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Rondonvista Operação Tuiuiú Arenápolis, Mato Grosso Edição de Julho de 2011 “Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir” Carlos Drummond de Andrade

Rondonvista

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Revista Experimental desenvolvida no Projeto Rondon 2011. Operação Tuiuiú. Arenápolis-MT

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Rondonvista Operação Tuiuiú Arenápolis, Mato GrossoEdição de Julho de 2011

“Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir”

Carlos Drummond de Andrade

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Patrocinadores

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Editorial

Arenápolis é uma cidade quente. Não me refiro apenas à temperatura, que beirou os 40º C em pleno inverno, mas às pessoas. A equipe que chegou ao município com 21 rondonistas no dia 17 de julho se despede com um número incontável de participantes.

Pouca sabia eu sobre o trabalho de-senvolvido pelo Ministério da Defesa por meio do Projeto Rondon no país. Ao que me constava o Rondon era voltado es-pecificamente para os estudantes das áreas de saúde, exatas e biológicas. As ciências humanas encontrariam um pequeno espaço com futuros advogados e assistentes sociais; não havia lugar para uma estudante de jornalismo.

Fui convidada gentilmente pelo Dr. Roberto Reis de Oliveira, meu orienta-dor de monografia na Universidade de Marília, e me interessei pela proposta. Por questões de saúde, o professor não pode participar nesse ano, mas fica meu abraço e agradecimento por ter me indi-cado à Prof.ª Myrian Lucia R. Castilho.

Sem saber ao certo o que seria feito na cidade do interior do Mato Grosso, os alunos se envolveram em reuniões e procuraram preparar os melhores ma-teriais que poderiam para compartilhar com os cidadãos de Arenápolis o que haviam aprendido em seus anos de facul-dade. Mas o Mato Grosso tem uma cultu-ra completamente diferente das viven-ciadas pelos membros das equipes que vieram de Campina Grande, Paraíba, e de Marília, interior de São Paulo. Quem aprendeu fomos nós.

Nesta revista procuramos relatar parte da inesquecível experiência que envolveu todo o país e transformou nos-sas vidas. As matérias têm por objetivo relatar o que houve de mais rico nas duas semanas em que conhecemos pes-soas e realidades e contribuímos para o fortalecimento da conscientização e ci-dadania.

Neste espaço é imprescindível agra-decer a Deus. Depois à prof.ª Myrian que não desistiu do meu trabalho, me man-

teve no grupo e apostou em meu poten-cial para ajudar a construir e estruturar este projeto. Sem sua experiência, mo-tivação e determinação seria impossível a concretização de algo tão valioso para os alunos e para a sociedade.

Meus agradecimentos profundos à equipe de Marília que, apesar de pouco me conhecer, confiou em mim e abriu um espaço para que eu me sentisse parte do time. À Prof.ª. Marina, que substituiu o Prof. Roberto Reis e me conquistou com sua alegria e amizade. Às meninas, Paula, Giulia, Vanessa e Bruna, por todo apoio, paciência e pelo acolhimento. E aos meninos, Gustavo, Cleber e Luiz An-dré, que me receberam muito bem e me auxiliaram em todos os momentos.

Tenho que agradecer também ao pes-soal do grupo B que saiu da Paraíba e foi fundamental para que a nossa equipe se unisse e virasse uma só. Aos Profes-sores Walberto e Luciano pelo carinho e apoio. Às meninas, Pollyanna, Maria das Dores, Monique e Vitória pela amizade e envolvimento. Aos meninos, Renan, Lenil-son, Thiago e Haby pela forma carinhosa e alegre com que nos receberam. Ao Renan deixo um abraço pela pessoa maravilhosa e pelo apoio na revista.

Faz-se necessário um agradecimento especial ao 1º Sgt. João Batista da Silva Coutinho, nosso anjo. Batista foi mais do que um oficial em serviço, foi um amigo, uma peça fundamental na equipe que se desdobrou para garantir nossa seguran-ça, se preocupou com a saúde de todos e com o sucesso da operação. Além de tudo, revelou o carioca malandro sen-sível, atencioso e com incrível potencial artístico.

A toda essa equipe que se trans-formou em uma grande família ainda dentro do ônibus que nos transpor-tou de Cáceres à Arenápolis eu deixo minha mensagem de carinho e amizade. Agradeço a alegria, as risadas inter-mináveis, por acreditarem no meu tra-balho e pela determinação que, dentro das particularidades de cada um, foi fun-

damental para o sucesso do projeto e para torná-lo inesquecível.

É imprescindível também agra-decer à Neide, dona Helena e dona Donizete que nos acolheram na Escola Agrícola de Arenápolis com o objetivo de garantir as refeições, mas que se transformaram em grandes amigas e foram fundamentais para que a equipe se mantivesse motivada. Também lem-bro aqui de Sidnei, atencioso motorista que cuidou do transporte de todos. Fi-cam os agradecimentos do grupo todo à população de Arenápolis que se en-volveu e recebeu com muito carinho todos os rondonistas, a José Mauro, nossa base nas operações que garan-tiu transporte e acomodações exem-plares e aos governantes da cidade pela iniciativa de inscrever o município no Rondon.

Parabenizamos o trabalho desen-volvido pelo Ministério da Defesa em promover um projeto que faz desabro-char nos estudantes um potencial mais humano e solidário. Todos aprendem a ser mais brasileiros quando participam de iniciativas que integram realidades diferentes e exaltam as qualidades e valores presentes em todas as partes do país.

Depois de ter desembarcado no Mato Grosso ainda sem saber o que aconteceria e ter passado por uma in-crível lição de vida e cidadania que tem valor inestimável, hoje posso afirmar com orgulho que eu, Andréia Pisco, sou rondonista.

EU RONDONISTAFoto: Renan Cardoso

Andréia Pisco, rondonista

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EXPEDIENTERondonvista:Revista desenvolvida du-rante a Operação Tuiuiú, do Projeto Rondon, na cidade de Arenápolis, no Mato Gros-so, em Julho de 2011.

Editora Responsável:Andréia PiscoRepórter:Andréia PiscoProjeto Gráfico:Andréia PiscoDiagramação:Andréia PiscoFotos:Andréia PiscoFoto capa: Roselaine Fernanda SantosRevisão de texto: Andréia Pisco e Paula Man-tuanelli Ferraro

Rondonistas:Anjo - 1º Sargento João Ba-tista da Silva Coutinho.

UFCG - Univ. Federal de Campina Grande, Paraíba:Professores - Luciano Brito Júnior e Walberto Barbosa da SilvaAlunos - Karla Pollyanna da Costa Moura, Habyhabanne Maia de Oliveira, Lenilson Olinto Rocha, Maria das Dores de Souza, Monique Gomes Dantas, Renan Pai-va Cardoso, Thiago Cabral Araújo e Vitória de Queirós Celestino.

UNIMAR-Universidade de Marília, São Paulo:Professoras - Marina Man-duca Ferreira Marim e Myrian Lucia Ruiz CastilhoAlunos - Andréia Pramio Fernandes Pisco, Bruna Perin, Cleber da Silveira Tor-res, Giulia de Almeida Giunco, Gustavo Scacco, Luiz André Bortolotti, Paula Mantuaneli Ferraro e Vanessa Gomes Araújo.

