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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 1

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 1

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 3

NNNNN

AAAAA

J. Germano de Sousa

E D I T O R I A L

A comercialização dos medicamentos genéricos em Portugalvoltou a suscitar comentários infelizes e desajustados darealidade. Sem motivo aparente, responsáveis da AssociaçãoNacional de Farmácias vieram responsabilizar os médicos peloque consideram ser uma taxa de penetração relativamente baixados novos medicamentos no mercado português.Será, dizem eles, a resistência dos médicos que está a atrasar oêxito dos genéricos.Não se entende esta obsessão em atacar os médicos e a suaOrdem sempre que se fala de genéricos. Um hábito antigo,quase doentio e facilmente desmentido pelos factos.É público que a Ordem dos Médicos defende os genéricos.Não hesitou em lançar uma campanha junto dos médicos nosentido de os prescreverem.O que pauta os médicos é a defesa da qualidade do produtoque prescrevem e desde que ela esteja cientificamente garantida não se colocanenhuma reserva.A questão que move alguns é diferente e procuram atalhos para chegar a umfim que lhes interessa.Os interesses que movem a Ordem dos Médicos e os médicos não sãoeconómicos. Move-nos a defesa da qualidade dos genéricos e um direito deque não abdicamos é o da livre prescrição, um acto médico, exclusivamentemédico, e, por isso, insubstituível.Se é a defesa de princípios que incomoda algumas pessoas, esse é um problemadelas. Não envolvam é os médicos portugueses nem confundam as motivações.Para bom entendedor....

Neste número da Revista publica-se o Documento Orientador da Formaçãoem Medicina Intensiva.É um documento de extrema importância para os médicos que exercem a suaactividade na área da Medicina Intensiva. Ficam agora claramente definidos oscritérios de idoneidade dos serviços e de formação na Sub-especialidade.

Os Genéricos e os médicos

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Ficha Técnica

Ano 19 - Nº 35 Maio 2003

PROPRIEDADE:

Centro Editor Livreiro da Ordemdos Médicos, Sociedade Unipessoal, Lda.

Av. Almirante Gago Coutinho, 1511749-084 Lisboa

Direcção, Produção e Serviços dePublicidade:

Av. Almirante Reis, 242 - 2º E1000-057 LISBOATel. 218 437 750Fax 218 437 751

Director:J. Germano de Sousa

Directores-Adjuntos:Miguel Leão

António Reis MarquesPedro Nunes

Redactores Principais:Miguel Guimarães,

Rui Nogueira, J. Gil de Morais

Directora Executiva:Paula FortunatoDep. Editorial:

Miguel ReisDep. Comercial:

Helena PereiraDep. Financeiro:

Maria João PachecoDep. Gráfico:

Maria Helena FigueiredoCapa de: Carlos Rodrigues

Execução gáfica:Pré-impressão, Impressão

e Distribuição:MULTICOMP - Artes Gráficas, Lda.R. Nª Senhora da Conceição, 12-B

- Casais de Mem-MartinsTel. 219 213 313Fax: 219 206 263

[email protected]

Inscrição no ICS: 108374Depósito Legal: 7421/85Preço Avulso: 1,6 EurosPeriodicidade: Mensal

Tiragem: 32.000 exemplares(10 números anuais)

Ficha TécnicaS U M Á R I O

3 EDITORIAL

6 INFORMAÇÃO

Sugestão de alteração doCódigo de Nomenclatura eValor relativo dos actosMédicos, na área daCardiologia Pediátrica

8 Projectos de trabalho.O Conselho Nacional para aQualidade da Ordem dosMédicos e os Colégios deEspecialidade

13 LEGISLAÇÃO

Legislação médica publicadadurante o mês de Abril 2003

14I DISCIPLINAIntuito Pedagógico.Com função Pedagó-gica a Drª Maria JoséCardoso apresentaprocessos represen-tativos das dificuldades

da vivência diária de médicose doentes

20I OPINIÃO

Urgência hospitalar, umaproposta de melhoria doDr. Canaveira Manso

22 O Mercado das Bulas opiniãodo Dr. H. Carmona da Mota

25 DOCUMENTO

Documento orientador daFormação em MedicinaIntensiva

39 NOTÍCIAS

42 HISTÓRIA DA HISTÓRIA

O Hospital Real da Luz.Factos históricos narra-dos pelo Dr. CarlosVieira Reis

44 Da humanização do doentepsiquiátrico: o legadohistórico, ético e formativode João Cidade pelo Dr. NunoAmbrósio Lopes

46 CONTOS

De volta ao Alentejo- Drª Leonor Almeida

A Fotografia - Dr. FernandoChiotte

51 O SEU DINHEIROInformação económica

46 LIVROS

Ordem dosMédicosREVI

STA

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6 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

I N F O R M A Ç Ã O

Sugestão de alteração do Código de Nomenclatura e ValorRelativo dos Actos Médicos, na área da Cardiologia PediátricaPara harmonização entre as áreas de Cardiologia e Cardiologia Pediátrica do Código deNomenclatura e Valor Relativo dos Actos Médicos e por não ter sido aplicada à data deCardiologia Pediátrica a errata proposta pelo Colégio de Cardiologia e aprovada em reuniãodo CNE em 07 de Março de 1998, o Conselho Directivo do Colégio de EspecialidadeCardiologia sugere que sejam consideradas as seguintes alterações:

09 – Serviço Cárdio-Vasculares

Técnicas diagnósticas não invasivas (Cardiologia Pediátrica)

C C K KCÓDIGO ACTO MÉDICO actual corrigido actual corrigido

09.01.00 Electro e mecanocardiografia09.01.05 Prova de esforço máxima ou submáxima em tapete rolante

ou cicloergómetro com monitorização electrocardiográficacontínua, sob supervisão médica, com interpretação e relatório C 75 K 30 K 40

09.01.00.08 Monitorização electrocardiográfica prolongada por método doHolter, com análise de dados em tempo real, gravação contínua C35 C 40 K 16e registo intermitente, efectuada sob supervisão médica, cominterpretação e relatório

09.01.02 Pressurometria09.01.02.01 Registo ambulatório prolongado (24 horas ou mais) da pressão

arterial incluindo gravação, análise por “scanning”, interpretação C 40 C 80 K 20e relatório

09. 01.03 Ecocardiografia09.01.03.02 Idem, associado a Ecocardiografia Doppler, pulsada ou contínua,

com análise espectral C 160 C 190 K 50

09.01.03.03 Ecocardiografia em tempo real (bidimensional), com ou semregisto em modo-M, transesofágica, com inclusão de posicio- C 190 C 220 K 120namento da sonda, aquisição de imagem, interpretaçãoe relatório

09.01.03.04 Ecocardiografia em tempo real (bidimensional), com ou semregisto em modo-M, durante repouso e prova de sobrecargacardiovascular, com teste máximo ou submáximo em tapete C 100 C 240 K 50rolante, cicloergómetro e/ou sobrecarga farmacológica,incluindo monitorização electrocardiográfica, com interpre-tação e relatório

09.01.03.05 Ecocardiografia em tempo real (bidimensional), com registode imagem, com ou sem registo em modo-M, com estudoDoppler, pulsado ou contínuo, com análise espectral, intra- C 100 C 200 K 45-operatória, estudo completo, com interpretação e relatório

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8 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

QNNNNN

O Conselho Nacional para a Qualidade da Ordem dos Médicos (CNQOM)e os Colégios de especialidade

I N F O R M A Ç Ã O

Projectos de trabalho

esfera pública da saúde vai ser feito dedificuldades; se qualquer moeda temduas faces este momento representauma oportunidade excelente para apli-carmos a Qualidade na análise e avalia-ção do nosso dia-a-dia e procurarmosinterpretar o impacto desta nova viasobre o almejado desígnio de melho-rar a Saúde em Portugal. Há pois umaexcelente oportunidade para a OMexercer a autoridade que lhe estáconferida na avaliação da Qualidadeno exercício da prática médica.

Estão os médicos preocupados e ques-tionam-se, muitos deles insatisfeitoscom o seu dia a dia nas organizaçõesonde trabalham. Têm preocupaçõeslegítimas e muitos deles, também, es-tão disponíveis para colaborar em con-junto, para um futuro melhor.

Na sequência da apresentação da JointComission International 2001 entre nósfoi facultada a avaliação do manual paralaboratórios (em fase de teste nessaaltura) a um grupo de médicos portu-gueses da respectiva área. Desse gru-

po nasceu um núcleo oriundo daAnatomia Patológica, Imunohemo-terapia e Patologia Clínica e respectivosColégios - que de forma eficiente, emcerca de 8 horas distribuídas por seisreuniões de trabalho em 6 meses,consensualizou um documento quedefine os critérios a cumprir para a fasepré-analítica de amostras e que, assim,passam a integrar as boas práticas nasrespectivas áreas.

Esse pequeno texto contém um con-junto de indicadores e critérios quesustentam as responsabilidades indivi-duais a cada nível e a rastreabilidadeda amostra. O texto está disponívelatravés do Secretariado do CNE aquem o solicitar e participaram na suaelaboração entre outros, Prof. CarlosLopes, Dr. Carlos Fortes, Prof. CamiloFernandes, Dr. Carlos Falcão, Dr. FaroViana, Dr. Samuel Aparício, Dra.Teresa Chabert, Dr. M. Matos Chaves,Dr. J.M.Cabeçadas, Dr. M. João Diniz,Dra. M. Ricardina Matos, Dr. M.Esmeraldina Júnior, Dra. M. Salete

A criação do CNQOM acontece com o reconhecimen-to - por parte do CNE - de que a metodologia daQualidade tem lugar nos nossos dias pois ajuda-nos aidentificar as determinantes da nossa acção enquantomédicos e a sua influência sobre o resultado das nossasintervenções, em que, mesmo uma relação médico--doente já não se resume ao papel de cada um de doisinterlocutores, mas é fortemente influenciada poroutros da área da Saúde e fora dela, condicionados quesomos pelas forças sociais e políticas que nos enquadram

No decurso do Conselho Nacional deMedicina agora decorrido, a 13 e 14de Fevereiro, ouvimos muitas vezes apalavra Qualidade, ora de modo posi-tivo ora com a carga de dúvida sobrea sua utilidade - nunca de forma neu-tra. Como qualquer metodologia outécnica, esta também só será útil quan-do bem identificados os objectivos atratar e adequadamente planeados osmétodos a seguir.

Temos vivido sob alguma pressão polí-tica a ênfase sobre a Qualidade e mul-tiplicam-se experiências: serão as ade-quadas?Se o forem, teremos o impacto do su-cesso a testemunhar a sua utilidade, senão o forem... serão oportunidadesperdidas e a dúvida atrasará a evolu-ção de algo que representa umcontributo importante para aexplicitação das nossas intervenções in-dividualmente ou a nível de uma orga-nização, quando confrontados com asnossas escolhas.

O caminho da empresarialização na

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QSilva, Dra. Eugénia Vasconcelos, Dra.Fátima Rosado e Dra. Ana LuísaFragoso.

É muito pouco, dirão alguns.

É muito pouco, concordamos, mas émuito porque de facto representa acapacidade de encontro dos médicos,médicos de diferentes áreas, apoiadospelos respectivos Colégios, mas nãopertencentes a eles necessariamente,que disponibilizaram o seu tempo pes-soal e o seu esforço para um contributoe um resultado extensivo a todos, cons-tituindo-se como exemplo deexplicitação da Qualidade, assumidapela OM e assim cumprindo na práti-ca um referencial que permite arqui-tectar e demonstrar a auto-regulaçãoda profissão, atributo até agora con-signado pela Lei à OM.

Parece-nos ser esse o caminho e, porisso, com o contributo do CNE (quese dirigiu aos Colégios pedindo-lhes uminterlocutor para os representar juntodo CNQOM), iniciámos um programade trabalho para cerca de um ano emeio que a seu tempo iremos divul-gando e teve início no fim de Março.Do seu desenvolvimento iremos dan-do conhecimento ao longo do tempoe desde já apelamos à colaboração doscolegas que entendam útil fazê-lo.

Actualização dos Valores de C e K

Cronograma de actividades

Abordagem inicial a cumprir até ao fim de Junho, pretendendo geraralguma sintonia entre todos os colégios através da adopção de umpequeno número de indicadores e critérios de forma transversal.

PROPOSTAS1 - na área do internato de especialidade:

a) registo da actividade individual do interno considerando o seu cronogramae grau de cumprimento em cada etapa em termos quantitativos e qualita-tivos; relação com os objectivos previstos.

b) definição da capacidade de comunicação escrita e oral na respectiva alí-nea de avaliação de modo explícito

2 - na área do exercício médico:a) definição de um fluxograma numa área crítica por parte de cada colégio,

que possa identificar-se como boa prática na respectiva área a emitir pelocolégio, familiarizando cada vez mais os pares com a explicitação da qua-lidade por parte do respectivo órgão de competência.

b) em cada processo auditado devem ser evidentes os seguintes indicadores:legibilidade, presença de elementos de diagnóstico/terapêutica, de elementosde continuidade (ex. pessoas de contacto, nota de alta, pedidos a diferen-tes serviços, etc.).

c) em cada serviço auditado deverá ser evidente o cumprimento dum pro-grama de educação contínua ajustado às necessidades desse serviço eindependentemente de ter ou não idoneidade formativa.

Sendo propostas muito básicas, do dia-a-dia de quase todos nós, uma vinculaçãoformal irá certamente trazer como vantagem uma postura de maior rigor fun-damental para o bom desempenho da profissão, difícil mas apelativa que esco-lhemos.

Abordagem posterior A desenvolver no âmbito de cada colégio e das suas necessidades permitin-do construir até Novembro 2004 um conjunto de indicadores e critériosmínimos para a definição de boas práticas no seu domínio.

Para qualquer informação contactar - [email protected] ou [email protected]

O Conseho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos aprovou,na sua reunião de 18 de Março, os novos valores de C e de Kpara o ano de 2003. De aordo com a deliberação, a nova tabelados valores K passa a ser de 2,5 euros (valor mínimo), 6,75 euros(valor médio) e 11 euros (valor máximo), mantendo-se o valor deC em vigor.

MÍNIMO MÉDIO MÁXIMO

2,5 Euros 6,75 euros 11 Euros

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Prestação de Serviços de Urgênciapelos Médicos do Internato ComplementarPROPOSTA DE PORTARIA

As crescentes exigências e responsa-bilidades postas no exercício das acti-vidades médicas e cirúrgicas especia-lizadas potenciadas pela livre circulaçãode profissionais na União Europeia,requerem elevados níveis de formaçãopós-graduada.Acresce ainda que os novos modelosde organização dos cuidados de saúdese destinam a garantir, de forma cres-cente, o livre acesso a serviços de ele-vada qualificação técnica. Esta elevadaqualificação implica a existência de umaformação médica contínua durante osinternatos complementares devidamen-te inserida em serviços prestadores deassistência especializada, nos diversossectores de actividade da acção médi-ca.O cumprimento daqueles objectivosexige a permanente actualização dos

I N F O R M A Ç Ã O

programas de formação para cada es-pecialidade e que aquela garanta nãosó de melhores condições de forma-ção durante os internatos complemen-tares como também a valorização dostítulos de qualificação profissional queassegurem aos cidadãos uma confian-ça crescente em modelos organizativosinovadores.Assim, sob proposta da Ordem dosMédicos e do Conselho Nacional dosInternatos Médicos:

Ao abrigo do disposto nos artigos7º, 8º e 15º do Decreto-Lei nº128/92,de 4 de Julho, bem como no 35º doRegulamento dos Internatos Comple-mentares, aprovado pela Portaria 695/95, de 30 de Junho:

1- Nos casos das especialidades emque a prestação de serviço de urgênciadessa especialidade esteja previsto nosprogramas de formação, conforme odefinido nas respectivas portarias, os

médicos do internato complementardevem prestar serviço de urgência emregime de presença física, integradosem equipas de urgência da respectivaespecialidade, sob orientação, em regi-me de presença física, de especialistada mesma especialidade.

2- Nos casos das especialidades emque não esteja prevista a prestação deserviço de urgência dessa especialidadenos respectivos programas de forma-ção, os médicos do internato comple-mentar devem cumprir o seu horáriode trabalho integrados no funciona-mento normal do serviço da respecti-va especialidade.

3- No caso do programa deformação da especialidade contemplara prestação de serviço de urgênciadurante a frequência de estágiosparcelares, conforme o definido na res-pectiva portaria, aquela prestação deveobedecer às seguintes disposições:

a) Os médicos do internato comple-mentar deverão prestar serviço deurgência integrados nas equipas deurgência das especialidades corres-pondentes aos estágios parcelaresque se encontram a frequentar, soborientação, em regime de presençafísica, de especialista dessa especia-lidade e na instituição onde decor-re o referido estágio parcelar.

b) Nos casos em que não existamequipas de urgência organizadas dasespecialidades correspondentes aosestágios parcelares referidos no nú-mero anterior os médicos do inter-nato complementar devem cumpriro respectivo horário de trabalhointegrados no funcionamento nor-mal do serviço da especialidade cor-respondente ao estágio parcelar quese encontram a frequentar, salvo se,de acordo com o respectivo pro-grama de formação, se aplicar o pre-visto no número 1 da presente Por-taria.

INFORMAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DO NORTE DA ORDEM DOS MÉDICOS

1 - É função da Ordem dos Médicosdefender a ética, a deontologia e a qua-lificação profissional médicas, a fim deassegurar e fazer respeitar o direito dosutentes a uma medicina qualificada edar parecer sobre todos os assuntosrelacionados com o ensino, com oexercício da medicina e com aorganização dos serviços que se ocu-pem da saúde, sempre que julgue con-veniente fazê-lo, junto das entidadesoficiais competentes ou quando porestas for consultada

2 - Verifica o CRN da OM que se come-ça a instalar um clima de dúvidaquanto às circunstâncias e responsa-bilidades que envolvem o falecimentode várias crianças e cujo epicentro geo-gráfico é, aparentemente, o Hospital deGuimarães.

3 - Nos termos das suas competênciasnão pode o CRN ser alheio a uma situ-ação que envolve a vida de doentes oucolaborar com situações de irres-ponsabilidade, se estas existirem.Enquanto entidade independente dequalquer tipo de poder, deliberou o CRNanunciar que se encontra disponívelpara nomear rapidamente umaComissão Pericial com vista a contri-buir para o esclarecimento desta situa-ção. Esta Comissão está por isso àdisposição do Ministério da Saúde, doPoder Judicial se este vier a intervir e,sobretudo, das famílias das criançasfalecidas.

A todos os familiares destas crianças oCRN dirige singelamente uma palavra deconforto e manifesta as suas sincerascondolências.

Morte de Criança no Hospital de Guimarães

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Posição do Conselho Regional do NorteRelativa ao Despacho Nº 6640-2003Publicado na II Série do Diário da República em 3 de Abril de 2003

Delegação de Competências pelo coordenador da sub-regiãode Saúde do Porto nos Directores dos Centros de Saúde

2 - Esta medida merece o vivoaplauso do CRN da OM visto quepermite o real exercício da liberdadede formação dos médicos e reflecte,com toda clareza, que os princípios queo Dr. Miguel Galaghar defendeu epraticou quando membro do CRNcontinuam a ser defendidos epraticados ainda que no desempenhode outras funções.

3 - Esta medida demonstra como épossível flexibilizar e desburocratizar ofuncionamento dos Centros de Saúdesem necessidade de recorrer a pseudo-gestores iluminados.

4 - Esta medida demonstra porqueé o Director de um Centro de Saúdedeve ser obrigatoriamente um médicoespecialista em Medicina Geral e Fami-liar, ao contrário do que pensa o Se-nhor Ministro da Saúde.

O CRN da OM apela assim a todosos Coordenadores das Sub-Regiões deSaúde para que adoptem de imediatoas mesmas medidas em boa hora to-madas pelo Coordenador da Sub-Re-gião do Porto, Dr. Miguel Galaghar.

Porto, 28 de Abril de 2003

Centro Materno-Infantil do Norte1 - Nos últimos dias vários Órgãos

de Informação noticiaram a presençado Presidente do Colégio da Especiali-dade de Ginecologia/Obstetrícia daOrdem dos Médicos em reuniões comdirigentes do Ministério da Saúde apropósito do Centro Materno-Infantildo Norte.

2 - O Conselho Regional do Nortereconhece ao Senhor Ministro da Saúdea possibilidade de convocar médicosque, a titulo estritamente pessoal for-neçam ao Senhor Ministro da Saúdepareceres ou opiniões também estrita-mente pessoais. Só nessa qualidadepessoal é que, a serem verdadeiras asreferidas notícias, o Prof. Dr. Luís Graçapoderá ser tido por conselheiro do Se-nhor Ministro da Saúde.

3 - Consultado o Presidente da

Ordem dos Médicos, informa-se aopinião pública do Porto e do Norteque nem o Conselho Regional do Nortenem o Conselho Nacional Executivoautorizaram o Presidente do Colégioda Especialidade de Ginecologia/Obs-tetrícia a emitir quaisquer opiniões re-lativas ao Centro Materno-Infantil doNorte junto do Ministério da Saúde.Assim, quaisquer opiniões que aquelemédico tenha emitido não vinculam aOrdem dos Médicos, que, por isso, sereserva o direito de as invalidar.

4 - Sem prejuízo das iniciativasinternas que considere adequadas aocumprimento dos regulamentos daOrdem dos Médicos, o ConselhoRegional do Norte irá designar umaComissão de Peritos que elabore umrelatório fundamentado que permita àOrdem dos Médicos emitir o seu

parecer sobre o Centro Materno-Infantil do Norte. Só após a aprovaçãodeste relatório pelos órgãos executivosda Ordem dos Médicos é que o SenhorMinistro da Saúde poderá arrogar-se odireito de afirmar que obteve a posiçãoda Ordem dos Médicos sobre qualquermatéria relacionada com o CentroMaterno-Infantil do Norte.

Porto, 27 de Março de 2003

O Presidente do Conselho Regional,Dr. Miguel Leão

I N F O R M A Ç Ã O

1 - No dia 3 de Abril de 2003 foipublicado o Despacho N.º 6640/2003da autoria do Coordenador da Sub-Região de Saúde do Porto, Dr. MiguelGalaghar que entre outras subdele-gações de competências comete aosDirectores dos Centros de Saúde "au-torizar a inscrição e a participação emestágios, congressos, reuniões, seminá-rios, colóquios, cursos de formação ououtras iniciativas semelhantes realiza-das no País, desde que não resultemencargos, remetendo mensalmente àDivisão de Gestão de Recursos Huma-nos listagem das autorizações".

