos técnicos da pro-fissão do que propriamente no dia-a-dia do jornalista. Há regras que podem dei-xar o texto objetivo, mas o enfoque será

sempre subjetivo. Afinal, ao escolher o ângulo mais importante para começar uma notícia, o repórter já está sendo subjetivo.

Para o pesquisador Juremir Machado Silva, no seu livro “A miséria do jornalis-mo brasileiro: as (in)certezas da mídia”, o pensamento do jornalista é humano e funciona a partir de uma bagagem cul-tural e ideológica. O autor diz que desde a invenção do jornalismo a objetividade é uma gangorra que sobe e desce de acordo com a filosofia do patrão e com a moda profissional. Silva acredita que “a sociologia expulsou o mito da objeti-vidade pela porta da frente, mas, pragmático, ele voltou pela janela”, principalmente nos tempos em que infor-mação é mercadoria. Para Silva, isenção nada mais é do que o “nome que se dá à opinião que recebe o apoio de um grupo em condição de fazer valer as suas ideias em determinada situação”.

Mas, o posicionamento ideológico, segundo Nélson Jahr Garcia, no livro “O que é propaganda ideológica”, é sutil, com aparência de neutralidade, engendrado por emissores cuja autoria é de difícil identi-ficação, motivados por interesses igual-mente difusos. A propaganda ideológica, segundo o autor, tem a função de formar a maior parte das ideias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social.

“Jornais e revistas, por informarem constantemente sobre os fatos regionais e internacionais, contribuem em alto grau para fornecer aos leitores uma determi-nada visão da realidade em que vivem. Dessa maneira transmitem os elementos fundamentais para a formação de um conceito da sociedade e do papel que cada um deve exercer nela. Por trabalhar com fenômenos apresentados de maneira aparentemente objetiva, como se fosse a mera e simples apresentação dos fatos

puros, tais como realmente ocorreram, adquire uma aparência de neutralidade que assegura a confiança da maioria dos leitores. Mas essa neutralidade não é real”, diz Garcia.

Uma das condições básicas para o su-cesso da propaganda ideológica, segundo o autor, é a ignorância do receptor de que está sendo alvo de uma tentativa de manipulação, acreditando receber uma

informação como se ela fosse objetiva e despro-vida de interesses.

A manipulação tam-bém tem uma boa dose de contrapropaganda, cujo objetivo, segundo Garcia, é causar efeitos negativos no público em relação à ideologia concorrente ou a seus representantes. Os arti-fícios disponíveis para a contrapropaganda são

variados, entre eles, a difamação, ex-ploração de preconceitos latentes, fatos forjados, fragmentação.

>>Há regras que podem deixar o texto jornalístico objetivo, mas o enfoque escolhido pelo repórter será sempre subjetivo e baseado em suas ideologias

Mídia Jornalismo

livro De leonarDo severo será lançaDo no Dia 15 na seDe Do sinDicato

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Literatura contra a usurpação da memóriaO mais duro dos castigos infli-

gidos ao espírito libertário pernambucano não foi o saldo de mais de 1.600 feridos na

Revolução de 1817. Não foi, muito me-nos, nos ter privado da Paraíba, Alagoas ou Rio Grande do Norte - outrora partes de nosso território. Não foi a repressão cruel de cada uma das revoltas, com mortes em praça pública, cabeças e

mãos mutiladas... O mais duro dos castigos foi a usurpação de nossa memória. Nossos heróis, nossos feitos bravios, nossa capacidade de luta foram banidos dos livros de história. Minguaram-nos, pouco a pouco, a autoestima como forma de nos manter silenciosos. Em 2007, o escritor Paulo Santos nos devolveu um pouco de nossa memória em forma do livro “A Noiva da Revolução”. Foi o ano em que 6 de março foi considerado a data magna do estado pernambucano. No ano passado, deu-nos mais um pouco, relançando o livro de José de Alencar sobre a guerra dos mascates. Agora, nos brinda com mais um herói, em seu livro sobre Abreu e Lima, a ser lançado em abril. Nesta entrevista, Paulo fala um pouco sobre a importância de nossa data magna e a riqueza de nossa história.

rEVISTa DoS BanCÁrIoS – Como surgiu este interesse pela história de Per-nambuco?PaULo SanToS – Eu cursei história e jornalismo. E sempre fui um apaixonado pela história. E a nossa, de nosso estado, é uma das mais ricas do país. Sem ufanismo. E é, também, a menos conhecida. Nossa memória foi usurpada e a história foi apagada por questões políticas, mais especificamente

todos os eventos do século XIX, que não foram poucos. Por quatro vezes, Pernambuco se declarou autônomo...

