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Revista Edital

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Edição n° 20, ano 2014

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REVISTA EDITAL > EDIÇÃO 20 > nOVEmbRO 2014 > págInA 2

EDITORIAL

Tecnologia e inovação na transmissão de conteúdo jurídicoSejam bem-vindos à 20ª edição da Revista Edital, como sempre, imperdível. Este mês, com um gostinho a mais de investigação, mistério, prisões e até mesmo tipologias criminais. Calma, não precisa ter medo. Basta ser curioso e dar atenção aos detalhes para desvendar pistas e solucionar casos intrigantes, pois nas próximas páginas você sentirá um pouco das experiências que o I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais irá proporcionar aos mais de 200 mil inscritos neste grande evento.

O Congresso vai reunir os maiores criminalistas do Brasil, nos dias 20, 21 e 22 de novembro e as inscrições são gratuitas. As palestras serão todas transmitidas ao vivo pela internet. Portanto, prepare-se para mergulhar no novo mundo que apresentamos nas próximas páginas.

Na seção Entrevista, o professor Rogério Sanches, coordenador científico do I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais traz detalhes importantes sobre as temáticas que serão apresentadas no evento. Sanches será ainda Presidente de Mesa durante as palestras dos dias 21 e 22 de novembro.

A Edição de número 20 traz ainda artigos dos juristas Adel El Tasse e Ana Cristina Mendonça, que falam, respectivamente, sobre a plenitude de defesa no tribunal do júri e Transação penal, “naturezas jurídicas” e a Súmula Vinculante 35.

A seção Preparação, sob os cuidados da jornalista Ana Laranjeira, traz um breve histórico com dados curiosos sobre a evolução das técnicas de investigação criminal ao longo dos séculos. Um resumo de conhecimentos acumulados por juristas e cientistas, que pode ser inspirador para quem sonha em ingressar na área Penal e Processual Penal.

Dando continuidade a esta sequência de temas, outro bom destaque é a seção Explorando a Matéria, que nesta Edição vai abordar os principais pontos a serem estudados na disciplina de Direito Penal e Processo Penal e como as bancas cobram seus conteúdos relacionados.

Confira também Notas Curtas sobre as notícias mais recentes do universo jurídico e dos concursos, Questões Comentadas, um Perfil de todos os palestrantes do I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais, além das dúvidas e sugestões dos nossos leitores e Dicas de Leitura que podem ajudar seus estudos.

Fique à vontade e boa leitura.

Nas próximas páginas você sentirá um pouco das experiências que o I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais irá proporcionar aos mais de 200 mil inscritos neste grande evento.

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VEJA A REVISTA EDITAL TAMBÉM PELO APLICATIVO

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COL UNAS > O Professor e Promotor Adel El Tasse explica a Plenitude de Defesa...........07

> Ana Cristina Mendonça esclarece discussões sobre Transação Penal................10

PRE PARAÇÃO > Uma arte chamada Investigação Criminal: as evoluções da área ao longo dos séculos............................................................16

ENT REVISTA > Rogério Sanches fala sobre a reforma do Código Penal e as expectativas para o Congresso..............................................................21

CAP A > Tecnologia aliada à educação: saiba tudo sobre o I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais.................................................................23

EXP LORANDO A MATÉRIA > Como estudar Direito Penal e Processo Penal? Os professores Ana Cristina Mendonça e Geovane Moraes ensinam os detalhes...............................................................32

PER FIL > Conheça um pouco mais sobre os palestrantes do I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais.................................................36

QUE STÕES COMENTADAS > Agora é com você! Faça o teste respondendo às questões sobre Direito Penal e Processo Penal...........................41

E MAIS:VOCÊ..............................................................................04NOTAS CURTAS...........................................................05SUGESTÕES .................................................................29

SUMARI

O

DIREÇÃO GERAL Renato Saraiva

REDAÇÃO Edição e redação: Ana

Laranjeira, Manoela Moreira, Joffre Melo e

Amanda Melo Colaboraram nesta

edição: Adel El Tasse, Ana Cristina Mendonça, Danilo

Christófaro, Francisco Sales, Geovane Moraes,

Guilherme Rocha, Renato Saraiva e Rogério Sanches.

Revisão: Ana Laranjeira e Amanda Fantini Bove

EDITORA, PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Direção Geral:

Guilherme Saraiva

Direção de arte e animação:

Samira Cardoso

Design gráfico e diagramação:

Euller Camargo, Juliana Carvalho e Taíssa Bach

AUDIOVISUAL Direção audiovisual:

Jefferson Cruz

Gerente audiovisual: Pedro Zanré

PUBLICIDADE Gerente de Marketing:

Ivo Colen

Criação Publicitária: Diego Pinheiro, Raphaell Aretakis e Rodrigo SouzaEssa página

funciona como um menu interativo!Clique sobre o título da matéria ou seção para ser direcionado para o item desejado. :)

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VOCÊ

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ELOGIOSAO nOSSO SEGUIDOR MARCELO RODRIGUES (SÃO PAULO), MUITO OBRIGADA! ALÉM DE CURTIR AS PUBLICAÇõES DA 19ª EDIÇÃO DA REVISTA EDITAL nAS nOSSAS REDES, MARCELO TAMBÉM COMPARTILhOU EM GRAnDE ESCALA A nOSSA CAMPAnhA #EUSOUCERS! ALÉM DELE, ÉRIkA SPínOLA (RIO DE JAnEIRO), LILIAn SILVA (CEARá), hUGO LEOnARDO SOARES (MARAnhÃO), E MUITOS OUTROS LEITORES, ACOMPAnhAM A REVISTA EDITAL nAS REDES SOCIAIS DO CERS CURSOS OnLInE! AGRADECEMOS A TODOS E ESPERAMOS qUE APROVEITEM AS nOVIDADES E COnTEúDOS DA 20ª EDIÇÃO DA EDITAL! EqUIPE DA REVISTA EDITAL

> Olá Redação! Sigo as redes sociais do CERS e não perco uma edição da Revista

Edital! Com o I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais se aproximando,

gostaria de conhecer mais sobre a formação profissional dos palestrantes, além de saber

um pouco mais sobre suas carreiras.

CAROLLInE CAVALCAnTI – RECIfE/PE

OLá, CAROLLInE! É UM PRAzER Tê-LA COMO UMA DE nOSSAS fIÉIS LEITO-RAS! PARA COnhECER MAIS SOBRE CADA PALESTRAnTE DO I COnGRESSO JURíDICO OnLInE DE CIênCIAS CRIMI-nAIS, COnfIRA AS PáGInAS DA SEÇÃO PERfIL, OnDE VAMOS DISPOnIBILIzAR CURRíCULO RESUMIDO DE CADA COn-fEREnCISTA qUE VAI PARTICIPAR. nÃO DEIxE DE LER A 20ª EDIÇÃO DA REVIS-TA EDITAL COMPLETA, qUE VAI COnTAR TODOS OS DETALhES SOBRE O I COn-GRESSO JURíDICO OnLInE!

EqUIPE REVISTA EDITAL

NOSSAS REDES

NÓS CURTIMOS VOCÊ!

SUGE

STÕ

ES

ESCREVA PARA NÓS > [email protected]

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notas curtas

ParceriasAcreditando no diferencial de ensino, cinco renomadas instituições se tornaram patrocinadoras do Congresso: o PagSeguro e as editoras Juspodivm, Atlas, Armador e Saraiva. Além delas, outras estão apoiando o evento: Seegma, Múltipla, Exceda, Gamil Foppel Advogados Associados, e OAB-CAA/PE. A divulgação teve o apoio da Folha Dirigida, Correio Braziliense, JusNavegandi, Consultor Jurídico e JC Concursos. A promoção é da Faculdade Baiana de Direito e a realização do CERS Cursos Online.

Certificados SOrteIOSe participar deste evento online já será uma grande experiência, imagine acompanhar tudo diretamente dos estúdios de transmissão! O CERS sorteou duas entradas entre os inscritos para assistir presencialmente ao evento, realizado em Recife (PE). Os vencedores foram Adson Santos, de Teresina (PI), e Patrícia Lacerda, de São Gotardo (MG). Eles ganharam passagem aérea, hospedagem e translado para participar dos três dias do evento com direito a um acompanhante.

Além de todo o conhecimento adquirido, os parti-cipantes do I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais também vão poder aproveitar o evento para complementar a carga horária extracurricular. Serão 20 horas/aulas, contempladas entre as pales-tras e fóruns temáticos. O pedido de emissão deve-rá ser realizado na área do aluno do site ao custo de R$ 50, se solicitado antecipadamente até o dia 25 de novembro. O certificado será disponibilizado exclu-sivamente em formato digital, com a condição de o espectador assistir a, no mínimo, 75% do tempo da programação. O documento será expedido pela Fa-culdade Baiana de Direito.

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notas curtas

“Nós não temos previsão normativa que verse sobre insignificância ou criminalidade baga-tela. Trata-se de um estatuto jurídico de na-tureza supralegal. É um instituto que foi in-troduzido no Brasil através dos doutrinadores que acabou chegando aos tribunais superiores e, de tão repetido nos julgados do STJ e STF, acabou sendo incorporado ao dia a dia dos operadores do Direito Penal”.

“Segundo o recente informativo nº 756 do STF, é possível o reconhecimento da insignifi-cância ao condenado reincidente desde que na espécie a reincidência não tenha se processa-do pelo mesmo delito”.

Geovane Moraes – Criminalidade de Bagatela a Luz da Jurisprudência dos Tribunais Superiores

“Quando o oficial das forças armadas ou da PM é o encarregado de uma inquisa ele pode solicitar informações, exames, avaliações, peritos a qualquer autoridade policial. Não fica restrita ao âmbito militar”.

“Civis podem ser processados e julgados pela Justiça Militar da União, mas não podem pela estadual. Se o civil cometer um crime militar que ofenda uma instituição militar estadual vai ser processado pela justiça comum esta-dual de acordo com a súmula nº 53 do STJ”.

Guilherme Rocha – Investigação Criminal Mi-litar: Instauração, Condução e Conclusão

“Apesar de na mídia ser comum o uso da ex-pressão delação premiada, o ideal é o uso do

Fóruns Temáticostermo colaboração premiada por ser o gênero da qual a deleção é apenas uma de sua espécie. Delação obrigatoriamente pressupõe que haja a incriminação de comparsa (chamamento de corréu). Mas a delação não é a única forma de colaborar, podendo o réu fornecer informa-ções sobre localização da vítima ou indicando a localização do produto, por exemplo.”

Renato Brasileiro - Colaboração Premiada

“O momento oportuno de o juiz aplicar o emendatio libelli seria na sentença, ao adequar o tipo penal cabível ao caso concreto. Mas não poderia o juiz desde logo receber a denúncia pelo tipo penal adequado, viabilizando a ofer-ta da suspensão condicional do processo ou uma hipótese de incompetência flagrante do juízo?”