Contato: [email protected]

Leia online:http://issuu.com/andreia-pisco/docs/rondonvista

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SumárioAMBIENTAL

NUTRIÇÃO

RONDONISTAS

PERFIL

PERFIL

SAÚDE

ARENÁPOLIS

HUMANAS

CULTURA

MED. VETERINÁRIA

ENTRETENIMENTO

FOTOS

FOTOS 28

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FOTOS 40

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REVITALIZAÇÃO DAS MARGENS DO RIO AREIA

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Arenápolis é um nome que homenageia o Rio Areia, impor-tante na história do município e fundamental para a biodiversidade da região.

Rondonistas e estudantes da cidade deram início ao projeto de revitalização e recuperação do rio que está assoreado e poluído.

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ANDRÉIA PISCO

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“A recuperação das matas cili-ares às margens do rio Areia foi a principal motivação que me trouxe ao Projeto Rondon”, afirma Haby-habanne Maia de Oliveira, 25, es-tudante de Engenharia Florestal.

O rio Areia é a base do municí-pio de Arenápolis, responsável in-clusive pelo nome da cidade, e já sofreu várias alterações de trajeto e em suas condições naturais.

A iniciativa de revitalização das margens foi feita pela plantação de mudas que foram desenvolvi-das durante cursos realizados no Projeto Rondon. De acordo com Habyhabanne esta iniciativa é de grande importância por viabilizar a recuperação da mata que estale-bece a vida do rio.

O estudante afirmou que en-contraram o rio bastante as-soreado. O assoreamento é um processo de degradação em que há acúmulo excessivo de terra e pedras no fundo do rio, tornando-o mais raso e propenso à evapo-ração. De acordo com ele, um lo-

cal arborizado proporciona uma redução de 4º a 6º graus no solo, o que possibilita a germinação de outras espécies. As espécies plan-tadas pelos alunos e rondonistas devem dar suporte a outras, cara-cterísticas da região. Foram plan-tadas aproximadamente 150 mu-das de oito espécies diferentes de árvores nativas que possibilitam o reestabelecimento da mata e da biodiversidade às margens do Rio Areia.

“A árvore diminui o impacto da água da chuva e evita a compac-tação do solo ao mesmo tempo em que melhora a absorção por meio do tronco e das raízes. Isso que vai abastecer o lençol freático e manter a correnteza e a vida do rio. Onde não há água, não há vida”, diz.

Os rondonistas fizeram a pre-paração do rio em visita precursora onde foram retirados pneus, canos, garrafas que acabam sendo digeri-dos e representam risco à vida dos animais da região. Galhos

apodrecidos que diminuem a oxi-genação da água também foram retirados do rio.

“A água que temos aqui parece limpa, mas não há presença de peixes devido ao esgoto que é despejado pela cidade”, conta.

Habyhabanne ressaltou que o envolvimento dos alunos no pro-jeto e a sua preocupação com a recuperação do rio são pontos fundamentais para que esta inicia-tiva tenha continuidade.

Roselanie Fernanda Santos, 17 anos, estudante do Curso Téc-nico em Meio Ambiente, conta que o rio Areia tinha águas abundantes e cristalinas.

“Era fonte de água potável para os moradores, servindo para o consumo. Mas quando desco-briram que haviam diamantes no rio, ele começou a ser devastado, virou depósito de lixo e esgoto e a água ficou imprória para consu-mo”, afirma.

De acordo com a estudante, o curso de revitalização e o trabalho desenvolvido pelos rondonistas junto à comunidade têm extrema importância pois o rio ainda pode ser recuperado.

“Nunca é tarde para fazer a preservação ambiental. Podemos evitar que a situação fique pior,

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Habyhabanne e Monique orientam alunos

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porque o rio ficou menor, mas ainda não acabou. Eu plantei uma muda e sinto que estou fazendo a minha parte. Quando esta árvore estiver grande eu posso dizer para os meus filhos que participei da recuperação do nosso rio”, conclui.

A estudante de engenharia agrí-cola, Vitória Celestino, 31, conta que o rio estava bastante devastado devido a extração de pedras precio-sas e semi-preciosas na região.

“O processo será caro e demora-do. Exigirá diversas técnicas por se

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tratar de um solo com afloramento de rochas e muito cascalho, material que não facilita a germinação das sementes ou o plantio das mudas”, ressalta

De acordo com a engenheira agrí-cola, é necessário um estudo sobre o solo e as plantas nativas da região para que o trabalho tenha continui-dade. Um dos agravantes seria o fato de que o garimpo utiliza muitos produtos químicos.

“Os meninos deram um passo à recuperação, cabe então `a comuni-dade continuar o processo”, finaliza.

Documentação

Durante o processo de revitali-zação das margens do Rio Areia foi gravado um documentário com depoimentos dos rondonis-tas, moradores e estudantes so-bre o trabalho e a importância do rio para a cidade.Este projeto está disponível na in-ternet no seguinte endereço:

www.youtube.com/piscoandreiaVídeo: O Rio de Arenápolis

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Após a oficina de produção de mudas, Roselaine plantou nas margens do rio

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Horta e sustentabilidade

No cronograma de atividades voltadas à questão do meio am-biente e da sustentabilidade es-tavam a reutilização, a prática de horta e a caminhada ecológica.

A prática de horta comunitária foi desenvolvida na Escola Munici-pal Prefeito Duílio Ribeiro Braga e destinada ao público interessado em diminuição de gastos e ali-mentação mais saudável. Os alu-nos ministraram palestras sobre

as hortas, plantações de frutas, legumes, verduras e plantas me-dicinais sem o uso de agrotóxicos.

“Na horta comunitária orienta-mos a população sobre o uso de plantas medicinais e técnicas de preparo de xaropes, pomadas, plantas tóxicas e venenos”, diz Monique Dantas, 21, estudante do curso de Farmácia.

Com foco na questão ambiental e na reciclagem, aconteceram

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AMBIENTAL 13

várias palestras e oficinas de reu-tilização de garrafas pet, sacos plásticos e demais produtos reci-cláveis.

Nas oficinas foi explorado o po-tencial de transformação do lixo em brinquedos, objetos, cartões de aniversário e formas de ex-pressão artística.

“O consumo consciente e a re-utilização representam uma alter-nativa na economia de recursos naturais e da renda familiar, po-dendo até representar um acrésci-mo nessa renda”, Habyhabanne Maia, 25, estudante de Engenha-ria Florestal.

Caminhada EcológicaNa manhã de domingo, 24, foi

realizada a caminhada ecológica até a cachoeira do rio Areia. Cer-ca de 80 pessoas participaram do trajeto.

A iniciativa foi importante para os cidadãos locais aprenderem a aproveitar o potencial turístico da região e se conscientizarem sobre a necessidade de preservação das características ecológicas da cidade.

Após se encontrarem na praça da Independência, no centro da cidade, os participantes foram transportados para o local. O tra-jeto foi sinalizado com anteced-ência para a segurança de todos os que compareceram.

Após muitas paisagens deslumbrantes, a chegada a ca-choeira foi tranquila. O calor pos-sibilitou um agradável banho para os arenapolitanos e para o grupo de rondonistas.

