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GESTÃO DE RESÍDUOS TECNOLOGIA SUSTENTABILIDADE Ano 1 • n o 4 • Janeiro/Fevereiro 2010 • R$ 19,00 Ano 1 • n o 4 • Janeiro/Fevereiro 2010 • R$ 19,00 • VISÃO AMBIENTAL ECONOMIA VERDE EMPRESAS INVESTEM EM SUSTENTABILIDADE RESÍDUOS URBANOS O consumo cotidiano deixa rastros Consciência ambiental nas passarelas MODA AUTOMÓVEIS Paixão nacional agora menos poluente Invasões trazem consequências OCUPAÇÕES IRREGULARES MERCADO DE TRABALHO Meteorologistas nunca foram tão necessários

revista visão ambiental - resíduos urbanos_

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  • GESTO DE RESDUOS TECNOLOGIA SUSTENTABILIDADE

    Ano 1 no 4 Janeiro/Fevereiro 2010 R$ 19,00

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    ECONOMIA VERDE

    EMPRESAS INVESTEM EM SUSTENTABILIDADE

    RESDUOS URBANOSO consumo cotidiano deixa rastros

    Conscincia ambiental nas passarelas

    MODA

    AUTOMVEISPaixo nacional

    agora menos poluente

    Invases trazem consequncias

    OCUPAES IRREGULARES

    MERCADO DE TRABALHO

    Meteorologistas nunca foram to necessrios

  • 6 MATRIA DE CAPA Empresas

    Verdes

    SUMRIO

    30 Mercado Walmart: exemplo de conscincia estratgica

    42 Internacional COP15: Uma conferncia muito morna

    48 Reciclagem Isopor para o que der e vier

    59 Negcios A moda verde

    62 SPFW Moda e conscincia ambiental

    64 Viso Econmica Por Ricardo Ernesto Rose

    74 Radar Contatos das empresas e colaboradores desta edio

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    16 Eco EstiloA onda preservar

    ResduosSlidos Urbanos O lixo nosso de cada dia

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    34 Consumo ConscienteProdutos que ajudam a preservar o planeta

    52 Ocupaes IrregularesA natureza pune

    20 AutomotivosPreservando o meioambiente a toda velocidade

    19 Viso Legal Antonio Carlos Porto Araujo

    26 Mercado de Trabalho Tempo bom para os meteorologistas

    29 Viso Poltica Por Conceio Clemente

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    Renovao de mentalidade amplia mercado

    O comeo de um novo ano sempre estimulante. Para ns, no diferente. Observar de longe as mudanas nas questes ambientais, mesmo que tmidas, j um alento. Poder participar delas, dissemi-nando informaes e instigando nossos leitores reflexo, faz-nos sentir parte dessas mudanas, e isso muito nos gratifica.

    Esta edio tem como matria de capa a sustentabilidade nas empresas, algo que pode dar resultados extraordinrios em vrias esferas dos negcios, inclusive com aumento de receita. At atitudes pequenas podem fazer uma enorme diferena. Que tal ser esse um pensamento comum e um dos objetivos deste novo ano? E no necessariamente no mbito empresarial. As atitudes pessoais contam tanto quanto, ou mais, j que esperar que tudo venha dos outros, principalmente dos governantes, parece no ser uma atitude muito coerente, como podemos constatar pela matria sobre Copenhague.

    Nossa parceria com a Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais (Abrelpe) foi renovada e ampliada para toda a revista, uma vez que nosso Caderno de Resduos, cobrindo eventos e temas especficos do setor, agora parte integrante de nosso contedo geral.

    H muitas matrias interessantes nesta edio. Esperamos que gostem. Mas a grande novidade mesmo que agora, devido aos muitos pedidos, estamos aceitando assinaturas. No incio, mostramo-nos reticentes, uma vez que, originalmente, a revista seria distribuda apenas para nosso mailing. Entretanto, depois das pesquisas realizadas nos eventos dos quais participamos, e tambm atravs de nosso portal, constatamos que, mesmo havendo a pos-sibilidade de ler nosso contedo pelo site, e at de fazer download da revista, muitos preferem t-la impressa. Por isso, atendendo vontade desses leitores, a partir desta edio eles podero assinar e receber a revista Viso Ambiental em casa.

    Ter assinantes mais um passo para o crescimento e consoli-dao da revista no mercado editorial. A receptividade que vimos obtendo nos coloca como um dos destaques no segmento do meio ambiente e sustentabilidade. Termos conquistado isso nos leva a crer que estamos no caminho certo. Agradecemos a nossos leito-res, colaboradores e anunciantes assumindo o compromisso de buscar melhorar sempre. Para isso, esperamos receber sugestes, opinies e crticas, sempre que voc, leitor, considerar pertinente.

    Boa leitura!

    Jos Antonio Gutierrez, Nilberto Machado de S e Susi Guedes

    As opinies pessoais publicadas nos artigos autorais so de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.

    EXECUTIVO EDITORIALNilberto Machado de S

    [email protected]

    EXECUTIVO FINANCEIROJos Antonio Gutierrez

    [email protected]

    EDITORA-CHEFESusi Guedes

    [email protected]

    PROJETO GRFICO e DIREO DE ARTE Flora Rio Pardo

    [email protected]

    JORNALISTASArielli Secco, Henriete Mirrione, Joo Paulo

    Amorim, Samuel Nunes e Tais [email protected]

    REVISODiego Teixeira

    [email protected]

    FOTOGRAFIAFbio Tavares e Luciana Yole

    [email protected]

    COLABORADORPaulo Csar Lamas (tratamento de imagens)

    COLUNISTAS DESTA EDIOAntonio Carlos Porto Arajo, Conceio Clemente

    e Ricardo Ernesto Rose

    COMERCIAL e PUBLICIDADE [email protected]

    PRODUOCristopher Raineri

    [email protected] Jardin

    [email protected]

    JORNALISTA RESPONSVEL Susi Guedes (MTb .7/SP)

    PERIODICIDADE BimestralTIRAGEM 6.000 exemplares

    IMPRESSO Litokromia

    ATENAS EDITORARua Jos Debieux, 3, Cj. 2

    Santana So Paulo/SP CEP: 02038-030Fone: -11- 269-0110

    www.rvambiental.com.br

    ASSINATURASFone: -11-269-0110

    [email protected]

    ATENDIMENTO AO LEITORFone: -11-269-0110

    [email protected]

    EXPEDIENTE

    Capa: Fotomontagem SXC e Divulgao por [email protected]

    ERRATA Na matria sobre Seguro Ambiental da edio anterior, os crditos das foto-grafias dos deputados Leonardo Monteiro e Rubens Moreira Mendes Filho so Divulgao; j a fotografia do empresrio Fumiaki Oizumi de Luciana Yole.

  • CAPA

    Na nova cartilha das empresas, a palavra sustentabilidade est atrelada a uma

    viso moderna, consciente e vitoriosa. Esse conceito ser, sem sombra de dvidas,

    um diferencial no futuro

    Empresas Verdes

    Sustentabilidade. Termo que adquiriu uma importncia sem pre-

    cedentes e j faz parte da rotina de inmeras empresas. Esse conceito est

    na boca dos empresrios, na cabea dos banqueiros, registrado em inmeras

    propagandas dos mais diversos produtos. Est tambm nas atitudes de quem anseia

    por um mundo melhor, sempre levando em considerao o uso racional dos recursos

    naturais. As aes de sustentabilidade e pre-servao ambiental tm conquistado cada vez mais espao nas estratgias de negcios e so responsveis pela sobrevivncia de grandes, mdias e micro empresas no mercado.

    A sociedade civil tem se organizado para exigir diferentes atitudes por parte das empresas. Trata-se de movimentos que buscam colocar o Brasil na trilha do crescimento econmico aliando equilbrio ambiental com justia social, bases fundamentais da sustentabilidade. Se o meio ambiente no for preservado, qual ser a herana

    Por Joo Paulo Amorim

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    deixada para as geraes futuras? Se a palavra conscientizao no fizer parte do dicionrio da vida, haver apenas um solo pobre, uma atmosfera poluda, a falta de gua. Em suma, uma biosfera toda alterada, suja e sem diversidade.

    Desde a dcada de 80, as grandes compa-nhias tm feito, a passos lentos, campanhas verdes e de responsabilidade socioambiental. De forma simples, a responsabilidade social no mbito empresarial um modelo de gesto pau-tado na relao tica e transparente da empresa com todos os pblicos com os quais ela se re-laciona. Metas empresariais compatveis com o desenvolvimento sustentvel da sociedade so estabelecidas. Por consequncia, os recursos ambientais e culturais so preservados para as geraes futuras, a diversidade respeitada (e mantida) e as desigualdades sociais so consi-deravelmente reduzidas.

    Segundo dados apresentados pelo diretor do Departamento de Meio Ambiente (DMA) da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (Fiesp), Nelson Pereira dos Reis, durante a Conferncia do Clima em Copenhague no ano

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    passado, % das empresas possuem indica-dores do consumo especfico de energia e 98% oferecem programas de treinamento ambiental a seus funcionrios. Estes so apenas alguns dados para dar ideia do que o setor privado do Brasil j promove em relao aos cuidados com o meio ambiente, diz.

    Ainda de acordo com o diretor, 4% das corporaes brasileiras s contratam fornece-dores que seguem procedimentos de gesto am-biental. Alm disso, 48% das empresas dispem de projetos para reduzir a emisso de gases de efeito estufa e 42% j utilizam fontes renovveis de energia.

    Esse o cenrio atual. A evoluo ntida e animadora. Atitudes sustentveis e empresas agora so grandes parceiras. O tino empresarial passa por uma viso globalizada dos problemas ambientais que assolam o planeta. Pode-se de-nominar esse momento atual chamando-o de

    nova economia. As caracters-ticas dessa mudana esto relacionadas a uma mente moderna e futurista, em que os recursos e insumos so recu-perados, reusados e reciclados

    muitas e muitas vezes. Para exemplificar

    esse cenrio de conscientiza-o, de novos conceitos e de

    aperfeioamento dos modelos de gesto, a revista Viso Ambiental apresenta aqui as atividades e os pensamentos de grandes empresas que visam uma economia forte e rentvel, mas que no se esquecem da importncia do meio ambiente.

    MCASSABO tamanho de um grupo empresarial me-

    dido pelo seu tempo de histria e, principalmen-te, por suas realizaes. com essa frase que a MCassab resume os seus 2 anos de existncia. A empresa atua em mais de uma dezena de reas, com destaque para: tecnologia animal, qumica fina, qumica industrial, nutrio humana, labo-ratrio, utilidades domsticas, eletrodomsticos, utenslios profissionais, brinquedos, rede de lojas Spicy, investimentos imobilirios e trading.

