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Revista Eletrônica de Iniciação Científica · O DESAFIO DE SER EMPREENDEDOR: UM ESTUDO DE CASO ..... 115 Ana Gabriela Schmidt ... RESPONSABILIDADE CIVIL E ÉTICA DO CONTADOR

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Revista Eletrônica de Iniciação Científica Ano 6, n. 2, jul./dez. 2016

ISSN: 2236-8701

REVISTA ELETRÔNICA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DOS CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO E DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

1 CORPO EDITORIAL

1.1 NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Prof.ª Ma. Rochelli Colossi Ziembowicz

Prof.ª Me. Jeremias Machado da Silva Prof. Me. Marcos Rogério Rodrigues Prof. Me. Nédisson Luis Gessi Prof. Esp. Jorge Leandro Krechowiecki

1.2 NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS Prof.ª Ma. Cátia Guadagnin Rossa Prof. Me. Anderson Pinceta Prof. Me. Augusto Rieger Lucchese Prof. Me. Marcos Volnei dos Santos

Prof. Esp. Jacob Dalírio Mayer

1.3 EDITORAÇÃO Prof.ª Dr.ª Márcia Adriana Dias Kraemer Prof.ª Ma. Mariel da Silva Haubert

1.4 CAPA Guilherme Bonnes Cheila Maris Guihl

1.5 EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Denise Felber

2 ORGANIZAÇÃO E COORDENAÇÃO Prof. ª Dr.ª Márcia Adriana Dias Kraemer Prof. ª Ma. Cátia Guadagnin Rossa Prof. ª Esp. Jorge Leandro Krechowiecki

R454 Revista Eletrônica de Iniciação Científica dos Cursos de Administração e Ciências Contábeis./Faculdades Integradas Machado de Assis. – Santa Rosa, Nº. 2, jul./dez. 2016.

ISSN: 2236-8701 Publicação Semestral

1. Administração. 2. Ciências Contábeis. 3. Artigos Acadêmicos.

I. Faculdades Integradas Machado de Assis

CDU: 658(05)

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ISSN: 2236-8701

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 04

A LIDERANÇA COMO BASE PRIMORDIAL NA ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE O ESTILO DE LIDERAR DENTRO DE UMA COOPERATIVA MISTA ..................................................................................................................... 05 Janaína Chitolina

Luana Aparecida Machado

Magrit Fabiane Strehlow

Tainá Busanello

Betina Beltrame

A PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM CUSTOS: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DAS REVISTAS INICIAÇÃO CIENTIFICA E GESTÃO E CONTROLADORIA DA FEMA ................................................................................................................. 21 Gabriela Tais do Rosário Géssica Maria da Veiga Fredericheski Augusto Rieger Lucchese

APURAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE SOJA EM UMA PROPRIEDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE TRÊS DE MAIO – RS ..................... 33 Beatriz Regina Gerhardt Fabiane Hubner Altmann Augusto Rieger Lucchese

CONTABILIDADE GERENCIAL NAS EMPRESAS ............................................... 47 Fabiana Scheer Raquele Link Marcos Volnei Dos Santos

CUSTO DE OPORTUNIDADE NO CONTEXTO DA AGRICULTURA FAMILIAR: PESQUISA DE VIABILIDADE ECONÔMICA EM UMA PROPRIEDADE DO MUNICÍPIO DE ALECRIM – RS ............................................................................. 62 Gisele Lamarque Peres Jones Adalberto Hubner Larissa de Oliveira Calgaro Rafael LautharteLadwig Márcio Kalkmann ÉTICA E GOVERNANÇA CORPORATIVA: UM NOVO OLHAR ORGANIZACIONAL ............................................................................................... 74 Caroline Schwambach Bechaire Rafael Henrique Lenhardt Cristiano de Lima

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FINANÇAS PESSOAIS: UM ESTUDO COM ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FEMA ................................................................................. 87 Franciele Aline Oliveira Michele Regina Kercher Marcos Rogério Rodrigues

MARKETING PESSOAL: GERENCIAR PARA ALCANÇAR O SUCESSO .......... 99 Carla Adriane Lyskowski Joice da Silva Foliatti Tainá Francine Malmann Kaefer Catia Guadagnin Rossa

O DESAFIO DE SER EMPREENDEDOR: UM ESTUDO DE CASO ...................... 115 Ana Gabriela Schmidt Daniela Perini Krentkowski Danieli Rhoden Marcos Rogério Rodrigues

OS BENEFÍCIOS DA INOVAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO RAMO METALMECÂNICO............................................................ 128 Charline Fátima Meinerz Elias Ivan Perius

Marcelo Quelin

Sheila Rosana Marchiori

Marcos Rogério Rodrigues

RESPONSABILIDADE CIVIL E ÉTICA DO CONTADOR ...................................... 141

Anelise Ines Ludwig Beuren Francileni Taini Schneider Bobato Guerli Adriana Hensel Paula Marjana dos Santos Cátia Guadagnin Rossa

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APRESENTAÇÃO

As Faculdades Machado de Assis apresentam a nova edição da Revista

Eletrônica de Iniciação Científica dos Cursos de Administração e de Ciências

Contábeis das Faculdades Integradas Machado de Assis, vinculada ao Núcleo

de Pesquisa, de Pós-Graduação e de Extensão – NPPGE.

São apresentados onze artigos científicos, aprovados pelo Corpo Editorial,

composto pelo Núcleo Docente Estruturante do Curso de Administração e de

Ciências Contábeis. Os artigos científicos publicados, acerca de temas relacionados

às Ciências Sociais Aplicadas e orientados por professores da área, ratificam a

efetiva produção científica dos acadêmicos da FEMA.

Dessa maneira, a Revista Eletrônica de Iniciação Científica materializa a

intertextualidade e a interdisciplinaridade, privilegiando o desenvolvimento regional

sustentável, a educação e as políticas sociais, a gestão e o desenvolvimento de

pessoas, a gestão e o desenvolvimento de organizações, além da gestão da

tecnologia da informação e da inovação tecnológica.

Este espaço é, portanto, uma oportunidade que os acadêmicos e seus

orientadores têm de manifestar seu estudo, apresentando-o para a comunidade

interna e externa e fortalecendo os Cursos Superiores das Faculdades Integradas

Machado de Assis pela apropriação e pela divulgação constante do conhecimento.

Prof.ª Dr.ª Márcia Adriana Dias Kraemer Coordenadora do Núcleo de Pesquisa, de Pós-Graduação e de Extensão - NPPGE

Faculdades Integradas Machado de Assis Fundação Educacional Machado de Assis

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A LIDERANÇA COMO BASE PRIMORDIAL NA ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE O ESTILO DE LIDERAR DENTRO DE UMA COOPERATIVA MISTA.

Janaína Chitolina1

Luana Aparecida Machado2

Magrit Fabiane Strehlow3

Tainá Busanello4

Betina Beltrame5

RESUMO

No cenário atual as relações de trabalho vêm sofrendo inúmeras mudanças, e as empresas perceberam a necessidade de cada vez mais atentar para o desenvolvimento de atitudes e habilidades dentro da liderança, na perspectiva de melhor conduzir e influenciar seus colaboradores na busca de um resultado eficiente e eficaz para a empresa. Para embasar tal reflexão, apresentam-se as teorias de administração, gestão e liderança, temáticas estas que contribuem para o entendimento dos estilos de liderança. Sendo assim, o objetivo do presente artigo é utilizar as teorias estudadas dentro de uma cooperativa mista. Para tanto, realizou-se a aplicação de um teste objetivo de autoconhecimento com os principais líderes de uma cooperativa mista, e uma breve entrevista com o presidente da cooperativa, a fim de identificar qual é o estilo de liderança predominante na organização e quais as expectativas do presidente perante seus líderes. Neste estudo, destaca-se a interação entre a teoria e a prática e os resultados obtidos mostram que o estilo que predomina na organização é o de liderança orientada para as pessoas, conforme a expectativa do presidente, tais aspectos mostram que uma organização com uma liderança direcionada para as pessoas trabalha de forma mais democrática, valoriza a opinião de todos como fator humano direcionador e motivador. Assim, percebe-se a importância de incentivar a liderança, através de treinamentos os quais sugere-se que sejam voltados para a necessidade de cada estilo, ou seja, de cada gestor, buscando harmonizar as relações interpessoais e as tarefas, ganhando em credibilidade e em produtividade.

Palavras-chave: Cooperativa - Estilos de Liderança – Liderados.

1 Acadêmica do Curso de Administração – 5º semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmica do Curso de Administração – 5º semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

3 Acadêmica do Curso de Administração – 5º semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

4 Acadêmica do Curso de Administração – 5º semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

5 Mestre em Desenvolvimento. Orientadora. Professora do Curso de Administração. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

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INTRODUÇÃO

Com o advento da globalização, o mundo passa por grandes mudanças,

processos de transformação e expectativas, inclusive no âmbito empresarial, onde

houve a necessidade de dar maior ênfase para a parte humana da organização,

buscando-se utilizar da liderança como mecanismo de influência entre líderes e

seguidores.

Considerando que os funcionários precisam ser motivados a ponto de se

sentirem confortáveis para expor suas opiniões e se considerarem como parte da

organização, é necessário alguém que tenha a capacidade de influenciar de forma

positiva o comportamento do grupo. O líder precisa ter a capacidade de identificar as

potencialidades e as necessidades, valores e aspirações, para que a equipe possa

alcançar os objetivos que irão fomentar o crescimento da organização.

Com o objetivo de entender as atitudes do líder no exercício de sua função,

verificando qual o perfil predominante em uma cooperativa mista, o presente artigo

apresenta uma noção introdutória de administração, gestão e liderança,

conceituação de líder, suas competências, habilidades e estilos de liderar, buscando

entender de que forma a liderança interfere na organização como um todo.

Para tanto, foi desenvolvido um estudo através do embasamento teórico

focando em alguns autores, tais como: Robbins, Maximiano, Bergamini, Lacombe,

entre outros autores, os quais abordaram as teorias que fundamentam o estudo de

caso (ROBBINS, 2002; MAXIMIANO, 2009; BERGAMINI, 2012; LACOMBE, 2009).

Após o levantamento teórico, aplicou-se um teste de autoconhecimento, a fim

de identificar qual o estilo de liderança do entrevistado, se é orientado para as

pessoas ou para as tarefas. Esse teste foi aplicado como um questionário objetivo

para os líderes da empresa, no ramo cooperativista, para comparar a teoria com a

prática, no que se refere ao estilo de liderar de cada indivíduo. Além disso, realizou-

se uma entrevista com o presidente da organização, com o intuito de perceber se os

seus liderados seguem os seus princípios sobre liderança.

Sendo assim, o estudo está estruturado da seguinte forma: a presente

introdução, referencial teórico referente à administração, gestão e liderança,

abordando os conceitos destes. Em seguida, é abordada a liderança, seu conceito,

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os estilos de liderar e as competências do líder. Por fim, desenvolvesse o estudo de

caso a partir da metodologia que contou com uma pesquisa teórica bibliográfica e

teste aplicado aos principais líderes da cooperativa mista, bem como uma entrevista

ao presidente da empresa. Após apresenta-se a análise dos dados gerados,

seguida da conclusão bem como, das referências utilizadas no embasamento do

presente artigo.

1 ADMINISTRAÇÃO, GESTÃO E LIDERANÇA.

O sucesso das organizações depende de várias contingências, em especial,

pode-se citar a administração, a qual demanda de sabedoria para administrar

recursos. Além disso, há também a gestão, responsável por coordenar todas as

atividades fundamentais para a empresa. Dentro destes aspectos, é importante a

execução da liderança que se dedica a motivar e fazer com que a equipe produza

resultados que possam ser compartilhados. Conforme Chiavenato, é possível

perceber que as atividades de administrar, gerir e liderar são complementares, pois

envolvem objetivos individuais, grupais e organizacionais ou uma combinação deles,

a fim de alcançar a excelência (CHIAVENTAO, 2011).

A administração é importante em qualquer situação, seja no âmbito pessoal,

familiar, empresarial e social. Todas as pessoas que administram recursos ou

tomam decisões são de alguma forma administradores, gestores ou líderes. A

finalidade da administração envolve administrar recursos materiais, humanos e

tecnológicos a fim de transformá-los em capital produtivo para o desenvolvimento da

empresa e da sociedade, através da reunião das funções de planejar, organizar,

dirigir, controlar e liderar (CHIAVENATO, 2011).

Na visão de Maximiano, um administrador deve ser capaz de decidir sobre

questões fundamentais para a empresa, tais como:

[...] tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O processo administrativo abrange cinco tipos principais de decisões, também chamadas processos ou funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle. (MAXIMIANO, 2009, p. 06).

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Portanto, a administração busca criar metas e estratégias para desenvolver o

crescimento da organização. Para tanto, é necessário que sejam executadas todas

as suas funções de forma interdependente, interagindo entre si para atingir o melhor

resultado operacional. A partir desta base, Chiavenato aborda seu entendimento

sobre as habilidades de um administrador:

Existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade técnica, a humana e a conceitual. Habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para a realização de tarefas específicas com base em sua educação e experiência profissional. Habilidade humana: consiste na capacidade e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e desenvolver uma liderança eficaz. Habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar com idéias e conceitos abstratos. A habilidade conceitual proporciona idéias globais e conceitos, valores e princípios que permitem saber onde chegar, a fim de definir o comportamento e as ações futuras necessárias, além da capacidade de diagnóstico (para a resolução de problemas) e de visão futura (para geração de novas idéias e inovação). (CHIAVENATO, 2001, p. 03).

Dessa maneira, percebe-se a importância de combinar tais habilidades em

busca de um melhor desempenho, a fim de atingir um equilíbrio na realização das

diferentes tarefas que envolvem vários setores. O administrador precisa estar apto a

enfrentar as diversidades de uma organização, no sentido de estabelecer objetivos e

rumos dirigindo as pessoas que executam o trabalho. A partir desta base, é visto

que a função administrativa é também uma função gerencial, todas as pessoas que

administram algum tipo de recurso, são de algum modo gerentes ou gestores.

Sendo assim, para Lacombe, o cargo de gerência requer pessoas

competentes que sejam motivadas e que motivem a equipe a atingir os resultados

propostos pela organização:

As atividades gerenciais constituem a essência da administração e se caracterizam pelos esforços para obter resultados por meio de terceiros. O papel dos gerentes é fundamental para obter a cooperação dos subordinados, para os quais ele representa a empresa e deve ser capaz de motivá-los e fazê-los “vestir a camisa”. Por outro lado, deve ser capaz de levar aos níveis superiores as aspirações, os desejos e as necessidades do seu pessoal. Um gerente que não prestigia os subordinados não consegue mantê-los dedicados. (LACOMBE, 2009, p. 34-35).

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Nessa linha de pensamento, a gestão busca colocar em prática as políticas e

planos decididos pela administração, focando em atingir os objetivos da empresa de

maneira a minimizar o custo dos recursos necessários para alcançar as metas, bem

como, adequar as metas às necessidades organizacionais, através da valorização

do funcionário. No enfoque proposto por Kotter, um gestor deve estar preparado

para lidar com diferentes situações que possam surgir no decorrer de sua atividade:

O gestor deve estar preparado para enfrentar a complexidade, caso contrário, as empresas complexas tornam-se caóticas. Portanto, somente o bom gerenciamento irá conseguir organizar as questões básicas de qualidade e lucratividade. (KOTTER, p. 51-52 apud BERGAMINI, 2012, p. 64).

No processo de administração e gestão da organização é essencial

considerar a liderança como base primordial na realização das atividades funcionais.

Esta pode ser descrita como o processo de incentivar e influenciar ações

necessárias para atingir os objetivos da empresa, buscando a satisfação dos

funcionários, através de uma estrutura organizacional bem planejada.

No entendimento de Tead, “[...] liderança é a atividade de influenciar pessoas

a cooperar na consecução de um objetivo que considerem, por si mesmas,

desejável.” (TEAD, 1935 apud PENTEADO, 1973, p. 03). No entendimento de

Ribeiro, a liderança deve ser uma ferramenta utilizada para conduzir a organização

de maneira que alcance a satisfação de todos, sendo a característica

[...] que se espera do gerente, chefe ou supervisor, e que deve ser demonstrada na condução do processo produtivo, por meio do envolvimento e do aproveitamento pleno da criatividade do grupo a ele subordinado, de modo a alcançar a satisfação de todos. (RIBEIRO, 2005, p. 62).

Nessa perspectiva, um bom líder deve ser capaz de trabalhar com diferentes

situações, tendo habilidades e competências para administrar e gerir a empresa.

Este pode ser um agente de mudança que saiba lidar com a complexidade,

influenciando na direção do negócio e definindo as atividades características da

administração e da gestão. É perceptível a relação entre a administração, gestão e a

liderança, onde uma complementa a outra. Desta forma, é oportuno ser abordado o

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conceito de liderança, competências e habilidades de um líder, temática que será

desenvolvida na sequência.

2 LIDERANÇA: UM DESAFIO PARA A EMPRESA.

A liderança é uma habilidade que requer atitudes e conhecimento, sendo uma

característica fundamental para que haja um bom andamento na empresa, capaz de

impulsionar as pessoas no desenvolvimento dos objetivos da organização. Dessa

forma, convém compreender o perfil do líder, suas habilidades, competências e

estilos de liderar, para que seja possível identificar o perfil predominante de

liderança em uma cooperativa mista.

Líder é considerado aquele que conduz e faz com que haja interação entre o

grupo, independente de qualquer cargo de chefia ou autoridade, os demais

colaboradores o seguem, pois se identificam com alguma característica ou objetivo

em comum. Conforme Robbins, “[...] os líderes não podem ser líderes sem

seguidores.” (ROBBINS, 2002, p. 372).

Na mesma perspectiva, para Chiavenato, o exercício da liderança deve

acontecer em todas as áreas funcionais, pois é um requisito primordial para conduzir

pessoas e processos, uma vez que

A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, seja nas empresas, seja em cada um de seus departamentos. Ela é essencial em todas as funções da administração: o administrador precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar. (CHIAVENATO, 2011, p. 117).

Os líderes têm de assumir os anseios do grupo e apoiar seus funcionários,

sendo capazes de incentivar e iniciar verdadeiras revoluções com sua ampla visão

de futuro. Um bom líder sabe dar exemplo com suas palavras, orientações e ações,

respeita sua equipe e transmite confiança através de seus feedbacks. Conforme

Lacombe, o líder precisa ser flexível de acordo com cada situação, sendo sempre o

exemplo para o grupo, onde

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O líder empresarial deve ser capaz de alcançar objetivos por meio dos liderados e, para isso, conforme o tipo de liderado e a ocasião, age de diferentes maneiras: ele ordena, comanda, motiva, persuade, dá exemplos pessoais, compartilha os problemas e ações, ou delega e cobra resultados, alterando a forma de agir de acordo com a necessidade de cada momento e com o tipo de liderado, a fim de alcançar os objetivos da empresa. (LACOMBE, 2009, p. 191).

Apesar de existir um ideal sobre as características que se atribui ao líder, nem

sempre essa expectativa é alcançada. Cada pessoa possui uma personalidade

própria, reagindo de formas diferentes em diferentes situações. Neste caso, é válido

considerar que existem vários tipos de liderança, um deles é o de líder autocrático,

aquele que é controlador e não permite a participação dos funcionários nas

decisões. Para Minicucci, o estilo autoritário de liderar não ouve seus colaboradores,

tomando decisões por conta própria. No ambiente,

[...] o líder, designado para a chefia do grupo por alguma autoridade, atua como dirigente e toma as decisões em nome do grupo. Não permite ao grupo participação alguma nas decisões. O líder autoritário determina os programas do grupo, faz os planos mais importantes, só ele conhece a seqüência de passos futuros nas atividades do grupo, só ele dita as atividades dos membros e o padrão de inter-relações entre estes. É o encarregado de prêmios e castigos. (MINICUCCI, 2008, p. 293).

O segundo tipo de liderança conforme mesmo autor é o paternalista, no qual

o líder oferece proteção à sua equipe, expressando opiniões de influências decisivas

e importantes. Conforme Minicucci, o líder paternal se responsabiliza pelo grupo,

buscando protegê-lo, sendo que também

O líder é amável, paternal, cordial ante as necessidades do seu “rebanho”, mas sente que deve tomar as decisões mais importantes em nome do grupo e pelo bem do grupo. Esse tipo de liderança evita as discórdias e produz uma ação de grupo feliz e efetiva. (MINICUCCI, 2008, p. 294).

O terceiro tipo de liderança é a permissiva (laissez-faire), aquela onde há

liberdade nas escolhas dos liderados e mínima participação do líder. De acordo com

Minicucci, “[...] a melhor forma de dirigir é não dirigir em absoluto, deixando que os

indivíduos maduros tenham uma completa liberdade, sem guia e sem controle ou

ajuda.” (MINICUCCI, 2008, p. 294-295).

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Por fim, o quarto tipo de líder é o democrático, o qual estimula e assiste o

grupo, deixando-os livres para trabalhar sempre sugerindo alternativas, ou seja, o

poder do líder é indireto. Conforme orienta Minicucci, “[...] os membros trabalham em

conjunto. Dá-se máxima importância ao crescimento e ao desenvolvimento de todos

os seus membros. Nenhum deles é exclusivamente líder, pois a liderança está

distribuída.” (MINICUCCI, 2008, p. 295).

Sobretudo, não é possível se basear em apenas um tipo de líder e sim saber

lidar com todos eles de maneira eficaz, pois a eficácia do estilo é determinada pela

situação. Ademais, é importante ressaltar que ao longo de muitos anos a liderança

está sendo analisada a partir de dois princípios básicos, com foco nas pessoas e

nas tarefas, segundo Maximiano:

[...] o líder orientado para a tarefa tem muito mais preocupação com a tarefa do que com o grupo que a executa. [...] o líder orientado para as pessoas acredita que o processo administrativo deve procurar criar um clima em que as pessoas sintam-se confortáveis. (MAXIMIANO, 2009, p. 288).

Esses princípios básicos de liderança, orientada para a tarefa e para

pessoas, com o tempo passaram a ter diferentes nomenclaturas, porém sua base

continua sendo a mesma, considerando sempre a forma com que o líder se

relaciona com os liderados. Maximiano expressa seu conceito sobre liderança

autocrática e democrática, nestes termos:

Autocracia, liderança diretiva e liderança orientada para a tarefa são os nomes mais comuns para indicar os estilos em que o poder de tomar decisões está concentrado no líder. Democracia, liderança participativa e liderança orientada para as pessoas são nomes que indicam algum grau de participação dos funcionários no poder do chefe ou em suas decisões. Quanto mais as decisões do líder forem influenciadas pelo grupo, mais democrático é o comportamento do líder. (MAXIMIANO, 2009, p. 219).

Percebe-se que a liderança é um conceito antigo, e sua base depende da

forma com que o líder se relaciona com o subordinado, conforme cada situação. Um

bom líder sabe instigar os funcionários na realização das tarefas, porém quando

necessário sabe impor-se e tomar as decisões cabíveis para cada circunstância.

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Desse modo, é oportuno abordar as competências de um líder, ou seja, os

comportamentos e atitudes que este precisa ter para atingir o desempenho

desejado. Vizioli alerta que o líder deve saber comunicar-se, cooperar e trabalhar em

equipe, ser adaptável às mudanças, focar no cliente, orientar para resultados,

pensar estrategicamente, planejar, organizar e principalmente tomar decisões

(VIZIOLI, 2010).

Em resumo, a liderança traz consigo uma série de características e

habilidades que são necessárias para que esta função seja executada da melhor

maneira possível. O líder é uma peça chave para o bom andamento das atividades,

ele pode ter a capacidade de observar o que acontece ao seu redor a fim de

encontrar soluções para cada problema, precisa ser empático, colocando-se no

lugar dos liderados para entender as suas necessidades.

Além disso, necessita estar em busca constante de conhecimento, saber ouvir

e comunicar-se de forma clara e objetiva, inspirar e motivar através do próprio

exemplo, respeitar diversidades organizacionais, delegar funções adequadamente, e

principalmente ser humilde, sabendo reconhecer suas falhas. Sendo assim,

Lacombe ressalta o que se espera de um líder:

[...] alguém que seja digno de confiança, que seja compreensivo, que seja ético, que seja dinâmico e que inspire os seus seguidores por seus atos. Ações são mais importantes do que palavras; são as ações que demonstram o compromisso do líder. (KOUZES; POSNER, 1997. p. 258. apud LACOMBE, 2011, p. 257).

Logo, o líder precisa ter inúmeras características para que consiga ser um

exemplo dentro da organização. Porém, não há como definir um estilo ideal, é

preciso que ele saiba analisar o ambiente no qual está inserido para que possa ter

condições de decidir a forma mais adequada de liderança para cada situação.

A liderança em uma cooperativa se preocupa com o bem-estar social,

fundamentando-se em questões de solidariedade, participação democrática,

independência e autonomia. Valoriza a colaboração e a associação de pessoas que

tenham interesses em comum, somando esforços para obtenção de benefícios

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socioeconômicos. Com base nessa ideia, foi desenvolvido um estudo de caso em

uma cooperativa mista, assim, convém ser abordada a metodologia do estudo.

3 METODOLOGIA

Após o desenvolvimento do referencial teórico, a partir da pesquisa

bibliográfica, envolvendo as temáticas de administração, gestão e conceitos de

liderança, passou-se à pesquisa prática, que foi realizada em uma cooperativa mista

que atua no setor de grãos, leite, combustíveis, supermercados, lojas de insumo,

ferragens e armazenagem do produto, estando localizada na região noroeste do

Estado do Rio Grande do Sul.

Sendo assim, foi aplicado um teste objetivo de autoconhecimento, sobre estilo

de liderança, tendo sido aplicado para 21 líderes da cooperativa, onde 13 líderes

atuam na central administrativa e8 líderes na área de supermercados, sendo estes

todos os líderes dos respectivos setores, buscando entender qual é o estilo de

liderar de cada um. Se a liderança é voltada para a tarefa ou para as pessoas. Os

testes foram aplicados nos dias 28 e 29 de abril de 2016, durando cerca de 10

minutos cada teste, após foram analisados os dados gerados.

Conforme o teste de Robbins, que é encontrado no livro “Administração:

mudanças e perspectivas” (2002, p. 378), o qual contém 22 questões, presentes em

anexo, onde são apresentadas situações sobre as quais o entrevistado expõe seu

comportamento como líder. As opções foram dispostas como S (sempre), F

(frequentemente), ? (talvez), R (raramente), N (nunca), equivalendo respectivamente

a 5, 4, 3, 2 e 1 pontos atribuídos para cada alternativa, podendo o entrevistado

escolher a que mais se identificasse com o seu perfil. As perguntas são divididas em

dois grupos, grupo A: perguntas 1 a 12, no qual a pontuação maior que 47 indica um

estilo de liderança muito orientado para a tarefa. E grupo B: perguntas 13 a 22, onde

a pontuação superior a 40 indica um estilo orientado para as pessoas. Desse modo,

foi possível analisar qual o estilo de liderança que mais se destaca na cooperativa.

Além do teste, foi realizada uma entrevista com o presidente da cooperativa

mista. Este tem 45 com anos é formado como Técnico Agrícola, atuando a 21 anos

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na cooperativa e há 2anos como presidente. Para refletir sobre o teste aplicado,

foram elaboradas cinco questões abertas, buscando entender a visão do

entrevistado sobre liderança. A entrevista ocorreu dia 16 de maio de 2016, a qual foi

lida e respondida pelo entrevistado, conforme solicitação do mesmo, devido ao

tempo disponibilizado por este. Assim, buscou-se comparar os testes objetivos com

a entrevista realizada com o presidente, a fim de compreender suas perspectivas

sobre liderança e a realidade de seus liderados.

4 ANÁLISE DE UM TESTE DE AUTOCONHECIMENTO E DE UMA ENTREVISTA

APLICADA EM UMA COOPERATIVA MISTA

Passa-se a apresentar o resultado da pesquisa, a partir do teste aplicado aos

líderes dos setores: administrativo e de supermercados, para chegar a um

entendimento sobre qual estilo de liderança predomina na cooperativa. Foram

entrevistados 100% dos líderes da central administrativa e dos supermercados, que

totalizam 21 gestores, sendo que destes 45% são do sexo feminino e os outros 55%

do sexo masculino, tendo idades entre 25 e 48 anos.

De acordo com os dados coletados, foram analisados os testes que

resultaram em 72,22% dos líderes entrevistados têm seu estilo de liderança voltado

para as pessoas. Em contrapartida, 27,78% têm seu estilo orientado para as tarefas.

Robbins define um conceito bidimensional sobre os estilos de liderança:

A dimensão tarefa refere-se a ações como enfatizar a realização das metas do grupo, definir e estruturar atribuições de trabalho dos membros do grupo e enfatizar o cumprimento de prazos finais. A dimensão pessoa abrange ações como desenvolver boas relações interpessoais, ser amistoso e acessível, e estar preocupado com problemas pessoais dos funcionários. (ROBBINS, 2002, p. 376).

A partir disso, é evidente que a maioria dos líderes da cooperativa mista tem

seu estilo de liderança voltado para as pessoas, ou seja, dão maior ênfase às

relações interpessoais, preocupando-se com as relações e o bem estar da equipe na

realização das atividades. Logo, o restante dos líderes da cooperativa se preocupa

mais com a execução das tarefas e o cumprimento das metas.

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Para complementar o estudo, foi realizada uma entrevista de caráter

descritivo com o presidente da cooperativa mista, sendo aplicadas cinco questões.

Ao ser questionado sobre como se descreve como líder, respondeu que se

considera um líder atuante, que assume responsabilidades e lidera pelo exemplo.

É fato que o líder deve ter a capacidade primordial de conduzir, dando

exemplo e assumindo as responsabilidades que o cargo lhe impõe. Tais aspectos

auxiliam no processo de gerir a equipe, ganhando credibilidade perante os

colaboradores, associados e clientes. Na visão de Lacombe, o líder deve sim dar o

exemplo, “[...] O líder deve ser um modelo exemplar para seus seguidores e não

deve exigir o que não esteja disposto ele mesmo a fazer.” (LACOMBE, 2011, p.

244).

Questionado sobre o que ele espera dos seus liderados, o presidente

respondeu que espera que cada um dos seus líderes dê o máximo de si, que

liderem pelo exemplo, dando atenção aos resultados e preocupando-se

principalmente com as pessoas na busca do sucesso da equipe.

Em relação a isso, conforme o teste é perceptível que a maior parte dos seus

liderados, 72,22% tem sua liderança orientada para as pessoas, assim como a

expectativa do presidente, que espera que sua equipe se preocupe principalmente

com as pessoas, crendo que com isso a equipe conquistará o sucesso.

Nesta perspectiva, cita-se Faria, o qual explicita que o líder deve ter uma

personalidade sensível ajustando-se aos objetivos do grupo, procurando

desenvolver motivações, criando estímulos que funcionem como agentes

catalizadores, impulsionando o grupo a atingir resultados esperados por ele (FARIA,

1982).

Quando solicitado a falar sobre o que entende sobre liderança orientada para

a tarefa e liderança orientada para as pessoas, o entrevistado define liderança

orientada para a tarefa como aquela que se preocupa com a execução do trabalho,

buscando obter resultados imediatos, atingir metas e maior eficiência no resultado

financeiro. Enquanto que, liderança orientada para as pessoas, para ele, é aquela

que se preocupa com a equipe e as pessoas envolvidas no processo e busca

aproveitar o potencial de toda a equipe de forma democrática. Em relação aos

estilos de liderança, Minicucci afirma que

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Líder orientado para a tarefa (OT). Dentro dessa estrutura de comportamento, o líder (gerente) dirige os seus esforços e o de seus subordinados para a tarefa, visando iniciar, organizar e dirigir um trabalho. Líder orientado para as relações interpessoais (OR). O gerente (líder) voltado para essa orientação tem relações pessoais mais amplas no trabalho, caracterizado por ouvir, confiar e encorajar. (MINICUCCI, 2008, p. 306).

Ademais, ao expressar sua percepção de qual é a melhor e mais complexa

característica de um líder, o entrevistado expõem que liderar pelo exemplo

demonstrando atitudes e comportamentos é a melhor característica de um líder, pois

só assim cria-se crédito para liderar através do exemplo positivo. Nessa linha de

pensamento, Lacombe descreve seu conceito sobre dar o exemplo, em que

O líder comunica não só pelas palavras, mas principalmente por meio de seus atos e exemplos, que devem estar coerentes com o que ele prega. O bom líder age de acordo com o que diz. Se o que é feito não estiver de acordo com o que é dito, o líder ficará desacreditado e os seguidores o abandonarão. (LACOMBE, 2011, p. 254).

A partir dessa ideia, um líder deve conduzir pelo exemplo positivo, de maneira

que seus liderados sintam-se inspirados a seguir sua conduta, tanto em suas

atitudes quanto em seus comportamentos, buscando através disso a concretização

dos resultados.

Quando questionado sobre o que é mais fácil e mais difícil trabalhar com os

líderes dentro da organização, o presidente da cooperativa respondeu que o mais

fácil é formar líderes que tenham um único objetivo de muito trabalho, focado no

resultado e na eficiência. E, o mais difícil, para ele, é manter os líderes motivados o

tempo todo, sempre valorizando todos os integrantes da equipe o suficiente para

que eles se sintam tão importantes ao ponto de manter a motivação para

transformar tudo isso em resultado, com todos integrados e satisfeitos.

Em relação a isso, Lacombe traz o conceito de que o que proporciona maior

produtividade é a motivação, sendo necessário descobrir o quanto é preciso motivar

cada indivíduo, o que motiva cada um, e como manter esforços contínuos no

processo de motivação (LACOMBE, 2011).

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É fato que, em qualquer atividade, sempre existirão situações instáveis que

exigirão do líder e dos seus seguidores flexibilidade e disponibilidade de trabalhar

com a mesma motivação em ocasiões inesperadas. O líder deve ter a habilidade de

dissolver os mais complexos problemas que aparecem no decorrer de uma gestão.

Refletindo sobre o teste de autoconhecimento e a entrevista com o presidente

foi possível identificar que o estilo de liderança dos líderes da cooperativa mista é

orientado principalmente para as pessoas bem como, a orientação que para eles é

passada, que estes deem maior atenção às pessoas, sendo estas: colaboradores,

associados e clientes. Ademais, o presidente considera também que as tarefas

devem ser bem executadas, de acordo com o que é proposto, para que todas as

metas sejam atingidas buscando a maior eficiência financeira e operacional.

CONCLUSÃO

O presente artigo teve como base autores, com diferentes percepções sobre

administração, gestão e liderança. Contudo, após o embasamento teórico, buscou-

se uma cooperativa mista, onde foi aplicado um teste de autoconhecimento para os

líderes da cooperativa dos setores administrativo e de supermercados, que buscou

identificar qual o estilo de liderança predominante, se é orientada para as pessoas

ou para as tarefas. Para, além disso, foi realizada uma entrevista com o presidente

da cooperativa mista, buscando conhecer qual a orientação da liderança na

empresa.

