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Revista Sol Brasil - 19°edição

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19 Tira Dúvidas

Fale com o Especialista Luciana Carvalho esclarece dúvidas sobre inserção do aquecimento solarnos projetos de arquitetura

Índice2

Editorial3

5

4

Empresas Associadas

Certificação

Investimento na qualidadeFabricantes relatam como estão se adequando às novas regras do Inmetro

8

Qualidade dos produtos brasileiros terá melhora significativaProfa. Elizabeth Pereira fala sobre a certificação compulsória em entrevista à Sun & Wind Energy

Entrevista16

Mais informações para o consumidorCapacitação do DASOL também é indicada para profissionais de revendas

Notícias do Dasol

6Aquecimento solar em prédios residenciaisManual orienta instalação de SASem habitações multifamiliares

Arquitetura Verde

Rápido retorno para clientesde construtoraInvestimento em soluções sustentáveis tem rápido retorno para os clientes do setor hoteleiro da Ferraz Rodrigues

20

Adriano Santhiago OliveiraDiretor do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente destaca importância de aumentar aproveitamento da energia solar no país

11 Mundo Verde

Cursos22

7

Sustentabilidade

Aquecimento solar x aquecimento globalLimpa e renovável, energia solar ajuda a mitigar os impactos das emissões de gases de efeito estufa

13

Case Solar

Bosch garante economiaem edifício de São PauloSistema fornece 7,7 mil litros deágua quente nos horários de pico

Rede Ibis aposta na solução termossolar da Enalter SAS aquece diariamente mais de180 mil litros de água em hotéisda Região Metropolitana de BH

Realizações do DASOL em 2013Capacitação profissional, certificação e ampliação do mercado

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Da hélice à turbina

Em 20 anos, a indústria brasileira de sistemas de aquecimento solar (e especi-ficamente o coletor solar) experimentou uma significativa evolução tecnológica. Fazendo uma analogia com a aeronáu-tica, começamos com o avião de hélice e chegamos ao avião de turbina.

Impulsionados pela demanda de mercado e a necessária adequação nor-mativa para a certificação pelo Inmetro, os fabricantes brasileiros detêm hoje avançada tecnologia de produção. O setor reúne expertise para a fabricação de equipamentos de alta qualidade técnica, comparados aos melhores do mundo, como coletores solares de alta performance, com alta resistência mecânica, melhor condição estrutural e maior durabilidade.

Mas, como em qualquer segmento econômico, o conceito de qualidade hoje deve estar obrigatoriamente associado ao atendimento das necessida-des ambientais. E o nosso setor, que valoriza a tecnologia limpa, renovável e sustentável, tem se pautado por esse compromisso. A evolução dos compo-nentes, a adoção de modernos processos fabris, matérias-primas e acessórios com certificado de origem e embalagens recicláveis estão alinhadas com essa nossa vocação.

O Departamento Nacional de Aquecimento Solar – DASOL/ABRAVA tem se empenhado em todo esse processo de evolução tecnológica associada à sustentabilidade ambiental. Participamos ativamente de todos os fóruns que possam promover a ampliação de mercado, a inovação, a certificação de qualidade e a capacitação profissional.

E convidamos as empresas do setor a também participar, enviar sugestões e acompanhar as principais discussões que têm inspirado o conteúdo da nossa revista. Nesta edição, por exemplo, entre outros assuntos também relevantes, a SOL BRASIL fala sobre a contribuição do aquecimento solar para a mitigação das mudanças climáticas, tema inadiável da agenda mundial.

Editorial 3

DASOL ABRAVA Departamento Nacional de Aquecimento Solar (DASOL) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA).

Conselho de Administração do DasolPresidência Carlos Artur A. AlencarVP Relações Institucionais (VPI) Luís Augusto Ferrari MazzonVP Operações e Finanças (VPOF) Ernesto Nery SerafiniVP Tecnologia e Meio Ambiente (VPTMA) Jamil Hussni JuniorVP Marketing (VPM) Rafael Bomfim Pompeu de CamposVice-Presidente de Desenvolvimento Associativo (VPDA)Mauro Isaac AisembergPast President (PP) Amaurício Gomes LucioConsultor Marcelo Mesquita

Revista Sol Brasil Conselho Editorial: Nathalia Moreno, Natália Okabayashi e Marcelo MesquitaEdição: Ana Cristina da Conceição (MTb 18.378) - Setembro ComunicaçãoProjeto gráfico e editoração eletrônica: Izilda Fontainha SimõesCapa: Arte de Izilda Simões sobre imagem de Barun Patro - sxc.huAgradecimentos: Adriano Santhiago de Oliveira, André Ferraz e Luciana CarvalhoImpressão: Grass Indústria Gráfica

DASOL/ABRAVAAvenida Rio Branco, 1492 – Campos Elíseos – São Paulo – SP – CEP 01206-905 - Telefone (11) 3361-7266 (r.142)Fale conosco: [email protected]

Boa leitura!Jamil Hussni Jr.Vice-Presidente de Tecnologia e Meio Ambiente do DASOL

Editorial

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4 Case Solar

Muitos hotéis do Brasil já descobriram as vantagens em adotar o aquecimento solar de água e conseguir uma grande redução de custos com energia elétrica.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Rede de Hotéis Ibis apostou na solução termossolar e utiliza o sistema de aquecimento Enalter para fornecer mais de 180 mil litros diários de água quente para seus hóspedes. O sistema foi instalado pela equipe da própria Enalter, reconhecida no segmento hoteleiro pela alta qualidade de seus produtos, todos certificados pelo Inmetro, e suas soluções para obras de pequeno e grande porte.

O sistema Enalter está instalado em cinco hotéis da Rede Ibis. Para o Hotel Ibis Savassi, localizado em Belo Horizonte, o projeto explorou três fontes de energia: solar, ar condicionado chiller e gás. Foram utilizados 40 m² de área coletora SIMSOL, quatro reservatórios Ecotherm de 5.000 litros, complemento do ar condi-cionado chiller e o aquecedor a gás para oferecer uma economia anual de 82% referente ao provável consumo elétrico. Este sistema foi dimensionado para fornecer diariamente 74.250 litros de água quente.

O projeto conta ainda com dois sistemas de recircu-lação e a recuperação de calor é proporcionada pelo ar condicionado chiller, trazendo uma economia extra para o empreendimento. O projeto tem previsão de dois anos e um mês para o retorno do investimento.

No Hotel Ibis Montes Claros, também em Belo Ho-rizonte, o projeto explorou duas fontes: solar e bomba de calor. Foram utilizados 180 m² de área coletora SIMSOL, quatro reservatórios Ecotherm de 3.500 litros e duas bombas de calor para abastecer 119 apartamentos e suprir uma necessidade diária de aproxi-madamente 18.560 litros.

Outros dois hotéis Ibis em Belo

Enalter Engenharia Indústria e Comércio Ltda.

Associada ao DASOL desde

05/12/1995

www.enalter.com.br

Horizonte contam com aquecimento solar. No Ibis Guajajaras, o sistema está dimensionado para aquecer 18.140 litros de água diários. No Gonçalves Dias, o sis-tema Enalter aquece 43.510 litros por dia.

As soluções termossolares da Enalter também estão presentes no Ibis Contagem, na cidade de Contagem, Região Metropolitana de BH. O hotel possui um sistema de aquecimento central de água com capacidade para fornecimento diário de 28.300 litros de água quente para banho e cozinha.

Após a implantação do sistema solar, os hotéis registraram redução considerável do gasto com ener-gia elétrica. O aquecimento solar está aliado a outras

ações de conscientização ambiental, que servem para atrair e fidelizar hóspedes. Com todos estes projetos desenvolvidos exclusivamente pela Enalter, o sistema de cada hotel tem a capacidade de gerar economia anual de aproximadamente 80% nas contas de energia elétrica.

