36
ANO12129JULHO2003 Mudanças na legislação de comunicação ficam para daqui a dois anos Nova rede quer espalhar o cinema digital pelo País TV Tem investe em marca única para atender mercado local Acompanhe as notícias mais recentes do mercado www.telaviva.com.br

Revista Tela Viva 129 - julho 2003

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista Tela Viva 129 - julho 2003

Citation preview

Page 1: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

ano12nº129julho2003

Mudanças na legislaçãode comunicação ficampara daqui a dois anos

nova rede querespalhar o cinemadigital pelo País

TV Tem investe em marca única paraatender mercado local

acompanhe as notícias mais recentes do mercadowww.telaviva.com.br

Page 2: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 3: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 4: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

editorialA partir desta edição de TELA VIVA, com o apoio das produtoras,

emissoras de TV, entidades organizadas do setor e fornecedores de equipamentos,

daremos início a uma campanha pública pela redução da carga tributária sobre

os equipamentos de produção e pelo fim do contrabando.

Entendemos que a atividade audiovisual, seja em cinema, publicidade

ou televisão, tem um caráter fundamental para a formação cultural do País, bem como

para a educação, informação e integração nacionais. Mais que isso, é grande

fomentadora de emprego e renda, além de potencial geradora de divisas internacionais,

pela exportação tanto de serviços quanto de conteúdos acabados, sem mencionar

a importância da difusão da cultura brasileira no exterior.

No entanto, boa parte dos insumos para esta atividade que se pretende industrial, mesmo

não tendo similares nacionais, são onerados com uma carga tributária violenta, que prejudica

a competição interna, o aumento nos investimentos e a democratização dos meios de produção.

A importação de equipamentos de áudio e vídeo, bem como de acessórios, iluminação etc.,

sofre uma enxurrada de impostos em cascata, além dos custos de transporte e seguro,

que podem aumentar em até 70% o valor de um bem, sem falar na conversão cambial.

Peguemos um exemplo hipotético: um determinado equipamento de vídeo que custe US$ 100 mil no

exterior (preço FOB) chegará ao País por US$ 110 mil, aproximadamente, após pagamento de frete,

seguro e outras despesas. Sobre este valor incide o Imposto de Importação (cerca de 13,9%). Em

cima do novo valor, paga-se IPI (14%). Ao total, soma-se o ICMS, que no caso do Rio de Janeiro, por

exemplo, chega a 18% mais 1% para o Fome Zero. Arredondando, o equipamento chega ao usuário

por nada menos que US$ 170 mil.

O resultado: muitas produtoras e até emissoras acabam apelando para o contrabando,

que não oferece garantias, seguro, assistência técnica ou suporte, além de não poder

ser financiado ou adquirido na forma de leasing. Sem mencionar as questões éticas

e o risco de quem comete uma contravenção.

TELA VIVA quer ajudar a mudar este quadro. Com uma tributação mais justa, as perdas para os

estados e a União seriam mínimas, pois o contrabando não paga impostos, os volumes destas im-

portações são irrelevantes na balança comercial brasileira, e seriam amplamente compensadas pela

geração de renda, emprego e divisas proporcionados pela atividade audiovisual. E no final sairemos

com uma indústria de conteúdo nacional mais madura, sadia, profissional e transparente.

Central de Assinaturas 0800 145022 das 8 às 19 horas de segunda a sexta-feira | Internet www.telaviva.com.br | E-mail [email protected]ção (11) 3123-2600 E-mail [email protected] | Publicidade (11) 3214-3747 E-mail [email protected] | Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 3123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. | Sucursal SCn - Quadra 02, sala 424 - Bloco B - Centro Empresarial Encol CEP 70710-500. Fone/Fax: (61) 327-3755 Brasília, DF | Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) | Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.a. | não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg a.C.R. S/a

Diretor e Editor Rubens GlasbergDiretor Editorial andré MermelsteinDiretor Editorial Samuel PossebonDiretor Comercial Manoel FernandezDiretor Financeiro otavio jardanovskiGerente de Marketing Mariane EwbankAdministração Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (assistente Financeiro)

Editora de Projetos Especiais Sandra Regina da SilvaRedação lizandra de almeida (Colaboradora)Sucursal Brasília Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal), Raquel Ramos (Repórter)

Editor Fernando lauterjungWebmaster Marcelo Pressi Webdesign Claudia G.I.P.

Arte Claudia G.I.P. (Edição de arte e Projeto gráfico), Douglas Turri (assistente e Ilustração de Capa), Rubens jardim (Produção gráfica), Geraldo josé nogueira (Editoração eletrô­nica) Depar ta men to Comercial almir lopes (Gerente), alexandre Gerdelmann e Cristiane Perondi (Contatos), Ivaneti longo (assistente)

[email protected]

Page 5: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 6: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

�tela vivajulho de 2003

Fotos: Divulgação

Off road

A Lowe foi a responsável pela criação da campanha de lan-çamento do Xterra, veículo produzido pela Nissan do Brasil. A montadora está investindo R$ 7 milhões na publicidade do novo veículo, R$ 2 milhões só para o varejo.A campanha estréia no próxi-mo dia 15 nas redes Globo, SBT, Record e Bandeirantes. Todo o conceito da campa-nha foi desenvolvido a partir da idéia de que o modelo utilitário esportivo é destina-do a pessoas ousadas, com estilo de vida outdoor, que gostam de viver intensamen-te junto à natureza.O filme foi produzido pela O2 Fil­mes com direção de Renato Rossi e direção de fotografia de André Modugno.

zona Norte

A Tec Cine produziu o comercial do dia dos namorados para o Norte Shopping, dando continuidade à campanha de valorização da Zona Norte carioca, criada pela Resende & Resende. A protagonista foi a atriz Flávia

Alessandra, que morou na Tiju-ca. Dirigida por Ronaldo Uzeda, ela gravou o comercial em frente à fachada, na Praça Xavier de Brito, do lado de fora do Maraca-nã e dentro do próprio shopping. A criação é de Sérgio Resende, que também assina a direção de criação. O filme foi telecinado e finalizado na Link Digital­.

Cul­tura japonesa

A Radar TV começa a gravar no segun-do semestre uma nova série sobre gas-tronomia. Trata-se do especial “Raízes Fortes: uma viagem com Jun Sakamo-to”. A série irá ao ar ainda este ano no canal de TV por assinatura GNT. Serão seis episódios inéditos com 25 minutos de duração cada, que misturarão o requinte da culinária japonesa com a cultura, hábi-tos e peculiaridades do Japão.Com direção de Gil Ribeiro, fotografia de Cristian Lesage e direção de arte de Ricardo Van Steen, a série será apresen-tada pelo mestre da culinária japonesa Jun Sakamoto. O documentário terá também imagens de importantes cida-des do mundo gastronô­mico, como Los Angeles, Barcelona e São Paulo.

Inverno com cappucci­no

O primeiro filme da campanha do cappuccino Três Corações, “Convi-te”, foi dirigido por Claudio Borrel-li, da Companhia de Cinema, com cenas que mostram um homem inábil, num bar, tentando seduzir várias mulheres com convites inde-corosos. Até que, num lampejo, ele convida uma delas para um cappuccino e o convite é pronta-mente aceito.A estratégia da campanha, criada pela Fal­l­on PMA, é aproveitar a che-gada do inverno, período em que cresce consideravelmente a deman-da do produto.

Rap jovem

Produzido pela Academia de Fil­­mes, o comercial para o dia dos namorados da Vivo mostrou jovens em belas locações com

muita música - na voz do rapper Gabriel, o Pen-sador. A peça tem linguagem de videoclipe e foi dirigida por Hugo Prata, com trilha sonora de Julia Petit. A criação é da agência DPZ.

Dez anos

A Casabl­anca comemorou em junho dez anos com a festa “Cannes Predictions”. Com decoração inspirada na década de 50, o evento con-tou ainda com outra atração: o cantor Supla cantando “As Time Goes By”, acompanhado por uma big band.

Ronaldo Uzeda e Flá­via Ales­s­andra

Page 7: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Nação zumbi­

A Dínamo Fil­mes é a responsável pela produção do novo videoclipe da banda Nação Zumbi, com a música “Blunt of Judah”. O vídeo estreou dia 23 de junho na MTV e é inspirado em “Rockers”, filme jamaicano da década de 70 e nas produ-ções dos diretores David Lynch e Spike Lee. O clipe é um dos indicados ao VMB — Video Music Brasil 2003, o qual concor-re nas categorias “edição de videoclipe”, “direção de arte em videoclipe” e “video-clipe de rock”. Filmado em Recife e em São Paulo duran-te o mês de maio, o vídeo foi dirigido por Ricardo Carelli, diretor de arte e anima-ção da Dínamo Filmes. A co-direção é de Edu Cama e a direção de fotografia é de Carlos Zalasik.

Eventos hi­gh-tech

Uma nova empresa de eventos come-çou a atuar em São Paulo em junho, a CorpE Eventos Corporativos. Sociedade de Celso Antunes, da área de criação, e Eliana Santa Rita, do atendimento, que vêm da AV Produções, a empresa contou com investimento inicial de R$ 2 milhões, e pretende se destacar na produção de even-tos que envolvam todos os tipos de mídias, incluindo projeção, iluminação, sonoplas-tia e interatividade. “Estamos pesquisando todos os tipos de fornecedores e tentan-do estabelecer parcerias sólidas com os melhores do mercado”, explica Celso.A empresa conta com 12 funcionários fixos, e expectativa de faturamento de R$ 3,5 milhões. O andamento dos trabalhos poderá ser acompanhado pelos clientes diretamente no site da empresa, em área restrita com senha.Os dois sócios são parceiros de longa data. Trabalham juntos desde 1997, tendo se conhecido na Miksom. Mais tarde foram para a AV Produções. Em ambas as produtoras, desenvolve-ram trabalhos para grandes indústrias de segmentos como automóveis, alimen-tos, bebidas, tecnologia, tele-comunicações e outros.

Bi­odi­versi­dade em documentá­ri­o

A GW Comu­nicação, produtora com sedes em São Paulo, Brasília e Curitiba, foi anunciada vencedora do 1º Concu­rso Biodiversidade Brasil­ Docu­mentá­rio, promovido pela TV Cultura e Natura Cosmé-ticos. Concorrendo com outros 153 projetos, a GW apresentou o projeto “Bioconexão — A Vida em Fragmentos”, que será gravado em cinco estados. O documentário terá direção musical de Nelson Ayres, direção de arte de Guto Lacaz e narração de Paulo Goulart. A previsão é a de que o programa seja exibido em dezembro.

Ci­nema e tecnol­ogi­a

A ASC, associação que reúne os direto-res de fotografia para cinema nos EUA, está preparando uma série de recomendações sobre o u­so de tecnol­ogias emergentes relacionadas à cinematografia. A iniciativa visa estabelecer padrões para os profissionais de cinema e conta com um fórum de discussões onde alguns nomes da indústria cinematográfica debatem sobre a convergência de filme e tecnologias digitais. As recomendações da associação devem partir destes diálogos. Entre os temas abordados nas recomendações estão a evolução das câmeras de pelícu-la e digitais, intermediação digital e tecnologias para cinema digital.

