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APAGÃO NO SET Cinema Distribuidoras brasileiras se unem para brigar pelo filme nacional Profissão Os desafios no dia-a-dia de quem faz produção de locação Se não houver investimentos, pode faltar equipamento de produção em 2005 televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 13_#144_novembro2004

Revista Tela Viva - 144 - Novembro 2004

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Revista Tela Viva - 144 - Novembro 2004

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ApAgãono set

CinemaDistribuidoras brasileiras se unem para brigar pelo filme nacional

profissãoos desafios no dia-a-dia de quem faz produção de locação

Se não houver investimentos,

pode faltar equipamento de produção

em 2005

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 13_#144_novembro2004

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(editorial)

Rubens GlasbergAndré MermelsteinSamuel PossebonManoel FernandezOtavio JardanovskiGislaine GasparVilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Sandra Regina da Silva

Fernando Lauterjung

Edianez Parente, Fernando Paiva (Rio de Janeiro) e Lizandra de Almeida (Colaboradoras)

Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal)

Claudia G.I.P. (Edição de Arte)Carlos Edmur Cason (Projeto Gráfico, Arte)Rubens Jardim (Produção Gráfica)Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrô­nica)

Almir Lopes (Gerente), Ivaneti Longo (Assistente)

Marcelo Pressi Claudia G.I.P.

0800 145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Diretor e EditorDiretor EditorialDiretor Editorial

Diretor ComercialDiretor Financeiro

Gerente de Marketing e Circulação Administração

Editora de Projetos Especiais

Editor Tela Viva News

Redação

Sucursal Brasília

Arte

Departamento Comercial

WebmasterWebdesign

Central de Assinaturas

InternetE-mail

RedaçãoE-mail

PublicidadeE-mail

Impressão

Entre entendimentos e desentendimentos, o projeto de lei do Ministério da Cultura que cria a Ancinav e propõe a regulamentação do setor de produção e distribuição

audiovisual no Brasil tem pelo menos um mérito garantido: trouxe à tona um debate aberto sobre esta indústria, sua estrutura, seus mecanismos.

Muitas vezes, no entanto, olhamos a cereja e esquecemos do bolo. Enquanto se discutem as diferentes formas possíveis de fomentar a produção, abrir espaço para fontes de criação e informação diversas, entender e regular as novas mídias e outras causas nobres, esquecem-se muitas vezes de coisas básicas, sem as quais todo este mundo maravilhoso que se preconiza não poderá acontecer. Uma delas está na matéria de capa desta edição, que faz um alerta: a precariedade da infra-estrutura de produção no País.

É claro que o Brasil tem equipamentos e tecnologias de ponta em produção, os mesmos usados em outros países. Mas os prestadores de serviços, locadoras de equipamentos, finalizadoras e outros já sentem o gargalo criado pelo desejado aumento de demanda.

Nossa produção interna e internacional vem efetivamente aumentando em todas as áreas, cinema, publicidade e TV. Sem que se facilitem os investimentos na infra-estrutura, basicamente através da compra de novos equipamentos, começaremos a perder oportunidades de competir, interna e externamente.

Se o governo enxerga a produção audiovisual como estratégica, como afirma com freqüência, tem que estar disposto a fazer algumas concessões em nome da indústria, e a mais premente é o relaxamento da carga tributária sobre as importações de equipamentos. Não há similar nacional, o impacto na arrecadação seria mínimo. E a receita “perdida” seria facilmente recuperada com o aumento nos serviços. Se vamos reformar a sala, temos que olhar também para a cozinha.

por André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

sala e cozinha

Tela Viva é uma publicação mensal da editora Glasberg - Rua sergipe, 401, Conj. 605,

CeP 01243-001. telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. são Paulo, sP.

Sucursal setor Comercial norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CeP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 327-3755 Brasília, DFJornalista Responsável Rubens Glasberg (Mt 8.965)

não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.R. s/A

ilustRAção De CAPA: CArloS FErNANdES / GilMAr

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tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo.Envie suas críticas, comentários e sugestões para [email protected].

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Ano 13 _144_nov/04

telavivanewswww.telaviva.com.br

scanner 6figuras 12cinema 18distribuidoras independentes se unem pelo filme nacional

política 22TCU põe em xeque procedimentos da Ancine

making of 26artigo 28o mercado internacional, por Beth Carmona

carreiras 30o dia-a-dia do produtor de locação

upgrade 34agenda 38

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

(índice)

demanda aquecida 14Prestadores de serviço prevêem falta de equipamento para atender o mercado

Sublinhar o trabalho editorial e a importância da Tela Viva é por si só redundante, pois a própria as-sinatura da revista, não por acaso, encerra os predicados mais super-lativos. Mas, como surpreender é verbo do dia na gramática dos precursores, nos chega com ines-perada satisfação o novo projeto gráfico e editorial da revista. Que primor, que zelo, que prazer em ler, tocar e encantar-se com um material tão bem preparado. Seja no conteúdo, que já é praxe da Tela Viva, seja no acabamento, estética e diagramação. A nós as-sinantes, que sempre apostamos no profissionalismo deste time, só nos cabe agradecer. Agradecer pela Vida, que seu trabalho adi-ciona, em nosso trabalho na Tela, cada vez mais Viva, graças a vocês. Parabéns, a indústria audiovisual tem algo a celebrar. Mais uma vez vindo de quem sempre esteve na ponta.

Vianney RillerVision televisão e Cinema

Sou assinante da revista e gostaria de saber se vocês conhecem al-gum curso de direção e criação de comerciais. Gostaria de participar de cursos deste tipo e enviar alguém.

Jurani Parente

Jurani, na seção treinamento e Cursos do Guia tela Viva você encontra os contatos de dezenas de empresas que oferecem cursos técnicos e teóricos em todas as áreas da produção. o Guia pode ser consultado na internet (www.telaviva.com.br) ou pode ser adquirido junto a nosso de-partamento de assinaturas, pelo telefone 0800-145022.

(cartas)

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(scanner)lama na tela

Começou a ser veiculado em novembro o comercial “Flanelinha”, parte da cam-panha da nova Yamaha XTZ 125. No filme vemos a motocicleta em situações

on e off road. Enquanto o filme mostra a performance da moto em uma trilha cheia de lama, a lente da câmera vai se sujando até ficar

completamente tomada pelo barro. de repente, o público é sur-preendido por um flanelinha que “limpa” a lente e revela a moto circulando pela cidade. A idéia é mostrar a versatilidade da XTZ 125 nos mais diversos terrenos. o barro, que foi todo aplicado na pós-produção, representou um grande desafio. A equipe de produção mesclou lama real (atirada contra a lente e recortada), com computação gráfica 2d e 3d.

A campanha é da agência FAM, com direção de criação de Fábio Siqueira, que também assina a criação ao lado de danilo

Scatigno e Fabiano Paixão. A produção é da Canvas 24p Filmes, com direção e montagem de Wiland Pinsdorf, fotografia de Felipe Palazzo,

produção-executiva de Simone Esser Pinsdorf, e a trilha é de Felipe Vassão.

em busca de patrocinadoresPara captar patrocinadores para a programação da tV Cultura através

de leis de incentivo, a E|ou Marketing de relacionamento está realizando uma campanha coordena- da de marke-ting direto. Foram produzidas peças para três diferentes públicos, todos envolvidos no processo de decisão de investimentos em marketing cultural: os diretores financei-ros e de marketing de grandes anunciantes e profissionais de mídia de suas respectivas agências.

A ação consiste em três peças de um quebra-cabeça, entregue em três dias consecutivos. A idéia é mostrar como uma ação de patrocínio com leis de incentivo, aparentemente complicada, poderia ser muito simples de montar com a ajuda da assessoria da TV Cultura.

Para os diretores de marketing e os profissionais de mídia estão sendo enviadas informações adicionais, que os auxiliarão na elaboração de um plano de incentivo. Para as secretárias dos executivos, também foram enviadas peças interativas.

seriado na usPdesde agosto de 2003, um grupo

de profissionais formados, graduan-dos e mestrandos da Escola de Comunicações e Artes da USP vem desenvol-vendo propostas de um novo seriado de tV, o “ou Não”. o projeto cresceu e abriu espaço para profissionais de outras unidades da USP e de outras faculdades. Agora a equipe de 20 pes-soas começa a oferecer às emissoras abertas, anunciantes e agências de publicidade um mate-rial de divulgação sobre o seriado com apresentação do projeto, vídeo-de-monstrativo, vídeo de apresentação dos protagonistas, site, roteiro do primeiro episódio e sinopses de episódios.

o seriado tem como protagonis-tas cinco jovens que moram em um mesmo prédio e aborda, ao longo dos episódios de 30 minutos, temas relacionados ao universo adolescente. o material está disponível em www.seriado.kit.net.

Varejo sobretaxadoAs produtoras especializadas

em varejo estão preocupadas com a instrução normativa nº 33 da Ancine, que estabelece o pagamento da Condecine (Contribuição para o desenvolvimento da indústria Cinematográfica) sobre cada uma das versões de filmes publicitários de ofertas. Para as produtoras, a área de varejo será muito prejudicada, já que esses filmes têm como característica a filmagem de uma cabeça e uma assinatura comuns, com a troca das ofertas de produtos. Como alguns filmes têm dezenas de versões, os custos do pagamento individual podem inviabilizar esse mercado. É o que alega um comunicado da produtora Mixer, especializada nesse tipo de filme.

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Anti-GuiA De RoteiRosSAiU EM NoVEMBro, PElA EdiTorA CoNrAd, o

“MANUAl dE roTEiro”, dE NEWToN CANNiTo E lEAN-dro SArAiVA, roTEiriSTAS dA SÉriE “CidAdE doS Ho-MENS”. o SUBTíTUlo dá UMA idÉiA dA iNTENção doS AUTorES: “MANUEl, o PriMo PoBrE doS MANUAiS dE CiNEMA E TV”. SEGUNdo ElES, o liVro Não TrAZ “rE-CEiTAS dE Bolo”, E PArTE do PriNCíPio QUE Não Há rEGrAS ABSolUTAS PArA o dESENVolViMENTo dE UM roTEiro. o PrEFáCio É do CiNEASTA FErNANdo MEirEllES. iNForMAçõES PElo SiTE WWW.CoNrAdE-diTorA.CoM.Br.

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Ajuda musicalForam três meses de batalha, mas

o diretor sergio Glasberg conseguiu a façanha de obter, sem custos, os direitos da musica “Why does my Heart Feel so Bad”, do dJ Moby, para o institucional da Add (Associação desportiva para deficientes).

Apresentado ao agente do músico por um dJ norte-americano, Sergio entrou em contato diretamente com Moby, apresentou o projeto e con-seguiu inicialmente apenas os direitos autorais da composição. Chegou a produzir uma versão no Brasil, mas logo depois a gravadora cedeu os direitos do fonograma original, que acabou sendo usado na gravação. No filme, atletas mirins deficientes (foram usadas as crianças reais, não atores) tentam “driblar” o fantasma da falta de recursos. o comercial foi veiculado no final de novembro. A produção é da SFilmes.

Aconteceu no último dia 22, em São Paulo, a primeira reunião do FAC, Fórum do Audiovisual e do Cinema, entidade que reúne 17 associações ligadas ao cinema e à TV, de produtores a distribuidores e exibidores. o ato marca o rompimento definitivo de entidades insatisfeitas com a adesão incondicional do CBC (Congresso Brasileiro de Cinema) ao projeto de lei do MinC que cria a Ancinav. No dia seguinte, a entidade publicou anúncio nos jornais enunciando seus princípios, com ênfase na questão da liberdade, tanto editorial quanto empresarial.