A partir do teste e da entrevista, foi possível atender ao propósito de estudar

os estilos de liderança com base na administração e na gestão. No teste, obteve-se

o resultado de que 72,22% dos líderes da cooperativa mista tem seu estilo de

liderança orientado para as pessoas, e 27,78% dos líderes tem seu estilo voltado

para as tarefas. Na entrevista com o presidente, constatou-se que este se preocupa

com as tarefas, mas principalmente com as pessoas que estão envolvidas no

processo, com maior abertura nas decisões a serem tomadas, permitindo a

democracia, a fim de aproveitar o potencial de toda a equipe.

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As organizações necessitam cada vez mais de líderes que façam a diferença,

promovendo mudança através do próprio exemplo, motivando seus seguidores a

atingir os resultados e as metas exigidas pela empresa, buscando sempre a maior

eficiência e eficácia. É de fundamental importância que os líderes tenham a

capacidade de conduzir, e que para isso, saibam se utilizar dos seus conhecimentos

e atitudes, bem como das habilidades técnicas, humana e conceitual, para que

possam propiciar o crescimento tanto pessoal como profissional de seus liderados.

Em virtude dos fatos mencionados, verifica-se a importância das empresas

incentivarem a liderança, direcionando treinamentos que proporcionem o

desenvolvimento de líderes que saibam conciliar a realização das tarefas com ações

voltadas para as pessoas. Apesar de não existir um estilo ideal, é preciso que o líder

seja flexível às mudanças e as diferenças individuais de cada liderado, buscando

harmonizar as relações interpessoais e as tarefas.

REFERÊNCIAS

BERGAMINI, Cecília Whitaker. O Líder Eficaz. São Paulo: Atlas, 2012. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. FARIA, Albino Nogueira de. Chefia e Liderança. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1982. LACOMBE, Francisco José Masset. Recursos Humanos: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. LACOMBE, Francisco José Masset. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Saraiva, 2009. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MINICUCCI, Agostinho. Psicologia Aplicada à Administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

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PENTEADO, José Roberto Whitaker. Técnica de Chefia e Liderança. 3. ed. São Paulo: Livraria Pioneira, 1973. RIBEIRO, Antonio de Lima. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2005. ROBBINS, Stephen Paul. Administração: mudanças e perspectivas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. VIZIOLI, Miguel. Liderança: a força do temperamento. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

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A PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM CUSTOS: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DAS REVISTAS INICIAÇÃO CIENTIFICA E GESTÃO E CONTROLADORIA DA

FEMA

Gabriela Tais do Rosário1 Géssica Maria da Veiga Fredericheski2

Augusto Rieger Lucchese3

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar a produção científica em custos das revistas de Iniciação Científica e Gestão e Controladoria da Fundação Educacional Machado de Assis – FEMA, entre os anos de 2011 a 2015. Para tanto, o estudo delimitou-se em realizar pesquisas bibliográficas, nas quais se enfatizam os conceitos de contabilidade e contabilidade de custos, os métodos de custeio, os custos fixos e variáveis. Também, foi elaborada uma pesquisa bibliométrica com base nas revistas publicadas pela FEMA. Esse estudo foi desenvolvido com o intuito de analisar a quantidade de publicações do período e evidenciar os trabalhos acadêmicos dos artigos publicados na área de custos. Conclui-se que a contabilidade de custos é de grande importância para a análise dos gastos, pois através dela é possível identificar mais detalhadamente, se as empresas estão gerando lucros e se o capital investido está sendo bem aplicado. Com a pesquisa, foi possível identificar em qual das revistas há maior número de publicações, assim como a quantidade de artigos produzidos na área de custos, além de destacar a importância de elaborar trabalhos das diversas áreas do conhecimento, no intuito de publicá-los nas revistas elaboradas pela FEMA.

Palavras-chave: Contabilidade – Contabilidade de Custos – Pesquisa Bibliométrica.

INTRODUÇÃO

Define-se a contabilidade, no momento atual, como um sistema de

informação e mensuração de eventos que afetam a tomada de decisão. É

comumente analisada como uma série de atividades ligadas através de um conjunto

progressivo de passos, começando pela observação, a classificação, o registro, a

análise e finalmente a informação ao usuário. 1 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 5º semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 5º semestre. Faculdades Integradas Machado de [email protected]

3 Mestre em Contabilidade pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).Orientador. Professor do Curso de Ciências Contábeis. [email protected]

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A contabilidade de custos está ligada à contabilidade. A introdução desse

sistema de mensuração dos estoques nas entidades se deu devido à grande

variedade de setores dentro de uma empresa, dessa forma, necessitando-se de um

controle de custos mais detalhado das produções, auxiliando nas funções de

planejamento, controle das operações e tomada de decisões dos gestores.

A produção deste artigo busca relatar a importância da contabilidade de

custos nas organizações, contendo informações sobre a contabilidade e suas

aplicações, os métodos de custeio, assim como suas conceituações. Também

desenvolve uma pesquisa bibliométrica, no âmbito de saber com maior precisão a

quantidade de artigos relacionados ao tema custos entre as revistas da Iniciação

Científica e Gestão e Controladoria, analisando os anos de 2011 a 2015.

A metodologia utilizada visa apresentar o instrumental de custos com adoção

de um enfoque gerencial, utilizando os métodos de custeio, dentro de uma

abordagem que permita a compreensão dos conceitos básicos de custos e sua

aplicabilidade. Para isso, desenvolveram-se pesquisas bibliográficas, envolvendo as

ideias de vários autores, como Crepaldi, Bruni e Famá, Viceconti e Neves, Bórnia,

entre outros. Além disso, foi feito um estudo bibliométrico baseado nas revistas

publicadas pela FEMA, onde foi possível observar a quantidade total de artigos

publicados em cada edição e, a quantidade de publicações em custos.

A estrutura do trabalho está situada em referencial teórico no intuito de situar

o leitor sobre o que é contabilidade e contabilidade de custos, os métodos de

custeio, sua relevância e aplicação dentro das organizações e a importância da

pesquisa para o conhecimento acadêmico.

1 CONTABILIDADE

1.1 CONTABILIDADE E SEUS OBJETIVOS

Com o avanço tecnológico, a contabilidade desenvolveu-se muito para nos

auxiliar no controle do patrimônio, na tomada de decisões e no planejamento de

projetos futuros, tanto para pessoa jurídica como para pessoa física. Para melhor

compreensão, Ribeiro relata que:

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Os usuários das informações contábeis são pessoas físicas e jurídicas que as utilizam para registrar e controlar a movimentação de seus patrimônios bem como aqueles que, direta ou indiretamente, tenham interesse nesse controle; na apuração de resultado; na avaliação de situação patrimonial, econômica e financeira; na análise do desempenho e do desenvolvimento da entidade, como titulares (empresas individuais), sócios, acionistas (empresas societárias), gerentes, administradores, governo (Fisco), fornecedores, clientes, bancos, etc. (RIBEIRO, 2013, p.5).

Segundo Neves e Viceconti, “[...] a contabilidade é uma ciência que

desenvolveu uma metodologia própria com a finalidade de controlar o patrimônio,

apurar os resultados e prestar informações da situação patrimonial e do

desempenho da entidade.” (VICECONTI; NEVES, 2013, p.1).

A contabilidade tem como objetivo controlar e gerenciar o patrimônio das

empresas em decorrência de suas variações, de forma organizada e de acordo com

as leis vigentes, para assim auxiliar os gestores na correta tomada de decisões.

Ribeiro confirma o exposto quando diz que, “A contabilidade é uma ciência social

que tem por objetivo o patrimônio das entidades econômico-administrativas. Seu

objetivo principal é controlar o patrimônio das entidades em decorrência de suas

variações.” (RIBEIRO, 2014, p. 2).

2 CONTABILIDADE DE CUSTOS

A contabilidade de custos surgiu no século XVIII, com a Revolução Industrial.

Antes disso, quase só existia a Contabilidade Financeira, como forma de

mensuração e avaliação de resultados. Martins afirma que, “A contabilidade de

custos nasceu da Contabilidade Financeira, quando da necessidade de avaliar

estoques na indústria [...]” (MARTINS, 2010, p. 23). Ainda, Martins diz que:

Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, sejam industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisões em uma empresa. [...] o conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não rentável, se é possível reduzi-los (os custos). (MARTINS, 2010, p. 22).

Assim, com a Revolução Industrial, surgiram novas indústrias e a

necessidade de controle dos custos dos estoques tornou-se inevitável, uma vez que

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os gastos diminuiriam de forma significativa para as entidades e estas tiveram que

se adaptar aos novos padrões, para então poder continuar suas atividades no

mercado.

A contabilidade de custos considera os custos no sentido de finalizar uma

atividade em determinada organização. Portanto, de acordo com Ribeiro, tais dados

apresentam a classificação de informações financeiras e contábeis, identificando os

custos de distribuição dos produtos e de produção, além de outras funções, tendo

como objetivo almejar operações mais vantajosas e significativos lucros (RIBEIRO,

2013).

De acordo com a ideia dos autores acima citados, a necessidade de atribuir

os custos aos estoques para a venda dos bens ficou mais complexa, pois além do

valor pago pelas matérias primas aos fornecedores, foi necessário fazer a alocação

dos valores gastos com energia elétrica, mão-de-obra e outros gastos na produção,

para então, reduzir custos e aumentar a lucratividade.

Analisando as ideias dos autores, conclui-se que a introdução da

contabilidade de custos nas empresas veio para contribuir na tomada de decisão,

considerando-se que os valores gastos nas produções começaram a ser alocados

nos procedimentos industriais. Assim, é possível analisar com maior eficiência os

controles, reduções e aplicações dos custos de produção para cada área, buscar o

ponto de equilíbrio e a melhor oferta do produto no mercado.

3 MÉTODOS DE CUSTEIO

A escolha de um método de custeio é imprescindível para alocar

corretamente os custos de fabricação. Para fazer a apuração dos custos dos bens,

dos serviços ou dos produtos, são utilizados os dois principais métodos de custeio

que são: Custeio por Absorção e Custeio Variável. Para definir método de custeio,

Crepaldi afirma que:

Método de custeio é o método usado para a apropriação de custos. Existem dois métodos básicos de custeio: Custeio por Absorção e Custeio Variável ou Direto, e eles podem ser usados com qualquer Sistema de Acumulação de Custos. A diferença básica entre os dois métodos está no tratamento dos

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custos fixos. Custear significa cumular, determinar custos. (CREPALDI, 2010, p. 228).

De acordo com a afirmação acima, métodos de custeio é a forma como as

empresas agregam os custos de fabricação ao preço de venda. O principal objetivo

é a separação de custos fixos e custos variáveis, utilizando para isso, o Custeio por

Absorção ou o Custeio Variável. Bruni e Famá, complementam a afirmação de

Crepaldi, dizendo que:

Os sistemas de custeio referem-se às formas como os custos são registrados e transferidos internamente dentro da entidade. Identificam os custos dos estoques de produção em andamento e de produtos acabados. De forma similar, os sistemas de custeio também podem receber diferentes classificações. (BRUNI; FAMÁ, 2008, p. 33).

Analisando as definições expostas, conclui-se que aplicar os métodos de

custeio em uma empresa é de grande importância para o gerenciamento de custos.

Entretanto, é preciso diferenciar de forma correta e eficiente o que é custeio por

absorção e custeio variável, para que dessa forma os gestores possam ter sucesso

na tomada de decisão.

No Custeio por Absorção, todos os custos são apropriados ao período de

produção, sejam eles fixos ou variáveis. Os gastos fabris, ou seja, as despesas, não

fazem parte do processo. Ribeiro complementa o exposto, dizendo que, “[...] esse

sistema de custeio comtempla como custo de fabricação todos os custos incorridos

no processo de fabricação do período, sejam eles diretos ou indiretos. Nesse caso,

somente as despesas integrarão o resultado do exercício.” (RIBEIRO, 2009, p.58).

Para Bornia, o método de custeio é:

No custeio por absorção integral, ou total, a totalidade dos custos (fixos e variáveis) é alocada aos produtos. Este sistema se relaciona com a avaliação dos estoques, ou seja, com o uso da contabilidade de custos com apêndice da contabilidade financeira, que se presta para gerar informações para usuários externos à empresa. Assim, podemos, simplificadamente, identificar esse princípio como atendimento das exigências da contabilidade para a avaliação de estoques. Muitas vezes, entretanto, suas informações são, também, utilizadas com fins gerenciais. (BORNIA, 2009, p.55).

Então, o objetivo é ratear em cada etapa, os elementos fixos ou variáveis,

custos diretos ou indiretos do processo produtivo, onde todos os gastos relativos ao

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esforço de fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos. Segundo

Nogueira, os custos variáveis podem sofrer alterações nos seus respectivos valores,

pois dependem diretamente da quantidade a ser produzida. Se a produção aumentar

em quantidades, os custos serão aumentados, se a produção diminuir, os custos

também serão reduzidos (NOGUEIRA, 2009). Na visão de Viceconti e Neves, define-

se método variável da seguinte forma:

[...] (também conhecido como custeio direto) é um tipo de custeamento que consiste em considerar como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos. Os custos fixos, pelo fato de existirem mesmo que não haja produção, não são considerados como custos de produção e sim como despesas, sendo encarados diretamente contra o resultado do período. (VICECONTI; NEVES; 2013, p.131).

De acordo com Ribeiro, o método de custeio variável não é aceito pelo Fisco

“[...] por complementar apenas parte dos custos incorridos na fabricação, esse

sistema não é aceito pelo Fisco para direcionar a contabilização dos custos

incorridos aos produtos.” (RIBEIRO; 2009. p. 57).

Apesar desse método não ser aceito pelo fisco, o custeio variável é de grande

importância para os administradores na tomada de decisões de curto prazo. Bornia

complementa o exposto dizendo que “[...] podemos dizer que o custeio variável está

relacionado principalmente com a utilização de custos para o apoio a decisões de

curto prazo, quando os custos variáveis relevantes e os custos fixos, não.” (BORNIA,

2009. p. 35).

De acordo com Bertó e Beulke, o custeio variável parte da ideia de que o

produto é responsável apenas pelos custos e despesas gerados no momento de sua

fabricação, ou seja, o custo só existe se o produto for fabricado, se não for, não

existe nenhum custo de produção (BERTÓ; BEULKE, 2009).

Após o estudo destes sistemas de custeio, baseado nas ideias dos autores

citados, em que o sistema de custeio por absorção consiste na apropriação de todos

os custos produtivos as mercadorias de maneira direta e indireta por meio de rateios

e o custeio variável relacionam apenas os custos variáveis às mercadorias,

considerando os fixos como custos do período. Não existe um método correto ou de

melhor utilização, cada organização deve utilizar do método que lhe for mais eficaz a

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fim de satisfazer as suas necessidades, tornando a organização mais competitiva

frente a um mercado com ampla concorrência.

4 PESQUISA BIBLIOMÉTRICA

Existe uma relação entre os trabalhos mais importantes e os citados com

maior frequência. Técnicas como o bibliometria são usadas para identificar os

trabalhos e autores mais importantes a respeito do tema pesquisado.

Araújo define bibliometria como: “[...] o estudo dos aspectos quantitativos da

produção, disseminação e uso da informação registrada.” (ARAÚJO, 2006, p.11). A

bibliometria desenvolve padrões mensuráveis por meio de modelos matemáticos

para avaliar processos, usando seus resultados para elaborar previsões e apoiar

tomada de decisões.

4.1 COLETA DE DADOS

A pesquisa baseou-se em coletar dados das revistas da Fundação

Educacional Machado de Assis – FEMA, no período do 2º semestre de 2011 até o 1º

semestre de 2015, tendo como base as publicações das revistas de Iniciação

Cientifica e Gestão e Controladoria, como segue a Tabela 1:

Tabela 1

Resultado da pesquisa realizada com base nas revistas

Edição Iniciação Científica Gestão e Controladoria

Total Custos Total Custos

2ª 2011 16 2 8 0

1ª 2012 13 0 8 0

2ª 2012 14 1 8 0

1ª 2013 16 3 8 0

2ª 2013 16 1 8 0

1ª 2014 15 1 8 0

2ª 2014 14 3 7 2

1ª 2015 17 1 8 1

Fonte: produção dos pesquisadores.

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A Tabela apresentada demonstra uma quantidade total de 184 artigos

publicados entre cada um dos períodos citados nas duas revistas analisadas e,

também, a quantidade total de 15 artigos relacionados ao tema “custos” envolvendo

todas as edições. Assim, observou-se que houve uma grande variação nas

publicações referentes às revistas da Iniciação Científica e Gestão e Controladoria e

à quantidade total de custos.

A seguir, a Ilustração 1 demonstra a quantidade total de publicações da

revista de Iniciação Científica (121 artigos) e, a quantidade de artigos que estão

relacionadas a custos (12 artigos) para cada período analisado:

Ilustração 1: Revista de Iniciação Científica.

Fonte: produção dos pesquisadores.

Verificou-se que a quantidade de artigos publicados em custos nos períodos,

teve uma média de duas publicações por edição analisada. Vale destacar que na 1ª

edição de 2012 não houve nenhuma publicação referente a custos. Já na 1ª edição

de 2013 e 2ª edição de 2014, a revista apresentou maior volume de publicações,

totalizando três artigos para cada edição.

A Ilustração 2 demonstra a quantidade total de publicações na revista Gestão

e Controladoria (63 artigos) e o total em custos (3 artigos):

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Total revista IniciaçãoCientífica

Total em Custos

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Ilustração 2: Revista de Gestão e Controladoria.

Fonte: produção dos pesquisadores.

Assim, observa-se uma grande disparidade de publicações totais e

publicações envolvendo custos. Nas edições dessa revista, manteve-se uma média

de oito publicações. Em custos, foram publicados apenas dois artigos na 2ª edição

de 2014 e um artigo na 1ª edição de 2015. Em seguida, na Ilustração 3, são

comparadas as quantidades de artigos referentes a custos, publicados em cada

edição das duas revistas:

Ilustração 3: Comparação das Publicações em Custos entre as Revistas de Iniciação

Científica e Gestão e Controladoria. Fonte: produção dos pesquisadores.

Analisando o gráfico, conclui-se que a quantidade de artigos publicados em

custos na revista de Iniciação Científica é bem mais expressiva, se comparada com

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 2 3 4 5 6 7 8 9

TOTAL GESTÃO ECONTROLADORIA

TOTAL EM CUSTOS

Total Gestão e

Total em custos

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

1 2 3 4 5 6 7 8 9

INICIAÇÃOCIENTIFICA

GESTÃO ECONTROLADORIA

Iniciação Científica

Gestão e Controladoria

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a revista de Gestão e Controladoria. Na primeira, as publicações oscilam entre um e

três artigos durante as edições analisadas. Já na segunda, não há publicações até a

1ª edição de 2014.

Com base nos dados pesquisados, percebe-se que o incentivo, o interesse e

a busca pelo conhecimento sobre o assunto custos na revista da Iniciação Científica

é maior que na revista de Gestão e Controladoria. Isso porque, nas edições da

revista de Iniciação Científica, as publicações são feitas apenas pelos acadêmicos

da Fundação Educacional Machado de Assis, enquanto que na revista Gestão e

Controladoria, as publicações são públicas.

CONCLUSÃO

Com base nos estudos e pesquisas expostas, conclui-se que a contabilidade

surgiu para nos auxiliar no controle do patrimônio, proporcionar maior eficiência nos

controles da produção, maximizar seus ganhos e ajudar nas decisões de

produtividade das empresas. Também colabora para a ampliação de informações

estruturadas, com dados legais e de qualidade, que são de grande importância para

a tomada de decisões dos gestores de maneira imediata e condizente com o que o

mercado de capital espera. Complementa-se ainda, que com a introdução da

contabilidade de custos, surgiram diversas classificações de custos, além dos

diferentes métodos de custeio e suas aplicabilidades.

Conhecer a contabilidade de custos é de grande importância para os

administradores, considerando que é possível fazer um controle mais detalhado dos

custos da produção, consequentemente possibilitando melhorar a qualidade e

eficiência das atividades realizadas pelas empresas. Dessa forma, é possível manter

um preço de venda viável aos consumidores e, ao mesmo tempo, obter a

lucratividade desejada.

Com a pesquisa bibliométrica, foi possível identificar o total de artigos

publicados em cada revista, bem como as publicações totais na área de custos.

Assim, conclui-se que os acadêmicos do curso de Ciências Contábeis, que publicam

seus trabalhos na revista de Iniciação Científica, têm maior interesse pela área, eis

que a FEMA tem em sua grade curricular as matérias de Contabilidade e Análise de

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Custos I e II no 4º e 5º semestres. Dessa forma, o interesse em aprofundar

conhecimento sobre custos se amplia, potencializando as edições de tal revista.

A revista Gestão e Controladoria visa a publicar artigos com graus de

pesquisas mais avançados, os idealizadores dos trabalhos são, na sua grande

maioria, professores e, também, essa revista é aberta ao público, ou seja, qualquer

pessoa pode publicar nela, desde que seu trabalho seja avaliado e aprovado pela

banca examinadora.

Diante dos aspectos apresentados, a contabilidade desenvolve papel

fundamental dentro das organizações, eis que possibilita conhecer os diversos

métodos de custeio, a aplicabilidade e classificação dos custos, sejam eles fixos ou

variáveis e, assim analisar qual a melhor forma a ser desenvolvida e aplicada nas

atividades empresariais, uma vez que esta serve para definir custos e apurar

resultados.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, C. A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Porto Alegre: v. 12, n.1, p. 11. 2006. BERTÓ, Daliro José; BEUKLE, Rolando. Gestão de Custos. 1. ed. 4 triagem. São Paulo: Saraiva, 2009. BORNIA, Antonio Cesar. Análise Gerencial de Custos. 2. ed. São Paulo, Atlas S.A, 2009. BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de Custos e Formação de Preços: com aplicações na calculadora HP 12 e excel. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade de Custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. NOGUEIRA, Daniel Ramos. Contabilidade de Custos. 1. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. ______. Contabilidade Básica. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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______. Contabilidade de Custos. 1. ed. São Paulo. Saraiva, 2009. VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Contabilidade de Custos. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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APURAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE SOJA EM UMA PROPRIEDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE TRÊS DE MAIO - RS

Beatriz Regina Gerhardt1 Fabiane Hubner Altmann2

Augusto Rieger Lucchese3

RESUMO

O objetivo deste artigo é apurar os custos de produção da cultura da sojasafra 2015/2016 e apresentar um mecanismo de apuração dos custos no sentido de melhorar a gestão da atividade em uma propriedade rural no município de Três de Maio - RS. Portanto, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o tema, abordando principalmente as terminologiaspróprias para a distinção de custos e despesase a compreensão dos principais sistemas de custeamento dos produtose, através de um estudo de caso, procurou-se entender as principais dificuldades enfrentadas pelo produtor em relação à gestão da propriedade no aspecto relacionado ao controle de custosde produção da soja e, com base nisso, desenvolver um método simples e prático de efetuar este monitoramento.Após efetuar olevantamentodos custos através da introdução de dados e ocorrências da propriedade em planilhas eletrônicas e posterior análise, constatou-se que, apesar dos custosvariáveis de produção serem elevados, principalmente na etapa do plantio, devido ao elevado custo do adubo e da semente, e um custo bastante significativoem relação à adubação foliar e aos tratamentos contra pragas e doenças, aprodução de soja contribuiu de forma significativa no resultado da propriedade,destacando queo controle através de planilhas é umaferramenta importante paraanalisar os resultados da atividadee auxiliar na tomada das decisõesnecessárias para melhorar a rentabilidade da propriedade e mantê-la sustentável diante do cenário de incertezas que o país está enfrentando.

Palavras-chave: Custos - Produção - Soja - Resultado.

INTRODUÇÃO

Em virtude do aumento da produtividade do setor agrícola baseado no

melhoramento das tecnologias de produção, o desempenho do agronegócio no

1 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. E-mail: [email protected]

2 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. E-mail: [email protected]

3 Mestre em Contabilidade pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Orientador. Professor do Curso de Ciências Contábeis. Faculdades Integradas Machado de Assis. E-mail: [email protected]

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Brasil tem avançado constantemente. Nesse sentido, estar ciente dos custos de

produção é um aspecto fundamental na tomada de decisões e para a obtenção

demelhores resultadosnasorganizações, além de ser uma ferramenta importante

para garantir a sua permanência no mercado.

Dessa forma, este artigo tem o objetivo de apurar os custos de produção da

cultura da soja safra 2015/2016 e apresentar um mecanismo de apuração dos

custos no sentido de melhorar a gestão da atividade em uma propriedade rural no

município de Três de Maio – RS, demonstrandode forma clara e acessível a

importância do seu conhecimento para melhorar a administração e garantir a

sustentabilidade da atividade agrícola na propriedade estudada.

Este trabalho foi baseado inicialmente em uma pesquisa bibliográfica, onde se

buscou um conhecimento mais específico sobre o tema, enfatizando as

terminologias aplicadas à contabilidade de custose a compreensão dos principais

sistemas de custeamento dos produtos, seguido de um estudo de caso, onde se

introduziu em tabelas todos os gastos realizadosdiariamente pelo produtor durante o

ciclo da cultura da soja, que iniciou com a descrição das etapas do processo

produtivo para o levantamento dos custos variáveis, seguido da apuração dos custos

e despesas fixas. Depois de levantadas estas informações analisou-se os resultados

obtidos, apurando-se a receita do período e, através da utilização do método do

custeio por absorção e custeio variável, determinou-se o lucro do período para

verificar aimportância da compreensão dos custos de produção como instrumento na

condução do negócio.

1 ATIVIDADE AGRÍCOLA

De acordo com Busch et al., a atividade agrícola é composta de culturas

temporárias e culturas permanentes. Cultura temporária é aquela cujo intervalo entre

o plantio e a colheita é bastante curto, em que a cultura deverá ser replantada para

que ocorra um outro ciclo de produção. Cultura permanente é aquela que permite

mais de uma colheita durante a sua vida útil superior a um ano e que não necessita

de replantio para voltar a produzir (BUSCH et al.., 2015).

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Para Crepaldi, culturas temporárias: “São aquelas sujeitas ao replantio após

cada colheita, como milho, trigo, feijão, arroz, cebola etc. Nesse caso, os dispêndios

para a formação da cultura serão considerados, no período de sua realização,

despesa de custeio”. Ainda para Crepaldi, sobre as culturas permanentes “São

aquelas não sujeitas a replantio após cada colheita.” (CREPALDI, 2012, p. 89-90).

Segundo Marion, na atividade agrícola tem-se o ano agrícola que

normalmente é encerrado após a comercialização ou término da colheita, no caso

das empresas que armazenam seu produto à espera de melhores preços. Nos

casos em que as culturas são diversificadas, é preferível que o ano agrícola seja

fixado de acordo com a cultura principal. Este mesmo período é utilizado para o

encerramento do exercício social no sentido de facilitar a apuração dos resultados

do período e verificar o andamento da safra (MARION, 2014).

2 CONTABILIDADE RURAL

A Contabilidade pode ser analisada de forma generalizada ou de acordo com

a atividade de um ramo específico. De acordo com Crepaldi, a Contabilidade Rural é

um instrumento da função administrativa que tem a finalidade de controlar o

patrimônio e apurar o resultado das entidades rurais e prestar informações contábeis

aos usuários interessados (CREPALDI, 2012). Segundo Oliveira, a Contabilidade

Rural é definida da seguinte forma:

A contabilidade rural é um ramo da contabilidade aplicada que se utiliza de todos os conceitos e da metodologia contábil para mensurar o patrimônio e o resultado. Portanto, não se trata de uma nova contabilidade, mas de um segmento da contabilidade geral. (OLIVEIRA, 2015, p.40).

Para melhor compreender o conceito de entidade rural, buscou-se amparo em

Brasil, Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/1964), art. 4º, inciso VI, que define empresa

rural como:

[...] empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e

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previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias. (BRASIL, Lei nº 4.504/1964, art. 4º, inciso VI).

Para Busch et al., a Contabilidade Rural utilizada pelas empresas rurais

abrange a Atividade Agrícola, que é aquela em que se explora o solo para a

produção vegetal; Zootécnica, baseada na criação de animais e Agroindustrial que

trata do beneficiamento dos produtos (BUSCH et al.., 2015).

3 CONTABILIDADE DE CUSTOS

A contabilidade de custos surgiu primeiramente com foco para os problemas

de mensuração monetária dos estoques em empresas industriais, onde passou a

atribuir custos ao estoque, por volta do século XVIII. Porém, as atividades

empresariais foram se modernizando e a concorrência de mercados fez surgir a

necessidade de um maior gerenciamento e avaliação de rentabilidade para os

praticantes das mais diversas atividades, e foi com a análise dos custos que surgiu o

ponto de partida, promovendo resultados importantes para controle e tomada de

decisões (RIBEIRO, 2013). O controle e a tomada de decisões, duas funções mais

recentes e relevantes da Contabilidade de Custos, são explicadas por Martins:

No que diz respeito ao Controle, sua mais importante missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com os valores anteriormente definidos. No que tange à Decisão, seu papel reveste-se de suma importância, pois consiste na alimentação de informações sobre valores relevantes que dizem respeito às consequências de curto e longo prazo sobre medidas deintrodução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou produção, etc. (MARTINS, 2010, p. 21-22).

As informações de custos, segundo Bornia, subsidiam diversos processos

decisórios importantes para as empresas, mas vale ressaltar que o ambiente

empresarial está em contínua mudança, modificando a quantidade e qualidade das

informações demandadas pelas empresas, o que exige um permanente

aprimoramento nos procedimentos da contabilidade de custos (BORNIA, 2010).

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As terminologias próprias para a distinção de custos e despesas aplicadas à

contabilidade de custos e assim também à contabilidade rural são classificadas em

gasto, investimento, custo, despesa, desembolso e perda, conforme demonstrado na

Ilustração 1:

DESCRIÇÃO CONCEITOS

Gasto

Os gastos abrangem os investimentos, custos e despesas, e ocorrem pela compra de algum produto ou serviço, gerando um desembolso para a entidade, que pode ser caracterizado pelo reconhecimento contábil da dívida assumida, ou pela redução do ativo dado em pagamento. Assim, caracterizam-se como gastos a compra de matéria-prima, aquisição de mão de obra, a compra de um imobilizado, etc.

Investimento

É definido como um gasto com aquisição de bem ou serviço ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. São alguns exemplos: aquisições de móveis, utensílios, imóveis, matéria-prima, marcas e patentes.

Custo

São todos os gastos, sejam eles bens ou serviços, relativos à atividade de produção, até que o produto esteja pronto. Os custos de fabricação são normalmente divididos em matéria prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. A matéria prima são os custos relacionados com os principais materiais integrantes do produto, ressaltando-se que, os materiais menos relevantes em termos de custos, podem ser classificados como material de consumo. A mão de obra direta representa os custos com salários dos operários diretamente envolvidos com a produção, e os custos indiretos de fabricação serão os demais custos de produção, como por exemplo, depreciação das máquinas da produção, energia elétrica, água, telefone e aluguel da fábrica, materiais de consumo, mão de obra indireta.

Despesa

As despesas estão relacionadas com as atividades fora do âmbito da fabricação e são caracterizadas nos salários e encargos do pessoal de vendas e do escritório de administração, na energia elétrica e na conta telefônica consumidas no escritório, em alugueis e seguros do prédio do escritório, e nos demais gastos relacionados com as atividades administrativas, comerciais ou financeiras.

Desembolso É o pagamento resultante de aquisição do bem ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada.

Perda

Serão os bens ou serviços consumidos de forma anormal e involuntária, estes vão direto à conta de resultado, assim como as despesas.O gasto com mão de obra durante um período de greve e o material deteriorado por defeito anormal, são alguns dos exemplos de perda.

Ilustração 1: Terminologias Aplicadas à Contabilidade de Custos. Fonte: Bornia, Martins, Viceconti e Neves (BORNIA, 2010;

MARTINS, 2010; VICECONTI; NEVES, 2013).

Para apurar o custeamento dos produtos são utilizados sistemas, cada um

distinguindo-se pela diferente forma de compor o custo. Destacam-se o sistema de

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custeio direto ou variável, custeio por absorção, RKW e o custeio ABC, diferenciados

na Ilustração 2:

DESCRIÇÃO CONCEITOS

Custeio Direto/Variável

Nesse sistema são contemplados somente os custos variáveis, os fixos são contabilizados diretamente na conta de resultado. É o método de custeio indicado para a tomada de decisões.

Custeio por Absorção

O custeio por absorção apropria todos os custos fixos e variáveis incorridos no processo de fabricação do produto. Neste caso somente as despesas integrarão o resultado do exercício.

Custeio RKW

O sistema de custeio RKW utiliza todos os custos e despesas incorridos no período como custo do produto, desta forma o preço do produto permite a cobertura de todos os gastos, bastando acrescer para o preço final do produto o lucro desejado.

Custeio ABC

O ABC quebrou o vínculo com as tradicionais formas de custeamento por basear-se na ideia de que as atividades são o foco do processo de custeio, e não os produtos. Neste método são identificadas as atividades desenvolvidas na empresa, e após, determinados os custos e desempenhos de tais atividades. Ao invés de utilizar-se de critérios de rateio para alocar os recursos às atividades e das atividades para os objetos de custos, tal sistema utiliza-se de direcionadores, uma forma de agregar os custos às suas respectivas atividades, levando em consideração, para o cálculo do gasto unitário dos produtos, os custos diretos, indiretos e, em alguns casos as despesas.

Ilustração 2: Sistemas de Custeamento de Produtos. Fonte: Crepaldi, Ribeiro, Viceconti e Neves (CREPALDI, 2012;

RIBEIRO, 2013; VICECONTI; NEVES, 2013).

Nesse sentido, verifica-se a importância e a especificidade de cada método

de custeio como um instrumento importante para gerar informações relevantes para

a tomada de decisão dos gestores.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

O plantio da soja foi realizado em novembro de 2015 e a colheita em março

de 2016, cuja área cultivada foi de 40 hectares, através de plantio direto.

Inicialmente ocorreu a preparação do solo, através da dessecação onde foi utilizado

um herbicida para o controle de ervas daninhas. Na sequência foi efetuado o plantio,

onde o adubo é largado juntamente com a semente.

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Depois de aproximadamente 45 dias ocorreu o primeiro tratamento, em que

foi feita a aplicação concomitante de herbicida para o controle de ervas daninhas,

inseticida para o controle de pragas, fungicida para o controle de doenças e

adubação foliar. Em torno de 25 dias após a primeira aplicação, ocorreu a segunda

aplicação de inseticida, fungicida e adubação foliar para o enchimento de grãos. Em

seguida, 25 a 30 dias após a segunda aplicação, ocorreu a terceira aplicação,

apenas de inseticida e fungicida. Posteriormente, em torno de 120 dias após o

plantio, foi realizada a colheita.

