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Rochas & Equipamentos N. 99

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A revista Rochas & Equipamentos é uma revista de informação especializada em recursos geológicos ornamentais, mármores, granitos, ardósias e outras pedras naturais. Assim como equipamentos, serviços, e outras actividades que operam neste sector de actividade. A sua temática abrange as áreas da extracção, transformação, aplicação, comercialização, tecnologias, marketing, reportagens, artigos de opinião e análises de mercado, ordenamento do território, legislação, arquitectura, gestão, formação profissional e ambiente. Para mais informações, consulte o nosso site: www.rochas.info Obrigado e boa leitura!

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CAPA:DELLAS

EDITOR EXECUTIVO:NUNO HENRIQUES

DESIGN E PRODUÇÃO:CRISTINA SIMÕES

DIR. ADMINISTRATIVA:M. JOSÉ SOROMENHO

REDACÇÃO:MÓNICA GIROTTO

DEP. COMUNICAÇÃO E ASSINATURAS:M. JOSÉ SOROMENHO

IMPRESSÃO:OFFSET MAIS - Artes Gráficas, S.A.Rua Latino Coelho Nº6 - Venda Nova | 2700 - 516 AmadoraTelf.: 21 499 87 00 | Fax: 21 499 87 17 Email: [email protected] www.offsetmais.pt

PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA:COMÉDIL, LDA.

ASSINATURA ANUAL:PORTUGAL: 32 Euros

TIRAGEM:3000 Ex.

COLABORADORES NESTA EDIÇÃO COLABORATORES

A. Casal MouraBrian Robert Gurteen Ernesto MatosJorge Cruz PintoManuel MartinsVictor LambertoVisa Consultores

CORRESPONDENTES:

Brian Robert Gurteen - Alemanha Cid Chiodi Filho - BrasilManuel Santos Guedes - PortugalMarco Selmo - ItáliaPaulo Flório Giafarov - BrasilSérgio Pimenta - Bélgica

ROCHAS & EQUIPAMENTOS2

REVISTA DA INDUSTRIA DA PEDRA NATURAL

NATURAL STONE INDUSTRY MAGAZINE

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL

Nº 99 - 25º ANO

4º TRIMESTRE 2010

OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO

DIRECTORNUNO HENRIQUESC.I.P. Nº [email protected]

PROPRIEDADECOMEDIL - COMUNICAÇÃO E EDIÇÃO, LDA.NIPC - Nº 502 102 152

EDITORES:COMEDIL - COMUNICAÇÃO E EDIÇÃO, LDA.Empresa Jornalística Registada no Instituto de Comunicação Social nº 223679

ADMINISTRAÇÃO, REDACÇÃO E PUBLICIDADE:Rua das Enfermeiras da Grande Guerra, 14-A1170 - 119 LISBOA - PORTUGALTelef.: + 351 21 812 37 53 | Fax: + 351 21 814 19 00E-mail: [email protected]

ROCHAS&EQUIPAMENTOS E A SUA DIRECÇÃO EDITORIAL PODERÃO NÃO CONCORDARNECESSARIAMENTE COM TODAS AS OPINIÕES EXPRESSAS PELOS AUTORES DOS ARTIGOS PUBLICADOS OU POR AFIRMAÇÕES EXPRESSAS EM ENTREVISTAS, COMO NÃO SE RESPONSABILIZA POR POSSÍVEIS ERROS, OMISSÕES E INEXACTIDÕES QUE POSSAM EVENTUALMENTE EXISTIR.

ROCHAS&EQUIPAMENTOS NÃO É PROPRIEDADE DE NENHUMA ASSOCIAÇÃO SECTORIAL.

DISTRIBUIÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL:EMPRESAS EXTRACTORAS E TRANSFORMADORAS DO SECTOR DA PEDRA NATURAL, FABRICANTES E REPRESENTANTES DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, ABRASIVOS, FERRAMENTAS DIAMANTADAS, ACESSÓRIOS, ARQUITECTOS, CONSTRUTORES, DESIGNERS, ENGENHEIROS, GEÓLOGOS, EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS, ENTIDADES OFICIAIS, ENTIDADES BANCÁRIAS, UNIVERSIDADES, INSTITUTOS E FEIRAS SECTORIAIS.

PREÇO: 8,00 €DEP. LEGAL Nº 40622/90REGISTADO NO I.C.S. Nº 108 066

ROCHAS & EQUIPAMENTOS É MEMBRO DAS ASSOCIAÇÕES JORNALÍSTICAS:

BÉLGICA

Sumário

Summary

3ROCHAS & EQUIPAMENTOS

EDITORIAL

PROJECTOS INTEGRADOS INSTRUMENTO DE GESTÃO DOS RECURSOS MINERAIS E PROTECÇÃO AMBIENTALO PROJECTO INTEGRADO DO NÚCLEO DE PEDREIRAS DA MATA DE SESIMBRA

AGENDA 2010 | 2011

CACHOEIRO STONE FAIR 2010 CONFIRMA MOMENTO POSITIVO DO MERCADO

ESTÉTICAS DA PEDRA PORTUGUESA NA ARQUITECTURA

CALÇADA PORTUGUESA NO MUNDOUMA NOVA EXPERIÊNCIA DE ARTE EM TERRAS DE XANGAI

HÁ DESENVOLVIMENTOS IMPORTANTES NA CHINA?

OS SABORES DA PEDRA

CANAL ABERTO

MOVITERSOLUÇÕES PARA DEMOLIÇÃO E RECICLAGEM

DELLAS, O DESAFIO DA GLOBALIZAÇÃO

DAMASCO RECEBE 3.ª EDIÇÃO DA SÍRIA STONE 2010

MUSEU DO FERRO RECEBE PALESTRA SOBRE OS XISTOS DE TRÁS-OS-MONTES

COMUNICAR A PEDRA NATURAL

CIMERTEX MADEIRA REFORÇA PENETRAÇÃO EM CABO VERDE

ESTREMOZ RECEBE DEBATE SOBRE A PEDRA

ÍNDIA PREPARA FEIRA INTERNACIONAL DE MÁQUINAS PARA CONSTRUÇÃO

NOVAS REGRAS PARA DEPOSIÇÃO DE INERTES NA MADEIRA

BUYERS GUIDE

EditorialEditorial 4/5

EstudosStudies 6

Feiras & CongressosFairs & Congresses 28

NotíciasNews 80

Boas PráticasBest Practices 74

Sopa da PedraThe Stone Soup 70

TecnologiaTechnology 76

R & E Buyers GuideR & E Buyers Guide 86

MateriaisMaterials 36

MercadosMarkets 60

Editorial

Editorial

ROCHAS & EQUIPAMENTOS4

Caros Leitores,

A próxima edição vai ser publicada em Janeiro do próximo ano. Será a edição

número 100. Tenho motivos para comemorar? A mim parece-me que sim. Signi-

ficam 25 anos de publicações. Orgulhoso? Sem dúvida.

Mas, ao olhar para este ano que decorre, espero que o próximo seja bem me-

lhor. Precisamos disso. Merecemos isso. Este, foi longo e trabalhoso. Estivemos

presentes em diversas feiras, um pouco por todo o mundo. Entre tantas, umas

mais relevantes que outras, posso falar-vos da Vitória Stone Fair realizada no

Brasil. A Feira de Vitória é uma das cinco feiras mais importantes do mundo e

a maior da América Latina. A Rochas & Equipamentos esteve também presente.

Logo a seguir, foi a vez da Feira de Xiamen, que foi um sucesso. Recebeu mais

de 100 mil visitantes e para muitos, é já a mais importante feira do sector. Em

cooperação com esta feira levamos todos os anos empresários do sector a co-

nhecer o maior mercado de pedra do mundo e suas empresas, fomentando par-

cerias, promovendo produtos, empresas e pessoas. A China nos últimos 10 anos

tornou-se o “centro do mundo” para o consumo de Pedra Natural, só em Xangai

construiu-se 61.2 milhões de metros quadrados de habitação. Nota ainda para

Macau, que com os seus 33 casinos e o seu apetite para o uso de Calçada Por-

tuguesa, continua numa bolha de construção de novos e luxuosos resorts onde a

rocha ornamental tem lugar de destaque.

Em Maio, estivemos presentes em Madrid e Carrara. A capital espanhola não

brilhou com a Piedra. Poucos visitantes internacionais e um escasso mercado in-

terno. Mas o mesmo não se pode dizer da Marmotec, que superou as expectativas

e mostrou-se um êxito com as empresas e fabricantes italianos a comparecerem

em peso. Em Setembro, estaremos também presentes na Marmommac em Vero-

na. Espera-se outro sucesso.

Podemos ainda falar das visitas de arquitectos a fábricas e pedreiras, orga-

nizadas em conjunto com a Ordem dos Arquitectos, ou da elaboração do único

prémio que promove o uso de rocha ornamental em Portugal. Mas faltariam pá-

ginas para vos falar de todas as actividades que decorreram ao longo deste ano.

Mesmo em altura de recessão, o sector apresenta potencial de crescimento,

dentro de um enquadramento extractivo favorável. Estima-se que todos os anos

Nuno Esteves Henriques

[email protected]

5ROCHAS & EQUIPAMENTOS

sejam necessárias 3.000 milhões de toneladas de matéria-prima para suprir as

necessidades crescentes do velho continente. É no entanto, imperativo que as

autoridades tomem as devidas medidas para favorecer uma extracção sustentá-

vel, naquele que é agora um sector altamente estratégico.

Estar presente numa exposição, é para nós um compromisso com o nosso

cliente, consideramo-nos um produto de utilidade para todos aqueles que estão

ligados ao sector da pedra natural. A nossa revista tem mantido centenas de

contactos com profissionais do sector em todo o mundo. É aqui, que mais fomen-

tamos o nosso papel como veiculo informativo bidireccional. O nosso objectivo

é promover junto destes profissionais produtos e serviços, assim como colher

informações do mercado internacional.

Para isso é fundamental estarmos actualizados e modernizados. Criámos uma

edição online da revista com um formato digital moderno, aliado a links para

os sites das empresas. É essa a nossa função. Estudar o mercado, entrevistar

personalidades importantes no sector, dar a conhecer as empresas nacionais e

as internacionais, conhecer os produtos do mercado, aprender com os técnicos,

contactar com os gabinetes de arquitectura e construtores. Establecemos tam-

bém, parcerias com a Ordem dos Arquitectos, com a Faculdade de Arquitectura

de Lisboa e a Ebnerverlag. E contámos ainda com o apoio da Direcção Geral de

Energia e Geologia, da ASSIMAGRA, da ANIET e da AECP.

São 25 anos de dedicação, devoção e empenho. A crise não nos vence. Mesmo

com limitações e dificuldades mantemos um espírito empresarial com o objectivo

de participar e contribuir para o desenvolvimento do sector, assim como promo-

ver a pedra no mundo.

Uma última palavra, para todos os colaboradores, clientes e amigos que con-

tinuaram e continuam a apoiar a revista, pois sem vós este projecto era etéreo.

Obrigado!

Bons Negócios.

Nuno Esteves Henriques

Estudos

Studies

ROCHAS & EQUIPAMENTOS6

PROJECTOS INTEGRADOS INSTRUMENTO DE GESTÃO DOS RECURSOS MINERAIS

E PROTECÇÃO AMBIENTAL

O PROJECTO INTEGRADO DO NÚCLEO DE PEDREIRAS DA MATA DE SESIMBRA

Autores:

SUMÁRIO

A actividade extractiva tem vindo a atravessar, nos últimos anos, grandes dificuldades. De facto, a situação de esgotamento das áreas licenciadas, aliada à inexistência de áreas alternativas, consig-nadas em instrumento de gestão do território com uma tipologia de uso compatível com a actividade extractiva, perspectivam o estrangulamento desta actividade. Este cenário terá pesadas implicações ao nível económico, uma vez que afectará toda a fileira industrial.

Os Projectos Integrados de núcleos de pedreiras são projectos de âmbito global, através dos quais são identificadas as condicionantes extractivas, ambientais e paisagísticas das explorações. Pela conjugação destas condicionantes com as caracte-rísticas de cada exploração, é definida uma solução integrada para o racional aproveitamento de mas-sas minerais em exploração e à boa recuperação das áreas exploradas.

A elaboração de Planos de Pormenor, a promover pelas Câmaras Municipais, permitem a compatibi-lização da actividade extractiva com as condicio-nantes de ordenamento do território, tendo ainda o propósito de ordenamento dos espaços de explora-ção, a definição de metodologias e regras de explo-ração e de recuperação paisagística, considerando a ocorrência do recurso mineral e os imperativos

ambientais.A inclusão em Plano de Pormenor de áreas de-

finidas para exploração de recursos minerais per-mitirá no âmbito do artigo 35.º do Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro, a elaboração de projectos integrados para pedreiras vizinhas ou confinantes. Pretende-se que as unida-des industriais extractivas vizinhas ou confinantes, que apresentam características próprias e objec-tivos de produção independentes, convirjam nas acções de exploração e de integração paisagística, durante e no final da actividade.

Com este artigo pretende-se realizar uma refle-xão sobre o modo como os planos de pormenor e os projectos integrados podem dar resposta à ges-tão racional do recurso mineral, às necessidades de gestão ambiental e conservação da natureza e às condicionantes de ordenamento do território.

Apresenta-se ainda o Projecto Integrado do Nú-cleo de Pedreiras da Mata de Sesimbra

Palavras-chave: Projecto Integrado; Planos de Por-menor; Núcleo de Pedreiras da Mata de Sesimbra

Ana Amaral - Visa Consultores, S.A. e-mail: [email protected]

João Meira - Visa Consultores, S.A.e-mail: [email protected]

ROCHAS & EQUIPAMENTOS8

1. COMPATIBILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA COM OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO TERRITÓRIO

A localização das explorações de massas mine-rais, como toda a actividade mineira, está sujeita à condicionante geológica, ou seja, só pode exercer-se onde ocorra o recurso. Este aspecto, embora evi-dente, raramente encontra suporte nos instrumen-tos de gestão territorial, quer por um insuficiente reconhecimento do território nacional ao nível dos recursos minerais, quer pela concorrência no uso do solo, área em que a Indústria Extractiva tem ma-nifestamente demonstrado pouca capacidade de intervenção.

Salienta-se que apesar de o território nacional possuir abundantes reservas de recursos minerais, a maior parte destas reservas encontra-se indis-ponível para a maioria dos exploradores, quer por pertencerem a terceiros, quer por se encontrarem condicionadas por questões de ordenamento do território, onde se destacam a Reserva Ecológica Nacional, os Sítios Classificados pela Rede Natura 2000, a Rede Nacional de Áreas Protegidas ou ou-tras servidões e restrições de utilidade pública.

A diversidade de figuras de ordenamento do terri-tório existentes na legislação portuguesa demonstra uma crescente preocupação pelas questões relacio-nadas com a gestão do território, embora coloque muitas vezes, graves problemas a essa mesma ges-tão. Com frequência, ocorrem situações de sobrepo-sição, e muitas vezes de contradição, de dois planos de ordenamento para uma mesma região. Tendo em conta as características objectivas destes planos: ordenamento do território, conservação da natu-reza, preservação da qualidade do ambiente, entre outros, pode afirmar-se, sem grande erro, que estes acabam por condicionar, de uma forma mais ou me-nos gravosa, as actividades industriais em geral e a indústria extractiva em particular.

De acordo com a Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto (al-terada pela Lei n.º 54/2007, de 31 de Agosto), e com o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro (pos-teriormente alterado pelo Decreto-Lei n.º 53/2000, de 7 de Abril, pelo Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, pela Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezem-bro, pela Lei n.º 56/2007, de 31 de Agosto, e pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e pelo Decreto-Lei n.º 181/2009, de 7 de Agosto), a políti-ca nacional de ordenamento do território assenta num sistema de gestão territorial com três níveis de actuação:

- O âmbito nacional, que é concretizado atra-vés de instrumentos como a Política Nacional de Ordenamento do Território, planos sectoriais con-substanciados, por exemplo, no Plano de Desenvol-vimento Sustentável da Floresta Portuguesa, e os planos especiais, que compreendem os Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas, Planos de Orde-namento de Albufeiras de Águas Públicas e os Pla-nos de Ordenamento da Orla Costeira e os Planos de Ordenamento dos Estuários;

- O âmbito regional expresso através de Planos Regionais de Ordenamento do Território;

- O âmbito municipal, materializado através de Planos Inter-municipais de Ordenamento do Ter-ritório, de Planos Municipais de Ordenamento do Território onde se integram os Planos Directores Municipais, Planos de Urbanização e os Planos de Pormenor.

Da especificidade de instrumentos de ordena-mento do território identificados verifica-se que são inexistentes os Planos específicos para indústria extractiva, qualquer que seja o nível de actuação, nacional, regional ou municipal.

Dada a ausência de planos que salvaguardem os recursos minerais a actividade extractiva tornou-se uma actividade fortemente dependente dos instru-mentos de gestão em vigor, pelo que a ausência de Planos de abrangência nacional ou regional relati-

ROCHAS & EQUIPAMENTOS10

vos à extracção de inertes tornou a actividade for-temente subordinada ao estipulado nos PDM’s.

De um modo geral, verifica-se que os PDM’s iden-tificam áreas activas de exploração, esquecendo a possibilidade de ampliação ou a implantação de novas explorações, pelo que é necessário recorrer à elaboração de Planos de Pormenor que de forma eficaz procedem à compatibilização do instrumento de gestão do território e o efectivo uso do solo.

2. INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO TERRITÓRIO:

PLANOS DE PORMENOR

Os Planos de Pormenor (PP’s) desenvolvem e con-cretizam propostas de organização espacial de áre-as específicas do município, definindo com porme-nor a sua forma de ocupação. O PP serve de base aos projectos estabelecendo regras sobre a implantação das infra-estruturas, o desenho dos espaços de utili-zação colectiva, a forma de edificação e a disciplina da sua integração na paisagem.

Os PP’s podem adoptar modalidades específicas com conteúdo material ajustado a finalidades par-ticulares de intervenção, previstas nos termos de referência do plano e na deliberação municipal que determinou a sua elaboração, podendo ainda desen-volver e concretizar programas de acção territorial específicas, como é o caso das explorações de mas-sas minerais.

As peças que constituem o PP são:

- Regulamento;- Planta de implantação, que representa o regi-

me de uso, ocupação e transformação da área de intervenção;

- Planta de condicionantes que identifica as ser-vidões e restrições de utilidade pública em vigor que possam constituir limitações ou impedimentos

a qualquer forma específica de aproveitamento das massas minerais.

Os Estudos de fundamentação que acompanham os PP’s são:

- Relatório, contendo a fundamentação técni-ca das soluções propostas no plano, suportada na identificação e caracterização objectiva dos recur-sos territoriais, dos valores culturais e naturais a proteger, sua área de intervenção e, por fim, na ava-liação das condições económicas, sociais, culturais e ambientais para a sua execução;

- Relatório Ambiental, sempre que seja necessário proceder à avaliação ambiental estratégica, no qual se identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicação do plano e as suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação territorial.

Assim, os Planos de Pormenor a efectuar para nú-cleos de pedreiras permitem:

- Caracterizar detalhadamente o território, nas suas múltiplas dimensões, de modo a obter uma base sólida de suporte ao desenvolvimento.