Energia solar garante mais de 180 mil litros diários de

água quente em hotéis da Região Metropolitana de BH

Rede Ibis aposta na solução termossolar da Enalter

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de diversas marcas e qualidade. A solu-ção Bosch teve como principal benefício a utilização da menor área coletora, ge-rando o mesmo volume de água quente necessário para suprir o consumo do edifício”, diz Edson Nascimento, enge-nheiro da Bosch e um dos responsáveis pelo projeto.

O sistema conta ainda com duas estações solares Bosch KS0120, responsáveis pela circulação da água no circuito fechado entre coletores e trocador de ca-lor. Todo o monitoramento de comando das estações solares e medição de temperatura são realizados pelo controlador solar Bosch SC20 que realiza a função de liga/desliga da bomba de circulação, otimizando o processo de aquecimento da água.

Comparado com um sistema a gás centralizado convencional, o sistema Bosch é capaz de gerar uma economia de gás prevista em torno de 55%. Compa-rado com a energia elétrica, o ganho ainda é maior: em torno de 80%.

5Case SolarD

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O recém-entregue Edifício Diamond, localizado na região do Morumbi, em São Paulo, optou pela Bosch Ter-motecnologia para garantir água quente a seus 42 aparta-mentos e conforto a todos os moradores.

Especialista em soluções completas, integradas e com alta eficiência energética, a Bosch teve como desafio no desenvolvimento do projeto utilizar a energia solar como fonte principal de aquecimento e realizar a instalação dos coletores solares em uma área reduzida.

Para atender a essa necessidade e garantir a demanda de 7.700 litros de água quente nos horários de pico, a so-lução Bosch conta com 45 coletores solares FCC-1S de 2,09 m² que produzem 182,8 kWh/mês cada um e fornecem água quente a dois reservatórios de 2.000 litros. A solu-ção conta também com um sistema de apoio conjugado com seis aquecedores de passagem GWH 720. Nos dias nublados, esses aquecedores de passagem alimentam dois reservatórios também de 2.000 litros cada um, além de um reservatório de 500 litros exclusivo para a cobertura.

Com alta performance e produ-ção energética elevada, os coletores Bosch fizeram com que o desafio na instalação fosse facilmente solucio-nado, pois exigem uma área coletora menor.

“No mercado existem coletores

Sistema fornece 7.700 litros de água quente para 42 apartamentos

nos horários de pico e uma economia de até 80% em energia elétrica

Bosch garante economia e conforto em edifício no Morumbi

Bosch Termotecnologia Ltda.

Associada ao DASOL desde 24/03/2011

www.bosch.com.br/termotecnologia

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6 Notícias do Dasol

Os benefícios econômicos e am-bientais do aquecimento solar de água, mais presentes em casas e habitações unifamiliares, tem se estendido por força do mercado e de políticas públicas aos prédios residenciais de vários andares. A instalação de aquecedores solares de água nesses edifícios multifamiliares exige das construtoras, das empresas de engenharia e dos projetistas o conhecimento e atendimento às nor-mas, requisitos técnicos e conceituais para executar um projeto eficiente e seguro.

Essas normas e requisitos es-tão detalhados nas 132 páginas do manual “Projetando Sistemas de Aquecimento Solar para Habitações Multifamiliares”, assinado pelos en-genheiros José Ronaldo Kulb, CEO da consultoria Enertrend e coordenador da obra, Luciano Torres Pereira, colaborador do Programa de Capacitação do DASOL, e Lúcio Mesquita, diretor-presidente da Thermosol Consulting.

A obra também contou com a colaboração de Carlos Fe-lipe C. Faria (presidente do Studio Equinócio), da arquiteta urbanista Luciana Carvalho (Vert Arquitetura e Consultoria) e de Marcelo Mesquita (consultor da ABRAVA/DASOL).

O manual detalha as diversas tipologias usadas para ins-

talação de sistemas de aquecimento solar, tanto em edifícios multifamilia-res de interesse social como nos pré-dios em geral das grandes cidades. A obra detalha a metodologia de cálcu-lo para o correto dimensionamento das áreas de coletores, volume dos reservatórios, tubulações e bombas, entre outros.

O manual também abrange pro-jetos para sistemas com medição individualizada de água, cálculo de trocadores de calor, perdas térmicas, manutenções preventivas e corretiva, entre outros itens.

Este projeto é resultado de uma parceria entre a ABRAVA (Associa-ção Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aque-cimento), a GIZ (Cooperação Alemã de Desenvolvimento por meio da

Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit) e o Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre).

O prefácio é assinado pela profa. dra. Elizabeth Marques Duarte Pereira, coordenadora da Rede Eletrobras Procel Solar, dedicada à capacitação técnica em aquecimento solar.

“Esperamos que o manual seja uma importante fer-ramenta para o projetista e contribua para o crescimento sustentável do setor com qualidade e segurança”, afirma José Ronaldo Kulb. O livro será distribuído pelo DASOL.

A REDE Solar, projeto financiado pela Eletrobras/Procel com a participação de seis instituições brasileiras de ensino e pesquisa na área do aquecimento solar, promoveu em novembro mais dois cursos em Pernambuco, nas cidades de Caruaru e Recife.

Novas turmas da REDE Eletrobras/Procel Solar

Aquecimento solar em prédios residenciaisManual orienta instalação eficiente e segura de SAS

A iniciativa contou com o apoio da Embaixada Britânica e do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP) e reuniu 53 pessoas, entre professores, estudantes, técnicos e engenhei-ros de empresas de projeto e fabricantes de equipamentos.

Participaram dos cursos professores e estudantes do ITEP, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Uni-versidade do Estado de Pernambuco (UPE/POLI), além de estudantes de Engenharia da Faculdade Vale do Ipojuca (FA-VIP), Centro Universitário UNINTER e Faculdade ASCES.

Os cursos foram ministrados pelos professores Elizabeth Pereira, Eduardo Marques e Jane Fantinelli.

Em dezembro, estão previstas novas turmas em Belém (GEDAE/UFPa) e Florianópolis (IFSC). Para mais informa-ções, consulte: www.redesolar.eco.br.

Colaboração: Nathalia Moreno

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Notícias do Dasol 7

Diretoria manteve o foco na capacitação profissional e ampliação do mercado

Certificação movimentou agenda em 2013

Em 2013, o DASOL empreendeu diversas iniciativas voltadas para o fortalecimento da indústria de aquecimento solar no Brasil. Sob a liderança do presidente Carlos Artur A. Alencar, a certificação compulsória dos SAS movimentou a agenda do Departamento durante boa parte do ano e exigiu várias reuniões e entendimentos com os agentes do setor.

Em abril, o DASOL promoveu um workshop com a participação de 140 agentes e parceiros do setor para ava-liar aspectos práticos da nova regulamentação do Inmetro.

Na ocasião, foi lançado o site Certificasol para orientar empresas sobre os procedimentos de certificação.

Também em 2013, o DASOL comemorou a conquista de uma antiga reivindicação para desonerar os custos de produção. Em 3 de abril de 2013, o governo paulista editou o Decreto 59.039 prevendo o diferimento do ICMS sobre matérias-primas da fabricação de aquecedores solares para o momento de entrada no estabelecimento do fabricante.

A capacitação profissional e a disseminação do conhe-cimento mereceram atenção especial em 2013, ano em que os cursos técnicos do DASOL passaram a contar com o patrocínio da Caixa Econômica Federal.

