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RADIODIFUSÃO Esquenta a disputa entre teles e TVs pela faixa de 700 MHz ENTREVISTA Niccoli fala sobre a regionalização dos canais Sony no Brasil televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 20_#215_mai2011 CIDADE DO CINEMA Como o Rio de Janeiro vem investindo para reafirmar seu lugar como principal polo audiovisual do país. ESPECIAL

Revista Tela Viva 215 - Maio

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RADIODIFUSÃOEsquenta a disputa entre telese TVs pela faixa de 700 MHz

ENTREVISTANiccoli fala sobre a regionalização

dos canais Sony no Brasil

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 20_#215_mai2011

cIDADE DO cINEmA

como o Rio de Janeiro vem investindo para reafirmar seu lugar como principal polo audiovisual do país.

E S P E c I A L

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CGCOM

De repente a gente está lá,

frente a frente, torcendo.

E aí é você em campo,

na pista, na água...

Como se cada lance

dependesse do seu grito.

Você conta com a gente para

saber das coisas

e a gente conta tudo.

Pensa junto, discute com os

amigos, se liga no mundo

e encontra as respostas.

Tem horas que a gente não

consegue segurar e acaba

rindo também.

Absolutamente ligado

na sua alegria.

É tanto tempo junto, dividindo

cada momento, que a gente

até parece fazer parte

de uma só família.

E assim, de emoção em

emoção, você acaba

enxergando sua vida dentro

da nossa, através de uma

sintonia que - afinal de contas -

não tem nada de mágica.

Ela é real e existe por

um único motivo:

a gente se liga em você.

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CGCOM

De repente a gente está lá,

frente a frente, torcendo.

E aí é você em campo,

na pista, na água...

Como se cada lance

dependesse do seu grito.

Você conta com a gente para

saber das coisas

e a gente conta tudo.

Pensa junto, discute com os

amigos, se liga no mundo

e encontra as respostas.

Tem horas que a gente não

consegue segurar e acaba

rindo também.

Absolutamente ligado

na sua alegria.

É tanto tempo junto, dividindo

cada momento, que a gente

até parece fazer parte

de uma só família.

E assim, de emoção em

emoção, você acaba

enxergando sua vida dentro

da nossa, através de uma

sintonia que - afinal de contas -

não tem nada de mágica.

Ela é real e existe por

um único motivo:

a gente se liga em você.

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(editorial)

Rubens GlasbergAndré MermelsteinClaudiney Santos Samuel Possebon (Brasília)Manoel FernandezOtavio Jardanovski

André Mermelstein

Fernando Lauterjung

Ana Carolina BarbosaDaniele FredericoMario Buonfiglio (Colaborador)

Letícia Cordeiro

Edmur Cason (Direção de Arte)Debora Harue Torigoe (Assistente)Rubens Jar dim (Pro du ção Grá fi ca)Geral do José Noguei ra (Edi to ra ção Ele trô ni ca)Alexandre Barros (Colaborador)Bárbara Cason (Colaboradora) Manoel Fernandez (Diretor)André Cicalla (Gerente de Negócios)Patricia Linger (Gerente de Negócios)Iva ne ti Longo (Assis ten te)

Gislaine Gaspar

Elisa LeitãoGisella Gimenez (Assistente)

Vilma Pereira

Marcelo Pressi

0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

Ipsis Gráfica e Editora S.A.

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Impressão

A Anatel prepara um novo Regulamento de TV a Cabo, que no fechamento desta edição estava em vias de ser enviado a consulta pública.

O documento, relatado pelo conselheiro João Rezende, traz alterações profundas na política de outorgas de licenças para o serviço. Muda o “status” da outorga de cabo de concessão pública para autorização, o que simplifica o processo de outorga e carrega muito menos limites e obrigações aos operadores.

A Lei do Cabo, de 1995 e ainda em vigor, foi construída em uma realidade muito diferente da atual, quando se achava que a TV a cabo poderia rivalizar com a TV aberta, e portanto devia ser “protegida” pelo instrumento da concessão, com restrições ao capital estrangeiro, à presença das teles etc. Vale lembrar que à época mal havia Internet, não existia banda larga, over-the-top, celular...

A visão da Anatel é de que antigas restrições, como a limitação da licença à área do município atendido, o controle pelo Estado do número de operadoras em uma localidade e a cobrança de uma grande soma pela concessão do serviço não fazem mais sentido hoje, e que o mercado deveria ser aberto de forma ampla.

A proposta de regulamento prevê que as outorgas (agora na forma de autorizações, como já são o DTH e o MMDS) se darão mediante o pagamento de um valor administrativo de R$ 9 mil, sem restrição ao número de operadores por cidade. Seria uma forma de finalmente, após dez anos sem novas licenças, fazer voltar a crescer em número de cidades atendidas o mercado de TV a cabo, que este mês pela primeira vez na história ficou atrás do DTH em número total de assinantes no país.

A TV a cabo, vale lembrar, está em apenas pouco mais de 200 municípios, dos mais de 5 mil existentes no país. E leva, além de TV, serviços como telefonia e banda larga, sendo essencial para a expansão do acesso à Internet pelo país.

A demanda pelo serviço existe. Basta ver o crescimento acelerado do DTH (e do próprio cabo, onde está presente) nos últimos três anos.

Mas a mudança não é bem vista por todos. Operadores mais antigos têm, com razão, restrições à abertura total. Afinal, são grupos que pagaram caro pelas concessões e jogaram até agora pelas regras em vigor, que estão para ser mudadas no meio do jogo. É um equilíbrio delicado. Há ainda muitos questionamentos jurídicos que deverão ainda ser feitos sobre essa nova metodologia da agência para tratar a TV a cabo. Afinal, se era tão simples, por que não foi feito desde que a LGT foi editada? Ninguém tem uma resposta.

Neste cenário, o pior que pode acontecer é a paralisia, por exemplo por efeito de uma ação judicial contra o regulamento. Repetiremos então a situação do final dos anos 90, quando a TV Cidade brecou judicialmente os primeiros editais de TV a Cabo por mais de um ano, criando uma incerteza jurídica que em nada ajudou a expansão do mercado pretendida.

A TV a cabo precisa crescer no país, em número de assinantes e também em cidades atendidas. Os agentes do setor, empresas, governo e Anatel, precisam chegar a um bom termo, de preferência na consulta pública, para evitar o pior cenário para todos, que é a indefinição.

André Mermelsteina n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Não pode parar

Tela Viva é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 605,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DFJornalista Responsável: Rubens Glasberg (MT 8.965)

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

ilustração de capa: GARy yIM/SHuTTERSTOCk/EDITORIA DE ARTE/CONVERGE

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Especial Rio 25As iniciativas que estão estimulando a produção na cidade

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Figuras 14

Radiodifusão 18Teles e emissoras disputam as frequências de 700 MHz

TV por assinatura 21Net estreia seu serviço de video on demand

Audiência 45

Entrevista 46Alberto Nicolli, da SPT, fala sobre a nova fase das atividades do grupo no Brasil

Produção 50DVD musical gera oportunidades para as produtoras

Artigo 54Transmídia: moda passageira ou um novo modelo?

Making of 56

Case 58Diretora iniciante faz empréstimo pessoal para coproduzir com a Índia

Tecnologia 60Soluções 4k chegam a toda a cadeia do cinema, da produção à exibição

Upgrade 64

Agenda 66

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Ano 20 _215_ mai/11(índice)

telavivanewswww.telaviva.com.br

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

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TELA VIVA edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para [email protected]

(cartas)MÍDIA OuT-OF-HOMEInteressante ver como as

programadoras estão usando seus conteúdos de TV paga nos veículos de mídia digital out-of-home. No entanto, eu me pergunto até que ponto esse conteúdo é adequado, ainda que adaptado para essa mídia. Especialmente quando há som. O barulho das lojas e outros locais públicos "briga" com o som do conteúdo e a informação se perde.

Carlos Castro, Rio de Janeiro, RJ

PRODuTORAS DE SOMÉ bom que os investimentos na

produção de conteúdo gerem trabalho e crescimento a vários elos da cadeia do audiovisual, como vemos na matéria "No ritmo do mercado". Tomara que o governo continue incentivando e os canais continuem apostando no conteúdo nacional.

Luciano Teixeira, São Paulo, SP

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mentes quentesA produtora Volcano Hotmind, especializada em trabalhos publicitários com

formatos diferenciados, lança em portugal e na espanha um programa de TV sobre turismo no Nordeste brasileiro.

O “Brazil amazing tour” estreia no Canal Viajar, da Espanha, no dia 5 de agosto, às 19h30. Em Portugal, onde ainda não está confirmada a data de estreia, o programa será exibido nos canais TVI Internacional e TVI 24horas.

Trata-se de um “advertainment”, produzido para a CTI Nordeste. “Em nenhum momento, ao ver o programa, aparecem logos ou qualquer indicativo de que seja um trabalho publicitário”, diz Luiz Tastaldi, sócio e diretor criativo da Volcano Hotmind.

O programa mostra o Nordeste pelos olhos de um casal de estrangeiros, um português e uma espanhola, que passeiam por praias paradisíacas, praticam esportes radicais, comem comidas exóticas, entre outras atividades. O programa foi filmado em espanhol, com legendas em português e inglês.

“Brazil Amazing Tour” é um advertainment produzido pela

Volcano Hotmaind para a cTI Nordeste que ganhou exibição

em Portugal e na Espanha.

Roteiro modernopaulo Morelli, sócio da o2 Filmes, lança em 7 junho um software

voltado para roteiristas e diretores. O software, chamado de Story Touch – Ferramentas de Dramaturgia, serve para analisar a dramaturgia de um roteiro, a partir da visualização em uma única página. Entre as funções, o software pode ser usado como editor de textos; permite ver o roteiro em uma página, como um navegador; e realiza a análise dramática, com gráficos e curvas, para mostrar cenas mais alegres ou mais tensas. Morelli conta que essas definições, sobre qual cena é mais engraçada ou triste, são feitas pelo autor, e que o software facilita a visualização, criando curvas. “É como se fosse uma partitura de música”, compara. A versão Analista, mais avançada, conta ainda como a possibilidade de realizar comentários.

Serão lançadas quatro versões da ferramenta, uma delas totalmente gratuita, diferenciadas pelo nível de sofisticação de determinadas seções. O download poderá ser feito a partir de junho, no site www.storytouch.com.

Paulo morelli, da O2, desenvolveu o softwares Story Touch, para análise de roteiros.

Laboratório de ficção

NacionalO Glitz, canal de lifestyle da

Turner que substitui o Fashion TV desde 1º de maio, estreou duas produções nacionais. “update”, produzido pela paulistana Fina Filmes tem formato de 15 minutos e apresentação de Sabrina Parlatore. O programa traz uma agenda semanal cultural. Já o cine Glitz, produção da também paulistana Massa Real, são pílulas que antecipam as sessões de filmes. A apresentadora Marina Person fala sobre a história e curiosidade das produções.

“Update”, produzido pela Fina Filmes, é um dos conteúdos nacionais que estrearam no Glitz.

Durante o 6º Festival de cinema latino-americano de são paulo, que acontece na capital paulista de 8 a 17 de julho, acontecerá o Brlab. Trata-se do primeiro laboratório e clínica de longas-metragens de ficção latino-americanos no Brasil, uma atividade da Associação do Audiovisual e da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Com atividades direcionadas a produtores e realizadores, o programa é focado no desenvolvimento de projetos de filmes de longa-metragem, planejamento da produção e consultoria ao roteiro. Serão selecionados 12 projetos para participar das atividades, sendo seis vagas para diretores estreantes e seis vagas para diretores não estreantes com até dois

longas metragens realizados. Podem ser inscritos projetos de longa metragem de ficção, independentemente do estágio de financiamento. As propostas já deverão ter definido o diretor e seu roteiro em desenvolvimento. Os selecionados participarão da clínica de roteiro, sob responsabilidade de Miguel Machalski (Argentina/França) e Jorge Durán (Brasil/Chile), e da clínica de produção, ministrada por Joan Álvarez (Espanha) e Gustavo Montiel (México). As atividades previstas incluem ainda palestras e encontros com profissionais nacionais e internacionais. Ao final do programa haverá um pitching que premiará o projeto vencedor com uS$ 1.500.

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Line-up regionalO serviço de TV por assinatura por satélite

Via embratel está investindo nos canais locais para ampliar sua oferta de conteúdo. Além do sinal da Globo de Brasília, a operadora também incluiu em seu line-up as afiliadas da Globo em Cuiabá, Natal, Ribeirão Preto, Sorocaba e Bauru.

Pequenos e econômicosA BM&FBoVespa e a discovery Networks fecharam uma

parceria para a exibição de conteúdo sobre educação financeira ao público infantil no bloco “Discovery na Escola”, que vai ao ar no Discovery Channel de segunda a sexta-feira, às 11h. A série “o porco e o Magro”, que já foi exibida no Canal Futura, faz parte do projeto “Turma da Bolsa”, desenvolvida por uma equipe de especialistas da BM&FBOVESPA para levar noções de economia às crianças. No Discovery Channel irão ao ar a partir de junho a primeira e segunda temporada de “O Porco e o Magro”. Cada temporada tem dez cápsulas de cinco minutos. Segundo Fernando Medin, vice-presidente sênior e diretor-geral da Discovery Networks, é possível que a atração chegue ao Discovery kids, canal infantil da programadora.

Edemir Pinto, diretor presidente da Bolsa, explica que a produção audiovisual é importante para levar noções de finanças às pessoas. “As redes sociais e a televisão é uma forma de fazermos a informação chegar à população como um todo”. Além da Discovery, a BM&FBOVESPA tem parcerias com o Canal Futura, que além de exibir “O Porco e o Magro”, exibe o game show “Dinheiro no Bolso”, voltado ao público adolescente. Outra parceira é a TV Cultura, que exibe aos sábados pela manhã o programa “Educação Financeira”. “Agora estamos nos principais canais voltados para o conteúdo educativo no Brasil”, diz Edemir.

“O Porco e o magro”, série da Bm&FBOVESPA, ganhou exibição no bloco de educação do Discovery channel.

Tira-dúvida de saúdeA record estreou o programa sobre saúde

e qualidade de vida “e aí, doutor?”. A atração, apresentada pelo médico Antônio Sproesser, é uma versão de “the dr. oz show”, formato da 2waytraffic, empresa do grupo Sony Pictures Entertainment. O programa tem produção da Floresta, produtora afiliada da Sony Pictures, e é gravado nos estúdios da Casablanca, em São Paulo. A direção geral é de Elisabetta Zenatti. “E aí, Doutor?” terá nove quadros especiais, nos quais o público poderá esclarecer suas dúvidas com o médico e visualizar casos de sucesso de pessoas que buscam boa saúde e qualidade de vida. O programa é exibido às 16h, de segunda a sexta-feira.

“E aí, Doutor?”, formato da 2waytraffic produzido pela Floresta para a Record.

Família na cozinhaA cinevídeo produziu o reality show “cozinha Brasil –

série receita de Família”, que leva o mesmo nome de um programa do Serviço Nacional de Indústria (Sesi) para o incentivo a hábitos alimentares saudáveis. O programa de 36 episódios de 26 minutos estreia na TV Brasil no fim de maio. A proposta da atração é acompanhar os hábitos alimentares de sete famílias de diferentes cidades brasileiras. A nutricionista e chef Aline Rissato acompanha as famílias, auxiliando-as na compra alimentos com alto valor nutricional e ensinando-as a estocá-los e prepará-los de forma saudável e saborosa, aproveitando todas as partes e propriedades dos ingredientes, com desperdício zero e baixo custo.

Reality “cozinha Brasil – Série Receita de Família” é uma produção da cinevídeo com base em um programa do Sesi.

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conteúdo próprioO Yahoo! Brasil lança uma série de

programas em vídeo com produção própria. Os vídeos fazem parte do canal de entretenimento do yahoo! e estão acessíveis por meio do canal “originais do Yahoo!”. O canal estreia com o seis novos programas: os quinzenais “2 Chopes com...”, “Lavanderia yahoo!”, “Ta na Moda” e os mensais “De Carona”, “É Show ou é Fria?”, “Super Fã”, além dos programas já exibidos “Galeria do Regis” e “Na Mira do Regis”. Foram contratadas duas produtoras para as novas atrações , a Alcatéia Filmes e a Showlivre.

caminho da Índia

Daniel Sapiano, diretor da Prime Focus; Beth Vander, head of production da Prime Focus Londres; Ricardo carelli, sócio-diretor do Grupo Dínamo; Edu cama, sócio-diretor do Grupo Dínamo e Anna martinez, produtora executiva da Dínamo Internacional e Grupo Dínamo.

A dínamo digital, área especializada em filmes que utilizam técnicas de animação e pós-produção do Grupo Dínamo, anunciou uma parceria com a prime Focus, um dos maiores grupos de pós-produção do mundo. Com isso, a Dínamo passa a contar com a experiência e a infraestrutura da Prime Focus, que tem base criativa em Londres (Inglaterra), e unidades em Los Angeles e Nova york (Estados unidos), em Mumbai (Índia), além de Vancouver e Winnipeg (Canadá). “Estamos oferecendo às agências o trabalho dos diretores da casa associado ao trabalho da Prime Focus”, diz Edu Cama, sócio-diretor do Grupo Dínamo. “Agora podemos fazer projetos maiores e para clientes maiores”, diz Ricardo Carelli, também sócio-diretor do Grupo Dínamo. “Temos uma equipe pequena. Alguns projetos ficam viáveis com uma equipe maior”, explica. Na Índia, a Prime Focus conta com 2,5 mil trabalhadores, conta Daniel Sapiano, diretor da Prime

Focus. A equipe trabalha na produção de filmes publicitários e também de Hollywood, incluindo a criação de cenas para produções como “Avatar”, “Tron” e “Harry Potter”. A empresa também foi escolhida para fazer a conversão dos filmes da saga “Star Wars” para 3D. “Essa mão de obra na Índia corta os orçamentos pela metade. Vamos ser mais competitivos”, diz Cama. O executivo adianta que deve passar a oferecer, em breve, o trabalho de pós-produção também às produtoras de cinema.

Além de ter uma equipe mais numerosa na composição de animações e efeitos, a Dínamo passa a ser um hub capaz de atender a Prime Focus e seus clientes globais no Brasil. Entre os clientes globais da Prime Focus estão Procter&Gamble e unilever. “Estas empresas tendem a procurar prestadores de serviços também globais. Nossos clientes cobravam uma presença no Brasil”, diz Daniel Sapiano.

De olho na TVDesenvolvedores

tradicionais de aplicativos móveis no Brasil estão começando a receber encomendas para produzir apps para tVs conectadas. A pontomobi montou um time dedicado a esse segmento, formado por oito profissionais, entre programadores, designers e arquitetos de informação. A empresa está trabalhando em 20 projetos simultaneamente, todos para a LG, e há negociações em curso com um segundo fabricante. “Existe a necessidade de povoar as lojas de aplicativos das TVs”, explica Leo Xavier, presidente do grupo Pontomobi. Na maioria dos casos, os aplicativos são desenvolvidos em sistemas operacionais proprietários dos fabricantes.

Leo Xavier, da Pontomobi, que criou um núcleo dedicado à produção de apps para TVs conectadas.

Novo canalO grupo Bandeirantes prepara mais um

canal de TV por assinatura, o arte1, voltado às artes e espetáculos. O canal será dirigido por rogério Gallo e já está sendo apresentado às operadoras de TV paga. O Arte1 está sendo oferecido como um canal básico, embora já estreie com boa parte de sua programação em HD. Apenas programas mais antigos, como concertos, serão transmitidos em SD, mas a ideia da programadora é ter tudo em alta definição.

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Ao vivo na webA programação da Mix tV será transmitida

em streaming no novo site do canal. O endereço www.mixtv.com.br foi reformulado e agora conta com a transmissão ao vivo de toda a grade de programação. Além deste, o novo site tem como destaque as páginas de cada programa da grade (cada página é um blog feito pela equipe da atração), notícias, guia eletrônico da programação, promoções inéditas e espaços especiais para cada VJ.

“Comando”, uma das atrações da Mix TV transmitida em streaming no novo site do canal.FO

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Invisível em rede nacionalA Globo estreou “Mulher invisível”, primeira coprodução da

emissora com a conspiração Filmes. A série de cinco episódios é baseada no longa-metragem de mesmo nome dirigido por Claudio Torres que fez 2,3 milhões de espectadores no cinema. A ideia original e a direção são de Guel Arrael e Claudio Torres, que também assinam a direção e os roteiros, ao lado de Mauro Wilson e Leandro Assis. Além de atuar, Selton Mello dirigiu um dos episódios. Carolina Jabor, diretora da Conspiração, também assinou a direção de um dos roteiros.

Globo estreou série de TV inspirada no longa-

metragem “Mulher Invisível”.FO

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Palmeiras em dois temposA produtora paulistana oka comunicações assinou contrato de

licenciamento com a sociedade esportiva palmeiras e fará sessão aberta do primeiro filme oficial do clube durante o Cinefoot, festival voltado para filmes de futebol que acontece em São Paulo em junho. “Primeiro Tempo, 1917-2010”, média-metragem com 45 minutos e mais dois de prorrogação, é um documentário sobre memória afetiva de pessoas que fazem parte da história do Palestra Itália. “Queríamos fazer um filme sobre o Palmeiras, mas não contar a história do time de forma geral, queríamos algo peculiar”, conta Rogério Zagallo, diretor e

proprietário da Oka Comunicações. A despedida da torcida do Palestra Itália, em reforma desde o ano passado para ser transformado em uma arena multiuso, é tema do “Primeiro Tempo”. Segundo o diretor, não houve investimentos do clube. A produtora investiu recursos próprios e contou com parceiros que terão participação nos lucros caso o filme faça receita. O projeto Palestra Itália

(www.palestraitaliadoc.com.br) ganhará mais um documentário, o “Segundo Tempo”, que trata da transformação do estádio em arena e deve ter as filmagens encerradas em 2013, no primeiro jogo que o clube fizer lá. Zagallo acredita que o filme pode alavancar novos projetos relacionados ao futebol na produtora, como a série de documentários “Passaporte Futebol” e o game show transmídia “Rumo a Meca”.

O documentário “Primeiro Tempo” aborda as relações afetivas de jogadores, ex-jogadores e torcedores com o Palestra Itália.

