Riscos Em Eletricidade Prof. Gilvan Jr

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FACULDADE ANGLO-AMERICANOESPECIALIZAO DE ENGENHARIA E SEGURANA DO TRABALHO

APOSTILA RISCOS EM ELETRICIDADE

Professor Eng. Gilvan Vieira de Andrade Junior

Riscos em Eletricidade_________________________________________________________2

Sumrio

Apresentao Riscos em instalaes e servios com eletricidade

4 6

Choque eltrico ........................................................................................................ 6 Arco eltrico .......................................................................................................... 22 Campos eletromagnticos ....................................................................................... 25 Riscos adicionais ..................................................................................................... 27 Acidentes de origem eltrica ................................................................................... 38

Tcnicas de anlise de riscos

46

Conceitos bsicos .................................................................................................... 46 Principais tcnicas para identificao dos riscos/perigos ............................................. 48 Anlise preliminar de riscos .................................................................................... 50

Medidas de controle do risco eltrico

54

Desenergizao ....................................................................................................... 54 Aterramento .......................................................................................................... 59 Eqipotencializao ................................................................................................ 68 Seccionamento automtico da alimentao ............................................................... 71 Dispositivo de proteo a corrente diferencial-residual DR ...................................... 73 Proteo por extrabaixa tenso ................................................................................. 77 Proteo por barreiras e invlucros ........................................................................... 78 Proteo por obstculos e anteparos .......................................................................... 79 Proteo por isolamento das partes vivas ................................................................... 79 Proteo parcial por colocao fora de alcance ........................................................... 81 Proteo por separao eltrica ................................................................................. 86

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Equipamentos de Proteo Coletiva Equipamentos de Proteo Individual

88 92

Exemplos de EPIs ..................................................................................................... 92 Legislao especfica ............................................................................................... 96

Normas Tcnicas Brasileiras

98

Normas ABNT ...................................................................................................... 98 Regulamentaes do MTE ..................................................................................... 100

Rotinas de trabalho

102

Procedimentos de trabalho .................................................................................... 102 Liberao para servios ......................................................................................... 105 Responsabilidades ................................................................................................ 111

Documentao de instalaes eltricas Referncias

114 116

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ApresentaoEletricidade mata. Esta uma forma bastante brusca, porm verdadeira, de iniciarmos o estudo sobre segurana em eletricidade. Sempre que trabalhar com equipamentos eltricos, ferramentas manuais ou com instalaes eltricas, voc estar exposto aos riscos da eletricidade. E isso ocorre no trabalho, em casa, e em qualquer outro lugar. Voc est cercado por redes eltricas em todos os lugares; alis, todos ns estamos. claro que no trabalho os riscos so bem maiores. no trabalho que existe uma grande concentrao de mquinas, motores, painis, quadros de distribuio, subestaes transformadoras e, em alguns casos, redes areas e subterrneas expostas ao tempo. Para completar, mesmo os que no trabalham diretamente com os circuitos tambm se expem aos efeitos nocivos da eletricidade ao utilizar ferramentas eltricas manuais, ou ao executar tarefas simples como desligar ou ligar circuitos e equipamentos, se os dispositivos de acionamento e proteo no estiverem adequadamente projetados e mantidos. Embora todos ns estejamos sujeitos aos riscos da eletricidade, se voc trabalha diretamente com equipamentos e instalaes eltricas ou prximo delas, tenha cuidado. O contato com partes energizadas da instalao pode fazer com que a corrente eltrica passe pelo seu corpo, e o resultado so o choque eltrico e as queimaduras externas e internas. As conseqncias dos acidentes com eletricidade so muito graves, provocam leses fsicas e traumas psicolgicos, e muitas vezes so fatais. Isso sem falar nos incndios originados por falhas ou desgaste das instalaes eltricas. Talvez pelo fato de a eletricidade estar to presente em sua vida, nem sempre voc d a ela o tratamento necessrio. Como resultado, os acidentes com eletricidade ainda so muito comuns mesmo entre profissionais qualificados. No Brasil, ainda no temos muitas estatsticas especficas sobre acidentes cuja causa est relacionada com a eletricidade. Entretanto, bom conhecer alguns nmeros a esse respeito. Estatsticas Nos EUA, por exemplo, o contato com a eletricidade a causa de 5% dos acidentes fatais que ocorrem no trabalho. Em nmeros absolutos, isso significa que 290 pessoas morrem por ano devido a acidentes com eletricidade no trabalho. Esses dados reunidos entre 1997 e 2002 correspondem a informaes divulgadas pelo Ministrio do Trabalho dos EUA. No Brasil, se considerarmos apenas o Setor Eltrico, assim chamado aquele que rene as empresas que atuam em gerao, transmisso e distribuio de energia eltrica, temos alguns nmeros que chamam a nossa ateno. Em 2002, ocorreram 86 acidentes fatais nesse setor, includos aqueles com empregados das empreiteiras. A esse nmero, entretanto, somam-se 330 mortes que ocorreram nesse mesmo ano com membros da populao que, de diferentes formas, tiveram contato com as instalaes pertencentes ao Setor Eltrico. Como exemplo desses contatos fatais, h os casos que ocorreram em obras de construo civil, contatos com cabos energizados, ligaes clandestinas, instalaes de antenas de TV, entre tantas outras causas. Um relatrio completo divulgado anualmente pela Fundao COGE.

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Para completar, entre 1.736 acidentes do trabalho analisados pelo Sistema Federal de Inspeo do Trabalho, no ano de 2003, a exposio corrente eltrica encontra-se entre os primeiros fatores de morbidade/mortalidade, correspondendo a 7,84% dos acidentes analisados. Este mdulo vai abranger vrios tpicos relacionados segurana com eletricidade. Os principais riscos sero apresentados e voc ir aprender a reconhec-los e a adotar procedimentos e medidas de controle, previstos na legislao e nas normas tcnicas, para evitar acidentes. Da sua preparao, estudo e disciplina vo depender a segurana e a vida de muitas outras pessoas, incluindo voc. Pense nisso!

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Riscos em instalaes e servios com eletricidadeH diferentes tipos de riscos devido aos efeitos da eletricidade no ser humano e no meio ambiente. Os principais so o choque eltrico, o arco eltrico, a exposio aos campos eletromagnticos e o incndio. Neste mdulo voc vai descobrir como a eletricidade pode causar tantos males.

Choque eltricoHoje, com o domnio da cincia da eletricidade, o ser humano usufrui de todos os seus benefcios. Construdas as primeiras redes de energia eltrica, tivemos vrios benefcios, mas apareceram tambm vrios problemas de ordem operacional, sendo o mais grave o choque eltrico. Atualmente os condutores energizados perfazem milhes de quilmetros, portanto, aleatoriamente o defeito (ruptura ou fissura da isolao) aparecer em algum lugar, produzindo um potencial de risco ao choque eltrico. Como a populao atual da Terra enorme, sempre haver algum perto do defeito, e o acidente ser inevitvel. Portanto, a compreenso do mecanismo do efeito da corrente eltrica no corpo humano fundamental para a efetiva preveno e combate aos riscos provenientes do choque eltrico. Em termos de riscos fatais, o choque eltrico, de um modo geral, pode ser analisado sob dois aspectos: Correntes de choques de baixa intensidade, provenientes de acidentes com baixa tenso, sendo o efeito mais grave a considerar as paradas cardacas e respiratrias; Correntes de choques de alta intensidade, provenientes de acidentes com alta-tenso, sendo o efeito trmico o mais grave, isto , queimaduras externas e internas no corpo humano.

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O choque eltrico a perturbao de natureza e efeitos diversos que se manifesta no organismo humano quando este percorrido por uma corrente eltrica. Os efeitos do choque eltrico variam e dependem de: percurso da corrente eltrica pelo corpo humano; intensidade da corrente eltrica; tempo de durao; rea de contato; freqncia da corrente eltrica; tenso eltrica; condies da pele do indivduo; constituio fsica do indivduo; estado de sade do indivduo.

Tipos de choques eltricosO corpo humano, mais precisamente sua resistncia orgnica passagem da corrente, uma impedncia eltrica composta por uma resistncia eltrica, associada a um componente com comportamento levemente capacitivo. Assim, o choque eltrico pode ser dividido em duas categorias:

Choque esttico

o obtido pela descarga de um capacitor ou devido descarga eletrosttica.

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Descarga esttica o efeito capacitivo presente nos mais diferentes materiais e equipamentos com os quais o homem convive. Um exemplo tpico o que acontece em veculos que se movem em climas secos. Com o movimento, o atrito com o ar gera cargas eltricas que se acumulam ao longo da estrutura externa do veculo. Portanto, entre o veculo e o solo passa a existir uma diferena de potencial. Dependendo do acmulo das cargas, poder haver o perigo de faiscamentos ou de choque eltrico no instante em que uma pessoa desce ou toca no veculo.

Choque dinmico

o que ocorre quando se faz contato com um elemento energizado. Este choque se d devido ao: toque acidental na parte viva do condutor; toque em partes condutoras prximas aos equipamentos e instalaes, que ficaram energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadura na isolao. Este tipo de choque o mais perigoso, porque a rede de energia eltrica mantm a pessoa energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuadamente. O corpo humano um organismo resistente, que suporta bem o choque eltrico nos primeiros instantes, mas com a manuteno da corrente passando pelo

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corpo, os rgos internos vo sofrendo conseqncias. Isto se d pelo fato de o choque eltrico produzir diversos efeitos no corpo humano, tais como:

elevao da temperatura dos rgos devido ao aquecimento produzido pela corrente de choque; tetanizao (rigidez) dos msculos; superposio da corrente do choque com as correntes neurotransmissoras que comandam o organismo humano, criando uma pane geral; comprometimento do corao, quanto ao ritmo de batimento cardaco e possibilidade de fibrilao ventricular; efeito de eletrlise, mudando a qualidade do sangue; comprometimento da respirao; prolapso, isto , deslocamento dos msculos e rgos internos da sua devida posio; comprometimento de outros rgos, como rins, crebro, vasos, rgos genitais e reprodutores.

