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577691 Órgão : 2ª TURMA CÍVEL Classe : APC - APELAÇÃO CÍVEL N. Processo : 2008 07 1 035434 6 Apelante (s) : J. V. S. Apelado (a) (s) : N. P. S. Relator Des. : J. J. COSTA CARVALHO Revisor Des. : SÉRGIO ROCHA EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL PARTILHA BEM IMÓVEL ADQUIRIDO MEDIANTE DOAÇÃO PÚBLICA DECORRENTE DE PROGRAMA HABITACIONAL DO PODER PÚBLICO EM FAVOR DE UM DOS CONVIVENTES INCOMUNICABILIDADE. 1. Consoante inteligência do artigo 1.659 do Código Civil, “excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;”. 2. Por sua vez, o artigo 1.725 do Código Civil, disciplina que “na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.” 3. Por conseguinte, exclui-se da partilha de bens decorrente da dissolução de união estável o terreno doado pelo poder público, mediante programa habitacional, a um dos conviventes, ficando a salvo, contudo, a divisão incidente sobre o valor agregado ao imóvel em virtude das edificações erigidas na constância da convivência. 4. Recurso conhecido e parcialmente provido.

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Órgão : 2ª TURMA CÍVEL Classe : APC - APELAÇÃO CÍVEL N. Processo : 2008 07 1 035434 6 Apelante (s) : J. V. S. Apelado (a) (s) : N. P. S.

Relator Des. : J. J. COSTA CARVALHO Revisor Des. : SÉRGIO ROCHA

EMENTA

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL – RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL – PARTILHA – BEM IMÓVEL ADQUIRIDO MEDIANTE DOAÇÃO PÚBLICA DECORRENTE DE PROGRAMA HABITACIONAL DO PODER PÚBLICO EM FAVOR DE UM DOS CONVIVENTES – INCOMUNICABILIDADE. 1. Consoante inteligência do artigo 1.659 do Código Civil, “excluem-se da comunhão: I - os bens que cada

cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;”. 2. Por sua vez, o artigo 1.725 do Código Civil, disciplina que “na união estável, salvo contrato escrito entre os

companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.” 3. Por conseguinte, exclui-se da partilha de bens decorrente da dissolução de união estável o terreno doado pelo poder público, mediante programa habitacional, a um dos conviventes, ficando a salvo, contudo, a divisão incidente sobre o valor agregado ao imóvel em virtude das edificações erigidas na constância da convivência. 4. Recurso conhecido e parcialmente provido.

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ACÓRDÃO

Acordam os Desembargadores da SEGUNDA TURMA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, J. J. COSTA CARVALHO – Relator, SÉRGIO ROCHA – Presidente e Revisor, CARMELITA BRASIL, Vogal, em CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 29 de fevereiro de 2012

Des. J. J. COSTA CARVALHO Relator

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RELATÓRIO

À guisa de relatório, adoto, permissa venia, em parte, o

constante do parecer da douta Procuradoria de Justiça do MPDFT, lançado às fls.

335/336, que assim resumiu a espécie dos autos:

“Trata-se de Apelação interposta por João Vitório da Silva

face à irresignação com a sentença proferida pelo juízo da Segunda Vara de Família, Órfãos e Sucessões de Taguatinga, que julgou procedentes os pedidos

formulados na „Ação de Reconhecimento e Dissolução de União Estável‟, proposta contra si por Neusa Pereira dos Santos. O Ministérios Público manifestou-se pela procedência dos

pedidos formulados na inicial e a improcedência da reconvenção (fls. 246/251) e a r. sentença dispôs, verbis:

