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Revista Fé para Hoje Número 27, Ano 2005

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Editora Fiel

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SANSÃO E A SEDUÇÃO DA CULTURA 1

Fépara

Hojeé para Hoje é um ministério da Editora FIEL. Como

outros projetos da FIEL — as conferências e os livros— este novo passo de fé tem como propósito semearo glorioso Evangelho de Cristo, que é o poder de Deuspara a salvação de almas perdidas.O conteúdo desta revista representa uma cuidadosaseleção de artigos, escritos por homens que têmmantido a fé que foi entregue aos santos.Nestas páginas, o leitor receberá encorajamento a fimde pregar fielmente a Palavra da cruz. Ainda que estamensagem continue sendo loucura para este mundo,as páginas da história comprovam que ela é o poderde Deus para a salvação das ovelhas perdidas —“Minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”.Aquele que tem entrado na onda pragmática queprocura fazer do evangelho algo desejável aos olhosdo mundo, precisa ser lembrado que nem Paulo, nemo próprio Cristo, tentou popularizar a mensagemsalvadora.Fé para Hoje é oferecida gratuitamente aos pastores eseminaristas.

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TOME A SUA CRUZ

Walter Chantry

Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar asua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse asalvará”

Lucas 9.23,24

Só existe uma entrada para oreino de Deus. Há uma porta estreitano início do caminho para a vida.“Porque estreita é a porta, e aperta-do, o caminho que conduz para avida, e são poucos os que acertamcom ela” (Mt 7.14). Ninguém quetenha um ego enfatuado pode forçarpassagem por essa porta. Tem dehaver auto-anulamento, auto-repúdioe auto-renúncia, para que alguém setorne um discípulo (um aluno) deCristo.

Nosso Salvador deixou bem cla-ra a sua exigência, ao ordenar expli-citamente o negar-se a si mesmo.Depois, Ele enfatizou novamente oseu argumento, utilizando uma ilus-tração vívida do negar-se a si mes-mo — uma ilustração que Ele selaria,em breve, com o seu sangue: “A simesmo se negue... tome a sua cruz”(Lc 9.23). Seis vezes, nos evange-lhos, nosso grande Profeta recomen-dou aos seus discípulos o tomar a

cruz. Essa era uma das ilustraçõesfavoritas de Jesus a respeito do ne-gar-se a si mesmo. Em outras ocasi-ões, Ele falou sobre vender tudo ouperder a própria vida.

“Cruz” é uma palavra que de iní-cio traz à mente o quadro de nossoSenhor no Calvário. Pensamos so-bre Ele derramando seu sangue,enquanto pregado em um instrumen-to destinado a infligir uma morteagonizante. Talvez possamos expan-dir a idéia de tomar a cruz aopensarmos sobre Estêvão, que foiapedrejado até à morte, ou sobre Pe-dro e João, que foram açoitados epresos, ou sobre qualquer outro már-tir, através dos séculos. À luz dessessofrimentos físicos corajosos, ocrente que desfruta de quietude podedizer: “Não tenho qualquer cruz paralevar”. Talvez esta exigência de Cristoalarme a sua consciência, enquantovocê a lê freqüentemente nas Escri-turas.

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Alguns que chamam a si mesmosde “crentes” nunca tomaram real-mente a sua cruz. Ignorando aexperiência da auto-execução, daauto- renúncia, eles são necessaria-mente estranhos para Cristo. Opróprio Senhor Jesus tencionava quesua exigência alarmasse profunda-mente tais pessoas. Se esta é a suacondição, não haverá qualquer alíviopara a consciência, exceto por meiodo tomar a sua cruz e seguir a Jesus.

No entanto, outros são verdadei-ros servos de Cristo, porém, sentemdesânimo por entenderem de modoerrado a exigência de nosso Senhor.É possível tomar a cruz e não o sa-ber. Uma análise cuidadosa dosignificado das palavras de nossoSenhor será um encorajamento.

Em qualquer dos casos, este as-sunto é vital para você. A vida do seuSenhor foi dominada por uma cruz.Ele também o chamou para uma vidaque inclui uma cruz. Esta verdadeclara do evangelho é facilmente es-quecida na débil sociedade ocidental.Com um grande coro de costumes,anúncios e tentações, este mundoestá chamando você a uma vida deauto-satisfação. Sua carne é atraídaa este apelo e cairá com as suges-tões do mundo. Mas o Senhor da gló-ria o tem chamado para uma vida deauto-renúncia, para uma cruz.

A exigência de levar a cruz éuniversal. É dirigida a todos os queseguem a Cristo, sem exceção. Nos-so Senhor proferiu estas palavras “atodos”, não apenas a um grupo sele-to que andava mais perto dEle. Mar-cos 8.34 indica que esta ordem nãofoi emitida somente para os doze. Foidita quando Ele chamou “a multidão

e juntamente os seus discípulos”. Acruz é exigida de qualquer pessoa quequer vir após Jesus. Não há casospeculiares isentos desta necessidade.Várias vezes, nosso Senhor enfatizouque ninguém poderia ser considera-do seu discípulo se não tomasse acruz — “Quem não toma a sua cruze vem após mim não é digno de mim”(Mt 10.38). Em Lucas 14.27, nossoSalvador voltou-se a uma multidãoque O seguia e insistiu: “E qualquerque não tomar a sua cruz e vier apósmim não pode ser meu discípulo”.Ser um crente sem negar-se a simesmo é uma impossibilidade abso-luta. Quer você viva em um país cris-tão, quer viva em uma cultura hostilà Palavra de Deus, você tem de levara cruz. A única maneira de evitar acruz é seguir o mundo até ao infer-no. Conforme explica Marcos 8.35:“Quem quiser, pois, salvar a sua vidaperdê-la-á”. A palavra “pois” indicauma conexão com o versículo ante-rior. O cristianismo sem auto-renún-cia não suportará o juízo.

Este aspecto óbvio do ensino denosso Senhor tem sido esquecido ouignorado pelo evangelismo moderno.Ansiosos por trazer pecadores à vida,à paz e à alegria no Senhor, os evan-gelistas têm falhado em mencionarque Cristo insiste, desde o início, narenúncia do “eu”. Falhando em trans-mitir esta exigência de nosso Senhore esquecendo-a eles mesmos, osevangelistas nunca questionam se osseus “convertidos” que têm vidasegocêntricas são verdadeiros segui-dores de Cristo. Supondo que épossível a alguém buscar a auto-sa-tisfação e ao mesmo tempo estarcerto do céu, aqueles que ensinam a

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Bíblia procuram um meio de trazerhomens egocêntricos a um nível es-piritual mais elevado. Por isso, onegar a si mesmo é ensinado comouma exigência para uma segunda obrada graça. Mas o texto de Lucas9.23,24 nos mostra que, se uma pes-soa não tem uma vida de negaçãode si mesma,não recebeuuma funda-mental obrada graça.

Aquelesque guardamtextos bíbli-cos sobre aexigência deuma cruz, pa-ra usá-los noensino de “uma vida mais profunda”,enganam seus ouvintes no que dizrespeito a evangelizá-los. Sem a cruznão existe qualquer seguir a Cristo!E, sem seguir a Cristo, não há vida,de maneira alguma! Hoje existe a im-pressão de que muitas pessoas en-tram na vida por meio da porta largade crer em Jesus. Conseqüentemen-te, poucos buscam a porta estreitada cruz para um serviço espiritualmais profundo. Pelo contrário, o ca-minho largo, sem o negar a si mes-mo, leva à perdição. Todos os quesão salvos entraram na fraternidadeda cruz. A chamada de Cristo refe-rente à cruz é perpétua. O negar-sea si mesmo não é uma taxa de matrí-cula, paga uma única vez e, depois,esquecida para sempre. Os crentesmais velhos, assim como os novosconvertidos, têm de levar a cruz. Acruz de um crente não é um itemdescartável da vida cristã, e sim um

fardo que temos de levar por toda avida neste mundo.

A conversa de Jesus, expressanesta passagem de Lucas, aparente-mente aconteceu em Cesáreia deFilipe. Ocorreu próxima ao final doministério terreno de Jesus. Quasetrês anos antes, Jesus havia chama-

do os discí-pulos. Em Lu-cas 5, encon-tramos um re-lato parcialdessa cha-mada. Quan-do os discí-pulos come-çaram a seguiro Messias,houve o pre-

ço doloroso de uma cruz a ser con-siderado. Este preço, no caso dePedro, foi o ter de deixar seu amadopai e um bom negócio de pesca, emuma vila tranqüila. No caso de Ma-teus, o preço envolveu o deixar paratrás a lucrativa agência de cobrançade impostos que ele dirigia. Durantemais de dois anos, houve a dolorosaexperiência de pobreza, tumulto e des-graça ao seguirem o Mestre. Agora,quando se aproximavam da conclu-são de seu treinamento, nosso Senhorcolocou diante deles a expectativa deuma cruz. Quer você tenha andadocom Cristo um ano ou quarenta anos,ainda tem de negar a si mesmo.

Podemos observar que a passa-gem usa a expressão “dia a dia”.Para um verdadeiro crente, a cruz évitalícia, presente em todos os aspec-tos de nossa vida, um fardo diário.Existe apenas um lugar onde pode-mos largar a cruz — o cemitério.

Levar a cruz é uma das escolhasconscientes e diárias que o

crente faz dentre aquelas queagradarão a Cristo, entristece-rão o “eu” e terão como alvo

a mortificação própria.

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Não podemos levar o sofrimento daauto-renúncia à cidade celestial. Masnosso Senhor não apresentou qual-quer esperança de que a cruz cessaráde nos afligir nesta vida. A cruz é to-mada “dia a dia” e por “qualquerpessoa”. Você tem de perguntar a simesmo: “Estou levando a cruz hoje?”

Conforme já sugerimos, a cruz édolorosa. A palavra “cruz” perde todoo significado, se removermos oterrível sofrimento. Nosso Senhorsuportou as dores mais cruéis jáinfligidas a um homem. Temos dereconhecer que a cruz representavadores internas, bem como doresexternas. Para o nosso perfeitoSenhor, a tortura íntima resultante dacruz foi maior do que a torturaexterior.

Hebreus 12.2 nos ensina que Je-sus “suportou a cruz, não fazendocaso da ignomínia”. A ignomínia eramuito mais dolorosa à sublime digni-dade dEle do que o eram os cravos eo sangue vertendo de seu corpo. Al-guns têm falhado em avaliar o que acruz era para Jesus: a vergonha deser feito pecado, diante do Pai, e aignomínia de ser julgado por um Deusjusto, diante de seus inimigos. A ver-gonha de se identificar abertamentecom as sujas transgressões dosímpios, diante dos homens, dos an-jos e de Deus, feriu profundamentea alma sensível de nosso Senhor.

O sofrimento íntimo tem de sero foco do ensino de nosso Senhor,nesta passagem de Lucas 14. Nossacruz não significa apenas sofrimen-to físico. Estêvão não foi apedrejado“dia a dia”, mas o Salvador disse quetemos de levar a cruz todos os dias.Nem mesmo nos piores tempos, os

apóstolos foram aprisionados “dia adia”. Existe uma cruz para levarmosnos melhores dias, assim como nospiores. Pedro levou a cruz durante apaz civil, bem como em tempos deconflitos. Deixar de entender que osofrimento íntimo é a pior parte dacruz tem levado alguns crentes acompreenderem erroneamente a exi-gência de nosso Senhor a respeito detomar a cruz, todos os dias. Estacompreensão errônea pode levar aalarmes desnecessários e ao desâni-mo, quando os verdadeiros crenteslêem esta exigência de nosso Senhor.Você pode levar uma cruz invisívelpara todos, exceto para o seu Paicelestial. Quão freqüentemente umpastor é surpreendido ao aprendersobre a cruz levada pelos membrosde sua igreja, que passam por tribu-lações que ele nunca imaginou. Ossofrimentos mais profundos da cruznão são visíveis publicamente.

