Upload
buithu
View
219
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
ROBERTA MOTTA GALVÃO DE MOURA
PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO TABAGISMOEstudo do tratamento anti-tabaco em Assis
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
ROBERTA MOTTA GALVÃO DE MOURA
PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO TABAGISMO Estudo do Tratamento anti-tabaco em Assis
Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Instituto
Municipal de Ensino Superior de Assis- IMESA e da
Fundação Educacional do Município de Assis FEMA como
requisito Curso de Graduação em Comunicação com
Habilitação em Jornalismo
Orientadora: Mscª Maria Lídia de Maio Bignotto
Ano 2010
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
FICHA CATALÓGRAFICA
Assis-SP2010
MOURA, Roberta M. G. dePrograma Nacional de Controle do Tabagismo: Estudo do tratamento anti-tabaco emAssis. Fundação Educacional do Município de Assis – FEMA – Assis,2010.29p.
Orientadora: Maria Lídia de Maio Bignotto Trabalho de Conclusão de Curso –Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis – IMESA.
1.Tratamento Tabagismo. 2. Comunicação.3. Saúde Pública
CDD: 070 Biblioteca da FEMA
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe
Que sempre esteve junto, sendo minha luz,e por sua garra ao parar de fumar.
Meu amor é eterno a ela.
Dedico a todos aquele que enfrentaramo vício e batalharam até parar.
E Também aqueles que estão lutando contrae que viram que o melhor beneficiado são eles.
Á todos que são a favor a vidaAo viver melhor.
Agradeço a Deus por sempre me mostrarum caminho quando tudo parecia confuso.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
AGRADECIMENTOS
Este trabalho é fruto de um caminho que nem eu mesmo sabia que iria trilhar,mas que foi apresentando-se a mim durante o decorrer de minha vida, fazendo comque eu amadurecesse e me transformasse positivamente, através do processo dedialética da vida.Com certeza, devo muito desse caminhar transformador a muitas pessoasque contribuíram não só para com a realização desse trabalho, mas também para aminha evolução como ser humano durante esse processo.A essas pessoas, agradeço sinceramente pela realização desse trabalho,especialmente:A minha querida orientadora Mscª Lídia por perseverar tanto com umaorientanda mais desnaturada, que sumia sem dar notícias. E por sempre dar apoio eincentivar minhas idéias, por mais loucas que pareciam.Ao Msc° Valverde pela ajuda e apoio na Banca de Qualificação, e poracreditar e perceber a importância deste projeto.Agradeço a minha amada Mãe a qual me espelho e sempre me espelharei,sua força e garra. Mostrando que tudo posso desde que acredita-se em mim.Agradeço a todos os profissionais e participantes do Programa Nacional deControle de Tabagismo (PNCT) que me acolheram e permitiram que eu pudesseconhecer suas histórias e vivências.A minha linda avó Laura e ao meu avô Pedro pelo simples fato de estarempresente em minha vida.Aos meus professores do curso de Jornalismo, por seus ensinamentos e porcompartilharem seus conhecimentos.Aos amigos e companheiros que fizeram dos quatro anos uma lembrançainesquecível.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
"É possível mudar nossas vidas e a atitude daqueles que nos cercam simplesmente mudando a nós
mesmos."(Rudolf Dreikurs)
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Resumo
A dissertação apresenta a análise do modelo de gestão do Programa
Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) na rede do Sistema Único de Saúde
(SUS), em especial ao tratamento do tabagismo realizado na cidade de Assis.
O estudo partiu do reconhecimento do tabagismo como grave problema de
saúde pública, cujo enfrentamento exige estratégias governamentais abrangentes, e
da consideração das especificidades da política de saúde, em suas dimensões de
proteção social, econômica e de poder.
A metodologia compreendeu o diagnóstico situacional da estratégia do
tratamento do tabagismo no SUS, considerando as condições atuais do município
de Assis. Foram adotadas as seguintes estratégias metodológicas: análise de
documentos oficiais; análise de dados primários do Programa Nacional de Controle
do Tabagismo; realização de entrevistas com participantes do grupo de tratamento
e o acompanhamento três grupos e seu desenvolvimento e dificuldades.
As informações foram examinadas qualitativamente, evidenciando sete
categorias: determinação de abandonar o tabagismo, apoio recebido, restrições
sociais, benefícios relacionados ao parar de fumar, informação sobre os malefícios
do cigarro, campanhas de esclarecimento e utilização de artifícios.
A pesquisa teve como objetivo geral realizar um diagnóstico do
desenvolvimento do Programa na cidade. Visando esclarecer e disseminar o
conhecimento da população sobre o tratamento de tabagismo e dos malefícios do
cigarro juntamente com a difusão das informações geradas pela mídia local.
Palavras-Chaves: Tratamento do tabagismo, Comunicação, Saúde Pública
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Abstract
The thesis presents an analysis of the management model of the National
Tobacco Control Program (NTCP), the network of the Universal Health System
(Sistema Único de Saúde – SUS), especially with regard to the smoking cessation
treatment in city Assis.
The study begins with the acknowledgement of the particularities of tobacco
as a severe health public problem, whose confrontation demands comprehensive
governmental strategies and considering the particularities of health policies, in their
dimensions of social and economic protection and power.
The methodology was based on the diagnosis of the situation of the smoking
cessation treatment strategy in the SUS, considering the current conditions actually
from municipal. The following methodological strategies were adopted: the analysis
of institutional documents; the analysis of primary databases of NTPC; the carrying
out of interviews with treatment group participants and monitoring three groups and
their development and difficulties.
