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ibama revista uma janela para a informação ambiental Ano II – nº 04 20 anos cuidando do Brasil

Revista Ibama nº 6

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Revista Ibama

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ibamar e v i s t a

u m a j a n e l a p a r a a i n f o r m a ç ã o a m b i e n t a lAno II – nº 04

20 anos cuidando do Brasil

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Projeto gráfico e capaRicardo R. Maia

EdiçãoSandra Sato e Ricardo Maia

Diretoria do IbamaRoberto Messias (presidente),

Abelardo Bayma (Diplan), Antônio Carlos Hummel (Dbflo),

Flavio Montiel (Dipro), Sebastião Pires (Dilic),

Sandra Klosovski (Diqua),Andréa Vulcanis (Proge), Jorge Soares (Auditoria).

Redação da AscomSandra Sato, Luis Lopes, Luciana Vieira,

Janete Porto, Verbena Fé, Ricardo Maia, Antônio Carlos Lago,

Christian Dietrich, José Vitor Barbosa e Talitha Pires.

Apoio AdministrativoDila Pires, Francisco José Pereira e

João de Deus Vieira

Revisão de textoCleide Passos,

Maria José Teixeira eAna Célia Luli

Arte da capaLavoisier Salmon e Paulo Luna

Tiragem10 mil exemplares

RealizaçãoAssessoria de Comunicação do Ibama

Contatos+55 61 3316-1015www.ibama.gov.br

[email protected]

ibamar e v i s t a

Março de 2009

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Há 20 anos, em 22 de fevereiro de 1989, nascia o Ibama, fruto da fusão da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), da Superinten-dência da Pesca (Sudepe), da Superintendência da Borracha (Sudhevea) e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), com o objetivo de unificar a gestão ambiental no Brasil.

A política ambiental instituída antes da criação do Ibama tinha como base o fomento à exploração dos recursos naturais. Era uma época em que os recursos eram vistos como inesgotáveis. A criação do Ibama nasceu do momento em que houve a percepção de que esses recursos não eram ilimitados e deveriam ser mantidos para as gerações futuras. Surgiu aí a necessidade da construção da sustentabilidade no desenvol-vimento brasileiro.

Atualmente, o Ibama está presente em todos os estados do país e sua atuação tem impacto direto na vida dos brasileiros. O instituto é considerado o guardião da natureza por todo o trabalho desenvolvi-do no licenciamento de obras com significativo impacto ambiental, na qualidade ambiental, na fiscalização, na regulação e no licenciamento dos usos dos recursos florísticos, faunísticos e pesqueiros.

Nesta edição, você verá fotografias históricas dos 20 anos e co-nhecerá um pouco do que o Ibama realiza. Saber, por exemplo, como ele faz gestão de fauna silvestre, por meio dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), como tem ajudado a proteger a mata atlântica e a Amazônia. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, é testemunha deste trabalho. Ele acompanhou várias operações e fez questão de ir a Paragominas no Pará, no final de 2008 imediatamente após os ataques de madeireiros contra o Ibama.

A edição também mostra que a Diretoria de Planejamento, Ad-ministração e Logística passou por uma profunda reestruturação com melhorias de procedimentos, ganhos orçamentários, capacitação de pessoal e investimentos em tecnologia da informação para ajudar o Ibama a cumprir a sua missão.

Que o leitor sinta-se também um Guardião da Natureza enquan-to acompanha as páginas da Revista do Ibama. E que essas experi-ências possam ser levadas para seu dia-a-dia na forma de uma nova consciência ecológica.

Ibama, 20 anos cuidando do Brasil.

Edição de aniversário

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mariosu

03 Carta ao leitor

06 20 anos de Ibama Ibama em festa

11 Tecnologia da informação Ibama renova seu parque tecnológico

14 ConservaçãoProjeto Cetas Brasil - Foco na gestão da fauna silvestre

19 EntrevistaQualidade ambiental - um novo conceito

22 MemóriaParabéns, Ibama

32 Qualidade AmbientalA caminho da prevenção de acidentes com barragens

34 FiscalizaçãoGuardiões da Mata Atlântica se unem para salvar o bioma da extinção

36 ReestruturaçãoDiplan - nova face. Modernização e valorização de pessoas

41 LicenciamentoIbama licencia mais em 2008

43 Vida animalDe volta à natureza

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20 anos de Ibama6

Ibama em festaTEXTO: SANDRA SATO | CRISTIAN DIETRICH | LUIS LOPES | FOTOS: HERMÍNIO LACERDA

A chegada à sede do Ibama na manhã de 30 de março foi surpreenden-te. Era o início da festa de comemora-ção dos 20 anos do Instituto. Entre ma-nobras circenses, música e bolinhas de sabão, integrantes do grupo “Instrumen-to de Ver” entregavam aos servidores a programação do dia..

À tarde uma cerimônia oficial contou com as presenças do presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney; do mi-nistro do Meio Ambiente, Carlos Minc; do jornalista Fernando Cesar Mesquita, que foi o primeiro presi-dente do Ibama, e do atual presidente, Roberto Mes-sias Franco, entre outras autoridades, convidados e servidores.

A concessão de medalhas do Mérito Am-biental, a pessoas que contribuíram com a causa do meio ambiente e com a consolidação do Ibama, em-polgou a plateia. Outro momento emocionante foi a apresentação do coral da Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do

PECMA no Distrito Federal (Asibama/DF) ao interpretar o hino nacional e a música Cio da Terra.

Durante o evento, foi assinado acor-do de cooperação entre o Ibama e a coo-perativa Superação para a coleta de resí-duos descartáveis no Instituto que serão destinados à reciclagem. O acordo faz parte da execução da Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P. Também

houve o lançamento do selo comemorativo dos 20 anos do Ibama pelos Correios e Telégrafos, e exibido o filme de propaganda de educação ambiental “Cui-dar do meio ambiente todo mundo pode”.

Após a cerimônia, a banda Pé de Cerrado fez show animado enquanto erai servido coquetel patrocinadooferecido pela Asibama/DF. A cerimônia marcou o início das comemorações dos 20 anos que aconteceram em todos os estados e no Distrito Fe-deral, com novas homenagens, sessões solenes em Assembleias Legislativas, debates e a Mostra Nacio-nal Ambiental Caminhos da Sustentabilidade.

Da esquerda para direita: Fernando César Mesquista (jornalista), Carlos H. Custódio (Correios), ministro Carlos Minc, senador José Sarney, Roberto Messias Franco (Ibama), Izabella Mônica Vieira Teixeira (Secretária-executiva do MMA), e Jonas Corrêa (Asibama).

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20 anos de Ibama

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Cuidando do Brasil

O presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, abriu a cerimônia falando sobre o que é cui-dar do Brasil, que, na sua visão, “é ter compromisso com o presente e com o futuro, com amor à nature-za e à cultura”. Messias listou entre os compromis-sos do Ibama punir os crimes ambientais e chamar à legalidade aqueles que estão irregulares, licenciar com presteza e rigor os empreendimentos, regular o uso dos recursos naturais, buscando ser referência para os demais integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).

O ministro Carlos Minc afirmou que “os 20 anos de história do Ibama marcaram o Brasil”. Se-gundo ele, o desafio da gestão ambiental é muito grande. Minc destacou a atuação dos servidores do Instituto nos seus 10 meses à frente do Ministério, que, com muito trabalho, ajudaram o instituto a emi-tir 45% mais licenças com todo o rigor técnico e a reduzir o desmatamento. Minc disse ter orgulho de trabalhar com o Ibama e de ouvir os técnicos do Instituto em momentos importantes,

O senador José Sarney lembrou da criação do Ibama, em 1989, afirmando que, àquela época a questão am-biental ganhou contornos de ideologia, pois o Brasil era atacado na comunidade internacional e acusado de ser o maior poluidor do planeta. “Foi organizada uma reação juntando quatro grandes órgãos para criar um com força para tomar as decisões necessá-rias a fim de solucionar os problemas”.

Sarney afirmou ainda que sabia que o Iba-ma teria um grande destino. Segundo ele, é preciso cuidar do meio ambiente para continuar vivendo no planeta. O presidente do Congresso disse também que os servidores do Ibama “são herdeiros de uma tradição de luta de uma grande causa, que é a causa da humanidade.”

Ibama homenageia seu criador, servidores e personalidades

Na comemoração do seu 20º aniversário, o

Ibama homenageou o seu criador: o atual presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney.

Quando era presidente da República, Sarney extinguiu quatro órgãos: oInstituto Brasileiro de De-senvolvimento Florestal (IBDF), a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe), a Superin-tendência da Borracha (Sudhevea) e a Secretaria Es-pecial de Meio Ambiente (Sema) ecriou o Ibama.

A instituição de um único órgão federal para cuidar do meio ambiente no País foi uma recomen-dação do Programa Nossa Natureza, elaborado por um grupo de autoridades, acadêmicos e servidores altamente qualificados.

A entrega da medalha a José Sarney foi feita pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. O se-nador chegou com quinze minutos de antecedência da hora marcada para o evento e permaneceu quase toda a tarde no auditório do Ibama lotado de servi-dores e convidados.

O senador foi uma das 20 personalidades contempladas com a Medalha de Mérito Ambien-tal e portaria reconhecendo a sua contribuição ao meio ambiente. Metade do grupo homenageado foi escolhida por votação dos servidores, na intranet. Outros foram selecionados pelo Conselho Gestor, integrado pelo presidente, diretores, chefe de gabi-nete, procurador, auditor e assessores.

Ministro Minc entrega medalha ao senador Sarney

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Escolhas do Conselho Gestor

Antonio DaniloQuando as pessoas identificam o Ibama, estão vendo o trabalho de Antonio Danilo. Ele criou a logomarca do instituto. O profes-sor aposentado de arquitetura e urbanismo da UnB tem tam-bém no currículo o projeto de sinalização de Brasília. Atualmen-te, Antonio Danilo trabalha como arquiteto e design gráfico.

Cláudio Carvalho Savaget O jornalista Cláudio Savaget foi editor de imagens do Jornal Nacional, Globo Esporte e Fantástico. Fundou a Savaget Produ-ções que criou o “Projeto Ecologia”, uma iniciativa pioneira de educação ambiental. A repercussão do projeto deu origem ao “Globo Ecologia”, sob sua direção

Elves Ismar Martins Elves, além de ser fiscal, é um cidadão. Realizava um bonito tra-balho social com crianças carentes em Rio Grande/RS. Faleceu quando o helicóptero em que fazia fiscalização de pesca caiu no mar. Em seu nome, são homenageados todos os servidores que faleceram a trabalho no Ibama.

Francisco Canindé O servidor mais antigo do Ibama começou a trabalhar no ser-viço público em 1954, na Caixa de Crédito de Pesca. Em 1960, entrou para a Sudepe. No Ibama, trabalhou sempre na Superin-tendência do Rio Grande do Norte, na Divisão de Fiscalização. Ele ainda está em atividade.

Herman BenjaminMinistro do Superior Tribunal de Justiça, Herman Benjamin tem como foco principal a forte atuação na área ambiental. Escritor de livros, ensaios e artigos na área jurídico-ambiental, Herman foi membro da Delegação Oficial brasileira à Cúpula da Terra, em Johannesburgo, 2002.

José Sarney Presidente da República que criou o Ibama. Atualmente, é presi-dente do Congresso Nacional. Foi o parlamentar que represen-tou o Congresso Nacional na primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente, em Estocolmo. É também escritor e tem assen-to na cadeira n° 38 da Academia Brasileira de Letras.

Judith CortesãoUma das mais respeitadas ambientalistas do mundo, Judith Corte-são foi criadora de organizações não-governamentais. Participou também das duas primeiras expedições brasileiras à Antártica. Judith foi uma das primeiras integrantes da SEMA e uma das cria-doras do único curso de pós-graduação em Educação Ambiental Marinha do Brasil, na FURG. Faleceu em Genebra aos 92 anos..

Paula Saldanha Paula Saldanha é jornalista, autora e ilustradora de livros, além de produtora. Trabalhou no Fantástico e nos telejornais Hoje e Globinho. Tem a RW Cine, produtora de programas indepen-dentes com a qual trabalha até hoje. Muitos dos seus vídeos e livros receberam prêmios. É presidente do Instituto Ecológico Terra Azul.

Paulo Afonso Leme MachadoPrimeiro acadêmico a tratar do direito ambiental no país. Hoje,

é professor de direito ambiental na Universidade Metodista de Piracicaba, publicou cinco livros sobre o tema e recebeu o prê-mio Elizabeth Haub, concedido pelo Conselho Internacional de Direito Ambiental e pela Universidade de Bruxelas.

Paulo Nogueira Neto O primeiro presidente do Conama organizou e dirigiu por 14 anos a SEMA, cuja criação foi um dos compromissos assumidos pelo Bra-sil na Conferência de Estocolmo. Deixou como herança a proteção de seis milhões de hectares em unidades de conservação. Foi o único representante da América Latina na Comissão Brundtland da ONU, que preparou o relatório Nosso Futuro Comum.

Escolhas do Servidor

Fausto Silva Junior Profissional dedicado e competente, incansável no combate aos ilícitos ambientais, engajado 24 horas na defesa do meio am-biente.

Fernando César Mesquita Primeiro presidente do Ibama. É o responsável por criar e tor-nar conhecida a marca Ibama nacional e internacionalmente.

Guilherme Gomes de SouzaServidor muito competente, grande conciliador e amigo. O ver-dadeiro multifuncional, conhecido pela sua enorme capacidade, não só no Ibama, mas em todos os lugares em que passa.

Jonas Moraes CorrêaPresidente da Asibama Nacional. Conquistou, com seu empenho, grandes vitórias para a instituição e para seus servidores.JJosé Fernando PedrosaServidor muito querido e respeitado pelos colegas, destaca-se por sua competência, honestidade, amor e dedicação ao meio ambiente.

José Silva QuintasPrecursor da educação ambiental no Ibama, foi coordenador da Coordenação Geral de Educação Ambiental durante muitos anos, tendo criado e implantado a educação no processo de gestão ambiental. Físico e professor, escreveu livros sobre educação

Márcia SilvaServidora competente e profissional. Por onde passa, veste a camisa do Ibama sempre com dedicação, honestidade e respeito aos colegas.

Mirian Vaz ParenteCompanheira Mirian, como é conhecida, trabalha pelo cresci-mento do Ibama. Mirian é guerreira nos movimentos, compro-metida com o bem coletivo, sempre à frete da luta pelos direi-tos dos servidores do instituto.

Roseana Duarte Trein Precursora na elaboração da legislação ambiental e pelo fortale-cimento da área de licenciamento ambiental.

Sueli Monteiro de São Martinho Carvalho Contribuiu de forma significativa à consolidação da fiscalização e das causas ambientais como diretora de Controle e Fiscali-zação.