Muitos rgos aparentemente sadios s vo apresentar sintomas devido aos efeitos da corrente de choque muitos dias ou meses depois, apresentando seqelas, que muitas vezes no so relacionadas ao choque em virtude do espao de tempo decorrido desde o acidente. Os choques dinmicos podem ser causados pela tenso de toque ou pela tenso de passo. Tenso de toque Tenso de toque a tenso eltrica existente entre os membros superiores e inferiores do indivduo, devido a um choque dinmico. Exemplo de um defeito de ruptura na cadeia de isoladores de uma torre de transmisso (tenso de toque): O cabo condutor ao tocar na parte metlica da torre produz um curto-circuito do tipo monofsico terra. A corrente de curto-circuito passar pela torre, entrar na terra e percorrer o solo at atingir a malha da subestao, retornando pelo cabo da linha de transmisso at o local do curto.

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No solo, a corrente de curto-circuito gerar potenciais distintos desde o "p" da torre at uma distncia remota. Este potencial apresentado pela curva da figura acima. Uma pessoa tocando na torre no momento do curto-circuito ficar submetida a um choque proveniente da tenso de toque. Entre a palma da mo e o p haver uma diferena de potencial chamada de tenso de toque. Por norma, e nos projetos de sistema de aterramento, considera-se a pessoa afastada a 1 metro do equipamento em que est tocando com a mo. Neste caso, a resistncia R1 representa a resistncia da terra do "p" da torre at a distncia de 1 metro. O restante do trecho da terra representado pela resistncia R2. A resistncia do corpo humano para corrente alternada de 50 ou 60 Hz, pele suada, para tenso de toque maior que 250 V fica saturada em 1 000 ohms. Cada p em contato com o solo ter uma resistncia de contato representada por R contato. Assim, a tenso de toque expressa pela frmula:

V toque = (R corpo humano + R contato 2) I choqueO aterramento no "p" da torre s estar adequado se, no instante do curto-circuito mo-nofsico terra, a tenso de toque ficar abaixo do limite de tenso para no causar fibri-lao ventricular. A tenso de toque perigosa, porque o corao est no trajeto da corrente de choque, aumentando o risco de fibrilao ventricular.

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Tenso de passo A tenso de passo a tenso eltrica entre os dois ps no instante da operao ou defeito tipo curto-circuito monofsico terra no equipamento.

No caso da torre de transmisso, a pessoa receber entre os dois ps a tenso de passo Nos projetos de aterramento considera-se a distncia entre os dois ps de 1 metro. Pela figura apresentada, obtm-se a expresso:

V passo = (R corpo humano + 2R contato) I choqueO aterramento s ser bom se a tenso de passo for menor do que o limite de tenso de passo para no causar fibrilao ventricular no ser humano. A tenso de passo menos perigosa do que a tenso de toque. Isso se deve ao fato de o corao no estar no percurso da corrente de choque. Esta corrente vai de p em p, mas mesmo assim tambm perigosa. As veias e artrias vo da planta do p at o corao. Sendo o sangue condutor, a corrente de choque, devido tenso de passo, vai do p at o corao e deste ao outro p. Por esse motivo, a tenso de passo tambm perigosa e pode provocar fibrilao ventricular.

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Observe que as tenses geradas no solo pelo curto-circuito criam superfcies eqipoten-ciais. Se a pessoa estiver com os dois ps na mesma superfcie de potencial, a tenso de passo ser nula, no havendo choque eltrico. A tenso de passo poder assumir uma gama de valores que vai de zero at a mxima diferena entre duas superfcies eqipotenciais separadas de 1 metro. Um agravante que a corrente de choque devido tenso de passo contrai os msculos da perna e coxa, fazendo a pessoa cair e, ao tocar no solo com as mos, a tenso se transforma em tenso de toque no solo. Nesse caso, o perigo maior, porque o corao est contido no percurso da corrente de choque. No gado, a tenso de passo se transforma em tenso entre patas. Essa tenso maior que a tenso de passo do homem, com o agravamento de que no gado a corrente de choque passa pelo corao.

Proteo contra choques eltricosO princpio que fundamenta as medidas de proteo contra choques eltricos, conforme a NBR 5410/2004, pode ser resumido por: 1. 2. partes vivas de instalaes eltricas no devem ser acessveis; massas ou partes condutivas acessveis no devem oferecer perigo, seja em condies normais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as torne acidentalmente vivas.

No caso 1, o choque eltrico acontece quando se toca inadvertidamente a parte viva do circuito de instalao de energia eltrica. Acontece somente quando duas ou mais partes do corpo tocam simultaneamente duas fases ou uma fase e a massa aterrada do equipamento eltrico. Nesse caso, a corrente eltrica do choque atenuada pela:

resistncia eltrica do corpo humano; resistncia do calado; resistncia do contato do calado com o solo; resistncia da terra no local dos ps no solo;

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resistncia do aterramento da instalao eltrica no ponto de alimentao de energia.

Neste caso devem-se prover medidas de proteo bsicas que visem impedir o contato com partes vivas perigosas em condies normais, como por exemplo: Isolao bsica ou separao bsica; Uso de barreira ou invlucro; Limitao de tenso.

No caso 2, o choque ocorre quando regies neutras ficam com diferena de potencial devido a um curto-circuito na instalao ou nos equipamentos. Deve-se notar que nesse tipo de choque a pessoa est tocando ou pisando regies ou elementos no energizados da instalao. Porm, no momento do curto-circuito, ou mais precisamente durante este, estas reas neutras ficam com diferena de potencial, advindo da o choque eltrico. Neste caso devem-se prover medidas de proteo supletivas que visem suprir a proteo contra choques em caso de falha da proteo bsica, como por exemplo: Eqipotencializao e seccionamento automtico da alimentao; Isolao suplementar; Separao eltrica.

Fatores determinantes da gravidade do choqueOs principais fatores que determinam a gravidade do choque eltrico so: Percurso da corrente eltrica; Caractersticas da corrente eltrica; Resistncia eltrica do corpo humano.

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Efeitos dos choques eltricos em funo do trajetoOutro fator que influencia nas conseqncias do acidente por choque eltrico o trajeto que a corrente faz pelo corpo do acidentado. Isso um dado importante, se considerarmos que mais fcil prestar socorro a uma pessoa que apresente asfixia do que a uma pessoa com fibrilao ventricular, j que neste caso exigido um processo de reanimao por massagem cardaca que nem toda pessoa que est prestando socorro sabe realizar. A tabela a seguir apresenta os provveis locais por onde poder se dar o contato eltrico, o trajeto da corrente eltrica e a porcentagem de corrente que passa pelo corao.

LOCAL DE ENTRADA figura A figura B figura C figura D

TRAJETO CORRENTE Da cabea para o p direito Da mo direita para o p esquerdo Da mo direita para a mo esquerda Da cabea para a mo esquerda

PORCENTAGEM DA 9,7% 7,9% 1,8% 1,8%

Caractersticas da corrente eltricaOutros fatores a determinar a gravidade do choque eltrico so as caractersticas da corrente:

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Corrente contnua (CC)A fibrilao ventricular s ocorrer se a corrente contnua for aplicada durante um instante curto especfico e vulnervel do ciclo cardaco.

Corrente alternada (CA)Entre 20 e 100 Hz, so as que oferecem maior risco. Especificamente as de 60 Hz, normalmente usadas nos sistemas de fornecimento de energia eltrica, so as mais perigosas, uma vez que se situam prximo freqncia na qual a possibilidade de ocorrncia da fibrilao ventricular maior. Para correntes alternadas de freqncias elevadas, acima de 2 000 Hz, as possibilidades de ocorrncia de choque eltrico so pequenas, contudo, ocorrero queimaduras, devido a corrente tender a circular pela parte externa do corpo, ao invs da interna. Ocorrem tambm diferenas nos valores de intensidade de corrente para uma determinada sensao de choque eltrico, se a vtima for do sexo feminino ou masculino.

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Efeitos de choques eltricos em funo do tempo de contato e intensidade de correnteA relao entre tempo de contato e intensidade de corrente um agravante nos acidentes por choque eltrico. Como podemos observar no grfico, a norma NBR 6533, da ABNT, define cinco zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz, admitindo a circulao entre as extremidades do corpo em pessoas com 50 kg de peso.

Zona 1 habitualmente nenhuma reao. Zona 2 habitualmente nenhum efeito patofisiolgico perigoso. Zona 3 habitualmente nenhum risco de fibrilao. Zona 4 fibrilao possvel (probabilidade de at 50%). Zona 5 risco de fibrilao (probabilidade superior a 50%).

Resistncia eltrica do corpo humanoA intensidade da corrente que circular pelo corpo da vtima depender, em muito, da resistncia eltrica que esta oferece passagem da corrente, e tambm de qualquer outra resistncia adicional entre a vtima e a terra. A resistncia que o corpo humano oferece passagem da corrente quase que exclusivamente devida camada externa da pele, a qual constituda de clulas mortas. Esta resistncia est situada entre 100 000 ohms e 600 000 ohms, quando a pele encontra-se seca e no apresenta cortes e a variao apresentada em funo da espessura. Quando esta, no entanto, encontra-se mida, condio mais facilmente encontrada na prtica, a resistncia eltrica do corpo pode ser muito baixa, atingindo 500 ohms. Esta baixa originada pelo fato de que a corrente pode

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ento passar pela camada interna da pele, que apresenta menor resistncia eltrica. Ao estar com cortes, a pele tambm pode oferecer uma baixa resistncia. A resistncia oferecida pela parte interna do corpo, constituda pelo sangue, msculos e demais tecidos, comparativamente da pele bem baixa, medindo normalmente 300 ohms, em mdia, e apresentando um valor mximo de 500 ohms. As diferenas da resistncia eltrica apresentada pela pele passagem da corrente, ao estar seca ou molhada, podem ser grandes, como vimos. Com isso, podem influir muito na possibilidade de uma pessoa vir a sofrer um choque eltrico.

ExemplificandoNum toque acidental de um dedo com um ponto energizado de um circuito eltrico teremos, quando a pele estiver seca, uma resistncia de 400 000 ohms; quando mida, uma resistncia de apenas 15 000 ohms. Usando a lei de Ohm e considerando que o contato foi feito em um ponto do circuito eltrico que representa uma diferena de potencial de 120 volts, teremos: Quando seca:

I = 120 V 400 000 = 0,3 mAQuando molhada:

I = 120 V 15 000 = 8 mA

Corrente de largar o valor mximo de corrente que uma pessoa pode suportar quando estiver segurando um objeto energizado e ainda ser capaz de larg-lo pela ao de msculos diretamente estimulados por esta corrente.