Interviews were examined by Content Analysis and seven categories
emerged: determination to stop smoking, support received, social restrictions to
smoking, benefits related to quitting smoking, information on the problems caused
by smoking,elucidating campaigns, and the use of tricks.
Research aimed to General conduct a diagnostic program development in the
city. To clarify and disseminate knowledge of the population about the treatment of
smoking and the ravages of cigarette together with the dissemination of information
generated by local media.
Keywords: Treatment for smoking cessation, Communication, Public Health
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Assis-SP2010
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................09
Capitulo 1 : Fundamentação teórica:...................................................................11
1.1 Programa Nacional de Controle de Tabagismo..........................................11
1.2 Saúde e Meios de Comunicação................................................................15
Capítulo 2: Estudo do Caso..................................................................................18
2.1. PNCT em Assis: analise e conquistas.......................................................18
2.2.Sociedades e restrições..............................................................................22
Considerações Finais..........................................................................................24
Referências...........................................................................................................26
Anexos...................................................................................................................28
Anexo 1: Portaria N°1035 do Ministério da Saúde............................................29
Anexo 2: Release encaminhado aos Jornais....................................................31
Anexo 3: Teste Fageström................................................................................32
Anexo 4: Curiosidades Lei Anti-Fumo publicada 2009.....................................34
Anexo 5 : Matéria Sobre Tabaco publicada em 2009......................................36
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Introdução
O tabaco é usado como tranqüilizante em muitas ocasiões em que o estresse
está presente na vida das pessoas. E em uma sociedade da quais as exigências e
responsabilidades aumentam a cada dia, o índice de tabagistas tende a crescer
cada vez mais.
Todas as campanhas de conscientização do uso indevido dessa droga têm
adquirido resultado positivo no Brasil, onde a maioria dos fumantes tem a intenção
de parar de fumar. A implantação de uma Assessoria de Comunicação dentro do
Programa Nacional de Controle do Tabagismo reforça estes resultados, podendo
assim trabalhar com a informação e a divulgação dos trabalhos realizados nesta
área.
Considerando que uma parte da sociedade brasileira está ciente do mal que
o tabaco causa a saúde das pessoas, contudo não há um conhecimento dos
tratamentos para o tabagismo que é realizado pelo SUS.
Este trabalho se propõe a realizar um estudo de caso do Programa Nacional
de Controle do Tabagismo (PNCT) brasileiro criado em 1989 e em especial do
tratamento do tabagismo na rede do SUS (Sistema Único de Saúde) da cidade de
Assis no interior paulista iniciado no ano de 2008. No intuito de que a pesquisa
venha ajudar a população com esclarecimento e conhecimento sobre o tabagismo e
tratamento anti-tabágico.
A metodologia compreende um diagnóstico situacional do Programa na
cidade e sua abordagem. Permitindo identificar a melhor estratégia comunicacional
a ser abordada considerando que a Informação e a comunicação estão adquirindo
uma importância crescente no debate das questões sanitárias, colocando em pauta
a discussão da comunicação na área da saúde. O Programa Nacional de Controle do Tabagismo, desenvolvido pelo Instituto
Nacional do Câncer, do Ministério da Saúde (Inca/MS) em parceria com as 27
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Secretarias de Estado da Saúde, tem como objetivo reduzir o número de mortes
causadas pelo tabagismo no país, mediante a redução da prevalência de fumantes
na população brasileira. Para alcançá-lo, são adotadas medidas destinadas à
prevenção da iniciação e ações que objetivam aumentar o acesso da população
fumante a métodos eficazes de cessação do tabagismo.Todo profissional de saúde
que atua no nível da atenção básica deve estar preparado para fazer pelo menos
uma abordagem breve dos pacientes tabagistas, a qual deverá ser oferecida a
todos os pacientes fumantes atendidos por esse profissional.
Entende-se que o abandono do tabagismo é o melhor e mais econômico
meio de prevenção de várias doenças, apresentando um impacto significativo na
melhoria da qualidade de vida da população. É alta a freqüência de dependência do
tabagismo, existindo cerca de 1,3 bilhões de pessoas fumantes no mundo. Por isso,
é preciso pensar em formas de incrementar a adesão dos fumantes à decisão de
parar de fumar.
Os profissionais de saúde precisam discutir com os tabagistas sobre as
dificuldades do abandono e os meios para enfrentá-las, em uma abordagem sem
censura, procurando identificar os fatores que os levam a recair e preparando-os
para uma próxima tentativa. Estudos mostram que 30% a 50% das pessoas que
começam a fumar tornam-se dependentes da nicotina, droga poderosa que atua no
sistema nervoso central, acarretando problemas clínicos importantes, como
dificuldade de controlar seu uso, sintomas de abstinência e tolerância aos efeitos da
droga.
Um dos métodos efetivos utilizados para a cessação do tabagismo é a
abordagem cognitivo-comportamental, o qual é adotado pelo PNCT,que tem como
objetivo a detecção de situações de risco que levam o indivíduo a fumar e o
desenvolvimento de estratégias de enfrentamento.
Na estratégia de abordagem, é também importante valorizar os aspectos
próprios da idade, características de personalidade do indivíduo, o estilo e a
qualidade de vida, reforçando atitudes e habilidades para enfrentar as situações que
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
levam ao tabagismo, como será demonstrado no capítulo 2 onde será apresentado
o desenvolvimento e trabalho do programa na cidade de Assis.
