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Revista Mundo dos Animais nº 26

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Descubra as aves que nos rodeiam em ambiente urbano e que nos passam despercebidas, saiba o que fazer se encontrar uma cria de andorinhão e aprenda a eliminar eficazmente pulgas dos seus animais. http://www.mundodosanimais.pt/revista/

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  • Esses pequenos e ligeiros msicos do ar, que gorjeiam as suas curiosas cantigas, com as quais a natureza os dotou para vergonha da arte.

    Izaak Walton

  • 4 MUNDO DOS ANIMAIS

    18Os Animais Aps o Desastre no NepalFotografias emocionantes da ajuda que os animais esto a receber no Nepal, aps um sismo que vi-timou milhares de pessoas e incontveis animais domsticos.

    42Foto-Reportagem: Aves UrbanasVivemos rodeados destas aves comuns e habitu-mo-nos sua presena e ao seu canto, ao ponto de consider-las banais e deixarmos de reparar nelas.

    60Crias de AndorinhoEntre Maio e Agosto muita gente se depara com crias cadas dos ninhos e no sabe o que fazer. Descubra neste artigo como tratar delas e as de-volver natureza.

    BEM-VINDO(A)

    A vida urbana tende a afastar--nos de diversas formas do mun-do natural. Parques e quintas so substitudos por blocos de cimento e estradas de alcatro com muito pouco de natureza neles. Mas estaremos assim to isolados?

    A nossa autora convidada Elisa-bete Rodrigues mostra-nos que no. Focando-se particularmen-te nas aves, mostra-nos atravs da arte da fotografia que muitos animais que pensamos viverem longe, esto na verdade nos-sa volta: mas ns no os vemos. Porque uma coisa olhar, outra VER (pg. 42).

    E por falar em aves, a bilo-ga Marta Fonseca explica-nos o que deve fazer se encontrar uma cria de andorinho cada do ninho, algo que acontece com alguma frequncia entre Maio e Agosto. Dispenda uns minutos, pode vir a ter o papel de salvar uma vida em breve (pg. 60).

    Carlos GandraFotografia de capa: Madis Veskimeister via Wikimedia Commons

    68Pulgas: Como EliminarConhea melhor as pulgas para as conseguir eli-minar com sucesso, dos seus animais de estima-o, da sua casa e ainda as medidas para prevenir o reaparecimento.

  • Trs rinocerontes-brancos fotografados no Ziwa Rhino Sanctuary, no Uganda.

    O rinoceronte-branco (Ceratotherium simum) a maior espcie de rinoceronte e o segundo maior animal terrestre do planeta. A subespcie do norte (Ceratotherium simum cottoni) um dos animais mais raros do planeta e a populao est limitada a cinco animais: quatro fmeas e um macho, todos em cativeiro.

    Stefane Berube, National Geographic Your Shot

    76 MUNDO DOS ANIMAIS

  • 8 MUNDO DOS ANIMAIS 9EDIO N 25 - MAIO 2015

    Um koala beb agarrado sua me enquanto esta era submetida a uma cirurgia no Australia Zoo Wildlife Hospital.

    A me koala, Lizzy, foi atropelada por um carro numa autoestrada australiana enquanto carregava o seu beb, Phantom. Lizzy sofreu um traumatismo craniano e colapso pulmonar, pelo que teve de ser operada. A cirurgia, sempre acompanhada pelo beb, correu bem e a me koala encontra-se em recuperao.

    Australia Zoo Wildlife Hospital

  • O cordeirinho Friday (Sexta-feira, em portugus) com o seu amigo felino no santurio Edgars Mission. O pequeno Friday foi encontrado junto da sua me falecida, cheio de frio, desidratado e por sua conta com apenas poucos dias de vida. Encontra-se em recuperao e tudo est a correr bem com o pequeno. Bem merece.

    Edgars Mission

    Um urso-pardo beb a aprender tcnicas de escalada com a sua mam, no parque natural de Cabrceno em Cantbria, Espanha.

