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RODRIGO DA CRUZ DE ARAUJO ESTUDO DA ERODIBILIDADE DE SOLOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS - RJ Dissertação de mestrado submetida ao departamento de engenharia civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de mestre. Orientadores: Franklin dos Santos Antunes Tácio Mauro Pereira de Campos DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro, outubro de 2000

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RODRIGO DA CRUZ DE ARAUJO

ESTUDO DA ERODIBILIDADE DE SOLOS DA FORMAÇÃO BARREIRAS - RJ

Dissertação de mestrado submetida ao departamento

de engenharia civil da Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de mestre.

Orientadores: Franklin dos Santos Antunes

Tácio Mauro Pereira de Campos

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro, outubro de 2000

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DEDICATÓRIA

Aos meus avós Armando e Ana e às tias Beth e Zezé,

pela maravilhosa convivência, sempre repleta de carinho

e apoio;

Ao meu pai Orlando e à minha irmã Anninha, pelo amor,

apoio e incentivo;

À minha noiva Ussinha, pelo apoio constante,

compreensão e amor;

À minha mãe, meu maior exemplo para sempre.

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AGRADECIMENTOS:

Aos professores Franklin dos Santos Antunes e Tácio Mauro Pereira de Campos pelo

apoio, incentivo e transmissão de conhecimentos ao longo da pesquisa.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro na forma de bolsa de estudos.

Aos funcionários do laboratório de solos, William, Amauri e especialmente Josué e Seu

José, por toda ajuda recebida durante a realização dos trabalhos.

Ao Ronaldo, funcionário do laboratório de difratometria de raio-x do DCMM, pela

presteza em colaborar sempre que requisitado.

Ao Carlinhos, funcionário da laboratório de solos da UFRJ, e às colegas daquela

universidade, Rosemary e Tatiana, pelo auxílio.

À colega Ana Cristina, pela ajuda prestada em diversos momentos deste trabalho.

Aos amigos da PUC, Ataliba, Antônio, Júnior e Ciro, pelas muitas vezes em que,

quando me encontrava com dúvidas ou dificuldades, se colocaram à disposição para ajudar e

foram fundamentais para a superação de tais problemas.

Aos demais colegas de turma, Rômulo, Janaina, Ana e Samuel, pela saudável

convivência durante todo curso.

Ao grande amigo Raynyer, pela amizade, ajuda e excelente convivência ao longo de boa

parte do trabalho.

Aos demais professores da Pós-graduação da PUC, pelos conhecimentos transmitidos.

A todos os meus familiares, pelo apoio constante.

A todos que de alguma forma contribuiram para que houvesse condições deste trabalho

ser desenvolvido.

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RESUMO

O surgimento e evolução de erosões têm sido objeto de diversos estudos, com os

mecanismos envolvidos ainda não sendo totalmente compreendidos.

Esta dissertação apresenta uma revisão bibliográfica abordando uma conceituação

básica do fenômeno, os agentes causadores do processo e os fatores que o condicionam. Além

desta aborda-se também, sucintamente, os principais aspectos da área na qual há ocorrência

dos solos estudados, com uma descrição de sua localização, geologia, geomorfologia, clima,

vegetação, etc. Faz-se ainda uma outra revisão, sobre os principais métodos de avaliação de

erodibilidade descritos na literatura.

A partir de visitas de campo, foram escolhidos três solos a serem estudados, tomando-se

como critério de seleção e avaliação as feições erosivas que os mesmos apresentavam “in

loco”.

Definido como objeto principal do estudo, os solos da Formação Macacu são analisados

por meio de ensaios de caracterização convencional, análises mineralógicas, análises

químicas, caracterização MCT, determinação de curva característica, ensaios de resistência à

tração, ensaios de desagregação e ensaios de penetração de cone (modificado).

As observações de campo, associadas aos resultados dos trabalhos de laboratório,

permitem o reconhecimento e avaliação dos solos mais susceptíveis à erosão, podendo-se

assim buscar a identificação e definição de correlações entre as características próprias dos

solos e suas erodibilidades.

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ABSTRACT

The process of erosion has been the objective of many studies, being the

mechanics involved not completelly understood.

This work presents a literature review on the basics concepts involved on the

process, the causes and the conditionants aspects of the phenomena. Futhermore, it mentions

the main characteristics of the studied area, with a description of its localization, geology,

geomorphology, climate, etc. It also presents the main methods used on erodibility analysis.

Three soils from Macacu formation were choosen to be studied, based on

erosive characteristics observed on site. These materials were submitted to conventional

characterization tests, mineralogical analysis, chemical analysis, MCT characterization,

determination of characteristics curves, tensile strength tests, desagregation tests and cone

tests (modified).

The main objective is to correlate experimental data obtained on this work to

field observations, in order to recognize soils that are more susceptible to erosion. It should

permit an identification and definition of correlations between the characteristics of the soil

and its erodibility.

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ÍNDICE

1 – INTRODUÇÃO 1

1.1 – Justificativas 1

1.2 – Objetivos 3

1.3 - Escopo do Trabalho 4

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5

2.1- Conceitos Gerais 5

2.2- Agentes Erosivos 9

2.2.1- Erosão Eólica 12

2.2.2- Erosão Fluvial 13

2.2.3- Erosão Interna 18

2.2.4- Erosão Pluvial 19

2.3- Previsão de Perda de Solos 29

2.3.1- Fator Chuva (R) 30

2.3.2- Fator Erodibilidade (K) 31

2.3.3- Fatores Comprimento e Declividade (L,S) 32

2.3.4- Fator de Uso e Manejo do Solo (C) 32

2.3.5- Fator relativo a Prática de Controle (P) 32

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3- ASPECTOS GERAIS DA ÁREA ESTUDADA 33

3.1- Localização 33

3.2- Aspectos Geológicos / Geomorfológicos 33

3.3- Clima 34

3.4- Solos 34

3.5- A Formação Macacu 38

4- MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA ERODIBILIDADE 43

4.1- Avaliações Indiretas: Propostas de Correlações Entre Erodibilidade e

Propriedades dos Solos 43

4.2- Sucção Associada à Erodibilidade 46

4.3- Ensaio de Desagregação 48

4.4- Ensaio de Interbitzen 49

4.5- Ensaio de Pinhole ou Furo de Agulha 53

4.6- Ensaio de Penetração de Cone 57

5- ESTUDOS EXECUTADOS E METODOLOGIAS ADOTADAS 59

5.1- Trabalhos de Campo 59

5.2- Ensaios Realizados 64

5.2.1- Ensaios de Caracterização 65

5.2.2- Análise Mineralógica 66

5.2.3- Análises Químicas 68

5.2.4- Ensaios de Caracterização MCT 69

5.2.5- Ensaios de Sucção 76

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5.2.6- Ensaios de Resistência à Tração 81

5.2.7- Ensaio de Desagregação 83

5.2.8- Ensaio de Penetração de Cone 84

6- APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS 86

6.1- Análises Mineralógicas 86

6.1.1- Fração Fina 86

6.1.2- Fração Grossa 92

6.2- Análises Químicas 92

6.3- Índices Físicos 94

6.4- Análises Granulométricas 96

6.5- Limites de Alterberg 101

6.6- Curva Característica 102

6.7- Ensaios de Tração (método brasileiro) 106

6.8- Caracterização MCT 113

6.9- Ensaio de Desagregação 118

6.10- Ensaio de Penetração de Cone 120

7- POTENCIAL DE EROSÃO DOS SOLOS 122

7.1- Aspectos Mineralógicos 123

7.2- Análises Químicas 124

7.3- Índices Físicos 125

7.4- Granulometria 126

7.5- Limites de Atterberg 129

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7.6- Classificação MCT 131

7.7- Resistência à Tração x Sucção 133

8- CONCLUSÕES 135

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 141

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LISTA DE FOTOS:

Foto 1.1: Exemplo da erosão na cidade de Cametá 2

Foto 2.1: Exemplo de propriedade destruída por erosão (apud Marçal 1998) 7

Foto 2.2: Exemplo de erosão fluvial 14

Foto 2.3: Exemplo de erosão superficial (apud Marçal 1998) 24

Foto 2.4: Exemplo de voçoroca em solo residual migmatítico na rodovia Rio-Teresópolis

27

Foto 3.1: Exemplo de perfil representativo da Formação Macacu 39

Foto 3.2: Exemplo de perfil representativo da Formação Macacu 39

Foto 5.1: Perfil representativo da Formação Macacu selecionado para o trabalho 61

Foto 5.2: Detalhe da camada argilosa verde 62

Foto 5.3: Detalhe da camada laterítica com presença de concreções ferruginosas 62

Foto 5.4 : Detalhe de uma exposição do solo branco bastante erodido 63

Foto 5.5 : Aspecto de um perfil da Formação Macacu com presença de feições erosivas 63

Foto 5.6: Detalhe de uma feição erosiva em perfil da Formação Macacu 64

Foto 5.7: Ensaio de classificação MCT em execução 71

Foto 5.8: Equipamento utilizado nos ensaios de tração 83

Foto 5.9: Exemplo de ensaio de tração em andamento 83

Foto 5.10: Equipamento utilizado no ensaio de cone 85

Foto 5.11: Exemplo de ensaio de cone sendo executado 85

Foto 6.1 : Aspecto do ensaio de desagregação decorridos 50 minutos 119

Foto 6.2 : Aspecto do ensaio de desagregação ao final de 24 horas 119

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LISTA DE FIGURAS:

Figura 2.1: Esquema representativo do transporte dos diferentes tipos de cargas detríticas

(apud Suguio e Bigarela, 1990) 16

Figura 2.2: Representação esquemática de erosão laminar e por escoamento concentrado,

formando sulcos na superfície (apud DAAE 1990) 24

Figura 3.1: Mapa de localização da região da Bacia da Guanabara 35

Figura 3.2: Mapa geológico da região da Bacia da Guanabara (fonte: CPRM, 2000) 36

Figura 3.3: Mapa geomorfológico da região da Bacia da Guanabara (fonte: CPRM, 2000)

37

Figura 4.1 : Ábaco de erodibilidade baseado no GEA (apud Vertamatti e Araujo 1998) 47

Figura 4.2: Resultado dos ensaios de Interbitzen, com faixas classificatórias (apud Fonseca e

Ferreira, 1981) 51

Figura 4.3: Perspectiva da versão modificada do aparelho de Interbitzen (apud Fácio 1991)

52

Figura 4.4: Representação esquemática do ensaio de pinhole (modificado de Sherard 1976a)

54

Figura 4.5: Ábaco classificatório da dispersividade dos solos (modificado de Sherard, 1976b)

56

Figura 5.1: Exemplo de curvas a.n em função do número de golpes 72

Figura 5.2: Exemplo de curva de compactação correspondente a 12 golpes, para determinação

de d’ 73

Figura 5.3: Representação esquemática do ensaio de perda por imersão 74

Figura 5.4: Ábaco classificatório dos solos pela metodologia MCT 76

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Figura 5.5: Representação esquemática da preparação das amostras para o ensaio de

determinação de sucção pelo método do papel filtro 80

Figura 6.1: Difratograma solo verde sem tratamento (frações silte e argila) 87

Figura 6.2: Difratograma solo verde aquecido a 350o (fração silte) 88

Figura 6.3: Difratograma solo verde glicolado (fração argila) 89

Figura 6.4: Difratograma solo branco sem tratamento (fração argila) 90

Figura 6.5: Difratograma solo roxo sem tratamento (fração argila) 91

Figura 6.6: Curva granulométrica dos solos verde, branco e roxo com defloculante 97

Figura 6.7: Curva granulométrica dos solos verde, branco e roxo sem defloculante 98

Figura 6.8: Curvas granulométricas do solo verde com e sem defloculante 99

Figura 6.9: Curvas granulométricas do solo branco com e sem defloculante 99

Figura 6.10: Curvas granulométricas do solo roxo com e sem defloculante 100

Figura 6.11: Curva característica do solo verde 103

Figura 6.12: Curva característica do solo branco 104

Figura 6.13: Curva característica do solo roxo 105

Figura 6.14: Resistência à tração x umidade (solo verde) 107

Figura 6.15: Resistência à tração x Saturação (solo verde) 108

Figura 6.16: Resistência à tração x umidade (solo branco) 109

Figura 6.17: Resistência à tração x saturação (solo branco) 109

Figura 6.18: Resistência à tração x umidade (solo roxo) 110

Figura 6.19: Resistência à tração x saturação (solo roxo) 111

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Figura 6.20: Curva de compactação para 12 golpes no Mini-MCV do solo verde 113

Figura 6.21: Curvas Mini-MCV do solo verde 114

Figura 6.22: Curva de compactação para 12 golpes no Mini-MCV do solo branco 114

Figuro 6.23: Curvas Mini-MCV do solo branco 115

Figura 6.24: Curva de compactação para 12 golpes no Mini-MCV do solo roxo 115

Figura 6.25: Curvas Mini-MCV do solo roxo 116

Figura 6.26: Classificação dos solos segundo a metodologia MCT 117

Figura 6.27: Resultados Psat x Pnat comparados com dados de Burgos et al. (1999) 121

Figura 7.1: Gráfico triangular representativo das frações dos solos 129

Figura 7.2: Resistência à tração x Sucção 134

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LISTA DE TABELAS:

Tabela 2.1: Agentes e tipos de erosão (modificado de Gray e Leiser ,1989) 10

Tabela 4.1: Resumo do critério de avaliação dos resultados dos ensaios (modificado Sherard

1976a) 55

Tabela 5.1: Quadro característico de solos dos grupos MCT, quanto à erodibilidade hídrica e

propriedades de interesse à sua previsão (condições típicas do Estado de São Paulo)

(modificado de Nogami e Vilibor, 1995) 75

Tabela 6.1: Resultado dos ensaios de pH e ataque sulfúrico 92

Tabela 6.2: Resultado do ensaio de complexo sortivo 93

Tabela 6.3: Resumo geral dos índices físicos determinados para os três solos 95

Tabela 6.4: Resultados da granulometria com o uso de defloculante 97

Tabela 6.5: Resultados da granulometria sem o uso de defloculante 98

Tabela 6.6: Resultados dos limites de consistência dos solos 101

Tabela 6.7: Resultados de umidade e sucção dos três solos, incluindo “pontos teóricos” de

S=100% 106

Tabela 6.8: Resultados de umidade, saturação e resistência à tração dos três solos 112

Tabela 6.9: Resultados do ensaio MCT 116

Tabela 6.10 : Valores médios de P nat e P sat obtidos para os solos em estudo 120

Tabela 7.1: Valores de pH obtidos na literatura, relacionados com as condições de campo

124

Tabela 7.2: Valores de porosidade obtidos na literatura, relacionados às condições de erosão

observadas em campo 125

Tabela 7.3: Valores de % menor que 5ìm com e sem defloculante e do parâmetro

porcentagem de dispersão 126

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Tabela 7.4: Valores de % que passa #40 e parâmetro “a” para os solos em estudo 127

Tabela 7.5: Valores de IP e Wp encontrados na literatura, relacionados com suas

erodibilidades 130

Tabela 7.6 : Resultados encontrados por Lima (1999) envolvendo resultados do ensaio de

Interbitzen e a classificação MCT 131

Tabela 7.7: Resultados encontrados por Burgos et al. (1999) envolvendo condições de erosão

em campo e a classificação MCT 132

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS:

a: coeficiente definido pela equação 4.1

A: horizonte pedológico A

ABNT: associação brasileira de normas técnicas

Al: alumínio

Al3+: cátion de alumínio

B: horizonte pedológico B

BR: rodovia federal

C: fator relativo ao uso e manejo do solo

C: horizonte pedológico C

Ca2+: cátion de cálcio

Cc: coeficiente de curvatura

CH: argila de alta plasticidade

CL: argila de baixa plasticidade

cm: centímetro

cm2: centímetro quadrado

cm3: centímetro cúbico

CNPS: centro nacional de pesquisa de solos

CPRM: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

Cu: coeficiente de uniformidade

D: diâmetro da amostra no ensaio de resistência à tração

DAEE-SP: Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo

E: energia cinética da chuva

E: expansibilidade

E: valores de erosão no ensaio de Interbitzen

e: índice de vazios

e0 : índice de vazios na umidade inicial

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisas Agrárias

fps: pé por segundo

ft: pé

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g: grama

GS: densidade dos grãos

GEA: grau de erosão associada

GH: cascalhos de alta plasticidade

GM: cascalhos siltosos

GP: cascalhos pobremente graduado

GW: cascalhos bem graduados

GR.: Greenwich (meridiano)

h: hora

H: espessura da amostra no ensaio de resistência à tração

H+: cátion de hidrogênio

i: intensidade da chuva

in: polegada

iph: polegada por hora

I.P: índice de plasticidade

K: fator relativo à erodibilidade do solo

K+: cátion de potássio

km: kilômetro

km2: kilômetro quadrado

kg: kilograma

kgf: kilograma-força

kPa: kilopascal

L: litro

L: fator relativo ao comprimento da encosta

LL: limite de liquidez

LP: limite de plasticidade

M.eq.: mili-equivalente

MCT: sigla de miniatura-compactado-tropical

Mg2+: cátion de magnésio

MH: siltes de alta plasticidade

ML: siltes de baixa plasticidade

m: metro

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min: minuto

mL: mililitro

mm: milímetro

N: normal

Na+: cátion de sódio

no: número

OL: solo orgânico de baixa plasticidade

P: fator relativo à prática de controle de erosão adotada

P: carga máxima de compressão

Pi: perda por imersão

pH: potencial de hidrogenização

Pnat: penetração em amostra natural

Pp: peso do solo seco correspondente à parte saliente inicial

Ps: peso do solo seco desprendido

Psat: penetração em amostra saturada

R: fator relativo à erosividade da chuva

s: segundo

S: índice de sorção

S: fator relativo à declividade do terreno

SC: areia argilosa

SM: areia siltosa

Sr: saturação

SW: areia bem graduada

SP: areia pobremente graduada

tg: tangente

ton: tonelada

USLE: Universal Soil Loss Equation (equação universal de perda de solos)

Ve: velocidade de erosão

W: oeste

wH: umidade higroscópica

wN: umidade natural

%: porcentagem

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o : graus

’ : minutos o C: graus Celsius

ãNAT: peso específico natural

ãd: peso específico aparente seco

è: ângulo de incidência dos raios-x

ð: pi (igual a 3,1416)

ót: tensão de tração

ñN: massa específica natural

ñd: massa específica aparente seca

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A erosão é um fenômeno bastante complexo, uma vez que envolve a ação direta ou

indireta de diversos fatores, tais como as características geológicas e geomorfológicas, os

tipos de solos, clima, vegetação, além da interferência humana que modifica as condições

naturais de cada um deles. O desenvolvimento do processo erosivo é então determinado pela

ação destes fatores, atuando em conjunto ou separadamente, seja como agentes causadores do

processo, ou como fatores condicionantes.

Devido à complexidade do processo, o qual envolve diversos mecanismos e

condicionantes, a erosão tem sido tema de pesquisas em diversas áreas, principalmente

agronomia, geologia, geografia e geotecnia. Entretanto, apesar de todos os estudos já

desenvolvidos, o entendimento do processo ainda não é completo, necessitando de pesquisas

que possam confirmar as considerações existentes e proporcionar novos conhecimentos.

Neste trabalho, procura-se fazer um estudo direcionado principalmente para a

avaliação da erodibilidade de solos, por meio da análise conjunta de observações feitas em

campo e resultados de ensaios de laboratório.

1.1-JUSTIFICATIVAS:

Ao longo do litoral brasileiro, a ocorrência de uma determinada unidade sedimentar

se faz notável pela sua extensão, sendo encontrada desde o Pará até o Rio de Janeiro,

delineando-se ainda depósitos correlacionáveis na região sul. Esta unidade é conhecida como

“Barreiras” e corresponde a depósitos sedimentares continentais pertencentes ao terciário. Os

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2

sedimentos apresentam-se, em geral, com seqüências afossilíferas, pouco consolidados, desde

conglomerados à arenitos e argilitos, de cores e granulometrias variadas.

Na região Norte, além da característica ocorrência litorânea, é também marcante a

presença dessa seqüência ou de similares ao longo das drenagens, onde verificam-se há

algum tempo sérios problemas de erosão nos solos daquele Grupo, principalmente por

processo fluvial. A situação é agravada pelo desenvolvimento de cidades às margens dos rios,

o que é uma tendência natural das civilizações.

Um dos casos típicos e mais importantes deste fenômeno é registrado na sede do

município de Cametá, situado na micro-região do Baixo Tocantins, na porção oeste do Pará.

Naquela cidade, ocorre o fenômeno conhecido como “terras caídas”, com o desmoronamento

de falésias pondo em risco o patrimônio histórico da cidade, construído durante a época áurea

do ciclo da borracha (foto 1.1)

Foto 1.1: Exemplo da erosão na cidade de Cametá

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No Rio de Janeiro, também ocorrem sedimentos do Grupo Barreiras em diversos

munícipios, afetados por processos erosivos.

1.2-OBJETIVOS :

Tem-se como objetivo deste trabalho alcançar um melhor entendimento dos

diferentes processos erosivos, com base em uma abordagem envolvendo os fatores

condicionantes que interferem nos mesmos e os agentes causadores diretos.

O foco principal desta abordagem é então estudar especificamente as características

geotécnicas dos solos da Formação Macacu, descrita e considerada como representante do

Grupo Barreiras por Meis e Amador (1972 e 1977), buscando caracterizar o potencial de

erosão dos mesmos e identificar as características relevantes dentro do processo erosivo, na

tentativa de estabelecer relações entre ambos.

A partir dos resultados obtidos, espera-se que os mesmos proporcionem uma

contribuição para o desenvolvimento de uma metodologia de avaliação da erodibilidade dos

solos, em função das propriedades ou características intrínsecas a eles; procurando-se abordar

ainda a adequabilidade dos métodos tradicionais de avaliação da erodibilidade.

Um segundo objetivo é o de promover um conhecimento básico acerca do

desenvolvimento dos processos erosivos, por intermédio de uma abordagem dos seus agentes

desencadeadores e fatores condicionantes.

Resumidamente, a metodologia proposta para se buscar atingir tais objetivos

consiste das seguintes contribuições :

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4

• Revisão bibliográfica com conceitos de erosão, fatores que influenciam no processo e

agentes atuantes;

• Descrição de aspectos do meio físico local da região de Itaboraí e da Formação Macacu;

• Caracterização das propriedades físicas, químicas e mineralógicas dos materiais em

estudo;

• Execução de ensaios de tração (método brasileiro) e de sucção (papel filtro) em amostras

com diferentes teores de umidade.

