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Revista Fé para Hoje Número 28, Ano 2006

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Editora Fiel

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SANSÃO E A SEDUÇÃO DA CULTURA 1

Fépara

Hojeé para Hoje é um ministério da Editora FIEL. Como

outros projetos da FIEL — as conferências e os livros— este novo passo de fé tem como propósito semearo glorioso Evangelho de Cristo, que é o poder de Deuspara a salvação de almas perdidas.O conteúdo desta revista representa uma cuidadosaseleção de artigos, escritos por homens que têmmantido a fé que foi entregue aos santos.Nestas páginas, o leitor receberá encorajamento a fimde pregar fielmente a Palavra da cruz. Ainda que estamensagem continue sendo loucura para este mundo,as páginas da história comprovam que ela é o poderde Deus para a salvação das ovelhas perdidas —“Minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”.Aquele que tem entrado na onda pragmática queprocura fazer do evangelho algo desejável aos olhosdo mundo, precisa ser lembrado que nem Paulo, nemo próprio Cristo, tentou popularizar a mensagemsalvadora.Fé para Hoje é oferecida gratuitamente aos pastores eseminaristas.

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Editora FielCaixa Postal 160112233-300 - São José dos Campos, SP

www.editorafiel.com.br

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AAAAAMEMEMEMEME SUASUASUASUASUA F F F F FAMÍLIAAMÍLIAAMÍLIAAMÍLIAAMÍLIA 1

AME SUA FAMÍLIA

Tedd Tripp

Amado Timóteo,

Muito obrigado por sua ligaçãona semana passada. Sou muito gratoa Deus por tudo estar bem com vocêneste início de seu ministério. Você eMary, e sua jovem família, são moti-vo de grande alegria para Margy eeu. Nós os amamos e nos regozija-mos no que o Senhor está fazendoem suas vidas.

Estou contente em poder colo-car no papel algumas idéias sobre avida familiar de um pastor. É umgrande prazer saber que você estápreocupado em ser um homem deDeus, não apenas no púlpito e na vidaministerial, mas também em sua pró-pria casa.

Como você sabe, uma das quali-ficações para o ministério do evan-gelho é ter uma vida familiar exem-plar, sendo alguém “que governe bema própria casa, criando os filhos sobdisciplina, com todo o respeito (pois,se alguém não sabe governar a pró-pria casa, como cuidará da igreja deDeus?)” (1 Tm 3.4-5).

O lar é um microcosmo da igreja.As qualidades da vida espiritual quedão credibilidade ao pastor em casafornecerão a mesma medida deconfiança às pessoas que ele servena igreja. A vitalidade espiritual quepermite sua família seguir com alegriasua liderança assegurará a igreja deque ela está em boas mãos. A vidafamiliar é, no entanto, muito mais doque apenas um local para mostrarhabilidades pastorais. É a própriafornalha na qual estas característicassão forjadas.

A qualidade de sua vida familiarou irá lhe investir de credibilidade ou,então, irá roubá-la de você. Você podeimaginar uma mulher na igreja tendoconfiança em um pastor cuja esposaé infeliz? As pessoas veriam um ho-mem como um seguro guia espiritu-al, se seus filhos fossem rebeldes eincontroláveis ou tímidos e oprimi-dos? Cada vez que você prega a Pa-lavra, ou provê conselhos, ou aindatraz segurança e conforto para pes-soas perturbadas, a qualidade de suavida familiar irá dar o peso necessá-

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rio às suas palavras. O objetivo dasantidade na vida familiar não é a cre-dibilidade, mas sim a glória de Deus.Entretanto, as pessoas sob seu cui-dado irão observar atentamente suavida familiar.

Um pastor ocupado freqüente-mente se sente dividido entre as ne-cessidades desua família e asnecessidadesda igreja. Sevocê pensar aeste respeito,verá que nuncahá competiçãoentre os cha-mados de suavida familiare os chamados do ministério do evan-gelho. Você serve à Igreja ao servir àfamília. Todo investimento feito noseu lar pagará os mais altos dividen-dos para a igreja. Você estará mos-trando às suas ovelhas como asgraças do evangelho repercutem emsua vida familiar.

Conforme tenho refletido sobresuas perguntas acerca da vida emfamília, pensei em três assuntos im-portantes que podem ajudá-lo aorganizar seus pensamentos a respei-to desta parte da vida: Seja um líderespiritual para sua família. Seja ummarido e um pai para sua família. Sejao protetor de sua família.

SEJA UM LÍDER ESPIRITUAL

A passagem clássica a respeitodeste chamado é Deuteronômio 6,quando Moisés está dando aos ho-mens uma visão a longo prazo. Seufoco não é sobreviver e nem conse-

guir chegar ao fim da semana. Oschamados da liderança espiritual sãopara que você, o seu filho e o filhodo seu filho conheçam e temam o Se-nhor (v. 2). Esta visão para trêsgerações o ajudará a resistir às tenta-ções de cair nas conveniências domomento. Como pais, temos preo-

cupações maisimportantes doque unicamenteo momento —nos preocupa-mos com o lu-gar onde nos-sos netos esta-rão daqui a cin-qüenta anos.Naturalmente,

sua liderança espiritual é imprescin-dível para a família. Deuteronômio6.5,6 deixa isto muito claro: “Ama-rás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todoo teu coração, de toda a tua alma ede toda a tua força. Estas palavras…estarão no teu coração”.

Sua família precisa ver as rique-zas de seu caminhar espiritual umtanto à parte de suas obrigações mi-nisteriais. Sua alegria em Cristo, suavitalidade como homem de Deus, suaafabilidade face às oposições, seufoco claro na graça de Cristo (nãoapenas por perdão, mas também porcapacitação) será a lente pela qualeles verão todos os seus esforços paraministrar a graça de Deus a eles.

Compartilhe com sua esposa eseus filhos seu dia a dia. Na medidaem que você encontra conforto eforças em Cristo, deixe que eles ovejam lendo e meditando na Palavrade Deus. Deixe que eles o observemcomo um homem de oração e de

As qualidades da vidaespiritual que dão credibilidadeao pastor em casa fornecerão amesma medida de confiança àspessoas que ele serve na igreja.

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humildes fraquezas diante de um Deusde força. Nada irá prover sua famíliacom tanto bem-estar quanto o seuamor e devoção a Deus.

Um outro aspecto de grandeimportância na liderança espiritual éretratar uma visão correta do mundopara seus filhos. Deuteronômio 6 faladisso com bastante pungência. “Estaspalavras que, hoje, te ordeno estarãono teu coração; tu as inculcarás a teusfilhos, e delas falarás assentado emtua casa, e andando pelo caminho, eao deitar-te, e ao levantar-te” (Dt6.6,7).

Seus filhos precisam entender anatureza da realidade. Por trás destemundo de imagens e sons há ummundo invisível de realidade espiri-tual que dá sentido ao mundo quevemos, tocamos e com o qual lida-mos. A árvore no quintal que provêsombra e morada aos pássaros e es-quilos, e também serve para ascrianças subirem e até construíremuma fortaleza, existe pela vontade doDeus invisível. É sua criação. Elaexiste como um hino de louvor à suacriatividade, sabedoria e capacidade.Ele nos tem dado estas coisas paranosso próprio deleite, para que pos-samos conhecê-Lo, adorá-Lo edeleitarmo-nos nEle. Como vocêpode ver, Timóteo, ninguém conse-gue realmente compreender a árvoresem antes observar o invisível na-quilo que é visível.

Ajudar as crianças a entenderema natureza da realidade requer imagi-nação. Nossos filhos precisamenxergar aquilo que é invisível aosolhos. Nós, cristãos, somos um povocujo comprometimento com o mun-do invisível da realidade espiritual

define nossas interpretações e respos-tas às coisas que verdadeiramentepodemos ver.

A palavra imaginação não é usadaem Deuteronômio 6, mas o uso daimaginação é essencial. Seu filho lheperguntará: “Que significam ostestemunhos, e estatutos, e juízosque nós seguimos?” (veja Dt 6.20).Para responder a esta pergunta, o paiprecisa engajar a imaginação do filhoem eventos do passado, como aescravidão no Egito e a audaciosa edramática libertação através do braçoforte de Deus. Estas histórias poracaso poderiam ser contadas deforma a impressionar as crianças semque fosse feito uso da imaginação?

Desenvolver a imaginação deseus filhos irá ajudá-los a enxergaraquilo que não é visível aos olhos.Eugene Peterson colocou esteassunto da seguinte forma:

A imaginação é a capacida-de de fazer conexões entre ovisível e o invisível, entre o céue a terra, entre o presente e opassado, entre o presente e ofuturo.1

Pense nesta tarefa de ajudar ascrianças a enxergarem a natureza darealidade como instrução formativa.Você está dando a elas formas depensar e entender seu próprio mundo,de maneira enraizada na Bíblia.Nossos filhos não vivem à parte doseventos e circunstâncias da vida, masvivem à parte quanto à forma comointerpretam e respondem a isto. Achave para a interpretação é a pessoae a existência do verdadeiro Deus quevivo está.

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Passe algum tempo lendo aPalavra com eles todos os dias.Ajude-os a enxergar as glórias emaravilhas de Deus. O Salmo 145nos dá uma descrição esplêndidadeste aspecto da paternidade: “Umageração louvará a outra geração astuas obras e anunciará os teuspoderosos feitos. Divulgarão amemória de tua muita bondade e comjúbilo celebrarão a tua justiça” (Sl145.4,7). Seus filhos são feitos àimagem de Deus. Eles foram criadospara a adoração; ajude-os a seremfascinados por Deus.

Naturalmente, você precisaajustar o momento dos cultosdomésticos de acordo com aslimitações físicas e intelectuais deseus filhos. Seja fiel no cultodoméstico e esteja certo de que esteato conecte seus filhos ao mundoinvisível da realidade espiritual.Aquilo que é invisível e eterno noscapacita a interpretar corretamente oque vemos.

SEJA UM MARIDO E PAI

Tenho de lembrá-lo, Timóteo,que você deve renunciar sua vida emfavor de Mary. Em Efésios 5.25,Deus o chama para amar Mary como mesmo amor de auto-sacrifício quelevou Jesus a entregar sua vidalivremente pela igreja.

