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Revista Viração - Edição 81 - Fevereiro/2012

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Entre o desejo e a obsessão: Em busca da magreza, adolescentes abrem mão de uma vida saudável e desenvolvem sérios distúrbios alimentares.

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Sexo e Saúde

Associação Imagem ComunitáriaBelo Horizonte (MG)

www.aic.org.br

Universidade Popular – Belém (PA)www.unipop.org.br

Rede Sou de Atitude MaranhãoSão Luís (MA)

www.soudeatitude.org.br

Avalanche Missões Urbanas UndergroundVitória (ES)

www.avalanchemissoes.org

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO)www.casadajuventude.org.br

Centro de Refererência Integralde Adolescentes – Salvador (BA)

blogdocria.blogspot.com

Cipó Comunicação InterativaSalvador (BA)

www.cipo.org.br

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ)ocidadaonline.blogspot.com

Movimento de Intercâmbiode Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Grupo Conectados de ComunicaçãoAlternativa GCCA - Fortaleza (CE)www.taconectados.blogspot.com

Instituto de Estudos SocioeconômicosBrasília (DF)

www.inesc.org.br

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos

da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

www.catavento.org.br Agência Fotec – Natal (RN)

Projeto Juventude, Educaçãoe Comunicação Alternativa

Maceió (AL)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC)ujsacre.blogspot.com

Grupo Cultural EntrefaceBelo Horizonte (MG)

gcentreface.blogspot.com

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR)

grupomakunaimarr.blogspot.com

Taba - Campinas (SP)www.espacotaba.org.br

Veja quem faz a Vira

pelo Brasil

Apôitcha - Lucena (PB)www.apoitcha.org

Gira Solidário Campo Grande (MS)

www.girasolidario.org.br

Lunos - Boituva (SP)www.lunos.com.br

Projeto Araçá - São Mateus (ES)www.projetoaraca.org.br

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Apoio Institucional

Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 03

Copie sem moderação! Você pode:

• Copiar e distribuir• Criar obras derivadas

Basta dar o crédito para a Vira!

Conteúdo

“Avaidade excessiva causa neura em muitos

adolescentes e jovens. Hoje, há compulsão por

atividades físicas e inúmeras dietas malucas às quais

muitos se submetem para se adequarem a qualquer custo a um padrão de

beleza imposto pelos meios de comunicação de massa. A busca obsessiva

por uma perfeição que não existe leva muitos ao desequilíbrio, provocando

sérios transtornos alimentares e dismorfias corporais. Desse modo, meninas e

meninos passam a ter uma visão distorcida de seus corpos, entregando-se a

práticas nada saudáveis, como jejuns, vômitos, consumo de medicamentos e

drogas... Tudo em nome da magreza ou do corpo sarado.

Na reportagem de capa Espelho, espelho meu, você confere depoimentos

de jovens que sofrem de transtornos alimentares e as orientações de

especialistas para esse tipo de situação que pode levar à morte se não for

tratada adequadamente.

Ainda nesta edição, leia a reportagem Faça você mesmo, que

aborda a Rio+Você, campanha de mobilização de jovens em

todo o planeta para a Rio+20, a conferência mundial das

Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável,

que acontece em junho no Rio de

Janeiro. Boa leitura!

AViração é um uma organização nãogovernamental (ONG), de educomunicação,

sem fins lucrativos, criada em março de 2003.Recebe apoio institucional do Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (UNICEF), da Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo deComunicação e Educação da Universidade deSão Paulo e da Agência de Notícias dos Direitosda Infância (ANDI). Além de produzir a revista,oferece cursos e oficinas de capacitação emcomunicação popular feita para jovens, porjovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil.

Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos coma participação dos conselhos editoriais jovensde 22 Estados, que reúnem representantes deescolas públicas e particulares, projetos emovimentos sociais. Entre os prêmiosconquistados nesses oito anos, estão PrêmioDon Mario Pasini Comunicatore, em Roma(Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedidopela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking daAndi, a Viração é a primeira entre as revistasvoltadas para jovens. Participe você tambémdesse projeto. Veja, ao lado, nossos contatosnos Estados.

Paulo Pereira lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conheça os Virajovens em 22 Estadosbrasileiros e no distrito Federal

Belém (PA) - [email protected] Horizonte (MG) - [email protected] Vista (RR) - [email protected] (SP) - [email protected]ília (DF) - [email protected] (SP) - [email protected] Campo Grande (MS) - [email protected] (PR) - [email protected] (CE) - [email protected]ânia (GO) - [email protected]ão Pessoa (PB) - [email protected] (SE) – [email protected] (MG) - [email protected] Duarte (MG) - [email protected]ó (AL) - [email protected] (AM) - [email protected] (RN) - [email protected] (ES) - [email protected] Velho (RO) - [email protected] (ES) - [email protected] Branco (AC) - [email protected] de Janeiro (RJ) - [email protected]á (MG) - [email protected] (BA) - [email protected]. Gabriel da Cachoeira (AM) - [email protected]ão Luís (MA) - [email protected]ão Mateus (ES) - [email protected]ão Paulo (SP) - [email protected] do Navio (AP) - [email protected] (PI) - [email protected]ória (ES) – [email protected]

Quem somos

Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação01305-100 - São Paulo - SPTel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687

HoRáRio dE atEndimEnto

Das 9h às 13h e das 14h às 18h

E-mail da REdação E assinatuRa

[email protected]@viracao.org

at endiment o ao l eit o r

Com 12 edições anuais, a Revista

Viração é publicada mensalmente em

São Paulo (SP) pela ONG Viração

Educomunicação, filiada ao Sindicato

das Empresas Proprietárias de Jornais

e Revistas de São Paulo (Sindjore).

Sinal de alerta

Associazione Jangada

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Page 4: Revista Viração - Edição 81 - Fevereiro/2012

Sempre na ViraManda Vê . . . . . . . . . . . . . 06Imagens que Viram. . . . . . 14No Escurinho . . . . . . . . . . 30Que Figura . . . . . . . . . . . . 31Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 32Rango da Terrinha . . . . . . 33Parada Social . . . . . . . . . . 34Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

Preço da assinatura anualAssinatura Nova R$ 58,00Renovação R$ 48,00De colaboração R$ 70,00Exterior US$ 75,00

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL

Revista Viração - ISSN 2236-6806

Conselho EditorialEugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão,Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara

Luquet e Valdênia Paulino

Conselho FiscalEveraldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho PedagógicoAlexsandro Santos, Aparecida Jurado,Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente

Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente

Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário

Eduardo Peterle Nascimento

Direção ExecutivaPaulo Lima e Lilian Romão

EquipeAdrielly dos Santos, Ana Paula Marques,Bruno Ferreira, Elisangela Nunes, Eric Silva,Evelyn Araripe, Gisella Hiche, Karina Lakerbai,Gutierrez de Jesus Silva, Ionara Silva, ManuelaRibeiro, Mariana Rosário, Novaes,Sonia Regina e Vânia Correia

Administração/Assinaturas

Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Mobilizadores da ViraAcre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino),Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas(Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia (EvertonNova), Ceará (Alcindo Costa e Rones Maciel),Distrito Federal (Danuse Queiroz e Pedro Couto),Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Leandra Barros),

Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço),Maranhão (Sidnei Costa), Mato Grosso doSul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (EmíliaMerlini, Reynaldo Gosmão, Silmara Aparecidados Santos e Pablo Abranches), Pará (AlexPamplona), Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná(Juliana Cordeiro e Vinícius Gallon),Pernambuco (Edneusa Lopes), Piauí

(Anderson Ramos da Luz), Rio de

Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande doNorte (Alessandro Muniz), Rondônia(Luciano Henrique da Costa), Roraima(Graciele Oliveira dos Santos) e São Paulo(Gutierrez de Jesus Silva e Tamires Ribeiro).

ColaboradoresAntônio Martins, Heloísa Sato, Márcio Baraldi,

Natália Forcat, Paulo Pepe e Sérgio Rizzo .

Projeto GráficoAna Paula Marques e Cristina Sayuri

Jornalista ResponsávelPaulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação

Equipe Viração

E-mail Redação e [email protected]@viracao.org

10 Chau do PifeEm Alagoas, ninguém fica parado com o som do tocador

de pífano que fala de felicidade em suas músicas

26 Plataforma dos Centros UrbanosConfira depoimentos de jovens participantes da PCU, querealizaram várias atividades comunitárias durante três anosde projeto

24 Meio ambiente em pautaQuestões ambientais são discutidas por jovens que

participam de movimento de mobilização para a Rio+20

8 Literatura e vocaçãoConheça a história de jovens escritores do interior daParaíba que despertam o interesse de editoras paulistanas

20

11 Voz que se levantaNa internet, Rádio Juventude se destaca em coberturas equer discutir políticas para a Comunicação

29 Onde há fumaça...Campanhas em todo o país reforçam os malefícios dotabagismo e trabalham pela conscientização de jovens

12 Viajar é precisoO escritor Antonio Lino, autor de Encaramujado, conversa com agalera sobre a viagem que fez pelo Brasil a bordo de uma kombi.

18 Beleza extra-grande

Fique por dentro de histórias de modelos tamanho GG,

que provam que não é preciso ser magra para ser bonita

No limiteConheça os distúrbios alimentares, suas características,

sintomas e o drama de adolescentes e jovens que são

obcecados por magreza e corpo perfeito

16 Colhendo os frutosNo Ceará, organizações não governamentais criam nova maneira de

produção agrícola, preocupando-se com o meio ambiente

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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga lá

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o queachou de nossas reportagens e seções. Suassugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta,1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo(SP) ou para o e-mail: [email protected] -Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo

Para garantir a igualdadeentre os gêneros na linguagem daVira, onde se lê “o jovem” ou “osjovens”, leia-se também “ajovem” ou “as jovens”, assimcomo outros substantivos comvariação de masculino e feminino.

Agora você pode acessar, de graça,as edições anteriores da revista nainternet: www.issuu.com/viracao

Olá,Grace! O Encontro

Nacional foi realmentemuito especial e proveitoso.

A Rede Nacional de Adolescentese Jovens Comunicadoras e

Comunicadores está fortalecidae articulada, com grandes

possibilidades paraeste ano!

E-mail

Alô, Vira! O Encontro Nacional deAdolescentes e Jovens Comunicador@s foi

um momento ímpar onde tive a oportunidadede conhecer, interagir e trocar experiências com

jovens de todo o Brasil que desenvolvem tão bem aeducomunicação, promovendo a participação infanto-juvenil em seus Estados. A iniciativa proporcionou umaavaliação onde propusemos algumas mudanças e novas

diretrizes para que possamos desenvolver de formamais proveitosa os nossos trabalhos tanto na Rede de

Adolescentes e Jovens Comunicadores como nosConselhos Estaduais da Viração.

Saudades galerinha!

Grace Carvalho, doVirajovem Lagarto (SE)

Via Facebook

Obrigada a todos os meusparceiros de educomunicação! Há

dez anos, quando ainda estagiária deum projeto chamado Educom.rádio fui

picada por um bichinho chamadoEducomunicação que mudou todo o rumo

da minha vida! Viva ViraçãoEducomunicação! Viva Rede de Crianças

e Jovens Jornalistas (RCJJ)!

Maria Rehder

Na última edição,escrevemos “estrupo”, na seção Sexo eSaúde. Mas a forma correta é “estupro”.E na edição n° 79, creditamos JordanaAraújo como colaboradora da Vira em SãoPaulo, mas na verdade ela é de Brasília(DF). Pedimos desculpas pelos erros.

Ponto G

Fale com a gente!

