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Traço de concreto Como calcular a proporção de materiais para fazer 1 m3 de concreto? Atair de Almeida, São Paulo Existem diversas formas de se estabelecer o traço básico de um concreto, necessitando-se ensaios de laboratório para se chegar ao traço definitivo. Por exemplo, as quantidades de materiais em quilogramas por metro cúbico de concreto (kg/m3) podem ser estimadas por meio da seguinte seqüência: Passo 1: Escolha do abatimento do tronco de cone - Esse valor deve ser especificado considerando-se a condição de trabalho e o tipo da construção. Como base, pode-se utilizar a tabela 1. Passo 2: Escolha da dimensão máxima característica do agregado graúdo - Geralmente, esse valor deve ser o máximo possível, desde que coerente com as dimensões da estrutura: a dimensão máxima da pedra não deve superar 1/5 da menor dimensão livre entre as faces da fôrma, 1/3 da espessura das lajes, ou 3/4 do menor espaço livre entre as armaduras. Passo 3: Estimativa da água e do teor de ar - Uma primeira estimativa da quantidade de água a ser utilizada nas misturas experimentais, com ou sem ar incorporado, pode ser obtida de forma simplificada na tabela 2, considerando o valor do abatimento do tronco de cone (Passo 1) e a dimensão máxima característica do agregado (Passo 2). Admite-se que os agregados tenham forma arredondada e adequada distribuição granulométrica. Passo 4: Escolha da relação água-cimento - Na falta de dados que associem a relação água-cimento com a resistência do concreto, podem ser adotados os valores aproximados dos concretos amassados com cimento Portland Tipo I, conforme a tabela 3. Atendendo aos requisitos de resistência e durabilidade, esse valor pode ser reduzido em função das condições de exposição da estrutura. Passo 5: Estimativa do consumo de cimento - Deve ser igual ao quociente do Revista Téchne http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/121/imprime46967.asp 1 de 4 3/10/2010 00:46

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Traço de concreto

Como calcular a proporção de materiais para fazer 1 m3 deconcreto?

Atair de Almeida, São Paulo

Existem diversas formas de se estabelecer o traço básico de um concreto,necessitando-se ensaios de laboratório para se chegar ao traço definitivo. Porexemplo, as quantidades de materiais em quilogramas por metro cúbico deconcreto (kg/m3) podem ser estimadas por meio da seguinte seqüência:

Passo 1: Escolha do abatimento do tronco de cone - Esse valor deve serespecificado considerando-se a condição de trabalho e o tipo da construção.Como base, pode-se utilizar a tabela 1.

Passo 2: Escolha da dimensão máxima característica do agregado graúdo -Geralmente, esse valor deve ser o máximo possível, desde que coerente comas dimensões da estrutura: a dimensão máxima da pedra não deve superar1/5 da menor dimensão livre entre as faces da fôrma, 1/3 da espessura daslajes, ou 3/4 do menor espaço livre entre as armaduras.

Passo 3: Estimativa da água e do teor de ar - Uma primeira estimativa daquantidade de água a ser utilizada nas misturas experimentais, com ou semar incorporado, pode ser obtida de forma simplificada na tabela 2,considerando o valor do abatimento do tronco de cone (Passo 1) e adimensão máxima característica do agregado (Passo 2). Admite-se que osagregados tenham forma arredondada e adequada distribuiçãogranulométrica.

Passo 4: Escolha da relação água-cimento - Na falta de dados que associema relação água-cimento com a resistência do concreto, podem ser adotados osvalores aproximados dos concretos amassados com cimento Portland Tipo I,conforme a tabela 3. Atendendo aos requisitos de resistência e durabilidade,esse valor pode ser reduzido em função das condições de exposição daestrutura.

Passo 5: Estimativa do consumo de cimento - Deve ser igual ao quociente do

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consumo de água (Passo 3) dividido pela relação água-cimento (Passo 4).

Passo 6: Estimativa do consumo de agregado graúdo - O volume doagregado seco compactado, em metro cúbico, para 1 m3 de concreto, é obtidocom o auxílio da tabela 4. Esse valor pode ser convertido em massa ou pesoseco de agregado dividindo-se o produto desse volume pela massa unitária doagregado no estado compactado seco.

