272
Rosana Catarina Rodrigues de Lima Introduzindo o conceito de média aritmética na 4ª série do Ensino Fundamental usando o ambiente computacional Mestrado em Educação Matemática PUC-SP SÃO PAULO 2005

Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

  • Upload
    vuminh

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Rosana Catarina Rodrigues de Lima

Introduzindo o conceito de média aritméticana 4ª série do Ensino Fundamental usando o

ambiente computacional

Mestrado em Educação Matemática

PUC-SPSÃO PAULO

2005

Page 2: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ii

Rosana Catarina Rodrigues de Lima

Introduzindo o conceito de média aritméticana 4ª série do Ensino Fundamental usando o

ambiente computacional

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo como exigência parcialpara obtenção do título de MESTRE em EducaçãoMatemática sob a orientação da Professora DoutoraSandra Maria Pinto Magina.

PUC-SPSÃO PAULO

2005

Page 3: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

iii

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

________________________________________

________________________________________

Page 4: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

iv

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução

total ou parcial desta Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura _______________________________Local e data:_______________

Page 5: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

v

Para Roberto, Artur e Aurora,

por acreditarem na realização deste trabalho.

Ao meu pai Heitor (in memorian)

Page 6: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

vi

AGRADECIMENTOS

No decorrer deste trabalho, muitas pessoas e instituiçõescontribuíram das mais diversas formas para sua construção. A todaselas, mais do que agradecer, desejo compartilhar a satisfação darealização desta pesquisa. Citar de modo especial algumas destaspessoas e, instituições, não significa a falta de reconhecimento pelacolaboração das demais.

A Deus, que me deu saúde o suficiente para chegar ao finaldeste estudo.

À Professora Doutora Sandra Maria Pinto Magina, pelaorientação constante, dedicação, empenho, incentivo e apoio sem osquais este trabalho não seria possível. Sua amizade, e sobretudo, suacompreensão foram decisivas para a conclusão desta dissertação.

Às Professoras Doutoras Márcia Regina Ferreira de Brito eSiobhan Victoria (Lulu) Healy, integrantes da banca examinadora,pelo aceite, comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião doexame de qualificação que contribuíram para o enriquecimento desteestudo.

Aos Professores do Programa de Estudos Pós-Graduados emEducação Matemática da Pontifícia Universidade Católica de SãoPaulo que, de forma direta ou indireta, colaboraram na concretizaçãodeste trabalho. Em especial, aos Professores Doutores Cileda deQueiroz e Silva Coutinho e, Benedito Antonio da Silva, pelo auxílio emdiferentes momentos.

À CAPES, pela oportunidade à mim conferida para realizaresta etapa essencial à minha formação acadêmica

A meus colegas do mestrado, em especial, aos queparticiparam do projeto que envolveu esta pesquisa, Simone da SilvaCaetano, José Kioshink Nakamura e Sandra da Silva Santos, pelaconvivência e troca de experiências.

Page 7: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

vii

Aos colegas do Grupo de Pesquisa CoFE, pelas discussões econtribuições ao trabalho, em especial à Alexsandra e Zoraide,companheiras de curso e de estudo pela amizade, incentivo e auxílioem todos os momentos.

A meu marido Roberto, por todo apoio dado, compreensãoquanto às ausências e preocupações. Pela paciência, carinho ededicação constante a nosso filho, muito obrigada!

A meu filho Artur, agradeço por todo o carinho demonstradodurante a execução deste estudo. Sua alegria e sorriso constantes mefizeram superar muitos momentos difíceis desta caminhada.

À amiga, Edna, exemplo de persistência, obrigada peloincentivo e incansável auxílio nos momentos mais difíceis desta longajornada.

Aos meus familiares e amigos mais próximos que sempre meapoiaram ao respeitarem minhas ausências.

À Professora Ivone Borelli pela dedicação na revisão final dotexto.

Ao secretário Francisco, pela compreensão durante todo opercurso e auxílio em todos os momentos.

À direção, professores, alunos e funcionários da EscolaMarina Cintra, pelo apoio oferecido na parte experimental destapesquisa e, em especial ao Professor Rogério, pela colaboração nodecorrer de todo experimento.

Aos amigos e colegas da FAMA, pelo carinho e estímulo, quecontribuíram para a realização deste trabalho.

Page 8: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

viii

RESUMO

O objetivo do estudo foi investigar a introdução do conceito de média aritméticacom base no uso das representações gráficas e com o auxílio do ambientecomputacional, dentro do qual foi empregado o software Tabletop. Para se atingireste objetivo, foi feito um estudo quase-experimental com dois grupos de alunos:o grupo experimental – GE - e o grupo de controle – GC - ambos da 4ª sérieEnsino Fundamental de uma escola da rede pública estadual da cidade de SãoPaulo. A pesquisa dividiu-se em três fases, a saber: Pré-teste, Intervenção deEnsino (fator experimental) e Pós-teste. As atividades constituintes da Intervençãode Ensino ajustaram-se à Teoria dos Campos Conceituais proposta porVergnaud. Para elaboração das atividades tomou-se como base os níveis decompreensão de gráficos propostos por Curcio e as propriedades de médiaaritmética propostas por Strauss e Bichler. O GE participou das três fases doestudo, sendo as atividades de intervenção de ensino desenvolvidas em ambientecomputacional, visando à introdução do conceito de média aritmética e odesenvolvimento da leitura e interpretação de gráficos. O GC também participouda aplicação dos testes, porém permaneceu isento da aplicação do fatorexperimental. O estudo propôs-se a responder à seguinte questão: “Quais ascontribuições da intervenção de ensino proposta para a introdução do conceito demédia aritmética em alunos da 4ª série do Ensino Fundamental, com o uso doambiente computacional?” Para responder a esta questão de pesquisa, tomamospor base as análises quantitativa e qualitativa dos resultados obtidos nos testesem ambos os grupos e as respostas dadas pelos alunos do GE às fichas deatividades da intervenção. Na comparação intergrupos dos resultados do pós-teste, constatou-se que os alunos do GE mostraram um desempenho superioraos do GC, sobretudo, quanto ao conceito de média aritmética. Já a análise dosresultados intragrupos apontou uma melhora no desempenho dos alunos do GEno pós-teste em relação ao pré-teste, no que se refere à leitura e interpretação dográfico de barras, assim como no conceito de média aritmética. Estes dadospermitem concluir que a introdução ao conceito de média aritmética baseada narepresentação gráfica foi favorecida pelo emprego do software Tabletop, visto queeste possibilitou ao aluno a descoberta de propriedades e relações envolvidas noCampo Conceitual constituído pela leitura e interpretação de gráficos e médiaaritmética.

Palavras-chave: média aritmética; leitura e interpretação de gráficos; estatística;informática; séries iniciais do Ensino Fundamental.

Page 9: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ix

ABSTRACT

The purpose of this study was to investigate the introduction of arithmetic meanconcept based on the use of graphic representations, and with the assistance ofcomputational environement by using the software Tabletop. To reach thispurpose, a nearly experimental study has been accomplished with two groups ofstudents, the experimental group – GE – and the control group – GC – both fourthgraders of a Sao Paulo public school. The research was divided into three phases,namely: Pre-Test, Teaching Interference (experimental factor) and Post-Test. Theactivities composing the Teaching Interference have been adjusted to theConceptual Fields Theory proposed by Vergnaud. To develop these activities webased on graphics understanding levels proposed by Curcio and on arithmeticmean properties proposed by Straus & Bichler. The GE has taken part in the threephases of the study seeing that the teaching interference activities, developedwithin computacional environment, aimed at both, the introduction of arithmeticmean concept and the graphics reading and interpretation development. The GChas also taken part in tests application, but it was left out the experimental factor.The study has intended to answer the following question: “Which teachinginterference contributions are proposed for the introduction of arithmetic meanconcept into fourth graders , by making use of computational environment?” Toanswer this research question, we based ourselves on qualified and quantifiedanalysis of the results obtained from the tests in both groups and on the answersgiven by GE students to the activities cards of the intervention. By comparing theintergroups post-test results, one verify that the GE students have presented abetter performance than the GC one’s, specially regarding arithmetic meanconcept. On the other hand, the analisys of the results within the groups pointed toan improvement in the post-test performed by the Experimental Group in respectto the pre-test, regarding the reading and interpretation of bar graphics, as well asin arithmetic mean concept. These data permit us to conclude that the introductionto arithmetic mean concept based on graphic representation has been favoured bythe use of Tabletop software, since it allows the students to catch the proprietiesand relations envolved in Conceptual Field formed by graphic reading andinterpretation as well as arithmetic mean.

Keywords: arithmetic mean; reading and interpretation of graphs; statistics;computational environment; elementary school level.

Page 10: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

x

SUMÁRIO

Lista de tabelas ............................................................................................... xiv

Lista de figuras ............................................................................................... xv

Lista de quadros ............................................................................................. xviii

Resumo ........................................................................................................... viii

Abstract ........................................................................................................... ix

CAPÍTULO IApresentação ............................................................................................ 11.1. Introdução ............................................................................................ 11.2. Problemática ........................................................................................ 31.3. Objetivo e Questão de Pesquisa .......................................................... 121.4. Articulação do Estudo ao Projeto de Pesquisa FAPESP ..................... 151.5. Descrição da Dissertação .................................................................... 17

CAPÍTULO IIMedidas de tendência central e compreensão de gráficos .................. 192.1. Introdução ............................................................................................ 192.2. O Conceito de Média no Decorrer da História ..................................... 202.3. Medidas de Tendência Central ............................................................ 24

2.3.1. Média Aritmética ........................................................................ 252.3.2. Mediana ..................................................................................... 27

Page 11: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

xi

2.3.3. Moda .......................................................................................... 292.4. As Pesquisas sobre Média Aritmética .................................................. 312.5. Leitura e Interpretação de Gráficos ...................................................... 39

2.5.1. Definição e Tipos de Gráficos .................................................... 402.5.2. Pesquisas Recentes sobre Leitura e Interpretação de Gráficos 422.5.3. Níveis de Compreensão de Gráficos segundo Curcio ............... 45

CAPÍTULO IIIConsiderações Teóricas ........................................................................... 483.1. Introdução ............................................................................................ 483.2. Formação do Conceito ......................................................................... 493.3. Representação ..................................................................................... 553.4. O Ambiente Computacional na Aprendizagem .................................... 62

3.4.1. O Uso do Software Tabletop ..................................................... 65

CAPÍTULO IVMetodologia ............................................................................................... 734.1. Introdução ............................................................................................ 734.2. Desenho do Experimento ..................................................................... 73

4.2.1. Universo do Estudo ................................................................... 764.2.2. Material Utilizado ....................................................................... 784.2.3. Procedimentos ........................................................................... 79

4.2.3.1. Descrição e análise prévia do pré e pós−teste ............. 844.2.3.1.1. Análise prévia da primeira questão .............. 864.2.3.1.2. Análise prévia da segunda questão .............. 934.2.3.1.3. Análise prévia da terceira questão ............... 97

4.2.3.2. Análise prévia da atividade de intervenção de ensino . 1004.2.3.2.1. Ficha 1 ......................................................... 1014.2.3.2.2. Ficha 2 ......................................................... 1044.2.3.2.3. Ficha 3 ......................................................... 1074.2.3.2.4. Ficha 4 ......................................................... 1094.2.3.2.5. Ficha 5 ......................................................... 1114.2.3.2.6. Ficha 6 ......................................................... 1134.2.3.2.7. Ficha 7 ......................................................... 1164.2.3.2.8. Ficha 8 ......................................................... 117

Page 12: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

xii

CAPÍTULO VAnálise do Experimento ........................................................................... 1205.1. Introdução ............................................................................................ 1205.2. Análise Quantitativa dos Resultados ................................................... 123

5.2.1. Desempenho Geral dos Dois Grupos no Pré e no Pós-teste .... 1255.2.2. Desempenho Geral dos Dois Grupos no Pré-teste ................... 127

5.2.2.1. Itens relativos à leitura e interpretação dos gráficos debarras ....................................................................... 128

5.2.2.2. Itens relativos à leitura e interpretação do gráfico dedupla entrada ................................................................ 133

5.2.2.3. Itens relativos ao conceito de média aritmética ......... 1365.2.3. Análise do Desempenho dos Dois Grupos no Pós-teste ........... 138

5.2.3.1. Itens relativos à leitura e interpretação de gráficos debarras ....................................................................... 139

5.2.3.2. Itens relativos à leitura e interpretação de gráficos dedupla entrada ........................................................... 141

5.2.3.3. Itens relativos ao conceito de média aritmética ......... 1425.2.4. Análise do Desempenho do GE no Pré e no Pós-teste ............. 145

5.2.4.1. Itens relativos à leitura e interpretação de gráficos debarras ....................................................................... 146

5.2.4.2. Itens relativos à leitura e interpretação de gráficos dedupla entrada ........................................................... 149

5.2.4.3. Itens relativos ao conceito de média aritmética ......... 1525.3. Análise Qualitativa ............................................................................... 154

5.3.1. Análise Relativa à Leitura e Interpretação de Gráficos ............. 1555.3.1.1. Gráfico de barras ......................................................... 156

5.3.1.1.1. Gráfico x Realidade ..................................... 1565.3.1.1.2. Articulação das representações: tabela e

gráfico ......................................................... 1625.3.1.1.3. Níveis de Leitura e Interpretação de

Gráficos ....................................................... 1685.3.1.2. Gráfico de Dupla Entrada − Extrapolação .................... 183

5.3.2. Análise Relativa ao Conceito de Média Aritmética .................... 1865.3.2.1. Concepções atribuídas à média ................................... 1875.3.2.2. Invariantes Operatórios da Média Aritmética ............... 200

Page 13: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

xiii

CAPÍTULO VIConclusão .................................................................................................. 2086.1. Introdução ............................................................................................ 2086.2. Síntese dos Principais Resultados ....................................................... 211

6.2.1. Média Aritmética ........................................................................ 2126.2.2. Leitura e Interpretação de Gráficos ........................................... 214

6.3. Respostas às Questões de Pesquisa .................................................. 2166.4. Sugestões para Futuras Pesquisas ..................................................... 221

Referências Bibliográficas............................................................................ 223

Anexos ............................................................................................................ 231

Page 14: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

xiv

Lista de Tabelas xivTabela 5.1 – Distribuição das justificativas apresentadas na leitura degráficos no pré e no pós–teste ......................................................................... 161Tabela 5.2 – Comparação entre as respostas ao item “2a" do pré para opós–teste .......................................................................................................... 179Tabela 5.3 – Comparação entre as respostas ao item “1e” do pré para opós–teste .......................................................................................................... 182Tabela 5.4 – Concepções de média apresentadas pelos alunos do GE nopré e no pós–teste ............................................................................................ 188

Page 15: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

xv

Lista de figuras xvFigura 2.1 – Definição de média aritmética simples segundo Spiegel ............ 25Figura 2.2 – Definição de média aritmética simples segundo Toledo e Ovalle 26Figura 2.3 – Cálculo da mediana para variáveis discretas: número impar determos ............................................................................................................... 28Figura 2.4 – Cálculo da mediana para variáveis discretas: número par determos ............................................................................................................... 28Figura 2.5 – Tipos de Moda segundo Spiegel (1993) ...................................... 29Figura 2.6 – Propriedades da média aritmética (STRAUSS E BICHLER, 1988) ... 35Figura 2.7 – Tarefa proposta para propriedade A: História ............................. 36Figura 2.8 – Tarefa proposta para propriedade A: Numérico .......................... 37Figura 2.9 – Níveis de compreensão de gráficos (CURCIO, 1987) ................... 47Figura 3.1 – Banco de dados extraído do Tabletop: TIME. Tdb ...................... 68Figura 3.2 – Representação do banco de dados TIME.tdb. no modoTabletop ........................................................................................................... 69Figura 3.3 – Representação do gráfico de freqüência do banco de dadosTIME.tdb ........................................................................................................... 70Figura 3.4 – Representação do gráfico de dupla entrada do banco de dadosTIME.tdb ........................................................................................................... 71Figura 4.1 – Questão 1- itens “1a" e “1b” do pré e do pós−teste .................... 87Figura 4.2 – Questão 1- itens “1c” , “1d” e “1e” do pré e do pós−teste ........... 89Figura 4.3 – Questão 2 – itens “2a" a “2f” do pré e do pós−teste .................... 94Figura 4.4 – Questão 3 – itens “3a" a “3d” do pré e do pós−teste ................... 98Figura 4.5 – Atividade 1A da intervenção de ensino........................................ 102Figura 4.6 – Atividade 1B da intervenção de ensino ....................................... 103Figura 4.7 – Atividade 1C da intervenção de ensino ....................................... 104Figura 4.8 – Atividade 2A da intervenção de ensino ....................................... 105Figura 4.9 – Atividade 2B da intervenção de ensino ....................................... 106Figura 4.10 – Atividade 3A da intervenção de ensino ..................................... 107Figura 4.11 – Atividade 3B da intervenção de ensino ..................................... 108Figura 4.12 – Atividade 3C da intervenção de ensino ..................................... 109Figura 4.13 – Atividade 3D da intervenção de ensino ..................................... 110Figura 4.14 – Atividade 4 da intervenção de ensino ........................................ 111Figura 4.15 – Atividade 5A da intervenção de ensino ..................................... 112Figura 4.16 – Atividade 5B da intervenção de ensino ..................................... 114Figura 4.17 – Atividade 6A da intervenção de ensino .................................... 115Figura 4.18 – Atividade 6B da intervenção de ensino .................................... 116Figura 4.19 – Atividade 7A da intervenção de ensino ..................................... 118

Page 16: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

xvi

Figura 4.20 – Atividade 7B da intervenção de ensino ..................................... 119Figura 5.1 – Acertos totais do GE e do GC no pré e no pós–teste ................. 126Figura 5.2 – Acertos por item de leitura de gráfico de barras do GE e do GCno pré–teste ..................................................................................................... 128Figura 5.3 – Acertos por Item de leitura de gráfico de dupla entrada do GE edo GC no pré–teste .......................................................................................... 134Figura 5.4 – Acertos por item de média aritmética do GE e do GC no pré–teste .................................................................................................................. 136Figura 5.5 – Acertos por item de leitura de gráfico de barra do GE e do GCno pós–teste ..................................................................................................... 140Figura 5.6 – Acertos por item de leitura do gráfico de dupla entrada do GE edo GC no pós–teste .......................................................................................... 142Figura 5.7 – Acertos por item de média aritmética do GE e do GC no pós–teste .................................................................................................................. 143Figura 5.8 – Acertos totais do GE no pré e no pós–teste ................................ 145Figura 5.9 – Acertos por item de leitura de gráfico de barras do GE no pré eno pós–teste ..................................................................................................... 146Figura 5.10 – Acertos por item de leitura do gráfico de dupla entrada do GEno pré e no pós–teste ....................................................................................... 150Figura 5.11 – Acertos por item de média aritmética do GE no pré e no pós–teste .................................................................................................................. 152Figura 5.12 – Respostas ao protocolo de Al-07 e Al 05 no pré–teste ............. 157Figura 5.13 – Respostas ao protocolo de Al-07 no pós–teste ......................... 160Figura 5.14 – Gráficos Construídos pelos grupos 02 e 06 na Atividade 2A .... 169Figura 5.15 – Resposta ao protocolo de Al-21 no pré–teste ........................... 174Figura 5.16 – Resposta ao protocolo de Al-21 no pós–teste ........................... 175Figura 5.17 – Resposta ao protocolo de Al-27 no pré–teste ........................... 176Figura 5.18 – Resposta ao protocolo de Al-27 no pré–teste ........................... 177Figura 5.19 – Resposta ao protocolo de Al-27 no pós–teste ........................... 177Figura 5.20 – Respostas aos Protocolos de Al-06 no pré e no pós–teste ....... 178Figura 5.21 – Resposta ao protocolo de Al-05 no pré–teste ........................... 181Figura 5.22 – Resposta ao protocolo de Al-05 no pós–teste ........................... 181Figura 5.23 – Gráfico gerado pelo grupo 08 na Atividade 6B .......................... 184Figura 5.24 – Resposta ao protocolo do grupo 02 na Atividade 6B ................ 185Figura 5.25 – Resposta ao protocolo do grupo 05 na Atividade 6B ................ 185Figura 5.26 – Resposta ao protocolo de Al-23 no item “1c” do pré–teste ....... 189Figura 5.27 – Resposta ao protocolo de Al-12 no item “1c” do pré–teste ....... 190

Page 17: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

xvii

Figura 5.28 – Tabela ANIVBALA.TDB e gráfico ANIVBALA.TT construídopelo grupo 05 .................................................................................................... 191Figura 5.29 – Gráfico de freqüência construído pelo grupo 05 na Atividade2A ..................................................................................................................... 195Figura 5.30 – Resposta ao protocolo de Al-22 no item “3d” no pós–teste ...... 198Figura 5.31 – Resposta ao protocolo de Al-06 no item “3d” no pós–teste ...... 199Figura 5.32 – Resposta ao Protocolo de Al-23 no item “1e” no pós–teste ...... 206

Page 18: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

xviii

Listas de Quadros .......................................................................................... xviiiQuadro 3.1 – Campo Conceitual: Tratamento da Informação ......................... 58Quadro 4.1 – Desenho do Experimento .......................................................... 74Quadro 5.1 – Estrutura da Análise do Experimento ........................................ 122Quadro 5.2 – Relação entre conteúdos matemáticos, tipos de gráfico equestões do pré−teste ...................................................................................... 127Quadro 5.3 – Síntese do Desempenho dos dois grupos no Pré−teste ........... 137Quadro 5.4 – Relação entre conteúdos matemáticos, tipos de gráficos equestões do pós−teste ..................................................................................... 139Quadro 5.5 – Síntese do Desempenho dos dois grupos no Pós−teste ........... 144Quadro 5.6 – Síntese do Desempenho do GE no Pré e Pós−teste ................ 153Quadro 5.7 – Estrutura da análise qualitativa da leitura e interpretação degráficos ............................................................................................................. 155Quadro 5.8 – Categorias de análise dos itens “1a' e “1b” do pré e pós−teste . 157Quadro 5.9 – Categorias de análise do item “2a" do pré e do pós−teste ........ 173Quadro 5.10 – Categorias de análise do item “1e” do Pré e do Pós−teste ..... 180Quadro 5.11 – Estrutura da análise qualitativa para média aritmética ............ 186Quadro 5.12 – Categorias de análise das concepções de médiaapresentadas pelos alunos do GE ................................................................... 187

Page 19: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

CAPÍTULO I

APRESENTAÇÃO

1.1. Introdução

Este estudo tem por objetivo investigar a introdução do conceito de

média aritmética em alunos da 4ª série do Ensino Fundamental, propondo-se a

fazê-lo, partindo do uso de gráficos em ambiente computacional na situação de

sala de aula.

A ferramenta de informática usada como estímulo do aprendizado é o

software denominado “Tabletop”1, que será apresentado no Capítulo III.

Nossa preocupação ao realizar esta pesquisa, está fundamentada no

fato de pensar a articulação que o estudante realiza entre o conceito e seu uso

imediato no espaço da escola e, para além deste, ou seja, sua aplicação na

esfera da vida cotidiana. Uma vez que esse conhecimento será empregado no

entendimento de questões da vida que possam contribuir para melhor situá-lo no

espaço e tempo, instrumentalizando-o na tomada de decisões.

1 O Tabletop é um aplicativo desenvolvido pelo TERC destinado à manipulação de dados, permitindo incluiras etapas de construção, exploração e análise de banco de dados.

Page 20: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

2

O conceito de média parte de uma acepção mais ampla, pois, em

estatística, os valores médios encontram-se associados às medidas de tendência

central. Dentre estas, também, denominadas promédios2, as medidas mais

usadas são a média aritmética, a moda e a mediana. Nosso estudo está

ancorado, especificamente, no conceito de média aritmética que consideramos

ser um conceito estatístico fundamental dentre os demais promédios, já que se

articula com outros a fim de permitir uma leitura da realidade externa quer no

âmbito escolar, quer na vida cotidiana (CAZORLA, 2002; STELLA, 2003).

Lavoie e Gattuso (1998) apontam que o conceito de média teve seu

primeiro uso no interior da ciência que se repercutiu, tanto no interior da

sociologia que permitiu analisar o desenvolvimento da sociedade industrial e da

padronização nela existente, como também na esfera da política que empregou

o conceito de intervalo de confiança, como ferramenta estatística para

conhecimento das pesquisas de opinião.

A média aritmética também é de fundamental importância, pois a

partir dela são calculadas outras medidas, como, por exemplo a

variância, o desvio padrão, o coeficiente de variação, assimetria,

curtose e correlação. (CAZORLA, 2002, p. 30)

Para Cazorla, na vida diária, as pessoas estimam o tempo médio gasto

no percurso de casa para o trabalho, para fazer compras ou na fila de banco,

dentre outras estimativas.

2 A exemplo de Oliveira (1999), consideramos promédio, como um termo genérico que expressa qualquermedida de tendência central, tomando como exemplos: a média aritmética, a moda e a mediana.

Page 21: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

3

Esse processo faz parte do cotidiano e está tão arraigado que, às

vezes, as pessoas nem percebem o grau apurado de suas

estimativas. Algumas pessoas inclusive são capazes de estimar

com bastante precisão (...) quanto tempo demoram para chegar

ao trabalho, de acordo com o dia da semana ou usando um

caminho alternativo. Conseguem estimar as médias sem ter,

necessariamente, anotado o tempo gasto em cada viagem e

depois dividido pelo número de viagens, as vezes nem conhecem

a fórmula da média mas continuam a utilizar seu conhecimento

no planejamento de suas atividades rotineiras. (CAZORLA, 2002,

p. 29)

Cai (1995) também destaca a relevância do conceito de média

aritmética; pois, é de fundamental interesse para a análise de dados e tomada de

decisões. Desse modo, a média é usada com freqüência, nas informações

apresentadas em jornais científicos e nos mais variados meios de comunicação,

assim como na vida cotidiana.

Dada a importância do conceito de média aritmética dentre os demais

promédios, optamos por apresentar, neste momento, uma discussão a respeito do

conceito, ancorada no senso comum, para na seqüência discutí-lo

academicamente no capítulo II.

1.2. Problemática

Conforme foi apresentado na seção anterior, no mundo moderno o

conceito de média é bastante empregado, tanto no contexto escolar como no

cotidiano. Entretanto, o entendimento de seu significado é influenciado pelo fato

de ser usado de modo informal.

Page 22: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Em um estudo com crianças de 4ª a 8ª séries, Mokros e Russell (1995)

observaram que as mais novas utilizam-se informalmente do termo média para

referir-se a típico, usual ou meio.

Assim, é pertinente destacar que, embora a média aritmética seja

considerada um conceito estatístico elementar, o professor deve ter compreensão

de sua complexidade, cujo significado precisa ser construído progressivamente

(BATANERO, 2000b). Desse modo, a autora destaca que:

Ajudar crianças e jovens a compreender progressivamente as

idéias estocásticas3 fundamentais não é uma tarefa simples,

considerando a necessidade em adaptar essas idéias a suas

capacidades cognitivas e desenvolver situações didáticas que

proporcionem uma aprendizagem significativa. (BATANERO,

2000b, p.1)

A seguir, é apresentado um fragmento de um diálogo informal4 tecido em

ambiente familiar, e fazemo-lo com o objetivo de explicitar diferentes concepções

do conceito de média presente na vida cotidiana.

O noticiário de um jornal televisivo anunciou o valor do novo salário

mínimo como sendo de R$ 240,00 e apresentou o resultado de

uma pesquisa sobre o poder aquisitivo do trabalhador brasileiro,

tendo divulgado a seguinte informação:

S

c

j

o

3 Estocástica é a área da ciênc2003, p. 5)4 Trata-se de um diálogo fictescolar como fora dele.

A média salarial do trabalhador brasileiro é de R$ 460,00

4

egue-se a esta notícia, uma calorosa discussão entre uma

riança de 11 anos, aqui apresentada com o nome de João, que

á havia estudado alguns conceitos estatísticos na 5a série dentre

s quais o de média aritmética; a doméstica, denominada com o

ia que inclui a teoria da probabilidade, a estatística e suas aplicações. (LOPES,

ício baseado em situações experenciadas pela pesquisadora, tanto no âmbito

Page 23: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

5

nome hipotético de D. Ivone e a pesquisadora. D. Ivone num tom

embravecido afirmou:

D. Ivone: Que é isso? Eles falam que o novo salário é de

R$240,00 e aí fala que a média (...) do trabalhador é R$ 460,00.

Entendi nada!!

P: Calma, D. Ivone! O que foi que você não entendeu nesta

reportagem?

Ivone: Ué! A senhora não vê que a maioria das pessoas ganha o

salário mínimo? Quase todo mundo que eu conheço, as minhas

amigas daqui do prédio ganham um salário mínimo!

P: Acredito que o que você acabou de dizer possa ser verdade!

Mas, o que você não entendeu na reportagem?

Neste momento, observei que a criança balançava a cabeça

negativamente, embora tentasse se pronunciar, foi

interrompida por D.Ivone. Assim, resolveu, aguardar uma

possível conclusão de D. Ivone sobre o assunto em

questão.

D. Ivone: Espera aí, menino! Deixa eu terminar! Se quase todo

mundo que eu conheço ganha o salário mínimo, e esse salário

vai para R$ 240,00, porque eles fala[m] que a média (...), média o

que? É R$ 460,00?

P:: Hum! D. Ivone, a notícia fala que a média salarial do

trabalhador brasileiro é de R$ 460,00. O que você entende por

média salarial?

D. Ivone: Ué!! Para mim, é simples! Essa média salário, né? É o

pagamento que é recebido pelas pessoas. Por isso, eu acho que

é R$ 240,00 e não R$ 460,00 como o moço disse.

P: Ah!!! Acho que entendi o que a senhora pensou! E o que a

senhora diria, se de cada dez pessoas que a senhora conhece,

sete ganhassem um salário de R$ 460,00?

Page 24: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

6

D. Ivone: Aí é outra coisa! Aí sim, era verdade, porque então,

quase todo mundo estava ganhando R$ 460,00. Será que o moço

se enganou?

Na discussão, observamos que Ivone parece apresentar uma

concepção5 de média como moda. Para ela, a média deve ser o salário ganho

pela maioria das pessoas. Além disso, ignora que existam salários diferentes

do seu, prevalecendo para sua determinação da média apenas os salários das

pessoas que conhece.

Assim, a discussão remete-nos à pesquisa realizada por Mokros e

Russell (1995)6, na qual os autores afirmam que estudantes com esta

concepção de média, freqüentemente, usam o raciocínio centrado nas

experiências pessoais e, não, em relação aos dados, o que parece ter ocorrido

com Ivone.

Continuando a discussão, procurei investigar qual era a concepção

de média por parte de João. Seria a mesma de D. Ivone? Se não,

qual seria sua concepção a respeito do conceito?

P: João, o que você entendeu sobre a reportagem que ouvimos há

pouco no jornal? Você concorda com o que D. Ivone disse?

João: Bem! Parece que chegou minha vez!! Posso falar um pouco

D. Ivone?

D. Ivone: Fala logo, menino! Antes que eu comece de novo...

João:: Olha, eu penso diferente de D. Ivone. Pelo que eu entendi,

ela acha que se a maioria ganha R$ 240,00, a média salarial

deveria ser de R$ 240,00. Não é isso, D. Ivone?

D. Ivone: É sim! É isso, mesmo!!

5 Estaremos considerando este conceito tal qual Vergnaud (1998). Para este autor, a concepção identifica-sepelas representações simbólicas ou expressões verbais do sujeito, na qual o mesmo é capaz de exteriorizar osinvariantes operatórios, que são os conhecimentos explícitos.6 Trata-se de uma pesquisa realizada com 21 estudantes de 4ª a 8ª séries, sobre a concepção de médiaapresentada por esses alunos que já haviam estudado o conceito.

Page 25: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

7

P: Se você não concorda com D. Ivone, o que você entende por

média salarial, João?

João: Olha! Eu entendo assim: veja, eu não trabalho, mas se eu

ganhasse R$ 440,00, e você (apontando para D. Ivone) ganhe R$

240,00, e você (aponta para a pesquisadora) ganhasse R$ 640,00,

acho que podemos considerar, nesse caso, que a média salarial

era de R$ 440,00, porque é o valor que está no meio.

P: Porque você acha que, neste caso, podemos considerar a média

salarial como R$ 440,00?

D. Ivone: Mas, menino! Como é isso? O homem nem falou de R$

440,00, falou de R$ 460,00 ...

João: É simples!! É como a média da escola! Se eu tiro uma nota

6,0 e depois uma nota 8,0, minha média vai ser 7,0, pois, somamos

as duas notas e dividimos por 2. No caso dos salários, o total de

R$ 1.320,00 dividido por três vai dar R$ 440,00. Além disso, o

salário de R$ 440,00 não é o menor salário, mas também não é o

maior. Então, neste caso, R$ 440,00 pode ser considerado o

salário médio dos trabalhadores. É um salário de quem não ganha

muito, mas também não ganha pouco.

P: Hum! Acho que entendi o que você quis dizer!

No segundo fragmento, João apresenta uma concepção de média

diferente de Ivone. Por sua fala, percebemos que a princípio ele traz a concepção

de média como mediana, o que pode ser apreendido na frase “(...) se eu

ganhasse R$ 440,00, e você [D. Ivone] R$ 240,00, e você (aponta para a

pesquisadora) ganhasse R$ 640,00, acho que podemos considerar nesse caso,

que a média salarial seria de R$ 440,00, porque é a quantidade que está no

meio”.

Na seqüência, João explicita o raciocínio extraído do universo escolar

que denota o uso particular dos conhecimentos disciplinares prévios da

matemática aprendidos na escola que são expressos pela frase: “É simples!! É

como a média da escola! Se eu tiro uma nota 6,0 e depois uma nota 8,0, minha

Page 26: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

8

média vai ser 7,0, pois somamos as duas notas e dividimos por 2”. Nesse

momento, ele apresenta outra concepção de média, a de média salarial,

compreendida como a média aritmética entre os valores apresentados.

Na seqüência, João articula esta concepção de média, como mediana

com a do salário do conjunto dos interlocutores para chegar a uma tentativa de

síntese, ou seja, para encontrar a representatividade desse valor médio em

relação ao conjunto dos dados. O que está expresso na frase: “Então, neste caso

R$ 440,00 pode ser considerado o salário médio dos trabalhadores. É um salário

de quem não ganha muito, mas também não ganha pouco”.

Ao final de sua fala, apresenta a concepção de média como um valor

razoável.

Para Mokros e Russell (1995), este tipo de abordagem de média,

diferente da apresentada por Ivone, baseia-se na idéia de representatividade,

pois, segundo os autores, os estudantes com a concepção de média, como um

valor razoável, vêem a média, como ferramenta que dá sentido aos dados e

procuram um valor, que seja representativo desses dados, tanto com base em

uma perspectiva matemática como no senso comum. Assim sendo, os estudantes

podem usar suas experiências da vida real para julgar, se a média encontrada faz

sentido.

Dessa forma, podem acreditar que a média aritmética de um conjunto

particular de dados não é um valor matemático preciso, mas, uma aproximação

que pode assumir um de seus vários valores. Neste sentido, no segundo

fragmento de João parece que sua concepção de média está mais próxima da

Page 27: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

9

compreensão do conceito de média, como um valor representativo do que o

exposto por Ivone.