Além disso, tomar a cruz é umato intencional. Em cada passagemque apresenta o Senhor mencionan-do a cruz para os discípulos, Eleordena que eles a tomem. O Senhornão impõe a cruz sobre uma pes-soa contra a vontade dela. Ele nãoamarra a cruz nas costas de umapessoa. Existem grandes afliçõespara o povo de Deus que lhe sãoimpostas pela providência. Sofri-mentos irresistíveis podem ser amão da disciplina ou da misericór-dia aprimoradora. Tais sofrimentossão provações e não cruzes. Umacruz tem de ser tomada por aquelecujo ego tem de ser negado doloro-samente.

Foi uma submissão voluntária daparte de Cristo que O levou ao

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Calvário. “Ninguém a tira de mim;pelo contrário, eu espontaneamentea dou” (Jo 10.18). Soldados arma-dos não poderiam prender a Jesus.O Filho de Deus se entregou à cus-tódia deles. Assim também é a cruzdiária que os discípulos dEle têm delevar. É umaescolha cons-ciente de umaalternativad o l o r o s a ,motivada poramor a Cris-to. Pode serprecedida poruma luta ínti-ma, semelhante àquela que nosso Se-nhor experimentou no Getsêmani.Mas é uma escolha voluntária.

Por último, o tomar a cruz émortal. É letal. A morte na cruz podeser muito lenta, mas a cruz tem umobjetivo — tenciona trazer, de modocruel, o “eu” à morte. Duas idéiasparalelas, nos versículos 23 e 24, nosmostram que nosso Senhor tinha istoem mente. “A si mesmo se negue.”Mortifique a auto-importância, aauto-satisfação, a autodedicação, aautoprosperidade, a autodependên-cia. “Quem perder a vida por minhacausa”. É isto mesmo! Morte aosinteresses pessoais, porque você ser-ve à honra de Cristo! Inclui a rendiçãodaquelas coisas que os homens cha-mam de interesses legítimos para aglória de Deus!

Agora, torna-se evidente que afigura de levar a cruz é um aprimo-ramento da exigência de Jesus acercada auto-renúncia. Levar a cruz é umadas escolhas conscientes e diárias queo crente faz dentre aquelas que agra-

darão a Cristo, entristecerão o “eu”e terão como alvo a mortificação pró-pria. Levar a cruz é um ensino parao recruta, não apenas para o soldadoamadurecido. É uma exigência paraalguém entrar no exército de Deus,não apenas uma chamada para a elite

de super-san-tos que têmuma vida maisprofunda. To-davia, o levara cruz é o se-gredo para amaturidadeprofunda emCristo. Cada

etapa do crescimento espiritual exigemais auto-renúncia, mais golpes do-lorosos no “eu”, mais ousada deter-minação de servir ao Senhor JesusCristo, com o conseqüente abando-no da própria vida do crente.

A sombra da cruz cai sobre to-dos aqueles aspectos vitais da expe-riência cristã a respeito dos quais oscrentes verdadeiros se encontramdesorientados. Se a cruz fosse en-tendida, muitas queixas que se levan-tam contra a providência de Deusseriam silenciadas. Muitas sessões deaconselhamento no escritório do pas-tor seriam interrompidas pela aplica-ção do significado da cruz. O signi-ficado da cruz responde a muitasquestões, não de modo superficial, esim profundo.

Se você tem se esforçado paraadorar o Altíssimo, já aprendeu quenão há comunhão satisfatória com Elesem a cruz. Nosso Salvador se le-vantava antes do amanhecer para tercomunhão com o seu Pai. Visto queEle não tinha um aquecedor central,

A morte na cruz pode ser muitolenta, mas a cruz tem um

objetivo — tenciona trazer,de modo cruel, o “eu” à morte.

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não é um exagero imaginar que oSenhor Jesus tremia de frio, enquantoo seu metabolismo ainda se mostra-va lento naquelas primeiras horas damanhã. Talvez Ele sentisse a dor doesforço para manter seus olhos aber-tos, pois Ele era um verdadeiro ho-mem que havia gastado longos diase noites ensinando os incultos, con-vencendo os que se opunham a Ele ecurando os enfermos. Ele não tinhaboas noites de sono antes de suashoras secretas de adoração. Talvez oSenhor Jesus tivesse de ficar em pé,para não cair de sono. Essas lutasprovavelmente causaram a simpatiadEle para com seus discípulos no jar-dim. Quando eles dormiram, em vezde vigiarem em oração, Ele lhes dis-se cordialmente: “O espírito, na ver-dade, está pronto, mas a carne éfraca” (Mt 26.41). Oh! Ele sentiu afraqueza da carne humana!

Uma cruz confronta o crente queestá decidido a levantar cedo paraencontrar-se com seu Deus. Come-ça com o despertador. O “ego” desejamais uma hora de sono. É razoávelpermanecer na cama, quando o bebêacordou duas vezes na noite passa-da. Mas, se o amor de Cristo ardeem sua alma, você preferirá causardores em si mesmo a lançar-se às exi-gências das atividades do lar ou doescritório e terminar o dia com o tristereconhecimento de que não estevecom o Senhor, em momento algum.Além disso, para levantar cedo, a cadadia, você tem de negar a si mesmo oprazer de encontros sociais que ten-dem a demorar até altas horas.

E, quando você organizar suavida de modo a dedicar-se às suasdevoções, o “eu” rebelde ainda se

intrometerá. Pensamentos sobre osseus afazeres exigem a atenção da suamente, de modo que a contemplaçãohonesta da glória de Deus é impedi-da. Milhares de interesses egoístasimpedem a ocorrência da verdadeiraoração, desde o seu início. NossoSenhor nos ensinou que a oração co-meça quando o coração clama:“Santificado seja o teu nome” (Lc11.2). A verdadeira oração não podeser proferida enquanto o “eu” não écruelmente arrancado da alma, comoum dente é arrancado da mandíbula.Isto é doloroso e angustiante!

Os pregadores encontram rostostristes que gostariam de ouvir a re-comendação de um bom livro sobredevoções. “Eu quero algo para revi-gorar meu espírito abatido.” O lugarde reclusão secreta se tornou monó-tono e pouco gratificante. Freqüen-temente, por trás desse pedido há umdesejo de encontrar um novo segre-do para se aproximar da presença deDeus, um pequeno artifício ou umretorno fácil ao lugar de alegre co-munhão com Deus e o Cordeiro. Nãohá tais livros ou artifícios. Você temde levar uma cruz! Tenha o “eu”como alvo. Focalize-se em mortifi-car o “eu”. Negue-se a si mesmo!Rápido! Acorde cedo! Clame comuma nova união de todas as suas ener-gias, tendo o propósito de conhecerao Senhor. E amanhã? A cruz estaráali novamente. E, se você não esco-lher infligir sofrimento ao “eu”, cairáoutra vez em frieza. Você se retrairápara grande distância do Senhor.

Algumas pobres criaturas têmparado de buscar as alegrias da pre-sença de Deus. Talvez você suponhaque Deus não lhe mostrará a sua gló-

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ria. Pelo contrário, Ele se deleita emtornar-se conhecido. Mas existe umacruz na entrada do lugar secreto doAltíssimo. Para ficar à sombra doTodo-Poderoso, você precisa trazer o“eu” a uma morte lenta e agonizante.

A longa sombra da cruz o segui-rá desde a sua casa até ao seu lugarde serviço para o Senhor. As teste-munhas fiéis de Cristo enfrentamdores terríveis. Quando você chegaao trabalho, talvez os seus colegasestejam reunidos em um canto rindoe contando piadas. Você sabe que nãoousará unir-se a eles. Aquele assuntode bom humor é impuro. Durante odia, quando opiniões sérias são dis-cutidas, há uma oportunidade paravocê apresentar o ponto de vista bí-blico sobre o pecado, a justiça ou opropósito da vida. Mas, cada vez quevocê fala, percebe rejeição para con-sigo mesmo e seu ponto de vista.Cada testemunho a favor da verdadeo torna menos bem-vindo. Você semostrará ousado em favor da verda-de hoje?

Os crentes são sensíveis. Que-remos ser aceitos e queridos. É agra-dável ser uma pessoa favorável epacífica. Nosso intenso desejo é tor-narmo-nos mais íntimos com oscompanheiros. Alguns crentes gros-seiros testemunham com uma atitu-de de “não me importo com o que osoutros pensam de mim”. Isso é serinsensível e não gracioso. Quando agraça de Deus nos desperta em amorpelos homens, o senso de cordiali-dade é intensificado, e o anelo porgentileza e paz é aumentado. Mas,com tudo isso, é a honra de nossoSenhor que está em jogo. O eternobem-estar da alma dos homens pesa

na balança, com base no entendimen-to que eles têm da verdade.

O que o crente deve fazer, se eletem de testemunhar? Ele precisa es-colher, de modo consciente, palavrasque aprimorem a sua própria socia-bilidade e o seu amor por harmonia.O crente tem de apontar proposita-damente a espada tanto para simesmo como para os colegas de tra-balho. Não há passos fáceis notestemunhar! Não há métodos indo-lores, sem constrangimento! Vocêtem de levar os homens a percebe-rem que são pecadores imundos queestão sob a ira de Deus e precisamfugir para Cristo, a fim de recebe-rem misericórdia. Isso é ofensivo.Não há qualquer maneira de tornaragradável o nosso testemunho.

Quando uma moça explica oevangelho a sua mãe, pode quaseantecipar a recepção indiferente. Emqualquer maneira que ela apresentara verdade, estará implícito o erropermanente da mãe, ao considerar amensagem como uma negação de suareligião, suas opiniões, seu estilo devida, por parte da filha. A mensa-gem fere o coração da mãe como umafaca. Sim, mas quando a espada daPalavra penetra o coração da mãe,uma filha sensível resolve, ao mes-mo tempo, cravar pregos em suaprópria carne. O “eu” tem de ser cru-cificado. Assim, dois corações sãoquebrantados, não apenas um.

Do mesmo modo que a cruz lan-ça sombras sobre a adoração e otestemunho, as suas sombras tam-bém caem sobre o serviço para Deus.Perguntas como: “Você dará aula naEscola Dominical?” tornam-se: “Vocêrenunciará as noites tranqüilas e di-

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vertidas que seguem os dias agita-dos no escritório? Você sacrificará odescanso para estudar com serieda-de a Palavra de Deus, a fim depreparar-se para a aula? Você gasta-rá o tempo já escasso para orar emfavor de seus alunos?” Cada deverassumido para o bem da igreja im-

põe restrições em outras áreas.Uma cruz pode ser vista em to-

das as áreas da vida cristã. NossoSenhor não estava falando comhipérbole, quando colocou diante denós uma cruz diária. Virar as costaspara a cruz significa retornar ao ca-minho largo que conduz à perdição.