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12 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

Dando cumprimento ao artigo 42º do Decreto-Lei Nº 217/94que determina: “As decisões finais são notificadas ao arguido,aos interessados e ao Presidente da Ordem dos Médicos e publicadasno órgão oficial da Ordem dos Médicos”, a Revista da Ordem dosMédicos publica o seguinte despacho:

I N F O R M A Ç Ã OConselho Disciplinar Regional do Norte

Pena Disciplinar de Censuracom a Pena Acessória de Publicidade“DESPACHO

O Conselho Disciplinar Regional do Norte da Ordem dosMédicos, na sua sessão de 8 de Outubro de 2001, aprecioua proposta que antecede, elaborada pela Exma. Relatora, econcordando com a respectivo conteúdo, decide aplicar aoExmo. Senhor Dr. José Augusto Pereira Rodrigues a pena

disciplinar de censura, com a pena acessória de publicidade,no processo disciplinar nº 17/2001, instaurado na sequên-cia de participação do Exmo. Senhor Presidente do Colégioda Especialidade de Gastrenterologia, datada de 19 deFevereiro de 2001.”

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 13

Dr. Hugo Duarte – Consultor Jurídico - S.R.S.

L E G I S L A Ç Ã O A b r i l A b r i l A b r i l A b r i l A b r i l

1ª Série1ª Série1ª Série1ª Série1ª Série

Decreto Regulamentar Regional nº16/2003/A, da Secretaria Regional dosAssuntos Sociais da Região Autónomados Açores, de 1 de AbrilAprova a orgânica e o quadro de pessoalda Unidade de Saúde de Ilha do Pico.Revoga o Decreto Regulamentar Regio-nal nº 35/2002/A, de 21 de Dezembro.

Decreto Regulamentar Regional nº17/2003/A, da Secretaria Regional dosAssuntos Sociais da Região Autónomados Açores, de 1 de AbrilAprova a orgânica da Unidade de Saúdede Ilha de São Jorge.

Decreto-Lei nº 60/2003, do Ministé-rio da Saúde, de 1 de AbrilCria a rede de cuidados de saúdeprimários.

Decreto Legislativo Regional nº 4/2003/M, da Assembleia Legislativa Regional daRegião Autónoma da Madeira, de 7 deAbrilAprova o Estatuto do Sistema Regional deSaúde da Região Autónoma da Madeira.Revoga o Decreto Legislativo Regional nº21/91/M, de 7 de Agosto.

Portaria nº 303/2003, do Ministériodas Finanças, de 14 de AbrilEstabelece as linhas de orientação dapolítica salarial para o ano 2003 dosfuncionários e agentes da administraçãocentral, local e regional, procedendo àactualização das tabelas de ajudas decusto, subsídios de refeição e de viageme marcha, bem como das pensões a cargoda Caixa Geral de Aposentações.

Portaria nº 330/2003, do Minist. da Ciên-cia e do Ensino Superior, de 22 de AbrilCria na Escola Superior de Enfermagemde Calouste Gulbenkian o curso de pós--licenciatura de especialização emEnfermagem de Saúde Materna eObstetrícia e aprova o respectivo planode estudos.

Decreto-Lei nº 86/2003, do Ministériodas Finanças, de 26 de AbrilDefine normas especiais aplicáveis àsparcerias público-privadas.

Decreto Regulamentar nº 10/2003, doMinistério da Saúde, de 28 de AbrilAprova as condições gerais dos procedi-mentos prévios à celebração doscontratos de gestão para o estabeleci-mento de parcerias em saúde.

2ª Série2ª Série2ª Série2ª Série2ª SériePortaria nº484/2003, do Gabinete doMinistro da Saúde, de 15 Abril de 2003Aprova o Regulamento da Organizaçãointerna dos serviços do Instituto da Drogae da Toxicodependência (IDT).

Despacho nº7330/2003, do Gabinete doMinistro da Saúde, de 18 de Março epublicado em 15 de Abril de 2003Aprova e define os requisitos a que deveobedecer a forma electrónica do modelode receita médica.

Despacho conjunto nº 291/2003, dosMinistérios da Ciência e do Ensino Supe-rior e da Saúde, de 27 de Fevereiro,publicado em 27 de MarçoConstitui, no âmbito do grupo de acom-panhamento do ensino superior, na áreada saúde, instituído pela Resolução doConselho de Ministro nº 116/2002, de 2de Outubro, uma comissão técnica parao ensino da enfermagem.

Portaria nº 511/2003, do Ministro daSaúde, de 28 de AbrilHomologa os Regulamentos das Co-missões Concelhias de Águeda, Al-bergaria-a-Velha, Anadia, Mealhada,Oliveira do Bairro, Ovar, São João daMadeira e Sever do Vouga.

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Ao sermos solicitados a enviar, para publicação na Revista Nacionalda Ordem dos Médicos, situações em que foi pedida a actuação doConselho Disciplinar Regional do Norte, consideramos que ointeresse final dessa divulgação é a sua função pedagógica, para aqual, aliás, já tínhamos sido alertados por vários colegas.Assim sendo, procuraremos apresentar processos representativosdas dificuldades da vivência diária de médicos e doentes, esperandoque contribuam para o melhor relacionamento mútuo. Ao optarmospor não resumir os processos, limitando-nos a retirar os elementosidentificadores, pretendemos dar a conhecer o modo de tramitação,para que, ao verem-se eventualmente confrontados com umasituação de participação disciplinar, os colegas detenham, já, umapré-orientação.Em cada um dos casos enviados, substituiremos a identificaçãonumérica do Processo por um título temático, na tentativa deprossecução dos objectivos atrás referidos.

D I S C I P L I N A

Maria José CardosoPresidente do Conselho Disciplinar SRN

Intuito Pedagógico

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A obrigatoriedadede evitar situações dúbias1. O presente processo disciplinar foi instaurado ao Senhor

Dr. ...., devidamente identificado nos autos, na sequênciado recebimento de certidão do processo de averiguações..., da Sub-Região de Saúde de ..., datado de ...

2. Recebida aquela documentação a análise do processopermitiu apurar os seguintes factos:2.1. No dia ..., cerca das 21:00 horas, o Senhor Dr. ...,

no exercício das suas funções profissionais no Serviçode Atendimento Permanente do Centro de Saúde de..., permaneceu a fumar durante os primeiros minutosda consulta que realizou ao menor ... que, por seencontrar doente, ali recorrera acompanhado de seuspais, Senhora D. ... e Senhor ....:

2.2. Ainda no decurso daquela consulta, e depois de teremitido em nome do citado menor a correspondentereceita médica, o médico arguido solicitou aos pais domesmo que a fossem aviar, sem etiqueta médica, àFarmácia ....

2.3. Como os pais do doente tivessem manifestadooposição em aviarem a receita na indicada Farmácia, oSenhor Dr. ... reagiu de forma pouco educada egrosseira, dirigindo-lhes as seguintes palavras: Dá-mea impressão que os senhores não estão muitointeressados na saúde do vosso filho, mas sim nodinheiro", e ainda, dirigindo-se ao pai do menor, 'Vocêia, ia, ia a Lisboa".

3. Destes factos foi o arguido acusado no Despacho deAcusação que, em..., lhe foi enviado através de cartaregistada com aviso de recepção.

4. Na sequência da acusação que lhe foi formulada,apresentou o arguido a sua defesa escrita, na qual, emresumo, refere o seguinte:4.1. Embora seja um fumador inveterado, nunca fumou

nas consultas. como não fumou na consulta queefectuou ao menor....

4.2. Relativamente à Farmácia..., que é a única existentenaquela localidade, e uma vez que era necessáriointroduzir um antipirético urgente ao doente, que nãotinha no Serviço de Urgência, e para evitar umaconvulsão febril, disse aos pais da criança para irem àreferida Farmácia para bem da criança, pois tinha 39,80de temperatura.

4.3. No que diz respeito à etiqueta médica, esta mesmafoi colocada por si na respectiva receita médica, o quepoderia ser comprovado pelo empregado de serviço..., que também estava a prestar serviço no Hospital.

5. Os factos que integram a acusação resultam claramenteprovados de toda a prova testemunhal produzida.

6. Por seu lado, a tese defendida pelo arguido na sua defesanão resulta minimamente provada, sendo certo que a únicatestemunha que indicou - apenas para o facto respeitanteà aposição da etiqueta na vinheta - apresenta uma versãototalmente diferente, declarando, nomeadamente que,quando verificou que a receita não tinha etiqueta, solicitouao médico arguido que a apusesse, ao que este respondeupara os utentes em causa irem aviá-la à farmácia de ...,que ele no dia seguinte levava lá a etiqueta.

7. Os factos constantes da Acusação, e aqui dados comoprovados consubstanciam um comportamento culposodo arguido, violador dos seus deveres deontológicos.nomeadamente os constantes dos artºs. 12º e 13º, nºs 1e 2 do Código Deontológico da Ordem dos Médicos;porém, mesmo que se entenda não serem aplicáveis estasdisposições do Código Deontológico o mesmo compor-tamento constitui infracção ao estatuído nos artºs. 65º,68º, nº 3, e 70º do Decreto-Lei nº 40651, aplicáveis porforça do disposto no artº 104º do actual Estatuto daOrdem dos Médicos.

8. Em face do exposto. proponho que o Senhor Dr. ... sejapunido com uma pena de advertência.

Os honorários apresentadosdevem ser justos e sensatos1. O presente processo disciplinar foi instaurado ao Exmo.

Senhor Dr. ..., devidamente identificado nos autos, nasequência do recebimento da documentação anexa aoofício... de..., do Exmo. Senhor......

2. Aquele ofício vinha acompanhado dos seguintesdocumentos:2.1. Carta datada de..., dirigida ao Exmo. Senhor.... pela

Exma. Senhora D..., carta esta que, por sua vez, anexavao seguinte:

2.1.1. Fotocópia de cheque do Banco...;2.1.2. Discriminação de Comparticipações, emitida pela

Companhia de Seguros...;2.1.3. Memorando da Companhia de Seguros... datado

de...2.1.4. Justificativo de Internamento Hospitalar, emitido

pela Companhia de Seguros..., datado de...;2.1.5. Decomposição de honorários clínicos em inter-

namento privado, emitido pelo...2.2. Parecer, datado de..., do Exmo. Senhor Coordenador

da Comissão Regional do Exercício da Medicina Livre;

3. Recebidos e analisados os indicados documentos,constantes dos autos e aqui dados como integralmentereproduzidos, foram efectuadas as seguintes diligências:3.1. Em..., foi solicitado ao arguido, Exmo. Senhor Dr...,

que se pronunciasse;3.2. Em..., foi recebida e analisada a resposta do arguido

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e respectivos anexos;3.3. Em ... foram solicitados esclarecimentos ao Exmo. Senhor

Coordenador da Comissão Regional do Exercício daMedicina Livre;

3.4. Em ... foi solicitado parecer jurídico à Exma. SenhoraConsultora Jurídica do Conselho Regional do Norte daOrdem dos Médicos;

3.5. Na mesma data, foi recebido e analisado o parecer jurídicosolicitado;

3.6. Em ... foram recebidos e analisados os esclarecimentosque haviam sido solicitados ao Exmo. Senhor Coordenadorda Comissão Regional do Exercício da Medicina Livre;

3.7. Em... foi solicitado parecer ao Colégio da Especialidadede Anatomia Patológica, quanto ao facto de as formaçõesque motivaram as intervenções cirúrgicas em apreço nosautos poderem ou não ser classificadas como "pequenospapilomas" ou "quistos";

3.8. Em... de 1999 foi solicitada ao Colégio da Especialidadede Cirurgia Geral a classificação por regiões das lesõesem questão nos autos;

3.9. Em ... foi recebida e analisada a resposta do Colégio daEspecialidade de Cirurgia Geral;

3.10. Em ... foi recebido e analisado o parecer que havia sidosolicitado ao Colégio da Especialidade de AnatomiaPatológica.

4. A análise de todos os elementos constantes dos autos,permitiu, então, apurar os seguintes factos:4.1. No dia ..., o Exmo. Senhor Dr. ...., operou, em regime de

clínica privada, a doente Exma. Senhora D. ....4.2. As intervenções cirúrgicas realizadas a esta doente foram

as seguintes:4.2.1. Neoformação da região temporal esquerda;4.2.2. Neoformação da face interna da coxa esquerda;4.2.3. Neoformação da região toráxica direita;4.2.4. Neoformação da região mentoniana esquerda;4.2.5. Três neoformações da mama direita;4.2.6. Neoformação da região sub-mentoniana;4.2.7. Neoformação da região pré auricular;4.2.8. Neoformação da região malar direita;4.2.9. Neoformação da face externa da coxa direita;4.2.10. Neoformação da região dorsal direita;4.2.11. Neoformação da região dorsal esquerda.

4.3. Por estas intervenções, o Senhor Dr. ... debitou à doenteum valor de honorários correspondente a 325K.

4.4. A verdade é que, de acordo com o Código deNomenclatura e Valor Relativo de Actos Médicos, o SenhorDr. .. , não poderia ter debitado um valor de honoráriossuperior ao correspondente a 290K. Com efeito, deverãoser consideradas como debitáveis individualmente asseguintes lesões:4.4.1. Neoformação da região temporal esquerda, Cód.

30.00.00.06, 30K4.4.2. Neoformação da face interna da coxa esquerda,

Cód.30.00.00.06, 30K4.4.3. Neoformação da coxa direita, Cód. 30.00.00.06, 30K

4.5. Por outro lado, deverão ser consideradas como

pertencentes às mesmas regiões e concordantementedebitadas, as seguintes lesões:

4.5.1. Tórax: neoformação torácica direita e 3 neoformaçõesda mama direita Cód. 30.00.00.06 30K x 2 = 60K

4.5.2. Face: neoformação da região mentoniana esquerda,neoformação da região submentoniana, neoformaçãoda região pré-auricular e neoformação da região malardireita, Cód. 30.00.00.07 40K x 2 = 80K

4.5.3. Região torácica: neoformação da região dorsal direitae neoformação da região dorsal esquerda, Cód.30.00.00.06 30K x 2 = 60K

4.6. Resulta do exposto que o Senhor Dr. ... debitou àidentificada doente um valor de honorários que excediaem 35K aquele que lhe era permitido.

5. Destes factos foi o arguido acusado no Despacho deAcusação que, em..., lhe foi enviado através de carta registadacom aviso de recepção.

6. Na sequência da acusação que lhe foi formulada, apresentouo arguido a sua defesa escrita, na qual alegou o seguinte:6.1. Foi julgado de modo sumário, sentenciado e exposto

publicamente, sem ter sido ouvido ou ter havido umqualquer pedido de esclarecimento prévio, considerandoque nem os arguidos em processo penal são assim tratados.Para justificar este entendimento, junta cópia do ofício ...,datado de..., enviado pelo Exmo. Senhor ... à Exma. SenhoraD..

6.2. Tal procedimento foi anticonstitucional, anti-ético,antideontológico e atentatório dos seus mais básicosdireitos, devendo o indicado ofício ter sido devidamenteanalisado pelo Conselho Regional.

6.3. O conteúdo do parecer da Comissão Regional doExercício da Medicina Livre foi completamentereformulado e modificado já "a posteriori" a pedido doConselho Disciplinar e após o arguido ter sido solicitado,pela primeira vez, a prestar esclarecimentos.

6.4. Não se conforma com o entendimento do relator doprocesso na aplicação do Código de Nomenclatura e ValorRelativo do "K" da Ordem dos Médicos, pois verificam-se:6.4.1. Várias interpretações, conclusões e versões diferentes:

1ª versão, da companhia de seguros (55 K); 2ª versão,correspondente à 1ª versão da Comissão Regional doExercício da Medicina Livre (110 K); 3ª versão,correspondente à 2ª versão da Comissão Regional doExercício da Medicina Livre (290 K); 4ª versão, dopróprio arguido (325 K).

6.4.2. Interpretação subjectiva da Jurista que utilizou várioselementos interpretativos da norma, resultando dessefacto que o texto em causa não é susceptível de umainterpretação unívoca. A própria jurista reconhece que"na verdade a técnica da redacção do nº 2 do cod.30-49 não é a mais feliz e revela algumas imperícias emtorno da linguagem normativa".

6.4.3. Reconhecimento por parte da relatora que a"sintaxe" era "deplorável", dando também a suainterpretação pessoal.

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6.4.4. Reconhecimento por parte do Colégio daEspecialidade da Ordem dos Médicos que, apesar desó ser "competente para pareceres de ordem técnicada Especialidade", reconhece que a redacção é confusae enfatisa "muito embora seja aconselhável a revisãoda sintaxe do artigo em referência".

6.4.5. Poderá o arguido apresentar tantas outras opiniõesde juristas ou médicos que contrariam a interpretaçãotomada como boa pela relatora.

6.4.6. A título meramente exemplificativo, apresenta asinterpretações de livros de texto que consideram asdiferentes regiões que existem e são assim estudadas ecompreendidas.

6.5. O arguido apresentou a interpretação que julga correcta,pese as várias outras interpretações.

6.6. A doente D. ... não é directamente participante doarguido, muito pelo contrário, mostra-se altamentedecepcionada com a actuação da Ordem dos Médicos,não tendo o arguido dado qualquer conhecimento, directoou indirecto, da existência deste processo.

6.7. A Ordem dos Médicos em nada ajudou a doente, poisfoi incorrecta a informação que lhe prestou, a qual até aomomento não foi corrigida.

6.8. Não houve da sua parte qualquer intenção de prejudicara doente ou a companhia de seguros e, muito menos, defazer um "aproveitamento" de honorários, ou poderia ter"adaptado" o código à nossa interpretação, ou aindarealizar as operações em vários tempos.

6.9. A doente apresentou a questão à Ordem dos Médicosa conselho do arguido, que considera claramentedemonstrativa, não só da sua boa-fé mas situação tambémde uma correcta interpretação e aplicação do Código deNomenclatura.

6.10. Apoiou totalmente a doente nas suas justasreivindicações, o que considera demonstrativo da sua totalboa-fé e noção de que tudo estava correcto.

6.11. Sempre pautou toda a sua carreira profissional, de maisde 30 anos, dentro da melhor ética e de uma deontologiarígida - doentes e médicos.

6.12. Tem uma ficha de serviços oficiais e privados totalmentelimpa, nunca havendo qualquer queixa por parte dosdoentes ou de qualquer colega.

6.13. Sempre pautou a sua acção nos diversos lugares dedirecção que tem ocupado (público e privado) por umaactuação digna, humana, tendo sempre em vista o bemdo doente, mas nunca esquecendo os legítimos direitosdos profissionais de saúde.

6.14. Durante largos anos prestou serviços na Ordem dosMédicos, que considera de grande empenhamento esentido de responsabilidade.

6.15. Sempre defendeu os doentes, os médicos e a sua Ordem,quer em diversas comissões nacionais, quer em artigos deopinião, quer ainda em conhecidas atitudes públicas.

6.16. Conclui que, em face do que expõe:6.16.1. Não deve o Conselho Disciplinar, mesmo

entendendo que a interpretação que adoptou será acorrecta, aplicar qualquer sanção (mesmo que mínima)

a uma situação que não é clara, que é susceptível detodas as interpretações que se quiserem adoptar, emque o arguido sempre utilizou boa-fé, contenção dehonorários e apoio à doente.

6.16.2. Não deve esquecer o trabalho relevante de maisde 30 anos à comunidade médica e aos doentes.

6.16.3. Os artigos 6º, nº 2, a 30, al. a) e 81º, nº 1 e 2 doCódigo Deontológico da Ordem dos Médicos não sãominimamente aplicáveis, o mesmo acontecendo emrelação ao artigo 107º do Decreto-Lei nº 40651, de 21de Junho de 1956.

6.16.4. O Estatuto Disciplinar da Ordem dos Médicospreconiza que "o exercício da acção disciplinar de formatransparente e isenta é a garantia que os portuguesesexigem para confiar na Ordem dos Médicos. Talexercício prestigia os médicos e é a sua melhor defesa.A defesa do seu bom nome e autoridade moral."

6.16.5. A acção de qualquer Conselho Disciplinar deveráser fundamentalmente de auditoria, a qual não seráobrigatoriamente punitiva, mas sobretudo pedagógicae de orientação.

6.16.6. Deverá o processo ser arquivado.6.16.7. Deverá ser reforçado o pedido que formulou ao

Senhor Bastonário e ao Colégio da Especialidade deCirurgia, que junta como doc. 6.

7. A defesa vinha acompanhada dos seguintes documentos:7.1. Ofício n...., datado de....de 1999, enviado pelo Exmo.

Senhor Presidente do Conselho Regional do Norte daOrdem dos Médicos à Exma. Senhora D. ....;

7.2. Fotocópias de 2 páginas de Sobotta - Atlas deAnatomia 1;

7.3. Fotocópias de 2 páginas do Nouveau Traité de TechniqueChirugicale;

7.4. Carta, datada de...., subscrita pelo arguido e dirigida aoSenhor Bastonário da Ordem dos Médicos.

8. Não foram arroladas quaisquer testemunhas ou outrosdocumentos de prova, para além dos mencionados no pontoanterior.

9. Quanto ao alegado pelo arguido na sua defesa, entendemosser de referir o seguinte:9.1. É completamente falso que o arguido tenha sido julgado

e condenado sem ter sido ouvido ou ter havido qualquerpedido de esclarecimento prévio.9.1.1. Com efeito, o órgão competente para julgar e

condenar o arguido é o Conselho Disciplinar Regionaldo Norte da Ordem dos Médicos. Como o arguidobem sabe, nenhuma decisão condenatória foi contraele proferida neste órgão, nomeadamente no âmbitodeste Conselho Disciplinar. Por outro lado, odocumento que junta com o nº 1 não consubstanciaqualquer condenação.

9.1.2. Além disso, em... foi-lhe solicitado que se pronun-ciasse sobre o que entendesse por conveniente sobreo teor dos documentos que fundamentaram ainstauração do processo disciplinar, o que fez; por outro

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lado, o arguido solicitou a consulta do processodisciplinar, o que lhe foi concedido; finalmente, pediuprorrogação do prazo para apresentar a sua defesaescrita, tendo-lhe sido concedida a mesma, não obstanteserem discutíveis os argumentos invocados.

