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Revista Fé para Hoje Número 15, Ano 2002

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SANSÃO E A SEDUÇÃO DA CULTURA 1

Fépara

Hojeé para Hoje é um ministério da Editora FIEL. Como

outros projetos da FIEL — as conferências e os livros— este novo passo de fé tem como propósito semearo glorioso Evangelho de Cristo, que é o poder de Deuspara a salvação de almas perdidas.O conteúdo desta revista representa uma cuidadosaseleção de artigos, escritos por homens que têmmantido a fé que foi entregue aos santos.Nestas páginas, o leitor receberá encorajamento a fimde pregar fielmente a Palavra da cruz. Ainda que estamensagem continue sendo loucura para este mundo,as páginas da história comprovam que ela é o poderde Deus para a salvação das ovelhas perdidas —“Minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”.Aquele que tem entrado na onda pragmática queprocura fazer do evangelho algo desejável aos olhosdo mundo, precisa ser lembrado que nem Paulo, nemo próprio Cristo, tentou popularizar a mensagemsalvadora.Fé para Hoje é oferecida gratuitamente aos pastores eseminaristas.

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Editora FielCaixa Postal 160112233-300 - São José dos Campos, SP

www.editorafiel.com.br

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CONTEÚDO

ESCOLHIDOS DESDE A ETERNIDADE .................... 1John MacArthur

A REALIDADE DA IRA DE DEUS ......................... 10Erroll Hulse

JONATHAN EDWARDS ..................................... 18Gilson Santos

NOSSO LUGAR DE REFÚGIO.............................. 19Jonathan Edwards

SUBMISSÃO À DISCIPLINA DE DEUS ..................... 23Arthur Pink

O QUE É A PERSEVERANÇA DOS SANTOS? .............. 27Richard Belcher

A UTILIDADE DAS ESCRITURAS ........................... 30Wayne Mack

Fé 15 0 -índice.p65 10/24/02, 5:22 PM1

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ESCOLHIDOS DESDE A ETERNIDADE 1

ESCOLHIDOS DESDE A ETERNIDADE

A SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO

John MacArthur

Efésios 1.3-14

INTRODUÇÃO

Efésios 1.3-14 é um hino de ado-ração proveniente do coração doapóstolo Paulo. Não é um argumen-to teológico monótono, e sim otransbordar de sentimentos ardentesdo coração agradecido do apóstolo.No grego, esta passagem constituiuma grande sentença. O Espírito deDeus inspirou o apóstolo Paulo a pro-ferir esta profusa adoração ao Deusque o havia salvado.

A. A PASSAGEM

�Bendito o Deus e Pai de nossoSenhor Jesus Cristo, que nos temabençoado com toda sorte de bênçãoespiritual nas regiões celestiais emCristo, assim como nos escolheu,nele, antes da fundação do mundo,para sermos santos e irrepreensíveisperante ele; e em amor nos predes-

tinou para ele, para a adoção de fi-lhos, por meio de Jesus Cristo, se-gundo o beneplácito de sua vontade,para louvor da glória de sua graça,que ele nos concedeu gratuitamenteno Amado, no qual temos a reden-ção, pelo seu sangue, a remissão dospecados, segundo a riqueza da suagraça, que Deus derramou abundan-temente sobre nós em toda a sabe-doria e prudência, desvendando-noso mistério da sua vontade, segundoo seu beneplácito que propusera emCristo, de fazer convergir nele, nadispensação da plenitude dos tempos,todas as coisas, tanto as do céu comoas da terra; nele, digo, no qual fo-mos também feitos herança, predes-tinados segundo o propósito daqueleque faz todas as coisas conforme oconselho da sua vontade, a fim desermos para louvor da sua glória, nós,os que de antemão esperamos emCristo; em quem também vós, de-

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pois que ouvistes a palavra da verda-de, o evangelho da vossa salvação,tendo nele também crido, fostes sela-dos com o Espírito Santo da promes-sa; o qual é o penhor da nossa heran-ça, até ao resgate da sua propriedade,em louvor da sua glória.�

B. AS PESSOAS

1. O PAI

Governando estes versículos, en-contra-se a idéia de que Deus realizoua salvação por sua própria vontade,propósito e desígnio. A salvação nãoresulta da vontade ou do mérito deuma pessoa. A salvação não é obtidapor meio de sacrifícios religiosos oude boas intenções. O crédito da sal-vação pertence apenas a Deus, e so-mente Ele pode ser louvado e glori-ficado.

2. O FILHO

A salvação é a obra de Deus me-diada por Cristo. A salvação tantose realiza em Cristo (vv. 4, 7, 10-13) como por meio dEle (v. 5). Asalvação se encontra no Amado, queé Cristo (v. 6). Foi proposta nEle(v. 9). Enquanto a salvação é umaobra exclusiva do Pai, ela se realizapor intermédio de Cristo.

3. O ESPÍRITO

A salvação é selada pelo Espíri-to Santo (v. 13). Ele é o EspíritoSanto da promessa, que nos foi dadocomo penhor de nossa herança � agarantia de nossa completa e futuraredenção como propriedade de Deusmesmo. Deus, o Pai, Deus, o Filho,e Deus, o Espírito Santo, recebemtodo o crédito da salvação.

ENSINOS

I. DEUS NOS ESCOLHEU ( vv. 3-4)

�Bendito o Deus e Pai de nossoSenhor Jesus Cristo, que nos temabençoado com toda sorte de bênçãoespiritual nas regiões celestiais emCristo, assim como nos escolheu,nele, antes da fundação do mundo,para sermos santos e irrepreensíveisperante ele.�

A. A AFIRMAÇÃO DO APÓSTOLO

Paulo inicia esta passagem afir-mando que Deus recebe todo o lou-vor na salvação. O verbo traduzido�escolheu� (no grego, eklegomai) foiempregado na forma reflexiva, sig-nificando �selecionar para si mes-mo�. Isso significa que a ação doverbo retorna à pessoa que a pratica.Paulo estava dizendo que Deus nosescolheu tendo em vista o seu pró-prio interesse � para Si mesmo, pes-soalmente. A escolha divina foi rea-lizada antes que o mundo existisse.

B. A CONFIRMAÇÃO DAS ESCRITU-RAS

A Bíblia afirma a verdade da es-colha redentora feita por Deus.

1) Mateus 25.34 - Jesus disse:�Vinde, benditos de meu Pai! Entraina posse do reino que vos está pre-parado desde a fundação do mundo�.O Senhor planejou tanto o reinoquanto os habitantes do reino, antesque o mundo começasse a existir.Você e eu somos salvos e conhece-mos o Senhor Jesus por que Deus nosescolheu.

2) Lucas 12.32 - Jesus disse a

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seus discípulos: �Não temais, ó pe-quenino rebanho, porque vosso Paise agradou em dar-vos o seu reino�.

3) João 6.44 - Jesus proclamoupara uma grande multidão: �Ninguémpode vir a mim, se o Pai, que meenviou, não o trouxer [compelir]�.

4) João 15.16 - Jesus disse a seusdiscípulos: �Não fostes vós que meescolhestes a mim; pelo contrário, euvos escolhi a vós outros e vos desig-nei para que vades e deis fruto�. Nósnão escolhemos a Jesus; Ele nos es-colheu. Não decidimos por Cristo nomais verdadeiro sentido � Ele deci-diu por nós.

5) Atos 9.15 - O Senhor disse arespeito do apóstolo Paulo: �Este épara mim um instrumento escolhido�.A conversão de Pau-lo aconteceu abrup-tamente � ele esta-va a caminho deDamasco para per-seguir os crentes.Mas ele foi conver-tido, transformado echamado para serum apóstolo, por-que Deus o escolhera antes da funda-ção do mundo.

