16

Revista fui Sambarfuisambar.com.br/wp-content/uploads/2017/03/Revista-Ed05.pdf · Revista fui Sambar 5 Este mês comemoramos o dia das crianças e preparamos uma página especial

  • Upload
    lamlien

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

2 Revista Fui Sambar

3Revista Fui Sambar

“Brincadeira de criançaComo é bom, como é bom

Guardo ainda na lembrançaComo é bom, como é bom

Paz, amor e esperançaComo é bom, como é bom

Bom é ser feliz com Fuisambar”...Estamos na época de brincar de quem é quem no facebook, pois com a chegada do mês do Dia das Crianças são vários os adeptos da troca das fotos atuais do perfil por fotos da infân-cia. Isso nos faz relembrar momentos maravilhosos e somos invadidos pelo sentimento de nostalgia e nos pegamos pensando em como seria bom retornar aos tempos de criança por

um momento.Então, em homenagem ao Dia da Criança, decidimos produzir uma revista com as crianças

que encantam os sambas e pagodes de Belo Horizonte, trazendo duas revelações mirins Cícero e Juan. Duas crianças maravilhosas e cheias de energia, cada uma com um jeitinho especial de ser, que cativou a todos da revista. É impossível não se derreter como os sor-risos verdadeiros e espontâneos, não se contagiar pela alegria que irradia desses anjinhos

espoletas, que nos fazem lembrar que a felicidade se encontra nas coisas mais simples, que a vida não precisa ser difícil e rir sempre é uma ótima solução para tudo.

A seguir, confiram o resultado desse trabalho que a cada dia nos deixa emocionados pelo carinho e atenção de todos.

Então, entregamos mais uma edição e esperamos que gostem!

Por: Flávia Nunes

A magia de ser criança

Revista Fui Sambar é uma publicação informativa trimestral do site www.fuisambar.com.br Presidente: Junio Amaro Jornalista Responsável: Flávia Nunes - 13788mg Projeto Gráfico, Arte e Diagramação: Junio Amaro | Revisão: Nicibel Silva, Flávia Nunes, Efigênia Souza, Fernanda de Souza. Fotógrafos: Junio Amaro, Ricardo Ricco, Samir Pereira, Michelle Bahiense e Pedro Machado Tiragem: 5.000 exemplares.

Contato / Publicidade: (31) 9815-9742 | 8556-8718

[email protected]

www.fuisambar.com.br

6 e 7 | O SAMBA QUE VEM DO BERÇOEspecial dia das crianças

12 e 13 | UM fRUtO DO SAMBA gERAnDO fRUtOS nO SAMBASManu Dias “A minha família sempre me incentivou muito...”

EDItORIALExpEDIEntE

ínDIcE

8 e 9 | nAYARA cRIStInA A garota Fui Sambar 2014

4 Revista Fui Sambar

Especial CRIANÇAS

5Revista Fui Sambar

Este mês comemoramos o dia das crianças e preparamos uma página especial para saber um

pouco sobre crianças que, desde de cedo, já têm o samba nas veias. Sabemos que os pais mod-ernos não têm tempo para se dedicarem aos filhos, deixando de participar de suas vidas de forma mais ativa, produtiva e prazerosa. Mas com os nossos entrevistados é bem dif-erente, os pais destas crianças participam e incentivam a carreira musical. Fizemos um breve bate-papo com os pais destas “ferinhas”, que contaram um pouco como tudo começou. Os nossos dois entrevis-tados se destacam nas rodas de samba

por onde passam, essa é a marca registra-da do futuro do samba mineiro.

O samba que vem de berço

DIA DAS cRIAnÇAS

FOTO

: JU

NIO

AM

ARO

6 Revista Fui Sambar

O SAMBA QUE VEM DE BERÇO

CíCERo de OliveirA lucAs

Fui Sambar - Quando começou a ter gosto pela música?Cícero/pais - Desde muito cedo, re-cordo-me dele batucando, nem havia completado um ano de vida ainda. Na gestação cantávamos e tocávamos para ele que respondia com sua inquietude.

Fui Sambar - Qual foi seu primeiro in-strumento musical?Cícero/pais - Ele sempre foi muito cri-ativo, batucava em tudo e com tudo. Copiando os percussionistas de um modo geral. Pegava um baldinho de

PVC para acompanhar as bandas dos DVD’s. E foi com esse baldinho mesmo que ele começou a frequentar a roda de samba do bairro São Marcos. Uma das mais expressivas da cidade, a “Roda Viva” do quintal do Serginho Divina Luz.