Grande parte das iniciativas do DASOL estiveram volta-das para a ampliação do mercado e promoção da tecnologia solar, como a divulgação do artigo “Os aquecedores solares no Programa Minha Casa Minha Vida”. O artigo embasa a proposta da ABRAVA de estender o aquecimento solar a unidades multifamiliares e faixas de renda acima de R$ 1.600 contempladas pelo programa federal de habitação.

Em 2013, o DASOL realizou junto aos associados pes-quisas sobre certificação compulsória e uso do cobre nas instalações de SAS. A pesquisa sobre o mercado de 2012 revelou que o setor chegou a 8,42 milhões m2 em área de coletores instalados no país naquele ano.

A divulgação da energia solar acontece na participação

em fóruns, congressos e feiras, como a SMEThermal 2013, na Alemanha, a All About Energy, em Fortaleza (CE), e a Enersolar Brasil e a Intersolar South America, em São Paulo.

O DASOL também participa do Grupo de Trabalho Energia Solar Térmica, com coordenação do Ministério do Meio Ambiente, que desenvolve ações de apoio à dissemi-nação de sistemas de aquecimento solar de água

O ano ainda marca o lançamento, a partir de setembro, da versão impressa da Revista SOL BRASIL.

Também foram destaque nesse ano o lançamento da segunda fase do Programa Qualisol - Certificação Profis-sional, o lançamento de manual sobre SAS em habitações multifamiliares e as pesquisas com os associados sobre certificação compulsória e uso do cobre.

Mensagem do Presidente

A atuação do DASOL de 2013 foi marcada pela renovação, unindo a experiência e juventude, fortemente demonstradas pelo apoio recebido de toda a cadeia produtiva, mesmo diante de tantas incertezas e das novas exigências do Inmetro, que impõem às empresas profundos ajustes em suas estruturas produtivas e capacitação profissional.

Atualmente o setor já supera 1% de participação na matriz energética nacional, com expectativas de fechamento de 2013 próximo a 10 milhões m2 de coletores instalados no País. Trata-se realmente de um marco, contribuindo com aproximadamente 8 GWp de energia limpa e renovável.

É com esse espírito empreendedor e de busca constante pela atualização tecnológica que saúdo a todos os associados e profis-sionais do setor, agradecendo pela enorme contribuição recebida durante a gestão de 2013.

Feliz 2014! Carlos Artur A. Alencar

Presidente:Luís Augusto F. Mazzon (Soletrol)

Nova diretoria do DASOL para 2014, eleita na assembleia de 2 de outubro

VPDA (VP de Desenvolvimento Associativo):Alander Brandão (Komeco)

VPI (VP de Assuntos Institucionais): Amaurício Gomes Lucio (Tuma)

VPM (VP de Marketing):Rafael Campos (Bosch)

VPOF (VP de Operações e Finanças): Ernesto Nery Serafini (Solar Minas)

VPTMA (VP de Tecnologia e Meio Ambiente):Jamil Hussni (Jelly Fish)

PP (Past President):Carlos Artur A. Alencar (Enalter)

Page 8: Revista Sol Brasil - 19°edição

8 Certificação

Investimento na qualidade Novos produtos, mudanças no processo produtivo, auditorias, treinamento de pessoal, instalação de laboratórios e contratação de organismos certificadores. Fabricantes de aquecedores solares relatam à SOL BRASIL os investimentos para se adequarem à nova regulamentação do Inmetro para a certificação compulsória.

A AtualAquecedores Solares

Nós da A Atual Aquecedores Solares estamos in-vestindo em automação, máquinas, instrumentos de medição e testes de qualidade para nos adequarmos aos ensaios e auditorias que fazem parte do novo processo de certificação.

Outros investimentos acontecem na área de treinamento para que o pessoal possa se adequar às novas exigências e lidar com competência com a nova realidade de mercado.

Os treinamentos abrangem a aquisição de produ-tos, novos processos fabris, processos que precisam ser atualizados e comercialização.

Nossos parceiros comerciais, como fornecedores e revendedores, estão sendo homologados. Ajustes estão sendo feitos para que os produtos e serviços estejam adequados em toda a cadeia logística.

Também estamos fazendo uma série de pesqui-sas e analisando diversas propostas para fechar a parceria com um OCP.

Claudiomar Danilo da Silva, gerente comercial

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Certificação 9

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Bosch e Heliotek

Os produtos e os procedimentos fabris da Bosch e Heliotek – marca do Grupo Bosch - já atendem grande parte do novo RTQ (Regulamento Técnico da Qualidade). Serão necessárias apenas poucas mudanças, que já estão em andamento, para a ade-quação às novas exigências.

Desenvolvemos constantemente novas tecnolo-gias para proporcionar produtos de maior qualidade e eficiência aos nossos consumidores e teremos no-vidades para o ano de 2014 que já atendem à nova certificação.

A compulsoriedade é positiva e permite que três impactos sejam analisados. Contribui para o aumen-to na qualidade dos produtos e serviços ofertados no mercado. Oferece transparência aos critérios de avaliação aos quais o produto de uma empresa é submetido, permitindo a comparação entre dife-rentes marcas e facilitando, também, a tomada de decisão do consumidor. E, por fim, coloca todos os fabricantes alinhados às mesmas regras, tornando a competição mais justa e objetiva.

Rafael Campos, vice-presidente de vendas da divisão Termotecnologia da Robert Bosch

Jelly Fish

A Jelly Fish está adequando seus sistemas produtivos e da qualidade para atender os requi-sitos das Portarias 352 e 301 no que tange à com-pulsoriedade no âmbito do Programa Brasileiro de Etiquetagem. A empresa já está cumprindo todas as etapas estabelecidas na avaliação da conformidade embasadas no RAC/RTQ/RGCP.

No momento em que o PBE passou a ser com-pulsório, criou-se a necessidade de nos familiari-zarmos com novos conceitos e abordagens. Siglas como OCP, RAC, RTQ e RGCP tornaram-se, assim, conhecidas na nossa atividade.

Depois de participarmos de cursos dirigidos, entramos em contato com profissionais dedicados, entendemos a abrangência do programa e a com-preensão de sua necessidade.

Acreditamos que em breve obteremos os regis-tros necessários para cumprimento das exigências normativas e ministeriais.

Rodolfo Hashimoto, coordenador técnico de Engenharia

Pro-Sol

Decorridos 1 ano e 4 meses da publicação da RAC pela portaria 352 do Inmetro, a Pro--Sol se encontra em processo de adequação de produto e processo para atendimento às novas regras do PBE Solar.

Modificações de produto estão sendo implemen-tadas com base em resultados de testes feitos em laboratório interno que se encontra 100% adequa-do às novas exigências e ensaios. Este laboratório posteriormente trabalhará para atender o setor de qualidade da Pro-Sol, ensaiando o produto retirado da fábrica e verificando se os métodos e processos fabris permanecem garantindo sua qualidade.

Faltando 8 meses para o término do prazo que permite fabricar produtos certificados dentro das regras do PBE voluntário, a Pro-Sol aguarda que outros OCP’s sejam acreditados e que os laboratórios iniciem a realização dos novos ensaios.

Breno Augusto, engenheiro

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10 Certificação

Transsen

Com a nova regulamentação do Inmetro para cer-tificação compulsória de aquecimento solar, estamos fazendo grandes investimentos em nosso processo pro-dutivo, bem como pesquisas de novas matérias-primas e tecnologias, com o objetivo de garantir e aperfeiçoar ainda mais a qualidade dos nossos produtos.

Hoje ainda encontramos no mercado muitas marcas e produtos sem certificação, com promessas de desempe-nho que não foram devidamente testadas e aprovadas.

Acreditamos que o processo de certificação com-pulsória será um passo muito importante para o nosso segmento, visto que o mercado se tornará mais profissional e seletivo, por conta das altas exigências de testes de qualidade nos sistemas de aquecimento solar, garantindo aos consumidores produtos de alta qualidade e desempenho.