1.3-ESCOPO DO TRABALHO :

Objetivando o melhor entendimento do seu conteúdo, esta dissertação é apresentada

de forma compartimentada, onde um capítulo introdutório apresenta as justificativas e

objetivos do trabalho (capítulo 1); o capítulo seguinte, (capítulo 2), sintetiza a revisão

bibliográfica abordando conceitos, fatores envolvidos no processo e agentes causadores; o

capítulo 3 trata dos aspectos gerais da região de Itaboraí, local de onde foram retiradas as

amostras representativas da Formação Macacu, alvo da investigação; a seguir (capítulo 4) se

apresenta uma descrição dos diversos ensaios propostos na literatura para avaliação da

erodibilidade; o capítulo seguinte (capítulo 5) realiza uma descrição das metodologias

adotadas para os ensaios executados neste trabalho; a seguir são apresentados e analisados os

resultados dos ensaios realizados (capítulo 6); segue-se com uma avaliação do potencial de

erosão dos solos (capítulo 7) e por fim faz-se a conclusão da dissertação e sugestões para

futuras pesquisas (capítulo 8).

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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1-CONCEITOS BÁSICOS:

Ao se iniciar um estudo, qualquer que seja ele, a primeira preocupação que se deve

ter é a de buscar uma definição clara e objetiva do mesmo. Assim, um estudo sobre erosão

deve se iniciar apresentando alguns conceitos deste fenômeno, segundo diversos autores.

Pastore (1986) e Vilar e Prandi (1993), por exemplo, conceituam o fenômeno de modo

semelhante, descrevendo que erosão no seu sentido mais amplo é o processo geral ou grupo

de processos através do qual os materiais terrosos ou rochosos da crosta terrestre são

desagregados, dissolvidos ou desgastados, e transportados de um ponto a outro por agentes

naturais, tais como rios, mares, vento e chuva. Outra definição semelhante é apresentada por

Marçal (1998), quando afirma que “o termo erosão refere-se ao desgaste da superfície

terrestre sob ação dos agentes erosivos, principalmente a água e o vento, e em zonas

montanhosas a neve e o gelo”.

Guerra (1995) relata que “a erosão dos solos é um processo que ocorre em duas

fases: uma que constitui a remoção (detachment) de partículas, e outra que é o transporte

desse material, efetuado pelos agentes erosivos”. Pode-se citar ainda a definição de Gray e

Leiser (1989), segundo os quais “erosão é a remoção das camadas superficiais de solo por

agentes como vento, água e gelo. A erosão de solos envolve os processos de destacamento e

transporte por estes agentes, sendo iniciada por arranque, impacto, ou forças de tração

atuando sobre o material”.

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De uma forma geral, pode-se dizer, então, que erosão é a remoção dos detritos, os

quais são depositado em áreas adjacentes. Durante a erosão, pode ocorrer processo de abrasão

É a remoção de partículas individuais ou de grumos de partículas que a diferencia de outros

movimentos de massa, como avalanches e escorregamentos, nos quais massas de solo / rocha

se movimentam como um todo.

Bennett (1965) explica que por vezes a erosão do solo se dá em um ritmo lento, que

permite a formação de novo solo, abaixo da camada superior, em um tempo semelhante ao de

desgaste daquela camada. Neste quadro de transformação a erosão é chamada erosão normal

ou geológica. Explicação semelhante é dada por DAEE-SP (1990), quando relata que “o solo

é uma camada viva, em processo permanente de formação, através da alteração das rochas e

de processos pedogenéticos. Este processo é contrabalançado pelo processo de erosão, que

remove seus constituintes, sobretudo pela ação da água de chuva. Portanto, há um quadro

dinâmico, no qual diversos processos atuam de forma contraditória, formando e erodindo o

solo, refletindo um certo equilíbrio na natureza, no qual a erosão é considerada normal “.

Ocorre que quando este equilíbrio é rompido por uma intensificação da erosão, mais

veloz que a formação dos solos, estes não têm tempo de se regenerar, observando-se então a

perda de diversas de suas camadas ou horizontes. Esta aceleração pode ser desencadeada por

alterações nas condições geológicas ou climáticas, ou pode ser provocada pelo homem. Este

último caso costuma ser mais preocupante, pois, de modo geral, requer menos tempo para

atuar, o que implica na necessidade de combate emergencial.

A erosão, quando desencadeada pela atividade humana, está relacionada,

geralmente, com uso inadequado do solo e traz conseqüências desastrosas para o mesmo,

sendo uma das formas principais de sua degradação. Alguns exemplos de atividades que

aceleram o processo erosivo são: desmatamento, ocupação urbana sem planejamento,

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principalmente no que diz respeito ao lançamento de fluxo de água concentrado; exploração

de recursos naturais; construção de estradas e barragens (obras altamente agressivas ao meio

ambiente); produção agrícola, que ataca a camada superficial do solo.

Diversos são os resultados danosos provocados pelos processos erosivos, os quais

representam elevadas perdas, inclusive do ponto de vista econômico. Guerra (1995) cita

alguns danos causados pela erosão, como por exemplo a contaminação da água dos rios por

partículas transportadas que venham a estar contaminadas (por defensivos agrícolas, por

exemplo), e o assoreamento de mananciais. Gray e Leiser (1989) citam que “os custos diretos

causados por erosão e sedimentação incluem a destruição de propriedades. Os custos

indiretos são mais difíceis de serem avaliados, mas provavelmente são ainda maiores”. Entre

estes últimos, pode-se citar: diminuição da produtividade agricultural; assoreamento de

tubulações; solapamento de fundações e pavimentações; enchentes; assoreamentos de portos

e canais; etc. Na foto 2.1 observa-se um exemplo de destruição provocada por erosão.

Foto 2.1: Exemplo de propriedade destruída por erosão (apud Marçal 1998)

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A erosão, de uma forma geral, é influenciada diretamente por dois fatores principais,

que são a natureza do material (seja rochoso ou terroso) e o clima. Dependendo do tipo de

processo, cada um destes fatores poderá ter uma maior ou menor importância. Além disso,

fatores específicos podem influenciar significativamente um determinado processo, sem que

o façam em outro.

O clima pode influenciar o processo de maneira direta ou indireta. Um exemplo da

ação direta é a variação de temperatura, que faz com que o material se dilate e se contraia

alternadamente, causando a fragmentação do mesmo. Outra influência direta do clima diz

respeito às características de alguns agentes erosivos, como a chuva e o vento. Indiretamente,

pode-se citar como principal exemplo a vegetação, que, de acordo com cada clima, representa

uma maior ou menor proteção ao solo, e consequentemente, representar maior ou menor

dificuldade para a evolução do processo erosivo.

O tipo de rocha, por sua vez, influencia no processo porque, de acordo com as suas

características próprias, o solo resultante apresenta maior ou menor erodibilidade, ou seja,

maior ou menor susceptibilidade ou facilidade a sofrer erosão. Assim, conforme

exemplificado por DAEE-SP (1990), “solos mais arenosos se desagregam mais facilmente

que os solos argilosos, ou seja, a textura é uma das características que condicionam a erosão”.

Além desta, são também condicionantes a estrutura, composição, entre outros. Gray e Leiser

(1989) ressaltam que “não há ainda um índice para erodibilidade simples e universalmente

aceito”. Desta forma, os autores apresentam uma hierarquia clássica de erodibilidade,

baseada na classificação unificada de solos:

Mais erodível → Menos erodível

ML > SM > SC >MH > OL>CL > CH > GM > GP > GW

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Onde: G indica cascalhos e S areias. Areias e cascalhos bem graduados são

designados por SW e GW. Materiais pobremente graduados são indicados por SP e GP. As

partículas finas do solo são subdivididas de acordo com seus limites de liquidez. Se LL <50 o

símbolo é L, se LL>50 o símbolo é H. As letras M, C e O indicam siltes, argilas e solos

orgânicos, respectivamente.

Os mesmos autores citam ainda algumas tendências de erodibilidade dos solos, tais

como: é baixa em cascalhos bem graduados; é alta em siltes e areias finas e uniformes;

diminui com o aumento de argila e matéria orgânica; diminui para índices de vazios baixos e

teor de umidade alto. Morgan (1986) considera que “as partículas menos resistentes são siltes

a areias finas”. Evans (1980) analisa a erodibilidade em função do teor de argila e afirma que

solos com frações argila limitadas são mais susceptíveis à erosão.

2.2-AGENTES EROSIVOS:

A ocorrência dos processos erosivos pode se dar devido à ação de diversos agentes,

como por exemplo a água, o gelo, o vento e a gravidade. É importante ressaltar que o agente

água pode ser dividido em agentes ainda mais específicos, como rios, mar ou chuva. Deve-se

destacar aqui o conceito de erosividade, que é o potencial que o agente erosivo apresenta de

promover erosão, não devendo este conceito ser confundido com o de erodibilidade, que,

como já explicado, diz respeito à susceptibilidade do solo de ser erodido.

Analisando-se estes agentes, não é difícil perceber que cada um deles atua de uma

maneira específica, o que faz com que os processos, apesar de levarem a um mesmo efeito

final (a erosão), sejam diferentes entre si. Gray e Leiser (1989) apresentam um resumo dos

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diversos agentes, relacionando-os com os respectivos tipos de processo erosivo, o qual é

apresentado na tabela 2.1.

Tabela 2.1: Agentes e tipos de erosão (modificado de Gray e Leiser, 1989)

AGENTE TIPOS DE PROCESSOS EROSIVOS

Água Gotejamento; Erosão Laminar; Sulcamento; Voçorocamento; Erosão

Fluvial; Ação de ondas; Erosão Interna.

Gelo Solifluxão; Ação de Congelamento/Descongelamento; Erosão Glacial;

Arrancamento.

Os processos erosivos relacionados ao agente gelo têm alguma ocorrência no Brasil,

sendo porém pouco representativos e por este motivo também não receberão abordagem

específica.

De uma maneira resumida e objetiva, pode-se apresentar as seguintes definições para

os diversos processos:

a) Erosão Fluvial:

Ocorre, como o próprio nome diz, quando a ação dos rios proporciona

desgaste de suas margens e carreia material removido ao longo do leito.

Como os rios escoam sempre em uma mesma direção, este processo

caracteriza-se por apresentar um fluxo unidirecional, havendo então,

teoricamente, uma única força de módulo e sentido constante.

b) Erosão Marinha:

É o trabalho de destruição causado pelo efeito de ondas e de marés, além de

eventuais tempestades ao longo dos litorais. Este processo caracteriza-se

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basicamente por apresentar um fluxo bidirecional (fluxo de vazante e fluxo de

enchente), havendo portanto, duas forças de módulos e sentidos diferentes.

c) Erosão Subterrânea:

Consiste na remoção interna de solo, provocada pela percolação de água

subterrânea e é comumente conhecida como entubamento (piping).

Simplificadamente, este fenômeno ocorre porque as forças de percolação

excedem as forças resistivas (tais como tensões intergranulares ou forças de

coesão).

Gray e Leiser (1989) explicam que “uma vez que um tubo se forme aumenta

rapidamente, porque as linhas de fluxo são atraídas para áreas de menor

resistência, o que resulta em mais concentração de fluxo, formando um ciclo”.

d) Erosão Eólica:

Este processo ocorre quando a ação do vento é responsável pelo arrancamento

e carreamento de partículas do solo. Neste caso, as etapas de erosão,

transporte e sedimentação serão função das características de velocidade e

turbulência do vento.

e) Erosão Pluvial:

Este tipo de processo se inicia com as gotas de chuva propriamente ditas. O

impacto destas gotas no solo podem provocar a desagregação e

movimentação de partículas, as quais ficam então mais vulneráveis à erosão,

apresentando maior facilidade em serem transportadas.

Dentre as formas de erosão supracitadas, segue-se agora uma abordagem mais

abrangente dos processos eólico, fluvial, subterrâneo e pluvial, por se considerar que são

estes os mais importantes, devido as suas ocorrências mais comuns e efeitos mais

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significativos, uma vez que podem ocorrer em todo território, enquanto o processo marinho

se restringe à faixa costeira.

2.2.1-EROSÃO EÓLICA:

Os fatores que influenciam neste processo são basicamente os mesmos da maioria

dos casos de erosão, ou seja, o clima e a natureza do solo, conforme descritos anteriormente.

Neste caso específico, o clima influencia na velocidade e na direção do vento, na

temperatura, no tipo de cobertura vegetal, na sua densidade e na sua distribuição sazonal. As

características do solo que afetam a erosão eólica são a textura, dimensão dos grãos, teor de

umidade e rugosidade da superfície.

Todos estes fatores podem ser expressos em termos de parâmetros possíveis de

serem identificados e medidos. Alguns fatores, como a rugosidade da superfície e a presença

de pequenas barreiras que funcionam como quebra-ventos, passam a exercer importante

influência no processo, merecendo atenção especial.

Somente solos relativamente secos são susceptíveis à erosão eólica. Os fatores

climáticos que mais afetam a umidade do solo são a quantidade e a distribuição de chuvas, a

temperatura e a umidade local. Este caso evidencia a importância das chuvas em processos

erosivos, podendo aquela ser o próprio agente desencadeador ou apenas um fator de

influência indireta.

Já entre as características próprias do vento, as mais importantes são a sua

velocidade, duração, direção e grau de turbulência. De acordo com Gray e Leiser (1989), “o

vento somente seleciona e carrega em suspensão solos secos com tamanho de grãos

essencialmente menor que 0,1mm”.

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Ainda segundo aqueles autores, “ a erosão eólica consiste em três fases distintas:

início do movimento, transporte e deposição. O início do movimento é resultado da

velocidade e da turbulência do vento. A velocidade requerida é maior quanto maior o peso do

grão. Para muitos solos esta velocidade é de cerca de 13m/h, a uma altura de 30cm acima do

chão. Uma vez iniciado o movimento, a velocidade requerida para mantê-lo passa a ser bem

menor”.

Além do transporte em suspensão, partículas maiores de solo podem ser

transportadas por saltação (0,1 a 0,5mm) ou mesmo por rolamento (0,5 a 1mm). A maior

parte do transporte de partículas de solo por vento ocorre próximo à superfície do terreno, o

que evidencia a possibilidade de solucionar o problema, ou pelo menos amenizá-lo, através

de utilização de técnicas simples, como por exemplo a adoção de barreiras relativamente

pequenas ou de quebra-ventos. Pode-se adotar também vegetação, a qual apresenta ainda a

função de aumentar a rugosidade da superfície, reduzir e desviar o vento e unir as partículas

do solo.

2.2.2- EROSÃO FLUVIAL:

Este processo ocorre, como o próprio nome diz, quando a ação dos rios proporciona

desgastes da margens e do fundo do canal e carrea o material removido ao longo do leito

(foto 2.2). O local onde a erosão ocorre depende do tipo de canal: canais “jovens” (menores)

geralmente apresentam erosão no fundo; canais “maduros” (maiores) sofrem basicamente

erosão das margens. Os materiais erodidos e depositados em um trecho específico do canal

costumam apresentar-se balanceados.

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Foto 2.2: Exemplo de erosão fluvial

Uma série de variáveis controlam o comportamento dos sistemas fluviais, dentre as

quais se incluem a descarga do canal, o tamanho dos grãos, a largura do canal, a

profundidade do fluxo, a forma e sinuosidade do canal. O comportamento do sistema é então

definido a partir de uma situação em que todas estas variáveis se encontrem em estado de

equilíbrio dinâmico.

Através dos sedimentos erodidos, transportados e depositados nos rios, pode-se

avaliar o poder de trabalho dos mesmos. Estes três processos são definidos pela velocidade e

turbulência do fluxo, apresentando interdependência e ocorrendo a partir de mudança no

fluxo ou na carga.

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A velocidade e a turbulência variam tanto no perfil longitudinal quanto no

transversal do leito de um rio. De acordo com Cunha (1994), “ao longo do perfil longitudinal,

quando a velocidade é lenta e uniforme, as águas fluem em camadas, sem haver misturas

entre elas, constituindo o fluxo laminar, no qual os processos erosivos são diminutos e a

capacidade de transporte se torna reduzida, deslocando apenas partículas muito finas”. Já

para os fluxos turbulentos, com flutuação de velocidade, a capacidade de transporte atingirá

partículas maiores.

A variação na velocidade e na turbulência, ao longo do perfil transversal, define

locais preferenciais de erosão e de sedimentação. Em geral, as áreas de menor velocidade e

turbulência encontram-se na superfície da água (devido ao atrito com ar), nas paredes laterais

e no fundo do canal. Assim, as áreas de maior velocidade encontram-se no centro do leito,

logo abaixo da superfície de água. A exceção a esta regra ocorre em canais com seção

transversal assimétrica, nos quais a velocidade e turbulência decrescem da margem côncava

para a convexa.

Dois importantes parâmetros para a quantificação do trabalho de um rio são sua

competência e sua capacidade, sendo que ambos dependem da relação entre a seção do canal

e a velocidade do fluxo. A competência do rio está relacionada com o tamanho máximo do

material a ser transportado, enquanto que sua capacidade é definida pelo volume de carga

transportada. A carga por sua vez, é definida como a soma das quantidades de material em

suspensão ao longo do leito do rio.

A carga do fundo ou carga do leito do rio é formada por partículas de granulação

maior como areia e cascalho, enquanto que a carga suspensa é composta por partículas

menores, que de tão pequenas se mantêm em suspensão na água (argilas). Há ainda a carga

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dissolvida, que são substâncias resultantes do intemperismo, transportadas em forma de

solução química.

As cargas suspensa e dissolvida são transportadas com a mesma velocidade da água

que flui, permanecendo em movimento até que a velocidade decresça e atinja um limite

mínimo, a partir do qual se inicia a deposição. Por sua vez, a carga do leito move-se com

velocidade inferior à da água, já que suas partículas rolam, deslizam ou saltam ao longo do

leito do rio (figura 2.1).

Figura 2.1: Esquema representativo do transporte dos diferentes tipos de cargas detríticas

(apud Suguio e Bigarela, 1990)

A erosão das paredes e do fundo do leito pode se dar por meio de corrosão, abrasão

ou cavitação:

a) Corrosão: É o processo pelo qual ocorre uma reação química entre as rochas e

a água, acontecendo a dissolução do material.

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b) Abrasão: Também chamada de corrasão, é o processo em que ocorre o

desgaste por atrito mecânico entre as partículas transportadas e as rochas,

havendo uma tendência de redução da rugosidade do leito.

c) Cavitação: A desagregação da rocha se dá graças à variação de pressão de

paredes do canal, fato que ocorre devido às condições de velocidade elevada

da água.

A erosão do canal de um rio pode ocorrer devido à atuação de diferentes processos,

como por exemplo:

a) Erosão Regressiva da Base: Ocorre quando a base de um talude submerso é

atacada, levando à erosão e desmoronamento das margens.

b) Erosão das margens: Causada diretamente pela ação das correntes.

c) Ruptura dos Taludes sem Superfície Definida: Ocorre nas margens, em solos

siltosos e arenosos saturados, quando ocorrem condições que causem a

liquefação destes.

d) Piping: Erosão das margens devido à perda de sustentação, ocasionada por

erosão interna, a partir da percolação de água subterrânea em áreas

preferenciais.

Conforme observam Gray e Leiser (1989), “o reconhecimento e compreensão destes

processos é muito útil quando se projeta um sistema de prevenção e controle. Por outro lado,

esta classificação não é particularmente útil na determinação da causa da erosão de um

canal”. A explicação da causa está relacionada ao ajuste das características de um canal, até a

obtenção de um equilíbrio dinâmico, ocorrendo então três mecanismos principais:

a) Alargamento do Canal: Devido a aumento do fluxo ou da carga de

sedimentos.

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b) Aprofundamento do Canal: Devido a aumento do fluxo ou mudança de

declividade.

c) Mudança de Sinuosidade: Relacionado a transformações na configuração

longitudinal do canal. Ocorre perda de material nas margens acompanhada de

acréscimo de material em local adjacente.

2.2.3-EROSÃO INTERNA OU ENTUBAMENTO:

Segundo Guerra (1995), “os dutos (pipes) ou túneis são grandes canais, abertos em

subsuperfície, com diâmetros que variam de poucos centímetros até vários metros”. Gray e

Leiser (1989) relatam que o tipo de erosão comumente chamada de entubamento (piping)

consiste “na remoção de solo causada pela percolação da água subterrânea ou pelo seu

movimento através de uma face livre”.

O processo de formação dos dutos, de acordo com Guerra (1995), “está relacionado

ao próprio intemperismo, sob condições especiais geoquímicas e hidráulicas, havendo a

dissolução e carreamento de minerais, em subsuperfície... É preciso haver forte gradiente

hidráulico que proporcione o escoamento em subsuperfície e o transporte de material

dissolvido”.

Hargerty (1991) descreve que o processo se inicia no momento em que as forças

geradas pelo gradiente hidráulico superam as forças resistivas tais como: imbricamento e

atrito entre as partículas; coesão entre os grãos, provenientes de atrações físico-químicas;

cimentação e aglutinação por raízes.

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Gray e Leiser (1989) fazem consideração semelhante ao afirmar que o fenômeno

ocorre “quando as forças de percolação excedem as tensões inter-granulares ou forças de

coesão”.

Guerra (1995) e Gray e Leiser (1989) afirmam que uma vez formados os dutos, os

mesmos passam a representar zonas preferenciais para o fluxo subsuperficial, tornando-o

concentrado. Com isso, a tendência é de aumentar a intensidade do processo, segundo os

mesmos autores.

Deve-se observar que trata-se de um processo bastante complexo e de díficil

entendimento. As principais dificuldades que podem ser citadas são: a própria avaliação de

quais as variáveis envolvidas, além da mensuração das forças consideradas atuantes. Outro

fato que merece destaque é que a observação e identificação do processo no campo é muito

difícil, segundo Santos (1997) e Bacellar (2000).

2.2.4-EROSÃO PLUVIAL:

Conforme já citado, a chuva é um dos principais agentes desencadeadores de

processos erosivos, adquirindo importância ainda maior em regiões tropicais ou subtropicais

úmidas, nas quais se incluem grande parte do território brasileiro. Nestas regiões, a erosão

provocada pela ação da chuva costuma ser, de fato, a mais pronunciada. A erosão pluvial é

controlada basicamente por três fatores naturais, que são: o clima, o solo e o relevo.

Santiago (1999) cita a precipitação como fator controlador mais importante do

processo. O clima será determinante principalmente nas características da intensidade,

duração e distribuição das chuvas. Chuvas torrenciais ou pancadas de chuvas intensas

representam as formas mais agressivas de atuação deste agente.

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Outra influência deste fator, conforme já visto, é feita indiretamente, através da

vegetação. Isto porque o clima será decisivo nas características naturais da cobertura vegetal,

definindo o tipo de proteção oferecida ao terreno. Esta proteção consiste na redução do

escoamento superficial e na redução do impacto direto das gotas de chuva no solo,

diminuindo assim a capacidade das águas de removerem e transportarem partículas do solo.

A respeito deste ponto, Vilar e Prandi (1993) descrevem como principais efeitos da

vegetação a interceptação e retenção da chuva; a proteção do solo contra a atuação da gota e

seu aumento de resistência ao escoamento superficial, com conseqüente deposição das

partículas por interceptação ou redução de velocidade; e a retenção e aglutinação do solo pela

ação das raízes. Guerra (1995) e Santiago (1999) corroboram com tais considerações,

acrescentando ainda o papel da vegetação na formação do húmus, que afeta a estabilidade e o

teor de agregados.