Segundo o cineasta roberto Farias, designado como porta-voz da associação, o objetivo é “fortalecer o audiovisual e levar a cultura a toda a população”. Ele nega que a criação do Fórum seja uma resposta à Ancinav. “Esta organização já vinha se desenhando antes mesmo do projeto”, afirmou. Mas deixou claro que o projeto de lei será a principal frente de batalha da entidade. “Somos a favor de uma Ancinav, mas não esta que está no MinC. Achamos que o governo deve compreender e estimular o setor, sem regras e punições. Já existem órgãos e leis que fiscalizam bastante a comunicação, como o Ministério da Justiça, a lei de imprensa, o Estatuto do Menor etc”, afirmou.

Quanto ao racha entre o cinema dito “industrial” e o CBC (representando os independentes), Farias disse que “o CBC se esvaziou na medida em que tomou um partido, era para ser um fórum de discussão, respeitando a opinião de todos. Apoiou a Ancinav contra grande parte das entidades que faziam parte”.

durante a entrevista coletiva, Farias mencionou diversas vezes a posição do Fórum contra uma eventual interferência do governo nos conteúdos produzidos pelo cinema e pela TV. “Na medida em que (o setor) é cerceado, o Estado interfere na produção. isso deixa todo o mundo de cabelo em pé”, disse. “o que queremos evitar é o dirigismo e a censura”, completou. Ainda assim, Farias disse que não é objetivo da entidade combater o projeto, mas sim “contribuir, com dados e pesquisas que ajudem o governo a entender melhor o setor”.

duas ausências chamaram a atenção entre os associados do

FAC: as emissoras de TV que não estão na Abert (record, SBT, Bandeirantes e rede TV!), representadas pela Abra, e as operadoras de telecomunicações. “Achamos que telecom não deve ser tratada pela Ancinav”, explicou Farias, “até porque a abrangência do projeto acaba legitimando coisas que não são legais, como a produção de conteúdo por empresas de telecomunicações.

Quando você regulamenta isso, está legitimando”. Em relação às emissoras, Farias disse que o FAC “está esperando”. “os outros virão”, concluiu.

Está claro que o FAC será o interlocutor das empresas que exploram o segmento audiovisual e o Congresso no próximo ano, quando o projeto da Ancinav estará no Congresso. Fazem parte do FAC a Abap, ABC, Abeica, Abele, Abert, ABPTA, Abracine, Abradi, Abraplex, ABTA, AESP, APP, Feneec, Sicav, Sicesp, sindicato das distribuidoras do rJ e UBV.

Farias: rompimento aconteceu quando o CBC apoiou incondicionalmente o projeto do MinC que cria a Ancinav.

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Bloco unido

CARReiRAinteRnACionAl

A lUX FilMES CoMEçA A EN-TrAr No MErCAdo dE ProdUçõES iNTErNACioNAiS dE FilMES PUBliCi-TárioS, FiNAliZANdo SUA SEGUNdA

CAMPANHA. o PriMEiro FilME Foi “SAMBA”, PArA UMA iNdúSTriA Por-TUGUESA dE CAlçAdoS. AGorA Foi A VEZ doS TEMPEroS SPiCE iSlANd, doS ESTAdoS UNidoS. A dirEção É dE HoWiE CoHEN, ProFiSSioNAl

NorTE-AMEriCANo EXClUSiVo dA ProdUTorA.

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Chico, vida e obraA direcTV exibe em janeiro

de 2005 uma série inicial de três programas sobre a vida e obra de Chico Buarque de Hollanda. os programas estão sendo produzidos por Roberto de oliveira, através de sua produtora rWr, sob a direção geral do diretor de programação da operadora, Rogério Brandão. os especiais sobre Chico Buarque somam-se ao projeto “7 x Bossa”, série sobre bossa nova que está sendo produzida pela Giros. Em ambos os casos, foram mobilizados recursos via Artigo 39 da MP 2.228-1, num orçamento total de r$ 3,1 milhões. luiz Eduardo Baptista, gerente geral da direcTV no Brasil, diz que as produções serão veiculadas também nos demais países da América latina e onde mais houver demanda e terão lançamento posterior em dVd. A direcTV pôde usar o mecanismo do Artigo 39 (tipicamente usado por programadores) pois constituiu uma empresa local para compra de programação internacional, fazendo depósitos regulares na conta específica indicada pela Ancine até outubro de 2003. São estes os recursos hoje mobilizados para os projetos de música da operadora.

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duas das maiores operadoras de TV a cabo do Brasil, Net Serviços e TVA, anunciaram em novembro seus pacotes de canais para o serviço de cabo digital, baseado em plataforma aberta dVB-C em São Paulo e no rio de Janeiro. A Vivax, segunda maior operadora (resultante da fusão entre Horizon e Canbras) já anunciou a digitalização para 2005 de sua rede em Manaus.

A escolha do padrão digital das operadoras de cabo não tem qualquer relação com o debate sobre TV digital terrestre, que refere-se apenas às transmissões broadcast, abertas. Mas a digitalização do cabo reforça a experiência brasileira com canais digitais e interativos, inaugurada pelos serviços de TV por assinatura via satélite (dTH), como Sky, direcTV e Tecsat.

As operadoras partiram para caminhos opostos em suas estratégias. Enquanto a Net formatou um pacote digital premium, de alto valor, visando aumentar a receita média por assinantes, a TVA lançou uma série de pacotes flexíveis, com valores iniciais até mais baixos que o da TV a cabo analógica em alguns casos. Na adesão

Cabo digitalao serviço, igualmente, a Net fornece o set-top box (conversor digital) sem subsídios,

a um preço de r$ 349 para assinantes e r$ 499 para não-assinantes. “Ainda assim é mais barato que o decoder do dTH, e oferecemos um pacote mais completo e com outros recursos, como a interatividade em tempo real”, explica Ciro kawamura, diretor de marketing da Net. A TVA optou por subsidiar o set-top, que custa às operadoras cerca de US$ 125. A adesão ao serviço

digital da operadora oscila entre r$ 149, para clientes mais antigos que assinam pacotes completos, e r$ 329, para quem assinar agora.

dentre as novidades incluídas nos serviços, além de novos canais como o pacote HBo digital, na TVA, e novos canais da MTV, como o VH1 Soul e o MTV Hits. Também há canais de áudio, com qualidade de Cd. dependendo do canal, estão disponíveis recursos como áudio dolby digital 5.1 e seleção de idioma e legenda, como nos dVds. Na TVA, a Abril fornecerá sinopses diárias das novelas de todos os canais abertos. Assim, quem estiver assistindo a um capítulo, pode abrir na própria tela um quadro com as informações daquele dia.

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Ciro Kawamura, da net

exibição em debateo diretor de relações institucionais do Grupo Severiano

ribeiro, luiz Gonzaga Assis de luca, lançou pela Editora imprensa oficial o livro “Cinema digital - Um novo cinema?”. Trata-se de uma versão adaptada da tese de doutorado de-fendida na ECA-USP por Gonzaga. o autor aborda as questões tecnológicas e mercadológicas levantadas pelo advento da exibição digital de cinema. Para Gonzaga a viabilidade das salas de cinema digital depende das respostas a dois pontos fundamentais: em primeiro lugar, a tecnologia digital precisa garantir uma qualidade de imagem semelhante à da projeção em 35 mm; em segundo, é necessário buscar a viabilidade econômica e chegar a um consenso sobre “quem vai pagar a conta” dessa transição. Esse segundo ponto tem sido a discórdia entre estúdios e exi-bidores. o livro, que faz parte da Coleção Aplauso/Cinema & Tecnologia, custa r$ 9,00 e pode ser comprado no site lojavirtual.imprensaoficial.com.br/livraria3.

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VoltA Do ClássiCo

o filme mais polêmico de Glauber rocha e um dos pre-cursores do Cinema Novo e do movimento tropicalista, “terra em transe”, acaba de ser restaurado em alta definição. A nova có-pia, em 35 mm, estava prevista para ser exibida pela primeira vez durante o Festival de Brasília. A recuperação da obra-prima de Glauber foi feita pelo estudiosMega, com patrocínio da Petrobras. Serão recuperados ainda “dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, “Barraven-to” e “idade da Terra”. o projeto é conduzido pelo Grupo Novo de Cinema e TV.

Como o negativo original foi destruído por um incêndio num laboratório francês, “Terra em Transe” foi recuperado a partir de uma cópia preservada em Berlim. A restauração foi toda feita em alta definição. originalmente montado por Eduardo Escorel, na época com 21 anos, o projeto contou dessa vez com sua supervisão.

Ataque aos piratasA MPAA (Motion Picture Association of America), que reúne

os sete maiores estúdios cinematográficos norte-americanos, anunciou nos EUA que tem planos de processar internautas suspeitos de distribuir filmes ilegalmente pela rede. As empre-sas associadas da MPAA iniciaram vários processos no dia 16 de novembro, com o intuito de acabar com o compartilhamento de arquivos de filmes na internet, exigindo indenizações de até US$ 30 mil por filme.

AniMAtion now!o FESTiVAl ANiMA MUNdi E A EdiTorA TASCHEN ESTão

lANçANdo o liVro dE ArTE “ANiMATioN NoW!”. A PUBli-CAção TrAçA UM PANorAMA MUNdiAl doS úlTiMoS dEZ ANoS dA ANiMAção. o liVro CHEGA àS loJAS EM dEZEM-Bro E TrAZ UM dVd dE 150 MiNUToS CoM FilMES, MAkiNG

oF, TrECHoS dE ANiMAçõES E PorTiFólio dE ArTiSTAS. EM 576 PáGiNAS, ANiMATioN NoW! TrAZ MAiS dE 1,3 Mil

ilUSTrAçõES, CoM ArTES dAS ANiMAçõES, STorYBoArdS E ESTUdoS dE PErSoNAGENS. TrAZ AiNdA A FilMoGrAFiA, BioGrAFiA, oS PrêMioS E oS ENdErEçoS dE CoNTATo doS MAiS rEPrESENTATiVoS AUTorES, ESTúdioS E ESColAS dE

ANiMAção do MUNdo.

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Pitching no Gnt o GNT estreou no mês de novembro duas produções contratadas em

um pitching realizado em janeiro deste ano. Primeiro o canal começou a exibir a série “Nós e Eles”, produzida pela produtora carioca Panorâmica com a paulistana Cinema 8 Filmes. o GNT vem realizando pitchings nos mesmos moldes das feiras e festivais internacionais de documentários. Além do realizado em janeiro — que resultou também na contratação de produtoras para produzir as séries “Gente Pop”, “Beleza Comprada” e “Contemporâneo”, que também estreou em novembro — o GNT já fez outro em setembro deste ano para a escolha de programas para a grade do canal em 2005.

A série “Nós e Eles” discute o relacionamento entre homens e mulheres, sempre com uma celebridade convidada, como as atrizes lavínia Vlasak e Julia lemmertz.

Já “Contemporâneo” é um programa para o público masculino com dicas e tendências em beleza, comportamento e hábitos de consumo para homens. A apresentação é de Christiano Cochrane.

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Financiamento na exibiçãoo Banco nacional do Desenvolvimento econômico e social (BNdES) anunciou no

início de novembro a criação de um programa de financiamento para a construção, ampliação e reforma de salas de exibição cinematográfica. Uma série de vantagens será oferecida aos exibidores, em “uma demonstração de que o setor de cinema é uma das pri-oridades do banco”, afirmou o ex-presidente do BNdES, Carlos lessa. o valor mínimo para pedidos de financiamento nesse programa será de r$ 1 milhão, enquanto para os outros setores da economia é de r$ 10 milhões. Solicitações de empréstimos menores que r$ 1 milhão terão que ser feitas através de bancos terceirizados pelo BNdES. o financiamento pode chegar a até 90% do valor do investimento.

outra proposta que pretende ser favorável aos exibidores é a extensão de seis para doze meses do prazo de carência para o início da quitação do empréstimo. os juros anuais irão variar de 1% a 4%, mais TJlP (9,75%), conforme o porte da empresa financiada e sua área de atuação. o empréstimo, segundo o Ministério da Cultura, poderá ser usado tam-bém na compra de equipamentos de projeção digital, para aluguel ou leasing.