Fui Sambar - Quais são seus ídolos?Cícero/pais - Ele é alucinado pelo Mi-chael Jackson, Moacyr Luz, Zé Luiz do Império Serrano, João Martins, Luiz-inho Toblow, Délcio Carvalho, Wilson Moreira e tantos outros.

Fui Sambar - O que ele mais gosta de fazer nas horas de lazer?Cícero/pais - Como toda criança de sua idade adora as brincadeiras de seu tempo, videogame, futebol, soltar papa-gaio, desenho animado, cinema, teatro, parque de diversões, viajar, nadar, mas sempre batucando.

Fui Sambar - Como os pais se relacio-nam com o gosto musical do Cícero?Cícero/pais - Nós adoramos sua mu-sicalidade. Como bons pais, apoiamos e lutamos para propiciar um futuro musical de qualidade. Pois o dom é um legado divino, mas não basta, é preci-so muita transpiração, disciplina para uma boa formação.

Fuisambar - Cícero já sabe o que quer ser quando crescer?Cícero/pais - Toda criança viaja e sonha bem além da “estratosfera”. Quer ser astronauta, médico, um grande músico, professor, jogador de futebol, famoso, etc. Como sonhar não paga nada, ele está mais que certo.

Fui Sambar - O que ele pediu de pre-sente no Dia das Crianças?Cícero/pais - Ele pediu uma casa, um lar. É mole!

Cícero Lucas é filho do grande músi-co e compositor Dé Lucas. A musical-idade do garoto vem de berço. Quem quiser conferir o talento desse meni-no, que tem um futuro promissor, é só conferir todos os domingos no Quin-tal Divina Luz, no bairro São Marcos.

FOTO

: JU

NIO

AM

ARO

7Revista Fui Sambar

JuAN LEoNEL MOnteirOO SAMBA QUE VEM DE BERÇO

Fui Sambar: Quando começou a ter gosto pela música?Juan/pais: Desde pequenininho, com menos de 2 anos começamos a frequen-tar o Purarmonia no sábado, que o Pa-gode do Rei toca e, em casa, percebemos que, toda vez que ele ouvia samba e pagode, dançava e pegava uma raquet-inha de brinquedo ou uma frigideira e imitava como se estivesse tocando um cavaquinho.

Fui Sambar: Qual foi seu primeiro in-strumento musical?Juan/pais: Os primeiros foram um violãozinho e um pandeirinho de ma-deira que o pai comprou no Mercado Central. Por sempre demonstrar o gosto pela música, no seu aniversário de 3 anos, ele ganhou um cavaquinho Gi-annini dos tios, Eliane e Eustáquio, e

herdou outro, deixado pelo seu bisavô, Ranulpho Monteiro, que foi um grande cavaquinista e seresteiro de Belo Hori-zonte, juntamente a Waldir Silva.

Fui Sambar: Quais são seus ídolos?Juan/Pais: Juan é uma criança que adora música e futebol. Na música tem o Xande de Pilares, Mumuzinho e Arlindo Cruz por causa do banjo. Ele adora a rapaziada do Pagode do Rei e o amigo Ederson Melão.Quando ele gosta de um músico, quer ser igual e imitar, já fez trancinha no cabelo por causa do Xande de Pilares e pediu para comprar um óculos para parecer com o Ederson Melão. Ele se imagina sendo aquela pessoa. No futebol ele adora Ronaldinho Gaúcho, Jô e Cristiano Ronaldo. Fui Sambar: O que ele mais gosta de fazer nas horas de lazer?Juan/pais: Como toda criança adora jogar futebol e videogame, mas é só ele acordar que pega um instrumento e, na maior parte do tempo, está “tocando” cavaco, tantan e seu inseparável banjo, instrumento pelo qual se apaixonou, um presente do Juninho do Pagode do Rei.

Fui Sambar: Como os pais se relacio-nam com o gosto musical de Juan?Juan/pais: Nos relacionamos muito bem, pois temos o mesmo gosto musi-cal, que é samba e pagode. A família curte junto e feliz, pois fazemos o que gostamos.

Fui Sambar: Juan já sabe o que quer ser quando crescer?Juan/pais: Ele fala que quer ser jogador

de futebol e cantor.