    Ao longo desses anos, o desenvolvimento sustentvel tornou-se um dos grandes aliados da empresa na construo de uma imagem s-lida e vitoriosa. O diretor acionista da MCassab, Victor Cutait, ressalta as razes pelas quais as grandes empresas so de suma importncia na preservao do meio ambiente: Em primeiro lugar, por serem grandes consumidoras de ma-trias-primas no renovveis e de energias em geral. Em segundo, como tm grande exposio na mdia, viram exemplo.

    E complementa: Desde 2001 a MCassab vem implantando programas e processos de respon-sabilidade ambiental e social, como o Processo de Distribuio Responsvel (Prodir) certificado pelo British Standards Institute , cujos escopos so o meio ambiente, a sade e a segurana. Alm disso, h programas de controle e reduo

    Um exemplo de nossa atuao

    social que construmos e

    mantemos uma escola para 300

    crianas carentes, administrada

    pela ONG Ao Comunitria, num

    bairro prximo empresa

    Victor Cutait, diretor acionista da MCassab

    Victor Cutait, da MCassab

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  • de energia, gua e gases de efeito estufa. Nosso Manual da Qualidade impe procedimentos que constam das diretivas da SA8000, que uma norma de responsabilidade social. Outro exem-plo de nossa atuao social que construmos e mantemos uma escola para 300 crianas carentes, administrada pela ONG Ao Comunitria, num bairro prximo empresa.

    BRASKEM Foi no ano de 2002 que a Braskem lder em

    resinas termoplsticas na Amrica Latina e uma das maiores companhias industriais privadas de capital nacional comeou a focar suas aes baseando-se numa poltica de tecnologia, ino-vao e sustentabilidade.

    Em 2004 a empresa elaborou o 1 Relatrio de Desenvolvimento Sustentvel. J em 2005, foi listada no ndice de Sustentabilidade Empre-sarial (ISE) da BM&FBovespa, onde continua at hoje em virtude de suas aes ecologicamente e socialmente corretas.

    No ano de 200, a empresa foi a primeira

    a lanar o polmero verde polietileno de alta densidade produzido a partir da cana-de-acar. Seu desempenho e qualidade so-superiores em relao a outros polmeros. As indstrias automobilsticas, de embalagens alimentcias, cosmticos e artigos de higiene pessoal so as maiores consumidoras desse tipo de plstico.

    Essa inovao resultou de um projeto con-tnuo de pesquisa e desenvolvimento. O alto investimento cerca de US$ 100 milhes ao ano usado na melhoria das instalaes, visando aprimorar as prticas sustentveis dentro e fora da empresa. Associa-se a esse valor um investi-mento de R$ milhes em aes voltadas para o benefcio da sociedade em geral.

    Jorge Soto, diretor de Desenvolvimento Sus-tentvel da empresa, diz: A sustentabilidade, para a Braskem, um fator de diferenciao. Os investimentos so voltados para alavancar os negcios, mas no visamos apenas os resultados, o faturamento; o objetivo contribuir tambm com aes sociais e ambientais.V

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    A sustentabilidade, para a Braskem,

    um fator de diferenciao. Os

    investimentos so voltados

    para alavancar os negcios, mas no

    visamos apenas os resultados,

    o faturamento; o objetivo

    contribuir tambm com aes sociais

    e ambientais

    Jorge Soto, diretor de Desenvolvimento

    Sustentvel da Brasken

    Trofu do GP Brasil de Frmula 1: desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em 2008 foi confeccionado em plstico verde.No ano passado, a nova verso do trofu foi produzida em plstico reciclado, a partir de tampinhas recolhidas durante a prova

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    Banco Imobilirio Sustentvel uma verso ecolgica do tradicional jogo

    Banco Imobilirio, da Estrela

    Carrinho Estrela produzido em plstico verde

  • NATURA A Natura, maior fabricante brasileira de

    cosmticos e produtos de higiene e beleza, lder no setor de venda direta, tem sua imagem totalmente vinculada s causas ambientais. Ao longo de sua histria, a Natura sempre se baseou em um modelo de gesto voltado ao crescimento econmico e perpetuao da empresa, sem deixar de lado a preocupao com os impactos ambientais e sociais. Em 1983, uma das primeiras iniciativas nesse sentido foi a introduo dos refis no setor de cosmticos do Brasil. Era o comeo da sustentabilidade.

    No ano de 2000, a Natura foi a primeira em-presa brasileira a adotar o modelo do ranking Global Reporters. Levando em considerao os relatrios anuais, o Global Reporters relaciona as 50 empresas com melhor desempenho eco-nmico e socioambiental. As empresas desse ranking seguem as diretrizes do Global Repor-ting Initiative (GRI), instituio que desenvolve e dissemina um modelo de comunicao sobre os impactos econmicos, sociais e ambientais das atividades empresariais. Ao longo dos anos, a Natura investiu em novas tecnologias para reduzir o impacto dos seus produtos no meio ambiente, descobrindo novos ingredientes e contribuindo para a valorizao e o crescimento

    de comunidades locais. No ano passado, as frmulas da linha Natura

    Ekos, por exemplo, passaram a ter mais de 0% de matria-prima vegetal renovvel, extrada de maneira sustentvel. Renata Puchala, gerente de marketing da linha fala um pouco sobre essa ao: Vegetalizar substituir ingredientes de origem animal, mineral ou sinttica por outros de origem vegetal, os quais, se extrados de forma sustentvel, renovam-se sempre. Em 2004, comeamos esse movimento de reno-vao em nossas frmulas, vegetalizando os sabonetes em barra Ekos. Em 200, vegetali-zamos os leos trifsicos e passamos a utilizar em nossos perfumes lcool orgnico ao invs do lcool comum.

    A maioria dos produtos, cosmticos e no cosmticos, utiliza matrias-primas de origem sinttica e outras de origem no renovvel, como por exemplo, o petrleo. Em suma, retirado da natureza aquilo que no possvel devolver a ela. Priorizar matrias-primas de origem vegetal contribuir para a perpetuao da natureza. A Natura pretende reduzir em 33% o impacto ambiental relativo s suas atividades at 2011. De 200 para 200, a empresa baixou em % a quantidade de GEEs (gases que provocam o efeito estufa) lanados na atmosfera.

    Vegetalizar substituir

    ingredientes de origem animal,

    mineral ou sinttica por

    outros de origem vegetal, os quais,

    se extrados de forma sustentvel,

    renovam-se sempre

    Renata Puchala, gerente de Marketing

    da linha Natura Ekos

    rea de convivncia na unidade da Natura em Cajamar e, ao lado, um exemplo de sacola retornvel

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  • GRUPO PO DE ACARAblio Diniz um dos homens mais bem-suce-

    didos do Brasil. Ele preside o Grupo Po de Acar, lder absoluto no mercado de varejo. Ano passado, a empresa investiu R$ 45 milhes na expanso de supermercados sustentveis (verdes).

    Paulo Pompilio, diretor de Responsabilidade Social do Grupo Po de Acar, conta que o desenvolvimento e implantao das tecnolo-gias sustentveis um processo de contnuo aprendizado e evoluo; a deciso pelas solu-es implantadas tiveram como objetivo sen-sibilizar e mobilizar nossos clientes, parceiros e colaboradores em torno dessa causa e, assim, promover movimentos relevantes em toda ca-deia de valor.

    Alm da expanso dos supermercados sus-tentveis, certificados pela Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), o Grupo Po de Acar foca tambm seus investimentos em programas de estaes de reciclagem, sacolas retornveis e aes para reduo de consumo de gua e energia. Selo verde em mos, certifi-cao garantida. Com isso, o supermercado o nico da Amrica Latina a possuir aprovao do United States Green Building Council (USGBC), a ONG mais conhecida do mundo no ramo de certificao ambiental de edificaes.

    Pioneirismo, sustentabilidade, aproximao

    com o cliente. Esses so alguns dos ingredientes que tornam o Po de Acar uma das maiores empresas do Pas. Joo Edson Gravata, diretor de operaes da rede Po de Acar, enalte-ce o feeling da empresa e promete ainda mais novidades.

    O Po de Acar conhecido por seu pionei-rismo em aes socioambientais. Avanamos com cinco supermercados verdes em poucos meses e vamos expandir ainda mais nos prximos anos. Foi assim com as iniciativas pioneiras adotadas pela rede, como as sacolas e as estaes de reciclagem, que hoje servem de modelo para os mais diversos segmentos de negcios, diz.

    Desde 2005, as sacolas retornveis vm ga-nhando mais adeptos a cada dia. E, para incen-tivar o seu uso, o programa de relacionamento Mais lanou no ano passado a campanha Ga-nha pontos quem ajuda a preservar o planeta. O funcionamento simples: ao utilizar sacolas retornveis, os clientes ganham pontos que po-dem ser trocados por vales-compra. A iniciativa comeou em So Paulo em maro de 2009 e logo caiu nas graas do consumidor. Para se ter uma ideia, mais de 2 milhes de pontos foram contabilizados em um total de 44,2 mil compras, realizadas ao longo de oito meses.

    O sucesso dessa ao pode ser traduzido em nmeros, afinal, nesse perodo, cerca de 1,9 milho de sacolas plsticas deixaram de ser descartadas no meio ambiente. E mais: no ano passado, o Grupo Po de Acar comercializou cerca de 1,3 milho de sacolas retornveis, um crescimento de 35% se comparado a 2008. Hoje, a iniciativa j est presente em todas as lojas da rede.

    Ligia Dall Acqua Korkes, gerente do Grupo Po de Acar, acha eficiente a comunicao entre a empresa e os clientes: Temos contato direto com o consumidor atravs das rdios e televises inter-nas. J fizemos, por exemplo, vdeos informativos sobre os benefcios das sacolas retornveis contra as desvantagens das sacolas plsticas, divulgamos e estimulamos as nossas estaes de reciclagem, entre outras.

    Aes como essas envolvem os funcion-rios dos supermercados, todos devidamente

    capacitados. Alm disso, temos vrias ini-ciativas nas lojas, como o caixa verde que

    uma iniciativa de reciclagem pr-consumo , as estaes de reciclagem ps-consumo, as

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    Temos contato direto com o consumidor

    atravs das rdios e televises internas.

    J fizemos vdeos informativos sobre

    os benefcios das sacolas retornveis

    contra as desvantagens das

    sacolas plsticas, divulgamos e estimulamos

    nossas estaes de reciclagem,

    entre outras

    Ligia Dall Acqua Korkes, gerente do Grupo

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    Ligia Dall Acqua Korkes, do Grupo Po de Acar

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  • embalagens feitas de papel reciclado, as pr-prias lojas verdes, diz Ligia. E conclui: Enfim, iniciativas sustentveis para as quais todos os colaboradores recebem um treinamento de 10 horas, entre outras iniciativas.

    SABESP A Sabesp, Companhia de Saneamento Bsico

    do Estado de So Paulo, consolida-se cada dia mais no mercado como uma empresa de solues ambientais. Alm dos servios prestados estarem diretamente relacionados ao ramo, a companhia vem desenvolvendo, ao longo de seus 35 anos de existncia, programas voltados ao consumo cons-ciente e reduo de perdas, bem como aes de conscientizao alertando sobre a necessidade da preservao dos recursos hdricos.