Além disso, o BNdES abrirá uma excessão aos exibidores permitindo que o financia-mento inclua a compra de máquinas importadas que não tenham similares nacionais. As empresas exibidoras devem solicitar aproximadamente r$ 100 milhões em emprés-timos diretamente ao BNdES em 2005. Essa é a previsão de ricardo difini, presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras de Cinema (Feneec). Ele espera que o novo programa de financiamento oferecido pelo banco ao setor faça duplicar a velocidade de crescimento do número de salas de cinema no Brasil.

Produção internacionalA tGD Filmes rodou uma campanha para a agência McCann /israel.

o comercial foi rodado em Porto Alegre durante um fim de semana e contou com a participação de 260 pessoas: 190 figurantes, dez atores e mais 60 profissionais envolvidos. o elenco foi treinado para dançar e cantar um jingle em hebraico. o israelense Shahar Segal, da Ulpanot Productions, responde pela direção de cena do filme. A produtora gaúcha, que faz parte do projeto Film Brazil, prevê outras produções encomendadas do exterior ainda para esse ano.

inVestiMento eM Co-PRoDução

A AnCine esPeRA FeChAR o Ano CoM AlGo PeRto Dos R$ 20 Milhões eM DePósitos

DAs PRoGRAMADoRAs inteRnACionAis

CoRResPonDentes Aos ReCuRsos AnGARiADos ViA ARtiGo 39 DA MP

2.228-1. esses ReCuRsos PoDeM seR ReVeRtiDos PARA PRoDuções AuDioVisuAis loCAis. De ACoRDo CoM CARlos eDuARDo AzeVeDo

GuiMARães, suPeRintenDente De DesenVolViMento FinAnCeiRo

DA AnCine, o VoluMe DeVe seR 35% MAioR Do Que o

ACuMulADo eM 2003 (no Ano PAssADo FoRAM DePositADos R$

14,3 Milhões).

“nós e eles”. “Contemporâneo”.

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(figuras)

Há 20 anos, poucos saberiam conciliar o talento para a produção e as habilidades culinárias em uma só

profissão. Bia Brunetti — produtora culinária — conseguiu. Comecei trabalhando com produção e na época a gente fazia um pouco de tudo — até comida. hoje esse trabalho é conhecido como food styling e lá fora existe até faculdade, tem muitos livros e material de pesquisa. na época, quando decidi que queria me dedicar mesmo a isso, tinha que importar livros. também não era fácil encontrar os ingredientes, cheguei a ir pessoalmente colher morangos em Atibaia. hoje, com as importações, ficou tudo mais fácil.

Bia cursou desenho técnico no lendário iAd — instituto de Arte e decoração, uma das primeiras escolas de arte e design brasileiras. logo se casou com um publicitário, que hoje é diretor de cinema em Portugal, e começou a trocar a prancheta pela produção. Passava horas debruçada na prancheta, fazendo plantas e desenhos para arquitetos. Aí uns amigos começaram a dizer que eu tinha tudo a ver com produção. sempre vivi nesse meio, na verdade. Meu irmão,

um pouco o ritmo alucinado de trabalho em produções. durante dois anos, trabalhou na TV produzindo os pratos de um programa de receitas patrocinado pela Nestlé, veiculado no feminino “Note & Anote”, da Band. Hoje continua fazendo o que gosta, mas sem tanto estresse. Gostaria de voltar a ter a locadora, era muito legal poder produzir toda a cena.

o grande segredo do trabalho, ela explica, é justamente o fato de que seu olho para a produção vem antes de seu talento na cozinha. Mesmo que não soubesse nada de cozinha, já sabia como aquilo apareceria para a câmera. Com o passar do tempo, a experiência adquirida na prática se transformou em uma bagagem incrível — e histórias deliciosas. Para os mais gulosos, os truques de Bia podem ser um pouco frustrantes. Sabe aquele frango assado maravilhoso, douradinho? Pois é, seu recheio é de estopa e, para adquirir aquela cor, é regado a um preparado que leva mel, shoyu e até Coca-Cola. Por baixo, o prato recebe uma verdadeira cirurgia plástica: é todo costurado, para que a pele fique esticadinha. o mais complicado é que nunca precisamos fazer um só, mas vários. saio para fazer compras com uma fita métrica. na hora de assar os frangos, sento na frente do forno e fico observando. Conforme uma

parte ou outra vão ficando mais douradas, vou cobrindo com papel alumínio, pedacinho por pedacinho.

Na hora da sobremesa, a decepção é a mesma: chantilly, em geral, é espuma de barba, sorvete é feito de banha, o bolo inteiro é uma peça de isopor. os mock-ups, como o bolo, são poucos. Em geral, a comida é verdadeira, assada, cozida, decorada. o que muda muitas vezes é o ponto de cozimento e os truques para que dure e resista à temperatura do estúdio. Como a televisão não mostra o cheiro, temos que trocá-lo pelo visual. o importante é criar o appetite appeal.

(lizandra de Almeida)

o César, é compositor de trilhas na MCR. Fui trabalhar com a Márcia nesti, que depois virou minha sócia. lembro da gente até rejuntando azulejo em cenário de banheiro naquela época.

Foi quando se deu conta de que havia uma falta de profissionais especializados em culinária no mercado. Abriu com Márcia uma empresa de produção de

alimentos para filmagem e também uma locadora de objetos de mesa. sabíamos como era difícil produzir esse tipo de objeto — baixelas, louças, cristais. Por isso, achamos que seria bom fornecer a comida e também o cenário da cozinha, do jantar...

A empresa durou cerca de oito anos, mas as sócias acabaram tomando rumos diferentes. Márcia continuou por um tempo com a locadora e depois se mudou para uma fazenda. Bia continuou com a culinária e durante um certo tempo manteve uma equipe fixa de seis pessoas. Minha cunhada aprendeu comigo e hoje trabalha com isso em Portugal, foi uma das minhas melhores alunas. depois, Bia se casou novamente, teve uma filha e decidiu diminuir

As imagens do aromaFo

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“o FRANGo ASSADo é REChEADo CoM ESToPA E CoBERTo DE Shoyu, MEl E CoCA-ColA.”

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T E l A V i V A • N o V 2 0 0 4 • 13

Carreira na Band Tuffy Habib foi promovido a diretor comercial da Band rio, onde trabalha há sete anos. Sua carreira foi iniciada na rede Globo e, em 1997, foi contratado pela Band rio como executivo de contas. Em 2000 foi promovido a gerente comercial. Na nova posição, ele vai comandar uma equipe de dez pessoas.

em busca dos dólares A Academia de Filmes contratou Greg Jenkins para reforçar a equipe de atendi-

mento interna-cional. o execu-tivo americano radicado no Brasil há cinco anos chega à produtora com a missão de ampliar o poten-cial exportador da empresa, que, assim como outras

grandes produtoras brasileiras, busca por negócios no exterior. Jenkins acumula em seu currículo 14 anos de experiência na área de comunicação, com passagens na Advertic.com, Gazeta Mercantil e Channel one - do grupo Time Warner.

novo diretor de artedavid Tabalipa é o novo diretor de arte da sede carioca da Publicis Salles Norton. Ele vem da F/Nazca, onde atuou por dois anos. Também traz no currículo passagens por agências como d+, Fischer América e Young & rubicam.

Reforço na publicidadeA dupla de diretores Homero olivetto e Marcus Baldini deixou a SFilmes para reforçar a equipe da TV Zero em São Paulo. A produtora carioca está investindo em suas operações em São Paulo, onde deve concentrar seus negócios de publicidade - desde a chegada do novo sócio, Carlos righi, há cinco meses. os projetos cin-ematográficos continuam a todo vapor na sede do rio. Segundo renato Pereira, um dos sócios da TV Zero, a decisão foi tomada tendo em vista as perspectivas de melhoria do mercado. “Cerca de 40% do nosso faturamento com publicidade já vem de São Paulo”, afirma, ao adiantar que o plano da empresa é dobrar de tamanho nos próximos três anos.

nova sóciaApós três anos trabalhando como produtora executiva na Bl Productions, Paola Canella agora se tornou sócia de Betty lago e Patty lago na produtora Multifuncional. A empresa vem trabalhando na realização de docu-

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Na terceira edição do Prêmio inte (que escolhe os melhores da TV da América latina), a TV Globo conquistou sete categorias da premiação, incluin-do melhor produtora de telenovelas, melhor distribuidora de programação (para a Globo internacional) e melhor minissérie, para “A Casa das Sete Mulheres”. Além disso, quatro profissionais da emissora foram premiados: Thiago lacerda levou o prêmio de melhor ator; Bruna Marquezine ganhou como talento infantil; Jayme Monjardim, como melhor diretor; e Benedito ruy Barbosa recebeu o prêmio de melhor autor. Participaram da cerimônia de premiação, realizada em Miami no dia 19 de

outubro, Thiago lacerda (no centro da foto), Maria Adelaide Amaral (autora da minissérie “Um Só Coração”) e Jayme Monjardim (à direita).Ainda na emissora do Jardim Botânico, o diretor da TV Globo Nova York, Amauri Soares, recebeu da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos da Califórnia o título de “Homem do Ano” de 2004. A homenagem foi em reconhecimento à intensifi-cação da atuação da Globo naquele país, com des-taque para o lançamento do programa “Planeta Brasil”, lançado pelo Canal internacional no últi-mo ano, e da parceria na realização do Brazilian day in New York.

mentários, videoclipes, programas de TV e campanhas publicitárias. Entre os prin-cipais, estão o programa “Fox Fashion”, veiculado no Canal Fox, e a transmissão ao vivo dos desfiles do “Fashion rio”.

Diretor internacional o diretor do cinema publicitário inglês Tony kaye esteve no Brasil filmando com a o2 Filmes. o comercial, das fral-das Pampers, foi feito para a agência Saatchi & Saatchi e para a produtora Supply and demand, ambas norte-americanas. Trata-se de um investimen-to da produtora paulistana no mercado internacional. A o2 já realizou filmes para agências dos Estados Unidos, Alemanha, Austrália, inglaterra, Coréia do Sul e itália. Além das fil-magens, kaye aproveitou sua passagem pelo Brasil para fazer uma exibição fechada, no HSBC Belas Artes, de seu novo documentário, “lake of Fire”, que trata do aborto.

Prêmios globais

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(capa)

refletor no fim do túnelinfra-estrutura para produção está chegando ao limite, mas projeto pode incentivar renovação do parque de equipamentos.

A infra-estrutura para a produção audiovisual no Brasil está no limite da ocupação e, se houver, como se espera,

um aumento na produção, não haverá equipamentos disponíveis. Quem faz o alerta (e não é de hoje), é Edina Fujii, gerente geral da Quanta, uma das principais locadoras de equipamentos do País, e também vice-presidente da Abeica (Associação Brasileira das Empresas de infra-estrutura Cinematográfica e do Audiovisual) e membro do Conselho Superior do Cinema (CSC).

um primeiro passo importante para se dimensionar a indústria do audiovisual. Afinal, foram ouvidas mais de 50 empresas do setor, entre locadoras de câmeras, iluminação, movimento, estúdios, laboratórios, pré e pós-produção e projeção. Há alguns buracos. duas das maiores empresas do setor, por exemplo, não quiseram revelar seus dados, que acabaram tendo que ser estimados pelo levantamento.