- Definir uma matriz de vocações territoriais de-clinadas numa estratégia de desenvolvimento de médio e longo prazo que visa assegurar uma valori-zação ambiental da área do plano através:

- Do desenvolvimento de programas de acção que assegure a reversão dos (eventuais) passivos ambientais existentes e assegure a boa gestão am-biental da área;

- De uma configuração preliminar de ocupação do solo que preserve os principais valores ecológi-cos e que estabeleça articulações com os espaços envolventes;

- De uma visão de longo prazo que considere a exploração como uma primeira etapa no apro-veitamento e valorização sustentável dos recursos naturais;

ROCHAS & EQUIPAMENTOS12

- De uma valorização da eco-eficiência e da utilização eficiente dos recursos, enquanto factor crítico da competitividade económica actual e fu-tura da região;

- De uma ambição de excelência ambiental, ex-pressa na criação de explorações que interiorizem ferramentas de acompanhamento dos progressos realizados, que promova a aplicação de processos e de estratégias sustentáveis, que melhore a com-preensão e o conhecimento sobre a utilização dos recursos na região.

3. PROJECTOS INTEGRADOS

- HISTÓRICO

Na década de 90 o Instituto Geológico e Mineiro (actual Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P.) promoveu a elaboração de diversos Estudos In-tegrados de Impacte Ambiental e Recuperação Pai-sagística (EIARP) para diversos núcleos de pedreiras, em território nacional.

Os principais objectivos dos EIARP realizados fo-ram a promoção da exploração racional do recurso mineral, garantir a viabilidade técnico-económica das empresas envolvidas e assegurar a incorporação de sistemas de protecção ambiental nas actividades extractivas.

Estes Estudos foram acompanhados e aprova-dos pelas entidades que integravam a Comissão de Acompanhamento dos Estudos, criadas caso a caso, e que eram compostas pelas seguintes entidades: a Direcção Regional da Economia; a Direcção Regio-nal do Ambiente e dos Recursos Naturais (actual-mente Comissão de Coordenação e Desenvolvimen-to Regional), a Comissão de Coordenação Regional (actualmente Comissão de Coordenação e Desen-volvimento Regional), as Autarquias, entre outras.

Destes Estudos resultou um conjunto de medidas,

com o objectivo de se compatibilizar as explorações integrantes dos núcleos, minimizando se os poten-ciais impactes a gerar pela actividade industrial e promovendo-se a recuperação paisagística do local, de modo a requalificar a zona afectada pelas ex-plorações, durante e após a exploração do recurso mineral.

A inexistência de enquadramento jurídico dos Estudos Integrados, no âmbito da legislação em vi-gor em Avaliação de Impacte Ambiental, no então Decreto-Lei n.º 186/90 de 6 de Junho, revisto pelo Decreto Lei n.º 278/97, de 8 de Outubro, e Decreto Regulamentar n.º 42/97, de 10 de Outubro, deter-minou a suspensão de todos os Estudos realizados.

A entrada em vigor de legislação em matéria de Avaliação do Impacte Ambiental (Decreto-Lei n.º 69/2000), a qual continua a não enquadrar juridi-camente os Estudos Integrados mantém o impasse, mantendo-se suspensos os Estudos Integrados re-alizados

A publicação do Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, que alterou a legislação relativa ao li-cenciamento e exploração de massas minerais, veio trazer um problema acrescido ao consagrar um pra-zo de 18 meses para a adaptação individualizada de todas as pedreiras existentes, mesmo que integra-das em núcleos.

- ACTUALMENTE

As alterações introduzidas ao Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro, vieram criar a figu-ra do Projecto Integrando, que tem como objectivo o racional aproveitamento de massas minerais em exploração ou a boa recuperação das áreas explo-radas. A possibilidade de elaboração dos Projectos Integrados é assegurada pelo Artigo 35.º do diploma mencionado, cumprindo as seguintes determina-ções:

ROCHAS & EQUIPAMENTOS14

- A entidade licenciadora (Câmara Municipal, Di-recção Regional da Economia) ou a Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG), por iniciativa própria ou a pedido de interessados, ouvidas as entidades que aprovam o plano de pedreira, convida os titu-lares de pedreiras confinantes ou vizinhas a cele-brarem acordo escrito, de cujos termos resulte a realização de um projecto integrado que preveja os moldes de exercício das actividades e a adaptação dos respectivos planos de pedreira com vista a asse-gurar o desenvolvimento coordenado das operações individualizadas de cada pedreira.

- A entidade licenciadora ou a DGEG, consultadas as entidades responsáveis pela aprovação do pla-no de lavra e do Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística, a câmara municipal e os titulares, ela-bora um projecto de acordo, definindo as condições da coordenação da realização do projecto integra-do, das operações e das medidas a tomar com vista à sua implementação, submetendo-o à assinatura de todos os exploradores participantes. Finalizado o projecto integrado, o mesmo é assinado pelas entidades públicas envolvidas na sua elaboração e por, pelo menos, 50 % das entidades exploradoras envolvidas.

- Quando do projecto integrado não se verifique ampliação superior a 30 % relativamente ao con-junto das áreas licenciadas ou uma área final de ampliação superior a 25 ha, ficam os exploradores obrigados a mera comunicação prévia à câmara municipal e à entidade competente pela aprovação do PARP, sem prejuízo do cumprimento do regime jurídico de AIA, se aplicável. Se o projecto integra-do estiver sujeito ao regime jurídico de AIA, deve entender -se que, para efeitos do disposto no De-creto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, tal «projecto integrado» equivale, para efeitos de procedimento, à definição de «projecto» constante da alínea o) do artigo 2.º daquele decreto-lei.

- Aprovado o projecto integrado os exploradores

instalados ou a instalar na área objecto de projecto integrado devem apresentar à entidade licenciadora o plano de pedreira, devidamente adaptado, relativo à área de que são titulares, e respectivo programa trienal acompanhado de memória descritiva relativa ao acerto dos trabalhos de desmonte com implica-ção em trabalhos adjacentes nas pedreiras contí-guas ou confinantes. Os exploradores instalados ou a instalar na área objecto de projecto integrado estão obrigados ao cumprimento das condições pre-vistas na Declaração de Impacte Ambiental.”

4. O PROJECTO INTEGRADO DO NÚCLEO DE PEDREIRAS DA MATA DE SESIMBRA

- ANTECEDENTES

O núcleo de pedreiras da Mata de Sesimbra, com-posto por quatro pedreiras de areia e três de argila, é um dos mais importantes núcleos de pedreiras da Área Metropolitana de Lisboa (AML). As explora-ções de areia são responsáveis por cerca de 40 % do abastecimento da AML e por cerca de 10 a 15 % da produção nacional em agregados arenosos e as explorações de argila abastecem as duas fábricas de cerâmica da Península de Setúbal, onde se produ-zem tijolos para fornecimento do sector da Constru-ção Civil e Obras Públicas da AML e do Sul do País.

As explorações de areia e de argila que actual-mente laboram na Mata de Sesimbra têm licen-ças de estabelecimento, anteriores à publicação1

do Plano Director Municipal de Sesimbra (PDMS), ultrapassando as áreas inicialmente licenciadas. No entanto, e como o regulamento do PDMS não permite ampliações de pedreiras, verificaram-se inúmeras dificuldades para compatibilizar a activi-dade extractiva com os instrumentos de gestão de ordenamento do território que possuem pedreiras licenciadas na Mata de Sesimbra.

15ROCHAS & EQUIPAMENTOS

No que respeita à Carta de Ordenamento, des-taca-se que a área onde se localizam as pedreiras se integra na Unidade de Planeamento e Gestão (UOPG) Mata de Sesimbra, abrangendo principal-mente a classe de espaço «Espaço Florestal», sendo que no regulamento do PDMS se estabelece que o uso dominante deverá continuar a ser florestal.

A exploração de recursos minerais e, acima de tudo, a ampliação das pedreiras existentes na área, é incompatível com as disposições constantes no regulamento do PDMS, na UOPG Mata de Sesimbra, embora na Mata de Sesimbra existam em actividade 8 pedreiras.

Com a publicação do Plano Regional de Ordena-mento do Território da Área Metropolitana de Lis-boa (PROT-AML)2 , foi relevada a importância das jazidas da Mata de Sesimbra ao nível da AML, sendo estabelecida a necessidade de criar uma zona de reserva para a exploração de Areia e de Argila na zona. Contudo, a delimitação dessa área de reserva acabou por não ser concretizada, pelo que a activi-dade de exploração de areias e argilas na Mata de Sesimbra atravessou, nos últimos anos, grandes di-ficuldades. De facto, a situação de esgotamento das áreas em exploração aliada à inexistência de áreas alternativas com uma tipologia de uso compatível com a actividade extractiva, conduziram a cenários de grande incerteza quanto ao futuro desta activi-dade na Mata de Sesimbra.

Deste modo, em Janeiro de 2000, as empresas que laboram na Mata de Sesimbra em conjunto com os proprietários dos terrenos onde se inserem as suas explorações, acordaram com as entidades com com-petência na gestão e fiscalização da exploração dos recursos minerais, a elaboração dos estudos de su-porte de um Plano de Pormenor, a promover pela Câmara Municipal de Sesimbra, tendo em vista o ordenamento dos espaços de exploração, a defini-ção de metodologias e regras de exploração, assim como a recuperação paisagística integradas e vin-

culativas para todas as explorações, considerando a ocorrência do recurso mineral, as condicionantes de ordenamento do território e os imperativos am-bientais.

Em Fevereiro de 2005, a Câmara Municipal de Se-simbra, as empresas exploradoras e os proprietários elaboraram e assumiram formalmente o compro-misso de gerir de forma racional o aproveitamento dos recursos minerais existentes na Mata de Sesim-bra, traduzindo as intenções num documento deno-minado “Declaração de Compromisso”.

A elaboração do referido Plano de Pormenor nos termos acordados em Janeiro de 2000 acabou por não ocorrer. No entanto, os trabalhos até então de-senvolvidos foram integrados no Plano de Pormenor da Zona Sul Mata de Sesimbra (PPZSMS), promovi-do pela Câmara Municipal de Sesimbra onde, para além da possibilidade de implantação de empreen-dimentos turísticos, foi incluída a gestão das explo-rações que se inserem na Mata de Sesimbra, com o objectivo de solucionar os problemas de licencia-mento e gestão da própria actividade.

O PPZSMS foi aprovado em reunião de Câma-ra, em 28 de Dezembro de 2007, e em Assembleia Municipal, em 15 de Fevereiro de 2007. A sua pu-blicação veio a ocorrer através da Deliberação n.º 1012/2008, de 7 de Abril, publicada em Diário da República.

1 Resolução do Conselho de Ministros n.º 15/98, de 2 de Feve-reiro.

2 Ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 68/2002, de 8 de Abril.

- O PLANO DE PORMENOR DA ZONA SUL DA MATA DE SESIMBRA

O Relatório do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra (PPZSMS) estabelece que este plano tem como objectivos utilizar os instrumentos

ROCHAS & EQUIPAMENTOS16

de Planeamento territorial para:

“a) Considerar a Mata de Sesimbra como uma uni-dade de gestão ambiental integrada, em resposta a uma filosofia partilhada pela autarquia, pelos téc-nicos da área, e pelas principais organizações am-bientalistas, promovendo uma minimização dos im-pactes ambientais decorrentes da natural ocupação humana;

b) Garantir a manutenção e incremento dos valo-res naturais e paisagísticos, promovendo um planea-mento da paisagem e aumentando de forma signifi-cativa a capacidade de absorção do CO2;

c) Promover as acções que conduzam à contínua recuperação, manutenção ou requalificação dos ecossistemas associados à Lagoa de Albufeira e suas margens, bem como às faixas litorais, minimizando, ao máximo, a ocupação das propriedades que confi-nam com esta área sensível.”

A área de implantação do Plano de Pormenor abrange cerca de 5030 ha e no seu interior inte-gram se as áreas de exploração de areia e argila existentes, as quais são objecto de regulamentação e normas próprias para integração e convergência com as restantes propostas do PPZSMS.

“1. No perímetro de intervenção do PPZSMS só podem ser autorizadas explorações de inertes nas áreas de exploração nele delimitadas, e desde que a proximidade das mesmas não se revele incompatível com a realização dos empreendimentos turísticos previstos, de acordo com o faseamento estabelecido no programa de execução e de financiamento.

2. A localização e os limites das áreas de explora-ção de inertes referidas no número anterior são as constantes da carta de recursos geológicos, anexa ao presente regulamento.”

Este regulamento estabelece, ainda, que as áreas de exploração existentes no perímetro de interven-ção do PPZSMS (Figura 1) apenas podem ser ex-ploradas por um período máximo de quinze anos no

caso de explorações de areias e vinte e cinco anos no caso de explorações de argilas. Sendo que, para as explorações de areias integradas na primeira fase de execução do PPZSMS e delimitadas na carta de recursos geológicos, o prazo máximo de permanên-cia no terreno é de cinco anos.3

O PPZSMS contempla ainda normas relativas ao regime de exploração das massas minerais, as áreas máximas de construção para instalações auxiliares às pedreiras e à forma como os Planos Ambientais e de Recuperação Paisagística (PARP) devem ser de-senvolvidos e implementados.

O Projecto Integrado do Núcleo de Pedreiras da Mata de Sesimbra (PINPMS) foi concebido de for-ma a dar resposta aos condicionamentos impostos à exploração de massas minerais na área do PPZSMS, ao mesmo tempo que garante a plena integração e concretização dos usos futuros preconizados para este território. Nomeadamente, empreendimento turístico complementado com equipamentos des-portivos, culturais, religiosos, de saúde, de comércio e recreio.

Neste contexto, e de acordo com o PPZSMS, passa a ser possível proceder ao licenciamento das explo-rações existentes no núcleo de pedreiras da Mata de Sesimbra através da instrução do processo de licen-ciamento nos termos do artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, alterado e republica-do pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro.

3 Destaca se, neste âmbito, que a criação de um horizonte temporal poderá não permitir que o recurso mineral seja total-mente explorado. A verificar se esse cenário, será contrariado o disposto na alínea c) do n.º 2 do artigo 12.º do Decreto Lei n.º 90/90, de 16 de Março, que determina do racional aproveitamen-to do recurso geológica, uma vez que aquele prazo poderá não permitir que o recurso seja totalmente explorado.

ROCHAS & EQUIPAMENTOS18

Figura 1 – Planta de implantação do PPZSMS

Extracto da Planta de Implantação do PPZSMS, à escala 1/25.000

Limite do Plano de Pormenor da Zona Sul da Mata de Sesimbra(PPZSMS)

ESTRUTURAÇÃO DO TERRITÓRIO

Corredores nos Vales Principais ( Nível 2)

Corredores nos Vales Secundários ( Nível 3)

Corredores Locais Principais ( Nível 4)

Corredores Locais Secundários ( Nível 5)

CATEGORIAS DE ESPAÇOS

ESPAÇOS AGRO - FLORESTAIS

Agro-Florestais

ESPAÇOS NATURAIS

Parque Natural da Arrábida

ESPAÇOS DE PROTECÇÃO E ENQUADRAMENTO

Áreas Agro-Florestais de Transição

ESPAÇOS TURÍSTICOS

Limite das Parcelas

Empreendimentos Turísticos

Centros Turísticos

ESPAÇOS DE EQUIPAMENTOS

Equipamentos Turísticos

Equipamentos E01 - Centro One Planet LivingEspecíficos centro de educação ambiental

E02 - Centro de desportos da NaturezaE03 - RestauranteE04 - Centro de actividades ao ar livreE05 - Clube criança

Equipamentos Municipais

Outros equipamentos

Limite do Plano Integrado doNúcleo de Pedeirasda Mata de Sesimbra(PINPMS)

Limite das áreasde exploração de inertes

ROCHAS & EQUIPAMENTOS20

- O PROJECTO INTEGRADO

O Projecto Integrado é um documento técnico que visa definir as regras de exploração e recupe-ração paisagística para um núcleo de pedreiras vizi-nhas ou confinantes. No caso concreto do PINPMS, pretende se ainda integrar as “Normas Técnicas de Exploração de Massas Minerais” e possibilitar a ex-ploração das áreas definidas na “Planta de Recursos Geológicos”, constantes no PPZSMS.

A área delimitada na Figura 2 constitui o limite do PINPMS. Os exploradores de pedreiras cumprirão os limites estabelecidos para cada um dos núcleos mantendo a sua actividade no interior das áreas de-limitadas para o efeito.

A actividade extractiva neste núcleo de pedreiras envolve um conjunto de acções sequenciais conso-ante esteja em causa a exploração de areias (núcleo Sul), de argilas (núcleo Este) ou a exploração simul-tânea dos recursos minerais (núcleo Norte).

Figura 2 – Área do PINMS

Extracto da Carta Militar de Portugal, folhas nº 453, à escala 1:25 000, dos SCE.Origem das coordenadas rectangulares: Ponto fictício (unidades em metros)

Área PINPMS Núcleo Norte Núcleo Este Núcleo Sul Acessos

0 250 500 m

1710

00

115000

1720

0017

3000

1740

0017

5000

116000 117000 118000

N

21ROCHAS & EQUIPAMENTOS

A metodologia de exploração a adoptar deverá aproximar-se da que tem vindo a ser praticada, com as necessárias correcções e ajustamentos resultan-tes das evoluções técnicas, permitindo a optimiza-ção das variáveis operacionais e ambientais, nome-adamente:

- Menor distância de transporte e, consequente-mente, minimização dos impactes relacionados com a emissão de poeiras e circulação de veículos;

- Menor tempo de operação e redução do período de uso do solo para exploração, logo, maior produ-tividade das operações e redução do período de ins-talação de impactes;

- Separação eficaz dos materiais envolvidos, evi-tando-se misturas entre os vários produtos (redução da diluição);

- Tratamento e devido acondicionamento das ter-ras vegetais, para posterior aplicação na recupera-ção paisagística;

- Garantia de que no final da exploração e recu-peração a área se encontrará reabilitada para outros usos.

- Núcleo Norte

O núcleo Norte tem uma área de 46 ha. Neste núcleo procede se à exploração conjunta de areias e de argilas. A argila é utilizada como matéria pri-ma na indústria cerâmica e a areia na produção de agregados arenosos.

Na área em que a camada de areia se sobrepõe à argila, procede-se primeiro à exploração de areia, que se localiza na camada superficial, logo após o solo arável e, de seguida, à exploração de argila. Na retaguarda da área de lavra procede se à recupera-ção paisagística através da modelação topográfica e revegetação. A modelação topográfica é feita com recurso aos estéreis produzidos no núcleo e comple-mentados com materiais exógenos (solos e rochas não contendo substâncias perigosas).

- Núcleo Este

O núcleo Este tem uma área de 6 ha. Neste núcleo procede se apenas à exploração de argila, utilizada como matéria prima na indústria cerâmica.

ROCHAS & EQUIPAMENTOS22

PRESSUPOSTOS DESCRIÇÃO ASPECTOS A TER EM CONTA NA LAVRA

Geológicos

O maciço possui zonas onde ocorremmaioritariamente areias e outras onde predominam as argilas.