6) Atos 13.48 - afirma sobreaquelas pessoas que ouviram a pre-gação de Paulo e Barnabé: �Creramtodos os que haviam sido destinadospara a vida eterna�. Deus outorga odom da fé somente para aqueles queestão predestinados por meio da es-colha dEle mesmo.

7) 2 Tessalonicenses 2.13 - �De-vemos sempre dar graças a Deus porvós, irmãos amados pelo Senhor,porque Deus vos escolheu desde oprincípio para a salvação�. Paulo não

deu graças porque os crentes deTessalônica haviam decidido se tor-nar pessoas salvas. Eles não erammuitíssimo inteligentes, espertos, es-pirituais, perspicazes e, por isso, es-colheram a Deus; pelo contrário,Deus os escolheu desde o princípio.A salvação exige que tenhamos fé,mas a fé é o resultado da escolha deDeus.

8) 2 Timóteo 1.8,9 - �Deus...nos salvou e nos chamou com santavocação; não segundo as nossasobras, mas conforme a sua própriadeterminação e graça que nos foidada em Cristo Jesus, antes dos tem-pos eternos�.

9) 1 Pedro 1.2 - afirma que oscrentes são �eleitos, segundo a pres-

ciência de DeusPai, em santifica-ção do Espírito,para a obediência ea aspersão do san-gue de Jesus Cris-to�.

10) Apocalipse13.8; 20.15 - infereque os nomes dos

crentes foram escritos no Livro daVida do Cordeiro antes da fundaçãodo mundo.

C. A CONFIRMAÇÃO DA TEOLOGIA

Somente Deus pode receber ocrédito por nossa salvação. A dou-trina da eleição é a mais humilhantede todas as doutrinas ensinadas nasEscrituras. Deus escolheu um povopara torná-lo santo, a fim de queestejam com Ele para sempre. Anossa fé vem de Deus. Um poetaanônimo apresentou esta verdade nasseguintes palavras do hino Vida In-

Efésios 1.3-14 é... otransbordar de senti-mentos ardentes do

coração agradecido doapóstolo.

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terior: �Eu procurava o Senhor edescobri que Ele, buscando-me, in-clinou minha alma a procurá-Lo.Não fui eu quem Te encontrou, ó ver-dadeiro Salvador; não, eu fui encon-trado por Ti�.

II. DEUS NOS PREDESTINOU (V. 5)

�Em amor nos predestinou paraele, para a adoção de filhos, por meiode Jesus Cristo, segundo o beneplá-cito de sua vontade.�

A. A AFIRMAÇÃO DO APÓSTOLO

Por meio da escolha divina pre-viamente determinada, fomos pre-destinados para a adoção como filhosde Deus. Realmente somos filhos deDeus.

B. A CONFIRMAÇÃO DAS ESCRITURAS

1) João 1.12 - �A todos quantoso receberam, deu-lhes o poder deserem feitos filhos de Deus�.

2) Romanos 8.15 - �Recebesteso espírito de adoção, baseados no qualclamamos: Aba, Pai�.

3) Gálatas 3.26 - �Todos vóssois filhos de Deus mediante a fé emCristo Jesus�.

4) Gálatas 4.6-7 - �Porque vóssois filhos, enviou Deus ao nossocoração o Espírito de seu Filho, queclama: Aba, Pai! De sorte que jánão és escravo, porém filho; e, sen-do filho, também herdeiro porDeus�.

5) 1 João 3.1 - �Vede que gran-de amor nos tem concedido o Pai, aponto de sermos chamados filhos deDeus�.

C. A CONFIRMAÇÃO DA TEOLOGIA

A escolha predeterminada deDeus não dependeu do que Ele viuem nós. Ele a fez �segundo o bene-plácito de sua vontade� (v.5). Deusnão nos escolheu porque Ele tinhade fazer isso, e sim porque Ele quis� trouxe-Lhe prazer. Deus mesmodisse: �O meu conselho permanece-rá de pé, farei toda a minha vonta-de� (Is 46.10).

III. DEUS NOS CONCEDEU SUA GRA-ÇA (v. 6)

�Para louvor da glória de suagraça, que ele nos concedeu gratui-tamente no Amado.�

A. A AFIRMAÇÃO DO APÓSTOLO

A escolha de Deus e a nossapredestinação se tornaram uma rea-lidade em nossas vidas por intermé-dio da graça de Deus. Graça signifi-ca favor imerecido, bênção pela qualnão trabalhamos, bondade não resul-tante de méritos. Somos salvos pelagraça de Deus.

B. A CONFIRMAÇÃO DAS ESCRITU-RAS

1) Efésios 2.8-9 - �Pela graçasois salvos, mediante a fé; e isto nãovem de vós; é dom de Deus; não deobras, para que ninguém se glorie�.A graça de Deus não admite qual-quer mérito da parte do homem.

2) Atos 15.11 - �Cremos que fo-mos salvos pela graça do Senhor Je-sus�.

3) Atos 18.27 - �Tendo [Apolo]

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chegado, auxiliou muito aqueles que,mediante a graça, haviam crido�.

4) Romanos 3.24 - Somos �jus-tificados gratuitamente, por sua gra-ça�.

C. A CONFIRMAÇÃO DA TEOLOGIA

A expressão, no versículo 6,pode ser traduzida literalmente por�mediante a graça temos sido agra-ciados�. Deus nos concedeu graça emCristo, o Amado, trazendo à reali-dade a sua escolha e predestinaçãopor nos tornar seus filhos.

IV. DEUS NOS REDIMIU (v. 7a)

�No qual temos a redenção, peloseu sangue.�

A. A AFIRMAÇÃO DO APÓSTOLO PAULO

1) Do que Deus nos redimiu?Deus nos resgatou da escravidão

ao pecado, à morte, ao inferno, aSatanás, aos demônios, à carne pe-caminosa e ao mundo. Não tendoqualquer dignidade e esperança, comnossa mente em trevas e coração in-clinado para o mal, éramos escravosmiseráveis; apesar disso, Deus veioao nosso encontro e nos comprou daescravidão. Fomos comprados por-que fomos predestinados; predesti-nados, porque fomos escolhidos; es-colhidos, porque fomos amados; eamados, porque o beneplácito deDeus assim o quis.

2) Por meio do quê?Romanos 6.23 declara: �O salá-

rio do pecado é a morte�. Cristo nosredimiu por meio do derramamentode seu sangue. Esse não foi um pre-

ço fácil de ser pago. Ele teve de as-sumir a forma humana, vir ao mun-do e morrer na cruz, vertendo seusangue em sacrifício por nós. O san-gue de Cristo é realmente precioso.

B. A CONFIRMAÇÃO DAS ESCRITU-RAS

1) 1 Pedro 1.18-19 - �Não foimediante coisas corruptíveis, comoprata ou ouro, que fostes resgatadosdo vosso fútil procedimento que vos-sos pais vos legaram, mas pelo pre-cioso sangue, como de cordeiro semdefeito e sem mácula, o sangue deCristo�.

2) Apocalipse 5.9 - diz a respei-to de Cristo: �Digno és de tomar olivro e de abrir-lhe os selos, porquefoste morto e com o teu sangue com-praste para Deus os que procedem detoda tribo, língua, povo e nação�.

V. DEUS NOS PERDOOU (v. 7b, 8a)

�A remissão dos pecados, segun-do a riqueza da sua graça, que Deusderramou abundantemente sobrenós.�

A. A AFIRMAÇÃO DO APÓSTOLO

Deus não somente nos resgatou,mas também perdoou os nossos peca-dos � passados, presentes e futuros.

B. A CONFIRMAÇÃO DAS ESCRITURAS

1) Mateus 26.28 - Jesus disse:�Isto é o meu sangue, o sangue da[nova] aliança, derramado em favorde muitos, para remissão de peca-dos�. Quando Deus perdoa (no gre-

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go, aphi-emi, �mandar embora paranunca mais retornar�), Ele removeos nossos pecados para tão distantequanto o Oriente está do Ocidente (Sl103.12), lança-os nas profundezas domar (Mq 7.19) e nunca mais se lem-bra deles (Is 43.25).