Diante do relato apresentado, observamos distintas concepções de

média apresentadas pelos participantes da discussão. Ivone parece estar se

referindo à moda, pois, para ela a média salarial deve ser o salário ganho pela

maioria das pessoas. Além disso, posteriormente, Ivone parece não concordar

com um valor para média que seja diferente dos valores da distribuição. Por outro

lado, a concepção do referido conceito apresentado por João pode estar

associada à média, como valor razoável ou como algorítmo, ou ainda,

implicitamente, como mediana.

Vale salientar que todas as concepções mostradas na discussão, fazem

parte do Campo Conceitual de Média que será discutido detalhadamente no

próximo capítulo.

Pelos fragmentos apresentados, percebemos que o termo média não era

totalmente desconhecido por nenhum dos participantes, porém, fica evidente a

existência de distintas concepções que lhe podem ser atribuídas. Julgamos que

esta diversidade de concepções sobre a média pode levar as pessoas a falsas

interpretações de suas leituras de conteúdos de diversas naturezas ou de

experiências concretas do cotidiano, nas quais podem ser demandadas tomadas

de decisão.

Paralelamente à análise dos resultados obtidos na pesquisa de Mokros e

Russell (1995), na qual as crianças referem-se informalmente à média como valor

típico, usual ou valor intermediário, também, a análise de outras situações, por

nós vivenciadas, como as que acabamos de relatar, podem indicar a confusão

Page 28: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

10

terminológica apresentada pelo termo média. No entanto, as distintas concepções

atribuídas à média podem contribuir na construção desse conceito, pois todas são

consideradas Medidas de Tendência Central.

Para Lavoie e Gattuso (1998, p. 1.052), no século XIX na Europa, houve

um considerável desenvolvimento da ciência que “se refletiu na criação de novas

palavras para explicar idéias e conceitos ou problemas que, até então, tinham

sido ignorados”7. Os autores citados apontam que desde a Idade Média as

Universidades européias compreendiam quatro faculdades: medicina, direito,

teologia e belas artes e o estudo do latim e do grego constituíam-se na base para

o conhecimento.

A matemática, provavelmente constituiu o caso mais extremo de

um rompimento com a tradição greco-latina das letras clássicas.

Havia tão pouca preocupação com a discussão gramatical que

não se criavam novas palavras para descrever novos conceitos:

estas eram tiradas da língua viva. Como teste, folheando um

dicionário de termos matemáticos (...) é visível que abundam

termos existentes na linguagem corrente freqüentemente com

outros significados. (LAVOIE e GATTUSO, 1998, p. 1.052)

Conforme os autores citados, se de um lado o uso de palavras eruditas

trouxe problemas à aprendizagem; por outro lado, o emprego de palavras

correntes ou, de uso diário, aplicadas em um sentido erudito também resultou em

dificuldades pois, neste caso, as palavras já portavam outros significados na

linguagem cotidiana.

Essa operação é duplamente delicada. Em primeiro lugar, é

necessário compreender que os outros sentidos são somente

abandonados durante o período de aprendizado, mas continuam

7 Texto original em inglês com tradução livre da autora.

Page 29: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

11

adequados em outros casos. Segundo, outros significados

podem, algumas vezes, estar em conflito com o sentido que está

sendo ensinado. (LAVOIE e GATTUSO, 1998, p. 1.053)

No Brasil, a forma pela qual o conceito de média tem sido apresentado

nos livros didáticos, pouco tem contribuído para suprimir sua confusão

terminológica, tendo em vista que, atualmente, os livros adotados nas escolas

privilegiam o ensino do algorítmo (STELLA, 2003).

Desse modo, realizar pesquisas a respeito do conceito de média

aritmética parece-nos relevante, visto que podem surgir dele formas para

compreender suas especificidades. Assim, um primeiro contato na escola com o

conceito de média aritmética na 4ª série do Ensino Fundamental pode

proporcionar ao aluno uma melhor compreensão, considerando que esse conceito

será retomado em séries subseqüentes e articulado a outras medidas de

tendência central.

A inclusão da média aritmética, como conteúdo a ser desenvolvido nas

séries iniciais no Brasil, é uma proposta que se dá a partir de 1997, pois foi

sugerida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (BRASIL, 1997)8.

O PCN de Matemática para o primeiro e segundo ciclos do Ensino

Fundamental é composto por quatro blocos de conteúdos: Números e Operações;

Espaço e Forma; Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação. A inclusão

do conceito de média aritmética deu-se no bloco de Tratamento da Informação.

8A partir de agora iremos nos referir aos Parâmetros Curriculares Nacionais apenas como PCN, e seráutilizado apenas o documento de Matemática para o primeiro e segundo ciclos do Ensino Fundamental – v. 3.

Page 30: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

12

A seguir, faremos uma discussão da questão e dos objetivos que

nortearam esta pesquisa.

1.3. Objetivo e Questão de Pesquisa

Considerando que o conceito não emerge em um único momento,

mas, que seu desenvolvimento é decorrente de um processo em espiral9, no qual

sua compreensão avança um pouco mais a cada vez que é trabalhado,

decidimos desenvolver nosso estudo na 4ª série do Ensino Fundamental. Desta

forma, a presente proposta consiste na aplicação de uma intervenção de ensino

para iniciar o conceito de média aritmética nessa série.

Ao introduzir os conceitos elementares de estatística, abordando o de

média aritmética já nas séries iniciais, acreditamos que possibilitaremos ao aluno

uma melhor compreensão das informações que lhe são apresentadas de diversas

formas.

No que tange à questão do entendimento das informações, é

importante destacar o incessante avanço tecnológico vivenciado por nossa

sociedade, sobretudo, nesta virada de milênio. O uso cada vez maior de

computadores e novas tecnologias acaba trazendo mudanças significativas nos

diversos campos da atividade humana.

Constantemente nos deparamos com informações, as mais variadas,

expressas por meio de gráficos e tabelas como, por exemplo, índices

9Neste sentido, remetemo-nos ao currículo em espiral proposto por Jerome Bruner (1978, p. 12), onde: “Umcurrículo, à medida que se desenvolve, deve voltar repetidas vezes a essas idéias básicas, elaborando ereelaborando-as, até que o aluno tenha captado inteiramente a sua completa formulação sistemática”.

Page 31: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

13

econômicos, resultados de jogos esportivos e pesquisas de opinião; que são

veiculadas pela mídia impressa, televisiva e virtual.

As mudanças ocorridas na sociedade exigem reformulações na área

educacional para poder atender às reais necessidades dessa nova sociedade,

sendo fundamental uma correta leitura e interpretação, por parte do leitor, dos

dados apresentados graficamente. Muitas das decisões a serem tomadas partem

de inferências que o indivíduo pode elaborar, apoiadas na leitura e interpretação

desses dados, mas, é necessário que o trabalho com organização e interpretação

de dados seja desenvolvido desde cedo no ambiente escolar:

No mundo de hoje nos deparamos com uma crescente

quantidade de dados. Organizar e interpretar esses dados são

habilidades exigidas cada vez mais no dia-a-dia do cidadão e a

introdução desse processo precisa começar desde cedo na

educação escolar da criança. (HEALY et al, 2000, p. 1)

Nesse momento, surge a seguinte questão: por que não usar

instrumentos que possam colaborar na construção de gráficos, como o

computador? De que forma o computador poderia auxiliar na introdução do

conceito de média aritmética, utilizando a representação gráfica?

Diante dessas indagações, decidimos que este estudo fosse realizado

em ambiente computacional, para que pudéssemos oferecer ao aluno um

ambiente dinâmico, para que ele tivesse a oportunidade de desenvolver distintos

procedimentos na resolução das atividades propostas.

O computador tem sido considerado uma importante ferramenta na

construção de gráficos, ao permitir que o aluno faça uma rápida modificação do

gráfico, sempre que necessário. Pesquisas recentes têm apontado significativas

Page 32: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

14

contribuições do uso do Tabletop, tendo em vista que este banco de dados pode

auxiliar na aprendizagem de conceitos básicos de estatística. (HEALY et al, 2000;

SANTOS e MAGINA, 2001, SANTOS, 2003).

Desta forma, no decorrer da intervenção de ensino, a representação

gráfica foi usada para auxiliar na introdução do conceito de média aritmética,

tendo em vista que a articulação do conceito e suas distintas representações

possam facilitar sua apreensão.

Diante deste cenário, elaboramos a seguinte questão de pesquisa:

Quais as contribuições da intervenção de ensino proposta para a

introdução do conceito de média aritmética em alunos da 4ª série do Ensino

Fundamental, com o uso do ambiente computacional?

Para responder à questão de pesquisa, estabelecemos outras mais

específicas, que destacamos:

Qual a relação existente entre leitura e interpretação de gráficos e o

conceito de média aritmética neste estudo?

Quais foram as dificuldades apresentadas pelos alunos na

introdução de média aritmética, com o uso da representação gráfica?

Para responder a estas questões, este estudo será desenvolvido em três

partes. Inicialmente, será aplicado o pré-teste, cujo objetivo consiste na

identificação das concepções apresentadas pelos alunos quanto ao conceito de

média. No momento seguinte, desenvolveremos as atividades de intervenção,

que terão como subsídio, a abordagem de propriedades do conceito de média

Page 33: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

15

aritmética, que segundo Strauss e Bichler (1988) contribuem para sua

compreensão; assim como os níveis de leitura e interpretação de gráficos

propostos por Curcio (1987). Por último, será aplicado um pós-teste que sirva

para identificar as possíveis contribuições da intervenção de ensino desenvolvida,

na introdução do referido conceito. Cada uma dessas fases será apresentada

detalhadamente no capítulo IV, referente à Metodologia.

1.4. Articulação do Estudo ao Projeto de Pesquisa

FAPESP

Esta pesquisa originou-se no âmbito de um projeto mais amplo, dentro

do qual este estudo se insere. A seguir, apontaremos o caminho percorrido para o

desenvolvimento do trabalho. Neste momento, é pertinente destacar que o estudo

insere-se na linha de pesquisa de Tecnologia da Informação e Educação

Matemática do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Esta pesquisa é

decorrente do Projeto “Integração do Computador nas Aulas de Matemática do

Ensino Fundamental: formação e desenvolvimento de um Núcleo de Ensino e

Pesquisa10” cuja meta consiste na busca da integração do computador como

ferramenta11 nas aulas de Matemática. O Núcleo de Pesquisa constitui-se em um

(...) espaço aberto para a formação de professores e alunos, atuando

através de oficinas, seminários, grupos de estudos, produção de

10 Trata-se de projeto coordenado pela Professora Dra. Sandra Magina do Departamento de Ciências Exatas eTecnológicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O referido projeto foi aprovado e financiadopela FAPESP tendo sido desenvolvido em uma Escola Estadual da região central de São Paulo no período deoutubro de 2000 a fevereiro de 2003.11 A exemplo de Valente (1993), consideramos o computador como uma ferramenta.

Page 34: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

16

material didático e na realização de pesquisas voltadas para os dois

ciclos iniciais do Ensino Fundamental. (MAGINA, 2000, p. 2)

Para o desenvolvimento do Projeto, foram escolhidos dois blocos de

conteúdos: Geometria, para o qual foi usado o software Cabri-Geomètre e

Tratamento da Informação, com o emprego do software Tabletop. Quanto ao

bloco de conteúdo Tratamento da Informação, o Projeto deu origem a quatro

pesquisas de mestrado especificadas, a seguir.

A primeira, direcionou-se à formação do professor das séries iniciais do

Ensino Fundamental. Já concluída, a pesquisa de Santos (2003) consistiu em um

estudo de caso com um dos professores participantes do Projeto, no qual foi

discutido a formação do professor em conceitos básicos de estatística com o

auxílio do ambiente computacional. As outras três pesquisas direcionaram-se à

formação do aluno, tendo sido desenvolvidas simultaneamente.

Assim, a presente pesquisa apresenta como objetivo investigar a

introdução do conceito de média aritmética em alunos da 4ª série do Ensino

Fundamental, com base no desenvolvimento de uma intervenção de ensino,

usando o software Tabletop. A pesquisa de Simone Caetano inserida no mesmo

Projeto, investigou a introdução do conceito de média aritmética em alunos da 4a.

série do Ensino Fundamental empregando, material manipulativo. Existe, ainda, o

trabalho de Kioshink Nakamura que desenvolverá o estudo comparativo entre as

contribuições oferecidas pelo software Tabletop e pelo uso do material

manipulativo na introdução do conceito de média aritmética com crianças da 4ª

série do Ensino Fundamental.

Page 35: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

17

Tendo situado nossa pesquisa no âmbito do Projeto “Integração do

Computador nas Aulas de Matemática do Ensino Fundamental: formação e

desenvolvimento de um Núcleo de Ensino e Pesquisa”, passamos a seguir, à

descrever os capítulos subseqüentes do estudo.

1.5. Descrição da Dissertação

No presente capítulo, o leitor é situado quanto à problemática que

motivou o estudo, sendo expostos o objetivo e a questão de pesquisa. É

apresentada uma breve descrição do Projeto, que originou o estudo e finalizamos

com um resumo dos capítulos subseqüentes.

No capítulo II, faremos uma breve apresentação histórica do conceito de

média, abordando-a numa perspectiva matemática. Apontaremos as similaridades

e diferenças entre as três medidas de tendência central mais usadas: média

aritmética, moda e mediana, dando especial atenção a primeira, que se refere ao

tema central da pesquisa. Faremos uma breve revisão da literatura das pesquisas

relacionadas ao conceito de média aritmética, destacando as propriedades desse

conceito abordadas por Strauss e Bichler (1988) em estudo com crianças da

mesma faixa etária do presente trabalho. Ao finalizar o capítulo, serão mostrados

ainda os resultados de estudos referentes à leitura e interpretação de gráficos,

destacando os níveis de leitura apresentados por Curcio (1987).

No capítulo III, será feita uma breve discussão das idéias de Gerard

Vergnaud inseridas na Teoria dos Campos Conceituais sobre a questão da

formação do conceito. Na seqüência, destacaremos brevemente a organização do

Page 36: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

18

currículo em espiral e o método da descoberta proposto por Bruner e o Campo

Conceitual que permeará o desenvolvimento do estudo. Finalizando o capítulo,

discutiremos o uso do computador em sala de aula, que é o contexto, no qual

será desenvolvida a intervenção de ensino, seguido de uma descrição dos

recursos do software Tabletop e sua finalidade ao estudo.

No capítulo IV, mostraremos a metodologia usada no estudo,

descrevendo o desenho do experimento, o universo do estudo e os

procedimentos. A análise prévia do pré-teste que descreve cada questão que o

constitui, será incluída, indicando nossos objetivos e expectativas em relação a

eles. De forma semelhante, será apresentada uma análise prévia das atividades

de intervenção aplicadas na segunda fase do estudo.

No capítulo V, serão feitas as análises quantitativa e qualitativa dos

resultados obtidos referentes aos testes aplicados antes e depois do

desenvolvimento das atividades de intervenção, denominadas pré-teste e pós-

teste, respectivamente, e, será feita a análise de algumas atividades

desenvolvidas na intervenção de ensino. Neste capítulo, estão mencionadas as

categorias estabelecidas para elaboração dessas análises, advindas do

mapeamento das respostas dos alunos obtidas no pré-teste.

No capítulo VI, teceremos considerações com base nos resultados das

análises apresentadas no capítulo anterior, respondendo às questões de pesquisa

propostas inicialmente, apontando, ainda questões para futuros estudos.

Page 37: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

CAPÍTULO II

MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL ECOMPREENSÃO DE GRÁFICOS

2.1. Introdução

Considerando que este estudo procura discutir a introdução do conceito

de média aritmética com uso da leitura e interpretação de gráficos, julgamos

necessário apresentar uma discussão da média, como construto formal, iniciando

pelo resgate histórico de seu significado para, em seguida, expor a definição dos

termos: média aritmética, mediana e moda. Após, mostraremos um breve resumo

da pesquisa de Strauss e Bichler (1988), desenvolvida com crianças de 8 a 14

anos, utilizando as propriedades de média aritmética. Esta pesquisa tornou-se

relevante para o presente estudo, tendo em vista que nossa proposta consiste na

introdução do conceito de média aritmética, usando suas propriedades.

Na seqüência, apresentaremos a definição de gráfico, segundo Spiegel

(1993) e Leinhardt; Zaslavsky; Stein12, conforme citado por Cazorla (2002) e os

12 Leinhardt, G., Zaslavsky, e Stein, M. K. Functions, graphs, and graphing: task, learning and teaching.Review of Educational Research, 60(1), 1-64, 1990.

Page 38: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

20

resultados da pesquisa de Guimarães; Ferreira; Roazzi (2001) e de Guimarães

(2002), ambos sobre leitura e interpretação de gráficos com crianças de terceira

série em escola pública de Olinda. O estudo de Guimarães tornou-se relevante no

desenvolvimento de nosso trabalho, pois teve em comum o uso de ambiente

computacional, como recurso metodológico e ferramenta operacional para o

ensino de Matemática empregando o software Tabletop.

Finalizando o presente capítulo, faremos uma breve apresentação do

estudo de Curcio (1987), pois utilizaremos os três níveis de leitura de gráficos por

ele proposto, a saber: ler os dados, ler entre os dados e ler além dos dados.

Nesta perspectiva, destacamos que o conceito de média aritmética e a

leitura e interpretação de gráficos em nosso estudo estão marcados por uma

intensa inter-relação e interdependência de ambos e apenas por uma escolha

didática serão aqui apresentados em duas partes.

2.2. O Conceito de Média no Decorrer da História

Para explicitar claramente o conceito que estamos trabalhando, é

preciso buscar compreender sua historicidade. Assim, decidimos realizar uma

breve apresentação dos aspectos importantes desse conceito através do tempo,

que será baseada na análise de Lavoie e Gattuso (1998) que fizeram uma

exploração epistemológica e histórica do conceito de média, e, o trazemos com a

intenção de expor as concepções que marcaram seu uso.

Conforme os autores citados, o conceito de média (average, em inglês)

pode ser visto como um conceito filosófico de “geral”, que teve seu primeiro uso

Page 39: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

21

no mundo da ciência e sua evolução é relatada no decorrer da história, afirmando

que seu uso tornou-se mais amplo nos últimos cinqüenta anos (LAVOIE e GATTUSO,

1998).

Este conceito também tem algum significado sociológico no

desenvolvimento das sociedades industriais onde a padronização

era essencial. O conceito de média (average) desempenhou um

papel na política: a idéia de intervalo de confiança auxilia as

ferramentas estatísticas indicando os levantamentos de opinião.

O conceito de média tornou-se importante o suficiente para ser

ensinado nas escolas mas pouco é falado sobre os vários

sentidos do conceito e suas dificuldades não são realmente

tratadas. (LAVOIE e GATTUSO, 1998, p. 1.051, tradução livre da

autora)

Inicialmente, os autores apresentam uma análise da palavra média em

francês, cujo termo utilizado é ‘moyénne‘ e, em inglês, ‘Average ou mean’; eles

citam que a dificuldade do conceito é universal e para exemplificar analisam:

A palavra ‘moyénne‘ deriva da raiz indo-européia ‘medhyo’ no

sentido de ‘aquilo que está no meio’ (Grandsaignes d’Hauteriva,

1948). Encontramos um traço desta raiz em Sânscrito (madhyah),

em Grego (meseuw), em Latim (medius), em Espanhol (médio),

em Italiano (misaine), em Inglês (medal), em Francês a palavra é

principalmente, um adjetivo (moyen, moyénne) e reflete sua

etmologia de ‘situado no meio’. Ela sofreu uma certa distorção,

tornando-se ‘meiens’ por volta de 1120 e ‘moienne’ por volta de

1360. Por volta da segunda metade do século XIII, a forma

substantiva ‘la moyenne’ ou ‘average’ já existia (LAVOIE e

GATTUSO, 1998, p. 1.053, tradução livre da autora).

Na Idade Média, o conceito de média referia-se àquilo que é mais

comum, mais freqüente ou típico, representando, portanto, a maioria. Segundo os

autores citados, no século XVI, quando se afirmava que alguém era menor em

Page 40: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

22

tamanho do que a média, estava indicando que era um pouco diferente da altura

que representava o grupo; assim, estes conceitos de média estão muito próximos

da mediana e da moda.

No século XVII, em aritmética, o significado de média era usado para

expressar aquilo que estivesse distante dos dois extremos − está no meio − ou − a

metade de alguma coisa −, para aludir à metade da soma de dois números.

No século XIX, surge uma nova forma de abordar o conceito de média

que é definido como uma quantidade arbitrária. Este se desenvolveu em

Estatística, ocasião em que se passa a utilizar a expressão em média, ‘on

average’. Neste momento, a Física já definia a relação entre uma distância

percorrida e o tempo necessário para percorrê-la como velocidade média,

fazendo uso da expressão ‘em média’ (LAVOIE e GATTUSO, 1998).

O emprego da palavra average na expressão velocidade média −

‘average speed’ − veio da astronomia: o movimento médio de

uma estrela correspondia ao movimento uniforme que seria

necessário para percorrer sua trajetória no mesmo tempo que

seu movimento real. (LAVOIE e GATTUSO, 1998, tradução livre da

autora).

A partir do século XIX, desenvolveu-se a Estatística, e o conceito de

média antes frequente na Astronomia passa a ser amplamente utilizado, tanto no

campo das ciências físicas como nas humanas e sociais.

Nesta etapa do desenvolvimento industrial, observa-se que o uso e o

aprendizado desse conceito nascem marcados pela necessidade de estabelecer

relações, tomar decisões a respeito de um mundo marcado pela quantidade,

Page 41: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

23

diversidade e, sobretudo, pela necessidade de um instrumento que permita ao

consumidor apreciar, tomar decisões e avaliar o mundo que o cerca.

Assim, aparece a primeira menção de média no meio escolar, conforme

Lavoie e Gattuso, que teria ocorrido em escola destinada a homens de comércio e

de negócios − Commercial Schools and Business Men (Roy13, 1892, apud LAVOIE

e GATTUSO, 1998).

Em 1935, surge a menção de média de notas em um livro didático da

escola elementar francesa. No mesmo período, livros didáticos canadenses e

americanos apresentaram uma abordagem pedagógica baseada, inicialmente, no

método de somar e dividir explicado em um determinado contexto para, na

seqüência, dar significado à média. Os autores exemplificam:

Primeiramente, o método de somar e dividir, é explicado em um

determinado contexto, quantidade de consertos por técnicos, por

exemplo, depois há uma tentativa de dar significado à média:

‘significa que se eles fizeram 317 consertos todos juntos e se

todos os 5 fizeram a mesma quantidade de consertos, cada um

teria feito 63 2/5 consertos’ (BUSWELL, BROWNILL, JOHN14 apud

LAVOIE E GATTUSO, 1998, p. 1056).

Finalmente, os autores apontam que, no século XX, a média passa a

ser introduzida entre outros valores de medida de tendência central, o que permite

a comparação entre moda, mediana e média. A partir dos anos de 1970, a

Estatística, incluindo, o conceito de média insere-se no currículo da Matemática.

13 ROY, J. L. Quick at Figures, Designed specially for Commercial Schools and Business Men. Montreal:Lovell & Son, 1892.14 BUSWELL, G. BROWNELL, W.JOHN, L. Living Arithmetic. Grade Five. Canadian Edition. Toronto:Ginn and Company, 1938.

Page 42: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

24

Neste momento, apresentamos a definição de cada uma das medidas

de tendência central: média aritmética, mediana e moda.

2.3. Medidas de Tendência Central

Nosso estudo ancorou-se de modo específico no conceito de média

aritmética, doravante, apresentado também sob o nome de média. Entretanto,

como já foi discutido, há uma diversidade de concepções relacionadas a esse

conceito, fato que nos demandou explicitar os diversos conceitos sobre as

medidas de tendência central, dentre as quais se encontram a média aritmética, a

mediana e a moda usadas com maior freqüência nos livros didáticos de

Estatística e Matemática.

Como salientamos no capítulo I, a média aritmética é uma das várias

medidas de tendência central. O termo promédio tem sido usado para expressar

qualquer uma dessas medidas (TOLEDO e OVALLE, 1985; OLIVEIRA, 1999),

entretanto, é consenso entre esses autores, que a média aritmética, a mediana e

a moda são as mais utilizadas.

Assim, cada um desses três promédios apresenta vantagens e

desvantagens em relação a seu emprego, considerando que a escolha do uso de

um ou de outro promédio depende dos dados existentes e dos fins desejados. No

momento, destacamos a definição de cada um desses promédios, e focaremos o

uso de variáveis discretas, visto ser este o tipo de variável que será utilizada no

presente estudo.

Page 43: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

25

2.3.1. Média Aritmética

Dentre as medidas de tendência central, a média aritmética é a mais

usada para descrever resumidamente uma distribuição de freqüência (COSTA

NETO, 1977; TOLEDO e OVALLE, 1985,). Além disso, “a média aritmética é um

conceito fundamental da Estatística e da ciência experimental, sendo amplamente

utilizada no contexto escolar e cotidiano“ (GAL15, 1995 apud CAZORLA, 2002).

A média aritmética pode se apresentar sob duas formas: média

aritmética simples e média aritmética ponderada. Considerando que nosso estudo

ancorou-se na média aritmética simples, preferimos nos deter nesta, visto que se

trata de um dos objetos do presente estudo.

Em Spiegel (1993, p. 67), encontramos a seguinte definição para média

aritmética simples:

A média aritmética simples, ou média, de um conjunto de N números X1, X2, XN é

representada por (leia-se “X barra”) e é definida por:

)1(N

XN

X

NXXXX

X

N

1jj

N321 ∑=∑

=++++

= =L

Exemplo: A média aritmética dos números 8, 3, 5, 12, 10 é:

6,75

385

1012538X ==++++=

Figura 2.1: Definição de média aritmética simples segundo Spiegel (1993)

15 GAL, I. Statistical tools and statistical literacy: the case of the average. Teaching Statistics, 17 (3), 97-99(1995).

Page 44: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

26

Se observarmos a Figura 2.1, verificamos que o autor utiliza-se,

inicialmente, da formulação matemática de média aritmética para depois

apresentar um exemplo com dados numéricos.

A seguir, apresentamos a definição desse conceito baseada na ótica de

Toledo e Ovalle (1985).

A média aritmética simples de um conjunto de números é igual ao quociente entre asoma dos valores do conjunto e o número total de valores.Suponha que em um escritório de consultoria a empresar há cinco contínuos querecebem os seguintes salários mensais: Cr$ 800,00, Cr$780,00, Cr$ 820,00, Cr$810,00 e Cr$ 790,00. A média aritmética dos salários ou salário médio mensal doscontínuos desse escritório será de 800 cruzeiros, de acordo com a definição.

8005000.4

5790810820780800X ==++++=

Genericamente, podemos escrever:

)1(n

xx

n

1ii∑

= =

onde=ix valor genérico da observação

=n número de observações

Figura 2.2: Definição de média aritmética simples segundo Toledo e Ovalle (1985)

Se compararmos as duas formas apresentadas da definição de média

aritmética, constataremos que Toledo e Ovalle, diferente de Spiegel, apresentam

a definição de média baseada na sua formulação em uma linguagem natural,

seguida de um exemplo. Eles apresentam a formulação matemática, só após ter

demonstrado a resolução de um problema em uma situação contextualizada.

Assim, lembramos que o presente estudo não tem por objetivo definir

média aritmética ao aluno, pelo contrário, temos por hipótese que, baseados no

uso de situações distintas, envolvendo explicitamente cinco propriedades de

média aritmética por nós propostas nas diferentes atividades de intervenção,

Page 45: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

27

possamos proporcionar ao aluno o estabelecimento de relações que o auxiliem a

formulá-la matematicamente, contribuindo para a apreensão do conceito.

Oliveira (1999) destaca dois fatores como vantagens para o emprego da

média aritmética: um deles refere-se à precisão matemática para sua

determinação, tendo em vista o emprego de todos os dados para seu cálculo; o

outro mostra que a média aritmética pode ser determinada somente quando o

valor total e o número de elementos forem conhecidos. Entretanto, o autor

salienta a desvantagem do uso da média aritmética, quando esta é influenciada

por valores extremos, podendo, em alguns casos, não representar o conjunto de

dados da distribuição.

2.3.2. Mediana

Outra medida de tendência central muito usada na análise dos dados

estatísticos é a mediana, definida como: “A mediana de um conjunto de números,

organizados em ordem de grandeza (isto é, em um rol16) é o valor central ou a

média aritmética dos dois valores centrais” (SPIEGEL, 1993, p. 70).

Pela definição da mediana, percebemos a necessidade de que os

valores da distribuição estejam ordenados, segundo suas grandezas por ordem

crescente ou decrescente, o que não ocorre com a média aritmética que pode ser

calculada com base em dados brutos. Diferente da média aritmética, para

obtenção da mediana, quando a variável em estudo é discreta17, temos dois

16 Conforme Spiegel (1993, p. 39), rol é um arranjo dos dados numéricos brutos em ordem crescente oudecrescente de grandeza.17 Segundo Crespo (1999, p. 18), uma variável que só pode assumir valores pertencentes a um conjuntoenumerável recebe o nome de variável discreta.

Page 46: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

28

casos a considerar que serão exemplificados. Para isso, baseamo-nos nas

definições de Oliveira (1999), apresentando exemplos nossos.

1) A variável em estudo é discreta e n (número de termos) é ímpar. Nesse caso, a

mediana será o valor da variável que ocupa o posto de ordem n

1n +

Ex.: Calcular a mediana do seguinte conjunto de números:A = {1, 2, 5, 11, 14, 22, 29}

Solução: n = 7, assim, temos 42

17 =+

Logo, Md = 11

Figura 2.3: Cálculo da mediana para variáveis discretas: número ímpar de termos

No exemplo apresentado na Figura 2.3, é importante destacarmos que o

valor 4 encontrado inicialmente é um número ordinal. Assim, 4 indica que a

mediana é um valor que ocupa o quarto posto do conjunto ordenado, ou seja, 11.

A seguir, apresentamos o segundo caso para o cálculo da mediana, qual

seja, para a variável discreta, quando o número de termos é par.

2) A variável em estudo é discreta e n (número de termos) é par.Nesse caso, nãoexistirá no conjunto ordenado um valor que ocupe o valor central, isto é, a medianaserá indeterminada, pois qualquer valor compreendido entre os valores que ocupemos postos de ordem n/2 e (n+2)/2 pode ser considerado o centro da ordenação. Dessaforma, por definição, a mediana será a média aritmética dos valores que ocupam osreferidos postos.Exemplo: Calcular a mediana do seguinte conjunto de números:

A = {4, 7, 10, 13, 15, 16, 18, 20}Solução: Como n = 8, procuramos os valores centrais e calculamos a médiaaritmética desses valores:

142

1513 =+

Dessa forma temos que a mediana desse conjunto de dados é 14, ou seja: Md = 14Observamos assim, a ocorrência de igual número de valores maiores que 14 (15, 16,18 e 20) e menores (4, 7, 10, 13) que 14, que é a mediana.

Figura 2.4 - Cálculo da mediana para variáveis discretas: número par de termos.

Page 47: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

29

Esta medida caracteriza-se por separar os dados da distribuição em dois

grupos que mostram o mesmo número de valores, sendo considerada como uma

medida de posição denominada separatriz. Na análise de dados estatísticos, a

escolha pelo uso da mediana dá-se, em especial, quando se atribui pouca

importância aos valores extremos da variável, pois “a mediana é preferível à

média quando se está interessado em conhecer exatamente o ponto médio da

distribuição” (TOLEDO e OVALLE, 1985).

2.3.3. Moda

Outra medida de tendência central de grande importância na estatística

é a moda. De acordo com Toledo e Ovalle (1985), o termo foi primeiro usado por

Karl Pearson, no ano de 1895, possivelmente como uma associação à sua

concepção na linguagem comum. A seguir Spiegel (1993, p. 71) define moda

como: “A moda de um conjunto de números é o valor que ocorre com a maior

freqüência, ou seja, é o valor mais comum. A moda pode não existir e, mesmo

que exista, pode não ser única”.

Exemplos:

1) No conjunto A = {3, 3, 6, 8, 10, 10, 10, 11, 11, 12, 13, 19}, temos 10 como valor

que ocorre com maior freqüência. Logo, moda de A, será: Mo = 10

2) No conjunto B = {3, 3, 6, 6, 8, 8, 10, 10}, não há valor que ocorre com maior

freqüência. Neste caso, o conjunto não tem moda e é denominado amodal.

3) No conjunto C = {1, 1, 1, 2, 2, 5, 5, 5, 7, 7, 9, 11}, temos dois valores que

ocorreram com maior freqüência: o valor 1 e o 5. Trata-se de um conjunto

denominado bimodal.

Figura 2.5 − Tipos de Moda, segundo SPIEGEL (1993).

Page 48: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

30

Pela definição de moda descrita acima, observamos, que sua

determinação necessita de que os valores da distribuição estejam ordenados,

segundo suas grandezas por ordem crescente ou decrescente, assim como

ocorre com a determinação da mediana já apresentada.

É importante lembrar que, o uso da moda apresenta vantagens e

desvantagens, que são destacadas por Oliveira (1999, p. 14), conforme seguem:

Vantagens do emprego da Moda:

• É de uso prático. Exemplificando: os empregadores

geralmente adotam a referência modal de salário, ou seja, o

salário pago por muitos outros empregadores. Também

carros e roupas são produzidos tomando como referência o

tamanho modal.

• A moda é geralmente um valor verdadeiro e, por conseguinte,

pode mostrar-se mais real e coerente.

Desvantagens do emprego da Moda:

• Não inclui todos os valores de uma distribuição.

• Mostra-se ineficiente quando a distribuição é largamente

dispersa. (Grifos do autor)

Após a apresentação da definição desses três promédios, torna-se

importante enfatizarmos que, embora todos sejam medidas de tendência central,

não se pode afirmar a relevância de um sobre o outro. O emprego de um ou outro

promédio deve se verificar em função dos tipos de dados que se tem e dos fins

desejados.

Page 49: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

31

2.4. As Pesquisas sobre Média Aritmética

Considerando que a proposta de nosso trabalho tem como foco a

introdução do conceito de média aritmética, buscamos analisar os resultados de

pesquisas que pudessem contribuir para este estudo. Embora muitas tenham

tratado do assunto, poucas se destinaram à mesma faixa etária dos sujeitos do

presente estudo. Aliás, o fato pode ser decorrente da recente implantação da

Estatística nas séries iniciais.

Segundo o PCN (1997), em 1980, o National Council of Teachers of

Mathematics − NCTM, dos Estados Unidos da América (EUA), destaca a

resolução de problemas como foco no ensino de Matemática, compreendendo,

também, a relevância de aspectos sociais, antropológicos, lingüísticos na

aprendizagem da Matemática. Estas idéias influenciaram as reformas ocorridas

mundialmente a partir desse momento. Desde então, as propostas elaboradas no

período de 1980/1995 em diferentes países apresentam pontos de convergência,

dentre os quais destacamos:

• Importância de se trabalhar com um amplo espectro de

conteúdos, incluindo-se já no ensino fundamental, elementos de

estatística, probabilidade e combinatória, para atender à

demanda social que indica a necessidade de abordar esses

assuntos;

• Necessidade de levar os alunos a compreenderem a importância

do uso da tecnologia e a acompanharem sua permanente

renovação.(BRASIL, 1997, p. 22)

A implantação da Estatística no Ensino Fundamental foi recentemente

sugerida não apenas no Brasil mas, também, em outros países. Neste sentido,

dentre os conceitos elementares de Estatística, nosso estudo escolheu a média

Page 50: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

32

aritmética, em razão de seu amplo uso nos diversos meios de comunicação e por

se tratar de um conceito fundamental para análise de dados e tomada de decisão.