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A arte da merenda

Ser responsável pela merenda de centenas de crianças não é fácil, principalmente quando isso acontece em uma sociedade que atribui à escola e ao Estado fun-ções que não são de responsabi-lidade exclusiva destes. As nutri-cionistas tem por missão garantir que as merendas escolares se-

jam saudáveis, baratas e viáveis, mas toda essa burocracia não diz nada sobre o trabalho de uma me-rendeira.

Há 24 anos Maria Aparecida Ferreira Dias, 50, é responsável pelas refeições de crianças de várias idades em escolas públi-cas. Ela fala um pouco sobre o trabalho das nutricionistas e o que é ser merendeira.

“Sou merendeira com orgulho. Gosto do reconhecimento e do carinho dos alunos” diz.

Segundo ela a presença da nu-tricionista melhorou muito a quali-dade da merenda e deu condições de devolução dos alimentos im-próprios aos fornecedores.

O Projeto Rondon promoveu palestras e cursos práticos com as donas de casa, merendeiras, nutricionistas e interessadas em aprender como aproveitar melhor os alimentos e realizar a higieni-zação correta dos mesmos para evitar contaminação. As iniciativas foram coordenadas pela Profes-sora Marina Manduca, 31, e a alu-na de nutrição Paula Ferraro, 21.

Durante as dinâmicas foram retomados os cuidados necessários para se evitar contaminação du-rante a manipulação e transporte dos alimentos.

Umas destas atividades consis-tiu em tapar os olhos de uma coz-inheira e passar tinta preta em

NUTRIÇÃO14

ANDRÉIA PISCO

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várias regiões das mãos e do an-tebraço. O objetivo era demons-trar que, mesmo quando lava-se as mãos com cuidado, algumas regiões não recebem atenção cor-reta e ficam mal higienizadas, o que pode contaminar o alimento.

“Trabalhar com um público que na prática já tem experiência é difícil, pois somos muito jovens. Mas elas nos receberam muito bem e as oficinas superaram minhas ex-pectativas. Neste processo eu aca-bei aprendendo muito mais do que poderia imaginar”, diz Paula Fer-raro, 21.

A nutricionista responsável pe-los cardápios no município, Ana Paula Trevisan Thomé, 27, falou um pouco sobre a administração e adequação do cardápio à reali-dade de Arenápolis.

“Como as verduras e legumes só chegam na cidade semanal-mente, temos frutas no máximo duas vezes por semanas e opta-mos por garantir arroz, feijão, car-nes e saladas. Dentro do possível, desenvolvemos um cardápio sau-dável e econômico” afirmou.

Thomé é responsável pela or-ganização e compra de produtos para abastecer as escolas e ga-rantir condições adequadas de trabalho para seis merendeiras.

Ao final da palestra as ron-

donistas partiram para a prática junto com as merendeiras e en-sinaram uma receita de bolo, de arroz e um suco. Todos saudáveis e economicamente vantajosos.

“Escolhemos receitas com produtos naturais que fossem facilmente encontrados na região. Como o gengibre é pouco utilizado e nutritivo, antioxidante, funcional e trás benefícios pro sistema imu-nológico, optamos por esse produ-to” afirma a professora Marina.

O arroz ligeiro é rápido e reple-to de ingredientes que fornecem os nutrientes necessários para a merenda das crianças. Na re-ceita salsinha, verduras, queijo e tomate. As merendeiras aprender-am a preparar um suco de alface, erva cidreira e limão.

Maria Graci Canduário Marques, 59, merendeira há 16 anos afirmou que o prazer em cozinhar é ainda maior quando há o reconhecimento das crianças sobre o sabor e a qualidade do ali-

mento.“Cresci muito e agradeço a opor-

tunidade de aprender com as ron-donistas. Quero me especializar e fazer todos os cursos para melhorar meu trabalho na área”, conta.Mais

Além do treinamento das mer-endeiras, as profissionais de nu-trição participaram da Feira da Saúde, onde realizaram avaliação e diagnóstico nutricional. Neste evento foram atendidas cerca de cem pessoas que passaram pelo procedimento de pesagem, tiveram sua altura medida e re-ceberam orientações sobre ali-mentação e da necessidade de se procurar profissionais para a melhoria da qualidade de vida e bem-estar.

As pessoas que apresentaram alterações no teste de glicemia também receberam orientação sobre como melhorar sua alimen-tação para controlar e minimizar os problemas da diabetes.

NUTRIÇÃO

Maria Aparecida, merendeira há 24 anos

Dinâmica alerta para os cuidados na higienização das mãos

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RONDONISTAS

Rondonista por rondonista

Habyhabanne Maia, 25, Eng. FlorestalPaula Ferraro, 21, NutriçãoLuiz André Bortolotti, 33, Direito

“Pessoa insubstituível. Atencioso, sempre demonstra carinho e aten-ção com todos. Quando se propõe a fazer alguma coisa, faz bem e tem uma preocupação bacana com a natureza” - Paula Ferraro

“Adorável, educada, doce, compan-heira, preocupada com as coisas, pra que tudo saia bem. Se esmerou para vir preparada pra cá. Simples e amiga, teve harmonia perfeita com todo mun-do.” - Myrian Castilho

Conheça os rondonistas a partir do que os seus colegas tem a dizer sobre eles.

“Centrado e experiente, com opiniões bem orientadas e firmes. Porto seguro para quem precisasse de conselho, foi brincalhão e sério nas horas certas. Fez um trabalho interessante de conscien-tização sobre os direitos das pessoas. Uma quinta cabeça entre os coordena-dores” - Luciano Brito

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RONDONISTAS

Vanessa Araújo, 21, Serviço Social Myrian Castilho, 63, Profª. Coord.

Gustavo Scacco, 20, FarmáciaRenan Cardoso, 23, Med. VeterináriaVitória Celestino, 31, Eng. Agrícola

Pollyanna Moura, 28, Med. Veterinária

“Menino muito prestativo e sensível. Se você precisar está ali para ajudar. Nós trabalhamos muito juntos e a in-teração foi muito boa, além de ser muito engraçado” - Monique Dantas

“É uma pessoa humana e admirei muito o trabalho dela. Dá pra perce-ber que ela gosta do que faz. Tem boa vontade, é esforçada e cheia de personalidade” - Maria das Dores

“Uma das pessoas mais amáveis que já conheci. Sempre bem humorada, atenciosa e inteligente. A operação não seria a mesma sem sua alegria e humildade. Queria que fosse minha irmã” - Andréia Pisco

“Mulher de garra com força de von-tade contagiante que gosta muito do que faz. Inspiração como profission-al e para a vida, conquistou minha admiração. De visão e idéias ad-miráveis, fácil convívio e agradável para trabalhar” - Cleber Torres

“Muito amorosa, carinhosa e ama sinceramente os amigos. Dedicada ao trabalho que se propõe a fazer, responsável. Conquistou os alunos da escola agrícola e se envolveu com to-dos” - Marina Manduca

“Uma pessoa sensacional, amizade que se leva pro resto da vida. Incrível trabalho de veterinário que se doa para tratar de animais e são poucas pessoas que tem esse discernimento e o prazer de fazê-lo “ - Luiz André