Maria, parabéns pelolindo trabalho que

desenvolve com crianças ejovens na Guiné-Bissau! Foi

ótimo ter recebido a sua visitana Vira no mês passado! Quepossamos nos reencontrar

novamente em breve!

Siga a Vira noTwitter: @viracao.E também confiraa página e operfil da ViraçãoEducomunicaçãono Facebok.

Ops! Erramos!

Via Facebook

Olá, educomunicadores! Estouorganizando o encontro de

Educomunicação no 7º FórumBrasileiro de Educação Ambiental

(www.viiforumeducacaoambiental.org.br).Quero socializar experiências daacademia e de políticas públicas,então entre em contato. Abraço!

Débora Menezes

Obrigado porcompartilhar e abrir o

espaço para nós, Débora! Asquestões ambientais fazem parte

da agenda da Vira e, inclusive,estamos acompanhando as

etapas para a Rio+20!

Perdeu algumaedição da Vira?Não esquenta!

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Manda Vê

*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do Paíse no Distrito Federal ([email protected] e [email protected])

06 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

Kimberly Andrade,16 anos, Ananindeua (PA)

“Os primeiros empregos, em suamaioria, são profissões de baixo nívelescolar. Então, procuramos o primeiro

emprego como modo mais fácil deganhar dinheiro e de aprendizadopara conseguir realmente o que

desejamos comoprofissão.”

Alex Pamplona, do Virajovem Belém (PA); Jéssica Delcarro, do Virajovem São Mateus (ES); e Bruno Ferreira, da Redação

Adolescentes que sonham em ser artistas, professores,engenheiros, jornalistas, entre outras coisas, optam porprofissões que garantam rapidamente uma renda. Muitosencontram dificuldade em batalhar pelo primeiro empregosem tirar o foco da tão sonhada carreira. Procurando sabermais sobre o assunto, os virajovens de Belém (PA) e SãoMateus (ES) perguntaram para os jovens:

O jovem conciliasuas expectativasna busca pelo

primeiro emprego?

A busca pelo primeiro emprego nem sempre é fácil. Muitosjovens conciliam os estudos com o trabalho por uma necessidadeda família, que precisa de um complemento de renda para manter-se com dignidade. A necessidade financeira faz com que muitos,ainda na adolescência, renunciem às suas vocações e interessespara garantir o seu sustento em empregos com longas jornadasde trabalho, o que dificulta a continuidade dos estudos.

Marcos Antônio Silvade Jesus, 20 anos,

Vila Velha (ES)

“Penso que quando é dado ao jovem apossibilidade da escolha, o jovem conciliasim. No entanto, existem casos em que o

jovem é forçado à escolha da profissão quemais agrada seus pais ou qualquer outrapessoa. Existem casos também em que

o jovem é forçado a iniciar aatividade profissional por

questões financeiras.”

Paula Feitosa,20 anos, Santarém (PA)

''Estou sempre buscandoqualificação, porém só qualificaçãonão basta. Porque você vai atrás doemprego, o currículo é maravilhoso,mas não temos experiência, e não

te dão oportunidade. Essa é amaior dificuldade que

eu passo.”

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No Brasil, os jovens sentem grandedificuldade de inserção no mercado de

trabalho. As empresas exigem conhecimentos eexperiências incompatíveis com a realidade da juventudebrasileira, que muitas vezes termina o ensino médioapenas com a experiência e conhecimentos adquiridos naescola. Por isso, muitos iniciam a vida profissional comempregos mal remunerados e com a carga horáriaabusiva. Mas nos Estados Unidos a situação é diferente.Em grandes cidades como Nova Iorque, jovens estudantesdo ensino médio e faculdade recusam empregos de salva-vidas que pagam cerca de 160 reais por dia, porque járecebem mais que isso em outras posições, de acordocom informações do Portal Aprendiz.

Marcos Paulo,26 anos, Ananindeua (PA)

“Ainda é possível conciliar asexpectativas profissionais na hora de

procurar emprego, trabalhar naquilo quesonhou quando mais jovem. Mas é precisoter foco, convicção da profissão que querseguir, além de apoio familiar, e fazer os

contatos certos para que no final daformação universitária vocêconsiga exercer a profissão

que escolheu.”

Patrick Sandre, 28anos, Belém (PA)

“Não, pois suas expectativasprofissionais são apenas o reflexodas possibilidades oferecidas à sua

posição ou classe social. Sendoassim, o primeiro emprego

redireciona o jovem em buscade outras expectativas

profissionais.”

AmandaBrommonschenkel ,22 anos, Vitória (ES)

“Acredito que os jovens de classe médiaalta consigam pensar em conciliar suas

expectativas profissionais com o primeiroemprego, pois a procura do primeiroemprego, na maioria das vezes, é ademanda de vida mesmo. O jovem

pode deixar as expectativas de ladopor precisar atender com mais

urgência os custosde vida.”

Roni Boa Tonini, 23anos, São Mateus (ES)

“Acredito que não, devido à questãoda experiência. Quando o jovem se

forma, ou até mesmo antes disso, nãotem expectativas de entrar no melhoremprego do mundo de cara. É normalconquistar isso aos poucos, usando

empregos não tão visados comodegraus para ocrescimento.”

FazParte

Thyaggo Kiefer, 20anos, Belém (PA)

“A questão é que nem todosconseguem emprego na área desejada.

Um jovem que busca um dia serengenheiro, gostaria de começar um

estágio ou algum outro tipo de atividadeem uma empresa de engenharia. Porém,as oportunidades são mínimas, o que

diferencia é que alguns têmatitude de buscar, e

outros não.”

Como conseguir um emprego no Brasil do século XXI

(Thomas Case) Editora Catho

Um manual prático para a inserção no mercado detrabalho nos dias atuais com dicas de como redigir

um currículo, se comportar ementrevistas de emprego e negociar um

salário. Este é o objetivo do livro Comoconseguir um emprego no Brasil do Século XXI, deThomas Case. O autor, dono de uma das principaisagências de emprego do País, aborda ainda aimportância de ter um currículo em uma páginapersonalizada na internet que sirva como divulgaçãoprofissional, além de ampliar a lista de contatos, oque permite ter mais oportunidades de trabalho.

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Em Picuí, na Paraíba, dois jovens fazem da literatura uma opção de escape à

calmaria intelectual e uma ferramenta de contato com o mundo exterior

ae

Manassés de Oliveira, colaborador da Vira em Picuí (PB)

AParaíba tem alguns escritores entre os nomes maisexpressivos da literatura nacional. Leandro Gomes deBarros, o “rei da poesia do sertão do Brasil em estado

puro”, segundo palavras do mineiro Carlos Drummond deAndrade, é o pai do cordel no Brasil. Augusto dos Anjos, JoséLins do Rego e Ariano Suassuna são outros exemplos quecolocam o Estado na vanguarda da literatura brasileira. Até umex-governador, José Américo de Almeida, está incluído nessegrupo seleto de autores de renome.

As obras dos paraibanos mencionados são muito conhecidas.No cordel de Leandro Gomes de Barros (1865-1918)temos O enterro do cachorro e O cavalo quedefecava dinheiro, duas histórias que inspiraramAriano Suassuna a escrever o Auto da Compadecida,peça teatral que virou filme e minissérie. José Lins doRego (1901-1957) escreveu obras apreciadas peloschegados à literatura romancista, como Menino deengenho e Banguê. Augusto dos Anjos, entre seustítulos, publicou Eu e Outras poesias, dois clássicosem forma de verso. José Américo de Almeida (1887-1980), o ex-governador, tem pelo menos um livro quese destaca em seu trabalho: A bagaceira.

Nova geração de escritores

Picuí é um município paraibano distante 221 kmde João Pessoa. A vida nesse lugar passa lentamente, como emoutras pequenas cidades do interior do Brasil. De acordo com oCenso de 2010, o número de habitantes é de 18.222 pessoas, oequivalente a pouco mais de 20% da capacidade do Estádio do

Maracanã. É nesse espaçourbano, recortado por umrio que lhe deu o nome, quemoram Adriano Filho, de 17anos, e Wellyson Marlon Jr.,de 22 anos, jovens que têmna literatura uma paixão eum instrumento deexercício intelectual.

Adriano tem predileçãopela literatura fantástica.Gosta de um mundopossível apenas naimaginação do homem,

com passagens secretas para mundos desconhecidos e pontuadospor criaturas diferentes.

Wellyson prefere a poesia e é um entusiasta da obra deFerreira Gullar. Acredita no poder conotativo das palavras que

08 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

INTERCAMBIOLITERARIO: ENCONTROENTRE ESCRITORES

Adriano Filho: primeiro livro poderáser publicado em junho

Wellyson foi presenteado por FerreiraGullar, Lêdo Ivo e George Moura

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Page 9: Revista Viração - Edição 81 - Fevereiro/2012

vêm de dentro do ser humano em direção ao espírito.Os dois jovens fazem parte da histórica relação dos paraibanos com

a literatura, mas diferentemente dos escritores que os precederam,estão totalmente envolvidos no mundo digital. É com a ajuda dociberespaço que ambos se relacionam com escritores de outros estadose até com membros da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Um cometa no meio do caminho

Adriano está concluindo seu primeiro livro. Ele conta a história dequatro jovens órfãos: Dylan, Scarlett, Alexis e Joe. Durante as férias numacampamento, os personagens encontram um cometa desaparecido. Apartir daí eles se relacionam com seres de outro mundo. Oliver, um novoamigo do grupo, passa a compor a trama. Todos terão que enfrentar umgeneral das Forças Secretas. O enredo se passa em Nova Iorque e é umaficção de drama e aventura.

“Comecei a escrever meu livro no caderno da escola. A históriapertencia ao ramo da espionagem. Escrevi por uns quatro meses. Devidoa alguns eventos abandonei a obra. Após um ano, minha irmã achou omanuscrito, leu, gostou e me perguntou por que não continuava.Continuei. Só que com outra temática. Há um ano e um mês estoutrabalhando no meu primeiro livro. Já reescrevi três vezes e estoupróximo da conclusão”, revela o escritor.

O jovem autor foi indicado a uma editora de São Paulo que teminteresse em publicar seu livro. Sua meta é concluí-lo até junho. Paradefinir a narrativa, Adriano contou com a crítica de alguns amigosescritores, com os quais se relaciona pela internet. “Josy Tortaro meajuda desde quando nos conhecemos. Renato Klisman também.Somos como irmãos. Também conheciMarcia Luísa e ela sempre me dá unstoques bem interessantes. Nanda, doBlog Caçadora de Livros, sempre meajuda. E a Samanta Holtz está meauxiliando com ideias pra minhapróxima série”, afirma Adriano.

Ele conta que aprendeu a gostarde literatura na escola. “Desdecriança lia muitos livros daquelesque são distribuídos pelo Ministérioda Educação”.

Um poeta que nasce

A história de Wellyson ésemelhante. Ele começou a gostar depoesia na adolescência. “Meudeslumbramento aconteceu a partirda leitura do poema Amar, de CarlosDrummond de Andrade. Eu devia ter uns quinze anos”, recorda.

Ao contrário de Adriano, Wellyson não está escrevendo um livro, masjá colabora com jornais paraibanos. Em setembro de 2011 teve um deseus poemas publicados nas páginas centrais do Correio das Artes, osuplemento literário mais antigo do país. Foi pela internet que eleentrou em contato com o editor-chefe do Jornal A união.“Enviei um e-mail para William Costa e falei sobre Gullar.Pedi que publicasse meu poema. Dois meses depoisfora publicado. Euforia e surpresa intensas”, falacom um sorriso orgulhoso.