Ao se tornar sua esposa, muitosdesafios foram colocados diante davida de Mary. Ela está na berlinda.Há muitas expectativas sobre ela. Aspessoas olham para ela, esperandoque ela entenda intuitivamente todasas suas esperanças, medos e aspira-ções. Ela tem de estar sempre pronta

a dar um sábio conselho, ou apenasum ombro amigo. Outras mulherespensam que ela é um compêndio dedicas sobre uma vida de sucesso.Outras, olham para ela a fim de re-ceberem uma aprovação para aspróprias vidas. Algumas irão invejá-la e ignorá-la. E ela tem de estarpronta para a hospitalidade ao primei-ro soar da campainha. Qualquerinteração com seu filho estará sujeitaao escrutínio de algum olho analíti-co, seja de um imitador ou de umcrítico. Ela aceitou passar por todasestas pressões, quando se tornou aesposa de um pastor.

Mary precisa de um marido. Elaprecisa de um homem que seja casadocom ela, e não com a igreja. Ela foicriada para florescer sob os cuidadosde seu marido. Pedro, o apóstoloinspirado, diz que você deve cuidardela — viver a vida comum do lar,com discernimento. Pedro diz que,enquanto você cuida de sua esposa,como a parte mais frágil, sua vida deoração prosperará.

Leia a Bíblia e ore com Mary to-dos os dias. Tome algum tempo doseu dia para pastoreá-la. Dê-lhe opor-tunidades para falar com você sobresuas preocupações, dúvidas e ques-tionamentos, assim como tambémsobre seus sonhos, objetivos e ale-grias. Conheça estas coisas. Facilitea conversação, deixando-a perceberque as coisas que importam para elasão também importantes para você.Ajude-a a encontrar refúgio e espe-rança na graça de Cristo. Ajude-a alembrar que graça significa mais doque o perdão; também significa ca-pacitação.

Tenha prazer nela, elogie seu

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novo corte de cabelo ou o seu vestidonovo; separe um tempo todos os diaspara olhar em seus olhos, como vocêcostumava fazer quando começarama namorar. Expresse sua gratidão pelamaneira graciosa com que Maryrecebe os convidados, fazendo-ossentirem-se em família. Faça com queela saiba o quanto você aprecia seusesforços para tornar a casa maisbonita. Uma esposa é como umaamável flor. Ela irá desabrochar emlindas cores, enchendo todo o larcom um delicioso aroma de alegria,na medida em que você cria umambiente encorajador ao crescimento.Encha a sua vida com a luz do sol,ao se deleitar nela e regue-a com umtratamento gracioso e orações.Enquanto cuida dela, você estácuidando da igreja.

Quando Pedro falou sobre a es-posa como a parte mais frágil, estavadeclarando que Deus ordenou aomarido o trabalho pesado na vida fa-miliar. Ele não está falando apenas decarregar as compras e outras coisasmais pesadas, mas sim que o homemdeve ser aquele que carrega a res-ponsabilidade sobre seus ombros. Ospesos das preocupações familiares,a educação das crianças, os cuida-dos e preocupações com a igreja, aslutas para viver com o limitado salá-rio de um pastor — todas estas coisasdevem ser suportadas pelo homemda casa. Ela irá, obviamente, ajudá-lo a levar estes pesos, mas você é oresponsável pelo trabalho pesado. Asobrecarga de estar ciente do pesoda vida não a esmagará, se ela sou-ber que você, como um homemvaloroso, está suportando todos osfardos com seus ombros.

Eu sei que você já tem conheci-mento destas coisas e está bemfundamentado nestas verdades, masassim como Pedro, eu o estimulo alembrar-se delas (2 Pe 1.12,13).

Ao amar e cuidar de sua esposa,você cria um ambiente seguro e es-tável para seus filhos. Eu me lembrode minha filha, Heather, vindo atémim, quando era apenas uma meni-ninha. Ela disse: “Papai, eu estou felizporque você me ama”. Eu respondibrincando com ela, “Como você sabeque eu te amo?” “Porque”, ela disse,com muito mais discernimento queo esperado de uma criança de seteanos, “você ama a mamãe”. Oh,como seria bom poder inculcar estediscernimento na mente de todo ma-rido e pai! Amar sua esposa faz seusfilhos sentirem-se amados.

Na verdade, o oposto também éverdadeiro. Amar seus filhos faz suaesposa se sentir amada. Eu me lembrode uma noite quando as criançasainda eram pequenas, eu estavaengatinhando no chão, brincandocom elas. Inesperadamente Margyapareceu atrás de mim e colocou seusbraços ao redor de meu pescoçodizendo: “Eu te amo tanto”. Eurespondi: “Eu também te amo, mas,por que você está dizendo istoagora?” Ela disse: “Eu simplesmentete amo”. Agora entendo o que a levouàquela demonstração espontânea decarinho. Eu estava investindo minhavida nas crianças e isto era uminvestimento que significava tudopara ela; então, isto a fez sentir-semais perto de mim.

Eu sempre fui fascinado por Efé-sios 6.4 colocar disciplina e educaçãonas mãos do pai. Todos sabem que

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as mães passam muito mais tempocom os filhos. Então, por que istodeveria ser identificado como umchamado dos pais? As mães, obvia-mente, também são responsáveis peladisciplina e educação dos filhos. Edu-car os filhos, no entanto, pode nãoser tão natural para os homens quantoo é para as mulheres, mas Deus dizque é sua obrigação. O fato destechamado ter sido designado aos pais,significa que eles devem prover a li-derança na educação dos filhos.

Você é o homem de Deus para aliderança na disciplina, correção emotivação de seus filhos. Você temo importante papel de dividir sua vi-são desta tarefa com Mary. Você podeser a referência dela para uma sériede questões e também o seu encora-jamento, quando ela for tentada a sermuito tolerante ou ainda muito dura.Você pode formar acordos de parce-ria com Mary sobre quando e comodisciplinar. É um chamado específi-co dos pais assegurar que os filhossejam criados na disciplina e instru-ção do Senhor.

Em Gênesis 18.19, Deus diz aoslíderes do lar palavras que são tãoverdadeiras para nós, como erampara Abraão: “Porque eu o escolhipara que ordene a seus filhos e a suacasa depois dele, a fim de queguardem o caminho do SENHOR epratiquem a justiça e o juízo; para queo SENHOR faça vir sobre Abraão o quetem falado a seu respeito”. Deus irácumprir todas as suas promessaspara Abraão, mas Ele irá fazê-lo nocontexto da função de Abraão, comoalguém que é fiel a Deus.

Há muitas fases em nossas vi-das. Você está na fase do novo

ministério e dos cuidados e preocu-pações com uma jovem família.Haverá outras fases, na medida emque você e sua família amadureceme envelhecem. É importante que vocêseja um líder previsível, estável e ín-tegro. Sua esposa e filhos irão sefortalecer ao vê-lo viver como umhomem deslumbrado por Deus, sen-do, portanto, cheio de alegria econfiança em todas as fases da vida.

SEJA UM PROTETOR

O corpo humano é uma maravi-lha da sabedoria e criatividade deDeus. O corpo nos provê com algu-mas analogias muito interessantes,para pensarmos sobre alguns assun-tos. A membrana de uma célulahumana, por exemplo, ao mesmotempo em que está aberta àquilo quelhe é desejável, também está fechadapara tudo que não é. Você precisacriar “membranas” como esta ao re-dor de sua família. Algumas dasproteções que sua família precisa sãocomuns a todas, enquanto outras sãoespecíficas à família de um pastor.

Como em qualquer família, vocêprecisa afastar as más influências dacultura. Um de meus antigos profes-sores do seminário, Dr. Robert K.Rudolph, gostava de dizer: “Mentesabertas, assim como janelas abertas,precisam de telas para manter os in-setos do lado de fora”. Você precisaproteger tudo aquilo que é bom e res-peitável através de “telas” para o seular. Agora, enquanto as crianças ain-da são pequenas, é um bom tempopara você e Mary desenvolverempadrões específicos que irão usar parafiltrar o que entra em sua casa. Ob-

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viamente, a cultura ímpia e anticristãque a mídia comum oferece não deveser trazida para dentro do lar.

Haverá ocasiões que você terá deregular inclusive o tipo de acesso quealgumas pessoas têm a seus filhos.Você terá de ser muito discreto esábio com relação a maneira de fazeristo, mas seusfilhos (e atémesmo sua es-posa, algumasvezes) devemser protegidosde algumaspessoas queDeus chamoupara estaremsob seu pasto-reio. Se o propósito de alguém émalevolente, sua família deve serprotegida. Felizmente, não haverámuitas ocasiões em que tal proteçãoserá necessária.

Você também tem de guardar umtempo para sua família, ou não terámais nenhum tempo junto deles. Es-teja certo de organizar sua vida e seuministério de forma a garantir umtempo com sua família. Eles preci-sam de tempo com você. Tempo parabrincar e para os pequenos prazeresde estarem juntos pensando, medi-tando ou até mesmo lendo um bomlivro. É importante que o papai este-ja em casa investindo um tempo navida familiar, e que abra mão delesomente se houver uma emergência.Que você esteja em casa, com o úni-co propósito de desfrutar de suafamília, sem nada mais em sua agen-da.

Algumas destas proteções podemser feitas apenas gerenciando bem a

sua rotina, e agendando horáriosquando não estará ocupado com acongregação que você serve. É bomque suas ovelhas saibam que há oca-siões nas quais é melhor que elas nãoliguem para você, e também outrosmomentos nos quais as ligações sãosempre bem-vindas. Claro que haverá

emergênciascomo doença,morte e crisesfamiliares quecancelarão suaagenda, mas éum bom exem-plo aos homensque você servee um encoraja-mento às espo-

sas deles, saber que o pastor tem tem-po junto de sua família e o preserva.

É sábio que o pastor que tem fi-lhos pequenos mantenha seu escri-tório de estudos e aconselhamento noprédio da igreja. Se você trabalhar emcasa, estará sempre distraído e serápouco produtivo. Seus filhos nãoentenderão por que o papai não “vembrincar”. Se você trabalhar no pré-dio da igreja, quando estiver em casa,realmente estará “em casa”.

A casa de um pastor é por defi-nição uma casa aberta. Você quer quesua família tenha alegria em compar-tilhar a hospitalidade e use todos osseus dons para ministrar a graça deDeus aos outros (veja 1 Pe 4.9,10).E exatamente por esta razão, é im-portante que você proteja sua famíliade se perder, enquanto ministra aosoutros. Há uma preocupação óbviaaqui. Sua casa deve ser aberta, a fimde que os outros possam se revigo-rar com a beleza e alegrias de uma

Esteja certo de organizar suavida e seu ministério de

forma a garantir um tempocom sua família.

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vida piedosa no lar. Ao mesmo tem-po, sua família precisa ter a ordemde uma rotina normal e previsível.