Apresenta-se na Ilustração 3 a apuração dos custos variáveis de produção

por meio de um levantamento de todos os insumos utilizados em cada etapa do

processo produtivo, onde foi apurado a quantidade e o valor de cada insumo por

hectare e, em seguida, o valor total para uma área de 40 hectares:

INSUMOS POR ETAPA CUSTO/HECTARE

(EM R$) CUSTO TOTAL

(EM R$)

PREPARAÇÃO PARA O PLANTIO 53,73 2.149,20

Herbicida 39,00 1.560,00

Óleo mineral 6,08 243,20

Óleo diesel 4,40 176,00

Espalhante 4,25 170,00

PLANTIO 565,00 22.600,00

Adubação de Base 335,00 13.400,00

Semente 202,50 8.100,00

Óleo diesel 27,50 1.100,00

PRIMEIRO TRATAMENTO 197,31 7.892,40

Adubação foliar 71,50 2.860,00

Fungicida 55,30 2.212,00

Herbicida 27,00 1.080,00

Inseticida fisiológico 23,10 924,00

Inseticida de contato 7,20 288,00

Óleo mineral 4,56 182,40

Óleo diesel 4,40 176,00

Espalhante 4,25 170,00

SEGUNDO TRATAMENTO 202,81 8.112,40

Adubação foliar 92,80 3.712,00

Fungicida 63,20 2.528,00

Inseticida fisiológico 26,40 1.056,00

Inseticida de contato 7,20 288,00

Óleo mineral 4,56 182,40

Óleo diesel 4,40 176,00

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Continuação da Ilustração 3

Espalhante 4,25 170,00

TERCEIRO TRATAMENTO 143,73 5.749,20

Fungicida 97,40 3.896,00

Inseticida de contato 33,12 1.324,80

Óleo mineral 4,56 182,40

Óleo diesel 4,40 176,00

Espalhante 4,25 170,00

COLHEITA 41,25 1.650,00

Óleo diesel 41,25 1.650,00

PLANTIO À COLHEITA 14,10 564,00

Óleo lubrificante 14,10 564,00

TOTAL 1.217,93 48.717,20

Ilustração 3: Custo dos Insumos por Etapa na Produção da Soja. Fonte: produção dos pesquisadores.

Conforme mostra a Ilustração 3, a preparação para o plantio, também

chamada de dessecação, demandou um custo de R$ 53,73/ha, o que corresponde a

um custo total de R$ 2.149,20. Para o plantio, o custo por hectare foi de R$ 565,00,

totalizando um custo de R$ 22.600,00, sendo importante salientar que esta é a etapa

mais representativa na formação do custo variável, devido ao elevado preço do

adubo e da semente. Na sequência, o primeiro tratamento com herbicida, fungicida,

inseticida e adubação foliar representou um custo de R$ 197,31/ha e um custo total

de R$ 7.892,40.

Nesta etapa, o fungicida e a adubação foliar apresentam alta

representatividade no custo. No segundo tratamento foi utilizadofungicida, inseticida

e adubação foliar com um produto especial para enchimento de grãos, visto que

nesta etapa o herbicida não é mais necessário devido ao estágio avançado de

crescimento em que a cultura se encontra, totalizando um custo de R$ 202,81/ha e

um custo total de R$ 8.112,40, o que representa um valor bastante significativo, por

se tratar de uma etapa onde o tratamento é mais intenso por causa da fase em que

a cultura se encontra ser propícia ao desenvolvimento de pragas e doenças.

Já quanto ao terceiro tratamento, este com fungicida e inseticida de contato,

representou um custo de R$ 13,73/ha e um total de R$ 5.749,20, onde o fungicida

também se destacou na formação do custo. Na colheita, o custo com combustível foi

de R$ 41,25/ha e R$ 1.650,00 no total. Obteve-se também um custo de R$ 14,10/ha

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com lubrificantes, num total de R$ 564,00 durante todo o período de produção. A

Tabela1 demonstra a representatividade total de cada insumo utilizado na produção

da soja para a formação do custo variável de produção:

Tabela 1

Custo dos Insumos Totais na Produção da Soja.

INSUMOS TOTAIS NA PRODUÇÃO CUSTO/HA

(EM R$) CUSTO TOTAL

(EM R$) %

Adubação de base 335,00 13.400,00 28

Fungicida 215,90 8.636,00 18

Semente 202,50 8.100,00 17

Adubação foliar 164,30 6.572,00 13

Óleo diesel 86,35 3.454,00 7

Herbicida 66,00 2.640,00 5

Inseticida fisiológico 49,50 1.980,00 4

Inseticida de contato 47,52 1.900,80 4

Óleo Mineral 19,76 790,40 2

Espalhante 17,00 680,00 1

Lubrificante 14,10 564,00 1

TOTAL 1.217,93 48.717,20 100

Fonte: produção dos pesquisadores.

Verificou-se um custo total com insumos de R$ 48.717,20 e um custo por

hectare de R$ 1.217,93. A adubação de base teve maior participação, com um custo

total de R$ 13.400,00 e um custo por hectare de R$ 335,00. Em seguida, o

fungicida, com um custo total de R$ 8.636,00 e um custo R$ 215,90/ha. Na

sequência, a semente, com um custo total de R$ 8.100,00 e de R$ 202,50/ha,

seguida da adubação foliar no total de R$ 6.572,00 e R$ 164,30/ha.

O inseticida total de R$ 3.880,80 e R$ 97,02/ha.O combustível teve uma

participação total de R$ 3.454,00 e R$ 86,35/hae o herbicida o total de R$ 2.640,00

e R$ 66,00/ha.Com menor custo, o óleo mineral e espalhante, totalizando R$

1.470,40 e R$ 36,76/ha, e o lubrificante no total de R$ 564,00, e R$ 14,10/ha.

Na apuração dos custos fixos de produção, foi feito um levantamento dos

custos com mão de obra, água, telefone, manutenção e depreciação das máquinas,

equipamentos e do galpão.

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Em relação à depreciação, foi realizado um levantamento das máquinas e

equipamentos da propriedade e efetuado o cálculo, que se refere à perda de valor

dos bens pelo desgaste ou utilização, o que é apresentado na Tabela 2. Destaca-se

que, para as máquinas e equipamentos com mais de 10 anos de uso considerou-se

apenas os gastos com manutenção, já para os outros da mesma classificação,

utilizou-se uma taxa de depreciação de 10% (dez por cento) ao ano. Para o galpão a

taxa utilizada foi de 4% (quatro por cento) ao ano, e o valor residual de 20% (vinte

por cento):

Tabela 2

Custos com Depreciação

BEM VALOR DOS

BENS (EM R$)

VALOR RESIDUAL

(EM R$)

VALOR A DEPRECIAR

(EM R$)

TAXA %

DEPRECIAÇÃO ANUAL (EM R$)

1 Caminhão Mercedes Benz 1113 - 1974

- - - - -

1 Trator Massey Ferguson 290 - 1986

- - - - -

1 Colheitadeira John Deere 1165 - 1999

- - - - -

1 Trator Massey Ferguson 5285 - 2003

- - - - -

1 Plantadeira KF 7040 - 2010

30.000,00 8.000,00 22.000,00 10 2.200,00

1 Pulverizador Fankhauser 800L - 2013

20.000,00 4.000,00 16.000,00 10 1.600,00

1 Guincho Big Bag São José 2T - 2015

13.800,00 2.760,00 11.040,00 10 1.104,00

1 Vagão forrageiro São José 6m3 - 2015

28.084,00 5.616,80 22.467,20 10 2.246,72

1 Galpão de alvenaria 15 x 20 m

80.000,00 16.000,00 64.000,00 4 6.400,00

TOTAL 171.884,00 36.376,80 135.507,20 13.550,72

Fonte: produção dos pesquisadores.

O valor da depreciação anual dos equipamentos agrícolas e do galpão é de

R$ 13.550,72, totalizando R$ 4.516,91 no período de cultivo da soja que é de quatro

meses.

Sobre a mão de obra ressalta-se que para o plantio e para a colheita são

necessárias duas pessoas e para as pulverizações apenas uma. Estas tarefas são

realizadas de forma intercalada pelo proprietário e seu filho, cujo pró-labore para

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cada um é de um salário mínimo mensal de R$ 880,00, totalizando um custo com

mão de obra de R$ 7.040,00 no período da cultura, equivalente a R$ 176,00/ha.

Os custos com máquinas e equipamentos totalizaram R$ 3.700,00 no

período, igual a R$ 92,50/ha, e os custos com água e telefone somaram R$ 640,00,

sendo o custo por hectare de R$ 16,00, conforme é apresentado na Ilustração 4.

ESPECIFICAÇÃO DO CUSTO CUSTO TOTAL NO PERÍODO CUSTO POR HECTARE

Depreciação 4.516,91 112,92

Mão de obra 7.040,00 176,00

Manutenção de máquinas e equipamentos

3.700,00 92,50

Água 400,00 10,00

Telefone 240,00 6,00

TOTAL 15.896,91 397,42

Ilustração 4: Custo da Depreciação, Mão de Obra, Manutenção de Máquinas e Equipamentos, Água e Telefone.

Fonte: produção dos pesquisadores.

De acordo com a Ilustração 4, os custos de manutenção de máquinas e

equipamentos, água e telefone somados ao custo com depreciação e mão de obra

totalizaram um custo fixo no período de R$ 15.896,91 e R$ 397,42/ha.

Depois de efetuado o levantamento de todos os custos variáveis e fixos,

iniciou-se, por meio de dois métodos de custeio, o absorçãoe o variável, a apuração

do lucro do período, considerando-se que a produtividade média foi de 58 sacas por

hectare e o preço de venda médio por saca de R$ 68,00, totalizando 2.320 sacas

produzidas e uma receita total de R$ 157.760,00, sobre a qual incide um desconto

de 2,3% de INSS, resultando em R$ 3.628,48 de despesas variáveis:

DRE CUSTEIO POR ABSORÇÃO

VALOR TOTAL (EM R$)

VALOR POR HÁ (EM R$)

VALOR POR SACA (EM R$)

%

Receita 157.760,00 3.944,00 68,00 100

Custos fixos 15.896,91 397,42 6,85 10,07

Custos variáveis 48.717,20 1.217,93 21,00 30,88

Lucro bruto 93.145,89 2.328,65 40,15 59,04

Despesas variáveis 3.628,48 90,71 1,56 2,29

Resultado do período 89.517,41 2.237,94 38,59 56,75

Ilustração 5: Apuração do Resultado através do Custeio por Absorção. Fonte: produção dos pesquisadores.

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Analisando-se o método de custeio por absorçãoconforme apresentadona

Ilustração 5, verificou-se um lucro bruto no período de R$ 93.145,89, equivalente a

R$ 2.328,65/ha e R$ 40,15/saca, representando 59,04% da receita bruta. O

resultado do período foi de R$ 89.517,41, o que corresponde a R$ 2.237,94/ha e R$

38,59/saca, um percentual de R$ 56,75% em relação à receita bruta:

DRE CUSTEIO VARIÁVEL

VALOR TOTAL (EM R$)

VALOR POR HÁ (EM R$)

VALOR POR SACA (EM R$)

%

Receita 157.760,00 3.944,00 68,00 100

Custos variáveis 48.717,20 1.217,93 21,00 30,88

Despesas variáveis 3.628,48 90,71 1,56 2,29

Margem de contribuição

105.414,32 2.635,36 45,44 66,82

Custos fixos 15.896,91 397,42 6,85 10,07

Resultado do período 89.517,41 2.237,94 38.59 56,75

Ilustração 6: Apuração do Resultado através do Custeio Variável. Fonte: produção dos pesquisadores.

Na sequência, através da análise do custeio variável apurado na ilustração 6e

sabendo-se que o preço médio de venda da saca é de R$ 68,00 e o custo/despesa

variável por saca é de R$ 22,56, obteve-se uma margem de contribuição unitária de

R$ 45,44 e uma margem de contribuição total de R$ 105.414,32, o que serve para

cobrir os custos e despesas fixas totais no período. E, para finalizar, apurou-se o

lucro do período, que totalizou R$ 89.517,41 para os dois métodos de custeio.

Para chegar a um resultado que corresponde à produção necessária para

cobrir todos os custos fixos, sem gerar lucros, fez-se uma análise do ponto de

equilíbrio contábil, onde foram somados os custos fixosde R$ 15.896,91 e divididos

pela margem de contribuição unitáriade R$ 45,44, cujo resultado é de350 sacas, que

multiplicadas pelo preço de venda de R$ 68,00, resulta no ponto de equilíbrio em

reais, de R$ 23.800,00.

A partir do ponto de equilíbrio contábil foi possível detectar a margem de

segurança operacional, que é o volume de produção que excede o ponto de

equilíbrio, ou seja, a quantidade que foi produzida acima do necessário para cobrir

os custos fixos, totalizando 1.970 sacas, equivalente a R$ 133.960,00.

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Diante disso, pode-se constatar que, apesar dos custos variáveis serem

elevados, principalmente em relação à etapa do plantio, onde a semente e o adubo

representam grande parte do custo, e também em relação aos tratamentos, onde o

fungicida e a adubação foliar possuem representação significativa,porém,

considerando-seque o clima foi favorável à cultura durante o período, a produção de

soja contribuiu de forma benéfica para o resultado da propriedade.

CONCLUSÃO

O acompanhamento dos custos de produção no setor agropecuário ainda é

pouco utilizado em pequenas propriedades rurais. Através deste estudo percebeu-se

que é possível melhorar a gestão do setor, basta conscientizar o produtor sobre a

importância da utilização de um controle através de registros permanentes em

planilhas eletrônicas, onde será possível obter todos os dados relacionados à

propriedade e analisar os resultados de forma rápida e segura.

Num primeiro momento, a utilização desta ferramenta pode parecer

trabalhosa, pois precisa ser constantemente alimentada com as informações que

acontecem diariamente na propriedade, porém, depois da adaptação inicial torna-se

um instrumento prático e perfeitamente viável, visto que permite ao agricultor obter

diversas informações simultaneamente.

Levantou-se todas as etapas do processo de produção e através de diálogo

com o produtor e consulta de documentos fiscais, apurou-se os custos fixos e

variáveis. Após, calculou-se o lucro do período, que resultou em R$ 89.517,41 de

uma receita total de R$ 157.760,00, sendo o resultado por hectare de R$ 2.237,94 e

R$ 38,59 por saca, o que representa 56,75% em relação à receita bruta. Constatou-

se também uma margem de contribuição positivacom um total de R$ 105.414,32

equivalente a R$ 2.635,36/ha e R$ 45,44 por saca, igual a 66,82% da receita bruta,

o que representa um resultado significativo para o produtor. Além disso, o trabalho

possibilitou uma visualização completa de todos os processos realizados durante o

período da cultura e o impacto de cada etapa na formação do custo, auxiliando o

produtor no processo de tomada de decisões.

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Nesse contexto, devido à crescente participação do agronegócio na economia

brasileira pode-se dizer que a implantação de um método de controle de custos

adequado à realidade de cada propriedade passou a ser imprescindível, impactando

significativamente na sustentabilidade do negócio. Porém, o sucesso da atividade irá

depender de uma análise criteriosa dos resultados, considerando que cada

propriedade tem as suas características próprias.

REFERÊNCIAS

BORNIA, Antonio Cezar. Análise Gerencial de Custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRASIL. Lei nº .4.504, de 30 de Novembro de 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4504.htm>. Acesso em: 06 Mar. 2016.

BUSCH, Cleber Marcel; GARCIA, Edino; RODRIGUES, Aldenir Ortiz; TODA, William. Contabilidade Rural. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

CREPALDI, Sílvio Aparecido. Contabilidade Rural: uma abordagem decisorial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MARION, José Carlos. Contabilidade Rural: contabilidade agrícola, contabilidade da pecuária, imposto de renda pessoa jurídica. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

OLIVEIRA, Deyvison de Lima; OLIVEIRA, Gessy Dhein. Contabilidade Rural: uma abordagem do agronegócio dentro da porteira. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2015.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de Custos: atualizado conforme Lei nº 11.638/2007 e nº 11.941/2009 e NBCS TGS convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade IFRS. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Contabilidade de Custos. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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CONTABILIDADE GERENCIAL NAS EMPRESAS

Fabiana Scheer1 Raquele Link2

Marcos Volnei Dos Santos3

RESUMO

A contabilidade durante muito tempo foi vista como sendo apenas uma ferramenta que atendia as exigências do governo, hoje apesar da evolução muitas pessoas ainda a veem dessa forma. Porém, desenvolveu-se este trabalho com o objetivo de mostrar que não é somente para isso que a mesma é importante, abordara-se o tema contabilidade gerencial que auxilia diretamente os administradores na tomada de decisão buscando sempre ações que proporcionem o melhor futuro da empresa e facilitem as decisões dos gestores. O presente artigo traz então, como tema principal a contabilidade gerencial das empresas, a maneira como a contabilidade pode ajudar as organizações, bem como buscar atingir os objetivos da empresa. A pesquisa desenvolvida para a construção desse trabalho foi teórica, contendo citações de autores diversos para comprovação dos dados. Com o desenvolvimento deste busca-se demonstrar um pouco sobre o que vem a ser a contabilidade gerencial e assim quebrar a ideia de que contabilidade só é usada para calculo de tributos.

Palavras- chave: Contabilidade Gerencial – Contador - Decisão.

INTRODUÇÃO

Muitos empreendedores iniciam seus negócios acreditando serem capazes de

fazer toda a parte administrativa e financeira de sua empresa, porém isso muito

dificilmente ocorre, muitos empresários que pensam dessa maneira vão à falência

logo nos primeiros anos de vida da organização.

A contabilidade é um fator essencial para as empresas não somente para o

que se refere à contabilidade fiscal, ou seja, ao calculo e pagamento de tributos ao

1 Acadêmica do curso de Ciências Contábeis- 3° semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis- 3° semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

3 Graduado em Ciências Contábeis, especialização em Contabilidade Gerencial e Gestão de Custos, Mestre em Ciências Contábeis. Orientador. Professor do curso de Ciências Contábeis. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

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governo, mas sim por que ela apresenta também todas as movimentações da

empresa bem como os efeitos no patrimônio da mesma.

Daí surge à importância da contabilidade gerencial, assunto o qual será

tratado neste artigo. A contabilidade gerencial ira fornecer informações aos gestores

e administradores responsáveis pela tomada de decisão. Neste modelo de

contabilidade diferentemente da contabilidade financeira, não precisam ser seguidos

corretamente os princípios contábeis, justamente por que as informações serão

usadas internamente na empresa para decidir-se qual a melhor opção. O contador

gerencial deve entregar aos administradores informações de modo que os mesmos

as consigam interpretar e usar.

Neste trabalho serão abordadas questões como, a importância que a

contabilidade tem para a empresa, o perfil de um contador gerencial, o que

diferencia a contabilidade gerencial da financeira, tratara também sobre os sistemas

de informação, principalmente do sistema de informação contábil gerencial.

O trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa teórica, consultando-se

diversos autores dos quais serão apresentadas citações. O artigo esta distribuído

nos seguintes tópicos: Contabilidade, Contabilidade Gerencial, Contador gerencial,

Contabilidade gerencial versus contabilidade financeira e os sistemas de informação

contábil.

1 CONTABILIDADE

Até alguns anos atrás, a contabilidade era pouco usada, pois era vista pela

sociedade como sendo apenas um instrumento que fornecia informações tributarias

e fornecia somente ao dono o lucro ou prejuízo que seu estabelecimento havia tido

em determinado período. Porém com o passar do tempo essa visão foi se

transformando, e as empresas passaram a ver a contabilidade como uma

ferramenta importante para a realização de uma boa gestão, passou-se a perceber a

necessidade de apresentar à sociedade a situação financeira em que a empresa se

encontra, podendo com isso adquirir novos clientes e novos acionistas dispostos a

investir no negócio:

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Não é somente a administração, entretanto, que interessa o controle do patrimônio e as informações sobre sua composição e variações, mas também a terceiros, que tem interesses vinculados ao patrimônio, como investidores, fornecedores, financiadores, autoridades fiscais e demais pessoas ou entidades que mantêm relações econômicas ou financeiras com a entidade administrada. (FRANCO,1980, p.18).

Realizar contabilidade em uma entidade possui certos custos, o que mostra

que as informações fornecidas pela mesma não devem ser usadas apenas para

atender as obrigações do governo, mas sim também para a tomada de decisão, o

que vai fazer com que a empresa se destaque perante a concorrência, pois terá

base em fatos reais.

A contabilidade tem por objetivo estudar o patrimônio de uma empresa. O

contador vai reunir dados sobre as movimentações e através dos mesmos irá

fornecer relatórios que contenham várias informações, como a situação financeira

em que a empresa se encontra. Conforme Greco, “O objeto de estudo da

contabilidade é o patrimônio, que ela estuda e controla, registrando as alterações

ocorridas.” (GRECO et al., 2007, p. 2).

São vários os públicos que fazem uso das informações contábeis, como por

exemplo, sócios e acionistas que através dessas informações vão saber quais são

os rendimentos da empresa, o governo para o recolhimento de impostos, bancos

para saber a capacidade de pagamento, os administradores para a tomada de

decisão, entre outros.

Os demonstrativos contábeis auxiliam as empresas: no planejamento onde

podem ajudar os administradores a escolher o melhor caminho a ser seguido. De

acordo com Iudicibus, “Planejamento é o processo de decidir que curso de ação

deverá ser tomado para o futuro.” O controle é feito através dos levantamentos que

vão apresentar a situação financeira. “Controle pode ser conceituado como um

processo pelo qual a alta administração se certifica, na medida do possível, de que a

organização esta agindo em conformidade com os planos e políticas traçados [...]”

(IUDICIBUS et al., 2010, p. 5).

Na tomada de decisão, podem auxiliar com os resultados obtidos, através dos

quais irão saber qual a melhor opção a ser escolhida, se a empresa pode investir

mais ou não. O mesmo autor afirma que: “Processo decisório é o conjunto de ações

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que faz com que se consiga a obtenção dos objetivos desejados, definidos pelo

planejamento.” (IUDICIBUS et al., 2010, p.6).

Alguns fatores são importantes quando se trata de informações contábeis,

assim as informações fornecidas devem ser de fácil entendimento de quem as

recebe, mas isso não quer dizer que as informações devam ser simples, mas sim

que as pessoas conheçam bem o seu negocio e tenham conhecimentos básicos

para entendê-las. Para serem utilizadas consequentemente as informações devem

ser confiáveis, ou seja, não deve haver erros, elas devem apresentar exatamente as

transações que ocorreram em determinado período, assim as mesmas passam a ser

consideradas relevantes a partir do momento em que vão auxiliar na tomada de

decisão dentro da empresa.

De acordo com Franco, “A contabilidade desempenha, em qualquer

organismo econômico, o mesmo papel que historia na vida da humanidade. Sem ela

não seria possível conhecer o passado nem o presente da vida econômica da

entidade, não sendo também possível fazer previsões para o futuro, nem elaborar

planos para a orientação administrativa.” (FRANCO, 1980, p.18).

2 A CONTABILIDADE GERENCIAL

A contabilidade gerencial basicamente é utilizar os dados registrados para

gerir uma empresa. De acordo com Crepaldi, “As empresas estão em constantes

mudanças; cada vez mais necessitam de controles precisos e de informações

oportunas sobre seu negocio e adequar suas operações às novas situações de

mercado.” (CREPALDI, 2008, p.02). Para o autor,

O aumento da concorrência e a escassez de recursos disponíveis tem contribuído para as constantes mudanças na gestão dos negócios, com isso, acentua se a necessidade de informações que auxilie os administradores nas tomadas de decisão. A contabilidade gerencial vem preencher essa lacuna produzindo informações objetivas, uteis e relevantes através da contabilidade financeira com varias áreas do conhecimento dos negócios. (CREPALDI, 2008, p.5).

A contabilidade gerencial esta direcionada ao registro, gerenciamento e

controle das atividades e dos recursos de determinada empresa, com o intuito de

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auxiliar os responsáveis pela tomada de decisão, fazendo o uso das informações

contábeis. Para Atkinson, “Contabilidade gerencial é o processo de identificar,

mensurar, relatar e analisar as informações sobre os eventos econômicos da

organização.” (ATKINSON et al., 2000, p.36). Conforme Horgren et al.:

A contabilidade gerencial refere-se á informação contábil desenvolvida para gestores dentro de uma organização. Em outras palavras, a contabilidade gerencial é o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais. (HORGREN et al., 2004, p. 4).

Ainda muitas empresas vão à falência nos seus primeiros anos de vida,

principalmente micro e pequenas empresas. Segundo uma pesquisa realizada pelo

SEBRAE, as mesmas representam 99% da rede empresarial do Brasil, das quais

sete m cada dez encerram suas atividades antes dos cinco primeiros anos de vida

(SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2007).

O motivo do fechamento esta centrado em falhas de gerencia, pois com o

aumento da concorrência torna-se mais necessário uma gestão especializada

mostrando que muitos empresários não estão preparados para essas mudanças,

tornando-se mais necessário a presença da contabilidade gerencial para que as

empresas consigam atingir seus objetivos (SOUZA; SILVA, 2014, p.9).

A contabilidade gerencial é de suma importância para todas as empresas

sendo elas de pequeno, médio ou grande porte, a mesma fornece informações que

vão ser usadas por aqueles que estão dentro da empresa e que vão ser os

responsáveis por decidir como será o andamento das atividades da instituição.

Conforme Atkinson, “Os sistemas de contabilidade gerencial produzem informações

que ajudam funcionários, gerentes e executivos a tomar melhores decisões e a

aperfeiçoar os processos e o desempenho da organização.” (ATKINSON et al.,

2000, p.36).

A informação contábil gerencial ira mostrar a situação econômica em que a

empresa se encontra, consequentemente através destas informações obterá- se os

pontos que devem ser melhorados para o bom desempenho da empresa. “A

informação contábil gerencial é também um dos principais meios pelos quais

operadores/trabalhadores, gerentes intermediários e executivos recebem feedback

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de seu desempenho, habilitando-os a aprender pela experiência passada para

melhorar o futuro.” (ATKINSON et al., 2000, p.37).

De acordo com Coronado, a contabilidade gerencial não necessita de

números que sejam preparados de acordo com os princípios contábeis, podendo

assim o contador fornecer as informações de maneira que atendam os objetivos e

necessidades da administração (CORONADO, 2013, p. 29). Assim, as informações

que são usadas na contabilidade gerencial podem ser apresentadas da maneira que

melhor possam auxiliar na tomada de decisão.

A contabilidade gerencial faz o uso de informações que ocorreram no

passado para poder realizar um melhor planejamento para o futuro. As informações

obtidas são provenientes de diversos setores da empresa, o que leva muitas

instituições a contratar pessoas da área contábil de variados níveis.

Conforme Padoveze, “Se temos a contabilidade, se temos informação

contábil, mas não a usamos no processo administrativo, no processo gerencial,

então não existe gerenciamento contábil, não existe Contabilidade Gerencial.”

(PADOVEZE, 2010, p.40). A informação contábil é produzida nas empresas para

diversos fins, inclusive para auxiliar o administrador, porém elas devem ser usadas,

colocadas em pratica e não ficarem apenas no papel, para assim ter-se um

gerenciamento com base em fontes reais.

Não são apenas as informações do setor contábil que vão fazer parte da

contabilidade gerencial, ou seja, vão fazer parte também informações de outras

áreas. Segundo Iudícibus, a contabilidade gerencial vai fazer uso também de

conceitos de administração da produção, da estrutura organizacional, bem como da

administração financeira, que é onde a contabilidade empresarial se situa

(IUDÍCIBUS, 2010, p.21).

Assim, as informações que serão fornecidas para auxiliar os administradores

no processo de decisão dentro da empresa, serão basicamente fornecidas pela

Contabilidade Gerencial. E as informações da área financeira da empresa, também

vão ser de suma importância para a contabilidade gerencial, além de serem uma

informação para os usuários externos.

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3 CONTADOR GERENCIAL

O contador gerencial produz informações uteis e importantes através dos

dados produzidos pela contabilidade financeira, para isso o contador gerencial deve

ter conhecimento sobre o mercado, a economia e outros fatores importantes para

poder auxiliar os empresários a não tomarem decisões incompatíveis com a

realidade de sua empresa. Sobre o contador, Crepaldi afirma:

O Contador Gerencial, pela própria natureza das funções que lhe são solicitadas a desempenhar, necessitara de formação bem diferente daquela exigida pelo profissional que atua na contabilidade financeira, precisando assim de conhecimentos matemáticos e estatísticos, pesquisa operacional e técnicas de planejamento. O primeiro passo para uma contabilidade gerencial é que esta seja atualizada, conciliada e mantida com respeito às técnicas contábeis. (CREPALDI, 2008, p.3).

O contador gerencial deve possuir a capacidade de transformar as

informações numéricas em informações uteis ao administrador para a tomada de

decisão, deve auxiliar também na criação de estratégias e no planejamento das

atividades a serem realizadas na empresa, objetivando sempre o melhor

desenvolvimento. Para que o contador obtenha sucesso em seu trabalho ele precisa

conhecer muito bem o negocio e os objetivos da empresa na qual atua. Segundo

Coronado, “Na maioria das organizações, considera-se que o contador gerencial é

semelhante ao controller.” (CORONADO, 2013, p. 30).

O controller na maioria dos casos possui autoridade sobre a área contábil da

empresa, ele auxiliara na produção de informações que serão divulgadas para

pessoas externas e usadas na gestão e planejamento. Para isso, o mesmo deve ter

acesso a variados setores da empresa em que atua. De acordo com Coronado, “[...]

O contador gerencial/controller, ao elaborar projeções para o planejamento,

necessita de informações contábeis de todos os departamentos da empresa, o que o

torna uma pessoa qualificada a ocupar posições de destaque [...]” (CORONADO,

2013, p. 30).

O contador gerencial possui diversas funções dentro de uma organização

como: analisar e interpretar as informações que se tem, planejar as decisões a

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serem tomadas sempre pensando no melhor da empresa e buscando realizar os

objetivos da mesma, buscar medidas que melhorem a eficiência da instituição, entre

outras mais. Para isso, o mesmo deve ser uma pessoa muito bem qualificada, pois a

maioria das informações irão passar por suas mãos, e ele será o responsável por

analisar e interpretar as informações de maneira que possa auxiliar os

administradores no processo decisório:

O interesse crescente pela contabilidade gerencial também surge de sua habilidade em ajudar os gestores a adaptar-se às mudanças. Uma constante no mundo dos negócios é a mudança. As decisões econômicas nos dias de hoje diferem daquelas de dez anos atrás. Conforme as decisões mudam, as demandas por informação também mudam. Os contadores devem adaptar seus sistemas às mudanças nas práticas gerenciais e tecnológicas. (HORGREN et al., 2004, p.14).

Com a concorrência e a globalização, tornou-se necessário as empresas

aplicarem os recursos escassos com a máxima eficiência, no entanto a experiência

e a fidelidade do administrador não são mais fatores de maior importância para a

tomada de decisões. É necessário um conjunto de informações norteá-las, assim o

contador passa a ter um papel fundamental. O profissional contábil precisa adaptar-

se e assumir o papel de gestor da informação e utilizar seus métodos para interferir

no processo decisório da empresa. Devera desenvolver varias habilidades, pois

além de dominar a economia mundial, deverá o mesmo conhecer profundamente o

processo de gestão da empresa, tomando decisão em um mundo diversificado e

interdependente (SANTOS, 2010, p. 3-4).

O contador deve ter certo domínio sobre a contabilidade financeira e a de

custos, pois as mesmas fornecerão importantes dados, que devem ser analisados e

interpretados, afinal o contador vai auxiliar os administradores a planejar o futuro,

contribuindo para a sobrevivência da empresa em um mundo extremamente

competitivo. De acordo com Iudicibus, “Um contador gerencial, pelo visto, deve ser

elemento com formação bastante ampla, inclusive com conhecimento, senão das

técnicas, pelo menos dos objetivos e resultados que podem ser alcançados com

métodos quantitativos.” (IUDICÍBUS et al., 2010, p.23).

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Ao mesmo tempo em que o contador gerencial possui grandes

responsabilidades e deve estar sempre atualizado, ele é uma ferramenta

indispensável para as empresas, o que faz com que ele tenha uma carreira de

sucesso e as oportunidades de trabalho sempre exista. Porém, ainda acontece de

muitos contadores apenas se preocuparem em atender as exigências fiscais, o que

hoje não basta para as empresas, elas precisam de alguém que possa lhes ajudar

em outros campos contábeis também, por isso para ser um contador gerencial de

sucesso não basta ter apenas uma graduação e sim estar em constante

aperfeiçoamento.

4 CONTABILIDADE GERENCIAL X CONTABILIDADE FINANCEIRA

Não tem como falar de contabilidade gerencial e deixar de lado a

contabilidade financeira, pois uma depende da outra, mas os conceitos de ambas

são diferentes:

A contabilidade gerencial é relacionada com o fornecimento de informações para os administradores - isto é, aqueles que estão dentro da organização e que são responsáveis pela direção e controle de suas operações. A contabilidade gerencial pode ser contrastada com a contabilidade financeira, que é relacionada com o fornecimento de informações para os acionistas, credores e outros que estão de fora da organização. (PADOVEZE, 2010, p.38).

A contabilidade gerencial e a contabilidade financeira também diferem entre si

no que diz respeito na analise de dados, onde a contabilidade gerencial trabalha

com a parte de balanços, custos entre outros e a financeira as entradas, saídas,

custos operacional.

A contabilidade gerencial utiliza vários aspectos da contabilidade financeira,

como os custos, balanços, finanças, entre outros mais. Porém a contabilidade

gerencial apresenta os dados de maneira diferente, pois serão os gerentes e

administradores que farão uso dessas informações, assim a contabilidade gerencial

não precisa seguir a risco os princípios contábeis, pois os dados fornecidos serão

usados internamente. Já a contabilidade financeira é quem organizará todas as

informações como análise econômica, entradas e saídas, entre outros, e estas serão

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futuramente usadas pela contabilidade gerencial. De acordo com Coronado, “A

contabilidade financeira baseia-se em resultados passados, contribuindo, assim,

com a contabilidade gerencial, que trabalha com o planejamento de informações

futuras utilizando-se de números reais e estimados na busca da otimização dos

resultados.” (CORONADO, 2013, p.29).

Pode- se estabelecer inúmeras comparações e diferenças entre contabilidade

gerencial e contabilidade financeira, Padoveze apresenta em seu livro Contabilidade

Gerencial, uma tabela mostrando algumas das comparações possíveis, dentre as

quais podemos citar: os usuários da contabilidade financeira são externos e internos,

enquanto da gerencial são apenas internos, quanto as restrições nas informações a

financeira utiliza os princípios contábeis geralmente aceitos, já a gerencial não

possui restrições ao não ser aquelas determinadas pelos administradores, quanto as

características das informações fornecidas, na financeira devem ser objetivas e

relevantes e a tempo, na gerencial devem ser relevantes e a tempo, podendo ser

subjetiva e com menos precisão (PADOVEZE, 2010, p.38-39).