Isso é pouco. Ainda pela internet, o poeta enviou o mesmotrabalho para o jornalista e roteirista George Moura. Ele gostou equis saber quem era o autor. Algum tempo depois enviou paraWellyson o livro Ferreira Gullar: entre o espanto e o poema,de sua autoria. Com o livro, veio também uma bela dedicatória:“Para Wellyson, uma vida que é uma aventura do ser”.

O jovem se correspondeu ainda com os poetas Ferreira Gullare Lêdo Ivo. Os dois também enviaram livros para o paraibano.“Quando escrevi Pulsão Estelar: Vida, dedicado ao poeta Gullar,achava que ele deveria ter conhecimento do poema, sabia quepossuía qualidade literária. Então, enviei uma cópia pelosCorreios. 20 dias depois recebi um livro autografado por ele,chamando-me de poeta. Foi uma emoção indescritível”, resume.Na dedicatória estampada no livro Em alguma parte alguma, deGullar, após o autor ler o poema que lhe foi dedicado, umaafirmação motivadora: “Para o poeta Wellyson Marlon Jr.,habitante, como eu, de um universo feérico”.

Do membro da Academia Brasileira de Letras, Lêdo Ivo, eleganhou Poesias Completas. O acadêmico também registrou namemória a qualidade dos versos do admirador: “Ao poeta quenasce e se faz, Wellyson Marlon Jr., esta lembrança amiga deLêdo Ivo”.

Tocando em frente

Escrever um livro não é algo fácil. Publicá-lo e vender suatiragem, muito menos. A escritora Josy Tortaro, de 28 anos,autora de uma série de sucesso no mercado editorial brasileirosabe disso. “Os jovens que acreditam e buscam uma realização

precisam correr atrás, independente dos obstáculosque irão encontrar”, aconselha a paulista. “O talentodeve ser ouvido e motivado. Ainda mais quando é parao engrandecimento de nossa cultura regional enacional”, defende Josy.

Adriano confessa: “Sonho com o dia em que meulivro estará presente na prateleira de várias livrarias.”Wellyson caminha na mesma direção: “Pretendofuturamente, não sei quando, publicar um livro combastante qualidade literária.”

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m

esem“O talento deve ser ouvido emotivado”, acredita Josy Tortaro

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Todos os Sons

Alan Fagner Ferreira, do Virajovem Maceió (AL)*

Tocador de pífano alagoano não deixa ninguém ficar parado com sua música

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10 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

Chau do Pife diverte seus conterrâneos em apresentações

O verdadeiro som do Nordeste

presenteou com outro pife, agora de seis furos. Aos 15 anos,ele fez sua primeira apresentação, numa feira em Atalaia,também no interior de Alagoas. A partir daí começou a ganhardinheiro com suas apresentações, o que era suficiente paraficar ao menos quatro semanas sem cortar cana-de-açúcar,“um serviço muito ruim”, diz o músico.

Foi somente aos 35 anos, quando integrante da bandaForró & Xodó, que Chau compôs sua primeira música. Suascomposições são inspiradas em seu cotidiano, nas coisas queele vive e vê. Memórias dos pássaros, música que intitula seuprimeiro CD, foi inspirada na sua experiência em espantarpássaros das plantações de seu pai. De lá pra cá, foram trêsCDs lançados: Memória dos Pássaros (2002), Ninguém andasozinho (2006) e Chau do Capricho (2008), sendo esteúltimo gravado ao vivo no Teatro de Arena SérgioCardoso, em Maceió (AL).

Chau do Pife é acompanhado pela típica formação doforró pé de serra: sanfona, zabumba e triângulo. Essa é umaformação bastante comum e por isso, juntamente com outrasmanifestações culturais, a banda de Pife é tida como um dosembriões do forró contemporâneo. O baixo também compõe abanda de Chau, “quem está vendo um show pode nãoperceber, mas para a gente que está no palco, o baixo é muitoimportante para apoiar a gente na música”, explica.

A música de Chau do Pife transmite uma mensagem bastanteclara: felicidade. A felicidade que só é encontrada naqueles devida simples. Suas melodias alegres contagiam até o maisranzinza dos ouvintes. Duvida? Então acesse suas músicas noendereço: chaudopife.blogspot.com. Como diz uma expressãopopular em Alagoas: “quero ver ficar parado!” V

Existe um instrumento que, apesar de poder ser encontradoem várias regiões do Brasil, se tornou símbolo da culturanordestina: o pífano. Também conhecido como taboca, ou

simplesmente pife, é um tipo de flauta que possui influênciaindígena tanto na sua produção quanto na melodia. Umatradição que passa de pai para filho. Assim, ainda existemmuitas famílias de músicos artesãos que fabricam e tocam pife.

Os índios Cambembas de Alagoas eram conhecidos comoincríveis tocadores de taboca. Não é de se surpreender queexista hoje no estado um nome que se tornou referência nesseinstrumento. Trata-se de José Prudente de Almeida, masninguém o conhece por esse nome. Por lá, ele é Chau do Pife,que há mais de 40 anos descobriu seu amor pelo instrumento.

O primeiro contato de Chau com o pife foi ainda garoto e deforma bastante inusitada. Seu pai era agricultor em Boca daMata, interior de Alagoas, e plantava feijão, milho e mandioca.Ele lhe deu um pífano com quatro furos para afastar ospássaros que diariamente atacavam sua plantação. Logo o paide Chau percebeu o interesse do filho pelo instrumento e lhe

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 11

Mídias Livres

Luciano Frontelle, do Virajovem Boituva (SP)*

Rádio na internet visa empoderar a juventude e discutir políticas para a comunicação no Brasil

V

Acompanhe a programação da Rádio Juventude:

http://www.radiojuventude.com.br/

ARádio Juventude começou afuncionar em meados denovembro de 2011 e, apesar de

não ter sido inaugurada oficialmente,já se destaca em coberturas jovens.

Uma delas foi a da 2ª ConferênciaNacional de Juventude, que aconteceu

em Brasília (DF) em dezembro do anopassado. Gerenciada pelo Centro de Estudos

e Memória da Juventude (CEMJ), a rádio pretendeser um veículo democrático, a começar pelo processo

de produção, adotando o consenso como forma de gestão.No seu primeiro mês de funcionamento, sem divulgação e

parcerias consolidadas, recebeu mais de 20 mil acessos, o queanimou bastante os seus participantes.

A emissora jovem quer oficializar parcerias que considerafundamentais para que a rádio tenha a abrangência mínima quedeseja. “A Rádio Juventude quer ser um instrumento de voz dajuventude, um papel que a grande imprensa não possui. Além disso,queremos oferecer entretenimento de qualidade e debates queinfluenciam a vida dos jovens diariamente. Para além disso,defendemos bandeiras como por exemplo: um novo marco regulatórioda comunicação”, diz Eder Bruno, diretor de comunicação da CEMJ.

Eder concedeu uma entrevista à Vira sobre os objetivos eprocesso de construção da Rádio Juventude. Confira a seguiralgumas das respostas.

O que ajudou na hora de escolher a linguagem radiofônica para

trabalhar com a juventude?

Encontramos na música algo que não divide, mas que agrega. Amúsica tem esse poder. Não podemos também achar que só a músicapode resolver os problemas do mundo. Queremos um mundo maisjusto e igual para que todos os jovens possam cantar. A rádio webproporciona a intersecção da política com a música de

uma maneira saudável e leva para seus ouvintes a realidade que estásendo discutida no cenário político. Apresentamos uma ideia que agrande imprensa não apresenta por meros interesses políticos.

Como tem sido essa

experiência pra vocês

que estão produzindo e

dirigindo?

Alguns de nóstiveram a oportunidadede um dia ter trabalhadoem uma rádio. Outrosnão. Rádio é um veículo

diferente, ao mesmotempo em que falasozinho, milhares teescutam. Posso falarpor mim, rádio é um

veículo de comunicação mágico, no qual milhares de pessoasescutam a mesma coisa, mas criam cenários visuais diferentes emsuas imaginações. Nós promovemos isso e isso é umaresponsabilidade que executada com ética e carinho vira arte.

Quais os planos para o futuro?

Falar para um mínimo de meio por cento da populaçãobrasileira. Promover debates, interagir com os ouvintes e recebercarinho e respeito em todas as coberturas que realizarmos.

Voznaweb

Divulgação

Eder Bruno, sobre a Rádio Juventude:“Apresentamos uma ideia que a grande imprensanão apresenta por meros interesses políticos”

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados e no Distrito Federal ([email protected])

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Inspirado na obra Autonautas da Cosmopista, do escritorargentino Júlio Cortázar, o jovem ativista e publicitário AntonioLino embarcou numa viagem de um ano e três meses pelo Brasil

e pelos “cafundós de si”, como ele mesmo diz, a bordo de umakombi branca e azul, que foi durante esse período seu transporte emoradia. As experiências dessa viagem marcante foram relatadasem crônicas no livro Encaramujado.

Em bate-papo com os jovens da Vira, Antonio fala sobre asdificuldades, curiosidades e descobertas que fez durante essaaventura, na qual passou por cerca de cem cidades brasileiras,ultrapassando as fronteiras do Oiapoque, chegando ao Suriname eGuiana. Confira os principais trechos da entrevista!

Viração: Qual era o objetivo da viagem e o que você alcançou

depois dela?

Antonio Lino: Eu fazia um trabalho numa ONG e tinha umenvolvimento muito grande. Mas foi o trabalho que eu sempre fiz na

Tamires Ribeiro, do Virajovem São Paulo (SP), Donizeti Gomes e Marcos Eduardo dos

Santos, da Agência Jovem de Notícias; Mariana Rosário e Bruno Ferreira, da Redação

Linha do Tempo

RepórterGalera

Antonio Lino forma-se em Publicidadepela Escola Superior de Propaganda eMarketing, em São Paulo

1999 2001

12 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

Funda com amigos a Aracati – Agênciade Mobilização Social, um grupo deassessoria publicitária para ONGs

O viajanteencaramujadoJovem escritor paulistano viaja por um ano e três meses peloBrasil a bordo de uma kombi e relata experiência em livro

minha vida e nesse trabalho a gente acaba fazendo um pouco detudo: eu escrevia bastante projetos, escrevia textos. Mas eu sentiafalta de dar um pouco de espaço dentro da minha vida pra produzirliteratura. Então, a viagem tem um pouco a ver com isso. Comoescritor, eu sentia necessidade de buscar inspiração, de viver novashistórias pra poder escrever sobre isso.

No que você mudou depois da viagem?

Eu já tinha uma tendência depois do ativismo à questão doconsumo, e a viagem só veio para afirmar isto: que não precisadesse monte de coisas como dizem que a gente precisa. E tendoestudado Publicidade e sabendo o mecanismo de como issofunciona, pra mim reforça essa ideia. Acho que dá pra viver uma vidasimples sim. Isso eu não sei se foi uma mudança, mas fortaleceuessa convicção e esse hábito de me questionar sempre que eu voucomprar uma coisa. E tem também esse hábito de ficar sozinho epensar pra onde eu vou agora. Depois que você volta de viagem

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 13

2007

você ainda fica pensando pra onde eu vou. Isso é uma coisa que aviagem me trouxe, de não esquecer de mim mesmo em tudo o queeu estiver fazendo.

A kombi é um dos grandes personagens da história. Por que

uma kombi?

