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REVOLUCIONAR OS PEQUENOS NEGÓCIOS BRASILEIROS O PROGRAMA PROGRAMA PROPÕE INOVAÇÕES A PARTIR DO OLHAR ITALIANO APLICAÇÕES DE CONHECIMENTOS LIDERANÇAS DE TODO O PAÍS DESTACAM SINERGIA E VIVÊNCIAS INOVAÇÕES O DESAFIO DE CONCRETIZAR MUDANÇAS E OPORTUNIDADES Ed. 2 • Ano 2 Nº 2 • Abr./2015 CONHECIMENTOS QUE PODEM

REVOLUCIONAR - revistalideres.uc.sebrae.com.br · / Mirna Vaz da Rocha / Nádia Jaciara Aguiar Castro / Nuberlânia ... Carvalho / Sérgio Augusto Monturil de Carvalho / Soraya Neves

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REVOLUCIONAROS PEQUENOS NEGÓCIOS BRASILEIROS

O PROGRAMAPROGRAMA PROPÕE INOVAÇÕES A

PARTIR DO OLHAR ITALIANO

APLICAÇÕES DE CONHECIMENTOS

LIDERANÇAS DE TODO O PAÍS DESTACAM SINERGIA E VIVÊNCIAS

INOVAÇÕESO DESAFIO DE CONCRETIZAR

MUDANÇAS E OPORTUNIDADES

Ed. 2 • Ano 2 Nº 2 • Abr./2015

CONHECIMENTOS QUE PODEM

©2015. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SebraeUniversità Cattolica del Sacro Cuore (UCSC)Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n.° 9.610).

INFORMAÇÕES E CONTATOSServiço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SebraeUniversidade Corporativa SebraeSEPN – Quadra 515, Bloco CCEP: 70.700-900 – Brasília – [email protected] 0800 570 0800www.Sebrae.com.br

Presidente do Conselho Deliberativo NacionalRobson Andrade

Diretor-PresidenteLuiz Eduardo Pereira Barretto Filho

Diretora-TécnicaHeloisa Regina Guimarães de Menezes

Diretor de Administração e FinançasJosé Claudio dos Santos

Gerente da Unidade Universidade Corporativa SebraeAlzira de Fátima Vieira

Gerente-Adjunto da Unidade Universidade Corporativa SebraePaulo Roberto de Melo Volker

REVISTA EXPERIÊNCIAS DE HOJE INOVAÇÕES DE AMANHÃCoordenação editorialMara Sonia Bauer e Paulo Roberto de Melo Volker

Consultoria de criação e desenvolvimento de metodologiaMonclair Cammarota e Veronica Marques

Consultoria de edição final de textosVerônica Marques

ISSN 2359-4268

Colaboradores desta publicação:Alex Silva de Brito / Ana Lúcia de Araújo Lima / André Silva Spínola / Arestides Bezerra Minervino / Ary Ferreira Junior / Carlos Alberto de Freitas / Carlos Henderson Tavares Cardoso / Carlos José Dias / Carlos Raimundo dos Santos / Célio José Vieira de Moura / César Reinaldo Rissete / Danilo Lisboa Borges / Débora de Aragão Mendonça / Eduardo Jesus Alcântara Filho / Elaine Maria de Moura Souza / Élcio de Lima Nunes / Eligeneth Resplande Pimentel / Elizabeth Amélia Monteiro / Enio Albérto Parmeggiani / Etel Tomaz / Fabiana Gizele Moreira da Costa / Fábio Krieger Lopes Reis / Fábio Ravazi Gerlach / Fabrício César Fernandes / Flávia Roberta Pacheco Donato Bossonaro / Flávia Rosa Santos Silva / Francisco Marcelino Fontes Costa / Inês Schwingel / Ivan Constant Filho / José Carlos Arruda de Bessa / José Melquiades Neto / José Ricardo Castelo Campos / Juarez Ferreira de Paula Filho / Jussara Siqueira Leite / Kelly Cristina Valadares de Pinho Sanches / Liane Klein / Lindeti Góes Ferreira /Lorena Roosevelt de Lima Alves / Luiz Carlos da Silva / Marcus Antonio de Souza Lima / Maria de Fátima dos Santos / Maria do Socorro Corrêa da Silva / Maria do Socorro Gomes de Figueiredo / Maria Lucélia Sousa Barros / Mirela Luiza Malvestiti / Mirna Vaz da Rocha / Nádia Jaciara Aguiar Castro / Nuberlânia Ribeiro Batista / Ricardo Wargas de Faria / Richard Batista Maia / Roberto Faria Santos Filho / Roberto Tavares Albuquerque / Rogério Cerqueira Teixeira / Sandra Amarilha / Sandro Rossi de Carvalho / Sérgio Augusto Monturil de Carvalho / Soraya Neves de Menezes / Vanessa Gouveia Leite / Vera Helena Lopes / Viviane Ferran / Volmir José Contreira

Crédito das fotos: colaboradores participantes do curso / Gilmar Félix / Charles Damasceno / Lucio Bezze

Todos os textos são resultados do Programa Internacional de Desenvolvimento de Lideranças do Sistema Sebrae, realizado em Milão, Itália, ao longo de 2014, em parceria com a Università Cattolica del Sacro Cuore (UCSC) – ALTIS, Postgraduate Scholl Business & Society.

Editorial4 Brasil e Itália múltiplos olhares

Artigo5 Programa de Desenvolvimento

de Lideranças do Sebrae

Programa6 Conhecimentos para mudar

pequenos negócios7 O Programa em pauta11 Amplitudes real e virtual13 Soluções europeias15 Visitas técnicas apresentam

negócios italianos21 O programa, a viagem e você

APLICAÇÃO DE conhecimentos27 Conhecimentos que extrapolam

muros30 Comparativo de olhares entre

países34 Redes de conhecimentos

articulados 38 Conhecimentos que se

transformam em ações

INOVAção42 Inovações italianas45 Conhecimentos que engrandecem

a atuação do Sebrae48 Inovações para pequenos

negócios51 Inovações em tempo de espera

4 | experiências de hoje inovações de amanhã

Você está recebendo o segundo número da Revista ”Experiências de Hoje – Inovações do Amanhã”, cria-da com o propósito de compartilhar os conhecimentos

e as experiências adquiridas pelos Gerentes do Sistema Sebrae, que participaram do Programa Internacional de Desenvolvi-mento de Lideranças.

Esta edição terá como foco os registros e aprendizados dos participantes durante a terceira etapa do Programa, realizada na Itália, oportunidade em que viram, na prática, a aplicação dos con-ceitos adquiridos nas etapas anteriores.

Os relatos retratam a percepção do grupo, construída a partir das diversas apresentações feitas por autoridades e empresários italianos, que focaram suas abordagens na realidade dos peque-nos negócios na Itália e na Europa, e das visitas técnicas realiza-das nas seguintes localidades:

Latteria Soresina e Consorzio Grana Padano; Centro Tessile Serico; Copan Italia SPA; Polo tecnologico della cosmesi; Consorzio del Parmigiano Reggiano; Agricoltori Riuniti Piacentini; Sistema Moda Italia; Kilometro Rosso; Molteni & C e Distretto di Lumezzane.

A riqueza dos relatos e das vivências permitiu ao grupo fazer registros de ações possíveis de serem absorvidas, ou adaptadas pelas suas realidades, ao retornarem ao Brasil. Como resultado, espera-se que iniciativas como o Programa Internacional de De-senvolvimento de Lideranças forneçam subsídios para que o cor-po gerencial possa atender cada vez melhor o público-alvo do Sebrae e, ainda, que haja um transbordamento dessas informa-ções para uma quantidade não calculada de pessoas que se inte-ressarem pela leitura. Aproveitem!

BRASIL E ITÁLIAMÚLTIPLOS OLHARES

Editorial

experiências de hoje inovações de amanhã | 5

BRASIL E ITÁLIAMÚLTIPLOS OLHARES

O líder como catalisador das transformações

ARTIGO

A Universidade Corporativa Sebrae foi criada com a missão de promover um ambiente de aprendizagem para o desenvolvimento de

competências dos colaboradores internos e externos, contribuindo para o alcance dos resultados do Sebrae com os Pequenos Negócios.

Sem descuidar dos demais públicos, em 2012 a UCSebrae priorizou as lideranças do Sistema Sebrae em suas ações de formação visando conquistar o engajamento dos líderes em rela-ção ao seu papel educador e como agentes de disseminação, con-solidação e transformação da cultura da instituição.

Esse contexto desencadeou o desenho de um Programa de Desen-volvimento de Lideranças que estabeleceu como premissas de apren-dizagem a reflexão teórica das práticas, a integração dos pares como fonte mobilizadora e a disseminação desse aprendizado para suas equipes, de maneira a aproveitar a sinergia existente entre projetos e áreas, objetivando sempre a melhoria quantitativa e qualitativa dos resultados e do clima organizacional.

Esse programa, portanto, reconhece as lideranças da ins-tituição como público fundamental para ações de desenvol-vimento, dado que são essas lideranças que mobilizam o capital humano da organização para o alcance dos objeti-vos estratégicos da instituição.

Considerando os aspectos apresentados, a parce-ria com a Universidade Católica de Milão ampliou os horizontes e as possibilidades de intercâmbio das li-deranças do Sebrae com especialistas europeus, abrindo uma janela de oportunidades para a vivên-cia de experiências internacionais e para a reflexão teórica das práticas em temas estratégicos para o Sebrae.

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇAS DO SEBRAE

PROGRAMACONHECIMENTOS PARA MUDAR PEQUENOS NEGÓCIOSO Programa Internacional para Desenvolvimento de Lideranças do Sistema Sebrae reuniu representantes de todas as regiões brasileiras. Foram diversos meses de aprendizado que reuniram momentos de formação on-line, intercâmbio na sede da Universidade Corporativa em Brasília, apresentações de professores internacionais, vivências em território italiano e a construção colaborativa de pontes sinérgicas de conhecimento e atuação local e nacional. Veja alguns números do Programa:

2 edições da revista

Experiências de Hoje – Inovações de

Amanhã criadas

9 empresas italianas

visitadas

1semana de vivências

internacionais na Itália

1semana de curso

presencial em Brasília ministrado por

docentes europeus

Conjunto de videoaulas, vídeos de estudos de caso,

entrevistas, propostas de leitura e exercícios

interativos

20h de Educação a

Distância (EAD), organizadas em 8

unidades didáticas (UD)

6 meses de

participação no Programa

70 gestores, incluindo gerentes da capital,

dos escritórios regionais e do

Sebrae Nacitonal

experiências de hoje inovações de amanhã | 7

A multiplicidade de sotaques, formatos e informações foi uma das características mar-

cantes do Programa Internacional para o Desenvolvimento de Lideran-ças do Sistema Sebrae. A iniciativa reuniu 70 gestores em etapas que so-maram formação à distância, curso presencial de cinco dias em Brasília e vivências práticas em Milão, na Itália. Além de trazer novos conhecimentos e experiências profissionais, o cur-so foi responsável pela promoção de mudanças e pela abertura de novos horizontes na vida dos gerentes.

”Foi uma experiência única, pois pude adquirir novos conhecimentos e discutir alternativas para melho-rar a gestão e a competitividade das

Gerentes destacam o valor continuado gerado pela iniciativa

O PROGRAMA EM PAUTA

CONHECIMENTOS TÉCNICOS E EMPRESARIAISUm dos pontos altos do Progra-

ma foi permitir a troca de experiências em diversos momentos, não somente com os professores que ministraram as etapas conceituais, como os em-presários italianos e os próprios gesto-res dos diversos estados, que tiveram a oportunidade de criar novos vínculos e estabelecer outros olhares de parce-rias estratégicas.

”O Programa possibilitou rica agre-gação de conhecimentos. Como pon-to forte, destaco o fato de proporcionar a troca de experiência, relacionamento entre colegas de outros estados, expe-riência internacional e imersão em te-mas efetivamente úteis e aplicáveis em nosso dia a dia, trazendo uma vi-são inovadora e diferente de empreen-der”, afirma o gestor do Sebrae BA, Alex Silva de Brito.

A iniciativa também potencia-lizou o desenvolvimento de novos

Depois das atividades em EaD, os gestores se

reuniram em Brasília

empresas brasileiras. Voltei com um gostinho de quero mais, mais apren-dizagem, mais cultura, mais dispos-to a me dedicar nos cursos de línguas, mais e mais”, destaca o gerente do Sebrae AL, Arestides Bezerra Minervino.

Para a gestora do Sebrae PE, Ma-ria Lucélia Sousa Barros, as três fases do Programa constituíram importante instrumento de aprendizado, concilian-do teoria, conteúdo e prática, além de ampliar conhecimentos valiosos para a aplicação prática das pequenas empre-sas no estado de Pernambuco.

”O sentimento é de gratidão e agradecimento ao Sebrae que en-tende que o sucesso de uma organi-zação em termos de resultados tem fundamento na qualidade dos seus recursos humanos para tratar o pre-sente e edificar o futuro. Horizontes ampliados, é chegada a hora de im-plementar o que é factível e apro-priado à realidade dos pequenos negócios no Brasil”, ressalta.

8 | experiências de hoje inovações de amanhã

referenciais de atendimento, permi-tindo que as lideranças do Sebrae pu-dessem vislumbrar outros cenários de oportunidade e inserção em níveis locais e nacionais, além do aprimo-ramento das estratégias já desenvol-vidas para os pequenos negócios.

”Participar foi uma honra e espero aplicar o conhecimento em benefício dos clientes atendidos pelo Sebrae no Maranhão. O Programa me proporcio-nou ter um novo referencial compara-tivo. Conhecer um pouco das empresas visitadas e, até mesmo, das empresas que frequentei como cliente na Itá-lia, me permitiu identificar e avaliar di-ferenças marcantes entre o Brasil e a Itália”, reforça o gerente do Sebrae MA, Danilo Lisboa Borges.

Para o gestor do Sebrae GO, Edu-ardo Jesus Alcântara Filho, o Progra-ma possibilitou uma forma prática de intercâmbio técnico, fornecendo ins-trumentos mais eficazes para a imple-mentação de estratégias e operações no Sebrae Goiás. ”Foram apresenta-dos, debatidos e analisados, criterio-samente, fundamentos e conceitos que estão me permitindo avaliar o contexto empresarial da atualidade e, principalmente, o salto que podemos incentivar para os nossos pequenos negócios”, explica.

A opinião é compartilhada pela ges-tora do Sebrae CE, Fabiana Gizelle Moreira da Costa, que destaca a mul-tiplicidade de formatos como um ele-mento que aguça o comprometimento com a microempresa. ”O curso inte-gra conhecimento, análises práticas e qualitativas nos cenários nacional e internacional e, intrinsecamente, rela-cionamento de líderes em uma viagem que se constrói e reconstrói. Voltamos mais fortes e determinados a inter-vir em uma mudança de cultura e de

fazer, pois estamos mais atentos a uma necessidade de melhoria contí-nua nas empresas e em nós mesmos como agentes de mudanças”, reforça.

NOVAS FORMAS DE COCRIARAo reunir gestores de todo o País

e do Sebrae Nacional, o Programa In-ternacional para Desenvolvimento de Lideranças fomentou a formação de uma nova rede de relacionamentos entre os profissionais, o que estimu-lou outras formas de colaboração e de cocriação e gerou uma rede pulsante de troca de conhecimentos, experiên-cias e oportunidades. ”Entendo que o principal ganho obtido com o Progra-ma foi a troca de experiências e vivên-cias, principalmente entre os gerentes dos diversos estados. A vivência inter-nacional fechou esse processo de in-tegração e compreensão da realidade”, destaca Fábio Ravazi Gerlach, gestor do Sebrae SP.

Os conhecimentos adquiridos tam-bém provocaram reflexões sobre a atuação mais efetiva no desenvolvi-mento territorial, na difusão da inova-ção para incorporação nos pequenos negócios e no incentivo à cooperação para a busca da competitividade em um país de grande população, exten-são geográfica, diversidade cultural e diferenças regionais. ”Se de um lado as micro e pequenas empresas brasi-leiras geram empregos, de outro ain-da apresentam baixa produtividade e renda e uma participação muito pe-quena no valor agregado ao PIB”, ex-plica a gestora do Sebrae PE, Jussara Siqueira Leite.

Fábio Krieger Lopes Reis, gerente do Sebrae RS, analisa que a integra-ção entre gerentes de outros estados, assim como a heterogeneidade das li-deranças regionais e da sede, tornou,

ainda, mais exitosa a interação e con-sequente troca de conhecimentos. ”Como lideranças, nós possuímos a obrigação de compartilhar e ser um in-dutor de mudança e multiplicação des-te conhecimento adquirido. Para tanto, percebo que também devemos atuar em rede, no sentido mais genuíno des-ta palavra, através de parcerias inter-nas e externas”, afirma o gestor.

A diversidade de conhecimentos e trajetórias também é apontada pelo ge-rente do Sebrae MT, Sandro Rossi de Carvalho, como um dos destaques do Programa. ”A soma de conhecimentos contribuiu para o meu desenvolvimen-to pessoal e profissional. Cabe ressal-tar a vivência com os demais colegas do Sebrae, a troca de experiências e a rede de relacionamento criada, pois foi pos-sível conhecer pessoas que eu não co-nhecia e que dificilmente conheceria em tão pouco espaço de tempo”, comenta.

Programa

experiências de hoje inovações de amanhã | 9

OLHARES NACIONAIS E INTERNACIONAISO encontro de visões entre Brasil e

Itália permitiu, ainda, o desenvolvimen-to de novos cenários de atuação para as lideranças do Sebrae e de percep-ções das mudanças necessárias para os empresários em território nacional. ”O que se viu como grande diferença entre os perfis brasileiros e italianos é a forma de enxergar seu papel frente ao negócio, a necessidade que o negó-cio exige do empresário e o quanto este está disposto a se dedicar para os me-lhores resultados da empresa, além da consciência de que se ele tratar o negó-cio de forma profissional o ganho é de todos”, comenta a gerente Flávia Rosa Santos Silva, do Sebrae MS.

A mescla de olhares permitiu mape-ar hiperconexões temáticas que podem ecoar com sucesso no dia a dia dos empresários nacionais. ”O Programa

proporcionou uma visão ampliada das boas práticas existentes nos temas que são mais importantes para os pe-quenos negócios que são a cultura empreendedora, a inovação, a susten-tabilidade e o desenvolvimento ter-ritorial. Agora é arregaçar as mangas e mãos à obra!”, explica o gestor do Sebrae RJ, Ivan Constant Filho.

Ver a prática das empresas italia-nas possibilitou, também, conhecer no-vas formas de trabalho, metodologias e culturas empresariais distintas da bra-sileira. ”Participar do Programa como um todo, realmente, foi uma experi-ência significativa, com o contato com instrutores renomados e o mergulho na prática do que foi apresentado teo-ricamente através de visitas. A própria vivência na experiência como cliente também permitiu aprendizagem. Es-tar num grupo de gerentes com a pos-sibilidade de conhecer uma parte da

realidade europeia foi algo gratificante e inesquecível”, comenta a gerente Lin-deti Góes Ferreira, do Sebrae AP.

Ao olhar o mundo pelo prisma ita-liano, os gestores também puderam se apropriar de novas possibilidades de construir projetos colaborativos e em sinergia com as potencialida-des da região. ”O curso me propor-cionou uma gama de conhecimentos e o entendimento da necessidade de desenvolver as vocações locais de in-vestimento, de contribuir cada vez mais com a massificação do conhe-cimento e da necessidade de preser-var a cultura local para transformar oportunidades em negócios”, explica Maria do Socorro Gomes Figueiredo, gerente do Sebrae AC.

Para Viviane Ferran, gestora do Sebrae RS, o Programa mostrou a im-portância da flexibilidade na inserção de ações estratégicas nos pequenos negócios. ”A conclusão é de que não existem práticas perfeitas, mas, sim, aquelas que podem nos inspirar a criar nossos modelos e que valorizem o de-senvolvimento do território como um todo. Apesar de não representar no-vidade, ouvir que a valorização das di-ferenças é bastante positiva sempre reforça nossas crenças. Tenho a con-vicção de que o programa será ampla-mente aproveitado e poderemos colher os frutos por muito tempo”, ressalta.

E se a visão empresarial italiana po-tencializou outras formas de atuação, trouxe o reconhecimento dos entra-ves vistos no Brasil. ”Conhecer um pou-co da visão europeia sobre estes temas fazendo as devidas comparações com o dia a dia das empresas brasileiras, nos levou a entender certos comportamen-tos empreendedores e o porquê de su-cessos ou insucessos quando avaliadas as duas realidades. Durante a viagem,

Novos conhecimentos e sinergia foram os

destaques

10 | experiências de hoje inovações de amanhã

tivemos a oportunidade de ver in loco, os motivos que levaram um país tão pe-queno, quando comparado com a área geográfica e população do Brasil, a ser uma das maiores economias do mun-do”, ressalta o gestor do Sebrae MT, Vol-mir José Contreira.