A GRAÇA DE DEUS

EM RESPONDER À ORAÇÃO

Albert Barnes

O fundamento mais apropriado para o louvor é o fato de queDeus ouve a oração — a oração do homem infeliz, ignorante epecaminoso que está às portas da morte.

Quando consideramos quão grande é a condescendência deDeus em fazer isto; quando pensamos em sua grandeza e infinitude;quando meditamos sobre o fato de que todo o universo dependedEle e que até as galáxias mais distantes precisam do cuidado eda atenção dEle; quando temos em mente o fato de que somoscriaturas de pouca duração, que não sabem nada; em especial,quando recordamos que temos violado as leis dEle; e quandolembramos quão sensuais, corruptas e vis têm sido nossas vidas,quão impróprios e humilhantes têm sido os nossos alvos e propósitos,como temos provocado a Deus por meio de nossa incredulidade,ingratidão e dureza de coração — nunca podemos expressar, compalavras adequadas, quão imensa é a bondade dEle em ouvir nossasorações; também não podemos achar palavras com as quaisexpressaremos corretamente os louvores devidos ao nome dEle,por haver se mostrado condescendente em ouvir nossos clamorespor misericórdia.

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PREGAÇÃO EVANGELÍSTICA:UM OFÍCIO PERDIDO

Conrad Mbewe

Estou preocupado. Estou bas-tante preocupado com a ausência depregação evangelística em nossosdias. Em muitos púlpitos, o que sechama de pregação evangelística ébasicamente um apelo aos não-cren-tes, um apelo acrescentado ao finalda maioria dos sermões. Onde estãoos sermões que, do início ao fim,argumentam, explicam e provam,com base nas Escrituras, que Jesusé o Cristo? Onde estão os sermõespreparados especificamente para ex-pulsar de cada esconderijo e fendainíqua os pecadores, até que se pros-trem diante da cruz de Cristo? Ondeestão os sermões que lutarão contraconsciências entenebrecidas, até queestas vejam sua necessidade de re-conciliação com Deus, por intermé-dio de Jesus Cristo? Para onde foramos sermões sobre fogo e enxofre doinferno, pregados nas gerações pas-sadas? Onde estão os sermões se-melhantes aos de George Whitefield,

aos dos irmãos Wesley, Howell Har-ris, Jonathan Edwards e Asahel Net-tleton?

Quero assegurar-lhes desde oinício que não estou, de maneira al-guma, sugerindo que temos dealcançar tal proeminência em resul-tados evangelísticos, a ponto deencontrarmos nossos nomes no “Rolda Fama” dos evangelistas. Isso se-ria esperar demais. Temos diferentesdons e diferentes graus de talentos.Alguns são mais dotados em prega-ção evangelística, enquanto outrosrealizam melhor trabalho ministran-do aos crentes. Quanto a isto nãotenho dúvida. O que estou dizendo éque todos nós, chamados ao minis-tério de pregação, temos de fazer algopara recuperar o ofício perdido dapregação evangelística, antes que opercamos completamente. Está setornando bastante difícil encontrarpregadores que realizem conferênci-as evangelísticas nas igrejas; porém,

(Será Preletor na 7a Conferência Fiel para Pastores e Líderes, 2006, Moçambique)

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encontramos pregadores em abun-dância, quando desejamos quealguém realize uma conferência so-bre a vida cristã bem-sucedida,

Quando consideramos as pala-vras finais do apóstolo Paulo aTimóteo, um jovem pastor em Éfe-so, não há dúvida de que a pregaçãoevangelística foi um dos deveres so-bre os quais Timóteo foi exortado anão negligenciar. Timóteo foi instru-ído a realizar a obra de evangelistacomo parte do cumprimento de to-dos os deveres do seu ministério.Temos de fazer o mesmo. Em meioao árduo labor de ensinar aos cren-tes os fundamentos da fé e como elesdevem viver, também precisamosocupar-nos com labores evangelísti-cos. Em meio ao trabalho de guiar opovo de Deus à vida eclesiásticaapropriada, também precisamos le-var pecadores a Cristo. Não devemosrealizar somente um aspecto ou ou-tro do ministério. Temos de realizarambos.

POR QUE ESTAMOS PERDENDO APREGAÇÃO EVANGELÍSTICA?

Não tenho dúvida de que a liga-ção das igrejas com o arminianismoe as poderosas táticas de pressão,recentemente usadas para trazer aspessoas “à frente”, constituem umadas razões por que a pregação evan-gelística tem desaparecido. Qualquerpastor interessado em ter um minis-tério que honra a Deus desejará semanter tão distante quanto possíveldessas táticas.

Um estudo elementar da Históriada Igreja demonstrará que o apelopara vir à frente é uma inovação

moderna que tem, no máximo, cemanos de existência. Portanto, faremosbem em rejeitá-lo como parte da pre-gação evangelística. Mas receio que,ao abandonarmos completamente apregação evangelística por causa des-te apelo, nos despojemos inconsci-entemente de algo valioso. Sim, te-mos de odiar qualquer tipo demanipulação. Isto traz bodes à mem-bresia da igreja e, deste modo, com-promete o testemunho da igreja nomundo. Entretanto, a pregação evan-gelística tem de ser vista como o fun-damento de nossa chamada ao mi-nistério.

Infelizmente, o ofício perdido dapregação evangelística resultou noofício perdido do evangelismo pes-soal. Visto que os membros das igre-jas não vêem no púlpito uma paixãopelas almas, estão perdendo esta pai-xão em seu viver. A igreja reflete aqui-lo que vê no púlpito. Além disso, avantagem de ter pregação evangelís-tica, no púlpito, é que os crentes têmregularmente, diante de si, um mo-delo a respeito de como apresentar,com eficiência, o evangelho aos não-crentes. Uma igreja nunca atingirá umnível mais elevado do que o de seupúlpito. Se o púlpito está indo malem alcançar os pecadores, o restan-te da igreja irá de maneira semelhan-te. Isto explica o desaparecimento daprática de testemunhar com a finali-dade de ganhar almas em nossos dias.Nós, pregadores, somos culpados!

Embora tenhamos de nos preo-cupar com a pregação evangelística“fora da igreja”, onde os pecadoresestão, não podemos negligenciar anecessidade de pregarmos evangelis-ticamente para aqueles que freqüen-

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tam, com regularidade, a igreja. Al-guns crentes acham que isto é des-necessário porque, dizem eles, aspessoas que freqüentam a igreja sãocrentes. Mas, isto é realmente ver-dade? Talvez seja verdade em algunspaíses do Ocidente nos quais a igrejaestá morrendo.

O que tenho observado, na Áfri-ca e em muitas partes do mundoonde já preguei, é que considerávelnúmero de pessoas que estão na igre-ja aos domingos é constituído denão-crentes. Estes precisam ouvir oevangelho não como um anexo aofinal do sermão preparado para cren-tes, e sim como uma mensagem quealmeja alcançá-los de modo especí-fico. A pregação evangelística naigreja também estimula os crentes aconvidarem seus amigos e colegasde trabalho, que eles procuram tra-zer a Cristo. Os crentes estão certosde que, se o convite for aceito, osseus amigos certamente ouvirão oevangelho.

A pregação evangelística tambémé edificante e revigorante para oscrentes. A cruz apresentada nova-mente, com o apelo da pregaçãoevangelística, geralmente faz os cren-tes dizerem: “Sabem, se eu ainda nãofosse crente, teria entregado minhavida a Cristo hoje”. Eles vêem, umavez mais, a tolice e a futilidade deuma vida sem Cristo, e as fontes deamor por Cristo jorram outra vez, aocontemplarem o derramamento dosangue na cruz.

A apresentação do leite das dou-trinas evangélicas de redenção — onovo nascimento, a união com Cris-to, a justificação, etc. — alimentama alma do crente na mesma propor-

ção que o faz a carne forte da Pala-vra. Por conseguinte, a pregaçãoevangelística também será boa paraos crentes, enquanto não for a únicadieta pela qual eles vivem.

DESAFIOS DA PREGAÇÃO EVANGE-LÍSTICA

Um dos desafios enfrentadospela pregação evangelística é que ospastores têm de focalizar-se no ho-mem comum. Pregar tendo comoalvo os crentes oferece a vantagemde que se pode imaginar quais são osinteresses deles, desde o preparo dosermão. Afinal de contas, eles pagamo pastor para fazer esse trabalho!Mas, no caso dos incrédulos, a aten-ção deles tem de ser conquistada.Você tem de ganhar o direito de serouvido e isto desde os primeiros dezminutos.

Além disso, você pode ser bem-sucedido ao utilizar muitos termosconhecidos pelos crentes, ao pregarpara eles, porque todos na igreja lêema Bíblia e usam o mesmo vocabulá-rio teológico. Mas, quando você temde pregar para os incrédulos, o quetêm em comum é o jornal do dia e aTV. Se você almeja pregar o evange-lho com eficiência, tem de usar alinguagem comum do dia-a-dia. Eisto pode ser bem difícil para alguémque tem se protegido do mundo emum ambiente espiritual.

Parece que um dos desafios quea igreja enfrenta hoje, talvez mais doque em qualquer outra época da His-tória, é a realidade de outras religiõesem uma sociedade que aceita todasas religiões como filosofias igualmen-te aceitáveis. A pergunta comum hoje

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Fé para Hoje12

é: “À luz da existência de outras reli-giões, o cristianismo não é apenasum dos muitos caminhos pelos quaiso homem pode ir ao céu?” A respos-ta geralmente é: “Sim!” Por isso,evangelizar aqueles que são seguido-res sinceros de outras religiões não ésomente um ofício perdido, mas tam-bém é visto como um insulto. Portan-to, uma prega-ção direta, forada igreja, afir-mando que Cris-to é o único ca-minho para océu não recebeo devido crédito.Parece mais se-guro apenasafirmar isso (demodo breve!)em um sermãopregado nas de-pendências daigreja.

No entanto, a resposta bíblica éque todo aquele que não tem a Jesusestá condenado. Isto é afirmadomesmo no pluralismo religioso denossos dias. Temos de compreenderque o pluralismo religioso não é algonovo. Em cada lugar aonde chegaramas missões pioneiras, o pluralismoteve de ser enfrentado. Quando Pedrodisse a respeito de Jesus: “Não hásalvação em nenhum outro; porqueabaixo do céu não existe nenhumoutro nome, dado entre os homens,pelo qual importa que sejamossalvos” (At 4.12), estava declarandoestas palavras a líderes de umareligião preexistente.

Outro desafio da pregação evan-gelística freqüente é onde encontrar

textos bíblicos para manter esse mi-nistério a cada ano. Neste aspecto, oevangelista itinerante tem a vantagemde poder repetir seus dez “mais po-derosos” sermões evangelísticosaonde quer que vá. Como um pas-tor residente, você não goza desseluxo. Então, como podemos resolveresta questão? O erro que muitos de

nós comete-mos é procu-rar apenas ostextos bíbli-cos que con-têm temasclaros de re-denção, ouseja, a Pás-coa, o cor-dão vermelhode Raabe, aserpente debronze feitapor Moisés,etc. Depois

de havermos pregado sobre estes tex-tos ou outros textos evangelísticosclaros (por exemplo, Isaías 55), nossentimos emperrados e abandonamosa pregação evangelística. Esta é umasituação bastante infeliz.