Se você conseguir manter umequilíbrio apropriado aqui, descobri-rá que a casa de um pastor pode serum lugar maravilhoso para o minis-tério do evangelho. Numa cultura emque a vida familiar vem desmoronan-do, as pessoas estão sedentas por veruma família na qual há alegria e amorpor Deus e pelos outros. Você podeencorajar seus filhos a terem umamor sincero por usar sua casa e vidafamiliar como algo útil para minis-trar aos outros. Algumas das melho-res lembranças de nossos filhos sãode ocasiões quando tínhamos convi-dados ao redor da mesa, e as pesso-as desfrutavam não apenas uma boarefeição, mas também de uma con-versa espiritual amistosa.

Proteja sua família, guardandoseu coração de querer agradar oshomens. A tentação será colocar asexpectativas das pessoas de suacongregação antes de sua esposa efilhos. Richard Baxter escreveu ummaravilhoso capítulo sobre os medosdos homens em Christian Directory(Diretório Cristão)2. Ele mostra comoé impossível agradar a todas aspessoas. Você tem uma multidão paraagradar e ao agradar alguém acabadesagradando o outro. Através devárias páginas de grande utilidade, elemostra a impossibilidade de agradaraos homens e a liberdade de terapenas um a quem agradar — Deus.

Agradar os homens não é ape-nas impossível, Timóteo, mas é,também, destrutivo a você próprio eà sua família. Você e Mary precisamse comprometer, graciosamente, a

recusarem que as pessoas que vocêserve preparem a agenda de sua fa-mília, ainda que elas se esforcem paraisto.

Proteja sua família de todos osdesapontamentos e feridas do minis-tério. Algumas das maiores tristezasdo ministério pastoral são aquelasvezes em que o pastor é acusado.Talvez suas boas obras de pastor se-jam relatadas como más. Ou, talvez,ele seja objeto de ataques ou cobran-ças falsas e injustas. Você não iráservir no mesmo lugar por muito tem-po, sem passar por estes momentosde tribulação. Mas, lembre-se: vocênão precisa se defender — seu De-fensor é forte.

Sua esposa e seus filhos preci-sam de proteção durante estestempos. Eles saberão que você estápassando pelo meio de uma tempes-tade. Eles podem orar e se sensibilizarcom isto. Mas, especialmente seusfilhos, não precisam ser arrastadospor todos os seus estresses, desa-pontamentos, dores e medos. Marycertamente precisará saber mais so-bre a situação do que seus filhos,mas, ainda assim, você poderá pou-pá-la dos detalhes mais sórdidos, osquais apenas a impediriam de dormirà noite. A idéia aqui não é colocá-lanuma redoma, e lutar sozinho duranteos períodos de provação. Vocês sãouma só carne e você não pode cami-nhar sozinho. Aprenda a ter Marycomo sua confidente, porém, semfazê-la carregar os fardos.

Deus irá sustentá-lo durante estasprovações. Depois da tempestadesempre vem a bonança (veja Sl66.10-12). Quando você passar sãoe salvo pela tempestade, será uma

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bênção que sua esposa e filhos nãotenham detalhes para esquecer, oulutas para destruir qualquer raiz deamargura que tenha surgido.

É um trabalho maravilhoso — oministério do evangelho. É claro quehá provações. Deus nunca nos deixair para muito longe, sem nos ajudar aver nossas próprias fraquezas eprofunda necessidade de seu podere capacitação. E assim como Pedrodiz, em 1 Pedro 1.6-9, mesmoquando nossa fé está sendo testadapor todo tipo de provação, nóstambém podemos ter uma alegria queé inefável e gloriosa. Eu tive estaexperiência ainda ontem. Conformecolocava meus fardos diante doSenhor, fui tomado por um incrívelsenso de estar sendo cuidado por Ele,e pela bondade e retidão ao conhecê-Lo e servi-Lo. A alegria inefável egloriosa é nossa, mesmo em meio aprovações. Que Deus poderoso nósservimos!

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1 Eugene Peterson, Subversive Spirituality, Grand Rapids, MI: William B.Eerdmans Publishing Co., 1994, 132.

2 Richard Baxter, Christian Directory, reimpressão, Ligioner, PA: Soli Deo Gloria,1994, 183-195.

Oramos freqüentemente para queDeus continue abençoando a você etoda a sua família.

Seguindo na graça,Pastor Tedd Tripp

PS – Segue abaixo alguns títulos,cuja leitura irá encorajá-lo em seuchamado como marido e pai:

1. Your Family, God’sWay, Wayne Mack (Phillips-burg, NJ: Presbyterian &Reformed Publishing Co.,1991).

2. The Complete Husband,Lou Priolo (Amityville, NY:Calvary Press Publishing,1999).

3. Pastoreando o Coraçãoda Criança, Tedd Tripp (Edi-tora Fiel, São José dos Cam-pos, SP).

(Extraído do Livro Amado Timóteo, Uma coletânea de Cartasao Pastor, Editora Fiel, Cap. 3, pp. 47-58.)

Um pastor é um meio vital da graça para a sua igreja

e aos que ele serve.C. J. Mahaney

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O USO CORRETO DO DIA DO SENHOR

Stuart Olyott

As pessoas não-convertidasnão têm grande interesse no uso cor-reto do Dia do Senhor, e inúmeroscrentes se mostram confusos a res-peito deste assunto. Esta confusãopermanecerá enquanto não levarmosem conta os seguintes fatos impor-tantes.

QUAIS SÃO ESTES FATOS?

1. Quando a Bíblia usa o termo“sabbath”, ele não significa “sábado”.“Sabbath” não é o nome de um diada semana. A palavra é usada paradescrever um tipo de dia, um dia dedescanso do trabalho. Em todo o An-tigo Testamento, os anos tinham 365dias, e todo ano começava em umdia de “sabbath” (Lv 23.4-16). Ou-tras datas fixas nunca podiam ser“sabbath” (Êx 12.1-28; Lv 23.15).Para fazer com que isso aconteces-se, o calendário tinha de ser ajustadoregularmente. A História nos ensinaque isso era feito por acrescentar aoano “sabbaths” extras que ocorriam

consecutivamente. Identificar “sab-bath” com o dia de sábado é um erro.Foi apenas depois do ajuste definiti-vo do calendário judaico, em 359D.C, que os “sabbaths” dos judeuspassaram a cair sempre no dia queagora chamamos de “sábado”.

2. O “sabbath” [descanso] não éuma instituição judaica. Deus o insti-tuiu na criação (Gn 2.1-3). É umdom de Deus para a humanidade (Mc2.27).

3. Em certo aspecto, os DezMandamentos são diferentes de to-das as outras leis encontradas nasEscrituras. Deus os escreveu com oseu próprio dedo. O Quarto Manda-mento dEle é positivo, o maiscomprido e o mais detalhado dentreos dez, fazendo uma ligação entre osaspectos divino e humano, moral ecerimonial da Lei (Êx 20.8-11;31.18).

4. O “sabbath” era importante

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O UO UO UO UO USOSOSOSOSO C C C C CORRETOORRETOORRETOORRETOORRETO DODODODODO D D D D DIAIAIAIAIA DODODODODO S S S S SENHORENHORENHORENHORENHOR 11

para nosso Senhor Jesus Cristo. ABíblia não nos fala muito sobre oshábitos de Jesus, mas diz que Eletinha o costume de ir à sinagoga no“sabbath” (Lc 4.16). Jesus anunciouque era Senhor do dia de “sabbath”(Mc 2.28). Dizer que o “sabbath”não existe mais é uma negação dosenhorio de Cristo.

5. O Senhor do “sabbath” trans-feriu este dia para o primeiro dia dasemana. Este foi o dia em que Eleressuscitou dos mortos (Jo 20.1-18),apareceu aos discípulos (Jo 20.19,26) e derramou o seu Espírito (At2.1).

6. Os apóstolos e a igreja primi-tiva guardavam com distinção oprimeiro dia da semana (At 20.7; 1Co 16.2). Para evitar confusão, oNovo Testamento Grego chama osábado judaico de “sabbath” e o pri-meiro dia da semana de “o primeirodos sabbaths” (na tradução em por-tuguês “o primeiro dia da semana” -Mt 28.1; Mc 16 2, 9; Lc 24.1; Jo20.1,19; At 20.7; 1 Co 16.2). Algu-mas pessoas crêem que isto é apenasuma expressão idiomática grega sig-nificando apenas “o primeiro dia dociclo da semana”. Contudo, não exis-te quase nenhuma evidência para isto.Temos de encarar os fatos: o primei-ro dia da semana é um “sabbath”.Também conhecido como “o dia doSenhor” (Ap 1.10).

7. Durante toda a história daigreja, o domingo tem sido observadocomo o “sabbath” dos cristãos. Aevidência documental é unânime eretrocede a 74 D. C. Durante as

piores perseguições, perguntava-seaos suspeitos de serem cristãos:“Dominicum Servasti?” (Você guardao dia do Senhor?) Os verdadeiroscrentes respondiam: “Eu sou umcristão, não posso deixar de fazerisso?” O que os crentes responderiamhoje?

8. É realmente imoral não guar-dar o Dia do Senhor. O QuartoMandamento, que nos recorda isso,está em um código que proíbe a ido-latria, o assassinato, o furtar, omentir e o cobiçar. O Quarto Man-damento nunca foi anulado, e nuncao será (Mt 5.18). Quebrar um man-damento da Lei significa tornar-seculpado de todos os demais (Tg2.10). A violação do dia de descan-so traz o juízo de Deus (Ne 13.15-22).

9. O domingo, o dia do Senhor,é um dia de regozijo e satisfação (Sl118.24; 112.1). A Palavra de Deuschama-o de deleite (Is 58.13). Deusnos deu esse dia como uma bênçãopara todos nós (Mc 2.27-28). Falandosobre a época evangélica, Isaías diz:“Bem-aventurado o homem que... seguarda de profanar o sábado” (Is56.2).

10. As bênçãos do Dia do Senhorsão visíveis a todos: recorda aos ho-mens e mulheres caídos que existeum Deus a quem eles devem adorar;dá aos crentes a oportunidade de sereunirem ao redor da Palavra e, as-sim, mantém a vida espiritual deles;fornece oportunidades para a prega-ção do evangelho; fortalece os laçosfamiliares; permite que toda a nação

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descanse; promove a saúde... e a lis-ta poderia continuar.

11. No Antigo Testamento,homens piedosos, como Moisés,Amós, Oséias, Isaías, Jeremias,Ezequiel e Neemias, contenderamcom as pessoas por causa do dia dedescanso. A história da igreja estárepleta de outros que fizeram omesmo. O que nos impede de seguiro exemplo deles?

