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A melhor chef do mundo é uma estudiosa A melhor chef do mundo é uma estudiosa de sabores e festeja a quebra de um tabu de sabores e festeja a quebra de um tabu Elena Arzak Elena Arzak Eriberto Leão Eriberto Leão Fernando Caruso Fernando Caruso Brinquedos de miriti Brinquedos de miriti Madeira de demolição Madeira de demolição ano 9 número 34 www.revistalealmoreira.com.br

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Revista Leal Moreira, aborda temas como design, arquitetura, estilo e cultura.

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nº 3

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A melhor chef do mundo é uma estudiosa A melhor chef do mundo é uma estudiosa de sabores e festeja a quebra de um tabu de sabores e festeja a quebra de um tabu

Elena ArzakElena Arzak

Eriberto LeãoEriberto LeãoFernando CarusoFernando Caruso

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ano 9 número 34 www.revistalealmoreira.com.br

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índice

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dicas pg 16perfil Fernando Caruso pg 28Anderson Araújo pg 34comportamento pg 36Celso pg 58especial pg 60tech pg 68especial miriti pg 80horas vagas pg 96confraria pg 108Glauco pg 110especial perfume pg 112Nara pg 122enquanto isso pg 136vinhos pg 146falando nisso pg 158especial empórios pg 160institucional pg 166Saulo Sisnando pg 178

capaHidromiel y Fractal Fluido,sobremesa da chef Elena Arzak.AcerbiMoretti Photography

go

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Eriberto Leão na arena: o ator fala sobre sua sólida formação, carrei-ra, paixão pelo Teatro e Filosofia.

Perf

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Luxo impresso no passaporte. Con-fira alguns dos roteiros mais caros - e curiosos - do Turismo.

destin

o

148

Eles são artistas, talentosos, disputados pelas maiores editoras americanas de histórias em quadrinho e... brasileiros.

70 Jorge Eiró celebra 30 anos de carreira. O artista plástico revela suas inspi-rações e, movido pela música, a frustração de não saber tocar um instru-mento.

galeria

especial quadrinhos

decor

88

Elena Arzak desbancou a hegemonia masculina no universo gastronômico. Conheça a chef espanhola que arrebatou o título de melhor do mundo e coleciona estrelas no guia Mi-chelin.

Cronista, poeta, atento observador do cotidiano. Jay Vaquer foge dos rótulos, busca a simplicidade e procura manter os fãs sempre por perto.

O charme dos móveis ecologicamente corretos. O ecodesign defi-nitivamente está na moda!

A Revista Leal Moreira 34 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.

www.revistalealmoreira.com.br

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Seu mundo com nome e sobrenome

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Caro leitor,

Esta especialíssima edição 34 marca o 9º ano de existência da Revista Leal Morei-

ra. A publicação nasceu após muito estudo e planejamento. Sua tiragem inicial era

de 5 mil exemplares, com distribuição em vários pontos de Belém. Pouquíssimo tem-

po depois, motivada pelo público leitor, a Revista Leal Moreira passou a ser encontra-

da em mais locais. Aumentamos a tiragem, a equipe, o conteúdo, sem perder o foco

inicial: uma publicação de qualidade editorial e gráfica, que não fosse sobre a Leal

Moreira e sim que reunisse assuntos pertinentes para quem vive um Leal Moreira.

É uma felicidade chegar ao ano nove com o fôlego de quem publica o primeiro

número. Esta revista é feita por gente apaixonada, disposta a cruzar barreiras e oce-

anos. E foi assim, cruzando o Atlântico, que nos encontramos com a chef espanhola

Elena Aznar, eleita a melhor do mundo, pela Restaurant Magazine, e conhecemos a roti-

na de seu restaurante. Ainda no velho continente e com um pé na América do Norte,

percorremos algumas rotas que nos levaram ao destino dos adeptos do “enoturismo”

e de outras modalidades do turismo de luxo.

De volta ao Pará, pegamos a estrada, rumo a Abaetetuba, capital do brinquedos

de miriti, que emprestam sua leveza e cores à maior manifestação de fé do povo

paraense.

O ator Eriberto Leão fala da vida e dos desafios vividos como ator em uma entrevis-

ta intimista. Já o ator e comediante Fernando Caruso fala de bom humor e do ótimo

momento da comédia no Brasil. Jay Vaquer conta histórias curiosas e faz questão de

manter uma relação próxima com seus fãs.

Fomos investigar o ofício dos perfumistas para entender melhor a complexidade de

um mundo de aromas que se combinam e dão origem a fragrâncias inesquecíveis.

O artista paraense Jorge Eiró comemora 30 anos de carreira e presenteia os leito-

res da Revista Leal Moreira com uma bela seleção de sua obra e com uma surpre-

endente visita ao seu ateliê, que você poderá acompanhar em um vídeo exclusivo no

site www.revistalealmoreira.com.br

Aliás, em nosso site, você encontrará muitos outros conteúdos exclusivos. Imper-

díveis!

Obrigada por esses anos todos de boa companhia e de leitura. Esperamos que

você goste desta edição - a maior, já feita por nós.

Festejemos as boas notícias!

André Moreira

Criação Madre Comunicadores AssociadosCoordenação Door Comunicação, Produção e EventosRealização Publicarte EditoraDiretor editorial André Leal MoreiraDiretor geral Juan Diego CorreaDiretor de criação e projeto gráfi co André LoretoGerente de conteúdo Lorena FilgueirasEditora-chefe Lorena FilgueirasProdução editorial Camila BarbalhoFotografi a Dudu MarojaReportagem: Alan Bordallo, Aitor Ubarretxena,Camila Barbalho, Fábio Nóvoa, Leonardo Aquino, Leila Loureiro, Tylon Maués, Su Carvalho. Colunistas Anderson Araújo, Celso Eluan, Glauco Lima, Nara Oliveira e Saulo Sisnando.Assessoria de imprensa Lorenna Montenegro e LucasOhanaRevisão Marília Moraes e André MeloGráfi ca HalleyTiragem 15 mil exemplares

Comercial Gerente comercial Daniela Bragança • (91) 8128.6837Contato comercialThiago Vieira • (91) 8148.9671Adriane Campos • (91) [email protected]

FinanceiroContato (91) [email protected]

Fale conosco: (91) 3321-6864 [email protected]@lealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.brfacebook.com/revistalealmoreira

Revista Leal Moreira é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refl etem, necessariamen-te, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

Tiragem e distribuição auditadas por

João Balbi, 167. Belém - Paráf: [91] 4005-6800

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Construtora Leal MoreiraDiretor Presidente: Carlos MoreiraDiretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício MoreiraDiretor de Marketing: André Leal MoreiraDiretor Executivo: Paulo Fernando MachadoDiretor Técnico: José Antonio Rei MoreiraGerente Financeiro: Dayse Ana Batista SantosGerente de RH: Waldemarina NormandoCoordenador de Clientividade: Fabiano Winkler

Revista Leal Moreira

editorial

expediente

Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com.br. Nele, você fi ca sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.

Escreva para: [email protected] João Balbi, 167 • Nazaré • Belém/PA - Brasilcep: 66055-280

Acesse:www.lealmoreira.com.brfacebook.com/lealmoreira

Atendimento:A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 12 h e das 14h às 18:30h

Online:

Telefone:++55 91 4005 6800

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Belém

Famiglia SiciliaConsagrado em Belém por mais de vinte anos como Dom Giuseppe,

o Famiglia Sicilia passou por uma recente e intensa reestruturação –

envolvendo ambiente, nome e cozinha. Hoje, Angela Sicilia é a respon-

sável pelos sabores e panelas, onde prevalece a tradição italiana que

deu fama ao lugar. Ganhou destaque também a adega do restaurante:

são 600 rótulos na carta de vinhos e aproximadamente 8.000 garrafas

armazenadas. Sugerimos escolher do cardápio o risoto de queijo azul

e alho-poró, que fica muito bem acompanhado do vinho chileno Leyda

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Kiss and FlyJá presente no Brasil em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre, a Kiss

and Fly acabou de chegar a Belém. Recém-inaugurada, a filial do clube nova-iorquino virou sucesso

instantâneo entre os moderninhos em um perímetro já bastante conhecido por quem curte a noite e

gosta de dançar. A casa alia o clima luxuoso a grandes atrações semanais. A decoração é sofisti-

cada, com lustres de cristal e espelhos espalhados pelos diferentes ambientes: camarotes, pista de

dança, bar e lounge – onde é possível jantar antes de a festa começar. O visual é valorizado com o

show de luzes, leds e moving heads característico da franquia. Aconselhamos chegar cedo: ingressos

vips e camarotes são limitadíssimos e começam a ser vendidos sempre às 18h.

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Café del Mar Criado na década de 80, na ilha espanhola

de Ibiza, o Café del Mar virou sinônimo de

entretenimento de luxo – adotando para as

franquias espalhadas no mundo o mesmo

ar hedonista que fez sua fama internacio-

nal. Desde 2006, a marca realiza eventos

no Brasil, em cidades como São Paulo, Belo

Horizonte, Florianópolis, Brasília e Salvador.

No Rio de Janeiro, o sucesso das label parties

foi tão grande que rendeu a inauguração de

mais uma casa, em 2010. O primeiro Café

del Mar do Brasil fica em Copacabana e vai

completar dois anos em outubro. O clima

praiano e o visual sofisticado da casa criam

o ambiente perfeito tanto para início quanto

para fim de noite. Recomendamos experi-

mentar a tradicional Paella à Marinera, prato

clássico da gastronomia catalã.

Brasil

Tomar um drinque no meio de um pregão, à primeira vista, pode parecer um

tanto estranho. Mas é bem próximo do que acontece no Wall Street Bar, em São

Paulo. Seguindo uma fórmula que vem ganhando espaço em metrópoles como

Berlim e Tóquio, a casa mescla conceitos de interatividade e entretenimento com

um ambiente inspirado na bolsa de valores de Nova York – com direito ao famoso

touro de bronze na porta. Lá, os clientes podem negociar o valor das bebidas

como se fossem ações, além de acompanhar a oscilação dos preços em telões.

Nas mesas, telas touchscreen permitem passear pelo cardápio e comprar produtos

em sistema similar a um home broker. Sugerimos começar a noite escolhendo uma

música na jukebox e bebericando um Holding – drinque feito de limão siciliano,

tangerina, lichia, vinho do porto branco e refresco de maracujá. A partir daí, é só

acompanhar as cotações.

Wall Street Bar

Rua Jerônimo da Veiga, 149, Itaim Bibi • (11) 3873.6922 • www.wallstreetbar.com.br

www.revistalealmoreira.com.br

Avenida Atlântica, 1910 • (21) 3649.9658 • www.cafedelmarbrasil.com

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mundo

Via Narciso, 59 - Polignano a Mare (Bari) Puglia • +39 (0)80 4240677 • [email protected]

Pauly Saal

Grotta Palazzese

A década de 20 e a Weimar Culture – momento intelectual considerado pe-

los historiadores como um dos mais frutíferos do mundo – serviram de inspi-

ração para o Pauly Saal, restaurante retrô que exalta a Berlim pré-guerra. O

visual é clean e suntuoso ao mesmo tempo, com a leve interferência kitsch do

dourado e de uma réplica de míssil no salão principal. Tudo na decoração

reflete a exuberância do período histórico, que motivou a construção do local

e fica onde antes era uma escola judia só para meninas. Na cozinha, o estre-

lado chef Siegfried Danler é dos mais tradicionais: vale provar os ensopados

que vêm em panelas de ferro fundido, além dos pratos de miudezas, típicos

da cozinha alemã.

Encrustado em uma rocha de frente para o mar, o hotel e restaurante Grot-

ta Palazzese impressiona pelo visual cinematográfico: situado na charmosa

vila medieval de Polignano a Mare, na Itália, o lugar empresta sofisticação e

elegância a um cenário já impressionante de cavernas e penhascos. O am-

biente é romântico e fica ainda mais bonito quando cai o sol e a luz fica mais

amena. O hotel ainda possui um salão de recepções construído no século

XVIII e decorado com itens de artesanato local. O ideal é se hospedar para

um fim de semana em uma das instalações do centro histórico e aproveitar

os eventos frequentes do Grotta. A fama do complexo aumentou conside-

ravelmente o turismo da região. Então, é bom se programar com calma e

evitar as altas temporadas.

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Auguststraße 11–13, 10117 Berlin • +49 30 33 00 60 70 • [email protected]

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perfil

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VaquerDesconstruindo

Ao ouvir Jay Vaquer pela primeira vez,

não se deixe confundir pela sonorida-

de pop ou pelos caminhos harmônicos

inusitados. Nem mesmo pela longa extensão

vocal, sempre evidenciada nos seus desenhos

melódicos virtuosos. Se vir seu show ao vivo,

não se concentre apenas na sua verve perfor-

mática, tendendo aos espetáculos de ópera-

-rock. Nada disso é tudo, embora tudo seja

essencial para compreendê-lo. Preste atenção

também à sua maneira de escrever: há amo-

res pouco ou nada piegas, como também há

dores latentes - e um rir constante das comé-

dias de costume sobre as quais ninguém gosta

muito de falar.

Ora cronista, ora poeta, o trabalho do cantor

e compositor por vezes se arrisca a lembrar a

parábola dos sábios cegos - aqueles que, ao

tatear partes diferentes de um elefante, tomam

como concepção de todo o que é apenas com-

ponente. Da mesma maneira, uma única faixa

não vai conseguir contar quem o artista é; as-

sim como talvez nem mesmo um disco inteiro

o faça. Plural, sagaz, sincero e extremamente

talentoso, Jay desenvolveu uma maneira muito

particular de se expressar por meio da música,

o que rendeu cinco álbuns de estúdio e mais

um CD/DVD ao vivo, distribuídos em 12 anos

de carreira. Seu sexto disco de composições

inéditas está em fase de produção e promete

sustentar toda essa peculiaridade.

Embora tenha flertado com a grande mí-

dia em alguns momentos (seus clipes fizeram

muito sucesso nos tempos áureos da MTV),

não dá para chamar Jay Vaquer de um artis-

ta massivo. O cantor sobrevive bem longe dos

programas de TV e das rádios – em grande

parte, por ser contrário à política de lobby por

trás da indústria fonográfica – graças à internet

e a um circuito independente cuja divulgação

é pautada principalmente pelas redes sociais.

Outra arma poderosa é o grande número de

fãs apaixonados pelo seu trabalho e suas pos-

turas sólidas. Se tudo isso ainda não configura

motivo para conhecê-lo, talvez ajude saber do

seu DNA privilegiado: Jay é filho da respeitada

Jay Vaquer nasceu predestinado a ser uma estrela. Filho da paraense Jane Du-boc, com o guitarrista Jay Anthony Vaquer, ele ousou ir além dos rótulos e bus-cou proximidade dos fãs, com os quais mantém uma relação direta e honesta

»»»

Camila Barbalho Van Gonçalves / divulgação

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cantora paraense Jane Duboc e do guitarrista

Jay Anthony Vaquer, parceiro de Raul Seixas em

muitos de seus clássicos.

Jay Vaquer conversou com a Revista Leal Mo-

reira, e se apresentou como os fãs o conhecem:

honesto e muito convicto, sem perder a simpatia

e o bom-humor. Conheça-o você também.

Você sustenta uma postura muito sincera ao li-dar com seus fãs e também exercita a proximida-de com eles. Qual o balanço que você faz disso? Em algum momento, a sinceridade e a proximida-de atrapalham ou é sempre bom?

Algumas pessoas confundem um pouco essa

postura, preferem aquele determinado artista

que permanece distante... Quando ele é inaces-

sível, fica mais interessante, mais “valioso”. Ao fi-

car próximo e virar “camarada”, fico meio bana-

lizado (risos). Alguns até deixam de ir aos shows!

É um fenômeno curioso que acontece mesmo...

Apesar disso, não me imagino com outra pos-

tura. Eu sou apenas aquilo que acredito sempre

precisar ser: honesto.

O Umbigobunker?!, seu disco mais recente, tem um clima mais melancólico e introspectivo que

os anteriores. As músicas foram compostas no mesmo período?Elas refletem um momento seu ou foram compiladas para, juntas, contarem essa história?

Meus trabalhos estão carregados de melan-

colia. Lembrei agora do planeta do Lars Von

Trier (risos). Mas é resultado da minha nature-

za. Nunca gravarei nada “solar”. Nunca vão ou-

vir um CD meu com algo numa linha “pois bem

chegueeeei, descobridor dos sete mares...Tira o

pé do chão, galera!” (risos). Eu componho bas-

tante, tenho coisas mais antigas que ainda não

foram lançadas. Aí costumo selecionar o reper-

tório pensando em construir e estabelecer uma

“jornada” com começo, meio e fim, para quem

quiser embarcar na proposta. É como um livro,

um filme...

Nesse sentido, em que tom virá o próximo CD? Dá pra adiantar alguma coisa?

Ácido, melancólico. Com melodias que con-

sidero interessantes, arranjos muito bem cuida-

dos, esmerados... Adoro saborear cada etapa

do processo de gravação com imenso prazer.

Busco aprender, descobrir, arriscar, experimen-

tar... E sempre expressando rigorosamente

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aquilo que julgo necessário ou interessante ex-

pressar agora.

Que sensação você tem ao ouvir o primeiro dis-co? O que mudou em você e na sua maneira de compor de lá pra cá?

É bem aquele clima de rever uma foto anti-

ga: eventualmente, você estranha um corte de

cabelo, uma calça misteriosa, algo que agora

parece datado, talvez cafona... mas também

pode reparar num olhar com um brilho lindo

que se perdeu pelo caminho. Por exemplo, ali

em “Nem tão são”, há um arranjo de metais em

“Ilha Eu” feito pela Banda Mantiqueira. São mú-

sicos maravilhosos, mas claro que aquele som

não combina comigo. Eu é que ainda não sabia

disso. Gosto do Paulinho da Viola, do Cartola,

mas não me meto em fazer sambas. Não sei

fazer e nem tenho vontade, mas adoro escutar.

Amo Stevie Wonder, mas meu som não é próxi-

mo daquele universo dele. Demorei a perceber

coisas assim... Detecto ali no primeiro CD alguns

momentos de insegurança e de uma arrogância

que brotava dessa insegurança também... Havia

um ingênuo “sei o que faço, me produzo sozinho

e dane-se tudo” que era infantil. Mas identifico

muitos acertos também. “A Miragem” e “Aponta

de um iceberg” poderiam estar no próximo CD

tranquilamente.

Quais as vantagens e desvantagens de ser um artista solo em um nicho dominado por bandas?

Eu realmente percebo as duas coisas. Vanta-

gem é não ter que lidar com egos. Quando você

está numa banda, tem que ceder em alguns

pontos. Se um guitarrista cisma com um solo e

você não gosta, como fazer? O cara também é

da banda. Aí você tem que ceder, ou delegar ao

produtor, que é um cara neutro... Não ia funcio-

nar pra mim. Eu controlo muito essa questão dos

arranjos. Agora, a grande desvantagem é que

é muito solitário. Cada pancada que você leva,

tem que sustentar sozinho. O engraçado é que,

até hoje, tem gente que acha que “Jay Vaquer”

é uma banda. Eu me divirto com esse tipo de

coisa.

O que move você na hora de escrever? Como você observa esse seu processo de composição?

Tudo que me faz refletir, tudo que comove, me »»»

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provoca, me instiga, me revolta, me incomoda,

me altera... Não há exatamente um processo,

mas um tempo que reservo para compor. Sem-

pre que faço isso, desenvolvo algo. Pego meu

violão e vou nessa (risos).

Sua mãe gravou um álbum com versões em in-glês das suas músicas. Como foi essa experiên-cia? Como é se ouvir em outra língua?

Foi uma honra. O trabalho é lindo. Arranjos be-

los, participações maravilhosas... Escutar Milton

Nascimento cantando algo que você compôs é

muito doido (risos). Toninho Horta (também par-

ticipou do disco)... Quanta sorte! Sobre outra lín-

gua, acho que o inglês combina bem com o que

faço.

Seus shows pelo Brasil não seguem a linha das superproduções, nem ganham grande destaque midiático. Como é a rotina de viajar o país com orçamento e estrutura limitados? Como você con-cilia a vida pessoal com essa rotina?

É complicado. Ainda encontro muita falta de

respeito. Muitos shows acabam acontecendo

em lugares precários, inadequados, e me depa-

ro com pessoas desqualificadas apertando bo-

tões vitais para o resultado do som... Há muita

ignorância, limitações... Mas é o que posso fazer

hoje. Ou isso ou ficar em casa. Eu concilio ten-

do consciência de minha realidade, do país, das

características do que realizo e das implicações

acarretadas.

Como foram as passagens por Belém?A primeira passagem foi razoável. Fui para Be-

lém para fazer dois show numa proposta “piano

e voz”, sendo que o primeiro show foi dividido

com minha mãe. Nesse, eu ainda estava bem

de saúde, mas passei uma madrugada dos in-

fernos, com febre, calafrios. Fui parar num hos-

pital. No segundo show, já estava bem doente,

e o show de “piano e voz” não tinha nem piano,

porque era um teclado; nem voz, porque era um

“fiapo” (risos). Já a segunda oportunidade foi ma-

ravilhosa. Eu estava inteiro e fizemos um show

maneiro. Quero, vou, voltar logo... E sempre.

Meus trabalhos estão carregados de

melancolia. Faz parte da minha natureza. Nunca

gravarei nada ‘solar’

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perfil

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Riso&improvisoFoi-se o tempo em que daria para dizer que

Fernando Caruso está apenas aproveitan-

do um bom momento. O ator, roteirista,

diretor e comediante vem há anos se firmando

no gosto do público e da crítica como uma das

mentes mais criativas do humor brasileiro. Ver-

sátil, ele circula o país com o grupo de stand up

comedy “Comédia em Pé” e o projeto de improvi-

so “Z.E. Zenas Emprovisadas” (ao lado de talen-

tos como Marcelo Adnet) – além de conceber e

estrelar o programa “De Cara Limpa”, do canal

pago Multishow. Em meio a toda essa correria,

Caruso conversou com a Revista Leal Moreira.

Simpático e muito bem articulado, o humorista é

daqueles que têm as respostas na ponta da lín-

gua. O resultado foi um papo sincero e divertido,

como o próprio entrevistado. Confira:

Em que momento você percebeu que não era simplesmente uma pessoa divertida e resolveu transformar o humor em carreira?

Eu trabalhava como estagiário em uma agên-

cia de publicidade. Lá, se você ficasse parado,

teria que investir no trabalho dos outros, e eu não

era muito bom de fazer isso. Aí, aproveitei esse

tempo pra começar a produzir as minhas peças,

e isso foi rendendo muito mais. Foi aparecen-

do muito mais trabalho nessa área do que na

publicidade. Então, foi acontecendo, não fui eu

que decidi ser humorista. As circunstâncias me

levaram a isso.

Você tem um programa de TV, um grupo de jo-gos de improviso, faz stand up comedy... Como é administrar tudo isso e quais as diferenças do processo de criação em cada um desses traba-lhos?

Cada ideia vai para um canal diferente, né? O

da televisão é o que eu mais tenho que sentar

e preparar. Por exemplo, se eu penso em uma

piada que envolve, sei lá, distribuir boias pras

pessoas, eu preciso produzir isso: avisar o pes-

soal do figurino, providenciar as boias e tudo o

mais. Se eu decido que vou entrevistar duas ou

três pessoas, preciso estar com os microfones

disponíveis pra todo mundo. Isso tudo eu tenho

que planejar, passar pra produção... Isso é o que

eu mais tenho que sentar pra fazer.

Fernando Caruso provoca gargalhadas por onde passa. Profi ssional multimídia a serviço do bom humor, ele fala à Revista Leal Moreira sobre comédia e como o improviso requer muito treino

»»»

Camila Barbalho Dudu Maroja

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E os jogos de improviso, o stand up?Para improvisação, o mais importante é trei-

no. Juntar todo mundo, subir no palco e exerci-

tar. Seja embaixo de sol, de chuva, de febre... A

cabeça precisa estar sempre funcionando. Pro

stand up, acho que é mais uma atenção mesmo.

Aquela coisa de, quando surgir um assunto novo

ou você contar uma piada, as pessoas rirem e

você conseguir repetir esse resultado com ou-

tras pessoas. Eu compararia o stand up a uma

espécie de colheita de piadas. As piadas acon-

tecem e você tem que saber colocá-las no cesto

e fazê-las renderem para virar uma bela salada

de frutas (risos).

A televisão não é um limitador para a liberdade do improviso?

Depende do tipo de programa que você faz.

Eu fiz uns programas na TV que eram muito

parecidos com o meu processo de raciocínio

no palco, no teatro. O teatro é vivo, você pode

adaptar tudo o que acontece. Se você está fa-

zendo uma peça e falta luz, você pode continuar

falando sobre isso. Agora, se você está numa

gravação e dá algum erro, provavelmente vão

cortar esse erro e fazer de novo pra ir ao ar a

parte certinha, né?

Como surgiu a ideia de levar para a televisão um formato como o do programa “De Cara Lim-pa”?

Eu dou aula de comédia há algum tempo.

Eu estava com uns alunos que tinham feito um

curso uma vez, pediram pra continuar e eu pre-

parei um segundo módulo. Quando eu percebi

que não tinha mais nada pra ensinar, brinquei

que o módulo três seria de comédia de rua. Eu

daria objetivos pra cada um e eles teriam que

fazer pessoas estranhas na rua rirem disso. Um

dia, eu fui convidado pela Urca Filmes pra fa-

zer um projeto pro canal Multishow. Acabei me

lembrando dessa brincadeira e propus pra eles.

Eles alavancaram a ideia e criaram o programa

junto comigo.

Você se sente na obrigação de ser engraçado o tempo inteiro?

Quando eu estou no avião, no banco, não que-

ro e não sou engraçado. No Rio, as pessoas são

muito habituadas a encontrar gente que trabalha

na televisão andando na rua, então é incomum

que elas venham com esse tipo de abordagem.

Quando eu estou viajando, é diferente. Se eu vou

a uma cidade que não tem o hábito de receber

pessoas da TV, isso rola. E se eu estiver afim

desse tipo de interação também, aí eu vou pra

rua, tranquilo. Agora, se eu não tiver, fico tranca-

do no hotel. Acho que, se você está preparado

pra variados tipos de situação, a questão não se

torna um bicho de sete cabeças.

Você tem medo da rejeição?Todo dia. Acho que é isso que move, inclusive.

Todo dia eu penso “é hoje que vão me vaiar”.

A gente nunca sabe se vai agradar. Às vezes,

tem coisa que a gente acha que vai ser engra-

çado e a plateia não partilha desse sentimen-

to. Isso muda de uma cidade pra outra, muda

até de uma sessão pra outra. Eu sou inseguro o

suficiente pra ir bem na primeira sessão e ficar

pensando “será que eu vou bem na segunda?”.

Eu sempre fico esperando qual o momento em

que eu vou cair. Meu trabalho é evitar que isso

aconteça.

Dentro do humor, o que faz você rir e o que você não acha nem um pouco engraçado?

Eu não gosto de piadas de bullying, de um

modo geral. Não acho maneiro esse humor que

agride as pessoas. Normalmente, eu fico mais

do lado do agredido que do agressor. Não con-

sigo rir, fico constrangido. Digo isso até de filmes,

sabe aqueles que têm um cara que sempre se

dá mal? Eu não consigo rir. Pra mim, é drama,

eu sofro (risos). Agora, o tipo de humor que eu

gosto mais é aquele universal, o humor que não

precisa de muita referência pra você entender.

Eu gosto muito do Monty Python, que é um gru-

po de comediantes britânicos da década de 60

que tinha tudo pra não ter graça alguma e ainda

hoje é engraçado. Não precisa ter lido o livro tal,

visto o filme tal, saber quem é o ator que o co-

mediante está imitando... É a piada pela piada.

A piada pura é a que mais me move.

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32

Seu espaço

com leveza e

versatilidade.