Há varias informações que vão ser usadas tanto pela contabilidade gerencial

quanto pela contabilidade financeira, por isso torna-se mais difícil conseguir se

estabelecer um ponto onde a contabilidade financeira termina e a contabilidade

gerencial se inicia. Segundo Iudicibus et al., alguns relatórios contábil-financeiro

como o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultados e a Demonstração de

Fontes e Usos de Capital de Giro, seriam a fronteira entre Contabilidade Financeira

e Contabilidade Gerencial (IUDICIBUS et al., 2010, p. 22). Porém, logo após

Iudicibus diz o seguinte a cerca de tais relatórios:

Não se pode afirmar, todavia, que tais peças contábeis, apenas por serem o ultimo degrau ou a súmula do processo de contabilidade financeira, e por servirem preponderantemente aos interessados externos à empresa (bancos, agências governamentais e mesmo acionistas desligados da gerencia), não sejam importantes, pelo menos como ponto de partida, para a contabilidade gerencial e para a administração. (IUDICIBUS et al., 2010, p.22).

Portanto, não existe um ponto exato em que se possa dizer que a

contabilidade financeira termina e a contabilidade gerencial se inicia, afinal muitos

relatórios são usados por ambas.

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5 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES

Durante muito tempo a tecnologia era quase que um instrumento

desconhecido dentro das organizações, nas poucas empresas em que existiam

sistemas era pouquíssimas pessoas que possuíam acesso aos mesmos, até por de

questão de muitos não os saberem usar. Hoje o sistema de informação tornou-se

um fator essencial, até mesmo pelo aumento da concorrência, que fez com que

surgisse nas empresas a necessidade de obter informação rápida, e assim

conseguiram isso através do uso da tecnologia que esta se tornando cada vez mais

avançada e desenvolvida:

Podemos definir Sistema de Informação como um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequencia lógica para o processamento dos dados e tradução em informações, para com seu produto, permitir as organizações o cumprimento de seus objetivos principais. (PADOVEZE, 2010, p.48).

Os sistemas coletam, armazenam e transmitem informações, e podem ser

utilizados em diversos setores da empresa. Dentro deles ocorrem vários processos,

dentre os quais podemos destacar: a entrada de dados que pode ser de diferentes

fontes, o processamento onde os dados serão transformados nas informações

desejadas, armazenamento que nada mais é que guardar as informações para

serem usadas futuramente se necessário, e a saída de informação quando

desejado, ou seja, o fornecimento dos dados necessários já prontos para serem

usados:

Três atividades em um sistema de informação produzem as informações de que as organizações necessitam para tomar decisões, controlar operações, analisar problemas e criar novos produtos ou serviços. Essas atividades são a entrada, o processamento e a saída. A entrada captura ou coleta dados brutos de dentro da organização ou de seu ambiente externo. O processamento coverte esses dados brutos em uma forma mais significativa. A saída transfere as informações processadas às pessoas que as utilizarão ou as atividades nas quais elas serão empregadas [...] (LAUDON, 2007, p.9) [grifo do autor].

Hoje as empresas precisam acompanhar o desenvolvimento e o avanço da

tecnologia para se manterem ativas e em destaque no cenário econômico. Devem

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procurar inserir-se cada vez mais no mundo digital para evitar que percam mercado

e para que assim consigam competir de maneira eficiente.

5.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO CONTABIL E O PROCESSO DE GESTAO DE

EMPRESA

A tecnologia também possui um papel muito importante na gestão das

empresas. Através das informações rápidas e em tempo real fornecidas pelos

sistemas, os administradores e gestores conseguem tomar decisões de maneira

mais rápida e eficaz, conseguindo também pensar de maneira eficiente o melhor

para o futuro da organização.

As empresas devem acompanhar o avanço da tecnologia para assim sempre

terem em sua empresa sistemas avançados, que as tornam instituições de

destaque, pois conseguem produzir informações cada vez mais sofisticadas e

completas.

Muitos administradores trabalham às cegas, sem nunca poder contar com a

informação certa na hora certa para tomar uma decisão abalizada. Também há

aqueles que se apoiam em previsões, palpites ou na sorte. O resultado é a produção

insuficiente ou excessiva de bens e serviços, a má alocação de recursos e a falta de

timing. Essas deficiências elevam os custos e geram perdas de clientes. Nos últimos

dez anos, as tecnologias e os sistemas de informação tem permitido que, ao tomar

uma decisão, os administradores façam uso de dados em tempo real, oriundos do

próprio mercado (LAUDON, 2007, p.7).

Muitos imaginam que os sistemas de informação devam ser usados apenas

por pessoas com formação em tecnologia da informação, porém dentro das

empresas o contador também faz uso dessas ferramentas, que por sinal são de

suma importância para que os mesmos consigam apurar os resultados necessários.

Através dos sistemas contábeis, serão registradas todas as movimentações

da empresa, sendo elas organizadas de maneira que possam atender as

necessidades dos usuários. E para conseguir maior êxito na transmissão das

informações os contadores devem conhecer bem o negocio em que atuam e

conhecer também a maneira pela qual os gestores tomam decisão, possibilitando

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assim ao contador atender da maneira mais eficiente possível as necessidades dos

tomadores de decisão.

Existem variados modelos de sistemas de informação contábil, podendo cada

um ser usado para atividades diferentes. Dentre estes diferentes modelos tem-se o

sistema de informação de apoio a decisão, que vem justamente para auxiliar os

administradores na tomada de decisão. Segundo Padoveze, “[...] os sistemas de

suporte a decisão auxiliam a questão das decisões gerenciais, sendo que os

mesmos se utilizam de dados dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio a

gestão e possuem como foco ajustar informações que não estão estruturadas para

tomada de decisão.” (PADOVEZE, 2010, p.49).

Há também, o sistema integrado de gestão empresarial, sistema esse que vai

unir as informações que são necessárias para a gestão do sistema empresarial.

Esses sistemas unem e integram todos os subsistemas componentes dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio a gestão, através de recursos da tecnologia de informação, de forma tal que todos os processos de negócios da empresa possam ser visualizados em termos de um fluxo dinâmico de informações, que perpassam todos os departamentos e funções. (PADOVEZE, 2010, p.49).

Os sistemas devem ser mantidos atualizados para evitar que sejam

produzidas informações desnecessárias e para que os dados sejam preparados de

maneira que possam atender ao máximo possível dos seus usuários. Os sistemas

proporcionam aos administradores optar pela melhor opção dentre as oferecidas

abrindo a possibilidade também de serem produzidas informações diretamente

ligadas à tomada de decisão.

Concluindo, para se fazer contabilidade gerencial é necessário um sistema de informação contábil gerencial, um sistema de informação operacional, que seja um instrumento dotado de características tais que preencha todas as necessidades informacionais dos administradores para o gerenciamento de sua entidade. (PADOVEZE, 2010, p.48).

Os sistemas quando usados da melhor maneira possível só tendem a ajudar

as empresas a terem cada vez um melhor desempenho, para isso alem de sistemas

atualizados é necessário a presença de pessoas qualificadas para a interpretação

correta de tais informações fornecidas.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho que tratou principalmente da contabilidade gerencial,

mostrou que a vários motivos para os administradores usarem em sua empresa a

contabilidade, não somente para atender as exigências governamentais, mas sim

também para pensar o futuro da instituição e optar pelo melhor caminho, pelo que

dará maior lucratividade.

Estabeleceu-se alguns pontos que diferenciam a contabilidade gerencial com

a contabilidade financeira, isso por que muitas pessoas pensam que ambas tem os

mesmos objetivos e contribuem para a mesma coisa dentro das empresas, porém

como mostrado no desenvolver deste trabalho ambas as contabilidades possuem

objetivos diferentes. A contabilidade gerencial, não precisa de dados que sejam

elaborados de acordo com os princípios contábeis, pois os dados serão usados

apenas internamente, já a contabilidade financeira, ocorre o contrario, ou seja, ela

deve seguir os princípios, pois além de seus dados serem utilizados pela

administração internamente, eles serão fornecidas a usuários externos como,

acionistas, instituições bancarias e o próprio governo (fisco).

O contador gerencial deve ter a mente aberta para poder compreender as

mudanças que ocorrem no meio empresarial, deve conseguir interpretar os dados e

fornecer aos gestores informações que os auxiliam na tomada de decisão, objetivo

principal da contabilidade gerencial. Esses dados vêm de diversas áreas da

empresa, uma delas é a contabilidade financeira, que por sinal fornece informações

importantes para auxiliar na tomada de decisão. Para que essas informações sejam

conseguidas é importante a empresa dispor de um sistema de informações

sofisticado, para que os dados sejam conseguidos de forma ágil e precisa. Para isso

é necessário que o contador esteja de olho no mercado para acompanhar os

avanços tecnológicos também.

Portanto, conclui-se, através da realização desse artigo, que as pessoas

devem repensar seus conceitos a cerca da contabilidade, esquecer a ideia de que a

mesma serve somente pra o calculo de impostos, afinal vivemos em um mundo de

competitividade e concorrência onde às empresas devem se sobressair para garantir

sua sobrevivência. Somente os administradores da empresa sem formação

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especificam muitas vezes não conseguem ver as mudanças que ocorrem, e o

contador com as informações que recebe consegue auxiliar os administradores a

optarem pelo melhor caminho, levando a empresa ao caminho do sucesso e da

prosperidade. Mas é claro, para isso deve também o contador estar em constante

aperfeiçoamento, para cada vez mais abrir sua mente e ver as mudanças que

ocorrem a sua volta evitando que sua empresa se torne um fracasso logo nos seus

primeiros anos de vida.

REFERÊNCIAS

ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YOUNG, S. Mark. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.

CORONADO, Osmar. Contabilidade Gerencial Básica. São Paulo: Saraiva, 2013.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2008.

FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral. São Paulo: Atlas, 1980.

GRECO, Alvisio; AREND, Lauro; GARTNER, Gunther. Contabilidade, Teoria e Práticas Básicas. São Paulo: Saraiva, 2007.

HORGREN, Charles T.; SUNDEM Gary L.; STRATTON, William O. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.

IUDÍCIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; KANITZ, Stephen Charles; RAMOS, Alkíndar de Toledo; CASTILHO, Edison; BENATTI, Luiz; FILHO, Eduardo Weber; JUNIOR, Ramon Domingues. Contabilidade Introdutória. São Paulo: Atlas, 2010.

LAUDON, Kenneth C.; LAUDON Jane P. Sistemas de Informação Gerencial. São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2007.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2010.

SOUZA, Leila Alves; SILVA, Rubia Carieli. Artigo Faculdades Integradas Três Lagos, Curso de Ciências Contábeis: contabilidade gerencial nas micro e pequenas empresas, 2014.

SANTOS, Maria Lucia. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis: A importância do Profissional Contábil na Contabilidade, 2010.

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CUSTO DE OPORTUNIDADE NO CONTEXTO DA AGRICULTURA FAMILIAR: PESQUISA DE VIABILIDADE ECONÔMICA EM UMA PROPRIEDADE DO

MUNICÍPIO DE ALECRIM - RS

Gisele Lamarque Peres1 Jones Adalberto Hubner2

Larissa de Oliveira Calgaro3 Rafael LautharteLadwig4

Márcio Kalkmann5

RESUMO

Este artigo relata o resultado de uma pesquisa realizada em uma pequena propriedade rural no município de Alecrim-RS, onde o proprietário possui 15 hectares de terra e exerce a atividade leiteira, sendo esta a principal fonte de renda da família, sabendo que esta é uma característica predominante em grande parte das propriedades de agricultores familiares. O objetivo deste estudo foi mensurar o custo de oportunidade da atual atividade em relação a outra atividade que já foi realizada na propriedade. Dessa forma é apresentado ao produtor mais uma alternativa de produção, no caso a soja, com seus respectivos resultados, sendo que o custo de oportunidade é representado pela alternativa rejeitada. Assim essa pesquisa tem como objetivo verificar a viabilidade econômica e o custo de oportunidade, como resultado da decisão entre as alternativas de produção do produtor de leite daquele o município. Para tanto, realizou-se a coleta de dados por meio de um questionário apresentado ao produtor, com abordagem quantitativa e qualitativa. A pesquisa revelou o resultado positivo obtido pela produção de leite, sendo essa atividade mais lucrativa que a cultura de soja, apresentando um retorno de 50%. Dessa forma a produção de leite em detrimento com o cultivo de soja, representa um custo de oportunidade no valor R$ 4.879,50 ao mês.

Palavras-chave: Custo de Oportunidade – Atividade Leiteira – Sazonalidade.

1 Acadêmica do curso de Administração – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmico do curso de Administração – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

3 Acadêmica do curso de Administração – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. larissa.adm.uniã[email protected]

4 Acadêmico do curso de Administração – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

5 Mestre em Economia, Bacharel em Ciências Econômicas, Orientador. Professor nas Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

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INTRODUÇÃO

O interesse do desenvolvimento do estudo partiu do intuito de pesquisar a

gestão, viabilidade econômica, o custo de oportunidade e tomadas de decisão da

atividade leiteira. Na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul se encontra

umas das maiores bacias leiteira, sendo essa uma das atividades rurais mais

desenvolvidas depois do cultivo de monoculturas de soja, milho e trigo. Essas

propriedades na sua maioria são compostas por pequenas extensões de terra e

poucos animais.

Hoje aproximadamente a região Noroeste do RS conta com 17.403

produtores gerando 1.700.609 litros de leite/dia e uma renda bruta de

aproximadamente R$ 1.459.832,32, segundo EMATER – RS.

Entre alguns autores que realizaram pesquisas sobre o setor leiteiro pode-se

destacar Carlotto, I.; Filippi, J.; Marcelo, I. E. que realizaram um estudo de

viabilidade econômica da produção de leite em uma propriedade de Francisco

Beltrão-PR. Autores como LIMA, G. G também descreve detalhadamente da

produção de leite no noroeste rio-grandense. Já LIMA, M. P é um grande

pesquisador da área de custo de oportunidade. Estas seriam algumas das

referências utilizadas neste trabalho.

A pesquisa foi realizada no município de Alecrim-RS, situado ao noroeste do

estado do Rio Grande do Sul, pertence à região do Grande Santa Rosa. O presente

artigo é do tipo exploratório-descritivo. Exploratório por ter sido aplicado um

questionário ao produtor, com o objetivo de aplicar dados que possibilita-se a visão

geral dos custos e receitas das alternativas estudadas, é também descritivo por

retratar características especificas da propriedade onde está inserida.

Com essa visão na agricultura familiar surgiu à concepção de verificar a

viabilidade econômica e o custo de oportunidade de uma propriedade rural, que para

a atividade leiteira disponibiliza de 15 hectares de terra, do Município de Alecrim –

RS.

Diante desse exposto, busca-se responder as seguintes questões: Qual

atividade nessa extensão de terra teria mais viabilidade econômica? Qual seria o

custo de oportunidade se o produtor optasse por uma segunda atividade nessa

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mesma propriedade, sabendo que este é o resultado da decisão entre duas

alternativas?

Justifica-se essa análise o fato de que, os produtores ou administradores

rurais, são os responsáveis pelas tomadas de decisão necessárias á continuidade

de suas atividades. Nesse sentido, ter conhecimento de uma segunda opção á ser

produzida se faz necessário, visto que o custo de oportunidade está relacionado

com o sucesso das decisões tomadas pelo produtor de leite.

1 MERCADO E PRODUÇÃO DO LEITE

O leite, incluindo seus derivados, é um produto largamente utilizado na

alimentação humana. São grandes os volumes mundiais produzidos e consumidos

anualmente, mas em condições muito heterogêneas. Países ou regiões em que a

produção é altamente desenvolvida e o consumo generalizado entre a população

contrastam com regiões e países em que a produção é pouco expressiva e o

consumo per capita muito superior das recomendações de alimentação e saúde

básicas. Tais características configuram um quadro bastante específico e permitem

visualizar algumas perspectivas para o mercado. É cada vez maior a participação do

leite e seus derivados na dieta das famílias, tanto em países desenvolvidos quanto

nos subdesenvolvidos, pois além de ser uma excelente fonte nutricional é

largamente recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é também um

hábito cultural (LIMA, 2014).

Segundo o SEBRAE, o mercado de produtos lácteos é tão abrangente quanto

à lista de seus derivados: leite condensado, iogurte, creme de leite, queijo, leite em

pó, manteiga, requeijão e doce de leite. E a produção de cada um desses alimentos

é uma oportunidade de investimento para o pequeno proprietário de gado de leite,

que conta com uma perspectiva positiva para os próximos anos (SEBRAE, 2015).

Segundo Carlotto et. al., a produção de leite é hoje uma das atividades do

agronegócio que está em constante crescimento no Brasil, superando todas as

metas das maiores instituições de comercialização do leite. Essa produção é

resultado de grandes pesquisas e aperfeiçoamentos nos modos de produção. A

pecuária leiteira vem inovando e se aperfeiçoando quase que no mesmo ritmo da

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modernização tecnológica, melhorando o manejo do gado leiteiro, realizando

aprimoramentos genéticos na busca por melhores crias e pastagens que se

adequam a cada tipo de solo e clima na alimentação dos animais, para que se

obtenha o maior rendimento produtivo por cabeça e, sem descuidar do custo de

produção ou, melhor dizendo, buscando o menor custo de produção. Sabe-se que

para acompanhar toda essa imensidão de informações que surgem a todo o

momento é necessário muito investimento, mas que nem sempre é possível pela

maioria dos produtores (CARLOTTO, 2011).

Carlotto et. al, também comenta que grande parte das pequenas propriedades

é formada por famílias que possuem poucos animais e extensões de terra sem muita

expressividade, mas que tem no leite sua principal fonte de renda (CARLOTTO,

2011). Como mostra na Tabela 1, demonstrando a região Noroeste do Rio Grande

do Sul - RS:

Tabela 1

Resultados Diários da Produção/Município

Município Nº de Agri.

Leiteiros

Nº de Vacas

Produção Diária (I)

Média (I) Propriedad

e

Media (I)

Vaca

Preço Médio (l)

(R$)

Volume produção Diário/município

R$

Três de Maio 1.720 8.621 120.000 69,77 13,92 R$ 0,87 R$ 104.400,00

Santo Cristo 1.350 14.000 159.599 118,22 11,4 R$ 0,85 R$ 135.659,15

Cândido Godói

1.345 9.326 81.000 60,22 8,69 R$ 0,83 R$ 67.230,00

Campina das Missões

930 9.523 70.000 75,27 7,35 R$ 0,92 R$ 64.400,00

São Paulo das Missões

800 9.000 60.000 75 6,67 R$ 0,87 R$ 52.200,00

Tuparendi 720 8.870 85.000 118,06 9,58 R$ 0,83 R$ 70.550,00

Alecrim 700 7.000 35.000 50 5 R$ 0,90 R$ 31.500,00

Santa Rosa 600 12.500 75.000 125 6 R$ 0,90 R$ 67.500,00

Guarani das Missões

587 6.700 36.000 61,33 5,37 R$ 0,76 R$ 27.360,00

Horizontina 578 5.426 53.000 91,7 9,77 R$ 0,80 R$ 42.400,00

Outras 35 cidades

8073 116.483 926.010 114,7 7,9 R$ 0,86 R$ 796.633,17

Fonte: EMATER 2015– Santa Rosa – RS, adaptado pelos autores.

Segundo pesquisa realizada, 10 municípios possuem aproximadamente 53%

do total de agricultores da região noroeste vinculados com a produção leiteira, no

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qual geram um montante de produção de aproximadamente 775.000 litros/dia

gerando um montante de R$ 620.799,15/dia de produção totalizando mensalmente

aproximadamente R$ 18.624.000,00.

Todo esse volume de dinheiro é distribuído na cadeia produtiva fazendo com

que a economia destes municípios tragam impactos significativos em geração de

renda para a região e para o estado.

Para o caso de Alecrim-RS, nota-se conforme demonstrado na tabela 1 que

existem 700 produtores leiteiros e 7000 vacas leiteiras. A produção diária neste

município é de 35.000 litros, 50 litros por propriedade e 5 litros por vaca. O preço

médio do litro de leite em Alecrim é de R$ 0,90, resultando em um volume monetário

de R$ 31.500,00 por dia.

2 ADMINISTRAÇÃO RURAL E AS TOMADAS DE DECISÃO

Segundo Flores, o conceito de Administração Rural está sendo relacionado á

necessidade de controlar e gerenciar um número cada vez maior de atividades que

podem ser desenvolvidas dentro de uma propriedade rural, onde qualquer tipo de

ação tomada pelo proprietário ou administrador de uma propriedade em controlar

alguma coisa é considerada prática de Administração Rural (FLORES, 2006).

Já Scarpin e Boff, comentam que as organizações caracterizam como um

sistema aberto composto por vários subsistemas internos que se inter-relacionam

com o meio externo, assim dessa interação surge à administração de alguns

problemas os quais necessitam ser solucionado por meio de decisões á serem

tomadas (SCARPIN; BOFF, 2007).

Nesse sentido, Catteli ressalta que o processo de tomada de decisões, tem

uma perfeita correspondência com o ciclo de planejamento, execução e controle

(CATTELI, 2013). Assim as diversas etapas analíticas do processo de tomada de

decisões podem ser identificadas com cada uma das fases:

Planejamento: a)caracterização da necessidade de decisão ou definição do problema. b)formulação dos objetivos e das alternativas de ação.

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c)obtenção de informações relevantes, necessárias às alternativas de solução. d) avaliação e classificação das alternativas em termos de contribuição para o alcance do objetivo. e)escolher a melhor alternativa de ação. Execução: a) implementação da alternativa escolhida (ação). Controle: a) avaliação dos resultados.

b) Implementação das medidas corretivas. (CATTELI, 2013, p.127).

Para Nascimento, espera-se que um gestor tome as melhores decisões entre

as várias alternativas de escolha para a solução de determinado problema, levando

sempre em conta os objetivos centrais da organização ou negócio (NASCIMENTO,

2013).

O ato da tomada de decisão está diretamente relacionado no dia a dia das

pessoas, tanto na vida pessoal como na profissional. Na área dos negócios, mais

especificamente, pela visão de Casarotto Filho e Kopittke, a tomada de decisão é

iniciada pela reflexão, sabendo-se que é necessário utilizar-se de técnicas

estruturadas de análises de investimento. Faz-se necessário verificar quais as

técnicas mais indicadas para as diversas situações e também a importância do

aspecto econômico, que poderá influenciar na tomada de decisão (CASAROTTO

FILHO; KOPITTKE, 2008).

O processo de tomada de decisão é a sequência de atividades empreendida pela administração para solucionar problemas empresariais, um processo sistemático que segue uma sequência de identificação de problemas, geração de soluções alternativas, análise das consequências, seleção e implementação da solução, avaliação e feedback. (MONTANA; CHARNOV, 2010, p.87).

Estes aspectos sintetizam o processo, desde seu início quando da elaboração

e identificação do problema até seu estágio final que seria a avaliação do caso e seu

feedback, elencando-se os pontos positivos e negativos. Com isso, para que a

tomada de decisão tenha assertividade, é preciso criar mecanismos que sejam bem

estruturados e compreendidos, pois é através destes dados que se chega a uma

determinada conclusão com menor risco de erro.

Este artigo traz uma pesquisa realizada em uma propriedade rural que adotou

a atividade leiteira como sua principal fonte de renda, e que em algum momento, por

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ter escolhido tal atividade, rejeitou a realizar outra. Com base no processo decisório

do produtor, poder-se-á analisar o ato de tomada de decisão e se as informações

convergem, dentro dos critérios considerados, ao planejamento, execução e controle

da atividade, comparando os custos de oportunidade inerentes desta atividade.

Diante disso, é preciso levar em consideração inúmeros aspectos, tanto

internos, sendo estes os aspectos endógenos, como mão de obra capacitada,

recursos financeiros e estrutura tecnológica, quanto externos ou exógenos, como os

efeitos climáticos, a economia e a logística, na busca constante por soluções

eficazes, capazes de gerar resultados satisfatórios.

3 CUSTO DE OPORTUNIDADE

Com o objetivo de se medir o resultado adquirido mediante a escolha de

determinada alternativa, utiliza-se a análise do custo de oportunidade. Os custos de

oportunidade também conhecidos como custos alternativos estão ligados aos custos

implícitos, ou seja, aqueles que não necessitam de desembolso monetário, mas que

são observados se comparados processos distintos e o ganho no melhor uso

alternativo (VASCONCELOS; GARCIA, 1998).

De acordo com Martins, representa o custo de oportunidade o quanto a

empresa se sacrificou em termos de remuneração por ter aplicado seus recursos

numa alternativa ao invés de em outra. Se determinada empresa usou seus recursos

para compra de equipamentos, o custo de oportunidade desse investimento é o

quanto deixou de ganhar por não ter aplicado aquele valor em outra forma de

investimento que estava ao seu alcance (MARTINS, 2008).

O conceito de custo de oportunidade para Lima se refere a uma possível

perda de rendimentos pela opção por uma determinada alternativa em detrimento de

outra. Seu cálculo pode ser feito em função da diferença de resultado entre duas

alternativas: a que de fato se concretizou e a que teria se concretizado caso a opção

tivesse sido diferente. Para se analisar essa diferença é preciso considerar as

possíveis receitas e custos das duas alternativas (LIMA, 2016).

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4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Tendo em vista a obtenção de dados sobre o custo de oportunidade foi

aplicada uma pesquisa com o objetivo de mensurar e aprofundar a realidade dos

fatos. A pesquisa concentrou-se em uma única propriedade, no município de

Alecrim, no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, o produtor encontra-se hoje

com 52 anos de idade, casado, cursou até a 5ª série, reside há 30 anos nessa

propriedade, mesmo período em que trabalha com a produção leiteira.

Segundo Flores, a análise dos resultados obtidos é uma tarefa que exige

muita responsabilidade, pois é através dessa análise que o produtor terá a real

noção situação da propriedade, podendo assim ver qual a solução mais viável

(FLORES, 2006).

O proprietário optou por esta atividade desde o princípio por trazer retorno

financeiro satisfatório frente o investimento inicial aplicado, não sendo esta sua única

atividade. Além do trabalho desenvolvido na produção leiteira, que representa sua

principal fonte de renda, cultiva as monoculturas de soja, utilizada para a venda e

milho, produzido para trato do gado.

A área total para a produção é de 33 hectares, divididas em 15 hectares para

a atividade leiteira e 10 hectares e 8 hectares para o plantio de soja e milho,

respectivamente. Para a produção leiteira o agricultor possui 34 vacas e 20 novilhas,

sendo essas últimas produzidas através de inseminação artificial para melhorar a

genética. A propriedade conta com duas pessoas, sendo estas da família, para a

realização dos serviços do plantio, colheita, trato, ordenha e manutenção de

infraestrutura.

Atualmente, a atividade escolhida é a produção leiteira e a atividade não

escolhida é o cultivo de soja. Na referida pesquisa, comparou-se o resultado diante

de uma ação hipotética: o agricultor destinaria os 15 hectares de sua produção

leiteira para o cultivo da cultura de soja.

Verificou-se, através da aplicação do questionário, que o custo total para a

realização da atual atividade leiteira escolhida pelo produtor é de R$ 8.770,00 ao

mês. Já o custo da atividade que o agricultor deixou de realizar por ter escolhido a

atividade atual é de R$ 6.824,50 ao mês. A receita bruta na atividade leiteira é de R$

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17.550,00 ao mês e R$ 210.600,00 ao ano e a receita bruta no cultivo de soja é de

R$ 10.725,00 ao mês e R$ 128.700,00 ao ano.

Desse modo, para termos o custo total para cada atividade, levou-se em

consideração os gastos gerais, tendo como principais: mão de obra, insumos,

energia elétrica, equipamentos, entre outros específicos de cada atividade.

No que se refere à receita líquida, mensurou-se que a atual atividade leiteira

representa em termos monetários a quantia de R$ 8.780,00 ao mês ou R$

105.360,00 ao ano. O montante de receita líquida da atividade de soja é de R$

3.900,50 ao mês ou R$ 46.806,00 ao ano.

Para melhor visualização destes resultados, a Tabela 2 faz essa comparação

entre os custos e as receitas da atividade leiteira escolhida com atividade não

escolhida:

Tabela 2 Comparação entre custos e receita da atividade escolhida e atividade não escolhida

Atividade escolhida (LEITE) Atividade Não escolhida (SOJA)

Custo Receita bruta Custo Receita bruta

Mensal Mensal Mensal Mensal

R$ 8.770,00 R$ 17.550,00 R$ 6.824,50 R$ 10.725,00

Anual Anual Anual Anual

R$ 104.400,00 R$ 210.600,00 R$ 81.894,00 R$ 128.700,00

Tabela 2 Fonte: coleta de dados (2016).

Levando em consideração o conceito de Lima para compararmos o custo de

oportunidade, sabe-se que para a atividade não escolhida o custo de oportunidade

será o custo ou a receita da atividade escolhida ou mesmo os rendimentos da

atividade escolhida (LIMA, 2014). Por outro lado, sabe-se que para a atividade

escolhida o custo de oportunidade será custo ou a receita da atividade não escolhida

ou mesmo os rendimentos da atividade não escolhida. Os rendimentos estão

discriminados na Tabela 3:

Tabela 3 Comparação entre custos e receita da atividade escolhida e atividade não escolhida

Rendimentos Mensal Anual

Atividade escolhida (LEITE) R$ 8.780,00 R$ 105.360,00

Atividade não escolhida (SOJA) R$ 3.900,50 R$ 46.806,00

Tabela 3 Fonte: coleta de dados (2016).

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A partir das informações da tabela acima, é possível descrever que na

propriedade estudada a diferença dos rendimentos mensais e anuais para se o

produtor optar em produzir leite ou soja são respectivamente R$ 4.879,50 ao mês ou

R$ 58.554,00 ao ano.

Logo, sabendo-se que o agricultor realizou em determinada situação escolhas

importantes com relação às mudanças em suas atividades, tais decisões foram

tomadas com base em alguns critérios pré-estabelecidos pelo próprio agente, neste

caso o próprio agricultor. Neste sentido, tanto o custo como a renda foram

determinantes para a escolha das atividades laborais naquela propriedade. Sabe-se

também que existem outros fatores que ajudam na composição da decisão,

limitando-se ao caso mais específico dos custos e receita, para visualizar o custo de

oportunidade desta atividade.

CONCLUSÃO

A partir da pesquisa e análise realizada, verifica-se que o produtor escolheu a

atividade leiteira como atividade principal. Considerando-se que, todas as demais

variáveis que afetam a produção, receita e custo permanecerão inalteradas, pode-se

constatar que o produtor, ao escolher produzir leite e abster-se de produzir soja,

obterá um custo de oportunidade de R$ 8.780,00 ao mês, ou seja, tendo um ganho

significativo pela escolha desta atividade.

Por outro lado, se o produtor tivesse escolhido a monocultura de soja, que

representa um custo de oportunidade de R$ 3.900,50, teria um prejuízo considerável

comparando-se à alternativa. Para se chegar a essa conclusão levou-se em

consideração outros fatores como a situação climática, na qual interfere diretamente

no rendimento, tanto da produção leiteira como do cultivo de soja.

Diante do mercado em que estamos inseridos, a busca de alternativas que

melhor viabilizem os negócios tem extrema importância a fim de minimizar os

impactos e riscos que possam vir a acontecer. A escolha do custo de oportunidade

abrange esse contexto, ou seja, é possível optar por uma alternativa que traga

melhores benefícios se comparada a uma alternativa distinta.

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No contexto da agricultura familiar, considera-se o estudo do custo de

oportunidade em propriedades no meio rural, principalmente, quando característicos

da agricultura familiar, algo muito importante, considerando que as escolhas de tais

atividades em restrição de outras que acabam sendo deixadas ou não iniciadas são

embasadas em fatos peculiares a cada propriedade.

Ademais, deve-se ter cautela ao analisar os custos de oportunidade no meio

rural, devido a alta sazonalidade e imprevisibilidade das variáveis que os formam.

Portanto, cabe ressaltar as limitações do estudo proposto, entendendo-se que,

podem e provavelmente irão ocorrer algumas divergências para vindouros casos

que possam vir a ser estudados.

Novas pesquisas podem ser realizadas em municípios circunvizinhos a fim de

obter um maior grau de assertividade cientifica, visando reafirmar ou não as

informações de campo obtidas neste estudo. Novas conclusões podem aparecer se

trabalhos forem realizados em regiões com clima diferente e onde os critérios de

viabilização desta atividade rural pelo custo de oportunidade forem adotados

distintamente. Enfim, avanços em pesquisas no âmbito rural são imprescindíveis

para o melhor desenvolvimento das microrregiões e através de uma análise de

diagnóstico mais criterioso dos custos de oportunidade pode-se obter informações

decisivas que irão afetar o desenvolvimento rural dos municípios, inclusive do setor

leiteiro que já é um setor de grande importância na região noroeste.

REFERÊNCIAS

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ÉTICA E GOVERNANÇA CORPORATIVA: UM NOVO OLHAR ORGANIZACIONAL

Caroline Schwambach Bechaire1 Rafael Henrique Lenhardt2

Cristiano de Lima3

RESUMO

O artigo traz, através de uma abordagem de caráter conceitual-teórico essencialmente embasada em bibliografias e trabalhos de autores e pesquisadores variados, uma análise geral sobre a ética nas relações profissionais relacionando-a com a temática da boa governança corporativa. A admissão dessas práticas de governança e de códigos de conduta ética por parte das empresas, favorece o aperfeiçoamento das relações com investidores e ao mesmo tempo influencia os administradores a visarem os interesses das entidades e de seus usuários, estabelecendo uma percepção assertiva das organizações no mercado econômico.Isso tudo garante a sua continuidade e propicia a formação de princípios e valores através de práticas de boa governança corporativa, que são envolvidas e norteadas por fatores ético-profissionais e contribuem significativamente para um desenvolvimento econômico sustentável, onde as empresas mostram-se mais capazes de competir com o mercado e conseguem obter não apenas a satisfação e a motivação dos seus profissionais,mas também influenciar investidores e seus usuários a contribuírem para um melhor desempenho da atividade organizacional, obtendo resultados cada vez mais satisfatórios em seus negócios.

Palavras-Chave: Ética – Governança Corporativa – Resultados.