9.2. Quanto à afirmação de que o documento que junta àdefesa como documento nº 1 deveria ter sido analisadopelo Conselho Disciplinar, refira-se que a instrução doprocesso disciplinar é da competência exclusiva doConselho Disciplinar e do relator nomeado, indepen-dentemente das opiniões de terceiros a esse respeito e,muito menos, como é o caso, dos próprios arguidosenvolvidos. Sempre se dirá, no entanto, que o arguido temperfeita consciência da insustentabilidade da sua afirmação,uma vez que, tendo tido acesso à consulta do processodisciplinar, sabe perfeitamente que o documento em causafoi analisado por este Conselho, para além de muitosoutros, e que o respectivo conteúdo nem sequer foi tomadoem consideração na fundamentação da acusação.

9.3. Assiste ao arguido o direito de não se conformar com oentendimento da relatora, mas daí não resultam quaisquerconsequências práticas para além desse inconformismo.

9.4. No concernente às questões levantadas no ponto 3, erespectivas sub-alíneas, da sua defesa, sobre as váriasinterpretações quanto à aplicação do Código deNomenclatura e Valor relativo do "K" da Ordem dosMédicos, importa referir:9.4.1. Como bem demonstra o quadro que incluiu em

3.1. do seu contestatório, as versões apresentadasquanto à interpretação em causa têm em comum ofacto de, em todas elas, o valor total de K ser inferioràquele em que o arguido fundamentou os honoráriosem causa nos presentes autos. Isto é, sendo certa adiversidade das interpretações, não é menos verdadeque todas têm em comum uma realidade insofismável:o valor total de K apresentado pelo arguido foi superiorao de qualquer uma delas.

9.4.2. É ainda de notar, a este propósito, que a interpretaçãoadoptada pela signatária foi a que mais se aproximavado valor apresentado pelo arguido, pelo que aindamenos se entendem as críticas deste.

9.4.3. Quanto às opiniões diversas de outros juristas emédicos, vai uma grande diferença entre o "poderapresentar" e o "apresentar mesmo", sendo certo queo momento processual próprio para o arguido o fazerteria sido aquele em que apresentou a sua defesa.

9.4.4. Relativamente aos documentos que junta com osnºs 2 a 5, trata-se de simples fotocópias de páginasavulsas de publicações técnicas, sem que, relativamentea cada um desses documentos, o arguido justifique osfactos que pretende provar em sua defesa.

9.5. Independentemente de o arguido ter aplicado ainterpretação que julgou correcta, e muito emboranenhuma prova apresente a esse respeito, a verdade éque, no caso dos autos, a interpretação correcta é aquelaque, em função da prova que se produzir, como tal sejaconsiderada pela relatora e pelo Conselho Disciplinar.

9.6. Quanto ao alegado nos nºs 5, 6, 8 e 9 da defesa (supra,nºs. 6.6., 6.7., 6.9. e 6.10.), trata-se de matéria irrelevantepara o caso em análise nestes autos e que sai fora daesfera da competência deste Conselho Disciplinar. Semprese dirá que:9.6.1. A participação da doente não constituía pressuposto

legal e necessário para a instauração do processodisciplinar - Estatuto Disciplinar dos Médicos, artº. 6º;

9.6.2. Não foi junta aos autos nem chegou ao conhecimentodo Conselho Disciplinar qualquer manifestação dedecepção da doente e, muito menos, qualquer procu-ração para que o arguido, em seu nome, manifestassetal estado de espírito;

9.6.3. Será dado conhecimento do desfecho deste processoao Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos,o qual, certamente, informará a Senhora D. ....

9.7. Quanto ao alegado no nº 7 da defesa (supra, nº 6.8.),importará referir que não são apenas disciplinarmentepuníveis os comportamentos praticados com dolo, mastambém, como foi o caso, com negligência.

9.8. Finalmente, sendo louváveis todas as referências feitas aoseu passado profissional, não é menos verdade que issonão coloca o arguido a coberto da alçada disciplinar daOrdem dos Médicos, além de que tratar bem os doentes eagir dentro da ética e da deontologia constitui obrigaçãoelementar de qualquer médico.

10. Exorbita claramente das funções deste Conselho Disciplinara pretensão do arguido de "reforço" do pedido que formulouao Bastonário da Ordem dos Médicos e ao Colégio daEspecialidade de Cirurgia, de que junta cópia (doc. 6), e que,certamente por lapso, tem uma data futura (.......). No entanto,não pode deixar de estranhar-se que, tendo o arguidopertencido, durante... mandatos, à Direcção do Colégio daEspecialidade de Cirurgia só agora se preocupe com aredacção em causa.

11. Do exposto resultam integralmente provados os factosimputados ao arguido no despacho de acusação.

12. Tais factos indiciam um comportamento do Senhor Dr......violador dos seus deveres deontológicos, nomeadamenteos constantes dos artºs. 6º, nº 2, 13º, al. a), e 81º, nºs 1 e 2, doCódigo Deontológico da Ordem dos Médicos; porém, mesmoque se entenda serem inaplicáveis estas disposições do CódigoDeontológico, o mesmo comportamento constitui infracçãoao estatuído no artº. 107º do Decreto-Lei nº 40651, de 21de Junho de 1956, aplicável por força do disposto no artº.1040 do actual Estatuto da Ordem dos Médicos.

13. Muito embora a infracção em causa seja punível com umapena de advertência, entendo que, tendo em conta a data emque foi praticada, a mesma se encontra amnistiada por forçado disposto na al. c) do artº. 7º da Lei nº 29/99, de 12 deMaio.

14. Em face do exposto, proponho o arquivamento desteprocesso, por amnistia.

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OOOOO

uma proposta de melhoria

O P I N I Ã O

É um absurdo e uma forma encapotada de pagar menosaos médicos, que trabalham nos serviços do Estado, utili-zar obrigatoriamente 12 horas semanais do seu horárionormal, em trabalho no serviço de urgência?!!!

Urgência hospitalaruma proposta de melhoria

Canaveira MansoChefe de Serviço de Cirurgia Geral

Hospitais da Universidade de Coimbra

Ora, se o gastam na urgência, não po-dem depois exigir-lhes que trabalhemna rotina para lá desse horário, semrecurso às horas extraordinárias.Esta é outra forma camuflada de ex-ploração do trabalho médico, pois es-tas horas não contam para a reforma,nem em valor, nem em tempo deserviço.O recurso à hora extraordinária, temainda consequências graves, tanto para

o trabalho de rotina, como para a pró-pria urgência.Realmente, se grande parte do traba-lho médico é feito na urgência, o derotina fica certamente desfalcado, so-bretudo se, o número de elementos decada serviço, for insuficiente para asnecessidades.Pelo contrário, se for em excesso, comotodos têm de cumprir as tais 12 horasde rotina na urgência, torna-se neces-

sário recorrer à hipertrofia dasequipas escaladas em cada dia paraaquela, de modo a todos as poderemfazer, para gastar essas horas, masdepois, quando alguém não podecomparecer, tem de ser substituídopor outro, pois a “equipa não podeficar desfalcada” e lá vêm as horasextraordinárias inerentes....Assim é completamente incontrolávelo custo e não há contabilidade ou or-

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çamento que resista, por ser em fun-ção destas horas extraordinárias, apagar a quem ultrapasse as 12 horasde rotina semanais obrigatórias e ain-da a valores diferentes, conforme o graue o regime de trabalho.....De facto, como agora se faz, o médicorecebe no fim do mês, sempre o mes-mo vencimento, quer tenha ou nãorealizado as tais 12 horas de Urgênciasemanal que lhe são impostas. Isto por-que, se por doença, congresso ou ou-tra causa, as não puder fazer, não lhesão descontadas no vencimento e ou-tro colega em sua substituição, as teráde fazer. Como este assim vai ultra-passar as 48 horas mensais obrigató-rias, irá receber horas extraordinárias,aumentando o gasto ao hospital, queterá de pagar duas vezes pelo mes-mo serviço!!!Por todos estes motivos, é fundamen-tal que o trabalho prestado na urgênciapasse a ser pago e contabilizado deoutra forma.

Proponho:

A urgência, seria assegurada por esca-la, em turnos de 12 horas, das 8 ás20 e das 20 às 8.Nas Especialidades em presença física,o médico ficaria dispensado de com-parecer no serviço, na manhã desse dia,se turno diurno, ou na do dia seguintese turno nocturno. (Isto, se o dia deurgência coincidir com horário derotina, pois caso coincida com manhãsem trabalho de Rotina ou fim-de--semana, a folga será gozada noutro dia,a determinar com o Director de Servi-ço).Passaria a haver um pagamento, devalor fixo, por cada turno, só va-riando em função da actividade desem-penhada, portanto igual para todos in-dependentemente do regímen de tra-balho, em 35 ou 42 horas e de exclusi-vidade ou não. Isto é, se o médico ac-tuar como cirurgião ou internista, ovalor é o mesmo, seja eventual,assistente, assistente graduado ouchefe de serviço.Este modelo, teria como primeira van-tagem, resolver definitivamente a Lei

que iguala o pagamento de horas ex-traordinária na urgência, mas que nun-ca entrou em vigor para todos os Hos-pitais, evitando que, funções idênticas,continuem a ser pagas com valores di-ferentes.A função é de cirurgião ou internista enão de chefe de serviço ou graduado,pelo que não se justifica pagar de formadiferente a cada um, para a mesmafunção.A segunda vantagem, seria os hospitaispassarem a poder gerir os custos dasurgências, em função da constituiçãodas equipas, as quais passariam a serdimensionadas para serem rentáveise não como agora, para gastar as tais12 horas de rotina, ou, para através dehoras extraordinárias, os médicosconseguirem melhores vencimentosmensais.Desta forma, o hospital sabia em cadadia, quanto tinha a pagar pela urgência,pois sendo as equipas pré-estabelecidase sempre com o mesmo número deelementos, seria só somar e multiplicarpor 30 ou 365 dias.Assim passaria a haver mais economiae por serem constantes e pré-conhe-cidos os gastos, as administraçõeshospitalares conseguiriam uma melhorgestão e controlo de despesas.Continuaria a ser obrigatório até aos60 anos, fazer pelo menos um turnosemanal de 12 horas, que seria pago pelovalor estabelecido, mas se fizesse maisturnos receberia o correspondente. Sepor motivo de férias, doença, congres-so ou outro os não fizesse, é evidenteque nada receberia.Para tornar mais aliciante e compen-sador trabalhar na urgência, poderiaestabelecer-se que por cada 180 turnos(2160 horas = 90 dias) ou 360 turnos(4320 horas = 180 dias), fossecontabilizado mais um mês de tempode serviço, para efeitos de reforma.Só falta definir qual o custo a pagarpor turno:Como cada turno é de 12 horas segui-das e dá direito a folga, se nocturno ouao fim-de-semana, quando em presen-ça física, não pode ser pago como sefossem 12 horas independentes dohorário normal ou extraordinárias.

Cada turno só deve ser pago por umvalor equivalente a 6 horas extraor-dinárias, se em presença física oua 3 horas, se em prevenção. Comoestas actualmente variam conforme oregime e a categoria profissional, paranão continuar a haver diferença, seriamcalculadas pelo valor das 42 e pelas deinterno de especialidade, e deespecialista graduado, portanto tería-mos o valor já arredondado de:

- Presença Física:- Interno de especialidade = 60 €- Especialista =150 €

- Prevenção:- Interno de especialidade = 30 €- Especialista = 75 €

- Turno nocturno será acrescido dovalor das horas incómodas, já pagoagora, mas na totalidade, das 20 às 8(12 horas)

Nestas condições, o desempenho e fun-cionamento da urgência passará a sermais eficaz e rentável, ao permitir criarequipas que realmente trabalhem e quenão estão ali, para gastar horas do seuhorário normal de rotina.Também fica mais económico, por po-derem ser constituídas por menos ele-mentos e por permitir uma acentuadaredução no pagamento de horas ex-traordinárias, criando despesas fixas eadministráveis.Haja coragem em reconhecer os errose as situações dúbias em que nósmédicos nos temos deixado enredar,com a ilusão de melhorar os venci-mentos, não “fazendo ondas”, para con-tinuarmos a poder não cumprirhorários, nem sermos responsabilizadospela má produtividade dos serviços.Crie-se um horário de rotina indepen-dente do da urgência e verifique-se arentabilidade dos serviços, responsabi-lizando para o efeito os seus directores,se queremos sair do marasmo e daságuas turvas em que estamos a traba-lhar, para bem dos doentes, da saúdeno país e recuperação da honra e doprestígio, que a classe médica antiga-mente detinha.

O P I N I Ã O

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22 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

LLLLL

O P I N I Ã O

1. Não fazer promoção pública de medicamentos sujeitos a pres-crição médica é uma boa norma, que a prática consagrou e a leiprotege. Surpreende-me ver amplamente publicitado em órgãosde comunicação social um medicamento capaz de reduzir os ní-veis séricos do colesterol e as suas consequências. Surpreende--me também que esta campanha seja patrocinada por sociedadescientíficas. O cartaz da campanha ostenta uma cabeça humanaaparelhada com antolhos, o descarado objectivo de qualquer cam-panha promocional – só mostrar uma perspectiva.Temo que, a propósito de uma bem intencionada prevenção, seesteja a promover um medicamento e, consequentemente, osinteresses da empresa produtora, sem adequada consideração pelosefeitos colaterais, nomeadamente a relação custo/benefício.“Às vezes, há inimigos invisíveis, que espalham verdadeiras bombasdentro do nosso organismo que, mais cedo ou mais tarde, vão estoirar.Um desses inimigos é o colesterol” (http://www.colesterolonline.com/). “Às vezes, há mensagens subliminares, queespalham verdadeiras bombas dentro da nossa cabeça que, maiscedo ou mais tarde, vão estoirar”. (http://www.dolucro.net/).

2. Da bula microscópica do Sinvastil® “...como adjuvante deterapêuticas não medicamentosa. Só está indicada quando estas,isoladamente, não resultam”.

3. Ricardo Lourenço. Única (Expresso) 22-2-20034. “As prateleiras de supermercado começaram a assemelhar-se

a farmácias. Os alimentos a parecer medicamentos. Agora, são cadavez mais os alimentos funcionais - aqueles a que foram adicionadassubstâncias que se diz serem benéficas para a saúde. Em Espanha,dois em cada três alimentos são funcionais.” (Público, 24 de Feve-reiro de 2003)

O mercado das bulas

do nosso organismo que, mais cedoou mais tarde, vão estoirar. Um dessesinimigos é o colesterol" (http://www.colesterolonline.com/) falam dopapel dos factores de risco – fumo,dieta, exercício e idade (tendo o cui-dado de recordar que nada é seguro)para insinuar que há um medicamen-to que tem tido boa saída.“O colesterol tem tratamento;consulte o seu médico”2.

Na verdade, é de um modo semelhan-te que alguns alegam tratar a obesida-de: – Excesso de peso? para quê a ma-çada de fazer exercício ou refeiçõesfrugais quando basta tomar umaspílulas?;“O excesso de peso tem trata-mento – Sibutramina induzsaciedade precoce; consulte oseu médico”.“É maravilhoso pensar que teremoscomprimidos que permitirão encher abarriga de gelado às três da manhãsem risco de ficarmos com um pesona consciência”, afirma um director daPfizer3, justamente a empresa que pa-trocina a campanha "Colesterol,cuidado com ele".

No futuro será a PreguiçaPreguiça? Para quê a maçada de le-vantar cedo?Mãos sujas? Para quê a maçada de aslavar?“A preguiça tem tratamento;consulte o seu médico”.

No Sec XVI: – Pecados? O Papatem soluções; consulte oseu pároco.

No Sec XXI: – Gula? Preguiça?O mercado tem soluções;consulte o seu médico... enão se preocupe com o exor-bitante preço das “bulas” por-que são comparticipadas.

Estamos a caminho de uma sociedadedependente de drogas e à mercê dassuas forças; como cidadãos aceitamosuma vida farmacolizada4? como médi-cos aceitamos que o mal-estar sejaremediado? “A FOBIA SOCIAL PODESER TRATADA” (http://www.wyeth.pt);não haverá outro remédio?

Lutero queimou a bula do Papa LeãoX que concedia indulgências a quemcontribuísse para as despesas doVaticano. Para o reformador, o perdãonão se podia comprar; só contava oarrependimento.Cinco séculos depois, vejamos o queo espírito do capitalismo fez da éticaprotestante.

Colesterol

Como a experiência de séculos mos-trou, podem minimizar-se as conse-quências da aterosclerose com umavida activa e um regime alimentarsaudável. Apenas numa pequena frac-ção de indivíduos se justificam de for-ma incontroversa os medicamentos“contra o colesterol”.Vejamos a mensagem da produtora deum desses medicamentos – uma dasmaiores empresas farmacêuticas domundo – numa campanha dirigida aopúblico1:“Não sabemos se você é uma daque-las pessoas que tentam levar uma vidasaudável. Se calhar até é. Mas, tenha acerteza, nem sempre isso é osuficiente”. “Atenção! A idade ape-nas significa que o risco aumenta,o que não quer dizer indivíduos maisnovos não se devam preocupar.Pe lo contrár io” . (h t tp : / /www.colesterolonline.com/).“Magro ou activo, novo ou velho, ocolesterol pode afectar qualquer um.Mas pode fazer-se alguma coisa; per-gunte ao seu médico se um medica-mento contra o colesterol como o L....,o mais vendido dos fármacos para bai-xar o colesterol, lhe poderá ser útil”(http://www.lipitor.com).Depois de se alarmar toda a gente,(“Às vezes, há inimigos invisíveis, queespalham verdadeiras bombas dentro

H. Carmona da MotaMédico Hospitalar e Docente da FMC

O mercado das bulas

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Anexo 1 - Necessidades mínimas dos Serviçosde Medicina Intensiva

Anexo 2 - Formação em Medicina Intensiva paraInternos do Internato Complementar

Anexo 3 - Condições para Admissão à formaçãona Sub-Especialidade de Medicina Intensiva (actualCiclo de Estudos Especiais):

Anexo 4 - Modelo do formulário de candidatura aUnidade/Serviço de nível B e C

Adenda - Critérios para atribuição de equivalênciasao título de Sub-Especialista de Medicina Intensiva

Perfil dos Candidatos

Documento orientador da Formação em Medicina IntensivaDocumento orientador da Formação em Medicina Intensiva

Critérios de Idoneidadee de Formação em Medicina

Intensiva

Critérios de Idoneidadee de Formação em Medicina

Intensiva

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1 - INTRODUÇÃODe entre os desenvolvimentos maismarcantes da Medicina do Século XXconta-se a capacidade de preservar erecuperar funções vitais em disfunçãoou falência. Esse sucesso, fruto dos de-senvolvimentos da tecnologia, permitiureformular por inteiro o conceito e oslimites de intervenção da Medicina.A par do desenvolvimento tecnológicoadquiriram-se novos e aprofundadosconhecimentos de fisiopatologia e te-rapêutica que alteraram totalmente acapacidade de diagnóstico e o poten-cial de tratamento e cura de doençasantes inevitavelmente fatais. Em Portu-gal também se apreenderam os sabe-res que criaram a Medicina Intensiva e,há 40 anos, assistimos à criação dosprimeiros Serviços de Cuidados Inten-sivos.A incorporação dos desenvolvimentoscientíficos nas estratégias ao Serviço daMedicina e a evolução dos saberes mé-dicos têm transformado os Hospitaiscentrais e muitos distritais em "Hospi-tais terciários", destinados a receber etratar os doentes mais graves. Por essarazão, nos Hospitais Centrais oufuncionando como tal, há cada vezmaior necessidade de aumentar a ca-pacidade de internamento em áreasdestinadas a tratar doentes críticos.A rápida evolução de conhecimentoscientíficos e tecnológicos, obrigou à di-ferenciação e concentração de peritoscapazes de com eles lidar com eficáciae eficiência. A dimensão dos recursose a complexidade das doençasimpuseram com "naturalidade" a dife-renciação de profissionais que se trei-naram para serem capazes derentabilizar e hierarquizar a utilizaçãode cada um desses saberes. Aspotencialidades da Medicina Intensivae os encargos a ela associados, obriga-

ram a desenvolver novas vertentes dopensamento e formação médicas,designadamente a correcta gestão dosrecursos e a ponderação ética, social ecientífica dos limites de intervenção damedicina intensiva.A aprovação pelo Ministério da Saúdedo Ciclo de Estudos Especiais em Me-dicina Intensiva (despacho 276/89 de28/7) foi o primeiro passo no reconhe-cimento da necessidade de diferencia-ção na área dos Cuidados Intensivos,garantindo a aprendizagem de técnicase, sobretudo, de atitudes, gestos e pro-cedimentos que caracterizam aMedicina Intensiva.No contexto actual, a sua capacidadeformativa é contudo limitada, tendo emconta a pressão existente para a aber-tura de novos Serviços de Medicina In-tensiva ou a simples renovação huma-na daqueles que já se encontram emfuncionamento.Há pois que garantir o presente e pre-caver o futuro, programando a forma-ção de futuros Intensivistas em Servi-ços de Medicina Intensiva com idonei-dade para o fazerem. Esta constitui deresto, a base deste documento quedefine parâmetros de idoneidadeformativa para os Serviços, assim comocritérios de admissão, currículo eavaliação a que serão obrigados os fu-turos Intensivistas.Na generalidade dos Serviços de Medi-cina Intensiva em Portugal, a integraçãodos Intensivistas nas Carreiras Médicasnão está clarificada ou, encontra-se in-suficientemente regulamentada o quecria dificuldades na manutenção dos re-cursos humanos necessários ao funcio-namento desses Serviços. Embora estanão seja matéria da competência daOrdem dos Médicos, é importante quesobre ela tenha uma opinião, defen-dendo Serviços de Medicina Intensivacom identidade própria estrutural ehumana, funcionando com Intensivistasa tempo inteiro que livremente possamprogredir em carreiras próprias.

2 - DEFINIÇÃO- MEDICINA INTENSIVAÉ uma área multidisciplinar e diferencia-da das Ciências Médicas que abordaespecificamente a prevenção, diagnós-

Documento orientador da formação em MedicinaIntensiva. Aprovado em Coimbra a 26 de Novembro de2002 pela Comissão da Sub-Especialidade de MedicinaIntensiva. Homologado pelo Conselho Nacional Executi-vo de 18 de Fevereiro de 2003

Comissão: Eduardo Almeida (Coordenador),António Carneiro, Cristina Granja, Custódio Fi-dalgo, Paula Coutinho, Paulo Martins e Rui Moreno

Documento orientador da Formação em Medicina Intensiva

Critérios de Idoneidade e de Formação em Medicina Intensiva

tico e tratamento de situações dedoença aguda potencialmente reversí-veis, em doentes que apresentam falên-cia de uma ou mais funções vitais,eminente(s) ou estabelecida(s).