COMO DEVEMOS USAR O

DOMINGO?

Com estes fatos em mente, po-demos ver que, para nós, o domingoé o dia de descanso ordenado porDeus. É o dia que incorpora tudo oque é permanente e universal no Quar-to Mandamento. Então, como deve-mos usá-lo? Para responder estapergunta, temos de falar tanto nega-tiva como positivamente.

O QUE NÃO DEVEMOS FAZER

Não devemos imitar os fariseus.O dia de descanso tem sua ori-

gem na Criação. Por um tempo, usouas vestes do Antigo Testamento. Noentanto, agora está com uma roupa-gem do Novo Testamento. Istosignifica que não podemos impor aodia de descanso as regras mosaicasque já passaram, tais como as queencontramos em Êxodo 35.2-3 ouNúmeros 15.32-36. Não devemos terem mente uma lista de faça e não faça,tal como se lê em Mateus 12.1-2. Àlegislação de Moisés, os fariseusacrescentaram todo tipo de regrasdeles mesmos. Para os fariseus, es-

fregar o grão na mão era o mesmoque debulhá-lo. Eles também tinhamregras a respeito de quanto peso sedevia carregar e quão distante se po-dia caminhar no dia de descanso. Portrás de todas as regras dos fariseus,havia uma mentalidade que não temqualquer lugar na vida de um crentedo Novo Testamento.

Não devemos trabalhar.

Na Bíblia, a palavra “trabalhar”significa muito mais do que ganhar avida. Também se refere aos deveresde nosso dia-a-dia, à nossa recrea-ção e ao pensamento que motiva estascoisas. Quanto for possível, todasestas coisas têm de ser colocadas delado, tanto por nós como por aque-les pelos quais somos responsáveis.Devem ser colocadas de lado nãoporque somos pecadores ou impu-ros, e sim porque Deus nos ordenouque as fizéssemos nos outros seis diasda semana (Êx 20.8-11).

Não devemos ficar ociosos.

O descanso de Deus, após a Cri-ação, não foi inatividade, e sim ocessar um tipo de atividade (Jo 5.17).O domingo deve ser um descansosanto que nos faz cessar um conjun-to de objetivos, para que sigamosoutro conjunto de objetivos bastantediferentes. Não é um dia para vadi-armos por aí.

O QUE DEVEMOS FAZER

Devemos nos reunir com outroscrentes.

Devemos nos reunir, tanto for-

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O UO UO UO UO USOSOSOSOSO C C C C CORRETOORRETOORRETOORRETOORRETO DODODODODO D D D D DIAIAIAIAIA DODODODODO S S S S SENHORENHORENHORENHORENHOR 13

mal como informalmente (At 2.1;20.7; Jo 20.26). A Bíblia não delineiaalgum tipo de lista de atividades parao domingo, mas o princípio é claro.O domingo não é um dia para gas-tarmos sozinhos ou somente com afamília.

Devemos nos reunir especifica-mente para a edificação, ou seja,para edificarmos uns aos outros nascoisas de Deus. De tudo o que fizer-mos com este objetivo, o ensino daPalavra e a Ceia do Senhor são o maisimportante (Atos 20.7).

Devemos evangelizar.

O Dia de Pentecostes começoucom uma assembléia que visava àajuda e ao encorajamento mútuos,mas a vinda do Espírito tambémconsagrou aquele dia à evangelização.A vinda do Espírito Santo pode servista como um penhor de sua bênçãonesta conexão (At 2).

Devemos nos envolver em obras demisericórdia.

É lícito fazer o bem no domin-go, especialmente salvar vidas, curare trabalhar pelo bem-estar espiritualdos outros (Lc 6.9; Mt 12.5; Lc

13.10-17; 14.1-6; Jo 5.6-9, 16-17).O domingo comemora o maior atode misericórdia de todos os tempos.Todos podemos pensar em incontá-veis maneiras de fazer o bem àspessoas, mas este aspecto da obser-vação do domingo é amplamenteesquecido. Aqueles que acham o do-mingo “monótono” quase sempre sãopessoas que se tornaram egoístas.

Devemos nos envolver em obrasnecessárias.

Não podemos limitar isso apenasàquelas coisas necessárias à nossasobrevivência, visto que, se assimfosse, passaríamos o dia somenterespirando. O dia de descanso foicriado para o homem — em outraspalavras, foi criado para o bem-estardo homem. Não há qualquer conflitoentre guardar o domingo e seguir osnossos melhores interesses (Mt 12.1-8, 11-12). Continue, desfrute do do-mingo! Além das atividades jámencionadas, reúna-se com os ami-gos, prepare boa refeição para eles,converse, caminhe, sorria, ore, ad-mire a criação de Deus e vá para acama tendo um coração grato e con-tente.

Indiferença no cristianismo é o primeiro passorumo à apostasia do cristianismo.

William Secker

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O ZELO DE RICHARD BAXTER

Erroll Hulse

Esboçarei a vida de Richard Bax-ter e, em seguida, destacarei o seuzelo, expresso em sua extraordináriaobra pastoral, em Kidderminster, eem seu clássico The Reformed Pas-tor (O Pastor Aprovado).

UM ESBOÇO DE SUA VIDA

Richard Baxter nasceu em 1615.Diferentemente da maioria dos famo-sos ministros puritanos, Baxter nãodesfrutou de estudos nas universida-des de Oxford ou Cambridge. Eleestudou na modesta Escola PúblicaDonnington. Depois, foi um autodi-data. Leitor ávido, Baxter estudouamplamente vários assuntos. Destemodo, tornou-se um homem de ex-cepcional conhecimento e habilidadepara debates. Foi ordenado diáconopelo bispo de Worcester, em 1638.Por breve tempo (1641-1642), Baxtertrabalhou como preletor e co-pastorem Kidderminster. Em 1642, o paísse envolveu em guerra civil. Baxterserviu como capelão no Exército do

Parlamento até 1647, retornando aKidderminster como pastor. Ali, eletrabalhou até 1661. Estes 14 anos,em que teve a idade de 32 a 46 anos,foram notáveis por causa da trans-formação espiritual operada nacidade. Aquele município foi tãoabençoado que se tornou um refe-rencial na história evangélica daInglaterra.

Quase no fim de seu ministérioem Kidderminster, uma viúva cha-mada Mary Hanmer veio morar nacidade, a fim de obter benefícios doministério de Baxter. Ela estava acom-panhada de sua filha Margaret, quetinha 16 anos de idade, e que era mun-dana e indiferente ao evangelho. Nosquatro anos seguintes, Margaret foiafetada pelo ministério de Baxter eaos 20 anos foi convertida. Duranteeste tempo, ela se apaixonou porBaxter, que considerava o celibatoideal para um ministro. Ele procla-mava isto com entusiasmo — umponto de vista que consistia um gran-de contraste com os puritanos

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ingleses, os quais afirmavam, comvigor, a doutrina bíblica do casamentoe da família. Richard Baxter deixouKidderminster, para viver em Lon-dres, onde ele usou toda influênciapossível a fim de obter um tratamentojusto para os puritanos. Mary eMargaret o seguiram e passaram amorar perto dele. O Ato de Unifor-midade, sancionado pelo Parlamento,em 1662, era rígido e severamentecontrário à consciência dos purita-nos.

O Ato de Uniformidade levou ospuritanos a deixarem a Igreja Angli-cana. Cerca de 2.000 ministros puri-tanos sofreram a perda de seusustento, naquilo que, na História,ficou conhecido como a Grande Ex-pulsão. É claro que isto incluiu Bax-ter. Sua vida foi arruinada: foracruelmente despojado de sua razãode ser. Ele era pastor por natureza,agora sem igreja; um pregador nato,sem púlpito. A sua justificativa parao celibato desapareceu. Baxter se ca-sou com Margaret em 19 de setem-bro de 1662. Ela estaria sempre comele, confortando-o, prestando-lhe cui-dado nas freqüentes enfermidades,apoiando todos os interesses práti-cos de sua vida. Viver com Margaretfoi a maior consolação desfrutada porele durante os anos difíceis que vie-ram depois. O restante da vida deBaxter foi marcado por aflições. Em1669, ficou preso por mais de umasemana em Clerkenwell e por 21 me-ses em Southwark (1685-1686). Elenunca teve uma saúde robusta e pre-cisou lutar contra graves surtos deenfermidade.

Em novembro de 1672, Baxterpregou publicamente pela primeira

vez em dez anos. Margaret (1636-1681) empregou, com generosidade,parte considerável de sua herança paragarantir que Richard Baxter exerces-se um ministério público eficiente. Elaalugou um salão público, onde cabi-am 800 pessoas, em uma das áreasmais carentes de Londres e contra-tou algumas pessoas para ajudaremBaxter em seu ministério.

Durante o tempo de exclusão doministério público, Richard Baxterusou seu tempo para escrever. Seusescritos excederam, em quantidade,os de John Owen. Diferentemente deJohn Owen, que talvez seja o melhorteólogo de língua inglesa, RichardBaxter era neonomiano e amiraldia-no. Infelizmente, isto produziu con-fusão teológica nas duas geraçõesseguintes. Os leitores dos três clás-sicos de Baxter — O Descanso Eter-no dos Santos (“The Saints’ Ever-lasting Rest”), uma explicação a res-peito do céu; Um Apelo ao Não-con-vertido (“A Call to the Unconverted”)e O Pastor Aprovado (“The Refor-med Pastor”) — não perceberão es-tes erros. É mais fácil ler Baxter queOwen. A sua obra mais extensa inti-tula-se Diretório Cristão (“ChristianDirectory”) e aborda cada aspecto davida cristã sob um ponto de vistaprático. É na aplicação prática dasEscrituras que vemos o melhor deBaxter. Ele possuía um poderosodom de constranger e levar a cons-ciência à obediência.

Richard Baxter era sempre zelo-so no que se refere à obra missioná-ria. Ele foi um dos principais moti-vadores do estabelecimento daSociedade de Propagação do Evan-gelho. John Eliot, famoso como “o

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apóstolo dos índios americanos”,encontrou em Baxter um excelenteauxiliador. Durante a sua última en-fermidade, em 1691, Baxter leu AVida de Eliot e escreveu ao seu au-tor, Increase Mather: “Pensei quemorreria por volta das 12 horas, nacama, mas o seu livro vivificou-me.Conheço muitas das opiniões do Sr.Eliot, por meio das várias cartas querecebi dele. Não houve na terra umhomem que honrei mais do que ele.A obra evangélica de Eliot é a suces-são apostólica pela qual eu mesmosuplico”.