Muitas informações apresentadas diariamente, envolvem o conceito de média,

como: a média salarial, o consumo médio de energia, tempo médio de espera

para atendimento, dentre outros. Para compreensão das informações, nas quais

se insere o termo “média”, fica evidente a necessidade de compreensão desse

conceito por parte do leitor.

Neste sentido, conforme citado por Cai (1995) o Conselho Nacional de

Professores de Matemática (NCTM, 1989, p.105)18 dos Estados Unidos sugere

que: “é importante que seja desenvolvido nos estudantes a compreensão de

conceitos e processos utilizados na análise de dados”.

Tendo em vista, a necessidade proposta pelo próprio NCTM, muitos

autores vêm considerando a média aritmética, como um dos conceitos estatísticos

fundamentais na análise de dados e tomada de decisões (CAI, 1995). Para o

autor, embora o conceito de média seja, aparentemente, tão simples como seu

algoritmo computacional, pesquisas anteriores indicam que muitos estudantes

apresentam “misconceptions” sobre tal conceito não apenas no Ensino Médio,

mas também no Superior (STRAUSS e BICHLER, 1988).

No Brasil, destacamos duas pesquisas recentes que envolveram o

conceito de média aritmética, uma no Ensino Superior e outra no Ensino Médio.

A primeira trata-se da pesquisa de Cazorla (2002), que investigou 814

estudantes de graduação matriculados em diferentes turmas de Estatística de

18 National Council of Teachers of Mathematics. Curriculum and evaluation standards for schoolmathematics. Reston, VA: NCTM,1989.

Page 51: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

33

uma Universidade Estadual do interior da Bahia. Seu trabalho buscou analisar as

relações existentes entre habilidade viso-pictórica, domínio de conceitos

estatísticos e as atitudes em relação à Estatística e à leitura de gráficos. No

estudo, a autora observou que a maioria dos sujeitos vê a média apenas como

uma medida de tendência central que representa um conjunto de dados. Os

sujeitos que conseguiram ver a média em sua integridade, como uma poderosa

medida de inferência estatística foram poucos.

Pelos resultados obtidos, Cazorla conclui que o domínio do conceito de

média atingiu um nível razoável e a leitura de gráficos um nível fraco, sendo estes

resultados pouco satisfatórios para o nível universitário. Neste sentido, a autora

enfatiza a necessidade de dedicar mais atenção ao conceito de média, sobretudo

ao processo de ponderação e algumas propriedades, bem como seu domínio

pleno, tendo em vista seu potencial como estimador em seu uso na inferência

estatística.

A segunda pesquisa é de Stella (2003), que investigou a respeito das

interpretações do conceito de média com alunos do Ensino Médio que seguem o

currículo brasileiro. Neste trabalho, a autora mostra uma análise de quatro

instrumentos: Parâmetro Curricular do Ensino Médio, resultados do ENEM

(Exame Nacional do Ensino Médio), SAEB (Sistema de Avaliação da Educação

Básica) e, também, 12 livros didáticos mais usados nas escolas brasileiras,

buscando identificar as características do conceito de média enfatizadas nesses

instrumentos. Na seqüência, a pesquisadora selecionou algumas questões que

contemplassem diferentes aspectos do conceito de média e aplicou nas

entrevistas a alunos de 3ª série do Ensino Médio, identificando as concepções

desses alunos sobre o referido conceito. Os resultados indicaram que a maioria

Page 52: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

34

dos alunos pesquisados apresentou uma interpretação algorítmica do conceito de

média e dificuldade para resolver problemas que envolvem o cálculo de média,

quando os dados são apresentados na forma gráfica.

Outra pesquisa que contribuiu para o desenvolvimento de nosso trabalho

foi a de Lopes (1998), focalizando o ensino de Probabilidade e Estatística. A

autora desenvolveu um estudo sobre as propostas curriculares dos Estados de

São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais e apresentou uma análise do

desenvolvimento desse ensino em alguns países, examinando as propostas dos

Parâmetros Curriculares Nacionais em relação a esses temas.

Para a pesquisadora, ao realizar observações, registros e representação

de dados, os estudantes estarão preparados à leitura e interpretação de

informações diferenciadas; enfatizando que os conceitos estatísticos são

importantes “ferramentas” na resolução de problemas. No estudo, Lopes (1998)

cita que, no currículo francês, o trabalho com média aritmética é proposto,

empregando situações de quantidade eqüitativa para crianças com faixa etária

semelhante às do presente estudo.

Considerando as pesquisas de âmbito internacional, uma de grande

interesse para nosso estudo é a realizada por Strauss e Bichler (1988). Neste

estudo, os autores trabalharam com uma população, cuja faixa etária de sujeitos é

semelhante à nossa e utilizaram as propriedades de média aritmética que,

também serão adotadas em nosso estudo. Os autores tiveram como objetivo

determinar o desenvolvimento da compreensão de algumas propriedades de

média aritmética, sob o efeito de diferentes materiais (contínuo ou discreto) e

métodos de apresentação (história hipotética, forma real e numérica) desse

Page 53: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

35

conceito em crianças de 8, 10, 12 e 14 anos, pertencentes a uma região de classe

média, localizada em Ramat Hacharon, um subúrbio de Tel Aviv.

Para seis das propriedades de média, apresentadas na Figura 2.6, foram

aplicadas cinco tarefas e, para a propriedade restante havia apenas duas tarefas.

A seguir, apresentamos as propriedades utilizadas por esses autores,

acrescentadas de exemplos da pesquisadora para melhor compreensão por parte

do leitor das tarefas aplicadas no referido estudo.

A) A média está localizada entre os valores extremos.Ex.: A quantidade média de lápis das crianças de uma sala de aula está entrea quantidade da criança que tem mais lápis e da que tem menos lápis. Porexemplo, Pedro tem 5 lápis, Roberto tem 12 lápis e Fernanda 4 lápis. Assim,a Média entre 5, 12 e 4 é 7. Desta forma, a média não pode ser inferior àmenor quantidade de lápis nem superior a maior quantidade de lápis dosalunos desta classe.

B) A soma das variações da média é zero.Ex.: A média entre 10, 8 e 6 é 8.

Sendo assim, (10 - 8) + (8 – 8) + ( 6 – 8) = 0

C) A média é influenciada por valores diferentes da média.Ex.: A média de 2, 4 e 6 é 4. Entretanto, ao acrescentar 8 ao conjunto dedados cuja média está sendo calculada a média é alterada para 5.

D) A média não é necessariamente igual a um dos valores que está sendosomado.Ex.: A média entre 8, 6, 4 e 2 é 5.

E) A média pode ser uma fração sem equivalência na realidade física.Ex.: A média de crianças por família no Brasil em 2000 é 2,3.

F) Quando se calcula a média, um valor zero, se aparecer, deve ser considerado.Ex.: A média dos valores 8, 0 e 1 é 3, ou seja, (8 + 0 + 1)/3 = 3

G) O valor médio é representativo dos valores, cuja média foi calculada.Ex.: Quando se tem o número de brinquedos trazidos por cada uma dascrianças da sala, achamos o valor representativo da sala.

Figura 2.6: Propriedades da média aritmética (STRAUSS e BICHLER, 1988).

Page 54: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

36

Para Strauss e Bichler (1988), salientamos que a escolha das sete

propriedades do conceito de média refere-se ao fato de que as mesmas são

consideradas básicas e exploram três aspectos do conceito de média aritmética.

Um deles é o estatístico, que é apreendido nas propriedades A, B e C, o outro se

trata do aspecto abstrato que pode ser observado nas propriedades D, E e F e, o

último, reporta-se ao aspecto representativo de um grupo de valores individuais,

que é a essência da propriedade G, sendo considerado o aspecto central da

média.

A seguir, apresentamos resumidamente as tarefas referentes à

propriedade A, para que o leitor possa conhecer os distintos tipos de materiais e

métodos de apresentação usados no estudo, iniciando pelo método de

apresentação de história:

“As crianças de uma classe decidiram reunir-se em uma praia. Todas levaram batataspara assar na fogueira para um lanche durante a festa. Yael levou a maior quantidadede batatas - 3. Quando elas estavam prontas para serem comidas, as criançasdecidiram distribuir todas as batatas, de modo que cada uma recebesse a mesmaquantidade. Quando foram distribuídas, cada criança recebeu 4 batatas. Você achaisso possível? Por que você acha que isso pode (ou não pode) acontecer?

Figura 2.7: Tarefa proposta para propriedade A – História

Semelhante à tarefa acima proposta, os autores desenvolveram,

atividades nas quais o método de apresentação era real. Neste caso, o

examinador mostrou, por exemplo, bonecas e peças de Lego, as mesmas

questões descritas na Figura 2.7 foram adaptadas às tarefas propostas para o

método de apresentação real.

Page 55: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

37

Outro método de apresentação foi o numérico, a tarefa proposta foi a

seguinte:

Tomamos alguns números e os somamos. Antes de somá-los, o maior número quenós tínhamos era 5. Depois, dividimos igualmente os números, e terminamos com 6.Você acha isso possível? Por que você acha que isso pode (ou não pode)acontecer?”

Figura 2.8: Tarefa proposta para propriedade A – Numérico

Nas tarefas apresentadas, não aparecia a palavra média, pois os

autores objetivavam testar a maneira pela qual as crianças entendem as

propriedades da média, sem recorrer aos conhecimentos escolares. Embora não

tenham sido encontrados efeitos significativos em relação aos materiais utilizados

ou a seu modo de apresentação, os resultados foram discutidos em termos de

sua importância pela Psicologia do Desenvolvimento e Prática Educacional.

Neste sentido, os resultados indicaram diferenças significativas entre

cada um dos grupos de idade, e a compreensão do conceito melhorava entre os

sujeitos mais velhos. Além disso, os resultados mostraram diferenças

significativas entre os dois grupos de propriedades: A, C, D e B, F e G.

No primeiro grupo, as tarefas propostas foram mais fáceis que as do

último. Quanto à propriedade E, os resultados apontaram que 80% das crianças

de dez anos julgaram corretamente as tarefas, mensurando esta propriedade.

O estudo acima não encontrou efeitos significativos em relação ao modo

de apresentação ou aos materiais usados, assim, decidimos restringir em nossa

pesquisa como modo de apresentação, histórias envolvendo situações do

cotidiano de nossos alunos, empregando quantidades discretas. Para isso,

tomamos por base as propriedades usadas no trabalho de Strauss e Bichler

Page 56: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

38

(1988) para elaboração das atividades de intervenção de ensino do presente

estudo.

Diferente de Strauss e Bichler (1988), usamos o termo média nas

atividades, pois pretendemos considerar o conhecimento prévio apresentado

pelos alunos em relação ao referido conceito. Entretanto, nas atividades foram

empregadas de forma explícita apenas cinco das sete propriedades descritas

acima: A, C, D, F, G. Esta restrição foi feita em nosso estudo, por considerá-las

mais adequadas à série trabalhada, visto que a propriedade B sugere uma

introdução aos números negativos, o que foge do objetivo do presente estudo e a

propriedade E em razão de seu aspecto abstrato, sobretudo em se tratando de

quantidades discretas, tendo em vista a faixa etária dos sujeitos da presente

pesquisa.

Por hipótese, temos que a inserção das propriedades de média aritmética

em situações problema distintas pode contribuir para a construção do referido

conceito. Assim como Vergnaud (1982), consideramos que o aluno constrói um

campo de conceitos em um campo de problemas e não um conceito isolado em

resposta a um problema particular.

Neste trabalho, partimos da premissa de que as propriedades da média

articuladas com a leitura e interpretação de gráficos permitem a construção de

vários conceitos, dentre eles, o de média. Assim, a média, a leitura e

interpretação de gráficos estão inseridas no Campo Conceitual do bloco de

conteúdo Tratamento da Informação.

Na seqüência, são apresentadas pesquisas relacionadas à leitura e

interpretação de gráficos.

Page 57: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

39

2.5. Leitura e Interpretação de Gráficos

Nos últimos anos, a sociedade vem passando, por uma série de

transformações, no que se refere aos meios de comunicação, tendo em vista o

incessante avanço tecnológico. O emprego da representação gráfica tem se

expandido rapidamente, exercendo acentuada influência nos mais diversos meios

de comunicação: escrito ou oral. Nesse contexto, a leitura e interpretação de

gráficos, torna-se um fator cada vez mais importante na construção da cidadania

(BATANERO, 1992).

Muitos estudos têm nos indicado que tanto crianças como adultos

apresentam dificuldades em tarefas que envolvem construção, compreensão e

análise de dados organizados em tabelas e gráficos (HANCOCK, 1991; AINLEY,

2000; HEALY, et al, 2000; SANTOS E MAGINA, 2001).

Para Carraher, Schielmann, e Nemirovsky (1995), a leitura e a

interpretação de gráficos não se constituem em uma atividade automática de

apreensão das informações, pois envolvem, tanto processos cognitivos

relacionados a conhecimentos matemáticos como experiências prévias das

pessoas.

Dentro desse contexto, o PCN (1997) propõe a introdução do bloco de

conteúdo “Tratamento da Informação” a partir das séries iniciais, justificada pela

demanda social da utilização de representações gráficas na sociedade.

Com a recente inclusão do Ensino de Estatística nas séries iniciais pelo

PCN aliada aos fatores anteriormente relacionados, torna-se fundamental a

prática de pesquisas na área, para que esse ensino seja significativo ao aluno. A

Page 58: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

40

Estatística deve contribuir para a formação do aluno de forma que ele possa atuar

e transformar a sociedade.

Como o enfoque deste estudo é a introdução do conceito de média

aritmética, utilizando a representação gráfica, consideramos necessário o estudo

dos aspectos que envolvem a compreensão e análise das representações

gráficas. Para isso, apresentamos a definição de gráfico, segundo Spiegel (1993);

Leinhardt, Zaslavsky e Stein apud Cazorla (2002), e os tipos de gráficos:

Matemáticos e Estatísticos.

Após esta definição, passamos a apontar os resultados de pesquisas

envolvendo leitura e interpretação de gráficos sob a perspectiva do aluno, que se

encontram diretamente relacionados a nosso estudo, incluindo, duas pesquisas

referentes à formação do professor, quais sejam: a de Lopes (1998) que

apresenta uma discussão a respeito das atuais propostas curriculares utilizadas

em outros países e a de Santos (2003) que trata da formação do professor não

especialista em conceitos elementares de estatística realizando um estudo de

caso com uma professora da rede pública estadual de ensino.

2.5.1. Definição e Tipos de Gráficos

Neste item, apresentamos a definição de gráficos, segundo Leinhardt,

Zaslavsky e Stein apud Cazorla (2002).

De acordo com Leinhardt , Zaslavsky e Stein (1990), um gráfico é

uma representação simbólica de dados, geralmente relacionando

duas ou mais variáveis, utilizando o sistema de coordenadas

cartesianas. Os gráficos se movimentam em três espaços: o

algébrico, o gráfico e o da situação ou do fenômeno do qual os

dados foram extraídos e que os dois primeiros tentam modelar.

Page 59: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

41

Esta definição sugere uma relação de “mobilidade” entre os diversos

tipos de representação dos dados com base no qual o gráfico é elaborado. A

definição de gráfico acima remete-nos a Vergnaud19 apud Guimarães; Ferreira;

Roazzi (2001) quando este autor argumenta que os exercícios que permitem

passar de uma representação por meio de gráficos para uma tabela e vice-versa,

são importantes pedagogicamente, tanto à atividade classificatória como a outras

atividades lógico-matemáticas.

A definição de gráficos citada pode ser associada com o estudo de

funções e, neste sentido, Cazorla (2002) explicita que os gráficos podem ser

classificados em dois grandes tipos: matemáticos e estatísticos. Assim, os

gráficos matemáticos modelam funções determinísticas do tipo Y = F(X), nas

quais o valor de Y pode ser determinado com base na atribuição de um valor

para X; e os gráficos estatísticos modelam funções não-determinísticas do tipo Y

= F(X) + ε, em que ε representa o erro aleatório e é formado pelo componente

aleatório, em razão do processo de amostragem; pelo erro explicado pela

ausência de variáveis que podem interferir no comportamento da primeira e pelos

erros de medida dos instrumentos.

Neste estudo, não nos deteremos em funções determinísticas ou não-

determinísticas, mas, em outros gráficos associados com estatística como, por

exemplo, os descritos por Spiegel (1993, p. 7):

Um gráfico é uma representação geométrica da relação entre

variáveis. Muitos tipos de gráficos são empregados na

estatística, dependendo da natureza dos dados pertinentes e da

finalidade para a qual ele é destinado. Entre estes estão os

19 VERGNAUD, G. L’enfant, la mathematique et la realité. Editions Peter Lang S. A. Berna, Suiça. 1985.

Page 60: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

42

gráficos de barras, de setores ilustrativos (pictogramas) etc.

Essas representações gráficas chamam-se gráficos ou

diagramas. Assim, falamos de gráficos de barras, diagramas de

setores etc.

Pela definição de Spiegel (1993), é importante observarmos que o autor

não explicita a relação existente entre representação gráfica e outras

representações.

Em nosso estudo, entretanto, propomos atividades que proporcionem

ao aluno relacionar as informações apresentadas em forma de tabelas e seus

respectivos gráficos.

Na próxima seção, passamos a descrever as pesquisas relacionadas à

leitura e interpretação de gráficos que consideramos mais relevantes ao presente

estudo.

2.5.2. Pesquisas Recentes sobre Leitura e Interpretação de

Gráficos

Nesta seção, há uma breve apresentação dos resultados de algumas

pesquisas referentes à leitura e interpretação de gráficos que trouxeram

contribuições significativas para o desenvolvimento da presente pesquisa.

No estudo realizado por Santos e Gitirana (1999), com alunos de 12

anos, que apresentavam dificuldades quanto à leitura variacional, observou-se

que, apenas 5,9% dos sujeitos acertaram questões referentes à localização de

maior variação. Quando os autores solicitavam que os sujeitos extrapolassem os

dados argumentando o que ocorreria no período subseqüente (mês, ano), notou-

Page 61: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

43

se que 68% das crianças justificaram suas respostas empregando abstrações

para a realidade ou para considerações pessoais.

Outro estudo que nos interessa, é o de Guimarães, Ferreira e Roazzi

(2001), envolvendo 107 alunos de quatro salas de 3ª série do Ensino

Fundamental de uma escola particular de Jaboatão dos Guararapes-PE, com

idade aproximada de nove anos. Os alunos não haviam recebido ainda uma

instrução formal sobre construção de gráficos, e na pesquisa, todos foram

solicitados pelo experimentador, a resolverem cinco atividades, envolvendo:

leitura e interpretação de gráficos e construção de gráfico com base nos dados

apresentados em tabela. O estudo demonstrou que, apesar dessas crianças não

apresentarem dificuldades para localizar pontos extremos de um gráfico, elas

encontravam dificuldade quando a leitura do gráfico exigia uma compreensão

variacional.

O trabalho mostra que apenas 54,2% dos alunos justificaram suas

respostas nas questões, em que foi solicitada a extrapolação na leitura dos

dados. Nesta pesquisa, foram encontradas as seguintes categorias para as

justificativas desses alunos: pelas informações contidas no gráfico de forma global

(24%), as informações de forma pontual (8%), abstraindo para a realidade (24%),

por considerações pessoais (44%).

Além disso, o estudo também aponta um baixo desempenho dos alunos

da 3ª série referente à localização de uma categoria em função de uma freqüência

dada. Neste aspecto, os autores concluem que a dificuldade dos alunos deve-se

ao fato do valor solicitado na freqüência não estar explícito na escala, o que

sugere uma complexidade para estimar valores.

Page 62: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

44

Os estudos acima são de grande interesse para nossa investigação,

tendo em vista que Guimarães, Ferreira e Roazzi (2001) trabalharam com uma

população, cuja série escolar antecede a que será utilizada no presente estudo,

permitindo-nos usar suas conclusões em nossos referenciais práticos e teóricos

sobre leitura e interpretação de gráficos.

Guimarães (2002) em sua tese de doutorado investigou como alunos de

3ª série do Ensino Fundamental, representavam dados em tabelas e gráficos de

barras, empregando o software Tabletop.

Para isso, a autora construiu dois grupos de estudo. No primeiro, buscou

analisar a habilidade dos alunos para categorizar dados e representá-los em

tabelas. No segundo, sua investigação focou como os alunos interpretavam

gráficos e tabelas e como construíam os gráficos, usando diferentes variáveis. A

autora indica que as crianças dessa série encontraram dificuldades para lidar com

escalas, quando o valor solicitado não era explícito, e, embora tivessem facilidade

para localizar pontos extremos no gráfico, mostravam dificuldade quando a

questão exigia uma interpretação variacional, ou seja, a localização de

crescimento, decrescimento e estabilidade.

Os resultados da pesquisa de Guimarães (2002) indicam que o uso do

software foi importante na construção dos gráficos, tendo em vista que o trabalho

mecânico realizado pelo software liberava os alunos para interpretação. O

resultado é relevante no desenvolvimento de nosso trabalho, tendo em vista que

empregaremos o software Tabletop, na construção de gráficos e manipulação dos

dados, como um dos recursos no processo de aprendizagem de leitura e

interpretação de gráficos, assim como do conceito de média aritmética.

Page 63: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

45

Outra pesquisa também relevante para nosso trabalho foi a de Santos

(2003) que, diferente das demais, se baseou na formação do professor. Em sua

pesquisa de mestrado, a autora faz um estudo de caso com uma professora das

séries iniciais do Ensino Fundamental de uma escola pública que trabalhava a

formação de conceitos elementares de Estatística, utilizando software Tabletop.

Como resultado, a autora aponta para a necessidade do professor vivenciar

várias situações, tais como: organizar, descrever, analisar e interpretar dados

provenientes de uma pesquisa para poder desenvolver os conceitos necessários

para o Bloco Tratamento da Informação.

No estudo, a pesquisadora concluiu que o computador, em especial, o

uso do software Tabletop pode contribuir para a compreensão de gráficos e

tabelas extraídos da manipulação de dados.

2.5.3. Níveis de Compreensão de Gráficos segundo Curcio

No presente estudo, foram usadas representações gráficas, para

introdução do conceito de média aritmética. Para isso, foram escolhidos os

gráficos de barras e de dupla entrada, visto a possibilidade de trabalhar com os

mesmos no Tabletop, além de que o gráfico de barras tem sido um dos mais

veiculados na mídia escrita e virtual (GUIMARÃES, 2002; SANTOS, 2003).

Desta forma, é preciso conhecer o nível de compreensão20 de gráficos

dos sujeitos do estudo para dar prosseguimento ao mesmo, ou seja, desenvolver

a intervenção de ensino em ambiente computacional.

20 Assim como Friel, Curcio e Bright (2001, p. 130), entendemos por compreensão gráfica as habilidades dosleitores de gráficos para deduzir o significado dos gráficos criados por outros ou por eles próprios.

Page 64: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

46

Encontramos em Friel, Curcio e Bright (2001) um levantamento dos tipos

de questões que podem ser respondidas pelos gráficos sob o ponto de vista de

diversos autores. Houve consenso sobre a necessidade de considerar três tipos

de questões que podem fornecer insinuações que ativam o processo de

compreensão do gráfico e que se inserem em três níveis. A seguir, apresentamos

esses níveis com os exemplos extraídos de Curcio.

• Nível elementar – enfoca a extração de dados de um gráfico;

Ex.: Quantas caixas de uvas têm 30 uvas?

• Nível intermediário – caracteriza-se pela interpolação e

descoberta de relações existentes entre os dados

apresentados graficamente;

Ex.: Quantas caixas de uvas têm mais do que 34 uvas nelas?

• Nível avançado – sugere a extrapolação dos dados e análise

de relações implícitas em um gráfico.

Ex.: Se os estudantes abrissem uma ou mais caixas de uvas,

quantas uvas eles poderiam esperar encontrar?

No nível elementar, observamos que a compreensão do gráfico requer

praticamente uma troca na forma de comunicação, ao passo que no nível

intermediário o estudante deve fazer uma integração dos dados apresentados,

relacionando-os entre si. Este nível – o intermediário - parece exigir um pouco

mais de conhecimentos matemáticos que o anterior, pois a integração dos dados

e as suas relações partem de leitura de escalas, da leitura de eixos e, uma

posterior integração desses dados. Já no nível avançado, o estudante precisa ir

além das observações explícitas no gráfico e suas relações, deve ser capaz de

Page 65: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

47

realizar inferências baseadas na representação como, por exemplo, identificar

uma tendência ou generalizar para uma população.

Os três níveis de compreensão de gráficos foram usados como

referência nas análises de nosso estudo; empregaremos a terminologia de Curcio

(1987), conforme apresentamos, a seguir:

a) “Ler os dados”: este nível de compreensão requer uma leitura literal do gráfico;

não se realiza a interpretação da informação contida nela mesma.

b) “Ler entre os dados”: inclui a interpretação e integração dos dados do gráfico,

requer habilidades para comparar quantidades e o uso de outros conceitos e

destrezas matemáticas.

c) “Ler além dos dados”: requer que o leitor realize previsões e inferências a partir

dos dados sobre informações que não estejam refletidas diretamente no gráfico.

Figura 2.9: Níveis de compreensão de gráficos (CURCIO, 1987)

Neste estudo, a introdução do conceito de média está relacionada à

leitura e interpretação de gráfico. No decorrer da segunda fase, serão

desenvolvidas atividades que visam a favorecer o processo de compreensão de

gráfico, para isso, é fundamental investigarmos, qual nível de compreensão de

gráficos é apresentado pelos alunos do presente estudo.

Assim, para a elaboração das atividades constituintes da pesquisa, que

serão apresentadas detalhadamente no Capítulo IV, utilizaremos os níveis

descritos na Figura 2.9 para fins de análise das mesmas. Os níveis I, II e III serão

usados para “ler os dados”, “ler entre os dados” e “ler além dos dados”,

respectivamente.

Page 66: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

CAPÍTULO III

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

3.1. Introdução

Neste capítulo, são apresentadas algumas discussões a respeito de

temas considerados essenciais ao desenvolvimento deste estudo,

fundamentando-se nos escritos de alguns teóricos da Psicologia Cognitiva e da

Educação Matemática. Para isso, julgamos pertinente dividir o capítulo em quatro

seções. Sendo esta a primeira, descrevemos a seguir as outras três seções que

constituem este capítulo.

Na segunda seção, buscaremos compreender a formação do conceito

na perspectiva de Gerard Vergnaud, apoiando-nos na Teoria dos Campos

Conceituais. Ainda, nesta seção, discutiremos dois aspectos da Teoria da

Instrução de Bruner: o currículo em espiral e o método da descoberta.

Na terceira seção, estudaremos a representação, também, sob o

enfoque da teoria dos Campos Conceituais proposta por Vergnaud, tendo em

vista nosso interesse no uso de distintas representações no estudo. Ao final desta

Page 67: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

49

seção, delinearemos o Campo Conceitual que utilizaremos para a elaboração das

atividades que serão aplicadas na segunda fase do presente trabalho.

Por fim, a última seção contemplará algumas reflexões sobre o emprego

do computador em sala de aula, o contexto no qual será desenvolvida toda a

parte experimental deste trabalho, seguido de uma descrição dos recursos do

software Tabletop e sua finalidade ao presente estudo.

3.2. Formação do Conceito

Para estudar a formação do conceito, buscamos apoio na Teoria dos

Campos Conceituais. Tendo em vista que esta teoria não é específica da

Matemática, pois, neste campo, ela, inicialmente, foi elaborada para explicar o

processo de conceitualização progressiva das estruturas aditivas e multiplicativas,

das relações número-espaço e da álgebra, deveremos nos deter na Teoria dos

Campos Conceituais proposta por Gerard Vergnaud, por ser uma teoria

cognitivista que busca propiciar uma estrutura coerente e alguns princípios

básicos ao estudo do desenvolvimento e da aprendizagem das competências

complexas, sobretudo, as que dependem da ciência e da técnica.

Para Vergnaud (1982), o conhecimento está organizado em campos

conceituais, cujo domínio por parte do sujeito ocorre ao longo de um largo período

de tempo por meio da experiência, maturidade e aprendizagem. Assim, Campo

Conceitual é definido como: “um conjunto de situações cujo domínio requer uma

variedade de conceitos, procedimentos e representações simbólicas firmemente

unidos uns aos outros” (VERGNAUD et al, 1990, p. 23). Desse modo, o

Page 68: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

50

conhecimento emerge dos problemas a serem resolvidos e das situações a serem

dominadas, considerando que:

Resolver problemas é a fonte e o critério do conhecimento

operacional. Precisamos ter esta idéia sempre em mente e sermos

capazes de oferecer aos alunos situações que visem a estender o

significado de um conceito e a avaliar as habilidades e as

concepções dos estudantes. (VERGNAUD et al, 1990, p. 22)

No entanto, é preciso esclarecer que o entendimento dado a um

problema matemático consiste em uma situação, na qual o resultado não se

encontra disponível de imediato. Ao contrário, o problema sugere reflexão sobre a

situação proposta, e o aluno precisa mobilizar outros conceitos já conhecidos,

para obter um resultado.

Vergnaud (1993, p. 8) define conceito como uma terna de três conjuntos:

C = (S, I, R), na qual:

• S é um conjunto de situações que tornam o conceito significativo.

• I é um conjunto de invariantes (objetos, propriedades e relações) que

constituem o conceito, os quais podem ser reconhecidos e usados pelo

sujeito para analisar e dominar as situações do primeiro conjunto.

• R é um conjunto de representações simbólicas (diagramas, gráficos,

tabelas, etc.), que podem ser usadas para indicar e representar esses

invariantes e, portanto, representar as situações e os procedimentos para

lidar com eles.

A definição de conceito dada por Vergnaud, como uma terna dos três

conjuntos (S, I, R), mostra que o conceito deve ser explorado, utilizando situações

Page 69: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

51

distintas de forma que o aluno construa seu conhecimento pela variedade de

situações em detrimento da simples definição do conceito.

A apresentação das situações que despertam o interesse do aluno para

a busca de sua solução, envolve a articulação entre conjunto de invariantes das

representações simbólicas, o que favorece ao aluno a construção de um conceito

significativo. Vergnaud (1993) afirma que o conceito adquire sentido para a

criança por intermédio dos problemas a resolver e das situações, além de

distinguir as situações em duas classes distintas:

1) classes de situações em que o sujeito dispõe, no seu

repertório, em dado momento de seu desenvolvimento e sob

certas circunstâncias, das competências necessárias ao

tratamento relativamente imediato da situação;

2) classes de situações em que o sujeito não dispõe de todas as

competências necessárias, o que o obriga a um tempo de

reflexão e exploração, a hesitações, a tentativas frustradas,

levando-o eventualmente ao sucesso ou ao fracasso. (VERGNAUD,

1993, p. 2)

O conceito de esquema é usado em ambos os casos, pois, trata-se da

organização invariante do comportamento para uma classe de situações dadas.

Nos esquemas, são investigados os conhecimentos-em-ação do sujeito, ou seja,

os elementos cognitivos que permitem a ação do sujeito ser operatória. Para

Vergnaud (1993), o conceito de esquema interessa às duas classes de situações,

entretanto funciona de forma distinta em cada uma delas. No primeiro caso, é

possível observar para uma mesma classe de situações comportamentos

bastamte automatizados, organizados por um único esquema, e, no segundo

caso, nota-se o sucessivo emprego de diversos esquemas, que podem entrar em

Page 70: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

52

competição e para alcançar a solução desejada, precisam ser acomodados,

descombinados e recombinados, sendo este processo necessariamente

acompanhado por descobertas.

Outro conceito importante da teoria dos Campos Conceituais é o

teorema-em-ação, muito ligado ao conceito de esquemas, visto que costuma

precedê-lo no processo da formação do conceito.

Os Teoremas-em-ação são definidos como relações matemáticas

que são levadas em consideração pelos alunos, quando estes

escolhem uma operação, ou seqüência de operações, para

resolver um problema. Os Teoremas-em-ação não são teoremas

no sentido convencional do termo, porque a maioria deles não

são explícitos. Eles estão subjacentes ao comportamento dos

alunos, aparecem de modo intuitivo na ação do aluno e seu

âmbito dos teoremas. Algumas vezes seu domínio de validade é

considerado verdadeiro apenas para um conjunto de problemas.

Eles podem mesmo ser utilizados de modo errado. (MAGINA;

CAMPOS; GITIRANA, 2001, p.18).

A importância dos teoremas-em-ação está no fato de oferecerem ao

professor um percurso para analisar as estratégias intuitivas dos alunos e auxiliá-

los na transformação do conhecimento intuitivo para o conhecimento explícito e,

assim, estender o uso dessas inter-relações para situações mais complexas.

Professores, pais e currículos subestimam a lentidão do

desenvolvimento do conceito, visto ser aceito com freqüência, que após ter

estudado determinado conteúdo, os alunos deveriam sabê-lo, não havendo,

assim, necessidade de retomá-lo em outros momentos (VERGNAUD, 1990).

Page 71: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

53

Vergnaud propõe que os mesmos conteúdos sejam retomados ano após

ano, aprofundando-os cada vez mais, sob novos aspectos e retornando aos

aspectos estudados anteriormente, o que deve ser feito por meio da resolução de

problemas, pois diferentes problemas requerem domínio de distintas propriedades

do mesmo conceito. Esta proposta de Vergnaud encontra correspondência na

idéia de currículo em espiral proposta por Bruner.

Bruner (1978) enfatiza a importância da organização do currículo em

espiral, para que o aluno possa construir continuamente sobre o que já aprendeu

em diferentes níveis de profundidade e modos de representação. Assim, um

currículo deveria ser constituído em torno de grandes temas, princípios e valores

que uma sociedade considera merecedores da preocupação contínua de seus

membros, e apresenta o seguinte exemplo para o ensino de ciência:

Assim também em ciência. Se se considera crucial a

compreensão de número, medida ou probabilidade na busca da

ciência, então a instrução nesses assuntos deverá ser iniciada

tão cedo e da maneira intelectualmente mais honesta possível e

consistentemente com as formas de pensar da criança, deixando

que os tópicos sejam desenvolvidos várias vezes em graus

posteriores. Assim, se a maioria das crianças deve ter uma

unidade de biologia pelo fim do ginásio, deverão elas abordar a

matéria a frio sem nada haverem antes estudado? Não será

possível, com um mínimo de trabalho formal e de laboratório se

necessário, introduzi-las mais cedo a algumas das principais

idéias biológicas, dentro de um espírito talvez menos exato e

mais intuitivo? (BRUNER, 1978, p. 49-50)

Neste estudo, a idéia nos interessa, porque estamos considerando ser

importante a compreensão do conceito de média na busca da ciência. Dessa

Page 72: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

54

forma, estaremos procurando um caminho que favoreça a introdução desse

conceito, respeitando a forma de pensar dos alunos do estudo.

Nesta pesquisa é de interesse destacar outro aspecto da teoria de

Bruner: o método da descoberta. Neste método, o professor deve desafiar os

alunos incentivando-os à procura de sua motivação intrínseca, que pode ser

alcançada quando eles participam de experiências significativas.

Ao estudar as contribuições de Bruner, que se referem ao ensino por

descoberta, Giacaglia (1980) comenta que o método da descoberta não só ensina

a criança a resolver problemas da vida prática, como também favorece uma

compreensão da estrutura fundamental do conhecimento. Este método possibilita

a transferência da aprendizagem seja para a vida prática, transferência do

aprendido de uma disciplina às demais disciplinas, assim como a outros níveis de

escolaridade. Para a autora, Bruner não propôs que o ensino se realize,

exclusivamente, pelo método da descoberta, mas, que a descoberta possa ser

empregada como método de ensino.