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Marelli BelémAv. Gentil Bittencourt, 883

Nazaré Fone (91) 4006.5000

[email protected]

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de dentropra fora

Não escondia mais a aflição. As mãos entrelaçadas,

os pés nervosos, o pescoço teso. Não via a hora de

revê-la, não via a hora de abraçar a mulher. Por pouco

não abre uma vala no assoalho do aeroporto de tan-

tas idas e vindas trilhadas com a espera, já insuportável

nos últimos minutos.

Em três anos, houve uma série de quase interações

entre os dois. Sinal de celular escasso, acesso à Inter-

net variante, postais enviados do fim do mundo, liga-

ções insossas, rápidas, interrompidas. Tudo sem muita

regularidade, aos tropeços, na base do “se der, deu, se

dá, dá” e do “outra hora a gente conversa”.

Do lado de cá, ele costurava os retalhos lançados

nesse diálogo surdo e mantinha a chama acesa, con-

trito, aplacando a agonia com sessões de cinema sozi-

nho, imerso em leituras demoradas, colecionando po-

emas para um dia entregar; numa clausura voluntária

com direito a vagar no mundo dentro da bolha invisível

criada por ele para manter a memória viva, perfumada,

longe da oxidação.

Já ela, aprisionada em distância voluntária, vivia.

Desde que tirou os pés de Belém, num janeiro que já

nem lembrava, foi só o que fez. Provou de tudo, andou

por todas as cidades sonhadas, falou todas as línguas,

viu a humanidade em todas as cores. E de tanto viver

em sonho palpável já não se reconhecia como parte da

realidade abandonada há três séculos, e não três anos

como contavam os calendários.

Por essas e outras, a espera para um era eternidade

e a chegada, para a outra, uma reprise da Sessão da

Tarde. Para ele, os poucos minutos que faltavam para

o avião pousar duraram talvez mais do que a espera

inteira iniciada quando aquela moça de finos cabelos,

jeans, casaco amarrado na cintura e tiara rosa acenou

pela última vez ao entrar na sala de embarque. A ima-

gem virou uma fotografia dolorida de quem vai certo de

nunca mais voltar por ter se transformado em outro, já

no princípio da partida.

Na poltrona, a dor sentida por ela era nas costas. E

ouviu o comissário avisar do pouso, da temperatura e

do tempo do lugar que ela remodelou nas lembranças

enquanto esteve fora. Não havia ansiedade nos gestos,

nem lágrima nos olhos, nem a música do Domingui-

nhos solfejada pela Elba em reverência e tristeza. Que-

ria descer, esticar-se, rever os seus, distribuir abraços,

sentir o bafo quente, infernal, da sua origem. Deseja, de

fato, saber o que houve; quem morreu; quem nasceu;

quem casou; quem separou. Interessavam os muxo-

xos, sinal claro de quem não dissipou antigos hábitos

mesmo perdido em outros mundos.

Quando ela saiu da aeronave tirou as camadas de

roupa para se adaptar ao calor da terra e, ao chegar à

esteira de bagagens, já estava sem os panos pesados

de quem esteve no frio. Do saguão, ele pôde enxergá-

-la. O peito disparou. Não pelo reencontro, mas pelo

choque, pela comparação com a figura que partiu com

a figura que voltou. Cruzou a porta de vidro e se pendu-

rou no pescoço dele. Envolveram-se em um abraço na

tentativa de reparar a lacuna de mais de mil dias sem

se ver. Engordaste, ela disse. Teu cabelo mudou, ele

respondeu.

Calados, guardaram as malas no carro e partiram

para casa. Estavam livres da tensão do reencontro,

apartados das reações ensaiadas, com o coração aos

pulos e as primeiras perguntas presas no céu da boca.

E certos de que não sabiam mais o que fazer um com

o outro.

Anderson Araújo,jornalista

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comportamento

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Elas são febre entre os consumidores de DVDs e cinema. O motivo? Excelente relação custo-benefício e a possibilidade de entretenimento de qualidade sem sair de casa.

No começo, havia o cinema. Um programa

para famílias se divertirem unidas, casais

se aproximarem e amigos comerem pi-

poca juntos. As cidades cresceram, a tecnologia

avançou e divertir-se em casa passou a ser um

misto de necessidade e opção. Por isso, video-

cassete, DVD e Blu-Ray se sucederam ao longo

dos anos à medida que as tevês aumentaram o

tamanho da tela, ficaram mais finas e com uma

resolução cada vez melhor. Mas aquela visitinha

à locadora de vídeo tem sido cada vez menos

necessária e até se tornado tão cansativa quanto

cruzar a cidade em busca de um multiplex confor-

tável. Novos gadgets e serviços on-line parecem ter

sido criados para deixar o sofá da sala mais atra-

ente e dar a ele o título de lugar perfeito para curtir

filmes e seriados, sem fila para comprar ingresso

ou celular tocando na poltrona ao lado.

Imagine escolher um filme na internet e poder

assisti-lo na hora, sem esperar por downloads,

como num misto de prateleira de locadora de

vídeo com You Tube. Essa é a proposta da Ne-

tflix, empresa norte-americana que existe desde

1997, mas só chegou ao Brasil em 2011. O acer-

vo, que conta com filmes e seriados nacionais e

estrangeiros com legendas em português, pode

ser acessado via web ou em dispositivos, como

tablets, smartphones e videogames. Ou seja, é possí-

vel desfrutar do serviço, de forma doméstica ou

levando para qualquer parte_ dentro da mochila,

por exemplo. Com uma boa conexão em casa,

é possível ver o conteúdo em alta definição sem

os típicos travamentos de uma transmissão por

streaming. Com uma internet 3G rápida e estável, é

possível assistir nas telas dos dispositivos móveis,

sem ocupar a memória deles. Tudo isso pagando

quinze reais por mês, valor um pouco maior que

o do aluguel de dois lançamentos numa locadora

bem servida e menor que o do cinema – especial-

mente aos finais de semana.

O acervo ainda não é dos mais numerosos e

essa é uma das principais queixas dos usuários da

Netflix, especialmente relacionadas aoi pequeno

número de filmes recentes. Mas a praticidade e o

preço fizeram muita gente mudar completamente

os hábitos. O empresário Luciano Santa Brígida,

por exemplo, não apenas deixou de frequentar as

locadoras, como também parou de baixar filmes

pela internet desde que assinou a Netflix. “A faci-

lidade de acesso é um dos maiores diferenciais

do serviço. Em casa, assisto a filmes pelo videoga-

me. Quando viajo, pelo tablet. Muitos reclamam do

acervo da Netflix, alegando contra os filmes ve-

lhos. Mas não é tão diferente assim de uma TV por

assinatura. O preço é um valor que vale muito a

pena pagar. Pagaria até mais, diante da qualidade

de serviço”, conta Luciano, que diz assistir de dois

a três filmes por semana via Netflix.

Para a professora Luciana Alves, a novidade

trouxe a solução de outro inconveniente. “É bom

assistir a filmes em casa sem a obrigação de re-

tornar à loja para devolvê-los. Por várias vezes,

paguei multas altíssimas por atraso, pois nem

sempre tinha tempo de devolver os DVDs na data

Leonardo Aquino Rodrigo Cantalício

»»»

Locadorasvirtuais

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marcada”, conta. Mas esse não é o único bene-

fício trazido pela tecnologia. “Deixei de ver alguns

filmes na televisão porque, na Netflix, posso es-

colher com calma, começar a ver, interromper,

depois continuar”, explica Luciana, que procura

sempre por filmes estrangeiros e alternativos.

Mas as novidades criadas para fazer com que

você tenha prazer em ficar em casa não param

por aí. A Apple, empresa que sempre lança as

tendências mais desejadas do mercado da tec-

nologia, não poderia ficar de fora e oferece, desde

2007, a Apple TV. Não se trata de um aparelho

de tevê, mas de um objeto menor que uma caixi-

nha de chocolates, que se conecta à televisão por

meio de um cabo HDMI e à internet por uma co-

nexão sem fio. Com a Apple TV, é possível assistir

não apenas a filmes (pela Netflix, por exemplo),

como também ter acesso ao conteúdo de vídeo

da iTunes Store, assistir a vídeos do You Tube e

do Vimeo, navegar pela sua coleção de músicas

ou reproduzir vídeos e fotos de dispositivos como

iPad, iPhone e iPod Touch.

O modelo de acesso ao conteúdo da iTunes

Store na Apple TV é um pouco diferente do sis-

tema do Netflix. É muito mais uma loja propria-

mente dita do que um serviço via assinatura. Com

uma conta na iTunes Store (a mesma que se usa

para comprar música e aplicativos, por exemplo),

é possível comprar ou alugar filmes, tanto clássi-

cos quanto sucessos recentes de bilheteria. Para

a compra de filmes, o preço médio é dez dóla-

res. O aluguel sai, em média, por quatro dólares e

funciona da seguinte maneira: o usuário tem trinta

dias para começar a assistir ao filme. Após iniciá-

-lo, tem até quarenta e oito horas para assistí-lo

quantas vezes quiser. Ou seja, nada muito diferen-

te de uma locadora de vídeo, com a vantagem de

não existir o risco de ouvir o triste “está alugado”

ao procurar pelo seu filme favorito no balcão. Além

disso, grande parte do conteúdo está disponível

em resolução de 1080p, equivalente à do Blu-Ray.

Todas essas possibilidades despertaram a

curiosidade de Rodrigo Cavalcante, que trabalha

como desenvolvedor de aplicativos para disposi-

tivos móveis. Depois de pesquisar muito sobre a

Apple TV, comprou o aparelho e, pouco mais de

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um mês depois, já percebia novos hábitos. “Não

tinha o costume de assistir a filmes em casa. Pas-

sei a alugá-los pela iTunes Store e acredito que

isso seja apenas o início de um grande serviço e

sistema de entretenimento que a Apple está crian-

do”, diz.

O administrador de empresas Maick Costa tam-

bém comprou uma Apple TV motivado pela curio-

sidade. Foi a uma loja oficial da marca, viu uma

demonstração do produto e se encantou com o

que a caixinha mágica pode fazer. Hoje, não pas-

sa um dia sequer sem assistir a algum conteúdo

por meio dela, principalmente vídeos do You Tube,

filmes e seriados via Netflix. A praticidade foi de-

cisiva para que o consumo à moda antiga fosse

deixado de lado na casa de Maick. “Abandonei

locadoras, definitivamente! A base da Netflix não

é inteiramente de filmes recentes, mas as suges-

tões de filmes_baseados no que você já assistiu_e

o link com os filmes assistidos por amigos trazem

o melhor da locadora pra perto de você”, exalta.

Como se não bastassem todas as vantagens

tecnológicas, essas novidades têm até maneiras »»»

Por dentro do Netflix

Segundo dados da Netflix, o serviço está disponível em 43 países na

América Latina. “Uma vez que a América Latina tem cerca de quatro

vezes mais famílias com banda larga do que o Canadá, há muito espaço

para crescer”, afirma a companhia.

No período de julho a setembro de 2011, a receita global da empresa

cresceu 48%, passando de US$ 553 milhões para US$ 822 milhões.

São 25 milhões de clientes no mundo todo. A empresa tem a política de

não divulgar os números aqui no Brasil, mas estipula-se que cerca de 10

milhões estão na América Latina.

Alguns gêneros são melhor representados (comédia, por exemplo). Há

100 filmes de terror e 400 thrillers na listagem, com vários clássicos e

24 novelas ou séries em português, todas desconhecidas.

Há três grandes motivos para o sucesso do Netflix: o preço, a velocidade

(mesmo com a internet menor que 1 mbps, o filme começa em segun-

dos), e um espertíssimo algoritmo que sugere filmes baseados no seu

gosto, ainda capaz de prever quantas “estrelinhas” você vai dar a um

filme, com margem de erro mínima. O algoritmo é considerado surpre-

endente, de acordo com especialistas. Fonte: internet.

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de substituir o boca-a-boca, aquela indicação

de um amigo ou de um atendente que pode fa-

zer a diferença na hora de escolher um título. No

Netflix, ao preencher o cadastro, o usuário indica

preferências pessoais, não limitadas apenas ao

gênero. É possível, por exemplo, dizer que gosta

de “filmes motivadores”, “dramas românticos in-

dependentes” e “filmes estrangeiros violentos de

ação e aventura”. Além disso, à medida que você

assiste aos títulos, um sistema de inteligência ar-

tificial trabalha para dar indicações baseadas nas

preferências e no histórico.

Outra possibilidade é conectar a conta da Netflix

à do Facebook e saber quais são os filmes prefe-

ridos dos seus amigos. As indicações aparecem

na interface do serviço e também no mural do Fa-

cebook de quem opta por essa conexão. Para

os usuários, essa é outra vantagem dos novos

serviços. “Descubro filmes bons que não me inte-

ressariam por ver que meus amigos já assistiram.

O boca-a-boca sempre é a melhor ferramenta.

Já me surpreendi com filmes que meus amigos

assistiram e que são muito bons”, conta Maick

Costa. “Confesso que não acreditei muito no início

nesse sistema de recomendação; mas hoje real-

mente me surpreendo com os filmes que ele me

indica”, diz Luciano Santa Brígida.

Acervos em crescimento, banda larga a toda

velocidade, aparelhos de tevê abertos a novas

funções e serviços inteligentes e inovadores; tudo

isso pode não matar o cinema ou acabar com as

videolocadoras, mas cria alternativas para o en-

tretenimento doméstico. Definitivamente, tédio é

uma palavra que combina cada vez menos com a

opção de ficar em casa.

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entrevista

www.revistalealmoreira.com.br

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Leila Loureiro Daryan Dornelles

Eriberto Leão poderia ser um verbo, algo en-

tre o “erigir” (erguer, levantar, fincar, criar) e

o “libertar” (tornar-se liberto, livrar-se). Me-

lhor, ‘eribertar’. Um neologismo seria o verbo que

expressaria a capacidade de se erguer a partir

de sua própria libertação. Um verbo certamente

conjugado em todos os tempos e espaços, que

ecoaria horas depois de ser pronunciado. Eriber-

to de Castro Leão Monteiro, paulista de São José

dos Campos (SP), ator com 16 anos de carreira,

é um homem frágil, como só os fortes costumam

ser. Determinado, estudioso, concentrado, curioso

e “pai do João”, como ele mesmo se descreve

no microblog twitter, que “alimenta” pessoalmente

(nos poucos minutos que lhe sobram, entre mi-

lhões de compromissos). “Eriberto está em Nova

Iorque gravando um novo filme. Eriberto está em

Las Vegas, fazendo laboratório para compor sua

próxima personagem de novela. Eriberto está em

São Paulo, em cartaz com sua peça” – alguns dos

obstáculos ultrapassados, para que, enfim, esta

conversa fosse possível. O local: o café de uma li-

vraria. Aliás, nada mais providencial, já que Eriber-

to é um leitor voraz, que navega entre Victor Hugo

e Nietzsche ao longo da entrevista para a Revista

Leal Moreira. Aos 40 anos, Eriberto faz questão de

fincar o alicerce de sua existência em um terreno

bem seguro, sendo a espinha dorsal do seu entor-

no. Às vésperas da estreia de sua décima primei-

ra novela, o ator, que contabiliza ainda oito peças

teatrais e sete filmes, tem buscado ouvir mais o

silêncio. E é nesse cenário que iremos conjugá-lo,

em todos os tempos verbais, do passado a um

inovador futuro mais-que-perfeito.

O Brasil inteiro conhece o Eriberto Leão, galã de novelas. Porém, poucos tiveram acesso à sua for-mação mais profunda, como ator de teatro e cine-ma. Como foi esse processo de amadurecimento

profissional?Desde que me apaixonei pelas artes dramáti-

cas, percebi a importância do estudo na constru-

ção de um ator de verdade, um ator pleno. Lem-

bro que o Tony Ramos me disse certa vez que ‘a

vocação é mais importante que o talento’. A partir

disso, reconhecendo a minha vocação, procurei

aprimorar o meu talento, lapidar ao máximo. Em

1990, cursei Artes Dramáticas na USP. É um curso

muito concorrido e ali eu defini que precisaria che-

gar perto dos melhores e seguir com os estudosm

buscando uma pós-graduação em Arte. Foi quan-

do decidi ir para Nova Iorque.

Estudar em Nova Iorque trouxe que tipo de dife-rencial à sua carreira?

Admiro a típica cultura do vencedor nos EUA:

a disciplina, a batalha árdua, bem distinta da cul-

tura empregada no Brasil, na base do ‘você não

vai conseguir’ ou ‘desista’. Quando mudei para

Nova Iorque, acreditei muito nessa disciplina e

dedicação para chegar aonde eu queria. Entre

1993 e 1994, estudei na escola de atores do Lee

Strasberg (renomado ator, diretor e professor de

artes dramáticas norte-americano), que criou um

libertaFeraEriberto Leão não rejeita o título de galã e, a partir de sua sólida formação no teatro, se permite viver várias personagens, ao mesmo tempo em que se considera único.

»»»

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método de atuação que se encaixou perfeitamente

para mim, ou melhor, eu me encaixei no método

Lee Strasberg.

E como foi o retorno ao Brasil?Engraçado que, por obra do acaso, uma nevasca

me fez partir de Nova Iorque em dezembro de 1994.

Ao chegar no Brasil, fui acompanhar um amigo num

teste para uma novela religiosa em Valinhos, interior

de São Paulo. Resolvi levar uma carta de referência

do Lee Strasberg e a entreguei ao diretor, dizendo

“eu sou seu Santo Antônio”. E daí veio o Antônio dos

milagres, em 1995, minha primeira novela na CNT.

O que você julga indispensável para atuar?O ator precisa ter uma necessidade vital de se ex-

pressar por meio das histórias dos outros. Você pre-

cisa se identificar verdadeiramente com seres que

foram escritos por outras pessoas e que serão trans-

formados por você. Foi exatamente por isso que eu

quis ser ator e todos as personagens que interpretei

tiveram essa característica de operar uma transfor-

mação pessoal dentro de mim, além de transformar

aqueles que me assistem. ‘Se você conseguir trans-

formar uma pessoa você estará fazendo arte’. Não

lembro onde ouvi isso, mas concordo.

O que é arte pra você?É um veículo pelo qual o criador se expressa com

relação à sua existência. É o mundo, tal como é per-

cebido, ou melhor, é o veículo por meio do qual você

se expressa, mas é essencialmente um instrumento

de algo que está acima de você. Caetano compõe

músicas, Van Gogh pinta quadros...neste momento,

creio que eles estão conectados a algo que é supe-

rior a nós mesmos. E isso é arte.

Você está no remake de ‘Guerra dos Sexos’, próxima

novela das sete da Globo, que estreará em outubro, na pele de Ulisses, um lutador de MMA (Artes Mar-ciais Mistas). Como está compondo o personagem?

Atualmente, o MMA é o esporte mais popular do

Brasil. Em julho, a luta do Anderson Silva marcou

vinte pontos de audiência na madrugada, o que só

acontecia no auge das disputas de boxe ou nas cor-

ridas do Ayrton Senna no Japão. Em minha opinião,

o Anderson vem ocupar um espaço vago desde o

Senna, é um novo herói brasileiro. E o Ulisses vem

no meio disso tudo, sendo uma grande honra e

responsabilidade encarnar esse personagem atu-

almente. Treino várias vezes por semana e tenho

acompanhado bem de perto a evolução do esporte.

Isso me dá muita inspiração para buscar a jornada

deste herói.

Você já fez muitos heróis na sua carreira. Como você enxerga o processo da trajetória do herói?

Sim, na minha carreira eu já fiz muitos heróis. O

herói sempre tem a missão de motivar a sua vida,

te fazendo passar pelo inferno até o umbral para

aprender, crescer e conquistar o objetivo da tra-

ma. E esse objetivo só vem dessa jornada. Eu tive

a sorte de estar vivendo na profissão o que ansiava

no fundo do coração, quando eu era só um meni-

no estudando teatro; por isso, acredito que, apesar

das dificuldades, quando você encontra sua lenda

pessoal, o que foi destinado a fazer, tudo conspira a

seu favor, mesmo quando agem contra você. Eis a

trajetória do herói.

Você começou no teatro aos 17 anos, para lidar com sua timidez. Hoje, contabiliza oito peças teatrais. Além da timidez curada, o que mais o teatro te trou-xe?

Eu me apaixonei pelo teatro. Fui contrarregra de

uma peça quando já estudava teatro no Célia He-

Se você conseguir transformar uma pessoa, você estará fa-

zendo arte’. Não lembro onde ouvi isso, mas concordo.

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lena (escola de Artes, em São Paulo), em 1989. A

peça chamava ‘A vida é sonho’, com Regina Duar-

te e texto do Gabriel Villela, que me ajudou muito

e com quem fiz a minha primeira peça de teatro,

‘Ventania’, também escrita pelo Gabriel Villela.

Aprendi no teatro um ritual quase que religioso de

iniciação, sendo um lugar onde eu me reencontro

comigo mesmo e acesso os meus espaços mais

primitivos e mais elevados. Algo como o trecho da

oração: ‘Assim na terra, como no céu’. O teatro me

traz isso, é um espaço sagrado onde cresço muito.

E existe um projeto seu de interpretar o Jim Morri-son no teatro, certo?

Correto, o Jim Morrison é um projeto antigo, mas

que vai acontecer quando for propício. Como dis-

se Victor Hugo “Nada é tão forte como uma ideia

quando é chegada a hora dela”. Da mesma ma-

neira que “A Mecânica das Borboletas” (sua peça

mais recente) veio como se tivesse sido escrita por

encomenda, o Jim Morrison virá quando tiver de vir.

Talvez após as gravações da novela ‘Guerra dos

Sexos’.

E como você transita pelo universo do Cinema? O cinema sempre foi um sonho mais distan-

te, conquistado humildemente. “Assalto ao Banco

Central”, que recebeu várias indicações ao Prêmio

de Cinema Brasileiro, foi um presente, assim como

o “De pernas pro ar – 2” (com estreia prevista para

dezembro), que filmei em Nova Iorque no primeiro

semestre. Voltar à Nova Iorque, onde tudo come-

çou, me fez retornar ao quilômetro zero.

O que é voltar ao quilômetro zero?Na peça “A Mecânica das Borboletas”, tudo o

que aconteceu durante o espetáculo foi um retorno

ao quilômetro zero. Por exemplo, estreei na mesma

sala onde fiz minha primeira peça. Em SP, ficamos

em cartaz onde fui contrarregra antes de ser ator,

no SESC Anchieta. Pura sincronicidade. Perdi o

meu pai no ano passado e logo enceno uma peça

em que esse contexto é trabalhado; e, através da

morte do meu pai, eu me aproximei do meu único

irmão que, não por acaso, é faixa preta em jiu-jitsu,

professor de lutadores profissionais e, por conse-

guinte, me aproximou de um grande amigo no UFC

de Las Vegas, onde pude viver todo o clima pré-

-luta, dos bastidores , fundamental para a forma-

ção de minha próxima personagem, entende? Algo

uniu o que eu faço ao que o meu irmão faz, logo

após a morte do nosso pai. Coincidências signifi-

cativas que acontecem e tornam a sua fé racional,

quase matemática, sem espaço pra dúvidas.

E o que é essa fé?Exatamente isso, a fé é ausência de dúvida. Daí

que vem toda a inspiração e dedicação para que

um personagem dê certo. A fé no que é superior

a você e que te faz ser só um instrumento de uma

grande engrenagem.

E como peça dessa engrenagem, o que mais te instiga na atuação?

Quero devorar os meus demônios e adquirir os

poderes dele. Nietzsche, meu filósofo predileto

ao lado de Espinosa, retrata bem o que eu alme-

jo: a junção do super-homem e da ética, porque

o “além do homem” sem ética escraviza, inclusive

a si mesmo. A carreira de ator e a vida me insti-

gam a servir de instrumento de uma força que criou

tudo, e te transforma num “super-homem”, ciente

de que “todo o poder é emprestado”, como disse

Jesus Cristo. »»»

Veja mais

Cinema

2008 - Onde Andará Dulce Veiga?

2008 - Intruso, de Paulo Fontenelle

2009 - Um Homem Qualquer

2011 - Assalto ao Banco Central

2012 - De Pernas Pro Ar II

Televisão

1997 - O Amor Está No Ar

1998 - Serras Azuis (Band)

2000 - Marcas da Paixão (Record)

2004 - Cabocla

2006 - Por Toda Minha Vida

2006 - Sinhá Moça

2007 - Amazônia, de Galvez a Chico Mendes

2007 - Duas Caras

2008 – Casos e Acasos

2009 - Deu a Louca no Tempo

2009 - Paraíso

2010 - As Cariocas

2011 - Insensato Coração

2012 - A Vida da Gente

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Você cita Jesus constantemente e já atuou em vários espetáculos com conotações reli-giosas. Qual a sua religião?

Fui educado com base no Cristianismo.

Acredito no amor e na ética.

E o que é ética pra você?Ética é amor. Não fazer com o outro o

que não gostaria que fizessem com você.

Ética é fazer para o outro exatamente o que

gostaria que fizessem com você.

Um conceito bem difícil de ser estabeleci-do atualmente, não?

Sim, falta muita ética, principalmente nos

que estão no poder, porque falta amor. O

amor incondicional ao que se faz. Se você

é um servidor público e ama o que faz, vai

amar servir aos seus ideais e não ser servi-

do. E quem está no poder, ama muito mais

ser servido do que servir.

O que te preocupa hoje?A desconexão do homem em relação ao

planeta onde ele vive. Até quando ficare-

mos cegos diante das mudanças que es-

tão acontecendo? Nos desconectamos a

tal ponto que exaurimos os recursos que

são finitos. A imortalidade é o sonho pri-

mordial da humanidade e foi conquistada

através da perpetuação da nossa espécie,

do nosso código de DNA, que é transferido

de geração em geração. Acredito que, em

razão disso, algo vai acontecer para mudar

esse cenário. Esse alarme que vai soar a

qualquer momento está no nosso caminho.

Precisamos despertar o inconsciente cole-

tivo que está adormecido. Uma revolução

está a caminho.

Que tipo de revolução?Uma revolução que idealize uma tecno-

logia que nos perpetue, já que o ser huma-

no é uma obra de arte sublime do Criador.

A beleza da vida é a prova de que existe

um motivo para estarmos aqui. O “homem

vitruviano”, de Leonardo da Vinci, retrata

bem o que estou falando: somos uma obra

de arte muito simétrica, de formas e geo-

metria perfeitas. Precisamos salvar isso.

Como você lida com o envelhecimento e a finitude?

Infeliz daquele que quer lutar contra a sa-

bedoria da natureza. Se nosso corpo enve-

lhece, é para que o nosso espírito e nossa

mente rejuvenesça. A evolução das espé-

cies é muito sábia, não seria diferente com

o ser humano, é um processo necessário.

Ao longo de 16 anos de carreira, em meio a tantas entrevistas, o que o Eriberto Leão ainda não respondeu? Que pergunta você se faria?

Você é?

E qual seria a resposta?Eu sou.

Aprendi no teatro um ritual quase que religioso de iniciação, sendo um lugar onde eu me reencon-tro comigo mesmo e acesso os meus espaços mais primitivos e mais elevados. (...) O teatro me traz isso, é um espaço sagrado,

onde cresço muito.

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Construtora preferida pelos estudantes

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Construtora preferida pelos profissionais

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Construtora preferida pelos consumidores

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Com 41% de preferência do público em geral, a Leal Moreira foi eleita pela pesquisa Top de Negócios

a melhor construtora de Belém, com três vezes mais votos do que o segundo colocado.

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OBRIGADOa todos por escolher a Leal Moreira

como a melhor construtora de

Belém. São suas escolhas que

fazem o nosso mundo. Um mundo

com nome e sobrenome.

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Seu mundo com nome e sobrenome

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Celso Eluanempresá[email protected]

Eis aí, no século XVIII, auge do Iluminismo e da

volta à razão, Rousseau assinando esse atestado

de bons antecedentes do ser humano. Nós somos

bons, nascemos bons, a natureza nos criou bons,

mas a sociedade nos corrompe e nos dilacera.