Apoi­o hol­andês

Cinco projetos cinematográficos brasileiros foram selecionados pelo Hubert Bals Fund, fundo holandês de fomento ao cinema liga-do ao Festival de Roterdã. Anualmente, o fundo seleciona projetos que recebem apoio em dinheiro e este ano, entre os 30 esco-lhidos, estão: “Dead Girl­’s Party”, do ator Matheus Nachtergaele; “Fim da Linha”, do diretor gaúcho Gustavo Steinberg; e “Migu­il­im”, da videomaker carioca radicada na França Sandra Kogut, premiados com o incentivo ao desenvolvimento de roteiro e projeto. “Nina”, de Heitor Dhalia, em fase de finalização pela produtora Gullane Filmes, recebeu o prêmio de pós-produção; e “33”, do diretor e antropólogo Kiko Goifman, obte-ve incentivo em distribuição.

Cels­o Antunes­ e Eliana Santa Rita

Page 8: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Di­scagem à di­stânci­a

A Telemar está veiculando uma campanha para estimular o uso do 31 nas ligações de longa distância agora pelo celular. Para isso, conta com o humor e a imagem irreverente do ator

Pedro Cardoso. São dois filmes, criados por Erfilio Tranjan, André Havt e Renata Giese, da Next, e dirigidos por Paula Tra-bulsi, da JX Pl­u­ral­.

Pal­avras ao vento

Premiado como destaque de expressão poética na últi-ma edição do Festival de Cinema Universitário de Nite-rói, de 28 de maio a 8 junho, o curta “Histó­ria Al­egre”, de Claudia Pucci, é uma adaptação de conto homô­nimo do escritor russo Anton Tchekov. O desafio do filme — realizado como trabalho de conclusão de curso da ECA-USP — foi, nas palavras da diretora, “dizer o indizí-vel”. No conto, o casal de protagonistas desce uma mon-tanha em um trenó, na neve. Durante a descida, a garota tem a impressão de ouvir o rapaz dizer “eu te amo”.A dúvida permanece no curta, que transfere a ação da Rússia nevada para uma ladeira, e o trenó para um carrinho de rolimã. “Tentamos contar a história apenas através das imagens e da edição de som, sem deixar tudo explícito”, afirma Claudia. Para chegar ao resulta-do, passaram-se anos desde a filmagem, concretizada

em 98. “Já que não conseguimos concluir rápido, resolvi que tinha de sair o melhor pos-sível.” O curta agora deve percorrer os princi-pais festivais brasileiros.

Advertai­nment l­ati­no-ameri­cano

Seguindo a linha do advertainment — que une publicidade e entreteni-mento —, a Synapsys International­ fechou contrato com a Whirlpool para produzir programas com as marcas Brastemp e Consul. O projeto deve abranger toda a América Latina, com ações simultâneas em TV a cabo e satélite, redes de TV locais e regionais, Internet e pontos-de-venda. O lançamento das ações está previsto para agosto.

Page 9: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

Preocupação com Gl­obopar [26/06]

A leitura dos balanços da Globopar e da TV Globo referentes a 2002 mostra alguns deta-lhes da complicada situação financeira por que passa o principal grupo de mídia brasilei-ro. Não se trata apenas da dívida contratada ou garantida diretamente pela Globopar ou pela TV Globo (que totalizou US$ 1,35 bilhão em 2002) ou o prejuízo acumulado no grupo que chegou a R$ 5,7 bilhões no ano passado (por conta de todo o custo da desvalorização cambial de 2002). A preocupação maior mani-festada pelos auditores da Globopar é com relação à sobrevivência do grupo. Ao que parece, as situações financeiras da Globopar e de suas subsidiárias não trazem confiança aos auditores de que as operações serão mantidas. Sobre a TV Globo, que garantia R$ 4,9 bilhões das dívidas da Globopar no final de 2002, segundo o balanço, a previsão dos auditores é também negativa. Eles não acredi-tam que a TV tenha condições de bancar as dívidas da Globopar e mesmo assim manter suas operações.Outra preocupação manifestada por audi-tores que analisaram os números da Globo-par é com relação à Net Brasil. Segundo um parecer citado no balanço cuja autoria não é revelada, o problema da Net Brasil está em algumas pendências e na dificuldade de alguns de seus clientes em quitar as dívidas existentes (o relatório fala nominalmente da Net Serviços, cuja pendência chegaria a R$ 113 milhões em 19 de março).Vale lembrar que todos os dados do relató-rio financeiro da Globopar são de 2002. De lá para cá, a holding entrou em processo de renegociação de suas dívidas, e busca jus-tamente mais prazo para o cumprimento de obrigações. Os balanços de 2002 não fazem referência a que tipo de proposta foi feita aos credores. Dizem apenas que a renegociação deve ser concluída ainda em 2003, mas não se comprometem com datas mais precisas.A Net Serviços também está em processo de renegociação de sua dívida.

Fl­ori­sbal­ ai­nda é o pri­nci­-pal­ executi­vo [30/06]

Segundo fonte altamente graduada do gru-po Globo, Marluce Dias da Silva não cuidará do processo de reestruturação da dívida do grupo, tampouco reassumirá o cargo de dire-tora geral das organizações. Para este ano e para o próximo, a executiva, que prossegue em tratamento contra o câncer, será asses-sora de Roberto Irineu Marinho. O principal executivo operacional do grupo é, e conti-nuará sendo em 2004, Octávio Florisbal, explica a fonte.O principal ponto estratégico agora é o equacionamento da dívida da Globopar com seus credores internacionais, uma dívi-da de US$ 1,35 bilhão, da qual a TV Globo é a principal fiadora. Assim, a Globo terá de se empenhar para explicar a esses credo-res que as crescentes margens de lucro da TV, resultantes dos fortes ajustes de custos somados a uma agressiva política comer-cial, permitem pagar sem problemas os ju-ros da dívida.Portanto, se essa dívida for alongada, a Globo terá condições de pagar também o principal, por meio de um IPO (lançamento de ações), assim que o mercado mundial de bolsas con-seguir se recuperar. Comenta-se no merca-do que a proposta envolva uma carência de dois anos para começar a pagar a dívida e dez anos de alongamento nos prazos. A difi-culdade, segundo os mesmos comentários, está principalmente no grande número (e diferentes perfis) de debenturistas.

Futuro da Anci­ne [12/06]

Em reunião realizada entre os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Cultura (MinC) e Casa Civil para deci-dir o futuro da Ancine, chegou-se a apenas uma conclusão: a palavra final será do pre-sidente Lula. A surpresa foi a manifestação do ministro do Desenvolvimento no sentido de que há entidades do cinema que desejam que a Ancine fique sob o MDIC. Até então a

expectativa era de que o martelo fosse bati-do em favor do MinC.

R$ 9 mi­l­hões [11/06]

As programadoras estrangeiras de TV por assinatura já têm depositados, nas contas referentes aos 3% sobre as remessas ao exterior, R$ 9 milhões. Estes recursos ficam depositados em contas em nome das empre-sas, mas supervisionadas pela Ancine. Cabe à agência a liberação dos recursos para pro-jetos de co-produção, o que pressupõe apro-vação prévia.

Economi­a [12/06]

A Portaria 493/03 da Casa Civil estabeleceu uma série de limites aos gastos de recursos provenientes de dotações orçamentárias dos órgãos ligados ao gabinete de José Dirceu. Com a medida, a Ancine terá um novo limite de uso de suas dotações orçamentárias esse ano. Segundo as tabelas anexas à portaria, a Ancine poderá movimentar ou empenhar apenas R$ 16,13 milhões de sua dotação orçamentária em 2003. O previsto em lei era R$ 53,8 milhões.

Projeto Jandi­ra [26/06]

Foi rejeitada a redação final do projeto 256/91, de autoria da deputada Jandira Feg-hali (PCdoB/RJ), que trata da regulamenta-ção do artigo 221 da Constituição e estabe-lece critérios e regras para a regionalização da programação de televisão. O texto estava na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) apenas para ter sua redação final aprovada antes de seguir para o Senado. O novo relator, o deputado Roberto Magalhães Melo (PTB/PE), prometeu entregar a mesma redação.Se houver atraso na nova votação, o encaminha-mento do texto ao Senado corre o risco de ficar apenas para agosto, quando o Congresso volta do recesso, já que durante o mês de julho serão tratados apenas temas referentes às reformas previdenciária e tributária.

Acompanhe aqui as­ notícias­ que foram des­taque no último mês­ no noticiá­rio online Tela Viva News­.

Page 10: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Novo Power Mac

A Apple apresentou o novo Power Mac G5, que incorpora o primeiro processador desktop de 64 bit do mundo. O computador pode ter até 8 Gb de memória e é capaz de processar em 64 bit, enquanto roda aplicações existentes de 32 bits de maneira nativa. Além disso, a memória usada pelo computador é DDR SDRAM 128 bit de 400 MHz. A linha Power Mac G5 traz processa-dores PowerPC G5 dual de 2 GHz, cada um com um bus frontal independente de 1 GHz. Além disso, traz como padrão a placa NVIDIA GeForceFX 5200 ou a ATI Radeon 9600 Pro. O novo gabinete de alumínio conta com sistema de refrigeração controlado pelo computador para operação silenciosa. A expansão do hardware pode ser feita através de uma interface PCI de 133 MHz e duas interfaces de 100 MHz. Para conectividade

externa o Power Mac G5 oferece uma porta Gigabit Ethernet, uma FireWire 800, duas portas FireWire 400, três portas USB 2.0 e suporte para dois monitores, en-

trada e saída de áudio digital e analógico e saída para fones de ouvido. A versão bi-processada vem com disco rígido de 160 Gb Serial ATA e SuperDrive de

quatro velocidades. O Power Mac G5 estará disponível no Brasil em meados de outubro.

www.apple.com.br

Nas alturas

A DMS lançou a nova grua Lança 4,8/5,3. Semelhante ao modelo anterior, Grua DMS, o novo produto ganhou um tripé mais alto e um quarto segmento na lança. Com isso, pode atingir de 4,8 metros a 5,3 metros. A grua é toda feita em alumínio e, desmontada, pode ser transportada em bolsa acolchoada de 1,5 metro de com-primento. Na extremidade, pode-se acoplar uma cabeça com interface de 100 mm ou ai-nda uma girocam. Além disso, para facilitar sua locomoção no estúdio, a grua pode ser montada sobre um dolly. O equipamento já está disponível para comercialização e custa RS 5.670.www.dmsvideo.com.br

Pacote pós-produção

A Pinnacle já está distribuindo o sistema de edição e pós-produção Liquid Chrome, apre-sentado em abril na NAB. O Chrome completa a linha de softwares para trabalho em rede Liquid, também composta pelo Blue, para ambientes broadcast com multi-formatos; Silver, para edição em formato MPEG-2; e Purple, para edição em DV. O Chrome foi criado para

o mercado de pós-produção e conta com codecs para MPEG-2 para compressão 4:2:2 em até 50 Mbps, formato DV25 sem com-pressão. Conta ainda com quatro streams de vídeo em tempo real, número ilimitado de layers e um processo de renderização de efeitos capaz de processar várias layers

sem interromper o trabalho. O pacote traz também o gerador de caracteres TitleDeko Pro, o compositor e editor de imagens Commotion Pro, o software de autoração Impression DVD Pro e o corretor de cores Pinnacle Liquid CX.O preço do produto nos Estados Unidos varia, conforme a configuração, entre US$ 14.995 e US$ 24.995.www.pinnaclesys.com

10tela viva

julho de 2003

A Lança 4,8/5,3, quando desmontada, pode ser transportada em case de 1,5 metro de comprimento.