rB – E como é feito este apagamento?PaULo SanToS – Existe um texto de Francisco Adolfo Vanhargen, historiador oficial do império na época, em que ele fala sobre a Revolução de 1817 e diz, com todas as letras, que aquele assunto não poderia, de

forma alguma, ser divulgado. A Revolução de 1817 incomodou durante muito tempo: enquanto o Brasil era colônia, porque Per-nambuco se declarou independente; depois da independência, porque se criou um estado republicano; e durante todo o período escra-vocrata, porque aboliu-se a escravidão. En-tão, tudo o que aconteceu naquele período foi cuidadosamente apagado. E só voltou à tona cem anos depois, já em tempos de República,

tela De José clauDio soBre a revolução De 1817, representanDo a criação Da BanDeira De pernamBuco

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quando 6 de março foi considerado feriado nacional e a bandeira da Revolução passou a ser a bandeira de Pernambuco.

rB – Depois, o assunto foi silenciado novamente...PaULo SanToS – Durante o Estado Novo, com um governo federalista, a inten-ção era diminuir a autonomia do estado. E o feriado do 6 de março deixou de existir. Depois veio o golpe militar, que não tinha interesse algum em atiçar a nossa memória de lutas...

rB – Mas em outros estados isso não acontece?PaULo SanToS – Não. Se você chega em qualquer canto de Minas Gerais, por exemplo, é inconcebível alguém não saber quem foi Tiradentes. E aqui? Alguém sabe quem foi Cruz Cabugá? E, sem desmerecer

os fatos da Inconfidência Mineira, a expres-sividade é infinitamente menor. Aqui, nós tivemos um governo, exército, marinha, até embaixador nos Estados Unidos. É só con-ferir o tamanho da repressão: a Revolução de 1817 deixou 1600 mortos e feridos e mais 800 exilados. E a Inconfidência Mineira? No entanto, é ela quem ocupa maior espaço nos livros didáticos.

rB – E a Guerra dos Mascates? Você tam-bém fez a revisão e relançamento do livro de José de Alencar sobre o tema, não foi?PaULo SanToS – É. A Guerra dos Mascates é de 1710, completou 300 anos. Começou como uma revolta dos donos de terra olindenses contra os comerciantes portugueses, que moravam no Recife, impunham preços absurdos para as mer-cadorias e compravam a matéria-prima por valores menores. Antes dos holandeses,

Pernambuco era uma espécie de estado priva-tizado: a capitania era de Duarte Coelho e isso dava a ela maior auto-nomia. Depois, o impé-rio português tomou as rédeas e passou a ditar as regras comerciais e impôr o monopólio de seus produtos. Mas foi uma guerra: 700 pes-soas morreram, o que, na época, correspondia a 10% da população. Foi algo semelhante ao que aconteceu nos Estados Unidos em 1736, só que, lá, havia o apoio da França. Enfim, nossa história é riquíssima e, no entanto, só se fala dos holandeses, do boi voador. E não é difícil entender porque. Na época da Revolução, este era o discurso do Império: que o estado tinha de mirar o exemplo de seus heróis, que defenderam a bandeira de Portugal.

rB – Mas como é possível silenciar fatos tão significativos durante tanto tempo? E nossos historiadores?PaULo SanToS – Temos uma boa his-toriografia e excelentes historiadores. Mas o que eles escrevem fica restrito à Academia.

rB – Como isso repercute na identidade do povo pernambucano?PaULo SanToS – Tem um escritor francês, chamado Tocqueville, que afirmava: “Quando o passado não ilumina o futuro, o espírito vagueia nas trevas”. Todo povo é resultado de um processo. No entanto, em Pernambuco, é como se tivéssemos, toda a população, nascido ontem. Temos um orgu-lho de nosso estado, é claro: de cantar nosso hino e vestir as cores de nossa bandeira. Mas não sabemos explicar porque.

rB – E a rivalidade com os baianos, tam-bém pode ter origem histórica?PaULo SanToS – Metade da Bahia

<<Se você chega em qualquer canto de Minas Gerais, por exemplo, é inconcebível alguém não saber quem foi Tiradentes. E aqui? Alguém sabe quem foi Cruz Cabugá?

