Revista_Concreto_64

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    & Construes& Construes& Construes

    Ano XXXIX

    Out. Nov. Dez. | 2011

    ISSN 1809-7197

    www.ibracon.org.br

    | # 64

    53 Congresso Brasileiro

    do Concreto: pesquisas e

    inovaes para o

    desenvolvimento

    sustentvel em debate

    n MELHORES PRTICAS

    Lajes alveolares em concreto

    protendido

    n AVALIAO EXPERIMENTAL

    Projeto estrutural de barragens de

    concreto Parte II

    Geraldo Isaia: devoo ao estudo

    dos materiais de construo

    n PERSONALIDADE ENTREVISTADA

    IBRACONInstituto Brasileiro do Concreto

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    CONGRESSO BRASILEIRO DO

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    Revista Concreto 64 - capa

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    Mantenedores

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    Revista Oficial do IBRACONRevista de carter cientfico, tecnolgico

    e informativo para o setor produtivo da construo civil, para o ensino e para a pesquisa em concreto

    ISSN 1809-7197Tiragem desta edio: 5.000 exemplares

    Publicao TrimestralDistribuida gratuitamente aos associados

    JORNAlIStA ReSpONSvelFbio Lus Pedroso MTB 41728

    [email protected]

    puBlICIdAde e pROmOOArlene Regnier de Lima Ferreira

    [email protected]

    pROJetO GRFICO e dIAGRAmAOGill Pereira (www.ellementto-arte.com)

    [email protected]

    ASSINAtuRA e [email protected]

    Grfica: Ipsis Grfica e EditoraPreo: R$ 12,00

    As idias emitidas pelos entrevistados ou em artigos assinados so de responsabilidade de seus autores e

    no expressam, necessariamente, a opinio do Instituto.

    Copyright 2011 IBRACON. Todos os direitos de reproduo reservados. Esta revista e suas partes no podem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhuma

    forma de impresso mecnica, eletrnica, ou qualquer outra, sem o consentimento por escrito dos

    autores e editores.

    pReSIdeNte dO COmIt edItORIAlTulio Bittencourt, PEF-EPUSP, Brasil

    COmIt edItORIAlAna E.P.G.A. Jacintho, PUC-Campinas, Brasil

    ngela Masuero, UFRGS, BrasilHugo Rodrigues, ABCP, BrasilIns Battagin, ABNT, Brasil

    ria Lcia Oliva Doniak, ABCIC, BrasilJos Luiz A. de Oliveira e Sousa, UNICAMP, Brasil

    Jos Marques Filho, IBRACON, BrasilLus Carlos Pinto da Silva Filho, UFRGS, Brasil

    Maryangela Geimba de Lima, ITA, BrasilPaulo Helene, PCC-EPUSP, Brasil

    18 53 Congresso Brasileiro do Concreto Evento traz as pesquisas e inovaes para a construo sustentvel 40 Projeto estrutural Segunda parte do artigo sobre a engenharia de estruturas no projeto de barragens de concreto 49 Premiados e homenageados Conhea os premiados e homenageados pelo IBRACON em 2011

    59 Pesquisa & Desenvolvimento Anlises visual e laboratoriais comprovam a maior durabilidade do concreto protendido sobre o concreto armado

    63 Competies estudantis Conhea os vencedores dos concursos tcnicos APO, CONCREBOL e HPCC

    71 Avaliao experimental Procedimentos de ensaio para a avaliao do desempenho de lajes alveolares 78 Mercado Editorial IBRACON lana o livro Concreto: Cincia e Tecnologia 82 Solucionando problemas Estudo revela as patologias nas marquises de Recife Velho

    93 Eleio do Conselho Diretor Conhea os eleitos para a gesto 2011/2013 do Conselho Diretor do IBRACON 95 Gesto por processos Artigo aborda os conceitos e diretrizes da gesto por processos

    102 Pesquisa Aplicada Pesquisa sobre o desempenho de argamassas de revestimento com incorporao de RCD

    & Construes& Construes& Construes

    Ano XXXIX

    Out. Nov. Dez. | 2011

    ISSN 1809-7197

    www.ibracon.org.br

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    53 Congresso Brasileiro

    do Concreto: pesquisas e

    inovaes para o

    desenvolvimento

    sustentvel em debate

    n MELHORES PRTICAS

    Lajes alveolares em concreto

    protendido

    n AVALIAO EXPERIMENTAL

    Projeto estrutural de barragens de

    concreto Parte II

    Geraldo Isaia: devoo ao estudo

    dos materiais de construo

    n PERSONALIDADE ENTREVISTADA

    IBRACONInstituto Brasileiro do Concreto

    IBRACONInstituto Brasileiro do Concreto

    IBRACONInstituto Brasileiro do Concreto

    CONGRESSO BRASILEIRO DO

    Crditos Capa:Foto-montagem a partir de fotos do 53 Congresso

    Brasileiro do Concreto | Ellementto-Arte

    5 Editorial 6 Converse com IBRACON 7 Personalidade Entrevistada: Geraldo Cechella Isaia 38 Entidades Parceiras 56 Mantenedor 90 Mercado Nacional 99 Concreto Notcias 109 Acontece nas Regionais 111 Normas Tcnicas 114 Mercado Editorial

    diretor presidenteJos Marques Filho

    diretor 1 vice-presidente(em aberto)

    diretor 2 vice-presidenteTlio Nogueira Bittencourt

    diretor 1 SecretrioNelson Covas

    diretor 2 SecretrioSonia Regina Freitas

    diretor 1 tesoureiroClaudio Sbrighi Neto

    diretor 2 tesoureiroCarlos Jos Massucato

    diretor tcnicoCarlos de Oliveira Campos

    diretor de eventosLuiz Prado Vieira Jnior

    diretor de pesquisa e desenvolvimento

    ngela Masuero

    diretor de publicaes e divulgao tcnica

    Ins Laranjeiras da Silva Battagin

    diretor de marketing

    Luiz Carlos Pinto da Silva Filho

    diretor de Relaes Institucionais

    Mrio William Esper

    diretor de Cursos

    Flvio Moreira Salles

    diretor de Certificao de mo de obra

    Jlio Timerman

    INStItutO BRASIleIRO dO CONCRetOFundado em 1972Declarado de Utilidade Pblica Estadual | Lei 2538 ce 11/11/1980Declarado de Utilidade Pblica Federal | Decreto 86871 de 25/01/1982

    IBRACONRua Julieta Esprito Santo Pinheiro, 68 CEP 05542-120 Jardim Olmpia So Paulo SP

    Tel. (11) 3735-0202

    sumrio

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    [Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64] | 5 |

    editorial

    Nas pginas desta edio da Revista Con-creto & Construes, alm de seis artigos tcnicos inditos em temas de interesse, o leitor poder relembrar ou tomar conhecimento de mo-mentos de grande importncia que fizeram parte do 53. Con-gresso Brasileiro do Concreto, realizado pelo IBRACON, com o tema Pesquisas e Inovaes para a Construo Sustentvel, no incio de novembro ltimo, na belssima cidade de Florianpolis, capital do Estado de Santa Catarina. Novamente recorde de pblico, o evento maior do IBRACON tem forte papel aglutina-dor do meio tcnico e renova a cada ano o compromisso da entidade na disseminao do conhecimento no campo do concreto. Estudantes universitrios, professores, pro-fissionais das reas de projeto, tecnologia, normalizao tcnica, construo, representantes dos setores indus-triais afins; todos encontram no Congresso Brasileiro do Concreto uma oportunidade para aprender, ensinar, fazer contatos e rever amigos. Essa a grande festa anual do IBRACON e tambm o momento de consecuo de muitos dos trabalhos da entidade, como o Livro Concreto: Cincia e Tecnologia, lanado durante o evento, com um profundo e atual ca-bedal de conhecimentos e contemplando os avanos cientficos e tecnolgicos que vo de encontro ao tema do Congresso.Estruturado de forma a possibilitar que palestrantes, au-tores de trabalhos, participantes dos concursos estudan-tis e expectadores tivessem a possibilidade de vivenciar o mundo do concreto em sua expresso maior durante os quatro dias do evento, o 53. CBC teve sete pales-tras magnas de renomados profissionais de instituies estrangeiras, que abriram a programao de cada dia, e trinta sesses com apresentaes orais e psteres dos trabalhos que fazem parte dos anais do Congresso. Alvo de grande empolgao no meio estudantil, os j tradicionais Concursos do IBRACON (APO, Concrebol e HPCC) comprovaram a criatividade e o comprometimen-to dos futuros engenheiros. O Congresso contou ainda com a realizao do Curso Pr-Moldados de Concreto e da VII Feira Brasileira das Construes em Concreto FEIBRACON, alm de sete eventos paralelos: Simpsio

    Internacional RILEM/IBRACON, Seminrio de Sustentabilidade, Seminrio Grandes

    Construes, Segunda Conferncia Internacional sobre Melhores Prti-

    cas em Pavimentos de Concreto, Workshop Boas Prticas para Projetos de Edifcios Altos e Se-minrio de Infraestrutura Ferrovi-ria e Metroviria.No campo da normalizao, alm

    da palestra magna sobre os Euro-cdigos e dos trabalhos apresenta-

    dos na grade do Congresso, foram reativadas duas Comisses de Estudo

    do Comit Brasileiro de Cimento Concre-to e Agregados (ABNT/CB-18), responsveis,

    respectivamente, pelo desenvolvimento das normas bra-sileiras relativas a Concreto Massa e a Concreto Com-pactado com Rolo, e realizada uma reunio da Comisso de Durabilidade do Concreto (CE 18:300.06), aproveitan-do a presena dos especialistas no evento.Bons e produtivos momentos foram vividos durante os quatro dias do Congresso. Dos frutos colhidos possvel comprovar o excelente momento da engenharia nacio-nal, as possibilidades que se vislumbra para o Pas e a importncia de instituies tcnicas capazes de captar e disseminar o conhecimento, ajudando a fortalecer o meio tcnico nacional e preparando-o para os desafios.Ao Conselho Diretor do IBRACON, eleito durante o evento, cabe dar as diretrizes para o desenvolvimen-to da entidade dentro do que considerar como metas prioritrias para o Instituto, segundo sua misso de pro-porcionar aos profissionais e intervenientes do setor de concreto e construo civil, nas reas de materiais, tec-nologia, projeto, gesto, controle, arquitetura, estruturas e construes, maiores conhecimentos, por meio de cursos, eventos, publicaes, certificaes de pessoal, reunies tecno-cientficas, valorizao e incentivos s investigaes e pesquisas cientficas e tecnolgicas e sua respectiva divulgao.Convido o leitor a vivenciar o que nos foi possvel inserir neste nmero da Revista Concreto & Construes como um relato do 53. Congresso Brasileiro do Concreto, lem-brando que o melhor de tudo justamente fazer enge-nharia de qualidade em meio a essa grande festa!

    eNG INS BAttAGIN Diretora De publicaes tcnicas Do ibracon

    53 Congresso Brasileiro do Concreto: momentos memorveis para o meio tcnico

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    errataSobre a reportagem publicada na ltima edio (CONCRETO & Construes Ano XX-XIX, N 63), intitulada Grandes Barragens Brasileiras e suas Histrias, o profissional Paulo Amaro, citado na matria, informa:Quando da fase de construo, eu exer-cia as funes de Chefe da rea Tcnica da UHE Tucuru, at maro de 1983 e, posteriormente, coordenador do projeto executivo das UHEs Tucuru e Balbina.