    Em setembro de 2009, a empresa lanou o projeto Sabesp Abrao Verde. O objetivo principal agregar melhorais estticas no am-biente ao redor das reas de responsabilidade da companhia. A consequncia? Mais verde e reteno de carbono. Segundo a empresa, at o fim deste ano, 4 mil unidades, entre reas administrativas e operacionais, recebero 20 mil mudas de rvores.

    TETRA PAK Desde sua criao, a Tetra Pak, lder mundial

    em processamento e embalagem de alimentos, possui em seu DNA o conceito de sustentabili-dade. H 52 anos atuando fortemente na cadeia de valor dos alimentos no Pas, a empresa tem investido cada vez mais em equipamentos que causam menos impacto ambiental. No Brasil, a Tetra Pak desenvolveu uma tecnologia para fabricao de placas, telhas, mveis, canetas,

    vassouras e outros objetos, tudo a partir da mistura de plstico e alumnio das embalagens. O processo passa pela retirada do papel que usado na produo de caixas de papelo e papel reciclado.

    Em parceria com outras empresas, a Tetra Pak desenvolveu a tecnologia de reciclagem a plasma, que permite a separao do plstico e do alumnio contidos na embalagem aps a retirada do papel. Transformados em parafina lquida e lingotes, o plstico e o alumnio voltam para a cadeia produ-tiva como matrias-primas de primeira qualida-de. A primeira unidade de reciclagem a plasma, pioneira no mundo, comeou a operar em maio de 2005 na cidade de Piracicaba, interior de So Paulo, e j desperta o interesse de outros pases. Com investimento de R$ 14 milhes, a usina tem capacidade para reciclar 8 mil toneladas de pls-tico e alumnio por ano, equivalentes a 32 mil toneladas de embalagens.

    Outra atividade de destaque da empresa o Portal de Educao Ambiental. O site oferece informaes completas, desde como gerenciar e selecionar o lixo, at o processo de reciclagem de cada material. Trata-se de uma importan-te ferramenta para os professores, na medida em que oferece informaes e sugestes de atividades para os alunos. Alm disso, as infor-maes e oficinas estimulam os alunos a reali-zarem experincias e colocarem os conceitos em prtica. O novo portal uma evoluo do Programa Cultura Ambiental nas Escolas, cujo foco a distribuio de kits educativos com informaes sobre reciclagem e preservao do meio ambiente. Criado em 199, o programa j beneficiou mais de milhes de estudantes e 40 mil escolas pblicas e privadas. V

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    A Sabesp vem desenvolvendo,

    ao longo de seus 35 anos

    de existncia, programas

    voltados ao consumo

    consciente e reduo de perdas,

    bem como aes de conscientizao

    alertando sobre a necessidade da

    preservao dos recursos

    hdricos

    Tcnicos da Sabesp espalham composto orgnico sobre vegetao danificada

    Sabesp tambm investe para tornar seus prdios sustentveis

  • VALE Mineradora de atuao global, a Vale sempre

    escreveu sua histria baseada no compromisso de transformar recursos minerais em riqueza e desenvolvimento sustentvel. H vrias manei-ras de dimensionar essa relao prxima entre a mineradora e as questes sociais. A Fundao Vale um grande exemplo. Em parceria com ONGs, setores do poder pblico e da sociedade civil, ela realiza diversos programas com foco no desenvolvimento econmico, ambiental e social das localidades onde atua. Um desses programas consiste na conservao do meio ambiente e na reabilitao de espcies nativas dos ecossistemas da Mata Atlntica, do Cerrado e da Amaznia. Em 2008, a empresa investiu US$ 8 milhes na rea de meio ambiente, desde projetos de reflorestamento e conservao, at programas de desenvolvimento de tecnologias limpas.

    O combate ao aquecimento global tambm uma das principais preocupaes da empresa. No ano passado, ela lanou suas Diretrizes sobre Mudanas Climticas e Carbono. Entre as aes firmadas, merece destaque a substituio de leo combustvel por gs natural nas usinas de pelotizao do Esprito Santo e de Minas Gerais, que resultou na reduo de 139 mil toneladas de CO2 na comparao com o ano de 2008. Para este ano, os investimentos chegaro a US$ 999 milhes: US$ 829 milhes sero investidos em proteo e conservao do meio ambiente e US$ 10 milhes em projetos sociais.

    SUSTENTABILIDADE X AUMENTO DOS CUSTOS A instituio que se mantiver atenta a esse

    movimento em prol do verde tende a aumentar sua visibilidade e seu valor de mercado. uma relao de troca em que todas as partes saem lu-crando. Mais do que preocupao socioambiental ou estratgia de marketing, empresas de diversos setores comeam a repensar seu prprio modelo de negcios para sobreviver em uma economia na qual exigncias socioambientais esto se tornando uma realidade. Os resultados so um alento para todos os envolvidos no processo.

    notrio que, entre outros objetivos, as pr-ticas empresariais sustentveis visam vincular o nome da empresa a produtos e servios de qua-lidade, preos justos e responsabilidade social. O resultado imediato. As boas prticas da empresa levam-na a um estreitamento na relao com o consumidor, o que acarreta em novos valores para seu pblico-alvo. Essa dinmica relao entre empresa e consumidores facilita a criao de uma via de mo dupla: a organizao investe em aes de responsabilidade socioambiental, o mercado as aprova. H uma valorizao da marca.

    A sustentabilidade uma realidade. Conse-quentemente, as empresas devem responder rapidamente a essa mudana. Do contrrio, se-ro engolidas pela concorrncia. Ento, como agir? Essa a primeira pergunta dos empres-rios. De uma forma simples e no simplista , faz-se necessrio um remodelamento da gesto. O pensamento deve estar focado no presente, V

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    A Vale sempre escreveu sua

    histria baseada no compromisso

    de transformar recursos minerais

    em riqueza e desenvolvimento

    sustentvel. H vrias maneiras de dimensionar essa

    relao prxima entre a mineradora

    e as questes sociais. A Fundao

    Vale um grande exemplo

    mas principalmente no futuro. A necessidade de um redesenho das organizaes se faz essen-cial a esta nova viso de posi-cionamento sustentvel. Claro que as questes que envolvem sustentabilidade so complexas e mesmo difceis de serem com-preendidas, pois muitas vezes significam aumento de inves-timentos para as organizaes empresariais.

    A Monsanto, por exemplo,

    Fundao Vale: Cultivo de espcies nativas dos ecossistemas da Mata Atlntica

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  • que trabalha com produtos e solues para agri-cultura e meio ambiente, ampliou em 2009 seus projetos voltados a aes ambientais e educa-cionais, com o investimento em programas de sustentabilidade chegando casa dos R$ 9,4 mi-lhes. Um aumento considervel se comparado ao passado recente, j que at meados de 200 a Monsanto destinava por volta de R$ 4 milhes ao ano em projetos socioambientais.

    Em 2009, a rede de varejo Walmart tambm se engajou na questo sustentvel. A empresa reuniu fornecedores, autoridades e ONGs para anunciar o Pacto Walmart Brasil pela Sustenta-bilidade, pelo qual os presidentes das 20 maio-res indstrias fornecedoras da rede firmaram compromissos em prol do meio ambiente. Os objetivos so explcitos: apoio preservao da Floresta Amaznica por meio do boicote com-pra de produtos provenientes de desmatamento, principalmente os das cadeias da carne, madeira e soja; reduo de embalagens; e desenvolvi-mento de novos produtos com diferenciais sus-tentveis. Segundo o hipermercado, o programa de descontos de R$ 0,03 para clientes que no usam sacolas plsticas evitou a circulao de 13,5 milhes de sacolas plsticas durante o ano passado e gerou um repasse de mais de R$ 405 mil para os consumidores conscientes.

    Sejam oriundas do mercado ou da regulao, as exigncias desse novo ambiente econmico so grandes. Consequentemente, no tarefa das mais fceis repensar esse modelo de negcios. Compreender a complexidade da sustentabili-dade ser um fator de sucesso nesta que uma das principais empreitadas do sculo XXI. Para o vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itaca-rambi, a implantao de medidas sustentveis em todos os setores da economia emergencial. Embora o custo seja alto, no h mais como retardar essas aes, disse.

    Segundo uma pesquisa realizada pelo ins-tituto, se o Brasil investir 1% do PIB em aes sustentveis, possvel reduzir em 0%, at

    2030, a emisso de gases do efeito estufa no Pas. Devemos entender que, apesar de o tema ambiental ser a principal preocupao, a questo envolve diversos outros fatores, como os sociais e econmicos. necessrio reduzir, alm das emisses, a explorao ineficiente dos nossos recursos naturais, finaliza o vice-presidente do Instituto Ethos.

    VISO INSTITUCIONALNo segmento empresarial, para haver maior

    compreenso sobre a sustentabilidade, a organi-zao precisa incorporar os conceitos e objetivos em seu DNA, ou seja, enraiz-los profundamente em sua cultura organizacional, abrangendo mis-so, viso, valores e estratgia em todos os seus nveis hierrquicos. Mas importante salientar: esse novo significado, traduzido em um novo posicionamento empresarial, deve estar bem claro nas grandes lideranas das empresas. Todos concordam que uma estratgia de marketing am-biental sem o devido embasamento conceitual do processo de esverdeamento da empresa totalmente ineficaz.

    Para o diretor acionista da MCassab, Victor Cutait, h inmeros benefcios para as empre-sas que optam por manter projetos ambientais: Podemos separar os benefcios financeiros em mensurveis e no mensurveis. No primeiro caso, temos alguns clientes que j nos auditam em quesitos ambientais como condicionantes para sermos fornecedores. Os no mensurveis so aqueles ligados imagem. Mas no tenho dvidas de que esse um tema de crescente cons-cientizao da sociedade e, portanto, cada vez mais as empresas sero cobradas nesse sentido, passando a ser obrigao, e no uma vantagem competitiva.

    A gerente do Po de Acar, Ligia Dall Acqua Korkes, tambm expe sua opinio: Os benef-cios so inmeros. Externos, por exemplo, dan-do boa imagem para a empresa, conquistan-do e fidelizando clientes, preservando o meio

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    ambiente, desenvolvendo as comunidades onde a empresa est inserida, aquecendo a eco-nomia, influenciando a cadeia de fornecedores, entre outros. Alm, claro, dos benefcios internos, como, por exemplo, reteno de talentos, orgulho de fazer parte da empresa e aumento da produo.