Passo 7: Estimativa do consumo de agregado miúdo - Ao completar o Passo6 todos os materiais constituintes do concreto estão determinados, menos oconsumo de agregados miúdos, o qual é determinado por diferença. Ou seja,o total de volume ocupado pela água, cimento e agregado graúdo deve sersubtraído de uma unidade de volume de concreto para se obter o volumerequerido de agregado miúdo. Os valores devem ser convertidos em massa,pela multiplicação do volume obtido pela massa específica de cada material.

Passo 8: Ajustes devido à umidade dos agregados - Geralmente, oarmazenamento dos agregados é feito sob intempérie e estes, na prática,estão úmidos. Entretanto, as proporções determinadas nos Passos 1 a 7 sãoobtidas assumindo-se que os agregados estão na condição de saturados -superfície seca. Assim, para as misturas experimentais, dependendo daquantidade de água livre nos agregados, a água de amassamento a seradicionada deve ser reduzida proporcionalmente e uma quantidadecorrespondente de agregados deve ser aumentada.

Passo 9: Ajustes nas misturas experimentais - Devido às hipóteses básicasexpressas anteriormente nas considerações teóricas, a proporção real dosmateriais que serão efetivamente usados necessita ser confirmada e ajustadapor misturas experimentais.

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Exemplo de aplicação:

Passo 1 Concretagem de pilares e vigas, adensamento com vibrador deagulha » tabela 1 » abatimento = 80 mmPasso 2 Menor espaçamento livre entre barras = 30 mm » fmáx brita = 3/4x 30 » fmáx brita = 22,5 mm » adotada brita 1 (dimensão máxima = 19 mm)Passo 3 Abatimento entre 75 e 100 mm, fmáx brita = 19 mm, não seráutilizado aditivo incorporador de ar » tabela 2 » consumo de água (a) = 202 lde água/m3 de concretoPasso 4 Resistência média do concreto aos 28 dias de idade = 28 MPa »tabela 3 » teor água-cimento (a/c) = 0,57. Obs.: se tivesse sido especificadofck = 28 MPa, a resistência de dosagem poderia ser fcm = 28 + 1,65 S(distribuição normal das resistências individuais e nível de significância de95%, sendo S o desvio-padrão).Passo 5 a/c = 0,57; a = 202 l/m3 de concreto » c = a / 0,57 » c = 202/0,57» c = 354,4 kg/m3 (354 kg de cimento por metro cúbico de concreto). Obs.:admitindo o valor de 3,15 kg/l para a massa específica do cimento, e sendo v= m/g , tem-se que 354 kg de cimento correspondem a 112,4 l de cimentoPasso 6 Uso de brita 1 e supondo areia média com módulo de finura = 2,80» tabela 4 » 0,62 m3 de brita/m3 de concreto, ou 620 l de brita no estadosolto/m3 de concreto. Obs.: admitindo para a massa específica da rocha ovalor de 2,6 kg/l e para a massa unitária da pedra britada o valor de 1,6 kg/l,tem-se em 1 m3 de concreto um volume efetivo de brita correspondente a381,5 l (Mbrita= 0,62 x 1,6 = 992 kg » Vrocha = 992 / 2,6 = 382 l)Passo 7 Desprezando-se o teor de ar aprisionado (2%) e tendo os consumosde cimento (112,4 l), brita (382 l) e água (202 l), para inteirar 1 m3 deconcreto (1.000 l) resta para a areia o seguinte volume: 1.000 - 112,4 - 382- 202 » V(areia) = 303,6 l. Portanto, resultaria um traço em volume de112,4 : 303,6 : 382 : 202 (cimento, areia, brita e água, em litros). Obs.:considerando as massas específicas antes indicadas, o consumo de materiaisem massa seria: 112,4 x 3,15: 303,6 x 2,6 : 382 x 2,6 : 202 x 1 (354,06 kgde cimento, 789,4 kg de areia, 993,2 kg de brita e 202 kg de água).

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Dividindo tudo por 112,4 x 3,15, chega-se a um traço em massa de 1 : 2,23 :2,80 : 0,57.

Fabiana da Rocha CletoCetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)

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