2) Miquéias 7.18 - �Quem, óDeus, é semelhante a ti, que perdoasa iniqüidade e te esqueces da trans-gressão do restante da tua herança?�

3) Romanos 8.1 - �Agora, pois,já nenhuma condenação há para osque estão em Cristo Jesus�.

4) Efésios 4.32 - �Sede uns paracom os outros benignos, compassi-vos, perdoando-vos uns aos outros,como também Deus, em Cristo, vosperdoou�.

5) Colossenses 2.13 - �E a vósoutros, que estáveis mortos pelasvossas transgressões e pela incir-cuncisão da vossa carne, vos deu vidajuntamente com ele, perdoando to-dos os nossos deli-tos�.

6) 1 João 2.12 -O apóstolo João dis-se: �Filhinhos, euvos escrevo, porqueos vossos pecadossão perdoados,por causa do seunome�.

C. A CONFIRMAÇÃO DA TEOLOGIA

O perdão de Deus foi derramadoabundantemente sobre nós por meiodas riquezas de sua graça. O perdãoexigiu abundância de graça porquetínhamos muitos pecados. A parábo-la do credor incompassivo (Mt 18.21-35) afirma que temos um dívidaimpagável e indescritível. Devemos

nossa salvação ao Deus que desejounos ter como sua propriedade peculi-ar. Somos perdoados independente-mente de nossa indignidade.

VI. DEUS NOS ILUMINOU (vv. 8b-10)

�Em toda a sabedoria e prudên-cia, desvendando-nos o mistério dasua vontade, segundo o seu beneplá-cito que propusera em Cristo, de fa-zer convergir nele, na dispensação daplenitude dos tempos, todas as coi-sas, tanto as do céu como as da terra.�

A. A AFIRMAÇÃO DO APÓSTOLO

Quando somos salvos, somostambém iluminados. Deus nos apre-senta um retrato de como todas ascoisas, do céu e da terra, serão colo-cadas em sujeição a Cristo, para oseu louvor. Ele nos iluminou com

sabedoria nas coisaseternas e com pru-dência nas coisasterrenas.

B. A CONFIRMAÇÃODAS ESCRITURAS

1) 1 Coríntios 2.12 - �Não temos re-cebido o espírito do

mundo, e sim o Espírito que vem deDeus, para que conheçamos o que porDeus nos foi dado gratuitamente�.

2) 1 Coríntios 2.16 - �Quem co-nheceu a mente do Senhor, que opossa instruir? Nós, porém, temos amente de Cristo�.

3) 2 Coríntios 4.3-4 - �Se o nos-so evangelho ainda está encoberto, épara os que se perdem que está enco-

Deus realizou asalvação por sua própria vontade,

propósito e desígnio.g

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berto, nos quais o deus deste séculocegou o entendimento dos incrédu-los, para que lhes não resplandeça aluz do evangelho da glória de Cris-to, o qual é a imagem de Deus�.

4) 1 João 2.27 - �A unção quedele recebestes permanece em vós, enão tendes necessidade de que alguémvos ensine�.

C. A CONFIRMAÇÃO DA TEOLOGIA

Deus nos iluminou porque Elemesmo o quis. Se não fosse por cau-sa de seu beneplácito, permanece-ríamos nas trevas, incapazes de par-ticipar do seu plano.

VII. DEUS NOS PROMETEU (vv. 11-12)

�Nele, digo, no qual fomos tam-bém feitos herança, predestinadossegundo o propósito daquele que faztodas as coisas conforme o conselhoda sua vontade, a fim de sermos paralouvor da sua glória, nós, os que deantemão esperamos em Cristo.�

A. A AFIRMAÇÃO DO APÓSTOLO

Deus nos predestinou para ser-mos seus filhos, e seus filhos rece-berão a herança dEle.

B. A CONFIRMAÇÃO DAS ESCRITU-RAS

1) Romanos 8.18 - �Os sofri-mentos do tempo presente não po-dem ser comparados com a glória aser revelada em nós�.

2) 1 João 3.2 - �Ainda não semanifestou o que haveremos de ser.

Sabemos que, quando ele se mani-festar, seremos semelhantes a ele,porque haveremos de vê-lo como eleé�.

3) 1 Pedro 1.4 - O apóstoloPedro afirmou que temos �uma he-rança incorruptível, sem mácula,imarcescível, reservada nos céus�.

4) 2 Coríntios 1.20 - �Porquequantas são as promessas de Deus,tantas têm nele o sim�.

C. A CONFIRMAÇÃO DA TEOLOGIA

Todas as promessas de Deus �paz, amor, sabedoria, vida eterna,alegria e vitória � são nossas de acor-do com a promessa de Deus. Elas nosforam asseguradas não por direito, esim pela graça de Deus. Ele recebetoda a glória.

VIII. DEUS NOS SELOU (vv. 13-14)

�Em quem também vós, depoisque ouvistes a palavra da verdade, oevangelho da vossa salvação, tendonele também crido, fostes seladoscom o Espírito Santo da promessa;o qual é o penhor da nossa herança,até ao resgate da sua propriedade, emlouvor da sua glória.�

A. A AFIRMAÇÃO DO APÓSTOLO

Ele declarou que nossa herançaestá assegurada porque Deus nos se-lou.

B. A CONFIRMAÇÃO DA TEOLOGIA

Selar, nos tempos antigos, eraum sinal de possessão, segurança,autenticidade e término de uma

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transação. A habitação do EspíritoSanto nos crentes significa que elessão possuídos, seguros, autenticadose completos por Deus. Esperamospela redenção completa e somos ha-bitados pelo Espírito como um seloe garantia da nossa herança (Rm8.23-24).

CONCLUSÃO

Somente Deus merece o créditopor nossa salvação. Ele nos salva porsua própria e espontânea vontade; to-davia, de nosso ponto de vista, pre-cisamos fazer duas coisas: a) esperarem Cristo (v. 12); b) crer nEle (v.13). Isso também acontece para olouvor e glória de Deus mesmo (v.12). Ele nos dá o poder para espe-rarmos em Cristo. Nossa fé vem deDeus (Ef 2.8-9). Ele abre nossosouvidos para atendermos à mensagemda verdade e nos capacita a crer. To-do o processo de salvação é realiza-do pelo Espírito Santo; sem Ele,ninguém poderia esperar ou crer emCristo.

Jesus disse que todos os que nãocrêem no Filho de Deus estão con-denados (Jo 3.18). Deus, em sua gra-ça soberana, decidiu salvar aquelesque Ele mesmo amou (Rm 9.8-13).Tais pessoas são resgatadas da cor-renteza de homens e mulheres semesperança que flui em direção ao in-ferno. Essa é uma verdade humilhan-te e deve resultar em imensa grati-dão de nossa parte. Por que Deus nosescolheu e não outras pessoas? Elenão o fez porque merecíamos a sal-vação, e sim para demonstrar �as ri-quezas da sua glória� (Rm 9.14-23).Portanto, nossa única reação tem de

ser: �Bendito o Deus e Pai de nossoSenhor Jesus Cristo, que nos temabençoado com toda sorte de bênçãoespiritual nas regiões celestiais emCristo� (Ef 1.3).