“... julgo procedente o pedido para declarar a existência e dissolução de união estável entre NEUSA PEREIRA DOS SANTOS e JOÃO VITÓRIO DA SILVA, no período compreendido entre fevereiro de 1994 e novembro de 2008. De outro lado, julgo procedente o pedido e determino a partilha dos eventuais direitos e obrigações sobre o imóvel descrito como QS 11, Conjunto P, Casa 12, Areal, Águas Claras, DF, e dos direitos e obrigações incidentes sobre o veículo marca GM Vectra/1997, placa JEX 5776-DF. Julgo improcedentes os pedidos reconvencionais. (...)” (fls. 304/308v) Irresignado, o apelante interpôs o presente recurso de apelação, no qual argumenta que a sentença partilhou bem

doado exclusivamente para si, qual seja o imóvel situado em Águas Claras, violando o disposto no artigo 5º da Lei 9.278/96 e no artigo 1.659, incisos I e II, do Código Civil – (fls. 310/316). Em sede de contrarrazões a apelada alega: 1) que a doação feita pelo Distrito Federal não foi uma doação pura, nos moldes convencionais, mas uma doação feita em proveito do casal; 2) que somente foi doado ao apelante o

terreno e que, caso seja decidido pela impossibilidade de comunicação do bem doado, deve ser partilhada a edificação feita no terreno – (fls. 319/328). [...].”

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Parecer da douta Procuradoria de Justiça do MPDFT, às fls.

335/339, opinando pelo conhecimento e parcial provimento do recurso de

apelação.

Sem preparo, em virtude da gratuidade de justiça concedida

à fl. 308-verso.

É o relatório.

V O T O S

O Senhor Desembargador J. J. COSTA CARVALHO –

Relator

Conheço do recurso, presentes os pressupostos de

admissibilidade.

A meu sentido, tenho que o parecer elaborado pela douta

Procuradoria de Justiça do MPDFT resumiu perfeitamente a questão versada, por

isso que adoto, como razão de decidir, com a devida venia, seus fundamentos,

verbis:

“[...] Quanto ao mérito, verifica-se que assiste razão em parte ao apelante, como restará demonstrado.

O apelante argumenta que o imóvel onde residia o casal, situado em Águas Claras, não poderia ter sido partilhado, eis que foi objeto de doação do Distrito Federal exclusivamente para si. Extrai-se dos autos que as partes mantiveram união estável e que não preestabeleceram nenhum regime de bens, aplicando-se ao caso o regime da comunhão parcial de bens. O artigo 1.659 do Código Civil, ao regular o referido regime de bens, estabelece:

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; (...) grifo nosso

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Logo, diante da inteligência do artigo supra, o bem doado ao apelante não pode ser objeto de partilha. No entanto, o Distrito Federal doou apenas o terreno ao apelante, sobrevindo, após, a edificação de uma casa com 3 (três) pavimentos, fruto do trabalho comum das partes. A respeito da mencionada edificação, constante de benfeitorias úteis, necessárias e voluptuárias, o Código Civil dispõe: Art. 1.660. Entram na comunhão: (...) IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; (...) (grifo nosso) Portanto, o terreno não pode fazer parte da partilha de bens, mas sim a edificação feita no imóvel, devendo aferir-se o valor agregado ao terreno em decorrência da edificação. Nesse sentido: RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PRELIMINAR DE IMPUGNAÇÃO DE DOCUMENTOS JUNTADOS EM SEDE RECURSAL. REJEIÇÃO. DOAÇÃO PÚBLICA DE IMÓVEL MEDIANTE PROGRAMA HABITACIONAL. AQUISIÇÃO A TÍTULO GRATUITO. INCOMUNICABILIDADE. ACESSÕES CONSTRUÍDAS SOB ESFORÇO COMUM DO CASAL. PRETENSÃO DE PARTILHA. POSSIBILIDADE. (...) A doação pública de imóvel, mediante programa habitacional, na constância da união estável, indicando apenas um dos companheiros como beneficiário, apenas a ele aproveita, eis que o bem adquirido a título gratuito, nos termos do art. 1659 do Código Civil, não integra a comunhão para fins de partilha. As acessões sobre o lote doado, construídas pelo esforço comum do casal - devidamente comprovado nos autos - devem ser partilhadas na proporção de 50% (cinquenta por cento) para cada uma das partes. (20070110532859APC, Relator CARMELITA BRASIL, 2ª Turma Cível, julgado em 26/08/2009, DJ 14/09/2009 p. 156) Diante de tais fundamentos jurídicos, conclui-se que o recurso de apelação deve ser parcialmente provido para

declarar que o terreno situado na QS 11, conjunto „P‟, casa 12, Areal, Águas Claras, é bem exclusivo do apelante, uma vez que é oriundo de doação do GDF a este. No entanto, o

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valor agregado ao imóvel em decorrência das edificações realizadas pelas partes, deve ser objeto de partilha. CONCLUSÃO

Pelo exposto, oficia esta Procuradoria de Justiça para que a Apelação seja conhecida e parcialmente provida.” (fls. 337/339)

Correta, destarte, a argumentação lançada pela i.

