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Revista de Espiritismo | 1 Órgão da Federação Espírita Portuguesa Julho - Setembro 2008 | Ano 82 | Nº 77 Preço 2,50 Euros (IVA íncluido)

Revista Espiritismo n77

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Revista Espiritismo n77

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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 1

Órgão da Federação Espírita Portuguesa

Julho - Setembro 2008 | Ano 82 | Nº 77

Preço 2,50 Euros (IVA íncluido)

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A Federação Espírita Portuguesa prossegue na sua procura contínua para assegurar

uma divulgação eficaz do espiritismo… e uma das suas actividades para alcançar esse

objectivo é encontrar as sinergias possíveis para abrir mais portas … criando condições

benéficas para um número maior de associados.

Diz-nos Joanna de Ângelis que a todos “cabem neste momento graves compromissos

que não podem e nem devem ser postergados” – é chegada, portanto, a hora de cada

um de nós dar o seu contributo para que esta doutrina que abraçámos, siga adiante,

alargando o consolo e o conhecimento ao maior número possível de espíritos encar-

nados e desencarnados. Esta não é uma doutrina de valores materiais, mas no actual

estádio de evolução e integrados que somos num contexto social, sem eles dificilmen-

te encontraremos suporte que nos permita fazer passar a palavra além do nosso lar ou

das 4 paredes do nosso Centro. Seja um elemento activo e participante nas activida-

des funcionais e de divulgação da FEP. Ajude-nos a encontrar essas sinergias!

Angariação de Novos Sócios

Coloque num mealheiro, os 0.50€

que pagaria por mais um café

durante o dia, e no f im do mês

pode fazer um novo sócio!

S e a i n d a n ã o é s ó c i o d a F E P. . .. . . f a ç a - s e s ó c i o !

Se já é, ofereça essa possibilidade a um verdadeiro amigo – faça-o sócio da FEP!

Mande um e-mail para a Federação Espírita Portuguesa e peça a ficha para

um novo sócio : [email protected] ou telefone: 214 975 754

Quota mínima anual: 18€, que poderá pagar semestral ou anualmente.

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>> Neste Número// Editorial - “As Novas Leis” pag.04

// LIVRESP - Em Destaque... pag. 05

// Entrevista - Divaldo Franco Responde ... pag. 06

// Ciência - A Ciência e as Leis da Natureza pag. 09

// Saúde - A Cura pag. 12

// Doutrina - A Imutabilidade das Leis de Deus pag. 14

// Factos e Opiniões - A Actualidade Epistemológica de “A Génese” pag. 17

// Doutrina - A Geração Nova pag. 20

// História - A Génese fez anos... pag. 24

// História - O Espiritismo não faz Milagres pag.26

// Noticiário pag. 29

// DIJ - Departamento Infanto Juvenil pag. 32

// Directório pag. 34

Colaboradores > > > Alda Albuquerque; Divaldo Franco; Francisco Ribeiro da Silva; Francisco Xavier Marques; Jorge Gomes; Mª Emília Barros; União Espirita Região Lisboa; União Espirita Região Porto

OS ARTIGOS SÃO DA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES.

Director > Vitor Mora Féria | Propriedade, Administração e Edição > LIVRESP - Espírita Lda., Casal de Cascais, Lote 4, R/c-A, Alto da Damaia,

2720-090 Amadora, Portugal. Tel: 214 975 754. Fax: 214 975 777. E-mail: [email protected]. Registada na Conservatória do Registo

Comercial da Amadora sob o nº 9959, Capital social: 5000 Euros | Paginação > Sandrine Boebaert | Impressão > SIG - Sociedade Indústria

Gráfica, Lda. | DGCS - Registo nº 120833 | Depósito Legal nº 112853/97 | Tiragem > 1500 exemplares

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E D I T O R I A L

Ed

ito

ria

lAs Novas Leis

Dando corpo e trazendo luz às leis imutáveis e eternas criadas por

Deus, os espíritos apresentam-nas como as novas leis, através da

compilação e sistematização que Allan Kardec haveria de fazer

publicar, aos 6 de Janeiro de 1868, sob o título “A Génese”.

É, sem dúvida, um Tratado, onde as mais diversas vertentes, de

ordem filosófica e científica, são abordadas segundo o paradigma

espírita de compreensão da realidade.

A ciência avança, hoje, célere, confirmando com terminologias

actualizadas algumas dúvidas que, à época, não era possível

confirmar; as revelações quântica, biomolecular, telemática,

trazem-nos confirmações que Allan Kardec considerava prováveis,

certo que estava das deficientes teorias humanas; e o Espiritismo

prossegue, lado a lado, com o conhecimento conciliando, conforme

previsto desde o início, a relação existente entre o mundo espiritual

e o mundo material.

Mantenhamos, então, nossas mentes abertas à mudança,

actualizando-nos de forma consciente e nossos espíritos ocupados

na concretização do Bem!

“O estudo e o trabalho são as asas que facilitam a evolução do Ser”,

Joanna d’Ângelis

Os pedidos destas edições devem ser feitos através do fax: 214 975 777 ou do e-mail: [email protected]

Codificação e outras ObrasDisponíveis algumas das edições de obras da Codi-

ficação Espírita, editadas pela FEP. Recordamos que

estão também disponíveis, através da LIVRESP,

grande parte dos clássicos da doutrina. Não deixe

de nos contactar!

CD’s e DVD’sPara aqueles que têm mais dificuldade em concen-

trar-se na leitura ou têm pouco tempo... aproveite

enquanto viaja ou enquanto prepara uma re-

feição... Em ocasiões especiais, ofereça palavras

de libertação!

Revista de Espiritismo Edição trimestral, distribuída a Assinantes

individuais e Instituições Espíritas.

Envie-nos as questões, sugestões e/ou comentários

que considere adequados, através do e-mail:

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>> A LIVRESP informa:

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Divaldo Franco responde...

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são várias as teorias formuladas e aceites por muitos ao longo dos tempos. no entanto, diz-nos kardec em a “a génese” - “a teoria da condensação da matéria cósmica é a que prevalece hoje na ci-ência como sendo a que melhor se justif ica pela observação e que se apoia sobre o grande princípio da unidade universal”.P1: Poderia comentar e esclarecer melhor este con-ceito? Na actualidade, com os conhecimentos que a Física nos traz, continua a ser válida esta Teoria?Permanece perfeitamente válida a conceituação apresentada pelo insigne codificador a respeito da condensação da matéria cósmica, tendo-se em vista que, no conceito da física moderna, a matéria é ener-gia resfriada (ou congelada), enquanto que energia é matéria desagregada. Por outro lado, os modernos astrofísicos informam que à medida que algumas ga-láxias são absorvidas pelos buracos negros, outras se condensam da poeira estelar (ou cósmica). Atualiza-ram-se as palavras em face das descobertas contem-porâneas, mantendo-se o mesmo princípio. “A Terra está em pleno trabalho de gestação do progresso moral. Aí residirá a causa de suas maio-res comoções. (…) as maiores perturbações serão causadas pelo homem e não pela natureza, i.e., se-rão mais morais e sociais que físicas”P2: Sabemos pelos relatos da espiritualidade que a terra se prepara para fazer a grande transição, o que, de alguma forma, confirma a citação anterior … gostaria de comentar?Considerando-se a Lei do progresso, tudo evolve, desde o átomo primitivo até o arcanjo. Desse modo, também geologicamente a Terra experimenta mu-danças físicas significativas, para tornar-se o habitat compatível com o processo de evolução para mundo de regeneração.

Os atuais cataclismas que periodicamente a assolam, a movimentação contínua das placas tectônicas, as alterações climáticas lentamente criam um novo orbe, no qual os Espíritos que a habitarão, já não so-frerão os impactos da lei de destruição, que arrebata coletividades inteiras, auxiliando-as no processo de depuração das mazelas morais.Neste ínterim, embora a insânia humana, filha per-versa do egoísmo, que vem gerando graves proble-mas para a vida no planeta, conforme a conhecemos, os Espíritos nobres que cooperam com Jesus, vêem providenciando a reencarnação de missionários do Bem em todas as áreas, a fim de que o progresso mo-ral não seja perturbado. Nesses futuros tempos já não se sofrerão as calamidades coletivas conforme sucede em nossos dias. O egrégio codificador conse-guiu penetrar com muita sabedoria na informação dos Guias da humanidade, ao abordar a questão, confirmando que as grandes alterações serão mais morais e sociais que físicas, embora essas últimas já estejam acontecendo. Nesse porvir, o amor reinará por fim entre os seres humanos e os seus irmãos dos demais reinos da Natureza.“Na análise de corpos orgânicos a Química recu-pera os elementos construtivos: oxigénio, azoto e carbono; porém ela não os pode reconstituir, porque não existindo a causa, ela não pode re-produzir o efeito, ao passo que pode reconstruir uma pedra”.P3: Fala-se aqui do princípio vital… princípio vital e espírito são a mesma coisa?3.1. Como se dá a sua ligação à matéria, mais pro-priamente, ao corpo humano?3.2. E quando o corpo morre, o que acontece?O princípio vital não é a mesma realidade que o Es-pírito. Podemos dizer que ele é o psiquismo divino

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que a tudo penetra , dando lugar ao surgimento da vida. Transcendente na sua origem, faz-se imanen-te na sua manifestação. Por sua vez o Espírito é o princípio inteligente do Universo. (Questão nº 23 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec)Não possuindo a matéria em si mesma espontanei-dade, quando o princípio vital a aciona, o fatalismo de que se constitui altera-se, adquirindo expressão viva, passando pelas inúmeras transformações e mutações necessárias à finalidade que lhe é desti-nada. Desde o momento da fecundação do óvulo, o princípio vital que lhe é imanente, faculta o cam-po propiciador à ligação do Espírito através do seu perispírito, na modelagem do futuro corpo que ali se origina. Quando ocorre a morte ou desencarna-ção, o princípio vital se exterioriza , por faltar-lhe elementos de fixação em face do desligamento do Espírito, e dilui-se, voltando ao campo da energia que vige no Universo.