COMPROMISSO COM A MUDANÇAApós seis meses em um processo de

ebulição de novas ideias e conhecimen-tos, o Programa reforçou a necessidade de contínuas mudanças estruturantes nos pequenos negócios. ”A partir do co-nhecimento teórico absorvido durante as etapas on-line e presencial em Bra-sília e na Itália tive a oportunidade de conhecer na prática como todos os te-mas são tratados nas empresas e orga-nizações e, com isso, refletir e identificar como estes fatores devem ser trabalha-dos com as empresas do Acre, criando um modelo próprio baseado na cultu-ra local”, explica a gestora do Sebrae AC, Soraya Neves de Menezes.

Esse compromisso com a consolida-ção de outros enredos para os pequenos negócios é um ponto destacado pela ge-rente do Sebrae MS, Vanessa Gouveia Leite. ”O curso ofereceu a oportunida-de de aprofundamento em temas como inovação, sustentabilidade, desenvolvi-mento territorial, empreendedorismo, encadeamento produtivo e marco legal que são de extrema importância para os pequenos negócios e nos quais pode-mos fazer a diferença na vida das pes-soas e do País. A vivência reforçou que o tripé inovação, qualidade e preço é o se-gredo de sucesso das empresas na atu-alidade”, comenta.

Se de um lado está a necessidade de observar tendências vistas na Eu-ropa, do outro está o delicado processo de inserção diária destas estratégias na atuação do Sebrae. ”O aprendizado

adquirido proporciona uma nova visão agregativa, visto que os pequenos ne-gócios carecem da disseminação de novos conhecimentos, tanto no conte-údo de processos e estratégias empre-sariais, que podem melhorar a gestão do negócio, como no empreendedoris-mo e na atuação mercadológica, para proporcionar o desenvolvimento re-gional e os ganhos socioeconômicos”, comenta o gerente do Sebrae SE, José Melquiades Neto.

No contexto de alternância cons-tante, a inovação sobressai como um tema estratégico e de fundamental importância para o alcance de novos cenários para os pequenos negócios. ”Não existe competitividade, amplia-ção de mercados, sobrevivência em uma economia globalizada e longe-vidade de uma empresa sem inves-timentos constantes em inovação. O Sebrae tem incentivado essa prática aos pequenos negócios, mas há muito a ser feito”, explica a gestora do Sebrae AM, Maria do Socorro Corrêa da Silva.

Para o gerente do Sebrae PR, José Ricardo Castelo Campos, o desenvolvi-mento territorial e a sustentabilidade devem ser vistos como eixos estratégi-cos de inserção nos pequenos negócios. ”A consciência voltada à sustentabilida-de também com foco econômico reforça a importância do tema como estraté-gia positiva para o crescimento. A ino-vação e o investimento em pesquisa e desenvolvimento aparecem, em todas as experiências vivenciadas, como fator fundamental para a consolidação tanto dos distritos italianos como das empre-sas individualmente”, afirma.

O Programa também mostrou as co-nexões entre educação e cadeia produ-tiva como fonte de inspiração para as empresas brasileiras. ”A forte integra-ção entre o ensino formal e o processo

produtivo foi uma das principais novida-des do conjunto de visitas realizado. A partir do conhecimento dessa realidade, iniciei conversas com o MEC e também com instituições de Ensino Superior com o objetivo de tentar encontrar ca-minhos para melhorarmos esse cenário no Brasil”, explica a gerente do Sebrae NA, Mirela Luiza Malvestiti.

INSPIRAÇÕES PARA O HOJE E PARA O AMANHÃPara o gerente do Sebrae AM, Mar-

cus Antonio de Souza Lima, o Progra-ma trouxe, como inspiração, a troca de conhecimentos com colegas de outros estados do Brasil, a visão sistêmica de temas importantes para atuação junto com as micro e pequenas em-presas e os subsídios para conectar parceiros locais visando à criação de um ambiente favorável aos negócios.

”As visitas foram o grande diferencial do Programa, pois permitiram compre-ender o processo de inovação e desen-volvimento de produtos e processos, alguns muito modernos e sofisticados e outros muito tradicionais. O arranjo ins-titucional entre as próprias empresas também merece destaque, já que ficou claro que o foco no mercado e a divisão de tarefas faz com que a qualidade e a produtividade sejam fatores de compe-titividade”, ressalta.

Ao vislumbrar o panorama brasileiro com as lentes italianas, os gestores po-tencializaram seus olhares para as di-versas riquezas nacionais. ”O grande aprendizado está no processo de cons-trução do desenvolvimento territorial unindo a inovação e os aspectos cultu-rais das nossas regiões à agregação de valor aos produtos e serviços oferecidos pelas nossas micro e pequenas empre-sas”, finaliza o gerente do Sebrae PA, Francisco Marcelino Fontes Costa.

Programa

experiências de hoje inovações de amanhã | 11

AMPLITUDES REAL E VIRTUAL

Um das características mais ino-vadoras do Programa Interna-cional para Desenvolvimento

de Lideranças foi a mescla entre vi-vências nos ambientes virtual e real. Ao longo dos seis meses de realiza-ção da iniciativa, os gestores puderam acessar conhecimentos e estudos de caso através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Universida-de Corporativa do Sebrae, intercambiar informações nacionais e internacio-nais na etapa presencial realizada em Brasília, conhecer outras experiências de negócios na missão técnica à Itá-lia e espalhar as vivências e os novos olhares obtidos por meio das edições

Etapas do Programa multiplicaram conhecimentos nos universos on-line e físico

da revista eletrônica Experiências de Hoje – Inovações de Amanhã.

”Todos os conhecimentos aprendi-dos no formato de Educação a Distân-cia (EaD) e em Brasília foram essenciais para chegar à Itália com uma base con-ceitual do que tenderíamos a encontrar nas visitas. Isso permitiu o entendimen-to da realidade das empresas italianas e me fez ver o quanto elas colocam em prática a inovação, a sua história, o de-senvolvimento do território, o empreen-dedorismo e as vocações locais”, destaca o gerente do Sebrae SP, Carlos Alberto de Freitas.

PRIMEIRA ETAPA: UMA VIAGEM POR CONTEÚDOS ON-LINEA primeira etapa foi composta pela

formação à distância, que tinha como objetivo promover o nivelamento con-ceitual dos participantes nos temas do Programa: empreendedorismo, inova-ção, sustentabilidade, encadeamento produtivo e desenvolvimento territorial. Para isso, foram oferecidas 20 horas de EaD, organizadas em oito unidades di-dáticas compostas por videoaulas, ví-deos de estudos de caso, entrevistas,

propostas de leitura e exercícios intera-tivos em plataforma on-line.

”Em sua totalidade, o Programa re-forçou conceitos e agregou em conheci-mentos e experiências. As etapas EaD, presencial em Brasília e, em especial, a fase internacional, contribuíram para melhorar nossas referências e promo-ver a reflexão e a fixação dos temas na teoria e na prática”, explica José Ricardo Castelo Campos, gestor do Sebrae PR.

Os conteúdos apresentados em for-mato EaD trouxeram, por exemplo, olhares sobre o conceito de empreen-dedorismo, como apoiar esse processo, como surgem as ideias empreendedo-ras e a liderança empreendedora nas di-versas fases evolutivas das pequenas e médias empresas. Já o módulo sobre inovação destacou como esse concei-to pode incrementar a competitividade da pequena empresa, como criar redes para inovar e como usar essa estratégia para competir em mercados.

”Todo o conhecimento adquirido no Sebrae ao longo dos meus 18 anos de casa aliado ao que foi assimilado du-rante a fase on-line do Programa e a fase presencial em Brasília ajudaram a

Acesse os conteúdos da primeira etapa do Programa através do site lms.uc.Sebrae.com.br ou faça a leitura do qrcode.

Na Itália, os gestores aprimoram os conteúdos recebidos durante o Programa

12 | experiências de hoje inovações de amanhã

compreender as situações vividas na fase em Milão, tanto nas palestras e nos trabalhos em grupo como nas visitas às empresas. Foi um conjunto de conhe-cimentos que favoreceu novos apren-dizados”, comenta Débora de Aragão Mendonça, gerente do Sebrae SE.

Os participantes também conhe-ceram as peculiaridades da susten-tabilidade nos pequenos negócios, as políticas que podem ajudar os empre-endimentos a incrementar esse aspec-to e os diversos modos de conceber o tema. Outra unidade temática trouxe o encadeamento produtivo como ele-mento de colaboração entre pequenos negócios e ampliação da competitivi-dade, as razões estratégicas para a co-operação entre empresas e os vários formatos em que essa ação sinérgica pode acontecer.

”O programa foi fantástico, pois nun-ca tive a oportunidade de participar de uma capacitação direcionada para nos-so dia a dia do Sebrae com temas total-mente aderentes ao nosso trabalho”, reforça o gerente do Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.

O desenvolvimento territorial tam-bém esteve entre as temáticas abor-dadas na primeira fase do Programa em conteúdos que ressaltaram a rela-ção entre território e competitividade, o papel dos setores público e privado nas políticas de desenvolvimento e as estratégias para favorecer o enraiza-mento das empresas. Outra área de co-nhecimento colocou em pauta o marco legal e institucional para os pequenos negócios e apontou caminhos e solu-ções para a análise dos diversos tipos e portes de empreendimentos no Brasil e no mundo.

”Antes da etapa presencial, nós ti-vemos nivelamentos teóricos sóli-dos nos temas empreendedorismo,

sustentabilidade, desenvolvimento ter-ritorial, encadeamento produtivo e ino-vação que foram fundamentais para qualificar o olhar sobre a realidade, tor-nando as vivências muito mais ricas, pois havia uma conexão com os aspec-tos teóricos”, explica Lorena Roosevelt de Lima Alves, gestora do Sebrae RN.

SEGUNDA ETAPA: UM MERGULHO NAS EXPERIÊNCIAS EUROPEIASNa segunda etapa do Programa, os

gestores participaram de um curso pre-sencial de cinco dias na sede da Univer-sidade Corporativa, em Brasília (DF). A formação teve como objetivo principal aprofundar os temas introduzidos na primeira etapa considerando as vivên-cias europeias. Foi ministrada por docen-tes da Itália e de outros países europeus que apresentaram casos concretos, po-líticas e instrumentos relacionados ao empreendedorismo, à inovação, à sus-tentabilidade, ao encadeamento produ-tivo e ao desenvolvimento local.

”Gostei muito dos temas escolhi-dos e a forma como foram aborda-dos. Pude perceber o entrelaçamento das temáticas e como cada uma é importante em uma determinada fase da empresa”, enfatiza a gestora do Sebrae RR, Nádia Jaciara Aguiar Castro.

Ao mergulhar de forma teórica nas experiências europeias, os participan-tes do Programa também foram es-timulados a fazer a conexão entre os temas e o cenário nacional através das intervenções de especialistas bra-sileiros, o que permitiu levantar de-mandas, exigências e pontos críticos à atuação do Sebrae e ao alcance de no-vos cenários de oportunidade e apri-moramento nos pequenos negócios.

”No Programa, eu tive a oportuni-dade de adquirir novas informações e ampliar os conhecimentos sobre

aspectos relevantes para os peque-nos negócios durante as três etapas. Desta forma, eu poderei contribuir de modo bastante significativo na multi-plicação das informações para o nosso cliente em temas como a sustentabi-lidade, o empreendedorismo, a lide-rança, o encadeamento produtivo e o marco legal para os pequenos negó-cios”, explica a gerente do Sebrae AL, Maria de Fátima dos Santos.

TERCEIRA ETAPA: CONHECIMENTO COM SOTAQUE ITALIANOA última fase do programa com-

preendeu a vivência prática em solo italiano através do intercâmbio de co-nhecimentos com empresários locais e da apresentação de especialistas que mostraram os diversos aspectos do empreendedorismo na Europa. Para essa etapa, os gestores foram dividi-dos em dois grupos e, posteriormen-te, em subgrupos, o que permitiu uma troca de experiências e de olhares mais apurada e marcada pela construção co-laborativa de ideias e possibilidades de incremento das atividades desenvolvi-das pelo Sebrae.

”As mudanças provocadas pelo Pro-grama ainda estão em andamento, mas as principais são referentes às diferen-ças econômicas e sociais entre Brasil e Itália. A noção de como é um país de primeiro mundo ficou muito bem cla-ra e objetiva. Como gestor, eu aprendi a valorizar mais ainda nossas carac-terísticas, nosso país, cultura e, prin-cipalmente, nossos recursos naturais. Somente assim, conhecendo outras lo-calidades, podemos perceber o quanto o Brasil é rico em sua biodiversidade e o motivo pelo qual nossas riquezas são tão cobiçadas mundialmente”, finali-za o gerente Danilo Lisboa Borges, do Sebrae MA.

Programa

experiências de hoje inovações de amanhã | 13

A última etapa do Programa In-ternacional para Desenvolvi-mento de Lideranças carimbou

o passaporte dos gestores para a Itá-lia. O objetivo foi proporcionar a vivên-cia na prática de casos concretos de empresas, organizações e territórios que trouxessem outras reflexões so-bre encadeamento produtivo, susten-tabilidade, inovação, desenvolvimento territorial e empreendedorismo, ge-rando a construção de elos contínuos de mudança e transformação.

”Mais do que novas visões, o cur-so e a viagem proporcionaram a con-solidação de conhecimentos e novas visões sobre a importância da com-petitividade territorial, da confian-ça, da necessidade de sempre buscar a competitividade empresarial e da atuação em redes de cadeia de valor”,

destaca o gerente do Sebrae PR, Cé-sar Reinaldo Rissete.

O primeiro dia de atividades foi mar-cado por uma introdução do contex-to do empreendedorismo na Europa e na Itália. As apresentações destacaram os atores públicos e privados de apoio à iniciativa empreendedora e as diversas dinâmicas evolutivas dos pequenos ne-gócios italianos. A pauta trouxe, ainda, intervenções que destacaram a efer-vescência da economia global e as es-tratégias de negócios adotadas no país.

”A etapa presencial foi fundamen-tal para ver o que é possível aplicar do que foi trabalhado. Na Itália, o foco no desenvolvimento dos pequenos negó-cios ficou evidente após a crise eco-nômica da Europa. Isso alavancou um trabalho de apoio às micro e pequenas empresas e um olhar mais claro sobre

a necessidade de se estabelecer par-cerias, além da criação de redes de de-senvolvimento”, esclarece o gestor do Sebrae MT, Sandro Rossi de Carvalho.

Os dias centrais dos gestores na Itália foram dedicados às visitas de campo em pequenos grupos, segui-dos de momentos de discussão so-bre a experiência, os conhecimentos adquiridos e as possibilidades de im-plementação, ainda que de forma customizada, de iniciativas a serem desenvolvidas ou que já estão em exe-cução no Brasil.

”Eu considero a viagem espetacular, rápida e focada, pois nos levou ao co-ração de exemplos vivos e vencedores de organizações e territórios que têm competitividade, sejam de altíssima tecnologia ou de produção artesanal, e que consolidam pequenos negócios”, destaca o gerente do Sebrae SC, Enio Alberto Parmeggiani.

ROTINA DE APRENDIZADOSA vivência em solo italiano foi dinâ-

mica, com visitas técnicas pela manhã e diálogos em grupos pré-definidos no período da tarde. Este momento de análise permitia aos gestores a absor-ção de conhecimentos, o intercâmbio de olhares e a produção de diversos mate-riais e ideias a serem replicados para as equipes do Sistema Sebrae regional e nacionalmente.

”As visitas foram úteis no sentido de reforçar conceitos teóricos discuti-dos em sala de aula, além de permi-tir uma grande troca de experiências entre os participantes, o que ocorria, inclusive, no interior do micro-ônibus. Apesar de grandes diferenças das pequenas empresas italianas em re-lação às pequenas empresas brasi-leiras, muito conteúdo e aprendizado foram obtidos, traduzindo-se, agora,

SOLUÇÕES EUROPEIAS Sinergia entre o antigo e o novo marca a formação dos gestores em Milão

O Programa marca a colaboração entre Sebrae

e Università Cattolica del Sacro Cuore

14 | experiências de hoje inovações de amanhã

no desafio de viabilizar as boas práti-cas adotadas para a realidade do Bra-sil”, reforça o gerente do Sebrae RJ, Ricardo Wargas de Faria.

A rotina de aprendizados propor-cionada pelas visitas técnicas e pelos momentos de alternância de visões permitiu, ainda, aguçar a percepção dos gestores para outras maneiras de empreender e gerar diferenciais competitivos para empresas, marcas, pessoas, organizações comunidades e para o País.

”Esta terceira etapa nos proporcio-nou o acesso a um conhecimento único sobre o desenvolvimento das empre-sas italianas diretamente e como se inserem no contexto socioeconômico europeu. O forte sentimento de perten-cimento e a proteção dos saberes, do conhecimento e do modo de produção são características marcantes em to-das as empresas que foram visitadas. Verificamos que é possível perpetuar o conhecimento, muitas vezes milenar, mesmo em meio às ameaças do mer-cado cada vez mais industrializado e globalizado”, explica o gestor do Sebrae MA, Danilo Lisboa Borges.

CONEXÕES PARA TRANSFORMARO caminhar por entre empresas

trouxe novas observações sobre como o empreendedorismo é tratado em eco-nomias maduras. ”Verifiquei que a Itália não é um país que busca o desenvolvi-mento de empreendedores, mas, sim, promover diferencial baseado na ino-vação para suas atuais empresas. Para isso, investe em pesquisa e desenvolvi-mento e promove, nos alunos das uni-versidades, a necessidade de criar e desenvolver a partir das demandas das empresas, além de proteger e contro-lar a qualidade dos produtos italianos com denominação de origem”, explica

Roberto Tavares de Albuquerque, ges-tor do Sebrae SC.

A convergência que marca o desen-volvimento do mercado italiano tam-bém foi outro ponto apontado. ”O que mais me chamou a atenção foi o pla-nejamento de longo prazo do país, defi-nindo os setores estratégicos e atuando com políticas e ações para que a nação seja, efetivamente, referência mundial”, comenta a gerente do Sebrae NA, Mire-la Luiza Malvestiti.

Na teia de conexões que transfor-mam as empresas italianas, destaca--se, como elemento principal, a atuação sinérgica dos diversos elos, o que po-tencializa a inserção nos mercados. ”Na etapa Itália, tivemos a oportunida-de de participar de palestras esclare-cedoras sobre a realidade de apoio às micro e pequenas empresas e a relação à toda organização e governança, com seus conselhos, consórcios e cooperati-vas que são exemplos de profissionalis-mo”, destaca o gestor do Sebrae PI, Élcio de Lima Nunes.

A diferença de posicionamento em-presarial também chamou a atenção dos gestores. ”Enquanto no Brasil há uma cultura de colonização e assisten-cialismo, na Itália existe a cultura do ca-pitalismo e do associativismo. Ainda estamos sonhando com uma democra-cia plena e temos uma visão de vítima, de quem procura culpado pelas agru-ras sociais e econômicas. Na Itália, eles já desenvolveram o sentido de perten-cimento ao local em que as empresas e trabalhadores estão localizados, as-sumindo um papel protagonista e mais colaborativo”, comenta a gerente do Se-brae MS, Flávia Rosa Santos Silva.

PORTA-VOZES DE MUDANÇASA etapa em Milão permitiu aos ges-

tores observar alterações necessárias

em território nacional como a promo-ção de um conglomerado de empresas com excelência, o acesso diferenciado aos recursos financeiros, o apoio à in-ternacionalização e a sustentação do empreendedorismo a partir do compar-tilhamento da informação para expan-são de condições mais favoráveis.

”Após fazer esta visita à Itália, pude observar que o Brasil está no caminho certo. A noção de cooperar para com-petir, a cadeia de valor, a verticalização da produção com agregação de valor e o desenvolvimento de um território são os principais fatores que precisamos in-tensificar para que possamos alcançar o estágio das empresas italianas”, ex-plica o gerente do Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.

E se os novos conhecimentos foram indutores de reflexões que chegarão aos pequenos negócios, também pro-vocaram incômodos positivos. ”A eta-pa de capacitação na Itália provocou uma grande inquietação. Pergunto-me como uma nação que não tem árvores é referência em móveis, como um país que não tem algodão é a grande refe-rência em moda e como um lugar sem capim é a grande referência em produ-ção de queijos especiais. A resposta é uma só: inovação”, explica o gerente do Sebrae TO, José Carlos Arruda de Bessa.