H o m e n a g e a d o s

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20 anos de Ibama

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O selo personalizado e o carimbo comemo-rativo foram lançados pelo Ministério das Comuni-cações e pela Empresa Brasileira de Correios e Telé-grafos para marcar os 20 anos de criação do Ibama. O selo é composto por duas partes: a primeira é ilustrada com o passáro tangará, uma das espécies mais conhecidas do Brasil e notável pelo colorido da sua plumagem e pelo canto macio. A segunda con-tém a imagem da logomarca comemorativa dos 20 anos do Ibama. Os selos circularão nas peças filatélicas e correspondências do Ibama em todas as regiões do País. O carimbo será usado para as obliterações des-sas correspondências, sendo que as três primeiras ocorreram durante a cerimônia, na parte conduzi-da pelo presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio. Ele convidou o presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o presidente do Ibama, Ro-berto Messias Franco, para o carimbodos três selos. O cerimonial dos Correios informou que as peças filatélicas obliteradas pelas autoridades, naquele ato, passariam a compor o acervo do Museu Nacio-nal Correios, em Brasília, e serviriam “como fonte de pesquisa e registro de tão importante acontecimento no contexto histórico e sociocultural do País”.

Discursos emocionados marcaram as comemorações no Ibama

Famoso por ser criador de casos na Esplanada dos Ministérios, o jornalista Fernando César Mesquita, primeiro presidente do Ibama, foi aplaudido caloro-samente pelos servidores quando entrou no auditó-rio para compor a mesa de honra.

Ao discursar, o próprio Mesquita lembrou-se da sua fama. Em tom descontraído, disse acreditar ter sido escolhido para presidir o Ibama porque o então presidente da República, José Sarney, queria se livrar dele. Antes, tinha sido “porta-voz brigão, criador de casos”. Em seguida, como ouvidor, tam-bém “criou casos” com muitos ministros. Concluiu: “vamos mandar esse cara para algum lugar para que fique longe”. Hoje, presidente do Congresso Nacional, o senador Sarney, que também compunha a mesa de honra da cerimônia, deu outra versão; “ele veio para solucio-nar. Ele era o homem dos desafios naquela hora.” Sarney deu carta branca para Mesquita tomar as decisões necessárias no momento em que quatro repartições eram extintas para criar uma só. Com apoio presidencial, Mesquita contou ter escolhido os membros da diretoria do Ibama se-gundo a competência, a seriedade e a qualificação profissional, e sem interferência política. “Não esco-lhi ninguém por indicação partidária. Aqueles cober-tos de proteção política, que, no primeiro momento, achavam que a política mandava aqui foram demiti-dos”, contou. Quando discursou, o ministro do Meio Am-biente, Carlos Minc, também enfatizou a liberdade que o atual presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, teve para escolher seus diretores. “Nós aqui tínhamos de pegar a tradição dos presidentes do Ibama e andar um pouco adiante”. Minc informou que não só o presidente do Ibama montou toda a sua diretoria sem nenhuma influência, mas ele também, no Ministério, nomeou, para presidir o Instituto Chico Mendes, Rômulo Melo, e para a Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente, Izabella Mônica Teixeira, ambos ser-vidores do Instituto. O ministro elogiou Roberto Messias pela decisão de homenagear servidores com a Medalha Mérito Ambiental e destacou o trabalho daqueles que “estão ralando para defender a Amazônia e to-dos os biomas”, bem comoos superintendentes que “estão em guerra” contra os ilícitos ambientais e os analistas ambientais que estão “avançando no licen-ciamento com rigor e critério”. Quando tomou a palavra, o senador Sar-ney demonstrou emoção e descontração ao relatar a criação do Ibama. “Foi com determinação e com a visão do que representaria o Ibama para o Brasil que ele foi criado. Ele foi recebido como uma criança e nós sabíamos que teria um grande destino. Estive aqui nos dez (anos), estou agora nos 20 anos e, como se diz no Nordeste, se Deus não mandar encontrar, nos 30 estarei junto comemorando com vocês”.

Selo comemorativo traz o tangará e a logomarca dos 20 anos

Presidente do Ibama faz obliteração de selo

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20 anos de Ibama10

Campanha educativa entra em cena

“Cuidar do meio ambiente todo mundo pode”. Essa é a mensagem publicitária que o Ibama criou para passar ao público, bem como três spots (anúncios para rádio) da campanha de educação ambiental lançada em comemoração ao aniversário do Instituto.

O objetivo da ação é conscientizar a população para a prática de ações sustentáveis no diaadia, mostrando que pequenas mudanças de atitude ajudam a melhorar a qualidade de vida. A campanha é uma criação da agência Propeg, contratada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).

O filme, feito em animação digital, mostra pessoas como super-heróis no combate ao desmatamento da floresta, à poluição dos rios e do ar. Indica ações que cidadãos comuns podem ter, como comprar madeira legal, evitar o desperdício de água e regular o carro para evitar a poluição do ar. Apesar de simples, são medidas fundamentais no cuidado com o meio ambiente. “Adotamos uma linguagem lúdica, fantasiosa e divertida para chamar a atenção das gerações mais novas para um problema muito sério, que diz respeito ao futuro do planeta e à preservação dos recursos naturais”, resume o diretor de criação da Propeg, Cláudio Leite.

Os três spots também têm duração de 30 segundoscada. Eles seguem a mesma linha do filme ao mostrar que, sozinho, o cidadão não consegue acabar com o desmatamento, com a poluição dos rios ou do ar, mas pode, com pequenas atitudes, evitar o desperdício de água limpa, a emissão de gases poluentes e a venda de madeira ilegal.

Em um deles, aparece uma conversa entre mãe e filho, que está há mais de dez minutos no chuveiro. Ele tenta prolongar o banho. Ela responde que “desse jeito o futuro do planeta acaba escorrendo pelo ralo”.

No outro spot, um atendente da Madeireira Corta Tudo faz uma oferta, prontamente negada pelo cidadão que buscava orçamento para sua obra e que queria comprar madeira legal. “Olha, chefia, tem uma opção que você paga menos...” O comprador reage: “sei, sei, eu pago menos agora e os meus filhos pagam mais depois”.

No último anúncio, quem tenta dar um “jeitinho” é o dono de um carro que está na oficina.

O mecânico avisa da necessidade de troca de algumas peças, pois o carro está poluindo muito. “Se o carro tá andando, fica do jeito que está”, responde o dono, que ouve do mecânico indignado: “e como fica o planeta quando o efeito estufa aumentar?”. As peças da campanha estão disponíveis no site www.ibama.gov.br, em Sala de Imprensa.

(Colaborou Assessoria de Comunicação da Propeg)

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Tecnologia da informação 11

Revista Ibama

O usuário que acessa a página do Ibama começa a perceber diferença na velocidade da transmissão dos dados. O Instituto está investindo em tecnolo-gia da informação e comunicação e uma das primei-ras ações do Centro Nacional de Telemática (CNT) foi ampliar o circuito de processamento de dados (link) externos da internet, de 32 Mega Bytes (MB) para 64 MB. Isso significa que a velocidade no aces-so praticamente dobrou.

Outra providência tomada foi a duplicação do link da sede do Ibama até o centro de processamen-to de dados (data center), instalado na Embratel, onde estão disponibilizados os sistemas corporati-vos do Instituto, o portal do Ibama na internet, a intranet e o correio eletrônico, para sanar uma das maiores reclamações dos usuários da rede corpo-rativa – a lentidão dos sistemas e do acesso. E, por último, houve a ampliação do link entre as supe-rintendências estaduais e o data center, aliviando o “gargalo” de comunicação dentro do Ibama.

A criação da área de relacionamento com os usuários é outra novidade. Composta por equipe técnica qualificada e com visão institucional, tem por objetivo interagir com as demais áreas do Iba-ma para o atendimento de demandas relacionadas à tecnologia da informação. Para isso, foi designado um responsável técnico para fazer a interlocução dos assuntos de tecnologia da informação perti-nentes a cada uma das áreas do Instituto (presi-dência, diretorias, procuradoria-geral, auditoria e unidades descentralizadas). Essa ação visa melho-rar o relacionamento da área de informática com os demais setores do Instituto.

Recentemente, o Ibama assinou contrato com uma empresa para a prestação de serviços de tec-nologia da informação para o desenvolvimento, a documentação e a manutenção de sistemas. O usu-ário solicita sua demanda à área de relacionamento, que providenciará a execução dos serviços pela fá-brica contratada de software.

Ibama renova seu parque tecnológico

O CNT vem se reestruturando com projetos que visam facilitar o acesso dos usuários à rede corporativa do Ibama tanto na sede quanto nas unidades descentralizadas. As medidas irão agilizar grande parte dos trabalhos realizados pelos técni-cos do Instituto, que, hoje, precisam usar a internet e os serviços disponibilizados pela web. Essas no-vas ações estão em conformidade com a política do Governo Federal de adotar, sempre que possível, softwares que sejam de baixo custo e que tragam benefícios aos usuários que utilizam a tecnologia para desenvolver suas tarefas. Entre os projetos em andamento previstos está a aquisição de servidores de rede com maior capacidade de processamento para serem utilizados no data center.

Há previsão para a compra de um grupo gera-dor, equipamentos para a proteção e a estabilização da rede elétrica e novos servidores de arquivos, com o objetivo de dar vazão à demanda de serviços existentes no próprio CNT. A transferência de local também é uma de suas prioridades, tendo em vista que a área física atualmente ocupada vem se tornan-do inadequada e insuficiente. Com relação à melho-ria da infra-estrutura nas unidades descentralizadas, está em andamento processo para a aquisição de novos servidores de arquivos, microcomputadores e estabilizadores para as superintendências estadu-ais e, futuramente, será feita a atualização nos con-centradores e na parte de cabeamento.

Uma das ações pretendidas pelo CNT é pa-dronizar todos os softwares (pacotes) utilizados pelo Ibama. A primeira providência será a insta-lação de softwares livres em todos os compu-tadores pessoais, como o OpenOffice, a auto-mação de escritórios em sua versão brasileira (BrOffice), similar ao Microsoft Office, e o na-vegador Mozila Firefox, parecido com o Internet Explorer, bem como outras ferramentas livres, recomendadas pelo Governo Federal, como for-ma de reduzir os custos, a dependência tecnoló-gica e promover a interoperabilidade.

TEXTO: VERBENA FÉ | FOTOS: RICARDO R. MAIA

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Tecnologia da informação12

Segundo o chefe do CNT, Nelson Gonçalves Rezende, a padronização abrangerá todos os equi-pamentos instalados dentro do Ibama, bem como os que vierem a ser adquiridos. “Todas as máquinas adquiridas pelo Ibama deverão passar pelo CNT para adotar o mesmo padrão”, afirma Nelson.

Essa ação de padronização e de gerenciamento do parque computacional começou com a implan-tação do Configurador Automático e Coletor de Informações Computacionais (Cacic), software público do Governo Federal, capaz de fornecer informações patrimoniais e localização física dos equipamentos, auxiliando no controle das esta-ções e na segurança da rede corporativa. Serão adotadas ainda, no âmbito do Instituto, novas po-líticas referentes ao uso do e-mail, à divulgação de produtos, à capacitação e ao treinamento de pessoal, segurança física e de dados. Uma nova versão do serviço de correio eletrônico corpo-

rativo (webmail) será implantada, aumentando a confiabilidade e o desempenho dos serviços de comunicação oferecidos atualmente.

Sobre a política de capacitação e treinamen-to, há um trabalho realizado em parceria com o Centro Nacional de Desenvolvimento e Capacita-ção de Recursos Humanos do Ibama (Centre) para treinar os servidores nas ferramentas de software livre que serão instaladas em todas as máquinas. O CNT pretende, também, instituir política de se-gurança da informação, nos moldes preconizados pelo Governo Federal.

Quanto a projetos de provimento de serviços técnicos terceirizados, existem mais dois que es-tão sendo iniciados: a estruturação de um serviço de telessuporte (nacional) e de suporte técnico aos usuários de microinformática na sede (Pro-jeto Help-Desk), e um relacionado aos serviços especializados complementares, para o apoio aos

Sala de desenvolvimento do CNT/Ibama.

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Tecnologia da informação 13

Revista Ibama

visando prover serviços especializados integrados de central de atendimento.

Futuramente, o Centro Nacional de Telemáti-ca pretende implantar tecnologia de voz sobre IP (VoIP), sistema que interligará todas as centrais telefônicas do Ibama, com o objetivo de reduzir os custos de telefonia. Serão também instaladas salas de videoconferência visando a redução de custos, a agilidade nos projetos, a ampliação de público-alvo e a realização de atividades de forma simultânea, e, ainda, implementar o processo de certificação digital no tocante à segurança, utili-zando as últimas tecnologias existentes no mer-cado.

Sala de desenvolvimento do CNT/Ibama.

projetos e atividades do CNT, ambos por meio da contratação de serviços terceirizados de infor mática. Com a implantação do Projeto do Help-Desk, os usuários poderão acompanhar todo o processo de atendimento.

Outro projeto básico é para a contratação dos serviços referentes à infra-estrutura de rede e de produção, que inclui também as áreas de apoio, como o suporte técnico (software e hardware), o gerenciamento do banco de dados, de informações e de redes. Adicionalmente, o CNT vem coope-rando com as áreas responsáveis pelo atendimen-to ao cidadão (ouvidoria por meio do serviço tele-fônico 0800 da Linha Verde; e os serviços on-line)

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Conservação14

O Projeto Cetas-Brasil foi criado em 2005 com o objetivo de construir, restaurar e equipar centros de triagem de animais silvestres (Cetas) em todo o país e constituir locais e condições adequadas para a recuperação, a manutenção e a destinação de ani-mais, além de ancorar atividades de repatriação, reintrodução e monitoramento, tendo como alvo a conservação da fauna silvestre brasileira.

Os Cetas são unidades estruturadas dotadas de sala de triagem para o recebimento de animais, quarentena para acomodação e recuperação, além de viveiros de reabilitação. Os Cetas recebem uma classificação que determina: os níveis de aprimora-mento das estruturas e podem ser do tipo A, B ou C. Dessa forma, o nível A significa um Cetas com

melhores condições estruturais e de equipamentos e assim por diante; a demanda de cada região; os estudos relativos à rota do tráfico; e a proximidade de universidades e aeroportos, determinam a prio-

Foco na gestão da fauna silvestreridade e o nível dos Cetas a serem construídos em cada lugar. Todas essas medidas visam, além do local e das condições adequadas para a recuperação e a destinação dos animais apreendidos, possibilitar o desenvolvimento de pesquisas e o aperfeiçoamento técnico por meio de parcerias com as universida-des. As aves representam a maior parte dos animais traficados e, em seguida, os répteis seguidos pelos mamíferos. Esses animais silvestres são recebidos nos Cetas, onde são tratados, e após serem recu-perados recebem destinação segundo as condições que apresentam. O objetivo primeiro é, sempre, devolvê-los à natureza e quando isso não é possível, os animais são destinados a jardins zoológicos ou a criadores de animais silvestres devidamente regis-

trados no Ibama.