Teoria da Presciência (conhecimento do futuro)P4: Como é possível aceder-se a informação que ainda não aconteceu?4.1. O conhecimento do futuro é benéfico ao Ho-mem?O conhecimento do futuro, por enquanto, não auxi-lia o desenvolvimento ético-moral das criaturas hu-manas, ainda aferradas ao crasso materialismo, aos interesses imediatistas. Se fora viável que isso acon-tecesse a Divindade não o velaria com a delicadeza da parcial impossibilidade. Nada obstante, pode-se penetrar, de alguma forma, no conhecimento do fu-turo, mediante deduções lógicas dos acontecimen-tos, inspiração e percepção mediúnica. A medida do tempo é sempre relativa, seja ele observado do pon-to de vista fisiológico, psicológico, terrestre…

Os acontecimentos encontram-se mais ou menos es-tabelecidos como resultado dos efeitos das acções praticadas pelos seres humanos e pelo determinismo programado pela Divindade. Sempre que se torna útil penetrá-lo, o fenômeno ocorre, proporcionando meios hábeis para evitar-se o mal e gerar-se os factores que promovem o progresso e a felicidade.“Já não é mais somente o desenvolvimento da inte-ligência que os homens necessitam; é a elevação do sentimento e por isso é preciso destruir tudo quanto possa excitar neles o egoísmo e o orgulho. (…) é um momento universal no sentido do progresso moral.(…) a geração futura, desembaraçada das escórias do velho mundo e formada por elementos mais purif icados, encontrar-se-á animada por ideais e sentimentos completamente diversos dos que são adoptados pela geração presente, que se retira a passos de gigante”.P5: Estas afirmações, feitas há 140 anos atrás, pare-cem-nos muito actuais. De facto, começam a notar-se diferenças significativas nas nossas crianças. O que se lhe oferece dizer-nos?Já vivemos o período que precede esses vindouros dias, ao observarmos os Espíritos que ora se reencarnam no planeta, demonstrando, em plena infância, o desenvol-vimento moral e espiritual de que são portadores.Sem qualquer sombra de dúvida, trata-se da geração nova, a que se refere o mestre de Lyon, que vem de outra dimensão onde já reinam a paz e a felicidade, a fim de auxiliar a mudança de estado da nossa querida mãe-Terra para melhor. Que possamos contribuir com a nossa migalha de amor e de dignidade que seja, a fim de que não se demore de chegar esse período de rege-neração.

Mannheim (Alemanha), 15 de Maio de 2008.

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A ciência e as leis da natureza Por Jorge Gomes

À medida que a história se desenrola nos palcos da Terra, a conquista de conhecimentos sucede--se em vagas sucessivas. E onde a ciência pára com receio de errar, o Espiritismo avança…

Às vezes, conhecimento parece uma cidade com edifícios que ameaçam ruir e carecem de rectifica-ção. É quase como se se voltasse a ouvir a voz do poeta, «mudam-se os tempos, mudam-se as von-tades». O conhecimento dito científico é algo muito recente na história milenar da humanidade. Ainda gatinha, como um bebé. Esta forma de conhecimento só sur-ge quando muitos outros patamares de apreensão do saber – empíricos, técnicos e quejandos – propor-cionaram às mais diversas sociedades recursos para sobreviverem e depois progredirem. Por vezes até

surgem por revelação, quando os Espíritos sopram ideias renovadoras nas comunidades humanas a muitos níveis de actividade. Como não querem sa-ber de direitos de autor, passam despercebidos. Posto isso, não há dúvida de que “A Ciência tem por missão descobrir as leis da Natureza”, conforme diz Allan Kardec em «A Génese». E como essas leis são obra de Deus, a ciência em última instância vai dan-do recursos ao ser humano para perceber melhor o funcionamento deste grande e complexo relógio que é o universo, esteja ele para fora dos seus olhos ou no mundo íntimo da sua consciência.

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Como a descoberta das leis da natureza se faz passo a passo, por vezes até em terreno escorre-gadio, o que acontece é que há “verdades” cien-tíficas de hoje que o não são amanhã.Por isso, o conhecimento científico, como cons-trução humana, procura uma forma de avançar sem erros, o que faz com que siga devagar e se-gundo as regras ditadas por quem o controla.

O cientista e a ciência

Entra aqui o papel do cientista que é apenas um homem ou uma mulher, não é um robot me-canizado, sem paixão, nem sentimentos, nem convicções. Por isso, vemos cientistas – e outros que dizem sê-lo e não o são – que argumentam afirmando por exemplo que a vida não continua após a morte do corpo físico e que a reencarna-ção não faz sentido. E encontramos outros cientistas credenciados que realizam trabalhos, publicam-nos, susten-tam-nos no universo da seriedade e até criam es-cola de investigação científica a dizerem, só com factos, sem palavras especulativas, que a reen-carnação faz sentido e logicamente, por conse-quência, a continuidade da vida após a morte, indo até à comunicação dos espíritos. Isto liga-se a uma afirmação de Allan Kardec, quando deixa escrito no livro «A Génese», Cap. X: “O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria; admite tudo o que o se-gundo admite; mas, avança para além do ponto onde este último pára. O Espiritismo e o mate-

rialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, diz um: «Não posso ir mais longe.» O outro prossegue e descobre um novo mundo.”Para a doutrina espírita, só faz sentido pensar com fé se esta for raciocinada, ou seja, se se sustentar em factos. Como é impossível neste momento da evolução palmilharmos quilómetros na estrada do conhecimento em pouco tempo, há aquilo que cada um por si considera “verdades adquiridas” – as que derivam directamente dos factos – e as “verdades temporárias”, reunindo-se aqui as lucubrações me-nos próximas da realidade. As mais distantes dos factos geralmente redundam em disparate. Estes pontos oscilam de acordo com cada um, de forma mais realista ou menos consistente. É a “ma-turidade do senso moral” que determina isso.

O homem-macaco

Por altura de 1859, o protagonista da teoria da evolu-ção das espécies, Charles Darwin, era ridicularizado nos jornais ingleses com uma caricatura de homem-macaco. E isso apenas porque percebeu que todas as espécies de seres vivos podiam ter uma ligação evolutiva, como hoje se sabe através de estudos fi-logenéticos de laboratório. Esta ligação entre toda a vida está patente em vá-rias obras de Allan Kardec. Fará sentido perceber nessa expressão a interacção entre o corpo físico e o corpo espiritual dos seres vivos, em cuja embarca-ção o princípio inteligente evolui como o molde e a forma, na descrição do espírito André Luiz em «Evo-

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lução em dois mundos», psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.As mudanças evolutivas terão sido impulsionadas, diz o autor, por modificações no corpo espiritual que vieram a repercutir no desenvolvimento do cor-po físico, complementando as mutações genéticas referidas pela teoria ensinada nas escolas e que jus-tificarão as adaptações dos organismos aos meios favoráveis à sua sobrevivência. É evidente que a condicionante genética de cada ser existe, e faz parte do programa da evolução. Nes-se percurso, o princípio inteligente, o rudimento do Espírito que anima o ser humano, dotado de livre-arbítrio, exercita a sua escassa liberdade de acção guiado na sua sobrevivência pelos instintos. Os instintos diferem da inteligência em muitos pontos. Eles são automáticos, certeiros, enquanto o exercício do intelecto tem de ser arquitectado e é falível. Se o primeiro não engloba senão escassa margem de liberdade de acção, esta na inteligência é muito maior.Uma cegonha a construir o ninho fá-lo por instinto, mas um orangotango se não aprender com a mãe a fazer uma cama de ramos dobrados, ou um guar-da-chuva de folhas largas em plena floresta, jamais colherá benefícios dessa prática, pois não a saberá executar. Aquela ideia de que os animais não raciocinam hoje sabe-se que está errada. Tudo se encadeia na natu-reza, do átomo ao arcanjo, dizem as entidades espi-rituais. E esses seres vivos estão bem mais próximos do nosso estado do que geralmente gostamos de imaginar.

Nesta pista de aprendizado geral, é como se o ADN, responsável pela hereditariedade, criasse linhas de conduta que orientassem o princípio in-teligente a enriquecer a sua experiência de vida. Veja-se também o exemplo das galinhas-de-água, animais selvagens que vivem nos charcos e nas margens de ribeiros. Reproduzem-se na Primavera, altura em que podem criar meia dú-zia de juvenis. Como crescem depressa, no Verão já poderão estar com a dimensão dos pais, mais acinzentados do que negros, e tratam da segun-da geração do ano, ajudando a alimentá-los. Uma outra ave parecida, o galeirão-comum, no mes-mo ambiente, tem uma estratégia semelhante, só que está orientada para ter ninhadas maiores. A pressão das crias, por vezes 15 ou mais, que pe-dem constantemente alimento aos progenitores faz com que a dada altura estes distribuam algu-mas bicadas. Por fim, uma ou outra cria adoece e perde a vida. No caso, a tendência é genética, mas numa certa medida cada ser ganha experiência de vida, al-cança patamares superiores na espiral de evolu-ção em que todos estamos matriculados, ainda que não acredite nisso. E a liberdade de agir cresce, cada vez mais à me-dida em que se reúnam mais condições de a usar como ferramenta capaz de angariar mais afecto e sabedoria no imo do ser. Com ou sem conhecimento científico, a vida sobe mais alto e as estrelas a tudo assistem como se um dia fôssemos capazes de iluminar tão longe quanto elas o sabem fazer.