Fora da fronteiraA BustV, rede de mídia digital out-home

que transmite sua programação dentro de ônibus em 14 cidades, concluiu em maio a expansão da rede nas principais capitais. Em São Paulo, a frota de ônibus com monitores e programação da BusTV passou de 250 para 450 veículos; Salvador sai de 70 para 100 ônibus, no Rio de Janeiro, os veículos passam de 180 para 210, e em Brasília a frota passa de cem ônibus instalados para 165. Além da ampliação da rede no Brasil, a BusTV planeja para este ano a internacionalização da empresa.

BusTV amplia participação no mercado interno e planeja internacionalização.

Vídeo e interatividadeLançada pela cisco em janeiro, durante a

CES 2011, a solução Videoscape começa a ser apresentada ao mercado brasileiro. Trata-se de um produto para provedores de conteúdo que permite integrar a oferta de vídeos e as ferramentas de web 2.0 em uma só plataforma, permitindo ao consumidor final o acesso aos conteúdos também pelos tablets e smartphones. O Videoscape utiliza a nuvem, a rede e os dispositivos do cliente para proporcionar novas experiências de vídeo através da Internet. Preben Schack, diretor sênior de Cable & Video solutions da Cisco, explica que a plataforma foi desenvolvida sobre sistemas já existentes da empresa e chega ao mercado com base em pesquisas feitas pela Cisco investigando os novos hábitos de consumo de vídeo, marcado pela fragmentação das telas e do conteúdo, e a necessidade do provedor de serviço de atender às expectativas do consumidor final e monetizar com isso.

Cada provedor pode customizar o Videoscape de acordo com as suas necessidades. O grande diferencial em relação

aos serviços over-the-top, segundo Schack, é poder reunir a oferta de vídeo e a interatividade das redes sociais, além da personalização para o consumidor final. O usuário pode fornecer informações, escolher suas atrações favoritas e, quando ele fizer login, a plataforma já apresenta os conteúdos de acordo com o seu perfil e o conecta a sua rede de amigos nas mídias sociais. Outro aspecto interessante para o consumidor final é poder assistir aos vídeos em diferentes dispositivos. Ele pode, por exemplo, começar a assistir um filme sob demanda ou um jogo de futebol ao vivo no iPad e terminar de assistir na tela da televisão.

Schack explica que para o provedor de serviço, o Videoscape é uma oportunidade de monetização porque ele pode agregar parceiros à plataforma e também criar oportunidades de comercialização

de espaços publicitários com a solução. A ferramenta é voltada para operadores de TV por assinatura, mas segundo Marcello Borges, gerente de vendas e desenvolvimento de negócios para América Latina, há conversas também com broadcasters.

Preben Schack, da Cisco: plataforma foi desenvolvida com base em pesquisas sobre os novos hábitos de consumo de vídeo.

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cOOA Movile, empresa brasileira de serviços de valor adicionado (SVA) para celulares e tablets, criou o cargo de COO (Chief Operating Officer), para o qual promoveu andré andrade, que até então era o diretor de negócios Brasil. No lugar de Andrade, dirigindo os negócios nacionais, ficará o executivo Paulo Curio, que antes era gerente de produto.

DuplaA Black Maria Sul ampliou o time de diretores. Gustavo Fogaça, o Guffo, diretor com know-how em branded entertainment e transmedia storytelling chega à casa para criar, roteirizar e dirigir conteúdo aliado à marcas e produtos para diversas plataformas, como TV, Internet, cinema e celular. Guilherme carravetta, formado pela NuCT (escola sitiada dentro da Cinecittá), chegou há poucos meses em Porto Alegre e agora se integra ao time da produtora como diretor para atender o mercado publicitário.

PortalO jornalista Fabio schivartche assumiu o cargo de diretor do portal de notícias da RedeTV!, o RedeTVi. A área está ligada ao superintendente de Jornalismo e Esportes, Américo Martins. O objetivo da nova gestão é tornar o portal da RedeTV! mais influente, com mais espaço para a participação do internauta e para as

redes sociais. Formado em Jornalismo pela PuC, Schivartche tem 20 anos de carreira e acumula passagens por veículos como rádio Eldorado, Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e revista Veja.

AtendimentoA Giacometti Comunicação contratou selma Nishimura como gerente de planejamento e atendimento. A profissional vem da Giovanni+Drafctfcb e cuidará das contas da Caedu e da Fiap.

Diretoraclaudia Mattos foi promovida a diretora de atendimento do escritório da Giovanni+Drafctfcb no Rio de Janeiro. Com a promoção, Claudia será head de conta de S.C Johnson. Com as novas atribuições, já que a conta é alinhada e atendida pela Draftfcb em todo o mundo, a publicitária terá que se reportar ao presidente mundial da conta, March Pachini.

cBcO cineclubista João Baptista pimentel Neto é o novo presidente do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC). A associação, que reúne mais de 80 entidades ligadas ao cinema e à produção audiovisual, teve papel importante em algumas vitórias do setor, como a criação da Ancine e o enquadramento das produtoras no regime tributário Simples. Os demais membros da diretoria são o vice-presidente orlando Bonfim Neto – ES; a secretária cynthia Falcão (ABD/APECI) – PE; a tesoureira: edina Fuji (uNINFRA) – SP; o diretor executivo: Geraldo Veloso (AMC) – MG; a diretora de relações institucionais Maria clara Fernandez (APRO) – SP; as diretoras de comunicação sylvia palma (AR) – RJ e carla osório (ABD Capixaba) – ES; o diretor de projetos e captação de recursos: antonio leal (Fórum dos Festivais) – RJ e os conselheiros fiscais roger Madruga (APBA) – DF; afonso Gallindo (ABD/PA) – PA; e andré Gatti (SOCINE) – SP.

AbapMembros da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap) elegeram os dirigentes da entidade para o biênio 2011-2013. luiz lara mantém-se como presidente da associação. armando José strozenberg (Euro RSCG Contemporânea) é o vice-presidente de relações governamentais, antônio lino pinto (Talent Comunicação) é o vice-presidente de gestão de agências e relações com o mercado e antônio João carlos F. d’alessandro (DSC Net) é o vice-presidente de assuntos regionais. antônio Martins Fadiga (Fischer América Comunicação) assumiu a diretoria de assuntos legais; otto de Barros Vidal Júnior (PPR – Profissionais de Publicidade Reunidos), a diretoria de relações interssociativas; paulo Zoega Neto (QG Comunicação), a diretoria administrativa financeira; clóvis speroni (Agência 3 Comunicação), a diretoria regional Sudeste e severiano c. Queiroz Filho (Ampla Comunicação), a diretoria regional nordeste. decio Vomero é o novo diretor executivo.

João Baptista Pimentel Neto

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Luiz Lara

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comercialO Canal Rural reestrurou sua área comercial. Como parte das reformulações realizadas na estrutura da diretoria comercial nacional do Grupo RBS, Marcelo oréfice assumiu a diretoria de mercado. Outra novidade na estrutura comercial é a criação de uma sucursal em Petrolina (PE), para atendimento às agências e clientes da região. O escritório passa a integrar a estrutura de regionais e representantes distribuídos nas principais regiões de atuação do agronegócio brasileiro. As

mudanças na área comercial de publicidade acompanham outras novidades na estrutura do Canal Rural. Juan lebrón assume a gestão comercial de iniciativas transacionais e trabalhará em todas as plataformas: leilões do Canal Rural e C2Rural, e também de novos produtos que serão lançados ao longo do ano. Juliana lisboa assumiu a gerência de marketing e novos negócios do canal, com a função de manter as plataformas alinhadas na estratégia de marca e posicionamento, prospectar e operar a expansão em novas áreas de negócios.

Marcelo Oréfice

ArgentinoA Volcano Hotmind reforça a equipe de diretores de cena, formada pelo coletivo Volcano e JR Junior, com a chegada do argentino adriano Bruzzese. O profissional tem passagem pela Flehner Films e, em 2002, criou sua própria produtora, a Bananafilms, que funcionou até 2008.

TV BrasilO Conselho de Administração da TV Brasil aprovou a indicação da presidente da EBC, Tereza Cruvinel, e da ministra Helena Chagas (Secom) e promoveu rogério Brandão ao cargo de diretor de programação e produção da emissora pública. Brandão terá a tarefa de resstruturar o departamento de produção para torná-lo mais ágil para atender às demandas da TV. Ele é responsável tanto pela produção interna quanto pelas parcerias com produtoras independentes.

Diretoraclaudine divitis é a nova diretora de Atendimento da Visualfarm, produtora de projeções, que desenvolve projetos visuais para as áreas de marketing e eventos, além de realizar espetáculos e instalações autorais. Com mais de 15 anos de experiência como executiva nas áreas de marketing, comunicação, promoções e eventos, adquirida em empresas e agências nacionais e multinacionais, Claudine trabalhou no atendimento de marcas como kadron, Tilibra, Drastosa, Bank Boston, Datasul, unibanco, Drogasil, BIC, united Airlines, Votorantim, Solae e DuPont.

AfiliadasComo consequência das recentes mudanças promovidas no escritório brasileiro da Sony Pictures Television (SPT), que dão à equipe brasileira maior autonomia para a tomada de decisões, a programadora criou a gerência de afiliadas. denis palma, que tem 12 anos de casa e recentemente ocupava o cargo de gerente de marketing na área de ad sales, assume a nova função. Seus objetivos são dar suporte à HBO Latin America Group, que distribui os canais da programadora (Sony, Sony HD, AXN e Sony Spin) e oferecer atendimento às operadoras.

ProgramaçãoO jornalista arnaldo ribeiro assume o cargo recém-criado de gerente de programação dos canais ESPN. Ribeiro, que está na ESPN desde 2003, atuando como comentarista de futebol e dos principais programas e jornais esportivos dos canais, passa a acumular a função de gerente, com o objetivo de coordenar a programação dos canais ESPN Brasil, ESPN, ESPN HD, e ESPN 360, integrando-os. O executivo responde diretamente a José

trajano, diretor de jornalismo da ESPN. O cargo foi criado devido ao crescimento dos canais do grupo no Brasil, principalmente da programação nacional em HD. Ribeiro tem passagens por veículos como Notícias Populares, Folha de S. Paulo, O Estado de S.Paulo e, durante os últimos 11 anos, Placar.

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Arnaldo Ribeiro

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Usina Hidrelétrica de Tucuruí - Foto cedida pela Eletronorte

O BNDES está presente em todos os setores da economia brasileira, financiando iniciativas que contribuem para o desenvolvimento do país. Para o Banco, não existe projeto grande ou pequeno demais. Por isso, o BNDES apoia empreendimentos de todos os portes, em setores tão diversos como infraestrutura, indústria, exportação, cultura, inovação, meio ambiente, agricultura, comércio e serviços. Este é o BNDES. Sempre trabalhando pelo crescimento do país, pela geração de empregos e pela qualidade de vida de todos os brasileiros.

Ouvidoria: 0800 702 6307 www.bndes.gov.br

QUEM PROCURADESENVOLVIMENTOENCONTRA O BNDES.

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Usina Hidrelétrica de Tucuruí - Foto cedida pela Eletronorte

O BNDES está presente em todos os setores da economia brasileira, financiando iniciativas que contribuem para o desenvolvimento do país. Para o Banco, não existe projeto grande ou pequeno demais. Por isso, o BNDES apoia empreendimentos de todos os portes, em setores tão diversos como infraestrutura, indústria, exportação, cultura, inovação, meio ambiente, agricultura, comércio e serviços. Este é o BNDES. Sempre trabalhando pelo crescimento do país, pela geração de empregos e pela qualidade de vida de todos os brasileiros.

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(radiodifusão)

Batalha épica A grande disputa por espectro no Brasil já está no horizonte: é a batalha pela faixa de 700 MHz, que colocará (mais uma vez) radiodifusores e teles em lados opostos.

A briga pelo domínio do espectro de 700 MHz vai incendiar a disputa entre TVs e teles, que já se enfrentaram em

outros momentos da história. A cobiçada faixa de 700 MHz é hoje domínio da radiodifusão. São cerca de 108 MHz entre as frequências 698 MHz e 806 MHz, que abrigam 18 canais de TV em uHF com 6 MHz de largura cada. São os canais de 50 a 69. Trata-se de uma faixa que há décadas está atribuída e consignada, no Brasil, ao serviço de radiodifusão, e assim deveria permanecer até pelo menos dezembro de 2016, quando termina o prazo da migração para a TV digital e haveria espaço para a rediscussão de quem deve ficar com a faixa.

Mas o debate foi precipitado por conta da pressão de organismos internacionais, fornecedores e empresas operadoras do setor de telecomunicações, que vêem nesta faixa a oportunidade de abrigar parte dos serviços de banda larga móveis que serão necessários.

De um lado, os radiodifusores querem que qualquer discussão sobre o futuro da faixa só aconteça depois de concluído o prazo de migração da TV digital. Do outro lado, as empresas de telecomunicações esperam uma sinalização já por parte da Anatel sobre o que será feito com a faixa.

A disputa ganhou corpo quando, em 2006, a Citel (Comissão Interamericana de Telecomunicações) aprovou uma resolução prevendo a harmonização da faixa

usada com êxito nos EuA. Temos que iniciar agora os trabalhos para podermos usar a faixa de 700 MHz no futuro”, diz Antônio Carlos Valente, presidente da Telefônica. O que as teles querem é que a Anatel, desde já, diga o que vai fazer e estabeleça um cronograma de venda da faixa de 700 MHz, de preferência juntamente com a faixa de 2,5 GHz, seguindo o exemplo de outros mercados europeus.

Hora erradaPara Luiz Roberto Antonik, diretor

geral da Abert (associação de radiodifusores), a discussão está sendo colocada pelas teles na hora errada. “Vamos primeiro completar a digitalização da TV aberta e depois ver o que fazer. Querer destinar essa faixa para as móveis com cinco anos de antecedência é, socialmente, uma temeridade”, diz. A radiodifusão sempre se apoiou no seu inegável papel social para defender seus interesses, mas dessa vez o tom dos radiodifusores está muito diferente, e mais embasado.

Ao contrário do que normalmente se pode esperar em um confronto com grupos de comunicação, os argumentos utilizados não serão apenas políticos, com ênfase na questão da cultura e da identidade nacionais. A Abert está pronta para mostrar que o cenário existente no Brasil em relação ao dividendo digital é muito diferente de qualquer cenário internacional. Para Antonik, não é possível, no caso brasileiro, pensar o dividendo digital apenas sob a perspectiva da banda larga. “Nenhum radiodifusor é contra fazer banda larga wireless. Mas existe uma deficiência que o Brasil ainda precisa

Samuel Possebons a m u c a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

nas Américas para a banda larga móvel. A resolução não tem poder de determinar o que cada país vai fazer, mas coloca uma grande pressão sobre os reguladores locais. O Brasil sempre teve postura favorável à radiodifusão, mas na reunião que consagrou esta resolução, no Peru, o país não se fez presente e a posição dos EuA e Canadá prevaleceu.

O fator de mercado que tornou a faixa de 700 MHz tão cobiçada é que ela acabou sendo o palco da estreia da tecnologia LTE no mundo. Trata-se da quarta geração dos serviços móveis, originalmente otimizada para as frequências na casa de 2,5 GHz, mas que foi rapidamente adaptada quando a Verizon, nos EuA, anunciou que partiria para o LTE usando a faixa de 700 MHz. Desde então, existe um esforço de fornecedores e operadores de telecomunicações para tentar harmonizar esta faixa, o que significa maior escala para os equipamentos e possibilidades simplificadas de roaming internacional.

A onda do “dividendo digital”, como tem sido chamada a faixa de espectro liberada com o fim das transmissões analógicas de TV, começou a crescer nos EuA, mas hoje é agenda obrigatória em todas as discussões de espectro pelo mundo. O caso brasileiro será o de mais difícil solução.

“Consumimos todo o espectro em 800, 900, 1.800, 1.900 e 2.100 MHz. Agora aguardamos o leilão de 2,5 GHz, mas é

uma frequência cara e difícil de trabalhar. A faixa de 700 MHz é

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Dentro de um ano teremos 404 MHz destinados a serviços móveis. Em 2016 a necessidade será de 800 MHz. Ou seja, ainda teremos um déficit de quase 400 MHz.” João Rezende, da Anatel

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suprir que é fazer com que a população fora dos grandes centros urbanos também tenha mais alternativas de TV aberta e TV digital”, diz, lembrando que não está prevista ainda a digitalização das retransmissoras e das repetidoras de radiodifusão e que é muito mais comum do que parece encontrar municípios com apenas uma ou mesmo nenhuma emissora de TV disponível. “

O que a Abert procura mostrar é que não se pode definir a redistribuição do espectro de 700 MHz antes que fique claro se o processo de digitalização a ser concluído em 2016 permitirá o acesso de todos os brasileiros. Para Antonik, é preciso pensar também em ferramentas para fomentar o surgimento de mais grupos locais e regionais que levem conteúdos específicos para as diferentes realidades do Brasil. “Se é para repartir o espectro, é melhor esperar 2016 para tirar uma foto do que realmente está acontecendo e não ficar usando a realidade de outros países para tentar prever o futuro”.

As teles rebatem com a pressão por espectro e com números da própria Anatel, que apontam a necessidade de liberação de pelo menos mais o dobro do espectro que está sendo liberado para a banda larga móvel. “Dentro de um ano e meio teremos 404 MHz destinados a serviços móveis, somando aí as faixas de 2,5 GHz, 3,5 GHz e 450 MHz. Calcula-se que em 2016 a necessidade será de 800 MHz. Ou seja, ainda teremos um déficit de quase 400 MHz”, disse o conselheiro João Rezende.

crescimentoA associação dos radiodifusores

lembra que a penetração da TV nos domicílios é de 95,5% na média, segundo o IBGE, “mas essa realidade é muito pior justamente nas regiões mais carentes”, diz Antonik. Estudos da Abert mostram que o número de geradoras ainda é muito limitado no

700 MHz para o SMP movimentaria entre uS$ 6,72 bilhões e uS$ 8,83 bilhões no País ao longo de oito anos, diz a associação. Se mantido com as TVs, esse espectro geraria uS$ 1,49 bilhão, calcula o estudo.

Independentemente destes argumentos econômicos, algumas

autoridades consultadas informalmente por este noticiário admitem que há muita dificuldade em achar uma justificativa plausível para mexer no espectro da radiodifusão antes de 2016. Primeiro porque mesmo na maior parte da Europa o espectro que está sendo usado para banda larga móvel é o de 790 MHz a 862 MHz, e só em 2016 haverá a liberação da faixa hoje usada pela radiodifusão. E na Ásia sequer há uma definição de qual será a fatia usada. Além disso, lembram os técnicos, no Brasil a faixa que hoje a Europa está utilizando para o dividendo digital já está com as celulares. As frequências de 790 MHz a 862 MHz são, justamente, onde estão as bandas A e B do celular.

congestionamentoInternamente, a Anatel não

acredita que bastará deixar o espectro livre para que a radiodifusão cresça naturalmente no Brasil, como quer a Abert. A leitura é de que o bolo publicitário é quem determinará o tamanho do mercado de TVs, e não a disponibilidade de espectro.

Até porque existe no Brasil uma grande quantidade de municípios em que o espectro de uHF está bastante desocupado. Segundo dados da Anatel, são cerca de 4,65 mil municípios em que a faixa de 700 MHz não é utilizada hoje e não deve ser utilizada até 2016, a não ser que aconteça uma forte expansão no licenciamento de novas outorgas de radiodifusão, como sugere a Abert.

Brasil (são 512 ao todo, somando 310 comerciais e 202 educativas), quando o potencial existente, segundo as estimativas da associação é de pelo menos 971. Para a Abert, antes de pensar em redistribuir o espectro, o governo deveria buscar formas de expandir a radiodifusão.

A Abert também não pensa em usar o velho argumento de que a radiodifusão precisa ser defendida porque as teles são gigantes perto dos “nanicos” radiodifusores. Ao contrário, o discurso agora é outro: o de que a radiodifusão tem grande potencial econômico e vale a pena ser incentivada pelo governo.

Pelas contas da Abert, o setor de televisão faturou em 2010 R$ 27 bilhões.

E, segundo a associação, os R$ 140 bilhões faturados pelas telecomunicações

tem um grande componente de impostos que a radiodifusão não tem. “Não somos um décimo das telecomunicações, mas no máximo um quarto. Ou seja, a radiodifusão é um segmento econômico importante sim”, diz Antonik.

O argumento econômico também poderia ser usado pelas empresas de telecomunicações. Na verdade, já começou. A GSM Association realizou um estudo estimando que um eventual leilão da faixa de 700 MHz para serviços móveis renderia entre uS$ 4,23 bilhões e uS$ 6,34 bilhões aos cofres públicos brasileiros, dependendo de quanto fosse licitado, se 60 MHz ou 90 MHz. A construção da rede, que necessitaria de 14,59 mil novas ERBs (estações rádio-base), demandaria investimentos de uS$ 1,44 bilhão. Somando-se os contratos de serviços operacionais e comerciais, a destinação de

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Se é para repartir o espectro, é melhor esperar 2016 para tirar uma foto do que realmente está acontecendo, e

não ficar usando a realidade de outros países para tentar prever o futuro.”

Luiz Roberto Antonik, da Abert

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AuTORIDADES ADMITEM QuE Há MuITA DIFICuLDADE EM ACHAR uMA JuSTIFICATIVA PARA MExER NO ESPECTRO ANTES DE 2016.

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(radiodifusão)

Mas o levantamento da Anatel, visto de outra forma, mostra uma situação preocupante para as empresas de telecomunicações. Existem, segundo a agência, 906 municípios em que já se sabe que será de fato impossível sequer pensar em alguma iniciativa de liberação das faixas de 700 MHz antes do fim das transmissões analógicas de TV. Isso porque, nesses municípios existe a necessidade de usar os canais de 50 a 69 (justamente os que ficam dentro do espectro de 700 MHz) para acomodar a migração digital. Ou seja, o simulcast analógico/digital está ocupando justamente as faixas em que as teles gostariam de estar, e assim permanecerá até 2016.

Cruzando esses municípios com os dados do final de 2010 do Atlas Brasileiro de Telecomunicações, descobre-se que eles são representativos de 67% do Índice Potencial de Consumo brasileiro, ou seja, representam a parcela mais rica da população. Em 475 desses municípios ainda não há sequer redes 3G instalada, e em quase todos (890) já há serviço de banda larga fixa por ADSL. Sob a argumentação dos radiodifusores, o discurso para as teles seria: coloquem 3G para atender às demandas de banda larga móvel e usem a planta de ADSL instalada para otimizar a cobertura wireless com femtocélulas, que é uma tecnologia capaz de suprir as deficiências de espectro em ambientes fechados.

Além disso, do ponto de vista econômico, uma licitação da faixa de 700 MHz voltada para serviços móveis apenas nos municípios em que a faixa já está livre representaria apenas 43% do potencial de consumo.