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RONDONISTAS

Andréia Pisco, 23, Jornalismo João Batista, 39, 1º Sargento e Anjo Marina Manduca, 31, Professora

Luciano Brito, 32, Prof. Coordenador Maria das Dores, 24, BiologiaCleber Torres, 23, Farmácia

“Ajudou o grupo a se integrar por ser uma pessoa muito dinâmica e comu-nicativa. Tem se empenhado bastante como professora e é uma pessoa mui-to animada” - Bruna Perin

“Foi legal quando nos conhecemos, é bacana e tem metas. Batalhadora, conquistadora, inteligente, cheia de criatividade e faz um trabalho lindo. Fiquei muito surpreendida” - Giulia Giunco

“Empenhado e admirável, batante sério e profissional responsável com os com-promissos independente do cansaço. Prestativo, gosta de ajudar e, mesmo sem falar muito, agiu como um líder e serviu como exemplo” - Karla Pollyanna

“Um cara que foi fundamental para a integração da equipe. Forte apoio nas atividades e além de anjo, foi amigo. Sempre empenhado e focado no seu trabalho.” - Renan Cardoso

“A gente se identificou muito por sua preocupação com a natureza. A bio-logia acrescenta aos seus objetivos de melhorar a qualidade de vida dos homens e do meio ambiente. É muito carinhosa, amorosa, gentil e com-preensiva” - Habyhabanne Maia

“Foco e flexibilidade de quem sabe aonde quer chegar sem fazer com que a caminhada se torne difícil. Vi nele uma pessoa inteligente, capaz de se adaptar e contornar as situações com diálogo. Fantástico, compreensivo e focado de forma descontraída” - João Batista

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RONDONISTAS

Monique Dantas, 22, Farmácia

Bruna Perin, 22, Fisioterapia Walberto Barbosa, 34, Professor Giulia Giunco, 19, Odontologia

Thiago Araújo, 21, AdministraçãoLenilson Olinto, 22 , Eng. de Produção

“Ela veio de uma área e em nenhum momento se negou ou se disse inca-paz de ajudar em outras. Muito com-panheira, sempre foi um apoio impor-tante” - Vitória Celestino

“Giulia é muito amigável. Paciente e cuidadosa com o que faz. Aten-ciosa, não trata ninguém diferente, é agradável, educada, inteligente e dedicada. Abraça as coisas e faz por amor” - Gustavo Scacco

“Realizou um trabalho importante que deu oportunidade para as crianças e para a população em geral. Sem-pre disponível, é um contador que histórias que faz todo mundo rir” - Vanessa Araújo

“Chegou para trabalhar com informáti-ca e marketing verde mas se envolveu com várias outras tarefas e se mos-trou habilidoso. Sempre disposto a ajudar e bem humorado, deu conta de seu trabalho e aproveitou as oportuni-dades” - Walberto Barbosa

“Foi profissional e desempenhou ativi-dades que inspiraram confiança ao o grupo, tornando possível a integração. Tem uma vocação muito grande pra essa parte de saúde e passa segu-rança pra quem está sendo atendido” - Lenilson Olinto

“Com seu jeito cômico e inconfundível desenvolveu um trabalho bastante in-teressante na área de motivação pes-soal. Cara bacana, nunca deixa nin-guém na mão e conquista as pessoas com seu carisma” - Thiago Araújo

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FOTOS20

Recepção dos Rondonistas no 2º Batalhão de Fronteira do Exército Brasileiro e abertura do Projeto Rondon 2011

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FOTOS 21

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22 MED. VETERINÁRIA

Animais: Criação e ProduçãoA saúde dos animais e os cuida-

dos com a higiene são fundamen-tais para que a qualidade de vida do homem seja aprimorada.

Os alunos de medicina veterinária, Karla Pollyanna da Costa Moura, 28, e Renan Paiva Cardoso, 23, re-alizaram um admirável trabalho de conscientização e avaliação dos animais da cidade.

Em visita ao Assentamento Ta-pirapuã, entrevistaram os produ-tores para coletar informações sobre as condições de criação de gado, porcos, galinhas e cavalos, bem como sobre a produção de

leite. Mesmo com a informação de

que a maioria dos moradores visa-vam o consumo familiar, orientaram os criadores de porcos sobre a ne-cessidade de atenção em relação ao cercado, a abundância de água e a alimentação dos animais.

Observaram que não há proble-mas com a falta de água, pois as propriedades são banhadas por rios.

Os estudantes ainda examinar-am uma égua que estava com a pata machucada, aplicaram medi-camento e receitaram uma série

de medidas para que o produtor garantisse a saúde do animal.

João da Silva Rezende, 51, mora com a esposa no assenta-mento e afirmou que esse tipo de contato com veterinários é impor-tante por garantir maior qualidade na produção de carnes, leite e ali-mentos em geral.

“Espero aproveitar a presen-ça deles que são jovens mas conhecem os detalhes da área e melhorar naquilo que eu escolhi para trabalhar”, afirmou.

No Assentamento Sagrado Coração de Maria, Pollyana e Re-

ANDRÉIA PISCO

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Exame em animais doentes

23MED. VETERINÁRIA

nan passaram informações para os moradores e analisaram as con-dições em que os animais eram criados. Compartilharam alguns conhecimentos e tiraram dúvidas dos criadores quanto tratamentos e alimentação dos animais.

Dada a necessidade, exami-naram uma vaca que não se le-vantava, receitaram para o criador alguns medicamentos e deram di-cas sobre como tratar o animal e o que fazer para recuperá-lo.

Nos dois assentamentos foram passadas instruções sobre as campanhas de vacinação dos ani-mais e a disponibilidade de água para os mesmos.

Ordenha higiênica

Na escola agrícola os es-tudantes deram palestras aos agentes de saúde e potenciais agentes sanitários sobre os de-talhes que devem ser considera-dos na fiscalização da produção de leite, carne e demais alimentos.

Uma turma de agentes e inter-essados da comunidade também recebeu treinamento sobre as técnicas de ordenha e cuidados para evitar a contaminação do leite.

Após a parte teórica os alunos levaram a turma até os animais e explicaram passo a passo o que deve ser observado para que as vacas produzam leite de quali-dade e em quantidade satisfatória.

As condições de higiene e em relação à estrutura de coleta do leite foram analizadas e os par-ticipantes receberam uma série de orientações.

Curso de ordenha higiênica

Orientação aos produtores nos assentamentos

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A alegria de NeideNeide do Nascimento Silva já

passou por tantas coisas que afir-ma não ter história. A mineira que mora em Arenápolis, no interior do Mato Grosso, é sempre alegre, brincalhona e desavergonhada da vida, mas foi umas das mais difíceis entrevistas que eu já fiz.

Preferiu não falar sobre a in-fância, “fui muito judiada e

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24 PERFIL

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tinha muita diferença de idade com meus irmãos, sem ter com quem brincar”. Neide não es-condeu que sua alegria sem-pre esteve nas amizades.

A família foi para o Mato Gros-so para melhorar de vida, em-balada pelo sonho do garimpo e do futuro. Logo Neide se casou.