Procuradora de Justiça do Distrito Federal em seu douto parecer.

Em complementação ao entendimento aqui defendido,

colaciono ainda os seguintes julgados do e. Superior Tribunal de Justiça e deste

c. Tribunal, verbis:

“[...] 3. No entanto, esta não é a hipótese em tela. Ainda que comprovado nos autos que a divisão de bens determinada pela Corte americana tivesse como fundamento um acordo firmado entre as partes, deve-se considerar a impossibilidade da inclusão do imóvel no patrimônio conjunto dos cônjuges. O regime de bens adotado pelo casal quando da celebração do casamento foi o da comunhão parcial e o referido imóvel foi adquirido pelo requerido, ora contestante, por meio de doação (com as cláusulas de impenhorabilidade e de incomunicabilidade), o que, diante do art. 1.659, I, do Código Civil, o exclui da comunhão. [...] 6. Pedido homologatório parcialmente deferido para excluir a divisão de bens proposta pela justiça americana, por afrontar as determinações da legislação pátria (art. 1.659, I, do CC/2002) e ofender a ordem pública brasileira (art. 6º da Resolução/STJ nº 09, de 04/05/2005).” (SEC nº: 2.222/US, Corte Especial, DJ: 11.02.2008, p. 52, rel. o em. Min. JOSÉ DELGADO) – grifei. “RECONHECIMENTO DE SOCIEDADE DE FATO - PARTILHA - BENS DECORRENTES DE DOAÇÃO. 1 - Não comprovado que o imóvel foi construído com a colaboração do de cujus, embora na constância da união estável, tratando-se de lote doado, não deve ser incluído na partilha.

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2 - Recurso conhecido e não provido. Decisão unânime.” (APC nº: 20040110711680, 5ª T. Cível, DJ: 22.03.2007, p. 104, rel. a em. Des. HAYDEVALDA SAMPAIO) – grifei. “APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. BEM IMÓVEL. DOAÇÃO. EXCLUSÃO DA PARTILHA. - A presunção juris tantum de participação de ambos os conviventes na formação do patrimônio comum (art. 5º, caput, da Lei nº 9.278/96) não inclui o bem obtido pelas partes a título não oneroso, como é o caso de imóvel doado a um dos companheiros. - Recurso improvido. Unânime.” (APC nº:

20020810032225, 6ª T. Cível, DJ: 23.03.2006, p. 114, rel. o em. Des. OTÁVIO AUGUSTO) – grifei.

Isso posto, dou parcial provimento ao recurso, para

excluir da partilha de bens apenas o terreno situado na “QS 11 (ONZE),

CONJUNTO „P‟, LOTE 12 (DOZE), BAIRRO ÁGUAS CLARAS, TAGUATINGA-

DF”, doado ao recorrente mediante a Escritura Pública de Transferência de Lote

de fls. 17/19, permanecendo, pois, a partilha incidente tanto sobre o valor

agregado ao imóvel em decorrência das edificações quanto sobre os direitos e

obrigações incidentes sobre o veículo indicado nos autos.

É como voto.

O Senhor Desembargador SÉRGIO ROCHA – Presidente

e Revisor

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço da

apelação interposta pelo réu, J.V.d.S.

DA COMUNHÃO DOS BENS ADQUIRIDOS A TÍTULO ONEROSO DURANTE A

UNIÃO ESTÁVEL

Primeiramente, cumpre destacar que o réu/apelante,

J.V.d.S. não recorreu da parte da sentença que reconheceu e declarou a

existência da união estável no período de fevereiro/1994 a novembro/2008, bem

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como determinou a partilha do veículo GM/Vectra, placa JEX 5776, razão pela

qual a questão não será objeto de exame neste recurso, em atenção ao princípio

do tantum devolutum quantum appellatum.