O desmonte deverá ser selectivo, de forma a evitar a mistura entre diferentes materiais. Os diferentes materiais deverão ser explorados para os respectivos fins: areias para produção de agregados areno-sos e argilas para a indústria cerâmica.

O maciço arenoso possui alguns níveis de argilas intercalados e argila disse-minada, que constituem estéreis da exploração.

Os estéreis a produzir em cada núcleo de exploração serão encami-nhados para a modelação do respectivo núcleo.

O maciço arenoso possui um nível de cobertura na zona NE da área com ca-racterísticas diferentes das restantes areias que ocorrem na área.

As areias serão beneficiadas na zona de exploração com recurso a noras para separação da fracção fina, enquanto as argilas serão expedidas tal qual para as fábricas de cerâmica.

O maciço arenoso é suporte de um aquífero livre.

A exploração abaixo do nível freático será feita até 12 metros de profundidade ou até ao nível de argila subjacente.

Logísticos

Acessos aos apoios das linhas eléctri-cas que atravessam a área de explo-ração.

Durante a fase de exploração deverão ser mantidos os acessos aos apoios das linhas eléctricas que atravessam a área. Deste modo, os trabalhos de lavra e modelação topográfica deverão ser coorde-nados para que os acessos estejam assegurados em permanência.

Zonas de defesa aos apoios das linhas que atravessam a área de exploração.

Será deixada uma zona de defesa de 30 metros aos apoios das li-nhas eléctricas que atravessam a área.

Unidades industriais de beneficiação das areias.

As unidades industriais de beneficiação das areias não terão locali-zações fixas na área. À semelhança do que ocorre actualmente, as suas localizações serão sempre função do avanço dos trabalhos de lavra, não podendo prejudicar o aproveitamento racional do recurso mineral.

Dimensão dos lagos a criar com a ex-ploração abaixo do nível freático.

Os lagos a criar com a exploração abaixo do nível freático terão uma dimensão máxima na fase terminal da exploração inferior a 15 ha. Deste modo, os trabalhos de lavra e modelação topográfica deverão ser coordenados.

Ordenamento do território

Corredor ecológico correspondente aovale da Ribeira da Pateira.

O PPZSMS define o vale da Ribeira da Pateira como sendo um cor-redor ecológico de nível 3. A exploração futura não poderá ser de-senvolvida nesse corredor. As áreas do PINPMS que se sobrepõem a esse corredor correspondem a áreas licenciadas já exploradas e recuperadas paisagisticamente.

Zonamento temporal da exploraçãona área do PINPMS.

O PPZSMS definiu limites temporais4 para a exploração da área,

considerando a proximidade ao empreendimento turístico a im-plantar a Sul da área e a tipologia de material a explorar.

Quadro 1 – Principais aspectos considerados no planeamento da lavra.

- Núcleo Sul

O Núcleo Sul tem uma área de 91 ha. Neste nú-cleo procede se apenas à exploração de areias, feita predominantemente abaixo do nível freático.

O plano de lavra estabelecido para cada um dos núcleos e, consequentemente, o cálculo de reservas, tiveram em consideração aspectos geológicos, am-bientais e logísticos que condicionam a exploração (Quadro 1).

23ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Figura 4 – Configuração da escavação no Núcleo Este.

Figura 3 – Configuração da escavação no Núcleo Norte.

4 De um modo geral, para a exploração de areias foi estabe-lecido um limite temporal máximo de 15 anos e para a argila um limite temporal máximo de 25 anos. Na zona Sul da área (correspondente a parte da área do núcleo Sul) foi estabelecido um limite máximo de exploração para as areias de 5 anos, devido à proximidade ao futuro empreendimento turístico previsto no PPZSMS. Para as argilas também foram definidos, em algumas zonas, limites máximos de exploração de 5 anos e de 10 anos, que se encontram relacionados com os faseamentos da explo-ração.

As reservas foram calculadas com recurso ao sof-tware GEMCOM Surpac que permite o tratamento tridimensional dos dados da topografia e da con-figuração final de escavação. Para o cálculo de re-servas foi utilizado Modelo Digital do Terreno (MDT) da topografia de cada um dos núcleos e criados os respectivos MDT’s da escavação. Nas figuras seguin-tes apresenta-se a configuração da escavação para cada um dos núcleos de exploração.

Exploração acima do nível freático

Exploração abaixo do nível freático

Exploração acima do nível freático

65

55

45

35

65

55

45

35

ZY X

ROCHAS & EQUIPAMENTOS24

Figura 5 – Configuração da escavação no Núcleo Sul.

A totalidade de reservas úteis na área do PINPMS cifra-se em cerca de 19 Mt de areia e cerca de 2 Mt de argila, resultando do processo de exploração cerca de 1 419 250 m3 de material estéril, que con-siderou o aproveitamento total do recurso mineral disponível na área do PINPMS.

No decurso da exploração proceder-se-á também às acções de recuperação ambiental e paisagística. As acções de recuperação a realizar dependem do tipo de pedreira em causa, dos usos propostos nos Instrumentos de Gestão do Território e das inten-ções do promotor. Deste modo, podem-se identificar quatro tipos de intervenção: o renivelamento (enchi-mento completo), o enchimento parcial (enchimento quase completo, enchimento reduzido e enchimen-to parcial), a manutenção (enchimento mínimo) e o abandono controlado (ausência de enchimento).

A recuperação proposta para a área do PINPMS recorre aos três últimos tipos de intervenção, con-soante a área a recuperar. Assim, propõe se o enchi-mento parcial, nos núcleos Norte e Este, nas zonas a explorar acima do nível freático, para estabilização de taludes de escavação e reposição da rede de dre-nagem natural, e em algumas zonas do núcleo Sul para um melhor enquadramento com a morfologia

envolvente. Propõe se a manutenção (enchimento mínimo) em alguns taludes do núcleo Sul para um melhor enquadramento com a morfologia envolven-te. Propõe-se, ainda, o abandono controlado (ausên-cia de enchimento) nos lagos a criar com a explora-ção abaixo do nível freático, com excepção do lago do extremo Sul da área, onde existirá enchimento parcial, e em alguns taludes do núcleo Sul, onde a lavra determinará taludes com inclinações compatí-veis com a recuperação paisagística.

Pretende-se que a filosofia de concepção da re-cuperação da área do PINPMS se compatibilize com os usos definidos no PPZSMS, fomentando a sua ca-pacidade e aptidão para o turismo, nomeadamente, em actividades de recreio e lazer, tendo em conta a criação de uma paisagem equilibrada e atraente, salvaguardando os recursos naturais e o património natural. No caso do extremo Sul da área, a filosofia de recuperação será no sentido da compatibilização com a criação de um campo de golfe, não compro-metendo a recuperação paisagística da pedreira esse uso futuro.

Na Figura 6 e Figura 7 apresentam se perfis es-quemáticos da recuperação paisagística proposta para a área do PINPMS.

Exploração acima do nível freático

Exploração abaixo do nível freático

65

55

45

35

ZY

X

ROCHAS & EQUIPAMENTOS26

Figura 6 – Áreas de conservação da natureza.

Figura 7 – Áreas com aptidão para prática de actividades de recreio e lazer.

5. CONCLUSÃO

Os recursos minerais estão dependentes da sua ocorrência espacial, obrigando a que a sua extrac-ção e aproveitamento se localizem onde a natureza ditou e não por opção de localização.

Considera-se que as incompatibilidades geradas entre as explorações existentes e os instrumentos de gestão do território serão resolúveis, através da elaboração do Plano de Pormenor e de Projecto In-tegrado, estabelecidos nos seguintes pressupostos:

- do correcto ordenamento da lavra e das suas áreas de expansão;

- das regras e directrizes fundamentais para a re-qualificação paisagística de toda a área;

- de uma metodologia de controlo e ordenamento do uso do solo que maximize os benefícios da sua utilização e minimize os impactes negativos gera-dos.

Em suma, para o melhor aproveitamento do re-curso mineral deverá ser tida em conta a política ambiental e de ordenamento do território no âmbito da abordagem integrada. Garantindo-se:

- a compatibilização dos instrumentos de gestão do território com a indústria extractiva, pela identi-ficação do recurso e sua salvaguarda;

- a compatibilidade da extracção com a protecção ambiental, preconizando o princípio do desenvolvi-mento sustentável.

Já o PINPMS permite um bom e racional aprovei-tamento do recurso mineral existente, promovendo a necessária protecção ambiental e a reabilitação de toda a área. Com a implementação do PINPMS:

- a exploração das pedreiras será reordenada e a configuração final determina a união das cortas das pedreiras vizinhas, por núcleos, permitindo o apro-veitamento racional do recurso mineral e a liberta-ção de áreas para recuperação paisagística;

27ROCHAS & EQUIPAMENTOS

- o desenvolvimento da lavra far-se-á em módu-los, atendendo às medidas de segurança e de mini-mização de impactes ambientais, garantido um bom desempenho ambiental das explorações;

- as actividades de monitorização ambiental pre-vistas permitirão avaliar e controlar a eficácia das medidas implementadas;

- estão previstas medidas de recuperação capazes de compatibilizar a área com os usos definidos no PPZSMS;

Atendendo à importância que este tipo de explo-rações assume no quadro regional, a implementação do PINPMS contribui ainda para o desenvolvimen-to da região com todos os benefícios económicos e sociais que daí podem advir. Estes benefícios são reforçados pelo facto das explorações, tal como estão projectadas, serem compatíveis com os inte-resses regionais e nacionais, respeitando os valores ambientais e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Feiras & Congressos

Fairs & Congresses

ROCHAS & EQUIPAMENTOS28

AGENDA 2010 / 20112010SETEMBRO

BALTIC BUILD 15 - 17 SETEMBRO SÃO PETERSBURGO - RÚSSIA

INTERBUEXPO (BUILDING & ARCHITECTURE) 21 - 24 SETEMBRO KIEV - UCRÂNIA

PROJECT IRAQ27 - 30 SETEMBRODOHA - IRAQUE

MARMOMMAC - R&E* 29 SETEMBRO - 02 OUTUBROVERONA - ITÁLIA

OUTUBRO

CONSTRUTEC 05 - 08 OUTUBROMADRID - ESPANHA

SYRIA STONE `105 - 9 OUTUBRODAMASCO - SÍRIA

FINNBUILD6 - 9 OUTUBROHELSÍNQUIA - FINLÂNDIA

INTERBUILD 17 - 20 OUTUBROBIRMINGHAM - REINO UNIDO

SAUDI BUILD | SAUDI STONE 18 - 21 OUTUBRORIADE - ARÁBIA SAUDITA

IRANSTONE 20 - 23 OUTUBROTEERÃO - IRÃO

BIG FOUR SHOW 25 - 28 OUTUBROTRIPOLI - LÍBIA

BAUCON YAPEX 28 - 31 OUTUBROANTÁLIA - TURQUIA

NOVEMBRO

DESIGNBUILD 03 - 05 NOVEMBRO PERTH - AUSTRÁLIA

STONE GATE EGYPT 09 - 12 NOVEMBRO CAIRO - EGIPTO

KAMIEN-STONE10 - 13 NOVEMBROPOZNA - POLÓNIA

JAPAN HOME AND BUILDING SHOW 17 - 19 NOVEMBROTÓQUIO - JAPÃO

BIG 5 22 - 25 NOVEMBRODUBAI - E.A.U.

BAUMA CHINA23 - 26 NOVEMBROXANGAI - CHINA

NATURAL STONE25 - 28 NOVEMBROISTAMBUL - TURQUIA

DEZEMBRO

SUDAN BUILD 08 - 12 DEZEMBROCARTUM - SUDÃO

2011JANEIRO

BUDMA 2011 11 - 14 JANEIROPOZNA - POLÓNIA

BAU 17 - 22 JANEIROMUNIQUE - ALEMANHA

INDIA STONEMART 20 - 23 JANEIROJAIPUR - ÍNDIA

SURFACES 25 - 27 JANEIRO LAS VEGAS - E.U.A.

STONEXPO26 - 28 JANEIROLAS VEGAS - E.U.A.

FEVEREIRO

CONSTRUCTION & INTERIOR DESIGN 04 - 06 FEVEREIROTURKU - FINLÂNDIA

bC INDIA08 - 11 FEVEREIROMUMBAI - ÍNDIA

MARMOL 08 - 11 FEVEREIRO VALÊNCIA - ESPANHA

VITÓRIA STONE FAIR - R&E* 15 - 18 FEVEREIROVITÓRIA - ESPIRITO SANTO- BRASIL

IMMA STONE FAIR 17 - 20 FEVEREIROCHENNAI - ÍNDIA

MARMIN STONE 17 - 20 FEVEREIRO SALÓNICA - GRÉCIA

TECNO+STONE 23 - 26 FEVEREIROKIEV - UCRÂNIA

29ROCHAS & EQUIPAMENTOS

MARÇO

ECOBUILD 01 - 03 MARÇO LONDRES - REINO UNIDO

CHINA XIAMEN INTERNATIONAL STONE FAIR - R&E* 06 - 09 MARÇOXIAMEN - CHINA ARCHITECTURE + CONSTRUCTION MATERIALS 08 - 11 MARÇOTÓQUIO - JAPÃO

COVERINGS - R&E* 14 - 17 MARÇOLAS VEGAS - NEVADA - E.U.A.

THE NATURAL STONE SHOW 15 - 17 MARÇO LONDRES - REINO UNIDO

DOMOTEX ASIA / CHINAFLOOR 22 - 24 MARÇOXANGAI - CHINA

REVESTIR 22 - 25 MARÇOSÃO PAULO - BRASIL

MARBLE - R&E* 23 - 26 MARÇOIZMIR - TURQUIA

TECHNIPIERRE - R&E* 31 MARÇO - 3 ABRILLIÈGE - BÉLGICA

ABRIL

MOSBUILD 05 - 08 ABRILMOSCOVO - RÚSSIA

INTERKAMIEN 15 - 17 ABRILKIELCE - POLÓNIA

STONETECH 20 - 23 ABRIL PEQUIM - CHINA

MAIO

BATIMATEC 03 - 06 MAIO ARGEL - ALGÉRIA

LIBYA BUILD 15 - 19 MAIO TRIPOLI - LÍBIA

ASTANABUILD 18 - 20 MAIO ASTANA - KAZAQUISTÃO

EXPO MADAGASCAR 26 - 29 MAIO ANTANANARIVO - MADAGÁSCAR

JUNHO

STONE+TEC - R&E* 22 - 25 JUNHONUREMBERGA - ALEMANHA

SETEMBRO

BUILDING & CONSTRUCTION INDONESIA 21 - 24 SETEMBROJACARTA - INDONÉSIA

NOVEMBRO

BATIMAT7 - 12 NOVEMBROPARIS - FRANÇA

FUNÉRAIRE 17 - 19 NOVEMBROPARIS - FRANÇA

R&E* - DISTRIBUIÇÃO E REPORTAGEM

www.rochas.info

ROCHAS & EQUIPAMENTOS30

A 30.ª Feira Internacional de Mármore e Granito, a Cachoeiro Stone Fair 2010 realizou-se entre os dias 24 e 27 de Agosto na cidade de Cachoeiro de Itapemirim no estado do Espírito Santo, Brasil. O evento, que decorreu no Parque de Exposições Carlos Caiado Barbosa, recebeu 23 mil visitantes e reuniu cerca de 200 expositores distribuídos numa área de exposição de 35 mil metros quadrados.

A cerimónia de abertura da feira contou com a presença do governador do Estado, Paulo Hartung, líderes empresariais, políticos e representantes do sector de rochas ornamentais.

«O evento superou todas as expectativas, de-monstrando que estamos em um momento de grande potencial de crescimento, com as empre-sas a fazerem negócios e a investir em máquinas e equipamentos», destaca Cecília Milaneze, directo-ra da Milanez & Milaneze, empresa organizadora do evento.

As empresas participantes da Cachoeiro Stone Fair 2010 mostraram que o sector de rochas orna-mentais está a prosperar. O optimismo dos exposi-tores foi impulsionado pelo crescimento do merca-do interno, motivado pela indústria da construção civil e pelas obras de infra-estrutura necessárias

para a Copa do Mundo de 2014. Além disso, as empresas focadas na exportação também estão a abrir novos mercados e a tentar reduzir a depen-dência do mercado americano. O entusiasmo dos empresários também é compartilhado pelas enti-dades ligadas ao sector. O presidente do Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcário do Espírito Santo (Sindirochas), Emic Costa, afir-mou que «o sector tem investido muito para alcan-çar o crescimento de maneira adequada.».

Os empresários interessados em renovar os seus equipamentos contaram com várias opções dispo-níveis no evento, com novidades que prometem muita tecnologia e optimização de custos. Os te-ares multifio e as grandes escavadeiras e carrega-deiras, que tiveram grande destaque no certame, confirmaram que as tendências de mercado apon-tam para o uso de equipamentos de maior porte. As empresas têm tentado investir no aumento da capacidade de produção a partir da aquisição de máquinas mais potentes, que oferecem mais tec-nologia e menos custo operacional, segundo ob-servaram os expositores do sector.

Além de representantes de grandes fabricantes de máquinas, a feira também teve a participação

CACHOEIRO STONE FAIR 2010 CONFIRMA MOMENTO POSITIVO DO MERCADO

ROCHAS & EQUIPAMENTOS32

de empresas locais do sector, representadas pela Associação dos Fabricantes de Máquinas e Equipa-mentos para o Sector de Rochas (Maqrochas). «A Feira é o lugar ideal para conhecer os novos pro-dutos, estabelecer contactos e estar em sintonia com o mercado que está a reerguer-se», observou a presidente da Maqrochas, Jaqueline Donateli Si-mões.

Além da exposição, a Cachoeiro Stone Fair tam-bém incluiu palestras sobre temas relevantes para o sector, entre os quais o desenvolvimento susten-tável da mineração, saúde e segurança na mine-ração e linhas de financiamento disponíveis para empresas do sector.

Foram anunciadas, assim, as soluções de finan-ciamento para exportações e importações para que as empresas possam conquistar novos mercados com competitividade e segurança. O Adiantamen-

to sobre Contrato de Câmbio (ACC) e Adiantamen-to sobre Cambiais Entregues (ACE), Programa de Financiamento às Exportações (Proex), Financia-mento à Importação (Finimp) e o Leasing Inter-nacional foram algumas das soluções de financia-mento apresentadas.

ROCHAS & EQUIPAMENTOS34

O prémio “Um Caminhão de Chapas” foi entre-gue à Cachoeiro Minas Granitos Lda. O objectivo é incentivar e valorizar a participação das empresas do sector na Cachoeiro Stone Fair.

A Cachoeiro Stone Fair foi palco de todos os lan-çamentos de máquinas, equipamentos, ferramen-tas e outros materiais utilizados pela indústria de mármore e granito para os últimos dez anos.

Além de ser o evento onde as empresas apresen-taram as suas mais recentes criações e produtos a feira funcionou como show-room e motivador para o sector em toda a procura de novas tecno-logias.

O certame foi uma verdadeira montra da indús-tria brasileira e mundial de rochas ornamentais, além de agregar uma ampla gama de produtos e serviços integrantes da cadeia produtiva da cons-trução civil, arquitectura e decoração, desenvolvi-mento de tecnologia, logística e comércio exterior, órgãos de fomento e apoio à actividade.