    Solent News / Rex Shutterstock

  • Um polvo to fofinho e adorvel que os cientistas equacionam batiz-lo oficialmente de Adorabilis. Para ser mais preciso, Opisthotheusis adorabilis.

    O pequeno polvo cor-de-rosa e olhar de cachorrinho, vive a cerca de 500 metros de profundidade e estende os seus oito tentculos como se estivesse a abrir um paraquedas, uma vez que tem uma membrana extensa a ligar todos os membros.

    MBARI

  • Um corvo apanha boleia de uma guia em pleno voo nos cus de Seabeck, em Washington.

    Phoo Chan, Media Drum World

  • Uma raposinha sobe amigavelmente para as costas do seu protetor, o fotgrafo de vida selvagem Richard Bowler, no Pas de Gales. A imagem foi amplamente difundida atravs do Twitter com a hashtag #KeepTheBan, que marca a forte oposio de Richard caa das raposas praticada no pas.

    Richard Bowler tem a seu cargo trs raposas que j no podem ser devolvidas natureza: duas adultas, Rosie e Fen e ainda a pequena Hetty, na fotografia.

    Richard Bowler Veja mais imagens em destaque no Mundo dos Animais: - http://www.mundodosanimais.pt/fotos/imagens-da-semana/

    17

  • Os Animais Aps o Desastre no NepalTexto Carlos Gandra

    O terrvel sismo que ocorreu no Nepal em Abril mais as rplicas vitimou mais de 8 mil pessoas, 20 mil ficaram feridas e deixou cidades inteiras em runas. A tragdia foi coberta ao detalhe em in-contveis reportagens e diversos meios de aju-da humanitria foram prontamente acionados.

    A resposta, que nunca suficiente nestas ca-tstrofes, mostrou ainda assim que aprendemos com os erros cometidos no Haiti em 2010, quan-do o nmero de voluntrios que se deslocaram para o pas para ajudar foi to grande que dei-xou de haver alimentao suficiente para todos.

    Mas o que nos leva a abordar o sismo do Nepal aqui so naturalmente os animais.

    Jodi Hilton, AP Images for Humane Society International

    18 MUNDO DOS ANIMAIS

  • World Animal Protection

  • Jodi Hilton, AP Images for Humane Society International

  • Tal como aconteceu no desastre nuclear em Fukushima e em muitas outras catstrofes, os animais, em particular animais domsticos, so igualmente v-timas e precisam igualmente de ajuda.

    Nas zonas rurais do Nepal, os animais domsticos costumam ser alojados sob as habitaes e como se pode imaginar, mui-tos morreram quando as habi-taes colapsaram.

    Os que sobreviveram, incluin-do animais de estimao como gatos e ces, ficaram sozinhos sem ningum para tomar conta deles.

    A falta de alimentao, higiene bsica e o stress que os animais sentem nestas condies dimi-nui o sistema imunitrio, que por sua vez promove a disse-minao de doenas infeciosas entre os animais, uma situao que se descontrola rapidamen-te. Ferimentos provocados pe-los colapsos podem revelar-se fatais sem tratamento.

    Algumas organizaes, como a Humane Society International e a Animal Welfare Network of Nepal (mais frente deixamos--lhe uma lista de organizaes e como as pode ajudar), res-ponderam com equipas de res-gate e salvamento para tentar chegar aos animais sobreviven-tes e providenciar-lhes alimen-tao e cuidados veterinrios.

    Para alm dos animais, estas equipas tambm procuram dar apoio s pessoas que sobrevi-veram e que tm uma ligao forte com os seus animais, ar-riscando a sua vida para tentar salvar os amigos de quatro pa-tas.

    As pessoas esto dis-postas a colocar a sua vida em risco para ficar com os seus animais de companhia. So membros da famlia. Joann Lindenmayer, Humane Society International

    World Vets

    24 MUNDO DOS ANIMAIS

  • Jodi Hilton, AP Images for Humane Society International

  • World Vets

  • Jodi Hilton, AP Images for Humane Society International

  • Humane Society International Humane Society International

  • A homenagem da me dos cachor-ros de Catmandu

    Gyani Deula, conhecida como a me dos cachorros de Catmandu, capital do Nepal, organizou um ritual hindu em memria de todos os animais vtimas do sismo.

