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Metas de competição e análise concorrencial Ricardo Medeiros de Castro Assessor do DEE do CADE (Apresentação representa impressão pessoal do apresentador sobre o tema)

Ricardo Medeiros de Castro - anatel.gov.br · O argumento central e conceitual é que não existe qualquer forma coerente para escolher um mercado relevante sem antes formular a melhor

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Metas de competição e análise concorrencial

Ricardo Medeiros de CastroAssessor do DEE do CADE

(Apresentação representa impressão pessoal do apresentador sobre o tema)

NeuroDireito e PMS

Fonte: (DECETY, JACKSON, SOMMERVILE, CHAMINADE, & MELTZOF, 2004)

Fonte: (VOTINOV, ASO, FUKUYAMA, & MIMA, 2016)

OFERTA DEMANDA

PREÇO E O PODER DE MERCADO: EQUILÍBRIO versus NÃO-LINEARIDADE DE LOOPS DE FEEDBACKS + ou -

Linearidade contempla aditividade (+) e homogeneidade (x)

Visão binária

http://2.bp.blogspot.com/-OggQU9mvtzo/Uo-NyY-rmAI/AAAAAAAADSM/ca8i-Aah3ts/s1600/hamlet.png

1 0

MR bem definido MR mal definido

Dentro do MR Fora do MR

Lícito Ilícito

Com poder de mercado Sem poder de mercado

Intervenção necessária Intervenção desnecessária

Preço justo Preço injusto

Ser Não ser

• Lógica dialética e paraconsistentes(admitem contradição)

• Lógicas Lógicas paracompletas(relativiza exclusão do meio)Ex.:Lógica trivalente, Lógicia fuzzy, etc.

Visão contínua

*Desafia as noções solidificadas e testes clássicos:

*Uma empresa pode em algumas situações ter poder de mercado, mas em outras não?* Uma empresa pode ter poder, condições e/ou interesses distintos por tipo de conduta ou de vítima?

IL���´

• p é preço médio simples?• p é preço médio ponderado? • p é preço em que período?• p é preço por tipo de consumidor?

• c´ é custo contábil?• c´ é custo marginal médio? Custo variável

médio? Calculado por qual modelo? Como se calcula o custo marginal implícito?

• c´ em que período?• c´ por produto? E por consumidor?

https://www.floridamemory.com/items/show/134303

https://alchetron.com/Albert-O-Hirschman-1005196-W

Quando IL é alto?Quando IL é baixo?

PGMC Guia-H-antigo

PGMC e debate estrutural• Voto 20/2016/SEI/IF: “Para cumprir as orientações do

PGMC na aferição de um Mercado Relevante, a área técnica da Anatel recorreu ao Teste do Monopolista Hipotético – TMH.”

• Art.14, I, “I – Participação de mercado: diz respeito à detenção de uma participação maior do que 20% do Mercado Relevante”

Novo Guia do CADE contém exemplo de algumassimulações ou uso de índices que eventualmentedispensam definição de Mercado Relevante:

*Análise de contrafactual (ex.Diff in diff)*Estudo de evento* Uso de índices

PPI –Indíce de Pressão de Preços (SALOP & O´BRIEN, 2000), UPP – Pressão de Preços para Cima (FARRELL & SHAPIRO C. ,, 2010).GPP –Pressão de Preços Generalizada (JAFFE & WEYL, 2013

Estrutura revisitada

É difícil comparar o Antitruste com a Regulação, já que eventualmente o propósito de mensuração do poder de mercado pode ser distinto. De todo modo, cabe referir que há no antitruste um movimento de descolamento da análise estrutural

CADE e debate estrutural• Lei 12.529/11 – art.36 §2

• art. 8º., III, da Resolução 2 do CADE de 2012

VER TMH e ressalvas na EUROPA - Art. 40 e 43 - Commission guidelines on marketanalysis and the assessment of significant market power under the Community regulatoryframework for electronic communications networks and services 2002

CASO STAPLES/Of.DEPOT: Do encarte de jornal acima, verifica-se que quando há as duas lojas no mesmo município (Staples e Depot) o preço é menorem comparação quando há apenas uma loja. Obviamente é necessário controlar outras questões estatística (por exemplo, se há custos ou outrasvariáveis que expliquem o diferencial de preços, que não seja o diferencial ou delta de concorrência). Todavia, tal conclusão de que a falta deconcorrência entre estas duas empresas eleva o preço não depende da delimitação das fronteiras do Mercado Relevante.

Louis Kaplow

• “ O Processo de definição de mercado relevante deve ser abandonado.