Esse monstro vil e carniceiro que, como um bicho

papão, povoa os pesadelos da adolescência e o ca-

minho da maturidade.

É incrível como nos apossamos de entidades abs-

tratas para nos redimir. Assim é com os governos,

os patrões, a sociedade, a natureza, os outros. Até

Sartre se encantou com isso e afirmou que o ‘infer-

no são os outros’. O problema é que eu sou um dos

outros para muitos. Eu sou parte de uma sociedade.

Eu (ou você que está me lendo) sou (somos) parte

do problema e querer me omitir pelo complexo de

vitimização é a melhor maneira de nunca encarar e

resolver uma questão.

Quando vemos um bebê, somos tentados a pen-

sar “que coisinha fofa, tão inocente, tão puro, que

pena que vai crescer!”. Não há quem não se sensi-

bilize. E uma criança, de fato, está em estado puro:

uma página em branco que a vida escreverá nela.

Mas, se formos analisar melhor em estado natural

(de novo Rousseau), o homem só se interessa por

sua sobrevivência: alimentação, repouso e reprodu-

ção (bem, nesse caso, um bebê ainda não pensa

‘naquilo’).

Para obter o que necessita, uma criança chora,

grita, resmunga, esperneia, inferniza os outros (ué,

mas não são os outros que são o inferno?). É seu

estado bruto, como qualquer animal. Não há pureza

de gestos e intenções; logo, se for preciso, agredirá

para ter o que deseja.

Na medida em que cresce, cabe aos adultos do-

mesticar alguns exageros, estabelecer limites, edu-

car. O adulto que não cresceu é a criança cheia de

desejos e incapaz de entender limites. Nesse caso,

a sociedade que corrompe é a que não estabeleceu

limites – tarefa dos pais, principalmente.

Desde que o homem desceu das árvores e se

agregou, começaram a nascer os códigos de con-

duta, as leis, a moral, as religiões, a comunicação,

a ética. Foram se definindo padrões de comporta-

mento que evoluíram drasticamente ao longo dos

séculos e milênios. Não é uma curva constante de

crescimento. Na realidade, há muitas idas e vindas,

muitos erros e acertos ao longo da história, mas não

podemos negar que, no século XXI, o homem se

encontra num patamar de civilidade bem superior

a qualquer outro período. Está perfeito? Não, certa-

mente há ainda muito por evoluir. Como as ciências

exatas e biológicas evoluem em conhecimentos e

conquistas, as ciências sociais também evoluem,

talvez não no mesmo ritmo e velocidade, mas é

incontestável que nos organizamos melhor social-

mente do que há cem ou mil anos.

Então, quem corrompe? Que sociedade é essa

que nos deprava e nos torna miseráveis?A mesma

na qual estamos inseridos e que possibilita tantas

conquistas e feitos notáveis. Somos frutos dela e

por ela também somos responsáveis. São nossas

atitudes que servem de espelho para outros se mi-

rarem e, se quisermos que tudo seja melhor, basta

colocar um espelho na nossa frente. O que você vê

no espelho é o responsável por tudo de bom e de

mal que ocorre consigo e com os outros e depende

das suas escolhas.

Desculpe-me Rousseau, mas quase trezentos

anos depois não dá pra jogar a culpa na socieda-

de e nos redimir. Nós é que somos responsáveis

pela Revolução Francesa (que você inspirou), pela

Revolução Industrial, pela Revolução Gloriosa, pela

internet, pela eletricidade, pela crescente evolução

do tempo médio de vida, pelas grandes guerras

mundiais, pela Guerra Fria, por tantos erros e acer-

tos, mas é inegável que vivemos melhor hoje que

no seu tempo. O saldo tem sido positivo e foi essa

sociedade, da qual você, eu e bilhões de pessoas

fazemos parte, que nos trouxe até aqui.

REVOLUÇÃOHUMANA

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A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e o torna-o miserável.

Rousseau

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especial

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A arquitetura e os detalhes encantadores fascinam quem visita o prédio da Farmácia República

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Tylon Maués Dudu Maroja

FeitiçodoTempoConheça lugares que sobrevivem aos anos e que têm clientela fi el. Sinônimo de lucro garantido? Não, necessariamente, mas é um alerta à necessidade de preservação de histórias.

Na Avenida Presidente Vargas, quase na

esquina da Rua Carlos Gomes, em área

mais do que central na capital paraense,

espremido entre prédios, um casarão de arquite-

tura antiga e elegante se destaca sobre as demais

construções. A Farmácia República, referência à

praça que fica em frente – embora o letreiro antigo

ainda mostre “Pharmácia Central” – parece uma

resistente da beleza antiga, em contraponto à de-

sordem que tomou o centro de Belém. Tamanho

charme parece não ser suficiente para atrair clien-

tes. Há pelo menos dois anos a fachada ostenta

uma placa de “aluga-se”.

Detentora de um legado cultural ainda fasci-

nante, remanescente do começo do século pas-

sado, quando a cidade vivia o apogeu do Ciclo

da Borracha, Belém tem, em sua arquitetura no

centro histórico, algumas joias sempre exaltadas

por seus moradores e turistas, porém invariavel-

mente mal cuidadas, sem preservação alguma. O

bairro da Cidade Velha é quase todo um exemplo

desse descaso a céu aberto. A Pharmácia não se

encontra nesse rol, já que sua beleza ainda é, a

olhos nus, encantadora. No entanto, é um negócio

e, como tal, tem que dar lucro. As prateleiras no

magnífico móvel de madeira de lei estão parcial-

mente vazias, sem aquela variedade de produtos

que as grandes redes de farmácia ostentam.

“O prédio é lindo, encantador, mas é um negócio

e não temos dado conta. Todas as farmácias de

bairro, as tradicionais, sofreram baques por causa

das grandes redes. Queria poder não alugar, mas

é preciso”. A explicação quase na forma de um la-

mento é de Isaac Elias Israel, filho de Morse Israel,

um ex-funcionário público que, em 1967, realizou

o sonho de adquirir o estabelecimento que tantas

vezes admirava. Isaac conta que o pai teve de ir

à Justiça do Trabalho reaver o móvel principal da

farmácia, que ia ser vendido separadamente.

Os estabelecimentos familiares sempre foram

tradicionais no surgimento das grandes metrópo-

les e, além das leis do mercado, obedecem às re-

gras de seu círculo - nesse caso a família, acima

de qualquer coisa.

De tudo um poucoDesde 1906, quando o mascate libanês Salo-

mão Antônio Mufarrej resolveu colocar as mer-

cadorias que vendia em casa em uma lojinha, a

Casa Salomão passou a ser uma referência. Lo-

calizada na Avenida Magalhães Barata, desde

a época em que ainda era ‘Independência’, em

frente ao Museu Emilio Goeldi, o estabelecimento

é daqueles que já está incrustrado no imaginário

da população.

Neto do fundador, Salomão tem a missão de le-

var adiante , como ele mesmo diz, a “loja de fer-

ragens que tem quase tudo”. São seis mil metros

quadrados de tudo um pouco, embora grande

parte seja de produtos antigos, muitos dos quais

parecem já ter caído em desuso. Dos quatro filhos

do fundador, todos de certa forma trabalharam na »»»

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62

loja, mas foi Raja, o mais novo, quem ficou mais

tempo à frente do estabelecimento. Julieta, também

herdeira, está sempre presente no balcão, exercen-

do o papel de ‘relações públicas’, exalando simpa-

tia. Janete e Davi tomaram rumos diferentes.

De campeã de vendas em vários segmentos_em

especial de tintas_a Casa Salomão virou refém dos

próprios preceitos rígidos da família. Não é mais

uma líder no mercado, mas se mantém. Entre al-

gumas das regras que Raja herdou do pai, estão

algumas de quem tem a negociação no sangue:

uma é de nunca dar um passo maior que a perna.

“A hora que quiser fechar, passo a chave sem de-

ver ninguém”, costuma dizer Raja, sobre a famosa

ideia de não se endividar, não procurar emprésti-

mos para passos muito largos.

Outra lei que vigora até hoje na loja cujo slogan é

“Tudo para todos em um só lugar” é de não utilizar

os meios convencionais de publicidade - jornais, TV,

rádio e internet. Em nenhum lugar desses se verá

uma propaganda da casa dos Mufarrej. Raja diz

que é um caminho sem volta, do qual não se pode

sair mais e que a melhor propaganda é o ‘boca a

boca’.

O mesmo vale também para o “co-irmão” Man-

darim, a loja de ‘também tudo um pouco’ fica em

um ponto nobre da Avenida Nazaré, em frente ao

Centro Arquitetônico de Nazaré, ao lado do mítico

Cine Ópera. Um pouco mais modernizado, em re-

lação ao vizinho de rua, o estabelecimento vende

desde a simples linha, passando por fantasias car-

navalescas, até brinquedos e roupas. “Às vezes,

venho aqui apenas para comprar uns botões, às

vezes uma fantasia ou uma peça de pano. É um

bom lugar para vir porque é central e tem bastante

coisa”, comenta a aposentada Fátima Pantoja, que

se diz cliente há anos.

“O boca a boca” pode servir tanto para as lojas já

www.revistalealmoreira.com.br

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tradicionais em Belém, como as que contabilizam

pouco mais de uma década.

Não muito longe da Pharmácia do começo des-

ta matéria, ainda na Avenida Presidente Vargas, o

Relicário tem apenas doze anos de funcionamento;

entretanto, quem entra no sebo vive uma sensação

de clima de anos remotos. Anderson e Edna Sales,

que juntos levaram consigo a experiência de terem

trabalhado antes em outras livrarias semelhantes,

vivem entre livros, revistas, discos e documentos

antigos num cenário de poucos metros quadrados

que, para os desavisados, pode parecer caótico,

mas está dentro da organização deles.

Em dois passos, Anderson chega à prateleira

onde está seu item mais antigo, um Relatório do

Conselho Municipal de Belém, de 1904 - coletânea

com a assinatura do intendente Antônio Lemos.

Dois passos adiante, do meio dos quadrinhos em-

balados em sacos plásticos, Anderson saca um

“Heróis da TV”, dos anos oitenta. “Temos entre sete

e oito mil produtos à venda, com um público que vai

do estudante ao aposentado. É uma relação boa,

mesmo com quem entra apenas para dar uma

olhada”, conta.

Em um momento em que a propaganda (seja

em que meio for ou como for) parece ser o segredo

do negócio, esses empreendimentos vão na con-

tramão e parecem não fazer questão de se inserir

nesse contexto. De acordo com o publicitário Elizio

Eluan, mestre em Ciência da Linguagem, a publici-

dade é apenas um dos elementos do marketing, im-

portante, mas não é único.

“O marketing é toda a ação ou elemento que junta

a vontade do consumidor comprar à fome do ven-

dedor vender”, diz. “O fato de estarem em uma das

vias mais importantes de Belém, com um grande

fluxo de pedestres da classe C, é um fator muito

relevante. O preço é outro fator importante. É uma »»»

Da direita para a esquerda: A Casa Salomão e seus curiosos artigos. Escondido na Presi-dente Vargas, o sebo “Relicário” e suas raridades - como o relatório do conselho municipal de Belém, datado de 1904.

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64revistalealmoreira.com.br

Os lugares esquecidos pelo tempo estão incrustrados na memória popular

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estratégia que atrai bastante o público a quem se

destina. Ainda assim, não estão livres de um dia

precisarem de uma mudança de comportamento

ou vivenciarem uma grande crise de vendas, o que

pode levar esses estabelecimentos a precisar de

novas ferramentas de marketing”.

Mesmo fora dos meios tradicionais de publicida-

de, há o “boca a boca do novo milênio”, que faz

uma diferença substancial. “Hoje, existem ótimas

alternativas não tradicionais de se expor. Há um

boca a boca amplificado por meio do Twitter e Fa-

cebook”, explica Eluan, que exemplifica casos em

que mídias alternativas fazem diferença. “Existem

vários cases competentes de pessoas que confec-

cionam e vendem biquinis, bonecas, roupas para

bebê, dentre tantos outros produtos do gênero,

através de blogs e demais redes sociais. Somente

com isso e até sem isso é possível sobreviver, de-

pendendo do ramo, dando passos do tamanho das

pernas. Agora, se quiser aumentar essas pernas

(crescer), deve-se aumentar o tamanho dos pas-

sos. A publicidade tradicional é um importante fator

para se transformar empresas em fortes marcas.

Agrega amplos significados a uma marca, aguça

a curiosidade, leva as pessoas a procurarem algo,

cria uma ligação emocional entre empresa e cliente.

É o que faz a diferença entre os rótulos reconheci-

damente preferidos e suas cópias”.

Talvez não seja suficiente para que a Pharmácia

República chegue ao seu centenário, em 2013, ain-

da como o estabelecimento para o qual o prédio foi

construído, na segunda década do século passado;

ou talvez sim. As redes sociais têm apresentado po-

der de mobilização que há muito não se via, daí a

esperança de que essas “joias” da capital paraen-

se, que precisam do apoio de todos_seja do poder

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público ou da sociedade civil - venham a ser valo-

rizadas para serem preservadas. Pode até parecer

pouco, mas se o boca a boca garante vendas, por

que não preservação?

No eixo Rio de Janeiro-São Paulo, há lugares an-

tigos – quase seculares – que também sobrevivem

aos anos e à modernidade. A Revista Leal Moreira

mostra alguns deles para você.

Salão Phidias Os espelhos, de cristal belga, estão em perfeito

estado. As cadeiras são de fórmica boa, de quase

50 anos atrás. O piso é de pedra portuguesa e não

tem uma única rachadura.

Mas não são só as instalações da barbearia Phi-

dias, instalada em uma galeria da rua 24 de Maio,

que permanecem iguais há 45 anos. O serviço ofe-

recido também é à moda antiga.

Faz-se a barba seguida de sauna facial. As pias

ficam na bancada e permitem que o cliente faça o

tradicional mergulho para a frente, diferentemente

dos lavatórios modernos. Só a navalha foi aposen-

tada e deu lugar a lâminas descartáveis, conta Luís

Antonio da Silva, 54, dono do negócio.

O lugar já teve clientes ilustres, como o presidente

Jânio Quadros e os homens da família Safra. Hoje,

a maior parte da freguesia é formada por pessoas

mais velhas. “Há, inclusive, os que vêm de outras

cidades ou até do exterior, garante o proprietário.

O arquiteto que projetou o salão também é clien-

te habitual. Ele vem sempre aqui e fica olhando as

maravilhas do passado”, afirma Silva.

A Fidalga Os provadores da loja de sapatos “A Fidalga” têm

um elemento incomum: em volta dos bancos de

mogno com veludo azul (a mesma estampa floral

há 82 anos), uma proteção esconde a parte de bai-

xo do corpo de quem experimenta os calçados. A

herança na arquitetura conservada tem a ver com a

época em que a loja foi criada, em 1928. “As mulhe-

res não podiam mostrar as pernas. Os provadores

são fechados para que fiquem isolados”, conta Ma-

ria Christina Hernandez, proprietária. A loja, inspira-

da em um comércio de Milão, foi fundada por seu

pai, passou para seu irmão e hoje é tocada por ela

e a irmã, Thereza Christina.

Confeitaria Colombo | Rua Gonçalves Dias, 32 / Centro - Rio de Janeiro • (21) 2505.1500

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A sensação de volta no tempo começa pelo edi-

fício “Casa das Arcadas”_ onde fica a loja_ tomba-

do e recém-restaurado. O local também conserva o

pé-direito alto, os estoques aparentes e as cadeiras

de madeira maciça que os clientes querem até le-

var para casa. Só as vitrines (antes abertas à visão,

mesmo com a loja fechada) tiveram de ser adapta-

das aos tempos de insegurança. Hoje, são cobertas

à noite por portas de ferro.

O estilo dos sapatos de couro é clássico. “Uma

coisa fina, confortável e de qualidade. Como alguns

ainda são feitos à mão, é diferente de shopping, onde

se encontra mais modinha”, diz Maria Tereza, 33,

filha de Maria Christina e gerente da loja.

Thereza Christina conta que o lugar era frequen-

tado pela “nata”. “Era talvez a loja de sapatos mais

chique daquela época.” Hoje, há tanto clientes an-

tigos quanto advogados, juízas e passantes mais

jovens.

Confeitaria ColomboDe sua inauguração, em 1894, até os dias de

hoje, a Confeitaria Colombo conserva intacta sua ar-

quitetura e o modus operandi de seus produtos de pâtis-

serie. Retrato vivo da Belle Époque carioca e marco da

valorização da gastronomia na cidade, a Confeitaria

Colombo guarda, ainda hoje, muito do seu estilo Art

Nouveau do início do século. Seus famosos espelhos

belgas, suas molduras e vitrines em jacarandá, as

bancadas de mármore italiano, os lustres, o piso e o

belo mobiliário permanecem do mesmo jeito como

foram admirados por renomadas personalidades

que ajudaram não só a escrever a história do nosso

país, como a fazer da Colombo uma das grandes

atrações do Rio de Janeiro.

O cardápio inclui basicamente itens de fabricação

própria, como pão-de-ló, doce rivadávia, biscoitos

Leque, língua recheada e maravilha de camarão,

além de uma linha produtos exclusivos que inclui

louças, camisetas, aventais, café, pimenta e balas.

Para expor alguns desses produtos e exibir o acervo

de peças antigas, a casa conta também com o Es-

paço Memória, que funciona como uma mistura de

museu e show room no segundo piso.

Salão Phidias | Rua 24 de Maio, 77, ou Rua Barão de Itapetininga, 88 (galeria R. Monteiro), loja 8 A Fidalga | Rua Quintino Bocaiúva, 148, centro

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galeria

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Salve,JorgeTrês décadas de história e um horizonte cheio de possibilidades. Jorge Eiró revisita suas fases e fala da fi siologia da própria carreira

Uma hora de conversa com Jorge Eiró rende um

livro; ou um filme, quem sabe um disco; até uma

instalação artística. Talvez mesmo tudo isso jun-

to, tamanha a sua diversidade. Arquiteto por formação,

artista por instinto e professor graças aos caminhos da

vida, Jorge comemora trinta anos de carreira, tal qual

um quadro seu – uma mistura de toda sorte de referên-

cias, mas nem por isso inacessível.

A ausência de um curso de Artes Plásticas em 1979

fez com que optasse pela faculdade de Arquitetura. A

escolha aperfeiçoou seu traço, que já dava seus sinais

“antes mesmo de aprender a escrever”. Em 82, ano do

surgimento de um “salão de arte”, em caráter competi-

tivo, Eiró inicia de fato sua carreira artística. De uma ge-

ração efervescente de Belém, ele foi selecionado para o

primeiro salão junto com alguns contemporâneos. “Na-

quela época, era uma festa. Eu tinha 21 anos. A gente

madrugava pra aguardar o jornal que trazia o resulta-

do, os nomes que participariam. Isso marcou muito a

minha geração”, conta. O primeiro trabalho profissional,

que experimentava a sobreposição de quadrinhos e po-

esia, anunciou o que viria em seguida: o constante flerte

com a cultura pop e com a literatura, que o autor chama

de “narrativa visual”. “Isso tá na base do meu trabalho

– imagem visual e imagem literária. Os títulos sempre

são poéticos, extraídos alguma coisa do cinema ou dos

livros”.

O trabalho muito particular rendeu várias exposições

individuais e outras tantas participações em coletivas.

Por construir uma trajetória sólida em um mercado inci-

piente, não foi surpresa que universidades o convidas-

sem a ser professor de arte. Os afazeres da vida acadê-

mica em conjunto com o trabalho na Arquitetura fizeram

com que, por um período, Jorge não conseguisse se

dedicar às telas. “Durante certo tempo, me ressenti mui-

to, mas isso não me afastou. A produção ficou um pou-

co limitada, mas, quando voltou, veio com mais gás,

mais maturidade, mais refinamento, mais consciência”,

avalia. E complementa_ “a carreira acadêmica permitiu

o embasamento teórico, técnico e estético pra dar sus-

tentabilidade ao trabalho. Hoje, o professor e o artista

são indissociáveis”.

Como em um autorretrato modificável pelo tempo,

Eiró imprime seus momentos nas pinturas, o que refor-

ça não apenas um estilo biográfico como também um

reflexo dos diferentes tons da sua personalidade. Ora

seu trabalho será denso e pesado, ora será sutil e colori-

do. Hoje, será irônico; amanhã, poético – e nada menos

associável ao pintor. Talvez, por isso, a classificação das

obras em “fases” não obrigue o autor a encerrar sua

contribuição a cada uma delas, por respeito à cronolo-

gia. “Eu não sou muito de insistir numa fase. Eu rapida-

mente esgoto uma fase e já fico pensando em outra. Às

vezes, desenvolvo duas ou mais ao mesmo tempo, o

que não impede de revisitar em determinado momen-

to, a partir de uma ideia, um sonho ou insight”, explica.

Entrar em contato com a sua própria produção, acredita

ele, também é salutar. “A gente vai sempre se revisi-

tando. Nesse processo, a gente se estranha. Encontra

alguma coisa que você já fez, que estava no escaninho

da memória, e se surpreende: ‘nossa, isso é bom!’”.

A ideia de se observar constantemente fez com que

Camila Barbalho arquivo pessoal

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o artista mantivesse algumas obras perto de si. Uma de-

las é o quadro “Sala do Egoísta”, que guarda suas costas

quando ele senta à mesa de seu ateliê. Segundo ele, a

pintura lhe cativa até hoje. “Ele chama minha atenção pra

coisas muito próprias da minha estética, da minha mão...

Eu ainda sinto o vigor de estar pintando esse quadro, e

isso sempre te dá força. Às vezes, você tá insatisfeito por

pintar uma coisa que você acha boba, aí vê um trabalho

desses e isso dá gás”. E se a proximidade com seu pró-

prio trabalho aguça o processo criativo, o mesmo ocorre

com outras cenas com as quais Jorge se depara e resolve

guardar para fazer uso delas. “Eu sou um acumulador de

imagens. Tenho pastas e pastas de imagens que eu vou

recortando de algum lugar e vou arquivando. De vez em

quando, eu recorro a essas imagens e elas acabam dia-

logando com outras coisas inusitadas”, revela. “Isso tam-

bém é muito característico do meu processo criativo. Essa

colagem pós-moderna de fragmentos do mundo contem-

porâneo eu vou associando ao meu modo, criando minha

narrativa”.

A criatividade emotiva, a linguagem pessoal e a inspira-

ção fazem com que Eiró não imponha regras de produti-

vidade que possam limitar o livre desenrolar do seu traba-

lho. “Um exemplo disso é que tem dias em que um santo

baixa de madrugada e eu recorro a um bloco de papel ao

lado da cama, rabisco alguma coisa no escuro mesmo, aí

de manhã tento recuperar”, conta. Do mesmo modo que

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um insight não tem momento certo para acontecer, tam-

bém é natural que a escolha de uma hora para produzir se

torne, na prática, improdutiva. A arte determina seu pró-

prio tempo. “Artista não tem cartão de ponto”, sentencia.

“Às vezes, você vem com a maior disposição pra trabalhar

e o quadro empaca. Você o deixa encostado, inacabado,

e um belo dia você vê que a solução estava ali há muito

tempo, só você não tinha sacado”. O pintor se vale de

uma canção popular para tentar explicar esse processo:

“’eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que

eu não sei o nome, cores de Almodóvar, de Frida Khalo’. É

exatamente dessa maneira que eu vou construindo minha

visão do mundo, tendo ideias. Pela observação”.

A música, aliás, é companheira constante de Jorge Eiró,

no ateliê e na vida. “A boa música cerca o trabalho o tem-

po todo. Escolho o que eu vou ouvir pensando no que eu

quero pintar”, diz ele, enquanto, do computador ligado,

soa um standard do jazz. “A música é uma grande parcei-

ra. Acho até que como artista, o meu maior defeito é não

saber tocar um instrumento. Por outro lado, se eu tivesse

aprendido a tocar guitarra, acho que hoje eu estava mor-

to”, brinca.

Porém, das artes que dialogam com o seu trabalho,

nenhuma é mais presente que a literatura. Leitor voraz,

Eiró já publicou livro de poemas, outro de ensaios so-

bre a arte contemporânea paraense, e participou, ainda,

de um grupo poético-literário na juventude, batizado de

Fundo de Gaveta. “Nós éramos um grupo de estudantes

que estava com vontade de escrever, naquela idade em

que todo mundo é poeta”, diverte-se. “Era um momento

mambembe, meio hippie. Todo mundo ia ver o lançamento

do livro de um, a exposição de outro, o show do fulano... »»»

É característica do meu processo criativo essa colagem pós-moderna de fragmentos do mun-do contemporâneo, que eu vou associando ao

meu modo.

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Leia mais

Acompanhamos um dia de trabalho de Jorge Eiró, entre suas obras e músicas do Buena Vista Social Club. Acesse o QR code e assista o vídeo!

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Todo mundo se prestigiava. Não existiam redes sociais,

ninguém tinha carro, e parece que a coisa era muito mais

articulada que hoje”, relembra. A paixão pelas letras não

ficou guardada no passado. Hoje, o texto está presente

sobretudo nos títulos das pinturas – que complementam

o sentido delas – além de sutis inserções de palavras nos

quadros.

Dividir-se entre as funções de arquiteto, artista e profes-

sor, na verdade, multiplicou as possibilidades para Jorge.

E nem isso o impediu de buscar uma unidade em todos

esses aspectos. A procura desse elemento-chave é tão

viva nele que a questão está servindo de base para a sua

tese de doutorado. Quando questionado sobre a maneira

como as profissões se influenciam, ele precisa parar e re-

fletir por um momento. Em seguida, pontua: “certamente

é uma perspectiva estética. Eles (os profissionais) se arti-

culam pela cor, que costura essas funções. E pela forma,

o design das coisas e a maneira como eu as enxergo”.

Eiró não demonstra receio de que a virtualização do

mundo e a consequente pressa no consumo de bens ar-

tísticos estreitem um mercado de contornos pouco defini-

dos no Brasil. Para ele, isso se relaciona com o lado feti-

chista da condição humana. “Existe o desejo de possuir.

Tem aquelas coisas que você quer apreciar, apalpar, ter

uma relação concreta com aquilo. A arte tem muito a ver

com esse colecionismo paradoxal ao nosso tempo”. Qual

seria, portanto, a dificuldade de se viver a experiência de

artífice como única fonte de renda? Jorge explica: “o que

você trabalha fora do ateliê para fazer uma exposição é

uma verdadeira engenharia”. »»»

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Recém-chegado de uma exposição no Rio de Janeiro, o

artista diz que o trabalho de produzir as obras e ser agente

de si mesmo acaba compensando. “Expor fora abre no-

vos horizontes, dá uma vontade enorme de voltar ao ateliê

e dar sequência ao trabalho. Agora mesmo eu estou voltei

cheio de ideias, de esboços pra trabalhar”, empolga-se. E

reforça: a graça de produzir é o próprio processo. “É ir em

frente, pintando. E qualquer coisa que aconteça daqui pra

frente vai ser consequência do que você criar”.

Ao pensar sobre seus 30 anos de produção e projetar

esse tempo ao futuro, Jorge Eiró não vislumbra nada além

do que escolheu fazer três décadas atrás: “continuar pro-

duzindo sempre, porque é uma coisa fisiológica”, afirma,

e cita um de seus maiores ídolos como referência. “Per-

guntaram ao (Bob) Dylan sobre o que ele pretendia fazer,

lá no início da sua carreira. Ele respondeu: ‘Eu só quero

poder pintar um quadro das coisas que se passam por

aqui de vez em quando’. Essa é a minha sentença”. Com

a lucidez que lhe é peculiar, o artista resume o que o nor-

teia desde sempre, e que permanecerá como determina-

ção basilar da sua obra. “A pretensão é fazer seu trabalho.

Tudo em decorrência disso, aqui, ali ou em qualquer lugar.

O compromisso consigo mesmo é o que importa”.