Mário Sgob, coordenador de Desenvolvimento de Produto

Tuma/Solarem

A Solarem está reprojetando sua linha de equipa-mentos de forma a atender aos novos ensaios. Enquanto não há laboratórios disponíveis para esses ensaios, a Solarem realiza ajustes finais na linha de produtos. Em janeiro de 2014, a empresa estará com os equipamentos prontos para submissão aos testes.O investimento da empresa foi de US$ 2 milhões, considerando aplicação em maquinários, infraestrutura, no produto, em gestão e na certificação propriamente dita.

Em termos de gestão, as modificações não são signi-ficativas por já termos sistema de gestão da qualidade implantado desde 2007. Em termos de produto, faremos as adaptações necessárias na linha de reservatórios tér-micos. Para a linha de coletores solares, entraremos com um produto totalmente novo.

Amaurício Gomes Lucio, diretor comercial, e Christinne Santos Drummond, coordenadora de Marketing

Soletrol

Para se adequar à compulsoriedade requerida pelo Inmetro e prevista para entrar em vigência a partir de julho de 2014, a Soletrol firmou contrato com o Celack, Organismo Acreditado de Certificação (OAC), que já realizou uma pré-auditoria para avaliação do sistema de gestão da empresa.

Com o laudo da pré-auditoria, estamos adequando a nossa estrutura de qualidade com a contratação de pessoas qualificadas, investindo em instrumentos de metrologia, instalando laboratório de qualidade e reava-liando a documentação e procedimentos internos para atender as exigências previstas neste novo momento do mercado de solar térmico no Brasil.

Teremos um trabalho intenso de treinamento de funcionários administrativos e produtivos nos próximos meses para adequarmos toda a estrutura da empresa às necessidades requeridas.

Raphael José Bicas Franco, diretor técnico

Solar Minas

A Solar Minas tem buscado, por meio de várias modi-ficações no processo de fabricação de coletores solares e reservatórios térmicos, atender a Portaria 352 de 06 julho de 2012. Entre essas modificações está a padronização dos produtos conforme o RAC, o que inclui especifi-cações de materiais, matérias-primas, testes de rotinas, rastreabilidades etc.

A empresa tem investido em novos maquinários para fabricação de caixa para coletores e de aletas, além de melhorias nas máquinas existentes.

Também estamos fazendo modificações no layout para inserir novos testes na linha produtiva e tornar a produção eficiente e enxuta.

Como requisito obrigatório para melhoria do processo, são ministrados constantes treinamentos e divulgações em toda a empresa. Há grande dificul-dade no processo de adaptação a esta nova metodo-logia devido à mudança da cultura e novas rotinas.

Gleicon Garcia, gerente operacional

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Mundo Verde 11

Da Sun & Wind Energy (set-out/2013)Colaboração: Natália Okabayashi

Elizabeth Duarte Pereira pesquisa a energia solar

térmica no Brasil há 40 anos. Professora no Centro

Universitário UNA, em Belo Horizonte (MG), ela

ajuda a criar um novo laboratório de testes no Brasil

- o terceiro de sua carreira como pesquisadora.

Durante visita a Berlim, a professora falou ao portal

solarthermaworld.org sobre qualidade, normas e o

programa de habitação solar do Brasil.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista

concedida a Bärbel Epp:

S&WE: A sra. é famosa por ter ajudado a criar laboratórios de teste para coletores solares e sistemas térmicos em todo o Brasil. Como é que tudo começou?

Elizabeth Duarte Pereira: Na década de 80, a conces-sionária Cemig, que distribui energia em todo o estado de Minas Gerais, ficou interessada em energia solar térmica e investiu na primeira bancada de testes desses equipamen-tos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde eu tinha começado como professora. Entre 1984 e 1986, nós testamos os três fabricantes de coletores do estado de Minas Gerais: Enalter, Tuma e Pantho. Todos os três ainda estão no mercado hoje.

Alguns anos depois, em 1992, surgiram mais duas em-presas no estado de São Paulo e que também continuam fabricando: a Soletrol e a Transsen.

S&WE: Por que as empresas de energia se interessaram pela criação de laboratórios solares térmicos?

Pereira: Havia um imperativo estratégico para diver-sificarem o seu portfólio e elas estavam interessados em conhecer outras tecnologias - especialmente a Cemig, que é uma das principais empresas estatais.

Qualidade dos produtos brasileiros terá melhora significativa

S&WE: O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a introduzir uma etiqueta para aquecedores solares de água. Como isso aconteceu?

Pereira: O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) já tinha lançado desde 1984 várias etiquetas de eficiência para aparelhos eletrodomésticos, classificados na categoria A, B, C e D. Em 1992, quando fo-ram apresentados os resultados dos primeiros testes com o coletor solar, a associação da indústria brasileira ABRAVA decidiu pedir ao Inmetro para criar uma etiqueta solar. As primeiras exigências para as categorias das etiquetas foram criadas em cooperação com os fabricantes.

No entanto, o Inmetro decidiu criar níveis de forma que todos os mercados relevantes de coletores, naquele momento, só chegariam a um B. Havia margens para melhoria. Quinze anos depois, mais de 64% dos coletores chegaram à classificação A.

S&WE: O programa federal de habitação Minha Casa Minha Vida tem aumentado muito o volume de mercado no Brasil. O programa também reforçou os padrões de qualidade?

Pereira: De fato, na primeira fase do Minha Casa Minha

Divulgação

Page 12: Revista Sol Brasil - 19°edição

12 Mundo Verde

“Famílias contempladas pelo Minha Casa Minha Vida economizam até 70%na conta anual de eletricidade com os

aquecedores solares de água”

Vida, em 2010/2011, foram instalados 41 mil aquecedores solares de água em habitação social. No ano passado, esse número subiu para 111 mil novas casas com sistema solar de água quente. A Caixa, que é um banco do governo federal, define os termos para os requisitos técnicos e as responsabilidades de cada parte - fabricantes, fornecedores e instaladores. Coletores devem ter a etiqueta Inmetro e chegar à classificação A ou B.

S&WE: Sua universidade fez alguns acompanhamentos dos programas de habitação social. Quais foram os resultados?

Pereira: Foi realizado um estudo entre os usuários da primeira fase do Minha Casa Minha Vida. Os assisten-tes sociais visitaram as famílias em cinco cidades, o que corresponde a 14% do total de 41 mil casas equipadas com aquecimento solar. Dos usuários entrevistados, 80% estavam satisfeitos ou muito satisfeitos. Entre os 20% não satisfeitos estavam muitas famílias que realmente não tiveram sucesso em usar as torneiras misturadoras corre-tamente, o que significava que a água para banho era ou muito fria ou muito quente.

S&WE: Vocês também realizaram testes de desempenho?Pereira: Em cooperação com a Eletrobras, estamos

realizando um acompanhamento técnico de dez casas em quatro conjuntos habitacionais diferentes - um total de 40 casas com monitoramento detalhado. Nós recolhemos da-dos sobre radiação, produção de energia solar e consumo doméstico. Nos outros edifícios, monitoramos as contas mensais de energia elétrica e criamos um questionário sobre hábitos e uso de água quente.

Sabemos que as famílias economizam entre 50% e 70% na conta anual de eletricidade com os aquecedores solares de água. Nós também aprendemos a partir desse levanta-mento que as famílias de baixa renda podem usar o dinhei-ro economizado para comprar comida. Assim, o aspecto

social do programa de energia solar é 100% contemplado. Um ponto fraco em muitas áreas de habitação tem sido a orientação dos edifícios, que não é ótima para uso solar. Para evitar isso no futuro, estamos organizando cursos em todo o país - para construtores e engenheiros, arquitetos, bem como os trabalhadores sociais da Caixa - com o apoio da Agência Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ).