3 - SERVIÇOSDE MEDICINA INTENSIVAA capacidade de promover uma abor-dagem global, integrada e multidis-ciplinar do doente é uma qualidade quefacilmente se antevê cada vez mais im-portante num mundo de crescente es-pecialização e fragmentação de conhe-cimentos. É neste âmbito que apolivalência dos Serviços de MedicinaIntensiva se torna o centro da visãointegradora na abordagem do doentecomo um todo não fragmentado.• Os Serviços de Medicina Inten-

siva reconhecem-se pela suaidentidade, missão e liderança,pelo que devem ter quadros dedica-dos, constituídos por sub-especialis-tas creditados em Medicina Intensiva.

• Os Serviços de Medicina Intensiva de-vem possuir um quadro de médicospróprio, em presença física no Servi-ço de Medicina Intensiva/Unidade deCuidados Intensivos (S/UCI), a tempointeiro que praticam a Medicina Inten-siva, assegurando serviço de perma-nência durante 24 horas/dia.

• Nos Serviços de Medicina Intensiva arelação especialista de Medicina Inten-siva número de camas de cuidados in-tensivos deve ser no mínimo de:

6 Camas 4 Médicos

12 Camas 6 Médicos

20 Camas 8 Médicos

• Os Serviços de Medicina Intensiva as-sumem a responsabilidade por todasas decisões referentes aos doentes queIhes são confiados, designadamente cri-térios de admissão e alta, bem como aplanificação e a hierarquização de tra-tamentos assim como a definição doslimites de intervenção terapêutica.Sem prejuízo da necessária articulaçãocom o médico assistente e informaçãoda família e profissionais com respon-sabilidade no tratamento dos doentese em funções na UCI.

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 27

• Nos Serviços de Medicina Intensiva,além de se dominarem as técnicaspróprias dos cuidados intensivos, de-senvolvem-se metodologias e prati-cam-se atitudes, gestos e procedimen-tos, "conformes ao estado da arte" quepossibilitam a melhor orientação dosdoentes críticos. Por isso, os Serviçosde Medicina Intensiva estão equipa-dos com os recursos necessários aconcretizar esse fim (referidos noponto 4).

• Os Serviços de Medicina Intensiva, noque se refere ao reconhecimento paraa prática e formação em Medicina In-tensiva, são classificados em três níveis:A. Reconhecidos e acreditados para

a prática de Medicina Intensiva;B. Reconhecidos e acreditados para

a prática, treino e formação em Me-dicina Intensiva para Internos doInternato Complementar;

C. Reconhecidos e acreditados paraa prática, treino e formação deIntensivistas, em conformidade comos requisitos delineados neste do-cumento.

4 - AVALIAÇÃO DA IDONEIDADE

4. 1 - Avaliação da idoneidade paraa prática de Medicina Intensiva -S/UCI de nível AA avaliação da idoneidade para a prá-tica de Medicina Intensiva é feita combase no relatório do responsável daUnidade/Serviço enviado anualmente àComissão Coordenadora da Sub-Espe-cialidade de Medicina Intensiva, semprejuízo de visita presencial sempre queindicado.

Desse relatório devem constar:a) Critérios de gravidade dos doentes

internados (APACHE II e/ou SAPS II)e critérios de disfunção de órgãosavaliados de forma regular.

b) Indicadores de qualidade, traduzin-do a eficácia global das manobrasterapêuticas que foram realizadas:

- tempo de internamento no Serviço//Internamento hospitalar;

- mortalidade no Serviço e no Hospital;- relação mortalidade observada/mor-

talidade prevista ajustada para a gra-vidade e calculada com pelo menosum modelo de prognóstico geral;

- taxa de re-internamento no Serviçoaté às 48 horas após a alta do Serviçode Medicina Intensiva;

- tempo médio de ventilação;- taxa de re-intubações às 48 horas;- prevalência de infecções nosocomiais- prevalência de complicações iatrogé-

nicas (pneumotorax, reacções adver-sas medicamentosas).

5. IDONEIDADE DOS S/UCI PARA AFORMAÇÃO EM MEDICINA INTEN-SIVA: S/UCI NÍVEL B E C

5.1 - A verificação da idoneidadepara a formação bem como a ava-liação da qualidade são parecerestécnicos e atributos específicos daComissão Coordenadora da Sub-Especialidade de Medicina Intensiva,ratificados pelo Conselho Nacional Exe-cutivo da Ordem dos Médicos.Para este efeito, serão formadas comis-sões de atribuição de idoneidade, cons-tituída por dois membros nomeadospela Comissão Coordenadora da Sub-Especialidade de Medicina Intensiva eum representante do Conselho Regio-nal da respectiva zona.

5.2 - A avaliação das condições neces-sárias à classificação dos serviços, noque se refere à idoneidade para a for-mação, faz-se por visita presenciaI eperiódica.

5.3 - Dessa avaliação resulta um rela-tório que conclui pela classificação dosserviços, no que se refere à capacidadeformativa em Medicina lntensiva emnível B e C.

5.4 - A idoneidade para a formaçãoem Medicina Intensiva é nominale requerida, pelos Serviços inte-ressados, à Comissão Coordenadorada Sub-Especialidade de MedicinaIntensiva da Ordem dos Médicos. Noscasos em que o plano de formaçãoinclua a colaboração entre serviços, essefacto deve ser fundamentado e descri-to, sem prejuízo da identificação formaldo serviço requerente da capacidadeformativa.

5.5 - O requerimento de candida-tura à idoneidade para a formação emMedicina Intensiva tem de conterobrigatoriamente:

a) Dados referentes à Unidade IServiço:- estrutura física do S/UCI (área apro-

ximada em m2);- lotação e número de camas activas- dados biográficos (tipo de serviço, mis-

são, início de actividade, característi-cas do desempenho durante o tempode actividade, case-mix e evolução donúmero de internamentos, ... );

- equipamento;- quadro médico do S/UCI, indicando

o número de assistentes, especializa-ção respectiva e carga horária, quadrode enfermagem e outros técnicos.

b) Actividade assistencial:- patologias do S/UCI, estatísticas (os

dados da unidade devem ser apresen-tados incluindo pelo menos um mo-delo de prognóstico geral e um índicede carga de trabalho de enfermagem.A avaliação e registo de índices dedisfunção/falência múltipla de órgãosé desejável embora não essencial);

- parâmetros de produtividade hospi-talar (movimento dos doentes, taxa deocupação, tempo médio de interna-mento, resultados, incluindo mortali-dade hospitalar na UCI e no Hospital)

- quantificação de técnicas e de proce-dimentos efectuados na Unidade (ane-xo 1);

- técnicas e exames complementares dediagnóstico efectuados na instituiçãohospitalar onde se integra a Unidade,especialidades disponíveis na institui-ção hospitalar em presença física e emchamada (anexo 1).

c) Plano de estudos para o períodode formação, nos termos definidos nosanexos 2 e 3.

5.6 - A atribuição de idoneidade éválida por cinco anos, findos os quaisdeve ser de novo requerida à ComissãoCoordenadora da Sub-Especialidade deMedicina Intensiva.A atribuição de idoneidade é requisi-to necessário para o reconhecimen-to, pela Ordem dos Médicos, da ca-pacidade formativa em Medicina In-tensiva (S/UCI de nível B e C).

5.7 - É condição necessária para aaceitação da candidatura ao reconheci-mento da idoneidade para a formação

Documento orientador da Formação em Medicina Intensiva

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28 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

em Medicina Intensiva para os Interna-tos Complementares - S /UCI de nívelB:

a) Ser Unidade/Serviço polivalente,com pelo menos 10% de internamentosde casos médicos, cirúrgicos e interna-mentos por situações urgentes/emer-gentes;

b) Ter no mínimo dois anos de acti-vidade, demonstrada pela casuística, nostermos do ponto 5.5 - b.;

c) Ter no mínimo 6 camas activas;d) Ter um número mínimo de 150

admissões por ano;e) Ter um Intensivista nominal e for-

malmente designado como responsávelpela formação em Medicina Intensiva;

f) Constitui atribuição da ComissãoCoordenadora, estabelecer o limite má-ximo da capacidade formativa, em fun-ção da candidatura caso a caso;

g) Apresentar um plano de forma-ção descriminado que assegure o cum-primento do disposto no anexo 2.

5.8 - É condição necessária para aaceitação da candidatura à idonei-dade para a formação de Inten-sivistas - S/UCI de nível C:

a) Ser S/UCI polivalente, com pelomenos 15% de internamentos de casosmédicos, 15% de internamentos decasos cirúrgicos e 15% de interna-mentos de casos internamentos por si-tuações urgentes/emergentes. O case-mix deve incluir doentes coronários,traumatizados e neurocríticos;

b) Ter no mínimo cinco anos de ac-tividade, demonstrada pela casuística,nos termos do ponto 4.5 - b.;

c) Ter no mínimo 8 camas activas;d) Ter um número mínimo de 200

admissões por ano;e) Ter um corpo docente nominal e

formalmente designado para a forma-ção de Intensivistas, composto por pelomenos cinco Intensivistas, reconhecidospela Ordem dos Médicos;

f) Apresentar um plano de forma-ção descriminado que assegure o cum-primento do disposto no anexo 3;

g) Os planos de formação devemincluir, sempre que possível, a partici-pação em projectos de investigação.

Os Serviços candidatos à classificaçãoem nível C deverão formalizar a sua can-

didatura incluindo os seguintesparâmetros de desempenho:- índices de gravidade dos doentes

aí internados (tais como SAPS II eAPACHE II)

- estatística oficial baseada emparâmetros de produtividade:• nº camas• nº doentes ventilados• dias de internamento• taxa de ocupação• % de doentes ventilados• % de infecções nosocomiais

- capacidade para praticar as seguin-tes técnicas, asseguradas pelo Servi-ço de forma individualizada ou pelosServiços que subscreveram o planode formação (devendo existir regis-tos da sua prática regular):• monitorização contínua de

parâmetros ventilatórios ehemodinâmicos;

• monitorização invasiva hemodinâ-mica (Swan-Ganz);

• ecocardiografia;• monitorização cranio-encefálica (me-

dição PIC/SjO2/Doppler craniano);• broncofibroscopia;• técnicas de substituição de função

renal;• técnicas de pequena cirurgia (toraco-

tomias à mínima e traqueostomias).

6 - AVALIAÇÃO DOS ESTÁGIOSEM MEDICINA INTENSIVA PARAINTERNOS COMPLEMENTARESA avaliação final deste período de for-mação será feita pelo responsável for-mador (Sub-Especialista em MedicinaIntensiva), ratificada pelo Director deServiço.A avaliação final dos estágios em Me-dicina Intensiva dos Internos Comple-mentares rege-se pela norma de classi-ficação estipulada no regulamento dosinternatos. No caso da Medicina Inten-siva devem ser tidos em conta osparâmetros definidos no anexo 2, en-quanto objectivos do estágio.

7 - CANDIDATURA,FORMAÇÃO E TITULAÇÃONA SUB-ESPECIALIDADEDE MEDICINA INTENSIVAÉ requisito necessário para a candida-tura à Sub-Especialidade em MedicinaIntensiva a titulação como especialista

em área afim. Deste modo serão candi-datos à formação em Medicina Intensi-va os especialistas de Medicina Internae especialidades afins, Cirurgia Geral eespecialidades afins e Anestesiologia. Aformação em Neonatologia e a formaçãoem Medicina Intensiva para Pediatras éautónoma a este documento, sem pre-juízo da inclusão no programa de for-mação em Medicina Intensiva de conhe-cimentos sobre tratamento de doentesem idade pediátrica.O candidato ao título de Intensivistapela Ordem dos Médicos tem treino es-pecífico e orientado, adquirido em ins-tituição idónea nos termos definidosneste documento, que o habilita a exer-cer autonomamente a responsabilida-de do tratamento integral dos doentesnas Unidades de Cuidados IntensivosPolivalentes.

7.1 - Candidatura à formação deIntensivistas (Sub-Especialidade deMedicina Intensiva)

a) O Ministério da Saúde faz publi-car anualmente a lista de vagas para aformação em Medicina Intensiva emconformidade com as necessidades na-cionais e com a capacidade formativadefinida pela Comissão Coordenadorada Sub-Especialidade de Medicina In-tensiva da Ordem dos Médicos; Paraesse efeito esta comissão integra umelemento da Comissão Coordenadorada Sub-Especialidade de Medicina In-tensiva.

b) Aos candidatos assiste o direitode se candidatarem aos S/UCI em queestejam interessados;

c) A avaliação é curricular, comp-lementada por entrevista presencial pú-blica e publicitada para clarificação dosdados curriculares;

d) A ordenação de candidatos é fei-ta por cada uma das unidades de nívelC, que abriram vagas para a formaçãode Sub-Especialistas em Medicina Inten-siva, em conformidade com os critériosgerais, nos quais se inclui a apreciaçãode:• Tempo e qualidade de desempenho

em Medicina Intensiva (período de for-mação durante o internato comple-mentar)

• Classificações obtidas;• Adequação da formação do candida-

Documento orientador da Formação em Medicina Intensiva

Critérios de Idoneidade e de Formação em Medicina Intensiva

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 29

to ao perfil da S/UCI;• Concordância entre os trabalhos/li-

nhas de investigação a que o candi-dato se dedica e os trabalhos/linhasde investigação a que a S/UCI se de-dica.

7.2 - Formação de Intensivistas(Sub-Especialidade de Medicina Intensiva)• O período de formação terá a dura-

ção de 2 anos;• A formação faz-se em tempo comple-

to (42h/semana) num Serviço de Me-dicina Intensiva ou Unidade de Cui-dados Intensivos Polivalente, com ido-neidade reconhecida pela Ordem dosMédicos para esse fim.

• Durante o tempo de formação o can-didato é sujeito a avaliação contínuapelo responsável do serviço.

• Durante o tempo de formação o can-didato deve ter um regime jurídico devínculo à instituição equivalente ao doInternato Complementar, sem prejuí-zo das regalias (vencimento, contagemde tempo de serviço, garantia de lugarno quadro quando for caso disso) de-correntes do seu lugar na carreira mé-dica.

A formação formal actual dosIntensivistas é assegurada pelo Ciclo deEstudos Especiais de Medicina Intensi-va. Os termos do presente documentoexigem a revisão da legislação referen-te ao Ciclo de Estudos Especiais de Me-dicina Intensiva, nomeadamente no quese refere ao critério de admissão,currículo de formação e avaliação nostermos adiante descritos.O Programa de Formação incidirá so-bre: conhecimentos teóricos, assimcomo aprendizagem de técnicas e pro-cedimentos que permitam cumprir ocurriculum definido no anexo 3:• identificação e tratamento de situações

de emergência• individualização dos problemas essen-

ciais, assim como estabelecimento deprioridades nos procedimentos diag-nósticos e terapêuticos de situaçõesclínicas complexas

• aplicação dos conceitos fisiopatoló-gicos à realidade prática do doente

• avaliação dos prós e contras de atitu-des diagnósticas e terapêuticas

• capacidade para lidar com a comple-xidade dos problemas psicossociais

que afectam o doente grave e a suafamília

• capacidade de trabalho com equipasmultidisciplinares

• percepção dos custos dos diversosprocedimentos em Medicina Intensi-va e da relação custo/benefício.

O formando em Medicina Intensiva temque adquirir experiência no tratamen-to de:• Doenças médico-cirúrgicas com falên-

cia de órgãos associada;• Politrauma;• Doença coronária aguda;• Neurocríticos.

Deverá saber lidar com os seguintesproblemas:• falência respiratória• instabilidade hemodinâmica• agressão neurológica severa• insuficiência renal aguda• distúrbios endócrinos ou metabólicos

que ponham em risco a vida• alterações da coagulação• práticas de prevenção e controlo da

infecção• infecções graves, incluindo a sepsis• aporte nutricional• overdose e envenenamentos• agressão por agentes físicos

7.3 - Avaliação final para a obten-ção do título de Sub-Especialistaem Medicina IntensivaSão submetidos às provas de avaliaçãofinal, os candidatos que tenham obtidoaprovação na avaliação contínua de de-sempenho e de conhecimentos, comclassificação igual ou superior a 10 va-lores (escala de 0 a 20).

7.3.1 - Constituição e designaçãodos elementos do JúriPara cada Instituição são constituídosJúris, nomeados pelo Ministério da Saú-de, integrando cinco elementos efecti-vos e dois suplentes, os quais devemestar inscritos no órgão representativode sub-especialidade de MedicinaIntensiva da Ordem dos Médicos.

Elementos efectivos:Presidente - designado pelo Ministério

da Saúde, é o Director do Serviçoonde se realizam as provas.

Vogal - Designado pelo Ministério daSaúde e pertencente à Instituição.

Vogal - Designado pela Ordem dos Mé-dicos e estranho à Instituição

Vogal - Designado pela Ordem dos Mé-dicos e estranho à Instituição.

Vogal - Designado pela Ordem dos Mé-dicos e estranho à Instituição.

Elementos Suplentes:Vogal - Designado pelo Ministério da

Saúde.Vogal - Designado pela Ordem dos Mé-

dicos e estranho à Instituição.

7.3.2. Provas de avaliação finalÉ constituída por provas públicas eli-minatórias e, inclui, segundo a ordemmencionada as seguintes provas:Prova Curricular

Apreciação e discussão doCurriculum Vitae

Prova PráticaObservação de um doente, elabora-ção da história clínica e sua discus-são

Prova TeóricaAvaliação da integração ao nível deconhecimentos (prova oral)

No futuro, na tentativa de uniformizaros conhecimentos teóricos adquiridospelos candidatos nos diversos Serviçosde Medicina Intensiva, a prova oral po-derá ser substituída por um teste deresposta múltipla.

7.3.3 - Avaliação FinalÉ aprovado na avaliação final, o candi-dato que em cada uma das três provasobtenha uma classificação igual ou su-perior a 10 valores.A classificação da Avaliação Final re-sulta das médias aritméticas a partir dasclassificações obtidas nas provascurricular, prática e teórica.

7.3.4. Classificação FinalObtem-se expressa na escala de 0 a 20valores, arredondada às décimas, a par-tir da fórmula:

(Avaliação do Período de Formação+ Avaliação Final) : 2

8 - DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIASOs critérios de atribuição de equiva-lências estão regulamentados em do-cumento anexo (Adenda).

Documento orientador da Formação em Medicina Intensiva

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32 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

ANEXO 1

Necessidades mínimas dos Serviços de Medicina Intensiva

(E - Essencial; D- Desejável; O - Opcional)

ESPAÇO FÍSICO

Serviço de Medicina Intensiva, é um espaço autónomo, com pessoal eestrutura próprias individualizadas - ETamanho mínimo de 6 camas - ENúmero mínimo de ventiladores equivalente ao número de camas - ENum Serviço aberto, o espaço mínimo por cama é de 20 m2 - EA observação do doente far-se-á preferencialmente atravésde uma linha directa de visão entre doenteIenfermeiro - EMínimo de 12 tomadas eléctricas por cama - EMínimo de 2 saídas de vácuo por cama - EMínimo de três saídas de oxigénio por cama - EMínimo de duas saídas de ar comprimido por cama - EUm ponto de lavagem e desinfecção das mãos por cada três camascom activaçãoIdesactivação através do cotovelo e pé - EPode igualmente ser activadoIdesactivado por célula fotoeléctríca - DSecagem das mãos com papel "disposable" - E

MONITORIZAÇÃO

Sistema de módulos (com "trending" e registo em memória) - E Alarmes visíveis e audíveis - E Sistemas simultâneos de quatro canais permitindo formas e valores

digitais de:– ECG - E– Pressões arteriais - E PVC - E– Módulos de pressão variados (PIC / Swan-Ganz ) - E– Temperatura - E– Oximetria de pulso - EMonitorização débito cardíaco - EMonitorização contínua de parâmetros ventilatórios - EMonitorização adicional– Função pulmonar - D– Saturação sangue venoso misto - D– Detecção de arritmias - D– Calorimetria indirecta - O

Registos dos modelos de prognósticos gerais (APACHE II/SAPS II) - pelomenos um deles - ERegistos diários de índice de disfunção/falência múltipla de órgãos (SOFA,

...) - D

RECURSOS HUMANOS

MédicosCobertura nas 24 horas por pessoal qualificado em Medicina Inten-siva - ENecessários 4 intensivistas por cada 6 camas, 6 para 12 camas e 8para 20 camas - EAcesso fácil a outras especialidades (E):AnestesiologiaCardiologiaCirurgia cardio-torácicaCirurgia GeralCirurgia vascularGastroenterologia (endoscopias de urgência)Medicina InternaMicrobiologiaNefrologiaNeurocirurgiaNeurologiaOrtopediaPneumologiaRadiologia/Neuro-radiologia

EnfermeirosEnfermeiro por cama: no mínimo um enfermeiro por cada duas camas(necessários, no mínimo, 4 enfermeiros por cama para realizarem ro-tações de serviço) - ETISS (carga de trabalho médio por enfermeiro, não deve exceder maisde 45 pontos TISS ou equivalente) - EFormação contínua - E

OutrosFisioterapeuta por cada 12 camas - ETécnicos de radiologia disponíveis 24 horas por dia - EDietista disponível - EUma secretária clínica exclusiva da unidade - E

ANEXO 2

Formação em Medicina Intensiva para Internos doInternato Complementar

(E - Essencial; D- Desejável; O - Opcional)

No final do estágio deve ser capaz de:Reconhecer, priorizar as necessidades e formular planos de procedi-mentos quando em presença de patologia variada do foro médico/cirúrgico/traumatológico, designadamente nas seguintes situações:a) Prioridades no suporte de vida (A, B, C, D)b) Disfunção/falência respiratória, incluindo situações de risco e sua

prevenção;c) Disfunção/falência cardio-circulatória, incluindo situações de risco

e sua prevenção;d) Disfunção/falência renal, incluindo situações de risco e sua preven-

ção;e) SIRS/sepsis, nas suas múltiplas formas de apresentaçãof) Abordagem primária, hospitalar e terciária do traumatizado graveg) Normas de correcção de desequilíbrios hidro-electrolíticos e ácido-

básico, incluindo situações de risco e sua prevenção;h ) Estratégias de utilização de 02, prevenção do tromboembolismo

venoso, produtos para alimentação entérica e parentérica, medica-mentos vasoactivos, anti-infecciosos, derivados do sangue, fluidosde grande volume, expansores plasmáticos e outros tratamentos deuso corrente em Medicina Intensiva

Conhecer os fundamentos teóricos e práticos de diversas técnicas utili-zadas em Medicina Intensiva:

. entubação endotraqueal - E

. traqueostomias - D

. colocação de cateteres venosos centrais - E

. colocação de linhas arteriais - E

. colocação de drenos torácicos - E

. colocação de cateteres de Swan-Ganz - E

. ventilação mecânica - E

. técnicas de substituição da função renal - E

Formação em suporte avançado de vida (com carácter obrigatório)

Formação em suporte avançado de trauma (com carácter opcional)

ANEXO 3

Condições para Admissão ao período de formaçãoà Sub-Especialidade de Medicina Intensiva (actual Ciclode Estudos Especiais):a) Possuir Especialidade: Medicina Interna e/ou Especialidade afim. Cirurgia Geral e/ou Especialidade afim Anestesiologia

b) Avaliação do Curriculum Vitae, tendo em conta a experiência e activi-

ANEXOSNormas Regulamentares

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 33

ria e nosocomial, bem como saber o que fazer com infecções por germensnão banais

Conhecer e aplicar a metodologia de prevenção da infecção nosocomialConhecer as regras da boa prática na utilização de terapêutica

antimicrobiana e imunoterapia.Conceitos de sepsis, SIRS e falência multiorgânica (definição, diagnós-

tico e terapêutica específica antibiótica e imunológica, assim como tera-pêutica adjuvante das falências orgânicas instaladas)

Doenças Gastrointestinais:doenças inflamatórias intestinaispancreatiteinsuficiência hepática aguda e crónicaprevenção e tratamento da hemorragia digestiva

aguda. Peritoniteenfarte mesentéricoperfuração de vísceraoclusão intestinaltraumatismo abdominalpós operatórios de cirurgia abdominal.