“Não namorei, não gostava de olhar para a cara dele. Por sorte, um dia depois que casamos ele passou 15 dias no garimpo”, diz com gargalhadas contagi-antes. Ela namorava o irmão do esposo, e sua mãe queria que casasse com Elpídio. Em ago-sto o conheceu, em setembro se casou, e hoje é apaixonada, or-gulhosa com o marido trabalhador e atencioso que arranjou. “Graças a Deus é um homem bom que não bebe, não fuma, não joga...”

Mesmo sem evitar, Neide de-morou cinco anos para engravidar e, quando aconteceu, não con-tou para o esposo que estava em viagem. Trabalhou como gar-çonete, auxiliar de serviços ge-rais, em fazendas e cozinhas.

A época mais difícil da vida foi na cidade de Jangada, onde en-gravidou de Izabela , hoje com 11 anos. O marido teve o fígado intoxicado com veneno e ficou muito tempo doente; após o par-to, Neide entrou em depressão.

A família e a alegria estão nas amigas Maria Donizete e Helena. Conheceu dona He-lena num carnaval e ganhou uma mãe. Dona Maria Donizete é a cunhada, da qual fala com uma emoção que lhe enxem os olhos de lágrimas e orgulho.

Durante a entrevista, a sorri-dente e humana responsável pela alimentação de 21 rondonistas pouco me olhou nos olhos. Não queria falar de seu passado, mas das alegrias de hoje. Se disse surpresa com a forma carinhosa e atenciosa com que os volun-tários do projeto trataram a todos.

Neide não recebeu rondonis-tas como uma profissional con-tratada para alimentá-los. Re-

cebeu humanamente cada um, procurou fazer amizade com todos e os conquistou com um sorriso que foi visto todas as manhãs, radiante e contagiante.

Se emociona ao falar das pes-soas que conheceu durante a sua vida e do orgulho que tem pelo seu trabalho, sua família, seus filhos e seus amigos.”Queria que o proje-to Rondon voltasse com o mesmo grupo, já sinto saudades de vocês”.

PERFIL 25

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Feira da saúde

Na manhã do dia 23 de julho foi realizada a fei-ra da saúde na praça

central do município de Arenáp-olis, Praça da Independência.

Na atividade foram oferecidas à população uma série de serviços como os testes de HIV, de glicemia e tipagem sanguínea. Também ori-entações sociojurídicas, avaliação nutricional e ginástica laboral.

Giulia Giunco, 19, prestou orientação odontológica sobre a

forma correta de higienização da boca e dos dentes. A estudante examinou cerca de 70 pessoas.

Os alunos Gustavo Scac-co, 20, e Cleber Torres, 23, fi-caram responsáveis pelos tes-tes de tipagem sanguïnea e de HIV. Foram atendidas cerca de cem cidadãos nestas atividades.

“O ponto que deve ser desta-cado na feira da saúde foi a aderência e conscientização da população em relação à im-

portância de se fazer o teste de HIV”, diz Gustavo Scacco.

Monique Dantas realizou os testes de glicemia e orientou as pessoas que tiveram resul-tados alterados sobre alimen-tação e necessidade de consul-tas regulares com os médicos.

A aluna de fisioterapia Bruna Perin, 22, realizou um alonga-mento, deu instruções sobre ginástica laboral para que os trabalhadores evitem lesões

SAÚDE

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e melhorem os rendimen-tos durante suas atividades.

Os estudantes também re-alizaram testes de pressão e ofereceram, em parceria com os agentes de saúde, vacinas de hepatite B. A parcela da popu-lação que apresentou pressão alta foi direcionada aos nutri-cionistas pois em cerca de 90% dos pacientes, as causas da hi-pertesão derivam de má alimen-tação, obesidade, idade, uso de medicamentos, fatores genéti-cos, estresse e sedentarismo.

Fisioterapia

Bruna Perin, 22, é aluna do último ano de fisioterapia e tra-balhou principalmente com os idosos, a ginástica laboral, alon-gamentos e massagens.

“A ginástica laboral é a pre-paração que todos devem fazer antes de trabalhar para melhorar o humor e o desempenho em suas atividades. Esta qualidade é muito importante principal-mente para quem trabalha com a terra e nas áreas rurais”, afirma.

Para os idosos e agentes de saúde Perin ministrou palestras sobre como equipar os cômodos da casa para se evitar as que-das.

Em dois encontros com um grupo de aproximadamente 120 idosos foram realizadas conver-sas, orientações relacionadas à saúde e ao uso de medicamen-tos com o auxílio dos estudantes de farmácia e muita festa com danças e forró.

Ginástica Laboral

A ginástica laboral é uma prática saudável que pode evitar con-tusões e melhorar a proodutividade do tra-balhador na cidade ou nas áreas rurais.

Teste de Glicemia

O controle do nível de açúcar no sangue é fundamental para que seja detectada a dia-bete e também para o controle da doença.

Pressão

A pressão alta, ou hipertensão, é um prob-lema cardiovascular grave que pode levar a um acidente vascular cerebral (AVC).

Tipagem Sanguinea e Teste de HIV

Os exames de deter-minação da tipagem san-guínea e o teste de HIV são importantes pois po-dem salvar vidas, garantir a saúde da população e o controle da doença.

SAÚDE 27

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Reuniões e ambientação em Ar28 FOTOS

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enápolis

Na manhã do primeiro dia de ações em Arenápolis, todos os rondonistas participaram de uma reunião com as autori-dades locais e representantes das secretarias do município para a determinação dos es-paços para realização das ativi-dades e discussão de possíveis alterações no cronograma.

Após a reunião, os 21 ron-donistas fizeram um passeio para reconhecimento da ci-dade.

FOTOS 29

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ENTRETENIMENTO

O entretenimento é uma das melhores formas de promover a interação entre as pessoas. Para isso a equipe de rondonistas pro-moveu uma divertida gincana com a sociedade no Estádio Municipal Moça Bonita na tarde de domingo, 24 de julho.

Cerca de 30 pessoas participar-am das dinâmicas que objetiva-vam incentivar o companherismo e o sentimento de grupo dentro da sociedade.

Foram formadas quatro equi-pes com nomes de animais. Nas competições duas equipes por vez disputavam as provas.

Uma atividade consistia em duas filas, duas esponjas e um balde de água. Duas garrafas pet deveriam ser enchidas pelas equi-pes.

Outra prova da gincana foi realizada com balões. Dois participantes por tinham que andar uma distância com a bexiga

prensada entre suas cabeças sem derrubá-la.

Com colheres de plástico e bolinhas coloridas foram trabal-hadas as habilidades de equilíbrio e coorperação, onde os competi-dores tinham que passar as bolas uns para os outros sem o auxílio das mãos.

Em uma prova, os participantes pegavam grãos de feijão com pali-tos e depositavam em outro copo.

Ao final de cada prova a equipe

Gincana ANDRÉIA PISCO

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ENTRETENIMENTO

vencedora ganhava duas argo-las e a perdedora uma. As duas equipes que tinham mais argolas ganharam medalhas e caixas de pirulitos.

A atividade serviu para interar ainda mais os rondonistas à so-ciedade e demonstrar para as crianças e jovens que eles devem aprender a perder e a vencer.