Eu já tinha uma simpatia pelo carro, daí eu li um livrinho do JúlioCortázar, que é um escritor franco-argentino, que chama Autonautasda Cosmopista, no qual ele conta uma viagem que ele fez de kombicom a mulher dele pela França. Eles, com a fantasia de escritores,imaginavam uma história, relatam de um jeito super interessante. Émuito comum você chegar nos interiores e perguntar: “O quê que temde legal na sua cidade?” E as pessoas respondiam assim: “Ih, o quevocê veio fazer aqui? Não tem nada pra ver nessa cidade não”. E eucostumava desconfiar um pouco disso. Sempre tem, eu costumavanão sair de um lugar enquanto eu não descobrisse uma coisa que mechamasse a atenção, o que podia ser uma conversa interessante comalguém, não precisava ser um ponto turístico muito conhecido.

Por que Encaramujado?

Encaramujado tem a ver com essa ideia do caramujo, que é a suaprópria casa. Que era um pouco o que aconteceu comigo e com akombi. Eu vivia carregando a minha casa. E tem o sentido que está nodicionário também. Encaramujado tem a ver com se voltar pra vocêmesmo, que acho que foi uma coisa importante na viagem pra mim,que foi passar esse tempo comigo, conversando comigo, passar umtempo sozinho, encaramujado comigo mesmo. Tem essas duas coisasdo caramujo: da casa ambulante e de se voltar para dentro.

Esse foi o seu primeiro trabalho mais literário ? Que outras coisas

você já escreveu?

Eu escrevia coisas maisligadas à ONG mesmo, àárea de juventude, textosmais conceituais epolíticos, mas escreviapoesias, os meus

contos. Mas esse é o maior volume que eu publico, de texto autoralque não seja um texto militante. Ainda que tenha algumas coisas,inevitavelmente em alguns momentos da viagem quem estavaolhando era o jovem ativista também. Porque trabalhar nessa área tedeixa com um olhar mais aguçado para as injustiças. Às vezes, vocêchega em um lugar paradísico, mas o ativista percebe que tem umaindústria ali, que tem pessoas que podem estar sendo exploradas. Àsvezes, o olhar de um turista comum não tem essa bagagem demilitância. Ter tido essa experiência anterior, na viagem, me ajudou aolhar, ter mais sensibilidade pra perceber certas desigualdades que noBrasil é um traço muito marcante.

Que tipo de problemas sociais você identificou?

Quando eu estava no Acre, tinha uma situação acontecendo commadeireiros e empresas exploradoras de madeira e petróleo no Peru.Estavam entrando em terra indígena no Brasil, e os índios que láestavam são muito organizados. Eles estavam tendo reuniões para vero que podia ser feito. E isso nós não recebemos notícia aqui noSudeste e no Sul. Se tem uma política extrativista no Peru epredatória, a coisa vai entrando pro Brasil e tem conflito armado àsvezes, é bem complicado. São relações muito tensas.

Você tinha um caminho certo antes de sair?

Eu tenho vontade de lugares que eu quero conhecer e eu gostomuito da cultura popular brasileira, de folclore e festas tradicionais.E em algumas épocas eu sabia o calendário de festas religiosas. Maisou menos em maio, no Maranhão, tem a Festa do Divino, que eu fui.E tinha um pouco isso, às vezes eu ajustava minha rota a isso. V

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados e no Distrito Federal ([email protected])

Faz a sua mais longa viagem pelo Brasil abordo de uma kombi, relatando suasprincipais curiosidades no livro Encaramujado

Viaja para a África, onde fica por 10meses, e já prepara um novo livro sobrea última experiência.

2009

“O olhar de um turista comum não tem abagagem de militância. Ter tido essa

experiência anterior, na viagem, me ajudoua olhar, ter mais sensibilidade pra

perceber certas desigualdades no Brasil.”

Antonio Lino

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IMAGENS QUE VIRAM

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Arealidade do crack nas comunidades da Luz eBom Retiro, em São Paulo, a chamadaCracolândia, não é para estômagos fracos.

Ainda assim, centenas de jovens e ativistas sereuniram num sábado chuvoso de janeiro para verde perto a desastrosa ação do governo estadual naregião. A experiência foi um misto de revolta eindignação, mas sem respostas para um problematão sério. No mesmo dia, o governador GeraldoAlckmin determinou que apreensões de mesmo umúnico grama da droga seriam encaradas comonarcotráfico. Enquanto os dependentes esperam omês de março, quando a Prefeitura promete abrir umcentro com 1.200 leitos, muitos doentes vão para acadeia sem qualquer chance de tratamento. E outrosseguem vagando sem rumo e sem perspectiva quenão seja conseguir mais uma dose.

Invisibilidadeconcreta

Texto e fotos: Vinícius Souza e Maria Eugênia Sá,

colaboradores da Vira em São Paulo (SP)

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Confira outros trabalhos de Vinícius e Maria Eugêniano site: http://mediaquatro.sites.uol.com.br/

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Dulcinea de Carvalho, colaboradora da Vira em Fortaleza (CE)

Refletir sobre as ações desenvolvidas pororganizações não governamentais nos fazperceber a importância destas instituições. Para

mostrar o que pode ser feito por meio destasorganizações foram identificados dois projetos deONGs com sede em Fortaleza, e que atuam noEstado do Ceará.

E se o seu quintal fosse o responsável pelosustento da família? Isso é o que acontece nascomunidades dos territórios Vales do Curu eAracatiaçu e Sertão Central cearense.

O Quintais para a Vida é um projeto desenvolvidopelo Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria aoTrabalhador (CETRA) iniciado em 2009. As suas açõespromovem a sustentabilidade da agricultura familiar etêm como foco a agroecologia, a socioeconomiasolidária e a justiça de gênero. O quintal é como umespaço de produção agroecológica no entorno da casa,que é realizado pela família (agricultores). Trata-se deum cultivo diversificado (pomares, hortas, plantasmedicinais, água, pequenos animais).

Uma assessoria técnica permanente da ONG CETRAfiscaliza o projeto na região por meio de relatórios efichas de acompanhamento. Na proposta do Quintais épossível associar juventude com trabalho rural, pois asatividades ligadas à agricultura são desenvolvidas semque a educação seja prejudicada.

Em 2008, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB)lançou um edital para apoiar Fundos RotativosSolidários. O CETRA, em parceria com a Rede deAgricultores/as Agroecológicos/as e Solidários/as doTerritório Vales do Curu e Aracatiaçu, criou o FundoRotativo Solidário do Território Vales do Curu e

16 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

INDISPENSÁVELPARA O PLANETA

Organizações não governamentais voltadas para o meio

ambiente buscam um desenvolvimento sustentável

Aracatiaçu (FRS).O FRS desenvolveuma relação deempréstimossolidários, ondefamílias egruposorganizadosrealizam osempréstimosfinanceiros oude materiais.Assim, quando é feita adevolução, os membros do FRS permitem que outros também sebeneficiem acessando os recursos do fundo. Desta forma, acomercialização doque é produzido nosquintais gera apoupança rural ourenda extra paraas famílias.

O projeto Quintaspara a Vida apoia20 agricultoresagroecológicos nosterritórios dos Valesdo Curu e Aracatiaçue Sertão Central.Neila Santos,coordenadoracolegiada do CETRA, destaca o potencial do projeto: “Nesses anos deassessoria técnica, nós percebemos que, quando começamos a trabalharcom agroecologia, vimos que a área mais próxima de relação com os

Agricultora Zeza de Itapipoca, queparticipa do projeto Quintais para a Vida

Div

ulga

ção

Pizzaria vegana é adepta davida saudável e ecológica

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 17

V

agricultores, era com oquintal. Era esta a áreaque os agricultoresescolhiam paraexperimentar ecomprovar a sua açãoagroecológica. Então,começamos a fortaleceressa ação com osagricultores, reforçamosdentro da nossa atuaçãode assessoria técnica o fortalecimento dessas áreas, queeram mais perto de casa e onde o agricultor interagia comas outras famílias. O Quintais existe nesse sentido”,lembra Neila.

O Quintais para a Vida propõe uma forma diferentede construção social. São mudanças de política públicade convivência com o semiárido, de práticas deprodução, que devem ser apropriados aos ambientes, ede conduta das pessoas. Afinal, propor uma abordagemsustentável é pouco.

Por uma ecocivilizaçãoO modelo industrial produtivista e consumista é a

causa da crise climática que o planeta Terra enfrenta nasúltimas décadas. Romper o modo de como a civilizaçãoindustrial se comporta é algo que beira caminhar sobreuma cama de pregos, um processo lento e espinhoso, masque ocorre cada vez mais em várias localidades do mundo.

A Cura do Planeta é uma organização nãogovernamental que surgiu em janeiro de 2010 emFortaleza. Otalibas Rochas, coordenador, fundador eidealizador da ONG, pensa em uma vida sustentável eecológica desde os 15 anos de idade quando parou deconsumir carne.

A organização trabalha em diferentes áreas: há orestaurante e a pizzaria, na qual a alimentação é vegana;a Permacultura; bioconstrução; a educação ambiental,além de oferecer espaço para aulas de Yoga, Capoeira,Dança Circular e do Ventre, entre outros.

A Cura do Planetaoferece uma ecossoluçãocom o projeto Praça daCura, no qual “sãodemonstradas técnicas decomo ser sustentáveldentro da cidade”, afirmaOtalibas. São técnicasdisponíveis para que umapessoa possa fazer dentroda sua casa uma triagem delixo e uma melhor utilizaçãoda água, instalando umasolução ecológica dentro deuma construção já feita.

A Praça nos faz refletirsobre um consumo consciente e um novo estilo de vida. Énecessário que as pessoas se preocupem com o espaçoonde vivem. É preciso nos fazermos integrantes do meio enão superior a ele, agindo com consciência e não comoditadores, que tentam tornar milhões de espécies dafauna e flora reféns do nosso ego. Pensando nisso,sugerimos três ecossoluções para que você possacolaborar com a cura do nosso planeta:

• Evite acumular sacolas plásticas,optando pelo uso de sacolas reutilizáveis,pois qualquer plástico demora em torno decem anos para se decompor na natureza.

• Recicle seu lixo, fazendo uma triagemdo material.

• Utilize mais o transporte público ououtros meios alternativos de transporte,como uma bicicleta e uma boa caminhada.Além de ser mais rápido e saudável vocêpoupará dinheiro e ajudará na redução dosgases na camada de ozônio.

A transformação do mundo, certamente,leva tempo, mas é aproveitando bem o hojeque podemos, a partir de agora, agir em prol

de pequenas mudanças quegerarão bons frutos para oamanhã. É preciso, sobretudo,conscientizar as crianças,mostrando-lhes que a mudançaque queremos ver na Terraparte, primeiramente, damudança que realizamos emnós mesmos.

Profissionais da Cura fazendooficina sobre ecologia com crianças

Criança lendo na Praça da Cura

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Texto: Ingridy Almeida, do Virajovem Lima Duarte (MG)*

Ilustrações: Graziele Ruiz, colaboradora da Vira em São Paulo (SP)

Que estilo cola

Numa tradução rápida, plus – do inglês – significa“mais”, e size, “tamanho”, ou seja, “tamanho grande”.Geralmente o manequim plus size segue acima do

número 44. Esse é um sistema de modelagem que passou aser valorizado em alguns lugares do mundo como EstadosUnidos e Europa, e está ganhando espaço também no Brasil,especialmente nos últimos dois anos.

Muito já se discutiu sobre anorexia e bulimia emmodelos, ou que o padrão de beleza muito magro incentivaessas doenças em jovens. (Leia a nossa reportagem de capana página 20) Assim, a valorização de modelos de tamanhogrande pode ser uma forma de incluir mulheres maiores aomundo da moda, de aceitá-las em sua diversidade, devalorizar sua autoestima, além é claro de favorecer omercado de moda e as indústrias ligadas ao setor.