A vivência em um novo universo também trouxe novos pontos de re-flexão que impactarão diretamente as metodologias brasileiras. ”A compre-ensão da cultura é fundamental para interpretarmos o comportamento so-cial estabelecido. Cada movimento de empatia fortalece a auto compreensão e gera uma reflexão sobre a forma de agir. Assim, a reflexão acaba sendo um indutor de novos comportamentos”, fi-naliza o gestor do Sebrae RS, Fábio Krie-ger Lopes Reis.

Programa

experiências de hoje inovações de amanhã | 15

O Programa Internacional para Desenvolvimento de Lideranças trouxe visitas técnicas a diver-

sas empresas italianas. A oportuni-dade permitiu aos gestores conhecer mais sobre as estratégias e os concei-tos que fazem com que os produtos re-cebam o aclamado selo ”Made in Italy” e sejam reconhecidos e valorizados mundialmente.

COPAN ITALIA SPAA cooperativa, fundada em 1979,

atua na coleta e pré-análise de do-enças infecciosas. Conta com 350 funcionários e tem um crescimento anual de 7% mesmo em momentos de crise e desaceleração econômi-ca. ”Na Itália, a inovação é fator pri-mordial para que as empresas sejam competitivas. A maioria possui par-cerias com centros tecnológicos ou tem centros próprios, como a COPAN, que conta com incubadora particu-lar. Isso estimula a pesquisa voltada

à inovação constante”, explica o ge-rente do Sebrae AP, Richard Batista Maia.

O processo de inovação adotado é contínuo e a empresa investe, ainda, na retenção de talentos e no conhecimento. ”Com gestão familiar, mas todos os setores profissionalizados, a Copan detém 80% do mercado mundial, sendo líder no segmento. Todo o processo produtivo, desde a coleta até a pré-análise de doenças infeccionas, é auxiliado por máquinas e equipamentos de última geração”, reforça o gerente do Sebrae DF, Ary Ferreira Júnior.

Com uma estrutura de 25 mil me-tros, a empresa tem um modelo de negócio que une escala, flexibilidade, inovação e velocidade. ”Chamou aten-ção a valorização do capital humano. Todos os modelos visitados registra-ram a importância das pessoas no pro-cesso. Mesmo com elevado grau de automatização, a COPAN expressa sua preocupação para reter talentos

VISITAS TÉCNICAS APRESENTAM

NEGÓCIOS ITALIANOS

valorizando e aproveitando o conheci-mento daqueles que lá estão”, aponta o gestor do Sebrae GO, Sérgio Augusto Monturil de Carvalho.

DETALHES DE PRODUÇÃO

A gerente do Sebrae AP, Lindeti Góes Ferreira, aponta os diferenciais de sucesso da empresa:> Tem localização estratégica;> Conta com sólida rede de parcerias;> Interioriza a produção, retendo

empregos e competências;> Protege o conhecimento do negócio;> Conta com financiamento próprio;> Dispõe de garantia mínima de dois

fornecedores para cada insumo crítico;> Insere a inovação nos produtos, no

processo e na gestão;> Conta com incubadora particular;> Tem ações de responsabilidade social.

A oportunidade permitiu aos gestores conhecer estratégias

de negócios

16 | experiências de hoje inovações de amanhã

LATTERIA SORESINA E CONSORZIO GRANA PADANO

A cooperativa de laticínios supera um século de existência e é formada por mais de 220 criadores de bovinos, que atuam de forma colaborativa na cadeia produtiva e na qualificação dos produtos. ”Chamou atenção a questão dos valores, os da empresa, os éticos e os morais, e o quanto geram ao lon-go do tempo apresentando melhores resultados econômicos e financeiros para os negócios. Outro ponto impor-tante é manter o respeito e as boas relações com todas as partes interes-sadas”, comenta a gerente do Sebrae TO, Eligeneth Resplande Pimentel.

O Consórcio Grana Padano está di-vidido em sete centros de produção e extrapola a marca de quatro milhões de litros de leite produzidos, represen-tando cerca de 4% da produção nacio-nal. ”Eu destaco a inovação sem perder a tradição do fazer, porém com crite-riosos processos de higiene. A empre-sa preserva métodos tradicionais, mas inova em procedimentos que impac-tam no processo de criação do reba-nho e o desdobramento de produtos finais. A cooperativa tem o Grana Pa-dano como o produto de maior valor de mercado, porém desenvolve subprodu-tos de forma otimizada, customizada e com iguais critérios e padronizações”, reforça a gestora do Sebrae CE, Fabia-na Gizelle Moreira da Costa.

A empresa é a primeira produtora de Grana Padano no país e uma das sócias mais importantes do consórcio que tu-tela a marca. Do percentual produzido, 18% são exportados. ”O que podemos selecionar como grande aprendizado é a fortíssima sensação de pertenci-mento do território. Os cooperados de-monstram claramente que o produto final dever conter todo o carinho, afeto,

valores éticos e, principalmente, a qua-lidade que a marca possui. Uma frase muito impactante foi dita por um co-operado: devemos transformar nos-sos valores em qualidade no produto”, comenta o gerente do Sebrae RJ, Ivan Constant Filho.

DETALHES SOBRE A LATTERIA SORESINA

Um dos grupos que visitou a Latteria Soresina apresentou os seguintes dados técnicos:> Cooperativa com 223 cooperados;> 500 funcionários e 150 terceirizados;> Início das atividades em 1900;> Recebe um milhão de litros de leite por

dia;> Produz 480 mil queijos por ano, sendo

que 65% é Grana Padano;> Exporta 20%;> Faturamento 2013: 360 milhões de

euros.

CENTRO TESSILE SERICOO Centro é uma sociedade de ser-

viços com capital misto público-priva-do sem escopo de lucro que foi criado para dar suporte às atividades pro-dutivas do sistema têxtil/vestuário. Atuando desde 1983, é um instru-mento qualificado para o crescimen-to da cultura têxtil e a salvaguarda do patrimônio industrial, artesanal, co-mercial e profissional do território. ”Apesar da região, intimamente re-lacionada à indústria têxtil, vivenciar um momento de pós-crise, pode-se evidenciar um aumento da demanda pelos serviços do Centro, resultante do comportamento do empreendedor local em investir no desenvolvimento

dos produtos, agregando diferenciais de competitividade difíceis de serem reproduzidos por outros concorrentes em um curto espaço de tempo”, re-força o gerente do Sebrae AM, Carlos Henderson Tavares Cardoso.

A sociedade fornece serviços para as pequenas e médias empresas da cadeia produtiva e é um interlocutor que atende necessidades de testes e controle de materiais, pesquisa, ex-perimentação e consultorias técnica e de gestão. ”O Centro possui um gran-de acervo de livros que preservam mi-lhares de tipos de tecidos e estampas de diversas épocas. Os alunos con-sultam para o entendimento de como eram feitas as tramas, as combina-ções de cores e as tendências nos sé-culos passados. Segundo o Professor Fontana, é preciso entender o passa-do para tentarmos fazer o futuro em um mundo em que tudo já existe ou já foi feito”, explica o gestor do Sebrae MA, Danilo Lisboa Borges.

Além da formação de profissionais altamente qualificados, a socieda-de criou e faz a gestão de uma mar-ca coletiva de garantia (Seri.co) que assegura a qualidade e os requisi-tos de saúde e segurança dos tecidos e do sistema produtivo do qual nas-ce o produto com fortes conteúdos de sustentabilidade. ”A escola favore-ce o desenvolvimento dos pequenos negócios à medida que forma mão de obra especializada. Ao envolver o ní-vel de qualificação dos trabalhado-res, possibilita a interação dinâmica com a vocação econômica do terri-tório, reforçando a integração do co-nhecimento com a prática, garantindo especialização e 100% de empregabili-dade para os alunos”, explica a geren-te do Sebrae PE, Maria Lucélia Sousa Barros.

Programa

experiências de hoje inovações de amanhã | 17

DETALHES DE FABRICAÇÃO

A gerente do Sebrae PE, Maria Lucélia Sousa Barros, destacou aspectos da fabricação dos tecidos: > A cidade italiana de Como possui

tradição em seda desde os anos de 1500; > As lavouras do bicho da seda

desapareceram pelo uso de agrotóxicos e a mão de obra cara;

> Há cinquenta anos os fabricantes italianos compram o fio da seda da China;

> Os produtores italianos nunca perderam a tradição e o reconhecimento mundial como centro da moda;

> São necessários 200 casulos do bicho da seda para a fabricação de uma gravata.

CONSORZIO DEL PARMIGIANO REGGIANOO Consórcio tem, como missão tu-

telar, defender o Parmigiano-Reggiano e sua denominação, promoção e publi-cidade, além de proteger suas caracte-rísticas e distinguir o produto de outras marcas. ”Esse modelo atua, externa-mente, de forma efusiva, resguardan-do e protegendo sua denominação e acompanhando, em nível mundial, o uso indevido da marca. Outras ações contundentes são os acordos interna-cionais visando promoção, expansão e publicidade, que refletem, consequen-temente, na abertura de novos merca-dos”, destaca o gerente do Sebrae SC, Carlos José Dias.

Fundada em 1934, a iniciativa não tem qualquer atividade comercial de produção ou venda, mas reúne os 580 produtores da zona de origem, que são responsáveis por fabricar 108 mil tone-ladas e representam 15% da produção

italiana de leite. ”Chama muita aten-ção o trabalho que o Consórcio faz na região, protegendo a origem dos pro-dutos e, principalmente, garantindo a qualidade desde a alimentação do gado leiteiro até o processo produtivo controlado. Isto é um diferencial e uma grande inovação do território”, aponta o gestor do Sebrae SC, Roberto Tavares de Albuquerque.

Reunindo centenas de unidades produtivas e milhares de fornecedo-res de leite, o Consórcio Del Parmigiano Reggiano exemplifica a conexão en-tre os vários elos da cadeia para a va-lorização de um produto. ”Os aspectos mais relevantes da produção do Parmi-giano-Reggiano são a preservação e o reconhecimento da tradição, o concei-to de identidade e de territorialidade, a autorregulação e autocertificação e a utilização exemplar dos conceitos de gestão de marca e narrativa”, esclarece o gerente do Sebrae NA, Juarez Ferreira de Paula Filho.

DETALHES DE FABRICAÇÃO

O gerente do Sebrae NA, Juarez Ferreira de Paula Filho, destacou aspectos da fabricação do queijo: > O Parmigiano-Reggiano é produzido

desde 1200, supostamente pelos mosteiros beneditinos;

> É um produto com DOP (Denominação de Origem Protegida);

> Grande parte da produção é feita com o leite de vacas da raça frisone;

> As vacas só se alimentam de pastagem natural;

> A casa de queijo trabalha com o leite cru, fresco e sem conservantes ou tratamentos;

> A massa é colocada em formas e descansa por dois ou três dias;

> Em seguida, o queijo é imerso em uma solução salina por 20 dias;

> Finalmente, segue para o processo de envelhecimento que pode ser de 12, 18 ou 24 meses.

SISTEMA MODA ITALIAO Sistema Moda Itália é uma das

maiores organizações mundiais de representação dos industriais têxteis e de moda. Reúne um setor que con-grega mais de 510 mil empregados e quase 60 mil empresas e é elo funda-mental na economia italiana. ”Vê-se, muito fortemente, o desenvolvimento de um território que extrapola ques-tões regionais, mas de país e para o mundo. Também são muito presen-tes para o Sistema as questões da inovação e da especialização, pon-tos centrais da associação entre as empresas. É a maior organização do mundo, mas focada na moda”, co-menta o gerente do Sebrae SP, Fábio Ravazi Gerlach.

As empresas que fazem parte do Sistema são pequenas e médias e co-laboram em cadeia com empresas maiores. ”O grande aprendizado que trazemos é que, quer por uma ambiên-cia legal, diferenciada, cuja base nego-cial, contratual e mercadológica é clara ou quer pela idade e maturidade que os negócios possuem em suas expertises, essas empresas se estruturam em di-versas redes de relacionamento de for-ma competitiva, formando cadeias de valor”, ressalta a gestora do Sebrae CE, Fabiana Gizelle Moreira da Costa.

A iniciativa se propõe a coordenar e promover os interesses do setor e dos seus associados e representa toda a cadeia produtiva em âmbitos nacional

18 | experiências de hoje inovações de amanhã

e internacional e nas relações com ins-tituições, administrações públicas, or-ganizações econômicas, políticas, sindicais e sociais. ”Temos que mos-trar para as empresas brasileiras o es-pírito empreendedor de que sempre é possível achar novos caminhos na busca da competitividade utilizando--se de boa gestão, capacitação, tecno-logia, conhecimento, parcerias e uma grande dose de criatividade para ven-cer os obstáculos e a concorrência”, ressalta o gerente do Sebrae RJ, Ivan Constant Filho.

DETALHES PARA AMPLIAR OPORTUNIDADES

A gerente do Sebrae CE, Fabiana Gizelle Moreira da Costa, aponta características do associativismo italiano: > Adequar às abordagens respeitando as

características locais e culturais;> Especializar e verticalizar a produção;> Focar o desenvolvimento territorial de

forma econômica;> A sustentabilidade demandando

inovação;> A inovação como fator crítico de

sucesso dos negócios.

DISTRETTO DI LUMEZZANEO distrito produtivo de Lumezza-

ne concentra um alto número de em-presas especializadas no tratamento de metais não ferrosos, como tornei-ras e válvulas, além de representar um caso de sucesso na resistência à con-corrência chinesa. ”As inovações ita-lianas que mais chamaram a atenção durante as visitas foram de design de produto. A marca ‘Made in Italy’ está

presente no caso das empresas Bu-gatti e Landa, ambas do mesmo grupo. A diversificação de produtos e a quali-dade apresentada demonstrou a capa-cidade das empresas em atuar tanto no mercado italiano como no mercado externo com foco em inovação, produ-tividade e qualidade”, esclarece o ges-tor do Sebrae AM, Marcus Antônio de Souza Lima.

O desenvolvimento do distrito teve especial impulso a partir de 1950 em função da competência técnica, da notoriedade e da demanda na área da construção civil, além do estímu-lo de três empresas líderes que pas-saram a requisitar produtos acabados de empresas menores ou a incitar fun-cionários à condição de subfornece-dores. ”O encadeamento produtivo nasceu naturalmente com a finalida-de de descentralizar algumas fases da produção, configurando-se como um fator espontâneo do território advindo do aumento da demanda de produtos. Posteriormente, essa prática evoluiu para um sistema em que as grandes indústrias avalizavam a compra de no-vos equipamentos realizados no âmbi-to das pequenas empresas”, explica o gerente do Sebrae AM, Carlos Hender-son Tavares Cardoso.

As 600 empresas localizadas dão ênfase à inovação tecnológica, à di-versificação e à força próprias de um setor produtivo integrado e flexível. A postura permitiu incrementar em, aproximadamente, 16% o valor das ex-portações entre 2010 e 2011, apesar da enorme concorrência e do forte cresci-mento do preço das matérias-primas. ”Os relatos dos empresários contam a história de sacrifício e inovação para manter-se no mercado, sendo obriga-dos a diversificar, usar e desenvolver competências capazes de mantê-los

competitivos”, comenta o gestor do Sebrae SC, Enio Alberto Parmeggiani.

DETALHES PARA AMPLIAR OPORTUNIDADES

O gerente do Sebrae PR, Luiz Carlos da Silva, destaca aspectos relevantes do distrito: > Histórico cultural;> Especialização produtiva nos produtos

e nos insumos;> Mão de obra especializada e rede de

fornecedores;> Importante papel das lideranças

empresariais;> Existência de agência de

desenvolvimento.

KILOMETRO ROSSOO Parque Científico Tecnológico é

dedicado aos serviços de promoção, desenvolvimento e apoio à inovação para pequenas, médias e grandes em-presas. O espaço congrega laboratórios e centros de pesquisa e desenvolvi-mento e empresas de alta tecnologia e serviços avançados. ”O Parque conta com 42 empresas e com 1500 pesso-as empregadas. Consegue-se perce-ber, pela apresentação do diretor de Marketing, que há uma rede de ino-vação, não somente pelos encontros naturais pelo fato de estarem em um mesmo ambiente, mas, principalmen-te, pelos eventos, encontros e rodadas de inovação provocadas pela organi-zação”, destaca o gestor do Sebrae SC, Roberto Tavares Albuquerque.

Outras atividades desenvolvidas no Parque são a criação de novas em-presas de alta intensidade de conheci-mento e spin-off da pesquisa, a gestão

Programa

experiências de hoje inovações de amanhã | 19

dos serviços tecnológicos e logísticos e a promoção de conexões com uni-versidades, instituições científicas, tecnológicas, financeiras nacionais e internacionais e com parceiros públi-cos e privados. ”Verificou-se que, na Itália, as empresas são bastante en-xutas em relação ao número de fun-cionários. O Kilometro Rosso é um empreendimento conduzido por ape-nas oito funcionários. Há uma for-te tendência de que as empresas devam ser cada vez menos onerosas e mais produtivas”, reforça o gerente do Sebrae MA, Danilo Lisboa Borges.

Tem, ainda, destaque na iniciativa, o desenvolvimento de acordos de parce-ria para apoio à inovação, à valorização e à transferência tecnológica dos re-sultados da pesquisa e das atividades de formação avançada e especializa-da. ”Observou-se uma forma bastante distinta de trabalhar, que fomenta lar-gamente a interação entre as empre-sas instaladas e seus colaboradores. Diversidade é valor. Eles a chamam de cross-contamination, que é o relacio-namento entre empresas de diferen-tes setores de atuação”, esclarece a gestora do Sebrae RS, Viviane Ferran.

DETALHES DE ATUAÇÃO

O gerente do Sebrae SC, Roberto Tavares Albuquerque, apontou características do conglomerado multissetorial: > O Parque é privado e foi fundado há

mais de dez anos;> Possui apenas oito funcionários; > Foi idealizado pela empresa Brembo,

que fabrica freios para grandes montadoras, inclusive a Ferrari;

> É setorizado em clusters de

inovação: biomedicina e saúde, construção civil, energia, mecânica e mecatrônica, automotivo, engenharia e prototipagem e tecnologia da

informação.

POLO TECNOLOGICO DELLA COSMESIO núcleo de desenvolvimento do

setor de cosméticos reúne mais de cem empresas em diferentes está-gios de maturidade, pequenas, mé-dias e grandes. O polo conta com cerca de três mil colaboradores e as empre-sas possuem de 13 a 300 funcionários. Anualmente, o faturamento é de cerca de 700 milhões de euros. ”O grande di-ferencial das três empresas visitadas é que são independentes, mas se in-tercomplementam, potencializando a produção de excelência com referên-cia mundial. O desenvolvimento local, o encadeamento de produção de cos-mética e a especialização atuam como diferenciais competitivos com for-te impacto no mercado internacional”, esclarece a gerente do Sebrae CE, Fa-biana Gizelle Moreira da Costa.

Um das características das empre-sas que integram o polo é que muitas nasceram como negócios familiares que, com o passar do tempo, aceita-ram investimentos externos. ”A visi-ta foi uma fonte de inspiração, pois se pode perceber a forte presença do em-preendedorismo. O Polo se iniciou com empresas que se deslocaram de Mi-lão pela pressão sindical e em busca de terrenos de menor valor. Hoje é um dos clusters mais organizados, produz toda a linha de produtos cosméticos e embalagens e atende as maiores em-presas com marca internacional”, co-menta a gestora do Sebrae RS, Liane Klein.

Outra característica do núcleo é a encubação constante e profissio-nal de negócios. ”O incentivo às novas startups é feito de forma muito profis-sional, dando todo o suporte para cria-ção das empresas. A inovação foi outro conhecimento que ficou evidente e po-demos observá-lo em todas as visitas realizadas. Tivemos a oportunidade de visitar uma empresa de embalagens que já patenteou mais de 50 novos produtos”, destaca o gestor do Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.

DETALHES DE ATUAÇÃO

A gestora do Sebrae CE, Fabiana Gizelle Moreira da Costa, comenta características do polo de cosméticos:> O encadeamento produtivo e a

inovação acontecem pela organização, que permite oferecer a entrega completa de um produto a partir do zero;

> A inovação com o desenvolvimento intensivo de marcas e produtos é o que integra e mantém o arranjo de empresas;

> Existe um empreendedorismo latente na concepção das empresas, fomentado desde a grande empresa até as novas que surgem com o

diferencial da especialização.

AGRICOLTORI RIUNITI PIACENTINI (ARP)A cooperativa, criada em 1958, tem

como intuito trabalhar com os pro-dutores de tomate da região e au-mentar o valor agregado a partir da produção cooperada e da industriali-zação. A ARP processa 250 mil tonela-das, que são vendidas para 28 países.