Atualmente, existem 50 Cetas no país, dos quais 27 são administrados pelo Ibama e 23 funcionam em parceria com zoológicos, prefeituras, universidades e outras instituições.

Em 2005, o Projeto Cetas-Brasil teve o apoio de uma emenda parlamentar da Comissão de Meio Ambiente e Desenvol-vimento Sustentável da Câmara dos De-putados. Foram utilizados R$ 8, 9 milhões na reforma e na implantação de 19 Cetas. Além desses, mais cinco Cetas foram im-plantados ou reformados com recursos provenientes de compensação ambiental e de parcerias públicas e privadas.

Muito já foi feito, mas há ainda mui-to por fazer. O projeto está sendo imple-mentado, fase em que adequações e ajus-tes são sempre necessários. No entanto, é

preciso reconhecer que houve grande avanço, princi-palmente se consideramos que até 2003 havia apenas cinco unidades administradas pelo Ibama e que agora já são 27 em todo o país.

Projeto Cetas-BrasilTEXTO: JANETE PORTO | FOTOS: JAIR TOSTES, JANETE PORTO, ÍRIA PINTO E ACERVO DA VALE

Papagaios Chauá (Amazona Rhodocorytha) – espécie ameaçada de extinção.

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Conservação 15

Revista Ibama

Campanha Nacional de Proteção à Fauna

A cada ano, cerca de 50 mil animais silvestres apreendidos são encaminhados aos Cetas do Ibama. Diante desse quadro, o Ministério do Meio Ambien-te e o Ibama, por meio da Coordenação de Fauna da Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Flo-restas, planejaram dentro do Projeto Cetas-Brasil a Campanha Nacional de Proteção à Fauna, que prevê atividades, como educação ambiental, associadas ao combate ao tráfico e à formação de agentes sociais. A percepção geral é de que ações isoladas de fiscalização se mostram ineficazes quando se trata de transformar a realidade, por isso, além da fiscalização, atenção espe-cial será dada ao programa de capacitação de agentes multiplicadores. A Campanha Nacional de Proteção à Fauna foi apresentada pelo Ministro Carlos Minc em outubro de 2008. O trabalho pressupõe a construção de parcerias com várias instituições, como universi-dades, secretarias de educação, polícias rodoviária e ambiental, Ongs, Ministério Público e a Empresa Bra-sileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).

A Escola é o Bicho

A principal ação da Campanha Nacional de Prote-ção à Fauna é o programa de capacitação de agentes multiplicadores, que será executado principalmente com professores das redes de ensino pública e pri-vada. Essa atividade denominada A Escola é o Bicho propõe programa de formação em fauna silvestre para sensibilizar os jovens contra o tráfico de animais. O foco é na informação qualificada que alerta o com-prador de animais silvestres sobre sua participação no crime ambiental. O conteúdo do curso abrange a Lei de Crimes Ambientais, conceitos de maus-tratos, a transmissão de zoonoses pelo manejo inadequado desses animais, além de esclarecer sobre os danos que o comércio ilegal causa à biodiversidade. Um projeto-piloto para padronizar os procedimentos foi realizado em outubro/2008 em escolas privadas de Brasília.

Caberá ao Ibama, por meio das superintendên-cias estaduais, formar agentes multiplicadores. O material de divulgação inclui cartazes, banners, re-vistas, adesivos e vídeos que serão distribuídos.

O Diretor de Uso Sustentável da Biodiversida-de, Antônio Carlos Hummel, acredita que “sensi-bilizar a população e levar a sociedade a participar como agente nos processos é o eixo importante da campanha que, agregada ao controle e à fiscalização, contribui para consolidar as políticas de proteção à fauna silvestre no país”.

O MMA, o Ibama e o MEC pretendem levar a campanha para a Conferência Infanto-Juvenil de Meio Ambiente que será realizada em abril de 2009.

O projeto-piloto no Distrito Federal

Cerca de dois mil alunos e professores das es-colas Leonardo da Vinci, Santa Terezinha, Ciman, Moraes Rego, Sigma e Centro Educacional Cató-lica de Brasília, Águas Claras, receberam técnicos de fauna do Ibama para atividades relacionadas ao projeto-piloto da Campanha Nacional de Proteção à Fauna A escola é o Bicho.

Segundo o Coordenador de Fauna do Ibama, João Pessoa, “o objetivo é consolidar o maior nú-mero possível de parcerias, para que a campanha forme um número significativo de agentes multipli-cad0ores em todo o país, que contribuam na forma-ção de cidadãos participativos e conscientes que, de fato, é o que muda de forma sólida a realidade”.

O Coordenador Pedagógico do Colégio Leo-nardo da Vinci, Luciano Brandão Gallo, elogiou a metodologia adotada pelo Ibama. “Cumprimento o Ibama, como professor, pelos recursos pedagógicos adotados e desde já quero reservar vagas para que nossos educadores participem da segunda etapa no Programa de Agentes Multiplicadores”.

O analista ambiental Fabiano Pessoa, do Ibama/Piauí, responsável pelas atividades com os alunos, declarou seu entusiasmo pelo projeto. “É muito trabalho extra, mas a certeza de que estamos no caminho certo nos dá a disposição necessária para seguir em frente. Quando se fala em transversalida-de, estou seguro de que a educação deve permear todas as iniciativas públicas”.

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Ações do Projeto Cetas-Brasil e a campanha nos estados

Espírito Santo

Em Vitória, cerca de 30 professores participa-ram da primeira Oficina de Capacitação de Agentes Multiplicadores.

A Orientadora Social do Pró-Jovem da Prefei-tura de Vila Velha, Ednólia Alves de Souza, disse ter recebido informações importantes para o desenvol-vimento de seu trabalho e que a capacitação deve ser estendida a toda a rede de ensino do estado. “Meio ambiente é um tema transversal dentro dos parâmetros curriculares da educação e, portanto, é fundamental que as oficinas sejam um processo continuado”, afirmou.

Para o Superintendente do Ibama/ES, Reginaldo Anaíssi Costa, “a oficina de capacitação foi um com-promisso firmado entre os participantes e o Ibama, de que eles serão instrumentos na conscientização da sociedade sobre a importância de se adotar ati-tudes sustentáveis em relação ao patrimônio am-biental brasileiro, que é um bem de todos”.

Piauí – Projeto Liberdade e Saúde: uma expe-riência bem-sucedida.

Há 2 anos, o Núcleo de Fauna do Ibama/Piauí vem desenvolvendo o Projeto Liberdade e Saúde com o objetivo de combater o tráfico de animais sil-vestres por meio da educação ambiental. Convictos de que só a repressão não estava sendo suficiente, os técnicos do Núcleo de Fauna se uniram aos téc-nicos do Núcleo de Educação Ambiental e prepa-raram um programa de capacitação para professo-res. Uma série de peças de publicidade e ao mesmo tempo didáticas foram elaboradas para servirem de suporte durante os cursos. Cartazes, jogos e gibi foram desenvolvidos sobre o tema. O sucesso do programa serviu como inspiração para a criação do projeto nacional A Escola é o Bicho.

O Ibama/Piauí capacitou 40 educadores em combate ao tráfico de animais silvestres, legislação e posse responsável, entre outros temas, que foram apresentados em dois módulos de 3 dias cada. Para 2009, a proposta é capacitar 500 agentes multiplica-

dores e oficializar parcerias com a Universidade Fe-deral do Piauí, Secretarias de Educação, imprensa, Ministério Público e Ongs.

Gibi do Projeto Cetas-Brasil.

Cartaz contra o tráfico ilegal de animais silvestres.

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Conservação 17

Revista Ibama

Paraíba: Encontro Nacional de Cetas

Durante a primeira semana de dezembro, 113 analistas ambientais dos Cetas e dos Núcleos de Fauna do Ibama participaram de um encontro na-cional em João Pessoa/PB, onde receberam capaci-tação em diversas áreas, como legislação de fauna e protocolos; identificação, manejo e contenção de aves, reptéis e mamíferos; nutrição de animais; sol-tura e monitoramento; Sistema Informatizado de Gestão de Fauna (Sisfauna); e as possibilidades de parcerias para os centros.

As aulas práticas aconteceram em vários locais do município de João Pessoa/PB.

No Zoológico

Os analistas do Ibama receberam aula de identi-ficação, manejo, contenção e nutrição de animais sil-vestres em cativeiro. A Zootecnista Ana Raquel Faria, da Coordenação de Fauna do Ibama, esclarece que “a prática abordou procedimentos de maneira geral, o que possibilita a identificação das maiores dificuldades enfrentadas pelos técnicos, para que se possa adotar treinamentos específicos no próximo ano”.

Para o Coordenador de Fauna João Pessoa Mo-reira “é importante não restringir a capacitação dos técnicos à teoria. A prática é fundamental, pois diz res-peito ao dia-a-dia a ser enfrentado pelos analistas”.

Técnicos do Parque Ecológico do Tietê, do Zoo-lógico de João Pessoa, do ICMBio e da Coordenação de Fauna do Ibama foram responsáveis pelo treina-mento que envolveu répteis, mamíferos e aves.

Aves de rapina

Já na Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo foi realizada aula prática sobre manejo e reabilitação de aves de rapina. Os técnicos puderam manejar ani-mais vivos e realizar procedimentos de contenção.

Segundo o biólogo e instrutor do curso, Cid Teixeira Neto, da Gerência do Ibama em Eunápolis/BA, “a reabilitação de aves de rapina pode ser al-cançada através de técnicas já utilizadas por outros

países, como exercícios em voadeiras e aplicação de técnicas de falcoaria”. Ele acrescenta que “entre os principais objetivos desse trabalho estão a correta manutenção dos filhotes recebidos nos Cetas e o oferecimento da oportunidade de desenvolver a sua musculatura e técnicas de caça”.

Para o biólogo do Ibama de São Paulo, Vincent Kurt Lo, o curso foi um grande aprendizado. “Ti-vemos oportunidade de compartilhar experiências, como o projeto de soltura e repatriação que está sendo desenvolvido em São Paulo em parceria com o Ibama da Bahia, Goiás Espírito Santo e Maranhão”.

São Paulo: Reabilitação de fauna e parcerias bem-sucedidas

A Divisão de Fauna do Ibama de São Paulo vem desenvolvendo, desde 2004, trabalhos de repatriação e soltura de animais silvestres. Quarenta papagaios-chauá (Amazona rhodocorytha), uma das espécies de psitacídeos mais ameaçadas de extinção, vinham sen-do reabilitados há dois anos em São Paulo.

As aves apreendidas com traficantes recebe-ram tratamento e foram repatriadas para o Espí-rito Santo. Os papagaios já estão acomodados em um viveiro de ambientação na reserva natural de Linhares/ES, da Cia Vale e serão reintroduzidos na natureza e monitorados por longo prazo pelo sistema de radiotelemetria.

Recentemente importantes parcerias foram construídas com a Associação Bichos da Mata, as empresas Vale e TAM Linhas Aéreas, além de receber apoio da Reserva Biológica Sooretama/ICMbio, entre outros.

O trabalho foi desenvolvido pela Superintendên-cia do Ibama de São Paulo em conjunto com a do Espírito Santo e viabilizado por meio de parcerias.

A experiência já é considerada bem-sucedida, pois demonstrou a possibilidade de atender proto-colos criteriosos, que consideram a Instrução Nor-mativa do Ibama nº 179/2008, além do estabeleci-mento de importantes parcerias.

O coordenador de Fauna do Ibama, João Pes-soa Riograndense Moreira Junior, acredita que

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Conservação18

ações como essas são muito importantes para a preservação da fauna silvestre. “Como são projetos caros e de longo prazo é necessário valorizar os parceiros que trazem uma grande contribuição aos trabalhos”, afirma.

Sistema Nacional de Gestão da Fau-na: Uma ferramenta eficaz

O Sistema Nacional de Gestão de Fauna – Sis-fauna é uma ferramenta moderna usada para apri-morar a gestão da fauna silvestre em cativeiro. Ela permite por meio de um sistema informatizado aumentar a transparência dos processos, agilizar a gestão da informação, desburocratizar os serviços para o usuário e maior eficácia no controle dos em-preendimentos. O Sisfauna vai atender demandas da gestão da fauna em cativeiro, como emissão de autorizações, controle de plantel, comércio nacio-nal, licenças emitidas e transações realizadas.

Para acessar o Sisfauna o interessado deverá es-tar inscrito no Cadastro Técnico Federal – CTF em sua categoria correspondente que pode ser: Jardim

Zoológico, Centro de Triagem, Centro de Reabi-litação, Mantenedor de Fauna Silvestre; Criadouro Científico de Fauna Silvestre para Fins de Pesquisa, Criadouro Científico de Fauna Silvestre para Fins de Conservação; Criadouro Comercial de Fauna Silves-tre, Estabelecimento Comercial de Fauna Silvestre, Abatedouro e Frigorífico de Fauna Silvestre.

As pessoas autorizadas pelo Ibama devem aces-sar o sistema e preencher os seus dados. Aqueles que pretendem obter autorização de uso e manejo nas ca-tegorias citadas devem fazê-lo por meio do sistema.

Nessa primeira etapa será disponibilizado o módulo “habilita empreendimento” que dará maior agilidade ao processo de obtenção e emis-são das autorizações. Além disso, permitirá o re-gistro dos empreendimentos já autorizados pelo Ibama, o que dará uma visão geral da situação da fauna em cativeiro legal.

Nas próximas etapas serão incluídos os módulos que permitirão o gerenciamento dos animais nos empreendimentos, o controle dos recintos, a emissão de licenças de transporte e certidões de origem legal.

Papagaio Chauá (Amazona rhodocorytha)

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Entrevista 19

Revista Ibama

Revista Ibama: Por que há necessidade de refor-mular a Diretoria de Qualidade, criada há três anos a partir da divisão da Diretoria de Licenciamento e Qualidade (Diliq)?