INTRODUÇÃO

A palavra ética deixou de ser novidade há tempos e tem se tornado

gradativamente mais relevante em meio a realidade atual. Em sociedades cada vez

mais permeadas pelo individualismo, o esforço compartilhado para promover a

melhor convivência entre os grupos de pessoas é fundamental e precisa ser

trabalhado. Aliada aos preceitos éticos, a Governança Corporativa, que é um dos

1 Acadêmica do curso de Ciências Contábeis – 5º semestre – Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmico do curso de Ciências Contábeis – 5º semestre – Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

3Orientador. Professor do curso de Bacharelado em Ciências Contábeis nas Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

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temas de mais recente desenvolvimento no campo da alta gestão, torna-se prática

essencial e dá sustento às relações organizacionais globais, abrangendo os campos

econômicos e socioambientais.

O artigo detém uma abordagem de caráter conceitual-teórico, usando como

instrumental de referência uma pesquisa essencialmente bibliográfica a partir de

trabalhos desenvolvidos por pesquisadores e autores variados, os quais apresentam

contribuições significativas ao estudo da Governança Corporativa e da Ética

Profissional e sua importância para uma melhor performance das organizações.

Atualmente, analisando a realidade das empresas em geral, é incomum

encontrar estruturas de trabalho que detenham esforços em códigos de ética e

conduta, que explicitem de forma clara as normas preestabelecidas de desenvolver

suas atividades, que apresentem estratégias de boa governança bem definidas e

sejam transparentes em relação ao mercado de acionistas e investidores. Outro fator

preocupante é o fato de tanto os gestores quanto os colaboradores deixarem de lado

o espírito coletivo e muitas vezes focarem em resultados pessoais em demasiado,

seja financeira ou profissionalmente, retardando assim o processo de ascensão da

empresa dentro do mercado competitivo.

Envolvidos por escândalos de corrupção, crises na economia e infindos casos

relacionados à má gestão administrativa nas empresas, parte-se do pressuposto que

tanto as falhas relacionadas à questão ética quanto à prática deficiente da

governança, representam uma parcela significativa do problema associado ao tema.

No decorrer do artigo, serão apontados possíveis caminhos para a fuga da

problemática por parte das organizações, embasados nos preceitos éticos e

sistemas de boa governança corporativa.

1 A ÉTICA NAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS

Diariamente, seja no meio profissional ou pessoal, somos expostos a tomadas

de decisões que nos enquadram como éticos ou antiéticos. Segundo Sá, a ética em

seu sentido mais amplo é a ciência que estuda o modo de agir e pensar das

pessoas, analisando as formas que devem ser empregados para que determinadas

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condutas revertam-se sempre em favor do homem. Nesse sentido, o homem torna-

se o centro da análise, em consonância com o meio em que lhe envolve (SÁ, 2013).

No que tange a questão da ética nas organizações, a globalização e a

reestruturação competitiva influenciam de forma significativa o modo de pensar e

agir dos administradores, que se preocupam cada vez mais com a cultura e a

filosofia da entidade. De acordo com Leisinger e Schmitt, “[...] a ética empresarial

reflete sobre as normas e valores efetivamente dominantes em uma empresa,

interroga-se pelos fatores qualitativos que fazem com que determinado agir seja

bom.” (LEISINGER; SCHMITT, 2001, p.22).

Relacionando a importância da ética ao âmbito das negociações, as

organizações preocupadas com os preceitos éticos e que tornam possíveis a

conversão de suas preocupações em práticas efetivas, mostram-se mais capazes de

competir com o mercado e conseguem obter não apenas a satisfação e a motivação

dos seus profissionais, mas também resultados satisfatórios em seus negócios.

Passos complementa a ideia afirmando que:

[...] o mundo de uma organização é permeado por conflitos, por choques entre interesses individuais e, muitas vezes, entre esses e os da própria instituição, de modo que a ética servirá para regular essas relações, colocando limites e parâmetros a serem seguidos. Essas orientações também são responsáveis pela garantia da integridade dos indivíduos que vivem o dia-a-dia da empresa e sua saúde física e mental. Possibilitam que eles tenham alegria com o que fazem, fortaleçam o compromisso com a organização, renovem e coloquem em prática o poder criativo e produtivo que possuam, a solidariedade, o estímulo, enfim, as condições necessárias à manutenção da organização. (PASSOS, 2006, p. 66).

Escândalos de corrupção, empresas fechando as portas, aumento dos níveis

de desemprego e a crise econômica, são realidades cada vez mais corriqueiras e

que ganham enfoque significativo dentro das discussões éticas profissionais, pelo

simples fato de colocarem em primeiro plano os ganhos econômicos, deixando de

lado as questões sociais e morais, acabando por se destruir. Aguilar adverte que

“[...] o custo da conduta antiética pode ir muito além das penalidades legais, notícias

desfavoráveis na imprensa e prejuízos nas relações com clientes. Muitas vezes a

consequência mais grave é o dilaceramento do espírito da organização.” (AGUILAR,

1996, p.15 apud PASSOS, 2006, p.69).

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Dentre os ganhos e benefícios que a aplicação dos preceitos éticos trazem

para o ambiente organizacional, podemos destacar a possibilidade de se construir

uma cultura profissional e empresarial verdadeira, apropriada à realidade do novo

mercado, que em conjunto à melhoria da imagem e da credibilidade da empresa e

de seus negócios tem por consequência não apenas o aumento relacionado as

participações acionárias ou a harmonia e ao equilíbrio dos interesses individuais e

institucionais, mas também o fortalecimento das relações da empresa com todos os

agentes envolvidos direta ou indiretamente com as suas atividades.

1.1 OS CÓDIGOS DE ÉTICA DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES

A permanência e a ascensão das empresas e de seus negócios estão cada

vez mais ligadas à sua capacidade de assumir e aperfeiçoar ações marcadas por

virtudes básicas que, segundo Sá, “[...] são aquelas indispensáveis, sem as quais

não se consegue a realização de um exercício ético competente, seja qual for a

natureza do serviço prestado.” (SÁ, 2013, p.197).

Sempre que nos reportamos às virtudes profissionais precisamos destacar a

existência de diretrizes éticas que norteiam essas virtudes. A relação de valor que

aparece entre o ideal ético e a conduta do homem pode ser estruturada em um

instrumento regulador conhecido como Código de Ética Profissional. De acordo com

Camargo, os códigos de ética estruturam e condicionamos preceitos éticos no

tríplice plano, que é fundamentado em orientação, disciplina e fiscalização.

Estabelecem métodos variáveis e relativos que definem o piso e o teto dentro dos

quais a conduta pode ou deve ser considerada assertiva sob a visão ética

(CAMARGO, 2013).

Outro fator importante a ser destacado é a forma na qual os códigos de ética

são impostos às organizações e seus usuários. As regras precisam estar claras. Se

você não sabe qual é o padrão ético que norteia as atividades da empresa, como

saber o que está certo ou errado na execução de seus trabalhos? É fundamental

que os níveis mais altos dentro das organizações se esforcem para dar

transparência a esses códigos, explicitando e convencendo a todos de que ao

cumprir os mesmos o todo acaba ganhando. Camargo corrobora e complementa o

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entendimento dizendo que os códigos de ética sozinhos não são capazes de

tornarem melhores os profissionais, mas norteiam a forma de como deve ser o seu

comportamento; mais do que deter-se aos códigos em seu sentido literal, é

necessário compreender e viver a razão básica do que está determinado

(CAMARGO, 2013).

Maximiano entende que “[...] os códigos de ética fazem parte do sistema de

valores que orientam o comportamento das pessoas, grupos e das organizações e

seus administradores.” (MAXIMIANO, 1997, p. 294). Assim, esse instrumento pode

ser considerado uma espécie de contrato de classe trabalhadora, onde os órgãos

que fiscalizam o exercício de determinadas profissões, abrangendo as relações com

usuários, colegas de profissão e sociedade, controlam a execução de suas

atividades dentro e fora das organizações. Para Sá, quando:

[...] a consciência profissional se estrutura em trígono, formados pelos amores à profissão, à classe e à sociedade, nada existe a temer quanto ao sucesso da conduta humana; o dever passa então a ser uma simples decorrência das convicções plantadas nas áreas recônditas do ser, ali depositadas pelas formações educacionais básicas. (SÁ, 2013, p.294).

Sintetizando as ideias observadas, podemos ressaltar que a dedicação na

efetivação dos códigos deve ser aderida e respeitada por todos, porém, os

profissionais devem ir além de mera aceitação e vivenciá-los em seu dia a dia,

estruturando as bases, mesmo que indiretamente, de um trabalho fundamentado em

preceitos reconhecidos como fator substancial no que tange a ideia do diferencial

competitivo.

1.2 A ÉTICA COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO

O mundo tem passado por constantes mudanças e, atualmente, com a

acirrada concorrência entre organizações, apenas a qualidade do produto ou serviço

não é mais satisfatória. A ética tornou-se um diferencial competitivo, isso porque a

entidade que age com ética em relação a clientes, fornecedores, competidores e

mercado, bem como, investidores, empregados, governo e público em geral,

consegue gerar e manter relacionamentos saudáveis e duradouros. Belotti confirma

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esse entendimento alegando que a ética pode não ser a maneira mais rápida na

conquista do sucesso, porém sem ela o fracasso é eminente. Mover-se dentro das

normas morais implica em realizar boas práticas de convivência entre todos e dará

melhores retornos econômicos (BELOTTI, 2008).

Inúmeros são os casos de organizações que foram de encontro aos preceitos

éticos e que atualmente ou estão com suas portas fechadas ou ainda pagam contas

desproporcionais devido às más práticas utilizadas em suas atividades. Empresas

como Enron, World Com, Parmalat, Xerox, Banco Santos, Banco Nacional, Banco

Econômico, Banco Panamericano, por exemplo, foram vítimas da deficiência

administrativa e ética, tendo suas economias devastadas por fraudes contábeis,

supervalorização de ações e promessas de investimentos que não saíram do papel

(BONOTTO, 2010).

No momento em que as empresas aderem aos códigos de conduta ética que

lhes é imposta e que se tornam capazes de discernir entre o que é certo ou errado,

transmitindo esses preceitos dentro das negociações, os resultados positivos

começam a aparecer de forma gradativa. Acionistas, investidores e demais usuários

acabam criando um vínculo de confiança com determinadas entidades, que

disponibilizam negociações mais seguras, claras e dentro dos interesses desses

envolvidos. Maior segurança e credibilidade são fatores cruciais dentro do mundo

dos negócios. Segundo Passos, as:

[...] organizações éticas buscam, na prática, ser honestas, justas e verdadeiras e democráticas, por uma questão de princípio e não conveniências, muito embora esse tipo de agir lhes traga também sucesso e reconhecimento. Sua forma de ser inspira a confiança e a credibilidade dos indivíduos com quem se relacionam e assim, seu empenho e lealdade. (PASSOS, 2006, p. 92).

Pode-se concluir, então, que a palavra ética ampliou seu sentido para além da

etimologia e já é uma conduta que deve ser vista como um dos principais aspectos

que o mercado deseja em uma organização e é esse aspecto, somado às bases da

boa governança corporativa, que vai influenciar potencialmente na permanência da

empresa no mercado competitivo.

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2 GOVERNANÇA CORPORATIVA

O termo Governança Corporativa conquista espaço e importância dia após dia

no mercado econômico-financeiro. Em um ponto de vista geral, surgiu em resposta à

necessidade de se levantar capitais e agentes financiadores para o melhor

desempenho da atividade empresarial. Trata-se de um conceito alusivo à forma

como as organizações são administradas e monitoradas (IBGC, 2016).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a

Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações

são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre

sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e

demais partes interessadas (IBGC, 2016).

As condutas da Governança Corporativa são responsáveis por converter

princípios básicos em propostas objetivas, ordenando interesses com o objetivo de

resguardar e potencializar o valor econômico da organização, simplificando seu

acesso a recursos e colaborando para a qualidade da gestão da entidade, sua

durabilidade e o bem comum. Ligados ao conceito principal, no intuito de dar maior

clareza e entendimento ao tema da Governança Corporativa, foram criados quatro

princípios fundamentais que norteiam e formam os valores que devem conduzir a

atividade da companhia e o ato de governar dentro das empresas (IBGC, 2016).

O primeiro deles é o princípio da Transparência que determina que as

entidades devem assumir seu dever social, desempenhar as obrigações e

apresentar a real situação de seu patrimônio, de sua economia, de seu financeiro, e

de seu comportamento socioambiental.A transparência só é íntegra quando há

franqueza, ou seja, quando tanto os dados de desempenho positivos, bem como os

negativos são devidamente expostos às partes interessadas. Segundo Lobo, a

transparência é uma das bases da governança corporativa, que tem por objetivo

certificar aos investidores um acesso fácil e seguro às informações importantes

sobre fatos, atos e negócios que acontecem dentro da organização (LOBO, 2006).

Outro princípio é o da Prestação de Contas, também conhecido como

accountability. Este prevê que os administradores e agentes prestem contas das

suas ações e respondam integralmente nos atos que tocam sua responsabilidade. É

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importante frisar que a prestação de contas não se refere apenas aos recursos

financeiros, mas também quanto ao papel que exerce junto aos stakeholders

(clientes, empregados, fornecedores, credores, etc.). De acordo com Nakagawa, “[...]

accountability é a obrigação de se reportar os resultados obtidos.” (NAKAGAWA,

1987 apud CATELLI, 2013, p.216).

O terceiro é o princípio da Equidade que preconiza o tratamento justo e

igualitário para todas as partes envolvidas à entidade, levando em consideração as

suas necessidades, expectativas, deveres, direitos e interesses. Para Krüger e

Gomes, a Equidade é o princípio onde a relação entre as diferentes classes de

proprietários e os agentes da governança corporativa precisam ser caracterizados

pelo tratamento justo e igualitário (KRUGER; GOMES, 2010).

O último é o da Responsabilidade Corporativa ou Ética que visa mais proteger

a sociedade do que os próprios acionistas e agentes diretamente ligados à

companhia. Segundo esse princípio, a empresa deve visar perenizar suas

atividades, levando em consideração nas suas tomadas de decisões, aspectos de

ordem socioambiental e aderindo a estratégias empresariais diretamente

relacionadas com a comunidade em sua totalidade. Segundo Ferreira, a

responsabilidade corporativa é o cumprimento de normas reguladoras

predeterminadas em estatutos sociais, nos regimes internos e nas organizações

legais do país (FERREIRA, 2009).

Em resumo, quando estas práticas diferenciadas de Governança Corporativa

são empregadas, a organização está adotando caráter estratégico no intuito de

facilitar as negociações com o mercado de capitais, alavancando a captação de

novos recursos e transparecendo maior credibilidade aos seus usuários e à

sociedade como um todo. Complementando os princípios, os níveis de Governança

criados pela BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo) orientam e regulam as

organizações com uma nova interpretação de mercado que vem despontando.

2.1 OS NÍVEIS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA DA BOVESPA

Está claro de que gradativamente a Governança Corporativa vem ganhando

espaço e importância no mundo empresarial. Para que as partes interessadas,

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principalmente acionistas, tenham maior facilidade em identificar organizações que

se enquadram nesta questão, tornou-se necessário um método capaz de mensurar

os níveis de Governança Corporativa nas empresas (BOVESPA, 2016).

A BOVESPA percebeu que para atrair novos investidores e novas empresas

era preciso criar segmentos com regras mais rígidas, que vão além do que está

previsto na Lei das Sociedades por Ações e que quando adotadas voluntariamente

pelas companhias, melhoram a avaliação que elas possuem no mercado. A adoção

de princípios mais rígidos e transparentes de Governança Corporativa trouxe vários

benefícios às companhias, que passaram a obter melhores precificações de suas

ações e com isso conseguir menores custos de captação de capital (BOVESPA,

2016).

Já é evidente a disposição dos investidores em pagar mais por ações de

companhias que adotam boas práticas de Governança Corporativa, pelo simples

fato de elas representarem menor risco e ficarem mais atraentes graças aos direitos

e garantias assegurados aos acionistas. Como prestam informações mais

abrangentes, elas têm mais facilidade na hora de buscar capital para financiar

projetos de expansão e também podem conseguir melhores condições de prazos e

juros (BOVESPA, 2016).

Os níveis de Governança Corporativa foram criados pela BOVESPA em

novembro de 2000, com o principal objetivo de estimular o mercado de negociação

de ações que valorizasse o valor da companhia e ao mesmo tempo cuidasse dos

interesses dos investidores. Os Níveis 1 e 2, apesar de obterem uma grandiosa

função, não alcançam o nível de comprometimento com as práticas diferenciadas de

Governança Corporativa que o Novo Mercado alcança (BOVESPA, 2016).

As empresas enquadradas no nível 1 envolvem-se, essencialmente, com

aperfeiçoamentos na prestação de referências sobre a organização ao mercado e

com a dispersão das ações. Segundo a BOVESPA, as principais práticas incluem a

obrigação de assinar o termo de anuência da bolsa a todos os administradores,

circulação de uma parcela mínima de 25% de suas ações em bolsa, o chamado free

float, a realização de ofertas públicas de ações para uma dispersão do capital e a

melhoria nas divulgações das informações trimestrais. Também são consideradas

práticas obrigatórias a consolidação de um calendário anual de eventos

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corporativos, a divulgação de informações sobre contratos com as partes

relacionadas ou acordos de acionistas e uma reunião pública anual (BOVESPA,

2016).

Para que a empresa se enquadre no nível 2, ela precisa atender as

exigências já citadas do nível 1 e, além disso, adotar outras práticas relacionadas ao

conselho de administração e aos direitos dos acionistas. Para a BOVESPA, os

critérios incluem mandato unificado de um ano para o Conselho de Administração,

que deve ter no mínimo 5 membros; a disponibilização de balanço anual seguindo

as normas de contabilidade internacional; a obrigatoriedade de realização de uma

oferta de compra de todas as ações em circulação, pelo valor econômico, nas

hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação; o

direito de voto às ações preferenciais e a aprovação de contratos entre a companhia

e as empresas do mesmo grupo (BOVESPA, 2016).

O Novo Mercado integra todas as exigências dos níveis 1 e 2, com a

diferença de as empresas serem obrigadas a emitirem somente ações ordinárias

com direito a voto. É um segmento da BOVESPA com princípios de listagem

singulares, destinado às ações de entidades que se comprometem com a adesão de

condutas mais coerentes de Governança Corporativa (BOVESPA, 2016).

Com base nas informações apresentadas, há de se concluir que a

Governança Corporativa tem como principais finalidades aumentar o valor das

organizações, facilitar o acesso de capital a custos menores, aprimorar o

desempenho e contribuir para a permanência da empresa no mercado competitivo.

Está claro que o mercado tem se tornado cada vez mais exigente e com isso, as

empresas precisam mostrar o seu melhor para que se mantenham a frente das

concorrentes. Adaptadas às normas de Governança Corporativa, estão se

destacando devido a sua maior confiabilidade, responsabilidade social,

transparência e equidade, tornando-se mais atrativas frente aos investidores e

gerando retornos mais significativos às organizações.

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CONCLUSÃO

Tendo em vista os aspectos observados, a Governança Corporativa e os

códigos de ética e conduta andam lado a lado no que diz respeito à ascensão

financeira e estrutural das entidades dentro do âmbito organizacional.

De um lado, os preceitos éticos alinhados às formas de agir e pensar das

pessoas, regrando a sociedade com normas e valores efetivamente dominantes em

determinados meios e analisando a maneira como devem ser empregadas para que

a conduta se reverta sempre a favor do homem. De outro, os sistemas de boa

governança corporativa que têm como objetivo crucial reaver e assegurar a

confiabilidade das organizações com relação aos seus acionistas e investidores,

atraindo maiores aplicações e norteando quanto à forma de administrar e monitorar

as atividades corporativas.

A preocupação com os preceitos ético-profissionais torna possível a adoção

de práticas positivas, essenciais dentro do novo mercado competitivo, capazes de

proporcionar à entidade a satisfação e a motivação dos seus colaboradores, além de

resultados satisfatórios em seus negócios. Trabalhar dentro dos preceitos que a

Ética determina, cria a possibilidade de se construir culturas profissionais e

empresariais apropriadas à nova realidade econômica, dando maior credibilidade às

empresas e suas negociações, que estão gradativamente mais seguras, claras e

dentro dos interesses de todos os envolvidos, fortalecendo as relações da empresa

para com acionistas, colaboradores e demais usuários, gerando resultados

financeiros positivos, além do equilíbrio dos interesses organizacionais.

Ficou claro que a permanência e a ascensão dos negócios das empresas no

mercado estão diretamente relacionadas às suas ações, que precisam

necessariamente estar embasadas em virtudes básicas sem as quais o exercício

ético não se torna possível. Os Códigos de Ética amparam as organizações nesse

sentido, estabelecendo métodos e definindo condutas que devem ser seguidas para

que a entidade como um todo seja considerada regular sob o ângulo ético.

Complementando esses códigos, a Governança Corporativa surgiu para

nortear a maneira como as organizações são administradas e monitoradas, com o

intuito fundamentado em quatro princípios básicos que formam os valores que

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devem conduzir a atividade da companhia e o ato de governar dos administradores,

proporcionando maior credibilidade às empresas e facilitando a captação de

recursos e agentes financiadores para o melhor desempenho da atividade

empresarial. Para que os usuários tivessem maior facilidade em identificar as

entidades baseadas nos moldes da Governança Corporativa, a BOVESPA criou um

método capaz de mensurar os níveis de boa governança, atraindo ainda mais o

mercado de capitais e colaborando de forma significativa na adaptação de mais e

mais empresas às boas práticas.

Elaborando um conjunto eficaz de práticas e princípios, tanto de motivações e

valores quanto de monitoramento e supervisão, com a finalidade de possibilitar que

a conduta dos empresários e colaboradores esteja dentro dos preceitos éticos e

morais, as empresas asseguram que o comportamento organizacional se mantenha

sempre disposto com o interesse dos seus usuários. Conclui-se, então, que adotar

práticas de boa governança envolvidas e norteadas por fatores ético-profissionais

contribui significativamente para um desenvolvimento econômico sustentável, capaz

de proporcionar melhorias no desempenho das atividades das empresas, que dia

após dia trabalham para conquistar espaços mais consideráveis e notórios dentro do

novo mercado.

Para ampliar os benefícios que esse estudo proporcionou, sugere-se uma

pesquisa de campo capaz de trazer a realidade das organizações da microrregião

de Santa Rosa, tendo como tópicos principais a questão da utilização dos Códigos

de Ética e também dos princípios da Governança Corporativa dentro das atividades

empresariais dessas entidades.

REFERÊNCIAS

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FINANÇAS PESSOAIS: UM ESTUDO COM ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FEMA.

Franciele Aline Oliveira 1 Michele Regina Kercher 2

Marcos Rogério Rodrigues 3

RESUMO

Finanças é um conjunto de conceitos que servem para auxiliar decisões. É a arte e a ciência de administrar o dinheiro, abrange um campo vasto e dinâmico atingindo diretamente a vida dos indivíduos. O planejamento e orçamento auxiliam no controle das finanças pessoais estabelecendo quais as metas a serem alcançadas. Este estudo teve o objetivo de conhecer como os acadêmicos do Curso de Administração do 1°, 5° e 8° semestres da FEMA gerenciam suas finanças pessoais. Como referencial teórico abordaram-se os seguintes temas: finanças empresariais, planejamento e orçamento financeiro pessoal, e finanças pessoais. Como metodologia utilizou-se a pesquisa bibliográfica, bem como se elaborou um estudo de caso, os dados foram coletados por meio de um questionário, com o intuito de conhecer como os acadêmicos gerenciam sua vida financeira. Dentre os resultados, constatou-se que os acadêmicos, de forma geral, possuem um controle sob as finanças, no entanto, alunos do primeiro semestre, iniciantes no curso, estão mais preparados e, possuem um melhor gerenciamento das finanças pessoais, quando comparados aos acadêmicos do oitavo semestre.

Palavras-Chave: Finanças - Planejamento e Orçamento Pessoal - Finanças

Pessoais.

INTRODUÇÃO

Os indivíduos para possuírem uma boa situação financeira precisam ter

planejamento e orçamento financeiro, pois priorizam quais os objetivos a serem

alcançados garantido uma administração eficaz das finanças pessoais. Para garantir

uma vida tranquila e, equilibrada é importante gerenciar desde cedo, as finanças

pessoais.

1 Acadêmica do Curso de Administração – 5º semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmica do Curso de Administração – 5º semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

3 Mestre em Administração. Orientador. Professor do Curso de Administração. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected].

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O artigo teve como objetivo identificar e conhecer quais as formas de

gerenciamento e, controle das finanças pessoais dos acadêmicos do 1º, 5º e 8º

semestre do Curso de Administração da Fundação Educacional Machado de Assis –

FEMA, de Santa Rosa/RS, sob o enfoque das finanças pessoais, buscou-se também

mostrar a importância do planejamento e orçamento financeiro, na gestão das

finanças pessoais.

O presente artigo utilizou com metodologia a pesquisa bibliográfica, elaborou-

se também um estudo de caso, com os acadêmicos dos três semestres citados

anteriormente. Os principais autores que embasaram o trabalho foram: Bitencourt

(2004), Gitman (2010), Martins (2010), Rebouças (2015), Sanvicente (2013), Silva

(1997), tais autores destacam a importância do planejamento e orçamento

financeiro.

O desenvolvimento deste artigo está estruturado da seguinte maneira,

primeiramente trata sobre os temas finanças empresariais, planejamento e

orçamento financeiro bem como sua importância, em seguida apresenta finanças

pessoais, na sequência aborda a metodologia de pesquisa, a apresentação e

análise dos resultados, bem como a conclusão.

1 CONCEITOS DE FINANÇAS

O campo de finanças é vasto e dinâmico, atingindo diretamente a vida de

todas as pessoas e organizações. Segundo Gitman, existem muitas áreas e

oportunidades de carreiras oferecidas por esse campo (GITMAN, 2010).

Uma das funções do dinheiro é servir como meio de troca, com ele se compra

o que se deseja e o que é necessário. De acordo com Silva, costuma-se dizer que

para a empresa, o dinheiro é essencial assim como o sangue no corpo humano.

Esses fatos são comprovados diariamente, pois tudo custa (SILVA, 1997).

O termo finanças pode ser definido como a arte e a ciência de administrar o

dinheiro. Praticamente todas as pessoas físicas e jurídicas ganham ou levantam,

gastam ou investem dinheiro. Conforme Gitman, finança refere-se ao processo, as

instituições, aos mercados e aos instrumentos incluídos na transferência de dinheiro

entre pessoas, empresas e órgãos governamentais (GITMAN, 2010).

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As principais áreas de finanças podem ser resumidas por uma análise de

oportunidades de carreiras que esse setor oferece. Essas oportunidades podem ser

divididas em duas grandes áreas: serviços financeiros e administração financeira.

Os serviços financeiros têm relação com a concepção e oferta de assessoria e

produtos financeiros a pessoas físicas, empresas e órgãos governamentais

(GITMAN, 2010).

Pode-se perceber que o objetivo básico e implícito nas decisões de

administração financeira é a maior rentabilidade possível sobre a aplicação efetuada

por indivíduos ou instituições caracterizados como proprietários (SANVICENTE,

2013).

A administração financeira relaciona-se com as atribuições dos

administradores financeiros. Os administradores financeiros são responsáveis pela

gestão das finanças de organizações de todos os tipos, financeiras ou não, abertas

ou fechadas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos (GITMAN, 2010).

O administrador tem a responsabilidade além de adquirir fundos, saber aplicá-

los com o objetivo de atingir os melhores resultados. Segundo Silva, a administração

financeira é a especialização administrativa que aborda o planejamento,

organização, direção e controle das finanças (SILVA, 1997).

Segundo Sanvicente, o setor financeiro é composto pelos esforços realizados,

objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização das

recompensas dos proprietários das ações da empresa, ao mesmo tempo em que

possa proporcionar a manutenção de certo ponto de liquidez (SANVICENTE, 2013).

De acordo com Bitencourt, a teoria financeira consiste em um conjunto de

conceitos que auxiliam na organização de ideias e métodos que servem para avaliar

alternativas e tomar decisões. Portanto, finanças é o ramo que estuda a forma de

como as pessoas, individualmente ou coletivamente, acrescentam seus recursos ao

longo do tempo (BITENCOURT, 2004).

Assim, percebe-se que finanças é administração do dinheiro, ou seja, é a

forma como os indivíduos administram seus recursos financeiros, visando obter uma

vida financeira tranquila, porém além de adquirir capital é necessário e, importante

saber aplicá-los, com o objetivo de alcançar os melhores resultados.

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2 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO FINANCEIRO PESSOAL

O planejamento e o orçamento financeiro busca planejar, organizar e

estabelecer as metas e objetivos a serem alcançados, de forma que a pessoa

mantenha uma vida financeira equilibrada.

Segundo Bittencourt, “[...] o orçamento pode ser conceituado como um plano

geral, detalhado em todas as suas fases para um período futuro, buscando retratar

formalmente as políticas, planos e metas estabelecidas por uma família ou até

mesmo por uma empresa.” (BITTENCOURT, 2012, p. 8).

Segundo Silva, o planejamento é o processo que determina antecipadamente

o que um grupo de pessoas deve fazer e quais as metas que devem ser alcançadas.

Com isso perceber-se que o planejamento significa decidir adiantadamente o que

deve ser feito para atingir o objetivo ou meta (SILVA, 1997).

O planejamento financeiro é direcionado para a administração das finanças

tanto de uma pessoa, de uma família ou de uma atividade produtiva. Nele é exigido

o estabelecimento de objetivos e prioridades. Para fazer o planejamento o indivíduo

precisa saber o que possui quanto ganha, quanto gasta, e as dívidas que tem. O

planejamento financeiro precisa ser contínuo, e cada vez que acontecerem

oportunidades ou acontecimentos adversos, deve ser revisado (BANCO DO

BRASIL, 2016).

Segundo o Bacen, para ter um controle sob as finanças pessoais é preciso

fazer um orçamento, começando a anotar as receitas e despesas. Aos poucos, se

descobre como e o quanto foi gasto ao longo do mês. Isso ajuda a planejar compras

futuras, prever situações de risco financeiro, priorizar gastos, identificar onde há

desperdício e, principalmente, a ter uma vida financeiramente mais equilibrada. É

importante não esquecer de ter sempre em mente, que o objetivo é fazer com que

as despesas sejam menores que as receitas. Administrar o orçamento é necessário

para alcançar esse objetivo (BACEN, 2016).

O orçamento é um guia para auxiliar no entendimento das necessidades e

anseios, a poupar e a melhorar a qualidade de vida. É a materialização do

planejamento financeiro. Ele é elaborado normalmente por registros mensais, mas

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exige a atualização diária dos registros, caso contrário, não cumprirá seu objetivo

(BANCO DO BRASIL, 2016).

Para que o planejamento seja operacionalizado através de orçamentos, ele

não deve apenas assumir um valor numérico específico, precisa também estar

associado a um prazo específico (SANVICENTE, 2013). Dessa forma, a Ilustração 1

apresenta um modelo de planilha de gastos pessoais.

Ilustração 1: Planilha de Gastos Mensais. Fonte: UOL (2016).

A Ilustração 1 demonstra uma forma de controlar os gastos mensais através

de uma planilha, que permite de maneira clara mostrar quais são as entradas

(receitas) e saídas (despesas), de forma organizada auxiliando no gerenciamento

das contas pessoais, gerando consequentemente sucesso na vida financeira

pessoal.

Portanto, para ter um controle eficaz sobre as finanças, é necessária a

realização de um planejamento e orçamento financeiro, como formas de

gerenciamento sobre as finanças pessoais. Isso é, sobretudo, um exercício de muita

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disciplina, onde a pessoa deve tomar nota detalhadamente de todas as despesas e

receitas.

3 FINANÇAS PESSOAIS

As técnicas e práticas de gestão financeira quando aplicadas a indivíduos e

famílias são chamadas de finanças pessoais (CFA, 2016). De acordo com Gitman, a

administração financeira é aplicável à vida pessoal dos indivíduos, em transações de

compra e venda, na obtenção de empréstimos, ao poupar e ao investir para alcançar

metas financeiras, os fundamentos da administração financeira auxiliam no

gerenciamento das finanças pessoais (GITMAN, 2010).

As pessoas são obrigadas a fazer gestão de fluxo de caixa, que é organizar

os recebimentos e pagamentos em uma sequência para que se consiga ter dinheiro

para pagar o que deve ser pago. O fluxo de caixa nada mais é que a ordem na qual

as entradas e saídas ocorrem (CFA, 2016).

Elas devem se concentrar nos fluxos de caixa para planejar e controlar suas

finanças, precisam, além disso, estabelecer metas financeiras de curto e longo prazo

e, desenvolver planos financeiros pessoais, que mostrem a direção para chegar aos

objetivos desejados (GITMAN, 2010).

Controlar as finanças pessoais é uma ação que deveria ser um hábito. Uma

ferramenta de grande importância para concretização desse hábito é a consolidação

de um orçamento financeiro pessoal, pois o orçamento é mais do que uma simples

ferramenta, é um plano de aplicação dos recursos de forma inteligente e equilibrada

(REBOUÇAS, 2013).

Para Martins, um dos passos mais importantes para controlar seus gastos e,

poder começar a investir é saber quanto está gastando, para poder programar seus

pagamentos e, elaborar regras/metas para a criação de um hábito de investimento

frequente (MARTINS, 2010).

Ser financeiramente educado é mais do que entender de dinheiro, é saber

tomar decisões e, utilizar os recursos financeiros para maximizar benefícios para si

próprio, para a família e sociedade (CFA, 2016).

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Portanto, pode-se concluir que para gerenciar as finanças pessoais, a pessoa

deve organizar os seus recebimentos e pagamentos, fazendo o exercício de não

gastar além do que ganha, adotando métodos para controlar o seu dinheiro. Esse

gerenciamento e, disciplina em longo prazo contribuirá para o alcance de uma vida

financeira mais satisfatória.

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para desenvolver este estudo, utilizou se como metodologia o estudo de caso

e a pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica teve como embasamento,

materiais publicados sobre o tema, tais como livros, revistas científicas, bem como

material disponível na internet.

O estudo de caso se deu a partir de uma pesquisa quantitativa, que consistiu

na aplicação de um questionário contendo sete questões referentes finanças

pessoais, dos acadêmicos do 1º, 5º e 8º semestre do Curso de Administração da

FEMA. Foram selecionadas essas três turmas, com o intuito de comparar o

gerenciamento das finanças pessoais, do acadêmico está iniciando, do acadêmico

que está na metade do Curso e daquele que está finalizando o curso. Ao todo

participaram desta pesquisa 61 acadêmicos.

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos com a aplicação do questionário são demonstrados

através das Ilustrações a seguir, contendo os percentuais correspondentes a cada

semestre analisado.

QUESTÕES

SIM NÃO

1ºs 5ºs 8ºs 1ºs 5ºs 8ºs

Continuação da Ilustração 2

1- Você controla seus gastos mensais anotando suas despesas e receita(s)?

54% 71% 57% 46% 29% 43%

2- Você utiliza alguma ferramenta para controlar suas finanças?