Há cerca de quatro anos, não se imaginava que a modaGG no Brasil poderia ser muito valorizada um dia. Mas após ocrescimento no exterior, essa tendência também teve inícioem nosso país. Lojas especializadas em tamanhos grandescomeçaram a crescer. Produtoras, agências de modelos,lojistas, marqueteiros especializados, dentre outros,começaram a incluir as modelos plus size em seu trabalho,movidos – em sua maioria – pelo crescimento desse mercadono exterior e as possibilidades de lucro no Brasil.

Segundo a Associação Brasileira para o Estudo daObesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), atualmente

18 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

GG, UM NOVOCONCEITODE MODA

Entrevista com miss plus size carioca mostra que o reconhecimento

de modelos “extra G” valoriza a diversidade e a autoestima feminina

50% da população adulta – noBrasil – tem sobrepeso e mais de15% sofre de obesidade. Entre ascrianças a prevalência de obesidadetambém cresce, principalmente nafaixa etária entre cinco e noveanos. Assim, é importante cuidarda saúde, mas parece incoerentemanter o padrão de beleza magérrimo quando ele, além de nãosignificar ter saúde, também não representa a maioria dapopulação. Mantê-lo parece ter como única função fazer amaioria das pessoas se sentir insatisfeita consigo mesma.

Géssica Carneiro, de 21 anos, que venceu, no dia 24 deoutubro de 2011, a segunda edição do Miss Plus Size Cariocanos concedeu uma entrevista. Após superar outras 37candidatas neste concurso de beleza criado exclusivamentepara modelos com manequim superior ao 46, a jovem afirmaque pretende se tornar um exemplo para as mulheres GG quesofrem problemas de autoestima. Desse modo, as mulheres detamanho grande estão mostrando que não é preciso ser tãomagra para ser bonita, nem para ser modelo.

Géssica acredita estar na hora de as agências e empresasfazerem campanhas com modelos "normais", ou seja, commodelos que mais se assemelham ao dia a dia da mulherbrasileira. “A mulher brasileira tem curvas, tem um corpoescultural e deve valorizar isso. Essa valorização influi

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 19

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* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no

Distrito Federal ([email protected])

diretamente na autoestima das mulheres, quandoveem que, cada vez mais, outras belezas vêmsendo apreciadas sem ser uma beleza impostapor um padrão.”

Para se tornar uma modelo plus size, Géssicaacredita que é preciso ter elevada autoestima econfiança no que faz. “A modelo plus size deveesbanjar beleza e auto-confiança, para transmitirisso para quem a vê e nela se espelha... Paraverem que a beleza existe, independente dotamanho”, diz.

Quanto aos desafios para o desenvolvimentodessa categoria no Brasil, Géssica considera queo país ainda impõe um padrão que não condizcom a realidade nacional. “Nosso maior desafio élutar contra a ditadura da magreza, até porquevemos meninas fazendo loucuras para emagrecere se manterem no ‘padrão’, meninas que acabamperdendo saúde.” Ela acrescenta que não fazapologia à obesidade, “acho que para qualquerforma física, o importante é ter saúde emprimeiro lugar”.

Segundo Géssica, o caminho para uma totalaceitação do segmento plus size no Brasil ainda élongo, mas aos poucos é possível quebrarantigos padrões, os quais já foram quebradosfora do país.

Desse modo, parece que esse movimentovem trazendo a autoestima de volta para muitasmulheres que não se sentiam bem por nãoestarem ou não serem magras, além de abrirespaço para as gordinhas se destacarem mais.Apesar disso, em muitos lugares o cachê dasmodelos plus size é inferior ao das magras, o quemuitas interpretam como discriminação.

O Brasil é um exemplo dessa disparidade naremuneração das manequins. Por isso, a maioriadas modelos vai para fora do País, onde estãosendo reconhecidas e conquistando um espaçomais importante. Fluvia Lacerda é brasileira,reconhecida internacionalmente e considerada aGisele Bündchen do tamanho plus size.

Você sabia que até cerca de 50 anos atrás as mulheres bonitas eram

as mais “cheinhas”, como a atriz Marilyn Monroe? Desde a Idade

Média, também era bonito ser gordo, sinal de abundância, riqueza e

de não realizar trabalhos pesados.

Em Nova Iorque, cidade onde mora, Fluvia chega a ganhar 32 mil reaispor dia. A modelo conta que, no Brasil, o cachê é – em muitos casos – de500 reais para posar para uma campanha. Uma disparidade muito grande emrelação à remuneração no exterior. Assim, a categoria plus size ainda temmuito a crescer, inclusive no que diz respeito aos modelos masculinos, masjá traz contribuições para a valorização das mulheres em sua diversidade.

Mas para se tornar uma modelo plus size profissional, não basta sergordinha, é preciso aperfeiçoar-se no mundo da moda, fazer cursos, comoos de modelo e manequim, de auto-maquiagem, de passarela, de modelofotográfica e, principalmente, estar em dia com os conhecimentos exigidospor esse setor.

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Em nome da magreza, adolescentes e jovens deixam

de comer e desenvolvem sérios distúrbios alimentares

Capa

20 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

Espelho,espelho�meu...

Adriélly Aparecida dos Santos, Amanda Martins, Luana Viegas,

Sabrina Martins, Nádia Oliveira e Evelyn Araripe, da Agência Jovem

de Notícias; Joabe Yuri e Alisson Rodrigues, da Plataforma dos

Centros Urbanos; Mariana Rosário e Bruno Ferreira, da Redação.

Imagens: Paulo Pepe

Oconceito de beleza muda de tempos em tempos. Assim como amoda, o que é belo hoje, pode ser considerado estranho einadequado amanhã. Na Idade Média as mulheres consideradas

bonitas eram as mais gordinhas. O açúcar era algo caro e somentequem poderia usufruir dele eram os nobres. Com tantas guerras esituações ocorridas naquela época, ser gorda era sinal de saúde edinheiro, por isso as magras não eram bem vistas.

Saltando da época medieval para a década de 1930, notamosvárias mudanças ocorridas: pernas longas e bem delineadas era odesejo de toda mulher. Nas décadas de 1940 e 1950 mulheresdesejadas eram as que tinham curvas, o famoso corpo violão eseios grandes, conhecidas como Pin-Up. Já nos anos 1960 todaaquela tradição de mulher de pernas grossas e cintura fina foicomeçando a ser esquecida. Estava surgindo uma beleza totalmenteexótica para aquela época. Desde então, a magreza é padrão.

É grande o número de modelos que sofrem para manter umideal de magreza.“Muitas agências preferem meninas que dizemser exóticas, de beleza diferente, fazendo com que elas fiquemmais magras e não tomem Sol para não marcar o corpo”, comentaa modelo Fernanda Foltz, de 18 anos. Para ela, a beleza não temque estar à frente dos objetivos e metas de vida. “Temos queprocurar ser felizes, saudáveis e fazermos coisas diferentes, e nãoviver em um monte de obrigações que nem sempre são o querealmente queremos. O padrão de beleza não vai curtir a vida pravocê, mas ele só vai te tirar isso”, completa a jovem.

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Confira trechos da entrevista com Renato Mancini,psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo, sobretranstornos alimentares, dos quais fazem parte a anorexia,bulimia e vigorexia.

O que são transtornos alimentares?Transtornos alimentares são alterações do

comportamento associadas aos hábitos alimentares quelevam ao adoecimento do corpo, prejuízos nosrelacionamentos, assim como sofrimento do indivíduo e depessoas próximas. Essas mudanças do comportamento estãoassociadas a alterações dos pensamentos e das emoções.

Transtorno alimentar pode ser considerado uma doençapsiquiátrica?

A psiquiatria é a especialidade médica dedicada ao estudodos transtornos alimentares, sendo assim, eles podem serconsiderados transtornos psiquiátricos. Preferimos adenominação "transtorno" em vez de "doença" devido àmultiplicidade e complexidade dos fatores causadores eprecipitadores dessas enfermidades.

Como a gente pode perceber sinais de que uma pessoaestá com algum transtorno alimentar?

Preocupação excessiva com peso ou com a imagemcorporal, dietas muito restritivas (que pulam refeições ou comconteúdo calórico muito baixo) e outros exageros na tentativade perder peso, como abuso de mediamentos, vômitos erotinas de exercício muito intensas, devem chamar a atençãode amigos e familiares.

Para Renato Mancini, psiquiatra doHospital das Clínicas de São Paulo, o fatorcultural é um dos responsáveis peloelevado número de casos de transtornosalimentares entre jovens. “Oaparecimento desses transtornos éinfluenciado por múltiplos fatores.Todavia, é inegável que há um importantecomponente cultural contribuindo paraque esse tipo de problema tenha setornado tão frequente nos últimos anos.O culto à magreza parece ter gerado umambiente propício para o aparecimentodesse tipo de transtorno”, considera.

Em busca do irreal“Somos criadas com Barbies, Susis, vemos atrizes, modelos...

E nos sentimos fora do padrão. Sem contar que gente magra émuito mais delicada. As roupas sempre caem bem... Por fim, àsvezes me pergunto o porquê desse meu desespero ememagrecer... Mas meu corpo me angustia. Nunca estive tãodeterminada quanto agora.”

Esse é o depoimento da jovem Maria (nome fictício) quesofre de anorexia, transtorno alimentar que faz com que aspessoas fiquem muitas horas em jejum ou apenas bebendo águaou comendo poucas frutas ou outros alimentos de baixa caloria.

Foi durante uma brincadeira no trabalho que ela descobriuaté que ponto suas ações estavam chegando. “Eu tive que fazeruma lista com tudo que eu comia, acabei assustando os meusamigos e despertei a atenção da minha supervisora, que agendouuma consulta com a psicóloga. Tivemos duas conversas quandoela me diagnosticou com início de anorexia. As pessoas me viame diziam que eu estava muito magra, que os meus ossos estavamsalientes, mas eu não me importava. 48 kg, esse é o meu pesoideal, eu gosto de mim do jeito que eu sou, com esse peso.”

Isabel (nome fictício), de 17 anos, também enfrentouessa situação de descuido com a própria saúde, envolvendo todaa família. Sua avó comentou que por diversas vezes teve queforçá-la a comer alguma coisa, pois ela chegava do trabalho semcomer nada e essa rotina continuava no dia seguinte.

Bastava ver alguém mais gordinho na rua pra ela começaras comparações. A ideia de engordar não passava por ela dejeito nenhum. “Eu vejo as pessoas na rua e me comparo, nãoaceito a ideia de engordar e logo começam as minhas criticas:não coma isso, não coma aquilo. Eu acredito que o que me levaa esse caminho (a anorexia) é a minha preocupação com abeleza, não consigo me imaginar cheinha”, diz.

A adolescente ia duas vezes por semana à psicóloga natentativa de tratar o transtorno, mas se ela sente que precisaretomar as consultas.

Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 21

Transtornos�alimentares

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Capa

Os transtornos alimentares mais conhecidos são aanorexia e bulimia, mais frequentes entre adolescentes ejovens do sexo feminino. Mas os garotos não estãoimunes aos transtornos alimentares ou dismofiascorporais, que distorcem a imagem que a pessoa tem doseu corpo. A Vigorexia, por exemplo, é uma síndromeque faz com que pessoas fortes, geralmente homens,que praticam atividades físicas regularmente, tenhamuma visão equivocada do próprio corpo. É maisfrequente entre praticantes de musculação que seenxergam fracos e nunca estão satisfeitos com sua

forma física. Por conta dessa obsessão, acabam tendovárias lesões, pois exageram nos exercícios dasatividades físicas.