Doenças Obstétricas:Toxémiaembolia amnióticaeclâmpsiaHELLP síndromahemorragia.

Acidentes do meio ambiente:Queimadurashipo e hipertermiaafogamentoelectrocussãoradiaçõesatingimento por agentes químicosmordeduras de animais.

ToxicologiaI EnvenenamentoIntoxicações agudasreacções medicamentosas adversas eanafilaxia.

Outras Matérias:Adquirir e reconhecer a importância de ter noções de Farmacologia,

farmacocinética e interacções medicamentosas.Conhecer os princípios de tratamento da dor e a metodologia de

prescrição dos medicamentos com propriedades analgésicas bem comoos relativos à sedação, inflamação e agentes antinflamatórios.

Doenças sistémicas.Reconhecer a importância e significado da colheita de órgãos para

transplante, bem como a metodologia demanutenção do dador de órgãos para transplante.

APTIDÕES TÉCNICAS

O Intensivista deve ser capaz de executar as técnicas a seguirdescriminadas, sendo facultativo, mas desejável, arealização de outras que figurarão como "desejáveis".

Foro RespiratórioAssegurar a permeabilidade da via aérea, incluindo entubação oro e

nasotraqueal, cricotirotomia de emergência e traqueostomia. Utilizaçãode máscara laríngea.

Aspiração das vias aéreas.Regulação dos diferentes ventiladores nos diversos tipos ventilatórios.

Utilização de PEEP.Regulação da concentração de 02 conforme as diferentes patologias.Uso da ventilação por máscara de forma manual ou aplicando os

vários modos ventilatórios disponíveis.

dades previamente desenvolvidas, particularmente em Serviço/Unidadesde Cuidados Intensivos.

Curriculum obrigatório da sub-especialidade da Medicina In-tensivaO Curriculum deve compreender um programa de formação teórica,que engloba a aquisição de conhecimentos da fisiopatologia, diagnósticoe tratamento das seguintes matérias:

Doenças Respiratórias - Conhecimentos sobre o tratamento de situ-ações graves que comprometem a permeabilidade da via aérea, capacida-de para identificar e resolver situações de obstrução da via aérea, identi-ficar e resolver situações de paragem respiratória.

Reconhecer e tratar casos de atingimento pulmonar por:• inalação de fumo e/ou calor.• edema pulmonar cardiogénico e ARDS.• insuficiência respiratória hipercápnica, asma severa.• traumatismo torácico.• doenças neuromusculares com compromisso da ventilação.• pós operatórios de cirurgia do tórax.• agudização de doenças respiratórias crónicas.• infecções respiratórias

Doenças Cardiovasculares: Reconhecer e tratar as diferentes situações de instabilidade

hemodinâmica e choque. Adquirir competência para reanimar situações de paragem cardíaca.

Reconhecer e tratar situações de:• enfarte agudo do miocárdio ou angina instável• insuficiência cardíaca severa• arritmias e perturbações da condução• cardiomiopatias e miocardites• doenças valvulares, defeitos septais• tamponamento, embolia pulmonar• dissecção da aorta, crise hipertensiva• doenças vasculares periféricas• pós operatórios de cirurgia cardiovascular.

Doenças Neurológicas: Reconhecer e tratar as diferentes causas de comas. Conhecer a metodologia de diagnóstico das causas de traumatismo

craniano e, saber priorizar os tratamentos indicados bem como os pro-cedimentos relativos aos traumatismos vertebro-medulares e situaçõesde pós- operatório de neurocirurgia.

Reconhecer e tratar situações de:• hipertensão intracraniana• acidentes vasculares cerebrais, vasospasmo cerebral, meningoencefalite• doenças neuromusculares agudas (Miastenia e Sindroma de GuillainBarré)• encefalopatia anóxica• estados confusionais agudos• diagnóstico de morte cerebral• epilepsia (estado de mal)

Doenças Renais - Insuficiência Renal AgudaAlterações Metabólicas e Nutricionais - Saber diagnosticar e tratar:

alterações electrolíticas e do equilíbrio ácido-basedoenças endócrinas incluindo diabetesnecessidades calóricas e monitorização da nutrição.

Doenças Hematológicas - Saber diagnosticar e tratar casos de:coagulação intravascular disseminada e outras alterações da coagula-

çãosíndromes hemolíticos, anemias agudas e crónicas, doenças autoimunesmanuseamento apropriado da transfusão de sangue e seus derivados.

Doenças InfecciosasSaber reconhecer e tratar os quadros de sepsis nas suas várias formas

de apresentaçãoInfecções graves causadas por microrganismos de origem comunitá-

ANEXOS

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Domínio das técnicas de desmame do ventilador. Colocação de drenos torácicos. Colheita e interpretação de gases de sangue arterial e venoso misto. Domínio da fisiologia das trocas gasosas e da mecânica respiratória.

Desejável - realização de broncofibroscopias terapêuticas e de entubaçõestraqueais sob broncofibroscopia.

Foro CardiovascularColocação de cateteres venosos centrais e periféricos (diferentes vias

de acessos), cateterização da artéria pulmonar, cateterização arterial,medição e interpretação de variáveis hemodinâmicas directas e calcula-das. Implementação de suporte cardiovascular.

Terapêutica antiarrítmica e trombólise.Pericardiocentese.Colocação de pace maker temporário.Treino creditado em Suporte Avançado de Vida. Cardioversão eléctri-

ca.

Foro NeurológicoInterpretação básica da TAC cerebral, monitorização da pressão

intracraneana.

Desejável - Medição da saturação venosa jugular e conhecimentos nainterpretação de Doppler cerebral.Monitorização EEG.

Foro MetabólicoImplementação de fluidoterapia endovenosa,nutrição entérica e parentérica.

Foro HematológicoCorrecção da hemostase e das perturbações da coagulação, interpre-

tação do perfil da coagulação, implementação da trombólise.

Desejável - Plasmaferese.

Foro RenalTécnicas de suporte renal extracorporal contínuas ou intermitentes.

Foro GastrointestinalColocação de balão de tamponamento gástrico e/ou esofágico.Colocação de sondas duodenais.

Foro ToxicológicoContacto com as intoxicações mais frequentes, tanto medicamentosas

quanto com pesticidas.Intoxicações pelo monóxido de carbono, nitritos. Ingestão de ácidos e

bases. Inalação tóxica de gases.

Desejável - Técnicas de purificação de sangue, oxigenação hiperbárica.

Foro GeralConsciência da importância da relação pessoal e humana no trabalho

em equipa e da articulação do trabalho intra e inter institucional, treinan-do especificamente o desenvolvimento destas variáveis.

Administração e custos.Controlo da qualidade: determinação de índices de gravidade e prog-

nóstico.Integração na investigação clínica.Conhecer os princípios éticos e legais com que se defronta o exercício

da Medicina Intensiva.

ANEXO 4

Modelo do formulário de candidatura a Unidade/Serviço de nível B e C

Modelo do formulário de candidatura a S/UCIde nível C

ESPAÇO FÍSICO

Unidade/Serviço de Medicina Intensiva (dados gerais)Data do início de actividade ____/____/ ____Área da Enfermaria ___m2Área da UCI/Serviço ___m2É um espaço autónomo ? sim não Lotação da Unidade/Serviço - número de camas _____n° de camas activas _____

RECURSOS HUMANOS

MédicosEstrutura e quadro de pessoal próprio na Unidade/Serviço sim não Director/Responsável da UCI com Sub-Especialidade de MedicinaIntensiva sim não quadro médico (Sub-Especialistas em Medicina Intensiva) assegurandoserviço permanência 24 h? sim não

Descrição das características do pessoal médicoda Unidade / Serviço

Médicos do S/UCI - nome:

Especialidade base:

Intensivista?.

Tempo dedicado ao S/UCI >90%:

Horário de 42h/semana:

Outras tarefas institucionais fora do S/UCI:

Carreira docente. Se sim especificar:

Acesso fácil a outras especialidadesAnestesiologia sim (24h <24h ) não Cardiologia sim (24h <24h ) não Cirurgia Geral sim (24h <24h ) não Cirurgia cardio-torácico sim (24h <24h ) não Cirurgia vascular sim (24h <24h ) não Gastrenterologia (endos-copias de urgência) sim (24h <24h ) não Medicina Interna sim (24h <24h ) não Microbiologia sim (24h <24h ) não Nefrologia sim (24h <24h ) não Neurocirurgia sim (24h <24h ) não Neurologia sim (24h <24h ) não Ortopedia sim (24h <24h ) não Radiologia / Neuro-radiologia sim (24h <24h ) não

EnfermeirosN° enfermeiros por cama ______

TécnicosN° de fisioterapeutas por cama ______Dietista/Nutricionista sim não

Bibliografia1. Minimal requirements for intensive care departments (ESICM Task Force). Int Care Med 23: 226-232, 19972. Continuous qualíty improvement in lhe ICU: general guidelines (ESICM task Force) Int Care Med 23: 125-127, 19973. Guidelines for a training program in intensive care medicine (ESICM/ESPIC) Int Care Med 22: 166-172,19964. Guidelines for lhe utilization of intensive care units Int Care Med 20: 163-164, 19945. Intensive care training specialty status in Europe: International comparisons (ESICM Task Force onEducational lssues)Int Care Med 24: 372-377, 19986. Guidelines for advanced training for physicians in critical care (American College of CriticaI Care of lheSociety of Critical Care Medicine) Crit Care Med 25: 1601-1607, 1997

ANEXOSNormas Regulamentares

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Técnico de radiologia disponível 24 horas sim não

MonitorizaçãoN° de camas equipadas com ventiladores ______Quantos ventiladores permitem a monitorização contínua deparâmetros ventilatórios ______N° camas equipadas com monitores ______Quantos monitores têm capacidade para medição contínua de:

ECG _____Pressões arteriais _____PVC _____Módulos de pressão variados (PIC / Swan-Ganz ,.) _____Oximetria de pulso _____

Capacidade de monitorização hemodinâmicacontínua (Swan - Ganz) sim não Capacidade para monitorização cranioencefálica(PIC/SjO2/Doppler craniano) sim não Prática regular de: traqueostomias, toracostomias,drenos pericárdicos, ... sim não Quantas camas têm capacidade para suporte renal? _____

Têm aparelhos para substituição contínua da função renal?sim não

Têm broncofibroscópio próprio? sim não Têm acesso à broncofibroscopia 24 h/dia? sim não Têm ecocardiógrafo próprio? sim não Têm acesso à ecocardiografia 24 h/dia? sim não Têm ecocardiógrafo trans-esofágico próprio? sim não Têm acesso à endoscopia 24 h/dia? sim não Têm acesso à ecografia 24 h/dia? sim não Têm acesso à TAC 24 h/dia? sim não

Actividade assistencial (referente ao último ano de actividade):N° doentes observados

médicos (%) _____cirúrgicos (%) _____traumatizados (%) _____coronários (%) _____

APACHE II/SAPS II do Serviço _____SOFA _____TISS _____Taxa de ocupação _____Tempo médio de internamento _____Mortalidade do Serviço/Mortalidade Hospitalar _____N° camas/nº doentes ventilados _____(%) de doentes ventilados _____(%) doentes ventilados mais de 48 H _____(%) de infecções nosocomiais _____

O Serviço que pretenda fazer formação em Medicina Intensiva, deveapresentar um plano de estudos teóricos para o período de formação(de acordo com o currículo obrigatório) que se possível abrangerá a áreade investigação.

Avaliação de qualidade (a realizar anualmente pelos Serviços reco-nhecidos como idóneos para a formação).APACHE II/SAPS IISOFATempo de internamento no Serviço/Tempo de internamento HospitalarTaxa de re-internamento no Serviço até às 48 h após-altaTempo médio de ventilaçãoTaxa de re-intubações às 48 hIncidência de infecções nosocomiaisIncidência de complicações iatrogénicas

Modelo do formulário de candidatura a S/UCIde nível B

ESPAÇO FÍSICOUnidade/Serviço de Medicina Intensiva (dados gerais)Data do início de actividade _____/_____ /_____Área da Enfermaria ____m2Área da UCI/Serviço ____m2É um espaço autónomo ? sim não Lotação da Unidade/Serviço - número de camas ______n° de camas activas ______

RECURSOS HUMANOS

MédicosEstrutura e quadro de pessoal próprio, dedicados ao S/UCI

sim não Director/Responsável da UCI com Sub-Especialidade de Medicina In-tensiva sim não

Responsável pela formação em Medicina Intensiva com Sub-Especiali-dade de Medicina Intensiva sim não

Quadro médico (Sub-Especialistas em Medicina Intensiva) asseguran-do serviço permanência 24 h? sim não

Descrição das características do pessoal médicoda Unidade / Serviço

Médicos do S/UCI - nome:

Especialidade base:

Intensivista?.

Tempo dedicado ao S/UCI >90%:

Horário de 42h/semana:

Outras tarefas institucionais fora do S/UCI:

Carreira docente. Se sim especificar:

EnfermeirosN° enfermeiros por cama ______

TécnicosN° de fisioterapeutas por cama ______Dietista/Nutricionista sim não Técnico de radiologia disponível 24 horas sim não

MonitorizaçãoN° de camas equipadas com ventiladores ______Quantos ventiladores permitem a monitorização contínua deparâmetros ventilatórios ______N° camas equipadas com monitores ______Quantos monitores têm capacidade para medição contínua de:

ECG _____Pressões arteriais _____PVC _____Módulos de pressão variados (PIC / Swan-Ganz ,.) _____Oximetria de pulso _____

Capacidade de monitorização hemodinâmica contínua (Swan - Ganz)sim não Capacidade para monitorização cranioencefálica (PIC/SjOz/Dopplercraniano) sim não Quantas camas têm capacidade para suporte renal? _____

ANEXOS

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Actividade assistencial (referente ao último ano de actividade):N° doentes observados

médicos (%) ______cirúrgicos (%) ______traumatizados (%) ______coronários (%) ______

APACHE II/SAPS II do Serviço ____SOFA ____TISS ____Taxa de ocupação ______Tempo médio de internamento _______Mortalidade do Serviço/Mortalidade Hospitalar ______N° camas/nº doentes ventilados ______(%) de doentes ventilados ______(%) doentes ventilados mais de 48 H ______(%) de infecções nosocomiais ______

ANEXOSNormas Regulamentares

ADENDA

Critérios para atribuição do título de Sub-Especialista emMedicina Intensiva pela Comissão Coordenadora da Sub-Especialidade de Medicina Intensiva da Ordem dos Médicos

Este documento pretende regulamentar os critérios deavaliação para admissão por consenso à Sub-Especialidadede Medicina Intensiva, descrevendo o perfil dos candidatose a forma de apresentação das candidaturas. Estará emvigor até que o documento elaborado pelo Comissão Co-ordenadora da Sub-Especialidade em Medicina Intensivada Ordem dos Médicos entre em pleno funcionamento.

1 - Esta modalidade de candidatura só se aplica a quem adquiriuformação e trabalha em Serviços do nível "C":Possuir formação em Medicina Intensiva/UCI, realizada emServiços de nível "C", em conformidade com a lista de Serviçosdefinida pela Comissão Coordenadora da Sub-Especialidade deMedicina Intensiva da Ordem dos Médicos, nos termos doDocumento sobre Formação em Medicina Intensiva elaboradopela dita Comissão.Trabalhar de forma contínua, dedicando pelo menos 75% da suaactividade médica, ao Serviço de Medicina Intensiva Polivalentede nível "C" há pelo menos 3 anos.A prestação de serviços médicos por escala, mesmo com carácterde regularidade, não se encontra abrangida por este ponto.

Das candidaturas deverão constar:a) curriculum vitae sumáriob) documento comprovativo da formação em Serviço de nível

"C" (anexo 1) confirmado pelo Director de Serviço e pelaSecretaria do Hospital correspondente.

c) documento oficial comprovando trabalho contínuo e regu-lar em Serviço de Medicina Intensiva de nível "C" nos últimos3 anos.

2 – Possuir o Ciclo de Estudos Especiais em Medicina Intensiva.Das candidaturas deverão constar:

a) curriculum vitae sumáriob) documento oficial, passado pela secretaria do Hospital, com-

provando a obtenção do Ciclo de Estudos Especiais emMedicina Intensiva.

3 – Trabalhar de forma continuada, dedicando pelo menos 75% dasua actividade médica durante os últimos 3 anos, em Serviço deMedicina Intensiva/UCI Polivalente de nível "C", reconhecido pelaComissão Coordenadora da Sub-Especialidade de MedicinaIntensiva da Ordem dos Médicos e possuir o Diploma da SociedadeEuropeia de Cuidados Intensivos.Das candidaturas deverão constar:

a) curriculum vitae sumáriob) diploma Europeu em Cuidados Intensivos

c) documento oficial comprovativo de trabalho contínuo eregular em Serviço de Medicina Intensiva Polivalente denível "C" há pelo menos 3 anos.

4 - Médico oriundo de qualquer País da Comunidade Europeia,ou de qualquer País com os quais a Comunidade Europeia tenhaacordos especiais, que possua formação em Medicina Intensivadevidamente comprovada (Especialidade em Medicina Intensiva,Diploma Europeu em Cuidados Intensivos) e que trabalhe hápelo menos 3 anos em Serviço de Medicina Intensiva Polivalente.Das candidaturas deverão constar:

a) curriculum vitae sumáriob) diploma de licenciatura em Medicinac) diploma da atribuição do grau de especialista em Medicina

Intensiva ou Diploma Europeu em Cuidados Intensivosd) documento oficial comprovando trabalho contínuo e regu-

lar, preenchendo pelo menos 75% da sua actividade médica,em Serviço idóneo de Medicina Intensiva Polivalente.

Os documentos oficiais deverão ser traduzidos para portuguêse confirmados pelo departamento jurídico da Ordem dosMédicos.

5 - Todos aqueles que não reunirem as condições antes expostas,mas que se pretendam inscrever na Sub-Especialidade de MedicinaIntensiva, poder-se-ão candidatar desde que cumpram os seguintescritérios:

a) Possuir uma Especialidade afim, nos termos definidos noponto 7 do documento aplicável da Comissão Coordena-dora da Sub-Especialidade de Medicina Intensiva da Ordemdos Médicos.

b) Tenham prática de Medicina Intensiva de pelo menos 3 anos,comprovada e continuada em Serviço de Medicina Intensiva/UCI de nível "C".

c) Sejam aprovados no exame final de avaliação em MedicinaIntensiva nos termos do ponto 7.3 do documento deformação em Medicina Intensiva aprovado pelo ComissãoCoordenadora da Sub-Especialidade em Medicina Intensivada Ordem dos Médicos.

Perfil dos Candidatos

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SIDA: um novo problemano tratamento da doençaO Director Geral da ONUSIDA, Peter Piot, reconhece quePortugal é um dos países europeus com maiores níveis deinfecção pelo VIH/SIDA, com aproximadamente 20 milpessoas infectadas. Estudos realizados recentemente indicamque há ainda um longo caminho a percorrer. A resistênciaaos medicamentos contra o VIH é um dos obstáculos comque os investigadores se deparam. De acordo com um estudo publicado noThe New England Journal of Medicine, a percentagem de novos indivíduosinfectados com o VIH, que possuem uma estirpe do vírus resistente pelo menosa um medicamento antirretroviral (que impede que o vírus se reproduza), estáa aumentar. Os investigadores analisaram 377 indivíduos e descobriram queenquanto entre 1995 e 1998 apenas 3,4% dos indivíduos estavam infectadoscom uma estirpe do vírus resistente à medicação, esse número subiu para12,4% em 1999, tendo aumentado actualmente para mais de 20%. Em todo omundo o número de infectados aproxima-se dos 40 milhões, 95% dos quaisvivem nos países em vias de desenvolvimento. Até 2020 este número poderáascender aos 70 milhões. A batalha contra esta doença tem agora duas frentes:a do combate à progressão da doença e a de contornar a resistência dos vírusaos medicamentos actualmente disponíveis. Para informações mais detalhadassobre este assunto poderá consultar o site: www.vihiv.com

Ajudar a AcreditarA Acreditar - Associação de Pais e Ami-gos das Crianças com Cancro vai con-tar com o apoio da TNT Portugal, umaempresa de distribuição, logística e Cor-reio Internacional, numa campanha, quedurará até Agosto, que tem por objecti-vo angariar fundos para equipamentode um quarto da residência daquela ins-tituição situada em Lisboa, junto ao IPO.Trata-se de uma infraestrutura essenci-al ao apoio que a Acreditar dá aos seusassociados, minorando as despesas dequem tem, constantemente, que se des-locar a Lisboa.

Programade fornecimentode medicamentoanti-VIHAcabam de ser tornados públicos ospormenores do Programa de Acesso quepermitirá aos países de África e de outraspartes do mundo, classificados como"menos desenvolvidos" pelas NaçõesUnidas (num total de 68 países), obterpraticamente ao custo de produção ummedicamento para o tratamento dainfecção pelo VIH, o tenofovir disoproxilfumarato. Este programa está a serdesenvolvido pela Gilead Sciences quetambém está a participar no estudo DART- Development of Anti-retroviral Therapies,um ensaio clínico de 3000 doentes,patrocinado pelo Medical Research Councildo Reino Unido que começou no iníciodeste ano no Uganda e no Zimbabwe.