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Espraiamento de corrente do choque eltricoDevido diferena da resistncia eltrica e de sees transversais das vrias regies do corpo humano, a corrente que provoca o choque eltrico sofre, dentro de um indivduo, uma distribuio diferenciada, um espraiamento como mostra a figura. Portanto, o efeito da corrente do choque se d de maneira diferenciada no corpo humano. Desse modo os efeitos trmicos so mais intensos nas regies de alta intensidade de corrente, podendo produzir queimaduras de alto risco. J na rea de baixa densidade de corrente o calor produzido pequeno. Em virtude da rea da regio do trax ser maior, a densidade de corrente pequena, diminuindo os efeitos trmicos de contrao e fibrilao no corao. Isso positivo do ponto de vista da segurana humana. O espraiamento pode ser na forma de macrochoque ou microchoque. O macrochoque definido quando a corrente do choque entra no corpo humano pelo lado externo. A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente pela pele. Ou seja, o corpo humano est em toda a sua resistncia no trajeto da resistncia eltrica da pele humana. O valor da corrente eltrica no depende somente do nvel da diferena de potencial do choque. Para uma mesma tenso, a corrente vai depender do estado da pele. O macrochoque o choque comum, sentido pelas pessoas. Qualquer pessoa ao encostar num local energizado, ou num equipamento eltrico com defeito na sua isolao, ficar merc do macrochoque. Microchoque o choque eltrico que ocorre no interior do corpo humano. o tipo de choque que ocorre por defeito em equipamento mdico-hospitalar. Qualquer equipamento invasivo, usado para analisar, diagnosticar ou monitorar qualquer rgo humano, poder produzir microchoque.

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Este choque poder ocorrer entre um condutor interno e a pele, ou entre dois condutores internos no corpo. A resistncia eltrica nestas condies muito baixa, aumentando muito o perigo do choque. O microchoque ocorre principalmente por defeitos em equipamentos mdico-hospitalares.

Sintomas do choque no indivduoManifestam-se por: Parada respiratria - inibio dos centros nervosos, inclusive dos que comandam a respirao. Parada cardaca - alterao no ritmo cardaco, podendo produzir fibrilao e uma conseqente parada. Necrose - resultado de queimaduras profundas produzidas no tecido. Alterao no sangue - provocada por efeitos trmicos e eletrolticos da corrente eltrica. Perturbao do sistema nervoso. Seqelas em vrios rgos do corpo humano.

Se o choque eltrico for devido ao contato direto com a tenso da rede, todas as manifestaes podem ocorrer. Para os choques eltricos devido tenso de toque e de passo impostas pelo sistema de aterramento durante o defeito na rede eltrica, a manifestao mais importante a ser considerada a fibrilao ventricular do corao, que ainda iremos abordar mais a seguir.

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Parada cardaca a falta total de funcionamento do corao. Quando ele est efetivamente parado, o sangue no mais bombeado, a presso cai a zero e a pessoa perde os sentidos. Nesse estado as fibras musculares esto inativas, interrompendo o batimento cardaco. Fibrilao ventricular no corao humano um fenmeno diferente da parada cardaca, mas com conseqncias idnticas. Na fibrilao ventricular as fibras musculares do corao ficam tremulando desordenadamente, havendo, em conseqncia, uma total ineficincia no bombeamento do sangue.

Sintomas da queimadura devido ao choque eltricoQuando uma corrente eltrica passa atravs de uma resistncia eltrica liberada uma energia trmica. Este fenmeno denominado Efeito Joule.

E trmica = R corpo humano . I2 choque . t choqueOnde: R corpo humano Resistncia eltrica (S) do corpo humano. Ou se for o caso, s a resistncia de parte do corpo, do msculo ou rgo afetado. Corrente eltrica do choque (A). Tempo do choque (s). Energia em joules (J) liberada no corpo humano.

I choque t choque E trmica

O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano, podendo produzir vrios efeitos e sintomas, que podem ser: queimaduras de 1, 2 ou 3 graus nos msculos do corpo; aquecimento do sangue, com a sua conseqente dilatao; aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens; queima das terminaes nervosas e sensoriais da regio atingida; queima das camadas adiposas ao longo da derme, tornando-se gelatinosas.

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As condies citadas no acontecem isoladamente, mas sim associadas, advindo, em conseqncia, outras causas e efeitos nos demais rgos. O choque de alta-tenso queima, danifica, fazendo buracos na pele nos pontos de entrada e sada da corrente pelo corpo humano. As vtimas do choque de alta-tenso morrem devido, principalmente, a queimaduras. E as que sobrevivem ficam com seqelas, geralmente com: perda de massa muscular; perda parcial de ossos; diminuio e atrofia muscular; perda da coordenao motora; cicatrizes; etc. Choques eltricos em baixa tenso tm pouco poder trmico. O problema maior o tempo de durao, que, se persistir, pode levar morte, geralmente por fibrilao ventricular do corao. A queimadura tambm provocada de modo indireto, isto , devido ao mau contato ou a falhas internas no aparelho eltrico. Neste caso, a corrente provoca aquecimentos internos, elevando a temperatura a nveis perigosos.

Proteo contra efeitos trmicosAs pessoas, os componentes fixos de uma instalao eltrica, bem como os materiais fixos prximos devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou irradiao trmica produzidos pelos equipamentos eltricos, particularmente quanto a: riscos de queimaduras; prejuzos no funcionamento seguro de componentes da instalao; combusto ou deteriorao de materiais.

Proteo contra queimadurasAs partes acessveis de equipamentos eltricos situados na zona de alcance normal no devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em pessoas e devem

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atender aos limites de temperaturas, ainda que por curtos perodos, determinados pela NBR 14039 e devem ser protegidas contra qualquer contato acidental.

Arco eltricoToda vez que ocorre a passagem de corrente eltrica pelo ar ou outro meio isolante (leo, por exemplo) est ocorrendo um arco eltrico. O arco eltrico (ou arco voltaico) uma ocorrncia de curtssima durao (menor que segundo), e muitos so to rpidos que o olho humano no chega a perceber. Os arcos eltricos so extremamente quentes. Prximo ao "laser", eles so a mais intensa fonte de calor na Terra. Sua temperatura pode alcanar 20 000C. Pessoas que estejam no raio de alguns metros de um arco podem sofrer severas queimaduras. Os arcos eltricos so eventos de mltipla energia. Forte exploso e energia acstica acompanham a

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intensa energia trmica. Em determinadas situaes, uma onda de presso tambm pode se formar, sendo capaz de atingir quem estiver prximo ao local da ocorrncia.

Conseqncias de arcos eltricos (queimaduras e quedas)Se houver centelha ou arco, a temperatura deste to alta que destri os tecidos do corpo. Todo cuidado pouco para evitar a abertura de arco atravs do operador. Tambm podem desprender-se partculas incandescentes que queimam ao atingir os olhos. O arco pode ser causado por fatores relacionados a equipamentos, ao ambiente ou a pessoas. Uma falha pode ocorrer em equipamentos eltricos quando h um fluxo de corrente no intencional entre fase e terra, ou entre mltiplas fases. Isso pode ser causado por trabalhadores que faam movimentos bruscos ou por descuido no manejo de ferramentas ou outros materiais condutivos quando esto trabalhando em partes energizadas da instalao ou prximo a elas. Outras causas podem estar relacionadas a equipamentos, e incluem falhas em partes condutoras que integram ou no os circuitos eltricos. Causas relacionadas ao ambiente incluem a contaminao por sujeira ou gua ou pela presena de insetos ou outros animais (gatos ou ratos que provocam curtos-circuitos em barramentos de painis ou subestaes). A quantidade de energia liberada durante um arco depende da corrente de curto-circuito e do tempo de atuao dos dispositivos de proteo contra sobrecorrentes. Altas correntes de curto-circuito e tempos longos de atuao dos dispositivos de proteo aumentam o risco do arco eltrico. A severidade da leso para as pessoas na rea onde ocorre a falha depende da energia liberada durante a falha, da distncia que separa as pessoas do local e do tipo de roupa utilizada pelas pessoas expostas ao arco. As mais srias queimaduras por arco voltaico envolvem a ignio da roupa da vtima pelo calor do arco eltrico. Tempos relativamente longos (30 a 60 segundos, por exemplo) de queima contnua de uma roupa comum aumentam tanto o grau da queimadura quanto a rea total atingida no corpo. Isso afeta diretamente a gravidade da leso e a prpria sobrevivncia da vtima. A proteo contra o arco eltrico depende do clculo da energia que pode ser liberada no caso de um curto-circuito. As vestimentas de proteo adequadas devem cobrir

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todas as reas que possam estar expostas ao das energias oriundas do arco eltrico. Portanto, muitas vezes, alm da cobertura completa do corpo, elas devem incluir capuzes. O que agora nos parece bvio, nem sempre foi observado, isto , se em determinadas situaes uma anlise de risco nos indica a necessidade de uma vestimenta de proteo contra o arco eltrico, essa vestimenta deve incluir proteo para o rosto, pescoo, cabelos, enfim, as partes da cabea que tambm possam sofrer danos se expostas a uma energia trmica muito intensa. Alm dos riscos de exposio aos efeitos trmicos do arco eltrico, tambm est presente o risco de ferimentos e quedas, decorrentes das ondas de presso que podem se formar pela expanso do ar. Na ocorrncia de um arco eltrico, uma onda de presso pode empurrar e derrubar o trabalhador que est prximo da origem do acidente. Essa queda pode resultar em leses mais graves se o trabalho estiver sendo realizado em uma altura superior a dois metros, o que pode ser muito comum em diversos tipos de instalaes.

Proteo contra perigos resultantes de faltas por arcoOs dispositivos e equipamentos que podem gerar arcos durante a sua operao devem ser selecionados e instalados de forma a garantir a segurana das pessoas que trabalham nas instalaes. Temos relacionadas algumas medidas para garantir a proteo contra os perigos resultantes de faltas por arco: Utilizao de um ou mais dos seguintes meios: dispositivos de abertura sob carga; chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido; sistemas de intertravamento; fechaduras com chave no intercambiveis.