Em relação à capacidade de atender o mercado, Edina ressalta que há hoje um gargalo, que será agravado caso nada seja feito. o estudo aponta que hoje podem-se produzir simultaneamente no País, em uma situação hipotética, dois longas-metragens de grande porte, três de médio porte e quatro produções de baixo orçamento, além da produção média de publicidade e TV, considerando apenas rio e São Paulo. Se a demanda aumentar, diz a coordenadora do estudo, não haverá equipamento para todos.

Segundo Paulo ribeiro, da loc.All, já em 2004 houve picos de demanda que as empresas quase não conseguiram atender. Em setembro, por exemplo, houve, segundo ele, um acúmulo de produções internacionais de grande porte, somadas às campanhas eleitorais e a um aquecimento da publicidade. “Algumas equipes acabaram filmando com menos equipamentos do que queriam, ou com equipamentos diferentes. Houve ocasião em que tivemos que trabalhar três dias e noites seguidos, tirando refletores ainda quentes de um caminhão para outro, para atender a demanda”, conta ribeiro.

Na parte de serviços, a história

por André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

TElA ViVA teve acesso a um estudo coordenado por ela junto à Abeica e à Abele (Associação Brasileira das Empresas locadoras de Equipamentos Cinema-tográficos) à pedido do MinC, em que se elenca pela primeira vez o parque de equipamentos, laboratórios e estúdios disponíveis para locação no País. Só não entram na relação equipamentos próprios das produtoras, apenas aqueles das prestadoras de serviços.

o estudo foi feito com certa informalidade, consultando as empresas sobre seus volumes de receita com a locação de equipamentos ou prestação de serviços. Mas pode ser considerado

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se repete. “o mercado sempre teve sazonalidade, períodos de alta e baixa, mas ultimamente a demanda aumentou, principalmente por conta do cinema, longas, curtas e documentários, e a agenda ficou mais apertada. No pico, perco trabalhos por não conseguir atender”, conta ricardo rozzino, diretor dos EstudiosMega, que presta serviços de pós-produção e laboratório. Além do cinema, o barateamento da produção com a digitalização também fez crescer a demanda por serviços de pós-produção, explica.

impostooutra questão importante

abordada pelo estudo, e que já foi tema de matéria de capa em TElA ViVA (agosto de 2003), é a carga tributária sobre os equipamentos importados, que respondem por 80% a 100% dos insumos do setor, dependendo do caso. o estudo das associações levanta a carga que incide sobre cada tipo de equipamento, e as conclusões são assustadoras. Uma lâmpada de refletor, por exemplo, que não tem similar nacional, chega ao Brasil com um custo 191,97% acima de seu país de origem. Para câmeras, a diferença é ainda mais gritante, 201,77%. Sem falar nos pequenos absurdos, tão

co-produções, devidamente registradas junto à agência reguladora, seriam convertidas em bônus, para serem então abatidos dos impostos de importação e iPi. “Não pedimos isenção total, mas uma contrapartida ao que já é investido nas produções”, explica Edina.

outro problema, enfrentado especialmente pelas locadoras, é o do financiamento. As empresas não conseguem adquirir equipamentos novos ou de reposição na velocidade necessária, pois os valores são altos e os agentes financeiros não entendem o setor ou não dispõem de linhas específicas.

“Para se ter uma idéia, há três anos não se compra uma câmera nova de 35 mm no País”, conta Edina. Pior ainda, lembra, acontece em segmentos como o de áudio, em que o próprio técnico, pessoa física, é obrigado a comprar o equipamento.

As locadoras, lembra Paulo ribeiro, são empresas pequenas, sem o apoio de grandes grupos financeiros. “Não conseguimos nem fazer um leasing, porque o banco não sabe o que é um HMi, não aceita como garantia, como faz com um carro ou trator.” o BNdES também se revela uma alternativa frustrante. “Você leva dois anos só

típicos do Brasil quanto as jabuticabas: “o iPi é cobrado sobre o valor do produto mais o frete. ou seja, paga-se iPi sobre transporte”, exclama ribeiro, da loc.All.

A solução proposta pelo estudo, e que foi incorporada à versão do projeto de lei da Ancinav aprovada pelo CSC, vem sendo preconizada por Edina há algum tempo. Parte do princípio que as prestadoras de serviços já participam como co-produtoras dos filmes (no caso do cinema), entrando com uma parte dos equipamentos ou serviços em troca de participação na produção. Esta participação acaba, na maioria das vezes, não sendo remunerada. Pela proposta apresentada ao MinC, estas >>

“se a demanda aumentar como se espera, em 2005 já não haverá equipamento suficiente”

edina Fujii, do CsC

o tAMAnho Do setoR De inFRA-estRutuRA

segmento número de empresas Funcionários Faturamento bruto médio (R$ milhões)áudio e vídeo 22 206 13,237

Câmera de cinema 8 43 7,5

Estúdio 10 68 7,5

Gerador 13 149 8,125

iluminação 20 229 27,156

laboratório 4 311 29,5

Movimento 5 67 5,75

Pré/pós-produção 11 129 6,861

Projeção 1 12 0,25

Teleprompter 2 15 0,5

totAl 96 1229 106,379

Fonte: Abele e Abeica. obs.: Este levantamento não é preciso. É uma estimativa do mercado das empresas de infra-estrutura de base.

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para ser atendido, e aí descobre que o seu equipamento não é considerado bem de capital. Além disso, o banco estatal não financia equipamento importado, e praticamente tudo o que usamos vem de fora”, explica ribeiro.

Esta questão também foi abordada dentro do CSC, e o setor conseguiu acrescentar ao projeto de lei a criação de um programa de fomento à infra-estrutura, batizado provisoriamente de Pro-infra, que receberá recursos do Funcinav para o financiamento de bens.

Na estimativa de Paulo ribeiro, o parque de equipamentos deveria pelo menos dobrar no próximo ano, para atender a demanda com conforto. “Mesmo nós, que conseguimos investir nos últimos dois anos, teríamos que aumentar pelo menos 50% nosso parque já em 2005, caso contrário acabaremos

a questão da infra-estrutura começa a ser tratada. “É muito boa a abertura que o governo está dando, pela primeira vez os segmentos podem se manifestar, se colocar dentro do projeto”, elogia Edina.

Se não for assim, dizem as empresas, todo o crescimento previsto pode ser frustrado pela falta de equipamentos. ou como diz ribeiro, da loc.All, “estão arrumando o salão, colocando toalhas de linho, mas se esquecem da cozinha. os convidados virão para o jantar, mas não haverá comida”.

perdendo trabalho por não conseguir atender”, alerta.

Segundo rozzino, do Mega, o laboratório ainda trabalha com certa folga, mas a pós-produção eletrônica (edição, efeitos, 3d etc.) precisaria de um aumento de capacidade de cerca de 30 % para comportar a demanda dos próximos 18 meses.

Felizmente, com o projeto da Ancinav,

pRoJeTo ApReSenTAdo Ao minC pReVê iSenção de impoSTo de impoRTAção A quem inVeSTiR em Co-pRoduçõeS.

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Não disponivel

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(cinema)

independentes entram na briga pelo filme nacional Com a criação da Abradi, distribuidoras nacionais buscam maior isonomia frente aos incentivos dados às estrangeiras.

A retomada na produção cinematográfica brasileira levou um tempo para mostrar resultados também no setor de

exibição. Já na distribuição, encontrou um gargalo difícil de ser superado. os distribuidores estrangeiros chegaram próximos ao limite

de sua capacidade de distribuição do filme nacional. os independentes, por sua vez, não têm capacidade de investir na aquisição do direito de distribuição dos grandes filmes nacionais. Essa falta de isonomia criada pelo Artigo 3º da lei do Audiovisual (que dá um incentivo fiscal às empresas que exploram o conteúdo audiovisual internacional no Brasil para investirem em co-produção no País) deve ser atacada pelos independentes, que se juntaram no mês de novembro na Abradi - Associação Brasileira dos distribuidores independentes.

A associação chega para defender os interesses dos distribuidores independentes divergentes dos distribuidores internacionais atuantes no Brasil. “Toda vez em que é preciso haver uma interlocução com o setor

e “de linguagens que fogem ao padrão imposto pela indústria norte-americana” e distribuem esse acervo no País.

A segunda divergência é em relação à política de distribuição do filme brasileiro. “Não existe nos mecanismos atuais, e nem conseguimos enxergar na proposta do governo de criação da Ancinav, uma política de distribuição de filmes brasileiros que contemple a distribuição brasileira independente”, diz Wainer. “os grandes geradores de

Artigo 3º são as empresas

americanas. Esse mecanismo não atende aos distribuidores, ao cinema e à indústria brasileiras. É importante que o governo acorde para esse elo fundamental na indústria brasileira que é a distribuição e, na proposta da Ancinav, essa questão continua não sendo tratada com a devida profundidade e seriedade.”

Segundo Wainer, a arrecadação das independentes através do Artigo 3º não ultrapassa 15% do total arrecadado. “Proporcional à ocupação do distribuidor independente no mercado nacional.”

por Fernando Lauterjungf e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

de distribuição, essa interlocução era feita com o sindicato dos distribuidores, que reúne tanto os distribuidores americanos quanto os independentes. Em muitas questões, os interesses dos independentes conflitam com os interesses dos americanos”, explica o presidente da associação, Bruno Wainer, da lumière. “Essa nova entidade marcará a diferença dos independentes em relação aos

americanos”, completa.Não se trata de um rompimento

dentro do setor de distribuição cinematográfica. Wainer garante que os distribuidores internacionais apóiam vários pontos defendidos pelos independentes. o modelo, segundo o presidente da

associação, é o mesmo seguido pelos exibidores, que têm uma

série de entidades, mas tudo sob o guarda-chuva de um mesmo sindicato.

A Abradi já conta com sete associados, a lumière, Filmes do Estação, Mais Filmes, immovision, Pandora, Paris Filmes e PlayArte. “Mas outras importantes, como a Europa, Copacabana, Arte Filmes e Videofilmes, ainda estão de fora e já estamos chamando-as para se juntarem à associação”, diz Wainer.

São duas grandes divergências entre os distribuidores independentes e os norte-americanos, na opinião de Bruno Wainer. A primeira é a defesa da diversidade cultural. “Já que o discurso do governo é pelo estímulo à diversidade cultural, a gente quer deixar bem claro quem é responsável pela difusão da diversidade cultural mundial no Brasil, que são as distribuidoras brasileiras.” isso porque são elas que compram filmes de várias nacionalidades

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não apenas os pequenosNo último ano, cerca de r$

10 milhões foram investidos pelas mais de dez independentes através desse mecanismo, cerca de 14% do total investido. Vale lembrar que esse mecanismo não é usado pelas distribuidoras na comercialização de filmes, mas no financiamento da produção. Através desse financiamento, adquirem o direito de distribuição dos filmes. A solução encontrada por Wainer, na sua distribuidora lumière, e por outros distribuidores nacionais é se associarem na aquisição de filmes. Assim, uma distribuidora especializada na distribuição para cinema acaba se associando a outra especializada na distribuição de homevideo e “dividem” o filme. “os filmes brasileiros que disputam o mercado nacional ‘de igual pra igual’ com os filmes norte-americanos exigem do distribuidor um investimento mínimo de r$ 2 milhões”, explica. “Cada vez mais o investimento mínimo é o máximo permitido pela lei (r$ 3 milhões)”, explica. Fazendo associações, a lumière, por exemplo, conseguiu investir em filmes grandes como “olga”, “os Normais” e “Cidade de deus”, mesmo tendo uma capacidade de investimento anual que varia de r$ 1,5 milhão a r$ 2 milhões. “E ainda dá para colocar ‘um pouquinho’ de dinheiro nos filmes menores”, explica.