A verdade é que a Bíblia tembastante material evangelístico parao pastor gastar duas vidas com essetipo de pregação! Se o espaço desteartigo permitisse, demonstraria isso.Mas quero indicar-lhes um mestrenesta área. Leiam duas das obras doDr. Martyn Lloyd-Jones: SermõesEvangelísticos (Editora PES, SãoPaulo) e Sermões Evangelísticos noAntigo Testamento (Editora Bannerof Truth, Londres). Estes livros sãoexcelentes exemplos a respeito de

O que estou dizendo éque todos nós, chamados

ao ministério de pregação,temos de fazer algo para

recuperar o ofício perdidoda pregação evangelística,

antes que o percamoscompletamente.

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PREGAÇÃO EVANGELÍSTICA: UM OFÍCIO PERDIDO 13

como vocês podem usar textos doAntigo e do Novo Testamento paramensagens evangelísticas.

OBTENDO PAIXÃO PELA PREGAÇÃOEVANGELÍSTICA

O segredo de perseverar no mi-nistério da pregação evangelística éter amor pelos perdidos que se en-contram ao seu redor. Este amor omanterá pregando o evangelho espe-cificamente para a salvação deles,como também manterá você suspi-rando pela salvação deles, até queDeus comece a honrar seus esfor-ços, convertendo-os.

O apóstolo Paulo disse: “Conhe-cendo o temor do Senhor, persuadi-mos os homens” (2 Co 5.11). Ou,conforme disse, em certa ocasião,Charles H. Spurgeon: “Se você querganhar almas para Cristo, sinta umasolene inquietação quanto a elas. Nãoserá possível fazê-las sentir esta in-quietação, se você mesmo não a sen-te. Creia no perigo em que as pessoasse encontram, creia na incapacidadedelas, creia que somente Cristo podesalvá-las e fale com elas como sevocê quisesse realmente tratar sobreisso. O Espírito Santo comoverá es-sas pessoas, comovendo primeira-mente a você. Se você pode ficartranqüilo diante do fato de que elasnão estão salvas, elas também fica-rão tranqüilas. Mas, se você estivercheio de agonia por essas almas e nãopuder tolerar que elas se percam, logovocê descobrirá que elas também fi-cam inquietas. Espero que você che-gue a tal condição, que sonhe comseu filho ou com seu ouvinte pere-cendo, porque não têm a Cristo, e

comece imediatamente a clamar: ‘ÓDeus, dá-me convertidos, se não eumorro’. Então, você terá converti-dos”.

Irmãos, precisamos estar con-vencidos do que o mundo precisa sersalvo, se desejamos apreciar comple-tamente quão vital é a pregaçãoevangelística. O mundo ao nosso re-dor precisa ser salvo do poder dopecado, que escraviza e cega, e daculpa resultante do pecado. Lem-brem-se: todos somos nascidos comuma natureza corrupta, que nos cegade modo que não vemos as coisasde Deus. Esta natureza também nosdá uma propensão para o mal; porconseguinte, a impiedade é o frutodesta natureza. Somos incapazes demudar tal condição. Nascemos cul-pados diante de Deus, por causa dopecado de Adão e de nossos própri-os pecados; isto implica que, pornatureza, somos objetos da ira deDeus. O poder e a culpa do pecadofazem com que o nosso caso sejadesesperador. Estes fatos não sãoapenas bíblicos, mas também desco-bertos na experiência.

Tendo este quadro terrível dian-te de si, os apóstolos afirmaram queexiste somente uma fonte de salva-ção — Cristo. Em vez de contendera respeito desta singularidade doevangelho, devemos nos admirarquando uma pessoa encontra a sal-vação. Tudo o que precisamos fazeré considerar nossa vida passada eobservar como estávamos presos aopecado. Provavelmente, experimen-tamos uma religião após outra, masnossa consciência nunca ficou satis-feita. Todas as religiões falham por-que vêem a raça humana como seres

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Fé para Hoje14

em processo de provação (e, eviden-temente, falhos). As religiões estãodizendo a um escravo e prisioneiroque liberte-se a si mesmo. É impos-sível! A salvação tem de começarcom o apaziguamento de Deus, en-tão Ele salvará o homem. Isto é algoque somente o pregador cristão podeoferecer, em sua pregação evange-lística.

É nisto que vemos a absolutanecessidade do evangelho, que co-meça com o apaziguar a Deus na cruzde Cristo. Ele foi “dado aos homens”mediante sua morte sacrificial. So-freu a ira de Deus como nosso subs-tituto. A morte de Cristo, na cruz,removeu o nosso pecado e a ira deDeus. Para mostrar que ficou plena-mente satisfeito com o pagamento,Deus ressuscitou a Jesus dentre osmortos. Jesus ascendeu ao céu, deonde enviou o Espírito Santo, que nosregenera, nos convence, nos mostra

a Jesus, nos salva e nos santifica.Todo pregador do evangelho deveproclamar esta mensagem pelo me-nos uma vez por semana, em seupúlpito. Temos um grande Salvador.Ele tem de ser proclamado!

Esta é a razão por que a prega-ção evangelística está se tornandocada vez mais um ofício perdido.Você, que tem sentido as dores deuma consciência culpada e que temencontrado paz com Deus; você, quesentiu as inflexíveis algemas do pe-cado e já encontrou liberdade emCristo, ofereça esta liberdade aosperdidos, que perecem! Pare de des-perdiçar seu tempo tentando compa-rar as religiões. Por que procurar vidaentre os mortos? Proclame o únicoevangelho até seu último dia de vida.Permita que as pessoas do mundosaibam que podem implorar que Cris-to as salve e que podem experimen-tar o poder salvador dEle. Amém!

VENCENDO A TENTAÇÃOJohn Owen

Nosso grande Modelo revelou-nos qual deve ser nossaconduta em todas as tentações e provações. Quando SatanásLhe mostrou “todos os reinos do mundo e a glória deles”, paratentá-Lo, o Senhor não se pôs de pé e ficou a olhar para eles,contemplando a glória deles e pensando no domínio sobre eles...Pelo contrário, instantaneamente e sem demora, Ele ordenou aSatanás: “Retira-te, Satanás”. Logo que a tentação lhe sobrevier,enfrente-a com pensamentos de fé a respeito de Cristo e suacruz. Isto fará com que a tentação sucumba diante de você. Nãoconverse nem dispute com a tentação, se você deseja vencê-la.

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ENTRETENIMENTO — UMA ESTRATÉGIA DO INIMIGO 15

ENTRETENIMENTO

— UMA ESTRATÉGIA DO INIMIGO —

Archibald Brown

(Sucessor no púlpito de C.H. Spurgeon)

Cada época requer sua própriamaneira de testemunhar. A sentinelaque é fiel ao seu Senhor e à cidadedo seu Deus precisa observar aten-tamente os sinais dos tempos e darênfase ao seu testemunho, de modoapropriado. Acerca do alerta que serequer no tempo presente, há bempouca ou quase nenhuma dúvida. Naseara do Senhor, existe um mal tãogrosseiro e tão atrevido em sua faltade pudor, que, dentre os homens es-pirituais, o de menor visão dificil-mente deixaria de perceber.

Durante os últimos anos, este maltem se alastrado de uma maneira forado comum, mesmo para uma ativi-dade maligna. Tem funcionado comofermento; e, até agora, a massa con-tinua crescendo. Em qualquer direçãoque você olhe, a presença deste malse faz manifesta. Há pouco, ou qua-se nada, a escolher entre as igrejas,capelas ou encontros missionários.Embora possam diferir em alguns

aspectos, eles exibem uma semelhan-ça impressionante nos cartazes queabarrotam seus quadros de avisos.Entretenimento para o público é aprincipal atração divulgada em cadacartaz. Se qualquer dos meus leito-res duvidar de minha afirmativa ouconsiderá-la muito radical, que dêuma volta pelas igrejas da vizinhançae olhe no quadro de anúncios da se-mana; ou que leia as divulgaçõesreligiosas nos periódicos locais. Eutenho feito isto vez após vez, até atotal comprovação do fato terrível deque o entretenimento tem usurpado,como grande atração, o lugar da pre-gação do evangelho. Concertos,divertimentos, bazares, sociais, es-quetes — são as palavras destacadasem letras grandes e cores surpreen-dentes. Os concertos musicais têmsido crescentemente consideradoscomo parte integrante da vida da igre-ja, equiparando-se à reunião deoração, e, na maioria dos lugares, têm

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Fé para Hoje16

sido bem mais freqüentados do queesta.

A menos que se levantem algu-mas vozes firmes que se façam ouvir,o provimento de recreação às pesso-as logo será visto como uma partenecessária do culto cristão e comouma obrigação para a igreja de Deus,à semelhança de um mandamentodivino. Não presumo ser uma des-sas vozes, mas nutro a esperança depoder despertar outras que ecoemmais alto. De qualquer forma, repou-sa sobre mim o peso do Senhorquanto a este assunto, e submeto aEle o fazer repercurtir o meu teste-munho ou o deixá-lo evaporar emsilêncio. Em ambos os casos tereicumprido o meu dever. Contudo,minha mente se enche da convicçãode que, em todos os lugares, exis-tem homens e mulheres fiéis queenxergam o perigo e o lamentam.Estes apoiarão meu testemunho eminha advertência.

Só durante os últimos anos o en-tretenimento tem se tornado umareconhecida arma de nosso combatee se desenvolvido a nível de missão.Neste aspecto tem ocorrido umaconstante decadência. Partindo deuma posição contrária, como a dosPuritanos, a igreja vem amenizando,gradualmente, suas objeções, igno-rando e justificando as frivolidadesdiárias. Então, elas têm sido tolera-das no meio cristão, que agora asadotou e providenciou-lhes lugar emsuas atividades, sob o pretexto dealcançar as massas e aproximar-sedos ouvidos do povo. Poucas vezeso diabo tem feito coisa mais espertado que dar à igreja de Cristo a suges-tão de que parte de sua missão é

prover entretenimento, com o obje-tivo de atrair pessoas às suas fileiras.A natureza humana, que habita emcada coração, tem mordido a isca.Eis, agora, uma oportunidade de segratificar a carne e, ainda assim, man-ter uma consciência tranqüila.Pode-se, agora, agradar a si mesmo,com a finalidade de fazer o bem aoutros. A rude e antiga cruz já podeser trocada por roupas da moda, eisto com o propósito benevolente deedificar as pessoas. Tal quadro émuito entristecedor, e ainda maisporque pessoas verdadeiramente sin-ceras têm sido levadas pelo pretextoilusório de que esta é uma forma deserviço cristão. Elas se esquecem deque um anjo de aparência bela podeser o próprio diabo, “porque o pró-prio Satanás se transforma em anjode luz” (2 Co 11.14).

Minha primeira argumentação éque em nenhum lugar das SagradasEscrituras é mencionado que umadas funções da igreja é prover entre-tenimento ao povo.