Fui Sambar: O que ele pediu de pre-sente no Dia das Crianças?Juan/pais: Uniforme do Cristiano Ron-aldo, um reco-reco e um repique.

Os pais do Juan não puderam deixar de destacar e agradecer a todos os in-tegrantes do Pagode do Rei e Juninho Pires, que sempre foram atenciosos com o Juan, desde o primeiro dia, demonstrando carinho e o deixaram bem à vontade nas rodas de samba, fazendo ele se sentir como integrante do grupo, despertando cada vez mais o interesse dele pela música. Agradeceram muito a Deus por ter colocado no caminho do Juan uma pessoa como Ederson Melão, que des-de o primeiro contato, se tornou uma referência musical e também como pessoa, pela sua humildade, atenção e carinho com o Juan. Como o Juan não tem irmão, ele já chegou a dizer que Ederson é seu irmão mais velho, por isso gosta de imitá-lo.Até agora, com cinco anos, ele já conquistou outros grandes músicos de BH, que sempre deram carinho e muita atenção a ele, como Álvaro Ferr, Rafael Leite, De Lucas e sua Batuta, Robson Batata, Flávio Renegado, Pab-lo Dias, Thiago Delegado, Fernando Bento, Betinho Moreno, Leleo do Ban-jo, Ivan de Souza, dentre outros. E por fim, agradecem ao Junão e toda equipe da Fui Sambar que também, desde o início, sempre fizeram belos registros dele nos pagodes.

Por: Flávia Nunes

FOTO

: SA

MIR

PER

EIRA

8 Revista Fui Sambar

gAROtA fUI SAMBAR

Nayara CristiNa a garota fui sambarIdade: 29 anosProfissão: Auxiliar Administrativo / Professora de Educação FísicaFUI SAMBAR: Fale um pouco sobre você.NAYARA: Falar de mim é complicado... Sou uma menina/mulher, cheia de pla-nos e sonhos, a mãe mais feliz do mun-do, pois há 5 anos meu objetivo de vida passou a ter o nome de BERNARDO. Sou batalhadora, independente, amiga e companheira.No lado emocional movida pelo coração; e penso que independente da pedra colocada em minha estrada, sem-pre seguirei em frente, pois sei que Deus

estará a meu lado, mostrando-me que TUDO É NO TEMPO DELE.FUI SAMBAR: Quais são seus pontos fortes?NAYARA: Lealdade, a sinceridade em expressar os sentimentos, comunicativa.

FUI SAMBAR: Quais são seus pontos fracos?NAYARA: Confiar e acreditar demais nas pessoas, emotiva.

FUI SAMBAR: Quais são os seus sonhos de vida?NAYARA: Constituir família, ter um “cantinho” meu lar.

Como nos contos de fadas, ter um final feliz.

FUI SAMBAR: Aonde você quer che-gar de verdade?NAYARA: O céu é o limite.

FUI SAMBAR: Como você descreve seu estilo de vida?NAYARA: Estilo próprio, gosto de viver intensamente cada momento.

FUI SAMBAR: Qual foi o último livro que você leu?NAYARA: Trilogia 50 tons de cinza (es-tou lendo).

9Revista Fui Sambar

gAROtA fUI SAMBAR

FOTO

S: R

ICA

RDO

RIC

CO

FUI SAMBAR: Qual é o seu maior medo?NAYARA: Da morte.

FUI SAMBAR: O que você faz para se divertir?NAYARA: Depende, se estou com meu filho vou ao clube, parque, cinema.Com os amigos vou ao samba, barzinho, resenhas ou tomar um bom chopp de vinho.

FUI SAMBAR: O que significou para você ter participado e ganhado o concurso da garota Fui Sambar?NAYARA: Significou muito. A princípio não tinha noção de como seria, da repercussão que o con-curso tomaria. Mas a cada dia que se passava, a cada voto, fui realmente entrando no jogo.Fiquei muito feliz com o retorno e relembrar a ses-são fotográfica é indescritível.

FUI SAMBAR: Você se considera uma legítima representante e amante do samba mineiro?NAYARA: Legítima representante não, sou aman-te de um bom samba, em boas companhias, pois afinal de contas o samba mineiro é representado por uma diversidade de pessoas com qualidades distintas que compõem o cenário.