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Desde sempre e de acordo com culturas e civiliza-ções, técnicas diversas foram usadas para a promo-ção da saúde, algumas mais cruentas outras mais suaves, sendo que era sempre o organismo com o seu amontoado de células e reacções químicas di-versas, o fulcro da atenção dos investigadores.

O facto de o corpo ter capacidade de se auto curar de forma espontânea e de manter um comportamen-to dinâmico e mutável, responsável por uma esta-bilidade “caótica”, levou os cientistas a conceber a existência de uma “força vital”, responsável pelos processos subtis e desconhecidos de regulação e de respostas biológicas aos estímulos externos.

O conceito de “força vital” ou “energia vital” está e esteve sempre presente de formas diversas nas medicinas orientais e esse fluxo circula no corpo humano através dos meridianos, que mais não são do que uma rede de condutos microscópicos por onde o corpo físico fica ligado com o corpo etéreo, constituindo o interface físico etéreo.

Esse sistema de canais é o transportador de ener-gia subtil e vital, para os diversos órgãos e tecidos do corpo, sendo que as anomalias energéticas do corpo etéreo e do sistema de meridianos de acu-punctura, são as percursoras das manifestações físico celulares da doença.

Os chacras, centros especializados de energia dos corpos subtis, estão conectados ao sistema ner-voso e glandular, através de uma fina trama de matéria energética subtil a que os yoguies dão o nome de nadis. Diversas fontes enumeram cerca de 72.000 nadis ou canais etéreos de energia, des-critos na anatomia subtil dos seres humanos. Os chacras funcionam como desmultiplicadores das energias subtis e traduzem essa energia superior

Tão antigo quanto o

homem é o esforço que

este tem feito quando

ameaçado, para se manter

vivo e saudável.

A Cura Por Francisco Ribeiro da Silva

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(ou de frequência mais alta), em uma energia de frequência mais baixa, que actua a nível das glân-dulas hormonais e do sistema nervoso do corpo fí-sico. Além do corpo físico, é considerada a existên-cia de um corpo etéreo e de um corpo astral, que são semelhantes ao corpo físico mas constituídos por matéria mais subtil, sendo que a matéria do corpo astral será mais subtil que a do corpo etéreo.Na bibliografia esotérica os chacras são centros de energia ou veículos de energia de alta frequência pertencentes ao corpo etéreo.

As disfunções do corpo astral, devidas a desequilí-brios emocionais, podem prejudicar o fluxo ener-gético através dos chacras, que posteriormente poderão vir a originar desequilíbrios endócrinos que serão consubstanciados em doenças físicas, do foro psíquico ou psicológico. Aliás, em neu-roimunopsiquiatria, já são considerados os pen-samentos como mensageiros que poderão ser os arquitectos da saúde ou da doença, consoante o ser o humano os queira ou os aprenda a utilizar.

Por esse facto, temos de ter grande apreço pela forma como utilizamos a nossa forma de pensar.Sendo que a imaginação é criadora, podemos den-tro das normas de bem estar social, físico ou men-tal, adquirir a saúde ou tratar uma doença ou pelo menos ter uma qualidade de vida que nos permita desenvolver as actividades para que renascemos nesta encarnação, sem o perigo de as não virmos a concretizar por mau uso ou desuso das nossas capacidades mentais.

Em o livro a Génese, no tema “Curas” podemos ler…” o perispírito pode fornecer ao corpo os prin-cípios reparadores; o agente propulsor é o Espíri-to, encarnado ou desencarnado que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância do

seu envoltório fluídico. A cura opera-se pela substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. A potencia curadora estará, pois, podemos em razão da pureza da substância inoculada; ela depende da energia da vonta-de, a qual provoca uma emissão fluídica mais abundante e dá ao fluido uma força maior de penetração; depende, enfim, das intenções que animam aquele que quer curar, quer seja ele Homem ou Espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura são como substâncias médi-cas alteradas.”

Podemos ver que há 140 anos, o livro “ A Gé-nese” já nos falava de física quântica quando propunha a “substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã”, focava o poder do pensamento como criador e curador, ao chamar a atenção das “intenções que animam aquele que quer curar”. Temos não só nas medicinas orientais, chinesa, ayurvédica, tibetana, egíp-cia, bem como nas terapias homeopática, floral e fitoterapia, um acervo de informação cente-nária e milenar que nos permitem ver o mundo e a vida de uma forma mais alegre e confiante, pois sabemos que se quisermos, podemos ser saudáveis física e psicologicamente. As actuais neurociências e todo um esforço de investiga-ção, caminham actualmente no sentido de dar uma explicação científica a toda a informação que era considerada, fantasiosa e de menor cre-dibilidade.

A nova perspectiva da ciência, descrevendo a matéria como substância composta de partícu-las, que são por sua vez pontos de luz conge-lada, veio “descongelar” uma enorme gama de conhecimentos milenares e centenários que são cada vez mais actuais na medicina do presente e do futuro.

A C U R A

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A IMUTABILIDADE DAS LEIS DE DEUS

Pela União Espírita da Região de Lisboa

Deus é amor (I João, 4:8 e 16).

Essa é a maior e mais autêntica das convic-ções que nos guia, qual fio de Adriane, através do incomensurável das Leis Divinas, que são o reflexo da dimensão infinita do Criador.

Ouvimos os Espíritos Superiores, através de O Livro dos Espíritos, que “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”; e, mais à frente, os mesmos tutores espiritu-ais da humanidade, acrescentam que o ter-mo “infinito”, aplicado a Deus, é uma amos-tra da pobreza linguística que nos caracteriza e é incapaz, de todo, de definir a magnitude do Criador, que está além de qualquer parâ-metro humano. Ou seja, “Deus transcende a razão humana, mas não está contra ela” – como afirmava Blaise Pascal.

Mas ainda assim, tentando definir o indefiní-vel, e dentro da clausura das nossas palavras e dos quadros intelecto-culturais, a nossa ra-zão considera que o Criador terá de ser abso-luto, em todos os seus atributos, de forma a manter a integridade e o equilíbrio, desde os infinitamente pequenos aos infinitamente grandes. Ora, Deus, além de eterno, é imutá-vel, porque se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não seriam es-táveis.

“A inteligência da Natureza”, diz-nos o Prof. Herculano Pires, “contrasta chocantemente com a estupidez dos homens. O equilíbrio ecológico perfeito, medido rigorosamen-te na dosagem certa dos elementos que o compõem, parece a obra de uma equipa de especialistas” – p.e., a composição do ar que respiramos, e as proporções de oxigénio e hi-drogénio na composição da água. As Leis Di-vinas, imutáveis como o próprio Criador, são

muitíssimo diversificadas nos seus efeitos, ul-trapassando, e muito, a nossa actual compre-ensão.

Ao mergulharmos nas páginas da obra de Allan Kardec, A Génese – os milagres e as predições segundo o Espiritismo, encontramos uma vi-são totalmente inovadora para a época (mui-to embora alguns vultos do passado, como Sócrates, Platão, Giordano Bruno, etc., já tives-sem abordado alguns dos conceitos expressos na obra). Uma visão demonstradora das Leis sábias e eternas que regem o Universo, e que, por serem perfeitas, não precisam, jamais, de serem derrogadas.

Lembremos que A Génese foi publicada a 6 de Janeiro de 1868, e, então, como agora, as esco-las religiosas cultivavam um determinado tipo de “milagres”, como um sinal de bondade divi-na que, por amor aos homens, faz cair tempo-rariamente, uma ou várias das leis conhecidas, que regem o Universo, para que um prodígio possa acontecer.

Estas ocorrências, pretensamente sobrenatu-rais, estão na base de grande parte das crenças e manifestações de fé de algumas religiões. O entendimento espírita, contudo, vem ofere-cer algo mais, em termos do funcionamento geral do Universo, ao demonstrar que Deus, qual supremo “motor imóvel”, criou todas as formas, bem como o que as anima, através de dois princípios fundamentais: o princípio ma-terial (Fluido Cósmico Universal) – substância primordial do Universo de onde derivam todas as formas e estruturas que constituem o cha-mado mundo material; e o princípio espiritual que, como o nome indica, é a matriz da essên-cia dos seres que rumam da ignorância aos pa-ramos mais elevados da perfectibilidade.

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A I M U T A B I L I D A D E D A S L E I S D E D E U S

Todas as forças que estão presentes nestes fenómenos construtivos e definidores da re-alidade, e que recebem na Terra, os nomes de atracção, afinidade, gravidade, coesão, etc., são forças que se inserem na lei divina univer-sal, e, como tal, são tão imutáveis quanto a própria criação, sendo o garante da total har-monia e consistência do Universo.