Segundo técnicos da Anatel, os radiodifusores dizem que existem mais municípios congestionados, ou seja, mais municípios em que a migração da TV analógica para a TV digital exige o uso da faixa de 700

estavam fora da área de cobertura das TVs no meio de 2010.

Existem ainda outros complicadores importantes para que se comece a falar da ocupação da faixa de 700 MHz. Primeiro, porque

em algumas cidades extremamente congestionadas, como São Paulo e Rio de janeiro, a Anatel está reservando os canais 60 a 69 do uHF para atender aos quatro canais públicos digitais previstos no decreto da TV digital.

Outro problema é que em muitas capitais importantes alguns dos canais das licenças do Serviço Especial de TV por Assinatura estão na faixa de 700 MHz. Tratam-se das licenças de TVA, um serviço parte radiodifusão, parte TV por assinatura que ocupa um único canal de 6 MHz na faixa de uHF. O problema é que boa parte destas licenças está nas mãos das emissoras de TV e grupos de mídia brasileiros (entre elas Globo, Abril, Record, Band, RBS e grupo O Dia) e o prazo final das outorgas é em 2018.

Entre as empresas de telecomunicações e fornecedores interessados na liberação rápida da faixa de 700 MHz, como Qualcomm, Ericsson e Alcatel-Lucent, o

argumento é que a faixa apresenta inclusive a possibilidade de levar banda larga a áreas rurais, pois por ser uma frequência mais baixa oferece a possibilidade de maior cobertura por célula sem prejuízo da velocidade, como acontece na faixa de 450 MHz. “A verdade é que mudaria muito pouco na vida dos radiodifusores abrir mão de parte da faixa de uHF para o dividendo digital”, diz um fornecedor.

Mas todos sabem que essa não é uma questão simples. Na disputa pelo padrão de TV digital, em que as teles e fornecedores de telecom defendiam o DVB, as emissoras abertas levaram a melhor e deram o recado que não querem dividir espectro com ninguém. Tudo indica que na briga pela faixa de 700 MHz o recado será o mesmo.

COLABORARAM FERNANDO PAIVA E LETÍCIA CORDEIRO, DA TELETIME

MHz. Os radiodifusores falam em 1,5 mil municípios. De qualquer forma, também essa discussão seria objeto de polêmica, porque a maior parte

dos municípios brasileiros sequer começou a passar pelo processo de digitalização da TV aberta e, naqueles que começaram, apenas algumas emissoras já estão com os canais consignados.

“Por mais que a Citel pressione, a posição que o Brasil defenderá é que não há como pensar em desocupar a faixa de 700 MHz até 2016”, reconhece um técnico do governo.

Mas isso não quer dizer que o governo não possa encontrar alternativas. Por exemplo, vender o espectro e usar parte dos recursos arrecadados para ajudar as emissoras de TV a acelerarem sua

digitalização, como foi feito nos EuA. Pelas estimativas iniciais da Anatel seria possível liberar 40 MHz + 40 MHz na faixa de 700 MHz, o que contemplaria quatro operadoras. Outra possibilidade é antecipar o switch-off analógico, como fez o México, que puxou o fim das transmissões analógicas para 2014. No Brasil, essa possibilidade é vista com grande ceticismo pelas emissoras, que em 2010 já haviam apresentado estudo mostrando que a experiência internacional revelava uma tendência de alongamento das transmissões simultâneas analógico/digital. Segundo o estudo, os cronogramas estão sendo dilatados em todo o mundo, e mesmo nos EuA só houve o desligamento das emissoras de alta potência. Para as de baixa potência ainda nem há data. No Canadá ainda há um milhão de casas sem TV digital, e no Japão, cujo desligamento está previsto para julho de 2011, 25% das residências ainda

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“Temos que iniciar agora os trabalhos para podermos usar a faixa de 700 MHz no futuro.Antônio Valente, da Telefônica

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EMISSORAS QuEREM QuE FREQuêNCIAS SEJAM uSADAS PARA ExPANDIR A TV ABERTA.

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(tv por assinatura)

Aqui e agora Net lança seu serviço de vídeo on-demand e pode mudar a forma como se negocia e consome conteúdo na TV a cabo.

A Net Serviços, maior operadora de TV a cabo do país, entrou no mundo on-demand. A

operadora lançou em abril o serviço Now, oferecido aos assinantes do pacote Net HD e Net HD Max. É a primeira grande operadora nacional a oferecer o serviço. A Sky oferece VOD (vídeo on-demand) via satélite, mas no sistema push-VOD, ou seja, entrega alguns filmes no DVR do assinante durante a noite, e o assinante pode optar por comprar e assistir os títulos. Mas pela limitação tecnológica, a oferta é muito restrita.

No cabo, ao contrário, o serviço pode oferecer uma biblioteca enorme de conteúdos, dos grandes lançamentos e blockbusters aos conteúdos de acervo e de nicho, o chamado long tail.

O serviço está sendo implementado aos poucos na rede, começando pela cidade de São Paulo, em bairros onde os nós da rede sejam menores, ou seja, onde a fibra ótica chega mais perto das residências. Isto porque o Now, embora utilize o cable modem embutido no set-top box para a sinalização da compra dos conteúdos e para o envio dos comandos (play, pause, forward e rewind), usará a rede de vídeo para a transmissão dos conteúdos, em MPEG-4/DVB, o que exige bastante capacidade de rede. É praticamente a abertura de um canal novo por assinante que utilizar o serviço. “Este serviço exige muito da rede. O

diretamente com os estúdios para posicionar o VOD junto à janela de home video. Filmes que estão no pay-per-view do Telecine também estarão disponíveis para locação na subcategoria Telecine On. O aluguel varia de R$ 3,90 (título SD de catálogo) até R$ 9,90 (lançamento HD). O filme fica disponível de 24 a 48 horas, dependendo do acordo com o estúdio. O assinante pode iniciar o filme em um ambiente da casa e

continuar vendo da parte em que parou em outro ambiente, contanto que seja um ponto adicional HD.

Na área gratuita, o cliente encontra conteúdos que fazem parte do seu pacote. Algumas atrações do SporTV, Multishow, GNT, Globonews, Canal Brasil e Discovery/BBC estão disponíveis sob demanda. Na categoria

Da redaçãoc a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

conteúdo em HD usa banda de 8 Mbps a 12 Mbps”, diz Márcio Carvalho, diretor de produtos da Net. “Nós costumamos usar a mesma compressão enviada pela programadora, sem mexer na qualidade da imagem que chega do satélite”, completa Alessandro Maluf, gerente de marketing de TV por assinatura da operadora.

O Now estreia com aproximadamente dois mil títulos, entre conteúdo pago e gratuito, vídeos

em alta definição e em definição padrão. A plataforma também suporta o conteúdo 3D. Os títulos possuem classificação etária e estão agrupados em categorias como cinema, canais Net, variedades, kids, música e adulto. Além disso, a plataforma conta mecanismos de sugestão de títulos. No conteúdo pago, que exige senha para exibição, há filmes de catálogo e lançamentos. A operadora negocia

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A NET ENTRA NO cIRcUITO DA DISTRIBUIçÃO DE cONTEúDOS, E NÃO mAIS APENAS DE cANAIS.

Menu da plataforma Now.

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www.forumbrasiltv.com.br

Se você também só pensa em TV, venha para cá.mais de 70 convidados de 20 países•�Alejandra�Parada�(TVN,�Chile)•�Adriano�Schmid��(Discovery Kids,�Brasil)•�Alexandre�Cunha�(Canal Brasil,�Brasil)•Alice�Urbim�(RBS,�Brasil)•�André�Rossi��

(Discovery Networks,�Brasil)•�Anna�Valenzuela�(Migux,�EUA)•�Anna�Valéria�Tarbas��

(TV Rá-Tim-Bum,�Brasil)•�Anne-Sophie�(Zincroe,�Canadá)•�Antonio�Dias�(RTTL Televisão

do Timor Leste,�Timor�Leste)•�Antonio�Ricardo�(WooHoo,�Brasil)•�Arnaldo�Galvão�(UM Filmes,�Brasil)•�Barry�Koch�(Cartoon Network,�EUA)•�Berenice�Mendes�(TV Brasil,�Brasil)•�Carlos�Eduardo�Rodrigues��

(Globofilmes,�Brasil)•Carlyle�Avila�(RPC TV,�Brasil)•�Carolina�Montes�Vallejo��

(Señal Colômbia,�Colômbia)•�Cecília�Mendonça�(Disney Channel

Latin America,�Argentina)•�Cielo�Salviolo�(PakaPaka,�Argentina)•Cris�Lobo�(MixTV,�Brasil)•Daniel�Conti�(Glitz*,�Brasil)•�Daniel�David�(STV,�Moçambique)•Daniela�Vieira�(Turner,�Brasil)•�Donario�Almeida�(Canal Rural,�Brasil)•Doris�Vogelmann�(VME,�EUA)•�Enoque�Massango�(STV,�Moçambique)•�Érico�Gonçalves�da�Silveira��

(TV Escola,�Brasil)•�Ernesto�Ramírez�(Quality Films,�México)•�Ernesto�Velazquez�(TV Unam,�México)•�Farrell�Meisel�(1TV,�Afeganistão)•Flavio�Ferrari�(Ibope,�Brasil)•�Flor�Maria�Torres�(Ecuador TV,�Equador)•�François�Sauvagnargues�(ARTE,�França)

•�Frederico�Roque�de�Pinho��(Semba,�Angola)

•�Frederico�Schmidt�(TV Câmara,�Brasil)•�Giuliano�Chiaradia�(TV Globo,�Brasil)•�Jason�Taylor�(Consultor

transmídia,�EUA)•�Jimmy�Leroy�(Viacom,�Brasil)•�João�Francisco�Pinto�(TDM,�Macau)•�José�Juan�Ruiz�(RTVE,�Espanha)•�Juan�Ignacio�Vicente�(Canal 13,�Chile)•�Juliana�Lins�(Canal Futura,�Brasil)•�Krishna�Mahon��

(History/Biography Channel,�Brasil)•�Laura�Tapias�(Canal Panda,�Espanha)•Letícia�Muhana�(GNT,�Brasil)•�Luis�Castro�(Canal 10,�Uruguai)•�Luis�Simão�(TVM,�Moçambique)•�Lydia�Antonini�

(Consultora transmídia,�EUA)•�Magdalena�Borowska�(TVP Info,�Polônia)•�Manoel�Rangel�(Ancine,�Brasil)•�Maria�Daniela�Basso�(Telefe,�Argentina)•�Maria�de�La�Luz�Savagnac��(CNTV,�Chile)•�Mario�Diamante�(Ancine,�Brasil)•�Mario�Neto�(TV Alterosa,�Brasil)•�Mario�Sergio�Cardoso��

(TV Rá-Tim-Bum,�Brasil)•�Mateus�Ferreira�(TVS,��

São�Tomé�e�Príncipe)•�Nuno�Bernardo�(beActive,�Portugal)•�Olívia�Massango�(STV,�Moçambique)•Orlando�Senna�(TAL,�Brasil)•�Phoebe�Clark�(Magnatel,�Alemanha)•Raq�Affonso�(MixTV,�Brasil)•Renata�Netto�(ESPN,�Brasil)•Roberto�Martha�(Viacom,�•Brasil)•�Rogério�Brandão�(TV Brasil,�Brasil)•�Sergio�Sá�Leitão�(RioFilme,�Brasil)•�Silvia�Lovato�(PBS Kids Go!,�EUA)

•�Sirlene�Reis�(Vox Mundi,�Brasil)•�Tatiana�Costa�(Multishow,�Brasil)•�Tatiana�Schibuola�(Capricho,�Brasil)•�Tereza�Margarita�Loaiza�

(Min. da Cultura,�Colômbia)•Tereza�Paixão�(RTP,�Portugal)•�Triona�Campbell��

(CR Entertainment,�EUA)•Zico�Goes�(MTV,�Brasil)

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O maior encontro de canais, distribuidores e produtores do Brasil.

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PAINEIS INTERNACIONAIS�|�ENCONTRO DAS TVS DE LÍNGUA PORTUGUESA�|�SESSÕES “30 MINUTOS” SEMINÁRIOS COMKIDS�|�PITCHING HISTORY 2011�|�WORKSHOP TRANSMEDIA

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ForumBrasil2011_dupla2904.indd 3 30/5/2011 16:50:33

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(tv por assinatura)

Telecine Play, assinantes da Rede Telecine têm acesso gratuito, sem custo adicional, às estreias do mês do canal. “Com os lançamentos, queremos competir no mercado de home video, mas também queremos trazer o conteúdo que está na programação, sem custos adicionais”, diz Carvalho. A ideia, com isso, é trazer mais comodidade ao assinante, ao mesmo tempo em que ajuda a criar o hábito de usar o serviço.

Os conteúdos da HBO devem entrar muito em breve no Now. Segundo Fernando Magalhães, diretor de programação da Net Serviços, as negociações estão avançadas e os títulos da programadora devem ser oferecidos em modelo semelhante ao adotado com os conteúdos do Telecine: os principais lançamentos do mês do canal são oferecidos gratuitamente na plataforma VOD apenas para os assinantes do canal.

Além disso, diz Magalhães, em breve o serviço contará com novos conteúdos dos canais Fox, Bem Simples e Discovery.

A Net também está recebendo produtores e distribuidores interessados em levar seus conteúdos à plataforma, diz o executivo. “Acabou a história de que falta espaço no line-up. Agora precisamos achar um modelo que remunere todo mundo”, complementa Márcio Carvalho.

Na prática isso significa que a Net entra no circuito da distribuição de conteúdos, e não mais apenas de canais. A operadora negocia conteúdos avulsos com seus principais fornecedores, como as programadoras internacionais, mas também com brokers independentes, dos quais a principal é a DLA (Digital Latin America). Mas os executivos dizem que também receberão propostas de detentores de

investiu no produto para agregar valor ao que já é oferecido ao assinante. “Grande parte do conteúdo é oferecida de graça. Ele adiciona a possibilidade de compra de conteúdo. É uma plataforma conveniente, de alta personalização”, explica,

acrescentando que a estrutura já foi pensada para, futuramente, entregar TV Everywhere, em que o assinante pode acessar o conteúdo através da Internet de qualquer lugar que esteja.

Carvalho explica ainda que o conteúdo que está na programação linear dos canais pode ser oferecido gratuitamente porque não se trata de uma nova janela. “As programadoras adquiriram o conteúdo para a janela de TV por assinatura e é nesta janela que o conteúdo será oferecido, só que não de forma linear”, explica. Quando o tempo da janela de TV por assinatura de determinado conteúdo acabar, ele só poderá ser oferecido em um modelo com cobrança.

Os assinantes não precisam trocar o decodificador. Todos os equipamentos HD e HD Max já estão tecnologicamente preparados para o

serviço e possuem um cable modem interno para interagir via banda larga. Quando o serviço estiver disponível na região do assinante, uma atualização do software do equipamento será realizada, o ícone Now entra no portal e no canal 1 da Net HD, e o cliente receberá o contato da operadora informando sobre o serviço. A conta mensal incluirá os valores do conteúdo pago que o cliente assistir. Segundo Carvalho, estas facilidades, somadas à interface amigável da plataforma, devem auxiliar a aceitação e o consumo do novo produto.

conteúdos independentes, em diferentes modelos de negócio. “Cada caso é um caso, para alguns não vamos pagar nada, mas daremos a visibilidade. Com outros, podemos ter um revenue share. Depende do tipo de conteúdo”, diz Magalhães.

Modelo Fernando Magalhães conta que o

serviço de vídeo sob demanda traz novas possibilidades para os proprietários de conteúdo e leva a indústria a repensar modelos. “Na cabeça do dono do conteúdo, televisão é canal linear. Agora não tem desculpa da falta de janela. Recebemos muita coisa, analisamos a relevância, discutimos os modelos de remuneração”. O executivo explica que também há um trabalho junto aos programadores para que eles negociem os direitos de suas atrações também para o VOD.

Márcio Carvalho conta que a Net

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“Queremos competir com o home video e gerar um

novo valor para o assinante.”Marcio Carvalho, da Net

PLATAFORMA TERá CONTEúDOS TELECINE, HBO E FOx, MAS TAMBÉM Há ESPAçO PARA PROGRAMAS DE NICHO.

Page 25: Revista Tela Viva 215 - Maio

Sede das principais centrais de produção de TV do país, o Rio de Janeiro concentra talentos na frente e atrás das câmeras. A cidade se prepara para

os grandes eventos esportivos e surfa no bom momento da produção cinematográfica, com investimentos do poder público e das empresas.

CONTEúDO 27PRODuTORES CARIOCAS APROVEITAM A BOA MARÉ DO AuDIOVISuAL

ARTIGO 32O AVANçO DA PRODuçãO CARIOCA, POR SÉRGIO Sá LEITãO

ENTREVISTA 36JúLIA LEVy DESTACA AS CONQuISTAS DO AuDIOVISuAL FLuMINENSE NOS úLTIMOS ANOS

INFRAESTRuTuRA 40INICIATIVA PRIVADA, ESTADO E PREFEITuRA INVESTEM NA CAPACIDADE DE PRODuçãO LOCAL

ESPECIAL RIO DE JANEIRO

T e l a V i V a / m a i 2 0 1 1 • E S P E C I A L R I O • 2 5

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Rio. Uma cidade de cinema.

Empresas dinâmicas, profi ssionais qualifi cados, locações incríveis e uma vocação natural para o cinema. Não é à toa que o Rio de Janeiro tem atraído tantas produções internacionais e realizado vários fi lmes de sucesso nos últimos anos. São conquistas que geram renda, empregos e transformam a cidade em um polo mundial do setor. A Prefeitura apoia o desenvolvimento da indústria audiovisual carioca através da RioFilme. Rio. Esta é a cidade. Este é o momento.

www.rio.rj.gov.br/riofi lme

Próximas estreias:

• Cilada.com José Alvarenga Jr.• Corações sujos Vicente Amorim

• Paraísos artifi ciais Marcos Prado• Sequestro relâmpago Roberto Santucci

• Eu receberia as piores notícias... Beto Brant e Renato Ciasca• Onde a coruja dorme Márcia Derraik e Simplício Neto

Rio em 2010:

• 40% dos fi lmes brasileiros lançados• 95% do público do cinema nacional• 51,4% das produções estrangeiras feitas no Brasil

RioFilme em 2010:

• R$ 18,5 milhões investidos• 13,1 milhões de ingressos vendidos• 6 fi lmes no Top 20 Brasil

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2 6 • E S P E C I A L L O C A D O R A S • T e l a V i V a / m a r 2 0 1 1

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por Ana Carolina Barbosaa n a c a r o l i n a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Otimismo é palavra recorrente na boca dos produtores de conteúdo audiovisual do Rio de Janeiro. Entre os motivos estão, obviamente, os ventos que sopram a favor do setor de forma

geral, como a expectativa de aprovação do PLC 116, e novos mecanismos de fomento, como o Fundo Setorial do Audiovisual e o Artigo 3ºA. Porém, no caso dos cariocas, o fator “cidade maravilhosa” também se impõe. Cartão-postal mais importante do Brasil, prestes a sediar partidas da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, cenário de superproduções como “Velozes e Furiosos 5” e “Amanhecer”, da saga “Crepúsculo”, o Rio de Janeiro desperta cada vez mais interesse. Os produtores já vêm sentindo o aumento da demanda, mas ainda acreditam que precisam de mais investimentos, sobretudo dos governos municipal e estadual, para surfar na crista da onda gigante que está por vir e ter fôlego para manter o ritmo de crescimento.

Para Jorge Nassaralla, diretor e proprietário da kN Vídeo, fundada há 20 anos e com a produção de conteúdo para canais como o GNT e Multishow e empresas como Oi e Petrobras no portfólio, o mercado carioca de conteúdo audiovisual já se mostra aquecido há aproximadamente cinco anos, devido à demanda de

conteúdo para a TV paga e o crescente mercado de vídeos para Internet e celular. Nassaralla acredita que ainda há muita coisa para acontecer no mercado, que deve deslanchar após as Olimpíadas de Londres, em 2012.

Ele conta que já fez dois orçamentos para empresas de fora para produzir conteúdo na cidade e que tem feito por conta própria algumas imagens de arquivo de pontos estratégicos do Rio de Janeiro, pois acredita que serão bastante requisitadas em breve. Está nos planos da produtora também o desenvolvimento de projetos sobre esportes para a coprodução com canais pagos, para aproveitar o interesse pelos eventos esportivos. Segundo Nassaralla, a kN Vídeo investe bastante em equipamento próprio. Com a presença de muitos canais e produtores na cidade, a expectativa é poder alugá-los, a exemplo do que a produtora fez durante a ECO 92.

Marco Altberg, produtor carioca e presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão (ABPI-TV), observa que o Brasil todo evolui na produção de conteúdo audiovisual, mas que o progresso é bastante evidente no Rio de Janeiro. “O Rio perdeu muito espaço e agora recupera. Ele sofreu a tendência de ser nacional e agora retoma a produção com características regionais”, diz. Outro aspecto importante, de acordo com Altberg,

Jorge Nassaralla, da KN Vídeo: trabalho

na captação de imagens do Rio de

Janeiro para arquivo e desenvolvimento

de atrações relacionadas ao

esporte para a televisão.

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NA cRISTA DA ONDAPRODuTORES CONFIRMAM O BOM MOMENTO DO CONTEúDO AuDIOVISuAL NO RIO DE JANEIRO E PEDEM ATENçãO DOS GOVERNOS MuNICIPAL, ESTADuAL E FEDERAL PARA QuE O SETOR POSSA ABSORVER A DEMANDA CRESCENTE E MANTER O RITMO.

ESPECIAL RIO DE JANEIRO

Page 28: Revista Tela Viva 215 - Maio

é a redução da violência, que tem reflexos no setor atraindo mais produções.

“É menos um complicador”, ressalta. da gema

Justamente das características mais peculiares da cidade devem surgir boas oportunidades de negócio. Renata Boldrini, sócia da Contente Entretenimento, que tem a produção do reality show “Por um Fio” para o GNT no currículo, conta que está desenvolvendo em parceria com a paulistana Moonshot, que tem parceria com um produtora em Los Angeles, um programa sobre estilo de vida no Rio de Janeiro. Ainda sem nome, a atração, uma série de documentários, está sendo avaliada por alguns canais de fora. “Queremos levar para fora o que as pessoas querem ver”, explica ela.