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especial

Os brinquedos de miriti enchem Belém de um colorido caracterís-tico no período do Círio.

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Conta-se que, um dia, um pescador

perdeu a canoa na beira do rio e,

precisando a qualquer custo reen-

contrar o meio de trabalho e sustento, fez

uma promessa a Nossa Senhora de Nazaré.

A graça foi alcançada e o pescador cons-

truiu um lindo e colorido barco de miriti. Para

agradecer o milagre, carregou a miniatura

na cabeça por todo percurso do Círio de Na-

zaré, no segundo domingo de outubro em

Belém.

O pagador de promessas de Abaetetuba,

município conhecido como “Capital mundial

do brinquedo de miriti”, localizado a 70 qui-

lômetros de Belém, pode ter sido o início da

tradição. Hoje, cobras, tatus, pássaros e bar-

cos de miriti estão entre os principais sím-

bolos da maior procissão religiosa do Bra-

sil, que entrelaça lúdico, identidade cultural,

imaginário amazônico e manifestação de fé.

A Associação dos Artesãos de Brinque-

dos de Miriti de Abaetetuba (Asamab) esti-

ma que, às vésperas do Círio, cerca de 80

mil brinquedos de miriti cheguem às feiras e

praças de Belém para serem vendidos em

girândolas durante as romarias dos quinze

dias da festividade.

Mas até colorir a procissão, o miriti mo-

vimenta uma ampla cadeia de produção,

envolvendo desde as famílias ribeirinhas,

que coletam a matéria-prima; as famílias de

artesãos de Abaetetuba, que beneficiam e

vendem os produtos; até empresários que

comercializam o artesanato paraense para

outros estados brasileiros.

De Abaetetuba para o mundoNo início, a atividade era ligada apenas

ao Círio de Nazaré. Os artesãos produziam

brinquedos somente para atender à deman-

da do mês de outubro em Belém. Mas, na

última década, com apoio de órgãos como

o SEBRAE e a Fundação Curro Velho, do Go-

verno do Estado, houve a profissionalização

da cadeia produtiva e o artesanato de miriti

se tornou o meio de vida de muitas famílias

durante o ano inteiro.

É o que afirma Desidério dos Santos Neto,

de 50 anos, que até 2011 foi presidente da

Asamab. Em um grupo de 146 associados,

os artesãos organizam o escoamento da

produção, o manejo da palmeira e o for-

talecimento da atividade com a realização

de eventos, como o MiritiFest, em maio, e

a participação em feiras. Nesses últimos

anos, os brinquedos de miriti viajaram todos

os estados brasileiros e outros países como

Japão, França, Alemanha e Portugal. “São

cerca de doze feiras por ano, quase uma por

mês”, afirma Desidério.

Arte em famíliaDesde que nasceu, Desiderio vive da lida

do miriti. Para muitas crianças de Abaetetu-

Osbrinquedos

dafloresta

Su Carvalho

Os artigos de miriti entrelaçam universo lúdico, imaginário amazônico, iden-tidade cultural e manifestação de fé, além de fomentar uma economia que sustenta centenas de famílias.

»»»

Dudu Maroja

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Também durante o Círio, os brinquedos de miriti são elos entre as famílias. “Se a criança se interessa, os pais vão presenteá-las”, diz o escritor João de Jesus Paes Loureiro, que acaba de escrever um livro sobre essas peças delicadas.

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ba, na infância é só mais uma brincadeira.

Quando adulto, fonte de renda para a família.

“Bastava cair um chuvinha, pra gente talhar

um barco e soltar nas poças de água”, re-

lembra. Ele aprendeu a técnica com os pais

e avós, como muitos dos artesãos da cida-

de, que reúnem esposas, primos, cunhados

e irmãos nos ateliês.

Enquanto o artesão Manoel Benedito_ o

Seu Sita_ de 49 anos, lixa os barcos de mi-

riti, já contabilizados para o Círio deste ano,

o pequeno Lucas, seu sobrinho de cinco

anos, constrói o próprio brinquedo sentado

no chão. “Eu aprendi assim, vendo a família

fazer e brincando”, afirma seu Sita, apontan-

do para o menino. “Quando eu tinha quatro

anos, o meu pai construiu uma canoa de

miriti que cabia eu e meu irmão dentro”, re-

memora. Ela planeja levar pelo menos mil

peças para Belém no próximo mês de outu-

bro e, para isso, conta com a ajuda de dois

sobrinhos e da cunhada.

Segundo o escritor João de Jesus Paes

Loureiro, o artesanato do miriti cria um des-

tino comum à família de Abaetetuba: “no

sentido de fortalecer o liame familiar, garan-

tir atividade lúdica aos filhos fora do horário

das aulas e dar exemplo de prática de traba-

lho”, explica Paes Loureiro, que nasceu em

Abaeté, como a cidade é carinhosamente

chamada. “O Círio também é uma romaria

da família, o que favorece o interesse pelo

brinquedo entre as crianças e dos pais para

presenteá-las”, completa.

Paes Loureiro lançou este ano o livro “Da

Cor do Norte: brinquedos de miriti” [Ed. Lu-

miar]. A publicação retrata, ao mesmo tem-

po, a experiência pessoal do autor, que teve

a infância marcada pelo colorido do miriti, e

a cadeia de produção do artesanato, apre-

sentando a atividade como uma manifesta-

ção artística coletiva.

Artigo de “e-commerce”Com as oficinas de capacitação e design,

os artigos também foram diversificados.

Além dos tradicionais modelos de brinque-

dos, criaram-se também quadros, móbiles,

flores, presépios, carros, embalagens e pe-

ças de decoração.

“Sou apaixonada por miriti. Para decora-

ção, então, é algo muito versátil”, afirma a

empresária Joanna Martins, que abriu uma

loja virtual de artigos tipicamente paraenses,

a Amazônia Empório, para atender o merca-

do de outros estados.

Depois do tucupi, tradicional caldo extraí-

do da mandioca, e da polpa de açaí, que já »»»

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ganhou o Brasil, os produtos mais vendidos

pela internet são a perfumaria artesanal e os

brinquedos de miriti. Joanna oferece trinta

itens do artesanato de Abaetetuba e as em-

balagens são as mais procuradas. “Eu vejo

o encantamento que as pessoas têm com

esses produtos. São muito originais e tem o

apelo da sustentabilidade”, conta a empre-

sária. A maioria dos clientes da loja virtual

está em São Paulo, no Rio de Janeiro e em

Minas Gerais.

Economia e sustentabilidadeO miritizeiro é uma alta palmeira típica de

áreas de várzeas da Amazônia, muito recor-

rente nas 62 ilhas do entorno do município

de Abaetetuba. Dele, tudo é aproveitado. O

fruto, também conhecido como buriti, é in-

grediente de várias receitas da região, en-

tre sucos e licores. A palma vira boa palha

usada para cobrir telhados. A madeira serve

de sustentação para casas de pescadores.

E a fibra, matéria-prima dos brinquedos, é

usada também para tecer cestos, paneiros

e matapis.

Leve como um “isopor natural”, a fibra do

miriti recebe talho com facilidade, o que per-

mite infinitas possibilidades de fabricação de

brinquedos e outros objetos. Mas, para isso,

passa por um longo processo. Na coleta, o

ribeirinho corta uma “braça” do miriti - haste

da palma - que pode medir até quatro me-

tros. Como o material é muito úmido, preci-

sa secar entre 15 e 30 dias. Chega já prepa-

rado às mãos do artesão, para ser cortado,

lixado e pintado. Com a finalidade de dimi-

nuir as sobras, a Asamab já dispõe do ma-

quinário para começar a produzir papel dos

restos de fibra que se acumulam nos ateliês.

Será mais um incremento para a economia

da cidade, onde vários homens e mulheres

preferem largar o comércio, principal ativi-

dade do núcleo urbano, para viver somente

de artesanato; como o caso do artesão José

Maria Araújo, de 58 anos. Os brinquedos de

miriti e outros artigos podem custar entre R$

1,50 a R$ 400, dependendo do tamanho e

complexidade da peça, que muitas vezes é

encomendada. “Quase todo dia sou procu-

rado para vender algum brinquedo de miriti

ou por alguém que quer encomendar”, afir-

ma Araújo. »»»

Além dos brinquedos, a fibra também é usada para tecer cestos, paneiros e matapis, muito utilizados

no cotidiano das famílias ribeirinhas.

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Para cuidar da tradiçãoUma das preocupações dos artesãos de

Abaetetuba é que a tradição do artesanato

de miriti permaneça no cotidiano das próxi-

mas gerações. Mesmo que muitos apren-

dam a técnica dentro de casa, no seio fami-

liar, são poucos os que escolhem a atividade

como profissão. “Muitos jovens preferem

fazer faculdade e ter outro tipo de trabalho”

afirma Valdeli Alves, 42 anos, um dos funda-

dores da Associação Arte Miriti de Abaetetu-

ba, a MIRITONG.

A Associação foi criada em 2005 para pro-

mover oficinas e cursos que incentivem jo-

vens e adolescentes a se tornarem artesãos

profissionais de miriti. Para que seja sempre

uma alternativa de trabalho e renda, as ati-

vidades percorrem toda a região das ilhas

e centenas de pessoas já participaram das

capacitações.

A história de Valdeli é um exemplo de re-

descoberta do artesanato. Ele já brincava

com o miriti quando criança, mas antes de

se tornar um artesão, foi padeiro, ajudan-

te de pedreiro e pintor. Desempregado, ele

encontrou no miriti a solução. “Fiz algumas

peças com a minha esposa e vendemos

tudo no Círio de Nossa Senhora da Concei-

ção, aqui em Abaetetuba”, conta. Produziu

mais para vender no Círio de Nazaré, em

Belém, e deu certo. Conheceu outros arte-

sãos, participou de várias capacitações e

decidiu seguir o caminho do artesanato para

sustentar a família. “Pensei comigo: ‘nunca

mais vou fazer outra coisa”, afirma Valdeli.

Hoje, ele também ministra oficinas para ado-

lescentes. É uma das formas de garantir que

o colorido das girândolas de miriti persevere

ainda por muitos e muitos círios de Nazaré.

Artesãos de Abaetetuba buscam a profi ssionalização como forma de manter a tradição no seio familiar

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especial

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TalentoforexportEles são brasileiros, talentosos, com traços únicos e disputados no uni-verso das histórias em quadrinho. Conheça esse seleto time de dese-nhistas que conquistaram os Estados Unidos.

Um grupo de profissionais deseja se

infiltrar em um cobiçado mercado

internacional de negócios, que ain-

da mantém certas restrições para aceitar

estrangeiros. O caminho até lá é acidentado

e recheado de percalços, tais como a difi-

culdade de comunicação, por exemplo, já

que as tratativas acontecem no idioma na-

tivo, quase desconhecido para a maioria do

grupo. A estratégia para a invasão é a de se

misturar com os locais, utilizando codinomes

híbridos (que dificultem o reconhecimento

como forasteiros), além de demonstrar co-

nhecimento sobre a cultura local – ou melhor,

a estrangeira. Uma vez dentro, a missão é

mostrar o talento para que a resistência aca-

be e a porta permaneça aberta para novas

gerações.

Metáforas e analogias à parte, para des-

bravar o mercado americano,o caminho

dos desenhistas brasileiros de histórias em

quadrinhos (HQs) de ação e aventura tem

nuances do heroísmo que eles próprios pas-

saram a colocar nas páginas de empresas

como Marvel e DC. Hoje, embora brasilei-

ros façam parte da nata do mercado, ainda

sonham com o crescimento desse nicho de

mercado no Brasil.

As portas do mercado americano,por

exemplo, foram abertas para o mineiro Mar-

celo Campos, hoje radicado em São Pau-

lo, que, na infância, estava longe de saber

a importância e influência que teria quando

começou a desenhar HQs em casa, sem

qualquer pretensão profissional. O hobby, po-

rém, começou a mudar de status depois que

seu irmão (como co-roteirista) enviou uma

história que haviam feito juntos, no estilo do

quadrinho “Heavy Metal”, para um concur-

so de talentos da extinta editora Maciota, em

1984. A partir dali, Marcelo começou a ter

trabalhos publicados e viu seu hobby render

uns trocados. Junto a isso, Marcelo come-

çou a conhecer profissionais do ramo. Re-

cebeu convites para desenhar personagens

variados: dos clássicos a personalidades da

TV, como Xuxa, Sérgio Mallandro e Faustão.

Quando se deu conta, Marcelo já era um

desenhista profissional com portas abertas

no cenário nacional de quadrinhos. Foi quan-

do topou o desafio de desenhar para empre-

sas americanas, mesmo ciente de que seria

um “tiro no escuro”, já que não conhecia o

funcionamento do mercado - e a recíproca

era verdadeira. “Tinha de provar que era

bom profissional: ter boa qualidade e entre-

gar no prazo. Além disso, os artistas ame-

ricanos, muitos deles, não gostaram nem

um pouco da ‘invasão brasileira’”, diz. Para-

lelamente, Marcelo tinha que lidar com um

panorama diametralmente oposto no Brasil:

apesar de garantir que não via, naquela épo-

ca, nada como uma barreira, incomodava o

fato de ser acusado de ‘traidor do quadrinho

Alan Bordallo arquivo pessoal

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nacional’. “Os caras me chamavam de ‘ven-

dido’ e tudo mais. Mas estava muito ocupa-

do, trabalhando, para pensar em barreiras”,

diz, mostrando que o prestígio veio no esteio

do talento. De Xuxa e Faustão, passou a de-

senhar e a arte-finalizar a Liga da Justiça, da

DC Comics, entre outros tantos super-herois.

Pouco tempo depois, outro brasileiro pen-

sou em se aventurar no mercado estrangei-

ro. Filho do criador da primeira revista em

quadrinhos do Nordeste (“As Aventuras do

Flama”, inspirada em programas radiofôni-

cos), Deodato Taumaturgo Borges Filho teve,

como primeiro herói, o próprio pai, de quem

herdou o nome. Tendo um pai colecionador

de quadrinhos, a paixão foi quase uma he-

rança genética. Assim que ‘seu’ Deodato viu

no filho o tino para o desenho, incentivou a

paixão de todas as formas: ensinou técni-

cas, patrocinou as primeiras criações e até

apoiou a delicada decisão do filho de largar

a faculdade de Jornalismo para se dedicar

aos quadrinhos.

Porém, nem todo o apoio amenizou as di-

ficuldades que Deodato encontrou quando

decidiu tentar viver dos quadrinhos. “Quando

resolvi viver disso, é que percebi como era

difícil. Na verdade, achei impossível: paga-

vam pouco, quase nada. Com muito suor,

consegui publicar na Alemanha e Portugal,

mas, no mercado americano,era difícil por

não falar inglês”, lembra. À medida que suas

publicações ganhavam notoriedade, cres-

cia a expectativa de Deodato por um con-

vite dos Estados Unidos. E ele veio em for-

ma de teste. “Deram-me uma revista de 30

páginas, para eu entregar tudo em 30 dias:

o desenho e a arte-final”, diz. Mesmo traba-

lhando em dois empregos - entre os quais

como diagramador de jornal - o paraibano

entregou o produto: ‘Santa Claws’. No Brasil,

ficou conhecido como Noite Mortal, da edi-

tora Malibu.

Trabalhar em casa sem ter chefe (aparen-

temente) era o sonho de Deodato, que dali

em diante passou a ser conhecido como

Mike Deodato, por sugestão de agentes,

para facilitar a aceitação do público ameri-

cano - em alguns trabalhos, ele assina como

Mike Deodato Jr, como forma de homena-

gear o pai. “Nunca fui tão feliz como fui na-

quela época. A primeira oportunidade que

tive para largar o trabalho e viver dos quadri-

nhos, eu agarrei. Aquele comecinho foi ines-

quecível”, recorda. Assim como havia feito

no Brasil, Mike foi galgando degraus: da Ma-

libu, editora de pequeno porte, foi subindo e

ganhando prestígio. Quando ficou sabendo »»»

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que Marcelo Campos estava fazendo a Liga

da Justiça, pediu para seu agente conseguir

um trabalho com a DC Comics. “Soube que o

desenhista da ‘Mulher Maravilha’ havia saído.

Era uma personagem que eu nunca admirei e

estava vendendo mal. Como ninguém queria,

eu peguei. Fiz duas amostras coloridas, com

aerógrafo e balões. Quando o editor viu, me

contratou na hora. Multiplicamos as venda-

gens e, em um ano, tinha briga pela Mulher

Maravilha”, explica Deodato, que revitalizou a

franquia ao promover mais ação nos quadri-

nhos da heroína. “Fiz flashpages, páginas com

uma cena só, de ação. Via a Mulher Maravi-

lha como algo clássico, parado, sem graça.

Mostrei o oposto disso: qualquer briguinha eu

transformava em uma carnificina. Além de

transformá-la em uma mulher poderosa, sexy”.

Novos caminhos à frenteCom Marcelo Campos e Mike Deodato co-

lhendo o reconhecimento pelo trabalho, uma

nova geração de desenhistas aproveitou o

‘vácuo’ para tentar se lançar no mesmo mer-

cado. Dessa “nova safra”, faz parte o minei-

ro Vilmar Conrado, ou Will Conrad, como foi

rebatizado quando teve seu primeiro trabalho

aprovado por uma editora americana. Mas a

nova alcunha poderia nunca ter acontecido.

Era fim da década de 90, a internet ainda

engatinhava - era discada e, para mandar

trabalhos para o exterior, muitos desenhistas

esperavam dar meia-noite para pagar o pulso

único telefônico - e a divulgação da produção

era difícil de ser feita, o que tornava difícil a en-

trada no mercado. Para tentar abrir o leque de

opções, Will (ainda Vilmar) conseguiu uma en-

trevista com uma agência de artistas em São

Paulo. Com a passagem de ônibus compra-

da, foi à rodoviária, acompanhado pela noiva

e por uma chuva torrencial. Acomodou as ba-

gagens e voltou ao saguão de embarque para

se despedir. Quando retornou ao ônibus, en-

controu uma moça no seu assento - que ficava

próximo ao do motorista. A garota pediu para

ficar porque não tinha conseguido garantir um

assento ao lado do namorado, que viajaria

junto a Vilmar. Ele gentilmente aceitou a troca.

“Quando cheguei ao lugar dela, vi que tinha

uma goteira. Meu plano era descansar duran-

te a viagem e chegar bem para a entrevista”,

disse ele, que manteve o portfólio sempre de-

baixo do braço.

A goteira que perturbava ajudou: quando es-

tava para pegar no sono, Vilmar sentiu uma »»»

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Cristiano Seixas

Mike Deodato Jr.

Will Conrad

Marcelo Campos

Arte de Will Conrad

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gota e despertou, para em ato contínuo, olhar

pela janela e perceber que uma carreta gi-

gantesca vinha na direção do ônibus. O de-

senhista se protegeu como pode na hora do

impacto. “Me machuquei pouco porque es-

tava acordado. A menina com quem troquei

de lugar se machucou muito, ficou presa às

ferragens. O motorista morreu”, lembra, sem

esconder a tristeza ao rememorar a cena sur-

real. Na chuva, com o braço sangrando e o

portfólio ainda à mão, Vilmar saiu do ônibus

e juntou-se às outras pessoas que tentavam

prestar primeiros socorros às vítimas, antes

da chegada das ambulâncias. Uma dessas

pessoas era um caminhoneiro. O artista viu

que a placa era de São Paulo e pediu caro-

na. Mesmo cinco horas atrasado, Vilmar con-

seguiu a entrevista e o objetivo final: divulgar

material para o exterior.

Na época, ele era desenhista, e até atingir o

patamar que está hoje - um dos principais no

time da Marvel - Will não dispensou trabalho

em outras funções: atuou como ilustrador e

arte-finalista, o que lhe permitiu ter maior do-

mínio sobre o produto final.

Vários outros artistas do ramo, para traba-

lhar em alto nível, prezam pela versatilidade.

Desde que decidiu que viveria dos quadri-

nhos (independente de como fosse), Cristiano

Seixas (hoje diretor de criação de quadrinhos

e animações na Big Jack Studios e Casa dos

Quadrinhos) atuou em várias frentes. Desde

1988 publicando quadrinhos independentes,

nutria a vontade de trabalhar internacional-

mente. Em uma viagem a Orlando, em 97,

conheceu os profissionais da área e o funcio-

namento do negócio. Em 98, foi a Chicago e

conheceu artistas que já haviam trabalhado

com brasileiros. No ano seguinte, começou a

fazer a ponte entre os artistas nacionais e as

editoras estrangeiras.

Cristiano considera que, hoje em dia, um

grande facilitador do mercado é a internet.

Por outro lado, alerta que o fato de artistas

brasileiros conhecerem o trabalho e os traços

de americanos não pode fazê-los confundir o

conceito de inspiração. “Todo artista começa

imitando o traço de um quadrinho que mar-

cou quando criança. Essa fórmula pode ser

repetitiva. O seu traço tem que ser original, e

tem que vir da sua observação de vida. Esse

é o diferencial. Se você sempre copiou, seu

trabalho nunca vai ter sua cara”, conclui.

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Que tal uma central de mídia para todos os sistemas da casa?

Quer controlar a casa à distância? Tela de projeção ou monitor?

E um sistema de áudio/vídeo multicanal para tornar o

videogame mais irado?

Essas são algumas das perguntas que fazemos para oferecer

soluções inteligentes, de automação e de entretenimento, em

plantas bem detalhadas. São elas que permitem fazer de um

projeto, um sonho realizado. Ah, por falar em sonho realizado,

quando o seu projeto é aprovado, nossa engenharia sempre

acompanha a execução.

Venha conversar conosco. Você também vai gostar das

nossas respostas.

Perguntas bem feitassão mais dametade da resposta. Especialmente em automação ehome theater.

Programa de relacionamento para especifi cadores:www.homexperience.com.br

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85 anos depois de seu primeiro lançamento, Metropolis, do austríaco Fritz Lang, volta restaurado e com 30 minutos a mais de metragem. À época, em 1927, o longa foi considerado a mais cara produção até então filmada na Europa e segundo especialistas, um dos grandes expoentes do expressionismo alemão, como também uma obra-prima à frente de seu tempo; e ainda bastante atual. Em 2008, foram reencontrados, na Argentina, 30 minutos de metragem desse clássico, que foram restaurados e acrescentados à versão conhecida. O filme chega em DVD e Blu-Ray. A distribuidora Kino, responsável pelo Blu-ray estendendido, fechou um acordo para relançar “Giorgio Moroder presentes Metropolis”, uma versão do filme que foi edi-tada em 1984, com uma trilha sonora roqueira de peso (Freddie Mercury, Bonnie Tyler, Pat Benatar) para acompanhar o clássico da ficção científica.

Em Skyfall, a lealdade de Bond a M é testada quando o seu passado volta a atormentá-lo. Com a M16 sendo atacada, o 007 precisa rastrear e destruir a ameaça, não importando o quão pessoal será o custo disso. Veja o trailer do filme acessando (com seu celular) o QR code acima.

horas vagas • cinema

Canal Brasileiro no Youtube

O HOBBIT - UMA JORNADA INESPERADA

METROPOLIS

007 – OPERAÇÃO SKYFALL

Tropicália – o documentário

DVD

DIC

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INTE

RNET

DESTAQUE

CLÁ

SSIC

OS

O coletivo “Depredando o orelhão” montou um canal no Youtube com filmes brasileiros. Agora, os inter-nautas e fãs do cinema nacional podem assistir – online – a clássicos de todos os tempos!Acesse pelo endereço http://bit.ly/NdWJ8w ou pelo QR code ao lado.

Bilbo Bolseiro, personagem-título, enfrenta uma jornada épica. O objeti-vo: retomar o Reino de Erebor, há muito sob o domínio do dragão Smaug. Incentivado por Gandalf, o mago, e liderado pelo lendário guerreiro Thorin Escudo-de-Carvalho, Bilbo e outros treze anões enfrentam uma verdadeira aventura para retomar sua terra (Erebor). E é no decorrer dessa empreitada que Bilbo encontra a criatura que vai mudar sua vida para sempre – Gollum. A sós com Gollum, o despretensioso Bilbo Bolseiro toma posse do “precio-so” anel de Gollum – um anel de ouro que carrega consigo um pesado fardo; de definir o destino de toda a Terra-Média. O filme deve estrear no Brasil em 14/12. Irresistível.

Dirigido por Marcelo Machado, um dos maiores movimentos artísticos do Brasil ganha vida nesse documentário. A época, marcada por dura repres-são de expressão, liberdade e valores, foi o cenário para que Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Arnaldo Baptista, Rita Lee, Tom Zé, entre outros, abalassem as estruturas da sociedade brasileira, influenciando várias gerações. Com depoimentos reveladores, raras imagens de arquivo e embalado pelas mais belas canções do período, “Tropicália” nos dá um panorama definitivo de um dos mais fas-cinantes movimentos culturais do Brasil.

www.revistalealmoreira.com.br

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www.ticketsforfun.com.brCom um leitor QR corde (instale em seu celular), acesse o código abaixo e ouça uma seleção de músicas da diva pop.

horas vagas • música

iCompositions

PLANETA TERRA - 2012

Madonna no Brasil

Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones- (Deluxe Edition)

VÍDEO

DIC

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CONFIRA

CLÁSSICO

Um portal inteiramente dedicado aos compositores e músicos em começo de carreira (os aspirantes). Vale muito a pena.www.icompositions.com

São Paulo receberá, em outubro, a 6ª edição do Planeta Terra Festival 2012.Aclamado como um dos principais eventos musicais do País, o evento acontecerá em um novo espaço, no Jockey Club em São Paulo, no dia 20 de outubro. As portas do Jockey serão abertas para o público este ano às 11h ,com início dos show às 13h. São 80 mil metros quadrados que abrigarão dois palcos: o Sonora Main Stage e o Claro Indie Stage, além de áreas de lazer, praça de alimentação e bares, para um público esti-mado de 35 mil pessoas que irá curtir as mais de 10 horas de som. As bandas confirmadas até agora: Kings of Leon, Garbage, Gossip, Azealia Banks, Best Coast, The Maccabees.Mais informações:www.livepass.com.br/planeta-terra-festival-2012

A eterna diva do pop volta ao Brasil para promover sua nova turnê. Madonna vai passar pelo Brasil em dezembro, nos dias 2, 4, 5 e 9. Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre receberão os shows. A procura foi tanta que a produção agendou uma apresentação extra (05/12) em São Paulo. A 9ª turnê da carrei-ra de Madonna começou no mês de maio, em Tel Aviv, e já rodou Abu Dabi, Istambul, Zagreb, Barcelona, Londres, Berlim, Amsterdã, Moscou, Paris e Oslo. Serão 90 shows até o fim da temporada de “MDNA”. Mais informações sobre as apresentações de Madonna no Brasil:

O filme do lendário concerto “Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones” foi totalmente restaurado e re-masterizado a partir do filme e de matrizes de áudio originais. O lançamento – em caixas de DVDs nu-meradas e limitadas – chega agora ao Blu-Ray. Fil-mado no Texas, em 1972, durante quatro noites da turnê “Exile On Main Street”, “Ladies & Gentlemen” estreou no Ziegfeld Theatre, Nova York, em 15 de abril de 1974 e foi lançado em apenas alguns cine-mas selecionados dos Estados Unidos, logo depois. Foi içado à condição de o “mais poderoso filme de rock” já feito e é considerado, por muitos fãs, a me-lhor performance dos Rolling Stones em vídeo.

www.revistalealmoreira.com.br

Kiss remasterizadoQuando o álbum Destroyer foi lançado em 1976, o Kiss explodiu no mundo. A popularidade, alavancada por clássicos como “Detroit Rock City”, “Shout it out loud” e “Flaming Youth”, chegou ao Japão e ficou por semanas no topo das mais pedidas. Foi Destroyer que levou o Kiss em turnê à Europa. A bela notícia é que o Kiss vai relançá-lo em uma edição super especial - “Destroyer: Resurrected” chega até o final de setembro nas lojas. E não para aí: áudio remixado e remasterizado; músicas raras e inéditas e (segure o coração) a arte que deveria ter sido usada no disco original. CD duplo. Em 16 de outubro, a banda lançará “Monster”, o vigésimo álbum de sua carreira. Em novembro, o Kiss desembarca na América do Sul e o Brasil deverá ser o primeiro país a ser visitado. Prepare sua máscara (ou maquiagem).