“Todas as vezes que durante o processo ficar demonstrado fatos diferentes daqueles indi-cados na denúncia ou na queixa, o que deve ocorrer é a alteração da narrativa fática por parte do órgão de acusação de forma a viabili-zar o exercício da ampla defesa e o julgamento por parte do juiz”.

“O grande problema relacionado ao instituto do emendatio e mutatio libelli não diz respeito à figura da correlação entre acusação e senten-ça, mas sim a efetividade do princípio do con-traditório”.

Ana Cristina Mendonça - Aspectos Contro-versos Acerca da Emendatio e Mutatio Libelli

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artigo jurídico

A plenitude de defesa no tribunal do júri

Com o objetivo de ser promovida a igualdade entre as partes, a Constituição Federal proclama que no Tribu-nal do Júri, mais além da ampla defesa, vigora a plenitu-de de defesa.

Não se deve precipitadamente interpretar este princí-pio constitucional, limitando-o a um conteúdo puramen-te formal, pois, em verdade, o que ele faz é estabelecer um comando quanto à estruturação de todo procedimento do Tribunal do Júri.

Não se trata de mera repetição da garantia de am-pla defesa, contemplada no artigo 5º, inciso LV, da carta constitucional, pois seria absolutamente ilógico se tivesse a Constituição Federal promovido, quando tratou do Tri-bunal do Júri, mera e desnecessária repetição da mesma garantia de ampla defesa, prevista para todos os processos judiciais e administrativos.

Deve ser observado que, tendo em conta a gravidade dos fatos que são submetidos a julgamento pelo Júri e, por via de consequência, a magnitude das penas que podem ser impostas, a Carta Maior estabeleceu o conteúdo de re-

POR ADEL EL TASSE*

Deve ser observado que, tendo em

conta a gravidade dos fatos que

são submetidos a julgamento pelo Júri e, por via de consequência, a magnitude das

penas que podem ser impostas,

a Carta Maior estabeleceu o

conteúdo de reforço nos predicados

defensivos em favor do acusado.

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artigo jurídico

forço nos predicados defensivos em favor do acusado.

Há verdadeiro desequilíbrio constitucio-nal quando nos julgamentos pelo Júri, no sen-tido de que as interpretações devem ser sem-pre as mais aptas a atender o conteúdo dos interesses defensivos, da mesma forma, não pode haver a utilização de qualquer mecanis-mo que minore as possibilidades de se defen-der do indivíduo acusado.

Não há, com isso, que se imaginar ocorri-da quebra à isonomia das partes no processo, pois o que a Constituição Federal faz é promo-ver aparente desequilíbrio em favor da defesa para cumprir a exigência de real isonomia ou isonomia material.

É inegável que o poderio estatal na perse-cução criminal é incomparavelmente superior à capacidade de defesa de qualquer acusado, pois, se de um lado está toda a estrutura poli-cial civil e militar, além de um dos órgãos mais aparelhados e poderosos do Estado brasileiro, o Ministério Público; de outro, atua o acusa-do apenas com a proteção de seu defensor em clara desigualdade de armas.

Nesse sentido é que a Carta Magna fixa a plenitude de defesa para produzir a herme-nêutica no Júri em favor da defesa, com o ob-

jetivo de equilibrar as partes que se encontram em manifesto desequilíbrio.

Embora seja inviável tentar arrolar todas as inúmeras decorrências da plenitude de de-fesa, dentro de sua correta compreensão, al-gumas diretrizes para solucionar assuntos de-batidos na atualidade podem ser apresentas:

a) O protesto por novo júri segue em vi-gor, pois a reforma legislativa que o suprimiu da legislação retira mecanismo de defesa pre-visto quando da edição da Constituição Fe-deral, o que produz redução nas ferramentas defensivas, produzindo esvaziamento da ga-rantia de plenitude de defesa.

b) Ao ser sustentada tese alternativa des-classificatória, a sua quesitação deve ser pos-terior ao quesito legal obrigatório de absolvi-ção (o réu deve ser absolvido?), na medida em que a absolvição é consequência mais bené-fica que a desclassificação, sendo incompatí-vel com a plenitude de defesa bloquear a sus-tentação de tese alternativa desclassificatória, por vincular esta ocorrência, a não apreciação pelos jurados da possibilidade de absolver o acusado;

c) Não deve haver interrupção da argui-ção pela defesa de testemunhas e indeferi-mento de seus questionamentos, digam res-

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artigo jurídico

peito às condições pessoais dos envolvidos, testemunhas, até aos mais detalhados aspec-tos fáticos, salvo se manifestado de forma evi-dente não guardarem qualquer relação, ainda que remota, com qualquer assunto que possa ser debatido no processo;

d) O órgão de acusação estatal não deve gozar de posição de destaque, quer sentando-se em local avantajado, quer sendo auxiliado pelos funcionários do Poder Judiciário na co-lheita de elementos e utilização de recursos para a produção da acusação;

e) Não é aceitável jurado a compor o Conselho de Sentença, cujo sorteio para a lista de jurados que participarão da sessão periódica, não tenha sido objeto de intima-ção da defesa para acompanhamento, se o desejar, sejam sorteados a qualquer título, mesmo como suplentes;

f) É inadmissível que jurado cujo nome e profissão não se deu prévio conhecimento à defesa possa integrar o Conselho de Sentença;

g) Não é legítima a existência de salas ou gabinetes para o órgão de acusação na sede do Poder Judiciário, em especial onde funciona o Tribunal do Júri.

Estes temas serão debatidos com maior profundidade na minha palestra durante o I Congresso Jurídico Online de Ciências Crimi-nais (www.cers.com.br/congresso-juridico), que acontecerá nos dias 20, 21 e 22 de novem-bro de 2014. O evento será transmitido gra-tuitamente para todo o Brasil. Espero todos os leitores para debaterem virtualmente comigo!

*Advogado em Curitiba (PR). Procurador Federal. Mestre e Doutorando em Direito Penal. Professor de Direito Penal, em cursos de graduação e pós-graduação, em diferentes instituições de ensino

superior. Professor na Escola da Magistratura do Estado do Paraná. Professor no Curso LFG.

Coordenador no Paraná da Associação Brasileira dos Professores de Ciências Penais. Conferencista no I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais.

Nesse sentido é que a Carta Magna fixa a

plenitude de defesa para produzir a hermenêutica

no Júri em favor da defesa, com o objetivo de equilibrar as partes que se encontram em

manifesto desequilíbrio.

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artigo jurídico

Transação penal, “naturezas jurídicas” e a Súmula Vinculante 35

1. A transação penal e o devido processo legal

Logo após o surgimento da Lei 9.099/95, coube à doutrina interpretar o instituto da transação penal fren-te ao devido processo legal constitucionalmente exigido. Num primeiro momento, o posicionamento considerava a transação uma exceção à garantia prevista no art. 5º, LIV, da CRFB/88, uma vez que a mesma se encontrava prevista no art. 98, I, da mesma Carta Magna.

Ada Pellegrini indica inclusive que a transação pe-nal, “longe de configurar afronta ao devido processo legal, representa tese de defesa técnica (...)” e, desde que devi-damente amparada pela defesa técnica, “significa sub-missão consentida a sanção penal, sem reconhecimento da culpabilidade penal”[1].

Contudo, referido posicionamento não é pacífico, apresentando ainda a doutrina entendimentos de que a transação penal constitui-se no devido processo legal das infrações de menor potencial ofensivo, uma vez que é o procedimento previsto em lei naqueles casos. Mas a compreensão da relação da transação penal com o devi-

POR ANA CRISTINA MENDONÇA*

Pela primeira vez no ordenamento jurídico brasileiro,

foge ao Ministério Público o absoluto dever de oferecer denúncia quando

presentes as condições para o

regular exercício do direito de ação.”

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artigo jurídico

do processo penal depende, em nosso enten-dimento, da análise da natureza jurídica da proposta de aplicação de pena alternativa e suas consequências.

2. A grande divergência: qual a natureza jurídica da proposta de transação penal?

Como sabemos, o art. 76 da Lei 9.099/95 dispõe que não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público pode oferecer proposta de aplicação de uma das modalidades de pena não privativa de liberdade, a ser especificada no acordo. Diante desta redação, muitos auto-res compreendem a proposta de transação pe-nal como discricionariedade ou oportunidade regrada do Ministério Público, mitigadora do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública. Assim, pela primeira vez no ordena-mento jurídico brasileiro, foge ao Ministério Público o absoluto dever de oferecer denúncia quando presentes as condições para o regular exercício do direito de ação. Em se tratando de infração de menor potencial ofensivo, o Mi-nistério Público tem o poder-dever de formu-lar a proposta de transação penal. Assim, para a grande maioria da doutrina, o espaço para discricionariedade na atuação do MP estaria relacionado à análise do preenchimento dos

requisitos objetivos e subjetivos de que trata o § 2º do art. 76 da Lei 9.099/95. E, em se tra-tando de um poder-dever do MP, não tendo o mesmo oferecido a proposta e verificando o juiz o preenchimento dos requisitos por parte do autor do fato, seria aplicável, por analogia, o art. 28 do CPP.[2]

Evidenciam-se, entretanto, outros posi-cionamentos, não menos importantes, apesar de não terem conseguido, até o presente mo-mento, superar o status majoritário da posi-ção anterior.

Para parte da doutrina, a proposta de transação penal caracterizaria direito subjeti-vo do autor do fato, não estando a legitimidade para o oferecimento da mesma restrita ao MP. Assim, se o Promotor de Justiça não oferece a proposta e o juiz entende que o autor do fato faz jus à mesma, o próprio juiz a concederá, de ofício.[3] Tal posicionamento é minoritá-rio, uma vez que se compreende como ofensa ao sistema acusatório vigente.

Para Afrânio Silva Jardim, de quem com-partilhamos o entendimento, a proposta de transação penal configura o exercício de uma nova forma de ação penal. Assim, o princí-pio da obrigatoriedade está íntegro, não so-frendo mitigação. Não surgiram critérios de

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artigo jurídico

discricionariedade que permitiriam ao MP promover o arquivamento por questões de política criminal, como ocorre em determi-nados países.[4]

Altera-se apenas o “vetor”, ou seja, se presentes as condições da ação e os requisitos para a proposta, o MP deverá oferecer a tran-sação penal e não a denúncia (que somente seria oferecida nos casos em que o autor do fato não preencha os requisitos ou não aceite a transação). Aqui também seria aplicável, por analogia, o 28 do CPP.