João Roni, sócio da Ocean Films, que tem base em Santa Catarina e uma unidade no Rio de Janeiro, também se prepara para a produção de conteúdo na capital fluminense. A produtora está saindo de uma sala na Casablanca do Rio para ter um escritório próprio e deve contratar mais profissionais. “A gente está fazendo projeções para o bom momento de produção de conteúdo”, explica Roni. “Desde o fim do ano passado não paramos de trabalhar na cidade”.

No começo do ano, a Ocean Films deu suporte a uma equipe indiana que filmava no Brasil, o reality show “MTV Roads”. O programa passou por várias cidades brasileiras, entre elas, o Rio de Janeiro. De acordo com o Roni, apesar do dólar desvalorizado, há muitas produtoras internacionais interessadas em production services na cidade. Na opinião do produtor, inserir-se na rota da produção de conteúdo no Brasil é importante para realizar também projetos próprios e coproduções. O próximo passo é abrir uma base em São Paulo. Atualmente, a Ocean Films desenvolve em parceria com a Casa de Cinema de Porto Alegre e com uma produtora argentina um projeto para a Turner.

Na avaliação de Hélio Pitanga, sócio-produtor da Bossa Produção, que nos últimos anos coproduziu três séries com o Canal Brasil e com a TV Brasil, acredita que

as parcerias entre canais de TV e produtoras cariocas tendem a fortalecer-se ainda mais com os estímulos da Secretaria de Cultura do Estado, da RioFilme e da ABPI-TV, além das oportunidades que devem ser geradas com o Artigo 3ºA. A proximidade das centrais de produção da Globo e da Record podem ajudar. “Torço para que o Artigo 3ºA estimule a participação das TVs abertas nas parcerias

com a produção independente”, afirma.

O sócio e produtor da urca Filmes, Leo Edde, conta que o momento tem sido favorável não só para o crescimento no mercado interno, principalmente com produtos para a televisão, mas também para as parcerias internacionais, que tem sido um dos focos da produtora ultimamente. “Aí está a entrada de capitais”, diz o produtor. Edde, que costuma frequentar eventos internacionais pelo programa Cinema do Brasil, afirma que é notável o aumento de interesse dos players internacionais por production service no País e também por coproduções. “Todo o mundo acha que tem dinheiro sobrando aqui”, brinca.

Atualmente, a produtora analisa uma coprodução para o cinema com os Estados unidos e planeja para este ano o lançamento de mais duas coproduções. O documentário “Carta para o Futuro” (Portugal e Alemanha) já tem distribuidor alemão e deve ser inscrito em festivais. Já o documentário “O Gringo”, sobre o jogador do Flamengo Petkovic, é uma coprodução com a Sérvia e terá distribuição no Brasil pela Pipa Filmes.

Edde, no entanto, acredita que a maior parte dos projetos internacionais da produtora devem vir do production service. “Coproduções são mais difíceis em termos de tempo e de delivery. O production service é mais simples e mais rentável”, explica

ufanismo moderadoPara Walkíria Barbosa, da Total

Entertainment, produtora de longas-metragens de sucesso de bilheteria como “Se Eu Fosse Você” e “Se Eu Fosse Você 2”, e organizadora do Festival do Rio, são vários os motivos

Renata Boldrini, da Contente

Entretenimento, trabalha em

parceria com a Moonshot em

atração sobre estilo de vida no Rio de

Janeiro.

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MESMO COM A DESVALORIzAçãO DO DóLAR, CIDADE CONTINuA RECEBENDO DEMANDA DE PRODuCTION SERVICES.

ESPECIAL RIO DE JANEIRO

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que reforçam a vocação do Rio para a produção de conteúdo. Entre eles está o fato de a cidade ser o maior pólo produtor de teledramaturgia, abrigando os estúdios da Globo e da Record. Só a Central Globo de Produções produz cerca de 2,5 mil horas de programação por ano, segundo informações da Central Globo de Comunicação.

Por este motivo, a cidade acaba concentrando grande parte dos artistas que fazem TV e também cinema. Além disso, o Rio de Janeiro chama atenção pelas locações. “A gente consegue reproduzir muitos lugares do mundo e praticamente o Brasil inteiro aqui”, ressalta a produtora, contando que o filme “Assalto ao Banco Central”, sobre o crime que aconteceu em Fortaleza, teve cerca de 90% das filmagens feitas no Rio.

Walkíria acredita que cada vez mais vai haver uma compreensão da importância do mercado audiovisual, que precisará de uma injeção de recusos para se preparar para a demanda que deve

cidade está mais relacionado aos mecanismos de incentivo do governo federal do que às iniciativas dos governos estaduais e municipais. “As políticas públicas do estado e do município ainda estão pegando no tranco”, avalia. Para ela, os investimentos são pequenos perto da contribuição que as produtoras cariocas dão ao cinema brasileiro.

De fato, as produtoras cariocas são as campeãs de bilheteria no cinema. No ranking do informativo Filme B com os filmes nacionais que mais levaram público ao cinema entre os anos de 1995 e 2009, nas cinco primeiras posições estão “Se Eu Fosse Você 2”, “Dois Filhos de Francisco”, “Carandiru”, “Se Eu Fosse Você” e “Cazuza, O Tempo Não Para”. Apenas “Carandiru” é de

chegar com a aproximação da Copa do Mundo e da Olimpíada. Como exemplo deste novo olhar para o audivisual, ela cita a animação “Rio”: “Ninguém fez tanto pelo Rio de Janeiro como o filme ‘Rio’. Isso é extraordinário”, destaca.

Clélia Bessa, produtora executiva da Raccord Produções, que tem como tradição produzir conteúdos, especialmente para o cinema, que tenham o Rio de Janeiro como personagem, como no longa adolescente “Desenrola”, acha que o desenvolvimento do audiovisual na

“Torço para que o Artigo 3ºA estimule a participação das TVs

abertas nas parcerias com a produção

independente.” Helio Pitanga,

da Bossa Produções

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produtoras cariocas e para as do resto do Brasil. Os contatos internacionais são uma aposta. A produção para a televisão também. Leo Edde, da urca Filmes, conta que a produtora, que tradicionalmente desenvolve conteúdo de realidade, está trabalhando em sua primeira série de ficção. De acordo com o produtor, é importante ter em mente que as TVs têm trabalhado com orçamentos cada vez mais restritivos. “A gente está buscando outras formas de financiamento, como o syndication, por exemplo, e discutido os direitos nas coproduções”, observa.

A Total Entertainment tem apostado forte na produção de conteúdo para a televisão. Segundo Walkíria Barbosa, só neste ano serão três atrações. As novas mídias também têm recebido atenção na produtora, que tem o segmento Cine Mobile para desenvolver conteúdo em parceria com companhias telefônicas.

Renata Boldrini, da Contente Entretenimento, conta que está bastante atenta à Internet. Os canais estão também interessados em produzir conteúdo exclusivo para esta plataforma. Ela produz para o site do GNT o quadro “Homens Respondem”, em que alguns convidados respondem às perguntas enviadas pelas internautas. De acordo com Rosane Svartman, sócia da Raccord Produções, as várias plataformas, de um modo geral, têm tornado o negócio da produção de conteúdo mais dinâmico. “Aqui na Raccord a gente já tem um leque bem diverso para todos os projetos”, afirma.

O toque carioca, quando acompanha um bom conteúdo, pode ser a cereja do bolo. “A gente vem buscando uma identidade nacional e, como estamos no Rio de Janeiro, consequentemente carioca. Não queremos só blockbusters, mas produtos que cheguem ao seu público, que tenham visibilidade nacional e possibilidade de viajar”, resume Eduardo Abergaria, sócio e diretor artístico da urca Filmes.

TELEVISãO E NOVAS MÍDIAS SãO AS PRINCIPAIS APOSTAS DOS PRODuTORES.

“As políticas públicas do estado e do

município ainda estão

pegando no tranco.”

Clélia Bessa, da Raccord Produções

São Paulo. Segundo informações da Ancine, entre as dez maiores bilheterias do

cinema nacional em 2010, lista encabeçada por “Tropa de Elite 2”, nove filmes são de produtoras cariocas, apenas um (“As Melhores

Coisas do Mundo”) é de São Paulo.Ivana Mendes, sócia-diretora da Tríplice Produções,

focada na produção de documentários sobre o Rio de Janeiro, com títulos como “As Águas do Rio”, concorda com Clélia. Para ela, os investimentos regionais ainda são tímidos quando se tem em conta a importância da produção carioca e a comparação com algumas cidades. Pela Lei de Incentivo à Cultura (ISS) do município do Rio de Janeiro foram distribuídos no edital de 2010 aproximadamente R$ 11,4 milhões em renúncia fiscal a projetos de todas as vertentes culturais: teatro, dança, música e cinema. A cidade mais usada pelos produtores para fazer a comparação é Paulínia, município do interior paulista que é pólo cinematográfico e tem edital de R$ 9,5 milhões só para o cinema.

Para Mariza Leão, produtora e presidente do Sicav-RJ (Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual), o cinema cresce porque o público tem valorizado a produção nacional, mas não há nem no estado nem no município políticas públicas à altura da performance das produtoras cariocas. “O Rio vai ter exposição crescente. A cidade tem vocação para o audiovisual inigualável e as políticas são tímidas. Falta ação à altura, mas essa não é uma reclamação, é uma tarefa de buscarmos uma interlocução mais direta para provocar a geração de programas mais ambiciosos”, pondera.

aquecimento A percepção geral dos produtores é que do ponto de

vista da infraestrutura, a cidade está bem servida para a demanda atual, com equipamentos, laboratórios e mão-de-obra qualificada. No entanto, eles acreditam que a oferta na cidade hoje ainda não é suficiente para o volume de trabalho que deve aparecer com os eventos esportivos e as exigências das equipes internacionais que vão aterrisar na cidade. “Eu acho que é o momento de a gente entender a demanda que vem pela frente, apostar

nas locadoras, treinar os funcionários para falar inglês”, opina João Roni, da Ocean Films, acrescentando que é importante também que haja leis de incentivo focadas na Copa do Mundo, favorecendo quem tem contrato de trabalho relacionado ao evento.

Já da perspectiva de estratégia de conteúdo, os caminhos para o êxito não são tão diferentes para as

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ESPECIAL RIO DE JANEIRO

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por Sergio Sá Leitão*c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

NOS TRILHOS DO cREScImENTO

renascimentoA RioFilme existe há 18 anos. Foi

criada para ser uma distribuidora de filmes. Aos poucos, perdeu sua importância. Em janeiro de 2009, a empresa foi totalmente reformulada. Mudou sua forma de atuar, estabeleceu parcerias, recebeu mais recursos e passou a focar em resultados. Os investimentos aumentaram, os resultados apareceram, e hoje pode-se dizer que a mudança foi bem-sucedida.

Este sucesso não é apenas da RioFilme, mas sobretudo dos criadores, dos profissionais e dos agentes econômicos da indústria audiovisual carioca, aos quais as iniciativas da empresa se dirigem. A nova missão da RioFilme, afinal, é contribuir para o desenvolvimento do mercado como um todo. E para o aumento da contribuição do setor audiovisual para o desenvolvimento da cidade.

um elemento vital para o renascimento da RioFilme foi a celebração, em 2009, de um acordo de resultados e de um contrato de gestão com a Prefeitura do Rio. A empresa passou a ter metas de desempenho. Em 2010, em virtude do cumprimento das metas estabelecidas, recebeu nota 8 da Prefeitura, o que assegurou a continuidade do orçamento previsto e a bonificação dos funcionários.

A RioFilme tem hoje seis linhas de atuação. Os dados abaixo referem-se ao investimento feito pela empresa com recursos próprios, oriundos de repasses da Prefeitura, de premiações e de receitas obtidas a partir do desempenho econômico dos produtos investidos; e o investimento feito com recursos de outras áreas da Prefeitura.n Investimento reembolsável na

produção e/ou na distribuição de filmes e séries de TV, por meio de escolha direta * Presidente da RioFilme.

O Rio de Janeiro vive um momento excelente em termos econômicos e sociais. No que se refere ao audiovisual, a realidade não é diferente. Os dados de 2010 são eloquentes. Produtoras cariocas foram

responsáveis por 40% dos filmes brasileiros lançados no ano. Filmes “made in Rio” fizeram 95% da renda e do público do cinema brasileiro. A cidade abrigou 51,4% das produções estrangeiras realizadas no Brasil.

A RioFilme e a Secretaria de Estado de Cultura anunciaram há pouco o resultado do primeiro conjunto de editais de audiovisual realizado em parceria pela Prefeitura e pelo Estado do Rio. São cerca de R$ 8 milhões para 64 projetos, incluindo desenvolvimento de filmes, séries de TV e games; produção de documentários para TV; produção de curtas; produção de eventos; e finalização de longas.

Trata-se de um dos maiores programas de editais empreendido em nível municipal e estadual no Brasil. Esta iniciativa se inscreve no programa Rio Audiovisual, criado em setembro de 2009 pela Prefeitura e pelo Estado, por meio da RioFilme e da Secretaria de Estado de Cultura, com o objetivo de promover, de modo abrangente e integrado, o desenvolvimento da indústria audiovisual do Rio.

O Instituto Oi Futuro é parceiro da linha de Produção de Curta-Metragem. A linha de Produção de Documentário para TV tem o Canal Brasil como parceiro. A linha de Produção de Pilotos e de Série de TV, em parceria com a MTV Brasil, ainda se encontra em andamento e terá os vencedores de sua primeira etapa anunciados em breve. Os produtos resultantes dessas linhas têm, portanto, exibição assegurada.

As medidas já tomadas em âmbito municipal e estadual dirigem-se às áreas de cinema, televisão, games e novas mídias. Cobrem os segmentos de criação, produção, distribuição, exibição, difusão, infraestrutura e ampliação do acesso. Combinam incentivo fiscal, desoneração tributária, fomento não-reembolsável, patrocínio, investimento reembolsável e premiação por desempenho.

O programa Rio Audiovisual foi concebido para dar conta, de forma equilibrada e estruturante, da diversidade econômica, social e cultural da indústria audiovisual do Rio, considerando os vários elos e agentes de suas cadeias produtivas. A RioFilme, empresa de investimento em audiovisual da Prefeitura, e a Secretaria de Estado de Cultura são os formuladores e executores dessas medidas. >>

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Fica no Complexo do Alemão e foi inaugurado em 24/12/2010. Tem projeção DCI de alta qualidade, 91 lugares e conforto análogo ao dos melhores cinemas da Zona Sul. Desde a inauguração, tornou-se o cinema do país com a maior taxa média de ocupação: 55%. O ingresso custa R$ 4. A previsão é de dez salas até o fim de 2012.

No que diz respeito a eventos, a RioFilme patrocina desde 2009 um conjunto de 11 festivais, mostras, prêmios e mercados realizados no Rio, entre os quais o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, que está se consolidando como a principal premiação de cinema do país; e o Festival do Rio, o Rio Content Market, o Anima Mundi, o É Tudo Verdade e o Festival Internacional de Cinema Infantil.

Outra área que tem gerados bons resultados é a de estímulo à atração de produções internacionais. De um lado, a RioFilme criou, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura, uma Rio Film Commission organizada e atuante, capaz de atender e facilitar quem pretende filmar no Rio; de outro, passou a promover o Rio como destino de filmagens em festivais e mercados realizados no exterior.

A partir de 2010, a RioFilme e a Secretaria de Estado de Cultura passaram a fazer investimentos diretos na atração de grandes produções, como “A Saga Crepúsculo – Amanhecer”, que representou um gasto na cidade de uS$ 3,5 milhões. Trata-se de um jeito inteligente de trazer recursos para o segmento de serviços audiovisuais do Rio, gerando renda e emprego.

O excelente momento que o setor audiovisual do Rio de Janeiro vive tem a ver, em parte, com este conjunto de ações da Prefeitura, por meio da RioFilme, e do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura. Trata-se de um exemplo de política de desenvolvimento industrial aplicada a um setor da economia criativa, com o objetivo de consolidar o Rio de Janeiro como principal polo de audiovisual do Brasil.

DESDE 2010 A CIDADE FAz INVESTIMENTOS NA ATRAçãO DE GRANDES PRODuçõES.

com ênfase na performance econômica dos produtos – R$ 20,6 milhões em 2009/2010n Investimento não-reembolsável no

desenvolvimento e na produção de filmes e séries de TV, por meio de editais com ênfase na relevância

cultural dos produtos - R$ 4 milhões em 2010/2011n Fomento não-reembolsável à produção de filmes e conteúdos para TV, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – R$ 6,5 milhões em 2009/2010n Patrocínio à realização de eventos setoriais estratégicos

(mostras, festivais, prêmios e mercados) – R$ 5,3 milhões em 2009/2010n Fomento não-reembolsável à ampliação do acesso da

população à produção audiovisual – R$ 3,6 milhões em 2009/2010n Apoio à atração de produções internacionais e à

promoção do segmento de serviços audiovisuais do Rio de Janeiro – R$ 3,8 milhões em 2009/2010

Os resultados são expressivos. Em 2010, a RioFilme bateu diversos recordes, como os de investimento (total de R$ 18,5 milhões, considerando as seis áreas acima); de público e renda dos filmes investidos lançados ao longo do ano (7 filmes/13,5 milhões de espectadores e R$ 123,3 milhões); de filmes investidos no Top 20 Nacional (6 dos 7 filmes lançados); e de arrecadação da empresa (R$ 8 milhões).

Desde o início de 2009, a RioFilme já realizou investimentos reembolsáveis na produção e/ou no lançamento de 32 longas produzidos e/ou distribuídos por empresas cariocas. Desses, 17 foram lançados em salas de cinema, entre os quais “Divã”, “Simonal” e “Do Começo ao Fim”, em 2009; “5x Favela”, “Tropa de Elite 2” e “Muita Calma Nessa Hora”, em 2010; e “Desenrola” e “Bruna Surfistinha”, em 2011.

A empresa tem hoje, em sua área de investimentos reembolsáveis, uma carteira de 19 filmes investidos, com lançamento previsto para 2011, 2012 e 2013. Os próximos a chegar às telas brasileiras serão “Cilada.Com”, “Corações Sujos” e “Paraísos Artificiais”. Entre os previstos para os anos seguintes destacam-se duas animações derivadas de séries de TV: “Peixonauta 3D” e “Meu Amigãozão – O Filme”.

A RioFilme teve uma participação expressiva na última edição do Festival de Cannes, onde foram anunciadas duas coproduções internacionais a serem realizadas no Rio ainda em 2011: “Vermelho Brasil”, primeira operação de TV feita pela empresa, em associação com a Globo Filmes, a Pampa Films, a Conspiração e a France Télévisions; e “Filhos da Revolução”, documentário de Julien Temple.

Além do investimento reembolsável e não-reembolsável em filmes e séries de TV, outros elementos importantes da atuação da RioFilme, com impactos diretos sobre o desenvolvimento do setor no Rio, são a atração de produções internacionais, o patrocínio a eventos setoriais e o investimento na democratização do acesso, em especial a criação da rede CineCarioca, com cinemas 3D em favelas.

O CineCarioca Nova Brasília é o primeiro cinema da rede.

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tecnológico, com a desoneração e tratamento especial para equipamentos importados sem similar nacional. Os recursos da Lei de Incentivo à Cultura (ICMS) destinados aos projetos audiovisuais saltaram de 4% em 2007 para 20% em 2010. Foram estabelecidas parcerias com o governo municipal do Rio de Janeiro. O Programa de Chamadas Públicas de Audiovisual, uma parceria com a RioFilme anunciada no Festival do Rio do ano passado, trouxe novos editais e uma injeção de R$ 8,3 milhões em projetos audiovisuais. Júlia tem consciência de que há muita coisa para construir, tendo em vista o potencial do estado, mas também está certa de que passos largos e importantes foram dados para longe da estaca zero.

A economista Júlia Levy assumiu em 2008 o cargo de superintendente do audiovisual na Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. A secretária Adriana Rattes havia

assumido no ano anterior e definido o audiovisual como área estratégica. um grupo de trabalho formado por profissionais de vários elos da cadeia estudava a criação de novas políticas públicas para fomentar o setor. Em três anos, o cenário mudou.

A Secretaria criou novos editais, contemplando áreas do audiovisual antes esquecidas, como games e pilotos de série de televisão; elaborou programas para estimular a distribuição (o Prêmio Adicional de Renda do estado), a exibição (Programa Cinema para Todos, em parceria com a Secretaria de Educação, e o prêmio de estímulo à exibição) e o desenvolvimento do parque

GuINADAJúLIA LEVy, SuPERINTENDENTE DE AuDIOVISuAL DA SECRETARIA DE ESTADO DE CuLTuRA DO RIO DO JANEIRO, DESTACA A EVOLuçãO DAS POLÍTICAS PúBLICAS PARA O SETOR NOS úLTIMOS TRêS ANOS.

HOJE O AuDIOVISuAL ESTá NO PLANO ESTRATÉGICO NO GOVERNO DO RIO DE JANEIRO. É POSSÍVEL ESTRuTuRAR MECANISMOS DE LONGO PRAzO.

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e as parcerias com o governo municipal, são importantes para estes projetos? No ano passado foi anunciado o programa de chamadas públicas de audiovisual, em parceria com a rioFilme, com r$ 8,3 milhões distribuídos em nove editais.

A gente lançou um conjunto de editais. Sentamos e aprimoramos o que poderíamos fazer com a RioFilme. Temos edital para longas, linha de pilotos de séries de TV, desenvolvimento de jogos eletrônicos, documentários, curtas, mostras e festivais, finalização e um prêmio para projetos multiplataformas. A gente conseguiu também atrair diversas parcerias com empresas. A Oi Futuro apoia o projeto e tem interesse em adquirir os curtas produzidos a partir do edital. Trouxemos o Canal Brasil porque achamos importante trabalhar com documentários em outras janelas. Tem também a MTV, que escolherá um piloto de baixo orçamento para desenvolver duas temporadas completas. São empresas e canais dispostos a abrir suas janelas. Isso abre novos mercados para os produtores fluminenses e vai garantir que os produtos vão fluir no mercado.

o rio recebeu a visita de ruth Mackenzie, diretora da olimpíada cultural de londres. como a secretaria de cultura se prepara para o evento no âmbito das políticas audiovisuais?