Liquid Chrome: quatro streams de

vídeo em tempo real e número ilimitado de layers.

O Power PC G5 Dual traz dois processadores de 2 GHz com bus frontal de 1 GHz.

Page 11: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

A Alias|Wavefront lançou a versão 5 do software de animação Maya. Além de novas ferramentas, o produto conta com mais agili-dade no processo de renderização. Trata-se da oitava evolução do produto. Segundo Carlos Menezes, gerente de vendas da AWBr, res-ponsável pela política de comercialização da Alias|Wavefront no Brasil, a maior parte das inovações do software visa atender os merca-dos de jogos e web.Entre as novidades está uma maior integra-ção com o renderizador Mental Ray, que agora acompanha o software. Além disso, o Maya traz dois novos tipos de render: o Vector Render e o Hardware Render. O primeiro possibilita a saída de imagens e animações dire-tamente do Maya nos formatos Flash, Adobe Ilustrator EPS ou Scalable e Vector Graphics (SVG). O Vector Render tam-bém trabalha com recursos de sombra, reflexão e gradien-tes na criação das imagens em vetor. O Hardware Render, diferente do Hardware Render Buffer que acompanhava o Maya, usa as funções de pixel shading da nova geração de placas de vídeo, tornando possí-vel a renderização de cenas com qualidade broadcast numa velocidade próxima a tempo real. Além disso, ele está integrado com os shaders, luzes, partículas, geome-tria, reflexão, bump mapping, sombras, todos os tipos de high-lights, motion blur, entre outros efeitos.

FerramentasOutro destaque está na área de modelagem, que passou por mudanças nas ferramen-tas de extrusão de faces e edges. Agora a ferramenta extrude também pode ser usada em superfícies curvas, tornando-se mais eficiente na criação de caudas, trombas, tentáculos, galhos etc.Já o Paint FX ganhou novos brushes, mais rápidos e com qualidade superior, devi-do aos novos algoritmos de render que foram incorporados à ferramenta. Assim é possível fazer cabelos e pêlos mais realis-tas com menos tempo de renderização, “pintar” uma cidade com texturas como

prédios, além de novas plantas e pincéis de efeitos especiais de fogo e fumaça. Agora também é possível converter o Paint FX em objetos poligonais, mantendo o histórico e seu vínculo com o Paint FX original. Com isso, pode-se criar interações entre este recurso e outros objetos, mesmo que

haja personagens, dinâ­micas, renderização com o Mental Ray.Quanto à animação de personagens, o Maya também passou por mudanças. Foram introduzidos ao software três novos tipos de constraints: o Parent Constraint, que facilita a interação de personagens com objetos; o Offset Constraint, recurso presente em

todos os tipos de constraints e que pode controlar a posição, rotação e escala de obje-tos vinculados a outros

objetos; e o Axes Constraint, que permite restringir o vínculo de um objeto a outro em apenas um ou dois eixos se for necessário.Outra novidade importante é a possibilidade de alternar a animação dos personagens de cinemática direta para cinemática inversa, em qualquer ponto da animação, sem sofrer perdas e ainda contando com um recurso de transição entre a mudança.O produto já está disponível na versão Complete para as plataformas PC, Mac, Linux e Irix e custa US$ 2 mil ou US$ 900 para o upgrade a partir da última versão. Já a versão Unlimited, que conta com as ferramentas Fur, Live, Fluid e Clothe, está disponível para PC, Linux e Irix. A versão para Mac deve ser lançada em breve. A Unlimited custa US$ 7 mil ou US$ 1,3 mil para o upgrade. Os usuários de ambas as versões que estejam em dia com a taxa de manutenção anual têm upgrade gratuito.Já o Maya PLE (Personal Learning Edi-tion), versão gratuita voltada apenas para estudos e treinamento, está previsto para o início de setembro.Por enquanto, a AWBr conta com duas revendas no Brasil, a Tecnovídeo e a Media Place, esta última também responsável pelo treinamento oficial, com entrega de certi- ficado da Alias|Wavefront.www.aliaswavefront.com

fernandolauterjung

NOVO MAyA TRAZ NOVIDADES PARA WEB E CRIADORES

DE JOGOS, ALéM DE RENDERIZAçãO MAIS EFICIENTE.

SOFTWARE ANIMADO

A ferramenta de fluídos gera ondulações e espuma na supercície de líquidos pela movimentação de um objeto sobre a água.

O Paint FX pode converter para polígonos, possibilitando o uso dos pincéis em outros renderes, como o Mental Ray.

O Paint FX possibilita a criação de pincéis com a aparência quadrada e sem cantos arredondados.

Page 12: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

12tela vivajulho de 2003

Mais conhecido como intérprete de grandes eventos, principalmente depois que começou a fazer tradução simultânea de prêmios como o Oscar e o Grammy, Malcolm Forest tem um currículo e uma gama de atividades de tirar o fôlego.

Fotos: Gerson Gargalaka (Malcolm Forest) e Divulgação

Em sua empresa, a MDK, presta serviços de tradução e intérpre-te para todos os tipos de eventos, e também atua como apresen-tador de televisão e vídeos institucionais. Mas seus interesses culturais são tantos que desenvolveu uma carteira invejável de projetos.E, além de todos os projetos audiovisuais e do trabalho com idiomas, ainda se dedica a causas ambientais e à música, sua grande paixão. Filho de um americano e uma brasileira, sempre teve facilidade com idiomas. Mas desde a época de colégio participou de bandas de rock. Aos 13 anos, tocava em festinhas e clubes aos fins de semana. Na escola tive aulas de música, mas o professor era tão rigoroso que aca­bei ficando meio bloqueado em escrita musical. Quando terminou a escola, decidiu estudar matemática. Entrou na USP, mas em pouco tempo resolveu ir para os Estados Unidos. Matri-culou-se em engenharia, só que em pouco tempo se envolveu com grupos de teatro e viu que a música poderia ser uma opção, muito mais do que um hobby. Naque la época a música não era uma ativida­de ‘­séria’, então decidi optar por uma carreira ‘­útil’, imaginava que o Brasil era carente de profissionais. Mas a paixão falou mais alto: trocou então as exatas pela música, na Universidade da Califórnia - Los Angeles (UCLA).Ao voltar para o Brasil, estava decidido a se dedicar à música. Lançou o selo Pirate Records, distribuído pela CBS. Começava a tentar se lançar como cantor. Nessa época, as novelas já eram o

Mal­col­m Forest

Foi formada no dia 25 de junho último a

representação paulista da ABPI-TV (Associação Bra-sileira das Produtoras Independentes de TV). Representantes de cerca de 20 produtoras partici-param do encontro, no Museu da Ima-gem e do Som (MIS), além do presidente da associação, Marco Al­tberg (3), que veio do Rio para o evento. Foi criada uma comissão para conduzir a formação da associação em São Paulo, composta por

Fernando Dias (Grifa) (5), que assumiu a função de representante da ABPI-TV pau-lista, e mais Cacá­ Vical­vi (Documenta Vídeo Brasil) (1), Rober to D’Ávil­a (Moons-hot Pictures) (2), Fá­bio Ribeiro (Radar) e Ricar do Aidar (Canal Azul) (4).

1 2 3 4 5

Dou­g Sweetl­and, diretor inglês de filmes da Pixar, é um dos convida-

dos do 11º Festival Internacional de Animação Anima Mundi, que acontece neste mês de julho. Sweetland fará um workshop no Rio, nos dias 17 e 18, e outro em São Paulo, no dia 23. Podem participar do workshop pessoas com experiência em computação gráfica e animação 3D. Mais informações no site www.animamundi.com.br.

Page 13: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

grande veículo de divulgação de novos talentos musicais. E a moda de gravar músicas americanas com pseudô­ni-mo também estava no auge. Morris Albert gravara “Fee-lings”, e na seqüência, Malcolm lançou “Ecstasy”, que fez parte da trilha sonora da novela “Gina”, da Rede Globo. Ganhou um compacto de ouro com a música, e depois ainda emplacou uma série de sucessos, incluindo “We”, da novela “Meu Bem, Meu Mal”.Mas manter um selo musical não era tão simples. Con-versando com um amigo, foi convidado para trabalhar na área de projetos acústicos da Gradiente, mas acabou não pegando a vaga. Só que foi indicado para trabalhar no Anhembi, que precisava de alguém com perfil parecido. Mais uma vez a vaga tinha sido preenchida. Entretanto, descobriu a profissão de tradutor. Por sua experiência com línguas e sua facilidade em transitar no mundo das exatas e das humanas, além dos cursos de teatro, foi convidado para ficar na área de tradução para eventos. Minha experiência com a música e o estudo de voz e inter­pretação para teatro foram essenciais, pois não basta o conhecimento do idioma. É preciso ter mais do que reper­tó­rio e vocabulário.Em paralelo, sempre esteve atento a questões culturais e ambientais. Lançou livros como “Cinemúsica”, que fala de trilhas sonoras de filmes, e “Automóveis de São Paulo”, uma pesquisa histórica que resultou em um livro repleto de imagens da cidade. Na área ambiental, é responsável por diversos projetos. O mais recente é a instituição do Dia da Reserva da Biosfera do município de São Paulo, cujo objetivo é alertar para a necessidade de preservação de áreas verdes da cidade, como a Serra da Cantareira e o Cinturão Verde. Idéias não faltam. Desde pequeno, tem um caderno delas, no qual vai anotando seus projetos. Dentro de cada uma de suas principais áreas de inte-resse — cinema, história, meio ambiente, música, literatura — tem projetos audiovisuais, para os quais vem buscando patrocínio.

O engenheiro Al­fonso Au­rin pediu demissão do SBT no início de junho. Aurin foi, durante anos, diretor de tec-nologia e mais recentemente atuava como consultor de Sílvio Santos. Ele também era responsável por progra-mas como o “Show do Milhão”.

A diretora Lea Van Steen (foto) e o atendimento Marcio Carril­ho são os novos reforços da equipe

da Armazém de Fil-mes, produtora de Sergio Horovitz instalada no Rio de Janeiro. Fundada em 2001, a produ-tora já trabalhava

com Edu­ardo Vaisman na direção, com coordenação de produção de Isabel­a De Napol­i.

O Grupo Seqüência — que inclui Seqüência Cinematográfica, Manufactura de Filmes, uebtv e Canal Kids — tem novo diretor comercial. É Edu­ardo Vergeiro, também conhecido como Sabiá, que vem da Sardinha Produções, produtora de Ana Sardinha. No grupo, ele assume a parte comercial das quatro produtoras, voltadas para as áreas de publicidade, Internet e produção de conteúdo interativo. “Estamos finalizando vários produtos que vamos oferecer prontos para o mercado, sempre unindo imagens e interatividade. Estamos nos preparando para a TV digital e interativa”, afirma.