Com esta nova visão (espírita), deixa de fazer sentido falar em sobrenatural, na medida em que nada se passa fora das Leis Divinas. O que acontece, não raras vezes, nas situações em que ocorrem fenómenos ditos “miraculosos”, é um desconhecimento mais amplo e correcto em torno do real limite específico das leis apli-cáveis a essas ocorrências. Mas quando ad-quirirmos, no geral, uma maior ciência sobre os processos que levam a tantos fenómenos que frequentemente nos deslumbram, todo o sobrenatural cairá, dando lugar ao entendi-mento, livre de superstição ou atavismo.

O milagre, do ponto de vista da ortodoxia re-ligiosa, que o entende como derrogação da lei divina, não faz sentido. E por quê? Porque seria uma demonstração da insuficiência da Lei, o que, como é óbvio, colocaria o espectro da imperfeição em torno do Criador, criando o anátema.

Coisa bem diferente é estar certo de que as Leis Divinas, de tal forma impregnadas de amor, estão preparadas para regular e, ao mesmo tempo, amparar a actividade huma-na e natural, em todos os tempos e lugares. Para isso, Deus decretou as leis físicas, para reger o mundo da matéria, e as leis morais, para regular o Espírito. As primeiras são ob-jecto de estudo dos cientistas, enquanto que as segundas são estudadas e praticadas por todos os homens de bem.

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Quando o Homem descobre uma nova carac-terística ou aplicação da Lei, ele a considera, por algum tempo, um prodígio. Mas quando entende que ela é aplicável de modo geral, passa a considerá-la parte da Lei. Diariamen-te somos observadores de milagres, como as conquistas da ciência, um ocaso, uma maré, o argênteo da Lua, um cometa que risca os céus, uma cirurgia curadora, o canto das aves, o sorriso de uma criança, a leitura em torno das curas do Cristo…

Estes são os verdadeiros milagres, isto é, coisas admiráveis, dignas de serem vistas e sempre dentro da Lei. Deus é amor, e as suas leis expressam esse amor inesgotável.

Para nós, espíritas, não é necessário acreditar que Deus muda as leis para nos beneficiar, e que isso prova o seu amor por nós; porque já vamos conseguindo entender que o Pai mos-tra o seu amor e zelo por todos, através de leis amplas, imutáveis e justas que, em todos os momentos, nos orientam na Sua direcção, neste Universo, todo ele, feito de Amor.

Referências bibliográficas:1. KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos, ed. LAKE2. PIRES, J. Herculano, Concepção Existencial de Deus, ed. Paideia

A I M U T A B I L I D A D E D A S L E I S D E D E U S

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No momento em que se comemoram os 140 anos de

«A Génese» não é despropositado afirmar que estamos

perante uma das obras da epistemologia espírita menos

compreendidas e exploradas por parte dos espíritas... >>

A actualidade epistemológica de «A Génese…» Por Francisco Xavier Marques

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sua legitimação no verbo divino. Todos sabemos o quanto este modelo influencia o inconsciente colectivo ocidental, povoando-nos de vícios e de resistências de difícil erradicação. Na verdade, esta atitude representa a preguiça mental dos seus adeptos, i. e., a forma mais confortável de evitar o trabalho intelectual sobre os princípios que constituem a doutrina no confronto com a ciência, representa, sobretudo, o mais completo desconhecimento da forma revolucionária como o Espiritismo concebe o conhecimento, sendo claramente uma resistência ao devir do mundo em toda a sua extensão. Os movimentos que se opõem a esta posição geralmente não evitam os radicalismos de quem tudo quer reduzir ao do-mínio do puramente científico e objectivável do ponto de vista empírico, excluindo, igualmente por medo mas agora à tirania do irracional reli-gioso, a importância do universo espiritual no co-nhecimento com a pluralidade de manifestações que lhe são características.

Kardec resolveu bem este problema: em primei-ro lugar, ao considerar que a revelação espírita é simultaneamente humana e espiritual: ela rele-va dos espíritos que agem e articulam o conhe-cimento que possuem com o trabalho investiga-dor dos homens. E na verdade isto não constitui nos nossos dias motivo para contradições dado que epistemólogos como Feyerhabend há muito chamaram a atenção para a dinâmica da desco-berta científica muito mais dependente do «aca-so» e da intuição que dos procedimentos me-todológicos da ciência «tout court». Ambos são essenciais. Ora, a falibilidade de alguns dados ou pretensas revelações não desabonam a credibi-lidade do Espiritismo, precisamente porque se aceita de princípio que o erro, ou a informação aparentemente consistente recebida dos espíri-

Em meu entender existem duas ordens de razões que justificam algum menosprezo da parte destes a esta fundamental obra cujo decisivo contributo para a compreensão do estatuto e futuro do Espiritismo no domínio do conhecimento adiante se verá: a primeira prende-se com o carácter transitório e poste-riormente cientificamente não comprovado de algumas descrições atribuídas a Flamma-rion e aceites e incluídas nesta obra sob re-serva por Kardec; a segunda, o abandono a que foi votada uma certa tradição investiga-tória, que muito teria contribuído para mudar o panorama actual do movimento espírita no mundo, bem como a sua credibilidade no meio científico.

A resistência dos espíritas a tudo o que está sujeito a mudança ou exige estudo constante e actualização permanente de conhecimen-tos, ideia cara a Kardec e claramente impres-sa nesta obra, posteriormente reforçada em «obras póstumas», é ainda o resultado do confronto entre duas mundividências, a cien-tífica e a religiosa, instaladas no cerne das disputas entre facções do movimento espírita desde os tempos da sua afirmação no mundo. Os que defendem a redução do espiritismo a uma linha religiosa geralmente não resistem a adoptar a atitude de classificar o Espiritis-mo no domínio da «revelação divina» no seu sentido clássico; ora, neste sentido, está su-bentendida a ideia de algo que independe da vontade humana, na verdade que a transcen-de. As verdades assim reveladas são artigos de fé, tendem a resistir ao tempo, são vividas de forma que a sua contestação equivale a uma heresia, são propagadas como dogmas, verdades inquestionáveis que encontram a

A A C T U A L I D A D E E P I S T E M O L Ó G I C A D E « A G É N E S E … »

A A C T U A L I D A D E E P I S T E M O L Ó G I C A D E « A G É N E S E … »

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tos pode por vezes ser infirmada; é por isso que Kardec publica sob reservas textos que avançam conhecimentos que não podiam ser comprova-dos cientificamente à época, mas cujo interesse se justificava no domínio da pura especulação ou probabilidade científica.

Tem-se instalado nos adeptos um certo receio de que a ciência espírita, tida no seu lado explo-ratório e naturalmente falível, manobrando no domínio pantanoso do erro e da inverdade, seja universalmente considerada pelas instituições que tutelam o conhecimento e a cultura como um monumental embuste. Também aqui Kardec chamou à atenção para o facto de que «sempre que do confronto dos pressupostos espíritas com os da ciência esta última provar que o Espiritis-mo está errado nalgum dos seus pontos, então dever-se-ia abandoná-lo para seguir a ciência». Se o próprio mestre lionês o afirma, porquê tan-ta resistência na sua prática? Por puro atavismo, talvez!

Uma parte substancial dos adeptos não soube ainda considerar as vantagens de resistir a im-plementar no ensino do espiritismo uma certa orientação religiosista baseada nas suas expe-riencias atávicas vividas nas religiões instituídas, no passado distante ou no presente. O fascínio do poder e da reverencialidade religiosa decor-rente da autoridade de quem dirige ou se desta-ca no trabalho de divulgação evangélica, fez de muitos adeptos reprodutores, em ambiente as-sociativo, de modelos caducos e extemporâneos de viver a espiritualidade e o conhecimento. A insistência nesta atitude tornou inviável o pro-pósito preconizado por Kardec para o futuro do Espiritismo no mundo, a saber, fazer da Doutrina Espírita um verdadeiro motor do conhecimento,

síntese de uma dialéctica espiritual e humana que se reflectiria inevitavelmente no progres-so da Humanidade em todos os domínios do saber e da cultura. Pese embora as honrosas excepções de algumas associações médicas-espíritas e dos investigadores espíritas que têm contribuído para que esta chama não se perca, e um ou dois investigadores que a títu-lo privado realizam investigação, é mais fácil encontrar respaldo nos movimentos espíritas actuais para um certo estar «espiritólico» do que para uma atitude verdadeiramente le-gítima de investigação e discussão dos pres-supostos espíritas na sua confrontação com o progresso científico. Sabemos que muitos adeptos se esmeram na memorização dos itens do Livro dos Espíritos ou de outras obras de Kardec, negligenciando o aprofundamento do seu estudo e discussão em moldes mais exi-gentes do ponto de vista científico, da mesma forma que os fiéis das religiões tradicionais memorizam e invocam versículos da Bíblia; fazem-no com o mesmo fervor religioso des-tes últimos, muitas vezes raiando o fanatismo e dando do Espiritismo uma ideia deturpada, de consequências imprevisíveis para o futuro do movimento.

Kardec sempre advogou, na sua vida e na sua obra, o carácter livre-pensador do Espiritismo, o carácter adogmático e dinâmico do conheci-mento espírita, sem se coibir de aceitar a sua espiritualidade intrínseca e a natureza pro-fundamente libertadora da sua ética e moral. Foi por isso que disse do Espiritismo ser este uma ciência e uma filosofia de consequências morais, votada ao enobrecimento do Homem sem lhe restringir a liberdade inerente à sua condição.