É essa sina de distribuir pequenos filmes que deve ser combatida pelos independentes da Abradi, que defende que os nacionais têm que disputar os filmes maiores com as empresas norte-americanas. “Não podemos relegar às distribuidoras nacionais o papel de cuidar dos filmes menores se cada vez mais o melhor da produção mundial está nas mãos das distribuidoras norte-americanas.” Para Wainer o lançamento de filmes nacionais exige do distribuidor um “cuidado muito maior”. “o filme estrangeiro é como uma pizza semipronta, basta botar no forno e aquecer”, defende. isso porque, como já foi explorado em

seu território de origem, já conta com um perfil do público traçado. Já o filme nacional precisa ser estudado. “Cabe ao distribuidor descobrir qual é o público potencial, o caminho correto para o filme”, explica. Para ele o distribuidor independente tem um potencial maior nesse estudo de mercado. “Uma companhia que tenha 40 filmes por ano para lançar (volume médio lançado pelas majors) não pode destinar aos filmes nacionais o tempo necessário. Nenhuma major consegue distribuir ‘corretamente’ mais do que dois ou três filmes brasileiros por ano. Existe um teto máximo para a distribuição de grandes filmes nacionais.” Já os distribuidores independentes, segundo Wainer, têm um volume de lançamentos

menor, podendo se dedicar a até dez grandes filmes brasileiros por ano. “É por isso que o distribuidor brasileiro precisa distribuir também os filmes capazes de disputar o mercado com os filmes americanos”, argumenta.

ComercializaçãoSegundo Wainer, não é necessário

um grande investimento para capitalizar as independentes para que tenham como bancar a comercialização dos filmes. “A contrapartida do distribuidor é avaliar o potencial do filme e investir o montante necessário”, diz. Mesmo assim, Wainer acredita que seria necessário um investimento na comercialização para a “faixa do filme médio”. “É uma faixa que precisa ser desbravada. o cinema brasileiro, desde a sua retomada, já aprendeu a lançar o ‘filme evento’ e o ‘filme de autor’, mas não o de ‘faixa média’. Para esse filme seria interessante um investimento institucional sem um retorno garantido, que seria o investimento do desbravamento. Mas teria que ser um investimento com prazo para >>

diSTRibuidoRAS bRASileiRAS Têm Condição de lAnçAR AdequAdAmenTe dez filmeS nACionAiS poR Ano, ConTRA doiS ou TRêS dAS mAJoRS, AfiRmA A ASSoCiAção

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(cinema)

acabar e com uma análise detalhada para saber por que o filme deu certo ou não”.

nova políticaA área de atuação

nesse momento para a Abradi deve ser o Ministério da Cultura e o seu projeto da Ancinav. “o governo está propondo uma reformulação de todos os mecanismos da política cinematográfica muito polêmica e ousada, sugerindo taxações sobre o ingresso e número de cópias do filme estrangeiro, da publicidade e do mercado de vídeo. Achamos que a estratégia deveria ser outra, mais cautelosa”, defende Wainer. Para ele, criar mecanismos para que as distribuidoras independentes possam

arrecadação”, diz.Além disso, a Abradi defende que as

distribuidoras nacionais permitem uma melhor distribuição do filme nacional no exterior, além da possibilidade dos produtores buscarem financiamentos internacionais. isso porque, segundo Wainer, ao fechar com um distribuidor estrangeiro atuante no Brasil, o produtor assina um contrato dando preferência a esse distribuidor para lançar o filme internacionalmente, mas sem garantias desse lançamento externo. Ao garantir a preferência a um único distribuidor, o produtor não pode se comprometer com outros distribuidores internacionais e nem buscar financiamento junto a eles.

investir na produção já é o suficiente para aumentar a bilheteria dos filmes brasileiros (leia artigo em Tela Viva 143). “No último ano, os r$ 40 milhões investidos bancaram os sete filmes responsáveis por 95% da bilheteria do filme

brasileiro. Se as distribuidoras nacionais tivessem também esse montante para disputar a produção brasileira forte com as americanas, dobraríamos a capacidade de produção de grandes filmes e também o número de ingressos revertidos para o produtor nacional. Se essa política desse certo, haveria argumentos para no ano seguinte aumentar um pouco a

os grandes geradores de Artigo 3º são as empresas americanas. esse mecanismo não atende aos distribuidores, ao cinema e à indústria brasileiras.

Bruno wainer, da Abradi

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(política audiovisual)

Ataque à Ancine Auditoria feita na agência pelo Tribunal de Contas da União questiona mecanismos de incentivo no cinema.

No final do mês de outubro o Tribunal de Contas da União (TCU) publicou no diário oficial

da União o Acórdão nº 1.630/2004, com relatório de auditoria feita na Ancine. A instrução dos analistas Sérgio Braga Machado e Alexandre Giovanini Fuscaldi e adotados como relatório de Auditoria de Conformidade pelo ministro relator, Augusto Sherman Cavalcanti, causou furor no meio cinematográfico e dentro do governo. o documento traz duras críticas à Ancine feitas pelo relator.

Em seu voto, Cavalcanti foi duro com a agência, dizendo que “como se vê, a atuação da Ancine é gravemente precária. Avalia mal os projetos, não orienta os proponentes, não controla consistente-mente a captação e a movimentação dos recursos, e não acom-panha a execução dos projetos. É situação, no mínimo, constrangedora e merece a atenção das autoridades responsáveis.”

A Ancine, apesar do ataque, preferiu, até o fechamento desta edição, não se pronunciar publicamente em relação às críticas. Mas enviou ao TCU, no dia 16 de novembro, um pedido de reexame do relatório, ao qual TElA ViVA teve acesso. o documento acata várias determinações, defende-se e qualifica o trabalho desenvolvido pelos analistas como “oportuno como contribuição, em especial no momento de estruturação da autarquia”. Mas a Ancine repudia várias colocações do relator e pede que o tribunal não as aceite. A Ancine diz que

cinematográfica sem um viés na distribuição e na exibição. Essas áreas devem demorar uma pouco mais para responder ao crescimento”, diz.

Senna diz que os filmes feitos com dinheiro público devem de alguma forma “retornar” ao seu financiador, a população. Na sua opinião, o sucesso comercial não depende apenas de um trabalho perfeito do produtor,, equipe técnica e atores. “A questão do sucesso é imponderável”, diz orlando Senna.

A opinião do secretário é compartilhada pela Ancine, que se defende no documento enviado ao TCU usando como exemplo o documentário “Janela da Alma” e o longa “Cidade de deus”. Segundo a Ancine, pelos critérios subjetivos de viabilidade comercial, o primeiro nunca seria produzido com recursos das leis de incentivo, já que provavelmente não encontraria espaço de exibição. “No entanto este filme, além de ter obtido diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais, permaneceu em cartaz por muitos meses e teve um público de 133 mil espectadores, um recorde para filmes documentários”, explica a agência no documento. Já “Cidade de deus”, com diretor e atores desconhecidos do grande público, pelos estudos de viabilidade comercial, jamais chegaria a mais de 4 milhões de espectadores.

sem distribuiçãoo TCU ataca ainda o grande

número de filmes produzidos que não chegaram a ser distribuídos, cerca de 30%, segundo o relatório. Sherman diz que o tribunal não entende que os filmes tenham que ser necessariamente lucrativos. Mas que “a finalidade da utilização de recursos públicos é gerar um benefício público. Se um filme é produzido e não é exibido, o

Da redaçãot e l a v i v a @ t e l a v i v a . c o m . b r

o voto do relator não considerou algumas das conclusões explicitadas pelos analistas.

Se o ministro Cavalcanti, do TCU, feriu moralmente a agência com seu voto, acabou se ferindo com declarações de várias instâncias do governo dizendo que faltaram subsídios para que o TCU pudesse realmente compreender o meio audiovisual. o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, orlando Senna, lembrou que um grupo de cineastas já estava se mobilizando para reunir-se com os ministros do Tribunal de Contas e apresentar o que é a atividade cinematográfica na visão deles. o ministro José dirceu, inclusive, se comprometeu

em articular esta visita ao TCU. Senna prepara uma nota técnica para o TCU. “infelizmente, ainda não foi possível terminá-la, por absoluta falta de mãos”, afirmou.

Segundo o ministro Augusto Sherman Cavalcanti, a posição do tribunal não é arbitrária e nem significa ignorância técnica ou artística. o TCU dá destaque em sua auditoria à necessidade de viabilidade técnica para a realização de um filme e é justamente esse o ponto em que, segundo o governo, precisa

de um maior conhecimento da atividade audiovisual. Segundo Sherman, a necessidade de viabilidade técnica está prevista num decreto de 93, que regulamenta a lei do Audiovisual, e que a exigência não foi criada pelo TCU. Para ele, se há críticas, o esforço tem que ser feito para se mudar o decreto.

o diretor e produtor Alain Fresnot acre-dita que o fato de vários filmes produzidos não serem lançados comercialmente é um problema que se resolverá sozinho. “Há um fomento para a retomada da produção

A Ancine, de Gustavo Dahl, enviou ao tCu um pedido de reexame do relatório.

>>

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Não disponivel

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(política audiovisual)

benefício que ele gera é pequeno.”Senna concorda com a tese e diz que esta é uma questão a ser estudada “porque é o mínimo que se espera de um filme que usou recursos públicos é que ele obtenha condições de exibição”. o secretário diz que “talvez fosse necessário incluir alguma garantia na legislação para isso”.

o advogado Marcos Alberto Sant’Anna Bitelli, especializado na área de comunicação social, concorda com essa visão do TCU. Para ele “os filmes deveriam ser pensados desde o desenvolvimento do projeto, em conjunto entre o produtor e o distribuidor”. Essa seria a única maneira de garantir a mais correta distribuição dos filmes. Cada filme tem o seu mercado potencial, e muitas vezes o lançamento em cinema não é vantajoso. o Brasil acha que o produto nacional não precisa seguir uma lógica de mercado. É dessa visão que vem a idéia de que 100% dos filmes devem ir para o cinema”, defende.

Alain Fresnot argumenta que exigir um contrato do produtor com um exibidor desde o início é “perverso”. Segundo o diretor, a negociação

para pessoas contratadas. Se não for assim não tem como captar o dinheiro”.

Mas o que causou maior discussão no meio foi a taxa administrativa incluída pelas produtoras no orçamento do projeto, no valor de até 10% do total do orçamento. Segundo o TCU é evidente que a taxa está relacionada “com despesas sem vínculo direto com o projeto, referentes à remuneração do quadro fixo da empresa proponente e pagamento de suas contas (como condomínio e aluguel)”. Ainda segundo o relatório do TCU, na legislação que trata de incentivos fiscais para projetos cinematográficos, não há nenhuma referência à taxa de administração. A única menção explícita às despesas com administração está no § 1º do Art. 28 do decreto 1494/95 , que limita esse tipo de dispêndio a 15% dos orçamentos dos planos anuais e plurianuais de atividades de sociedades civis filantrópicas de natureza cultural. “Nesse caso, esse tipo de despesa parece ser justificável por se tratar de plano de atividades e não de projeto”, explicam os analistas no documento. Mas, no caso de projetos individuais, as leis de incentivo deveriam bancar os custos apenas do projeto, jamais do produtor. isso porque o produtor não é um prestador de serviços para o governo, visto que mantém para si os direitos do filme e, futuramente, deveria ser remunerado pela comercialização desses direitos.