Temos uma área dentro da Secretaria para cuidar dos projetos relacionados ao evento. Por enquanto, temos a cooperação entre a Film London e a Rio Film Commission. A ideia é cooperar em termos de know-how. A gente está estreitando muito o laço entre estas cidades olímpicas. A gente está trocando informações e tem uma série de projetos sendo articulados. Estamos alinhando como uma cidade vai passar o bastão para outra.

ana carolina Barbosa

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ISSO (PARCERIA COM EMPRESAS E CANAIS NO EDITAL) ABRE NOVOS MERCADOS PARA OS PRODuTORES FLuMINENSES E VAI GARANTIR QuE OS PRODuTOS VãO FLuIR NO MERCADO.

tela ViVa: como estava o setor do audiovisual quando você assumiu o

cargo de superindente?JÚlia leVY: Não havia políticas

públicas. um grupo de trabalho trabalhava no projeto Rio Audiovisual, criando diversas

diretrizes. Este grupo deu o primeiro tratamento do que seria a política audiovisual do Rio de Janeiro. Daí surgiu, por exemplo, o Programa Cinema Para Todos, uma parceria com a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro para estimular a ida de alunos aos cinemas para assistir filmes brasileiros. Temos 27 municípios com salas de cinema no estado. Em cada um deles tem pelo menos um promotor do programa. De 2008 até agora, foram 620 mil alunos, professores e acompanhantes que foram ao cinema pelo programa.

Qual é a sua avaliação sobre o ponto em que estão as políticas públicas do estado atualmente?

Saímos de um grande deserto e chegamos até aqui. Hoje o audiovisual está no plano estratégico no governo do Rio de Janeiro. É possível estruturar mecanismos de longo prazo. Criou-se um ambiente de negócios mais valorizado, mostrando para as empresas patrocinadoras que existem bons conteúdos por aqui. Tem muito a fazer, mas comparando do zero, foi um salto qualitativo.

o que se pode esperar no médio prazo?A partir de agosto, planejamos a ampliação do

Programa Cinema Para Todos levando cineclubes às escolas. Estamos trabalhando com o Senac para construir cursos para a formação de mão-de-obra, para que tenhamos técnicos bem formados.

Também vamos lançar um curso de animação em breve. Queremos abrir novos editais neste ano e manter os que já temos. Pretendemos construir com a

Secretaria de Comunicação um projeto para filmes que dêem visibilidade ao Rio de Janeiro e lançar o projeto de incubadores de empresas ligadas à economia criativa, com forte destaque para o audiovisual.

ESPECIAL RIO DE JANEIRO

3 8 • E S P E C I A L R I O • T e l a V i V a / m a i 2 0 1 1

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Diferencie a sua marca e valorize seu produto. Participe dos Especiais Tela Viva.

Veja o calendário 2011 e programe seu anúncio.

ESPECIAL CASA CONECTADAA oferta de serviços digitais na casa dos usuários está cada vez mais complexa. Quem vai dominar esse território?

Quais as inovações e serviços que trazem as melhores oportunidades?Fechamento: Julho/2011 | Circulação: ABTA e Broadcast & Cable

ESPECIAL INTERATIVIDADEO que já está sendo desenvolvido para o Ginga, internamente nas emissoras e por desenvolvedores independentes.

Fechamento: Agosto/2011

ESPECIAL UNIDADES MÓVEISA oferta de unidades para esportes e jornalismo. O mercado de carretas de produção e link.

Como o país se prepara para os grandes eventos esportivos.Fechamento: Setembro/2011

ESPECIAL FILM COMMISSIONSO trabalho das fi lm commissions pelo Brasil. Como os escritórios regionais se articulam para fomentar

e receber produções de outras localidades. Os mecanismos de fomento e fi nanciamento.Fechamento: Novembro/2011

ESPECIAL FINALIZAÇÃOA demanda por serviços com o crescimento da produção. Terceirização vs. internalização.

Quais são as principais plataformas tecnológicas.Fechamento: Dezembro/2011

ESPECIAIS

2011

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4 0 • E S P E C I A L R I O • T e l a V i V a / m a i 2 0 1 1

Embora o Rio de Janeiro sempre tenha sido cenário de destaque no audiovisual brasileiro, abrigando os principais centros de produção de televisão e tendo gerado a maior parte da

bilheteria cinematográfica pós retomada, há um sentimento geral de que a cidade e o estado precisam “retomar seu papel” no cinema e no audiovisual brasileiro. Esta noção comum no setor move iniciativas importantes que vêm ajudando a colocar o estado em destaque nacional e internacional. Tanto a iniciativa privada quanto as instituições públicas vêm investindo esforços e recursos financeiros no fortalecimento da produção de conteúdo local.

Com 18 anos de existência, a RioFilme, uma empresa pública pertencente à Prefeitura do Rio de Janeiro e vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, já investiu em 200 longas, 90 curtas, dezenas de eventos e quatro complexos de exibição. Na atual gestão, que teve início em 2009, a empresa passou a atuar também na promoção da cidade como centro de produção internacional, com planos de investimentos de R$ 90 milhões entre 2009 e 2012. No último ano, a cidade recebeu 92 produções estrangeiras, sendo quatro longas.

uma das mais importantes iniciativas dos governos do estado e da capital do Rio de Janeiro em 2009 foi unificar suas estruturas de promoção da cidade com a criação da Rio Film Commission. Em setembro daquele ano o órgão foi criado, como resultado de uma fusão dos esforços

estadual e municipal na atividade. “Minha função, até agora, foi organizar a entidade”, diz o presidente da Rio Film Commission, Steve Solot. Segundo ele, a instituição tem duas funções principais: viabilizar a logística para receber produções de fora do estado e promover o Rio de Janeiro como locação, com a meta final de, com isso, promover o turismo no estado.

promoçãoNa promoção, a entidade conseguiu

trazer produções internacionais importantes, a partir de meados de 2010, como “Amanhecer”, “Velozes Cinco” e a animação “Rio”. “Estamos fazendo um trabalho de promoção nos principais mercados internacionais”, conta Solot. Segundo ele, no Festival de Cannes, que aconteceu em maio, foram enviados convites a 1,5 mil produtores estrangeiros para reuniões nas quais o executivo “vendia” o Rio de Janeiro como locação.

A Rio Film Commission faz outras ações para tornar o Rio um local mais amigável às produções estrangeiras. Em breve, deve ser lançado um cartão de descontos, através do qual os produtores de fora que estejam com projetos em execução no estado terão descontos em estabelecimentos cadastrados. “A ideia é ampliar o ambiente film friendly no Rio de Janeiro”, explica. Com isso, espera-se, este ambiente pode se tornar um local de troca de experiência e de negócios.

A Rio Film Commission também articula com o estado um edital de R$ 2 milhões, apenas para projetos de produtoras de fora do estado e que sejam ambientados no Rio de Janeiro. Em 2010 foram quatro contemplados.

Segundo Solot, é difícil competir com film commissions internacionais, que muitas vezes bancam parte das produções. No caso de “Velozes Cinco”, explica, mais de 80% foi filmado em Porto Rico, embora a história se passe no Brasil. “Eles devolvem 40% do dinheiro gasto localmente”, completa. “O produtor

por Fernando Lauterjungf e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

“É difícil competir com film

commissions internacionais, que

muitas vezes bancam parte das

produções.” Steve Solot, da Rio Film Commission

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SETOR PRIVADO, ESTADO E PREFEITuRA uNEM ESFORçOS PARA TORNAR O RIO DE JANEIRO uM CENTRO DE LOCAçõES DE PRODuçõES NACIONAIS E INTERNACIONAIS.

ESPECIAL RIO DE JANEIRO

Page 41: Revista Tela Viva 215 - Maio

>>

vem aqui, grava as cenas externas principais, e continua a filmagem em outro local”, completa. Não é possível reverter esta lógica. Portanto, a solução é segui-la. Segundo Solot, a Rio Film Commission está preparando um estudo de impacto econômico das produções feitas no Rio. A ideia é analisar o impacto não apenas no setor audiovisual. “Os números poderão ser usados para quantificar o impacto e medir os benefícios que podem ser concedidos. Com isso, poderemos propor políticas públicas de incentivo e aumentar a competitividade”, explica.

“A Rio Film Commission já está estruturada, com uma área de logística consolidada”, explica Solot. Esta área de logística é responsável por conseguir todas as autorizações necessárias para as filmagens no Rio de Janeiro. “Fizemos um trabalho pró-ativo em todos os níveis de governo para explicar nosso trabalho e oferecer a interlocução com o setor audiovisual”, conta. “Também assinamos acordos com prefeituras do estado para treinar uma equipe local para receber as produções”, completa.

local. “A dispersão dava a impressão de que a infraestrutura carioca era insuficiente”, diz.

O CiaRio, explica, funciona como um shopping center do setor, com diversas empresas segmentadas dentro. As empresas são independentes, mas todas usam a estrutura do CiaRio. Em uma área de mais de 3 mil metros quadrados, o centro conta com áreas de administração, reintegração, almoxarifado, armazenamento, carga e descarga, tecnologia da informação e manutenção. Além disso, conta com centro de convenções para 70 pessoas, sala para apresentações e reuniões e salas de apoio à produção.

“Queríamos que o produtor pudesse encontrar tudo o que precisa em um único local, mas sem a obrigação de contratar tudo da mesma empresa”, explica. Para facilitar o atendimento a empresas de fora, o CiaRio conta com um central telefônica única para todas

Além disso, a Rio Film Commission conta com um site onde é possível buscar empresas de serviços audiovisuais no Rio de Janeiro. “Não posso indicar uma empresa ou outra, mas temos um catálogo bastante completo”, diz Solot.

iniciativa privadaA iniciativa privada também embarcou

no projeto de popularização do Rio de Janeiro como locação. Marco Eckart, gestor do CiaRio - Centro de Infraestrutura Audiovisual do Rio de Janeiro, diz que “há uma mobilização das instituições locais oficiais e o engajamento do mercado para desenvolver o audiovisual no Rio de Janeiro. Ficamos durante muito tempo no ostracismo. O Rio precisa voltar a ser o centro de produção que foi”.

“O turismo e o audiovisual são as vocações naturais do Rio de Janeiro. Toda a máquina do estado está pensando no audiovisual. Nós empresários começamos a pensar o outro lado, na infraestrutura acessível e na mão de obra qualificada”, diz. Com um grupo de empresários do setor, Eckart apostou na centralização de empresas de infraestrutura em um único

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4 2 • E S P E C I A L R I O • T e l a V i V a / m a i 2 0 1 1

Petraglia, há demanda para pelo menos mais seis estúdios.

No entanto, “foram as empresas de vídeo que fizeram a coisa acontecer”, diz Petraglia. Boa parte das empresas de cinema acabou saindo do local. “O cinema é mais lento, leva até cinco ou seis anos pra produzir um longa”, diz. Na produção de vídeo, os estúdios são usados na gravação de DVDs musicais, especiais de TV e até novelas. “Sou muito grato às pessoas do vídeo”, diz Petraglia, com um cuidado paternal sobre a estrutura que montou na Barra.

FormaçãoPetraglia criou recentemente no

Polo Rio cursos de atualização técnica. São workshops que duram de cinco a seis semanas, todos em áreas técnicas da produção. Entre eles estão os cursos de técnicas de locução, de operação de câmera, direção de fotografia.

A Rio Film Commission também investiu na mão de obra técnica. Segundo Steve Solot, a iniciativa se deu através do Senai, que passou a oferecer cursos para técnicos como eletricistas, iluminadores, cinegrafistas etc.

Outra iniciativa é o projeto 5 Visões - Formação Técnica em Audiovisual, que conquistou parcerias com importantes empresas como a Barco, que oferece um workshop exclusivo para a turma de projecionistas. O projeto, que tem como objetivo a qualificação profissional de jovens de baixa renda e sua inserção no mercado de audiovisual, teve uma segunda edição iniciada em setembro de 2010, com os patrocínios da Petrobras, Avon e Metrô Rio/Instituto Invepar. Com 66 alunos divididos nas turmas de Projecionista em Digital e 35mm, Maquiagem/Figurino, Maquinista/Eletricista e Som Direto, os cursos têm 480 horas de carga horária. Os alunos que apresentem 85% de frequência recebem uma bolsa auxílio de R$ 150,00 mensais, graças a um convênio firmado com a Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Com certificado emitido pelo IFRJ, os alunos egressos têm tido encontrado receptividade no mercado.

as empresas que estão lá, com atendimento bilíngue.Segundo Eckart, atualmente a demanda é

quase homogênea, com produções de todas os setores do audiovisual, mas com maior destaque

para a publicidade e o cinema.um a das primeiras iniciativas para fortalecer o

audiovisual no Rio de Janeiro aconteceu na década de 1980, quando foi criado o projeto do PoloRio Cine, pelo produtor, diretor e roteirista Claudio Petraglia. “Queríamos trazer o audiovisual, que começava a se

firmar em São Paulo, de volta ao Rio”, diz o paulista radicado no Rio de janeiro. Segundo ele, após convencer a prefeitura da importância da criação de polo de produção, recebeu a oferta de um local inapropriado para a construção do polo. “Eu aluguei um ultraleve e saí sobrevoando o Rio para encontrar um local”, diz. O local encontrado, na Barra da Tijuca, era uma “terra de ninguém”, que havia sido

ocupado por um delegado da divisão antinarcóticos. “Ele me ameaçou durante um ano para que eu desistisse”, diz Petraglia. Este foi apenas o primeiro de diversos empecilhos que ele enfrentou, até que inaugurou os primeiros estúdios em 1996, tendo como primeiro grande cliente o canal Shoptime.

A Associação PoloRio de Cine, Vídeo e Comunicação é uma entidade privada sem fins lucrativos que reúne cerca de cem empresas associadas atuantes no mercado do audiovisual. O objetivo da associação é trabalhar pelo desenvolvimento do setor audiovisual no Rio de Janeiro e no Brasil. A RioCom é a gestora do complexo de produção audiovisual e estúdios conhecido como PoloRio Cine & Vídeo, que conta com oito estúdios. O dinheiro gerado pelo uso dos estúdios acaba sendo usado na expansão do

projeto. “É um projeto jesuíta”, explica Claudio Petraglia. “Os jesuítas construíam uma praça com uma igreja, e os índios construíam suas casinhas em volta. Nós fizemos estúdios e as empresas do setor se assentaram ao redor”, completa.

A central de estúdios do PoloRio está instalada numa área verde de 55 mil metros quadrados. Segundo

“Queríamos trazer o audiovisual, que

começava a se firmar em São Paulo, de volta

ao Rio.” Claudio Petraglia,

da PoloRio Cine

“Há uma mobilização das

instituições e um engajamento do

mercado.” Marco Eckart,

do CiaRio

ESPECIAL RIO DE JANEIRO

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Seja qual for o seu roteiro, filmar no Rio é como entrar em um cenário mágico - seja pela luminosidade, pelas pessoas, pelas histórias. Talvez por isso o Rio tenha sido eleito a Cidade Mais Feliz do Mundo, foi um dos estados escolhidos para a Copa de 2014 e será a cidade-sede das Olimpíadas em 2016. Em cada canto do Rio você vai encontrar o ângulo perfeito para o seu roteiro. Afinal, poucos lugares no mundo são tão únicos e diversificados ao mesmo tempo.

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Page 45: Revista Tela Viva 215 - Maio

O canal Viva, que exibe programação atual e de arquivo da Rede Globo, continua a rápida escalada

ao topo do ranking de canais pagos com melhor alcance entre o público adulto. Em março, o Viva registrou 7,76% de alcance diário médio e tempo médio diário de audiência de 26 minutos, e ficou em sétimo lugar na lista. A estreia do canal neste ranking aconteceu em agosto de 2010, apenas dois meses após sua chegada à TV paga. Segundo dados do canal, o destaque de audiência da programação em março foi a novela “O Rei do Gado”, que estreou em fevereiro, e é exibida de segunda a sexta-feira, das 16h30 às 17h30.

Entre o público com 18 anos ou mais, o TNT obteve o melhor alcance diário médio: 11,05% e 35 minutos de tempo médio diário de audiência. Em seguida, aparecem SporTV,

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo MédioTotal canais pagos 46,37 4.681,42 02:27:38TNT 11,05 1.115,91 00:35:23SporTV 10,91 1.101,03 00:37:55Multishow 10,81 1.091,65 00:19:19Globo News 9,28 936,96 00:29:11Fox 8,30 837,93 00:27:40SporTV 2 7,81 788,04 00:26:20Viva 7,76 783,33 00:26:58Cartoon Network 7,47 754,06 00:34:39Megapix 7,07 713,90 00:24:28Warner Channel 6,88 694,90 00:29:55Disney Channel 6,68 674,29 00:41:49universal Channel 6,62 668,02 00:27:00Discovery kids 6,40 645,83 01:01:14National Geographic 6,39 645,19 00:18:36Discovery Channel 6,27 632,95 00:21:23GNT 5,51 556,20 00:15:30Telecine Pipoca 5,01 505,95 00:33:33AxN 4,69 473,29 00:26:34Nickelodeon 4,35 438,87 00:34:43Fx 4,30 434,27 00:16:21

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*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

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Acima de 18 anos** (Das 6h às 5h59)

De 4 a 17 anos** (Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo MédioTotal canais pagos 47,58 1.124,28 02:47:13Cartoon Network 17,15 405,29 01:09:21Disney Channel 16,50 389,85 01:10:12Discovery kids 13,06 308,59 01:07:07Nickelodeon 12,74 300,94 01:01:11Multishow 9,87 233,38 00:21:46Fox 8,13 192,22 00:27:21TNT 7,92 187,17 00:31:12Disney xD 7,91 187,00 00:51:37SporTV 6,85 161,86 00:33:41Megapix 5,86 138,44 00:25:45SporTV 2 5,13 121,09 00:24:17Discovery Channel 4,72 111,47 00:24:25Warner Channel 4,40 103,90 00:21:25universal Channel 4,18 98,79 00:19:56Boomerang 3,96 93,62 00:26:46Viva 3,94 93,13 00:22:08Telecine Pipoca 3,91 92,32 00:25:09Globo News 3,59 84,84 00:13:16National Geographic 3,49 82,34 00:15:44Fx 3,22 76,18 00:14:54

ALCANCE* E TEMPO MÉDIO DIáRIO – MARçO 2011

Viva avança

Multishow, Globo News e Fox. No total, os canais pagos tiveram entre os adultos 46,37% de alcance diário médio e tempo médio diário de audiência de duas horas e 27 minutos.

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“O Rei do Gado”: novela da Globo foi destaque no canal em março.

No ranking que mostra os canais pagos com melhor alcance entre público de 4 a 17 anos, o Cartoon registrou 17,15% de alcance diário médio e uma hora e nove minutos de tempo médio diário de audiência e ficou no topo da lista.

Os canais pagos tiveram entre este público alcance diário médio de 47,58% e tempo médio diário de audiência de duas horas e 47 minutos. Além do Cartoon, ocupam as cinco melhores posições do ranking Disney Channel, Discovery kids, Nickelodeon e Multishow.

O levantamento do Ibope Mídia considera as praças Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Distrito Federal, Florianópolis e Campinas.

DANIELE FREDERICO

(audiência -TV paga)

45 • T e l a V i V a • m a i 2 0 1 1

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46 • T e l a V i V a • m a i 2 0 1 1

(entrevista)

Em dezembro do ano passado, a Sony Pictures Television (SPT) anunciou mudanças na estrutura

do escritório brasileiro que levaram Alberto Niccoli, então diretor comercial da programadora, ao cargo de vice-presidente sênior e gerente geral das operações no Brasil. Na prática, isso significa que em vez de apenas seguir instruções vindas da matriz do grupo, em Miami, o País terá mais autonomia para definir suas estratégias de programação, comunicação, políticas comerciais e relação com afiliados.

Coube a Niccoli, executivo com aproximadamente uma década de casa, a tarefa de conduzir o processo de transformações que chegam à unidade brasileira da SPT. Em entrevista à TELA VIVA, ele fala sobre as mudanças e dos planos a curto prazo que o grupo tem para o mercado brasileiro. Novos canais, conteúdo nacional, PLC 116/10 e projetos de Internet estão no radar.

tela ViVa: Há pouco mais de cinco meses, você mudou de cargo, passando de diretor comercial a Vp sênior e gerente geral da spt no Brasil em um processo que anuncia mudanças na estrutura do escritório brasileiro. por que o grupo escolheu este momento e o que muda de fato?

alBerto Niccoli: É uma evolução do que a gente já vinha trabalhando. O Brasil é tão importante que a gente precisava

programação brasileira que é para cuidar da grade e da comunicação do canal para os brasileiros. Nós não vamos fazer um canal brasileiro. As características, o sucesso dos nossos canais tem a qualidade do nosso produto e isso segue. Nós vamos é falar a nossa linguagem do Brasil. Vamos estar atentos, sempre, a tudo que ocorre aqui.

Você vem da área comercial. como tem se adaptado a este novo cargo?

É uma coisa completamente nova, completamente diferente, mas, como aqui a gente sempre trabalhou bastante em equipe, sempre discutimos tudo. Todas as decisões que eu tomei logo que eu assumi, eu contei com a equipe inteira. Nós já tínhamos uma visão do que nós achamos que seria importante fazer aqui no Brasil. Então chamei a equipe e mudamos a grade, mudamos a comunicação, com o aval de Miami, mudamos tudo em função do que vinha acontecendo há anos. A gente sempre discutia nas nossas reuniões o que a gente achava que poderia funcionar. A primeira atitude nossa foi mudar a grade. E graças a Deus, as coisas deram muito certo.

Quais foram as primeiras mudanças?

A primeira e mais importante foi a volta do “CSI” para o Sony. Criamos um fato, trouxemos de volta o líder de audiência que nós tínhamos. Quatro anos atrás ele tinha ido para o AXN, nós

ter um olhar próprio sobre ele. A maneira como o brasileiro foi criado vendo um formato de televisão faz com que seja importante a regionalização. O Brasil é diferente da América Latina. Não é melhor, nem pior. Com o desempenho da economia, com o otimismo no Brasil, esse foi o momento mais correto. Essa regionalização propicia uma autonomia em termos de grade de programação. Nosso calendário, nosso esporte é muito forte. Temos que ficar atentos a tudo que ocorre em termos de grade na concorrência e eventos do Brasil. Nós vamos contratar uma VP de

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Alberto Niccoli

Ana Carolina Barbosaa n a c a r o l i n a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Autonomia Alberto Niccoli, o principal executivo da Sony Pictures Television no País, fala sobre os resultados das mudanças que trouxeram mais independência ao escritório brasileiro e planos de produção nacional para Sony, AxN e o novo Sony Spin.

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T e l a V i V a • m a i 2 0 1 1 • 47

trouxemos de volta. A segunda mudança foi na comunicação: forma de comunicar, o on-air. Nós nos reunimos com a equipe aqui do Brasil e começamos a ter uma filosofia mais local de comunicação. Terceiro: a volta de filmes para o Sony. E dublados! Aí começa a entrar uma parte que também tem grande importância: nós já estamos nos planejando e preparando para dublar todos os nossos canais. Sempre com a segunda opção de inglês legendado.

por que a dublagem é tão importante?