    escreva para a CONCRetO & ConstruesCaros leitores,A revista CONCRETO & Construes pe-ridico impresso de divulgao tcnica, cientfica e informativa do Instituto Bra-sileiro do Concreto IBRACON. Objeti-va promover o uso correto do concreto, com vistas segurana, produtividade, durabilidade e sustentabilidade e o in-tercmbio entre os agentes do setor construtivo, em especial, desenvolvi-mento tcnico-cientfico e a cadeia pro-dutiva do concreto.A cada edio, a revista traz artigos e matrias sobre temas, como: prticas consolidadas em projeto, execuo, ma-nuteno e gerenciamento de obras de concreto; tendncias construtivas mais eficientes, competitivas e sustentveis; novidades em termos de pesquisa e de-senvolvimento de materiais construti-vos e de sistemas construtivos base de concreto; normalizao tcnica; infor-maes e atividades de interesse social do setor construtivo.Todos esto convidados a participar na

    produo das edies. As formas de par-ticipao podem ser:n Sugestes de temas e enfoques a se-

    rem abordados na revista;n Sugestes, crticas, curiosidades,

    questes e comentrios gerais sobre a revista, sobre o IBRACON, sobre o se-tor construtivo e sobre outros temas de interesse da comunidade tcnica;

    n Textos informativos sobre as ativida-des sociais e campanhas realizadas por instituies e empresas do setor construtivo;

    n Informaes sobre os eventos e ati-vidades realizados nas Regionais do IBRACON ou programados para serem realizados;

    n Artigo de anlise da conjuntura econmica dos segmentos do setor construtivo;

    n Artigo sobre as regulamentaes le-gais do setor construtivo;

    n Artigo tcnico sobre obras, metodolo-gias construtivas, pesquisas em geral, controle tecnolgico, metodologias de recuperao estrutural e normas tcnicas relacionadas ao concreto e aos seus sistemas construtivos.

    As colaboraes so avaliadas, a cada edio, pelo Comit Editorial da CON-CRETO & Construes, segundo crit-rios, como a pertinncia da proposta ao projeto editorial da revista, a importn-cia e o interesse do assunto ao leitor e comunidade tcnica em geral, a adequa-o da contribuio ao assunto de capa da edio, entre outros.Participe! Envie sua colaborao para [email protected]. n

    converse com o ibracon

    Converse com o IBRACON

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    Com 45 anos dediCados ao ensino e pesquisa na universidade Federal de santa maria, no rio Grande do sul, o proF. Geraldo CeChella isaia no Faz seGredo de um amor antiGo: sua predileo pelo tema dos materiais de Construo, em espeCial, o ConCreto. nesta entrevista, ele nos Conta porque Foi o assunto da primeira e niCa disCiplina que ensinou, e o objeto de suas pesquisas aCadmiCas tendo sua tese de doutorado o projetado internaCionalmente.

    isaia tambm aCalentou durante um bom tempo em sua vida proFissional o sonho de editar um livro didtiCo sobre os materiais de Construo Civil, que desse aos estudantes e proFissionais brasileiros um aCervo Completo e atualizado do ConheCimento naCional Consolidado sobre o assunto. o sonho Fez-se realidade Com o Convite, Feito poCa pelo presidente do ibraCon, proF. paulo helene, para que Coordenasse a edio do livro ConCreto: ensino, pesquisas e realizaes, lanada em 2005. o suCesso da empreitada o reConduziu a ser o editor do livro materiais de Construo Civil e prinCpios de enGenharia e CinCia dos materiais, lanado em 2007, sua reedio em 2010, e a edio, neste ano, do livro ConCreto: CinCia e teCnoloGia, que Foi Gratuitamente distribudo a todos os insCritos no 53 ConGresso brasileiro do ConCreto.

    sCio-Fundador do ibraCon, de nmero 007, isaia nos revela as anGstias e reCompensas em se editar quatro livros-texto sobre os materiais de Construo Civil, os porqus de suas esColhas proFissionais, sua viso sobre a Formao do enGenheiro Civil e a atuao do instituto brasileiro do ConCreto.

    personalidade entrevistada

    Geraldo Isaia

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    Eu mE crIEI com Aconstruo dE

    EdIfIcAEs Ecom As construEs

    dE umA mAnEIrA gErAl, como Algo quE fossE

    InErEntE mInhA pErsonAlIdAdE.

    ibracon por que a escolha Da engenharia civil? Isaia - Eu no escolhi a engenharia civil, fui escolhido por ela. Desde que eu me conhe-o por gente eu gosto de nmeros, prdios e obras. Sempre tive um raciocnio lgico muito aguado. Aprendi a ler, escrever e fa-zer contas com cinco anos de idade. No en-sino fundamental e no colgio (eu estudei em Colgio Marista), apesar de ter desen-volvido a parte das Cincias Humanas, as matrias de Fsica, Qumica e Matemtica sempre me chamaram mais a ateno. Para mim estava to claro, pela minha tendncia natural, que caiu como uma luva a escolha da profisso de enge-nheiro, e tinha que ser engenhei-ro civil. No sei, tambm, se no foi ge-ntico porque meu pai dizia que era um construtor frustrado. Ele foi um self made man. Estudou at o quarto ano primrio, mas participou da construo do prdio mais alto de Santa Maria, com 7 pavimentos, isso en-tre 1945 e 1947. Ele foi um empreendedor, gostava de construir. Eu me criei com a construo de edifica-es e com as construes de uma maneira geral, como algo que fosse ine-rente minha personalida-de. Pra mim era claro que tinha que ser engenharia civil, ainda que fosse um curso pouco procurado na poca. Quando fiz vestibular, no fim de 1960, a en-genharia civil estava muito em baixa. Foi a poca do boom da industrializao do Brasil, princi-palmente da indstria automobi-lstica. Tanto que, quando eu ingressei na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 140 candidatos escolheram engenharia era vestibular nico para todas as engenharias. Entrei de primeira, no fiz cursinho nem nada, somente com os conhecimentos ad-quiridos no curso regular. Me lembro que, dos 140 aprovados, praticamente a meta-de seguiria para a engenharia mecnica;

    em seguida, para a eltrica; a engenharia civil tinha apenas vinte e poucos candida-tos aprovados. Das engenharias, a civil era o patinho feio, optada apenas somente por aqueles que realmente gostavam desta rea, bem ao contrrio do que se v hoje, em termos de demanda.

    ibracon e por que voc optou, na carreira, pela rea De materiais?Isaia - Os dois primeiros anos na Escola de Engenharia foram muito tericos, mas, quando comecei, no terceiro ano, a cursar

    as cadeiras mais prticas Cin-cias dos Materiais e, principal-mente, Materiais de Constru-o, tive a felicidade de ter um professor que deflagrou em mim este gosto pela rea de mate-riais. Fui aluno do professor El-

    dio Petrucci, em 1963, nas disciplinas de Resistncia dos Materiais e em Mate-riais de Construo. Ele ti-nha grande vitalidade, era um homem muito dinmi-co, ativo, temperamen-tal, que passava vibrao e entusiasmo aos alunos. Ele trazia a interface en-tre a engenharia estrutu-ral e a tecnologia do con-creto, o que me fascinou. Outro professor marcante foi Adamastor Urriartt,

    pessoa muito dada e dinmica, jovem, mas com uma enorme experincia. Em suas aulas pr-ticas sobre ensaios, eu presta-va muita ateno nos detalhes, tinha tomado gosto por aquele tipo de atividade. Perguntava sobre tudo: Est sendo feito

    dessa maneira, mas este fato aqui (....) no pode ter interferncia no resultado?. Um dia, ele parou a demonstrao e falou para mim: Tu vais ser um bom professor e pesquisador, porque tu fazes perguntas que ningum faz. Fiz o curso de Engenharia Civil em Porto Alegre, mas sou natural de Santa Maria, que fica a 300 km de distncia. Me formei

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    em dezembro de 1965. Em janeiro de 1966, voltei para Santa Maria a convite da Univer-sidade Federal de Santa Maria, recm-fun-dada. Era uma universidade em construo. A UFSM foi criada junto com a Universidade Federal de Gois, em 1960. Fui convidado para trabalhar nas obras do campus em implantao, onde havia uma quantidade enorme de obras era uma mini-Braslia. Fui trabalhar nas obras e tambm na Esco-la de Engenharia, chamado Centro de Tec-nologia, iniciado em 1962. E a primeira e nica disciplina que eu lecionei adivinha! Materiais de Construo! Ento, fui atuar naquele amor anti-go, naquela tendncia natural que trazia dentro de mim. At houve uma quiproqu no incio queriam me oferecer a disci-plina de Geometria Descritiva mas, eu disse: No quero isso, quero Materiais de Construo!.Paralelo a isso, dentro da estrutura do Centro de Tecnologia, existia o La-boratrio de Materiais de Construo, para dar su-porte s aulas prticas, principalmente para pres-tar servios, no somente para o controle de ma-teriais da construo do campus, como para pres-tar servios a terceiros. Ainda era muito incipiente, sem uma organizao efetiva, sendo utilizado por professores como suporte s aulas prticas. O la-boratrio, j na poca, prestava servios em diversas reas em ao, madeira, blocos cermicos, concreto. Dentro de materiais de construo, eu sempre gostei de concreto, ento fui convidado para ser responsvel pelo Setor de Concreto do laboratrio. E assim ocorreu.Na poca, eu tinha uma jornada dupla na universidade, atuando como engenheiro durante oito horas por dia (a universidade fazia, na poca, obras por administrao direta; chegamos a ter quase mil oper-

    rios no campus), o que foi um aprendizado (ter cado num megacanteiro de obras, com dez, doze, quinze prdios em construo ao mesmo tempo, com trs ou quatro en-genheiros para dividir todas as tarefa). Foi um aprendizado de aplicao da teoria: ali eu percebi que quem executa a obra tem que ser primeiramente um bom administra-dor, porque a parte tcnica da construo envolve os problemas mais fceis de serem resolvidos, sendo a questo central a ge-rencial controlar os operrios, cronogra-ma de obras, planejamento, compra de ma-

    terial - a gente fazia de tudo um pouco. Depois das 8 horas nas obras, eu ia dar minhas aulas. Claro, durante o dia, quando ti-nha algum problema no labora-trio, eu dava uma escapadinha, porque era tudo junto no mesmo

    local. E assim foi. Eu tra-balhei nas obras durante uns 25 anos pelo menos, at 1980, por a.

    ibracon e quanDo o senhor comeou a pensar em fazer ps-graDuao?Isaia - Quando as obras foram empreitadas, eu fiquei com um trabalho mais burocrtico de co-ordenao de projetos, elaborao de editais e licitaes. Aquilo come-

    ou a me aborrecer. Nesta po-ca, princpios dos anos 1980, me lembro que saiu uma leva de professores do departamento de estruturas da Universidade para fazer mestrado na COPPE, no Rio de Janeiro. Eu ficava com uma ponta de inveja, pensando

    comigo eu tambm quero fazer isso. Ti-nha que resolver minha vida. Chegou um ponto em que me convidaram para ficar em tempo integral como professor, em 1984. Pude, ento, me dedicar mais ao laborat-rio. Na poca, o laboratrio prestava servi-o s obras de ampliao da Base Area de Santa Maria, para sua pista de concreto. Fui o responsvel pela elaborao da dosagem

    pErcEbI quE quEm EXEcutA A obrA tEm

    quE sEr prImEIrAmEntE um bom AdmInIstrAdor,porquE A pArtE tcnIcA

    dA construoEnvolvE os problEmAs

    mAIs fcEIs dE sErEmrEsolvIdos, sEndo A quEsto cEntrAl

    A gErEncIAl.