Bruner considera como ponto fundamental do ensino os processos e não

os produtos da aprendizagem, assim, pode-se colocar a resolução de problemas

no início da aprendizagem. A seguir, a citação enfatiza a importância dada pelo

autor ao processo de aquisição do conhecimento:

Instruir alguém nessa matéria não é levá-lo a armazenar

resultados na mente, e sim ensiná-lo a participar do processo que

torna possível a obtenção do conhecimento: ensinamos não para

produzir minúsculas bibliotecas vivas, mas para fazer o estudante

pensar matematicamente, para si mesmo, considerar os assuntos

como o faria um historiador, tomar parte no processo de

Page 73: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

55

aquisição de conhecimento. Saber é um processo, não um

produto. (BRUNER, 1976, p. 75)

Em nosso estudo, estaremos considerando a participação dos alunos no

processo de aquisição do conhecimento, visto que na intervenção de ensino

pretendemos propor situações problemas a partir das quais os alunos possam

deduzir propriedades que favoreçam a formação de conceitos.

Tendo em vista que, nesta pesquisa, temos interesse também no estudo

da representação gráfica, apresentamos na próxima seção considerações no que

tange à teoria psicológica sob a perspectiva de Vergnaud.

3.3. Representação

Como vimos na seção 3.2, Vergnaud considera que é com base nos

problemas a resolver e nas situações a serem dominadas que um conceito

adquire sentido à criança, e define conceito como a terna C = (S, I, R), já

apresentada anteriormente.

Vergnaud a fim de estabelecer uma relação entre conceito e situação,

retoma Piaget e suas idéias sobre função simbólica. Assim, utiliza-se de

elementos básicos da função simbólica, associando-os à sua terna (S, I, R), de

sustentação da formação do conceito, expressando-a sob a perspectiva da

Psicologia, em que se tem:

• S referindo-se à realidade ou referente;

• (I, R) referindo-se à representação.

Page 74: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

56

Desta forma, sob a perspectiva da Psicologia, a representação pode ser

considerada como a interação entre esses dois aspectos do pensamento, quais

sejam, o significado (I) e o significante (R). Mas, é importante salientar que a

interação entre significado e significante não é simples nem ocorre

espontaneamente. Esta interação requer grande esforço, tanto do professor como

da criança, já que nem sempre conseguimos representar graficamente aquilo que

estamos pensando ou entendendo (MAGINA; CAMPOS; GITIRANA 2001).

Conforme Vergnaud (1990), as representações simbólicas, tais como:

diagramas, álgebra, gráficos, tabelas podem ser decisivas para a extração de

relações relevantes, mas podem também ser mal interpretadas pelos alunos e

desorientadoras. Assim, os diferentes tipos de representações simbólicas podem

ser úteis para representar problemas, entretanto o autor salienta que não são

igualmente significativos aos alunos, visto que dependem do problema e do nível

de análise dos alunos, pois tabelas, diagramas, gráficos, equações apresentam

propriedades distintas.

Embora Vergnaud (1998) reconheça a importância dos símbolos no

pensamento, o conhecimento não é, em essência, simbólico. Neste sentido,

considera que o reconhecimento de invariantes em ação e a progressiva

construção de objetos e predicados de nível mais alto, são aspectos mais

essenciais do conhecimento.

Este estudo trata de média aritmética, que é um conceito abstrato, ou

seja, não diretamente acessível à percepção, assim torna-se relevante o uso de

representações que favoreçam sua apreensão. Desta forma, as representações

por meio de símbolos, gráficos, tabelas são bastante significativas, tendo em vista

Page 75: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

57

que estas representações permitem a comunicação entre os alunos e suas

atividades de pensamento.

Para estudar os objetos de estudo inseridos neste trabalho, nos

baseamos no Campo Conceitual Tratamento da Informação, elaborado por

Santos (2003). A seguir, apresentamos um esquema com o objetivo de explicitar

ao leitor o conjunto de situações, invariantes e representações simbólicas dos

dois objetos de estudo utilizados nesta pesquisa: leitura e interpretação de

gráficos e, média aritmética.

Page 76: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

R(r

epre

sent

açõe

s sim

bólic

as)

S(S

ituaç

ões)

Leitu

ra e

Inte

rpre

taçã

o de

Grá

ficos

Col

eta

e or

gani

zaçã

ode

dad

os

Con

stru

ção

de g

ráfic

os

Ela

bora

ção

de li

stas

eta

bela

s

• L

ocal

izaç

ão d

e

pont

o de

máx

imo/

mín

imo

de u

m

gráf

ico;

• C

ompo

siçã

o de

grup

os (s

oma

dos

valo

res d

o co

njun

to)

• Q

uant

ifica

ção/

com

para

çãoa

de

dado

s

• G

ráfic

o de

bar

ras

• G

ráfic

o de

dup

la e

ntra

da

• T

abel

a

Ext

rapo

laçõ

esCA

MPO

CO

NC

EIT

UA

L: T

RA

TA

ME

NT

O D

A IN

FOR

MA

ÇÃ

OM

édia

Ari

tmét

ica

Alg

orítm

ica

Rel

açõe

s for

mai

s

• Pr

opri

edad

es;

• So

ma

dos v

alor

es d

o

conj

unto

;

• N

úmer

oTot

al d

e va

lore

s

• G

ráfic

a

• N

umér

ica

• T

abul

ar

Qua

ntid

ade

eqü

itativ

a

Val

or R

epre

sent

ativ

o

R(r

epre

sent

açõe

s sim

bólic

as)

S(S

ituaç

ões)

I(in

vari

ante

s –ob

jeto

s, pr

opri

edad

es e

rela

ções

)I

(inva

rian

tes –

obj

etos

, pro

prie

dade

s e r

elaç

ões)

Grá

ficos

com

dife

rent

eses

cala

s

Qua

dro

3.1:

Cam

po C

once

itual

: Tra

tam

ento

da

Info

rmaç

ão

Page 77: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

59

Conforme exposto no quadro 3.1, tomaremos por base os elementos da

terna C=(S, I, R) proposta por Vergnaud para cada um dos objetos de estudo de

nossa pesquisa. A seguir, especificaremos os elementos das duas ternas

apresentadas: primeiro para leitura e interpretação de gráficos e na seqüência

para o conceito de média aritmética.

Quanto à leitura e interpretação de gráfico, consideraremos cinco

situações: coleta e organização de dados; elaboração de listas e tabelas;

construção de gráficos; gráficos com diferentes escalas e extrapolação.

No presente estudo, estaremos considerando como coleta e organização

de dados as situações em que os alunos farão a coleta de dados por meio de

uma investigação, tratando-se, assim, de uma coleta direta21. Outra situação

empregada, será a organização dos dados coletados em tabelas no banco de

dados do Tabletop. Na construção dos gráficos, serão utilizadas situações

apoiadas em dados previamente organizados em tabelas e usados os recursos

disponíveis do software para gerar representações gráficas.

Estaremos oferecendo situações de extrapolação, para que o aluno

possa realizar previsões baseadas na leitura e interpretação do gráfico que

construiu no Tabletop.

Para trabalhar as situações descritas, pretendemos empregar, dentre os

recursos oferecidos pelo Tabletop, três tipos diferentes de representação: tabular;

gráfico de freqüência; gráfico de dupla entrada.

21 Segundo Crespo (1999), quando os dados são coletados pelo próprio pesquisador partindo de inquéritos equestionários, a coleta de dados é considerada direta.

Page 78: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

60

A representação tabular refere-se à organização dos dados em forma de

tabela, utilizando o banco de dados do software Tabletop. Os dois tipos de

gráficos que pretendemos utilizar são pictóricos, visto que sua representação

gráfica pode ser constituída de figuras.

O gráfico de freqüência a ser utilizado assemelha-se ao de barras

verticais. Neste, a variável é representada no eixo horizontal, e no eixo vertical a

escala apresenta-se graduada de forma automática pelo próprio software, no

momento em que o gráfico é gerado. Usaremos também o gráfico de dupla

entrada, que apresenta duas variáveis: uma no eixo horizontal e outra no eixo

vertical. Para a leitura deste tipo de gráfico, é preciso que o aluno estabeleça uma

relação entre as variáveis dos dois eixos.

A seguir, relacionamos, três invariantes que serão exigidos na resolução

das diversas situações propostas, no que se refere à leitura e interpretação de

gráficos: localização do ponto de máximo/mínimo; composição de grupos,

quantificação e ou comparação de dados.

A localização do ponto de máximo/mínimo requer que o aluno identifique

o dado de maior ou menor valor do conjunto de dados. Para isso, em algumas

situações, o aluno deverá quantificar cada um dos dados e compará-los. Outra

situação é compor grupos, que exigirá que o aluno determine a soma dos valores

dos dados do conjunto e, para isso, ele precisará quantificar cada um dos dados.

A seguir, especificamos os elementos da terna C(S, I, R) que serão

usados no desenvolvimento do conceito de média aritmética no presente estudo.

Page 79: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

61

Quanto ao emprego da média aritmética, quatro situações diferentes

serão trabalhadas: quantidade eqüitativa, relações formais, algorítmica e valor

representativo. Assim como Batanero (2000b), consideraremos como quantidade

eqüitativa, as situações em que a obtenção da média é realizada com base em

uma distribuição uniforme da soma dos valores do conjunto entre todos os seus

dados; na situação de valor representativo, a média será usada como um valor

que representa o conjunto de dados. Quanto às situações de emprego da média,

como relações formais, serão consideradas aquelas que desenvolvem as

propriedades do conceito de média aritmética; para a situação algorítmica, são as

situações, em que se relacionam os dois invariantes: soma dos valores do

conjunto e número total de valores com o algoritmo para determinação da média.

Para trabalhar as situações, que acabamos de descrever, estaremos

privilegiando três tipos distintos de representação: a tabular, a gráfica e a

numérica. A tabular será utilizada nas situações que solicitam a média como

quantidade eqüitativa, visto que esta requer a redistribuição dos dados do

conjunto. Assim, a média será representada no gráfico de freqüência pelas barras

de mesma altura. Quanto à representação numérica da média, esta será obtida

nas situações algorítmicas que resultam da divisão entre soma dos valores do

conjunto e número total de valores desse conjunto.

Quanto aos invariantes que serão utilizados nas situações, temos: as

propriedades da média aritmética, soma dos valores do conjunto e seu número

total de valores. Neste estudo, estaremos privilegiando cinco das sete

propriedades de média utilizadas no estudo de Strauss e Bichler (1988), quais

sejam: A) A média está localizada entre os valores extremos; C) A média é

influenciada pelos valores diferentes da média; D) A média não é

Page 80: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

62

necessariamente igual a um dos valores que está sendo somado; F) Quando se

calcula a média, um valor zero, se aparecer, deve ser considerado e G) O valor

médio é representativo dos valores, cuja média foi calculada. Quanto à soma dos

valores do conjunto, estamos considerando a soma dos valores de todos os

dados da variável, e, o número total de valores refere-se à quantidade total de

dados dessa variável.

3.4. O Ambiente Computacional na Aprendizagem

Atualmente, observa-se a necessidade de uma reformulação na área

educacional em razão das mudanças ocorridas na sociedade, no que tange ao

emprego das novas tecnologias. Embora seja ainda um recurso pouco disponível

para a maioria das escolas brasileiras, muitas pesquisas têm indicado o uso do

computador em sala de aula, como importante recurso para o desenvolvimento

cognitivo dos alunos (BALACHEFF & KAPUT, 1996).

No entanto, sabemos que é inevitável a disseminação desse recurso a

curto prazo no cotidiano escolar, tendo em vista as parcerias do Ministério da

Educação e Cultura (MEC) com outros Ministérios, governos estaduais,

municipais, organizações não-governamentais e empresas objetivando

impulsionar o avanço do processo de informatização nas escolas (BORBA e

PENTEADO, 2001).

Desta forma, justifica-se a demanda de pesquisas que empreguem o

computador, como importante recurso para o desenvolvimento cognitivo dos

Page 81: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

63

alunos, inseridas em uma prática pedagógica que valorize a criação de situações,

envolvendo conceitos e resolução de problemas.

Nos documentos oficiais, é importante ressaltar a ênfase dada pelo PCN

(1997), quanto à diversidade de recursos a serem utilizados, particularmente, nas

aulas de Matemática. Os recursos sugeridos pelo documento para as séries

iniciais são os seguintes: Resolução de Problemas, História da Matemática,

Tecnologias da Informação e Jogos.

Embora nosso trabalho pretenda abordar tanto o recurso à Resolução de

Problemas, como às Tecnologias da Informação, nesta seção estamos

enfatizando, o segundo sobre o qual o PCN destaca que:

O computador pode ser usado como elemento de apoio para o

ensino (banco de dados, elementos visuais), mas também como

ferramenta para o desenvolvimento de habilidades. O trabalho

com o computador pode ensinar o aluno a aprender com seus

erros e a aprender junto com seus colegas, trocando suas

produções e comparando-as. (BRASIL, 1997, p. 48)

Sob esta perspectiva, consideramos que o uso do computador em nosso

estudo pode favorecer o desenvolvimento de habilidades necessárias à leitura e

interpretação de gráficos. Além disso, este ambiente pode facilitar a construção e

reconstrução do gráfico, realizado mais rápido, oferecendo uma representação,

visualmente, mais agradável ao aluno.

O uso do computador em sala de aula está intimamente ligado à

construção da cidadania do aluno, tendo em vista sua atual necessidade de

“alfabetizar-se tecnologicamente”. Neste aspecto, Borba e Penteado (2001, p.17)

Page 82: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

64

expõem de forma bem objetiva a relação existente entre o uso do computador e a

cidadania:

O acesso à informática deve ser visto como um direito,

portanto, nas escolas públicas e particulares o estudante deve

poder usufruir de uma educação que no momento atual inclua, no

mínimo, uma ‘alfabetização tecnológica’. Tal alfabetização deve

ser vista não como um Curso de Informática, mas, sim, como um

aprender a ler essa nova mídia. Assim, o computador deve estar

inserido em atividades essenciais, tais como aprender a ler,

escrever, compreender textos, entender gráficos, contar,

desenvolver noções espaciais, etc. E, nesse sentido, a

informática na escola passa a ser parte da resposta a questões

ligadas à cidadania.

Acreditamos que o desenvolvimento de nossa intervenção de ensino,

usando o ambiente computacional poderá possibilitar ao aluno uma motivação

para exploração dos recursos oferecidos por esse ambiente, que, aliado a outros

fatores, possa orientá-lo na construção de sua cidadania.

O PCN estabelece a necessidade de que ao adotar o computador como

um recurso em sala de aula, é fundamental que o professor aprenda a escolher o

software educacional, de acordo com os objetivos preestabelecidos que almeja

atingir em seu trabalho. Neste aspecto, o PCN sugere que estes softwares

ofereçam ao aluno uma interação com o programa para construir conhecimentos

e não apenas para testar conhecimentos.

Assim, julgamos que a escolha do software a ser utilizado em sala de

aula, e as atividades propostas são fatores relevantes para o desenvolvimento de

um trabalho que vise a construção do conhecimento. Sendo assim, apresentamos

Page 83: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

65

na seção seguinte, as principais características e recursos oferecidos pelo

software Tabletop.

3.4.1. O Uso do Software Tabletop

Um dos fatores que contribuíram para o uso do Tabletop no presente

estudo deve-se ao fato da escola EEPG Marina Cintra já o possuir, pois ele havia

sido utilizado no Projeto “Integração do computador nas aulas de Matemática do

Ensino Fundamental: formação e desenvolvimento de um núcleo de ensino-

pesquisa”, cuja meta consistia na busca da integração do computador, como

ferramenta poderosa nas aulas de Matemática.

Tendo em vista a disponibilidade do aplicativo Tabletop na escola onde

seria desenvolvida esta pesquisa, decidimos usá-lo, também, por considerá-lo

adequado à idade das crianças das séries iniciais, pela sua flexibilidade em

trabalhar com diferentes representações gráficas e por apresentar as

características técnico-pedagógicas exigidas, como critérios para a escolha de

softwares apontados pelo documento produzido pelo Programa Nacional de

Informática na Educação (PROINFO). Com base nesse documento, Magina

(2000) destaca as principais características técnico-pedagógicas apresentadas

pelo Tabletop.

a) incitar a curiosidade; permitir formulação e teste de hipóteses;

b) evitar tratamentos inadequados aos erros cometidos;

c) possibilitar interação com o usuário, estimulando o questionamento e

tomada de decisões;

d) favorecer a interdisciplinaridade;

Page 84: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

66

e) estar em consonância com os parâmetros curriculares nacionais,

promovendo sua operacionalização;

f) favorecer a proposição e a busca de soluções de situações-problema

e simulações;

g) estimular o trabalho cooperativo;

h) provocar no aluno a análise dos registros do caminho percorrido,

suas dificuldades e progressos;

Embora o software apresente todas essas características, é preciso que

as atividades propostas ofereçam condições para seu emprego, pois ele por si só

não garante a contemplação dessas características (MAGINA, 2000).

Para o emprego do Tabletop, outro fator importante é sua flexibilidade na

construção e reconstrução de gráficos, a partir de um “click”, pois esta facilidade

poderá encorajar os alunos a investigarem qual dos gráficos oferecerá melhor a

informação desejada, ou mesmo, buscar uma representação esteticamente mais

agradável.

Após esta breve justificativa da escolha do software utilizado no presente

estudo, passamos a apresentar o funcionamento do Tabletop e seus principais

recursos, sem a intenção de esgotar todo o potencial do aplicativo.

O aplicativo Tabletop é um pacote estatístico destinado à organização e

manipulação de dados que permite inserir etapas de construção, exploração e

análise do banco de dados. Os dados organizados, inicialmente, na

representação tabular podem ser tratados e visualizados de diferentes formas, o

que o torna um ambiente rico para a aprendizagem.

Page 85: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

67

A seguir, são apresentadas algumas das representações oferecidas pelo

Tabletop utilizadas em nosso estudo.

A Figura 3.1, apresenta um conjunto de dados organizados no banco de

dados do Tabletop, nomeado como TIME.TDB. Ao iniciar a organização do banco

de dados, criam-se, inicialmente, os campos que o constituirão (colunas),

definindo o tipo de variável correspondente (Number, String, Boolean, Formula).

Por sua vez, cada campo é constituído por vários registros (linhas) que são

acrescentados, de acordo com a necessidade proposta pela atividade.

A disposição dos dados na tabela do Tabletop apresenta-os de forma

bruta e não simplificada, como costumam aparecer nos livros. Os ícones

selecionados para identificar os registros são desenhos disponíveis na biblioteca

do aplicativo ou criados pelos próprios alunos de forma a adequá-los às suas

reais necessidades. Esta característica do software permite ao aluno personalizar

o trabalho que está desenvolvendo. Na tabela abaixo, por exemplo, os ícones

foram diferenciados, de acordo com o time das crianças e cada um foi

representado pelo ícone escolhido.

Page 86: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

68

Figura 3.1: Banco de dados extraído do Tabletop - TIME.TDB

Outra forma de apresentação dos dados relaciona-se com o nome do

aplicativo: Tabletop, que pode ser traduzido como “sobre a mesa”. Para obter esta

representação, basta clicar no ícone em forma de mesa encontrado no canto

direito superior da tela (ver Figura 3.1). Nesta forma, os registros da tabela

aparecem na tela distribuídos aleatoriamente, podendo ser facilmente deslocados

de um lado para outro, até que o usuário defina a variável (nome, naturalidade,

sexo, time) que os deverá agrupar. Neste tipo de representação, assim como nas

demais, cada ícone está representando cada um dos registros organizados na

tabela descrita na Figura 3.1.

Page 87: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

69

Figura 3.2: Representação do banco de dados TIME.TDB no modo Tabletop

Na Figura 3.2, observamos três ícones, no lado esquerdo inferior, que

permitem gerar três tipos de gráfico. O ícone destacado na Figura 3.2 gera o

diagrama de Venn; o seguinte, o gráfico de freqüência e, o último gera o gráfico

de dupla entrada. Na seqüência, apresentamos exemplo dos gráficos

empregados no estudo.

Na figura seguinte, aparece o gráfico de freqüência gerado com base no

banco de dados TIME.TDB, no qual os registros apresentam-se agrupados pela

variável time. O software oferece a possibilidade de mudar o tipo de variável para

gerar um novo gráfico, bastando para isso clicar no ícone TIME (ver Figura 3.3)

que disponibilizará as demais variáveis constituintes do banco de dados para

gerar o gráfico solicitado.

Pode-se notar que o modo pelo qual o software Tabletop apresenta seus

dados no gráfico, assemelha-se à representação formal de um gráfico de coluna.

Isto porque, embora os dados estejam agrupados em coluna, esta, na verdade, é

Page 88: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

70

o empilhamento dos indivíduos que pertencem àquela categoria organizados por

superposição, dando a idéia de coluna.

Figura 3.3: Representação do gráfico de freqüência do banco de dados TIME.TDB

Outra característica importante do software é a facilidade que o usuário

tem para obter informações sobre cada um dos indivíduos, representado

iconicamente no gráfico. Para tanto, basta clicar em qualquer um dos ícones que

uma janela informativa abrir-se-á ao lado desse ícone, que agora estará

salientado (ver Figura 3.3: ícone em branco com janela informativa de seu lado

direito).

Neste momento, consideramos importante salientar a possibilidade que

o software oferece ao inverter as colunas dos registros como, por exemplo,

transferir a coluna do Corinthians para a do Palmeiras. Embora o aluno tente

“arrastar” um registro (individualmente) de uma coluna a outra, o software não

permite a troca de um único registro, visto que a representação gráfica é obtida

dos dados fornecidos pela tabela.

Esta restrição imposta pelo software dificulta ao aluno “manipular” os

registros individualmente no gráfico, porém, ela o remete a uma busca da relação

existente entre duas representações: a tabela e o gráfico. Acreditamos que esta

Page 89: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

71

busca possa contribuir para que o aluno passe a observar as relações existentes

entre as distintas representações de um mesmo conjunto de dados.

Uma outra forma de representar as informações contidas no banco de

dados do Tabletop é usando o gráfico de dupla entrada, conforme apresentamos

a seguir:

Figura 3.4: Representação do gráfico de dupla entrada do banco de dados TIME.TDB

A Figura 3.4 apresenta o gráfico de dupla entrada que foi construído

baseado no banco de dados TIME.TDB. Este tipo de gráfico oferece a

possibilidade de trabalhar com duas variáveis. No exemplo apresentado na Figura

3.4, definimos a variável “Time” no eixo horizontal e a variável “SEXO” no eixo

vertical, pois, assim como no gráfico de freqüência podem ser alteradas, de

acordo com a necessidade das atividades propostas.

Alguns trabalhos desenvolvidos com professoras nas séries iniciais

(HEALY et al, 2000; SANTOS e MAGINA, 2001) observaram que as interações com o

banco de dados Tabletop auxiliaram os professores a refinar várias de suas

noções estatísticas, quais sejam: diferenciar conjuntos de dados, escolher e

Page 90: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

72

interpretar diversos tipos de gráficos, aumentar seu entendimento sobre medidas

de tendência central e construir modelos estatísticos.

Outro aspecto observado na pesquisa de Santos (2003) desenvolvida,

também, com uma professora das séries iniciais, foi que o modo gráfico do

Tabletop servia de motivação para explorar os dados do banco e que a

personalização dos ícones foi um dos fatores determinantes na motivação da

professora “brincar” com os dados. Embora as pesquisas descritas acima estejam

relacionadas com professores, seus resultados nos interessam, pois em nosso

estudo temos como expectativa que o ambiente Tabletop permita ao aluno a

construção de conceitos de forma dinâmica. È fundamental que o aluno, assim

como o professor, sintam-se motivados para realizar as atividades propostas.

Julgamos que o emprego do computador na intervenção de ensino

possibilitará ao aluno a construção de seu conhecimento de forma dinâmica,

sendo inclusive, sugerido pelo PCN que aponta o computador como "elemento de

apoio para o ensino", como "fonte de aprendizagem" e como "ferramenta para o

desenvolvimento de habilidades" (BRASIL, 1997, p. 48).

Considerando a recente inclusão do ensino de Estatística nas séries

iniciais pelo PCN (1997) – inserida no bloco de conteúdo Tratamento da

Informação aliada aos fatores acima relacionados, torna-se fundamental a prática

de pesquisas na área que possam contribuir para que este ensino seja

significativo ao aluno. A Estatística deve contribuir para a formação do aluno, de

forma que ele possa atuar e transformar a sociedade.

Diante das considerações aqui apresentadas, passamos a descrever a

metodologia desta pesquisa no capítulo seguinte.

Page 91: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

CAPÍTULO IV

METODOLOGIA

4.1. Introdução

Este capítulo, apresenta a forma pela qual conduzimos nosso trabalho,

definindo o tipo de pesquisa que buscamos desenvolver. Inicialmente,

descrevemos o desenho do experimento, seguido pelo universo do estudo e o

material usado em todas as fases. Na seqüência, apresentamos os

procedimentos empregados em cada uma das três fases constituintes do

experimento, quais sejam: pré-teste, intervenção de ensino e pós-teste. Ao final

deste capítulo, inserimos a análise prévia das atividades desenvolvidas nessas

fases constituídas pelos objetivos e expectativas em relação a cada atividade

proposta.

4.2. Desenho do Experimento

O estudo foi planejado baseado em questões que pudessem relacionar a

introdução do conceito de média aritmética por meio de representações gráficas,

usando problemas inseridos no cotidiano dos alunos pertencentes à nossa

Page 92: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

74

����������

����

����� �����������

���������

� �����������

�� ���� �����

������� �����

��� �

������������� �

��� �����

������� �����

����������

����

����� �������

����

���������

FASE 2

FASE

3

FASE 1

amostra. Trata-se de um plano empírico de inspiração quase-experimental que se

apoiou no plano clássico do experimento, estudou dois grupos, quais sejam:

grupo-controle (GC) e grupo-experimental (GE)22 (CAMPBELL e STANLEY, 1972;

RUDIO, 1986). Teve como proposta desenvolver e aplicar uma intervenção de

ensino visando introduzir o conceito de média aritmética no GE, e o outro grupo, o

GC, foi considerado um grupo de referência. A seguir, mostramos um esquema

do desenho do experimento.

Quadro 4.1: Desenho do Experimento

22 A partir deste momento, estaremos nos referindo ao grupo controle e ao grupo experimental por GC e GE respectivamente.

Page 93: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

75

GE é o grupo constituído pelos alunos que realizaram atividades de

intervenção em ambiente computacional que foi comparado a outro, de alunos

que não realizaram estas atividades, denominados GC.

Ao longo de dois meses e meio, o trabalho foi realizado, tendo sido

subdivido em três fases, conforme o esquema já apresentado no Quadro 4.1.

A primeira fase referiu-se à aplicação de um pré-teste nos dois grupos

GE e GC, cuja análise forneceu importantes informações sobre a concepção que

os alunos tinham em relação ao conceito de média, tendo em vista que estes

ainda não haviam estudado o conteúdo. Esta análise permitiu uma reelaboração

das atividades de intervenção previamente elaboradas.

Na segunda fase, iniciamos o desenvolvimento das atividades de

intervenção no GE, que foram propostas apenas a este grupo, tendo em vista o

objetivo do estudo ao analisar as contribuições da intervenção de ensino em

ambiente computacional para a introdução do conceito de média aritmética.

Para isso, mantivemos o grupo-controle isento da aplicação desse fator

experimental. Entretanto, o trabalho realizado com os alunos do GC decorreu,

conforme o planejamento da professora da classe no início do ano letivo, de

acordo com os apontamentos constantes em seu diário de classe que incluíram o

conteúdo de média aritmética.

Na terceira e última fase, houve a aplicação no GE e GC de um pós-

teste, que possuía equivalência matemática ao pré-teste. A finalidade do pós-

teste foi analisar o progresso, ou não, do grupo-experimental em relação ao pré-

teste, comparando-o com os resultados obtidos pelo grupo-controle.

Page 94: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

76

Desta forma, procuramos reconhecer as possíveis influências da

intervenção de ensino realizada em ambiente computacional para a introdução do

conceito de média aritmética, assim como o desenvolvimento da leitura e

interpretação de gráficos.

Considerando a semelhança entre pré-teste e pós-teste, posteriormente,

apresentaremos, uma análise prévia do pré-teste indicando a questão equivalente

aplicada no pós-teste com suas respectivas diferenças. As atividades realizadas

durante a fase da intervenção de ensino, foram agrupadas em oito fichas, de

acordo com a ordem da aplicação, ou seja, o número da ficha corresponde ao

número do encontro em que foi desenvolvida. Assim, neste capítulo,

apresentamos a análise prévia das atividades que elaboramos para cada um

desses encontros.

Já tendo conhecimento das fases constituintes de nosso estudo, agora

consideramos importante apresentar ao leitor a descrição de nosso universo do

estudo.

4.2.1. Universo do Estudo

A escola onde o estudo foi realizado, faz parte da rede estadual de

ensino. Localizada na região central da cidade de São Paulo, mantém o Ensino

Fundamental, com classes da 1ª a 4a séries, funcionando todas nos períodos

matutino e vespertino.

Page 95: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

77

O estudo foi realizado nesta escola pela importância e necessidade de

conhecer a realidade da escola pública, tendo em vista que, segundo dados do

Inep/MEC, de um total de 34.719.506 matrículas no ano de 2003, 31.445.336 são

decorrentes da rede pública de ensino.

Atualmente, no Brasil, 90,57% dos alunos matriculados pertencem às

escolas da rede pública. Além disso, os estudos na área da Educação Matemática

têm discutido, constantemente, sobre a relevância das pesquisas retornarem à

sala de aula. Neste sentido, para que haja algum retorno significativo para a sala

de aula, consideramos ser importante desenvolver o trabalho com todos os alunos

da sala de aula e não apenas com parte deles.

Assim, o estudo foi feito com duas classes de 4ª série do período

matutino: 4ª série A (GC) e 4ª série B (GE),pois como os alunos do estudo

pertenciam à mesma escola, acreditamos que possam ter um nível sócio-

econômico semelhante.

A escolha das classes deveu-se ao fato de que ambas as turmas não

tinham tido contato ainda, pelo menos, de forma sistematizada, com o conceito de

média aritmética nas séries anteriores. Além disso, a 4ª série B foi selecionada

para o grupo experimental, porque 96% de seus alunos não haviam trabalhado

com o Tabletop na série anterior. Isto nos permitiria traçar um perfil mais fidedigno

quanto à influência desse recurso no desenvolvimento do estudo.

Nas duas turmas, foram aplicados os pré e pós-testes a todos os alunos

presentes em sala de aula na data da aplicação. Na primeira fase do experimento,

participaram 33 alunos do GC e 30 do GE e, na terceira fase, houve a presença

de 28 do GC e 30 alunos do GE.

Page 96: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

78

Nesse momento, cabe ressaltar que os 30 alunos participantes do GE no

pré-teste não corresponderam aos mesmos 30 presentes no pós-teste, em razão

da rotatividade de alunos, característica das escolas da rede pública de ensino.

Entretanto, consideramos importante salientar que todos os alunos presentes em

sala participavam de todas as atividades propostas em cada fase do referido

estudo.

Embora a intervenção de ensino tenha sido desenvolvida com todos os

alunos do GE (participantes ou não do pré-teste), para efeito de análise do

experimento, utilizamos apenas os resultados daqueles que participaram das três

fases: pré-teste, intervenção de ensino e pós-teste. Assim sendo, a análise dos

resultados foi elaborada com 23 alunos do GE e 25 do GC, considerando, para

esta análise todos os alunos participantes do pré e pós-teste.

Dois observadores pesquisadores participaram do estudo para

auxiliarem nas observações e anotações sobre o questionamento dos alunos,

sobretudo, na fase da intervenção de ensino.

4.2.2. Material Utilizado

Empregamos materiais semelhantes para aplicação dos pré e pós-testes

usados nos dois grupos, quais sejam:

• Teste escrito, composto de três questões, envolvendo

representações gráficas, distribuídas em três páginas.

• Lápis, borracha e caneta.

Page 97: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

79

Após a aplicação do pré-teste, as atividades de intervenção, foram

desenvolvidas apenas com o GE. Nesta fase, foram usados os seguintes

materiais:

• Atividades escritas com diversidade quanto ao número de questões,

de acordo com o objetivo de cada encontro, como será mostrado

ainda neste capítulo.

• Lápis, borracha e caneta.

• Computador.

• Software Tabletop e disquete.

Nas três fases do estudo, foram usados para fins de registro da coleta

de dados:

• Três cadernos para anotações de observação sobre os

procedimentos utilizados pelos alunos em cada fase, seus

questionamentos e discussões.

• Dois gravadores portáteis.

As manifestações orais e escritas dos alunos foram constantemente

registradas durante a aplicação dos testes; como também no desenvolvimento

das atividades de intervenção no GE, os registros foram audiogravados e ou

anotados em um caderno pelos observadores e pesquisadora.

4.2.3. Procedimentos

A pesquisa de campo iniciou-se com a aplicação do pré-teste no começo

do mês de abril no horário normal de aulas, cuja resolução foi feita

Page 98: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

80

individualmente por todos os alunos, conforme já especificado no universo do

estudo e o tempo gasto foi de quase duas horas. No mesmo dia, a aplicação do

pré-teste foi feita no GE e no GC, ambos no contexto de papel e lápis.

Na aplicação do pré-teste, além dos alunos, estavam presentes a

pesquisadora, dois observadores e o professor da classe.

Antes do início do teste, explicamos aos alunos que aquele não era um

momento de avaliação, no sentido de que a realização do teste não implicaria em

“nota”. Tentamos explicitar nosso interesse para descobrir qual era a idéia que

eles tinham em relação a determinados conceitos matemáticos. Em nenhum

momento, os alunos foram pressionados para se preocuparem com “notas”.

Cada questão era lida em voz alta para garantir que tivessem entendido

a questão do ponto de vista lingüístico. Quando necessário dávamos explicação

de forma que a mesma interferisse o mínimo possível na resposta do aluno. As

explicações deram-se mais no sentido de questionamento aos próprios alunos,

pois respondíamos às suas perguntas com outras questões do tipo: O que você

pensa sobre isso? Como você acha que é?

As questões do pré-teste estavam distribuídas em três folhas, a entrega

da segunda folha só foi feita após o recolhimento da primeira de todos os alunos,

o mesmo ocorreu com a entrega da terceira folha em relação a segunda. A

distribuição das folhas foi feita desta forma para que todos tivessem acesso à

leitura de cada uma das questões com a pesquisadora em um mesmo momento.

A segunda fase da pesquisa – intervenção de ensino - ocorreu no mês

de maio de 2003. Após a análise dos resultados obtidos no pré-teste, foi possível

Page 99: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

81

obter informações mais detalhadas das concepções que os alunos tinham em

relação aos conteúdos que seriam abordados nas atividades de intervenção. Esta

análise favoreceu maior aproximação para ponto de partida das atividades.

Nesta fase, foram mantidos dois encontros semanais com duração de,

quase 1h30 no período normal de aula. Procuramos, inclusive, inserir nossos

encontros no horário destinado às aulas de Matemática pela própria escola, tendo

como objetivo interferir o mínimo possível no desenvolvimento normal das demais

disciplinas pelo professor da classe.

Todos os encontros desta fase foram realizados no laboratório de

informática da escola, sendo também audiogravados. O laboratório dispunha de

11 computadores, mas um deles apresentou defeito no dia do início desta fase.

Sendo, assim, trabalhamos com dez grupos em lugar de 11, conforme a previsão

inicial.

