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ISSN 2182-8067
Destaque:
visãoHelena Gervásio“Lembro-me perfeitamente de aos meus 6 anos ir ver o cortejo académico e aquilo que sempre me agradava eram os carros de medicina!”
especial congresso 13º Congresso Nacional de Oncologia
Congresso multidisciplinar que desempenha um papel fundamental na definição dos standards do tratamento do cancro no país.
publicações científicas Seguimento de doentes com carcinoma da mama após alta de um Centro Oncológico Oncologia geriátrica, uma realidade esquecida. Implicações para o tratamento sistémico do estudo ACOSOG Z0011 Paraganglioma Cervical - um caso clínico
Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Oncologia
Volume 1 | Número 3 | dezembro 2013
Revista Portuguesa de Oncologia
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índice
introdução
conselho editorial
normas de publicação
publication guidelines
editorialRicardo da Luz
visãoHelena Gervásio“Lembro-me perfeitamente de aos meus 6 anos ir ver o cortejo académico e aquilo que sempre me agradava eram os carros de medicina!”
especial congresso
13º Congresso Nacional de OncologiaCongresso multidisciplinar que desempenha um papel fundamental na definição dos standards do tratamento do cancro no país.
oncologia e a sociedade
publicação científica
Investigação em Serviços de SaúdeSeguimento de doentes com carcinoma da mama após alta de um Centro Oncológico Joana Savva-Bordalo, Miguel H Abreu, Noémia Afonso, Joaquim Abreu
e Helena Rodrigues
Artigo EspecialOncologia geriátrica, uma realidade esquecida.Francisco Luis Pimente, Sandra Custódio, Ana Joaquim
Artigo de RevisãoImplicações para o tratamento sistémico do estudo ACOSOG Z0011Miguel Barbosa
Caso ClínicoParaganglioma Cervical - um caso clínicoMónica Oliveira, Fátima Caratão, Pedro Costa, João Norberto Stavale
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Para informações de segurança importantes, queira consultar o Resumo das Características do Medicamento de YERVOY®
YERVOY® (ipilimumab) é indicado para o tratamento do melanoma avançado (irressecável ou metastático) em
adultos que receberam tratamento prévio.1
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YERVOYmelanoma avançado (irressecável ou metastático) em
YERVOY®: o primeiro fármaco aprovado que prolonga signifi cativamente a sobrevivência global no melanoma avançado*2
YERVOY®: uma terapêutica inovadora, potenciadora dos linfócitos T, que activa o sistema imunitáriopara destruir os tumores1,3
• YERVOY® não tem como alvo o tumor directamente, bloqueando especifi camente o sinal inibitório do antigénio-4 dos linfócitos T citotóxicos (CTLA-4), resultando na activação das células T, proliferação e infi ltração dos linfócitos nos tumores, causando a morte das células tumorais.1,4
concentrado para solução para perfusão
*Num ensaio aleatorizado, controlado, de fase 3.1. Resumo das Características do Medicamento de YERVOY®. 2. Hodi FS et al. N Engl J Med. 2010;363(8):711-723. 3. Specenier P. Expert Rev Anticancer Ther. 2012;12(12):1511-21. 4. Fong L, Small EJ. J Clin Oncol. 2008;26(32):5275-5283.
YERVOY (IPILIMUMAB) Informações essenciais compatíveis com o RCM.Nome do medicamento: YERVOY 5 mg/ml concentrado para solução para perfusão (ipilimumab). Indicações terapêuticas: YERVOY é indicado para o tratamento do melanoma avançado (irressecável ou metastático) em adultos que receberam tratamento prévio. Posologia e modo de administração: Posologia: O regime de indução de YERVOY recomendado é de 3 mg/kg administrado por via intravenosa durante um período de 90 minutos cada 3 semanas para um total de 4 doses. Os doentes devem receber todo o regime de indução (4 doses) como tolerado, independentemente do aparecimento de novas lesões ou agravamento de lesões já existentes. A avaliação da resposta tumoral deve ser realizada apenas após o fi nal da terapia de indução. Os testes à função hepática e à função da tiróide devem ser avaliados no início do tratamento e antes de cada dose de YERVOY. Adicionalmente, quaisquer sinais ou sintomas de reacções adversas imunitárias, incluindo diarreia e colite, têm de ser avaliadas durante o tratamento com YERVOY (ver RCM completo para informação adicional). A gestão das reacções adversas imunitárias pode requerer a omissão de uma dose ou a interrupção permanente da terapia com YERVOY e a instituição de corticosteróides sistémicos em doses elevadas ou, em alguns casos, a adição de outra terapia imunossupressora (ver RCM completo para informação adicional). A redução da dose não é recomendada. As doses que são omitidas devido a uma reacção adversa não podem ser substituídas. Modo de administração: O período de perfusão recomendado é de 90 minutos. YERVOY pode ser utilizado para administração intravenosa sem diluição ou pode ser diluído em solução injectável de cloreto de sódio 9 mg/ml (0,9%) ou solução injectável de glucose 50 mg/ml (5%) para concentrações entre 1 e 4 mg/ml. YERVOY não pode ser administrado por via intravenosa rápida nem como injecção em bólus. Contra-indicações: Hipersensibilidade à substância activa ou a qualquer um dos excipientes. Efeitos indesejáveis: YERVOY é mais frequentemente associado com reacções adversas resultantes de actividade imunitária aumentada ou excessiva. A maioria destas, incluindo as reacções graves, tiveram resolução após o início de terapia médica adequada ou após YERVOY ser retirado. Em doentes que receberam 3 mg/kg de YERVOY em monoterapia no estudo MDX010-20, as reacções adversas notifi cadas mais frequentemente (≥ 10% dos doentes) foram diarreia, erupção cutânea, prurido, fadiga, náuseas, vómitos, apetite diminuído e dor abdominal. A maioria foram ligeiras a moderadas (grau 1 ou 2). A terapia com YERVOY foi interrompida devido a reacções adversas em 10% dos doentes. YERVOY é associado a reacções gastrointestinais imunitárias graves. A mediana do tempo para aparecimento de reacções gastrointestinais imunitárias graves ou fatais (grau 3-5) foi de 8 semanas (intervalo 5 a 13 semanas). Com as normas orientadoras de gestão especifi cadas no protocolo, na maioria dos casos (90%) ocorreu a resolução (defi nida como melhoria para ligeiro [grau 1] ou inferior ou para a gravidade no basal) com uma mediana de tempo de 4 semanas (intervalo 0,6 a 22 semanas) desde o aparecimento até à resolução. YERVOY é associado a hepatoxicidade imunitária grave. O tempo para o aparecimento de hepatotoxicidade imunitária moderada a grave ou fatal (grau 2-5) variou de 3 a 9 semanas desde o início do tratamento. Com as normas orientadoras especifi cadas no protocolo, o tempo para a resolução variou de 0,7 a 2 semanas. YERVOY é associado a reacções adversas cutâneas graves que podem ser imunitárias. A mediana do tempo para o aparecimento de reacções adversas cutâneas moderadas a graves ou fatais (grau 2-5) desde o início do tratamento foi de 3 semanas (intervalo 0,9-16 semanas). Com as normas orientadoras especifi cadas no protocolo, a resolução ocorreu na maioria dos casos (87%), com uma mediana do tempo desde o aparecimento até à resolução de 5 semanas (intervalo 0,6 a 29 semanas). YERVOY é associado a reacções adversas neurológicas imunitárias graves, endocrinopatia imunitária e outras reacções adversas imunitárias. O tempo para o aparecimento de endocrinopatia imunitária moderada a muito grave (grau 2-4) variou de 7 a perto de 20 semanas desde o início do tratamento. Advertências e precauções especiais de utilização: YERVOY está associado a reacções adversas infl amatórias resultantes de actividade imunitária aumentada ou excessiva (reacções adversas imunitárias), provavelmente relacionadas com o seu mecanismo de acção. As reacções adversas imunitárias, que podem ser graves ou potencialmente fatais, podem ser gastrointestinais, hepáticas, cutâneas, do sistema nervoso, do sistema endócrino ou de outros sistemas de órgãos. Apesar da maioria das reacções adversas imunitárias ocorrer durante o período de indução, foi também notifi cado o aparecimento meses após a última dose de YERVOY. Caso não tenha sido identifi cada uma etiologia alternativa, a diarreia, frequência de defecação aumentada, o sangue nas fezes, as elevações nos testes da função hepática, a erupção cutânea e a endocrinopatia têm de ser considerados infl amatórios e relacionados com YERVOY. Um diagnóstico precoce e uma gestão adequada são essenciais para minimizar as complicações potencialmente fatais. Os doentes com melanoma ocular, melanoma primário do SNC e metástases cerebrais activas não foram incluídos no ensaio clínico principal. Cada ml do medicamento contém 0,1 mmol (ou 2,30 mg) de sódio. Esta informação deve ser tida em consideração em doentes com ingestão controlada de sódio. Interacções medicamentosas e outras formas de interacção: O ipilimumab é um anticorpo monoclonal humano e não se espera que tenha um efeito nas CYPs nem noutras enzimas que sejam inibidoras ou indutoras da metabolização de fármacos. Consequentemente, não se espera que o ipilimumab tenha interacções farmacocinéticas. A utilização de corticosteróides sistémicos no basal, antes do início de YERVOY, deve ser evitada. No entanto, os corticosteróides sistémicos ou outros imunossupressores podem ser utilizados após o início de YERVOY para tratar as reacções adversas imunitárias. Uma vez que a hemorragia gastrointestinal é uma reacção adversa com YERVOY, os doentes que requerem terapia anticoagulante concomitante devem ser monitorizados cuidadosamente. Fonte: RCM aprovado em 21 junho de 2012. Medicamento de receita médica restrita. Nome e morada do representante do titular da autorização de introdução no mercado: Bristol-Myers Squibb Farmacêutica Portuguesa, S.A. Quinta da Fonte, 2780-730 Paço de Arcos. Para mais informações deverá contactar o representante do titular da autorização de introdução no mercado.