“Decidi que tinha que atingir o corpo perfeito e paraisso não medi esforço. Comecei a malhar numaacademia, lutar boxe e correr sempre que podia. Já sofriuma lesão na perna direita. Acredito que não tenho essasíndrome de forma avançada, se sentisse isso procurariaajuda de um especialista, mas no momento não sintonecessidade”, afirma Ahmed Osman, de 20 anos, queacredita sofrer de vigorexia.

Vigorexia

22 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

MiarEx-modelo, Samantha Veiga, de 24 anos, deixou a carreira

por conta das exigências que observava em seu meio. “Culto àmagreza é algo que quando você está envolvido não consegueentender ou perceber. Vai além do que você vê no espelho.Estando no meio não há essa percepção de que há algo deerrado, é muito embutido no seu pensamento: Tenho que sermagra, não importa como”, diz.

Ela afirma que viu muitos recorrerem a drogas ilegais, comococaína, algumas vezes até por indicação do booker(responsável por conseguir testes). “Desenvolvi um distúrbioalimentar chamado bulimia. Levei anos para me curar, conteicom a ajuda de muitos amigos! Não tive necessidade de recorrerao auxílio psicológico, porém é muito importante que a pessoatenha ciência do seu problema e busque ajuda profissional.”

A bulimia é um distúrbio alimentar, assim como a anorexia,porém mais difícil de perceber. Isso acontece porque na maioriados casos as pessoas que sofrem do distúrbio mantém omesmo peso. Consiste em estimular vômito depois de comer ouficar muito tempo em jejum. Não há

dados científicos sobres as causas, no entanto baixaautoestima, decepções amorosas, com amigos e familiarespodem agravar o caso.

Compulsão alimentar seguida de culpa e vômito provocadosão alguns dos sintomas da bulimia. Confira o depoimento deuma jovem que sofria desse transtorno:

“Sinceramente, nunca pensei que fosse começar a miar*,mas acabei iniciando minha 'amizade' com a mia aos 16 anos.Não miava com frequência, umas duas vezes por semana.Raramente comia em grupo, e ainda prefiro não comer. Umamigo meu percebeu que comecei a perder peso, estava atésem cor e começou a conversar mais comigo, me incentivoubastante a parar e começar a comer, pois fazia NF* e LF* quasetodos os dias. Após dar início, senti bastante dores deestômago, e algumas alterações repentinas de humor. Depoisque tomei duas cartelas de comprimido, minha dores deestômago pioraram ainda mais. Pensava que se fosse magra aspessoas gostariam de mim e me admirariam nem que fosse porum instante. Hoje vejo que estava errada.”

Na internet, garotas quesofrem de anorexia e bulimiausam termos para secomunicarem. Confira alguns:

Ana: Anorexia; pró-Ana: a favor da anorexia;

Mia: Bulimia; pró-Mia: a favor da bulimia;

Anjo, Boneca, Criança,Princesa: modo como sãotratadas as meninas que sofremde anorexia e bulimia;

Controle: procurar nãocomer para atingir a magreza;

Compulsão: comer demais;

Miar: vomitar;LAX: refere-se a laxanteLF: Low Food (em português,

pouca comida).LFC: Low Food Coletivo. Na

rede, concursos em que ganhaquem conseguir seguir as restriçõesmais severas durante mais tempo.

NF: No Food (nenhumacomida).

NFC: No Food Coletivo. O mesmo que acima, masobservando jejum completo.

Dicionário�de�Anas�e�Mias

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V

Na internet, garotas que sofrem de distúrbiosalimentares compartilham o seu dia a dia e incentivamoutras garotas a perder peso por meio de práticas comojejum absoluto e vômito. Elas contam como a anorexia ea bulimia alteram sua vida, sua relação com os amigos,família ou até mesmo os casos amorosos. Em umamesma semana elas se declaram muito felizes ou tristesao ponto de não conseguirem sair do quarto. Nos blogs e nas redes sociais, elas contam o que sentem, semjulgamentos ou ofensas. “Por isso existem tantos fakes,tantas comunidades relacionadas. Porque aqui somostodas iguais, ninguém julga ninguém”, afirma uma jovemque sofre com os distúrbios.

Declarações como “hoje não tive forças paraescovar os dentes” e “não como há dez horas” sãocomuns, e perigosas. Ao estarem na internet podemacabar influenciando outras garotas a seguir o mesmomodelo para atingirem o peso que julgam ideal.

Anas�e�Mias�na�RedeEmagrecer com saúdeEm conversa com o educador físico Ricardo de

Paula Luna, sobre práticas saudáveis deemagrecimento, ele afirma que a melhor forma deemagrecer é seguir uma dieta balanceada e atividadesfísicas. Porém, alerta que atividades físicas, comocaminhar ou correr três vezes por semana, se nãoestiver acompanhada da dieta, não funcionará.

Mas, então, o que seria uma dieta adequada?De acordo com a nutricionista Jacqueline Moniz o

ideal é manter o equilíbrio, priorizando alimentossaudáveis. “Deve-se evitar frituras e alimentosgordurosos, carnes gordas, produtos industrializadoscomo enlatados e embutidos, alimentos ricos em sódioe açúcar, refrigerantes, bebidas alcoólicas, fast food eprodutos que contenham gorduras trans. O ideal éconsumir alimentos de todos os grupos alimentares,com moderação e se possível iniciar atividade física”,aconselha.

O psiquiatra Ricardo Mancini afirma que a dieta éresultado de uma avaliação médica que resultará emuma orientação nutricional. “O conceito popular dedieta, como uma alteração temporária da rotinaalimentar visando a perda de peso, é pouco útil, umavez que a tendência é a recuperação do peso perdidoapós o retorno à alimentação habitual. Sendo assim,mudanças mais sustentáveis da rotina alimentar sãomais saudáveis e têm maior chance de sucesso nolongo prazo”, alerta.

O psiquiatra ainda chama a atenção para anecessidade de questionar o porquê da vontade deemagrecer. “Para aqueles que estão com sobrepeso ouobesos não há dúvidas de que procurar um médico é oprimeiro passo. O médico e o nutricionista serãoaliados importantíssimos na perda de peso. Para osdemais, recomendo tirar o foco do peso. Comer deforma saudável e praticar exercícios físicosregularmente trazem benefícios muito além do controledo peso. A obsessão por um número na balança é umareceita de frustração e infelicidade.”

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Em 1992, a cidade do Rio de Janeirofoi palco de um dos eventos maisimportantes da história do planeta: a

Eco 92, também conhecida como Rio 92 –uma Conferência mundial das NaçõesUnidas para discutir o DesenvolvimentoSustentável. Na ocasião, liderançasglobais se reuniram para discutir o futuroe como garantir que as próximasgerações vivessem sem ameaçar osrecursos naturais e colocar em risco aprópria espécie humana.

Foi na Eco 92 que nasceram a Cartada Terra e o conceito de Agenda 21,muito difundidos nos dias de hoje.Também naquele encontro foramdefinidas medidas que precisariam seradotadas para que a sociedadecaminhasse rumo à sustentabilidade.Mas os anos passaram.

O discurso ambiental está aí, na bocado povo. Ele está nas escolas, na mídia,nas sacolinhas do supermercado. Hoje sefala muito mais sobre meio ambiente esustentabilidade do que há 20 anos. Aindaassim, o planeta continua ameaçado. O aquecimento global e as mudançasclimáticas continuam dando sinais dealerta de que tudo o que foi feito nessasduas décadas foi pouco para conter crisesque abalam desde os recursos naturais –cada vez mais escassos – até aeconomia mundial.

Mudanças socioambientais dependem

de cada um. É nisso que acredita um

movimento de mobilização para a Rio+20

Evelyn Araripe, da Agência Jovem de Notícias

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Faça vocêmesmo

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 25

Junho 1992: a cidade do Rio de Janeiro sediou a Eco

92, onde nasceram importantes diretrizes e acordos

ambientais, como a Carta da Terra e a Agenda 21.

Agosto 2002: Johannesburgo, capital da África do

Sul, foi palco da Rio+10, quando lideranças globais

se reuniram para avaliar como estavam os

encaminhamentos feitos no Rio de Janeiro em 1992.

Setembro 2011: 40 jovens representantes de 30

organizações juvenis da América Latina se reuniram

em Córdoba, na Argentina, em uma atividade

chamada Rumo à Rio+20. Ali nasceu o movimento

Rio+Vos.

Novembro 2011: a Rio+VOS foi apresentada na Final

Partners Meeting, em Nova Iorque. Deixando de ser

um movimento de jovens da América Latina para

ser um movimento global.

Janeiro 2012: representantes de movimentos juvenis

de todo o Brasil e de outros países conhecem a

Rio+Vos no Fórum Social Temático, em Porto

Alegre, Rio Grande do Sul.

Abril 2012: no Dia Mundial da Terra, 22 de abril,

milhões de jovens de todo o planeta, que aderiram

ao movimento da Rio+Vos, estarão conectados com

ações que chamem a atenção para a Rio+20.

Junho 2012: a cidade do Rio de Janeiro estará

preparada para receber 50 mil pessoas de

movimentos sociais, ONGs, representantes de

empresas e de governos para discutirem juntos

o futuro do planeta.

Linha do tempo:

Por isso, em junho deste ano, as lideranças globaisse reúnem outra vez no Rio de Janeiro para a Rio+20.Vinte anos depois da Eco 92, o mundo volta novamenteos seus olhares para a capital fluminense para uma novaConferência das Nações Unidas, procurando avaliar oque foi feito nas últimas décadas e planejar com aslideranças o que fazer nos próximos anos.

Depende de cada umNo entanto, a sociedade civil tem mostrado que quer

muito mais do que avaliações e planejamentos quetendem a fracassar. Por isso mesmo, a grande “atração”da Rio+20 será a Cúpula dos Povos, espaço de encontro,manifestação e divulgação das atividades que sãoencabeçadas por pessoas, movimentos e organizaçõessociais, assim como aconteceu em 1992. No meio detoda essa agitação nasceu a Rio+Vos, ou em portuguêsRio+Você, um movimento global de mobilização dajuventude para a Rio+20 que quer mostrar que a grandemudança que esperamos está nas pessoas e nãosomente nos governos e na iniciativa privada.

A Rio+Você não tem dono, não tem líderes. Ela é ummovimento de troca, de união, de participação eaprendizado. Uma iniciativa que chegou para mostrarque a sociedade já está fazendo muita coisa paraalcançar o desenvolvimento sustentável e a EconomiaVerde – novo modelo de desenvolvimento econômicoque estará em pauta durante a Rio+20.

E para mostrar que os jovens do mundo inteiro jáestão se preparando para a Conferência no Rio deJaneiro, a Rio+Você convida pessoas, movimentossociais, grupos e organizações para fazer alguma açãono dia 22 de abril, Dia Mundial da Terra, para chamar aatenção para a Rio+20. É como um grande chamadomundial. Se quiser fazer parte, é só conferir:http://riomaisvoce.org/. Mostre que a mudança quevocê espera do mundo começa em você mesmo. V

A Rio+20 acontece só em junho, mas atélá, você confere algumas matérias sobre otema nas páginas da Vira com esse selo.