Ao oferecer a proposta de transação pe-nal, o MP deverá deduzir, ainda que oralmen-te, a imputação, descrevendo e atribuindo, de forma individualizada, ao autor do fato uma conduta típica, ilícita e culpável, formulando ao final o pedido, que compreenderá, a prin-cípio, a aplicação de uma pena não privativa de liberdade, com a manifestação de que, em caso de recusa da aceitação da proposta, deva ser recebida a peça inaugural como denúncia, com o seu regular processamento e, ao final, a condenação do réu nas penas previstas em lei.

Tal entendimento é o único a compatibi-lizar, realmente, a transação penal ao devido processo legal exigido constitucionalmente.[5]

Há ainda uma quarta corrente, segundo a qual a proposta de transação penal seria uma verdadeira condição específica de procedi-bilidade, sem a qual a denúncia não pode ser oferecida.[6]

Fato é que a compreensão sobre a nature-za jurídica do procedimento no qual se desen-volve a transação penal, bem como da decisão que a concretiza, dependem, e muito, da cor-rente adotada acerca da natureza da proposta.

Para muitos, como não há processo penal instaurado, a transação ocorreria em fase pré-processual, de natureza administrativa; para outros, exercido o novo modelo de ação penal, a transação caracteriza processo.

Já a decisão que concretiza o acordo fir-mado na transação, aplicando a pena alternati-va, teria natureza, conforme posicionamentos, de sentença homologatória, sentença homolo-gatória com efeitos condenatórios ou ainda de sentença condenatória, embora não estejam presentes todos os efeitos de uma condena-ção propriamente dita. Fato é que homologa-do o acordo, existem efeitos penais inegáveis da referida decisão, destacando-se a própria submissão do autor do fato à pena imposta e a impossibilidade de uma nova transação nos próximos cinco anos, daí mesmo aqueles que defendem o posicionamento majoritário (ho-mologatória com efeitos condenatórios) a ela referirem-se como condenatória imprópria [1].

3. Das consequências do descumprimen-to do acordo. Posicionamentos e a nova Sú-mula Vinculante 35

O instituto da transação penal também ensejava discussões quanto às consequências do descumprimento, por parte do suposto au-tor do fato, do acordo firmado.

Isso porque o art. 85 da Lei 9.099/95, que teria por objetivo solucionar o problema, foi duramente atacado, além de perder toda e qualquer aplicação prática após o advento da Lei 9.268/96, que alterou o art. 51 do Código Penal.[1]

Prevê o art. 85 da Lei que “Não efetuado o pagamento de multa, será feita a conversão

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artigo jurídico

em pena privativa da liberdade, ou restritiva de direitos, nos termos previstos em lei.”

Ora, ainda que fosse atualmente possível a conversão da pena de multa, fruto de uma regular condenação, em priva-tiva de liberdade (e lembramos que a atual redação do art. 51 do CP impede tal providência), não se pode confundir a multa oriunda de uma condenação propriamente dita, após o regular processo, submetido ao contraditório e ampla defesa, no qual produziram-se provas concretas em desfavor do acusado, com a eventual multa de uma transação penal, normalmente ampa-rada exclusivamente no resumido termo circunstanciado, que, tal qual o inquérito, tem caráter inquisitorial. É da essência da transação penal a aplicação de uma pena não privativa de liber-dade, motivo pelo qual sempre compreendemos o art. 85 da Lei como inconstitucional. Posicionamento contrário acarretaria, à toda evidência, ofensa ao devido processo legal.

Não é possível que uma pena de multa ou a restritiva de direitos não cumprida transforme-se em uma pena privativa de liberdade, principalmente porque é inerente ao instituto da transação penal a aplicação de uma pena não privativa da liber-dade. Além disso, ninguém pode ter a liberdade privada sem o devido processo legal. Logo, o melhor entendimento seria o de que o referido art. 85 é, e sempre foi, inconstitucional.[7]

Mas, se impossível a conversão da pena alternativamente acordada em pena privativa de liberdade, o que fazer em caso de descumprimento do acordo?

Doutrina e jurisprudência, ao longo dos anos, apresenta-ram dois grandes posicionamentos. Para grande parte dos au-tores[8], o acordo homologado atribuiria ao Estado um título executivo judicial, que poderia ser executado como dívida ati-va. Assim, a pena de multa não cumprida no prazo legal deveria ser inscrita na dívida ativa da Fazenda Pública.[9]

Para outra parte da doutrina, o juiz deveria homologar o acordo firmado na transação sob condição de cumprimento, o que viabilizaria a continuidade da persecução penal em caso de descumprimento. O STF já se posicionava neste sentido desde 2002, vindo a reconhecer a repercussão geral do tema no RE

Não é possível que uma pena

de multa ou a restritiva de

direitos não cumprida

transforme-se em uma

pena privativa de liberdade,

principalmente porque é inerente

ao instituto da transação penal

a aplicação de uma pena não

privativa da liberdade.”

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artigo jurídico

602.072/RS, publicado no DJe de 26/2/2010 [10], decisão que implicou na mu-dança de posicionamento por parte do STJ [11].

Assim, o acordo descumprido pelo suposto autor do fato é nulo, sendo possí-vel ao Ministério Público o oferecimento da denúncia em seu desfavor.

Contudo, a discussão doutrinária permaneceu, influenciando as muitas de-cisões proferidas pelos inúmeros Juizados Especiais Criminais e Tribunais do país.

Visando por fim à insegurança jurídica, a Procuradoria Geral da República apresentou a PSV 68, que culminou na recente edição da Súmula Vinculante 35, cujo verbete dispõe: “A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a conti-nuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial”.

Pois bem. A súmula é vinculante, e apresenta-se compatível com o enten-dimento doutrinário dominante. Mas como compatibilizar sua redação com as premissas anteriormente apresentadas?

De fato, a partir do entendimento sumulado, não mais poderíamos considerar que a decisão que “homologa” o acordo configura sentença. Tratar-se-ia, portan-to, de mera decisão interlocutória, através da qual o juiz estabelece as premissas do acordo, para, após cumprida a pena ali fixada, apenas proferir decisão declaratória de extinção da punibilidade?

Posicionamentos neste sentido já foram apresentados por alguns autores, dentre os quais destacamos Marcellus Polastri, mas tais posicionamentos sempre indicaram que tal formato dependeria de alteração legislativa [12].

No entanto, pedimos vênia para acrescentar um ponto que julgamos rele-vante quanto a nova súmula do Supremo Tribunal Federal.

Decerto que a transação penal, em muitos casos, não alcança seu real objeti-vo, ou seja, embora firmado o acordo, o mesmo não é cumprido, e é preciso que se busque uma solução para fazer valer a pretensão punitiva estatal.

Mas como explicar que após firmado o acordo da transação, se descumprido, o Ministério Público venha única e simplesmente requisitar a instauração de um inquérito policial. Parece-nos absurdo que não seja caso de oferecimento da de-núncia. Permitir que seja apenas instaurado o inquérito significa dizer que seria possível o oferecimento da proposta de transação penal mesmo quando ausentes as condições da ação, o que, dentro da sistemática processual penal brasileira, caracteriza-se absurdo.

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artigo jurídico

[1] GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Juizados Especiais Criminais: Comentários à Lei 9.099, de 26.09.1995. 4a ed. São Paulo: RT, 2002.

[2] RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 22a ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 291-298.

[3] Neste sentido: FUX, Luiz e Weber Mar-tins BATISTA. Juizados especiais cíveis e criminais e suspensão condicional do processo penal: a Lei nº 9.099/95 e sua doutrina mais recente. Rio de Janei-ro: Forense, 2002.

[4] JARDIM, Afrânio S. e Pierre S. M. C. AMORIM. Direito Processual Penal: estudos e pa-receres. 12. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, pp. 144-145.

[5] Além de Afrânio Silva Jardim, podemos citar Geraldo PRADO (Elementos para uma Aná-lise Crítica da Transação Penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003) e e André Luiz NICOLITT (Manual de processo penal. 4a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013).

[6] Neste sentido: Luiz Gustavo Grandinetti Castanho de CARVALHO (Lei dos Juizados Espe-ciais Criminais Comentada e Anotada. Rio de Ja-neiro: LUMEN JURIS, 2006) e Marcos Paulo Dutra SANTOS (Transação penal: atualizada pela lei 11.313 de 28 de junho de 2006. Rio de Janeiro: Lumen Ju-ris, 2006).

[7] Neste sentido, em muitas oportunidades manifestou-se o Supremo Tribunal Federal: HC

80164, HC 79572, RE 268.319-PR, HC 79572.

[8] Destacam-se Tourinho Filho (TOURI-NHO FILHO, Fernando da Costa. Comentários à Lei dos Juizados Especiais Criminais. 2a. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 146), Ada Pelle-grini Grinover, Antônio Magalhães Gomes Filho, Antônio Scarance e Luiz Flávio Gomes (GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Juizados Especiais Criminais: Comentários à Lei 9.099, de 26.09.1995. 4a ed. São Paulo: RT, 2002, p. 40), Geraldo Prado e Luiz Gustavo Grandinetti C. de Carvalho (PRADO, Geraldo e Luiz Gus-tavo Grandinetti CASTANHO DE CARVALHO. Lei dos Juizados Especiais Criminais, Comen-tários e Anotações. 3a. ed. Rio de Janeiro: Lu-men Juris, 2003, pp. 145-147), dentre outros.

[9] STJ. REsp 194.637-SP, Rel. Min. José Ar-naldo da Fonseca, julgado em 20/4/1999 - Infor-mativo no 0015.

[10] STF: HC 79.572, HC 84.976, HC 88.785, RE 602.072, HC 86.694.

[11] STJ: HC 188.959/DF, HC 142.254/RS, HC 217.659/MS, HC 41.032-SP, RHC 34.580/SP, HC 216.566/MS, HC 234.243/SP e HC 217.659-MS.

[12] LIMA, Marcellus Polastri. Juizados Es-peciais Criminais na forma das leis nº 10.259/01, 10.455/02 e 10.741/03. Rio de Janeiro: Lumen Ju-ris, 2005, pp. 105/106.

*Professora da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), da Fundação Escola do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (FEMPERJ). Professora de Direito Processual

Penal e Prática Forense Penal da Universidade Candido Mendes – RJ. Leciona Direito Processual Penal em diversos cursos de Especialização e Pós-graduação. Professora do CERS Cursos

Online. Autora de diversas obras jurídicas.