A Ancine argumenta que a

de um filme com o distribuidor após a finalização é sempre mais vantajosa.

Comissõesos analistas da auditoria realizada na

Ancine atacam também a cobrança de percentuais de agenciamento da captação de recursos incentivados através do Artigo 3º da lei do Audiovisual. Segundo os analistas, a cobrança percentual só tem amparo legal para os recursos oriundos da lei rouanet e do Artigo 1º da lei do Audiovisual. o fato é que, no caso do Artigo 3º, teoricamente, são os patrocinadores que escolhem quais são os produtos nos quais eles aplicarão os recursos que têm disponível para patrocínio. A iniciativa é dos próprios patrocinadores.

A Ancine diz no documento enviado como resposta ao tribunal que já está sendo realizada a revisão dos projetos

ativos aprovados, com o objetivo de sanear aqueles que apresentaram agenciamento.

o MinC, por sua vez, apóia o pagamento das comissões. o secretário Senna diz que é uma simples divisão de tarefas no projeto: “antigamente, o produtor, diretor e até os atores se mobilizavam para buscar este dinheiro. Hoje eles transferiram esta função

“o Brasil acha que o produto nacional não precisa seguir uma lógica de mercado.”Marcos Bitelli, advogado

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empresa proponente é também a responsável jurídica, fiscal, legal e administrativa pelo projeto audiovisual, perante os seus co-produtores, investidores, patrocinadores e, sobretudo, os órgãos públicos. “Por vários anos, antes e após a realização do projeto, as empresas proponentes incorrem em obrigações e custos do mesmo, tais como: o desenvolvimento de roteiros, as preparações de cronogramas, análises técnicas e orçamentos diversos, o envio de relatórios de captação e andamento do projeto e, depois: a administração da comercialização, o envio de seus relatórios (ainda que não tenha havido resultado financeiro algum) para investidores e CVM, a coleta, apuração e distribuição dos resultados da comercialização das obras, a participação em festivais nacionais e internacionais, etc”, explica a agência.

Concorrênciaoutro problema apresentado pelos

analistas do TCU é a concorrência de funções da Ancine com a Secretaria do Audiovisual. No documento enviado ao TCU, a Ancine não teceu nenhuma defesa em relação a este ponto. Mas o secretário do Audiovisual, orlando Senna, reconhece que sobreposição

E ainda enaltece várias ações tomadas pela agência, como algumas instruções normativas que “foram editadas regulamentando procedimentos e critérios importantes para a organização e funcionamento dos mecanismos de incentivo. Buscou-se nomear para os cargos estratégicos pessoas com vivência em cinema que vêm prestando importante contribuição nesses primeiros anos”.

Todavia, o voto do ministro relator não foi tão compreensivo em relação aos problemas enfrentados pela agência e apontado pelos analistas. É justamente a contradição entre o voto e o relatório que serve como argumentação da agência para pedir o reexame do acórdão publicado pelo TCU. A Ancine afirma: “com os seus dois anos e dez meses de vida administrativa, não deveria ser categoricamente reprovada nos termos em que foi”. E completa argumentando que “o voto (...) não considerou algumas das conclusões explicitadas pelos Senhores Analistas Externos dessa Corte de Contas”. de uma maneira ou de outra, é o primeiro momento de avaliação da Ancine, o que não deixa de ser oportuno em um momento em que se pensa em transformá-la em Ancinav.

de funções entre a Ancine e a SAV realmente existe. “Ao estruturar a Secretaria do Audiovisual, nós o fizemos como se a Ancinav já existisse, e acreditamos que vai existir, e por isso acabamos deixando

algumas funções concorrentes”, explica. “isso inclusive está sendo discutido pelo Conselho Superior de Cinema ao analisar a proposta de criação da Ancinav”, explica. Senna lembra ainda que algumas das funções da SAV, por questões práticas, estão sendo delegadas à Ancine.

infra-estruturaA Ancine diz ter problemas de infra-

estrutura ao responder alguns dos questionamentos do TCU. o próprio relatório dos analistas aponta o problema de infra-estrutura como justificativa. Em suas conclusões, os analistas apontam “os obstáculos que a Ancine vem enfrentando. A sua recente criação, a tumultuada vinculação ministerial, o estoque de processos encaminhados pela Secretaria de Audiovisual do MinC, a ausência de quadro próprio de servidores, a expectativa da sua extinção para a criação da Ancinav formam o cenário em que os dirigentes da entidade tiveram que conviver desde a sua existência”.

“o mínimo que se espera de um filme que usou recursos públicos é que ele obtenha condições de exibição.”Orlando Senna, secretário do Audiovisual

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(making of )

Universos paralelosEnquanto um garoto come um

bombom calmamente, uma garota solicita um livro à biblio-

tecária, numa biblioteca imensa. Mais do que depressa, a senhora escala as colunas da biblioteca como um macaco, caminha sobre os balaústres e dá uma pirueta final para entregar o livro. o menino, de tão entretido com o bombom, nem se dá conta do espanto da menina, que comenta: “Surreal!”

Claro, o nome do bombom tam-bém é Surreal. “os atores são funda-mentais nesse filme, porque sem eles nada seria tão surreal. São três uni-versos distintos: o menino só come o bombom, a menina vê a bibliotecária e a bibliotecária faz o que sempre fez, não tem nada de novo. o cruzamento desses três mundos é que dá a graça

Todos os movimentos foram ensa-iados no local e filmados no próprio cenário - na pós-produção usou-se a composição em layers, mas nada foi rodado em fundo azul. “Usamos no máximo um cabo de proteção, mas tudo foi feito com muito ensaio, até que a dublê se sentisse confortável e conseguisse realizar para a câmera os movimentos necessários”, diz Baldini.

por Lizandra de Almeidal i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

do filme”, explica o diretor de criação rui Branquinho.

Para contar essa história, a produ-tora usou como locação o real Gabinete Português de leitura, no rio de Janeiro, construído em 1837. “A referência para a locação era a biblioteca de Washington ou de Nova York, então sugerimos o real Gabinete. Aproveitamos as entradas de luz naturais, e completamos conforme a necessidade, mas em uma filmagem noturna precisamos reproduzir a ilumina-ção natural e isso foi mais difícil”, explica o diretor Marcus Vinicius Baldini.

Além da preocupação com a luz e a direção de atores, os efeitos da saltitante bibliotecária é que exigiram muito plane-jamento e cuidado.

Para as cenas de acrobacias, a produção contou com uma dublê que pertence à trupe dos irmãos Fratelli.

ficha técnica

Cliente Chocolates GarotoProduto Bombom SurrealAgência W/BrasilDir. de criação Washington olivetto e

Gabriel ZellmeisterCriação rui Branquinho e

Celso AlfieriProdutora S FilmesDireção Marcus Vinícius Baldini

e Homero olivettoFotografia Hebling Jr. Maquiagem

e caracterização Ana Van Steentrilha Sam

Para mostrar na prática o conceito de surreal, nome do produto, a bibliotecária voa e faz piruetas para alcançar um livro. As acrobacias foram feitas por uma artista circense, que executou as manobras na locação, sem fundo azul. entretido com o chocolate, o menino nem percebe as manobras.

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Um cara em uma festa vê o decodificador da Net digital e dá uma puxadinha de leve no

cabo. Nesse instante o cabo começa a arrastá-lo através da programação da TV por assinatura. Ao ser arrastado, ele destrói a parede e se vê em uma sala de cirurgia, como se estivesse em um seriado. Sai pela porta e entra em uma cena do filme “o Senhor dos Anéis”, passa por um show do Skank, entra em uma savana e é observado por um guepardo, atravessa um jogo de futebol e chega ao fundo do mar, mergulhando ao lado de tubarões, até que volta à festa de onde saiu, todo molhado e carregando um peixe vivo no bolso.

A viagem do espectador pela programação da Net exigiu da produção e da pós-produção o uso de diversas técnicas. o filme foi uma verdadeira superprodução. Algumas imagens de fundo são da própria programação da emissora, outras foram totalmente recriadas em estúdio. É o caso da festa, além da cena do centro cirúrgico e da partida de futebol.

o primeiro grande desafio foi fazer o ator atravessar a parede da festa. o efeito exigiu até um perito em explosivos. A princípio, seria mais fácil usar uma câmera fixa em vez de acompanhar a trajetória do ator. Mas o diretor João daniel preferiu usar a câmera em movimento e o motion control, para acompanhar o movimento do ator com mais realismo. “Fizemos primeiro os atores da festa em primeiro plano, no cenário da festa. depois os objetos em primeiríssimo plano com o uso de um carrinho. depois o ator em estúdio. Aí um dublê do ator já do outro lado da parede, saindo da explosão. E por fim a explosão da parede completa, sem atores, que foi feita com explosivos mesmo. Tudo isso então foi composto pela equipe da Tribbo”, explica. “Para integrar melhor a cena,

explica Pulcino. “Entramos em contato com a distribuidora e compramos uma cena. Então podíamos escolher de qualquer um dos três filmes, mas esta realmente foi a que deu o melhor efeito”, diz o diretor João daniel.

Essa situação foi reproduzida em outras cenas - o ator atravessa o palco de um show do Skank, enquanto um dos músicos salta por cima dele, na savana o guepardo acompanha o ator com o olhar e no jogo de futebol ele é arrastado pelo meio da barreira. Nesse caso, o jogo foi filmado e a torcida - formada por cerca de cem pessoas - foi multiplicada em computação gráfica.

o ator principal do comercial também foi filmado em estúdio, em fundo chroma, com uma pré-composição no próprio set para que a luz do material filmado e os ângulos de câmera fossem reproduzidos corretamente.

Cliente NetProduto Net digitalAgência loduccaDir. de criação Celso loduccaCriação Benjamin Yung e Bruno Souto Produtora Jodaf MixerDireção João daniel TikhomiroffFotografia Adrian TeijidoAss. de direção luiza NazarethMontagem Jair trilha TentáculoFinalização Tribbo Post

ficha técnica

Viagem pelo cabo

criamos partículas de fumaça para o chão e a parede, além de pedaços da parede que se desprenderam quando o cabo passou, tudo em 3d”, diz André Pulcino, atendimento da Tribbo.

Além das cenas produzidas em estúdio, a produtora também se debruçou em uma ampla pesquisa de imagens da própria programadora para selecionar cenas que foram compostas com a imagem do ator sendo puxado. A mais interessante é a do filme “o Senhor dos Anéis”: o personagem Frodo parece olhar diretamente para o ator do comercial, que enquanto é arrastado pelo cabo levanta um monte de folhas e as espalha para todos os lados. “decidimos criar folhas como as do filme saindo por baixo do personagem enquanto ele é arrastado. Também criamos partículas de poeira que acompanham o ator e o cabo”,

o filme da net Digital é uma superprodução. o ator é arrastado por cenários que vão de uma savana ao fundo do mar. na composição, foram mescladas imagens da programação de tV com cenas de estúdio.

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(artigo)

oportunidade internacionalMomento é propício para o Brasil marcar uma presença maior no cenário mundial do audiovisual para televisão.

geral por grandes grupos como Globo, SBT e record, e algumas distribuidoras independentes, em geral na posição de “buyer” (comprador). Buscamos alimento, já que temos uma indústria interna de TV desenvolvida, somos altos consumidores de televisão e temos um número de domicílios com TV invejável. Alias, desde a entrada da TV por assinatura na América latina, os grandes grupos internacionais chegaram com toda força para ocupar um espaço continental que fala basicamente duas línguas, o espanhol e o português. Convenhamos, que numa escala industrial, isso facilita demais as coisas. Uma mesma produção feita nos Estados Unidos ou na inglaterra pode ter um ganho enorme se distribuída pelos vários mercados compradores, incluindo aí o importante mercado latino e seus mais de 30 países. Canais internacionais foram criados especialmente para nós, “customizados”, ou aquilo que se imagina seja o gosto e a aceitação latina. o People+Arts foi criado pelo grupo discovery para a América latina, assim como o discovery kids, que opera 24 horas num canal exclusivo para essa audiência.