Por tudo: aumento da base, crescimento da classe C. Quem assina tem que ter opção. Eu acho que a primeira língua tem que ser a língua do país. A segunda é a de quem quer ver o filme, mas não quer perder sonoridade ou entende perfeitamente inglês ou acompanha e gosta do som original, ter uma segunda opção de canal de voz, de som, em inglês com legenda. Nós estamos trabalhando muito nisso. Vai pela operadora, mas a tecnologia é nossa. Nós temos que oferecer esta tecnologia, que já está quase que 100% instalada.

tem prazo?No Sony, nós já estamos

fazendo a segunda opção em inglês sem legenda. Nós já estamos fazendo isso e queremos passar a uma segunda etapa, que é o inglês com legenda.

como foi a experiência do ano passado de reduzir o tempo entre as estreias das séries nos estados unidos e na américa latina para uma semana. o motivo alegado foi a inibição de downloads ilegais. isso tende a ser mantido com esta nova estrutura?

Nós estamos pensando ainda nisso, mas temos que avaliar muito bem. Esse é um atributo. Então nós vamos tentar diminuir cada vez mais o tempo entre o lançamento e

produtos. um para cada canal, porque cada canal tem a sua característica. O Sony é mais light, é mais entretenimento. O AXN é mais séries policiais, suspense e o Sony Spin é juventude. Estamos buscando conteúdo nas produtoras brasileiras para cada perfil.

a sony anunciou no ano passado uma joint-venture com a produtora Floresta, comandada pela executiva elizabetta Zenatti. ela deve produzir para os canais sony também?

Está dentro dos projetos de produção nacional. Estamos estudando três ou quatro produtos que a Floresta possui para ser distribuída pelos canais. Ela faz parte deste portfólio de produtoras que está nos atendendo.

a sony lançou em maio o canal sony spin, que tem foco no público jovem e substitui o animax, originalmente voltado para os animês. como os operadores reagem a esta mudança tão grande de perfil?

Conversamos muito com as operadoras e com a HBO (que distribui os canais Sony). Todos aplaudiram a decisão porque vai ao encontro de uma carência para o público.

amplia a distribuição?Amplia muito. O Animax teve

sua hora, teve seu momento, mas foi criado para atender a um nicho. Passado este momento, nós tínhamos que evoluir, continuar crescendo, e uma das coisas que também vai nos fazer crescer muito é a dublagem do canal. Durante este ano e o ano que vem nós queremos que ele chegue a 100% de dublagem. Ele estreia na mesma base do Animax e aí nós vamos trabalhar junto com as operadoras para crescer esta base.

comercialmente o sony spin traz mais perspectivas?

a exibição. Vamos sentar e conversar muito sobre esse atributo. Em 2010, nós aprendemos muito com este tema, então nós vamos focar muito bem no que é atributo real, porque às vezes é melhor você fazer o calendário local independente deste timing e aproveitar melhor o programa em um período melhor e não ficar só preso a este espaço de tempo criado pelo estúdio e pela exibição. Em outubro, chegam as novas séries e as reestreias. Vamos pensar muito neste tempo todo. A maioria das coisas deu certo, e as coisas que não deram certo, podemos aproveitar em outra época. Alguns exemplos o público realmente entendeu e apoiou, e nós em algum momento podemos ter sacrificado alguma série só para manter este timing. Talvez a gente não precise fazer isso em 100% das nossas compras.

Faz parte do processo de regionalização o aumento do conteúdo local?

Nós estamos trabalhando nos três canais: Sony, AXN e Sony Spin. Primeiro, nós estamos criando um arquivo para o futuro. Nós temos que nos preparar para o PLC 116 (que propõe mudanças no setor de TV por assinatura, incluindo cota de programação nacional nos canais internacionais). Fora isso, a gente tem que pensar no público brasileiro, que já mostrou e já comprovou que quer também o produto brasileiro no canal. Não necessariamente 100%, mas faz parte da estratégia do canal trabalhar com conteúdo brasileiro. Então, este ano, se nós ainda tivermos tempo, nós vamos lançar uma série brasileira ou um produto brasileiro em cada canal. Nós tivemos uma experiência interessante com o “Brazil’s Next Top Model” e ela vai se repetir com outros >>

“ESSA REGIONALIzAçãO PROPICIA uMA AuTONOMIA

EM TERMOS DE GRADE DE PROGRAMAçãO”.

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principal é a audiência. Nosso foco é a aproximação ao nosso consumidor, ao nosso telespectador, ao assinante. Esse é o nosso foco primeiro do Brasil. Lá fora isso chega a nós a qualquer momento, mas o foco da regionalização

(entrevista)

48 • T e l a V i V a • m a i 2 0 1 1

“ESTAmOS cRIANDO Um ARqUIVO PARA O

FUTURO. TEmOS qUE NOS PREPARAR

PARA O PLc 116”.

Sim, porque ele vai buscar uma série de produtos que convivem com esta geração. Anteriormente era mais limitado porque era voltado a um público muito específico de animê.

Há planos de novos canais Hd? a alta definição também é foco na programadora?

Vamos lançar o AXN HD, está previsto para junho. É uma tecnologia que não tem volta. Toda a digitalização vai culminar no HD. Temos que nos preparar e estar prontos para isso. A cada dia existe uma demanda crescente das operadoras pelos canais em HD.

a sony investiu no início do ano em um projeto para a oferta de conteúdo legal pela internet, o Horário Nobre toda Hora, que ficou pouco tempo disponível por pressão dos operadores. Vocês têm desenvolvido novos modelos para a web?

Nós vamos voltar com estes projetos, mas nós vamos trabalhar junto com as operadoras. Nada será feito de dentro para fora, será feito junto. A ideia é muito boa, ela funciona, é excelente, mas precisa ser compartilhada com as operadoras.

Quando você fala em trabalhar com as operadoras está pensando também no Vod?

Em tudo. Estamos discutindo.

e novas possibilidades de distribuição de conteúdo, como as tVs conectadas e a mídia out of home? estão na pauta?

Não, nós estamos discutindo tudo isso mas o nosso foco

agora são os nossos viewers e o mercado publicitário.

desde a reestruturação, a sony tem anunciado novos projetos comerciais, como a renovação da parceria com o Bolsa de Mulher e o projeto de inserção de filmes de varejo em 24 horas. a regionalização facilitou a também a tomada de decisões na área comercial?

Tudo é muito mais rápido, muito mais fácil. E como eu venho desta área e o Maurício (kotait), que me substituiu, começou com a gente, a nossa ligação é muito grande. Então eles têm autonomia plena para criar produto e a nossa equipe de criação está sempre pensando. Porque nós temos uma equipe que cria produtos e cria para o on-air, e que trabalha junto com ad sales também, pensando nisso. Tudo isso vai crescendo, mas vai crescer muito. Porque nós, definitivamente, fizemos a regionalização para atender não só ao mercado de afiliados, mas também ao mercado de ad sales, ao mercado publicitário.

TC Schultz, VP executivo de redes internacionais na América Latina e Brasil da Sony Pictures Television (SPT), foi um dos idealizadores das transformações que deram mais autonomia ao escritório brasileiro. Segundo o executivo, isso acontece agora porque o mercado de TV por assinatura no País cresce “dramaticamente”. A SPT tem cinco feeds na América Latina e, segundo o executivo, a região tem apresentado crescimento substancial para os canais da programadora, tanto em receitas quanto em audiência.

Em entrevista à TELA VIVA, Schultz comentou sobre o lançamento do canal Sony Spin, que substitui o Animax desde 1º de maio. “Vamos continuar com a

marca Animax online. Estamos trabalhando em um modelo”, diz. Para o executivo, o canal que surgiu com foco em animês tinha bom alcance e um público fiel, mas pequeno demais para o mercado de televisão. No online, a marca Animax deve voltar às suas origens e ser 100% dedicada aos desenhos japoneses.

Schultz reforça a teoria de Alberto Niccoli, VP sênior e diretor geral da SPT no Brasil, a respeito da oferta

de conteúdo na Internet: operadores têm que participar da concepção. “Qualquer estratégia de Internet estará alinhada com as operadoras. Nosso objetivo não é o catch-up TV. Queremos uma ferramenta promocional, que leve os espectadores do online para a TV”.

cREScImENTO DRAmáTIcO

TC Schultz, VP executivo de redes internacionais na América Latina e Brasil da Sony Pictures Television.

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O maior encontro de debates e negócios sobre mídia e comunicação

digital da América Latina.

9 A 11 DE AGOSTO DE 2011TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO, SP

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sobre a programação de TV? Quais as tendências em conteúdos multiplataforma? São apenas alguns dos tópicos que estarão sobre a mesa de discussões.

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50 • T e l a V i V a • m a i 2 0 1 1

(produção)

Música para os olhos Mesmo com redução das verbas das gravadoras, produtoras apostam em DVDs musicais, com novos modelos que visam a distribuição em outras janelas.

Embora o mercado fonográfico venha sofrendo duros golpes com a pirataria física e digital, um outro

segmento do mundo da música vem ganhando destaque nas prateleiras ao longo dos anos. O DVD musical apareceu no mercado fonográfico como uma importante ferramenta na divulgação dos artistas e bandas, e, consequentemente, tornou-se uma oportunidade para as produtoras audiovisuais.

Ao contrário do CD, cujo número de unidades e valores de vendas caíram nos últimos anos, o DVD registrou leve crescimento. De acordo com o último relatório anual divulgado pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), o mercado brasileiro de vídeos musicais (DVDs e Blu-ray) apresentou um crescimento em valores de 4,62% em 2009, em relação a 2008, com a movimentação de R$ 100,6 milhões. Em unidades vendidas, o segmento apresentou crescimento de 3,98%, com 5,4 milhões de unidades comercializadas.

Além disso, os produtos nacionais destacaram-se nas vendas. Do total de unidades de vídeo vendidas, 64,9% corresponderam a produtos nacionais, contra 29,6% de produtos internacionais e 5,5% de música clássica.

Quem percebeu essa preferência por música nacional e ainda aproveitou a “onda” de um estilo musical específico foi Anselmo Troncoso, da AT+G Produções, de Goiânia. Com cerca de 90% do orçamento da produtora proveniente de DVDs musicais, Troncoso encontrou um nicho até

demanda dos próprios artistas e seus empresários. Esse movimento, de artistas contratarem a gravação de um DVD, e não a sua gravadora, tornou-se mais comum com o enfraquecimento do mercado de música tradicional. Neste cenário, as gravadoras acabam atuando como distribuidoras. “Hoje os recursos que as gravadoras investem nos artistas são menores, especialmente por causa da pirataria. Os shows são a principal fonte de receita”, lembra Fábio Zavala, produtor executivo da área de conteúdo da Delicatessen Filmes, que em 2010 produziu dois DVDs musicais: um para o músico Nando Reis e outro para a cantora Marina de la Riva. “Mas foi o sertanejo universitário que movimentou grande parte das vendas em 2010”, reconhece.

Para Rodrigo Giannetto, diretor da Real Filmes, que atua, entre outros setores, na produção de DVDs musicais, essa mudança sofrida pelo mercado, com as gravadoras reduzindo seus investimentos, também fez com que se formasse um

Daniele Fredericod a n i e l e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

então pouco explorado e que teve um grande crescimento em 2010: o de música sertaneja.

O primeiro DVD musical dirigido por Troncoso foi para a banda sertaneja Nashville, em 2005, pela Som Livre. Com essa primeira experiência, outras gravadoras e empresários de artistas o procuraram, o que resultou no DVD da dupla Jorge e Mateus, em 2007, e de outras duplas e artistas do gênero.

Para Troncoso, que já produziu cerca de 40 DVDs musicais desde então, devido a uma “onda” do sertanejo, com variações mais recentes como o sertanejo universitário, a procura pela produção de DVDs aumentou. Se a média costumava de ser de oito DVDs ao ano, em 2010 Troncoso dirigiu 14. “Nesse ano o mercado sertanejo foi consolidado”, explica. Ele reconhece, porém, que se trata de um fenômeno que pode ser passageiro, e que 2011 começou mais devagar. “Manter um estilo só é complicado. Essa é uma onda. Quem sabe aproveitar, permanece no mercado”, diz.

Dos 14 DVDs que Troncoso produziu e dirigiu em 2010, seis foram requisitados por gravadoras, enquanto os outros foram

A dupla Jorge e Mateus na gravação do DVD Villa Mix: AT+G Produções aproveita bom momento do sertanejo.

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mercado independente, com as bandas e os artistas abrindo seus próprios escritórios. “Observo que hoje alguns escritórios independentes têm mais dinheiro para investir em projetos do que as gravadoras”, diz.

Necessidade gera modelos

Com a redução do investimento em DVDs por parte das gravadoras, especialmente no caso de bandas menos populares, os artistas e as produtoras tiveram de buscar soluções conjuntas e criativas para a produção dos DVDs de seus shows.

Existem diferentes modelos de negócio possíveis para a produção, mas o mais comum deles é a prestação de serviço, em que a gravadora ou o artista contrata a produtora para a gravação e essa não

sustentar a produtora, faço videoclipes, cobertura de eventos que envolvem música, institucionais, e começo a me direcionar para a Internet”, diz Domingues.

Sem as verbas das gravadoras e com artistas independentes e muitas vezes iniciantes com recursos escassos para fazer um DVD, é natural que as produtoras tenham que se adaptar e criar modelos diferenciados. Rodrigo Giannetto, por exemplo, conta que cerca de 75% das produções de DVDs musicais realizadas pela Real Filmes ainda são prestações de serviço, enquanto o restante é feito por parcerias.

Os modelos podem envolver, além de gravadora ou artista e produtora, a presença de um canal de TV, como MTV e Multishow, tradicionais investidores neste tipo de produto. Zavala, da Delicatessen, conta que o DVD de Nando Reis “Bailão do Ruivão” surgiu a partir de uma

tem participação nas vendas ou em outras negociações realizadas com o conteúdo.

Heron Domingues, da HD Produtora, de Porto Alegre, especializada em produções para o mercado musical, diz que o formato mais usual de negócios é o de prestação de serviço. “Os percentuais já são muito bem distribuídos. Não cabe mais um sócio”, diz. “Mas se o artista não tem dinheiro para a produção, negocio um outro formato”.

Em períodos de pouco movimento, as produtoras, especialmente as especializadas em DVDs musicais, como a HD Produtora, acabam procurando outros trabalhos para fazer a máquina girar. “Para

“É um desafio das produtoras, dos artistas e das gravadoras se envolver mais com os canais de TV e fazer projetos multiplataforma”Fábio Zavala, da Delicatessen Filmes

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(produção)

demanda do artista, que é contratado exclusivo da universal. Além de artista e gravadora, o projeto chegou à produtora com o selo MTV Apresenta. A negociação da Delicatessen, porém, aconteceu apenas com o empresário de Nando Reis. “O DVD ainda gerou um corte mais documental para a MTV”, lembra Zavala.

Além desse modelo, ele conta que os artistas procuram a produtora com o objetivo de tentar inserir o projeto de seus DVDs na Lei Rouanet, de incentivo à cultura.

Para Zavala, embora alguns artistas tenham parcerias estabelecidas e duradouras com certos canais, em outros casos a produtora é o caminho para a televisão, e para distribuir o conteúdo do DVD em outras janelas. “Olho para esse mercado e acho que é um desafio das produtoras, dos artistas e das gravadoras se envolver mais com os canais de TV e fazer projetos multiplataforma”, diz. “Assim todos saem ganhando: a TV recebe conteúdo e a produtora participa ativamente como elo da cadeia”, comenta.

Para Giannetto, é preciso ver as oportunidades que se criam no mercado pela falta de investimento das gravadoras. “É preciso entrar em parceria com os artistas para a geração de conteúdo, independente de ser só para o DVD”, diz.

Com cerca de 14 shows produzidos para o SescTV em 2010,

espaço para interação. Em outros o trabalho é restrito à produção de vídeo. No caso do DVD do Rappa na Rocinha, por exemplo, era apenas um registro do show, sem intervenções da produtora”, lembra Domingues, que dirigiu o DVD.

Como a captação das imagens e do som costumam acontecer em uma ou duas diárias, os DVDs contam com pré-produção apurada. Em casos em que há mais de um dia para captação do DVD, o segundo dia costuma ser o mais “aproveitável”, já que o primeiro está mais suscetível a erros. “Na estreia, o artista normalmente está mais nervoso”, lembra Zavala.

Há ainda a possibilidade de gravar em ângulos mais fechados durante os ensaios e corrigir imperfeições de som em estúdio. “Às vezes uma regravação de um instrumento é natural, mas eu questiono algumas coisas. O que vale mais? É a emoção do dia da gravação ou a qualidade técnica?”, pergunta Domingues.

O que parece ser comum a todas as produtoras que trabalham com DVDs musicais, sejam elas especializadas neste segmento ou não, é que a evolução natural do DVD é o Blu-ray, e por isso, todas as gravações realizadas atualmente são em alta definição, independente de como será finalizado depois. “De 14 DVDs que fizemos em 2010, cinco foram lançados também em Blu-ray”, conta Troncoso.

Para Domingues, a substituição do DVD pelo Blu-ray é uma questão de redução dos preços dos players e das mídias. “Com o avanço do conteúdo HD nas televisões abertas, e com a venda cada vez maior de televisores de alta definição é garantido que a venda de conteúdo full HD terá sucesso no Brasil”.

Para a Real Filmes, o próximo passo é o DVD de show gravado em 3D. “Já fizemos uma captação teste. Estamos montando essa estrutura e pretendemos fazer um DVD 3D para o segundo semestre”, conclui Giannetto.

Giannetto acredita no espaço disponível em canais que precisam de conteúdo de independentes para completar a grade. “Não se trata só de receber demanda, mas de procurar as TVs”, ressalta.

Ele lembra que além da TV existem possibilidades no cinema, com a exibição de shows em 3D e de filmes com tema musical.

criatividadeAlém dos modelos de negócios

diferenciados, a falta de investimentos por parte das gravadoras e a demanda de artistas independentes em fase iniciante e com poucos recursos provoca ainda uma necessidade de criatividade na produção do DVD. “No Brasil, a verba para fazer as produções é mais limitada que nos Estados unidos, por exemplo”, diz Giannetto, lembrando que a Real Filmes tem representação em Los Angeles. “Temos que ser criativos e fazer mais com pouco”.

Além disso, é preciso diferenciar um DVD de show de outro, já que este tipo de produção corre o risco de se tornar parecida com outras do mesmo gênero. “Nosso desafio é fazer um produto diferente a cada DVD”, diz Troncoso.

Na produção também existem níveis diferentes de envolvimento com o produto. Algumas produtoras fazem apenas a gravação, com captação, edição e finalização, e outras participam mais ativamente do processo de produção do show, com conceituação de cenários e iluminação. “Eu só não interfiro na parte musical, no repertório”, exemplifica Troncoso.

“Em alguns casos, o artista dá mais

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Banda Tche Garotos: gravação de DVD foi feita pela HD Produtora, que faz outros trabalhos musicais para se manter.

Gravação do DVD da banda gospel Apocalipse 16, da Real Fimes: para diretor Rodrigo Giannetto, parceria com artistas deve ser para a produção de conteúdo, independente do formato.

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segmento aéreo espacial• Novas aplicações em comunicações marítimas, meteorologia,

imagem, sensoriamento remoto.

a reunião de toda indústria de satélites da américa Latina.

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personagens em diferentes meios, ao longo do seu dia a dia e eventualmente interagir com essa história.

O “Diário de Sofia”, criado pela beActive e exibido no Brasil em 2007, foi um dos primeiros conceitos a explorar esta técnica. Ao longo do dia, a audiência do programa acompanhava as aventuras e desventuras de Sofia, na Internet, nos celulares, no rádio, em revista e na TV. No fim de cada

episódio exibido na TV, os fãs poderiam decidir o que a personagem principal da história deveria fazer no dia seguinte (no episódio seguinte) para resolver um determinado problema. Ao longo do dia, as personagens enviavam mensagens de SMS para os fãs e estes poderiam responder e

contatar as personagens via SMS e e-mail. A ligação entre personagens e audiência era fortalecida e estendida para além de um contato diário ou semanal (como acontece com um programa tradicional de TV).

A série seguiu o seu caminho e fez história, tornando-se o primeiro formato transmídia, tendo até hoje sido produzido em versões locais em mais de dez territórios diferentes e exibido em mais de 30 países. Em 2006 conquistou uma major de Hollywood, a Sony Pictures Television, e transmídia passou a ser algo que entrou na agenda das majors e dos grandes grupos de mídia.

(artigo)

Transmídia: buzzword ou o conceito que vai mudar a indústria?

Transmídia é uma palavra ainda pouco divulgada nas mídias brasileiras, mas é um termo que já festejou o seu vigésimo aniversário.

Marsha kinder, em 1991, no seu livro “Playing with Power in Movies, Television and Video Games”, introduziu o tema de “transmedia intertextuality” ao analisar algumas das marcas de entretenimento mais icônicas, desde as Tartarugas Ninja até os Muppets.

No entanto, o conceito esteve mais ou menos adormecido durante quase duas décadas, até que em 2003, o professor do MIT Henry Jenkings publicou o artigo “Transmedia Storytelling”. Esta foi uma das primeiras análises acadêmicas sobre o tema de criar e contar histórias em várias mídias e plataformas em simultâneo. Alguns meses antes, em Portugal, a beActive lançava o “Diário de Sofia”, um dos primeiros casos em nível mundial na área do transmídia.

Mas o que é o transmedia storytelling? De uma forma simples, é uma técnica de contar histórias, sejam filmes, séries, livros, não concentrada numa só plataforma, mas através de um mundo (o chamado story world) que é mais largo e extenso do que uma só mídia, do que um livro ou um filme, que terá várias pontos de entrada para o espectador (ou leitor). Estes diferentes pontos de entrada numa história são normalmente materializados em diferentes mídias. Ou seja, numa história criada usando os princípios de transmídia, o espectador pode ir acompanhando a trama e as

Nuno Bernardo*c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

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* Produtor transmídia e autor do livro “The Producer’s Guide to Transmedia”. Sócio e diretor da beActive.

A AuDIêNCIA ESPERA

TER TIPOS ESPECÍFICOS

DE CONTEúDO PARA

CADA MÍDIA.