É importante, porém, atentar para o fato de que muitas vezes as características

naturais da vegetação não se encontram preservadas, devido à atuação humana. Nestes casos,

o fator vegetação não mais estará relacionado ao clima, mais continuará, obviamente,

representando grande influência no processo.

O solo é determinante nos processos erosivos devido à maior ou menor facilidade

que apresentem de serem erodidos, conforme explicado anteriormente. Esta susceptibilidade

à erosão, chamada de erodibilidade, depende de características do solo, tais como textura,

composição, estrutura, porosidade, etc.

Uma importante observação é feita por DAEE-SP (1990), ao relatar que “o tipo de

solo tende a representar os fatores extrínsecos da erosão: clima, topografia e cobertura

vegetal”. O mesmo exemplifica que “os solos do tipo podzólico são, em geral, mais

susceptíveis à erosão que os do tipo latossólico. Além dos podzólicos ocorrerem geralmente

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em topografia mais movimentada que os latossolos, apresentam logo abaixo do horizonte

superficial um horizonte ou camada com maior concentração de argila, o que representa uma

certa barreira à infiltração das águas. Como conseqüência, o fluxo de água, logo abaixo da

superfície, paralelo à encosta, tende a propiciar uma maior erosão neste tipo de solo”.

A topografia é importante no que diz respeito à declividade e comprimento da

encosta, sendo um fator determinante na velocidade dos processos erosivos. Isto porque

relevos mais acidentados, com declividades mais acentuadas, favorecem a concentração e

aumento de velocidade do escoamento superficial, aumentando sua capacidade erosiva. Vilar

e Prandi (1993) citam ainda que “a erosão varia com a forma da encosta, sendo mais

pronunciada em encostas convexas, do que em encostas côncavas”.

Em DAEE-SP (1990) é descrito que “a declividade tem tanta importância quanto

maior for o trecho percorrido pela água, ou seja, quanto maior for o comprimento da

encosta”.

Já Gray e Leiser (1989) descrevem que “a influência ou importância do

comprimento tende a aumentar à medida que a declividade se torne mais íngreme”. Os

mesmos autores exemplificam que “dobrando o comprimento de uma encosta de 30m para

60m o aumento da perda de solo será de apenas 29% se a declividade for de 6%, enquanto o

mesmo aumento de comprimento, para uma declividade de 20%, resultará em um aumento de

perda de solo de 49%”.

É razoável então concluir que, na verdade, a importância dos dois fatores será

interdependente, com a influência da topografia sendo tomada pela ponderação de ambos.

Este é um dos motivos para a adoção de bancadas ou terraços como forma de controle do

processo.

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Guerra (1995) considera que “o ciclo hidrológico é o ponto de partida do processo

erosivo”. Resumidamente pode-se descrever que, ao ocorrer um evento chuvoso, parte da

água chega até o solo e parte não. A porção que chega à superfície pode então ser

armazenada em pequenas depressões ou se infiltrar no terreno.

Ocorre que os solos possuem limites máximos de absorção, ou seja, possuem

capacidades de infiltração. Uma vez que a capacidade de água que chega ao solo exceda sua

capacidade de infiltração haverá runoff.

Guerra (1995) explica, porém, que “como mecanismo gerador de runoff, esta

comparação entre intensidade de chuva e capacidade de infiltração nem sempre se aplica”.

Isto porque nem sempre o runoff será gerado apenas depois de excedida a capacidade de

infiltração. O autor segue explicando que, em certos casos, o fator controlador não será

aquela capacidade, e sim “um teor limitante de umidade dos solos, que resulta do

encharcamento dos mesmos”, relacionado à capacidade de armazenamento por capilaridade.

A partir do momento em que começa a se acumular na superfície, a água fica retida

em pequenas depressões, até que esta capacidade de armazenamento seja saturada, se

iniciando então o runoff.

O impacto direto das gotas de chuva sobre o solo desprotegido, desencadeia a forma

de erosão conhecida como “splash” ou salpicamento. Este processo pode proporcionar o

destacamento e transporte de grande quantidade de solo.

Através do impacto das gotas de chuva, o solo tem suas partículas desagregadas,

libertando partículas menores e mais soltas, mais facilmente transportadas pelo escoamento

superficial. Guerra (1995) descreve que a formação da crosta diminui a ação erosiva do

impacto das gotas de chuva, uma vez que a superfície se torna mais resistente. Por outro lado,

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com a superfície selada, a infiltração da água diminui consideravelmente, aumentando,

consequentemente, o runoff.

O impacto da chuva sobre o terreno desprotegido também é muito importante

porque as partículas finas liberadas no processo preenchem os poros do solo e formam uma

crosta, deixando-o selado.

Diversos parâmetros são utilizados para investigar a erosividade da chuva, podendo-

se citar como exemplos o total de chuva, sua intensidade e energia cinética. Baseados nas

relações entre a energia cinética da chuva e sua intensidade, Wischmeier e Smith (1958)

propuseram a seguinte equação:

E.C.=11,87+8,73log10i (Equação 2.1),

onde:

E.C.: energia cinética da chuva (joules/m2/mm)

i: intensidade da chuva (mm/h)

Ellison (1948) estimou que até 25 kg/m2 podem ser lançadas no ar durante uma

tempestade. Gray e Leiser (1989) dizem que “partículas lançadas podem se mover mais de

60cm verticalmente e 1,5m lateralmente”.

À medida que caem no terreno, as gotas de chuva rapidamente se juntam, formando

filetes de água. Estes, ao escoarem encosta abaixo, podem fazê-lo como um lençol de água,

lavando a superfície como um todo, ou podem se juntar cada vez mais, chegando até mesmo

a formar enxurradas, com elevada capacidade de erodir e transportar partículas do solo. A

erosão provocada pelo primeiro tipo de escoamento é conhecida como laminar, uma vez que

a água escorre como uma lâmina, lavando o terreno por inteiro, sem formar canais definidos.

Já no segundo caso, como ocorre a concentração da água, a erosão provocada é conhecida

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como erosão por escoamento concentrado, a qual forma sulcos que podem evoluir para

ravinas e até voçorocas (Figura 2.2 e Foto 2.3).

Figura 2.2: Representação esquemática de erosão laminar e por escoamento concentrado,

formando sulcos na superfície (apud DAAE 1990)

Foto 2.3: Exemplo de erosão superficial (apud Marçal 1998)

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As gotas de chuva costumam ter velocidades de 600 a 900 cm/s, enquanto que as

velocidades do fluxo superficial são de 30 a 60 cm/s, o que faz com que a erosão por

salpicamento pareça ser mais importante que a laminar, do ponto de vista da energia do

processo. Gray e Leiser (1989) descrevem que “o poder de erosão e transporte de um

escoamento laminar para determinado tamanho, forma e densidade das partículas de solo ou

agregados são funções da profundidade e velocidade do runoff ”.

Conforme citado anteriormente, o escoamento superficial, quando concentrado, pode

levar à formação de ravinas e voçorocas. Nestas situações, o fluxo superficial deixa de ser

laminar, concentrando-se em filetes líquidos, que através da velocidade da água provocam

erosão no terreno.

Rego (1978) considera que as ravinas ocorrem a partir da concentração de fluxos

d’água em determinados pontos, formando canaletas bem definidas.

A erosão por ravinamento é, então, aquela que atua no terreno devido à ação da água

escoando em canais pequenos, bem definidos, nos quais o fluxo superficial se concentra. Esta

forma de erosão é mais preocupante que a laminar, uma vez que as velocidades de

escoamento nas ravinas ou canais são mais elevadas. Schawb et al (1966) diz que o

ravinamento é, dentre as formas de erosão pluvial, aquela nas quais ocorrem as maiores

perdas, afirmação corroborada por Morgan (1986), que considera que é dentro das ravinas

que se dá o transporte da maior parte dos sedimentos erodidos em uma encosta.

A erosão por ravinamento é ainda mais grave quando em locais com características

de escoamento superficial elevado e camada superior de solo rasa e fofa. As ravinas se

caracterizam por serem pequenas porém facilmente visualizáveis e com relativa estabilidade.

Neste aspecto, Gray e Leiser (1989) consideram que “são suficientemente largas e estáveis

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para serem prontamente vistas, mas pequenas o bastante para serem facilmente removidas por

operações normais de aragem e nivelamento do terreno”.

Uma feição ainda mais flagrante da ocorrência de processo erosivo é a voçoroca

(Foto 2.4). As voçorocas são constituídas geralmente por canais maiores que as ravinas,

profundos, com paredes íngremes e fundo chato. Estes canais se caracterizam por

apresentarem fluxo de água durante e imediatamente após eventos chuvosos.

Rego (1978) considera que as voçorocas são um estágio avançado da erosão por

ravinamento. Vilar e Prandi (1993) , de forma semelhante, descrevem que “voçorocas são

ravinas de grandes dimensões, normalmente provocadas por grande concentração de fluxo”.

Bacellar (2000), entretanto, ressalta que as ravinas não necessariamente evoluem para

voçorocas, sendo comum sua estabilização devido às condições locais, que impeçam seu

aprofundamento até o lençol freático.

Alguns autores, como Guidicini e Nieble (1984) e Vilar e Prandi (1993) descrevem

o processo de formação das voçorocas como sendo o avanço das ravinas, após atingirem o

lençol freático.

De acordo com Bigarella e Mazuchovski (1985) “a voçoroca é nitidamente um

fenômeno hídrico, envolvendo tanto a ação das águas superficiais como também das

subterrâneas, iniciando-se com a concentração de água na superfície da vertente”.

Guerra (1995) relata que as voçorocas estão associadas a problemas de erosão

acelerada, e portanto, com a instabilidade da paisagem. O mesmo autor descreve ainda que as

voçorocas podem ter origens variadas, e estão ligadas a um desequilíbrio entre a quantidade

de água que escoa na superfície da encosta, o tipo de escorregamento, a forma da encosta e a

erodibilidade do material, podendo acontecer de se aprofundarem tanto que cheguem a atingir

o lençol freático.

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Em DAEE-SP (1990), por sua vez, considera-se que “a voçoroca pode ser formada

seja através de uma passagem gradual da erosão laminar para a erosão em sulcos e ravinas

cada vez mais profundas , ou então, diretamente, a partir de um ponto de elevada

concentração de água sem a devida dissipação de energia”.

Guerra (1995) refere que “existem várias classificações espalhadas pelo mundo,

sobre os limites, quanto à profundidade e largura, entre as ravinas e as voçorocas.” Cita ainda

Goudie (1985), que propõe que as ravinas podem ser obliteradas pelas máquinas agrícolas,

enquanto as voçorocas não.

Foto 2.4: Exemplo de voçoroca em solo residual de migmatito, na rodovia Rio-Teresópolis.

De acordo com Gray e Leiser (1989) “a dinâmica da formação de voçorocas é

complexa e não entendida completamente”.

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Quando as voçorocas ainda estão ativas, continuam a crescer ou se alargar, e podem

ser reconhecidas pelo fato de que o solo das margens não apresenta vegetação, a qual começa

a se desenvolver nos canais durante a cicatrização.

Quando se verificar vegetação bem desenvolvida e estabelecida, protegendo o solo

contra o risco de nova erosão; as laterais da voçoroca se encontrarem estáveis e houver

gradiente em equilíbrio no canal, considera-se que o estágio de estabilização da voçoroca foi

atingido.

O aprofundamento de ravinas levando até o surgimento de voçorocas parece estar

associado a alguns fatores naturais condicionantes, relativos ao tipo de solo, ao tipo de relevo

e, indiretamente, ao substrato rochoso.

Quanto ao tipo de solo, observa-se como condições favoráveis a textura arenosa e

média, a estrutura prismática (por facilitar a concentração das águas) e a ocorrência de

camadas razoavelmente espessas abrigando em si o lençol freático.

Quanto ao relevo, aqueles mais declivosos e/ou com menores interflúvios são os que

apresentam maior incidência de voçorocas.

Já o substrato rochoso tem influência indireta na formação de voçorocas, relacionada

com as coberturas pedológicas que dele se originam, não se observando, porém, atuação

direta.

Uma análise sobre a influência da ação antrópica na formação de voçorocas é

complexa, uma vez que estes fenômenos são condicionados por formas de ocupação do solo

diversificadas e pontuais, por vezes anteriores à forma verificada atualmente.

Apesar da aparência mais espetacular, as voçorocas podem não ser tão significativas

quanto as ravinas, em termos de quantidade de solo erodido. São, entretanto, mais difíceis de

serem controladas e impedidas. Gray e Leiser (1989) consideram que “um controle efetivo de

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voçorocas deve estabilizar tanto o gradiente no canal quanto a cabeceira. O entalhamento da

base da voçoroca leva ao aprofundamento e alargamento, enquanto que o entalhamento da

cabeceira extende o canal para dentro de áreas de nascentes não voçorocadas e aumenta a

rede de fluxo e sua densidade, através do desenvolvimento de tributários”.

2.3- PREVISÃO DE PERDA DE SOLOS:

Uma previsão da quantidade de solo perdido através da erosão pluvial em uma

determinada área é sempre muito importante para que se possa avaliar a gravidade da

situação enfrentada e suas possíveis conseqüências.

Com a finalidade de fazer esta previsão de perda de solos, diversas equações

empíricas foram desenvolvidas ao longo de décadas de estudos, até se chegar a um modelo

final considerado mais adequado e satisfatório em função de sua aplicabilidade e dos

resultados obtidos. Desta forma, a equação desenvolvida por Wischmeier e Smith (1960) é

hoje mundialmente consagrada e conhecida como a Equação Universal da Perda de Solos

(Universal Soil Loss Equation, ou USLE).

Tal equação leva em conta todos os fatores que se tem conhecimento de que

influenciam na erosão pluvial, os quais são: o clima, o solo, a vegetação e a topografia. Trata-

se de uma equação baseada em análises estatísticas de medições de erosão, sendo estas

medições feitas em campo, para eventos chuvosos naturais ou simulados. A equação final é

expressa pela fórmula:

X=RKSLCP (Equação 2.2),

onde:

X : Perda de solo computada por unidade de área;

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R : Índice relativo à erosividade da chuva;

K : Índice relativo à erodibilidade do solo;

L : Índice relativo ao comprimento da encosta;

S : Índice relativo à declividade do terreno;

C : Índice relativo ao uso e manejo (vegetação) do solo;

P : Índice relativo à prática de controle de erosão adotada

Apesar de representar um método simples e objetivo de estimativa de perdas de solo,

esta equação apresenta certas limitações que devem ser respeitadas antes de se pensar em

aplicá-la indiscriminadamente. Marçal (1998) ressalta, por exemplo, que diversos autores

contestam a precisão dos resultados obtidos pelo modelo, quando aplicado em condições

diferentes daquelas nas quais foi desenvolvido.

2.3.1-FATOR CHUVA (R) :

A chuva é, dentre os fatores controladores da erosão, um dos mais significativos,

tendo importante influência nas taxas de infiltração e, consequentemente, no escoamento

superficial.

O índice de erosividade de uma chuva é função da energia da mesma, vezes a

intensidade máxima em trinta minutos, sendo então dada por:

R=100EI

(Equação 2.3),

onde:

E : Energia cinética total para um dado evento chuvoso;

I : Chuva máxima em trinta minutos

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Gray e Leiser (1989) explicam ainda que “os registros de tempestades individuais

são somados ao longo de um determinado intervalo e tempo para obter valores acumulados

de “R” para outros períodos de tempo (por exemplo, um mês ou um ano)”.

2.3.2-FATOR ERODIBILIDADE (K) :

Conforme já definido, a erodibilidade é a resistência dos solos à erosão, ou seja, a

terem suas partículas destacadas e transportadas, sendo esta resistência uma função das

características próprias do material, tais como textura, teor de matéria orgânica, etc.

A obtenção deste fator pode ser feita através de um monógrafo desenvolvido por

Wischmeier et al (1971), o qual requer apenas cinco parâmetros do solo: porcentagem de silte

e areia muito fina, porcentagem de areia, porcentagem de matéria orgânica, estrutura e

permeabilidade. Até mesmo o uso apenas dos três primeiros parâmetros já costuma ser

suficiente para a obtenção de uma boa aproximação.

Morgan (1986) diz que “onde os valores de K foram determinados a partir de

medições de erosão no campo, eles são válidos. Dificuldades surgem, entretanto, com

tentativas de predizer os valores a partir do normógrafo”.

Observa-se portanto que a determinação da erodibilidade de um solo com o uso deste

normógrafo é bastante restrita, sendo pouco confiável para solos de características diferentes

daqueles utilizados na sua elaboração, além de levar em consideração poucas variáveis. Por

estes motivos, o estudo das propriedades do solo que possam influenciar nos processos

erosivos e a avaliação desta influência são importantes contribuições para a tentativa de um

melhor conhecimento e tratamento do fenômeno.

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2.3.3-FATORES COMPRIMENTO E DECLIVIDADE (L,S) :

Apesar de terem sido estudados separadamente, estes dois fatores costumam ser

considerados em conjunto, em um “fator topográfico LS”, o que é justificado pelo fato de

que, como já visto, ambos tem importância interdependente. A obtenção deste “fator

topográfico” é feita por meio de uma equação empírica.

2.3.4-FATOR DE USO E MANEJO DO SOLO (C) :

Este fator procura descrever os efeitos protetores da vegetação contra a erosão. O

fator “C” é tabelado, buscando atender as diversas possibilidades, como por exemplo solos

desprotegidos, pastagens, florestas, etc

2.3.5-FATOR RELATIVO À PRÁTICA DE CONTROLE (P) :

O fator “P” é um parâmetro que representa a redução nas perdas de solo conseguida

através da adoção de medidas de controle de erosão, tais como aragem, terraceamento e

estabilização de cursos d’água. Os valores de “P” para as práticas de controle mais usuais

também podem ser encontrados em tabelas.

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CAPÍTULO 3

ASPECTOS GERAIS DA ÁREA ESTUDADA

3.1-LOCALIZAÇÃO:

Representantes de depósitos do Grupo Barreiras na região do recôncavo da Baía de

Guanabara foram considerados e descritos por Meis e Amador (1972 e 1977) como

pertencentes à “Formação Macacu”, ocorrendo em territórios dos municípios de Duque de

Caxias, Rio de Janeiro, Magé, Itaboraí, Cachoeiras de Macacu e São Gonçalo.

Para a realização deste trabalho optou-se por se concentrar nas ocorrências em

Itaboraí. A partir das visitas iniciais àquela região optou-se então por um perfil localizado no

distrito de Itambi, o qual faz parte do município de Itaboraí (figura 3.1).

3.2- ASPECTOS GEOLÓGICOS / GEOMORFOLÓGICOS:

O município de Itaboraí é geologicamente representado por unidades sedimentares,

correlacionadas às Formações Macacu, Caceribu e coberturas aluvionares mais recentes, de

onde emergem unidades cristalinas gnáissicas e migmatíticas pertencentes ao pré-cambriano

(figura 3.2). No distrito de Itambi, local de coleta das amostras, ocorrem depósitos

sedimentares pertencentes à Formação Macacu. As formações cristalinas ocorrem em relevos

mais acidentados, com altitudes da ordem de 140m, enquanto as unidades pertencentes à

formação Macacu (do terciário) se apresentam sob a forma de tabuleiros (figura 3.3). As

baixadas são cobertas em grande parte por sedimentos quaternários.

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3.3-CLIMA:

A região de Itaboraí apresenta clima tropical subquente úmido. Este clima se

caracteriza por não haver freqüência muito grande de temperaturas elevadas no verão e um

predomínio de temperaturas amenas no inverno. Ainda dentro desta classificação, no que diz

respeito à seca, verifica-se apenas de 1 a 2 meses secos na região ao longo do ano.

Na região, a temperatura média anual varia de 240 na baixada a 200 nas serras.

Quanto à pluviosidade, na região de Itaboraí verifica-se, ao longo do ano, uma pluviosidade

superior a 2000mm nas encostas e variando entre 1200mm a 2000mm na baixada.

3.4-SOLOS:

A partir de processos pedológicos, desenvolveram-se na região diversos tipos de

solo, sendo os principais: Latossolos Vermelho-Amarelo, Solos Podzólicos Vemelho-

Amarelo, Solos Hidromórficos, Solos Halomórficos e Areias Quartzosas Marinhas. Destes, o

mais importante para o presente trabalho é o latossolo vermelho-amarelo, por ser o tipo

relacionado à Formação Macacu.

Os Latossolos Vermelho-Amarelo são solos minerais com seqüencia de horizontes

A, B e C. Estes solos apresentam textura argilosa, são profundos, bem drenados, bastante

porosos e têm fraca diferenciação entre os horizontes. O horizonte B é profundo, poroso, de

consistência macia a dura quando seco, friável quando úmido e ligeiramente plástico e

pegajoso à medida que o material é amassado e homogeneizado. Sua estrutura é do tipo

granular fracamente desenvolvida, com aparência maciça, porosa e pouco coerente.

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Figura 3.1: Mapa de localização da região da bacia da Guanabara (modificado de Amador, 1996)

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Figura 3.2: Mapa geológico da região da bacia da Guanabara (fonte: CPRM, 2000)

ITAMBIITABORAÍ

0 20 Km

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Figura 3.3: Mapa geomorfológico da região da bacia da Guanabara (fonte: CPRM, 2000)

ITAMBIITABORAÍ

0 20 Km

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38

3.5- A FORMAÇÃO MACACU:

A Formação Macacu, da qual foram coletadas as amostras dos solos estudados neste

trabalho, foi descrita por Meis e Amador (1972 e 1977) e Amador (1980) e corresponde a

depósitos representantes do Grupo Barreiras na região da Baía de Guanabara. Sua ocorrência

na região é bastante significativa, com uma abrangência que inclui os municípios de Itaboraí,

Cachoeiras de Macacu, Duque de Caixias, São Gonçalo e Rio de Janeiro. A seção tipo

indicada por Meis e Amador (1977) se situa no km-29 da BR-180, em Magé, local onde

aqueles autores consideram haver as melhores exposições da formação.

Apesar de conhecida há muito tempo, seu estudo e mapeamento como unidade

litoestratigráfica é relativamente recente, a partir de Amador e Meis (1972) e Meis e Amador

(1977).

Amador (1996) descreve a formação como “uma sucessão de lentes e camadas

pouco espessas de sedimentos arenosos, areno-argilosos, argilo-arenosos e argilo-sílticos,

pouco consolidados e afossilíferos”.

As observações de campo indicam um predomínio de cores variegadas (amarelada,

avermelhada e arroxeada), com freqüente mosqueamento por óxido de ferro, aspecto este

condizente com a descrição de Amador (1996), segundo a qual “muito provavelmente as

cores oxidantes não sejam primárias, e sim produzidas por alteração pós-deposicional”.

Os depósitos observados apresentam, também, espessura bastante expressiva.

Segundo Amador (1996), “os depósitos da formação ocorrem em níveis de tabuleiros, com

altitudes que oscilam entre 15m e 40m... Normalmente os padrões de drenagem da Formação

Macacu são retilíneos, com canais alongados e poucos tributários”.