Capítulo 1Fundamentação Teórica
1.1 Programa Nacional de Controle do Tabagismo
No ano de 1979, seguindo as recomendações da OMS (Organização
Mundial da Saúde), a Associação Brasileira de Cancerologia elaborou, por iniciativa
própria, o Programa Nacional de Combate ao Fumo, com o objetivo de contribuir
para o controle de doenças cardiovasculares e do aparelho respiratório, por meio da
prevenção e/ou redução da prática de fumar.
Em 1985 o Ministério da Saúde, por meio da Portaria GM nº 65544, nomeou
um grupo assessor para o desenvolvimento de ações para controle do tabagismo
no Brasil, sob a coordenação das divisões nacionais de Pneumologia Sanitária e de
Doenças Crônico- Degenerativas. O Programa Nacional de Combate ao Fumo teve
os seguintes objetivos iniciais:
(a) implantar o Programa nas unidades federadas;
(b) dimensionar a epidemia tabágica;
(c) reduzir a prevalência de fumantes;
(d) conseguir legislação de controle.
Como metas o grupo assessor deveria implantar o Programa em quinze
estados até 1987 e nos demais até 1988; reduzir a prevalência do tabagismo em
pelo menos 10% até dezembro de 1990 e conseguir legislação antitabágica, tendo
como alvo a população não fumante.
No ano seguinte, foi promulgada a Lei Federal nº 7.488/8645, que instituiu o
Dia Nacional de Combate ao Fumo, a ser comemorado no dia 29 de agosto, por
meio de campanha educativa para alertar a população para os malefícios advindos
do uso do fumo. Em seguida, o grupo assessor encaminhou ao Presidente da
República um Projeto de Lei de proteção aos não fumantes, proibindo fumar em
recintos coletivos fechados oficiais e privados, de trabalho, lazer, saúde, educação Assis-SP
2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
e em veículos de transporte coletivo de qualquer natureza. Tal projeto, somente
aprovado em 1996, resultou na Lei Federal de nº 9.29446, em vigor até a presente
data.
A iniciativa partiu do reconhecimento do pouco conhecimento da população
sobre o Programa existente na cidade e seus objetivos e realizações, sendo que o
tabagismo é considerado um grave problema de saúde pública cujo enfrentamento
atualmente exige estratégias governamentais abrangentes tais como a nova
legislação anti-fumo (Lei 13.541 de 7 de maio 2009), a qual restringe os locais em
que as pessoas possam fumar e as extinção dos intitulados “fumódromos” em
ambientes de trabalho e lazer.
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
como a maior causa isolada evitável de mortes no mundo, devido à dependência à
nicotina, presente em todos os derivados do tabaco. Essa dependência obriga o
fumante a se expor a cerca de 4.720 substâncias tóxicas presentes na composição
da fumaça do tabaco. Por conta disso, cerca de 50 doenças estão relacionadas ao
uso do tabaco, a maioria delas fatal, como os diversos tipos de cânceres, e doenças
respiratórias e cardiovasculares. Comprovadamente, os não fumantes que
convivem com fumantes em ambientes fechados tornam-se fumantes passivos e
também podem adoecer pelas mesmas doenças acima relacionadas 1.
Cinco milhões de pessoas morrem por ano no mundo devido ao tabagismo.
No Brasil morrem 200 mil. Caso nada seja feito objetivando reverter esse quadro, a
estimativa da OMS é que 10 milhões de mortes em 2030 serão diretamente
relacionadas ao tabagismo e 70% delas acontecerão em países em
desenvolvimento 2.
Assim junto ao Instituto Nacional de Câncer (INCA) o Ministério da Saúde
implantou no ano de 1989 o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT),
com o objetivo de diminuir o número de fumantes no Brasil e reduzir a
1-2 Dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde através da Portaria SAS/MS/Nº 442 de 13 de agosto de 2004. 2
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
morbimortalidade das doenças causadas pelo uso do tabaco. Para a implantação
do programa foram estabelecidos objetivos e estratégias:
(a) Prevenção da iniciação ao tabagismo;
(b) Proteção da população contra a exposição ambiental à fumaça de
tabaco;
(c) Promoção e apoio à cessação de fumar e regulação dos produtos de
tabaco através de ações educativas e de mobilização de políticas e
iniciativas legislativas e econômicas
O Ministério da Saúde por meio da Portaria GM/MS 1035/04, regulamentada
pela Portaria SAS/MS 442/04 ampliou a abordagem do programa e o tratamento de
tabagismo na rede SUS (Sistema Único de Saúde), a qual se apresenta o
financiamento dos medicamentos utilizados e de materiais de apoio.
Há evidências disponíveis que indicam um significante declínio da
prevalência do tabagismo no Brasil entre 1989 e 2006, após o lançamento do
Programa Nacional para o Controle de Tabagismo3, com uma acentuada aceleração
dos esforços desde o ano de 1990, cujo foco estava voltado para as intervenções
não relacionadas aos preços, como: a proibição da propaganda, restrições ao fumo
em locais públicos, entre outras atividades
Um estudo publicado pela revista Epidemiologia e Serviços de Saúde avaliou
a situação do tabagismo no Brasil, juntamente com o papel desempenhado pelo
PNCT, comparando-o à experiência verificada em outros países. O estudo avaliou
as principais tendências nas taxas de tabagismo e em relação ao câncer de pulmão,
analisando intervenções relacionadas e não relacionadas aos preços. Além disso, o
relatório inclui uma discussão acerca dos instrumentos fiscais e do problema do
contrabando de derivados do tabaco.