Alega o réu/apelante, J.V.d.S. (ex-companheiro) que o

imóvel sito na QS 11, conjunto P, casa 12, Areal, Águas Claras –DF, não pode ser

objeto de partilha porque ele o recebeu por doação.

Sem razão o réu/apelante.

A união estável era regulada pela Lei 9.278/96 (Regula o §

3º do art. 226 da Constitução Federal), mas foi tacitamente revogado com a

entrada em vigor do Código Civil de 2002, cujo artigo 1.725 estipula:

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Do artigo supra transcrito depreende-se que, diante da

inexistência de qualquer pacto quanto ao regime de bens, os bens adquiridos na

constância da união estável se comunicam, devendo ser partilhados em 50% para

cada companheiro.

E o artigo 1658 do CC dispõe que:

“Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.

Por sua vez, o art. 1659, I, do Código Civil,1 estipula que os

bens recebidos em doação na constância da união, não se comunicam.

1 CC/02. Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

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No caso, o réu alega que recebeu o terreno onde a

residência do casal foi construída por doação da TERRACAP, razão pela qual não

pode ser partilhado.

Todavia, tenho que a exclusão da partilha dos bens

adquiridos por doação, estipulada no art. 1659 do CC, é apenas em relação à

doação gratuita, porque nesta modalidade, de fato, o donatário a recebe sem

nenhuma condição ou encargo, não se exigindo nenhuma obrigação do donatário

para o recebimento do bem doado.

Assim, o cerne da questão está em determinar se a doação

do terreno feita pela TERRACAP foi gratuita ou onerosa.

A “Escritura Pública de Transferência de Lote Urbano ao

Distrito Federal e Doação Deste, Com Encargo, ao Legítimo Ocupante do Imóvel”,

de fls. 17/19, informa a doação do terreno ao réu/apelante, J.V.d.S., em

05/02/2002, e dispõe o encargo, nos seguintes termos:

“[...] Pelo legítimo ocupante outorgado e donatário já qualificado, falando em último lugar, me foi dito que aceita a presente escritura, com o encargo de construir sua casa própria, observados os regulamentos administrativos, no lote que ora lhe foi doado, obrigando-se a apresentar a competente Carta de Habite-se ou documento equivalente no prazo de 05 (cinco) anos, a partir desta data sob pena de reversão.[...]” (fl. 19, sem grifo no original).

Sílvio Venosa ensina que:

“Doação modal, onerosa ou com encargo é aquela na qual a liberalidade vem acompanhada de incumbência atribuída ao donatário, em favor do doador ou de terceiro, ou no interesse geral (art. 553; antigo art. 1.180). Será doação onerosa, por exemplo, aquela na qual se doa prédio para instalação de escola, nela colocando-se o nome do doador; doa-se terreno à Municipalidade, para construção de espaço esportivo ou área de lazer etc.”2

2 in Venosa, Sílvio de Slavo, Direito Civil: contratos em espécie/Sílvio Venosa, 4ª.ed. –São Paulo.

Atlas, 2004, coleção direito civil, v.3, p.l 125

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E no Código Civil Comentado, Nelson Rosenvald leciona:

“A parte derradeira do art. 540 é dedicada ao exame da doação com encargo ou modal (onerosa). Diversamente ao termo e à condição, salvo ressalva expressa, o encargo não suspende a aquisição ou o exercício do direito (art. 136 do CC). Quando o modo é inserido no contrato, perde a condição de elemento acidental e converte-se em elemento essencial do negócio jurídico. Com efeito, o seu descumprimento provoca a ineficácia superveniente do negócio jurídico por resilição unilateral ou resolução por inadimplemento (art. 555 do CC).”3

Assim, apesar de o réu/apelante, J.V.d.S. ter recebido o

terreno por doação, esta foi onerosa, com a imposição de ele construir a casa no

prazo de cinco anos. Somente com a construção da residência, é que a doação

se completou.

Trata-se pois, de aquisição de terreno de forma onerosa, na

constância da união estável, devendo o terreno ser partilhado entre o casal.