A Geração Nova Por Maria Emília Barros

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Este capítulo de A Génese talvez seja o que mais tenho referido ao longo dos anos de trabalho desenvolvido no Movimento Espírita, em especial na área da Evangelização Infanto-Juvenil.

Encanta-me a clarividência de Allan kardec, em toda a Codificação Espírita mas sinto sempre uma emoção muito forte quando releio o último capítulo desta Obra, que completa 140 anos de publicação, a última da Codificação. A sua lin-guagem, para ser bem compreendida, pressupõe o conhecimento das obras que a antecederam onde se encontram os alicerces filosófico, cien-tífico e religioso do Espiritismo que nos permi-tem compreender a profundidade das palavras de Kardec.

Sendo a educação a minha área de actividade profissional e aquela a que dedico boa parte das minhas actividades enquanto espírita, é-me fácil verificar a concretização das palavras de Kardec, ao constatar a época por vezes surpreendente em que vivemos. Cada vez mais identificamos, nas palavras e reacções de crianças e jovens, essa convivência de almas mais evoluídas e compro-metidas com Jesus e outras cujos compromissos principais se centram na própria consciência; al-mas que demonstram uma clareza de raciocínio lógico e outras cujos cérebros têm bloqueados os circuitos que permitem a manifestação da von-tade…

Aqueles que utilizam com competência e destre-za as tecnologias de informação e comunicação, desde tenros anos e os que, apesar das estraté-gias e das metodologias diferenciadas seleccio-nadas pelos professores, pouco mais conseguem do que uma literacia rudimentar; os que se como-vem com os pequenos seres da Natureza prote-gendo-os até onde consentem os códigos de se-gurança, e os que não hesitam em utilizar armas, mesmo de “brincadeira” para assustar e magoar companheiros e animais indefesos; aqueles jo-vens que desenvolvem projectos na área da ro-

bótica, visando a comodidade do Homem e o avanço da Ciência, e os que têm “a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme […] sensualidade, cupidez, avareza.”

Crianças e jovens que se entusiasmam com a protecção ambiental e dinamizam junto dos adultos comportamentos mais saudáveis para vivermos bem nesta Terra que é a casa de todos nós, jovens e adultos que destroem monumentos milenares pelo simples prazer de demonstrar a sua força, o seu poder, a sua pretensa superioridade. “[…] confundem-se os elementos das duas gerações.

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...identificamos,

nas palavras e reacções

de crianças e jovens,

essa convivência de

almas mais evoluídas e

comprometidas

com Jesus...

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Colocados num ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos ca-racteres que lhes são peculiares”.

Assistir a tanta dor, faz-nos reflectir sobre a renovação da Humanidade tão desejada mas que parece tardar. Os Homens de hoje são os mesmos que outrora agiram e reagiram, semearam a dor e regressaram para renovar pelo Amor, renovando-se e trabalhando para a renovação de quem os rodeia, respeitando o tempo e a personalidade de cada um.

Essa renovação vai acontecendo, num ciclo contínuo em que, pela morte do corpo, a alma

regressa ao Mundo Espiritual, toma consciência das suas necessidades de progresso e regressa através da reencarnação, noutro corpo, noutra época, por vezes, noutro continente, para corri-gir erros e contribuir, com o seu trabalho, a sua inteligência e o seu esforço, para uma sociedade mais justa e mais fraterna.

Todos gostaríamos de ver essa renovação acon-tecer mais rapidamente.

Quando analisamos o salto evolutivo da Huma-nidade nos últimos 60 anos, concluímos sobre a imensa capacidade criativa do Homem face às adversidades. Sobre os escombros, das catástro-fes de origem natural ou humana, elevam-se os edifícios que a inteligência, aliada à Ciência, é ca-paz de construir para evitar, tanto quanto possí-vel, posteriores desastres.

A Natureza, como que saturada das energias mes-quinhas dos Homens, reage. No Globo, também ele em evolução, os tremores de terra, nos conti-nentes ou nos oceanos, as inundações catastrófi-cas ou secas prolongadas, as vagas de calor ou de frio, surgem, ameaçadoras, resgatam milhões de vidas, milhões de bens de todo o tipo, sacrificam indiscriminadamente ricos e pobres, submissos e poderosos e fazem renascer o que parecia es-quecido: o AMOR sob as formas de Compaixão, de Solidariedade, gerando os movimentos em que os homens se unem sem preconceitos, em esforços de Generosidade que comove até os que parecem mais frios.

Essa união é a manifestação do que de Belo exis-te na alma, a Solidariedade que nos fortalece e nos identifica no seio da Família Universal. A união que renasce ante a dor, para a minimizar,

A G E R A ç Ã O N O V A

...O conhecimento

espírita é a grande

dádiva divina para

compreendermos quem

somos e o que devemos

ser ao longo de toda

a existência...

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A G E R A ç Ã O N O V A

será um dia o sentimento enobrecido da Frater-nidade, em todos os momentos!

A renovação vai sendo conseguida, passo a pas-so, através das reencarnações. O tempo de per-manência no Mundo espiritual é tanto menor quanto mais consciente estiver o Espírito das suas necessidades de crescimento.

Vejamos um exemplo. As pessoas que têm co-nhecimento da Vida Espiritual desencarnarão no seu dia. Libertos da matéria, constatarão rapi-damente o que faltou realizar e rogarão a Deus permissão para regressar e prosseguir. Trarão um estado de consciência espiritual que permi-tirá a concretização, de modo mais eficiente, dos projectos da alma, desde que, simultaneamente, façam uma boa utilização do livre-arbítrio. “Ao regressarem, acharão mudadas as coisas e ex-perimentarão a influência do novo meio em que houverem nascido. Longe de se oporem às novas ideias, constituir-se-ão seus auxiliares”.

É por isso, que nos cabe fazer a nossa parte no contexto social e profissional em que vivemos. A nossa participação pode parecer uma peque-na gota no oceano das necessidades para a re-novação, mas são as pequenas gotas que juntas enchem o copo que mata a sede de Esperança e preenchem os mares da abundância que fazem germinar e crescer os sentimentos nobres das almas devotadas ao Bem e à Paz.

Somos elementos da Geração Nova. O conhe-cimento espírita é a grande dádiva divina para compreendermos quem somos e o que devemos ser ao longo de toda a existência, observando as necessidades de quem está ao nosso lado e vivendo em cada dia como se fosse o último,

através da determinação em concretizar os projectos que existem na alma de cada um de nós, sem jamais esquecermos que a nossa li-berdade termina onde começa a liberdade do nosso semelhante.

Vivemos a época apostólica dos chamados à Seara do Amor e a cada um de nós cabe contri-buir “para que na Terra os homens sejam feli-zes” o que só será possível quando “somente a povoarem Espíritos bons, encarnados e desen-carnados, que somente ao bem se dediquem”.

“Os incrédulos rirão destas coisas e as quali-ficarão de quiméricas; mas, digam o que dis-serem, não fugirão à lei comum; cairão a seu turno, como os outros, e, então, que lhes acon-tecerá? Eles dizem: Nada! Viverão, no entanto, a despeito de si próprios e se verão, um dia, forçados a abrir os olhos.”

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Um ano antes da morte de Allan Kardec sai para publicação, a 6 de Janeiro de 1868, o seu último grande livro “A GÉNESE”; o autor ainda em vida e após as três primeiras edições, resolve corrigir e aumentar a quarta edição mas, devido à sua morte a 31 de Março de 1869, já não consegue assistir ao seu lançamento. As três primeiras edições são idênticas mas quanto à quarta, em-bora mantendo a mesma estrutura e semelhan-ça, está corrigida, tendo portanto, um valor es-pecial para os coleccionadores e bibliotecários as três primeiras edições.

Na Génese, Allan Kardec passa em revista os principais princípios da doutrina espírita dan-do-nos neste seu último livro uma base para podermos entender - histórica ou filosofica-mente, num sentido restrito, o mundo em que vivemos. Ao estudioso das obras do Mestre é impossível ficar insensível à extrema beleza e encantamento que o livro nos oferece. Quer no aspecto religioso, ou moral cristã, no aspecto fi-losófico e no aspecto científico, Allan Kardec na sua racionalidade crítica deixa-nos nesta obra uma espécie de ferramenta de trabalho. Já em 1868 o mestre como professor, dedicado ao en-sino durante muitos anos, sabia que a centra-lidade da educação era indiscutível e que num certo sentido iríamos começar a viver numa imensa instituição de educação, e que para in-tegrar a ciência com a espiritualidade o caminho seria sempre difícil; talvez por isso, na Revista Espírita, de Janeiro de 1861, o mestre lembra “Já nos acusam de querermos fazer escola no Espi-ritismo. Se é fazer escola procurar nesta ciência um fim útil e proveitoso para a Humanidade, te-ríamos o direito de nos sentirmos envaidecidos com a acusação.

A GÉNESE fez anos! Por Alda Albuquerque

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Mas uma tal escola não necessita de outro che-fe que o bom senso das massas e a sabedoria dos bons Espíritos, que a criaram independen-temente de nós. Eis porque declinamos a hon-ra de tê-la fundado, sentindo-nos ao contrário, felizes de nos colocarmos sob a sua bandeira; aspiramos apenas ao modesto título de divul-gador. Se um nome é necessário inscreveremos no frontispício: Escola do Espiritismo Moral e Filosófico, e para ela convidaremos todos quan-tos têm necessidade de esperança e de conso-lações.”