    Um programa de responsa-bilidade social traz s resultados positivos para a sociedade e, se for realizado de forma autnti-ca e profissional, rende bons frutos para as empresas. Os ga-nhos so imensos: valorizao da imagem institucional e da marca, maior lealdade do con-sumidor, eficincia em recrutar e manter talentos, flexibilida-de, capacidade de adaptao e longevidade. Ou seja, o pen-samento dos empreendedores deve estar alinhado cultura de responsabilidade social. Na con-tramo desse ideal, desenvolver programas sociais apenas para divulgar a empresa, ou como forma compensatria, no traz resultados positivos sustent-veis ao longo do tempo.

    Medidas amplas e, princi-palmente, aes honestas; par-cerias entre iniciativa privada, poder pblico e sociedade civil. Esses so os preceitos prticos de um projeto concreto e de re-sultado em prol de um ambien-te mais saudvel para toda a sociedade. Na teoria, ficam mui-tas aes vazias, demagogas e sem eficcia. Mas as pessoas sabem separar o joio do trigo. A sociedade civil brasileira, que j superou grandes obstculos para consolidar a democracia, vai precisar de sua viso inova-dora e de seu mais concentrado esforo de engajamento para superar diferenas, derrubar muros e erguer pontes rumo sustentabilidade.

    ndice de Sustentabilidade Empresarial ISEJ h alguns anos que a tendncia mundial os investidores procurarem empresas socialmente responsveis, sustentveis e rentveis para aplicar seus recursos. O ISE referncia para fundos de investimentos que levam em conta prticas de sustentabilidade e de governana ao montarem seus portflios. As empresas listadas so consideradas capazes de gerar valor aos acionistas, pois apre-sentam melhor capacidade de superar riscos econmico-financeiros e socioambientais. No ano passado, 30 companhias integraram a carteira 2008/2009 do ISE. Essas empresas totalizaram R$ 372 bilhes em valor de mercado, quantia que corresponde a 30,7% da capitalizao total das 394 empresas que tm aes negociadas na BM&FBovespa.

  • ECO ESTILO

    Surfistas de diferentes partes do Brasil conectam-se por um objetivo em comum: zelar pelo meio ambiente

    A onda preservar

    Para Joo Malavolta, surfista, jornalista e ati-vista socioambiental, descer por uma onda ta-refa fcil. Ele surfa desde os dez anos, quando se iniciou no esporte por incentivo do pai nas praias de Itanham, litoral de So Paulo. O surf pura harmonia entre o homem e a natureza. Dentro do mar nos sentimos limpos, livres. uma sensao de bem-estar que mantm acesa uma chama dentro da gente, que provoca uma liberdade fsica e es-piritual indescritvel, diz. O trabalho rduo est fora do mar, na misso de agir para garantir o surf de amanh e a beleza de uma natureza livre da poluio e das interferncias negativas do homem. Para isso, ele e o amigo tambm surfista Andr Coimbra fundaram a ONG Entidade Ecolgica dos Surfistas (Ecosurfi).

    Itanham a segunda cidade mais antiga do Brasil, com 14 praias e 27 quilmetros de orla. O municpio tem cerca de 600 km de rea, sendo 300 deles de Mata Atlntica. O turismo uma ati-vidade econmica significativa para a regio, que conhecida como Amaznia Paulista. Um dos fatores que motivaram Joo e Andr a se mobilizar foi justamente esse, j que a grande circulao de pessoas nas temporadas resultava em grandes quantidades de lixo e sujeira nas paisagens. A ideia surgiu a partir da indignao que sentamos ao ver nossas praias sujas aps feriados e finais de semana, conta o jornalista. Instruindo-se a partir de conversas e tomando conhecimento de projetos que j atuavam em prol da preservao ambiental, como o Surf Rider Foundation e o No Stress, os dois amigos decidiram entrar nessa onda no ano de 2000.

    Joo no deixa de citar a dificuldade enfren-tada durante esse tempo dedicado articulao do pensamento sustentvel: Foi tudo muito difcil porque as pessoas diziam que a ideia era boa mas no se dispunham a colocar a mo na mas-sa. Poucos acreditavam que chegaramos aonde chegamos; pensavam primeiramente nos bene-fcios individuais que nosso trabalho traria, sem V

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    Foi tudo muito difcil porque as pessoas diziam que a ideia era

    boa mas no se dispunham a

    colocar a mo na massa. Poucos

    acreditavam que chegaramos

    aonde chegamos

    Joo Malavolta, sobre os dez anos da Ecosurfi

    Por Arielli Secco

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    encar-lo como uma misso a servio do planeta. Os fundadores se ativeram a dizeres como pensar globalmente e agir localmente, que at hoje so difundidos por eles, para manter os princpios da preservao e dar continuidade ao projeto. Em 2010, a Ecosurfi completa dez anos de atuao, com aes que envolvem jovens, turistas e a co-munidade litornea de So Paulo.

    A campanha Onda Limpa, por exemplo, um dos eventos de destaque da entidade. Consiste em um trabalho de sensibilizao e conscientizao ambiental que acontece no vero e dura dois meses. A estrutura conta com tendas armadas nas praias, onde o pblico pode realizar atividades

    Mutiro de limpeza da praia

    Joo Malavolta

    Campanha Onda Limpa

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    ldicas para as crianas, onde h oficinas de artesa-nato com materiais reutilizveis, exposies sobre o meio ambiente e orientaes sobre preservao. A Ecosurfi participa da ao internacional Clean Up the World, que rene e incentiva empresas, grupos comunitrios, escolas, governos e indivduos na concretizao de atividades ambientais em todo o mundo, sempre no ms de setembro, marcando o Dia Mundial da Limpeza de Rios e Praias.

    Outros projetos que vm ganhando espao so: A Onda gua Limpa, que, atravs de uma parceria com a rdio Jovem Pan, veicula boletins dirios sobre a gesto sustentvel dos recursos hdricos, saneamento ambiental e sade pblica no litoral; O Rio do Nosso Bairro, que tem incio em maro e vai envolver nove cidades da bacia hidrogrfica da Baixada Santista com mobiliza-es em escolas e formao de educadores sobre questes de saneamento; e Surf Sustentvel, uma rede online que rene surfistas de todo o Pas na discusso de problemas e solues para o meio ambiente.

    Os resultados desse engajamento trazem n-meros significativos, que refletem o envolvimento

    da sociedade na preservao dos locais onde a ONG atua. Era difcil voc ver pessoas que se mobilizavam pela proteo do meio ambiente, e a Ecosurfi veio com essa proposta atravs de mutires e encontros, e isso denota uma mudan-a de conscincia das pessoas por uma causa de interesse coletivo, ressalta Joo. Para se ter uma ideia, as aes, que antes contavam com pouco mais de vinte pessoas, hoje mantm uma participao mdia de 300 voluntrios em cada sada para limpeza das praias.

    Joo Malavolta acredita que o surf contribui para a conscientizao ambiental: Os surfistas tm esse lance da percepo, conhecem os ven-tos, as mars, as luas, os animais marinhos. Esse contato garante um reencantamento humano, voltando ao significado da vida, comunho com tudo que est ao nosso redor. Existe um respeito por aquilo que se conhece e s cuidamos daquilo que conhecemos.

    INICIATIVAS EM REDEA partir da rede do programa Surf Sustentvel,

    surfistas de todo o Pas mantm contato para discutir os problemas de cada regio do litoral brasileiro e o que pode ser feito para reverter a degradao ambiental. Joo destaca a parceria com outros projetos, como o Global Garbage, iniciado em 2002 pelo fotgrafo baiano Fabiano Barreto, e o Instituto Ilhas Do Brasil, no Pntano do Sul, em Florianpolis, iniciado em 2005 pelo bilogo e surfista gacho Alexandre Guimares S de Castro, que tem entre suas iniciativas o movimento Surfando por um Mundo Melhor.

    O alerta que demonstrou a necessidade da sustentabilidade no esporte vem tambm da indstria de surfwear. Os equipamentos utili-zados pelo surf, esporte to ligado natureza, so fabricados com materiais extremamente agressivos ao meio ambiente, como o poliu-

    retano, que no pode ser re-ciclado. Alexandre lembra o episdio do fechamento da Clark Foam, uma das maiores fabricantes de placas para pran-chas do mundo, por questes ambientais nos Estados Unidos: Queremos que as fbricas co-mecem a substituir materiais. J existe lash (cordo) reciclvel, raspador de parafina feito de madeira de mveis inutilizados, e at a parafina ecolgica, que fabricada aqui em Florian-polis e que no derivada de petrleo. Todos esses produtos j so comercializados na base do instituto, chamada Espao Arquiplago.

    O objetivo do Surfando por um Mundo Melhor incenti-var atividades de sensibilizao em surf shops e capacitar, em parceria com escolas de surf, instrutores com foco na sus-tentabilidade e valorizao da cultura local. A esperana de que as grandes fbricas e gran-des marcas se envolvam nessa causa quando perceberem um consumidor exigente. Apesar de viver da natureza, desse per-fil saudvel, relaxado, de bem com a vida, historicamente a indstria do surf no assim.

    O mar no est sempre igual. Ele

    est diferente! Assim a vida. No

    adianta a gente querer que a vida seja sempre igual, porque ela no

    Alexandre Guimares S de Castro, diretor geral do

    Instituto Ilhas do Brasil

    Alexandre Guimares e seu filho Pepe

    Produtos ecolgicos comercializados no Espao Arquiplago

    Projeto oferece aulas de surf s crianas da comunidade do Pntano do Sul. Na foto, Joo Manuel

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    n Consultoria para certificao ambiental (ISO 14000)n Anlise e otimizao de processos de produo, diminuindo custos operacionais diretos e indiretos, melhorando a qualidade de produtos e servios e reduzindo o consumo de recursos naturaisn Contratao e intermediao de seguro ambientaln Licenciamento junto aos rgos ambientais n Elaborao de Relatrios de Impacto Ambiental n Assessoria na elaborao de Termos de Compromisso Ambientaln Administrao de passivo ambientaln Projeto e planejamento de usinas de reciclagem (projetos turn-key)n Venda de mquinas e equipamentos para reciclagem de pneus, plsticos, RCD, madeira e outros

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    TERCEIRO SETOR EM AOAlexandre de Castro faz parte da Ashoka,

    uma organizao mundial de empreendedo-res sociais, e ensina que a postura de quem in-gressa no terceiro setor a de cobrar, orientar, propor solues, participar dos canais criados pelo governo e pela sociedade, ter um papel determinante na viabilizao de projetos. No caso especfico do Instituto Ilhas do Brasil, ele conta que importante entender o perfil das comunidades litorneas e utilizar o esporte, em especial o surf, na educao socioambiental como estmulo para os jovens: O surf te ajuda a

    enxergar valor na simplicidade das coisas. um canal de comunicao com a natureza que te permite a conexo com o meio ambiente. Dentro da gua somos todos iguais. E finaliza: O mar no est sempre igual. Ele est diferente! Assim a vida. No adianta a gente querer que a vida seja sempre igual porque ela no .