O argumento central e conceitual é que não existe qualquer forma coerente para escolher um mercado relevante sem antes formular a melhor avaliação do poder de mercado, enquanto toda a razão para o processo de definição do mercado é permitir uma inferência sobre o poder de mercado. Por que sempre seguir a metodologia de definição dos mercados relevantes em que a única maneira sensata de fazer isso pressupõe uma resposta para a mesma pergunta que o método é projetado para resolver? Uma conclusão sobre a definição do mercado não pode conter mais ou melhor informação sobre o poder de mercado do que aquela que foi utilizada para definir o mercado em primeiro lugar. Pior ainda, as inferências tiradas de quotas de mercado (Market Share) em mercados relevantes geralmente contêm menos informação e, consequentemente, podem gerar conclusões jurídicas erradas - a menos que se adote um estratagema de definição de mercado puramente orientado para resultados em que, em um primeiro momento, determina-se a resposta legal correta e, em seguida, anuncia-se uma definição de mercado que a ratifique. Dificuldades adicionais, em grande parte inevitáveis, são identificadas com a lógica econômica subjacente de redefinição do mercado. Tal ocorre porque praticamente todo o argumento revela problemas inerentes à própria concepção da definição do MR, tendo como paradigma o conceito de quota de mercado (“Market Share”). Assim, segue-se que as conclusões aqui não dependem de uma avaliação da qualidade de vários meios de medir o poder de mercado em geral ou em casos particulares e que eles são independentes da aplicação legal específica. Críticas ao paradigma da definição de MR e de Market share são extensas na literatura”. (KAPLOW, 2010, p. 440) Tradução livre - Louis Kaplow (em Why (ever) define markets?. Harvard Law Review, 2010)Outros autores, como Gregory Werden (em The relevant market: possible and productive, Antitrust Law Journal Online, 2014), continuam defendendo o uso do mercado relevante comoinstrumento de análise, mas não como o único ou mais importante screening dos Acs

http://www.law.harvard.edu/faculty/kaplow/

Região SHARE BASE LEGAL

Singapura 60% Singapore Guidelines on Section 47 Prohib. §3.8 - 2007

Israel 50% Israel Restrictive Trade Practices § 26

União Europeia 50% Case 62/86, AKZO v Commission, para 60

China 50% China Antimonopoly Law – art.19

Rússia 50% Russia Competition Law – art. 5

Indonésia 50% Indonesia Competition Law – art.17

Coréia do Sul 50% South Korea Fair Trade Act – art. 4

Taiwan 50% Taiwan Fair Trade Act – art. 5-1

África do Sul 45% South Africa Competition Act § 7

Arábia Saudita 40% Saudi Arabia Executive Regulation art. 7(a)

Polônioa 40% Act on competition and consumer protection art.4(10)

Sérvia 40% Article 15 of the Competition Act

Ucrânia 35% Ukraine Competition Law – art. 12.2

Egito 25% Egypt Competition Law art.4

Brasil 20% Lei 12.529/11 – art.36 §2

• International Chamber of Commerce (ICC) entende que o uso de market share tem levado a presunções equivocadas sobre poder de mercado, impedindo comportamentos pró-competitivos.

• Que tipo de share? (1) de quantidade vendida [poder de venda], (2) de quantidade produzida, (3) de quantidade comprada [poder de compra], (4) de receita, (5) de capacidade total (6) de capacidade disponível (7) de trabalhadores ou (8) de consumidores

• Em telecom: Que tipo de quantidade: Qtd acessos? Velocidade de internet contratada? Velocidade entregue? Bundles com smartphones ou com outros serviços?

TMH pressupõe, pelo menos: *um modelo de demanda*um modelo de interação entre empresas (tipo Cournot, Bertrand, Stackelberg, Judd, leilões, etc)*definição de pressupostos do teste como: nível do SSNIP, tipo do SSNIP, tipo do teste, entre outras questões

Se ao invés do mercado atual houvesse monopólio, um SSNIP seria possível?

TMH

SSNIP é um aumento de preços significativo e não transitório

DIFERENTES TIPOS DE SSNIP

METODOLOGIASTestes possíveis (mas não necessariamente TMH)-eminentemente qualitativos

-nível de preço-correlação, cointegração, causalidade de granger, decomposição de variância, Função resposta impulso-Fluxo de consumidores ou de mercadorias (tipo Elzinga-Hogarty, gravitacional, etc...), raios, fronteiras geopolíticas

Testes interessantes (perda crítica e Ksfow)

5%, 10% ou 15%, Guia H antigo 5% Guia-H-2016 (em regra)

NÍVEIS DO SSNIP

PERDA CRÍTICA vs KSFOW(Col.1) (Col.2) (Col.3) (Col.4) (Col.5)