Deste modo, A Génese, na especificidade do tema, dá-nos uma outra maneira de ver o mun-do e a mortalidade humana; poderá dizer-se que este é o seu produto final, é como que um fechar de toda a sua obra e ele sabia-o; Allan Kardec sentia-se bastante doente , e num ras-cunho de uma carta escrita ao seu amigo belga Monsieur Judermuhle, com data de 31 de Janei-ro de 1865, ele confessava-se incapaz para tra-balhar durante uns tempos, e diz: “Depuis le 31 Janvier (1865), j’ai été trés sérieusement malade par suite de la fatigue causée par excés de tra-vail. J’ai eu un rheumathisme interne qui s’est porté au coeur et aux poumons, et qui a néces-sité beaucoup de soins, je n’ai pas encore mis les pieds hors de la chambre, mais à présent je vais mieux et je suis hors d’áffaire, à condition d’être plus prudent à l’avenir. Je pense d’ici à peu de temps pouvoir reprendre le cours de mes travaux forcement interrompus” etc.etc..” porém, Allan Kardec como que esquecido dos conselhos médicos foi insistindo mesmo com o conhecimento deste frágil equilíbrio entre a saúde que se degradava e o imenso trabalho de escrita que tinha pela frente.

Finalmente, não é possível deixar esquecida a parte filosófica da Génese e recordar o poeta das letras Léon Denis, quando ele refere que Allan Kardec “luariza de esperanças a noite de nossas vidas”.

Assim, vale a pena lembrar um pequeno tre-cho de uma comunicação recebida por Dival-do Franco em 1 de Abril de 1969 e que nos diz (…)”Espíritas! não consideremos que tudo já se encontre feito e que a nós nos compete a tarefa da conclusão das pequenas coisas que ficaram interrompidas pela desencarnação daqueles que se empenharam, estóica e bra-vamente, em preservar o espírito da Codifica-ção Espírita no coração da Terra. Construções brilhantes e gloriosas, temo-las em todas as épocas da Humanidade; edifícios gigantes-cos têm pretendido guardar a mensagem do Cristo. Mas a Revelação Espírita de hoje nos está convocando a examinar a necessidade de reter o espírito do Cristo no santuário das nossas vidas, colocando dentro de suas pare-des aquele sentido de amor, de fraternidade, de tolerância e de caridade que não pode ser desconsiderado nem posto à margem. Faz-se mister empenhemos as nossas melhores aspirações para nos não transformarmos em conquistadores apressados que passam e de-saparecem, dominados pelo olvido das gera-ções futuras”(…) Bezerra

N.B.Com o livro “A Génese”, Allan Kardec foi eleito pela Academia de Portugal, na Argentina, para que o seu nome ficasse inscrito num pergaminho com letras de ouro (notícia dada em Março de 1883 numa publica-ção da Revista “La Fraternidad”, Buenos Aires).

A G É N E S E F E Z A N O S !

Para os materialistas, a sua causa reside na con-jugação de factores naturais ou prove-nientes do envolvimento humano. Para os crentes é o efeito da vontade do Criador que opera transformações extraordinárias, porque a Deus nada é impossível se atendermos à sua soberana vontade. Esta con-vicção tão vulgarizada entre nós tornou-se comum na expressão: «Agora só nos resta esperar por um milagre!» Fruto da orientação religiosa que ao lon-go dos séculos tem induzido os homens à crença em privilégios diante das Leis Divinas, milagres dos mais simples aos mais absurdos são ainda convic-tamente prometidos e requisitados em campanhas aparentemente religiosas de apelação a Deus, através das quais se anestesiam o discernimento

com a promessa de tudo se resolver na Terra. Porque as perfectíveis leis humanas são passíveis de reajusta-mentos quando se lhes reconhecem efeitos injustos, há também quem aguarde de Deus uma «correcção» às Leis que estabeleceu para regerem a vida de cada um, mas, por não verem atendidas as suas mais legíti-mas e honestas aspirações, são inúmeros os que deam-bulam pelo mundo porque o deus idealizado não lhes atendeu os apelos, causando forte abalo às convicções adoptadas. Se uns são atendidos e outros preteridos, como pode o cristão entender tamanha contradição e injustiça se o próprio Jesus nos falou de um Deus justo e bom? Não asseverou Ele que removeriam montanhas os que ti-vessem fé do tamanho de um grão de mostarda?

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O Espiritismo não faz Milagres Pela União Espírita da Região Porto

Milagre é o vocábulo designativo de fenómenos materiais inexplicáveis dentro das fronteiras do conhecimento humano e é vulgarmente aceite como um facto que supera as leis da natureza(?), racionalmente incompreensível pelos que o procuram, mas admissível.

A fé! Esse elemento poderoso é força que sustenta o crente nas rogativas às figuras veneráveis do seu uni-verso religioso para que advoguem a sua causa junto do Criador. Mas, porque nem sempre são conciliáveis os lídimos e fervorosos interesses humanos com os projectos que Deus tem para cada um de nós, a desilu-são por «não ter sido atendido o mais legítimo e justo apelo» abre campo ao desencanto interior, onde a fé em Deus, até então luminosa, vai esmorecendo len-tamente e dando lugar aos anseios enganadores da matéria. Esse percurso de dores e contradições ante-viu-o Jesus, porque apesar da sua tarefa libertadora os homens desviaram-se por ignorância da suave mensa-gem do monte: «Se me amais, guardai os meus man-damentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos enviará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode rece-ber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o co-nhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordar-vos-á tudo o que vos tenho dito».Para dar cumprimento à promessa, o Espírito da Verda-de manifesta-se em meados do século dezanove como porta-voz do Mestre para anunciar a chegada do Con-solador prometido, a Doutrina Espírita: «Venho como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incré-dulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela huma-nidade, e disse: Vinde a mim todos vós que sofreis!» O advento da Doutrina Espírita veio levantar o véu que pairava sobre o conhecimento humano da Vida,

em que bases se constitui, realçando a sabedoria e excelsitude dos princípios sobrejacentes à sua ma-nutenção, como nos revelam respostas a questões do Livro dos Espíritos colocadas a preceito dos atri-butos de Deus:Q 13 – Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, omnipo-tente, sobera-namente justo e bom, temos ideia completa dos seus atributos? «Do vosso ponto de vista, sim, porque credes tudo abranger. Sabei, porém, que há coisas que estão aci-ma da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas ideias e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, diz-vos que deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já não seria superior a tudo, não seria por con-seguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.»Deus é eterno – Se tivesse tido princípio, teria saído do nada, ou, então, também teria sido criado por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, re-montamos ao infinito e à eternidade.É imutável – Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo nenhuma estabilidade teriam.É imaterial – Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.É único – Se muitos Deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na orde-nação do Universo.É omnipotente – Ele o é, porque é único. Se não dis-

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O Espiritismo não faz Milagres Pela União Espírita da Região Porto

pusesse do soberano poder, algo haveria mais po-deroso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não houvesse feito seriam obra de outro Deus.É soberanamente justo e bom – A sabedoria provi-dencial das leis divinas revela-se, assim, nas peque-ninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite que se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus.Para além dos atributos de Deus, destacamos den-tre outros, cinco pontos básicos da Doutrina Espírita, que facultam melhor entendimento sobe o título do trabalho em pauta: • A existência de Deus; Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.• A existência do Espírito, sua condição imortal e evolução permanente rumo à felicida-de. O homem é um Espírito ligado a um corpo físico do qual se ser-ve para sua ascen-são espiritual. • A preservação da individualidade do Espírito antes do nascimento, durante a existência física e depois da “morte”.• A pluralidade das existências terrenas, vulgarmen-te conhecida como reencarnação, isto é, as vidas su-cessivas do Espírito que renasce em novo corpo como oportunidade de aperfeiçoamento: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre! Tal é a Lei”. • A Lei de Causa e Efeito, que a cada um dá de acordo com os seus méritos.A lei da pluralidade das existências deixa entender que o Espírito como ser imortal que é não vive na Terra pela primeira vêz, e nas múltiplas experiências físicas nem todas as acções se afinaram pelos valo-res mais nobres da vida. Como foi criado para atingir a felicidade plena, as vidas sucessivas são o meca-nismo que a misericórdia divina faculta aos Espíritos

para fruirem de novas oportunidades de aperfeiçoa-mento moral. A lei de causa e efeito reflecte o resultado das nossas experiências anteriores. O Espírito, «qual pla-ca fotográfica», regista indelevelmente o resultado das acções e delas desfruta as consequências em vidas futu-ras; o bem facultará experiências felizes, o mal as mais variadas vicissitudes a que o Espírito ainda se encontra sujeito por reincidência nos erros. Infere-se resumida-mente que é o mérito ou demérito de cada Espírito que marcam a planificação das suas vidas futuras, pelo que ninguém recebe o que não merece. Importa destacar que embora de aspecto fatalista, a lei de causa e efeito é anulável a qualquer altura do seu curso sempre que o visado pelo esforço próprio haja empreendido uma reabilitação moral, confirmada pela acção no bem em consonância com a máxima evangélica: «amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.» Com a Doutrina Espírita é claramente perceptível o es-plendor da sabedoria divina, que sabe conjugar tão bem a justiça, a misericórdia e o amor. Os aparentes milagres nada mais são do que acontecimentos decorrentes do mérito dos beneficiados. O próprio Jesus, cujos recursos espirituais de elevado quilate Lhe permitiram operar fenómenos incomuns à razão humana, não atendeu indiscriminadamente aos apelos de «cura» de muitos comtemporâneos seus por não lhes reconhecer interes-se na mudança interior. Os milagres à luz da Doutrina Espírita não existem. A vida humana está sujeita às Leis sábias de Deus, e a proposta do Espiritismo vai para o conhecimento das mesmas através do estudo do ensi-no dos Espíritos que em nome de Deus e de Jesus velam pela humanidade. Enquanto o homem não se dispuser à mudança do seu carácter, à superação das suas limita-ções morais e à prática do bem, pelo bem, as Forças Su-periores da Vida não lhe atenderão aos apelos porque não há conquistas espirituais sem esforço.

