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Revista Republica - 04 - Setembro/Outubro 2012

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Revista República

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Page 1: Revista Republica - 04 - Setembro/Outubro 2012

República

Maioria dos rios, córregos e nascentes da região está canalizada sob ruas e avenidas e recebe esgoto doméstico

É pique!Saldo positivo Será que dá?RE

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ExpEdiEntE Publisher Responsável

Donizete Fernandes

EdiçãoTuga Martins – MTb 19.845

Colaboradores• Liora Mindrisz – MTb 57.301

• Roberto Barboza – MTb 17.692 • Shayane Servilha – MTb 68.513 • Tamyres Scholler • Lina Sérvio •João Schleder •Gabi Bertaiolli

Fotos•Diego Barros – MTb 36.327

Revisão

•Professor Isaías Gomes de Lima

Editoração Eletrônica•Dianda Frames

Designer•Maysa Calmona

Comercial•Cristiane Nogueira •Mariana R. Chippari

Diretoria ExecutivaPresidente - Cícero Firmino da SilvaVice-Presidente - José Braz da Silva

Secretário Geral - Sivaldo Silva PereiraSecretário Adm. e Financ. - Adilson Torres dos Santos

Primeira Secretária - Aldenisa Moreira de AraújoSegundo Secretário - Osmar César Fernandes

Terceiro Secretário - José Ramos da SilvaDiretor Executivo - Elenísio de Almeida Silva

Diretor Executivo - Geraldo Ferreira de SouzaDiretor Executivo - Geovane Correa de Souza

Diretor Executivo - José Roberto VicariaDiretor Executivo - Joseildo Rodrigues de Queiroz

Diretor Executivo - Aldo Meira SantosDiretor Executivo - Pedro Paulo da Silva

Diretor Executivo - Adonis Bernardes

Conselho da Diretoria Executiva• Geraldo Alves de Souza • Manoel Severino da Silva • Wilson Francisco • Edilson Martins • Rafael William Loyola • Bertoni

Batista Beserra• Maria Andréia Cunha Mathias • Jeferson Carmona Cobo • Marcos Antonio da Silva Macedo • Joelma

de Sales

Conselho Fiscal – Titulares• José Edilson dos Santos • Claudinei Aparecido Maceió

• Claudio Adriano Fidelis • Conselho Fiscal Suplentes• Altamiro Ribeiro de Brito • Marcos Donisete Felix

Comitê Sindical de Empresa

• Adair Augusto Granato • Anderson Albuquerque Brito• Carlos Alberto Vizenzi • Carlos Roberto Bianchi • Clayton Aurélio Domingues de Oliveira • Cleber Soares da Silva •

Gilberto Andrade de Lima • Givaldo Ferreira Alves • Hélio dos Santos • Jacó José da Rocha • Jânio Izidoro de Lima • Jessé Rodrigues de Sousa • José Moura de Oliveira • José Ramalho

Guilherme Feitosa • José Ricardo da Cruz • José Romualdo de Araújo • Juscelino Gonçalves Ferreira • Lincoln Patrocínio • Lourenço Aleixo da Rocha • Luiz Fernando Malva Souza •

Manoel Gabriel da Silva • Michele Raizer dos Santos • Nauro Ferreira Magalhães • Onésimo Teodoro da Silva • Otaviano Crispiniano da Rocha • Pedro Leonardo Rodrigues • Rossini

Handley Apolinário dos Santos • Viviane Camargo

ImpressãoProl EDitora Gráfica - Unidade Imigrantes - Av. Papaiz, 581 Diadema - SP - CEP 09931-610 - Fone: (11) 2169-6199

Tiragem: 10.000 exemplares

Contatos:

Fone: (11) [email protected]@revistarepublica.com.br

A Revista República é uma publicação da RP8 Comunicação em parceria com Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André

e Mauá.

Editorial

A edição 04 da Revista República foi encerrada simulta-neamente ao fechamento das urnas do primeiro turno das eleições municipais. O ABC ainda tem pendências, uma vez que os eleitores de Santo André, Diadema e Mauá terão de concluir a missão cívica em 28 de outubro. Mas inde-pendentemente do resultado, os prefeitos eleitos terão de ajustar as promessas de campanha às planilhas orçamen-tárias. A tarefa não é das mais fáceis porque expõe a hierar-quia de prioridades políticas e administrativas do governo. Nossa proposta editorial é verdadeiro exercício de cidada-nia uma vez que oferece à sociedade a possibilidade de se apropriar das informações sobre os recursos públicos de maneira a acompanhar arrecadação e gastos para cobrar o cumprimento de programas e ações do governo. Na reportagem de capa, mostramos que o destino es-colhido pelos governantes às nossas águas desenha futuro comprometedor, uma vez que a canalização de córregos e rios é o caminho mais fácil para literalmente enterrar problemas. Nenhum dos municípios da região incentiva a população a ter relação harmoniosa com as águas. Já a cidade de Indaiatuba, optou por modelo progressista, de valorização ambiental e da qualidade de vida. O descaso emerge também em São Bernardo com o to-tal abandono da Chácara Colúmbia, patrimônio ambiental e arquitetônico que a cidade parece desconhecer. Mas a região floresce em cultura. Na música, a banda de thrash metal, Forka, aos poucos conquista o mercado, a voz de Maria Christina, reafirma a importância da MPB, enquanto Passoca atribui urbanidade às modas de viola. A viagem dessa vez é para a joia do mar Adriático. A jornalista Liora Mindrisz, dedicou tempo das férias para nos trazer o melhor da Croácia. Em beleza e moda, trata-mos do inusitado Dia do Noivo e a passarela promissora do plus size. Não faltam páginas voltadas ao esporte, com destaque para os astros do ringue, que buscam o resgate do sucesso da modalidade. Temos também espaço para os talentos da região, pessoas empenhadas em diversos se-tores que se emergem no cenário nacional e até mundial. Aprecie sem moderação.

Exercício de cidadania

Donizete FernandespublishEr

suMÁrio

RepúblicaREVI

STA

Revi

sta

ConJunturais06 e 07

Cartas08

palaVra dEprEsidEntE10

Testemunhas dademocracia

talEntos12 a 14

Arte em orelhãoABC na ONU

Cultura15 a 20

Arte sustentávelA voz de Maria ChristinaThrash metal da ForkaA viola de Passoca

bElEZa & Moda21 a 23

Dia do NoivoPlus size

CoMportaMEnto24 e 25

Home office em alta

ConsuMo26 e 27

Presentes para crianças

sindiCal28 a 30

Valor da comunicaçãoHistória VivaParabéns a você

dECoraÇÃo32

Entregue-se às flores

EduCaÇÃo33 a 35

Curso para desempregadosReforço Escolar

EspECial36 a 38

Poder da negociação

nEGoCios39 e 40

Contabilidade moderna

polÍtiCa41Sindicalismo no Legislativo

Capa42 a 46

Crime contra as águas

polÍtiCa48 a 53

Quanto valem aspromessas?

MEio aMbiEntE56 a 58

Tesouro desprezado

QualidadE dE Vida60 e 61

A força do Mexa-se

turisMo62 a 65

Destino Croácia

EsportEs66 a 70

Magos da bolaDonos do apitoTimes na gaveta

GastronoMia71 e 72

Adega do Jabá

saÚdE73 a 75

Massagem de campeãoCâncer pelo trabalho

inClusÃo76 e 77

Sorriso sem discriminação

QualidadE dE Vida78 a 80

Doce veneno

bEM-Estar81 e 82

Cura a galope

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C ONJUNTURAIS

ABC nas urnassanto andré Carlos Grana (PT): 42,85% Aidan Ravin (PTB): 37,23%Salles (PDT): 13,42% Bonome (PMDB):4,77%Marcelo Reina (Psol): 1,20%Faquer (PRTB): 0,52%

sÃo bErnardoLuiz Marinho (PT): 65,79%Alex Manente (PPS): 30,94% Ademir Silvestre (PSC): 1,97% Aldo Santos, 0,91% Lígia Gomes (PSTU), 0,39%.

sÃo CaEtanoPaulo Pinheiro (PMDB): 63,35%Regina Maura (PTB): 34,81%Fernando Turco (PSDC): 1,84%

diadEMaMário Reali (PT): 46,78%Michels (PV): 41,93% Maridite (PSDB): 9,45% Buiu da Praça (PMN): 1,62% Prof. Ivanci (PSTU):0,22% Vladão (PCB): 0,00%

MauÁDonisete Braga (PT): 38,34% Vanessa Damo (PMDB): 33,9% Átila (PPS): 13,35% Ozelito (PTB): 8,17% Edimar da Reciclagem (PSDB): 3,7%Paulo Bio (PV): 1,43% José Silva (Psol): 1,11%Diniz Lopes (PR): 0%

ribEirÃo pirEsSaulo Benevides (PMDB): 58,31%Maria Inês (PT): 36,65%Alberto Ticianelli (Psol): 4,84%Dedé (PPS): 0%

rio GrandE da sErraMaranhão (PSDB): 60,60%Claudinho da Geladeira (PT): 37,04%Luiz da Internet (PSDC): 1,29%Nilson do Mercado (PCdoB):1,07%

Vendas de imóveis em alta As vendas de imóveis verticais novos no ABCD aumentaram 15% no primeiro se-mestre de 2012 ano em relação ao mesmo período de 2011. A pesquisa da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), divulgada em setembro, revela as promoções de apar-tamentos de luxo influenciou no resultado. Por conta das vendas, os estoques estão abaixo da média. No primeiro semestre foram vendidos 3.412 unidades. Os aparta-mentos com dois dormitórios lideraram as vendas com 61% das unidades, seguido dos com três dormitórios com 33%. Os aparta-mentos de luxo custam em média na Região de R$ 700 mil a R$1,2 milhão. O estoque total de apartamentos é de 3.423 unidades.

Ricardo Guimarães

Luz no fim do túnel Após registrar mais de 20 grandes panes na Compa-nhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) ao longo do ano e anunciar grande programa de modernização, o governo do Estado apresentou a Proposta Orçamentá-ria de 2013 com aumento de 6% em investimentos nos trens. A previsão é de que sejam gastos R$ 2,9 bilhões nos trens no ano que vem. A Proposta Orçamentária de 2013 precisa ser aprovada pela Assembleia Legislativa, onde pode sofrer mudanças.

Corinthianos por toda a eternidade O torcedor corintiano acaba de ganhar mais uma oportunidade de demonstrar amor pelo clube. A diretoria alvinegra anunciou negociação com empresa a construção de cemitério exclusi-vo à fiel torcida. O local ainda não foi escolhido pelo Corinthians, mas é bem provável que São Bernardo seja a cidade premiada. “Ainda esta-mos em negociação e a previsão é que isso seja acertado em janeiro de 2013”, afirmou o vice--presidente da agremiação, Luis Paulo Rosen-berg.

O ABC ganhou uma nova galeria de arte. A Nano, de São Bernardo, co-meçou as atividades em agosto com a primeira exposição coletiva, que contou com obras dos artistas Cena7, Daniel Hogrefe e Gafi. A mostra fica até o dia 27 de outubro e a galeria fica na rua Kara, 74. A visitação acon-tece de terça a sábado, das 11h às 18h, e a entrada é franca. O objetivo do novo espaço é comercializar arte contemporânea, fazendo a conexão necessária entre compradores e artis-tas com preços acessíveis.

Nova galeria de arte

Emicida volta à região O rapper que se destacou este ano na cena musical brasileira voltou a região para um show no Sesc Santo André, no ultimo 15 de setembro. Após seis anos de car-reira e diversos prêmios, inclusive o de Artista do Ano e melhor CD de música popular pelo Prêmio Bravo de Cul-tura em 2011, Emicida cantou sucessos como Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida Até que eu Cheguei Longe, Sua Mina Ouve Meu Rep Tamem, Triunfo, Vacilão e Emicídio. Pouco antes desta apresentação, Emicida gravou DVD ao vivo com outra revelação do rap nacional, o Criolo, no Espaço das Américas em São Paulo.

Estudo da equipe de oncologia da FMABC (Faculdade de Medi-cina ABC) no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, e no Hospital de Ensino Anchieta, em São Ber-nardo, constatou que os casos de câncer de mama nos dois hos-pitais estão acima da média apontada pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) para a Capi-tal e a Região Sudeste. A pesquisa, feita em 2010 e 2011, avaliou 2.366 pacientes, dos quais 63% eram mulhe-res, com idade média entre 50 e 60 anos. O tumor de mama foi o que teve maior incidên-cia (31,5%) de casos.

E o cânceravança

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CARTASQualitatiVas

Olá, equipe da Revista Re-pública! Leio esta revista desde sua primeira edição e gostaria de dizer-lhes que as matérias são qualitativas, de assuntos inte-ressantes que abordam temas de nossa região. Leitor assíduo de mídias regionais, digo, com proprie-dade, que vocês me surpreen-dem ao irem a fundo no que se propõem a escrever. Além de escreverem de forma simples, direta e não cansativa de ler. Em especial, parabenizo-os pela matéria sobre o ensino continuado. Realmente é inad-missível. Antonio Silva,Técnico químico, aposentado

1º aniVErsÁrio

Sou fã de vossa publicação desde o início da mesma, é com orgulho de leitor assíduo e colecionador que notei que

Escreva para a Revista República pelos emails:[email protected] ou [email protected]

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PALAVRA DE PRESIDENTE

Cícero Martinha é presidente do Sindicato dosMetalúrgicos de Santo André e Mauá.e-mail: [email protected]

A conclusão de mais um processo eleito-ral para a gestão das cidades espelha o amadurecimento da política brasileira,

bem como dos eleitores. Foi para testemunhar fato como este que minha geração lutou, apa-nhou e sobreviveu. O país enfrentou ditadores desde o império, tempo em que o povo não ti-nha direito à escolha de seus governantes. As decisões sobre os rumos do Brasil por muito tempo estiveram nas mãos de poucos pode-rosos, endinheirados, despreocupados com a classe trabalhadora. Perseguições, torturas e mortes precederam este clima democrático que experimentamos hoje, com direito de decidir sobre nossos repre-sentantes. Ainda não atingimos a plenitude da democracia e por isso é fundamental que acom-panhemos de perto o trabalho de nossos eleitos

a fim de avaliar se os resultados são positivos ou perniciosos para o coletivo. A tarefa de cumprir as propostas apresenta-das durante a campanha nem sempre consta da agenda de políticos eleitos. Muitos são aco-metidos de verdadeira amnésia. É cobrança de cada eleitor pós voto que cria ambiente político saudável, no qual a enganação não tem vez. À frente teremos de buscar reforma política que consolide o financiamento público exclusivo de campanha, o qual irá garantir democratiza-ção e controle da campanhas, meio lícito de pro-teger o eleitor de assédio promovido pelo abuso financeiro de alguns. O combate ao financiamento público mantém o Estado refém do poder econômico. Sabemos que escândalos políticos provocam sentimento de revolta e reforçam a ideia de que todo polí-tico é ladrão. Boa parte da população discorda da ideia do financiamento público porque pen-sam que isso significaria diminuir investimentos em áreas mais nobres. Não podemos afirmar, porque nunca experimentamos, a não ser a compra de tempo de veiculação nos meios de comunicação de massa que no Brasil é banca-da pela sociedade, na forma do horário gratuito de propaganda eleitoral. Para ter ideia, na campanha de Obama, me-tade de tudo que foi gasto – o equivalente a 1,35 bilhão – destinou-se apenas à mídia. Mas o que vale lembrar, é que quando os recursos são públicos, o controle certamente é maior.

Testemunhas doprocesso democráticoCícero Martinha

Diego Barros

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TALENTOS

Tamyres SchollerD

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Durante muito tempo o grafite esbarrou na ilegalidade promovi-da pelas pichações

até ganhar espaço na socieda-de e ser considerado forma de arte. Os chamados grafiteiros não são diferentes e deixam parte de si nas obras que retra-tam o cotidiano. Artistas como Renato Ribeiro de Paula e Sil-va, 24 anos, vencem todos os dias o preconceito para ganhar a vida com a expressão artísti-ca, que de moderna só tem o spray. Formado em Design Gráfico e Motion Graphics pela Escola Cinema e Animação Melies em São Paulo, participou recente-mente do concurso Call Parade da operadora Vivo em parceria com a empresa Toptrends, que

promoveu exposição coletiva de orelhões grafitados distri-buídos pelo centro da Capital. Noventa artistas foram selecio-nados e 10, convidados. Rena-to mora em Santo André e se inscreveu no concurso usan-do o endereço de São Paulo da casa da namorada. “Assim como eu, oito artistas do ABC conseguiram participar”, re-vela o jovem que é conhecido pelo apelido Ahoop. A surpresa maior veio após a seleção e execução do proje-to, quando a votação foi aber-ta para o público. “No começo bastava curtir o orelhão no Fa-cebook, mas depois mudaram as regras e foi preciso votar di-retamente no site e preencher o cadastro. Eu não esperava ganhar, mas divulguei para to-

dos os amigos e para que fizes-sem o mesmo”, diz. Por diferença de 80 votos, Renato conquistou o segundo lugar com o orelhão Casco de Tartaruga Ninja. No pódio, divi-diu espaço com o artista plás-tico Juarez Fagundes, favorito da competição, e o amigo Ra-fael Roots, que ficou em tercei-ro lugar. Os três ganhadores ganharam tablet como prêmio. A Vivo Call Parade foi a úni-ca competição que Renato ga-

nhou até hoje, mas o artista grafita há oito anos. Começou a desenvolver téc-nicas do grafite após sua casa ter sido assaltada. “O que me sobrou foram lápis coloridos e um sentimento muito grande de revolta que eu precisava ex-pressar de alguma maneira”, afirma. Após o episódio, pas-sou a dedicar o tempo a aulas básicas de desenho. O primeiro grafite foi a pró-pria assinatura, mas não con-

tente, buscou aprimorar os de-talhes e cores de temas mais complexos. Dono de traços precisos e desenhos vibran-tes, as principais inspirações são os desenhos japoneses Dragon Ball Z e Pokémon e a maior referência é o desenho americano Simpsons. O talento de Renato já ins-pirou convites interessantes, como pintar muros de escola, entre os quais o painel do co-légio Objetivo, no Parque Novo

Oratório, em Santo André. “Normalmente quem gosta não quer ela exposta aos raios do sol e pede para fazer dentro de casa”. Chegou a ser convidado pela CPTM de Mauá e recen-temente participou de evento de Rap no Guarujá onde pin-tou painel em cima do palco durante o show. Entre os itens inusitados, já grafitou um car-ro a pedido do dono. “Às vezes vejo o carro passando pela

SpraypremiadoRenato de Paula e Silva ganhaprêmio no Call Parade com grafiteCasco de Tartaruga Ninja em orelhão

Renato de Paula e Silva: traços precisos e desenhos vibrantes inspirados em desenhos japoneses

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rua e acho que isso prova que gostaram do meu trabalho”, diz. Apesar do talento, Renato confessa que não ganha mui-to dinheiro com o grafite, mas considera a melhor maneira de se expressar. “A arte de rua é democrática, pois ricos e pobres enxergam os muros e prédios da cidade”, afirma. Além do trabalho com o grafi-te, Renato também cria em es-culturas e modelagem. Esteve no Sesc Consolação durante a Virada Cultural, quando con-feccionou moldes de 100 bo-necos de toyart customizados pelos visitantes.

do GrafitE ao MEtal

Mas a arte não é a única paixão do artista. Além do ska-te no tempo livre, Renato tam-bém é vocalista de banda Unli-fe, do estilo heaven metal, que toca músicas voltadas à reli-giosidade sem o rótulo gospel. “Não queremos salgar o sal, mas passar a mensagem de fé para quem realmente precisa ser evangelizado”, esclarece.

SERVIÇO

Contato para shows: [email protected].