A Cachoeiro Stone Fair 2010 encerrou com um balanço muito positivo e expositores e visitantes do evento mostraram-se satisfeitos com os resul-tados e optimistas em relação a novos negócios. Para os organizadores, o certame mostrou uma vez mais que tem o ambiente propício para quem pro-cura novas tecnologias e oportunidades para am-pliar os negócios.

A próxima edição da Feira Internacional do Már-more e Granito, a Vitória Stone Fair 2011 já tem data marcada e vai realizar-se entre 15 a 18 de

Fevereiro na cidade de Vitória, capital do estado do Espírito Santo. As expectativas são tão positivas que várias empresas já começaram a renovar as inscrições de participação.

O Estado do Espírito Santo é o principal produ-tor e o maior exportador de rochas ornamentais no Brasil. É responsável por 47 % da produção e 44% das exportações.

Esta nova fase é baseada em uma eficiente rede de estradas e ferrovias e no complexo portuário de Vitória, que transformou o Espírito Santo no maior pólo brasileiro de blocos e chapas.

Mais de 90% dos investimentos do parque in-dustrial brasileiro do sector de rochas ornamentas são realizados no Espírito Santo, tornando-se uma referência mundial em mármore e granito e líder na produção nacional de rochas e apresentando um imenso potencial geológico, amplamente de-senvolvido por meio de investimentos em pesqui-sas geológicas, tecnologias de extracção. Por ano são extraídos mais de 800 mil metros cúbicos de rochas do Estado.

Na condição de capital do maior Estado produ-tor de rochas ornamentais brasileiras e importante porto de comércio marítimo, a cidade de Vitória assume com vigor e responsabilidade a sua voca-ção de pólo exportador do mármore e do granito produzidos no País.

O Brasil possui uma imensa quantidade de ri-quezas minerais com grande potencial exportador no sector de rochas ornamentais. É o 8.º país em exportação de blocos e o 5.º maior exportador de rochas ornamentais acabadas.

São mais de 1 200 variedades de rochas orna-mentais encontradas em solo brasileiro e explo-radas por 12 000 empresas instaladas por todo o território nacional, gerando cerca de 100 mil pos-tos de trabalho.

Actualmente, o mercado de rochas no Brasil mo-vimenta cerca de 2,1 bilhões de dólares por ano, incluindo a comercialização no mercado interno e externo e as transacções de máquinas, equipamen-tos e materiais de consumo e serviços.

ROCHAS & EQUIPAMENTOS36

Materiais

Materials

ESTÉTICAS DA PEDRA PORTUGUESA NA ARQUITECTURA

Por Jorge Cruz Pinto(Arquitecto, Professor Catedrático da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa)

PEDRA, FORMA SIMBÓLICA E ESTILO

Para além da necessidade ligada à função utilitá-ria de refúgio ou abrigo, a Arquitectura é uma das «formas simbólicas» construtivas e estéticas através da qual o Homem ao longo da pré-história e da his-tória, demarcou o território e a paisagem, construiu muralhas, pontes, aquedutos, templos, casas, palá-cios e cidades…

Sempre que o Homem pretendeu imortalizar as suas construções procurou na pedra a solidez, a resistência e a pere-nidade, desafiando a gravidade, a entro-pia e o tempo. Com a pedra, a matéria num dos seus estados mais rudimentares e densos, delimitou e conformou o espaço e a luz, as matérias mais subtis e etéreas identificadas com a espiritualidade. Com a pedra, o espaço e a luz ergueu monumentos e espa-ços consagrados aos deuses, a Deus e a si próprio.

Através da arte e do engenho – da poética e da técnica (nos seus sentidos mais originários), o Ho-mem transformou a matéria-prima em materiais de construção. A pedra do seu estado tosco, ao bloco aparelhado das cantarias permitiu a construção ar-quitectónica ao longo dos tempos, nas suas diversas

vertentes e estilos.Os estilos históricos, tal como os conhecemos,

são o resultado do modo de formar, através da as-sociação entre a materialidade, a forma e a técnica, conforme reconheceu G. Semper. A própria palavra estilo provém do estilete, o instrumento metálico com que se gravava a matéria, conferindo-lhe forma e adequação construtiva através da técnica, que faz aparecer na obra a verdade dos materiais e a ex-pressão das forças que permitem a sua estabilidade tectónica e a sua expressão ornamental.

O aparecimento e a larga difusão, nos últimos dois séculos, de novos materiais de construção, tais como, o ferro, o vidro e sobretudo o betão armado, vieram per-mitir o acentuar da separação entre a delimitação muraria e a estrutura dos edi-fícios, relegando para

segundo plano a função das alvenarias estruturais em pedra. Assim, a pedra na história da modernidade está sobretudo ligada à condição de revestimento, que a evolução tecnológica dos processos de me-canização de corte permitiram reduzir a espessuras mínimas potenciando a sua aplicação decorativa de acabamento no revestimento de pavimentos, esca-das, paredes e guarnecimentos.

ROCHAS & EQUIPAMENTOS38

PEDRA, TERRITÓRIO E ARQUITECTURA

Embora pese a dimensão de 92.092 km2 do terri-tório português, a riqueza e diversidade geológica tem permitido (desde há 2.000 anos) a exploração de uma grande variedade de pedras ornamentais com características estéticas e técnicas particula-res. No Norte, predominam os graníticos e as ardó-sias, no Centro, Ribatejo e na Estremadura, os cal-cários, no Alentejo, os mármores e alguns granitos e xistos e no Algarve, as brechas.

Assim, em cada região do País, as arquitecturas popular e erudita apropriam-se e adequam-se aos recursos geológicos próximos. As várias civiliza-ções e culturas (romana, visigótica, árabe) e estilos (românico, gótico, manuelino, renascimento chão, barroco, neoclássico…), que marcaram o tempo e o espaço do território português deixaram na pedra o testemunho da sua passagem, usando os recursos geológicos locais e exportando-os aos outros terri-tórios europeus e ultramarinos: África (desde o séc. XV), Brasil (desde o séc. XVI), América, Ásia e Médio Oriente (com especial incidência na actualidade). Hoje, a introdução de novas tecnologias de extrac-ção e transformação tem permitido a consolidação e a expansão do mercado externo da pedra orna-mental portuguesa.

A pedra em que se construíram os principais mo-numentos e edifícios institucionais conferiram uni-dade às imagens urbanas das cidades e vilas portu-guesas.

A coexistência da variedade de estilos arquitectó-nicos de cada época em cidades como Lisboa, Porto, Coimbra ou Évora é equilibrada pelo uso dos mes-mos tipos de pedra que unificam a imagem urbana.

O tempo e a história são os principais testemu-nhos da durabilidade e da estética da pedra por-tuguesa utilizada ao longo dos séculos em diversos monumentos construídos para a memória passada, presente e futura.

PATRIMÓNIO E CONTEMPORANEIDADE ARQUITECTÓNICA

Sem pretender ser exaustivo, apresento alguns exemplos de aplicação estética da pedra ornamen-tal portuguesa na arquitectura.

No contexto histórico, a composição clássica da fachada plana do Palácio Ducal de Vila Viçosa (séc. XVI) é reforçada pela subtil distinção «figura fundo» produzida na alvenaria de pedra, entre as modena-turas da grelha de pilastras, cornijas, frisos, vãos e frontões, em mármore branco rosa e dourado, em contraste com o mármore negro dos paramentos de fundo criando por vezes situações de mesclas cro-máticas de valor plástico.

O carácter e a diversidade dos mármores da re-gião de Estremoz - Vila Viçosa – Borba, apresentam particulares características estéticas em termos de pureza e homogeneidade ou variedade de croma-tismos, de texturas de grãos, padrões de venaturas e vergadas, transparência, além da possibilidade de

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obtenção de blocos e chapas de pedra de grandes dimensões.

A presença dos mármo-res no Alentejo, explorada e aplicada à construção arquitectónica desde o tempo dos romanos, do Templo de Diana em Évora, conjugado com os granitos de Arronches, aos vestígios das presen-ças visigóticas e árabes, à arquitectura gótica, ma-nuelina e renascentista.

Lisboa, ”Cidade Bran-ca”, deve a sua pecu-liar luminosidade, entre outros factores, aos fenómenos de reflexão da proximidade do mar oceano e às aplicações dos calcários brancos:

o lioz branco aplica-do na construção dos principais monumentos históricos – Catedral, Panteão, Aqueduto, S. Vicente, Carmo, Basí-lica da Estrela, Baixa

Pombalina… - e nas cantarias dos edifícios de habitação históricos e contemporâneos que contrastam com as po-licromias de azulejos e rebocos pintados, além dos pavimentos artísticos da calçada portuguesa, executada em vidraço branco e basalto negro que marcam a paisagem urbana.

Do conjunto patrimo-nial arquitectónico de Belém salienta-se a Tor-re de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos, de estilo manuelino (séc. XVI), construídos em cantaria de lioz branco. A rique-za escultórica e espacial crua da nave manuelina contrasta e prolonga-se no altar-mor renascen-

tista nos mármores policromados brancos, negros e rosas de Estremoz - Vila Viçosa.

Neste contexto patrimonial foi implantada a obra contemporânea do Centro Cultural de Belém (da autoria de Gregotti e Salgado) que procura uma in-tegração na imagem urbana através do revestimen-to das fachadas e pavimentos em placagens de lioz, cuja textura escacilhada esbate intencionalmente em distintos matizes cromáticos de branco, creme, amarelo, avermelhado… também aplicados nos pa-vimentos com acabamento amaciado.

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O pós-modernismo (final dos anos 70 e início de 80), sob a forma de diversos ecletismos arquitectó-nicos de referência neoclassicista, usa a pedra de revestimento com critérios meramente decorativos, igualando-a aos efeitos policromáticos saturados dos paramentos rebocados e pintados. A utilização da pedra manifesta frequentemente uma contradi-ção e aleatoriedade com os elementos arquitectó-nicos, como é o caso do conjunto dos edifícios das Amoreiras ou do BNU, em Lisboa (da autoria de T. Taveira). Porém, como afirmação decorativa é por vezes notável o trabalho das composições cromá-ticas através da aplicação da pedra mármore rosa, branca e cinza de Estremoz – Vila Viçosa, criando padrões geométricos de quadriláteros, ou de riscas alternadas entre o verde e o rosa com inclusões ver-des. Tais padrões são intensificados pelo efeito pic-tórico das direcções das intensas vergadas naturais do mármore, onde frequentemente se tira partido da aplicação estereométrica combinando as cha-pas invertidas de modo a produzirem composições simétricas naturalistas que conferem ao conjunto uma multiplicidade de leituras plásticas levadas ao excesso.

O edifício vizinho das Amoreiras (da autoria de Frederico e Pedro George), totalmente revestido com mármores de Estremoz Vila Viçosa, segue po-rém um critério concordante com os elementos ar-quitectónicos, reforçando as autonomias dos vários volumes e varandas através da distinção cromática das pedras de revestimento; igualmente, as estero-metrias tiram partido compositivo das venaturas e das vergadas diagonais dos mármores rosa.

Também dentro da corrente pós-moderna, de ten-dência ecléctica, o edifício da Caixa Geral de Depósi-

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tos (da autoria de Arsénio Cordeiro) é um exemplo da aplicação intensiva do lioz, em distintas formas de tratamento e croma-tismos: lioz branco serra-do nas fachadas exterio-res e o jogo policromático interior nos paramentos, escadas e pavimentos artísticos em lioz, rosa,

amarelo, branco e abancado polido, em contraste com o mármore verde-escuro.

O inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa, realizado pelo Sindicato dos Arquitectos e publica-do no início em 1961, veio introduzir uma reflexão crítica na arquitectura erudita contemporânea, na valorização da verdade dos materiais naturais, como a pedra, que deu origem a uma nova estética chã, da qual derivam posicionamentos estéticos colecti-vos, como a denominada Escola do Porto, associada às obras individuais dos seus principais precursores: Fernando Távora, Álvaro Siza e Souto Moura, além de outros posicionamentos individuais mais a sul.

Nestas estéticas chãs, marcadas por vezes por ati-tudes sóbrias e minimalistas, as cantarias de grani-to (perpianho) ou os revestimentos são geralmente tratados na sua forma mais natural, simplesmente serrado, aplicados nos exteriores, pela sua dureza e resistência, evitando o tratamento polido, deixando para os interiores os revestimentos com pedras mais macias, como os mármores e os calcários burnidos e polidos, adequados ao tacto e à limpidez da ima-

gem. O granito português apresenta uma grande variedade cromática (cinzas, dourados, castanho, rosa) e é particularmente rico em mica e quartzo que lhe confere particular beleza ornamental, tanto no seu estado natural, como polido.

A larga tradição histórica da construção em gra-nito no norte do País e na cidade do Porto é forte-mente interpretada na arquitectura contemporânea destes autores. Távora, reinterpreta e reconstrói a antiga torre medieval desaparecida da Casa dos 24, totalmente construída em granito e incluindo dois grandes envidraçados, no lugar original junto da Catedral românica do Porto. Apenas pela sínte-se da linguagem arquitectónica moderna dos seus envidraçados se reconhece a sua actualidade, pois a cantaria de granito adquiriu entretanto a patine que a aproxima do granito do monumento da Sé. Também do mesmo autor, a conhecida Casa de Ofir retoma a construção dos muros graníticos tradicio-nais de perpianho.

Entre a vasta e notável obra arquitectónica de Álvaro Siza, marcada pelo experimentalismo de inovadoras metamorfoses plástico-espaciais, pelos efeitos surpreendentes da luz, de escalas e trata-mento refinado dos detalhes construtivos, a pedra ornamental é utilizada em diversas aplicações que procuram reforçar, demarcar ou unir sintacticamen-te determinados elementos arquitectónicos, tor-nando as adequações funcionais em subtis inten-ções estéticas. Na sua obra em geral (com excepção de algumas obras, entre as quais a Galeria de Arte Moderna de Santiago de Compostela, totalmente revestida exteriormente a granito, para integra-

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ção na imagem urbana local), a pedra ornamental joga um efeito particular, em relação ao domínio preponderante das paredes brancas, que reforçam o carácter plástico das volumetrias à luz. A pedra ornamental surge assim associada a determinados elementos arquitectónicos - que podemos denomi-nar como “clássicos” - sujeitos a uma vivência fí-sica mais intensa: cantarias de embasamentos que sublinham e reforçam a articulação dos edifícios com o solo, pavimentos, lambris interiores, pilarem, alguns guarnecimentos de vãos, escadas, lareiras assumindo a diferença através do valor material, funcional e estético acrescido.

A título de exemplo, referimos algumas das suas obras onde a pedra adquire esse valor integrado com a composição arquitectónica. O embasamento gra-nítico de perpianho surge em diversas obras como uma adaptação do edifício à topografia e como uma natural continuidade geológica cristalizada, sobre o qual as volumetrias brancas dos edifícios assentam: na Igreja de Marco de Canavezes o embasamento em perpianho graníti-co molda-se em muros, escadas e terraços que envolvem o edifício que se ergue e modela à luz nas suas formas escultó-ricas brancas; no edifício da Boavista no Porto, no contraste subtil entre de revestimento do granito de Cabeceiros do lambril e o revestimento em calcário moca creme do corpo do edifício, numa estereotomía rigorosamente combinada com a composição dos vãos, ou no realce plástico das varandas de gaveto; o embasamento em granito, numa aplicação mais contida no edifício do Museu de Serralves, no Por-to, ganha por vezes mo-mentos de aplicação sintáctica de superfície

e de valorização volu-métrica, enquanto nos

interiores a pedra calcária, homogeneíza e neutraliza os pavimentos, lambris, escadas e guarnecimentos em cuidadosos detalhes construtivos contrastando subtilmente com as superfícies brancas das paredes e tectos.

Em obras de reabilitação como o Spa Termal de Pedras Salgadas, o granito de Alpalhão é aplicado: no revestimento da piscina, que juntamente com os reflexos da grande janela confere uma tonalidade prateada à água; e no lajedo dos pavimentos, rebai-xando-se subtilmente na zona dos duches.

A aplicação da pedra calcária de lioz, no edifício do Pavilhão de Portugal da Expo 98 em Lisboa, é criteriosamente aplicada nos embasamentos sim-ples, em singulares es-tereotomías, nos emba-samentos que integram o design de bancos, nos cunhais que denunciam a condição de revesti-mento em que inversamente introduz peças em “L” para simular maior espessura, no revestimento dos esbeltos pilares escultóricos e nos pórticos monu-mentais de amarração da cobertura curva invertida, em contraste com os panos de azulejo tradicional colorido. Também em Lisboa, no edifício dos Terra-

ços de Bragança, numa integração contempo-rânea com arquitectura pombalina, recorre às cantarias de calcário

lioz creme nos embasamentos e nas lajes de grande dimensão das varandas.

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Do mesmo autor, no conjunto dos edifícios Bur-go, no Porto, que assentam sobre um embasamento

totalmente revestido em granito ao modo tradi-cional, assinala-se po-rém, uma aplicação ino-vadora do revestimento em granito Alpalhão na torre paralelepipédica. Construída mediante um jogo de empilha-mento de vigas H al-ternadas com os pilares H e com os panos de

fachada que conferem duas expressões arquitectó-nicas alternadas às quatro fachadas da torre: duas definidas por frestas horizontais repetitivas inter-caladas pelos paramentos horizontais e outras duas marcadas pelo reticulado dos envidraçados e pilares interrompidos. A pedra é integralmente assumida como revestimento, pois as aplicações das chapas de granito aparafusadas directamente aos panos de fachada e aos pilares ultrapassam-nos intencio-nalmente denunciando a espessura das mesmas no cutelo, reforçando nos detalhes os mesmos princí-pios arquitectónicos compositivos gerais.

Também como exemplos de aplicação do granito, saliente-se em Matosi-nhos: o edifício em ga-veto (da autoria de Tere-sa Fonseca), que utiliza o granito dourado de

Por vezes, nos seus interiores arquitectónicos a aplicação da pedra mármore criteriosamente selec-cionada enfatiza determinados elementos arqui-tectónicos e alcança valores estéticos próximos da pintura abstracta: como é o caso da pedra mármore verde Viana raiada, sobre a lareira na Casa Aveli-no Duarte; ou da pedra da lareira da Casa Vieira de Castro, deixando o corte natural da vergada do már-more como acabamento; ou dos interiores do Banco de Oliveira de Azeméis, onde as venaturas do már-more Estremoz se encontram combinadas nas cha-pas de grande dimensão dos pavimentos, formando padrões simétricos e integrando no mesmo material os planos dos balcões e lambris; e igualmente no acompanhamento intencional entre as direcções das vergadas dos lambris e os lances das escadas no Banco de Vila do Conde.

Na obra de Siza, o uso da pedra ornamental portuguesa estende-se também a objectos de design: como o seu candeeiro que constitui um elo-gio da translucidez cortado em fina espessura; a pia baptismal da Igre-ja de Marco de Canavezes em lioz; o detalhe er-gonómico do

corrimão em lioz da estação de metro do Chiado; ou a sua notável chaise-long talhada em duas peças, no mesmo mármore branco, que esta-belece um marco entre o de-sign e a escultura.