Os alunos tiveram a iniciativa da distribuição dos grupos, assim,

inicialmente, foram formados seis grupos de três alunos, três de quatro e um de

dois. O grupo de dois alunos foi em razão do espaço físico disponível no

laboratório de informática.

Na segunda fase, houve uma grande rotatividade de alunos, pois

algumas crianças eram transferidas a outras escolas e novas eram recebidas. No

entanto, todos os alunos novos eram incluídos em um dos grupos, passando a

participar das demais atividades propostas.

O professor poderia ficar em classe com a metade dos alunos da sala,

enquanto desenvolvíamos o estudo com a outra metade, porém optamos por não

Page 100: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

82

o fazer desta forma, tendo em vista que a escola pública não dispõe de um

professor para o laboratório, enquanto o outro fica em classe. Como já citado,

nossa proposta foi desenvolver um estudo utilizando a realidade da escola

pública.

A fase de intervenção constituiu-se de oito Fichas de Atividades,

aplicadas nos oito encontros previstos nas quartas e quintas-feiras.

Cada Ficha de Atividade compunha-se de duas ou três folhas de

atividades, conforme os objetivos previstos para cada encontro, que serão

apresentados na próxima seção.

Para todo o conjunto de atividades, havia folhas para registro do trabalho

dos alunos, fornecidas para cada um dos grupos pela pesquisadora. Cada

atividade era lida em voz alta pela pesquisadora que as explicava, sempre que

necessário.

A segunda fase iniciou-se com o desenvolvimento de atividades para

que o aluno pudesse se familiarizar com os recursos básicos do Tabletop,

partindo da coleta e organização dos dados. Na seqüência foram desenvolvidas

atividades focadas na leitura e interpretação de gráficos e conceitos estatísticos

elementares, mais especificamente, o conceito de média aritmética.

O conjunto das atividades propostas a partir do segundo encontro,

referia-se a um ou mais banco de dados que deixávamos disponível na pasta de

arquivos de cada grupo. Com base nesse banco de dados, cada grupo deveria

manipular os recursos disponíveis no Tabletop para construção do gráfico que

Page 101: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

83

pudesse auxiliá-lo na resolução das atividades propostas. Todas as construções

gráficas foram salvas em disquetes, separadas por grupo.

Para responder às questões propostas em cada Ficha de Atividade, os

alunos precisavam manipular o banco de dados fornecido para a atividade em

questão. Desta forma, alunos revezavam entre si o tempo de permanência no

computador durante o período, para que todos pudessem usá-lo, tendo em vista

que cada Ficha continha duas ou três atividades.

Os alunos eram bastante solicitados para ir à lousa, a fim de expor as

diferentes estratégias utilizadas na resolução dos problemas. Além disso, após o

término de cada atividade, esta era recolhida e, fazíamos uma discussão a seu

respeito. Assim, os alunos eram solicitados a se manifestarem, também,

oralmente. Um constante estímulo à verbalização do que os alunos estavam

compreendendo sobre o que faziam, tanto no computador como na atividade

escrita era intencional.

As atividades de intervenção elaboradas inicialmente, foram sendo

modificadas, após cada um dos encontros, no qual definíamos a necessidade ou

não da retomada de algumas questões. O tempo para o desenvolvimento de cada

atividade era diferente a cada grupo, tendo em vista a heterogeneidade da classe.

No entanto, tínhamos a preocupação de respeitar as necessidades de cada aluno,

durante todo o desenvolvimento das atividades.

Na seção 4.2.3.2 deste capítulo serão apresentadas de modo detalhado

as atividades de intervenção desenvolvidas na segunda fase do estudo.

Page 102: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

84

O pós-teste foi aplicado 15 dias após o término de nossas atividades de

intervenção, sem prévio aviso, com o objetivo de analisar as concepções dos

alunos, após terem estudado os conceitos envolvidos nas atividades citadas.

Novamente, explicamos aos alunos que embora aquelas atividades

tivessem sido propostas para analisar as novas concepções apresentadas por

eles em relação aos conteúdos trabalhados na intervenção de ensino, a

realização do teste não implicaria em “nota”.

Os procedimentos empregados na aplicação do pós-teste foram os

mesmos do pré-teste, pois ambos são semelhantes quanto à estrutura das

questões diferenciando-se, basicamente, quanto ao objetivo.

Procuramos manter o mesmo grau de dificuldade das questões,

apresentando algumas alterações em relação ao primeiro no que se refere à

quantidade, tipo do ícone apresentado nos gráficos e contexto do problema. Estas

diferenças serão apresentadas de forma detalhada no próximo item.

4.2.3.1. Descrição e análise prévia do pré e pós-teste

Nesta seção, apresentamos a descrição e análise das questões

propostas no pré-teste. Considerando a semelhança entre o pré e o pós-teste,

este último será apenas descrito ao lado do primeiro para que o leitor possa

compará-los.

O pré-teste teve por objetivo identificar os possíveis conceitos

prévios e habilidades dos alunos em relação aos conceitos envolvidos no estudo.

Page 103: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

85

A análise dos resultados do pré-teste auxiliou a determinar o ponto de partida

para a elaboração das atividades propostas na segunda fase.

O pós-teste, embora semelhante ao pré, teve por objetivo analisar a

evolução do aluno, após o desenvolvimento das atividades de intervenção de

ensino utilizando o Tabletop.

A seguir, apresentamos os conhecimentos prévios que procuramos

identificar com a aplicação do pré-teste aos alunos do GE e GC:

• leitura e interpretação de gráficos.

• familiarização do aluno com diferentes escalas.

• realização de previsões e inferências baseadas nos dados sobre

informações que não estejam explícitas no gráfico.

• a concepção de média aritmética que o aluno apresenta.

• quais as propriedades de média aritmética que o aluno

reconhece mesmo que intuitivamente.

Este estudo propôs-se a analisar a introdução do conceito de média

aritmética, utilizando a representação gráfica, assim, consideramos que a leitura e

interpretação dos gráficos de barra representam um conhecimento prévio muito

importante na elaboração de nossas atividades de intervenção.

Apesar de vários autores discutirem a respeito dos níveis de leitura de

gráficos (BERTIN, 1983; MCKNIGHt, 1990; CARSWELL, 1992), baseamo-nos nos

níveis estabelecidos por Curcio (1987) para análise dos instrumentos utilizados

neste estudo, como já descritos no capítulo II.

Page 104: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

86

Quanto às concepções do conceito de média aritmética, ao elaborarmos

o pré-teste, apoiamo-nos em algumas de suas propriedades que, depois foram

usadas em nossas atividades de intervenção. Estas propriedades foram descritas

e empregadas na pesquisa de Strauss e Bichler (1988) e, também, já foram

descritas no capitulo II.

A seguir, destacamos a análise de cada uma das questões do pré-teste,

fornecendo as questões correspondentes ao pós-teste, para que o leitor possa

comparar a similaridade entre os dois instrumentos quanto à sua estrutura:

mesmo grau de dificuldade, diferenciando-se basicamente pela quantidade

envolvida, o contexto (história) do problema e os ícones. Entretanto, destacamos

que o pós-teste não será analisado, pois,além de suas características serem as

mesmas do pré-teste, este não tinha como objetivo diagnosticar os

conhecimentos prévios dos alunos mas, sim, analisar as concepções dos alunos

após o desenvolvimento da intervenção de ensino em ambiente computacional.

4.2.3.1.1. Análise prévia da primeira questão

A primeira questão apresenta um gráfico de barras, a partir do qual

elaboramos cinco itens, abordando a leitura de gráfico e o conceito de média

aritmética. Quanto ao conceito de média aritmética, incluímos, já nesta primeira

questão um item que pudesse nos fornecer alguns parâmetros a respeito do

possível conhecimento intuitivo por parte do aluno das propriedades da média

aritmética. Além disso, inserimos um item no qual o aluno pudesse inferir em

função dos dados apresentados graficamente. Para isso, dividimos a análise da

questão em três partes:

Page 105: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

87

I) Itens que enfatizam a leitura de gráficos;

II) Itens que enfatizam o conceito de média aritmética;

III) Itens que sugerem extrapolação na leitura de gráficos.

1.I) Itens “1a" e “1b”

PRÉ-TESTE PÓS-TESTE 1. Chico vende mini-games na praça da República. No gráfico abaixo está representado a quantidade de mini-games que ele vendeu nos meses de janeiro, fevereiro e março.

0123456789

10111213

Janeiro Fevereiro MarçoQua

ntid

ade

de m

ini-g

ames

2. Maria vende relógios na praça da Sé. No gráfico abaixo está representada a quantidade de relógios que ela vendeu nos meses de janeiro, fevereiro e março.

0123456789

10111213

Janeiro Fervereiro Março

Qua

ntid

ade

de r

elóg

ios

a) Em qual mês “seu Chico” vendeu mais mini-

games? ___

Por que você acha que ele vendeu mais mini-games neste mês?_______________________

b) Em qual mês “seu Chico” vendeu menos mini-

games?__

Por que você acha que ele vendeu menos mini-games neste mês?

a) Em qual mês Maria vendeu menos relógios? ___

Por que você acha que ele vendeu menos relógios neste mês? ___________________

b) Em qual mês Maria vendeu menos relógios? ______

Por que você acha que ela vendeu menos relógios neste mês?____

Figura 4.1: Questão 1 - itens “1a" e “1b” do pré e do pós-teste

Embora os itens “1a" e “1b”, desta questão fossem aparentemente

simples, foram considerados importantes para nosso estudo, visto que a

introdução do conceito de média aritmética foi trabalhada com o uso das

representações gráficas, em ambiente computacional. Assim, foi fundamental

para este estudo diagnosticar o nível de leitura de gráfico no qual nossos alunos

se encontravam.

Page 106: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

88

O objetivo desses dois itens era investigar qual a familiaridade do aluno

no que se refere à leitura do gráfico de barras, de acordo com os níveis de Curcio

(1987) já citados.

Quanto à justificativa solicitada para os dois itens, nosso objetivo era

identificar se a resposta do aluno seria baseada nos dados do gráfico ou em sua

realidade, considerando suas experiências pessoais.

Acreditávamos que os alunos não encontrariam dificuldades para

responder os dois primeiros itens da questão 1, pois o tipo de gráfico é

encontrado, constantemente, em jornais e revistas, além de aparecer com

freqüência nos livros didáticos, abordando conteúdos das mais diversas áreas do

conhecimento, tais como: geografia, ciências, história, dentre outras. Pelas visitas,

que fazíamos à escola, observamos que os alunos tinham acesso em sala de aula

aos materiais supracitados.

Desse modo, nossa expectativa era que todos acertassem a questão

quanto à leitura do gráfico, podendo, apresentar uma diversidade nas justificativas

apresentadas. Nossa expectativa era que as mesmas pudessem ser

apresentadas em função da leitura do gráfico ou da realidade do aluno.

1.II) Itens “1c” e “1d”

Os itens da Questão 1 apresentados a seguir, envolvem, além da

leitura de gráficos, o conceito de média aritmética. Ao contrário dos dois primeiros

itens, consideramos, estes dois últimos, um pouco mais difíceis, tendo em vista

que o aluno deveria “ler entre os dados”, pois segundo Curcio (1987), neste nível,

são incluídos a interpretação e integração dos dados do gráfico, o que requer do

Page 107: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

89

aluno habilidades para comparar quantidades e o uso de outros conceitos e

destrezas matemáticas. Neste caso, além de “ler os dados” o aluno deverá

integrá-los de forma a determinar a média solicitada na questão.

PRÉ-TESTE PÓS-TESTE

c) “Seu Chico” pediu para seu netinho Luis determinar qual foi sua venda média mensal de mini-games nesses meses. Luis pediu ajuda para seus colegas que responderam: Resposta de Luis: sua venda média mensal é 2 mini-games Resposta de Alberto: sua venda média mensal é 12 mini-games. Resposta de Paulo: sua venda média mensal é 4 mini-games. Resposta de Rui: sua venda média mensal é 6 mini-games. Resposta de Carlos: sua venda média mensal é 18 mini-games. E para você, qual é a resposta correta? ____________ Como você faria para convencer “seu Chico” que sua resposta está correta? d) Se “seu Chico” tivesse vendido 7 mini-games no mês de março, sua venda média mensal nesse período seria a mesma?

• Se você acha que SIM, explique porquê nas linhas abaixo.

• Mas se você acha que NÃO, escreva nas linhas abaixo qual seria a nova média.

e) Observe com atenção o gráfico acima novamente e diga quantos mini-games você acha que “seu Chico” deverá vender em Abril._______________________ Como você chegou a esta conclusão? ____________

c) Maria pediu para sua sobrinha Renata determinar qual foi sua venda média mensal de relógios nesses meses. Renata pediu ajuda para suas colegas que responderam: Resposta de Joana: sua venda média mensal é 4 relógios. Resposta de Sônia: sua venda média mensal é 8 relógios. Resposta de Carmem: sua venda média mensal é 11 relógios. Resposta de Silvia: sua venda média mensal é 9 relógios. Resposta de Carina: sua venda média mensal é 24 relógios. E para você, qual é a resposta correta?____________ Como você faria para convencer Maria que sua resposta está correta? d) Se Maria tivesse vendido 6 relógios no mês de fevereiro, sua venda média mensal nesse período seria a mesma?

• Se você acha que SIM, explique porquê nas linhas abaixo.

• Mas se você acha que NÃO, escreva nas linhas abaixo qual seria a nova média.

e) Observe com atenção o gráfico acima novamente e diga quantos relógios você acha que Maria poderá vender em Abril.________________________ Como você chegou a esta conclusão? ___________

Figura 4.2: Questão 1 – itens “1c”, “1d“ e “1e” do pré e do pós-teste

Para o item “1c” nosso objetivo era observar qual concepção o aluno

possuía sobre média aritmética, visto que o mesmo é abordado nos mais variados

contextos.

A expectativa era que poucos alunos conseguissem acertar essa

questão, visto que o trabalho com conceitos elementares de Estatística desde as

séries iniciais foi recentemente proposto pelo PCN (1997). Além disso, os

Page 108: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

90

resultados de pesquisas indicam a dificuldade dos alunos na compreensão deste

conceito em vários níveis de escolaridade (CAI, 1995; MOKROS e RUSSELL, 1995;

CAZORLA, 2002; SANTOS, 2003, STELLA,2003).

A resposta fornecida pelo aluno pode nos informar sua concepção em

relação à média aritmética, assim, foi elaborada uma análise prévia para cada

uma das possíveis respostas.

• RESPOSTA DE LUÍS: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 2 MINIGAMES.

Para esta resposta, o aluno pode ter considerado a média como o ponto de

mínimo do gráfico. A concordância com esta resposta indica a ausência da

concepção de média como sendo um valor representativo dos dados do conjunto.

• RESPOSTA DE ALBERTO: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 12 MINIGAMES.

Para esta resposta, o aluno não observou a média como um valor

intermediário entre menor e maior valor do conjunto. A concordância com esta

resposta, também, pode nos indicar a ausência da concepção de média como

sendo um valor representativo dos dados do conjunto.

• RESPOSTA DE PAULO: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 4 MINIGAMES.

O aluno que apresentasse esta resposta, possivelmente, teria a

compreensão de que a média não precisa ser um dos valores do conjunto e

observa que a média deve ser um valor compreendido entre maior e menor valor

dos dados do conjunto.

Page 109: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

91

• RESPOSTA DE RUI: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 6 MINIGAMES.

As crianças que concordassem com Rui, provavelmente, possuíam

alguma noção, mesmo que intuitiva sobre média. Entretanto, podem ter pensado

em média como o valor intermediário, o que coincidiu para que encontrassem a

resposta esperada. Mas, neste caso, esta concepção apresentada pode ter sido

de mediana e não de média aritmética.

• RESPOSTA DE CARLOS: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 18 MINIGAMES.

Para esta resposta, os alunos não observaram a média como um valor

compreendido entre maior e menor valor dos dados do conjunto, mostrando uma

concepção de média como soma dos valores do conjunto. A concordância com

esta resposta também pode indicar a ausência da concepção de média, como

sendo um valor representativo dos dados do conjunto.

Ao solicitar ao aluno a justificativa de sua resposta neste item, nosso

objetivo era observar qual sua concepção a respeito do conceito de média

aritmética, conforme a análise mostrada acima para cada um dos itens.

Para o item “1d” desta questão, o objetivo era diagnosticar a

compreensão do aluno, mais especificamente, quanto à seguinte propriedade de

média: “o valor da média é influenciado por cada um dos valores dos dados”

(STRAUSS E BICHLER, 1988). O aluno pode apresentar o entendimento desta

propriedade sem, necessariamente, saber calcular a média.

Achávamos que a maioria dos alunos pudesse perceber que, existindo

uma alteração do valor de um dos dados, neste caso, a média seria alterada.

Uma vez dada a resposta NÃO pelos alunos, poderia indicar uma noção intuitiva

Page 110: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

92

da propriedade em questão. Entretanto, julgávamos que pudessem apresentar

dificuldades na determinação da nova média, em razão de ser este um conteúdo

ainda não estudado formalmente por esses alunos.

É importante destacar que os itens “1c” e “1d” foram considerados

corretos em função de sua justificativa quanto ao conceito de média aritmética. No

caso da justificativa do aluno, apresentar outra concepção que não fosse de

média aritmética, esta não foi considerada correta, pois a investigação do

presente trabalho ocorre com esse conceito.

1.III) Item 1e

No item “1e”, o objetivo era propor ao aluno a realização de uma

previsão que requer a interpretação e integração dos dados representados

graficamente. Nesse item, podemos analisar qual o caminho percorrido pelo

aluno para inferir sobre os dados apresentados no gráfico; que segundo Curcio

(1987), consiste em uma “leitura além dos dados”.

Embora esta seja uma questão aberta, nossa expectativa era que a

maioria dos alunos respondesse 14 minigames, pois achávamos que eles

pudessem se apropriar de sua percepção sobre o aumento que está ocorrendo

mês a mês, que é de quatro unidades a mais em relação ao mês anterior. Para a

correção deste item, não atribuímos certo ou errado, visto que será analisado

qualitativamente.

No pós-teste, esta era a segunda questão a ser aplicada, conforme as

adaptações apresentadas. Procuramos manter o mesmo grau de dificuldade,

tendo alterado basicamente as quantidades envolvidas e o contexto da situação

Page 111: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

93

do pré-teste. Quanto ao item “1c”, consideramos importante mudar a ordem das

opções e apresentar como possibilidade de resposta o maior valor mostrado no

gráfico, o que, por inexperiência da pesquisadora, não tínhamos feito no pré-

teste.

4.2.3.1.2. Análise prévia da segunda questão

Esta questão possui características semelhantes à anterior, entretanto o

grau de dificuldade pode ser considerado maior que o da anterior, em razão de

dois fatores, a saber: a escala do gráfico encontra-se graduada de duas em duas

unidades, com valores de alguns dos dados apresentados implicitamente no eixo.

Além disso, o gráfico da questão continha uma maior quantidade de dados e o

valor de um deles, zero.

Assim como a primeira, esta segunda questão, também demonstra

informações representadas no gráfico de barras, com base nas quais elaboramos

alguns itens que também citam aspectos relativos à leitura e interpretação de

gráfico e conceito de média aritmética. Assim, utilizamos a mesma divisão feita na

questão anterior para melhor analisá-la.

A seguir, apresentamos a segunda questão completa do pré-teste, e sua

similar aplicada no pós-teste.

Page 112: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

94

Figura 4.3: Questão 2 – itens “2a” à “2f“ do pré e do pós-teste

2.I) Itens “2a", “2b”, “2c” e “2d”

O objetivo do item “2a" era observar se o aluno estava “lendo entre os

dados”, tendo em vista que, para responder esse item, seria preciso que ele

elaborasse uma integração dos dados representados graficamente, que, neste

caso, consistiu na soma dos valores dos dados do conjunto. Além disso, este item

deveria permitir que identificássemos a familiaridade do aluno com a leitura de

escalas de forma indireta.

PRÉ-TESTE PÓS-TESTE

1) O gráfico abaixo informa o consumo de pães, da família de “seu Chico” durante uma semana.

0

2

4

6

8

10

12

2a 3a. 4a. 5a. 6a. sábado domingo

Dias da semana

Qua

ntid

ade

de p

ães

Lendo as informações no gráfico, responda as seguintes questões: a) Qual o total de pães consumidos por essa

família nessa semana?________________ b) Em que dia o consumo de pães foi maior?____ c) Em que dia o consumo de pães foi

menor?____ d) Teve algum dia nessa semana em que não

houve consumo de pão pela família do seu Chico?_____________________________ Se sim, qual foi esse dia?________________

e) Qual foi o consumo médio diário de pães dessa família?______

f) Que conta você fez para achar esse valor? ___

2) O gráfico abaixo informa o consumo de frutas, da família de Maria durante uma semana.

0

2

4

6

8

10

12

2a 3a. 4a. 5a. 6a. sábado domingo

Dias da semana

Qua

ntid

ade

de fr

utas

Lendo as informações no gráfico, responda as seguintes questões: a) Qual o total de frutas consumidas por essa

família nessa semana?___________________ b) Em que dia o consumo de frutas foi

maior?______ c) Em que dia o consumo de frutas foi

menor?______ d) Teve algum dia nessa semana em que não

houve consumo de frutas pela família de Maria?__________

Se sim, qual foi esse dia?__________________ e) Qual foi o consumo médio diário de pães dessa

família?______________________________ f) Que conta você fez para achar esse valor?

______

Page 113: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

95

Achávamos que esta questão pudesse apresentar certa dificuldade aos

alunos no que se refere à leitura dos dados nessa escala, mas, não quanto à

soma dos valores lidos. Supúnhamos que alguns alunos indicassem 2,5 para se

referir à leitura da quantidade igual a 3. Isto se justifica pela dificuldade na leitura

de dados cujos valores são apresentados implicitamente na escala.

Item “2b”

Este item diferiu do item “2a" da questão 1, apenas quanto à escala, pois

não mostrou maior dificuldade ao aluno por se tratar da leitura de um ponto

extremo. Neste item, o objetivo era investigar qual a familiaridade do aluno no que

se refere à “leitura dos dados” no gráfico de barras, utilizando uma escala distinta

da unitária.

Achávamos que esta questão fosse fácil para a maioria dos alunos, visto

que pesquisas indicam que, apesar das crianças no Ensino Fundamental

raramente tratarem de fatores globais, elas são capazes de fazer leituras pontuais

nos gráficos de barras (SANTOS e GITIRANA, 1999).

Item “2c”

O objetivo para este item era investigar se o aluno conseguiria identificar o

menor valor do conjunto “zero”, quando se trata de representação gráfica.

Neste item, a expectativa era que alguns alunos respondessem como o

dia, em que o consumo foi menor a segunda-feira (por haver um consumo de dois

pães), outros alunos apontassem o domingo (consumo de “zero” pães).

Page 114: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

96

Item “2d”

No item “2d”, o objetivo era investigar se o aluno reconhecia o “zero”

como valor do conjunto de dados na representação gráfica, ou seja, se ele fazia a

leitura desse valor.

Para esta questão, a expectativa era que os alunos identificassem o

domingo como o dia, em que não houve consumo de pães. Ao responder este

item, acreditávamos que o aluno pudesse voltar ao item anterior e refletir sobre o

resultado encontrado.

2.II) Itens “2e” e “2f”

O objetivo principal para o item “2e” era observar qual a concepção do

aluno sobre média aritmética, visto que a mesma é abordada nos mais variados

contextos. Quanto ao item “2f”, nosso objetivo era tentar observar qual o

procedimento matemático que ele utilizaria na determinação da média.

Esperava-se que o aluno empregasse o gráfico para distribuir pães entre

os dias da semana, de forma a obter a mesma quantidade nos sete dias, obtendo

a média solicitada. Achávamos que poucos alunos pudessem obter a média,

somando todos os valores e dividindo por sete, tendo em vista que esses alunos

não estudaram ainda este conteúdo, pelo menos, formalmente.

No pós-teste, esta era a primeira questão a ser aplicada. Procuramos

manter o mesmo grau de dificuldade em relação à correspondente questão do

pré-teste, tendo alterado basicamente o valor dos dados e o contexto da situação.

Page 115: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

97

Mudamos a posição do valor nulo na representação gráfica, pois, no pré-teste,

este valor encontrava-se no final do gráfico.

4.2.3.1.3. Análise prévia da terceira questão

Nesta questão, o gráfico de dupla entrada apresentado foi construído

pelo software Tabletop, que será trabalhado na fase de intervenção de ensino.

Neste tipo de gráfico, são apresentadas variáveis, tanto no eixo vertical como no

eixo horizontal, o que pode dificultar sua leitura. Neste sentido, nosso objetivo era

investigar as dificuldades apresentadas pelos alunos quanto à leitura desse tipo

de gráfico, assim como identificar a concepção que ele possuía sobre o conceito

de média aritmética.

Julgávamos que este tipo de gráfico pudesse causar maior dificuldade

de leitura aos alunos. Além deste tipo de gráfico ser pouco explorado pela mídia

escrita, temos a pesquisa de Santos (2003) que indica a dificuldade na leitura de

gráfico semelhante a este por professores do Ensino Fundamental. A autora

citada apresenta algumas situações, dentre as quais, a de uma professora que

elabora a leitura do gráfico de dupla entrada como se os eixos estivessem

invertidos.

Page 116: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

98

Figura 4.4: Questão 3 – itens “3a” à “3d“ do pré e do pós-teste

3.I) Itens “3a”, “3b” e “3c”

No item “3a", pretendíamos analisar se o aluno seria capaz de fazer a

leitura do gráfico, relacionando as variáveis envolvidas nos dois eixos, para isso

ele deveria ler os dados no eixo vertical, mas quantificá-los no sentido horizontal

para depois compará-los.

PRÉ-TESTE PÓS-TESTE

3) As crianças da 5a. série da escola Caetano de Campos fizeram uma campanha de reciclagem de latinhas de refrigerante. O grupo de Cristina marcou no gráfico abaixo, as latinhas que conseguiram trazer em cada um dos cinco dias da semana.

a) Qual a marca de refrigerante foi menos

recolhida pelo grupo durante a semana?_____ O que fez você saber que foi essa a marca menos recolhida? _______________

b) Carlos acha que no 2o dia foram trazidas menos latas de refrigerantes. Você concorda com ele?__________________________ Por que?_____________________________

c) Qual o total de latas de refrigerantes trazidas na semana?___________ Se alguém disser que sua resposta está errada, como você prova que ela está certa?

d) Qual a média diária de latas trazidas nesta semana? Como você chegou a esta resposta?

3) Os alunos da 5a. série da escola Caetano de Campos organizaram a Campanha do Agasalho para ajudar as crianças da comunidade. O grupo de Patrícia marcou no gráfico abaixo, os agasalhos que conseguiram trazer em cada um dos cinco dias da semana. a) Qual o tipo de agasalho que foi menos recolhido pelo

grupo durante a semana?_________________ O que fez você saber que foi esse o tipo de agasalho menos recolhido?______________

b) João acha que na 3a feira foram recolhidos menos agasalhos. Você concorda com ele? ________ Por que?_______________________________

c) Qual o total de agasalhos trazidos na semana?__________________ Se alguém disser que sua resposta está errada, como você prova que ela está certa? ____________

d) Qual a média diária de agasalhos trazidos nesta semana? Como você chegou a esta resposta?

Page 117: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

99

No item “3b”, a pergunta foi feita de forma indireta. Era proposto ao

aluno que realizasse a leitura do gráfico, relacionando as variáveis envolvidas nos

dois eixos, porém, neste item os dados a serem comparados situavam-se no eixo

horizontal, devendo ser quantificados no sentido vertical.

Quanto à leitura do gráfico, o item “3c” requer que o aluno determine a

soma dos valores da variável do eixo vertical (refrigerantes) recolhidos na

semana, exigindo que ele quantifique esse total de refrigerantes.

Quanto à justificativa, interessou observar qual foi a estratégia utilizada

pelo aluno, de acordo com as diversas possibilidades oferecidas para resolução

desses itens.

A expectativa para os itens "3a" e “3b” era que o aluno pudesse totalizar

os ícones referentes a cada categoria, contando um a um ou elaborando somas

parciais no eixo da categoria solicitada (vertical: “3a" e horizontal: “3b”),

totalizando-as para depois comparar.

Para o item “3c”, julgávamos que o aluno elaborasse as somas parciais

em qualquer um dos sentidos (vertical ou horizontal) para depois totalizá-las. A

justificativa do item “3c” pode nos levar a observar qual estratégia foi utilizada pelo

aluno nesta contagem, ou seja, o aluno priorizou a leitura vertical ou horizontal, ou

ainda, se simplesmente usou a contagem de latinhas uma a uma.

Page 118: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

100

3.II) Item “3d”

O objetivo deste item, assim como outros relativos à média era também

investigar, qual a concepção que o aluno apresentava sobre média aritmética. No

entanto, nossa expectativa era que esta representação gráfica facilitasse ao aluno

desenvolver uma estratégia de distribuição dos ícones para resolvê-la.

4.2.3.2. Análise prévia das atividades de intervenção de ensino

As atividades de intervenção foram desenvolvidas praticamente um mês

após a aplicação do pré-teste. No período, recorremos a uma breve análise dos

resultados do instrumento aplicado para que pudéssemos elaborar as atividades

de intervenção, considerando o conhecimento prévio mostrado pelos alunos.

Neste sentido, os resultados encontrados quanto à leitura de gráficos,

mostraram que este poderia ser um bom caminho ao desenvolvimento do trabalho

proposto. Além disso, 52% dos alunos apresentaram a concepção de média como

soma dos valores do conjunto que consiste em um dos invariantes usados na

determinação da média aritmética. Isto sugeriu que o desenvolvimento de

atividades abordando o processo de redistribuição de dados poderia ser um bom

caminho para introduzir o conceito de média aritmética nos alunos.

Todos os alunos do GE realizaram as atividades de intervenção no

laboratório de informática da própria escola, onde trabalharam o tempo todo em

grupo. Foram realizados oito encontros de 1h30 para cada um desses encontros,

nos quais eram propostos uma Ficha de Atividades constituída de uma, duas ou

três Atividades.

Page 119: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

101

Apresentamos uma breve descrição dessas oito fichas, com os objetivos

previstos para cada conjunto de atividades. As Fichas de Atividades encontram-se

em sua íntegra no anexo 2.

4.2.3.2.1. FICHA 1

A seguir, apresentamos as três atividades constituintes da Ficha 1,

aplicadas no primeiro encontro da intervenção de ensino. Pelo desenvolvimento

dessas atividades, pretendíamos partir de uma sensibilização dos alunos para

iniciar a coleta de dados, solicitada na Atividade 1A. Esta coleta foi adotada para

que o aluno observasse a necessidade de organizar os dados obtidos e

familiarizar-se com o banco de dados Tabletop. Na seqüência, especificamos

nossos objetivos para cada uma das atividades desta Ficha.

Atividade 1A

A atividade 1A sugeria uma familiarização inicial com o banco de dados

Tabletop, partindo de uma coleta de dados feita pelos alunos. Inicialmente, eram

anotados os dados dos colegas no protocolo fornecido para cada grupo e depois

digitados.

Nesta atividade inicial com o Tabletop, o objetivo era que o aluno

organizasse os dados coletados no banco de dados, de forma que tivesse seu

primeiro contato com alguns recursos oferecidos pelo software. A pesquisadora

fez uma exposição inicial sobre o significado dos termos presentes no menu

principal, quais sejam: File, Open, Close, Save.

Page 120: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

102

Embora tenhamos discutido com os alunos sobre a organização dos

dados, a tabela foi entregue já com os campos especificados para preenchimento,

tendo em vista que este não era o foco de nosso trabalho.

Figura 4.5: Atividade 1A da intervenção de ensino

Supúnhamos que esta questão fosse fácil, pois conhecer os dados das

pessoas da própria família faz parte do cotidiano das crianças. A tarefa que

poderia apresentar alguma dificuldade, encontrava-se na fase que o aluno

organizasse os dados no Tabletop, tendo em vista ser este o primeiro contato

com o software para muitas dessas crianças. Achávamos que eles encontrariam

alguma dificuldade quanto à digitação dos dados, considerando sua pouca

familiaridade com o computador.

Atividade 1B

O banco de dados FAMI-COL.tdb que os alunos salvaram na atividade

anterior, foi utilizado e, assim, encaminhamos a atividade 1B com a finalidade de

introduzir a construção de gráficos no Tabletop. Para isto, foi feita uma breve

exposição sobre os tipos de gráfico disponíveis pelo software, com os quais

1) Vocês irão desenvolver várias atividades neste grupo durante alguns encontros. O que vocês acham de se conhecerem melhor? Anotem na tabela abaixo os dados das pessoas que formam as famílias de todos os alunos de seu grupo. Anotem, também se a pessoa é adulto ou criança e o seu sexo. Não se esqueçam que vocês também fazem parte de suas próprias famílias!

ALUNO

NOME DO FAMILIAR

ADULTO/CRIANÇA

SEXO F/M

Digitem estes dados na tabela do tabletop FAMI-COL.TDB. Não se esqueçam de salvar esses dados após a digitação.

Page 121: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

103

iríamos desenvolver as atividades propostas: gráfico de freqüência e o gráfico de

dupla entrada.

Esta atividade tinha objetivos específicos para introduzir a construção do

gráfico de freqüência e desenvolver as habilidades do aluno em relação à leitura

desse tipo gráfico.

Figura 4.6: Atividade 1B da intervenção de ensino

Supúnhamos que esta atividade não apresentasse dificuldades aos

alunos no que se refere à leitura do gráfico, tendo em vista os resultados que eles

obtiveram no pré-teste. Por outro lado, achávamos que os alunos pudessem

ainda apresentar algumas dificuldades no manuseio com os recursos do software,

pois, encontravam-se ainda na fase de familiarização com o Tabletop.

Atividade 1C

Ainda usando o banco de dados FAMI-COL.tdb, decidimos

complementar as atividades 1A e 1B.

A atividade 1C tinha como um de seus objetivos desenvolver a

percepção do aluno, quanto à articulação entre representação gráfica e

representação tabular. Vergnaud (1985) considera que os exercícios que

1)Com os dados desta tabela, façam um gráfico com o auxílio do tabletop que represente a quantidade de pessoas que pertencem à família de cada aluno do seu grupo. Não se esqueçam de salvar este gráfico como FAMI-COL.TT Observando o gráfico que vocês fizeram, respondam às questões abaixo:

a) A família de qual aluno do seu grupo tem mais pessoas?_________________ Quantas pessoas tem nessa família?__________________________________ b) A família de qual aluno do seu grupo tem menos pessoas?_________________ Quantas pessoas tem nessa família?___________________________________ c) Há colegas do seu grupo que têm a mesma quantidade de pessoas na família?_______________ Se houver, quais são os alunos com a mesma quantidade de pessoas na família? ____________________

Agora vocês já conhecem um pouco mais sobre seus coleguinhas!

Page 122: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

104

permitem uma transição entre registros de representação, são importantes

recursos pedagógicos para o desenvolvimento de atividades lógico-matemáticas.

Figura 4.7: Atividade 1C da intervenção de ensino

Considerávamos que esta atividade fosse um pouco mais difícil, pois

julgávamos que os alunos ainda não tinham observado a relação existente entre

as duas representações Desta forma, acreditávamos que alguns alunos

pudessem sugerir a elaboração de um novo banco de dados para incluir o

Imaginário.