EVANGELISMO ZELOSO EM KIDDER-MINSTER

Na qualidade de pastor, RichardBaxter era excepcional. O sucessodo evangelho em Kidderminster, soba liderança dele, foi singular. Nãopodemos encontrar na históriaevangélica da Inglaterra algo que secompare com este sucesso.

A cidade tinha aproximadamente800 casas e uma população entre2.000 e 4.000 pessoas. Baxter per-cebeu que eles eram “ignorantes,rudes e festeiros”. Uma notável mu-dança ocorreu. “Quando comeceimeus trabalhos, tive cuidado especi-al por todos os que eram humildes,reformados ou convertidos. Mas,quando já havia trabalhado por bomtempo, aprouve a Deus que os con-vertidos fossem tantos, que não pudeme dar ao luxo de gastar tempo comobservações particulares; famílias econsiderável número de pessoas vi-eram de uma só vez, amadurecerame cresceram, de um modo que nãosei explicar”. O método de Baxter con-

sistia em visitar casa por casa e serbastante direto no assunto de conhe-cer a Deus com fé salvadora.

No prédio da igreja cabiam 1.000pessoas. Cinco galerias foram acres-centadas para acomodar a congre-gação.

Quando Baxter chegou a estapobre cidade, onde a tecelagem era aprincipal atividade, ela era um deser-to espiritual. Quando ele deixouKidderminster, era um jardim belo epromissor. “No Dia do Senhor, qual-quer um que caminhasse pelas ruaspoderia ouvir centenas de famíliascantando salmos e repetindo ser-mões. Quando cheguei ali, somenteuma família, em cada rua, adorava aDeus e invocava o seu nome. Quan-do saí, havia algumas ruas em quenão havia nem uma família que nãoconfessasse uma piedade séria, quenos dava esperança quanto à sinceri-dade deles.”

Posteriormente, Baxter escreveu:“Embora eu tenha estado ausentedeles por quase seis anos e tenhamsido assaltados por ameaças, calúni-as e difamações a respeito da prega-ção, eles permanecem firmes emantêm a sua integridade. Muitosdeles estão com o Senhor. Alguns fo-ram expulsos; alguns estão presos.Mas nenhum deles, sobre os quaistenho ouvido, caiu ou abandonou asua retidão”. Quando, em dezembrode 1743, George Whitefield visitouKidderminster, ele escreveu a umamigo: “Fui grandemente revigoradoao ver que o agradável aroma da boadoutrina, da obra e da disciplina doSr. Baxter permanece até hoje”.

A principal diferença entre Bax-ter e a maioria dos pastores, do

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passado e do presente, é que elecombinava a pregação com o teste-munho pessoal direto, pessoa apessoa. Com muita freqüência, ospastores contentam-se em confinarseu testemunho do evangelho ao púl-pito. A atitude e a prática de Baxterse revelam com clareza em seu livroO Pastor Aprovado (“The ReformedPastor”).

RICHARD BAXTER E “O PASTORAPROVADO”

Os membros da Associação deWorcester, a fraternidade de clérigosque tinha Baxter como espírito pro-pulsor, se comprometeram a adotaro método de catequese paroquial sis-temática, conforme o método deBaxter. Eles estabeleceram um dia dejejum e oração, para buscarem a bên-ção de Deus sobre este empreendi-mento e pediram a Baxter quepregasse naquele dia. Entretando,quando o dia chegou, Baxter se en-contrava muito doente para estar pre-sente; por isso, em 1656, ele publicouo material que havia preparado, umaexposição completa de Atos 20.28.Esse material recebeu o título de OPastor Aprovado (“The ReformedPastor”). Este livro tornou-se famo-so, e tem sido usado em todas as ge-rações, até ao presente. Por exemplo,a edição da Banner of Truth, com aexcelente introdução de J. I. Packer,surgiu em 1974; e edições posterio-res foram realizadas em 1979, 1983,1989, 1994, 1997, 1999 e 2001.

A palavra Aprovado (Reformed),no título, não significa calvinista emdoutrina, e sim renovado em suaspráticas. Este tratado é uma dinami-

te espiritual, e foi reconhecido assimdesde a sua criação. Um mês depoisde sua publicação, um leitor escre-veu: “Ó homem grandemente aben-çoado! O Senhor revelou suas coisassecretas para você, pelas quais mui-tas almas na Inglaterra se levantarãoe bendirão a Deus por você”.

Isto provou estar correto. O li-vro de Baxter, O Pastor Aprovado,ainda é o melhor manual quanto aosdeveres de um pastor. Nada tem ex-cedido o seu poder e sua eficácia. Éum imperativo para todo pastor.

Na edição da Banner of Truth, J.I. Packer sugere que o vigor e o po-der evocativo do livro atravessam trêsséculos. Ele descreve três excelen-tes qualidades de O Pastor Aprovado.

A primeira é o seu vigor. “Aspalavras do livro têm mãos e pés.”Baxter possuía olhos perscrutadorese, certamente, tinha palavras pers-crutadoras. “Seu livro arde com zelosincero e ardente, com fervor evan-gelístico e sinceridade para conven-cer.”

A segunda qualidade é que o li-vro contém realidade. “É honesto edireto. Freqüentemente se diz, comexatidão, que qualquer cristão queama o seu próximo e pensa seriamen-te que, sem Cristo, os homens estãoperdidos não será capaz de descan-sar tranqüilamente com o pensamentode que todos ao seu redor estão indopara o inferno, mas se disporá, ir-restritamente, a testemunhar, tendoisso como seu principal objetivo devida. E qualquer crente que deixa deviver deste modo destrói a credibili-dade de sua fé. Pois, se ele mesmonão pode, com seriedade, ter issocomo norma de seu viver, quem mais

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pode ter? Nenhuma outra obra ma-nifesta tanta solidez como O PastorAprovado. Nesta obra, encontramosum amor apaixonado e um crente ter-rivelmente honesto, sincero e corre-to pensando e falando sobre o perdi-do, com realismo perfeito, insistindoem que temos de aceitar alegremen-te qualquer grau de desconforto, po-breza, trabalho excessivo e perda debens materiais, se almas forem sal-vas, e apresentando, em sua própriapessoa, um exemplo vívido do queestá envolvido nesta obra.”

Terceira, o livro é um modelo deracionalidade. J. I. Packer diz que olivro expressa bom senso. A respon-sabilidade é ressaltada com clareza.“A graça entra por meio do entendi-mento.” Baxter insistia em que osministros têm de pregar a respeito deassuntos eternos como homens quesentem o que falam e se mostramsérios a respeito do assunto de vidae morte eterna. Baxter também sus-tentava que a disciplina da igreja temde ser praticada para mostrar queDeus não aceita o pecado.

Em sua exposição de Atos 20. 28,Baxter esclarece a exortação “aten-dei por vós”. Ele também explica osignificado de atender por todas asovelhas do rebanho. Começa com onão-convertido e os inclui em suapercepção. Ele exorta os pastores àsupervisão cuidadosa das famílias epersiste em que temos de ser fiéisem admoestar os transgressores. Noque diz respeito ao modo como deveser administrada esta supervisão, elatem de ser realizada com franquezae simplicidade, com humildade e uma

mistura de severidade e brandura,com seriedade e zelo, com ternura eamor para com as pessoas, com pa-ciência e reverência, com espirituali-dade e desejos sinceros de sucesso,com um profundo senso de nossaprópria incapacidade. Finalmente,Baxter nos convoca a labutarmosunidos com outros ministros doevangelho, o que é sobremodo im-portante em nossos dias, quando di-visões são mantidas por razõesinsignificantes e não-bíblicas.

O zelo de Richard Baxter resplan-dece em O Pastor Aprovado. Asexortações de Baxter retinem comsinceridade porque ele vivia o quepregava. À semelhança de um oficialmilitar, Baxter leva os seus soldadosà batalha. Ele não dá ordens a partirde uma zona de segurança.

A maneira como Baxter se diri-gia à pessoas, quer em público, querem particular, se reflete em Um Ape-lo ao Não-Convertido (“A Call to theUnconverted”), que vendeu 20.000exemplares no seu primeiro ano depublicação e foi traduzido para vári-os idiomas. O versículo de aberturadeste livro é Ezequiel 33.11: “Tãocerto como eu vivo, diz o SENHOR

Deus, não tenho prazer na morte doperverso, mas em que o perverso seconverta do seu caminho e viva.Convertei-vos, convertei-vos dosvossos maus caminhos; pois por quehaveis de morrer, ó casa de Israel?”A compaixão expressa neste versí-culo de Ezequiel é muito semelhanteao zelo ardente que o Espírito Santoproduziu em Richard Baxter.

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AS COISAS PEQUENAS

C. H. Spurgeon

Somos incapazes de realizar o mais humilde ato da vidacristã, se não recebemos de Deus o vigor do Espírito Santo.Com certeza, meus irmãos, é nestas COISAS PEQUENAS quegeralmente percebemos, acima de tudo, a nossa fraqueza. Pedrofoi capaz de andar sobre a água, mas não pôde suportar a acu-sação de uma criada. Jó suportou a perda de todas as coisas,porém as palavras censuradoras de seus falsos amigos (embo-ra fossem apenas palavras) fizeram-no falar mais amargamentedo que todas as outras aflições juntas. Jonas disse que tinharazão em ficar irado, até à morte, A RESPEITO DE UMA PLANTA.

Você não tem ouvido, com certa freqüência, que homenspoderosos, sobreviventes de muitas batalhas, foram mortos porum acidente trivial? John Newton disse: “A graça de Deus étão necessária para criar no crente a atitude correta diante daquebra de uma louça valiosa como diante da morte de umparente querido”. Estes pequenos vazamentos precisam dosmais cuidadosos tampões. Nas coisas pequenas, bem comonas coisas grandes, o justo tem de viver pela fé!

Crente, você não é suficiente para nada! Sem a graça deDeus, não pode fazer coisa alguma. Nossa força é fraqueza —fraqueza até para as coisas pequenas; fraqueza para assituações fáceis, bem como para as complexas; fraqueza nasgotas de tristeza, como também nos oceanos de aflição. Aprendabem o que nosso Senhor disse aos seus discípulos: “Sem mimnada podeis fazer” (João 15.5).

Os deveres evangélicos têm de ser realizados porum temperamento evangélico.