A aquisição de YERVOY® (ipilimumab), pelos hospitais do SNS, está condicionada ao deferimento do pedido de avaliação prévia pelo INFARMED, I.P., tal como defi nido pelo DL 195/2006, alterado pelo DL 48-A/2010. Enquanto decorre a avaliação deste pedido, o INFARMED, I.P. pode autorizar o acesso de doentes a este medicamento.
Sobrevivência global a longo prazo com YERVOY®2
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YERVOY® (n=137)
gp100 (n=136)
SG mediana=10 meses vs. 6 meses
Adaptado de Hodi FS et al. 2010.
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fichatécnica
ISSN 2182-8067
Direção Presidente: Joaquim Abreu de Sousa; Vice-Presidente: Gabriela Sousa; Secretário: José Dinis da Silva; Tesoureira: Ana Pais; Vogais: Camila Coutinho; Paulo Cortes
Propriedade Sociedade Portuguesa de Oncologia • Avenida Afonso Henriques, Lote 2, nº 55, Escritório 3/8, 3000-011 Coimbra; Tel/Fax: (+351) 239 702 200; E-mail: [email protected]; Website: www.sponcologia.pt
Correspondência geral e envio de trabalhos Ricardo da Luz – Editor-chefe da Revista Portuguesa de Oncologia Rua General Ferreira Martins, nº 10 2ºA • Miraflores • 1495-137 Algés Tel.: (+351) 217 611 010 • Fax: (+351) 217 611 019 • E-mail: [email protected]
Edição, coordenação e produção bloom up™ • Edifício Fernando Pessoa, Rua General Ferreira Martins, nº 10 2ºA • 1495-137 Algés E-mail: [email protected] • Website: www.bloom.pt • Direção editorial: Paula Ribeiro; Design gráfico: Ana Sofia Conceição; Fotografia: António Aires Gomes; Periodicidade: Quadrimestral; Tiragem: 1.000 exemplares
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Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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introdução
Revista Portuguesa de OncologiaVolume 1 – Número 3 – dezembro de 2013
A Revista Portuguesa de Oncologia visa proporcionar informação útil
e credível sobre a atualidade em Oncologia, quer no que respeita à política
da Saúde, quer no que se refere à investigação científica nacional, e
pretende ser a fonte de informação de excelência sobre a Oncologia a
nível nacional e internacional. Esta revista aceita com prazer a inclusão
de trabalhos de autores nacionais e estrangeiros.
////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
The Portuguese Journal of Oncology aims to provide useful and reliable information about the current Oncology, both in terms of health policy and in respect to the national scientific research, and aims to be the source of information about the excellence of national and international Oncology. This magazine accepts with pleasure the contribution of national and foreign authors.
Conselho Editorial
Editor-chefe
Ricardo da Luz
Editores Adjuntos
Helena Gervásio
Helena Pereira
Helena Rodrigues
Joaquim Abreu de Sousa
Manuel Limbert
Paula Alves
Paulo Cortes
Rui Rodrigues
Editores
Ana Cristina Raimundo
Anabela Sá
Ângelo Oliveira
António Moreira
Carlos Lopes
Deolinda Pereira
Fátima Cardoso
Fernando Castro
Fernando Barata
Fernando Schmitt
Gabriela Sousa
Hélder Mansinho
João Oliveira
João Pedro Vargas Moniz
Jorge Rosa Santos
José Dinis
José Laranja Pontes
José Luís Passos Coelho
José Machado Lopes
Lúcio Lara
Luís Campos Pinheiro
Luís Costa
Luís de Sousa
Lurdes Batarda
Manuel Teixeira
Margarida Damasceno
Margarida Ferreira
Matilde Braga
Noémia Afonso
Nuno Abecassis
Olímpia Cid
Paula Chaves
Raquel Seruca
Rui Henrique
Rui Medeiros
Sandra Bento
Saudade André
Sérgio Dias
Revista Portuguesa de OncologiaÓrgão oficial da Sociedade Portuguesa de OncologiaThe Journal of the Portuguese Society of Oncology
conselho editorial
6
Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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normaspublicação
A Revista Portuguesa de Oncologia, órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Oncologia, é uma publicação
científica na área oncológica (clínica e investigação).
Publica artigos originais, artigos de revisão, casos clínicos, imagens em Oncologia, estudos de farmaco-
economia, investigação em serviços de saúde, artigos especiais e cartas ao editor.
Rege-se pelas normas adotadas pela Comissão Internacional dos Editores de Revistas Médicas (International
Commitee of Medical Journal Editors) que podem ser consultadas em http://www.icmje.org.
Os artigos podem ser redigidos em Português ou em Inglês.
O rigor, veracidade e exatidão dos conteúdos e opiniões dos autores são da exclusiva responsabilidade dos
mesmos, devendo os autores declarar potenciais conflitos de interesses.
Os artigos devem ser originais e não podem ter sido anteriormente publicados noutra revista. Deverá ser
enviado via e-mail um documento digitalizado e assinado por todos os autores, cedendo à Revista Portuguesa
de Oncologia os direitos de autor.
Após publicação dos artigos, estes passam a ser propriedade da Revista Portuguesa de Oncologia, não
podendo, sem autorização prévia, ser reproduzidos total ou parcialmente.
A publicação dos artigos está sujeita a aceitação por parte do conselho editorial. Após análise os artigos
podem ser:
a) Aceites sem alterações;
b) Aceites após modificações propostas pelos revisores;
c) Recusados.
Os autores, independentemente da resposta, são avisados da decisão do conselho editorial.
A Revista Portuguesa de Oncologia tem uma periodicidade quadrimestral e é editada em papel e online.
Instruções aos Autores
Todos os artigos que não estejam de acordo com as instruções que se seguem podem ser enviados para
modificação antes de serem apreciados pelo conselho editorial.
Os artigos devem ser enviados em formato digital para [email protected], acompanhados por
um formulário devidamente preenchido e assinado – ver Anexo I. Os autores podem solicitar o formulário
utilizando o mesmo endereço eletrónico.
Para a redação dos artigos os autores devem utilizar o programa Word para Windows (ou compatível),
tipo de letra calibri tamanho 11, texto justificado, avanço da primeira linha de 1,25 cm, espaçamento
simples 6 pto (depois), margens das folhas: superior e inferior – 2,5 cm, esquerda e direita – 3 cm. As
imagens devem ser enviadas num ficheiro adicional em formato JPEG ou TIFF com resolução de 300 dpi.
Após envio de proposta de alteração do artigo, por parte dos revisores
da Revista Portuguesa de Oncologia, os autores devem enviar uma versão
revista do artigo, utilizando a função do Word de registo de alterações
(track changes) do Word (ou compatível) num prazo de 10 dias.
Os textos devem ter a seguinte estrutura:
Página 1
a) Título em português e em inglês (menos 130 carateres com espaços)
– deve ser uma descrição breve sobre o conteúdo do artigo;
b) Nome dos autores pela seguinte ordem: nome próprio, seguido
do apelido (máximo dois nomes);
c) Filiação dos Autores;
d) Instituição, Serviço, cidade ou país onde foi desenvolvido o
trabalho;
e) Financiamentos e conflitos de interesses;
f) Nome, morada, telefone e e-mail do autor para correspondência;
g) Título breve para rodapé.
Página 2
a) Título;
b) Resumo em português e em inglês. Estrutura do resumo:
a) Objetivos; b) Métodos; c) Resultados; d) Conclusões.
Máximo 842 carateres (com espaços);
b) Palavras-chave em português e em inglês. Máximo
de 5 palavras-chave, de acordo com o Index Medicus:
«Medical Subject Headings» (MeSH).
Página 3 e seguintes
Artigos originais e Revisões: o texto deve conter os seguintes subtítulos:
a) Introdução; b) Métodos; c) Resultados; d) Discussão; e) Conclusões;
f) Referências. Máximo 25.000 carateres (com espaços).
Casos clínicos: o texto deve conter os seguintes subtítulos: a) Introdução;
b) Caso clínico; c) Discussão; d) Referências. Máximo 15.000 carateres (com
espaços) e não deve exceder 8 figuras e/ ou tabelas. As legendas das figuras
e das tabelas não devem ultrapassar os 98 carateres (com espaços).
Artigos Especiais: o texto deve conter os seguintes subtítulos: a) Introdução;
b) Métodos; c) Resultados; d) Discussão; e) Conclusões; f) Referências.
Máximo 25.000 carateres (com espaços).
Investigação em Serviços de Saúde: o texto deve conter os seguintes
subtítulos: a) Introdução; b) Métodos; c) Resultados; d) Discussão; e)
Conclusões; f) Referências. Máximo 25.000 carateres (com espaços).