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T e l a V i V a • m a i 2 0 1 1 • 55

processoMas como desenvolver um

projeto transmídia? A primeira coisa a se ter em mente é que essa forma de narrativa exige que você “costure” o conteúdo com precisão, considerando os diferentes meios nos quais o público irá consumi-lo. Lembre-se, você não pode ter o mesmo conteúdo sendo exibido em todos os meios, simplesmente porque a audiência espera ter tipos específicos de conteúdo para cada mídia.

Quando foi dado início ao desenvolvimento de vídeo para celulares, os responsáveis acreditavam que o sucesso estava garantido se eles oferecessem o mesmo conteúdo televisivo que os expectadores tinham acesso toda noite em casa. Na verdade, essa abordagem estava completamente equivocada, porque a experiência que as pessoas estavam à procura ao acessar conteúdo em seus telefones era completamente diferente daquilo que queriam quando sentados nos seus sofás em suas casas.

Se alguém estava disposto a usar o celular para acessar conteúdo, era mais provável que eles quisessem conteúdo de duração curta, ao contrário de um documentário de uma hora. Sendo assim, agora os espectadores desejam que cada meio tenha sua própria linguagem e que o conteúdo seja concebido em acordo com a linguagem e estilo característicos daquele meio.

Em todos os projetos transmídia nos quais eu trabalhei, nós tínhamos sempre que relembrar os criadores e escritores que não se pode contar com que todos os expectadores irão acompanhar todas as mídias; eles, na verdade, até devem estar seguindo em apenas um ou dois meios diferentes. Cada mídia, no entanto, deve ser uma recompensadora e agradável experiência por si só e qualquer espectador deve saber o que está acontecendo no geral, simplesmente

acompanhando a história através de um ou dois meios.

Na prática, quer dizer que você precisa estudar o usuário para ver como ele consome informação naquele meio. Por exemplo, quando você ouve rádio, você pode estar dirigindo um carro, andando ou sentado num metrô. Esse nível de distração significa que, para o rádio, você precisa pílulas de conteúdo curtos e certeiros. Dessa forma, uma vez que você tende a estar fazendo qualquer outra coisa enquanto assiste sua TV, esse é um conteúdo tipicamente entregue em quatro blocos de trinta minutos. Quando você considera um meio cheio de distrações como a Internet, sua janela típica de oportunidade encolhe para minúsculos três a cinco minutos, e assim sua escrita precisa ser clara, simples e concisa.

uma das coisas que nos surpreendeu ao iniciar a narrativa para telas pequenas foi o quanto que a tela está fisicamente próxima do público. uma discussão, por exemplo, ocorreria muito mais próxima fisicamente do público do que se ele estivesse assistindo na TV. Nós percebemos que o público entende que essa proximidade é muito mais violenta para confrontos que a mesma cena vista através de uma TV.

Por um lado, essa intimidade torna mais provável que você verá os personagens como amigos. uma das primeiras coisas que eu aprendi cedo nesse meio foi que, se os personagens vão aparecer próximos dos espectadores, eles realmente precisam ser tocantes, apelativos. Se logo de início o personagem funciona bem e prende a atenção do espectador, então o escritor terá a oportunidade de criar uma verdadeira ligação entre espectador e personagem. Interações personalizadas intensificam a experiência com o espectador recebendo, por exemplo, mensagens SMS e e-mails diretamente do personagem.

Esse tipo de contato íntimo quer dizer que, através dos personagens, você

provavelmente desenvolverá um engajamento profundo com o espectador. uma vez desenvolvida essa relação, você observará os espectadores retornando várias vezes ao longo da semana para ler o blog do personagem, ver as fotos no seu perfil do Facebook, participar de uma votação etc. Você pode interagir com o espectador ao longo de toda a semana. Essa é uma

das grandes vantagens do transmídia.

Em 2011, transmídia já é um termo usado em toda a indústria, e uma metodologia que os grandes estúdios utilizam para garantir audiências para os

seus programas de TV e para os blockbusters que anualmente inundam o verão cinematográfico. Filmes como “Batman Returns” ou “Terminator Salvation” foram complementados por uma larga campanha transmedia simultânea com a distribuição em sala do filme. Séries como “Lost” ou “Heroes” foram igualmente exemplos de como o transmídia pode ser usado para atrair uma legião de fãs em volta de uma série.

Mas será que o transmídia vai mudar as indústrias do cinema e a televisão? No meu ponto de vista, a televisão vai continuar a ser o meio de comunicação de massas, e com os seus grandes eventos televisivos, como o futebol ou programas de entretenimento como “Ídolos”, vai continuar a atrair grandes audiências. Mas é na área da ficção e dos documentários que o transmídia storytelling vai permitir a produtores e criadores satisfazerem mais eficazmente as necessidades de uma audiência que é cada vez mais multiplataforma, on-demand e que cada vez procura mais uma experiência de entretenimento criada especificamente para si.

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CONSOME INFORMAçãO EM

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(making of )

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Em busca de uma estética desértica, diferente das paisagens encontradas no Brasil, o diretor Luis

Carone, da Paranoid BR, partiu para o Chile. A ideia do comercial, criado pela WMcCann, era mostrar uma moto sendo formada peça por peça, por meio da ação do óleo Mobil Super Moto.

A paisagem desértica encontrada em uma cidade próxima aos Andes tinha não apenas o cenário ideal, mas a luz necessária. “A altura do sol é mais baixa do que no Brasil. Trabalhamos muito com contraluz”, diz o diretor do filme. “Seria necessário um parque de luz muito forte para iluminar esse espaço artificialmente, o que não seria possível ou necessário. utilizamos diversos espelhos, e apenas a luz natural”.

O trabalho mais rústico, utilizando apenas a beleza original dos cenários e a luz natural, foi o contraste ideal para a outra metade do filme, totalmente feita em computação gráfica.

O ambiente foi captado em 360º para servir de cenário para os elementos 3D que seriam adicionados na pós-produção. Os elementos foram modelados antes da filmagem, para uma pré-visualização. Diversas peças que voam em meio à poeira para formar a moto são peças de bibliotecas da própria produtora. “O que não podíamos adquirir, tivemos que modelar”, diz o diretor. “As partes de dentro do motor são mais artísticas, não tão fiéis às peças de um motor real”, lembra.

O comercial deixa de ser feito em computação gráfica no momento em que a moto, já pronta, cai no chão e segue viagem pelo deserto. “Até mesmo o primeiro momento em que o motociclista aparece foi feito em 3D”, diz Carone.

O diretor conta que um dos

maiores desafios deste comercial foi resolver a transição do motociclista e da moto 3D para o objeto e a pessoa reais. “No começo, pensamos em fazer a transição sem corte, mas o 3D não ficava 100% idêntico”, conta.

Também na pós-produção, a altura do salto do motociclista real, filmada no Chile por uma produtora local responsável pelos efeitos visuais físicos, foi reposicionada. “A moto é pesada, e o salto acabou sendo de 40 centímetros de altura”, conta o diretor. “Reposicionamos na pós para que tivesse um metro”.

Para Carone, esse comercial teve ainda um outro desafio. Esse foi o primeiro trabalho com tantos efeitos e em full 3D da empresa de pós-produção que ele abriu para atender a Paranoid, a Jonathan Post. “Em um filme sem casting, as limitações são todas técnicas”, diz.

Daniele Fredericod a n i e l e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

O rústico e o tecnológico

Cenário desértico do comercial foi captado apenas com luz natural.

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FICHA TÉCNICA

Agência WMcCannProduto Mobil Super Moto 4T Mx 15W-50Título PeçasProdutora Paranoid BRDireção Luis CaroneDireção de arte Francisco FabregaDir. de fotografia Pierre De kerchoveEdição Alex LacerdaAnimação e efeitos Jonathan PostFinal. e pós-produção Jonathan PostProdutora Som TentáculoTrilha Rogério PereiraLocutor Dênis Garcia

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Mesmo com as diferentes técnicas de animação disponíveis no mercado, o diretor de cena e criativo

Dulcidio Caldeira escolheu criar a sua própria. Em seu projeto, uma série de bexigas desenhadas seriam alinhadas e estouradas uma a uma, com toda a ação sendo captada por uma câmera sobre um trilho. Ao dar lugar à bexiga seguinte, com o desenho diferente, uma animação seria formada. O projeto ambicioso fazia parte do plano de Caldeira de montar um portfólio como diretor de cena, após uma carreira em criação publicitária.

Para verificar a viabilidade da empreitada, Caldeira fez um teste na garagem da produtora, e passou a oferecer a ideia para as agências, até que a proposta se encaixou em uma campanha da MTV.

Para que a animação funcionasse, seriam necessários pelo menos dez balões por segundo, totalizando 600 balões alinhados em 200 metros de trilho. “O máximo que encontramos foram 140 metros de trilho, o que nos obrigou a dividir o filme em mais de um take”, conta o diretor.

Esse espaço seria necessário pois a ideia inicial era fazer a animação com 60 segundos. No entanto, algumas alterações foram feitas pelo diretor, e a animação perdeu alguns dos segundos previstos. “Optamos por começar mais devagar, para mostrar os balões estourando, e ao final mostrar a ação de longe, para que as pessoas vissem como foi feita a animação”, diz Caldeira.

A velocidade do carrinho era de 10 km/h, mas o diretor optou por filmar também em highspeed, ou seja, com efeito de câmera lenta, para mostrar em detalhes a explosão dos balões. A captação em 72 quadros por segundo, porém, fez com que as partículas de borracha dos balões obstruíssem a câmera. “Diminuímos para 48 quadros

A pós-produção entrou em cena apenas para reposicionar alguns balões e para apagar as cruzetas e os números dos frames impressos nos decalques. “Procuramos preservar o que tinha sido conquistado. Seria muito mais fácil ter feito o filme com balões brancos trabalhados depois na pós, mas os defeitos enriquecem o material”, diz Caldeira.

Até mesmo a luz de fundo do estacionamento de um shopping em São Paulo, foi mantida. “Assumimos as variações de luz que aconteceram durante o dia”, conclui o diretor.

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por segundo, passamos a velocidade para 20 km/h, para manter a duração do filme, e aumentamos o tamanho da agulha, para que os restos de balão caíssem antes da câmera”, explica o diretor.

Como os balões murcham com rapidez e desenhar à mão cada um deles seria inviável, a solução para os desenhos foi a utilização de decalques. “Conversei com o produtor gráfico da Loducca, e chegamos à conclusão que não seria viável financeiramente imprimir diretamente nos balões”. Assim, foram impressas películas de verniz, com a figura da animação, o número do frame e uma cruzeta que sinalizaria o alinhamento dos balões, que eram molhadas e aplicadas.

Para filmar os seis ou sete takes uma verdadeira linha de produção foi montada. A primeira equipe enchia os balões dentro de uma caixa, para manter a uniformidade. O segundo time molhava o decalque, colava nos balões e os colocavam para secar. E um terceiro grupo colocava os balões no trilho, alinhados com a ajuda de um laser. “Depois era só ligar o motor, programar a velocidade, e em um minuto acabava”, lembra o diretor.

FICHA TÉCNICA

Agência LoduccaAnunciante MTVCriação Dulcidio Caldeira, Andre Faria e Guga ketzerProdutora Paranoid BRDireção Dulcidio CaldeiraFotografia Alexandre ErmelAnimador/Ilustrador Daniel SemanasFinalização Sindicato VFxTrilha Hilton Raw

Estourando a boca do balão

Diretor criou animação a partir do estouro de balões alinhados.

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Bollywood DreamCom empréstimo pessoal e parcerias, diretora iniciante realiza coprodução com a Índia

A proposta era fazer uma viagem para “descondicionar o olhar” ao terminar o Ensino Médio, antes de escolher

o curso universitário. A Índia, o destino escolhido por Beatriz Seigner para passar seis meses no ano de 2003, já exercia fascínio sobre ela, praticante de dança indiana. Antes de partir, aos 18 anos e com uma câmera na mão, a diretora, que já tinha feito aulas de teatro e oficina de curta-metragem na Associação Cultural kinoforum, em São Paulo, pensava em produzir algo misturando Brasil e Índia. Beatriz ainda passou um tempo estudando cinema e teatro em Roma antes de voltar.

No entanto, o insight para a produção de “Bollywood Dream – O Sonho Bollywoodiano” só veio na volta da viagem, em uma conversa com amigos atores que queriam saber das possibilidades de trabalhar na indústria de cinema indiana. “Na hora me veio a ideia na cabeça, já com o título”, conta Beatriz.

Ela começou a trabalhar no roteiro de um longa-metragem sobre três atrizes brasileiras que vão para a Índia tentar a sorte na indústria cinematográfica e, na empreitada, entram em contato com as diferenças culturais e de valores entre o oriente e o ocidente. Os papéis já foram construídos para o trio de protagonistas, atrizes e amigas de Beatriz, Paula Braun, Lorena Lobato e Nataly Cabanas. Com o roteiro pronto, a ideia começou a ganhar força em 2007, quando aconteceu uma mostra de cinema indiano na Cinemateca Brasileira e Beatriz teve a oportunidade de conhecer o produtor Ram Devineni, que vem de uma família tradicional de diretores de cinema na Índia e tem uma produtora

técnica, transporte interno e equipamentos. Em contrapartida, ficaria com 30% da renda líquida do filme. Beatriz, que fez questão de garantir no contrato os direitos do corte final e total liberdade artística, fez um cálculo para saber de quanto precisaria para cobrir as demais despesas, como passagens aéreas, alimentação e salários.

“Sabia que os custos eram baixos na Índia. Com uS$ 20 mil conseguiria bancar o resto. Fui ao banco e perguntei que tipo de empréstimo podia fazer. Fiz empréstimo para quem quer comprar um carro”, diz a diretora.

Em agosto de 2008, a diretora partiu para a Índia onde ficou 12 semanas filmando. um mês

em Nova Iorque, a Rattapalax. Beatriz enviou o roteiro traduzido.

Devineni gostou e demonstrou interesse em coproduzir um filme com o Brasil. Entre o final de 2007 e início de 2008, a diretora se encontrou com o produtor na Índia e passou seis semanas escolhendo locações. Na volta ao Brasil, ela inscreveu o filme em editais para tentar captar recursos, mas não teve sucesso.

“As pessoas tinham um certo receio, uma diretora estreante, uma história na Índia. Os editais exigiam rodagem aqui. A sensação era que com recursos normais íamos demorar dez anos e nós tínhamos urgência”.

empréstimoO produtor indiano havia oferecido

hospedagem à equipe, estúdio, equipe

SEM SuCESSO NA CAPTAçãO DE RECuRSOS INCENTIVADOS, A DIRETORA FEz uM EMPRÉSTIMO DE uS$ 20 MIL PARA BANCAR AS DESPESAS NãO COBERTAS PELO PRODuTOR INDIANO.

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O filme foi rodado em nove cidades indianas. A principal foi Chennai.

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depois,chegaram as atrizes brasileiras que contracenaram também com o elenco indiano. O filme foi rodado em nove cidades indianas onde estão os Estúdios Prasad. A principal cidade foi Chennai.

As ideias que Beatriz tinha para o filme e os métodos de trabalho da equipe indiana que estava à disposição da diretora conflitavam. “Eles nunca tinham feito um filme que não fosse indiano. Quando a gente começou a filmar, a nossa diferença estética era um abismo. Eles queriam glamourizar e eu queria realismo”, lembra ela. A equipe, acostumada a fazer produção para o cinema industrial, queria, por exemplo, imagens em plano e contra-plano. Não é costume do cinema indiano captar som direto. As vozes dos atores são dubladas em estúdio e Beatriz queria som direto para garantir a naturalidade e trabalhar com plano sequência. Os choques culturais não pararam por aí: a equipe também não estava acostumada a receber as ordens de uma mulher.

A solução que o produtor indiano encontrou para tornar mais fácil o trabalho de Beatriz foi trocar a equipe e colocar à disposiçao da editora profissionais mais jovens, com conhecimentos do cinema produzido em outras partes do mundo, em especial na Europa.

sócios no filmeA diretora voltou ao Brasil com

90 horas de gravação. Sem dinheiro para a montagem e pós-produção, ela conseguiu fazer parcerias e colocou todos profissionais que trabalharam no filme como sócios, com direito a uma porcentagem da renda líquida. Pelos cálculos que fez, incluindo o empréstimo e uma estimativa dos salários dos profissionais, o orçamento do filme seria por volta de R$ 600 mil. Beatriz ainda teve que voltar à Índia uma vez para dublar alguns atores.

SinopSe: Três atrizes brasileiras decidem tentar a sorte em Bollywood, indústria

cinematográfica da Índia. Mas, uma vez inseridas no coração da mitologia e

cultura indiana, enquanto esperam por seu teste, seus sonhos se modificam no contraste entre o ancestral e o novo, o oriente e o ocidente, entre os anseios

individuais e coletivos.

BOLLyWOOD DREAM – O SONHO BOLLyWOODIANO

produtoras Miríada Filmes, Rattappalax Films e Cinepro

Roteiro Beatriz Seigner

Direção Beatriz Seigner

produção Ram Devineni, Fernando Fraiha e Beatriz Seigner

Em 2010, Beatriz inscreveu o filme em vários festivais. “Bollywood Dream” foi selecionado para a competição oficial da 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e foi um dos filmes mais bem votados pelo público, além de ganhar várias críticas positivas. Neste período, Beatriz se aproximou de alguns distribuidores e conseguiu a distribuição pela Espaço Filmes.

Outras dificuldades viriam com os recursos para o lançamento. A diretoria não queria perder a data de 29 de abril de 2011, indicada pela distribuidora. A aprovação da Ancine chegou em cima da hora. Beatriz conseguiu com o consulado indiano em São Paulo o contato de algumas empresas que atuam no País e foi atrás de ajuda. Junto com o produtor de lançamento, Ibirá Machado, a diretora criou promoções com restaurantes indianos, escolas de ioga e de dança indiana, por achar que o público que frequenta estes lugares pode ter afinidade com o tema do filme. Quem tem acesso a

esta promoção pode levar um acompanhante ao cinema de graça.

O filme entrou em cartaz e Beatriz tem acompanhado as críticas e frequentado algumas sessões para captar as reações do público. Ela abriu uma produtora para poder continuar desenvolvendo projetos no audiovisual. Atualmente, ela trabalha no desenvolvimento do roteiro do longa-metragem de ficção “La Contadora de Película”, dirigido por Walter Salles, em roteiros da série “Nos Caminhos da Escola”, com direção-geral de Heloísa Passos para o SescTV, na montagem do documentário “O Estado de Risco Poético do Mundo”, e no desenvolvimento do roteiro dos próximos filmes que vai dirigir. um é uma coprodução com a Colômbia, chamada “Barqueiras Aires” e outro é uma coprodução com Angola e Portugal.

ANA CAROLINA BARBOSA

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( tecnologia)

O triunfo da imagem Com lançamentos de equipamentos de aquisição e projeção e evolução do fluxo de trabalho na pós-produção, a imagem 4k “de ponta a ponta” é quase realidade.

Produzir e entregar ao expectador conteúdo com resolução 4k deixou de ser visto apenas como promessa. Mesmo

considerado um segmento restrito à pesquisa e a poucas produções, é consenso que muitos dos desafios iniciais já foram superados desde o lançamento da câmera RED One. Agora, com a chegada de projetores e da CineAlta F65 da Sony, o mercado mais uma vez se reinventa para aproveitar ao máximo esta super resolução.

O clima do set de filmagem pode até parecer o mesmo: a repetição quase infindável de cada take, a fotografia esmerada, o entra e sai atribulado das pessoas e a pressão pelo resultado. Mas há sempre algo mais a acrescentar e, neste modus operandi, nada mais saudável que seja uma nova tecnologia.

Desde que o sucesso na arte de entreter é o resultado direto da capacidade de inovar, nada mais justo do que citar um dos pais desta arte no mundo moderno: Walt Disney.

Figura obstinada pela perfeição, uma de suas exigências recorrentes era obter a mesma qualidade sonora de um concerto ao vivo em seus filmes. Não satisfeito com a tecnologia da época, convocou a RCA e financiou ele próprio o desenvolvimento do Fantasound, um sistema multicanal que se tornou o embrião da sonoridade das salas de cinema de hoje. Com o ímpeto desbravador que nunca lhe faltou, chegou a reproduzir, durante a exibição de seus filmes, elementos como o vento e aromas quando a cena exigia. Tudo isso aconteceu em

constrangimento, admitir a pretensão de reinventar a indústria das câmeras cinematográficas. É claro que isso foi uma bomba atirada aos puristas do gênero. Porém, o descrédito de muitos também foi encarado como pioneirismo e coragem por outros. E isso, sabemos, cria legiões. Juntou-se a isso o fato de o diretor Steven Soderbergh usar uma Red One no longa “Red Canvas” e declarar que “esta é a câmera que eu tenho esperado por toda a minha carreira”. “O Livro de Eli”, “O Informante” e, recentemente, o premiado “A Rede Social” são os filmes onde pode-se ver a Red em ação.

red, verde e amareloNo Brasil, a Red One

chegou em meados de 2008, sem os mecanismos formais de importação, vendas ou suporte. Era comprar pelo site e sair trabalhando por aqui. Ednei Sulzbach, segundo assistente de câmera e DTI, sigla de Digital Image Technician, recorda as

Mario Luis Buonfiglioc a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

1937, quando seu estúdio realizava as primeiras exibições de “Fantasia”. Paralelos à parte, o que se busca sempre, seja qual for a época, é reinventar essa “realidade” para quem está do outro lado da tela.

A tecnologia 4k talvez seja a mais nova aposta nesta direção. Sem querer dizer quem deu ou não a largada, é inegável que a visão empreendedora da Oakley e de seu fundador Jim Jannard foi decisiva ou, no mínimo, curiosa. Depois de dois anos de desenvolvimento, sua empresa lançou nos Estados unidos em 2007 a Red One, câmera compacta e de baixo custo com a prometida resolução (no sensor) de 4520 x 2540 pixels.

Surpresa ainda maior foi o fato da Oakley ser uma companhia da área de materiais esportivos e, sem

Lançada em 2007, a Red One trouxe ao mercado, com baixo custo, a resolução 4250 x 2540.

“Esperamos que o mercado dê uma olhada

um pouco mais séria para o assunto e a gente

comece a ter demandas mais reais de produção”

José Francisco Neto, da CinePro/DOT

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suas primeiras impressões sobre a câmera. “Na época foi uma febre e ela era requisitada para projetos grandes e comerciais, e por isso era muito respeitada. Mas tínhamos muitos problemas também. O software precisava ser atualizado constantemente, o que dava a sensação de um equipamento inacabado. Eles tiveram que mudar a estrutura de gravação do arquivo, principalmente no que diz respeito à captação das baixas luzes, porque o canal azul tinha um ruído absurdo. Nesta situação, fazer uma noturna era muito difícil. Hoje é uma câmera muito mais estável, porém sua procura diminuiu, uma vez que existem câmeras que oferecem recursos mais interessantes. Mesmo assim, o mercado continua propício para a Red porque ela continua barata” diz Ednei.