Sandra Klosovski: Quando olho a qualidade, percebo que é preciso fazer uma revisão dessa forma como ela segmentou seus processos de tra-balho para se dizer efetivamente o seguinte: o que se faz aqui é uma interface com o licenciamento, mas não é licenciamento, ou seja, o que se faz aqui é um ciclo de licenciamento diferenciado. A quali-dade precisa ter um pouco mais de condição para

Um novo conceito de qualidade encontra-se em discussão no Ibama. À frente desse conceito de mudança está a diretora de Qualidade Ambiental, Sandra Klosovski. A pedagoga com especiali-zação em planejamento educacional está desenvolvendo um projeto de reestruturação da área com definição das atividades a fim de distingui-la da área do licenciamento. A nova Qualidade do Ibama conservará a atribuição de analisar processos finalísticos relacionados a agrotóxico, subs-tâncias químicas, pneus, resíduos perigosos, emissões e Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Mas, englobará o Observatório Ambiental e a Universidade Corporativa, ferramentas que hoje não integram a cultura da instituição.

executar questões relativas à avaliação. O nosso patamar não é só a licença de produtos ou o con-trole dessas emissões, mas é saber por que eu faço isso, ou seja, o que significa isso no meio ambiente. Nós deveríamos gerar indicadores para mensurar a qualidade do meio ambiente.

Ibama: Como caracterizar o trabalho nas Direto-rias de Licenciamento e na de Qualidade?

Sandra Klosovski: Os processos da Qualidade têm a ver com produtos (agrotóxicos, substâncias quími-cas, pneus, resíduos perigosos); os do Licenciamen-to, com projetos e empreendimentos. Na análise de pedido de autorização de produto químico para uso em meios aquáticos como controle de plantas ma-crófitas, por exemplo, tenho de considerar outros fatores que não é a planta em si, mas a maneira como ela se reproduz, se aquele produto vai de fato acabar com aquela espécie ou não. Mas, qual é o impacto do produto no meio aquático e em todo o meio no qual a água tenha relação estreita. A aprovação ou não de determinadas substâncias químicas ou de agrotó-xicos muitas vezes é entendida como licenciamento, pois resulta ou não em anuência. Entretanto, a ma-neira como a Qualidade trabalha e os resultados dela nos apontam mais para uma avaliação ambiental do que para um licenciamento.

Sandra Klosovski, diretora de Qualidade Ambiental

Qualidade ambientalu m n o v o c o n c e i t o

TEXTO: SANDRA SATO E VERBENA FÉ | FOTO: HERMÍNIO LACERDA

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Entrevista20

Ibama: Explique como anda o processo de rees-truturação da Qualidade?

Sandra Klosovski: Esse lado novo da qualidade está em modelagem, vai ter uma arquitetura, uma estrutura envolvendo desde as atuais atividades ao Observatório Ambiental e à Universidade Corpora-tiva ou à educação corporativa (ainda não há defini-ção sobre qual termo será usado). Primeiro, a gente quer discutir o que é a Qualidade hoje e saber de fato qual é a interface que existe entre o que ela de-senvolve e o próprio licenciamento ambiental. Essa clareza do que é a Diretoria de Qualidade, nem a própria casa tem. A minha chegada aqui tem a ver com a avaliação e o conceito de qualidade, o que é que a gente chama de qualidade ambiental. Junto com esses processos que ela faz hoje, existem alguns desafios, como a produção do Relatório de Quali-dade do Meio Ambiente – RQMA, que segundo a Lei nº 6.938/81, art. 9º, inciso X, deveria ser publi-cado anualmente pelo Ibama. O RQMA foi produ-zido uma vez, na época da Secretaria de Meio Ambiente (Sema). Em 1998, chegou-se a contratar uma empresa, mas jamais foi publicado. E agora nós estamos na fase do terceiro Relatório que, na verdade, será o segundo.

Ibama: Existe definição sobre os mo-delos de Observatório Ambiental e de Universidade Corporativa a serem adotados no Ibama?

Sandra Klosovski: Ainda não. Ano passado, realizamos dois eventos para discutir esses assuntos. Ouvimos quem está falando de educação corporativa no governo e fora do governo, experi-ências como a da Caixa Econômica Fe-deral e a do Banco do Brasil. A mesma coisa foi feita com o Observatório. A gente trouxe oito experiências nacio-nais de quem está falando, implantando ou já executando coisas que tenham a ver com a elaboração de observatórios, não só na área de meio ambiente. Isso nos permi-tiu ter um escopo básico sobre o que deve conter o Observatório do Ibama e o que não se deve conter. Paralelamente, a Rita Caribé, Coordenadora-Geral

de Gestão da qualidade Ambiental, está elaborando um estudo teórico mesmo, pesquisando bibliografia, e discutindo com um grupo de trabalho o conceito de observatório ambiental. Nós vamos realizar um evento internacional, neste ano, e trazer pessoas que estão trabalhando com isso lá fora.

Ibama: Por que é importante o Ibama ter um Ob-servatório Ambiental?

Sandra Klosovski: Primeiro para tratar dos conte-údos que o Ibama trabalha. Quando falo conteúdo, estou dizendo aquilo que é informação, que está de alguma forma na cabeça das pessoas, nos processos, nos pareceres e nos papéis que o Ibama gera. Saber onde estão e o que fazer com eles. Depois organizar isso, gerar produtos informacionais e disponibilizar ao público por meio do Centro Nacional de Infor-mações (Cnia), da Intranet e da Internet, ou seja, todos os meios que eu já tenho disponível. Então, o primeiro desafio é cuidar um pouco das informações

do Ibama, dos conteúdos que estão jogados hoje na casa. Tem memorando que possui informação e não é só uma maneira formal de pedir alguma coisa. Nós não pretendemos ver todos os memorandos e os ofícios que o Ibama gerou, porque não temos fôlego.

Rio dos Sinos.

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Entrevista 21

Revista Ibama

A gente quer ver os processos de licenciamento dos últimos cinco anos. Com essa documentação já dá para ter a informação organizada. Para nós o funda-mento da inteligência é usar. O cérebro aprende, se ele usa a informação para fazer uma análise.

Ibama: Qual é a diferença entre educação corpo-rativa e cursos de treinamento?

Sandra Klosovski: A diferença da educação cor-porativa para um sistema de treinamento comum é que ela está estritamente ligada ao conjunto de estratégias da organização. Então, se eu defino o meu planejamento estratégico e os meus resulta-dos, a educação deveria estar cuidando para que esses resultados fossem atingidos a partir de um nível de conhecimento necessário para isso. A educação corporativa também deveria estar preo-cupada em disseminar o conhecimento obtido em congressos ou cursos. Como servidor do Ibama, você vai participar para melhorar suas competên-cias ou atualizar suas informações. Quando volta, nada do que foi visto lá é devolvido pra cá. Há gerente que nem pergunta como foi o curso, você não passa nem para sua equipe de colegas. Então, uma das práticas que a gente alavanca, por exem-plo, é pedir que o servidor registre isso em power point ou faça uma resenha dos artigos que foram vistos e coloque no site para que todos tenham acesso. A dissertação do mestrado também não ficará só na prateleira do Cnia, a idéia é fazer que ela circule, que esteja em um ambiente onde todos possam acessá-la enquanto informação pública. Já que se fez uma dissertação com a sustentação do Ibama, esse conteúdo é do Ibama.

Ibama: A universidade corporativa do Ibama irá trabalhar com curso de formação?

Sandra Klosovski: Naquilo que é estratégico para a organização, poderia ter curso de formação. Por exemplo, curso de formação de fiscais, curso de for-mação de analistas que trabalham no licenciamento. Atualmente, quando há concurso as pessoas passam

por um treinamento que, na maioria das vezes, nós chamamos de ambientação, que é um pouco dizer o que a casa faz, de que maneira ela trabalha, mas que não traz o nível do conteúdo necessário que os graduados ou pós-graduados, por exemplo, preci-sam ter para operar o licenciamento. Para trabalhar no licenciamento, é preciso um conhecimento es-pecífico ao Ibama. Isso acontece também em outras instituições, a Petrobras quando faz uma seleção pública consegue no mercado 30% do conhecimen-to que ela precisa, os outros 70% são desenvolvidos pela Universidade Petrobras. O mercado não tem pessoas preparadas para lidar com a dimensão de competência da Petrobras. Eu não tenho dúvida de que o Ibama deve ter uma relação muito pareci-da com isso. Então os cursos de formação da ati-vidade-fim serão produtos da universidade corpo-rativa, que funcionará em cooperação com outras universidades e instituições, entre elas a Coppe e o CNPq. Queremos ter pesquisadores dentro das nossas unidades, trazendo conhecimento. Agora, a universidade não é para tudo. Treinamentos básicos e os da área-meio, como os de informática e os de leilões eletrônicos, poderão ser desenvolvidos pela própria Diretoria de Administração.

Ibama: Neste ano, o Ibama fez mais um concurso e, mesmo assim, continua precisando incrementar sua força de trabalho. Como resolver esse problema?

Sandra Klosovski: Uma das nossas propostas é criar um programa de primeiro emprego. O Iba-ma planeja celebrar acordos ou convênios com os conselhos, por exemplo, o Federal de Biologia, os Creas e os Confeas. Esse acordo de cooperação significa colocar recém-graduados trabalhando por um ano no Ibama, por meio de bolsa de tra-balho, dentro do programa de primeiro emprego, uma primeira assinatura na carteira profissional. Então, você daria experiências para essas pessoas que começam no mercado de trabalho e, ao mes-mo tempo, você teria biólogos e engenheiros. O conselho faria a seleção.

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Memória22

O ano de 1989 foi pródigo em fatos marcantes, sendo o início de grandes mudanças na forma de pensar o mundo. Além da queda do Muro de Berlim e do início da world wide web – www, um dos prin-cipais eventos daquele ano foi a criação do Ibama. De lá para cá, vários paradigmas da sociedade se modificaram e a temática ambiental ganhou corpo, sendo incorporada no dia a dia das pessoas.

Em seu 20° aniversário, o Ibama tem muito a comemorar. O Instituto ajudou a diminuir os índi-ces alarmantes de desmatamento e as emissões dos gases automotivos; auxiliou espécies ameaçadas de extinção a se recomporem na natureza; instituiu o documento de origem florestal (DOF), que permite maior controle sobre o transporte de madeira legal; ajudou o Brasil a se desenvolver de forma consciente com a emissão de licenças para a construção de gran-des obras; ajudou a disseminar a temática ambiental para a sociedade; e realizou muitas outras ações im-portantes para a manutenção dos recursos naturais em defesa do meio ambiente e da sustentabilidade.

Havia, no final da década de 1980, a percepção de que algo diferente deveria ser feito em rela-ção ao tema. A Conferência de Estocolmo, reali-zada em 1972, chamou a atenção do mundo para a gravidade da situação na área ambiental. O Bra-sil, signatário da Declaração de Estocolmo, criou, no ano seguinte ao da conferência, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), órgão responsá-vel pelo início da construção de uma política ambien-tal brasileira. Como órgãos de fomento, haviam sido instituídos anteriormente a Superintendência da Pes-ca (Sudepe), em 1962, e, em 1967, a Superintendência da Borracha (Sudhevea) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). Mas não era o su-ficiente para consolidar a execução de práticas com

vistas à disseminação da manutenção dos recursos naturais ou do desenvolvimento sustentável.

O ano de 1988 foi catastrófico para o meio ambiente no Brasil. O índice de desmatamento ilegal nunca havia sido tão grande. O então ,pre-sidente, José Sarney, ciente da necessidade de uma modificação na estrutura ambiental brasilei-ra, instituiu o Ibama em 22 de fevereiro de 1989, com a junção da Sudepe, da Sudhevea, do IBDF e da Sema. O órgão federal teria como atribuições executar a política ambiental de forma integra-da e focado na gerência dos recursos naturais, assegurando-os para as gerações futuras.

O resultado desse trabalho iniciado há 20 anos hoje dá frutos. É por isso que o Ibama é reconheci-do como um dos principais pilares brasileiros quan-do o assunto é meio ambiente. Neste número da Revista do Ibama, você poderá participar um pou-co do dia a dia do trabalho do instituto e de como isso atinge diretamente a todos os brasileiros. Afinal, a natureza é o que temos de mais importante.

Parabéns, Ibama. TEXTO: LUIS LOPES | FOTOS: BANCO DE IMAGENS DO IBAMA | ARTE: RICARDO R. MAIA

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Memória

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Servidor do Ibama ao lado de tora de madeira e

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Seu Francisco planta árvore na sede do Ibama - 1992.

Fernando César Mesquita em visita à Flona Mapiá-Inauiní / AC.

Comemoração do 1º an

iversário do Ibama -

1990.

José Sarney e Maitê Proênça em visita ao Ibama durante o 1º aniversário.

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Memória

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Comemoração do 1º an

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1990.

José Sarney e Maitê Proênça em visita ao Ibama durante o 1º aniversário.

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Eduardo Martins, Gustavo Krause e Xuxa no evento de lançamento da campanha Defensores da Natureza.Servidores contam tartarugas no tabuleiro de Monte Cristo - Santarém / PA.

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Memória

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Servidor do Ibama em aldeia indígena.

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Patrulhamento da brigada de combate a incêndios florestais na ilha Sul do Maracá - Esec Maraca-Japióca / AP - 2004.

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Memória28

Construção do edifício sede do Ibama - 1988.

Paliteiro em Tucurui / PA.

Primeiras colônias de férias da Asibama.

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Memória

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Paulo Nogueira Neto recebe título de cidadão honorário

de Brasília. Apresentação do Coral Ecoar.

Carreata voltando do Congresso Nacional. Greve de 2007.

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Memória30

Índios reunidos no auditório do Ibama.

Entrega de relatório da câmara técnica do Conama. Wanderbilt, Raoni, Sarney e Paulo Nogueira Neto.

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Memória

Revista Ibama

31Pesagem de filhote de peixe-boi - Santarém / PA.

Presidente Lula, ministro Minc e presidente do Ibama,

Roberto Messias, na inauguração do Cetas de Brasília - 2008.

Servidor acompanha produção de farinha na Resex Lago do Cuniã / RO.

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Qualidade Ambiental32

Prevenir e minimizar impactos de acidentes ambientais envolvendo barragens são os objetivos do projeto-piloto de mapeamento das áreas de risco relacionadas com os reservatórios em Minas Gerais, realizado pelas Coordenações-Gerais de Emergências Ambientais e de Zoneamento Am-biental do Ibama (CGEMA e CGZAM), com dados da Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam). A idéia é fazer estudos semelhantes em todo o Brasil, que possibilitem o planejamento da prevenção e do contingenciamento dos possíveis acidentes envolvendo barragens.

A aplicação das ferramentas de zoneamento ambiental para subsidiar ações de prevenção e de atendimentos a emergências ambientais é o desa-fio das duas coordenações, que desenvolvem tra-balho conjunto, unindo conhecimentos de geo-processamento com metodologias de modelagem de dados. O projeto-piloto busca criar metodo-logia para ser seguida durante os levantamentos de áreas com riscos de acidentes com barragens, em todos os estados, possibilitando a adoção de medidas preventivas e emergenciais pelo Ibama e por órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).