Juventude

A cada dois anos, a Onu--Habitat elege dois re-presentantes de cada

continente para constituir o Conselho da Juventude. Este ano, a iniciativa se tornou mais concreta com a escolha de Edi-nilson Ferreira dos Santos, o Edi, de Santo André. Com histórico de luta em movimentos sociais e de mo-radia, Edi já teve outra experi-ência como conselheiro: viajou para Nápoles, na Itália, onde foi empossado como um dos dois representantes da Ame-rica Latina e Caribe, e pôde compartilhar a experiência no VI Fórum Urbano Mundial, con-ferência sobre cidades e pro-blemas urbanos, organizada pela Nações Unidas. Na prática, o Conselho ser-ve para fortalecer a participa-ção de jovens e apontar dire-trizes para Onu-Habitat. “Eu voltei com muito aprendizado e otimismo na bagagem. Te-mos um grande desafio, que é envolver o jovem em todas as questões que dizem respeito ao desenvolvimento conscien-te”, defende Edi.

bem representadaSanto André elege representante no

Conselho da Juventude nas Nações Unidas

Liora Mindrisz

Edi nasceu na favela e logo cedo se comoveu com a reali-dade do entorno. Formado em Gestão Ambiental, é liderança em diversos movimentos.

Liora Mindrisz

CULTURA

Acervo dasustentabilidade

Benchmarking Brasilcompleta 10 anos com

exposição de André Cóstackz

O Programa Benchmarking Brasil come-morou a primeira década de atividade com premiações, seminários, homena-

gens e até exposição de arte. A programação começou em 31 de julho no Masp, em São Pau-lo, com o coquetel de abertura da Mostra Cultu-ra de Sustentabilidade A Arte que Revoluciona, Práticas que Transformam, com obras do ar-tista plástico André Cóstackz. Nos dias que se-guiram, houve ainda no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateuabriand diversas premiações e seminários, todos ligados a práticas sustentá-veis com representantes de empresas. Idealizado pela publicitária Marilena Lino de Almeida Lavorato, o Benchmarking Brasil foi criado quase que com a sutileza de uma curio-sidade com objetivo de valorizar boas iniciativas empresariais. Pós-graduada em Gestão Am-biental e Globalização e Cultura, a organizado-ra teve a ideia de fazer pesquisa com cerca de 300 empresas da iniciativa privada para saber se haviam práticas de responsabilidade social. “Ao longo desses anos vi desenhar uma nova configuração em cima da sustentabilidade. Saiu de algo estritamente técnico, que existia para atender as conformidades legais, para se trans-formar em publicidade e até um meio de relacio-namento com a sociedade”, reflete Marilena. Há 10 anos não havia sequer faculdade de Engenharia Ambiental e muito menos departa-mentos nas empresas exclusivamente da ques-

tão. “Hoje, o consumidor está mais informado e a sustentabilidade se tornou negócio, com departamentos específicos, com mais profissio-nais, respeito e força”, diz. Com o crescimento das práticas sustentá-veis, consequentemente o evento que premia cases enviados por empresas também cresceu. O Programa construiu e detém o maior banco de práticas de sustentabilidade de livre acesso do país. São 249 práticas organizadas em 10 dife-rentes temáticas, acervo que serve de fonte de pesquisa e consulta para universidades, insti-tuições representativas e demais interessados.

prEMiaÇÃo da déCada

O Dia Benchmarking premiou os Legítimos da Sustentabilidade em três categorias: Bench-marking Junior, que reconheceu os jovens

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Cóstackz: releitura de Tarsila do Amaral

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talentos das Inovações Verdes; Benchmarking Brasil, que certificou os Detentores das Melho-res Práticas deste ano; e o Ranking da Década, prêmio de comemoração com os melhores da Gestão Socioambiental Brasileira dos últimos 10 anos. Compareceram no evento a atriz e ati-vista Christiane Torloni, a apresentadora Laura Wie e Guilherme Amaral, sobrinho neto de Tar-sila do Amaral. No Ranking Benchmarking Brasil 2012, quem se deu bem foi a prática de Gestão por Bacia Hidrográfica da Itaipu Binacional (PR), que faturou primeiro lugar, seguidos pela Ener-gia Limpa da Ambev - Cia de Bebidas das Amé-ricas (SP) e pela Gestão de Mudanças Climáti-cas da ArcelorMittal Tubarão (ES). Mas o prêmio da década, maior prêmio do evento, ficou com a Itaipu Binacional, que conquistou a primeira colocação pelas práticas ao longo dos últimos 10 anos. Todas as categorias premiaram as 10 melhores iniciativas.

artE E sustEntabilidadE

As obras de Thiago Cóstackz, artista convi-dado, expostas no MASP como parte integrante do evento de comemoração pelos 10 anos do Programa dizem muito. São releituras de Tar-sila do Amaral com uma pitada de problemas da contemporaneidade, e têm tudo a ver com a questão principal do evento: a sustentabilidade.

“A arte sempre foi uma linguagem eficiente para falar com as pessoas, por isso sempre incluí nos eventos. Como este ano calhou com os 90 anos do salão de 22, resolvemos homenagear a Tar-sila do Amaral”, revela Marilena. As releituras de Tarsila aparecem com estra-das, anúncio de desenvolvimento desenfreado e outros elementos cheios de critica ao consu-mo. “A sociedade esta cada vez mais padroni-zada. Pensar é preciso”, diz o artista. “Expresso o urbano invadindo a natureza. Quis respeitar a questão estética de Tarsila, mas contribuindo com questões do nosso tempo”. A escolha de Cóstackz não se deu apenas pela habilidade artística e de crítica, mas pelo engajamento no projeto SOS Terra. As boas prá-ticas vão desde a procedência dos produtos que usa nas obras, que não podem agredir o meio ambiente. “Queremos aproximar as pessoas que contribuem para iniciativas de sustentabi-lidade. Temos que valorizar as práticas porque, mais do que os discursos, transformam”, finali-za a idealizadora do Programa.

Prêmio: destaque às boas iniciativas empresariais

Christiane Torloni: ativista ambiental participou do evento

Evento: apresentação de taikô

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CULTURA

Tamyres Scholler

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Última das moicanasMaria Christina lança primeiro CD quatro anos

depois de participar do reality Ídolos

A voz potente da cantora e compositora Maria Chris-tina de Almeida revela

que por trás do visual com pier-cings, cabelo moicano e tatua-gem há sensibilidade e muito mais talento que o exibido em 2008 no reality show Ídolos, da Rede Record. A artista acaba de lançar o primeiro CD com músicas pró-prias em selo independente. As composições partem da MPB com pegada mais pop e a aposta de sucesso começa na fidelidade dos fãs. Em parale-lo, o primeiro clipe foi feito no Rio de Janeiro com a música Cadê você?, com participação do ator global Rafael Almeida. Aos 19 anos entrou no pro-grama e logo passou a ser alvo da mídia por conta da opção sexual. Mesmo assim, Kcris, como é chamada pelos fãs, diz ter sido autêntica. “Não tinha o objetivo de ser símbolo para o público gay. Só queria mostrar quem eu era”, revela. Mais madura e consciente, Kcris tem outra visão sobre mídia e fama. “Antes eu ficava chateada ao ver artistas novos fazendo sucesso, mas hoje eu sei o quanto é preciso batalhar para isso”. Sobre a exposição na mídia, é categórica: “Se

você não tiver os pés no chão, sofre muito”. Nascida em São Paulo, sem-pre morou no Riacho Grande, São Bernardo, com a mãe Mar-li, o pai Pedro e os irmãos mais velhos Daniel e Felipe. Embora não tivesse conhecimento téc-nico, recebeu influências mu-sicais dos pais e aos 14 anos ganhou o primeiro violão. É au-

todidata. Desde então, a meni-na transformou as poesias que escrevia em canções. Atualmente, divide a roti-na de gravação com apresen-tações em barzinhos do ABC e em casas de shows de São Paulo. Contato para shows e com-pra do CD pelo site www.maria-christina.com.br.

Page 10: Revista Republica - 04 - Setembro/Outubro 2012

Um cozinheiro, um pintor automotivo, um logístico e um segurança automotivo pou-co teriam em comum não fosse o prazer

da música. Foi sob influências do thrash metal e hardcore que os amigos Alan Moura, Ronaldo Coelho, Ricardo Dickooff e Samuel Dias decidi-ram montar a Forka, que completa 10 anos de estrada em novembro de 2012. Para comemo-rar, o grupo está prestes a lançar o terceiro ál-bum, ainda sem título definido. “Vão nos amar ou odiar. É diferente do que produzimos antes. É um álbum com mais maturidade nas letras e no som. Foi uma produção de amadurecimento para a banda”, avalia Samuel Dias. A principal meta do grupo é a auto-suficiên-cia. “Hoje, a banda consegue se manter, mas não dá para deixar o trabalho de lado. No meio do ano que vem, planejamos ir para o Wacken Metal, maior festival de metal da Alemanha, para acrescentar experiência à carreira”, diz. O primeiro álbum oficial Feel Your Suicide, lançado em 2005, teve participações de impor-tantes nomes do metal como Marcelo Pompeu e Heros do Korzus, Marcus D’Angelo do Claustro-fobia, Indio D’Castro do Necromancia, e Murilo D’Castro do GodSize.Clone. E no segundo disco, não foi diferente, Marcio Garcia da banda Ret-

turn e Fabio Prandini do Paura acrescentaram para as faixas de Enough, lançado em 2010. “No segundo disco, trabalhamos com a músi-ca Knowing Your Suffering, que teve vídeo clipe com estreia na MTV. Esse crescimento da Forka tem sido notório para fãs e amigos que acompa-nham nosso trabalho”, conta Ronaldo Coelho. Com vocais surrados, guitarras distorcidas e bateria que não dá descanso, a Forka traz letras do cansaço cotidiano e da hipocrisia da humani-dade, fazendo a galera delirar na roda de mosh. O som independente é hobby sério para os inte-grantes. “A banda é um escape do mundo, mas tudo é feito com total profissionalismo e rigor. Cobramos isso um do outro. Até brigamos para que o melhor seja feito em prol da Forka”, conta Ricardo Dickooff. O quinteto já realizou shows pelo Brasil -- Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina, Amazonas -- e participou dos principais festivais do país, entre os quais o Ara-raquara Rock e o ForCaos, em Fortaleza (CE). Mas é em casa que os rapazes gostam de tocar. “O ABC é o berço do hardcore. O lugar respira a história de um movimento que se espalhou pelo Brasil. É lamentável não ter mais espaços para tocar como antes”, reclama Alan Moura.

CULTURA

Unidospelometal

Forka completa 10 anos com novo álbum e turnê internacional em 2013

Shayane Servilha

Liora Mindrisz

CULTURA

Divulgação

Batizado Marco Antonio Vilalba, o violeiro Passoca é urbano, mas acorda ouvindo os pássaros. Foge do congestionamen-

to, porém não deixa de ver beleza na fria garoa de São Paulo. Carrega a viola caipira e canta a correria da grande cidade através da caixa de maçã que chega no Ceasa junto com a aurora. Toda essa disparidade das realidades do campo e do urbano dificilmente se encontrariam se não fossem suas canções. Apesar de ter passado a maior parte da vida em Ribeirão Pires, Passoca nasceu em Santos, morou em Campos do Jordão, São José dos Campos e, claro, São Paulo. Quase nômade, mas acima de tudo apaixonado por todos os cantos do estado. Aposentado, sempre traba-lhou com música. “Sou de poucas vaidades. O que a música me deu foi suficiente. Pude criar meus filhos e continuar vivendo”, celebra. Depois de ficar quase quatro anos hiberna-do em Ribeirão Pires, o violeiro compôs o novo álbum Suíte Paulistana, lançado no começo do ano. São três suítes – conjunto de músicas

populares que se complementam – e que inte-gram temas recorrentes em sua obra: suíte da garoa, do vira-lata e do passarinho. “Qualquer autor tem como primeira referência a própria vida”, diz Passoca, e continua: “Consigo viver o contraste do campo e da cidade e, a partir dis-so, componho. A formação em arquitetura mar-cou também meu olhar e, consequentemente, minha obra”. Arquitetura não vingou, mas foi em São José dos Campos, em 1970, que formou o gru-po Flying Banana com os colegas de curso Bê (violão) e Carlão (viola e violão 12 cordas). “Foi quando conheci a viola e aí minha vida mudou. Hoje me considero violeiro”, afirma. Em 1975, gravaram o primeiro compacto. Quem produziu o álbum foi Roberto de Oliveira, irmão de Renato Teixeira, que se tornou grande parceiro de Pas-soca. “Na época ele estava fazendo jingles, por causa da ditadura. Nosso encontro foi interes-sante porque ele se animou a voltar a compor”, conta. Com o grupo, também tocou no I Festival de Iacanga, o Woodstock brasileiro.

Viola urbanaCompositor deRibeirão Pires

compõe suítes dagaroa, do vira-lata e

do passarinho

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Page 11: Revista Republica - 04 - Setembro/Outubro 2012

BELEZA

Tamyres Scholler

Há quem diga que o grande destaque do casamento é a noiva,

digna de todos os gastos possí-veis e imagináveis que incluem vestido, maquiagem e claro um dia inteiro de beleza. Os privilé-gios até então exclusivos para

as mulheres ganham cada vez mais adesão masculina. Seja por iniciativa própria ou influenciados pelas noivas, mães ou sogras, os noivos se rendem aos tratamentos es-pecializados que vão desde o corte de cabelo, banho de ba-

nheira, massagem relaxante e até limpeza de pele. Para o técnico de natação e personal trainer, Eduardo Vieira Takata, os cuidados de beleza ajudaram a acalmar os ânimos e eliminar o estresse que os últimos preparativos do casamento poderiam causar. “Fiquei longe do nervosismo dos pais e parentes e ainda por cima fui bem arrumado para a cerimônia”, afirma. No caso de Eduardo, as idas ao salão eram frequentes e a procura pelo Dia do Noivo foi natural, mas nem sempre é assim. “A maioria dos homens ainda tem certo preconceito e aqueles que decidem fazer enfrentam as piadinhas dos amigos e padrinhos”, esclare-ce Fabiana Miranda de Carva-lho, dona do salão de beleza Fa’bella Hair Stylist, em Santo André. Eduardo conta que não se incomodou com as brinca-deiras e aprovou o resultado final. “Foi nota 10, todos me trataram bem”, ressalta. Fabiana oferece o pacote de Dia do Noivo há 10 anos e a proporção é de um noivo para cada 10 noivas, mas adianta

Mais que barba,cabelo e bigode

Homens procuram serviços estéticos para garantir boa aparência no altar

Diego Barros

Fabiana Carvalho: maioria ainda tem certo preconceito

Com objetivos diferentes, o Bananas Voado-res (alusão às pedras rolantes do Rolling Stones) se desfez e Passoca seguiu só. Mudou para São Paulo e com ajuda de Teixeira, gravou e custeou o primeiro solo. “Fui virando músico. A arquite-tura estava enrolada porque, com a ditadura, fechavam a universidade o tempo todo. Então ,ou eu fazia uma coisa ou outra”, diz. No fim da década de 1970 começou a surgir público alter-nativo e aproveitou para expor o trabalho. Cruzou com Arrigo Barnabé, Tetê e Alzira Es-píndola, Vânia Bastos, com quem foi casado e teve dois filhos, hoje também músicos. “Com a viola faço algo híbrido, ninguém consegue me rotular. Sou da MPB para os violeiros e violei-ro para os artistas da música brasileira. O lado bom disso é que eu não tenho concorrência”, brinca. “Mas nunca abri mão da minha identida-de e sempre fugi de esquemas da mídia e das gravadoras”.

traJEtória MEMorÁVEl Histórias não faltam nos 37 anos de carrei-ra, tampouco bom humor e serenidade para recordá-las. Passoca produziu shows e álbuns, tocou e cantou em muitos, fez turnês na Eu-ropa, integrou espetáculos cênicos, como o A Estrambótica Aventura da Música Caipira, pro-duzido por Carlos Alberto Soffredini e que tinha a dupla Pena Branca e Xavantinho. As apresen-tações eram no Teatro Sergio Cardoso, um dos poucos que davam espaço para o gênero. “Tocá-vamos em poucos lugares. Éramos contratados normalmente por secretarias de Cultura, pelos Sescs, tocávamos na Sala Funarte”, diz. Compôs muitas canções que ficaram conhe-cidas por outras vozes. Mas também interpre-tou músicas de outros compositores e fez até retrospectivas da música caipira. Em 2000 teve acesso a canções inéditas de Adoniran Barbo-sa. “O Juvenal Fernandes guardou material es-crito por ele e me apresentou. Fiz uma parceria póstuma, compus em cima das letras e lancei o Passoca Canta Inéditos de Adoniran”, revela. É aí que Passoca surpreende. “Paulista tem sam-ba, mas também tem um pé no mato. Somos o único estado que tem essa característica”, orgulha-se.

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SERVIÇO

FA’BELLA HAIR STYLIST Rua das Monções, 666 – Bairro Jardim – Santo André(11) 4438-2591

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que procura tem aumentado. “A mulher continua sendo o centro das atenções, mas os noivos também merecem cui-dados especiais”, conta. Entre os serviços ofereci-dos, os noivos têm direito a lim-peza de pele e corte de cabelo marcados dias antes do casa-mento, massagem relaxante, banho de banheira, manicure, pedicure e café da tarde. Para os mais esquecidos, o salão disponibiliza lista com todos os itens que não podem faltar no dia, incluindo as alianças. A vantagem fica por conta do preço, pois o pacote dos noivos tem custo de R$ 480 enquan-to o das noivas em torno de R$ 900.

Eduardo Takata: sem estresse

MODA

Shayane Servilha

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Aos 23 anos, a web desig-ner Camila Bedin nunca imaginou que pudesse

ser miss. Depois de competir com cerca de 400 beldades de manequim entre 46 a 54 e boas condições de saúde e beleza, foi escolhida Miss Plus Size ABCD 2012/2013. Com 1,55 de altura e mane-quim 46, usa e abusa de todos os tipos de pe-ças e acessórios. “Sempre dentro do bom senso, claro. Um decote, por exemplo, va-loriza meu look.

Exageradamente

lindasMercado plus size cresce para atender

demanda do perfil brasileiro

Dados do IBGE revelam queparcela de brasileiros acima

do peso passou de 28,7% para 48% nos últimos 10 anos

O importante é a pessoa acei-tar o corpo para se sentir bem e bonita. Cada um tem sua be-leza, basta valorizar o que tem de melhor”, aconselha. Dados do Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a popu-lação engordou nos últimos anos. A parcela de brasilei-ros acima do peso passou de 28,7% para 48% nos últimos

10 anos. “O mercado plus size cresceu não só para atender a demanda reprimida, mas tam-bém porque o perfil do brasilei-ro mudou. As lojas estão se enqua-drando a esta nova demanda e criando coleções modernas para tamanhos grandes”, diz a consultora de moda Mariana Guimarães.