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    e controle de qualidade dos 20 mil metros cbicos de concreto da pista com 3.000m de comprimento, o que era grande coisa para ns na poca. Ao mesmo tempo, era consul-tor da nica empresa de concreto pr-mis-turado em Santa Maria, responsvel pela elaborao dos traos fornecidos e contro-le de qualidade dos materiais. Por minha conta, em funo da prestao de servios, eu comecei a extrapolar os ensaios de ro-tina, aproveitava o concreto de obra para moldar outros corpos de prova, para fazer pesquisa paralela. Na obra da base area, comecei a fazer uma pesquisa sobre as relaes entre resistn-cia compresso e trao por flexo, assim como as influncias das dimenses dos corpos de pro-va nos resultados de resistncia compresso axial, diametral e flexo. Moldava cor-pos de prova normaliza-dos (15x30cm cilndricos, 15x15x50cm prismticos) e tambm corpos de prova com 10x20cm cilndricos e 10x10x40cm prismticos. Foram coisas desse tipo que eu pesquisava por con-ta prpria. Na 23 Reunio Anual de Pavimentao, ocorrida em Florianpolis, em 1988, promovida pela Associao Brasileira de Pavimentao, ganhei o Prmio Associao Rodoviria do Brasil pelo trabalho As Especifi-caes e os critrios de dosagem em pavimentos de concreto, de-rivado destas pesquisas que rea-lizava em meu laboratrio.Nas consultorias prestadas concreteira de Santa Maria, acabei por me influenciar pela idia do uso de cinzas volantes no concreto, pro-pondo empresa que substitusse parte do cimento por cinza volante no concre-to. Em 1986, no era usual as concretei-ras misturarem cinza volante na prpria central. Fizemos isso, com sucesso de substituio de massa de cimento por at 30% de cinza volante.

    ibracon hoje em Dia, as pesquisas sobre a substituio De cimento por aDies apontam para qual Direo?Isaia - Eu tomei gosto pela cinza volante e pelas adies minerais de uma maneira ge-ral. As normas em geral sobre o concreto recomendavam o uso de at 30% ou 35% de cinza volante, porque receavam que acima deste patamar poderia haver ocorrncia de corroso de armadura. Isto porque a adio mineral a pozolana consome hidrxido de clcio, um dos produtos da hidratao do cimento, baixando a quantidade de hi-

    drxido de clcio na mistura, logo a carbonatao evolui mais rapidamente, o que, consequen-temente, pode despassivar a ar-madura num menor perodo de tempo, abrindo a porta para a corroso. Este era o pensamento

    dominante na poca. Mas, eu no estava muito con-vencido daquilo, no! Resolvi fazer uma pesquisa para o projeto do Prof. He-lio Ado Greven, de Porto Alegre. Quando ele soube que eu estava trabalhando com isso, ele me convidou a participar da pesquisa, pois precisava dos resul-tados para prestar contas do projeto. Eu aceitei e desenvolvi toda a pesquisa para ele. Por minha con-

    ta, adicionei teores de 0, 15, 20, 30, 45 e 60% de substituio de cimento pela cinza volante. Isso aconteceu em 1988/1989. Eu queria ver como essa substitui-o funcionava no concreto de alta resistncia. Fiz concretos com resistncias elevadas. Na

    poca, dosei concretos com relao gua/aglomerante de 0,4; 0,3; e 0,25. Obtive re-sistncias aos 28 dias, com 30% de substi-tuio, de 90MPa; aos 90 dias, a resistncia atingiu mais de 110MPa. Pensei comigo: Acho que chegou o mo-mento. Com esta pesquisa na mo, que era algo que ningum tinha feito (concretos de alta resistncia com altos teores de adi-

    moldAvA corposdE provA normAlIzAdos

    (15X30cm cIlndrIcos,15X15X50cm prIsmtIcos)

    E tAmbm corpos dE provA com 10X20 cm

    cIlndrIcos E10X10X40 cm prIsmtIcos.

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    es minerais). Acho que minha disserta-o de mestrado j est pronta! Vou fazer os crditos. Sa de Santa Maria para fazer mestrado em Porto Alegre em 1990, com a parte ex-perimental concluda. Naquela poca, o Prof. Paulo Helene estava orientando dis-sertaes em Porto Alegre. Perguntei se ele queria ser meu orientador e apresen-tei minha pesquisa. Ele disse: Eu vou ser orientador apenas pro forma, porque o teu trabalho j est pronto!. Foi o curso de mestrado mais curto da histria do NO-RIE, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em treze me-ses (abril de 1991) a dissertao estava defendida.Comecei a fazer o doutorado em maro de 1991, antes de defen-der a dissertao, a convite do professor Paulo Helene. Como ele era coordenador de um projeto temtico sobre durabilidade do con-creto com vistas corroso da armadura, entrei neste projeto guarda-chuva, fiz um esboo do que eu in-tencionava, mostrei para ele, sobre o que se poderia estudar sobre durabilida-de do concreto com altos teores de adio mineral (cinza volante, slica ativa, cinza de casca de arroz). Por outro lado, comecei a publi-car os resultados da minha dis-sertao de mestrado. A primeira publicao foi em um dos primei-ros nmeros da Revista do IBRA-CON, em 1992. Um dos integran-tes do Comit Editorial (no me lembro quem era) vetou a publi-cao do meu artigo, porque ele apontava em direo contrria aos cdigos e normas ento vigentes. Por fim, exigiram que eu colocasse uma nota no final dizendo que o artigo estava em desacordo com as normas, o que foi recusado por mim. Apesar disso, publicaram o artigo com o adendo no final redigido pelo Conselho Editorial, o que me deixou irado. Eu j havia lido muito sobre o

    assunto, de variadas fontes. Alis, a cincia avana assim. Quando se trata de pesquisa cientfica, voc no pode ficar restrito ao que dizem os cdigos, as normas. A cincia avana quando tu supera, quebra barreiras, vai na frente, extrapola limites. Eu por na-tureza sempre fui uma pessoa arrojada, no sentido intelectual, de sempre estar pers-crutando coisas diferentes, superando li-mites. Pedi direito de resposta ao Comit Editorial, que me foi concedido, se no me engano na revista n 4 do IBRACON de 1992.Voltando ao doutorado. Como na minha dis-

    sertao de mestrado eu tinha estudado apenas as proprieda-des mecnicas, no doutorado havia chegado a hora de estu-dar as propriedades de dura-bilidade, voltadas para a cor-roso. Pesquisei misturas que,

    na poca, eram raras: as misturas ternrias (cinza volante com slica ativa; cinza volante com cinza de casca de arroz; etc.). Fiz misturas binrias e ternrias, o que era uma inovao, para efeito de comparao de efeitos. Hoje j existem misturas at quaternrias. Ento, desenvolvi vrios estudos no s de microestrutu-ra, especialmente voltada para a corroso de arma-

    duras: penetrao de cloretos, difuso de gua, carbonatao, todos os ensaios mecnicos, ob-viamente, a relao Cl-/OH-.

    ibracon e os resultaDos apresentaram um limite iDeal?Isaia - Vai depender da com-

    pacidade do concreto. Bem, tanto minha dissertao de mestrado como tese de dou-torado voltaram-se para os concretos de alta resistncia, chamado posteriormente de concreto de alto desempenho (CAD), ou seja, concretos com resistncia com-presso de 50MPa para cima. Foi nesta fai-xa que eu pesquisei. Obviamente que para concretos de resistncia mais baixa e com

    quAndo sE trAtA dE pEsquIsA

    cIEntfIcA, voc no podE fIcAr rEstrIto

    Ao quE dIzEm os cdIgos, As normAs.

    [www.ibracon.org.br]

  • | 12 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    relaes gua/aglomerante maiores, pode haver problemas de corroso, mas tudo vai depender da estrutura de poros, ou seja, da facilidade da difuso, dos mecanismos de transporte de agentes agressivos na camada de cobrimento da armadura. Fiz minha tese de doutorado na poca que o Prof. Paulo Helene fez seu ps-doutorado em Berkeley. Ento, durante um perodo, fiquei pratica-mente sozinho e desenvolvi todos os ensaios em Santa Maria, o que era mais cmodo para mim. Outros ensaios foram realizados no IPT e ABCP.Fiz umas anlises bem origi-nais na poca. Designei o termo efeito sinrgico para o fen-meno descoberto: a cinza volan-te e a slica ativa separadamente apresentam, cada uma, um efei-to; as duas misturadas, no mes-mo teor total, apresentam efeito maior do que a soma algbrica delas separadas. A tese teve uma boa reper-cusso. Fiquei muito satis-feito porque todo mundo da banca elogiou muito o trabalho. Deram-me grau 10 com louvor, o que, na poca, j fazia um bom tempo que no acontecia. Defendi a tese em 1995. Tinha feito o mestrado em um ano, eu queria fazer o doutorado em trs, de tal sorte que, at 1994, estivesse pronto. Mas, devido ao faleci-mento de meu pai, tive que vol-tar a Santa Maria e resolver uma poro de questes familiares. Em seguida, em 1997, no 10 Congresso Internacional de Qu-mica do Cimento, em Gothen-burg, na Sucia, apresentei o trabalho so-bre o efeito sinrgico, a maior contribuio da minha pesquisa. Foi meu debut inter-nacional. Representando o Brasil estavam a Maria Alba Cincotto, o Arnaldo Battagin, o Yushiro Kihara, a Gladis Camarini, o Ar-naldo Carneiro e mais alguns outros brasi-leiros. No jantar de encerramento, eu no sabendo de nada porque no conhecia a sis-

    temtica do evento, nomearam os melhores trabalhos por continentes. O meu trabalho foi escolhido como o melhor das Amricas.

    ibracon professor, muDanDo um pouco De assunto. o senhor tem acompanhaDo a evoluo Dos cursos De engenharia no pas? l, em santa maria, o curso De engenharia civil est preparanDo bem seus alunos para o mercaDo De trabalho? a graDe curricular precisa ser melhor aDaptaDa?Isaia - Cada caso um caso. L em Santa Maria, eu posso dizer que sim, pois ns j

    fizemos a reforma curricular j faz algum tempo. Faz uns cin-co anos. A nossa avaliao pelo Ministrio da Educao tem sido boa. Se no me engano na ltima avaliao nosso curso ficou na faixa 4.

    ibracon qual a nota De avaliao Da ps-graDuao em engenharia civil?Isaia - Em ps-graduao, estamos tambm com nota 4. uma nota que, pelo nosso corpo docente, at nos qualificaria para soli-citar um doutorado. Mas, falando da graduao, acho que nossos alunos de gradu-ao so muito bem acei-tos. Hoje, no h proble-mas de rejeio,, porque o

    mercado est comprador, vamos dizer assim. Ou seja, quem sai j est empregado. Mas, mesmo em pocas anteriores, ns fomos qualificados com um curso muito forte, que no d um pouco de cada assunto, mas oferece muito de muito. A nossa carga horria

    mais alta que a mdia dos cursos por a. Os mestrandos egressos se saem muito bem nos cursos de doutorado, seja na USP, seja aqui em Santa Catarina. Enfim, eu acho que te-mos um curso muito bem aparelhado e com bons professores.Bem, voltando a minha histria de pro-fessor, eu ascendi na carreira sempre por concurso. Entrei como auxiliar, assistente,

    no 10 congrEsso IntErnAcIonAl

    dE qumIcA do cImEntoAprEsEntEI o trAbAlho

    sobrE o EfEItosInrgIco, A mAIor contrIbuIo dA mInhA pEsquIsA.