A evidência recolhida por tal estudo indica que no Brasil4:
3- 4 Estudo publicado pela Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 17(4):301-304, out-dez 2008
4
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
A prevalência do tabagismo apresentou queda acentuada entre 1989 e 2006. Em 2006, aproximadamente 20% dos homens e 13% das mulheres fumavam nas principais cidades. A prevalência do tabagismo entre os adultos nas capitais variava de 9,5% na Bahia até 21,2% em Porto Alegre-RS e Rio Branco-AC..
O tabagismo está mais concentrado entre os grupos populacionais com baixos níveis de educação formal, que podem também ser os mais
pobres. Constata-se que a prevalência do tabagismo é de 1,5 a 2 vezes maior entre aqueles que possuem pouca ou nenhuma educação, em comparação com os que possuem mais anos de escolaridade
O consumo total de cigarros por adulto revelou também queda significativa, mas estabilizou-se durante os últimos anos. As vendas legais e ilegais de cigarros caíram de 1.700 unidades por ano em 1990 para 1.175 entre 2003 e 2005. Nas Regiões Metropolitanas, o percentual de famílias com indivíduos fumantes caiu de 34% em 1995-96 para 27% em 2002-2003. A proporção de despesas com tabaco em relação ao total de despesas das famílias também declinou: de 3% entre 1995 e 1996 para 2% entre 2002 e 2003
As taxas de câncer do pulmão durante o início da vida adulta caíram entre os homens entre 1980 e 2004, mas aumentaram entre as mulheres, fenômeno que pode estar associado à interrupção do tabagismo pelos homens e ao aumento entre as mulheres
De 1996 a 2005, houve mais de 1 milhão de hospitalizações relacionadas ao tabagismo no Sistema Único de Saúde (SUS), com custos em torno de meio bilhão de dólares, ou 1,6% do orçamento destinado às hospitalizações realizadas por unidades de saúde entre 1996 e 2005.Mesmo no seu pico, na década de 1980, o consumo per capita de cigarros sempre foi mais baixo no Brasil do que nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
O Programa Nacional para o Controle do Tabagismo no Brasil é bastante
inovador, com destaque para as ações referentes à proibição da publicidade e
propaganda e as advertências impressas nas embalagens de produtos derivados do
tabaco, por exemplo, o Brasil foi o primeiro país a proibir adjetivos enganosos nos
maços de cigarros, como “light” ou “suave”, mas o foco das ações ainda está
concentrado nas ações não relacionadas aos preços.
Dentre tais ações, incluem-se: as proibições relativas à propaganda e ao
consumo de tabaco no sistema de transporte público; a regulamentação dos
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
produtos do tabaco, como a limitação nos teores de alcatrão, nicotina e monóxido
de carbono nos cigarros e as advertências escritas e com imagens contundentes
nos maços de cigarros e em embalagens dos produtos do tabaco; além do
lançamento de campanhas de conscientização e de educação.
Além dessas ações, o Programa desenvolveu iniciativas de vigilância e de
monitoramento, construiu uma capacidade institucional e descentralizou para os
Estados e Municípios as iniciativas de controle do tabagismo.
A fim de que as ações do PNCT atinjam todo o território brasileiro, foi
organizada uma rede nacional para gerenciamento regional, por meio de um
processo de descentralização e de parceria com as secretarias estaduais e
municipais de saúde, seguindo a lógica do SUS. Atualmente, nos 26 estados da
Federação e no Distrito Federal, as secretarias de saúde possuem uma
Coordenação do PNCT que, por sua vez, vem descentralizando as ações para os
municípios.
Os primeiros convênios entre o Fundo Nacional de Saúde (FNS) e as
secretárias estaduais de saúde (SES) foram assinados em 1999, com o Instituto
Nacional de Câncer (INCA) atuando como intermediário. Pela primeira vez, esses
convênios ofereceram a oportunidade para que os estados pudessem se estruturar
e desenvolver ações contínuas para o controle do tabagismo. Os convênios com as
SES propiciaram atividades multissetoriais e favoreceram a reestruturação das
equipes e a inclusão do controle do tabagismo na estrutura formal do INCA.
1.2 Saúde e os Meios de comunicações
Um dos aspectos que caracterizam o final do século XX é a implantação de
redes de telecomunicação e de informações. Segundo a tendência mundial de
globalização, uma grande parcela da população mundial recebe diariamente
notícias de outras sociedades e essa noção do global passa a ser incorporada à
cultura, encurtando as dimensões da aldeia global, tornando o tempo e o espaço
cada vez mais relativos.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Nos estudos de Comunicação do final dos anos 1980 e começo dos 1990,
destaca-se no Brasil o paradigma da teoria crítica, a análise das mediações com
Paulo Freire, Jesus Martin Barbero, Nestor Garcia Canclini. Começa-se a estudar a
comunicação popular e alternativa e a serem introduzidos estudos multidisciplinares
como: economia e política das comunicações, novas tecnologias e linguagem
midiática, comunicação e cultura das mediações, comunicação e educação,
epistemologia da comunicação.
Para averiguarmos esta evolução no SUS em relação à comunicação, é
necessário que se analise o histórico da comunicação e saúde no Brasil.
O Brasil é um país em que as questões de saúde até o começo do século
eram impostas sob uma perspectiva militar de adestramento das populações para
que se conseguisse imunizá-las contra diversas doenças.
As técnicas de comunicação usadas em relação à saúde no início do século
com Oswaldo Cruz eram de concepção “campanhistas”, ou seja, inspiradas nas
campanhas militares, para se extirpar as epidemias de modo bastante autoritário e
burocrático.