S&WE: A sra. está satisfeita com a qualidade dos coletores no Brasil hoje?

Pereira: Eu acho que algumas coisas ainda precisam ser melhoradas. Gostei da iniciativa da Associação Brasileira de Normas Técnicas ( ABNT), que introduziu uma nova norma, a ABNT NBR 17747, com base na norma europeia EN 12975-2 e participou do grupo de trabalho que elaborou o novo padrão. Durante os testes, ainda temos muitos pro-blemas como quebra de vidros e uma caixa fraca na cons-trução do coletor. Os fabricantes de coletores adaptaram seus produtos para os requisitos legais em vigor. Porém, eu acredito que, com a introdução do novo padrão, os no-vos testes e auditorias de linhas de produção, a qualidade de produtos nacionais deve melhorar significativamente.

A íntegra da entrevista está em: http://solarthermalworld.org/content/i-appreciated-initiative-introducing-new-standard.

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Sustentabilidade 13

O relatório do IPCC aponta fortes evidências de degelo, principalmente na região do Ártico. Há 90% de certeza de que a taxa de redução da camada de gelo tenha sido entre 3,5% e 4,1% por década entre 1979 e 2012. As concentrações de CO2 na atmosfera já aumentaram mais de 20% desde 1958, quando medições sistemáticas começaram a ser feitas, e cerca de 40% desde 1750.

O lançamento de gases de efeito estufa acontece de diversas maneiras, mas as principais fontes são a agrope-cuária, o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis (como petróleo, carvão e gás natural, ou seja, energia).

Para se ter uma ideia sobre o crescimento da participa-ção do setor de energia no volume de emissões, em 1990 ele foi responsável pelo lançamento de 193,1 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Em 2012, passou a gerar 436,7 milhões de toneladas de poluentes, conforme levantamento divulgado em novembro pelo Observatório do Clima.

Entre as possibilidades de redução das emissões de GEEs está o uso de energias renováveis não convencionais, além da redução do desmatamento, o aumento da eficiência energética e a reciclagem de materiais.

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Os sistemas de aquecimento solar de água têm impor-tante contribuição a dar na desaceleração do aquecimento global e das mudanças climáticas que estão afetando a vida na Terra.

O uso de energias renováveis não convencionais como a solar pode ajudar a reduzir as emissões dos gases de efeito estufa (GEEs), como o dióxido de carbono (CO2). O efeito estufa é um fenômeno natural para manter o planeta aque-cido. O aquecimento global acontece quando são lançados mais GEEs do que as florestas e os oceanos são capazes de absorver, tornando o planeta mais quente e impedindo a saída da radiação solar.

Há razões para preocupação. Caso as emissões de GEEs continuem crescendo às atuais taxas nos próximos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar até 4,8 graus Celsius neste século, elevando o nível do mar em até 82 centímetros e causando danos na maior parte das regiões costeiras do globo. Este cenário está previsto na primeira parte do relatório de avaliação AR5 divulgado em setembro pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Limpa e renovável,

energia solar ajuda

a mitigar impactos

ambientais causados

pelas emissões de

gases de efeito estufa

Aquecedor solar xaquecimento global

Marcelo Mesquita

Page 14: Revista Sol Brasil - 19°edição

14 Sustentabilidade

Limpa, gratuita e renovável As energias renováveis não-convencionais são aquelas

que não provêm de combustíveis fósseis e não incluem a hidroeletricidade. As mais conhecidas são a solar, onde se aproveita a luz e o calor do sol para gerar energia, a energia eólica e a biomassa, oriunda mais comumente do bagaço da cana-de-açúcar.

A energia solar é uma energia não poluidora, produzida a partir de fonte gratuita e que contribui para a redução do uso de eletricidade. Bilhões de kWh de energia elétrica consumidos no aquecimento de água para banho no horá-rio de pico do sistema elétrico interligado (entre 17h e 21h) poderiam ser supridos com o aquecimento solar.

Assim, o uso da tecnologia solar térmica no aquecimento de água poderia atenuar o deslocamento do horário de pico das principais concessionárias de energia e a necessidade de grandes investimentos na expansão do sistema elétrico.

Um bom exemplo do uso do aquecimento solar de água está em Belo Horizonte (MG), onde há cerca de mil prédios com instalação de aquecimento solar central. A iniciativa é

atribuída à concessionária local de energia elétrica (Cemig) em parceria com fabricantes de SAS e universidades do Estado de Minas Gerais.

Outro exemplo é a presença do aquecimento solar em habitações de interesse social financiadas pelo programa federal Minha Casa Minha Vida. Para as famílias de baixa renda atendidas pelo programa, o aquecimento solar tam-bém representa um aumento de renda indireto na medida em que reduz as despesas com a energia elétrica.

Bom para o bolso, melhor para o planeta

Os benefícios ambientais do aquecimento solar são ainda maiores. Basta apontar os impactos ambientais que uma pequena placa coletora de energia solar térmica, de apenas um metro quadrado, consegue evitar ao longo de um ano. Comparando com usinas hidrelétricas, significa deixar de alagar 56 m² de área de plantio ou pastagem.

Quando pensamos em energia para cozimento de ali-mentos, são outros 215 quilos de lenha por ano que deixam de ser queimados. Se a comparação for com o Gás Lique-feito de Petróleo (GLP), são economizados 55 quilos por ano. Se a energia produzida pelo coletor for comparada a uma fonte motogeradora à gasolina, são 73 litros anuais poupados.

Os mais de 8,4 milhões de m2 de coletores térmicos solares já instalados e em operação no país geram

energia superior a 5.714 GWh/ano. Tal volume corresponde a 1,3% do consumo nacional, pouco

menos que o consumo anual de uma cidade com 2,5 milhões de habitantes como Brasília.

Como os aquecedores solares fornecem energia térmica próximo/junto ao ponto de uso da água quente, sua utilização pode ser comparável a usinas de energia alternativa distribuídas. Tais usinas não exigem investimentos (como linhas de transmissão) nem prazo de implantação e podem ser empregadas de imediato, sem atrasos, impedimentos legais ou entraves de licenciamento por ser tam-

bém uma energia limpa. Essa energia pode ser utilizada em residências, hotéis,

restaurantes, indústrias e hospitais com extrema economia.

Conforme dados do relatório “Um Banho de Sol para o Brasil” do Institu-to Vitae Civilis, citado pelo Ministério do Meio Ambiente, o Brasil, por sua localização e extensão territorial, rece-

be anualmente energia solar da ordem de 15 trilhões de MWh, o que correspon-

de a cerca de 33 mil vezes o seu consumo anual de eletricidade.

sxc.hu - Yasin öztürk

Page 15: Revista Sol Brasil - 19°edição

Sustentabilidade 15

Apesar disso, o país possui poucos equipamentos de conversão de energia solar em outros tipos de energia. Em operação, tais equipamentos contribuiriam para diminuir a pressão para construção de barragens para hidrelétricas, queima de combustíveis fósseis, desmatamentos para pro-dução de lenha e construção de usinas atômicas.

O MMA também cita o Balanço de Energia Útil do Ministério de Minas e Energia, segundo o qual parcela significativa de toda a energia gerada no Brasil é consumida na forma de calor de processo e aquecimento direto. Parte desta demanda poderia ser suprida por energia termosso-lar, inclusive na forma de pré-aquecimento para processos que demandam temperaturas mais altas.