Por: Flávia Nunes

10 Revista Fui Sambar10 Revista Fui Sambar

MAtéRIA

DaNça, alegria Do Corpo e Da alma

FOTO

: ARQ

UIV

O P

ESSO

AL

11Revista Fui Sambar

Podemos definir a dança como meio de lazer, cura, profissão, comunicação, forma de conquistar amigos ou até mesmo um amor. Para uns, um meio de fugir dos problemas e entrar para um mundo novo, para outros uma forma simplesmente de divertir e aprender algo diferente. A vantagem da dança é essa, ajudar as pessoas de alguma forma. Existe quem goste de um compasso mais leve, calmo; outros curtem um balanço, algo mais anima-do para cima como, por exemplo, um sambinha. O samba teve ao longo da sua existência muitas variações, mas nunca perdeu a sua essência. Hoje va-mos falar um pouco sobre uma de suas ramificações, o Samba de Gafieira. Mais visto no Rio de Janeiro, porém conhecido em todo o Brasil, o samba de gafieira na verdade é a mistura do maxixe com influências de danças lati-nas e americanas. O samba era dança-do na gafieira, local na década de 50 onde as pessoas iam praticar a dança de casal. Por esse motivo, o nome sam-ba de gafieira. Para dançar o samba de gafieira é necessário elegância, alegria, ginga e malandragem. É importante lembrar que nesse ritmo o cavaleiro possui a dama enquanto dança. “Tem que ter uma condução firme. O mais impor-tante é a ligação entre o cavaleiro e a dama, o contato.”, diz Acácio Souza, professor de dança, há 32 anos, no Centro Gafieirando Acácio Souza. Todo ritmo tem sua dificuldade, no samba de gafieira não é diferente. Passos complexos como elástico, trança, gancho, cruzado entre vários

outros colaboram com a dificuldade da dança, mas não desanime, tudo é questão de prática. “Enquanto a pes-soa não começar a frequentar o samba e o corpo não começar a absolver o ritmo, não consegue dançar legal. Tem que interagir”, comenta Acácio Souza. Os professores geralmente recomen-dam que a pessoa ao fazer aula de samba de gafieira saia para praticar a dança. Segundo Acácio, não basta go-star de samba, tem que viver o samba.

A discriminação na dança é algo que não existe; idosos, jovens e crianças interagem nesse meio muito bem e de forma igualitária. Durante as aulas jovens e idosos aprendem na mesma turma, não tem separação. Não há idade para aprender a dançar samba. Acácio Souza diz que “Não tem idade para aprender a dançar, o samba. O ideal é de criança até enquanto tiver vida”. Belo Horizonte ainda é uma cidade carente de locais para a prática do samba de gafieira, tem pouco espaço que oferece a dança a dois. Acácio conta que no final de semana costuma ouvir a Rádio Itatiaia para saber onde tem samba bacana, mas geralmente o que é divulgado são eventos fecha-dos. “Não tem uma casa legal que toca somente samba, como tem no Rio de Janeiro”. O dançarino comenta que gosta muito de ir dançar no Purarmo-nia, que para ele é hoje o melhor lugar para dançar a dois. Acácio acredita que o samba em Minas Gerais precisa de mais espaço na mídia. “As pessoas podiam dar mais importância para um

ritmo que é nosso de direito”, comenta o professor. Bem diz o escrito e poeta Augusto Branco: “Não é o ritmo nem os passos que fazem a dança, mas a paixão que vai na alma de quem dança”.Sugestão de duas escolas de dança em BH. Nessas escolas você vai encontrar não só o samba, mas de outros ritmos para começar a mexer o esqueleto.

Centro Gafieirando aCáCio exibela floresta Rua: São Roque, 505 Rua: Itajuba, 414 - floresta telefone: (31) 2421-2401Bairro: Sagrada família telefone: (31) 3466-1183

Fernanda de Souza Alexandre

MAtéRIA

12 Revista Fui Sambar

MAnU DIASE no meio de um samba não é que brotou uma semente! Essa sementinha foi crescendo, crescendo e virou um brotinho. A observar as árvores maiores, ela garantiu sua sobrevivência nesta selva do batuque. A plantinha tratou de acompanhar os erros e os acertos de cada tronco gigante, a fim de montar seu próprio estilo de vida, conhecer o risco e se afastar dele, encontrar a estrada do sucesso, da realização e do amor pelo que faz e dali não sair mais. Para onde os ventos a levaria? Afinal, ter saído de suas raízes na bela Ouro Preto foi uma nova possibilidade de vida e o que era bom ficou ainda melhor! E onde é que ela vai parar? Pois, a estra-da ainda não chegou ao fim e ela quer crescer mais e mais!Hoje, respondo para vocês, aliás, eu não, ela responde para onde os ventos a levaram. Nessa metáfora do samba nossa grande árvore é a cantora Manu Dias, um novo talento, que somente com três anos de carreira, vem arrastando sambis-tas de toda cidade para curtir um samba de primeira qual-idade.