Corredores operacionais to curtos, altos e largos quanto possvel; Coberturas slidas ou barreiras ao invs de coberturas ou telas; Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos; Emprego de dispositivos limitadores de corrente;

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Seleo de tempos de interrupo muito curtos, o que pode ser obtido atravs de rels instantneos ou atravs de dispositivos sensveis a presso, luz ou calor, atuando em dispositivos de interrupo rpidos; Operao da instalao.

Campos eletromagnticosUm campo eltrico uma grandeza vetorial (funo da posio e do tempo) que descrita por sua intensidade. Normalmente campos eltricos so medidos em volts por metro (V/m). Experincias demonstram que uma partcula carregada com carga q, abandonada nas proximidades de um corpo carregado com carga Q, pode ser atrada ou repelida pelo mesmo sob a ao de uma fora F, a qual denominamos fora eltrica. A regio do espao ao redor da carga Q, em que isso acontece, denomina-se campo eltrico.

Denomina-se campo magntico toda regio do espao na qual uma agulha imantada fica sob ao de uma fora magntica.

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O fato de um pedao de ferro ser atrado por um m conhecido por todos ns. A agulha da bssola um m. Colocando-se uma bssola nas proximidades de um corpo imantado ou nas proximidades da Terra, a agulha da bssola sofre desvio.

A exposio aos campos eletromagnticos pode causar danos, especialmente quando da execuo de servios na transmisso e distribuio de energia eltrica, nos quais se empregam elevados nveis de tenso. Embora no haja comprovao cientfica, h suspeitas de que a radiao eletromagntica possa provocar o desenvolvimento de tumores. Entretanto, certo afirmar que essa exposio promove efeitos trmicos e endcrinos no organismo humano. Especial ateno deve ser dada aos trabalhadores expostos a essas condies que possuam prteses metlicas (pinos, encaixes, hastes), pois a radiao promove aquecimento intenso nos elementos metlicos, podendo provocar leses. Da mesma forma, os trabalhadores que portam aparelhos e equipamentos eletrnicos (marca-passo, amplificador auditivo, dosadores de insulina, etc.) devem se precaver dessa exposio, pois a radiao interfere nos circuitos eltricos, podendo criar disfunes nos aparelhos. Uma outra preocupao com a induo eltrica. Esse fenmeno pode ser particularmente importante quando h diferentes circuitos prximos uns dos outros. A passagem da corrente eltrica em condutores gera um campo eletromagntico que, por sua vez, induz uma corrente eltrica em condutores prximos. Assim, pode ocorrer a passagem de corrente eltrica em um circuito desenergizado se ele estiver prximo a outro circuito energizado. Por isso fundamental que voc, alm de desligar o circuito no qual vai trabalhar, confira, com equipamentos apropriados (voltmetros ou detectores de tenso), se o circuito est efetivamente sem tenso.

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Riscos adicionaisSo considerados como riscos adicionais aqueles que, alm dos eltricos, so especficos de cada ambiente ou processo de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurana e a sade dos que trabalham com eletricidade.

Classificao dos riscos adicionaisAlturaEm trabalhos com energia eltrica feitos em alturas, devemos seguir as instrues relativas a segurana descritas abaixo: obrigatrio o uso do cinto de segurana e do capacete com jugular. Os equipamentos acima devem ser inspecionados pelo trabalhador antes do seu uso, no que concerne a defeito nas costuras, rebites, argolas, mosquetes, molas e travas, bem como quanto integridade da carneira e da jugular. Ferramentas, peas e equipamentos devem ser levados para o alto apenas em bolsas especiais, evitando o seu arremesso. Quando for imprescindvel o uso de andaimes tubulares em locais prximos rede eltrica, eles devero: Respeitar as distncias de segurana, principalmente durante as operaes de montagem e desmontagem; Estar aterrados; Ter as tbuas da(s) plataforma(s) com, no mnimo, uma polegada de espessura, travadas e que nunca ultrapassem o andaime; Ter base com sapatas; Ter guarda-corpo de noventa centmetros de altura em todo o permetro com vos mximos de trinta centmetros; Ter cinturo de segurana tipo pra-quedista para alturas iguais ou superiores a 2 metros; Ter estais a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura.

Riscos em Eletricidade_________________________________________________________28 Manuseio de escada simples e de extenso: Inspecione visualmente antes de us-las, a fim de verificar se apresentam rachaduras, degraus com jogo ou soltos, corda desajustada, montantes descolados, etc. Se houver qualquer irregularidade, devem ser entregues ao superior imediato para reparo ou troca. Devem ser manuseadas sempre com luvas. Limpe sempre a sola do calado antes de subi-la. No transportar em veculos, coloque-as com cuidado nas gavetas ou nos ganchos-suportes, devidamente amarradas. Ao subir ou descer, conserve-se de frente para ela, segurando firmemente os montantes. Trabalhe somente depois dela estar firmemente amarrada, utilizando o cinto de segurana e com os ps apoiados sobre os seus degraus. Devem ser conservadas com verniz ou leo de linhaa. Cuidado ao atravessar as vias pblicas, observando que ela dever ser conduzida paralelamente ao meio-fio. Ao instalar a escada, observe que a distncia entre o suporte e o p da escada seja de aproximadamente do seu comprimento. Antes de subir ou descer, exija um companheiro ao p da escada para segur-la. Somente o dispense depois de amarrar a escada. Instalar a escada usando o p direto para o apoio e a mo fechando por cima do degrau, verificando o travamento da extenso. No podendo amarrar a escada (fachada de prdio), mantenha o companheiro no p dela, segurando-a.

Ambientes confinadosNas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia, exploso, intoxicao e doenas do trabalho devem ser adotadas medidas especiais de proteo, a saber:

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a) b) c) d)

treinamento e orientao para os trabalhadores quanto aos riscos a que esto submetidos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situao de risco; nos servios em que se utilizem produtos qumicos, os trabalhadores no podero realizar suas atividades sem um programa de proteo respiratria; a realizao de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeo prvia e elaborao de ordem de servio com os procedimentos a serem adotados; monitoramento permanente de substncia que cause asfixia, exploso e intoxicao no interior de locais confinados realizado por trabalhador qualificado sob superviso de responsvel tcnico; proibio de uso de oxignio para ventilao de local confinado; ventilao local exaustora eficaz que faa a extrao dos contaminantes e ventilao geral que execute a insuflao de ar para o interior do ambiente, garantindo de forma permanente a renovao contnua do ar; sinalizao com informao clara e permanente durante a realizao de trabalhos no interior de espaos confinados;

e) f)

g)

h) uso de cordas ou cabos de segurana e pontos fixos para amarrao que possibilitem meios seguros de resgates; i) j) k) l) acondicionamento adequado de substncias txicas ou inflamveis utilizadas na aplicao de laminados, pisos, papis de parede ou similares; a cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, pelo menos 2 (dois) devem ser treinados para resgate; manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e/ou equipamento autnomo para resgate; no caso de manuteno de tanque, providenciar desgaseificao prvia antes da execuo do trabalho.

reas classificadasSo considerados ambientes de alto risco aqueles nos quais existe a possibilidade de vazamento de gases inflamveis em situao de funcionamento normal devido

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a razes diversas, como, por exemplo, desgaste ou deteriorao de equipamentos. Tais reas, tambm chamadas de ambientes explosivos, so classificadas conforme normas internacionais, e de acordo com a classificao exigem a instalao de equipamentos e/ou interfaces que atendam s exigncias prescritas nas mesmas. As reas classificadas normalmente cobrem uma zona cujo limite onde o gs ou gases inflamveis estaro to diludos ou dispersos que no podero apresentar perigo de exploso ou combusto.

Segundo as recomendaes da IEC 79-10, as reas so classificadas em: Zona 0 rea na qual uma mistura de gs/ar, potencialmente explosiva, est presente continuamente ou por grandes perodos de tempo; rea na qual a mistura gs/ar, potencialmente explosiva, pode estar presente durante o funcionamento normal do processo; rea na qual uma mistura de gs/ar, potencialmente explosiva, no est normalmente presente. Caso esteja, ser por curtos perodos.

Zona 1

Zona 2

evidente que um equipamento instalado dentro de uma rea classificada tambm deve ser classificado, e esta baseada na temperatura superficial mxima que o mesmo possa alcanar em funcionamento normal ou em caso de falha. A EN 50.014 especifica a temperatura superficial mxima em 6 nveis, assumindo como temperatura ambiente de referncia 40C. Assim temos:

TEMPERATURA SUPERFICIAL MXIMAT1 450C T2 300C T3 200C T4 135C T5 100C T6 85C

Para exemplificar: um equipamento classificado como T3 pode ser utilizado em ambientes cujos gases possuem temperatura de combusto superior a 200C. Para diminuirmos o risco de uma exploso, podemos adotar diversos mtodos. Um deles eliminarmos um

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dos elementos do tringulo do fogo: temperatura, oxignio e combustvel. E um outro atravs de uma das trs alternativas a seguir: a) Conteno da exploso: na verdade, este o nico mtodo que permite que haja a exploso, porque esta fica confinada em um ambiente bem definido e no pode propagar-se para a atmosfera do entorno. Segregao: o mtodo que permite separar ou isolar fisicamente as partes eltricas ou as superfcies quentes da mistura explosiva. Preveno: atravs deste mtodo limita-se a energia, seja trmica ou eltrica, a nveis no perigosos. A tcnica de segurana intrnseca a mais empregada deste mtodo de proteo e tambm a mais efetiva. O que se faz limitar a energia armazenada em circuitos eltricos de modo a torn-los totalmente incapazes, tanto em condies normais de operao quanto em situaes de falha, de produzir fascas eltricas ou de gerar arcos voltaicos que possam causar a exploso.

b) c)

As indstrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de p, so indstrias de alto potencial de risco quanto a incndios e exploses, e devem, antes de sua implantao, efetuar uma anlise acurada dos riscos e tomar as precaues cabveis, pois na fase de projeto as solues so mais simples e econmicas. Porm, as indstrias j implantadas podero equacionar razoavelmente bem os problemas, minorando os riscos inerentes com o auxlio de um profissional competente. A seguir, citamos alguns tipos de indstrias reconhecidamente perigosas quanto aos riscos de incndios e exploses: indstrias de beneficiamento de produtos agrcolas; indstrias fabricantes de raes animais; indstrias alimentcias; indstrias metalrgicas; indstrias farmacuticas; indstrias plsticas; indstrias de beneficiamento de madeira; indstrias do carvo.