Numa apresentação à imprensa sobre o futuro do mercado de genéricosa nível nacional levada a cabo pela Ratiopharm foram apresentadoselementos de um estudo que prova que a população portuguesa aindanão tem muita informação sobre estes medicamentos. Conforme se podeverificar pelas respostas dadas e que são apresentadas no quadro aolado, o único elemento que as pessoas fixaram bem foi a questão dopreço dos medicamentos genéricos, mas quando se fala de qualidade odesconhecimento é grande...

N O T Í C I A S

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O que é que os portugueses sabem sobre genéricos?O que é que os portugueses sabem sobre genéricos?

Prémio para terapia combinadapara Hepatite CA terapia combinada de peginterferão alfa 2-b e ribavirina foi distinguida emEspanha com o Prémio Fundamed-El Global (prémio atribuído pelo jornalespanhol El Global e pela Fundação Fundamed, uma instituição sem finslucrativos) por apresentar o "melhor perfil farmacoeconómico" entre asinovações terapêuticas. A atribuição do prémio baseou-se num trabalho deanálise económica que demonstrou que esta terapia ajustada ao peso corporalapresenta a melhor relação custo eficácia em comparação com diferentestratamentos médicos para outras doenças graves. O estudo que está na baseda atribuição deste prémio foi realizado por Maria Buti e Rafael Esteban, doDepartamento de Hepatologia do Hospital Vall d'Hebron, em Barcelona. ParaMaria Buti os resultados foram bastante conclusivos: "em doentes quealcançaram uma resposta virológica sustentada, a opção terapêutica de 48semanas com peginterferão alfa 2-b e ribavirina, com uma taxa de adesãobastante positiva, demonstrou ter uma relação custo/eficácia muito maisfavorável que outros tratamentos".

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2000, o Dr. Fernando Venturaprorrogou por dois meses o seumandato de modo a que a suasubstituição não tivesse lugar durantea presidência portuguesa da Agênciadas Nações Unidas contra a Sida. Deacordo com o Ministério da Saúde, aestrutura da CNLCS vai serreformulada "quer nos objectivos, querna Direcção"

Cancro da mamaA diminuição da mortalidade na ilhada Madeira provocada pelo cancro damama está directamente relacionadacom o sistema de rastreio introduzidoem 1999 na Região e foi apontadocomo um "exemplo a seguir" nas Jor-nadas Médicas Altânticas, que decorre-ram na Horta. O cancro da mama foi otema central desta reunião, que juntoudezenas de médicos dos Açores,Madeira, Canárias e Cabo Verde.

Cancro da próstataA pouca disponibilidade dos homenspara o rastreio do cancro da próstatatem sido um dos principais obstáculospara o diagnóstico atempado dadoença. Apesar deste cenário, há sinaisque revelam alguma mudança decomportamentos. Em Lisboa, noHospital do Desterro, cerca de 4000mil homens acorreram já ao rastreiogratuito em funcionamento há trêsanos. Recorde-se que o cancro dapróstata afecta três em cada cemhomens portugueses.

Hospital de DiaEntrou em funcionamento o novoedifício do Hospital Joaquim Urbanodestinado a doentes que necessitem deinternamentos inferiores a 24 horas.Este Hospital de Dia, especializado emdoenças infecto-contagiosas, podeacolher até duas dezenas de pessoas,um número que segundo o Director, é"suficiente para as necessidades" dohospital.

Pneumonia AtípicaUma circular da Direcção-Geral deSaúde definiu uma rede hospitalarnacional de "triagem e/ou internamentode casos suspeitos de pneumoniaatípica". Para a DGS há dois cenários:o primeiro prevê a existência até 13casos simultâneos de internamento eo segundo quando se verificar umnúmero superior. Na primeira situação,a rede prevê como unidades de triagemos hospitais de Matosinhos, Guimarães,Braga, Vila Real, S. João, Santa Maria, S.Francisco Xavier, Pulido Valente,Almada, Setúbal, Faro e Curry Cabral.Se for necessário recorrer ao segundocenário, a circular da DGS define quetodos os "hospitais referidos na redede referenciação hospitalar deinfecciologia" sejam utilizados paratriagem, sendo os referidos no primeirocenário para internamento, com ohospital de S. Francisco Xaviersubstituído pelo Egas Moniz.

Centro de Hemodiálisena Covilhã Dentro de um ano a Covilhã vai terum Centro de hemodiálise. O projectode construção foi já entregue naCâmara Municipal e de acordo com onefrologista Ernesto Rocha, o futuroCentro permitirá acabar com o dramade dezenas de doentes, que actual-mente são obrigados a deslocar-se aMangualde e a Abrantes. O Centro vaiter capacidade para receber 74 doentese poderá posteriormente ser ampliadode forma a aumentar a capacidade para120 pessoas. O custo do Centro, umprojecto privado, está estimado emdois milhões e meio de euros e as obrasdeverão estar concluídas no Verão dopróximo ano.

Comissão Nacionalde Luta Contra a SidaO médico Fernando Ventura deixa emJunho a Coordenação da ComissãoNacional de Luta Contra a Sida(CNLCS). Em funções desde Abril de

Centro Materno-Infantildo NorteO Governo alterou a localização doCentro Materno-Infantil do Norte(CMIN). A construção da nova unidadeserá em terrenos do Ministério daSaúde, localizados junto ao Hospital deS. João. O novo CMIN estava para serconstruído junto à maternidade JúlioDinis, mas o Ministro da Saúdejustificou a alteração com uma reduçãonos custos em cerca de 60 milhões deeuros e com base nos pareceres daDirecção Geral de Saúde e dos Colégiosde Obstetrícia e Pediatria da Ordemdos Médicos

Serviços Ambulatóriosem PortimãoJá estão a funcionar no antigo hospitalde Portimão os novos serviçosambulatórios. A remodelação doedifício custou cerca de 500 mil euros.O secretário de Estado da Saúde,Carlos Martins, garantiu que numperíodo inferior a dois anos estará afuncionar no mesmo edifício o futuroCentro de Saúde “que vai certamentemelhorar a prestação de cuidados desaúde na região”.

Mulheres e HomensE las v i vem ma i s tempo, masqueixam-se mais do que eles. Esta éuma das conclusões do estudopublicado por duas investigadoras daUniversidade Aberta do Porto. “Asaúde das Mulheres em Portugal”conclui que há mais saúde entre o sexofeminino e que a taxa de mortalidade,em todas as faixas etárias, é menor nasmulheres do que nos homens.Curiosamente, e apesar de melhorsaúde e mais anos de vida, são asmulheres quem mais se queixa e sãotambém elas quem consome maismedicamentos.

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HISTÓRIAS da HISTÓRIApor Carlos Vieira Reis

O Hospital Real da Luz

O Hospital de Nossa Senhora da Luzou de Nossa Senhora dos Prazeres,padroeira do Hospital da Luz, foi man-dado construir pela Infanta D. Maria,filha do rei D. Manuel e de sua segundamulher, D. Leonor, no lugar da Luz, emterreno próximo do já então existenteconvento e igreja da Luz, dos frades daOrdem de Cristo. O local teria sidoescolhido pela grande afluência de ro-meiros e enfermos devotos daquelasanta, por se encontrar muito próximoda capital e ser considerado com bonsares e salubre.No seu testamento de 1577, a InfantaD. Maria diz que “o hospital se edifiquecom hos rendimentos de dous contosde juro, de que ho doto”. Mais dizia quedeveria ser feito um estatuto ou regi-mento, semelhante ao que sua tia D.Leonor tinha feito para o HospitalTermal de Nossa Senhora do Pópulo,nas Caldas da Rainha e que esse regi-mento seria firmado por sua mão e noseu impedimento pelo seu confessor, oPadre Francisco Foreiro que o viriarealmente a assinar em 3 de Abril de1618, por falecimento prematuro daInfanta. O hospital foi inaugurado a 23de Abril de 1618.E desta forma nasceu um hospitallindíssimo com apenas 63 camas, desti-

nadas a doentes que não tivessemdoenças incuráveis ou contagiosas.Contava com um quadro de pessoalcorrespondente à sua dimensão: ummédico, um cirurgião sangrador, enfer-meiros, outro pessoal hospitalar e parao tratamento da alma, um capelão. Oedifício foi construído com grandeza,com planta em cruz latina, com rés dochão e andar nobre, com um claustrona parte central e no centro uma gran-de cisterna, com capacidade superior a500 metros cúbicos. No pavimentotérreo ficavam a cozinha, a botica eoutras dependências.As enfermarias situavam-se no andarsuperior, havendo um quarto separa-do, destinado a fidalgos pobres oupessoas de qualidade que ali se fossemtratar. Encontrei uma referência que dizque um dos tais fidalgos que nessequarto teriam estado internados, foi oDr. André de Morais Sarmento, Juizdos Pleitos da Coroa e da Fazenda Real,transmontano e natural de uma vilapróxima da cidade em que nasci e dequem existem muitos descendentes,alguns meus amigos, que por ali eoutras partes continuam a levantarbem alto o nome de honrada família. ODr. Morais Sarmento terá feito o seutestamento neste Hospital, em 14 de

Novembro de 1690, como consta nasMemórias Arqueológicas e Históricasdo Distrito de Bragança.O edifício do hospital é imponente edigno, mas sóbrio e existem dúvidassobre quem teria sido o arquitecto. Unsapontam o nome de Jerónimo de Ruão,que parece ter estado ligado apenas àfase inicial da obra, tendo posterior-mente sido seu responsável, BaltazarÁlvares, arquitecto de Sua Majestade edos Mestrados das Ordens Militares,Cavaleiro do Hábito de Cristo e quepelo Livro de Contas e Despesas doséculo XVII, se sabe ter sido Mestre dasObras do Hospital Real da Luz, em1610. O tipo de arquitectura apontapara que tenha sido Baltazar Álvares oarquitecto do Hospital. A capela denave única, muito do seu gosto, é umfacto que aponta nesse sentido. Decada lado do altar desta capela,abrem-se duas largas portas que comuni-cavam com as enfermarias, permitindodesse modo que os doentes assistisseme participassem no culto, tal como aInfanta D. Maria tinha mandadoinscrever no seu testamento. Estacomunicação das enfermarias e dacapela, é semelhante ao que se passavano Hospital Real de Todos os Santos. Noaltar mor do Mosteiro há figuras

A história que hoje vos conto, refere um desses factoshistóricos de que, não se sabe por que razão, quaseninguém fala ou conhece. Vou contá-la de uma formaaligeirada e resumida, poucas que são as fontes que sepodem consultar, sobre o chamado Hospital Real da Luzou Hospital Real dos Prazeres.Neste momento, grande parte dos leitores se teráperguntado que raio de hospital será este e muito espan-tados ficarão se eu lhes disser que se trata de um hospitalconstruído de raiz, não aproveitando qualquer convento,como era hábito, e que o edifício desse hospital aindahoje existe e em magnífico estado de conservação.

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simbólicas pouco usuais e deslocadasem relação ao tradicional nos altaresmores. Nele se podem ver represen-tações da Astronomia e da Medicina.Também no Mosteiro dos Jerónimosaparecem algumas destas imagens, oque provavelmente se ficou a dever aJerónimo de Ruão que trabalhou nosdois Mosteiros. No livro 2726 da Bib-lioteca do Exército existe o testamentoda Infanta D. Maria e, junto, o Regimentodeste Hospital Real Militar da Luz.Gustavo Matos Sequeira no seu livro“O Carmo e a Trindade”, diz que osPadres da Ordem de Cristo, depois doterramoto, destelharam o Hospital daLuz “a título de ficar mais leve ematenção a outro terramoto”, masparece-me que terá sido para venderemas telhas a preços exagerados, pela faltaque delas havia e porque a procura eragrande.No Arquivo Histórico Militar existemos 4º, 5º e 8º Livros de Despesasdeste Hospital, de Julho de 1796 aFevereiro de 1797, de Março de 1797a Novem-bro de 1798 e de Fevereirode 1801 a Fevereiro de 1802, e o 1ºLivro de Receitas, referentes aoperíodo de 1 de Julho de 1792 a 10 deSetembro de 1802.De 26 de Abril de 1790 a 18 deNovembro de 1791, foram tratadospelo Médico da Enfermaria Militar esta-belecida no Hospital de Nossa Senhorados Prazeres, no sítio da Luz, Antónioda Costa Pinheiro, 147 enfermos e mais12 do Campo da Porcalhota. Tiveramalta 111, morreram 22 e ficaram 26.Num documento existente este médicopretende ordenado competente à natu-reza do seu exercício. Como se vê poreste documento, também era conhe-cido por Enfermaria Militar, emboradocumentos oficiais lhe chamemHospital Real Militar da Luz. Este médicoconseguiu o pagamento dos serviços, epassou a habitar numas “casas” daqueleHospital, por causa das quais fez maisdois requerimentos solicitando obras ereparações. Mas, o Procurador Fiscalentendeu que não tinha direito às obrase até recebia um soldo avultado emrelação ao que fazia, embora estivesseencarregado das “visitas da manhã e datarde”.

Como Cirurgião, ali trabalhava em 1791,Manoel da Silva Paulino de Figueiredo,por 120 réis a visita, o que perfazia87$000 por ano, sem obrigação desangrar e deitar bixas, o que se pagavaà parte, e que por Alvará de 20 deMarço de 1792 passou a receber100$000 por ano, mas então com aobrigação das visitas da manhã e detarde e tudo o que fôsse preciso aosdoentes de Cirurgia - sangrar, tirardentes, deitar bixas e vesicatórios -sempre que lhe for determinado. NaResolução Régia de 6 de Julho de 1792,“a respeito de ser indispensável haverno Hospital Real Militar da Luz, umCapelão que tenha a seu cargo toda aassistência espiritual dos enfermos queali vão convalescer”, Sua Majestaderesolveu “em consulta da Junta dos TrêsEstados, participada em Aviso de 23 deFevereiro de 1790, que os Militaresenfermos de queixas do Peito, que seachassem no Hospital Real Militar de S.João de Deus desta cidade, fossemtransferidos para o sítio da Luz”.Em 6 de Novembro de 1793, tem-senotícia de um conflito estabelecido entreum médico do Hospital e o Deputadopara os Hospitais, D. José de Noronha,que proibiu o médico de receber hono-rários pelos atestados que passava esendo desobedecido, o levou a repre-sentar à Junta dos Três Estados. Omédico argumentava que estava den-tro do Direito Divino e Humano e“assim todos procediam e o salário quetinha era para tratar os doentes, osatestados tiravam-lhe tempo para aclínica exterior, justo era que lhos pa-gassem”. A Junta entendeu que tendoo médico Alvará Régio devia este casoser representado a El-Rei e entretantocontinuaria a receber os atestados, que,aliás, era o mesmo que o Escrivão fazia

para os óbitos.Em 26 de Dezembro de 1809, o Cirur-gião-Mór participa a D. Miguel PereiraForjaz que o Hospital Real Militar da Luznão merece esse nome, pois “não serveactualmente para doentes mas paraacomodação de tropas”. Na relação daspessoas empregadas no Hospital Real deNossa Senhora dos Prazeres do sítio daLuz, de 1813, constam um médico, umcirurgião sangrador, um boticário, umenfermeiro, uma cozinheira, um mozo deporta e uma lavadeira. O que é curiosonesta relação é verificar que quer omédico, quer o cirurgião, recebiammenos que o enfermeiro, a cozinheira eo mozo da porta e apenas mais do quea lavadeira. Provavelmente porquetinham um horário de part time. Oboticário não recebia qualquer venci-mento, mas apenas os lucros da vendados produtos da sua botica.Mais curiosas ainda são as anotações oucomentários feitos pelo ProvedorDomingos Monteiro de AlbuquerqueAmaral ou Francisco Furtado de Men-donça, sobre os préstimos e merecimen-tos de cada um destes empregados. Domédico dizia que apesar de não ser deprimeira qualidade, também não era dospiores, de bons costumes, mas poucotratável. Do cirurgião, dizia que era“mao omem, dado ao vinho e maocirurgião. O boticário era um bomboticário e bom omem”. Todos eleshabitavam em dependências cedidas pelohospital, mas em simples quartos.E deve ter sido esta a última relação dosempregados do Hospital Real de NossaSenhora dos Prazeres, no sítio da Luz,pois em 1814, no ano seguinte, portanto,já se publicava a planta topográfica dochamado Colégio Militar que, entretanto,ocupara as instalações do antigo hospitalque se manteve em funcionamento de1618 a 1814.

HISTÓRIAS da HISTÓRIA

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Da humanização do doente psiquiátrico:O legado histórico,ético e formativo

de João Cidade

ENuno Ambrósio LopesMédico de Saúde Pública

João Cidade (1495-1550) nasceu em Montemor-o-Novo,no seio de uma família humilde.Aos oito anos de idade, fugiu de casa, tendo ido paraEspanha, país que despertara a sua curiosidade pelo queouvira contar. Chegou a Oropesa, na província de Toledo,onde foi acolhido na casa de um lavrador. Trabalhou comopastor de gado até aos 27 anos, idade em que partiu paraos Pirinéus, como soldado, para combater os francesesque cercavam Fuenterrabia. Aos 32 anos, voltou aOropesa e a pastorear durante quatro anos.

Em 1531, alistado nos exércitos deCarlos V, lutou contra ao turcos queameaçavam Viena de Áustria, tendo co-nhecido a Hungria, a Alemanha e aHolanda. Regressando a Espanha,desembarcou na Corunha, visitouSantiago de Compostela, conservandona memória as atenções e o acolhi-mento aí prestados aos peregrinos, evoltou a Portugal. Tomando conhecimen-to da morte dos pais, voltou a Espanhapor Ayamonte, guardou novamentegado, desta vez em Sevilha, após o quefoi trabalhar para Ceuta na reconstru-ção da respectiva Fortaleza. Algunsmeses depois, regressou à Península Ibé-rica, desembarcando em Gibraltar, ondese dedicou à venda ambulante de livrose estampas religiosas, actividade que olevou até Granada.Chegando à cidade em 1536, instaloua sua tenda como vendedor de livrosna Porta de Elvira, vivendo em condi-ções de extrema pobreza. Ainda assim,

ficou conhecido pela sua permanentedisponibilidade, prestando auxílio aquem dele precisasse, mesmo que, paratal, fosse preciso privar-se do estrita-mente necessário para sobreviver.A 20 de Janeiro de 1537, dia do mártirSão Sebastião, assiste a um sermão doseu futuro conselheiro e mentor, FreiJoão de Ávila, e fica de tal modo im-pressionado que decide mudar radical-mente o rumo da sua vida. Começa,então, a dedicar-se por completo aosdesamparados: pobres, doentes, velhose crianças. No contexto da suaexaltação religiosa, percorre ruas epraças de Granada, acusando-se dosseus pecados - a fuga de casa dos paisna infância -, penitenciando-se dura-mente e pedindo misericórdia. Tomadopor louco, é escarnecido pelos popu-lares e injuriado e apedrejado pelosmiúdos. É, nesta altura, internado noHospital Real, onde conhece as condi-ções em que decorria o tratamento dos

doentes, sofrendo na pele os maus tra-tos e castigos que, à época, se aplica-vam aos alienados, nomeadamente açoi-tes e espancamentos para expulsar os"espíritos malignos" dos "possessos dodemónio" que, muitas vezes, eram con-finados, durante anos, em cubículos,sendo agrilhoados, despidos, deitadosem palha, sem qualquer limpeza, ar ouluz, alimentados a pão e água e vota-dos ao abandono. Por vezes, eram mes-mo impedidos de dormir para o de-mónio não poder ter descanso e maisdepressa os largar.Assim que começou a melhorar, o por-tuguês experimentou uma grande feli-cidade ao constatar que o deixavamajudar a cuidar dos outros doentes,colaborando com os enfermeiros.Quatro meses após o seu interna-mento, João Cidade teve alta, após oque continuou a exercer, com impres-siva dedicação e sob a orientação doseu director espiritual, a caridade,

HISTÓRIAS da HISTÓRIA

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servindo e ajudando quer os doentesdo Hospital Real, quer os doentes edesprotegidos que encontrava nas ruase bairros degradados de Granada -viúvas, órfãos, velhos. Não se limitavaa ajudar financeiramente estes últimos.Procurava sempre confortar e educar,esforçando-se por lhes encontrartrabalho e, no caso das criançasabandonadas, mães adoptivas.Decidindo criar um hospital para abri-gar tantos doentes e necessitados quan-tos pudesse, inicia uma longa peregri-nação ao Mosteiro de Guadalupe, parapedir protecção à Virgem e colherensinamentos junto dos frades enfer-meiros do hospital anexo ao Mosteiro.Ao regressar a Granada, alugou umacasa na Calle de Lucena (1539) e nelainstalou o seu hospital, que rapidamenteficou cheio, pelo que, em 1547, se viuobrigado a transferi-lo para um espa-ço maior na Cuesta de Gomerez.Cidade, no seu hospital, pôs em práti-ca algumas medidas muito simples, mas,ao mesmo tempo, muito importantes,tais como:• Separou os doentes por diferentes

salas, consoante a natureza das suasdoenças (doentes febricitantes/ cirúr-gicos/ mentais/ leprosos e tinhosos/ulcerados/ paralíticos);

• Criou uma dependência para recém-nascidos, frequentemente abandona-dos à porta do hospital;

• A cada doente atribuiu uma camaindividual, limpa e cuidada, ao ladoda qual eram colocados os seus per-tences pessoais;

• Tratou da alimentação e limpeza dosdoentes - à chegada à enfermaria,eram prestados cuidados higiénicos,sendo os doentes lavados, penteadose vestidos;

• Em caso de doença médica ou cirúr-gica associada, tomou providênciaspara que os remédios (prescritos pe-los médicos e fornecidos pelos boti-cários) ou o tratamento das feridas(pelos cirurgiões) não fosse esqueci-dos;

• Procurou administrar simultaneamen-te o tratamento do corpo e da alma;

Considerava loucos como doentes enão como criminosos ou possessos,

procurando curá-los através da doçu-ra, consideração e paciência.Após cuidar dos doentes, com afecto,simpatia e dedicação, esforçando-se porresolver as suas dificuldades e carên-cias, pedia esmola, durante a noite,pelas ruas, recolhendo, por vezes, novosdoentes, chegando a transportá-los àscostas quando não podiam caminhar.Tendo conquistado admiração e res-peito pelos seus actos, conseguiu reu-nir um pequeno grupo de colaborado-res dedicados, assegurando, assim, acontinuidade da sua obra e dando ori-gem à Ordem Hospitaleira (ou dosHospitaleiros), fundada em 1571.Faleceu em Granada, a 8 de Março de1550.Foi beatificado em 1630 e canonizadoem 1691. São João de Deus foi procla-mado padroeiro dos enfermeiros peloPapa Pio XI, em 1930. É festejado a 8de Março.Não podendo ser considerado o cria-dor da assistência hospitalar, Cidade foi,todavia, pioneiro de uma perspectivaassistencial que corresponde, na suaforma empírica, aos actuais conceitosem saúde e “psicoterapia institucional”.Dotado de um extraordinário sentidoprático e destacando-se pelos seus im-pulsos humanísticos e pela sua identi-ficação com os desfavorecidos, foi ino-vador tanto na organização assistencialquanto na atitude para com os assisti-dos.A sua total dedicação à solidariedadee ao sofrimento alheio fizeram igual-mente dele um verdadeiro pioneiro so-cial. A sua sensibilização para a recu-peração de marginalizados, há quasecinco séculos, não pode deixar de nosimpressionar e de nos obrigar a pen-sar na sua pertinência e actualidade eactualidade, com o número crescentede toxicodependentes e de seropo-sitivos para o vírus da imunodeficiênciahumana.O contributo de Cidade foi enorme.Tentou proporcionar o melhor nível desaúde ao maior número de pessoas.Percebeu e valorizou o significado paraa recuperação do doente do manteríntegro o sentimento de si próprio.Criou a noção de equipa, mobilizandoos vários profissionais de saúde da épo-

ca, num esboço da interdisciplinarie-dade que caracteriza o nosso momentohistórico. Foi de tal maneira inovadorque o cientista italiano César Lombrosoo considerou como "verdadeirocriador do Hospital moderno".Numa época em que o conhecimentoda história natural da doença - e no-meadamente da doença mental - e osmeios de diagnóstico, tratamento e re-abilitação eram muito pobres, em quenão se falava sequer de direitos do ci-dadão - e muito menos do doente men-tal -, em que os recursos financeiros etecnológicos eram ainda muitoincipientes ou mesmo inexistentes, aintervenção presciente de João Cidadefoi decisiva, constituindo um marcoímpar e um modelo a seguir de vonta-de e comportamento.O seu protagonismo histórico, ético eformativo é tão mais importante quan-to imbuído da sua humildade e da suaconsciência da incerteza e do carácterde falibilidade de qualquer opção quese tome e siga.As circunstâncias actuais serão diferen-tes, por certo, mas as importantes re-percussões do seu trabalho não per-deram actualidade. Pelo contrário, ad-vogo que são mais pertinentes que nun-ca num planeta caracterizado cada vezmais pelas desigualdades sociais e eco-nómicas, pela discriminação e pelas ten-sões sociais - reflectindo-se estas, no-tória e obrigatoriamente, na relação mé-dico-doente.Face ao legado de João Cidade para ahistória, valores e formação em saúdepública, em Portugal e no mundo, ter-mino com três questões, a pensar nasgerações futuras que, porventura, in-dagarão acerca do nosso própriocontributo: que história estamos aconstruir, por que valores nos estamosa orientar e que formação estamos aoferecer?