Imagens em Oncologia: Não devem exceder 6 figuras. Devem ser enviadas
em formato JPEG ou TIFF – 300 dpi. Texto explicativo não deve ultrapassar
os 2.500 caracteres (com espaços).
Cartas ao Editor: Comentário crítico a um artigo publicado na Revista
Portuguesa de Oncologia. Máximo 4.000 carateres (com espaços).
Referências:
As referências bibliográficas devem ser numeradas pela ordem de apare-
cimento no texto e assinaladas em superscript.
Trabalhos não publicados, comunicações em reuniões ou quaisquer dados
não publicados devem ser mencionados, entre parêntesis,
ao longo do texto.
As revistas médicas são referenciadas de acordo com as abre-
viaturas utilizadas pelo Index Medicus.
Nas referências com seis ou menos autores todos devem ser
listados. Nas referências com sete ou mais autores, devem ser
nomeados os três primeiros autores seguido da abreviatura
latina et al.
As referências são da exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).
Revista
Apelido e iniciais do(s) autor(es). Título do artigo. Nome da
revista ano; Volume: Páginas.
Ex.: Pao W, Girard N. New driver mutations in non-small-cell
lung cancer. Lancet Oncol 2011; 12(2): 175–180.
Capítulo em livro
Nome(s) e iniciais do(s) autor(es) do capítulo. Título do capítulo.
In: Nome(s) e iniciais do(s) editor(es). Título do livro. Cidade:
Nome da casa editora, ano de publicação: primeira a última
página do capítulo.
Ex.: Remy J, Remy-Jardin M, Voisin C. Endovascular management
of bronchial bleeding. In: Butler J (ed). The Bronchial Circulation.
New York: Dekker, 1992; 667–723.
Livro
Nome(s) e iniciais do(s) autor(es). Título do livro. Cidade: Nome
da casa editora, ano de publicação: páginas(s) consultada(s)
[se aplicável].
Ex.: Vainio H, Bianchini F, eds. IARC handbook of cancer
prevention. Vol 7. Breast cancer screening. Lyon, France:
IARC Press, 2002.
Documento eletrónico
Surveillance Epidemiology and End Results (SEER) Program of
the National Cancer Institute. SEER. Stat Fact Sheets. http://
www.seer.cancer.gov/statfacts/html/all.html (10 May 2011,
date last accessed).
Tabelas:
As tabelas deverão ser referenciadas no texto em numeração
romana pela ordem que surgem no texto. Cada tabela deve
ser apresentada em página separada. Na parte inferior devem
apresentar um título sucinto e as explicações das abreviaturas
utilizadas.
Figuras:
As figuras a incluir devem ser referenciadas ao longo do texto
em numeração árabe pela ordem que surgem. Formato de
envio – JPEG ou TIFF – 300 dpi.
As legendas das figuras e das tabelas não devem ultrapassar
os 98 carateres (com espaços).
//////////////////////////////////////////////////////////////RPO
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Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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Revista Portuguesa de Oncologia
Formulário Autores
Todos os manuscritos submetidos à Revista Portuguesa de Oncologia têm de ser acompanhados por
este formulário devidamente preenchido e assinado.
Preencha, digitalize e envie para o endereço eletrónico – [email protected]. Este formulário está
também disponível no site da SPO (www.sponcologia.pt), onde poderá fazer download e impressão para
preenchimento e envio após digitalização.
Para mais informações ou em caso de dúvidas contactar Paula Ribeiro – (+351) 217 611 010.
Título do Manuscrito:
Autor(es):
Aprovação ética para a investigação:
Nome do principal investigador:
Possível conflito de interesses:
Se sim, qual(is)
Contactos:
E-mail:
Telefone/Telemóvel:
Confirmo:
• Que todos os autores leram e concordaram com o manuscrito submetido e que todos estão de
acordo com a sua submissão à Revista Portuguesa de Oncologia.
• Que o manuscrito submetido é original, não tendo sido antes publicado.
• Que após submissão o manuscrito passa a propriedade da Revista Portuguesa de Oncologia e a sua
reprodução parcial ou total deverá ser alvo de autorização por parte da Revista Portuguesa de
Oncologia.
• A autorização de divulgação dos meus dados pessoais – nome, especialidade, local de trabalho e email –
na revista ou no site para eventuais contactos de leitores.
Assinatura:
Data:
Sim Não
Sim Não
Não se aplica
Anexo I
publications guidelines
The Portuguese Journal of Oncology, the official organ of the Portuguese
Society of Oncology, is a scientific publication in the field of oncology
(clinical and research). Publishes original and review articles, clinical
cases, images in Oncology, pharmacoeconomic studies, health services
research, special articles and letters to the editor.
It is governed by the rules adopted by the International Commission of
Medical Journal Editors (International Committee of Medical Journal
Editors) that can be found in http://www.icmje.org/.
Articles may be written in Portuguese or English.
The accuracy, truthfulness and accuracy of the contents and opinions
are solely the responsibility of the authors, obliged to declare potential
conflicts of interests.
The articles must be original and must not have been previously published
in another journal. A scanned document should be signed by all authors
and sent via e-mail, giving in the Portuguese Journal of Oncology’s copy-
right. After the publication of the articles, they become the property of the
Portuguese Journal of Oncology and may not, without prior permission, be
reproduced in whole or in part.
The publication of the articles is subject to acceptance by the editorial
board. After analyzing the articles can be:
a) Accepted without change;
b) Accepted after modifications suggested by the reviewers;
c) Refused.
The authors, regardless of the response, are advised of the decision of
the editorial board.
The Portuguese Journal of Oncology has a quarterly basis and is published
in paper and online.
Instructions to Authors
All of the articles that are not in accordance with the following instructions
may be sent for modification before being considered by the editorial board.
Articles must be sent in digital format to [email protected],
accompanied by a completed and signed form. Authors can request the
form by using the same email address.
For the wording of the articles authors should use the Word for Windows
program (or compatible), calibri font size 11, justified text, advancing
the first line of 1.25 cm, single spacing 6 pto (after), margins of leaves:
top and bottom - 2.5 cm, left and right - 3 cm. Images should be sent
in additional file in JPEG or TIFF format with a resolution of 300 dpi.
After receiving the amendment proposal sent by auditors of the Portuguese
Journal of Oncology, the authors should submit a revised version of the
article, using Word Track Changes or compatible within 10 days.
The texts must have the following structure:
Page 1
a) Title in Portuguese and English (less than 130 characters with spaces)
- should be a brief description of the content of the article;
b) Name of the authors in the following order: first name, followed by
surname (maximum two names);
c) Authors filiation;
d) Institution, Service, city or country where the work was developed;
e) Financing and conflicts of interest;
f) Name, address, telephone number and e-mail of the corresponding author;
g) Short title for footer.
Page 2
a) Title;
b) Summary in Portuguese and English. Resume structure: a) Objectives
b) Methods, c) Results d) Conclusions. Maximum of 842 characters
(with spaces);
c) Key words in Portuguese and English. Maximum of 5 keywords,
according to Index Medicus: “Medical Subject Headings” (MeSH)
Page 3 and following
Original Articles and Reviews: text should contain the following headings:
a) Introduction b) Methods, c) Results, d) Discussion, e) Conclusions,
f) References. Maximum of 25.000 characters (with spaces).
Clinical cases: the text should contain the following headings: a) Introduc-
tion, b) Clinical, c) Discussion, d) References. Maximum 15.000 characters
(with spaces) and should not exceed 8 figures and / or tables. Subtitles of
figures and tables should not exceed 98 characters (with spaces).
Special Articles: text should contain the following headings: a) Introduction
b) Methods, c) Results, d) Discussion, e) Conclusion,s f) References.
Maximum of 25.000 characters (with spaces).
Health Services Research: the text should contain the following headings:
a) Introduction b) Methods, c) Results, d) Discussion, e) Conclusions,
f) References. Maximum of 25.000 characters (with spaces).
10
Revista Portuguesa de Oncologia
Images in Oncology: Not to exceed 6 figures. Should be sent in JPEG
or TIFF - 300 dpi. Explanatory text should not exceed 2.500 characters
(with spaces).
Letters to the Editor: Critical commentary to an article published in
Portuguese Journal of Oncology. Maximum of 4.000 characters (with
spaces).
References:
References should be numbered in order of appearance in the text and
indicated in superscript.
Unpublished work, in meetings, or any communications unpublished
data should be mentioned in brackets in the text.
The medical journals are referenced according to the abbreviations
used Index Medicus.
In references with six or less all authors should be listed. In references
with seven or more authors should be named the first three authors
followed the Latin abbreviation et al.
References are the sole responsibility of the author(s).
Magazines and Journals
Surname and initial (s) of author (s). Title of article. Name of the journal
year; Volume: Pages.
Ex.: Pao W, Girard N. New driver mutations in non-small-cell lung cancer.
Lancet Oncol 2011; 12(2): 175–180.
Chapter in book
Name(s) and initial(s) of author(s) of chapter. Title of chapter. In: Name
(s) and initial (s) of editor (s). Title of book. City: Name of publisher,
year of publication: first to last page of the chapter.
Ex.: Remy J, Remy-Jardin M, Voisin C. Endovascular management of
bronchial bleeding. In: Butler J (ed). The Bronchial Circulation. New
York: Dekker, 1992; 667–723.