O Coordenador-Geral de Emergências Ambien-tais, João Raposo, aponta as vantagens do mapeamen-to das áreas de risco “ao invés de trabalharmos de forma reativa, quando os acidentes ocorrem, pode-remos concentrar os esforços na prevenção. Estamos empenhados em realizar o projeto em outros estados, onde buscaremos atuar em conjunto com órgãos es-taduais que fazem o licenciamento das barragens, para realizarmos monitoramento preventivo”.

O projeto começou pelo estado de Minas Ge-rais devido à disponibilidade dos dados coletados pela Feam e por ser um estado dos mais críticos em termos de acidentes desse tipo, pelo grande núme-ro de barragens, em especial as utilizadas na ativi-

A caminho da prevenção de acidentes com barragens

dade mineradora, como depósito de rejeitos, que podem causar grandes danos ambientais.

A utilização do estudo como base para o mo-nitoramento e o planejamento de ações emergen-ciais pode ajudar a evitar ou reduzir danos como, por exemplo, os causados pelos rompimentos de barragens em Miraí (MG), nos anos de 2006 e 2007, que provocaram imensa degradação na Bacia Hidrográfica do Rio Muriaé, desabrigando cerca de 12 mil pessoas e causando incontáveis prejuízos materiais e ambientais, além do desabastecimento de água em vários municípios.

Os estudos para o mapeamento das áreas de risco de Minas Gerais levaram em consideração di-versas variáveis, entre as quais os fatores de cunho social e ambiental, que inclui a proximidade das barragens com unidades de conservação, os assen-tamentos e as áreas urbanas; os fatores geográfi-cos, como o relevo, a formação geológica, a hidro-grafia e o regime de chuvas; e também a avaliação das condições físicas dos reservatórios.

TEXTO: CHRISTIAN DIETRICH | FOTOS: COORDENAÇÃO DE EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS DO IBAMA

Açude São Gonçalo em Cubati - PB.

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Qualidade Ambiental

Revista Ibama

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O cruzamento de todos esses fatores utilizan-do ferramentas de geoprocessamento, e atribuin-do pesos diferenciados a cada um deles, resultou no Mapeamento das Áreas de Risco Relacionadas a Barragens em Minas Gerais.

Envolvido no trabalho, o Coordenador-Geral de Zoneamento Ambiental, George Porto, conta que “o Ibama tem sistematizado as informações de cunho ambiental, buscando integrá-las para melhor planejar ações de comando e controle, e fomenta-do o desenvolvimento sustentável. A CGEMA busca ferramentas para orientar suas ações e a CGZAM vem trabalhando nessa metodologia com outros en-foques e da parceria surgiu nova metodologia para subsidiar a prevenção e o atendimento às emergên-cias ambientais envolvendo as barragens”.

Os riscos foram calculados em função da re-lação vulnerabilidade/sensibilidade e das ameaças de acidentes. A metodologia combina modelos de vulnerabilidade e de sensibilidade para chegar aos resultados, desde a conceitualização de risco até a escolha das variáveis que melhor representam os níveis de sensibilidade ou de ameaça nas diversas re-giões do estado de Minas Gerais, cuja combinação resultou no mapa de riscos.

Primeiramente, foi elaborado um mapa referente à sensibilidade de cada região do estado, levando em consideração aspectos sociais, ambientais e geográfi-cos, depois, outro mapa rela-cionado às ameaças, levando em consideração a localiza-ção e as condições das barra-gens no estado, entre outros fatores.

O cruzamento desses dois mapas, com a análi-se das variáveis verificadas, levou à confecção de um terceiro – o mapa de risco ambiental relacionado às barragens. Um quarto mapa foi elaborado incluindo um dos pontos críticos nos aci-dentes com rompimento de reservatórios – as chuvas –,

indicando áreas mais suscetíveis à ocorrência de acidentes, levando em consideração o volume de precipitações.

A sistematização desses dados permite maior objetividade no monitoramento das barragens, com foco na prevenção dos acidentes, ao mesmo tempo que possibilita a elaboração de estratégias para mi-tigar os efeitos devastadores do rompimento de re-servatórios. Está sendo viabilizada com o Cadastro Técnico Federal a obtenção de dados específicos sobre barragens, em outros estados, para fazer um mapeamento das áreas de risco no país, indispensá-vel para a prevenção dos acidentes.

Em 2008, a Coordenação de Emergências Am-bientais do Ibama contabilizou dez acidentes envol-vendo barragens em seis estados brasileiros. O mais grave ocorreu no mês de janeiro, em Rondônia, quando a barragem da Pequena Central Hidrelétri-ca de Apertadinho rompeu no município de Vilhena, formando uma tromba d'água de cerca de 7 m de altura, que destruiu uma faixa de aproximadamente 150 m de largura com 15 km de comprimento, e que inundou área estimada em 50 km², arrasando a mata ciliar e matando a fauna aquática e terrestre, além de ter destruído pontes e benfeitorias, causan-do prejuízos incalculáveis ao meio ambiente.

PCH Apertadinho - Vilhena/RO.

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Fiscalização34

A Mata Atlântica é o bioma brasileiro e um dos conjuntos de ecossistemas mais ameaçados de extinção do mundo. De uma área original de 1.360.000 km2, correspondente a cerca de 16% do território brasileiro, distribuída por 17 estados, hoje restam somente 7,26% de florestas nativas desse bioma ou 9,87 milhões de hectares. Esse remanescente precioso, que abriga parcela signi-ficativa de diversidade biológica do Brasil, com al-tíssimos níveis de riqueza e endemismo, continua sofrendo pressão sobretudo na zona litorânea.

Edição recente do Atlas dos Remanescentes Flo-restais da Mata Atlântica produzido pela Fundação SOS Mata Atlântica, uma das principais ONGs am-bientalistas com histórico de atuação na região e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mos-tra que o desmatamento da Mata Atlântica aumen-tou nos últimos 3 anos. Nesse período, as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória desmataram, juntas, 793 hectares, o equivalente a 990 campos de futebol como o do Maracanã.

Historicamente, vários são os fatores respon-sáveis pela destruição desse bioma: a exploração predatória dos seus recursos naturais e florestais; diversos ciclos econômicos, tais como o do ouro, o da cana-de-açúcar, o do café e a conversão de áre-as para atividades agropastoris e pólos silviculturais. O veloz processo de industrialização, a política de-senvolvimentista da década de 1970 e o crescimen-to desordenado das cidades assentadas em áreas do bioma também estimularam a degradação ambiental.

A Constituição Federal de 1988 define a Mata Atlântica como área de Patrimônio Nacional e esta-belece seu uso condicionado a medidas que garan-tam sua sustentabilidade (art. 225, parágrafo 4º). Em 21 de novembro de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o Decreto nº 6.660 que regu-lamentou a Lei nº 11.428/2006, conhecida como Lei

da Mata Atlântica, aprovada pelo Congresso Nacio-nal depois de 14 anos de tramitação.

A lei define os critérios de uso e de proteção do bioma e estabelece incentivos econômicos à produ-ção sustentável. Entre os avanços na legislação está a proibição do manejo florestal madeireiro no bio-ma. Durante a assinatura do decreto, o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou a meta de recuperar a vegetação, passando de 7% de cobertu-ra vegetal para 27%.

Desafio – um dos grandes desafios daqueles que atuam em favor da conservação da Mata Atlântica é reverter o processo de diminuição da cobertu-ra florestal natural para outros usos. Para vencer esse desafio, servidores do Ibama de 14 estados que possuem remanescentes de Mata Atlântica e do Ins-tituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), reunidos no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no mês de outubro de 2008, definiram ações prio-ritárias para a proteção ao bioma.

Os técnicos do Ibama e do ICMBio elaboraram planejamentos de fiscalização ambiental com base em dados de sensoriamento remoto, fornecidos pelo Inpe, e no mapeamento feito pela SOS Mata Atlântica, levando em consideração cinco critérios: desmatamentos no bioma, tamanho dos polígonos detectados, proximidade a unidades de conserva-ção, áreas de extrema importância para a biodiver-sidade e remanescentes de Mata Atlântica.

O Coordenador-Geral de Fiscalização Ambien-tal, Luciano Evaristo, destaca que a partir de agora, além da Amazônia, todos os outros biomas brasilei-ros estão incluídos no nível macro de planejamento. “O que tínhamos eram ações pontuais. Agora, há um planejamento específico para cada bioma. Com a chegada de recursos, iremos gradativamente esten-der as operações para essas áreas”, afirma Evaristo.

Guardiões da Mata Atlânticase unem para salvar o bioma da extinção

TEXTO: KEZIA MACEDO E REBECA PAULO | FOTOS: FISCALIZAÇÃO IBAMA

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Fiscalização 35

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Durante o encontro na Serra dos Órgãos, tam-bém foi discutido o grau de implementação das seis linhas programáticas (vide box) do Plano de Moni-toramento e Controle da Mata Atlântica (PMCMA), lançado em 2006 durante a 8ª Conferência das Par-tes das Nações Unidas (COP8), e as adaptações ne-cessárias para avanços no plano.

Ações – esse plano é uma iniciativa estratégica do Ibama/MMA que estabelece ações, projetos e programas de monitoramento e controle ambiental vinculados à conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais da Mata Atlântica.

A construção do plano teve início em julho de 2003, durante reunião em Tamandaré (PE), com a assinatura da Carta de Tamandaré pelos represen-tantes do Ibama, MMA e pela Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), com o objetivo de discutir ações conjuntas de proteção e de promoção do de-senvolvimento sustentável e de aprimoramento da fiscalização ambiental no bioma.

Em 2005 foi criado o Grupo de Trabalho Mata Atlântica, de caráter consultivo, com a finalidade de estudar e propor ações, projetos e programas relacionados ao monitoramento e ao controle dos recursos naturais dos biomas Mata Atlântica e Campos Sulinos.

Nos dias 9 e 10 de dezembro de 2008, em Bra-sília, durante a reunião de revisão do plano, institui-ções governamentais e ONGs discutiram a neces-sidade de ações integradas entre os componentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), a proteção a Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) em remanescentes de Mata Atlân-tica, áreas indígenas e quilombolas, e a recuperação de áreas degradadas.

Fiscalização integrada – ao longo de 2008, o Iba-ma e instituições parceiras conduziram ações de fis-calização integrada de ilícitos ambientais praticados em áreas da Mata Atlântica. A operação Cascavel, ação conjunta entre o Ibama (gerência executiva de Eunápolis (BA)), o ICMBio e a Polícia Civil Am-biental da Bahia aplicou mais de R$ 38 milhões em multas pelo desmatamento sem autorização de 28 áreas do bioma Mata Atlântica, localizadas no su-doeste da Bahia, divisa com Minas Gerais, região

em que, segundo a SOS Mata Atlântica, nos últimos anos, houve a maior perda do bioma no estado. Os agentes do Ibama embargaram mais de 7 mil hecta-res de áreas desmatadas.

Em Santa Catarina, o Ibama (Supes (SC) e es-critórios regionais) e o ICMBio desenvolveram, em cinco etapas, a operação Guardiões da Mata Atlântica nas regiões do Meio Oeste, Planalto Nor-te Catarinense e Vale do Itajaí. Dos 6.950 hectares vistoriados, 1.169 foram autuados pelos agentes de fiscalização por destruir floresta nativa em estágio de regeneração e áreas de preservação permanen-te (APPs). Somadas, as multas ultrapassam R$ 3,6 milhões. A cada sobrevôo do helicóptero do Iba-ma, eram descobertos novos desmatamentos que as imagens de satélite não captaram. O Exército Brasileiro colaborou com a remoção e a doação dos bens apreendidos. Segundo a ONG SOS Mata Atlântica, Santa Catarina foi o estado brasileiro que mais devastou esse bioma. Em entrevista a órgãos de imprensa, o Professor Lino Bragança Pertes, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, associou a destruição da Mata Atlântica à tragédia causada pelas chuvas em Santa Catarina.

Linhas programáticas do PMCMA1 - Monitoramento sistematizado do desmata-

mento;

2 - Estruturação da rede de vigilância;

3 - Integração de sistemas de informação;

4 - Fiscalização integrada;

5 - Comunicação, educação e capacitação;

6 - Controle integrado e consolidação de UCs.

Fonte: Plano de Monitoramento e Controle da Mata Atlân-tica – Ibama/MMA.

Colaboradores: Sérgio Bertochi, Lúcia Hele-na Nascimento, Rogério Melo, Sandra Faiade e Roberto Cabral.

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Reestruturação3636

Por ser área-meio, a Diretoria de Planejamento, Administração e Logística – (Diplan), quando aparece muito, é por que há problemas. Silenciosamente, em 2008, a Diplan fez uma revolução interna ao ponto de os superintendentes, em reunião de fim de ano, re-vezarem-se em elogios à qualidade da administração. O diretor da Diplan, Abelardo Bayma, explica que no modelo de gestão desenvolvido a grande preocupação foi estabelecer linguagem única de procedimentos e de interlocução com as áreas-fins e as superintendências.

Segundo Bayma, a área não funciona de forma estanque no instituto e, sim, com o intuito de coor-denar uma gama de sistemas federais que se repli-cam dentro do Ibama. “Cumprimos normas federais dentro do órgão, orientando e mostrando a forma correta de fazer as atividades”, informa.

Ao longo de 2008, a Diplan criou novas bases para as áreas-fins se firmarem e obterem melhores resultados. Entre as mudanças estão as seguintes: descentralização de atividades, redução de custos, pagamentos mais ágeis, redução e mudanças do perfil das despesas de “restos a pagar”, terceiri-zação de veículos, adoção do cartão corporativo, investimentos em tecnologia da informação, maior transparência, execução de obras, capacitação e re-ordenamento das atividades da própria diretoria.

Mas, para encabeçar as mudanças, a diretoria teve de enfrentar a enorme concentração e centra-lização que existiam na sede, a burocracia desneces-sária, além da falta de credibilidade. “Os canais com-petentes não acreditavam na Diplan, pois a diretoria não respondia satisfatoriamente às demandas das unidades”, reconhece o coordenador-geral de Admi-nistração, Edmundo Soares.

TEXTO: LUIS LOPES | FOTOS: HERMÍNIO LACERDA E LUIS LOPES

modernização e valorização de pessoas

D i p l a nnova f ace

Uma das medidas adotadas foi desconcentrar e distribuir várias atividades da administração para os superintendentes e os chefes das Divisões de Admi-nistração e Finanças – (Diafs). “Eles ganharam mais autonomia e responsabilidades”, disse. Segundo o coordenador-geral, hoje a realidade é outra: “existe diálogo, credibilidade e confiança”.

Soares enfatiza que todas as ações da Diplan são realizadas ouvindo sistematicamente a auditoria in-terna e a Procuradoria-Geral Especializada junto ao Ibama – (Proge). As ações também são baseadas em avaliações técnicas, amparadas legalmente por reco-mendação do Tribunal de Contas da União – (TCU,) e seguindo orientações da presidência do instituto.