Entrevista Paulo Santos de oliveiraEntrevista Paulo Santos de oliveira

paulo santos: na Batalha para que a história não seJa esqueciDa

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era Pernambuco. Foi tomada após a Con-federação do Equador. E éramos – a Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro – as principais províncias do país. Em 1817, foram os baianos quem mandaram o exército para cá. Então, assim como temos um orgulho e não sabemos de onde vem, a rivalidade também tem seus motivos.

rB – Como você desenterrou todas essas histórias?PaULo SanToS – No princípio, minha intenção era trabalhar com quadrinhos sobre a Confederação do Equador. Acabei abandonando esta ideia e decidindo escrever um romance. Só que, para isso, a pesquisa tem de ser bem mais aprofundada. Ao pes-quisar sobre a Confederação do Equador, fui obviamente levado até a Revolução de 1817. E fiquei baratinado. Como é que eu, que estudei história, não sabia de tudo isso? Comecei, então, um imenso quebra-cabeça, já que existe muita coisa escrita, mas cada historiador se debruça em um prisma bem específico. Comecei a juntar tudo, buscar aquilo que faltava... foram três anos até sair “A Noiva da Revolução”.

rB – E por que esta história de amor?PaULo SanToS – Porque é uma história incrível. Um Romeu e Julieta perfeito: a filha de portugueses e o revolucionário... Foi o casamento mais importante da histó-ria do Brasil. E que precisou esperar uma revolução para acontecer.

rB – Como você avalia a repercussão do livro?PaULo SanToS – Estou lançando, em abril, a quarta edição. O livro está esgotado. Significa que a repercussão foi bem melhor do que eu imaginava.

rB – E quanto ao novo projeto?PaULo SanToS – Junto com a quarta edição da “Noiva da Revolução”, eu lanço a segunda edição da “Guerra dos Mascates” e um novo livro: “O General das Massas”. É a história de Abreu em Lima. Uma história

riquíssima e, como sempre, desconhecida em nosso estado. Durante a Revolução de 1817, Abreu e Lima foi forçado a assistir o fuzilamento de seu próprio pai, João Roma. Saiu do país, se tornou general na Venezuela e foi um dos grandes heróis da Revolução Bolivariana. Era também um intelectual, que escreveu o primeiro tratado sobre so-cialismo das Américas. Não o socialismo marxista. Mas já falando em luta de classes. Para este, foram quatro anos de pesquisa. Afinal, são vinte anos de história na América Latina e América do Sul...

rB – O que falta para popularizar nossa

data magna?PaULo SanToS – Interesse. Todo estado tem sua data magna. No dia 2 de julho, a Bahia para: é feriado, tem fes-tas, comemorações. No dia 9 de julho, é feriado em São Paulo. Aqui, somente em 2007, a data foi criada. Fez-se uma consulta popular e o 6 de março, início da Revolução de 1817, foi escolhido. No entanto, o feriado foi criado e abolido. E o motivo, mais uma vez, como nos tempos da Guerra dos Mascates, foram os interesses comerciais. O governo cedeu à pressão dos comerciantes e o feriado foi transferido para um domingo.

Entrevista Paulo Santos de oliveira

paulo lança a quarta eDição De “a noiva Da revolução” no mês que vem

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Cultura Carnaval

Abram alas para o circo

Comemorado em 27 de março, o Dia do Teatro e do Circo é a data perfeita para homenagear artistas anônimos que levam alegria para os quatro cantos do país

Vinte e sete de março é Dia do Teatro e do Circo. E, para falar em nome des-tes artistas, a Revista dos

Bancários escolheu uma: Margarida Pereira de Alcântara, a Índia Morena. Com 65 anos, 55 deles dedicados à arte circense, ela é uma batalhadora incan-sável pelos direitos de quem trabalha sob a lona. Começou cedo, criança ainda. E faz questão de ressaltar: “O circo é minha vida”.

Sua estreia para o público não co-meçou tão gloriosa. A menina de nove anos, catadora de crustáceos no bairro de Afogados, no Recife, driblou as proibições da mãe e foi escondida ao circo para disputar o corte de tecido que seria entregue a quem cantasse melhor. “Recebi a maior vaia”, lembra. Mas o caminho para a arte se abria e as glórias viriam depois.