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horas vagas • literatura

CORAÇÕES SUJOS

AMY – por Mitch Winehouse

300 DISCOS IMPORTANTES DA MÚSICA BRASILEIRA

CINQUENTA TONS MAIS ESCUROS &CINQUENTA TONS DE LIBERDADE

MAIS BELAS HISTÓRIAS DAANTIGUIDADE CLÁSSICA

A colônia japonesa em São Paulo viveu momentos de terror com o final da Segunda Guerra Mundial. O orgulho oriental criou a seita Shindô Remmei - formada por japoneses que não acredi-tavam na derrota e rendição de seu país. Muitos orientais foram mortos e perseguidos por aceitar a realidade. A pesquisa do autor Fernando Morais sobre o tema enfrentou muita resistência diante do tabu da derrota. Memórias dolorosas que chegam à terceira edição (e às telas do cinema). Imperdível. Editora Companhia das Letras.

Amy Winehouse morreu prematuramente aos 27 anos. Considerada por críti-cos uma das maiores divas da soul music de seu tempo, a inglesa deixou uma legião de saudosos. Nesse emocionante relato, narrado pelo pai da cantora, Mitch Winehouse narra a vida da própria filha, a cantora cujo talento conquis-tou milhões de fãs no mundo todo em pouquíssimo tempo. Desde a infância, Amy Winehouse se destacou por sua personalidade espirituosa, brincalhona e espontânea. De maneira sincera e comovente, Mitch conta como Amy se tornou uma grande estrela, assim como sucumbiu ao vício das drogas e morreu tragicamente em 2011.

‘300 Discos Importantes da Música Brasileira’ é resultado de uma pesquisa, da necessidade de resgatar e preservar a me-mória da música brasileira. Os autores (Charles Gavin, Carlos Calado, Tarik de Souza e Arthur Dapieve) se debruçaram sobre textos, sobre capas de 300 títulos escolhidos e fotos. Traz ainda, como bônus, dois CDs encartados de álbuns históricos de Moreira da Silva e Elza Soares. Editora Cabeça Dinossauro.

Os segundo e terceiro livros da trilogia “Cinquenta tons” ainda estão chegando ao Brasil, mas já há uma longa lista de pré-ven-da dedicada à publicação que revolucionou o mercado editorial americano. A história gira em torno de um relacionamento - do encantamento à obsessão, uma mulher experimenta sentimentos extremos quando conhece um homem atraente, brilhante e pro-fundamente dominador. Editora Vintage.

Neste box especial, o autor Gustav Schwab reuniu, em três belos volumes dessa coleção, as temáticas: ‘Metamorfoses e mitos menores’, ‘Os mitos de Troia’ e ‘Odisseu e Enéias’, que têm como objetivo contar as principais histórias da mitologia grega com base em diferentes fontes originais. Clássico revisitado. Editora Paz e Terra.

CLÁSSICO

DICA

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e dominador. Editora Vintage.

ção, as’, em

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horas vagas • Rio & Sampa

Não dá para falar de Elvis Presley sem utilizar adjetivos grandiosos. Tampouco é possível ser econômico para falar dos objetos do Rei. Pela primeira vez, um acervo de 500 itens - entre obje-tos pessoais de Presley - desembarcou no Brasil e a exposição, está aberta ao público. Os artigos viajaram direto de Graceland, a residência oficial do cantor em Memphis, estado do Tennessee, nos Estados Unidos, e fazem parte da maior mostra sobre o astro fora dos EUA.“The Elvis Experiende” está instalada no estacio-namento do Shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo, e segue até o dia 5 de novembro, todos os dias, sempre das 10h às 22h. Além da mostra, os fãs também poderão relembrar os hits do cantor no show “Elvis Presley in Concert”, que acontece em Brasília (no dia 6 de outubro), São Paulo (8, 9 e 10) e Rio de Janeiro (dia 11/10).O show é uma produção da ‘Elvis Presley Enter-prises’ e, para delírio do público [e claro, dos fãs muito apaixonados], terá uma orquestra com 16 músicos, inclusive alguns que tocaram com o cantor. Muita emoção? Não até você saber quem vai cantar. O próprio Elvis. Gravações antigas e remasterizadas serão usadas no show, dando a sensação (ou colaborando para o mito) de que Elvis não morreu.

ServiçoOs ingressos e mais informações sobre a exposi-ção “The Elvis Experience” e os shows “Elvis in concert” poderão ser obtidos no site www.ingressorapido.com.br

Exposição inédita com 200 itens, entre obras de Michelangelo, Guercino, Bernini e outros grandes mestres da arte. A mostra é composta de obras que, em sua maioria, nunca saíram do Vaticano (e que nunca mais sairão das suas memórias).A partir do dia 21/09, na OCA, Parque do Ibirapuera.

Ingressos pelo site www.ticketsforfun.com.br

Possuidora de uma das vozes mais sensuais da atualidade, Norah Jones vendeu mais de 20 mi-lhões de cópias com o seu primeiro álbum, “Come Away With Me”. Também ganhou seis Grammys por sua estreia, com apenas 22 anos! Seu segundo álbum, “Feels Like Home”, foi lançado em 2004 e vendeu mais de um milhão de cópias logo na primeira semana. Em abril Norah Jones apresentou ao público seu terceiro e mais íntimo álbum, “Little Broken Hearts”, que se tornou “#1” quase de imediato em várias rádios pelo mundo. Norah Jones fará shows em três capitais brasileiras em dezembro. A cantora se apresenta em Porto Alegre em 12/12; São Paulo no dia 15; e no Rio de Janeiro em 16/12. Filha do músico indiano Ravi Shankar [e afilhada de George Harrison], Norah coleciona inúmeros prêmios. Ela tem seis álbuns de estúdio, uma coletânea e um EP. Sua última passagem pelo país foi em 2010.

Informações: www.viagogo.com

Elvis não morreu

Esplendores do Vaticano

Norah Jones

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horas vagas • New York

Imagine um clássico torneio antes mesmo de ele acontecer. Essa é a promessa da “NASDAQ In-dexes Cup”, que reunirá as lendas do tênis Andre Agassi, Pete Sampras, John Mc Enroe e Patrick Rafter. Anote na sua agenda: dia 05 de novembro. Esses quatro campeões se enfrentarão em três partidas, com os vencedores disputando o título.

Serviço:Madison Square Garden, 05/11/12Média de valores dos ingressos: US$50 - US$505Informações e pré-venda no site:www.thegarden.com/events/2012/november/nasdaq-indexes-cup-at-madison-square-garden.html

Os britânicos estão desembarcando na Big Apple e trazem consigo clássicos como “Te-enage Wasteland” no setlist. O show também será no Madison Square Garden e marca o retorno dos roqueiros de longa data, na turnê “Quadrophenia”. O grande encontro acon-tece no dia 05 de dezembro.

Mais informações e ingressos on-line: www.ticketmaster.com

Do rock para o clássico (quando os dois não se misturam), New York é a Meca para quem também deseja bons programas eruditos. De maneira geral, os teatros são excelentes e destacamos a Metropolitan Opera House, no Lincoln Center (repare no maravilhoso teto do Chagall, em um dos lobbies). Programação top e preços super em conta. Somente até o final de setembro, companhias apresentam as óperas Turandot e Carmen. Serviço: Upper West Side, entre a West 62nd e 65th West St e Columbus Ave.

Site: www.lincolncenter.org

Madison Square Garden

THE WHO in concert

Resumo da Ópera

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AMBIENTES QUE EXPRESSAMSUA PERSONALIDADE.

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horas vagas • iPad

Raul Parizottoempresá[email protected]

Jetpack Joyride

Penultimate

Pic Collage

TeamViewer

Snapseed

Seguindo a receita de Fruit Ninja, Jetpack Joyride é um game ainda mais simples. Para comandar o herói Barry Steakfries, só existe um comando: tocar em qualquer região da tela. O toque faz subir, e basta soltar para que ele desça sozinho. Seu objetivo é chegar o mais longe possivel, evitando obstáculos como lasers e mísseis teleguiados enquanto coleta moedas, fichas e veículos especiais.Com as moedas coletadas ao longo do game, é possivel comprar novos veículos, roupas e itens especiais que podem fazer você começar já com 750m viajados, ou até mesmo revivê-lo após o game over.Jetpack Joyride é extremamente viciante! Não existem fases. O game é infinito e o objetivo do jogo é viajar o mais distante possí-vel sem tocar nos obstáculos. Apesar de repetitivo, detalhes como o sistema de missões fazem com que você não consiga largar o jogo. A cada objetivo completado, você ganha estrelas que o fazem subir de nível. É sempre “só mais uma” até perceber que você já jogou mais 50 partidas, após ter decidido parar. Outros fatores que contribuem para que você não enjoe do game é a personalização da personagem e a variedade de Jetpacks disponível para compra.

Custo: Free (Temporariamente)

Com uma tela tão precisa quanto a do iPad, é um desperdício não usá-la para rabiscar. Há opções muito mais profissionais se você trabalha com arte, mas o Penultimate cobre o básico de maneira espetacular. Você pode criar quantas páginas quiser, organizá-las em cadernos temáticos e usar imagens salvas no iPad para compor seus desenhos ou anotações. E tudo isso no aplicativo de maior sensibilidade e fluidez no traço.Com o uso uma caneta capacitiva para ajudar, tudo fica muito mais facil, mas funciona perfeitamente bem com os dedos também.

Custo: US $ 0,99

Você pode facilmente criar colagens adicionando fotos da sua biblioteca, utilizando sua conta do Facebook ou usando suacâmera. Pic Collage possui uma interface intuitiva e amigável, de edição facil e rápida. Com gestos simples, você pode conseguir qualquer coisa que deseja: toque para trazer para a frente; dê um duplo toque para editar; agite para endireitar; use dois dedos para girar as fotos.O app também vem com um editor muito prático de fotos, que permitirá que você adicione efeitos, tais como Indiglow, negativo, preto e branco, realce etc. Você também poderá editar a saturação, brilho e cores das suas fotos. Se você tocar e segurar, será capaz de escolher entre uma variedade de opções de fundo e alterá-lo dependendo das suas necessidades. E não é só isso: com Pic Collage, você pode adicionar às suas criações adesivos, textos, recortes de forma livre e muito mais.As colagens podem ser salvas e compartilhadas no Facebook, Twitter, e Instagram.

Custo: Free

Com o TeamViewer aberto no iPad, você pode controlar o seu com-putador remotamente e fazer o que quiser com ele.Esqueceu ligado em casa? Acesse pelo iPad e desligue. Esqueceu de colocar algum arquivo importante no Dropbox ou de dar início a algum download muito grande? Já sabe.Além disso, o TeamViewer ainda serve para você dar aquela ajuda a alguém que está com problemas, mesmo estando a alguns qui-lômetros de distância. Se a sua mãe que mora longe não consegue configurar o áudio do Skype para falar com você, é só pedir para ela baixar o cliente de acesso remoto do TeamViewer, e você pode colocar a mão na massa – usando apenas o iPad.

Custo: Free

A Adobe já tentou colocar o Photoshop no “iCoisas” da Apple, sem sucesso. O paradigma era muito diferente. Alguém tinha que inventar alguma ferramenta nova, especialmente para o iPad com edição de imagens; essa ferramenta é o Snapseed. Capaz de edições profundas nas suas imagens, incluindo filtros retrô estilo Instagram (ja comentei aqui sobre esse aplicativo na edicao nº 32 da revista Leal Moreira e, por sinal, é a nova moda em se tratando de redes sociais), ele tem uma interface completamente pensada para ser usada através do arrastar dos seus dedos na tela.

Custo: US $ 4,99

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TRUMSTAND

Sem eletricidade, sem cabos e com um design que fica lindo em qualquer sala. O Trumstand é assim mesmo: um gramofone feito de uma liga de metais que, seguindo a física dos instrumentos de sopro, utiliza a acústica natural do seu formato para expandir o som que sai do iPhone ou iPod. Embora desen-volvido por uma empresa japonesa, o artigo contraria o estereótipo e não traz nenhum componente ele-trônico na propagação do áudio – só mesmo na base onde o aparelho é colocado. Disponível nas cores dourado e prata, o artigo empresta sofisticação ao ambiente, em um visual vintage. Bem mais charmoso que os grandes aparelhos de som, cheios de fios e alto-falantes. O mimo, porém, não é baratinho: disponível apenas em sites britânicos, custa em torno de 1600 libras – US$2000, aproximadamente.

Onde: www.firebox.comPreço sugerido: £1600

VARIER ZERO GRAVITY

CARCASSONNE

Para quem gosta de cadeiras reclináveis, sentar na Varier Zero Gravity é uma experiência única. Confortável, versátil e de design inovador, ela proporciona a sensação de gravidade zero, como o próprio nome sugere. Ao permanecer sentado com o tronco na vertical, o assento inclinado oferece um espaço maior entre a coxa e a parte superior do corpo, e as almofadas das pernas impedem que ele deslize para frente. Se a vontade for de deitar, é só inclinar-se para trás: as pernas são levantadas a um ponto mais alto que a cabeça, permitindo um nível maior de rela-xamento. Perfeita tanto para o trabalho, quanto para relaxar depois que ele termina.

Onde: www.livingincomfort.comPreço sugerido: US$2500

Provando que clássicos nunca morrem, os jogos de tabuleiro seguem movimentando milhões na indústria de games. Exemplo disso é o premiado Carcassonne, seguidor da fórmula do formato - combinado com a febre geek, que também só cresce. Inspirado na cidade-homônima do sul da França (e em seu aspecto medieval), o jogo tem regras simples e rápidas. A ideia é ir preenchendo o tabuleiro com cartões sorteados, que modificam a paisagem. Assim, criam-se caminhos novos a cada rodada e o jogo nunca é o mesmo. Os personagens históricos também divertem: cavaleiros e ladrões, monges e agricultores dão o tom da brincadeira, que pode ter até cinco participantes que tenham pelo menos oito anos de idade. Ideal para jogar em família ou em uma noite caseira com os amigos.

Onde: www.devir.com.brPreço sugerido: R$75

INSTAGLASSESCom o sucesso do aplicativo Instagram, cada vez mais fotos aparecem por aí com filtros adicionados e um adorável ar retrô. Por que então não ver o mundo com eles? Foi esse o mote que o designer alemão Markus Gerke utilizou para criar os Instaglasses. Basicamente, são óculos com os quais você pode fotografar e acrescentar os famosos filtros do aplicativo. Daí, é só enviar direto para a sua conta no Instagram sem precisar de um smartphone. Por enquanto, não está disponível no Brasil. Aguardemos.

Onde: www.instaglasses.comPreço sugerido: não disponível

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BelémdoParánamoda!

E agora?O Brasil e o mundo estão descobrindo uma Belém

do Pará que une a natureza da Amazônia com uma

criatividade que resulta da vida no ambiente ama-

zônico cada vez mais conectado com o mundo. É

açaí; são os peixes do encontro da bacia amazônica

com o Oceano Atlântico; é a música nascida do ba-

lanço de um balaio alucinante de influências, são vo-

zes, folhas, amêndoas, batidas sonoras e de frutas.

É outra Belém do Pará que ganha um espaço

cada vez maior na mídia e na moda. Não é mais

só aquele clichê da cidade com jacaré que passeia

pela rua, cidade de chuva, mangueiras e muito ca-

lor. É isso e muito mais. As feras de Belém que en-

cantam o mundo não são jacarés, mas arranjadores

de música, compositores de canção popular, chefs

de cozinha, cantoras e cantores com outra estética,

quituteiras, criativos e criativas que se inventam e se

reinventam a partir da superação, da irreverência e

de muita transpiração.

É inegável que essa onda Belém é muito positiva e

faz bem para a auto-estima, principalmente de uma

massa que sempre esteve excluída dos nobres sa-

lões da dita alta sociedade local. Mas é preciso agir

para que tudo isso não fique apenas na visibilidade

e se transforme logo em um movimento econômico

duradouro, baseado no turismo profissionalizado e

num agitado mercado cultural.

O governo do estado do Pará, a prefeitura de Be-

lém e de todas as cidades da região metropolitana

da capital paraense e a iniciativa privada precisam

agir com inteligência empreendedora para que o

paulista ou gaúcho, que ficam fascinados com uma

matéria na revista nacional sobre os ingredientes da

culinária paraense, possam vir para Belém participar

de um grande festival de gastronomia e, nos três ou

quatro dias que passarem aqui, terem contato com

a história, com a dança, tenham opções de hotel, de

voo, de passeios, de experiências únicas.

Belém do Pará precisa aproveitar essa promoção

para virar produto. Ser a Belém da Festa do Açai,

como Caxias do Sul é da Festa da Uva. Ser a Belém

do Festival Mundial da Cultura Brega, como o Fes-

tival de Sundance nos Estado Unidos é do cinema

independente. Ser a Belém de uma grande Feira

da Gastronomia Amazônica, como Parati, no Rio

de Janeiro, é da Feira Literária Internacional. Criar

um grande calendário, inclusive definindo claramen-

te como trabalhar o Círio de Nazaré, ora como um

grande evento do calendário religioso mundial, ora

como festival de cultura, ou como as duas coisas ao

mesmo tempo.

Falar de turismo em Belém e no Pará é falar na-

queles consensos amplos, em que ninguém duvi-

da da importância e da necessidade, mas quase

ninguém planta sementes para que essa indústria

possa dar frutos já que, nesse negócio, nada acon-

tece sem políticas de médio e longo prazo. Porque

turismo ainda é muito encarado como atividade

acessória ou eletiva, quase como algo que é a mais

importante das coisas sem importância.

Turismo em qualquer lugar e principalmente numa

cidade como Belém é, talvez, o tema mais trans-

versal numa gestão pública. Envolve desde o sane-

amento, o urbanismo, a educação, obras estrutu-

rais, cultura, comunicação social, todas as áreas da

administração. É a única saída industrial realmente

sustentável num município encravado bem na porta

da Amazônia.

Uma iniciativa valiosa para Belém e para o Pará

seria criar uma secretaria de marketing, ou algo do

gênero, para trabalhar nossa marca e nossos pro-

dutos nos mercados regional, nacional e mundial.

Uma área de governo composta por gente de Be-

lém, do Rio, de Tókio, de Paris; pessoas com olhar

competitivo e saber desprendido, definindo que são

mnossos concorrentes no planeta, que tipo de con-

correntes, que tipo de público buscar, que produto

oferecer a cada grupo visado. E ajudando a aperfei-

çoar nosso produto em todos os aspectos. É preci-

so trabalhar com cada vez mais profissionalismo e

menos ufanismo.

Belém não é melhor nem pior que Manaus, que

Salvador, Miami, Barcelona ou Nova Delhi. Belém é

Belém. Carimbó é carimbo e rock é rock. E a cabo-

cla não é a tal. E precisa trabalhar isso. Até nossas

grandes fragilidades, como por exemplo, o grande

percentual de esgoto a céu aberto, podem virar um

destino humanitário. Assim como jovensricos e so-

lidários vão para a África, poderiam vir pra Belém

ajudar a preservar uma espécie amazônica pouco

lembrada no discurso ambientalista politicamen-

te correto: o ser humano das grandes cidades da

Amazônia.

A verdade é que essa onda criativa que está fa-

zendo Belém do Pará encantar o mundo também

precisa contagiar outros setores da vida local. Rom-

per com essa vergonha de ser ribeirinho amazônico,

diminuir essa vontade desgraçada de ser carioca ou

de Miami. É preciso ter senso de oportunidade, ins-

pirar-se nessa mistura que une tecnologia com peri-

feria e cria o tecnobrega, aproveitar para colocar as

coisas para funcionar de outro jeito, fazer acontecer

a partir do nosso caos. Temos que nos valer des-

sa inventividade suburbana, dessa energia original,

dessa desinibição, para gerar benefícios que entrem

no cotidiano dos que vivem aqui.

Se a gente não ampliar o olhar além da frequência

de mídia, logo ela, voraz - como é - cansa da gente

e vai atrás de outro tipo de exotismo. E poderemos

ser, em breve, novamente apenas o bom e velho

calhambeque da saudade.

www.revistalealmoreira.com.br

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especial

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O universo dos perfumes é vasto, complexo e desafi a-dor. Em meio a um verdadeiro mosaico de aromas, a busca é pela fragrância perfeita.

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113

Fábio Nóvoa Dudu Maroja

O Brasil, há dois anos, é o maior mercado

consumidor de perfumes do mundo, supe-

rando os Estados Unidos. Segundo dados

da consultoria Euromonitor, os americanos consumi-

ram 5,3 bilhões de dólares em perfumaria em 2010,

enquanto que, em território brasileiro, esse valor foi

de aproximadamente 6 bilhões. Para se ter uma

ideia em 2009, o país consumia 4,5 bilhões de dó-

lares, o que representa um aumento de 33%. Em

terceiro lugar estão os Alemães, que geraram lucro

para o setor de US$ 2,49 bilhões e os franceses (US$

2,44 bilhões). Duas das maiores empresas do Brasil

detêm, juntas, quase 60% do mercado nacional.

Não é tarefa das mais fáceis produzir fragrâncias

doces, que podem trazer boas lembranças da in-

fância, de entes queridos ou de amores vividos

uma vez que existe um mosaico infinito de cheiros

e sensações que são misturadas para dar origem a

outras novas sensações. Esse processo de criação

é longo. Em muitas empresas de cosméticos, há,

inclusive, um profissional responsável por conhecer

todas as matérias-primas, equilibrá-las em propor-

ções perfeitas e trazer à tona o aroma. É esse pro-

fissional que deve usar a poderosa memória, o olhar

e o apurado senso olfativo para fazer a alquimia

necessária que reproduz, no vidro, a personalidade

daquele que o usa.

Para ter-se uma ideia da dificuldade que é formar

bons profissionais do ramo, há pouco mais de 40

em formação no Brasil, por exemplo.

Na Natura, a maior empresa desse setor no Brasil,

a mágica passa pelas mãos e pelo “nariz” de Verô-

nica Kato. A rotina de trabalho inicia na criação de

um conceito. “Em seguida, juntamente com outros

perfumistas do mundo, criamos algumas opções de

fragrâncias. No laboratório, vários ingredientes são

pesados e misturados. Lá, avaliamos as fragrân-

cias e acrescentamos os ingredientes exclusivos,

que formam a identidade Natura”, afirma. Após a

criação das fragrâncias, sob o acompanhamento da

avaliadora olfativa, são feitas as análises e seleção

daquelas que mais traduzem o conceito pensado

previamente. “Só assim sabemos qual fragrân-

cia pode ser mais aceita pelo consumidor. Cheiros

provocam sensações e despertam os sentimentos

mais verdadeiros”. Kato diz que as fragrâncias da

Natura são todas inspiradas em riquezas naturais.

A perfumista afirma, ainda, que a Perfumaria clas-

sifica os perfumes de acordo com o percentual de

essência utilizado em sua composição. Os nomes

são dados obedecendo ao nível de concentração da

essência e o poder de fixação à pele, o que determi-

na também o tempo de proteção (veja box). “Ao se

estudar a história da Perfumaria, podemos perceber

Aromasquefalam

A prazerosa (e difícil) arte de fazer perfumes vai muito além da busca pelo do cheiro perfeito.

»»»

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114www.revistalealmoreira.com.br

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que, no início, as Eau de Cologne (águas de colônia)_

por definição ‘um grande bouquet de cítricos’_ eram

preparadas e comercializadas para ambos os se-

xos”, explica. “Com o passar dos anos, aconteceu a

segmentação e as fragrâncias com notas amadeira-

das mais pronunciadas foram destinadas ao público

masculino; os bouquets florais, para as fragrâncias

femininas”, complementa.

História de sucesso O Pará também registra histórias de apaixonados

por perfumes que vieram de outros países e criaram

marcas, que ao longo dos anos, foram responsáveis

por deixar os paraenses “mais cheirosos”. A perfu-

maria Chamma, por exemplo, foi criada na déca-

da de 1940 por Oscar Chamma, filho de libaneses

que aqui construíram sua família e negócios. Oscar

era um aficcionado, segundo Fátima, sua filha, pela

Química e pela Amazônia. E foi no Norte que de-

senvolveu paralelamente ao seu trabalho principal

(comércio) uma linha de produtos de perfumaria e

cosméticos. Desde aquela época, criava suas for-

mulações com insumos de qualidade importados

da Europa, somados aos insumos naturais da região

amazônica.

Quando Fátima assumiu a empresa, em 1996, a

palavra “Amazônia” foi agregada à marca Chamma,

dando origem à Chamma da Amazônia. Hoje, a em-

presa produz cerca de 50 perfumes diferentes para

uso pessoal e em torno de 20 aromatizadores de

ambientes. Fátima explica como são feitos os pro-

dutos. “Isso ocorre naturalmente, seja pela pesquisa

permanente com intuito de lançar novidades, seja

pela descoberta de insumos ou matérias primas

com potencial aromático, ou ainda pela busca por

fragrâncias que reportem a sensações ou traduzam

momentos vividos”, afirma. “São muitas fragrâncias

e muitos aromas diferentes, pois absorvemos uma

clientela eclética e ,lógico, tentamos agregar gostos

e necessidades diferentes”.

A diretora reforça que a empresa sempre busca

uma “identidade verde que proporcione sensações

olfativas de estar na floresta”. “Isso requer tempo,

pois, embora existam contratipos de essências no

mercado, o que se deseja é um cheiro que seja

aceito e cause bem estar ao consumidor, porém,

com um toque diferente e que personalize tanto a

marca como o usuário, pois o mesmo produto re-

age de maneira diferente em cada pele e, conse-

quentemente, o resultado final é diferente”, garante.

Essa necessidade motivou ainda mais o contato

de Fátima Chamma com pesquisadores, perfumis-

tas e empresas especializadas em matéria prima.

“Mas também com a própria equipe interna, que faz

Verônica Kato, perfumista da Natura, no laboratório de “aromas”. A Amazônia é um celeiro de matérias-primas que, combinadas entre si ou isoladas, darão origem a variadas fragrâncias.

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116www.revistalealmoreira.com.br

Para melhor entender as categorias

PerfumeÉ a fragrância conhecida pelo termo original francês

parfum e caracterizada pela alta concentração de es-

sências - entre 18% e 35% do volume total. Seu poder

de fixação na pele é grande, e pode durar de 8 a 24

horas, conforme a qualidade da fragrância e o caminho

olfativo.

Eau de ParfumSubproduto do perfume propriamente dito, é diluído em

maior quantidade de água (Daí o “eau”_água, em fran-

cês), apresentando índices de concentração que variam

de 12% a 18%, o que pode representar até 10 horas de

perfumação.

Eau de Toilette

Caracterizado por uma fragrância mais discreta. Apre-

senta índices de concentração entre 8% e 10% e tempo

de fixação de até 8 horas.

Eau de Cologne ou Desodorante ColôniaPossui baixa concentração de essências, 5% no máxi-

mo. No Brasil, criou-se uma terminologia própria para

essas fragrâncias: deo colônia ou desodorante colônia.

Além de perfumar, elas têm função desodorante por

possuir elementos que ajudam a combater os efeitos do

excesso de suor, garantindo maior sensação de frescor.

São adequadas ao uso diário e sob medida para o nos-

so clima tropical.

Fonte: Verônica Kato, Natura.

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117

Veja mais

suas alquimias e testes. Essa é uma forma de pro-

dução muito comum em nossa empresa”, revela. A

partir das primeiras misturas e testes, existe a pes-

quisa de formulação e embalagens, testes internos

e testes externos, além do registro na Agência de

Vigilância Sanitária. “A partir disso, temos a compra

da matéria prima e embalagens, fazemos a ma-

nipulação, há o choque térmico (ou resfriamento),

maturação e, nesse ponto, temos um prazo de, no

mínimo, 20 dias para que o nosso controle de quali-

dade aprove, passe para filtragem e, posteriormen-

te, envase”, enumera.