Entretanto, Ricardo Teixeira em “Comunicação e Saúde”, afirma que ainda
durante o período de hegemonia do modelo ‘campanhista’ que se manifestaram as
primeiras preocupações com questões comunicacionais. Segundo Teixeira:
As práticas sanitárias se organizaram desde os primórdios da sua institucionalização, como burocracias de base técnica, cujo êxito também dependeria de ações “racionalizadas”. As “campanhas” de Saúde Pública do início do século estavam amplamente apoiadas neste know-how militar. Suas metas de ação bem definidas (combater as principais epidemias), quando consideradas nos significados políticos mais amplos que adquiriam naquela conjuntura histórica, também pareciam estar bem afinadas com valores fundamentais do ideário militar, a integração territorial e a ocupação do espaço econômico como fundamento para uma política de segurança nacional (TEIXEIRA, 1995, pg.12)
Essa era justamente uma das ‘novidades’ da reforma Carlos Chagas que, em
1920, criava o Departamento Nacional de Saúde Pública: associar técnicas de
propaganda à educação sanitária.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
foi ainda durante o período de hegemonia do modelo ‘campanhista’ que se manifestaram as primeiras preocupações com questões comunicacionais (tal como estas se definiam pelas teorias explicativas do início do século, particularmente pelas teorias de Harold Lasswell). Essa era justamente uma das ‘novidades’ da reforma Carlos Chagas que, em 1920, criava o Departamento Nacional de Saúde Pública: associar técnicas de propaganda à educação sanitária (TEIXEIRA, 1995, pg.10)
Essa preocupação com a educação marca uma mudança de postura
simplesmente higienista para uma postura mais sanitarista, rompendo um pouco
com o modelo ‘campanhista’ de Oswaldo Cruz. Porém, essas novidades na época
eram incorporadas, sem que isso significasse, contudo, uma ruptura total com a
“filosofia” de ação do período anterior, essencialmente marcada pelo autoritarismo.
Por outro lado, ao ampliar suas áreas de competência, a organização sanitária
passa a abranger parcelas cada vez maiores da população e do território nacional.
A importância de uma divulgação de trabalhos exercidos no âmbito da saúde,
enquanto instrumento de democratização da área de Saúde Pública visa identificar
a barreira que existe entre a produção do conhecimento científico em Saúde Pública
e a necessidade que a sociedade tem de se apropriar desse conhecimento. Isso faz
pensar num projeto de comunicação que não seja um projeto sob a perspectiva
funcionalista de simplesmente elaborar um plano de metas para a comunicação de
uma empresa, mas fazer uma investigação crítica que possibilite uma análise do
papel das mídias tanto oficiais quanto orgânicas e aí é adotado o conceito de
“intelectual orgânico” definido por A. Gramsci5, , quando considerada a importância
dos radiocomunicadores populares e dos agentes de saúde como militantes da
democratização da produção científica junto as camadas populares - dos receptores
de conteúdos de Saúde Pública, dos educomunicadores, e das estrutura
universitária enquanto emissor e, dialeticamente, como receptor também dos
conteúdos que a sociedade lhe apresenta. Portanto, o problema de pesquisa adota
um modelo teórico relacionado ao paradigma marxista e à teorias críticas de
comunicação como as teorias de recepção e de educação para os meios, para que
5 Autor citado na obra de Ricardo Teixeira “Comunicação e Saúde” de 1995 Assis-SP
2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
sob a luz dessas teorias, idealize-se uma resolução para o problema de pesquisa
que envolva uma ruptura epistemológica em face das pré-noções do senso comum.
Essa concepção de uma comunicação mais próxima do receptor vai de
encontro as preocupações que, tanto os teóricos de comunicação da América
Latina vem defendendo atualmente como Barbero e Canclinni com as “teorias de
recepção”, quanto dos profissionais da saúde que começam a ver o componente
“difusão” ou “disseminação” das informações sanitárias como um instrumento de
transparência e garantia da participação popular nos processos de gestão dos
serviços e programas de saúde. A democratização da informação é, então,
considerada como essencial para a construção da cidadania. Segundo Pitta:
estas concepções de descentralização e democratização das informações de saúde vêm colocar novas demandas para as práticas de comunicação na área de saúde. Adota-se um discurso sanitarista da ‘participação popular’ nos serviços de saúde (PITTA, 1995, pg. 239)
O que é importante estar destacando nessas primeiras propostas, que
começavam a fundar um campo de questões e práticas de comunicação em saúde
no Brasil, é o quanto elas já continham dos traços fundamentais que caracterizavam
as concepções hegemônicas neste campo, até os dias atuais.
Capítulo 2Estudo do Caso
2.1 PNCT em Assis: análise e conquistas
O Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) iniciou-se na região
de Assis no ano de 2008 através da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Os
grupos são realizados no Centro de Especialidades de Assis (CEA), com a
orientação de uma psicóloga, de enfermeira e de um médico.
Para a realização desta monografia foram acompanhados quatro grupos de
tratamento intensivo ao fumante. Todos realizados no ano de 2010 no período de
Janeiro á Outubro.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Os entrevistados tinham entre vinte á setenta anos e apresentavam
diversidade quanto à profissão e ao grau de escolaridade, incluindo desde o ensino
fundamental completo até o nível de pós-graduação. Eles iniciaram o uso do fumo
entre oito e vinte e cinco anos de idade, tendo o hábito de fumar durado de nove a
quarenta e cinco anos.
A quantidade de cigarros consumidos por dia variou entre quinze e quarenta,
com pontuação na escala de Fagerström6 de 1 a 10 pontos. Com relação a
tentativas anteriores, elas variaram de nenhuma a três e o período de abstinência,
por ocasião da entrevista, oscilou de oito meses a quatro anos.