FUI SAMBAR: Quem é Manu Dias?MANU DIAS: Manu Dias é alegria! E o samba me mostrou isso claramente. Este ritmo tem uma onda alegre por mais melancólico que seja em alguns momentos, ele me dá um de-sassossego no corpo que eu fico enlouquecida. Essa alegria, esse prazer de cantar me traz a certeza de que agora estou no caminho certo. Vejo isso quando abro a boca para cantar, principalmente quando estou de olhos fechados, indo além. Quando a gente vê a reação das pessoas é incentivador, me deixa feliz ouvir alguém falando que não tenho tamanho para uma voz tão potente! Então, olhar para as pessoas é gratificante! Mas fechar os olhos e sentir o que vem também é muito intenso.

FUI SAMBAR: Qual foi o papel da sua família dentro do processo de construção artística?MD: A minha família sempre me incentivou muito. Minhas mãe sempre trazendo a preocupação, porque a caminhada é difícil, se é mulher, fica mais difícil ainda adquirir respeito. Com ela encontrei uma forma serena de viver. Sempre quando chegava chateada por causa de uma noite que não foi legal, por que artista também é humano, não é? E nem sempre vamos embora com a alegria que conseguimos trans-mitir. Mas minha mãe estava ali, sábia, a me esperar para me manter calma. Já do pai veio a coragem, ele sempre estava atento, mais atento ao dom. Sempre reunia todos para a gente cantar, ensaiar e compor. Meu pai me levou para a noite, aguçou essa vontade e abriu as portas dos bares para eu poder

um fruto Do samba geraNDo frutos No samba

FOTO

: SA

MIR

PER

EIRA

13Revista Fui Sambar

MAnU DIAScantar e me ensinou a encarar a noite de um boteco, o que não é fácil! Minha família foi muito importante neste proces-so porque com todos os perigos e possibilidades que a noite oferece encontrei nesse mix o equilíbrio para viver o samba de uma forma mais sensata.

FUI SAMBAR: Onde e como começou sua relação com o samba?MD: A minha criação foi ouvindo MPB, os clássicos dos clás-sicos, Gilberto Gil, de Caetano, Djavan, João Gilberto. E eu sempre ficava mais encantada quando chegava essa parte da Bossa Nova, aquele “batuquinho” sabe? Mas sempre sen-ti falta de uma coisa mais alegre, porque eu sou assim, pra cima, forte! Formei um trio com meu pai e um primo, Ubando, em Ouro Preto, minha cidade de origem, e nele, cantávamos todos esses artistas já citados, Marisa Monte, Ana Carolina, mas não havia muitos sambas no repertório. Ubando fa-zia aquilo que eu cresci ou-vindo, um som muito bom, animado, algo que sempre gostei, então sempre tirava as canções mais agitadas de cada artista. Imprimia minha identidade naquele trabalho. Depois de três, quatro anos, o trio acabou e, com esse fim, me veio uma vontade de fazer samba, me vi preparada. Era algo que sempre gostei, frequentei quase todos os sambas da cidade antes de me inserir nesse mundo. Quintal Divina Luz era minha missa de domingo e ninguém sabia que eu cantava, porque meu trabalho estava focado em Mariana, Ouro Preto e Itabirito. Não tinha essa de “Manu vem aqui dar uma canja?”, no samba a Manu era público, es-pectadora. Então, na verdade, fiz uma oficina e durante anos frequentei sambas para entender como era o comportamento das pessoas, principalmente dos sambistas. Como eles chega-vam nos lugares, quando tinham a oportunidade de dar uma “canja” como se comportavam, como era o relacionamento entre esses artistas, se existia amizade, cumplicidade ou era cada um por si. Eu olhava as meninas, os homens, as can-toras, os cantores e fui criando minha identidade musical a