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Ainda em sua descrição da formação, Amador (1996) diz que “os litossomas que

compõem a Formação Macacu dispõem-se predominantemente sob a forma de camadas e

lentes. As camadas, normalmente tabulares, correspondem, via de regra, à parte basal da

seqüência, enquanto as lentes e/ou camadas irregulares ocorrem no topo”. Um perfil no qual

podem ser observados alguns aspectos descritos é mostrado nas fotos 3.1 e 3.2, podendo ser

identificadas as camadas arroxeada, esbranquiçada e laterítica amarelada.

Foto 3.1: Exemplo de perfil representativo da formação Macacu

Foto 3.2: Exemplo de perfil representativo da formação Macacu

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Diversos estudos realizados em diferentes localidades, como nas Bacias de Resende

(Amador, 1975 e 1980) e do Espírito Santo (Amador, 1978) indicaram a ocorrência de

discordâncias internas no pacote sedimentar, as quais delimitam fases de sedimentação

distintas. Em termos morfológicos, os depósitos da fase de sedimentação mais antiga e os da

fase mais jovem se diferenciam porque os primeiros apresentam-se dispostos em camadas

tabulares, enquanto os últimos ocorrem em lentes ou camadas irregulares.

É importante também citar que os depósitos da Formação Macacu se encontram em

discordância sobre o embasamento cristalino ou depósitos das camadas Pré-Macacu.

Os sedimentos da formação apresentam baixa seleção, atribuída à pouca

competência do agente de deposição, em termos de produzir selecionamento, e às distorções

provocadas nos sedimentos por alteração pós-deposicional. Quanto às características

mineralógicas dos depósitos, Amador (1996) descreve que “são constituídas

predominantemente por quartzo, seguido pelos cristais opacos e semi-alterados de feldspato

e, secundariamente, pelas palhetas de micas muscovitas. Os minerais pesados, que ocorrem

em pequenos percentuais, são constituídos, quase que exclusivamente pelo grupo dos ultra-

estáveis, ocorrendo zircão, turmalina e ilmenita”.

Ainda segundo Amador (1996), “submetidas à difração por raio-x e Análise Térmica

Diferencial (D.T.A.), as argilas da Formação Macacu mostraram o predomínio de minerais

do grupo caulinita, podendo ocorrer eventualmente minerais do grupo montmorillonita”.

A análise detalhada de um perfil deve ser feita tendo-se em mente que ele é um

produto de alteração de seu substrato, sendo, portanto, o resultado do intemperismo atuante

sobre o mesmo. Através do processo de intemperização da rocha-mãe, os seus elementos

químicos sofrem sucessivos “rearranjos”, o que justifica possíveis diferenças nas

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características químicas e mineralógicas ao longo do perfil, diferenças estas determinantes na

definição dos diferentes horizontes.

Freqüentemente podem ser encontradas ferrificações (concreções limoníticas) ,

como produto da diagênese. Também se verificam, embora mais eventuais, concreções

silicosas, normalmente desenvolvidas a partir de areias arcoseanas.

A partir dos aspectos estruturais e litológicos da Formação Macacu, Amador e Meis

(1972) e Meis e Amador (1972, 1974 e 1977) a interpretaram como tendo sido formada por

processo de deposição fluvial torrencial, provavelmente de tipo anastomosante (leito com

inúmeras canalizações inter-barras e inter-ilhas, com planície de inundação bem definida), em

condição climática mais seca que a atual. Fácies sedimentares relacionadas a processos de

encosta são mais comuns na periferia da bacia.

Na Ilha do Governador, Itaboraí, Porto das Caixas e em Magé, os afloramentos

apresentam como destaque depósitos relacionados a processo fluvial, em ambiente de

“bajada” (acúmulo de sedimentos originados do aplainamento de uma zona de lençol de

detritos formada pela ação dos rios), no qual a energia é média, com as estruturas

sedimentares estando bem desenvolvidas.

Já em Itambi, local do perfil em estudo, ocorre o ambiente de “playa” (depressão,

lago ou mesmo pântano que algumas vezes aparecem na “bajada”), no qual se verificam

afloramentos da fácies mais fina, de baixa energia e característica de centro de bacia. Muito

finos e plásticos, os sedimentos deste ambiente são explorados para serem utilizados como

matéria-prima da indústria de cerâmicas e olarias, atividade esta já tradicional na região.

Segundo Amador (1996), sondagens realizadas para fins hidrogeológicos indicaram

que a espessura da formação é de cerca de 100m, sendo provável que, no início da

sedimentação, a posição do nível do mar estivesse abaixo da atual, entre 60m e 100m.

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Através do critério geomorfológico de correspondência de depósitos com superfícies

de erosão, definiu-se que a idade dos sedimentos da Formação Macacu estaria entre o

Pleistoceno Inferior e Médio.

Amador (1996) relata ainda que “a reconstituição da direção de transporte do

paleosistema fluvial da Formação Macacu, bem como a inexistência de sedimentos desta

unidade, na Baía de Guanabara, a juzante da Ilha do Governador e a existência de um

compartimento estrutural que produziu a elevação relativa de um bloco falhado do

embasamento na área ocupada pelas ilhas do Governador e de Paquetá, indicam que durante a

deposição da formação, os sedimentos eram dirigidos para a Baía de Sepetiba, utilizando a

depressão atualmente ocupada pela Bacia do Rio Guandu. Como remanescentes dispersos

desta unidade ocorrem manchas dispersas da formação, na Ilha Santa Cruz, que

corresponderiam provavelmente a depressões da paleotopografia.

Os depósitos continentais cenozóicos da Bacia da Guanabara, que inicialmente se

dirigiam para a Bacia de Campos, com a criação de um auto-estrutural na região de Rio

Bonito, provocada pela falha de Rio Bonito, provavelmente no Terciário Inferior/Médio,

passaram a dirigir-se para a Baía de Sepetiba, mantendo esta direção de transporte até o

término da deposição da Formação Macacu”.

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43

CAPÍTULO 4

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA ERODIBILIDADE

Ao longo dos anos, diversas propostas para avaliação do potencial erosivo dos solos

foram apresentadas. Algumas destas propostas buscam uma previsão da erosão

(principalmente em taludes) através de ensaios quantitativos, como por exemplo os ensaios

de desagregação, Interbitzen e pinhole. Em outros casos, a avaliação da susceptibilidade é

feita através de correlação com características do solo, como por exemplo sua granulometria,

sucção, gênese, capacidade de sorção, etc

Desta forma, faz-se a seguir uma breve descrição dos principais métodos utilizados:

4.1- AVALIAÇÕES INDIRETAS: PROPOSTAS DE CORRELAÇÕES ENTRE

ERODIBILIDADE E PROPRIEDADES DOS SOLOS

Muitas vezes, a avaliação do potencial de erosão de um solo é feita não de forma

direta, mas sim por meio de medidas indiretas que possam representá-la. Assim, tem sido

comum a apresentação de propostas buscando relacionar a erodibilidade dos solos com suas

características físicas, químicas e mineralógicas.

A granulometria é uma das propriedades utilizadas com tal propósito. Estudos

realizados por Santos (1953) e Santos e Castro (1966) levaram à proposta do seguinte critério

de avaliação:

Solos de comportamento regular ou bom:

49% � % que passa # 40 � 96% ;

ou ainda:

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44

0,52< a <0,92 ; onde

a=n

Y

100∑ (Equação 4.1)

Y= porcentagem de grãos que passam nas peneiras 7, 14, 25, 50, 100, 200 (ou

correspondentes)

n= número de peneiras (seis)

Outra proposta, desenvolvida por Volk (1937) (apud Sherard et al, 1976b)

correlaciona a erodibilidade dos solos com sua tendência de se dispersar naturalmente.

Obtém-se as curvas granulométricas do solo com e sem defloculante. Define-se então, a

porcentagem de dispersão, dada por:

Porcentagem de dispersão=edispersantcommquemenorespartículasdeedispersantsemmquemenorespartículasde

5 % 5 %

µµ

(equação 4.2)

Para este parâmetro, a proposta de avaliação de erodibilidade é:

20%< Porcentagem de dispersão <25% : Erodibilidade média

25% < Porcentagem de dispersão <50%: Erodibilidade alta

50% < Porcentagem de dispersão : Erodibilidade muito alta

Santos e Castro (1966) também estudaram possíveis correlações entre a

erodibilidade e diversas outras propriedades dos solos, analisando: peso específico, limites de

Atterberg, compactação, CBR, expansibilidade, curvas de sucção, limite de absorção,

análises químicas e análises mineralógicas. Dentre as propriedades avaliadas, duas das que os

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45

autores consideraram mais significativas foram o limite de plasticidade e o índice de

plasticidade. Para estes, os autores definiram:

Solos de comportamento bom a regular:

LP � 32

IP � 17

Destaca-se que as equações acima se encontram discordantes do esperado, que seria

melhor comportamento para solos mais plásticos. Rego (1978) realizou ensaios cujos

resultados corroboram com tal expectativa, observando que para os solos por ele estudados os

critérios baseados nos limites de consistência não se mostraram adequados, com os solos de

bom comportamento costumando ter IP maior que os de mau comportamento, contrariando a

verificação de Santos e Castro (1966), que sugeria que quanto menor o IP melhor seria o

comportamento do solo.

O ensaio de expansibilidade “LNEC” caracteriza a variação de volume induzida em

uma amostra de solo, quando este absorve água por capilaridade, por meio de uma pedra

porosa.

A partir da realização deste ensaio em diversas amostras, Santos e Castro (1966)

consideraram tratar-se de uma propriedade bastante correlacionada com o potencial de

erosão, propondo o seguinte critério:

Solos de comportamento regular ou bom:

E � 11%

E= 1000

xhh∆

(Equação 4.3)

Äh: variação de altura e

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46

h0: altura inicial

4.2-SUCÇÃO ASSOCIADA À ERODIBILIDADE:

Diversos estudos já foram feitos visando quantificar e qualificar a erosão de solos,

nos quais foram considerados as mais diversos parâmetros e variáveis.

Uma das linhas de pesquisa considera a influência da gênese do solo e da sucção

(interação entre a água e a matriz do solo) sobre a erosão. Neste sentido, importantes

trabalhos já foram desenvolvidas por Vertamatti e Barancoski (1987), Vertamatti e Araújo

(1990), Araújo (1994) e Vertamatti e Araújo (1998). Este último trabalho apresenta a

elaboração de um ábaco de erodibilidade, a partir da atribuição aos solos de um Grau de

Erosão Associado (GEA). O GEA varia de zero (solos não erodidos) a três (solos muito

erodidos), de acordo com as condições verificadas em campo para cada amostra.

Para desenvolvimento do estudo, os autores fizeram uso de, basicamente, duas

metodologias: MCT e sucção.

Através do uso da metodologia MCT, originalmente proposta por Nogami e Villibor

(1981) e posteriormente modificada por Vertamatti (1988), os autores realizaram diversas

análises e correlações, e chegaram a conclusão de que o parâmetro mais ligado à erosão seria

e', o qual representa a gênese do solo.

A etapa de ensaios de sucção foi realizada em 40 amostras, com as quais os autores

obtiveram as respectivas curvas de sucção. Observou-se que os desenvolvimentos das curvas

de sucção de solos lateríticos e não-lateríticos eram diferentes.

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47

A partir das curvas encontradas foi obtido o parâmetro è, definido pelos autores

como “a inclinação da curva de sucção no seu trecho mais crítico - de zero a 10kPa, onde

ocorre elevada extração de água para pequenas variações de tensão de sucção”.

Após diversas tentativas de correlacionar as variáveis que, supostamente, poderiam

ter influência na erosão, os autores concluiram que as que melhor explicavam os processos

erosivos eram tgè e e'.

O passo seguinte no desenvolvimento do ábaco foi plotagem em um gráfico, para

cada solo, dos pares ordenados(100 tgè, 100 e').

A partir da distribuição, no gráfico, dos solos mais erodíveis até os não-erodidos, os

autores desenvolveram uma análise do percentual de ocorrência de cada tipo. Diversas

tentativas foram feitas até chegarem às posições consideradas mais adequadas para cada zona

de erodibilidade, de modo que, ao final, foram definidas três áreas A, B e C, as quais

englobavam, respectivamente, solos com GEA igual a 0 ou 1, 1 ou 2 e 2 ou 3 (figura 4.1).

Figura 4.1 : Ábaco de erodibilidade baseado no GEA (apud Vertamatti e Araujo 1998)

SOLOS MEDIANAMENTE ERODÍVEIS

SOLOS MUITO ERODÍVEIS

SOLOS POUCO ERODÍVEIS

FAIXAS DEERODIBILIDADE

400 40 80 120 160 200 240 280

60

80

100

120

140

160

180

200

I

III

II

100e

100 tg

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48

4.3-ENSAIO DE DESAGREGAÇÃO:

Neste tipo de ensaio, a avaliação da erodibilidade de um solo é feita a partir da

observação do seu comportamento quando em contato com a água. Conforme descreve

Fonseca (1981), “é executado com objetivo de se observar o comportamento relativo de

amostras de solo sob influência da água”.

A metodologia deste ensaio consiste em colocar amostras indeformadas do solo em

estudo sob submersão.

Rego (1978) e Fonseca e Ferreira (1981) sugerem a utilização de amostras

(indeformadas) cúbicas com 6cm de lado, moldadas (por “talhamento”) na umidade natural,

parcialmente submersas, com nível da água a 1/3 da altura das amostras, ou seja, 2cm.

Estudos realizados em áreas testes do Instituto de Pesquisas Rodoviárias verificaram

que a velocidade de desagregação era proporcional à erodibilidade dos horizontes de um

perfil de solo residual de gnaisse (Fonseca 1981).

As amostras de saprolito, horizonte que no campo se apresentava mais erodível,

levaram de 5 a 40 minutos para se desagregarem. As amostras do horizonte de transição entre

o solo residual maduro e o saprolito, que apresentava em campo resistência regular à erosão,

se desagregaram em cerca de 12 horas. Por fim, os solos residual maduro e colúvio, que

apresentavam bom comportamento em campo, não se desagregaram (Ferreira, 1981 e Rego,

1978).

Outras metodologias foram apresentadas por Santos( 1997). Nestas propostas, as

amostras continuam sendo cúbicas, com 6cm de lado, porém, as condições de submersão e o

tempo dos ensaios são outros.

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Na primeira delas, conforme descreve o autor, “as amostras foram submetidas à

imersão total desde o início do ensaio prosseguindo sob esta condição até o final do ensaio,

24 horas depois”.

Na segunda sugestão de Santos(1997) “as amostras foram colocadas primeiramente

sobre uma pedra porosa com nível d'água sendo mantido na altura da base da amostra por um

período de 30 minutos. A seguir, a altura d'água era aumentada sucessivamente para 1/3, 2/3,

até a submersão total das amostras, mantendo-se entre cada uma destas fases um intervalo de

15 minutos. Após a submersão total, o ensaio prosseguia até o período de 24 horas.”

Neste ponto do ensaio os solos apresentavam comportamentos semelhantes aos

verificados pela metodologia anterior, indicando que, pelo menos para os solos estudados por

este autor, a adoção das diferentes metodologias não implicou na alteração dos resultados

obtidos.

O autor conclui que os ensaios apresentam boa correlação com as observações de

campo, com as amostras que mais se desagregaram tendo sido as que se mostravam mais

erodíveis em campo, enquanto as que não apresentaram reação no ensaio correspondiam aos

solos pouco erodíveis.

De uma forma geral, todos os autores concluem que o ensaio de desagregação é um

bom indicativo para previsão do comportamento dos solos.

4.4- ENSAIO DE INTERBITZEN:

Trata-se de um ensaio preconizado por Interbtzen (1961), cuja idéia básica é a de

simular uma situação de escoamento superficial, quantificando a perda do solo em tempos

determinados. Conforme define Ferreira (1981) “ o ensaio de Interbitzen tem por finalidade

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50

medir a erosão de uma amostra de solo indeformada ou compactada sob diversas condições

de vazão, inclinação do topo da amostra e umidade”.

A metodologia do ensaio consiste, basicamente, na passagem de um fluxo d'água

sobre a superfície de uma amostra de solo, variando-se algumas condições do ensaio, tais

como a vazão imposta, a umidade da amostra e a inclinação da superfície. Para isso, utiliza-se

como equipamento uma rampa, com um furo circular no centro, construída de modo que o

plano inclinado possa variar seu ângulo de inclinação. No furo, coloca-se a amostra de solo,

com superfície nivelada à do plano. No topo da rampa coloca-se um reservatório de água, o

qual proporciona o fluxo previsto, constante durante cada ensaio.

O material carreado pelo escoamento é coletado por um conjunto de peneiras

colocadas na base da rampa. Aos 5 minutos de ensaio faz-se a primeira troca de peneiras. O

conjunto é lavado e o solo recolhido em beckers de 1000 mL, com as peneiras ficando

disponíveis para novas trocas, que se repetem aos 15, 30, 60 e 120 minutos. Com duas horas

de ensaio, cessa-se o fluxo, retira-se o conjunto de peneiras e o ensaio é dado por encerrado.

Ao final do ensaio tem-se 5 beckers, correspondentes a cada troca de peneiras. Estes

beckers são postos em estufa a 1100C até peso constante. Rego define a medida de erosão

como sendo o peso do solo acumulado, coletado nos respectivos tempos, dividido pela área

da amostra.

Fonseca e Ferreira (1981) realizaram duas séries de ensaios, sendo um com a rampa

a 440 e outra a 590. Realizaram-se ensaios com diferentes vazões, variando-as entre 59 e 314

cm3/s.

A partir destes ensaios as autoras obtinham valores de erosão (E) expressos em

g/cm2 e de velocidade de erosão (Ve) expressos em g/cm2/h. Nos dois casos, os valores eram

calculados para cada tempo de ensaio.

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51

Com base nos valores da velocidade de erosão (Ve) calculados para 5 minutos de

ensaio, e adotando como referência os ensaios executados em amostras na condição de

umidade natural, as autoras definiram três faixas de comportamento dos solos, onde a faixa A

indica solos de bom comportamento, a faixa B os solos de comportamento regular e a faixa

C pouco resistentes. Estas faixas são apresentadas na figura 4.2.

O equipamento originalmente proposto por Interbitzen (1961) utilizava amostras

com 15,24 cm de diâmetro e 4,60 cm de altura, tendo a superfície inclinada a largura e o

comprimento iguais a 1m. A partir da proposta inicial, diversas modificações foram sugeridas

para o ensaio.

Figura 4.2: Resultado dos ensaios de Interbitzen, com faixas classificatórias

(Fonseca e Ferreira, 1981)

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52

Fácio (1991) procurou estabelecer uma metodologia padrão para o ensaio, buscando

a “determinação da vazão, do tempo e da rampa ideal de trabalho”. A partir da pesquisa

realizada, o autor propõe: largura da rampa de 0,33 m, comprimento da rampa de 1,3m,

diâmetro do corpo de prova de 100 mm (figura 4.3), tempo de embebimento da amosta de 15

min, vazão de 50mL/s, declividade da rampa de 100 e tempo de ensaio de 20min.

Figura 4.3: Perspectiva da versão modificada do aparelho de Interbitzen (apud Fácio 1991)

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Santos (1997) diz que “visando melhorar a qualidade dos resultados obtidos foram

feitas algumas modificações no aparelho utilizado por Fácio”. Assim, este autor prossegue

relatando que “a rampa sobre a qual incide o fluxo d'água teve sua largura reduzida para 100

mm... Desta forma, reduziu-se proporcionalmente a vazão para 17,5mL/s sem alterar as

condições de ensaio propostas por Fácio (1991). O tempo de ensaio foi aumentado para 30

minutos visando melhor caracterizar o comportamento da curva perda de solo x tempo”.

Quanto à apresentação dos resultados, os autores mantém a proposta inicial, com

valores em g/cm2. No que diz respeito à avaliação da erodibilidade por intermédio deste

ensaio, os autores consideram os resultados compatíveis com as observações de campo,

sendo bastante representativo dos fenômenos de campo. Os autores também verificaram boa

correlação entre os resultados dos ensaios de desagregação e de Interbitzen.

4.5-ENSAIO DE PINHOLE OU FURO DE AGULHA:

O ensaio de Pinhole foi idealizado por Sherard et al. (1976a) com o objetivo

principal de melhor identificação e compreensão de solos dispersivos, os quais costumam ser

altamente erodíveis. Os autores explicam que a principal diferença entre as argilas dispersivas

e as comuns (mais resistentes à erosão) é a natureza dos cátions existentes na água presente

nos poros do solo. Argilas dispersivas têm preponderância de sódio, enquanto argilas comuns

têm preponderância de cálcio e magnésio.

O ensaio consiste em fazer percolar água destilada através de um furo de 1mm de

diâmetro e 1polegada (2,54cm) de comprimento, feito em um corpo de prova cilíndrico com

diâmetro e comprimento iguais a 1,5 polegadas (3,8cm) (figura 4.4). Inicialmente se faz a

água fluir sob uma carga hidráulica de 2 polegadas (50mm). Os autores afirmam que “a

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principal diferenciação entre argilas dispersivas e argilas comuns é dada pelo resultado do

ensaio sob carga de 2 polegadas. Para as argilas dispersivas o fluxo emergindo da amostra

tem coloração visível com uma nuvem coloidal e não clareia com o tempo. Em 10 minutos o

furo alarga para cerca de 3mm, ou mais, e o ensaio está concluído”.

Já para argilas comuns os autores observaram que “o fluxo emergindo é

completamente limpo, ou se torna limpo em poucos segundos, e o furo não erode”. A carga

hidráulica é aumentada em níveis progressivos, a cada 5 minutos, passando para 7, 15 e 40

polegadas. Para cada aumento de gradiente a vazão é medida e a coloração da água

observada.

Para argilas altamente resistentes à erosão a água nunca apresenta coloração visível e

a vazão em cada etapa do ensaio se mantém constante. O furo na amostra também não

aumenta de tamanho. Resumidamente, a classificação dos solos é apresentada na tabela 4.1.

Figura 4.4: Representação esquemática do ensaio de pinhole (modificado de Sherard 1976a)

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Tabela 4.1: Resumo do critério de avaliação dos resultados dos ensaios (modificado Sherard

1976a)

Classificação Carga

(pol)

Tempo de

ensaio para

dada carga

(min)

Fluxo final

através da

espécie

(mL/seg)

Coloração do

fluxo ao fim

do ensaio

(cor ou

turbidez)

Tamanho

final do furo

em relação

ao inicial

D1 (muito

dispersivo)

2 5 >1,5 Evidente 2x

D2 (dispersivo) 2 10 >1,0 Evidente a

leve

2x

ND4

(intermediário)

2 10 <0,8 Leve mas

facilmente

visível

1,5x

ND3

(intermediário)

7-15 5 >2,5 Leve mas

facilmente

visível

2x

ND2 (não

dispersivo)

40 5 >3,5 Claro 2x

ND1 (não

dispersivo)

40 5 <5,0 Cristalina Sem erosão

Outra proposta existente para correlacionar a erodibilidade com a dispersividade do

solo é apresentada a seguir. Como a dispersividade está relacionada com a porcentagem de

sódio existente na água dos poros, Sherard (1976b) apresenta o seguinte ábaco classificatório

(figura 4.5)

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56

Figura 4.5: Ábaco classificatório da dispersividade dos solos (modificado de Sherard, 1976b)

Sendo a porcentagem de sódio dada por:

Na%=TDS

Na )100( , (equação 4.4) com valores dados em miliequivalentes por litro

(M.eq./litro);

Com TDS significando “total dissolved salts in saturation extract”, ou seja, total de

sais dissolvidos em extrato saturado; sendo o mesmo definido por:

TDS= Ca + Mg + Na + K , (equação 4.5) com valores dados em miliequivalentes

por litro ((M.eq./litro)

Zona A( dispersivo )

Zona B( não dispersivo )

Zona C

( M. eq./litro )

Porc

enta

gem

de

Sod

io (

M.

eq./l

itro

) 100

80

40

20

0 0.1 0.5 1.0 5.0 10 50 100 500

60

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57

4.6- ENSAIO DE PENETRAÇÃO DE CONE:

A utilização deste tipo de ensaio com a finalidade de avaliar a erodibilidade de solos

foi desenvolvida por Alcântara(1997).