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PR

RC

PE

AA

AO

Investigação

Registros que datam do século XVIII a.C. já mostram tímidas técnicas da Ciência Forense

sendo utilizadas pelos nossos ancestrais. Confira um breve e curioso histórico, sem

intenções de esgotar o vasto assuntoPOR AnA LARAnjeiRA

uma arte milenarcriminal,

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PREPARAçÃO

História, física, química, biologia, sociologia... Se ao optar pelo Direito você imaginou que estaria livre de estudar essas matérias, está muito enganado. Os con-ceitos e princípios destas ciências são amplamente uti-

lizados na criminalística e na criminologia, para resolução de ca-sos dos mais simples aos mais complexos. A necessidade de utilizar conhecimentos técnicos na elucidação de crimes já era observada desde o séc. XVIII a.C., em artigos do Código de Hammurabi. Um exemplo é o Art. 25 § 227 deste código, que diz que “se um cons-trutor edificou uma casa para um Awilum (homem livre), mas não reforçou seu trabalho, e a casa que construiu caiu e causou a morte do dono da casa, esse construtor será morto”. Portanto, era preciso averiguar se a queda da casa estava relacionada à falta de reforço do trabalho do construtor. Os mesopotâmios acreditavam que estas e outras leis do código serviam “para que o forte não prejudicasse o mais fraco, a fim de proteger as viúvas e os órfãos” e “para resolver todas as disputas e sanar quaisquer ofensas”.

Outros indícios da utilização desses conhecimentos e técnicas de investigação estão em antigos escritos bíblicos. No livro de Da-niel, um dos profetas do Antigo Testamento, podemos ler curiosos registros da história de Ciro, o Persa, que remontam ao século VI a.C., na Babilônia. Na época, era comum prestar oferendas (vinho, farinha, ovelhas) à estátua do ídolo Bel, mas Daniel, conselheiro de Ciro, era contra a adoração de ídolos e constantemente questiona-va seus poderes divinos. Os sacerdotes, revoltados, para provar a Ciro que o ídolo era um Deus vivo que comia e bebia, desafiaram o rei a depositar ainda mais oferendas do que o comum, e então se-lar a entrada do templo com o seu próprio anel real. Assim, se Bel não consumisse as oferendas, os sacerdotes seriam sentenciados à morte. Caso contrário, Daniel o seria.

Para defender sua vida, Daniel elaborou uma estratégia: espa-lhou cinzas no entorno do templo após os sacerdotes terem par-tido. Na manhã seguinte, verificaram que, apesar da porta con-tinuar lacrada, pegadas compatíveis com as dos sacerdotes eram observadas no chão e que as oferendas haviam sido consumidas. Os sacerdotes de Bel confessaram e mostraram a passagem secreta que utilizavam para entrar no templo. Eles, suas esposas e filhos, foram sentenciados à morte e o templo de Bel foi destruído.

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PREPARAçÃO

Apesar dos indícios de que exames peri-ciais eram realizados nesta época, apenas com a Lei Valéria (séc. VI a.C.), que proibia a puni-ção de cidadãos romanos antes da sentença do povo, originou-se a polícia de investigação.

ROMA AnTIGANa Roma Antiga, os escritos do orador,

historiador e político Públio Cornélio Tácito (55 a 120 d.C) chegaram a descrever tentativas da justiça romana em resolver crimes. Um exem-plo é a narrativa que mostra quando Plantius Silvanus, sob suspeita de homicídio por ter jo-gado sua mulher, Aprônia, de uma janela, foi levado à presença de César. Este, por sua vez, examinou o quarto do suposto local do evento e encontrou sinais certos de violência. Este é considerado, por muitos autores, o primeiro exame de local registrado na história.

Porém, nenhuma técnica sistematizada orientava os romanos. O ato de investigar era quase uma arte, persistindo assim por quase mil e quinhentos anos. Os livros mostram que foi apenas a partir do século XVI (na transição entre a Idade Média e a Idade Moderna) que se deram os primeiros passos para a construção de um conhecimento verdadeiramente cien-tífico na área.

O Bê-A-Bá DA InVESTIGAÇÃOMuito do escopo do que chamamos de

Processo Penal devemos também a Roma. En-tre o ano 200 e o ano 565, o Direito Proces-sual Romano entra em seu Período da cogni-tio extraordinária (processo extraordinário). As principais características desta fase são: a função jurisdicional pelo Estado, desapare-cendo os árbitros privados, o procedimento assume forma escrita contendo o pedido do

autor, a defesa do réu, a instrução, a sentença e sua execução, admitindo também o recurso (GOLDSCHMIDT, 2003).

Mas em diversos locais do mundo o Di-reito Processual tomava forma, com berço na Grécia, na Roma e, posteriormente, na Ger-mânia. Para entendermos parte do sistema processual penal, precisamos partir de algum ponto. Como naquela época, todas as relações eram guiadas pela política e pela religião, o sistema inquisitivo, criado pela igreja católica, ganhou considerável espaço e consideração histórica.

InqUISIÇÃODesde o final do século XII, com o au-

mento dos burgos, a Igreja Católica começa a se sentir ameaçada por não ser mais a única dominante de todo o mundo conhecido, as-sim, são iniciadas medidas para a manutenção do poder da Igreja, como, por exemplo, a Bula Vergentis in senium editada pelo Papa Ino-cêncio III em 1199, que equiparou o crime de heresia ao de lesa majestade.

Temendo perder a dominância, as téc-nicas de investigação promovidas pela igreja expressavam o desespero do clero, ganhando requintes de crueldade. Para extrair depoi-mentos e provas de crimes “contra o povo e contra a igreja”, foi instituída a confissão pes-soal obrigatória, pelo menos uma vez ao ano, e a tortura.

Porém, o sistema inquisitivo acumulava nos inquisidores as funções de acusar, julgar e defender, provocando um juízo tendencioso e desproporcional. Nicolas Eymerich, o inquisi-dor geral de Aragão (Espanha), nomeado por Inocêncio VI em 1357, publicou o Manual dos Inquisidores (Directorium Inquisitorum), no

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PREPARAçÃO

qual ele explica a origem, os direitos e processos da Inquisição. Em um dos capítulos é possível ler: “é dificílimo avaliar quem, diante do inquisidor, não confessa seus erros, antes os dissi-mula. O inquisidor tem que ser muito malicioso e sagaz para acompanhá-los em seus argumentos e levá-los a confessar. São pessoas maliciosas nas respostas, porque não tem outra preo-cupação a não ser esquivar-se das perguntas para não ficarem cercados no final, e serem convencidos de que erraram.”

Apesar das práticas inquisitoriais terem sido abolidas no fi-nal do século XIX, quando os Tribunais do Santo Ofício foram definitivamente extintos em Portugal e na Espanha, seus pro-cedimentos e princípios permaneceram vivos em legislações laicas, mudando-se os atores, mas não os instrumentos da cena.

POLíCIA CIEnTífICAA Criminalística como hoje a conhecemos teria seu início

quando o magistrado Hans Gross, no final do século XIX, pro-pôs que os métodos da Ciência moderna fossem utilizados para solucionar casos criminais. Gross percebeu claramente que a área precisava de novos fundamentos; era necessário começar de novo, com novas ideias e técnicas. O escritor Alemão Jürgen Tho-rwald discorreu em seus livros sobre a formação de Hans: “Como advogado, nada sabia de ciências puras e aplicadas. Começou a estudar todos os livros e revistas que podia obter e logo chegou à conclusão que quase todas as novas realizações da tecnologia e da ciência podiam ser utilizadas, com vantagem, na solução de ca-sos criminais. Pôs-se a aprender química, física, botânica, zoo-logia, microscopia e fotografia. Durante vinte anos trabalhou em silêncio, reunindo conhecimentos e experiência, resumidos num livro que foi o primeiro manual de criminologia científica e que tornou o nome de GROSS conhecido em todo o mundo”.

Assim, em 1908, foi criado por Rudolph Archibald Reiss o “Instituto de Polícia Científica” na Universidade de Lausanne (França). Apesar de originada na Academia, a Criminalística foi aos poucos sendo tutelada pelo estado e incorporada às forças poli-ciais, gerando braços e suportes importantes para a área. Conheça algumas dessas disciplinas aperfeiçoadas ao longo dos anos:

Arte forense: é a técnica de criação dos retratos falados, fei-tos a partir da memória da vítima ou de uma testemunha. Pode

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PREPARAçÃO

ser desenhado à mão livre ou com ferramen-tas digitais, permitindo observar o avanço da idade nos casos de pessoas desaparecidas.

Antropologia forense: permite descobrir o sexo e a etnia de uma pessoa a partir dos seus restos fósseis.

Balística forense: intervém quando é ne-cessária a análise em laboratório de balas, projéteis e armas que podem ter sido utiliza-das em um crime.

Dactiloscopia: utilizada para a identifica-ção das impressões digitais de pessoas, atra-vés da comparação das impressões nos regis-tros civis ou policiais com aquelas deixadas no local do acontecimento. A coincidência é uma prova inegável da presença de uma determi-nada pessoa na cena do crime.

Entomologia forense: faz uma análise dos insetos em um cadáver, o que permite deter-minar o tempo transcorrido desde a morte e se a morte ocorreu no lugar onde o corpo foi encontrado.

Fotografia forense: a captura de imagens fotográficas da cena do crime o mais rápido possível é importante para evitar contamina-ção das provas.

Genética forense: uma adição importante para a ciência forense moderna é o estudo do

material biológico, saliva, sêmen, sangue, ca-belo e outros tecidos, para a identificação do DNA das pessoas.

Informática forense: é importante no es-tudo e análise dos delitos digitais ou quando elementos importantes na investigação estão guardados em computadores.

Medicina forense: é a observação minu-ciosa do cadáver em laboratórios para deter-minar sua identidade e causa da morte.

Perícia caligráfica: permite estabelecer a autenticidade dos documentos, mediante a análise da escrita, assinatura, tinta ou papel.

Perícia de acidentes: estuda os resíduos de incêndios ou explosões para determinar como começou e o tipo de substância que foi utilizada.

Psicologia forense: necessária na deter-minação de perfis psicológicos das vítimas, das testemunhas e dos acusados durante o processo judicial.

Química forense: serve para conhecer a natureza de qualquer substância ou elemento deixado na cena do crime.

Toxicologia forense: para determinar a presença de certas substâncias na urina e no sangue em pessoas vivas ou mortas.

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EN

VS

RT

EITA

O novo

O coordenador científico Rogério Sanches comenta

as propostas de mudança na legislação

e a importância do Congresso Jurídico

para discussões enriquecedoras

POR jOffRe MeLO

Código Penal e a sua aplicação no combate

ao crime

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ENTREVISTAENTREVISTA

Em debate no senado federal, o projeto do novo Código Penal Brasileiro, ela-borado por um seleto grupo de juristas visa, principalmente, reduzir os obs-

táculos jurídicos para evitar a impunidade. A discussão acerca da nova normativa penal será um dos destaques do I Congresso Online de Ci-ências Criminais, que acontece nos dias 20, 21 e 22 de novembro. A coordenação científica será do renomado professor Rogério Sanches, nosso entrevistado nesta 20ª. Edição da Revista Edital. Acompanhe os detalhes de sua participação no congresso, bem como seus valiosos comentá-rios sobre o Novo Código em tramitação e seus efeitos no combate a corrupção e impunidade.