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    adjunto e titular. Me aposentei em 1996 como professor titular, logo depois do meu doutorado. Mas, mesmo aposentado, eu continuei lecionando, porque achei que eu deveria dar um retorno por todo tempo em que eu fiquei fora da instituio. Em 1998, tinha a oportunidade de reingresso: apare-ceu uma vaga, fiz concurso e fui recontra-tado. No fim do ano que vem, vai ser meu canto do cisne porque vou entrar na com-pulsria (70 anos). Poderei continuar na ps-graduao como professor colaborador, voluntrio, sem ganhar nada. Que o que vai acontecer, porque eu no vou deixar de fazer pesquisa.

    ibracon quais so as tenDncias futuras na formao Do engenheiro civil no pas?Isaia - Eu acho que a engenha-ria, em geral, muito se-melhante medicina, que a tendncia de formar profissionais generalistas. Ou seja, o aluno tem que entender de tudo um pou-co. No adianta eu enfocar apenas uma rea eu sou engenheiro tecnologista, sou especializado em tec-nologia do concreto. No! Eu tenho que ter o horizon-te bem mais amplo. Claro que o engenheiro vai se especializar, mas nunca deve perder o interesse pelas reas de entorno e mesmo por aquelas que no so de entorno, porque, para um profissional, quanto mais de mente aberta for, mais condies ter de tra-zer novas idias, mais aplicaes e inovaes. Deve estar sempre bem informado, ler muito, o que hoje em dia facilitado pela internet, fazendo par-te de chats, de grupos de discusso, isso fundamental.

    ibracon o mercaDo tem forneciDo uma complementao aDequaDa aos engenheiros egressos Da universiDaDe?Isaia - Acho que sim. Hoje em dia tem uma

    gama de cursos, de curta e mdia durao. E hoje existe uma grande facilidade que o EAD, o Ensino Distncia. Claro que a pre-sena fsica d algo mais, mas nem sempre h essa necessidade por limitaes de tem-po e de custo. Isso no apenas no aspecto acadmico, mas tambm na formao pro-fissional. E, para completar, temos timos cursos de Ps-Graduao, tanto em nvel de Mestrado quanto Doutorado.

    ibracon professor, falanDo agora Dos livros eDitaDos pelo ibracon. o senhor participou,

    como eDitor, Das quatro eDies Dos livros Duas relacionaDas ao concreto e Duas referentes aos materiais De construo em geral. qual sua viso Da iniciativa Do ibracon em lanar esses livros?Isaia - Tudo comeou na primei-

    ra gesto do professor Paulo Helene como pre-sidente do IBRACON, que aproximou mais o Institu-to da academia. Ele me convidou para organizar um livro didtico sobre o concreto, porque este era um sonho antigo que ele e eu tnhamos. Por qu? Os livros que existiam sobre Materiais de Construo, que esto ainda no mer-cado, eram: o do profes-sor Eldio Petrucci, pela

    primeira vez publicado nos fins dos anos 1960, reeditados vrias vezes, que consistia em ser uma coletnea de suas aulas, que eu me lembro muito bem, por ter sido seu aluno; e o livro do Falco Bauer, uma coletnea de vrios assuntos compilados por

    ele. Por isso, nas reunies do antigo COP-MAT Comit Brasileiro dos Professores de Materiais de Construo, um dos assuntos sempre recorrentes era o de escrever um li-vro sobre os materiais de construo. Tanto o livro do professor Petrucci, da dcada de 60, quanto do Falco Bauer, da dcada de 70, apesar de serem reeditados, em essn-cia no mudaram. Claro, tem certos temas

    pArA um profIssIonAl, quAnto mAIs dE

    mEntE AbErtA for, mAIs condIEstEr dE trAzEr

    novAs IdIAs, mAIsAplIcAEs E InovAEs.

    [www.ibracon.org.br]

  • | 14 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    bsicos que no mudam, mas, os materiais de construo evoluram, assim como as normas tcnicas, que so muito dinmicas. Por que ns lanamos o livro de Materiais de Construo em 2007 e, em 2010, lana-mos outra edio? Porque neste interregno houve modificaes ou lanamento de nor-mas nacionais e internacionais. Ento, ti-nha essa carncia. E isso eu vivi, porque eu lecionava Materiais de Construo e parti-cipava das reunies do COPMAT. Ento, quando o Prof. Paulo Helene assu-miu o IBRACON, propondo dar um acento mais acadmico, na idia de lan-ar publicaes didticas, ele me chamou, perguntando se queria assumir essa responsabilidade. Realmente, confesso, levei quase um ms pensando, porque ima-ginava o trabalho que iria dar, porque sou uma pessoa centralizadora, que gosta de dominar todo o proces-so. Mas, disse: Paulo, voc est fazendo algo que eu sempre achei que deveria haver: um livro sobre Con-creto. Vou te ajudar nesta tarefa, porque o IBRACON deve dar uma resposta mais efetiva para a acade-mia. E abracei essa ideia.Primeiramente, porque a vivncia desses anos nessa rea, todo esse trnsito que eu tive, no s de laborat-rio, em sala de aula, em obras, me deu uma viso mais sistmica, mais abrangente, ento me senti capaz de abraar a idia. Em se-gundo lugar, eu sou uma pessoa muito determinada, quando co-loco uma idia na cabea, eu vou at o fim. aquela histria da mensagem a Garcia: a entrega da mensagem durante a batalha, apesar de todas as dificuldades, ele tem que ser entregue ao destinatrio, apesar dos percalos e dificuldades.

    ibracon qual sua avaliao Do resultaDo Das eDies?Isaia - Nessas quatro edies, tivemos pou-

    co tempo para desenvolver os projetos. Entre um Congresso Brasileiro do Concreto e outro, so doze meses. Tem que fazer a estrutura do livro, seu arcabouo, escolher os autores, fazer os convites, revisar os tex-tos... Isso demanda tempo. Quer dizer: o tempo muito curto. Por isso que o traba-lho muito grande, condensado, o que leva a uma jornada diria de pelo menos 8 a 10 horas, quase todos os dias da semana. Quando recebo o texto de um captulo de um autor, me coloco no lugar do lei-tor, como ele pode estar recebendo o que

    est escrito. Este um proble-ma que grande parte de nossos autores apresentam. Esto mais acostumados a escrever traba-lhos cientficos, no didticos. O texto cientfico mais duro, presumido, porque o b--b

    no dito e sim presumi-do. Num livro didtico, os assuntos devem ser apre-sentados desde o incio, de modo concatenado. A linguagem, a maneira de se expressar, diferente. Essa a leitura que eu fao durante processo de elaborao dos captulos e a principal crtica constru-tiva que eu fiz para grande parte dos autores. Como sou uma pessoa muito me-tdica, enviei as regras de

    como deveriam ser redigidos os textos, como que o autor devia expressar-se, evitando expres-ses da oralidade. Tem que dizer tudo com poucas palavras. Outro cacoete dos autores: muitas ci-taes. O que bsico, que conhecido por todos, no preci-

    sa ser citado, porque texto didtico, no texto cientfico. Algumas vezes, o mesmo autor referenciado com trs, quatro ci-taes seguidas. Mas, por mais que tu faas a este respeito, tentando modificar o tex-to, no final, o livro sai com uma linguagem mais acadmica, de trabalho cientfico. Por outro lado, os que no so pesquisa-dores, em alguns casos descambam para o

    por mAIs quE tu fAAs A EstE rEspEIto,

    tEntAndo modIfIcAr o tEXto, no fInAl, o lIvro sAI com umA lInguAgEm

    mAIs AcAdmIcA, dE trAbAlho cIEntfIco.

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    outro lado: so simplistas demais, apresen-tam o texto mais para o lado prtico, sem fundamentao terica, e, algumas vezes com dificuldade de redao. Se bem que o livro passa por uma reviso de portugus, de sintaxe e gramtica, mas assim mesmo essas coisas permanecem no livro. Chega a um ponto que eu leio o texto e digo: Fica como est, porque se for levar muito tempo nessas idas e vindas, o livro no sai.Est certo: o livro no apenas para a gra-duao, tambm para a ps-graduao. Mas, se cai nas mos de quem est fora da academia, quem engenheiro de obras, eles no esto acostu-mados a todas essas referncias bibliogrficas e tudo o mais. Che-ga ao ponto de ter captulo com quatro a seis pginas de refern-cias bibliogrficas! Por isso, elas foram colocadas na letra menor possvel em todas as edies dos livros, para no ocupar muito espao, porque, seno, teria uma enormidade de pginas apenas com citaes.

    ibracon qual a Diferena entre o livro agora eDitaDo concreto: cincia e tecnologia e os outros?Isaia - O livro Materiais de Construo abrange todos os materiais de construo: cermicos, madeira, metlicos, polimricos, compsitos, toda a gama de materiais utilizados na construo. J, o livro Concre-to aborda apenas o concreto. Agora, qual a diferena entre a primeira e a segunda edio? Por que mudou o ttulo? Porque um livro novo. Essa foi uma proposio minha: formar um Conselho Editorial, com a Eng Ins Battagin e o Prof. Paulo Helene, para que o processo fosse mais democrtico e para que eu fosse ajudado nas tarefas de esco-lha dos autores, temas a serem abordados, revises, etc.. No primeiro livro, de 2005, lanado em Olinda, como foi o primeiro,

    no saiu exatamente como a gente queria, principalmente por causa do tempo. O seu contedo est voltado mais para estruturas de concreto, pois tem captulos de projeto estrutural, sobre frmas, sobre armaduras. Ou seja, um livro cujo enfoque so as es-truturas de concreto. De 2005 at hoje, o livro se esgotou, razo para se fazer novo compndio. Passaram-se seis anos, muitas alteraes aconteceram neste interregno: normas novas, maior quantidade de assun-tos que, em 2005, alguns estavam ainda em fase de pesquisa, com pouca utilizao em

    obras, como o concreto autoa-densvel, concreto com agrega-do reciclado, mas que, agora, esto mais disseminados. Primeiro, resolvemos ento re-tirar tudo o que no fosse so-bre o material concreto; ento,

    este novo livro somente sobre este material. Hou-ve uma mudana muito grande no enfoque edi-torial, de contedo, ten-do sido tirado tudo o que no era sobre o concreto em si, sendo acrescenta-dos outros assuntos no-vos, tais como: normas, cimentos fabricados no Brasil, e outro assunto que quase ningum escre-ve sobre ele - a gua, que a gata borralheira do

    concreto, parodiando o profes-sor Neville, porque a maior responsvel pela qualidade e pela falta de qualidade do con-creto. Eu trouxe o assunto para o livro, principalmente porque novas normas brasileiras e in-ternacionais sobre a gua fo-

    ram recentemente publicadas. um livro novo. A escolha dos autores foi feita por ns trs. O enfoque do livro ficou centrado no material, com muitos novos assuntos: gua, monitoramento de estru-turas, sustentabilidade, o grande mote que eu insisti em todos os captulos, e a na-noestrutura, alm do ltimo captulo, so-bre os ltimos avanos na nanotecnologia

    o EnfoquE do lIvro fIcou cEntrAdo no

    mAtErIAl, com muItos novos Assuntos:

    guA, monItorAmEnto dE EstruturAs,

    sustEntAbIlIdAdE, o grAndE motE quE Eu InsIstI Em todos

    os cAptulos, E A nAnoEstruturA.