Na apreciável obra de E. Souto Moura, os em-basamentos e muros de cantaria em granito (per-pianho) jogam um papel construtivo e estético, fundamental nas delimitações arquitectónicas e na integração nos lugares, contrastando intencional-mente com a linguagem minimalista dos grandes envidraçados e da dominância das grandes super-fícies brancas: no Mercado Municipal de Braga, na Casa das Artes no Porto e nas várias casas constru-ídas na região norte.

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Vila Real, no corpo superior sobre o embasamento negro, intercalando na estereometria a composição dos vãos quadrados; e o edifício do observatório marítimo (da autoria Filipa Guerreiro), nas suas in-tersecções volumétricas integralmente revestido em granito de Cabecei-ras com uma estereo-metria peculiar.

A diversidade, a qualidade e a riqueza estética dos calcários da região Centro e Estremadura, foi tam-bém aplicada ao longo da história em diversos mo-numentos e conjuntos arquitectónicos, tais como: o Mosteiro de Alcobaça, o Mosteiro da Batalha, expo-ente da arquitectura e da estatuária gótica e o com-plexo do Convento de Cristo de Tomar, entre outros.

Entre as obras contemporâneas de aplicação em volume do calcário desta região, referimos a nova igreja de Fátima (da autoria de A. Tombazis), onde a homogeneidade de vidraço branco confere uma integração e unidade no conjunto do santuário pré-existente. As cantarias de revestimento em estere-otomias, de fiadas horizontais de alturas e compri-mentos variáveis, acentuam a modelação circular do edifício e reforçam a perspectiva da extensão dos muros lineares que ladeiam o santuário.

Na contemporaneidade, as obras de Aires Mateus revelam uma particular originalidade e abstracção

geométrica na alternância compositiva entre os espaços vazios brancos minimalistas e a expressão plástica de volumes puros, integralmente reves-timentos em pedra, que redizem as estereotomias históricas de fiadas horizontais com comprimentos e alturas livres, das quais salientamos dois exem-plos:

O edifício do Centro Cultural de Sines surge como uma mole de pe-dra talhada, em alter-nância de vazios de ruas e de blocos unidos inte-

riormente através do subsolo. Tal concepção arqui-tectónica permitiu concentrar os envidraçados no interior e garantir os muros exteriores praticamente cegos, tirando maior partido do valor ornamental da pedra lioz avermelhada, reforçada pela estereoto-mía das fiadas horizontais de alturas e comprimen-tos livres. De modo a reforçar o carácter ciclópico do edifico, colocam nos cunhais pedras talhadas em forma “L” que aparentam uma estereotomía de grande espessura, ocultando a espessura real infe-rior das pedras de revestimento das fachadas. No interior do edifício, de modo a reforçar o carácter do espaço branco e da luz, é utilizado nos pavimentos, rodapés e rampas o mármore de Vila Viçosa branco, com venaturas cinzas, também utilizado no mobili-ário fixo dos balcões, sob a forma de paralelepípe-dos puros.

Dos mesmos autores, o novo edifício da Univer-sidade Nova de Lisboa é também exemplo da esté-tica do purismo minimalista volumétrico associada às qualidades da pedra ornamental portuguesa. O estreito paralelepípedo que ladeia a escadaria em pedra da grande esplanada é integralmente reves-tido nas duas grandes fachadas pela pedra calcáriabranca em contraste com as grandes aberturas nos topos. A fachada nascente é total e intencionalmen-te cega reforçando o valor plástico do muro revesti-do a calcário retomando a estereotomía historicista de fiadas horizontais de alturas e comprimentos variáveis. A mesma estereotomía é combinada na

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fachada poente, que dá para a grande esplanada, com a livre composição das janelas horizontais de comprimentos e alturas variáveis embebidas num jogo coeso criando ritmos casuísticos. Nos espaços interiores, a aplicação do mármore branco de Es-tremoz, nos pavimentos, guarnecimentos de vãos e mobiliário fixo, geram matizes subis de brancos em continuidade com os estuques brancos reforçando criando atmosferas luminosas.

Da aplicação dos xistos, referimos a discreta obra semi-enterrada, do Museu da Luz (da autoria de Pedro Pacheco e Marie Clément), delicadamente integrada na topografia e geologia, inteiramente revestida a estreitas fiadas de xisto empilhadas contra os muros de betão. A aplicação das fiadas de xisto confere um jogo de texturas de matizes cromáticos verdes, cas-tanhos e cinzentos nos muros exteriores, reforçando o carácter horizontal do edifício e nos ambientes in-teriores, sob o efeito da luz natural zenital.

Também no Museu Marítimo de Ílhavo (da autoria dos ARX-Portugal), o revestimento do embasamento do edifício em fiadas horizontais de ardósia negra, sob os envidraçados, confere uma subtil vibração de textura ao edifício e evidencia o contraste com os corpos brancos dos paramentos superiores.

Para concluir, apresentamos algumas das obras da nossa autoria (Jorge Cruz Pinto e Cristina Mantas) onde a pedra portuguesa assume diversas aplica-ções.

Em dois espaços urbanos de Vidigueira recorre-mos à pavimentação em calçada à portuguesa, em pedra calcária de vidraço branco e basalto negro.

Na placa central da Praça da República, desenhá-mos um entrelaçado geométrico entre dois discos, que constroem a geometria oval, centrados em duas palmeiras e num banco circular em mármore cinza de Trigaches bujardado. Igualmente a aplicação de calçada à portuguesa na Praça Vasco da Gama, num

recurso simbólico ao tradicional desenho do «mar português», que se prolonga num espelho de água (de 5,5m por 30m e 0,04m de altura), pavimentado a basalto negro continuando o desenho implantado a eixo dos dois edifícios principais, alude-se à via-gem de descoberta do caminho marítimo para a Ín-dia, realizada pelo grande navegador, representada na esfera terrestre, de 1,30m de diâmetro, esculpida em mármore verde atlântico de Serpa, que parece levitar sobre a água.

No âmbito da arquitectura funerária, desenhei a campa rasa de minha mãe, executada em mármore

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branco de Vila Viçosa com uma cruz gastejada, no centro da qual foi embutido um quadrado de már-more rosa.

A aplicação arquitectónica dos mármores do Baixo Alentejo criando relações de contraste com os bran-cos dos rebocos e estuques dá-se no edifício bancário do Credito Agrícola no uso do mármore de Trigaches cinza, nos embasamentos e pavimentos exteriores e no revestimento em mármore verde de Serpa com ve-naturas, do conjunto do pilar central do duplo espaço, balcões e pavimentos de estereotomías cruzadas e nas escadas, inundando de reflexos esverdeados as pare-des dos espaços interiores.

Porém, ultrapassando a condição contemporânea da pedra como revestimento, desenhámos o projec-to experimental em alvenaria estrutural edificada em blocos ciclópicos de mármore rosa e cinza claro de Vila Viçosa, para a Adega Cooperativa de Vidi-gueira, que se desenvolve em torno de um pátio.

Nas frestas de pequenas janelas, em vez de vidro, utiliza-se a mesma pedra mármore cortada em cha-pas de 1cm de espessura permitindo a passagem da luz para o interior; e para o interior do pátio criámos os módulos de grelhas com pedras laminadas que têm a função bioclimática de ventilação natural e protecção solar. A cantaria é exteriormente deixada na sua forma grotesca e serrada no interior, tirando partido estético dos matizes cromáticos e das ver-gadas e venaturas naturais da pedra.

Em suma, os exemplos apresentados de aplicação da pedra ornamental portuguesa na arquitectura não esgotam as aplicações estéticas, construtivas e estruturais inovadoras, que têm surgido não só em Portugal, como em obras espalhadas pelo mundo, face às suas características físicas, à diversidade e qualidade estéticas.

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CALÇADA PORTUGUESA NO MUNDOUMA NOVA EXPERIÊNCIA DE ARTE

EM TERRAS DE XANGAIPor Ernesto Matos

O tema é baseado num processo em que ninguém pode ficar indiferente, viva numa grande ou peque-na cidade, o chão. É uma das bases fundamentais para o desenvolvimento da comunicação, da eco-nomia, do lazer, do desfrutar de uma cidade. Sendo o assunto principal «Melhor Cidade, Melhor Vida», elas necessitam de um piso consistente. Não é pos-sível a imaginar uma cidade com as suas principais ruas em terra batida. E se esses pavimentos fossem verdadeiras obras de arte, a vida na cidade não seria melhor?

Os pavimentos aplicados com calçada portugue-sa em qualquer cidade jamais ficarão indiferentes a quem por eles passe, mesmo lhes passando ao lado ou vistos à distância. O branco do chão como base e o desenho bordado a negro como contraste é para quem ali caminhe uma porta aberta para o desper-tar de todos os sentidos …

Fruto de um milenar processo de compactação, tal como os diamantes, os calcários portugueses oferecem-nos hoje a possibilidade de pavimen-

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Proveniente de um dos maiores maciços de cal-cários jurássicos do mundo, o Maciço Calcário Es-tremenho, na região centro de Portugal e com uma idade aproximada de 160 milhões de anos, vem en-riquecendo, não só culturalmente, mas visualmente grandes passeios um pouco por todo o mundo. Esta matéria, em estado puro, tem sido procurada por agentes empresariais no sentido de pavimentar e embelezar arruamentos nos corações das cidades, em centros comerciais, hotéis ou empreendimentos de carácter turístico como o caso das recepções de alguns campos de golfe de renome internacional.

tar passeios com características ímpares, como se de verdadeiros tapetes persas se tratassem, já que várias tonalidades podem ser encontradas em pe-dreiras portuguesas, desde os vários tipos de creme, aproximados à cor marfim, aos negros, às tonalida-des de rosa ou esverdeados.

Parte desta riqueza reside ainda no facto de todo o processo de fragmentação das pedras serem ma-nufacturadas, quer no seu aparelhar como na sua aplicação. De salientar ainda que o pormenor do seu processo de corte que pode ser finalizado com exe-cuções de grande precisão nos acabamentos.

ANGRA DO HEROÍSMO

LISBOA

Pedreira de Pedra Branca em ALCANEDE

Pedreira de Pedra Preta em PORTO de MÓS

Moldes

LISBOA

ANGRA DO HEROÍSMO

LISBOA

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A cultura desce assim à rua e apodera-se do chão. As cidades passam a ter verdadeiras obras de arte ao alcance de todos os transeuntes como se fossem verdadeiras pinturas executadas a pincel. Os mu-seus passam também agora a estar presentes nas vias públicas, 24 horas por dia, 365 dias por ano, gratuitamente. Será o início das cidades museus? Afinal, a arte, como a cultura pertence-nos a todos. Há que usufruí-la plenamente e aqui, neste caso es-pecífico, quanto mais a pisamos mais brilhante ela se torna.

Sobre a implementação do desenho que propor-ciona uma verdadeira estética e alma citadina, há países que convidam os seus próprios artistas plás-ticos a decorar os nobres passeios que querem evi-

denciar. É o caso do Rio de Janeiro que convidou o famoso paisagista Burle Marx para decorar toda a zona da Baía de Copacabana ou em Portugal o caso de José de Guimarães convidado pelo Metropolitano de Lisboa a desenhar parte do pavimento da Estação de Carnide.

Este tipo de pavimento adapta-se a qualquer su-perfície onde é implementado, interiores ou exte-riores, com inclinação ou em escadarias. Acerca do desenho, este é livre e fácil de o passar ao molde, não havendo limite de tamanho.

A possibilidade em usar estes calcários em pavi-mentos interiores vem enriquecer o nível visual, com a possibilidade de utilizar o processo de vitrificação, que lhe fornece um acabamento muito refinado.

Numa altura em que os factores económicos estão em primeiro plano, e onde os factores am-bientais têm um peso fundamental, realça-se que este processo de aplicação da calçada portuguesa é 100% reciclável. É de extracção directa a partir da pedreira e assim seguirá para os locais de aplica-ção. Posteriormente, em qualquer momento se pode levantar parte ou a totalidade deste pavimento e voltar a aplicá-lo sem que haja qualquer perda de matéria-prima.

São já vários os países que optaram por estes pavimentos para as suas mais emblemáticas ruas, avenidas ou mesmo para a generalidade dos seus

LISBOA

CASTELO BRANCO

CASCAIS

RIO DE

JANEIRO

BRASIL

55ROCHAS & EQUIPAMENTOS

passeios como é o caso de todo o Brasil, muito re-centemente, Praga, na República Checa e especial-mente a Região Administrativa Especial de Macau que salvaguarda ainda as ondas do Leal Senado em calçada e protege assim, desde 2005, a deno-minação de Património Mundial da Humanidade da Unesco.

FLORIANOPOLIS

SANTACATARINA

BRASIL

RIO DE

JANEIRO

RÉPUBLICACHECA

PRAGA

PRAGA

MACAU

MACAU

CHINA

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Em conclusão, é um material relativamente mais económico comparado com outros processos in-dustriais de pavimentar já que não sofre processos fabris. O seu transporte é fácil, via marítima ou ter-restre, visto não haver o perigo dos materiais che-garem danificados. E, as cidades passam a ter um novo pólo de atracção turística baseado num nível diferente de cultura.

MACAU

ALICANTEESPANHA

UK

GIBRALTAR

BÉLGICA

BRUXELAS

SÃO TOMÉSÃO TOMÉ E PRÍNCEPE

LOBITO

ANGOLA

MAPUTO

MOÇAMBIQUE

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GOA

ÍNDIA

DÍLI

TIMOR-LESTE

HONG KONG

CHINA

SÃO FRANCISCOUSA

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Mercados

Markets

HÁ DESENVOLVIMENTOS IMPORTANTES NA CHINA?

Por Brian Gurteen - Naturstein - Germany

A China compra matérias-primas por todo o mundo, com taxa de importação zero. No entanto, a porta para produtos acabados está entreaberta, com uma taxa de importação variando entre 10% a 24% para produtos acabados. Isto irá mudar?

Com os desenvolvimentos actuais na China, a aparência é positiva. A Naturstein visitou a feira Stonetech, que teve lugar em Xangai entre 6 - 9 de Abril, para explorar o potencial que a feira oferece a expositores e visitantes estrangeiros.

Não há dúvida que o mercado chinês é um mer-cado importante para as empresas internacionais de pedra natural, e permanecerá assim no futuro previsível. O uso de pedra natural na construção de hotéis e arranha-céus de escritórios na China tem tido uma grande influência no modelo de negócios das indústrias internacionais da pedra. Idos são os dias em que a Europa comandava na distribuição de blocos. Os Chineses estão a comprar blocos di-rectamente às pedreiras, em quantidades colossais. Como entrar neste valioso mercado com produtos acabados, não apenas blocos: para sobreviver à in-findável catástrofe financeira nos EUA e na Europa, é imperativo que a indústria internacional da pe-dra encontre vias de acesso para este mercado, com produtos finais de mais-valia mais elevada. Uma maneira de entrar neste mercado, é considerar ex-por numa das feiras internacionais de negócios da pedra, na China.

Seria simples, se a promoção fosse o único obstá-culo a transpor. Quando se fala em exportar material acabado para a China, recebem-se reacções mistas, principalmente porque a situação é construída po-liticamente, logo, confusa. As empresas europeias ainda enfrentam barreiras elevadas para entrar no mercado chinês. É evidente que não estamos a tocar

num tom regular, as restrições principais sendo o baixo valor do Iéne e as tarifas de importação sobre as importações dos países fora do sistema ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático). A taxa de importação para os países no sistema ASEAN varia entre 0% a 5%. A taxa de importação para os países na WTO (Organização Mundial de Comércio) é mais complicada. O gráfico na caixa intitulada “Tarifas de Importação Chinesas“ fornece todas as percen-tagens das actuais taxas chinesas de importação, tal como são fornecidas pela CCPIT, (Federação dos Materiais de Construção da China), os organizado-res da Stonetech. No entanto, são os baixos custos do trabalho e a taxa de importação zero sobre os blocos, que causam a maior parte do antagonismo.

Tornar-se-ia mais fácil para as empresas expor-tarem materiais acabados, se as pedreiras se recu-sassem a vender matérias-primas à China? A Na-turstein falou com empresas internacionais àcerca da sua opinião a propósito da questão escaldante “- Devemos vender blocos à China?“ A reacção difere de país para país, mais, é um alvo móvel, à medida que as opiniões mudam. A maior parte dos países exportam blocos para a China, sendo a Turquia o exportador Número 1, seguida pelo Irão. Vender ou não matérias-primas à China não é uma questão simples. O gerente da empresa portuguesa Dimpomar, Luís de Sousa, tem uma atitude positiva; “- Claro que vendo blocos, é para isso que estou aqui. Muitas pedreiras estão a recusar-se a fornecer blocos à China e queixam-se frequentemente das empresas que o fazem. Tudo o que posso dizer a essas pessoas: onde estaria agora a indústria da pe-dra, sem o mercado chinês? Os mercados americano e europeu estão mortos. A indústria da pedra mu-dou tanto; o valor da pedra natural caiu alarman-

ROCHAS & EQUIPAMENTOS62

temente. Tenho uma pedreira de Rosa Aurora. Este material foi sempre um produto popular, de alta qualidade; no entanto, desde 9/11 as vendas caíram chão adentro. Em 12 anos, o número de pedreiras em actividade para este material caiu de 250 para 50. É tão simples quanto isto: ou vendo aos Chine-ses ou fecho a pedreira.“

Algumas pedreiras disseram à Naturstein que não vendem blocos, querendo poupar material local para o futuro. As empresas estrangeiras estão a ter problemas em vender material acabado no merca-do chinês, porque, frequentemente, um concorrente vende de facto à China blocos do mesmo material. É impossível concorrer com sucesso, porque os blocos chegam à China sem taxa de importação e são pro-duzidos em empresas com baixas despesas gerais de produção. Este problema também se estende ao mercado internacional. Frequentemente, perdem-se projectos para uma empresa chinesa, e quando se

considera que a empresa estava a fixar um preço para o seu próprio material, aí apercebemo-nos da gravidade da situação. Esta situação mudará? Se a pressão da questão ambiental e os problemas inter-nos de trabalho tiverem impacto, então a resposta será sim. A Naturstein falou com o organizador CC-PIT da feira Stonetech. Eles relatam que há empre-sas estrangeiras a estabelecerem vias de acesso, e certamente outras se seguirão. A Sra. D. Dido Liu da CCPIT disse à Naturstein: “- Há mudanças. O Iéne tem tido o seu valor ligado ao do Dólar Americano nestes últimos anos. Juntamente com a queda do Dólar, isto ajudou as economias do Euro a entra-rem no mercado chinês. O novo acordo do gover-no chinês para permitir a revalorização do Iéne em estágios controlados abre ainda mais avenidas. En-quanto o povo chinês aproveita esta oportunidade para viajar ao estrangeiro, os exportadores de pedra franzem o sobrolho, porque os seus custos de tra-

ROCHAS & EQUIPAMENTOS64

balho e de matérias-primas estão a aumentar, e o lucro das exportações, a decrescer. Algumas empre-sas europeias pressentem a chegada das oportuni-dades, especialmente no mercado de gama alta. O Sr. Du, gerente de aquisições da Hongda Real Estate, disse-nos que encontrou o material Crema Marfil na Stonetech, há alguns anos. Tornou-se num dos ma-teriais mais populares para aplicações em hotéis.“

Para as empresas internacionais que ou: que querem exportar para a China, é importante “man-terem os olhos na bola“. A situação está a mudar e a CCPIT está muito consciente dos desenvolvi-mentos - e como estão ligados ao governo e são os organizadores da Stonetech, têm carradas de informação para ajudar a indústria da pedra a fa-zer exactamente isso. “- Queremos ajudar o ex-portador para a China“, disse a Sra. D. Dido Liu.“ - Foi por isso que vos fornecemos a tabela de taxas de importação. Compreendemos que a taxa é uma questão importante. Neste momento, não há um pronunciamento claro sobre se a taxa de importa-ção será mudada, mas há uma pressão crescente para a reduzir. A Sra. D. Liu nomeia duas razões:

em primeiro lugar, o plano quinquenal encoraja o aumento de importações de bens processados so-fisticados; em segundo lugar, a China está no li-miar dos baixos níveis de carbono e das reservas de recursos, e sob pressão para reduzir o seu consu-mo. A importação de materiais acabados ajudará, e será bem-vinda. A China é um grande bolo, é importante que a indústria internacional da pedra apanhe algumas fatias. No próximo ano, a Stone-tech terá lugar um pouco mais tarde, de 20 a 23 de Abril, em Beijing. O governo está a promover o desenvolvimento e a urbanização do norte da Chi-na, especialmente o Círculo Económico do arco de Bohai, do qual Beijing é o baluarte. A Capital é a li-gação entre o Círculo Económico do arco de Bohai, (a principal área económica do nordeste da China), a China ocidental e o mercado emergente da pedra no Próximo Oriente. De redobrada importância, o facto de estarmos a promover activamente a Sto-netech 2011 visando o empreendedor, o arquitecto e o designer, em Beijing e Xangai. O nosso objecti-vo é expandir o aumento deste ano de comprado-res de gama alta.“

Por favor, ver a caixa Análise Sectorial de Visitantes da Stonetech 2010.