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”Todo o trabalho é feito em 70 dias por ano. No restante do período, a indús-tria entra em manutenção e passa por processo de inovação para que, no mo-mento da produção, tudo possa ocor-rer da melhor forma possível”, explica o gestor do Sebrae MT, Sandro Rossi de Carvalho.

Alguns destaques são a certificação de todo o processo de produção para o mercado internacional e a vanguarda em soluções de rastreabilidade. A ARP está presente nos três mercados de re-ferência, o varejo, o food service e o in-dustrial. Produz o concentrado, a pasta e a polpa de tomate, tomates em cubos, feijões e ervilhas. ”Existem ações de-senvolvidas com foco na sustentabi-lidade ambiental, como o processo de reutilização da água, a comercialização dos resíduos dos tomates e a utilização da energia solar”, comenta a gerente do Sebrae PE, Jussara Siqueira Leite.

A profissionalização é um dos prin-cipais valores da iniciativa que conta com um modelo de negócio focado na especialização da gestão, da inovação e da sustentabilidade. ”Embora a fábrica seja da cooperativa ARP, nenhum coo-perado trabalha na gestão da fábrica. Essa atividade é profissional e realizada por uma pessoa contratada no merca-do por sua experiência”, explica o geren-te do Sebrae AP, Richard Batista Maia.

DETALHES DE PRODUÇÃO

O gestor do Sebrae AP, Richard Batista Maia, aponta detalhes da atuação da ARP:> Existe a gestão profissional da

cooperativa;> Há o planejamento da produção, que

não apresenta erros;

> Existe a garantia 360 graus e a produção é completamente rastreada e certificada;

> Acontece o reaproveitamento de 100% da água utilizada no processo produtivo;

> Existem parcerias para P&D, a utilização de energia solar, o aproveitamento do resíduo e 80% dos lucros são reinvestidos na cooperativa.

MOLTENI & C E.O grupo, fundado em 1934, con-

ta com quatro marcas e 800 colabo-radores responsáveis pela fabricação de móveis residenciais, empresariais e especiais para teatros, navios e outros. Toda a produção é feita na Itália para garantir a qualidade. ”Eu fiquei bas-tante impressionado com as inovações de produto e a associação com gran-des nomes da moda, como Armani. A estratégia abre uma nova perspectiva de mercado, a do móvel de escritório de alto luxo. Há, ainda, a forte inserção de design diferenciado com a utilização de outros materiais e a inovação de pro-cesso, estimulando novas tecnolo-gias produtivas”, comenta o gestor do Sebrae RJ, Ricardo Wargas de Faria.

A marca se consolidou como alto padrão de qualidade, pois desenvol-ve soluções inovadoras atreladas à praticidade e ao design. As empre-sas destinam 60% da produção para o mercado externo e especializado. ”Ao longo dos anos, com as mudan-ças tecnológicas e ambientais, o gru-po vem buscando utilizar a pesquisa aplicada para o desenvolvimento de novos e modernos componentes e materiais, como cimento, metal, alu-mínio, entre outros”, explica a gestora do Sebrae PE, Jussara Siqueira Leite.

Tendo como desafios a alta com-petição e a necessidade de velocidade nos lançamentos, o grupo fatura mais de 242 milhões de euros ao ano. ”Há a colaboração intensa com designers e a reformulação das linhas de produ-tos em função do cliente estrangeiro. A partir de 2000, as marcas assumi-ram a distribuição por meio de lojas próprias e franquias. O grupo utili-za múltiplas tecnologias, só adquire árvores certificadas e tem todas as certificações”, afirma a gestora do Se-brae AP, Lindeti Góes Ferreira.

DETALHES DE PRODUÇÃO

A gerente do Sebrae AP, Lindeti Góes Ferreira, destaca os diferenciais de sucesso do grupo:> Cobre um conjunto das demandas

para casa, cozinha, escritório, etc.;> Tem a colaboração intensa com

designers;> Reformula linhas de produtos em

função do cliente estrangeiro;> Assume a distribuição por meio de

lojas próprias e franquias;> Realiza lançamentos anuais; > Utiliza múltiplas tecnologias;> Só adquire árvores certificadas;

> Tem todas as certificações.

CONHECIMENTO EM FORMATO ENTREVISTADurante as visitas técnicas, a gesto-

ra do Sebrae NA, Etel Tomas, fez uma entrevista exclusiva com uma das em-

presas que integram o Distretto Di Lumez-zane. Acesse o vídeo fazendo a leitura do qr-code.

Programa

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O PROGRAMA, A VIAGEM E VOCÊAs mudanças de olhares profissionais e pessoais vivenciadas

As transformações geradas pelo Programa Internacional para Desenvolvimento de Lide-

ranças vão muito além dos conheci-mentos adquiridos nas atividades de EaD, nas aulas presenciais e na via-gem à Itália. Cada nova informação, vivência e experiência vista e inter-cambiada teve papel fundamental na mudança de olhar dos gestores so-bre sua atuação, sobre o papel do Se-brae e, ainda, sobre as atividades que podem ser inseridas ou incrementa-das para gerar novas oportunidades para os pequenos negócios. Acompa-nhe as reflexões, os aprendizados, os

sentimentos, as sensações e as pro-postas dos gestores para a constru-ção de um novo Brasil.

CAMINHO GRADUAL”As experiências italianas me fi-

zeram refletir bastante sobre o sta-tus de várias iniciativas nacionais e os desafios que temos para ampliar seu sucesso e sustentabilidade. O ní-vel de amadurecimento italiano ain-da é inalcançável para o Brasil, mas creio que estamos percorrendo um bom caminho, lento e gradual. A velo-cidade dos nossos processos organi-zativos e de inovação pode e deve ser

melhorada e acelerada em um con-texto global de competitividade e não apenas no nosso contexto local”, An-dré Silva Spínola, Sebrae NA.

EMPREENDER PARA CONCRETIZAR”O Programa permitiu uma análise

mais profunda a respeito do empre-endedorismo e mostrou que o em-preendedor deve buscar alternativas para a concretização do seu proje-to. Pude perceber a importância so-cioeconômica da inovação, nas óticas macro e micro, como motor do de-senvolvimento do país e da inserção da empresa no mercado atual de hi-percompetição global. Percebi que a sustentabilidade é um grande desa-fio para o Sistema Sebrae, pois pre-cisamos trazer para o cotidiano dos pequenos negócios as práticas de gestão e as conquistas de mercados e consumidores por meio de ações, ser-viços e produtos sustentáveis. Consi-dero que as ações sociais, ambientais e econômicas formam o tripé da sus-tentabilidade”, Arestides Bezerra Mi-nervino, Sebrae AL.

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NOVAS DINÂMICAS ”Esse Programa representou um

novo tempo vivido, talvez o futuro que queremos para os pequenos negócios, mesmo considerando algumas diferen-ças socioculturais. Ficou um forte de-sejo de contribuir mais e mais para o desenvolvimento de nossos negócios e territórios, proporcionando uma nova dinâmica no mercado, seja por meio de políticas públicas, de um forte processo de inovação ou de linhas de crédito es-pecíficas para segmentos e setores. As experiências vivenciadas também me proporcionaram alguns questionamen-tos voltados para a adequação de abor-dagens, respeitando as características locais e culturais, a avaliação do foco do desenvolvimento territorial e a susten-tabilidade demandando a inovação, que é um fator crítico de sucesso”, Eduardo Jesus Alcântara Filho, Sebrae GO.

FAZER ACONTECER”A educação faz parte da nossa mis-

são e, preparar seus líderes, faz par-te da estratégia de gestão de pessoas para desenvolver as competências ne-cessárias para atender milhões de pe-quenos negócios espalhados por todo o

Brasil. Participar do Programa foi uma oportunidade única de aprendizagem, reflexão em conjunto com o grupo de elite dos que ”fazem acontecer” e, aci-ma de tudo, vivências proporcionadas pelas visitas técnicas. Voltei com a mala cheia de ideias e com o compromisso de poder repassá-las com a sensibilidade necessária e empolgar as unidades do Sebrae AC para fazer chegá-las à pon-ta: os executores de projetos”, Elizabeth Amélia Monteiro, Sebrae AC.

JUNTOS PELO COMUM”A viagem foi uma experiência mui-

to interessante em vários aspectos: nas reflexões sobre o que estávamos fazen-do e sobre como melhorar, ao verificar que as realidades das diversas regiões brasileiras são complexas e desafiado-ras e ao trocar experiências com outros colaboradores do Sebrae, o que foi es-sencial para que pudéssemos identifi-car quais as melhorias que temos que fazer no dia a dia. Esta viagem me pro-porcionou, como pessoa, um aprofun-damento nas reflexões sobre o que está ao meu alcance fazer para ajudar a me-lhorar as condições de desenvolvimento no local em que vivo e nas mudanças de

comportamento e cultura que afetam o meu entorno. Como gestora, buscarei compartilhar a experiência como uma forma de sensibilizar as pessoas próxi-mas de que as dificuldades e as opor-tunidades estão postas, mas o que são e como fazer norteiam o futuro, princi-palmente, respeitando as diferenças e agindo juntos pelo bem comum”, Flávia Rosa Santos Silva, Sebrae MS.

AMOR PELO TERRITÓRIO”Uma das experiências marcantes

foi compreender que o amor pelo ter-ritório é ingrediente indispensável para o desenvolvimento de uma região. Im-pressionante como os colaboradores, a sociedade e as instituições valorizam as empresas da localidade. Um fato que me deixa curioso, pois mesmo den-tro de um parque tecnológico, no qual o segredo faz grande diferença, a princi-pal prática visualizada é o trabalho em redes, tendo como resultado o traba-lho multissetorial, ou seja, a relação en-tre as empresas de distintas áreas do conhecimento”, José Carlos de Arruda Bessa, Sebrae TO.

MUITAS VISÕES E PESSOAS”Cada viagem aprimora nosso olhar.

Foi particularmente importante revisitar o modo de se trabalhar em aglomera-dos produtivos, clusters, redes e reforçar a importância da nossa atuação no en-cadeamento produtivo. O programa me permitiu aprimorar vários conhecimen-tos, mas, principalmente, ter a sensibi-lidade de que o Sebrae se faz de muitas visões e de pessoas diferentes que, jun-tas, podem implementar muitas mu-danças. Não tem quem sabe mais e, sim, quem pode somar e construir com a sua pouca experiência um trabalho sempre mais aperfeiçoado”, Kelly Cristina Vala-dares de Pinho Sanches, Sebrae NA.

Programa

experiências de hoje inovações de amanhã | 23

CHEGAREMOS LÁ”Levei minha experiência de gestora

de projetos e de funcionária do Sebrae há 20 anos e buscava conhecer outras realidades que pudessem agregar no dia a dia junto às empresas. Foi possível ver que, na Itália, as empresas se unem para trabalhar em parceria com obje-tivos bem focados, intenção comercial de atingir alvos econômicos, buscando inovar e se proteger do mercado exter-no. No Brasil, as empresas possuem um diferencial que é contar com o Sebrae para apoiá-las. Apesar de várias ações da União Europeia, percebe-se que não existe um órgão que oportunize os ser-viços que são oferecidos pelo Sebrae. Foi importante ver a realidade na Itália e perceber que são dois mundos diferen-tes em momentos históricos diferen-tes. Acredito que o Brasil tem tudo para ser uma potência. Precisamos aparar arestas, melhorar a produtividade, in-centivar a inovação e, assim, chegare-mos lá”, Liane Klein, Sebrae RS.

ALARGAR O OLHAR”Conhecer outra experiência cultural,

econômica e histórica, principalmente relativa ao ‘velho mundo’ com suas pe-culiaridades seculares sob o prisma do cabedal teórico conhecido nas etapas anteriores do curso, constituiu-se em uma excelente oportunidade para alar-gar o olhar e as lentes com as quais en-xergamos a realidade. Não se trata de hierarquizar as realidades em escalas superiores ou inferiores, mas utilizar os exemplos como contrapontos capa-zes de fornecer uma interpretação mais qualificada da realidade. Nós, técnicos do Sebrae, precisamos refletir sobre o contexto das micro e pequenas em-presas a partir de conceitos profundos que nos afastem de visões preconcei-tuosas ou reducionistas da realidade.

Neste aspecto, esta capacitação em muito acrescentou”, Lorena Roosevelt de Lima Alves, Sebrae RN.

IDENTIFICAR VOCAÇÕES”O curso confirmou que estamos

atuando na direção certa, na qual a ino-vação, a sustentabilidade e o desen-volvimento territorial são os grandes pilares para o crescimento e o fortaleci-mento dos pequenos negócios no Brasil. A identificação da vocação e do poten-cial regional é importante para que os pequenos negócios tenham competiti-vidade em um mercado cada dia mais globalizado, foi o que ficou claro durante as visitas às empresas. Destaco a opor-tunidade de conhecer in loco outras ex-periências empreendedoras de um país que é umas das referências em produtos com alta qualidade, muita inovação e de-sign italiano traduzido pela marca Made in Italy. As principais mudanças foram no sentido de complementar os conhe-cimentos adquiridos ao longo dos anos trabalhando no Sebrae, trazendo mais experiência para atuar como gestor jun-to com os pequenos negócios no Ama-zonas”, Marcus Antônio de Souza Lima, Sebrae AM.

CUSTOMIZAÇÕES NACIONAIS”Conhecer a realidade do desenvolvi-

mento dos negócios de pequeno porte e o contexto do desenvolvimento ter-ritorial italiano é sempre rico. Muitos dos conhecimentos vistos no Progra-ma serão possíveis de fazer as devidas customizações e poderão ser imple-mentados na realidade brasileira, desde que seja considerada a peculiaridade de cada ambiente, sua cultura e seus valo-res. Temos muitos desafios pela frente e daí a importância de fazermos a mul-tiplicação das informações e fortale-cermos, ainda mais, o papel do Sebrae

como estrategista no desenvolvimento dos pequenos negócios. Fator impor-tante é a integração do mundo aca-dêmico com o mundo das empresas, pois esse é um dos motores da inova-ção e do desenvolvimento. Como o Bra-sil é um país jovem, muitas coisas estão sendo antecipadas, porém ainda esta-mos em processo de organização, pre-parando, formando e incentivando para a criatividade, abrindo novos centros de pesquisas e buscando aproximar e inte-grar o mundo acadêmico com o mundo dos negócios para alavancar a tecno-logia, a inovação e a competitividade global”, Maria de Fátima dos Santos, Sebrae AL.

VISÃO SISTÊMICA”O Programa nos apresentou um

conteúdo programático maravilhoso e em consonância com o planejamen-to estratégico do Sebrae e suas priori-dades de atuação. Mesmo não sendo temas inéditos, os ensinamentos agre-garam ricas informações e orientações. A viagem nos proporcionou validar o conhecimento e ter a certeza de que o Sebrae está no caminho correto, esta-belecendo linhas de atuação em ino-vação, desenvolvimento territorial, encadeamento produtivo e melhoria do ambiente de negócios. A consequ-ência direta desse curso é a inserção da inovação em todos os projetos da Uni-dade de Desenvolvimento Territorial. A inovação será disseminada aos pe-quenos negócios do interior do estado do Amazonas como uma forma de cau-sar diferencial e agregação de valor. O programa me ofereceu uma visão sis-têmica da economia regional e da for-ma como os pequenos negócios podem se relacionar e se apropriar das oportu-nidades existentes”, Maria do Socorro Corrêa da Silva, Sebrae AM.

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LEQUE DE CONHECIMENTOS”Fiquei feliz pela experiência de

ter contato com uma nova cultura e um novo olhar sobre meu trabalho e em como desenvolvê-lo, tomando por base o leque de conhecimentos dis-ponibilizados para melhor atender às micro e pequenas empresas, razão de existência do Sebrae. Ficaram claros os conceitos trabalhados durante todo o curso e que, para o desenvolvimen-to econômico através do desenvolvi-mento empresarial, são pressupostos não dissociáveis, a inovação, a susten-tabilidade, o conhecimento e o em-preendedorismo”, Maria do Socorro Gomes Figueiredo, Sebrae AC.

AÇÕES IMEDIATAS”Conhecer as experiências, refle-

tir e trocar opiniões com os colegas, além do embasamento teórico e dos conhecimentos dos professores, pro-porcionaram uma maior internaliza-ção dos aprendizados que hoje estão muito fortes na realização das mi-nhas ações no Sebrae. As experi-ências e os aprendizados foram tão impactantes que, na volta, tive von-tade imediata de compartilhar com a equipe, colegas e familiares as his-tórias e as vivências da viagem. Além disso, quase imediatamente, agendei reunião com o MEC com o objetivo de tentar iniciar alguma ação diferente”, Mirela Luiza Malvestiti, Sebrae NA.

NOVO MARCO REFERENCIAL”Essa experiência me fez ratificar

alguns conhecimentos, como a ne-cessidade de estabelecer metodologia para qualquer ação. O Programa refor-çou que tenho que conhecer cada vez mais a realidade do meu contexto de atuação profissional e a realidade dos pequenos negócios para conseguir

liderar pessoas em prol do desenvol-vimento de soluções com um maior grau de aplicabilidade”, Nádia Jaciara de Aguiar Castro, Sebrae RR.

SEMPRE EXISTEM OPORTUNIDADES”Essa experiência me oportunizou

uma grande reflexão, pois tenho a res-ponsabilidade de partilhar o aprendi-zado e a experiência com colegas de trabalho e na atuação junto aos mu-nicípios, tanto lideranças locais quanto empreendedores. Embora tenha fica-do maravilhada com alguns aspectos, considero a nossa realidade existente, pois na Itália há uma história de dificul-dade e superação. Temos dificuldades, mas temos muitas conquistas quan-to ao tratamento diferenciado e favo-recido aos pequenos negócios através da desburocratização, do uso do po-der de compras, do Microempreende-dor Individual, do acesso ao crédito e da simplificação de processos, além da educação empreendedora, da inovação e da redução da carga tributária atra-vés do Simples Nacional. O aprendi-zado me fez refletir que, no meio das dificuldades, existem as oportunidades e que não tenho que ver o tamanho dos problemas e, sim, a chance para promover a diferença com um olhar e atitudes empreendedoras”, Nuberlânia Ribeiro Batista, Sebrae RR.

ONDE PODEMOS CHEGAR”O envolvimento do grupo de geren-

tes que participaram desse Programa é muito importante para a continuidade da implementação do aprendizado no Sistema Sebrae. O curso permitiu aos participantes um contato com outra re-alidade, a realidade do que acontece no primeiro mundo, como pensam e como enfrentam seus problemas econômicos,

sociais e ambientais mesmo com a constante internalização de tecnologias. O pequeno conhecimento adquirido per-mitirá ter um olhar diferente sobre as coisas que costumo ver aqui no Brasil. Agora vejo onde podemos chegar porque sei que pessoas em outro lugar do pla-neta já estão lá”, Richard Batista Maia, Sebrae AP.

SEM MODELOS“Procurei estabelecer um compara-

tivo de olhares e conhecimentos en-tre Brasil e Itália. Esse olhar foi meu companheiro durante todo o perío-do e uma das coisas que me permi-tiu entender, foi que o caminho para o desenvolvimento não é replicar no Brasil o que se faz na Itália, mas, sim que para o desenvolvimento é preciso trilhar seu próprio caminho, sem se-guir o modelo italiano. Não há mode-lo. Há práticas que foram forjadas pela cultura e por todo o contexto social e econômico daquele país, nas quais podemos nos inspirar, mas sempre levando em consideração a nossa re-alidade, o nosso contexto, os nossos valores e crenças”, Elaine Maria de Moura Souza, Sebrae GO.

EXPERIMENTAÇÃO DIFERENCIADA”Conhecer uma nova realidade,

uma nova cultura e uma nova dinâ-mica são elementos cruciais para vis-lumbrar a aplicabilidade dos métodos e das ferramentas que adotamos no cotidiano. É extremamente necessá-rio que haja a experimentação de re-alidades distintas das que estamos habituados para possibilitar que en-xerguemos novas práticas para aten-dimento das demandas, mesmo que essas sejam convencionais, nas quais se ofertam novas entregas para a continuação do processo evolutivo

Programa

experiências de hoje inovações de amanhã | 25

em busca da excelência, momenta-neamente, plena”, Rogério Cerqueira Teixeira, Sebrae BA.

INJEÇÃO DE CONHECIMENTO”O curso é perfeito ao conciliar te-

oria e vivência. Distribuído em etapas à distância e presencial, o Programa nos instiga a pensar diferente, agu-çar a criatividade e, ao mesmo tem-po, fortalecer nosso senso analítico. Acredito que os profissionais de uma instituição de vanguarda como o Sebrae ganharam um diferencial com essa injeção de conhecimento, vivên-cias e abstração da rotina. Retorno re-novada, trazendo, em minha bagagem, ideias, conceitos, reflexões e aprendiza-dos internalizados pela experiência vi-vida e que será aplicada na carteira de Desenvolvimento Econômico Territorial (DET) e nas políticas públicas, áreas que gerencio no Mato Grosso do Sul”, San-dra Amarilha, Sebrae MS.