Fl­avio Fernandes assumiu a direção executiva da y2knetwork multimídia, empresa do grupo Casablanca, no qual atua desde 2001. Flavio, que começou a carreira como assistente de pro-dução em cinema publicitário no inicio da década de 80, pas-sou também pela Bandeirantes, onde foi produtor executivo, e pela Rede Mato-grossense de Televisão. Em 99 voltou a São Paulo para trabalhar na então TV Senac, atual STV. “Meu obje-tivo agora é tornar a produção do vídeo digital mais próxima do mercado publicitário.” A y2knet-work é a divisão do grupo volta-da às produções para a Internet e multimídia, responsável entre outros pelos websites da Suzuki, Nickelodeon, Cerveja Cerpa e Young Creatives.

A GW contratou um novo diretor exe-cutivo para a região Sul: o publicitário Dino Camargo. Ex-diretor de atendi-mento das agências de publicidade DM9 e Master Comunicação, Camargo responde pelos negócios da produtora nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de Argenti-na, Uruguai e Chile.

O diretor Rodrigo Lewkowicz é o novo contratado da produto-ra carioca TV Zero. Ele vem da Movi&Art, de São Paulo, onde dirigiu recentemente a campa-nha “Banco da Sua Vida”, para o Banco Real.

A TV1.Com anunciou a indicação de Nagib Nassif Fil­ho para o cargo de diretor de aten-dimento. A promoção do executivo faz parte do novo modelo de negócios da empresa

que redefine o orga-nograma com foco na integração do atendimento ao clien-te com o gerencia-mento de projetos. O profissional está na TV1.Com desde de 2002, e já passou

pelo atendimento de empresas como Volks-wagen, Microsoft e Saint Gobain.

Page 14: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

SSe em algum momento pareceu que o governo do PT daria mais prioridade às questões de comunicação do que o gover-no anterior, já é hora de pensar diferente. O balanço do primeiro semestre da gestão Miro Teixeira deixa claro uma coisa: Lei de Comunicação Social, se vier, será só daqui a dois anos. TV digital só virá depois de uma longa série de estudos (leia matéria nesta edição), também para daqui a dois anos. A vinculação e reformatação da estrutura da Ancine estão em outro tema que não é para já, assim como os projetos de regionalização da TV aberta.

Como pano de fundo para todos estes fatos, segundo leituras de integrantes do governo, está uma crise sem precedentes nos grupos de mídia e uma delicada relação entre estes grupos e o governo.

Na questão da revisão da regulamentação de comunicação, o que sempre foi uma ban-deira dentro de diversos segmentos do PT, o recado de Miro Teixeira dado no início de junho foi claro: “só daqui a um ano e meio ou dois, quando tivermos clara a questão da TV digital”. Por trás dessa afirmação do ministro no Congresso está, na visão de analistas, a preocupação de não mexer com a regulamenta-ção do setor de televisão. Alguns dias depois, também no Congresso, representantes das emissoras de TV aproveitaram para tornar mais claras as suas posições. Paulo Machado de Carvalho Neto, presidente da Abert, falava especificamente sobre um projeto em tramitação no Sena-do, de autoria do senador Saturnino Braga (PT/RJ), que pede a destinação de 2% da receita das TVs para compra e co-produção de conteúdo nacional. Mas acabou retratando a forma como os grupos de mídia se vêem hoje no cenário econô­mico brasileiro: “as TVs vivem hoje o aumento nas alíquotas de PIS, Cofins e ISS, enfrentam a crise no merca-do publicitário, não têm linhas de crédito, não têm aportes financeiros externos e enfrentam a pulverização das verbas de publicidade com outras mídias”. Em resumo, dizia o diri-gente, não era hora de criar mais uma dor de cabeça para os grupos radiodifusores.

CriseAs palavras do dirigente da Abert encontram respaldos em números. O primeiro sinal de alerta de 2003 veio com a análise de risco da RBS feita pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) que colocou em perspectiva

(creditwatch) negativa a avaliação do risco do grupo gaúcho. Para os analistas da S&P, a dívida total da RBS, de US$ 158 milhões em março de 2003, passa a ser preocupante em fun-ção do desempenho operacional ruim nos primeiros meses, colocando sob ameaça inclusive a capacidade da RBS de

honrar seus compromisso este ano. O grupo teria que pagar até o primeiro trimestre de 2004 cerca de US$ 47 milhões em dívidas. A S&P destaca o impacto do aumento do PIS e o mer-cado publicitário ainda sem sinais de recuperação desde 2001.

Outro sinal de alerta veio da Globo. O balanço referente ao ano 2002 é preocupante. Tanto que os auditores da Ernst & Young, que ana-lisaram os números para a própria Globopar (holding do grupo) foram bastante taxativos: a situação financei-ra do grupo e de suas subsidiárias não traz confiança aos auditores de que as operações serão mantidas. Sobre a TV Globo, que garantia R$ 4,9

bilhões das dívidas da Globopar no final de 2002, segundo o balanço, a previsão dos auditores é também negativa. Eles não acreditam que a TV tenha condições de bancar as dívi-das e ainda manter suas operações.

A situação financeira do grupo Globo fez com que a sua diretora superintendente, Marluce Dias da Silva (afastada por questões de saúde), fosse alocada apenas para resol-ver o problema da dívida do grupo. Ela buscará explicar aos credores do grupo que as crescentes margens de lucro da TV Globo permitem pagar sem problemas os juros da dívida. Portanto, se essa dívida for alongada, a Globo terá condições de pagar também o principal, por meio de um IPO (lançamento de ações), assim que o mercado mundial de bolsas conseguir se recuperar. Em 2002, contudo, o lucro da TV Globo chegou a apenas um quarto do que a empresa precisa ter neste ano (cerca de R$ 800 milhões). O faturamento total da TV Globo no ano passado foi de R$ 3 bilhões, contra R$ 2,77 bilhões em 2001. Líquida (ou seja, 14

tela vivajulho de 2003

política

Vespeiro, só em 2005CRISE NOS GRu­POS DE MíDIA JOGA

TODAS AS INICIATIVAS IMPORTANTES

DO GOVERNO NA ÁREA DE COMu­NICAçõES

PARA DAqu­I A DOIS ANOS.

Miro Teixeira: regulamentação só­ será revista depois de definida a TV digital.

Foto: Carlos humberto/BG Press/ajB

Page 15: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

descontadas as comissões e pagamentos de agências), a receita da Globo foi de R$ 2,55 bilhões em 2002. O lucro da emissora ficou em R$ 220 milhões (contra R$ 156 milhões em 2001). As maiores despesas foram com produção (R$ 1,53 bilhão), vendas (R$ 314,6 milhões) e com a Copa do Mundo (R$ 243,5 milhões).

AcessoA crise nos grupos de mídia nacionais, con-tudo, também se reflete em outra discussão: estabelecer critérios para tornar a TV aberta mais acessível à produção independente ou a grupos de mídia competidores. Miro acha que a TV brasileira não é concentrada, já que há pelo menos cinco grandes redes nacionais em condições de competir. O problema, colocam alguns analistas (inclu-sive do governo), é que estas grandes redes produzem seu próprio conteúdo, não dando espaço para que o mercado audiovisual dis-ponha desta audiência. Portanto, a concen-tração, se existe, não está no controle das concessões, mas na grade. A própria Globo declara que produz 70% de seu conteúdo, sendo que 100% do horário nobre (quando a audiência é maior) são feitos “in house”.

Projetos como os da deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), que propõe a regiona-lização do conteúdo da TV aberta, ou do senador Saturnino Braga são focos de forte resistência por parte dos radiodifusores e, por isso, não andam no Congresso. Alegam as TVs que estas propostas não encontra-riam viabilidade nos carentes mercados publicitários regionais. Dizem ainda, no

caso da destinação de 2% do faturamento em produção independente, que isso cau-saria uma transferência de recursos das redes regionais para os grandes centros, onde existe esta produção. Paulo Tonet Carvalho, assessor da Abert e da RBS, declarou em evento recente que “produ-ção independente tem que ter qualidade e preço para ser adquirida”.

Não é a posição de Orlando Senna, secretário do Audiovisual do MinC, nem de Gustavo Dahl, presidente da Ancine. Senna aposta que o melhor caminho seria criar uma agência do audiovisual (Ancinav) para substituir a Ancine. Dahl defende a tese de que a TV tem a conces-são não só de uma freqüência, mas do olhar do cidadão, e que esse “olhar” preci-sa ser democratizado.

Por incrível que pareça é justamente a questão da TV que, no fundo, atrapalha a definição sobre a vinculação da Ancine. Explica-se: o MinC quer ter sob si a agên-

cia de cinema e, para isso, busca formas de convencer o governo de que a Ancine é necessária. Um dos principais argumentos é que a Ancine seria o embrião de uma agência audiovisual. É essa bandeira que foi levada ao presidente Lula no final de junho. O movimento de resistência vem de alguns cineastas, que temem duas coisas: que a preocupação do MinC em transformar a Ancine em Ancinav crie novo embate com a TV, prejudicando o funcionamento da agência como ela é hoje; e que o MinC não desenvolva o cinema como, acredita-se, o Ministério do Desenvolvimento teria con-dições de fazer. É por estas razões, inclusi-ve, que, mesmo depois dos seis primeiros meses de governo, não se sabe ainda o fim que será dado ao único mecanismo de Estado capaz de fomentar e regular a atividade audiovisual: a Ancine.

N

[email protected]

>>

No Brasil, a opinião do governo é de que não existe concentração na mídia, como manifestou o ministro Miro Teixeira. Nos EUA, a opinião é de que essa con-centração existe, em alguma escala, e vai se tornar ainda maior na medida em que as regras de controle à propriedade cru-zada foram flexibilizadas. Mesmo assim, pensa o governo norte-americano, é pre-

ciso afrouxar as regras para garantir a sobrevivência dos grupos de mídia.

No mês passado a FCC (órgão regula-dor das comunicações nos EUA) tomou uma decisão para lá de polêmica: tornou mais flexíveis algumas das regras histó-ricas que impediam a concentração dos meios de comunicação naquele país. O argumento é de que os grupos de mídia

Nos EUA, concentração

Page 16: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

x

precisariam se fortalecer diante de situações financeiras complicadas e das novas tecnologias. As regras revistas pela FCC (veja tabela) são tão polêmi-cas que despertaram um intenso debate nos EUA sobre o risco que representa-va para a liberdade de expressão daque-le país a possibilidade de concentração.

Até parlamentares republicanos (portan-to, da base de apoio ao presidente Bush, que indica o presidente da FCC) estão se opondo à ampliação da flexibilidade.

No Brasil, contudo, todas as regras de concentração de meios de comunica-ção cabem em poucas linhas. Elas estão na Constituição, no Decreto-lei 236/67 e na Lei 10.610/2002. Por aqui, permite-se que até 100% do capital das empresas

pertença a pessoas jurídicas, até 30% a estrangeiros e, no caso de investidores finan-ceiros com participações inferiores a 15% do capital, não se aplicam as restrições à propriedade cruzada de outorgas de radiodi-fusão, que são no máximo dez TVs, sendo até cinco em VHF e duas por estado. Além disso, a gestão das empresas e o controle editorial sobre o conteúdo têm que per-tencer a brasileiros.

As NoVAs rEgrAs dE ProPriEdAdE Nos EUA

1� política julho de 2003

Controle das redes Nenhum grupo pode controlar mais de uma das quatro redes nacionais de TV abertas (ABC, NBC, CBS e Fox).