Visando manter o anonimato, os depoimentos foram identificados por códigos
numéricos que distinguem o entrevistado e sua pontuação na escala de Fagerström
(exemplo: E1F5 – entrevistado número 1; pontuação 5 na escala).
O que se pode notar entre os participantes do grupo em Assis foi a decisão
individual de parar de fumar foi determinante para o sucesso do abandono do
tabagismo e que os grupos familiar e social podem motivar, apoiar e auxiliar na
decisão. Para eles, o abandono ocorreu como resultado de um processo longo e
difícil, com sucessos e recaídas, para os quais precisaram estar preparados.
Para os entrevistados, querer parar de fumar implicou reflexão, vontade
pessoal, disposição para enfrentar barreiras e a necessidade de estarem
determinados, a fim de conseguir ficar longe do cigarro:
Os participantes revelaram:
Eu decidi, o mais importante é ter força de vontade(E2F7)
Se não tivesse a minha vontade eu não conseguiria (E5F3)
Nesse processo, parece ter sido imprescindível a decisão de parar e o apoio
e incentivo dos familiares, amigos e colegas. A motivação individual é o fator mais
importante na cessação do tabagismo e teria sido segundo os entrevistados,
6 Teste usado para avaliar a dependência da Nicotina de 1 a 10 pontosAssis-SP
2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
influenciada por vários fatores, como querer parar por influência de pessoas
queridas, interferência do cigarro na convivência social, senso estético e olfativo,
preocupações com a saúde, valorização da vida, conhecimento sobre os malefícios,
incomodar-se por ser fumante e dinheiro. Motivar o indivíduo para que ele comece a
pensar em parar de fumar é um grande passo para que ele efetivamente consiga.
O estímulo para a mudança pode vir do sucesso de outros; por isso, fazer
contato com fumantes em abstinência pode ser útil nesse processo.
Fumantes leves ou moderados têm pouca motivação para abandonar o
tabaco, pois acham que podem parar quando quiserem, enquanto os fumantes
pesados apresentam pouca motivação, achando-se incapazes e com medo da
síndrome de abstinência, pois muitos já tentaram e fracassaram. Visto que muitos
tentam e poucos conseguem cessar o fumo, é importante trabalhar em conjunto
com os familiares e amigos, no sentido de encorajá-los e motivá-los para parar de
fumar. Para os entrevistados, o sucesso terapêutico ocorreu quando a motivação
para cessar o tabagismo foi mais forte que o desejo de usufruir o prazer do fumar.
Segundo os entrevistados a dificuldade em parar era muito difícil que não
voltariam a fumar devido à intensidade do sofrimento que foi o processo da
abstinência ao fumo, estando determinados a não voltar ao hábito, como atesta o
depoimento:
Eu não volto a fumar, não só porque o cigarro faz mal,e simtambém para não passar pelo sofrimento por qual eu passei ao parar de fumar(E2F7)
Apesar do sofrimento referido, foi intensa a satisfação e o orgulho
demonstrados por terem conseguido parar de fumar. Para os entrevistados, manter
o prazer de fumar sob controle e reconhecer os malefícios do cigarro é uma batalha
que precisa ser vencida diariamente, tendo sido necessária muita determinação
para que a mudança de comportamento acontecesse.
Os entrevistados relataram sentir necessidade do apoio de profissionais, dos
grupos familiar e social e da espiritualidade para vencer a barreira do tabagismo. O
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
auxílio de profissional capacitado foi apontado como um importante fator neste
processo:
Só pelo esforço eu não teria conseguido, busquei uma colega que trabalha com tabagismo para dar um suporte (E7F10)
O remédio ajuda bastante, pois aquela fissura, aquele desespero ele tira (E2F7)
As medicações atuam como coadjuvantes no processo, pois, ao minimizar os
sintomas físicos da abstinência, facilitam as mudanças no comportamento(. As
intervenções para interromper o uso do tabaco ainda não estão integradas e
disponíveis às rotinas de saúde, e o descrédito de alguns profissionais quanto aos
tratamentos para a dependência da nicotina constituem alguns empecilhos para a
cessação do fumar. No entanto, as intervenções revelam o seu potencial, conforme
alguns depoimentos que evidenciaram a importância do acompanhamento
profissional e os benefícios da utilização de medicação.
Recomenda-se aproveitar alguns momentos especiais para estimular o
abandono do tabagismo, como a gestação e o período de hospitalização. Ver a
própria situação de forma clara durante a hospitalização pode ser um primeiro
passo para o processo de mudança.
Os profissionais de saúde precisam orientar os fumantes e os familiares
sobre os riscos de fumar e os benefícios de parar, impedindo, assim, que saiam de
uma consulta e/ou internação hospitalar sem a informação de que fumar traz
prejuízos à saúde.
Para auxiliar os fumantes em suas reflexões sobre o abandono do
tabagismo, o exercício da criatividade e da autonomia dos profissionais são
ferramentas essenciais. É preciso vislumbrar a possibilidade de ter iniciativa própria,
manter a chama constante da renovação e da recapacitação na busca de soluções
e resolutividade.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
No grupo estudado, a participação em curso específico e/ou grupo de apoio
foi uma estratégia utilizada e vista por eles como eficiente:
Compartilhar experiências é bem importante e eu recomendo,porque acho que vai bem no ponto daquilo que a gente estábuscando, sobre informação, sobre os benefícios apoiode como pode fazer melhor(E14F5)
O grupo é uma unidade que se comporta como uma estrutura que vai além
da soma de seus componentes e se organiza para atender pessoas portadoras de
uma mesma categoria de necessidades, no qual gravitam fantasias, ansiedades,
identificações, papéis e outros. A participação em grupos parece orientar o fumante
na medida em que apresenta caminhos para reforçar a vontade de abandonar o
fumo por meio de uma interação afetiva.