INOVAÇÃO COMO PORTA”Uma experiência como o Programa

eleva o nível profissional e também o comprometimento com o desenvol-vimento do país através das micro e pequenas empresas. É importan-te transmitirmos essa confiança aos empreendedores e empresários que atendemos, tornando-os mais cien-tes do seu papel perante a sociedade brasileira. Temos que ampliar nossa visão gerando perspectivas de um fu-turo melhor, fortalecendo as redes e construindo uma cultura voltada para o coletivo, assim como é feito na Itália. O curso e a viagem reforçaram minha percepção de que estamos no cami-nho certo. Precisamos estimular cada vez mais os empresários a investirem em inovação, pois esta é a porta para elevar o nível de competitividade que

se exige em mercados globalizados”, Sergio Augusto Monturil de Carvalho, Sebrae GO.

ESTÍMULO PARA MUDANÇAS”A oportunidade proporcionada agre-

gou muito conhecimento. Sinto-me mais preparada, estimulada e com mais responsabilidade para contribuir na pro-moção de mudanças no papel de ges-tora de uma empresa tão conceituada, com tanta credibilidade e que tem como foco o desenvolvimento dos pequenos negócios, como é o Sebrae. Como pes-soa e como gestora foi um momento de autorreflexão, autocrítica, rever concei-tos, autodesenvolvimento e reafirmar a necessidade de buscar melhorias contí-nuas. Sinto-me orgulhosa e privilegia-da em fazer parte desta instituição que busca, continuamente, a preparação de seus profissionais apostando no poten-cial que cada um tem para contribuir fa-zendo a diferença na ponta”, Soraya Neves de Menezes, Sebrae AC.

PRODUTIVIDADE COMO TÔNICA”O Programa foi uma oportunida-

de de networking, capacitação e ben-chmarking de algumas práticas de

gestão. Ficou muito claro que estamos longe, mas muito longe de ser um país com empresas produtivas. Em todas as falas, visitas e percepções, a palavra produtividade foi muito evocada. Pre-tendo fazer um planejamento de ações que privilegiem a produtividade como tônica das ações. A ampliação do co-nhecimento da história europeia, seus feitos e sua cultura, com certeza me fi-zeram uma profissional mais prepara-da e com mais vivência”, Vera Helena Lopes, Sebrae MG.

PROTAGONISMO EMPRESARIAL”Como considerações finais ficaram

reflexões sobre o modelo de atuação do Sebrae nos territórios, pois a estratégia não deve substituir o empreendedoris-mo e o protagonismo empresarial. Ou-tro ponto é avançar no encadeamento produtivo entre as pequenas e médias empresas de setores estratégicos para o País”, Luis Carlos Silva, Sebrae PR.

CRIATIVIDADE PARA EMPREENDERFaça a leitura do qrcode para ver o vídeo especialmente preparado pelo gestor Carlos Raimundo dos Santos, do Sebrae MT sobre a importância da criatividade no empreendedorismo e como o tema tem especial tratamento na Itália.

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

INSPIRAÇÕES PARA CRIAR NOVAS OPORTUNIDADESObter mais informações, comparar estratégias brasileiras e italianas, ressaltar percepções do que é novo e do que precisa de mudança, viver experiências que extrapolam o universo cotidiano e usar os registros adquiridos como pontos de referência para a atuação do Sebrae. Ao longo do Programa, os gestores consolidaram novas inspirações para a construção de outros pontos de ruptura e aprimoramento dos pequenos negócios brasileiros.

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experiências de hoje inovações de amanhã | 27

CONHECIMENTOS QUE EXTRAPOLAM MUROS

Visões, conceitos e reflexões de novas oportunidades para os pequenos negócios

A geração de valor continuado é uma das soluções para elevar os empreendimentos brasileiros a

outros patamares de inovação, compe-titividade, comprometimento territorial e amplitude de atuação. A participação no Programa permitiu que os gestores desenvolvessem novas ponderações sobre o universo dos pequenos negó-cios que podem ser a chave para ul-trapassar o atual cenário econômico nacional e criar outros pontos de tran-sição e mudanças.

”O Programa ampliou meu repertório de análise e intervenção na realidade, além de gerar importantes referenciais que me estimulam aos projetos de país e desenvolvimento que acredito e que pretendo, no meu microcosmo, ajudar a construir. É um projeto no qual a in-clusão ocorre pela via do trabalho, da valorização das identidades, da educa-ção e da inovação como molas para a produtividade. O Brasil precisa de vá-rios olhares e vários paradigmas para abranger a diversidade e a dimensão do País”, comenta a gerente do Sebrae RN, Lorena Roosevelt de Lima Alves.

INOVAR PARA COMPETIREmpreender a partir de uma mirada

criativa e da diferenciação são desafios postos aos empresários brasileiros. É preciso superar os entraves do próprio contexto para vislumbrar novos cenários em produtos e serviços. ”Ficou marcante a questão do empreendedorismo com foco na inovação, gerado, principalmen-te, pela especialização produtiva que, por sua vez, gera qualidade e valor para o mercado. O empreendedorismo inovador é a base do encadeamento produtivo, da sustentabilidade e do desenvolvimento territorial”, explica o gestor do Sebrae SP, Fábio Ravazi Gerlach.

Inovar para competir não significa apenas extrapolar atitudes rotineiras, mas inserir uma nova crença empresa-rial baseada em ciclos de diferenciação. ”Em algumas empresas italianas, a cul-tura tem atributo de valor e está im-pregnada em seus produtos. Eles têm obsessão com a inovação, estão inter-nacionalizando devido à necessidade de conquistar novos mercados e investem e retém o capital intelectual. A espe-cialização produtiva, a interiorização da produção e a combinação de qualidade e preço são fatores que os diferenciam no mercado global”, destaca a gerente do Sebrae MS, Vanessa Gouveia Leite.

O conjunto cíclico de talentos que le-vam uma empresa a inovar está, tam-bém, impregnado de aspectos culturais que encontram eco nas práticas adota-das pelos empresários. ”A Itália, com sua

história milenar, usa como diferencial competitivo os investimentos em ino-vação e tecnologia aliados à qualidade, à tradição e ao design. O Brasil, mesmo com sua pouca idade, dimensão ter-ritorial continental e claras diferenças regionais, consegue ter, no empreende-dorismo e na criatividade de seu povo, as condições de se tornar uma econo-mia sólida e pujante”, reforça o gestor do Sebrae RN, Célio José Vieira de Moura.

Ao inovar, os empresários europeus e brasileiros não estão apenas perpetuan-do a existência dos negócios, mas garan-tindo a paridade na concorrência. ”Em minha bagagem, veio o reforço de que a inovação constante, aliada à velocidade nas mudanças e à flexibilidade, é o que-sito fundamental para a consolidação da competitividade no mundo corporativo como um todo”, comenta o gerente do Sebrae PR, José Ricardo Castelo Campos.

Enganam-se aqueles que pensam que a competitividade trazida pela inovação está somente agregada à inserção de tecnologias e modernida-des. ”A inovação esteve presente em todos os locais, mas chamou minha atenção quando visitamos o Consór-cio Parmigiano Reggiano e vimos que todo o processo produtivo do queijo é auxiliado por máquinas e equipamen-tos de última geração conciliados com a preservação da secular técnica de fa-bricação, fiel à utilizada no século XII”, explica a gestora do Sebrae GO, Eliane Maria de Moura Souza.

28 | experiências de hoje inovações de amanhã

especificidades locais e atitudes foca-lizadas. ”Meu maior aprendizado foi o de que cada território demanda um modelo próprio de desenvolvimento, único e no qual é fundamental a com-binação de vários fatores internos e externos ao ambiente, como vocação, capitais humano e social, infraestru-tura, cultura local e, acima de tudo, os atores locais”, ressalta a gestora do Sebrae AC, Elizabeth Amélia Monteiro.

O senso de comunidade insere no-vos valores nos pequenos negócios, especialmente porque consolida a so-brevivência de milhares de pessoas. ”Os aprendizados mais importantes foram relacionados à geração da competitivi-dade e à importância do pertencimen-to ao território e do orgulho da tradição

´Made in Italy ,́ além da complexidade da competição dentro da União Europeia e da distância entre a realidade das em-presas italianas e brasileiras”, pondera o gestor do Sebrae SP, Carlos Alberto de Freitas.

O sentimento de pertencimento dos italianos ganha outros contornos quan-do se depara com o desafio da compe-tição global. ”Há uma busca constante pela diferenciação no mercado, procu-rando sempre aumentar a competitivi-dade empresarial. Todos os setores e as empresas demonstram a preocupação com a concorrência internacional e agem para que possam estar à frente. Nessa busca, destacam-se investimentos re-alizados em modernização e na quali-dade, não apenas do produtor, mas de toda a cadeia de fornecedores”, explica o gerente do Sebrae PR, César Reinaldo Rissete.

Mesmo com o objetivo de promover negócios para um país, reforçar o sen-so de pertencimento passa por olhar cada universo de forma diferenciada. ”O desenvolvimento territorial deve ser trabalhado de forma diferente até den-tro do mesmo país devido às diferenças culturais, demográficas, climáticas, etc.”, reforça o gestor do Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.

COLABORAR PARA CRESCERO intrincado processo de desenvol-

vimento dos pequenos negócios passa pela construção de alianças estratégicas de sustentação, especialmente por sua importância no tecido econômico dos territórios. ”A valorização da cultura as-sociativista forjada com base empreen-dedora tem participação na construção da competitividade das empresas e dos territórios, especialmente os de espe-cialização produtiva. Os conhecimentos do saber fazer permitem aos territórios

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

Além dos processos de inovação, há outros eixos na busca por novas opor-tunidades. ”Acredito que o segredo do sucesso dos pequenos negócios na Itália seja o conhecimento, a inovação, a cria-tividade e uma dose certa de ousadia. Para nós, especialistas no assunto, o grande desafio é conhecer as neces-sidades dos nossos clientes e ofertar produtos e serviços que os tornem mais inovadores, sustentáveis e competitivos, além de fazer com que eles acreditem que podem ir sempre mais além”, escla-rece a gerente do Sebrae TO, Flávia Ro-berta Pacheco Donato Bossonaro.

PERTENCER PARA SERA globalização quebrou as frontei-

ras dos negócios, porém reforçou as

O senso de comunidade insere novos

valores nos pequenos negócios

experiências de hoje inovações de amanhã | 29

e às micro e pequenas empresas, mes-mo diante de cenários adversos da economia mundial, a presença e o forta-lecimento diante de mercados competi-tivos”, explica o gestor do Sebrae SC, Enio Alberto Parmeggiani.

Somar os diversos atores implica em olhar para um escopo mais amplo e que envolve instituições estruturantes do país. ”Na Itália, a proximidade entre a es-cola e os empresários é muito forte, o que permite uma customização dos cursos à necessidade do mercado. A competi-tividade de determinado território está diretamente associada ao envolvimento cooperado dos empresários, entidades e escola, considerando os aspectos histó-ricos e culturais e o alinhamento com a evolução e as demandas do mercado”, comenta o gerente do Sebrae MG, Fabrí-cio César Fernandes.

O senso de que é necessário colaborar para crescer permeia todos os relaciona-mentos das empresas e vai muito além de uma postura de acesso ao mercado. ”Há grandes diferenças entre o Brasil e a Itália que não se caracterizam apenas pelo ambiente de negócio, mas por uma cultura milenar e pelo foco no desenvol-vimento dos territórios, nas vocações locais e na busca de uma especialização produtiva de valorização destas econo-mias”, reforça a gestora do Sebrae PE, Jussara Siqueira Leite.

DESENVOLVER PARA SUPERARSuperar adversidades passa a de-

mandar o fomento de uma nova atitude empreendedora pelos empresários e por todas as instituições que se relacionam diretamente com os pequenos negó-cios. ”O que é possível replicar dessa experiência? Provavelmente, o conceito de redes de colaboração, em que em-presas se unem a centros tecnológi-cos, universidades e outras empresas em busca de diferenciais competitivos

que lhes permitam a sustentabilida-de. Devemos massificar que investir em capacitação, pesquisa, inovação e mercado, comprovadamente, é o ingre-diente indispensável para a competitivi-dade empresarial”, explica a gerente do Sebrae AP, Lindeti Góes Ferreira.

O trilhar de novos horizontes para os negócios brasileiros também passa pelo desenvolvimento de outra consciência entre os empreendedores. ”Observei o comportamento dos empresários italia-nos perante o seu governo. Eles adotam uma postura independente de políticas públicas existentes ou preeminentes, direcionando para si a exclusividade do sucesso do negócio. Essa constatação é preponderante, já que internaliza que é necessário concorrer com as adversi-dades e inovar nos processos, produtos e serviços”, comenta o gestor do Sebrae BA, Rogério Cerqueira Teixeira.

Desenhar caminhos de maior opor-tunidade para os pequenos negócios representa, ainda, extrapolar os índi-ces de qualidade inseridos em muitos

produtos e serviços. ”A Itália é uma referência mundial em qualidade e a primeira colocada em 235 produtos, dentre calçados, máquinas e apare-lhos para empacotar, moda, azulejos, barcos, produtos eletrotécnicos, cabos, maçãs, etc. Essa é a mais significativa diferença entre Brasil e Itália quando analisamos a capacidade empresarial”, reforça a gerente do Sebrae AM, Maria do Socorro Corrêa da Silva.

Para criar um futuro de excelência nos mercados nacional e internacional, os pequenos empresários terão que superar ainda o desafio do compro-metimento. ”Na Itália, há muito menos paternalismo em relação aos pequenos negócios. Observamos que os empresá-rios italianos estão muito mais motiva-dos e seus resultados são muito bons. A reflexão que fica é sobre o investimento do Sebrae em empresas que não estão motivadas e mobilizadas para crescer. Almejam o destino, mas não se com-prometem com o caminho”, finaliza a gerente do Sebrae RS, Viviane Ferran.

A colaboração entre os empresários acontece a partir de laços de confiança

30 | experiências de hoje inovações de amanhã

COMPARATIVO DE OLHARES ENTRE PAÍSES

A maturidade italiana se contra-põe à juventude dos empreen-dimentos brasileiros. Comparar

o posicionamento dos negócios entre os dois países mostra que, em ambos os lados, há uma grande enciclopédia de conhecimentos a ser intercambiada. Ao longo do Programa, os gestores pu-deram aprimorar a mirada internacio-nal, o que oferece novas possibilidades aos pequenos negócios, nacionalmente, e expande as potencialidades dos ter-ritórios, criando potenciais cadeias de transformações econômicas e sociais.

”Presenciamos, na Itália, uma econo-mia fundamentalmente regida pela Lei de Mercado, altamente especializada, com arranjos territoriais maduros e ca-pazes de prover soluções customizadas

e inovadoras e com reduzida burocracia, o que contribui para a inserção de uma significativa parcela dos pequenos ne-gócios na balança comercial exporta-dora”, explica o gerente do Sebrae AM, Carlos Henderson Tavares Cardoso.

Mesmo em um cenário globaliza-do, os países mantêm características específicas nas relações populacio-nais, econômicas, institucionais e de legislação. O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes, número que chega apenas a 60 milhões na Itália. A nação europeia tem ainda áreas pou-co habitadas em função dos Alpes, mercado interno limitado e ausência de florestas e minas, o que demanda trocas derivadas da capacidade ma-nufatureira.

”Os Produtos Internos Brutos (PIB) da Itália e do Brasil se aproximam, po-rém o italiano não é respaldado pelo mercado interno que justifique a alta geração de riqueza, pois isto aconte-ce em função da exportação. A Itá-lia importa matéria-prima e exporta produtos manufaturados. Assim, res-ponder à crise depende da internacio-nalização das empresas”, comenta a gestora do Sebrae RN, Lorena Roose-velt de Lima Alves.

A Itália diferencia-se do Brasil também por ser uma república par-lamentar, na qual o primeiro ministro necessita da legitimidade do parlamen-to, e por estar distribuída em regiões e não em estados. O país está entre os cinco colocados no comércio interna-cional de manufaturados e tem, como macro setores, o vestuário, a decora-ção, a automação e a alimentação, que são liderados, principalmente, por micro e pequenas empresas com produtos de alta qualidade.

”O país se renova e se recria fren-te às dificuldades. Depois da crise de 2008, foi um momento de grande mu-dança na estrutura, pois as empresas e as instituições se uniram em prol do desenvolvimento comum e passaram

As visões brasileiras e italianas sobre os pequenos empreendimentos em destaque

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

experiências de hoje inovações de amanhã | 31

mais fortemente a trabalhar em rede em busca de aprimoramento e mer-cados mais competitivos”, explica a gerente do Sebrae NA, Kelly Cristina Valadares de Pinho Sanches.

DISTINÇÕES NO EMPREENDEDORISMOO contraponto entre os avan-

ços e os retrocessos para o estímu-lo ao empreendedorismo mostra uma visão italiana menos favorável ao surgimento das micro e pequenas empresas quando comparada ao Bra-sil, especialmente em função da Lei Geral das MPEs que intensifica a di-nâmica econômica nacional e o desejo dos brasileiros de empreender.

”Comparativamente, temos desa-fios importantes no que se refere ao comportamento empreendedor e das instituições que oferecem apoio e ser-viços. Ficou evidente que, na Itália, o empresário tem a seu alcance linhas de financiamento com juros decentes, enquanto no Brasil essas linhas não são adequadas e oneram, excessiva-mente, a empresa”, destaca o gestor do Sebrae PR, César Reinaldo Rissete.

Mesmo em um cenário com mais desafios para a abertura de novos em-preendimentos, os empresários euro-peus contam com a Small Business ACT (SBA), política que reúne propos-tas não obrigatórias de apoio ao em-preendedorismo nos países membros da União Europeia. A iniciativa está baseada em cinco prioridades bási-cas: redução da carga tributária, aces-so aos financiamentos, acesso aos mercados, desenvolvimento de com-petências para expansão das ativida-des e fomento ao empreendedorismo.

”Não se viu na Itália o fomen-to ao empreendedorismo. Isto por-que empreender por lá é mais difícil,

As distinções do empreendedorismo

foram apresentadas em diversas reuniões

As apresentações italianas destacaram

as diversas visões empresariais

32 | experiências de hoje inovações de amanhã

burocrático, caro e arriscado, pois a falência de uma empresa sig-nifica também o fim das chances do empreendedor tornar-se em-presário outra vez. Os estudan-tes se formam com o objetivo de ingressar no mercado de trabalho privado, mas não como novos em-preendedores. Mesmo assim, não deixam de existir novas empresas surgindo, porém em um ritmo me-nor que o Brasil”, afirma o gestor do Sebrae MA, Danilo Lisboa Borges.

Em solo italiano, a cooperação tor-na-se estratégia para a sobrevivên-cia das empresas de pequeno porte. Esse modelo organizacional é origi-nado na sinergia de interesses e ex-pressa a maturidade do mercado europeu, pois possibilita a identifica-ção e a avaliação de forças que inter-ferem na sobrevivência das empresas de pequeno porte e a introdução do sistema de produção em massa.

”A cooperação entre empresas con-siste em um formato organizacio-nal que configura tipos inovadores de alianças que ganham notoriedade por combinar eficácia, informalidade e es-pontaneidade, rompendo com mode-los ortodoxos”, ressalta o gerente do Sebrae AL, Arestides Bezerra Minervino.

A comparação entre o apeti-te associativo italiano e o brasileiro demonstra que, nacionalmente, pre-dominam o individualismo e o ime-diatismo nas relações. Na Europa, há a valorização da confiança recíproca e a mentalidade de ganho coletivo que são elos históricos em cooperativas, associações e distritos industriais.

”O ânimo associativo dos italia-nos é, sem sombra de dúvidas, o maior destaque em todo o proces-so de aprendizado prático que viven-ciamos. Do ponto de vista de apoio

estatal, verifica-se uma semelhança entre os países com iniciativas des-coordenadas e muitas reticências do meio empresarial, que não identifica esforços eficientes na formatação de um ambiente de negócios ideal”, re-força o gerente do Sebrae NA, André Silva Spínola.

VISÕES DE MUNDOO processo histórico distinto dos

países também impacta sua visão de mundo nos negócios. Do lado ita-liano, existe uma maior maturidade das empresas e estratégias que vi-sam o mercado externo e a necessi-dade de buscar a diferenciação pela qualidade, design e inovação. Já em terras brasileiras é necessário am-pliar a internacionalização dos pro-dutos e serviços, o que pode oferecer novas oportunidades de crescimen-to econômico.