Books
Name(s) and initial(s) of author(s). Title of book. City: Name of pub-
lisher, year of publication: page(s) consulted [if applicable].
Ex.: Vainio H, Bianchini F, eds. IARC handbook of cancer prevention.
Vol 7. Breast cancer screening. Lyon, France: IARC Press, 2002.
Electronic document
Surveillance Epidemiology and End Results (SEER) Program of the Na-
tional Cancer Institute. SEER. Stat Fact Sheets. http://www.seer.cancer.
gov/statfacts/html/all.html (10 May 2011, date last accessed).
Tables:
Tables should be referenced in the text by Roman numerals in order of
appearance. Each table should be presented on a separate page. At the
bottom should submit a title and brief explanations of the abbreviations
used.
Figures:
The figures include must be referenced throughout the text in Arabic
numerals in the order they appear. Sending Format - JPEG or TIFF - 300 dpi.
Subtitles of figures and tables should not exceed 98 characters (with spaces)
Submission form
All manuscripts submitted to the Journal of Oncology Portuguese must
be accompanied by a completed and signed form. Fill out, scan and
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and that all are in agreement with their submission to the Portuguese
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Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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editorial
É chegado o momento da 3ª edição da Revista Portuguesa de Oncologia.
Francisco Pimentel apresenta-nos a sua visão sobre a Oncologia Geriátrica, área da Oncologia Médica
dedicada ao cuidado dos mais idosos. É difícil de entender o aparente paradoxo entre os estudos
realizados em populações mais jovens e a realidade oncológica que engloba, e englobará, cada vez
mais populações mais velhas. Francisco Pimentel no seu artigo leva-nos a pensar sobre este problema.
Miguel Barbosa apresenta uma revisão sobre a importância do esvaziamento axilar no tratamento
cirúrgico das doentes com carcinoma da mama que se apresentam com axila clinicamente negativa
e com biópsia de gânglio sentinela positiva, com base na interpretação dos resultados do estudo
ACOSOG Z0011. A incorporação desta informação na estratégia de tratamento das nossas doentes
evitará grande morbilidade e incapacidade a um grande grupo de doentes, sem colocar em risco a
sua sobrevivência.
De enorme importância prática é também o trabalho de Joana Savva-Bordalo e do grupo da Clínica
de Patologia Mamária do Instituto Português de Oncologia do Porto. A comprovação da eficácia
e segurança do seguimento de doentes com cancro da mama, quando realizado nos Cuidados
Primários, poderá evitar a sobrecarga de trabalho normalmente registada nos centros oncológicos. O
receio de que, em alguns casos, as carências em recursos humanos e técnicos dos Cuidados Primários
de Saúde pudessem colocar em causa a detecção atempada de uma recidiva parece não se justificar.
Neste número ainda conseguimos publicar uma entrevista com a Dra. Helena Gervásio, figura
incontornável da Oncologia Portuguesa, antiga Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia,
e responsável pelo Serviço de Oncologia Médica do Instituto Português de Oncologia de Coimbra.
A leitura da entrevista é fundamental para quem queira conhecer o trajecto de uma profissional que
acompanhou, ao longo dos últimos 35 anos, a evolução da Oncologia Médica, mas também quem
queira conhecer a pessoa e as suas reflecções sobre os avanços, e retrocessos, desta área da Medicina.
Ricardo da LuzEditor-chefe da Revista Portuguesa de Oncologia
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Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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visãoentrevista de fundo
Helena GervásioDirectora de Serviço de Oncologia Médica do IPO FG Coimbra
Presidente do Colégio da Especialidade de Oncologia Médica
Presidente do Conselho Fiscal da SPO
Vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia
Vogal da Direcção da Liga Portuguesa Contra o Cancro – NRC
RPO – Para alguém com uma vida intensamente dedicada à medicina e à Oncologia em especial, impõem-se a pergunta: Se não fosse médica o que seria?
Helena Gervásio (HG) – Médica! (risos) A medicina foi uma paixão.
Não tenho uma justificação válida. Não tenho na família alguém
que tenha sido médico e portanto não é uma carreira familiar. A vida
académica em Coimbra sempre foi muito intensa e nós vivíamos muito
os festejos académicos, nomeadamente o cortejo. Lembro-me perfei-
tamente de aos meus 6 anos ir ver o cortejo académico e aquilo que
sempre me agradava eram os carros de medicina! Provavelmente a cor
amarela foi o que me chamou a atenção! (risos) O meu pai dizia-me que
a cor amarela era medicina e eu acho que foi aqui que tive a minha
primeira ligação à medicina. A partir daí comecei a desenvolver a
perspetiva do que é ser médico, do que é a medicina, daquilo que se pode
fazer em termos de ajuda para o bem-estar da outra pessoa e comecei
a achar que se enquadrava nos meus objetivos de vida. Foi então que
comecei a fazer o meu encaminhamento para a área das ciências. Mais
tarde ainda fiquei na dúvida entre engenharia e medicina, o que não foi
problemático, pois as circunstâncias pessoais ajudaram-me a decidir. Eu
casei muito cedo e fiz o meu 7º ano, atual 12º ano, já casada. Nessa altura
não se conseguia completar o curso de engenharia em Coimbra. Tínhamos
os 3 primeiros anos em Coimbra, mas os últimos eram feitos fora, em
“Lembro-me perfeitamente de aos meus 6 anos ir ver o cortejo académico e aquilo que sempre me agradava eram os carros de medicina! Provavelmente a cor amarela foi o que me chamou a atenção! (risos) O meu pai dizia-me que a medicina era a cor amarela e eu acho que foi aqui que tive a minha primeira ligação à medicina.”
Helena Gervásio foi a presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) no
triénio de 2006 a 2008, um mandato considerado por muitos como o grande
ponto de viragem no sentido positivo desta sociedade científica. Um mandato
marcado pelo dinamismo, coragem e inovação, características que marcam a
personalidade de uma mulher que potenciou o debate nacional em torno da espe-
cialidade, trazendo a importância da qualidade em Oncologia para a ordem do
dia. Das várias ações desenvolvidas durante o seu mandato, a carta de princípios
de Coimbra tomou especial destaque pela necessidade de promover uma reflexão
sobre a realidade da prática oncológica em Portugal.
A revista Portuguesa de Oncologia (RPO) quis saber mais sobre a mulher cuja
responsabilidade no que de bom se tem feito na Oncologia Nacional, já é de
reconhecido valor.
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Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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RPO – As dificuldades, adversidades e desafios revelam, muitas vezes, a grande essência do ser humano. Tem-se cruzado com pessoas cujo coração já não lhes cabe no peito?
HG – Completamente! E cada vez ficam maiores ao longo da sua doença.
É uma grande aprendizagem. Nós próprios ao longo da nossa carreira
vamos dando valor a determinados aspetos da vida que provavelmente
nos passavam completamente ao lado. Aprendemos a relativizar outros
fatores dela e isso enriquece-nos.
RPO – Como é regressar a casa depois de um dia mau na Oncologia?
HG – O ideal é chegar a casa e ver flores, ouvir música, ter uma boa
leitura, ter uma excelente companhia e uma ótima conversa com a
família. Isto é o ideal! Infelizmente, muitas vezes não se pode concretizar.
Muitas vezes também temos problemas em casa que temos de continuar
a resolver, a maior parte das vezes distintos, mas que também têm de ser
resolvidos! O que temos de fazer é estabelecer um distanciamento entre
o que é a nossa vida profissional e o que é a nossa vida pessoal e evitar
transferir problemas de um lado para o outro. A experiência também
aqui é muito importante, pois ajuda-nos a fazer esta barreira de separação
entre uma área e a outra, mas nem sempre é fácil!
RPO – Como é que a dedicação a uma carreira e o amor à família cabem dentro de uma só mulher?
HG – Uma mulher pequenina! (risos) Eu não sou mais mulher ou mais
médica. Procuro sempre o equilíbrio entre ambas. Já tive situações na
minha vida em que tive de fazer uma distinção absoluta entre mulher
e médica. Foi uma experiência que me ensinou a saber estar. Nada é
incompatível, tudo tem o seu tempo, tudo tem o seu modo de estar.
O que precisamos é de estar bem connosco, porque só depois é que
podemos dar aos outros. O fulcro do nosso desenvolvimento e do nosso
desempenho está exatamente neste equilíbrio.
RPO – Qual o significado do verbo acreditar e o significado da expressão “amor incondicional” para si?
HG – Acreditar é uma constante na minha vida. Assim que eu acordo e
me levanto, eu acredito que o dia vai correr bem. O verbo acreditar é o
meu verbo principal! Eu acho que a esperança deve ser a última coisa a
morrer. O amor tem várias expressões e o amor incondicional é trans-
versal a todos. O amor familiar, o amor pessoal, o amor profissional, são
todos incondicionais. Amar sem contrapartidas, é amar verdadeiramente.
Amizade sem contrapartidas, fazer felizes os outros sem esperar algo em
troca. Tudo isto pode parecer utopia! É claro que espero sempre que me
façam bem, que me tratem bem, mas quando tomo a iniciativa de fazer
alguém feliz não estou à espera de contrapartidas. Fazer bem ao outro
preenche-me o coração.
RPO – Qual o lugar que a música, a poesia e a arte ocupam na sua vida?