TerceirizaçãoNa opinião de Soares, o planejamento, a co-

ordenação, o controle e a orientação são, hoje, as principais tarefas da diretoria. Ele diz que o plane-jamento ajuda a aperfeiçoar ações, reduzir gastos e aumentar a eficiência.

Por isso, um passo importante no reordena-mento das atribuições da Diplan foi conhecer o fluxo interno de procedimentos. Recentemente, a Coordenação-Geral de Administração – (CGEAD) mapeou os processos internos e externos para criar novo fluxograma e melhorar as rotinas.

A partir desse trabalho, percebeu-se, por exem-plo, que cada diretoria tinha uma pequena área de logística. “Trouxemos parte dessas ações para o âmbito da Diplan e, como consequência, houve re-dução de custos e otimização dos processos e dos controles”, contou Soares. Um dos resultados desse trabalho foi a licitação de terceirização de veículos e barcos velozes para as áreas do Ibama.

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Reestruturação

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A terceirização, segundo ele, permitiu reduzir o custo final em torno de 20% em comparação ao sistema anterior, que incluía compra de veículos, manutenção, custos operacionais e pagamento de motorista. Na sede, a licitação já foi realizada. Ago-ra, também serão substituídos os carros de serviço nas superintendências.nastambém serão dos os

Para o diretor Bayma, havia gasto exagerado em combustíveis e na manutenção de veículos. Soares observa que o Ibama não tem como finalidade cuidar de gasolina nem da manutenção de veículos, e que deve estar focado em suas competências legais.

Contas em ordemEm 2008, a diretoria construiu indicadores de

gestão e conseguiu mapear o custo do órgão em ní-vel global, na sede e nas superintendências. O valor de cada contrato já pode ser auferido e comparado. “Isso possibilitou iniciar um trabalho de revisão dos gastos, tendo como meta a redução de custos, por meio do redesenho dos contratos e da avaliação da necessidade da execução daquele volume de recursos pelas superintendências”, enfatiza o diretor Bayma.

Para a coordenadora-geral de Finanças, Rita Lo-renzetti, a execução orçamentária e financeira do Ibama ficou mais fácil. Em 2008, o Ibama passou a efetuar os pagamentos na primeira semana do mês subsequente ao da prestação dos serviços, quando, em exercícios passados, eram necessários entre três e quatro meses para efetuar os pagamentos.

Outra grande vitória, na opinião de Rita, foi a adoção do cartão corporativo em substituição ao suprimento de fundos. “Disciplinou o gasto e deu mais transparência às prestações de conta”, diz Lorenzetti. Além disso, o Ibama é o único órgão do Executivo Federal a implementar o Sistema de Concessão de Diárias e Passagens - (SCDP) em todas as suas unidades gestoras. Ela enfatiza que “Oo SCDP dá mais agilidade, rapidez, controle e segurança na concessão das diárias e passagens, e ainda gera economia de papel”. Uma vez que o sistema é totalmente eletrônico, o aprovador de despesa pode cumprir a tarefa de onde estiver. “O sistema unificou totalmente o processo de pagamento de diárias com a área de orçamento e com o Siape”, diz Lorenzetti.

Rita aponta mais uma mudança na área de ar-recadação, uma vez que “o foco da arrecadação é arrecadar, o que não vinha sendo cumprido.” Com a reestruturação, ela acredita que o Ibama terá mui-to mais recursos, que não são necessariamente de multas, pois o potencial de receita é muito grande.

Segundo a coordenadora-geral Rita, está sendo estruturada uma central de cobranças para funcio-nar em forma de mutirão. Profissionais da área se reúnem em determinado estado e agilizam os pro-cessos de cobrança. “Fizemos o mutirão em São Paulo e demos continuidade a muitos processos que iriam prescrever por falta de pessoal”. A meta em 2009 é repetir o mutirão por todo o País para zerar os processos em atraso nos estados.

Outro resultado do reordenamento de ações foi a transferência para a Coordenação Financeira, responsável pelos pagamentos, de parte das atribui-ções da Coordenação de Materiais, que realizava a liquidação da despesa, instruindo e conferindo todos os dados para a efetivação dos pagamentos. Além disso, a Diplan adotou o Sismatweb, sistema de material para controle de suprimentos, na sede e na maioria das superintendências.

ObrasParalelo a todo esse trabalho de estruturação,

a Diplan iniciou a revitalização da estrutura da sede e a reforma de várias superintendências, com base em extensa pesquisa sobre a real situação dos pré-dios, documentada com fotos tiradas por equipe de engenharia. Na sede, foram plantadas mil mudas de árvores frutíferas e de eucaliptos antigos que foram reaproveitados na revitalização do campus: viraram

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bancos e guias das trilhas. Eles foram cortados por que podiam destruir o patrimônio público ou cair sobre carros estacionados, colocando, inclusive, vi-das humanas em risco.

Para 2009, estão previstas mais obras de revita-lização na própria sede, já em processo de licitação, e o início de outras obras nas superintendências, com o intuito de proporcionar aos servidores um melhor ambiente físico. A Diplan também já iniciou estudos para a implementação de energias alterna-tivas e limpas. Ainda irá adotar o IP de voz, o que reduzirá aproximadamente 80% dos R$ 5 milhões gastos anualmente em telefonia.

PatrimônioNo âmbito do processo de regularização, foram

iniciadas as transferências do acervo patrimonial do Ibama para o Instituto Chico Mendes de Biodiversi-dade (ICMBio) e outra ação importante foi a regu-larização dos espaços ocupados pela Asibama “com termo de cessão que pôs fim a anos de irregularida-des”, informa o coordenador-geral Soares.

Ele revela que, por meio do Centro Nacional de Telemática (CNT), um novo sistema de contro-le de bens patrimoniais está em estudo. Segundo ele, também está em fase de processamento para licitação o novo sistema de segurança da sede, que será replicado para as superintendências. Soares assegura que haverá mais segurança, pois um con-trole eletrônico identificará carros e servidores que circularem dentro do órgão, evitando a entrada de pessoas e de veículos sem identificação.

Valorização de pessoalOutra frente de trabalho prevê a motivação

e a capacitação dos servidores da área-meio para fortalecer a estrutura. O diretor Bayma diz que a nova orientação é valorizar e retomar o interes-se pelo trabalho dos servidores da área -meio. Em 2008, foram promovidos três encontros regionais.: “Eles serviram para conhecer os parceiros, ver seus anseios, dizer o que estávamos pensando e trocar idéias”, comenta Soares.

Segundo a coordenadora-geral de Finanças, os encontros regionais aproximaram a sede das pon-tas. “A sede passou a conhecer mais as dúvidas da ponta e a ponta agora sabe melhor o que a sede es-pera dela”, avalia. Os encontros englobaram cursos de capacitação, como o de fiscalização de contratos. Rita lembra que, em tempos anteriores, quase não havia treinamentos e, quando havia, vinha quem não estava no dia a dia. “Agora são chamadas apenas as pessoas corretas.”

Valorizar o pessoal envolve também melhoria nas condições de trabalho. Segundo a coordenado-ra, o pessoal da Diplan trabalhava com computado-res que eram sucatas das outras áreas. Isso mudou agora com a compra de novos equipamentos para a área. “Antes era só cobrança e crítica, mas, hoje, o servidor se sente prestigiado”, diz Rita. De acor-do com a coordenadoraela, o diretor também está mais próximo e presente no dia a dia, participando de todas as áreas.

Capacitação de pessoalO ano de 2009 trará investimentos na capacita-

ção de pessoal. O diretor Bayma informa que já está alocado R$ 1,9 milhão para 2009 (ficou assim depois do corte do orçamento – a proposta do Ibama era de R$ 3 milhões), recursos a serem aplicados dire-tamente em capacitação, e que, somados ao orça-mento das áreas-fins, poderá alcançar o valor global de R$ 5 milhões.

Para o coordenador-geral de Recursos Huma-nos, Paulo Roberto da Silva, uma novidade é a área de recursos humanos passar a coordenar a capacita-ção dos servidores. Antes, cada diretoria tinha pro-gramas independentes de capacitação. Um braço da Diplan importante para a realização dos cursos de capacitação é o Centro de Treinamento – (Centre), que está em fase de reestruturação para trabalhar com os novos programas de treinamento do Ibama. A chefe do Centre, Carla Sereno, diz que o centro executa e dá apoio logístico (passagens, apostilas e equipamentos audiovisuais) aos treinamentos não apenas para o Ibama, mas em parceria com toda a área ambiental.

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Nessa área de capacitação, um dos objetivos é ter quadros de chefia mais qualificados. “Estamos traba-lhando em um programa para estabelecer exigências e pré-requisitos mínimos para a ocupação de cargos de chefia”, avisa Silva. A pessoa que não tiver deter-minados conhecimentos poderá fazer cursos, como gestão de pessoas, relações interpessoais, princípios da administração pública, entre outros.

Outro avanço foi vincular o interesse de afasta-mento do servidor com o da administração pública. “O superintendente ou diretor tem que chancelar o afastamento para estudo, o que gera melhoria na escolha da capacitação”, analisa o coordenador-ge-ral de Recursos Humanos.

Ao fazer balanço das ações da Diplan em 2008, Silva destacou o cumprimento integral dos acordos salariais firmados entre servidores e governo. Disse também que o reordenamento da força de traba-lho devido à redistribuição de servidores do Ibama ao ICMBio também já está praticamente concluído. Destacou ainda a redução de tempo entre o pe-dido de concessão e o recebimento de benefícios, a exemplo do primeiro pagamento de pensão que, antes, era de quatro meses e, hoje, é concedida em apenas um mês após formulado o pedido.

Em 2009, o grupo de trabalho da revisão da car-reira deverá concluir os estudos. Outra meta deste ano, segundo Silva, é colocar um assistente social em cada estado para acompanhar mais de perto a saú-de do servidor, conforme o programa de seguridade social do governo federal. Também será dada conti-nuidade à sistematização da junta médica oficial, com reunião mensal para avaliação dos casos mais com-plicados. Em 2008, a junta fez várias viagens para ho-mologar atestados de mais de 15 dias de afastamento ou aposentadoria por invalidez nos estados onde não há perito oficial, mas que concentram grande núme-ro de pessoas com problemas de saúde.

Também é prioritário em 2009 continuar o pro-cesso de reexame de laudos periciais de periculosi-dade e insalubridade. “Já houve um corte considerá-vel no número de servidores beneficiados que não faziam mais jus ao benefício”, diz.

A novidade deste ano será a criação do banco de talentos. “Estamos implantado o banco de talen-

tos, uma base de dados de informações do perfil do servidor, que mostre não apenas o conhecimento formal e documentado, mas, também, conhecimen-tos, habilidades e atitudes não formais”, explica.

Tecnologia da informação“Uma grande preocupação que tive ao assumir a

Diplan foi fortalecer a Tecnologia da Informação – TI, por ser área estratégica para a gestão do instituto”, afirma o diretor Bayma. Para ele, com uma TI me-lhor estruturada, o Ibama responderá às demandas de gestão de meio ambiente,de forma mais eficiente, uma vez que as informações terão melhor qualidade e os sistemas corporativos serão mais robustos, se-guros e ágeis. Para alcançar esse objetivo, o primeiro

passo da diretoria foi o planejamento de ações estru-turantes de modernização por meio de um plano de ações para o período 2008-2009.

Segundo o Coordenador-Geral do Centro Na-cional de Telemática (CNT), Nelson Rezende, são exemplos das ações realizadas em 2008 a aquisição de um servidor central dimensionado para as exi-gentes necessidades do Ibama, a aquisição de 27 servidores para as superintendências estaduais e a compra de 1.700 computadores para a sede e os estados, além de novas licenças do software de ban-co de dados Oracle, da contratação da Fábrica de

Vitória Bubol, Abelardo Bayma, Carla Sereno e Nelson Rezende.

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Software e da criação de metodologia de desenvol-vimento e manutenção dos sistemas do Ibama.

Estão em andamento o Plano Diretor de Tec-nologia da Informação – PDTI, o Portal “Ibama 20 anos”, projetos de voz sobre IP, videoconferência e help-desk, e a adoção de melhores práticas, como mapeamento de processos, ITIL, Cobit, ISO 17799. Essas práticas de mercado proporcionam melhor governança do patrimônio de TI.

Outro desafio para 2009 é a implantação do projeto de reestruturação das redes física e lógica em todo o parque computacional. Um dos resulta-dos dessas iniciativas será a transferência do data center para a sede do Ibama. “A execução desse planejamento permitirá ao instituto um grande sal-to tecnológico”, ressalta Bayma.

Informação ambiental “Foi tanta coisa”, admira-se a chefe do Centro

Nacional de Informação Ambiental (Cnia), Vitó-ria Bulbol, ao falar sobre as ações realizadas pelo centro em 2008 e o que está sendo planejado para 2009. “A primeira coisa que fizemos, ao assumir, foi montar o plano de ação para 2008/2009, mas já cumprimos quase tudo antes do prazo”, infor-ma. O diretor Abelardo Bayma ressalta que a in-formação ambiental é o carro-chefe de qualquer instituição ambiental.

O Cnia encabeçou a campanha de reciclagem de papel em conjunto com uma central de catado-res de lixo. Vitória diz que muitos departamentos

perguntam para onde mandar o papel usado. Sua resposta é invariável: “podem enviar para nós ou peço para os catadores recolherem no local”. Se-gundo a chefe do Cnia, os catadores agradecem a possibilidade de recolher o lixo do Ibama. “Nós é que temos que agradecer, uma vez que eles levam o que para nós não tem mais serventia e devolvem de outra forma aquele material, poupando os recursos naturais”, enfatiza.

Outra tarefa importante que o CNIA desen-volveu foi a seleção, a higienização e o tratamento do material que estava em um depósito na garagem para a guarda permanente ou eliminação. Foi tam-bém licitada a automação dos serviços informacio-nais do centro, pois o software está defasado. O projeto prevê a comunicação com outras bibliote-cas, o que está dentro do plano da criação de uma biblioteca virtual, e a disponibilização do cadastro de expertise com dados sobre a produção técnico-científica dos servidores.

Quanto ao Banco de Imagens, serão modifica-das as sistemáticas de cessão de uso. “Queremos que as pessoas tenham acesso”, avisa a chefe, que coordena também a implementação do Sisdoc, “a um sistema de controle de processos e documen-tos, que irá impactar o modo de trabalho dos ser-vidores do Ibama, pois todos os documentos serão produzidos e movimentados diretamente por meio do computador”. Para Vitória, o sistema irá resol-ver vários problemas de tratamento dos documen-tos no instituto, manter viva a memória do órgão e gerar economia de papel.