”Percebe-se que o Brasil preci-sa evoluir muito na visão de mer-cado internacional. Talvez por ter uma população enorme e que pode ser consumidora de seus produ-tos, o empresariado ainda não te-nha uma visão focada no potencial do mercado externo”, explica a gestora do Sebrae RS, Liane Klein.

A colaboração e o encadeamento pro-dutivo somados ao papel das lideran-ças empresariais são outros aspectos que marcam o olhar italiano nos negócios e diferenciam-se do po-sicionamento adotado por muitos empresários brasileiros.

”O empreendedorismo, alia-do às culturas da cooperação e da

cocriação, está incorporado, no DNA das empresas que são dotadas de mão de obra altamente especializada e buscam permanentemente a ino-vação e a criação de novos produtos com tecnologias adequadas, o que são fatores decisivos para enfrentar a grande concorrência mundial”, co-menta o gerente do Sebrae SC, Car-los José Dias.

Fazer mais com menos, ter no-ção dos limites do desenvolvi-mento, atentar para as restrições

Limites do desenvolvimento

Restrições ambientais

Sustentabilidade como eixo principal

Fazer mais com menos

VALORES EMPRESARIAIS

ITALIANOS

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

experiências de hoje inovações de amanhã | 33

SOMATÓRIO DE COMPARATIVOS

As gestoras Débora de Aragão Mendonça, do Sebrae SE, e Sandra Amarillha, do Sebrae MS, somaram comparativos entre os países que permitem analisar características do empreendedorismo nas duas nações e lacunas de oportunidades para os empreendedores de pequenos negócios do Brasil.

BRASIL ITÁLIA

> Há um espírito empreendedor aguçado. > Há um forte espírito empreendedor.

> As políticas públicas em prol dos pequenos negócios avançam aos poucos, mas com algumas notórias conquistas.

> As políticas públicas existem com atuações independentes e de acordo com cada território.

> A inovação ainda é um tema novo e há muito a conquistar. > A inovação já está incorporada por várias empresas, principalmente as de tecnologia. Em algumas empresas, a inovação ainda se faz através da mão de obra.

> Existem poucas práticas sustentáveis considerando a dimensão do País.

> Existem práticas sustentáveis totalmente incorporadas à rotina das empresas.

> Acontece o esforço conjunto de órgãos, governo e instituições, como o Sebrae, para prover o desenvolvimento do território a partir do estímulo ao empreendedorismo.

> Acontece a forte valorização do território e a comunidade e as empresas atuam em prol do desenvolvimento, reforçando sua identidade.

> História e tradição são patrimônios novos e ainda pouco valorizados.

> Tradição, qualidade e cultura são os principais ativos econômicos.

> Existem iniciativas para desenvolvimento da cultura da cooperação.

> A cultura da cooperação já está incorporada nos territórios.

> É uma nação federativa com dimensões continentais. > Tem forte identidade territorial amparada por políticas da União Europeia de Denominação de Origem Protegida (DOP).

> Existem esforços para a construção de um ambiente favorável aos pequenos negócios.

> Existe um ambiente de negócios favorável à inovação e à competitividade dos territórios com suas cadeias de valor, porém sem foco nos pequenos negócios.

> A dinâmica dos mercados globais é flexível. > Está se esforçando para adaptar-se aos mercados através de uma obsessão pela inovação e pela qualidade dos produtos.

> Tem humildade corporativa no ciclo de aprendizagem. > Tem orgulho de pertencimento ao seu território e à União Europeia.

ambientais e usar a sustentabilida-de como eixo principal são valores permanentemente encontrados na cultura empresarial italiana e que, apesar de estarem em pauta em muitos negócios, ainda não se tor-naram atitudes práticas no Brasil.

”Saber que as gerações futuras precisam viver neste planeta com o bem-estar de hoje é uma preocupa-ção do dia a dia. Por isso, os empre-endedores italianos só pensam ou buscam oportunidades que tenham a

temática sustentabilidade no escopo do negócio. Percebe-se que o tema está resolvido”, reforça a gestora do Sebrae RJ, Ana Lúcia de Araújo Lima.

Tratar dos resíduos gerados, ir além do produto para gerar uma ex-periência e perceber as mudanças na forma de consumo são outras atitudes que estão impregnadas na cultura empresarial italiana. Com-parativamente, empresários e con-sumidores brasileiros ainda não têm a mesma consciência e o olhar para

além do produto que está sendo co-mercializado.

”No Brasil, o mercado é menos exigente e os consumidores pos-suem necessidades básicas que precisam de atendimento o que, jun-tamente com o aumento do poder de consumo, permitem o atendimento aos anseios com nível de exigência e valores agregados ainda incipien-tes se comparados com países mais desenvolvidos como a Itália”, finaliza Ana Lúcia.

34 | experiências de hoje inovações de amanhã

COMPETIÇÃO GLOBAL

Extrapolar os muros do Brasil e ganhar representatividade

internacional demanda estratégias que vão além da produção qualificada.

”As empresas que querem competir globalmente têm

que investir em conhecimento e tecnologia, ampliar sua

visão de mercado e se sentir pertencentes ao território

em que vivem, pois, assim, há subsídios relevantes para

mudar o cenário destes empreendimentos e do País”,

comenta o gerente do Sebrae SP, Carlos Alberto de

Freitas.

REDE DE CONHECIMENTOS

ARTICULADOS

VALORIZAÇÃO HISTÓRICA

Todos os negócios estão impregnados de histórias de vida e conhecimentos territoriais que representam um importante ativo mercadológico. ”Os processos

histórico e cultural em nosso país são diferentes da vivência italiana, na qual estes aspectos são valorizados, o que é percebido pelos longos anos de existência dos negócios, pela proteção aos saberes e pelo conhecimento que passa de geração

para geração, mesmo diante de cenários pouco favoráveis ao empreendedorismo”, reforça o gerente do Sebrae GO, Eduardo de Jesus Alcântara Filho.

CULTURA ESPECÍFICA

A globalização tende a apontar práticas de sucesso arraigadas e que nem sempre representam a cultura empresarial local. ”O caminho para o desenvolvimento não é replicar, no Brasil, o que se faz na Itália como se fosse um modelo. Não há modelo. Há práticas que foram forjadas pela cultura e por todo o contexto social e econômico daquele país, nas quais podemos nos inspiratr, mas sempre levando em consideração a nossa realidade, o nosso contexto e os nossos valores e crenças”, explica a gestora do Sebrae GO, Eliane Maria de Moura Souza.

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

experiências de hoje inovações de amanhã | 35

Pensamentos, sentimentos e vivências que podem revolucionar os pequenos negócios

Em um cenário repleto de pontos de ruptura, o Programa permitiu aos ges-tores do Sebrae acumular uma nova bagagem de conhecimentos que têm alto potencial de mudar a face dos pequenos negócios no Brasil. Conheça

reflexões que mostram caminhos para o desafio de somar cocriação, inovação e empreendedorismo em mercados cada vez mais competitivos e em que é preciso pensar, viver e sentir as transformações econômicas e sociais provoca-das pelos pequenos negócios todos os dias.

COMPROMISSO SUSTENTÁVEL

A percepção de que o planeta é único altera visões e missões empreendedoras que adotam uma nova postura frente às linhas de produção. ”No Brasil, ainda está se iniciando a aplicação de ações relacionadas à sustentabilidade nos processos empresariais. Em muitos países da Europa, a orientação faz parte da forma de ser de cada empresa. Assim, o próprio consumidor cobra por este posicionamento ao se relacionar com os produtos e os serviços”, destaca a gerente do Sebrae MS, Flávia Rosa Santos Silva.

EXPANSÃO TEMPORAL

Há a necessidade de expandir o pensamento empreendedor para garantir a transição do curto para o longo prazo. ”Vivenciamos nas empresas que todo processo de gestão é altamente profissional, planejado com visão de longo prazo, alto investimento em P&D, inovação tecnológica, educação empreendedora e treinamento e internacionalização das empresas, de modo que tais características diferem, e muito, das empresas brasileiras”, afirma a gestora do Sebrae TO, Flávia Roberta Pacheco Donato Bossonaro.

COLABORAÇÃO MULTIDIMENSIONAL

Os mercados cíclicos demandam a compreensão de que a atuação

colaborativa é fundamental para gerar ganhos entre todas

as partes do processo. ”Uma das principais virtudes italianas é a

capacidade de trabalhar em rede. Eles possuem uma caraterística

de conseguir compartilhar e atuar de forma integrada com grande

profissionalismo e foco em resultado. Esta atuação em rede passa pela

capacidade de mobilizar o território e pelas parcerias com empresas

internacionais”, ensina o gestor do Sebrae RS, Fábio Krieger Lopes Reis.

36 | experiências de hoje inovações de amanhã

INTEGRAÇÃO POLÍTICA

Para somar empreendedorismo, inovação, sustentabilidade,

encadeamento produtivo, desenvolvimento territorial e leis de

apoio às micro e pequenas empresas é necessário criar novos formatos

de conexão entre os organismos de fomento. ”Perceber as diferenças

locais e regionais levou a uma melhor compreensão da nossa realidade e dos

caminhos para aumentar a contribuição no desenvolvimento dos territórios, que precisam, cada vez mais, da integração

com as comunidades empresarial e política dos nossos municípios e estados”, comenta o gerente do Sebrae PI, Élcio

de Lima Nunes.

TERRITÓRIOS VALOROSOS

Entender que incrementar as oportunidades de negócios em localidades passa pela observância de um rico caldo cultural. ”Chamo atenção quanto à experiência com o desenvolvimento territorial como fator de geração de riquezas locais que trouxe, por sua vez, o modelo europeu e, em particular, o italiano, como referência para estudos e implementação do tema no Brasil. O território não mais como um reservatório físico, onde pessoas moram e instalam empresas, mas um lugar transformado para empresas e pessoas se enraizarem no contexto das dinâmicas sociais, culturais e locais, além do papel da produção local, como gerador de riquezas, de bens e serviços e as novas modalidades de análise territorial”, destaca o gerente do Sebrae BA, Alex Silva de Brito.

VALOR COOPERADO

Criar uma nova valorização das cooperativas passa pelo desenvolvimento de uma estratégia que as inclua como elo fundamental do negócio. ”Ao invés da ´partilha de sobras` entre os cooperados, usualmente realizada por nossas cooperativas, a Latteria Soresina transforma a sobra em aumento do valor a ser pago pelo leite. Esta diferença gera maior valorização do cooperado, por consequência maior vínculo com a cooperativa, e menor índice de ´traição`, por consequência, maior amor pelo território”, comenta o gestor do Sebrae TO, José Carlos Arruda de Bessa.

CIÊNCIA INOVADORA

Os caminhos que percorrem a superação de obstáculos nos pequenos negócios passam, obrigatoriamente, pela rota da inovação. ”Se o empresário tem a percepção de que pode e deve inovar, o caminho está aberto para novas ideias e processos. Percebe-se que na Itália existe uma grande preocupação com a qualidade e a produtividade e que as universidades e seus professores estão muito próximos das empresas, oportunizando que a ciência esteja a serviço das empresas”, destaca a gerente do Sebrae RS, Liane Klein.

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

experiências de hoje inovações de amanhã | 37

CONCORRÊNCIA CONSCIENTE

Em um mercado de competição não linear, a solução para enfrentar a concorrência pode estar na formação de uma rede multifacetada de atuação. ”Na Itália, as empresas não competem individualmente, mas, sim, como um sistema e um conjunto de capacidade produtiva, de capital físico e humano, de infraestrutura, de redes, de capacidade inovadora e de eficiência global do sistema territorial local. Ressalta-se a importância dos clusters no desenvolvimento de uma economia regional, sendo constatado que se esses arranjos produtivos existem, o desenvolvimento se faz predominantemente presente”, afirma a gerente do Sebrae AC, Soraya Neves de Menezes.

TERRITÓRIOS SETORIAIS

Reforçar a identidade territorial e estimular o empreendedorismo local faz emergir todo o senso de

empoderamento de uma comunidade. ”Os arranjos produtivos locais

italianos são fortes e de muita tradição com empresas focadas em alta

produtividade e inovação. O intuito é a consolidação cada vez mais forte

dessas empresas, que são referenciais nacionais e mundiais”, afirma a

gestora do Sebrae NA, Mirela Luiza Malvestiti.

CONCEITUAÇÃO EMPREENDEDORA

A observância dos diferentes tipos de empreendedores e seu período de maturidade pode permear melhores práticas de fortalecimento. ”É preciso entender que existe o empreendedor 1.0, que é exatamente aquele que está iniciando seu negócio e precisa do apoio do Sebrae com ferramentas apropriadas, e o empreendedor 2.0, que está em outro momento de desenvolvimento e precisa de instrumentos de apoio que possibilitem ajudá-lo em situações que são totalmente diferentes de quando estava iniciando sua empresa”, ensina o gestor do Sebrae PA, Francisco Marcelino Fontes Costa.

CORRELAÇÕES INSTITUCIONAIS

As políticas públicas setoriais podem representar o engenhoso impulso necessário ao nascimento de empreendimentos. ”Foi interessante perceber o papel da Comunidade Europeia e a correlação com o desenvolvimento dos pequenos negócios. São 28 países com diretrizes e temáticas expostas em seus planos estratégicos e táticos e com o apoio e a articulação para que todos incluam, em suas políticas públicas, o incentivo aos pequenos negócios”, comenta a gerente do Sebrae AL, Maria de Fátima dos Santos.

EMPODERAMENTO CONSOLIDADOR

No girar autônomo dos negócios, as empresas que têm atitude para buscar suas metas, ganham novo fôlego de competitividade. ”Foi importante perceber como o sistema empresarial italiano está atuando, procurando alavancar a economia com inovação e criatividade, e se preocupando com a perenidade de suas empresas, que já estão na terceira ou quarta geração. Também ficou clara a visão de empoderamento das empresas, de não ficarem esperando pelo governo, mas de se unirem e buscarem soluções coletivas para problemas comuns”, ressalta o gerente do Sebrae MT, Volmir José Contreira.

PAIXÃO TRANSCENDENTE

Empreender em um mundo novo requer, também, novos modelos de empresários e negócios. ”Na Itália, temos um povo apaixonado pelo seu território e pela família, que busca desenvolver seus territórios através de suas vocações e da cooperação entre os vários atores. No Brasil, temos muita coisa boa, como o acolhimento e a criatividade que são frutos da necessidade de congregar todos os povos que escolheram essa terra para viver e ser feliz. No entanto, encontramos dificuldades no senso de responsabilidade com o futuro, fato que afeta diretamente a competitividade dos pequenos negócios”, reforça a gestora do Sebrae RR, Nádia Jaciara Aguiar Castro.

38 | experiências de hoje inovações de amanhã

CONHECIMENTOS QUE SE TRANSFORMAM EM AÇÕESA missão de personalizar estratégias europeias para as demandas locais

Mais do que se apropriar dos conteúdos apresentados no Programa, os gestores têm

o desafio de customizar os conheci-mentos e as vivências internacionais para promover a geração de novos ce-nários de desenvolvimento dos pe-quenos negócios no Brasil. Ao com-partilhar as visões europeias, eles poderão também transbordar as mar-gens de atuação nacional promoven-do novos momentos de transição nas economias locais e regionais.

”Um ponto fundamental é pen-sar no pequeno negócio voltado para o mundo. A empresa pode ser de pequeno porte e pode não ter pre-tensões de exportação, porém a qua-lidade de seu produto ou serviço deve estar atenta ao mercado não só lo-calmente, mas também globalmen-te. Para isso ser possível, a inovação deve estar presente em todos os pas-sos destes empreendedores”, desta-ca o gerente do Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.

Personalizar as estratégias mer-cadológicas italianas para a inser-ção no Brasil passa, também, pela criação de uma nova cultura em-presarial, pois é necessário um me-lhor escoamento dos conhecimentos técnico e acadêmico, o que irá poten-cializar a criação de novos cenários para as empresas e o atendimento de demandas não exploradas.

”A revolução está em investir em pesquisa e conhecimento, desco-brindo produtos melhores ou total-mente inovadores. Percebe-se que as empresas brasileiras não têm essa cultura. As universidades ain-da estão muito distantes e a apro-ximação é difícil. Tem-se um longo caminho a percorrer, pois a inova-ção é necessária e a pequena empre-sa não é capaz de sustentar grandes pesquisas com recursos próprios”, reforça a gerente do Sebrae RS, Vi-viane Ferran.

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

experiências de hoje inovações de amanhã | 39

DESENVOLVER POTENCIAISO radar de mudanças para os pe-

quenos negócios aponta a necessi-dade de olhar mais cuidadosamente as potencialidades locais para cons-tatar riquezas e oportunidades ocul-tas. O olhar mais apurado somado a doses de inovação pode levar à cria-ção de produtos e serviços que, por serem repletos da regionalidade e da cultura local, têm, ainda, mais valor no mercado.

”Faz-se necessário atuarmos com as lideranças locais quanto ao potencial da região e observarmos práticas realizadas em outras loca-lidades que promovem o desenvol-vimento local e regional através das grandes empresas que apoiam as pequenas, gerando emprego, renda e desenvolvimento”, destaca a geren-te do Sebrae RR, Nuberlânia Ribeiro Batista.

A estratégia de desenvolver po-tenciais deve considerar, ainda, o fo-mento a novas relações entre as empresas em áreas distintas de co-nhecimento, gerando proximidade e intercâmbio de dados que serão úteis no hoje e no amanhã e que impacta-rão tanto o negócio quanto a localida-de em termos de agregação de valor.

”As relações que as empresas es-tabelecem entre si, em distintas áre-as do conhecimento, geraram uma proximidade que oportuniza e conti-nua promovendo o usufruto de tro-cas de informações e experiências. Resultam, ainda, na geração de um contexto de mudanças mais compe-titivo e de comportamentos essen-ciais ao fortalecimento das empresas, blindando da concorrência externa e as mantendo competitivas”, afirma a gestora do Sebrae MS, Flávia Rosa Santos Silva.

Em uma nação com dimensões continentais, construir potencialida-des locais passa pelo desafio de en-tender que existem vários países dentro do Brasil. Essa percepção deve ser ampliada ao constatar que, em um mesmo estado, as realidades são, em sua maioria, completamente dis-tintas e devem ser trabalhadas com exclusividade.

”Só conseguiremos efetivar trans-formações profundas em nossa re-alidade quando traçarmos planos baseados em diagnósticos por local e região e de natureza econômica e cultural. Não é tarefa fácil, pois temos que sair de uma realidade local e de como esta é afetada pela região e pelo País e, em um processo inverso, como a realidade do País afeta a região e o local. Soma-se o desafio de ver tudo isso funcionando de forma sistê-mica”, explica a gerente do Sebrae RR, Nádia Jaciara Aguiar Castro.

Muito além de desenvolver o or-gulho de ser um pequeno empresá-rio, é necessário criar uma cultura de pertencimento que permita aos em-preendedores locais, e à própria comu-nidade, valorizar os diferenciais que a tornam única em todo o globo e com-preender que essas especificidades são os degraus para o lucro e para os desenvolvimentos social e econômico.

”Fazendo um paralelo com o cená-rio brasileiro, observa-se que ainda é pouco explorada a força do desen-volvimento territorial. A Itália possui uma cultura de valorização da comu-nidade e as empresas também con-tribuem em prol do desenvolvimento dos seus territórios, reforçando o pertencimento, a identidade local e a cultura da cooperação”, comenta a gestora do Sebrae AL, Maria de Fáti-ma dos Santos.

A integração produtiva e a coope-ração entre os diversos atores são ou-tros aspectos que devem ser inseridos como valores nos pequenos negócios nacionais. As iniciativas podem am-pliar lucros e promover o desenvolvi-mento local a partir dos talentos, das experiências e da maturidade de todo o microcosmo empresarial da região.

”As empresas de médio e grande porte, âncoras da atividade, buscam as micro e pequenas para promover uma relação comercial de confiança, na qual todos ganham, pois há a agre-gação de valor aos produtos através do design e da inovação. Isso acon-tece a partir dos investimentos das grandes empresas e vai além na de-manda por serviços, insumos e ma-térias-primas da região e, ainda, na garantia da qualidade exigida pelo mercado, o que cria um ciclo virtuoso”, explica o gestor do Sebrae PI, Élcio de Lima Nunes.

É preciso atentar para a grande velocidade de

mudanças nos pequenos negócios

40 | experiências de hoje inovações de amanhã

NOVA CONSCIÊNCIAEm um cenário globalizado e em

que as mudanças retumbam com grande velocidade nos pequenos ne-gócios locais, há a missão de anteci-par tendências para criar barreiras ou oportunidades que estejam direta-mente conectadas ao escopo mundial, mas que reflitam os valores e a cultu-ra daquela comunidade.