Nesse sentido, os precedentes deste eg. TJDFT:

„[...] 1. A doação de imóvel feita pelo Distrito Federal, por meio de programa de moradia, integra a comunhão de bens, se ocorrida na constância da união estável, porquanto concedida em proveito do casal. 3. O registro de propriedade levado a efeito em momento posterior ao término da união estável, não descaracteriza a propriedade comum do bem, quando a doação administrativa ocorreu durante o período de convivência familiar. 2. Apelação conhecida e desprovida.” (20100910062785APC, Relator: SANDOVAL OLIVEIRA, 4ª Turma Cível, julgado em 21/09/2011, DJ 27/09/2011 p. 156)

3 in Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência: Lei 10.406, de 10.01.2002, Coordenador

Cezar Peluso, autores Godoy Claudio Luiz Bueno e outros – 3ª ed. Ver. E atual. . Barueri – SP, Manole, 2009, p. 563

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“[...] I - A doação de imóvel feita pelo Distrito Federal, na constância da união estável, presume-se feita em proveito do casal, passando a pertencer a ambos em condomínio. II - Desfeita a união, o pedido de reconhecimento da dissolução condominial, com a conseqüente alienação judicial do bem, não encontra óbice no ordenamento jurídico sendo, pois, juridicamente possível o pedido deduzido na presente demanda. III - A circunstância de ter a ex-companheira permanecido no imóvel, não autoriza a cobrança de alugueres, pois não ficou estipulado na sentença de reconhecimento e dissolução da união estável havida entre as partes qualquer prazo para a sua eventual alienação. IV - Deu-se parcial provimento ao recurso”. (20090710353993APC, Relator: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, 6ª Turma Cível, julgado em 10/10/2011, DJ 20/10/2011 p. 203) “[...] Reconhecida a união estável havida entre as partes, imperiosa a partilha igualitária dos bens adquiridos na constância da relação, pois se presume ser produto do esforço comum do casal. O imóvel foi doado pelo Distrito Federal durante a convivência dos litigantes, não se tratando de doação pura, nos moldes convencionais, vez que feita em proveito do casal”. (20050310132610APC, Relator: LEILA ARLANCH, 4ª Turma Cível, julgado em 04/10/2006, DJ 08/03/2007 p. 102) De destacar que não é exigida a prova do esforço comum

para a partilha do patrimônio adquirido na constância da união, não sendo

significativo avaliar a contribuição financeira de cada um, prevalecendo a

observância aos deveres de solidariedade, e a mútua assistência moral e material

entre o casal4.

4DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE IMÓVEL RESIDENCIAL ADQUIRIDO

NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL. ESFORÇO MATERIAL NÃO COMPROVADO. PRESUNÇÃO DE COLABORAÇÃO IMATERIAL PARA AQUISIÇÃO DO IMÓVEL. DIREITO À PARTILHA. I - Ficando comprovada a união estável, presume-se a mútua colaboração dos conviventes para aquisição do imóvel residencial. Precedentes. II - A ausência de provas acerca da contribuição material à formação do patrimônio não permite, por si, a exclusão do direito à meação do imóvel. III - A contribuição imaterial para formação do núcleo familiar enseja o direito à partilha do imóvel. Recurso Especial provido para determinar a meação do imóvel residencial reclamado. (REsp 1136345/MA, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe 18/03/2010)

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Ainda que assim não fosse, a autora/apelada, N.P.d.S.

efetivamente ajudou na construção da residência do casal, conforme o

depoimento da testemunha I.M.d.D.:

“[...] que os dois receberam um lote com a terra nua e construíram um imóvel nesse lote; que o casal recebeu um lote no areal; que na época da construção da casa o requerido trabalhava como vigilante e a autora ajudava na construção da casa, como ajudante de pedreiro; que depois a autora fez um curso de cabeleireira e passou a trabalhar nesse ramo; que o casal concluiu a construção da casa no areal e passou a residir nela; que a testemunha via os dois como marido e mulher; que a testemunha foi uma vez com o casal ao mercado para fazer compras; que no mercado a autora escolhia os produtos a serem adquiridos para a casa; que a testemunha foi algumas vezes na casa do casal e eles se comportavam como marido em mulher; que autora fazia tosos os serviços domésticos da casa [...] (fl. 223) A testemunha, M.A.A.d.M., declarou: “[...] que mudou para o areal no mês de agosto de 2000; que antes disso só via a autora de vista; que lhe chamou a atenção ter visto a autora trabalhando como pedreiro; que ela trabalhava como pedreiro na construção de uma casa no conjunto P, a casa dela; que a autora morou nesta casa até o ano passado; que a autora trabalhava como cabeleireira e a testemunha fazia escova com ela; que a autora morava com o requerido porque os dois eram casados” (fl. 222).