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Da Redação

Até junho, a Vira publica uma série de reportagens trazendo um balanço

geral das ações da Plataforma dos Centros Urbanos em São Paulo

Mais de 80% da população brasileira vive em cidades e esse número tendea ser cada vez maior. São Paulo é uma das mais populosas do mundo e,a exemplo do que acontece em muitas outras, ainda padece de

profundas desigualdades sociais que provocam diversas violações de direitos.Apesar de viver na cidade mais rica do Brasil, grande parte dos habitantes de

São Paulo ainda tem acesso restrito e insuficiente à infraestrutura urbana e aserviços públicos indispensáveis como saúde, cultura, educação, transporte etc.Esse cenário impacta diretamente e sob vários aspectos as crianças eadolescentes das regiões mais empobrecidas da cidade. Desfrutar deuma boa qualidade de vida e dos benefícios de uma grande cidade,ainda é a realidade para poucos.

Foi neste contexto que o Fundo das Nações Unidas para aInfância (UNICEF) lançou em 2008 a Plataforma dos CentrosUrbanos (PCU), uma iniciativa voltada para a garantia dosdireitos das crianças e adolescentes, por meio da articulaçãodos esforços de diversos setores da sociedade, na tentativa dereduzir iniquidades e promover direitos desse público.Implementada inicialmente em São Paulo, Itaquaquecetuba (SP)e no Rio de Janeiro, a iniciativa é realizada com diferentesparceiros técnicos responsáveis por dar suporte às ações.A Viração Educomunicação, por exemplo, um dosparceiros do UNICEF, atuou na formação emobilização dos adolescentes comunicadores.

Agora em 2012, a PCU está chegando aofim dessa primeira fase, deixando um legadode organização, mobilização e articulaçãoaos diferentes públicos que se envolveramcom a iniciativa. Ao longo desses anos,mensalmente, publicamos matériasproduzidas pelos adolescentescomunicadores contando as diversasexperiências e ações desenvolvidas. Nesteperíodo final publicaremos uma série dereportagens fazendo a memória daPlataforma e também uma espécie de balançoa partir dos relatos dos adolescentes, jovens eadultos das comunidades.

Na primeira edição dessa série trazemos algunsdepoimentos de adolescentes que fizeram parte da PCU em São Paulo eItaquaquecetuba. Durante a Plataforma eles utilizaram estratégias decomunicação comunitária para mobilizar suas comunidades e a cidade emtorno dos seus direitos. Em duplas e junto com seus grupos articuladoreslocais, desenvolveram diversas ações nas mais de 60 comunidades queparticiparam da iniciativa. Veja o que eles dizem:

Seguir em frente

“Estou fazendo erealizando um dos meussonhos que é melhorar a

qualidade de vida das criançase adolescentes na minha

comunidade.” Alisson Rodrigues, 18 anos,

Itaim Paulista, zona leste

“Comecei a ver osproblemas da comunidade de

perto e pensar em comotransformar, mobilizar os talentos que

vivem nesse lugar etc. Acabei medescobrindo um pouco mais e a termais confiança. A PCU me ajudou a

ver meu projeto de vida.” Taiguara Oliveira, 19 anos,

Grajaú, zona sul

“Passei a olhar minhacomunidade com outros olhos.

Pude perceber que tínhamos poucaárea de lazer. Os meninos jogam bolano asfalto porque não tem campinho.Antes eu não me dava conta disso.”

Matheus Henrique Beraldo, 15

anos, Parque Marengo,

Itaquaquecetuba

“Me tornei maisparticipativa. Antes eu era

omissa, pensava: 'um dia vou sairdaqui'. Hoje atuo com outros

adolescentes pela comunidade. O que eumais quero é ver menos morte por causade roubo, tráfico. Acredito que isso sejapossível. Quero também que a polícia

mude sua forma de atuar aqui.”Micaele Matos Alves, 18 anos,

Fazenda da Juta, zona leste

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Alaíde, Joabe e Alisson (da esq. paraa dir.) são jovens da PCU atuantesna zona leste de São Paulo

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 27

Seguir em frente

“Depois da PCU comecei aprestar mais atenção em assuntos

relacionados à criança e adolescente,procurando acompanhá-los e solucionarproblemas utilizando o que aprendo na

Viração e me apropriando, cada vez mais,da força que meu Grupo Articulador

Local potencialmente tem.” Verônica Mendonça da Silva, 20

anos, AE Carvalho, zona leste

“Não sabia que minhacomunidade podia ser um bom

lugar. Apesar de morar lá, eu tinhamuitos preconceitos, sempre criticava equeria ir embora. Hoje ajudo a melhorar.Enxergo que não sou apenas mais uma,

mas que também faço a diferença.” Janaína Leonardi Gomes, 19 anos,

moradora da Fazenda da Juta,

zona leste

“Participar da PCU mudou,principalmente, meu olhar

político. E referente àimportância dos direitos das

crianças e dos adolescentes.” Mauri Dias, 19 anos, Recanto

Mônica, Itaquaquecetuba

“A minha participação érevolucionária. Por ser jovem, a

maioria não aposta, acha que todos osjovens vão ser do tráfico, não vão pensarem mudar uma sala de aula, muito menos

o bairro. Como tivemos a iniciativa depropor projetos. Os 'caras' viram que a

gente tem atitude.” Wesley Thiago do Nascimento,

19 anos, Parada de Taipas,

zona norte

Plataforma dosCentros Urbanos

A Plataforma dos Centros Urbanos (PCU)é uma iniciativa do Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (UNICEF) voltadapara a garantia dos direitos de crianças eadolescentes. O objetivo é reduzir as iniquidades garantindo que ascrianças e adolescentes, de regiões periféricas das cidades, possamcrescer e se desenvolver integralmente como previsto no ECA.

A iniciativa é desenvolvida em ciclos com duração de quatroanos (2008 a 2011) e está sendo implementada inicialmente nascidades de São Paulo e Itaquaquecetuba (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

A Viração Educomuncação é parceira técnica do UNICEFnessa ação, atuando diretamente na formação de adolescentesque, por meio da comunicação, mobilizam as comunidades emtorno de seus direitos.

Jovens da PCU promovemintervenções e ações culturaisem suas comunidades

As ferramentas da comunicaçãosão amplamente utilizadas nasações dos jovens da Plataforma

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Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 29

Otabagismo é reconhecido como uma doençacrônica gerada pela dependência da nicotina e, porisso, está inserido na Classificação Internacional de

Doenças (CID10) da Organização Mundial da Saúde. Deacordo com pesquisas realizadas com adolescentes ejovens, o percentual de dependência de tabaco entre 15e 17 anos é de 6% e esse número é cada vez maiscrescente e preocupante.

O tabaco é considerado um problema de saúdepública em todo o Brasil, e em Lavras (MG) isso não édiferente. Os órgãos de saúde como Postos de Saúde daFamília (PSF), Polícia Militar (PROERD), e faculdades seesforçam no sentido de conscientizarem o públicojovem para as graves consequências do fumo.

Há mais de dez anos consecutivamente, através dainiciativa da instituição Faculdade Adventista de Minas(FADMINAS), de Lavras, vem sendo realizado o curso“Como Deixar de Fumar”, cujo objetivo é o abandono dovício do tabagismo, que é evidenciado pelosparticipantes que abandonaram o cigarro em anosanteriores e são convidados a darem seu testemunho,reforçando para os candidatos iniciantes que é possívelabandonar o vício.

Segundo o professor Wellington Dias Pereira,coordenador do Curso Como Deixar de FumarFADMINAS, “é necessário que a mídia e o própriogoverno apoiem mais efetivamente os programasque visam ajudar a juventude na busca de uma vidalonge das drogas. E notadamente, o cigarro é umadroga liberada.”

Antes, os meios de comunicação eram pagos pelasindústrias tabagistas para fazer propaganda do cigarro.Mas hoje o que se vê são campanhas do governo paratentar minorar o problema. Tenta-se, ainda que *Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22

Estados do País e no Distrito Federal ([email protected])

V

timidamente, uma reviravolta na situação dajuventude com o tabaco. Mas é necessário aindamuito investimento, para que asituação atual melhore.

Atualmente, a juventude é viciadamuito mais por influência de grupos epessoas de mais idades. A estudante daUniversidade Federal de Lavras (UFLA),Amanda Souza, de 21 anos, diz:“Apesar de fumar, acredito naimportância da existência de projetosque mobilizem a população nasquestões do tabagismo, pois assimcomo eu muitos jovens sãoinfluenciados”.

A estudante é mais uma de váriosjovens que se veem atraídos pelouniverso sem fim do cigarro e comoprimeiro passo para largar o tabaco épreciso iniciativas como cursos eprogramas que deem assistências aesses milhares de jovens.

Abandonodo�vício

Campanhas públicas procuram conscientizar sobre os malefícios do fumo

E eu com isso?!

Silmara Aparecida dos Santos e Reynaldo de Azevedo Gosmão, do Virajovem Lavras (MG)*

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Sérgio Rizzo*, crítico de cinema

No escurinho

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Desde que o cinema surgiu, ainda no século 19, um tripésustenta a sua sobrevivência. Produtores (os querealizam filmes), distribuidores (os que se encarregam de

levar esses filmes ao mercado) e exibidores (os donos dassalas de exibição) coexistem de forma integrada. Na base donegócio, sempre esteve o uso de película (filme fotográfico),majoritariamente na bitola 35 mm, levando à necessidade dedeslocamento físico de cópias.

A "revolução digital" dos últimos 20 anos alterou ocenário, interferindo com os três agentes da atividadecinematográfica. Em primeiro lugar, o acesso à produção foidemocratizado. Antes, o elevado custo de equipamentos e deprocessamento restringia a realização de filmes a quemtivesse a capacidade de levantar recursos financeirossubstanciais. Agora, câmeras digitais e placas de vídeo emcomputadores possibilitam que milhões de pessoas seexpressem por meio de imagens e sons.

Os canais convencionais de exibição (salas de cinema,emissoras de TV) continuam sob controle de distribuidores,mas a internet passou a representar uma janela até entãoinédita para a circulação de obras audiovisuais. Portaisespecializados, como o YouTube e o Vimeo, armazenam umconteúdo muito maior do que a nossa capacidade deacompanhá-lo. Além disso, qualquer realizador pode levar aoar seu vídeo no próprio site, blog ou redes sociais. A internettambém interferiu no tripé convencional do cinema aopossibilitar a circulação, de forma legal ou não, de cópiasdigitais de filmes.

Por fim, os donos de salas precisam agora atrair umpúblico, em sua maioria jovem, que vem se habituando aconsumir audiovisual na TV, no computador, no telefone ouem tablets. Uma das tentativas de resgatar a antiga magia

* www.sergiorizzo.com.br

História do Cinema - Parte 12

Este é o último capítulo sobre a históriacinematográfica. Em 12 edições da Viravocê conheceu as diferentes fases quefizeram do escurinho da sala de cinemaum espaço apreciado por muitos.

do cinema, oferecendo ao espectador algo que ele nãoencontraria em outro lugar, é a aposta na projeção emsistemas 3D e Imax, e em grandes espetáculos visuais cujoimpacto se perde em outras janelas de exibição. Outrasquestões de caráter urbano e comportamental conduziram auma concentração de cinemas em shopping centers, com odesaparecimento das antigas salas de rua.

O que nos espera no futuro? Essa incógnita será respondidagradativamente, e de maneira diversa em países como osEstados Unidos (onde a "inclusão digital" é mais ampla, com boatecnologia para transmissão de dados em banda larga e poroperadoras de telefonia móvel) e o Brasil (onde o número de"incluídos" tem crescido graças aos celulares, mas onde aindaexistem deficiências brutais na velocidade de transmissão dedados). Já vivemos, no entanto, a "era do audiovisual". Nuncahouve tantas imagens à nossa disposição. Isso é muito positivo,claro, mas exige de cada um de nós a capacidade de filtrar,nesse amplo universo, o que de fato nos interessa, e o que ésimples dispersão.