PresençaMas voltando às feiras, a primeira

pergunta que nos fazemos, ao chegar neste mercado que mais parece um formigueiro em ação, é: por que o Brasil participa de forma tão tímida neste universo? Por que países tão menores e até aqueles perdidos pela Europa do leste ou mesmo longínquos como a Austrália, se impuseram e se impõem mais fortemente neste espaço? Acho que as respostas são várias e não seria

por Beth Carmona*

Há mais de 25 anos o mercado mundial que alimenta as televisões abertas e fechadas se reúne pelo menos quatro a cinco vezes ao ano,

principalmente na França e nos EUA, para fazer negócios. o alto movimento dessas feiras se resume na aquisição (compra e licenciamento), venda e co-produção de programas que se dividem entre documentários, séries de animação, shows, telefilmes, telenovelas, programas de culinária, decoração, ciência e tecnologia, e tudo mais que se possa imaginar, sem contar a cada vez mais procurada venda de formatos, em que idéias e conceitos são comprados e adaptados ao gosto do freguês, em geral canais de televisão. Canais abertos, TVs por assinatura, produtoras, distribuidoras, casas de áudio especializadas em dublagens e adaptações e produtoras de computação gráfica especializadas freqüentam vorazmente este mercado competitivo, que movimenta milhões de dólares que circulam entre os quatro cantos do mundo.

os mercados MiP, Mipdoc, Mipcom e Mipcom Jr., Natpe, lA Screenings, Sunny Side of the doc, que se realizam anualmente em Cannes, Marselha, las Vegas e los Angeles, apenas para citar os mais concorridos, chegam a reunir, em cada jornada de quatro a cinco dias, representantes de 96 países, mais de 10 mil participantes e 3,5 mil empresas para troca de informações, em reuniões bastante objetivas que buscam alimentar de novidades suas programações na meta de alcançar os maiores e mais qualificados e ávidos públicos telespectadores. Em 2004, o Mipcom bateu um recorde, passando em 30% os números de 2003.

o Brasil há anos freqüenta as feiras, porém em pequena escala, representado em

* Beth Carmona é diretora presidente da TVE Brasil

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fácil explicar numa análise tão rápida.Mas vale lembrar aqui alguns pontos para

reflexão. Por exemplo, as telenovelas, talvez nosso único produto genuíno e forte em termos de mercado internacional, compete com certa dificuldade com a Colômbia, Venezuela e México, que em função do preço ou talvez pelo apelo mais universal de suas histórias ingênuas, consegue penetrar na Europa e ásia com mais facilidade.

Com certeza a própria forma como se organizou a TV no Brasil pode explicar essa situação. Em função da concentração, o monopólio exercido por grupos de comunicação impediu a existência de uma indústria variada e ágil neste setor. o próprio País, até muito pouco tempo atrás, se mostrou praticamente auto-suficiente em termos de produção local e original, não precisando da ajuda do investimento externo para seus produtos, conseguindo todo o lucro que necessitava dentro de casa. de uma certa forma, isso também acontece com a nossa música popular, reconhecida internacionalmente em termos de qualidade, mas com um potencial industrial internacional ainda tímido para seu alto e reconhecido valor.

Apesar de estarmos num momento que busca a valorização e a auto-estima interna, a verdade é que tanto a nossa música quanto as telenovelas foram e são altamente consumidas pelos brasileiros e, portanto, valorizadas internamente. A nossa forma de criar e produzir jamais se preocupou ou talvez teve anseios de se lançar por outros mares, o que muitas vezes, dentro de um ponto de vista mais industrial, dificulte o entendimento de como devemos nos apresentar mundialmente, na busca de outros mercados ou mesmo na parceria de investimentos, seja em filmes ou mesmo documentários e séries de programas. Temos muito a avançar e aprender nessa área.

AberturaMas a famosa globalização, que tanto faz

circular produtos das mais diferentes origens, a preços rentáveis, pelo mundo, e que facilitou a entrada de muitos filmes e programas estrangeiros no Brasil, começa a forçar a abertura dos portos, já que a indústria busca novidade e criatividade a preços cada vez mais

competitivos.É por isso que, talvez agora, esteja se

apresentando uma oportunidade de não só poder mostrar ao mundo nossos diferenciais criativos, ou nosso olhar renovador, mas também nossa potencialidade como produtor e fornecedor.

Aliás, nada como as imagens sobre o País circulando mundialmente, para a venda das potencialidades brasileiras nas mais diversas áreas.

Nesse sentido, índia e China, por exemplo, começam a despontar como grandes centros de produção de animação, por exemplo, procuradas tanto pelos Estados Unidos como pelo Canadá.

Mas tudo indica que começamos bem. Uma das primeiras ações da parceria entre a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex-Brasil), ligada ao Ministério

do desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior, Ministério da Cultura, Sebrae, ABPi-TV e a Brazilian Cinema Promotion (BCP), em composição com as TVs públicas — TVE Brasil e TV Cultura SP —, realizada no último Mipcom em Cannes (outubro de 2004), no sentido de apoiar a

abertura deste mercado para produtores e distribuidores brasileiros, teve vários pontos positivos. Alem de ter reunido no estande Brasil mais de 17 produtoras, mostrou e deu reforço a este grupo, que, de forma solitária e pouco organizada, já vinha conseguindo realizar alguns trabalhos de produção, co-produção e pós-produção, para muitos clientes estrangeiros. Grupos como Fox e National Geographic, Turner, discovery, France 2, Arte entre outros já contrataram produtoras brasileiras para a realização de diferentes serviços, da dublagem à produção e/ou adaptação, a bons preços, com resultados bem positivos.

As valiosas leis de incentivo que se apresentam no cenário audiovisual brasileiro, aliadas ao apoio de uma emissora de televisão, são sinalizações mais do que atraentes, para um mercado mundial que vislumbra um futuro digital onde conteúdo, idéias e produtos audiovisuais passam a ter cada vez mais um grande valor.

A globAlizAção ComeçA A foRçAR A AbeRTuRA doS poRToS. é A opoRTunidAde de moSTRAR noSSoS difeRenCiAiS CRiATiVoS e noSSo poTenCiAl pRoduToR.

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(carreiras)

Agulha no palheiroCom uma boa dose de cara-de-pau, alguns reais no bolso e muita responsabilidade, os produtores de locação encontram o cenário que a produtora quiser para seus filmes.

Gosto muito do que faço porque considero um privilégio poder bater na porta da casa de alguém para oferecer dinheiro.”

Quem ouve o comentário da produtora de locação Bel Aquino até acha que seu trabalho é fácil. Mas assim como qualquer tipo de trabalho em produção, ser produtor de locação não é mole.

Com mais de 20 anos de experiência na área, Bel Aquino, ao lado de letícia Costa e Gabriel do Amaral Arantes, hoje é sócia da Primeira Produtora de locação, empresa que se especializou nesse segmento.A empresa mantém uma estrutura com dez funcionários para atender principalmente o mercado publicitário. de forma geral, o trabalho de produção de locação é feito por profissionais free-lancers, mas muitos estão se agrupando, formando pools ou pequenos escritórios, para assim conseguir atender mais filmes ao mesmo tempo. Como na maioria das áreas, nesta os cachês também diminuíram e os prazos estão cada vez mais apertados. “A vantagem de ter uma estrutura é ganhar agilidade. Conseguimos fazer um trabalho de qualidade em menos tempo e hoje o prazo é o carro-chefe”, explica Gabriel.

Um nicho de mercado que vem se abrindo para o produtor de locação atualmente são os filmes produzidos no Brasil por produtoras estrangeiras. Muito mais do que praias paradisíacas, samba, suor e ouriço, hoje o Brasil é uma boa opção em termos de custo de produção aliado à qualidade dos equipamentos. Alexandre rocha, que tem 15 anos de experiência, tem se especializado nesse tipo de produção. “Já trabalhei em várias produtoras e sempre gostei de locação. Aos poucos, foram surgindo vários filmes internacionais e abri o site www.

para quem produz como para quem loca seu imóvel. Em muitos casos, principalmente nos filmes de baixo orçamento, ainda vale pedir a casa da tia ou do amigo emprestada.

No cinema, na maior parte dos casos, alguém da equipe de produção ou de arte se dedica a procurar as locações na pré-produção, e os cuidados durante a filmagem ficam a cargo da produção de set ou platô. “Achei muito interessante trabalhar em longa, principalmente porque o briefing é totalmente diferente. Enquanto no comercial a gente recebe uma descrição precisa do que o diretor quer e tem que achar aquilo, no longa a gente lê o roteiro e tem mais liberdade para sugerir, para criar e propor alternativas à equipe. A gente ajuda o diretor e o diretor de arte a criar a casa do personagem. E ainda tem todo o desafio do cronograma, que é uma verdadeira batalha. Se uma locação cai, isso afeta todas as outras. Administrar o cronograma é insano. Tem que ter plano B, C, d, E, F...”, diz Fabio. “Mas o longa dura meses, e paga o que ganhamos às vezes com uma locação para publicidade.”

De porta em portaMas o que exatamente faz um

produtor de locação? Bem, nem sempre é possível montar um cenário

brazillocations.com.br, com imagens do Brasil para os estrangeiros.”

Ferramenta indispensável para o produtor de locação, foi a fotografia que levou Fabio Castilho à profissão, há 17 anos. “Sempre fotografei e trabalhava para a revista Fluir, fotografando e viajando. Comecei a trabalhar em produtoras fazendo teste de VT e, como tinha essa experiência anterior, acabei indo para a produção e daí para as locações”, conta. Fabio também trabalha principalmente para filmes comerciais, sendo que 25% são estrangeiros. Já trabalhou em dois longas-metragens — mas sua experiência demonstra porque a função ainda é rara em cinema: a verba para locações é pequena, tanto

eMPAtiA e olho ClÍniCoA partir das dicas dos produtores de locação, traçamos um perfil das características exigidas de um bom profissional da área:n Ter olho clínico e conseguir enxergar as

possibilidades fotográficas do lugar, com um olhar estético e de produção. ou seja, não adianta achar uma praia paradisíaca se a equipe tem 70 pessoas e o acesso só existe de helicóptero.

n Ser bom de papo e saber abordar as pes-soas, disponibilizando um bom tempo para isso, sem pressa.

n Gostar de fotografia e fotografar bem.n Gostar de brincar de gincana.n Ter bons relacionamentos.n Ter alguma noção de arquitetura e urban-

ismo e estabelecer boas parcerias com arquitetos e construtoras.

n Gostar da cidade e de passear por ela.n Saber montar uma boa apresentação

para a produtora.

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(carreiras)

completo em estúdio para uma filmagem — seja pela complexidade ou por falta de verba mesmo. outras vezes, é preciso encontrar locais muito específicos nas ruas de uma cidade, numa praia ou no interior. É aí que entra o produtor de locação. Sua rotina começa com a pesquisa de locação: ele seleciona locais onde as filmagens podem acontecer, de acordo com o briefing passado pela produtora. os detalhes do trabalho e a verba existente para a produção são definidos em uma reunião com o diretor, o fotógrafo e o diretor de arte. Então o produtor sai a campo para a pesquisa, com a máquina fotográfica em punho. Muitas vezes, os produtores já têm um amplo banco de dados, com uma grande quantidade de locações já visitadas. Esse pode ser um ponto de partida para o trabalho. Em seu banco de dados, Alexandre tem cerca de 70 mil imagens de todo o Brasil, além de bares, restaurantes e

de locação acabam se aproximando dos funcionários e, como tudo no Brasil, a amizade abre muitas portas. “Hoje consigo liberar uma filmagem para 70 pessoas em pleno centro de São Paulo em cerca de 30 horas”, afirma Fabio Castilho.