Referências bibliográficasFlores, A e Amaral, M. (1950) Progressos da Assistência

Psiquiátrica Devidos à Obra de São João de Deus.Lisboa: editora desconhecida.

Fonseca, A (1955): S. João de Deus e a Prática Humanista.Hospitalidade, Ano 60, Nº236/237, Jul-Dez, 1996.

Sousa, A (1996) Curso de História da Medicina - dasorigens aos fins do século XVI, 2ª edição. Lisboa: Fun-dação Calouste Gulbenkian.

HISTÓRIAS da HISTÓRIA

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C O N T O S

O médico ainda confuso sob o efeitodo cansaço de 16 horas de voo, do jetlag, dos pensamentos atribulados a altavelocidade que chegavam em cataduparecordações antigas, cumplicidades,recordações de um passado a contagotas, meio sonâmbulo com uma malitade bagagem na mão, acabara de tomarum táxi no aeroporto de Lisboa.

- Para o Alentejo, por favor, disse de-terminado - Alvito, sabe onde é? BaixoAlentejo, no distrito de Beja.O motorista admirou-se com a propos-ta de viagem tão longa. Fazia aquelasempreitadas para o tio para arranjarumas massas e o mais longe que tinhaido havia sido Setúbal.Consultou o seu cifrão mental aguar-dou uns segundos, fez o seu preço,pensou: já me lixaste, hoje era o diado encontro com a Susana às 15 h nocafé Di Roma e depois com sorteengenho, e arte para o apartamentodela na Graça. O que me custou paraa convencer raios, e logo agora umtrabalho daqueles onde podia ganhar

De volta ao Alentejo

uns bons cobres a juntar à magramesada, cedida a contragosto pelo paifuncionário da Carris, que lhe pagavaa faculdade sempre a queixar-se…Mas trabalho é trabalho e não podiadesperdiçar aquela oportunidadeaceitando a empreitada. Através doretrovisor olhou o passageiro, o homemparecia-lhe cansado, de tom verde azei-tona, olheiras até ao chão, no olhardistendido a precisar de um bom ba-nho de entusiasmo.Durante a primeira hora nem um som,mantinha os olhos fechados. Quem oolhasse de repente pensaria estar pe-rante um morto vivo, um cadáver am-bulante de feira popular na casa doterror, um híbrido afectivo a desejarpor um lado a emoção de uma viagemobrigatória imperiosa com uma deter-minação estranha e, por outro, um cor-po estafado a necessitar de um sonoanestesiante reparador.De repente o médico desperta dos seuspensamentos e percebe ao que vieraquando reconhece a paisagem amare-lada salpicada de papoilas vermelhas

dispersas nas longas extensões de ter-reno uniforme verde amareladopreenchido por girassóis de cabeças le-vantadas como que a cumprimentá-lo.Vieram-lhe em relâmpago imagens dealguns anos antes e sobreposta aosmesmos campos pejados de pontinhosvermelhos, vê a figura de um homem,grotesco, de tom vermelho com umrinófima orgulhoso e acentuado naponta de um nariz proeminente, unsvasinhos muito finos cor púrpuradispersos nas maçãs do rosto, com umcabelo muito ruivo e despenteado, comumas mãos muito sardentas, com umolhar muito doce, muito verde e sau-doso do desconhecido.Falavam de filosofia, Sartre, Platão,Aristóteles, Heraclito, falavam da imor-talidade, do ser e do devir, do que fo-mos e do que representamos no pla-neta. Estas questões eram colocadasnum fervilhar permanente por um cé-rebro ávido de saber e paradoxalmen-te brilhante mesmo quando o seu tem-po era passado em cima do tractor. Eraum autodidata modesto e curioso que

Leonor Almeida

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 47

perante a incredulidade e incompre-ensão dos seus pares se refugiara nabebida desde cedo.O Dr. Aníbal Cipriano por um felizacaso, segundo dizia, tinha-o descober-to numa consulta a que recorrera porum processo gástrico complicado noCentro de saúde onde o médico faziao serviço médico à periferia obrigató-rio.Queixava-se de um aumento despro-porcional do abdómen como se esti-vesse grávido, se calhar por causa daangústia que engolia como ar. E assimfora inchando, inchando, cada vez maisangustiado, prestes a dar à luz uma cri-ança com uma psicose maníacodepressiva, ironizando sobre a suadoença com o médico, e fizeram-seanálises, estudos e promessas que nãovoltaria a beber.E passaram a encontrar-se no café paralongas conversas, discussões prolonga-das na casa do médico, longos passei-os nos campos carregados de giras-sóis alternando com papoilas, para pro-fundos debates filosóficos.Estava de regresso ao passado trazen-do uma pasta com uma inscrição emletra bold: Gestão dos Recursos Hu-manos. Era a sua nova tarefa de re-gresso ao continente europeu. A Ásiadeixava de ser extensão do seu paíspequeno à beira mar plantado, a praçado Real Senado perto da qual viveraestava enterrada na China Continen-

tal e o dossier que trazia em mão seriatudo o que restava de dois anos deintensa actividade médica e reorgani-zação afectivo-emocional.De regresso a Lisboa resolve começarpor gerir a sua má relação com o pas-sado, e assim principiara seguindo umahierarquia de afectos pelo doente maisextraordinário e brilhante que algumavez contactara nos seus variados anosde prática clínica.Para se iniciar na nova etapa deorganizador de saúde tinha de resol-ver previamente aquela questão deixa-da em suspenso, ter partido sem sedespedir do seu doente e amigo… par-tira apressadamente, nem se despedirade ninguém, atravessava mais uma der-rota afectiva onde investira com inten-sidade e como a oportunidade de pro-gressão na carreira surgira por mila-gre caída de pára-quedas pensara emsi em primeiro, em segundo e terceirolugares e orientara as suas energiaspara o novo projecto além fronteiras.Não se viam havia dois anos, antes dapartida os já raros encontros foramescasseando, já em Lisboa encontraram-se somente duas vezes. Sabia-o perma-nentemente embriagado nos últimosmeses antes da partida para Macauarrastando-se pelos campos do Alentejocom papoilas e girassóis como umsonâmbulo lutando por vezes freneti-camente contra os insectos como umD. Quixote enfurecido, ficando outras

tantas parado, estático como umespantalho onde os pássaros debica-vam sem cerimónia.Esta imagem construída pelo médicoaparecia-lhe com insistência nos últi-mos seis meses como um incómodomau, um desconforto cuja amnésia dadistância não conseguia diluir. E porisso a sua primeira visita depois de ater-rar no aeroporto de Lisboa foi para oJoaquim Albardeiro, que o aguardavade certeza no café da terra ou napradaria com papoilas.E de morto vivo o passageiro passou aconversador eloquente deixando cheiode curiosidade o motorista de táxi quede bom grado gostaria de conhecer oresultado da novela.Soube nessa tarde pelo dono do café“O Cantinho Alentejano” que o Joa-quim adormecera num campo de giras-sóis ali perto havia apenas dois meses.Entre os papéis que trazia na pasta deexecutivo de pele castanha desta-cava-se um envelope em papel de arrozonde estava inscrito Na área deARSLVT, produção , inovação, imagem,e dentro dele um postal de Macauescrito 4 meses antes e que por faltade tempo se esquecera de enviar parao Alvito, com a seguinte frase “Se eunão morresse nunca e eternamenteprocurasse e conseguisse a perfeiçãodas coisas”. Deixou-o no campo degirassóis e voltou para a capital nessamesma tarde.

C O N T O S

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48 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

AAAAAAli estava António, especado, em frenteao aquário que divide a sala do peque-no apartamento mais ou menos a meio.Do lado da varanda, voltada para o Tejoe construída saliente sobre o beiral dotelheiro do penúltimo andar, numarremedo de sala, uma zona de estar,arejada e quase aprazível, embora osdois pequenos sofás amarelo cameloque quase a enchem, estejam já bemestafados, de lado quase completamen-te riçados até ao casco de madeira depinho pelo Bolinha, o gato rafeiro quesempre ali afiou gulosamente as unhasaté Outubro do ano passado, altura emque se finou. A um canto, em frentedos sofás, sobre uma mesa escura depinho, um televisor que raramente fun-ciona.Lembrava-se do dia chuvoso e frio emque, voltando da redacção do jornal emesmo a chegar a casa da Luísa, tinharecolhido o Bolinha na rua, quando, ele,abandonado, pequenino e escanzelado,miava debaixo do motor ainda quentede um carro que aí devia ter estaciona-do não havia ainda muito tempo, comose implorasse protecção.Revivia o olhar ternurento e espantadode Luísa quando ao abrir-lhe a porta o

Fernando Chiotte

viu com aquele assustado gatinho depelo cinzento malhado de branco,encharcado até aos ossinhos, anichadocomo um bicho-de-conta no calor dosseus braços.Com um esgar de dor António pareciareviver o dia em que o encontraramorto num canto esconso da minús-cula cozinha, como se para morrer, oBolinha, tivesse decidido esconder-se e,sozinho, passar por esse momentoatroz.Entre o aquário e a porta de entrada,uma espécie de acanhada sala de refei-ções, de configuração trapezoidal, comuma velha mesa holandesa de abasencostada a uma das paredes, pejadade papéis e jornais já lidos, numaconfrangedora desordem e trêsvelhíssimas cadeiras de palhinha meiadestruída também pelas garras do Bo-linha e que Jean Claude comprara numarmazém de ferro velho para os ladosda Estrela.Nas paredes, coladas com fita adesivacontra a caliça a querer soltar-se, algu-mas fotografias amarelecidas e umaoutra, bem maior, também já meio des-botada, de António, da Luísa, do JorgeFerrão, da Clarisse, do Alberto Barreto

e de mais dois rapazolas de queAntónio mal se recordava, feita na es-cadaria da faculdade de letras, numatarde do Verão de mil novecentos esetenta, depois do fim da época de exa-mes do final de curso.Penduradas, quase coladas à porta daentrada, duas serigrafias de um pintoramigo, emolduradas modestamente,misturam-se com um enorme poster deChe Guevara. António, cabeça encostada ao vidrodo aquário, nervoso, com um angus-tiante confrangimento no peito aestrangulá-lo, quase a impedi-lo de res-pirar, apertava na mão esquerda a cha-ve do apartamento e entre os dedosesguios da direita rodava inquieto a pe-quena caixa arredondada de cartãocontendo a comida daqueles peque-ninos peixes, semelhante a peque-níssimas partículas multicolores demica.Tinha voltado hoje, como todos os dias,desde que eles tinham partido paraFrança. Tinha-lhes prometido que viria alimen-tar aqueles seus pequeninos peixes tro-picais de escamas coloridas de azul ul-tramarino, amarelo vivo e escarlate.

A Fotografia

C O N T O S

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50 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

Aturdido, olhava através do vidro àprocura da imagem de Luísa, tornadagrande e distorcida pelas leis da ópti-ca, trespassada pelo passear dos pei-xes num passar de vaivém quase virtu-al, como num bailado sereno, quandoela os vinha ver com o seu olhar mío-pe e António, enternecido, a olhavaatravés do vidro do lado oposto.Luísa falava com o Simão, com o Fral-dinha e com o Filósofo e eles, beijandoo vidro, pareciam compreendê-la abrin-do felizes as suas caudas vaporosas etranslúcidas numa fibrilhação de asa deborboleta ou cauda de pavão corte-jando a fêmea.Mas Luísa não estava mais ali. Não vol-taria. Nunca mais. Nem o Jean Claude.Os olhos mareados como se os tivessemergulhado no aquário. No peito umador profunda, lancinante.Recordava o dia em que Luísa rompe-ra com o Manuel, a resignação com quelhe aturara a ressaca e a esperança quealimentara de ver chegada a sua horade talvez poder ser amado finalmentepor aquela mulher que era todo o seumundo.Depois, fora de novo a rejeição e odesespero.Mesmo assim, António continuara aamá-la ainda com paixão e ela, fingin-do ignorar esse amor, fizera-lhe outravez sentir que não poderia nunca sermais do que a sua melhor amiga.António, mesmo assim, continuara adevotar-lhe um afecto intenso e cala-do, sofrido.Para Luísa, Jean Claude era o seu gran-de e definitivo amor.Tinham-no conhecido naquela tarde deum sábado do fim de Junho de mil no-vecentos e setenta e quatro, no pas-seio fronteiriço à velha estação do Ros-sio, em plena alucinação revolucioná-ria, a caminho de um comício na Praçado Comércio.António revivia como numa sessão decinema de reprise aqueles momentosem que Jean Claude, carregando aoombro um complicado equipamentofotográfico e empunhando uma velhaHasselblad, travando-lhes o passo apa-recera em frente a eles, acompanhadopor uma jovem mulher de cabelos rui-

vos, cortados curtos, de andararrapazado, com um autocolante ver-melho bem legível especado na blusaazul que vestia, sobre a zona do seioesquerdo, anunciando-a como fazendoparte da imprensa, com ele a gesticu-lar e a insistir em fazer-lhes algumasfotografias.Logo a seguir recordava-se de o ouvir,como que a sibilar nuns ouis inspiro--soprados, a entrecortar o seu pala-vreado de um francês tipicamenteparisiense e apontando a sua compa-nheira, pedir para que lhe concedes-sem a ela uma entrevista de rua.Depois de conseguir as primeiras foto-grafias, recapitulava como Jean Claudese apresentara de forma tão convin-cente como repórter fotográfico, acres-centando, que Marie Joseph -, assim sechamava a sua companheira - era jor-nalista de uma coluna política impor-tante de uma revista francesa de es-querda.Entre as várias fotografias que lhes fez,uma fora muito especial, com Antónioa encostar a cabeça à de Luísa, e ela,de punho esquerdo erguido e cerradoe a mão direita a fazer um V de vitóriaentre o dedo indicador e o mediano.Jean Claude colou-se a eles e como quehipnotizado, não mais os largou.Depois ele e Luísa apaixonaram-se eAntónio, de novo viu ruir a sua espe-rança.Jean Claude mandou a revista às urti-gas e nem sequer devolveu os negati-vos.Marie Joseph partiu sozinha.Desde então estiveram sempre juntose felizes naquele pequeno apartamen-to de um último andar na Lapa, ondeLuísa sempre vivera desde que come-çara a trabalhar e por onde, sem pedirlicença, entra a imagem grandiosa doTejo.Seis meses volvidos, e sem se saberporquê, sem dar a António uma expli-cação, mesmo que fosse lacónica ouaté menos verdadeira, de um momen-to para o outro, Luísa e Jean Claudetinham decido partir para Paris, men-tindo, no entanto, dizendo-lhe que lápassariam algum tempo, mas que vol-tariam em breve.

Tinham passado já mais de oito diasdesde que tinham deixado Lisboa edeles nem um sinal!António sentia o arrepio do pressenti-mento forte de que pelo menos Luísanão voltaria mais e sabia bem o sofri-mento que a sua ausência física lheprovocaria.Depois voltava um assomo de esperan-ça vaga e perguntava-se:- E o apartamento? O que faria? Talvezfosse verdade que Luísa voltaria embreve! Que outra explicação paraaquela partida sem Luísa lhe deixar amais breve indicação do que fazer coma casa e toda aquela tralha.Jean Claude poderia ficar! Fora para oseu país. Que ficasse! Era-lhe indiferen-te!Mas Luísa! Amava-a ainda tão apaixo-nadamente, mesmo sentindo a dorimensa de ser sempre um rejeitado.Se ao menos lhe pudesse dizer que iriacumprir o prometido, que não aban-donaria os seus pequeninos peixestropicais!E a angústia de novo voltava.O apartamento? O que faria com ele?Absorto, indiferente a tudo, muito aba-tido, António, deixando o corpo afun-dar-se pesadamente num dos velhossofás amarelos experimentava a sensa-ção dolorosa que o mundo lhe desa-bava sobre os ombros e sentia que sólhe restavam: o Simão, o Fraldinha, ofilósofo - eles precisam dele e daspequenitas escamas como mica que flu-tuavam à superfície e que hoje, comodesde o dia em que eles partiram, está-ticos, como se a morte os tivesse atin-gido, olhando António, fixamente, bo-cas coladas ao vidro grosso do aquá-rio, parecia terem resolvido não co-mer, talvez adivinhando o abandonoque sobre todos se abatera -, e aquelafotografia que o Jean Claude lhes fizeranaquela tarde de Junho de 1974 e quedesde aí ciosamente guardava na car-teira, com a Luísa, linda de morrer, oolhar brilhando de esperança na con-solidação de uma liberdade tão dolo-rosamente reconquistada e um sorrisode felicidade a fazer o V da vitória, quese desvaneceria no torpor do poder queembriaga o homem político.

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 51

Atenções de volta aos indicadores económicos

O Euro continua a valorizar-se contra o Dólar, suportado pelamanutenção das taxas do BCE, a par da ausência de sinais derecuperação nos EUA.

Eurostoxx 50 após ter registado uma forte valorização de 30%, dos1847 pontos (mínimo de 12 de Março) até aos 2400 pontos, temencontrado alguma resistência em ultrapassar este nível. O mesmo sepassa com o DAX e o CAC40 em relação aos 3000 pontos.

Aproximamo-nos do final do período de apresentação dos resultadosdo 1º Trim., pelo que a atenção dos investidores volta a focar-se nosindicadores económicos, que caso desiludam, poderá pôr em causa arecuperação do mercado.

A nível sectorial continuamos a preferir a banca, farmacêuticas e oretalho alimentar, preferindo reduzir a exposição a transportadorasaéreas, TMT´s químicas e seguradoras. Dentro dos diversos mercadoseuropeus, continuamos a preferir o DAX a curto prazo.

Agora que a guerra no Iraque terminou e a crise provocada pelo surto desíndroma respiratória aguda severa (SARS) parece mostrar sinais decontenção, o enfoque volta a centrar-se nas variáveis fundamentais daeconomia. Acreditamos que o índices europeus deverão continuar abeneficiar da correcção do preço do petróleo, do fim da guerra e da melhoriasnas perspectivas de crescimento da economia norte-americana, essencialmentea partir de 2004. Apesar da UEM ainda enfrenta alguns obstáculos estruturaisque dificultam a recuperação económica, este cenário já é bem conhecido,pelo que acreditamos que está descontado nos preços das acções.

A evolução do preço do petróleo também assinala algum optimismo. Opreço do crude, que desde o início do ano tem observado uma correlaçãonegativa com a evolução dos principais índices norte-americanos, registauma queda de cerca de 20% desde o inicio da guerra. A manutenção dosactuais níveis constituem por si um sinal positivo adicional para o mercadoaccionista.

Dentro dos diversos mercados europeus, continuamos a preferir o DAX acurto prazo, que poderá continuar a beneficiar das suas actuais características(high risk, high beta). Não obstante alguns dos seus problemas estruturais, aeconomia alemã tem vindo a beneficiar de algumas medidas para corrigirdas fortes perdas que registava este ano, designadamente alterações nalegislação laboral e cortes na Segurança Social. Em termos de alocaçãosectorial, reiteramos a nossa preferência sobre a banca dadas as suascaracterísticas defensivas; perspectiva de queda para as provisões para créditode cobrança duvidosa, dados pelo próprio sector; aumento da inclinação dacurva das yields deverá reflectir-se positivamente na margem financeira dosbancos; e dividend yield atractivo. Os sectores farmacêutico e o retalhoalimentar também se mantêm entre os nossos preferidos, dado não estaremtão dependentes do ciclo económico. Pelo contrário, devemos reduzir aexposição a transportadoras aéreas, TMT´s químicas e seguradoras. Em termosgeográficos, preferimos os mercados espanhol, italiano, francês e inglês, emdetrimento do suíço, irlandês e alemão.