O equipamento usado para a realização destes ensaios é o mesmo do ensaio para

determinação do limite de liquidez, apenas com algumas modificações, descritas por Burgos

et al. (1999): “o conjunto de penetração teve sua massa alterada para 300 g e se impôs uma

altura de queda de 10 mm”.

A metodologia do ensaio também é descrita por Burgos et al. (1999), que dizem que

“em cada corpo de prova mede-se a altura da penetração alcançada pela ponta de cone em

nove pontos distintos da superfície da amostra, tanto na condição de umidade natural de

campo, quanto na umidade de saturação, obtida através do procedimento de colocação do

corpo de prova sobre uma pedra porosa saturada. Os valores de penetração saturada (Psat) e

natural (Pnat) são obtidos pela média em três ensaios, cujos resultados são plotados em gráfico

cartesiano”. Ressalta-se que os valores das penetrações do cone são muito baixos, de modo

que a área amolgada para cada ponto é muito pequena, possibilitando que sejam obtidos

vários pontos em uma mesma amostra.

Para a avaliação da erodibilidade a partir dos resultados deste ensaio, Alcântara

(1997) propôs várias relações, sendo que uma das mais simples relaciona Psat e Pnat,

concluindo que a equação 0,67Psat/Pnat >1 indicava os solos com problemas de erosão. Outras

relações envolvem os parâmetros DP e DPA com o índice de sorção (S) do material, sendo

DP e DPA definidos pelos autores como:

100xPnat

PnatPsatDP

−= (equação 4.6) e 100x

PsatPnatPsat

DPA

−= (equação 4.7)

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Para definição do índice de sorção, determina-se o volume de água sorvido por unidade de

área da base do corpo de prova (q), em função da raiz quadrada do tempo ( t ), sendo o

índice de sorção o coeficiente angular do trecho inicial retilínio do gráfico t versus q.

Os autores verificaram que para os solos em análise as seguintes equações puderam

separar com boa fidelidade os solos erodíveis dos não erodíveis: DP=70S+30 e

DPA=52S+18.

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CAPÍTULO 5

ESTUDOS EXECUTADOS E METODOLGIAS ADOTADAS

Neste capítulo, serão abordados os procedimentos utilizados para o desenvolvimento

do estudo proposto, os quais consistiram em trabalhos de campo e de laboratório.

No que se refere aos trabalhos de campo, trata-se do ponto inicial de qualquer estudo

experimental, sendo a etapa na qual se realizam as observações “in loco”, que auxiliarão no

entendimento dos processos e permitirão a escolha e descrição do perfil a ser utilizado.

Obviamente, nesta etapa também são coletadas amostras dos solos a serem estudados.

Nos trabalhos de laboratório foram realizados ensaios de caracterização física, como

granulometria, limites e MCT; análises mineralógicas; análises químicas; obtenção das curvas

características dos solos pelo método do papel filtro e determinação das resistências máximas

à tração dos solos para diferentes umidades.

5.1-TRABALHOS DE CAMPO:

Os trabalhos de campo consistiram em visitas aos locais de ocorrência da Formação

Macacu, a fim de se observar suas características e selecionar um perfil representativo desta

formação, utilizado como seção-tipo no trabalho.

O perfil escolhido pode ser visto na foto 5.1. Nas fotos 5.2 e 5.3 são apresentados

detalhes de alguns aspectos do mesmo. O perfil tem aproximadamente 10m de altura,

podendo-se identificar, através de análise táctil-visual, da base para o topo, as seguintes

características por camadas, constituídas por:

• solo de coloração verde, textura essencialmente argilosa, com consistência firme e baixa

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porosidade, muito plástico, espessura exposta de aproximadamente 2m;

• solo de coloração arroxeada, textura argilo-arenosa, com ocorrência de oxidação de ferro,

presença de lentes do solo superior branco, transição entre ambos irregular, porém de fácil

visualização. Observa-se a presença de quartzo e mica. Espessura de cerca de 4,6m;

• solo de coloração branca, textura areno-argilosa, com mosqueamento por óxido de ferro.

Presença de quartzo, mica e feldspato. Espessura de 2,4m;

• horizonte laterítico, com presença de concreções ferruginosas. Neste, por ser

presumivelmente o menos erodível, não foram coletadas amostras. A espessura é de cerca

de 0,5m;

• cobertura amarela laterizada, com 0,5m de espessura

No que diz respeito ao processo erosivo no perfil, as visitas de campo permitiram a

visualização dos solos roxo e branco em diversos perfis. Vários deles não estavam mais sendo

explorados, se encontrando abandonados, em uma situação na qual os solos ficavam sujeitos

aos agentes da natureza, sem que houvesse atuação do homem que poderia evitar ou ocultar

seus efeitos.

A observação de exposições nestas situações possibilitou a comparação das

condições dos solos ao longo do tempo, em um primeiro momento ainda estando sendo

explorados (foto 5.1) e posteriormente já abandonados (fotos 5.4 a 5.6). Pôde-se assim

identificar feições erosivas presentes nos solos da formação em estudo, a partir do que se

concluiu que o solo branco apresenta maior erodibilidade que o solo roxo, conforme verifica-

se nas fotos 5.4 a 5.6. A observação das condições de erosão do solo verde foi muito difícil,

uma vez que na maioria dos casos o mesmo se encontrava encoberto pelo próprio material

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erodido das camadas superiores. Quando se pôde observá-lo, o material não indicava a

ocorrência de erosão, parecendo ser o menos erodível dentre os três solos.

Foto 5.1: Perfil representativo da Formação Macacu selecionado para o trabalho

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Foto 5.2: Detalhe da camada argilosa verde

Foto 5.3: Detalhe da camada laterítica com presença de concreções ferruginosas

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Foto 5.4 : Detalhe de uma exposição do solo branco bastante erodido

Foto 5.5 : Aspecto de um perfil da Formação Macacu com presença de feições erosivas

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Foto 5.6: Detalhe de uma feição erosiva em perfil da Formação Macacu

5.2- ENSAIOS REALIZADOS:

De acordo com os objetivos estabelecidos para este trabalho, definiu-se um

programa experimental, visando uma caracterização dos solos e identificação de possíveis

correlações entre as propriedades geotécnicas e aspectos de erodibilidade observados em

campo no material relacionado. Este capítulo aborda esta etapa do trabalho, buscando

descrever os principais conceitos dos ensaios realizados e as metodologias adotadas em cada

um.

Para realização dos ensaios foram selecionados três níveis de solos da Formação

Macacu, os quais apresentam as seguintes características básicas observadas em campo: solo

de coloração verde, argiloso; solo roxo, argilo-arenoso; solo branco, areno-argiloso.

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Como ensaios para avaliação da erodibilidade, optou-se por realizar os de

desagregação e de penetração de cone, ambos escolhidos devido à simplicidade para

realização. O ensaio de desagregação tem ainda a vantagem de ser um método clássico, que

de acordo com a literatura costuma apresentar resultados muito bons, concordantes com os

resultados do ensaio de Interbitzen. Optou-se assim por não realizar este último ensaio, visto

que seria mais trabalhoso e exigiria um equipamento próprio, relativamente grande. Também

não foram realizados ensaios de pinhole, por ser um método cujos resultados costumam

representar, na realidade, a dispersividade do solo e não sua erodibilidade.

5.2.1- ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO:

Ao se realizar um estudo geotécnico, é fundamental que se faça uma boa

caracterização dos solos em questão. Com a finalidade de se obter esta caracterização dos

solos em estudo, realizaram-se ensaios que consistiram na determinação das umidades natural

(wN) e higroscópica (wH), dos limites de liquidez (LL) e de plasticidade (LP), da

granulometria com e sem defloculante, da densidade dos grãos (GS) e do peso específico

natural (ãNAT).

Metodologia:

Para realização dos ensaios fez-se necessária a prévia preparação da amostra.

Inicialmente, espalhou-se o solo em um tabuleiro, deixando-se secar ao ar. Depois de seco, o

material foi destorroado e homogeneizado. O solo destorroado foi então passado na peneira

no 40 (0,42mm).

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66

As frações retidas foram lavadas e secas em estufa para realização do peneiramento

grosso (nos 4 a 40). Dos materiais passantes na peneira no 40, eram separados cerca de 200g

para determinação da densidade dos grãos, 50g para o ensaio de sedimentação e 200g para

determinação dos limites de liquidez e plasticidade.

Após a sedimentação cada material foi lavado e seco em estufa para realização do

peneiramento fino (nos 40 a 200).Este procedimento é diferente da recomendação da Norma

Brasileira, pois esta recomenda a realização dos ensaios de sedimentação e densidade dos

grãos com material passante na peneira no 10 (2,00mm).

A princípio foram realizados ensaios de sedimentação com o uso de defloculante

(hexametafosfato de sódio com concentração de 45,7g/L). Em seguida optou-se pela

realização de novos ensaios, desta vez sem a utilização de defloculante, a fim de se verificar a

influência do meio dispersor na desagregação dos solos.

5.2.2- ANÁLISE MINERALÓGICA:

Um dos fatores de importante influência no comportamento dos solos,

principalmente nos solos tropicais, é o tipo de argilomineral constituinte. Mitchell (1993)

considera que tal parâmetro é um controlador do tamanho, forma e características superficiais

das partículas de um solo. O autor relata ainda que, juntos, estes atributos determinam, entre

outros, a plasticidade, a expansibilidade e a resistência do solo, chegando a comparar que a

mineralogia está relacionada com as propriedades do solo assim como a composição e

estrutura de cimento e agregados estão para o concreto.

No caso específico do comportamento do solo quanto à erosão, o tipo de

argilomineral também pode conferir ao material uma maior ou menor susceptibilidade aos

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fenômenos erosivos. Morgan (1986) considera, por exemplo, que ilita e esmectita apresentam

maior expansibilidade e contração que a caulinita, conferindo menor estabilidade aos seus

agregados que aos formados por este último. O mesmo autor descreve também que a

estabilidade dos agregados determina a resistência dos solos. Trabalho de Guerra e Almeida

(1993) também demonstra esta relação entre estabilidade dos agregados e erodibilidade dos

solos. A própria expansibilidade elevada também indica maior erodibilidade, de acordo com

Santos e Castro (1966). Por tudo isso, é de fundamental importância a caracterização

mineralógica dos solos.

A análise mineralógica por difração de raios-x fornece resultados de caráter semi-

quantitativo, uma vez que fatores como diferenças no coeficiente de absorção, textura da

superfície da amostra, orientação das partículas, entre outros, torna a análise quantitativa

incerta, conforme explica Mitchel (1993). Ainda assim, este tipo de análise é importante

porque fornece informações referentes à gênese do perfil de alteração e sua variação com a

profundidade e com as características morfológicas.

Neste trabalho, a simples identificação dos argilominerais predominantes já é

satisfatória, uma vez que seria suficiente para indicar uma possível tendência de diferença de

comportamento entre os solos. Por este motivo a análise realizada foi apenas qualitativa,

realizada por meio de difração de raios-x. Para isto, utilizou-se o equipamento de difração de

raio-x modelo D5000, marca Siemens, pertencente ao Laboratório de Difração de Raios-X do

Departamento de Ciências dos Materiais e Metarlugia da PUC-RJ.

A caracterização mineralógica da fração areia dos solos foi feita com o uso de lupa

binocular. Foram analisadas amostras dos solos roxo e branco. Por ser um solo extremamente

fino, com porcentagem de areia muito baixa, não foi realizada a análise do solo verde , uma

vez que a obtenção de uma quantidade de areia que a permitisse ficou difícil.

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68

Metodologia:

Com relação aos procedimentos adotados para realização da análise mineralógica, a

primeira etapa consistiu na obtenção das frações silte e argila pelo método da sedimentação,

usando-se como dispersor uma solução de hexametafosfato de sódio.

No que diz respeito à preparação das amostras, existem diversas técnicas de

confecção de lâminas, como por exemplo o método do pó, o método de sedimentação natural

e o método do esfregaço. Destas, optou-se pelo esfregaço, com as amostras sofrendo

orientação das partículas para se tornarem mais adequadas a análises qualitativas.

Foram preparadas amostras naturais (sem tratamento) para todos os solos e amostras

submetidas a tratamentos para o caso do solo verde. Estes tratamentos consistiram em

aquecimento a 3500 durante duas horas e a glicolagem . Adotou-se uma velocidade de

varredura de 0,020 por segundo, no intervalo entre è = 20 e 2è = 300 .

Para a análise da fração areia, inicialmente separou-se esta fração, por meio de

peneiramento fino. Com o material obtido, a análise era feita com o uso de lupa binocular

5.2.3- ANÁLISES QUÍMICAS:

Dentro do programa estabelecido para a caracterização dos solos estudados, fazia

parte uma análise química dos mesmos, com a finalidade de se identificar possíveis fatores

químicos relacionados ao processo erosivo.

Estas análises consistiram no seguinte:

• pH ( em água e em KCl ) : tem por objetivo a determinação da acidez do solo

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• Complexo Sortivo : tem como finalidade a avaliação da atividade dos solos, a partir da

determinação dos cátions absorvidos pelos argilominerais e compostos orgânicos.

• Ataque Sulfúrico : define a percentagem de SiO2, Al2O3 e Fe2O3 dos minerais

secundários ( argilominerais, óxidos de ferro e alumínio e compostos amorfos ), ou seja, a

fração ativa do solo. Este método, de aplicação restrita a solos, serve para caracterizar

quimicamente a fração argila dos solos e também a fração silte. Neste caso, a fração silte

também constituída por minerais secundários.

Todas as análises químicas foram realizadas no Centro Nacional de Pesquisa de

Solos CNPS/EMBRAPA, no Rio de Janeiro, sendo adotada a metodologia apresentada por

CNPS/EMBRAPA (1997).

5.2.4- ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO MCT:

A metodologia MCT envolve uma série de ensaios, tendo sido proposta por

Nogami e Villibor (1981) a partir da verificação das limitações das classificações

geotécnicas tradicionais quando usadas no estudo de solos tropicais. Estas limitações tem

grande importância prática, uma vez que podem atribuir aos materiais propriedades não

compatíveis com seus comportamentos efetivamente observados em campo. Assim, foi com

objetivo de resolver esse problema que os referidos autores desenvolveram uma nova

classificaçào dos solos designada MCT (“m” de miniatura, “c” de compactada e ”t” de

tropical), a qual separa os solos em 7 grupos e em 2 grandes classes.

Apesar de inicialmente desenvolvida para finalidades rodoviárias, a metodologia

MCT passou a ser utilizada com outros fins, dentre os quais a avaliação da resistência à

erosão, feita com base no grupo da classificação e/ou nos resultados do ensaio de perda de

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peso por imersão em água (sendo este último parte integrante da metodologia) (Vertamatti e

Araujo 1998; Nogami e Villibor, 1995) .

Destaca-se, assim, que a metodologia MCT foi inicialmente desenvolvida para ser

aplicada apenas a solos compactados, com finalidades rodoviárias (utilizados como base de

pavimentos). Entretanto, ao longo do tempo seu uso passou a ser extendido a solos em outras

condições, como tentativa de se “investir” na classificação para torná-la de fato “consagrada”

para solos tropicais de uma forma geral.

a.1) Ensaios e determinações básicas:

a.1.1) Preparação da Amostra:

As amostras para realização do ensaio devem ser previamente secas ao ar e passadas

em seguida na peneira de 2,00 mm de abertura, rejeitando-se a fração retida. Em seguida,

preparam-se porções com diversos teores de umidade.

a.1.2) Compactação segundo mini-MCV (moisture condition value):

Utiliza-se equipamento de compactação miniatura, provido de um dispositivo que

permite determinar a altura do corpo de prova, com resolução de 0,05 mm, através da medida

da posição da haste do soquete . O soquete pesa 2270 g, a altura de queda é de 305 mm e o

diâmetro interno do molde é de 50 mm (foto 5.7).

Coloca-se no molde uma quantidade padronizada de material (200g ou 220g,

dependendo do tipo do solo) com teor de umidade “Hi”. Aplica-se sucessivos golpes,

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anotando-se as medidas de altura “Na” do corpo de prova correspondentes, de acordo com a

série proposta por Parsons (1976): 1,2,3,4,6,8,12,16,...n,n+1,...4n. Pára-se de dar golpes

quando: o decréscimo de altura entre leituras sucessivas for nulo, negativo ou muito pequeno;

houver nítida exsudação de água; o número de golpes atingir 256, ou excepcionalmente 64,

quando o teor de umidade for muito baixo. Repete-se a operação para as outras porções, com

teores de umidade diferentes.

Foto 5.7: Ensaio de classificação MCT em execução

Representando em ordenada o valor an ( diferença de altura A4n-An) e em abcissa o

número de golpes n em escala logarítmica, obtém-se curvas características para cada teor de

umidade (figura 5.1). A intersecção de cada uma destas curvas com a reta de ordenada a=

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2mm determina um valor ni, correspondente a um teor de umidade Hi. O valor de 10 log ni

define o Mini-MCV, ou seja, existe um Mini-MCV para cada teor de umidade de

compactação. A inclinação da parte retilínea da curva que define Mini-MCV=10 equivale ao

coeficiente c'.

Com os dados de teor de umidade e altura dos corpos de prova, calculam-se as

densidades aparentes secas correspondentes a cada número de golpes. A partir destas, obtêm-

se as curvas de compactação correspondentes (figura 5.2). A inclinação da parte retilínea do

ramo seco da curva correspondente a 12 golpes fornece o parâmetro d', definido por:

d' = 1000 ∆Das/ ∆H (Equação 5.1) ;

em que ∆Das é a diferença de densidade aparente seca correspondente a uma

variação de teor de umidade ∆H.

Figura 5.1: Exemplo de curvas a.n em função do número de golpes

Curvas Mini-MCV

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 10 100

Número de Golpes

An

- A4n

6

C

8

E

G

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73

Figura 5.2: Exemplo de curva de compactação correspondente a 12 golpes, para

determinação de d’

a.1.3) Ensaio de Comportamento à Imersão:

Para a realização deste ensaio, utiliza-se os corpos de prova resultantes da

compactação segundo Mini-MCV. Extrai-se parcialmente os corpos de prova dos respectivos

moldes, apenas por deslocamento axial, de modo que os mesmos fiquem salientes exatamente

1 cm. Coloca-se os moldes contendo os corpos de prova horizontalmente, imergindo-os

completamente em água (figura 5.3). O material eventualmente desprendido é recolhido e

seco em estufa a 105-110 0C, obtendo-se assim o peso seco desprendido.

Curva de compactação correspondente a 12 golpes Mini-MCV

1500

1600

13,0 15,0 17,0 19,0 21,0 23,0 25,0 27,0 29,0 31,0 33,0

Umidade (%)

Pes

o es

pecí

fico

apa

rent

e se

co (

Kg/

m3 )

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Figura 5.3: Representação esquemática do ensaio de perda por imersão

A porcentagem de “ Perda por Imersão” Pi é obtida através da fórmula:

Pi = 100Ps/Pp (Equação 5.2) ;

onde Ps é o peso seco desprendido e Pp o peso seco correspondente à parte

saliente inicial dos corpos de prova, sendo obtido por cálculos.

A partir de um gráfico de Pi x Mini-MCV de cada corpo de prova, obtém-se o Pi

correspondente ao Mini-MCV 10 ou 15, o qual será usado na classificação do solo. Com os

valores de Pi e de d', calcula-se o coeficiente e’, dado por:

3

100'20

'Pi

de += (Equação 5.3).

Com o valor de c' e e', classifica-se o solo através do ábaco proposto pelos autores,

apresentado na figura 5.4. Nogami e Villibor (1995) apontam as tendências de

comportamento à erosão dos solos dos diversos grupos, baseando-se nas condições típicas de

São Paulo, conforme a tabela 5.1.

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Tabela 5.1: Quadro característico de solos dos grupos MCT, quanto à erodibilidade hídrica e propriedades de interesse à sua previsão (condições típicas do Estado de São Paulo) (modificado de Nogami e Vilibor, 1995)

Grupo MCT NA NA’ NS’ NG’ LA LA’ LG'

Resist. Agreg. ou Torrões(1)

N N N, B, M, E (2)

B B B B

Natural E/M/B B/M,E E/M,E B E E/B,E M,E Coef. Sorção

Compactado E B,M E M,E B B B

Natural (3) E B/E,M B,M,E M,E E,M B,M B Perda de massa por imersão Compactado E E,M E B,M E N/B,

M N,B

Natural E E B,M,E B,M E E M,E Erosão em valetas não revestidas Compactada E E,M E B,M M,E B B

Erodibilidade B,M,E B,M,E B,M,E M,E B B B Erosão em cortes solos “in sito” (4)

Formas Desag. E

desag. M

Sulcos E

Sulcos desag. E

Firme desag. B

desag. B

Solto E E B,M,E M,E E M B Erosão em saias de aterros Compactado E E E M,E E M,E M

Abreviaturas: N: nulo(a); B: baixo(a); M: médio(a); E: elevado(a); desag.: desagregações / : freqüência decrescente; , : freqüência equivalente Observações: (1) Resistência dos agregados ou torrões, naturais ou produzidos por escavação do solo

natural (não compactado), à imersão em água. (2) Apenas torrões resultantes da escavação do solo natural (não compactado). (3) Determinada em corpos de prova não deformados ou pouco deformados, de altura igual à

metade do diâmetro. (4) Apenas taludes de solos isotrópicos e homogêneos, em condições naturais, com

inclinações entre 45o e 60o, nas condições climáticas prevalecentes no planalto paulista, com exclusão de áreas serranas.

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Figura 5.4: Ábaco classificatório dos solos pela metodologia MCT

Onde, N indica solos não-lateríticos e L indica solos lateríticos. Para a segunda letra

tem-se A indicando areias, A’ indicando solos arenosos, S’ indicando solos siltosos e G’

solos argilosos.

5.2.5- ENSAIOS DE SUCÇÃO:

De uma maneira geral, nos espaços entre as partículas dos solos costuma haver a

presença de água. Quando esta presença ocorre em uma quantidade que preencha todos os

poros, o solo é dito saturado. Caso a água não esteja presente em todos os poros, o solo é dito

não saturado.