Mais adiante, veremos quais sãoseus deveres, mas no momento es-tamos tratando do lado negativo daquestão. É certo que, se o nosso Se-nhor tivesse planejado que sua igrejafosse provedora de entretenimento,para neutralizar a ação do deus desteséculo, dificilmente teria deixado demencionar uma obra tão importante.Se este é um trabalho cristão, por queCristo não fez ao menos uma alusãoa ele? A ordem “ide por todo o mun-do e pregai o evangelho a todacriatura” (Mc 16.15) é suficientemen-te clara. Se Ele tivesse acrescentado:“E providenciai entretenimento aosque não apreciam o evangelho”, te-

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ENTRETENIMENTO — UMA ESTRATÉGIA DO INIMIGO 17

ria sido igualmente claro. Contudo,tal complemento não é encontrado,nem qualquer expressão equivalen-te, em nenhuma das declarações donosso Senhor. Este tipo de serviçoparece não lhe ter ocorrido à mente.Em outra ocasião, Cristo, como Se-nhor ressurreto, deu à sua igrejahomens com qualificações especiaispara a continuação de sua obra, masnão mencio-nou qualifi-cação algu-ma para oreferido tipode serviço.“E ele mes-mo conce-deu uns paraapós to los ,outros paraprofetas, ou-tros para evan-gelistas e ou-tros para pas-tores e mestres, com vistas ao aper-feiçoamento dos santos para odesempenho do seu serviço, para aedificação do corpo de Cristo” (Ef4.11,12). Onde os entretenedores dopúblico entram? O Espírito Santo secala a respeito deles; e o seu silêncioé eloqüente.

Se prover recreação no culto fazparte do trabalho da igreja, certamen-te poderíamos encontrar alguma pro-messa bíblica para encorajá-la em sualaboriosa tarefa. Mas, onde encon-trá-la? Há uma promessa sobre a Pa-lavra: “A palavra... não voltará paramim vazia” (Is 55.11). Há uma de-claração procedente de um coraçãoexultante a respeito do evangelho: “Éo poder de Deus” (Rm 1.16). Há,

também, para o pregador do evan-gelho, a doce segurança de que ele éum aroma agradável a Deus (2 Co2.15), quer seja bem-sucedido, quernão — a julgar pelo que o mundo con-sidera ser sucesso. Há, ainda, a bem-aventurança aos que com seu teste-munho, ao invés de entreterem omundo, despertam sua ira: “Bem-aventurados sois quando, por minha

causa, vosinjuriarem, evos persegui-rem, e, men-tindo, disse-rem todo malcontra vós.Regozi ja i -vos e exultai,porque é gran-de o vossogalardão noscéus; poisassim perse-guiram aos

profetas que viveram antes de vós”(Mt 5.11,12). Os profetas foram per-seguidos por que agradaram opovo ou por que se recusaram a en-tretê-lo? O evangelho do entreteni-mento não produz mártires. É inútilalguém procurar por uma promessade Deus quanto à recreação [espiri-tual] para um mundo iníquo. Aquiloque não tem autoridade da parte deCristo, nem qualquer apoio do Espí-rito ou promessa vinculada a si porintermédio de Deus, só pode ser umaatividade hipócrita, quando reivindi-ca ser uma faceta do serviço do Se-nhor.

Continuando, prover entreteni-mento ao povo é algo diretamenteantagônico ao ensino e à vida de

Os concertos musicais têmsido crescentemente

considerados como parteintegrante da vida da igreja,equiparando-se à reunião de

oração, e, na maioria doslugares, têm sido bem maisfreqüentados do que esta.

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Cristo e de seus apóstolos.Qual deve ser a atitude da igreja

em relação ao mundo, de acordo como ensino do Senhor? Rígida separa-ção e oposição inflexível. Se, por umlado, os lábios do Senhor jamais su-geriram o agradar o mundo, a fimde conquistá-lo, ou o adaptar méto-dos ao gosto dele; por outro lado, éconstante e enfática sua exigência dedesapego ao mundo. Ele apresentoude forma objetiva o que os seus dis-cípulos deveriam ser: “Vós sois o salda terra” (Mt 5.13). Sim, o sal! —não o algodão doce ou bolo com re-cheio de creme, mas algo que omundo estaria mais disposto a cus-pir do que a engolir com satisfação.Algo mais propenso a trazer lágrimasaos olhos do que riso aos lábios.

As declarações são curtas e pe-netrantes: “Deixa aos mortos osepultar os seus próprios mortos. Tu,porém, vai e prega o reino de Deus”(Lc 9.60); “Se vós fôsseis do mun-do, o mundo amaria o que era seu;como, todavia, não sois do mundo,pelo contrário, dele vos escolhi, porisso, o mundo vos odeia” (Jo 15.19);“No mundo, passais por aflições; mastende bom ânimo; eu venci o mun-do” (Jo 16.33); “Eu lhes tenho dadoa tua palavra, e o mundo os odiou,porque eles não são do mundo” (Jo17.14); “O meu reino não é destemundo” (Jo 18.36).

É difícil serem conciliadas estaspassagens com a idéia moderna deque a igreja deve prover entreteni-mento aos que não têm inclinaçãopara as coisas mais sérias — em ou-tras palavras, agradar o mundo. Seesses textos trazem quaisquer ensi-namentos, não são outros senão

estes: que a fidelidade a Cristo susci-tará a ira do mundo e, que Cristotencionava que seus discípulos com-partilhassem com Ele o escárnio e arejeição do mundo. Como Jesus agia?Quais eram os métodos da única tes-temunha perfeitamente fiel que o Paijá teve?

Visto que ninguém questionaráque Jesus tinha como alvo o ser mo-delo para seus servos, vamos obser-vá-Lo mais demoradamente. Comoé significativo o relato introdutóriodado por Marcos! “Depois de Joãoter sido preso, foi Jesus para a Gali-léia, pregando o Evangelho de Deus,dizendo: O tempo está cumprido, e oreino de Deus está próximo; arrepen-dei-vos e crede no Evangelho”(1.14,15). No mesmo capítulo, res-pondendo ao aviso dado pelos discí-pulos de que todos O buscavam, nósO encontramos, dizendo: “Vamos aoutros lugares, às povoações vizinhas,a fim de que eu pregue também ali,pois para isso é que eu vim” (v. 38).Em Mateus, nós lemos: “Ora, tendoacabado Jesus de dar estas instru-ções a seus doze discípulos, partiudali a ensinar e a pregar, nas cidadesdeles” (11.1). E, em resposta à per-gunta de João — “És tu aquele queestava para vir?” (Mt 11.3) — Eledisse: “Ide e anunciai a João o queestais ouvindo e vendo: os cegosvêem, os coxos andam, os leprosossão purificados, os surdos ouvem,os mortos são ressuscitados, e aospobres está sendo pregado o evan-gelho” (Mt 11.4,5). Não faz partedeste relatório qualquer item do tipo:Os desinteressados recebem entrete-nimento, e os que estão perecendo sãoprovidos de recreação inocente.

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Não somos deixados em dúvidaquanto à substância de sua pregação,pois lemos: “Muitos afluíram para ali,tantos que nem mesmo junto à portaeles achavam lugar; e anunciava-lhesa palavra” (Mc 2.2). Não houve mu-dança na metodologia adotada peloSenhor, durante o curso de seu mi-nistério; nem veio Ele a aprender,pela experiência, um método melhor.Sua primeira ordenança aos seusevangelistas foi: “E, à medida queseguirdes, pregai” (Mt 10.7); e suaúltima ordem a eles: “Pregai o evan-gelho a toda criatura” (Mc 16.15).Evangelista algum jamais sugeriuque, em qualquer tempo de seu mi-nistério, Jesus tenha deixado apregação para entreter as pessoas,com o propósito de atraí-las. Ele ti-nha uma seriedade diligente, e assimera o seu ministério. Se tivesse sidomais flexível e inserido elementosatrativos em sua missão, Ele teria sidomais popular.

Contudo, na ocasião em quemuitos de seus discípulos voltaramatrás, por causa da natureza pene-trante de sua pregação, não observa-mos que houve qualquer tentativa deaumentar o número daquela reduzidacongregação, valendo-se de algo maisagradável para a carne. Tampouco oouvimos dizer: Precisamos manter aaudiência, de qualquer maneira.Então, Pedro, corre em busca daque-les amigos e diz-lhes que amanhãteremos um tipo diferente de culto —uma reunião muito breve e atrativa,com pouca ou talvez nenhuma pre-gação. Hoje o culto foi dedicado aDeus, mas amanhã teremos uma noiteagradável dedicada ao povo. Diz-lhes que certamente irão gostar e te-

rão momentos aprazíveis. Vai, rápi-do, Pedro! Precisamos ganhar o povoa qualquer custo. Se não for peloevangelho, então que seja pela toli-ce. Não! Não foi assim que Ele argu-mentou. Fitando com tristeza os quenão quiseram dar ouvidos à Palavra,simplesmente voltou-se para os dozee lhes perguntou: “Quereis tambémvós outros retirar-vos?” (Jo 6.67).

Jesus sentia dó dos pecadores,apelava para eles, lamentava por eles,os advertia, pranteava por eles, masnunca buscou diverti-los. Quando assombras do entardecer da sua vidaconsagrada estavam se aprofundandona noite da morte, Ele reviu seu santoministério e encontrou conforto edoce consolo no pensamento: “Eulhes tenho dado a tua palavra” (Jo17.14). Os discípulos agiram comoo Mestre – o ensinamento deles é umeco do ensinamento de Jesus. Em vãoestudaríamos as epístolas a fim dedescobrir qualquer traço de umevangelho de entretenimento. Omesmo chamado para a separação domundo está em cada uma delas. “Nãovos conformeis com este século, mastransformai-vos” é a ordem emRomanos 12.2. “Retirai-vos do meiodeles, separai-vos, diz o Senhor; nãotoqueis em coisas impuras” (2 Co6.17) é o chamado das trombetas aocoríntios. Em outras palavras, estechamado é: Retire-se – Permaneçafora – Mantenha-se limpo, pois “quecomunhão, da luz com as trevas?Que harmonia, entre Cristo e oMaligno?” (2 Co 6.14,15)

“Mas longe esteja de mim glori-ar-me, senão na cruz de nossoSenhor Jesus Cristo, pela qual o mun-do está crucificado para mim, e eu,

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Fé para Hoje20

para o mundo” (Gl 6.14). Aqui estáo verdadeiro relacionamento entre aigreja e o mundo, de acordo com aepístola aos gálatas. “Portanto, nãosejais participantes com eles” (Ef5.7). “E não sejais cúmplices nasobras infrutíferas das trevas; antes,porém, reprovai-as” é a atitude or-denada em Efésios 5.11. “Filhos deDeus inculpáveis no meio de umageração pervertida e corrupta, na qualresplandeceis como luzeiros no mun-do, preservando a palavra da vida”são as palavrasem Filipenses2.15,16. “Mor-tos com Cristoquanto aos rudi-mentos do mun-do” diz a epísto-la aos Colossen-ses (2.20 - ARC).“Abstende-vos de toda forma demal”, é a exigência em 1 Tessaloni-censes 5.22.

“Assim, pois, se alguém a simesmo se purificar destes erros, seráutensílio para honra, santificado e útilao seu possuidor” é a palavra dada aTimóteo (2 Tm 2.21). “Saiamos,pois, a ele, fora do arraial, levando oseu vitupério” é a heróica intimaçãode Hebreus 13.13. Tiago, com umadureza santa, declara que “a amizadedo mundo é inimiga de Deus” (Tg4.4). Pedro escreveu: “Não vos amol-deis às paixões que tínheis anterior-mente na vossa ignorância; pelocontrário, segundo é santo aquele quevos chamou, tornai-vos santos tam-bém vós mesmos em todo o vossoprocedimento” (1 Pe 1. 14,15). Joãoescreveu uma epístola inteira sobreo tema: “Não ameis o mundo nem as

coisas que há no mundo. Se alguémamar o mundo, o amor do Pai nãoestá nele; porque tudo que há nomundo, a concupiscência da carne,a concupiscência dos olhos e a so-berba da vida, não procede do Pai,mas procede do mundo. Ora, o mun-do passa, bem como a sua concu-piscência; aquele, porém, que faz avontade de Deus permanece eterna-mente” (1 Jo 2.15-17).