O apoio e interesse da família e de pessoas próximas em ajudar, a
espiritualidade e a inclusão da família pela equipe multidisciplinar no processo de
abandono do tabagismo parecem contribuir para a superação de dificuldades:
Lembro que estava fumando na rua, embaixo de uma árvore,curtindo meu cigarro, daí meu filho chegou e disse: “mãe,ainda está fumando? Você não percebe que com isso vai morrermais rápido? E eu quero que fique muito tempo ainda comigo”. Nunca havia escutado ele falar assim comigo. Foi um argumento que nunca ninguém havia usado, de amor, de afeto (E13F6)
Quando chega um momento que a gente não consegue, acho que tem de até rezar para pedir. Eu me ajudo, mas eupreciso de ajuda (E3F10)
Os depoimentos mostram a necessidade de apoio para enfrentar a
dependência à nicotina e de respeito ao ritmo individual da pessoa para deixar o
cigarro.
2.2 Sociedade e restrições
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
As leis de combate ao fumo existe em todo o mundo, embora os esforços
para aumentar a adesão da população a elas variem entre os países, persistindo a
necessidade de contínua disseminação de métodos efetivos para reduzir o
tabagismo.
Entre as intervenções destinadas a influenciar o comportamento de não
fumar, estão a restrição da idade para compra de tabaco, ambientes públicos livres
de tabaco, divulgação dos malefícios na mídia, aumento de preço dos produtos,
programas especiais em escolas, campanhas educacionais em empresas e
aconselhamento de saúde.
Essas medidas contribuíram para preservar a população da investida
acirrada das indústrias do tabaco, e mostraram que, quando há desejo político,
pode-se avançar em saúde pública.
A legislação proibindo o fumo em locais públicos e as determinações sociais
impostas aos hábitos dos fumantes acarretaram desconforto aos participantes, que
passaram a ser vistos de forma discriminatória, o que os levou a modificar seus
hábitos, pois desejavam estar incluídos na sociedade:
A legislação que proíbe fumar em ambiente público e todas as orientações O fumante fica marginalizado saía da sala parafumar era uma pessoa sem paz. Trabalhava 15 minutos e precisava sair para fumar me atrapalhava profissionalmente não conseguia me concentrar(E3F10)
As restrições em lugares públicos também estão associadas a uma menor
prevalência de tabagismo entre os jovens. Os danos da exposição passiva ao
tabaco e a agressão ao meio ambiente justificam medidas para a proibição do
tabagismo em locais públicos. As ações de saúde pública para eliminar a exposição
ao tabagismo ambiental vão desde a construção de fumódromos com áreas de
ventilação totalmente separadas, até o total banimento do tabagismo.
As restrições sociais contribuem para manter o ar limpo e saudável tanto
para os fumantes quanto para os não-fumantes e enfatizam o direito das pessoas à
saúde, fazendo da prática do fumo uma exceção e não uma norma. Para os
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
entrevistados, as políticas de restrições foram positivas para o abandono do fumo e,
embora tenham desagradado a muitos, acabaram por colaborar para a aquisição de
controle sobre a dependência à nicotina, uma vez que eles passaram a fumar
somente em locais determinados.
A interferência do hábito de fumar na convivência social, que vêm ocorrendo
nos últimos anos, provocou nos participantes do estudo sentimentos de
inadequação e desconforto por estarem fazendo algo em desacordo com os
padrões sociais vigentes:
Não gostava de ver eles saírem do ambiente em que eu estava.A gente não gosta disso.E até o convívio com meu filho o cigarro está prejudicando. Ao longo do tempo, com as restriçõesde locais para fumar, fez com que eu própria fizesse a autocríticado meu auto-isolamento (E13F6)
Uma das características da dependência é o abandono progressivo de outros
prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância e o aumento da
quantidade de tempo dispensada para seu uso. Segundo os participantes, o cigarro
interferiu na convivência de diferentes maneiras: no trabalho, no lazer, e até mesmo
no gesto de um simples abraço.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Considerações Finais
As evidências científicas sobre os malefícios do tabagismo fizeram com que
este fosse considerado mundialmente como um sério problema de saúde pública.
Várias políticas foram formuladas para o seu controle.
Para tal, vem direcionando, nos últimos anos, esforços para construção e
fortalecimento do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, que apresenta
ações nas dimensões social, política e econômica.As medidas adotadas no país por meio do PNCT para conter o tabagismo
motivam cada vez mais o fumante a deixar de fumar. Assim, apoiar o fumante na
cessação de fumar passa a ser uma estratégia fundamental no controle do
tabagismo e uma questão de direito de cidadania.
No Brasil, com a instituição do Sistema Único de Saúde, a oferta pública de
serviços que apóiem o fumante que deseja parar de fumar é um dever do Estado e
um reconhecimento do direito à saúde e deve estar fundamentada nos princípios de
universalidade de acesso, de integralidade e de equidade.
O tratamento do tabagismo traz para os profissionais da área da saúde, que
estão diretamente ligados à promoção e aos cuidados da saúde da população, uma
maior compreensão da complexidade das ações envolvidas no controle do tabaco,
tais como, a adoção de medidas regulatórias e econômicas dos produtos fumígenos
e a combinação de estratégias de promoção da saúde com medidas de tratamento
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
da dependência ao fumo.