Análise Sectorial de Visitantes da Stonetech 20100

Empreendedor 13.83%

Hotel, Restaurante 5.90%

Empreiteiro 11.57%

Construtor 14.78%

Designer 26.00%

Negociante Imp. & Exp 49.00%

Processador de Pedra 15.70%

Mercado de Materiais 1.78%

Fabricantes de Cozinhas 1.02%

Outros 16.87%

65ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Torna-se evidente que os chineses estão inte-ressados nos produtos europeus de alta qualidade, especialmente no mercado de topo de gama, e têm de facto problemas internos no que se refere a au-mento de custos. Um bom exemplo é a Turquia: embora sendo o exportador de blocos Nº 1 para a China, houve uma mudança de política. O IMMIB (Associação de Exportadores de Mineral e Metais de Istambul) relatou recentemente que o volu-me de exportações de matérias-primas caiu 10% em 2009, atribuído principalmente aos aumentos na energia e no trabalho. Agora, o governo turco está a encorajar activamente as empresas turcas e chinesas a cooperarem e exige que mais trabalho acabado seja produzido na Turquia. A promoção de produção de alta qualidade foi certamente um ponto de enfoque principal na Marble 2010, em Izmir, Turquia.

Stonetech e Xiamen são as duas feiras da pe-dra mais importantes na China. A importância de visitar e expor numa das feiras internacionais de comércio na China não pode ser ignorada. Po-rém, qual? Não há uma resposta simples para esta questão. Ambas as feiras têm as suas vantagens, e ambas são importantes. A Sra. D. Fanny, editora da nossa revista colaboradora chinesa ISI (Revis-ta Internacional de Informação da Pedra), diz: “- Ambas as exposições são as feiras internacionais mais importantes da China, para o comprador e para exportador. Embora seja óbvio que Xiamen teve muito mais visitantes, tem que ser levado em conta que há mais de 2000 empresas comerciais na área de Xiamen. A feira também está aberta ao fim-de-semana, e é vista como um evento local, assim, toda a família e amigos vão lá pela pânde-ga; portanto, muitos dos visitantes não são com-

ROCHAS & EQUIPAMENTOS66

pradores. A Stonetech está aberta somente aos dias úteis; portanto, primariamente é visitada por compradores. Tem lugar em Xangai e Beijing, em rotação anual. Nenhuma destas cidades é um cen-tro da pedra, mas são ambas importantes centros de negócios, facilmente acessíveis ao empreen-dedor, arquitecto e designer. Ambas as feiras têm um elevado número de expositores, e vale a pena visitá-las, se estiver a vender ou a comprar. Se qui-ser adquirir materiais da China, devido ao enorme volume de empresas na área de Xiamen, então a Xiamen faz a diferença. Se quiser vender produtos acabados de alta qualidade nos mercados chinês e asiático, aí, a Stonetech é a escolha certa.”.

Em Conclusão : O mercado chinês é demasiado grande para ima-

ginar sequer a recusa de vender matérias-primas. No entanto, as empresas poderão ser selectivas acerca de qual a matéria-prima a fornecer. Os arquitectos, designers e empreendedores chineses estão especial-mente interessados em materiais de cores claras, de alto valor. Possivelmente, a solução de cooperação turca é de considerar, especialmente porque a in-dústria de máquinas e alguns produtores de pedra

já estão, com sucesso, a trabalhar em cooperação com fabricantes chineses. A cotação do Iéne está actualmente a subir em relação ao Euro, e os custos do trabalho estão a ser empurrados para cima pela agitação da força de trabalho chinesa, especialmen-te no Sul. Se a China estiver realmente interessada em promover importações, pelas razões dadas pela CCPIT, então isso acontecerá muito rapidamente, portanto, é importante manter um perfil no mercado chinês.

A proximidade iminente das datas das feiras, tor-na certamente difícil aos europeus a participação em ambas. Em qual das feiras participar? Ambas ofere-cem oportunidades, de igual modo, não apenas para os chineses, mas também para os mercados emer-gentes do Próximo Oriente. Como apontou a Sra. D. Fanny da revista do ISI, tal dependerá dos vossos requisitos pessoais de mercado. Para importar para a Europa, Xiamen tem vantagem, e para exportar para a China e para o Próximo Oriente, a Stonetech é mais vantajosa.

As reservas começaram para a Stonetech 2011,

para os Halls 1-8. Pode visitar www.stonetech.com para mais informações.

Tarifas Chinesas de Importação

Taxa Interna sobre Importação de Bens (Válido apenas no Ano de 2010)

Item de Tarifa Descrição do artigo Taxa Interina

25061000 Quartzo 1

25062000 Quartzite Esteja ou não serrada em blocos ou placas de formato rectangular 1

25151100 Mármore & Travertino bruto ou com rebarbação grosseira 0

25151200 Mármore & Travertino, meramente cortado em quadrado ou formato rectangular 0

25152000 Ecaussine e outras pedras calcárias, monumentais ou de construção, alabastro, quer seja ou não com rebarbação grosseira ou cortado em blocos ou placas de formato rectangular (incluindo quadrado) 0

25161100 Granito bruto ou com rebarbação grosseira 0

25161200 Granito, meramente cortado em blocos ou placas de formato rectangular (incluindo quadrado) 0

25162000 Grés, bruto ou com rebarbação grosseira 0

ROCHAS & EQUIPAMENTOS68

Taxação Fiscal para Importação de Bens

Item de Tarifa Descrição do artigoTaxa para Nação

Mais Favorecida % (M.F.N.)

6801 Conjuntos, Pedras curvadas & Lages de Pedra Natural (excepto ardósia)

6801000 Conjuntos, Pedras curvadas & Lages de Pedra Natural (excepto ardósia) 12

6801000 Pedra trabalhada, monumental ou de construção (excepto ardosia) e artigos derivados, que não os bens do cabeçalho 6801; cubos de mosaico e afins, de pedra natural (incluindo ardósia) estando ou não sobre suporte; grânulos coloridos artificialmente, lascas e pó, de pedra natural (incluindo ardósia):

Ladrilhos, cubos e artigos similares, sejam ou não rectangulares (incluindo quadrado), a maior área de superfície do qual seja capaz de estar contida num quadrado cujo lado tenha menos de 7 cm (2.76 polegadas); grânulos artificialmente coloridos, lascas e pó

68021010 Ladrilhos, etc, a maior área de superfície<7cmx7cm; grânulos artificialmente coloridos, lascas e pó, de mármore 24

68021090 Outros ladrilhos, etc, a maior área de superfície<7cmx7cm; grânulos artificialmente coloridos, lascas e pó 20

Pedra monumental ou de construção, simplesmente cortada ou serrada, com superfície lisa ou regular

68022110 Pedra monumental ou de construção, de mármore, simplesmente cortada ou serrada, com superfície lisa ou regular 10

68022120 Pedra monumental ou de construção, de travertino, simplesmente cortada ou serrada, com superfície lisa ou regular 24

68022190 Pedra monumental ou de construção, de alabastro, simplesmente cortada ou serrada, com superfície lisa ou regular 24

68022300 Pedra monumental ou de construção, de granito, simplesmente cortada ou serrada, com superfície lisa ou regular 10

68022910 Outras Pedras Calcárias 24

68022990 Outras 15

Esculturas e artigos trabalhados

68029110 Esculturas de mármore, travertino e alabastro 24

68029190 Outros artigos de mármore, travertino e alabastro 10

68029210 Esculturas de pedra calcária 24

68029290 Outros artigos de pedra calcária 10

68029310 Esculturas de granito 24

68029390 Outros artigos de granito 10

68029910 Esculturas de outras pedras 24

68029990 Outros artigos de pedras 24

6803 Ardósia trabalhada e artigos de ardósia ou de ardósia aglomerada

68030010 Ardósia Trabalhada & Artigos de Ardósia 20

68030090 Ardósia Aglomerada Trabalhada & Artigos de Aglomerado 20

68101910 Ladrilhos, lajes, tijolos e artigos similares de pedra artificial 10,5

2514000 Ardósia, seja ou não com rebarbação grosseira ou meramente cortada por serragem ou outra maneira, em blocos ou placas de formato rectangular (incluindo quadrado). 3

ROCHAS & EQUIPAMENTOS70

Sopa da Pedra

The Stone Soup

OS SABORES DA PEDRA

Victor Lamberto 1

Nesta coluna, que percorre caminhos, mais ou menos perceptíveis, entre as pedras e os sabores, apresentamos, agora, num país com longa ligação aos mares, como é Portugal, a LAMPREIA...

Este é um «peixe» muito primitivo, de água doce ou anádromo, ciclóstomo (corpo de secção circular), agnata (sem maxilas), de forma alongada, serpenti-forme e cilíndrica, e sem escamas.

Tem a forma de enguia e a sua boca comporta-se como uma ventosa, reforçada por uma anel de cartilagem e armada com uma língua-raspadora também cartilaginosa.

(http://gl.wikipedia.org/wiki/Lamprea)

Graças a estas características é parasita de peixes e, esporadicamente, de mamíferos marinhos, su-gando sangue, outros líquidos biológicos e, mesmo, carne.

As lampreias encontram-se principalmente em águas fluviais ou costeiras temperadas, sendo al-gumas espécies usadas na alimentação. Origina petiscos não consensuais, pois as posições são ten-dencialmente extremadas quanto à sua importância para os prazeres da mesa: de um lado estão aqueles que aguardam ansiosamente pelo tempo delas e fa-zem muitos quilómetros para a saborear; do outro os que não a suportam, e que inclui igualmente adeptos da boa mesa. Todavia, no sul da Europa, sobretudo em Portugal, Espanha e França, a lam-preia é considerada uma requintada iguaria, tendo sempre atingido preços elevados, como o indica o ditado popular “A lampreia faz a bolsa feia”. Na Península Ibérica assumem importância à mesa os géneros Petromyzon (lampreia-do-mar) e Lampetra (lampreia-do-rio).

Para a imagem da lampreia, ímpar e amiúde in-quietante, contribuem certamente as seguintes no-tas:

- aos romanos, grandes apreciadores de lampreia, associa-se a lenda que refere que este «peixe» era alimentado com o sangue sugado de escravos;

- o judaísmo e o islamismo proíbem o consumo de peixes sem escamas, por os considerarem impuros;

- segundo o Bestiário de Aberdeen (séc. XII), a lampreia seria sempre fêmea e resultaria da reunião sexual deste «peixe» com a cobra;

- é um «peixe» com sabor único (não é peixe nem carne, mas com um sabor mais próximo desta), vis-coso, semelhante a uma serpente (ligada ao pecado original), qual gigantesca sanguessuga…

Todavia, para aqueles que a apreciam, é um pe-tisco considerado divino, muito apreciado ao longo dos tempos (e.g. romanos, D. João I, Henrique I de Inglaterra, Luís IX de França, almoço de coroação de Isabel II), e é neste âmbito que iremos centrar o presente texto.

Sendo capturado e consumido entre Janeiro

71ROCHAS & EQUIPAMENTOS

(http://commons.wikimedia.org)

Considerem-se, em primeiro lugar, e para um re-pasto para 4 convivas, estes ingredientes:

1 lampreia viva; 2 cebolas; 1 dente de alho; 2 dl de azeite; 1 ramo de salsa; 10 grãos de pimenta em grão; sal;

400 g de pão cortado em fatias e torrado…

e Abril, quando regressa ao rio onde nasceu para se reproduzir e morrer de exaustão, é um «peixe» dito azul, com alto teor em gordura insaturada (e.g. ómega-3), percentagem moderada de proteínas, e é relativamente rico em vitaminas A e D, B1 e B2. Em Abril, com a chegada de Primavera, deixa de ser pes-cada e consumida (na Galiza diz-se que a lampreia está, então, cucada, dado coincidir com a chegada do cuco).

O consumo sazonal da lampreia, apresenta-se, entre nós, sob diversas formas: à minhota, à trans-montana, à bordalesa, assada no forno, no espeto, de fricassé, de escabeche, de conserva, seca, fuma-da, em empadas... Note-se que já Domingos Rodri-gues apresenta várias receitas no seu livro “A Arte de Cozinha” (1680).

Na imprescindível “Cozinha Tradicional Portu-guesa” (1983), de Maria de Lourdes Modesto, estão presentes 11 receitas de lampreia (não incluída nos peixes): oito com arroz, uma de escabeche, uma à transmontana (com pão frito em azeite) e uma à bordalesa (com pão torrado). Apresenta-se seguida-mente uma destas receitas, a famosa “lampreia à bordalesa”, de Viana do Castelo, retirada desta obra (p. 19).

ROCHAS & EQUIPAMENTOS72

Segue-se a confecção deste manjar, possível adaptação minhota de uma receita com origem na região de Bordéus:

1. arranjar a lampreia como habitualmente e cor-tar em bocados;

2. fazer, à parte, um refogado pouco puxado, com as cebolas cortadas às rodelas picadas, o dente de alho picado e o azeite;

3. introduzir os bocados de lampreia neste refo-gado;

4. juntar a salsa, a pimenta e o sal;5. deixar estufar;6. cobrir o fundo de uma travessa com o pão tor-

rado;7. dispor a lampreia na travessa;8. regar o conjunto com o molho;9. acompanhar com arroz de manteiga.

Aconselha-se, para que este prato regional seja degustado em todo o seu esplendor, a companhia de um tinto duriense ainda jovem ou do menosprezado, mas adequado, verde tinto.

Existindo cerca de 50 espécies no mundo, a lam-preia está em claro declínio em todo o mundo, devi-do a diversos factores (e.g. construção de represas, extracção de inertes, contaminação fluvial, sobre-pesca), correndo o risco de extinção em muitos lo-cais. Contudo, em Portugal aparece ainda nas bacias hidrográficas dos rios Minho, Lima, Cávado, Douro, Mondego, Tejo e Guadiana.

E quais as relações da lampreia com as pedras?Eis, desde já, algumas:

_os gregos chamavam-lhe petromyzon, chupa-pedras;

_os romanos chamavam-lhe lampetra, lambe-pedras (lambere petra);

_é também conhecida como lambepedras, na Galiza, suga-pedras, em Portugal, e stone-sucker, na Inglaterra;

_para a reprodução constrói um pequeno ninho com pedras, o macho fixa-se à fêmea com a ventosa e enrola-se nela, a qual se fixa a uma pedra do fun-do do rio – as pedras são protecção e ponto seguro de apoio, como tem também sucedido ao longo dos tempos com a humanidade;

_como sucede com as pedras, apresenta uma vetusta idade, com os registos fósseis mais antigos conhecidos a indicar cerca de 360 milhões de anos – um fóssil-vivo, mais antigo que muitas das nossas rochas ornamentais;

_apesar da sua história tão grande e extensa, é, todavia, ainda muito pouco conhecida, como sucede com muitos aspectos da indústria da pedra (desco-nhecimento, conhecimento parcelar ou incorrecto) - na América do Norte somente na última década e meia começa a ser conhecida em profundidade, dado ser considerada uma praga para a pesca, nos rios e nos Grandes Lagos da América do Norte, onde foi introduzida;

_como acontece, em muitos casos, com a ro-chas ornamentais e a sua indústria, a lampreia é um assunto que divide as pessoas – há os que fazem caretas só de ouvir a palavra e há os que aguardam ansiosamente pela sua época e percorrem muitas vezes, então, longas distâncias para a degustação desta raridade cíclica…

Apesar de ser um animal muito antigo, um dos dois únicos representantes dos vertebrados mais primitivos, os Agnatas, a lampreia soube resistir e permanecer viva todo este tempo, sobrevivendo a vários grandes eventos globais de extinção da vida, à escala geológica!

Conseguirá a indústria da pedra um feito com-parável?

73ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Desta forma, e com o auxílio da duplamente pe-caminosa LAMPREIA, duplicidade ligada ao pecado da gula (a iguaria) e ao pecado original (a serpen-te), com “sabor a pedra” e à qual surgem associados conceitos diversos, como local, tradicional, raridade, prestígio, “durabilidade”…

prosseguimos, uma vez mais, a degustação de sabores da pedra… lentamente, com produtos re-gionais e sazonais, comendo bem, com prazer e em boa companhia, como defende o movimento global Slow Food!!!

1 Eng.º Geólogo, Mestre em Planeamento Mineiro, leader

do Convivium Alentejo - Slow Food; [email protected]

[email protected]

E talvez um dia se consiga atribuir às rochas or-namentais, de forma abrangente e duradoura, as características de atractividade que a lampreia tem para os seus apreciadores – um produto único, ao qual se associa um sentido aspiracional e de exclu-sividade.

E que outros contributos poderão ser retirados para o sector da pedra natural a partir destas breves linhas sobre a singular lampreia? Conseguirá «fixar-se» o consumidor à pedra, à imagem do que sucede com a lampreia, que «lambe pedras»?

E recordemos que “Um povo que defende os seus pratos nacionais defende o território”, como disse o alentejano Fialho de Almeida… Não acontecerá o mesmo com a pedra?

(foto do autor)

Boas Práticas

Best Practices

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CANAL ABERTOCoordenação: A. Casal Moura

Colaboração: Laboratório do INETI e Cevalor

Decidi investir na compra de blocos de pedra ornamental com vista a dispôr de um stock satis-fatório de algumas variedades para transformação. Já pondo de parte os blocos com formato irregular, como deverei proceder para seleccionar blocos que não me tragam problemas?