O preto básico deixou de ser única opção para manequins maiores. A dica é optar por vi-sual colorido para dia e noite. “Cores escuras são boas com-panheiras e ótimas para disfar-çar o volume. Então, aposte em peças ba-ses, que tenham cores escu-ras, e combine com peças de cores claras e vivas. Tons em roxo, azul, rosa, verde e nude

estarão em alta nas próximas estações”, sugere. E quem pensa que as es-tampas estão fora do guarda--roupa dos mais cheinhos, está enganado. “O ideal é dar pre-ferência para estampas meno-res, porque a possibilidade de criar volume é menor. No caso das listras, o recomendado são as verticais, pois alongam a si-lhueta. As horizontais podem ser usadas em detalhes, como mangas e golas. As estampas de animais também podem ser usadas à vontade”, incentiva a consultora. Com a chegada do calor, cuidado com os vestidos mais curtos para evitar que as gor-durinhas apareçam exage-radamente. “Em relação ao comprimento, use aqueles que chegam próximos ao joelho. Caso goste dos longos, use uma peça ou um cinto que marque bem a silhueta. Prefira os vestidos com mangas cur-tas ou três quartos, elas dis-farçam braços gordinhos com celulite ou estria”, adverte Ma-riana Guimarães. As recomendações dispen-sam alças no guarda-roupa dos tamanhos GG porque mar-cam os braços e evidenciam as gordurinhas. “Os formatos largos dão mais segurança e sustentação ao seio, por exem-plo”, diz. O tomara-que-caia também não vai bem. Quanto ao deco-te, para quem tem busto gran-de, escolha modelos quadra-dos. E para seios médios, está livre para usar o decote em “V”. Esses dois tipos, direcionam o olhar para o colo e rosto, tiran-do o foco da barriga.

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Tamyres Scholler

C OMPORTAMENTO

Docehome office

Seja para escapar do trânsito,reduzir gastos ou pela flexibilidadede horário, trabalhar em casatambém pode ser mais produtivo

A opção home office está cada vez mais popular entre profissionais de diversas áreas, principalmente autônomos. É fácil

encontrar arquitetos, designers, produtores e prestadores de serviços que fogem do relógio de ponto para ditar o próprio ritmo de trabalho.Entre os fatores positivos se destacam a redu-ção das despesas com aluguel, ganho no tempo que seria dedicado ao deslocamento para o tra-balho, economia com transporte e, de quebra, a tão sonhada fuga do caos do trânsito nos horá-rios de pico. Mas, optar por esse estilo de vida não é tão simples. Exige responsabilidade, disciplina e administração redobrada do tempo para con-seguir separar a vida pessoal da profissional e

aproveitar os momentos de descanso e lazer. Algumas profissões se encaixam melhor ao estilo home office, caso do ator Fernando Assis, que com 15 anos de carreira estuda os textos no próprio apartamento em São Caetano. O es-paço planejado pela esposa arquiteta, ajuda a manter a concentração. “Em casa é muito mais fácil se distrair”, ressalta. Para afastar a pregui-ça, Fernando também recomenda não trabalhar de pijama. “Você acaba interpretando isso para o corpo”, afirma. O executivo Franklin Goulart, de Santo An-dré, trabalha como consultor empresarial há 29 anos e atualmente presta serviços para grandes instituições financeiras, entre as quais, Banco New Holland, Banco Cargill Agrícola e também

para cooperativas de crédito como o Banco Co-operativismo do Brasil (Bancoob). Para dar conta de todos os projetos que as-sume, não foge da receita que desenvolveu. “Começo a trabalhar às 9h e só paro às 19h. O segredo é dividir o tempo em tarefas de 50 minutos para que o dia seja produtivo e eu não fique preso a um único projeto”, detalha o em-presário. Sócio da Consulting Services, se reúne oca-sionalmente no escritório localizado em São Paulo. “Não trabalho exclusivamente em casa, porém não preciso me deslocar todos os dias. Temos representantes em São Paulo, Santos e Brasília e nos reunimos mais para não perder o contato pessoal”. Para a executiva de eventos Marina Lima, o escritório doméstico é mais seguro. “Em sete anos que trabalhei em local alugado recebi ape-nas três clientes. Na maioria das vezes eu que

Franklin Goulart: consultoria de casa a grandes instituições financeiras

preciso me deslocar”, afirma a profissional ,que não se arrepende de ter trocado o ponto comer-cial pelo conforto do lar. Hoje Marina escolhe os horários. “Ganhei a parte da manhã, marco tudo para depois das 11h”, relata. E para quem pensa que o estilo de vida caseiro é desculpa para o sedentarismo, se engana, pois além dos exercícios físicos que faz em casa, a moça pratica corrida nos parques de Santo André. A designer de interiores Ana Snege Sanches desenvolve projetos em casa e afirma que ape-sar da melhora na qualidade de vida, por vezes a jornada de trabalho é mais longa. “Por não ter horário fixo, quase sempre trabalho até mais tarde. Até meu marido às vezes reclama”, diz. Outro fator negativo é a perda da privacidade em casa, pois desenvolve os projetos com ajuda de dois estagiários. “Pretendo alugar uma sala co-mercial para contratar funcionários”, planeja.

Dicas paratrabalharem casa- Ter um espaço na casa dedicado ao tra-balho- Elaborar rotina de horários (acordar, co-meçar a trabalhar, in-tervalos e parada)- Usar outra linha de telefone para os ne-gócios- Obedecer aos prazos - Não trabalhar de pi-jama

Marina Lima: agenda só para depois das 11h

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Diego Barros

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Consumo

Shayane Servilha

Outubro é o mês das crianças, mas todo dia é dia de brincar porque não há nada mais saudável para infância. Como a ge-

ração de hoje tem de tudo um pouco, não é fácil agradar e sempre pode surgir dúvida na hora de comprar presente. São muitas as opções, mas a preferência ainda é por brinquedos. Veja as opções que pode ser diversão para pais e filhos.

Clássico entre os garotos, a pista de sete metros, com curvas e looping de onda garante diversão para a família inteira. A Fórmula GP Radical da Braskit acompanha dois carrinhos e dois controles remoto. O brinquedo pode ser encontrado no Walmart, rua Marechal Deodoro, 2785, ou pelo site www.walmart.com.br.

A câmera encantada Tinker Bell é feita exclusivamente para meninas que adoram flash. A cada novo click , toca melodia e acende luzes coloridas para animar os momen-tos com amigas e famíla. Para crianças a partir de três anos, a câmera deixará as brincadeiras com muito mais es-tilo. Pode ser comprada no Shopping ABC, avenida Pereira Barreto, 42, na loja PBKIDS, piso PB.

brincadeira!Tá de Meninas

GP RadicalR$ 199,70

Como todo jogo de futebol, os par-

PebolimR$ 99,80

ticipantes irão vibrar e se envolver em animada disputa que exige atenção e habilidade de movimentos. Com 53 centímetros de largu-ra, 33 de altura e pesando 1,5 kg, o pebolim pode ser guardado em qualquer lugar. O brin-quedo vem com três bolinhas. Disponível para comprar no site www.brinquedoslaura.com.br.

Laptop Ben 10R$ 89,90

Agora o Ben Tennyson, que se transfor-ma em 10 diferentes tipos de heróis alie-nígenas, também irá fazer parte nas brin-cadeiras educativas. Para crianças a partir

Meninos

Câmera Tinker BellR$ 49,99

Criativo, inteligente e divertido este jogo proporcio-na oportunidade de exercitar a agilidade e criativida-de. A brincadeira começa montando o quebra-cabeça de 60 peças, em seguida aplica-se a cola para unir as peças formando um pôster, por último utilize o óculos 3D para ver as princesas em três dimensões. O brin-quedo pode ser encontrado no Shopping Metrópole, praça Samuel Sabatini, 200, Centro, São Bernardo, na loja RiHappy.

Emília, Visconde, Narizinho, Pedri-nho, Dona Benta e Tia Nastácia são os personagens mais queridos da li-teratura Infantil brasileira. Frutos da imaginação de Monteiro Lobato, se tornaram referência tão forte que, por vezes, parecem ter existido des-de sempre na cultura popular. A Caixa com oito das melhores histórias do Sí-tio do Picapau Amarelo está disponível na livraria Saraiva, no Shopping ABC, avenida Pereira Barreto, 42, Santo An-dré, piso 2.

Caixa Monteiro LobatoR$ 97,30

Quebra-cabeçaR$ 34,90

de cinco anos, o laptop traz 28 atividades, en-tre as quais gra-mática e ma-temática para aprender se di-vertindo. O pre-sente pode ser comprado no site www.sub-marino.com.br.

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HISTÓRIA VIVA

Diego Barros

Tuga Martins

Miguel Rupp foi eleito presidente do Sin-dicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá com mais de 80 % dos votos

e dirigiu a entidade de 1982 a 1988. O lastro da ditadura ainda se escondia nos corredores da entidade que sofreu diversas intervenções, mas contou com a garra de militantes para de-volvê-la aos trabalhadores. A atuação de MIguel Rupp foi fundamental para varrer do mapa qual-quer vestígio de repressão. Mas a trajetória de sindicalista data de mais tempo: 1967. Nascido em São Manoel em 1951, centro- oeste de São Paulo, Miguel Rupp chegou a San-to André com cinco anos. Começou a trabalhar cedo, com o pai Martin, que era pedreiro e o levava como ajudante para as obras. Quando tirou carteira de trabalho aos 14 anos, o pai su-geriu que fosse trabalhar na indústria porque trabalho em obra era muito pesado. “Aos 16 anos decidi cursar Ferramentaria, no Instituto de Tecnologia Continental”, conta o sindicalista. Frequentou o curso de 1966 a 1969 e foi ad-mitido em 1967 na Indústria Krause, que ficava na rua Sidney, em Utinga. Dali deslanchou a car-reira. Na escalada passou pela Ford como me-cânico de manutenção, pela ferramentaria da Cofap, Karmanguia, Volkswagen, General Eletric

e Phillips. “Nos tempos da GE , eu frequentava as reuniões do sindicato que discutiam reposi-ção das perdas salariais causadas no governo do general Figueiredo, quando o então ministro da Fazenda, Delfim Neto, manipulou os índices de inflação e retirou mais de 34% dos salários. Foi esta manipulação macabra que levou os sindicalistas do ABC à mobilização em favor da reposição. “Como a gente não tinha como fazer esta reposição via negociação, optamos pelas greves brancas, que eram paralisações dentro das fábricas que começaram na Scania e a GE aderiu”, lembra Miguel Rupp, que distribuía os chamados mosquitinhos, panfletos apócrifos, que criticavam a comida da empresa, o excesso de calor no setor da fundição e o volume de aci-dentes por falta de EPIs. “O sindicato não podia confrontar porque era tachado de comunista”, diverte-se o sindicalista. O tom de brincadeira de hoje, na época signi-ficava demissão. Os mosquitinhos insuflavam o clima de insatisfação dos trabalhadores e con-tribuíam para a conscientização política da cate-goria. “Muitas vezes a Polícia Federal aparecia e levava o representante sindical para pressionar atrás de respostas pela autoria”, afirma Miguel Rupp, que teve a sorte de nunca ser preso.

Ditaduranunca mais

Gestão de Miguel Rupp varreu para semprevestígios da repressão ao movimento sindical

SINDICAL

O comando do Departa-mento de Comunica-ção do Sindicato dos

Metalúrgicos de Santo André e Mauá está sob a batuta do vice-presidente José Braz da Silva, o Fofão, que dispõe de habilidade para tocar também a Secretaria da Promoção da Igualdade Racial da Força Sin-dical do Estado de São Paulo. “Trata-se de departamento estratégico, um dos mais im-portantes da entidade. A co-municação é a voz política da entidade”, defende o sindica-lista. A militância sindical de Fo-fão brotou no chão de fábrica da Otis e o ingresso na dire-toria foi em 1993. Como co-nhece as duas pontas, sabe da importância dos canais de comunicação no avanço das conquistas trabalhistas. “Que-remos mais e por isso o sin-dicato está empenhado em mostrar os trabalhos desenvol-vidos para toda a sociedade”, adianta o vice-presidente. Uma das principais ferra-

menta para apresentar o mo-delo de sindicato cidadão à sociedade é a Revista Repúbli-ca, publicação bimensal que aborda temas além do cotidia-no sindical como segurança, moradia, transporte e qualida-de de vida. “As pessoas preci-sam saber que estas questões constam de nossas preocupa-ções”, diz Fofão. Mostrar essa face demanda coragem para romper paradig-mas e desmistificar o rótulo atribuído à categoria. Afinal, os metalúrgicos do ABC sempre protagonizaram lutas sociais, muitas vezes apresentadas pela mídia apenas como movi-mento trabalhista. “Queremos estender para a comunidade as conquistas que alcançamos no chão da fábrica”, afirma. Além da pluralidade das páginas da revista, o sindica-to dispõe de site, programas na Rádio Z (87,5 FM) e Rádio ABC AM, e programas em ca-nais regionais de TV. Com a base mantém linha direta pelo 0800 11 12 39, que funciona

como disque denúncia. “O usu-ário não precisa se identificar e sempre enviamos alguém para conferir”, afirma Fofão. A quantidade de ligações é grande e imediatamente o sin-dicato entra em contato com a empresa para solucionar o problema. As denúncias são na maioria sobre horas extras, diferença salarial para a mes-ma função, não pagamento de PLR, atraso de salário, não recolhimento do FGTS e atraso do 13° salário. O 0800 é divulgado siste-maticamente pelo O Metalúrgi-co, jornal semanal do sindicato que veicula as principais infor-mações de interesse da cate-goria. Quando há volume signi-ficativo de denúncias em uma mesma empresa, o sindicato convoca assembleia, organiza mobilização e até propõe pa-ralisação. “Tentamos manter via de mão dupla porque não temos como estar o tempo todo em todas as empresas e a percepção dos trabalhadores é fundamental”, adianta.

Voz políticado trabalhadorVice-presiente Fofãoposiciona Comunicação em ponto estratégicodo sindicato

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SINDICAL

Shayane Servilha

O Sindicato dos Metalúr-gicos de Santo André e Mauá comemorou

79 anos de fundação em 23 de setembro. O evento contou com a participação de repre-sentantes dos trabalhadores e da comunidade. O presidente Cícero Firmino Martinha enal-teceu a importância do primei-ro presidente, Marcos Andreot-ti, que, para ele, é exemplo a ser seguido. “Foi um dirigente sindical diferente. A ideologia comunista, que foi assumida em plena ditadura, nunca mu-dou a postura e sempre teve

participação ativa dentro e fora do sindicato”, afirmou. Entre as lutas e causas con-quistadas, Martinha destacou a participação nas Diretas Já, a luta pelo voto da mulher e a campanha O Petróleo é Nosso, no governo de Getúlio Vargas. “Sempre lutamos para que o país fosse mais justo. Partici-pamos das etapas de desen-volvimento, seja social, político ou econômico do Brasil. Pode-mos olhar com orgulho para o passado e percebermos que construímos um futuro digno”, disse o presidente.

79 anosde glóriasCom trabalhadores e políticos, sindicato comemorouimportantes participaçõesnas mudanças do país

Mesmo com tantas lutas e vitórias, o presidente defende que ainda é preciso fazer mais pela categoria e pela família. “Ainda falta o filho do metalúr-gico ter oportunidade de estu-dar, entrar na universidade e adquirir mais conhecimento.Temos que quebrar esse para-digma de que só filho de rico tem direito à boa formação.” Em toda a história do sindi-cato, Martinha destaca o mo-mento em que Lula foi eleito presidente. “É fato inédito no Brasil e no mundo, um operá-rio ser eleito e reeleito com a aprovação de diversas classes. Mais que isso, também fez his-tória ao eleger uma mulher”. Martinha antecipa que para os 80 anos da entidade está sendo preparada agenda es-pecial. “Vamos publicar livro com a história e depoimentos de pessoas que passaram pelo sindicato. Além disso, digitali-zamos todos os documentos e imagens marcantes e vamos fazer um vídeo”, adianta.

Diego Barros

Diego Barros

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Shayane Servilha

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Os padrões florais vol-tam aos poucos como tendência para a pró-

xima estação. Na decoração, aparecem em vários estilos e tamanhos e refrescam o am-biente herdado do inverno. “É uma forma de estar em con-tato com a natureza, mesmo sendo um motivo estático. Essas estampas dão um tom mais familiar para a casa”, afir-ma a administradora, Roseli da Rocha. Apesar de pouco usados nos projetos da arquiteta Leila Nuc-ci, os motivos florais aparecem nos detalhes. “Uma casa toda decorada com estampa floral tem caráter mais antigo e fica carregada. Por isso, o aconse-lhável é usar em detalhes até

mesmo em uma decoração mais moderna. Então, eleja um objeto para colocar um tipo de estampa e o restante use co-res neutras”, recomenda. Os florais caem bem em quartos, principalmente, de casal. “Um adesivo de parede com flores deixa o ambiente romântico. Jogo de cama com estampas florais também é indicado. Prefira cores candy - tons inspirados em doces: ba-las, marshmallows, macarons, amendoins coloridos -, pois não cansam e não precisam ser mudadas depois que pas-sar a estação”, sugere a arqui-teta. Na sala, o padrão pode ser adotado em almofadas ou ta-petes. “Como é tendência de moda coloque capas nas pol-

DECORAÇÃO

Florespara que te quero

tronas, sofás e cadeiras por-que se enjoar pode ser troca-da. O floral bem colorido em uma única poltrona dá des-taque para a sala e não corre o risco de enjoar. O tapete de centro também é uma boa op-ção. É importante lembrar que tons escuros diminuem o am-biente e os claros aumentam”, detalha Leila Nucci. Cozinha e banheiro, onde os objetos são mais fixos, opte por componentes que possam ser substituídos e não gerem muito gasto. “Toalhas, panos, porta sabonete e até um sabo-nete desenhado com motivos florais. Nesses dois espaços o melhor é investir em objetos que sejam simples”, indica. Além das estampas, flores naturais são bem-vindas para compor a decoração. “A pri-mavera nos dá mais opções, então prefira as naturais. Ar-ranjos ficam bem em qualquer parte da casa. Somente na co-zinha utilize pequenos vasos, com violetas ou pequenas fo-lhagens”, defende.

Motivos florais levam frescor e alegria primaveril para dentro de casa

E DUCAÇÃO

João Schleder

A atitude recorrente de alguns trabalhado-res de ludibriar o recebimento do seguro-desemprego, motivou o governo federal

a alterar regras do jogo. Desde julho, quem soli-cita o benefíco pela terceira vez em período de 10 anos é obrigado a fazer curso de qualificação para receber o pagamento. O seguro-desemprego é benefício garantido na Constituição Brasileira que tem por objetivo, além de prover assistência financeira tempo-rária ao trabalhador desempregado sem justa causa, auxiliá-lo na manutenção e na busca de emprego, promovendo para tanto, ações inte-

gradas de orientação, recolocação e qualifica-ção profissional. Na prática, muitas vezes não é o que aconte-ce. Insatisfeito com o trabalho, o web designer Rodrigo, que pede para ser identificado apenas pelo primeiro nome, fez acordo com a empresa para que fosse demitido. “Estava registrado há mais de um ano e meio e estava cansado do serviço. Então pedi para ser demitido, pois sabia que teria direito ao seguro-desemprego por seis meses”, admite. Desempregado há dois, ainda não procura recolocação no mercado. “Quero descansar. Vou aproveitar a mamata”, ironiza.

Gerente da Central de Trabalho e Renda de São Bernardo, Cristiane Silva não compactua com a tese de que a regra tenha sido criada para inibir casos como o de Rodrigo. “Não acredito. Esta medida tem como objetivo pos-sibilitar que o trabalha-dor eleve a empregabi-lidade e a permanência no posto de trabalho. É ilusório pensar que os trabalhadores que acessam este benefí-cio o fazem sem real ne cessidade”, defende.