27% 43% 43% 73% 57% 57%

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3- Você faz orçamento/pesquisa de preço quando realiza suas compras?

81% 82% 86% 19% 18% 14%

4- Para adquirir algum bem você procura juntar recursos para realizar as compras á vista?

81% 75% 71% 19% 25% 29%

Ilustração 2: Gerenciamento Pessoal. Fonte: produção dos pesquisadores.

A Ilustração 2, primeira questão, representa os acadêmicos dos semestres

estudados, identificando quem controla os gastos anotando as despesas e receitas,

observou-se que 54% dos alunos do 1º semestre, 57% do 8º semestre e 71% do 5º

semestre possuem esse controle. Nota-se que a maioria dos alunos possuem um

fluxo de caixa, buscando controlar as entradas e saídas, anotando-as de forma

clara.

Na segunda questão, nota-se que apenas 27% dos acadêmicos do 1º

semestre utilizam alguma ferramenta, para auxiliar no controle das finanças. Já no 5º

e 8º semestre 43% dos alunos utilizam. Percebe-se que poucos acadêmicos

possuem ferramenta de auxílio no controle das finanças pessoais, a maioria controla

suas finanças anotando as receitas e despesas de modo simples.

No entendimento do Bacen, para ter um controle sob as finanças pessoais é

preciso fazer um orçamento, começando a anotar as receitas e despesas. Aos

poucos, se descobre como e o quanto foi gasto ao longo do mês. Isso ajuda a

planejar compras futuras, prever situações de risco financeiro, priorizar gastos,

identificar onde há desperdício (BACEN, 2016).

Quando questionados quanto à realização de orçamento/pesquisa de preço,

86% dos alunos do 8º semestre a efetuam, 82% do 5º semestre e 81% dos alunos

do 1º semestre. Observou-se que os acadêmicos têm preocupação com o quanto

vão gastar, por isso buscam efetuar orçamento/pesquisa de preços, para

economizar na hora da compra.

De acordo com Rebouças, controlar as finanças pessoais é uma ação que

deve ser um hábito, na vida das pessoas, segundo ele, o orçamento é mais do que

uma simples ferramenta, é um plano de aplicação dos recursos de forma inteligente

e equilibrada (REBOUÇAS, 2013).

Na quarta pergunta, observou-se 81% dos acadêmicos do 1º semestre, 75%

dos alunos do 5º semestre e 71% dos alunos do 8º semestre, juntam recursos para

realização de compras à vista. Nota-se que os acadêmicos se preocupam em

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adquirir recursos para efetuar as compras à vista. Essa ação pode ser considerada

assertiva, pois eles têm a preocupação de não realizar dívidas em longo prazo, além

disso, economizam com relação aos juros cobrados, quando da realização de

compras a prazo.

QUESTÃO À VISTA A PRAZO

1ºs 5ºs 8ºs 1ºs 5ºs 8ºs

5-Geralmente você realiza suas compras de modo? 77% 54% 71% 23% 46% 29%

Ilustração 3: Realização das Compras. Fonte: produção dos pesquisadores.

Na Ilustração 3, obtiveram-se os seguintes resultados quanto ao modo de

realização das compras, do 1o semestre 77% dos alunos efetuam suas compras á

vista e 23% a prazo, do 8o semestre 71% realizam as compras à vista e 29% a

prazo. Já os do 5o semestre são os que menos compram à vista 54% apenas, e 46%

compram a prazo.

Observa-se que a maioria dos respondentes realizam as compras à vista, por

terem reservas para essas situações, esse fato é fruto de um planejamento

financeiro, de acordo com o Conselho Federal de Administração, ser

financeiramente educado é mais do que entender de dinheiro, é saber tomar

decisões e, utilizar os recursos financeiros para maximizar benefícios para si próprio

(CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO, 2016):

QUESTÃO

CARNÊ CARTÂO DE

CREDITO CHEQUE PRÉ

DATADO

1ºs 5ºs 8ºs 1ºs 5ºs 8ºs 1ºs 5ºs 8ºs

6- Quando da realização das compras á prazo você parcela em?

42% 46% 28% 58% 50% 72% 0% 4% 0%

Ilustração 3: Compras à Vista x a Prazo. Fonte: produção dos pesquisadores.

Os acadêmicos foram questionados sobre as formas de parcelamento a prazo

O cartão de crédito foi a forma mais destacada pelos acadêmicos sendo 72% do 8°

semestre, 58% do 1° semestre, 50% do 5° semestre. O carnê foi a segunda opção

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mais utilizada 42% do 1° semestre, 46% do 5° semestre e 28% do 8° semestre,

somente 4% dos acadêmicos do 5° semestre preferem o cheque pré datado.

Percebe-se que o cartão de crédito é o mais utilizado na hora do

parcelamento de contas, pois é a maneira mais aceita em locais de vendas e, pelo

valor da compra a prazo ser o mesmo da compra à vista. Já o parcelamento pelo

carnê, exige que o cliente tenha cadastro junto ao estabelecimento onde efetua a

compra.

7- Qual o percentual do seu salário que você economiza por mês?

10% 20% 30% 40% Não economiza

1ºs 5ºs 8ºs 1ºs 5ºs 8ºs 1ºs 5ºs 8ºs 1ºs 5ºs 8ºs 1ºs 5ºs 8ºs

31% 28% 28% 23% 11% 0 15% 14% 14% 4% 7% 0 27% 40% 58%

Ilustração 4: Percentual de Economia Mensal. Fonte: produção dos pesquisadores.

A Ilustração 4 representa o percentual do salário que os acadêmicos

economizam. Quanto à economia mensal do salário, destaca-se que os acadêmicos

do 5o e 8o semestre são os que menos poupam, apenas 28% economizam até 10%

da sua renda, já 23% dos acadêmicos do 1o conseguem economizar até 20% do seu

salário.

Quanto à economia de 30% do salário, percebe-se valores semelhantes entre

os alunos, constatou-se também que existem um baixo percentual de alunos que

conseguem economizar até 40% da sua renda. Chama-se a atenção para os alunos

que não conseguem economizar valor da sua renda, isso pode se dá pelo fato de

que muitos deles estão investindo na sua formação acadêmica.

CONCLUSÃO

As finanças pessoais são envolvidas no dia a dia dos indivíduos, em

transações de compra e venda, na obtenção de empréstimos, ao poupar e ao

investir, ao gerenciar contas pessoais. É importante adotar o gerenciamento das

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finanças pessoais como um hábito, pois é com base no controle das finanças que as

pessoas podem ter uma vida financeira saudável.

O presente artigo buscou levantar informações sobre as práticas de controle,

planejamento e orçamento financeiro sob enfoque das finanças pessoais dos

acadêmicos do 1º, 5o e 8o semestres do curso de Administração da Fundação

Educacional Machado de Assis-FEMA, de Santa Rosa.

Levando em consideração as informações obtidas, conclui-se que os

acadêmicos do primeiro semestre, iniciantes no curso, estão mais preparados e

possuem um gerenciamento melhor, sobre suas finanças pessoais comparados aos

do oitavo semestre, que estão concluindo o curso.

O estudo mostrou que apesar dos custos de cada acadêmico, eles têm um

controle eficiente sobre as finanças, percebendo a importância de um bom

gerenciamento financeiro pessoal, para terem uma estabilidade financeira.

Foi possível perceber e comprovar no artigo a importância do planejamento e

orçamento financeiro na gestão e controle das finanças pessoais espera-se que os

acadêmicos possam agregar o aprendizado adquirido sobre o assunto introduzindo-

o como um hábito na rotina das suas finanças.

Por fim, sugere que se realizem estudos, acerca deste tema através de outras

pesquisas, envolvendo diferentes cursos, buscando conhecer como é o controle das

finanças pessoais de acadêmicos de outros cursos.

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MARKETING PESSOAL: GERENCIAR PARA ALCANÇAR O SUCESSO

Carla Adriane Lyskowski1 Joice da Silva Foliatti2

Tainá Francine Malmann Kaefer3 Catia Guadagnin Rossa4

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar as mais diversas áreas do conhecimento relacionadas ao marketing pessoal e seus principais componentes para o crescimento profissional e pessoal. O estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica em livros, artigos e sites da internet. Inicialmente apresenta-se as definições de Marketing, marketing pessoal e destaca-se a importância da utilização do marketing pessoal de maneira adequada e competente de forma a auxiliá-los numa sociedade que se encontra cada vez mais competitiva. Em seguida é relatado sobre os elementos que compõe o marketing pessoal e profissional que são fundamentais para entender um pouco mais sobre o marketing. Na sequência, a relação do marketing pessoal nas redes sociais e após ferramentas e dicas para saber gerenciar sua marca pessoal, onde somente permanecerá no mercado de trabalho as pessoas que constantemente se atualizam. A principal conclusão a que se chegou foi de que com o crescimento do mercado de trabalho e inovações tecnológicas as pessoas devem estar em constante atualização, pois é necessário inovar, ser estratégico e adaptar-se ao novo cenário, através da aquisição de novas competências e habilidades pessoais e profissionais.

Palavras-chave: Marketing Pessoal – Imagem – Mercado de Trabalho.

INTRODUÇÃO

Em meio ao atual modelo de mercado, tecnológico, globalizado e

extremamente competitivo, todos precisam seguir um alto padrão de habilidades e

competitividade para manter-se no mercado de trabalho. Não somente em nível de

1 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 3º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 3º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

3 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 3º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

4 Mestra. Professora do Curso de Ciências Contábeis. Faculdades Integradas Machado de [email protected]

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formação e estudos, mas na forma em que as pessoas se apresentam, demonstram

e se comunicam diante das organizações.

O principal objetivo deste estudo é apresentar as mais diversas áreas do

conhecimento relacionadas ao marketing pessoal e seus principais componentes

para saber gerenciar sua marca pessoal de forma a ter crescimento profissional e

pessoal.

Ter cursado uma boa faculdade em uma excelente instituição pode não

significar tanto assim, hoje não basta apenas ter o diploma em mãos, é preciso

destaque e postura diante das circunstâncias, ser dinâmico, procurar evoluir em tudo

que acontece e melhorar sempre que possível para atender a demanda de mercado

que também está em constante evolução.

O profissional que ingressa hoje no mercado de trabalho e não sabe por onde

começar, sem ninguém precisar dizer nada está automaticamente ficando para trás.

Hoje não basta somente ter o diploma ou somente uma excelente experiência

profissional, diploma e experiência andam lado a lado e ninguém conseguirá ir muito

longe sem manter os dois no equilíbrio. A busca pelo reconhecimento de suas

competências e habilidades é extremamente essencial para se destacar no mercado

de trabalho e que também poderá determinar a posição pessoal e profissional. Ter

ética, saber se comunicar, ter dinamismo são alguns dos assuntos tratados neste

artigo pelos autores.

O artigo foi desenvolvido em forma de pesquisa bibliográfica. Inicialmente

apresentando os conceitos de Marketing e logo após aprofundando em Marketing

Pessoal analisando a importância de saber gerenciar corretamente sua marca

pessoal e construir um futuro promissor dentro do mercado de trabalho.

O estudo feito apresenta definições de Marketing Pessoal, bem como

estratégias para seguir profissionalmente com o seu “produto”, ideias de como

aplicar e no que irá contribuir para seu Marketing, tendo como objetivo o crescimento

pessoal não somente para entrar no mercado de trabalho, mas para permanecer no

mercado que constantemente evolui e procura profissionais evoluídos.

Concluindo o trabalho, destacou-se que a vida profissional está diretamente

ligada à vida pessoal, onde as atitudes no dia a dia ou em redes sociais influenciam

diretamente no perfil profissional, podendo trazer resultados positivos ou negativos.

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Deste modo o marketing pessoal torna-se essencial utilizando-se de métodos

estratégicos, de linguagens, imagens e habilidades focando sempre no sucesso

pessoal e profissional.

1 CONCEITO DE MARKETING

Marketing se difere de marketing pessoal, o primeiro é considerado como uma

ciência ou técnica, relacionados a aspectos mercadológicos e o segundo se

preocupa com o indivíduo. Para isso é preciso compreender os principais conceitos

de marketing:

Marketing é uma palavra em inglês derivada de Market, que significa mercado. É utilizada para expressar a ação voltada para o mercado. Assim, entende-se que uma empresa ou uma pessoa pratica o marketing quando tem o mercado como a razão e o foco das duas razões. Por mercado entende-se um conjunto de clientes com renda disponível e uma necessidade específica a ser atendida por uma empresa. (DIAS, 2003, p.3).

Assim, Marketing é um conjunto de estratégias, práticas e técnicas com o

objetivo de agregar valor em produtos e marcas, onde as empresas usam de suas

melhores ferramentas para conquistar o seu lugar no mercado, superar as

concorrências e suprir as necessidades dos clientes.

Para KOTLER, marketing também é definido como “[...] um processo social e

administrativo pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e o que

desejam através da criação e troca de produtos e valor com outras pessoas.”

(KOTLER, 1993, p.32).

O marketing estuda os mecanismos que regulam as relações de troca de

produtos e valores e pretende que esta transação, ou venda tenha sempre

resultados satisfatórios para todas as partes que participam no processo.

[...] o importante é não esquecer que o marketing, mais que um conjunto de conhecimentos, é o resultado da observação e atuação das empresas e dos consumidores, buscando gerar altos níveis de satisfações. Mais que isso, ele busca a satisfação das necessidades fisiológicas, sociais e espirituais. (BERARDI, 2004, p. 90).

Dessa forma, as empresas devem ter a capacidade de identificar as

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necessidades e desejos do consumidor e desenvolver produtos que os satisfaçam.

Além disso, as empresas precisam refletir sobre as oportunidades e os perigos da

globalização e para isso devem adotar uma nova mentalidade de negócios de

marketing para atuar com sucesso na era digital.

[...] as empresas devem abandonar a filosofia produzir-e-vender e adotar a perspectiva de perceber-e-responder. Os negócios em geral precisam adotar uma visão mais abrangente do valor para os clientes e procurar satisfazer às necessidades dos clientes da maneira mais conveniente possível, minimizando o gasto de tempo e energia pelos clientes, nas atividades de pesquisa, encomenda e recebimento dos bens e serviços. (KOTLER; JAIN; MAESINCEE, 2002, p.33).

Neste sentido, o marketing deve ser responsável por impulsionar novas

estratégicas corporativas, pois em muitos casos os clientes não sabem o produto ou

serviço que querem para amanhã, assim, as empresas devem ter iniciativas de

inovação, criando novos produtos, serviços e novos formatos de negócio, pensando

sempre no futuro tecnológico.

Marketing não pode ser o mesmo que vender porque começa muito antes de a empresa ter o produto. Marketing é a tarefa, assumida pelos gerentes, de avaliar necessidades, medir sua extensão e intensidade e determinar se existe oportunidade para lucros. A venda ocorre somente depois que um produto é fabricado. (KOTLER, 2001, p.33).

O marketing continua acompanhando o produto, tentando melhorar a

qualidade e o desempenho do produto e buscando novos clientes. Para KOTLER, “

[…] o marketing é bem-sucedido, as pessoas gostam do novo produto, a novidade

corre de boca em boca e pouco esforço de venda se faz necessário.” (KOTLER,

2001, p.33). Desse modo, o Marketing tem o objetivo de descobrir novas

necessidades dos clientes e fornecer soluções satisfatórias.

2 CONCEITO DE MARKETING PESSOAL

Os profissionais que buscam o seu espaço no mercado de trabalho

encontram muitos obstáculos e acabam não alcançando seu objetivo por não

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conhecer seu próprio potencial. Então, é de extrema importância conhecer a visão

de alguns autores:

Para se destacar no mercado de trabalho a tendência é cada vez mais as pessoas utilizarem o marketing pessoal que, além de ajudar a identificar os pontos fortes, pode fortalecê-los, na medida em que agrega valores à imagem da pessoa, ajudando a identificar e desenvolver talentos, habilidades e competências. (SERVIDONE, 2005, p. 3).

Deste ponto de vista, pode-se afirmar que marketing pessoal é uma

ferramenta usada para promover a própria imagem com o objetivo de alcançar o

sucesso pessoal como também o profissional. É uma estratégia para “vender” sua

imagem, sendo em casa, na rua, no trabalho, em redes sociais ou em quaisquer

outras situações. Conforme Bender, “[...] o segredo é pensar como empresa. Um

empreendimento chamado você.” (BENDER, 2009, p.8).

O marketing pessoal não trata nem reduz as pessoas a um objeto. Ao contrário, valoriza o ser humano em todos os seus atributos e características inclusive em sua complexa estrutura física, intelectual e espiritual. Na verdade, possibilita à utilização plena, divulgar e demonstrar cada uma de nossas capacidades e potencialidades é sua principal tarefa. (OLIVEIRA NETO, 1999, p. 22).

Nesse sentido, o importante é construir a sua marca pessoal e saber mostrar

seu potencial. Nossa imagem pessoal é como se fosse um produto e esperamos que

as empresas nos “desejam” e nos “consumam”, causando impacto na concorrência.

Tendo como primordial os cuidados pessoais, como postura, aparência e

comunicação.

Marketing pessoal é um conjunto de ações que ajudam uma pessoa a obter maior sucesso em sua vida pessoal, nos relacionamentos e no trabalho. É uma forma de você agregar valor a si mesmo por meio de uma observação sistemática do ambiente onde você atua, das expectativas que as pessoas têm de você, e podemos até chamá-las de "clientes", e da melhor maneira de atender a essas expectativas com um comportamento adequado. (PERSONA, 2011).

As empresas precisam de pessoas e querem pessoas talentosas, criativas e

motivadas. Preparar-se para isso é o primeiro passo, iniciando com o entendimento

que a vida pessoal está diretamente ligada com a atuação profissional. Deste modo,

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deve-se ter uma postura pessoal ou profissional estratégica que venham a suprir as

expectativas que as pessoas têm de você. Além de ter postura estratégica e

necessário inovar, ser diferente conforme a ideia de Bender:

A última vez que você fez uma visita ao supermercado, parou para observar a quantidade de produtos que são ofertados para cada categoria? Com quantas marcas de refrigerante você se deparou? E pastas de dente, quantos tipos diferentes estavam presentes na gôndola? No mundo profissional o cenário é muito parecido. Milhares de pessoas disputam cargos e posições interessantes em empresas, e a maioria oferece os mesmos atributos: formação superior, duas línguas, especialização, experiência etc. Como se diferenciar nesse cenário tão competitivo? (BENDER, 2009, p.39).

É nesse contexto que o profissional deve estar em constante atualização, pois

do mesmo modo há grandes transformações de ordem econômica, social e novas

tecnologias digitais. É necessário inovar, ser diferente e fazer mais do que é

necessário, conquistar o próprio espaço e adaptar-se ao novo cenário

contemporâneo e novas realidades de mercado, através da aquisição de novas

competências e habilidades pessoais e profissionais.

3 A IMPORTÂNCIA DO MARKETING PESSOAL

O marketing pessoal sempre foi importante na vida das pessoas, desde

quando criança na escola, sempre teve alunos mais inteligentes e que tiravam as

melhores notas, ou seja, é já na escola que o marketing pessoal começa a ser

estruturado. A partir daí ocorrem mudanças e as pessoas que querem obter o

sucesso devem saber gerenciar a sua imagem pessoal e profissional.

[...] a importância da utilização do marketing pessoal no cotidiano, tendo em vista que se percebe cada vez mais a necessidade de se introduzi-lo de forma adequada e competente no dia a dia dos indivíduos, de forma a auxiliá-los numa sociedade que se encontra cada vez mais competitiva (BALDANZA, 2003, p. 45).

Esse sucesso pessoal e profissional que os indivíduos tanto procuram está

diretamente ligado com sua imagem, o marketing pessoal é a ferramenta

indispensável para a obtenção deste objetivo.

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O marketing pessoal não trata as pessoas como objeto. Ele valoriza o ser humano em todos os seus atributos e características. Hoje, mais do que nunca, para se destacar, é necessário que você administre e divulgue sua marca pessoal, seu nome, da mesma forma como fazem as grandes empresas. (COSTA, 2002, p. 57).

O mercado de trabalho pode ser considerado como uma vitrine onde todas as

pessoas podem ser comparadas como “produtos”. Alguns com ótima qualidade,

outros com lindas embalagens e péssimo conteúdo. Portanto, cada pessoa deve

saber administrar a sua marca inovando as características do produto e usar sempre

a melhor embalagem para satisfazer o “cliente” que neste caso seria as empresas

que estão buscando o profissional ideal.

Devemos entender o marketing pessoal como um conjunto de ações planejadas que facilitam a obtenção de sucesso pessoal e profissional, seja para conquistar uma nova posição no mercado de trabalho, seja para manter sua posição atual. (RITOSSA, 2009, p.17).

Tanto para aqueles que buscam conquistar uma nova colocação no mercado

de trabalho, tanto para aqueles que querem manter seu cargo atual, devem saber

utilizar o marketing pessoal para obter o sucesso.

Assim como as empresas usam do marketing estrategicamente para colocar o

seu produto ou marca no mercado, o profissional, cujo produto é ele mesmo,

também usa do marketing para planejar sua vida profissional. Do mesmo modo

afirma Persona: “[…] Marketing Pessoal é um conjunto de ações que ajudam um

profissional a ter uma ideia clara das necessidades de seu mercado e dos talentos e

competências que possui para atendê-las. É muito parecido com o que se faz em

marketing de produto.” (PERSONA, 2010, p.53).

As pessoas mais realizadas ou destacadas são as que constroem valor em suas marcas pessoais e depois difundem, não só no seu trabalho, mas em seus relacionamentos e na sociedade. Do mesmo modo que as marcas de renome, a marca pessoal pode se converter em um veículo que afirme a verdadeira identidade, ilumine capacidades e firme uma reputação, coisas que despertam reações. (BLANCO, 2010, p.29).

O uso do marketing pessoal para alcançar o sucesso profissional no mercado

de trabalho, se bem-sucedido traz resultados positivos para este profissional que por

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consequência faz sua vida pessoal mais realizada. Conforme Blanco, a pessoa que

se destaca e é valorizada por sua marca pessoal será realizada e até mesmo mais

feliz em sua vida pessoal e deste modo ter melhor desempenho profissional

(BLANCO, 2010).

4 ELEMENTOS QUE COMPÕE O MARKETING PESSOAL E PROFISSIONAL

O marketing pessoal e profissional torna-se essencial utilizando-se a partir de

métodos estratégicos de linguagens, imagens e habilidades como vitrine perante

uma boa colocação ao mercado de trabalho.

De acordo com Davidson, “A imagem não é tudo, mas sem dúvida ela diz

muito. Sua aparência, expressão facial, idade, sexo e linguagem corporal compõem

uma boa parte da mensagem apresentados a outra pessoa.” (DAVIDSON, 1999, p.

50). Como relata Davidson, observa-se uma sociedade aonde a imagem,

comunicação e a forma de expressão têm um tratamento predominante visual.

O verdadeiro profissional deve transmitir suas habilidades e atitudes, sendo

dessemelhante perante a sociedade. Para BRIER, “[...] se você não der ao mercado

sua história, eles vão definir a história da sua marca por você.” (BRIER, 2013, p. 23).

Os principais elementos que compõe o marketing pessoal e profissional são:

produto, preço, promoção e ponto de venda, conforme descreve o autor Scott- Job.

Os 4 ps são fundamentais para entender um pouco mais sobre o marketing pessoal e profissional, os quais nos dão a base de conhecimento e sua importância, tendo como segmento: (produto, preço, promoção e ponto de venda) [...] marketing pessoal, podemos adaptar da seguinte maneira: o produto é o profissional, o preço é o salário, o ponto de venda é a área de atuação e a promoção é a comunicação. (SCOTT- JOB, 1994, p. 3).

Scott- Job dá à ideia de que, o produto torna-se a imagem a qual lançamos

através da vitrine pessoal, destacando-se hábitos, costumes, qualidades e

habilidades. Já o preço é uma estratégia sobressaliente e competitiva, em relação á

competências e qualidades. O ponto de venda é essencial para definir o mercado e

área de atuação, ter visão e direcionamento ao que deseja alcançar, e por último

então tem como um dos mais importantes à promoção, que é visão do projeto que

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acaba se diferenciando sobre uma determina função, seja ela através de meios de

comunicação, mídias e redes sociais promovendo a sua própria imagem.

As empresas têm por objetivo registrar sua marca e consagra-la, tornando se

única perante seu público ou a um determinado produto ou bem de serviço,

buscando sempre a satisfação por completo de seus clientes, tendo como objetivo

principal alcançar o lado emocional do indivíduo, fazendo com que o determinado

bem se torne desejado, e não apenas um objeto qualquer de aquisição, tornando-se

exclusivos dos demais. Conforme Kotler: “Mesmo quando os produtos dos

concorrentes e os serviços que acompanham o produto parecem os mesmos para

os compradores, eles podem perceber alguma diferença na imagem da empresa ou

de sua marca.” (KOTLER, 1993, p.361).

Kotler diz que um bom profissional hoje deve adequar-se as mudanças

exigidas pelo mercado. Buscando a cada dia uma melhoria e destaque de seu perfil

profissional e pessoal perante a sociedade em geral, com isso se diferenciando dos

demais profissionais.

O pessoal bem treinado demonstra seis características: Competência: os funcionários possuem experiências e os conhecimentos exigidos; cortesia: eles são amigáveis, respeitosos e ponderados; credibilidade: eles são dignos de créditos; confiabilidade: eles desempenham o serviço com consistência e cuidado; responsabilidade: eles respondem rapidamente às perguntas e aos problemas dos clientes; comunicação: eles se esforçam para compreender o cliente e para comunicar-se com clareza. (KOTLER, 2001, p.361).

Tendo por entendimento as ideias e colocações de Kotler, pode-se designar

que uma empresa sempre visa um colaborador o qual seu marketing pessoal se

sobressaia entre os demais, o que o torne diferente, em determinadas situações. A

visão da empresa volta-se para a área do cliente, aonde a propaganda pessoal e

profissional acaba sendo a alma do seu negócio.

Sendo assim, sob a visão dos autores Kotler, Scott- Job e Davidson aqui

destacados, o Marketing pessoal e profissional, é uma prioridade nos tempos de

hoje. Ter visão e sabedoria mediante ao mercado de trabalho torna-se essencial

perante a uma determinada instituição empresarial, sociedade ou público, os

mesmos necessitam de profissionais bem treinados e qualificados com as

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qualidades exigidas pelo mercado.

5 MARKETING PESSOAL NAS REDES SOCIAIS

A tecnologia nas redes sociais vem se aperfeiçoando, onde ao mesmo tempo

se eleva nossa economia, temos uma nova política e uma nova sociedade, não

estamos falando de máquinas habilidosas, mas de seres humanos capazes, que

através da tecnologia podem aprimorar sua inteligência através da internet ou

subestimá-la. Conforme Vieira:

No início da Internet, a rede mundial de computadores era a promessa de uma grande mudança no mundo. Sua expansão representaria a democratização da informação e um novo “encolhimento” do planeta, algo comparável (em maiores proporções) somente ao aparecimento e popularização do telefone, no século XX. (VIEIRA, 2007, p.21).

Com esse avanço todos têm acessos liberais às redes sociais, através da

internet muitas empresas procuram conhecer quem estão contratando, de alguma

forma ou de outra as pessoas se comunicam, se expressam, se relacionam e muitas

vezes mostram quem elas são, o que pode fazer você ganhar aquela tão esperada

vaga de emprego, também pode fazer você perdê-la. Assim como afirma Barbosa,

“[...] podemos saber mais rapidamente sobre o que se passa com nossos

contemporâneos em várias partes do mundo do que em qualquer outra época

histórica.” (BARBOSA, 2010, p.09). Seguindo com a complementação de Vieira:

A internet tinha o potencial de revolucionar o mundo das telecomunicações, com uma nova forma de comunicação pessoal e empresarial (os e-mails): barata, eficiente e que poderia eliminar a maior parte do tráfego de cartas do mundo. (VIEIRA, 2007, p.21).

Assim, marketing Pessoal é uma ferramenta que irá destacar um profissional

no mercado de trabalho, considerando como objetivo construir uma imagem positiva

diante das pessoas e das organizações, em busca do sucesso pessoal e

profissional.

Como afirma o autor Claudio Torres, a rede social Facebook foi criada para

ser um meio de comunicação entre estudantes do ensino médio e universitários,

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troca de ideias e de sonhos. Hoje o Facebook é usado para expor uma pessoa que

se alcoolizou na noite anterior, para rir dos amigos, para mostrar seus preconceitos e

muitas vezes mostrar ser uma pessoa muito bem resolvida e feliz, o que de fato na

vida real nem sempre acontece:

O Facebook permite criar álbuns de fotos, armazenar vídeos, indicar links interessantes e escrever notas, como uma espécie de blog pessoal. Além disso, você pode criar grupos ou participar deles. Os grupos são comunidades onde os membros podem criar tópicos de discussão, escrever em um mural e compartilhar fotos, vídeos e links. (TORRES, 2009, p. 141).

Conforme Torres, o LinkedIn é uma rede social voltada para os negócios, ele

busca o vínculo com profissionais e seu foco é construir uma rede de contatos que

de fato possa ser usada nos negócios. Com regras e controles mais rígidos que

outras redes sociais, não é qualquer pessoa que consegue ser membro, a limites ao

acesso a seu perfil e para pessoas que não estão claramente autorizadas (TORRES,

2009). Para ter o acesso ao LinkedIn e outras redes sociais, precisa-se de endereço

eletrônico, assim complementa Limeira:

O e-mail marketing, ou seja, a mala direta eletrônica, é uma nova ferramenta de comunicação e de marketing direto; cada vez mais usado pelas empresas, deve ser visto não como uma ação pontual, mas integrado em uma estratégia mais completa de relacionamento com os clientes. (LIMEIRA, 2007, p. 279).

Torres expressa que “[...] com esse conjunto você poderá desenvolver boa

parte de suas ações de marketing nas mídias sociais e atingir seu público-alvo.”

(TORRES, 2009, p.152). Portanto, cabe somente a você rever qual será seu público-

alvo, se pretende ser um profissional bem resolvido e desejado por outras

organizações mantendo seu foco profissional, ou ser apenas mais um no mercado

de trabalho e aceitar qualquer proposta de emprego, apenar pelo fato de “precisar”

trabalhar.

6 COMO GERENCIAR SUA MARCA PESSOAL

Enquanto você navega na rede social para ver fofocas, notícias do mundo,

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quem está mais magro ou mais gordo, publicações engraçadas, lá no meio disso

tudo aparece uma propaganda de sabão em pó, ela passa despercebida, mas logo

aparece novamente, mas dessa vez mostrando algo interessante como o lazer, jogar

bola, acampar... você já se vê interessado no que esta publicação traz:

A ideia era criar o maior banco de dados unificados da Humanidade, onde seriam centralizadas todas as informações sobre cultura, tecnologia, ciências, política e entretenimento, abrangendo todos os países. Era, em última instância, uma forma de democratizar o mundo, através do “rompimento” de barreiras geográficas e políticas. (VIEIRA, 2007, p.22).

Assim Vieira afirma que dependendo do tipo de foto, vídeo, links que publicar,

você estará construindo um relacionamento pessoal e profissional do que você

necessita, de como você age e de que forma você vê o mundo a sua volta. Da

mesma forma que nem sempre o que você quer dizer, vai ser interpretado como tal,

conforme certifica o autor Knapik:

A comunicação é um processo de interação e troca de informações, de transmissão de ideias e sentimentos por meio de palavras ou símbolos que veiculam uma mensagem por parte de quem a recebe, embora nem sempre as pessoas entendam. (KNAPIK, 2008, p. 79).

Quando já empregados, alguns profissionais demonstram a falta de

compromisso e interesse no trabalho. Outro detalhe é a da mesa de trabalho

desorganizada, com excesso de documentos, copos e restos de lanches

demonstrando sua indiferença, falta de atenção e desorganização. Bender

acrescenta:

A constatação é triste. Mas a grande e esmagadora maioria dos profissionais em quase todos os níveis, idades e fases da carreira sofre do mal de não saber gerenciar sua jornada profissional. São pessoas habilidosas, muitas com grande preparo, dedicadas e estudiosas, mas que em certo momento da vida percebem que perderam as rédeas da carreira e que ela correu solta, para lugares e situações não planejadas. (BENDER, 2009, p. 12).

Evite expor seus problemas no trabalho, ele poderá tirar o foco das pessoas

que trabalham e os resultados positivos que você já obteve com os outros

colaboradores. Outro problema que poderá arruinar seu marketing pessoal é o

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acesso exagerado ao seu e-mail particular ou rede social, o cliente que possa

chegar poderá achar que você está sem nada para fazer ou matando tempo ao

invés de fazer seu trabalho. Ainda sobre a ideia de Bender:

Ao longo dos anos, tenho constatado como tem sido alto o preço para aqueles que permitiram que sua carreira andasse ao sabor do vento, sem controle ou com o controle de terceiros, com objetivos e interesses que na maioria das vezes vão contra os seus próprios. (BENDER, 2009, p. 12).

Quando atender um cliente, procure conhecê-lo antes mesmo de atender,

procure chamá-lo pelo nome, saber suas necessidades e vontades, para impedir que

você faça algo constrangedor ou desnecessário.

Um dos pontos principais é o modo que nos vestimos, não precisamos ter

roupas de marcas ou caras, mas sim uma roupa adequada ao momento, sem

exageros de decotes, de maquiagem e roupas bem passadas e limpas é o que toda

empresa procura, uma pessoa preocupada primeiramente com seu marketing

pessoal:

Os mais esclarecidos, com condições financeiras para isso, apostam na qualificação. Partem para especializações, dominam mais de um idioma, sentem-se preparados. Acreditam que rechear o currículo com bons cursos, às vezes com mais de uma especialização, será a garantia do futuro e de uma carreira brilhante. (BENDER, 2009, p. 13).

Conforme os autores explicaram, é preciso seguir certas regras e ser

disciplinado, mostrar-se mais eficiente e eficaz no mercado de trabalho. Gerenciar

seu marketing pessoal não servirá somente para seu emprego atual, mas para a

vida pessoal e para a imagem que irá refletir para o mundo.

CONCLUSÃO

Em um mundo cada vez mais globalizado, tecnológico e competitivo, pode-se

afirmar que as pessoas devem estar em constante atualização, pois é necessário

inovar, ser estratégico e fazer mais do que é necessário, conquistar o próprio espaço

e adaptar-se ao novo cenário contemporâneo e novas realidades de mercado,

através da aquisição de novas competências e habilidades pessoais e profissionais.

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Levando em consideração estes fatores, a vida profissional está diretamente

ligada à vida pessoal, onde as atitudes do dia a dia e em redes sociais influenciam

diretamente no perfil profissional, podendo trazer resultados positivos ou negativos.

O que poderá lhe trazer o sucesso também poderá lhe dar de presente o fracasso.