Assim, a partilha do terreno com as edificações nele

erigidas entre o casal é medida que se impõe.

Mantenho, portanto, a r. sentença.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, nego provimento ao apelo do réu, J.V.d.S.

É como voto.

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A Senhora Desembargadora CARMELITA BRASIL –

Vogal

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do

recurso.

Trata-se de apelação interposta por J.V. da S. objetivando a

reforma da r. sentença que, na ação de reconhecimento e dissolução de união

estável ajuizada em desfavor do apelante por sua ex-companheira, N.P. dos S.,

julgou procedente o pedido para declarar a existência e a dissolução de união

estável entre as partes no período compreendido entre fevereiro de 1994 e

novembro de 2008, determinando a partilha, na proporção de 50% (cinquenta por

cento) para cada um dos litigantes, dos eventuais direitos e obrigações sobre o

imóvel descrito como QS 11, Conjunto P, Casa 12, Areal, Águas Claras/DF, bem

assim, daqueles incidentes sobre o veículo marca GM Vectra 1997, placa JEX

5776, DF; o pedido reconvencional foi julgado improcedente.

Consoante relatado, alega, o apelante, equívoco da r.

sentença ao determinar a partilha do imóvel descrito, tendo em vista que o

referido terreno lhe foi doado em caráter exclusivo, por programa habitacional do

Distrito Federal, a título gratuito, não incidindo sobre o bem qualquer ônus legal,

razão por que não deve integrar a comunhão para efeitos de partilha.

No particular, a r. sentença, de fato, comporta parcial

modificação.

Aplicam-se à união estável as regras relativas ao regime de

comunhão parcial de bens, conforme determina o art. 1725 do Código Civil e,

como é de sabença geral, os bens adquiridos a título gratuito na constância da

união não se comunicam, nos termos do art. 1659 do referido diploma, in verbis:

“Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;”

Com efeito, conforme se observa da escritura pública de

doação, lavrada em 05/05/2002 (fls. 17/19), o apelante figura como único

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beneficiário do imóvel, o qual foi concedido, ressalte-se, sem a realização de

qualquer contraprestação pecuniária, havendo apenas o encargo de nele

construir a sua casa própria, no prazo de 05 (cinco) anos.

Assim, é induvidoso que não houve qualquer onerosidade

na cessão do imóvel em questão, eis que o apelante não teve de desembolsar

qualquer quantia para recebê-lo, limitando-se, tão somente, a se inscrever no

cadastro de programa habitacional do Governo do Distrito Federal.

A meu sentir, não se pode, na hipótese, considerar que a

doação foi “com encargo”.

Nos termos da lei, os encargos impostos pelo doador

podem ser em benefício do próprio doador, de terceiro ou de interesse geral.

Confira-se o disposto no art. 553 do atual Código Civil, que ostenta idêntica

redação a do art. 1.180 do Código de Civil de 1916.

Ora, do caso dos autos de encargo não se cuida, pois a

exigência de construir a casa própria no lote doado só vem em benefício do

próprio donatário; nem o doador, nem terceiro, nem a coletividade se beneficiarão

com o cumprimento da exigência.

De Plácido e Silva5, no verbete de sua conhecida obra

Vocabulário Jurídico, assim define “Encargos da Doação”:

“ENCARGOS DA DOAÇÃO. Assim se dizem as obrigações impostas pelo doador ao donatário, seja em benefício daquele, de terceiro, ou mesmo em benefício do interesse geral. Serão, assim, restrições criadas às vantagens outorgadas, seja pela instituição do fim ou aplicação da coisa cedida ou doada, como pela imposição de certa prestação a ser cumprida pelo donatário. Diz-se, também, ônus da doação, doação gravada ou doação onerada. Doação com encargos.”