O relatório do IPCC credita à atividade humana o aumento de 40% das concentrações de CO2 na atmosfera desde 1750. Ignorar o potencial das energias limpas e reno-váveis, continuar queimando combustíveis fósseis e derru-bando florestas é comprometer o futuro do nosso planeta.

Enquanto isso, no Brasil, o parque solar de mais de 8,4 milhões de m2 de coletores em operação evita a emissão anual de 1,85 milhão de toneladas de dióxido de carbono, o mesmo resultado que seria obtido com o plantio de 9,27 milhões de árvores por ano. Adotar o aquecimento solar é uma questão de consciência, atitude e mobilização em prol do amanhã produtivo e sustentável.

Colaboração: Ana Cristina da Conceição

Fontes: Dasol, Ministério de Minas e Energia, Ministério do Meio Ambiente, Agência Fapesp e Observatório do Clima.

Mais informações: http://www.observatoriodoclima.eco.br/index.php/cms/news/see/idnoticia/273948

http://seeg.observatoriodoclima.eco.br/index.php/page/27-Observat%25C3%25B3rio-do-Clima-lan%25C3%25A7a-Sistema-de-Estimativas-de-Emiss%25C3%25B5es-de-Gases-de-Efeito-Estufa

Page 16: Revista Sol Brasil - 19°edição

16 Entrevista

Aquecimento solar é opção relevante de geração de energia

Entrevista: Adriano Santhiago de Oliveira,diretor de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente

A crescente necessidade de investimentos para ampliar o setor elétrico dentro do contexto da política nacional sobre mudança do clima e as necessidades de consumo energético da popula-ção brasileira fazem do aquecimento solar uma relevante opção tecnológica de geração de energia.

No entanto, apesar do enorme potencial bra-sileiro de aproveitamento, o fator de penetração da energia solar no país é aproximadamente 10 vezes inferior ao da Áustria e da Grécia em 2008. “Precisamos alterar esse cenário”, destaca Adriano Santhiago de Oliveira, diretor do Departamento de Mudanças Climáticas (DEMC) do Ministério do Meio Ambiente.

Nesta entrevista à SOL BRASIL, Oliveira fala também sobre a participação das energias reno-váveis e limpas na matriz energética brasileira e as ações do governo brasileiro para incentivar a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.

SOL BRASIL - Que ações o Ministério do Meio Ambiente tem desenvolvido nos últimos anos para promover e aumentar a participação das energias limpas e renováveis na matriz energética brasileira?

Adriano Santhiago de Oliveira - O foco do MMA no setor energético tem sido elaborar estratégias relacionadas aos rebatimentos ambientais associados à matriz energéti-ca brasileira e eficiência energética. Mais recentemente, o Ministério tem procurado considerar o tema de energia no contexto da mudança global do clima, procurando incentivar a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.

O Governo brasileiro assumiu compromissos voluntários no âmbito da Política Nacional sobre Mudança do Clima. En-tre eles consta a expansão da oferta hidroelétrica, da oferta de fontes alternativas renováveis, notadamente centrais eólicas,

pequenas centrais hidroelétricas e bioeletricidade, da oferta de biocombustíveis, e incremento da eficiência energética.

Esse esforço é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, por meio do Plano Decenal de Energia. O MMA atua como coordenador do Grupo Executivo (GEx) sobre Mudança do Clima e trabalha para harmonizar o conjunto dos planos de mitigação da mudança do clima. O GEx é subordinado ao Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), coordenado pela Casa Civil.

Como o MMA avalia a participação das energias renováveis na matriz energética brasileira nos últimos anos? Essa participação está crescendo? Qual o cenário futuro?

De maneira muito positiva. Em 2012, a participação da

Adriano Santhiago de Oliveira também coordena o Grupo de Trabalho Energia Solar Térmica

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Entrevista 17

“Em 2012, a participação da energiade fontes renováveis na matriz

energética brasileira era de 42,4%. No mundo, essa taxa é de

aproximadamente 13,2%.”

energia oriunda de fontes re-nováveis representou 42,4% do total. No mundo, essa taxa é de aproximadamente 13,2% e nos países-membros da Organização para a Coo-peração e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 8%.

Mesmo com esse perfil, o país assumiu, no âmbito da Política Nacional sobre Mu-dança do Clima, o compro-misso voluntário de expan-são da oferta hidroelétrica, de centrais eólicas, de pequenas centrais hidroelétricas e bioeletricidade, a expansão da oferta de biocombustíveis e o incremento da eficiência energética. Portanto, a curva de crescimento de emissões de gases de efeito estufa no setor energético brasileiro sofrerá um desvio em relação ao cenário tendencial traçado para 2020.

O aquecimento solar é muito utilizado em países da Europa e América do Norte, regiões com menor incidência solar que o Brasil. Não é um contrassenso que o Brasil ocupe a quinta colocação no ranking mundial do aquecimento solar, tendo em vista a exigência de fortes investimentos para ampliar o setor elétrico do país?

Sim. E precisamos alterar esse cenário. O Brasil tem um enorme potencial para aproveitamento da energia solar. Praticamente todas as suas regiões recebem mais de 2.200 horas de insolação por ano. Entretanto, segundo dados da ABRAVA, a nova área instalada com SAS em 2012 foi de 1.142 mil m², totalizando 8,4 milhões de m².

De acordo com o fator de conversão recomendado pela International Energy Agency (IEA, 2004), essa área corres-ponde a uma geração de 4.368 MWth. Considerando-se a população brasileira de 190.732.694 pessoas (IBGE, 2011), o fator de penetração do aquecimento solar no país é de apenas 0,033 m²/habitante, cerca de 10 vezes inferior ao praticado

pela Áustria e pela Grécia em 2008, por exemplo.

Tendo como base a ne-cessidade cada vez maior de investimentos para ampliar o setor elétrico do país, em contexto de atendimento da política nacional sobre mu-dança do clima, bem como das necessidades de consumo energético da população brasi-leira, não resta dúvida de que o aquecimento solar é uma das

opções tecnológicas de geração de energia mais relevantes do ponto de vista econômico e ambiental, em contexto amplo de desenvolvimento.

A entrada em operação das usinas térmicas em 2012 não trouxe somente custos adicionais nas despesas dos brasileiros com energia elétrica. Qual o impacto dessa geração térmica em emissões de toneladas de CO2 na atmosfera?

Essa questão deve ser considerada com cautela. Deve-se reconhecer que as estimativas para o ano de 2010 mostraram que ocorreu uma mudança no perfil das emissões setoriais de gases de efeito estufa no Brasil, em termos percentuais. Em 2005, tinha-se o setor de mudança do uso da terra e florestas com 57% das emissões, agropecuária com 20% e energia com 16%. Em 2010, o setor de agropecuária aparece como responsável por 35% das emissões, energia por 32% e mudança do uso da terra e florestas por 22%.

Alguns setores apresentaram crescimento de emissões de gases de efeito estufa, porém dentro do que já era esperado no contexto das projeções de emissões até 2020 contidas na Política Nacional sobre Mudança do Clima. E, além disso, os planos de mitigação constituem instrumentos para lidar com esse novo contexto.

Nesse cenário, o mais importante é não “demonizar” as

Foto: Construtora Ferraz Rodrigues

Page 18: Revista Sol Brasil - 19°edição

18 Entrevista

“O fator de penetração doaquecimento solar no Brasil é

de apenas 0,033 m²/habitante,10 vezes inferior ao da

Áustria e Grécia em 2008.”

usinas térmicas, mas procurar estimular e aplicar o SAS onde for mais adequado. Assim, a redução de emissões de gases de efeito estufa virá naturalmente pelo uso desses sistemas em substituição à energia da rede que carrega uma fração de origem fóssil.