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LIcenciamento 41

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O Ibama quebrou novo recorde de emissão de licenças ambientais em 2008. Ao todo, foram 467, entre licenças prévias de instalação e de operação, além de outras licenças, como as de pesquisa sísmi-ca e as de supressão vegetal.

Houve aumento de quase 27% no número de li-cenças concedidas com relação a 2007, quando 367 licenças foram emitidas. “Isso não significou, entre-tanto, nenhuma diminuição no rigor dos licencia-mentos e das exigências feitas a todos os empreen-dedores públicos e privados”, garantiu o presidente do Ibama, Roberto Messias Franco.

Das 466 licenças emitidas em 2008, 71% foram concedidas durante a gestão do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que se comprometeu a “destravar” o licenciamento do Ibama ao assumir o cargo. Do total, 42,7% referem-se a obras do Pro-grama de Aceleração do Crescimento do governo federal, ligadas a melhorias na infraestrutura do País, com investimentos nos setores de geração e transmissão de energia, petróleo, gás, transportes, entre outros.

Entre os empreendimentos que receberam al-gum tipo de licença ambiental em 2008, alguns fo-ram bastante polêmicos, a exemplo das hidrelétri-cas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, e da Usina Nuclear de Angra 3. Cada uma das hidrelétricas do Madeira deve gerar 3.100 MW de energia e juntas vão produzir o equivalente ao dobro do consumo da cidade do Rio de Janeiro. Já Angra 3 irá gerar 1.350 MW, suficiente para abas-tecer quase a metade da capital carioca.

As licenças de maior destaque na área de petró-leo e gás foram as voltadas para a produção, como as do campo de Marlim Leste, Módulo 2, na Bacia de Campos, as do reservatório Membro Siri, e as do bloco BM-C-7, na mesma bacia, e a licença pré-via para a produção e o escoamento de gás natural e petróleo no campo de Camarupim, na Bacia do Espírito Santo.

Ibama licencia mais em 2008Em relação ao transporte e ao beneficiamento

de petróleo e gás, foram importantes as licenças referentes ao gasoduto Brasil-Bolívia, a licença de instalação de uma unidade de tratamento para os produtos extraídos do campo Mexilhão, em Cara-guatatuba-SP, a licença de instalação do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté, e a licença de operação do Terminal Flexível para Gás Natural do Porto de Pecém, no Ceará.

Na área de transportes, os principais empreen-dimentos licenciados foram as Unidades de Apoio do Lote 3 da Ferrovia Transnordestina, que recebe-ram as licenças prévias, de instalação e de operação; a Ferrovia Norte-Sul, cujas licenças de instalação e de operação foram emitidas; o canteiro de obras da rodovia BR-230; trecho da Transamazônica, em Miritituba/PA, que obteve a licença de instalação. O Porto de Rio Grande/RS também conseguiu licença prévia para a ampliação dos molhes.

A geração e a transmissão de energia também tiveram empreendimentos importantes licenciados pelo Ibama. A Usina Nuclear de Angra 3, em An-gra dos Reis/RJ, recebeu licença prévia, bem como a Usina Termelétrica Porto de Itaqui, no Maranhão, além das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, que obtiveram licença de instalação, a Usina Hidrelétrica de São Salvador, no Tocantins, recebeu licença de operação.

Também merece menção a licença de operação do Mineroduto Mariana-Ubu. O empreendimento trans-porta minério de ferro de Minas Gerais até o Espírito Santo, onde o produto é embarcado para exportação.

Tipo de licença Número PAC “Era Minc”

Licença prévia 36 19 24

Licença de instalação 81 42 60

Licença de operação 90 17 57

Outras licenças 260 121 191

Total 467 199 332

TEXTO: JANETE PORTO | CRISTIAN DIETRICH | FOTO: ARQUIVO CGEMA/IBAMA

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Licenciamento42

Por que licenciamos maisVários fatores contribuíram para o acréscimo

nos índices de licenciamento em 2008. O primeiro deles se deve ao crescimento econômico do País que, naturalmente, provocou aumento progressivo do número de solicitações ao Ibama, desde 2005.

Importantes setores da economia foram con-templados no licenciamento. Teve participação sig-nificativa o setor de energia, com as hidrelétricas do Rio Madeira, que receberam a licença prévia ainda na gestão da ex-ministra Marina Silva, e na gestão Carlos Minc, as licenças de instalação. O setor de petróleo e gás também teve participação expressi-va, além do de transporte, ferrovias, rodovias e, já em estudos, o das hidrovias.

Em junho de 2008, por orientação do ministro Minc, uma instrução normativa foi editada estabele-cendo uma série de procedimentos que impactaram significativamente no resultado e na agilidade das análises. A IN fixou prazos para que cada um dos atores envolvidos no processo de licenciamento realizasse suas análises, a exemplo da ANA, Funai, Chico Mendes, Iphan, o próprio Ibama e outros.

A essas inovações somaram-se as seguintes medi-das: aumento do quadro de analistas na Diretoria de Licenciamento, com remanejamento interno e concur-so para a contratação de mais 90 servidores; os técni-cos capacitados por meio de cursos; a burocracia foi reduzida a partir de uma série de procedimentos internos, ou seja, o trâmite interno de documen-tos dos processos foi agilizado; 70 processos de baixa complexidade foram descentralizados para o Ibama dos estados onde o empreendimento se localiza; reativação dos núcleos estaduais de licenciamento ambiental, com a formação de equipes e a aquisição de material. Até o momen-to, os NLAs estão organizados em oito estados, em função de terem sido os que apresentaram maior número de demandas.

Houve uma gestão integrada entre os vá-rios ministérios envolvidos e, sobretudo, en-tre o MMA e o Ibama, sob a coordenação da Casa Civil que, com muita precisão, cobrava o cumprimento de prazos aos envolvidos – mi-nistérios de Minas e Energia, Defesa, Cultura,

Transportes, etc. –, o que, erroneamente, às vezes, é confundido com pressão para entregar licenças. Ao contrário, essa coordenação foi fundamental para ga-rantir o cumprimento das metas.

Houve maior transparência nos procedimentos com a participação do Ibama e do Ministério Pú-blico, discutindo previamente os processos, escla-recendo dúvidas, procedimento que evitou muitas ações judiciais desnecessárias. Também foi definitiva a gestão junto aos empreendedores para a melhoria na qualidade dos estudos apresentados por eles, o que evitou, muitas vezes, a devolução de processos para complementação. Os estudos apresentaram sensível melhoria no atendimento dos termos de referência, documentos entregues pelo Ibama ao empreendedor, com uma lista de exigências e per-guntas a serem tratadas nas análises sobre a viabili-dade ambiental da obra.

Por tudo isso, não é possível atribuir o cresci-mento no número das licenças a um único fator. A resposta a esse trabalho revela que está havendo evolução na compreensão sobre as questões am-bientais no País. A vertente ambiental já está pre-sente na agenda de vários ministérios, num processo de construção da transversalidade, e o cidadão pode acompanhar e acessar todos os estudos, pareceres e documentos dos processos de licenciamento pela página do Ibama: www.ibama.gov.br/licenciamento, nos ícones consulta, empreendimentos e estatística.

Vistoria em barragem.

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Os dois principais esteios da legislação am-biental brasileira – a Lei de Crimes Ambien-tais (9.605/98) e o Decreto que a regulamenta (6.514/08) – não deixam dúvidas: o primeiro e mais importante destino a ser dado aos animais silves-tres apreendidos pela fiscalização, é a soltura em seu habitat natural. O que parece ser muito sim-ples, já que num país como o Brasil, com mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, há espaço de sobra para todos os bichos nativos.

Mas a realidade é bem outra. Grande parte dos animais apreendidos ou entregues espontaneamente ao Ibama continua em cativeiro. Muitos, na verdade, apenas trocam de endereço, saindo de um cativeiro ilegal e seguindo para outros dentro da lei, como cria-douros conservacionistas, comerciais ou zoológicos. Continuam, portanto, sob o status de bicho engaiola-do, ainda que haja áreas propícias para seguirem seu curso em vida livre, comendo, reproduzindo e, por fim, morrendo em liberdade.

De volta à naturezaAnimais ganham liberdade em áreas de soltura

Retrato dessa situação são os Centros de Triagem de Animais Silvestres – Cetas das gran-des cidades. Em São Paulo, o Parque Ecológico do Tietê recebeu, entre 2003 e junho de 2008, mais de 25 mil animais. Desses, pouco mais de 8,5 mil foram soltos. O restante morreu – pois a situação em que chegam os animais apreendidos é muitas vezes precária – ou foi transferido para criadouros e zoológicos.

Outro Cetas importante na capital paulista, ligado ao Departamento de Parques e Áreas Ver-des da prefeitura, recebeu cerca de 11 mil animais entre 2003 e 2007. E, embora sua taxa de soltura tenha sido elevada – na média, mais de 40% dos animais hospedados foram soltos – os recintos es-tão sempre cheios.

“Não permitimos que fique superlotado, pois se-ria prejudicial aos animais internados, mas estamos sempre lotados”, explica a veterinária Hilda Franco.

TEXTO: AIRTON MIGUEL DE GRANDE | FOTOS: VINCENT KURT LO, RICARDO R. MAIA E CRAS/SEMA/MS COLABORADOR: MÁRCIO HOMSCI

Gambá (Didelphis marsupialis) – em área de soltura.

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Pior para animais cuja apreensão pelos órgãos de fiscalização é rotineira, como papagaios-verdadei-ros, jabutis, sagüis e macacos-prego. Indivíduos des-sas espécies só estão sendo aceitos quando feridos, já que as 646 vagas do centro estão ocupadas.

E a problemática vai muito além da simples lo-tação dos Cetas ou do inevitável incômodo que a idéia de bichos presos provoca na maioria das pes-soas. “O animal em cativeiro é um animal morto para a natureza”, lamenta o analista ambiental do Núcleo de Fauna do Ibama em SP, Vincent Kurt Lo. Trocando em miúdos, isso significa que cada animal cativo deixa de fazer um tremendo “serviço ambiental”: polinizar flores, dispersar sementes, combater pragas, ou mesmo servir de alimento para seus predadores. Em outras palavras, sem bi-chos, as florestas vão morrer.

Se os bichos fazem falta para o ambiente e se os Cetas estão lotados, por que, então, continuam presos? Por que não são imediatamente soltos? Um dos motivos é de ordem técnica e diz respeito à se-gurança, tanto dos animais presos como do próprio ambiente. É preciso que haja critérios para que os bichos não acabem morrendo logo após a soltura ou afetem outras populações naturais. Ao abrir uma gaiola no mato, é preciso ter certeza de que o bichi-nho vai encontrar alimento, abrigo e a ocorrência natural de outros da mesma espécie. Deve-se asse-gurar, também, que esse novo habitante não esteja levando doenças para a nova comunidade em que vai morar.

Com os critérios definidos e normatizados para a realização das solturas, fica faltando outro aspec-to importante: onde realizá-las? Afinal, por maior que seja nossa área territorial, não se pode soltar animais em qualquer parte. É imperativo respeitar as áreas de ocorrência das espécies, garantindo a sua sobrevivência e a não interferência nos proces-sos naturais. Animais de um determinado bioma não podem ser introduzidos em outro, sob pena de criarmos mais um problema ambiental.

Atentas a essas limitações, algumas superin-tendências do Ibama vêm estimulando a criação de Áreas de Soltura e Monitoramento de Fau-na (ASMF) em seus estados. São áreas privadas, com boa cobertura vegetal, cujos proprietários se comprometem a seguir uma série de medidas

de proteção à fauna que porventura seja libertada ali. Além de impedir a entrada de caçadores, os proprietários também são orientados a fazer a re-composição florística e a instituir um programa de educação ambiental com as comunidades vizinhas.

Os resultados têm sido animadores. Em São Paulo, entre 2003 e 2007, dos mais de 46 mil ani-mais recebidos pelos Cetas, cerca de 35% foram libertados em áreas de soltura. No Espírito Santo, números mais surpreendentes ainda: no período 2004/2007, foram soltos 73% dos 21.211 animais re-cebidos pelo Centro de Reintrodução de Animais Selvagens – Cereias.

“Os proprietários das áreas tornam-se par-ceiros, com o comprometimento necessário para maximizar as chances de sobrevivência dos animais após as solturas”, esclarece Vincent Kurt Lo. Ele lembra que as vantagens das solturas não se limi-tam apenas aos animais libertos. “Recomendamos que os proprietários façam um enriquecimento flo-rístico de suas áreas de soltura e, nesse processo, as aves acabam ajudando muito, pois transportam sementes e aceleram a revegetação”, explica. Dessa forma, os bichos se convertem em aliados impor-tantíssimos dos proprietários rurais que, por sua vez, plantam mais árvores para ajudar no processo.

Experiências de soltura de animais por todo o Brasil

Cientes dessa vantagem, alguns proprietários seguem à risca a recomendação do Ibama. O ex-presidente do Banco Central do Brasil, Fernão Bra-cher, é um deles. Em sua propriedade no interior de SP, convertida em área de soltura, plantou, nos últimos dez anos, 327 mil mudas de 304 espécies di-ferentes. Com tamanho empenho, assegura o rece-bimento de aves como papagaios, araras-canindé e inúmeros passeriformes, que reforçam a fauna local e oferecem aos visitantes o prazer dos espetáculos de canto e vôo. Ali já foi constatada a reprodução de várias espécies soltas, como tucanos-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus), jandaias-mineiras (Aratinga auricapilla) e mutuns-de-penacho (Crax fasciolata).

Desse mesmo prazer, desfrutam também os donos de outras duas propriedades rurais paulistas convertidas em áreas de soltura. Nos 31 hectares

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de seu sítio em Mogi-Mirim, Antônio Carlos Canto Porto Neto reconhece que houve melhorias após a chegada dos novos animais. “Hoje, é possível ob-servar várias espécies de pássaros na redondeza, completamente adaptados, o que antes não havia”. Luiz de Moraes Barros Filho observa o mesmo re-sultado em sua fazenda de 208 hectares, em Itaí: “Nossas solturas são muito recentes, mas já dá para perceber maior presença dos pássaros em torno da área de soltura”.

Na Fazenda Acaraú, em Bertioga, litoral paulis-ta, os proprietários reforçaram a vegetação com o plantio de 7 mil mudas de árvores nativas, das quais 1.200 eram de palmito-juçara, espécie ameaçada. E nesse trabalho de reflorestamento certamente vão obter ajuda das aves ali soltas: uma fêmea de jacu-guaçu (Penelope obscura) já pareou com um macho das redondezas. Os papagaios-do-mangue (Amazo-na amazonica) e os curiós (Oryzoborus angolensis) também estão em franca reprodução, que começou poucos meses após a soltura.