    [www.ibracon.org.br]

  • | 16 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    do concreto. Ele trata de assuntos que no foram abordados na primeira edio, de coisas bem atuais. Apesar de muitos dos au-tores serem os mesmos, o contedo novo, as normas so atualizadssimas. A Eng Ins Battagin fez um trabalho excelente! No h nenhuma especialista como ela no que tan-ge a normalizao. Posso dizer, sem falsa modstia, um livro novo, que mostra o concreto como ele . O concreto um material, que eu chamo, camaleo, que serve para tudo. Porque ele muda de composio, de forma, de geome-tria, tu fazes o que quiseres com ele. Digo camaleo porque muda de cor, pode fazer a cor que qui-seres. um livro de consulta com os temais mais atuais at agora publicados. Ouso dizer que no existe um livro didtico igual no mundo, com essa dimen-so, profundidade, tama-nho, com quase 2000 p-ginas. Voc vai encontrar livros que so compndios, com 300 a 500 pginas. Voc pode dizer que ta-manho no documento, mas, neste caso, tamanho documento porque cada captulo, escrito pelos maiores especialistas bra-sileiros, apresenta o que temos de mais atualizado.Tu no encontras nenhum livro acadmico com esta quali-dade de apresentao, da beleza da diagramao, e a beleza do contedo. O leitor pode achar que o pai falando do filho, mas acho que essa opinio no so-mente minha.

    ibracon por que um grupo De profissionais revolveu funDar o ibracon?Isaia - Instituies semelhantes j existiam no mundo todo. Um ano antes da fundao do IBRACON, em 71, esteve em Santa Maria, dando um dos famosos cursos da ABCP sobre tecnologia do concreto, o professor Francis-co de Assis Baslio. Ele era um cidado do mundo, fazia parte da RILEM, do ACI, CEB,

    enfim, ele transitava por todas essas reas, era um apaixonado pelo concreto, especial-mente pela sua durabilidade. Ele me dizia na poca, me lembro bem, que estava na hora de fundar uma instituio brasileira semelhante ao ACI, uma associao para divulgar o material entre nossos tcnicos, para trazer gente de fora, trazer idias novas, despertar novos talentos no Brasil. E disse: O ano que vem vamos fundar o IBRACON em So Paulo e eu quero que tu estejas l!. Ele destacava a necessidade de congregar nossos engenheiros e arquitetos

    tecnologistas, nossos engenhei-ros estruturistas, nossos acad-micos numa nica entidade. J tinha havido uma tentativa anterior a ABC Associao Brasileira do Concreto que no foi adiante. Praticamente, a

    fermentao do IBRACON comeou no COPMAT. En-to, em 72, em vim a So Paulo, para o primeiro co-lquio. Eu estava sentado bem na frente, no audit-rio do IPT. quando chegou na hora de assinar a ata de fundao, fiquei com a fi-liao n 007.

    ibracon o ibracon tem cumpriDo sua misso?Isaia - Claro que sim! Ele tem acompanhado o tem-

    po. No princpio, no foi nada fcil. Tinha poucos membros. O deslocamento era mais difcil. E praticamente as reunies eram em So Paulo. Foi, inclusive, acu-sado de ser paulista, porque a diretoria era quase toda de So Paulo. Depois, nos anos 80, come-

    ou a fazer suas reunies em outros locais.Hoje, neste Congresso Brasileiro do Concre-to, quantas entidades ns temos? E even-tos paralelos? Veja quantos conferencistas do exterior esto presentes! Isso enrique-ce, traz novidades. A gente pode conhecer um assunto pela leitura, mas nada como a apresentao pessoal, direta. E principal-mente os debates, as discusses.

    cAdA cAptulo, EscrIto pElos

    mAIorEs EspEcIAlIstAs brAsIlEIros, AprEsEntA

    o quE tEmos dE mAIs AtuAlIzAdo.

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    Calhau RIEM

    a 2011 17205

    Outro salto no cumprimento de sua funo foi o lanamento da revista, que agora se chama RIEM. Ontem eu estava falando com o professor Jos Antunes (editor da RIEM), que me disse que estamos em via de obter o SCIELO e, para isso, j temos mais de 40 artigos publicados sequencial-mente, temos regularidade. isso que traz a diferena. Quando da produo do primeiro livro, em 2005, comentei com algum leigo: Olha, eu estou editando um livro com 1600 p-ginas sobre o concreto. A pessoa me ques-tionou: Mas tem tanto assunto assim sobre concreto? Respondi : Tem!. Por isso, digo que o IBRACON est no cami-nho certo. O Brasil est na vanguarda em obras de infraestrutura em barragens, prdios com boa qualidade, viadutos, pavi-mentos, apesar de sermos ainda um pas em desenvolvimento, com pouca quantidade de engenheiros. Temos que dobrar a formao de 50 mil para 100 mil engenheiros por ano. Quem traz o desenvolvimento para um pas a Engenharia, ela quem constri a infra-

    estrutura para o pas crescer e, dentro da engenharia em geral, o concreto o mate-rial mais industrializado no mundo. Neste contexto, o IBRACON est dando sua contri-buio com muita propriedade. Todos ns da Diretoria e Conselheiros do IBRACON estamos doando nosso tempo, so-mos voluntrios. Mas, o nmero de quem leva o IBRACON no corao tem aumentado cada vez mais. Notamos o entusiasmo dos estudantes nos concursos e dos professores jovens no interesse sobre os livros publi-cados pelo IBRACON. Eu, que j estou che-gando no fim de carreira, estou vendo que est havendo a reposio de pessoas no Ins-tituto, que elas esto se engajando no es-prito dos nossos ancestrais. Porque a nossa gerao est no fim. Ano que vem o IBRA-CON faz quarenta anos. No sei quantos so remanescentes da poca da fundao, mas no devem ser muitos, no. Devem ainda existir, quem tinha ao redor de 30-40 anos de idade na poca de fundao. Eu tinha 29 anos. Acho que era um dos mais jovens, entre os presentes. n

  • | 18 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    Realizado de 1 a 4 de

    novembro, na para-

    disaca Florianpo-

    lis, no CentroSul, o

    53 Congresso Bra-

    sileiro do Concreto, evento tcnico-

    CONGRESSO BRASILEIRO DO

    53 Congresso Brasileiro do Concreto debate as novidades em termos

    de pesquisa e inovao sobre o concreto

    -cientfico promovido pelo Instituto

    Brasileiro do Concreto (IBRACON),

    contou com a participao de 1290

    congressistas, que tiveram a opor-

    tunidade de conhecer e debater as

    pesquisas, desenvolvimentos e ino-

    Eng. Jolcio Stocco (diretor regional), Prof. Jos Roberto Cardoso (diretor da EPUSP), Eng. Celso Ternes Leal (presidente da ACE), Eng. Joo Reus de Camargos (presidente do CREA-SC), Prof. Jos Marques Filho (presidente do IBRACON), Eng. Hlio Csar Bairros (presidente do SINDUSCON/SC), Prof. Mark Snyder (presidente do ISCP) e Eng. Luiz Prado (diretor de eventos do IBRACON)

    FBIO luS pedROSO

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    53

    C

    BC

    2

    011

    [www.ibracon.org.br]

    vaes relacionadas ao concreto e

    seus sistemas construtivos.

    Sob a bandeira das Pesquisas e

    Inovaes para a Construo Susten-

    tvel, no 53 Congresso Brasileiro

    do Concreto foram apresentados

    524 trabalhos tcnico-cientficos em

    29 sesses plenrias e psteres, de

    autores brasileiros da maioria dos

    estados da Federao e de autores

    estrangeiros dos cinco continentes.

    Os temas debatidos nessas sesses

    foram: gesto e normalizao (13);

    materiais e propriedades (263); pro-

    jeto de estruturas (49); mtodos

    construtivos (14); anlise estrutural

    (114); materiais e produtos especfi-

    cos (41); sistemas construtivos espe-

    cficos (15); e infraestrutura metro-

    viria e ferroviria (15).

    Para se ter uma boa idia do que

    o nmero representa basta fazer

    uma conta simples: os 524 artigos,

    com uma mdia de 13 pginas por

    artigo, equivalem a quase sete vo-

    lumes impressos de anais do evento,

    cada qual com 1000 pginas. Como

    avaliar tantos artigos e controlar

    revises em prazos to apertados?

    Somente contando com o esforo

    da Comisso Cientfica, de 74 profis-

    sionais abnegados, companheiros e

    amigos, pertencentes ao quadro de

    scios do IBRACON. Para cada um,

    sobrou oito artigos, em mdia,

    para serem avaliados., reconheceu

    o diretor de eventos do IBRACON,

    Eng. Luiz Prado Vieira Jr.

    Trabalhando voluntariamente,

    a Comisso Cientfica, formada por

    associados ao IBRACON, vindos de

    todos os setores da cadeia produti-

    va do concreto, foi coordenada por

    uma equipe composta pela profes-

    sora da Pontifcia Universidade Ca-

    tlica (PUC-Campinas), Ana Elisa-

    bete Jacintho, pela professora da

    Universidade Estadual de So Paulo

    (UNESP-Ilha Solteira), Mnica Pinto

    Barbosa, pela professora da Univer-

    sidade Federal do Rio Grande do Sul

    (UFGRS), ngela Masuero, e pelo di-

    retor de eventos do IBRACON, Luiz

    Prado Vieira Jnior.

    Marcado por uma programao

    diversificada, com vrios seminrios,

    workshops e conferncias ocorrendo

    simultaneamente s sesses cient-

    ficas, o 53 Congresso Brasileiro do

    Concreto fez jus qualificao de

    ser o maior frum tcnico nacional

    de debates sobre o concreto e seus

    sistemas construtivos. Hoje, neste

    Congresso Brasileiro do Concreto,

    quantas entidades do setor constru-

    tivo esto presentes? Veja quantos

    conferencistas do exterior esto

    presentes! Isso enriquece, traz no-

    vidades. A gente pode conhecer

    um assunto pela leitura, mas nada

    como a apresentao pessoal, dire-

    ta. E principalmente os debates, as

    discusses!, avaliou o professor da

    Universidade Federal de Santa Maria

    (UFSM), Geraldo Cechella Isaia, que

    participou de sesso de autgrafos

    no lanamento do livro Concreto:

    Pblico presente na Solenidade de Abertura do 53 Congresso Brasileiro do Concreto

  • | 20 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    Cincia e Tecnologia, editado por

    ele, distribudo como cortesia aos

    inscritos no evento.

    CONFERNCIAS PLENRIAS

    Ocupando a programao matu-

    tina do evento, como atrao prin-

    cipal, as sete conferncias plenrias

    trouxeram renomados especialis-

    tas vindos de institutos de ensino,

    pesquisa e divulgao do exterior,

    com destaques para o presidente do

    American Concrete Institute (ACI),

    Keneth Hover, o presidente da Unio

    dos Laboratrios e Consultores em

    Materiais, Sistemas e Estruturas da

    Construo (RILEM), Peter Richner,

    e o presidente do Laboratrio de

    Engenharia Civil (LNEC) de Lisboa,

    Carlos Pina. Eles apresentaram as

    novidades em termos de pesquisas

    cientficas e tecnolgicas em proje-

    to e anlise estrutural, execuo e

    controle de qualidade de obras de

    concreto, materiais, suas proprieda-

    des e aplicaes, normalizao, ges-

    to e manuteno de obras, entre

    outros temas.