    Conhecida por ser a protetora dos ani-mais de rua, incluiu na cerimnia v-rios pratos para alimentar os animais abandonados que, com a morte de muitos dos donos, no tm literalmen-te para onde ir.

    A cerimnia inclui tambm a distribui-o de comida pelos animais noutros pontos da cidade. O staff da Humane Society International participou na ini-ciativa.

    34 MUNDO DOS ANIMAIS

    Jodi Hilton, Humane Society International

  • Jodi Hilton, Humane Society International

  • Jodi Hilton, Humane Society International

  • 40 MUNDO DOS ANIMAIS

    Como Ajudar os Animais no Nepal comum pensar-se que a ajuda apenas necessria nas primeiras semanas aps uma catstrofe. Pegando novamente no exemplo do Haiti, 5 anos depois ainda existe mais por fazer do que o que est realmente feito.

    Por esse motivo, mesmo que esteja a ler esta Revista vrios meses ou mesmo anos depois de ter ocorrido o sismo do Nepal, no deixe de visitar as ligaes que lhe deixamos em baixo para conhecer o ponto de situao e o tipo de ajuda que mais necessria:

    Humane Society Internationals International Disas-ter Relief Fundhttp://www.hsi.org/news/press_releases/2015/04/nepal--earthquake-disaster-response-042515.html

    Animal Welfare Network Nepalhttp://www.awnnepal.org/donate.php

    Society for Animal Welfare and Managementhttp://www.sawmnepal.org.np/

    Animal Nepalhttps://animalnepal.wordpress.com/donations/

    World Vets Disaster Response Teamhttp://worldvets.org/2015/04/world-vets-nepal-animal--rescue-updates-2/

    World Animal Protection Disaster Response Vetshttp://www.worldanimalprotection.org/our-work/animals--disasters

    41OS ANIMAIS APS O DESASTRE NO NEPAL

    Humane Society International

  • 42 MUNDO DOS ANIMAIS 43EDIO N 25 - MAIO 2015

    AVES URBANASF O T O - R E P O R TA G E M

    Texto e Fotos Elisabete Rodrigues

    Gaivota-dasa-escura (Larus fuscus)Almada 02/03/2014

  • 44 MUNDO DOS ANIMAIS 45EDIO N 25 - MAIO 2015

    Gaivota-dasa-escura (Larus fuscus)Almada 02/03/2014

  • 47EDIO N 25 - MAIO 2015

    Fotografia quer dizer, lite-ralmente, escrever com a luz, captar o que se v (e tambm o que se no v) com um mero clique num boto.

    como fazer magia Num ins-tante posso mostrar o mundo como o vejo e sinto e ver esse mesmo mundo atravs dos olhos de outros. Posso apreciar a beleza dos grandes planos ou deter-me demoradamente nos pequenos pormenores que a olho nu jamais poderiam ser vistos e o melhor de tudo poder eternizar um momento, quase sempre irrepetvel, que de outra forma, a pouco e pouco, se desvaneceria da memria, como que perdido no tempo

    uma arte to diversificada quanto os objectos a fotogra-far e se praticamente todos os seus campos me prendem a ateno, nenhum me cativa ou fascina tanto quanto a fotogra-fia de natureza, e dentro desta, a fotografia das aves.

    Desde pequena, pela mo do meu av fui habituada ao conv-vio com as aves, cresci rodeada de mil e um pssaros e aprendi a conhec-los, a cuidar deles e a apreciar a sua companhia, a admirar a sua beleza, o seu canto e a sua presena.

    Com quase vinte anos, veio pa-rar minha mo um livro cheio de simbolismo que contava a histria de uma Gaivota, cha-mada Ferno Capelo, que acha-va que voar era muito mais do que ir de um ponto ao outro e, apesar de ser uma estria com uma carga espiritual e filosfi-ca que usava as aves apenas para construir metforas sobre liberdade, fez crescer o meu in-teresse pelas aves comuns.