No final das dinâmicas, uma divertida partida de queimada, ou caçador, foi realizada no círculo central do campo de futebol. Os rondonistas jogaram contra os arenapolenses. O time da casa foi o vencedor na melhor de três com duas vitórias.

Uma atividade simples e barata foi cotada entre as mais diverti-das e envolventes, que aproximou verdadeiramente a sociedade dos rondonistas.

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De garimpo à comunidade

Fundada às margens do Rio Areia no ano de 1954, Arenápolis é uma cidade com pouco mais de dez mil habitantes que fica a 240 km da capital, Cuiabá, e em que reina a tranquilidade.

Em apenas duas semanas não é simples falar sobre toda a cidade,

então é preferível comentar sobre as histórias que o povo conta, os olhares, gestos e as paisagens.

A maioria das pessoas chegou à cidade há cerca de 30 anos, no auge do garimpo que enriqueceu muitos, devastou matas e destruiu rios.

Ao mesmo tempo em que não é difícil encontrar na cidade áre-as desmatadas com o objetivo de implantar pasto para a criação de gado, há na cidade verdadeiras belezas naturais, como a cachoe-ria do rio Areia e o morro do Cru-zeiro.

Arenápolis é bem estruturada, tem belas praças e uma popu-lação muito receptiva e atenciosa, sempre disposta a conversar nas ruas, oferecer um pouco de sua cultura e seu conhecimento.

“A impressão que eu tive é de uma cidade carente de iniciati-vas, com a população carente de algumas informações que foram supridas pelo projeto, mas com interesse em buscar melhorar em várias áreas”, diz o 1º Sgt João Batista, 39.

Para o professor de tecnologia da educação, Walberto Barbosa, 34 a cidade se esforçou para for-necer aos rondonistas o melhor suporte para o desenvolvimento

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Foto: Renan Cardoso

ARENÁPOLIS32

Conjunto habitacional da cidade

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das atividades. “Fui bem recebido, fiz amigos e pretendo manter con-tato pela internet”, conta.

Para o estudante de farmácia, Gustavo Scacco, 20, a população foi muito receptiva e valorizou a possibilidade de troca de infor-mações.

“Apesar de nossa pouca idade, as pessoas se sentem satisfei-tas com as palestras e valorizam o que nós ensinamos ao mesmo tempo que que nos ensinam muito sobre a vida”, diz.

Maria das Dores de Souza, 24, estudante de biologia, também valorizou o contato com a popu-lação e a integração com a comu-nidade.

“O mais importante foi o viven-ciar, a troca de conhecimento e de informações, o ouvir cada um e conhecer as necessidades e preo-cupações que afligem essa popu-lação. Bem como a possibilidade de dar uma palavra de conforto” afirmou.

De acordo com Vanessa Araú-jo, 21, estudante de serviço social, o Projeto Rondon viabilizou à so-ciedade a possibilidade de com-partilhar conhecimentos e da pop-ulação ter acesso à informações que favorecem o estabeleciemen-to de uma sociedade mais digna e justa.

“Houve uma boa receptividade da comunidade, nós fomos apoia-dos e recebidos com muito entu-siasmo e é impossível não criar laços de afeto com essas pes-soas. Eles demonstraram muito respeito e valorização da troca de experiências que faz com que os universitários aprendam com a comunidade”, diz.

Área desmatada para pasto

Área devastada pelo garimpo

Bate-papo nas ruas

Foto

: Wal

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Bar

bosa

Foto

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ardo

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33ARENÁPOLIS

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ARENÁPOLIS

Além dos limites do Projeto Rondon

Para os rondonistas o Projeto do Ministério da Defesa consiste ba-sicamente em uma preparação de meses e duas semanas intensas de trabalho. Para além das atividades em palestras, cursos e encontros, a essência do Rondon é a integração entre estudantes e sociedades de diferentes partes do país e é isso que faz com que este projeto seja tão especial.

O primeiro ponto essencial são as diferenças culturais, ligadas à lin-

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ARENÁPOLIS

guagem. Na operação de Arenápo-lis, estudantes vindos da Paraíba e do interior de São Paulo compar-tilharam e exploraram as curiosi-dades, sotaques e gírias com muito humor e respeito.

A união dos grupos ficou evi-dente na mistura entre as partes. Ninguém se diferenciava mais por universidade ou região, cada um foi visto e valorizado em sua individu-alidade e característica. Todos for-maram um grupo só.

Não houve diferenciação em relação às atividades. O cronogra-ma era coletivo e quem estivesse disposto a ajudar ou aprender com os colegas tinha total liberdade para dar apoio.

No dia 23 nossa colega Maria das Dores, 24, foi homenageada em uma bela festa organizada por parte da equipe. Das Dores abriu mão de sua formatura pelo sonho do Ron-don. Uma emocionante festa com doces, bolo, salgados, um vídeo, certificado e um poema escrito pelo anjo Batista. Em Arenápolis, no Pro-jeto Rondon, Maria das Dores de Souza deixou de ser estudante e se formou bióloga.

Em um esquema de rotatividade estabelecido na reunião inicial com as autoridades da cidade foram de-terminadas duplas que participaram todos os dias de um programa de rádio local em que eram divulgadas as atividades que os rondonistas promoveriam naquele dia. Todos os rondonistas foram muito bem rece-bidos pela radialista de Arenápolis, Aline Ferreira.

Além disso, a equipe se divertiu na caminhada ecológica promov-ida para incentivar o turismo local na cachoeira da cidade e recebeu as visitas ilustres do Capitão Brito Neto, Sargento Ricardo, Coronel Martinelli e Soldado Alencar.

“Meu papel foi de facilitador da missão e foi gratificante. Todos se desprenderam para viver em cole-tividade e foi uma experiência fan-tástica conhecer pessoas diferentes com seus potenciais. O coração vai ficando pequeno, pois enxerguei cada um como se fosse meu filho. Vi uma equipe tão boa e unida que não tivemos problemas e realiza-mos um trabalho exemplar.” afirmou o anjo, 1º Sargento Batista, 39.

Foto: Cleber Torres

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Foto

: Wal

berto

Bar

bosa

Foto: Walberto Barbosa

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HUMANAS

Orientação pedagógica e sociojurídica Um dos objetivos do projeto

apresentado pelas universidade do interior de São Paulo e de Campi-na Grande, na Paraíba, para a ci-dade de Arenápolis era a capaci-tação dos professores, alunos e a orientação em relação aos progra-mas sociais e questões jurídicas.

Com a experiência de sete operações do Projeto Rondon, a Professora Myrian Castilho, 63, foi uma das responsáveis da ca-pacitação dos professores e da oficina de trabalho de conclusão de curso, TCC, para os alunos.

Castilho foi para Arenápolis com a missão de coordenar as ações dentro da cidade, efetivar os conta-tos com lideranças, preparo seleção e capacitação dos estudantes.

No município trabalhou dire-tamente com os professores da rede pública de ensino por meio das oficinas de socialização dos saberes nomeadas Planejamen-to de Ensino e novas metodo-logias de Ensino, Psicologia da Educação, relacionamento in-terpessoal e educação inclusiva e Educação de Jovens e Adul-

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HUMANAS

tos com professores do EJA. Além destas, a equipe de-

senvolveu cursos sobre pro-jetos de trabalhos pedagógi-cos com os professores.