partir disso; e continuo criando até hoje, ela ainda não está pronta. Enfim, andei muito, curti muito e aí resolvi fazer sam-ba. Sentei com minha irmã Kelly, montei um repertório sen-tada na sala da minha casa. Não existia nada muito amplo, comecei pelo que eu sabia cantar. Cismei mesmo e falei vou fazer samba por que é o que eu gosto, é um som que tem a ver comigo, tem a ver com minha alegria, tem a ver com a minha forma de falar de amor, de vida, de família e de amigos. Eu encontrei no samba tudo que queria fazer!FUI SAMBAR: Onde você foi buscar inspiração para mon-tar o seu repertório? Quais eram e são suas referências?MD: A princípio eu busquei muito as mulheres para fazer o meu repertório e criar em cima disso as características da

Manu, e estou buscando ainda. A ideia não era imitar e sim se inspirar mesmo. Eu ouvi muito Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Clara Nunes. Por meio da Beth Carvalho descobri algo importante, que não existia essa fronteira de música feita para homem cantar ou para mulher cantar. Essa grande sambista regravou tudo e todos! Tem música que eu conhecia ouvindo um homem cantando e depois vi que aquela canção havia sido extraída de um álbum já existente da Beth, antes dele imaginar gravar. Então, naquele momento, essa

barreira caiu por terra. Atualmente, escuto muito Jovelina Pérola Negra e ela me deixa alucinada. É o puro partido alto, muito potente, pesada e se apresenta como a malandra do samba, ela tem a malandragem que sempre foi concedida aos homens. E aí, vi que posso ser o que eu quero ser! Lógico que tem quem não goste e veja de uma forma negativa, mas eu posso ser! Dona Ivone Lara, uau! É aquela figura doce, meiga no jeito de cantar e compor. E se fosse para eu sentar para compor um samba, ouviria Dona Ivone o tempo todo para me inspirar a escrever.

FUI SAMBAR: Você compõe?MD: Tenho alguns sambas e também composições de outros estilos musicais. Meu pai também é um compositor maravil-

FOTO

: SA

RQU

IVO

PES

SOA

L

14 Revista Fui Sambar

hoso e cheguei a compor algo com ele. Estou mostrando essas músicas aos poucos no meu samba, mas de leve! Mostrarei em breve estes trabalhos de forma mais efetiva num CD, embora pretenda usar mais composições do meu pai e de amigos que me concederam verdadeiros presentes em forma de música.

FUI SAMBAR: Você está muito envolvida em projetos dentro da comunidade, como o Sambalto. Como vê este envolvimen-to?MD: O Sambalto entrou na minha vida por meio do Felipe Cor-deiro, que é quem deu o pontapé inicial a esse projeto. Sempre estive muito presente na família Cordeiro do Alto Vera Cruz e, por esse contato, surgiu uma oportunidade. Estava começando na época, ele me falou sobre o projeto e eu gostei. Fui participar um dia, depois voltei, fui ficando, ficando e quando percebi tinha um microfone para mim, eu já tinha meu cantinho no projeto. Todo segundo domingo do mês eu estava lá e foi uma forma de divulgar o meu trabalho e fazer um samba gratuito para a co-munidade; era algo muito bacana! Esse projeto me pegou porque tinha elementos que me agradavam. Hoje não faço mais parte do projeto, mas faria parte de qualquer projeto do tipo, em qualquer comunidade. Vou aonde o samba estiver!

FUI SAMBAR: Para você qual é o papel da cantora no cenário do samba mineiro?MD: Quando decidi fazer samba em alguns pontos, já fui prepa-rada. Eu sabia que, se chegasse crua numa roda de samba, pode-ria sofrer com o preconceito, com machismo, mas eu me preparei e talvez por isso não tenha passado por tal situação. Preconceito nunca foi um problema para mim, tem gente que vê preconceito em tudo, eu não vejo preconceito em nada. Chego ao samba e peço para me dar o tom e vou embora. Agora é fato, existe uma união entre os homens que não existe entre as cantoras. O artista já tem o ego muito grande, se é do sexo feminino é ainda pior. Agora se a mulher se prepara para chegar numa roda de samba, as coisas fluem de uma forma melhor. O papel da mulher é im-portante porque é uma onda muito masculina, eles comandam tudo e as mulheres estão aí para cantar e encantar! Só precisam aparecer mais! Defendem o samba, mas na hora de gravar, gra-vam outro estilo musical. Se chegam numa roda, se acanham, não cantam e não fazem aquilo que sabem fazer. Não sou “mar-renta”, não sou metida e até acho que minha humildade, minha verdade, tem aberto portas e tem conquistado o respeito das pes-soas, por isso é preciso se posicionar e a recíproca será verdadeira.