1. Como será a sua participação no I Con-gresso Online de Ciências Criminais? Participo do Congresso na condição de Coor-denador Científico e palestrante. Além disso, o Congresso está sendo precedido de alguns fóruns temáticos, onde falo em dois, um sobre Corrupção Eleitoral e outro Agente Infiltrado na Organização Criminosa.

2. qual a importância de eventos desse porte para os estudantes, futuros opera-dores do direito?O debate e o dissenso constroem grandes resultados, é de eventos como esse que saem muitas teses e discussões interessantes e enriquecedoras para o mundo jurídico, principalmente num evento desse porte, que conta com a participação de grandes doutrinadores. É de suma importância que estudantes e operadores do direito estejam familiarizados com essas discussões. Os maiores obstáculos para que estudantes e profissionais participem de eventos como esse costuma ser o preço e a distância (inscrição, transporte, hotel, alimentação etc), contudo, em busca de democratizar a informação, o

CERS resolveu esses problemas, está realizando esse evento gratuitamente e online.

3. O projeto de reforma do Código Penal em tramitação no Senado busca, segundo alguns analistas, reduzir a criminalidade tornando a legislação mais austera e com obstáculos à progressão de pena. Como o senhor avalia as principais mudanças propostas?O projeto traz mudanças de toda ordem, no meu ver, algumas positivas outras negativas. Encontramos opiniões divergentes em quase todas mudanças anunciadas no projeto, por isso, é salutar o debate entre Acadêmicos, Doutrinadores, Juízes, Promotores, Delegados etc., para que cheguemos a um consenso sobre o que será mais positivo.

4. O novo código traz mais soluções para os principais problemas de segu-rança pública enfrentados pelo Brasil?Para alguns sim, para outros nem tanto.

5. O senhor acredita que a nossa legislação penal deixa a desejar no tocante as penas relacionadas a crimes de corrupção? Certamente. Eu não sou daqueles que defende aumento de pena como forma de inibir comportamentos humanos indesejados, mas no que diz respeito à corrupção, existe uma clara proteção deficiente do Estado. Perceba que no caso do mensalão, políticos punidos por mais de um crime já estão cumprindo pena domiciliar. A insuficiência da intervenção estatal é evidente. A multa a eles imposta foi paga, na sua maioria, por contribuição de terceiros. Acho um absurdo.

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REVISTA EDITAL > EDIÇÃO 20 > nOVEmbRO 2014

CAAP

notíciaquente

Tribunal do Júri, sistema prisional, fianças, tipificações criminais são alguns dos temas que serão

debatidos gratuitamente durante o I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais, nos dias 20,

21 e 22 de novembroPOR jOffRe MeLO

Direito Penal

Os mais atuais e polêmicos

temas do

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Matéria de Capa

Investigações misteriosas, prisões, crimes, pistas que le-vam a inúmeros suspeitos e, assim, um aparente homicídio pode tornar-se um verdadeiro quebra cabeça, difícil de ser montado. Esse universo é muito comum nos filmes e séries policiais, como a CSI, que faz sucesso na TV atualmente ou, para os mais saudosistas, Miame Vice e Swat. Também en-contramos “cenas” eletrizantes de grandes investigações no mais famoso detetive da literatura: Sherlock Holmes. Mas, é possível vivenciar o estudo criminal com a mesma dinâmica divertida de um filme ou uma boa leitura? Elementar meu caro Watson. Basta sair do chamado “lugar comum” e lan-çar um novo olhar sobre as Ciências Criminais.

Se você se interessa por esse “universo investigativo”, che-gou a chance de sair um pouco dos livros e filmes para viver uma experiência única e, porque não, inesquecível: o I Con-gresso Jurídico Online de Ciências Criminais. E para experi-mentar essa nova abordagem, você nem precisa sair de casa e, melhor ainda, a participação é gratuita. O congresso, que será transmitido ao vivo, acontece nos dias 20, 21 e 22 de novembro, promovido e organizado pelo CERS Cursos On-line. A coordenação científica é do professor e promotor de justiça de São Paulo Rogério Sanches.

Mais uma inovação do CERS Cursos Online, o evento, além de pretender fugir do padrão convencional de exposição de conteúdo acadêmico, promove a construção do conheci-mento de forma jovem e digital. “Vamos trazer à tona dis-cussões sobre temas atuais, como a redução da menorida-de penal, organização criminosa, questões sobre crimes hediondos, a evolução do sistema prisional, entre outros”, pontua Rogério Sanches.

Além de trazer o conhecimento dos maiores juristas criminais do Brasil, o congresso será um momento de atualização e vivências inovadoras”

Rogério Sanches

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Matéria de Capa

ATUALIzAÇÃO PARA PROfISSIOnAIS E ESTUDAnTES As ciências criminais trazem discussões sobre temas que, muitas vezes, aguçam o interesse e a curiosidade dos ope-radores do direito. Nas faculdades, futuros advogados bus-cam na prática jurídica penal o campo de atuação profissional após a conclusão do curso. “Vou acompanhar atentamente os debates do congresso. Pretendo me atualizar durante a gra-duação e fazer especialização em Direito Penal”, promete o acadêmico Bruno Sereno, aluno do sexto período do curso de direito da Faculdade Joaquim Nabuco, no Recife.

Participar do I Congresso Jurídico Online de Ciências Crimi-nais é uma grande oportunidade para quem deseja enrique-cer a atuação na carreira jurídica ou, até mesmo, para aque-les que ainda não concluíram a graduação. “Além de trazer o conhecimento dos maiores juristas criminais do Brasil, o congresso será um momento de atualização e vivências ino-vadoras. Imperdível para qualquer estudante de Direito ou para profissionais que atuam na área, como advogados, de-legados, promotores e outros”, opina o professor de Direito Penal e palestrante do congresso, Geovane Moraes.

Juristas renomados na área jurídica criminal participam do congresso, como o advogado Cezar Roberto Bitencourt, um dos maiores especialistas do país, autor do livro Tratado de Di-reito Penal, da Editora Saraiva, obra considerada de referência do Direito Penal; o procurador Rogério Greco, cujas obras são referência entre concurseiros pelas citações de elevado nível jurisprudencial do STF, STJ e TJs estaduais; e o ex-promotor de justiça, professor, jurista e político Fernando Capez.

TECnOLOGIA E InTERATIVIDADE O I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais é pio-neiro em seu formato por ser totalmente online, gratuito e oferecer ferramentas digitais que permitem a interação ativa dos espectadores. Os participantes poderão enviar mensa-gens instantâneas com opiniões e perguntas, além de fotos e vídeos, que fomentarão o debate entre os convidados no estúdio. Para isso, todo o cenário do evento será construído

MATÉRIA DE CAPA

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Matéria de Capa

com foco na interatividade. Telões circun-darão os palestrantes, que irão visualizar as redes de comunicação em tempo real.

Além do canal de interatividade, o aplica-tivo para smartphones CERS no Bolso trará também conteúdos exclusivos e detalhes ao vivo do congresso. Todo o material poderá ser acessado a qualquer tempo, de qualquer lugar, desde que o interessado tenha acesso à internet banda larga. A expectativa é que mais de 250 mil pessoas assistam ao I Con-gresso Jurídico Online de Ciências Criminais.

“A intenção é levar as palestras e discussões a todos os públicos, até mesmo àqueles do interior brasileiro, distantes dos locais nos quais os eventos de cunho jurídico costu-mam acontecer, ou àqueles que talvez não tenham recursos para arcar com a partici-pação presencial em um congresso”, ressal-ta o Coordenador Geral do evento, o profes-sor Renato Saraiva.

fÓRUnS TEMáTICOS Antes das datas marcadas para a transmis-são do Congresso, os inscritos no evento já podem debater temas importantes do Direito Penal em fóruns temáticos gratui-tos. Os vídeos estão sendo transmitidos ao vivo e disponibilizados também online, uma vez por semana, sempre às 19h das quartas-feiras, até o dia 12 de novembro.

Os professores do Portal Carreira Jurídica vão debater e opinar, durante os fóruns, sobre corrupção eleitoral, investigação criminal militar, agentes infiltrados nas organizações criminosas, entre outros assuntos. É possível conferir a programa-ção completa dos fóruns no hotsite www.cers.com.br/congresso-juridico.

A intenção é levar as palestras e discussões a todos os públicos, até mesmo àqueles do interior brasileiro, distantes dos locais nos quais os eventos de cunho jurídico costumam acontecer, ou àqueles que talvez não tenham recursos para arcar com a participação presencial em um congresso”

Renato Saraiva

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InSCRIÇõESAs inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no hotsite do evento (www.cers.com.br/congresso-juridico) por meio de um cadastro sim-ples. Os interessados que não puderem acompanhar o evento ao vivo poderão se cadastrar posteriormente e acessar a gravação na íntegra por um período determinado pela organização.

CERTIfICADOSO I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais possui carga horá-ria de 20 horas/aulas. O certificado de participação será disponibilizado exclusivamente em formato digital, ao custo de R$ 50. Para receber o certificado, o espectador terá que assistir a, no mínimo, 75% do tempo das palestras. A emissão deverá ser solicitada na área do usuário no site do CERS. O documento será expedido pela Faculdade Baiana de Direito.

Clique nos link acima!

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Programação

20 DE nOVEmbRO | QUInTA-FEIRA 18h30 às 19h00 - Abertura Oficial: Renato

Saraiva e Rogério Sanches

19h00 às 19h50 - Conferência de Abertura

TEMA: O Princípio Acusatório e a Nova Prisão Preventiva

PALESTRANTE: Eugênio Pacceli

19h50 às 20h00 - Intervalo

20h00 às 22h00 - Mesa I

TEMA: Prisões Provisórias e Medidas Cautelares: Questões Controvertidas

PALESTRANTES: Aury Lopes Júnior | Renato Brasileiro

MEDIADORA: Ana Cristina Mendonça

22h00 - Encerramento

21 DE nOVEmbRO | SEXTA-FEIRA 18h00 às 19h20 - Palestra Interativa I (Par-

ticipação dos internautas)

TEMA: Teoria Constitucional do Direi-to Penal

PALESTRANTE: Fernando Capez

PRESIDENTE DA MESA: Marcelo Uzeda

19h20 às 19h30 - Intervalo

19h30 às 22h00 - Mesa II

TEMA: Organização Criminosa, Códi-go de Trânsito Brasileiro, Crimes Hedion-dos, Maioridade Penal e Outras Questões Criminais

PALESTRANTE: Flávio Cardoso Pereira | Gamil Foppel | Yuri Carneiro | Geovane Moraes