    Joo Malavolta tambm se refere importn-cia das organizaes sociais e da persistncia para a continuidade dos trabalhos, visando uma nova ordem mundial e a valorizao do ser humano: As organizaes passam por um processo natural de amadurecimento ideolgico e administrativo.

    Links:www.ecosurfi.orgwww.ilhasdobrasil.org.brwww.globalgarbage.orgwww.ashoka.org.brwww.cleanuptheworld.orgwww.surfsustentavel.orgwww.projetosurfando.blogspot.com

    A partir disso, elas conseguem seu espao e reconhecimento.

    A revista Viso Ambiental compartilha o esprito de espe-rana e respeito dos surfistas e aproveita para finalizar esta ma-tria altura: aloha!

    Projeto Surfando por um Mundo Melhor, do Instituto Ilhas do Brasil

    Equipe Eco-surfi e parceirosDi

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    VISO LEGAL

    Antonio Carlos Porto Araujo

    IPI sustentvel

    A recente deciso do governo de prorrogar a reduo da alquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) incidente sobre os carros flex e caminhes zero quilmetro traz importantes indicaes sobre a agenda am-biental e tecnolgica do governo.

    Um dos vieses desse incentivo tem como escopo o desenvolvimento de tecnologia para que os novos veculos reduzam a emisso de gases poluentes e gases de efeito estufa, os viles do aquecimento global.

    Sob esse aspecto, seria altamente vivel uma complemen-tao da norma, c o m i n c l u s o de mecanismos m a i s e f i c a z e s para a renovao da frota, no s neste momento, mas, sobretu-do, em carter permanente.

    Uma das su-gestes que se crie uma diferenciao de alquotas para os veculos zero quilmetro com vida til deter-minada desde a produo. Por exemplo: na compra de um carro novo ou caminho , o indivduo escolheria o modelo de tributao desse veculo. No caso do automvel de passeio, a escolha seria pela tributao menor desde que o veculo no pudesse ser licenciado aps dez anos de uso.

    Se o comprador optasse pelo direito de licenci-lo indefinidamente, a alquota dos tri-butos seria aquela do patamar original, sem os incentivos. Ao final dos dez anos, o pro-prietrio do carro incentivado o entregaria em um dos postos de coleta, para desmonte e reciclagem.

    Juridicamente, no haveria qualquer preju-zo, j que o comprador faria a opo consciente

    ANTONIO CARLOS PORTO ARAUJO consultor de energia renovvel e sustentabilidade da [email protected]

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    ao adquirir o carro. No mercado haveria grande quantidade de veculos que no receberam o incentivo e que poderiam ser comercializados normalmente.

    Os enormes ganhos se dariam em vrias esferas, sobretudo na ambiental. cada vez mais evidente que o desenvolvimento tec-nolgico dos novos veculos e a retirada dos antigos promoveria o consequente resultado de se manter uma frota mais moderna, com menores ndices de emisso de gases.

    Assim, a indstria automobilstica, uma das mais importantes do Brasil, geraria mais empregos e atuar ia mais for temente na questo da pre-servao ambien-tal. Alm disso, fcil imaginar o impulso para o desenvolvimen-to da indstria de reciclagem no

    Pas, extremamente necessria neste momen-to em que sempre vem tona a limitao da explorao de recursos naturais. Deve-se levar em conta at mesmo a economia de energia eltrica, que um dos mais importantes insu-mos para toda a cadeia produtiva.

    Ou seja: v-se que a deciso do governo importante neste momento, mas poderia ser melhorada com mais mecanismos de incentivo e presso para que a questo da sustentabili-dade tenha seu peso mais reconhecido, com expressivos modelos de crescente aproveita-mento da combusto; diminuio da inten-sidade energtica; aumento da capacidade de rodar, na equao quilmetros por litro; e incentivo para ganho de escala na produo de veculos movidos base de combustveis renovveis e agroenergia.

    cada vez mais evidente que o desenvolvimento tecnolgico dos

    novos veculos e a retirada dos antigos promove o consequente resultado de se manter uma frota

    mais moderna, com menores ndices de emisso de gases

    A prorrogao da reduo do imposto no setor automotivo traz importantes indicaes sobre a agenda ambiental e tecnolgica do governo

  • AUTOMOTIVOS

    Pesquisas em tecnologias renovveis devem tirar os automveis da lista de maiores poluidores do ar nos prximos anos

    Preservando o meio ambiente a toda velocidade

    Quem chega de avio a uma grande cidade como So Paulo, de longe pode ver uma fumaa amarela que se espalha por todo o lugar. Nessa nuvem espessa, que impossibilita a viso do horizonte, h uma grande quantidade de gases e partculas nocivas sade. Dados do Relatrio de Indicadores de Desenvolvimento Sustentvel, publicado em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), apontam que os automveis so a segunda maior fonte de toda a poluio nas regies metropolitanas do Brasil. Porm, tanto a indstria automotiva quanto os motoristas do sinais de que pretendem mudar logo esse quadro.

    As principais pesquisas feitas no Brasil para diminuir a emisso de gases dos veculos traba-lham no sentido de tornar mais leves os carros e de melhorar a eficincia de seus motores, alm de buscarem tecnologias renovveis e reciclveis tanto para os combustveis como para as peas. Segundo Jomar Napoleo da Silva, vice-diretor do Comit de Veculos de Passeio da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), h uma tendncia na indstria para se utilizar materiais mais leves, como o alumnio e o plstico.

    Partes dos veculos que antes eram feitas de ferro ou ao agora possuem compostos plsticos, que j tm resistncia parecida e so facilmente V

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    Por Samuel Nunes

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    reciclveis. Os cabeotes dos motores, por exem-plo: feitos de plstico, reduzem muito o peso dos veculos e, consequentemente, melhoram o desempenho, diz Jomar. Ele ainda ressalta que materiais alternativos, como a fibra de coco, tm sido usados frequentemente para substituir o prprio plstico em algumas aplicaes. A fibra de carbono, usada em carros de Frmula 1 e carros esportivos, tambm pode ser uma alternativa em alguns anos, mas ainda deve demorar a chegar aos veculos menores. Preos mais acessveis para esses materiais dependem de uma srie de fatores comerciais, lembra Jomar.

    Alm das peas, os combustveis renovveis so tambm fundamentais para reduzir o im-pacto causado pelos veculos. Novas ideias es-to sendo estudadas, como o uso de hidrognio e os veculos hbridos (com um motor movido a combusto e outro movido a eletricidade atuando juntos), mas, no Brasil, isso ainda no comum. Antnio Moreira, professor do Depar-tamento de Engenharia Mecnica da Escola de Engenharia de So Carlos (EESC/USP), acredita que o problema no est apenas em trazer a tecnologia: A dificuldade inerente viabilida-de tcnica e econmica dessas alternativas. O hidrognio no existe livre na natureza; precisa ser produzido. E se gasta mais energia para isso do que se pode tirar dele. No caso dos motores eltricos, ainda no se conseguiu resolver a

    Os cabeotes dos motores, por

    exemplo: feitos de plstico, reduzem

    muito o peso dos veculos e,

    consequentemente, melhoram o

    desempenho

    Jomar Napoleo da Silva, vice-diretor do Comit

    de Veculos de Passeio da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil)

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    questo da baixa autono-

    mia dos veculos.Mesmo sem carros el-

    tricos, o Brasil se destaca no cen-rio mundial por apresentar solues em

    combustveis renovveis. Segundo o professor Moreira, os primeiros estudos datam da dcada de 30, quando o engenheiro Eduardo Sabino de Oliveira converteu mais de 70 motores para o uso de lcool no Instituto Nacional de Tecno-logia do Rio de Janeiro. Quatro dcadas depois,

    Oliveira, juntamente com os professores Ur-bano Ernesto Stumpf e Romeu Corsini, da

    EESC/USP, participou do processo que levou o governo brasileiro a criar o Programa Nacional do lcool (Prolcool), em 1975. Os primeiros

    carros nacionais movidos a etanol e gasolina, os chamados flex, foram

    lanados em 2003.Inovaes do setor automobilstico

    geralmente so apresentadas nos chamados carros-conceito, veculos que raramente che-gam s linhas de montagem, mas que apre-sentam possibilidades de uso para as novas tecnologias. Uma das atraes do ltimo Salo do Automvel, em 2008, foi o Fiat Concept Car II (FCC II). Com um motor eltrico, ele capaz de andar at 100 quilmetros sem precisar de recarga. A Fiat tambm usou essa tecnologia para a produo de dois outros veculos eltri-cos, em parceria com a Itaipu Binacional. Um deles j est disponvel para venda no mercado brasileiro (ver box na pg. 23). O revestimento dos bancos possui 30% de poliol, uma fibra feita a partir de leo de soja reciclado. Segundo a empresa, a mesma tecnologia j usada em todos os bancos dos veculos de srie, mas em menor proporo.

    S produzir carros mais eficientes, no en-tanto, no significa danos menores ao meio ambiente. A professora do curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Sul de Santa Ca-tarina (Unisul), Ivete de Ftima Rossato, ressalta que os impactos se iniciam j na fabricao dos veculos e de todos os seus componentes, na

    instalao da infraestrutura necessria para sua produo.

    Alguns exemplos das montadoras mostram que elas tm conscincia disso,

    investindo em diversas aes de sustentabilida-de e preservao dentro de suas fbricas.

    HONDAA empresa japonesa Honda, que tem fbri-

    cas de motos no Pas desde 1976 e de veculos desde 1997, investe principalmente em aes de gerenciamen-to de resduos. De acordo com a montadora, mate-riais como areia de fundi-o, madeira, ao, alumnio e papel se transformam em matria-prima para reutiliza-o interna e externa. Na sede administrativa da empresa e nas fbricas, todo o lixo separado e recolhido por uma empresa especializada em reciclagem. Alm disso, a fbrica de motocicletas desen-volveu um sistema de transporte por meio de racks retornveis. Isso acabou com a necessi-dade de se embalar as motocicletas e resultou na diminuio de resduos provenientes do mtodo antigo.

    Tambm existe um programa de certificao da Honda para suas con-cessionrias. Aquelas que seguem uma srie de normas para descarte e recolhimento de todos os seus resdu-os recebem um selo de identificao da fbrica.

    FORDMais antiga montadora a se instalar

    no Brasil, a norte-americana Ford pro-move diversas atividades internas e externas. Dentre elas, a coleta do leo vegetal de cozinha dos restaurantes das fbricas. Todo o material destinado reciclagem. Fora isso, a empresa tambm investe em tecnologias renovveis, como o uso da fibra de sisal para a produo dos painis de portas e dos consoles centrais dos veculos.

    Como atividade externa, a montadora pro-move anualmente o Prmio Ford de Conserva-o Ambiental. Essa premiao abrange diversos setores da sociedade, entre escolas, desenvol-vedores de produtos e fornecedores.