    Vivemos rodeados destas aves comuns e habitumo-nos sua presena e ao seu canto ao ponto de consider-las banais e deixarmos de reparar nelas, numa eterna cegueira (e sur-dez) do dia-a-dia

    Rabirruivo-preto (Phoenicurus ochruros)Amora, Seixal 15/03/2014

    Melro-preto (Turdus merula)Amora, Seixal 16/03/2014

    46 MUNDO DOS ANIMAIS

  • Quase espezinhamos um pom-bo ao passar na rua e no da-mos conta do canto doce do melro pousado no telhado. No vemos o ninho de andorinhas debaixo de uma varanda, nem a dana alegre dos pardais nas cordas de um estendal de rou-pa. J no levantamos os olhos

    para o cu para ver o vo ma-jestoso de uma gaivota E nem mesmo a exuberncia de uma poupa ou a elegncia de um rabirruivo parecem desper-tar-nos deste adormecimento profundo.

    A coexistncia dessas duas

    paixes, a fotografia e as aves, uma alimentando a outra, ines-peradamente conduziram-me a redescobrir a cidade para onde vim morar h cerca de dez anos, e obrigaram-me a VER com um olhar renovado cada recanto e pormenor, revelando-me uma biodiversidade e uma beleza

    que at ento me haviam pas-sado despercebidas

    A cada clique fui querendo saber mais e fazer melhor, escrever com luz o que via com o cora-o por isso quis trazer aqui um pouquinho dessa magia que nos cerca e para a qual devera-mos despertar. Parar. Respirar. Contemplar o que nos rodeia

    A natureza e as aves, sobretu-do as comuns, podem-nos sur-preender todos os dias e est tudo aqui ao lado, s olhar com olhos de VER, porque no fundo, tinha razo o poeta Afon-so Lopes Vieira, quando dizia:

    De aquele que no admira J nada de bom se tira Pois quem no sabe admirar No sabe amar

    Rola-turca (Streptopelia decaocto)Almada 22/02/2014

    49AVES URBANAS

  • Felosa-comum (Phylloscopus collybita)Amora, Seixal 08/03/2014

  • Corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo)Belm, Lisboa 15/03/2014

  • Poupa (Upupa epops)Amora, Seixal 04/05/2014

  • Pardal-comum (Passer domesticus)Amora, Seixal 16/03/2014

  • Veja mais sobre aves em: - http://www.mundodosanimais.pt/aves/

    Guincho-comum (Larus ridibundus)Amora, Seixal 09/03/2014

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  • *exceo: Klaus Roggel via Wikimedia Commons

    Crias de AndorinhoO QUE FAZER SE ENCONTRAR UMA

    Texto e Fotos* Marta Fonseca

  • Apesar do que muitas pessoas pensam, as andorinhas e os ando-rinhes no so esp-cies prximas, pertencem a fa-mlias distintas. As andorinhas pertencem famlia Hirundini-dae enquanto os andorinhes pertencem famlia Apodidae.

    evoluo convergente que as espcies sofreram ao longo da histria evolutiva que leva mui-tas vezes as pessoas a pensa-rem que so prximas. Isto , estes passeriformes desenvol-veram caractersticas seme-lhantes tendo origens diferen-tes, sendo o resultado de terem hbitos de vida semelhantes. Os andorinhes tm uma plu-magem castanha escura pare-cendo por vezes preta. So dis-tintos e identificados pelo seu voo rpido e gil, que conse-guido pela forma do seu corpo. Tm corpo aerodinmico e asas compridas e estreitas em forma de foice, excedendo a cauda bi-furcada. As suas patas so pe-quenas, pois a sua alimentao d-se durante o voo, sendo ex-clusivamente insectvoros, por esse motivo tm pouca neces-sidade de pousar.

    Todas estas caractersticas so facilmente visveis a um obser-vador de natureza, ou apenas a algum que ao passear na rua despenda um pouco de tempo a observ-los.