Na hora da filmagem, o produtor de locação vai abrir o set e só sai depois que o lugar for desocupado pela equipe. “Somos os primeiros a chegar e os últimos a sair”, diz Gabriel. “Precisamos tanto zelar pelo patrimônio da pessoa que está locando seu espaço quanto garantir que a filmagem transcorrerá sem problemas”, continua. “Vendemos esse zelo e temos que manter um relacionamento estreito com as pessoas. Hoje temos várias locações exclusivas, em casas muito boas, que só deixam a filmagem acontecer se nós estivermos à frente”, diz Bel Aquino.

lizandra de Almeira

até mesmo plantações. Em produções de prazo muito apertado, às vezes a produtora já solicita uma pesquisa de arquivo e então aciona vários fornecedores. Quem tiver sua locação escolhida, leva o cachê.

Em seguida, o produtor de locação apresenta sua escolha ao diretor, ao fotógrafo e ao diretor de arte, que muitas vezes vão visitar alguns locais para avaliar melhor as condições de filmagem. Quando definidos, os produtores acertam o contrato com o proprietário do local. “Quando fazemos comerciais, sempre pagamos as casas, gostamos de tratar o trabalho como um contrato, não como um favor ou uma ajuda. de graça só quando o filme é filantrópico”, diz Bel Aquino.

Caso as filmagens sejam na rua, também cabe à produção de locação providenciar todas as autorizações necessárias. isso às vezes envolve a companhia de trânsito, a Prefeitura, a polícia e outras repartições públicas. Com a experiência e o aprofundamento das relações, os produtores

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(upgrade)

Hd para todosSony apresenta no Brasil sua primeira câmera no formato HdV 1080i. o equipamento, que alia o baixo custo à alta definição, começa a ser distribuído em fevereiro de 2005.

A Sony apresentou aos seus dealers no Brasil em primeira mão no final de novembro a primeira linha

para o País no formato HdV, desenvolvido em consórcio com a JVC, Sharp, Canon e outros fabricantes. A câmera e o VT têm lançamento previsto para fevereiro de 2005. o formato permite gravações em alta definição (Hd) em fitas dV comuns, mantendo o mesmo tempo de duração.

A câmera será lançada primeiramente no Brasil apenas na versão profissional. A versão “consumer” só deve chegar em 2006. A HVr-Z1 é a primeira câmera HdV a gravar em formato 1080i, mas também capta em dV e dVCam. o modelo profissional pode ser chaveado para trabalhar em 1080/60i ou 1080/50i, sendo portanto adaptável tanto ao sistema americano quanto ao europeu.

A lente, fixa, com 72 mm de diâmetro, foi desenvolvida pela Carl Zeiss no aspecto 16:9 e tem zoom de 12x, variando de 32,5 mm a 390 mm, com estabilizador óptico de imagem. o zoom pode ser controlado tanto pelos botões no corpo da câmera quanto pelo controle remoto ou pelo anel da lente.

dentre as inovações tecnológicas incorporadas ao equipamento destacam-se o novo CCd Super HAd, de 1/3”, com sensibilidade mínima de 3 lux, podendo trabalhar com até 0,75 lux no modo Hyper Gain. o chip, com resolução de 1,12 milhões de pixels, foi desenvolvido especialmente para as câmeras HdV e já vem no aspecto

colocados sobre fundos escuros, uma vez que esses ficam “chapados” quando o gamma adicional

é acionado.outro dispositivo interessante é formado por seis botões pré-programáveis no corpo da camcorder, que permitem a

automação das tarefas mais usadas pelo usuário. Podem ser programados, por exemplo, para

inserir o color bar (a câmera vem com duas opções), fading, steady shot, algum efeito ou qualquer outra função do menu.

workflowSegundo a fabricante japonesa,

o novo equipamento permite que se trabalhe em cima do equipamento dVCam existente hoje, mesmo que a captação seja feita em HdTV, porque a própria câmera tem um downconverter que dá a saída do sinal em padrão dVCam ou dV. Além disso, outros fabricantes, como a Miranda, produzem caixas que funcionam como pontes no sistema, recebendo, por exemplo, o sinal HdV por uma porta i.link (iEEE 1394) e dando saída em outros formatos, como Hd-Sdi ou até 720p.

Com a câmera, chega o VT HdV HVr-M10, que também grava e lê nos formatos 1080i, dVCam e dV. Bastante compacto, o player vem com monitor lCd de 3,5” e medidor de nível de áudio. Tem entrada e saída de vídeo composto e S-Vídeo, saída de vídeo componente, porta i.link e pode ser alimentado por bateria. A câmera deve chegar ao mercado com preço FoB de aproximadamente US$ 6 mil.

16:9, não havendo portanto cortes ou perdas na captação neste formato. o processador trabalha em tempo real, com processamento 14 bit Hd dXP.

A câmera também incorpora duas tecnologias que prometem dar uma aparência de película às imagens. Com a tecnologia Cinematone, são acrescentados dois gammas adicionais à câmera, que “achatam” as cores. Já a tecnologia Cinemaframe faz a conversão estatística dos frames de vídeo para os 24 fps do cinema de forma suave, simulando uma imagem “film like”. dentro dos gammas adicionais, é também possível utilizar a função “black stretch”, que ressalta detalhes

A hVR-z1 grava em fitas Mini DV regulares, com o mesmo tempo de gravação do DV, mas em alta definição. Abaixo, o Vt hVR-M10, que funciona tam-bém com baterias.

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Cinema digitalA Sony apresentou na convenção Show East deste ano, que aconteceu no

final de outubro em orlando, nos EUA, protótipos dos novos projetores de cinema digital 4k. Foram apresentados dois modelos, ambos com resolução de 4096 x 2160 pixels e baseados na tecnologia SrXd (Silicon X-tal reflective display), já usada no projetor 2k QUAliA 004. o modelo SrX-r110 proporciona uma imagem de 10 mil ANSi lúmen, já o SrX-r105 proporciona metade da iluminação. os equipamentos demonstrados estão mais evoluídos que a versão mostrada aos exibidores norte-americanos em junho deste ano, que operava com cerca de 50% da funcionalidade proposta pela Sony para o projetor 4k. os projetores têm várias placas opcionais que permitem usar diferentes fontes de vídeo (como rGB analógico ou SMPTE 292M e SMPTE 372M), além de lentes que permitem projetar em telas de vários tamanhos.

A Sony espera lançar o equipamento, que será o primeiro no mundo a operar nos padrões propostos pela dCi (grupo de desenvolvimento de um padrão de cinema digital criado pelas majors), em fevereiro do próximo ano.

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(upgrade)Velocidade gráfica

A Absolut Technologies lançou no Brasil uma linha de placas gráficas PCi Express, da PNY Technologies, baseadas em tecnologia NVidia

Quadro FX. A principal característica da nova linha é que as placas dobram a capacidade de largura de banda em relação à geração AGP 8X, garantindo mais precisão gráfica para usuários que utilizam softwares de CAd e animação, tanto em aplicações 2d quanto 3d. Além disso, usam

Arquitetura de driver Unificada (UdA), que tem a certificação de todos os aplicativos CAd/CAM/CAE/GiS

e dCC.Entre os novos modelos está a FX 3400 PCi Express, que conta com memória ddr3 de 256 Mb, dupla saída dVi e sistema Sli que permite a conexão de duas placas deste modelo numa estação de trabalho. Além disso é compatível com openGl 1.5 e directX 9,0, precisão de sub-pixel 12 bits. o modelo custa cerca de US$ 2 mil FoB.

Nova versãoA Pinnacle Systems já começou a

distribuir o software de edição Pinnacle liquid Edition Pro 6. o software vem com novas ferramentas e agora permite editar múltiplos streams do conteúdo em alta definição com efeitos em tempo real, sem a necessidade de hardwares proprietários. o pacote vem acompanhado ainda de uma caixa com entradas e saídas analógi-cas e digitais (vídeo composto, compo-nente, S-Video, entrada de áudio estéreo, saída surround e USB 2).

A solução da Pinnacle permite a edição em HdV, mesmo quando usado em um laptop, desde que este tenha uma entrada FireWire para capturar o con-teúdo da câmera. Além disso, vem com codecs para vários formatos, como o dV25 e vários padrões MPEG-2. Além disso, suporta som surround e vem com um encoder dolby digital aprovado pelos laboratórios dolby. Graças ao suporte a multicâmeras, é possível editar facilmente até 16 diferentes ângulos de uma cena. o pacote da Pinnacle custa nos EUA US$ 999.

liquid edition Pro 6: entradas e saídas analógicas e digitais.

A linha de placas de vídeo Quadro FX dobra a capacidade da geração AGP 8X.

o sRX-R110 e o sRX-R105 são os primei-

ros projetores a operar nos padrões propostos

pela DCi.

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(agenda)> DezeMBRo4 a 6A Apaci (Associação Paulista de Cineastas) e a Abraci (Asso-ciação Brasileira de Cineastas) promovem o i seminário internacional do Audiovisual: legislação e Mer-cado. o evento contará com representantes da produção audiovisual e de governos de quatro continentes, que de-baterão em torno da criação da Ancinav. durante os três dias do seminário, seis mesas abordarão os diferentes modelos de atuação estatal na área; as recentes experiências latino-americanas e a tradição européia no fomento à produção; as respostas legislativas já existentes ao desafio imposto pelas novas tecnologias; e o novo papel da televisão diante da convergência digital. Já estão confirmadas as participa-ções de representantes da áfrica do Sul, Chile, Coréia do Sul, Argentina, Espanha, Venezuela, México, França e Brasil. o evento acontece no Museu da imagem e do Som, em São Paulo.

6 e 7A Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), a Fundação Fórum Campinas e a PUC Campinas realizam em Campinas o seminário os desafios da tV digital no Brasil. o evento deve debater o projeto governamental do Sistema Brasileiro de TV digital.o seminário é gratuito e as inscrições devem ser feitas no site www.tv.puc-campinas.edu.br. Mais informações pelo telefone (19) 3756-7325.

10Encerra o prazo de inscrições para a Mostra do Filme livre, que acontece de 15 a 27 de fevereiro de 2005, no rio de Janeiro. A mostra conta com várias categorias competitivas e pro-move debates sob variados temas relacionados ao ambiente alternativo de produção, distribuição e exibição de filmes. As inscrições podem ser feitas no site www.curtaocurta.com.br. Mais informações pelo e-mail [email protected] ou através do telefone (21) 2539-7016.

> JAneiRo 200520Encerram-se as inscrições para o É tudo Verdade - Festival internacional de Documentários, que acontece entre 29 de março a 10 de abril em São Paulo e no rio de Janeiro. Podem participar filmes e vídeos documentais de qualquer duração concluídos após junho de 2003. Paralelamente ao festival acontece, em São Paulo e no rio de Janeiro, a quinta Conferência internacional do documentário, realizada em parceria com o Cinusp. As inscrições podem ser feitas através do website www.etudoverdade.com.br.

25 a 27Acontece no hotel Mandalay Bay, em las Vegas (EUA), a feira internacional de programação de TV nAtPe 2005. Mais informações pelo telefone (1-310) 453-4440, pelo e-mail [email protected] ou no site www.natpe.org.

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