O Sr. assumiu recentemente a coordenação do Grupo de Trabalho Energia Solar Térmica – criado pela Portaria nº 238 do MMA, de 21/06/2009. Quais são os principais desafios e objetivos desse Grupo de Trabalho?

O principal objetivo do GT é apoiar a disseminação dos Sistemas de Aquecimento Solar de Água. O outro é contribuir para a instalação desses sistemas no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Um dos maiores desa-fios do grupo é promover sinergias com outros programas e projetos governamentais para alcançar seus objetivos.

Quais são as principais ações previstas pelo GT que podem contribuir para reduzir ou mitigar impactos ambientais no País?

O GT no momento está revisando seu Plano de Trabalho para considerar novas ações, mas as atuais incluem ativida-des de capacitação, projetos na área de inovação, a criação da Plataforma Brasileira em Energia Solar Térmica, além de

ações voltadas para o gerenciamento de informações.

De que forma essas ações poderão se tornar realidade na política social e energética do País?

As ações que têm sido desenvolvidas no âmbito do GT são ações pontuais, mas efetivas, especialmente as relaciona-das ao PMCMV, o qual é uma política social e está incluído entre as ações de fortalecimento do setor de aquecimento solar previstas no Plano Nacional de Eficiência Energética, do Ministério de Minas e Energia.

Como o Sr. avalia a proposta de inserção do SAS no Programa Minha Vida Melhor, de financiamento de eletrodomésticos, abran-gendo outras tipologias de unidades habitacionais do PMCMV?

O SAS já é obrigatório nas unidades habitacionais tér-reas para a primeira faixa de renda, portanto os prédios de apartamentos seriam os beneficiários com essa inserção. A princípio, é necessária uma avaliação da viabilidade técnica e econômica para a instalação do SAS nestas unidades. O Programa Minha Vida Melhor financia somente a compra do equipamento, não incluindo sua instalação, que pode ter um custo muito elevado se não houver condições técnicas adequadas, além de poder causar mau funcionamento do equipamento.

As compras públicas para aquecimento de água em hospitais e clubes também deveriam priorizar as tecnologias de energia limpa?

A administração pública é responsável por milhares de prédios, incluindo edifícios de escritórios e equipamentos associados a hospitais, escolas e laboratórios, os quais po-deriam utilizar nas suas aquisições de produtos e serviços critérios de sustentabilidade. O uso do SAS em prédios, especialmente aqueles com alto consumo de energia, contri-buiria para que o gasto público e a geração e uso de energia fossem mais eficientes, diminuindo a demanda de energia resultante de fontes não renováveis.

Page 19: Revista Sol Brasil - 19°edição

Tira Dúvidas 19

O sistema de aquecimento solar, apesar de bastante utilizado no Brasil – hoje o 6º país do mundo em área coletora – ainda desperta mitos e dúvidas nos profissionais da construção civil. Uma questão muito levantada pelos arquitetos e engenheiros projetistas na fase de elaboração do projeto é a inserção dos equipamentos no edifício.

Nesta edição, a arquiteta e urbanista Luciana Carvalho, da VERT Arquitetura e Consultoria, es-clarece essas dúvidas, derruba as mistificações e apresenta o aquecimento solar de água de maneira simples, mas tec-nicamente correta.

Qual o melhor local para inserir os coletores solares na cober-tura ou telhado do edifício?

Para sistemas utilizados nas regiões Sul, Sudeste e Cen-tro-Oeste recomenda-se que os coletores tenham orientação para o Norte Geográfico ou Verdadeiro, com desvio máximo de 30° para Leste ou Oeste.

Nas regiões Norte e Nordeste, qual a melhor orientação para os coletores solares?

Em locais cuja latitude esteja entre 10° e 0°, como é o caso de boa parte das regiões Norte e Nordeste, o ideal é avaliar a melhor orientação de acordo com a estação do ano, isto é, quando o uso de água quente será maior, visto que o Sol também pode estar posicionado na porção Sul desses locais por um bom período de tempo (solstício de verão, por exemplo).

É preciso inclinar os coletores solares? Qual seria esse valor?Para garantir a incidência de maior irradiação no plano

dos coletores, é necessário incliná-los ao ângulo igual à

latitude do local. Se o edifício estiver localizado no Rio de Janeiro, por exemplo, com latitude de 22°, a placa deverá admitir esse ângulo de inclinação. Para favorecer o perí-odo do inverno, recomenda-se acrescer 10° a esse valor, portanto, 32°.

Posso assumir a inclinação dos coletores como partido de projeto para meu telhado?

Nem sempre isso é possível, pois o arquiteto sempre leva em consideração outras variáveis para composição de seu projeto. Muitos deles acreditam que um plano muito incli-nado irá desfavorecer seu conceito estético para a edificação. Contudo, se a intenção for conjugar ambas as necessidades, essa seria a melhor solução de projeto. Existem muitos bons exemplos de integração de sistemas de aquecimento solar com a arquitetura.

Quantos coletores solares devo prever para um sistema que será instalado em uma residência?

O dimensionamento do sistema deve ser feito de maneira cuidadosa, com a avaliação da demanda de água quente exigida pelo cliente, tipo de equipamento escolhido (di-mensões, produção média mensal de energia), entre outros. Esse trabalho deverá ser realizado por engenheiro mecânico devidamente registrado no sistema CONFEA/CREA.

Para a previsão do sistema ou pré-dimensionamento, o arquiteto pode usar ferramentas gratuitas de dimensiona-mento, como o software Dimensol (disponível na seção de Downloads do Procel Info).

Dúvida sobre sistemas de aquecimento solar de água?

Envie sua mensagem para [email protected]

Fale com o Especialista: Arquiteta Luciana Carvalho

Luciana Carvalho é arquiteta e urbanista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2006). Possui título LEED Green Associate pelo Green Building Council Institute (2013). Atualmente é sócio-diretora da VERT Arquitetura e Consultoria. Trabalhou no laboratório GREEN SOLAR/ PUC Minas de 2006 a 2009. Tem experiência em energia solar térmica e eficiência energética de edificações atuando nos seguintes temas: ins-talações de aquecimento solar, análise de sombreamento em coletores solares, análise termoenergética de edifícios, simulação computacional e etiquetagem de edificações.

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20 Arquitetura Verde

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O investimento em soluções sustentáveis como aqueci-mento solar e iluminação natural tem retorno rápido para os clientes do setor hoteleiro, afirma o engenheiro André Ferraz, sócio-diretor da Construtora Ferraz Rodrigues.

Sediada na cidade de Santos (SP), a construtora iniciou suas atividades no final dos anos 90 numa parceria entre dois irmãos, o engenheiro André Ferraz e a arquiteta Cris-tina Ferraz, com a missão de complementar o escritório de arquitetura e edificar projetos com qualidade e eficiência.

“A maioria de nossos clientes tem uma grande cons-ciência ecológica e gosta de incorporar estas soluções ao projeto, não só pela economia gerada, mas também pelo seu engajamento pessoal no conceito de sustentabilidade”, conta André Ferraz nesta entrevista à SOL BRASIL.

Que conceitos e soluções sustentáveis estão presentes nos pro-jetos desenvolvidos pelo escritório de arquitetura Cristina Ferraz e a Construtora Ferraz Rodrigues?

Basicamente propomos e estimulamos nossos clientes a adotarem a utilização da energia solar no aquecimento de água, a coleta e aproveitamento da água de chuva, a utilização da iluminação natural através de grandes vãos envidraçados, bem como a ventilação natural dos ambientes. Também apli-camos sistematicamente a utilização de isolantes térmicos junto ao telhado reduzindo o aquecimento dos ambientes e propiciando menor uso dos sistemas de ar condicionado.