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Instalaes eltricas em ambientes explosivos As instalaes e servios de eletricidade devem ser projetados, executados, operados, mantidos, reformados e ampliados de forma que permitam a adequada distribuio de energia e isolamento, correta proteo contra fugas de corrente, curtos-circuitos, choques eltricos, entre outros riscos. Os cabos e condutores de alimentao eltrica utilizados devem ser certificados por um organismo de certificao, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial INMETRO. Os locais de instalao de transformadores e capacitores, seus painis e respectivos dispositivos de operao devem atender aos seguintes requisitos: a) b) c) d) e) ser ventilados e iluminados ou projetados e construdos com tecnologia adequada para operao em ambientes confinados; ser construdos e ancorados de forma segura; ser devidamente protegidos e sinalizados, indicando zona de perigo, de forma a alertar que o acesso proibido a pessoas no autorizadas; no ser usados para outras finalidades diferentes daquelas do projeto eltrico; e possuir extintores portteis de incndio, adequados classe de risco, localizados na entrada ou nas proximidades e, em subsolo, a montante do fluxo de ventilao.

Os cabos, instalao e equipamentos eltricos devem ser protegidos contra impactos, gua e influncia de agentes qumicos, observando-se suas aplicaes, de acordo com as especificaes tcnicas. Os servios de manuteno ou reparo de sistemas eltricos s podem ser executados com o equipamento desligado, etiquetado, bloqueado e aterrado, exceto se forem: a) b) c) utilizadas tcnicas adequadas para circuitos energizados; utilizados ferramentas e equipamentos adequados classe de tenso; e tomadas precaues necessrias para a segurana dos trabalhadores.

O bloqueio durante as operaes de manuteno e reparo de instalaes eltricas deve ser realizado utilizando-se cadeado e etiquetas sinalizadoras fixadas em local visvel contendo, no mnimo, as seguintes indicaes:

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a) b) c)

horrio e data do bloqueio; motivo da manuteno; e nome do responsvel pela operao.

Os equipamentos e mquinas de emergncia so destinados a manter a continuidade do fornecimento de energia eltrica e as condies de funcionamento. Redes eltricas, transformadores, motores, mquinas e circuitos eltricos devem estar equipados com dispositivos de proteo automticos, para os casos de curto-circuito, sobrecarga, queda de fase e fugas de corrente. Os fios condutores de energia eltrica instalados no teto de galerias para alimentao de equipamentos devem ser protegidos contra contatos acidentais. Os sistemas de recolhimento automtico de cabos alimentadores de equipamentos eltricos mveis devem ser eletricamente solidrios carcaa do equipamento principal. Os equipamentos eltricos mveis devem ter aterramento adequadamente dimensionado. Em locais com ocorrncia de gases inflamveis e explosivos, as tarefas de manuteno eltrica devem ser realizadas sob o controle de um supervisor, com a rede de energia desligada e a chave de acionamento bloqueada, monitorando-se a concentrao dos gases. Os terminais energizados dos transformadores devem ser isolados fisicamente por barreiras ou outros meios fsicos, a fim de evitar contatos acidentais. Toda instalao, carcaa, invlucro, blindagem ou pea condutora que possam armazenar energia esttica com possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas devem ser aterrados. As malhas, os pontos de aterramento e os pra-raios devem ser revisados periodicamente e os resultados registrados. A implantao, operao e manuteno de instalaes eltricas devem ser executadas somente por pessoa qualificada, que deve receber treinamento continuado em manuseio e operao de equipamentos de combate a incndios e exploses, bem como na prestao de primeiros socorros a acidentados. Trabalhos em condies de risco acentuado devero ser executados por duas pessoas qualificadas, salvo critrio do responsvel tcnico. Durante a manuteno de mquinas ou instalaes eltricas, os ajustes e as caractersticas dos dispositivos de segurana no devem ser alterados, prejudicando sua eficcia.

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Trabalhos em redes eltricas entre dois ou mais pontos sem possibilidade de contato visual entre os operadores somente podem ser realizados com comunicao por meio de rdio ou outro sistema de comunicao que impea a energizao acidental. As instalaes eltricas com possibilidade de contato com gua devem ser projetadas, executadas e mantidas com especial cuidado quanto blindagem, estanqueidade, isolamento, aterramento e proteo contra falhas eltricas. Os trechos e pontos de tomada de fora de rede eltrica em desuso devem ser desenergizados, marcados e isolados, ou retirados quando no forem mais utilizados. Em locais sujeitos a emanaes de gases explosivos e inflamveis, as instalaes eltricas sero prova de exploso.

Condies atmosfricasUmidadeDeve-se considerar que todo trabalho em equipamentos energizados s deve ser iniciado com boas condies meteorolgicas, no sendo assim permitidos trabalhos sob chuva, neblina densa ou ventos. Podemos determinar a condio de umidade favorvel ou no com a utilizao do termo-higrmetro ou umedecendo levemente com um pano mido a superfcie de um basto de manobra e aguardar durante aproximadamente 5 minutos. Desaparecendo a pelcula de umidade, h condies seguras para execuo dos servios. Como visto em estudos anteriormente, sabemos que a existncia de umidade no ar propicia a diminuio da capacidade disruptiva do ar, aumentando assim o risco de acidentes eltricos. Devemos levar em considerao, tambm, que os equipamentos isolados a leo no devem ser abertos em condies de umidade elevada, pois o leo isolante pode absorver a umidade do ar, comprometendo, assim, suas caractersticas isolantes.

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Descargas atmosfricas (raios)Mecanismo Devido a longos perodos de estiagem, as chuvas que comeam a cair so normalmente acompanhadas de tempestades, sendo estas originadas a partir do aquecimento do solo pelos raios solares, que fazem o ar quente subir, carregando com este as partculas de vapor, ou do encontro de uma massa de ar frio com uma massa de ar quente. O raio um fenmeno de natureza eltrica, sendo produzido por nuvens do tipo cumulus nimbus, que tem formato parecido com uma bigorna e chega a ter 12 quilmetros de altura e vrios quilmetros de dimetro. As tempestades com trovoadas se verificam quando certas condies particulares (temperatura, presso, umidade do ar, velocidade do vento, etc.) fazem com que determinado tipo de nuvem se torne eletri-camente carregada internamente. O mecanismo de autoproduo de cargas eltricas vai aumentando de tal modo que d origem a uma onda eltrica (raio), que partir da base da nuvem em direo ao solo, buscando locais de menor potencial, definindo assim uma trajetria ramificada e aleatria. Esta primeira onda caracteriza o choque lder que define sua posio de queda entre 20 a 100 metros do solo. A partir deste estgio, o primeiro choque do raio deixou um canal ionizado entre a nuvem e o solo, que dessa forma permitir a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico em torno de 20 000 ampres. Aps esse segundo choque violento das cargas eltricas passando pelo ar, h o aquecimento deste meio, at 30 000 C, provocando assim a expanso do ar (trovo). Neste processo os eltrons retirados das molculas de ar retornam, fazendo com que a energia seja devolvida sob a forma de relmpago. As descargas atmosfricas podem ser ascendentes (da terra para a nuvem) ou descendentes (da nuvem para a terra), ou ainda entre nuvens. Com o intuito de evitar falsas expectativas ao sistema de proteo contra descargas atmosfricas, devemos fazer os seguintes esclarecimentos: O raio um fenmeno da natureza absolutamente imprevisvel tanto em relao s suas caractersticas eltricas como em relao aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidncia sobre as edificaes, as pessoas ou animais. Nada em termos prticos pode ser feito para impedir a "queda" de uma descarga em uma determinada regio. Assim sendo, as solues aplicadas buscam to-somente minimizar os efeitos destruidores a partir de instalaes adequadas de captao e de conduo segura da descarga para a terra.

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A incidncia de raios maior em solos maus condutores do que em solos condutores de eletricidade, pois nos solos maus condutores, na existncia de nuvens carregadas sobre o mesmo, criam-se por induo no terreno cargas positivas, em que temos a nuvem funcionando como placa negativa e o solo com placa positiva e o ar, naturalmente mido e s vezes ionizado, servindo como um isolante de baixo poder dieltrico, propiciando assim a existncia de raios. Sobretenses transitrias Um raio ao cair na terra pode provocar grande destruio, devido ao alto valor de sua corrente eltrica, que gera intensos campos eletromagnticos, calor, etc. Alm dos danos causados diretamente pela corrente eltrica e pelo intenso calor, o raio pode provocar sobretenses em redes de energia eltrica, em redes de telecomunicaes, de TV a cabo, antenas parablicas, redes de transmisso de dados, etc. Essa sobretenso denominada Sobretenso Transitria. Por sua vez, as sobretenses transitrias podem chegar at as instalaes eltricas internas ou de telefonia, de TV a cabo ou de qualquer unidade consumidora. Os seus efeitos, alm de poderem causar danos a pessoas e animais, podem: Provocar a queima total ou parcial de equipamentos eltricos ou danos prpria instalao eltrica interna e telefnica, entre outras; Reduzir a vida til dos equipamentos; Provocar enormes perdas, com a parada de equipamentos, etc. As sobrecorrentes transitrias originadas de descargas atmosfricas podem ocorrer de dois modos: Descarga Direta: o raio atinge diretamente uma rede eltrica ou telefnica. Nesse caso, o raio tem um efeito devastador, gerando elevados valores de sobretenses sobre os diversos circuitos. Descarga Indireta: o raio cai a uma distncia de at 1 quilmetro de uma rede eltrica. A sobretenso gerada de menor intensidade do que a provocada pela descarga direta, mas pode causar srios danos. Essa sobretenso induzida acontece quando uma parte da energia do raio transferida atravs de um acoplamento eletromagntico com uma rede eltrica.

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A grande maioria das sobretenses transitrias de origem atmosfrica que causam danos a equipamentos ocasionada pelas descargas indiretas.