De cada lote produzido, três unidades permane-

cem no chamado “Museu de Amostras” e lá perma-

nece por três anos, tempo de validade do produto,

conforme orientação e exigência nacionais. Vinte e

cinco pessoas trabalham hoje na Chamma.

Para Fátima, os perfumes são importantes porque

são responsáveis por guardar, na memória, as boas

lembranças. “Esses cheiros nos trazem lembranças

e são essenciais na hora de desenvolver uma fra-

grância que nos reporte a algum fato, um lugar, ou

pessoas que amamos”, assinala.

A tradição paraense Ao andar pela Rua Frutuoso Guimarães, no movi-

mentado centro comercial de Belém, é praticamen-

te impossível passar incólume pelo cheiro que exala

de dentro do casarão antigo, construído no centro

do quarteirão. É uma mistura de fragrâncias, rapi-

damente reconhecidas pelos bons paraenses e que

desperta a curiosidade de quem é de fora. Ali, no

número 270, funciona uma das mais antigas perfu-

marias em atividade no Pará: A Orion.

Apenas uma parede divide a entrada do prédio de

dois andares: do lado esquerdo, a pequena loja que

vende os produtos da empresa. O balcão, sempre

lotado. Nas prateleiras, cores e garrafas diferem dos

mais distintos tipos de perfumes artesanais. Ao lado,

estão o escritório, o depósito e o local onde funciona

a fábrica dos produtos, uma espécie de mezanino,

com grandes garrafões, líquidos coloridos e funcio-

nários que manipulam as essências.Tudo ali reme-

te aos tempos antigos: garrafas, troféus, canecas e

outros recipientes, além de armários e móveis, tão

antigos quanto a própria loja.

A empresa, que já foi uma referência no ramo

da perfumaria, atualmente tenta se reerguer, moti-

vada pela própria fama na cidade e o típico aroma

dos seus produtos. Pelo menos esse é o desejo de

Manoel Santos, 42 anos, proprietário da empresa,

herdada da família. A loja foi fundada em 1927 por

Antonio Gomes, tio-avô de Manoel, que por aqui

chegou em 1914, vindo de Portugal. “Estamos já na

terceira geração e sempre aqui nesse mesmo lu-

gar”, brinca. Em 1955, o pai de Manoel resolveu

Os povos antigos consideravam os perfumes como símbolo de riquez

a e po

der, além de forte atrativo e estimulante para amor e desejo.

A França é considerada o berço da perfumaria, sendo Grasse o centro da cultura de flores e Paris o centro da indústria de perfumes.

O primeiro perfume alcoólico surgiu em 1370

A primeira água de colônia foi criada no século XVIII, por Jean Marie FarinaOs gregos tinham o hábito de usar uma fragrância diferente em cada parte do corpo.

São necessárias cinco toneladas de rosas para se obter um quilograma de óleo essencial.

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vir também para o Brasil e acabou assumindo o

negócio do tio. A iniciação do atual administrador

ao negócio só veio mesmo em 1987, quando veio

para o Brasil. É ele quem administra a fábrica sozi-

nho há 15 anos.

Manoel é responsável pela compra da matéria

prima dos produtores (alguns são parceiros há

mais de 40 anos). A partir dos produtos (a maioria

do Pará mesmo), é feito todo o trabalho manual de

transformação das essências, que são misturadas

para dar origem aos perfumes (ou são vendidas na

forma bruta para quem gosta de fazer sua própria

fragrância). São 34 colônias com aromas diferen-

tes. Além das essências, Manoel diz que existem

alguns ingredientes guardados no armário, mas

são secretos.

Hoje, a maior propaganda, afirma Manoel, quem

faz são os clientes. “Nós vendemos na própria loja

e também exportamos para outros estados, mas

70% são vendidos aqui”, confirma. “O paraense

gosta de se perfumar, principalmente com cheiros

daqui”. O maior período de venda é o mês de ou-

tubro, por causa do Círio de Nazaré. Dez funcioná-

rios trabalham na empresa e se revezam na venda

e produção, por exemplo, de priprioca e patchou-

li, que se transformam em rótulos como o Feitiço

Amazônico, com preços que variam entre 6 e 16

reais.

Perfumes pessoaisNão só para a vaidade servem os perfumes. Eles

também são usados na busca pelo bem-estar por

meio da Aromaterapia. “Trata-se de uma filosofia

de vida que nos ensina a viver bem fisicamente,

mentalmente e emocionalmente”, explica Anna

Gabriela Coelho, 34 anos, administradora de em-

presas e aromaterapeuta.

Anna diz que a Aromaterapia não é apenas “um

cheirinho” bom no ar ou no corpo, é um método te-

rapêutico que utiliza óleos essenciais puros, combi-

nados entre si para determinado fim, processo que

é chamado de “Sinergia”. “Há muitos anos produzo

meus próprios perfumes com óleos essenciais e

também com essências sintéticas. A prática, que

nasceu do desejo de obter aromas exclusivos de

uso pessoal, com o passar do tempo se tornou ob-

jeto de estudo contínuo e profundo sobre a aplica-

ção dos óleos extraídos das plantas para o benefí-

cio da mente e do corpo”, afirma.

A paixão dela por cheiros nasceu pela busca por

métodos naturais e pelo desejo de ter um perfu-

me exclusivo que causasse bem estar. “Após anos

de uso e estudos, pude constatar como a natureza

nos ajuda a ter qualidade de vida com seus aromas

únicos e terapêuticos”, ensina. A partir daí, ela co-

meçou a propagar a ideia entre as pessoas mais

próximas. “Ao explicar para familiares e amigos

A baunilha, tão comum em perfumes, é extraída das bagas da Vanilla Planifolia, uma espécie de orquídea bela e sensual. Por isso, muitos a consideram afrodisíaca.

Em 1849, quando abriu um pequeno laboratório em Grasse, na França, Molinard, jovem químico recém-formado, inauguraria o começo da perfumaria industrial e o fim da artesanal

São necessárias cinco toneladas de rosas para se obter um quilograma de óleo essencial.

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119

próximos como eu me beneficiava com a aromate-

rapia, muitos me pediam para fazer perfumes com

propriedades calmantes, estimulantes, ou afrodisía-

cas para eles”.

Hoje, ela produz artesanalmente aromatizadores

de ambientes, óleos de massagem e perfumes per-

sonalizados (e direcionados) para cada necessidade

do cliente. “Todo o processo é feito com responsa-

bilidade após uma conversa prévia e levantamento

do perfil de cada pessoa para saber com exatidão

qual sinergia será aplicada”, garante. “Vamos supor

que precisamos obter um aroma, que, ao ser usado,

possa gerar a sensação de calma e concentração.

O passo seguinte é selecionar óleos essenciais com

essas características, calcular a proporção da com-

posição e diluir em um óleo carreador para uso em

massagem ou em veículos, no caso de aromatiza-

dores”.

E como ela consegue diferenciar as fragrâncias e

essências? A resposta é aparentemente simples: por

meio, também, da ‘memória olfativa’. “São muitos

aromas diferentes e similares; então, não devemos

confiar apenas no olfato. O importante é estar atento

à procedência dos óleos essenciais, que devem ser

sempre de um produtor confiável e principalmente

licenciado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigi-

lância Sanitária]”, aconselha. “Jamais devemos utili-

zar esses óleos puros sobre a pele ou por inalação,

mesmo sendo naturais, devem sempre estar diluí-

dos em veículos apropriados para o processo, em

proporções que somente um profissional habilitado

pode desenvolver com segurança, pois a diferença

entre um remédio e um veneno é a quantidade”, diz.

Quando os arqueólogos vasculharam o túmulo de Tutankhamon, em 1922, encontraram vasos com um óleo perfumado conhecido como “Kiphi”, cujo aroma ainda podia ser percebido mesmo após 3.300 anos depois de encer

rado n

a câm

ara m

ortuá

ria.

Em 1849, quando abriu um pequeno laboratório em Grasse, na França, Molinard, jovem químico recém-formado, inauguraria o começo da perfumaria industrial e o fim da artesanal

O óleo de jasmim natural custa cerca de R$5.000,00 por quilograma. A mesma quantidade da fragrância artificial chega a custar R$5,00. Um quilograma de óleo essencial de jasmim requer, para ser obtido, cerca de oito milhões de flores.

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visite e surpreenda-se

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comunicação, produção e eventos

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Nara OliveiraConsultora empresarial

Segredosde umaequipe dealta

performanceEquipes são um dos pilares essenciais de qual-

quer empresa: pessoas que trabalham juntas em

torno de um objetivo comum. O problema é que

nem sempre as equipes conseguem “performar” da

melhor maneira, e causam, assim, danos aos resul-

tados, ao clima, à condução dos gestores e à exe-

cução das tarefas.

Com base na experiência de diversos gestores,

consultores e estudiosos, segue uma análise dos

principais elementos que interferem na construção

e anutenção das equipes.

Líder: diferencial de uma organização – Quem dá

o tom de sua equipe é o gestor. Resultados são con-

quistados por equipes que tenham um líder que os

faça canalizar energias para um lugar comum. Isso é

a máxima de equipes, empresas, países ou famílias.

Gestores com nível baixo de exigência não levam as

pessoas a darem o melhor de si; no entanto,líderes

que suportam, oferecem constantemente feedback,

exercem uma gestão transparente – baseada em

dados e fatos, definem metas claras e dão o poder

de decisão ao time para que façam a coisa aconte-

cer. O líder não precisa saber nem resolver tudo, ele

precisa dar espaço para a equipe para, com isso,

utilizar o potencial do grupo.

Foco nas pessoas bem como nos resultados – As

empresas precisam atingir resultados, os quais são

conquistados através de uma gestão eficaz de pes-

soas. Para que essa gestão seja vencedora, são ne-

cessárias pessoas competentes e com o perfil do

negócio. É imprescindível ter os melhores proces-

sos, sistemas de gerenciamento, mas são as pes-

soas que fazem a diferença. A gestão de pessoas

eficaz passa por valorização do ser humano na or-

ganização, medição da performance de forma linear

e transparente, gestão de carreiras, conciliação de

interesses, entre outros.

Comunicação é aberta – Todas as organizações

possuem o desafio de gerir sua comunicação. As

equipes de alta performance possuem a comuni-

cação aberta, direta, honesta e objetiva. Sabem lidar

com barreiras e utilizam de forma correta os canais

de comunicação. Os líderes que gerem essas equi-

pes são acessíveis, proporcionam a troca de ideias,

estimulam a busca por informação e premiam atitu-

des transparentes.

Gerência do tempo – Quanto mais efetivas indivi-

dualmente são as pessoas, mais a equipe aumen-

ta sua performance. Se uma pessoa não consegue

lidar com seus emails, não sabe planejar, não con-

segue priorizar, não consegue se organizar, acaba

comprometendo a performance de todos. Gerenciar

tempo é uma competência individual que, no grupo,

traz resultados incríveis.

Lidar de forma positiva com o erro – Equipes ma-

duras e de alta performance erram e aprendem

com o mesmo erro ao mapear, identificar as origens

e construir soluções. Todo mundo erra. Isso é visto

como oportunidade de melhoria para as equipes e

servirá para que todos ajustem a rota, evitem que

novas urgências apareçam e sejam exemplo para

melhores práticas. A negligência ou aceitação do

erro é que faz o erro ser um câncer que pode levar a

empresa à doença crônica.

Nenhuma equipe possui alta performance cons-

tantemente. Existem flutuações e lacunas em alguns

momentos. Isso é normal, porque o que faz a dife-

rença no resultado é como o gestor e seu time lidam

com o mesmo.

Essa maturidade não é conquistada da noite para

o dia, ela é construída ao longo do tempo, com mui-

ta persistência, treinamento e ferramentas. Qualquer

equipe pode se transformar em um time de alta

produtividade,para tanto, alguns pontos devem ser

trabalhados: perfil dos profissionais que ocupam o

time, desenvolvimento de competências atreladas

ao negócio, modelo de gerenciamento e ferramen-

tas para gerenciar pessoas.

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destino

revistalealmoreira.com.br

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Miles Raymond é um homem em busca

de emoções. Fascinado por vinhos, de-

cide proporcionar ao seu melhor ami-

go, Jack, uma despedida de solteiro diferente:

uma viagem pelas vinícolas californianas do Vale

de Santa Inez. O presente inusitado rendeu histó-

rias inacreditáveis e mudou os rumos das vidas

de ambos.

Frances Mayes é escritora. Após um divórcio

conturbado, decidiu partir, em uma viagem de fé-

rias, para a Itália. Entre a tristeza e as belezas do

velho continente, ela mudou radicalmente de vida

e, inspirada pelo cenário, comprou uma chácara

na Toscana.

A ficção inspira a vida realSim, falávamos de personagens do cinema, vi-

vidos pelos atores Paul Giamatti, Thomas Haden

Church e Diane Lane e, se você acha que esse

tipo de história só acontece nos filmes, é melhor

repensar seus conceitos. Foi ao sair do cinema

que a dentista paulistana Clarissa Oliveira vislum-

brou pela primeira vez a possibilidade de fazer

uma viagem diferente das demais que já fizera.

Procurou informações na internet e visitou agên-

cias especializadas. Três meses depois, estava

em Nova York, onde fez todo o circuito teatral da

Broadway: mais de trinta peças, entre superpro-

duções e pequenos espetáculos. E se você, leitor,

acha que ela estava sozinha, melhor pensar de

novo: no grupo, havia 15 pessoas. Um ano de-

pois, ela já pensa na próxima empreitada. “Las

Vegas. Desta vez, queremos fazer o circuito do

Cirque du Soleil”, conta. O valor do investimento,

Clarissa não entrega, mas ri. “Foi alto, mas valeu

cada centavo”.

A história de Clarissa ilustra o bom momento

econômico brasileiro, que expandiu o setor de tu-

rismo e fez surgir no país uma categoria de con-

sumidores cada vez mais exigentes e abertos a

Caminhosdeluxo

Anderson Araújo

O mercado do Turismo está cada vez mais segmentado e os consumidores, mais dispostos a investir valores – nada modestos – quando o lazer e o prazer estão em pauta. O destino? A sofi sticação.

Divulgação

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128

novidades refinadas para expandir um dos gran-

des prazeres da vida: viajar. Depois de conhecer

os principais pontos turísticos mundo afora, uma

parcela de turistas brasileiros tem se interessado

cada vez mais em roteiros específicos voltados

para aprimorar predileções e conhecer de perto

o que antes era acalentado em publicações espe-

cializadas, em conversas entre amigos ou nas pá-

ginas da internet. Gastronomia, o amor ao vinho, o

interesse pela arte: o mercado de turismo de luxo

está cada vez mais acessível e atraindo mais gen-

te que preza não só pelo bom gosto como pelo

aumento do capital cultural.

Entre goles e resenhasO administrador Renato Dulcetti, de 35 anos, é

um entusiasta desse tipo de turismo que está ga-

nhando espaço no mercado e proporcionando o

surgimento de agências especializadas para esse

fim. No entanto, ele aproveita o conhecimento

que já tem em viagens internacionais para montar

seus próprios roteiros. As últimas saídas do Brasil

foram rumo a dois lugares de referência na Alta

Gastronomia, o maior interesse dele: Manhattan,

em Nova York; e Paris, na França.

Com larga experiência, Renato programou as

duas viagens bem antes. E, ao contrário da odon-

tóloga Clarissa, ele não precisou de uma agência

de turismo. Conversou com amigos, trocou ideias

com um profissional do setor de turismo, consul-

tou publicações especificas para gourmets_ como

o famoso guia Michelin e pesquisou as melhores

dicas em sites especializados.

Com os pontos mapeados e as reservas feitas,

Renato realizou,com tranquilidade, um de seus

maiores prazeres: comer bem. Na Big Apple,

por exemplo, o administrador de empresas foi ao

restaurante Masa, onde provou um dos melho-

res sushis do mundo; no Le Bernadin, se deliciou

com frutos do mar; no Del Posto, apreciou a gas-

tronomia italiana; no Daniel, saboreou o requinte

francês; além na delicatessen “Katz” e da brasserie

“Balthazar”.

Nas andanças por Paris, foi ao “Guy Savoy”, seu

O Napa Valley, região vinivicultora da Califórnia, é um dos destinos mais procurados por quem deseja combinar o turismo com o prazer da desgutação de vinhos. Acima, a Vinícola Coppola. Na outra página, o Cirque du Soleil e as beleza irresistível da Grécia e suas ilhas.

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Veja mais

Preparamos uma seleção de vídeos de filmes com a temática enoturismo. Acesse o QR code e divirta-se!

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restaurante preferido [onde ele indica – aos igual-

mente dispostos – consultar o excelente menu

degustação de vinhos. Dulcetti também visitou o

bistrô “La fontaine de mars”, onde a pedida é o

escargot. “O melhor que já comi até hoje.”, diz. Na

capital francesa, esteve no “paraíso dos gourmets”,

a Loja da Fauchon. “É uma variedade muito inte-

ressante de produtos. Lá, é possível encontrar foie

gras, temperos e especiarias, vinhos, chás, vina-

gres, geleias, cafés aromatizados, chocolates... a

variedade é imensa!”, comenta.

Renato ensina aos amantes de vinho seu recan-

to predito para comprar a bebida- símbolo da so-

fisticação francesa: a loja Lavínia. Ele indica tam-

bém o “Le Jules Verne”, a melhor vista de Paris,

por ficar justo na Torre Eiffel.

Prezando por sua fascinação pela Alta Gastro-

nomia, ele já esteve em Buenos Aires, na Argen-

tina, diversas vezes em San Francisco, Los Ange-

les, dentre outros estados norte-americanos. Ano

que vem, o destino já está programado: “planejo

ir para a Itália, especificamente para a região da

Toscana, onde pretendo visitar vinícolas locais”.

Falando em vinícolas, o professor Lúcio Almeida

realizou um sonho recente: visitar a vinícola Co-

ppola (Isso mesmo, de propriedade do cineasta

Francis Ford Coppola). Amante da sétima arte

(mais uma vez a ficção inspira a vida real), ele leu

a biografia do diretor e ficou encantado. “Confesso

que esperava vê-lo por lá, mas não fiquei frustra-

do, afinal, estava eu na Disneylândia dos vinhos

californianos”, conta entre gargalhadas. Ano que

vem, ele afirma, repetirá a dose e estenderá por

outras vinícolas.

GréciaQuem topou e conheceu mais sobre vinhos ao

buscar um sonho antigo de conhecer a Grécia foi

a médica Gisele Mello, de 25 anos. “Sempre fui

muito interessada em mitologia e tudo que cerca

o conhecimento grego. Tive oportunidade de co-

nhecer as ilhas gregas em um cruzeiro, que pas-

sou também pela Itália e a Croácia. Pude observar

de perto, por exemplo, a produção artesanal de vi-

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130

Vinícola CoppolaEndereço: Via Archimedes, 300. Geyserville, Califórnia – EUA.

Telefone para informações: (707) 857.1400

Site com informações e programações (as degustações são

diárias):

www.franciscoppolawinery.com

O circuito teatral da Broadway completo está disponível no site:www.broadway.com

BelémMonopólio Turismo

Av Brás de Aguiar, 202 - Nazaré

Telefone: (91) 3242.4099

BrasilAgências de turismo de luxo

• www.teresaperez.com.br

Uma das pioneiras neste segmento e das mais procuradas.

• www.b360travel.com

A B360 é uma subdivisão da STB (Student Travel Bureau)

Serviço

nho por essas cidades gregas, com comunidades

inteiras, inclusive os mais carentes, empenhados

nessa arte.”, explica ela.

Gisele optou pela viagem programada por uma

agência de turismo. Foram oito noites em um cru-

zeiro que partiu de Veneza, passando pela provín-

cia de Bari, na região de Puglia, na Itália, e uma

parada no litoral da Croácia. Mas o grande inte-

resse da médica foram as ilhas de Katakolon, Sar-

tini, Mykonos e Piraeus. Na viagem, ela também

conheceu a produção de azeite e como os agri-

cultores das pequenas cidades da Grécia têm se

especializado em produzir alimentos saudáveis,

sem tipo algum de fertilizante artificial_ a chama-

da comida orgânica, tendência mundial e alvo de

atenção para os que buscam uma vida com mais

qualidade.

Público seletoA gerente da “Monopólio Turismo”, Carolina

Ferreira, afirma que o turista brasileiro está cada

vez mais exigente e que os mais experientes no

assunto “querem ser surpreendidos com novos

roteiros”. Segundo ela, as agências especializa-

das estão cada dia mais sendo procuradas para

roteiros gastronômicos para visitas em restauran-

tes badalados e às vinícolas na época da vindima;

para a colheita da uva; para cruzeiros em navios

espetaculares e incursões nos castelos franceses.

“Isso para citar apenas os produtos turísticos mais

procurados atualmente.”, detalha.

A profissional diz ainda que é possível fazer ex-

celentes roteiros em qualquer época do ano. No

inverno, por exemplo, os turistas podem procurar

estações de esqui luxuosas. Quem quiser pode

pagar uma diária de mil dólares e se hospedar

em resorts como o “The Fairmont Chateau”, em

Whistler, no Canadá, com uma vista privilegiada

da pista e da movimentação intensa de esquia-

dores. Em Couchevel, situado na região de Trois

Vallées, a maior área interligada do mundo para

esse esporte, é possível gastar cerca de quatro mil

euros por noite no hotel “Le Cheval Blanc”.

Segundo Carolina, o outono é a melhor época

www.revistalealmoreira.com.br

A misteriosa Patagônia também atrai muitos turistas brasileiros. Ao lado, Mykonos, ilha grega, uma das mais visitadas do país

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para os amantes do vinho. As já tradicionais re-

giões de Bordeaux e Bourgogne, na França, e a

Toscana, na Itália, são os roteiros perfeitos. “São

viagens mais longas porque cada quilômetro do

caminho percorrido traz paisagens incríveis e

fica difícil resistir à vontade de visitá-las”, conta.

O verão é tempo de ir à Ibiza, na Espanha,

um dos roteiros quentes e já bem conhecidos

para os que querem praia e uma noite agitada

com bons restaurantes e casas noturnas.

Porém, quem está procurando um lugar di-

ferente para bronzear o corpo e conhecer pai-

sagens paradisíacas a dica de Carolina são as

Ilhas Maldivas, um arquipélago formado por

1.190 ilhotas situado no Oceano Índico. Há ain-

da a Costa Rica, na América Central, onde a so-

fisticação e beleza têm atraído famosos como a

modelo Gisele Bündchen, que já passou férias

no lugar.

Na Primavera, Carolina indica conhecer as tu-

lipas em Istambul, na Turquia; ou castelos da

França; ou ainda visitar a Cidade do Cabo, no

Egito; Bali, na Indonésia e Sidney, na Austrália.

Porém, para quem procura o turismo de luxo

especificamente para compras, Dubai tem sido

a melhor pedida. Construída no coração dos

Emirados Árabes para impressionar os visitan-

tes, a cidade conta com um enorme shopping

repleto de grifes internacionais de luxo para en-

cher os olhos dos mais refinados consumistas,

sem contar a chance de ficar no hotel “Burj Al

Arab”, o único hotel sete estrelas do mundo,

cuja diária pode chegar a 14 mil dólares.

“Há roteiros luxuosos para todos os gostos,

inclusive próximos, como alguns da América

do Sul, como Machu Picchu; no Peru; Carta-

gena de Las Índias, na Colômbia; a Patagônia,

na Argentina. Roteiros que fazem sucesso com

os que já conhecem Buenos Aires e Santiago

(Chile).”, comenta a gerente. E acrescenta que

cidades como São Paulo e Rio de Janeiro con-

tinuam sendo destinos muito procurados por

quem gosta de sofisticação e está disposto a

gastar. Excelentes restaurantes e opções no-

turnas de lazer fazem das duas capitais alvos

de interesse para quem busca o refinamento,

mesmo dentro do Brasil.

Nas ilhas Maldivas, a vegetação e vida selvagem em terra são limi-tadas, mas são complementadas pela abundância de vida marinha. A paisagem é exuberante. Já Du-bai, nos Emirados Árabes, é mo-derna, “futurista” e com enormes arranha- céus.

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136

Lausanneenquanto isso

Vim morar em Lausanne – a quarta cidade mais

importante da Suíça – graças a uma linda história

de amor que começou em Fortaleza. Lá, conheci

meu marido, que é português, e me mudei para cá,

onde ele mora e trabalha há mais de 15 anos. Aqui

é uma cidadezinha de 125 mil habitantes, fria, onde

se fala francês e se respeita muito o espaço do ou-

tro. A organização estrutural da cidade é louvável.

A adesão é total às regras de trânsito: os ônibus e

táxis que circulam nas suas respectivas vias, carros

que param para o pedestre passar, as ruas limpas...

O turismo de Lausanne gira em torno de sua ar-

quitetura, museus e história. Alguns dos pontos

turísticos mais visitados são a Catedral de Notre-

-Dame, o Castelo de St-Maire e o Palácio de Ru-

mine. Assim como o resto do país, somos famosos

pelos chocolates e queijos. Porém, mais conheci-

dos como a capital olímpica. Aqui fica localizado o

Museu Olímpico, acervo de todas as medalhas e

tochas olímpicas, e também a sede do comitê olím-

pico mundial. Atualmente, a cidade ganha destaque

como polo estudantil e cultural, graças aos institutos

de formação e pesquisa de alta reputação interna-

cional, tais como a Escola Politécnica Federal, a Uni-

versidade de Lausanne e a Escola de Hotelaria. Ou-

tro roteiro obrigatório é um passeio às margens do

Léman, o segundo maior lago da Europa ocidental,

que banha diversas cidades. Situado entre a França

e a Suíça, é possível ver as montanhas francesas no

outra margem, uma bela visão de qualquer ponto

que observarmos.

O clima é quase sempre gelado, mas agradável.

No inverno, chegamos a -5ºC e até mesmo -10ºC.

Como neva pouco, devido à altitude, não nos depa-

ramos constantemente com os contratempos cau-

sados pela neve. A estação fria perdura por muito

mais tempo que a quente, e só mesmo no verão é

que sentimos calor. Na primavera e no outono, já é

aconselhável ter na mala um casaco, calças e blu-

sas de manga comprida.

Assim como a limpeza, o funcionamento de Lau-

sanne é muito regrado. Se for fazer compras, é

bom se programar: o comércio só fica aberto das

8h30 às 19h. Nenhum shopping funciona depois des-

se horário e nem abre aos domingos e feriados. O

turismo noturno gira em torno dos restaurantes, os

quais, durante a semana, fecham à meia-noite e,

aos fins de semana, podem ir até 2h. Os bares só

funcionam a partir de sexta. Alguns poucos abrem

durante a semana, mas não têm autorização para

funcionar a partir de certo horário. Tudo isso porque

existem leis trabalhistas que funcionam muito bem

por aqui, além das políticas de silêncio e boa vizi-

nhança.

Uma curiosidade sobre Lausanne é que ela é

a menor cidade do mundo a possuir metrô. Sem

catraca, eles funcionam à base de confiança e

conscientização. Você é livre para andar nos trens

e responsável por comprar o seu ticket. Esporadi-

camente, os fiscais entram nos vagões e fiscalizam

todos os passageiros: caso não tenha o bilhete, a

multa de 200 reais não será perdoada. Não existe

“jeitinho” para driblar a taxação por aqui, em condi-

ção alguma.

O clima, a educação das pessoas e a beleza da

cidade fazem com que Lausanne seja uma experi-

ência inesquecível. Não é à toa que tantos imigran-

tes, assim como eu, tenham decidido fixar raízes

aqui: o lugar ideal para viver e ter uma família.