Aqui estão os ensinamentos dosapóstolos quanto ao relacionamen-

to da Igreja como mundo. E ain-da diante deles,o que vemos eouvimos? Umcompromissoamigável entreos dois e um es-forço insano de

trabalhar em parceria para o bem daspessoas. Deus nos ajude e dissipe aforte ilusão. Como os apóstolos fa-ziam seu trabalho missionário? Emharmonia com seus ensinos? Deixe-mos que os Atos dos Apóstolos dêema resposta.

A ausência de qualquer coisa quese assemelhe ao mundanismo dosdias de hoje é notável. Os antigosevangelistas tinham confiança ilimi-tada no poder do Evangelho e nãousavam outra arma. O Pentecostesveio após uma pregação simples.Quando Pedro e João estiveram pre-sos durante uma noite por pregar aressurreição, a Igreja primitiva teveuma reunião de oração. Quanto à li-bertação deles, a petição oferecida foi:“Agora, Senhor... concede aos teusservos que anunciem com toda a in-trepidez a tua palavra” (At 4.29). Eles

O evangelho doentretenimento não

produz mártires.

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ENTRETENIMENTO — UMA ESTRATÉGIA DO INIMIGO 21

não tinham em mente orar: Concedeaos teus servos mais criatividade, demaneira que pelo sábio e caracterís-tico uso de passatempos, eles possamevitar a ofensa da cruz e mostrardocemente a essas pessoas quão con-tentes e alegres somos.

A acusação feita pelos membrosdo Sinédrio contra os apóstolos foi:“Enchestes Jerusalém de vossa dou-trina” (At 5.28). Não há muitaprobabilidade desta acusação ser le-vantada contra métodos modernos.A afirmação: “Todos os dias, no tem-plo e de casa em casa, não cessavamde ensinar e de pregar Jesus, o Cris-to” (At 5.42), descreve o trabalho dosapóstolos. Claramente, não cessavamde ensinar e pregar, não tinham tem-po para organizar entretenimentos;eles se empenhavam continuamente“ao ministério da palavra” (At 6.4).Dispersos pela perseguição, os dis-cípulos primitivos “iam por toda partepregando a palavra” (At 8.4).

Quando Filipe foi à Samaria, hou-ve motivo de “grande alegria naquelacidade” (At 8.8). O único métodoregistrado é “anunciava-lhes a Cris-to” (At 8.5). Quando os apóstolosvisitaram o campo de trabalho de Fi-lipe, foi dito: “Eles, porém, havendotestificado e falado a palavra do Se-nhor, voltaram para Jerusalém eevangelizavam muitas aldeias dos sa-maritanos” (At 8.25). Quandoacabaram de pregar, voltaram dire-tamente para Jerusalém. É evidenteque durante sua missão, eles não pen-saram em ficar e organizar umasnoites agradáveis aos descrentes.

Naqueles dias, as congregaçõesesperavam nada além da Palavra doSenhor. Cornélio disse a Pedro: “Es-

tamos todos aqui, na presença deDeus, prontos para ouvir tudo o quete foi ordenado da parte do Senhor”(At 10.33). A mensagem dada foisobre palavras “mediante as quaisserás salvo, tu e toda a tua casa” (At11.14). Causa e efeito estão proxi-mamente ligados em Atos 11.20,21:“Alguns deles, porém, que eram deChipre e de Cirene e que foram atéAntioquia, falavam também aos gre-gos, anunciando-lhes o evangelho doSenhor Jesus. A mão do Senhor es-tava com eles, e muitos, crendo, seconverteram ao Senhor”. Aqui vemoso método deles – pregação. O assuntodeles – o Senhor Jesus. O poder de-les – a mão do Senhor ao seu lado. Osucesso deles – muitos creram.

O que mais a Igreja de Cristoprecisa hoje?

O relato sobre o trabalho con-junto de Paulo e Barnabé é “o Se-nhor, ... confirmava a palavra da suagraça” (At 14.3). Quando numa vi-são, Paulo ouve um homem da Ma-cedônia dizendo: “Passa à Macedô-nia e ajuda-nos” (At 16.9), eleindubitavelmente deduz que o Senhoro chamara a fim de pregar o Evan-gelho às pessoas daquele lugar. Porquê? Como ele soube se a ajuda ne-cessitada era de iluminação para avida deles por meio de um pouco deentretenimento ou o refinamento deseus costumes por meio de conheci-mento fundamentado em diversãodescompromissada? Ele nunca pen-sou em tais coisas. Passa e ajuda-nos! Significava para Paulo: Pregueo evangelho. “Paulo, segundo o seucostume, ali entrou, e por três sába-dos discutiu com eles, tirando argu-mentos das Escrituras” (At 17.2 -

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Tradução Brasileira). Perceba: elesdiscutiam não sobre as Escrituras, esim tiravam argumentos delas, “ex-pondo e demonstrando ter sido ne-cessário que o Cristo padecesse e res-surgisse dentre os mortos...” (At17.3). Esta era a forma do trabalhoevangelístico naqueles dias e pareceter sido maravilhosamente poderosa,pois o veredicto das pessoas foi: “Es-tes que têm transtornado o mundochegaram também aqui” (At 17.6).Atualmente, o mundo está transtor-nando a igreja; esta é a grande dife-rença.

Quando Deus disse a Paulo quetinha muita gente em Corinto, lemos:“E ali permaneceu um ano e seis me-ses, ensinando entre eles a palavrade Deus” (At 18.11). Evidentemen-te, Paulo concluiu que a única formade liderá-los era pela Palavra. Um anoe meio e apenas um método adotado.Maravilhoso! Se estivéssemos naque-la época, provavelmente teríamosuma dúzia! Mas Paulo nunca consi-derou como parte de seu ministérioo arranjar coisas agradáveis aos in-crédulos. Em seu aprisionamento eenquanto viajava para Jerusalém, eledisse: “Porém em nada considero avida preciosa para mim mesmo, con-tanto que complete a minha carreirae o ministério que recebi do SenhorJesus para testemunhar o evangelhoda graça de Deus” (At 20.24). Esteera todo o ministério que ele conhe-cia. A última descrição que temos dosmétodos deste príncipe dos evange-listas revela concordância com tudoque aconteceu antes: “Desde a ma-nhã até à tarde, lhes fez uma exposi-ção em testemunho do reino de Deus,procurando persuadi-los a respeito de

Jesus, tanto pela lei de Moisés comopelos profetas... pregando o reino deDeus, e, com toda a intrepidez, semimpedimento algum, ensinava as coi-sas referentes ao Senhor Jesus Cris-to” (At 28.23,31). Que contrastecom todo o lixo e absurdo agora pra-ticado no santo nome de Cristo! Queo Senhor limpe a igreja de todo entu-lho que o demônio tem imposto so-bre ela e nos traga de volta a métodosapostólicos!

Por último, a missão do entrete-nimento falha absolutamente emefetuar o fim desejado entre os não-salvos e causa estragos entre osrecém-convertidos.

Mesmo que tal missão fossebem-sucedida, seria nada menos queerrada. O sucesso pertence a Deus;fidelidade às instruções dEle cabe amim. Mas a missão do entretenimen-to não é bem-sucedida. Teste-a pelosresultados e descobrirá uma despre-zível falha. Que seja usado o métodoprovado pelo fogo; o veredicto seráa pregação da Palavra – que é opoder.

Mostre-me os convertidos ga-nhos pelo entretenimento! Comececom as meretrizes e bêbados, comos quais o divertimento foi o primei-ro passo rumo à conversão deles!Deixemos que falem e testifiquem oszombadores e negligentes, que agra-decem a Deus pela igreja ter abran-dado seu espírito de separação eservi-los mesmo no meio de seumundanismo. Deixemos expressarsua alegria, os esposos, esposas efilhos que por conta das PalestrasDominicais sobre Questões Sociaisregozijam-se em um novo e santo lar.Que as almas cansadas e sobrecar-

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ENTRETENIMENTO — UMA ESTRATÉGIA DO INIMIGO 23

regadas que encontraram a paz atra-vés de concertos musicais não maispermaneçam em silêncio. Deixemosos homens e mulheres que encontra-ram Cristo através de uma reversãodos métodos apostólicos declarareme mostrarem a grandeza do erro dePaulo, quando disse: “Decidi nadasaber entre vós, senão a Jesus Cris-to e este crucificado” (1 Co 2.2). Nãohá voz ou qualquer outra coisa pararesponder a estes desafios. A falha éequivalente à insensatez e é tão gran-de como o pecado. Dentre os milha-res com quem tenho conversadopessoalmente, a missão do entrete-nimento não levou à conversão ver-dadeira.

Agora observemos aqueles que,repudiando qualquer outro método,apostam tudo na Bíblia e no Espíri-to Santo. São desafiados a produzirresultados, mas não há necessidade.A aprovação de Deus é atestada pelatransformação de vidas. Por dez milvezes, dez mil vozes estão prontas adeclarar que a simples pregação daPalavra foi, em primeiro e último lu-gar, a causa de sua salvação.

E quanto ao outro lado da ques-tão – quais os efeitos nocivos? Tam-bém são insignificantes? Aqui dareimeu testemunho tão solenementecomo se estivesse diante do Senhor.Por meio desse novo procedimentoé difícil ver um pecador salvo, e simapóstatas. Repetidamente, crentesjovens e às vezes aqueles mais expe-rientes chegam até mim em lágrimase me perguntam o que fazer, por-quanto perderam toda paz e caíramem pecado. Muitas vezes tem sidofeita a confissão: Eu comecei a pe-car ao freqüentar encontros de diver-

timentos mundanos patrocinados porcristãos. Recentemente, um jovem dealma agonizante me disse: Eu nuncapensei em ir ao teatro até que, numapregação, meu pastor convenceu-meo coração de que não havia mal emir. Fui e tenho estado de mal a pior.Agora sou um miserável apóstata, eele é o responsável.

Quando jovens convertidos co-meçam a esfriar, abandonam asreuniões de oração e tornam-se mun-danos, quase sempre descubro queo cristianismo mundano é o respon-sável pelo primeiro passo decadente.O entretenimento é usado pelo diabocomo meio-caminho para o mundo.Por causa do que vi, escrevo, de bomgrado, com intensidade e vigor. O en-tretenimento traz podridão à Igreja deDeus e destrói seu serviço ao Rei.Com aparência de cristianismo, talmétodo realiza o próprio trabalho dodiabo. Sob o pretexto de sair a al-cançar o mundo, ele carrega nossosfilhos e filhas para o mundo. Com oapelo: não sejam as massas aliena-das com a rigidez, ele está seduzindoos jovens discípulos “da simplicida-de e pureza devidas a Cristo” (2 Co11.3). Professando ganhar o mundo,ele está transformando o jardim doSenhor num parque de diversões.Para encher o templo com aquelesque não vêem beleza em Cristo, écolocado na entrada um porteiro cujosorriso encobre espírito demoníaco.