Durante os cursos, notou a di-ficuldade dos professores e, em conversas com os alunos, tomou conhecimento também dos obs-táculos ao desenvolvimento dos trabalhos de conclusão nos cur-sos técnicos oferecidos na cidade.

Com o auxílio dos ron-donistas, um breve e sim-ples curso sobre os trabalhos foi ministrado aos estudantes.

Ao final de todas as ativi-dades foram feitas apresen-tações e a entrega dos cer-tificados em uma formatura.

Muito emocionada, a Professora relatou que foi incrível a experiên-cia e o acolhimento da cidade, prin-cipalmente dos professores e alu-nos que participaram ativamente de todos os cursos e demons-traram muito interesse em am-pliar os conhecimentos e desen-volver projetos cada vez maiores.

Na área da pedagogia acon-teceram também as oficinas de inclusão e de brinquedoteca. To-dos os cursos foram preparados com cuidado e atenção voltada para as dificuldades do público-alvo. Para compartilhar o conheci-mento, o grupo de rondonistas levou aos professores e alunos apostilas que serviram para o es-clarecimento de conceitos e for-mas de se trabalhar a educação.

“Tudo isso só foi possivel graças a união dos estudantes e a harmonia entre os profes-sore, coordenadores e o nos-so projeto”, afirma Castilho.

Aos 17 anos, a estudante Michele da Silva Rodrigues, prestes a con-cluir o Curso técnico em Meio Am-biente, afirmou que as oficinas sobre o TCC foram importantes para tirar dúvidas e melhorar a qualidade do trabalho final.

“Além de aprender a fazer um TCC melhor e mais profissional, participei de várias palestras e não perdi meu tempo. Espero um dia chegar à universidade para par-ticipar do projeto Rondon e levar a outros lugares alegria e conheci-mento, assim como os rondonis-tas fizeram em Arenápolis”, diz.

Orientação Sociojurídica

A outra vertente dos projetos da área de humanas consistiu na ori-entação jurídica e social, promov-ida pelos alunos de direito, Luiz André Bortolotti, 33, e de serviço social, Vanessa Araújo, 21.

“Vim para o Rondon com o objetivo de trabalhar direitos hu-

manos, cidadania, prevenção de drogas, violência, programas sociais, pedofilia, inclusão e ex-clusão”, conta Vanessa.

Os rondonistas também pro-moveram palestras sobre os es-tatutos do idoso, da criança e do adolescente.

Vanessa afirmou que o acesso a estas informações é importantís-simo.

“É um tipo de conhecimento que eles não buscariam, mas que são fundamentais para a construção

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Apresentação final dos professores na conclusão do curso

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de uma sociedade mais digna e em que se respeitam os direitos do próximo”, concluiu.

Nos assentamentos os ron-donistas orientaram os moradores sobre questões legais relaciona-das à criação de cooperativas que possibilitariam a ampliação nos lucros e maneiras mais efetivas de concretização de planos de crescimento e desenvolvimento sociais dentro destes grupos.

Noções de justiça, cidadania e considerações sobre programas sociais também fizeram parte da orientação sociojurídica feita pe-los rondonistas.

HUMANAS38

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A idéia de que o conhecimento pode mudar a vida das pessoas foi ilustrada pela iniciativa do aluno de administração Thiago Cabral Araújo, 23. Durante a preparação para a viagem a Arenápolis, o es-tudante achou que suas atividades não preenchiam todo o tempo dedicado ao Projeto Rondon e propôs um curso de inglês para os

cidadãos interessados que foi um sucesso.

Com aulas nos períodos da manhã, tarde ou noite, sempre avisadas com antecedência, uma turma aprendeu lições básicas so-bre a língua e formas de procurar outras fontes para melhorar seu inglês.

Thiago foi criativo, preparou cui-

Não traduza, think in english

HUMANAS

dadosamente as aulas com auxílio de um datashow e do colega Renan Cardoso, 23, que tocava violão e animava as aulas com músicas em inglês.

Por se tratar de um curso muito curto, apenas o básico foi passado para os alunos, a mensagem fun-damental é de que a iniciativa deve partir dos próprios estudantes e que o interesse de cada um de-termina o lugar que cada um pode chegar.

“Ao ver a necessidade das pes-soas aprenderem inglês é de ex-trema importância uma aproxi-mação com a língua. Resolvi trazer um pouco desse conhecimento para que as pessoas possam estar mais envolvidas com a língua inter-nacional, do comércio, da internet, das pesquisas. O inglês abre novas oportunidades e trará uma opor-tunidade de vida melhor” afirmou Thiago.

O estudante passou uma men-sagem de incentivo e compartilhou um conhecimento importante para o desenvolvimento da sociedade.Thiago e Renan cantam com a turma uma música para treinar o inglês

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ANDRÉIA PISCO

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Palestras, cursos e oficinas40 FOTOS

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Palestras, cursos e oficinas41FOTOS

Foto: Renan Cardoso

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O ANJOchamado

Batista

“Eu coloquei o boneco em cima da tele-visão e fiquei uma semana olhando para ele até de madrugada, sempre pensando em como poderia melhorá-lo. Um belo

dia TIM!, acendeu uma luz”

ANDRÉIA PISCO

PERFIL

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ANJOchamado

O sargento é um obser-vador, o anjo é um ar-tesão. Aos 39 anos o

1º Sargento João Batista da Silva Coutinho foi escolhido para ser o anjo responsável pela segurança do Projeto Rondon. Entretanto, o imaginário sobre os militares não se aplica a ele. Batista se mos-trou uma pessoa sensível, amigo e companheiro. Acima de tudo, um apaixonado pela arte.

Desde criança gostava de de-senhar heróis e pessoas, fazia histórinhas e cineminhas nos can-tos dos cadernos. Sua paixão se revelou em uma busca por novas formas de arte que iluminam seus olhos. Batista é curioso e explorou vários materiais em busca daquele que respondesse aos seus anseios artísticos.

“Gesso, argila, biscuit, durepox, massa de modelar, tudo muito difícil de trabalhar e eu quebrei muito a cabeça. Sempre bus-cava um material que permitisse os detalhes e fosse agradável de se sentir; mas a bagunça en-comodava as mulheres de minha vida”. Hoje casado, Batista exalta o apoio e reconheciemnto da es-posa e é cheio de metas. Sonhos simples e bonitos.

Amparado pela segurança de seus óculos escuros, falou sobre a filha, que mora em Fortaleza, e a esposa com os olhos cheios de lágrimas. Pensou que eu não vi, e havia tanto sentimento e saudade em suas palavras que eu deixei passar.

Para o artista o Exército é o bico que permitiu uma experiên-cia policultural em que absorveu novos rostos e sabores, se en-grandeceu como pessoa. “Mas a

idéia é futuramente virar artesão mesmo”.

A curiosidade e o encantamento pelos bonecos e esculturas sem-pre foram movidos pela iniciativa em buscar dicas e cursos na in-ternet e no boca a boca.