Stephen Charnock

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ESTRATÉGIAS PARA LUTAR

CONTRA A LASCÍVIA

John Piper

Estou pensando em homens emulheres. Para os homens, isto éóbvio. É urgente a necessidade de lu-tar contra o bombardeamento detentações visuais que nos levam a fi-xar-nos em imagens sexuais. Para asmulheres, isto é menos óbvio, porémtal necessidade se torna maior, seampliamos o escopo da tentação dealimentar imagens ou fantasias de re-lacionamentos. Quando uso a palavra“lascívia”, estou me referindo prin-cipalmente à esfera dos pensamentos,imaginações e desejos que visualizamas coisas proibidas por Deus e fre-qüentemente nos levam a condutasexual errada.

Não estou dizendo que o sexo émau. Deus o criou e o abençoou.Deus tornou o sexo agradável edefiniu um lugar para ele, a fim deproteger sua beleza e poder — ouseja, o casamento entre um homeme uma mulher. Mas o sexo tornou-secorrompido pela queda do homem nopecado. Portanto, temos de exercerrestrição e fazer guerra contra aquilo

que pode nos destruir. Em seguida,apresentamos algumas estratégiaspara lutar contra desejos errados.

EVITAR — evite, tanto quanto forpossível e sensato, imagens e situa-ções que despertam desejos impró-prios. Eu disse “tanto quanto possívele sensato”, porque às vezes a expo-sição à tentação é inevitável. E useios termos “desejos impróprios” por-que nem todos os desejos por sexo,alimento e família são maus. Sabe-mos quando tais desejos são impró-prios, prejudiciais e estão se tornandoescravizantes. Conhecemos nossasfraquezas e o que provoca tais dese-jos. Evitar é uma estratégia bíblica.“Foge, outrossim, das paixões damocidade. Segue a justiça” ( 2 Tm2.22). “Nada disponhais para a car-ne no tocante às suas concupiscên-cias” (Rm 13.14).

NÃO — diga “não” a todo pen-samento lascivo, no espaço de cincosegundos. E diga-o com a autorida-

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EEEEESTRATÉGIASSTRATÉGIASSTRATÉGIASSTRATÉGIASSTRATÉGIAS P P P P PARAARAARAARAARA L L L L LUTARUTARUTARUTARUTAR C C C C CONTRAONTRAONTRAONTRAONTRA AAAAA L L L L LASCÍVIAASCÍVIAASCÍVIAASCÍVIAASCÍVIA 21

de de Jesus Cristo. “Em nome deJesus: Não!” Você não tem mais doque cinco segundos. Se passar maisdo que esse tempo sem opor-se a talpensamento, ele se alojará em suamente com tanta força, a ponto dese tornar quase irremovível. Se tivercoragem, diga-o em voz alta. Sejaresoluto e hostil. Como disse JohnOwen: “Mate o pecado, se não elematará você”.1 Ataque-o imediata-mente, com severidade. “Resisti aodiabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).

VOLTAR — volte seus pensa-mentos forçosamente para Cristo,como uma satisfação superior. Dizer“não” será insuficiente. Você tem demover-se da defesa para o ataque.Combata o fogo com fogo. Ataqueas promessas do pecado com as pro-messas de Cristo. A Bíblia chama alascívia de “concupiscências do en-gano” (Ef 4.22). Tais concupiscên-cias mentem. Prometem mais do quepodem oferecer. A Bíblia as chamade “paixões que tínheis anteriormen-te na vossa ig-norância” (1 Pe1.14). Somenteos tolos cedem aelas. “Num ins-tante a segue,como o boi quevai ao matadou-ro” (Pv 7.22).O engano é ven-cido pela verda-de. A ignorância é derrotada pelo co-nhecimento. E tem de ser uma ver-dade gloriosa e um conhecimentoformoso. Esta é razão por que es-crevi o livro Vendo e Provando aCristo (Seeing and Proving Christ —

Crossway, 2001). Preciso de brevesretratos de Cristo para me manter des-pertado, espiritualmente, para a su-blime grandeza do Senhor Jesus.Temos de encher nossa mente comas promessas e os deleites de Jesus.E volvermo-nos imediatamente paratais promessas e deleites, depois dehavermos dito “não”.

MANTER — mantenha, com fir-meza, a promessa e o deleite de Cris-to em sua mente, até que expulsema outra imagem. “Olhando firme-mente para... Jesus” (Hb 12.2). Mui-tos fracassam neste ponto. Elesdesistem logo. Dizem: “Tentei expul-sar a fantasia, mas não deu certo”.Eu lhes pergunto: “Por quanto tem-po fizeram isso?” Quanta rigidezexerceram em sua mente? Lembre:a mente é um músculo. Você podeflexioná-la com violência. Tome oreino de Deus por esforço (Mt11.12). Seja brutal. Mantenha dian-te de seus olhos a promessa de Cris-to. Agarre-a. Agarre-a! Não a deixe

ir embora. Con-tinue seguran-do-a. Por quan-to tempo? Quan-to for necessá-rio. Lute! Poramor a Cristo,lute até vencer!Se uma portaautomática esti-vesse para es-

magar seu filho, você a seguraria comtoda a sua força e gritaria por ajuda.E seguraria aquela porta... segura-ria... seguraria... Jesus disse quemuito mais está em jogo no hábitoda lascívia (Mt 5.29).

Uma das razões porque alascívia reina em tantas

pessoas é porque Cristo nãolhes é muito cativante.

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Fé para Hoje22

APRECIAR — aprecie uma satis-fação superior. Cultive as capacidadesde obter prazer em Cristo. Uma dasrazões porque a lascívia reina em tan-tas pessoas é porque Cristo não lhesé muito cativante. Falhamos e somosenganados porque temos pouco de-leite em Cristo. Não diga: “Estaconversa espiritual não é para mim”.Que passos você tem dado para des-pertar sua afeição por Cristo. Vocêtem lutado por encontrar gozo? Nãoseja fatalista. Você foi criado para va-lorizar a Cristo — de todo o coração— mais do que valoriza o sexo, ochocolate ou o açúcar. Se você tempouco desejo por Cristo, os prazeresrivais triunfarão. Peça a Deus que lhedê a satisfação que você não tem.“Sacia-nos de manhã com a tua be-nignidade, para que cantemos dejúbilo e nos alegremos todos os nos-sos dias” (Sl 90.14). E olhe... olhe...e continue olhando para Aquele queé a pessoa mais magnificente do uni-

verso, até que você o veja da manei-ra como Ele realmente é.

MOVER – mova-se da ociosida-de e de outros comportamentosvulneráveis para uma atividade útil.A lascívia cresce rapidamente no jar-dim da ociosidade. Encontre algo útilpara realizar, com todas as suas for-ças. “No zelo, não sejais remissos;sede fervorosos de espírito, servin-do ao Senhor” (Rm 12.11); “Sedefirmes, inabaláveis e sempre abun-dantes na obra do Senhor, sabendoque, no Senhor, o vosso trabalho nãoé vão” (1 Co 15.58). Seja abundanteem atividades. Faça alguma coisa: lim-pe um quarto, pregue uma tábua,escreva uma carta, conserte uma tor-neira. E faça tudo por amor a Jesus.Você foi criado para administrar etrabalhar. Cristo morreu para nos tor-nar zelosos “de boas obras” (Tt2.14). Substitua as concupiscênciase paixões enganosas por boas obras.

Pai de misericórdias, quão freqüentementeDeixamos de lutar contra a lascívia.

Temos abraçado o inimigo que faz guerra contra a nossa alma.Perdoa-nos, de acordo com tua promessa de ser

Tardio em ira e abundante em misericórdia.Vem agora e dá-nos nova determinação

Novo poder e nova visão de tuasPromessas e de teu supremo valor.

Sacia-nos de manhã com a tua benignidadeDestrói a raiz de nossa lascívia com um prazer superior.

Em nome de Jesus, oramos. Amém.

1 John Owen, The Mortification of Sin, in The Works of John Owen, ed. William H. Gould,vol. 6 (Londres: Johnstone & Hunter, 1852; reprint, Edimburgo e Carlisle, Penn.:Banner of Truth, 1959), p. 9.

(Extraído do livro Penetrado pela Palavra, John Piper, Editora Fiel, cap. 25, pp. 123-128)

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OOOOO QUEQUEQUEQUEQUE V V V V VOCÊOCÊOCÊOCÊOCÊ FAZFAZFAZFAZFAZ COMCOMCOMCOMCOM AAAAA I I I I IMORALIDADEMORALIDADEMORALIDADEMORALIDADEMORALIDADE 23

O QUE VOCÊ FAZ

COM A IMORALIDADE?Jim Elliff

Será um dos preletores da 22ª Conferência Fiel - outubro,2006

Quando o apóstolo Paulo ouviuque havia imoralidade na igreja deCorinto, ficou perplexo. A imoralidadeera tal, que até a sensibilidade domundo pagão seria ofendida — Há“quem se atreva a possuir a mulherde seu próprio pai” (1 Co 5.1).Todavia, a admiração de Paulo sedevia, em grande parte, ao fato deque a igreja tolerou isso como umsímbolo de honra. A igreja haviadistorcido de tal modo o significadodo amor, que se orgulhava de aceitartais pessoas. “Contudo, andais vósensoberbecidos e não chegastes alamentar...?”, exclamou Paulo.

Este episódio revelador na histó-ria da igreja primitiva, encontrado em1 Coríntios 5, não poderia ser maisrelevante.

Como disse Paulo: “Não é boa avossa jactância”. A idéia de quealgumas associações de cristãosprofessos conduz atualmente à lutaem favor de uniões de pessoas domesmo sexo, homossexualidade no

sacerdócio e outras práticas quemitigam contra a pureza sexual e oslaços do matrimônio certamenteevocaria a justa indignação de Paulo,se estivesse vivo hoje.

A igreja não é um clube de vo-luntários formado de pessoas dequalquer convicção ou comporta-mento, uma entidade sem caráter,pronta a aceitar qualquer pessoa quedeseja se unir no regozijo e excita-ção. É uma sociedade séria quepossui limites. É para aqueles queforam vivificados por Deus, confes-saram essa mudança publicamente,por meio do batismo, e estão com-prometidos a andar em obediência earrependimento todos os dias de suavida. A igreja é uma união repleta deamor, não apenas de sentimentalis-mo — um amor que exige santidade(2 Tm 1.9; Gl 5.13; Rm 6.1).

Paulo apresenta uma lista dos li-mites da comunhão cristã nestapassagem. Entre os que a igreja de-veria remover e com os quais não se

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deveria associar, estava “alguém que,dizendo-se irmão, for impuro, ouavarento, ou idólatra, ou maldizente,ou beberrão, ou roubador...”