Qualificação paramanter emprego

Solicitação de seguro-desemprego três vezes em 10 anos exigecurso de qualificação para reinserção no mercado

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Raquel Toth/PMSBC

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Cristiane Silva acredita que se o colaborador teve rotatividade de três anos e quatro meses, novas qualificações poderão lhe dar emprego mais perene. “Atrelar a habilitação ao seguro- desemprego à qualificação profissional eleva as possibilidades de reinserção e permanência no mercado de trabalho, já que há progressiva ele-vação das exigências de perfil e qualificação por parte do mercado de trabalho”, afirma.

rEGras

Para cumprir a exigência, os trabalhadores devem procurar um dos cursos oferecidos pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técni-co e Emprego (Pronatec), criado em 2011 com o objetivo de expandir a oferta de Educação Pro-fissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira. Cerca de oito milhões de vagas serão oferecidas nos próximos quatro anos. O segurado deve apresentar o comprovante de matrícula nos cursos no ato do recebimento do benefício, nas agências da Caixa Econômica Federal. Os cursos são reconhecidos pelo MTE ou pelo Ministério da Educação (MEC) e possuem carga horária mínima de 160 horas. Os trabalhadores já receberão o benefício ao longo da realização dos cursos, que serão gratuitos e oferecidos por serviços nacionais de aprendizagem. Casa não haja curso disponível na área de atuação do trabalhador ou na cidade onde re-side, a concessão do seguro deixa de ficar con-dicionada à realização da qualificação. Nesse caso, o trabalhador poderá receber o benefício normalmente, sem a necessidade de comprova-ção de matrícula. A gerente adianta que há relatos de pessoas que acham oportuna a possibilidade de se qua-lificar mais. Em contrapartida, outras admitem já possuir qualificação condizente com o exer-cício das funções, a exemplo do web designer citado. “Entretanto, ao saber que os cursos ofereci-dos se inserem no âmbito do Pronatec, ministra-dos pelas escolas do sistema S (Senai e Senac), no caso da região, os trabalhadores acabam mais motivados a participar destes cursos”, ga-rante a gerente.

João Schleder

O fim do ano letivo se aproxima e a ansie-dade dos pais cresce devido às notas dos filhos. Boletins manchados de ver-

melho costumam apavorar e alguns rapidamen-te procuram reforço escolar, as famosas aulas particulares. “Os pais precisam acompanhar a vida escolar do filho desde o início do ano letivo, auxiliar nas lições de casa, organizar e manter uma rotina de estudos, c ontrolar as ativida-des em casa, limitando o uso de equipamentos eletrônicos, especialmente se estiverem com-prometendo os estudos. Conversar com coor-denadores pedagógicos da escola também é importante. Todos têm responsabilidades, mas o que acaba acontecendo muitas vezes é jogo de empurra-empurra”, diz o professor de Geo-grafia, Rodrigo Bonicenha. Nota baixa é alerta, indica que algo vai mal. “O reforço escolar pode ser eficaz, mas antes de contratar professor particular (hora/aula custa

Nota

e agora?

vermelha,

Antes de descabelar e tomardecisões precipitadas, paisprecisam ficar atentos paraperceber o que levou o filho

a ir mal na escola

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a partir de R$ 50) é necessário conversar com alguém da escola. A opinião da instituição de ensino é fundamental. Em alguns casos, o pró-prio colégio oferece o reforço necessário. Por isso é fundamental diálogo entre instituição e família”, aconselha o professor. Fabia Francielly, mãe de Washington Luiz Rack, 10 anos, ficou preocupada quando re-cebeu o boletim do filho, no 2º semestre deste ano. Notas ruins em Ciências e Artes acende-ram o sinal de alerta. “Ele sempre foi bem na escola, nunca me deu esse tipo de dor de ca-beça”, garante. A primeira opção foi procurar a Coordenação. “Disseram que não havia motivos para preocupação, pois a queda é algo normal para crianças que ingressam a 5ª série”, con-ta. Alunos podem encontrar dificuldades nessa mudança de ciclo, do fundamental I para o II, principalmente por conta de ser o primeiro ano com diversos professores. Apesar de não haver causa para desespero, Fabia foi orientada a criar rotina de estudos para Washington e organizar os horários do aluno. “Até então, confesso que ele estava meio solto dentro de casa, sem muitas obrigações. Agora estamos controlando tanto o uso do computa-dor, quanto o do videogame. As professoras já perceberam sua melhora”, afirma a mãe.

Seu filho não quer nada com nada?

É comum ouvirmos pais esbravejando por-que os filhos tiram notas baixas. Para Sueli Ro-drigues, professora de História, especializada em Psicopedagogia, outros aspectos podem influenciar o desempenho do aluno na escola. Salas superlotadas, professores mal formados e com metodologias e didáticas equivocadas são exemplos nítidos de entraves para a aprendiza-gem. “O professor precisa ter feeling, perceber as necessidades de cada aluno individualmen-te”, defende a educadora. Rodrigues ainda destaca outras dificuldades, como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade: síndrome caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade), que impactam o desempenho do aluno em sala de aula. “Quando o aluno é diagnosticado na in-fância, facilita muito, pois existem intervenções

clínicas que auxiliam o desenvolvimento. O pro-blema é quando a dificuldade é confundida com incapacidade”, completa. Mas afinal, vale a pena contratar professor particular? “É preciso destacar que cada caso é um caso. O importante é tentar diagnosticar quais motivos levaram o aluno a ter baixo de-sempenho. O reforço escolar se torna neces-sário quando a criança não consegue estudar sozinha. Muitas vezes não tem organização e disciplina ou porque ficou condicionada a estu-dar com os pais e, em determinado momento, estes não conseguem mais acompanhá-la”, diz a psicóloga Shirlei Paludette.

Fabia e o filho Washington: rotina de estudos

E DUCAÇÃO

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Tuga Martins

E SPECIAL

lismo cidadão levou dirigentes às portas das fábricas e a en-tidade se abriu para a comu-nidade. “É um conceito mais presencial que conquistou a confiança dos trabalhadores e conseguiu promover a organi-zação dentro das fábricas”, diz o presidente. O sindicato existe há 60 anos, mas em 1983 o modelo sindical mudou, assim como o mercado com a inclusão de trabalhadores de eletroeletrô-nicos, autopeças e bens de ca-pital. Adenilson Terto cumpre o segundo mandato como pre-sidente da entidade mas a trajetória de dirigente sindical começou em 1995. Atuações marcantes da gestão de Ade-milson Terto foram os acordos firmados em 2009 para evitar demissões durante a ameaça de crise na economia. Deze-nas de acordos de incentivo à

produção foram firmados, mas nenhum deles incluiu redução salarial. Poucos meses depois, o setor metalúrgico saiu da cri-se, voltou a contratar e os tra-balhadores não tiveram perdas salariais. O modelo de organização por Comitês Sindicais de Em-presa (CSEs) mantém negocia-ção permanente e não apenas durante a campanha salarial. A categoria conta com 120 membros de CSEs, distribuídos em 50 fábricas, além de um Comitê Sindical de Aposenta-dos. “As negociações são por empresa e o trabalhador tem de entender até onde pode chegar, qual qualificação pre-cisa ter”, afirma Terto, que aos poucos leva para dentro das corporações cultura progres-sista de transparência. “Uma discussão dessas mal feita pode acarretar aumento do turn over”, justifica.

O sindicato também desti-na atenção à manutenção dos empregos e tenta acabar com a prática de demissões diante de qualquer dificuldade eco-nômica. Parceria com Senai e Sesi, bem como com a empre-sa Treinare, garante oferta de cursos específicos voltados à metalurgia técnica. Entre as principais marcas do Sindicato dos Metalúrgi-cos de Sorocaba, a prática do chamado sindicalismo cidadão está em vigor desde 1992, Dessa forma, a entidade busca extrapolar a defesa do metalúr-gico no ambiente de trabalho e se envolve em debates e inicia-tivas voltadas para o bem-es-tar do trabalhador na comuni-dade. “O conceito de Sindicato Cidadão também pressupõe incentivar a participação políti-ca do metalúrgico como forma de transformação da socieda-de”, defende Terto. O Sindicato em Sorocaba participa ativamente das cam-panhas salariais coordenadas pela Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM) e realiza assembleias de mobi-lização e atos públicos anuais para fortalecer as reivindica-ções da categoria. As cam-panhas salariais têm surtido efeito, pois há oito anos todos os acordos incluem aumento real de salários, entre 2% e 5% acima da inflação, valorização dos pisos salariais e novas cláusulas sociais na Conven-ção Coletiva. O salário médio do metalúrgico na cidade de Sorocaba está na faixa dos R$ 2.000 mensais para os tra-balhadores da produção (R$ 2.700 caso inclua mensalistas

Tempos de negociaçãopermanente

Adenilson Terto: segundo mandato como presidente

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O Sindicato dos Metalúrgi-cos de Sorocaba vai en-cerrar 2012 com saldo

mais que positivo junto à classe trabalhadora. A japonesa Toyota chegou à cidade em agosto com 1,5 mil postos de trabalho com jornada de 40 horas semanais e atraiu 12 fornecedoras de pe-ças e serviços, chamadas siste-mistas, que adotaram a mesma prática. “Nossa base é crescen-te, temos 46 mil metalúrgicos na região, dos quais 82% estão em Sorocaba”, afirma o presi-dente Adenilson Terto da Silva. Há 10 anos, o total de metalúrgi-cos na base não passava de 20 mil. “Foi somente com o gover-no Lula que a categoria retomou o crescimento na região”, diz. Associados ativos e inativos so-mam 17 mil. A relação com as empresas tem sido amistosa e o sindi-cato apresenta o conceito da entidade juntamente com rei-vindicações importantes como PLR (Participação dos Lucros e Resultados) e plano de cargos e carreira. O conhecido sindica-

Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba leva conceito cidadão

e reivindicações paranegociações com empresas

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Com a conclusão da campanha salarial 2012, o valor deverá ser reajustado. QualidadE dE Vida A estrutura do sindicato impacta positiva-mente a qualidade de vida dos associados e a visão da diretoria e aprimorar serviços e bene-fícios. Todas as ações da sede em Sorocaba se multiplicam nas subsedes instaladas em Iperó, Piedade e Araçariguama. A colônia de férias em Ilha Comprida acolhe momentos de lazer e descontração, mas no dia a dia, departamento específico detém a respon-sabilidade de zelar pela saúde do trabalhador, especialmente a condição mental. “Da reestru-turação produtiva dos anos 1990 pra cá acele-rou muito o ritmo, enxugou os prazos e apertou o cerco em torno da qualidade. Com isso, os trabalhadores sofrem pressão emocional, fora algumas empresas que ainda usam pressão e assédio moral. Ou seja, modernizaram o proces-so produtivo, mas não avançaram em recursos humanos”, afirma o presidente.A Secretaria de Formação de dirigentes se em-penha em qualificar o comando da entidade. Os associados ainda contam com assessoria jurídi-ca para cuidar de causas trabalhistas e direto-ria dedicada a promover atividades culturais e esportivas. A entidade também se envolve em questões da comunidade como sustentabilidade e par-ticipação em conselhos municipais. Em 1996, por meio do Conselho Municipal de Emprego, o

sindicato fez pesquisa e chegou a diagnóstico de que Sorocaba pre-cisaria intensificar a qualificação profissional dos trabalhadores. “Fi-zemos esforços junto ao governo do estado para a instalação de es-colas técnicas na cidade e acredito que a questão foi suprida. Mas a atualização é sempre importante”, diz Terto. O sindicato também assina a criação do Banco de Alimentos, que fornece suprimentos para enti-dades assistenciais. A organização do sistema atraiu o Ceagesp, que

gerencia sobras e evita desperdício, bem como a Escola Paula Souza, que disponibiliza nutricio-nistas. “Com o sucesso, alguns hipermercados também aderiram”, comemora o presidente. Walmart, Coop e Extra adicionam às toneladas de alimentos por mês.

Colônia de Férias: descanso em Ilha Comprida

Clube de Campo: piscina lotada no Carnaval

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Mobilização: Terto incentiva trabalhadores em assembléias

NEGÓCIOS

Shayane Servilha

Diego Barros

Depois de gerenciar a crise internacional em 2008 como diretor fi-

nanceiro operacional de em-presa multinacional, o contabi-lista e perito da justiça federal Kleber Paiva criou coragem para abrir o próprio negócio, escritório de assessoria con-tábil para pessoas jurídicas e físicas. “Saí de crise financeira pela empresa, mas entrei em crise psicológica pessoal. Não me arrependo de ter saído. Existem pessoas que estão dispostas a cumprir ho-rários e existem aquelas que precisam de mais que isso. Meu perfil é o último, é aquele que faz acontecer”, define-se. O mercado exige que o con-tabilista seja completo. O pro-fissional precisa de visão ge-ral e conhecimento em várias áreas. Precisa de paciência, saber dialogar. O contador não tem apenas o papel de fazer as contas e ser guardador de

livros. “Temos de mostrar pers-pectivas de crescimento para o cliente. Temos de ser parceiro e orientador de desafios”, de-fende. Trabalhar nunca foi proble-ma para o empresário. Com apenas 13 anos vendia coca-da na rua Oliveira Lima, aos 16 tornou-se ajudante de cozinha e aos 19 virou cozinheiro. A escolha da faculdade de Con-tabilidade não foi surpresa.

Como estagiário trabalhou na controladoria da Pirelli e poste-riormente foi concursado como auditor interno. “A contabilida-de foi se destacando em todos os empregos que passei. Com 13 anos já tinha noção de des-pesa e receita, débito e crédi-to”, orgulha-se. Com quatro anos de KPCon Contabilidade e Gestão, Kleber enfatiza calma para o cresci-mento da empresa. “Quere

Bem mais que um

guarda-livrosKleber Paiva decidiu montar a própria

consultoria contábil depois de gerenciar crise internacional

Kleber Paiva: calma para o crescimento da KPCon

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mos dar um passo de cada vez. A empresa não cresceu mais porque estamos controlando a entrada de novos clientes para poder continuar atendendo de maneira personalizada os clientes que já temos. A filo-sofia é: o cliente crescendo, a gente cresce junto.”

SERVIÇO

KPCON – CONTABILIDADE E GESTãORua: Cel. Abílio Soares, número 505, Centro, Santo André.Fone: 2379-7290www.kpcon.com.br

Mesmo cauteloso, quer em cinco anos de atividade au-mentar cinco vezes o porte da empresa com novas parcerias. “Existem outros contadores e escritórios querendo fazer fu-são conosco. Queremos um grupo que esteja preparado para atender qualquer necessi-dade do cliente. Isso só vai am-pliar a gama de opções, mas para isso é necessário pensar e colocar no papel parceria”, afirma. Aos que querem firmar so-ciedade, a recomendação é que a base seja confiança en-tre as partes. “É casamento que não pode ter crise. Tem de pensar e repensar muito antes de fazer uma sociedade. A es-colha do meu sócio foi baseada em amizade de muitos anos e

de extrema confiança. Contabi-lidade e advocacia andam jun-tas e essa parceria tem dado certo”, diz. Além da assessoria contá-bil, tributária, legal e para o ter-ceiro setor, a empresa também oferece assessoria pessoal. “A vida moderna faz com que as pessoas físicas também pre-cisem de orientação na vida financeira. Acompanhamento profissional pode evitar o uso de limite de cheque especial e empréstimos desnecessários”, acredita.

P OLÍTICA

João Schleder e Liora Mindrisz

nas urnasExperiência do movimento sindical atrai confiança dos eleitores

Cada VEZ Mais

Petista eleito com maior número de votos

em Mauá garantecontinuidade de

luta pela categoria

Da fábrica ao Poder Legislativo com o maior número de votos em Mauá, Marcelo Oliveira (PT) nunca foi de abandonar o time. O início da mili-tância sindical foi como representante da Cipa da General Motors em 1999. Anos mais tarde, em 2004, depois de crescer no sindicato e no PT, Marcelo concorreu pela primeira vez a vere-ador e conseguiu quase 1.400 votos. Quatro anos depois, foi eleito o vereador mais votado do partido com 4.513. Na reeleição este ano se superou e foi o vereador mais votado na cidade. A fórmula parece simples. Marcelo con-fia nos metalúrgicos, que o inspiram à política. No novo mandato, deve continuar a luta rela-cionada à Recap (Refinaria de Capuava). “Den-tro do nosso diagnóstico sobre a crise, entende-mos que a Recap atinge quase R$ 70 milhões por ano, mas o ICMS fica para São Caetano e Barueri porque não temos distribuidora”, dispa-ra.

Valor da fiCha liMpa Almir Cicote (PSB) é sincero ao dizer que não ficou surpreso em ser o quarto candidato mais votado entre os 27 eleitos para a Câmara de Santo André. A conclusão é que os 5.736 votos que recebeu são frutos do bom trabalho realiza-do no primeiro mandato. “O projeto Ficha Limpa Municipal, de minha autoria, repercutiu de for-ma muito positiva na cidade. Recebi o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos, da OAB, da Acisa e isso refletiu nas urnas”, acredita. Reeleito para o segundo mandato, Cicote ga-rante que tem outros projetos para o município. “Percebemos que o andreense está muito pre-ocupado com a segurança e creio que também podemos avançar mais na área de esporte, la-zer e cultura”, diz. Filho de José Cicote – ex deputado federal e vice-prefeito de Santo André –, Almir Cicote des-de cedo acompanhou as grandes mobilizações do movimento sindical.

Vereador Cicote vai defender aprovação de projeto de lei da Ficha

Limpa Municipal

Herança sindical

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C APA

Gabi Bertaiolli

Quem vive em qualquer uma das sete ci-dades do ABC dificilmente se dá conta que os municípios têm a maior parte do

território em Área de Proteção de Mananciais. São áreas ricas em cursos d’água (rios, ribei-rões e córregos) que, juntos, permitiram a cons-tituição do reservatório da Represa Billings, res-ponsável pelo abastecimento de 1,5 milhão de pessoas na região. Apesar da importância, a maioria dos rios, córregos e nascentes da região está canalizada sob ruas e avenidas e recebe esgoto doméstico. A Legislação Federal é clara ao priorizar a pre-servação, porém, as políticas de saneamento das cidades deságuam em outra direção. As diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamen-to básico (Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007), estabelecem, dentre os princípios fun-

damentais, a melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública e a adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o planejamento de ações. Na prática, as políticas adotadas pelas atuais admi-nistrações do Grande ABC potencializam a ca-nalização de córregos e, praticamente, ignoram a importância da recuperação de nascentes e manutenção das águas como objeto de infraes-trutura no meio urbano. “A prática não só no ABC, como no Brasil, é esconder e não despoluir as águas. O que os gestores públicos buscam atualmente para as cidades? Só infraestrutura, obras que apagam a geografia da cidade, tornando-as artificiais. Construir avenidas beneficia o tráfego, mas impedem a criação, por exemplo, de parques lineares”, avalia o secretário executivo do Con-sórcio Intermunicipal do Grande ABC, João Ri-

cardo Guimarães Caetano, que foi diretor de Gestão Ambiental no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e sub-prefeito de Paranapiacaba e Parque An-dreense na gestão do prefeito Celso Daniel. Algumas possibilidades são facilmente descartadas por João Ricardo, como destam-ponar córregos – processo in-viável financeiramente e não prioritário – ou despoluir tre-chos – ação ineficiente já que depende da ação convergente das prefeituras por onde as águas passam. A gestão das águas nas áre-as urbanas é observada como questão passível de interven-ção através de políticas públi-cas que supram a carência de infraestrutura de lazer da po-

pulação e a aposta de João Ri-cardo é em opções que façam uso de áreas verdes e várzeas com parques lineares e ciclo-vias. “É preciso quebrar para-digmas e estimular a relação do munícipe com os rios. O lo-cal, ao ser bem tratado, oxige-na a cidade. Os gestores públi-cos precisam pensar nos rios como ferramentas de infraes-trutura”, completou. Exemplo de sucesso citado é o Parque Ecológico de Indaiatuba, inau-gurado em 1992 (veja box).

poluiÇÃo MaQuiada

O advogado especialista em Direito Ambiental e secretário geral do Movimento em Defesa da Vida do ABC (MDV), Virgílio Alcides Farias, afirma que ape-sar do percentual de Áreas de Proteção aos Mananciais ainda preservados em Santo André (54% do território), São Bernar-do (75%) e 100% nos casos de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, a atual política urbana de crescimento não respeita o Estatuto das Cidades, o qual preconiza a questão da cidade sustentável. “O entubamento dos rios e córregos é a melhor forma que os políticos encon-traram para esconder o pro-blema da má gestão do esgoto e do lixo nos centros urbanos. Maquiar a situação é a manei-ra mais simples de solucionar o quadro caótico”, dispara. Embora lamentável, não há possibilidade de enumerar as nascentes ainda vivas na re-gião, mas Virgílio Farias ressal-ta a importância de validar a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795, de 27

Riqueza soterrada

Nascentes e córregos correm risco desumir da superfície da região

de abril de 1999, no que diz respeito a incluir a educação ambiental como componente essencial e permanente. “Não temos como reverter a atual situação. Porém, precisamos pensar no futuro. A escola é o local ideal para a educação am-biental permanente, não ape-nas para ações esporádicas, como Dia do Meio Ambiente. As crianças têm sensibilidade em relação à natureza”, defen-de.

por ÁGua abaixo

Os três últimos levantamen-tos realizados pelo Instituto Trata Brasil, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), apontam que a qualidade do serviço de sa-neamento prestado em Santo André foi por água abaixo. A Política Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental consta da Lei Municipal nº 7.733, de 14 de outubro de 1998, a qual prevê preservação e recupera-ção dos rios, córregos, matas

Diego Barros

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Edison Carlos: retrocesso no saneamento impacta educação

Córregos: canalizar é esconder problema

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ciliares e áreas florestadas, além do monitora-mento de águas subterrâneas visando à manu-tenção dos recursos hídricos para as atuais e futuras gerações. “Era um município que progredia muito rapi-damente neste quesito. Regredir significa criar impactos diretos na saúde, uma vez que o nú-mero de pessoas expostas à água poluída au-menta, gerando custos adicionais ao sistema de saúde”, avalia o presidente executivo do Trata Brasil, Edison Carlos. Mais que saldo negativo ao meio ambiente, o retrocesso impacta a edu-cação, porque quando adoecem as crianças fal-tam às aulas. “Se a qualidade da água piora, o custo para o tratamento aumenta. E o preço volta para o cidadão de várias formas, sempre de maneira negativa”, diz.