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N o t i c i á r i o

>> Jornadas de Cultura Espírita - uma experiência que chegou a todo o mundo via Internet

Nos passados dias 23 e 24 de Maio decorreram em Óbidos, no Auditório Municipal “A Casa da Música” as Jornadas de Cultura Espírita, sob o tema “Espiritismo: Comu-nicar”; estiveram presentes cerca de 170 pessoas que se deslocaram desde Bragança a Olhão, propositadamente, para este evento. Desdobrado em vários painéis, foram focados alguns sectores da actividade pessoal e de grupo, em torno do Espiritismo, na vertente da Comunicação (livro espírita, grafismos, jornalismo, internet, como palestrar, como efectuar o atendimento ao público, como falar com os espíritos nas reuniões mediúnicas, relações interpessoais e formação, infância e juventude, o cen-tro espírita). O evento abriu com um vídeo sobre a divulgação do espiritismo em Por-tugal a que se seguiu a conferência do Prof. Dr. Vítor Rodrigues, psicólogo clínico e presidente da EUROTAS, subordinada ao tema «A Psicologia da Comunicação». Vítor Rodrigues, não sendo espírita, foi convidado pela qualidade das suas intervenções.No final, a organização brindou ainda os presentes com uma novidade: o lançamen-to do jornal de espiritismo, agora na sua versão on-line (www.adeportugal.org).

Anote na sua Agenda!

>> Divaldo Franco & Raul Teixeira

É com alegria que acolheremos entre nós, ainda uma vez este ano, Divaldo Franco e Raul Teixeira,

tendo a oportunidade de partilhar das suas experiências e saber …

Divaldo Franco >> de 11 - 24 de Novembro

Raul Teixeira >> de 17 Nov - 03 Dezembro

em tempo serão divulgados os respectivos Programas.

N O T I C I Á R I O - E C O S I N T E R N A C I O N A I S

3 0 | R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o

>> Reunião do CEI Europa

Decorreu na cidade de Lecco em Itália, na região de Milão a reunião do Con-

selho Espírita Internacional, Coordenadoria da Europa. Na reunião estiveram

presentes: Espanha, Franca, Itália, Suíça, Alemanha, Reino Unido, Holanda,

Suécia, Noruega, Finlândia, Áustria, Estónia, Hungria, Bielorússia, Portugal e

Brasil. A reunião foi presidida pelo Coordenador da Europa Charles Kempf, se-

cretariada pela 1ª Secretária Elsa Rossi, com a colaboração de Nestor Masotti,

Secretario geral do CEI, César Perri, vice secretario do CEI e Vitor Féria, vice

coordenador do CEI departamento da Europa. Estiveram presentes também os

restantes membros da coordenadoria da Europa, Jean Paul Evrard, 2º secretá-

rio, Salvador Martin e Olof Bergman consultores.

As delegações dos diversos países estavam devidamente constituídas, a par-

ticipação foi muito activa e todos os trabalhos decorreram com muita sereni-

dade. Entre as diversas deliberações tomadas, ficaram marcadas as próximas

reuniões do CEI Europa para Espanha 8 e 9 Dezembro 2008 Portugal em Outu-

bro de 2009 e na Noruega em Maio de 2010. As reuniões do CEI Internacional

serão na Bélgica 29 30 31 de Maio de 2009, Espanha Valência em Out.2010. A

delegação de Portugal esteve composta por Vitor Mora Féria vice presidente

da Federação Espírita Portuguesa,Isabel Saraiva presidente da Assembleia Ge-

ral da F.E P., Maria Emília Barros Directora do DIJ da FEP e Sílvia, colaboradora

do DIJ. Foi apresentado um relatório das actividades desenvolvidas pelo DIJ

CEI Europa bem como a proposta de uma Campanha para incrementar a Evan-

gelização Espírita no nosso Continente, integrada no CEI.

Pelo interesse que mereceu, essa Campanha será novamente apresentada

pela coordenadora do DIJ-Europa, também directora do Departamento Infan-

to-Juvenil da FEP, na reunião da Comissão Executiva do CEI Internacional, no

próximo mês de Dezembro, em Valência, Espanha. Foi também divulgada a

data e local do VII Congresso Nacional de Espiritismo, em Portugal.

R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 3 1

N O T I C I Á R I O

>> X X V ENJE

Nos dias 25, 26 e 27 de Abril decorreu em Viseu o XXV ENJE que con-tou com a participação de perto de 150 jovens de todo o país. O tema escolhido foi O Consolador Prometido e a organização foi da respon-sabilidade dos Centros Espíritas de Coimbra, Viseu (Associação So-cial, Cultural e Espiritualista de Viseu), Vila Nova de Poiares e Vale de Cambra. Os jovens participantes integraram equipas de trabalho com objectivos diversificados: exemplificar a evangelização espírita, dinamizar a solidariedade social, promover a criatividade, desenvol-ver acções de organização e cooperação. Foi apresentado um docu-mentário sobre as 25 edições deste Encontro com imagens alusivas a cada um deles permitindo-nos recordar um percurso que vai dan-do os seus frutos. Paralelamente às actividades referidas, decorreu uma reunião de jovens, representantes de cada Instituição presente, que reflectiu sobre o ENJE, as suas finalidades e o que se pretende que ele seja no futuro. Deste grupo saiu um conjunto de directrizes que serão apresentadas a todo o Movimento Espírita visando definir critérios de organização e implementação.

2 0 0 9 – Á g u e d a2 0 1 0 – R e g i ã o d e L i s b o a2 0 11 – R e g i ã o d o A l g a r v e2 0 1 2 – R e g i ã o d o P o r t o2 0 1 3 – R e g i ã o N o r o e s t e 2 0 1 4 – R e g i ã o C e n t r o 2 0 1 5 – R e g i ã o N o r d e s t e

A organização de cada encontro será posteriormente definida podendo caber a uma ou várias Instituições tra-balhando em conjunto, de acordo com interesses e possibilidades de cada região. Também fica em aberto a transferência para a região seguinte no caso de não ser assegurada a sua organização.

// O ENJE de 2009 terá lugar em Águeda e será organizado pela Associação Espírita de Águeda.

Calendário para os próximos ENJE’s

Anote na sua Agenda!

D. I . J .Depar tamentoInfanto -Juvenil

O Departamento Infanto-Juvenil deu continuidade às actividades planificadas para 2008. Assim, no dia 13 de Abril, na sede da FEP, dinamizou mais uma acção no âmbito do Seminários 2008 que contou com a participação de cerca de 40 Evangelizadores e dirigentes da Região de Lisboa, referentes a 7 Ins-tituições Espíritas.Mais uma vez registamos uma participação cheia de entusiasmo.

Nos dias 31 de Maio e 7 de Junho estaremos em Lei-ria, Região Centro, e em Braga, regiões Noroeste e Nordeste, respectivamente para concluir este péri-plo que visa estimular uma maior dinamização da Evangelização da Criança e do Jovem, em Portugal.

3 2 | R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o

Anote na sua Agenda!

R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 3 3

>> II Jornadas de Cultura Espírita do Porto

As Associações Espíritas da Região Porto levam a efeito as II Jornadas de Cultura Espírita do Porto, que decorrerão em:Data: 13 e 14 de Setembro de 2008 Local: Forum da Maia

Para informação adicional contacte-nos:www.uniaofraterna.org [email protected]

Telefone: 922 140 448

>> VII Congresso Nacional Espiritismo

Tema: Cultura e EspiritismoData: 4 e 5 de Outubro de 2009Local: Viseu

>> III Jornadas Portuguesas de Medicina e Espiritualidade

Data: 18 e 19 de Outubro de 2008 Local: Auditório da Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa

Para mais informações contacte: Grupo Espirita Batuira > http://www.geb-portugal.org/e-mail: [email protected]: 214121062; 916943625; 934300778; 962315659

Fique atento ao website da FEP; Em alternativa, e se ainda não a recebe, poderá enviar um e-mail para [email protected] e solicitar a inclusão do seu endereço electrónico na nossa listagem para envio da Newsletter/Notícias – é gratuito!