    CG 150 Titan Mix EX e NXR 150 Bros Mix, ambas da Honda

    Principais gases responsveis pela poluio

    do ar

    - Monxido de carbono (CO): gs incolor;- Dixido de nitrognio (NO2): gs marrom avermelhado;- Dixido de enxofre (SO2): gs incolor com forte odor;- Dixido de carbono (CO2); e- Hidrocarbonetos

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  • RENAULTAo todo, 60% da rea do complexo industrial

    da Renault do Brasil, em So Jos dos Pinhais (PR), de preservao permanente. A empresa investe em programas de restaurao e ma-nuteno da mata nativa e do ecossistema ao redor de sua fbrica. Essa iniciativa j rendeu diversos prmios para a empresa. Alm disso, h investimentos em reciclagem e reaprovei-tamento de recursos.

    Outra iniciativa quanto ao descarte de seus produtos. A montadora francesa possui no com-plexo industrial uma rea exclusiva para desmon-tagem de veculos fora de uso. Todas as partes reciclveis, como metais e plsticos, so destinados fabricao de novas peas para veculos. Ao mes-mo tempo, a empresa investe em tecnologias de reuso de outros produtos. Os revestimentos dos carpetes e bancos dos veculos so produzidos a partir de garrafas PET recicladas.

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    VOLVOOs suecos da Volvo produzem caminhes

    e nibus em suas fbricas no Brasil. Em todo o mundo a empresa investe no desenvolvimento de veculos mais eficientes, motores hbridos e menos poluentes. Aqui, porm, seus investimentos so voltados para a reduo de gastos com energia e diminuio de resduos em suas fbricas.

    Destaca-se tambm uma iniciativa de reu-tilizao de peas. As concessionrias da Volvo contam com um programa de remanufatura de peas, em que as partes avariadas so utilizadas como parte do pagamento na compra de uma equivalente, remanufaturada.

    TOYOTAAssim como a Renault, a fbrica da Toyota

    tambm possui uma grande rea de preservao ambiental, de cerca de 450 mil metros quadrados. Aes para reduzir o gasto de energia so adotadas

    em todas as reas da empresa. Apoios institucionais para pro-jetos de preservao fazem par-te dos gastos da empresa com atividades socioambientais. Um exemplo disso a parceria com o Projeto Arara Azul, que visa a preservao das aves do Panta-nal sul-mato-grossense.

    De acordo a montadora, o processo de desenvolvimento de seus veculos tambm leva em conta a capacidade de reci-clagem de seus componentes. Isso ocorre, por exemplo, no recolhimento de baterias usa-das: o mesmo caminho que entrega as novas peas na loja recolhe as antigas.

    MOTORISTAS BUSCAM CARROS MENOS POLUENTES

    Os consumidores se mos-tram preocupados com o quanto seus carros poluem. A concluso do projeto lanado pela Fiat

    O sonho de FragassiO debate sobre como diminuir a poluio gerada pelos veculos intenso no meio acadmico. Alm da EESC/USP, outras instituies e pesquisadores independentes buscam criar solues para tornar os veculos mais eficientes, que se aproximem do mnimo de emisses possvel. O professor Leone Fragassi um exemplo. Desde 1985, quando se formou designer, ele tenta criar um veculo que atenda as principais necessidades do consumidor e que no agrida o meio ambiente. Meu projeto de graduao, na poca, tratava de um veculo urbano de dois lugares com mecnica de Fusca para atender a demanda de transporte adequado ao uso urbano. Segundo minhas pesquisas, a mdia de pessoas que ocupavam os carros nos horrios de pico era de 1,8 pessoa, fato que no mudou muito at hoje.O pequeno carro recebeu o nome de Fragale. Tinha cerca de trs metros de comprimento, carroceria em fibra de vidro, lugar para duas pessoas e pesava 340 quilos a menos que um Fusca. Utilizei o carro por uns cinco anos, at o dia em que uns vndalos puseram fogo nele, fato que, at hoje, no compreendi, conta Fragassi.H sete anos que Fragassi desenvolve o projeto de um veculo eltrico. Feito para um ocupante, o carrinho j recebeu diversos prmios de design. Em 2004, o pro-fessor inscreveu o primeiro carro desenvolvido por ele e seus alunos. Construmos

    um carro eltrico a partir de um kit eltrico de cadeira de rodas emprestado. Testamos e homologamos o modelo no campo de provas da GM. O prottipo andou por 3 horas na pista de testes, a uma velocidade mdia de 40 km/h. At hoje afirmo para a Dreambike, doadora do kit, que foi a cadeira de rodas mais rpida do Brasil.A ideia do pequeno carro cresceu e chegou a ganhar uma verso hbrida, com um motor de motocicleta e um motor eltrico funcionando juntos. Segundo Fragassi, o modelo alcanou a marca de 113 qui-lmetros por litro de gasolina. O objetivo agora produzir uma verso eltrica revestida de clulas fotovoltaicas. A dificuldade, que persiste desde o Fragale, conseguir patrocnios para tirar as ideias do papel. Venho construindo esses car-ros com oramento prprio e material doado por algumas empresas do setor plstico, que sempre acreditaram no desenvolvimento de veculos experimentais sustentveis e supereconmicos, diz.

    Renault do Brasil: linha de produo no Complexo Ayrton Senna

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    Ecologicamente corretosTOYOTA PRIUS: O modelo da montadora

    japonesa sucesso de vendas nos Esta-dos Unidos e em vrios pases da Unio Europeia. A verso 2010 combina um motor

    1.8 a gasolina e um motor eltrico. Em baixas velocidades, apenas o motor eltrico funciona. medida que o mo-

    torista aumenta a acelerao, o motor convencional ativado e uma parte de sua energia vai para as rodas, enquanto outra parte recarrega a bateria. Quando o freio ativado e o carro para, automaticamente o motor a gasolina desligado para economizar combustvel. Nos EUA, o preo inicial do hbrido de US$ 22,8 mil. Para os padres de l, o Prius no est na categoria dos carros populares, apesar de fazer cerca de 30 quilmetros por litro de gasolina.

    CHEVROLET VOLT: Lanado como carro-conceito em 2007, deve chegar s ruas americanas no prximo ano. O Volt possui uma bateria capaz de fornecer energia para ro-dar at 64 quilmetros, podendo ser recarregado em qual-quer tomada. E, se a bateria acabar no meio do passeio, no h motivo para desespero: um gerador a gasolina pode carregar novamente a bateria e estender a viagem por mais 420 quilmetros.

    HONDA FCX CLARITY: Tambm um carro eltrico, assim como o Volt. Mas no lugar do gerador a ga-

    solina, o que vem no Honda funciona com c-lulas de hidrognio. O resultado da queima desse gs resulta em vapor dgua. A Honda do Brasil diz que ainda no tem previso de

    fazer carros com essa tecnologia no Brasil, nem de importar o FCX Clarity, devido ao elevado custo que o carro teria aqui. Alm disso, a montadora alega que demoraria muito at existir uma rede de postos de combustveis com hidrognio.

    FIAT PALIO WEEKEND ELTRICO: S h 21 deles no Brasil e todos rodam na regio da Usina Hidreltrica de Itaipu. O motivo: esse carro eltrico nasceu de uma parceria entre a Fiat, a Itaipu Binacional e a empresa sua KWO. Ele possui um motor eltrico que o leva a velocidades de, no mximo, 100 km/h e sua autonomia chega a 120 quilmetros. Dentre as vantagens esto o custo baixssimo para se carregar a bate-ria e um silncio interno que d inveja a modelos de luxo, pois s se ouve o barulho do contato dos pneus com o piso. O problema, porm, o preo: cada um custou cerca de R$ 140 mil para ser produzido.

    IVECO DAILY ELTRICO: Assim como o Palio Weekend, o pequeno caminho de uso urbano

    tambm foi desenvolvido em parceria com a Itaipu Binacional. Este, porm, j est dispon-vel no mercado. Seu motor possui autonomia

    de 100 quilmetros e utiliza uma tecnologia semelhante de carros de Frmula 1 para armazenar energia durante as frenagens. Com um chassi cabine dupla, pode transpor-tar at seis passageiros e 2,5 toneladas de carga. Tudo isso com velocidade mxima de 85 km/h. Ele pode ser recarregado em qualquer tomada 110 ou 220 volts.

    GURGEL ITAIPU: Joo Conrado do Amaral Gurgel foi um dos principais sonhadores no que diz respeito fabricao de automveis no Brasil. Em 1974, ele apresentava o primeiro projeto de um carro eltrico na Amrica Latina. O Itaipu recebeu o nome em homenagem usina. A revista Quatro Rodas o caracterizou como um trapzio sobre rodas. A carroceria do Itaipu era de fibra de vidro e sua velocidade mxima no passa-va dos 50 km/h. Mesmo assim, o projeto deixou uma semente, que foi retomada anos depois, com o lanamento de uma minivan que foi comercializada pela Gurgel.

    para a construo de seu terceiro carro-conceito, o FCC III. Em outubro passado, a empresa lanou uma campanha na internet convidando os clientes a darem sugestes para a criao do projeto.

    O site www.fiatmio.cc est disponvel em trs idiomas e j recebeu ideias de pessoas de mais de 40 pases, entre eles Alemanha, Frana, Japo, Mxico, Laos e Vietn, alm do Brasil. Segundo o levantamento feito pela montadora, os clientes buscam um carro urbano, compacto, econmico e que utilize energia limpa e materiais ecolgicos. O projeto final do FCC III deve ser apresentado ainda neste ano, no prximo Salo do Automvel de So Paulo. Os direitos de criao do carro foram lana-dos sobre o sistema Creative Commons, sendo to-talmente livres, ou seja: as tecnologias do prximo carro podero ser utilizadas e aperfeioadas at por outras montadoras, sem qualquer custo.

    O professor de design Leone Fragassi (leia mais na pgina ao lado) acredita que muitos mo-toristas esto cientes dos danos ambientais que os carros combusto causam, mas ainda no tm uma segunda opo nas lojas. Segundo ele, faltam incentivos governamentais, na forma de

    crditos bancrios e redu-o de impostos, para

    m o d e l o s de emisso

    zero. No ano p a s s a d o , a H o n d a lanou no m e r c a d o norte-ameri-

    cano um ve-culo movido a

    hidrognio, que emite apenas vapor dgua pelo cano de descarga. No Brasil,

    porm, o carro no deve chegar to cedo. A empresa alega que o custo ainda muito

    elevado para o mercado nacional e enxerga aqui maior dificuldade de se ter uma infraes-trutura de postos de abastecimento.

    Enquanto outros modelos no chegam ao Pas, algumas medidas podem ser tomadas pelos motoristas que se preocupam com o meio am-biente. Basta seguir algumas dicas do professor Antnio Moreira, da EESC/USP: Os proprietrios de veculos antigos podem contribuir para um meio ambiente melhor fazendo a manuteno regular de seus veculos, trocando velas de igni-o, reparando carburadores, ajustando o ponto de ignio, entre outras medidas.