Principais Índices Mundiais

(até 14 de Maio) Fecho (*)

Var. desde 1 Jan. 2003

Eurostoxx 50 2296 -14.65% -4.6%

PSI 20 5630 -8.92% -3.3%

IBEX 35 6395 -2.76% 5.9%

CAC 40 2963 -14.54% -3.3%

DAX 30 2937 -16.21% 1.5%

FTSE 100 3987 -8.30% 1.2%

DOW JONES 8727 -4.19% 4.6%

NASDAQ 1541 0.42% 15.4%

NIKKEI 225 8190 -7.07% -4.5%

BOVESPA 13.320 0.05% 18.2%

PETRÓLEO 27.8 5.88% 0.8%

EUR/USD 1.155 4.03% 10.0%

(*) 1ºTrim. de 2003

DJ Stoxx 50 - Acções do Ano

-26,9%

-21,9%

-20,8%

-16,8%

-14,1%

8,6%

9,9%

10,0%

12,2%

16,5%

-40% -20% 0% 20%

A egon

M uenchener RE

A llianz

Bayer

Suez

GlaxoSmithKline

Royal B oS

E.ON

AstraZeneca

Telefonica

DJ Stoxx 600 - Sectores do Ano

-12,0%

-11,6%

-10,6%

-10,3%

-10,2%

-1,3%

0,1%

1,3%

2,1%

6,7%

-17% -10% -3% 4%

B asic

Non-C yc. Goods

Food & B ev

Chemical

M edia

Utility

B ank

Telecom

C onsumer

Technology

O Mercado Bolsista

Indicadores da Bolsa

O SEU DINHEIROSecçãopatrocinada por:

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52 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

breves

BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS DE INVESTIMENTO, SA

BCP Investimento

Preço dos combustíveisvai baixar…

Se o preço do petróleo continuar abaixar e o dólar mantiver a tendênciade desvalorização o preço doscombustíveis vai baixar, afirmou aministra de Estado e das Finanças,Manuela Ferreira Leite. Se efectivamentebaixar o preço dos combustíveis, essapoderá ser uma boa notícia para quematé agora utilizava os transportespúblicos: é que a titular da pasta dasFinanças admite a hipótese deintroduzir uma fórmula selectiva naatribuição dos passes sociais ,consoante os rendimentos auferidos:os passes sociais dos transportespúblicos poderão sair mais caros aostitulares de rendimentos mais elevados.Esta possível selectividade justifica-se,segundo Manuela Ferreira Leite, emvirtude do desfasamento existenteentre os preços dos passes sociais dastransportadoras públicas e os custosque suportam anualmente.

Combater a estagnaçãoeconómica

Numa conferência organizada no finalde Maio pelo Partido ComunistaPortuguês, em que participaram oseconomistas João Ferreira do Amaral,Manuela Silva, Octávio Teixeira e osecretário-geral da CGTP ManuelCarvalho da Silva, conclui-se que aestagnação económica no nosso paíspoderá transformar-se numa recessãoprolongada porque existem causasestruturais para este estado de coisas.A conferência, intitulada “medidasnecessárias para combater aestagnação económica”, teve lugar noParlamento e dela saíram váriassugestões para, a curto-prazo, evitar oagravamento da situação económica donosso país, entre as quais se destaca anecessidade de não manter o objectivodo défice orçamental, até porque opróprio Pacto de Estabilidade e Cresci-mento admite maiores défices em casode recessão.

Economia americanaem recuperação?

Nos últimos 12 meses, o dólar teve umaqueda de 20 por cento em relação aoeuro, o que tem, naturalmente,contribuído para a valorização damoeda única europeia. No entanto,recentemente, o secretário americanodo Tesouro, John Snow, mostrou-seconfiante na progressão da economiados Estados Unidos da América, pelomenos por comparação com o ano de2002. John Snow sugeriu mesmo queno segundo semestre deste ano aeconomia americana dará sinais decrescimento. Após um crescimento deapenas 0,4 por cento no primeirotrimestre, John Snow considera queestão reunidas as condições para umaboa recuperação já no segundotrimestre.O presidente da Reserva Federal norte-americana, Alan Greenspan, tambémestá optimista e afirmou, perante umacomissão de Economia do Congresso,que a economia americana tem capa-cidade para crescer a um ritmo maisacentuado.

Valorizações Bolsistas

75,00

84,00

93,00

102,00

111,00

120,00

01-01-2003 02-02-2003 06-03-2003 07-04-2003 09-05-2003

PSI 20 IBEX 35 Dow Jones Nasdaq EuroStoxx50EuroStoxx50

O SEU DINHEIRO Secçãopatrocinada por:

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54 Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003

O regresso do CarochaBeetle Cabriolet

S O B R E R O D A S

O regresso do Carocha

um clássico da história doautomóvel. Sessenta anosdepois do seu nascimento, a

Volskwagen volta a procurar no seumodelo mais famoso argumentos paraconquistar um segmento de mercadocom um peso crescente na indústriaautomóvel. Depois do lançamento deBeetle convencional, a marca alemãcolocou no mercado a versãoCabriolete, exactamente 44 anosdepois do nascimento do primeiro VWCarocha descapotável.

Desde 1980 que nenhuma geração deCarochas conhecia uma versãocabriolete, mas os responsáveis da VWacreditam no êxito do novo carro, quechegou ao mercado português com osol dos primeiros dias da Primavera de2003.As linhas do novo carro respeitam omodelo que serviu de base e nacarroçaria são poucas as diferenças,excepto que se trata de um cabrioletede linhas bem características.Referiram-se os cuidados particulares

dispensados àsegurança dosocupantes, ondese destaca umsistema de pro-tecção automáticoem caso de capo-tamento. Quantoao equipamento,

tudo o que um condutor exigenteespera encontrar num carro dequalidade: ABS, airbag para condutore acompanhante, airbags laterais ecapota eléctrica.No segundo semestre de ano osinteressados terão à disposição o BeetleCabriolet equipa com um motor TDI,mas para já as escolhas são motoresde 1390 cc e 75 cavalos de potência ede 1595 cc e 101 cavalos. Os preçossão de 24 300 euros para o modelo1400 e de 27 432 para o 1600.

eguindo os passos dos grandesconstrutores, também a Audivoltou a lançar um descapotável.

E como há receitas que convém repetir,pegou no novo A 4, aproveitou o motorde 1.8, com turbo compressor, capazde debitar quase 170 cavalos de

potência e espera agora que o mercadolhe permita repetir os êxitos alcançadoscom as versões anteriores.Ao volante do novo Audi, a principaismelhorais observam-se a nível daestabilidade, da redução dos ruídosquando se viaja com a capota fechada,

melhor resposta do motor, mais eficáciano sistema de travagem e uma melhoriageral dos equipamentos de série.Além do ABS, o Audi 4 Cabrio dispõede ar condicionado automático, estofosem pele, controlo de tracção, "airbags"laterais e para condutor e passageiro,sensores de estacionamento e sistemaeléctrico para fecho e abertura dacapota.Para os amantes das velocidades, oconstrutor aponta os 226 quilómetrospor hora como limite. O motor, com1781 cc, é capaz de debitar umapotência de 163 cavalos. Quanto àaceleração, necessita de 9,4 segundospara atingir os 100 km/h.Quanto ao preço é de 44.500 euros.

É

SAudi 4Audi 4 Cabriolet

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Revista ORDEM DOS MÉDICOS . Maio 2003 55

MercedesCLKMercedesCLK Cabriolet

hegaram a Portugal os novosMercedes CLK Cabriolet. Sãocinco versões para gostos e

bolsas diferentes, mas em todas elasestão presentes as melhorescaracterísticas que a marca alemã tempara oferecer. Segurança, potência econforto.Para os que primasia à potência, a novageração CLK está disponível com cinco,são cinco motores, que debitam entreos "modestos" 170 cavalos até aosimpressionantes 367 e no seu segmentoé o único que apresenta dois modelos( CLK 500 e CLK AMG equipados commotores de oito cilindros).Além dos novos motores, os novoscabrio da Mercedes crescerampreciosos centímetros, uma pequenadiferença com vantagens, principal-mente para os ocupantes, que viajamno banco de trás do veículo e na mala,agora com capacidade para 390 litros.

Quanto à segurança, há tambémnovidades e mantém-se como emblemados CLK, nomeadamente através dosaperfeiçoamentos introduzidos nosistema de protecção caso o carro sejaatirado para situações mais difíceis ouameace capotar. A nível dos interiores,o CLK conheceu também novidades,com um tablier mais sofisticado, a quese juntam alguns luxos, como aclimatização individual, sensores dechuva e iluminação com activaçãoautomática mantendo-se a qualidade

dos materiais e a boa posição para ocondutor.Para muitos o principal defeito do carropode mesmo ser o preço. O mais baratoronda os 60 mil euros. O que até podenem ser muito, se tivermos em conta omesmo veículo pode ser um cabrio ouum carro utilitário. A escolha é docondutor e está ao alcance de umsimples botão. A experiência dofabricante e a tecnologia fazem o restoem escassos 20 segundos.

om novos atributos, a Toyotavoltou a investir no MR2. É umcarro de linhas agressivas com

características muito particulares quefazem dele um descapotável diferente.Lançado nos finais de 2002, o renovadoMR2 procura consolidar uma posiçãojá conquistada no segmento dos"pequenos" cabriolet. A estrutura basemantém-se, mas houve importantesmelhorias na carroçaria, com alteraçõesno pára-choques e um novo conjuntode ópticas que lhe conferem um ar maismoderno.Com apenas dois lugares, o MR2recebeu também melhorias no interior,onde a qualidade continua a marcar adiferença e onde não faltam todas ascomodidades, como ar condicionado,

sensores de estacionamento, sistema denavegação e rádio leitor de CDs.No equipamento de série não faltatambém o ABS com EBD, controlo detracção, direcção assistida, controlo de

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S O B R E R O D A S

estabilidade e duplo airbag. O motortem 1794 cc, com uma potência de 140cavalos e capaz de atingir os 210quilómetros por hora. O preço ronda34 781 Euros.

CCToyota MR2 1.8Toyota MR2 1.8 Cabriolet

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"indispensável à paz" e "unidade do universo".Um encontro com o barqueiro Vasudeva, há-de, no entanto, de o levar até à floresta, onde,finalmente, apreende "a unidade e harmonia detoda as coisas".

David Malouf:"Conversas em CurlowCreek"QuetzalCorre o ano de 1827. numaremota cabana nos pla-naltos da Nova Gales dosul, dois estranhos passama noite a conversar. Um,Carney, um irlandês anal-fabeto, ex-condenado e

bandoleiro, vai ser enforcado ao amanhecer. Ooutro, Adair, é oficial da polícia encarregado desupervisionar o enforcamento. À medida que anoite decorre, os dois partilham recordações edescobrem estranhas ligações nas suas vidas.Fora da cabana, os homens de Adair esperam oromper da manhã. Carney interroga-se sobreos acasos do nascimento e da sorte que olevaram àquela situação. Adair recorda a Irlandada sua juventude e a arrogante e volúvel Virgilia,filha de um proprietário da vizinhança. O queterá trazido Adair até à Austrália? E porquerazão será Carney tão importante para o seufuturo?David Malouf é internacionalmente reconhe-cido como um dos melhores escritores austra-lianos. Entre os seus romances - dos quaisConversas em Curlow Creek foi o primeiro aser publicado em Portugal - contam-se Johno,An Imaginary Life, Harland´s Half Acre e TheGreat World, que recebeu o CommonwealthWriter´s Prize e o Prix Femina Étranger em1991. Remembering Babylon, de 1993, foiselecionado para o Booker Prize e foigalardoado com o primeiro IMPAC DublinLiterary Award.

Luís Sepúlveda:"Diário de um KillerSentimental"AsaCom Diário de um KillerSentimental, Jacaré e HotLine - três novelas queforam previamentepublicadas em folhetim nosjornais "El Mundo" e "El

País" e que aqui se agrupam soba forma de livro - Luís Sepúlveda regressa aogénero policial, que já havia abordado comsucesso em Nome de Toureiro. Escritormultifacetado, que domina com igual mestria oromance de recorte clássico, o relato de viagensou o conto infantil, Sepúlveda encontra nochamado género "negro" a veículo ideal para,simultaneamente, dar guarida à sua inesgotávelveia de contador de histórias e À suapreocupação pelos condicionalismos sociais.

Kazuo Ishiguro:"Um Artista do MundoTransitório"Livro AbertoKazuo Ishiguro nasceu emNova Iorque em 1954 e foipara Ingla-terra em 1960.Tendo ganho o prémioWhitbread Book of the Year

com este romance, veio a sercontemplado em 1989 com o Booker Price, umdos mais conceituados prémios literáriosbritânicos. Um Artista do Mundo Transitório éuma obra requintada e subtil, visãoretrospectiva de uma vida onde se confrontamcom delicada lucidez e a integridade, a arte e apolítica, o passado e o presente.

Laura Grimaldi:"A Suspeita"Difusão CulturalOs indícios acumulavam-se, um a um, cimentandoa suspeita, ampliando-a,dando-lhe consis-tência,enquanto os massacres sesucediam: jovens casaiseram barbaramente

assassinados e mutilados porum criminoso implacável que atacava, e

locais ermos, nas noites de lua nova... Aquelapavorosa interrogação dilacerava-a: seria o seupróprio filho o assassino que espalhava o horrore a morte na região? Todos os indícios pareciamconfirmar inexoravelmente a sua obsessivasuspeita...

Paulo Coelho:"O Demónio e aSenhorita Prym"PergaminhoA descoberta de que obem e o mal coexistemem todas as pessoas levapor vezes a conflitosinternos difíceis deresolver. Este livro de

Paulo Coelho fala-nos precisa-mente dessa luta interna que todos nóstravamos perante as mais diversas tentações, eda tomada de consciência de que a diferençaentre um santo e um pecador passa apenaspelas opções que se tomam na vida. Apopulação de uma pequena aldeia de pessoashonestas e trabalhadoras é confrontada comuma estranha proposta de um forasteiro:cometer um crime para ganhar uma quantidadede ouro que os tornaria ricos por váriasgerações. Quais serão as motivações de uma talproposta? Como reagirão aquelas pessoas que,até esse momento, nunca na vida tinhampensado em cometer um crime? Paulo Coelholeva-nos á descoberta da resposta a estasperguntas, num percurso onde o bem e o malestão sempre presentes.

Dóris Graça Dias:"As Casas"João AzevedoÉ um texto de enganadorasimplicidade, este As Casas.Escrito assim, mezza voce,quase se assemelha a umálbum de recordações quereencontramos, comsurpresa: nem uma foto-

grafia dele se desprendeu, com o correrdos anos. Mas o texto é outra coisa, de talforma a exigente convocação da memóriacontribui para cerzir uma topografia rigorosa,feita de janelas e recantos, de salas e varandas,de corredores e objectos, um labirinto cons-truído por dentro, com a minúcia de um dese-nho de arquitectura, simultaneamente verosímile imaterial. As Casas não se limitam a assinalarum percurso; elas são o próprio percurso, cujasinalização se vai fazendo por nomeação delugares, falas, lágrimas e murmúrios - e risos,também risos, porque esses, felizmente, ecoampor dentro da tessitura quase musical destapequena peça de câmara dada por Dóris GraçaDias ao júri de um prémio literário. Mas regressaessa ideia de simplicidade, com que se faz aliteratura deste livro, e é enganadora, porqueuma vida (ou diversas) se recorta, com invulgarequilíbrio e delicadeza, por detrás desta grafiaminuciosa, desta espécie de caligrafia que se vaialinhando, quase inventariando, as própriasvozes que as casas foram, quando foram ecoda nossa voz. E, uma após outra, como a vida,mas apenas dependentes da lógica textual queinstauram, elas se vão desdobrando umas dasoutras, a da primeira infância, a dos avós, a deÁfrica, e nenhuma conta a sua história, porqueessa história é apenas sentida como coisa queelas nos fazem dizer. A teia torna-se, assim,densíssima sem impenetrabilidade, mas deixandoperceber que há segredos para lá dos segredosque elas nos entregaram. E que "os lugares queforam nossos também valem quando deixaremde nos pertencer". Porque nos pertencem nanossa memória deles. Até à última gota. Até àúltima letra.

Hermann Hesse:"Siddhartha"NotíciasFilho de um brâmane,desde cedo Siddhartha sedestacou pela suainteligência, aponto defamiliares e amigos lheaugurarem um futurobrilhante. Ele, no entanto,

temendo pela salvação,parte, acompanhado pelo amigo Govinda,entretanto "refugiado junto do sábio Buda",ao encontro da paz espiritual. Neste deambular,cruza-se com a bela Kamala, com quem se"entrega à vida dos sentido" até ao momentode buscar na cidade, a experiência

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António Tabucchi:"Pequenos EquívocosSem Importância"DIFELUma Toscania secreta eenfeitiçada, villas em Fortedei Marmi, uma gare naRiviera, uma Lisboabaudelairiana, um rali decarros antigos, umperseguidor implacávelcom ar distinto num

comboio de Bombaim paraMadrasta. Numa primeira leitura, os contos deTabucchi podem aparecer como aventurasexistenciais e retratos de viajantes irónicos edesesperados. Mas a aparente sintonia entre arealidade e ficção transforma-se de súbito emperturbação e mal-estar. Como oblíquos"contos filosóficos", as histórias de Tabucchireduzem-se a uma reflexão em torno do acasoe da escolha, a uma tentativa para olhar porentre os interstícios que sulcam a tecitura daexistência.Nas páginas de Tabucchi, existe umainquietação metafísica que evoca Piero dellaFrancesca, Chirico e Pirandello. Mas este escritor,que gosta das personagens excêntricas e dasvidas falhadas, adensa os seus enigmas com umaestranha luminosidade: as suas "teias" policiaissão a busca de um investigador que não procurarespostas, mas uma mensagem, um sinal, umaaparição.

Paulo Coelho:"O Alquimista"PergaminhoO Alquimista relata asaventuras de Santiago, umjovem pastor andaluz, queum dia abandona o seurebanho para ir em buscade uma quimera: realizar oseu destino e cumprir asua lenda pessoal. Numa

viagem através do deserto,Santiago descobrirá a sua forma de alquimia, deaprender a ouvir a voz do coração e a ver alémdo que os olhos nos dão a ver, encontrandoum sentido profundo para a sua vida."Cada homem na face da Terra tem um tesouroque está esperando por ele", disse o seucoração. "Nós, os corações, costumamos falarpouco destes tesouros, porque os homens jánão querem mais encontrá-los. Só falamos delesàs crianças. Depois deixamos que a vidaencaminhe cada um em direcção aos seudestino. Mas, infelizmente, poucos seguem ocaminho que lhes está traçado, e que é ocaminho da Lenda Pessoal e da felicidade. Amaioria acha o mundo uma coisa ameaçadora.(...) Então nós, corações, vamos falando cadavez mais baixo, mas não nos calamos nunca. Etorcemos para que as nossas palavras não sejamouvidas: não queremos que os homens sofram,

porque não seguiram os seus corações."

Alfredo Bryce Echenique:"Guia Triste de Paris"Teorema"Guias práticos há-os, bons e maus, mas que eusaiba não existem guias tristes, e muito menos

de Paris." - Alfredo BryceEchenique.Abolir a fronteira quesepara a realidade daficção foi, desde sempre,uma das mais carasaspirações do serhumano. A magia e aliteratura conseguiram-no, mas poucosprivilegiados conseguem

exercê-las com suficienteautoridade e, no nosso tempo, ninguém o fazde forma tão divertida e comovedora comoAlfredo Bryce Echenique. Guia Triste de Paris éuma excelente amostra do seu reconhecidotalento para recriar o mundo. Utilizandomateriais de ambos os lados dessa fronteira,Bryce Echenique oferece-nos catorze históriasnas quais suprime calmamente as barreiras entreo que foi e o que poderia ou deveria ter sido.Uma operação que realiza com toda anaturalidade, pois, como ele próprio confessa,costuma deixar a fantasia "entrar e circularlivremente por onde lhe der na sua real gana,em qualquer circunstância e momento,inclusivamente a dormir".

José do Carmo Francisco:"Os Guarda-RedesMorrem ao Domingo"Padrões CulturaisEste livro, que se podetraduzir numa ode aofutebol, é composto poronze contos, onzepoemas e onze crónicas.Mas o futebol que sedescobre nestaspáginas não é o futeboldaqueles que têm "os

olhos sujos pelo dinheiro", porque essesnão o podem compreender, nem apreciar,porque não compreendem nem apreciam osvalores mais importantes, como é muito bemdemonstrado no conto "Os cinco segundosmais demorados da minha vida". Este é um livroque só pode ser compreendido por quem amao futebol como o autor o ama, ou por quem,mesmo não gostando de futebol, queiradescobrir e conhecer histórias do tempo emque o futebol merecia ser amado, histórias deum tempo e de um lugar onde se juntava "apaixão pelo clube, a fé na vitória e a herançados que vieram antes de nós e não podíamosdesiludir..." Muito mais do que um livro sobrefutebol, este Os Guarda-Redes Morrem aoDomingo é um livro sobre pessoas que merecem

António Coimbrade Matos:"Mais AmorMenos Doença- a psicossomáticarevisitada"Climepsi

ser lembradas, sobre a honra e a dedicação,sobre o sofrimento e as injustiças, não da vidamas dos homens. "Eu gostava do jogo pelo jogo,pelo prazer, pelo usufruto da indecisão, pelogosto da vitória. Para mim o futebol era umafesta, afastei-me quando o senti perto de serapenas um modo de vida." - recordar osmomentos em que o futebol era uma festa,pelo menos para jogadores e adeptos, éverdadeiramente emocionante. E, ao passearao longo destas páginas, não raras vezes poderásentir o mesmo "peso negativo da angústia edo sofrimento", convertido num nó na garganta,que sentiram as personagens reais destescontos e destes poemas.

Boris Vian:"As Formigas"Assírio & Alvim

Florbela Espanca:"Sonetos"Ulisseia

Michael Tolkin:"O Vencedor"Edições 70

Nicholas Sparks:"Um MomentoInesquecível"Presença

Outras sugestõesOutras sugestões

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