    Abrindo o 53 Congresso Brasilei-

    ro do Concreto, Bryan Perrie, enge-

    nheiro do Instituto de Concreto da

    frica do Sul, trouxe detalhes de

    projetos e de construo dos est-

    dios da ltima Copa do Mundo, ocor-

    rida naquele pas, em 2010. Ele mos-

    trou aos congressistas o estado da

    arte mundial na construo de es-

    tdios de futebol, assunto relevante

    no contexto nacional de preparao

    para a Copa de 2014.

    A maioria das obras civis no Bra-

    sil encontra-se fora dos nveis dese-

    jveis de segurana e desempenho,

    em razo de seu envelhecimento e

    da ausncia de um programa de ma-

    nuteno peridica. Esta situao

    no tpica de nosso pas, mas co-

    mum a muitos pases no mundo, in-

    clusive os Estados Unidos.

    Em razo disso, cada vez mais

    relevante o conhecimento sobre o

    desempenho de sistemas estruturais

    envelhecidos. Dan Frangopol, pro-

    fessor da Universidade Lehigh, nos

    Estados Unidos, scio-fundador da

    Associao Internacional para a Se-

    gurana e a Manuteno de Pontes

    (IABMAS) e da Associao Internacio-

    nal para a Engenharia Civil do Ciclo

    de Vida (IALCCE), apresentou os mais

    recentes mtodos de avaliao do

    desempenho estrutural das obras ci-

    Prof. Geraldo Isaia autografa o livro recm-lanado no evento Concreto: Cincia e Tecnologia

    Eng. Bryan Perrie, do Instituto do Concreto da frica, em palestra de abertura do Congresso sobre os estdios da Copa 2010

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    vis no decorrer do seu ciclo de vida

    e o modelo de gerenciamento e mo-

    nitoramento de estruturas antigas,

    tema que tem ocupado a comunidade

    tcnica nacional e internacional de-

    vido necessidade, por vezes negli-

    genciada, de inspeo peridica e de

    manuteno das obras de concreto.

    Na mesma linha de avaliao de

    estruturas, Willian Price-Agbodjan,

    professor do Instituto Nacional de Ci-

    ncias Aplicadas (INSA de Rennes), na

    Frana, apresentou estudos sobre as

    inovadoras aplicaes dos mtodos

    no destrutveis, como a permeabi-

    lidade ao gs e a

    emisso acstica.

    Keneth Hover,

    presidente do

    American Concre-

    te Institute (ACI),

    abordou algumas

    pesquisas sobre o

    comportamento

    do concreto em

    sua passagem da

    fase lquida para

    sua fase slida,

    nova fronteira no campo das pesqui-

    sas sobre o material, numa aborda-

    gem leve e humorada de um assunto

    duro e chato, como ele mesmo defi-

    niu. Partindo do princpio de que o es-

    tado de concreto fresco de curta du-

    rao, sendo que a taxa de transio

    importa porque os cuidados tomados

    nesta fase asseguraro a maior ou me-

    nor durabilidade do concreto em seu

    estado endurecido, Hover apresentou

    alguns estudos sobre as primeiras ida-

    des do concreto, que procuram esta-

    belecer parmetros para melhor en-

    tender sua fase de transio.

    As pontes ferrovirias, por es-

    tarem sujeitas a cargas mveis de

    elevada intensidade, so estruturas

    em que os efeitos dinmicos podem

    atingir valores muito significativos.

    Estes efeitos assumem na atualida-

    de uma importncia crescente devi-

    do ao incremento da velocidade de

    circulao, quer nas vias existen-

    tes, quer em novas vias, como o

    caso das destinadas a comboios de

    alta velocidade.

    O conhecimento destes efeitos

    dinmicos da maior importncia

    pelos seguintes motivos: as vibra-

    es induzidas

    pela passagem

    dos comboios so-

    bre a ponte ori-

    ginam, em geral,

    deslocamentos

    ou esforos na

    estrutura maio-

    res do que aque-

    les que seriam

    provocados caso

    as cargas fossem

    aplicadas de uma

    forma esttica; vibraes excessi-

    vas da estrutura podem conduzir a

    um agravamento dos fenmenos de

    fadiga; as deformaes e acelera-

    es da ponte devem ser controla-

    dos dentro de determinados valores

    limite para que seja assegurada, em

    qualquer instante, a estabilidade

    da via e do contato roda-carril; as

    aceleraes nos veculos devero

    ser limitadas de forma a garantir o

    conforto dos passageiros.

    Procedimentos para a avaliao

    destes efeitos foram includos recen-

    temente nos Eurocdigos estruturais,

    Presidente do ACI, Eng. Keneth Hover, em Conferncia Plenria no Congresso

  • | 22 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    na sequncia da investigao condu-

    zida pelo European Rail Research Ins-

    titute sobre os efeitos da alta veloci-

    dade em pontes ferrovirias.

    Estes foram os principais tpicos

    presentes na palestra do professor

    da Faculdade de Engenharia da Uni-

    versidade do Porto, em Portugal,

    Rui Artur Brtolo Calada, respons-

    vel pelo subgrupo de investigao na

    rea de alta velocidade ferroviria

    do Centro de Estudos da Construo.

    SIMPSIO INTERNACIONAL RILEM/IBRACON

    Estimular e disseminar a pesqui-

    sa e o conhecimento sobre os mate-

    riais e os sistemas construtivos, pelo

    desenvolvimento e normalizao de

    ensaios, com vistas a promover a

    construo sustentvel, segura, de

    bom desempenho e de menor custo.

    Essa a misso da associao euro-

    pia denominada RILEM, sigla que

    pode ser traduzida como Unio dos

    Laboratrios e Consultores em Mate-

    riais, Sistemas e Estruturas da Cons-

    truo, composta por 1700 membros

    e presente em 66 pases. Similares

    a RILEM no mundo existem a ASTM

    Sociedade Americana para o Ensaio

    de Materiais e a ABRATEC Associa-

    o Brasileira dos Laboratrios de

    Controle Tecnolgico do Concreto.

    No ano passado, o IBRACON e a

    RILEM assinaram um acordo de coo-

    perao internacional para a reali-

    zao conjunta de eventos tcnicos,

    para a participao recproca de

    seus membros em seus Comits Tc-

    nicos e para a aquisio, com des-

    conto, de suas publicaes. Como

    fruto dessa parceria, as entidades

    organizaram conjuntamente, sob

    coordenao do professor da Uni-

    versidade Federal de Gois (UFG),

    Enio Pazini, o Simpsio Internacio-

    nal RILEM/IBRACON sobre avaliao,

    proteo e reabilitao de estru-

    turas de concreto com corroso de

    armaduras, realizado como evento

    paralelo ao 53 Congresso Brasilei-

    ro do Concreto. O relacionamento

    entre as duas entidades especial-

    mente importante para o nosso pas,

    no atual momento de retomada da

    construo de nossa infraestrutura,

    porque se reflete, como se ver nes-

    te primeiro simpsio, em obras de

    engenharia bem feitas, assinalou o

    presidente do IBRACON, Prof. Jos

    Marques Filho, na abertura do Sim-

    psio RILEM/IBRACON.

    Comprovando sua observao,

    Peter Richner, presidente da RILEM,

    Eng. Dan Frangopol responde pergunta sobre tema de sua palestra em Conferncia Plenria, ladeado pelos professores Rui Calada (esq.) e Tulio Bittencourt

    Presidente do IBRACON, Prof. Jos Marques Filho, na abertura do Simpsio RILEM/IBRACON

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    trouxe para o Simpsio, em sua pa-

    lestra de abertura, alguns casos so-

    bre catstrofes envolvendo edifica-

    es e obras civis ocorridas na Sucia

    no decorrer do ltimo sculo, seu

    pas de origem, devido a falhas de

    projeto e construtivas, para que, em

    suas palavras, servissem de alerta

    como exemplos a no serem segui-

    dos em construes futuras. Segundo

    ele, apesar de o pas possuir obras

    de engenharia estrutural marcantes,

    legado de engenheiros, como Robert

    Maillard (1872-1940), Othmar Am-

    mann (1879-1965), Heinz Isler (1926-

    2009), Giovanni Lombard (1926) e

    Christian Menn (1927), o pas tem

    observado casos de colapso em obras

    em anos recentes. A explicao ofe-

    recida por Richner, tambm muitas

    vezes ouvida em eventos tcnicos

    nacionais sobre casos de runa em

    obras em nosso pas, a desvalori-

    zao pela qual tem passado a enge-

    nharia civil nos ltimos trinta anos,

    seja em termos da diminuio de sua

    importncia tcnica nas decises dos

    empreendedores, seja em termos de

    seu status social, sua procura por es-

    tudantes e dos baixos salrios pagos

    aos engenheiros.

    Em sentido oposto,

    apontando para aquilo

    que deve ser seguido, o

    professor da Universi-

    dade de Turim, na Itlia

    e presidente de honra

    da fib (Federao In-

    ternacional do Concre-

    to), Giuseppe Mancini,

    detalhou para o pbli-

    co no Simpsio as reco-

    mendaes contidas na

    norma europia sobre estruturas de

    concreto (EN 1992), em termos das

    classes de resistncia do concreto

    e suas propriedades, do cobrimento

    necessrio das armaduras em funo

    do ambiente e do propsito da obra,

    dos tipos de anlise estrutural reco-

    mendados e suas aplicaes e dos

    parmetros relacionados aos esta-

    dos limites ltimos e de servio. Em

    complementao, a pesquisadora do

    Centro de Segurana e Durabilidade

    Estrutural e de Materiais (CISDEM),

    da Espanha, Carmen Andrade trouxe

    os mais recentes avanos em termos

    de modelagem de estruturas de con-

    creto com vistas a assegurar maior

    durabilidade das obras.

    Recomendaes tambm foram

    feitas para o caso de obras exis-

    tentes em termos da avaliao de

    sua segurana e das intervenes

    necessrias e apropriadas a serem

    Peter Richner, presidente da RILEM, em sua exposio no Simpsio

    Prof. Giuseppe Mancini responde questionamento sobre tema de sua palestra no Simpsio, ao lado dos professores Luis Lima, Enio Pazini e Eliana Monteiro

  • | 24 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    tomadas para assegurar o prolonga-

    mento de sua vida til. Neste aspec-

    to, o Prof. Mancini apresentou as

    discusses que vem tomando forma

    nos Grupos de Trabalho da fib e que

    devem fazer parte da futura norma

    tcnica fib para estruturas existen-

    tes. J, o engenheiro da empresa

    canadense Vector Corrosion Tech-

    nologies, David Whitmore, abordou

    os fundamentos e os casos prticos

    da realcalinizao eletroqumica e

    da proteo galvnica para estru-

    turas de concreto armado. Por sua

    vez, a engenheira da empresa por-

    tuguesa ZetaCorr, Zita Loureno,

    apresentou os fundamentos e casos

    prticos da extrao eletroqumica

    de cloretos e da proteo catdica

    de estruturas.