PRESIDENTE DA MESA: Rogério Sanches

22h00 - Encerramento

22 DE nOVEmbRO | SÁbADO 09h00 às 11h30 - Painel I

TEMA I: Tribunal do Júri: Teoria

PALESTRANTE: Fábio Roque

TEMA II: Crimes Dolosos Contra a Vida: Questões Controvertidas no Júri

PALESTRANTE: Rogério Sanches

TEMA III: A Defesa no Tribunal do Júri

PALESTRANTE: Adel El Tasse

PRESIDENTE DA MESA: Guilherme Rocha

11h30 às 11h40 - Intervalo

11h40 às 12h30 - Palestra Interativa II (Par-ticipação dos internautas)

TEMA: Evolução Histórica do Sistema Prisional

PALESTRANTE: Rogério Greco

PRESIDENTE DA MESA: Geovane Moraes

12h30 às 14h00 - Intervalo

14h00 às 15h40 - Painel II

TEMA I: Policialismo Judiciário no Sé-culo XXI

PALESTRANTE: Antônio Alberto Machado

TEMA II: Ação Penal: Teoria, Princípios e Condições para o seu Exercício

PALESTRANTE: Afranio Silva Jardim

PRESIDENTE DA MESA: Geovane Moraes

15h40 às 16h00 - Intervalo

16h00 às 17h00 - Conferência de Encerra-mento

TEMA: A Definição Legal de Organiza-ção Criminosa

PALESTRANTE: Cezar Roberto Bitencourt

PRESIDENTE DA MESA: Rogério Sanches

17h00 – Encerramento

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SugeStõeS

Comentários ao Código de Processo Penal e sua jurisprudência EDITORA: Atlas

AUTORES: Eugênio Pacelli e Douglas Fischer

SOBRE A OBRA: O propósito dos autores é contextualizar, não só o CPP, mas também a legislação processual penal em geral, em uma unidade da ordem jurídica vigente e válida,

conforme sejam assim reconhecidos pela doutrina e pela jurisprudência de nossos Tribunais. Tais objetivos conduzirão ao exame de cada dispositivo presente no CPP, bem como da legislação processual que se encontra fora dele, pautando a extensão e profundidade da análise segundo a relevância da respectiva matéria, de tal modo que se possa apresentar uma visão do conjunto do processo penal brasileiro. Ou, de outra maneira: o nosso siste-ma processual penal.

Crimes Federais EDITORA: Juspodivm

AUTORES: Fábio Roque e Rogério Sanches Cunha

SOBRE A OBRA: A ideia do livro surgiu da crescente de-manda que nos foi trazida pelos nossos alunos, sobretudo aqueles que labutam na batalha dos concursos públicos de âmbito federal. A partir daí, nosso objetivo passou a ser a

elaboração de uma obra que, sendo didática e objetiva, pudesse aprofundar as reflexões acerca dos crimes de competência da Justiça Federal.

Curso de Direito Penal EDITORA: Saraiva

AUTOR: Fernando Capez

SOBRE A OBRA: Essa obra conta com linguagem simples e acessível, examina temas do Direito Penal de forma comple-ta, sem ser complicado. Indicado para estudantes de gradu-ação, bem como para os que se preparam para o Exame de

Ordem e concursos públicos. O volume 1 trata da Parte Geral do Código Penal. A 18ª edição está atualizada e ainda conta com material de apoio disponível no site da Editora, com vídeos do autor sobre seu conteúdo e dicas de como estu-dar para passar em concursos públicos.

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SugeStõeS

Curso de Processo Penal EDITORA: Atlas

AUTOR: Antônio Alberto Machado

SOBRE A OBRA: Este Curso enfrenta questões momentâ-neas e polêmicas, tais como a defesa no inquérito policial, a investigação pelo Ministério Público, as provas ilícitas e as derivadas, a delação premiada, as medidas cautelares, a in-terceptação das comunicações - telefônicas, epistolares e telemáticas -, a in-violabilidade dos escritórios de advocacia, o uso de algemas, a suspensão con-dicional do processo, os poderes instrutórios do juiz e tantos outros temas de igual importância.

Direito Processual Penal EDITORA: Saraiva

AUTOR: Aury Lopes

SOBRE A OBRA: Elaborada em um único volume, com profunda seriedade científica que abrange todos os insti-tutos da disciplina. O autor sustenta o direito processual penal em dois pilares básicos: a busca constante por sua conformidade constitucional e o respeito a suas categorias jurídicas próprias. O livro estimula o hábito de questionar as certezas do senso comum teórico, gerando uma salutar inquietação no leitor, aguçando sua criatividade e re-vendo a aceitação pacífica do direito posto.

Manual de Competência Criminal EDITORA: Juspodivm

AUTOR: Renato Brasileiro

SOBRE A OBRA: O livro está devidamente atualizado com todos os informativos de 2013 do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Além disso, importantes mudanças legislativas que ocorreram no ano passado são abordadas ao longo da obra. Dentre elas, destacamos as se-guintes: a) a Lei nº 12.850/13 será abordada por ocasião do estudo do juízo colegiado para o julgamento de crimes praticados por organizações crimi-nosas; b) a Lei nº 12.894/13, responsável pela outorga de novas atribuições investigatórias à Polícia Federal, será objeto de estudo no capítulo referente à “Competência Criminal da Justiça Federal”.

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SugeStõeS

Prática Penal EDITORA: Armador

AUTORES: Ana Cristina Mendonça e Geovane Moraes

SOBRE A OBRA: Com uma linguagem objetiva, clara e completa, essa obra possibilita a compreensão dos insti-tutos penais e processuais penais, sendo particularmente útil aos examinados e aos jovens operadores do direito em início de carreira. Os autores, com ampla vivência a expe-

riência na docência para o Exame de Ordem e Concursos Públicos, conso-lidam uma obra de grande utilidade que fará a diferença em provas, exames e na vida profissional.

Tratado de Direito Penal EDITORA: Saraiva

AUTOR: César Bitencourt

SOBRE A OBRA: Segundo o autor, seu “Tratado de Direito Penal” surgiu despretensiosamente, apenas como mais uma alternativa bibliográfica. Hoje aparece como obra de referên-cia para todo operador ou estudioso do direito penal, tendo a

linguagem clara e objetiva como ponto de destaque. A proximidade do autor com o direito europeu, em especial o espanhol, traz a seus leitores o que há de mais moderno na ciência criminal. Assim, a obra se torna de leitura obrigatória para profissionais como juízes, promotores, advogados, e, inclusive legislado-res, que terão segurança para fundamentar as alterações na legislação penal.

Vade Mecum Penal EDITORA: Armador

AUTORES: Ana Cristina Mendonça e Geovane Moraes SOBRE A OBRA: Legislação necessária àqueles que mi-litam na área criminal, bem como aos estudantes e can-didatos dos diversos concursos jurídicos, desde aqueles que se preparam para a segunda fase do Exame de Or-

dem dos Advogados do Brasil até aqueles candidatos às provas de Direito Penal e Processo Penal dos certames para as demais carreiras jurídicas.

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EXPLORANDO A MATÉRIA

Para compreender os diversos assuntos que

serão debatidos durante o congresso jurídico, é

preciso estar familiarizado com o Direito Penal e Processual Penal. Os professores Geovane

moraes e Ana Cristina mendonça apresentam

um guia básico para quem deseja se aprofundar no estudo das disciplinas

POR MAnOeLA MOReiRA

A base dasciências

criminais

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EXPLORANDO A MATÉRIA

APURAÇÃO DOS fATOS O primeiro questionamento que deve ser feito antes de iniciar o estudo

de qualquer disciplina é identificar o grau de conhecimento sobre a maté-ria. A partir dessa autoavaliação, é possível mensurar qual o caminho mais eficiente a seguir. “De nada adianta um aluno que não possui os fundamen-tos básicos de Direto Penal iniciar os estudos por cursos mais aprofundados como Delegado de Polícia ou Ministério Público. O índice de aproveitamen-to será extremamente baixo, visto que tais cursos partem da premissa que o aluno já traz uma bagagem de informações considerável sobre os principais temas da disciplina. Nestes casos, o mais indicado é um curso de noções fundamentais como Começando do Zero”, explica o professor de Direito Penal Geovane Moraes.

Outra percepção necessária é que a disciplina é organizada em três partes: Parte Geral (prevista na parte inicial do Código Penal), Parte Espe-cial (também prevista no Código Penal) e Legislação Penal Extravagante.

Para a professora Ana Cristina Mendonça, Processo Penal possui, ao mesmo tempo, vantagens e desvantagens em relação ao estudo das demais disciplinas. A grande vantagem está no fato de que o processo penal da atu-alidade possui, indiscutivelmente, base constitucional, o que demonstra o quão principiológica é a matéria, tornando-a quase que intuitiva, bastante coerente, e menos regrada. Contudo, a grande desvantagem está nas pres-sões emocionais sofridas.

“Muitas vezes, a sensação de insegurança, de impunidade, dentre outros aspectos decorrentes da grande repercussão de questões criminais na mídia, acaba atrapalhando a compreensão, ou melhor, a aceitação da matéria, o que dificulta o aprendizado. É preciso concentrar-se no raciocínio jurídico.”

InVESTIGAÇÃOA disciplina é exigida em praticamente todos os concursos da área ju-

rídica, salvo aqueles diretamente relacionados à área trabalhista. Podemos citar: Magistratura, Ministério Público, Defensorias e Delegado de Polícia (em todas elas tanto federal quanto estadual), além de Advogado da União e Procurador Federal, e os diversos cargos dentro dos tribunais e dos próprios órgãos citados, ou seja, analista e técnico judiciário ou administrativo.

Em relação ao conteúdo programático, o mesmo é integral no caso das carreiras da Magistratura, MP e Defensorias. Também costuma ser bem

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EXPLORANDO A MATÉRIA

amplo no caso dos concursos para analista dos Tribunais. Nos demais cargos, dependerá do edital de cada certame.

Em regra geral, as bancas são legalistas e costumam exigir do candidato muito conhe-cimento da letra da lei e jurisprudência, como é o caso da FCC, FGV, VUNESP, FUNCAB, en-tre outras. Também é comum ser arguido ca-sos práticos para que o candidato responda se houve ou não crime, e em caso positivo, qual o delito.

Para Geovane Moraes, além de conhecer o texto legal, é preciso estar atento às cons-tantes atualizações, normativas e jurispru-denciais, com especial ênfase aos informati-vos dos Tribunais Superiores (STJ e STF).

“As provas, nos últimos anos, estão muito mais voltadas à cobrança de casos concretos e da jurisprudência, daí a necessidade do seu acompanhamento ser essencial. Mesmo por-que o Código de Processo Penal está, apesar de todas as reformas sofridas, muito aquém do que é necessário”, reforça Ana Cristina.