Então, o que devemos fazerquando encontramos imoralidadedentro da igreja? Não pode haverengano quanto à resposta:

* Seja “tirado do vosso meioquem tamanho ultraje prati-cou”.

* Seja “entregue a Satanás”.(Isto significa: ao ser remo-vido de seu meio, a igrejadeixa tal pessoa no mundoe sob o controle de Sata-nás.)

* “Já em carta vos escrevique não vos associásseiscom os impuros.”

* “Com esse tal, nem aindacomais.”

* “Expulsai... de entre vós omalfeitor.”

No caso de pecados tão notórioscomo a imoralidade, a disciplina daigreja tem de ser imediata e decisiva.Por quê?

“Não sabeis que um pouco defermento leveda a massa toda?” é aexplicação. Quanto mais o fermentopermanece em uma massa de fari-nha, tanto mais ele se espalha. Paulousou a festa da Páscoa, do AntigoTestamento, para estabelecer seu ar-gumento. Naquela festa, todo ofermento era removido dos lares, vis-to que era um símbolo do pecado.Paulo disse que o Cordeiro pascal

havia sido imolado (ou seja, Cristofora crucificado). Como igreja, de-vemos celebrar “a festa” (ou seja,viver constantemente em Cristo) semo velho fermento da maldade.

Paulo defende apaixonadamentea pureza da igreja. Por um lado,exercer a disciplina é o melhor paraa pessoa. É realmente a única atitudeamável, neste caso. Permitir que omembro de uma igreja continue nopecado é semelhante a permitir queuma criança prejudique a si mesma ea seus irmãos, sem receber correção.Mas, por outro lado, exercemosdisciplina porque Deus chamou aigreja à pureza.

Quando um frango está podre echeio de vermes, você não fará omelhor se colocar um frango saudá-vel na mesma sacola? É claro quenão. O frango estragado e cheio debichos sempre deteriora o saudável;nunca ocorre o contrário. Paulo es-creveu na mesma carta: “As másconversações corrompem os bonscostumes”.

Você têm caído neste velho pro-blema da igreja de Corinto: orgulhar-se da tolerância indiscriminada?

Um pastor disse: “Jamais con-segui levar nossa igreja a disciplinarseus membros. Hoje, existem tantaspessoas imorais entre nós, que dis-cipliná-las causaria um grande con-flito”.

Esta mentalidade é exatamente arazão por que tantas igrejas são ine-ficazes em mudar a cultura e emtrazer pessoas a um estilo de vidadiferente.

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UUUUUMMMMM C C C C CORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃO E E E E ENTENDIDONTENDIDONTENDIDONTENDIDONTENDIDO 25

UM CORAÇÃO ENTENDIDO

Edward Donnelly

“Pede-me o que queres que eute dê”, disse o Senhor ao rei Salo-mão (1 Rs 3.5). E o filho de Davipediu um “coração entendido” (v. 9-ARC). Ele não pediu os dons maiselevados, nem o que seu pai teria pe-dido (Sl 27.4). Salomão pediu coisasvaliosas — perspicácia, bom senso,entendimento, a capacidade de com-preender as pessoas e situações,sabedoria prática para “julgar a teupovo, para que prudentemente dis-cirna entre o bem e o mal”.

E lemos: “Estas palavras agrada-ram ao Senhor, por haver Salomãopedido tal coisa” (v. 10). Discernimentoé o que muitos crentes também pa-recem carecer intensamente.

POR QUE BUSCAR UM CORAÇÃO

ENTENDIDO?

As razões de Salomão para que-rer discernimento ainda são válidas.As responsabilidades dele eram pe-sadas — “Teu servo está no meio doteu povo... povo grande, tão nume-

roso, que se não pode contar... quempoderia julgar a este grande povo?”(vv. 8, 9.)

Ele estava ciente de suas limita-ções pessoais: “Não passo de umacriança, não sei como conduzir-me”(v. 7). Conforme ilustrado no casodos bebês das prostitutas (vv. 16-28),Salomão precisava tomar decisões arespeito de assuntos desconcertan-tes e complexos.

De modo semelhante, os líderescristãos cumprem responsabilidadesimportantes em situações pastoraiscomplicadas, conscientes de sua pró-pria incapacidade. Como sabemosquando podemos fazer concessõese quando devemos permanecer fir-mes?

Como discernimos, em um casoespecífico, quanto ocorreu por cau-sa do pecado e quanto por causa deignorância? Como podemos encon-trar as pessoas onde elas estão etrazê-las aonde desejamos que este-jam?

Todo crente precisa de entendi-

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Fé para Hoje26

mento — ou como pai, ou no lugarde trabalho, ou na vida da igreja. Eum bom começo é admitir esta ne-cessidade. Tenha cuidado com apessoa que não tem dúvidas sobre simesma (Pv 28.26).

Matthew Henry comentou: “Ab-salão, que era tolo, quis ser juiz porconta própria. Salomão, que era sá-bio, tremeu ante à sua incumbênciae duvidou que estivesse preparadopara desempenhá-la”.

COMO PODEMOS OBTER UM

CORAÇÃO ENTENDIDO?

Um dos meus professores de te-ologia costumava começar a ano le-tivo com uma advertência a respeitodas limitações do currículo: “Rapa-zes, podemos ensinar grego a umapessoa, mas não podemos lhe ensi-nar discernimento”.

É verdade. Algumas pessoas sãodotadas com perspicácia, enquantooutras deixam uma trilha de danosem seu caminho — sentimentos ma-goados, mal-entendidos, ofensas.Elas não pretendiam isso, mas é amaneira como elas são. Não importaquais sejam nossos dons naturais,todos podemos obter mais discerni-mento.

Como? Peça a Deus um coraçãoentendido. A oferta de Deus a Salo-mão não foi exclusiva, pois temos apromessa: “Pedi, e dar-se-vos-á” (Mt7.7).

Tiago é mais específico: “Se,porém, algum de vós necessita desabedoria, peça-a a Deus, que a to-dos dá liberalmente e nada lhes im-propera; e ser-lhe-á concedida” (Tg1.5). Devemos orar fervorosamente

ao nosso Pai celestial pedindo-Lhegrande medida de discernimento, afim de que trabalhemos mais eficaz-mente com as pessoas.

A Bíblia nos fornece muito “sen-so comum”, pois “o SENHOR dá a sa-bedoria, e da sua boca vem a inteli-gência e o entendimento” (Pv 2.6). Aseção das Escrituras descrita como“Literatura de Sabedoria” tem estetítulo apropriadamente, e um cristãoque assimila, de modo regular, o li-vro de Provérbios, cresce especial-mente por meio de uma fonte de te-souros de perspicácia prática.

PROFESSORES VALIOSOS

A experiência — a nossa ou a deoutros — é um professor valioso paraaqueles que estão dispostos a apren-der dela. Suas lições podem serseveras — erros cometidos e sofri-mentos a serem suportados. Mas sãosingularmente valiosas.

Algumas das pessoas de maisdiscernimento que já conheci sofre-ram provação, em algum grau, nopassado. E o tempo de provação tor-nou-as mais sábias.

Também podemos aprender mui-to por ouvir. As palavras traduzidas“coração entendido” significam “umcoração que tem a capacidade de ou-vir”. Você é um bom ouvinte? Aquelesque não têm discernimento raramen-te o são. Eles são muito absorvidospor si mesmos para ouvir os outroscom atenção.

Zenão, o filósofo estóico, não eracristão, mas não era um tolo. “Temosdois ouvidos e uma boca”, ele disse,“para que ouçamos duas vezes maisdo que falamos”.

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Talvez o caminho mais provei-toso para obter discernimento é co-locar-se no lugar da outra pessoa.

Esta foi a maneira como Salo-mão chegou à sua brilhante soluçãono caso dos dois bebês, um morto eo outro vivo. Que difícil julgamentoele teve de fazer! Testemunhos des-confiáveis, evidências conflitantes,nenhum modo claro de provar a qualmulher o bebê pertencia.

Até que ele assumiu imaginaria-mente o lugar da verdadeira mãe.“Como eu me sentiria”, perguntou asi mesmo, “se eu fosse a mãe do bebêvivo?” E concebeu o teste cruel, maseficaz, para descobrir onde estava oinstinto maternal.

O LUGAR DO OUTRO

Este é o caminho que nos leva aum coração entendido, que nos ca-pacita a cumprir eficazmente as nos-sas responsabilidades. Marido,coloque-se no lugar de sua esposa,quando você retorna ao lar, vindo dotrabalho. O que você acha que elaespera de você.

Mãe, lembre o que é ser um ado-lescente, antes de conversar com suafilha a respeito de roupas ou amigos.

Pastores, enquanto realizamaquela difícil visita para disciplinaralguém, pare e, em oração, imagineos sentimentos daqueles com osquais você se encontrará. Eles fica-rão amedrontados, com raiva,apáticos e procurarão se defender?O que lhe dizem o seu conhecimentoe experiência a respeito deles?

Pregadores, enquanto preparamo sermão, tenham diante de si aquelaviúva idosa, o atarefado homem denegócios, o adolescente confuso —todos os que ouvem a mensagem devocês. Se estivessem no lugar deles,que tipo de sermão os ajudaria?

Coloque-se no lugar da outrapessoa. Este é o modo como desen-volvemos discernimento. Freqüente-mente o chamamos de regra áurea:“Como quereis que os homens vosfaçam, assim fazei-o vós também aeles” (Lc 6.31).

É proveitoso porque, em efeito,é uma substituição — e a substitui-ção é o âmago da realidade eterna. Éuma força restauradora e libertadoraporque se molda nAquele que tomouo nosso lugar — “o Filho de Deus,que me amou e a si mesmo se entre-gou por mim” (Gl 2.20).

Um crente santificado é semelhante a um sino deprata: quanto mais o sino é tocado,

tanto melhor ele ressoa.

Stephen Charnock

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Fé para Hoje28

OS CRENTES PRECISAM

DO EVANGELHO

Peter Jeffrey

Paulo nunca estivera na cidadede Colossos. Nem pregara ali emocasião alguma. Ele jamais haviaorado com os crentes daquela cidade,nem se reunido com eles paramomentos de comunhão nas coisasde Deus.

Contudo, quando Paulo ouviusobre a dificuldade que causava pro-blemas àquela igreja, sentiu-seprofundamente preocupado e escre-veu a Epístola aos Colossenses,expressando sua preocupação.