Sem dados concretos, a percepção é que, em função deste diferencial de custo, o número de pessoas físicas que adquiriram o equipamento foi maior do que em outras épocas do cinema, lembra Ednei. “Antes, equipamentos para cinema só conseguiam ser bancados por locadoras ou grandes produtoras. Hoje isso mudou. Eu conheço um fotógrafo que, em vez de comprar um apartamento, comprou duas Reds com lente e tudo”, conta.

Ao se deparar com a Red One pela primeira vez, com exceção da parafernália de lentes e demais acessórios, resta apenas a visão de um equipamento muito simples. Toda a óptica é de cinema, inclusive o tamanho do sensor. O armazenamento é feito em um cartão compact flash de 8 GB, ou ainda a combinação de dois HDs externos em RAID. Recentemente, foi lançada uma unidade de memória sólida de 128 GB que pode ser inserida na mesma carcaça do equipamento. um avanço, sem dúvida, mas este tipo de memória ainda tem um custo

1920x1080 pixels.Outro modelo muito

admirado pelos fotógrafos, a ARRI Alexa, tem a resolução de 2k, ou 2048x1080. Estética da imagem e tradição dos concorrentes à parte, o alarde em torno da qualidade da Red One é discutível. Tudo por conta da configuração

espacial de RGB durante o processamento da imagem, que permite que apenas um canal tenha realmente a resolução 4k. Controvérsia? Sempre. E faz parte da cultura da Red mesmo. Se você quiser formar sua própria opinião, existem na Internet uma infinidade de discussões técnicas que tanto enaltecem ou criticam a Red, além, é claro, o reduser.net, a comunidade oficial do equipamento.

Workflow já é realidadeMesmo com o 4k esquentando

os motores para ganhar mercado, é sabido que o delivery na mesma resolução está apenas dando os primeiros passos, ou seja, que a entrega do produto final para o espectador vai ter que esperar.

O que acontece, na prática, é a finalização do conteúdo em 2k, assim como a projeção, que é o mercado já consolidado na cinematografia digital. Mas, como essa cadeia de produção é extremamente dinâmica, algumas soluções começam a chegar para resolver esta questão no Brasil.

Foi essa a proposta da CinePro/DOT, finalizadora localizada em São

Paulo que implementou, há pouco mais de seis

meses, o conceito de data center. “Somos uma empresa focada no mundo dos

arquivos. Todo o nosso workflow é feito por

dados. E sendo dados, somos independentes de resolução”, explica José

elevado e pouca disponibilidade no Brasil.

Quanto aos arquivos, estes são proprietários e têm a extensão r3d, que são abertos pelo programa gratuito Redcine-X, que pode ser baixado pelo site da própria Red. “A nomenclatura é muito simples. O r3d é um arquivo RAW (tipo de arquivo inacessível, como um negativo de cinema) com 4k de resolução. A câmera gera também os arquivos MOV, de 1k ou 2k para eu fazer uma primeira correção de cor ou até editar o material

no meu Final Cut”, ensina Ednei Sulzbach (sabe-se que a Apple já tirou do forno o Final Cut X que, ao que tudo indica, terá suporte, por meio de periféricos, aos arquivos em 4k).

cinema com custo de vídeoNo quesito preço, a Red One

confirma sua fama. O corpo, segundo o site da empresa, custa uS$ 25 mil, enquanto que a recém-lançada Epic tem o preço inicial de uS$ 58 mil, também sem a lente.

Em termos comparativos, a Red One capta e entrega ao usuário os mesmos 4k com compressão (dependendo do frame rate), enquanto a Panavision Genesis, por exemplo, mesmo tendo uma maior resolução no sensor, entrega a imagem em HD 1080p, ou

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çãO“O mercado continua

propício para a Red porque ela continua barata”

Ednei Sulzbach

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Há AVANçOS NA TECNOLOGIA DE CAPTAçãO EM 4k. O DELIVERy, NO ENTANTO, AINDA TEM QuE ESPERAR.

F65 CineAlta marca a chegada da Sony na captação em 4K.

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(tecnologia)

Francisco Neto, o Chiquinho. Na CinePro/DOT, segundo ele, o 4k já é realidade. Chiquinho lembra ainda que o impeditivo para muitas operações é o tamanho dos arquivos. “um frame sem compressão em HD pode ter 9MB. Em 2k, o número sobe para 14 MB e em 4k, pode ter de 48 MB até 100 MB, dependendo do tipo de arquivo”, exemplifica.

Quando vemos a estrutura da CinePro/DOT, dá para entender o que significa este novo workflow: recebimento dos arquivos de câmera, robotização em LTO dos backups, tráfego pela rede de fibra óptica para a central de armazenamento (com 80 TB e expansível), chegada do material aos telecines Scratch e, por último, a finalização, que pode incluir o DCP, a cópia de exibição para o cinema.

“A gente oferece um serviço de revelação digital. Isso facilita o entendimento de que o processo é o mesmo do laboratório. Vem o magazine, o processamento e a entrega do material para que o cliente possa montar. E isso pode ser compatível, por exemplo, com o Final Cut ou Avid, com arquivos em ProRes, DVCPRO HD, 1080p, ou mesmo em 720p”, orienta Chiquinho.

Em relação à polêmica em torno da captação da Red, Chiquinho diz que isso termina no processo de finalização, uma vez que todo o

países. O grupo de estudos esteve na África do Sul durante a última Copa para mostrar a tecnologia 4k/3D (a partir de imagens feitas em um jogo em Porto Alegre) com esta super definição. O resultado deixou impressionados o público e especialistas que participaram da exibição. Segundo o físico e coordenador do projeto Eunezio Thoroh de Souza, o projeto está indo muito bem e atuando em várias frentes de negociação. Thoroh adianta que estão programados novos testes este ano com a tecnologia e que, em 2014, as exibições serão independentes da transmissão de TV comercial. “Serão exclusivas para a telona”, confirma. Veja os bastidores do projeto em www.2014k.org

tela cheiaOutra tecnologia muito aguardada

e que deu os ares na última NAB foi a CineAlta F65 da Sony. E não foi para menos. Enterrando de vez as dúvidas em relação à genuína gravação em 4k, a Sony anunciou que o sensor de sua CineAlta faz o sampler do canal verde da imagem duas vezes maior do que o “tradicional” padrão Bayer 4k, ou seja, 8k, o que dá 20.4 megapixels. Para Erick Soares, engenheiro de suporte a vendas da Sony Brasil, a nova linha CineAlta permite soluções de melhor relação custo/benefício com a mais alta qualidade de gravação através da

material, quando processado em sua empresa, se torna 4k obrigatoriamente.

Com forte participação no mercado de produção de longas e publicidade, o ambiente em 4k também faz parte, há cinco anos, da rotina de produção na O2 Filmes. Segundo Carlo Vecchi, em algumas cenas do filme “Ensaio sobre a Cegueira”, do diretor Fernando Meirelles, a resolução foi de 6k. “Finalizamos também o longa metragem ‘Enquanto a Noite Não Chega’, captado em Red e finalizado em 4k. Além disso, realizamos um dos primeiros projetos em Red para a TV Globo (“Som e Fúria”), que foi finalizado aqui na O2 em HDCAM SR”, conta.

Por ser uma oferta de tecnologia diferenciada, é natural que esteja também na mira dos centros de pesquisa. A própria CinePro/DOT finalizou para o laboratório de fotônica da universidade Mackenzie de São Paulo um exemplo do que pode ser a realidade do futuro em 4k. O projeto é ousado: transmitir em 4k e em 3D a Copa do Mundo de 2014 para 12 cinemas nas cidades-sede no Brasil e para mais 40

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Para quem está começando a ver cinema agora, certamente uma outra cultura visual entrou em cena. E, pelo mundo fora, as opiniões e práticas se dividem a respeito da estética digital versus fotoquímica.

O cineasta alemão Werner Herzog disse, ao filmar "My Son, My Son, What Have Ye Done", ter se desapontado com a câmera Red One. Tudo por conta da perda de vários momentos importantes da ação porque simplesmente tinha que esperar o equipamento reiniciar. “Uma câmera imatura criada por pessoas de computador”, afirmou sobre esta experiência. Para Carlo Vecchi, da O2 Filmes, a comparação entre as técnicas é vista de maneira diferente hoje. “Há dois anos eu responderia que a película era obviamente melhor. Mas, hoje, cada diretor tem a sua opinião sobre isso, pois existem muitas variáveis na produção de um filme. O que fazemos agora é misturar estes

formatos para viabilizar os projetos sem interferir na qualidade ou, até melhorá-la”, revela.

Segundo Chiquinho, da CinePro/DOT, a imagem digital de alta resolução, como o 4K, possui atributos que, para muitas pessoas é uma vantagem, mas, para outras, é uma desvantagem. “É tudo muito clean, não tem ruído. Por isso, foram criadas inúmeras ferramentas para se conseguir a plástica do filme.

Eu considero isso como um filtro de fantasia”, conta. Chiquinho salienta também que, no caso do drama, esse filtro faz o papel de atalho para o sonho, e que o inverso parece acontecer com a imagem sintética.

“Utilizar essas ferramentas na imagem digital são alguns dos pedidos que a gente tem aqui. Segundo os diretores, o resultado fica mais orgânico”, completa.

FILTRO DE FANTASIA

Gravador de estúdio SR-R1000 pode acessar imagens geradas na F65, da Sony.

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compressão SR, que é aceita como o padrão de fato para formato de masterização. Ainda em relação ao novo sensor, Soares garante que esta concepção oferece ampla resposta de espectro de cores, excelente range dinâmico, maior sensibilidade e melhor relação S/N que a sua antecessora, a F35, referência até então na produção com formato HDCAM SR. “Além disso, é possível escolher os modos de composição com relações 1.85:1, 1.78:1, 1.66:1, 1.33:1, 2.35 esférica, 1.3x anamórfico ou 2x anamórfico “cropado”, explica Soares.

Com o uso do sensor e a gravação 4k 16bit RAW, a Sony afirma que este se torna o primeiro sistema de captação que suporta o padrão IIF-ACES (Image Interchange Framework, da Academy Colour Encoding Specification).

Para ao armazenamento, estará disponível o gravador SR-R4 que, por meio do cartão SR Memory, pode gravar 4k RAW data com taxas de até 5 Gbps. “É uma tecnologia única que não tem similar por sua combinação de capacidade de armazenamento, transmissão de dados sustentado (throughput), segurança e portabilidade. Mesmo a captação em 3D se torna vantajosa com o SR Memory. Esta é uma das características do cartão por permitir a gravação dos 2 streams (olho esquerdo e direito) no mesmo gravador, de modo sincronizado e com máxima qualidade”, revela Erick.

Para outras câmeras como a F23, F35 e PMW-F3, existirão opções de gravadores docáveis como o SR-R3 e SR-R1”, reforça Erick. E se for necessário ampliar a capacidade de gravação, a nova tecnologia SR Memory permite o uso de cartões com capacidade de até 1 TB de alta performance e também alta disponibilidade de banda, o que significa trabalhar 4k RAW 26bit 24p com taxa de 2,4 Gbps. Isso dá uma autonomia de até

Composer, Apple Final Cut Pro, Blackmagic e AJA. Alguns produtores, como Curtis Clark, realizaram testes de produção que foram apresentados durante a NAB.

“A Sony resolve uma parte importante deste processo”, acredita Chiquinho, da CinePro/DOT, com a chegada da CineAlta F65. “Esperamos que o mercado dê uma olhada um pouco mais séria para o assunto e a gente comece a ter demandas mais reais de produção” acrescenta.

Em relação às datas de lançamento, a Sony divulgou que serão entre agosto e novembro deste ano. Os preços dos gravadores docáveis irão variar de uS$ 16 mil até uS$ 44 mil, dependendo de sua aplicação. O deck de mesa SR-R1000, de acordo com a configuração, custará entre uS$ 45 mil e uS$ 100 mil. A câmera ainda não tem preço

definido, com previsão de lançamento para outubro de 2011.

Ao que tudo indica, a sigla 4k ficará conhecida também fora do ambiente profissional. A rede uCI de cinemas trouxe com exclusividade para o Brasil, no final de 2010, a tecnologia de projeção digital 4k, que é superior às atuais Full HD. O acordo foi feito diretamente com a Sony Electronics e prevê a instalação de 24 novos projetores nos 15 complexos da rede do país. Nas novas salas Sony Digital Cinema 4k, como passarão a ser chamadas, o apelo é, sem dúvida, a surpreendente qualidade de imagem, com mais de oito milhões de pixels. O mesmo pode se dizer dos concorrentes, que lutam por seu lugar na poltrona. A Barco, uma das pioneiras na área de monitores broadcast, lançou na rede Cinemark americana os seus primeiros projetores DLP com resolução de 4k, o modelo DP4k-32B. Por lá, a sigla Cinemark XD é a marca que irá diferenciar estas salas das demais.

48 minutos em um único cartão. Reconhecida por oferecer produtos

que atendam todo o workflow, a Sony, no caso do 4k, adotou formatos de arquivos abertos e padronizados (MXF, DPX, RAW Data) de modo a permitir a interoperabilidade e a compatibilidade com fabricantes do mercado. Assim, quando a F65 envia seus dados para o gravador portátil SR-R4, eles se integram perfeitamente ao ambiente de

pós-produção. Os arquivos são visualizados por meio dos gravadores de estúdio, como o SR-R1000 ou transferidos pela unidade de rede SR-PC5. Entre os parceiros que já iniciaram o desenvolvimento para o suporte à tecnologia estão a FilmLight, Da Vinci Resolve, Autodesk, Quantel, Sony Creative Software, Avid Media

As nomenclaturas da resolução de imagens de cinema referem-se à quantidade de pixels por linha. O “K” simboliza o número 1024. Portanto a resolução 2K conta com 2048 pontos em cada uma das 1080 linhas; enquanto a resolução 4K conta com o dobro de pontos e de linhas (4096 x 2160).

2k E 4k

Projetores 4K da Barco foram adotados na rede Cinemark americana.

REDE uCI PLANEJA A PROJEçãO 4k EM 24 NOVOS PROJETORES DISTRIBuÍDOS EM 15 COMPLExOS NO BRASIL.

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(upgrade)

A Network Broadcast apresentou no mês de maio o set-top

box Smart, que conta com novo desenho de software baseado em MPEG-2 SD para TV digital. A novidade é que o equipamento mede apenas 15 cm de frente, 4 cm de altura e 9,5 cm de profundidade. Além do conteúdo recebido pela plataforma de TV, a caixa pode ser utilizada para reproduzir vídeo, música e exibir fotografias armazenados em dispositivos uSB. A porta uSB também permite gravar conteúdo, como um DVR. A caixa conta com saída de vídeo componente, saída RCA estéreo e saída SPDIF para home theater e um mecanismo de segurança que evita a saída acidental do smart card.

Voltada ao mercado profissional,

a placa gráfica GPu NVIDIA Quadro 400 oferece desempenho até cinco vezes superior que as placas voltadas para games em aplicações profissionais de animações, engenharia, entre outras. Com 512 MB de memória DDR3, o processador da Quadro 400 garante alta fidelidade visual, com mecanismo de núcleos de 30 bits (10 bits por cor) com uma gama dinâmica superior a um bilhão de variações de cores. Os drivers da Quadro 400 são otimizados e certificados para as principais aplicações profissionais. O consumo de energia é inferior a 35 watts e o perfil da placa é compacto, o que significa que pode ser usada em qualquer estação de trabalho.

O equipamento conta com conexão DVI e DisplayPort e tecnologia NVIDIA Mosaic, que permite ampliar a área de trabalho

Importada pela Royal Music, a câmera Q3HD, da Zoom, mira principalmente o mercado musical.

O equipamento, que tem os guitarristas Steve Vai e Joe Satriani como “endossers”, grava vídeo em HD, mas tem o áudio como ponto forte. A câmera, de operação simples, grava em formato MPEG-4 nas resoluções 1920 x 1080 (em 30 quadros por segundo) e 720p (em 60 quadros por segundo).

Os dois microfones condensadores do aparelho captam com qualidade próxima à de estúdio, em 24bit/96 kHz surround, em ambientes fechados ou abertos. O posicionamento dos microfones favorece a captação estereofônica, tornando a câmera atrativa para captação de shows ou ensaios para disponibilização do material na Internet. Segundo o importador, o equipamento também é ideal para uso jornalístico (entrevistas, cobertura de eventos), esportivo e musical.

A câmera vem com o software Handy Share, que permite editar áudio e vídeo, colocar efeitos, normalizar volume e subir os arquivos para sites como youTube. O equipamento conta com entrada de áudio estéreo, além de monitor de áudio e saída mini HDMI. Os arquivos são armazenados em cartão de memória SD, que pode ser expandido até 32 GB.

O preço sugerido no Brasil é de R$ 1 mil.

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Caixa compacta

áudio reforçadoVídeo processado

Câmera Q3HD, da Zoom, mira o

mercado musical.

Network Broadcast lança set-top compacto para TV digital.

Placa gráfica GPU NVIDIA Quadro 400 oferece desempenho superior.

para até oito monitores (usando uma placa para cada dois monitores), permitindo distribuir a barra de tarefas continuamente e também o escalonamento transparente de qualquer aplicativo.

O processador NVIDIA Quadro 400 também suporta a tecnologia NVIDIA 3D Vision e os óculos 3D com obturador ativo 3D Vision Pro, que oferecem visualização 3D estereoscópica.

O preço sugerido é de R$ 499,00.

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(agenda)Program Competition, Banff, Canada. Tel.: (1 416) 921-3171. E-mail: [email protected]. Web: www.bwtvf.com

19 a 25 Cannes Lions, Cannes, França. Tel.: (44 20) 7728-4040. Web: www.canneslions.com

21 a 24 Sunny Side of the Doc, La Rochelle, França. Tel.: (33 05) 4634-4652. E-mail: [email protected]. Web: www.sunnysideofthedoc.com

23 a 10 10º Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Florianópolis, SC. Tel.: (48) 3232-5996. Web: www.mostradecinemainfantil.com.br

24 a 1º/7 FAM 2011 – 15º Florianópolis Audiovisual Mercosul, Florianópolis, SC. Web: www.panvision.com.br

JULHO11 a 17 6º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3813-8333. E-mail: [email protected]. Web: www.festlatinosp.com.br

14 a 21 4º Festival Paulínia de Cinema, Paulínia, SP. Tel.: (19) 3874-5700. E-mail: [email protected]. Web: www.culturapaulinia.com.br

15 a 31 Anima Mundi 2011, Rio de Janeiro, RJ, e São Paulo, SP. Tel.: (21) 2543-8860. E-mail: [email protected]. Web: www.animamundi.com.br

AGOSTO5 a 13 39º Festival de Cinema de Gramado, Gramado, RS. Tel.: (51) 3235-1776. E-mail: [email protected]. Web: www.festivaldegramado.net

23 a 25 Broadcast & Cable, São Paulo, SP. Tel.: (21) 3974-2028. E-mail: [email protected]. Web: www.broadcastcable.com.br

25 a 2/9 22º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo – Curta kinoforum, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3034-5538. E-mail: [email protected]. Web: www.kinoforum.org

30 a 11/9 6º Cinefantasy – Festival Internacional de Cinema Fantástico, São Paulo, SP. E-mail: [email protected]. Web: www.cinefantasy.com.br

SETEmBRO6 a 11 Andina Link 2011, San José de Costa Rica, Costa Rica. Tel.: (57 1) 2498-229. Web: www.andinalink.com

9 a 15 38ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia, Salvador, BA. Tel.: (71) 3014-0678. E-mail: [email protected]. Web: www.jornabahia.com

13 a 17 9º Curta Santos, Santos, SP. Tel.: (13) 3021-8833. E-mail: [email protected]. Web: www.curtasantos.com.br

12 a 17 11º Curta-se, Aracaju, SE. Tel.: (79) 3302-7092. E-mail: [email protected]. Web: www.curtase.org.br

21 a 25 Ottawa International Animation Festival, Ottawa, Canadá. Tel.: (613) 232-6315. E-mail: [email protected]. Web: www.animationfestival.ca

29 a 2/10 BRAFFTv 2011 – Brazilian Film Festival of Toronto, Toronto, Canadá. Tel.: (11) 2615-7615. E-mail: [email protected]. Web: www.brafftv.com

OUTUBRO 1 e 2 MIPJunior, Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4920. E-mail: [email protected] Web: www.mipworld.com/en/mipjunior

3 a 6 MIPCOM, Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4920. E-mail: [email protected] Web: www.mipworld.com/en/mipcom

mAIO31 a 12/6 Cinesul 2011 – 18º Festival Iberoamericano de Cinema e Vídeo, Rio de Janeiro, RJ. E-mail: [email protected]. Web: www.cinesul.com.br. JUNHO6 a 10 34º Festival Guarnicê de Cinema, São Luís, MA. Tel.: (98) 3231-2887. E-mail: [email protected]

6 a 11 35º Festival Internacional de Animação de Annecy, Annecy, França. Tel.: (33 04) 5010-0900. Web: www.annecy.org

6 a 12 8º Femina – Festival Internacional de Cinema Feminino, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2576-5744. E-mail: [email protected]. Web: www.feminafest.com.br

9 a 16 21º Cine Ceará – Fetival Iberoamericano de Cinema, Fortaleza, CE. Tel.: (85) 3264-3877. E-mail: [email protected]. Web: www.cineceara.com.br

14 a 19 FICA – 13º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, Cidade de Goiás, GO. Tel.: (62) 3224-2642. E-mail: [email protected]. Web: www.fica.art.br

14 a 16 The Cable Show 2011, Chicago, EuA. Tel.: (202) 2222-2430. E-mail: [email protected]. Web: www.ncta.com

12 a 15 Banff World Television Festival

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15 e 16 de junho de 2011 Ponto de encontro de executivos de televisão de vários países, produtores, distribuidores de conteúdos e operadores de TV paga e telecom12º Forum Brasil – Mercado Internacional de Televisão, Centro de Convenções Frei Caneca, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: [email protected]. Web: www.forumbrasiltv.com.br

9 a 11 de agosto de 2011 O maior e mais importante evento de negócios de TV por assinatura, mídia, entretenimento e telecom da América Latina.ABTA 2011, Transamérica Expo Center, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: [email protected]. Web: www.abta2011.com.br

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