DE OLhO nAS PISTASOs assuntos que exigem maior atenção

dos alunos variam de acordo com o concur-so almejado. Entre os tópicos mais recorrentes em Direito Penal, Geovane destaca:

I) Parte Geral: Princípios Elementares do Direito Penal, Aplicação da Lei Penal, Teoria do Crime, Concurso de Pessoas;

II) Parte Especial: Crimes contra a pessoa, crimes contra o patrimônio, crimes contra a dignidade sexual e crimes contra a Adminis-tração Pública;

III) Legislação Penal Especial: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), Lei de Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90), Lei de Interceptação Telefônica (Lei n. 9296/96), Lei de Tortura (Lei n. 9.455/97), Estatuto do Desarma-mento (Lei n. 10.826/03), Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/06), Lei de Drogas (Lei n. 11.343/06), Organização Criminosa (Lei n. 12.850/13).

Em Processual Penal, Ana Cristina apon-ta os temas de maior cobrança: “princípios e garantias constitucionais” e, dentre os tópicos tradicionais, ação penal, competência, pro-vas, prisão cautelar e liberdade, sentença (em especial os temas mutatio e emendatio libelli), nulidades e recursos.

“Lógico que tudo dependerá da carreira pretendida e do conteúdo indicado no edital. Assim, por exemplo, para um concurso para delegado de polícia seriam de maior interesse e, óbvio, maior incidência, os temas inquérito policial, provas e prisão cautelar”, ressalta.

Quanto ao grau de profundidade e a for-ma de cobrança, dependerá principalmente da banca examinadora.

SUPERAnDO OBSTáCULOSQuando perguntados em quais aspectos da

matéria os alunos costumam ter mais dificulda-de, ambos os professores citam a insegurança ao apresentar as respostas no momento da prova.

“A melhor forma de superar tal situação é treinar exaustivamente questões. Com o tem-po, o aluno acaba percebendo que as pergun-tas que são feitas correspondem ao que está sendo estudado e isso traz uma sensação de segurança que só tende a crescer com o tem-po”, destaca Geovane.

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EXPLORANDO A MATÉRIA

“Também há alguma dificuldade, em especial no caso de questões discursivas, em temas como competên-cia. Mas, em geral, tal fato decorre da necessidade de que o aluno correlacione o tema a aspectos do Direito Penal. Fazendo isso, e exercitando os conhecimentos através de exercícios, o problema é facilmente superado.”

Ana Cristina também percebe uma maior dificulda-de dos alunos no estudo dos recursos no processo penal. Segundo ela, a dificuldade decorre do fato de que muitos atuam na esfera cível, que possui premissas bem distintas daquelas empregadas no processo penal. “No momento em que o aluno entende que deve, neste caso, parar de fazer comparações, a compreensão da matéria estará facilitada”.

SEMPRE ALERTAAs vantagens do I Congresso Jurídico Online de Ci-

ências Criminais para os interessados no Direito como um todo são inúmeras. Ana Cristina Mendonça destaca a fa-cilidade de acesso: “Ter acesso a um congresso de tal por-te, possuindo como palestrantes a grande maioria dos ex-poentes do Direito Penal e Processo Penal gratuitamente é um grande privilégio”, afirma, acrescentando que teve a certeza de que Processo Penal seria o caminho a seguir após ouvir uma palestra de Afrânio Silva Jardim.

Para Geovane Moraes, poder reunir, em um único evento, doutrinadores das mais variadas vertentes do Di-reito Penal e Processual Penal, permitindo a observação da dicotomia muitas vezes existentes sobre diversos te-mas e os pontos de intersecção entre eles é o grande di-ferencial do congresso. “Em outras palavras, podemos observar diversas opiniões distintas sobre o mesmo tema e tentar perceber os pontos onde elas são convergentes e divergentes”. Além disso, ele destaca também a atualida-de dos temas tratados, permitindo em um curto espaço de tempo uma aprofundada atualização do que de mais rele-vante é debatido por nossa doutrina e Tribunais Superio-res nos dia de hoje.

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PE

LFR

IConheça os conferencistas e

mediadores do I Congresso Jurídico Online de Ciências Criminais

PráticaTeoria

&

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PERFIL

CEzAR ROBERTO BITEnCOURTAdvogado. Bacharel em Direito pela Universidade de Pas-

so Fundo/RS. Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Di-reito da Universidade de Sevilha. Professor Universitário. Foi Procurador de Justiça. Conselheiro Federal da OAB, na gestão 2004/2006, sendo nomeado presidente da Comissão de Refor-ma Penal e Processual.

ROGÉRIO GRECOProcurador de Justiça do MPMG. Mestre em Ciências Pe-

nais pela Universidade Federal de Minas Gerais, Especialista em Teoria do Crime pela Universidade de Salamanca (Espanha) e Doutor em Direito pela Universidade de Burgos (Espanha). Pro-fessor do Curso de pós-graduação em Ciências Penais da Facul-dade Mineira de Direito da PUC Minas e professor em diversos cursos de pós-graduação em todo o país.

fERnAnDO CAPEzProcurador de Justiça do Ministério Público de São Pau-

lo. Vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Formado em Direito e Mestre pela Universidade de São Paulo (USP), e Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). Professor Concursado da Academia de Polícia do Estado de São Paulo e Professor Honorário da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

EUGênIO PACELLIProcurador Regional da República, com atuação junto ao

Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Doutor em Direito vol-tado para Ciências Criminais pela Universidade Federal de Mi-nas Gerais. Relator-Geral da Comissão de Juristas encarregada da elaboração do novo Código de Processo Penal, instituída pelo Senado, em 2008.

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PERFIL

ROGÉRIO SAnChESCoordenador Científico do evento. Promotor de Justiça no

Ministério Público do Estado de São Paulo – MPSP; Professor da Escola Superior do Ministério Público (SP, MT e SC) e do CERS Cursos Online. É autor de vários livros, editados pela RT, JusPo-divm e Saraiva.

AURy LOPES JúnIORAdvogado criminalista. Vice-presidente da Federasul. Pro-

fessor de cursos de especialização, mestrado e doutorado em diversas universidades. Pesquisador do CNPq. Coautor de di-versos livros jurídicos e autor de diversos artigos publicados nas principais revistas jurídicas do país e do exterior.

REnATO BRASILEIROPromotor de Justiça Militar da União em São Paulo. Pro-

fessor de Processo Penal e de Legislação Criminal Especial e do CERS Cursos Online. É autor de diversos livros jurídicos, como: Curso de Processo Penal; Nova prisão cautelar; Manual de com-petência criminal; Manual de Processo Penal; e Legislação Cri-minal Especial comentada.

AfRânIO SILVA JARDIMFoi Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do

Rio de Janeiro. É livre-docente em processo penal pela Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em Direito das relações sociais pela Universidade Gama Filho (UGF) e pro-fessor-adjunto do Departamento de Direito Processual da UERJ.

AnTônIO ALBERTO MAChADOPromotor de justiça em Ribeirão Preto (SP). Mestre e Dou-

tor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Professor da graduação e pós-graduação do curso de Direito da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Franca-SP. Autor de várias obras jurídicas.

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PERFIL

ADEL EL TASSEAdvogado em Curitiba (PR). Procurador Federal. Mestre e

Doutorando em Direito Penal. Professor de Direito Penal, em cursos de graduação e pós-graduação, em diferentes institui-ções de ensino superior. Coordenador no Paraná da Associação Brasileira dos Professores de Ciências Penais.

GAMIL fOPPELAdvogado Criminalista, especialista em Ciências Crimi-

nais. Mestre em Direito Penal pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Doutor em Direito Penal Econômico pela Universida-de Federal de Pernambuco (UFPE). Professor de Pós-Graduação em diversas instituições de ensino brasileiras.

yURI CARnEIRODoutor e Mestre em Direito Público pela Faculdade de Di-

reito da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor da Pós-Graduação lato sensu em Ciências Penais da Fundação Fa-culdade de Direito da UFBA, Universidade Católica de Salvador (UCSAL), Faculdade Mauricio de Nassau e Universidade Federal do Tocantins (UFT).

AnA CRISTInA MEnDOnÇAProfessora da Escola da Magistratura do Estado do Rio de

Janeiro (EMERJ), da Fundação Escola do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (FEMPERJ). Professora de Direito Pro-cessual Penal e Prática Forense Penal da Universidade Candi-do Mendes – RJ. Leciona Direito Processual Penal em diversos cursos de Especialização e Pós-graduação. Professora do CERS Cursos Online.

fáBIO ROqUEJuiz do Tribunal Regional Federal - 5ª. Região (TRF-5).

Doutorando em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor da Faculdade de Direito da UFBA e do CERS Cursos Online.

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PERFIL

fLáVIO CARDOSO PEREIRAPromotor de Justiça no Estado de Goiás. Formado em Direito

pela Universidade Federal de Uberlândia-MG (UFU). Especialis-ta em combate ao crime organizado, terrorismo e corrupção pela Universidade de Salamanca (Espanha). Especialista em Direito Penal pela USAL (Espanha). Mestrado em Estudos sobre Terroris-mo pela Universidade de La Rioja (Espanha). Doutor em Direito pela Universidade de Salamanca (Espanha). Pós-doutorando em Democracia e Direitos humanos pela Universidade de Coimbra (Portugal). Professor de Direito Penal e Ciências Criminais.

GEOVAnE MORAESPós-Graduado em Direito pela Faculdade de Direito do Re-

cife - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professor de Direito Penal e Direito Processual Penal do CERS Cursos On-line. Palestrante e autor de diversas obras jurídicas, referentes ao Direito Penal e preparação para o Exame de Ordem.

GUILhERME ROChAPromotor de Justiça Militar. Professor de Direito Penal em

diversas instituições de ensino superior e da Academia Nacional de Polícia (ANP), no Distrito Federal. Professor do CERS Cursos Online. Autor de artigos científicos na área de direito Penal.

MARCELO UzEDADefensor Público Federal na Defensoria Pública da União –

Núcleo do Rio de Janeiro. Professor da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) e da Fundação Escola Superior da Defensoria Pública do Estado do Rio De Janeiro (FESUDEPERJ). Professor do CERS Curso Online. Autor de vários livros jurídicos.

REnATO SARAIVACoordenador Geral do evento. Procurador do Trabalho, atu-

ando na Procuradoria Regional do Trabalho – 6ª Região (PRT6). Fundador do Complexo de Ensino Renato Saraiva. Diretor Pedagó-gico e Professor do CERS Cursos Online. Palestrante e autor de di-versas obras e artigos científicos referentes ao Direito do Trabalho.

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QUESTõES COMENTADAS > DIREITO E PROCESSO PENAL

qUESTÃO 1(ACAFE – 2014 – PC – SC – Delegado de Polícia Substituto) De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa correta.

a) Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um terço até a metade.

b) Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, excetua-se primeiro esta.

c) Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais delinquências, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada de um terço até metade.

d) Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.

e) A execução da pena privativa de liberdade não superior a seis anos poderá ser suspensa por dois a quatro anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

Direito PenalProfº. Geovane moraes

Gabarito comentado:Resposta: D

a) Errada

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um terço até a metade.