    Em Portugal uma espcie es-tival, podendo ser visto entre os meses de Maio a Agosto e nidi-fica de Maio a Julho. durante estes meses que muita gente se depara com crias cadas dos ninhos e no sabe o que fazer.

    A minha experincia no Cen-tro de Recuperao de Animais Silvestres de Lisboa (LxCRAS) permitiu-me aprender como tra-tar destes passeriformes para depois os devolver natureza, onde pertencem e so felizes. esta aprendizagem que irei descrever no restante artigo.

    1. Entrega a entidades competentes

    Quando nos deparamos com crias de andorinho, o melhor procedimento lev-los a um centro de recuperao prximo da zona ou contactar o SEPNA, que est encarregue de entre-gar animais silvestres aos cen-tros de recuperao.

    63CRIAS DE ANDORINHO

  • A higiene na caixa tambm importante, caso contrrio po-dem ficar com as asas danifica-das. Dever ter jornal no fundo e ser mudado diariamente.

    Antes da se proceder ali-mentao pode-se exercitar um pouco os msculos de voo. Deve segurar-se as patas pela base com os dedos, colocando o dedo indicador entre as patas e fazer movimentos na vertical, movimento que ser suficiente

    2. Como mant-los e recu-per-los

    Os andorinhes ficam bem em caixas de carto com panos ou mantas presas nas laterais, para que lhes seja possvel empoleirar-se. Esta a melhor opo, pois os andorinhes ao contrrio das andorinhas no conseguem equilibrar-se em poleiros, apenas conseguem prender-se na vertical devido s patas diminudas.

    para o andorinho bater as asas. Este procedimento deve ser feito com cuidado pois as suas patas frgeis podem cor-rer o risco de partir.

    Para se ter uma noo precisa da recuperao da cria, deve-se periodicamente pesar para veri-ficar se h aumento de peso.

    Uma vez que so insectvoros, na sua alimentao podem ser usados Zophoba morio, tambm

    conhecidos como tenbrio gi-gante, ou ento grilos mortos. Este alimento pode ser encon-trado em lojas de animais exti-cos ou de rpteis.

    Como j referido, os andori-nhes apenas se alimentam em voo e por isso no comem na mo. Para os alimentar necessrio partir os tenbrios ao meio, abrir o bico do ando-rinho e colocar meio tenbrio no fundo da cavidade bocal.

  • Os andorinhes podem por v-rias vezes rejeitar o alimento, mas necessrio insistir com pacincia. Tambm se deve dar gua com a ajuda de uma se-ringa. Com a experincia torna--se mais fcil aliment-los e de forma mais rpida.

    A alimentao deve ser feita pelo menos trs vezes por dia. Caso sejam crias muito novas a alimentao deve ser mais fre-quente, idealmente de duas em duas horas.

    Por fim, qualquer animal silves-tre tratado para ser devolvido natureza deve ter o mnimo contacto com pessoas, por isso s devem estar em contacto durante a alimentao.

    Veja mais sobre aves em: - http://www.mundodosanimais.pt/aves/

    66 MUNDO DOS ANIMAIS

  • Eli Duke via Flickr

    PulgasComo EliminarTexto Sara Guiomar e Sara Bastos

    As pulgas so um dos maiores pesade-los que assombram os donos de ces e gatos. Principalmente nos meses mais quentes, como no Vero, conseguem infestar rapidamente um animal e a casa intei-ra onde ele vive. No por acaso que a pulga apenas o parasita externo mais comum que existe em ces e gatos.

    Apesar de ser uma praga mais antiga que o pr-prio ser humano, muitas pessoas com animais de estimao no sabem como eliminar as pul-gas de forma segura e eficaz. Existe uma vasta gama de produtos destinados a eliminar pulgas, mas s funcionam quando bem escolhidos ten-do em conta o animal, o ambiente e as diferen-tes etapas da infestao. Uma m escolha do produto pode inclusive colocar em risco a sade do seu amigo, pelo que no deve descuidar este assunto.

    Mas ento, o que preciso fazer para conseguir acabar com as pulgas? Antes demais, temos de perceber o que so pulgas.