O aumento do número de aves nas áreas de sol-tura e, conseqüentemente, em todo o entorno, traz benefícios além da esfera ambiental. Experiências desenvolvidas pelo Centro de Reabilitação de Ani-mais Silvestres (CRAS) da Secretaria do Meio Am-biente de Mato Grosso do Sul com hotéis-fazenda na região do Pantanal agradaram aos proprietários.

Eles notaram que a presença de araras e papagaios nas

proximidades dos hotéis encantavam os turistas, que voltavam ou reco-mendavam hospeda-

gem no local. “Os animais torna-

ram-se um atrativo

m u i -t o

importante para o turismo naquelas fazendas”, in-forma o biólogo do CRAS Elson Borges do Santos, que monitora as solturas.

Tão positivo foi o resultado que novos pro-prietários começaram a procurar a Secretaria de Meio Ambiente para também fazerem parte dos programas de soltura. “Hoje, estamos tra-balhando satisfatoriamente com 35 propriedades, uma delas com mais de 40 mil hectares”, conta o biólogo. Satisfeitos parecem estar também os papagaios e araras soltos, que interagem com as populações nativas e formam novos casais. Segun-do Santos, é comum avistar um animal anilhado pareando com outro sem anilhas, uma evidên-cia de que a ave se integrou ao ambiente. Outro aspecto que o biólogo faz questão de apontar é que boa parte dessas aves era proveniente de São Paulo, onde viviam trancafiadas dentro de gaiolas, em casas e até apartamentos. “Eram aves mansas, que hoje reaprenderam a viver em liberdade e estão muito bem”, finaliza.

Mas é da Bahia que vem, talvez, o exemplo mais acabado do sucesso de uma área de soltura. Em Tremedal, na borda sul da caatinga baiana, Ivar Ferraz era conhecido por não deixar ninguém caçar ou perseguir bichos na sua fazenda. A fama de Ivar acabou despertando atenção dos técnicos do Escri-tório Regional do Ibama em Vitória da Conquista, que foram checar a veracidade das informações. Constataram que, além de proteger os bichos, Ivar tinha conseguido preservar 600 hectares de mata do total de 800 hectares de sua fazenda, uma rari-dade na região. Logo formou-se a parceria e, a par-tir de 2005, a fazenda Realeza começou a receber animais do Cetas de Vitória da Conquista e muitos outros, repatriados de SP. Canários-da-terra, galos-de-campina, coleirinhos, aratingas e até os famosos rejeitados dos centros de triagem paulistas, como papagaios-verdadeiros e jabutis, encontraram ali sua chance de liberdade.

Ivar Ferraz logo compreendeu que não bastava ceder as terras para as solturas dos bichos: era pre-

ciso monitorá-los para saber que destino teriam. Empenhando esforço próprio e de seus familia-

res, acompanhou biólogos e pesquisadores, aprendeu a preencher fichas de monitora-

Sanh

aço-

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mento e passou a relatar a quantas andavam os novos hóspedes. Graças a seus relatos, o Ibama sabe que alguns passeriformes já estão repovoando a região. Que os novos jabutis já estão realizando posturas. E que aquele papagaio mansinho, que até cantava musi-quinha da Xuxa, emendou-se: arranjou parceira, fez ninho próprio e gerou filhotes.

Ivar, contudo, foi além. Por conta própria, pas-sou a ministrar palestras na associação de proprie-tários da região, ensinando aos demais fazendeiros e moradores as boas práticas ambientais: não der-rubar a mata nem queimar capoeiras, denunciar a caça e informar a avistagem de pássaros anilhados. Chegou a ponto de ir sozinho buscar um papagaio anilhado que havia sido engaiolado novamente por um morador das redondezas. O sujeito não queria devolver o bicho, mas Ivar não passou recibo: cha-mou a polícia e reabilitou o louro para a liberdade mais uma vez.

Será que tudo isso compensa? Será que esse es-forço trouxe algum benefício para Ivar Ferraz e sua propriedade? “Trouxe”, diz sem titubear. “Numa seca que teve por aqui, começou a dar lagarta nas pastagens. Foi bem numa época em que estávamos com um lote de pássaros para a soltura”, lembra. “Abri as portas dos viveiros e os pássaros foram direto nos focos das lagartas, devoraram tudo e não

tive problemas nas pastagens”. “Já nas outras fazen-das, o final foi diferente, com as lagartas fazendo bons estragos no capim”.

O apelo para as solturas tem sido compreen-dido também por grandes empresas. Recompen-sar a natureza viabilizando a liberdade dos animais é estratégia garantida para melhorar a imagem da corporação diante de clientes e acionistas. A TAM tem se engajado nesse processo, realizando, desde 2005, o transporte gratuito de animais para repa-triação. De janeiro de 2007 a junho de 2008, fo-ram 141 transportes. “Aproveitamos a capacidade de nossos aviões e contamos com a dedicação de nossas equipes, que sempre se empenham nessas operações”, explica o diretor da TAM Cargo, Mar-celo Rodrigues. Bom negócio para a empresa que, com pequenas concessões dentro de sua atividade-fim, consegue melhorar seus indicadores de respon-sabilidade socioambiental. E ótimo negócio para os bichos. Afinal de contas, a distância até uma área de soltura nem sempre está ao alcance de asas já cansadas pelo cativeiro.

Onde encontrar Ainda há muito a se fazer para que a superlo-

tação dos Cetas seja coisa do passado. Mas não há como negar que as experiências realizadas em vá-

Sagui (Cebuella pygmaea).

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rios estados comprovam que as ASMF são viáveis e geram excelentes resultados. Elas são a saída mais racional – se não a única viável – para libertar os animais aprisionados ilegalmente.

Em São Paulo, um dos estados em que os pro-cedimentos para soltura estão mais avançados, já existem dez ASMF cadastradas. Além dessas, o Ibama tem feito parcerias com outras unidades da federação com o objetivo de “repatriar” animais capturados pelo tráfico. Mais de mil aves já foram levadas de volta para a caatinga baiana, para o cer-rado e para o pantanal matogrossense. Para a Bahia, foram repatriados, também, 87 jabutis, animais que superlotam os Cetas e para os quais é complicado encontrar destinação legal.

Ainda no Sudeste, Minas Gerais tem cerca de 30 áreas de soltura na região metropolitana de Belo Horizonte e norte do estado. O Ibama, no Espírito Santo, cadastrou 27 áreas, sendo que algumas delas em território mineiro, no mesmo estilo das parce-rias São Paulo-Bahia. O Rio de Janeiro não apresen-ta áreas cadastradas, mas vem conseguindo fazer solturas em áreas bem preservadas e protegidas.

No Centro-Oeste, destaque para Mato Gros-so do Sul, onde o Ibama faz dobradinha com o CRAS da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e, juntos, obtiveram a concordância de 35 pro-prietários rurais para realizar solturas em suas fa-zendas. No Distrito Federal, o Ibama estabelece tratativas com um sindicato de proprietários rurais da região para o cadastramento das áreas de solturas. Sensibilizados pelos resultados alentadores obtidos com a soltura de mais de mil ani-mais na Chapada Imperial, dire-tores do sindicato incorporaram a idéia das solturas como forma de promover o turismo ecológi-co: 22 pessoas físicas e jurídicas já demonstraram interesse no cadastramento. Em Goiás, qua-tro propriedades já estão devida-mente cadastradas e outras seis prepararam-se para receber os animais. Uma delas, em parceria com o Ibama/SP, será utilizada na repatriação de araras.

No Nordeste, a Bahia conta com duas áreas ca-dastradas e em plena atividade. O Ceará já conta com dez áreas e, Alagoas, seis. Situação mais con-fortável tem o Piauí: lá são 40 áreas de soltura ca-dastradas, o que permite destinar para a liberdade a maioria dos animais apreendidos.

Na Paraíba, são três as áreas já em operação e outras 50 estão sendo prospectadas. Ressalte-se que o Ibama na Paraíba está realizando um estudo inédito para soltura de macacos-prego (Cebus libidi-nosus), outro “problema” nos Cetas em virtude da grande quantidade desses animais e da dificuldade para sua reintrodução. Essas solturas, porém, por serem experimentais, não são realizadas em ASMF, mas em ilhas localizadas em açudes, de forma a per-mitir um acompanhamento seguro desses primatas. O projeto conta com apoio do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros do ICMBio.

Como cadastrar no Ibamauma área de soltura?

O primeiro passo para cadastrar uma área de soltura é contatar a unidade do Ibama mais próxima. A lista completa do Ibama em todo o Brasil pode ser obtida no site www.ibama.gov.br, por meio do link “Ibama nos Estados”.

Manifestado o interesse, o proprietário passará a receber as orientações de cada superintendência. Não existe um protocolo único. Cada região faz exigências conforme as suas pe-culiaridades. A IN 179, em seu anexo I, estabelece alguns crité-rios para avaliação de ASMF que devem ser considerados em todo o país. Sua leitura, portanto, é im-prescindível.

Como o compromisso pri-meiro para o estabelecimento de uma ASMF é a segurança dos ani-mais soltos, o proprietário deve-rá demonstrar que pode impedir a caça e a captura. Nesse aspecto, programas de educação ambien-tal com a comunidade são bem-vindos e até recomendados.Ivar Ferraz, educador ambiental

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nível pessoal e funciona como poderoso marketing do comprometimento socioambiental de seu exe-cutor, seja ele pessoa física ou jurídica.

Os proprietários rurais no interior de São Paulo Antônio Carlos Canto Porto Neto e Luiz de Moraes Barros Filho atenderam às exigências do Ibama SP, e são unânimes ao reclamar do que julgam ser um ex-cesso de burocracia. Reclamam, também, por terem feito tudo sozinhos, sempre com recursos próprios. Mas, ao serem perguntados se recomendariam a ou-tros proprietários rurais a implementação de uma ASMF, ambos são afirmativos. Porto Neto chega a ser definitivo: “Sim, com muita firmeza”.

IN define critérios para soltar animais

Os critérios de soltura foram recentemente compilados e tornados mais rígidos pela Instrução Normativa nº 179, de 25 de junho de 2008. Tida como “complicadora” por aqueles que pleiteiam maior agilidade na soltura de bichos, essa IN é, na verdade, uma primeira tentativa de estabelecer critérios mais seguros na destinação dos animais silvestres apreendidos.

Em São Paulo, onde as exigências são maiores, os proprietários devem fornecer, além dos docu-mentos pessoais, comprovação da titularidade da área e certidões negativas de pendências fundiárias ou judiciais. Em seguida, devem apresentar mapa ou imagem de satélite da área, com indicações de aces-so. Também são requeridos levantamentos sobre flora, fauna, características hídricas e geológicas e a interferência humana na localidade.

Outra recomendação feita em SP é a instalação de viveiros de ambientação pré-soltura, onde os ani-mais ficarão até se acostumarem ao novo ambiente e até que chegue a hora da liberdade. A presença de profissionais habilitados para acompanhar todos os trabalhos, como biólogos, veterinários ou zootec-nistas é considerada fundamental. Para conhecer os protocolos para cadastramento de áreas de soltura no Ibama SP acesse www.ibama.gov.br/sp, clique no menu “FAUNA” e depois em “Soltura de ani-mais silvestres”.

A quantidade de exigências assusta os proprie-tários, ainda mais por não haver qualquer tipo de isenção fiscal, benefícios do governo federal ou vantagens junto ao Ibama pela implementação de ASMF. Assusta, mas nem sempre desanima, donde se deduz que a empreitada traz compensações em

Soltura de lobo-guará.

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“Tivemos que ser rigorosos”, explica o coorde-nador de Gestão do Uso de Espécies de Fauna do Ibama, João Pessoa Riograndense Moreira Júnior. “Nossa linha é favorável às solturas e reintroduções, mas temos que ter atenção para não dar um tiro no próprio pé”, prossegue o coordenador, numa clara referência às possíveis cobranças que o Ibama pode receber em caso de uma soltura desastrosa.

O coordenador informa que o Ibama está ini-ciando a elaboração de dois grandes projetos de âmbito nacional: o Projeto Nacional de Educação Ambiental e o Projeto Nacional de Reintrodução de Animais Silvestres. Os dois projetos objeti-vam, a exemplo do Projeto Cetas-Brasil, a busca de parcerias para o financiamento das atividades nos estados que envolvam a educação ambiental, com ênfase no tráfico da fauna nativa e na posse responsável de animais, e a de reintrodução de animais silvestres.

“Esperamos, dessa forma, viabilizar os protoco-los para reintrodução descritos na IN 179-2008 do Ibama e estimular a formação de parcerias na área, trazendo um caráter científico aos projetos”, res-salta o coordenador. Os projetos devem ficar pron-tos até o final de 2008.

RestriçõesA Instrução Normativa nº 179 define as dire-

trizes e procedimentos para evitar a introdução de animais exóticos, impedir a propagação de proble-mas ambientais e sanitários decorrentes de erros de solturas, além de proteger os animais silvestres de atos de abuso, maus-tratos e crueldades.

Com essa IN, um procedimento de soltura de animais silvestres terá tratamento similar a um li-cenciamento simplificado. A soltura, propriamente dita, deverá ser precedida de uma autorização pré-via (AP) e de uma autorização de soltura (AS). Essas autorizações serão expedidas por uma comissão de avaliação formada por analistas dos núcleos de fau-na das superintendências estaduais do Ibama. Para que isso ocorra, é preciso que os animais ou grupos de animais a serem soltos sejam objeto de um pro-jeto de soltura específico, elaborado por profissio-nal credenciado em seu conselho de classe ou por analista ambiental do Ibama.

Nos projetos, deverão constar dados sobre a espécie e sobre a área de soltura almejada, levanta-mento clínico e diagnóstico, levantamento genético, estudo do comportamento do animal e plano de mo-nitoramento pós-soltura. Uma bateria de exames la-boratoriais é recomendada. Deverá constar também uma análise epidemiológica da área de soltura.

Embora rigorosas, já há o entendimento entre os analistas e a coordenação de fauna do Ibama que as exigências ou recomendações da IN nº 179 devem ser consideradas de acordo com as especificidades de cada estado ou de cada projeto de soltura. A pró-pria IN prevê um prazo de cinco anos para que todas as unidades do Ibama se adaptem às novas regras. Mas bem antes disso, num prazo de dois anos, está prevista a revisão de seu texto. Só vai continuar o que estiver dando certo. E por “certo” entenda-se a harmonia entre animais soltos e o ambiente.

A versão completa da IN nº 179 pode ser obti-da pela internet em www.ibama.gov.br, clicando em “Legislação”. Ao abrir a caixa de diálogo, o usuário deve digitar pelo menos o número do ato (179), o ano da publicação (2008) e o órgão emissor (Ibama).

Biólogas monitoram aves.

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