A finalidade deste estudo tem o intuito principal de explorar as mais diversas

áreas do conhecimento em relação ao marketing pessoal e seus principais

componentes e requisitos para o mercado de trabalho, como também proporcionar

conhecimento para gerenciar a sua marca pessoal. Onde foram apresentados os

conceitos sobre Marketing, seguindo com Marketing Pessoal, logo em seguida

relatos sobre como as pessoas se comportam no dia a dia e nas redes sociais, como

também dicas de como portar-se de forma correta e aprender a gerenciar da melhor

maneira o Marketing Pessoal.

Obteve-se através de dicas, conhecimentos e aprimoramentos juntamente de

soluções um reconhecimento pessoal e profissional nas mais amplas e diversas

áreas exigidas pelo mercado. Afirmando que o marketing se tornou a base para o

crescimento e a busca para melhorar sua vida profissional e pessoal, dando uma luz

em forma de direção a qual seguir.

Após a realização desta pesquisa, nota-se que para se destacar no mercado

de trabalho e necessário fazer a diferença, ser diferente. Buscar sempre o

crescimento profissional e aprimorar o conhecimento para melhorar seu marketing

pessoal, focando sempre no sucesso pessoal e profissional. Deste modo o

marketing pessoal e profissional torna-se essencial utilizando-se a partir de métodos

estratégicos de linguagens, imagens e habilidades como vitrine perante uma boa

colocação ao mercado de trabalho.

Através desses estudos e pesquisas, pode-se obter um ótimo aprendizado

com excelentes dicas para melhorar como profissional e mudar certas atitudes

diante das circunstâncias do dia a dia. Aos que fizerem deste uma ferramenta de

estudo, terão ótimos resultados na busca dos seus ideais, aqui se encontram os

principais fatores e tópicos mais utilizados em um marketing pessoal atualizado.

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O DESAFIO DE SER EMPREENDEDOR: UM ESTUDO DE CASO.

Ana Gabriela Schmidt1 Daniela Perini Krentkowski2

Danieli Rhoden3 Marcos Rogério Rodrigues4

RESUMO

O empreendedorismo é um termo muito usado nas organizações e está relacionado com acriação de empresasou emapostas de novos produtos.O empreendedor é aquele que possui habilidades e competências para criar, abrir e gerir um negócio, gerando resultados satisfatórios. Este artigo científicotem por objetivo conhecer as motivações que levaram pessoas a se tornarem empreendedores, eapresentar assuntos variados voltados ao empreendedorismo. Entre os assuntos, tem-se o conceito de empreendedorismo, que traz opiniões de autores e aborda sobre como o empreendedorismo é visto nas organizações. Além disso, relata-se o perfil de um empreendedor, pois compreendê-loé importante para o sucesso dos negócios. O objetivo é verificar quais as características que um bom empreendedor possui, bem como as ações e decisões por eles tomadas. Também, as vantagens e desvantagens de ser um empreendedor, para antes de começar seu próprio negócio, realizar sua análise. Os desafios de ser empreendedor é outro tópico relevante, pois aborda alguns desafios que poderão ser encontrados por empreendedores, como mudanças, inovações e outros itens de grande importância. Como metodologia utilizou-se o estudo de caso, por meio de duas entrevistas semiestruturadas com dois empreendedores. Pode-se concluir que os empreendedores buscaram empreender para obter autonomia e, buscar satisfação pessoal e profissional, porém empreender não é tarefa fácil, depende de esforço árduo para competir no atual mercado.

Palavras-chave: Empreendedorismo – Perfil do Empreendedor – Desafios de

ser Empreendedor.

INTRODUÇÃO

O atual trabalho se constitui em um artigo científico, abordando assuntos

voltados ao empreendedorismo, tais como, o perfil de um empreendedor, suas

1 Acadêmica do curso de Administração-3ºsemestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmica do curso de Administração-3ºsemestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

3 Acadêmica do curso de Administração-3ºsemestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

4 Orientador. Professor do Curso de Administração. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

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vantagens e desvantagens, os seus principais desafiosna fase inicial da implantação

de empresas, visando identificar e facilitar o processo de gestão nas mesmas para

sua sobrevivência e viabilidade em longo prazo.

Ressalta-se a importância da realização do artigo como complemento da

aprendizagem, pois com este estudo pode-se evitar o insucesso por erros comuns

nas empresas, que ocorre muitas vezes pela falta de informação.

O artigo tem por objetivo conhecer o que levaram as pessoas a motivarem-se

para se tornarem empreendedores e apresentar conceitos voltados ao

empreendedorismo.

Como metodologia, realizou-se um estudo de caso, por meio de duas

entrevistas com dois empresários que atuam em empresas do ramo gráfico, além

disso, elaborou-se uma pesquisa bibliográfica.Este artigo utilizou-se de conceitos de

autores para basear-se no estudo apresentado, sendo os principais, Idalberto

Chiavenato, José Dornelas, e Antônio Cesar Amaru Maximiano, os quais destacam a

importância do empreendedorismo, para o desenvolvimento dos negócios.

Na estrutura do documento, consta o conceito de empreendedorismo, na

sequência apresentam-se o perfil do empreendedor, as vantagens e desvantagens

de tornar-se empreendedor, os principais desafios do empreendedor, a metodologia

da pesquisa, apresentação e análise dos resultados e, a conclusão.

1 EMPREENDEDORISMO

O empreendedorismo pode ser definido por vários conceitos, e diversos

autores já contribuíram com este tema ao longo do tempo. Para um melhor

entendimento sobre o termo empreendedorismo, serão apresentados alguns

conceitos voltados ao empreendedorismo em organizações.

De acordo com Hisrich, Peters e Shepherd, o empreendedorismo tem uma

função importante no desenvolvimento e no crescimento dos negócios. “As ações

empreendedoras começam no ponto em que uma oportunidade lucrativa encontra

um indivíduo com o espírito empreendedor.” (HISRICH; PETERS; SHEPHERD,

2014, p.6).

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O empreendedorismo é um conjunto de comportamentos, autoconfiança,

perseverança, comprometimento, planejamento e principalmente persistência. De

acordo com os autores Fuzetti, Campanario e Camargo, “[...] o empreendedor tem

papel fundamental no mercado, sua atividade empresarial não consiste somente em

criar novas empresas e inovar, mas em perceber incompatibilidades de coordenação

que existem no mercado.” (FUZETTI; CAMPANARIO; CAMARGO, 2012, p. 60).

Independente da situação em que se encontra o empreendedor deve

permanecer motivado, mantendo o foco na inovação. Segundo Dornelas, “[...] o

empreendedorismo pode ser definido como envolvimento de pessoas e processos

que, em conjunto, levam a transformação de ideias em oportunidades. A perfeita

implementação dessas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso.”

(DORNELAS, 2015, p. 28).

O termo empreendedorismo dever envolvera busca por novas oportunidades

de mercado e capacidade de planejamento. Para Chiavenato, “[...] o empreendedor

consegue fazer as coisas acontecerem por ser dotado de sensibilidade para os

negócios, tino financeiro e capacidade de identificar e aproveitar oportunidades, nem

sempre claras e definidas.” (CHIAVENATO, 2012, p. 8).

O empreendedorismo está relacionado ao processo de criar, podendo ser

algo novo ou uma inovação em setores já existentes. De acordo com Dornelas, “[...]

o empreendedor é mais conhecido como aquele que cria novos negócios, mas pode

também inovar dentro de negócios já existentes, ou seja, é possível ser

empreendedor dentro de empresas já constituídas.” (DORNELAS, 2015, p. 28).

Uma figura importante no âmbito do empreendedorismo é o empreendedor,

assim é importante conhecer o seu perfil. Compreender o perfil empreendedor e

colocá-lo em prática é fator relevante ao sucesso dos negócios, conforme

demonstrado pelos autores a seguir. Conforme Gerber apud Soledade, “[...] para o

sucesso de um empreendimento é necessário compreender a diferença entre um

empreendedor, gerente e técnico.” (GERBER apud SOLEDADE, 2015, p. 33-34).

Conforme Ilustração a seguir:

Tipo Perfil

Empreendedor É Aquele que transforma um problema em uma solução, é visionário, sonhador e vive no futuro.

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Continuação da Ilustração 1

Gerente É aquele que observa o mercado, planeja, organiza e controla a organização.

Técnico É aquele que executa e conserta coisas, vive no presente.

Ilustração 1 - Empreendedor, Gerente e Técnico. Fonte: (GERBER apud SOLEDADE, 2015, p. 33-34).

Por meio da Ilustração 1, pode-se compreender a importância do trabalho

conjunto entre os perfis apresentados. O sucesso de um empreendimento, depende

da soma das características apresentadas pelo empreendedor, gerente e técnico.

Os termos empreendedor e empresário apresentam características distintas,

favoráveis através de uma visão mais ampla sobre o empreendimento. Para

Maximiano, o empreendedor e o empresário não podem ser confundidos, mas

precisam caminhar em sintonia:

Muitas vezes usamos os termos empreendedor e empresário como sinônimo, mas, na verdade, eles não têm o mesmo sentido. O empresário representa o lado formal, que estabelece um negócio e o conduz no dia a dia. Já o empreendedor encarna o lado criativo e inovador, essencial para a evolução e a atualização competitiva da empresa. O empresário tem vocação administrativa; o empreendedor está na ponta de lança estratégica. As duas figuras são inseparáveis: todo empresário precisa ser continuamente empreendedor. (MAXIMIANO, 2012, p.04).

De acordo com Maximiano, “[...] o empreendedor é o tipo de pessoa que está

sempre fazendo planos e idealizando coisas novas, está sempre disposto a assumir

riscos, tendo perseverança e otimismo e senso de independência nas decisões.”

(MAXIMIANO, 2012, p.04).

Assim, pode-se perceber que além dos objetivos definidos é necessário

colocá-los em ação para obter sucesso. O empreendedor precisa se comprometer

com seu negócio e não desaminar diante dos obstáculos que surgirem no caminho.

Precisa ser responsável, pois depende de sua própria capacidade para resolver os

problemas que poderão ocorrer.

Para tanto, o empreendedor além de lidar com uma série de incertezas para o

futuro, precisaavaliar e conhecer as suas vantagens e desvantagens. Dessa forma,

são vários os desafios ao abrir um próprio negócio. Conforme relatado a seguir pelos

autores. A Ilustração 2 tem por objetivo apresentar as principais vantagens e

desvantagens, com seus respectivos conceitos, segundo Maximiano:

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Vantagens Desvantagens

Autonomia – Liberdade para tomar decisão Sacrifício Pessoal – Dedicação integral e trabalho duro

Desafio – Sucesso depende de iniciativa e esforço.

Sobrecarga de Responsabilidade – Empreendedor responsável pelas decisões e resultados do negócio

Controle Financeiro – Ser único responsável pelo resultado de seu negócio.

Pequena margem de erro – Uma decisão errada pode ser fatal

Ilustração2– Vantagens e Desvantagens de ser Empreendedor. Fonte: Maximiano (2012, p.06).

Diante dessa Ilustração 2, pode-se ressaltar alguns pontos relevantes, das

vantagens e desvantagens de ser um empreendedor. A vantagem de ser

empreendedor disponibiliza autonomia e controle, e por outro lado existe a

desvantagem do sacrifício pessoal e a responsabilidade total pelas decisões

tomadas. No mercado competitivo atual, o empreendedor que não estiver ciente dos

seus desafios, encontrará inúmeras dificuldades.

2 DESAFIOS DO EMPREENDEDOR

Quem empreende no mundo dos negócios tem a sua frente alguns desafios.

Segundo os autores Tamashiro, Giuliani e Farah, “[...] um dos grandes embates

ressaltados na condução do processo de mudanças refere-se à resistência a esse

processo, caracterizada tanto pela resistência individual quanto organizacional.”

(TAMASHIRO; GIULIANI; FARAH, 2012, p. 20).

Constantes mudanças são uma tendência para as empresas adequar-se a

nova realidade. Ainda segundo os autores Tamashiro, Giuliani e Farah, “[...] a

empresa que se recusa a mudar, estará em curto tempo, superada e ultrapassada

pelos concorrentes. Para que este processo ocorra sem traumas é preciso que os

gestores tenham uma visão em longo prazo e que a estratégia esteja alinhada, como

uma peça-chave para manter a segurança e a estrutura.” (TAMASHIRO; GIULIANI;

FARAH, 2012, p. 24).

Adaptar-se as mudanças é uma das garantias de sobrevivência no mercado

competitivo. É preciso mudar para poder manter e conquistar novos clientes.

Segundo Hisrich, Peters e Shepherd “[...] as forças de resistência individual a

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mudanças são, entre elas, o hábito, a segurança, os fatores econômicos e o medo

do desconhecido.” (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014, p.457).

Outro desafio é a inovação. Esta é fundamental para um bom andamento dos

negócios. De acordo com Fuzetti, Campanario e Camargo, “[...] é necessário ser

proativo e adiantar-se às demandas do mercado. Assim, é essencial praticar a

inovação. É a capacidade de inovar ininterruptamente que permitirá à sua empresa

obter maiores parcelas de mercado, maiores lucros e perenidade.” Ainda segundo

estes autores, “[...] a maioria das inovações surge de uma ideia bem trabalhada

dentro da empresa e, normalmente, está baseada em conhecimentos em ideias que

geram inovações.” (FUZETTI; CAMPANARIO; CAMARGO, 2012, p. 60).

Mais um dos desafios de ser empreendedor é atrair e reter talentos. Segundo

os autores Scarsiotta, Marcondes e Spers, atrair os funcionários certos para os

cargos certos é o primeiro desafio. Retê-los e motivá-los, combinando seus objetivos

de carreira com os da empresa, é o segundo. Atrair e reter talentos são parte

integrante para o sucesso e a sobrevivência da empresa. Porém, isto não se resolve

somente com altos salários e mais incentivos. A solução consiste em transformar a

organização inteira para criar um ambiente em que as pessoas queiram entrar e

permanecer. O desafio é criar o que se define por “Cultura Adequada” – a

organização que atrai as melhores pessoas e as mantém. (SCARSIOTTA;

MARCONDES; SPERS, 2012).

Conclui-se que o principal desafio é motivar os funcionários e conseguir

mantê-los comprometidos a caminhar junto com a empresa, e com os mesmos

objetivos da organização.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa é um método utilizado para a coleta de informações relevantes a

um tema estudado. Nesse trabalho foi utilizado o método de pesquisa qualitativa.

Para Vianna, “[...] a pesquisa qualitativa realiza a análise de dados descritivos, para

identificar uma determinada situação, a fim de agregar a compreensão do tema

estudado.” (VIANNA, 2001, p. 122).

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Para melhor entendimento do tema abordado, foi efetuado um estudo de

caso. Conforme Vianna, “[...] este método de pesquisa tem por objetivo, o estudo

aprofundado sobre uma determinada situação, contexto, acontecimentos específicos

e outras situações, em que o estudo de caso permita o entendimento como um todo

em relação à situação estudada.” (VIANNA, 2001, p.140).

O estudo de caso deu-se por meio de uma entrevista semiestruturada,

realizada como dois empreendedores, os quais estão denominados, apenas como

empreendedor A e empreendedor B, ambos atuantes em empresas do segmento

gráfico, com o mesmo porte, localizadas na cidade de Santa Rosa.

Realizou-se o estudo através de 3 etapas. Na primeira etapa, foram definidas

as empresas a serem entrevistadas, tomando-se o cuidado em relação aos seus

portes e ramos semelhantes, para que o estudo traga um resultado que não seja

afetado por diferenças de segmento. Em seguida, na segunda etapa, foi realizada

uma entrevista em cada uma das empresas definidas. A entrevista foi realizada

através de uma entrevista semiestruturada, a qual contou com 07 questões. Na

terceira etapa, foi realizada a análise das informações coletadas.

O objetivo foi conhecer as motivações que levaram os empreendedores a

montar seu negócio, bem como conhecer as dificuldades que eles passaram no

início e diariamente em seus empreendimentos. Buscando a compreensão da

aplicação prática do empreendedorismo nas organizações.

O empreendedor “A” fundou a empresa, possui anos de experiência na

gestão de seu empreendimento e continua presidindo sua empresa. O

empreendedor “B” é jovem e está presidindo atualmente a empresa da família.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Através do estudo realizado, pode-se constatar os principais pontos relatados

pelos empreendedores em relação à prática do empreendedorismo.

A prática do empreendedorismo é conceituada de forma particular para cada

empreendedor. Quanto à percepção do empreendedorismo ao empreendedor “A”, é

descrita pela disposição a assumir o riscode ter seu próprio negócio, conhecer o

segmento em que irá atuar e enxergar a empresa como um todo.

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Já o empreendedor “B”, conceitua empreendedorismo pela coragem ao

empreender com novas propostas, pela busca do sucesso profissional, pela

inovação no mercado para satisfazer os clientes em busca do sucesso empresarial.

Percebeu-se que para ambos empreendedores, a grande maioria das pessoas não

tem coragem de assumir os riscos de um novo empreendimento.

O fato que levou o empreendedor “A” a empreender, ocorreu pela insatisfação

como funcionário em relação à possibilidade de ser demitido a qualquer momento e

a pela limitação da renda. Como empreendedor, percebeu a possibilidade de

autonomia, sem depender de ninguém para prosperar.

A motivação que levou o empreendedor “B” a gerir o empreendimento da

família, foi pela busca dosucesso profissional. Fato que acredita não ser possível

como funcionário, ficando estagnado no tempo sem perspectivas profissionais em

um futuro próximo. Pode-se perceber que ambos empreendedores se

encontravamem momentos e situações bem diferentes quando decidiram

empreender. O empreendedor “A” buscou pela autonomia e o empreendedor “B”

buscou o sucesso profissional.

A busca por um perfil ideal do empreendedor é notada diferentemente pelas

organizações. Segundo a visão da empresa “A”, um indivíduo tem o perfil para ser

um empreendedor, determinado pela autoconfiança, proatividade, autonomia,

habilidade em trabalhar com as pessoas e pela busca para sair do comodismo.

Para a empresa “B”, o perfil do empreendedor é caracterizado pela coragem

em assumir riscos, ser aberto a novas ideias e pela busca permanente da inovação.

Existe uma grande divergência em relação ao perfil mais adequado ao

empreendedor. No entanto, ambos empreendedores listam pontos fundamentais à

gestão de um negócio próprio.

Conforme Fuzetti, Campanario, e Camargo, o empreendedor precisa adaptar-

se às mudanças no processo de inovação e adaptá-las ao empreendimento:

O conceito de inovação tem evoluído ao longo do tempo, no que concerne ao entendimento do significado da inovação e dos participantes dessa abordagem. Porém, a inovação se desloca de uma visão tecnológica e passa a ser entendida como a utilização do conhecimento sobre novas formas de produzir, comercializar bens e serviços por novos estilos de gerir as empresas. Por fim, os envolvidos na arena de inovação não se restringem apenas a empresa e ao empreendedor, mas ao conjunto mais

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amplo de elementos que formam o sistema de inovação. (FUZETTI;

CAMPANARIO; CAMARGO, 2012, p. 62).

Através desse relato, pode-se perceber que o empreendedor “B” deu grande

ênfase à importância em que a inovação possui ao perfil de um empreendedor.

Representando uma nova geração de empreendedores, focados em descobrir novas

formas inovar e melhor a eficiência das empresas em que atuam.

No entanto, a descrição do empreendedor “A”, não caracteriza o perfil do

empreendedor inovador, porém destaca outras características importantes ao

empreendedor. Através da análise, entende-se como ideal a reunião de todas as

características apresentadas, mantendo o equilíbrio entre elas, para que se torne um

processo sustentável.

Organizações passam por desafios e dificuldades ao empreender no Brasil.

Para a empresa “A”, uma das maiores dificuldades em empreender é a incerteza do

amanhã pela instabilidade da economia, causando a alta do dólar, como

consequência o aumento no custo da matéria prima, redução do consumo, medo de

investir pelas incertezas nas vendas. Dessa forma, existe a dificuldade de

instabilidade nas empresas, devendo tomar o cuidado para não acarretar a falência.

Na empresa “B”, as dificuldades de empreender no Brasil são determinadas

pela burocracia ao abrir uma nova empresa, pela alta carga tributária e pela

responsabilidade do gestor em gerir em tempos de econômica instável.

Constata-se que as duas empresas estudadas concordam em relação à

dificuldade de gestão nas empresas em período de instabilidade econômica. Como

ponto em comum, as duas empresas compactuam da mesma opinião em relação à

economia. A qual afeta a gestão da empresa, com alta na taxa de juros e tributos.

O fato de ser empreendedor incorre algumas vantagens e desvantagens.

Conforme a empresa “A”, as vantagens podem ser descritas como renda ilimitada,

autonomia no trabalho, aumento do patrimônio e satisfação no trabalho. Já as

desvantagens são caracterizadas pela responsabilidade multiplicada, preocupação

com a empresa até em casa, muitas vezes perdendo o sono, e falta de tempo para

lazer.

Na empresa “B”, as vantagens são determinadas pelo sucesso profissional,

lidar sempre com novas situações aumentando o aprendizado e colocando-o em

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prática após a formação acadêmica. Já as desvantagens percebidas são o aumento

da carga horária no trabalho, sem horário fixo.

Os dois empreendedores relatam a desvantagem da extensa carga horária

aplicada à gestão da empresa. Já em relação às vantagens, possuem opiniões

distintas. Onde o empreendedor “A” é voltado à autonomia e aumento da renda. Já o

empreendedor “B” é voltado a encontrar frequentemente novas formas de inovação.

Para Maximiano, uma das desvantagens em ser um empreendedor, pode ser

relatada a partir do sacrifício ao tempo pessoal para dedicação na empresa:

O período que vai da criação de uma empresa até sua consolidação exige dedicação integral do responsável. São longas horas de trabalho duro, muitas vezes, em regime de sete dias por semana. Esse ritmo absorvente pode prejudicar as relações familiares e gerar alto nível de estresse. Nada mais equivocado do que a crença de que o empresário só trabalha quando quer. (MAXIMIANO, 2012, p.7).

Conforme Maximiano, “[...] o sacrifício pessoal é uma das desvantagens em

ser empreendedor, imposto pela extensa carga horária, ocasionada pela dedicação

ao trabalho.” (MAXIMIANO, 2012, p.7). Pode- se notar que as duas empresas

relatam a mesma experiência exaustiva ao empreender, em relação ao tempo

dedicado ao empreendimento, confirmando a tese de Maximiano.

A experiência na prática do empreendedorismo aos negócios faz com que os

empresários tenham muito a contribuir com suas opiniões. Os conselhos relatados

pela empresa “A” são apresentados como preparar-se antes de abrir o próprio

negócio, conhecer o ramo em que atuará o produto que irá vender e saber definir a

liderança que tomará as decisões finais na empresa.

Nos primeiros anos, deve-se investir uma porcentagem maior da

lucratividade. Manter um relacionamento espontâneo com clientes e com toda a

sociedade, atitude que irá refletir futuramente na empresa.

Para a empresa “B”, os conselhos recebidos pelo gestor são em relação à

persistência de tornar um modelo de negócio em realidade. Ter a formação

necessária, buscando cada vez mais novos conhecimentos na área em que

atua.Novamente, percebe-se que os dois empreendedores apresentam opiniões

diferentes, no entanto, ambas podem ser utilizadas pelos novos empreendedores,

que irá definir quais ações lhe trarão melhores resultados.

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Empreender acaba afetando a rotina pessoal dos empreendedores. Dessa

forma, a empresa “A”, relata a importância de que não se deve mudar de

personalidade, mantendo a humildade. Porém ocorre uma carga muito maior de

responsabilidade, levando as preocupações da empresa para casa, por muitas

vezes perturbando o descanso.

Para a empresa “B”, a vida pessoal é afetada pelo aprendizado como gestor.

Onde um gestor tem vários problemas para resolver frequentemente, através dessas

situações ele parou de reclamar e passou a resolver seus problemas pessoais.Em

relação às mudanças que acarretaram alterações na rotina pessoal dos

empreendedores, pode-se notar que ambos atribuem os empreendimentos com uma

grande carga de responsabilidade.

O estudo pode constatar relatos bem distintos em relação ao tema

empreendedorismo. A empresa “A”, através de seu fundador, baseia-se em sua

experiência como empresário para estratégias que obtiveram um resultado positivo.

Dessa forma, relata que continua a manter seu negócio bem estruturado. Na

empresa “B”, cujo gestor assumiu a empresa da família, é jovem e não tem tanta

experiência quanto o gestor da empresa “A”, porém foca em uma forma de gestão

inovadora, demonstrando a tendência do jovem em relação à iniciativa para a

inovação.

Nesse sentido, conclui-se que as duas empresas possuem formas de gestão

bem diferentes. Fato que se percebeu através da diferença de idade e situações que

os levaram a empreender. Definindo seus conceitos e forma de gestão.

Conforme Chiavenato, “[...] uma característica importante ao empreendedor

se deve a identificar e aproveitar as oportunidades existentes, as quais por muitas

vezes não são percebidas.” (CHIAVENATO, 2012, p. 8). No entanto, nenhum dos

empreendedores entrevistados comentou sobre esta característica. A qual os

autores entendem como uma das principais características do empreendedorismo.

Depois da realização das entrevistas, conclui-se que as duas empresas

possuem visões distintas em relação ao empreendedorismo e, na forma de gestão.

No entanto, elas estão consolidadas no mercado e apresentam características

essenciais ao empreendedor.

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CONCLUSÃO

O empreendedorismo é importante no desenvolvimento e no crescimento dos

negócios, ele tem papel fundamental no mercado, não consiste em apenas criar

novas empresas, mas sim inovar e transformar ideias em oportunidades. Neste

trabalho, o empreendedorismo foi apresentado visando identificar e facilitar o

processo de gestão, para garantir ao empreendedor sua sobrevivência e viabilidade

no mercado, mostrando vantagens e desvantagens e os seus principais desafios.

Este estudo teve como objetivo apresentar os desafios do empreendedor,

analisar o perfil, características, ações e decisões a serem tomadas, vantagens e

desvantagens, bem como conhecer as motivações para se tornar empreendedor.

O fato de tornar-se empreendedor acarreta em pontos positivos e negativos.

Entende-se que a satisfação em empreender deve ser superior aos pontos

negativos, contribuindo ao empreendimento de maneira que as atividades como

empreendedor sejam tidas como prazerosas e não apenas por fins lucrativos. Dessa

forma, acredita-se que o empreendedor, que sente satisfação no segmento em que

atua, terá possivelmente mais sucesso profissional.

Percebeu-se que o empreendedorismo representa um conceito diferente a

cada autor estudado e a cada empresa analisada, em que cada um possui uma

visão diferente como ideal ao empreendedorismo. Pode-se observar que alguns

fatos relatados pelos autores mostram-se comuns aplicados na prática das

empresas. E cada empreendimento possui autonomia própria para gerir seus

negócios.

Por fim, a partir do estudo de caso realizado, pode-se concluir que o

empreendedorismo pode ser visto por vários ângulos. O empreendedor é aquele que

consegue encontrar oportunidades em situações que muitos não encontrariam,

tornando-as lucrativas para seu negócio. Referente às motivações que tornaram

indivíduos em empreendedores, percebe-se que a autonomia e a busca pela

satisfação pessoal e profissional são predominantes. No entanto, empreender não é

simplesmente fácil, pois depende de esforço árduo para tornar uma empresa em

uma organização de sucesso.

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O estudo realizado revelou-se de grande relevância para análise do

empreendedorismo nas organizações. O estudo de caso serviu para demonstrar a

realidade dos empreendedores, bem como comparar as suas visões com as

teoriasapresentadas ao longo do estudo.

REFERÊNCIAS

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OS BENEFÍCIOS DA INOVAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO RAMO METALMECÂNICO.

Charline Fátima Meinerz1 Elias Ivan Perius2

Marcelo Quelin3

Sheila Rosana Marchiori4

Marcos Rogério Rodrigues5

RESUMO

Inovar consiste em transformar ideias novas em resultados sustentáveis, ou seja, incide no justo equilíbrio entre criatividade e processos para geração de valor. A inovação hoje é reconhecida como fator primordial para o desenvolvimento de qualquer organização, estado ou nação. Esse fator se concretiza numa cobrança cada vez maior por projetos mais audaciosos e inovadores. O objetivo principal deste trabalho é conhecer através de um estudo de caso o processo de inovação, bem como as dificuldades enfrentadas por uma organização, no desenvolvimento da inovação. Para alcançar o seu objetivo, este trabalho possui como referencial teórico, os assuntos relacionados aos conceitos de inovação, suas tipologias, seus benefícios e desafios. A metodologia de pesquisa utilizada envolveu a pesquisa bibliográfica, e um estudo de caso, o qual se realizou numa empresa do ramo metalmecânico, localizada na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Dentre os principais resultados, destaca-se que o processo de inovação na empresa é muito forte, pois ela realiza inovação seguindo uma tendência de mercado, utilizando tanto inovação incremental como radical, constatou-se ainda que para se manter no mercado competitivo, a empresa utiliza a inovação como alternativa, pois nos últimos anos, ela desenvolveu vários produtos, dentre eles, pode-se citar: centrais de concreto, usinas de asfalto, usinas misturadoras a frio e, equipamentos para a indústria de sementes.

Palavras-chave: Inovação – Desenvolvimento - Benefícios e Desafios.

1 Acadêmico do Curso de Administração – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

2 Acadêmico do Curso de Administração – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

3 Acadêmico do Curso de Administração – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

4 Acadêmico do Curso de Administração – 5º Semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

5 Mestre em Administração. Orientador. Professor do Curso de Administração. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected]

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INTRODUÇÃO

A inovação tornou-se fator decisivo de desenvolvimento e sucesso, tanto para

organizações, Estados ou Nações. O conhecimento que envolve esta questão

salienta que não basta produzir de modo eficiente, oferecendo qualidade e um

portfólio maior de produtos e serviços, é necessário que sejam oferecidas

novidades, aperfeiçoamentos, ou então, características totalmente novas,

comparativamente aos produtos e serviços já existentes.

Adotar inovações representa gerar, desenvolver e implantar ideias ou

procedimentos novos ou melhorados. Este artigo tem por objetivo realizar uma

pesquisa em uma empresa do ramo metalmecânico, localizada na região Noroeste

do Estado do Rio Grande do Sul, para conhecer o processo de inovação na

empresa, bem como os desafios encontrados para inovar e, se manter competitiva

no mercado.

Este estudo adotou como metodologia, a pesquisa bibliográfica e o estudo de

caso, dessa forma foram pesquisados autores como: Schumpeter, Tigre, Chiavenato

e Cervo, tais autores destacam a importância da inovação para o crescimento das

organizações, tornando-as mais competitivas.

Além desta introdução, este artigo apresenta primeiramente os conceitos de

inovação, na sequência descreve sobre as suas tipologias, em seguida traz os

benefícios e, desafios da inovação para as empresas. Depois o enfoque recai, sobre

a metodologia adotada, a análise dos resultados e as conclusões.

1 CONCEITOS DE INOVAÇÃO

Para estudar inovação é necessário conhecer os seus conceitos, que são

vários, dependendo da área onde é aplicada. Segundo o manual de OSLO, a

inovação é um aspecto da estratégia de negócios ou uma parte do conjunto de

decisões de investimentos para criar capacidade de desenvolvimento de produto ou

melhorar a eficiência (OCED, 2005).

Segundo De Mattos e Guimarães, a inovação é vista pelo mundo empresarial

como peça chave, para maior participação de mercado e, obtenção da lucratividade

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dos negócios (DE MATTOS; GUIMARÃES, 2013). Portanto, percebe-se que as

inovações geram maior impacto no aumento da qualidade dos produtos, e com isso,

maior competitividade em termos de manutenção da participação da empresa no

mercado (CORAL; OGLIARI; ABREU, 2013).

De acordo com o Manual de Oslo, uma inovação é a implementação de um

produto novo ou melhorado, ou um processo, ou ainda um novo método de

marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na

organização do local de trabalho ou nas relações externas (OCED, 2005).

Para Schumpeter, o desenvolvimento ocorre quando há inovações, que são o

motor do processo de mudança que caracteriza o desenvolvimento capitalista e

resultam da iniciativa dos agentes econômicos:

Produzir outras coisas, ou as mesmas coisas com método diferente, significa combinar diferentemente esses materiais e forças. Na medida em que as “novas combinações” podem, com o tempo, originar-se das antigas por ajuste contínuo mediante pequenas etapas, há certamente mudança, possivelmente há crescimento, mas não um fenômeno novo nem um desenvolvimento em nosso sentido. Na medida em que não for este o caso, e em que as novas combinações aparecerem descontinuamente, então surge o fenômeno que caracteriza o desenvolvimento. (SCHUMPETER, 1988, p.76).

O autor também diferencia invenção e inovação, para o autor uma invenção é

uma ideia, esboço ou modelo para um novo ou melhorado artefato, produto,

processo ou sistema, e uma inovação, no sentido econômico somente é completa

quando há uma transação comercial envolvendo uma invenção e assim gerando

riqueza (SCHUMPETER, 1988).

A inovação é uma das principais estratégias para garantir a sustentabilidade

das empresas. Diversas são evidências de que os resultados alcançados por

empresas que investem em inovação são positivos e, cada vez mais são definidas e

implementadas políticas públicas de incentivo às atividades inovadoras (CORAL;

OGLIARI; ABREU, 2013).

Nesse sentido, pode-se constatar a importância da inovação para o

desenvolvimento das organizações, ou seja, a empresa que quiser se manter viva

no mercado, deverá obrigatoriamente investir em inovação. Para entender melhor a

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inovação, é importante conhecer as suas tipologias, tema apresentado no tópico

seguinte.

2 TIPOLOGIAS DE INOVAÇÃO

Como se pode perceber, a inovação é aspecto essencial para o

desenvolvimento das organizações conforme se apresenta a seguir, as inovações

podem ocorrer através de duas naturezas, incrementais e inovações radicais.

Sobre inovações incrementais, segundo Tigre, elas abrangem melhorias feitas

no design ou na qualidade dos produtos, aperfeiçoamentos em layout e processos,

novos arranjos logísticos e organizacionais e novas práticas de compra e venda.

Elas ocorrem de forma contínua em qualquer indústria, embora possa variar

conforme o setor ou país em função da demanda, fatores socioculturais,

oportunidades e trajetórias tecnológicas (TIGRE, 2014).

No que se refere à inovação radical, segundo o Manual de Oslo, é o produto

ou processo cujas características, atributos ou uso diferenciam significativamente, se

comparados aos produtos e processos existentes. Tais inovações podem se basear

na combinação de tecnologias existentes para novos usos (OCED, 2005).

Quando uma inovação se difunde no mercado é possível identificar

oportunidades, desta forma ela se apresenta através de quatro tipos: inovações por

produto, inovações por processo, inovações organizacionais e inovações em

marketing (TIGRE, 2014).