    Outros temas presentes no Sim-

    psio foram: a avaliao da dura-

    bilidade do Estdio do Maracan,

    apresentada pelo Prof. Enio Pazini

    Figueiredo, e uma proposta de c-

    digos latino-americanos sobre segu-

    rana estrutural, trazida pelo pro-

    fessor da Universidade Nacional do

    Noroeste da Provncia de Buenos Ai-

    res, na Argentina, e coordenador do

    Grupo Latino-americano da RILEM,

    Luis Lima.

    SEMINRIO DE SUSTENTABILIDADE

    Em sua terceira edio, o Semi-

    nrio Copel de Sustentabilidade da

    Cadeia Produtiva do Concreto deu

    nfase discusso dos Eurocdigos,

    na figura do presidente do Labora-

    trio Nacional de Engenharia Civil

    de Portugal, Carlos Alberto de Brito

    Pina, quem abriu o Seminrio ocor-

    rido no dia 4 de novembro.

    Os Eurocdigos estruturais cons-

    tituem um conjunto de normas eu-

    ropias para projetos de estruturas

    de edifcios e de outras obras de en-

    genharia civil, realizadas com dife-

    rentes materiais. So o resultado de

    um processo de harmonizao tc-

    nica em andamento nos ltimos 25

    anos no mbito da Unio Europia,

    no domnio da construo civil. Tudo

    comeou por iniciativa da Comisso

    Europia, em 1975, passando pela

    criao do Comit Europeu de Nor-

    malizao (CEN), em 1989, cujo

    Comit Tcnico CEN/TC 250 ficou

    responsvel pela elaborao dos Eu-

    rocdigos Estruturais. Desde 2007,

    o CEN publicou 58 Normas Euro-

    pias, que constituem, atualmente,

    os Eurocdigos. Dentre eles, cabe

    destacar: Eurocdigo 0 (EN 1990 -

    Bases para projetos de estruturas);

    Eurocdigo 1 (EN 1991 - Aes em

    Estruturas); Eurocdigo 2 (EN 1992 -

    Projeto de Estruturas de Concreto);

    Eurocdigo 8 (EN 1998 - Projetos de

    estruturas para resistncia aos sis-

    mos); entre outros.

    A importncia de sua discusso

    no Seminrio por eles incorpora-

    rem aspectos sustentveis, como a

    durabilidade das estruturas, reci-

    Prof. Enio Pazini em sua palestra sobre a avaliao da durabilidade do Estdio do Maracan

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    clagem de produtos de construo

    e anlise de custos considerando os

    ciclos de vida das obras civis, em

    seus objetivos normativos. Nas pa-

    lavras do presidente do IBRACON,

    Jos Marques Filho, os Eurocdigos

    so hoje a referncia obrigatria

    para balizar as normalizaes sobre

    o concreto.

    Atualmente, os Eurocdigos es-

    truturais seguem a Diretiva dos Pro-

    dutos de Construo, instrumento

    jurdico da Unio Europia, de ca-

    rter obrigatrio, mas que deixa es-

    pao aos Estados-membros quanto

    sua forma e meio de implantao.

    As principais exigncias feitas pela

    Diretiva dizem respeito resistn-

    cia mecnica e estabilidade e se-

    gurana em caso de incndio. Se-

    gundo Pina, a Diretiva dos Produtos

    de Construo ser, em 1 de julho

    de 2013, substituda pelo Regula-

    mento da Unio Europia, que adi-

    ciona nova exigncia aos produtos

    de construo no mercado europeu:

    a utilizao sustentvel dos recur-

    sos naturais.

    A transposio dos Eurocdigos

    para os Estados-membros feita por

    meio de publicaes das normas na-

    cionais, tradues dos

    Eurocdigos originais

    em ingls, francs e

    alemo, que podem

    ainda incluir anexos

    nacionais, que do con-

    ta de especificidades

    culturais na adoo das

    normas europias. Nos

    Anexos Nacionais so

    definidos parmetros

    determinados a nvel

    nacional (NDP Nationally Determi-

    ned Parameters), que correspondem

    aos parmetros deixados em aberto

    nos Eurocdigos para a escolha na-

    cional. De acordo com o palestran-

    te, nos 1504 NDPs contidos nos 58

    Eurocdigos, 70% seguem as reco-

    mendaes feitas nos prprios Eu-

    rocdigos. Dados apresentados mos-

    traram que 2/3 dos pases da Unio

    Europia j tm publicada a maioria

    das normas nacionais traduzidas dos

    Eurocdigos.

    Os prximos passos da Europa

    com relao aos Eurocdigos sero:

    reviso das normas; maior harmoni-

    zao entre elas, com a reduo do

    nmero de NDP; promoo e divul-

    gao dos Eurocdigos; e elaborao

    de novos Eurocdigos ou de partes

    dos Eurocdigos existentes.

    Na avaliao final de Carlos Pina,

    os Eurocdigos formam um conjun-

    to coerente e abrangente de normas

    relativas verificao da seguran-

    a de estruturas; representam, no

    seu todo, uma evoluo da regula-

    mentao europia sobre o assunto;

    favorecem o desenvolvimento de

    ferramentas de projeto; facilitam

    trocas de servios de engenharia en-

    Prof. Carlos Pina em sua apresentao sobre os Eurocdigos no Seminrio de Sustentabilidade

  • | 26 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    tre pases; e constituem um quadro

    de referncia para a investigao

    europia na rea de Engenharia das

    Estruturas.

    Nas palavras da mediadora do Se-

    minrio, a superintendente do Comi-

    t Brasileiro de Cimentos, Concretos

    e Agregados da Associao Brasileira

    de Normas Tcnicas (ABNT/CB-18),

    Eng Ins Battagin: A bagagem eu-

    ropia com relao normalizao

    grande e antiga, de modo que,

    quando no se tem o texto-base,

    em mbito nacional, as normas eu-

    ropias tm servido de referncia.

    Atacando o problema da susten-

    tabilidade na cadeia produtiva do

    concreto por outro ngulo o da

    inovao nos materiais e nos com-

    ponentes da construo o profes-

    sor da Universidade de So Paulo

    (USP), Vanderley John, abriu sua

    palestra sinalizando um dos caminho

    j possvel de ser trilhado: o da in-

    dustrializao do canteiro de obras,

    transformando-o num canteiro de

    montagem. As vantagens advindas

    seriam: aumento da produtividade;

    uso eficiente dos recursos materiais,

    energticos, humanos e financeiros;

    melhor controle dos prazos; e au-

    mento do lucro.

    Segundo ele, a inovao no setor

    construtivo j vem sendo adotada,

    principalmente pelas grandes cons-

    trutoras, com a melhoria contnua

    dos processos construtivos, com a

    incorporao de solues vindas

    dos fornecedores, mas difcil de

    ser mensurado e ainda incipien-

    te. No entanto, um caminho sem

    volta, porque a inovao possibilita

    o aumento da escala de produo,

    traz vantagens competitivas, reduz

    incertezas no processo construtivo,

    tem disponvel recursos financeiros

    e incentivos governamentais, aten-

    de a demanda por obras sustent-

    veis e de melhor desempenho e por

    edifcios cada vez mais altos, entre

    outros motivos, afirmou.

    Neste sentido da inovao, o en-

    genheiro da Engemix, Luiz de Brito

    Prado Vieira, apresentou algumas

    possveis solues para a reduo

    do descarte de resduos em Centrais

    Dosadores de Concreto. Segundo

    ele, em mdia, so devolvidos para

    a central 1,22% do volume forneci-

    do, representando desperdcio anual

    59 mil metros cbicos de concreto e

    prejuzo anual de 15 milhes de re-

    ais. Entre os motivos para a devolu-

    o, 74% dos casos por ser o pedi-

    do maior do que necessrio na obra,

    13% so de concreto vencido, 8%

    em razo da obra no estar prepara-

    da para o recebimento do concreto,

    3% referem-se ao slump alterado,

    entre outros.

    Dentre as solues apontadas por

    ele, citam-se: reduo do desperd-

    cio por meio de controles mais efi-

    cientes; reutilizao da sobra para

    fabricao de artefatos de concreto

    Prof. Vanderley John em momento de sua palestra no Seminrio

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    ou para uso interno no ptio; reci-

    clagem da sobra na forma de agre-

    gados reciclados ou do uso do ma-

    terial para aterro; e a reutilizao

    do concreto por meio da redosagem

    com aditivo.

    Outra inovao tecnolgica apre-

    sentada no Seminrio foi a argamas-

    sa estabilizada, aquela j pronta

    para ser usada, que no requer ne-

    nhum tipo de manipulao e que,

    por isso, difere da argamassa ensa-

    cada, que requer a adio de gua.

    um produto industrializado mido,

    cujos componentes so dosados por

    massa e misturados em uma central

    dosadora at se obter uma mistura

    homognea. Segundo o palestrante

    espanhol Arturo Godes Schmid, con-

    sultor em aplicao de produtos qu-

    micos na construo,

    a argamassa estabili-

    zada tem contribudo

    nos ltimos 30 anos

    para melhorar a qua-

    lidade, a produtivida-

    de, a racionalizao do

    trabalho e a reduo

    de resduos na obra.

    Entre as razes apre-

    sentadas, destacam-

    -se: produto acabado,

    pronto para uso; composio dese-

    nhada na central de produo; con-

    trole de qualidade dos componentes

    e do produto final; ajuste da compo-

    sio s condies climticas; forne-

    cimento em recipientes sob medida;

    possibilidade de preparo com dife-

    rentes tempos de aplicao; possi-

    bilidade de preparo de argamassas

    com diferentes resistncias; e redu-

    o dos resduos nas obras.

    Na mesma linha de materiais ino-

    vadores, o professor da Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul (UFR-

    GS), Maurcio Mancio, apresentou a

    promessa de futuro em termos de

    aglomerantes: os eco-cimentos, ma-

    teriais cimentantes alternativos ao

    cimento Portland, com reduzido im-

    pacto ambiental, por no emitirem

    CO2 ou por reduzirem consideravel-

    mente sua emisso. Mancio apre-

    sentou alguns estudos sobre os eco-

    -cimentos, particularmente sobre os

    cimentos geopolmeros (produzidos e

    comercializados por empresa austra-

    liana Zeobond & E-crete), os cimen-

    tos base de fosfatos (pesquisa e

    desenvolvimento feitos pela empresa

    norte-americana CalStar) e os cimen-

    tos base de carbonatos amorfos.

    Eng. Luiz de Brito palestra sobre reduo do descarte de resduos em Centrais Dosadoras de Concreto

    (esq.p/dir.) Prof. Acir Mrcio Loredo-Sousa, Prof. Maurcio Mancio, Eng. Luiz de Brito, Eng. Arturo Schmid, Eng Ins Battagin, Prof Denise Dal Molin e Prof. Vanderley John em mesa de debates do Seminrio

  • | 28 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    Um terceiro tema relacionado

    sustentabilidade foi o da durabilida-

    de das estruturas de concreto. Em

    sua palestra, a professora da UFRGS,

    Denise Dal Molin, frisou a necessida-

    de de se construir obras mais dur-

    veis, destacando as principais medi-

    das a serem tomadas neste sentido

    (relao gua/cimento, tipo de aglo-

    merante, cobrimento das armaduras

    etc.), para se garantir a reduo dos

    impactos advindos do reparo, da re-

    cuperao, reforo e demolio de

    obras com vida til curta. Segundo

    ela, cada uma dessas intervenes

    implica consumo de matrias-primas

    escassas, gerao de resduos, emis-

    ses de gases do efeito estufa, consu-

    mo de energia e custos, todos fatores

    associados ao impacto da atividade

    humana sobre o meio ambiente. Por

    isso, segundo ela, o desenvolvimen-

    to sustentvel depende necessaria-

    mente da maior qualidade e durabili-

    dade de estruturas de concreto.