Mas dados do Trata Brasil revelam que oito dos nove contratos do PAC (Programa de Ace-leração do Crescimento) assinados em 2007 e 2008 para obras de saneamento estão paralisa-dos na cidade. Três convênios teriam sido can-celadas pelo Semasa junto à Caixa Econômica Federal, referentes à despoluição dos córregos Araçatuba, Guarará e Apiaí. O Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André ne-gou fornecer dados.

pElo Cano

O Plano Municipal de Saneamento Básico de São Bernardo do Campo não faz nenhuma men-ção a obras que visem recuperar cursos d’água e dar uso sustentável às áreas de várzea. Ao contrário, apresenta, detalhadamente, proposi-ções de obras de macro-drenagem e canaliza-ções do Ribeirão dos Meninos e Ribeirão dos Couros. Além disso, a Assessoria de Imprensa apontou o desenvolvimento de diversos projetos de canalização de córregos: Pindorama, no Jor-danópolis; Ipiranga, na Vila Vivaldi; Capuava e Meninos, no bairro Demarchi; Saracantan, entre os bairros Baeta Neves e Nova Petrópolis; e Sil-vina, no Jardim Silvina. Sendo que, as três últi-mas já têm contrato assinado com empreiteiras para a execução das obras. No entanto, dois projetos da Secretaria Muni-cipal de Habitação em parceria com o Governo Federal apontam para a recuperação ambiental de áreas degradadas, incluindo a recuperação de nascentes e Áreas de Proteção de Nascentes de Cursos D’Água: Urbanização Integrada de As-sentamento Precários da Região do Alvarenga e Urbanização Integrada dos Assentamentos Pre-cários Capelinha e Cocaia, localizados em área de proteção e recuperação dos mananciais da Represa Billings, ambos sendo contemplados com parques lineares e infraestrutura de lazer. Esta ação faz parte do Plano Local de Habitação de Interesse Social com metas até 2025. São Caetano foi o primeiro município da Re-gião Metropolitana com 100% de esgoto cole-tado e tratado (2009). Para isso, foi construí-do o emissário de esgoto em extensão de 950 metros e com diâmetro de um metro junto ao Córrego dos Moinhos, que se estende desde o

entroncamento das avenidas Goiás e Presidente Kennedy, até a avenida dos Estados. Interligado ao sistema de cap-tação da Sabesp, que conduz os dejetos à Estação de Trata-mento do ABC (ETE-ABC), 95% da sujeira é retirada e a água volta limpa ao leito do rio. Sen-do assim, os rios que cercam e cortam a cidade não recebem mais esgoto: Córrego dos Moi-nhos, Ribeirão dos Meninos e Rio Tamanduateí. A assessoria de impren-sa do Departamento de Água e Esgoto de São Caetano do Sul (DAE-SCS), informou que os córregos do município es-tão todos canalizados e, nas divisas, estão a céu aberto, mas são de responsabilidade

do Governo do Estado de São Paulo. “São Caetano não pode se furtar de discutir casos de córregos em áreas de limite de município. Já que universalizou os serviços, deveria dar exem-plo”, destacou o presidente do Trata Brasil.Vale destacar que acidade ain-da não equacionou o problema de drenagem. “São Caetano tornou-se impermeável e sus-cetível a enchentes, tirando o esgoto do trajeto normal e es-palhando-o pela cidade”, com-pleta Edison Carlos.

nasCEntE prEsErVada

Em Mauá, a ampliação do sis-tema de esgotamento sanitá-rio no Jardim Itapeva e Jardim

Adelina, realizado pela Foz do Brasil, concessionária respon-sável pela gestão dos sistemas e serviços de esgotamento sa-nitário, eliminou 12 pontos de lançamentos de esgoto que contribuíram para a despo-luição da nascente do rio Ta-manduateí. Nesta região, o lançamento do esgoto das re-sidências ocorria diretamente nas águas. O objetivo da con-cessionária é garantir que, até 2014, 100% do esgoto coleta-do em Mauá receba tratamen-to adequado. Está sendo elaborado o Pla-no Municipal de Saneamento (contendo o Plano de água, de Esgoto e de Meio Ambiente) que deverá ser editado pela Prefeitura e no momento tem a

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João Ricardo: quebrar paradigmas e estimulara relação do munícipe com os rios

Rrepresa Billings: preservação demanda mais que legislação

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coordenação da Arsae – Agência Reguladora de Água e Esgoto. “Mauá carece de investimentos no setor, principalmente no que diz respeito ao tratamento do esgoto coletado e nas ações para evitar perda de água”, diz Edison Carlos. Lançado em 2010, não vingou o Projeto de Recuperação de Nascentes da Prefeitura de Diadema em parceria com a Companhia de Sa-neamento do município (Saned) e a Faculdade Anhanguera, que previa o mapeamento, estudo da qualidade da água de cada local e, por fim, sua recuperação. A Assessoria de Imprensa da Prefeitura informou que foram identificadas 44 nascentes, sendo quatro em área de manancial. A realidade pode ser vista nas ruas: a maioria dos córregos de Diadema já foi canalizada, mas,

Construído nas várzeas do córrego Bar-nabé, o Parque Ecológico de Indaiatuba (SP), projeto do arquiteto e urbanista Ruy Ohtake, conta com 15 quilômetros de pis-tas de caminhada, ciclovia e ciclofaixas. A extensão inclui bosques, lagos, jardins, áreas de recreação, campos de futebol de areia e vôlei, quadra de tênis, pista de bi-cicross oficial, pista de skate profissional, raia de remo olímpico, equipamentos de ginástica, inclusive para a terceira idade, uma praça de eventos, parque temático in-fantil e um teatro multidisciplinar.

Um velódromo também está em constru-ção. No local foi instalada Estação de Trata-mento de Água em 2005, com capacidade para 100 litros por segundo, que abastece o maior bairro do município, o Jardim Morada do Sol, com 20 mil habitantes. “O córrego é considerado de classe 2, ou seja, com água que requer pouco tratamento, tanto que o manancial que corta o município é muito usado para o lazer da população, incluindo a pesca”, afirma o superintendente do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), Nil-son Alcides Gaspar.

Basta vontade

parQuE linEar EM indaiatuba éExEMplo dE soluÇÃo sustEntÁVEl

a Administração faz questão de ressaltar que é feita limpeza periódica a cada seis meses. Para alcançar índice de 100% de esgoto tratado, Dia-dema construirá o coletor tronco Couros, cujo projeto executivo foi contemplado pelo PAC 2, o qual encontra-se em análise para aprovação na Caixa Econômica Federal. A estimativa é cum-prir a meta até 2018. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra estão totalmente inseridos em áreas de Proteção de Mananciais. As atuais políticas de saneamento de Ribeirão Pires seguem o Plano Municipal de Saneamento Básico – Água e Esgoto, além de legislações que protegem e recuperam não só as nascentes, mas também os córregos munici-pais, a Represa Billings e a mata ciliar.

Eliandro Figueira ACS/PMI

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Roberto Barboza

P OLÍTICADivulgação

Promessas de palanquena ponta do lápis

Novas gestões terão deencaixar plano de governo

nos limites orçamentários e honrar dívidas herdadas

Em 1° de janeiro, quando as novas ges-tões municipais tiverem início, os prefei-tos eleitos em 7 ou 28 de outubro terão

a tarefa de tirar os planos do campo das ideias e por na ponta do lápis. Encaixar as promessas de palanque no orçamento dos municípios de-manda considerar o impacto do desempenho da economia nacional e mundial nos negócios regionais e possível dieta da arrecadação pú-blica, bem como encarar a planilha de dívidas herdada dos antecessores.

O desafio é viabilizar a implementação das políticas pretendidas sem ferir a Lei de Res-ponsabilidade Fiscal, que delimita a possibili-

dade de débitos públicos em 120% do orçamen-to. Além de determinar prioridades e possibilitar

à sociedade conhecer e fazer pressão sobre a arrecadação e gastos públicos, o orçamento dis-ciplina todos os programas e ações do governo e nenhuma despesa pública pode ser executada sem estar consignada. Desde a Constituição de 1988, o Legislativo pode apresentar emendas indicando origem dos recursos. Vale lembrar que o orçamento em Santo André, como o pro-cesso eleitoral segue para segundo turno, tanto Aidan Ravin (PTB) como Carlos Grana (PT) terão, se eleitos, orçamento de R$ 2.190.353.252 em 2013. O valor consta da peça orçamentária em trâmite na Câmara Municipal. A arrecadação da cidade em 2011 foi de R$ 1.615.519.098,58, de acordo com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o endividamento no fim do exercício foi de R$ 1.544.018.791,30.

Em busca da reeleição, o candidato petebista estrutu-rou plano de governo em ver-bos conjugados no passado. Ou seja, atém-se aos feitos da atual administração. O que pontua para o futuro cai em discurso voltado à continui-dade sem qualquer inovação. Recorre aos altos índices de empregabilidade registrados na cidade como se fosse mé-rito da gestão municipal e não de políticas macroeconômicas aplicadas pelo governo federal de Dilma Roussef. O programa do PTB subli-nha que de janeiro de 2009 até junho de 2012, período que compreende o ano afeta-do pela crise financeira global, Santo André contabiliza a gera-ção de 32.852 empregos com carteira assinada na indústria, no comércio e nos serviços, o que equivale a 782 novos em-pregos por mês ou 26 empre-gos por dia, incluindo na conta sábados, domingos e feriados. O petista Carlos Grana vem ancorado em outras experiên-cias. Ferramenteiro formado

pelo Senai, foi eleito em 1983 o dirigente sindical mais jovem do país. Concorreu a deputado estadual e se elegeu com 127 mil votos, sendo o candidato mais votado no PT. Na Assem-bleia Legislativa apresentou 26 Projetos de Lei, entre os quais o que institui o Bilhete Único em todo o transporte co-letivo da Região Metropolitana de São Paulo. O plano de governo apresen-tado aos eleitores traz geração de mais e melhores empregos, priorizando investimentos em setores de alta tecnologia e de empresas geradoras de alto va-lor agregado; desenvolvimento urbano sustentável, implanta-ção do Bilhete Único com inte-gração temporal e gestão junto aos órgãos estaduais para im-plantação no prazo de 90 dias; mais quatro UPAs 24h (Unida-des de Pronto Atendimento) nos bairros Capuava, São Jor-ge, Camilópolis e Jardim Alvo-rada, em parceria com o gover-no federal, bem como garantia do melhor funcionamento das três existentes; e instituição

da escola em tempo integral, ampliando, gradativamente, a carga horária no Ensino Funda-mental, com atividades espor-tivas, artísticas, aulas de idio-mas, entre outras. Luiz Marinho irá iniciar o se-gundo mandato com orçamen-to de R$ 3.716.113 bilhões. O montante coloca São Bernardo como município com a segun-da maior arrecadação do Esta-do de São Paulo, atrás apenas da Capital. O endividamento no fim do exercício de 2001, disponibilizado pelo TCE, era de R$ 1.682.532.760,99. O plano de governo do pe-tista traz compromisso de pro-mover a melhoria dos espaços urbanos, do meio ambiente, da conservação e limpeza e da qualidade de todos os servi-ços. Destaca a mobilidade ur-bana como grande desafio da cidade e bandeira da próxima gestão. Mobilidade inclui transporte coletivo e o discurso de cam-panha aborda a implantação da Linha 18 – Bronze do Me-trô, que ligará São Bernardo à

Santo André: Aidan Ravin (PTB) e Carlos Grana (PT) disputam prefeitura cujo orçamento para 2013 é de R$ 2.190.353.252

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rede metropolitana através da Estação Taman-duateí, os 12 Corredores de Transporte Coletivo, incluindo os dois grandes eixos da cidade (Les-te-Oeste e Norte-Sul). Dos projetos constam construção de conjun-tos habitacionais, regularização fundiária, de remoção de favelas e áreas de risco, bem como intervenções e licenciamentos ambientais. O plano reserva espaço para os feitos da adminis-tração e a continuidade de obras de drenagem da ordem de R$ 891 milhões para solucionar enchentes no Centro, Alvarenga, Silvina, Sara-cantan, Vivaldi, Orlandina, Rua Warner, Jordanó-polis e no Demarchi.

fiM da dinastia

Depois da zebra nas urnas, São Caetano se despede do PTB que governou a cidade por 30 anos. O peemedebista Paulo Pinheiro assumirá o Palácio da Cerâmica em 2013 com orçamento de R$ 957 milhões. A peça orçamentária ainda está em trâmite no Legislativo Municipal e a dí-vida do município no fim do exercício de 2011 era de R$ 93.394.411,58. O prefeito eleito acumula experiência de qua-tro mandatos como vereador e do Programa de Governo constam intervenções nos cortiços, promover o desenvolvimento social em parale-lo ao desenvolvimento econômico, Programas de Atualização e Capacitação Profissional dos Professores e demais funcionários das escolas, retorno publicitário gerado pela manutenção de esportistas de alto desempenho patrocinados pela Prefeitura, política cultural a partir da di-versidade de ideias e das diferentes linguagens, a fim de resgatar as raízes. Diadema é berço das administrações petis-tas. Foi o primeiro município a eleger prefeito do PT, Gilson Menezes, hoje vice de Mario Reali, que disputará o comando do Paço com Lauro Michels (PV). Quem assumir em 1° de janeiro estará bem mais aliviado que o governo ante-cessor em 2008. Entre 2009 e 2010, a Prefei-tura sofreu sequestros de quase R$ 40 milhões para quitar dívidas judiciais. Mario Reali alegou na ocasião que a retirada de recursos do tesou-ro municipal atrapalhou a implementação inte-gral do plano de governo. O petista afirma que

o volume de investimentos poderá retomado na totalidade a partir de 2013. A Prefeitura de Diadema garante zerar a dívida com precatórios antes dos 15 anos previstos pela Emenda Cons-titucional 62, que regulamentou sequestros de receita por conta de passivos judiciais. A admi-nistração possui déficit dessa natureza na or-dem de R$ 206,1 milhões, distribuídos em 409 processos. O orçamento para 2013 é de R$ 1.015.000.000. O valor representa 21% a mais na arrecadação em comparação a 2012. O Pla-no de Governo de Mario Reali inclui implanta-ção dos parques Alberto Jafet, Miguel Reale e Chico Mendes, intensificação da coleta seletiva

na cidade, Plano Municipal de Arborização, im-plantação das ações do 3º Plano Municipal de Segurança com prioridade para o policiamento preventivo; elaboração do Plano Municipal de Juventude com prioridade à ampliação da inclu-são social em projetos como Adolescente Apren-diz e Projovem Adolescente, parcerias com enti-dades que realizam cursos preparatórios para ingresso de jovens no ensino Médio/Técnico – Etecs e Senai.Também está previsto aumento do efetivo da GCM com reforço na Ronda Escolar e na Ronda preventiva e comunitária nos bairros através da Operação Anjos do Quarteirão; criação do Pro-grama Vizinhança Solidária; fortalecimento dos Pontos de Cultura e a produção local; Plano Mu-nicipal de Cultura e criação da Escola Livre de Artes e a Escola de Danças de Diadema. Isso sem entrar no detalhamento na área de Educa-ção e Saúde. Em todo o processo eleitoral, Lauro Michels recebeu críticas por não ter apresentando Pla-no de Governo. Para rebater, o verde soprou aos quatro cantos da cidade que em ideias próprias para resolver os problemas do município e não precisa plagiar o plano de governo dos adversá-rios. Em campanha, insistiu que a cidade está financeiramente quebrada. Do discurso cons-ta a falta de política de incentivo à geração de

empregos e o gargalo da falta de mão de obra qualificada para a indústria. A solução apontada seria criação de parcerias com o Ciesp e outras entidades. Michels defende a necessidade de parce-rias e pesquisas para direcionar as grades dos cursos universitários da cidade à demanda nos setores industrial, comercial e de serviços além da ampliação dos cursos da Fundação Flores-tan Fernandes. O candidato governista à prefeitura de Mauá, Donisete Braga (PT) vai disputar o segundo tur-no com a adversária Vanessa Damo (PMDB). O vencedor terá orçamento estimado de R$ 794.000.000, ainda não aprovado pelos vere-adores, e o endividamento em 2012 foi de R$ 847.437.990,72. A principal promessa do petis-ta é trabalhar para que a cidade deixe de ter uma das rendas per capita mais pobres do es-tado. Também está disposto a renegociar com a Caixa Econômica a dívida da prefeitura, hoje em R$ 1,2 bi. Donisete pretende buscar R$ 170 milhões da refinaria de petróleo, que hoje fica com São Caetano e Barueri, para aumentar o orçamento da cidade. Para atrair novas empresas, o plano de go-verno do PT aposta na localização estratégica de Mauá que dispõe de fácil acesso ao aeropor-to internacional de Guarulhos, ao Porto de San

São Bernardo: Luiz Marinho inicia segundo mandatocom orçamento de R$ 3.716.113 bilhões

São Caetano: Paulo Pinheiroencerra dinastia do PTB eterá R$ 93.394.411,58para iniciar mandato

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Luciano Vicioni/ABCD Maior

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tos e às principais rodovias do país. Com mais recursos, as políticas de inclusão social ganha-rão reforço no orçamento. Como quase 80% da população de Mauá de-pende do Sistema Público de Saúde, o SUS, a proposta é incluir o Hospital Nardini nos custos do Governo do Estado. Na área educacional, a batalha é instalar campus da UFABC no municí-pio, bem como aprimorar a qualidade do ensino nas escolas municipais, oferecendo qualifica-ção permanente aos educadores. O principal assunto abordado no plano de governo de Vanessa Damo é a saúde pública. Entre os projetos da peemedebista está a cons-trução de cinco UPAs (Unidade de Pronto Aten-

dimento) com atendimento 24 horas nas prin-cipais regiões do município. Também propõe parceria com a Santa Casa de Misericórdia para prestação de serviços por meio do SUS (Siste-ma Único de Saúde). Para a área urbana, a pre-tensão é asfaltar 100% das ruas. O projeto tem até nome: Asfalto nos Bairros.