4.2.3.2.2. FICHA 2

Esta ficha constituiu-se de duas atividades e seu objetivo era dar

continuidade à exploração dos recursos oferecidos pelo software. Queríamos que

o aluno construísse o gráfico e manipulasse os dados apresentados. A seguir,

apresentamos cada atividade e seus objetivos específicos.

Bom dia! Me desculpem pelo atraso. Meu relógio não despertou e acabei me atrasando!

Como vocês puderam observar, acabou de chegar um aluno um pouco atrasado! Seu nome é “Imaginário”! 1) “Imaginário” gostaria de entrar no seu grupo. Como ficaria o gráfico com esse novo aluno, sabendo que ele mora sozinho? Construa esse gráfico e salve-o como FAMI-IMA.TT

Page 123: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

105

Atividade 2A

Nesta atividade, queríamos oferecer ao aluno maior familiarização com

os recursos do Tabletop quanto à construção do gráfico de freqüência e a leitura

desse tipo de gráfico. Além disso, sugerir aos alunos a possibilidade de troca da

posição de categorias (alunos) no eixo horizontal, utilizando os recursos do

software.

Na festa dos aniversariantes do mês de abril da classe da Professora Carla tinha um “bexigão” cheio de

balas. Ao estourar o “bexigão”, cada aluno pegou algumas balas. O banco de dados ANIVBALA.TDB

fornece a quantidade de balas pegas por quatro alunos dessa classe.

1) Utilizando os dados do ANIVBALA.TDB, construam um gráfico que

mostre a quantidade de balas que cada um destes alunos pegou. Salvem

este gráfico com o nome de ANIVBALA.TT

Utilizem este gráfico para responder as questões abaixo:

a) Qual aluno pegou mais balas?__________________________

Quantas balas ele pegou?_____________________________

b) Qual aluno pegou menos balas?_________________________

Quantas balas ele pegou?_______________________________

c) Houve alunos que pegaram a mesma quantidade de balas?________________

Se sim, quais foram esses alunos?_________________________________

d) Quantas balas foram pegas, no total, por estes quatro alunos?______________

e) Quantas balas pegou João?___________________________________

Figura 4.8: Atividade 2A da intervenção de ensino

Esperávamos que os alunos observassem a escala apresentada no

gráfico ao invés da contagem dos ícones um a um. Considerávamos que

pudessem apresentar dificuldades em relação à leitura dos dados, cujos valores

não estivessem explícitos no eixo vertical.

Page 124: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

106

Atividade 2B

O objetivo desta atividade era desafiar o aluno a buscar estratégias para

solucionar o problema proposto. Queríamos que ele observasse a relação

existente entre gráfico e tabela, em vista de precisar alterar este último. Além

disso, nesta atividade, introduziríamos o conceito de média aritmética,

apresentando uma situação de quantidade eqüitativa.

Camila ficou triste porque João conseguiu apenas duas balas. Ela propôs aos alunos de seu grupo

que seria mais justo que todos ficassem com a mesma quantidade de balas.

1) Como ficaria o gráfico se cada aluno ficasse com a mesma

quantidade de balas? Construam esse gráfico. Salvem-no

como ANI-JOÃO.TT

2) De acordo com a proposta de Camila, com quantas balas

cada aluno ficaria?______________

Essa quantidade de balas com que cada aluno ficaria é chamada de média dessas quatro quantidades. No dia-a-dia, vocês já devem ter ouvido expressões do tipo:

• Em média eles ganham... • A média de gols... • A média de filhos por família é...

Sendo assim, podemos dizer que a média dessas quatro quantidades é 5 balas.

Figura 4.9: Atividade 2B da intervenção de ensino

Nossa expectativa era que o aluno encontrasse dificuldade, tentando

alterar os dados, considerando apenas a representação gráfica, por não ter ainda

observado a relação existente entre tabela e gráfico.

VAMOS AJUDAR A CAMILA?

Obrigado por terem Ajudado a Camila!

Page 125: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

107

4.2.3.2.3. FICHA 3

A Ficha 3 constituiu-se de duas atividades e seu objetivo era dar

continuidade à construção do conceito de média aritmética. Para isso, continua

explorando a leitura do gráfico de freqüência e a manipulação dos dados

apresentados. Além disso, nesta ficha, foi introduzida uma das propriedades da

média aritmética.

Atividade 3A

Com a proposta da atividade 3A, nosso objetivo era oferecer ao aluno

uma nova situação. Embora semelhante à atividade 2B, a atividade 3A permitiu

investigar se o aluno passou ou não a observar a relação existente entre tabela e

gráfico.

Queríamos observar qual o caminho percorrido pelo aluno, no que tange

às questões de leitura do gráfico: escala ou contagem dos ícones.Nesta atividade,

propusemos uma situação de quantidade eqüitativa para determinação da média

aritmética.

Na festa dos aniversariantes do mês de abril da professora Carla havia outros alunos. O banco de dados PAULA.TDB fornece a quantidade de balas que os alunos do grupo de Paula pegaram ao estourar o “bexigão”. 1)Utilizando este banco de dados, construa o gráfico de freqüência. 2) Observando este gráfico respondam: a) Qual o total de balas que este grupo de alunos pegou? _________ b) Qual o total de alunos deste grupo? _______________________ c) Se cada aluno ficasse com a mesma quantidade de balas, com quantas balas cada um ficaria?

_____________________________ d) Como é chamada essa quantidade que vocês encontraram na pergunta c)? __________

Figura 4.10: Atividade 3A da intervenção de ensino

Page 126: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

108

A expectativa era que o aluno encontrasse menos dificuldade nesta

atividade, tendo em vista já ter utilizado uma das estratégias necessárias para sua

resolução em uma situação anterior.

Atividade 3B

Na atividade 3B, o objetivo era dar continuidade ao desenvolvimento do

conceito de média aritmética, complementando a situação anterior com uma das

propriedades da média aritmética: “O valor da média é influenciado por cada um

dos valores dos dados”. A atividade sugere ao aluno que reorganize sua tabela,

para determinar a nova média, para isso pode buscar a quantidade eqüitativa,

podendo também ter percebido a relação existente entre a soma dos valores dos

dados do conjunto e o número total de dados. Quanto à leitura e interpretação de

gráficos, o aluno poderá utilizar a escala ou a contagem dos ícones.

Paula tinha se esquecido de contar as 4 balas que havia guardado em seu bolso. Portanto, ela pegou 12 balas. 1) Refaçam o gráfico acrescentando as balas que Paula encontrou em seu bolso. (PAULAB.TT) 2) Observando este novo gráfico respondam: a) O total de balas mudou? ____________________________________________ Se sim, qual é o novo total de balas? _________________________________ b) O total de alunos mudou? __________________________________________ Se sim, qual é o novo total de alunos? ________________________________ c) Antes de Paula encontrar as balas em seu bolso, cada aluno ficaria com 4 balas. Acrescentando as balas que Paula achou, a média de balas por aluno vai mudar? ___________ Se sim, qual será a nova média? ____________________________________ Essa nova média é maior ou menor que a média anterior?_________________

Figura 4.11: Atividade 3B da intervenção de ensino

Page 127: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

109

Nossa expectativa era que o aluno observasse a relação existente entre

representação gráfica e tabular. A partir dessa observação, elaborasse a

redistribuição necessária como estratégia de resolução do problema proposto.

4.2.3.2.4. FICHA 4

A Ficha 4 possui três atividades e tinha como objetivo geral dar

continuidade ao desenvolvimento da leitura do gráfico de freqüência, utilizando

escalas diferentes e oferecer novas situações que retomem e complementem as

situações propostas anteriormente, envolvendo novas propriedades da média

aritmética.

Atividade 3C

Esta atividade retoma a anterior e tem por objetivo fazer com que o

aluno observe que, com a diminuição do valor de um dos dados do conjunto, o

valor da média também diminui (propriedade C). Os alunos podem usar a

redistribuição e ou a relação entre o total de balas do grupo e o total de alunos do

grupo para determinar a média aritmética.

Paula pensou em guardar para seus irmãos, 8 das balas que tinha pego. Os colegas do grupo concordaram.

1) Refaçam o gráfico, retirando as 8 balas que Paula guardou. (PAULAC.TT)

2) Respondam, observando este último gráfico feito: a) Qual o total de balas do grupo? ______________________________________ b) Qual o total de alunos do grupo? _____________________________________ c) Qual a média de balas por aluno? ____________________________________ d) O que aconteceu com a média? ______________________________________ e) Se vocês fossem do grupo de Paula, vocês concordariam com que ela guardasse as 8 balas? ________ Porque? __________________________________________________________________

Figura 4.12: Atividade 3C da intervenção de ensino

Page 128: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

110

Atividade 3D

A atividade 3D, mantém a quantidade de alunos da atividade 3C,

alterando apenas a número total de balas. Sugere que o aluno observe, se houver

uma diminuição na quantidade de balas, o valor da média também diminuirá,

tendo em vista que permaneceu inalterado o número de alunos para tal

distribuição.

1) Supondo que Paula tivesse guardado todas as suas balas, como ficaria o gráfico? Faça-o no Tabletop.

(PAULAD.TT)

2) Observando este último gráfico, respondam: a) Qual o total de balas do grupo? _____________________________________ b) Qual o total de alunos do grupo? ____________________________________ c) Qual a média de balas por aluno? ___________________________________ d) O que aconteceu com a média? _____________________________________ e) Seria melhor para Paula guardar todas as suas balas ou não?______________ Por que? __________________________________________________________

Figura 4.13: Atividade 3D da intervenção de ensino

Nesta atividade, acreditamos que o aluno esteja ainda usando o

processo de redistribuição, porém com maior facilidade possa perceber a relação

existente entre gráfico e tabela.

Atividade 4

Nesta atividade, introduzimos uma nova propriedade da média aritmética

“Os valores nulos devem ser levados em conta no cálculo da média”, inserida em

uma nova situação proposta ao aluno. Nosso objetivo era observar se o aluno

incluíria ou não a criança que não havia pego nenhuma bala no total de crianças

do grupo para determinar a média. Na atividade, foi também trabalhada a situação

Page 129: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

111

da média como algorítmo, ao sugerir que eles utilizassem o total de balas pegas

pelo grupo e o total de crianças do grupo.

No gráfico de freqüência BRUNA.TT, está representada a quantidade de balas que cada aluno do grupo de Bruna pegou, na festa da classe da professora Carla. 1) Observando este gráfico e, sem modificá-lo, respondam: a) Havia alguém que não conseguiu pegar nenhuma bala? _________ Quem? _______________________________________________ b) Se cada aluno ficasse com a mesma quantidade de balas, com quantas

balas cada um ficaria? _____________________________ c) Como é chamada essa quantidade que vocês encontraram na pergunta b)? __ d) Qual o total de balas pegas pelo grupo? ______________________ e) Qual o total de alunos deste grupo? __________________________ f) Vocês saberiam calcular a média utilizando o total de balas pegas pelo grupo

e o total de alunos deste grupo? _____________________ Se sim, que conta vocês fariam? g) Bruna não ficou muito contente ao perceber que Tiago ficaria com a mesma

quantidade de balas que todos do grupo, afinal ele não tinha pego nenhuma bala. Vocês concordam com Bruna? Por que? ____________________________________________________________________

h) Para encontrar a média de balas por aluno precisamos incluir Tiago ou não? _______________

Figura 4.14: Atividade 4 da intervenção de ensino

Julgamos que o aluno possa computar a criança que não havia pego

nenhuma bala, para determinar o número total de crianças do grupo, caso ela

elabore a redistribuição das balas na representação gráfica. Este procedimento

pode auxiliar o aluno a observar que o valor nulo quando aparece, deve ser

inserido no cálculo da média.

4.2.3.2.5. FICHA 5

A Ficha 5 é constituída de uma atividade, seu objetivo geral consistiu em

dar continuidade ao desenvolvimento de leitura e interpretação do gráfico de

freqüência e do conceito de média aritmética, oferecendo nova situação e,

propriedade do conceito de média. Nesta atividade, foi trabalhada uma situação

Page 130: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

112

Estou preparando uma festa! Vocês podem me ajudar?

de média, como valor representativo, a partir da qual o aluno poderia elaborar

algumas previsões.

Tia Nena está preparando uma festa para os alunos da 4a. série. Para isso ela precisa saber qual a média de salgadinhos consumida por essas crianças. O banco de dados ATNENA.TDB fornece a quantidade de salgadinhos consumida por seis alunos da 4a.série onde será a festa. Utilizando o tabletop, construam o gráfico de freqüência ATNENAF.TT. 1) Observando este gráfico, respondam: a) Qual a quantidade média de salgadinhos consumida pelos alunos deste grupo?___________ b) Quem consome mais salgadinhos? _____________________________

Quantos?_____________________ c) Quem consome menos salgadinhos?________________________________

Quantos?_____________________ d) Tem algum aluno do grupo, que consome mais salgadinhos que a quantidade média de

salgadinhos consumida pelos alunos do grupo? __________________ Quem?____________________________________________________________

e) Tem algum aluno do grupo, que consome menos salgadinhos que a quantidade média de salgadinhos consumida pelos alunos do grupo?____________________

Quem?____________________________________________________________ f) Tem algum aluno do grupo, que consome a mesma quantidade da média de salgadinhos

consumida pelos alunos do grupo?___________________________ Quem?____________________________________________________________

g) Vocês acham que com esses dados, a Tia Nena pode fazer uma previsão de quantos salgadinhos ela deverá preparar para a classe toda?________________

Por que?__________________________________________________________ h) Se for possível fazer a previsão, quantos salgadinhos ela precisará fazer para uma classe com

30 alunos?___________________________________________ Como vocês chegaram a este resultado? _______________________________

Figura 4.15: Atividade 5A da intervenção de ensino

Atividade 5A

Nesta atividade, foi enfatizada a seguinte propriedade da média

aritmética: “A média é um valor compreendido entre os extremos da distribuição”.

Entretanto, o objetivo consistiu em observar se o aluno conseguiria determinar a

média usando apenas a representação gráfica e quais as estratégias empregadas

Page 131: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

113

por ele. Além disso, a situação proposta sugeria a percepção da média como

valor representativo do conjunto de dados, na qual propusemos que o aluno

realizasse uma previsão baseada nos dados fornecidos.

Acreditamos que os alunos possam ter encontrado dificuldade para

responder o item “h”, visto que sua resolução requeria o emprego da média como

valor representativo – propriedade G de média aritmética. Para Strauss e Bichler

(1988), as tarefas envolvendo as propriedades B, F e G foram consideradas mais

difíceis pelos alunos de seu estudo, cuja faixa etária assemelha-se à do presente

estudo.

4.2.3.2.6. FICHA 6

Esta ficha é constituída de duas atividades com a finalidade de

retomar as propriedades de média já abordadas em situações anteriores. Outro

objetivo consistiu em observar qual a relação que o aluno faz entre média e

valores envolvidos na distribuição, além de introduzir a leitura e interpretação do

gráfico de dupla entrada.

Atividade 5B

Nesta primeira atividade da ficha 6, nosso objetivo foi apresentar o

gráfico de dupla entrada. Pretendíamos desenvolver a leitura deste tipo de gráfico

nos dois sentidos: vertical e horizontal. Além disso, queríamos observar de que

forma o aluno determinaria a média aritmética utilizando esse tipo de

representação gráfica.

Page 132: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

114

Nosso objetivo Nessa atividade era orientar o aluno a explorar o

software Tabletop, a partir de sua observação em relação à dificuldade de contar

os ícones um a um. Orientá-los quanto ao uso de recursos disponíveis na barra

de ferramentas exposta, que oferece o “count” para indicar a quantidade

disponível de cada categoria.

1) Utilizando o banco de dados da atividade anterior, construam com o auxílio do tabletop, um gráfico de dupla entrada que possa ajudar Tia Nena. Salve-o como ATNENAD.TT.

2) Observando este gráfico, respondam: a) Qual o total de salgadinhos consumidos pelas meninas? __________________ b) Qual o total de salgadinhos consumidos pelos meninos? ___________________ c) Vocês concordam que as meninas deste grupo consomem mais salgadinhos que os

meninos?____ Por que?__________________________________________________________ d) Qual a Quantidade média de salgadinhos consumida por estes alunos? _________________ e) Podemos afirmar que todos os alunos deste grupo consumiram exatamente _____

salgadinhos?___ Por que?__________________________________________________________

Figura 4.16: Atividade 5B da intervenção de ensino

A expectativa era que os alunos pudessem encontrar maior dificuldade

neste tipo de gráfico para determinar a média, tendo em vista que a freqüência

não se encontra de forma tão explícita, como no anterior. Nessa atividade, o tipo

de gráfico apresenta duas variáveis (salgadinhos e alunos). Julgamos que os

alunos pudessem encontrar dificuldades para determinar em qual das variáveis a

soma dos valores do conjunto deveria ser distribuída.

Tia Nena quer saber se é verdade que, nesta classe, as meninas consomem mais salgadinhos que os meninos.

VAMOS

CONSTRUIR

UM GRÁFICO

QUE AJUDE A

TIA NENA?

Page 133: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

115

Atividade 6A

Para esta atividade o objetivo era complementar a anterior, no sentido

de desenvolver a leitura do gráfico de dupla entrada. Partindo dessa leitura,

queríamos observar de que forma o aluno construiria esse gráfico, pois

dependeria de cada grupo a determinação das variáveis destinadas ao eixo

vertical ou horizontal. Nesta atividade, era trabalhada a propriedade A da média

aritmética “A média está localizada entre os valores extremos dos dados do

conjunto”. Outro objetivo ainda para esta atividade consistia em observar de que

forma o aluno utilizaria os dados apresentados para elaborar uma previsão.

Tia Nena pretende também fazer docinhos para a festa que está preparando. Os alunos da 4ª série fizeram uma pesquisa com 5 coleguinhas para ajudar tia Nena. O banco de dados ATDOCE.TDB fornece os dados obtidos nesta pesquisa.

1) Utilizando o tabletop, construam um gráfico que possa ajudá-lo a responder as seguintes questões:

a) Quem comeu mais docinhos?______________________________________ Quantos docinhos esta criança comeu?__________________________________

b) Quem comeu menos docinhos?_____________________________________

Quantos docinhos esta criança comeu?__________________________________ c) Qual a média de docinhos consumidos por aluno?________________________ d) A quantidade média de docinhos consumidos pode ser maior que a quantidade de quem

comeu mais docinhos?________________________________________ e) A quantidade média de docinhos consumidos pode ser menor que a quantidade de quem

comeu menos docinhos?_____________________________________ f) Quantos docinhos tia Nena precisará fazer, sabendo que a 4a. série tem 30 alunos?_________

Figura 4.17: Atividade 6A da intervenção de ensino

Page 134: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

116

Tia Nena precisa saber o docinho preferido das crianças. Vamos ajuda-la?

A expectativa era que os alunos percebessem a propriedade A da média

aritmética e que a determinassem independente de fazer a redistribuição.

Esperávamos que usassem a média para realizar a previsão proposta na

atividade.

4.2.3.2.7. FICHA 7

Atividade 6B

A Ficha 7 era constituída por uma única atividade (6B), cuja

finalidade principal era retomar a leitura do gráfico de dupla entrada e as

propriedades de média anteriormente discutidas. Um outro objetivo para esta

atividade era observar, qual seria a inferência do aluno quanto à preferência do

docinho por um aluno desconhecido “Imaginário”: utilizariam os dados

apresentados ou os dados advindos de sua realidade?

2) Observando este gráfico, respondam: a) Qual o docinho preferido de Fernando? _______________________________________ b) Qual o total de cajuzinhos consumidos por este grupo de alunos? __________________ c) Qual o docinho preferido por estes alunos?____________________________________ d) Quantos docinhos Fabio consumiu?__________________________________________ e) Quantos brigadeiros Laura consumiu? ________________________________________ f) Se o “Imaginário” chegasse na classe, qual seria o docinho escolhido por ele?__________

Por que? __________________________________________________________________ g) Qual a média de docinhos por aluno? __________________________________________

Figura 4.18: Atividade 6B da intervenção de ensino

Com o banco de dados ATDOCE.TDB construam um gráfico que mostre a quantidade de cada tipo de docinho que cada aluno consome.

Page 135: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

117

A expectativa era que os alunos apresentassem dificuldades para

determinar a média, tendo em vista que neste tipo de gráfico ficam explícitas as

duas variáveis. Desta forma, acreditávamos que os alunos pudessem computar o

total de docinhos, ficando em dúvida por quanto este total deveria ser dividido,

caso não recorressem a estratégia da redistribuição.

4.2.3.2.8. FICHA 8

Esta foi a última ficha desenvolvida na fase de intervenção de ensino. A

mesma compõe-se de duas atividades, nas quais utilizamos o contexto de Festa

Junina que envolvia toda a escola no momento. A ficha tinha por objetivo retomar

a leitura do gráfico de freqüência, assim como algumas propriedades de média já

trabalhadas em outros encontros.

Atividade 7A

O objetivo da atividade era retomar a leitura do gráfico de freqüência e

observar se eles ainda apresentavam a concepção de média como soma dos

valores do conjunto. Outro objetivo importante era observar se o aluno faria uso

da média para realizar a previsão solicitada.

Page 136: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

118

No banco de dados PRENDA.TDB estão organizadas as prendas arrecadadas por um grupo de alunos da 4a. série B para a Festa Junina da escola. As prendas desta classe foram brinquedos.

a) Qual criança deste grupo trouxe mais prendas?__________Quantas? ____

b) Qual criança deste grupo trouxe menos prendas?_______Quantas? ______

c) Podemos dizer que a média de prendas trazidas pelos alunos do grupo foi 30?____________

Por que?________________________________________________________

d) Sabendo que a 4a.B tem 35 alunos, quantas prendas esta classe poderá arrecadar?________

Figura 4.19: Atividade 7A da intervenção de ensino

Atividade 7B

O objetivo para esta última atividade era observar qual o

procedimento utilizado pelos alunos para responder à esta questão. Recorreriam

à redistribuição ou utilizariam o algoritmo? Se opção fosse o uso do algoritmo,

incluiriam o Imaginário para determinar a média ou permaneceriam com os

mesmos elementos apresentados no gráfico?

1) Construam um gráfico no tabletop, que ajude vocês a responderem as questões abaixo. Depois, ajudem o professor Rogerio a prever a quantidade de prendas que será recolhida pela classe toda.

Page 137: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

119

Observando este novo gráfico, respondam: a) Qual a nova media de prendas por aluno?

aluno?

Figura 4.20: Atividade 7B da intervenção de ensino

Uma vez apresentado e detalhado o conjunto das atividades aplicadas

no pré-teste, na intervenção de ensino e no pós-teste, passaremos, a seguir, a

análise dos resultados da pesquisa.

Bom dia! Me desculpem pelo atraso. Meu relógio não despertou de novo, mas eu trouxe minhas prendas

1. Imaginário chegou atrasado, mas trouxe

doze prendas. Inclua o Imaginário no gráfico da

atividade anterior.

Page 138: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

CAPÍTULO V

ANÁLISE DO EXPERIMENTO

5.1. Introdução

Neste capítulo, apresentamos a análise dos resultados do experimento

que foi desenvolvida em dois tipos: quantitativa e qualitativa.

Na análise quantitativa, os dados foram obtidos do uso dos resultados

dos protocolos do pré e do pós-teste. A qualitativa baseou-se em cinco fontes:

nos protocolos do pré e do pós-teste, nas fichas de atividades, nos arquivos

eletrônicos trabalhados pelos alunos na intervenção de ensino, na transcrição das

fitas gravadas e nas anotações devidamente registradas pela pesquisadora e ou

observadores presentes, no decorrer dos dez encontros constituintes das três

fases do estudo.

O emprego desses diversos instrumentos permitiu estabelecer um olhar

ampliado sobre a problemática em estudo e refletir a respeito das diversas

perspectivas, que vão além de uma visão limitada a dois extremos, quer seja a

visão restrita ao acerto e ao erro no estudo da Matemática.

Page 139: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

121

Os resultados tanto na análise quantitativa como na qualitativa

obedeceram ao esquema de análise proposto no Quadro 5.1, a seguir. A escolha

deste caminho pautou-se no objetivo de detalhar os critérios empregados na

análise, assim como as categorias construídas, conforme o material do estudo.

Esta opção baseou-se na intenção de enriquecer a reflexão sobre os percursos

dos conteúdos e nas dificuldades demonstradas no decorrer do estudo como um

todo.

Page 140: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ON

TEÚ

DO

ATEM

ÁTIC

OTI

POS

DE

GR

ÁFIC

OS

ATEG

OR

IAS

Itens

1a, 1

b,2b

, 2c

2d, 2

a

ANÁ

LISE

CO

NC

EPÇ

ÃOPR

EVIS

ÃO

V

QU

PRO

PRIE

DAD

ES

QU

ALIT

ATIV

AQ

UAN

TITA

TIVA

REA

LID

AD

E

NÍV

EIS

DE

LEIT

UR

A E

INTE

RPR

ETAÇ

ÃO

DE

GR

ÁFIC

O

LEIT

UR

A E

INTE

RPR

ETAÇ

ÃO

DE

GR

ÁFIC

OS

GR

ÁFIC

OD

EB

ARR

AS

GR

ÁFIC

OD

ED

UPL

AEN

TRAD

A

Itens

3a, 3

b,3c

Itens

1c, 1

d,2e

, 3d

LEIT

UR

A E

INTE

RPR

ETAÇ

ÃO

DE

GR

ÁFIC

OS

EXTR

APO

LAÇ

ÃO

INVA

RIA

NTE

SO

PER

ATÓ

RIO

S

Itens

1a, 1

b

At. 2

B,5B

MÉD

IAAR

ITM

ÉTIC

A

GR

ÁFIC

OD

EB

ARR

AS

GR

ÁFIC

OD

E D

UPL

AEN

TRAD

A

DIA

A RIT

MÉT

ICA

ITEN

S D

O P

RÉ-

TEST

E E

PÓS-

TEST

E →

Iten

s X

ATIV

IDAD

ES D

E IN

TER

VEN

ÇÃO

→ A

t. X

Nív

el I

Itens

1a,

1b,

At. 2

A, 3

A

Nív

el II

Item

2a

Nív

el II

IIte

m 1

eAt

. 6B

Item

2f

At. 3

C,

3D e

5A

Itens

1c, 2

e, 3

d

At. 2

B,5A

Item

3d

At. 5

A

Item

1e

At. 5

A

Qua

dro

5.1:

Est

rutu

ra d

a An

ális

e do

Exp

erim

ento

ARTI

CU

LAÇ

ÃO

TAB

ELA

XG

RÁF

ICO

At. 1

A,1C

, 2A

SOM

A D

OS

ALO

RES

DA

VAR

IÁVE

L E

ANTI

DAD

E D

EVA

LOR

ES

GR

ÁFIC

O X

C M C

Page 141: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

123

5.2. Análise Quantitativa dos Resultados

A análise quantitativa subdividiu-se em função do conteúdo proposto em

três questões constituintes do pré e do pós-teste: leitura e interpretação de

gráficos, e média aritmética conforme a síntese apresentada no Quadro 5.1.

Quanto à análise das questões relativas à leitura e interpretação de

gráficos, consideramos conveniente subdividi-la por tipo de gráfico, ou seja,

gráfico de barra e gráfico de dupla entrada, tendo em vista que cada gráfico

apresenta especificidades e supõe categorias de análise distintas. Salientamos

que esta subdivisão dos conteúdos foi usada em três dos quatro momentos da

análise quantitativa, que se encontram descritos a seguir.

A análise quantitativa foi realizada, considerando o percentual de acerto

de todo conteúdo de cada um dos grupos participantes da presente pesquisa –

GE e GC – tanto no pré como no pós-teste.

No segundo momento, a análise quantitativa foi feita considerando o

percentual de acerto total por conteúdo de cada um dos grupos – GE e GC –

porém, agora, restringimo-nos a apresentar apenas o resultado do pré-teste que

permitiu a observação dos conteúdos, que os alunos dos dois grupos

apresentaram dificuldades. Os resultados contribuíram para adequação das

atividades de intervenção de ensino realizadas no grupo experimental.

No terceiro momento, a análise quantitativa considerou o percentual de

acerto total por conteúdo dos dois grupos, focando só os resultados obtidos no

pós-teste, o que tornou possível refletir a respeito dos possíveis efeitos da

intervenção de ensino, usando o software Tabletop no grupo experimental.

Page 142: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

124

No quarto momento, preocupamo-nos, especificamente, pelo

desempenho dos alunos constituintes do GE. Nesta etapa, foi feita uma análise

quantitativa, considerando o percentual de acerto total, também, por conteúdo só

do GE no pré e no pós-teste.

A síntese dos principais resultados da análise quantitativa é apresentada

ao final de cada um dos momentos supracitados para subsidiar as considerações

finais mostradas no final do estudo.

Conforme citamos no capítulo IV, procedemos o uso dos critérios

previamente estabelecidos quanto à correção de cada uma das questões, tanto

no pré como no pós-teste.

Para facilitar a compreensão do processo de análise, consideramos

importante retomar os critérios de correção utilizados, separando-os por

conteúdo, pois sua análise será feita sob esta perspectiva.

As três questões do pré-teste, nos itens “1a", “1b”, “2a", “2b”, “2c”, “2d”,

“3a", “3b” e “3c” que se referem à leitura de gráficos foram consideradas corretas,

só quando forneceram o valor exato e foi sob esta perspectiva que a análise foi

feita.

Quanto ao conceito de média aritmética, os itens “1c”, “1d”, “2e”, e “3d”

foram considerados corretos ou incorretos, de acordo com a justificativa

apresentada. No caso do aluno apresentar um valor correto, mas não justificar

sua resposta de modo que pudesse expressar o conceito de média aritmética,

esta resposta foi considerada incorreta, tendo em vista ser este o conceito de

interesse da presente investigação.

Page 143: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

125

Na análise qualitativa, os itens “1c”, “2e” e “3d” serão retomados para

discutir as diversas concepções do conceito de média apresentadas pelos alunos.

O emprego do critério de correção adotado no pré e no pós-teste

permitiu que, em uma primeira aproximação, identificássemos as situações de

entendimento dos alunos. Todavia os não-acertos levaram-nos a buscar

compreender por meio de uma análise detalhada o tipo de dificuldade encontrada

pelos alunos quanto à leitura de gráficos e à média aritmética. Estes aspectos

serão discutidos na seção 5.3 que trata da análise qualitativa.

5.2.1. Desempenho Geral dos Dois Grupos no Pré e no Pós-testes

A finalidade desta primeira análise consiste na apresentação dos

resultados sob o ponto de vista do desempenho geral dos alunos dos dois grupos.

Estes resultados foram obtidos com base no que foi efetivamente escrito pelos

alunos nos protocolos do pré e pós-teste.

O número total de acertos possíveis para cada grupo foi obtido

multiplicando-se o número de alunos do grupo pelo total de itens (13) constituintes

das três questões aplicadas. Sendo assim, o GE composto por 23 alunos teria a

possibilidade de contabilizar 299 acertos e o GC composto por 25 alunos, a

possibilidade de acertos foi de 325.

Apoiados nessas considerações, apresentamos a seguir o gráfico que

fornece o desempenho geral obtido pelos dois grupos participantes da presente

pesquisa - GE e GC - no pré e no pós-teste.

Page 144: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

126

.

Quantidade de acertos total

Grupo Pré-testeI� ����������

Experimental GE

126/299 42,14%

177/299 59,20%

Controle

GC

161/325 49,54%

180/325 55,38%

Figura 5.1: Acertos totais do GE e do GC no pré e no pós-teste.

Pelo gráfico apresentado na Figura 5.1, é possível observar que houve

um aumento do número de acertos do pré-teste para o pós-teste nos dois grupos

participantes da pesquisa. Além disso, este gráfico nos permite visualizar que,

embora o GE tenha tido um percentual de acertos menor que o GC no pré-teste,

ele superou o percentual de acertos desse grupo no pós-teste.

Em relação ao número de acertos entre o pré e o pós-teste, percebemos

que o GE teve um aumento de 17,06% e o GC, de 5,84%. Os resultados podem

refletir a influência da intervenção de ensino aplicada em ambiente computacional

no GE.

Embora a análise geral dos dois grupos nos indique uma ligeira melhora

no desempenho do grupo GE entre o pré e pós-teste, ela não é suficiente para

esclarecer quais são os conteúdos de maior ou menor número de acertos do pré-

teste.

Desse modo, na seção seguinte, apresentamos com detalhes, uma

análise mais específica por conteúdo, considerando apenas o pré-teste com

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Pré-teste Pós-teste

Percentual de acertos total

GE GC

Page 145: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

127

objetivo de identificar os itens que os alunos desses dois grupos apresentaram

maior dificuldade.

5.2.2. Desempenho Geral dos Dois Grupos no Pré-teste

Na Fase 1 conforme descrevemos na metodologia, foi aplicado um pré-

teste nos grupos controle e experimental com o objetivo de analisar a

compreensão dos alunos da leitura e interpretação dos gráficos de barras e dupla

entrada, assim como as concepções de média apresentadas por eles. Por isso,

subdividimos esta seção em três partes para facilitar a observação do

desempenho do GE e GC em cada um desses conteúdos, conforme o esquema

descrito no Quadro 5.2.

Quadro 5.2: Relação entre conteúdos matemáticos, tipo de gráfico e

questões do pré-teste.

CONTEÚDO MATEMÁTICO

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE GRÁFICO

GRÁFICOS DE BARRA

MÉDIA ARITMÉTICA

3a 3b 3c

1c 1d 2e 3d

DUPLA ENTRADA

TIPO DE GRÁFICO

ITENS DO PRÉ-TESTE

PARTE 1 PARTE 2 PARTE 3

1a 1b 2b 2c 2d 2a

Page 146: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

128

Na seqüência, apresentamos a análise quantitativa do desempenho dos

alunos dos grupos GE e GC obtido no pré-teste, conforme descrito no Quadro 5.2.

5.2.2.1. Itens relativos à leitura e interpretação de gráficos de barras

Neste item, apresentamos os resultados do desempenho dos alunos de

cada um dos grupos, GE e GC no que tange à leitura e interpretação dos gráficos

de barra. A seguir, destacamos o gráfico do desempenho específico do referido

conteúdo obtido pelo GE e GC no pré-teste, segundo os critérios previamente

estabelecidos para esta análise.

Quantidade de acertos por item

Invariantes Item ��� � ���� �Mínimo 1a 22 25 Máximo 1b 22 25

Soma dos valores do conjunto

2a 2 02

Máximo 2b 17 24 Mínimo 2c 0 02

Localização de um dado a partir de seu

valor

2d 17 24

Figura 5.2: Acertos por item de leitura dos gráficos de barra do

GE e do GC no pré-teste.

Pelo gráfico apresentado na Figura 5.2, observamos que tanto os alunos

do GE como os do GC obtiveram um percentual de acertos elevado nos itens 1a23

e 1b24, tendo em vista que, para esses dois itens, o primeiro grupo obteve 95,6%

de acertos e o segundo, 100%. Os resultados indicam que os alunos desses

23 Item “1a": Em qual mês “seu Chico” vendeu mais minigames? 24 Item “1b”: Em qual mês “seu Chico” vendeu menos minigames?

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

1a 1b 2a 2b 2c 2 d

Itens relativos aos gráf icos de barras

P erc entual de ac ertos por item

G E

G C

Page 147: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

129

grupos foram capazes de fazer a “leitura dos dados” (CURCIO, 1987),

apresentando facilidade para localizar os pontos de máximo e mínimo do conjunto

de dados representado graficamente, cujos valores encontravam-se explícitos no

eixo.

Estes dados confirmaram nossas expectativas iniciais que tiveram por

base os resultados da investigação de Santos e Gitirana (1999), no qual 94% dos

alunos acertaram a leitura do valor máximo na interpretação de gráficos de barras

com variáveis ordinais com base nos problemas do cotidiano.