PONDERANDO OS PRINCÍPIOS

1) A nossa época proclama altis-sonantemente a auto-importância dohomem. Os comerciais nos dizemque merecemos uma folga, um car-ro melhor, comida melhor, roupasmelhores � merecemos mais da �boavida�. Os problemas da humanidadefreqüentemente são diagnosticadoscomo falta de auto-estima. No en-tanto, a Bíblia diz que �todos se ex-traviaram, à uma se fizeram inúteis;não há quem faça o bem, não há nemum sequer� (Rm 3.12). Ao invés deafirmar a boa estimativa que o ho-mem faz de si mesmo, as Escriturascolocam as seguintes palavras naboca dos que têm discernimento:�Todos nós somos como o imundo,e todas as nossas justiças, como tra-po da imundícia; todos nós murcha-mos como a folha, e as nossas ini-qüidades, como um vento, nos ar-rebatam� (Is 64.6). Para que Deusseja corretamente honrado e glorifi-cado, todo crente tem de compreen-der que a salvação é uma obra exclu-siva da graça divina.

2) A obra de Deus na salvaçãotanto reflete a natureza de Deus quan-to a natureza do homem. Quando oapóstolo João escreveu: �Vede quegrande amor nos tem concedido oPai, a ponto de sermos chamados fi-lhos de Deus� (1 Jo 3.1), ele estavafazendo um comentário sobre o gran-

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de amor de Deus e sobre a corrupçãodo homem. Thomas Watson escre-veu: �Para que você seja uma pessoaagradecida, Deus o chamou exa-tamente quando você O ofendia; Eleo chamou sem precisar de você emesmo tendo milhares de santos glo-rificados e de anjos a adorá-Lo. Pen-

se naquilo que você era antes de tersido chamado por Deus� (A Body ofDivinity). A doutrina da eleição so-berana, entendida corretamente,produz gratidão profunda para comDeus nos corações dos crentes.

De que maneira isso tem afetadoa sua vida?

VOCÊ SE REGOZIJA NA SOBERANIA DE DEUS?Horatius Bonar

Se eu admito que a vontade de Deus regula os grandes mo-vimentos do universo, tenho de admitir que ela regula de maneirasemelhante os pequenos. Tenho de fazer isso, porque os gran-des movimentos do universo dependem dos pequenos. O menormovimento de minha vontade é regulado pela vontade Deus. Enisto eu me regozijo. Ai de mim, se não fosse assim! Se eu fujode tão ilimitada orientação e controle, é evidente que não gostoda idéia de estar completamente à disposição de Deus. Em par-te, desejo viver à minha própria disposição. Tenho a ambiçãode regular os menores impulsos de minha vontade, enquantoentrego os grandes ao controle de Deus. Disso resulta que eudesejo ser um deus para mim mesmo. Não gosto do pensamen-to de que Deus tenha toda a disposição de meu destino. Se Elefaz a sua vontade, eu tenho receio de que não farei a minha.

Além disso, há outra implicação: o Deus cujo amor tenhoprazer em falar é um Deus a quem não posso confiar a mimmesmo no que diz respeito à eternidade. Sim, esta é a verdade.O desgosto do homem para com a soberania de Deus surge dasuspeita que o homem nutre para com o amor divino. Apesardisso, os homens de nossos dias, que negam a absoluta sobera-nia de Deus, são os mesmos que professam regozijar-se no amordEle, os mesmos que falam sobre esse amor, como se Deus nãopossuísse qualquer outra virtude, exceto o amor. Quanto maiseu entender o caráter de Deus, de conformidade com sua reve-lação nas Escrituras, tanto mais perceberei que Ele tem de sersoberano e tanto mais eu me regozijarei, em meu íntimo, com ofato de que Ele é soberano.

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Fé para Hoje10

A REALIDADE DA IRA DE DEUS

Erroll Hulse

O que, exatamente, devemosentender como a ira de Deus? É umatributo de Deus? E, se assim for,ela age fundamentada em quê? Comorespostas a estas perguntas não há de-claração mais definitiva do que a doapóstolo Paulo na sua introdução aoprincipal tema de sua epístola aosRomanos: �A ira de Deus se revelado céu contra toda impiedade e per-versão dos homens que detêm averdade pela injustiça� (Rm 1.18).

Resumidos nesta declaração es-tão os pontos salientes de nosso ar-tigo. Esta ira é a ira de Deus. Reve-la-se do céu. Note o tempo presente�revela-se�. Os julgamentos de Deusna história testemunham a respeitode sua ira. Além disso, esta ira édirigida contra os homens � especi-ficamente, contra os homens ímpiose perversos; e, ainda mais especifi-camente, contra os homens que de-têm a verdade pela injustiça.

Mais adiante no contexto, oapóstolo explica que é possível esca-par da ira de Deus, mediante a fé em

Cristo, o único que tem propiciadoessa ira (Rm 3.21-26). Com esta con-clusão, exponho Romanos 1:18 daseguinte maneira.

1. A provocação da ira de Deus� �...contra toda impiedade e per-versão dos homens...�

2. A natureza da ira de Deus ��A ira de Deus se revela do céu�. Aira procede do ser ou da pessoa deDeus; é sua contínua e imutável rea-ção ao mal.

3. A ira de Deus manifestada ��A ira de Deus se revela� (continua-mente). Apokaluptetai, �se revela�,é um verbo que está no presente con-tínuo. As manifestações do desagradodivino acontecem ao longo da His-tória, e um estudo destas manifes-tações nos ajuda a compreender a rea-lidade da ira de Deus.

4. A propiciação da ira de Deus� �A quem Deus propôs, no seu san-gue, como propiciação, mediante afé� (Rm 3.25). Somente o sangueexpiatório de Cristo propicia a ira deDeus, e a justiça de Cristo, atribuída

Preletor da XVIII Conferência Fiel no Brasil - Outubro de 2002

fe 15 - 2 A Realidade da Ira de Deus.p65 10/24/02, 5:14 PM10

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a nós, assegura-nos proteção perma-nentemente contra essa ira.

1. A PROVOCAÇÃO DA IRA DE DEUS

�...contra toda impiedade e per-versão dos homens...�

A impiedade é, na verdade, aação de ser �antiDeus� e refere-se àinimizade e à perversidade, as quaisabrem caminho para a injustiça (ile-galidade). A piedade age pode-rosamente como incentivo para a jus-tiça de coração e de vida. Sua au-sência deixa um vácuo que é facil-mente preenchido pela injustiça.Onde não há temor a Deus, os dese-jos sensuais logo conduzem os ho-mens a entregarem-se livremente atoda forma de perversão. A impie-dade manifesta-se geralmente naforma de idolatria. No mundo pa-gão esta idolatria é expressa noserviço a ídolos e na escravidão a de-mônios associados a esses ídolos. Nasociedade ocidental, a idolatria mani-festa-se na forma de mundanismo(servir ao mundo, ao invés de servira Deus), ou seja, no satisfazer �a con-cupiscência da carne, a concupis-cência dos olhos e a soberba da vida�(1 Jo 2.16).

Visto que a impiedade afeta opróprio ser e caráter de Deus, elaprovoca sua ira. Paulo declara que aira de Deus se revela continuamentecontra toda impiedade e perversão doshomens �que detêm a verdade pelainjustiça�. Isso implica que os ho-mens conhecem a verdade. Eles sãoconvencidos pela verdade mas a aba-fam, restringindo-a ou empurrando-apara trás. Isto é verdade em relaçãoa todos aqueles que praticam a impie-

dade, mas é verdade especialmenteem relação aos judeus a quem Paulose refere em Romanos 2 e 3. Os ju-deus tinham orgulho do seu co-nhecimento da verdade (Rm 2.20)mas desprezaram-na de tal maneiraque provocaram nosso Senhor a pro-ferir palavras de feroz indignação:�Ai de vós, escribas e fariseus, hi-pócritas, porque fechais o reino doscéus diante dos homens; pois vós nãoentrais, nem deixais entrar os queestão entrando!� (Mt 23.13)

Todo pecado tem sua origem naapostasia do homem para com Deus.O pecado, então, aumenta e se mul-tiplica à medida que as restrições deDeus sobre os pecadores diminuem.Finalmente, todo pecado tem suaconsumação no fogo da ira de Deus.Todos os atos de ira e indignaçãoneste mundo são apenas um prelúdiodo estado final de ira que será reve-lado no �dia da ira e da revelação dojusto juízo de Deus� (Rm 2.5).