Controle de rádios Para o limite de propriedade de rádios, vale o seguinte critério: 1) em mercados com mais de 45 emissoras, uma mesma empresa pode ter oito, mas apenas cinco em uma mesma classe (AM ou FM); 2) em mercado com um total de emissoras variando de 30 a 44, uma mesma empresa pode controlar sete, mas apenas quatro em uma mesma classe (AM e FM); 3) em mercados com um total de emissoras de rádio variando entre 15 e 29, uma mesma empresa pode ter seis emissoras, sendo apenas quatro em uma única classe; 4) em mercados com menos de 14 emissoras, uma mesma empresa pode controlar até cinco delas, mas apenas três na mesma classe (AM ou FM).

Controle de diferentes meios As regras de propriedade cruzada entre diferentes meios de comunicação (TV, rádio e jor-nais) foram flexibilizadas. Elas agora seguem os seguintes critérios: 1) em mercados com menos de três emissoras de TV não é permitida a propriedade cruzada de TVs, rádios ou jornais, mas uma exceção pode ser aberta se a empresa provar que a cobertura desses meios não atinge a mesma área de uma mesma localidade; 2) em mercados com número de emissoras de TV variando entre quatro e oito, o controle cruzado de meios por uma mesma empresa é permitido nas situações em que a empresa tenha participação em: a) uma emissora de TV, um jornal e metade do limite permitido de rádios; b) um jornal e o número máximo de rádios permitidas; c) duas TVs (desde que dentro dos limites previstos) e o número de rádios permitido. 3) em mercados com mais de nove emissoras de TV, os limites de propriedade TV-jornal e TV-rádio estão eliminados.

Fonte: FCC

Page 17: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

x

SSe tudo correr como espera o Ministério das Comunicações, neste mês de julho será formalmente criado, por decreto, o grupo de trabalho que se empenhará sobre o estudo da TV digital no Brasil. A equipe tem um nome oficial: Grupo Exe-cutivo do Projeto de TV Digital (GET).

Uma minuta do decreto de criação do GET, do anexo com as diretrizes de trabalho e da exposição de motivos para a criação do grupo foi colocada em con-sulta pública no final de junho. O tempo de consulta, de apenas uma semana, sugeria que o Minicom já tinha certeza do que estava preparando.

Na prática, a criação do grupo subs-titui uma ambição mais ampla do minis-tério de Miro Teixeira que havia sido manifestada em abril: criar um decreto com a “política de TV digital”. O que o Minicom fez foi transpor os itens previs-tos para aquela política para as diretri-zes a serem seguidas pelo GET.

As funções do grupo de trabalhos são acompanhar “o desenvolvimento dos estu-dos e pesquisas, propor aos interessados ou encaminhar à decisão dos poderes compe-tentes e ainda implementar, se estiver em sua alçada, as iniciativas ou procedimentos que permitam decisões públicas ou priva-das no sentido de criar condições que pos-sibilitem o desenvolvimento de sistema tec-nológico, modelo de negócios, alternativas regulatórias e demais aspectos necessários à implementação da tecnologia digital no serviço de radiodifusão de sons e imagens”, segundo o decreto. Na prática, o GET vai alimentar uma decisão política, posterior, a ser tomada pelo Executivo. É esta decisão que importa, pois é dali que sairá o sistema tecnológico, o modelo a ser seguido pelos radiodifusores etc.

Na opinião de Marcos Dantas, sub-secretário de planejamento do Ministério

das Comunicações e também responsá-vel pela coordenação dos trabalhos rela-tivos às questões de TV digital, em qua-tro anos o Brasil realizará as primeiras transmissões de TV digital, ainda como experiências-piloto. Para o ministro Miro Teixeira, faltam ainda de 18 meses a dois anos para que os aspectos políticos da TV digital estejam decididos. De fato, assim que o GET for criado, ele terá 12 meses para apresentar suas conclusões, sobre as quais o Minicom trabalhará.

FacultativoA princípio, a idéia do Ministério das Comunicações é colocar no GET represen-tantes do próprio Minicom, Casa Civil, Secom, ministérios da Justiça, Relações Exteriores, Ciência e Tecnologia e Cultura, além do BNDES, Finep, CPqD e Inatel. Entram ainda no GET um consórcio de universidades ainda a ser formado e um segmento industrial relacionado à pesqui-sa e ao desenvolvimento de TV digital no Brasil (possivelmente o Instituto Genius). Também entram entidades exploradoras de serviço de radiodifusão de sons e ima-gens além de, “facultativamente”, Anatel,

Abert e um representante do Conselho de Comunicação Social. Trata-se de uma mudança relevante, já que no texto divulga-do em abril, quando o Minicom ambiciona-va um decreto para estabelecer “políticas”, a Anatel nem era citada.

A participação da agência no processo é relevante por dois motivos: é ela quem faz o gerenciamento do espectro e quem viabilizou os canais necessários para a fase de transição, que prevê que cada concessionária tenha um canal adicional. Também é a Anatel quem tem o acervo de pesquisas, troca de informações, nego-ciações, relatórios e estudos realizados nos últimos anos.

Um outro aspecto que foi duramente questionado quando o Minicom tornou públicas suas intenções sobre o processo de estabelecimento de uma política de TV digital dizia respeito à propriedade do conhecimento acumulado nos estudos a serem realizados. As universidades coloca-ram sua preocupação com o tema. Agora, o Minicom deixa claro que tudo o que for pro-duzido no â­mbito do GET e todo o conheci-mento que ali for aportado pelos diferentes participantes pertencerá à União. Com essa iniciativa, o ministério acaba com a dúvida das universidades sobre como ficaria a dis-tribuição de royalties sobre o que vier a ser desenvolvido. Por outro lado, o Minicom corre o risco de ter tirado o principal atrati-vo para que centros de pesquisa colaborem com o governo no levantamento de dados para TV digital. A intermediação entre as universidades e o governo será feita pelo CPqD, pelo Instituto Genius e por outras instituições reconhecidas, segundo a exposi-ção de motivos, mas isso não está no texto do decreto ou no seu anexo colocado em consulta pública.

samuel pos­s­e­bon

broadcas­t

Força-tarefa digitalMINICOM PREPARA CRIAçãO DE

GRu­PO DE TRABALHO qu­E

INICIARÁ AS PESqu­ISAS DO ATu­AL

GOVERNO SOBRE TV DIGITAL.

Page 18: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 19: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 20: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

O

Com a proliferação do DVD, mixagem tem que considerar todas as condições de exibição de um filme.

O Brasil tinha cerca de dois milhões de aparelhos de DVD no final de 2002, e a expectativa é de que este valor dobre em 2003. Com isto, abriu-se praticamente uma nova jane-la na exibição de filmes no País. Pelo menos no quesito áudio, ao contrário do limitado VHS, o DVD permite, especialmente se acoplado a um equipamento adequado, a reprodução de um som tão bom ou até melhor que o dos cinemas. Isso porque a maioria dos aparelhos traz embutida a capacidade de decodificar os sinais de áudio Dolby Digital 5.1 ou DTS, os padrões de codificação mais usados em cinema (há ainda o SDDS, da Sony).

No Brasil, o primeiro é de longe o mais utilizado em cinema. Uma das diferenças essenciais é que enquanto no Dolby a informação de áudio é gravada na própria película, como nos sistemas tradicionais, no DTS a tri-lha fica em um CD, que é reproduzido em um aparelho separado, sincronizado com a imagem pelo time code. Entre as eventuais vantagens do sistema DTS estaria a

flexibilidade. Pelo fato da trilha ser gravada em um CD, e não na película, em tese é mais fácil fazer mudanças “de última hora”, a poucos dias do lançamento. A separação entre som e imagem também permitiria, por exemplo, usar cópias exibidas em outros países, trocando apenas o CD de áudio, sem a necessidade de se fazer cópias locais apenas para substituir a banda de som.

Ainda assim, a maioria das produções no País usa o Dolby, seja pela facilidade de uso (e de exibição), seja pelo menor custo de uso e manutenção. Além disso, a empresa é a única que mantém no Brasil uma estrutura para manutenção e consultoria da tecnologia.

Reprodução ruimQue impacto este novo cenário trouxe à produção de filmes com som 5.1 que serão exibidos em mídias tão diferentes quanto salas de cinema (das mais diferentes qualidades), DVD, VHS, TVs estéreo de última geração e até mesmo antigos aparelhos de TV mono?

Segundo o especialista José Luiz Sasso, da JLS Faci-lidades Sonoras, o Brasil enfrenta uma realidade muito peculiar neste aspecto: enquanto nos grandes centros se encontram salas de exibição de alta qualidade, capa-citadas para reprodução em Dolby Digital 5.1 e DTS, na maioria dos casos o que existe são salas com equipa-mentos mais antigos, ou muito mal calibradas, que con-seguem reproduzir apenas o Dolby estéreo analógico

Para José Luiz Sasso, da JLS, é preferível fazer

uma mixagem mais simples, que possa ser

reproduzida em qualquer ambiente.

Fotos: arquivo20capa

julho de 2003

Som para todas as mídias

Page 21: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

>>

ou simplesmente o sinal mono.“Aquela história de que filme bra-

sileiro tem som ruim não existe mais, é coisa do passado”, diz Sasso. “O que existe”, completa, “são salas mal preparadas. A prova é que quando você assiste ao mesmo filme no DVD, percebe que o som é bom, e é feito a

partir da mesma master”.Segundo Sasso, a mixagem tem que

levar em conta as possíveis deficiências na hora da exibição. Não adianta, expli-ca, usar um monte de recursos sofistica-dos que em uma sala ruim ou em uma TV mono não vão aparecer. É preferí-vel, completa, fazer uma mixagem mais “certinha”, mais simples, que possa ser reproduzida em qualquer ambiente.

Isto acontece porque no Brasil (outra peculiaridade) não se faz como no exterior, onde se cria, após a mixa-gem “completa” para cine-ma, uma segunda mixagem, específica para a TV (que conteria, por exemplo, uma banda internacional, para dublagem). Como em geral os recursos são escassos, faz-se uma única mixagem que tem que servir para todas as mídias.

De qualquer forma, Sasso diz que usa os recursos de surround do 5.1, mas considera isso um “bonus track”, uma melhoria para quem vai ver o filme em uma sala (ou um home theater) de qualidade. “O que não pode é colocar no surround uma fala com o nome do assassino, porque aí quase nin-guém vai ouvir”, explica.

SimulaçãoA editora de som Miriam Biderman, da Effects, segue outra linha. Para ela, o trabalho em 5.1 é feito considerando uma condição ideal de exibição. “Quan-do esse filme for para uma sala ruim, ou uma TV mono, alguns detalhes serão

mesmo perdidos”, conforma-se. Ainda assim, ela costuma usar no estúdio um aparelho para simular a exibição em Dolby analógico ou mono, “para evitar perder alguma coisa nas situa-ções-limite”. Com um currículo que inclui filmes como “Carandiru”, ela diz que o 5.1 tornou o trabalho de edição muito mais interessante, porque per-mitiu uma riqueza de detalhes muito

maior. “Podemos trabalhar muito mais com a tridimensionalidade dos sons, criar ambientes”, conta.

“O espectador consegue usufruir com muito mais clareza a música do filme, os efeitos, tem muito mais envol-vimento”, complementa José Moreau Louzeiro, técnico de som e editor res-ponsável, entre outros, por “Xuxa e os Duendes 2” e “A Partilha”. Louzeiro concorda quanto à técnica de mixagem: “o surround é um plus, você coloca lá sons que se o sujeito assistir em mono não vai perder nada essencial”.