sErranas Saulo Benevides (PMDB) foi eleito prefei-to de Ribeirão Pires com 58,31% dos votos e prometeu mudar o jeito de administrar a cida-de. O orçamento para 2013 é de R$ 230 mi-lhões e as dívidas no fim de 2011 somam R$

111.919.453,48. A priorida-de do futuro governo é cuidar da Saúde de Ribeirão Pires. A premissa é estancar o desvio e desperdício de dinheiro pú-blico. A proposta é estruturar a saúde com equipamentos de primeira linha e trazer à cidade atendimentos indispensáveis, não disponíveis nas UBSs. Para a educação, o prefeito eleito propõe instituir progra-mas de melhorias contínuas, atualizar os laboratórios, cons-truir creche no bairro Jardim Nossa Senhora de Fátima, es-timular convênios com os go-vernos estadual e federal para melhoria do ensino, inclusive o superior. Benevides quer res-gatar a Orquestra Sinfônica do Município, instituir programa de teatro para todos, além de incentivos culturais para juven-tude e terceira idade. O turismo também consta do plano com melhorias do Festival do Chocolate, investi-mento na Festa do Pilar, cria-ção da fábrica de chocolate e de espaço especial e temático turístico na região central. Luís Gabriel da Silveira, o Maranhão (PSDB), foi eleito prefeito de Rio Grande da Ser-ra com 60% dos votos válidos e terá R$ 59 milhões, estimados para 2013. Apoiado pelo atu-al prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB), o sucessor propõe am-pliação dos programas de saú-de existentes, contratação de mais médicos para o quadro clínico, criação e implantação da Coordenadoria de Apoio à Dependência Química (Álcool e Drogas) entre outras especiali-dades, bem como a troca, ma-nutenção e ampliação da frota

de ambulâncias e veículos de-dicados à Saúde. Para a educação, o plano de governo prevê ampliação da oferta de vagas em creche e escolas municipais, constru-ção de Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) e Creche na Vila São João para atendi-mento da demanda daquele Bairro e do Jardim Guiomar e Jardim Raquel, continuidade do Programa de Controle Nu-tricional da Merenda Escolar, reforma das Unidades Munici-pais de Ensino com implanta-ção de sistema de segurança por câmeras para monitora-mento dos educadores e fami-liares, além da uniformização dos alunos da Rede Municipal. Em infraetsrutura, as pro-postas são adequação do Pla-no Diretor à nova Lei Específica da Billings, ampliação da pavi-mentação do Parque América, construção da Praça do Miran-te na Área Central com bule-var e espaço de convivência, continuidade do Programa de limpeza dos córregos (comba-te às enchentes), criação da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo, aprimorar a Defesa Civil para o Plano Municipal de Redução de Riscos, execução de passeios nas avenidas José Bello e Guilherme Pinto Mon-teiro, instalação de um Par-que Ecológico na Avenida Jean Lieutaud, manter diversas Equipes de Manutenção e Lim-peza dos Bairros, Parque dos Ipês e Parque do Cambuci, me-lhoramento das ruas do Jardim Guiomar, melhoramento das ruas do Parque do Governador e mais uma lista de melhorias e obras. Será que dá?

Diadema: orçamento de R$ 93.394.411,58aguarda governo deMário Reali (PT) ouLauro Michels (PV)

Mauá: Donisete Braga (PT) enfrenta Vanessa Damo (PMDB), vencedor terá

orçamento estimado em R$ 794.000.000

Ribeirão Pires: Saulo Benevides (PMDB) terá R$ 111.919.453,48 para administrar a cidade no primeiro ano de mandato

Rio Grande da Serra: propostas do prefeito

eleito Maranhão (PSDB) terão de caber

nos R$ 59 milhõesestimados para 2013

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MEIO AMBIENTED

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Roberto Barboza

A Chácara Colúmbia, última área verde particular em Rudge Ramos, é alvo de canibalismo imobiliário, câncer urbano

ainda mais nocivo que a conhecida especulação imobiliária. Os aproximadamente 14 mil metros quadrados de área verde e 800 metros quadra-dos de construção em arquitetura modernista, de meados do século passado, estão em risco e são motivo de preocupação de moradores e historiadores por ser a única área com estas ca-racterísticas no ABC.

Incorporada ao patrimônio do então Banespa pelo não pagamento de dívidas do último pro-prietário, Gregório Marín Preciado, primo do ex--governador José Serra, citado no livro Privataria Tucana do jornalista Amaury Ribeiro Jr., o imóvel foi a leilão em 1996 e arrematado pelo empre-sário Sergio Roberto Balotim e os sócios José Emilio Pessanha e Sidney Brochim pelo valor de R$.1.280.000.00, quando o valor venal era R$ 7.210.842,36. Em 2005 os novos proprietários solicitaram a demolição do imóvel e, devido a

denúncias de vizinhos sobre intervenção na construção, a obra foi embargada pelas au-toridades municipais. Vizinhos da chácara perde-ram o sono quando aparece-ram faixas anunciando cons-trução de apartamentos de alto padrão no local. Imediata-mente a professora Meire Lima promoveu abaixo assinado contra a destruição. “Nasci e cresci vizinha desta chácara. O caseiro, vez ou outra, permitia que as crianças fossem colher frutas que existiam e ainda existem em abundância”, diz Meire. Naquele tempo, o en-tão proprietário da indústria de persianas Colúmbia, Armando Chimenti, cedia o imóvel nos fins de semana para funcioná-rios utilizarem como clube de campo. A escritura em nome do industrial data de 1970. Grupo de estudos do Conse-lho Municipal do Patrimônio Ar-quitetônico Histórico e Cultural de São Bernardo (Compahc) concluiu que o imóvel acolhe história muito mais antiga. A chácara fazia parte das terras do coronel Agenor de Camargo

que, além de abranger prati-camente todo atual bairro de Rudge Ramos, antigo Sítio dos Camargo, atravessava o ribei-rão dos Meninos e se expandia por Santo André. O primeiro proprietário teve papel importante na região: “Foi eleito prefeito do então município de São Bernardo do Campo, por duas vezes ocu-pando o cargo de 1896 a 1897 e de 1898 a 1904, sendo o ter-ceiro prefeito desde a criação do município em 1889”, diz o relatório do conselho concluí-do em maio de 2008. A chácara Colúmbia já fa-zia parte de lote de 40 imó-veis cujo tombamento provi-sório estava em estudos pelo conselho. “Com cerca de 15 integrantes, metade de repre-sentantes de entidades da sociedade civil e o restante indicado pela administração municipal, a pressão imposta pelos interesses econômicos e políticos é muito grande. A ma-nifestação dos moradores por meio de abaixo assinados e telefonemas aos conselheiros foi fundamental para reverter,

História em riscoCanibalismo imobiliário ameaça patrimônio da

Chácara Colúmbia em Rudge Ramos

ao menos temporariamente, a destruição do patrimônio”, afir-ma a professora de Geografia da USP, Simone Scifoni, con-selheira do Compahc desde 1998 e responsável pelo rela-tório final do grupo de estudos, que defende a preservação integral do imóvel bem como o uso público.

CEnso CoMuM

A expectativa de o municí-pio desapropriar e tombar in-tegralmente a chácara como patrimônio público em virtu-de dos atributos históricos, naturais e sociais, também é compartilhada pela professora Meire Lima. “O fato de estar lo-calizada ao lado de escola

Quarteirão verde: 14 mil metros

quadrados com vegetação earquiteturamodernista

Diego Barros

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Simone Scifoni: impedir adestruição do patrimônio

Page 30: Revista Republica - 04 - Setembro/Outubro 2012

estadual possibilitaria que o espaço fosse utilizado para aulas e estudos de educação ambiental e atividades cultu-rais. Além disso, a chácara e o colégio fazem divisa com rede de transmissão da Eletropaulo onde está uma das únicas nas-centes naturais do bairro. Esta área poderia ser utilizada para implantação de horta e viveiro de mudas”, argumenta Meire. Por força de lei, o proprie-tário da chácara foi obrigado a contratar empresa para pro-mover estudos arqueológicos antes de iniciar as obras de construção de várias torres de apartamentos. Levantamentos preliminares indicaram fortes indícios da existência de sam-baquis no local. Estes vestígios arqueológi-cos são compostos por aglome-

rados de cascas de moluscos. Como a chácara está localiza-da na antiga rota dos primeiros desbravadores de São Paulo, inclusive do jesuíta José de An-chieta, existe a possibilidade do local ter servido de ponto de descanso em 1650. Chamada em tupi como pe-abiru (antigos caminhos indí-genas) a rota ficou conhecida como Calçada do Lorena um século depois, em 1789. O Ca-minho do Mar foi imponente construção pavimentada com lajes de granito no trecho de serra, contemplava mais de 70 pontes e durante várias déca-das era a única ligação entre o planalto paulista e o litoral. Da antiga obra resta apenas o tre-cho de serra da Estrada Velha do Mar utilizado apenas para passeios turísticos. Lei federal prevê que o en-contro de evidências arqueo-lógicas na Chácara Columbia precisa ser informado ao Iphan (Instituto Nacional do Patrimô-nio Histórico, Arquitetônico e Natural). “Os objetos encontra-dos devem ser encaminhados à guarda de algum museu local

ou centro de estudos. Proviso-riamente os objetos estão sob a guarda do Museu de Arqueo-logia e Etnologia – da Universi-dade de São Paulo - MAE-USP”, esclarece a conselheira Simo-ne e continua: “Daí a impor-tância da realização de sonda-gens arqueológicas no interior da antiga Chácara Colúmbia,

Lei federal prevê que o encontrode evidências arqueológicas naChácara Columbia precisa serinformado ao Iphan

pois se trata da única área ver-de ainda preservada em par-te no bairro de Rudge Ramos, oportunidade única de se fazer um trabalho sistemático, a fim de resgatar algum testemunho deste período histórico , talvez até do período pré-colonial”, defende Charles Bonetti, ar-queólogo responsável pelos estudos preliminares no local.

silênCio suspEito

Os personagens envolvidos nas histórias passada e recen-te da Chácara Colúmbia são, no mínimo, emblemáticos. Gregório Marin Preciado, co-nhecido como Espanhol, primo do candidato à prefeitura de São Paulo, é citado no capítulo oito do livro Privataria Tucana do jornalista Amaury Ribeiro Junior. Segundo o autor, o an-tigo proprietário da chácara teve dívida de R$ 448 milhões com a agência Rudge Ramos do Banco do Brasil reduzida a irrisórios R$ 4,1 milhões. O perdão da dívida teria ocorrido quando José Serra ocupava o Ministério do Pla-

nejamento na gestão de Fer-nando Henri-que Cardoso. A dívida acu-mulada pelo

empresário foi resultado de su-cessivos empréstimos para as empresas Gremafer, em Rudge Ramos, e Aceto - Vidros e Cris-tais, em São Paulo, ambas de sua propriedade. A atual admi-nistração de São Bernardo, de-pois de diversos contatos, não se manifestou sobre as inten-ções com relação ao imóvel.

Diego Barros

Meire Lima: abaixo assinado e indignação dos moradores

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NEGÓCIOS

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to sobre isso, pois o projeto ainda não saiu do papel. Mas será mais um passo importante para melhorarmos ainda mais nosso relacionamento com nossos cooperados”, adianta o gestor de Marketing da Coop, Celso Furtado, idealizador do programa. Carro chefe do programa, corrida e caminha-da atraem milhares de pessoas para a prova, que encerra a temporada. Durante o ano, mais de mil cooperados de 15 unidades da região pra-ticam atividades físicas duas vezes por semana e recebem assistência contínua de educadores físicos, nutricionistas, cardiologistas. “Além das ações que compõem o programa, oferecemos Ciclo de Palestras, que aborda temas como be-leza e saúde”, afirma Thaís Cristine Rossi, do marketing da Coop. Antes de criar o Mexa-se, a Coop mantinha a marca ligada a saúde e esporte por meio do patrocínio de diversos eventos esportivos da região. “Apoiamos muitos eventos, mas perce-bemos que tínhamos pujança para andar com as próprias pernas. Começamos então com a corrida anual. A ideia, porém, não era apenas promover competições esportivas, mas também cuidar da saúde de nossos cooperados ao longo do ano. Precisou de pouco tempo para o pro-grama crescer e passar a contar também com encontros semanais”, conta o gestor. Nas cinco edições do Encontro Coop de Cor-rida e Caminhada, a participação foi intensa, contando, inclusive, com a presença de atle-tas estrangeiros. O grande salto veio em 2009, quando mais de 12 mil pessoas participaram. O encontro está consolidado e é considerado o maior evento esportivo do ABC. “Hoje, o Mexa--se é esperado por toda a cidade de Santo An-dré, e está no calendário de esporte da cidade”, afirma Thaís Rossi. “Além de moradores da re-gião, recebemos pessoas da capital, pois nossa prova acontece no mesmo dia em que São Pau-lo recebe a Fórmula 1, em 25 de novembro, e, como o município não pode abrigar corridas de rua nesta data, muitos acabam vindo para cá”, justifica Furtado.

pÚbliCo rECordE

Para a edição deste ano são esperados mais

de 21 mil participantes, com 7.500 inscritos para correr ou caminhar. Até meados de se-tembro, mais de quatro mil pessoas já haviam garantido vaga no evento, número 30% maior se comparado com o mesmo período do ano passado. Dado interessante em pesquisa feita pela Coop aponta que muitos corredores e ca-minhantes participaram mais de uma vez do evento. “Nossa prova é reconhecida no calen-dário de corridas e caminhadas por aliar quali-dade e valor de inscrição justo, metade do que costuma-se cobrar em eventos similares”, diz o gestor.

Gôndolas emmovimento

Sucesso do programa Mexa-se inspira Coop a lançar linha de produtos saudáveis

Foi com o intuito de fortalecer a marca que em 2007 a Coop – Cooperativa de Consu-mo criou o Mexa-se Saúde e Qualidade de

Vida, iniciativa voltada à saúde dos cooperados,

bem como da comunidade. Mas o sucesso do programa inspirou a Coop a lançar no ano que vem, linha de alimentos saudáveis, que serão comercializados na rede. “Não posso falar mui-

João Schleder

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Celso Furtado: novos produtos para melhorar relacionamento com cooperados

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Liora Mindrisz

Jóia doAdriáticoCroácia é destino certo para exploradores dehistória e natureza

T URISMO

Terra de Marco Pólo, aventureiro que traz do berço um eterno mistério, a Croácia é prato cheio para exploradores. Com 11

parques naturais, oito parques nacionais, um litoral que ultrapassa cinco mil quilômetros e mais de mil ilhas, o país europeu pode surpre-ender os mais desavisados com história e bele-za natural. Prestes a se juntar à União Européia, a Croácia ainda usa a moeda local, kuna, o que atrai muitos vizinhos em busca da equação per-feita entre encanto e preço bom. O fato do idioma do país ser o croata, língua eslava que, apesar de ter alfabeto latino possui

letras irreconhecíveis, a população fala fluente-mente o inglês e, em determinados locais, até italiano devido à colonização veneziana ocorrida em praticamente toda a costa. A herança vale também para a gastronomia, prioritariamente mediterrânea. Risotos e massas com peixes e frutos do mar são bem vindos à mesa. Aceite também os vinhos da casa, que têm bons pre-ços e qualidade. Embora o litoral seja agitado e com alto as-tral, nem só de alegrias viveram os croatas. Des-cendente do império romano e mais tarde do império austro-húngaro, a Croácia só deu fim à

guerra que a separou do socia-lismo e da Iugoslávia na déca-da de 1990. Foi muita luta. Por mais que as cidades cercadas por muralhas e os castelos se-jam colírio para os olhos, pode--se notar à beira das estradas vilas inteiras que tiveram de ser abandonadas pela guerra ou marcas de balas em edifí-cios de qualquer cidade que se visite. Caso a intenção seja per-correr o país, são necessários ao menos 10 dias. Mas se qui-ser fazer com calma, reserve quanto tempo as férias per-mitirem, pois vale a pena. Se for necessário economizar na viagem não hesite em procurar bed&breakfasts, hospedarias simples que muitas vezes são residências de moradores lo-cais e que cobram menos que hotéis. É ótima opção para ca-sal, pois a maioria tem quartos para dois. Além de ser o suficiente para quem precisa dormir bem e tomar um banho antes de continuar a viagem, também permite conhecer mais a cul-tura croata por meio dos anfi-triões. Locais seguros podem ser encontrados nas casas de informações turísticas oficiais, que costumam ser solícitas não só quando se trata em hospedagem, mas em pas-seios também. Alguns fazem o meio de campo com a hospe-daria gratuitamente e sem tirar vantagem do turista. Confie! Para quem optar pela aven-tura, a primeira coisa que se deve saber é que as auto-es-tradas são ótimas, a gasolina é mais barata do que no restan-te da Europa (e até do que no

Drubovink: vista do alto (acima), praia Lapar (meio) e vida noturna agitada na Cidade Antiga (abaixo)

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nas e igrejas bem preservadas, o imperdível é conhecer o órgão marinho construído em 2005 que oferece sinfonias de acordo com a chega-da dos ventos e das ondas. Fique até o por do sol que abençoa este mesmo local da cidadela e aproveite a vida noturna que também é bem agradável. Mais ao sul fica a segunda maior cidade do país, Split que abriga um dos maiores portos, de onde saem passeios para as várias ilhas que cercam a cidade. Porém, o maior encanto fica por conta da cidade histórica cercada por mu-ros. Vale conhecer o Palácio de Diocleciano, ou-tro patrimônio da humanidade pela Unesco. Finalmente, ao sul está Dubrovnik, onde se encontra a badalação da Croácia e onde se paga mais caro por serviços turísticos como hos-pedagem e restaurantes. Para chegar de carro é necessário passar pela fronteira da Bósnia e depois voltar ao país. Nada impossível, apenas mantenha o passaporte por perto para passar na alfândega sem precisar abrir o porta-malas. Assim como as outras cidades litorâneas, Dubrovnik tem um centro histórico bem preser-vado e com diversas opões de compras e res-

Brasil) e que a habilitação brasileira é suficiente para dirigir na Croácia. Quem quiser economi-zar, fugir dos horários tabelados dos ônibus, e ainda ficar livre para curtir o roteiro pode alugar um carro e por o pé na estrada.

dE nortE a sul

Ao norte, onde a Croácia faz divisa com a Eslovênia e quase toca a Itália, uma das una-nimidades dos visitantes é passar pela Penín-sula de Istria. Lá, a principal cidade é Pula que, ao mesmo tempo em que abriga uma grande quantidade de prédios romanos que resistiram aos séculos, como a impactante arena de três mil anos, também possui o transparente ine-narrável do mar Adriático. De Pula partem as embarcações para as Ilhas Brujini, que também abrigam a beleza de ruínas romanas. Se quiser passar a noite em um local mais econômico e levemente menos turístico, a cidade vizinha Ro-vinj é acolhedora e não fica para trás no quesito estético. Em direção ao interior, é possível visitar a ca-pital Zagreb, localizada a 200 quilômetros da costa. Sem as construções claras que fazem perfeita combinação com o azul do céu e do mar, a cidade tem aspecto oposto, quase sombrio.