O que ocorre não é que a ira caisobre o pecado abstrato. A maioriadas referências na Bíblia mostram ex-plicitamente que a ira de Deus caisobre os pecadores. �Aborreces atodos os que praticam a iniqüidade�(Sl 5.5). Há aproximadamente 26passagens bíblicas declarando queDeus odeia pecados como divórcio,roubo, idolatria, etc. Destas, pelomenos 12 referem-se ao fato de queDeus odeia os próprios pecadores.Devemos observar também que todaexpressão de ira na história destemundo tem uma realidade escatoló-gica (move-se em direção ao julga-mento final). Tudo está se movendopara aquele grande dia sobre o quala Bíblia fala constantemente (Mt

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25.31; Rm 2.5, 5.9; Ef 5.6; Hb9.27; Ap 20.11). Naquele dia, tudoserá revelado, e o lago de fogo setornará um monumento permanenteà justiça de Deus.

Uma tremenda expressão de ódiopara com Deus � ódio que tem comoresultado a ira de Deus � é reveladoem Apocalipse 20.8,9. Todos osexércitos e poderes do Anticristo seorganizam contra o acampamento dopovo de Deus. Os poderes da impie-dade unidos avançam para atacar anoiva de Cristo. Ao examinarmos abatalha, vemos que, enquanto glo-riosa santidade caracteriza a Divinda-de, ódio e feiúra são as marcas doinimigo. A ira de Deus se manifestacontra a impiedade � aquilo que guer-reia contra Ele.

2. A NATUREZA DA IRA DE DEUS

�A ira de Deus se revela do céu.�

O castigo humano difere do cas-tigo divino por sua natureza variávele inexata. Ao lidarmos com crime ecastigo, pensamos geralmente em ter-mos de reforma dos culpados e deproteção dos inocentes. A idéia deretribuição não é popular. No julga-mento final, a ira divina será expressasomente em termos de retribuição.O inferno não será uma penitenciá-ria, isto é, um lugar para correção.Dureza incorrigível caracterizará osímpios. O castigo naquele dia seráretribuição justa.

Os magistrados são autorizadospor Deus a punir (Rm 13.1-4), mas,em última instância, a retribuição, deacordo com a Bíblia, é função so-mente da Divindade. �A mim per-tence a vingança; eu é que retribui-

rei, diz o Senhor� (Rm 12.19; Hb10.30). O papel da consciência é im-portante. Não há arrependimento noinferno (Ap 16.11); e a ira de Deus,na forma de castigo sem fim, seráapoiada pela consciência humanaque prestará testemunho e a aprova-rá na sentença condenadora.

A realidade da ira de Deus le-vanta a questão de impassibilidade:encontramos em nossas declaraçõesde fé a afirmação de que �Deus nãotem partes ou paixões corporais�. Istoestabelece uma verdade importantedesignada a evitar qualquer idéia deque Deus seja instável ou sujeito àsdisposições ou distúrbios que nósmortais conhecemos. No entanto,seria desastroso concluir, por isso,que Deus é uma máquina sem senti-mentos. Ele é eternamente santo e éperfeito no seu amor triúno. Vemosseus sentimentos expressos em Cris-to, mas não é possível sabermos, demaneira prática, como Deus sente.Se a declaração �Deus é amor� temalgum significado, então, concluí-mos que Deus sente emoções à suaprópria maneira infinita e imutável.Em nossa própria experiência, sen-timos o amor de Deus de formatangível, à medida que esse amor éderramado em nossos corações peloEspírito Santo, que nos foi outorga-do (Rm 5.5). A língua bíblicaprincipal é o hebraico. A palavra aphdenota raiva, estremecimento, (210vezes); e chemah significa calor, ira,fúria (115 vezes). Vistas nos seuscontextos, estas palavras demons-tram claramente a mensagem de queDeus tem sentimentos fortíssimos emrelação à maldade. O assunto obvia-mente precisa de exposição sepa-

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rada, na qual o maior cuidado é ne-cessário para resguardar nosso pontode vista da imutabilidade de Deus, eo nosso entendimento dEle como umDeus (sempre santo em Si mesmo)que é amor e ira.

Sobre o assunto de ira e amor,Shedd comenta: �Estas duas emoçõessão reais e essenciais em Deus: umaé despertada pela justiça e a outrapelo pecado. A existência de umanecessita da exis-tência da outra; as-sim, se não houveramor pela justiça,não haverá ódiopelo pecado; e, re-ciprocamente, senão houver ódiopelo pecado, nãohaverá justiça. Acoexistência neces-sária destes senti-mentos é continua-mente ensinada naBíblia: ‘ Vós queamais o SENHOR,detestai o mal’ (Sl97.10)�.1

A perfeita compatibilidade entrea ira e o amor é vista na provasubstitutiva de Cristo. Somente Elepoderia cumprir os requisitos da jus-tiça. As ofertas queimadas de Le-vítico 1.1-9 eram completamenteconsumidas pelo fogo. Produziamum �aroma agradável ao SENHOR�.O �agradável� é uma referência àtotal satisfação de justiça e não sig-nifica, nem por um momento, queDeus teve prazer nos sofrimentos deCristo. Ele repugnava isto (lembre-mos a prova de Abraão, ao ser cha-mado para sacrificar Isaque) com

perfeita repugnância, mas teve pra-zer na vindicação da justiça e nocumprimento da justiça representa-da na vitória de seu Filho. �A dordo Cordeiro em corpo e alma era tãoimensa, que somente os poderes deuma pessoa divina poderiam suportá-la.�2 �Como sua alma fervia debaixodo fogo da ira, e seu sangue vazavaatravés de todos os poros, por causado extremo calor da chama.�3

Por causa destesinteresses essen-ciais pela justiça, aira de Deus veio so-bre o Cordeiro, epodemos apenasconcluir que essaira é uma terrívelrealidade.

3. A IRA DE DEUSMANIFESTADA

�A ira de Deus serevela (continua-mente)...�

Enquanto es-crevo sobre essa ira,

a mídia está trabalhando para exporao mundo atrocidades que ocorremem várias partes do mundo. A opi-nião mundial tem sido despertadarapidamente, exigindo que tome-seuma posição contra o grande núme-ro de mortes. A Bíblia fala clara-mente sobre acontecimentos dessetipo e sobre calamidades como guer-ras, fomes, enchentes, furacões evulcões. A Bíblia avisa claramentesobre os fatos do julgamento de Deusna História.

A queda de Adão e Eva. A pri-meira manifestação da ira de Deus é

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Não há arrependimen-to no inferno (Ap16.11); e a ira deDeus, na forma de

castigo sem fim, seráapoiada pela consci-ência humana que

prestará testemunho ea aprovará na senten-

ça condenadora.