Gabriela EluanGerente de vendas

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gourmet

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A espanhola Elena Arzak comanda o restaurante - campeão de estrelas do guia Michelin - junto com o pai, Juan Mari Arzak

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Aitor Ubarretxena (de Barcelona) AcerbiMoretti PhotographyTradução: Lívia Mendes

Amelhordomundo

Eleita pela “Restaurant Magazine”, a chef espanhola quebra a hegemonia do título, con-cedido – até agora – somente a homens e prova, com competência e simplicidade, que lugar de mulher é sim na cozinha.

Elena Arzak mantém com seu pai, Juan Mari, um

dos restaurantes mais conhecidos pelos aman-

tes da boa mesa do mundo todo. Suas três es-

trelas Michelin, mantidas durante os últimos 23 anos, a

transformaram numa das raras chefs de primeiro nível

internacional. Ela assegura que sempre fez o que mais

gosta: aprender com seu pai e trabalhar na cozinha.

Juan Mari Arzak conseguiu ser uma referência para

varias gerações de cozinheiros bascos e espanhóis.

Elena teve o privilégio e também a responsabilidade de

aprender com um “professor” que tem seu mesmo so-

brenome e ambos formam uma ótima dupla na gestão

diária do restaurante.

Elena assegura que a casa onde se encontra o res-

taurante (construída em 1897 por seus bisavós) conti-

nua albergando o mesmo espírito que também guiou

sua avó e seu pai. Nunca se cogitou mudar de locali-

zação para não perder essa “alma”, que também pode

ser percebida por todos.

Optou por trabalhar no restaurante, mesmo com

seus pais tentando “tirar essa ideia da cabeça dela”,

como comenta entre risadas. Porém, sua decisão

sempre foi clara: “eu adorava isso, sabia que era di-

fícil, mas não queria fazer outra coisa”. Começou tra-

balhando somente duas horas por dia, aos 17 anos,

e não demorou muito tempo até que sua vocação se

consolidasse. Dois anos depois, se formou numa es-

cola suíça de Hotelaria e estagiou em respeitados res-

taurantes do Reino Unido e da França.

De volta para casa, começou seu dia-a-dia no res-

taurante. Ela lembra seu pai como um professor pa-

ciente, que a animava a experimentar. “Eu, a princípio,

lhe mostrava os pratos. Ele ficava olhando e dizia ‘está

bom, mas o molho está um pouco pesado, vamos co-

locar um vinagrete’. Mas sempre me apoiando!”. A chef

admite, também, que esses primeiros anos ficaram

para trás. “Agora, ele me pressiona da mesma forma

que faz com qualquer outro da equipe, assim como

nós fazemos com ele, porque nosso segredo é cola-

borar um com o outro, com o máximo de confiança.”

Em sua opinião, o segredo para manter um altíssimo

nível de excelência durante tantos anos, é o esforço e a

paixão pelo trabalho. Sua proposta está totalmente en-

raizada à tradição basca e se define como “baluartes

da cozinha autoral”, o que obriga a equipe a um cons-

tante esforço de investigação e evolução. Elena afirma

que “a cozinha não tem limites”, mas que é necessário

trabalhar com paixão – “se você não tem paixão, não

tem ideias”.

Elena forma parte da “nova cozinha basca”, um mo-

vimento que surgiu em 1975 e que foi impulsionada,

junto com seu pai, por nomes como Pedro Subijana,

Luis Irizar, Xabier Zapirain, María Jesús Fombellida,

Juan José Castillo, entre outros. Tal esforço coletivo

atingiu o êxito rapidamente no país Basco, onde existe

uma verdadeira veneração ancestral pela boa mesa.

De fato, o território basco ostenta o maior número de

estrelas Michelin por habitante do mundo inteiro.

A tradição familiar de receber reconhecimentos in-

ternacionais também tem continuidade com Elena.

Este ano, ganhou o prêmio como melhor chef feminina

do mundo, o The Veuve Clicquot World’s Best Fema-

le Chef award 2012, entrando na história dos grandes

chefs mundiais.

Mulheres e chefsCom o pai, Elena Arzak tem um restaurante de três

estrelas, fato que a coloca como uma das raras cozi-

nheiras de primeiro nível internacional. Ela admite que

os homens são a elite da cozinha internacional, mas

está convencida de que, em breve, os rumos mudarão.

Recorda que, quando seu pai começou a traba-

lhar no restaurante da família, ele mesmo se viu num

“ambiente matriarcal”, já que toda a equipe e a dire-

ção eram compostas por mulheres. E, ainda que logo

depois os homens começassem a ocupar todos os »»»

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www.revistalealmoreira.com.br

postos – “como ocorreu em todas as profissões” –,

considera que as novas gerações que saem das es-

colas de hotelaria são integradas por,no mínimo, 50%

de mulheres. Aponta, além disso, que atualmente em

Arzak trabalham seis mulheres como chefs. “É ques-

tão de tempo. Haverá mais mulheres que sejam chefs

de primeiro nível em alguns anos.”

Um prazer para os convidadosOs responsáveis pelo Arzak têm todos os motivos

para se orgulhar. Elena diz que uma de suas maiores

satisfações é confirmar que seu restaurante agrada a

todos os tipos de pessoas. “É comum encontrar em-

presários que compartilham o espaço com grupos de

amigos, ou famílias que querem celebrar um evento

significativo”. Obviamente, o custo do menu degusta-

ção (175 euros, em média) é consistente com a qua-

lidade de sua cozinha, mas os amantes da boa co-

mida estão acostumados a fazer “esse esforço” para

se deleitarem um pouco. Há, inclusive uma curiosida-

de no Arzak: popularizou-se o “vale presente” de um

menu completo. “Nas últimas semanas, passaram

pelo restaurante um jovem de 17 anos que não que-

ria um outro presente de sua família e foi premiado

com o tal ‘capricho’. Houve também uma mulher de

90 anos que sempre quis ir ao melhor restaurante da

sua cidade, um pedido que, finalmente, foi atendido

pelos netos”, conta.

Elena lembra ainda que recentemente visitou uma

família que economizou mais de dois anos para des-

frutar da experiência de comer em seu restaurante.

“Queremos que vocês saibam que finalmente conse-

guimos e estamos muito felizes de estar aqui”, disse-

ram. Para a chef, foi um momento emocionante, mas

também cheio de responsabilidade: “Meu primeiro

pensamento foi que não podíamos falhar”.

O nascimento de um prato.A cozinha de pesquisa de Arzak não perde seu es-

pírito intimista. A equipe tem instalações simples no

No restaurante Arzak, é imperativo estudar muito e criar pratos que surpre-endam o paladar

Leia mais

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143

piso superior, onde testa produtos e técnicas avan-

çadas. É o primeiro passo, quando se materializam

as ideias e há uma troca interessante de pontos de

vista, bem como onde se fazem os testes, para che-

gar a uma proposta concreta.

Até esse ponto, as receitas são feitas à mão, com

desenhos e fotografias para explicar o sistema de

processamento. O próximo passo é transferir a des-

crição para a cozinha principal, no piso térreo, para

ver se é possível produzí-la para 20 ou 30 pesso-

as. E dada a complexidade, nem sempre é possí-

vel. Mas, apesar do trabalho contínuo da equipe de

pesquisa, são consolidados apenas 40 novos pratos

principais a cada ano.

Os cozinheiros Arzak têm um poderoso aliado, o

“banco de sabores”, que armazena mais de 1.600

caixas com nomes como “arroz verde do Vietnã”,

“limões negros do Irã”. Elena aponta que “hoje,

como há 50 anos e dentro de 50 anos, é essencial

partir de um excelente produto.” A técnica, em sua

opinião, “só nos ajuda a alcançar certos resultados”.

Um desses suculentos resultados, que chegou

ao menu é o “cromeleque e cebola com chá e

café”. O prato é inspirado nos monumentos me-

galíticos (pense em Stonehenge, como referência)

que, como em outros lugares, estão espalhadas por

todo o País Basco. A montagem consiste em duas

cestinhas pequenas, que parecem um edifício de

pedra, em cujo interior encontramos uma mistura

surpreendente e deliciosa de sabores. Para prová-

-los, você deve virá-lo e comê-lo como um cone. O

resultado é espetacular.

Cromeleque de Cebola com chá e café - o prato lembra um monumento magalítico e é campeão de pedidos

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INGREDIENTES(para 4 pessoas):

Para o molho• 2 gr. de canela em pó• 100 gr. de pão torrado• 40 gr. de azeite de oliva• Suco de um limão• 1 cebola cozida• Sal e pimenta

Para a mendresca* de Bonito**• 400 gr. de mendresca de bonito com pele (limpa)• Sal, gengibre

Para a salada de frutas secas• 5 gramas de Painço (cereal muito parecido com milho, encontrado facilmente no mercado)• 2 gramas de nori (tempero a base de algas) em pó• 5 gramas de pinhões• 5 gramas de pistaches• 2 gramas de chia• 10 amêndoas • meia laranja ralada• Sal

Para os ramos de canela• 4 “galhinhos” de canela• 100 gramas de azeite• 1 grama de canela em pó

Para o molho• 100 gr. de suco de laranja• 40 gramas de salsa de soja• 20 gramas de suco de limão• 1 grama de canela em pó

Serão necessárias 4 campanas de cristal, para ajudar a defumar o prato.

PREPAROPara o molhoTriturar os ingredientes, temperar e dar o ponto do açúcar.

Para a mendresca de bonitoFatiar a mendresca em retângulos (2 unidades por pessoa). Um dos retângulos deverá ser um pouco maior que o outro. Temperar e dar o ponto do gengi-bre. Dourar a mendresca com um pouco de azeite na frigideira, somente pelo lado da pele. Retirar a pele, untar com molho e finalizar na panela. Reservar.

Para a salada de frutas secasTorras as frutas secas separadamente no forno. Deixar esfriar e picá-las. Misturar todos os ingredientes.

Para os ramos de canelaMisturar bem a canela em pó e o azeite. Deite os ramos nesse azeite até que sejam usados.

Para o molhoMisturar os ingredientes, exceto a canela, e ferver durante 1 minuto.Acrescentar a canela e deixar repousar.

FINALIZAÇÃONo centro do prato, colocar as fatias de mendresca cortadas. Ao lado, o ramo de canela que saiu do forno. A canela soltará uma fumaça, que preencherá levemente a campana e o bonito dentro dela. Retirar a campana no momento de servir.

receita

Bonito canela

*mendresca: corte triangular da parte superior da barriga do peixe, neste caso, de Bonito.**Bonito: Peixe marinho, de porte médio, parente próximo do atum, com o qual muito se parece. Tem pouca cotação no mercado , embora sua carne seja excelente. No Brasil, também conhecido como curuatá.

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País: Itália - Piemonte Graduação: 5,5%Uvas: 100% Moscato Bianco O Moscato d’Asti é um vinho com aromas inimitáveis,.A palavra Moscato deriva do latin antigo “Muscus”, que por sua vez é o nome de uma famosa essência usada na elaboração de perfumes. A característica mais mar-cante da grande família das uvas Moscato são os aro-mas varietais típicos dessa espécie, aromas primários marcantes e inesquecíveis. O Saracco Moscato d’Asti é delicadamente efervescente com borbulhas persistentes; seus aromas evocam as do-ces colinas da província de Asti, ressaltando os aromas de pêssego, flor de laran-jeira, tília, abricó. Casa bem com sobremesas preparadas com frutas e sorvetes, porém acompanha pratos salgados como salame e prosciutto crudo (presunto cru). É per-feito e quase transgressivo com queijos picantes

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País: França - RhoneGraduação: 13%Uvas: 100% Syrah A uva, ícone do Rhone do norte, é a exotica Syrah . O DELAS Crozes Hermita-ge AOC 2009 Domaine des Grands Chemins é um vinho robusto e decidido, com aro-mas complexos e ricos de framboesa, alecrim, azeito-na preta, pimenta do reino e estrutura tanica corpulenta, sugerindo um grande futuro. Sem dúvida, muito elegante e caracteristico, vinificado com o típico estilo tradicional frances da Cotes du Rhone. Casa-se perfeitamente com carnes vermelhas e caça. Ganhou 92 pontos do critico Robert Parker.

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País: Espanha - Galícia Rias BaixasGraduação: 13,5%Uvas: 100% Albariño Para os que pensam que na Espanha somente os vinho tintos são dignos de atenção, esse branco aromático e mi-neral feito com a uva albariño é digno de toda a atenção, é elaborado em Val do Salnés, sub-região mais importante da D.O. Rias Baixas. Muito bem pontuado, já foi con-siderado o 4° melhor vinho do mundo pelo Wall Street Journal; levou 90 pontos do Guia Peñin e 90 pontos Wine Advocate . Acompanha baca-lhau, polvo em todos os tipos de preparação e chega a ser perfeito com Paella de frutos do mar.

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País: Itália Graduação: 13,5%Uvas: 100% BarberaCom o selo de origem do Piemonte, este vinho é feito a partir de uvas provenientes de vinhedos selecionados em Monforte d’Alba e Castiglione Falletto; e de vinhedos pró-prios em Serralunga d’Alba e Treiso. A colheita busca extrema maturidade das uvas. Rubi de média intensidade, halo em evolução. Típica tra-ma olfativa, com cerejas ne-gras e amoras maduras, sob fundo perfumado de baunilha e eras aromáticas. Estrutura-do, firme, sápido com longo final. Harmoniza com risoto ao ragu de pato selvagem, agnolotti de carnes diversas assadas e braseadas, rotie de vitela, lasanha trufada de codorna, risoto com speck e cogumelos.

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Itália uação: 13 5%

País: França Graduação: 13%Uvas: 100% ChardonnayDe coloração palha cristalina e reluzente, seduz com seu perfil olfativo de cítricos, ameixas amarelas, mel de acácia e giz. Untuosa incur-são gustativa, com alto fres-cor mineral. Conjunto muito elegante e puro. Harmoniza belamente com Coquilles Saint-James, ostras gratina-das sauce mornay, lagosta grelhada na casca com man-teiga de estragão, Supremo de frango ao creme de cogu-melos morilles e cerefólio.

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País: PortugalUvas: Syrah 30%, Petit Verdot 30%, Cabernet Sauvignon 30% e Touriga Nacional 10%Graduação: 14,5% Vol.Da região do Alentejo, Portu-gal, esse alentejano sofistica-do merece destaque. Merece-dor dos títulos conquistados (Wine Enthusiast, com 92 pontos; Revista de Vinhos, 17 em 20 e uma bela crítica do jornalista português João Paulo Martins), o Amantis é dominado por frutas negras e vermelhas maduras, especia-rias, moka e violeta. Concen-trado, com perfeita harmonia entre o extrato frutado e o calor alcoólico. Harmoniza com caças e coxa de pato confitada.

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decor

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Os móveis de de-

molição são exce-

lentes opções por-

que prolongam a

vida útil da mobília e

ainda preservam o

meio ambiente.

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Um ambiente pode ser decorado, construído

e até reformado com vários tipos de objetos

e matérias-primas. Dentre essa variedade,

a madeira tem um encanto particular: remete a algo

mais rústico, pacato e até familiar. Contudo, quem já

teve peças de madeira, sabe que o material neces-

sita de cuidado constante para que suas caracterís-

ticas físicas sejam preservadas. Sabe também que

chega o momento em que ela parece não ter mais

salvação. É aí que você encontra uma nova catego-

ria de móveis: os de demolição.

Como diz o próprio nome, são peças de madeira

que seriam descartadas, destruídas, mas acabam

ganhando utilidade novamente e dando um toque

diferenciado no ambiente. Além do reaproveitamen-

to - que já é ótimo, justamente por não esgotar mais

uma árvore para a construção de um novo móvel -

as marcas de prego, o verniz desgastado e a ação

do tempo dão à peça [charmosas] particularidades

essenciais para quem tem uma visão ecológica

mais aguçada.

Normalmente as madeiras usadas na confecção

desses móveis são nobres e maciças – algumas

centenárias e até extintas. Já foram pontes, barrotes

de fazendas ou até mesmo dormentes de estradas

de ferro. E, além de anos de história, a peça restau-

rada concentra ainda certa naturalidade, deixando

os espaços de convivência (como varandas, casas

de praia e até ambientes urbanos) mais íntimos e

sofisticados.

Além de proporcionar aconchego ao lugar _o que

por si só já é ótimo - esses objetos também casam

bem com o conceito de sustentabilidade. Sabemos

que o mundo precisa de pessoas mais conscientes

ecologicamente, portanto as ações que preservam

o meio ambiente são – sem dúvida – o único cami-

nho para que os recursos naturais não esgotem tão

rapidamente. E por que não incluir, nesse meio, o

reaproveitamento de madeiras que seriam descar-

tadas? Qualquer atitude é bem-vinda.

A designer de interiores Fátima Rego, 56, explica

que em qualquer área de atuação é possível fazer

algo que preserve o meio ambiente; prolongar a vida

útil da mobília - sem abrir mão do charme. “Acredi-

to que os móveis de demolição, como aparadores,

mesas, balcões, além de trazer para dentro de casa

o conforto que a madeira natural traz, ainda dão

uma personalizada na composição de cada projeto. »»»

Catarina Barbosa Dudu Maroja

Ocharmedoecodesign

Móveis feitos com madeira de demolição são belas aquisições para quem busca con-forto, bom gosto e preservação da natureza.

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150

E isso é algo intransferível”, defende.

Formada pela Universidade da Amazônia (Unama), a

designer tem uma história especial: ela decidiu fazer facul-

dade com mais de 50 anos - ou seja, relativamente, tem

pouco tempo de mercado profissional. Mas, por conta de

seu empenho e do que ela chama “sorte”, seu trabalho é

reconhecido e premiado.

Antes da graduação, ela já tinha apreço por coisas do

lar. Gostava tanto de decoração que sempre fazia algo di-

ferenciado para a sua casa, pois tem imenso apreço por

morar bem. “Conforto e aconchego eram palavras que

eu sempre escutava quando as pessoas entravam pela

primeira vez em uma de minhas casas. Hoje, digo que

ambas traduzem meus trabalhos, pois, ao visitar meus

projetos, escuto dos meus clientes, antes de tudo, que o

local está superaconchegante”, justifica.

A designer afirma ainda que até seus projetos comerciais

- a exemplo de escritórios, empresas, lojas ou restauran-

tes - acabam transmitindo esse conforto que ela tanto

aprecia. “É o que eu busco sempre passar. Ao ter um fee-

dback positivo do cliente, tenho a certeza de que o trabalho

foi bem desempenhado. Para isso, respeitamos desde a »»»

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paleta de cores, até a iluminação – seja ela natural ou não.

O resultado é um espaço funcional, harmônico e, claro,

confortável e aconchegante”, avalia.

Ecoeficência e EcodesignAlém dos móveis de demolição fazerem parte desse

processo sustentável, eles ainda podem ser encaixados

em dois excelentes conceitos: o da ecoeficiência e do eco-

design. O que retoma o tema de que não apenas pessoas,

mas também empresas precisam adotar medidas ecolo-

gicamente sustentáveis.

Dentro desse parâmetro, a ecoeficiência consiste na

procura de melhorias ambientais que respeitem a nature-

za no processo de confecção de produtos para consumo.

Dessa forma, espera-se reduzir o uso de materiais e ener-

gia com bens e serviços; reduzir também a emissão ou

dispersão de substâncias tóxicas; intensificar a reciclagem

de materiais; maximizar o uso sustentável de recursos re-

nováveis; prolongar a durabilidade dos produtos.

O ecodesign, por sua vez, significa um menor consumo

de energia, água e matéria-prima para a mesma quanti-

dade de produto, gerando menos emissões e menos re-

síduos, implicando mudanças nos padrões de produção e

também nos de consumo, além de enfatizar a compreen-

são dos impactos ambientais associados ao ciclo de vida

dos produtos e a adoção de novas formas de gestão em-

presarial.

Antes de tratarmos a madeira de demolição dentro

desses dois contextos, vale lembrar que, no passado, a

consciência ambiental não era tão presente como nos dias

atuais. Logo, quando alguém procurava um móvel, nem

sempre o escolhia pela sua beleza, mas sim pela sua re-

sistência ao tempo, aos fungos e bichos, tais como cupim

e outros. As madeiras mais resistentes e com esse tipo de

característica são chamadas de madeiras nobres ou de lei.

O interessante no processo de ecodesign e ecoefiência é

justamente a capacidade de empresas perceberem uma

nova usabilidade para coisas que seriam descartadas e

agregarem a isso um valor socioambiental. “Muitas das

madeiras nobres e bonitas dos móveis de demolição vêm

da Europa, e uma das funções que elas tinham era repro-

duzir móveis ingleses. Com sorte, é possível encontrar mó-

veis até da raríssima braúna. Mas qualquer madeira que

resistiu ao tempo pode ser reaproveitada e se enquadra

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Considerados exemplos de sustentabilidade no design, os móveis de demolição ganham novas cores e tratamentos. O resul-tado é um mobiliário mais charmoso e cheio de histórias para “contar”.

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153

como móvel de demolição”, explica Fátima.

Quando se fala em criar um ambiente com esse móvel,

é essencial pontuar que não existe um projeto de madeira

de demolição, mas sim o uso de um móvel, um painel ou

uma peça de adorno em um projeto de design ou arquite-

tura. “Em cada projeto que eu trabalho, um novo desafio

é lançado e a ansiedade em satisfazer os gostos de cada

cliente ou de cada membro da família é recompensada

com o resultado. Quando o trabalho comporta, sempre su-

giro um móvel ou o uso de peças de origem consciente.

O importante é cada um fazer a sua parte”, lembra Fátima

Rego.

Hoje, há arquitetos, designers e até artesãos mundial-

mente conhecidos pelo trabalho com madeiras nobres de

demolição ou simplesmente com aproveitamento dessas

madeiras. Em Belém, a loja Jardim Secreto_ fundada em

setembro de 2001 pelos sócios Eduardo Salame, 46, e

Sergio Braga, 52 anos_ é uma empresa que adota os con-

ceitos sustentáveis e trabalha com móveis de demolição.

Os sócios trabalham com essa categoria de móveis há

mais de oito anos. São armários de duas portas, guarda-

-comida, aparadores, louceiros, espelhos, mesas de jan-

tar, laterais de cama, bandejas e oratório. “Temos uma

grande variedade de peças e até móveis que foram usa-

dos a partir do século XVIII na Região Francesa de Lion,

para a realeza francesa”, afirma Salame.

Segundo ele, a demolição no Brasil nasceu nas fazen-

das de Minas Gerais com o reaproveitamento de assoa-

lhos de peroba, que ganharam vida nova graças a apa-

radores ou armários de guardar comida. “Os móveis de

demolição na decoração dão personalidade a casas e até

um ar de fazenda e de acolhimento. Para mim, elas são

ainda um antídoto pra toda decoração pasteurizada dos

dias de hoje”, destaca.

No Jardim Secreto, o público que escolhe essas peças

é bem eclético - vai desde o jovem casal que está de casa

nova, mas quer algo que lembre as fazendas da infância;

até casais estrangeiros que buscam algo original e com a

cara do Brasil. “Eu vendo, mas também sou um consumi-

dor. Em minha casa, tenho um aparador mineiro com de-

talhamento em ferro lindíssimo”, revela Eduardo Salame.

A loja, além de oferecer móveis de demolição, trabalha

também com peças em ferro, aromas, alpacas indianas,

entre outros. »»»

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Consciência a doisA médica Lorena do Prado, 32, é casada há nove anos

com o jornalista Raphael Polito, 28 e os dois adoram o

estilo dos móveis de demolição. Lorena confessa que, na

verdade, Polito é o responsável por ela gostar tanto desse

tipo de peça. “Ele foi uma grande influência nas compras

e decisões relacionadas à aquisição de produtos ecolo-

gicamente corretos e o móvel de demolição é um deles.

Aprendi tanto com ele que hoje tenho sido até mais chata

na hora de comprar”, brinca.

A verdade é que não é de uma hora para a outra que

uma pessoa adquire consciência ambiental. Para isso, é

preciso se educar nesse sentido. A médica explica que

optar por móveis e medidas que colaboram com a natu-

reza faz parte da educação dela e do marido. “Sabíamos

que, ao compran esse tipo de mobiliário, estaríamos tam-

bém ajudando de alguma forma, já que nenhuma árvore

precisaria ser derrubada para a produção”, defende.

Hoje, ela aprendeu muito com o marido sobre os mó-

veis e afirma que, antes de comprar uma peça, procura

se informar bastante, chegando ao posto de consumidora

extremamente exigente. “Acho que, quando o assunto é

meio ambiente, precisamos mesmo é ser cada vez mais

chatos, afinal, é o futuro das próximas gerações que está

em jogo. Não custa nada mudar um pouco os hábitos pra

fazer muita diferença”, justifica.

Além da consciência ambiental, a escolha do casal pe-

los móveis se dá devido à beleza e versatilidade, já que

apenas uma peça consegue transformar um ambiente

inteiro. Outro ponto positivo é que eles são fáceis de trans-

portar e possuem grande durabilidade. Os móveis que o

casal tem em casa foram todos comprados em São Pau-

lo. “Lá, existe uma infinita variedade. Passamos por lojas

especializadas da zona sul da capital paulista até achar-

mos o que melhor se adequava ao nosso pequeno apar-

tamento na época. O bom disso tudo é exatamente essa

questão: independente de onde você more ou do tama-

nho do imóvel, os móveis parecem estar sempre prontos

para qualquer ambiente. Comprei um aparador que já es-

teve na cozinha, na sala e talvez algum dia dê uma ‘pas-

sadinha’ pelo quarto”, conta, dizendo que não se desfaz

da peça de jeito nenhum.

Além do inseparável aparador, eles também têm um

bar, uma mesa de jantar de demolição com quatro ca- »»»

“Peças de demolição são bonitas, versáteis e fáceis de transportar”, defende a médica Lorena do Prado, consumidora desse tipo de mobiliário há anos.

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deiras de reflorestamento, e uma cristaleira de madeira

sustentável.

O interessante, ao observar o casal, é poder levantar

a questão da sustentabilidade não só no que tange aos

móveis de demolição, mas sim à preservação do meio

ambiente de forma geral. “As pessoas têm, infelizmente,

a ideia errada de que um ato mínimo não significa nada

para a defesa ambiental. Aí é que está nosso problema

hoje. Caso cada um contribuísse um pouco no dia a dia,

não jogando lixo na rua, reciclando, poluindo menos com

seu carro, usando meios de transporte alternativos, lutan-

do nos condomínios para a destinação correta do esgoto

e, claro, comprando madeira de reflorestamento ou de de-

molição que evita o uso contínuo de madeira ilegal ou não

certificada, tudo seria melhor”, destaca a médica.

Nesse sentido, todo esforço é válido, não só de pessoas,

mas também dos governos e empresas. As madeiras de

demolição, por exemplo, têm durabilidade superior porque

são restos de madeira de lei. “As características das peças

são únicas, já que um móvel nunca é igual ao outro, o que

foge ao modismo. E empresas que trabalham com isso

são cada vez mais valorizadas por mim, já que ajudam e

ao mesmo tempo se reinventam”, arremata Prado.

O mais importante de todo esse processo é saber que

pequenas atitudes são capazes de mudar todo um ciclo

de consumo. E ele começa com as suas decisões. Sa-

ber que a escolha do seu móvel pode tornar o mundo um

lugar melhor, além de mais agradável, deixará você com

a satisfação de papel cumprido. Então, faça a diferença.

Opte por medidas sustentáveis, não jogue lixo na rua, ra-

cione sua água, não polua o meio ambiente e dê uma

chance aos móveis de demolição que, além de lindos, têm

muita história para contar - e, sem dúvida, vão dar um

charme inigualável para a sua casa.

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falando nisso

www.revistalealmoreira.com.br

Larissa Chadyarquiteta

Segundo a definição do dicionário, “decorar” é o ato ou efeito de ornamentar; atividade que consiste em organizar um espaço (geralmente interiores), com-binando os diversos elementos de forma harmoniosa e/ou funcional, de acordo com o fim a que o espaço se destina. Para a arquiteta Larissa Chady, deco-ração é uma bela oportunidade de harmonizar – em uma perfeita sintonia – o interior do espaço com o interior de quem mora ou trabalha naquele local. Em uma estreia especial, Larissa Chady é a profissional convidada da nova coluna da Revista Leal Moreira, “falando em décor” e dá dicas de design de interiores, com muito bom gosto.