FUI SAMBAR: É possível viver de música em Belo Horizonte?MD: Não, não é possível de forma alguma. Donos de casa não

dão a menor chance para o músico, tanto é que se não der um público, a gente sai com “uma mão na frente e outra atrás”, fi-nanceiramente, falando. Não há um compromisso com o cantor. O combinado geralmente é “se você der público você ganha, se não der, volta amanhã”. Como é possível viver de música assim? Se você tiver um grande público talvez até dê, mas conquistar esse público é difícil, não pelo seu trabalho, mas por tantas opções de lazer, locais e uma diversidade imensa de estilos musicais com apresentações regulares. Vimos muitas casas até fechar nos últimos tempos, Cartola, Gamboa... Ficaram os espetinhos e os lava-jatos que são a sensação do momento, mas somos nós, os artistas, que sustentamos a estrutura toda. O dono coloca a cer-veja para vender, mas o público é a gente que tem que trazer. A Joyce, minha produtora, vem também crescendo e aprendendo junto comigo, ela tem uma preocupação de sempre transformar o espaço num ambiente agradável, mas ainda estamos num pro-cesso de construção de público. As leis de incentivo para buscar recursos, os grandes espaços e festivais cobram uma infinidade de documentações, materiais de divulgação, CD gravado e é preciso planejar porque não sai barato montar um projeto. Então, no mo-mento é impossível!

FUI SAMBAR: Planos para o futuro?MD: Esse projeto que tenho hoje aqui no Espetinho do Dê continua, a gente vai tirar férias em dezembro para descansar e avaliar. Ver o que foi positivo e o que foi negativo, mas é interessante continuar aqui sim, conquistamos certo público por aqui, e sempre tem alguém novo aparecendo para con-hecer. Para o ano que vem, trabalharemos novas ideias para este espaço, este projeto. Ainda não faremos um CD este ano, mas estou caminhando para isso. A princípio faremos um EP com canções autorais até o ano que vem.

FUI SAMBAR: Deixe um recado para os seus fãs presentes no site Fui Sambar:MD: Quero agradecer a vocês que me acolheram super bem e ao público que venho conquistando ao longo desses três anos de sam-ba. Tem muita coisa ainda para melhorar, para apreender, mas acredito estar no caminho certo! Só tenho a agradecer quem tem me prestigiado, ao Dê que me abriu as portas e aqueles que dão um toque para melhorar ou incentivar. Queria dizer a vocês que a intenção é trabalhar cada vez mais para satisfazer quem está acreditando em mim e depositando fichas. Peço a Deus só saúde para poder continuar nessa caminhada e o resto que vier e lucro! A gente se vê no samba, combinado? Valeu Fui Sambar!

Fify Souza

MAnU DIAS

15Revista Fui Sambar

Conhecimentopara todos!

O que é o Sommelier? Profissional re-sponsável pelas bebidas, principalmente o vinho. Atua em estabelecimentos, que po-dem ser: restaurantes, wine bar, enotecas e importadoras de bebidas.A palavra Sommelier vem do francês. At-ualmente no Brasil existem grandes profis-sionais reconhecidos nacional e interna-cionalmente.Esta é também a profissão das oportuni-dades, exercendo este oficio, pude con-hecer vários paises e regiões produtoras de vinhos, como também aprender sobre as mais exóticas comidas e iguarias.O Sommelier é responsável pela escolha, compra recebimento, guarda e pela prova do vinho, antes que seja servido ao cli-ente. Também elaborar palestras, harmo-nizações entre vinhos e comidas além de cuidar de todo aparato para o vinho.Recentemente a profissão foi regulamenta-da no Brasil, através da Lei 12.467, de 26 de agosto de 2011, reconhecendo a importân-cia desse profissional no setor de alimentos e bebidas.O sommelier tem que estar em constante aperfeiçoamento, participando de cursos, feiras e degustações. Para se formar um bom sommelier o “segredo é a paciência”, pois esta profissão exige tempo!

Por Helbert AlessandroSommelier Profissional

ARtIgO

FOTO

: SA

RQU

IVO

PES

SOA

L