Além disso, os resultados da pesquisa de Guimarães, Ferreira, Roazzi

(2001), também indicam que a leitura pontual em gráfico de barra, quanto ao

máximo, mínimo e localização de freqüência é uma tarefa fácil para sujeitos de

nove e dez anos de idade, faixa etária semelhante aos sujeitos do presente

estudo.

A análise da 2ª questão mostrou um maior grau de dificuldade, que pode

ter ocorrido sobretudo em razão do tipo de escala, pois, diferente da 1ª questão, o

gráfico da questão 2 continha uma escala graduada de duas em duas unidades,

com dados cujos valores não estavam explicitados no eixo. Nesta questão, os

itens “2b”, “2c” e “2d” foram classificados no nível “ler os dados” de compreensão

de gráfico e apenas o item “2a" foi classificado no nível “ler entre os dados”

(CURCIO, 1987).

Quanto ao item “2b25”, podemos dizer que o desempenho do GC (96%)

foi consideravelmente maior que o do GE (73,9%), o que parece indicar maior

25 Item “2b”: Em que dia o consumo de pães foi maior?

Page 148: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

130

dificuldade dos alunos do GE em relação à leitura dos dados, neste tipo de

gráfico. Nesta questão, o resultado obtido pelo GE nos surpreendeu, pois, embora

o gráfico apresente uma escala não-unitária, trata-se de uma leitura pontual do

gráfico que requer do aluno a localização do ponto de máximo, pois as pesquisas

apontam que as crianças são capazes de fazê-la (SANTOS e GITIRANA, 1999;

GUIMARÃES, FERREIRA, ROAZZI, 2001).

Os resultados obtidos pelos dois grupos no item “2c26” indicam que os

alunos mostraram grande dificuldade para determinar o ponto de mínimo neste

tipo de gráfico, quando ele é zero. De fato, a grande maioria (87%) dos alunos do

GE respondeu que o menor consumo ocorreu na segunda-feira, o que

corresponde ao dado de menor valor dentre as barras visíveis no gráfico. Estes

resultados contrastam com o percentual de acerto dos mesmos alunos no item

“1b” que também solicitava a localização do ponto de mínimo, mas, neste caso,

ele correspondia a um valor diferente de zero.

Entendemos que, na representação gráfica, parece que os alunos não

consideram o menor valor, quando ele é zero. Entretanto, o baixo índice de

acertos no item “2c” pode também ser interpretado apoiado na expressão utilizada

na questão: “menor consumo”. Os alunos podem ter considerado que o menor

consumo só poderia estar associado a algum consumo, sendo assim, ele não

poderia ser zero. Pode ser que para esses alunos responderem que o menor

consumo é zero, corresponde que não existe consumo e não significa tratar-se do

menor consumo.

26 Item “2c”: Em que dia, o consumo de pães foi menor?

Page 149: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

131

Sob esta ótica, tendemos a acreditar que se o item “2d” tivesse sido

formulado da seguinte forma: “Teve algum dia da semana em que o consumo de

pães foi zero?” Talvez os alunos tivessem feito uma leitura matemática

relacionando os dados dos itens “2c” e “2d” e daí a resposta zero seria entendida

como consumo menor.

Considerando a forma apresentada, acreditamos que os alunos

realizaram a comparação entre os valores somente quando o consumo foi

diferente de zero. No caso do valor zero, houve o entendimento de que se tratava

de uma outra variável, ou seja, a de não-consumo.

Neste sentido, Selva (2003) realizou um estudo utilizando gráficos de

barras com crianças em fase de alfabetização na primeira série do Ensino

Fundamental, e observou que as questões relacionadas à origem constituem

fonte de dificuldades às crianças com implicações, também, no trabalho com

gráficos.

O perfil de desempenho dos alunos dos dois grupos foi semelhante nos

itens “2b” e no item “2d27”, no qual podemos observar novamente que o

desempenho do GC (96%) foi consideravelmente maior que do GE (73,9%).

É interessante destacar que os alunos foram capazes de localizar um

dado com base em seu valor quando este era zero; entretanto, ao compararmos o

resultado deste item com o item “2c”, parece indicar que a dificuldade do aluno

não consiste em ler a quantidade zero representada em uma das categorias (dias

27 Item “2d”: Teve algum dia, nessa semana, em que não houve consumo de pão pela família do seu Chico?

Page 150: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

132

da semana) do gráfico de barras, mas considerá-lo como ponto de mínimo na

representação gráfica, como discutido antes.

A Figura 5.2 revela que o desempenho apresentado no item “2a28” foi

baixo nos dois grupos – GE = 8,7% e GC = 8%. Estes resultados indicam uma

grande dificuldade dos alunos em relação à “leitura entre os dados” em gráfico de

barra com escala não-unitária, no qual o valor dos dados não se encontra

explícito no eixo.

Esta dificuldade pode estar relacionada ao fato de que nem todas as

barras coincidiam com valores apresentados explicitamente no eixo vertical, o que

dificultou aos alunos a integração dos dados exigida na “leitura entre os dados”

solicitada no item.

Como apontam Friel; Curcio; Bright (2001, p.130):

Os estudantes experimentam pouca dificuldade com as questões

para ’ler os dados’, mas fazem erros quando encontram questões

para ‘ler entre os dados’. [...] Estes erros podem estar

relacionados ao conhecimento da matemática, erros de

leitura/linguagem, erros de escala ou erros de leitura dos eixos.

A dificuldade apresentada por mais de 90% dos dois grupos parece

indicar que os alunos não conseguiram associar os conhecimentos implícitos

fundamentais, tais como: a idéia de proporcionalidade existente no eixo vertical

expressa por meio da distância entre dois pontos e associá-la à idéia de

seqüência numérica para estimar o valor que não estava explicitamente escrito no

eixo.

28 Item “2a": Qual o total de pães consumidos por essa família, nessa semana?

Page 151: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

133

No item “2a", os resultados obtidos pelos alunos dos dois grupos

correspondem às nossas expectativas iniciais, pois, nesse item nem todos os

dados possuíam valores representados explicitamente no eixo. Estes resultados

assemelham-se aos obtidos em pesquisas recentes que têm apontado

dificuldades mostradas por crianças quanto ao uso de escala (GUIMARÃES, 2002).

Neste estudo, a autora citada destacou a dificuldade dos alunos para identificar

um valor intermediário na escala, quando o mesmo não está explícito no eixo.

A resolução dos itens “1a" e “2c” requer o uso dos mesmos invariantes,

qual seja a localização do ponto de mínimo. Entretanto, o contraste observado no

desempenho obtido pelos dois grupos nesses itens, pode estar relacionado às

características peculiares do tipo de gráfico das questões: No item “1a", o gráfico

apresentava escala unitária, mas os valores de seus dados estavam explícitos no

eixo e no item “2c” o gráfico foi apresentado com escala não-unitária. Alguns dos

valores dos dados estavam de forma implícita no eixo vertical e possuíam maior

quantidade de dados, além do ponto de mínimo solicitado referir-se a zero. A

influência desses fatores na compreensão de gráficos é apontada por Friel;

Curcio; Bright (2001).

5.2.2.2. Itens relativos à leitura e interpretação do gráfico de dupla entrada

Neste item, destacamos os resultados do desempenho obtido pelos

alunos de cada um dos grupos, GE e GC referentes à leitura e interpretação do

gráfico de dupla entrada. A seguir, mostramos o gráfico do desempenho obtido

pelos dois grupos especificamente no pré-teste.

Page 152: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

134

Quantidade de acertos por item

Invariantes Item ��� � ���� �

Quantificação/comparação dos dados

3a 21 25

Quantificação/comparação dos dados

3b 10 14

Soma dos valores do conjunto

3c 15 19

Figura 5.3: Acertos por item de leitura do gráfico de dupla entrada do

GE e do GC no pré-teste

A questão 3 diferente das duas primeiras baseia-se em um gráfico de

dupla entrada, gerado pelo Tabletop, contendo duas variáveis: no eixo horizontal

que situa a variável dias e no eixo vertical, a variável refrigerantes. Desta forma, a

leitura do gráfico pode ser realizada no sentido horizontal ou vertical, dependendo

da questão demandada na situação.

Os resultados apresentados na Figura 5.3 apontam que o desempenho

dos dois grupos teve o mesmo perfil, sendo o item “3b” o mais difícil e o item “3a"

o mais fácil para ambos os grupos. Entretanto, os alunos do GC apresentaram um

percentual de acertos sempre acima do obtido pelos alunos do GE.

O item “3a29” solicitava que o aluno identificasse o dado (marca de

refrigerante) do eixo vertical que representasse a menor quantidade de latas

recolhidas na semana. Para isso, era preciso que o aluno percebesse que a

quantificação dos dados deveria ser realizada no sentido horizontal e, então,

29 Item “3a": Qual a marca de refrigerante foi menos recolhida pelo grupo durante a semana?

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

3a 3b 3cItens relativos ao gráfico de

dupla entrada

Percentual de acertos por item

GE

GC

Page 153: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

135

estabelecer uma comparação entre eles. No pré-teste, a resposta correta do item

encontrava-se na primeira linha horizontal (de cima para baixo), o que pode ter

facilitado sua resolução. Os percentuais de 91,3% e 100% nos grupos GE e GC,

respectivamente, indicam facilidade dos alunos dos dois grupos na resolução

deste item.

Os alunos dos dois grupos apresentaram maior dificuldade no item “3b30”

e o GE teve um percentual de acertos de 43,48%, enquanto o GC obteve 56% de

acertos no mesmo item. Os resultados confirmam nossas expectativas quanto à

dificuldade prevista para este item, tendo em vista a questão ter sido apresentada

de forma indireta, era exigido do aluno a localização do dado (dias) de menor

valor, apoiado na afirmação inicial, sugerindo a comparação dos dados

apresentados no eixo horizontal.

Quanto ao item “3c”, o grupo experimental mostrou um bom percentual

de acertos, qual seja: 65,22%. Entretanto, o grupo-controle obteve desempenho

superior ao do grupo-experimental, também, neste item, obtendo um percentual

de 76% de acertos.

De forma geral, o desempenho apresentado pelos alunos dos dois

grupos, sobretudo, nos itens “3b” e “3c”, confirmam nossas expectativas iniciais

de que os alunos encontrariam dificuldades para realização da questão 3, pois, o

gráfico de dupla entrada trabalha com duas variáveis e requer para sua

compreensão o estabelecimento de uma relação entre elas. Resultados

semelhantes foram encontrados por Santos (2003) em seu trabalho que

30 Item “3b”: Carlos acha que no 2o. dia foram trazidas menos latas de refrigerantes. Você concorda com ele?

Page 154: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

136

identificou dificuldades da professora, sujeito de sua investigação para a leitura do

gráfico de dupla entrada, visto que esta realizava a leitura deste tipo de gráfico

como se os eixos estivessem invertidos.

5.2.2.3. Itens relativos ao conceito de média aritmética

Para finalizar a análise quantitativa dos dois grupos no pré-teste,

apresentamos graficamente o desempenho obtido pelos grupos GE e GC,

focando o conteúdo de média aritmética, seguido de considerações baseadas nos

dados apresentados na Figura 5.4.

Quantidade de acertos por item

Item ��� � ���� �1c 0 0

1d 0 0

2e 0 0

Média

aritmética

3d 0 1

Figura 5.4: Acertos por item de média aritmética do GE e do GC no pré-teste

Os resultados do pré-teste revelam um desconhecimento por parte dos

alunos do conceito de média aritmética. Pelos dados apresentados, no gráfico

exposto na Figura 5.4, podemos considerar que, no início do estudo, os alunos

dos dois grupos pesquisados, possivelmente, não haviam ainda estudado o

conteúdo de média aritmética. Entretanto, esses dados, não nos fornece

evidência alguma sobre a natureza das dificuldades dos alunos, tão pouco quanto

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

1c 1d 2e 3d

Itens relativos à média aritmética

Percentual de acertos por item

GEGC

Page 155: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

137

à concepção desses alunos em relação ao referido conceito. Pelo fato, destas

questões serem fundamentais para nosso estudo, mostraremos as diversas

concepções sob a perspectiva de uma análise qualitativa na seção 5.3 do

presente capítulo. A seguir, apresentamos uma síntese dos resultados obtidos

pelo GE e GC no pré-teste.

Quadro 5.3: Síntese do Desempenho dos dois grupos no Pré-teste

A síntese apresentada no quadro 5.3 constitui um indicador importante que

permitiu explicitar a existência de dificuldades apresentadas pelos alunos em

relação à média aritmética no pré-teste e constituiu-se em um fator decisivo para

• GE e GC localizaram os pontos extremos em gráfico que apresentava dados com valores explícitos no eixo.

• Desempenho do GC superou o do GE na identificação do ponto de máximo e localização de um dado a partir do seu valor em gráfico que apresentava dados com valores implícitos no eixo.

• GE e GC apresentaram baixíssimo desempenho na localização do ponto de mínimo quando o mesmo foi “0”.

• GE e GC apresentaram dificuldades quanto à soma dos valores dos dados no gráfico em que os valores apresentavam-se de forma implícita no eixo.

Leitura e

interpretação de gráfico de

barras

Gráfico de dupla entrada

• GC apresentou melhor desempenho que GE em todos os itens relativos a este tipo de gráfico. • Os dois grupos apresentaram grande dificuldade em comparar dados representados no eixo horizontal para localizar o menor deles.

Média Aritmética

• Os resultados apresentados pelos dois grupos indicam a dificuldade deste conteúdo pelos alunos desta série escolar.

Page 156: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

138

que pudéssemos adequar as atividades de intervenção na busca de propor um

caminho que contribuísse para a formação deste conceito.

5.2.3. Análise do Desempenho dos Dois Grupos no Pós-teste

A intervenção de ensino nos moldes propostos pela pesquisadora foi

realizada após a aplicação do pré–teste e das respectivas análises que se

seguiram a esta etapa do projeto de pesquisa, conforme apresentadas na seção

anterior, sendo feita com os alunos do grupo experimental em oito encontros,

conforme a metodologia descrita no capítulo IV.

Esta seção apresenta a análise dos resultados obtidos no pós-teste dos

dois grupos, após a intervenção de ensino com Tabletop pela pesquisadora no

GE. Vale salientar que o conteúdo de média aritmética também foi trabalhado no

GC, porém, o mesmo foi realizado pela professora dos alunos que utilizou sua

própria metodologia, conforme seu planejamento.

O pós-teste teve por objetivo investigar as novas concepções

apresentadas pelos alunos em relação aos dois conteúdos abordados neste

estudo, de forma que pudéssemos analisar as possíveis contribuições da

intervenção de ensino proposta somente para o GE, utilizando o software

Tabletop. Neste momento, é pertinente salientarmos que as questões propostas

no pós-teste foram semelhantes às do pré-teste, conforme já apresentadas no

capítulo IV.

Sendo assim, subdividimos também esta seção em três partes para

facilitar a análise do desempenho do GE e GC em cada um desses conteúdos, só

Page 157: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

139

que agora em relação somente ao pós-teste, conforme o esquema descrito no

Quadro 5.4.

Quadro 5.4: Relação entre os conteúdos matemáticos e as questões do pós-teste

A seguir, apresentamos com detalhes a análise quantitativa da parte 1

especificada no Quadro 5.4, para na seqüência descrevermos a análise das

partes 2 e 3.

5.2.3.1. Itens relativos à leitura e interpretação de gráficos de barras

Neste item, trataremos, especificamente, dos itens que indicam o

desempenho dos alunos dos dois grupos referentes ao conteúdo de leitura e

interpretação de gráfico de barras obtido pelo GE e GC no pós-teste. Os itens “1a"

e “1b” foram suprimidos desta análise, tendo em vista que no pré-teste os alunos

dos dois grupos haviam apresentado um resultado bastante satisfatório de

CONTEÚDO MATEMÁTICO

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE GRÁFICO

GRÁFICOS DE BARRA

MÉDIA ARITMÉTICA

3a 3b 3c

1c 1d 2e 3d

DUPLA ENTRADA

TIPO DE GRÁFICO

ITENS DO PÓS-TESTE

PARTE 1 PARTE 2 PARTE 3

2b 2c 2d 2a

Page 158: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

140

praticamente 100% de acertos em ambos os itens. A seguir, apresentamos o

gráfico que fornece o desempenho específico ao conteúdo de leitura e

interpretação do gráfico de barra obtido pelo GE e GC no pós-teste.

Quantidade de acertos por item

Invariantes Item ��� � ���� � Soma dos valores do conjunto

2a

10

04

Máximo 2b 22 25 Mínimo 2c 05 03

Localização de um dado a partir de seu

valor

2d 20 25

Figura 5.5: Acertos por item de leitura do gráfico de barra do GE e do GC no pós-teste.

Pela Figura 5.5, é possível observar que, apesar do baixo desempenho apresentado

pelos dois grupos nos itens “2a" e “2c”, o desempenho obtido pelo GE foi maior

que o GC nesses itens.

No item “2a", o GE teve um percentual de acertos de 43,48%, o GC

apresentou para o mesmo um percentual de acerto de 16%, indicando uma

diferença de 27,48% entre os dois grupos.

Quanto ao item “2c”, os percentuais de acertos foram de 21,74% e 12%

respectivamente, nos grupos GE e GC. Isso implica a diferença de 9,74% em

favor do GE. Neste item, é importante salientar que o GE não obteve nenhum

acerto no pré-teste (0%), ao passo que o GC apresentou 8% de acertos no

mesmo teste. Os resultados sugerem que o melhor desempenho apresentado

pelos alunos do GE no pós-teste pode ser decorrente das atividades de

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

2a 2b 2c 2d

Itens relativos aos gráficos de barras

Percentual de acertos por item

GEGC

Page 159: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

141

intervenção desenvolvidas em ambiente computacional na segunda fase do

estudo.

Nos itens “2b” e “2d”, é possível observarmos pelo gráfico que o

desempenho obtido pelos alunos do GE mostra-se em um patamar um pouco

abaixo do desempenho obtido pelos alunos do GC. Entretanto, salientamos que,

no pré-teste, os alunos do GC já haviam apresentado 96% de acertos nesses

itens, e os alunos do GE, inicialmente, obtiveram apenas 73,9%, o que revela um

crescimento no desempenho dos alunos do GE nos dois itens.

Os resultados sugerem que o trabalho com gráficos realizado durante a

intervenção de ensino proposta neste estudo, associada ao emprego do software

Tabletop no decorrer da segunda fase do estudo pode ter contribuído para

favorecer a compreensão dos alunos do GE quanto à leitura de gráfico de barra

com escala não-unitária, cujos dados mostram valores expressos implicitamente

no eixo vertical.

5.2.3.2. Itens relativos à leitura e interpretação de gráfico de dupla entrada

O gráfico seguinte apresenta o desempenho obtido pelo GE e GC no

pós-teste, especificamente, em relação ao conteúdo de leitura e interpretação de

gráfico de dupla entrada.

Page 160: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

142

Quantidade de acertos por item

Invariantes Item ������� ������Quantificação/comparação dos dados

3a 17 20

Quantificação/comparação dos dados

3b 17 17

Soma dos valores do conjunto

3c 16 23

Figura 5.6: Acertos por item de leitura do gráfico de dupla entrada do

GE e do GC no pós-teste

Dos três itens referentes à leitura e interpretação de gráficos de dupla

entrada, observamos pelo gráfico acima que o desempenho obtido pelos alunos

do grupo experimental foi superior ao do grupo controle apenas no item “3b”.

Dentre os itens referentes à leitura e interpretação de gráficos

apresentados na questão três, este foi o item, no qual os alunos dos dois grupos –

GE e GC haviam encontrado maior dificuldade no momento do pré-teste. Vale

lembrar que os alunos do grupo GC obtiveram um desempenho superior nesses

três itens já no pré-teste.

5.2.3.3. Itens relativos ao conceito de média aritmética

Para encerrar a análise quantitativa dos dois grupos no pós-teste, o

gráfico, a seguir, apresenta o desempenho obtido pelos grupos GE e GC focando

o conteúdo de média aritmética.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

3a 3b 3c

Itens relativos ao gráfico de dupla entrada

Percentual de acertos por item

GE

GC

Page 161: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

143

Quantidade de acertos por item

Item ������� ������

1c 7 3

1d 4 3

2e 4 2

Média aritmética

3d 8 5

Figura 5.7: Acertos por item de média aritmética do GE e do GC no pós-teste

Na Figura 5.7, os resultados apresentados apontam que o desempenho

dos alunos dos dois grupos teve o mesmo perfil, sendo o item “3d” o mais fácil e o

“2e” o mais difícil para ambos; o que pode estar relacionado ao tipo de gráfico

usado em cada item.

Percebemos que os alunos do GE obtiveram melhor desempenho que

os do GC em todos os itens relativos à média aritmética.

Analisando os dados deste gráfico, notamos que o percentual de acertos

dos dois grupos foi baixo. No item “3d”, com um maior número de acertos nesse

conteúdo, os alunos do grupo experimental obtiveram quase 35% de acerto,

nesse mesmo item, o grupo controle alcançou 20% de acertos. Nesta análise,

vale ressaltar que foram consideradas apenas as respostas exatas.

Se considerássemos o raciocínio apresentado pelos alunos quanto à

determinação da média, desconsiderando os não-acertos quanto à leitura e

interpretação de gráficos e as operações matemáticas envolvidas, o desempenho

dos alunos do GE teria alcançado 52% de acerto no item “3d”.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1c 1d 2e 3d

Itens relativos à Média Aritm ética

Percentual de acertos por item

G E

G C

Page 162: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

144

• GE e GC identificaram ponto de máximo e localizaram um dado a partir do seu valor em gráfico que apresentava dados com valores implícitos no eixo, sendo o desempenho do GC, ligeiramente superior ao GE.

• GE e GC apresentaram baixo desempenho na localização do ponto de mínimo quando o mesmo foi “0”, entretanto o GE mostrou um desempenho superior ao GC. • O desempenho apresentado pelo GE foi, consideravelmente, superior ao GC quanto à soma dos valores dos dados no gráfico, cujos valores apresentavam-se de forma implícita no eixo.

Leitura e

interpretação de gráfico de

barras

Gráfico de dupla entrada

• GE apresentou melhor desempenho que GC ao quantificar e comparar os dados representados no eixo horizontal.

• O GC apresentou melhor desempenho que o GE na quantificação e comparação dos dados representados no eixo vertical, assim como na totalização dos valores dos dados representados neste eixo.

Média Aritmética

• Em todos os itens relativos a este conteúdo, o desempenho apresentado pelos alunos do GE superou o do GC.

Os resultados parecem indicar contribuições da intervenção de ensino

aplicada no GE, tendo em vista os resultados do grupo terem sido relativamente

maiores que o GC.

Neste sentido, uma aproximação das respostas dos alunos tornou-se

imperativa, como estratégia para conhecer os percursos por eles utilizados na

intervenção de ensino na relação direta com as atividades e seus sentidos.

Retornaremos a esta questão na análise qualitativa.

A escolha visa a contemplar nossa compreensão de que a Matemática

está além de uma visão dual de acerto e erro, pois apresenta um desafio para a

construção do conhecimento.

Quadro 5.5: Síntese do Desempenho dos dois grupos no Pós-teste

Page 163: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

145

5.2.4. Análise do Desempenho do GE no Pré e no Pós-teste

Nesta seção, mostramos uma análise do desempenho obtido apenas

pelos alunos participantes do GE em dois momentos distintos, quais sejam: pré e

pós-teste. A análise permitiu relacionar o desempenho obtido pelos alunos do

referido grupo antes e depois da intervenção de ensino, buscando suas possíveis

contribuições no que tange aos conteúdos apresentados neste estudo.

A seguir, o gráfico abaixo fornece o desempenho geral obtido pelos

alunos do grupo experimental no pré e no pós-teste. Assim, é possível observar

que houve uma evolução do percentual de acertos do pré para o pós-teste nesse

grupo.

Quantidade de acertos total

Grupo �� ������

�� ������

Experimental

GE

126/299 42,14%

177/299 59,2%

Figura 5.8: Acertos totais do GE no pré e no pós-teste.

Pelos resultados apresentados na Figura 5.8, observamos que a

variação ocorrida no desempenho dos alunos do GE do pré para o pós-teste foi

de 17,06%. O pós-teste foi realizado, após a aplicação da intervenção de ensino,

assim, acreditamos que os resultados acima possam indicar possíveis

contribuições da referida intervenção.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Pré-teste Pós-teste

Desempenho Geral do G E

Pré-teste Pós-teste

Page 164: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

146

Entretanto, para identificarmos estas contribuições, consideramos

importante subdividir esta seção também em três partes e, para isto nos

baseamos no mesmo esquema descrito no Quadro 5.2, considerando, porém,

questões do pré e pós-teste do grupo experimental.

5.2.4.1. Itens relativos à leitura e interpretação de gráficos de barras

Neste item, analisamos o desempenho do GE quanto à leitura e

interpretação dos gráficos de barra no pré e pós-teste. Para proceder à análise,

apresentamos a Figura 5.9:

Quantidade de acertos por item - GE

Invariantes Item �� ������

�� ������

Mínimo 1a 22 23 Máximo 1b 22 23

Soma dos valores do conjunto

2a 2 10

Máximo 2b 17 22 Mínimo 2c 0 05

Localização de dado a

partir de seu valor

2d 17 20

Figura 5.9: Acertos por item de leitura de gráfico de barras do GE no pré e no pós-teste.

Pelo gráfico acima, observamos uma considerável evolução no

desempenho dos alunos do GE, do pré para o pós-teste, sobretudo, nos itens

relativos à questão 2, nos quais o gráfico apresentava uma escala não-unitária

com dados, cujos valores não estavam explicitados no eixo.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

1a 1b 2a 2b 2c 2dItens relativos aos gráficos de

barras

Percentual de acertos por item

Pré-testePós-teste

Page 165: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

147

Os dados sugerem que a intervenção de ensino desenvolvida em

ambiente computacional, utilizando o software Tabletop, pode ter favorecido a

compreensão desse conteúdo pelos alunos do GE.

Quanto aos itens “1a" e “1b”, os alunos haviam mostrado um ótimo

desempenho já no pré-teste, o que confirmou nossas expectativas iniciais, visto

que pesquisas recentes apontam que os alunos não apresentam dificuldade para

localizar pontos extremos (SANTOS E GITIRANA, 1999; GUIMARÃES, FERREIRA E

ROAZZI, 2001).

Os dados da Figura 5.9 revelam que, apesar do baixo desempenho

apresentado no item “2a", houve uma considerável evolução entre o pré-teste e o

pós-teste, com 8,7% e 43,48% de acertos respectivamente.

No momento, vale salientar que apenas consideramos as respostas

exatas. Nesse item, se considerássemos a correta leitura dos dados com os não

acertos quanto à operação (adição), o percentual aumentaria para 56,5%. No

entanto, esta análise será realizada detalhadamente na seção 5.3 deste capítulo.

No decorrer da segunda fase do estudo, os alunos construíram gráficos,

usando diferentes escalas, o que parece ter favorecido a compreensão de

conhecimentos implícitos fundamentais à leitura e interpretação de gráficos, tais

como a idéia de proporcionalidade existente no eixo vertical expressa pela

distância entre dois pontos e associá-la à idéia de seqüência numérica para

estimar o valor que não estava explicitamente representado no eixo, facilitando a

“leitura entre os dados” (CURCIO, 1987).

Page 166: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

148

Embora tenha havido evolução dos alunos do GE no item “2a", nossos

dados confirmam resultados de outras pesquisas que apontam a dificuldade dos

alunos quanto à “leitura entre os dados”, pois como já exposto, pode estar

relacionada ao conhecimento da Matemática, erros de escala ou erros na leitura

dos eixos (FRIEL; CURCIO; BRIGHT, 2001).

Quanto ao item “2c”, embora os alunos tenham apresentado melhores

resultados no pós-teste (21,74% de acerto) que no pré-teste (0% de acerto),

acreditamos que o baixo desempenho nesse item, possivelmente, esteja

relacionado mais com a expressão usada “Em que dia o consumo de frutas foi

menor?” do que em relação à localização do ponto de mínimo. Como já discutido

no item 5.2.2.1, os alunos possivelmente, considerem que o consumo não poderia

ser zero, buscando, assim, o menor valor diferente de zero. De fato, também no

pós-teste a grande maioria dos alunos do GE (69,57%) considerou terça-feira

como o dia em que houve o menor consumo de frutas, o que corresponde ao

menor valor diferente de zero representado no gráfico.

Quanto ao item “2b”, observamos que houve uma considerável evolução

no desempenho dos alunos entre o pré e o pós-teste. Embora as pesquisas

indiquem que a localização do ponto de máximo consiste em tarefa simples para

crianças da mesma faixa etária do presente estudo (SANTOS E GITIRANA, 1999;

GUIMARÃES, FERREIRA, ROAZZI, 2001), observamos que os alunos do GE

apresentaram um bom índice de acertos no pré-teste (73,9%), o mesmo havia

ficado aquém de nossas expectativas iniciais que se baseavam nos estudos já

citados.

Page 167: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

149

No entanto, o percentual de acerto apresentado no pós-teste (95,6%)

sugere que o trabalho realizado no decorrer da segunda fase deste estudo pode

ter favorecido a compreensão de gráficos dos alunos do grupo experimental no

que tange à localização do ponto de máximo no tipo de gráfico usado nesta

questão.

Ao analisar o gráfico apresentado na Figura 5.9, observamos que os

alunos do GE apresentaram no pós-teste um melhor desempenho também no

item “2d” que exigia a localização de um dado com base em seu valor.

Neste item, a variação percentual do desempenho dos alunos do GE

apresentada entre o pré e o pós-teste foi 13,05%. Estes dados sugerem que as

atividades aplicadas no decorrer da intervenção de ensino podem ter favorecido a

leitura e interpretação dos gráficos de barras, no que se refere à “leitura dos

dados” dos alunos desse grupo Curcio (1987).

5.2.4.2. Itens relativos à leitura e interpretação do gráfico de dupla entrada

A seguir, apresentamos o gráfico que fornece o desempenho do GE nos

itens relativos à leitura e interpretação do gráfico de dupla entrada no pré e pós-

teste. Apoiados, na análise desse gráfico, teceremos algumas considerações

sobre a evolução ou não do desempenho obtido pelos alunos nos dois testes.

Page 168: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

150

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

3a 3b 3cItens re la tiv os ao gráf ico

de dup la entrada

P ercen tua l de acertos por item

Pré-testePós-teste

Quantidade de acertos por item

Invariantes Item �� ������

�� ������

Quantificação/comparação dos dados

3a 21 17

Quantificação/comparação dos dados

3b 10 17

Soma dos valores do conjunto

3c 15 16

Figura 5.10: Acertos por item de leitura do gráfico de dupla entrada do

GE no pré e no pós-teste

Analisando o gráfico acima, notamos que houve considerável evolução

no desempenho dos alunos entre o pré e o pós-teste exatamente no item “3b”, no

qual haviam obtido, inicialmente, um menor desempenho.

Este item exigia dos alunos a comparação entre os dados (dias da

semana) representados no eixo horizontal. Era necessário que comparassem o

total de agasalhos (no pós-teste) de cada dia da semana, com o total recolhido na

terça-feira, identificando, assim, se nesse dia havia sido recolhida menor

quantidade de agasalhos.

Pelo gráfico, podemos observar uma ligeira evolução no desempenho

dos alunos entre o pré e o pós-teste – 65,22% e 69,57% – respectivamente, no

item “3c”.

No gráfico da Figura 5.10, podemos observar que houve um pequeno

declínio no desempenho dos alunos do GE entre o pré e pós-teste no item “3a",

Page 169: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

151

qual seja: Qual o tipo de agasalho que foi menos recolhido pelo grupo durante a

semana?

Embora o pré-teste e o pós-teste tenham sido semelhantes, por

inexperiência da pesquisadora, temos por hipótese que duas modificações

realizadas do primeiro para o segundo, podem ter influenciado os resultados, as

quais são apresentadas a seguir.

Quanto ao item “3a", a resposta correta no pré-teste apresentou-se mais

evidente no gráfico, localizando-se já na primeira linha horizontal do gráfico (de

cima para baixo).

A resposta desse item no pós-teste, por sua vez, aparece na terceira

linha horizontal (de cima para baixo), estando, assim, menos evidente que no pré-

teste. Outro fator que pode ter influenciado no desempenho dos alunos nos dois

itens “3a" e “3c” do pós-teste, consiste na diferenciação das formas dos ícones

entre os dois testes. No pré-teste, os ícones de cada tipo de refrigerante

diferenciavam-se apenas pela cor e no pós-teste os agasalhos foram

diferenciados pela cor e forma, em que cada ícone foi apresentado pelo desenho

do respectivo agasalho.

Pelos resultados apresentados pelos alunos no pré-teste neste tipo de

gráfico, consideramos ter sido insuficiente o número de atividades (duas)

desenvolvidas com o gráfico de dupla entrada no decorrer da fase de intervenção

de ensino. Entretanto, é pertinente esclarecer que optamos trabalhar nas demais

atividades (12) com o gráfico de barras, tendo em vista ser um dos gráficos mais

usados no cotidiano.

Page 170: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

152

5.2.4.3. Itens relativos ao conceito de média aritmética

Para finalizar a análise quantitativa do desempenho obtido pelos alunos

do GE no pré e pós-teste, apresentamos o gráfico com os resultados dos itens

relativos à média aritmética, com base nos quais tecemos considerações sobre a

evolução ou não do desempenho obtido pelos alunos nestes itens.

Quantidade de acertos por item Grupo

Experimental Item �� ������

�� ������

1c 0 7 1d 0 4 2e 0 4

Média aritmética

3d 0 8

Figura 5.11: Acertos por item de média aritmética do GE no pré e no pós-teste

Pelos resultados apresentados no gráfico acima, observamos que, em

todos os itens relativos à média aritmética, os alunos obtiveram um percentual de

acertos no pós-teste superior ao obtido no pré-teste (0%).

Pelos dados disponíveis no gráfico da Figura 5.11, os alunos obtiveram

melhor desempenho nos itens “3d” e “1c” no conteúdo referente à média

aritmética e o menor desempenho no item “2e”. Os dados sugerem que o tipo de

gráfico da questão 2 (escala não-unitária com valores de alguns dos dados

apresentados implicitamente no eixo), parece ter influenciado na determinação da

média aritmética.

Nesta análise, foram consideradas apenas as respostas exatas, embora

o maior percentual de acerto obtido no conteúdo de média aritmética tenha sido

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

1c 1d 2e 3d

Itens relativos à Média Aritmética

Percentual de acertos por item

Pré-testePós-teste

Page 171: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

153

de quase 35% no item “3d”, salientamos que se, tivéssemos aqui, considerado o

raciocínio apresentado pelos alunos, quanto à determinação da média,

desconsiderando os não-acertos referentes a outros conhecimentos matemáticos,

o percentual de acerto dos alunos do GE teria alcançado 52,17% nesse item. Na

seqüência, mostramos uma síntese dos resultados do GE no pré e pós-teste.

Quadro 5.6: Síntese do Desempenho do GE no Pré e Pós-teste

Para observar as possíveis contribuições da intervenção de ensino, na

seqüência apresentamos a análise qualitativa, de alguns dos itens já discutidos na

análise quantitativa, com o objetivo de compreender o caminho percorrido pelos

alunos no decorrer das três fases da pesquisa.

• GE apresentou uma considerável evolução do pré para o pós-teste nos itens relativos à compreensão deste tipo de gráfico, sobretudo, na questão 2.