Ao contrário de muitos dos outros produtos de construção, de características consideradas constantes, a pedra natural, mesmo a proveniente das melhores pedreiras, é susceptível de apresentar variações mais ou menos importantes na tonalidade, na textura, no padrão ornamental e em muitas das características físico-mecânicas, variações essas que devem ser tidas em conta quando se vai proceder à sua transformação. Mais ainda: nem todos os blocos extraídos são passíveis de uma transformação rentável (daí a pergunta que faz) e o facto é que muitos deles são imediatamente rejeitados para as escombreiras.

A primeira atitude a tomar é proceder a uma observação cuidada dos blocos. Terá de considerar os seguin-tes aspectos, entre outros:

- Aspecto macroscópico dos blocos

- cor da pedra- textura (ou estrutura), granularidade, elementos ornamentais,... - homogeneidade dos blocos- geometria e dimensões dos blocos

- Defeitos da pedra

- variações de textura ou de tonalidade - microfracturação - presença de manchas, vergadas ou filonetes, concentrações ou bandas biotíticas ou de outros minerais, nódulos, cavidades, etc., quando não fazem parte do padrão ornamental- presença óxidos de ferro hidrolisados, formando manchas, bandas, auréolas, etc. - presença de feldspatos caulinizados- presença de biotites alteradas ou cloritizadas- presença de pirite e outros sulfuretos facilmente oxidáveis

- Orientação do corte de placas (escolha da face ou faces com o melhor aspecto ornamental ou o pretendido; “correr” e “contra” da pedra). Por corte conveniente de blocos de rochas com estrutura orientada ou com bandas, veios ou outros efeitos ornamentais, é possível obter padrões de belos efeitos.

75ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Por outro lado, a homogeneidade da estrutura interna dos blocos pode ser verificada medindo a velo-cidade de propagação de impulsos de ondas longitudinais ultrassónicas através do bloco. O mais habitual é executarem-se medições colocando os transdutores de emissão e de recepção no mesmo alinhamento em vários pontos de faces opostas acessíveis do bloco para se medir a velocidade de propagação do som em várias secções.

Quando um impulso ultrassónico encontra uma fissura ou um vazio, a quantidade de energia transmi-tida através destas descontinuidades é insignificante, do que resulta obter-se um tempo de percurso mais longo (e, por isso, uma menor velocidade de propagação) comparativamente a uma transmissão que ocorra num bloco sem nenhuma fissura ou vazio. No entanto, no caso de uma fissura em que os lados da fenda são mantidos firmemente em contacto, a energia ultrassónica pode atravessar a fissura sem ser interrompida. Nos blocos heterogéneos, é de esperar que as velocidades determinadas sejam variáveis consoante a secção atravessada pelas ondas sonoras.

Note-se que as condições de humidade do bloco, ou seja, a presença de água nos poros, influenciam a velocidade de propagação, aumentando-a relativamente à que seria determinada num bloco seco.

No quadroseguinte indica-se, para vários tipos de pedra, a gama de velocidades de propagação do som em blocos sem defeitos estruturais e em blocos com defeitos internos (por exemplo, fissuras ou fracturas).

Tipos de PedraValores indicativos da velocidade de propagação

de ondas longitudinais

Blocos de fraca qualidade Blocos de boa qualidade

Granitos 2,10 a 2,80 km/s 2,80 a 7,00 km/s

Basaltos 2,30 a 3,00 km/s 3,00 a 8,00 km/s

Mármores 2,50 a 3,10 km/s 3,10 a 6,20 km/s

Calcários 2,40 a 3,20 km/s 3,20 a 6,30 km/s

Arenitos 2,10 a 3,20 km/s 3,20 a 4,50 km/s

Ardósias 2,30 a 2,70 km/s 2,70 a 5,00 km/s

Velocidades de propagação das ondas longitudinais em blocos de fraca e de boa qualidade para vários tipos de pedra

Em suma, a utilização de ultrassons é um método não destrutivo, rápido e eficaz para o controlo da qualidade dos blocos. Ultimamente, e utilizando ainda a propagação de ondas longitudinais, foram desenvol-vidos métodos de tomografia bi e tridimensional dos blocos que permitem localizar e mapear, com precisão, os defeitos eventualmente existentes no seu interior. É uma técnica da qual muito pode beneficiar a trans-formação, por fornecer elementos que antecipam a melhor maneira de processar os blocos.

ROCHAS & EQUIPAMENTOS76

Tecnologia

Technology

MOVITER SOLUÇÕES PARA DEMOLIÇÃO E RECICLAGEM

A MOVITER, empresa do grupo Movicortes de Leiria, tem uma área de negócio especializada em equipamentos de processamento mineral, demolição e reciclagem, com a representação de marcas de re-ferência a nível mundial.

HITACHI ZX670-3 E NPK; PARCEIROS IDEAIS PARA TRABALHOS DE DEMOLIÇÃO

Com um sistema hidráulico e uma estrutura mais robusta, a escavadora de demolição Hitachi ZX670-3 da empresa JMM, garante uma maior produtividade,

eficiência e vida útil, com menos custos operativos e de manutenção, face ao tipo de trabalho a que se dedica.

Nas especificações desta máquina destacam-se ainda: o braço telescópico de 38metros, cilindros de elevação reforçados, cabina de alta visibilidade e in-clinável até 30°, display visual de altura e alcance do acessório, câmaras e espelhos de visualização e segurança, sistema de supressão de poeiras, estru-tura inferior retráctil, cilindros de elevação e vários outros elementos reforçados e contra-peso removí-vel hidraulicamente.

A Hitachi ZX670-3 de demolição da JMM faz equi-pa com duas tesouras de corte e desmonte de es-truturas NPK da série S. A S-16XCR tem 1.820Kg de peso operativo e uma abertura máxima de mandíbu-la de 850mm. A NPK S-26 XBR, com 2.650Kg de peso operativo, tem uma abertura máxima de mandíbula de 1.000mm.

EQUIPAMENTOS DE DEMOLIÇÃO NPK

A NPK é uma marca globalizada, natural do Japão, especializada em equipamentos de demolição, com reputação de qualidade e com muita experiência e prestigio no sector. Para além da grande qualidade, os equipamentos NPK gozam de características que os tornam especiais. Um princípio de funcionamento único impõe resultados ímpares, nomeadamente no que respeita ao desgaste e ao nível de ruído, par-ticularmente baixo e, consequentemente, preparado para as restrições ambientais que vão progressiva-mente condicionar o uso de ferramentas e máquinas em zonas urbanas e afins.

Para escavadoras das 2 às 80 toneladas, a Série S da NPK tem mais força de corte, para operações

77ROCHAS & EQUIPAMENTOS

de demolição e desmonte de estruturas; apresenta maior abertura das mandíbulas (até 2metros); rápida abertura/fecho das mandíbulas (0,7 Seg.) para 27 ci-clos/minuto; rotação de 360° em ambas as direcções e em todos os modelos. Com grande versatilidade de aplicações, este modelo também permite a aplicação como tesoura de pulverização.

Para operações de demolição e desmonte de estru-turas, as tesouras NPK da série S garantem maior ro-bustez e mais força de corte e rapidez, com ciclos de trabalho rápidos. Com 10 modelos, de 275 a 9000Kg, para escavadoras das 2,5 às 80 toneladas, as tesou-ras de demolição NPK têm uma excelente produtivi-dade e uma boa relação custo/eficiência.

- Sistema “powerbooster” (mais força e maior pro-dutividade; quando o equipamento encontra maior resistência ao corte, acciona automaticamente uma reserva de potência extra.)

- Movimento de rotação de 360° em ambas as di-recções

- Soluções ajustadas para operações de longo al-cance

- Reduzido esforço para a escavadora

ROCHAS & EQUIPAMENTOS78

ESCAVADORAS DE DEMOLIÇÃO HITACHI

O desenvolvimento das escavadoras Hitachi da sé-rie Zaxis-3, ao nível da inovação, da electrónica e dos sistemas hidráulicos, características que potenciam

a precisão, a capacidade de controlo e a robustez das escavadoras, permite à Hitachi apresentar-se com soluções para demolição, com a qualidade que sempre foi reconhecida nos equipamentos da marca japonesa.

- Tecnologia Zaxis-3- Estrutura inferior reforçada para maior resistên-

cia e durabilidade- Cabina com tejadilho transparente; bomba e as-

persores de água; estrutura de protecção frontal e superior

- Protecção dos rastos- Várias opções de braços de demolição- Cabina reclinável- Protecção FOPS

Notícias

News

ROCHAS & EQUIPAMENTOS80

A empresa italiana amplia-se no mercado internacional, aumenta a gama dos pro-dutos para o processamento de mármores e granitos. A resposta à crise do sector

DELLAS, O DESAFIO DA GLOBALIZAÇÃO«Em 2010 aumento da facturação em 10%. E agora olhamos para o Far East».

Inovação, diferenciação e qualidade dos produtos. E consolidação da própria presença em campo in-ternacional. Esta é a estratégia da Dellas, empresa líder no fabrico e comercialização de ferramentas diamantadas para o sector da pedra.

Uma forte política de investimentos em busca de inovação, permitiu à empresa de Lugo di Grezzana, aumentar a própria gama de produtos, que se am-pliou dos discos, lâminas e fio diamantado às ferra-mentas especiais para o polimento e calibragem por centros de controlo numérico.

Assim num momento difícil para o sector da pe-dra, que se ressente da crise internacional, a Dellas prevê durante o ano de 2010 um aumento de 10% da facturação graças aos novos produtos desenvol-vidos. Um resultado importante à luz da tendência variante registada a partir de 2008 e em seguida recuperada durante 2009 e o primeiro trimestre do ano corrente.

A estratégia comercial aponta para o desenvolvi-mento dos mercados emergentes: 50% da factura-ção é, de facto, realizado nos países nos quais, se-gundo as previsões internacionais, o crescimento do Produto Interno Líquido durante 2010 deveria estar além de 5%.

No cenário mundial, enquanto alguns países pro-grediram, outros tiveram que reorganizar o próprio papel. Os três principais países exportadores de ma-terial trabalhado são a China, a Índia e a Itália. En-quanto aumentaram consideravelmente as quotas da índia e da China, a Itália baixou de 31 para 17%.

E, é precisamente para o mercado do Far East que a Dellas está a olhar com imenso interesse. «A Ín-dia, a China e muitos dos países do Far East estão a emergir», explica Daniele Ferrari, vice-presidente, «trata-se de zonas muito interessantes quanto aos volumes do mercado da pedra, tanto para o corte como para o processamento. A nossa empresa ten-ciona, portanto, desenvolver projectos nesta área. Falamos de um mercado difícil, não só pelas ca-racterísticas locais mas também pela presença de outros operadores do sector, mas no qual julgamos ser importante a nossa presença em termos de de-senvolvimento para o futuro».

Quanto à rentabilidade, a gestão empresarial da Dellas exprime uma margem operacional bruta (Edibta) na ordem dos 20% da facturação, no topo para o sector de pertença. Pelo contrário, o rendi-mento operacional da gestão característica (Ebit) faz emergir uma rentabilidade do capital investido (Roi) de 10%, índice de uma boa capacidade de re-munerar todos os capitais utilizados tanto de fontes externas como internas.

A empresa conta 90 empregados e trinta cola-boradores, além de uma rede de 62 revendedores e agentes em todo o mundo. A Dellas, para além da forte difusão no mercado italiano, já está presente com uma estrutura comercial e de assistência em 29 Países do mundo - só para mencionar algumas localidades entre as mais importantes - no Irão, Turquia, Alemanha, Brasil, Espanha, México, Estados Unidos, Argentina, Arábia Saudita e Venezuela.

Uma ramificação considerável: «É especialmente importante para nós. A Dellas acredita na diferen-ciação do mercado. Mas também num serviço ao cliente feito por medida. Julgamos fundamental a fidelização dos clientes, através de uma assistência específica», afirma Daniele Ferrari. É precisamente através do estudo das características geológicas das pedras de todo o mundo, que a Dellas é capaz de realizar produtos de corte e processamento espe-cíficos capazes de garantir aos clientes a máxima velocidade e eficiência, mesmo em termos econó-micos, do processamento.

81ROCHAS & EQUIPAMENTOS

DAMASCO RECEBE 3.ª EDIÇÃO DA SÍRIA STONE 2010

A Síria Stone 2010, vai realizar-se entre os dias 05 e 09 de Outubro na cidade de Damasco, capital da Síria. A empresa Al- Bashek, responsável pela or-ganização da 3.ª Edição da Exposição de Comércio Internacional de Materiais, Equipamentos e Aces-sórios de Pedra, foi criada em 1996 e hoje é uma das maiores empresas especializadas em exposições e conferências dentro da indústria da construção. «O nosso objectivo é trazer as mais recentes tecno-logias para a Síria» declara o organizador.

Com um crescimento real do PIB estimado em 5,1%, a Síria está a tornar-se um mercado interes-sante para as empresas internacionais. De acordo com a empresa organizadora, «a Síria Stone 2010 é o lugar ideal para estimular as relações internacionais entre industriais, investidores, comerciais, atacadis-tas e distribuidores e dar-lhes a oportunidade de ver os equipamentos e produtos actualizados dentro do mesmo espaço.» Os organizadores têm apostado em

campanhas de marketing e publicidade para divul-gar a exposição através dos meios de comunicação locais e internacionais.

Damasco fica num planalto situado a 690m acima do nível do mar e é limitada pela cordilheira Antilí-bano a oeste e pelo deserto da Síria a leste. A cidade fica no oásis de Ghutah e a água que a abastece vem do rio Barrada. Apesar de estar geograficamen-te perto do Mediterrâneo, a cadeia montanhosa iso-la Damasco do Litoral e obriga a cidade a virar-se para leste.

MUSEU DO FERRO RECEBE PALESTRA SOBRE OS XISTOS DE TRÁS-OS-MONTES

O Museu do Ferro e da Região de Moncorvo pro-moveu no passado dia 4 de Setembro, uma palestra intitulada «Os xistos de Trás-os-Montes como re-curso geológico», no Auditório do Museu do Ferro e da Região. A palestra foi proferida pelo Professor

ROCHAS & EQUIPAMENTOS82

Doutor Fernando Noronha, que iniciou a sua exposi-ção referindo que no passado o xisto era um mate-rial de construção comum, especialmente no Norte e Centro do país.

Durante o seu discurso, falou ainda sobre o pro-jecto «SCHIST Resource» do qual é coordenador e que tem como objectivo caracterizar, cartografar, efectuar análise petrográfica e testes físicos e me-cânicos aos principais locais de exploração de xisto, de forma a saber a sua viabilidade de exploração e utilização. Posteriormente, e no que diz respeito aos locais estudados, referiu também alguns dos aspec-tos técnicos e propriedades dos xistos, assim como as possibilidades da sua aplicação.

No final da palestra decorreu um espaço de deba-te, em que o público presente teve a oportunidade de ver respondidas as questões colocadas ao Profes-sor Doutor Fernando de Noronha.

COMUNICAR A PEDRA NATURAL Por Manuela Martins (Consultora de Comunicação)

Gosto de pessoas. Muito. Por isso encarei como um grande desafio fazer um vídeo sobre as rochas ornamentais portuguesas. Que desafio maior do que “encher” 10 minutos de ecrã com imagens de fa-chadas de edifícios, pedreiras, fábricas…e ao mesmo tempo conseguir dar-lhes alma? Como profissional

da comunicação, em mais de 20 anos de televisão sempre assinei os meus trabalhos com o sopro da alma que só as pessoas conseguem dar-lhe. Tive um coordenador (o António Peres Metello) que me chamava o rosto humano da economia! E agora pe-diam-me um trabalho sobre “rochas” e sem “vivos” (gíria jornalística em televisão que corresponde a depoimentos, entrevistas)...

Amadureci ideias e decidi que não ia abdicar de contar uma “estória” ou várias “estórias”. Esta sem-pre foi a fórmula que se revelou mais eficaz para co-municar e agarrar o espectador. Foi com base neste pressuposto que resolvi o problema do início do ví-deo. O edifício que mais se prestava para o efei-to pretendido, pelo facto de usar mais do que um tipo de rocha ornamental, ser recente, cosmopolita e com uma arquitectura de referência era a nova igreja de Fátima. Foi com ela que iniciámos a edição (a falar nos calcários) e a ela voltámos (para passar para os mármores) o que permitiu imprimir uma co-erência ao arranque do vídeo e lançar a narração.

Os espaços públicos urbanos estão muito direc-cionados para a vida em comunidade e revelam, mais do que quaisquer outras obras, uma forte li-gação às pessoas, ao interesse público e aos deci-sores políticos - foi assim que decidimos percorrer a Avenida dos Aliados, a Praça 8 de Maio, o Terreiro do Paço e o belíssimo Metropolitano de Lisboa.Com a vantagem de que estes locais são ponto de pas-sagem, nas cidades, e o vaivém dos seus habitantes dar-nos-ia o elemento humano que preenche de cor e sentido a pedra e a arquitectura.

Considerámos imprescindível ouvir um arquitecto e um designer de interiores como principais prescri-tores das rochas ornamentais e assim conseguimos os valiosos depoimentos de dois excelentes profis-sionais, Manuel Aires Mateus e a Gracinha Viterbo que deram à obra o carisma de que ela precisava.

Não podíamos deixar de captar a imagem do fan-tástico aqueduto de Lisboa, esse baluarte da pedra natural, símbolo fortíssimo da ligação perene entre a Humanidade e a Pedra. Para terminar o vídeo se-leccionámos, calculistamente, a imagem esmaga-

83ROCHAS & EQUIPAMENTOS

dora da rosa-dos-ventos, desenhada nos mais belos mármores nacionais. Asseguradas no alinhamento da minha memória estas imagens fiquei tranquila e respirei de alívio: tinha conseguido agarrar o ví-deo como pretendia. Podíamos partir para o terre-no e começar a filmar. Todas as pedreiras, fábricas e demais elementos que me pedissem para filmar podiam pacificamente preencher o núcleo do vídeo pois estava já assegurado que ele teria uma alma.

Para este sopro contribuiu o facto de esta obra (o vídeo) ser também o resultado de um encontro mui-to pessoal entre a autora e a Pedra. É uma sensação radical ver o bloco de pedra sair das entranhas da terra. Sentimo-nos a tocar o sagrado. O genuíno. Ver a transformação da pedra faz-nos sentir participan-tes da obra da Criação.

Passei a valorizar mais o granito da minha entra-da. O negro Angola da bancada da minha cozinha. E os meus 12 m2 de calçada portuguesa, num peque-no jardim interior a céu aberto.

Fiquei, naturalmente, uma prescritora da Pedra na área da comunicação.

Espero que um dos meus próximos desafios pro-

fissionais seja participar na criação de uma acção global e concertada, de marketing e comunicação, que passe por divulgar mais a Pedra nas revistas de decoração e conseguir que o programa de decora-ção que tanto aprecio o “Querido Mudei a Casa” (SIC Mulher) inclua obras de revestimento a pedra natural… o que nunca aconteceu.

É urgente o lobbie da pedra natural…A qualidade de vida a que todos aspiramos assim

o exige.Uma industria nacional que mobiliza vários em-

presários e trabalhadores também.Além do contributo que este sector pode dar ao

PIB e ao volume de exportações.