HG – São complementos indispensáveis. A música. Adoro música! Adoro
dançar! A música para mim é fundamental. Gosto muito de ler, e ler
poesia em especial. Para mim a poesia é arte. Também sou apreciadora
Lisboa ou no Porto. Isto ajudou-me a fazer a minha opção. Eu já estava
casada, a saída de Coimbra seria mais complicada e portanto não houve
qualquer dúvida em ficar aqui em Coimbra e seguir para medicina. O
curso de medicina foi feito já casada e os filhos foram nascendo à medida
que eu fui fazendo o curso.
RPO – A Oncologia do início da sua carreira é muito diferente da dos dias de hoje?
HG – É. Eu comecei na área de Oncologia em 1979. Nessa altura a pers-
petiva de tratamento e de alguma evolução favorável da doença era
muito pouca. Nós já dispúnhamos de alguns medicamentos, mas o
manuseamento era complicado. Os efeitos secundários eram muitos e
tínhamos muitas dificuldades em os combater. As pessoas tinham que
suportar não só a doença, como também o seu tratamento e os seus
efeitos secundários. Era difícil. Felizmente tem havido uma evolução
espetacular! Seja na conduta que nós temos perante o doente, seja no
nosso modo de estar na Oncologia. Os nossos conhecimentos de biologia
tumoral e molecular e o desenvolvimento dos meios de diagnóstico e de
terapêuticas inovadoras são armas extraordinárias. Isto permite-nos dizer
que há uma série de doentes que estão perfeitamente livres de doença
muitos anos após o seu diagnóstico. Isto dá-nos muita força e cada
vez mais vontade de aprender e continuar a aprender. Vou chegar ao fim
da minha carreira a saber menos daquilo que sabia quando entrei! (risos)
Digo isto porque atualmente, os conhecimentos são tantos e tão rápidos,
que eu acho que ainda há muito para descobrir.
RPO – Que conselho daria àqueles que estão agora a iniciar a sua carreira em Oncologia?
HG – Que amem a Oncologia! É muito importante amar a Oncologia.
É uma área muito pesada. Todos nós já ouvimos falar do burnout dos médicos, principalmente dos oncologistas. Se não amarmos a Oncologia,
tudo se torna mais complicado. Muitos internos não conseguem levar
a especialidade até ao fim, não se sentem preparados psicologicamente
para enfrentar esta especialidade médica. O gosto pela especialidade é
fundamental. Na Oncologia nós temos uma possibilidade enorme de
ajudar o próximo, de lhe prestar cuidados e de lhe dar um apoio que,
provavelmente em outras especialidades, talvez seja um pouco mais
distante. É a especialidade onde se luta mais pela vida. Nos lutamos para
dar bem-estar ao doente e o doente luta pelo seu bem-estar, isto dá-nos
uma ligação interpessoal muito forte. Costumo dizer que os centros
especializados em Oncologia são os locais onde se luta mais pela vida.
A vida está muito presente, viver é um objetivo! Em muitos casos é ao
enfrentar uma doença oncológica, que o doente aprende a viver.
RPO – A integração de conhecimentos na prática da Oncologia é um tema cada vez mais debatido e acarinhado por todos. A multi-disciplinaridade é cada vez mais uma ferramenta fundamental na Oncologia. Foi sempre assim ou esta é uma realidade mais atual?
HG – Esta realidade esteve sempre presente. Ao longo da minha carreira,
mesmo em 1979, o tratamento oncológico já era multidisciplinar. Isso é
fundamental em Oncologia. Não podemos pensar que nós é que somos
os bons nesta área, que nós é que tratamos tudo. Não.
São sempre tratamentos multidisciplinares. Tem que
forçosamente existir uma decisão multidisciplinar antes
de qualquer intervenção no doente. Faz-se o diagnóstico,
e a partir do diagnóstico, segue-se a apresentação e apre-
ciação do processo clínico em grupo multidisciplinar. Só
depois é que podemos partir para as várias soluções de
acordo com a situação clínica que o doente apresenta.
RPO – A formação em medicina é longa e difícil, são muitos anos de estudo até chegar ao diploma, mas não termina ai. A atualização de conhecimentos é constante e a experiência na prática clínica assume-se como fator diferenciador. Perante esta realidade, podemos dizer que exercer medicina é também um ato de grande intuição?
HG – É. Sem dúvida. Mas a formação também é muito
importante. Felizmente, eu tive excelentes professores
que me ensinaram a fazer, de uma maneira muito precisa,
os diagnósticos diferenciais. Nos Centros de Oncologia, o
diagnóstico é sempre o mesmo e a certa altura da minha
carreira eu acabei por inverter o processo. Comecei por
partir de uma hipótese de diagnóstico oncológico para
eliminar um benigno. Normalmente faz-se o contrário,
pensamos sempre primeiro nas situações benignas e
podemos ter a surpresa de uma situação oncológica. Os
longos anos da minha experiência profissional levam-me
a que, à cabeça, perante determinados sintomas, ponha
o diagnóstico de uma doença oncológica. Por outro lado,
a transmissão deste diagnóstico ao doente transforma-se
numa comunicação que implica formação e intuição.
É interessante porque, nós temos de ser psicólogos e
temos de ter uma pedagogia diferente de doente para
doente, e mesmo no próprio doente, quer seja numa fase
inicial quer seja ao longo da sua vida. As pessoas vão
tendo alterações de comportamento ao longo da sua vida,
sendo a doença a génese dessa modificação.
RPO – A relação médico doente é cada vez mais im-portante, transmitir uma má notícia a uma pessoa é sempre uma tarefa difícil e no caso de doença oncológica, é uma tarefa que cabe ao médico. O país tem vindo a atravessar dificuldades, as pessoas estão mais deprimidas e quando recebem uma notícia destas, é mais uma notícia má. Como é que se lida com esta realidade?
HG – Sim. Isso é um facto. É mais uma notícia má. Mas
apesar de tudo, depende do modo como transmitimos
a notícia e do modo como damos esperança para um
tratamento provável ou não, para uma cura provável ou
não. São tudo perspetivas que, forçosamente, temos de
transmitir ao doente. Não lhe estamos a dar nenhum
rebuçado e portanto temos de justificar muito bem o que
é a doença, explicar muito bem quais são os tratamentos e
as perspetivas que o tratamento pode trazer para a sua vida.
“É muito importante
amar a Oncologia. É
uma área muito pesada.
Todos nós já ouvimos
falar do burnout dos
médicos, principalmente
dos oncologistas. Se não
amarmos a Oncologia, tudo
se torna mais complicado.”
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Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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de arte na forma de pintura. Gosto de sentir a interação com as obras
de arte. O impressionismo diz-me muito por ter características que se
enquadram no meu modo de ser. São constituintes da minha armadura
contra os espinhos da vida.
RPO – Há algum Livro que tenha sido decisivo para si?
HG – Decisivo não, mas marcante, sim! “O Outro livro de Job”, de Miguel
Torga. Este livro foi muito marcante, quer pela ligação que tenho com
o autor, quer pelo modo como o livro entrou na minha vida. Foi-me
lido em voz alta pela própria pessoa. Foi talvez o livro mais marcante
da minha vida.
RPO – O seu percurso profissional para além de ser muito rico é também um percurso marcado por uma experiência de vida intensa. Se escrevêssemos a biografia da Helena Gervásio o que é que gostava que figurasse na sua biografia?
HG – Helena Gervásio, uma mulher nascida em 1950, sem preconceitos,
que gosta de estar na sua vida, que gosta de viver a sua vida de forma
muito simples, com muito amor e com saúde. Saúde familiar. Muito
simples, sou uma mulher muito simples. Espero continuar a ser tudo
o que fui até aqui, porque ainda não me arrependi de nada do que fiz
na minha vida.
RPO – O que é que ainda não sabemos sobre a Helena Gervásio?
HG – Provavelmente tudo quanto eu não sei também! (risos) Sou uma
mulher positiva. Tenho momentos mais introspetivos em que me isolo
mais um pouco para não perturbar as pessoas à minha volta, mas volto
sempre ao meu ambiente natural, onde gosto de estar com quem é
verdadeiramente importante na minha vida. Gosto de estar com os amigos
e todos os que têm a minha amizade podem contar com ela, sempre!
RPO – Qual a mensagem que gostaria de deixar aos seus colegas médicos?
HG – Na nossa profissão, não nos podemos esquecer que lidamos com
pessoas, que temos seres humanos nas nossas mãos que se entregam
aos nossos conhecimentos. Eu gostava que todos os profissionais de
saúde tivessem isto em consideração antes de falarem com um doente.
Que tivessem sempre em conta que estão a falar com seres humanos,
que estão completamente dependentes do médico naquela situação de
doença, e que sobretudo acreditam que o médico está a fazer tudo por eles.
PERCURSO
Helena Gervásio é licenciada em medicina pela Universidade
de Coimbra (1975). Após os internatos, ingressou no Instituto
Português de Oncologia Francisco Gentil (IPO FG) de Coimbra
em 1979. Tem a especialidade de Oncologia Médica da
Ordem dos Médicos, com diploma da European Society of Oncology (ESO). Em 1993 fez a graduação em Oncologia Médica e em 1998 obteve o cargo de Chefe de Serviço, e desde
Julho de 2001 é Directora de Serviço de Oncologia Médica
do IPO FG de Coimbra. Foi Directora do Departamento
de Especialidades Médicas de 2005 a 2011. É Investigadora
Principal de vários protocolos de ensaio terapêutico, colabo-
rando com diversos grupos de investigação (EORTC, BCIRG,
ATLAS, SOLTI). É Membro ativo da ESMO e da ASCO, e
editora das versões portuguesas das revistas Current Opinion in Oncology e Lancet.