Não é de admirar que o EspíritoSanto, ferido e insultado, retire suapresença, pois “que harmonia, entreCristo e o Maligno?... Que ligação háentre o santuário de Deus e osídolos?” (2 Co 6.15,16)

“Retirai-vos do meio deles!” É o

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chamado de hoje. Santifiquem-se.Retirem o mal do seu meio. Derru-bem os altares do mundo e destruamseus postes-ídolos. Recusem suaproposta de auxílio. Rejeitem a ajudadele, assim como seu Mestre liqüi-dou o testemunho dos demônios,“não lhes permitindo que falassem,porque sabiam quem ele era” (Mc1.34). Renunciem todas as diretrizesdo presente século. Pisem as arma-duras de Saul. Agarrem-se à Palavrade Deus; confiem no Espírito queescreveu as páginas dela. Lutem sem-pre com esta arma e apenas com ela.

Parem de entreter e de tentar esti-mular. Evitem aplausos de umauditório satisfeito e atentem para ossoluços de um genuíno convertido.Desistam de tentar agradar a homensquem têm apenas um sopro entre suaalma e o inferno; e advirtam, supli-quem e peçam como aqueles quesentem as águas da eternidade co-brindo-os. Que a igreja mais uma vezconfronte o mundo; testifique con-tra ele; encontre com ele apenas atrásda cruz. E, assim como o seu Se-nhor, a igreja superará e com Cristocompartilhará a vitória.

A SI MESMO SE HUMILHOUFilipenses 2.8

C. H. Spurgeon

Coloque-se ao pé da cruz e conte as gotas de sangue por meiodas quais você foi purificado. Veja a coroa de espinhos e os ombros denosso Senhor ainda feridos e jorrando o fluxo vermelho de seu san-gue. Contemple as mãos e os pés de nosso Senhor cravados pelo ferroáspero, bem como todo o seu Ser desprezado e escarnecido. Veja aangústia, o sofrimento e as dores intensas da agonia íntima do Senhorrevelando-se em sua aparência exterior. Ouça o deprimente clamor:“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46) Sevocê não está humilhado na presença de Jesus, ainda não O conhece.Você estava tão perdido, que nada poderia salvá-lo, exceto o sacrifíciodo unigênito Filho de Deus. Visto que Jesus se humilhou por causa devocê, prostre-se em humildade aos pés dEle. Uma compreensão doadmirável amor de Cristo possui mais tendência de humilhar-nos doque a compreensão de nossa própria culpa. O orgulho não pode sub-sistir debaixo da cruz. Assentemo-nos ali e aprendamos nossa lição.Depois, levantemo-nos e a coloquemos em prática.

Extraído do livro “ Leituras Diárias”, vol. 1, Editora Fiel.

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FALSIFICANDO A PALAVRA DE DEUS

Geoffrey Thomas

Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, porvergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia,nem adulterando a palavra de Deus; antes, nosrecomendamos à consciência de todo homem, napresença de Deus, pela manifestação da verdade.

2 Coríntios 4.2

A grande reivindicação doapóstolo Paulo foi nunca haver falsi-ficado a Palavra de Deus. Infelizmen-te, porém, muitos o fazem hoje.Como?

Primeiramente, por meio de ma-nipulação psicológica ou de “lava-gem cerebral”. Você pode mudar asatitudes das pessoas para com o cris-tianismo, mediante o retirá-las de seuambiente familiar, levá-las a menos-prezar os seus laços familiares, pormeio da utilização de horas contínu-as de cânticos e de música ritmada,mediante o construir uma dependên-cia dos líderes, ou por roubar-lhes osono, ou estimular suas emoções, ouameaçá-las com terríveis juízos, seelas abandonarem o seu grupo, oupor forçá-los a seguirem um regimede estudos, ou, ainda, por meio de

devoções e de testemunho pessoal doevangelho nas ruas, semanalmente.

Este excessivo programa degra-da e insulta as pessoas. Nenhumcrente genuíno, que acredita na ver-dade bíblica e no ensino de que ohomem e a mulher foram criados àimagem de Deus, desejaria seguir pormuito tempo um tipo de programadesses.

NÃO ESTÁ À VENDA

Em segundo lugar, por meio dautilização de técnicas de marketing.Vivemos em uma sociedade em queos anúncios dizem às pessoas quecoisas admiradas e desejadas por elasestão sendo oferecidas aqui e agoramesmo.

A igreja pode tomar para si essa

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idéia e começar a se tornar proemi-nente em oferecer às pessoas ajudaa respeito de como lidar com seusrelacionamentos ou com a solidão,aconselhando-as sobre como se tor-narem pessoas bem-sucedidas oucomo se recuperarem de vícios oudepressões, etc.

Esta, porém, não é a mensagemcristã e jamais pode tornar-se a men-sagem cristã. Deus, que é nossoCriador e Juiz, nos tem dado sua pró-pria mensagem. A Bíblia não está àvenda; portanto, ela não precisa devendedores eficazes.

A Bíblia não está à procura depatrocinadores. Não pode haver des-contos, nem ofertas especiais pormeio dos quais os pecadores podemobter alguma coisa ao preço que elesdesejam.

O evangelho é sempre gratuito,mas nos foi trazido a um custo terrí-vel pelo Senhor Jesus. O evangelhonão precisa de qualquer intermediá-rio.

A Bíblia não está em competi-ção com outras comodidades que sãooferecidas aos consumidores no mer-cado de pechinchas da vida. O evan-gelho não está aqui para ser vendidoa qualquer preço para o mais experi-mentado licitante.

O mundo tem dificuldade emelevar os homens para alcançarem oseu preço; nós temos dificuldade emfazer os homens rebaixarem-se paraatingir o preço de Deus — “Nada emminha mão eu trago, tão-somente àcruz me apego”.

TRANSFORMADO

Em terceiro lugar, por meio da

incredulidade modernista. A Dra. EtaLinnemann era uma acadêmica emuma universidade da Alemanha. Elaestudou sob a instrução de RudolfBultmann e Ernst Fuchs; ela perten-cia à mesma escola anti-sobrenaturalde filosofia deles.

Ela ingressou numa carreira deautora e professora de teologia, naAlemanha Ocidental. Sua abordagembásica, tanto do Antigo quanto doNovo Testamento, dizia o seguinte:“Qualquer que seja o significado dotexto bíblico, ele não pode ser ver-dadeiro. Por isso, constantementeencontramos dificuldades no textodas Escrituras e, em seguida, nós assolucionamos com ingenuidade”.

Falsificação é a essência do mo-dernismo e quase destruiu a Dra. EtaLinnemann. Mas ela encontrou-secom alguns crentes vibrantes queconheciam pessoalmente a Jesuscomo seu Senhor e Salvador.

Ela escreveu: “Deus agarrouminha vida em seus laços salvadorese começou a transformá-la de ma-neira radical. Minhas inclinaçõesdestrutivas foram substituídas poruma fome pela Palavra dEle e pelacomunhão com os verdadeiros cris-tãos...

“Repentinamente, ficou claropara mim que meu ensino era umcaso de um cego guiando outro cego.Eu me arrependi da maneira erradacomo havia instruído os meus alu-nos. Um mês depois disso, sozinhaem meu quarto, distante de qualquerinfluência de outros ao meu redor,deparei-me com uma decisão mo-mentosa.

“Eu continuaria a controlar a Bí-blia, utilizando meu intelecto, ou per-

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mitiria que meu raciocínio fossetransformado pelo Espírito Santo?João 3.16 trouxe luz a esta decisão,pois eu havia experimentado a ver-dade desse versículo. Minha vidaagora considerava o que Deus haviafeito por mim” (Historical Criticismof the Bible, pp. 18-19).

SURDOS PARA A VOZ DE DEUS

A Dra. Eta Linnemann chamoude “veneno” o seu ensino anterior;ela destruiu seus escritos publicadose tornou-se uma missionária naIndonésia. Isso está exatamente deacordo com o que o apóstolo afir-mou em 2 Coríntios 4.2: “Pelo con-trário, rejeitamos as coisas que, porvergonhosas, se ocultam, não andan-do com astúcia, nem adulterando apalavra de Deus”.

Os liberais pararam de buscar asabedoria de Deus por meio das Es-crituras e se tornaram surdos para avoz reformadora de Deus na igreja.Arruinados pelo racionalismo, eles setornaram incapazes de receber a Bí-blia como a Palavra de Deus para ohomem, aceitando-a apenas como apalavra do homem a respeito deDeus.

Eles crêem que os seres huma-nos são fundamentalmente bons, quenão existe ninguém perdido e que crerem Jesus não é necessário para a sal-vação, embora auxilie algumas pes-soas.

As igrejas liberais não poderiamabandonar a terminologia bíblica e,ainda, pretenderem ser cristãs. Porisso, os termos bíblicos receberamsignificados diferentes.

QUAL É A AGENDA?

O “pecado” tornou-se ignorân-cia ou, ainda, a negligência de certasestruturas sociais. E “Jesus” tornou-se um modelo para um viver criativo— um exemplo ou um revolucioná-rio. A “salvação” tornou-se libertaçãoda opressão.

A “fé” se torna a conscientiza-ção da opressão e a vontade de fazeralgo a respeito dessa opressão. O“evangelismo” significa trabalharpara vencer a injustiça entrinchei-rada.

O tema do Concílio Mundial deIgrejas, em 1964, foi: “O Mundo Temde Estabelecer a Agenda”. Os libe-rais crêem que os interesses da Igre-ja devem ser os mesmos do mundo,embora isso envolva a exclusão doevangelho.

Fome, racismo, ecologia, enve-lhecimento, ou qualquer outro assun-to que era crucial para o mundo,deveria ser a primeira preocupaçãopara o povo cristão. Mas Deus nãosomente nos deu a sua Palavra parapregarmos; Ele nos deu também osmétodos para realizarmos a sua obra:participação, persuasão e oração.

No entanto, renomadas igrejastêm lançado fora esses métodos, emtroca de poder, política e dinheiro.

A BÍBLIA É ADEQUADA?

Os evangélicos modernos nãosão conscientemente heréticos. ABíblia é a Palavra de Deus? É claroque sim. Ela é a autoridade absoluta?Sim, com certeza. É inerrante? Amaioria dos evangélicos afirmam ainerrância das Escrituras.

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Muito deles, porém, não crêemque a Bíblia é adequada para satisfa-zer os desafios contemporâneos daIgreja ou que ela é suficiente paraganhar as pessoas para Cristo. Elestêm se voltado para sermões que vi-sam às “necessidades sentidas” daspessoas, para o entretenimento oupara os “sinais e maravilhas”.

A Bíblia (eles dizem) é insufici-ente para empreender o crescimentocristão; por isso, eles se voltam paragrupos de terapia ou para o acon-selhamento cristão. A Bíblia éinsuficiente para tornar conhecida avontade de Deus; por isso, eles bus-cam sinais externos e revelações.

A Bíblia é inadequada para mu-dar nossa sociedade; portanto, elesprocuram estabelecer o grupo delobby dos evangélicos no Congres-so Nacional e trabalham para elegerdeputados, senadores, presidentese outros oficiais evangélicos. Elesprocuram mudanças por meio do

poder político e do dinheiro.

QUE MENSAGEM?

Assim como os liberais, algunsque se declaram evangélicos estãoatribuindo um novo significado às pa-lavras da Bíblia, lançando termos se-culares e terapêuticos sobre a termi-nologia espiritual.