Alguns crentes de Colossos po-dem ter sido tentados a dizer a Paulo:“Não se intrometa aqui”. Aquela igre-ja não tinha qualquer ligação comPaulo, e nas igrejas fundadas por elejá havia problemas suficientes paramantê-lo ocupado.

Esse tipo de atitude seria inacei-tável para o grande apóstolo. Ele nosdiz: “Além das coisas exteriores, háo que pesa sobre mim diariamente, a

preocupação com todas as igrejas”(2 Co 11.28). Esta preocupação mar-ca a distinção entre o verdadeiro ser-vo de Deus e o pregador de carreiraou (o que é pior) o falso pastor.

O problema na igreja de Colos-sos era falsa doutrina. Não temosmuita certeza sobre qual era exata-mente a heresia de Colossos, massabemos como Paulo lidou com ela.A heresia foi combatida de maneirapositiva e emocionante — por meioda exaltação do Senhor Jesus Cristo.

OS PROBLEMAS DE HOJE

Nossas igrejas estão infestadasde problemas. Às vezes, os proble-mas são causados por falsa doutrina;às vezes, por mundanismo; e, fre-qüentemente, por conflitos depersonalidades. Não importa qualseja a causa, os problemas precisamser encarados e expostos.

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OOOOOSSSSS C C C C CRENTESRENTESRENTESRENTESRENTES P P P P PRECISAMRECISAMRECISAMRECISAMRECISAM DODODODODO E E E E EVANGELHOVANGELHOVANGELHOVANGELHOVANGELHO 29

No entanto, a resposta não é usaro bordão e trazer os crentes de voltaà linha. Esse procedimento nãoproduz resultados; serve apenas paratornar alguns crentes mais insensíveise obstinados, enquanto outros ficamdesanimados. O que precisamos hojeé algo que amoleça o coração doscrentes e não que os endureça.

Os problemas das igrejas não sãocausados apenas por que os crentessão tolos e inexperientes. Por trás detodo problema está a mão de Satanás.É verdade que os crentes da Galáciaeram insensatos, mas se deveu aofato de que haviam sido fascinadospelas palavras astutas de falsosmestres (Gl 3.1).

Quando Paulo os chamou de in-sensatos, ele não estava, como disseJohn MacArthur, “falando sobre afalta de inteligência, e sim sobre ouso errado da inteligência”. O diabo,que havia cegado o entendimentodaquelas pessoas, antes de se torna-rem crentes, estava tentando usar omesmo artifício, e elas lhe permiti-ram ter sucesso.

EXALTANDO A CRISTO

Exaltar a Cristo foi a resposta dePaulo para todos os problemas. Elelembrou o evangelho aos crentes deColossos (1.23) e prosseguiu mos-trando-lhes a beleza e a amabilidadede Jesus. Ele escrevia a pessoascrentes, e suas palavras deixam evi-dente o fato de que os crentes tam-bém precisam do evangelho. E ospastores têm de pregá-lo com regu-laridade.

Sabemos que somente o evange-lho pode salvar pecadores perdidos.

Mas também sabemos que somenteo evangelho pode restaurar crenteserrados e aprofundar nos crentescomprometidos o amor pelo Salva-dor? O calor do evangelho é a ferra-menta mais capaz de tornar oscrentes mais úteis na vida da igreja.

A VELHA, VELHA HISTÓRIA

Em nossos dias, é comum ou-virmos alguns freqüentadores deigrejas evangélicas queixando-se deque nunca ouviram sermões sobre acruz ou o sangue de Cristo. Isto ocor-re porque os pastores, por sua vez,têm outra queixa: não existem incré-dulos em sua congregação! Portanto,que proveito existe em pregar o evan-gelho para os convertidos?

Em vez de pregarem o evange-lho, os pastores se concentram empregar sermões sobre a santidade, aoração, os relacionamentos familia-res e assim por diante. Estes são as-suntos bíblicos e, por isso, assuntosindispensáveis que os crentes preci-sam ouvir. Contudo, eles tambémprecisam ouvir o evangelho. É umafalácia total admitir que os sermõessobre a cruz e o sangue de cristo têmvalor apenas para os incrédulos.

OS CRENTES PRECISAM DOEVANGELHO

Quer sejamos salvos há duassemanas ou há vinte anos, todosprecisamos ouvir regularmente amensagem da cruz, da graça e doamor de Deus, em e por meio doSenhor Jesus Cristo.

Precisamos do evangelho, por-que todas as outras coisas da vida

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Fé para Hoje30

cristã resultam e dependem dele paraobter vitalidade e frescor. Esta é arazão por que não existe nada maisemocionante para um crente do queouvir o evangelho sendo pregado nopoder do Espírito Santo.

Essa pregação enternece o cora-ção do crente e estimula sua alma.Leva-o a desejar, se fosse possível,ser convertido novamente. Se per-dermos de vista tudo o que o NovoTestamento ensina a respeito do sig-nificado e importância da pregaçãodo evangelho, tropeçaremos espiri-tualmente.

Podemos até fingir atividadescristãs, mas nós mesmos seremosespiritualmente estéreis e frios. Oevangelho é essencial a uma vida cris-tã saudável — essa é a razão por queos crentes precisam do evangelho.

REPLETOS DO EVANGELHO

Muitos pastores reconhecem istoe incluem um pouco do evangelhoem cada sermão, de modo que ospecadores sejam desafiados e oscrentes, encorajados. Todavia, pre-cisamos de mais do que um poucodo evangelho em um sermão. Preci-samos de sermões inteiros, que sóexaltem a Cristo como Salvador.Necessitamos de sermões repletos doevangelho e de Jesus.

Charles Spurgeon disse aospregadores, em certa ocasião: “Vocêsprecisam ter um desejo autênticopelo bem das pessoas, se desejam tergrande influência sobre elas”. Umpregador não fará maior bem àspessoas, crentes ou não-crentes, doque falar a elas sobre Jesus.

A maior coisa que podemos desejar, além da

glória de Deus, é nossa própria salvação. E a

coisa mais agradável que podemos desejar é a

segurança da salvação... Todos os crentes

desfrutarão do céu quando deixarem este

mundo. Porém, alguns crentes desfrutam

do céu enquanto estão aqui na terra.

Joseph Caryl

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A MALDIÇÃO DO HOMEM MODERNO

A. W. Tozer

Existe uma maldição antiga quepermanece conosco até hoje — adisposição da sociedade humana deser completamente absorvida por ummundo sem Deus.

Embora Jesus Cristo tenha vin-do a este mundo, este é o pecadosupremo dos incrédulos, o qual le-vou o homem a não sentir — nemsentirá — a presença dEle que per-meia todas as coisas. O homem nãopode ver a verdadeira Luz, tampou-co pode ouvir a voz do Deus de amore verdade.

Temos nos tornado uma socie-dade “profana” — completamenteenvolvida em nada mais do que osaspectos físico e material desta vidaterrena. Homens e mulheres se glo-riam do fato de que são capazes deviver em casas luxuosas, vestir rou-pas de estilistas famosos e dirigir osmelhores carros que o dinheiro podecomprar — coisas que as geraçõesanteriores nunca puderam ter.

Esta é a maldição que jaz sobre o

homem moderno — ele é insensível,cego e surdo em sua prontidão deesquecer que existe um Deus. Acei-tou a grande mentira e crença estra-nha de que o materialismo constituia boa vida. Mas, querido amigo, vocêsabe que o seu grande pecado é este:a presença eterna de Deus, que al-cança todas as coisas, está aqui, evocê não pode senti-Lo de maneiraalguma, nem O reconhece no menorgrau? Você não está ciente de queexiste uma grande e verdadeira Luzque resplandece intensamente e quevocê não pode vê-la? Você não temouvido, em sua consciência e men-te, uma Voz amável sussurrando arespeito do valor e importância eter-na de sua alma, mas, apesar disso,tem dito: “Não ouço nada?”

Muitos homens imprudentes einclinados ao secularismo respondem:“Bem, estou disposto a agarrar mi-nhas chances”. Que conversa tola deuma criatura frágil e mortal! Isto étolice porque os homens não podem

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Fé para Hoje32

se dar ao luxo de agarrar as suaschances — quer sejam salvos e per-doados, quer sejam perdidos. Comcerteza, esta é a grande maldição quejaz sobre a humanidade de nossosdias — os homens estão envolvidosde tal modo em seu mundo sem Deus,que recusam a Luz que agora brilha,a Voz que fala e a Presença que per-meia e muda os corações.

Por isso, os homens buscam di-nheiro, fama, lucro, fortuna, entre-tenimento permanente ou apego aosprazeres. Buscam qualquer coisa quelhes removam a seriedade do viver eque os impeça de sentir que há umaPresença, que é o caminho, a verda-de e a vida.

Eu mesmo fui ignorante até aos17 anos, quando ouvi, pela primeiravez, a pregação na rua e entrei numaigreja onde ouvi um homem citandouma passagem das Escrituras: “Vin-de a mim, todos os que estais cansa-dos e sobrecarregados, e eu vosaliviarei. Tomai sobre vós o meu jugoe aprendei de mim... e achareis des-canso para a vossa alma” (Mt 11.28,29).

Eu era realmente pouco melhordo que um pagão, mas, de repente,fiquei muito perturbado, pois come-cei a sentir e reconhecer a graciosapresença de Deus. Ouvi a voz dEleem meu coração falando indistinta-mente. Discerni que havia uma Luzresplandecendo em minhas trevas.

Novamente, andando pela rua,parei para ouvir um homem que pre-gava, em um cantinho, e dizia aosouvintes: “Se vocês não sabem orar,vão para casa, ajoelhem-se e digam:Ó Deus, tem misericórdia de mim,pecador”. Isso foi exatamente o queeu fiz. E Deus prometeu perdoar esatisfazer qualquer pessoa que esti-ver com bastante fome espiritual emuito interessado, a ponto de clamar:“Senhor, salva-me!”

Bem, Ele está aqui agora. APalavra, o Senhor Jesus Cristo, setornou carne e habitou entre nós; eainda está entre nós, disposto e capazde salvar. A única coisa que alguémprecisa fazer é clamar com umcoração humilde e necessitado: “óCordeiro de Deus, eu venho a Ti; euvenho a Ti!”

O cristianismo de hoje não transforma as pessoas. Pelocontrário, está sendo transformado por elas. Não estáelevando o nível moral da sociedade; está descendo ao

nível da própria sociedade, congratulando-se com ofato de que conseguiu uma vitória, porque a sociedade

está sorrindo enquanto o cristianismo aceita a suaprópria rendição!

A. W. Tozer