Batista é daqueles que roda ci-dades inteiras em busca de um ar-tesão que domine uma técnica ou um instrumento desconhecido. Até tentou a pintura, mas pensa em preto e branco e não tem muita

intimidade com cores. Prefere tex-turas.

Conheceu Izidoro, um artesão que fazia moldes de bonecos. Com um modelo fez mais de cem peças, mas não estava satisfeito com os braços e as armas dos sol-dadinhos. “Eu coloquei o boneco em cima da televisão e fiquei uma semana olhando para ele até de madrugada, sempre pensando em como poderia melhorá-lo. Um belo dia TIM!, acendeu uma luz”. Começou a fazer os membros

separadamente do restante do corpo.

O anjo me apresentou a doçura da malandragem carioca centrada em uma humildade que garante que toda troca de informação é rica.

“O negócio é fazer algo diferente, muita coisa nunca foi feita e é só olhar para o lado certo. Passo os dias vendo as coisas e as possibili-dades com o objetivo de conseguir criar com qualidade e quantidade”.

PERFIL

Por isso Batista pesquisou uma forma de trabalhar melhor a resi-na, material profissional que utiliza atualmente.

Descobriu uma máquina a vácuo que permitia acabamento e riqueza de detalhes. Está construindo com auxílio de vídeos e comunidades virtuais. Ao falar do projeto, olha serenamente para o horizonte como se visse o futuro logo ali, com uma alternativa de renda ancorada no prazer e na arte.

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Cidadão que participu de todas as sessões

de cinema

A integração entre diferentes culturas é um dos pontos es-senciais do Projeto Rondon. Com isso em vista, foram re-alizadas atividades que pri-orizaram o entretenimento e o resgate do folclore junto à população local.

Cinema na Praça e FolcloreANDRÉIA PISCOPAULA FERRARO

CULTURA44

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Durante as duas semanas em que a cidade de Arenápolis re-cebeu o Projeto Rondon foram realizadas quatro sessões de cinema em duas praças do mu-nicípio.

O objetivo desta iniciativa foi oferecer entretenimento para a população e promover uma in-tensa interação entre os popu-lares.

Em uma conversa informal e divertida, cerca de 30 pessoas participaram da oficina de res-gate do folclore e cultura popu-lar.

Os participantes lembraram das danças típicas como o ca-rimbó, cururu, o lambadão do Mato Grosso e o siriri, dança típica do Mato Grosso em que as mulheres dançam de saia rodada e florida e os homens de calça pescador e camisa. Os mais animados ainda dançaram para demonstrar aos rondonis-tas os passos e ritmos.

Comidas Típicas

Foram apontados como ali-mentos típicos do Mato Grosso a feijoada, a farofa de banana e o bolo de arroz que é batido no liquidificador com água e pode ser salgado ou doce.

O cuscuz feito com farinha de milho e o arroz com pequi foram apontados como pratos famosos na região.

Além destes, ventrecha de pacu - a costela -, mugica de pintado, Maria Isabel - arroz com carne seca - e os doces de

caju, abóbora e manga.Várias mulheres preparam

parte dos pratos para a equipe de rondonistas experimentar ao longo do projeto.

Eventos da cidadeNo mês de julho acontece a fa-

mosa cavalgada em que diversas pessoas se encontram em cidades

próximas e passam o dia caval-gando pelos municípios da região.

O mês de outubro é marcado pela procissão de subida ao morro do Cruzeiro.

“Vem gente de todo lugar, do Paraná, do Rio de Janeiro, de Goiás, de São Paulo” – Maria da Silva, agente de saúde.

CULTURA 45

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Encerramento

Oxente mininoArenápolis do coração daquela gen-teCom nós do Rondon interagindoEssa cidade agora tá também no coração da genteVou te dizer falando o nordestezO que o Ministério da Defesa fez

Um dia um coroné fardado falou com a prefeitura E ofereceu o Rondon praquela terraMostrar o que ia acontecer de bem feituraE o prefeito disse ao Rondon vem pra cáA gente vai dar um colchão no chão e comida com fartura

Saiu um edital pelas universidades do BrasilQuem havia de se interessarDe mandar um projeto de açãoEndereçado a Arenápolis

Da universidade de MaríliaSaúde, direito, cidadania e educaçãoDa UFCG na ParaíbaMeio ambiente, tecnologia e comu-nicaçãoA ilustre professora MyrianExperiente de sete RondonsTrouxe uma equipe porretaDa cidade de MaríliaE o professor LucianoTrouxe nove criaturas da ParaíbaCheias de vontade e de dons

Ajuntado esse povo arretadoParecia que tudim junto tinha cresci-doMas que teve foi um casamento bem sucedidoCom um caminho pré definidoQue deixou os sotaques misturados

Aos poucos nós se entendeUm dizia abre a poRRRTaO que tava dentro dizia arrudeiaUm falava oxente, cuscuz e macaxeiraE o outro nossa, curau e mandioca

No final a gente, nós se entendeE leva a cidade de ArenápolisO que na universidade se aprendeAlém de ensino, atividade e assistên-ciaCoisa que ali havia carência

Decemos no quartelCom honras fomos recebidosBrigadão pelo confortoQue a nós foi garantido

Chegando na cidadeRecebemos cuidado e atençãoTudo de melhor foi a alimentaçãoAr condicionado no quartoMais banheiro do que rondonistaTinha rádio pra dar entrevistaUm motorista a disposiçãoObrigado meu DeusPor tanta bajulação

Lá Rondonista fez de tudoLavou banheiro E limpou o chãoMas também ensinou a plantarE o meio ambiente preservarÁreas devastadas reflorestarE o potencial turístico explorarAté fábrica de velas vão montarEnsinou muito a populaçãoA reciclar pet e papelE até a fazer sabão

Para os professores teve treinamentoPrus agentes de saúde teve capaci-taçãoTeve até pra população curso de inglêsI love you não quer dizer morena em francêsE o teacher pede: think in englishArenápolis teve o básico de inglêsE ontem a tarde teve até genteQue não sabia mais falar português

Rondonista levou palestra de como falar em públicoDireitos humanos e violência domésticaTeve feira de saúdeMedindo do povo a pressãoOlhando os dentes das bocas

Tirando sangue pra verSe tinha portador de HIVGlicose alta ou desnutriçãoFoi muita gente vacinadaOutros aprendendo prevençãoRecebendo preservativo com manual de instrução

Teve veterinário atendendoFazendo pros bichos recepçãoTinha de todo o tipoGato, passarinho, cavalo e até cãoEra o profissionalismo entrando em ação

Teve cinema na praçae antes do filme anunciaçãoAtenção toda a ArenápolisVocês vão ver agoraO filme mais arretaaaado do anoooE se não for eu cegue da gota serenaE da mulésta dos cachorro doido

Teve também diversãoCaminhada ecológicaCom banho de cachoeiraChurrasco e um festãoBanho de rioQueda de cavalo braboPasseio de barcoAgora não vem ao casoMas uma coisa eu te digoRondon em Arenápolis foi muuuuito trabalhoMas como se diz nessa terra foi tudo de bãooo

Composição:Walberto Barbosa,

Renan Cardoso e colaboradores

Cordel do RondonistaFoto: Sgt. João Batista

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Universidades brasileiras a serviço da nação

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