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aquilo que veio como inexorávelcumprimento de suas palavras: �Nodia em que dela comeres, certamen-te morrerás� (Gn 2.17). Os pri-meiros pecadores receberam sobre simesmos uma maldição; a mulher foiamaldiçoada na principal órbita desua vida e, de maneira semelhante,o homem. A terra também foi amal-diçoada. Todos os descendentes deAdão e Eva, por causa da Queda, sãonascidos �na iniqüidade� (Sl 51.5).Toda pessoa que nasce neste mundoé culpada do pecado de Adão, ouseja, falta-lheaquela justiçana qual Adãofoi criado, e apessoa é cor-rupta por natu-reza (Rm 5.12-21). Isto sig-nifica que todapessoa nasceneste mundo como pecador e, con-seqüentemente, a culpa clama porira, devido aos pecados que ela co-mete cada vez mais. A demora naaplicação do castigo, expresso emGênesis 2.17, é vista de várias ma-neiras. Adão não morreu fisicamentede imediato. O castigo de Caim peloassassinato de Abel foi adiado, ape-sar de ser evidente que ele era umhomem perverso. �A civilizaçãocaimita, descrita em Gênesis 4.16-24, foi ricamente abençoada com osbenefícios da graça comum e se ex-cedeu nos avanços tecnológicos eculturais. Ao mesmo tempo, essa ci-vilização era protótipo de humanismoe impiedade.�4

O dilúvio nos dias de Noé. A de-cadência da humanidade, como con-

seqüência da Queda tem seu própriocomentário na observação feita porJeová, ao reclamar que a inclinaçãodo pensamento do coração do homemera somente maldade em todo o tem-po! O pecado sempre traz consigo areação da ira. O Senhor declarou:�Farei desaparecer da face da terra ohomem que criei� (Gn 6.7). Os ma-les da indiferença e do pecado ca-racterizaram a geração de Noé. Abusca de atividades legais � comer,beber, construir, casar � se for se-guida sem motivos teocêntricos

provoca a irade Deus. O au-mento da cri-m i n a l i d a d etambém foi umprecursor dodilúvio. A ter-ra estava cor-rompida à vis-ta de Deus e

cheia de violência; então, Deus dis-se a Noé: �Resolvi dar cabo de todacarne� (Gn 6.11-13). Referindo-seao pecado de mundocentrismo nosdias de Noé, nosso Senhor declarouclaramente que um estado seme-lhante de mundanismo precederá suasegunda vinda (Lc 17.26).

Sodoma e Gomorra. De acordocom Calvino, o caso de Sodoma foitrazido à atenção de Abraão, a fimde ensiná-lo que os sodomitas mere-ciam, com justiça, a sua destruição.�Ao dizer que �o clamor tem se mul-tiplicado�, Deus indica quão dolorososão os pecados dos ímpios porque,apesar de prometerem impunidadepara si mesmos, escondendo suasmaldades, os seus pecados soarão nosouvidos de Deus�.5

A Bíblia avisa claramentesobre os fatos do julgamento

de Deus na História.

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O horroroso mal que veio a serchamado de �sodomia� foi revela-do inteiramente na noite anterior aodia em que Ló foi removido da cida-de, quando �os homens daquelacidade cercaram a casa... assim osmoços como os velhos� e exigiramabusar dos dois anjos (Gn 19.4).Romanos 1 mostra que este pecadoem particular é um sinal de perver-são, um sinal de que Deus tementregado os homens à destruição.Paulo diz que é impossível para umhomossexual herdar o reino de Deus,mas algumas pessoas em Corinto searrependeram deste pecado e encon-traram a salvação (1 Co 6.9-11).

O caso de Sodoma nos ensinaque os pecados que destroem a insti-tuição da família e que tornamintolerável a vida de crianças exigema ira de Deus. O alarmante abusosexual de crianças, em nossos dias,certamente provoca a ira de Deus. Opecado dos amorreus se tornou insu-portável, quando chegou ao seu auge,na época quando essa nação foidestruída por Israel. A invasão foi umato de guerra mas também de justiça(Gn 15.16; 1 Rs 21.26; 2 Rs 21.11).

A maneira pela qual as cidadesda planície foram destruídas não éinsignificante. Seus crimes exigiamum ato de indignação que foi mani-festado por fogo do céu, não um fogode aniquilação, e sim um fogo detormento sem fim; este fato é apoia-do por Judas 7: �Sodoma, e Go-morra, e as cidades circunvizinhas,que, havendo-se entregado à prosti-tuição como aqueles, seguindo apósoutra carne, são postas para exem-plo do fogo eterno, sofrendo pu-nição�.

A ira caindo sobre os indivídu-os. A ira de Deus é contínua na suamanifestação e universal na sua apli-cação. Deus é um juiz justo, quemanifesta sua ira todo o dia. Esta irapode ser percebida na vida de pesso-as como Acabe e Jezabel, no AntigoTestamento; e de Ananias e Safira,no Novo Testamento; e, mais tarde,na vida do Rei Herodes, que foi mor-to quando recebeu adoração quedeveria ser prestada somente a Deus;e, na era moderna, na morte de dita-dores como Hitler e os Ceaucescus.

Nações e impérios. As nações eos impérios mundiais também sãopesados na balança divina. Grandestrechos das mensagens proféticas sãodedicados a este tema (Is 13-15; Jr46-50; Ez 25-32 e Am 1-2). A obri-gação de Naum era mostrar que ahora da ira de Deus havia chegadopara Nínive, porque ela �vendia ospovos com a sua prostituição e asgentes, com as suas feitiçarias� (Na3.4). Por essas razões, �a sua cólerase derrama como fogo� (Na 1.6).Daniel 2 descreve o julgamento deDeus sobre quatro impérios orgulho-sos que se sucederam, e todos foramtotalmente destruídos.

As setes taças da cólera de Deus.As taças de ouro de Apocalipse 16são taças de ira. Alguns dos horroresdos julgamentos descritos de manei-ra simbólica no Apocalipse já estão,até certo ponto, presentes conosco.Seca, fome e poluição são terríveisrealidades. Sempre pergunta-se por-que Deus permite os terríveis de-sastres de guerras civis (no Sudão,durante 25 anos; em Moçambique,durante 16 anos; o conflito recenteentre o Iraque e o Irã, etc.); fomes

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(como na Etiópia, no Sudão e naSomália); holocaustos (na AlemanhaNazista, na Rússia e, mais recente-mente, no Camboja). Isaías 24.5-6anos diz: �Na verdade, a terra está con-taminada por causa dos seus mora-dores, porquanto transgridem as leis,violam estatutos, e quebram a alian-ça eterna. Por isso, a maldiçãoconsome a terra, e os que habitamnela se tornam culpados�.

A ira de Deus revelada contraseu povo eleito. O privilégio traz con-sigo a responsabilidade. A aliança deDeus resumida em Deuteronômiocoloca bastante ênfase na importân-cia da fidelidade. A fidelidade seriarecompensada com abundante pros-peridade. Para o povo de Deus, aregra seria �emprestarás a muitasgentes, porém tu não tomarás em-prestado� (Dt 28.12). Por outro lado,a desobediência, especialmente sefosse no caso de servir a ídolos im-prestáveis, provocaria o ciúme doSenhor e acenderia o fogo da sua ira(Dt 32.21-24).

Talvez a alegoria da infiel Jeru-salém, registrada em Ezequiel 16,forneça a mais marcante lição de ira.Esta foi provocada pela promiscui-dade e prostituição de Israel. Tendosido removida do campo onde haviasido lançada na sua infância, e onderevolvia-se no sangue sem ter sidocortado o seu cordão umbilical, Je-rusalém foi embelecida pelo seuSalvador e amante. Mas ela tinha dor-mido com seus vizinhos lascivos detodos os lados. Por isso, Ele diz: �Tefarei vítima de furor e de ciúme� (Ez16.38).

O paralelo no Novo Testamentoencontra-se em Hebreus 6 e 10. A

justiça de Deus é proporcional à res-ponsabilidade humana. Aqueles quefazem profissão de fé, tornam-semembros da igreja, recebem a luz, oensino e os benefícios do evangelhoe depois rejeitam esses privilégiosserão devidamente punidos: �Dequanto mais severo castigo julgais vósserá considerado digno aquele quecalcou aos pés o Filho de Deus, eprofanou o sangue da aliança com oqual foi santificado, e ultrajou o Es-pírito da graça? Ora nós conhecemosaquele que disse: A mim pertence avingança; eu retribuirei�. E outravez: O Senhor julgará o seu povo.Horrível coisa é cair nas mãos doDeus vivo� (Hb 10.29-31).