Em uma situação de não saturação, ocorrem fenômenos que geram na água do solo

uma pressão menor que a pressão atmosférica, sendo tal pressão chamada de sucção. É

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importante salientar que, apesar de intimamente relacionada a solos não saturados, a sucção

também pode ocorrer em solos saturados.

A sucção em solos é composta por duas componentes, uma chamada de matricial e a

outra de osmótica. A sucção matricial é assim chamada por estar relacionada com a “matriz”

do solo, ou seja, com a combinação do tipo de partículas e seu arranjo estrutural. Por sua vez,

a sucção osmótica ocorre devido à concentração química da água do solo.

Marinho (1997) afirma que nos solos não saturados, as características mecânicas

“são controladas, entre outras coisas, pela pressão (relativa) negativa na água intersticial. Esta

pressão é dada pela diferença entre a pressão atmosférica (ou pressão no ar) e a pressão na

água, sucção matricial”. Assim, é importante a determinação da sucção matricial, definida

pelo mesmo autor como “a pressão (relativa) negativa que se desenvolve na água intersticial

devido à capilaridade e às forças de adsorção ”.

Metodologia:

Para a medição da sucção de um solo existem diversos métodos disponíveis. Estes

consistem, resumidamente, em sensores que interagem com o solo até que o sistema entre em

equilíbrio, permitindo então, por meio de uma calibração, a conversão das medições feitas

para valores da grandeza desejada.

Os sensores que medem a sucção de solos podem agir por absorção de vapor ou de

capilaridade. Marinho (1997) explica o princípio dos primeiros: “o solo, quando em

equilíbrio com o ar em seu contorno, terá uma sucção proporcional à umidade relativa do ar.

Os sensores que possibilitam a determinação da sucção via umidade relativa do ar, em geral,

interagem com o vapor de água em equilíbrio com o sistema solo/água intersticial”. O mesmo

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autor explica que os sensores do segundo tipo são aqueles que permitem uma permanente

continuidade hidráulica com a água/intersticial. O equilíbrio de sucção entre o solo e o sensor

se dá por fluxo capilar, com o sensor podendo absorver ou perder água para o solo, até atingir

o equilíbrio.

-Método do Papel Filtro: o princípio básico deste método pode ser explicado da

seguinte maneira: quando um solo com certa umidade é colocado em contato com um

material poroso com umidade menor, este último tende a absorver certa quantidade de água

do solo, até que o sistema entre em equilíbrio de pressão. Com o uso do papel filtro,

industrialmente fabricado, garante-se que as características de absorção sejam sempre iguais.

Este método permite que o fluxo de água se dê por fluxo de vapor ou fluxo capilar.

No primeiro caso, a sucção medida é a total, enquanto que no segundo caso obtém-se sucção

matricial.

Marinho (1997) explica que “ao ser colocado em contato com a água do solo, tanto

através de um contato físico ou através do vapor de água, o papel absorve água do solo. Esta

absorção se dá ao longo do tempo até que um equilíbrio de pressão seja atingido. No estado

de equilíbrio assume-se que não há fluxo entre o solo e o papel filtro. O estado de equilíbrio

fornece a mesma sucção no solo e no material poroso, porém umidades diferentes. O tempo

de equilíbrio é um fator de extrema importância para obtenção da correta sucção”.

Recomenda-se a utilização de papéis filtro classificados como “quantitativos”, sendo

os mais usados o Whatman no 42 e o Schleicher&Schuell no 589, os quais devem ser usados

diretamente da caixa, ou seja, com umidade higroscópica. Deve-se ainda obter no mínimo

duas medições em cada amostra.

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Neste trabalho, optou-se pela realização de ensaios pelo método do papel filtro em

contato físico com o solo, utilizando-se papéis Whatman no 42, adotando-se para o mesmo

uma curva de calibração da literatura, mais especificamente a proposta de Chandler et al

(1992).

No caso do papel filtro em contato direto com o solo, a sucção medida, conforme já

visto, é a matricial, a qual exige um tempo de equilíbrio de sete dias, o qual foi padronizado

para todas as amostras.

Conforme recomendado por Marinho (1994), o papel filtro foi cuidadosamente

colocado na amostra. Fez-se uso de peças cilíndricas de PVC, colocadas sobre cada papel

para garantir seu melhor contato com o solo (figura 5.5). O conjunto foi envolvido com filme

plástico, por sua vez lacrado com fita adesiva, buscando-se assim uma máxima vedação e

mínima evaporação. Cada amostra foi então colocada em um saco plástico e mantida em um

ambiente com pouca variação térmica.

Decorrido o tempo de equilíbrio, os papéis foram retirados das amostras com o uso

de uma pinça, e colocados em pequenos sacos plásticos auto-selantes. Procurou-se atender a

recomendação de que esta operação fosse realizada em no máximo cinco segundos, para

evitar evaporação de água do papel.

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Figura 5.5: Representação esquemática da preparação das amostras para o ensaio de

determinação de sucção pelo método do papel filtro

Os sacos plásticos com os papéis úmidos foram pesados em balança com acurácia de

0,0005g. Os papéis foram então removidos dos sacos plásticos e deixados secando em estufa

a 105oC, por pelo menos duas horas (tempo considerado normalmente suficiente por Marinho

1997). Uma vez secos foram recolocados nos respectivos sacos (novamente em um tempo

máximo de cinco segundos, desta vez para evitar que os papéis absorvessem água) e pesados.

Com a diferença de pesos obteve-se a umidade de cada papel e pela calibração do mesmo

determinou-se a sua sucção. Os sacos plásticos utilizados na pesagem após a secagem dos

papéis foram os mesmos utilizados na pesagem quando dos papéis úmidos. Durante o tempo

que os papéis eram secos, outros papéis-filtro eram colocados dentro dos sacos, com a

finalidade de absorver a umidade do mesmo, de modo que ao serem reutilizados estivessem

secos.

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5.2.6- ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO (MÉTODO BRASILEIRO OU ENSAIO

DE COMPRESSÃO DIAMETRAL) :

Conforme descrito previamente, a erosão é um processo constituído basicamente por

duas etapas: o destacamento e o transporte das partículas. Assim sendo, neste trabalho optou-

se pela realização de ensaios de resistência à tração do solo por se acreditar que este

parâmetro esteja diretamente ligado à primeira etapa do processo, ou seja, à facilidade que o

solo apresentará em ter suas partículas destacadas umas das outras.

Presumindo-se que tal facilidade esteja relacionada à umidade do solo, executaram-

se ensaios com diversas amostras, variando-se aquela característica, de modo a se abranger

toda a faixa de saturação dos materiais, desde a umidade higroscópica até a umidade de

saturação total.

A variação de umidades implica em diferentes níveis de sucção, a qual, em última

análise, parece ser uma das responsáveis diretas pela resistência do solo. Por este motivo

optou-se por também realizar ensaios para determinação das curvas características dos

materiais.

O ensaio de compressão diametral ou ensaio brasileiro consiste no carregamento de

um corpo de prova cilíndrico, no qual são aplicadas cargas de compressão em duas posições

diametralmente opostas (Fotos 5.8 e 5.9).

O ensaio brasileiro apresenta diversas vantagens em relação a outros métodos de

avaliação de resistência à tração: facilidade na preparação das amostras; uso de equipamento

similar ao de compressão simples; ruptura relativamente insensível às condições de superfície

e planos de compactação da amostra, iniciando-se em uma região de tensões de tração

relativamente uniformes.

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Fonseca (1996) diz que teoricamente a tensão de tração é constante, e dada por:

σ t = πHD

P2 (Equação 5.4);

onde:

P: carga máxima de compressão,

H: espessura da amostra,

D: diâmetro da amostra

Maciel (1991) explica que esta relação “não é rigorosamente adequada para

materiais que apresentam diferentes módulos de elasticidade na compressão e na tração,

como é o caso de solos”. Entretanto, como o objetivo principal deste trabalho era qualitativo,

relacionando os resultados dos diferentes solos com seus comportamentos à erosão

observados em campo, optou-se pelo uso da relação.

Os ensaios foram realizados no laboratório de solos da PUC-RIO. Para realização

dos ensaios procurou-se seguir as mesmas características e procedimentos adotados por

Maciel (1991). Assim, foram utilizadas amostras com 7,12 cm de diâmetro por 2,00 cm de

espessura. As amostras encontravam-se com elevado grau de saturação, o que possibilitou

que a variação no teor de umidade fosse realizada por simples “secagem ao ar”. Com o uso

da calibração da célula de carga, o equipamento de aquisição automática de resultados

permitiu a construção de curvas multipontos, com as quais foram definidos os valores de

carga máxima para cada amostra. Apenas a velocidade de aplicação de carga foi alterada em

relação à proposta de Maciel (1991), adotando-se aqui 0,6 mm/min, a fim de tornar o ensaio

mais rápido e assim evitar que as amostras perdessem umidade.

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Fotos 5.8 e 5.9: Equipamento utilizado nos ensaios de tração e exemplo de ensaio de tração

em andamento

5.2.7: ENSAIO DE DESAGREGAÇÃO:

O ensaio de desagregação consiste em um dos ensaios “clássicos” de avaliação da

erodibilidade dos solos, realizada a partir da observação de como o solo reage ao ser mantido

em contato com a água.

Neste trabalho, a metodologia adotada foi a proposta por Santos (1997), submetendo-

se as amostras à imersão total desde o início do ensaio, o qual tem duração preestabelecida de

24 horas.

Foram utilizadas amostras indeformadas, moldadas na umidade natural, com formato

cúbico de aproximadamente 6cm de lado.

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84

5.2.8: ENSAIO DE PENETRAÇÃO DE CONE:

Trata-se de uma proposta de avaliação da erodibilidade dos solos, considerando-se

como critério a relação entre as penetrações de um cone padronizado, em amostras em

condições naturais e saturadas. A proposta e metodologia do ensaio foram desenvolvidas por

Alcântara (1997).

Na realização dos ensaios são utilizadas amostras indeformadas, retiradas de blocos

com o uso de anéis de cravação. De acordo com o procedimento recomendado, as amostras

são ensaiadas nas condições originais e, em seguida, procede-se a saturação das mesmas para

que sejam aproveitadas novamente na segunda parte do ensaio. Para saturar os corpos-de-

prova os mesmos foram colocados sobre pedra porosas saturadas, até que se verificasse o

surgimento de água em seus topos. Neste ponto, destaca-se o comportamento do solo verde,

que ao absorver água passou a expandir, chegando a sair do anel, ficando saliente cerca de

1cm. Em um dos corpos-de-prova deste material, surgiram fissuras após a expansão, motivo

pelo qual o mesmo foi rejeitado, não sendo ensaiado.

A metodologia do ensaio consistiu em deixar que o cone caia livremente da altura de

1cm acima da superfície da amostra, fazendo-se a medição da penetração alcançada (fotos

5.10 e 5.11). O mesmo procedimento foi repetido nove vezes para cada corpo-de-prova, em

pontos distintos, conforme originalmente recomendado pelo autor. Para cada solo foram

ensaiados três corpos-de-prova, adotando-se ao final a média dos valores obtidos, novamente

de acordo com as recomendações originais.

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85

Fotos 5.10 e 5.11: Equipamento utilizado no ensaio de cone e exemplo de ensaio de cone

sendo executado

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86

CAPÍTULO 6

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS

6.1- ANÁLISES MINERALÓGICAS:

6.1.1-FRAÇÃO FINA:

A caracterização mineralógica dos três solos (feita em amostras da fração silte e/ou

argila), realizada por ensaios de difração de raio-x, indicou basicamente a presença de

caulinita como mineral argílico predominante, resultado este que se mostra em concordância

com o relatado por Amador (1996), que identificou o mesmo argilomineral como

predominante nos solos da Formação Macacu.

A análise da amostra de solo verde (realizada com as frações silte e argila) exigiu

tratamento para que se pudesse identificar todos os argilominerais presentes. Assim, a mesma

foi então submetida a aquecimento e glicolagem. O aquecimento foi feito a 3500C e a

glicolagem foi feita submetendo-se a amostra a uma atmosfera de etilenoglicol por um

período de 24 horas.

Desta forma, apenas neste solo verificou-se a ocorrência de outros argilominerais,

mais especificamente ilita e esmectita. Como já citado anteriormente, Mitchell (1993) explica

que a análise quantitativa dos minerais baseada nas alturas dos picos fornece dados incertos.

Entretanto, uma avaliação semi-quantitativa deste solo, baseada na área ocupada pelo pico de

cada mineral, indica a caulinita e esmectita como argilominerais predominantes. Nos

difratogramas obtidos para os outros dois solos (roxo e branco) as posições dos picos

indicaram apenas a presença de caulinita. Os difratogramas obtidos para os três materiais são

apresentados nas figuras 6.1 a 6.5.

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Figura 6.1: Difratograma solo verde sem tratamento (frações silte e argila) F

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Figura 6.2: Difratograma solo verde aquecido a 350o (fração silte)

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Figura 6.3: Difratograma solo verde glicolado (fração argila)

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Figura 6.4: Difratograma solo branco sem tratamento (fração argila)

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Figura 6.5: Difratograma solo roxo sem tratamento (fração argila)

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92

6.1.2- FRAÇÃO GROSSA:

A composição mineralógica das frações areia dos solos está assim distribuída: o solo

roxo apresentou predomínio de quartzo ialino; mica muscovita (alterada e não alterada);

concreções de óxido de ferro bastante significativas; raros grãos de feldspato, bem alterados;

alguns grãos de quartzo sub-arredondados e um mineral preto, brilhante, de hábito lamelar.

O solo branco apresentou predomínio de feldspato, mica e quartzo. O feldspato

apresentava grãos sãos e alterados. A mica muscovita se apresentava sã. O quartzo

apresentava alguns grãos levemente sub-arredondados. Ocorre ainda a presença de raras

lâminas de biotita (alterada).

O solo branco apresenta maior proporção de feldspato que o roxo, e menor proporção de

mica que o mesmo.

6.2- ANÁLISES QUÍMICAS:

As análises químicas dos solos consistiram em determinação do pH, capacidade de

troca catiônica e ataque sulfúrico. Os resultados das mesmas encontram-se resumidos nas

tabelas 6.1 e 6.2.

Tabela 6.1: Resultado dos ensaios de pH e ataque sulfúrico

PH (1:2,5) ATAQUE POR H2SO4 (1:1) – NaOH (0.8%) (g/kg) SOLO

Água KCl 1N SiO2 Al2O3 Fe2O3

VERDE 5,5 3,4 308 232 64

BRANCO 5,1 3,8 157 142 13

ROXO 4,6 4,0 231 220 40

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93

Tabela 6.2: Resultado do ensaio de complexo sortivo

Complexo Sortivo cmol/kg SOLO

Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+ Valor T

Verde 9,6 5,1 0,36 0,37 15,4 3,9 2,2 21,5

Branco 1,0 1,4 0,11 0,1 2,6 3,0 1,1 6,7

Roxo 0, 4 0,01 0,02 0,4 2,3 1,5 4,2

O pH dos solos foi medido tanto em água quanto em solução de KCl, sempre na

proporção de 1 para 2,5. Em ambos os casos, os resultados obtidos para todas as amostras

indicaram tratar-se de solos ácidos. A diferença entre os valores obtidos pelos dois

procedimentos é um indicativo (diretamente proporcional) da atividade do solo (Barreto,

1986). Observa-se que os valores estão coerentes, visto que a maior diferença ocorre para o

solo verde, no qual se verificou presença de esmectita.

A análise do complexo sortivo tem como objetivo a avaliação da capacidade de troca

catiônica. Nestes, foram verificados os seguintes cátions: Ca2+, Mg2+, K+, Na+, Al3+ e H+.

A soma dos quatro primeiro define o valor S, denominado bases extraíveis de um

solo. A soma de S com os cátions Al3+ e H+ determina o valor T, denominado capacidade de

troca total.

Os resultados obtidos indicaram valores baixos para o solo roxo, com S=0,4 e T=4,2.

Os valores obtidos para o solo branco também foram relativamente baixos, com S=2,6 e

T=6,7. Estes resultados indicam baixa atividade dos solos citados. Entretanto, para a última

amostra (verde) os valores foram bastante superiores, com S=15,4 e T=21,5, indicando tratar-

se de um solo com alta atividade. Esta diferença significativa no nível de atividade é causada,

provavelmente, pela presença da esmectita neste último solo.

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94

O ensaio de ataque sulfúrico, conforme visto anteriormente, objetiva definir as

porcentagens de SiO2, Al2O3 e Fe2O3 da fração ativa dos solos. Trata-se, portanto de um

método de caracterização química daquela fração. Os valores de SiO2 e Al2O3 estão

compatíveis com a textura dos respectivos solos, uma vez que é maior no solo verde, seguido

pelo roxo e por fim o solo branco.

6.3- ÍNDICES FÍSICOS:

As determinações das umidades e das massas específicas foram feitas para os três

solos selecionados para estudo. Para o solo branco, utilizaram-se 15 amostras; para o solo

roxo, foram determinados 20 valores; por fim, para o solo verde foram 16 determinações. Para

as umidades higroscópicas foram realizadas três determinações para cada solo. A tabela 6.3

apresenta um resumo geral dos índices físicos determinados

No que diz respeito à posição destes solos no perfil, a umidade higroscópica aumenta

no sentido dos solos superiores para os inferiores. A umidade natural, por sua vez, apresenta

valores muito próximos nas posições superiores, aumentando no sentido do solo inferior, ou

seja, do solo verde.

Deve-se observar que as umidades higroscópicas são diretamente relacionadas às

porcentagens de argila e de finos, conforme será visto adiante. Destaca-se também que o

aumento das umidades naturais é relacionado com o aumento da saturação, com o solo verde

estando mais próximo do nível d’água.

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Tabela 6.3: Resumo geral dos índices físicos determinados para os três solos

ÍNDICES FÍSICOS

SOLO

wnat (%) wh (%) Gs ñ nat (g/cm3) e S (%) ñ d (g/cm3)

VERDE

23.87 a 28.48 (25.3)

7.04 a 7.13 (7.09)

2.687 1.898 a 2.017 (1.976)

0.66 a 0.78 (0.70)

86.9 a 99.79 (96.6)

1.506 a 1.617 (1.577)

BRANCO

17.21 a 28.64 (22.76)

1.97 a 2.04 (2.01)

2.614 1.731 a 1.944 (1.879)

0.64 a 0.81 (0.71)

63.68 a 95.82 (84.2)

1.446 a 1.594 (1.531)

ROXO

20.52 a 24.05 (22.1)

6.01 a 6.09 (6.05)

2.681 1.977 a 2.014 (1.999)

0.62 a 0.68 (0.64)

89.38 a 95.16 (95.16)

1.594 a 1.661 (1.637)

Observação: Entre parênteses estão indicados os valores médios para cada índice

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Umidade (%) Saturação (%) Resistência à tração (KPa)

21.73 79.02 257.35

18.5 70.9 318.25

22.56 91.8 157.7

19.78 86.11 225.65

6.36 27.66 722.96

20.45 89.5 230.78

19.58 77.66 256.65

17.15 67.19 450.17

16.78 65.3 470.03

15.35 62.43 449.29

14.11 57.7 495.98

12.94 54.18 496.73

12.99 51 692.7

10.74 46.1 819.1

8.38 33.17 712.44

19.45 73.32 389.84

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Solo verde Solo Branco Solo Roxo

W (%) S (%) ó (KPa) W (%) S (%) ó (KPa) W (%) S (%) ó (KPa)

21.73 79.02 257.35 6.36 23.3 40.03 14.34 50.06 279.27

18.5 70.9 318.25 2.79 9.69 55.55 12.38 48.19 181.99

22.56 91.8 157.7 5.33 23.58 75.45 13.83 60.74 250.77

19.78 86.11 225.65 19.58 79.15 67.56 20.35 86.46 181.15

6.36 27.66 722.96 23.17 90.5 68.52 12.01 47.79 182.43

20.45 89.5 230.78 20.6 84.19 64.18 16.73 68.18 248.67

19.58 77.66 256.65 21.66 85.82 40.2 21 80.65 131

17.15 67.19 450.17 19.74 73.54 85.05 21.1 87.02 304.26

16.78 65.3 470.03 12.42 45.34 80 21.53 81.73 277.04

15.35 62.43 449.29 10.34 33.5 29.72 17.73 79.6 269.5

14.11 57.7 495.98 27.35 91.49 34.11 21.95 89.98 271.82

12.94 54.18 496.73 16.32 56.35 46.82 15.65 64.85 276.12

12.99 51 692.7 15.69 58.96 74.22 21.36 86.49 239.64

10.74 46.1 819.1 18.77 64.24 76.9 16.55 71.54 279.49

8.38 33.17 712.44 18.56 68.43 100.9 23.39 90.66 211.45

19.45 73.32 389.84 17.86 73.74 317.28

14.82 62.76 281.07

12.22 52.9 225.70

9.35 39.91 242.31

6.53 27.87 252.53

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96

6.4- ANÁLISES GRANULOMÉTRICAS :

Segundo Alcântara (1997), a granulometria é a propriedade mais estudada na

tentativa de se avaliar a erodibilidade dos solos. Guerra (1995) também destaca a textura dos

solos como uma das propriedades que afetam a erosão de um solo. Conforme já citado

anteriormente, Gray e Leiser (1989) também incluem esta propriedade entre os fatores que

influenciam o processo. Parece claro, portanto, o importante papel que a granulometria do

solo representa, apesar de também ser evidente que a mesma não pode ser analisada

isoladamente.

Assim, foram realizados ensaios de análise granulométrica nos três solos estudados,

com a finalidade de correlacionar estes materiais com os padrões de comportamento descritos

na literatura.

A princípio foram realizados ensaios de sedimentação com o uso de defloculante

(hexametafosfato de sódio com concentração de 45,7g/L), obtendo-se as curvas

granulométricas apresentadas na figuras 6.6.

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97

Figura 6.6: Curva granulométrica dos solos verde, branco e roxo com defloculante

Por estes resultados, as granulometrias destes materiais apresentam, para cada fração

de solo definida pela ABNT, os valores percentuais apresentados na tabela 6.4.

Tabela 6.4: Resultados da granulometria com o uso de defloculante

AREIA (%) SOLO

Grossa Média Fina Total

SILTE

(%)

ARGILA

(%)

TOTAL DE

FINOS (%)

VERDE 0 1 3 4 20 76 96

BRANCO 9 36 11 56 12 32 44

ROXO 3 14 19 36 23 41 64

Em seguida foram realizados ensaios de granulometria sem a utilização de

defloculante, a fim de se verificar a influência do meio dispersor na desagregação dos solos,

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Por

cent

agem

ret

ida

(%

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000

Diâmetro dos Grãos (mm)

Por

cent

agem

que

pas

sa

(

%)

solo verde solo roxo solo branco

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98

com os resultados sendo plotados juntos na figura 6.7. Para melhor comparação das mudanças

que ocorrem, foram plotados também os resultados de cada solo, com e sem defloculante, nas

figuras 6.8 a 6.10.