Segundo o Manual de Oslo, a inovação em produto é a introdução de um

benefício ou serviço novo ou melhorado, em relação às suas características

originais. Incluem melhorias significativas nas especificações técnicas, componentes

e materiais, software interface com usuário ou outras características funcionais

(ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,

2005).

Quanto à inovação de processo, o Manual de Oslo classifica como a

implementação de um novo ou significativamente melhorado processo produtivo

(envolve técnicas, equipamentos e software utilizados para produzir benefícios ou

serviços) ou entrega (interesse na logística da empresa e embalagem do

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equipamento, software e técnicas para fornecer materiais, alocar suprimentos na

empresa, ou métodos de entrega de produtos acabados). Isto inclui modificações

significativas em técnicas, equipamentos ou software (ORGANIZAÇÃO PARA A

COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2005).

Segundo Tigre, as inovações organizacionais referem-se às mudanças que

ocorrem na estrutura gerencial da empresa, na forma de articulação entre suas

diferentes áreas, no treinamento dos trabalhadores, no relacionamento com

fornecedores e clientes, e nas múltiplas técnicas de organização dos processos de

negócios (TIGRE, 2014).

Quanto às inovações em marketing, o Manual de Oslo descreve que envolve

implementação de novos métodos de marketing. Tais inovações podem incluir

mudanças na aparência do produto e sua embalagem, na divulgação e distribuição

do produto em métodos para definir preços de benefícios e serviços

(ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,

2005).

Sendo assim, pode-se concluir que as organizações podem inovar através de

quatro aspectos básicos, além disso, a inovação pode ocorrer através de duas

formas, quais sejam inovação incremental e a radical. No entanto, é importante

salientar que a inovação radical é a que apresenta maior risco para o negócio, pois

depende da aceitação no mercado. Assim, uma inovação apresenta ao mesmo

tempo benefícios e desafios, assunto aprofundado no item a seguir.

3 BENEFÍCIOS E DESAFIOS DA INOVAÇÃO

Diante do mercado atual, inovar pode ser uma ótima estratégia quando se

pensa em fidelizar clientes, manter os antigos e conquistar novos. Para De Mattos e

Guimarães, a inovação tornou-se a “religião” industrial a partir das últimas décadas

do século XX. A partir disso, o mundo empresarial vê a inovação como a chave para

lucros e crescentes fatias de mercado (DE MATTOS; GUIMARÃES, 2013).

A Revolução Industrial no século XVIII foi um marco na história da inovação.

Foi considerado, inclusive, um divisor de águas. Neste período foram observadas

várias ondas de inovação, por meio da introdução das máquinas e equipamentos,

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novas formas de produção e surgimento de novas formas de organização da

produção (TIGRE, 2014).

Para Tigre, as inovações ocorridas na Revolução Industrial podem ser

agrupadas em três princípios:

[...] a substituição da habilidade e do esforço humano pelas máquinas – rápidas e incansáveis; a substituição de fontes animadas de energia por fontes inanimadas, em especial a introdução de máquinas para converter o calor em trabalho; e o uso de matérias-primas novas e muito mais abundantes, sobretudo a substituição de substâncias vegetais ou animais por minerais. (TIGRE, 2014, p. 5).

Oliveira salienta que por mais criativa e interessante que seja uma nova

proposta inovadora, ela simplesmente tenderá a fracassar, caso o mercado não

estiver disposto a pagar por ela. Geralmente acontece pela incapacidade das

organizações de entender exatamente qual a proposta do produto desenvolvido

(OLIVEIRA, 2013).

A inovação trouxe ao longo desses anos, vários impactos positivos para a

economia mundial e, principalmente para a indústria, como a automação da indústria

têxtil, o desenvolvimento da máquina a vapor, o desenvolvimento de novas

tecnologias, o surgimento de novos produtos mais resistentes e de fácil manuseio,

toda a modernização de mão-de-obra, que tornou os processos industriais mais

rápidos, podendo aumentar a produção/dia (TIGRE, 2014).

Conforme De Mattos e Guimarães, o desenvolvimento de inovações é

realizado por pessoas ou por um grupo de pessoas visionário. Ocorrem, entretanto,

que muitos fatores externos influenciam profundamente na quantidade, profundidade

e direção das inovações de uma comunidade. Entre os fatores mais representativos,

podem-se destacar o fluxo de informações entre pessoas, a receptividade a

mudanças e a disponibilidade de capital (DE MATTOS; GUIMARÃES, 2013).

Segundo Oliveira:

Muitas empresas, dependendo de seu posicionamento estratégico, objetivam tornar-se mais inovadoras, explorando territórios desconhecidos com propostas bastante originais, criando nichos e envolvendo milhões de pessoas. Esse objetivo, principalmente no que diz respeito a inovação radical, cada vez mais deixa de ser uma possibilidade e passa a se tornar um discurso obrigatório. Não se pode pensar mais em inovar

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essencialmente de forma incremental. A tecnologia cresce exponencialmente e a população hoje é sete vezes maior que a do século XVIII, tornando obsoleta a mentalidade da inovação puramente incremental. (OLIVEIRA, 2013, p.16).

A humanidade necessita de informações para produzir soluções inovadoras.

Não basta existirem inovações consolidadas, é necessário que elas cheguem ao

conhecimento de pessoas para que sejam utilizadas como base para o

desenvolvimento de novas ideias. Isso ocorre por meio de um fluxo de informações

obtidas no ambiente externo, seja por observação, seja por comunicação

interpessoal, experiências, viagens, cursos e assim por diante. Desse modo, o

potencial de inovação de uma população está diretamente ligado ao acesso que as

pessoas dessa comunidade, têm às informações disponíveis (DE MATTOS;

GUIMARÃES, 2013).

Os autores ainda descrevem que o desenvolvimento é fruto de um processo

contínuo de geração de novas soluções com base no fluxo de informações e na

aceitação dessas pela comunidade. Para que um produto ou serviço se torne

inovador, não basta que ela seja eficaz e, sim que tenha uma aceitação por seus

consumidores, as pessoas em geral tendem a ser conservadoras em relação a

mudanças, porque mudar implica em correr riscos, desafios e exposição ao

desconhecido. Portanto, seguindo essa linha de pensamento, quanto mais

profundas as mudanças menores são as chances de êxito no processo de inovação

(DE MATTOS; GUIMARÃES, 2013).

Para Schumpeter, o produtor cria necessidades e, os consumidores são

educados a querer coisas novas:

As inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra, de tal maneira que primeiramente as novas necessidades surgem espontaneamente nos consumidores e então o aparato produtivo se modifica sob sua pressão. Não negamos a presença desse nexo. Entretanto, é o produtor que, via de regra, inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados por ele, se necessário; são, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daqueles que tinham o hábito de usar. Portanto apesar de ser permissível, e até mesmo necessário considerar as necessidades dos consumidores como uma força independente e, de fato, fundamental na teoria do fluxo circular, devemos tomar uma atitude diferente quando analisamos a mudança. (SCHUMPETER, 1988, p.48).

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O autor destaca ainda que, o maior desafio da inovação, é fazer com que

seus serviços ou produtos supram as necessidades de seus consumidores, com um

baixo custo sem perder sua essência. Monitorar as necessidades por meio de

observação, não apenas olhando relatório e números, analisando tendências e

combinações que juntas abrem oportunidades para lacunas, ou “[...] espaços em

branco.” (SCHUMPETER, 1988, p. 51).

De acordo com Chiavenato, em um mundo carregado de mudanças e

transformações que se sucedem em velocidade crescente, ao contrário de grandes

empresas, que pelo seu porte e proporção, carecem de agilidade na tomada de

decisões e na escolha de novos rumos, os pequenos negócios destacam-se pela

facilidade nas manobras estratégicas e na mudança constante em seus mercados,

que envolve produtos e serviços. As principais características que os diferenciam

são agilidade, inovação e incrível rapidez de resposta, sendo invejadas por gigantes

corporações, que muitas vezes criam unidades menores para aproveitar essas

vantagens (CHIAVENATO, 2007).

Dessa forma, pode-se concluir que a inovação é importante na vida da

organização, é através dela que as empresas podem se diferenciar no mercado,

criando novos produtos, novos processos ou até mesmo aprimorando os já

existentes. Sendo assim, a inovação só tem a ajudar, quando se fala em

lucratividade e, melhor posicionamento de mercado, não basta ser inovador, o

mundo está cada vez mais exigente e, as inovações além de eficazes devem ser

aceitas pelo seu público alvo, para que ela se torne lucrativa, algo que é vital para

sua existência.

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia utilizada para desenvolver este artigo foi da pesquisa

bibliográfica, além disso, elaborou-se uma estudo de caso, desenvolvido em uma

empresa do ramo metalmecânico, localizada na região Noroeste do estado do Rio

Grande do Sul. Esta empresa está no mercado desde 1995, tem atualmente cerca

de 100 funcionários.

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Dentre seus principais produtos estão as centrais de concreto, usinas de

asfalto, usinas misturadoras a frio e equipamentos para a indústria de sementes, que

são: despendoador para milho, descarregador de milho, sistema de secagem, entre

outros.

A pesquisa tem por objetivo conhecer como é o processo de inovação de uma

empresa, bem como conhecer as dificuldades e desafios para se manter no

mercado. Para Marconi e Lakatos, o estudo de caso refere-se ao levantamento com

mais profundidade de determinado. Entretanto, é limitado, pois se restringe ao caso

que estuda, ou seja, não pode ser generalizado (MARCONI; LAKATOS; 2011).

Para a realização da pesquisa, entrevistou-se o engenheiro de produção

responsável, que atua há 8 anos na empresa, e desde 2013 é o gerente do setor de

Engenharia. É formado em Engenharia de Produção, e está cursando Engenharia

Mecânica e, MBA em Gestão de Projetos.

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

No decorrer do estudo, identificou-se que a empresa utilizou os dois tipos de

inovação, a incremental, quando aprimora produtos que já existem e, também a

inovação radical, quando cria novos produtos.

De acordo com o engenheiro responsável, o processo de inovação aplicada

ao produto geralmente inicia quando surge uma dificuldade citada por um cliente, ou

por experiência da direção técnica. Já no processo produtivo, surge através das

dificuldades citadas pelos gestores, colaboradores e fornecedores.

A principal barreira encontrada pela empresa é que nem sempre o mercado

está preparado para arcar com os altos custos que o processo pode gerar. Devido à

globalização e, a concorrência com diversas indústrias de diferentes países, o valor

final que o cliente quer investir já é fixado pelo mercado, e as empresas devem

concentrar esforços no processo produtivo, para inovar e ser competitivo no

mercado.

Para De Mattos e Guimarães, a inovação tornou-se a “religião” industrial a

partir das últimas décadas do século XX. E a partir disso, o mundo empresarial vê a

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inovação como a chave para lucros e crescentes fatias de mercado (DE MATTOS;

GUIMARÃES, 2013).

Na adoção de um novo projeto, a necessidade do cliente, a análise

mercadológica e a capacidade produtiva, são as principais fontes de informação

utilizadas pela empresa. Dessa maneira, há incentivo interno para que os

funcionários participem do processo, por meio de reuniões de análise crítica do

produto, das reuniões técnicas, a respeito de algum equipamento.

Durante o desenvolvimento do projeto, ocorrem reuniões de entrega técnica

de equipamentos e, nos registros gerados pela fábrica para a engenharia, são

pontuadas as opiniões sobre o processo produtivo e, como pode ser feito para

aprimorar a produção. Diante disso, o ambiente de trabalho favorece o surgimento

de novas ideias e criatividade, visto que quanto maior a experiência em determinado

ponto, mais surgem novas ideias.

Para facilitar o processo de inovação a empresa opta por promover visitas

técnicas em outras empresas e fornecedores, para ajustar determinados pontos que

tem dificuldade de produção, por exemplo. Nesses casos, a opinião dos

fornecedores tem sido de grande valia durante o processo produtivo, procurando

reduzir tempo, facilitar a execução do trabalho, reduzir custos, entre outros.

O desenvolvimento conjunto com fornecedores e clientes são normais no

ambiente de trabalho da empresa. Os clientes se envolvem mais em customizar o

produto que estão comprando, para que no ambiente que eles serão inseridos eles

se tornem diferenciados e/ou inovadores.

Para investir em um novo produto, a empresa analisa principalmente o

aspecto mercadológico, se atende ao mercado interno e externo, e se o mercado

“paga” o que este investimento irá representar para a empresa. Também é analisado

se a empresa tem capacidade de projeto e, de produção para este novo produto.

Segundo Oliveira, por mais criativa e interessante que seja uma nova

proposta inovadora, ela simplesmente tenderá a fracassar, caso o mercado não

estiver disposto a pagar por ela. Geralmente acontece pela incapacidade das

organizações de entender exatamente qual a proposta do produto desenvolvido

(OLIVEIRA, 2013).

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Como em todas as organizações, no decorrer do processo de inovação

surgem alguns desafios, dentre eles, os maiores são: influenciar as pessoas para

participar do processo e ser inovador, sendo competitivo com as demais empresas

do mercado.

Conforme De Mattos e Guimarães, o desenvolvimento de inovações é

realizado por pessoas ou por um grupo de pessoas visionário. Ocorrem, entretanto,

que muitos fatores externos influenciam profundamente na quantidade, profundidade

e direção das inovações. Entre os fatores mais representativos, podem-se destacar

o fluxo de informações entre pessoas, a receptividade a mudanças e, a

disponibilidade de capital da organização (DE MATTOS; GUIMARÃES, 2013).

Para o responsável a inovação é de suma importância para a empresa, no

sentido de manter a sua representação no mercado em que está inserida e, ser

competitiva com as demais empresas do mesmo ramo. Existem clientes que veem

somente o valor final do item ou do equipamento, e outros que consideram o quanto

uma diferenciação das demais empresas agregará valor ao trabalho, sendo assim é

necessário para a empresa, que ela esteja preparada para ambas as situações.

Percebe-se que a empresa está alinhada com as teorias estudadas no

decorrer deste artigo, e que se faz necessário gerar inovação para que possa se

manter ativa no mercado, sendo competitiva e agregando valor aos seus produtos.

CONCLUSÃO

Ao final deste artigo, pode-se concluir que uma nova ideia só é considerada

inovação quando traz resultados econômicos, ou seja, gera valor para as empresas.

Criar algo com alto índice de novidade, mas com baixos resultados econômicos não

é considerado inovação. Todo processo de inovação é essencial para o crescimento

das empresas, pois com o mercado em constante evolução, são necessárias

melhorias para acompanhá-lo.

O processo de inovação consiste principalmente em fazer com que as

empresas consigam alcançar os lucros e o crescimento desejado, e pode ocorrer de

duas maneiras, através de inovação radical, que diz respeito a algum produto ou

serviço totalmente novo, como também pode ocorrer de forma incremental, que é a

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melhoria de algum produto ou serviço já existente, para que a empresa tenha uma

melhor aceitação por parte do consumidor.

Dessa forma, ao concluir este artigo pode-se verificar que a empresa

estudada está atenta as mudanças do cenário atual, buscando através das

inovações uma maneira de manter-se competitiva, gerando lucro e, atendendo com

satisfação seus clientes.

Segundo a pesquisa elaborada na empresa, pode-se constatar que a

inovação é o que a sustenta no mercado, e isso se aplica diretamente na empresa

estudada. Inovar não é necessariamente criar algo novo, pode originar da melhoria

de um produto ou processo, apenas com a intenção de aprimorar algum ponto

específico, buscando ganhos econômicos.

A necessidade de inovar e se diferenciar dos concorrentes é cada vez mais

necessária, com a infinidade de opções que o mercado disponibiliza para as

pessoas, faz-se necessário inovar constantemente, visto que inovar significa facilitar,

fazer algo de uma forma mais fácil e eficaz. As organizações percebem cada vez

mais essa tendência, por isso, é necessário investimentos em áreas de inovação.

Com o estudo deste artigo, percebe-se que as empresas que forem

resistentes à inovação, estarão sujeitas a serem ultrapassadas pela concorrência,

pois inovar é o caminho para conquistar a competitividade. Com isso, recomenda–se

que este estudo seja realizado em outros ambientes empresariais, procurando

evidenciar as similaridades ou diferenças com os resultados aqui encontrados.

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RESPONSABILIDADE CIVIL E ÉTICA DO CONTADOR

Anelise Ines Ludwig Beuren1 Francileni Taini Schneider Bobato2

Guerli Adriana Hensel3

Paula Marjana dos Santos4 Catia Guadagnin Rossa5

RESUMO

O Contador é o principal responsável pela elaboração das demonstrações contábeis, estas necessitam ter a maior transparência possível, para poder apresentar de forma clara e fidedigna a realidade da empresa, pois a partir destas demonstrações que os gestores irão tomar as decisões que irão nortear o futuro da organização. A responsabilidade do contador não é apenas calcular impostos, mas estar atualizado com as frequentes mudanças que ocorrem na sociedade e principalmente em seu ambiente de trabalho para que possa atuar de acordo com a legislação em vigor. Diante deste contexto este artigo tem como objetivo demostrar quais as responsabilidade civis e criminais que o contador possui em relação a elaboração das demonstrações contábeis, também como a conduta ética adequada para a confecção destes demonstrativos. Para a elaboração deste trabalho utilizou-se das metodologias de pesquisa bibliográfica, onde que através da busca de referenciais em livros, revistas, sites e legislação em vigor, aborda-se os seguintes assuntos: Contabilidade, objetivos e funções, Ética e responsabilidade do contador e Responsabilidade civil do contador. Sabe-se que a contabilidade tem um papel muito importante para as empresas, pois ela é a principal ferramenta que auxilia na análise financeira e patrimonial. O Contador necessita ser um profissional confiável, aonde precisa desenvolver diversas habilidades para a sua atuação e para seu crescimento. A Responsabilidade Civil trata das obrigações e deveres dos profissionais de contabilidade, e a importância da ética no exercício da profissão.

Palavras-chave: Contabilidade – Contador – Ética - Responsabilidade Civil.

1 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 3º semestre. Faculdades Integradas Machado de [email protected].

2 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 3º semestre. Faculdades Integradas Machado de [email protected].

3 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis - 3° semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected].

4 Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis – 3° semestre. Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected].

5 Mestra em Desenvolvimento. Orientadora. Professora do Curso de Ciências Contábeis das Faculdades Integradas Machado de Assis. [email protected].

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INTRODUÇÃO

O profissional de contabilidade tem responsabilidades diante da sociedade e

da classe que o representa, tais como profissional, ética, civil, penal e tributária.

Com o passar dos anos, a contabilidade tem sofrido várias mudanças, onde as

informações contábeis estão em constante mudança, esta evolução vem da própria

necessidade do mercado, onde são necessárias informações cada vez mais

detalhadas e em menor tempo para poder tomar as decisões no momento certo.

O contador tem a necessidade de manter em sigilo todas as informações

fornecidas pelos seus clientes, mas tem como maior obrigação transcrever de forma

verdadeira as informações da organização nos demonstrativos contábeis, em caso

de manipulação dos resultados destas demonstrações, o profissional de

contabilidade pode ser responsabilizado cível e criminalmente, afim disto, este artigo

tem como objetivo trazer algumas das normas e deveres dos contadores para a

correta elaboração das demonstrações contábeis.

Para a realização deste trabalho utiliza-se da metodologia de pesquisa

bibliográfica, onde que a partir de leituras em livros, artigos, sites e da legislação

vigente, busca-se verificar o que estes autores têm a relatar sobre os assuntos

abordados.

No decorrer deste artigo, serão abordados a conceituação da importância da

contabilidade, seus objetivos e funções, qual a postura ética do contador, e as

responsabilidades cíveis na elaboração das demonstrações contábeis.

1 CONTABILIDADE, OBJETIVOS E FUNÇÕES.

A contabilidade vem tendo um papel muito importante para as empresas nos

últimos anos, deixando de ser utilizada somente para atender as exigências do fisco,

e se tornando uma ferramenta necessária e indispensável para a tomada de

decisões nas organizações:

A Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o

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fim de oferecer informações e orientação – necessária à tomada de decisões – sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. (FRANCO, 1997, p. 21).

A contabilidade tem como objetivo elaborar e interpretar as variações que

ocorrem no patrimônio, conjunto de bens, direitos e obrigações, das organizações,

através da mesma são oferecidas informações para a tomada de decisões internas e

externas da empresa, interpretando, registrando, estudando e controlando o

patrimônio econômico.

A contabilidade faz todos os registros das movimentações no patrimônio das

empresas, onde são feitos resumos em forma de relatórios que são passados para

os seus sócios, acionistas e todos os interessados pelos mesmos. Através dos

relatórios que são devidamente feitos e analisados é que são tomadas as decisões

para os futuros acontecimentos. Portanto, a contabilidade é a responsável por fazer

a escrituração, que são os registros em livros, e a devida apuração do resultado de

certo período da empresa (lucro ou prejuízo) para saber de sua condição.

Conforme Iudícibus “[...] objetivo básico da contabilidade, portanto, pode ser

resumido no fornecimento de informações econômicas para os vários usuários, de

forma que propiciem decisões racionais.” (IUDÍCIBUS, 1995, p. 21).

O principal objetivo da contabilidade é fazer com que cada grupo de usuários

possa avaliar a situação financeira e econômica da empresa para tomar futuras

decisões. As informações fornecidas são de natureza financeira e econômica.

Quanto mais as análises estiverem concentradas no passado e no presente, maior

será a importância das demonstrações contábeis.

Os tipos de usuários da contabilidade são os internos, como funcionários da

área operacional, gerentes, auditores e os externos, como o fisco, bancos,

investidores, acionistas. Franco descreve algumas funções da contabilidade:

A função é registrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objetivando fornecer informações, interpretações e orientação sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores. (FRANCO, 1997, p. 19).

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No atual cenário econômico, tem-se como principais funções da

contabilidade, registrar tudo o que ocorre nas empresas e que pode ser

representado em moeda; constituir um sistema para o controle das empresas; expor

para as entidades sua situação econômica, patrimonial e financeira, por meio de

relatórios, como por exemplo, o Balanço e o Balancete; avaliar os demonstrativos,

observando sempre a capacidade de liquidez, financeira, de resultados entre muitas

outras; buscar acompanhar os planejamentos das entidades, prevendo pagamentos

que serão efetuados, assim como também os recebimentos para evitar futuros

problemas.

Pode-se afirmar que a contabilidade compreende o registro dos fatos

contábeis e sua classificação, o controle da situação patrimonial e sua

demonstração e análise com foco no resultado, de maneira que possam ser

alcançados os objetivos previstos.

O Contador vem se tornando uma figura importante para auxiliar nas

atividades empresariais, com foco em oferecer um trabalho especializado,

procurando a satisfação e crescimento das empresas ou instituições:

O Contador tornou-se um consultor profissional confiável, cujo aconselhamento é solicitado para ampla gama de assuntos. Para ser bem-sucedidos, contudo, os Contadores precisam, atualmente, ser treinados de forma diferente. Além dos conhecimentos técnicos essências, o Contador da atualidade precisa também desenvolver habilidades relativas à comunicação, às relações humanas e à administração, criando um balanceamento adequado entre a formação teórica e a experiência prática. De forma ainda mais fundamental, o treinamento deve, doravante, ser baseado em dois polos: educação inicial e educação continuada. Este Grupo de Trabalho deve examinar como preparar Contadores para o desafio do futuro. (FRANCO; CARDOSO, 1999, p.82).

Segundo as palavras de Franco e Cardoso, o profissional contábil para ser

bem sucedido em sua atuação precisa ser treinado. Além do conhecimento técnico

precisa estabelecer relações criando uma oscilação adequada entre a formação

teórica e prática para depois preparar futuros contadores (FRANCO; CARDOSO,

1999).

O profissional de contabilidade deve ter presente em mente que o bom

desempenho de seu trabalho passa, pelo aprimoramento tanto em nível técnico

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como em nível pessoal. Portanto, estar atento às mudanças ocorridas podem

ampliar suas possibilidades de mercado:

O Contador deve assumir por si as funções enobrecidas na solução de conflitos, expressas na perícia e na arbitragem, mas, para tanto, deve trabalhar a si mesmo, seu horizonte mental, mediante uma abertura cultural apropriada de parte do conhecimento de outras áreas..., para, com as especifidades de sua ciência, formar um todo harmonioso e capaz de redundar em soluções para a sociedade. (ALBERTO, 1996, p.37).

Conforme as palavras de Franco e Cardoso, a profissão Contábil nos dias

atuais está crescendo e se fortalecendo. Esse crescimento indica que ela tem que

acompanhar sempre as mudanças no ambiente de profissão, manter-se atualizada

em termos de conhecimento e aplicar ferramentas conceituadas em oportunidades

adequadas. Mediante a isso, a sociedade precisa cada vez mais dessa profissão

para seus negócios, pois é bastante procurada pelas organizações governamentais

e semigovernamentais que precisam de assistência e consultoria nos mais variados

assuntos (FRANCO; CARDOSO, 1999). De Acordo com Passos,

É o profissional contábil, responsável pela utilização das demonstrações contábeis, filtrando as informações de acordo com a necessidade dos administradores em cada momento da gestão empresarial, pois a partir das informações atuais e do passado de uma empresa, é que se determina todo o planejamento e estratégias das futuras ações que determinam o sucesso da tomada de decisão. (PASSOS, 2016, p. 01).

Conforme Marion, a contabilidade “[...] coleta todos os dados econômicos,

mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de

relatórios ou de comunicados, que contribuem sobre a maneira para a tomada de

decisões.” (MARION, 2006, p. 23). O contador é o profissional responsável pela

elaboração das demonstrações contábeis e por utilizá-las como forma de auxilio na

tomada de decisões dos administradores, possibilitando assim um planejamento

estratégico futuro para auxiliar no crescimento das empresas ou instituições.

De acordo com a resolução do CFC Nº 560 de 28 de outubro de 1983,

Capitulo I - Das Atribuições Privativas dos Contabilistas:

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Art. l º O exercício das atividades compreendidas na Contabilidade, considerada esta na sua plena amplitude e condição de ciência Aplicada, constitui prerrogativa, sem exceção, dos contadores e dos técnicos em contabilidade legalmente habilitados, ressalvas as atribuições privativas dos contadores. Art. 2º O Contabilista pode exercer as suas atividades na condição de profissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de sociedade, de diretor ou de Conselheiro de quaisquer entidades, ou em qualquer outra situação jurídica pela legislação, exercendo qualquer tipo de função. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1983).

Essas funções poderão ser as de: analista, assessor, assistente, auditor,

interno ou externo, conselheiro, consultor, controlador de arrecadação, "controller",

educador, escritor ou articulista técnico, escriturador contábil ou fiscal, executador

subordinado, fiscal de tributos, legislador, organizador, perito, pesquisador,

planejador, professor ou conferencista, redator, revisor.

Essas funções poderão ser exercidas em cargos como os de: chefe,

subchefe, diretor, responsável, encarregado, supervisor, superintendente, gerente,

subgerente, de todas as unidades administrativas onde se processem serviços

contábeis.

2 ÉTICA E RESPONSABILIDADES DO CONTADOR

Assim como a sociedade, o espaço dos negócios também adota condutas ou

regras que devem ser seguidas diariamente, na teoria e na prática, pelo profissional

contábil, mantendo desta forma a ordem e o respeito entre colegas de trabalho no

exercício de suas atividades cotidianas. Para Nash, “Ética dos negócios é o estudo

da forma pela qual, normas morais pessoais se aplicam as atividades e aos

objetivos da empresa comercial.” (NASH, 2001, p. 6).

Nas empresas ou instituições, o conceito de ética é semelhante à da

sociedade, por este motivo necessita-se adotar uma postura ética tanto no ambiente

de trabalho como no convívio com a sociedade. Segundo Moreira,

O Comportamento ético por parte da empresa é esperado e exigido pela sociedade. Ele é a única forma de obtenção de lucro com respaldo da moral. Esta impõe que a empresa aja com ética em todos os seus relacionamentos, especialmente com cliente, fornecedores, competidores e

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seu mercado, empregados, governo e publico em geral. (MOREIRA, 2002, p.31).

Para orientar o profissional contábil, em 1996, o Conselho Federal de

Contabilidade aprovou o atual Código de Ética Profissional do Contador, atualizando

o Código de Ética Profissional do Profissional da Contabilidade de 1970. Segundo o

Código de Ética Profissional do Contador, CAPÍTULO I, Art. 1º “Este Código de Ética

Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os

Profissionais da Contabilidade, quando no exercício profissional e nos assuntos

relacionados à profissão e à classe.” (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO

CONTABILISTA, 2006, p.7).

O profissional contábil deve agir com ética em todas as suas ações diárias,

porem também deve responsabilizar-se pelos atos assumidos. Cafruni define

responsabilidade como:

O significado geral da palavra responsabilidade pode ser entendido como uma obrigação que alguém tem de assumir legal ou moralmente as consequências de seus próprios atos ou quando haja alguma vinculação legal ou contratual, por atos de terceiros. Assim responsável é a pessoa que assume a obrigação de reparar o mal ou dano que causou a terceiros. (CAFRUNI, 2005, p. 46).

Atualmente, o papel de um profissional contábil está muito acima de

simplesmente identificar e solucionar problemas. Ele precisa conhecer a realidade

da empresa e também a realidade do local onde a mesma esta inserida, para assim

poder corrigir as possíveis falhas que existem no processo de gestão. E assim, ele

ajudara a desenvolver a organização, contribuindo para o aprimoramento de sua

competitividade.

2.1 RESPONSABILIDADE CIVIL

A responsabilidade civil pode ser classificada em subjetiva e objetiva. Para

Gagliano, Filho, “A responsabilidade civil subjetiva é a decorrente de dano causado

em função de ato doloso ou culposo. Está culpa, por ter natureza civil, se

caracterizara quando o agente causador do dano atuar com negligência ou

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imprudência.” (GAGLIANO; FILHO, 2007, p. 13). Já a responsabilidade civil objetiva

pode ser caracterizada como,

Entretanto, há hipóteses em que não é necessário sequer ser caracterizada a culpa. Nesses casos, estaremos diante do que se convencionou chamar de “responsabilidade civil objetiva”. Segundo tal espécie de responsabilidade, o dolo ou culpa na conduta do agente causador do dano é irrelevante juridicamente, haja vista que somente será necessária a existência do elo de causalidade entre o dano e a conduta do agente responsável para que surja o dever de indenizar. (GAGLIANO; FILHO, 2007, p. 14).

As teorias da responsabilidade civil procuram encará-la como mera questão

de reparação de danos, fundada diretamente no risco da atividade exercida pelo

agente (FILHO, 2008, p. 15). O estudo das responsabilidades abarca um conjunto

de normas e princípios. Ela é utilizada em diversas situações na qual a pessoa física

ou jurídica deva arcar com as consequências de um ato, fato ou negócio danoso. Ou

seja, toda a atividade exercida pode acarretar prejuízos que geram a

responsabilidade (VENOSA, 2009).

De acordo com a interpretação da primeira parte do Art. 159 do Código Civil

de 1916 (“Art.159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o

dano”), regra geral mantida, porem com aperfeiçoamentos, pelo Art. 186 do Código

Civil de 2002, (Art. 186 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,

comete ato ilícito”). (CÓDIGO CIVIL, 2002, p.169).

Conforme Venosa, vê-se, por conseguinte, que foi acrescida a possibilidade

de indenização pelo dano moral, algo que há muito tempo é indispensável pela

sociedade e sendo sistematicamente rejeitado pelos tribunais. Causado o dano a

alguém, tem-se a obrigação de indenizá-lo, independentemente de omissão,

negligência, imperícia ou imprudência (VENOSA, 2009).

Isso se aplica nos casos de balanços elaborados com erros técnicos, onde os

profissionais agem sem ética provocando prejuízos para o cliente. Todo aquele que

causar dano a outrem comete ato ilícito e possui a obrigação de indenizá-lo.

No mundo contábil, fica visível que o terceiro é o cliente, visto que a ação ou

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omissão do escritório poderá acarretar o dano, dando-lhe a faculdade da

indenização. Aplica-se aos casos de trabalhos elaborados com erros técnicos, os

quais resultem em prejuízo para o cliente:

Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. (CÓDIGO CIVIL, 2002, p. 227).

Segundo o parágrafo único do art. 1.177 do Código Civil, no exercício de suas

funções, os contabilistas são pessoalmente responsáveis, perante os empresários -

clientes, pelos atos culposos e perante terceiros, solidariamente com o cliente pelos

atos dolosos. Para a responsabilização civil do contador, há de se observar três

requisitos preliminares: a conduta antijurídica (ilegal), a existência de um dano e a

relação de causalidade entre a conduta e o dano.

O art. 935 do Código Civil estabelece que “A responsabilidade civil é

independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do

ato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas

no juízo criminal.” (FRANCO; CARDOSO, 2009, p. 09). Conforme o novo Código

Civil de 2003, os profissionais de contabilidade juntamente com o cliente assumem

responsabilidade solidária, por seus atos ilícitos cometidos na gestão da empresa,

respondem na criminal e na área civil:

[...] como preposto do sócio numa sociedade e responde à empresa ou ao empresário pelos atos praticados com culpa, ou seja, quando não há intenção de provocar o dano no exercício de sua atividade, mas o provoca por imperícia, negligência ou imprudência, ou com dolo, quando o profissional praticar atos com intenção ou assumindo o risco de danos, denominado doloso. (OLIVEIRA, 2005, p. 70).

O profissional contábil não poderá realizar uma escrituração contábil

conforme a sua vontade ou de acordo com a vontade de seu cliente,

consequentemente, gerando lucros ou prejuízos não condizentes com a realidade da

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empresa, para assim reduzir o pagamento de impostos ou para conseguir

empréstimos bancários.

CONCLUSÃO

A contabilidade torna-se uma ferramenta essencial na gestão, através dela

que a os gestores possuem dados para tomada de suas decisões, dados estes que

necessitam serem verdadeiros e fidedignos, pois através destes se elabora o

planejamento a curto e longo prazo das organizações.

É primordial o papel do contador, profissional que necessita de perfil inovador

e participativo, tendo um papel de destaque, necessita de uma postura gerencial,

com o objetivo de fornecer informações ágeis para que os administradores possam

traçar estratégias para alcançar os resultados pretendidos.

Cabe enaltecer a necessidades destes profissionais sempre observarem os

ensinamentos recebidos em suas formações, atuar com ética e moral no exercício

de suas funções, compromissos estes assumidos junto a sua classe profissional.

Por fim, o profissional contábil precisa estar preparado para as mudanças

constantes do mercado atual, necessita se impor em algumas situações, onde que

os empresários gostariam de manipular dados das demonstrações contábeis, para

reduzir gastos com tributação, neste momento o contador não pode ser omisso com

este fato, pois esta assumindo grande parte da culpa se agir de forma imoral e

antiética, sendo responsabilizado por estes atos se forem constatados pelos órgãos

competentes.

REFERÊNCIAS

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