Miriam Biderman conta que desde a adoção do 5.1, há cerca de três

andrémermelstein [email protected]

“O trabalho é feito para as condições

ideais de exibição. Se a sala for ruim alguns detalhes serão mesmo perdidos” diz Miriam Biderman, da Effects.

Quando se fala em uma mixagem em 5.1, significa que o som de um filme será enviado para cinco canais e mais um subwoofer, que reproduz as faixas mais baixas de freqüência. Os cinco canais principais são o central, que normalmente reproduz os diálogos, os laterais esquerdo e direito, e os canais surround esquerdo e direito, normalmente reservados para ruídos de fundo, ambientação e efeitos panorâmicos e de tridimensionalidade.

O que é 5.1

Som para todas as mídias

Page 22: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

x 22 tela viva julho de 2003

anos, mudou muito a expectativa dos diretores e produtores em rela-ção ao áudio. “Antes não se dava tanta importâ­ncia, não havia dinhei-ro, tempo e interesse em fazer uma coisa mais trabalhada.” Isso melho-rou muito, explica, e a prova é que surgiram neste tempo mais estúdios e editores. Também acabou, segundo ela, a quase obrigatoriedade de se mixar fora do País, pois com a tecno-logia atual já se conseguem excelen-tes resultados aqui.

Louzeiro aponta ainda a vantagem da confiabilidade dos equipamentos. No analógico, conta, problemas de regulagem, de azimute, prejudicavam o resultado. No digital “ou é ou não é”, quer dizer, ou se tem o som perfei-to, ou não aparece nada.

InformaçãoPara Carlos Klachquin, consultor para aplicações em cinema da Dolby no Brasil, ainda há muita desinformação no uso da tecnologia. “Muita gente ainda mixa para cinema como se fosse para música (CD), e são coisas com-pletamente diferentes”, explica. “Um show gravado para DVD pode ser mixado em 5.1 em uma sala pequena, pois vai ser exibido na TV, em uma reprodução doméstica. Mas quando se mixa para cinema, a faixa dinâ­mica é muito maior. A sala de cinema é gran-de, com níveis de ruído mais baixos que em casa, e a potência do som é muito maior. Então a mixagem tem

que ser feita em uma sala grande, em outras condições.”

Falando tecnicamente, ele conta que em uma sala de cinema hoje se trabalha com picos de 103 dB em cada canal, 113 dB no subwoofer. Soman-do-se tudo, chega-se a 122 dB no total. Como o ruído da sala atinge cerca de 25 a 30 dB, tem-se uma faixa de mais ou menos 90 dB. Em casa, onde o ruído é maior e a potência menor, tem-se uma faixa de cerca de 40, 50 dB. Ou seja, se a mixagem para a TV é feita com toda a potência, o transmis-sor vai cortar, com-primir o sinal, mas é possível assistir. Já o contrário, a mixa-gem para TV ou CD que vai para a sala de cinema, fica ruim, pois os chiados ficam evidentes e o som fica “chapado”. “É o que acontece com os comerciais que passam no cinema”, conta Klachquin. A dica, explica, é fazer a mixagem sempre em 5.1, e depois adaptar para a exibição domés-tica. “É mais fácil misturar (os canais)

do que separar”, brinca. O tamanho da sala também conta muito, diz o consultor. Para se mixar para cinema, explica, a sala de mixagem tem que ser grande, para que se tenha a mesma percepção da sala de exibição, com as reverberações etc.

Outro problema freqüente apon-tado por Klachquin está no material que é enviado para a mixagem. “Muitas vezes mandam uma DAT ou Beta gravada em esté-reo. Só que não existe esté-reo (com dois canais) em cinema. Desde o primeiro filme chamado de estéreo (“Fantasia”, 1940) o cine-ma tem pelo menos três canais: esquerdo, direito e centro”, explica. Isso por-que, ao contrário do que acontece em casa (onde

com dois canais pode-se obter um terceiro canal “virtual”, já que o espec-tador está bem no centro da sala), na sala de cinema quem não está sentado no centro não vai ouvir os diálogos saindo da tela, mas sim do lado em que está sentado. “Nesse casos, é melhor mandar o material em mono que em dois canais”, diz o consultor.

José Moreau Louzeiro, editor e técnico de som

No modelo de negócios da Dolby, para cada produ-ção são cobrados royalties, de acordo com o tipo de filme. Um longa, por exemplo, paga US$ 3 mil. Isso inclui o uso da tecnologia, da marca e dois dias de consultoria. Mas há uma pressão no mercado para que a empresa baixe os custos para curtas, filmes de arte e produções de baixo orçamento. A Dolby já reduziu de US$ 500 para US$ 250 a taxa para curtas (inicialmente este valor seria apenas para pacotes de pelo menos cinco filmes. Hoje vale para filmes isolados também). Agora, a Secretaria do Audiovi-sual do Ministério da Cultura quer negociar com a empresa para que haja um desconto maior ou mesmo uma isenção para os curtas e filmes de arte finaliza-dos no CTAV. Segundo o chefe de gabinete da SeAV/MinC, Leopoldo Nunes, a iniciativa de reduzir os custos com a mixagem em Dolby começou na ABD (da qual é ex-presidente), e agora deve ser assumida pela Secretaria. Do outro lado, o consultor da Dolby Carlos Klachquin diz que o valor de US$ 250 já é bem baixo, cobrindo apenas os custos operacionais da empresa, e que não dá para fazer “de graça”. Ele diz, no entanto, que pode sim oferecer cursos e seminários gratuita-mente para a SeAV ou outras entidades.

Carlos Klachquin, da Dolby

A qUESTãO dOS ROyAlTiES

›› 47 países mixam filmes em Dolby.›› Há no mundo 139,02 milhões de

aparelhos de DVD com decodificação Dolby Digital.

›› 39,5 mil salas de cinema no mundo estão equipadas com sistemas 5.1. No Brasil são cerca de 400 salas (e mais cerca de 400 com Dolby SR).

›› Foram lançados 4,54 mil filmes com codificação Dolby Digital. No Brasil, foram 35 longas no período de julho/02 a maio/03.

Fonte: Dolby, números de junho/03.

dolby em números­

Page 23: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 24: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

AA Rain Networks, uma sociedade entre os EstudiosMega, Fabio Lima e José Eduardo Ferrão, está criando no Brasil um novo conceito de distribuição e exibição digital. A empresa criou um sistema de distribuição, gerenciamen-to e exibição de cinema digital, o KinoCast. Baseada na plataforma Microsoft.Net, a solução distribui via satélite conteúdo em formato Windows Media 9 com tecnologia DRM (Digital Rights Management), gerencia as licenças de exibição de conteúdo e ainda é capaz de agendar remo-tamente sessões de cinema, criar playlists automatizadas e até controlar da projeção à iluminação das salas. Tudo isso através de uma rede VPN que pode ser acessada por qualquer computador ligado à Internet.

O que a empresa pretende é reverter a situação do mercado de exibição de filmes no Brasil, que hoje conta com cerca de 1,7 mil salas, pouco menos da metade do que havia no final dos anos 70 (3,5 mil). Segundo Fabio Lima, COO (diretor de operações) da Rain, não se trata apenas de uma “empolgação com a tecnologia digital”, mas uma maneira de viabilizar as salas de cinema para as classes C e D dos grandes centros e para as cidades do interior.

Para Lima, o número reduzido de salas no País deve-se ao preço das cópias em película: cerca de US$ 2 mil por unidade. “A transmissão digital é a única maneira de levar o cinema aos que não são atendidos atualmente”,

diz o COO. A idéia é que o KinoCast reduza os custos de distribuição de filmes e que os lançamentos ocorram simultaneamente em todo o País. Assim, as pequenas salas ou aquelas do interior podem exibir o filme enquan-to a campanha de lançamento está sendo veiculada e não precisam esperar que o filme saia de cartaz nas grandes salas para receber uma cópia. Além disso, a tecnologia pode ajudar a reduzir o preço do próprio ingresso. “Espe-ramos trabalhar com ingressos custando entre R$ 3 e R$ 5”, afirma Lima.

No início, a empresa pretende fazer frente ao merca-do dos multiplex, atraindo, principalmente, os pequenos exibidores e distribuidores. O projeto prevê investimento de U$ 100 milhões e um custo de implantação por sala inferior ou igual a uma implantação de 35 mm. Mas o benefício está no baixo custo de distribuição e, posterior-mente, na inclusão de um mercado maior no circuito lan-çador. A expectativa é atingir, em curto e médio prazo, cerca de 300 cidades no Brasil, e em longo prazo cerca de duas mil localidades.

Outro ponto importante é que estas salas estarão preparadas para eventos como ensino à distâ­ncia, trei-

24tela vivajulho de 2003

tecnologia

Chuva de filmesTECNOLOGIA DE DISTRIBu­IçãO DE CINEMA VIA

SATéLITE, COM GERENCIAMENTO DE LICENçAS

ONLINE, CHEGA COM A RESPONSABILIDADE DE

VIABILIZAR O MERCADO EXIBIDOR NACIONAL.

Jos­é Eduardo Ferrão e Fabio lima, CEO e COO da Rain Networks­, res­pectivamente, que-rem levar o cinema às­ clas­s­es­ C e d.

Foto: arquivo

Page 25: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

x

namento corporativo, teleconferências e eventos esportivos ou musicais.Apesar de ser uma empresa nacional, a Rain Networks começou a negociar sua tecnologia nos EUA. Ela será fornecedo-ra de software para a rede de salas de cinema norte-americana Landmark, que está transformando 200 de suas salas em digitais.

Tecnologia O sistema KinoCast distribui filmes via satélite a servidores localizados nas salas de cinema. A compressão Windows Media 9 é suportada pelo novo servidor de streaming contido no Microsoft Windows Server 2003, e pelo servidor de DRM, responsável pelo controle de direito autoral. Usando essa compressão, é possível arquivar lon-gas-metragens em alta definição em apenas 5 Gb. Além disso, graças à tecnologia DRM, é possível fazer o gerenciamento remoto de agendamento de sessões, playlists auto-máticas, filtros de perfil de propaganda, relatórios em tempo real e ainda o controle de direito autoral.

O conteúdo criptografado, após ser enviado para os servidores via satélite, só pode ser reproduzido após o envio das licenças DRM, através da VPN. Além dos servidores das salas, está conectado na rede um servidor central, localizado na sede da Rain, em São Paulo. Assim, a Rain poderá visualizar e controlar remo-tamente as salas, dispondo de todas as

informações locais: qual filme está sendo exibido, as grades de horário ou quando a licença vai expirar.

Graças a este gerenciamento remoto e ao baixo custo por cópia, as salas pode-rão ser cobradas por período (compram o filme para exibir durante uma semana, por exemplo) ou por número de exibições. Tudo depende da negociação entre as salas e os distribuidores. Outra vantagem é que o sistema pode apagar o conteúdo do HD sempre que as licenças expiram.

Outro ponto importante é que o exibi-dor pode saber com certeza se os trailers estão sendo exibidos ou não. Além disso, a venda de publicidade também sai ganhan-do, já que é possível veicular em salas de todo o País sem ter o alto custo das cópias em película. Se e quando as salas quiserem exibir um filme que está em película, o ser-vidor pode exibir os trailers e a publicidade pelo projetor digital e, automaticamente, ligar o projetor de película.