Figura 6.7: Curva granulométrica dos solos verde, branco e roxo sem defloculante

Resumidamente, em valores percentuais de cada fração de solo, tem-se a tabela 6.5.

Tabela 6.5: Resultados da granulometria sem o uso de defloculante

AREIA (%) SOLO

Grossa Média Fina Total

SILTE

(%)

ARGILA

(%)

TOTAL DE

FINOS (%)

VERDE 0 1 15 16 67 17 96

BRANCO 9 39 8 56 40 3 44

ROXO 3 13 22 38 57 5 64

Por

cent

agem

ret

ida

(%

)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000

Diâmetro dos Grãos (mm)

Por

cent

agem

que

pas

sa

(

%)

Solo verde solo roxo solo branco

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99

Figura 6.8: Curvas granulométricas do solo verde com e sem defloculante

Figura 6.9: Curvas granulométricas do solo branco com e sem defloculante

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Por

cent

agem

ret

ida

(%

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000

Diâmetro dos Grãos (mm)

Por

cent

agem

que

pas

sa

(

%)

solo verde c/ defloc. solo verde s/ defloc.

Por

cent

agem

ret

ida

(%

)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000

Diâmetro dos Grãos (mm)

Por

cent

agem

que

pas

sa

(

%)

solo branco c/defloc solo branco s/ defloc.

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100

Figura 6.10: Curvas granulométricas do solo roxo com e sem defloculante

Considerando-se as figuras 6.8 a 6.10, que mostram comparações dos resultados das

análises granulométricas executadas com e sem o uso de defloculante, bem como os dados

constantes nas tabelas 6.4 e 6.5, verifica-se que:

• As frações mais grosseiras não apresentam mudanças significativas nos solos branco e

roxo, com as porcentagens totais de areia permanecendo bastante próximas. Já o solo

verde, originalmente o mais fino, apresenta considerável aumenta da porção areia fina;

• Todos os solos apresentam expressivos aumentos na porcentagem de silte. Nos solos

branco e roxo o aumento verificado foi da ordem de 30%, enquanto no solo verde chegou

a 47%. Consequentemente a este aumento de silte, verifica-se a redução das porcentagens

de argila, nas mesmas ordens de grandeza.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Por

cent

agem

ret

ida

(%

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000

Diâmetro dos Grãos (mm)

Por

cent

agem

que

pas

sa

(

%)

solo roxo c/ defloc. solo roxo s/ defloc.

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101

6.5- LIMITES DE ATTERBERG:

A metodologia adotada consistiu na realização dos ensaios de limites de liquidez

pelo método de Casagrande e de plasticidade, utilizando-se a fração menor que 0,42mm de

amostras previamente secas ao ar. Os resultados obtidos encontram-se na tabela 6.6.

Tabela 6.6: Resultados dos limites de consistência dos solos

SOLO LL (%) LP (%) IP (%)

VERDE 81,7 32,6 49,1

BRANCO 49,4 22,9 26,4

ROXO 65,4 35,1 30,3

Estes resultados encontram-se muito próximos aos citados por Mitchell (1993), que

indica para minerais do grupo caulinita valores de LL entre 30% e 110% e LP entre 25% e

40%.

É importante destacar que o valor médio de umidade natural encontrado para o solo

branco é muito próximo do limite de plasticidade deste material.

Conhecidas as granulometrias e os limites de consistência de cada solo, pode-se obter

a classificação dos mesmos de acordo com o Sistema Unificado de Classificação de Solos.

Neste sistema, o solo branco é classificado como SC, o solo roxo como MH e o solo verde

como CH.

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102

6.6- CURVA CARACTERÍSTICA :

Para esta determinação utilizou-se, conforme já descrito, o método do papel filtro, o

qual, segundo Marinho (1994), tem se mostrado eficiente. Os procedimentos adotados,

também já descritos, fornecem dois valores de resultados de sucção matricial para cada

amostra.

Todos os solos apresentavam valores médios de grau de saturação bastante elevados,

com amostras que atingiam aproximadamente 95%. Por este motivo optou-se por variar a

umidade das amostras apenas pelo processo de secagem das mesmas.

Adotou-se, como já citado, a curva de calibração do papel filtro proposta por

Chandler et al. (1992). As curvas características de cada solo são apresentadas nas figuras

6.11 a 6.13.

Para todos os solos foram adotados pontos “teóricos”, correspondentes ao grau de

saturação de 100%, que teria uma sucção nula. Os referidos pontos foram determinados por

meio de cálculos.

O solo verde apresenta os maiores valores de sucção dentre os três materiais. Tal fato

está em acordo com o que se podia prever, pois a presença de esmectita neste solo certamente

implicaria em sucções elevadas. Segundo Bastos et al. (1998), sucções elevadas também

podem ser esperadas em solos com comportamento muito plásticos e altos limites de liquidez,

o que ocorre neste caso. Os valores encontrados indicaram sucções mínimas da ordem de

1500kPa para o solo com 24,1% de umidade (S=98%). Às menores umidades, por volta de

8,4% (S=33%) determinou-se sucções de 26000kPa (figura 6.11).

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103

Figura 6.11: Curva característica do solo verde

O solo branco apresentou as menores sucções dentre os três materiais. Estes

resultados podiam ser previstos pela granulometria do mesmo, visto que era mais grosseira

que a dos demais, com o menor teor de argila e o maior de areia. Mineralogicamente, a

presença apenas de caulinita também não indicaria maiores sucções. Deve-se ressaltar que tais

resultados não são exatamente baixos, porém, comparativamente aos dos outros materiais,

encontram-se num nível bastante inferior. As sucções ficaram, então, entre 150kPa para uma

umidade de 28,7% (S=94%) e 5500kPa para uma umidade de 5,9% (S=26%) (figura 6.12).

Curva característica solo verde

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

0 5 10 15 20 25 30

Umidade (%)

Suc

ção

(kP

a)

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104

Figura 6.12: Curva característica do solo branco

O solo roxo também apresentou sucções elevadas, as quais merecem ainda mais

destaque se considerar-se que o material não apresenta esmectita ou outro argilomineral que

as justifiquem, sendo de se esperar portanto que os valores fossem menores. As características

de plasticidade do solo (IP=30,3%), entretanto, poderiam ser consideradas indicativas de altas

sucções. Obteve-se para o mesmo resultados a partir de 2400kPa, para uma umidade de 24%

(S=90%). As menores umidades, por volta de 11% (S=43%) forneceram sucções de

aproximadamente 6100kPa (figura 6.13).

Curva característica solo branco

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

0 5 10 15 20 25 30 35

Umidade (%)

Suc

ção

(kP

a)

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105

Figura 6.13: Curva característica do solo roxo

Note-se que a relação entre sucção e plasticidade se evidencia nestes solos. Os três

materiais são altamente plásticos e todos atingem sucções consideráveis. Entretanto, o que

apresenta menor índice de plasticidade (branco) também apresenta sucção significativamente

menor que a do solo verde, o qual é mais plástico. O solo roxo, por sua vez, apresenta valores

intermediários para as duas propriedades.

Os resultados de umidade e sucção para cada amostra dos três solos, que serviram

como dados para a construção dos gráficos acima, são apresentados na tabela 6.7.

Curva característica solo roxo

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 5 10 15 20 25 30

Umidade (%)

Suc

ção

(kP

a)

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106

Tabela 6.7: Resultados de umidade e sucção dos três solos, incluindo “pontos teóricos”

Solo Verde Solo Branco Solo Roxo

w (%) Sucção (kPa) w (%) Sucção (kPa) w (%) Sucção (kPa)

8,47 26325 5,9 5445,27 11,82 6143

10,85 20575,1 9,6 2747,5 12,96 5455

13,22 16157,8 11 2679,1 15,53 3592

13,25 14098,2 13,15 2589,03 16,12 4226

14,46 10480 16,26 1314,8 17,26 3557

15,78 7890,19 17,03 1524 18,32 2644

17,23 7596,9 19,4 1281,85 18,45 3139

17,58 6566,67 19,2 1113,55 20,95 2630

18,9 4818,8 20,4 886,65 21,54 2522

20,16 4106,24 20,25 719,15 22,14 2341

20,42 2120,4 21,3 453,9 22,45 2417

20,44 2919,27 22,49 282,5 24,13 2411

21,22 2437,8 23,86 302,65 25,8 0

23,12 3541,8 28,37 149,4 --- ---

24,1 1549,6 29,9 0 --- ---

25,8 0 --- --- --- ---

6.7- ENSAIOS DE TRAÇÃO (MÉTODO BRASILEIRO) :

Com o objetivo de se fazer uma avaliação do comportamento mecânico dos

materiais, foram realizados ensaios de determinação da resistência à tração dos mesmos,

adotando-se para os mesmos o método brasileiro.

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107

A fim de se tentar estabelecer uma relação entre a resistência à tração do solo e sua

umidade, foram realizados de dez a vinte ensaios para cada solo. Em cada ensaio utilizava-se

um provete com umidade diferente, de modo a se obter um par de pontos (óT , w). O conjunto

de todos os pares, de cada solo, puderam então ser plotados em um gráficos, os quais

buscavam representar a tendência de comportamento dos respectivos materiais.

Nas figuras 6.14 a 6.19 são apresentados os gráficos “Resistência à tração x

umidade” e “Resistência à tração x saturação” de cada um dos materiais.

Como era esperado, o solo verde é o que apresenta maior resistência, com valores

mínimos de aproximadamente 157 kPa para uma umidade de 22,5% (saturação de 92%) , até

um máximo verificado de 819 kPa para a umidade de 10,7% (saturação de 46%) (Figuras 6.14

e 6.15). Estes valores elevados podem ser justificados pela granulometria do mesmo, a qual

apresenta elevado percentual de argila e silte, que à medida que secam desenvolvem

comportamento cimentante.

Figura 6.14: Resistência à tração x umidade (solo verde)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 5 10 15 20 25

Umidade (%)

Tens

ão m

áx. (

KP

a)

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108

Figura 6.15: Resistência à tração x Saturação (solo verde)

Os resultados do solo branco foram os que apresentaram menores valores de

resistência, variando entre um mínimo de 34 kPa para 27,5% de umidade (saturação de

91,5%), até um máximo de 101 kPa para 18,5% de umidade (saturação de 64,5%) (Figuras

6.16 e 6.17 ). Tais resultados também estão de acordo com o previsto. Assim como no caso

anterior, a melhor justificativa para os mesmos também parece ser a granulometria, a qual

apresenta a menor quantidade de argila e maior porcentagem de areia dentre os solos em

questão. Deve-se ressaltar que os pontos apresentaram-se bastante dispersos, com a tendência

de comportamento parecendo indicar um aumento de resistência com a diminuição da

umidade, até um “ponto ótimo” a partir do qual apresenta um decréscimo, chegando a

apresentar 30 kPa para 10,3% de umidade.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Saturação (%)

Tens

ão m

áxim

a (k

Pa)

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109

Figura 6.16: Resistência à tração x umidade (solo branco)

Figura 6.17: Resistência à tração x saturação (solo branco)

0

50

100

150

200

250

0 5 10 15 20 25 30 35

Umidade (%)

Tens

ão m

áx. (

kgf/c

m2)

0

50

100

150

200

250

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Saturação (%)

Res

istê

ncia

máx

ima

(kgf

/cm

2)

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110

Por fim, o solo roxo foi o que apresentou resultados mais dispersos, sendo difícil a

visualização de uma tendência no seu comportamento. Ao que parece, ocorre também um

aumento da resistência com a diminuição da umidade até um ponto máximo. A partir deste

ponto, entretanto, a resistência indica uma estabilização, com ligeira tendência de diminuição.

Quanto à ordem de grandeza dos resultados para este material, pode-se dizer que o mesmo

apresenta valores intermediários em relação aos demais, ficando entre 130,4 kPa para 21% de

umidade (saturação de 80,65%), atingindo 317kPa para umidade de 17,8% (saturação de

73,7%) (Figuras 6.18 e 6.19).

Figura 6.18: Resistência à tração x umidade (solo roxo)

0

50

100

150

200

250

300

350

0 5 10 15 20 25 30

Umidade (%)

Tens

ão m

áx. (

kPa)

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111

Figura 6.19: Resistência à tração x saturação (solo roxo)

Os resultados de umidades, saturação e resistência à tração obtidos para os três solos,

os quais serviram como dados para a construção dos gráficos acima, encontram-se reunidos

na tabela 6.8.

0

5 0

100

150

200

250

300

350

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 100

S a t u r a ç ã o ( % )

Res

istê

ncia

máx

ima

(kgf

/cm

2)

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112

Tabela 6.8: Resultados de umidade, saturação e resistência à tração dos três solos

Solo verde Solo Branco Solo Roxo

w (%) S (%) ó (kPa) w (%) S (%) ó (kPa) W (%) S (%) ó (kPa)

21,73 79,02 257,35 6,36 23,3 40,03 14,34 50,06 279,27

18,5 70,9 318,25 2,79 9,69 55,55 12,38 48,19 181,99

22,56 91,8 157,7 5,33 23,58 75,45 13,83 60,74 250,77

19,78 86,11 225,65 19,58 79,15 67,56 20,35 86,46 181,15

6,36 27,66 722,96 23,17 90,5 68,52 12,01 47,79 182,43

20,45 89,5 230,78 20,6 84,19 64,18 16,73 68,18 248,67

19,58 77,66 256,65 21,66 85,82 40,2 21 80,65 131

17,15 67,19 450,17 19,74 73,54 85,05 21,1 87,02 304,26

16,78 65,3 470,03 12,42 45,34 80 21,53 81,73 277,04

15,35 62,43 449,29 10,34 33,5 29,72 17,73 79,6 269,5

14,11 57,7 495,98 27,35 91,49 34,11 21,95 89,98 271,82

12,94 54,18 496,73 16,32 56,35 46,82 15,65 64,85 276,12

12,99 51 692,7 15,69 58,96 74,22 21,36 86,49 239,64

10,74 46,1 819,1 18,77 64,24 76,9 16,55 71,54 279,49

8,38 33,17 712,44 18,56 68,43 100,9 23,39 90,66 211,45

19,45 73,32 389,84 --- --- --- 17,86 73,74 317,28

--- --- --- --- --- --- 14,82 62,76 281,07

--- --- --- --- --- --- 12,22 52,9 225,70

--- --- --- --- --- --- 9,35 39,91 242,31

--- --- --- --- --- --- 6,3 27,87 252,53

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113

6.8- CARACTERIZAÇÃO MCT :

Conforme já explicado anteriormente, a metodologia MCT foi desenvolvida com o

objetivo de promover uma classificação mais adequada para os solos tropicais. Como

também já citado, ao longo do tempo diversos autores observaram as tendências de

comportamento dos solos de cada grupo, permitindo assim que se estabelecessem

características gerais para cada material, entre elas a avaliação de suas resistências à erosão.

A definição dos grupos e classes, nesta classificação, é feita com o uso dos

parâmetros c’ e e’, anteriormente citados. Para os solos em questão, tais parâmetros

apresentaram os valores da tabela 6.9, tendo sido obtidos a partir das curvas apresentadas nas

figuras 6.20 a 6.25.

Figura 6.20: Curva de compactação para 12 golpes no Mini-MCV do solo verde

Curva de compactação correspondente a 12 golpes Mini-MCV

y = 26,19x + 1045

1450

1550

1650

14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0 30,0 32,0

Umidade (%)

Pes

o e

spec

ífic

o a

par

ente

sec

o (

Kg

/m3 )

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114

Figura 6.21: Curvas Mini-MCV do solo verde

Figura 6.22: Curva de compactação para 12 golpes no Mini-MCV do solo branco

Curvas Mini-MCV

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 10 100

Número de Golpes

An -

A4n

6

C

8

E

G

Curva de compactação correspondente a 12 golpes Mini-MCV

y = 28,571x + 1353

1650

1700

1750

1800

13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 21,0 22,0

Umidade (%)

Pes

o e

spec

ífic

o a

par

ente

sec

o (

Kg

/m3 )

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115

Figura 6.23: Curvas Mini-MCV do solo branco

Figura 6.24: Curva de compactação para 12 golpes no Mini-MCV do solo roxo

Curvas Mini-MCV

0

2

4

6

8

10

12

14

1 10 100

Número de Golpes

An -

A4n

50

3

4

5

Curva de compactação correspondente a 12 golpes Mini-MCV

y = 15,763x + 1275

1500

1600

13,0 15,0 17,0 19,0 21,0 23,0 25,0 27,0 29,0 31,0 33,0

Umidade (%)

Pes

o e

spec

ífic

o a

par

ente

sec

o (

Kg

/m3 )

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116

Figura 6.25: Curvas Mini-MCV do solo roxo

Tabela 6.9: Resultados do ensaio MCT

Solo d’ c’ Pi (%) e’

Verde 26,19 -1,9732 208,4 1,42

Branco 28,571 -1,5304 127 1,25

Roxo 15,763 -1,7764 128,64 1,36

Os valores dos solos verde e roxo indicaram para ambos a classificação NG’, que

significa solo não laterítico com predomínio da fração argila (figura 6.26). Este resultado

encontra-se em acordo com a caracterização convencional realizada.

Curvas Mini-MCV

0

2

4

6

8

10

12

14

1 10 100

Número de Golpes

An -

A4n

3

4

5

6

20

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117

O solo branco por sua vez se situou em uma zona muito próxima aos limites de

separação entre três grupos, a qual pode ser considerada uma zona de transição (figura 6.26).

Nestes casos a classificação do solo não fica bem definida, podendo o mesmo pertencer a

qualquer um dos três grupos. O solo em questão, especificamente, apresentou-se no grupo

NG’, próximo a NS’ e a NA’. Como já dito, NG’ indica solos não lateríticos argilosos,

enquanto NS’ e NA’ indicam solos não lateríticos siltosos e arenosos, respectivamente.

Figura 6.26: Classificação dos solos segundo a metodologia MCT

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118

6.9-ENSAIO DE DESAGREGAÇÃO:

O ensaio foi realizado simultaneamente para os três solos. Aos 5 minutos de duração

o solo branco já estava totalmente desagregado, formando uma pilha de material com grãos

soltos. Neste momento, o solo roxo apresentava desprendimento de apenas algumas

partículas, enquanto o verde já indicava razoável desagregação.

Com cerca de 30 minutos, o solo roxo permanecia inalterado, enquanto o verde já se

encontrava bastante desagregado, porém diferentemente do branco, desprendendo grumos de

partículas.

Aos 50 minutos começaram a surgir fissuras no solo roxo, sub-horizontais e sub-

verticais, com aparente tendência de foliação. Neste ponto do ensaio o solo verde se

encontrava com a forma praticamente desfeita (foto 6.1).

Com 2 horas de ensaio, as fraturas da amostra roxa se encontravam bastante abertas,

porém, sem ocasionar em uma perda do formato cúbico. O solo verde não mantinha mais

nenhuma preservação da forma original, tendo se desagregado totalmente em grumos de

partículas. A partir de então não ocorreram mais alterações nos comportamentos dos solos até

que ensaio completasse 24 horas e fosse considerado encerrado (foto 6.2).

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119

Foto 6.1 : Aspecto do ensaio de desagregação decorridos 50 minutos

Foto 6.2 : Aspecto do ensaio de desagregação ao final de 24 horas

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120

Como indicador da erodibilidade dos solos, o ensaio de desagregação foi considerado

bastante representativo por Rego (1978), Ferreira (1981) e Santos (1997). Os referidos autores

observaram boa correlação entre os resultados obtidos no e as situações de campo, uma vez

que as amostras que mais se desagregaram eram realmente as que se mostravam mais

erodidas “in loco”, enquanto as que não reagiram ao ensaio eram as menos erodidas.

6.10-ENSAIO DE PENETRAÇÃO DE CONE:

Os resultados do ensaio de cone para os três solos indicaram os valores médios para a

penetração natural (P nat) e para a penetração saturada (P sat) apresentados na tabela 6.10.

Tabela 6.10 : Valores médios de P nat e P sat obtidos para os solos em estudo

SOLO P nat (mm) P sat (mm) 0.67Psat/Pnat

VERDE 2,897 8,312 1,922

BRANCO 4,323 6,466 1,002

ROXO 5,421 5,653 0,698

Uma das propostas feitas por Alcântara (1997) considera que os solos com

problemas de erosão apresentam a relação 0,67 Psat / P nat >1. Plotando-se os resultados

obtidos em gráfico cartesiano, junto a valores obtidos por Burgos et al (1999), tem-se a figura

6.27:

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121

Figura 6.27: Resultados Psat x Pnat comparados com dados de Burgos et al (1999)

P sat x P nat

y = 0,67x

0

1

23

4

5

6

78

9

10

0 5 10 15P sat (mm)

P n

at (

mm

)

solo branco solos com erosão(literatura)

solo verde solos sem erosão (literatura)

solo roxo

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122

CAPÍTULO 7

POTENCIAL DE EROSÃO DOS SOLOS

Neste capítulo, procura-se estabelecer a correlação entre as propriedades analisadas e

o potencial de erosão dos solos, avaliado com base nas observações de campo e nos resultados

dos ensaios de desagregação e de penetração de cone. Para isto, faz-se uma interpretação dos

resultados obtidos, comparando-os com outros resultados da literatura , com as condições de

campo e com os resultados dos ensaios acima referidos.

Os resultados do ensaio de desagregação para os solos estudados neste trabalho

indicam que o solo branco é o mais erodível, tendo desagregado completamente em um

período muito curto, de cerca de 5 minutos. O solo verde também demonstra erodibilidade

semelhante, tendo se desagregado em um período de 30 minutos, o qual também pode ser

considerado curto em relação à duração total do ensaio, que é de 24 horas. Já o solo roxo

apresentou-se pouco susceptível à erosão, não se desagregando, tendo como reações ao ensaio

uma expansão e o surgimento de fissuras.

Os resultados do ensaio de penetração de cone, por sua vez, também indicaram que o

solo roxo não é erodível. O solo branco posicionou-se muito próximo do limite de separação

entre os solos de bom e os de mau, tendendo para a zona de mau comportamento, conforme

pode-se verificar pelo valor da relação 0.67Psat/Pnat.

Comparando-se os resultados dos ensaio de desagregação e de penetração de cone

dos solos branco e roxo com as observações de campo, os mesmos encontram-se em

concordância. O solo verde, porém, aparentava em campo possuir uma maior resistência à

erosão, o que não foi confirmado pelos ensaios.

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123

Para o solo verde, a completa desagregação ocorrida, bem como a relação entre Psat

e Pnat encontrada, podem estar relacionadas à condição de saturação do solo combinada à sua

mineralogia, cuja análise indicou a presença de esmectita. Este argilomineral faz com que o

solo, quando saturado, se apresente dispersivo / expansivo e assim, mais erodível. Esta

situação poderia explicar seu comportamento à submersão. Por outro lado, quando não

saturado, a esmectita acarreta maior sucção ao solo, conferindo-lhe uma “maior resistência”.

Tal fato, confirmado pelos ensaios de curva característica e resistência à tração, explicaria o

comportamento de campo do solo.

As comparações feitas neste capítulo considerarão, então, que em situações de

campo, com os solos não estando submersos/saturados, o solo verde será o menos erodível,

seguido do roxo, e por fim o branco, avaliado como potencialmente erodível .