CIMERTEX MADEIRA REFORÇA PENETRAÇÃO EM CABO VERDE

Dentro do grupo Cimertex, a CIMERTEX MADEI-RA S.A. tem a seu cargo a cobertura do mercado de Cabo Verde. Este país, que é caracterizado pela sua

ROCHAS & EQUIPAMENTOS84

estabilidade política e coesão social, tem em curso um extenso programa de desenvolvimento infra-estrutural, com incidência nos Portos, Aeroportos e Rede de Estradas, graças a um conjunto de pro-gramas de ajuda económica decorrentes de acordos estabelecidos com Portugal, a Comunidade Europeia e outras origens internacionais.

A CIMERTEX MADEIRA estabeleceu a base da sua actividade em Cabo Verde na cidade da Praia, capital do país, oferecendo ao mercado local um qualificado apoio nas vertentes comercial e de ser-viço após-venda. O trabalho desenvolvido ao longo dos últimos meses permitiu o estabelecimento de relações comerciais com a Empreitel Figueiredo S.A., que é o principal empreiteiro de obras públi-cas cabo-verdiano, e a quem foram vendidos vários equipamentos Komatsu e Sandvik para operação nas Ilhas de Santo Antão e São Nicolau.

Para assinalar a entrega das primeiras cinco uni-dades Komatsu e dois martelos hidráulicos Sandvik deslocaram-se a Cabo Verde o Presidente do C.A. e o Director-Geral da CIMERTEX MADEIRA, tendo-se encontrado com o Engº Teófilo Figueiredo e o Dr. Paulo Figueiredo, respectivamente Presidente e CEO da Empreitel Figueiredo, e ainda o Engº Helder Santos, responsável pela operação e manutenção do equipamento.

No próximo mês, serão entregues duas escava-doras Komatsu PC450-8 e um martelo hidráulico Sandvik BR4510. Todos os equipamentos foram vendidos com um programa de extensão de garantia que muito beneficia o utilizador.

ESTREMOZ RECEBE DEBATE SOBRE A PEDRA

O Parque de Feiras e Exposições de Estremoz vai ser palco de um debate em directo sobre os már-mores e calcários portugueses já no próximo dia 28 de Setembro. O encontro vai contar com a presença do Subdirector Geral da Direcção Geral de Energia e Geologia, o Engenheiro Carlos Caxaria, com o Vice-Presidente da Assimagra, o Doutor Miguel Goulão e com um empresário do sector da pedra natural.

Os convidados presentes vão ter a oportunidade de explicar a situação do sector da pedra natural em Portugal, assim como de descrever os projectos, as dificuldades e os objectivos pretendidos para o sector. Temas como a produção da pedra natural, a exportação e o ordenamento do território vão ser debatidos neste encontro.

O programa Portugal em Directo trata-se de um espaço de debate dedicado aos mais diversos temas da actualidade regional do País.

ÍNDIA PREPARA FEIRA INTERNACIONAL DE MÁQUINAS PARA CONSTRUÇÃO

A maior cidade da Índia, Bombaim, vai receber a Feira Internacional de Máquinas para Construção, Material, Veículos, Mineração e Equipamento. O evento vai decorrer entre os dias 08 e 11 de Feve-reiro de 2011 no Complexo de Kurla Bandra. O cer-tame, organizado pela Federação Internacional das Associações de Empreiteiros da Ásia e do Pacífico Ocidental (IFAWPCA) em parceria com a Bauma Co-nexpo India, vai receber cerca de 400 expositores provenientes de 25 países de todo o mundo. Os or-ganizadores acreditam que a exposição vai satisfa-zer todos os pré-requisitos essenciais para o sucesso do evento. O complexo Bandra Kurla vai contar com espaços que estão configurados para atender às ne-cessidades dos expositores. A infra-estrutura do lo-

cal escolhido apresenta vantagens adicionais atra-vés do fácil acesso aos aeroportos internacionais e à proximidade com muitos hotéis de forma a poder alojar todos os participantes e visitantes da feira.

NOVAS REGRAS PARA DEPOSIÇÃO DE INERTES NA MADEIRA

A Vice-Presidência do Governo Regional e a Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais publicaram, no Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira de 30 de Julho (JORAM), nú-mero 63, uma portaria conjunta que vem estabe-lecer o regime de gestão de resíduos provenientes da actividade extractiva do sector da pedra natural.

A proposta tem como objectivo «regular a eli-minação e a valorização de resíduos não perigo-sos, inertes e não inertes, produzidos no âmbito da prospecção ou exploração de depósitos e massas

minerais, do desassoreamento das zonas de escoa-mento e de expansão das águas de superfície, das actividades destinadas ao processamento físico das rochas extraídas (britagem, lavagem e classifica-ção), e da indústria de transformação de rochas ornamentais».

O novo regime vem, ainda, permitir que os re-síduos não perigosos e inertes estejam isentos da obrigatoriedade de colocação em aterro de resíduos inertes, podendo, em alternativa, ser utilizados na execução de trabalhos de remodelação de terrenos ou no enchimento de pedreiras, no âmbito dos pla-nos ambientais e de recuperação paisagística da-quelas últimas infra-estruturas.

Por outro lado, a portaria sublinha ainda: «A in-dústria de transformação de pedra para fins orna-mentais, nas operações de serragem, corte e aca-bamento, produz um volume de resíduos que se estima ascender a 30% do material processado. As operações referidas são responsáveis pela produção de lamas num volume de 0,1 metros cúbicos por cada tonelada de rocha processada».

R & E BuyERs GuidE

R & E BuyERs GuidE

ROCHAS & EQUIPAMENTOS86

PLANT EQUIPMENT

QUARRY EQUIPMENT

LIMESTONE

GRANITE

MARBLE

SLATE

PORTUGUESE PAVEMENT

OTHER STONES

CUT TO SIZE

TILES

SLABS

BLOCKS

DIAMOND TOOLS

ABRASIVES

SERVICES

FAIRS

ABRESSA GROUP

CONTACTCentral: Barcelonès, 39 – Pol. Ind. del Ramassá08520 Les Fraqueses del Vallés - Barcelona - SpainTel.: (34) 93 846 58 75Fax: (34) 93 846 80 29E-mail: [email protected]

ANTÓNIO JACINTO FIGUEIREDO, LDA.

CONTACTApartado 2, Estrada Nacional, 9 – Cruz da Moça2715-951 Pêro Pinheiro – PortugalTel.: + 351 219 270 100 | + 351 219 678 210Fax: + 351 219 271 627E-mail: [email protected] | [email protected]

AIREMÁRMORES – EXTRACÇÃO DE MÁRMORES, LDA.

CONTACTOFFICE AND FACTORY: Rua dos Arneiros – Ataíja de Cima 2460-712 Alcobaça – PortugalTel.: + 351 262 508 501 | + 351 938 383 600Fax: + 351 262 508 506E-mail: [email protected]

Edifício Estrada Romana 2480-013 Alqueidão da Serra - PortugalTel.: | Fax: + 351 243 406 110 | + 351 244 402 191E-mail: [email protected]

Portuguese Association of Portuguese Pavement

Producers

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Pág. 1

Pág. V.C.Capa Pág. 51

C. MATA EXPORT

CONTACTCasais Robustos - Apartado 672396-909 Minde Codex - PortugalTel.: + 351 249 890 652Fax: + 351 249 890 660E-mail: [email protected]

Rua de S. Pedro, nº 2 Valverde 2025-217 Alcanede - PortugalTel.: + 351 243 400 503 | Fax: + 351 243 406 175GSM: + 351 966 280 550E-mail: [email protected]

Own QuarriesPortuguese Pavement

Limestone SlabsRustic Stone

87ROCHAS & EQUIPAMENTOS

DIAMOND SERVICE PORTUGUESA, LDA.

CONTACTZona Industrial – Lote 1 e 2 – Apartado 507160-999 Vila Viçosa – PortugalTel.: + 351 268 980 555Fax: + 351 268 989 525E-mail: [email protected]

CEVALOR - CENTRO TECNOLÓGICO PARA O APROVEITAMENTO E VALORIZAÇÃO DAS ROCHAS ORNAMENTAIS E INDUSTRIAIS

CONTACTEstrada Nacional nº 4 - km 158 - EC de BorbaApartado 48 - 7151-912 Borba - PortugalTel.: + 351 268 891 510Fax. + 351 268 891 529E-mail: [email protected]

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CO.FI.PLAST

CONTACTABRADIAM, LDAEstrada Nacional 378 - Rua Pinheiro Grande, Nº 8 2865-020 Fernão Ferro - PortugalTel.: + 351 212 121 126Fax: + 351 212 122 227E-mail: [email protected]

Pág. 25

DELLAS

CONTACTOfficial Dellas Seller: Lino A. Fernandes, Lda - Lugar de Rio Tinto - 4720-632 Rendufe - Amares - P.O. BOX 451 EC Avenida - 4711-914 Braga - PortugalTel.: + 351 253 311 300Fax: + 351 253 311 400www.dellas.it

Pág. Capa | 56

Pág. 21

EQUIMÁRMORE - EQUIPAMENTOS P/ MÁRMORE, LDA.

CONTACTE.N. 9 – Apartado 22 2715-901 Pêro Pinheiro – PortugalTel.: + 351 219 671 197Fax: + 351 219 271 964E-mail: [email protected]

Pág. 53

DRAGÃO ABRASIVOS, LDA.

CONTACTRua Dragão Abrasivos, nº595 - Apartado 64536-904 Paços de Brandão - PortugalTel.: + 351 227 442 007Fax: + 351 227 448 739E-mail: [email protected]

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CONSTRUAL - CONSTRUTORA MECÂNICA, LDA.

CONTACTAv. da Aviação Portuguesa, nº5 - Apartado 14 - Fação 2715-901 Pêro Pinheiro – PortugalTel.: + 351 219 678 280Fax: + 351 219 678 289E-mail: [email protected]

Pág. 19

DIAPOR – DIAMANTES DE PORTUGAL, S.A.

CONTACTRua 8 – Zona Industrial de Rio MeãoApartado 412 – 4524-907 Rio Meão – PortugalTel.: + 351 256 780 400Fax: + 351 256 780 409E-mail: [email protected]

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CFM - PROJECTO E CONSTRUÇÃO DE MÁQUINAS, LDA.

CONTACTAv. Aviação Portuguesa, nº5 - Apartado 14 – Fação 2715-901 Pêro Pinheiro – PortugalTel.: + 351 219 678 280Fax: + 351 219 678 289E-mail: [email protected]

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CASA DOS DIAMANTES LINO A. FERNANDES, LDA.

CONTACTLugar de Rio Tinto - 4720-632 Rendufe – Amares P.O. BOX 451 EC Avenida - 4711-914 Braga - PortugalTel.: + 351 253 311 300Fax: + 351 253 311 400E-mail: [email protected]

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS88

Estrada Nac. nº1 Km 90 - Covão do Milho2460-815 Turquel - Alcobaça - PortugalTel.: + 351 262 918 285 | Fax: + 351 262 919 508GSM: +351 935 556 696 | + 351 935 556 698E-mail: [email protected]

Portuguese Pavement | Curbstone | Fireplaces

Portuguese Pavement Suppliers

Wholesale and RetailRua dos Carvalheiros, Cortiçal2025-014 Abrã – Santarém - PortugalTel.: | Fax: + 351 249 878 018 | GSM: + 351 910 395 996 | + 351 917 814 740E-mail: ibercalç[email protected]

FIGALJOR - INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE GRANITOS E MÁRMORES, S.A.

CONTACTAv. Liberdade, 168/170 – Apartado 1 2715-097 Pêro Pinheiro - PortugalTel.: + 351 219 279 552Fax: + 351 219 672 724E-mail: [email protected]

Pág. 11

GASPARI MENOTTI - S.P.A.

CONTACTCORPADVANCE, S.A.Quinta da Fonte, Edifício D. Pedro I2770-071 Paço de Arcos - PortugalTel.: + 351 920 256Fax: + 351 912 901E-mail: [email protected]

Pág. 63

GRUPO FRAZÃO - EXTRACÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ROCHAS LDA.

CONTACTZona Industrial Norte – Pé da Pedreira – Apartado 67 2026-901 Alcanede - PortugalTel.: + 351 243 400 598Fax: + 351 243 400 606E-mail: [email protected]

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GH - INDÚSTRIAS ELECTROMECÂNICAS, S.A.

CONTACTZona Industrial do Soeiro, Lote 94745-460 S. Mamede Coronado - PortugalTel.: + 351 229 821 688Fax: + 351 229 821 687E-mail: [email protected] | www.pontesrolantes.pt

Pág. 13

GRANITRANS – TRANSFORMAÇÃO DE GRANITOS, LDA.

CONTACTRua dos Serrados – Negrais2715- 346 Pêro Pinheiro - PortugalTel.: + 351 219 671 016 | + 351 219 677 127Fax: + 351 219 670 801E- mail: [email protected]

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GRUPO GALRÃO

CONTACTAv. da Liberdae, 153 2715-004 Pêro Pinheiro – PortugalTel.: + 351 219 270 302Fax: + 351 219 279 912E-mail: [email protected]

Pág. 9

EZEQUIEL FRANCISCO ALVES, LDA.

CONTACTOFFICE AND FACTORY: Avª Marquês de Pombal, nº 247 Falimas – Morelena 2715-005 Pêro Pinheiro – PortugalTel.: + 351 219 279 797Fax: + 351 219 279 705E-mail: [email protected]

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GRANIPLAC, LDA. | GRANITOS DO CENTRO, LDA

CONTACTZona Industrial – Apartado 26 3150-194 Condeixa-a-Nova – PortugalTel.: + 351 239 942 430Fax: + 351 239 941 051E-mail: [email protected]

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89ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Own QuarriesRua dos Louros - Fontainha 2480-135 São Bento PMS - PortugalTel.: | Fax: + 351 249 841 112 | GSM: + 351 965 604 569E-mail: [email protected]

JORGE CRUZ PINTO E CRISTINA MANTAS ARQUITECTOS LDA.

CONTACTRua do Banco nº18 2765-397 Estoril - PortugalTel: + 351 214 661 290 | + 351 214 661 291Fax: + 351 214 661 292E-mail: [email protected]

Pág. 49

LUXIMAR – TRANSF. EXP. IMP. DE MÁRMORES E GRANITOS, LDA.

CONTACTAlam. Henrique Pousão 15 7160-262 Vila Viçosa – PortugalTel.: + 351 268 980 526Fax: + 351 268 980 549Parque Ind.: Tel.: + 351 268 999 280

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POEIRAS - MÁQUINAS & FERRAMENTAS, LDA.

CONTACTZona Industrial – Lote 1 e 2 – Apartado 50 7160-999 Vila Viçosa – PortugalTel.: + 351 268 889 380Fax: + 351 268 889 389E-mail: [email protected]

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MARMOZ - COMPANHIA INDUSTRIAL DE MÁRMORES DE ESTREMOZ, LDA.

CONTACTApartado 54 7160-999 Vila Viçosa – PortugalTel.: + 351 268 889 550Fax: + 351 268 889 569E-mail: [email protected]

Pág. V.Capa

MARBRITO, S.A.

CONTACTApartado 54 EC. Vila Viçosa 7161-909 Vila Viçosa – PortugalTel.: + 351 268 889 550Fax: + 351 268 889 569E-mail: [email protected]

Pág. C.Capa

MARBLE

CONTACTIZFAS Sair Esref Bul. No:50 Kulturpark 35230 Izmir - TurkeyTel.: + 90 2324971229Fax: + 90 [email protected]

Pág. 33

MOCAMAR – MÁRMORES DE ALCANEDE, LDA.

CONTACTZona Industrial – Pé da Pedreira – Apartado 46 2025-161 Alcanede – PortugalTel.: + 351 243 400 687 | 243 400 275 | 243 408 879Fax: + 351 243 408 892E-mail: [email protected]

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MARFILPE – MÁRMORES E GRANITOS, S.A

CONTACTIC2 Casal da Amieira, Apartado 1742440-001 Batalha - PortugalTel.: + 351 244 768 030 | + 351 244 768 120Fax: + 351 244 768 342E-mail: [email protected]

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SICRÉ – SOCIEDADE PORTUGUESA DE GRANITOS, LDA.

CONTACTCaminho Cortegaça - Fação2715-141 Pêro Pinheiro - PortugalTel.: + 351 219 270 122Fax: + 351 219 270 358E-mail: [email protected]

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS90

STONETECH

CONTACTCIEC Exhibition Company, Ltd.1/F, General Service Building6 East Beisanhuan RoadBeijing 100028 - ChinaTel.: + 86 1084600335Fax: + 86 1084600325E-mail: [email protected]

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URMAL – JOAQUIM DUARTE URMAL & FILHOS, LDA.

CONTACTApartado 16 2716 Pêro Pinheiro – PortugalTel.: + 351 219 677 580Fax: + 351 219 279 172E-mail: [email protected]

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VISA CONSULTORES de Geologia Aplicada e Engenharia do Ambiente, S.A.

CONTACTLISBOA

Rua Alto da Terrugem, n.º 2 2770-012 Paço de ArcosTel.: + 351 214 461 420Fax: + 351 214 461 421E-mail: [email protected]

PORTO

Rua Júlio Dinis, n.º247 - 5ºEscritório E3 - 4050-324 PortoTel.: + 351 226 007 580Fax: + 351 226 007 581

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WIRES ENGINEERING

CONTACTABRADIAM, LDAEstrada Nacional 378 - Rua Pinheiro Grande, nº82865-020 Fernão Ferro - PortugalTel.: + 351 212 121 126Fax: + 351 212 122 227E-mail: [email protected]

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TWO - TOTAL WEB OUTPUT

CONTACTRua Castilho, nº1, 3º Dto1250-069 Lisboa - PortugalTel.: + 351 213 161 253E-mail: [email protected]

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VARIOGRAMA

CONTACTLargo do Corpo Santo, nº6 - 1º1200-129 Lisboa – PortugalTel.: + 351 213 241 090Fax: + 351 213 241 099E-mail: [email protected]

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XIAMEN INTERNATIONAL STONE FAIR

CONTACTXiamen Jinhongxin Exhibition Co., Ltd.Xiamen International Conference and Exhibition CenterXiamen P.C.361008 - ChinaTel.: + 86 5925959612Fax: + 86 5925959611E-mail: [email protected]

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Portuguese PavementWorldwide Delivery

Alqueidão Serra - 2480-013 Alqueidão Serra - PortugalTel.: + 351 244 402 165 | Fax: + 351 244 402 164GSM: + 351 965 068 777E-mail: [email protected]

VITÓRIA STONE FAIR

CONTACTMilanez & Milaneze Av. José Rato, 1117 - Bairro de Fátima29160 - 790 Serra ES - BrazilTel.: + 55 2734340617Fax: + 55 2734340601E-mail: [email protected]

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URMI - UNIDADE DE REPARAÇÕES DE MÁQUINAS INDUSTRIAIS, S.A.

CONTACTParque Industrial da Beijoca Rua do Rio, 24 - E.N. 250-1 ao Km 6,6Algueirão - 2725-524 Mem Martins - Sintra - PortugalTel.: + 351 219 266 800Fax: + 351 219 266 820E-mail: [email protected]

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