Já no ano seguinte, um novo circo aportou e ela viu que era ali que sua

vida tinha de se amarrar. Afeiçoou-se aos artistas e encontrou sua madrinha na arte circense. Faltava apenas convencer sua mãe. E esta era a tarefa mais difícil. “Eu era o esteio da família. Catava crustáceos com ela, ajudava em casa, tomava conta de meus cinco irmãos... No começo, ela não queria que eu fosse. Terminou autorizando, mas a contragosto”, conta a artista.

E a menina foi embora com o circo. Passou pelo trapézio voador, pela escada giratória, arame vertical, e se consagrou com o contorcionismo. Nestas mais de cinco décadas sob as lonas, foram mais de 50 circos, como o Bartolo, Garcia, e o argentino New American Circus. Índia Morena ainda se apresentou várias vezes no exterior, em países como Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. “Tenho certeza que não desapontei minha mãe”, diz.

Hoje, ela mora em Muribeca. É cidadã jaboatonense e patrimônio vivo de Per-nambuco. Mas continua levando sua vida simples e brigando muito para defender

a classe circense. De seus dois filhos, uma seguiu os passos da mãe: é artista e dança na perna-de-pau. “Já sofri muito na vida. Mas foi o circo quem me deu tudo”. Sua luta, agora, é para criar um museu, com as fotos, figurinos, adereços e toda a memória do circo que guarda em sua pequena casinha.

ÍnDia morena:“o circo é minha viDa”

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Cultura Bancária artista

Karynna Spinelli, funcionária do Banco do Brasil há 10 anos, tem a música e o samba no sangue. Os pais tocavam

violão, o pai era cantor de seresta. Em sua casa, se reuniam os amigos músicos da família em rodas de samba. Neste ambiente, ela cresceu e a arte passou a pulsar naturalmente em suas veias. Há sete anos, o que já era vocação começou a tomar rumo profissional.

Sua trajetória como sambista começou com o grupo Na Calçada. “Era um grupo só de homens e meu irmão era o produtor. Ele sentiu necessidade de uma voz femini-na e me chamou pra participar, cantando e tocando percussão”, conta Karynna.

O irmão, aliás, é figura essencial em seu caminho artístico. Quando Karynna

decidiu buscar seu próprio som e seguir uma carreira solo, ele continuou na produção. “Fizemos questão de ter pessoas bem comprometidas na equipe, com uma produção de qualidade, um bom assessor de imprensa... tudo isso, aliado à parceria com outros músicos, foi essencial para o reconhecimento de meu trabalho”, diz a sambista.

Há três anos, ela decidiu realizar outro sonho de criança: o “Clube do Samba do Recife”. A ideia nasceu em 2009, ano em que o primeiro Clube do Samba, movimento realizado por João Nogueira, completou 30 anos. O movimento cresceu, ganhou corpo e, hoje, todo mês, cerca de 100 artistas se apresentam no Morro da Conceição para um público de mais de 5 mil pessoas. “O Clube do Samba já não movimenta apenas a cultura do Morro, mas também o turismo e o comércio local”, ressalta Karynna.

Difícil mesmo é conciliar a vida de artista e a de bancária: “Não é nada fácil. Minha vida está uma loucura!...”, confessa a gerente de relacionamentos do BB. Nos próximos dias, ela participa de sua primeira turnê nacional. Com apoio do governo do estado, ela se apresenta no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. “Tiro férias do banco para trabalhar na música”, diz.

Em abril, ela dá início a um projeto em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, com músicas do rei do baião e composições próprias inspiradas no universo do artista. A segunda prioridade é o primeiro DVD, que está em fase de pré-produção, para ser lançado em 2013.

Karynna Spinelli

O samba no sangue

Funcionária do Banco do Brasil há 10 anos, a cantora e compositora Karynna Spinelli investiu em seu sonho e agora vê a carreira de artista deslanchar

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Cultura Dicas

ANIVERSÁRIO

auto da Compadecida: 20 anos de temporada

No dia 12, Recife e Olinda completam 475 e 477 anos, respectivamente. E a dica é conhecer a capital pernambucana pedalando. O IV Passeio Ciclístico vai percorrer os bairros de São José, Boa Vista, Santo Antônio e Santo Amaro, passando pela Ponte Giratória, Ponte Velha, Ponte da Boa Vista, Buarque de Macedo, Maurício de Nassau, Ponte Princesa Isabel e do Limoeiro. No caminho, um guia de turismo fala sobre nossa história e cultura. A saída é do Marco Zero e o ingresso é um pacote de leite. Mais informações: 3355-8847.