  • As pulgas so insetos que gostam de tempe-raturas quentes, humi-dade e que se alimen-tam do sangue (hematfagos) de animais com sangue quen-te, especialmente ces, gatos, coelhos, esquilos, guaxinins, ratos e sim, seres humanos. Apesar de poderem parecer todas iguais castanhas escu-ras e do tamanho da cabea de um alfinete j foram descritas mais de duas mil espcies de pulgas em todo o mundo.

    Uma das principais caracters-ticas das pulgas a sua enor-me capacidade de salto: con-seguem catapultar-se at cerca de 200 vezes o seu prprio ta-manho. Quando encontra uma pulga e a tenta apanhar, o sal-to a sua arma de defesa para escapar.

    Uma pulga pode viver at um ano (ou mais em determinadas condies) e, no caso das f-meas, pr mais de dois mil ovos durante a sua vida. No admira que o nmero de pulgas numa infestao aumente to rapida-mente.

    As pulgas transmitem-se pelo

    contacto com animais infeta-dos ou com ambientes onde elas estejam presentes. As pul-gas que parasitam ces e ga-tos no esto relacionadas com qualquer tipo de classe social ou condies de higiene, pois basta passear com o seu co num jardim onde tenha passa-do anteriormente outro animal com pulgas, para as poder tra-zer para casa.

    Uma vez em casa, basta uma pulga fmea colocar ovos para dar incio infestao.

    Os ovos caem do plo do seu animal e ficam instalados em frestas de soalho, carpetes, a cama do animal, o seu jardim (se for o caso), ou outros locais menos acessveis. Estes ovos desenvolvem-se e deles nas-cem larvas, que se deslocam para locais quentes ao abrigo da luz, sendo as frestas dos soalhos os seus locais de elei-o.

    As larvas vo-se alimentando da matria orgnica que encon-tram pelo cho, principalmente no p. Estas larvas evoluem para um casulo, onde aguardam con-dies favorveis para eclodir.

    Basta pressentirem um ligeiro aumento de temperatura, ou a respirao (dixido de carbono) de um animal, para eclodirem em pulgas adultas. Como o ci-clo de vida das pulgas, desde

    o ovo pulga adulta, est de-pendente das condies que encontra no meio, a limpeza e desinfeo da casa um dos passos mais importantes para as eliminar. J l vamos.

    70 MUNDO DOS ANIMAIS 71PULGAS: COMO ELIMINAR

  • Pulga-de-co (Ctenocephalides canis)Luis Fernndez Garca via Wikimedia Commons

    Os Perigos das Pulgas Para a SadeAs pulgas no so simplesmente parasitas inc-modos. Podem mesmo causar doenas e trans-mitir parasitas internos:

    A saliva que a pulga injeta para melhor sugar o sangue, pode provocar irritao, eczemas e outras doenas cutneas, como a DAPP (Der-matite Alrgica Picada da Pulga); Se o nmero de pulgas for elevado, o ani-mal pode ficar anmico devido quantidade de sangue perdida; As pulgas podem transmitir parasitas inter-nos como o caso do verme intestinal Dipyli-dium caninum, que alm de infetar o intestino dos ces e dos gatos, tambm transmitido a seres humanos, em especial crianas; O constante desassossego do animal, em stress com a comicho incessante, pode levar o animal a comer menos, tornar-se deprimido e at agressivo, dependendo da sua persona-lidade.

  • Um dos erros que as pessoas frequente-mente cometem ao tentar eliminar as pul-gas, s desparasitarem os seus animais.

    A verdade que quando en-contra uma pulga no plo do seu animal, isso significa que a sua casa j ter uma infestao em curso. Dizem as estimativas que os animais possuem ape-nas entre 5 a 10% das pulgas presentes em casa.

    Portanto vamos comear pelo ambiente / casa.