7.1-ASPECTOS MINERALÓGICOS:

De acordo com Morgan (1986), ilita e esmectita conferem aos solos maior

expansibilidade que a caulinita, e os agregados que formam são menos estáveis que os

formados por este último argilomineral citado. Por essas características, a presença destes

argilominerais (ilita e esmectita) em um solo indicariam uma maior erodibilidade do mesmo.

Por outro lado, estudos realizados por Almeida e Guerra (1994), Fácio (1991) e Lima

(1999) identificaram a caulinita como argilomineral predominante nos solos de diversas

voçorocas, o que parece indicar que a mesma também seja bastante susceptível à erosão.

Pelos resultados obtidos na análise dos solos em estudo, e confrontando-se aqueles

com os relatos da literatura, percebe-se que a simples análise da mineralogia da fração fina

não é um parâmetro que possa ser adotado como bom indicador do potencial de erosão de um

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124

solo.

7.2-ANÁLISES QUÍMICAS:

Vários trabalhos que abordam a erosão de solos buscaram investigar a influência do

pH (Guerra, 1991b; Guerra e Almeida, 1993 e 1994; Barros e Guerra, 1993). Na tabela 7.1

são apresentados alguns valores encontrados na literatura, relacionando-os às condições de

campo descrita pelos respectivos autores.

Tabela 7.1: Valores de pH obtidos na literatura, relacionados com as condições de campo

Condições do solo utilizado para amostragem pH

Áreas com marcas erosivas (Barros e Guerra, 1993) 6

Áreas sem marcas erosivas (Barros e Guerra, 1993) 5,6

Áreas com marcas erosivas (Guerra e Almeida, 1993) 4,96 a 6,37

Áreas com marcas erosivas (Guerra e Almeida, 1994) 4,9 a 5,9

As tabela acima demonstra a ocorrência de valores muito semelhantes tanto para

áreas com marcas erosivas quanto para aquela onde não se verificou sinais de erosão. Assim,

não se verifica a existência de correlação direta entre esta propriedade e a erodibilidade dos

solos.

Como todos os solos aqui analisados apresentaram pH ácido, o mesmo parece não

ser determinante na diferenciação de seus comportamentos.

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125

7.3- ÍNDICES FÍSICOS:

Guerra (1995) diz que a porosidade influencia no processo erosivo porque, à medida

que diminui, reduz a infiltração de água no solo. Assim, o volume de água precipitado sobre o

terreno tem maior dificuldade de infiltrar no solo, com o excesso aumentando então o

escoamento superficial e, consequentemente, a intensidade do processo erosivo.

A tabela 7.2 apresenta valores de porosidade encontrados na literatura, relacionando-

os com a intensidade de erosão dos respectivos solos.

Tabela 7.2: Valores de porosidade obtidos na literatura, relacionados às condições de erosão

observadas em campo

Amostra de Solo Porosidade (%)

JB-4 : Pouco erodível (Santos, 1997) 54,8

VC-5 : Muito erodível (Santos, 1997) 47,1

VP-5 : Muito erodível (Santos, 1997) 48

Distrito 8,5m : Pouco erodível (Lima, 1999) 37,4

Distrito 7,0m : Muito erodível (Lima, 1999) 37,7

Distrito 3,0m: Muito erodível (Lima, 1999) 44,1

Observa-se que os valores não definem tendências que exemplifiquem a afirmação

de Guerra (1995). Para os valores de Lima (1997), o verificado é exatamente o oposto. De

uma forma geral, não se percebe a existência de uma faixa de valores separando os solos

muito erodíveis dos pouco/não erodíveis.

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126

Os valores de porosidade dos solos em estudo neste trabalho foram de

aproximadamente 39% para o solo roxo, e de cerca de 41,4% tanto para o solo verde quanto

para o branco.

7.4-GRANULOMETRIA:

Com os valores da granulometria pode-se obter os parâmetro porcentagem de

dispersão, dado por:

Porcentagem de dispersão=edispersantcommquemenorespartículasdeedispersantsemmquemenorespartículasde

5 % 5 %

µµ

Para este parâmetro, a proposta de avaliação de erodibilidade é:

20%< Porcentagem de dispersão <25% : Erodibilidade média

25% < Porcentagem de dispersão <50%: Erodibilidade alta

50% < Porcentagem de dispersão : Erodibilidade muito alta

Os valores destes parâmetros, para os três solos são dados na tabela 7.3.

Tabela 7.3:Valores de % menor que 5ìm com e sem defloculante e do parâmetro

porcentagem de dispersão

Solo % sem defloc. % com defloc. Porcentagem de dispersão

Verde 34 85 40

Branco 5,2 36 14,4

Roxo 8,5 53 16,03

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127

Tais resultados indicariam que os solos branco e roxo seriam pouco erodíveis,

enquanto o verde seria muito erodível. Comparando com as observações de campo, conclui-se

que o critério não é válido para os solos em estudo, percebendo-se ainda que considera apenas

a dispersividade dos materiais.

Na tabela 7.4 são apresentados os valores da porcentagem que passa na peneira no40

e do parâmetro “a” (definido por Santos e Castro, 1966; conforme descrito na equação 4.1)

para cada um dos solos.

Tabela 7.4: Valores de % que passa #40 e parâmetro “a” para os solos em estudo

Solo % que passa #40 Parâmetro “a”

Branco 85,08 0,71

Roxo 96,08 0,88

Verde 99,93 0,98

As propostas de Santos e Castro (1966), levando-se em consideração o parâmetro “a”

e a porcentagem que passa na peneira no 40, define os seguintes critérios para identificação

dos solos de bom comportamento :

49%< %que passa #40 < 96

0,52 < a < 0,92

Os resultados obtidos para os solos em questão apresentam-se contraditórios, pois a

porcentagem passando na peneira no 40 indicaria que o solo branco teria bom comportamento,

enquanto os solos roxo e verde seriam susceptíveis à erosão. Já o resultado do parâmetro “a”

indicaria mau comportamento apenas do solo verde.

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128

Além disso, comparando-se ambas as propostas com as observações de campo,

conclui-se que tais critérios não são satisfatórios para os solos em questão, pois indicam

tendências opostas às verificadas “in loco”.

Morgan (1986) diz que as partículas menos resistentes à erosão são siltes e areias

finas. Guerra (1991a e 1991b) também conclui que quanto maior o teor de silte maior a

susceptibilidade do solo à erosão. Assim, do ponto de vista granulométrico, a verificada troca

de fração argila para silte representaria um importante papel no processo, pois conferiria a

todos os materiais características de maior erodibilidade. Deve-se sempre ressaltar, porém,

que análises isoladas não são suficientes para o entendimento do processo, sendo necessário

uma abordagem em conjunto com outras propriedades.

As porcentagens de argila, silte e areia, podem ser apresentadas em um gráfico

demonstrativo de texturas. Na figura 7.1 estão representados os solos em estudo, junto a

outros solos relatados na literatura (Fonseca e Ferreira, 1981; Fácio, 1991; Santos, 1997;

Lima, 1999), estes últimos relacionados às condições de erosão descritas pelos respectivos

autores.

O gráfico parece indicar uma tendência de concentração dos solos muito erodíveis na

região de mais de 50% de areia e menos de 50% de argila, justamente onde se localiza o solo

branco, aqui considerado o mais erodível dentre os três em estudo. Faz-se então uma proposta

de separação de duas zonas, indicando a provável tendência de comportamento dos solos. A

pouca quantidade de dados, entretanto, impossibilita que tal proposta seja tomada como

definitiva, merecendo mais pesquisa que a comprove.

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129

Figura 7.1: Gráfico triangular representativo das frações dos solos

7.5-LIMITES DE ATTERBERG:

De acordo com os critérios propostos por Santos e Castro (1966), solos com bom

comportamento apresentam LP � 32% e IP � 17%. Considerando-se LP , o solo branco teria

bom comportamento, enquanto os outros dois teriam mau comportamento, estando porém

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muito próximos do limite de separação adotado como critério. Entretanto, considerando-se IP,

todos os solos apresentam mau comportamento, com valores muito superiores aos valores

limites adotados.

A tabela 7.5 apresenta valores de IP e LP encontrados na literatura . Para cada solo

foi relacionado a erodibilidade dos mesmos, verificada com base nas observações dos autores.

Tabela 7.5: Valores de IP e LP encontrados na literatura, relacionados com suas

erodibilidades

Amostra de solo IP LP

JB-4 : Pouco erodível (Santos, 1997) 10 46

VC-5 : Muito erodível (Santos, 1997) 8 44

VP-5 : Muito erodível (Santos, 1997) NP 47

Distrito 8,5m : Pouco erodível (Lima, 1999) 4,2 20

Distrito 7,0m : Muito erodível (Lima, 1999) 9,9 17,1

Distrito 3,0m: Muito erodível (Lima, 1999) 16,2 30,1

Ceilândia 1 : Muito erodível (Fácio, 1991) NP 33,8

IC : Muito erodível (Fonseca e Ferreira, 1981) NP 42

IA : Muito erodível (Fonseca e Ferreira, 1981) 26 63

Colúvio : Pouco erodível (Fonseca e Ferreira, 1981) 29 61

Os valores apresentados não indicam nenhuma tendência de relação da erosão com

os referidos índices, em boa parte dos casos discordando inclusive da proposta de Santos e

Castro (1966).

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131

Com os valores das granulometrias e dos limites, pôde-se obter a classificação dos

solos pelo Sistema Unificado de Classificação dos Solos. Segundo Gray e Leiser (1989), as

mesmas indicariam uma tendência de erodibilidade maior do solo branco, seguido pelo roxo e

sendo o solo verde o menos susceptível. Deve-se observar que esta tendência é contrária à

obtida pelos critérios de Santos e Castro (1966).

7.6- CLASSIFICAÇÃO MCT:

Lima (1999) definiu, pela realização do ensaio de Interbitzen, que das amostras por

ela estudadas as mais erodíveis eram das profundidades de 3m e 7m, da localidade

denominada Distrito. Já a menos erodível, segundo o mesmo ensaio, era a da profundidade de

8,5m, da mesma localidade. No que diz respeito à classificação MCT, as referidas amostras

foram por ela classificadas conforme segue na tabela 7.6.

Tabela 7.6 : Resultados encontrados por Lima (1999) envolvendo resultados do ensaio de

Interbitzen e a classificação MCT

Amostra Resultado Interbitzen Classificação MCT

Distrito- 3,0m Muito erodível LA’-LG’

Distrito- 7,0m Muito erodível LA’-LG’

Distrito- 8,5m Pouco erodível NA’-NS’

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132

Burgos et al. (1999) encontraram os resultados apresentados a seguir (tabela 7.7),

envolvendo a classificação MCT e as condições de erosão de solos:

Tabela 7.7: Resultados encontrados por Burgos et al. (1999) envolvendo condições de erosão

em campo e a classificação MCT

Amostra Condições em campo Classificação MCT

4 Sem erosão LG’

5 Sem erosão LG’

12 Com erosão NG’

16 Com erosão NG’

17 Sem erosão NA’

18 Com erosão NA’

22 Sem erosão LA’

24 Com erosão LA’

25 Com erosão NG’

26 Com erosão NG’

27 Sem erosão NG’

30 Sem erosão NS’

O resultado da tabela 7.6 é bastante inesperado, visto que, a princípio, espera-se que

solos lateríticos apresentem maior resistência à erosão que os não lateríticos.

Pela tabela 7.7 percebe-se que a simples definição do grupo MCT de um solo,

isoladamente, não é indicativo de sua erodibilidade, uma vez que apresentam solos de mesmas

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classes que, em campo, apresentam situações diferentes no que diz respeito à ocorrência de

erosão.

A utilização do ábaco de Vertamatti e Araujo (1998) para os solos em estudo não se

mostrou confiável. Os valores de sucção obtidos neste trabalho foram muito elevados, mesmo

para umidades altas. Assim, os valores de tgè seriam demasiadamente baixos, e a

classificação dos solos ficaria dependente apenas de 100 e’, com todos sendo classificados

como muito erodíveis, o que não é coerente com as considerações já feitas.

Já o quadro característico apresentado na tabela 5.1 indicaria para os solos verde e

roxo, para cortes em solos “in situ”, freqüências equivalentes de erodibilidades média e

elevada. Para o solo branco, a tabela indicaria freqüências equivalentes de erodibildades

baixa, média e elevada. Portanto, percebe-se que a referida tabela se mostra vaga na avaliação

dos solos, não fornecendo informações que demonstrem tendência de comportamento dos

mesmos.

7.7- RESISTÊNCIA À TRAÇÃO X SUCÇÃO :

Uma vez que se dispunha de ensaios que definiam gráficos sucção x umidade e

resistência à tração x umidade, foram desenvolvidos gráficos relacionando resistência à tração

x sucção.

O objetivo desta determinação era de se verificar a ocorrência de tendências de

comportamento dos solos para tal relação e, havendo esta tendência, definir possível

correlação entre ela e o comportamento do material quanto à erosão.

Para estabelecer a relação desejada, foram definidas equações que representassem a

linha de tendência dos solos para as curvas sucção x umidade. Em todos os casos conseguiu-

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se obter equações muito satisfatórias. Para o solo verde utilizou-se a seguinte equação:

sucção=1,1058 w3 +25,649 w2 –3365,4 w+51852 (R2=0,98). A equação utilizada para o solo

branco foi: sucção=-0,4114 w3 +31,955 w2 –907,3 w +9499,9 (R2=0,96). Por fim, para o solo

roxo obteve-se: sucção=-5,7131 w3 +327,43 w2 –6398,2 w +45637 (R2=0,94). Com estas

equações, podia-se então obter os valores de sucção para cada umidade desejada, passando-se

assim dos pontos (tração, umidade) para pontos (tração, sucção). Os pontos obtidos foram

plotados, resultando no gráfico apresentado na figura 7.2. No mesmo gráfico é feita uma

proposta de separação dos solos em faixas, de acordo com a tendência de comportamento que

aparentemente possuam .

Figura 7.2: Resistência à tração x Sucção

0

5 0 0 0

1 0 0 0 0

1 5 0 0 0

2 0 0 0 0

2 5 0 0 0

3 0 0 0 0

3 5 0 0 0

0 2 0 0 4 0 0 6 0 0 8 0 0 1 0 0 0

R e s i s t ê n c i a à t r a ç ã o ( k P a )

Su

cção

(kP

a)

s o l o v e r d eso lo roxos o l o b r a n c o

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135

CAPÍTULO 8

CONCLUSÕES

As características do meio físico do município de Itaboraí, como por exemplo

geologia, solos, temperatura e vegetação, constituem fatores condicionantes do processo

erosivo nos solos estudados da Formação Macacu.

A intervenção antrópica acarreta modificações na forma de atuação dos agentes

erosivos, uma vez que altera as condições originais do meio físico. No caso das ocorrências

da Formação Macacu em Itambi (distrito de Itaboraí), a ação do homem mais evidente é a

exploração do próprio solo como matéria prima para as indústrias de cerâmica da região. Tal

uso torna o solo mais desprotegido, uma vez que impede o desenvolvimento de vegetação;

além de provocar mudança na forma de escoamento superficial, devido à mudança da

declividade do perfil. Na mesma região (portanto, sujeitos às mesmas condições naturais),

são encontrados ocorrências da formação Macacu nas quais não se verificam problemas

relacionados à erosão. A diferença básica destas ocorrências para o perfil utilizado no

trabalho é justamente o tipo de uso do solo. Sendo assim, a atividade humana demonstra ser o

agente desencadeador do processo erosivo.

Em qualquer situação, entretanto, tendo se iniciado o fenômeno erosivo, o mesmo

terá sempre a sua evolução condicionada por fatores como o tipo de solo, a geologia, etc.

Assim, qualquer projeto de controle e/ou prevenção destes processos deve ser feito com base

na identificação do agente atuante e de sua intensidade; e dos fatores condicionantes do meio

físico já citados, que definirão a susceptibilidade do mesmo à erosão.

Com base nas metodologias adotadas neste trabalho, ressalta-se que as observações

de campo e os ensaios de laboratório devem sempre estar associados, uma vez que as

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136

informações obtidas em ambos devem se complementar e se confirmar mutuamente. Pela

análise conjunta de ambos, conclui-se que em situações de campo, com os solos não estando

submersos / saturados, o solo branco seria o mais erodível, podendo ser considerado

potencialmente susceptível ao fenômeno, seguido do solo roxo e, por fim, o solo verde.

Deve-se destacar, porém, que para este último as observações de campo foram difíceis, não

sendo possível tomar esta avaliação de seu comportamento como definitiva.

CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS X OBSERVAÇÕES DE CAMPO :

A análise mineralógica dos solos apresentou grande semelhança entre os mesmos,

tendo sido determinada a caulinita como argilomineral predominante nos solos branco e roxo,

com predomínio de caulinita e esmectita no solo verde. A presença deste argilomineral

influencia nas propriedades do solo, tais como sucção, plasticidade e resistência, e

consequentemente, na sua erodibilidade.

A análise da composição granulométrica dos três solos, quando realizadas com o uso de

defloculante, indica valores intermediários da fração silte para todos os eles, e valor elevado

de areia para o solo branco. Quando analisados sem o defloculante, os solos apresentaram

troca de parte da fração argila para a fração silte, a qual aumenta consideravelmente. De

acordo com a literatura, solos de textura arenosa (principalmente a fração média) são mais

sujeitos à erosão, a qual também é maior quanto maior for o teor de silte. Assim, analisando-

se apenas do ponto de vista granulométrico, a troca de fração argila para silte representaria

um importante papel no processo, pois conferiria a todos os materiais características de maior

erodibilidade. Deve-se ressaltar, porém, que esta análise isolada não pode ser considerada

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137

suficiente para o entendimento do processo, sendo necessária uma abordagem em conjunto

com outras propriedades.

Outra destas propriedades que deve ser observada é a plasticidade do solo. Segundo

o relatório do IPR (1979), estudos desenvolvidos no Laboratório Nacional de Engenharia

Civil (Lisboa) indicaram que solos com IP�17 e/ou LP� 32 apresentam comportamento bom

a regular quanto à resistência à erosão. Estes estudos, entretanto, não parecem totalmente

satisfatórios, uma vez que trataram a propriedade isoladamente, não considerando nenhum

outro fator. No caso específico dos solos em questão, tal critério não justificaria os diferentes

comportamentos verificados no campo, já que todos apresentaram IP bem superior àquele

valor adotado como parâmetro. Verificou-se ainda que a proposta também não satisfaz outros

casos descritos na literatura, como em Ferreira (1981), Santos (1997) e Lima (1999).

Características geotécnicas como plasticidade, índices físicos etc, analisadas

isoladamente não demonstraram, portanto, tendência que pudesse estabelecer clara correlação

com a erodibilidade dos solos, conforme pôde-se verificar no capítulo 7. Apenas a

granulometria demonstrou possuir relação direta (como demonstra a figura 7.1), carecendo

porém de maior quantidade de dados que a confirme. Pode-se concluir também que as

características geotécnicas, quando analisadas isoladamente não são suficientes para explicar

os processos erosivos, devendo sempre serem estudados em conjunto, sendo ainda

imprescindível a comparação destas análises com as observações de campo.

Do ponto de vista químico, uma das propriedades que exercem influência na

erodibilidade é o pH do solo, pela redução ou aumento da agregabilidade das partículas;

associada à textura do solo; associada à retenção de Ca, etc. Como todos os solos aqui

estudados apresentaram pH ácido, o mesmo parece também não ser determinante na

diferenciação dos comportamentos destes.

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138

Uma característica dos solos que parece ter importante papel na erodibilidade é a

sucção. Pode-se imaginar que a erodibilidade do solo tenha comportamento inverso à sucção,

ou seja, quanto maior a sucção menor a susceptibilidade do solo à erosão.

Tal verificação indica uma boa explicação para os comportamentos distintos dos

solos observadas em campo, pois, de fato, os três apresentaram níveis de sucção diferentes.

Estes níveis de sucção observados, menor para o solo branco, intermediário para o roxo e

maior para o verde, representam bem as observações de campo, segundo as quais os mesmos

solos apresentam-se mais erodido, medianamente erodido, e não erodido, respectivamente.

Da mesma forma que a sucção, a resistência à tração também demonstra relação

direta com o processo erosivo, porém, a literatura não apresenta quantidade expressiva de

pesquisas sobre esta relação. Na verdade, não foi encontrada nenhuma referência a outras

pesquisas neste sentido, sendo talvez este trabalho o primeiro a abordá-la.

Os resultados dos ensaios de resistência à tração também apresentaram níveis

distintos para os três materiais, sendo alta para o solo verde, média para o roxo e baixa para o

branco. Os mesmos parecem, portanto, tratar-se de um bom indicativo do comportamento de

campo, com maiores erodibilidades quanto menores forem as resistências à tração.

Os resultados dos ensaios de resistência à tração e os de curva característica, quando

plotados em um único gráfico, parecem apresentar uma tendência de maior concentração dos

pontos de cada solo em faixas específicas. Comparando-se a posição destas faixas com as

considerações feitas acerca das erodibilidades dos materiais, ambas demonstram

concordância. Verificou-se, para os solos aqui estudados, que os pontos referentes ao solo

mais erodível (branco) se concentraram próximo à origem do gráfico, seguidos do solo de

erodibilidade média (roxo) na faixa intermediária e, por fim, o solo menos erodível (verde) na

área de maiores valores do gráfico.

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139

A sucção dos solos e suas resistências à tração demonstraram, portanto, relação

direta com a erodibilidade, sendo recomendável a obtenção de mais dados sobre estes

parâmetros, de modo a se confirmar tal relação.

SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS :

Como já visto, o estudo dos processos erosivos é bastante complexo, uma vez que

envolve uma grande quantidade de fatores, tanto inerentes ao solo ameaçado, os quais

determinarão sua erodibilidade, quanto externos àquele. Este trabalho buscou a abordagem de

alguns deles, restando porém muito a ser pesquisado.

Uma primeira recomendação que pode ser feita é o desenvolvimento de estudos com

maior enfoque nas formas de atuação dos agentes externos, com abordagem mais

aprofundada da importância da geologia e da geomorfologia na evolução do processo.

Com relação aos ensaios de caracterização, seria interessante uma maior quantidade

de dados, de modo a se ter uma melhor representatividade das relações sugeridas. Também

deve ser verificada a influência das metodologias adotadas nos resultados.

Também é recomendável a realização de ensaios de erodibilidade, como Interbitzen

e pinhole, correlacionando seus resultados tanto com os parâmetros geotécnicos dos materiais

quanto com as observações de campo.

Os parâmetros resistência à tração e sucção, que indicaram ter influência direta na

erosão, devem ser mais estudados, realizando-se mais ensaios, com diferentes materiais, a

fim de se buscar confirmar e aperfeiçoar as observações e conclusões feitas aqui.

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140

Recomenda-se, por fim, o prosseguimento dos estudos da área aqui enfocada,

procurando-se realizar mais observações de campo, que possam consolidar as considerações

feitas neste trabalho, associando-as a mais trabalhos de laboratório

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