Medidas Preventivas Evitar a execuo de servios em equipamentos e instalaes eltricas internas e externas. Nunca procurar abrigo sob rvores ou construes isoladas sem sistemas de proteo atmosfrica adequados. No entrar em rios, lagos, piscinas, guardando uma distncia segura destes. Procurar abrigo em instalaes seguras jamais ficando ao relento. Caso no encontre abrigo, procurar no se movimentar, e se possvel ficar agachado, evitando assim o efeito das pontas. Evitar o uso de telefones, a no ser que seja sem fio. Evitar ficar prximo de tomadas e canos, janelas e portas metlicas. Evitar tocar em qualquer equipamento eltrico ligado rede eltrica. Evitar locais extremamente perigosos, como topos de morros, topos de prdios, proximidade de cercas de arame, torres, linhas telefnicas, linhas areas.

Sistemas de Proteo contra Descargas Atmosfricas As medidas utilizadas para minimizar as conseqncias das descargas atmosfricas tm como princpio a criao de caminhos de baixa resistncia a terra escoando mesma as correntes eltricas dos raios. Temos como principais componentes de um sistema de proteo contra descargas atmosfricas: Terminais Areos - Conhecidos como pra-raios, eles so hastes montadas em bases instaladas acima do ponto mais alto das edificaes com o objetivo de propiciar um caminho mais fcil para os relmpagos que venham a incidir na edificao, sendo geralmente interligados atravs de condutores horizontais. Condutores de Descida - Cabos que conectam os terminais areos aos terminais de aterramento.

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Terminais de Aterramento - Condutores que servem para conectar os cabos de descida ao solo. Sendo os mesmos constitudos usualmente de cabos e hastes enterradas no solo, propiciando uma baixa resistncia a terra, sendo a mesma dependente das caractersticas do solo. Condutores de Ligao Eqipotencial - Visam interligao do sistema de aterramento com os outros sistemas de aterramento da edificao, impedindo assim a existncia de diferenas de potenciais entre os elementos interligados. Como visto no captulo sobre eqipotencializao, todas as partes metlicas da edificao, os aterramentos de equipamentos, as estruturas, o sistema de proteo atmosfrica, etc. devem ser interligados a um mesmo referencial de terra. Supressores de Surto, Varistores, Pra-Raios de Linha, Centelhados - So instalados em pontos de entrada de energia, cabos telefnicos e de dados, instrumentao industrial, etc, com o intuito de proteger as instalaes e equipamentos contra sobrecorrentes transitrias (sobretenses) provocadas por descargas direta, indireta e manobras de equipamentos do sistema de alimentao eltrica.

Acidentes de origem eltricaA segurana no trabalho essencial para garantir a sade e evitar acidentes nos locais de trabalho, sendo um item obrigatrio em todos os tipos de trabalho. Podemos classificar os acidentes de trabalho relacionando-os com fatores humano (atos inseguros) e com o ambiente (condies inseguras). Essas causas so apontadas como responsveis pela maioria dos acidentes. No entanto, deve-se levar em conta que, s vezes, os acidentes so provocados pela presena de condies inseguras e atos inseguros ao mesmo tempo.

Atos insegurosOs atos inseguros so, geralmente, definidos como causas de acidentes do trabalho que residem exclusivamente no fator humano, isto , aqueles que decorrem da execuo das tarefas de forma contrria s normas de segurana. a maneira como os trabalhadores se expem (consciente ou inconscientemente) aos riscos de acidentes.

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falsa a idia de que no se pode predizer nem controlar o comportamento humano. Na verdade, possvel analisar os fatores relacionados com a ocorrncia dos atos inseguros e control-los. Seguem-se alguns fatores que podem levar os trabalhadores a praticarem atos inseguros: Inadaptao entre homem e funo por fatores constitucionais. Ex.: sexo, idade, tempo de reao aos estmulos, coordenao motora, agressividade, impulsividade, nvel de inteligncia, grau de ateno. Fatores circunstanciais: fatores que influenciam o desempenho do indivduo no momento. Ex.: problemas familiares, abalos emocionais, discusso com colegas, alcoolismo, estado de fadiga, doena, etc. Desconhecimento dos riscos da funo e/ou da forma de evit-los. Estes fatores so na maioria das vezes causados por: seleo ineficaz, falhas de treinamento, falta de treinamento. Desajustamento: este fator relacionado com certas condies especficas do trabalho. Ex.: problema com a chefia, problemas com os colegas, polticas salariais imprprias, poltica promocional imprpria, clima de insegurana. Personalidade: fatores que fazem parte das caractersticas da personalidade do trabalhador e que se manifestam por comportamentos imprprios. Ex.: o desleixado, o macho, o exibicionista, o desatento, o brincalho.

Condies insegurasSo aquelas que, presentes no ambiente de trabalho, pem em risco a integridade fsica e/ou mental do trabalhador, devido possibilidade deste acidentar-se. Tais condies manifestam-se como deficincias tcnicas, podendo apresentar-se: Na construo e instalaes em que se localiza a empresa: reas insuficientes, pisos fracos e irregulares, excesso de rudo e trepidaes, falta de ordem e limpeza, instalaes eltricas imprprias ou com defeitos, falta de sinalizao. Na maquinaria: localizao imprpria das mquinas, falta de proteo em partes mveis, pontos de agarramento e elementos energizados, mquinas apresentando defeitos.

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Na proteo do trabalhador: proteo insuficiente ou totalmente ausente, roupa e calados imprprios, equipamentos de proteo com defeito (EPIs, EPCs), ferramental defeituoso ou inadequado.

Causas diretas de acidentes com eletricidadePodemos classificar como causas diretas de acidentes eltricos as propiciadas pelo contato direto por falha de isolamento, podendo estas ainda serem classificadas quanto ao tipo de contato fsico: Contatos diretos - consistem no contato com partes metlicas normalmente sob tenso (partes vivas). Contatos indiretos - consistem no contato com partes metlicas normalmente no energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha de isolamento. O acidente mais comum a que esto submetidas as pessoas, principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou desempenham tarefas de manuteno e operao de sistemas industriais, o toque acidental em partes metlicas energizadas, ficando o corpo ligado eletricamente sob tenso entre fase e terra.

Causas indiretas de acidentes eltricosPodemos classificar como causas indiretas de acidentes eltricos as originadas por descargas atmosfricas, tenses induzidas eletromagnticas e tenses estticas. Descargas atmosfricas As descargas atmosfricas causam srias perturbaes nas redes areas de transmisso e distribuio de energia eltrica, alm de provocarem danos materiais nas construes atingidas por elas, sem contar os riscos de vida a que as pessoas e animais ficam submetidos. As descargas atmosfricas induzem surtos de tenso que chegam a centenas de quilovolts. A frico entre as partculas de gua que formam as nuvens, provocada pelos ventos ascendentes de forte intensidade, d origem a uma grande quantidade de cargas eltricas. Verifica-se experimentalmente que as cargas eltricas positivas ocupam a parte superior da nuvem, enquanto as cargas eltricas negativas se posicionam na parte inferior, acarretando conseqentemente uma intensa migrao de

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cargas positivas na superfcie da terra para a rea correspondente localizao da nuvem, dando dessa forma uma caracterstica bipolar s nuvens. A concentrao de cargas eltricas positivas e negativas numa determinada regio faz surgir uma diferena de potencial entre a terra e a nuvem. No entanto, o ar apresenta uma determinada rigidez dieltrica, normalmente elevada, que depende de certas condies ambientais. O aumento dessa diferena de potencial, que se denomina gradiente de tenso, poder atingir um valor que supere a rigidez dieltrica do ar interposto entre a nuvem e a terra, fazendo com que as cargas eltricas migrem na direo da terra, num trajeto tortuoso e normalmente cheio de ramificaes, cujo fenmeno conhecido como descarga piloto. de aproximadamente 1kV/mm o valor do gradiente de tenso para o qual a rigidez dieltrica do ar rompida. Tenso esttica

Os condutores possuem eltrons livres e, portanto, podem ser eletrizados por induo. Os isoladores, conhecidos tambm por dieltricos, praticamente no possuem eltrons livres. Ser que eles podem ser eletrizados por induo, isto , aproximando um corpo eletrizado, sem contudo toc-los? Normalmente, os centros de gravidade das massas dos eltrons e prtons de um tomo coincidem-se e localizam-se no seu centro. Quando um corpo carregado se aproxima desses tomos, h um deslocamento muito pequeno dos seus eltrons e prtons, de modo que os centros de gravidade destes no mais se coincidem, formando assim um dipolo eltrico. Um dieltrico que possui tomos assim deformados (achatados) est eletricamente polarizado.

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Tenses induzidas em linhas de transmisses de alta-tenso Devido ao atrito com o vento e com a poeira, e em condies secas, as linhas sofrem uma contnua induo que se soma s demais tenses presentes. As tenses estticas crescem continuamente, e aps um longo perodo de tempo podem ser relativamente elevadas. Podemos ter tenses induzidas na linha por causa do acoplamento capacitivo e eletromagntico. Se dois condutores, ou um condutor e o potencial de terra, estiverem separados por um dieltrico e em potenciais diferentes, surgir entre ambos o efeito capacitivo. Ao aterrarmos uma linha, as correntes, devido s tenses induzidas capacitivas e s tenses estticas ao referencial de terra, so drenadas imediatamente. Todavia, existiro tenses de acoplamento capacitivo e eletromagntico induzidas pelos condutores energizados prximos linha. Essa tenso induzida por linha ou linhas energizadas que cruzam ou so paralelas linha ou equipamento desenergizado no qual se trabalha. Essa tenso funo da distncia entre linhas, da corrente de carga das linhas ener-gizadas, do comprimento do trecho onde h paralelismo ou cruzamento e da existncia ou no de transposio nas linhas. No caso de uma linha aterrada em apenas uma das extremidades, a tenso induzida eletromagneticamente ter seu maior vulto na extremidade no aterrada; e se ambas as extremidades estiverem aterradas, existir uma corrente fluindo num circuito fechado com a terra. Ao se instalar o aterramento provisrio, uma corrente fluir por seu intermdio, diminuindo a diferena de potencial existente e ao mesmo tempo jampeando a rea de trabalho, o que possibilita neste ponto uma maior segurana para o homem de manuteno. Alm disso, nos casos de circuito de alta-extra ou ultra-alta tenso, portanto com induo elevada, recomendvel a adoo de critrios que levem em conta o nvel de tenso dos circuitos e a distncia entre eles, o que poder determinar se as outras medidas de segurana ainda devero ser adotadas ou at mesmo se o trabalho dever ser feito como em linha energizada.