    Aspire tudo o que for poss-vel: cho (principalmente frin-chas), carpetes, mveis (por baixo e nos cantos), caixas de transporte, tapetes, almofadas, sofs, poro (se for o caso), etc; Tenha especial ateno em zonas mais hmidas e que no estejam muito expostas luz do Sol, pois onde as larvas se refugiam at se tornarem pulgas adultas; Quando terminar de aspirar,

    coloque o saco do aspirador dentro de outro saco ou reci-piente isolado (para evitar fuga de pulgas) e deposite-o fora de casa no ponto de recolha de lixo habitual; Lave toda a roupa em que o animal tenha estado em con-tacto, em especial das camas (a dele e a sua), com gua bem quente; Note que a eliminao das pulgas pode demorar um par de semanas ou mesmo um ms, pelo que as lavagens e aspira-es devem ser repetidas com frequncia at que no existam quaisquer pulgas no ambiente; Se for uma infestao mais grave, poder ter de recorrer a um inseticida antipulgas em casa, sendo mais recomenda-do o Biokill. Caso escolha outro produto, tenha muita ateno aos rtulos para se certificar que no corre o risco de into-xicao de pessoas e animais; Em casos de gravidade ex-trema, recorrer aos servios de uma empresa de desinfestao poder ser a soluo para re-solver de vez o problema.

    A desparasitao nos ani-mais deve comear aps ter feito a primeira aspirao e lim-peza em casa. Todos os ces e gatos em casa devem ser tra-tados, mesmo que acredite que apenas um deles est com pul-gas.

    Apesar de existirem diversos tipos de produtos, no acon-selhamos o uso de sabonetes ou champs antipulgas (salvo recomendao do seu veterin-rio), devido ao fraco efeito resi-dual assim que enxaguado e por alguns riscos associados a animais idosos ou debilitados.

    Tenha ateno a talcos antipul-gas ou outros venenos inseti-cidas, pois podem ser txicos para os animais e criar proble-mas srios, inclusivamente fa-tais. Tenha tambm especial cuidado com alguns antipulgas para ces, como o Advantix e o Pulvex, pois so altamente txicos para gatos.

    Certifique-se que o produto que vai utilizar 1) de uso veteri-nrio e 2) indicado para o ani-mal que pretende desparasitar. Consulte primeiro o seu veteri-nrio para dissipar qualquer d-vida.

    74 MUNDO DOS ANIMAIS

  • Como Evitar o Reaparecimento

    Aps eliminar com su-cesso as pulgas do seu animal e da sua casa, deve adotar me-didas preventivas para que es-tas no reapaream. Como em muitos problemas, a preveno o melhor remdio.

    Existem algumas dicas prticas que pode aplicar, para evitar que as pulgas voltem a entrar em sua casa. Nomeadamente:

    Manter o ambiente limpo e arejado, evitando a humidade excessiva; Aspirar frequentemente a casa e ter especial ateno a cestas e roupas em contacto com os animais (como as ca-mas deles); Encerar os soalhos, pois a cera txica para as pulgas;

    No jardim / exterior, pode apli-car produtos biodegradveis contra pulgas.

    Quanto ao seu animal, certi-fique-se de que lhe d banho frequentemente (nos ces, me-nos frequente nos gatos) e de que no entra em contacto com outros animais que possam ter pulgas.

    Caso tenha dvidas sobre qual o produto mais aconselhvel para o seu animal, ou se o seu animal foi afetado por outros problemas associados a uma infestao de pulgas (como alergias e parasitas internos), deve consultar o veterinrio as-sistente, que saber qual a me-lhor estratgia a adotar.

    Leia mais sobre animais de estimao em: - http://www.mundodosanimais.pt/animais-estimacao/

    chris jd via Flickr

    77PULGAS: COMO ELIMINAR

  • Inspirar pessoas a cuidar melhor dos animais

    www.mundodosanimais.pt

    Produo / Edio / DesignCarlos Gandra

    Autores nesta edioCarlos GandraElisabete RodriguesMarta FonsecaSara BastosSara Guiomar

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    Sinta-se livre para a distribuir por email, twitter, blog ou qualquer ou-tro meio, desde que nenhum dos contedos seja de alguma forma alterado.

    Todas as edies podem ser ace-didas gratuitamente em: http://www.mundodosanimais.pt/revista/

    2015 Mundo dos Animais