4. A PROPICIAÇÃO DA IRA DE DEUS

�A quem Deus propôs, no seu san-gue, como propiciação, mediante afé� (Rm 3.25).

Nada é tão inescrutável ou tãomaravilhosamente eficaz como o sa-crifício vicário de Cristo, realizadode uma vez por todas, para propiciara ira de Deus. Tão terrível foi essaira que até mesmo Cristo, que co-nhecia todas as coisas, quando estavapara tomar o cálice da ira, disse: �Aminha alma está profundamente tristeaté à morte� (Mc 14.34).

Na sua exposição de Isaías 53.10: �Todavia, ao SENHOR agradoumoê-lo, fazendo-o enfermar�,Manton disse: �Então, aprenda: (a)a total impiedade do pecado, custoua Cristo uma vida de sofrimento, �uma dolorosa, vergonhosa, amaldi-çoada morte e uma incrível com-preensão da ira de Deus, a fim dereconciliar pecadores; (b) O temor

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JONATHAN EDWARDS(1703-1758)

Gilson Santos

Considerado o maior teólogo e filósofo americano,Jonathan Edwards nasceu no Estado de Connecticut, nomesmo ano em que nasceu o inglês John Wesley. Seu pai,Timothy Edwards, foi pastor, e sua mãe, Esther, era filha doRev. Solomon Stoddart. Jonathan foi o único filho com dezirmãs. Desde criança demonstrou impressionante inteli-gência, e ingressou no Yale College pouco antes dos trezeanos. Depois de sua educação, ingressou no ministériocongregacional em 1726 na Igreja em Northampton,Massachusetts. Poucos anos mais tarde, em 1734, umdespertamento aconteceu em sua congregação. Em 1740, oGrande Despertamento irradiou-se pelas treze colônias norte-americanas, e estima-se que no mínimo 50.000 pessoas foramdespertadas para Cristo e uniram-se às igrejas. Foi ele, por-tanto, o teólogo do chamado Primeiro Grande Despertamento.Mais tarde, Edwards serviu como missionário aos índios emStockbridge, Massachusetts, entre 1751 e 1757.

Edwards e sua esposa, Sarah, tiveram onze filhos. Sua vidafamiliar feliz foi um modelo para todos os que o visitaram.Edwards morreu durante uma epidemia de varíola, logo depoisde haver mudado para Nova Jersey, no mesmo ano em quetornou-se presidente do College of New Jersey, mais tarde cha-mado Universidade de Princeton. Morreu vítima de umavacina contra a varíola, por ter se oferecido como voluntá-rio para o teste da mesma.

Ele escreveu cerca de mil sermões, bem como várias obrasimportantes sobre a Bíblia e teologia. Foi também um grandemetafísico, com importantes obras de filosofia. Aos treze anosescreveu um tratado sobre aranhas, e sempre mostrou interes-se por questões científicas, não vendo qualquer conflito entrereligião e ciência. Ele lia e apreciava as obras de Sir IsaacNewton, convicto de que a boa teologia e a boa ciência poderi-am se apoiar e complementar mutuamente. Foi um dos maisprofundos escritores calvinistas que se tem conhecimento.

fe 15 - 3 Jonathan Edwards.p65 10/24/02, 5:15 PM18

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Fé para Hoje22

Cristo; é suficiente sentar-se à som-bra dEle, a �grande rocha em terrasedenta� (Is 32.2). Cristo não exigedinheiro em troca de sua paz. Maschama-nos para O buscarmos livre-mente e sem preço. Ainda que pobrese sem dinheiro, podemos ir a Ele.Cristo não se dá por aluguel; Eledeseja tão-somente outorgar-lhe essedescanso. Como Mediador, sua obraconsiste em dar descanso aos exaus-tos. E nisso Ele se deleita.

Há em Cristo descanso e docerefrigério para aqueles que estão can-sados das perseguições. A maior partedo tempo, o povo de Deus tem sidoperseguido neste mundo. Há inter-valos ocasionais de paz e prosperi-dade, mas geralmente acontece aocontrário.

Satanás tem usado de grandemalícia contra o povo de Deus, namedida em que esse povo procuraseguir a Deus. Assim, por muitasvezes, o povo de Deus tem sido ex-tremamente perseguido, e milharestêm sido condenados à morte. Sata-nás está sempre pronto, �como leãoque ruge procurando alguém para de-vorar� (I Pe 5.8).

Cristo tem se dado a nós para sertudo aquilo de que precisamos. Ne-cessitamos de vestes, e Cristo nãoapenas nos dá vestes, mas também aSi mesmo, para ser a nossa vesti-menta. �Porque todos quantos fostesbatizados em Cristo, de Cristo vosrevestistes� (Gl 3.27).

Em Cristo há provisão para sa-tisfação e pleno contentamento das

almas sedentas e necessitadas. Cris-to é �como ribeiros de águas em lu-gares secos� (Is 32.2 - ARC) ou emum deserto ressequido, onde hágrande escassez de água e os viajan-tes morrem de sede.

Cristo é um rio de águas, poishá nEle uma plenitude tal, uma pro-visão tão abundante, que satisfaz aalma mais necessitada e ansiosa. Cris-to é suficiente não só para uma almasedenta, mas também é a fonte quenunca seca, sem importar quantosvenham a Ele. Um homem sedentonão esgota esse rio, ao saciar nElecontinuamente a sua sede. �Aquele,porém, que beber da água que eu lheder nunca mais terá sede; pelo con-trário, a água que eu lhe der será neleuma fonte a jorrar para a vida eter-na� (Jo 4.14).

Como somos felizes quando nos-sos corações ficam persuadidos a seachegarem a Jesus Cristo! Oh! Quesejamos persuadidos a nos ocultar-mos nEle! Que maior segurançapoderíamos desejar? Ele se compro-meteu a defender-nos e salvar-nos.

Nada temos a fazer, além de des-cansar nEle calmamente. Aquiete-see veja o que o Senhor Jesus fará porvocê. Se tiver de haver sofrimento,esse será da parte do Senhor Jesus,por você; nada terá de sofrer. Se al-guma coisa tiver de ser feita, Cristohá de fazê-la. Você nada terá de fa-zer, além de permanecer quieto eolhar. �Mas os que esperam no SE-NHOR, renovam as suas forças� (Is40.31).

Aquele que procura ser feliz, precisa antes procurar ser santo. John Howe

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SUBMISSÃO À DISCIPLINA DE DEUS 23

SUBMISSÃO À DISCIPLINA DE DEUSArthur Pink

Por natureza, não somos incli-nados à submissão. Nascemos nestemundo possuídos por um espírito deinsubordinação. Somos descendentesde nossos primeiros pais rebeldes e,por isso, herdamos a natureza deles.O homem nasce com uma naturezarebelde, semelhante à de um jumentoselvagem (cf. Jó 11.12). Isto é muitodesagradável e humilhante, mas éverdadeiro. Isaías 53.6 nos diz:�Cada um se desviava pelo cami-nho�, que é um caminho de oposiçãoà vontade revelada de Deus. Mesmona conversão, a nossa naturezarebelde e voluntariosa não é erradi-cada. Recebemos uma nova natureza,mas a velha natureza continua lutandocontra a nova; por isso, necessitamosde disciplina e correção. E o grandepropósito da disciplina e da correçãoé trazer-nos à sujeição ao Pai dosEspíritos. Procuraremos atingir doisobjetivos: explicar o significado daexpressão �estar em... submissão aoPai� e enfatizar este fato com asrazões apresentadas no texto bíblico

onde a expressão se encontra (Hb12.9).

1. A SUBMISSÃO IDEALIZADA

Estar em �submissão ao Pai� éuma expressão de significado abran-gente; portanto, convém que com-preendamos suas várias conotações.