“Muito simples, sou uma mulher muito simples. Espero continuar a ser tudo o que fui até aqui, porque ainda não me arrependi de nada do que fiz na minha vida.”
Revista Portuguesa de Oncologia
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Revista Portuguesa de Oncologia
especial do congresso
13º CONGRESSO NACIONAL
DE ONCOLOGIACongresso multidisciplinar que desempenha um papel
fundamental na definição dos standards do tratamento do cancro no país.
A Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) encontra-se a
organizar o seu 13º Congresso Nacional que se realizará na
cidade do Porto, de 14 a 16 de Novembro, no Centro de
Congressos da Alfandega do Porto. O Congresso Nacional
de Oncologia realiza-se de 3 em 3 anos e destaca-se por
ser o acontecimento de maior importância no mandato
do triénio correspondente. Fomentar o debate, a partilha
de experiências e de saberes e assim elevar a qualidade em
Oncologia tem sido o grande objetivo das sucessivas direções
da SPO para este encontro de especialistas nacionais e
internacionais que muito têm contribuído para a melhoria
do panorama oncológico nacional. O 13º Congresso
Nacional de Oncologia, não será exceção. Tendo por base
um congresso multidisciplinar que desempenha um papel
fundamental na definição dos standards do tratamento do cancro no país, a comissão organizadora decidiu convidar,
para um envolvimento direto na elaboração do programa
científico e na definição dos tópicos de discussão, associa-
ções e sociedades médicas e científicas, e grupos de estudo
de oncologia existentes em Portugal.
“É desta forma que pretendemos materializar o objetivo deste congresso: constituir o principal fórum de aprendizagem, troca de ideias e disseminação de boas práticas de toda a comunidade oncológica portuguesa.” Joaquim Abreu de Sousa, Presidente da SPO.
Medicina personalizada
Imunoterapia e Cancro
Oncofertilidade
Terapêuticas alternativas
Consulta de segunda opinião
Gestão da conflitualidade
Burnout dos profissionais
Sobreviventes de Cancro
Joaquim Abreu de Sousa – IPO do Porto
Gabriela Sousa – IPO de Coimbra
José Dinis da Silva – IPO do Porto
Paulo Cortes – Hospital de Santa Maria
Camila Coutinho – Hospital do Médio Ave
Ana Pais – IPO de Coimbra
Noémia Afonso – IPO do Porto
Acesso à inovação
Investigação
Financiamento
Regulação
Organização
Qualidade
Certificação
INVESTIGAÇÃO EM CANCRO | CANCRO DA MAMA | CANCRO DIGESTIVO | TUMORES
DA CABEÇA E PESCOÇO | SARCOMAS | TUMORES GÉNITO URINÁRIOS | ONCOPOLÍTICA |
ORGANIZAÇÃO E QUALIDADE EM ONCOLOGIA
temas
comissãoorganizadora
fórum de oncopolítica
parceriasEuropean Society of Medical Oncology | European Society
of Surgical Oncology | Sociedade Internacional de Oncologia
Geriátrica | Sociedade Portuguesa de Senologia | Sociedade
Portuguesa de Radioterapia Oncológica | Sociedade Portuguesa
de Cirurgia | Associação Portuguesa de Investigação em Cancro
| Associação Portuguesa de Urologia | Grupo Português Genito-
-urinário | Grupo de Estudos de Cancro do Ovário | Grupo
de Estudos de Tumores Neuroendócrinos | Grupo de Estudos de
Melanoma | Grupo de Estudos de Sarcomas | Grupo de Estudos
de Cancro Digestivo | Grupo de Estudos de Cancro do Pulmão |
Grupo de Estudos de Tumores da Cabeça e Pescoço | Sociedade
Portuguesa de Medicina Nuclear | Sociedade Portuguesa de
Psico-Oncologia | Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos |
Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa
Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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trabalhoscientíficos“Os trabalhos desenvolvidos pelos jovens especialistas, os últimos
avanços da investigação e os trabalhos com potencial para mudar
a prática clínica, constituem com frequência matéria de discussão
estimulante e com importância científica relevante, pelo que as
sessões de comunicações livres terão um lugar de destaque no
programa do congresso.”
Joaquim Abreu de Sousa, Presidente da SPO
A apresentação de trabalhos científicos visa proporcionar a todos os
profissionais e investigadores que trabalham na área da oncologia, a
oportunidade de prestarem um contributo científico e promover melhorias
ao nível da investigação, do diagnóstico, tratamento, prestação de cuidados,
entre outros. As candidaturas para apresentação de trabalhos científicos
encontram-se abertas e os trabalhos podem ser submetidos através do
formulário de candidatura online disponível em www.sponcologia.pt
Todos os trabalhos científicos devem estar enquadrados com a temática
do congresso, apresentar um conteúdo científico inovador e deverão ser
submetidos em formato poster.
Dos trabalhos a concurso o júri procederá a uma seleção dos melhores
trabalhos os quais irá premiar nas categorias de Comunicação Livre e
Poster, do 1º ao 3º prémio, conforme consta no regulamento dos trabalhos
científicos.
inscriçõesEncontram-se abertas as inscrições para o Congresso. Poderão inscre-
ver-se no 13º Congresso Nacional de Oncologia, sócios e não sócios da
SPO, podendo ser médicos, enfermeiros, técnicos e estudantes. A inscrição
no congresso inclui a participação no programa científico, visita à
exposição técnica, científica e comercial, pasta e documentação, almoços
de trabalho e coffe-breaks. Toda a informação relativa às inscrições no congresso poderá ser consultada na área exclusiva do Congresso em
www.sponcologia.pt
patrocíniosOs patrocinadores assumem um papel preponderante na realização do
Congresso Nacional de Oncologia, seja através do seu apoio financeiro,
sem o qual este acontecimento não teria lugar, seja através do seu
contributo em termos de informação médica. O objetivo da Comissão
organizadora é desenvolver um programa científico de elevado interesse,
promovendo assim uma forte adesão ao evento, proporcionando aos seus
patrocinadores o retorno efetivo do seu investimento. É igualmente
importante manter com todos os patrocinadores e parceiros que
apoiam esta iniciativa o melhor relacionamento, sendo este baseado,
como sempre, na transparência, respeito mútuo e reciprocidade de
vantagens. Neste sentido a Comissão Organizadora disponibiliza um
regulamento de participação que se encontra disponível para consulta
na área exclusiva do Congresso em www.sponcologia.pt “Esperamos que a participação no congresso constitua um momento importante para os profissionais de oncologia fortalecerem as suas relações, partilharem as suas experiencias, atualizarem os seus conhecimentos e sobretudo consolidarem uma comunidade científica cujo objetivo último é garantir que os doentes com cancro possam beneficiar do melhor acesso à inovação e qualidade de tratamento.”
Joaquim Abreu de Sousa, Presidente da SPO
“Esta reunião será seguramente uma oportunidade para criar novas
relações profissionais e reforçar as já existentes,um espaço de
convívio e partilha entre todos os participantes.”
Gabriela Sousa, Vice-Presidente da SPO
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Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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oncologia e a sociedade
2º Congresso Luso-Brasileiro já tem data marcada
2ª Edição do Meet The Professor
Formação de novos líderes em Oncologia
Onco@cademia – formação avançada em cancro de mama, pulmão e próstata
A Sociedade Portuguesa de Oncologia e a Sanofi encontram-se a organizar
a 2ª edição do Meet the Professor, um ciclo de duas conferências que terão lugar nos dias 22 e 23 de Maio de 2014, no Porto e em Lisboa.
Esta 2ª edição, liderada pelo Dr. Joaquim Abreu de Sousa, Presidente da
Sociedade Portuguesa de Oncologia, conta com a presença do Dr. Andrés
J. Muñoz, Coordenador do Grupo de Trabalho de Trombose e Cancro da
Sociedade Espanhola de Oncologia Médica (SEOM), Oncologista Médico
do Hospital General Universitário Gregório Marañón de Madrid.
Foi em 2012 que o programa de formação para “novos líderes em Onco-
logia” teve o seu início. Um programa de formação desenvolvido pela
Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) com o apoio da Janssen-Cilag
cujo sucesso justificou a realização da 2ª edição. O primeiro quadrimestre
de 2014 ficou então marcado pela implementação da 2ª edição do
programa de formação para “novos líderes em Oncologia”. Introdução à
Bioestatística com IBM SPSS Sattistics, liderado pelo Prof. Doutor Patrício Costa, foi o primeiro de quatro cursos. Um tema cuja pertinência se
justifica pelo papel cada vez mais saliente da bioestatística na Medicina.