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Acidentes com eletricidade (exemplos)Vigilante morre eletrocutado ao hastear bandeira no RecifeJC On Line 7/9/2004

Pernambuco No Dia da Independncia do Brasil, um homem morreu eletrocutado ao hastear uma bandeira no centro de Recife, nesta tera-feira pela manh. O acidente ocorreu quando o vigilante Larcio Honorato da Silva, 43 anos, funcionrio da Nordeste Vigilncia de Valores, foi hastear a bandeira de Pernambuco na agncia Bradesco da Rua do Imperador, no bairro de Santo Antnio, por volta das 7 horas. O hasteamento um procedimento de rotina no banco e cabe diariamente ao vigilante de planto. Larcio, que estava na varanda do primeiro andar, chegou a subir a bandeira do Brasil, e na hora de hastear a do Estado, o mastro tocou no fio de energia do poste, eletrocutando o vigilante. A descarga de energia arremessou o corpo do vigilante para a varanda, a 1,6 metro de distncia do fio. Segundo o Instituto de Criminalstica, o acidente foi uma fatalidade.

Engenheiros condenados por acidenteFolha de So Paulo 28/4/1999

So Paulo Dois engenheiros responsveis pela instalao de enfeites de natal no Clube Paulistano, na zona oeste de So Paulo, em 1997, foram condenados a pagar 20 cestas bsicas ao estudante Guilherme Orlando Gnther, de 14 anos. O garoto recebeu um choque eltrico quando brincava prximo piscina do clube. O acidente provocou danos cerebrais gravssimos no estudante, que hoje nem sequer consegue tomar banho sem ajuda. "Essa punio ridcula", reagiu o pai de Guilherme, Newton Gnther. A deciso, da 3 Vara Criminal de So Paulo, absolve a diretoria do Clube Paulistano. Com base na Lei dos Juizados Especiais, a juza Nidea Rita Coltro Sorci condenou os engenheiros eltricos ao pagamento das cestas bsicas, porque ambos tm bons antecedentes. Os dois colocaram os enfeites em uma palmeira perto de uma das piscinas do clube. Encostado na palmeira havia um andaime de ferro. A fiao da iluminao natalina, em contato com o andaime, eletrificou o garoto, que brincava com uma bola de tnis. Guilherme teve parada cardiorrespiratria, entrou em coma e permaneceu internado por quase dois meses.

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44Acidente de trabalho - Eletrocutados em SPGlobo On 9/6/2004

Homens so eletrocutados ao limpar fachada de posto de gasolina So Paulo Dois homens foram eletrocutados nesta tera-feira quando trabalhavam na limpeza da fachada de um posto de gasolina na avenida Bandeirantes, na zona sul da cidade. Com o choque, eles despencaram de uma altura de quase 10 metros. Eles foram levados para hospitais da regio pelos bombeiros e policiais do helicptero guia. Um deles est internado em estado grave.

Rapaz morre eletrocutado em poste na QuintaO Globo 1998

Aps pegar uma bola no Horto, Jlio recebeu descarga por 3 minutos Jlio Csar Dias Carneiro, de 18 anos, estudante de um curso tcnico no SENAI de eletricidade, morreu eletrocutado ontem tarde. Ele passou por um buraco na grade entre a quadra e o Horto Botnico do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista para pegar uma bola. Quando tentou voltar, segurou-se em um poste de ferro que estava eletrificado. Jlio ficou por cerca de trs minutos recebendo a descarga eltrica. Seu amigo Everaldo de Jesus tentou tir-lo mas tambm levou um choque. Ele mesmo voltou e conseguiu pux-lo com uma camisa, mas Jlio j estava morto. Funcionrios da Light e da Rio Luz estiveram no local e comprovaram que o poste se eletrificava quando um disjuntor do prdio do Horto era ligado. Eles no souberam dizer a intensidade do choque. Segundo os tcnicos, o poste de responsabilidade do Horto. O chefe da segurana, Paulo Srgio, disse que o poste pertence ao rgo, mas eles no sabiam que ele estava eletrificado. Segundo ele, os meninos so alertados para no pular a grade.

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Entre cabos telefnicos, a morteO Globo - 27/7/2003

De 1998 a 2003, acidentes vitimaram 49 trabalhadores terceirizados em redes de telefonia fixa no pas Rio, Braslia e Porto Alegre - Subir num poste para consertar ou instalar uma linha telefnica e morrer eletrocutado: esse foi o destino de funcionrios de empresas terceirizadas de telefonia fixa nos ltimos anos vtimas de acidentes. Desde a privatizao do setor, em 1998, pelo menos 49 trabalhadores de firmas terceirizadas morreram em decorrncia de acidentes de trabalho, muitos porque a rede eltrica fica ligada durante a execuo do servio. Os dados so da Federao Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicaes (Fittel). Atualmente, todo o servio de manuteno de redes externas terceirizado. O auge dos acidentes fatais ocorreu nos ltimos trs anos, quando as operadoras Brasil Telecom, Telemar e Telefnica tiveram de cumprir o plano de antecipao de metas de expanso e qualidade, para poder operar em outros segmentos.

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Tcnicas de anlise de riscos

Os acidentes so materializaes dos riscos associados a atividades, procedimentos, projetos e instalaes, mquinas e equipamentos. Para reduzir a freqncia de acidentes, preciso avaliar e controlar os riscos. Que pode acontecer errado? Quais so as causas bsicas dos eventos no desejados? Quais so as conseqncias?

A anlise de riscos um conjunto de mtodos e tcnicas que aplicado a uma atividade identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade representa para a populao exposta, para o meio ambiente e para a empresa, de uma forma geral. Os principais resultados de uma anlise de riscos so a identificao de cenrios de acidentes, suas freqncias esperadas de ocorrncia e a magnitude das possveis conseqncias. A anlise de riscos deve incluir as medidas de preveno de acidentes e as medidas para controle das conseqncias de acidentes para os trabalhadores e para as pessoas que vivem ou trabalham prximo instalao ou para o meio ambiente. As metodologias representam os tipos de processos ou de tcnicas de execuo dessas anlises de riscos da instalao ou da tarefa. Alguns exemplos dessas tcnicas so apresentados a seguir com uma pequena descrio do mtodo.

Conceitos bsicosPerigoUma ou mais condies fsicas ou qumicas com possibilidade de causar danos s pessoas, propriedade, ao ambiente ou uma combinao de todos.

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RiscoMedida da perda econmica e/ou de danos para a vida humana, resultante da combinao entre a freqncia da ocorrncia e a magnitude das perdas ou danos (conseqncias). O risco tambm pode ser definido atravs das seguintes expresses: combinao de incerteza e de dano; razo entre o perigo e as medidas de segurana; combinao entre o evento, a probabilidade e suas conseqncias.

A experincia demonstra que geralmente os grandes acidentes so causados por eventos pouco freqentes, mas que causam danos importantes.

Anlise de riscos a atividade dirigida elaborao de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) do riscos, baseada na engenharia de avaliao e tcnicas estruturadas para promover a combinao das freqncias e conseqncias de cenrios acidentais.

Avaliao de riscos o processo que utiliza os resultados da anlise de riscos e os compara com os critrios de tolerabilidade previamente estabelecidos.

Gerenciamento de riscos a formulao e a execuo de medidas e procedimentos tcnicos e administrativos que tm o objetivo de prever, controlar ou reduzir os riscos existentes na instalao industrial, objetivando mant-la operando dentro dos requerimentos de segurana considerados tolerveis.

Nveis de risco Catastrfico Crtico Moderado No crtico Desprezvel

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Classificao dos riscosQuanto severidade das conseqncias: Categoria I Desprezvel Quando as conseqncias / danos esto restritas rea industrial da ocorrncia do evento com controle imediato. Categoria II Marginal Quando as conseqncias / danos atingem outras subunidades e/ou reas no industriais com controle e sem contaminao do solo, ar ou recursos hdricos. Categoria III Crtica Quando as conseqncias / danos provocam contaminao temporria do solo, ar ou recursos hdricos, com possibilidade de aes de recuperao imediatas. Categoria IV Catastrfica Quando as conseqncias / danos atingem reas externas, comunidade circunvizinha e/ou meio ambiente.

Principais tcnicas para a identificao dos riscos/perigosAnlise preliminar de riscosMtodo de estudo preliminar e sumrio de riscos, normalmente conduzido em conjunto com o grupo de trabalhadores expostos, com o objetivo de identificar os acidentes potenciais de maior prevalncia na tarefa e as caractersticas intrnsecas destes. um mtodo de estudo de riscos realizado durante a fase de planejamento e desenvolvimento de um determinado processo, tarefa ou planta industrial, com a finalidade de prever e prevenir riscos de acidentes que possam acontecer durante a fase operacional e de execuo da tarefa.

Anlise de falha humanaMtodo que identifica as causas e os efeitos dos erros humanos observados em potencial. O mtodo tambm identifica as condies dos equipamentos e dos processos que possam contribuir para provocar esses erros.

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Mtodo de anlise de falhas e de efeitosMtodo especfico de anlise de riscos, concebido para ser utilizado em equipamentos mecnicos, com o objetivo de identificar as falhas potenciais que possam provocar acontecimentos ou eventos adversos e tambm efeitos desfavorveis desses eventos. um mtodo de anlise de riscos tecnolgicos que consiste: na tabulao de todos os sistemas e equipamentos existentes numa instituio ou planta industrial; na identificao das modalidades de falhas possveis em cada um deles; na especificao dos efeitos desfavorveis destas falhas sobre o sistema e sobre o conjunto das instalaes.

Anlise de segurana de sistemas a tcnica que tem por finalidade avaliar e aumentar o grau de confiabilidade e o nvel de segurana intrnseca de um sistema determinado, para os riscos previsveis. Como a segurana intrnseca o inverso da insegurana ou nvel de vulnerabilidade, todos os projetos de reduo de riscos e de preparao para desastres concorrem para incrementar o nvel de segurana.

rvore de eventosTcnica dedutiva de anlise de riscos utilizada para avaliar as possveis conseqncias de um acidente potencial, resultante de um evento inicial tomado como referncia, o qual pode ser um fenmeno natural ou ocorrncia externa ao sistema, um erro humano ou uma falha do equipamento. um mtodo que tem por objetivo antecipar e descrever, de forma seqenciada, a partir de um evento inicial, as conseqncias lgicas de um possvel acidente. Os resultados da anlise da rvore de eventos caracterizam seqncias de eventos intermedirios, ou melhor, um conjunto cronolgico de falhas e de erros que, a partir do evento inicial, culminam no acidente ou evento-topo ou principal.