Através de relatórios gerados periodi-camente, os distribuidores e as agências de publicidade podem ter certeza do que foi veiculado e quando. “Hoje, os distribui-dores ficam sabendo da programação das salas através dos jornais”, diz Lima.

Para garantir o baixo custo de instala-ção das salas e graças à simplicidade do Windows Media 9, os servidores locais serão PCs comuns, equipados com placas de áudio SoundBlaster 5.1 e processado-res AMD de 2,5 GHz, que se conectam

diretamente ao projetor, fornecido pela Panasonic. O custo final por sala, segun-do Fabio Lima, ficará entre US$ 40 mil e US$ 50 mil (mais as instalações físicas da sala em si).

Conteúdo Para o COO da Rain, a tecnologia de dis-tribuição digital é uma maneira eficiente de difundir o cinema nacional. “A grande massa gosta de teledramaturgia nacional, está acostumada a ver telenovelas. Só precisamos levar o conteúdo nacional até eles”, argumenta.

Quanto aos filmes internacionais, os lançamentos para as salas populares devem ser dublados, para satisfazer o público acostumado à televisão.

A Rain Networks e os EstudiosMe-ga devem relançar nas salas digitais 43 filmes brasileiros que já estão fora de cartaz. “‘O Invasor’ (de Beto Brant) teve público de cem mil pessoas com apenas oito cópias. Imagine como seria com uma distribuição maior”, empolga-se Fabio Lima. Além disso, a Rain e os Estudios-Mega pretendem investir em co-produ-ções de filmes nacionais.

Ainda no que se refere a relançamen-tos, a empresa vislumbra a possibilidade de fazer exibições temáticas, como sessão Vera Cruz ou Carlitos, por exemplo.

“É claro que o número de relançamentos deve cair conforme cresça a oferta de títulos nacionais inéditos”, finaliza Fabio Lima.

[email protected]

Page 26: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

­making­ofNa moda até debaixo d’á­gu­a

Justamente para destacar os produtos, a diretora optou por forrar o fundo e as laterais da piscina com pano preto, criando um fundo infinito e favorecendo o contraste entre os corpos dos modelos e as roupas contra o cenário. O pano foi fixado no fundo com pesos, que o mantinham bem ajustado.

Para agregar um pouco de cor ao fundo, além do pano preto foram incluídos elementos cenográficos, como longos cordões de pérolas e estandartes de retalhos colo-ridos, inspirados no maracatu. “O objetivo maior do filme é valorizar e mostrar bem as peças, mas achamos interessante colocar um pouco mais de cor em algumas peças”, diz Dainara Toffoli.

A nova campanha de ofertas da C&A para veiculação no Nordes-te durante as férias de julho inova na apresentação das modelos e dos modelitos. Estão todos embaixo d’água, exibindo biquínis, maiô­s e roupas de praia. As filmagens foram feitas no Conjunto Baby Barioni, da Secretaria de Esportes de São Paulo, em uma piscina com profundidade entre três e quatro metros. Como num balé subaquático, homens, mulheres e crianças - ao todo 20 mode-

los - mostram as roupas entre sorrisos e bolhas, num cenário irreal e plasticamente elegante.A idéia, explica a diretora Dainara Toffoli, era valorizar o efeito da água sobre os corpos, brincando também com a falta de gravi-dade. Mesmo embaixo d’água, os modelos dançam sorrindo, com-pletamente submersos, ao som de uma trilha animada, inspirada em canções de Dean Martin dos anos 50.

ficha­técnicaClien­te C&A • Pro du to in­s­titucion­al

• Agên­ cia Avan­ti • Pro du to ra O2

Filmes­ • Cria ção e direção Dain­ara

Tof­f­oli • Dire ção de arte Cláudia Aze­

vedo • Dire çao de f­otograf­ia An­dré

Modugn­o • Mon­ ta gem Tamis­ Lus­tre

• Tri lha Dr. DD/Raw • Fin­alização

O2 • Fin­a li za dor Jos­é Beluzzo

2�tela vivajulho de 2003

Fundo infinito

A seleção dos modelos privilegiou pessoas que se sentissem à vontade na água. O teste incluiu profissionais de nado sincronizado, mas nem sempre o resultado tinha a ver com a proposta do filme. “Não estávamos procuran-do tanto alguém que fizesse piruetas, mas alguém que se sentisse à vontade para fazer movimentos com elegâ­ncia, com os olhos bem abertos e uma expressão bonita, sorridente”, explica Dainara. Por isso, a maioria dos esco-lhidos acabou sendo mesmo de modelos, que sorriem até debaixo d’água. O trabalho subaquático foi feito por uma equipe de quatro mergulhado-res profissionais, que também participou das filmagens para atender os modelos, caso alguém se atrapalhasse dentro da água. Na piscina, foi montada uma estrutura de ferro a meio metro de profundidade, na

qual os modelos podiam se apoiar para descansar entre os planos. Isso facilitava a retomada das fil-magens, pois evitava que os mode-los saíssem de suas marcações.

Escolha do casting

Page 27: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

[email protected]

Sobre a piscina foi montada uma caixa de luz de 3 x 9 metros, que delimitava o espa-ço da cena e pratica-mente iluminava todo o set. A marcação dos modelos embaixo da água era feita com o uso de box trans, estruturas metálicas

usadas normalmente na montagem de eventos. Os mergulhadores deslocavam os box trans, instalados sobre tripés, no fundo da piscina, orientando os movimentos dos modelos.

Além da caixa, dois refletores subaquáticos de tungstênio foram posicionados dentro da piscina, e três do lado de fora. A câ­mera foi operada na mão, com bas-tante liberdade. O diretor de fotografia, André Modugno, que também é mergulha-dor, revezou na operação da câ­mera, diver-tindo-se com a mobilidade. “Dentro da água, podemos virar a câ­mera à vontade”, diz D’Aguiar. Em uma das cenas, inclusive, três meninas nadam paralelas, horizontalmente ao vídeo. Na realidade, as três fizeram um movimento ascendente, tanto que um olhar mais atento percebe que as bolhas também correm numa direção improvável.

Toda a captação de imagens foi feita de uma vez, mas para definir as posições de cada um, houve um ensaio geral na véspera das filmagens. Dainara, equipada de máscara e snorkel, acompanhou as evo-luções de cada um, para determinar suas posições. No dia da filmagem, porém, ficou fora da piscina, acompanhando tudo pelo videoassist. “A dificuldade de comunicação foi um dos maiores problemas. O operador de câ­mera podia ouvir as instruções, mas não responder. E do videoassist, a imagem é muito diferente”, explica a diretora. Na verdade, o grande gargalo era mesmo a troca dos chassis da câ­mera. O blimp para filmagem subaquática só comporta um chassis normal, de quatro minutos. O filme, porém, foi rodado a 48 quadros por segundo, e por isso terminava em dois minutos. Só que a troca de chassis exigia que a câ­mera fosse removida da água e tirada de dentro do blimp, que depois tinha de ser enxuto e lacrado novamente. “Esse processo todo leva-va cerca de 20 minutos, e rodamos 18 rolos...”, comenta Dainara.

Dificuldades

A finalização, feita na própria O2, contou com os recursos do After Effects para valorizar as bolhas e realçar as imagens. Na maioria das cenas, junto com as bolhas - criadas pelo próprio movimento das pessoas e também por uma máquina especial - surgem pequenos logotipos da C&A, flutuando junto aos modelos.

Logos flutuantes

Liber­dade e mobilidade

Page 28: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

A

28tela vivajulho de 2003

televis­ão

Presença local

As afiliadas da Rede Globo compradas das Organizações Globo em setembro do ano passado pelo empresário J. Hawilla, dono da empresa de marketing esportivo Traf-fic e da produtora TV7, inauguraram no mês de maio suas novas marcas, logomarca e programação visual. TV Tem passa a ser a denominação das antigas TV Progres-so (São José do Rio Preto), TV Aliança (Sorocaba) e TV Modelo (Bauru), além da nova emissora em Itapetininga que inaugurou sua operação oficialmente no dia 29 do mês passado.

A idéia foi juntar as quatro TVs em uma rede, poden-do oferecer maior escala para os anunciantes do interior paulista. As quatro retransmitem o sinal da Globo com inserções de programação local para 47% da área do Estado de São Paulo, atingindo 7,5 milhões de habitan-tes. A cobertura abrange cerca de 5,5% do IPC (Índice Potencial de Consumo) nacional. “Com a estruturação em rede, podemos fazer vendas interpraças. Antes não havia foco para o anunciante médio poder se desenvolver na região”, expli-ca André Barroso, diretor executivo da TV Tem.

Para poder atingir o mercado anunciante diluído em 318 municí-pios, a rede criou unidades de pro-dução e vendas nas principais cida-des que estão distantes do município gerador. Além de uma unidade que já existia em Marília, a rede está abrin-do unidades em Ourinhos, Botucatu, Jundiaí, Araçatuba e Votuporanga. Segundo Barroso, a TV Tem preten-de abrir ainda mais unidades. “Dessa maneira as equipes comerciais estão mais próximas do empresário local, têm maior afinidade com o mercado”, diz. Também para aumentar a cober-tura comercial, 14 novos contatos foram contratados, juntando-se aos 22 que já estavam na rede.

Enquanto isso, a TV Tem vem trabalhando junto à

mídia do interior paulistano, principalmente as agências de publicidade, visando a permanência do anunciante na região. Outra ação é a compra de cotas de produção junto às produtoras locais para vender aos pequenos anunciantes. Outra iniciativa para atrair mais anuncian-tes é mostrar a importâ­ncia desses mercados na capital.

Produção localCom o objetivo de aumentar a identificação com o públi-co e com o anunciante, a rede está produzindo cada vez mais localmente. Quanto ao jornalismo, a rede vem noticiando os problemas do dia-a-dia local. No estilo do “SPTV”, produzido pela TV Globo de São Paulo, o jor-

nalismo da TV Tem faz cobranças junto às autoridades locais sobre política, problemas sociais e de infra-estrutura etc. Além disso, as pautas buscam também levar otimismo para a região e ainda participar dos noticiá-rios nacionais.

Ainda em fase experimental, Barroso diz estar criando uma equipe de vídeo-repórteres. Todos eles recebem um treina-mento que abrange o trabalho de redação, produção e até o manuseio dos equipamen-tos. Trabalhando com um “kit-repórter”, formado por câ­meras digitais e ilhas de edição portáteis Vaio, da Sony, os repórte-res podem chegar à redação com a matéria já editada e finalizada. “Queremos quebrar alguns paradigmas. Não adianta trabalhar com equipamentos modernos num processo antiquado”, explica o diretor executivo.

A rede também desenvolve conteú-dos que tenham força na região, como os

rodeios. Outro exemplo de peculiaridade local é a cober-tura de eventos ligados ao vô­o de asa delta — Bauru é a

EMISSORAS DO EMPRESÁRIO J. HAWILLA

Ju­NTAM­SE EM u­MA MESMA MARCA, A TV TEM,

E TRABALHAM EM REDE PARA DAR MAIOR

VISIBILIDADE AO ANu­NCIANTE LOCAL.