”Foram-nos apresentadas outras formas de viver que impactam direta-mente a produção empresarial de um país. E o que isso tem a ver com os empresários locais brasileiros? Milha-res de empresas, como as que estão ao redor das montadoras automobi-lísticas, precisarão se reposicionar em

a operação no mercado brasileiro. As-sim, existe uma necessidade de me-lhoria imediata no profissionalismo da gestão e, consequentemente, na produtividade dos negócios. Para esta complexa tarefa de melhorar estes in-dicadores, acredito que as empresas devam atuar em rede de colaboração em seus diversos sentidos e formas”, reforça o gestor do Sebrae RS, Fábio Krieger Lopes Reis.

Desenvolver os empreendedores de hoje e de amanhã demandará mais do que conteúdos técnicos e a apropria-ção de vivências diversas. É necessária a compreensão de que as tendências do cenário mundial são apenas re-ferências para inspirar uma atuação local, que deve ser focada em poten-cializar as diversas brasilidades.

”Não estamos tratando de um mo-delo ideal, ”o bom e o errado”, e, sim, de uma ampliação de horizontes que, conjugados com a realidade e as po-tencialidades dos pequenos negócios do Brasil, fazem surgir uma nova so-lução, estratégia ou ferramenta apro-priada aos negócios das diferentes localidades do nosso país, respeitan-do as especificidades de cada territó-rio”, comenta a gerente do Sebrae PE, Maria Lucélia Sousa Barros.

E se as tendências empresariais globais somam imaginação, con-cretude e abstração, o Brasil sai na frente por sua forte cultura empre-endedora. ”Há muito que evoluir em especialização e inovação, com con-sequente geração de valor. Porém, te-mos uma massa de empreendedores e uma atividade empreendedora das mais intensas do mundo. Se nos pró-ximos anos conseguirmos avançar na especialização e inovação, seremos um grande país”, finaliza o gestor do Sebrae SP, Fábio Ravazi Gerlach.

poucas décadas. A indústria de remé-dios também precisará redefinir suas estratégias para investir mais em medicamentos de prevenção do que em medicamentos curativos”, reforça a gerente do Sebrae RJ, Ana Lúcia de Araújo Lima.

A formação desta nova consciên-cia empresarial implica, ainda, entender que a construção das novas métricas de atuação dos negócios locais já começou, pois o futuro está sendo erguido todos os dias e em mercados cada vez mais mutáveis, dinâmicos e sedentos por conceitos como o capitalismo conscien-te e a inovação do improviso.

”Muitas empresas estão buscan-do conhecer nosso país para começar

O olhar acurado pode apontar potencialidades locais e oportunidades ocultas

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

inovaçãoAS

N

Inovações que promovem outros cenáriosObservar as inovações italianas é perceber que o desenvolvimento de novos cenários implica a desconstrução de conceitos e a reconstrução de atitudes empreendedoras que impactam todos os elos da cadeia empresarial. A análise também destaca que inovar é erguer patamares de longo prazo que envolvem aspectos econômicos, sociais e ambientais em um revolução na cultura de um país.

42 | experiências de hoje inovações de amanhã

inovação

INOVAÇÕES ITALIANAS

A Itália encara a inovação como o fator fundamental para a com-petitividade. Isso leva ao de-

senvolvimento de ciclos permanentes de mudança que têm como caracte-rísticas o respeito à história secular e a manutenção da tradição popular. O exercício de criar novas possibilida-des é repassado, também, de geração em geração, o que permite o enraiza-mento deste conceito entre os pro-fissionais e os empreendedores mais jovens.

”Durante a visita ao Centro Tessi-le Serico, os conceitos de inovação e tradição foram bastante evidencia-dos na condução dos trabalhos. A es-tampa do tecido foi criada a partir de uma matriz em 3D e com a utilização de pedaços de pratos, colheres e co-pos descartáveis. Criatividade e disci-plina são fatores fundamentais para a produção de novos produtos”, desta-ca a gerente do Sebrae PI, Mirna Vaz da Rocha.

A mescla entre o passado, o presen-te e o futuro é uma das características marcantes do empreendedorismo ita-liano. Está representada nas diver-sas conexões estabelecidas entre os

pequenos negócios, no formato de produção que valoriza a comunidade local e na inserção de olhares diversi-ficados do tecido social que é atingido por sua atuação.

”Na Itália, as empresas valori-zam suas raízes e tradição sem dei-xar de lado o moderno. A maioria das empresas não é multinacional. São pequenas e médias empresas que conseguiram encontrar um tamanho ideal que permite que sejam ágeis e flexíveis, porém focadas no merca-do e em inovação constante”, reforça a gestora do Sebrae AP, Lindeti Góes Ferreira.

O senso contínuo de inovação como um movimento econômico pre-senciado na Itália tem origens mais profundas, pois está localizado na base da pirâmide empreendedora. Essa característica impacta o olhar que os empresários têm de si e do propósito dos seus negócios para a criação de oportunidades para a po-pulação e para o país.

”A Itália construiu sua história ali-cerçada no fazer. Cada empreendi-mento visitado e cada experiência relatada nos remetem a uma his-tória centenária e que vem ligada à história do país. O empreendedoris-mo faz parte de todo o processo de crescimento. A inovação e o empre-go de novas tecnologias demonstram que o país e os empreendedores não param no tempo. Tudo corre em uma mesma direção”, afirma a gerente do

Passado, presente e futuro se unem na construção de cenários competitivos

Sebrae AC, Maria do Socorro Gomes de Figueiredo.

O girar da inovação continuada propõe, também, uma nova forma de envolvimento pessoal e profissional dos pequenos empresários e dos co-laboradores. Essa característica leva à formação de novas conexões no ca-pital social do empreendimento que extrapolam os muros do negócio e ga-nham contornos de cidadania.

”Algo que percebi na Itália foi o en-volvimento e a forma inteira como as pessoas executam suas atividades. Elas têm um elevado grau de profis-sionalismo e entrega ao que fazem, o que as leva à excelência no desem-penho e nos resultados”, explica a

experiências de hoje inovações de amanhã | 43

gestora do Sebrae RN, Lorena Roose-velt de Lima Alves.

O reconhecimento internacional dos produtos italianos está impreg-nado da motivação empreendedora de ultrapassar cenários, o que também está representado no esforço contí-nuo de pesquisa e desenvolvimento, qualificação de processos e formação de profissionais especializados para atendimento às demandas cada vez mais aprimoradas.

”É merecedor de registro o con-junto de entidades altamente quali-ficadas que promove a formação e a capacitação da mão de obra do distri-to industrial. A presença dos institu-tos técnicos estimula o jovem a possuir

nas empresas brasileiras. Esses as-pectos têm o mercado como alvo, ou seja, tudo é projetado e desenvolvido para atender demandas específicas identificadas. As empresas italianas, por exemplo, têm feito joint venture com empresas estrangeiras visando a sua entrada nesses países”, comenta o gestor do Sebrae AM, Marcus Anto-nio de Souza Lima.

CONEXÕES REGIONAIS E INTERNACIONAISO desenvolvimento de ineditismos

italianos é somado ao senso de per-tencimento, o que oferece aos pro-dutos locais um novo patamar de inserção e valorização no mercado

uma formação escolar especializada na medida em que, ao terminar o curso, é absorvido pelas empresas da localida-de”, explica o gestor do Sebrae AM, Car-los Henderson Tavares Cardoso.

Os investimentos em design tam-bém são inovações que promovem não somente a diferenciação das pe-ças como a ampliação de seu valor agregado. A marca ”Made in Italy”, por exemplo, representa mais do que um item qualificado e desenvolvido com apurado nível de produção, pois designa um novo status de produto.

”A forma de atuação das empresas italianas com foco em inovação, pro-dutividade e qualidade oferece um di-ferencial competitivo a ser inserido

OITO PONTOS DE ATENÇÃO NAS INOVAÇÕES ITALIANAS

O gestor do Sebrae NA, Juarez Ferreira de Paula Filho, destacou oito pontos que resumem as inovações italianas e que poderiam oferecer novas oportunidades para os negócios no Brasil: > A especialização produtiva dos

territórios.> A criação de equipamentos públicos de

suporte às empresas para serviços de certificação, treinamentos, etc.

> A ênfase no desenvolvimento da inovação tecnológica.

> A importância do design como diferencial de competitividade (”Made in Italy”).

> O uso do branding (construção, gestão e proteção de marcas).

> O foco no mercado e a busca da internacionalização.

> A flexibilização da estrutura produtiva em favor da redução de custos.

> A cooperação, o encadeamento produtivo e a autorregulação.

O emprego de novas tecnologias demonstra que os empreendedores

do país não param no tempo

44 | experiências de hoje inovações de amanhã

”Durante a visita ao Centro Tessile Serico, os conceitos de inovação e tradição foram bastante

evidenciados na condução dos trabalhos. A estampa do tecido foi criada a partir de uma matriz em 3D e com a utilização de pedaços de pratos, colheres e copos descartáveis.

Criatividade e disciplina são fatores fundamentais para a produção de novos

produtos”, Mirna Vaz da Rocha, Sebrae PI.

mundial. Essa característica poten-cializa, também, a criação de estraté-gias personalizadas e que valorizam potencialidades e regionalidades.

”Ficaram muito evidenciadas as experiências de associativismo nas regiões e a valorização da deno-minação de origem dos produtos, aspecto muito explorado nas em-balagens. Cada região do país conta com um conjunto de produtos reco-nhecidos por sua origem”, comen-ta o gerente do Sebrae RJ, Ricardo Wargas de Faria.

A divisão regional em distritos in-dustriais italianos teve início na déca-da de 90. Para produzir de forma mais eficiente, pequenas empresas se reu-niram em cadeias produtivas com am-plo foco no desenvolvimento local. A estratégia alavancou a economia do país e sofreu inovações, anos mais tarde, a partir da globalização, que de-mandou novos formatos de atuação.

”Uma das razões centrais do inte-resse na questão do empreendedoris-mo pelos países que estão aspirando a uma posição de maior destaque neste novo milênio, se deve ao fato da cons-tatação de que é justamente no en-clave empreendedor que a inovação tecnológica está mostrando resulta-dos surpreendentes”, reforça a gestora do Sebrae TO, Flávia Roberta Pacheco Donato Bossonaro.

Inovar em solo italiano significa, também, atuar a partir do entendi-mento de que cada pequeno negócio tem um papel específico a cumprir, ao mesmo tempo em que necessita oferecer sua colaboração para o en-grandecimento da economia nacio-nal através do estabelecimento de parcerias regionais.

”O que mais chamou aten-ção foram as inovações do polo de

cosméticos através da forma de tra-balhar em rede, da cultura de co-operação e da inovação como foco de atuação. Cada instituição passa a ver o seu modelo de intervenção construído a partir da agregação de

conhecimento e do que o outro pode implementar, ou seja, cada um encon-tra o seu nicho e diminui a concorrên-cia institucional”, explica a gerente do Sebrae NA, Kelly Cristina Valadares de Pinho Sanches.

A criação de redes de cooperação e de inserção no mercado mundial é outra atitude empreendedora que está constantemente em inovação na Itália. Isso acontece não somente para explorar oportunidades de inser-ção como, também, para extrapolar as possibilidades de consumo nacional.

”Devido ao mercado interno re-duzido e à região de maior exposi-ção mundial, os empresários italianos buscaram a internacionalização. Pri-meiro, foi o movimento por meio de exportações. Atualmente, há a inter-nacionalização produtiva, manten-do na Itália as partes do processo que mais agregam valor e localizan-do plantas e redes de parceiros em partes que agregam menos”, explica o gerente do Sebrae PR, César Reinal-do Rissete.

O comparativo entre empresários italianos e brasileiros demonstra que as trajetórias histórica e cultural im-pactam fortemente a formação da consciência empresarial e a maneira de gerir os negócios, o que poderia ex-plicar as diversas diferenças entre os dois países.

”O brasileiro não apresenta o foco decisório no negócio pelo negócio, mas uma forma mais pessoal e pas-sional, o que influencia a atuação e a forma de se relacionar com o merca-do, com a concorrência e com o poder público. Já os empresários Italianos, atuam no negócio refinando as ativi-dades para melhores resultados, fo-mentam o uso de ferramentas que melhoram o desempenho, buscam dar continuidade aos negócios da fa-mília interagindo com as linhas su-cessoras e procuram novos negócios para ampliar as oportunidades exis-tentes”, finaliza a gestora do Sebrae MS, Flávia Rosa Santos Silva.

inovação

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CONHECIMENTOS QUE ENGRANDECEM A ATUAÇÃO DO SEBRAEAs oportunidades de inserção das estratégias italianas no cotidiano de atuação

A formação presencial em Milão aguçou os olhares dos gestores para as práticas italianas e para

o potencial de transformação eco-nômica, social e ambiental que pode ser desenvolvido no Brasil. Participar do Programa também permitiu anali-sar as práticas adotadas pelo Sebrae e criar novas possibilidades de incre-mento na atuação direta com os pe-quenos negócios.

”Levei para a Itália o conhecimento sobre minha localidade e sobre a atua-ção do Sebrae para a promoção do de-senvolvimento econômico numa região de floresta, rica em matérias-primas e biodiversidade, mas que padece de po-líticas públicas que promovam melhoria de vida. Trouxe para o Sebrae a necessi-dade de trabalhar em rede e de priorizar a inovação como solução para o desen-volvimento territorial e para o aumento da competitividade das empresas lo-cais”, comenta a gerente do Sebrae AM, Maria do Socorro Corrêa da Silva.

Para o gestor do Sebrae DF, Rober-to Faria Santos Filho, a viagem trouxe reflexões sobre o encadeamento pro-dutivo e a necessidade de inovação. Outro tema que ganhou novos con-tornos foi a especialização, indicando

que as micro e pequenas empresas devem ter atuação específica e não fazer de tudo, o que garantirá que se-jam mais eficientes e competitivas no atual mercado complexo.

”O encadeamento produtivo é um termo que está em alta no Sistema Sebrae e que é vendido para clientes e parceiros como um pacote fechado. Pude aprender que temos que adap-tar os conceitos de encadeamento, clusters e arranjo produtivo estudan-do cada caso individualmente”, reforça.

A opinião é compartilhada pela gerente do Sebrae RS, Viviane Fer-ran, que reforça a importância de

observar a realidade do empresário e sua consciência sobre a necessida-de de mudanças, além da motivação para que as alterações sejam realiza-das no cotidiano da empresa e ofere-çam novas oportunidades.

”Um dos pontos importantes de adaptação do conhecimento é o de buscar inspiração no modelo italia-no para adequar a forma de atendi-mento do Sebrae, principalmente, no que se refere ao atendimento indivi-dual. Não há como impor uma gran-de interven ção a uma empresa se o proprietário não tem consciência da necessidade”, comenta.

O desenvolvimento dos pequenos

negócios brasileiros acompanha o

cenário mundial

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A inovação deve estar no topo das estratégias de desenvolvimento empresarial

Outro aspecto destacado pela ges-tora do Sebrae MG, Vera Helena Lo-pes, é o impulso no estabelecimento de relações de confiança que aconte-ce de forma diferente nos dois países. ”O incrível na Itália é que a governan-ça é quase sempre informal, inclusive na relação com fornecedores. Quase tudo é feito em relações de confiança. Isto no Brasil é muito difícil, mas po-demos avançar via modelos estabele-cidos”, afirma.

INOVAR SEMPREA inovação está no topo das estra-

tégias de desenvolvimento empresa-rial italianas, o que propõe reflexões sobre a inserção do conceito nos pro-dutos e nos serviços oferecidos pelo Sebrae para os pequenos negócios, além da criação de novas formas de fomento à inserção deste conceito no cotidiano das empresas.

”Os temas do Programa contri-buíram para enfrentar os diversos desafios e intensificar as ações de sen-sibilização das empresas para a impor-tância estratégica da inovação como fator de competitividade e das ações direcionadas ao aumento da oferta de serviços tecnológicos adequados à rea-lidade das micro e pequenas empresas. Tenho plena convicção de que a micro e pequena empresa no Brasil precisa ter a inovação como uma condição de sobrevivência”, esclarece a gestora do Sebrae AC, Soraya Neves de Menezes.

A reflexão também é feita pelo ge-rente do Sebrae SP, Fábio Ravazi Ger-lach, que destaca o impulsionar da inovação nos negócios. ”É preciso fa-zer menos e bem feito com foco no empreendedorismo inovador, que gera especialização produtiva, faz com que o associativismo se paute por questões de inovação e que, por

sua vez, entrega valor ao mercado e promove o desenvolvimento econô-mico territorial”, explica.

O estímulo à inovação constante, já desenvolvido pelo Sebrae, pode ser a chave para a consolidação de pontos de ruptura, o que permitirá não somente a sobrevivência de empresas brasileiras como a transição destes negócios para outros patamares globais de atuação, lucros e potenciais transformadores.

”O mais marcante foi o entendimen-to de que a inovação, a cooperação e a agregação de valor, trabalhados de ma-neira constante, foram as soluções en-contradas pelas empresas italianas para competir e garantir seus espa-ços nos mercados nacional e interna-cional. Outra questão fundamental foi a cultura da cooperação, muito forte e

presente independentemente do ní-vel empresarial”, ressalta o gerente do Sebrae PR, José Ricardo Castelo Campos.

E se a inovação pode transformar lacunas de oportunidade em negócios concretizados também deve ser vista como uma atitude que deve estar pre-sente em todas as etapas de atuação dos pequenos negócios e do Sebrae.

”A busca pela inovação deve ser um processo constante e profundo, que precisa de dedicação e estudo, pois decorre da transformação de conheci-mentos e experiências anteriores em prol de um futuro melhor. Não pode-mos falar em revoluções, mas em pla-nejamento de ações pautado a partir da realidade de um lugar”, comple-menta a gestora do Sebrae RR, Nádia Jaciara Aguiar Castro.

inovação

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EIXOS DE INCREMENTO

A partir dos conhecimentos obtidos no Programa Internacional para Desenvolvimento de Lideranças e da comparação entre as realidades brasileira e italiana, o gerente do Sebrae SC, Roberto Tavares Albuquerque, propõe pontos de aprendizado e incremento de atuação:> Estudar e aplicar, para a realidade

brasileira, os consórcios formados nas regiões de produção que visam proteger e controlar a qualidade dos produtos e a marca regional;

> Promover a integração das universidades com as empresas, principalmente no sentido de ajustar as demandas dos empreendimentos para a formação de mão de obra;

> Além de promover o empreendedorismo, dar mais atenção para a competitividade das empresas, promovendo não somente a inovação pontual por meio de consultorias, mas um ambiente favorável à inovação e à formação de competências técnicas;

> Promover nos parques tecnológicos um ambiente favorável à formação de redes de inovação;

> Incentivar modelos de cooperação com o objetivo de promover a padronização, a qualidade e a produtividade dos arranjos produtivos, visando à competitividade do território e das empresas.

Ao apontar o futuro, os modelos de atuação italianos permitem cons-tatar que, apesar das adversidades e das diferenças de trajetórias, a rota estratégica de desenvolvimento dos pequenos negócios brasileiros está di-recionada para se equiparar ao que há de mais avançado e exitoso interna-cionalmente.

”Os modelos vistos na Itália refor-çam que o Sebrae está no caminho cer-to, pois investe no desenvolvimento de soluções para alavancar as peque-nas empresas com vistas a sobreviver e se sustentar em uma economia local, mas com perspectiva mundial. Temos que intensificar esforços para sensi-bilizar empreendedores e empresá-rios a fortalecer laços através das redes de cooperação e investir em inovação,

automação e especialização das pes-soas”, comenta o gerente do Sebrae GO, Sérgio Augusto Monturil de Carvalho.

INSPIRAR E CRIARO papel de desenvolver peque-

nos negócios em todo o Brasil traz ao Sebrae a responsabilidade de inspirar empreendedores a criar novas possi-bilidades de inserção e atuação. Isso implica em estimular o olhar apurado dos empresários para mercados com características cada vez mais múlti-plas, globalizadas e em constante for-mato de cocriação.

”O sistema Sebrae precisa unir forças para construir o chamamen-to envolvendo os segmentos públi-co e privado, com engajamento das instituições de pesquisa e desenvol-vimento, para trabalhar todo ciclo do empreendedorismo. Enquanto Siste-ma, nós já contribuímos e avançamos muito com projetos e ações asserti-vas. Entretanto, o desafio é grande, pois temos um longo caminho a trilhar para construir um melhor ambiente capaz de aumentar a competitividade dos pequenos negócios”, comenta o gestor do Sebrae SC, Carlos José Dias.

Estimular o desenvolvimento de novos formatos de atuação dos em-preendimentos brasileiros, demanda, do Sebrae, o fortalecimento de no-vas cadeias de valor entre marcas e pessoas, que entendam a inovação, a qualificação e a construção colabo-rativa como elementos fundamentais para os pequenos negócios nos mer-cados competitivos.