Palco de muitas batalhas e nitidamente aban-donada por anos, Zagreb tem como ponto forte o chamariz cultural pela quantidade de museus, vida noturna e diversidade de compras. Zagreb, afinal, é uma capital. A algumas horas dali e no sentido de Zadar ou Split, está o Parque Nacional Lagos de Plitvi-ce, parada obrigatória para quem gosta de natu-reza ou até para quem quer pausa das praias..Patrimônio da Humanidade instituído em 1979 pela Unesco, o parque merece ser visitado, nem mesmo os mais sensíveis poetas criaram no-mes para os tons de azul de Plitvice. O espaço preservado de 30 mil hectares abri-ga divina diversidade da fauna e da flora local tem uma sequência de rios que dançam entre as trilhas suspensas e que na época de chuvas chega a formar cachoeiras. O parque deve ser percorrido a pé, mas há graus de dificuldade e de dedicação de tempo. O menor percurso dura cerca três horas em trilhas bem estruturadas, mas a satisfação é garantida. De volta ao litoral, ainda há outras paradas necessárias antes de chegar em Dubrovnik, a queridinha dos turistas. Zadar é uma delas. A cidade foi durante muitos séculos a capital da Dalmácia. Apesar do charme de ser uma peque-na península, ter belo acervo de ruínas roma-

taurantes. Neste ponto vale a pena indicar um restaurante com preço justo e instalado à beira da muralha, de frente para o mar. O Lokanda Peskarija é o típico bom, bonito e barato. É pos-sível dividir um prato e apostar nas entradas. Outra dica é experimentar a cerveja local, que não deixa a desejar. Quando estiver em Dubrovnik será difícil es-colher qual ilha visitar. O tempo disponível pode ser o primeiro quesito a ser considerado. Há passeios de parte do dia e há os que permitem ficar pelo local e voltar no dia seguinte. Quem quiser ir em busca da verdade sobre Marco Polo pode conhecer Korcula, suposta cidade natal. Nesta ilha estão concentradas plantações de uvas e olivas, então não hesite em experimentar vinhos e azeites. O Grk é um vinho típico. Aproveite a receptividade do povo para co-nhecer mais sobre o passado do país, que é aula de história viva. Mas vá com calma se qui-ser abordar a guerra, acontecimento recente e, dependendo do final de cada família, pode ser ferida ainda aberta. No mais, prepare o chapéu, o protetor solar, os olhos e a máquina fotográfi-ca para trazer recordação.

Rovinj: porto à noite

Zadar: órgão marinho é acionado pelas ondas

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João Schleder

E SPORTES

Quantomaistricks,melhorCom a bola colada aocorpo, jogadores de futebol freestyle impressionam com destreza e habilidade

Em outras palavras

triCk – todo movimento realizado no fute-bol freestyle e cada trick tem denominação específica.

CoMbo – é a sequência de dois ou mais tricks sem que haja pausa.

JuGGlinG – é o mesmo que petecar a bola, fazer embaixadinhas.

stall – significa parar, controlar ou estabili-zar. Este termo é usado para descrever uma trick na qual a bola fica parada e equilibra-da sobre alguma parte do corpo.

stronG foot ou sf – é a perna forte. Ou seja, para destro a SF é a perna direita e para canhoto a SF é a esquerda.

WEak foot ou Wf – é a perna fraca. Ou seja, para destro a WF é a perna esquerda e para canhoto é a perna direita.

fontE: fEdEraÇÃo brasilEira dE futEbol frEEstylE

A música com ritmo frenético costuma dar o tom do show. Com a bola grudada aos pés, à cabeça ou às costas, os jogado-

res tomam conta da arena e iniciam o duelo de futebol freestyle. A rotina da nova modalidade esportiva revela atletas que não gostam do es-tigma de boleiros. “Somos profissionais, não tem brincadeira”, afirma José Wallace Silva de Oliveira. Apesar de a redonda ser objeto de trabalho, fazer gols não é objetivo. A meta é completar o maior número de manobras possível, em bata-lhas de três minutos, com até 30 segundos para cada competidor. Para convencer os árbitros é preciso aliar estilo, controle e criatividade nas manobras, chamadas de tricks. Nos duelos, o melhor avança. “O improviso conta muito, mas

até para inovar é preciso treinar bastante”, ad-mite Newton Aníbal dos Reis, o Tom. É assim que os freestylers fazem a alegria dos espectadores que costumam lotar as pla-teias da competição. Quando não estão em tor-neios, são convidados para eventos, que vão de intervalos de partidas beneficentes de futebol até comemorações corporativas. “Participamos de um jogo organizado pelo Deco, jogador bra-sileiro naturalizado português, que até o Messi compareceu”, lembra Wallace. Criado por volta de 2003, o futebol freestyle ganhou força no Brasil pelos pés de Ronaldinho Gaúcho. Sempre que podia, o craque apresenta-va peripécias durante os treinos. A mais conhe-cida é stall, quando o jogador equilibra a bola na nuca. Neymar e o português Cristiano Ronaldo

também já mostraram habilidade no esporte e ajudam a divulgá-lo. Ainda em busca de espaço na mídia, a moda-lidade já tem ídolos. E, por incrível que pareça, não vêm dos grandes centros do futebol. “Dois grandes freestylers hoje são poloneses: Luki e Szymo. É porque o esporte é individual, ao con-trário do futebol”, acredita Wallace e completa: “Mas, no Brasil, o posto de melhor ainda está em aberto”. E para que a posição seja ocupada é preciso muito treino. “De duas a três horas por dia, para aprimorar e criar novos tricks”, diz Wallace. Não à toa, alguns atletas desistem porque a prática pode parecer enjoativa. “A evolução é demora-da e exige muito, por isso não gosto de ser cha-mado de boleiro. Soa pejorativo”, diz.

Newton dos Reis: atépara inovar é necessário

treinar bastante

Diego Barros

Diego Barros

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ESPORTES

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João Schleder

Quando a habilidade com os pés não acom-panha o tamanho da

paixão pelo futebol, o jeito é recorrer ao apito para ficar pró-ximo do esporte. “Com certe-za, nunca fui grande jogador, era goleiro. Muitas vezes, para não ficar de fora da brincadei-ra, apitava”, brinca o ex-árbitro Alfredo dos Santos Loebeling, considerado o melhor do esta-do de São Paulo por duas ve-zes (2000 e 2001). Loebeling, assim como mui-tos juízes brasileiros, iniciou a carreira por acaso. “Estava apitando um jogo amador no Parque do Povo, em São Pau-lo, e o ex-árbitro Laguna, que na época estava na Federação Paulista de Futebol, me disse: você poderia fazer um curso de arbitragem para aprender a apitar. Eu fui”, lembra. Durante 13 anos, Loebeling apitou mais de 700 jogos pro-fissionais. Dirigiu partidas em sete países e fez 16 finais de campeonatos estaduais, sen-

do duas em São Paulo. Uma carreira vitoriosa, mas cheia de percalços. Na opinião do ex-juiz, muitos desses deslizes poderiam ter sido evitados se a profissão de árbitro fosse re-gulamentada no Brasil. Projeto para modificar a lei tramita no Congresso Nacional. “O juiz é obrigado a traba-lhar em outra função até às 18h e depois vai apitar o jogo do São Paulo no Morumbi, do Corinthians no Pacaembu. Futebol é algo que envol-ve muita coisa, para que uma das peças mais importantes do evento tenha que ter outro emprego. Você apita cansa-do, consequentemente perde reflexo e os erros aparecem”, afirma Loebeling. Porém, não é só isso que pressiona a profissão. Loebe-ling sofreu duas tentativas de suborno e por não aceitar par-ticipar de maracutaias, o ex ár-bite ro teve a carreira prematu-ramente encerrada. “Fui coagido pelo Armando

Marques, à época no coman-do da Comissão de Arbitragem da CBF, a adulterar a súmula de uma partida. Denunciei e nunca mais apitei um jogo pro-fissional. Estava no auge”, la-menta.

a VÁrZEa CoMo EsCola

Engana-se quem pensa que coisas desse tipo só aconte-cem no futebol profissional. Metalúrgico de profissão, Hélio dos Santos, mais conhecido como Raposão, apita jogos na várzea há quase 15 anos e já viu muita coisa errada. “Sei de muitas histórias de ameaças. Árbitros que não apitassem a favor de determinado time, corriam até risco de morte”, conta. Apesar das dificuldades, Raposão garante que a várzea é grande escola para quem pretende seguir a carreira. “É muito complicado apitar jogos amadores. Tem de ter muita coragem. Torcida, jogador, pre-

sidente, todo mundo pressio-na. Qualquer lance duvidoso já é motivo para discussão, quebra-quebra, briga. Já saí de muitas partidas escoltado pela polícia”, relata. Hélio acredita que os ár-bitros poderiam trabalhar de forma muito mais tranquila se todos os envolvidos no futebol conhecessem mais as regras. “As pessoas falam muito, criticam os juízes, mas nem sa-bem do que estão falando. Já tive que ensinar muitas regras básicas para jogadores e técni-cos com o jogo em andamento. A falta de conhecimento atra-palha demais”, afirma. A escolha de Raposão pela arbitragem não foi por falta de habilidade com a bola nos pés. “Sempre fui bom jogador. Era um dos primeiros a ser escolhi-do. Quando comecei a ficar no fim da fila, pensei: já que não me querem nos times, vou atrapalhar. Fui fazer o curso de arbitragem”, gargalha o juiz.

Bons de

Falta de habilidade com a bola leva jogadores a optar pela arbitragem

apitoRaposão: 15 anos de várzea

João Schleder

Futebol desperta pai-xão por time, jogado-res, escudo, estádio, mascote e hino. Mas

as camisas fascinam. O valor das peças para colecionadores pode ser por raridade, antigui-dade e até excentricidade. De times nacionais, internacio-nais, grandes ou pequenos, para os colecionadores, isto pouco importa. Para que a ca-misa tenha importância, basta que venha recheada de uma boa história. Entre as 200 relíquias de Eduardo Bian-chi, está a de treino do time da capital in-glesa, assina-da por Klose, Lahm e Mario

Suadas efascinantes

Apaixonados por futebol colecionam camisas de clubes e destacam relíquias

Gomez – titulares da Alema-nha. “Estava em Munique e tinha ido com a camisa do Bayern para tentar alguns autógrafos, mas naquele dia não havia ninguém. Porém, num dia que estava com essa camisa do Liverpool, conse-gui pegar assinatura dos três. Para mim, essa é rara”.

De times grandes ou pequenos, brasileiros ou internacionais, valor

das peças pode ser por raridade, antiguidade e até excentricidade

Já para o colecionador Ro-drigo Colucci, que tem acer-vo de cerca de 600 peças, as mais preciosas são as de clu-bes que não têm mais departa-mento profissional ou que es-tão totalmente extintos. “Meu foco hoje está em camisas de times do interior de São Paulo. As mais importantes para mim são de agremiações que não existem mais, como Hepacaré de Lorena, União Cruzeirense, entre outras”. Apesar dos gostos distintos, todos iniciaram a brincadeira

pelo mesmo motivo: a paixão pelo futebol. “Desde criança sempre fui fanático. Sempre pedia alguma camisa de time para os meus pais. Não com o pensamento de colecionar, mas por gostar de usar”, lem-bra Eduardo. “Quando passei a ter meu próprio dinheiro, pas-sei a colecionar de fato. Até

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Diego Barros

porque a brincadeira é cara”. Bianchi afirma nunca ter gastado mais de R$ 200 por uma camisa, valor considera-do baixo para a maioria dos ga-rimpadores. “Algumas podem ser bem caras. Além disso, o mercado inflacionou demais nos últimos anos. Já cheguei a pagar R$ 300 numa camisa do Napoli (da Itália) e ela nem está mais comigo. Mas sei de colecionadores que pagaram muito mais”, explica Rodrigo.

CaMisa por alMoÇo

A aquisição de camisas se dá de diversas formas: duran-te viagens, encomendadas,

trocadas. “Desde que você te-nha condição de comprar, não é difícil”, explica Bianchi. “Hoje em dia é tudo muito fácil por causa da internet. Já comprei algumas desta maneira, mas prefiro comprar pessoalmente ou pedir para algum amigo que viajou trazer”. Algumas também podem ser conseguidas de forma curiosa. “Comprei uma camisa do Remo do Pará de um carro-ceiro. Era meu primeiro dia de trabalho e não tinha dinheiro para comprá-la. Negociei com ele um almo-ço, ele aceitou e ainda me trou-xe ela lavada no dia seguinte. Fiquei com fome, mas valeu a

pena”, gargalha Colucci. Independentemente da for-ma que são conquistadas, to-das têm apreço especial dos colecionadores. “Tenho muito ciúmes de todas minhas cami-sas. Deixo as pessoas mexe-rem, mas desde que estejam do meu lado. Só eu sei do sa-crifício que faço para obtê-las”, afirma Rodrigo. Mas é claro que algumas, por motivos únicos, ganham posição de destaque. “É muito difícil enumerar uma ou duas. Como sou torcedor da Alema-nha, a que a seleção usou na Copa do Mundo de 2010 está entre as minhas favoritas”, destaca Bianchi.

Eduardo Bianchi: entre 200 relíquias, camisa de treino assinada por Klose, Lahm e Mario Gomez

GASTRONOMIA

Quando abriu a adega na garagem da residên-cia em Santo André,

em 1988, o cearense Antônio Barroso Loiola vendia apenas bebidas, preferencialmente ca-chaça e pequenas porções de jabá acebolado. Com o tempo, mudou-se para espaço maior e reformulou totalmente o cardá-pio e a clientela por consequ-ência. Mas a carne seca man-tém o status de carro-chefe. Servido na versão completa com cebola regada com azeite de dendê, calabresa frita ao ponto e queijo provolone assa-do, o jabá desmancha na boca de tão macio. A porção grande (R$ 31) chega a ter mais de um quilo de carne seca. Famílias costumam pedir acompanha-mentos como baião de dois (arroz, feijão de corda, jabá desfiado e queijo) ou arroz car-reteiro (arroz, jabá e calabre-sa). É muita comida. Outra especialidade da casa

é o croquete, oferecido em por-ções (R$ 30, a grande). Bem fritinho, fica seco e dispensa o uso de guardanapo. São qua-tro tipos. Para os arretados, é possível ainda pedir a versão picante. O salgado tem tanta

saÍda que são vendidas mais de 20 mil unidades por mês. Antônio, conhecido por to-dos como Jabá, revela que a fórmula para a consagração da Adega do Jabá resume-se a apenas um único ingrediente:

Por cimada carne seca

Adega do Jabá serve prato tipicamentenordestino há maisde 20 anos

João Schleder

Diego Barros

Antonio e Márcio Loiola: principal ingrediente é a família

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estrutura familiar. De acordo com o empresário, não teria conseguido sem o auxílio da esposa, Maria do Carmo, e do filho mais velho, Márcio, res-ponsável pelo segundo ende-reço da casa, na Vila Guiomar, inaugurada há pouco menos de um ano. “Minha esposa aju-dou muito. No começo era só eu e ela”, diz. Os quadros alu-sivos ao nordeste dão charme especial às adegas. Se no início Antônio contava apenas com dona Maria, atu-almente emprega mais de 60 funcionários. Além dos que au-xiliam nas duas casas, têm os que trabalham na fabricação do jabá. São seis mil quilos de carne seca por mês para abas-tecer pratos servidos nos dois endereços, sistema de entrega em domicílio e comercializa-dos para outros restaurantes e estabelecimentos especializa-

dos em produtos nordestinos. “Esse é outro diferencial nos-so. Como nós mesmos produ-zimos o jabá, conseguimos ga-rantir a procedência e o sabor da carne. Com toda humilda-de, posso dizer que é difícil co-mer jabá tão saboroso quanto os produzidos aqui. E olha que

sou nordestino”, brinca o em-presário.

SERVIÇO

ADEGA DO JABÁ I: Rua São Francisco de Assis, 121- Santo AndréADEGA DO JABÁ II: Rua Catequese, 1240 - Santo AndréTelefone: 4451-3333 /4451-0699

Adega do Jabá: porção tem quase um quilo de carne seca

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Diego Barros

Quem vê atletas em pro-vas olímpicas logo ima-gina que tanta força e

destreza sejam dons naturais ou provenientes de excelente treinamento. Mas por trás de um grande atleta existe time campeão de treinadores, mé-dicos e fisioterapeutas que não ganham medalhas, mas dedi-cam a vida para garantir a saú-de dos competidores em ação. A fisioterapeuta Maria Eugê-nia Ortiz, formada há 32 anos, sócia e fundadora da Clínica Fi-siotrat de São Caetano, acom-panhou de perto a rotina de treinos do medalhista Arthur Zanetti que trouxe o ouro para o Brasil das Olimpíadas de Lon-dres. “Foram três meses de preparo físico quando trabalhei métodos de massagem para minimizar a dor que ele sentia nos ombros”, diz a especialista em Fisioterapia Esportiva e Te-rapias Manuais, que foi a Lon-dres atender o ginasta.

Maria Eugênia havia se afas-tado do trabalho dedicado por 18 anos a atletas, mas aceitou o convite para tratar de Zanet-ti, que agora vai iniciar sessões de massagem com o método Rolf de Integração Estrutural, desenvolvido nos anos 30 pela americana Ida Pauline Rolf. A disciplina consiste em realinhar gradualmente a es-trutura do corpo, através da manipulação dos tecidos ma-cios, movimentos dirigidos e educação corporal. “O objetivo é equilibrar o corpo e não curar doenças”, afirma a profissio-nal. O método é usado como complemento de outros trata-mentos. A massagem corrige assen-tamentos de curvas e todos os tipos de desvios posturais que podem ser causados por maus hábitos ou pelo estresse do dia a dia que propiciam tensão muscular. O Rolf é aplicável em qualquer idade, sendo a única

restrição para mulheres grávi-das. Apesar dos benefícios, o tratamento não é barato, cada sessão custa R$ 250 e dura em média uma hora. A reco-mendação inicial é de que a pessoa faça 10 sessões e pas-se pelo período de descanso de um ano. Após esse tempo, a pessoa poderá fazer de três a cinco sessões dependendo da necessidade. Vale lembrar que mesmo após o tratamento é necessá-rio que os maus hábitos sejam corrigidos para que não voltem a comprometer a estrutura cor-poral. “Costumo orientar os pa-cientes de como dormir, sentar, usar o computador e sempre indico a prática de exercícios físicos”, esclarece.

Massagem

de ouro

SERVIÇOCLÍNICA FISIOTRAT Rua São Paulo, 1540 - Sta Paula SCSul - Fone: (11) 4229-6565Email: [email protected]

QUALIDADE DE VIDA

Maria Eugênia trabalha há 18 anos com atletas e coleciona vitórias com o método de massagem que coloca o corpo no eixo

Tamyres Scholler

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QUALIDADE DE VIDA

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Shayane Servilha

Sem dores e nenhum tipo de sintoma, Mo-desto Rosa Santana descobriu o câncer de bexiga há sete anos através de exame

de rotina. Ele acredita que o contato direto com produtos tóxicos, na época como metalúrgico, foi um dos fatores preponderantes para o de-senvolvimento da doença. “O médico não confir-mou se era ou não por causa do trabalho, mas a primeira coisa que ele perguntou foi minha profissão. A vida não foi mais a mesma. Se não fosse a equipe médica e o apoio da minha famí-lia não estaria vivo”, relata o aposentado. Estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), divulgado com as Diretrizes para a Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho, estima que dos 520 mil novos casos de câncer para este ano, aproximadamente 20 mil brasileiros serão diagnosticados com algum tipo de câncer rela-cionado ao trabalho, o que representa entre 8% e 16% de todos os casos de tumores malignos. Os principais tipos de câncer associados ao trabalho são de pele, pulmão, bexiga, cabeça, pescoço, estômago, esôfago, fígado, pâncreas, mama, cérebro, cavidade nasal, hematológico e leucemias. O estudo ainda mostra que 45% dos casos de câncer relacionados ao trabalho não são notificados por falta pesquisas no país. Trabalhadores das áreas da beleza, farmá-cia, aviação e química são os mais expostos ao risco da doença. O estudo inclui 112 substân-cias cancerígenas identificadas no ambiente de trabalho, como poeiras de cereal e de madeira, amianto, radiação solar e agrotóxicos.