“Com a estruturação em rede, podemos fazer vendas interpraças. Antes não havia foco para o anunciante se desenvolver na região” André Barroso

Foto: Divulgação

Page 29: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

x

capital nacional do vô­o a vela.Também para reforçar sua marca e

sua presença na região, a TV Tem está criando núcleos esportivos para o público jovem, além de outras ações esportivas, e realiza cada vez mais eventos. Cada emis-sora da rede realiza, no mínimo, cem eventos por ano.

Além disso, a concessão da nova emissora, em Itapetinin-ga, exige 3,5 horas diárias de programação local, sem especificação de horário. A regra passa a valer a partir de agosto. Para cumpri-la, Barroso diz que deve lançar mão de produções terceiri-zadas, “além de muita cria-tividade”.

Segundo o empresário e proprietário da rede, J. Hawilla, a produtora TV7 e a promotora de eventos esportivos Traffic, ambas de sua propriedade, devem come-çar a trabalhar com a rede TV Tem em

breve. Além da produção de conteúdo, por parte da TV7, a Traffic deve promover eventos esportivos locais.

InvestimentosA nova emissora de Itapetininga, que retransmitia o sinal da Rede Globo desde o dia 6 de maio, iniciou no dia 30

de junho sua programação com a segunda edição do jornal “Tem Notícias”.

A sede, localizada no Shop-ping Itapetininga, integra num mesmo ambiente de trabalho engenharia, operação, estúdio e ilhas de edição.

Segundo o gerente regional Valdir Reis, foram investidos R$ 4 milhões nas instalações

e equipamentos da emissora. A Floripa Tecnologia foi a fornecedora do sistema integrado digital de jornalismo da emis-sora, o E-News. O sitema é composto de duas ilhas de edição Velox/Incite integra-

das a dois vídeo servidores redundantes NewsWare e um gerador de caracteres Inscriber. As câ­meras são DVCAM Sony e o controle mestre e a exibição operam com dois vídeo servidores SpotWare e a mesa mestre MCM8000Pro, também da Floripa Tecnologia.

Para atingir todos os objetivos, serão investidos R$ 6 milhões só neste ano. Parte do dinheiro deve ser usada para refazer o parque técnico. Outra parte do investimento vai para a contratação de pessoal (para a nova emissora foram contratados 39 profissionais) e para infra-estrutura.

Como o investimento ainda não é o ideal, já que, para André Barroso, o valor deveria ser de R$ 30 milhões, a rede deve buscar alternativas menos custosas e fazer uma programação do investimento. “Vamos rever os modelos de trabalho”, diz.

fernandolauterjung

Page 30: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

QQuem olha de fora a fachada cor-de-abóbora da casa no bairro do Brooklin, em São Paulo, não imagina a estru-tura que se esconde por trás. Depois dos escritórios de praxe, logo de saída, um estúdio, uma oficina e um ateliê acolhem o trabalho de cerca de dez profissionais. O que eles estão fazendo? Desenhando, construindo bonecos e cenários para clipes e comerciais de animação.

O trabalho do desenhista industrial Paolo Conti e do publicitário Arthur Medeiros começou há mais de cinco anos, quando se encontraram na Trattoria di Frame. Paolo vinha da área de desenho animado, tendo passa-do por vários estúdios, e Arthur trabalhava com edição. Lá tomaram contato com os elementos em 3D, dentro e fora do computador.

Um tempo depois, cada um foi para um canto, mas depois se reencontraram na Toro Filmes, produtora montada por diversos profissionais egressos da Tratto-ria. A produtora combinava animação com produção ao vivo e casa de edição. Nessa época, fizeram um clipe premiado para a banda Charlie Brown Jr. e o vídeo de segurança que ainda pode ser visto nos aviões da TAM. Já estavam começando a se dedicar ao que seria o gran-de foco da atual Animaking: a animação stop motion, com bonecos e outras técnicas.

Dentro da Toro, a dupla sentiu que a produtora começava a viver uma crise de identidade. Arthur

começou a trabalhar como atendimento, e percebeu a dificuldade visitando agências. “Comecei a batalhar as agências e quando mostrava nosso rolo, o pessoal per-guntava: ‘mas onde devo colocar a fita, em animação, produção ou edição?’ Daí percebemos que precisávamos achar um foco”, diz Arthur.

Dois anos e meio de Toro depois, Paolo e Arthur resolve-ram partir para o vô­o próprio. Investiram em equipamentos de finalização e na montagem de oficinas que permitissem a produção completa dos filmes, desde a criação dos perso-nagens até a fita de exibição. “Nosso trabalho exige muito tempo e cuidado, para a modelagem e estrutura dos bone-cos, mas também de filmagem. Muitos orçamentos acaba-vam inviabilizados por causa do número de diárias. Então investimos no estúdio, com iluminação para a filmagem de animação, em uma câ­mera 35 mm e outra de vídeo, tripés... Também fizemos as oficinas, com todas as ferramentas”, conta Paolo.

O equipamento mais diferenciado da produtora, porém, é bastante preciso, mas passa longe dos bits e chips. É, na verdade, um grande hardware: uma grua cons-truída especialmente para a filmagem de animação qua-dro a quadro. Construída com projeto de Paolo e seu pai, que é engenheiro, a “jabiraca” é uma grua que sobe a até 4,5 metros de altura, com controle de velocidade, altura e movimentos de rotação horizontal e vertical. Funciona também como ligeirinho, e permite ao todo oito movi-mentos diferentes. “A idéia é transformar aos poucos a ‘jabiraca’ num mini-motion control para filmagem quadro a quadro. Toda a estrutura mecâ­nica está pronta e já fun-ciona muito bem, mas agora estamos começando a criar a parte eletrô­nica, para poder programar os movimentos sincronizados com o computador”, explica Paolo.

Além dos estúdios, estão as duas oficinas onde traba-lham as equipes que criam os cenários, as estruturas inter-nas dos bonecos e sua aparência final. Em geral, os bonecos têm estrutura metálica, formada por segmentos encaixa-dos de ferro. “Fazemos muita pesquisa e desenvolvemos

30tela vivajulho de 2003

cas­e

Estrutura e diversãoOS SóCIOS DA ANIMAkING ENCONTRARAM

u­MA FóRMu­LA PARA u­NIR SEu­S TALENTOS

CRIATIVOS E PRODu­ZIR COMERCIAIS

E VIDEOCLIPES EM STOP MOTION.

O comercial da rádio 89 agradou tanto que acabou gerando uma banda virtual feita em animação.

Page 31: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

x

algumas técnicas. Para a parte externa dos bonecos, por exemplo, usamos foam látex e silicone, e já fazemos moldes que produzem bonecos quase sem emendas”, conta Paolo.

Um dos projetos em andamento é a animação em stop motion dos bonecos da Turma do Pererê, do cartunista Ziraldo. Depois de uma apresentação de repertório na O2 Filmes, no qual conheceram a dire-tora Fabrizia Pinto — filha do cartunista —, a equipe da Animaking foi convidada a desenvolver o projeto. Grande parte dos bonecos já está pronta, tendo passado pelo crivo rigoroso de Ziraldo. A série deve render 51 episódios de sete minutos e está começando a ser rodada.

Outro projeto que promete trazer fru-tos é um desdobramento dos comerciais que a produtora vem desenvolvendo para a rádio paulistana 89 FM, que também tem retransmissoras em outras cidades. A

direção da rádio pensou em produzir um comercial com bonecos, depois de a emis-sora ficar vários anos afastada da mídia. Como a rádio não tinha agência, os conta-tos foram feitos diretamente entre clientes e produtora, assim como a criação.

A princípio, seria apenas uma banda que cantasse o jingle da rádio. Durante o processo, os integrantes da banda acaba-ram refletindo as várias tribos que ouvem a rádio, especializada em rock e pop. O sucesso do filme no ar motivou outro filme e uma idéia: e se criassem um clipe e uma banda virtual a partir desses perso-nagens, como a banda Gorillaz, em que os integrantes são de desenho animado?

Paolo e Arthur propuseram o projeto para a rádio. A idéia foi pegando e a 89 FM apresentou-a para o produtor Rick Bona-dio, na época na Sony Music, que adorou. “De cara, ele produziu sete músicas e gra-vou um CD, criando o demo da banda”, diz Arthur. Agora, a banda já tem integrantes, músicas próprias e até uma certa exposição na mídia. Falta só a gravadora para come-çar suas turnês. Segundo Paolo e Arthur, as negociações estão avançadas e em pouco tempo a nova banda deve estourar.

[email protected] das técnicas de

construção de bonecos foram desen­volvidas internamente.

Page 32: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 33: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 34: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

JULHO

11 a 20 Anima Mundi ­ XI Festival Internacional de Cinema de Animação Rio de Janeiro - RJ. Fone/fax: (21) 2543-8860. E-mail: [email protected]. Internet: www.animamundi.com.br.

15 a 20 XVI Mostra do Audiovisual Paulista São Paulo - SP. Fone/fax: (11) 3032-3057. E-mail: [email protected]. Internet: www.mostraaudiovisual.com.br.

23 a 27 Anima Mundi ­ XI Festival Internacional de Cinema de Animação São Paulo - SP. Fone/fax: (21) 2543-8860. E-mail: [email protected]. Internet: www.animamundi.com.br

27 a 31 Siggraph 2003. San Diego Convention Center, San Diego, USA. Fone: (1-719) 599-3734. E-mail: [email protected]. Internet: www.siggraph.org.

AGOSTO

[ Novas aplicações ]

As revistas Tela Viva, Pay-TV e Teletime pro-movem dias 13 e 14 de agosto o Seminário “Soluções em telecom: as aplicações via satélite”, no Paulista Plaza, São Paulo, SP. Serão apresentados cases com as aplicações do satélite, de telemedicina a cinema digital, para usuários, operadoras e provedores de serviços em TV aberta, produção de con-teúdo, TV paga, empresas de telecomuni-cações, entre outros. Fone (11) 3120-2351. Fax: (11) 3120-5485, e-mail: [email protected] ou no site www.conver-geeventos.com.br

13 a 18 Catarina Festival de Documentários ­ Edição 2003 Balneário Camboriú, Itajaí - SC. Inscrições 27 de julho a 5 de agosto de 2003. Fone/fax: (41) 336-1539. E-mail: [email protected]. Internet: www.araucari-aproducoes.com.br.

18 a 23 XXXI Festival de Gramado ­ Cinema Latino e Brasileiro Gramado - RS. Fones: (54) 286-9533/ 286-9544. E-mail: [email protected]. Internet: www.gramadosite.com.br/festi-valdecinema

28 a 0�/09 14º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo São Paulo ­ SP. Fone: (11) 3034-5538.

Fax: (11) 3815-9474.

E-mail: [email protected]. Internet:

www.kinoforum.org.

SETEMBRO

3 a 5 SET 2003 - Rio de Janeiro.

Pavilhão de Congressos do Riocentro, Rio

de Janeiro.

Fone: (21) 2512-8747.

E-mail: [email protected].

[ Minuto para a mãe ]

Estão abertas as inscrições para o

X Festival Mundial do Minuto, que

acontece entre os dias 17 e 22 de

novembro. Inscrições até o dia 20 de

setembro. Informações no site www.uol.

com.br/minuto.

Page 35: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel

Page 36: Revista Tela Viva  129 - julho 2003

Não disponivel