Ao mesmo tempo em que o tratamento do tabagismo mostra-se eficaz na
redução de doenças tabaco-relacionadas e na redução da demanda por derivados
do tabaco, ele é bastante complexo. A própria literatura revela que eficácia do
tratamento tem limites, seja na abordagem comportamental, seja na abordagem
medicamentosa ou na associação das duas.
O tabagismo é fruto da dependência à nicotina e, além disso, traz várias
associações de comportamento e de hábitos individuais, sociais e culturais.
A partir do trabalho realizado, é possível inferir que existem diferentes
fatores que contribuem para o abandono do tabagismo, todos importantes. A
determinação de querer parar levou os fumantes a perseverar na sua decisão, a
despeito das adversidades.
O apoio profissional, familiar e social teve papel de destaque na promoção
do abandono do fumo. As entrevistas e convivência com os participantes do
Programa permitiram entender a importância dos profissionais de saúde e da
sociedade em compreenderem a dificuldade que é parar de fumar e criarem
condições afetivas e técnicas que fortaleçam a motivação para a mudança de
comportamento.
As restrições sociais ao fumo têm atuado auxiliando, mobilizando e
educando o fumante e, também, constrangendo e banindo o fumar em alguns
locais, o que tem contribuído para o processo de abandono do tabagismo, já que as
pessoas querem estar incluídas e não excluídas da sociedade.
Os benefícios decorrentes do abandono do tabagismo podem contribuir
para propagar essa prática e atuar de modo a prevenir a recaída. Uma das
alternativas de educação em saúde a ser realizada pelos profissionais de saúde e
pela mídia é a ênfase na divulgação dos benefícios. Para isso, a participação de
fumantes em abstinência como modelos de identificação e referenciais de
estratégias de sucesso pode ser uma contribuição significativa.
As informações alertam para os prejuízos à saúde, desacomodam o
fumante e, assim, atuam para reforçar a conscientização e o comprometimento
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
necessário para a tomada de decisão.
As campanhas têm o papel importante de promover a saúde entre crianças
e jovens para não se iniciarem no hábito, além da influência que esses exercem
sobre os adultos.
A utilização de artifícios pessoais auxilia o indivíduo a ser persistente para
vencer a vontade de fumar e/ou para substituir essa vontade por outra atividade
saudável, pois, como foi verbalizado, “a vontade de fumar é como o vento, vem e
vai embora”.
O processo de abandono do tabagismo não ocorreu da mesma forma em
todos os indivíduos, tendo cada um escolhido a melhor maneira para permanecer
longe do hábito. Acredita-se que o querer de fato parar é preponderante sobre os
demais fatores e que o fumante necessita de muita determinação, bem como do
apoio de toda a sociedade para conseguir permanecer longe do fumo.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
REFERÊNCIAS
ABRASCO – Grupo de Trabalho “Comunicação e Saúde”. ComunicaçãoSocial em Saúde: Diagnóstico preliminar das práticas institucionaisNa saúde e contribuição para o delineamento de uma política . Rio de Janeiro: ABRASCO, novembro:1992
BARDIN L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70;1977.
BRASIL – MINISTÉRIO DA SAÚDE/INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. - A ratificação da Convenção Quadro para Controle do Tabaco pelo Brasil. Mitos e Verdades. Rio de Janeiro, 2004
BRASIL. Governo do Estado de São Paulo. Lei 13.5541, de 07 de Maio de 2010. Dispõe sobre Proíbe o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, na forma que específica. Disponível em: http://www.leiantifumo.sp.gov.br/usr/share/documents/legislação.pdf acesso em 15 de fevereiro de 2010
BRASIL - Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de prevenção e vigilância: abordagem e tratamento do fumante: consenso 2001. Rio de Janeiro; 2001.
IGLESIAS, Roberto e Colaboradores. Controle do tabagismo no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde / Secretaria de Vigilância em Saúde, - Brasília ,Ministério da Saúde, v.17, out/dez, 2008, pag.301-04
INCA/Instituto Nacional de Câncer. Falando sobre Tabagismo. 3ª ed. Rio de Janeiro: INCA; 1998.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
INCA/Instituto nacional do Câncer : Plano de Implantação da Abordagem e Tratamento do Tabagismo na Rede SUS disponível em : http://www.inca.gov.br/tabagismo/publicacoes/plano_abordagem_sus.pdf acesso em 21 de fevereiro de 2010
INCA/Instituto nacional do Câncer: Programa de Controle do Tabagismo e outros fatores de risco de câncer disponível em:http://www.inca.gov.br/tabagismo/publicacoes/estrategias.pdf acesso em: 16 de fevereiro de 2010
PITTA, Áurea M. da Rocha (org). Saúde e Comunicação: visibilidades e silêncios. São Paulo: Hucitec- ABRASCO, 1995.
TEIXEIRA, Ricardo. Comunicação e Saúde. São Paulo: Ed. ECA/USP, 1995, p.12 (Monografia para o Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu em Gestão de Processos Comunicacionais).
TENÓRIO, GUSTAVO. Diarréia, tabagismo e miséria. Disponível em http://www.redehumanizasus.net/node/8314. acesso em 15 de março de 2010
TORQUATO, Guardêncio. Tratado de Comunicação organizacional e política. São Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 2002.
Assis-SP2010
Fundação Educacional do Município de AssisCampus “José Santilli”
Anexos
Os anexos constituem divulgações da mídia sobre o tabagismo e questionários
divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Todos com base no estudo
desta monografia.
Assis-SP2010