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rvore de falhasTcnica dedutiva de anlise de riscos na qual, a partir da focalizao de um determinado acontecimento definido como evento-topo ou principal, se constri um diagrama lgico que especifica as vrias combinaes de falhas de equipamentos, erros humanos ou de fenmenos ou ocorrncias externas ao sistema que possam provocar o acontecimento.

Neste trabalho, vamos tratar apenas da metodologia denominada Anlise Preliminar de Riscos (APR), tambm chamada de Anlise Preliminar de Perigos (APP), pois consideramos ser a de mais simples aplicao por parte dos profissionais que atuam nas instalaes eltricas.

Anlise preliminar de riscos uma tcnica qualitativa cujo objetivo consiste na identificao dos riscos/perigos potenciais decorrentes de novas instalaes ou da operao das j existentes. Em uma dada instalao, para cada evento perigoso identificado em conjunto com as respectivas conseqncias, um conjunto de causas levantado, possibilitando a classificao qualitativa do risco associado, de acordo com categorias preestabelecidas de freqncia de ocorrncia do cenrio de acidente e de severidade das conseqncias. A APR/APP permite uma ordenao qualitativa dos cenrios de acidentes encontrados, facilitando a proposio e a priorizao de medidas para reduo dos riscos da instalao, quando julgadas necessrias, alm da avaliao da necessidade de aplicao de tcnicas complementares de anlise. A metodologia adotada nas Anlises Preliminares de Riscos ou Perigos compreende a execuo das seguintes tarefas: a) definio dos objetivos e do escopo da anlise;

b) definio das fronteiras das instalaes analisadas;

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c)

coleta de informaes sobre a regio, as instalaes, as substncias perigosas envolvidas e os processos; subdiviso da instalao em mdulos de anlise; realizao da APR/APP propriamente dita (preenchimento da planilha); elaborao das estatsticas dos cenrios identificados por categorias de freqncia e de severidade;

d) e) f)

g)

anlise dos resultados, elaborao de recomendaes e preparao do relatrio.

As principais informaes requeridas para a realizao de uma APR/APP so as seguintes: sobre as instalaes: especificaes tcnicas de projeto, especificaes de equipamentos, lay-out das instalaes e descrio dos principais sistemas de proteo e segurana; sobre os processos: descrio dos processos envolvidos; e sobre as substncias: caractersticas e propriedades fsicas e qumicas.

Para simplificar a realizao da anlise, as instalaes estudadas so divididas em "mdulos de anlise", os quais podem ser: unidades completas, locais de servio eltrico, partes de locais de servio eltrico ou partes especficas das instalaes, tais como subestaes, painis, etc. A diviso das instalaes feita com base em critrios de funcionalidade, complexidade e proximidade fsica. A realizao da anlise propriamente dita feita atravs do preenchimento de uma planilha de APR/APP para cada mdulo de anlise da instalao A planilha utilizada nesta APP, mostrada a seguir, contm 8 colunas, as quais devem ser preenchidas conforme a descrio apresentada a seguir.

1a coluna:

Etapa

Esta coluna deve descrever, sucintamente, as diversas etapas da atividade/operao.

2a coluna:

Risco/perigo

Esta coluna deve conter os riscos/perigos identificados para o mdulo de anlise em estudo. De uma forma geral, os riscos/perigos so eventos acidentais que tm potencial para causar danos s instalaes, aos trabalhadores, ao pblico ou ao meio ambiente.

Riscos em Eletricidade_________________________________________________________52 3a coluna: Modos de deteco

Os modos disponveis na instalao para a deteco do risco/perigo identificado na segunda coluna devem ser relacionados nesta coluna. A deteco da ocorrncia do risco/perigo tanto pode ser realizada atravs da instrumentao (alarmes de presso, de temperatura, etc.) como atravs da percepo humana (visual, odor, etc).

4a coluna:

Efeitos

Os possveis efeitos danosos de cada risco/perigo identificado devem ser listados nesta coluna.

5a coluna:

Recomendaes/observaes

Esta coluna deve conter as recomendaes de medidas mitigadoras de risco propostas pela equipe de realizao da APR/APP ou quaisquer observaes pertinentes ao cenrio de acidente em estudo. Exemplo: Anlise de riscos para a troca de transformador sem auxlio de guindaste (pgina seguinte).

Riscos em Eletricidade_________________________________________________________53ANLISE PRELIMINAR DE RISCOS OU PERIGOS (APR/APP)Atividade / operao troca de transformador sem auxlio de guindaste Referncia: ETAPA Subida do eletricista no poste RISCO / PERIGO 1 - Choque eltrico Data: MODO DE DETECO Visual EFEITO Fratura 1 2 3 4 5 6 7 8 9 2 - Queda do eletricista do poste Visual Fratura 1- Posicionamento correto da escada e do eletricista; 2 - Uso de EPIs e EPCs adequados. 1 - Posicionamento correto do eletricista; 2 - Uso de EPIs e EPCs adequados. - Confrontar os dados da OS com a situao local; - Solicitar o desligamento do alimentador; - Aguardar a confirmao do desligamento; - Proceder ao teste de ausncia de tenso no circuito; - Abertura das chaves do circuito; - Retirar os cartuchos das chaves e/ou colocar placas de sinalizao nas chaves abertas; - Autorizar o religamento do alimentador; - Proceder a novo teste de tenso (ausncia) prximo ao local de trabalho; - Efetuar o aterramento provisrio adequado do circuito primrio e secundrio. Reviso: RECOMENDAES / CONTROLE

1 - Queda do eletricista do poste Desconexo dos circuitos primrio e secundrio do

Visual

Fratura

Visual transformador 2 - Quedas de materiais e ferramentas Visual 3 - Ferimentos provocados por fios e cavos de interligao do transformador 1 - Queda do transformador

1 2

- Isolamento e sinalizao da rea; - Iamento dos materiais e ferramentas atravs de sacolas com cordas.

1 2

- Uso de EPIs, EPCs e ferramentas adequados adequados; - Eletricista experiente.

Retirada do transformador

Visual 1 2 3 4 5 - Isolamento e sinalizao da rea de trabalho; - Utilizao e fixao correta dos equipamentos de iamento; - Inspeo minuciosa nos estropos e sua perfeita fixao no transformador; - Utilizao de corda guia amarrada ao transformador a ser retirado; - Operao cuidadosa do equipamento durante a descida do transformador;

7 - Retirada dos estropos e recolhimento do equipamento utilizado para descer o trafo. Obs.: Durante a descida do transformador, o operador do equipamento de iamento deve posicionar-se fora da rea de eventual queda do transformador. Subida do novo trafo 1 - Queda do transformador Visual 1 2 3 4 5 6 7 - Isolamento e sinalizao da rea de trabalho; - Utilizao e fixao correta dos equipamentos de iamento; - Inspeo minuciosa nos estropos e sua perfeita fixao no transformador; - Utilizao de corda guia amarrada ao transformador a ser retirado; - Operao cuidadosa do equipamento de iamento do transformador; - Perfeita fixao do transformador na estrutura suporte; - Retirada dos estropos e recolhimento do equipamento utilizado para descer o trafo.

Obs.: Durante a descida do transformador, o operador do equipamento de iamento deve posicionar-se fora da rea de eventual queda do transformador. Ligao do transformador 1 - Queda do eletricista do poste Visual Fratura 1 2 - Posicionamento correto do eletricista; - Uso de EPIs e EPCs adequados.

Visual 2 - Quedas de materiais e ferramentas Visual 3 - Ferimentos provocados por fios e cavos de interligao do transformador Visual Descida do eletricista do poste, com auxlio de escada 1 - Queda do eletricista e queda da escada

1 2

- Isolamento e sinalizao da rea; - Iamento dos materiais e ferramentas atravs de sacolas com cordas.

1 2

- Uso de EPIs, EPCs e ferramentas adequados; - Eletricista experiente.

1 2

- Soltar as amaraes da escada; - A escada deve ser manuseada e transportada, para o caminho, por dois funcionrios.

Obs.: Aps a concluso das operaes para a troca do transformador, devem ser tomadas as seguintes providncias: 1) Retirar os conjuntos de aterramento rovisrio das redes primria e secundria; 2) Recolocar os conjuntos das chaves e/ou retirar as placas de sinalizao; 3) Solicitar o desligamento do alimentador; 4) Aguardar a confirmao do desligamento; 5) Fechar as chaves do circuito; 6) Fechar a chave curto-circuito do trafo; 7) Solicitar o religamento do alimentador; 8) Verificar a tenso do secundrio do trafo; 9) Comunicar a concluso do trabalho e liberar o circuito.

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Medidas de controle do risco eltrico

Desenergizao o conjunto de procedimentos visando segurana pessoal dos envolvidos ou no em sistemas eltricos. realizada por no mnimo duas pessoas. Somente sero considerados desenergizadas as instalaes eltricas liberados para trabalho, mediante os procedimentos descritos a seguir:

Seccionamento a ao da interrupo da alimentao eltrica em um equipamento ou circuito. A interrupo executada com a manobra local ou remota do respectivo dispositivo de manobra, geralmente o disjuntor alimentador do equipamento ou circuito a ser isolado (ver figura a seguir).

Sempre que for tecnicamente possvel, deve-se promover o corte visvel dos circuitos, provendo afastamentos adequados que garantam condies de segurana especfica, impedindo assim a existncia de tenso eltrica no equipamento ou circuito.

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O seccionamento tem maior eficcia quando h a constatao visual da separao dos contatos (abertura de seccionadora, retirada de fusveis, etc.).

A abertura da seccionadora dever ser efetuada aps o desligamento do circuito ou equipamento a ser seccionado, evitando-se, assim, a formao de arco eltrico.

Impedimento de reenergizao o processo pelo qual se impede o religamento acidental do circuito desenergizado. Este impedimento pode ser feito por meio de bloqueio mecnico, co