O pecado se torna um compor-tamento disfuncional; a salvação setransforma em auto-estima ou emintegralidade; e Jesus, apenas umexemplo para um viver correto. Estaé a mensagem que se proclama do-mingo após domingo.

Deste modo, a Palavra de Deusestá sendo falsificada novamente.Mas o cristianismo prospera não poroferecer às pessoas aquilo que elasjá têm, e sim por oferecer o que elasestão necessitando desesperadamente— a Palavra de Deus e a salvação porintermédio do Senhor Jesus Cristo.

É duvidoso que tenha havido algum tempo em que fossemais necessário do que hoje fazer soar a nota da Separação. Omundo tem-se tornado tão “clericalizado” e a Igreja tãomundanizada, que é difícil distinguir uma coisa da outra. A linhade demarcação tem sido de tal maneira derrubada e quebrada,que mesmo igrejas onde já floresceram avivamentos, cuja vidaespiritual já foi, em tempos atrás, profunda e forte, são hoje emdia meros centros sociais em que Deus há muito escreveu a pa-lavra “Icabod” — “a Glória se foi”.

Oswaldo J. Smith

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O EVANGELHO DA GRAÇA

NA ÁFRICA

Josafá Vasconcelos

(Preletor da 6a Conferência Fiel para Pastores e Líderes, 2005, na África)

Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco,a mim me convém conduzi-las.

João 10.16

Este foi o versículo que moti-vou o grande David Livingstone adeixar a Inglaterra para ser missio-nário no coração da África. Ele amoutanto aquele povo que deu a sua vida,no empenho de ser um instrumentonas mãos de Cristo, para conduziraquelas ovelhas que o Pai escolheudesde a eternidade. Deus realmenteama os seus eleitos da África e estádisposto a mover todos os obstácu-los possíveis a fim de alcançá-los. Eletrasladou sobrenaturalmente o evan-gelista Filipe para alcançar umafricano da Etiópia e pregar a ele oEvangelho da Graça, do Servo So-fredor que entregou a vida pelo seupovo, conforme a passagem de Isa-ías 53.

Foi no dia 22 de julho que pastorRicardo, Tiago e eu nos dirigimos parao Aeroporto de Guarulhos, a fim departirmos com destino a África, para

mais uma Conferência Fiel. Ao che-garmos lá, fomos surpreendidos coma notícia que a companhia aérea quenos conduziria àquele continente es-tava em greve! O que fazer? A alter-nativa que nos era apresentada pelacompanhia era ficar num hotel, aguar-dando quantos dias fossem necessá-rios, até que tudo retornasse aonormal. Logo percebemos que ne-cessitávamos de uma interferênciaurgente da parte de Deus. Tiago eRick (filho de pastor Ricardo que veioaté o aeroporto para nos embarcar)corriam desesperados de balcão abalcão buscando outra solução. Nãopodíamos esperar; um dia a menos etodo o esquema montado para nossachegada à conferência seria deitadopor terra. Pastor Ricardo e eu fica-mos em oração. Depois de um tem-po considerável, a solução veio comopor um milagre; fomos acomodadospor outra empresa aérea em um vôo

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para Portugal, a fim de viajar a noitetoda, passar o dia em Lisboa e, no-vamente, embarcar à noite paraJohannesburg. Havia um casal, pró-ximo a nós, que estava na mesmasituação. Eram sul-africanos e pre-cisavam também chegar com urgên-cia em casa. O gerente da empresaaérea resolveu colocá-los em nossogrupo e recomendou que viajassemconosco até a África. Foi interessanteter a companhia de um casal não-crente; eram da Igreja Ortodoxa comidéias espíritas, e tínhamos todo otempo do mundo para evangelizá-los.O pastor Ricardo falou-lhes da sal-vação pela graça, Tiago destruiu aidolatria, e eu lhes falei da obra daCruz e de como cria com convicçãona santa e sábia providência de Deus,que muito provavelmente os teriaescolhido desde a fundação do mun-do e, por isso, fizera com que tudoaquilo acontecesse.

Quando chegamos a Johannes-burg tudo estava numa grande con-fusão. Havia centenas de pessoas,todas amontoadas em volta dos gui-chês da companhia aérea, procuran-do embarcar, mas era impossível.Tínhamos de seguir para Maputo, emais uma vez necessitávamos ser“transladados”. Foi assim que nosdirigimos a um balcão, para tentar-mos alugar um carro e seguir por terraaté nosso destino, mas parece quetodo o mundo pensou a mesma coi-sa, e as companhias estavam semcarro à disposição. Mais uma vez,oramos e encontramos, pela interfe-rência de Deus, um carro simples queestava ao alcance das finanças da Fiel.Enquanto o pastor Ricardo e Tiago

preenchiam os formulários, eu toma-va conta das bagagens de mão (oslivros e o restante das bagagens fo-ram despachados direto do Brasilpara Maputo); de repente, vejo Tia-go dirigindo-se para o meu lado, comos olhos arregalados; pensei comigomesmo que alguma coisa dera erra-do! Ele se aproximou e me disse:“Recebi um telefonema de São Pau-lo, dizendo que a mãe do pastor Ri-cardo acabou de falecer, e não seicomo dizer a ele!” Depois de os for-mulários estarem devidamente pre-enchidos, ainda no meio da loja, Tia-go disse: “Sr.Ricardo, sua mãe acabade falecer!” Observei o pastor Ricar-do... sua face... inclinou-a silente...nenhuma palavra... grossas gotas delágrimas rolaram e se derramarammolhando o chão... nos abraçamos eoramos ali mesmo, dando graças pelalonga vida da missionária Aletha De-nham, noventa e nove anos, e peloseu precioso testemunho e serviço aoSenhor. Só mais tarde, o pastor Ri-cardo disse, consolado: “Ela estavamesmo querendo ir para casa!”Quando chegamos na fronteira, fal-tando apenas 10 minutos para fechar,problemas à vista! Cara fechada, mávontade, passaportes, registrar o car-ro, pagar tachas! E na hora de sair:“Cadê meu passaporte e carteira? –perguntou o pastor Ricardo. Procu-ramos por todos os cantos, bolsos,bolsas e nada... apelei a um policial,e este saiu correndo para fora, de-morou um pouco e trouxe um jovem,surpreendido com a carteira e o pas-saporte na mão. “Ah! Eu achei ali!”,disse ele. “E por que não entregou àsautoridades?”, perguntou o policial.Nenhuma resposta. Deus não permi-

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tiu que faltasse alguma coisa; o di-nheiro estava bem escondido e o ra-paz pensou que fossem apenas do-cumentos. Seguimos viagem e, aoescurecer, chegamos a Maputo.

Karl Peterson é o nome daqueleque Deus levantou para ser o repre-sentante da Fiel em Moçambique.Trata-se de um homem muito espe-cial, com um amor comovente pelosafricanos. Foi muito bom vê-lo; sen-timos muita segurança em suacompanhia, pois ele é dono de umacapacidade impressionante para re-solver problemas e sabe como tratarcom os moçambicanos. Recebemosdele a notícia de que nossa bagagemhavia chegado bem e de que, de for-ma milagrosa, os livros haviampassado pela alfândega sem que fos-se necessário pagar nada! Glória aDeus, mais uma bênção! No outrodia, embarcamos para Nampula, nor-deste do país, local da Conferência.Durante todo o percurso, o celularde Karl não parava: eram pastores li-gando com mil problemas, pedindosua ajuda para chegar à Conferên-cia; um deles foi deixado para tráspelo machimbombo (ônibus), no meiodo mato, a quem Karl confortou di-zendo que estava orando e queaguardasse o socorro do anjo do Se-nhor! Ao chegar a Nampula, fomosrecepcionados pelo Dr. Charles, umhomem impressionante por sua seri-edade, dedicação e zelo na obra doSenhor. Dono de uma visão extraor-dinária e disposição incansável, foiele que preparou toda a parte logísti-ca da Conferência, e tudo funcionoude maneira impecável; fico imaginan-do como funcionará o hospital que

está construindo para servir àquelagente sofrida. Certamente Deus seráglorificado!

Deus abençoou a Conferência deuma forma maravilhosa. O pastorMartin Holdt, da África do Sul, foiusado tremendamente ao falar sobrea Soberania, Sabedoria e Suficiênciade Deus, e a mim coube falar da Gló-ria de Deus, no Culto, na Disciplina,nas Ordenanças e no CrescimentoLegítimo da igreja. No retorno aMaputo, quando fizemos escala emBeira, lá estava o Karl, no aeroporto,andando de um lado para o outro, gru-dado no celular. Tiago me disse:“Você sabe o que ele está fazendo?”Respondi: “Não”. Ele me informou:“Ele está ligando aos pastores parasaber se chegaram bem!” Meus olhosse encheram de lágrimas...

E que dizer de Angola? Angola éum país destruído pela guerra. Opovo vive em extrema pobreza, comlixo amontoado pelas ruas, trânsitodesordenado e muita gente pela rua.Mas nada disso os abate; é um povoalegre e cheio de esperança! Pode-sever no rosto de cada um a expressãode júbilo de quem acaba de ganharum grande prêmio! A paz! Camise-tas, vestidos estampados, todos comdizeres louvando a paz. Até os hinosfalam da “paz que Deus trouxe aopaís”. A pequena Conferência con-tou com a presença de quase setentapastores ao todo. O tema era o Evan-gelho da Graça, mas a surpresa foitão grande que, tenho certeza, nãoesperavam que o conteúdo fosse tãodiferente daquilo que eles estavamacostumados a chamar de Evange-

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lho da Graça. Foi um choque! De-pois de pregar por mais de uma horae meia, tive de responder perguntaspor mais de duas horas! Perguntasinteligentes e que demonstravam obom espírito dos Bereanos. Após apregação da noite, o irmão Simia,nosso anfitrião, nos abraçou e, comos olhos marejados de lágrimas, agra-deceu efusivamente.

Fomos recebidos como prín-cipes de Deus. Aqueles rostos nospareciam tão familiares, senti-me

como se estivesse em casa, pelomenos eu, que moro na Bahia! Tudoestava maravilhoso, mas a saudadede casa já começava a apertar... nahora de ir embora, parecia tão maisfácil nadar pelo Atlântico e chegar aoBrasil! Mas a jornada foi longa; lon-ga o suficiente para pensarmos nogrande desafio de propagar a Fé Re-formada nos países de língua portu-guesa. Desafio intransferível! Nãopertence a mais ninguém somente anós, reformados do Brasil.

O PRIVILÉGIO DA ORAÇÃOGardiner Spring

Já se foi o tempo quando os pastores de igrejasvalorizavam o privilégio da oração; eles não somente eramhomens de oração, mas também oravam freqüentementecom os outros e uns pelos outros. Suas recíprocas efraternas visitas eram consagradas e adocicadas pelaoração; também não era nem um pouco incomum que elesse juntassem para passar dias inteiros em jejum e oração,para que as efusões do Espírito de Deus viessem sobreeles e suas igrejas, e aqueles eram dias de poder, dias emque o braço forte de Deus se mostrava e sua mão direitasustentava, nem era difícil ver onde a imensa força dopúlpito encontrava-se. “E o mais fraco dentre eles, naqueledia, será como Davi, e a casa de Davi será como Deus” (Zc12.8).

Extraído do livro “Amado Timóteo”, Editora Fiel.