Nesta alternativa estamos diante do instituto do crime continuado, de acordo com o tipificado ao teor do artigo 71, o qual dispõe:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

b) Errada

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, excetua-se primeiro esta.

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QUESTõES COMENTADAS > DIREITO E PROCESSO PENAL

A definição do caso em tela se refere ao concurso material de crimes, disciplinado ao teor do artigo 69, do Código Penal:

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

O erro da alternativa está na parte final, a qual dispõe que excetua-se primeiro a detenção, quando na verdade é excetuada a pena de reclusão no caso de aplicação cumulativa das penas de reclusão e detenção.

c) Errada

Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais delinquências, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada de um terço até metade.

O artigo 70 do Código Penal trata do instituto do crime formal, assim disciplinado:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas

cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.

Na questão apresentada, o erro está na proporção de aumento de pena, a questão apresenta que a pena será aumentada de um terço até metade, quando o aumento da pena será de um sexto até metade.

d) Certa

e) Errada

A execução da pena privativa de liberdade não superior a seis anos poderá ser suspensa por dois a quatro anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

A alternativa aborda os requisitos para a suspensão da pena, tipificados ao teor do artigo 77 do Código Penal, no caso do condenado ser maior de setenta anos de idade ou por razões de saúde que justifiquem a suspensão, a execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, conforme disciplinado ao teor do parágrafo 2º do artigo 77, do Código Penal: § 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

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Page 44: Revista Edital

QUESTõES COMENTADAS > DIREITO E PROCESSO PENAL

qUESTÃO 2(MPE/MG – Promotor de Justiça – MG/2008) Moderna-mente, o chamado direito penal do inimigo pode ser en-tendido como um direito penal de:

a) Primeira Velocidade.

b) Garantias.

c) Segunda Velocidade.

d) Terceira Velocidade.

e) Quarta Geração.

Questão extraída do livro: Revisaço Direito Penal - 1.526 Questões comentadas alternativa por alternativa (2014)

O Direito Penal do Inimigo representa a construção de um sistema próprio para o tratamento do indivíduo considerado “infiel ao sistema”. Considera que àquele que se dedica a determinados crimes não se deve garantir o status de cidadão...”

Direito PenalProfº. Rogério Sanches

Gabarito comentado:Resposta: D

O Direito Penal do Inimigo representa a construção de um sistema próprio para o tratamento do indivíduo considerado “infiel ao sistema”. Considera que àquele que se dedica a determinados crimes não se deve garantir o status de cidadão, merecendo, ao revés, punição específica e severa, uma vez que o seu comportamento põe em risco a integridade do sistema. As principais características do Direito Penal do Inimigo são: antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios; a criação de crimes de mera conduta e de perigo abstrato; a flexibilização do princípio da legalidade, com a descrição vaga dos crimes e das penas; a inobservância de princípios básicos do direito penal, como o da ofensividade e da exteriorização do fato; a preponderância do direito penal do autor em contraposição ao direito penal do fato; a desproporcionalidade das penas; o surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate”; a restrição de garantias penais e processuais, característica do Direito Penal de Terceira Velocidade e, por fim, o endurecimento da execução penal.

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QUESTõES COMENTADAS > DIREITO E PROCESSO PENAL

qUESTÃO 3(Analista Judiciário/TRE-RJ/CESPE/2012) A inti-mação pessoal do réu que estiver preso faz-se ne-cessária em relação às decisões que lhe forem desfa-voráveis em primeiro e segundo grau de jurisdição, mas não em relação às das instâncias superiores.

Processo PenalProfª. Ana Cristina mendonça

Gabarito comentado:Resposta: Errado

No processo penal o acusado deve ser intimado pessoalmente da sentença condenatória, de forma a viabilizar a interposição do recurso de apelação em atenção ao duplo grau de jurisdição. O réu pode apelar independentemente do seu defensor, seja este constituído ou nomeado. Contudo, os recursos extraordinário e especial são recursos excepcionais, que somente devolvem matéria de direito, motivo pelo qual os Tribunais Superiores possuem posicionamento no sentido de ser desnecessária a intimação pessoal do acusado da decisão (acórdão) proferida em grau de apelação.

Ementa: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. NULIDADE DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO PACIENTE PARA RECORRER DO ACORDÃO QUE JULGOU A APELAÇÃO. DESNECESSIDADE. ART. 392 DO CPP. INAPLICABILIDADE. INTIMAÇÃO REALIZADA POR MEIO DE ADVOGADO CONSTITUÍDO. ORDEM DENEGADA. I – O paciente possuía advogado constituído nos autos, que foi devidamente intimado do acórdão que julgou o recurso de apelação e optou por não interpor os recursos especial e extraordinário. II – O art. 392 do CPP dispõe sobre a necessidade de intimação pessoal do réu apenas na hipótese de sentença condenatória e não de acórdão proferido no julgamento de apelação. Precedentes. III - Os autos dão conta de que se tratava de réu

solto com patrono constituído e que não houve qualquer renúncia desse advogado, sendo desnecessária a intimação do paciente para constituir novo defensor, uma vez que cabe à defesa técnica analisar a conveniência e a viabilidade na interposição dos recursos especial e extraordinário IV – Ordem denegada. (STF. HC 114107, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 27/11/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 11-12-2012 PUBLIC 12-12-2012)

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO RÉU DO ACÓRDÃO CONDENATÓRIO. DESNECESSIDADE EM SEGUNDO GRAU. NÃO-ESGOTAMENTO DA JURISDIÇÃO, PELA NÃO-INTERPOSIÇÃO DOS RECURSOS EXTREMOS (ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO). RECURSOS VOLUNTÁRIOS. NÃO-OBRIGATORIEDADE DE INTERPOSIÇÃO PELO DEFENSOR. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. ORDEM DE HABEAS CORPUS DENEGADA. 1. A necessidade de intimação pessoal do réu, a que se refere o artigo 392, do Código de Processo Penal, só tem aplicabilidade nas decisões de primeiro grau, não alcançando, pois, as intimações em segundo grau e nas instâncias superiores. Precedentes. 2. À luz do princípio da voluntariedade, aplicável a todos os recursos, ressalvadas as hipóteses legalmente previstas de recurso ex officio - nas quais a decisão está sujeita ao duplo grau de jurisdição -, não há qualquer obrigação do defensor quanto à interposição dos recursos extremos. Precedentes. 3. Ordem de habeas corpus denegada.(STJ, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 19/06/2012, T5 - QUINTA TURMA)

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QUESTõES COMENTADAS > DIREITO E PROCESSO PENAL

Processo PenalProfª. Ana Cristina mendonçaqUESTÃO 4(Analista Judiciário/DPE-DF/FGV/2014) “A ação persecutória do estado, qualquer que seja a instância de poder perante a qual se instaure, para revestir-se de legitimidade, não pode apoiar-se em elementos probatórios ilicitamente obtidos, sob pena de ofensa à garantia constitucional do due process of law, que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma de suas mais expressivas projeções concretizadoras no plano do nosso sistema de direito positivo. (...) A CR, em norma revestida de conteúdo vedatório, desautoriza, por incompatível com os postulados que regem uma sociedade fundada em bases democráticas , qualquer prova cuja obtenção, pelo poder público, derive de transgressão a cláusulas de ordem constitucional, repelindo, por isso mesmo, quaisquer elementos probatórios que resultem de violação do direito material (ou, até mesmo, do direito processual), não prevalecendo, em consequência, no ordenamento normativo brasileiro, em matéria de atividade probatória, a fórmula autoritária do male captum, bene retentum” ST , HC 93.050,

Rel. Min. Celso de Mello, 2ª T,DJE de 1º-8-2008). Assinale a alternativa que contém hipótese correta:

a) Ainda que espontânea, entrevista concedida a jornal local não pode ser usada como prova se o acusado não foi advertido do direito de permanecer calado.

b) a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro, depende de prévia autorização pelo juiz competente.

c) é ilegal a filmagem realizada pela vítima, com o objetivo de identificar o autor de danos praticados contra o seu patrimônio.

d) não há ilegalidade na pesquisa feita por policiais dos últimos registros telefônicos na agenda eletrônica de aparelho celular apreendido.

e) é ilícita a gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, ou com sua autorização, sem ciência do outro, mesmo quando há investida criminosa deste último.

Gabarito comentado:Resposta: D

Todas as assertivas são extraídas de claro posicionamento da jurisprudência, em especial do Supremo Tribunal Federal, acerca da possibilidade de utilização de gravações ambientais no processo penal, desde que não haja violação à espera de privacidade do indivíduo. A gravação ambiental, em regra, é prova lícita, independentemente de autorização judicial.

Reparem que não pode se alegar violação a privacidade ou mesmo violação ao direito ao silêncio quando foi o próprio

acusado a prestar declarações públicas através dos meios de comunicação; da mesma forma não se pode impedir a colocação de câmeras de segurança nas áreas comuns de um condomínio, por exemplo; ou que um dos interlocutores grave conversa da qual participa para, dentro de um critério de proporcionalidade, amparar os seus próprios direitos.

Os registros telefônicos a que se refere a letra D são apenas os dados referentes as ligações já realizadas ou ainda eventuais mensagens recebidas no celular, desde que a apreensão tenha ocorrido legalmente incluem-se nos moldes desta o acesso as informações ali existentes.

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QUESTõES COMENTADAS > DIREITO E PROCESSO PENAL

qUESTÃO 5(Vunesp – Juiz Substituto – SP/ 2009) Pode constituir exemplo de homicídio qualificado por motivo torpe o crime praticado

a) com o propósito de vingança.

b) por motivação insignificante.

c) com extrema crueldade contra a pessoa da vítima.

d) por vários agentes para subtrair bens de pessoa idosa.

Direito PenalProfº. Rogério Sanches

Gabarito comentado:Resposta: A

a) É correta. A vingança pode ou não constituir motivo torpe, dependendo da causa que a originou. A análise do caso concreto é imprescindível. Assim, aliás, já decidiu o STF (HC 83.309/MS).

b) O propósito insignificante qualifica o homicídio pelo motivo fútil, ou seja, quando o móvel apresenta real desproporção entre o delito e sua causa moral.

c) A adoção, pelo homicida, de crueldade contra a vítima qualifica o homicídio pelo emprego de meio cruel.

d) No caso dos agentes que matam alguém para lhe subtrair os bens, há latrocínio (e não homicídio).

Questão extraída do livro: Revisaço Direito Penal - 1.526 Questões comentadas alternativa por alternativa (2014)

O homicídio praticado por motivo torpe é aquele em que a razão do delito é vil, ignóbil, repugnante, abjeta. O clássico exemplo está estampado logo na primeira parte do inciso I do § 2º do artigo 121, com o homicídio mercenário ou por mandato remunerado. Aqui o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, é dizer, em troca de alguma recompensa prévia ou expectativa do seu recebimento (matador profissional ou sicário).

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