Agradecimento: Sofisticatto

1) Renove os objetos de decoração. Guarde por um tempo os objetos anteriores que permaneceram por muito tempo em exposição e saia em busca de peças novas. Às vezes, uma bandeja na mesa de centro para organizar a coleção de caixinhas ou livros faz toda a diferença.

2) Reposicionar os quadros é outra coisa fácil, rápida e que faz muita diferença. Inverta-os, misture estilos e cores. Brinque!

3) Almofadas novas, de preferência grandes, são mais imponentes e em harmonia com os tons da sala. Não há regras! Podem ser neutras ou coloridas. Podem, por exemplo, compor com os tons de alguns ob-jetos de decoração próximos.

4) Adoro verde, flores, cheiros. Arranjos florais dão vida à casa e não precisa ser um dia especial para tê-los em seu lar. Entrar em casa e se deparar com orquídeas, lírios, angélicas ou simples verdinhos na mesa de centro (ou laterais e em aparadores) faz toda a diferença.

5) Expor objetos especiais, como caixas de prata, coleção de tacinhas de licor (garimpadas em feirinhas ou antiquários), uma louça antiga de família. A ordem é: podem ser poucas, mas são boas pecas.

6) Escolher bem [e nas dimensões corretas] os tapetes. Não precisa encher a sala deles, mas colocá-los pelo menos no ambiente de estar, o que fará um elo entre todos os demais móveis. O ideal é entrar um pouco embaixo dos sofás e poltronas, dando mais aconchego e impo-nência ao ambiente.

7) Na iluminação, não há necessidade de exageros. Luzes, quando bem posicionadas, destacando objetos e quadros, devem ser sempre na tonalidade “amarelada” – nunca na cor branca. Atualmente, as de led podem substituir as antigas dicroicas ou ARs, eliminando o descon-forto do calor e do gasto de energia exagerado. Os abajours são sempre bem vindos, já que contribuem com a iluminação geral e também pro-porcionam uma atmosfera aconchegante.

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especial

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161

Encontrar ingredientes especiais para preparar

em casa pratos diferentes ou receitas de livros

e revistas gourmet não é mais um problema

em Belém. Com a abertura de novos empórios nos

últimos dois anos, quem gosta de impressionar na

cozinha tem um novo leque de possibilidades com

requintes do artesanal ao mundial.

Para Marcelo Magalhães, 35 anos, assíduo fre-

qüentador de empórios e apaixonado por gastrono-

mia, o que está por trás do sucesso dessas lojas é

a crescente valorização da culinária, que desperta o

desejo de sair da rotina e ousar em receitas novas.

Segundo ele, que também é diretor executivo de um

empresa especializada em pesquisa de mercado,

esse novo hábito de consumo está ligado ao maior

acesso à informação e ao poder de compra.

Um dos reflexos do momento especial da econo-

mia, que proporciona ao consumidor a realização de

pequenos prazeres da mesa, é a aquisição de pro-

dutos importados pelo melhor preço. Além disso,

diferente dos grandes supermercados, nos empórios

há um relacionamento direto com os proprietários, re-

criando a atmosfera das antigas mercearias. “O que

mais me atrai é a proximidade com os donos, que

conversam, explicam receitas, dão dicas, como anti-

gamente”, afirma Magalhães.

Qualidade artesanalFoi nesses moldes que as chefs de cozinha Solange

Sabóia e Ilca Carmo criaram o espaço gastronômico

Santa Chicória, inaugurado há apenas cinco meses.

“Não queremos ser um mercadinho. Pensamos em

fazer um pequeno empório, com itens preparados

por nós”, conta Solange. Elas criaram um cardápio

de produtos artesanais com pães sem conservantes,

temperos, antepastos, doces finos, azeites e cacha-

ças aromatizadas com sabores inusitados, que já caí-

ram no gosto da clientela, como a de jambu.

“Temos as cachaças interessantes e as gostosas”,

diferencia Ilca, com sabores como cupuaçu, ba-

curi, graviola e taperebá que têm mais chances de

cair bem no paladar; já a aguardente feita de jambú

desperta o gosto pela novidade. Outra especialidade

da casa é a geleia de tomate com pimenta, um dos

antepastos mais pedidos. “As pessoas estão criando

o hábito de cozinhar em casa, se arriscando em re-

ceitas novas e, para isso, precisam de ingredientes

especiais”, garante Solange. O espaço gastronômico

prevê ainda uma escola de cozinha, que será aberta

em breve.

Rápido e práticoNa contramão dos desbravadores da gastronomia,

os empórios também são frequentados por quem

Su Carvalho Dudu Maroja

O supérfluonecessário

Além das compras do mês: os empórios gourmet trazem para Belém novas possibili-dades gastronômicas para quem quer fazer diferente na cozinha

»»»

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162

não tem tempo para cozinhar. Pessoas que moram so-

zinhas e com ritmo de trabalho acelerado encontram

nesses espaços soluções práticas para se alimentar de

maneira saudável e não se atrasar para os compromis-

sos do dia a dia. “Temos clientes que vem aqui três ve-

zes ao dia”, afirma Mauro Costa, gerente geral do grupo

Cidade, que administra o Delicidade Empório Gourmet.

A loja tem opções de café da manhã, almoço e jan-

tar, bem como oferece todo o mix de ingredientes para

quem gosta de receber em casa, desde antepastos,

pães, especiarias, a cortes de carne especiais, frios e

vinhos importados.

O Delicidade Empório é considerado uma das melho-

res padarias da cidade, premiado por revistas e guias

especializados. O local ainda tem um diferencial [como

não poderia deixar de ser]: garante o pão francês [o “ca-

reca” para os paraenses] nosso de cada dia, além de

pães integrais, italianos, suecos, australianos e árabes.

Com dois anos de funcionamento, Costa conta que a

iniciativa surgiu para atender, sobretudo, o público gour-

met e, para isso, visitou vários empórios no Brasil, de

São Paulo a Fortaleza. A clientela, porém, tem diferentes

perfis, com diferentes necessidades que as redes de

supermercado locais não suprem. “Temos público para

todos os tipos de produtos”, afirma.

Do oriente ao mundoPioneiro em Belém, a Nippobraz começou como

casa especializada em pescados e mariscos há quase

15 anos e ficou famosa pelo salmão defumado e cama-

rões frescos. Aos poucos, foi diversificando os produtos

e passou a oferecer tudo para sushis e sashimis, desde os

ingredientes aos apetrechos para o preparo. Com isso,

tornou-se fornecedor de mais de 200 restaurantes na

Pães especiais, vinhos, antepastos, atmosfera acolhedora e serviço especial são al-guns dos diferenciais nos empórios

www.revistalealmoreira.com.br

»»»

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163

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164

cidade e um empório especializado em culinária japonesa

e oriental, onde se pode encontrar até saquê com flocos

de ouro.

Para Tomoaki Kishimoto, um dos sócios do empório,

os clientes da loja buscam ser surpreendidos com coisas

incomuns e exóticas, tendo a garantia da qualidade. “As

pessoas vêm passear com calma, olham, perguntam, de-

moram mais para fazer as compras”, descreve Kishimoto.

“São clientes que não gostam de enfrentar a fila dos super-

mercados”, afirma.

Por isso, o negócio não se limita às iguarias do orien-

te e abre para o mercado paraense dois mil itens vindos

de mais de 15 países diferentes. Um lugar para comprar

sorvetes coreanos, molhos de ostras, vários tipos de ovas,

carne de rã, filé de enguia, peixes japoneses, lula africa-

na, vieiras e centolas - um caranguejo gigante, típico do

mar chileno. Atende ainda a demanda de legumes fres-

cos, como aspargos, cogumelos e pepinos nigauri, além

de grãos e massas importadas.

Vindo do Japão para o Pará aos oito anos de idade, Kishi-

moto defende que aqui as pessoas não têm muitas restri-

ções para experimentar novos sabores. “O paraense não

estranhou a comida japonesa. Isso ajudou muito a divulgar

nossos produtos, principalmente os exóticos”, acredita.

Santa Chicória Espaço GastronômicoRua Diogo Moia, 1046, Umarizal.

Contato: (91) 3347.9899

Delicidade Empório GourmetAvenida Gentil Bittencourt, 1393 -

esquina com a Travessa 14 de Abril. Nazaré.

Contato: (91) 3241.3213

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Contato: (91) 3241.7200

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LEAL MOREIRA CONQUISTANOVAMENTE O PRÊMIO TOP DE NEGÓCIOS

Através de uma aferição realizada

pelo Bureau de Marketing e Pesquisa, a

Leal Moreira foi eleita a melhor Constru-

tora/Imobiliária e ganhou o Prêmio Top

de Negócios. O reconhecimento vem ra-

tificar a qualidade da empresa, que atua

há 26 anos no mercado com qualidade

e compromisso com o público.

Realizada desde 1997, a pesquisa

do Prêmio Top de Negócios entrevistou

1.320 consumidores das cidades de

Belém e Ananindeua para conhecer as

preferencias em 22 segmentos, indo de

agências de viagem a centros gastronô-

micos, centros de compra e imobiliárias,

entre outros.

A Leal Moreira obteve 41,09% da pre-

ferencia do mercado consumidor da

Grande Belém. Esse resultado com-

prova que a empresa continua sendo a

primeira escolha quando se pensa em

adquirir um imóvel ainda na planta.

O Top de Negócios, que sempre busca

enquadrar seu público alvo em todas as

áreas de consumo, contou pela primeira

vez com a chancela de 200 profissionais

e estudantes da área de comunicação,

publicidade e marketing, que também

manifestaram suas preferências na pes-

quisa.

A grande maioria das questões formu-

ladas na pesquisa, que é feita em três

targets de consumidores (Teen – 13 a 19

anos; Adulto feminino – acima de 21

anos; Adulto masculino – acima de 21

anos), permite respostas espontâneas

ligadas à lembrança de marcas fortes e

com credibilidade no mercado.

A segunda parte da pesquisa – que

envolve o segmento no qual a Leal Mo-

reira foi campeã – foi publicada no Ca-

derno Negócios do dia 19 de agosto. A

primeira parte da pesquisa saiu na edi-

ção do dia 12 de agosto.

Pesquisa realizada pelo Diário do Pará colocou empresa no

topo do segmento Construtora/Imobiliária.

Institucional

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A Leal Moreira, ao longo de seus 26 anos de existência, tornou-se referência, em seu segmento no mercado paraense.

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Feijão em pasta

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Burrito

2 pacotes de tortilla de trigo / 800g de carne (fi lé, patinho

ou coxão mole) /1 lata de pimenta jalapeño / 1 envelope de

tempero para burrito / ½ xícara de água / 1 lata de feijão

refrito / alface em tiras / 1 tomate em cubos / molho de queijo

/ 1 vidro de molho para tacos (suave, moderado ou picante).

1- Doure a carne numa panela média e adicione o Tempero

para Burrito.

2- Em outra panela, junte o Molho para Taco, o Jalapeño

cortado, a água e cozinhe em fogo baixo

3- Aqueça as tortillas em uma frigideira até dourarem.

4- Recheie as tortillas com a carne, o feijão refrito, o molho,

os temperos e o molho de queijo.

5- Enrole e dobre os extremos de cada uma. Cubra com o

molho para Taco e o molho de queijo.

6- Leve ao forno até que o queijo esteja derretido.

Rendimento: 20 burritos

Ingredientes

Modo de preparo

Page 168: RLM 34

LEAL MOREIRA NA CASA COR PARÁ

A Leal Moreira marca presença - pelo segun-

do ano consecutivo - na Casa Cor Pará, a maior

mostra de arquitetura, design e paisagismo das

Américas. O Grupo é novamente patrocinador

da mostra.

“O espaço da Leal Moreira terá muita ousa-

dia, tecnologia e interatividade, que são nossas

marcas registradas”, conta André Leal Moreira,

diretor de marketing da Leal Moreira. Os arquite-

tos José Jr. e Perlla assinarão o projeto .

“A Leal Moreira repete essa parceria de su-

cesso com a Casa Cor Pará. É uma vitrine

importante para os profissionais talentosos de

nossa terra”, afirma André Leal Moreira.

Institucional

A Leal Moreira é novamente patrocinadora ofi cial da Casa Cor Pará, em 2012. Em sentido horário: Carlos Moreira, presidente do Grupo Leal Moreira, posa ao lado do boneco feito em sua homenagem, na mostra de 2011; André Leal Moreira, diretor de marketing da empresa, no lançamento ofi cial do evento, ao lado de Isan Anijar, um dos franqueados no Pará. Abaixo e à direita, imagens da “Vila Leal Moreira”, espaço temático [e pre-miado] em 2011. Fafá de Belém, madrinha da mostra, na Vila Leal Moreira.

Page 169: RLM 34

A perfeita A perfeita mistura entre mistura entre transparênciatransparênciae resistência.e resistência.

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OS MELHORES VINHOS DO MUNDOAPRESENTADOS PELA LEAL MOREIRA

Evento pioneiro na região trouxe mais de 51 rótulos exclusivos em uma degustação exclusi-

va para clientes e convidados.

Promovido pela importadora Grand Cru Be-

lém, em parceria com a Door Comunicação,

o Grand Tasting Belém 2012 apresentou aos

entusiastas dos vinhos alguns dos melhores

rótulos do mundo. A degustação foi apresen-

tada pela Leal Moreira e Citroen/Monte Carlo

no belo Spaço Casa da Artefacto.

A parceria, segundo André Leal Moreira, di-

retor de marketing da construtora, surgiu pelo

proposta inovadora do evento. “Acreditamos

que este evento tem afinidade com o que fa-

zemos por trazer os mesmo valores que culti-

vamos”, afirmou o diretor de marketing, acres-

centando que a excelência é uma marca do

grupo, nesse caso estendida para a degusta-

ção de vinhos com sofisticação e pluralidade.

O público pode se deliciar com 51 rótulos

de vinho de localidades famosas, com uvas

diferentes e sabores para todos os paladares,

indo dos mais suaves aos mais encorpados.

A tradicional região de Bordeaux, na França,

esteve representada no evento. Os vinhos

portugueses também puderam ser melhor

conhecidos no Grand Tasting, que recebeu o

produtor Duarte Tejo, das vinícolas Perescuma

(Tejo) e Casal Branco (Alentejo). Foram apre-

sentados quatro vinhos tintos, como o Falcoria

Clássico que, segundo Duarte, é um vinho de

corte elegante e frutado; e o Perescuma Co-

lheita, com predominância de uvas francesas.

O argentino Juan Pablo Michelini, represen-

tante da vinícola Zorzal, em Mendonza, apre-

sentou ao público o Pinot Noir 2010, Caber-

net Sauvignon 2010, Climax Malbec 2009 e

Climax Blend 2009, entre outros. “Este último

congrega a amabilidade do Malbec e a textura

da Cabernet Sauvignon, além de uma carac-

terística peculiar dos vinhos da nossa região,

que por ser calcária - com altas temperaturas

de dia e baixas à noite – deixa a bebida com

um gosto mais mineral”, explicou.

Rodrigo Aguilera, sócio-proprietário da im-

portadora Grand Cru, falou sobre o diferencial

do evento, que é pioneiro na cidade. “A plu-

ralidade de rótulos é enorme. São vinhos de

regiões, preços e estilos variados. Produtores

de regiões tradicionais, como o Chile e a Itá-

lia, também estão aqui representando suas

vinícolas em estações temáticas”, enfatizou o

empresário.

A escolha para receber um evento tão atra-

ente ao olfato e ao paladar não poderia ter

sido mais feliz: entre móveis e objetos deco-

rativos de alto padrão na Spaço Casa, clien-

tes e patrocinadores circularam por estações

de vinhos e degustaram a bebida com muito

conforto e elegância. “Acho que eventos como

este só agregam: o público se sente bem vin-

do aqui ao degustar os vinhos e sentar nos

sofás, conversar num clima descontraído e

agradável”, ressaltou Elenice Betzel, que diri-

ge a Artefacto/Spaço Casa ao lado do esposo.

Institucional

Apresentado pela Leal Moreira, o Grand Tas-ting 2012 proporcionou uma degustação de rótulos exclusivos a clientes e convidados.O maior evento de vinhos da região Norte teve como cenário a Artefacto/Spaço Casa.

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vas, a Revista Leal Moreira lançou sua 33ª

edição em uma festa para anunciantes, pu-

blicitários e parceiros no Capital Lounge Bar.

O momento serviu para relembrar a trajetória

de sucesso da revista, realizando, inclusive,

votação entre os presentes para eleger a me-

lhor capa de todas.

Quem já teve a oportunidade de ler a Re-

vista Leal Moreira vê nela o estilo de vida

de quem preza pela qualidade. Decoração,

tecnologia, turismo, lazer e grandes perso-

nalidades de diferentes setores, como arte,

música e teatro marcam as páginas da pu-

blicação que, a cada três meses, circula

no Pará e pelo país, com tiragem de 12 mil

exemplares.

A tiragem é auditada pela Price Water

House Coopers, uma empresa de renome

mundial que trabalha exclusivamente com a

revista no estado. Esses e outros dados com-

provam que a publicação, além de ter longo

alcance, tem credibilidade, o que faz com

que os anunciantes tenham total confiança

no trabalho que é desenvolvido pela Revista

Leal Moreira.

São meses de planejamento para trazer

aos leitores um conteúdo caprichado. Já

passaram pela Revista Leal Moreira os músi-

cos cubanos do Buena Vista Social Club, a

atleta olímpica do vôlei de praia Larissa Fran-

ça, o humorista Marcelo Tas, os atores La-

zaro Ramos e Selton Mello, além do escritor

Luis Fernando Veríssimo. Portugal, Amster-

dã, Catalunha, as obras do paraense Emma-

nuel Nassar, um ‘clique’ da Casa Cor 2011

e pela bela Camila Pitanga foram algumas

das capas mais votadas pelos presentes, por

ocasião da festa de lançamento.

A votação seguiu para o site www.revistaleal-

moreira.com.br

Ao alcançar a 33ª edição, a Revista Leal Moreira celebrou seus oito anos de história em grande estilo

Institucional

Clientes, agências e jornalistas foram convidados para a festa de lançamento da edição 33 da RLM. A atleta Larissa França foi capa.

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Dis

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ano 5 número 17 junho 2008

GENTE DESIGN ESTILO IDÉIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

Depois de emendar o atrapalhado Foguinho com o bem intencionado Evilásio, Lázaro Ramos esbanja versatilidade, diz que não aceita rótulos e se confirma como um dos destaques da tevê brasileira.

Inclassificável

ano 7 número 28

Bom momento na televisão, estreia nos cinemas e planos para um ano inteiro de dedicação ao teatro

Camila Pitanga

AzulejariaClaudia JaguaribeEdyr AugustoIstambul MúsicaOphir Cavalcante

Institucional

PÚBLICO ELEGE A CAPAMAIS MARCANTE DAREVISTA LEAL MOREIRA

Após a festa de lançamento da 33ª

edição da Revista Leal Moreira, onde os

convidados puderam escolher algumas

de suas capas favoritas, dez delas se-

guiram para votação popular no site da

revista. A consulta movimentou nossas

redes sociais e após um mês, quando

os votos foram contabilizados, obtive-

mos um feliz (e curioso) resultado: em-

pate!

As capas em que aparecem Amsterdã

e a capa com o ator Lázaro Ramos, ves-

tido de noiva, foram as grandes favoritas

do público e ambas empataram com o

percentual de 24, 14% da preferência

dos internautas, que as colocaram em

primeiro lugar. Outro empate também

foi contabilizado: as edições que trazem

Emmanuel Nassar e Camila Pitanga fi-

guram juntas na segunda colocação.

A votação encerrou. Agradecemos a

todos que participaram. O conteúdo das

revistas com as capas campeãs, bem

como desta edição, podem ser acessa-

das e lidas (na íntegra) no site www.revista-

lealmoreira.com.br

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176

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ore

ira

em andamento concluídoVeja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreiraimobiliaria.com.br

.Torre Parnaso

2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58,40m² e 79,20m² • Cremação • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis)

Torre Solazzo

3 suítes • 112m² • Humaitá • Trav. Humaitá (entre Visconde de Inhaúma e Marquês de Herval).

Torre Breeze

Torres Cenário

projeto lançamento fundação estrutura alvenaria revestimento fachada acabamento

4 suítes • 352m² • Umarizal • Trav. Dom Romualdo Coelho, 1132 (entre Bernal do Couto e Diogo Moia).

Torres Dumont

2 e 3 dorm. (1 e 2 suítes) • 64m² a 86m² • Pedreira • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Marquês de Herval).

Torres Acácia

3 quartos (1 suíte) • 82 e 104 m² • Ananindeua • Rua Thenry-BR 316 (atrás da UNAMA).

Torre Domani

3 e 4 suítes • 187,15m² • Nazaré • Av. Governador José Malcher, nº 1655 (entre 14 de março e Alcindo Cacela).

Torres Liberto

3 suítes • 122 m² e 260 m² • Batista Campos • Rua dos Tamoios, (esquina com Tv. Honório José dos Santos).

Torre Vitta Office

Salas comerciais (31,73 a 42m²) • 5 lojas (61 a 299,62 m²) • 31,73 a 42m² (sala comercial) • de 61 a 299,62m² (lojas) • Marco • Av. 25 de setembro, 2115.

Torre Vitta Home

2 dorm. 1 suíte (58,02m²) • 3 dorm. 1 suíte (78,74 m²) • 58 m² e 78 m² • Marco • Travessa Humaitá, 2115 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso).

Torre Triunfo

3 e 4 suítes (170,34 m²) • cobertura (335,18m²) • Marco • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso).

Torres Floratta

3 e 4 dormitórios • 112,53m² a 141,53m² • Marco • Av. 25 de Setembro, 1696 (entre Travessas Angustura e Barão do Triunfo).

Torres Trivento

2 e 3 dorm • 65,37m² a 79,74m² • Sacramenta • Av. Senador Lemos, 3253 .

Torre Résidence

2 ou 3 suítes (174m²) • Cobertura (361m²) • Cremação • TV. 3 de maio, 1514 (entre Magalhães Barata e Gentil).

Torres Ekoara

3 suítes (138m²) • Cobertura (267 ou 273m²) • Utinga • Tv. Enéas Pinheiro, 1700 (entre Av. Alm. Barroso e Av. João Paulo II).

Torre Umari

2 ou 3 dorm. sendo 1 suíte (107m²) • Umarizal • Rua Dom Romualdo de Seixas, 1500 (entre Antonio Barreto e Domingos Marreiros).

Torre de Farnese

4 suítes (200 m²) • Umarizal • Av. Senador Lemos, 500 (entre Dom Romualdo de Seixas e Dom Romualdo Coelho).

Sonata Residence

Uniplex (71m² a 72m²) e Duplex (118m² a 129m²) • Umarizal •João Balbi, 1291 (entre 9 de Janeiro e Alcindo Cacela).

Institucional

3 suítes • 125m² • Baía do Guajará • Trav. Djalma Dutra, 361 (próximo à Municipalidade).

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Saulo SisnandoEscritor

www.revistalealmoreira.com.br

Só existe uma coisa pior do que sentir saudade: não po-

der mais sentí-la. Pois para tudo há um tempo! Houve um

tempo para te amar e outro para te esquecer... E estes dois

tempos já se foram e não tenho mais o direito de sentir tua

falta.

Todavia, quando se trata do meu amor por ti, eu talvez

tenha aprendido a conjugar os verbos num tempo estranho.

Um tempo que não é infinitivo, mas infinito. Um tempo ver-

bal que não habita no indicativo, nem no subjuntivo... Que

perdura no mais-que-perfeito... Um tempo chamado para sempre.

Pois para sempre terei direito de sentir saudade tua quan-

do eu ler um poema da Bruna Lombardi ou quando ouvir

uma música do Texas. Neste tempo, não importa quantos

amores tiveste depois de mim, nem se estamos separados

por passagens aéreas ou por olhos que fingem não se en-

contrar. Pois este é um tempo invariável. Estático. O que foi

nosso, para sempre será.

As nossas lágrimas – haja o que houver – serão nossas; e

aqueles teus risos, eternamente meus.

E não importa se a última flor da orquídea caiu há meses

e teima em não nascer de novo. Ou se não sei por onde an-

das... Nem com quem falas... Nem se realizaste teu sonho

de conhecer New Orleans. Para sempre sentirei saudade

das vezes em que dormimos juntos.

E algumas cidades para sempre serão nossas. E algumas

datas também! E te lembrarás de mim para sempre quando

entrares na locadora de vídeo e te deparares com a foto de

Ingrid Bergman sorrindo ou quando Scarlett O’Hara disser

“amanhã é outro dia”.

Lembrarás de mim para sempre quando alguém recitar

um poema do Vinícius. Ou quando uma música da Nina

Simone rodar n’algum playlist desconhecido.

E, sem dúvida, lembrarás de mim em todos os teus fu-

turos “eu te amo”. Pois eu fui o primeiro a acreditar em ti.

E lembrarás de mim quando te fores para sempre para um

lugar incógnito. E eu for embora fazer meu doutorado no Rio

ou em Paris ou em São Francisco ou no Nepal. E nos apar-

tamos não apenas da vista... Mas nos perdermos no tempo,

na vida, na poeira, do qual é feita o cosmo.

Porém, mesmo separados, para sempre haverá dois

amantes correndo na Golden Gate, como vultos distantes,

de rostos irreconhecíveis. Mas estes dois amantes, infe-

lizmente, não serão eu e tu. Porque hoje, não posso nem

sentir saudade, quiçá sonhar com o frio cortante do qual

prometi te proteger... E tu a mim.

Neste tempo de não sentir mais saudade, aprendi que

o destino é repleto de cem portas que se abrem para

mais cem portas. E lamento que tenhamos nos perdidos

n’alguma dessas travessias e que o nosso para sempre te-

nha se misturado com para sempres alheios. Mas fico eter-

namente na esperança de que um dia encontremos o fio

que Ariadne deixou no labirinto do Minotauro e consigamos

nos reencontrar. N’outro tempo mais feliz.

Ou torço para que, no final das contas, todas as portas

acabem levando para um mesmo lugar e nos encontremos

de novo... Mais maduros. Porque, afinal, não sabemos o

que o destino nos reserva.

Enfim, neste labirinto de amores por ti. O meu sangue erra

de veia e teima em não entrar na porta onde está escrito

“esquecer”. E para sempre vou te amar. E para sempre vou

te esperar... Até o dia em que meu olho se fechar na treva

e eu renascer, n’outra vida, como um pássaro, que cantará,

noite e dia, te procurando por entre as folhas verdes das

árvores mais altas.

Até que esse pássaro morra... E renasça como outro bi-

cho... E a procura continue... E tudo comece de novo...

Para sempre. Esperando por ti.

para sempre

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nº 3

4Leal M

oreira

A melhor chef do mundo é uma estudiosa A melhor chef do mundo é uma estudiosa de sabores e festeja a quebra de um tabu de sabores e festeja a quebra de um tabu

Elena ArzakElena Arzak

Eriberto LeãoEriberto LeãoFernando CarusoFernando Caruso

Brinquedos de miritiBrinquedos de miritiMadeira de demoliçãoMadeira de demolição

ano 9 número 34 www.revistalealmoreira.com.br

SSSOOOOOMMMMOOOOSSSSS MMMMUUUUUNNNNNDDDOOS EEEMMM MMMMMOOOOOVVVVIIIMMMMMEEEEENNNNTTTTTOOOOOO.

QQQQQUUUUUEEEEE PPPPOOOOODDDDDEEMM SSSSEEEE EEEEENNNNNNCCCCOOOOONNNNNNTTTTRRRRRRRRAAAAAAAARRRR..

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