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  • MERCADO DE TRABALHO

    Profissionais tm um grande leque de possibilidades de atuao e j contam com trs dcadas de regulamentao no Brasil

    Tempo bom para os meteorologistas

    Estamos sujeitos aos dias de chuva, de sol, s mudanas bruscas de temperatura, s aes do vento, agitao do mar. Parar para ver a previso do tempo nos telejornais tornou-se algo to roti-neiro que parece no mais despertar a curiosidade sobre os bastidores da transmisso. Mesmo nos dias atuais, em que o meteorologista est ganhan-do cada vez mais espao nos diferentes setores da sociedade, o reconhecimento do profissional est sempre relacionado previso do tempo, se vai chover ou no. Na verdade isso mostra o quo a profisso desconhecida no seu carter interdis-ciplinar, que aborda fsica, matemtica, qumica, astrofsica, oceanografia, geografia e computao, afirma Lincoln Alves, meteorologista e vice-diretor financeiro da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET). Ele diz ainda que a falta de conhecimento acerca das atribuies desse profissional muitas vezes acaba dificultando sua insero no mercado de trabalho, e cita como exemplo os concursos pblicos que mencionam o engenheiro agrcola em lugar do meteorologista para uma vaga de climatologia agrcola.

    A importncia de entender os sinais meteo-rolgicos vai alm das situaes do cotidiano. A capacidade de prever o tempo e o clima essencial para um pas como o Brasil, seja pela sua extenso territorial, pela atividade econmica baseada na agricultura, na pecuria e na pesca, como tam-bm para garantir a segurana alimentar atravs de uma previso de safra confivel, utilizando os conhecimentos e a tecnologia disposio da meteorologia, esclarece Luiz Cavalcanti, chefe do Centro de Anlise e Previso do Tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). As previses meteorolgicas so relevantes tambm para di-minuir os efeitos de catstrofes naturais, uma vez que o atual cenrio de mudanas climticas alerta os profissionais para a frequncia cada vez maior de fenmenos como ventos intensos, tornados, tempestades e enchentes.

    Parte das cincias naturais, a meteorologia, ou cincia atmosfrica, engloba tanto o tempo quanto o clima e compreende aspectos fsicos, dinmicos e qumicos da atmosfera. Lincoln ex-plica a base que adquire quem ingressa no curso: O profissional meteorologista tem uma slida formao cientfica e profissional, que o capacita

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    Por Arielli Secco

    Caderneta de AntoninaO Inmet rene 12 milhes de documen-tos com os mais antigos registros mete-orolgicos do Brasil. Eles constituem a memria do clima no Pas. inteno do instituto digitalizar todos esses dados e disponibilizar todas essas observaes meteorolgicas. A caderneta ao lado contm registros feitos na Estao de Antonina (PR) em junho de 1884, antes mesmo do Inmet ser criado.

    A simples capacidade de

    prever o tempo e o clima essencial

    para um pas como o Brasil,

    seja pela sua extenso territorial,

    pela atividade econmica baseada na agricultura, na pecuria e na pesca,

    como tambm para garantir a segurana

    alimentar atravs de uma previso

    de safra confivel

    Luiz Cavalcanti, chefe do Centro de

    Anlise e Previso do Tempo do Inmet

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    a absorver e desenvolver novas tecnologias, que lhe possibilita gerar, analisar e interpretar infor-maes meteorolgicas e climatolgicas para aplicao nos diversos ramos das geocincias, com viso crtica, criativa, tica e humanstica, voltada s demandas sociais.

    O Instituto Nacional de Meteorologia admi-nistra mais de 400 estaes no Pas, distribudas entre dez distritos regionais. A sede onde se con-centram todos os dados coletados est localizada em Braslia (DF). l que computadores proces-sam nmeros relacionados a medio de ventos, umidade relativa do ar, precipitao, presso atmosfrica, etc. Os resultados so equiparados a imagens de satlite, que conferem maior preciso s previses de curto prazo. Novas imagens po-dem ser geradas a cada meia hora e visualizadas em trs canais diferentes: infravermelho, visvel e vapor dgua. Outro instrumento comumente utilizado o radar meteorolgico, que fornece a cobertura de reas em menor proporo, mas que, em compensao, analisa as condies me-teorolgicas com mais rapidez.

    REAS DE ATUAOO meteorologista Marcelo Martins, do Cen-

    tro de Informaes de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), rgo ligado Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina (Epagri), explica que essa cincia tem vertentes bem especficas e possibilidades de atuao que no se atm ape-nas previso do tempo de maneira simplria: A meteorologia tem diversos ramos. Tem a agrome-teorologia, a hidrometeorologia, a meteorologia aplicada aviao militar e comercial, navegao, ao turismo, sempre em benefcio da sociedade. O profissional de meteorologia, portanto, pode trabalhar como pesquisador ou professor, ou nas reas de agricultura e pecuria, gerenciamento de recursos hdricos, biometeorologia, gerao de energia, transportes, construo e urbanismo, indstria e comrcio.

    Os profissionais do tempo esto sempre em comunicao com rgos como a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de cada regio, haja vista que a qualquer momento uma situao inesperada pode acontecer. Diante dessa pos-sibilidade, os devidos alertas so emitidos para garantir a segurana da populao. No caso da Epagri/Ciram, a equipe de meteorologistas pre-cisa estar pronta para prestar servio ao pblico. Onde trabalham, o telefone no para de tocar: quem busca informaes ora a imprensa, ora o

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    O modelo foi desenvolvido pelo Deutscher Wetterdienst (DWD), o servio mete-orolgico alemo, e foi implementado no Inmet em dezembro de 1999, atravs de parceria tcnico-cientfica entre as duas instituies.Utiliza uma grade com espaamento horizontal de 25 quilmetros, com 301 pontos na direo Leste-Oeste, 301 pontos de direo Norte-Sul, 40 camadas na vertical e modelo de solo de sete camadas.O MBAR processado duas vezes ao dia (00:00 UTC e 12:00 UTC) para um perodo de 120 horas de prognstico. UTC uma referncia padro de horrio mundial, tambm conhecida como Hora Mdia de Greenwich.As indicaes do mapa acima correspondem s medies dos acmulos de chuva, captados de seis em seis horas no dia 28 de janeiro deste ano.

    Mapa Meteorolgico de Precipitao (MBAR)

    Centro de Previso do Inmet

    Estaes de medio automtica e convencional

  • MERCADO DE TRABALHOVIS

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    Links:www.inmet.gov.brwww.sbmet.org.brwww.epagri.sc.gov.brwww.wmo.int

    pescador, ora o turista, ora o comerciante. Alm desse atendimento, vrios boletins so divul-gados na internet, com anlises mais precisas das previses.

    Com o desenvolvimento das tecnologias que auxiliam nas medies, os acertos tornaram-se mais constantes e proporcionaram credibilidade meteorologia. A chance de acerto na previso para um perodo de cinco dias, por exemplo, de 90%. Para duas semanas, de 70%, e para um ms, cai para 50%. Marcelo tambm destaca o reconhecimento que a meteorologia adquiriu no mundo, visto que, desde 1950, a Organizao Mundial da Meteorologia (OMM) faz parte dos organismos internacionais especializados da Or-ganizao das Naes Unidas. A OMM o rgo vinculado ONU que garante que tudo seja feito de modo padronizado e contempla tudo o que est relacionado ao clima e ao tempo no mundo.

    MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL O exerccio da profisso de meteorologista

    regulamentado pela Lei 6.835/80. Lincoln Alves constata que o surgimento de vagas no Sul e Su-deste predominante, j que nas outras regies do Pas h pouco investimento nesses profissionais, tanto por parte do governo quanto das empresas privadas. Ele acredita que isso ocorra porque no sul os impactos climticos so notveis e cons-tantes. No Brasil, as regies Sul e Sudeste sofrem a influncia, no inverno, de frentes frias intensas, que provocam geadas; e no vero, de chuvas tor-renciais, que causam grandes transtornos, tanto em reas urbanas quanto rurais.

    Para Luiz Cavalcanti, a demanda por pro-fissionais no Brasil varia de acordo com as par-ticularidades de cada regio: O mercado de trabalho no Centro-Oeste focado na expanso ordenada e com conhecimento das atividades agrcolas; no Nordeste, direciona-se aos proble-mas seculares das secas; no Norte, preservao das florestas.

    A meteorologista Gilsnia Cruz, tambm in-tegrante da equipe da Epagri/Ciram, pensa que a visibilidade que a profisso vem adquirindo consequncia da preocupao ambiental depois que catstrofes climticas tornaram-se constantes na vida dos brasileiros: uma cincia relativa-mente nova no Brasil. S agora que as pessoas esto se dando conta do que elas tm a ganhar

    com a previso do tempo para a agricultura, para o comrcio. O espao que temos hoje no existia antes, e a previso, da dcada de 90 para c, me-lhorou muito.

    Trabalhar com o tempo, principalmente hoje, com mais possibilidades de comunicao e de cobertura de reas, significa estar preparado para enfrentar mudanas repentinas ou perodos de estabilidade, chuvas de vero ou tornados. Mar-celo Martins destaca justamente esse aspecto da profisso: muito gratificante porque no uma rotina diria. Sempre tem uma diferena de um dia para o outro. A temperatura vai mudar, as pessoas vo nos ligar por motivos diferentes, o mar vai estar diferente, as ondas vo se comportar de uma outra forma. Ento, h muito o que se explorar na previso do tempo.

    S agora que as pessoas esto se dando conta

    do que elas tm a ganhar com a

    previso do tempo para a agricultura, para o comrcio.

    O espao que temos hoje no

    existia antes, e a previso, da

    dcada de 90 para c,

    melhorou muito

    Gilsnia Cruz, meteorologista

    da Epagri/Ciram

    Cursos superiores no BrasilREGIO SUDESTE

    Universidade Federal do Rio de JaneiroUniversidade de So Paulo

    REGIO NORTEUniversidade Federal do Par

    Universidade Estadual do AmazonasREGIO NORDESTE

    Universidade Federal de Campina Grande (PB)Universidade Federal de Alagoas

    REGIO SULUniversidade Federal de Pelotas (RS)

    Universidade Federal de Santa Maria (RS)

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    Meteorologistas e tcnicos em Meteorologia da Epagri/Ciram

    Mapa meteorolgico

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    VISO POLTICA

    Conceio Clemente

    Qual o futuro da explorao mineral no Brasil?

    Inmeros projetos de lei envolvendo temas de direito minerrio esto em tramitao no Con-gresso Nacional. A discusso sobre as propostas legislativas que cuidam do marco regulatrio do pr-sal, sobretudo em matria de participao governamental, reavivaram os debates em torno da minerao, no apenas em relao aos royal-ties, mas tambm sobre a criao de uma agncia reguladora dos recursos minerais. Considerando esse cenrio, comento brevemente algumas das propostas em anlise no Congresso.