Impõe-se destacar, por oportuno, que, ao contrário do que

defende a apelada, não há que se falar que a cessão do imóvel se deu em

5 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico, 27 ed., edição atualizada por Nagib Slaibi Filho e

Gláucia Carvalho, Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 528

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proveito do casal, circunstância que impossibilitaria a exclusão do bem da

comunhão, ex vi do art. 1.660, III do Código Civil. Isso porque, repita-se, consta,

na escritura pública de doação, apenas o nome do apelante, de onde se dessume

que o imóvel foi concedido em grau de exclusividade ao recorrente.

Ora, se realmente a intenção do Governo do Distrito

Federal era doar o imóvel em prol do casal, o nome da apelada também deveria

constar como beneficiária do lote, não se podendo inferir conclusão

veementemente contrária da que emerge do negócio jurídico realizado.

Ressalte-se que o ato de doação, por se tratar de negócio

jurídico benéfico, deve ser interpretado de forma restritiva, nos termos do art 114,

do Código Civil, cabendo ao intérprete se ater, estritamente, ao que foi pactuado

pelas partes.

Sobre o tema, trago à baila, ainda, os ensinamentos do

eminente civilista, Carlos Roberto Gonçalves, in verbis:

“Cogita o inciso III de hipótese em que sobressai a vontade de favorecer o conjunto familiar, e não apenas um cônjuge: doação, herança, ou legado em favor de ambos os cônjuges. Essa vontade deve ser manifestada expressamente, para que se possa derrogar a regra geral constante do art. 1659, I, que prevê a incomunicabilidade dos bens adquiridos na constância do casamento por doação ou sucessão”6(grifou-se).

Destarte, para que se caracterize a doação em prol do

conjunto familiar, acarretando, por consequência, a comunicação do bem doado,

é necessário que o doador manifeste vontade, de forma expressa e inequívoca,

de que pretende beneficiar o casal; caso contrário, concluir-se-á que o ato de

liberalidade trata-se apenas de doação pura.

Na espécie, consubstanciando-se o apelante como o único

beneficiário do imóvel doado, não há que se enquadrar a apelada como

6 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Direito de Família, Vol. VI, São Paulo:

Saraiva p. 429.

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donatária, pois está patente nos autos que não houve manifestação volitiva

expressa do Ente Público em doar o bem em proveito do casal.

Imperioso destacar que, no caso sub judice, a varoa, autora

da ação, era casada quando iniciou a união estável com o réu, ora apelante, e

parece que ainda é; embora tenha se qualificado como divorciada, afirmou em

réplica, afastando alegação do réu, que não houve impedimento para a

constituição da união estável porque era “separada de fato”. Além de casada,

tinha 04 (quatro) filhos (fl. 84).

É certo, ainda, que ostentando o estado civil de casada e

com indicação do nome do marido, E.E. dos S., e dos 04 (quatro) filhos que,

segundo tudo indica, advieram da união, inscreveu-se para receber um lote do

Governo do Distrito Federal (fl. 55). Talvez por isso não pudesse sequer constar

seu nome na doação efetivada.

Vale ainda ressaltar que, embora a escritura de doação

date de 05/02/2002, as inscrições são realizadas, de ordinário, muitos anos

antes.

Assim, deverá o terreno localizado na QS 11, Conjunto P,

Casa 12, Areal, Águas Claras/DF ser excluído da partilha dos bens.

Há de se analisar, contudo, a situação das edificações

erguidas no lote doado durante a constância da união, qual seja, uma casa com

03 (três) pavimentos.

No particular, a existência, ou não, de contribuição

financeira da apelada não afasta a configuração do esforço comum na construção

do bem, a qual, contudo, restou evidenciada pela prova oral produzida. Logo,

nesse ponto, há que ser observada a partilha, eis que, a teor da melhor

interpretação da regra contida no art. 1.660, inciso V do Código Civil, as

edificações erigidas no bem se comunicam, sendo incontroverso que agregaram

valor ao imóvel.

Ante o exposto, pedindo vênia ao e. Revisor, acompanho o

i. Relator.

É como voto.

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O Senhor Desembargador SÉRGIO ROCHA –

Presidente e Vogal

Diante das sempre sábias ponderações da

Desembargadora Carmelita Brasil, vou refluir no meu voto para acompanhar o

eminente Relator.

DECISÃO Deu-se parcial provimento ao recurso. Unânime.