L I T E R A T U R ArECoMEnDaDoS

A peça “O Auto da Compadecida”, da Dramart Produções, se despede dos pal-cos após 20 anos de gloriosa temporada. O texto, de Ariano Suassuna, foi montado em 2002, com direção de Marco Camarott, falecido em 2004. Desde então, a peça já rodou o Brasil inteiro e foi vista por mais de 300 mil espectadores em quase trinta cidades pernambucanas. Para marcar este aniversário especial, o elenco vai fazer duas únicas sessões de despedida da peça no Teatro de Santa Isabel, dia 10 e 11 de março, às 20h e 19h respectivamente, com ingressos a R$ 20 e R$ 10 (estudantes, professores e maiores de 60 anos) .

recife e olinda em festa

HaikaianoWilson Freire, autor de “A mulher que queria

ser Micheline Verunschy”, lança no dia 17 seu novo livro: “Haikaiando”. São microcontos, microcrôni-cas, haikais e micropoemas, em um lançamento re-gado a recitais e música. No Mercado da Madalena, Canto Sertanejo (Box 15), a partir das 10 horas.

aniversário da UBENo dia 15, a União Brasileira dos Escritores em

Pernambuco comemora 54 anos. Os festejos acon-tecem a partir das 19 horas, na sede da entidade, Rua Santana, Casa Forte. Na ocasião, o escritor Frederi-co Pernambucano de Melo será admitido na Ordem do Mérito Literário Jorge de Albuquerque Coelho.

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Turismo Conheça Pernambuco

rECIFE

No princípio, era apenas um ancoradouro de navios. Era 12 de março de 1537, quando o então donatário

da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, recebeu a carta de doação da Coroa Portuguesa. Dizia a escritura: “...todos os mangues em redor desta vila, que estão ao longo do rio Beberibe para baixo, e para cima até onde tiver terra de arvoredo, e os do rio dos Cedros e Ilha do Porto dos Navios. Os varadouros que estão dentro e os que (...) se acharem ao redor da vila e terreno dela, será para serviço seu e do seu povo”. Nome do lugarejo: Recife dos Navios.

O tempo passou. Os holandeses che-garam. O lugar cresceu. Quando os ho-landeses saíram, em 1654, o bairro do Recife contabilizava 300 prédios. Eram casas térreas, sobrados com um ou dois andares, mirantes, a Igreja do Corpo Santo, o Palácio do Governo, a Alfân-

Lembranças de 475 anos

dega, cadeia, provedoria, Casa da Câmara, a Sinagoga dos Judeus e armazéns. Mais tarde, no início do século dezoito, depois da longa “Guerra dos Mascates”

com Olinda, os comerciantes locais receberiam de Portugal autorização para construir no local a Vila de Santo Antônio do Recife, que se tornaria capital de Pernambuco. Um século depois, o bairro que foi a origem de nossa capital abrigava a população mais pobre da cidade: pescadores, artesãos, caixeiros, trabalhadores portuários. A elite se concentrava em áreas como Boa Vista e Benfica.

O século XX veio com a primeira reforma do bairro. Foram alargadas ruas, como a Marquês de Olinda, e criadas outras, a exemplo da Avenida Rio Branco. Foram elaborados planos de saneamento. Por outro lado, muito de nosso patrimô-nio histórico foi destruído, a exemplo da capela do Corpo Santo e dos Arcos da Conceição e Santo Antônio. Dos 1.180 prédios do bairro, 205 foram demolidos.

Mesmo assim, passear pelo bairro do Recife é uma viagem pela nossa história. Estão lá o Marco Zero, o Porto do Recife, a Alfândega, a Torre Malakoff, o Forte do Brum, a antiga Bolsa de Valores, a Cruz do Patrão. Este último é, aliás, o lugar mais assombrado da cidade, lugar onde se enterravam os escravos que morriam ao chegar da África. Dizem que quem passa à noite pelo lugar ouve gemidos angustiantes e vê terríveis almas penadas.

A dica é passear a pé pelo bairro do Recife, de preferência depois de ter lido um pouco sobre nossa história. Uma sugestão é o site www.longoalcance.com.br/brecife. Então, pegar uma canoa, atravessar o rio e contemplar as esculturas de Brennand. Depois, tomar um maltado nas “Galerias”, que agora está localizada na Rua da Guia.