    Em 2007, o Projeto de Lei N 903 pretendia instituir a Agncia Nacional dos Recursos Mi-nerais, extinguindo o Departamento Nacional de Produo Mineral. No entanto, o projeto foi devolvido ao autor por contrariar dispo-sitivo constitucional que determina ser esse tipo de legislao de iniciativa do presidente da Repblica (art. 61, 1, II, e). Por isso, no temos elementos concretos que nos indiquem as caractersticas e as atribuies de um futuro ente regulador.

    Apresentado tambm em 2007, o Projeto de Lei N 2.375, que dispe sobre o regime de aproveitamento das substncias minerais (com exceo dos minrios nucleares, petrleo, gs natural e outros hidrocarbonetos fluidos e das substncias minerais submetidas ao regime de licenciamento previsto no Decreto-Lei N 227), encontra-se atualmente em anlise pela Comisso de Trabalho, de Administrao e Ser-vio Pblico.

    Esse projeto altera o regime de aproveitamen-to dos recursos minerais ao prever o regime de concesso, precedida de licitao, para a pesquisa e a lavra de substncias minerais, nos moldes do que ocorre no setor do petrleo (Lei N 9.478/97). No h dvidas que o atual regime de aprovei-tamento dos recursos minerais no atende s expectativas do mercado nacional, no apenas pela inexpressiva competitividade como tambm pela ausncia de regras (prazos, investimentos mnimos e realizao de estudos) que imponham um maior dinamismo s atividades.

    CONCEIO CLEMENTE scia da rea de minerao do Doria,

    Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados

    www.djrlaw.com.br

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    H projetos (PL 145/2007 e PL 1.117/2007) que cuidam da majorao do percentual dos royalties incidentes no faturamento lquido re-sultante da venda do mineral. H projeto que cria uma participao especial nos casos de grande volume de produo ou de grande rentabilidade na explorao dos recursos minerais. H tambm os que buscam equiparar o setor de minrios ao setor petrolfero como justificativa para alterar

    a disciplina da compensao financeira para explorao de recursos minerais (CFEM).

    Outros projetos, no menos relevantes, esto em pauta no Congresso. Projetos sobre a explo-rao de recursos minerais em terras indgenas e reas de fronteira. Todos eles so de grande complexidade e, por isso, necessitam ser deba-tidos entre os diversos agentes econmicos do setor e a sociedade.

    Almeja-se a definio dos contornos de um novo marco regulatrio minerrio capaz de incentivar a atrao de investimentos, com a previso de regras claras e um ambiente poltico estvel, comparativamente aos demais pases produtores de recursos minerais. isso que se faz imperioso h muito no Brasil, pas de vocao eminentemente mineral.

    Pelas sucessivas interrupes e no con-tinuidade dos trabalhos poltico-legislativos aqui cogitados, v-se que o ritmo necessrio potencializao da dinmica exigida para se estabelecer um consenso mediano sobre o tema a atualizao dos caminhos da minerao no Pas ainda est muito distante. E o futuro da explorao mineral no Brasil tambm se perde na incgnita dessas indefinies do presente.

    No h dvidas que o atual regime de aproveitamento dos recursos minerais no

    atende s expectativas do mercado nacional, no apenas pela inexpressiva competitividade

    como tambm pela ausncia de regras

  • MERCADO

    Aliar conscincia ambiental e marketing uma estratgia muito bem-vinda em tempos de novas atitudes empresariais

    Walmart: exemplo de conscincia estratgica

    O Walmart tem um histrico de atitudes amigas do meio ambiente, sendo pioneiro em muitas aes nesse sentido. E mais uma vez a rede sai na frente, mostrando que possvel congregar parceiros num objetivo comum, visando resultados que vo alm do simples interesse mercadolgico e comercial.

    Numa atitude mpar e ousada, a empresa buscou alguns de seus fornecedores com uma ideia interessante, mas talvez arrojada demais aos olhos da maioria. Dez desses parceiros abra-aram a proposta, que previa a criao de um espao diferenciado nas lojas de toda a rede, onde, com comunicao prpria, produtos dis-tintos dos demais ganhariam um tipo de selo verde. Os produtos que fazem parte desse es-pao foram selecionados em funo de terem em sua formulao, embalagem ou processo V

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    Por Susi Guedes

    produtivo algo que os liga ao conceito de sus-tentabilidade ou conscincia ecolgica.

    As empresas que aderiram ao projeto mos-traram-se empolgadas com o desafio e con-fiantes nos resultados. Cada empresa focou a princpio em um produto especfico, novo ou j existente, o qual foi desenvolvido, adaptado ou melhorado para atender ao conceito original proposto pelo Walmart. A relao custo x be-nefcio se enquadrou na proposta comercial de todos os envolvidos, e o resultado certamente agradou ao consumidor mais exigente.

    Aqui est a relao dos primeiros produtos dessa ao, os quais j se encontram dispon-veis em toda a rede. possvel observar que o conceito de responsabilidade ambiental bas-tante amplo e que detalhes fazem a diferena. Diminuir embalagens, o consumo de energia e de gua, trocar matrias-primas, incorporar elementos reciclveis ou reciclados, incentivar a reutilizao, criar postos de coleta, dar pre-ferncia aos produtos orgnicos e certificados, entre tantas outras aes, algumas mais simples, outras que demandam investimentos mais vul-tosos, trazem consigo retorno a mdio e longo prazos, alm do mais importante, que a vonta-de de mudar conceitos e de quebrar paradigmas. Essa a mais admirvel caracterstica da ao comandada pelo Walmart e acompanhada pelas empresas participantes.

    Sabo TopMax Conscientizao e engajamento de clientes, funcionrios e parceiros para a sepa-rao e des-tinao cor-reta do leo de cozinha

    usado; criao de um processo de logstica reversa para esse mesmo leo coletado nas lo-jas participantes; utilizao de 20% do leo de cozinha recicla-do para a fabricao do sabo; aumento do nmero de pontos de coleta de leo vegetal nas lojas Walmart; oferecimento de um produto mais sustentvel e com preo 20% menor para o consumidor.

    Esponja de banho Curau Consumo 44% menor de ma-tria-prima na produo das embalagens do produto e das caixas de trans-porte; reduo de 32% na gera-o de resduos slidos, devida ao desenho inovador da esponja, que permite um melhor aproveitamento da manta de fibra; reduo de 52% no consumo de energia eltrica no processo industrial; simpli-ficao do material de emba-lagem para facilitar o processo de reciclagem; incorporao de 42% de matria-prima de fon-te renovvel (fibra de curau e cordo de algodo); aumento de198% no uso de material re-ciclado com a adio de fibras

    Hctor Nez, presidente e CEO do Walmart Brasil

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    Cada empresa envolvida no

    projeto focou a princpio em

    um produto especfico, novo

    ou j existente, o qual foi

    desenvolvido, adaptado ou

    melhorado para atender ao

    conceito original proposto pelo

    Walmart

    PET e de papelo 100% recicladas; uso de ma-tria-prima certificada pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal para produo das caixas de papelo para transporte dos produtos.

    leo de Soja Liza Reduo de 26% no consumo de gua e de 18% no consumo de energia eltrica na produo

    das garrafas plsticas; reduo de 35% na quilometragem rodada por caminhes

    para o transporte de produtos at os centros de distribuio do Walmart Brasil com a otimizao de viagens; reduo de 56% no consumo de com-bustveis fsseis por meio da troca de parte da matriz energtica de petr-leo para biomassa de origem contro-lada; uso de matria-prima certificada pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal e pelo Programa Brasileiro de Certificao Florestal (Cerflor) na produo das caixas de papelo dos produtos finais; reduo de 10% na

    quantidade de matria-prima plstica necessria para a produo das embalagens do produto; reduo total de 40% nas emisses de gases de efeito estufa.

    Pinho Sol Reduo de 17% no consumo de material pls-tico da embalagem do produto; embalagens com material PET 100% reciclado, sendo 90% ps-consumo e 10% pr-consumo; reduo de 15% da gramatura da tampa com a retirada do selo de vedao, facilitando tambm o proces-so de reciclagem; utilizao de 45% de papelo reciclado ps-consumo nas caixas de transporte, resultando em uma economia de 416 toneladas de matria-prima virgem por ano; reuso de 3% da gua e reduo de 6% no consumo de energia durante o processo produtivo; 100% de utilizao de papel certificado pelo Conselho Bra-sileiro de Manejo Florestal na produo dos rtulos; utilizao de essncias provenientes de fornecedores certificados de acordo com a norma ISO 14001.

    Matte Leo Orgnico Uso de 100% de erva-mate orgnica, certifica-da pela Ecocert e pelo Instituto Biodinmico (IBD Certificaes), atestando a no utilizao de fertilizantes qumicos ou pesticidas no seu

    cultivo; uso de material 100% reciclado na em-balagem do produto, sendo 30% reciclado ps-consumo; reduo da emisso de CO

    2 no transporte da erva-mate pelo uso de 10% de biodiesel; reduo de 90% na quantidade de tinta de impresso

    da embalagem; 93% de reduo na emisso de compostos orgnicos volteis (COV) com o uso de tinta de impresso com baixo teor desses compostos; comunicao na embala-gem sobre o aproveitamento do resduo do ch como adubo orgnico e sobre o ciclo de vida do produto, desde a produo at sua che-gada ao consumidor final; reduo de 23% no consumo de energia e de 36% no consumo de gua durante o processo produtivo; utilizao de caixas de transporte feitas com matria-prima certificada pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal.

    Band-Aid Reduo de 18% no uso de matrias-primas para a embalagem, que feita de 30% de matria-pri-ma reciclada ps-consumo, representando uma economia de mais de 32 milhes de embalagens que utilizariam matria-pri-ma virgem em sua produo; utilizao de 40% de mat-ria-prima reciclada ps-con-sumo na caixa de transporte do produto, representando um ganho equivalente a 1,8 milho de caixas de papelo; reduo de 2 mil toneladas por ano de material em perdas no processo de produo e reduo de aproximadamente 1,2 mil megawatt-hora (MWh) por ano de energia; reciclagem de 50 toneladas por ano de resduos de papel siliconado, que deixam de ser encami-nhados para aterros industriais; reduo de 11,6 mil quilmetros em transporte de contineres de produtos no Brasil e Amrica Latina, devi-

    da reduo da embalagem; reduo de 3.228 paletes e de 72 contineres por ano para o transporte de produtos para os Estados Unidos e Canad, devida reduo da embala-gem; reduo das emisses de CO

    2, devida ao menor uso de energia no processo produti-vo e no transporte; reduo das emisses de CO2, devida menor quantidade de res-duos de celulose ps-consumo nos aterros.

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  • gua Pureza Vital Reduo do consumo de material pls-tico utilizado nas garrafas de gua sem gs, sendo 36% de reduo na massa das tampas das garrafas, 25% de reduo nas garrafas de 300 ml e 3% nas de 510 ml e de 1,5 litro; redu-o do consumo de material plstico utilizado na