”O que é possível replicar em nos-so país? O conceito de redes de colabo-ração, em que empresas podem se unir a centros tecnológicos, a universidades e a outras empresas em busca de di-ferencial competitivo que lhes permita

a sustentabilidade. O principal ensina-mento é continuar fazendo o que fa-zemos, com mais segurança de que o caminho a seguir é o da missão do Sebrae”, finaliza o gestor do Sebrae AP, Richard Batista Maia.

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INOVAÇÕES PARA PEQUENOS NEGÓCIOSConceitos italianos que podem fazer a diferença no empreendedorismo brasileiro

A jornada de meses de dedicação em au-las e visitas técnicas trouxe novos olha-res para os gestores do Sebrae que

participaram do Programa Internacional para Desenvolvimento de Lideranças. Ao finalizar essa trajetória, os gerentes apontam temas e estratégias que têm grande potencial de mo-dificar positivamente os pequenos negócios brasileiros somando atitudes, marcas, organi-zações, pessoas, produtos e serviços.

A produtividade é exercitada com eficiência e eficácia e o menor número de funcionários. É fazer mais com menos. Nos três grupos visitados, foi evidenciado que o cumprimento de metas de uma empresa não dependerá do volume de trabalhadores, mas dos métodos e metodologias de trabalho, que acontecem de forma sincronizada”, destaca a gerente do Sebrae PI, Mirna Vaz da Rocha.

O mais importante é reforçar a necessidade das próprias empresas assumirem as rédeas do seu desenvolvimento e do crescimento no mercado. É necessário também investir em tecnologia e inovação como diferenciais para o aumento da produtividade, fazer parcerias que ajudem a evoluir e ter qualidade no que estará sendo produzido e ofertado no mercado”, destaca o gerente do Sebrae MT, Volmir José Contreira.

Houve uma decisão estratégica de investir em design e inovação, sendo esses dois pontos considerados os diferenciais italianos de posicionamento de mercado na economia globalizada. Diferentemente do Brasil, onde ainda faltam políticas e definições claras de estratégias para desenvolver a economia. Apesar de vários setores terem a consciência da importância da inovação e do design para se manter no mercado, eles não os têm como prioridade”, destaca o gerente do Sebrae PI, Élcio de Lima Nunes.

As inovações, a pesquisa voltada ao design dos produtos, os novos produtos, a adequação de processos produtivos, a pesquisa para entender as exigências do mercado e as concepções do modelo empreendedor compreendem os mais importantes conhecimentos adquiridos na visita às empresas italianas. Merecem destaque as adequações dos processos produtivos e o design dos produtos visto que o mercado brasileiro se mostra bastante exigente quanto aos novos formatos, o que representa ganhos em relação aos existentes”, esclarece o gestor do Sebrae SE, José Melquiades Neto.

MAIS COM MENOS

Otimizar processos e recursos para garantir a sustentabilidade do negócio e o maior valor agregado. A aprimorada gestão italiana mostra que é preciso fazer mais com menos.

AGREGAÇÃO DE VALOR

É preciso superar as resistências iniciais para investir em estratégias que agreguem valor e permitam expandir o cenário de atuação dos pequenos negócios.

inovação

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Há muitas questões da realidade italiana que podemos trazer para inspirar nossa atuação. Uma é a maior aproximação entre a educação formal e o setor produtivo. As escolas técnicas e as instituições de ensino superior precisam efetivamente formar profissionais qualificados para trabalhar nas empresas da região. Outra é a melhora da produtividade e da competitividade das empresas brasileiras, principalmente as indústrias”, reforça a gestora do Sebrae NA, Mirela Luiza Malvestiti.

Tradição e inovação não são entendidas como instâncias dissociadas, mas complementares, pois os aspectos ligados à tradição são fundamentais para a competitividade e a diferenciação dos produtos italianos. Já a inovação é largamente estimulada e utilizada para reduzir custos e viabilizar os produtos no contexto da competição global”, explica a gerente do Sebrae RN, Lorena Roosevelt de Lima Alves.

MAIS COM MENOS

Otimizar processos e recursos para garantir a sustentabilidade do negócio e o maior valor agregado. A aprimorada gestão italiana mostra que é preciso fazer mais com menos.

AGREGAÇÃO DE VALOR

É preciso superar as resistências iniciais para investir em estratégias que agreguem valor e permitam expandir o cenário de atuação dos pequenos negócios.

Um desafio é deslocarmos o eixo da sobrevivência das empresas para a competitividade das empresas. Desse modo, mesmo com a forte figura do empresário em nossa cultura, poderemos pensar na empresa enquanto instituição que permite perenidade e que se torna mais inovadora e sustentável no diálogo que diariamente faz com todas as partes interessadas”, comenta o gestor do Sebrae MG, Fabrício César Fernandes.

Vi na Itália uma forma de cooperação visionária, na qual os indivíduos cooperam de uma forma desarmada e confiante, entendendo que o êxito será certo, se cumpridas as responsabilidades de cada parte”, reforça a gerente do Sebrae GO, Eliane Maria de Moura Souza.

A habilidade de trabalhar em redes é um importante conhecimento que deve ser levado para as empresas locais e regionais. Cada vez mais, a capacidade da empresa de agregar valor aos seus produtos e se posicionar no mercado é determinada pelo trabalho em redes de alta performance”, explica o gestor do Sebrae PR, César Reinaldo Rissete.

REDES DE COLABORAÇÃO

O olhar italiano vê as empresas da região não como concorrentes, mas agregadoras de valor para o empreendimento. Ao consolidar redes de colaboração locais, o ganho é geral.

MELHORIAS CONTINUADAS

O processo de crescimento e aprimoramento não pode ser considerado estático e deve estar em constante movimento de ideias, atitudes, estratégias e parcerias.

Temos que sensibilizar os empreendedores de que não podem ficar para trás, pois a inovação faz parte do processo evolutivo de toda empresa e, consequentemente, do seu crescimento. Por exemplo, a criação de polos produtivos em determinadas regiões, observando o seu potencial, pode revolucionar os pequenos negócios, principalmente se uma grande empresa investir na localidade”, afirma a gestora do Sebrae RR, Nuberlânia Ribeiro Batista.

Insisto em dizer que inovação é uma palavra mágica. Atuar na potencialização do uso da inovação pelos pequenos negócios irá garantir competitividade e longevidade dos empreendimentos”, finaliza a gerente do Sebrae AM, Maria do Socorro Corrêa da Silva.

Fica-se com a certeza de que o caminho do sucesso passa pelo aumento da produtividade, pela internacionalização e pela inovação. Não é tarefa fácil introduzir estes conceitos nos pequenos negócios, principalmente quando se pensa nas centenas de padarias, salões de beleza e comércios que todos os dias procuram as agências de atendimento do Sebrae. Além da dificuldade de entendimento da importância, tem-se o desafio da criação de ferramentas compatíveis com o público”, esclarece a gestora do Sebrae RS, Viviane Ferran.

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O território se desenvolve e se consolida muito fortemente a partir da inovação e da especialização. Eles são muito bons no que fazem e se associam porque têm ganhos de escala e de mercado. O associativismo não é fruto de uma questão social apenas, mas de uma questão mercadológica. O associativismo é explicado pela história do país, que já sentiu os prós e contras do associativismo, mas que assimilou muito fortemente seus prós. E o fato de serem muito especializados, dá a eles uma proteção estratégica e uma vantagem competitiva”, destaca o gerente do Sebrae SP, Fábio Ravazi Gerlach.

Dois conhecimentos fundamentais para revolucionar os pequenos negócios no Brasil são: diferenciação e especialização. A diferenciação força o empreendedor a estar sempre se reinventando, a buscar novas soluções e produtos e a enxergar o que o mercado está demandando. Já a especialização faz com que foquem em algum nicho de mercado se destacando dos demais”, esclarece o gerente do Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.

Em todas as empresas visitadas na Itália a inovação, seja a incremental seja a de ruptura, sempre foi colocada em primeiro plano como sendo o diferencial competitivo. Está no DNA e tem foco bem definido no mercado no qual atuam. Já as valorizações da tradição produtiva e da vocação local do território permitiram a criação de ambientes altamente favoráveis à especialização produtiva e à criação de produtos com a marca ‘Made in Italy’ “, explica o gestor do Sebrae AM, Marcus Antonio de Souza Lima.

EMPREENDEDORISMO INOVADOR

Mais do que empreender, as empresas italianas se desenvolvem tendo a inovação como horizonte em seus produtos, processos e relacionamentos.

POLÍTICAS OUSADAS

Ao consolidar um plano de políticas públicas com metas e diretrizes claras, os países da União Europeia somam esforços e compartilham oportunidades e riscos.

Há um direcionamento claro da União Europeia para o apoio as pequenas empresas e para que todos os países membros incluam em suas políticas públicas o incentivo às mesmas. Os eixos recomendados são: centros de pesquisa, apoio aos clusters, instrumentos de financiamento, programas de empreendedorismo e apoio a internacionalização. Não há uma legislação regulamentada, mas sim um ato político que os governos assinam e aceitam que irão seguir para pensar e promover os pequenos negócios”, reforça a gestora do Sebrae RJ, Ana Lúcia de Araújo Lima.

Precisamos de políticas públicas ousadas e de um governo que compartilhe com a indústria o risco da inovação para que haja confiança em se lançar em um processo contínuo de agregação de inovações. Não é uma inovação aqui ou outra adiante. Precisa ser um fluxo contínuo. Não podemos deixar que os concorrentes se tornem mais competitivos do que a própria indústria”, comenta o gestor do Sebrae AL, Arestides Bezerra Minervino.

Implantar políticas públicas que permitem aos pequenos negócios focarem no exercício de suas atividades econômicas e não dispensem horas e energia desnecessária na gestão, cumprimento de suas obrigações tributárias, contabilidade etc. é um desafio que o Brasil, diferentemente da Itália, tem que vencer”, ressalta Inês Schwingel, gerente adjunta do Sebrae NA.

Observando o modus operandi da microeconomia Italiana, destaca-se a forma como as empresas e os empresários compartilham e entendem qual é o papel do governo e suas limitações, não colocando sobre este expectativas sobre seu próprio desempenho e sobre toda a região. Os empresários assumem o protagonismo sobre o próprio destino, tomando decisões estratégicas em conjunto que não afetam somente seus negócios, mas o desempenho do distrito, da região e do próprio país”, afirma a gestora do Sebrae MS, Flávia Rosa Santos Silva.

inovação

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A cultura empresarial italiana mistura modernidade e tradi-ção em uma mescla de conhe-

cimentos e estratégias que permitem as empresas serem protagonistas mundiais. Em território brasileiro, há o desafio de reinventar o empreen-dedorismo, aprimorando processos, produtos e serviços e personalizando estratégias europeias para possibili-tar o desenvolvimento de novos hori-zontes de lucros e oportunidades.

”O Brasil precisar reforçar as for-mas integradas de ações coletivas e associativas, ou seja, cooperar para competir. Na Itália, um dos fatores de grande importância para o de-senvolvimento do país foi a união de grupos em prol do crescimento local,

aproveitando as potencialidades re-gionais”, destaca a gerente do Sebrae PI, Mirna Vaz da Rocha.

Compartilhar conhecimentos e atuar de forma colaborativa são ino-vações que ainda estão em tempo de espera no Brasil ou que precisam de incremento para gerar novas possibi-lidades de inserção e desenvolvimen-to para os negócios nacionais.

”Creio que o processo de inovação compartilhado ainda está longe de ser aplicado por aqui. A inovação no contexto dos distritos industriais, re-alizada em parcerias e por empresas pequenas e médias encadeadas com empresas maiores acontece de forma muito esporádica”, explica o gestor do Sebrae NA, André Silva Spínola.

A dificuldade de partilhar conte-údos e estratégias para gerar bene-fícios para toda a cadeia também é apontada pelo gerente do Sebrae SP, Carlos Alberto de Freitas. ”Acredito que as inovações disruptivas, aquelas que geram novas patentes de pro-dutos ou processos e que ainda não existem, são as mais difíceis de se-rem implementadas no Brasil. Isso acontece porque ainda existem pou-cas iniciativas de criação e apoio às spin offs nacionais e de parceria entre pequenas e grandes empresas para a geração de inovações”, aponta.

O desafio torna-se, então, criar uma nova consciência empresa-rial em que a inovação não seja vis-ta como diferencial competitivo, mas

INOVAÇÕES EM TEMPO DE ESPERAVisões italianas que podem criar outros cenários para pequenos negócios

Os investimentos em educação, pesquisa e desenvolvimento irão

gerar novos lucros

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um canal de mudança e desenvolvi-mento dos negócios a partir de ce-nários cada vez mais competitivos e aprimorados.

”A temática da inovação como um todo deve ser inserida no dia a dia dos empreendedores brasileiros para que possam aumentar a chan-ce de sucesso e sustentabilidade dos negócios. O tema é visto como caro e inacessível e os pequenos, muitas vezes, deixam passar várias oportunidades em função desta vi-são distorcida”, esclarece o gestor do Sebrae DF, Roberto Faria Santos Filho.

CONECTAR ETAPASCriar laços ainda mais atados en-

tre educação e negócios é outro de-safio que deve ser superado no Brasil. Ao conectar universidades e empresas, os ganhos acontecem de ambos os lados, pois há o encon-tro entre a formação profissional

qualificada, o desenvolvimento de outras possibilidades e a inserção dos novos profissionais em postos de trabalhos técnicos.

”Existe defasagem na preparação das pessoas para atender com efici-ência as demandas setoriais, espe-cialmente capacitação e qualificação técnica. Precisamos desenvolver centros de referência nos territórios com identidade produtiva, escolas e centros de pesquisa e inovação, se-jam estes vinculados a consórcios, redes flexíveis ou empresas ânco-ras”, afirma o gestor do Sebrae SC, Enio Albérto Parmeggiani.

Educar é, também, a aposta do gerente do Sebrae SP, Fábio Rava-zi Gerlach, para desenvolver outros panoramas nacionalmente. ”O Brasil ainda precisa evoluir como país, prin-cipalmente na educação, para con-seguirmos aproveitar, de fato, o que vemos em outros países. Como isso

é de médio e longo prazos, o empre-endedorismo inovador pode ser um caminho mais curto para aproveitar melhor as oportunidades”, comenta.

No processo de formar novos co-nhecimentos para os negócios, as empresas italianas adotam uma postura diferente das brasileiras, pois entendem que os investimen-tos em educação, pesquisa e desen-volvimento irão gerar lucros diretos e não devem depender, exclusiva-mente, dos órgãos governamentais.

”A busca por novas tecnologias é do interesse dos empresários ita-lianos, que utilizam a ciência para o aprendizado coletivo e a exploração correta das vocações locais. Por te-rem uma concorrência mais acirrada do que no Brasil, entendem que pre-cisam inovar e cooperar para vencer a concorrência, resultando em uma competitividade tácita em produ-tos e processos através do conheci-mento adquirido, o qual tem que ser preservado, mantido e inovado nos locais de disseminação, como esco-las, laboratórios e universidades”, afirma a gestora do Sebrae MS, Flá-via Rosa Santos Silva.

A opinião é compartilhada pela gerente do Sebrae AM, Maria do So-corro Corrêa da Silva, que apon-ta caminhos para as conexões entre negócios e educação. ”Creio que qualquer inovação dependa do envolvimento com universidades. Falta a integração dos centros uni-versitários com o setor empresa-rial de uma forma mais corriqueira e pragmática. A ciência ainda está dis-tante dos pequenos negócios bra-sileiros. Existem boas experiências acontecendo, mas faz-se necessário multiplicar e intensificar essa rede de inovação”, esclarece.

A inovação deve ser

vista como um canal de

mudanças

inovação

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INOVAÇÕES PARA ACELERAR O BRASIL

A gerente do Sebrae RJ, Ana Lúcia de Araújo Lima, apontou dez inovações italianas que podem apoiar o desenvolvimento dos pequenos negócios no Brasil e elevar as empresas a novos patamares mundiais.

INTEGRAÇÃO ACADEMIA E EMPRESAS > Fazer esta engrenagem funcionar será um grande desafio para o desenvolvimento do território. Há interesse dos dois lados, porém, no Brasil, as universidades ainda plainam basicamente na teoria e não conseguem colocar os conhecimentos na prática empresarial.

RASTREABILIDADE DOS PRODUTOS > Saber todo o caminho percorrido da matéria-prima até o consumidor final é algo que ainda está distante e os italianos falam deste processo com muita naturalidade.

GESTÃO PROFISSIONAL > As cooperativas visitadas apresentam uma solidez de décadas de atuação com uma gestão profissional invejável. São modelos de negócios muito bem difundidos, maduros e lucrativos.

QUALIDADE > A certificação e a preocupação com a qualidade dos produtos não são diferenciais competitivos, mas exigências mínimas de mercado.

DIRETRIZES CLARAS > Há diretrizes claras sobre quais os setores importantes para a economia italiana e todos os esforços e recursos são focados. Isso oferece, além de especialização, muito mais recursos para os setores que trarão divisas para o país.

INOVAÇÃO > A inovação, seja de produto ou processo, é vista como fator crítico de sucesso. Percebe-se empreendedores incomodados com a mesmice, cheios de ideais e provocativos com o fazer diferente e a vontade de transformar ideias em negócios lucrativos.

CONFIANÇA > A confiança apresentada entre os empreendedores italianos é comportamento invejável.

TERCEIRIZAÇÃO > As empresas terceirizam muitas etapas, porém os processos essenciais são identificados e ficam dentro da empresa, ou seja, a produção pode ser terceirizada, mas a criação vale ouro e precisa ser parte da inteligência da empresa.

DENOMINAÇÃO DE ORIGEM > A identificação de que aquela peça é de uma região específica da Itália tem muito significado. O orgulho de ser italiano e de produzir determinados produtos também fica evidente.

VALORIZAÇÃO DO TERRITÓRIO > A valorização do território em que a empresa está inserida é algo bonito de ver. A cidade e a região foram mencionadas em todas as apresentações como um grande diferencial da empresa.

NOVOS CONCEITOSOutro desafio a superar é a con-

solidação de conceitos que já fazem parte do cotidiano das empresas eu-ropeias, mas que, no Brasil, são con-siderados diferenciais competitivos. É o caso da sustentabilidade, incluin-do o econômico, o social e o meio am-biente, que, aos poucos, ganha força

no País, mas que ainda precisa de um impulso mais contínuo.

”No Brasil, ainda não temos tanta maturidade empresarial e consciência ecológica por sermos ricos em recur-sos naturais e de grande extensão. Boa parte das micro e pequenas empresas não é sensível às questões como ino-vação, sustentabilidade e cooperação

nos padrões italianos. Já surge uma nova geração de empreendedores e empresas totalmente focadas em ini-ciativas muito parecidas e, em alguns casos, até mais avançadas que as vis-tas no velho mundo, porém são casos pontuais e temos um longo caminho a percorrer”, reforça o gerente do Sebrae PR, José Ricardo Castelo Campos.

A inserção diferenciada do marke-ting conectando marcas e pequenos negócios é outro ponto elencado pelo gestor do Sebrae RJ, Ricardo Wargas, que pode fazer grande diferença nos negócios nacionais. ”A inovação em marketing é uma experiência que, no Brasil, ainda é pouco praticada, na qual grandes nomes empresariais ainda não se associam no desenvolvimen-to de produtos consorciados e de valor incrementado junto ao mercado por conta da associação de marcas for-tes”, explica.

Analisar os conceitos empresariais italianos deve passar pela compreen-são de que os países têm trajetórias diferentes ainda que estejam compe-tindo no atual mercado globalizado. ”A impressão que se tem é que Brasil e Itália estão em estágios diferentes no processo de evolução empresarial, porém, diante de uma economia glo-balizada, acelerar o desenvolvimento da consciência dos empresários bra-sileiros e das ferramentas utilizadas se torna um desafio monumental”, fi-naliza o gerente do Sebrae GO, Sérgio Augusto Monturil de Carvalho.

Inês Schwingel, gerente adjun-ta do Sebrae NA destaca que o Bra-sil ainda possui muitos pontos para rever e aperfeiçoar, a fim de melhorar o ambiente para os empreendedores e permitir que os pequenos negócios sejam mais competitivos, tal como vi-mos na Itália.

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A UNIVERSIDADE CORPORATIVA foi criada em 2008 com o objetivo de implementar a Polít ica de Educação Continuada

do Sistema Sebrae. Os programas educacionais estabelecem vínculos diretos com o Sistema de Gestão de Pessoas, versão 7.0, o qual estabelece as polít icas, diretrizes e procedimentos que nor teiam o autodesenvolvimento, a ascensão profissional e a

meritocracia no Sebrae, segundo o Direcionamento Estratégico 2022.

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