Fórmula Variável Valor SSNIP s/perda de

demanda

SSNIP com /perda de demanda até valor

crítico de breakeven linear

Q QUANTIDADE VENDIDA 1.000 1000 666,7

P PREÇO DE CADA UNIDADE R$ 1.000 $ 1.050 $ 1.050,0

L LUCRO POR UNIDADE R$ 100 150 150,0

T=L*Q LUCRO TOTAL R$ 100.000 R$ 150.000 $ 100.000

M=L/P MARGEM POR UNIDADE 10%

S SSNIP = AUMENTO DO PREÇO 5%

PC=S/(S+M) PERDA CRÍTICA 33,3%

EC=1/(S+M) ELASTICIDADE CRÍTICA 6,66

CRÍTICA KSFOW – Katz, Shapiro, Farrell, O´brien e Wickelgren dado o incentivo de alegar grandes margens de lucro

O exemplo acima usa uma especificação peculiar. Todavia, o valor crítico depende se demanda é elástica ou inelástica e se o teste é de breakeven ou de maximização de lucros - Ver também modelo de perda crítica generalizada

MR e discussão sobre raio agregado de desvio

MR e discussão sobre taxa de transmissão custo preço

Estipulação de um valor crítico

Exemplo:

EC=1/(S+M)

Diferentes margens ao longo do tempo ou

Em razão de discriminação de concorrentes

Leva a valores críticos distintos

Nível da significância estatística Nível do Poder do testeNível da Severidade do testeForça dos instrumentosControle da endogeneidade correto

�� = � ≤ |���|; � = � > |���|

Princípio da precaução – mercado mais restrito possui hipótese nula

�� = � ≥ |���|; � = � < |���|

Princípio da autorrestrição – mercado mais amplo possui hipótese nula

• Entrada

Qualidade como variável endógena :(SPENCE, 1975) (MUSSA & ROSEN, 1978) (MASKIN &RILEY, 1984) (MAZZEO, 1998) (BERRY & WALDFOGEL, 2001) (GEORGE, 2001) (MAZZEO,2002)(SEIM, 2006) (GOTZ & GUGLER, 2006) (SWEETING, 2007) (ZHU & SINGH, 2007) (GANDHI, FROEB,TSCHANTZ, & WERDEN, 2008) (MANUSZAK & MOUL, 2008) (DRAGANSKA, MAZZEO, & SEIM,2009)(WATSON, 2009) (GRAMLICH, 2009) (SWEETING, 2010) (CRAWFORD G. S., 2012) (FAN, 2013)(LEE, 2013) (EIZENBERG, 2014) (CRAWFORD, SHCHERBAKOV, & SHUM, 2015)(QIU, 2015)

• Rivalidade

Ver modelo sobre incentivos ao fechamento de capacidade - (HILL, 2008)

• Ver debate BAIN (1950, 1956), STIGLER (1968), DIXIT (1979), BAUMOL & WILLIG (1981) versus (WERDEN & FROEB, 1998), em que estes últimos referiram que :

“O Direito Antitruste presume que a entrada normalmente previne ou reverte os efeitos anticompetitivos derivados de fusões horizontais. Todavia, quando custos afundados associados com a entrada são considerados aos níveis sugeridos pela estrutura de mercado prevalente, a oportunidade para entrada criada por uma fusão anticompetitiva é plausivelmente muito pequena para induzir entrada, ainda que austente barreiras à entrada Stiglerianas”

* Ver modelo de Bresnahan e Reiss (1989, 1990) sobre Entry Tresholds

* Cuidado com a confusão da Escala Mínima Eficiente com Escala Mínima Viável

• Análise do período de payback, Análise do período de payback diferido, Análise da taxa de retorno média, Valor Presente Líquido (VPL) , Taxa Interna de Retorno (TIR), Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM), Índice de Lucratividade (IL), Valor Terminal (VT), Análise de oportunidades reais (OR), Net Present Value (NPV), Internal Rate of Return (IRR), Modified Internal Rate of Return (MIRR), Profitability Index (PI), Terminal Value (TV)

Estudo de eventos

• Triplo teste e MR no PGMC - Art.6,I, presença de barreiras à entrada estruturais elevadas e não transitórias

• PMS e PGMC - Art.10, II e III (Economias de escala e Escopo) no PGMC - Discussão sobre incentivo à eficiência

• Triplo teste e MR no PGMC - Art.6, II, manutenção, em um período de tempo não desprezível, da probabilidade de exercício de poder de mercado

Questões• não seria interessante haver um banco de dados dos preços, de

custos ede qualidade de produtos (velocidade da internet) no varejo ou no atacado por área geográfica?

• Há discriminação de preços geográfica e por consumidor?

• É interessante mapear as negativas de fornecimento de internet, mesmo em municípios onde existam muitos agentes?

• Qual o impacto do PGMC (i) no investimento (ii) no preço (iii) na quantidade ofertada?

OBRIGADO

[email protected]