N O T I C I Á R I O

>> Directório// AçORESAssociação Espírita Terceirense Canada da Luciana nº 8 A Santa Luzia; 9700-097 – Angra do HeroísmoTelm: 969882610 ou 918846163 E-mail: [email protected]

// ALGARVEAssociação Espírita de LagosRua Infante de Sagres, 50 – 1º8600-043 Lagos | Tel: 282762785Tel: 917636236e-mail: [email protected]

Centro Espírita Luz EternaRua Santana, Bloco D, r/c; 8700 - 416 – Olhão | Tel: 289714313e-mail: [email protected]

União Espírita do AlgarveRua Santana bloco D ; 8700-416 OlhãoTel. 289714313 e-mail: [email protected]

Associação Espírita de PortimãoApartado 450 Rua D. Carlos I, bloco H3, loja 46 ; 8500-607 Portimão Tel: 282483634

Centro Espírita Boa VontadeApto.2002; Gil Eanes 8501 - 902 – Portimão | Tel: 282411043

Associação Espírita de Quarteira “O Consolador”Rua da Abelheira, lote 928125-173 Quarteira | Tel. 289302630

// AVEIROAssociação Cultural de Auxilio e Esclarecimento “ O Nosso Lar” Rua Gago Coutinho, Armazém 1,2,Qta. do Gato Sta. Joana; 3810 - 269 Aveiro Tel: 234313136

Associação Espírita Alvorada Nova Rua de Anadia nº 28 A Vila Jovem | 3810-208 -Aveiro

Associação Espírita Flor da PazRua Alberto Souto, 40-1º; 3800 - 263 Aveiro | Tel: 234622319

Associação Espírita Luz e Paz Rua de São João de Deus, 31; 3810-254 Aveiro

Associação Espírita Consolação e VidaRua 15 de Agosto, 30; 3750-115 Águeda

Associação Espírita Maria de NazaréCovão – Aguieira Valongo do Vouga; 3750 - 802 – Águeda | Tel.918566140

Associação Cultural Porto de Abrigo Rua do Alqueidão nº 27 A, 3830-148 ÍlhavoTel. 234325704

Associação Cultural Cristã Espírita Porto de Carro, 3720 – 148 Oliveira de Azeméis | e-mail: [email protected]

Escola de Beneficência Caridade Espírita Rua Quinta da Vinha; 4520 - 619 São João de Ver | Tel. 912475972

Associação Cultural e Beneficente Mudança InteriorCasal - Cepelos, 3731-901 Vale de Cambra Tel: 256 403 021e-mail: [email protected]

// BRAGAAssociação Espírita Caminheiros do AmorRua José Justino Amorim, 32; 4710 – 390 Braga

Associação de Estudos Espirituais Messe de AmorRua das Oliveiras lote g loja 1 Gualtar; 4710 – 088 Braga

Associação Luz no CaminhoRua das Forças Armadas, 142; 4710-214 Braga | Tel: 253214581

// BRAGANçAAssociação de Estudos Psíquicos – Espirituais de BragançaRua Prior do Crato, n.º 3 r/c Bairro São Sebastião Apartado n.º29; 5300-043 Bragança

// COIMBRAGrupo de Estudos Espíritas Allan KardecRua Cidade de Santos, 63 cave - Monte Formoso; 3000 – 112 CoimbraTel. 239 494 058 | Telm. 917 424 862 email: [email protected]

Associação Espírita do Paião Rua prof. José N. Gonçalves, n.º 36, Paião ; 3080-495 Paião | Tel: 262598565

Associação Espírita Cristã Isabel de Portugal Alveite Grande; 3350-201 Vila Nova de Poiares | Telm. 934431686 e-mail: [email protected]

// FIGUEIRA DA FOZAssociação Espírita da Figueira da FozRua Vasco da Gama 114-1163080-043 Figueira da FozTel/Fax: 233423644 e-mail: [email protected]

// GUARDAAssociação Espírita EgitanienseRua Pedro Alvares Cabral n.º 72 B; 6300-795 Guarda | Tel: 917401904

// LEIRIAAssociação Espírita de Leiria Rua Vale das Cervas, 135; Barosa; 2411-913 Leiria | Tel: 244815934

Associação Cultural EspíritaRua Eça de Queirós, n.º 5 – C ; 2500 - 279 Caldas da RainhaTel: 918766966

// LISBOAAss. de Beneficência Eduardo de MatosRua Marcelino de Mesquita n.º 15 ; 1900 – 323 Lisboa | Tel: 218471526

Associação de Beneficência FraternidadeCalçada de Santo António, 14 A, B; 1150-313 Lisboa | Tel: 213563062e-mail: [email protected]

Associação Espírita de LisboaRua Maestro Pedro Freitas Branco, 24ª R/c 1200 Lisboa

Solicitamos a todas as Casas Espíritas, Federadas ou não, que nos enviem e/ou confirmem os vossos contactos actualizados.

D I R E C T Ó R I O

3 4 | R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o

D I R E C T Ó R I O

Associação Eurípedes BarsanulfoAv. 25 de Abril, 56 r/c Vila Fria; 2740-176 Porto Salvo | Tel. 214211979

Centro Espírita Amor e CaridadeRua de São Bento, n.º 23; 1200 - 815 – Lisboa | Tel: 213902197

Centro Espírita a Casa do Caminho Rua D. João de Castro, 49 A ; 1300 – 190 Lisboa | Tel. 213624913

Centro Espírita Perdão e CaridadeRua Presidente Arriaga, n.º 124 ; 1200-774 Lisboa | Tel: 213975219

Comunhão Espírita Cristã de Lisboa Calçada do Tojal n.º 95 s/cave; 1500 – 592 Lisboa | Tel. 217647441

Fraternidade Espírita Cristã Rua da Saudade n.º 8, 1º; 1100-583 Lisboa Tel. 218821043 Fax: 218821044 www.fec.pt | e-mail: [email protected]

Associação Cultural Espirita Fernando LacerdaRua da República, 116-r/c dto; 2670 - 471 LouresTel: 911009524 ou 219844127e-mail: [email protected]

Grupo Espírita BatuiraRua Marcos de Portugal, 12-A; 1495 - 091 Algés de CimaTel. 214 121 062 | Telm. 916 943 625www.geb-portugal.org e-mail: [email protected]

Fraternidade Espírita de PortugalApartado 26005; Ec Lapa;1201 – 801 Lapa

Ass. Fraterna Mensageiros do BemRua Eurico Rodrigues de Lima nº 2º B ; 2665 – 227 MalveiraTel: 965362855 ou 938531100e-mail: [email protected]

// MADEIRACentro Cultural Espírita do Funchal Caminho do Poço Barral, 111

São Martinho ; 9000-292 Funchal Tel: 966551213 ou 967948468

// PORTOAssociação Espírita Cristã Mensageiros da Caridade Rua do Almada n.º 30 – 1º frtº4050 - 030 Porto | Tel. 938350598

Associação Migalha de AmorRua Antero Quental, 8074200-069 Porto | Tel: 222082460 ou 225025555 | Fax. 225027788

Centro Espírita Caminheiros da LuzRua Pedro Hispano nº 968; 4250-364 Porto | Tel: 225374935

Centro Espírita Caridade por AmorRua da Picaria, 59, 1º F ; 4000-478 Porto Tel. 912160015 | e-mail: [email protected] www.ceca.web.pt

Núcleo Espírita CristãoRua de Santa Catarina, 1458 ; 4000 - 448 Porto | Tel/Fax: 225021190 e-mail: [email protected]

Núcleo Espírita Rosa dos Ventos Trav. Fonte da Muda, 264450-672 Leça da PalmeiraTel. 229952108 | Telm. 965 384 111e-mail: [email protected] www.nerv.pt.vu http://luzespirita.blogspot.com

Lar e CaridadeTravessa da Seara 110 r/c ; 4430-545 Oliveira do Douro V. N. Gaia

Comunhão Espírita CristãRua Bela Vista, 35 – Baguim do Monte; 4435 – 627 Rio Tinto | Tel. 964229101

Centro Espírita CristãoRua das Fragas, 267; 4505-602 Sânguedo Tel: 227451968

Centro Espírita Joanna de ÂngelisRua Padre Costa, 348 – 1º - sala 12; 4465 - 105 São Mamede de InfestaTel. 229712661 ou 933 509 108 |

Fax: 229722905e-mail: [email protected]

Lar Espírita EsperançaRua Soares dos Reis, 698 Hab.21; 4400 – 314 Vila Nova de GaiaTel: 227112529 e-mail: [email protected]

// SANTAREMAssociação Cultural Espírita de Santarém Rua Florentino Pereira Mota, 18-6º dto.2005-278 Santarém | Tel: 934 280 595 / 919 644 066 / 962 387 898;[email protected]

// SETUBALAssociação Espírita Luz e Amor Rua dos Bombeiros de Setúbal, 27 e 31 ; 2910-110 Setúbal e-mail: [email protected]

Núcleo Espírita O LemeBairro Correia n.º 4; 7520-111 SinesTel. 269632768

// VIANA do CASTELOAssociação de Beneficência Estrela de LibertaçãoPraça General Barbosa, 85, sala 8,9,10; 4900-347 Viana do CasteloTel: 258820666

Associação Paz e AmorRua Cidade do Recife, Lote 5/6, Apartado 113; 4900-379 Viana do CasteloTel: 258322842

// VILA REALCentro de Estudos Espirituais de Chaves Rua Cabanas, bloco 1, Edif. Sotto Mayor, loja 1, 5400 – 133 ChavesTel: 276264745

//VISEUAssociação Cultural EspiritualistaRua Allan Kardec n.º 1 Bairro da Amizade Estrada da Barbeita ; 3500 - 672 Rio da Loba | Tel: 232426515

R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o | 3 5

Federação Espír i ta Por tuguesa

Praceta Casal de Cascais, Lote 4 r/c A, Alto da Damaia, 2720-090 AMADORA, Portugal

Tel> + 351 214975754 , Fax> + 351 214975777 , E-mail> [email protected]

www.feportuguesa.pt