Qual é a importância do aproveitamento da energia solar e da

iluminação natural nesses projetos?O aproveitamento da energia solar propicia uma eco-

nomia direta na conta de energia elétrica, visto que supre a residência de energia (gratuita). No caso da iluminação natural, também promove a mesma economia, evitando a iluminação artificial durante o dia.

Que vantagens e que desafios o escritório encontra ao inserir a energia solar térmica no desenvolvimento de seus projetos?

A maioria de nossos clientes tem uma grande consciência ecológica e gosta de incorporar estas soluções ao projeto, não só pela economia gerada, mas também pelo seu “enga-jamento pessoal” no conceito de sustentabilidade.

Os maiores desafios são, inicialmente, definir o posicio-namento dos coletores no telhado da forma mais adequada e, posteriormente, as dificuldades de lidar com os resultados obtidos e operar o sistema da forma mais econômica.

Ainda há um grau de desconhecimento muito grande sobre o funcionamento desses sistemas, que geralmente fica a cargo de algum empregado ou funcionário que nem sempre entende como funciona. É preciso orientar tanto os proprietários quanto os funcionários a respeito do funcio-namento e otimização do sistema.

O escritório pode citar e descrever projetos que incluem o aproveitamento da energia solar térmica?

Na Pousada Alcatrazes, localizada de frente para a praia de Juquey, em São Sebastião (SP), foram instalados

Retorno rápido para clientes da Ferraz Rodrigues

Pousada Alcatrazes

Page 21: Revista Sol Brasil - 19°edição

Arquitetura Verde 21

dois reservatórios térmicos de 1.500 litros, suprindo água quente para os chuveiros e lavatórios das suítes e também para a cozinha.

Além dos coletores solares, foi instalado um sistema de backup composto de dois aquecedores de passagem a gás e também de resistências elétricas dentro dos reservatórios tér-micos. O sistema foi ajustado para entrar automaticamente com o gás, quando necessário (falta de sol ou alto consumo de água quente). Se este não for suficiente, também as re-sistências elétricas são ligadas automaticamente de forma a manter a água quente sempre disponível aos hóspedes.

Podemos citar também, além de inúmeras residências, o Novo Cambury Hotel, localizado de frente para a praia de Cambury, também em São Sebastião. Ali foi instalado um sistema com dois reservatórios térmicos de 1.500 litros e outro sistema com um reservatório térmico de 1.000 litros, atendendo as áreas ampliadas do hotel e a cozinha.

Nestes dois sistemas, temos um backup elétrico para suprir as necessidades não atendidas somente pelo sol. Foi construída também uma piscina coberta com aquecimento solar, possuindo backup através de aquecedor de passagem a gás.

Como deve ser a interação do arquiteto e do projetista com ins-taladores e fabricantes de sistemas de aquecimento solar de água?

É preciso que haja esta preocupação desde a concepção inicial do projeto, de forma a prever locais adequados para a instalação dos equipamentos necessários, como reserva-tórios térmicos, coletores solares, aquecedores a gás, bomba de recirculação de barrilete e pressurizador em alguns casos.

Também é preciso que haja esta previsão ao desenvolver os projetos de instalações hidráulicas e elétricas, bem como locar os pontos de comando e controle do sistema. Nesta etapa, é importante o apoio do fabricante ou instalador dos sistemas, fornecendo as informações necessárias à correta

especificação dos projetos complementares.

O que motiva a demanda do cliente por projetos com aprovei-tamento da energia solar? Qual é o perfil do cliente que demanda esse tipo de projeto?

Vemos basicamente dois tipos de clientes. Aquele de uma edificação comercial ou de serviços, como pousadas e hotéis, que tem a noção clara da economia gerada por este aproveitamento e que não tem dúvidas da sua aplicação.

E, de outro lado, temos a maioria dos clientes residen-ciais. Estes têm uma “vaga ideia” de como funcionam esses sistemas, mas querem utilizar em sua residência devido à questão da sustentabilidade, mesmo que o retorno financeiro seja mais longo, como nos casos das casas de veraneio, com baixa taxa de ocupação.

Que recomendação o sr. daria para clientes e consumidores interessados em projetos sustentáveis e com aproveitamento da energia solar térmica?

Em princípio, qualquer edificação que utilize água quente pode fazer uso desta tecnologia obtendo economia de ener-gia ao longo da vida útil dos equipamentos. O que vai variar é o tempo necessário para que o investimento se pague.

No caso dos hotéis e pousadas, este retorno é rápido, dependendo somente da taxa de ocupação obtida ao longo do ano. No caso das casas de veraneio, este retorno é mais longo. Porém, vale a pena observar que grande parte destas residências possui um caseiro residente, utilizando água quente diariamente. Neste caso, a economia é clara.

Outro fator importante a considerar é que os reservató-rios térmicos propiciam um banho muito mais confortável. Se levarmos este fato em consideração, o custo adicional nos sistemas com aquecimento solar seria somente o dos coleto-res solares e sistemas de controle. E a economia obtida com energia elétrica facilita a decisão por utilizar estes sistemas.

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22 Cursos

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O Programa de Capacitação do DASOL oferece cursos de energia solar térmica focados no projeto e instalação de sistemas de aquecimento solar. Os cursos são estruturados para preparar técnicos do setor mas também estão indicados para profissionais de revendas.

Familiarizados com os componentes, o funcionamento e as normas de projeto e instalação dos SAS, os vendedores podem orientar melhor seus clientes na compra desses equipamentos.

O Programa de Capacitação tem patrocínio da Caixa Eco-nômica Federal e do Governo Federal e o apoio do Procobre, resultado do empenho do DASOL em aproximar cada vez mais os parceiros e os agentes que compõem o setor.

No ano de 2013, o programa formou oito turmas e apre-sentou um índice de satisfação de 83% entre os participantes. Desde 2010, o programa já qualificou 930 profissionais.

No final de outubro, foi formada a última turma de 2013 para o Módulo II Projetista de Sistema de Aquecimento Solar Médio e Grande Porte e Piscina, destinado a técnicos, engenheiros, arquitetos e profissionais do setor de aque-

cimento solar, habitação e de concessionárias de energia.

O curso foi ministrado pelo engenheiro Luciano Torres Pereira, que parti-cipa do Programa de Ca-pacitação desde 2011 com

Inscrições no site

A grade de cursos oferecida pelo DASOL

está disponível no site www.dasolabrava.

org.br, onde o interessado pode fazer sua

inscrição. Empresas associadas têm des-

conto e os participantes recebem material

didático e certificado. Para mais informa-

ções, entre em contato com o DASOL pelo

telefone (11) 3361-7266, ramais 144/142,

ou pelo e-mail [email protected].

Programação do DASOL também é

indicada para profissionais de revendas

Mais informações para o consumidor

mais de 400 profissionais treinados. Luciano Torres também ministrou cursos sobre Dimensol e Sketchup, softwares para dimensionar projetos de aquecimento solar.

Além do Programa de Capacitação, o DASOL ofereceu em agosto e em outubro o curso de Certificação Compul-sória, com o objetivo de orientar fabricantes e profissionais sobre a nova regulamentação do Inmetro e os novos testes de qualidade exigidos. As duas turmas somaram 42 parti-cipantes.

O curso foi ministrado por especialistas como o enge-nheiro Aluísio Gonçalves, com 35 anos de experiência em programas de qualidade e conformidade do Inmetro, a professora Elizabeth Duarte Pereira, do Centro Universitá-rio UNA-MG e coordenadora da Rede Procel Solar, e Lúcio Mesquita, Ph.D em Engenharia Mecânica pela Queen’s University (Canadá).

Engenheiro Luciano Torres, parceiro do DASOL desde 2011

Cursos do DASOL registram satisfação de 83% entre os participantes

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