A forte adesão a esta formação de 2 dias em Coimbra veio confirmar o
interesse deste tema e consequentemente a importância que o mesmo
assume no planeamento e desenho dos estudos, na sumarização e na
interpretação de resultados. Seguiu-se em Lisboa, a formação em Inter-
pretação Crítica de Estudos Clínicos, onde foram abordadas questões
tais como avaliar a validade interna de um estudo e os principais erros
na interpretação de resultados. Outro tema de grande importância foi o
Medical Writing, cuja formação decorreu no Porto. Por onde começar a escrever um artigo científico e qual a sua estrutura foi a base teórica
desta formação complementada com exercícios práticos e algumas dicas
para a escrita de posters. Esta 2ª edição do programa de formação
para “novos líderes em Oncologia” terminou em Coimbra, com o tema
Presentation Skills. Como preparar uma apresentação oral, as compe-tências de comunicação verbal e não-verbal e os efeitos sincronizados
da linguagem foram os pilares principais desta formação. Em jeito de
conclusão, o sucesso desta iniciativa fica comprovada pela forte adesão
dos seus participantes, o que leva a organização a ponderar a realização
de uma 3ª edição.
O Onco@cademia é um projeto da Astra-Zeneca que teve lugar nas
instalações da Fundação Bissaya Barreto em Coimbra, nos dias 16 e 30 de
Novembro e no dia 7 de Dezembro de 2013, tendo participado um total
de 35 internos de várias especialidades médicas. Este projeto contou com
o apoio da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO).
A primeira ação de formação foi dedicada ao carcinoma da mama e
teve como formadores o Dr. Joaquim Abreu de Sousa, presidente da SPO e
o Prof. Doutor José Luis Passos Coelho, Presidente da Sociedade Portuguesa
de Senologia. Seguiu-se o carcinoma do pulmão que teve como formadores
a Dra. Encarnação Teixeira, do Grupo de Estudos de Cancro do Pulmão
e o Prof. Doutor António Araújo, Presidente da PULMONALE, Associação
Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão. O Onco@cademia
terminou com a sessão dedicada ao carcinoma da próstata e teve
como formadores a Dra. Gabriela Sousa, Vice-Presidente da Sociedade
Portuguesa de Oncologia e o Prof. Doutor Arnaldo Figueiredo, Presidente
da Associação Portuguesa de Urologia.
Na reunião serão discutidos alguns aspetos mais controversos da gestão
da doença tromboembólica venosa no doente oncológico que não estão
abordados nas principais recomendações internacionais tais como o
tratamento do doente com fibrilhação auricular anticoagulado com
AVK ou novos anticoagulantes orais ou a terapêutica anticoagulante
em situações de risco hemorrágico (fármacos antiangiogénicos). Esta
discussão será enriquecida com a partilha de casos clínicos. Será também
apresentado o documento de consenso sobre tromboembolismo venoso
e cancro recentemente publicado pelo Grupo de trabalho da Sociedade
Espanhola de Oncologia Médica (SEOM) bem como as diferentes
iniciativas deste grupo.
O 2º Congresso luso-Brasileiro já tem data marcada para 2015. Realiza-se em Portugal na cidade
de Lisboa, nos dias 14, 15 e 16 de Maio de 2015. Uma iniciativa que firma a parceria entre a
Sociedade Portuguesa de Oncologia e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), e
que pretende assumir uma periodicidade bianual. A primeira edição, em 2013, teve lugar na
cidade de Fortaleza, Brasil. Uma aproximação entre dois países que Anderson Silvestrini,
presidente da SBOC, afirma ser “mais do que natural”. Na base deste acontecimento está
a troca de experiências e conhecimento técnico, mas não só. De acordo com o presidente da SBOC, este intercâmbio entre Portugal e o Brasil pode
vislumbrar uma melhoria na formação residente, criação de programas de pós-graduação a até o desenvolvimento conjunto de estudos clínicos.
Fórum Imuno-Oncologia
A Imuno-Oncologia é uma abordagem inovadora no tratamento do
cancro, que se foca em agentes que trabalham diretamente com o sistema
imunitário do corpo para combater as células do tumor. A Sociedade
Portuguesa de Oncologia (SPO) encontra-se a organizar o 1º Fórum de
Imono-Oncologia que terá lugar no dia 7 de Junho no Centro de
Congressos da Alfandega do Porto, na cidade do Porto. Uma iniciativa
que conta com o contributo científico do Instituto de Medicina Molecular
(IMM) e com o apoio da Bristol Myers Squibb (BMS). As inscrições
estão abertas e toda a informação disponível em www.sponcologia.pt
TROMBOEMBOLISMO VENOSO E CANCRO
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Revista Portuguesa de OncologiaRevista Portuguesa de Oncologia
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publicaçãocientífica
Seguimento de doentes com carcinoma da mama após alta de um Centro Oncológico Follow-up of breast cancer patients after discharge from a
Cancer Centre
Autores
Joana Savva-Bordalo1, Miguel H Abreu1, Noémia
Afonso1, Joaquim Abreu2 e Helena Rodrigues1
Filiação e Instituição1 Serviços de Oncologia Médica - Instituto Português
de Oncologia do Porto2 Serviços de Oncologia Médica - Instituto Português
de Oncologia do Porto
Financionamento
O estudo foi financiado pelo Instituto Português
de Oncologia do Porto.
Correspondência
Joana Savva-Bordalo
Instituto Português de Oncologia do Porto,
Rua Dr. António Bernardino de Almeida
4200-072 Porto, Portugal
Email: [email protected]
Telefone: +351961760977
Conflitos de Interesse
Os autores declaram que não têm conflitos de
interesse.
Data de Submissão: 9 de abril de 2013
Data de Aceitação: 17 de outubro de 2013
Resumo
Objectivos: Avaliar a adequação do seguimento clínico das doentes com cancro da mama (CM)
referenciadas aos Cuidados de Saúde Primários (CSP) e o grau de satisfação, após término da
terapêutica adjuvante, na ausência de evidência de doença oncológica. Métodos: A amostragem
realizada foi de conveniência, baseada numa população de 671 doentes com CM admitidas
em 2002 no nosso centro para tratamento com intenção curativa, das quais 196 tiveram alta
sem evidência de doença há 5 ou mais anos. Foram efectuadas entrevistas telefónicas para
obter informação sobre o local onde era efectuada a vigilância clínica, regularidade da realização
da mamografia e o grau de satisfação global. Resultados: foram contactadas 65 doentes com
sucesso. A maioria (83%) mantinha seguimento nos CSP. A mamografia era realizada de forma
anual em 60 doentes (92%). A generalidade das doentes (90%) estava globalmente satisfeita
com o seu seguimento. Conclusões: A transferência de responsabilidade do seguimento de
doentes com CM para os CSP aparenta ser eficaz, sem compromisso da sua qualidade e sem
redução do grau de satisfação com os cuidados prestados.
Palavras chave: cancro da mama, cuidados de saúde primários, seguimento
Abstract
Objectives: To evaluate the adequacy of clinical follow-up of patients with breast cancer (BC) referred to Primary Health Care (PHC) and their degree of satisfaction, after completion of adjuvant therapy, in the absence of malignant disease. Methods: A convenience sampling was conducted, based on a population of 671 patients with BC admitted in 2002 in our centre for treatment with curative intent, of whom 196 were discharged without evidence of disease for 5 years or more. Telephone interviews were performed to investigate where clinical assessment was being carried out, as well as the regularity of mammograms and overall satisfaction. Results: 65 patients were contacted successfully. The majority (83%) was being followed in PHC. Mammography was performed on a yearly basis in 60 patients (92%). Most of the patients (90%) were generally satisfied with their follow-up. Conclusions: The transfer of BC patients’ follow-up to PHC seems effective, without compromising its quality or reducing the level of satisfaction with the provided care.Keywords: breast care, primary health care, follow-up
investigação em serviços
de saúde
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Introdução
A percentagem de doentes com diagnóstico de CM sem evidência de
recidiva tem vindo a aumentar. Esta tendência deve-se ao incremento da
proporção das mulheres diagnosticadas em estádios precoces devido à
implementação de programas de rastreio1-3 e ao aumento da eficácia das
terapêuticas adjuvantes4. O seguimento a longo prazo destas doente por
clínicos especializados em Oncologia/Senologia é a prática comum na
maioria dos centros oncológicos2,5.
A recidiva local, contra-lateral ou à distância, após o tratamento adjuvante,
tem sido cada vez menos frequente, com tendência a diminuir para
além do quinto ano de seguimento. Contudo, o risco de recidiva persiste
para além deste período e está estimado em 2 a 2.5% por ano, tornando
desejável o acompanhamento prolongado para além dos cinco anos
após o diagnóstico2. O fundamento que suporta esta abordagem é a
possibilidade de detecção precoce da recidiva para intervenção tera-
pêutica atempada e adequada1. Outros objectivos são o seguimento de
complicações a longo prazo da cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia,
assim como o suporte psicossocial das doentes sobreviventes de CM6.
No entanto, o aumento do número de doentes com CM tratadas com
intenção curativa leva ao incremento da necessidade de médicos
especializados para o seu seguimento, o que acarreta um aumento
substancial da atividade de ambulatório destas instituições7,8. Além
disso, tem sido crescente a evidência de que o seguimento destas
doentes em consultas céleres e focalizadas nos sintomas físicos, não é
capaz de fornecer um apoio médico adequado de forma global, sendo
igualmente insuficiente do ponto de vista psicossocial9. Alguns estudos
revelaram que as doentes terão maior facilidade em encontrar apoio
clínico e psicossocial junto de equipas de enfermagem especializadas
em oncologia e nos Cuidados de Saúde Primários (CSP)10.