O Inca não traz projeções de mortalidade, mas a OMS (Organização Mundial da Saúde) re-vela que haverá 27 milhões de novos casos de câncer para o ano de 2030 em todo o mundo, e 17 milhões de mortes pela doença. “O traba-lho afeta a saúde do paciente, isso é inquestio-nável. Porém não devemos esquecer fatores como genética, hábitos alimentares e falta de atividade física, que devem ser acrescentados na hora da avaliação. Em alguns casos, a doen-ça poderia ser evitada com adoção de hábitos

Rotinamacabra

saudáveis”, diz o Felipe Melo Cruz, oncologista e pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Medicina do ABC. O oncologista alerta que para desempenhar as profissões de risco é essencial que as empre-sas forneçam equipamentos de proteção para o trabalhador. “O empregado que trabalha nessas condições deve ter cuidados extras. Luvas, más-caras e aventais são itens básicos. Exames pe-riódicos não podem ser esquecidos para maior controle possível descoberta”, orienta. Das missões do Sindicato dos Metalúrgi-cos de Santo André e Mauá, consta auxiliar a prevenção, o que muitos trabalhadores deixam de lado. “Prevenir é uma forma para que novas ocorrências não aconteçam. E também fiscali-zamos os possíveis casos que tenham relação com o trabalho e notificamos para o Ministério do Trabalho. As empresas devem garantir a in-fraestrutura. O trabalhador vende mão-de-obra e não a saúde”, diz o diretor executivo Elenísio de Almeida Silva. O acompanhamento psicológico também é importante para enfrentar a doença, principal-mente, em estágio mais avançado. “O paciente que não consegue controlar o sentimento de de-

sânimo ou frustração pode agravar o quadro da doença. Essa ajuda psicológica é uma maneira de controlar os aspectos negativos que o envol-vam.”, fala Larissa Guatoli, psicóloga da Socie-dade Brasileira de Psico-oncologia (SBPO).Além do paciente, a psicóloga também acon-selha terapia para a família. “Os familiares, de certa forma, enfrentam uma pressão maior. Eles querem ser forte para não transparecer fra-queza e por isso precisam de acompanhamento para diminuir preocupações e temores”, defen-de Larissa.

Inca estima que 20 mil brasileiros serão diagnosticados com câncer relacionado ao trabalho

Modesto Santana: câncer de bexiga há 7 anos

Câncer e trabalho

bExiGaMaquinista, mineiro, metalúrgico, motorista de caminhão, pintor, trabalhador de ferrovia e tecelão.

boCa, farinGE E larinGECarpinteiro, encanador, instalador de carpete, mecânico de automóvel, mineiro, moldador e modelador de vidro, oleiro e pintor.

pulMÃoEncanador, eletricista, mecânico de automó-vel, mineiro, pintor, soldador, trabalho com isolamento, trabalho em navios, trabalho em limpeza e manutenção

fÍGadoMecânico de veículos a motor e trabalho rural.

pÂnCrEasTrabalho rural, trabalhadores de manuten-ção industrial.

CérEbroServiços elétricos e de telefonia, trabalho rural.

EstÔMaGo E EsÔfaGoEngenheiro eletricista e mecânico, extração de petróleo, motoristas, trabalhadores de lavanderias, trabalhadores da indústria ele-trônica e trabalhadores de limpeza.

fontE: inCa (instituto naCional dE CÂnCEr)

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SERVIÇO

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A qualidade dos dentistas brasileiros é internacionalmente reconhecida. Mas a diferença não está apenas no mode-

lo de formação acadêmica, mas nas ações de inclusão que faculdades e entidades oferecem aos formandos. A Associação Paulista dos Cirur-giões Dentistas de São Bernardo e Diadema - APCD – SBC/D se destaca entre as 90 regionais do estado de São Paulo. Atende cerca de 500 pacientes por mês e por ano, em torno de seis mil passam por avaliação. Os interessados de-vem fazer inscrição na entidade nos três primei-ros meses do ano. O serviço comunitário fica a cargo de braço da APCD, a Associação de Jovens Dentistas, Or-ganização da Sociedade Civil de Interesse Pú-blico (OSCIP), que presta serviços comunitários gratuitamente ou a preços muito reduzidos. “O atendimento é acompanhado de perto pelos professores dos cursos de especialização”, as-segura o presidente da APCD, João Costa. Entre as especialidades oferecidas estão

endodontia, implante, ortodontia, dentística, prótese, cirurgia, periodontia e geriatria. “Em países da Europa e nos Estados Unidos, a for-mação em Odontologia é especialização da Me-dicina e aqui é formação específica, que oferece aos profissionais mais de 12 especializações”, detalha o presidente. Dos procedimentos oferecidos, a entidade cobra apenas o material utilizado. O perfil dos pacientes é bem variado. “Somos procurados tanto por pessoas que não possuem condições financeiras para tratamento em clínicas particu-lares quanto por pacientes que procuram aten-dimento mais seguro e especializado. Por ser uma escola temos todo acompanhamento e dis-cussão por equipe de especialistas dos casos mais complexos”, detalha Elma Farias, coorde-nadora da Escola de Aperfeiçoamento Profissio-nal – EAP – APCD-SBC/D. A sede de São Bernardo é referência em odontologia na região. Dispõe de três clínicas, 56 consultórios, anfiteatro com 110 lugares,

centro cirúrgico, oferta de 12 cursos de especia-lização pela Escola de Aperfeiçoamento – EAP, ministrados por 150 professores altamente qualificados. Instalada em sede própria no bair-ro Assunção, ocupa área construída de 1,3 mil metros quadrados divididos em três pavimen-tos. Com carteira constituída de quase 800 asso-ciados em universo de 1.596 dentistas inscritos no Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), a regional São Bernardo comple-tou 52 anos no último dia 26 de junho, metade do tempo de existência da primeira APCD inau-gurada no bairro de Santana, capital, há 101 anos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) es-tabelece como índice mínimo aceitável um den-tista para cada mil habitantes; “O Brasil atende estas especificações. O que acontece é uma grande concentração de profissionais nas capi-tais e grandes cidades. Mas isso não ocorre só com a odontologia”, lamenta João Costa.

INCLUSÃO

Sorrisonão tem preço

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APCD de São Bernardo atende cerca de 500 pacientes por mês a baixo custo e até de graça

Roberto Barboza

Entre os 18 odontólogos que já presidiram a entidade desde a inauguração na Rua Rio Bran-co, Centro de São Bernardo, João Costa foi o que por mais tempo dirigiu a APCD-SBC/D. Com o primeiro mandato de dois anos ini-ciado em 1992 foi reconduzido à presidência por mais quatro vezes consecutivas, até o ano 2000. Depois de intervalo de cinco anos, em 2006, o Dr. João Costa foi mais uma vez eleito e deve continuar até o 2013, agora com os man-datos prorrogados por três anos. “A associação faz parte da minha vida. Sinto-me aqui como se estivesse em casa”, afirma. Como nem tudo pode ser só trabalho e estu-do, a entidade oferece também oportunidades de lazer como espaço para festas, churrascos, confraternizações, práticas esportivas e cultu-rais. “As reformas que estamos fazendo nas ins-talações da entidade vão oferecer mais conforto e comodidade para sócios e clientes. Nosso an-fiteatro, que acaba de ser reaberto, além de ser utilizado para a apresentação de peças teatrais, agora, com as novas poltronas dotadas de pran-cheta opcional, facilitarão seu uso para cursos e palestras”, anima-se o presidente.

APCD-SBC/D.Rua João Firmino, 720, Assunção - SBCampoFones: (11) 4351-3143 (11) 4352-1900email: [email protected]@apcdonline.com.br Site: www.apcdsbc.com.br

João Costa: seis mil pacientes por ano

APCD: três clínicas e 56 consultórios

Diego Barros

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QUALIDADE DE VIDAD

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Shayane Servilha

Sede, perda de peso rá-pida, formigamento no corpo e sonolência. Es-

ses foram os sintomas que obrigaram o metalúrgico Clau-dinei Aparecido Maceió a re-alizar exames de rotina, nos quais foi constatado diabetes. “A descoberta foi um choque. A médica disse que era um milagre eu estar vivo naquele momento. Os exames indica-

ram que minha taxa de glice-mia ultrapassava 516 mg/dl, sendo que o normal seria 120 mg/dl”, lembra. Se antes a vida era regada a comes e bebes com altos níveis de gordura e álcool, de-pois da descoberta e do susto, Claudinei adotou hábitos mais saudáveis. O check-up geral, que realizava apenas quando não se sentia bem, hoje, é feito

a cada seis meses. Além disso, tem acompanhamento médico com endocrinologista especia-lizada na doença, mede a gli-cemia três vezes por semana e anda de bicicleta regularmen-te. “Diabetes é perigosa. Mes-mo sentindo bem corpo e men-te, a doença está com você e por pequeno descuido pode matar e causar complicações sérias”, acredita.

Nos últimos anos, a OMS (Organização Mundial da Saú-de) tem feito pesquisas e aler-tas sobre o aumento da inci-dência da doença. Atualmente, cerca de 246 milhões de pes-soas têm diabetes no mundo e a previsão é que esse nú-mero dobre até 2030. Dados da Anad (Associação Nacional de Diabetes) mostram que dos cerca de 11 milhões de diabéti-cos no Brasil, 30% não sabem que possuem a doença. O perigo é maior quando a diabetes não é detectada rapidamente. “A ausência ou demora de um tratamento es-pecífico pode ser o ponto de partida para situações mais graves como derrames, infar-tos, amputação de pernas ou pés, cegueira e insuficiência renal”, detalha a endocrinolo-gista Silva Bidian. A doutora também alerta que algumas características contribuem para a manifesta-ção da doença. “Há mais riscos em obesos, pessoas com histó-rico familiar, as que engordam rapidamente, principalmente no abdômen, mulheres que ti-veram filhos acima de quatro quilos e que tiveram diabetes

quando segue orientações mé-dicas. “O que nós assistimos, geralmente, é que o paciente acha que por estar controlado, está bem e começa a abando-nar ou retirar parte da medica-ção. Nunca se deve fazer isso sem orientação médica”, afir-ma a endocrinologista.

aliMEntaÇÃo E ExErCÍCios

Além do controle de remé-dios, é necessário que o diabé-tico siga uma dieta saudável.

lizados, pelas boas, que estão presentes em peixes, como o salmão. As gorduras monoin-saturadas, encontradas no azeite, na linhaça e no abaca-te, também são ótimas para o colesterol ruim”, fala a nutricio-nista Gabriela Almeida. Gabriela também alerta na hora de comprar os alimentos diets. A maioria contém pouco ou quase nenhum açúcar, mas há possibilidade de apresenta-rem elevado teor de gordura. “O melhor jeito de comprar o doce é comparar o produto convencional com o diet. Se a versão tiver mais gordura que a comum, então o produto não é mais vantajoso para o diabé-tico”, conta. Até mesmo as frutas devem ser consumidas em pequenas porções. “Cria-se a falsa ilusão que elas podem ser digeridas sem restrição. Mas não pode-mos esquecer que elas têm frutose, que é o açúcar natural da fruta. Todas as frutas, até

Silenciosa e mortalMárcio Krakauer: criação da ADIABC depois de conhecer Centro de Diabetes Steno, na Dinamarca

Dos cerca de 11 milhões de diabéticos no Brasil, 30% não sabem que têm doença

diabEtE tipo 1

É provocada por uma pre-disposição genética e costu-ma aparecer na puberdade. Ocorre por causa da destrui-ção de células produtoras de insulina. Por isso é necessá-rio receber injeções diárias de insulina. Os sintomas são vontade de urinar e fome fre-quentes, sede constante, per-da de peso e fraqueza.

Saiba maisdiabEtE tipo 2

Fatores como obesidade e sedentarismo podem contri-buir para o desencadeamento da doença, que é provocada pela resistência de células à ação da insulina. Os sintomas geralmente estão associados ao surgimento de infecções, demora nas cicatrizações, vi-são embaçada e formigamen-to nos pés.

na gravidez. Além dos perfis de risco, fatores como sedentaris-mo, estresse e maus hábitos alimentares colaboram para o desenvolvimento da diabetes tipo 2”, diz. Apesar dos riscos, o diabé-tico leva uma rotina normal

Apesar da glicemia ser a principal preocupação, as gor-duras também merecem con-trole dos diabéticos, pois estar fora do peso ideal pode agravar a doença. “O ideal é substituir a gordura ruim, contida geral-mente em alimentos industria-

A maioria dos alimentos diet contémpouco ou quase nenhum açúcar, mas podem

apresentar elevado teor de gordura

Page 41: Revista Republica - 04 - Setembro/Outubro 2012

mesmo as menos calóricas, devem ser consumidas mo-deradamente”, diz. Outro fator importante que ajuda a controlar e reduzir o nível glicêmico é a prática de atividade física. Os exer-cícios com acompanhamen-to de profissional ajudam no tratamento da doença. Mas alguns cuidados são neces-sários. “É importante ter ali-mentação adequada ao tipo de exercício. Se for de longa duração, é necessário comer durante a atividade. Cuida-dos com os pés, corte as unhas retas, não use sapatos apertados, trate arranhões ou ferimentos e calosidades com profissionais da saúde. O local da aplicação da insu-lina também deve ser levado em conta”, fala a professora de Educação Física Camila Mieza. Também é aconselhável que o diabético passe por avaliação antes de começar os exercícios. “Deve ser rea-lizada avaliação por profissio-nal de Educação Física e pelo endócrino. Normalmente, os exercícios mais indicados são os aeróbios, como caminha-da e bicicleta.”

adiabC

O aumento da incidência da diabetes motivou o apare-cimento de diversas associa-ções, uma delas foi a ADIABC (Associação dos Diabéticos do ABC). Após uma viagem que fez a Copenhagen, na Dinamarca, para conhecer o Centro de Diabetes Steno, Márcio Krakauer decidiu criar

uma associação no ABC, que atualmente possui cerca de 1,2 mil associados. “A edu-cação sobre diabetes aqui no Brasil estava muito ruim naquela época. No ABC, não havia nenhuma entidade or-ganizada para orientar os portadores da doença. Antes, as pessoas fugiam do diag-nóstico, hoje têm consciência que precisam de tratamen-to”, afirma o presidente. A prevenção é principal maneira de combater a doen-ça. Semanalmente, a entida-de realiza palestras e ativida-des gratuitas sobre nutrição, culinária, direitos dos diabé-ticos e insulina. Além disso, são realizadas reuniões men-sais para pais que possuem filhos diabéticos. “As pesso-as que não são portadoras da doença participam. Isso acaba sendo uma forma dos pacientes se cuidarem mais e ajudar aqueles que são re-cém-diagnosticados”, diz.

ADIABC Rua Almeida Garret, 51 - Vl. Guio-mar - Santo André – SPFone: 4992-5303 e-mail - [email protected]

SERVIÇO

Div

ulga

ção

Tamyres Scholler

Cavalgaré precisoCentros de equoterapiaauxiliam na reabilitação além de promover inclusão social dos praticantes

A cada montaria, a sensação de supe-rar limites. Os benefícios da equote-rapia incluem melhorias posturais,

respiratórias e desenvolvimento das habi-lidades funcionais. O cavalo é utilizado em abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação para o desen-volvimento biopsicossocial de deficientes. A atividade exige a participação do cor-po inteiro e contribui para aprimorar a for-ça muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da co-ordenação motora e do equilíbrio. Quando um ser humano está montado, o corpo é permanentemente solicitado a fazer ajustes posturais para responder aos desequilíbrios provocados pelos movimentos do animal. O cavalo troca o apoio das patas, desloca a cabeça ao olhar para os lados, flexiona a co-luna, abaixa e alonga o pescoço. O ajuste tônico, movimento automático de adaptação, torna-se rítmico com o deslo-camento do cavalo ao passo. O andar natu-ral em que é conduzida a equoterapia D

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Bar

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INCLUSÃO

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SERVIÇO

CIDADE DOS MENINOSRua Batávia, 280 - Pq. Novo Oratório - Santo AndréFone: (11) 4975 5077 CENTRO APOLLO DE EQUOTERAPIAEst. Martim Afonso de Sousa, 2511 - Riacho Gde - SBC Fone: (11) 4101-6731.

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go B

arro

s

provoca movimentos tridimensionais no cor-po de quem está montado: para frente e para trás, para um lado e para o outro, para cima e para baixo. Além dos aspectos físicos, a equote-rapia proporciona vínculo de amor e confiança. “O objetivo também é de inclusão social, pois os pacientes desfrutam da convivência com o animal”, detalha Rosângela Gonçalves, fisiote-rapeuta e coordenadora técnica do Centro de Reabilitação e Equoterapia Cidade dos Meninos em Santo André. A equoterapia é indicada a partir dos dois anos e a única restrição é quanto à capacida-de de levantar o praticante em caso de emer-gência. “Como regra, só colocamos no cavalo quem conseguimos tirar”, esclarece Rosângela. Os pacientes são encaminhados pelo médico e na instituição contam com o apoio de equipe de fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, equitadores e terapeutas ocupacionais. São aceitos todos os tipos de deficiências e também praticantes de equitação lúdica que não necessitam da terapia. “A proteção exage-rada impede o desenvolvimento dos pacientes que não são estimulados a ultrapassar as difi-culdades”, diz a psicóloga Narione Gomes Ma-tias. Natália Costa Ananias levou a filha Gabrielle Ananias de Antonio de dois anos para iniciar o tratamento há menos de um mês após cirurgia no quadril. “Espero que ela desenvolva equilí-brio e firmeza para andar”, diz entusiasmada. O Centro de Equoterapia atende ao todo 145 pa-cientes por semana, entre bolsistas e pagantes. As sessões custam em média R$ 290 por mês.

tradiÇÃo

Há 16 anos no ramo, o Centro Apollo de Equoterapia e Educação Especial (Cadee) é uma organização não governamental (ONG), em São Bernardo, que atende cerca de 80 pacien-tes por mês de acordo com as normas da As-sociação Nacional de Equoterapia - Ande-Brasil. “Deixamos o praticante 30 minutos em cima do cavalo, tempo suficiente para o aproveitamento da terapia”, detalha Maria Eduarda Mourão, fi-sioterapeuta responsável pelo Cadee. Apesar de ter medo de cavalo, Arnaldo Fa-

çanha leva o filho Pedro Augusto uma vez por semana. O menino teve infecção hospitalar que comprometeu as capacidades visual e cogniti-va. “Ele já conhece as cores, sabe contar beijos e gosta de imitar as músicas que tocam nos ca-nais infantis”, afirma o pai orgulhoso. O custo mensal é de R$ 300 e toda renda é revertida para manutenção dos animais, bem como pagamento dos profissionais envolvidos no projeto. Johnny Gusmão de Carvalho é exemplo de que força de vontade somada à terapia com ca-valos é receita certa para reabilitação e inclusão social. Aos 19 anos e formado no ensino médio, anda sozinho de ônibus e faz equoterapia uma vez por semana. Quem vê a disposição e o progresso de Jo-hnny não imagina as dificuldades que enfrenta desde o nascimento por conta de paralisia cere-bral que comprometeu a coordenação motora. “Ele demorou mais do que o normal para falar e só andou depois dos cinco anos”, desabafa a mãe Sueli Gusmão Bulbarelli.

Regina e a filha Gabrielle: terapia após cirurgia

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