Na era doaudiovisual

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Câmeras digitais e celularesdemocratizam a produção de vídeos,que podem ser divulgados na internet

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“Eu amo gente”, era o que dizia o padre SabinoGentili. “Quanto mais as pessoas se humanizam,mais se reconhecem como seres humanos e com

direitos”, acreditava o padre, segundo a irmã FranciscaEtelvina de Araújo, que o acompanhou desde o início em suatrajetória no bairro de Mãe Luiza, em Natal (RN).

Durante os 27 anos em que morou e atuou no bairro, de1979 a 2006, o padre Sabino sempre buscou conhecer aspessoas, estar próximo e, a partir das necessidades delas,buscar soluções coletivas e comunitárias para os problemas.

Ele entendia que a comunidade precisava trabalhar e lutarpara conseguir o que queria. “Nunca dava a resposta, levava aspessoas a encontrá-las”, afirma Loyse Andrade, responsávelpelo Espaço Solidário. Irmã Francisca conta que quandoprocurado com reclamações da comunidade, ele devolvia: “E como vamos resolver? Temos que nos reunir. Sou eu quetenho que cobrar da Secretaria? Somos todos”.

Nascido na Itália em 1945, o sacerdote veio para o Brasilaos 34 anos, membro da Congregação dos Salesianos. No finalda década de 1970 mudou-se para Mãe Luiza, deixando osSalesianos para dedicar-se à comunidade. Pertencia à Teologiada Libertação, corrente religiosa que acredita em uma Igrejadedicada aos pobres e à transformação social.

Era costume do padre Sabino sentar na calçada para ouviros moradores. Naquele tempo, mais do que hoje, as pessoas *Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito

Federal ([email protected])

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Que Figura!

Alessandro Muniz, do Virajovem de Natal (RN)*

não acreditavam que podiam conseguir algo, não sonhavam.Contudo, a partir das reuniões, mobilizações, seminários temáticospara discutir os problemas da comunidade, muita coisa foi mudando.

Em 1983, fundou o Centro Sócio Pastoral Nossa Senhora daConceição, do qual surgiram os demais projetos. Desde a criação daEscola Espaço Livre, de educação infantil, e a Casa Crescer,dedicadas às crianças e adolescentes do bairro, até o projeto Amigosda Comunidade, de orientação das mães sobre como evitar amortalidade infantil. Há ainda a mobilização por urbanização emoradia digna, com mutirões de construção de 60 casas, comotambém o Espaço Solidário, lugar onde os idosos podem morar oupassar o dia, com inúmeras atividades, refletindo sobre a velhice,seus direitos e bem estar. Todas as necessidades do bairroencontravam soluções através de projetos comunitários eparticipativos. E padre Sabino mobilizava não só o bairro, pois fezparcerias na Alemanha, Itália e Suíça, com a ajuda de Loyse Andrade,suíça radicada no Brasil, para financiar os projetos.

Atuou também na comunicação, na Emissora de Educação Ruralde Natal (rádio) e no jornal comunitário Fala Mãe Luiza. Hoje, depoisde cinco anos de seu falecimento, seu espírito continua contagiandoe o bairro segue com suas lutas e muitos projetos que tiveram eainda têm a presença do padre Sabino.

Para fazer sonhare realizar

“Quanto mais as pessoas se humanizam, mais se

reconhecem como seres humanos e com direitos.”

Pe. Sabino Gentili

Revista Viração • Ano 9 • Edição 81 31

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Dagner Silva, Douglas Silva, Marcos Craveiro, Raiclin Vasconcelos e Leonardo Nora, do Virajovem Rio Branco (AC)

Se uma pessoa é contaminada pelo vírus da AIDS, ela tem

como passar pra outra pessoa, mesmo fazendo o tratamento?

(Alex, 19 anos)

Com certeza. Quando uma pessoa é portadora do vírusHIV, este tem como alvo o sistema imunológico da pessoa. Otratamento que é realizado tem como objetivo ajudar nosistema imunológico que está sendo destruído pelo vírus. Emgeral, as pessoas que já foram acometidas por doenças viraispermanecem com os vírus no organismo. Muitas vezes osvírus estão presentes, mas não apresentam nenhum sintoma.Logo, mesmo que a pessoa esteja fazendo tratamento, elapode contaminar outras pessoas sim.

Manter relações sexuais durante uma gravidez, pode

trazer algum problema ao bebê? (Stephany, 18 anos)

Não. No geral a relação sexual não é contraindicadadurante a gravidez, a não ser que seja uma gravidez derisco. Porém, alguns esclarecimentos são necessários: arelação sexual não traz problemas ao bebê, pode trazerpara a gravidez. Porém, se durante a relação a grávidaadquirir alguma doença, como por exemplo, a Sífilis ou ovírus HIV, aí sim, pode trazer problemas para o bebê. Isso sóacontecerá se a relação for desprotegida.

Em que aspectos o uso de drogas pode prejudicar uma

gravidez? (Andressa, 16 anos)

Em todos os aspectos. As drogas causam dependência eessa pode deixar de ser uma necessidade apenas da mãe epassar a ser, inclusive, do bebê, se este chegar a sobreviver.Tudo que é consumido pela gestante, é absorvido pelo bebêatravés do cordão umbilical. Além disso, as drogas podemcausar aborto, nascimento prematuro, déficit nodesenvolvimento do bebê, bem como adquirir doenças como uso de drogas injetáveis.

Sexo e Saúde

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vaibuscar as respostas para você! O e-mail é [email protected]

Hoje são extremamente alarmantes alguns problemas que a juventude vem enfrentando. Temos um grande número de

gravidez indesejada na adolescência, abortos decorrentes disso, jovens com doenças sexualmente transmissíveis e que

não sabem como se prevenir, com vulnerabilidade social relativa a drogas e ainda sofrem vários tipos de preconceitos e

discriminação. Hoje, a juventude ocupa uma parcela de 33,09% da população brasileira. O conselho Virajovem Rio Branco (AC)

resolveu descobrir e sanar algumas dúvidas que os jovens têm a respeito de saúde e sexualidade. Confira a entrevista com

Ariane Soares Farias, responsável pela área técnica médica e de enfermagem do Programa Saúde na Escola do Estado do Acre.

32 Revista Viração • Ano 9 • Edição 81

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Avanny Oliveira, colaboradora da Vira em Maceió (AL)

Suco de couve com limão e maracujá é rico em vitamina C, excelente para a imunidade

Rango da terrinha

V

da hortaSuco tropical

CUPOM DE

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+

Ingredientes2 xícaras de chá de Couve manteiga;1 litro de água;2 xícaras de chá de poupa de maracujá;1 xícara de suco de limão.

Modo de preparo:Lave bem as folhas de couve, pique-as,coloque-as no liquidificador e bata com aágua. Acrescente a poupa de maracujá e bata.Coe e junte os demais ingredientes. Sirva bemgelado... Ah, e depois me fala se gostou!

OVerão chegou! Muito Sol, muito calor e você aí pensando em um suco bemgelado? Vou te apresentar um suco com maracujá! Hum... E seu eu colocarlimão? Delícia... E se eu acrescentar couve? “Eca”, você pensou, né?

O que a couve da feijoada do domingo tem a ver com suco? Bem, o uso dacouve não deve ficar restrito a receitas calóricas. Com ela também é possívelpreparar deliciosos e refrescantes sucos. Comer couve também faz bem para océrebro. Ela tem nutrientes que ajudam a memória e o desenvolvimentointelectual. Uma ótima notícia para estudantes.

A couve é antiinflamatória, cicatrizante e ajuda a fixar o cálcio nos ossos.Além de ter também vitamina C, que previne resfriado, melhora a imunidade. Issosem mencionar os benefícios estéticos. A couve é ótima no combate à celulite,desintoxica, e também ajuda a eliminar a gordura. O que acharam dos meusmotivos para beber suco de couve? Já começou a mudar de ideia? Confira agoraa receita super deliciosa e nutritiva do suco tropical da horta!

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Parada Social

V

Imagine um lugar onde crianças,

adolescentes e jovens têm acesso a

diversas linguagens artísticas e culturais.

Assim é o Centro Cultural Araçá, localizado

no município de São Mateus (ES). Idealizado

por universitários dos cursos de Pedagogia

e Biologia do Centro Universitário Norte do

Espírito Santo (CEUNES / UFES), a

organização não governamental existe

desde 1994. Sua missão é “promover a

inclusão social de crianças, adolescentes e

jovens através de ações socioeducativas,

favorecendo seu desenvolvimento físico,

intelectual, psicossocial e educacional,

além de ajudá-los a

integrar-se produtivamente

na sociedade", de acordo

com o site do Araçá.

Na área de

comunicação são

oferecidas oficinas de

jornal, leitura e escrita,

gráfica-escola,

informática, teatro, além

do núcleo de produção

audiovisual, todas pertencentes ao projeto Lê

melhor quem lê a vida. Atualmente tem como

patrocinador o Instituto Votorantim\Fíbria.

Já na área cultural são oferecidas oficinas

de Reis de Boi mirim, uma manifestação

cultural tradicional no Estado do Espírito

Santo, além do núcleo musical, capoeira,

violão, artesanato e artes visuais, maracatu

e dança afro, todas patrocinadas pela Ciranda

Capixaba, que é um programa da Petrobras.

São cerca de 300 educandos atendidos

nas diversas oficinas. E tem mais. Há ainda

o projeto Tempo de Brincar, no qual os

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Jéssica Delcarro, do Virajovem São Mateus (ES)*

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados do País e no Distrito Federal([email protected])

Um projetoque gratifica

Ensino de comunicação e cultura é o foco do Centro Cultural Araçá

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Apresentação do Grupo de Capoeira Araçá em praça pública.

Saiba mais sobre o Projeto Araçá no site:www.projetoaraca.org.br

participantes são convidados a participar de

diversas brincadeiras, além de praticar esportes

por meio dos torneios internos da instituição.

Com a proposta não formal de educação

voltada para a construção da cidadania que

vai além de uma atitude assistencial e

imediatista, o Araçá oferece oportunidades

para que crianças e jovens

desenvolvam habilidades e

descubram suas aptidões e

que também encontrem

um caminho de inserção

produtiva na sociedade.

Durante todo o ano, são

realizados eventos como

Encontro de Folias do Araçá,

Festival de Teatro Araçá

(FESTA), Batizado e Graduação de Capoeira e

Encontro da Arte em Comunicação. O último foi

realizado em 2011 pela organização, com três

dias de evento com oficinas e apresentações

culturais para toda a comunidade.

Segundo o educando Adriano Barbosa, de 19

anos, “o Araçá me proporciona oficinas de

capacitação em audiovisual e no jornal, o que eu

adoro e que também quero seguir carreira. Avalio

a minha participação na instituição como boa e o

que ela me proporciona é gratificante.”

Estudante do Núcleo de Produção Audiovisualcoloca em prática o que aprendeu na oficina

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Roteiro: Cláudia Ferraz, do Virajovem São Gabriel da Cachoeira (AM)

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A Agência Jovem de Notícias nasceu em

janeiro de 2005 durante o Fórum Social

Mundial, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Em 2011, a Agência ganhou um site. Nele, qualquer adolescente e jovem

interessado em escrever, falar, fotografar, opinar e filmar pode participar

falando do seu dia-a-dia, de sua comunidade, escola, gostos, preferências!

Este é um espaço de jovens e para os jovens. Faça parte você também!

Escreva, participe, opine, faça a sua notícia com a gente.

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