No presente, tem-se debatido inclusivamente, se o seguimento mais
frequente ou mais intensivo deve ser mantido em centros especializados,
uma vez que esta estratégia não parece refletir-se em melhores resultados
a longo prazo, em termos de sobrevivência global11,12. De facto, em
alguns centros, o seguimento de doentes oncológicos após término da
terapêutica adjuvante e que não apresentem evidência de recidiva de
doença oncológica, tem sido transferido para os CSP, sem diferenças
significativas nas taxas de recidiva, sobrevivência, atrasos no diagnóstico
ou grau de satisfação das doentes, comparativamente às que mantêm
o seguimento em centros oncológicos4, 7,13-15. A evidência de que o se-
guimento efectuado pelos médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF)
apresenta eficácia comparável ao realizado em centros especializados
em Oncologia tem apresentado cada vez maior suporte16.
Assim, no sentido de optimizar os recursos disponíveis e tendo em conta
a evidência crescente de que a vigilância num centro oncológico não
se traduz em ganhos significativos para as doentes, adotámos a prática
de referenciar as doentes com CM tratadas com intenção curativa e sem
evidência de doença há pelo menos 5 anos para os CSP. Os objectivos
deste estudo foram determinar se o seguimento nos CSP é adequado e
qual o grau de satisfação global das doentes com esta abordagem.
Métodos
Através de uma pesquisa retrospectiva dos nossos registos identificámos
671 doentes com diagnóstico de CM admitidas entre 1 de Janeiro e
31 de Dezembro de 2002, tratadas e seguidas no nosso centro. Destas,
196 doentes tiveram alta da instituição após 5 anos, sem evidência de
recidiva loco-regional ou à distância da sua doença oncológica, e foram
referenciadas ao médico de Medicina Geral e Familiar nos CSP para
continuação do seguimento.
A amostragem foi de conveniência, com inclusão de 50% das doentes
que tiveram alta, tendo-se excluído aquelas com idade atual inferior
à esperança média de vida da mulher portuguesa17, as readmitidas na
instituição com evidência de cancro e as falecidas sem evidência de
cancro. O desenho do estudo encontra-se na Figura 1.
A estatística descritiva foi usada para a caracterização clínico-patológica
da população e apresentação dos resultados que se encontram descritos
na Tabela 1 e Figura 1.
As doentes selecionadas neste estudo foram contactadas para entrevista
telefónica e registo do local onde estava a ser feito o seguimento após
a alta, a regularidade com que era efectuada a mamografia e o grau de
satisfação global com a prestação do seguimento.
Este estudo teve a aprovação da Comissão de Ética da instituição.
ResultadosDas 671 doentes admitidas na nossa instituição em 2002 por CM, para
tratamento e seguimento: 210 (31%) faleceram com evidência de cancro;
205 (30%) encontravam-se em seguimento ou tratamento na instituição,
das quais 39 (19%) recidivaram e 32 (16%) mantiveram-se em terapêutica
hormonal adjuvante “extended”. Cento e noventa e seis doentes (29%) tiveram alta após término da terapêutica adjuvante e sem evidência de
doença há 5 ou mais anos; e 60 (9%) estavam perdidas no seguimento.
Das doentes que tinham tido alta da Instituição: 7 doentes foram
readmitidas na instituição, 5 com recidiva da doença e 2 com segundas
neoplasias, todas referenciadas pelos CSP (Figura 1).
As doentes incluídas no estudo apresentavam uma mediana de idades,
à data do contacto telefónico, de 61 anos (mín. 37, máx. 81 anos). Ao
diagnóstico, o carcinoma ductal invasor foi o tipo histológico mais
frequente (n=64, 79%). A maioria das doentes efetuou mastectomia
radical modificada (n=58, 72%) e encontrava-se em estádio I (n=39,
48%). A maioria dos tumores era grau II (38%) ou grau III (36%), expres-
sando receptores hormonais em 70% dos casos. A maioria das doentes
efetuou quimioterapia adjuvante (67%) e hormonoterapia adjuvante
(70%) durante um tempo mediano de 5 anos. Apenas uma minoria
(26%) efetuou radioterapia adjuvante (Tabela I).
Das 81 doentes incluídas no estudo foi possível contactar 65 (80%). A
maioria destas doentes (n=54, 83%) mantinha seguimento pelo médico
de MGF nos CSP, cinco em instituições privadas (IP), três nos CSP em
simultâneo com IP, duas num outro hospital público e apenas uma
utente não fazia qualquer tipo de seguimento (Figura 2). A mamografia
era realizada de forma regular (anual) em 60 doentes (92%) (Figura 3).
A generalidade das doentes (90%) acompanhadas no Sistema Nacional
de Saúde estava satisfeita com o seguimento após a alta do centro on-
cológico (Figura 4).
Figura 1: Desenho do estudo. MCEC – morto com evidência de cancro; MSEC – morto sem evidência de cancro; VCEC – vivo com evidência de cancro; VSEC – vivo sem evidência de cancro.
Tabela 1: Caracterização das doentes seleccionadas (n=81). AC – doxorrubicina e ciclofofamida, CMF – ciclofosfamida, metotrexato e 5FU, FEC – 5FU, epirrubicina e ciclofosfamida, MRM – mastectomia radical modificada, T+EA – tumorectomia + esvaziamento axilar
Figura 2: Seguimento das doentes após a alta da instituição.
Figura 3: Regularidade da mamografia após a alta da instituição.
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Discusão
O seguimento de doentes com CM após conclusão da terapêutica adjuvante
tem como objectivo principal detectar precocemente a recidiva local ou
doença metastática, de forma a permitir intervenções eficazes na cura e
controlo da doença, respectivamente. O método de eleição para detectar
a recidiva loco-regional ou um segundo primário da mama restante é a
mamografia18. Os efeitos tardios da quimioterapia e radioterapia devem ser
igualmente avaliados nas consultas de seguimento10. Este deve ser capaz
de prestar, igualmente, apoio psicossocial, uma vez que as sobreviventes
do cancro da mama a longo prazo têm um maior risco de problemas deste
foro19. Por fim, o seguimento destas doentes em centros oncológicos
permite a recolha de dados para auditorias ou investigação, assim como
a formação de médicos internos de especialidade10,20.
Contudo, existem muitas carências nas consultas de seguimento nos
centros oncológicos. As recidivas são diagnosticadas em apenas 1%
das consultas de rotina, sendo na sua maioria detectadas pelas doentes
entre os agendamentos das consultas ou pelo próprio médico de MGF
nos CSP14,21. Além disso, o prejuízo em termos de despesa financeira e a
ansiedade associados à comparência nas consultas de seguimento nestes
centros pode superar, por vezes, os seus benefícios22. No demais, existe
ainda o problema de falsa segurança no seguimento em consulta especia-
lizada, que leva a que doentes sintomáticas esperem pela consulta em vez
de recorrem com celeridade aos serviços de saúde.
Este estudo demonstrou que a transferência de responsabilidade do
seguimento de doente com CM após tratamento com intenção curativa
do centro oncológico para os CSP aparenta ser segura, garantindo-se a
realização da mamografia de forma regular, anual ou bianualmente, à
semelhança de outros estudos2,4,7,9,23,24. O grau de satisfação das doentes
em seguimento nos CSP é elevado, em analogia com o publicado na
literatura4,10,14,16,25,26. Em resumo, esta estratégia além de eficaz, pode ser a
resposta para ultrapassar a escassez de recursos especializados em Oncologia,
favorecendo uma intervenção adequada do ponto de vista médico global
e, também, psicossocial. O impacto económico desta prática também não
deverá ser desprezível, embora não tenha sido objectivo deste estudo ex-
ploratório. Todavia, estudos de avaliação económica revelam que os custos
médios por utente seguido nos CSP são um terço quando comparados com
os custos de hospitais especializados27. Por último, de acordo com estudos
publicados, a sobrevivência global das doentes em seguimento efectuado
nos CSP é sobreponível à dos centros oncológicos4,28-30.
As estratégias usadas para melhorar a gestão de recursos existentes sem
prejuízo do cumprimento dos objectivos do seguimento de doentes com
CM a longo prazo, podem passar pela transferência do seguimento para
os médicos de MGF nos CSP, após 5 anos sem evidência de recorrência de
doença ou até mais precocemente, à semelhança de outros centros1,31,32.
No demais, têm sido propostas outras estratégias, que têm sido igual-
mente alvo de estudo, como o seguimento das doentes pelas equipas de
enfermagem dos centros oncológicos e/ou a substituição das consultas
de seguimento por entrevistas telefónicas, que têm, até à data, revelado
eficácia e segurança semelhantes ao seguimento específico por consultas
presenciais por médicos especialistas em Oncologia/Senologia1,33,34.
Conclusões
A transferência do seguimento de doentes com CM após tratamento
com intenção curativa para os médicos de Medicina Geral e Familiar
nos Cuidados de Saúde Primários pode ser considerada uma estratégia
eficaz e segura para responder à escassez de recursos especializados em
Oncologia. Esta prática não acarreta prejuízo da manutenção de um
seguimento adequado e tem a vantagem de permitir um grau de satisfação
elevado por parte das doentes.
No entanto, é urgente efetuar um estudo nacional prospectivo, rando-
mizado e multicêntrico para se definir o melhor modelo, adaptado à
realidade e recursos específicos do país.
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