    SEMINRIO DE GRANDES CONSTRUES

    O que tem sido construdo atual-

    mente no Brasil em termos de gran-

    des obras? Quais os detalhes de pro-

    jeto e de execuo dessas grandes

    obras espalhadas pelo pas? O que

    tem a dizer sobre elas as pessoas

    diretamente envolvidas? Responder

    essas questes foi o propsito do Se-

    minrio de Grandes Construes, or-

    ganizado paralelamente ao 53 Con-

    gresso Brasileiro do Concreto.

    O Brasil uma potncia em ter-

    mos de engenharia civil, porque temos

    feito obras formidveis. No entanto, a

    recente retomada do investimento na

    infraestrutura nacional fez com que

    no houvesse a natural passagem do

    basto de uma gerao de engenhei-

    ros outra. Por isso, o Seminrio de

    Grandes Construes oportunidade

    valiosa para se fazer essa transfern-

    cia de conhecimento, contribuindo,

    assim, para manter no pas no topo de

    realizaes de grandes obras, con-

    textualizou o presidente do IBRACON,

    Prof. Jos Marques Filho, na abertura

    do Seminrio. A seguir, os destaques

    da programao.

    Usina de Belo MonteSituado na Volta Grande do Rio

    Xingu, entre os municpios de Alta-

    mira e Vitria do Xingu, no Par, o

    Complexo Hidreltrico de Belo Mon-

    te ser composto por dois stios: Pi-

    mental, composto por seis turbinas

    do tipo Bulbo (com capacidade de

    gerao de 233,1MW), e Belo Mon-

    te, composto por 18 turbinas do tipo

    Francis (com capacidade de gera-

    o de 11.000MW), distantes 40km.

    Entre os dois stios, ser construdo

    um Canal de Derivao com 20km de

    extenso, sistema de aduo que le-

    var a gua do Rio Xingu para Casa

    de Fora Principal, em Belo Mon-

    te. Depois de totalmente constru-

    da, em 2019, a obra ser a terceira

    maior usina hidreltrica do mundo.

    A obra revive o desafio de Itaipu.

    Diria que mais complexa e difcil,

    por ser na Regio Amaznica e por

    no ser implantada em um nico stio.

    Alm do mais um canal de derivao

    de 20km algo indito na engenharia

    mundial, ressaltou o coordenador

    de obras em Belo Monte, engenheiro

    da Norte Energia, concessionria da

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    construo, Hlio Franco.

    Os estudos de inventrio no Rio

    Xingu foram iniciados na dcada de

    70, com relatrio tcnico emitido

    em 1979. Os estudos de viabilida-

    de foram realizados, numa primei-

    ra fase, na dcada de 80, e numa

    segunda fase entre 2000 e 2002. O

    Relatrio do Estudo de Impacto Am-

    biental foi emitido em 2010, ano em

    que o contrato de concesso foi as-

    sinado. A Licena de Instalao, que

    marca o incio das obras, foi emitida

    em janeiro de 2011. Os estudos de

    viabilidade da dcada de 1980 foram

    modificados na fase seguinte, com a

    finalidade de diminuir o tamanho do

    reservatrio, de se deslocar o bar-

    ramento, justamente para preservar

    as reas indgenas que seriam afe-

    tadas caso se mantivesse o estudo

    de viabilidade original, comentou

    Franco. Com isso, houve uma perda

    de carga de 2,68m, da cota 97 para

    a cota 94,32, completou.

    No Stio Pimental, alm do barra-

    mento do rio para suportar uma va-

    zo mxima de 62.000m3/s e da casa

    de fora suplementar, com queda de

    11m, esto previstos um sistema de

    transposio de embarcaes e um

    sistema de transposio de peixes.

    O Canal de Derivao ser formado

    com execuo de escavao em ro-

    cha e solo, em seus primeiros 20km,

    com seu leito sendo revestido com

    concreto compactado com rolo. O

    restante a ser vencido da distncia

    entre os dois stios compor o re-

    servatrio at a tomada de gua da

    casa de fora principal, no Stio Belo

    Monte. Seu enchimento se dar de

    jusante montante e demorar cer-

    ca de 27 dias. Est prevista ainda no

    Canal de Derivao um sistema de

    transposio de igaraps. A tabela 1

    ilustra os quantitativos da obra.

    Tabela 1 Quantitativos do Complexo de Belo Monte

    DESCRIO UNID. CONSOLIDADO

    ESCAVAO COMUM m 119.638.740

    ESCAVAO EM ROCHA m 40.983.664 ATERROS (BARRAGENS E DIQUES) m 52.433.555 ATERROS DE CONFORMAO Canal de Derivao e Reservatrio Intermedirio

    m 11.027.750

    ENSECADEIRAS m 7.599.438 CONCRETO CONVENCIONAL (CCV) 2.569.600 CONCRETO COMPACTADO COM ROLO (CCR) Canal de Derivao

    Tomada dgua e murosTotal

    m

    m

    925.585 835.3301.760.915

    REVESTIMENTO DE ENROCAMENTO Canal de Derivao e Reservatrio Intermedirio m 7.866.649

    Eng. Hlio Franco em momento de sua palestra sobre Belo Monte

  • | 30 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 64]

    Usina Hidreltrica de Santo Antonio

    Outra obra de peso em constru-

    o na Amaznia, no Rio Madeira,

    a Usina Hidreltrica de Santo An-

    tonio. Com reservatrio de apenas

    346,5km2, a Usina de Santo Antonio

    ser capaz de gerar 3150MW. Com-

    parando-a com outras usinas: a Usi-

    na de Manso possui um reservatrio

    similar, de 397km2, mas sua capaci-

    dade geradora de apenas 210MW;

    o reservatrio da primeira etapa da

    Usina Hidreltrica de Tucuru, com

    2414km2 gera 4000MW de potncia.

    Segundo o gerente de engenharia

    da Santo Antonio Energia, conces-

    sionria da construo, Eng. Delfino

    Gambetti, a aplicao de tecnologia

    adequada no caso de Santo Anto-

    nio, o uso de turbinas Bulbo alimen-

    tadas por reservatrio de fio dgua

    possibilitou a reduo da rea ala-

    gada em oito vezes, implicando um

    menor impacto ambiental na regio.

    O estudo de inventrio no Rio Ma-

    deira foi realizado conjuntamente

    por Furnas Centrais Eltricas e pela

    Odebrecht, em 2001 e 2002. As em-

    presas desenvolveram, entre 2003 e

    2005, os estudos de viabilidade do

    empreendimento. Em 2006, o EIA/

    Rima foi aprovado pelo IBAMA. Em

    2007, o consrcio Santo Antonio Ener-

    gia venceu o leilo, obtendo a Licen-

    a de Instalao em 2008. A primeira

    unidade geradora tem operao ini-

    cial prevista para o fim de 2012.

    Como em Belo Monte, o proje-

    to da Usina de Santo Antonio prev

    tambm um sistema de transposio

    de peixes, para garantir que os ale-

    vinos desam o Rio Madeira, em di-

    reo ao Brasil, e os peixes subam o

    rio, em direo a Bolvia, e um siste-

    ma de manejo de troncos.

    Usina Nuclear de Angra III

    Com previso de entrega para

    2015, a Usina Nuclear de Angra III,

    que gerar 10,0MW de potncia,

    uma obra de pacincia na viso do

    engenheiro da Construtora Andrade

    Gutierrez, responsvel por sua cons-

    truo, Antonio Andr Muniz Pontes.

    Isso porque, segundo ele, a obra passa

    por um sistema de garantia de quali-

    dade que prev, entre outras coisas:

    a obedincia da forte regulamenta-

    o do Conselho Nacional de Energia

    Nuclear (CNEN); o controle rgido

    da execuo da obra em trs nveis

    (por parte da Andrade Gutierrez,

    por parte do Governo Federal e por

    parte de uma auditoria independen-

    te); revises freqentes e sucessivas

    do projeto, para reduo ou soluo

    de interferncias, riscos e omisses;

    autorizaes parciais para concreta-

    gens, que impactam no cronograma

    e planejamento da obra; qualifica-

    es de processos, procedimentos,

    pessoal e equipamentos; controle de

    Eng. Antonio Andr Muniz Pontes expondo as estruturas da usina de Angra III

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    qualidade extensivo e rigoroso, com

    ensaios no destrutivos, ensaios de

    traos de concreto, ensaios de jazi-

    das, alm de tratamento estatstico

    do concreto e anlise de segurana

    das estruturas, segundo recomenda-

    es do American Concrete Institute

    (ACI); entre outros.

    Num projeto de alta complexi-

    dade, com uma usina hidreltrica, a

    qualidade primordial, porque uma

    falha ou mau funcionamento pode

    resultar em exposies indevidas

    radiao para o pessoal da instala-

    o e para o pblico em geral. Por

    isso, o maior desafio a implanta-

    o de um sistema de garantia da

    qualidade que atenda todas as regu-

    lamentaes pertinentes, frisou.

    Obras pr-moldadasApresentados como soluo dis-

    ponvel para agilizar a construo

    de estdios de futebol para a Copa

    2014, de pontes e viadutos, de t-

    neis e valas, e de portos no pas, os

    sistemas construtivos com pr-mol-

    dados foram detalhadamente expos-

    tos, na tipologia de seus elementos

    fabricados no pas e em sua forma

    correta de execuo, pelo engenhei-

    ro da EGT Engenharia, empresa en-

    volvida em projeto de construo de

    estdios (Arena Grmio, em Porto

    Alegre; Arena de Cuiab; Arena de

    Recife; e Arena do Corinthians, em

    So Paulo), pontes (Rodoanel; Pon-

    te sobre o Rio Guam, em Belm),

    portos (Porto de Santos), Fernando

    Stucchi.

    Em sua apresentao, Stucchi ex-

    ps os projetos das arenas esportivas

    nas quais seu escritrio participa, con-

    ciliando-os com a soluo pr-moldada

    disponvel no pas, para que as obras

    sejam entregues dentro do cronogra-

    ma. A Arena do Grmio e a Arena do

    Corinthians so muito similares, optan-

    do pelo sistema pr-moldado em tudo,

    com exceo dos elementos desajeita-

    dos, comentou Stucchi.

    Apesar de ser uma soluo vivel

    no pas, a pr-fabricao, segundo

    ele, est atrasada em 30 anos. Como

    exemplo citou um sistema constru-

    tivo usado na Espanha para a cons-

    truo de aqueduto, indisponvel no

    pas, mas que poderia estar sendo

    utilizado nos canais de transposio

    das guas do Rio So Francisco, no

    Nordeste. Segundo ele, o mesmo

    sistema empurrado, poderia tam-

    bm ser usado nas obras da Ferrovia

    Transnordestina.

    Sintomtico neste sentido foi

    a palestra do professor da Univer-

    sidade Politcnica de Madri, na

    Espanha, no Seminrio, Prof. Davi

    Fernndez Ordnez, abordando

    as aplicaes de estruturas pr-

    -fabricadas de concreto em obras

    de infraestrutura na Espanha, onde

    puderam ser vistas peas pr-mol-

    dadas de at 200 toneladas, ainda

    no fabricadas no Brasil.

    Eng. Fernando Stucchi em palestra no Seminri