1. SIGNIFICA UMA AQUIESCÊNCIA

AO SOBERANO DIREITO DE DEUS EM

FAZER CONOSCO AQUILO QUE LHE

AGRADA.(Veja Salmo 39.9: �Emudeço,

não abro os meus lábios porque tufizeste isso� .) O crente tem o deverde ficar calado quando estiver sob avara da disciplina e em silêncioquando estiver passando pelas maisintensas aflições. Todavia, isto épossível somente se pudermos ver amão de Deus em tais aflições. Se amão de Deus não for vista na aflição,o coração do crente não fará nadaalém de queixar-se e irritar-se. Leia2 Samuel 16.10-11: �Que tenho eu

�Não havemos de estar em muito maior submissão ao Paiespiritual e, então, viveremos?�

Hebreus 12.9

fe 15 - 5 Submissão à Disciplina de Deus.p65 10/24/02, 5:16 PM23

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O QUE É A PERSEVERANÇA DOS SANTOS? 27

O QUE É A PERSEVERANÇA

DOS SANTOS?Richard Belcher

1. A DOUTRINA DA PERSEVE-RANÇA É UMA CONCLUSÃO LÓGICADOS QUATRO PONTOS ANTERIORESDO CALVINISMO.

Se o homem é totalmente de-pravado e não pode fazer nada paraajudar a si mesmo no que diz respeitoàs coisas espirituais; se Deus é abso-lutamente soberano na questão daeleição, fundamentada tão-somenteem sua própria vontade; se a mortede Cristo realizou-se em favor doseleitos, assegurando-lhes a salvação;e se Deus chama os eleitos de manei-ra irresistível, conclui-se que Deusassegurará a salvação final desteseleitos, ou seja, eles perseverarão atéo fim.

Se os eleitos não perseverassem,a eleição eterna de Deus falharia, eisto o calvinista não pode admitir.Se Deus decretou a salvação dos

eleitos, então, ela acontecerá, inclu-indo a salvação final dos eleitos.

Se os eleitos não perseverassem,a morte de Cristo seria uma falha,porque o seu desígnio era garantir asalvação dos eleitos.

Se os eleitos não perseverassem,a graça de Deus seria resistível pelossalvos (eles poderiam rejeitá-la deuma maneira final, depois de estaremsalvos), embora a graça fosse irre-sistível antes de eles serem salvos.

2. A DOUTRINA DA PERSEVE-RANÇA É DEFINIDA NOS SEGUINTESTERMOS:

A perseverança dos santos é adoutrina que afirma que os eleitoscontinuarão no caminho da salvação(por serem eles o objeto do eternodecreto da eleição e por serem eles oobjeto da expiação realizada por

Preletor da XVIII Conferência Fiel no Brasil - Outubro de 2002

fe 15 - 6 O que é a perseverança dos santos.p65 10/24/02, 5:16 PM27

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Fé para Hoje28

Cristo), visto que o mesmo poder deDeus que os salvou os preservará eos santificará até o final.

3. A DOUTRINA DA PERSEVE-RANÇA NÃO DESCARTA O AFAS-TAR-SE DE DEUS POR PARTE DOCRENTE.

Esta doutrina rejeita a possibi-lidade de alguém professar ser crentee viver em um suposto estado deafastamento de Deus por muitos anos,sem enfrentar a mão disciplinadorade Deus; mas esta doutrina não des-carta o afastar-se de Deus.

O afastamento de Deus podeocorrer entre os crentes; todavia, adoutrina da perseverança diz que overdadeiro crente não ficará perma-nentemente nesse estado. Se elepermanecer, tal crente deve colocarum grande ponto de interrogação aolado de sua profissão de fé.

4. A DOUTRINA DA PERSEVE-RANÇA, DE ACORDO COM O CALVI-NISMO, NÃO INCLUI A IDÉIA DO�CRENTE CARNAL�.

Um �crente carnal�, conformemuitos o definem, é um crente quefoi verdadeiramente salvo, mas estávivendo como um perdido. O �cren-te carnal� fez uma confissão de fé eviveu por um tempo como verdadeirocrente; agora, porém, ele se voltoupara o mundo, e aqueles que o cercamno mundo e os membros da igrejanão sabem se ele é um verdadeirocrente ou não. Somente Deus conhe-ce o coração do �crente carnal�. Elepode passar todo o resto de sua vidanesta condição; mas, por causa de sua

experiência de salvação, ele estarácom Cristo na eternidade. Ele é car-nal, mas é um crente: ou, ele é umcrente, mas é carnal. O calvinismodiria: não há salvação onde não háperseverança; e, onde há salvação,ali haverá perseverança.

5. A DOUTRINA DA PERSEVE-RANÇA INCLUI A SEGURANÇA DOCRENTE; MAS A SEGURANÇA ÉSOMENTE UM ASPECTO DESTADOUTRINA; A SEGURANÇA PODEDEIXAR EM SEU RASTRO UMAMANEIRA DE PENSAR E UM VIVERFALSOS.

O ensino dos batistas de �umavez salvo, salvo para sempre� éapenas um dos lados da moeda e,sendo apenas um dos lados da moeda,tal doutrina pode ser perigosa.

A doutrina da perseverança doscrentes, de conformidade com ocalvinismo, tem dois lados � segu-rança e perseverança. Um não podeexistir sem o outro. A doutrina ba-tista da eterna segurança (uma vezsalvo, salvo para sempre) tende adesprezar e negligenciar a neces-sidade de perseverança como provada verdadeira salvação. Deste modo,se ensinarmos a segurança de salvaçãopara um crente e não lhe ensinarmosa realidade da perseverança comoprova da salvação, poderemos pro-duzir o mesmo resultado da doutrinado �crente carnal� � pessoas quepensam ser salvas, mas não o são. Adoutrina da segurança eterna sem aoutra metade da moeda torna-se umapermissão de pecar para aqueles queapenas professam ter fé em Cristo,mas que nunca foram verdadei-

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ramente salvos. A doutrina calvi-nista da perseverança dos santos tantooferece conforto ao crente (ele estáeternamente seguro) quanto propor-

ciona realidade à sua confissão de féem Cristo (o crente compreende quea perseverança na vida cristã é umaprova da salvação).

(Este artigo é parte de um capítulo do livro "Jornada na Graça -uma novela teológica", que será lançado durante a XVIII Con-ferência Fiel para Pastores e Líderes, no Brasil, em outubro de2002.)

DA PERSEVERANÇA DOS SANTOS

�Cremos que só são crentes verdadeiros aqueles queperseveram até o fim; que a sua ligação perseverantecom Cristo é o grande sinal que os distingue dos mera-mente professos; que uma Providência especial velapelo seu bem-estar e que são guardados pelo poder deDeus, mediante a fé para a salvação�.

[Artigo XI da Confissão de Fé de New Hampshire, 1833,adotada pelas primeiras igrejas Batistas organizadas no Brasil.Aqui, foi publicada pela primeira vez no livro �Origem e Histó-ria dos Batistas�, de S. H. Ford, que foi traduzido para o portuguêsem 1886 pelo missionário Z. C. Taylor, o qual incluiu, comoapêndice, a Confissão de Fé de New Hampshire que ele própriotraduziu sob o seguinte título: �DECLARAÇÃO DE FÉ DASIGREJAS BATISTAS NO BRASIL. E comumente adotadaspelas Igrejas da mesma fé e ordem pelo mundo�. Foi adotadapela Convenção Batista Brasileira em 24 de junho de 1916, nadécima assembléia anual, e ainda hoje é a Confissão de Féconstante em muitos estatutos de Igrejas Batistas no Brasil.

A Confissão de Fé foi reafirmada e aceita por vários gruposbatistas no século vinte. A Associação Geral das Igrejas BatistasRegulares, por exemplo (assim como outros grupos funda-mentalistas), adotou a Confissão com um adendo de interpretaçãopremilenista ao último artigo].

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