• O desempenho superior a 43% de acerto observado no item “2a" sugere que a soma dos valores dos dados no gráfico, em que os valores apresentavam-se de forma implícita no eixo parece ser complexa aos alunos dessa faixa etária.

Leitura e

interpretação de gráfico de

barras

Gráfico de dupla entrada

• O desempenho do GE no pós-teste foi superior a 73% de acerto nos itens ” 3a" e “3b “ e igual a 69,5% no item “3c”. • GE apresentou uma evolução de 30% de acerto do pré para o pós-teste no item “3b”

Média Aritmética

• Em todos os itens relativos este conteúdo, o desempenho obtido pelos alunos do GE no pós-teste superou o desempenho obtido no pré-teste.

Page 172: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

154

5.3. Análise Qualitativa

Nesta seção, conforme apresentado na introdução deste capítulo,

analisamos as observações feitas no decorrer das três fases constituintes do

estudo de campo, que foram devidamente registradas apoiadas nas anotações e

gravações transcritas.

As respostas dos alunos aos protocolos do pré e do pós-teste foram

utilizadas, assim como as atividades feitas na intervenção de ensino e os arquivos

eletrônicos das tabelas e gráficos trabalhados pelos alunos participantes do GE.

Desse modo, procedemos à análise qualitativa, iniciando pela leitura e

interpretação de gráficos para depois apresentar a análise qualitativa, focando a

média aritmética.

A escolha para trabalhar com vários instrumentos de análise prendeu-se

a nossa intenção de promover uma inter-relação entre os dados e as estratégias

de enfrentamento dos problemas presentes no experimento, apresentados pelos

alunos.

Assim sendo, enquanto para a abordagem quantitativa empregamos o

critério de exatidão centrado no acerto, na abordagem qualitativa tendemos

sempre a considerar as justificativas e a estrutura da resolução de problemas

utilizada pelos alunos que foi feita baseada no uso de categorias.

Para preservar a identidade dos alunos participantes do GE, estes serão

denominados por “Al”, seguido do número de identificação de seus respectivos

protocolos desde o pré-teste.

Page 173: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

155

5.3.1. Análise Relativa à Leitura e Interpretação de Gráficos

Nesta seção, tal como procedemos na análise quantitativa, também

separamos as questões relativas aos dois tipos de gráfico: gráfico de barras e

gráfico de dupla entrada em razão das especificidades de cada um.

A seguir, apresentamos o quadro que indica as categorias definidas para

a análise dos resultados relativos à leitura e interpretação de gráficos e as

respectivas fontes para sua realização.

Quadro 5.7: Estrutura da análise qualitativa da leitura e interpretação de gráficos

CONTEÚDO MATEMÁTICO

TIPOS DE GRÁFICOS

CATEGORIAS

ITENS DO PRÉ-TESTE E PÓS-TESTE → Itens X

ATIVIDADES DE INTERVENÇÃO → At. X

GRÁFICO X

REALIDADE

NÍVEIS DE LEITURA E

INTERPRETAÇÃO DE GRÁFICO

LEITURA E INTERPRETAÇÃO

DE GRÁFICOS

EXTRAPOLAÇÃO

Itens 1a, 1b

At. 2B, 5B

GRÁFICO

DE BARRAS

GRÁFICO DE DUPLA ENTRADA

Nível I Itens 1a,

1b, At. 2A, 3A

Nível II Item 2a

Nível III Item 1e

At. 6B Item 2f

ARTICULAÇÃO TABELA

X GRÁFICO

At. 1A, 1C, 2A

Page 174: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

156

5.3.1.1. Gráfico de barras

Os resultados apresentados pelos alunos, propiciaram a formação de

três categorias de análise para leitura e interpretação do gráfico de barras: gráfico

x realidade, articulação tabela x gráfico, níveis de leitura e interpretação de

gráficos.

Na primeira categoria, analisamos o tipo de justificativa dos alunos na

leitura do gráfico de barras apresentado no pré e no pós-teste. Na segunda,

discutimos como ocorreu a articulação entre representações tabular e gráfica em

duas situações distintas quais sejam: construção de gráfico baseada na coleta de

dados e, na construção do gráfico apoiado no banco de dados previamente

organizado. Por último, analisamos algumas questões relativas aos três níveis de

leitura e interpretação de gráficos propostos por Curcio (1987).

5.3.1.1.1. Gráfico x realidade

Pelos resultados obtidos no pré e pós-teste, passamos a analisar

qualitativamente as respostas dos alunos do GE, no que tange à leitura e

interpretação do gráfico de barra.

Para discutir a categoria, gráfico x realidade, foram usadas as

justificativas apresentadas pelos alunos nos itens “1a" e “1b” do pré e pós-teste.

Primeiro, fizemos um levantamento de todos os tipos de respostas para,

em seguida, agrupá-las, classificando-as por categorias. Assim, descrevemos a

seguir, as categorias de respostas utilizadas para esta análise.

Page 175: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

157

LEGENDA DA CATEGORIA

DESCRIÇÃO DA CATEGORIA

R

Justificativas relacionadas à crenças ou experiências pessoais dos alunos, baseadas em sua Realidade.

G

Justificativas baseadas nas informações advindas da representação Gráfica.

O

Consideramos as respostas que não apresentaram justificativas, como Outros.

Quadro 5.8: Categorias de análise dos itens “1a" e “1b” do pré e do pós-teste.

A seguir, expomos a justificativa fornecida no protocolo de dois alunos

no pré-teste para exemplificar as duas primeiras categorias descritas no Quadro

5.8, quanto ao tipo de justificativa apresentada pelos alunos ora pela realidade,

ora pelo gráfico.

Figura 5.12: Respostas ao protocolo de Al-07 e Al-05 no pré-teste

Analisando os protocolos apresentados na Figura 5.12, observamos que

para o mesmo tipo de questão mostrada no pré-teste: “Por que você acha que ele

vendeu mais/menos minigames neste mês?” os alunos apresentaram,

inicialmente, dois tipos de justificativa.

a) Al-07 b) Al-05

Page 176: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

158

Na Figura 5.12a), observamos que a justificativa da aluna “porque ele

tinha minigames legais”, parece considerar sua experiência em relação a vender,

mais ou menos, minigames, tendo em vista que esta informação não pode ser

extraída dos dados mostrados no gráfico.

Dados semelhantes foram encontrados no estudo de Guimarães (2002),

conforme destaca, apesar dos alunos demonstrarem habilidades para ler o

gráfico, preferem aceitar como resposta do problema suas experiências de vida.

Embora a questão sugerisse uma resposta pragmática, outros alunos mostraram

justificativas baseadas nos dados do gráfico como: “porque é o maior mês que

tem nestes gráfico”, nas quais entendemos que o aluno centrou sua justificativa

nas informações apresentadas no gráfico.

Acreditamos ser pertinente apresentar dois momentos de discussão dos

alunos na fase de intervenção, assim, observamos os dois tipos de justificativa

que estamos analisando.

Um desses momentos ocorreu no decorrer do segundo encontro, mais

especificamente, na realização da atividade 2B. Os alunos encontravam-se em

uma situação desafiadora, quando foi proposto que auxiliassem Camila a oferecer

a mesma quantidade de balas a todas as crianças do grupo.

Para solucionar o problema proposto, em um determinado momento,

todos os grupos na tentativa de mudar a bala de Pâmela ou Artur para João,

observaram que a mesma retornava a seu lugar, conforme transcrição a seguir:

P: Se ela é da Pâmela, por que ela não vai para João?

Al-22: ela vai..., mas ela volta!

P: Por que que ela volta?

Al-22: “Por que ela não quer dar”

Al-06: “Porque ela acha que tem pouca!”

Page 177: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

159

Analisando a discussão, percebemos que as alunas Al-22 e Al-06

elaboraram uma leitura da situação, relacionando-a com suas crenças, pois a

representação gráfica ora apresentada não lhes fornecia informação às

justificativas dadas pelas alunas. Aliás, a resposta “Porque ela acha que tem

pouca!”, contrasta com a leitura do gráfico em questão, no qual a quantidade de

balas de Pâmela era a maior quantidade representada no gráfico.

No quinto encontro, ocorreu o outro momento, durante o

desenvolvimento da Atividade 5A. Assim, a situação proposta era que os alunos

construíssem o gráfico de freqüência, a partir do qual foram trabalhadas a leitura

e interpretação de gráfico e a média aritmética.

No encontro, percebemos uma mudança quanto ao tipo de resposta

para justificar a leitura dos dados apresentados no gráfico, conforme o fragmento

transcrito, a seguir:

P.: Quem consome mais salgadinhos?

Al-05: Luís

P: Como vocês leram isso?

Al-05 e Al-06: Olhando no gráfico.

Neste outro fragmento, os alunos elaboraram uma leitura da situação

relacionando-a com a representação gráfica, pois sua justificativa pautou-se no

gráfico diferente das alunas citadas no fragmento anterior.

É provável que o trabalho desenvolvido no decorrer da intervenção de

ensino, na qual os alunos realizaram atividades pautadas nas várias situações

empregando a representação gráfica, possam ter auxiliado o aluno a se remeter à

Page 178: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

160

representação gráfica para justificar suas respostas, conforme observamos no

protocolo da aluna Al-7 no momento do pós-teste, exposto a seguir:

Figura 5.13: Respostas ao protocolo de Al-07 no pós-teste

Neste protocolo, ao analisar as respostas do pós-teste, observamos que

a aluna Al-07 passa a tomar como referência os dados do gráfico: “por que se

olharmos no gráfico, março vendeu 11, fevereiro 9, e janeiro 4.” , demonstrando

uma leitura mais detalhada desses dados.

A seguir, na tabela, temos a evolução apresentada pelos alunos entre o

pré-teste e o pós-teste nas justificativas dos itens “1a" e “1b”, para isso utilizamos

as categorias descritas no Quadro 5.7. Salientamos que, neste momento, o uso

do termo evolução foi compreendido por nós, como uma mudança na concepção

da leitura e interpretação de gráficos dos alunos entre o pré e o pós-teste.

Page 179: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

161

EVOLUÇÃO DAS RESPOSTAS DO PRÉ PARA O PÓS-TESTE

Justificativa Realidade Gráfico Outras

Itens Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste

1a 13 05 08 16 02 02

1b 13 05 08 16 02 02

Tabela 5.1: Distribuição das justificativas apresentadas na leitura de gráficos no pré e no pós-teste.

Pelos dados apresentados na Tabela 5.1, notamos que houve um

aumento de 100% do número de alunos, cujas justificativas passaram a focar o

gráfico em detrimento da realidade após a fase da intervenção de ensino;

conforme pode ser observado nos resultados do pós-teste. Percebemos uma

redução do número de alunos que, inicialmente, centravam suas justificativas

baseadas na realidade.

A evolução apresentada pelos alunos do grupo experimental em relação às

justificativas dadas à leitura dos dados no gráfico de barras, pode ter ocorrido em

função das diversas situações propostas na fase de intervenção de ensino.

Nestas situações, eles foram solicitados a trabalhar com os diversos invariantes

constituintes do Campo Conceitual relativo à leitura e interpretação de gráficos,

assim como usar as distintas representações simbólicas lá inseridas.

Page 180: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

162

5.3.1.1.2. Articulação das representações: tabela x gráfico

No decorrer da intervenção de ensino, os alunos realizaram atividades

que solicitavam a construção de gráficos no Tabletop, que eram construídos com

base em um banco de dados previamente organizado por nós ou apoiado em

banco de dados construído pelos alunos, após a coleta que realizaram.

No primeiro encontro, as atividades propostas tiveram por objetivo

favorecer a familiarização dos alunos com o software Tabletop. Para isso, na

atividade 1A, os alunos partiram de uma coleta de dados, inicialmente, no

contexto de papel e lápis. Assim, inseriram esses dados no banco de dados do

Tabletop, salvando-o como FAMI-COL.TDB, visto que este encontro destinava-se

à familiarização dos alunos com o Tabletop, foi, portanto, um dos momentos que

os orientamos quanto ao emprego dos ícones constituintes do menu principal,

quais sejam: File, Save as, Close, Open.

Para realizarem o registro dos dados coletados na folha que havia sido

entregue, os alunos não mostraram dificuldades, entretanto, oito dos dez grupos

participantes solicitavam constantemente à pesquisadora para auxiliar na

digitação. O fato deu-se pela pouca familiaridade desses alunos com o ambiente

computacional, pois, muito deles estavam tendo seu primeiro contato nesse

ambiente com o software Tabletop.

Nesse encontro, foi possível perceber que os alunos disputavam

constantemente o teclado com os colegas, quando começavam a digitar, não

queriam “sair do computador”. De forma geral, as crianças demonstraram grande

interesse em utilizar este recurso. O fato pode ser observado na discussão

gravada no grupo dez, conforme transcrevemos, a seguir:

Page 181: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

163

Al-04 – Eu acho melhor o mouse...

Al-08 – Eita! Olha o que você fez!!!

Al-03 – Deixa de conversar com ele e deixa ele escrever!

(...)

Al-03 – Deixa eu escrever?

Al-04 – Profa. Agora é o Al-02

Neste fragmento, os alunos pareciam fiscalizar o tempo que cada um

ficava à frente do computador, ou seja, no teclado. Apesar de sugerir uma

organização prévia dos alunos, quanto ao uso do teclado no início de cada

encontro, discussões semelhantes a esta ocorriam também nos demais grupos.

Vale salientar que este tipo de discussão pode ter acontecido sobretudo

em função do número de alunos por computador, visto que a princípio, seis

grupos compunham-se de três alunos, três grupos de quatro e um grupo de dois.

Ao finalizar esta atividade, explicamos aos alunos que os dados que eles

haviam digitado, poderiam ser guardados, constituindo-se em um arquivo que,

neste caso, era denominado banco de dados. Para isto, deveríamos nomear o

banco de dados criado e salvá-lo, conforme orientações dadas inicialmente.

Assim, percorremos cada um dos grupos para auxiliar na tarefa, pois

como já dissemos, poucos alunos tinham familiaridade com o ambiente

computacional.

Page 182: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

164

• Articulação tabela x gráfico com base na coleta de dados – AT 1C

No primeiro encontro, os alunos construíram o gráfico de freqüência,

baseando-se na coleta de dados realizada por eles. Na seqüência, fizeram a

leitura dos dados, mostrando facilidade, tanto em sua construção como na leitura

dos dados.

No encontro, notamos que os alunos realizavam a leitura dos dados,

contando cada um dos ícones que representava o dado sem se remeter à escala.

Ao final da atividade, solicitamos que alunos de diferentes grupos expusessem,

como realizaram a leitura do gráfico, para que os outros pudessem comparar as

distintas estratégias utilizadas pelos colegas. Nesse momento, a pesquisadora fez

as devidas intervenções, pautada no que era apresentado pelos grupos.

Depois de concluída a intervenção na Atividade 1B, entregamos para

cada grupo o protocolo da atividade 1C, com a seguinte questão: 1) “Imaginário”

gostaria de entrar em seu grupo. Como ficaria o gráfico com esse novo aluno

sabendo que ele mora sozinho?”

Iniciamos a atividade 1C com uma discussão geral, pois ao terminar a

leitura da 1C, retomamos a questão e os alunos começaram a responder

oralmente, conforme fragmento transcrito, a seguir:

P: Como ficaria esse gráfico?

Al-01, Al-07, Al-10: Aumenta o gráfico com o Imaginário lá!

P: Aumenta o gráfico com o Imaginário lá?

Alunos: É.

P: Como é que eu faço para aumentar o Imaginário aí! No gráfico

de vocês?

Al-08: voltaria lá, onde a gente digitamos, digitava o nome dele.

Page 183: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

165

Entendemos que ao ser questionada sobre o que deveria ser feito para

”aumentar o gráfico, incluindo o Imaginário”, a aluna Al-08 compreendeu a

necessidade de retornar à tabela, na qual havia digitado os dados dos colegas

para incluir também os dados do Imaginário no gráfico.

A aluna entendeu que a inclusão do Imaginário no gráfico não poderia

ser feita diretamente no mesmo, mas poderia ser baseada em sua inclusão na

tabela. Neste momento, percebemos que, ela observou a relação existente entre

os dados representados no gráfico e na tabela.

Esta observação pode estar associada ao fato do gráfico ter sido

construído apoiado na coleta de dados feita pelos próprios alunos. Neste primeiro

encontro, as crianças trabalharam duas situações distintas: a coleta e a

organização dos dados, seguida da construção do respectivo gráfico. Além disso,

empregaram dois tipos de representação: a tabular e a gráfica.

• Articulação tabela x gráfico com base em um banco de dados – AT 2A

Neste segundo encontro, diferente do anterior, o banco de dados

ANIVBALA.TDB utilizado na atividade 2A foi fornecido por nós, pois não partimos

da coleta realizada pelos alunos.

Após todos os grupos localizarem o arquivo ANIVBALA.TDB, lemos a

atividade e, em seguida, solicitamos que procurassem, inicialmente, a melhor

forma para responder às questões propostas. Nesta atividade, o objetivo era

desenvolver a leitura e interpretação de gráficos e introduzir o conceito de média

aritmética.

Page 184: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

166

Após a discussão da atividade entre os alunos de cada grupo, abrimos

um debate com a classe, conforme transcrito a seguir:

P: Eu quero saber quantas balas cada aluno pegou.O que vocês

sugerem?

Al-06: clicar na mesinha

P: Por que você sugere clicar na mesinha Al-06?

Al-06 – Pra entrar no gráfico para saber quantas balas cada um

pegou.

P: E pelo gráfico dá para fazer isso?

Al-03-17-20: Dá!

P: Por que dá para saber isso?

Al-06: Porque lá tem a quantidade!

P: Qual grupo teria uma outra sugestão? (...)

No fragmento exposto, notamos que, no segundo encontro, as crianças

já apresentavam certa familiaridade para lidar com o software Tabletop, pois, a

sugestão da aluna Al-06 para clicar na mesinha indica implicitamente a

construção do gráfico, como a própria aluna explicou. Entretanto, analisando a

fala dessa mesma aluna “Porque lá tem a quantidade”, percebemos que,

possivelmente, os alunos parecem entender que a quantidade solicitada só pode

ser encontrada no gráfico.

Na análise desse fragmento, entendemos que os alunos parecem não

ter entendido que a quantidade solicitada poderia também ser verificada na

própria tabela.

Page 185: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

167

Desse modo, aguardei alguns minutos e repeti a última pergunta

transcrita no fragmento, tendo em vista não ser esta a única forma de saber a

quantidade de balas. Aguardava que algum aluno pudesse ter observado que

esta quantidade poderia também ser obtida na própria tabela.

Os alunos conversavam, mas não apresentavam nenhuma sugestão.

Solicitamos que discutissem com o grupo a melhor forma de responder às

questões propostas na atividade e buscassem desenvolvê-la. Observamos que

todos os grupos construíram o gráfico para determinar a quantidade de balas que

cada aluno havia pego.

Embora tenha solicitado a construção do gráfico de freqüência

ANIVBALA.TT, para responder às questões propostas na Atividade 2A, a

ausência de outras sugestões parece indicar que, na situação proposta, os alunos

ainda não haviam percebido a relação existente entre gráfico e tabela, já que a

quantidade solicitada poderia ser obtida também pela representação tabular.

Nas discussões realizadas no decorrer das atividades 1C e 2A, chamou

a atenção, conforme descrito nos fragmentos correspondentes a essas atividades,

que o reconhecimento da relação existente entre representação gráfica e tabular

parece ter ocorrido com maior facilidade na situação desenvolvida com base na

coleta de dados – Atividade 1C.

No entanto, a mesma relação não foi notada tão facilmente na atividade

2A, o que pode ter ocorrido em razão da situação proposta nesta atividade ter

sido desenvolvida baseada em um banco de dados previamente estabelecido por

nós.

Page 186: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

168

Analisando o desenvolvimento das duas atividades, percebemos que a

composição das duas situações do Campo Conceitual leitura e interpretação de

gráficos, isto é, a construção de gráfico apoiada na coleta e organização dos

dados parece ter auxiliado os alunos na compreensão da relação existente entre

as representações gráfica e tabular do que simplesmente a construção do gráfico

baseada em um banco de dados previamente organizado.

O fato parece revelar a importância da participação ativa do aluno como

fonte de conhecimento, como já apontado por Healy e Hoyles (1994). As autoras

destacaram a importância do envolvimento do aluno na construção do banco de

dados. Esta observação assemelha-se aos resultados obtidos na pesquisa de

Magina e Gitirana (1998) “Interpretação de gráficos e diagramas em ambiente

computacional de manipulação de dados”31 que, considerando a manipulação de

dados em duas fases: coleta de dados e análise de dados, estudou esta última

apoiada em duas situações: (A) dados estruturados pelos estudantes, (B) banco

de dados fornecido ao aluno.

5.3.1.1.3. Níveis de Leitura e Interpretação de gráficos

Ler os dados – Nível I

Neste item, destacamos algumas observações feitas na fase de

intervenção de ensino que parecem ser relevantes à leitura e interpretação de

gráficos, no que tange ao Nível I de compreensão de gráficos, segundo Curcio

(1987).

31 Trata-se de um projeto de pesquisa sob coordenação da Profa. Dra. Sandra Magina, financiado pelo CNPq no. 521446/95-3

Page 187: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

169

Após a construção do gráfico de freqüência para que respondessem à

atividade 2A, solicitamos alguns minutos para expor a respeito do recurso do

Tabletop que consiste em alterar a ordem dos dados da variável que, neste caso,

eram os alunos. Conhecer este recurso torna-se relevante, visto que a troca da

ordem das categorias pode auxiliar na leitura dos dados do gráfico, já que estas

podem se aproximar ou afastar-se do eixo vertical que contém a escala.

Depois desta intervenção, a maioria dos grupos passou a alterar a

ordem dos dados e, cada aluno do grupo sugeria uma disposição diferente dos

demais colegas. Assim, sete grupos organizaram a posição das categorias em

ordem decrescente da quantidade de balas, dois em ordem crescente e, apenas

um considerou a posição das categorias de forma mista em relação à quantidade

de balas.

A seguir, destacamos os protocolos de dois desses grupos para

exemplificar as posições crescentes (Grupo 02) e, decrescentes (Grupo 06)

indicadas acima.

Figura 5.14: Gráficos construídos pelos grupos 02 e 06 na atividade 2A - ANIVBALA.TT

Page 188: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

170

O uso deste recurso na construção dos gráficos auxiliou os alunos na

leitura dos dados, pois, no primeiro encontro, os alunos contavam os ícones

referentes a cada dado um a um sem se remeter à escala.

A seguir, apresentamos fragmentos de uma discussão da atividade 3A,

ocorrida no grupo dez, na qual os alunos haviam alterado a ordem das categorias

dispondo-as em ordem decrescente.

Al-02: Qual o total de balas que este grupo de alunos pegou?

Al-03: Um, dois, três, quatro, ..., 16.

Al-08: 16!

Inicialmente, a aluna Al-03 conta um a um os ícones de cada um dos dados

apresentados no gráfico. Neste momento, fica nítida a não utilização da escala.

Diante desta fala, questionamos o grupo, buscando investigar se haveria outra

forma de determinar o total de balas. Procuramos observar se os alunos remeter-

se-iam à leitura dos dados, empregando a leitura do eixo vertical. A seguir,

transcrevemos a continuidade da discussão ocorrida nesse grupo:

P: Deixa eu fazer uma pergunta prá vocês. Só tem este jeito para

encontrar esse total? Como você fez Al-03 para encontrar o 16?

Al-02: Ela contou as balinhas de cada criança.

(....)

P: E será que tem outro jeito de achar o total?

Al-04: Tem! Olhando aqui, oh!

Nesse momento, o aluno Al-04 apontou os números representados no

eixo vertical, querendo explicar que poderia ser usado o total de cada dado,

empregando o valor correspondente nesse eixo. Continuamos a questioná-lo para

observar se ele seria capaz de ler os dados, cujos valores não estavam explícitos

Page 189: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

171

no eixo vertical, tendo em vista que, neste gráfico, a escala apresentava-se

graduada de três em três unidades. Segue abaixo o fragmento que conclui a

discussão:

P: Tem? Olhando na escala? E, então, como é que você olha na

escala?

Al-04: Aqui oito.

P: E aqui na Isabela?

Al-04: Cinco (corria o dedo até o cinco que não estava

representado explicitamente no eixo vertical, pois a escala

apresentava-se como múltiplo de três)

No último fragmento, percebemos que o aluno foi capaz de realizar a

leitura dos dados, tendo iniciado sua leitura pelo dado que estava mais próximo

do eixo vertical (Paula-8).

A possibilidade oferecida pelo software para alterar a ordem dos dados,

parece ter favorecido aos alunos para usarem a escala para fazer a leitura dos

dados representados no gráfico.

Em nossa análise dos arquivos salvos em disquete, na atividade 3A,

tivemos apenas um grupo que dispôs os dados em ordem crescente, dois grupos

usaram a ordem mista dos dados e os demais organizaram os dados em ordem

decrescente.

Este recurso pode ter auxiliado os alunos, no que se refere à leitura da

escala não-unitária, pois, embora os dados do gráfico estivessem representados

por ícones e não em barras, observamos, no sexto encontro durante o

desenvolvimento da atividade 6A que os alunos passaram a se voltar com maior

Page 190: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

172

facilidade à escala do que a contagem dos ícones, conforme demonstra o

fragmento, a seguir:

P: Então quanto o Luís consumiu? Al-05: 12 P: e o Fernando? Al-05: Dez P.: Por que é dez e não oito 8 ? Al-05: porque que está mais perto do 12!!

Analisando o fragmento, percebemos que a leitura de cada um dos

dados da variável passou a ser feita remetendo-se à escala. Neste encontro,

notamos que alguns alunos faziam ainda a contagem dos ícones e, na maioria

dos grupos, os alunos usavam a escala para fazer a leitura dos dados.

No decorrer da segunda fase, solicitamos que buscassem alternativas

distintas das já apresentadas pelos colegas do grupo para leitura dos dados.

No final dos encontros, discutíamos as sugestões apresentadas pelos

grupos. O emprego de diferentes escalas nas situações propostas pode ter

contribuído para a compreensão da leitura de gráficos dos alunos, visto que vários

estudos apontam que muitos dos erros de “leitura entre os dados” estão

relacionados à dificuldade da leitura de escala (FRIEL, CURCIO, BRIGHT, 2001).

Ler entre os dados – Nível II

Neste tópico, tecemos algumas considerações sobre o item “2a" do pré e

do pós-teste que exigia dos alunos uma “leitura entre os dados”, segundo Curcio

(1987).

Page 191: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

173

Para a presente análise, a escolha do item “2a" deu-se com base nas

dificuldades demonstradas pelos alunos no pré-teste.

Este item exigia que o aluno totalizasse os dados da variável. Para isso,

deveria fazer uma leitura correta de cada um dos dados da variável (dias da

semana), mas os valores de alguns desses dados não se apresentavam

explicitamente no eixo. Nesta análise, buscamos demonstrar as dificuldades

apresentadas pelo aluno no pré-teste e analisar as possíveis contribuições da

intervenção de ensino.

Desse modo, na análise do item “2a" não nos restringiremos apenas aos

acertos ocorridos após a intervenção, mas, discutiremos também o tipo de erro

ocorrido antes e depois da intervenção.

Para analisar este item, fizemos um levantamento de todos os tipos de

respostas apresentadas para, em seguida, agrupá-las, classificando por

categorias. A seguir, descrevemos, as categorias de respostas utilizadas para

esta análise.

LEGENDA DESCRIÇÃO DA CATEGORIA

LCC Respostas com Leitura dos dados e Cálculos Corretos.

LCCE Respostas com Leitura Correta dos dados, mas, Cálculo Errado.

LED Respostas com Leitura Errada dos Dados e cálculo correto ou incorreto.

DIQ Respostas que indicassem Dificuldade quanto à Interpretação da Questão.

O Respostas que não se encaixassem em nenhuma das categorias apresentadas, foram classificadas como Outros.

Quadro 5.9: Categorias de análise do item “2a" do pré e do pós-teste

Page 192: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

174

Apresentamos fragmentos do protocolo do pré e pós-teste de três

alunos, pelos quais podemos observar o tipo de resposta classificada em cada

uma das categorias estabelecidas no Quadro 5.9.

Tomamos, como exemplo, a aluna Al-21 cujas respostas foram

consideradas incorretas no momento do pré e pós-teste da análise quantitativa. O

fragmento do pré-teste da aluna está apresentado na figura 5.15, a fim de facilitar

a compreensão de nossa análise.

Figura 5.15: Resposta ao protocolo de Al-21 no pré-teste

Analisando a resposta do fragmento acima, observamos que a aluna

mostrou pouco entendimento na “leitura entre os dados” (CURCIO, 1987) no

momento do pré-teste. O tipo de resposta dada foi classificado como DIQ.

Conforme nosso entendimento, a aluna parece ter interpretado a questão como “o

total de dias em que houve consumo de pães pela família nessa semana”.

Embora não tenhamos realizado entrevista com os alunos, é possível

observar que, no pré-teste, a aluna Al-21 pode ter interpretado a questão,

restringindo-se ao eixo horizontal, totalizando a quantidade de dias,

desconsiderando o domingo por não apresentar nenhuma “barra”.

Page 193: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

175

Possivelmente, a interpretação incorreta do que foi solicitado na

questão, influenciou para que a aluna fizesse uma “leitura dos dados” incorreta,

dificultando, assim, sua integração, que é exigida, para a “leitura entre os dados”.

Por outro lado, embora a aluna Al-21 tenha fornecido uma resposta

incorreta também no pós-teste, notamos um avanço em sua compreensão quanto

à “leitura dos dados”, pois parece que agora ela se utilizou da grade de linha

exposta no gráfico. A seguir, apresentamos o protocolo do pós-teste da aluna Al-

21:

Figura 5.16: Resposta ao protocolo de Al-21 no pós-teste

A aluna considerou a medida das barras apresentada entre duas linhas

de grade horizontal, atribuindo-lhe valor 1, tendo considerado esse mesmo valor

também para a metade da referida medida. Este tipo de resposta situou-se na

categoria LED, conforme já especificado.

Assim, apesar da aluna ainda ter feito a “leitura entre os dados”

incorreta, notamos que ela mostrou uma sensível melhora quanto à “leitura dos

dados”, pois passou a reconhecer não apenas os valores expressos na linha

horizontal, mas também a “altura de cada uma das barras”, ou seja, ela identificou

Page 194: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

176

os distintos valores de cada uma das barras, o que demonstra uma aproximação

no que se refere à “leitura dos dados”.

A seguir, apresentamos o protocolo do pré-teste da aluna Al-27 que

indica um tipo de resposta classificado na categoria LED.

Figura 5.17: Resposta ao protocolo de Al-27 no pré-teste

Analisando a Figura 5.17, observamos que a aluna Al-27, inicialmente,

apresenta uma leitura dos dados, considerando a medida das barras apresentada

entre duas linhas de grade visivelmente expostas no gráfico, como uma unidade

(atribuiu valor 1).

É interessante observar que a aluna faz a leitura da terça-feira como três

pães, o que sugere que ela tenha considerado o mesmo valor para medidas

diferentes. A conta apresentada no protocolo, confirma nosso entendimento do

caminho por ela percorrido, conforme ilustramos, a seguir:

Page 195: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

177

Figura 5.18: Resposta ao protocolo de Al-27 no pré-teste

No pós-teste, a aluna Al-27 passou a realizar uma correta “leitura dos

dados” no item “2a", visto que foi capaz de integrar os dados para proceder à

“leitura entre os dados”, conforme apresentado no protocolo, a seguir:

Figura 5.19: Resposta ao protocolo de Al-27 no pós-teste

As duas análises que acabamos de apresentar, confirmam os dados

obtidos em outras pesquisas que apontam as dificuldades dos alunos desta faixa

etária em relação à leitura de dados, cujos valores não são apresentados

explicitamente no eixo (GUIMARÃES, 2002; SELVA, 2003).

Nesta análise podemos ainda, observar que a “leitura dos dados” e a

“leitura entre os dados” poderiam ser melhor compreendidas, partindo de uma

construção contínua da leitura e interpretação de gráficos em distintos níveis de

Page 196: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

178

profundidade. Assim, constatamos a importância da organização do currículo em

espiral conforme proposto por Bruner (1978).

A seguir, apresentamos o protocolo do pré e pós-teste de outra aluna

que mostrou um tipo de resposta classificado na categoria LCCE, no pós-teste,

sua resposta foi considerada errada, de acordo com os critérios estabelecidos

para fins de análise quantitativa.

Pré-teste – Al-06 – item “2a"

Pós-teste – Al-06 – item”2a"

Figura 5.20: Respostas aos protocolos de Al-06 no pré e no pós-teste

Pelos protocolos acima, foi possível analisar que, embora a resposta

apresentada pela aluna tenha sido considerada errada, tanto no pré como no pós-

teste em função dos critérios preestabelecidos, é interessante destacar que, no

pré-teste, ela não tinha ainda compreensão quanto a leitura dos valores dos

dados implicitamente representados na escala (2, 5, 3, 3, 5, 10, 0).

No pré-teste, a aluna lia os valores intermediários ora acima, ora abaixo

dos valores explícitos no eixo vertical. No pós-teste, observamos que a aluna Al-

06 descreveu corretamente os valores dos dados representados de modo

implícito na escala tendo, contudo, mostrado um erro de cálculo.

Page 197: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

179

Salientamos que, embora este tipo de resposta tenha sido considerado

errado por não apresentar uma resposta exata, é importante observar que os

alunos com este tipo de erro foram também capazes de “ler os dados”, tanto

quanto aos que obtiveram a resposta exata. No entanto, a não integração correta

desses dados exigida para a posterior “leitura entre os dados” deu-se em função a

um erro de cálculo.

Para concluir a análise do item “2a", apresentamos uma tabela com o

resumo da evolução ocorrida entre as respostas encontradas no pré e no pós-

teste para este item.

Tabela 5.2: Comparação entre as respostas ao item “2a" do pré para o pós-teste

Embora os resultados apresentados na análise quantitativa indiquem um

percentual de 43,48% de acertos no pós-teste, podemos observar pelos dados da

tabela que a intervenção de ensino realizada no GE pode ter contribuído para

minimizar a dificuldade dos alunos em relação à interpretação da questão, visto

que dos oito alunos com este tipo de dificuldade no pré-teste, quatro foram

capazes de superá-la.

Para finalizar a análise desta seção, salientamos que ao comparar os

resultados das alunas Al-21 e Al-27 apresentados, inicialmente, pudemos

COMPARAÇÃO DAS RESPOSTAS DO PRÉ PARA O PÓS-TESTE

Categoria LCC LCCE LED DIQ O

Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós

Item 2a 2 10 2 3 9 5 8 4 2 1

Page 198: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

180

perceber a influência da intervenção de ensino no processo de aprendizagem

desses alunos.

Parece ser pertinente destacar a relevância de retomar os conteúdos

ano após ano, aprofundando-os cada vez mais, como proposto por Bruner (1978)

e Vergnaud et al (1990).

NÍVEL III – LER ALÉM DOS DADOS

Neste item, procuramos analisar qualitativamente os resultados obtidos

pelos alunos do GE no item “1e” constituinte do pré e pós-teste. Este foi o único

item da questão que exigiu dos alunos uma “leitura além dos dados” (Curcio,

1987).

Assim, o item sugeriu uma extrapolação na leitura do gráfico ao exigir

que o aluno elaborasse uma previsão baseada nos dados do gráfico. Para

analisar este item, fizemos um levantamento de todos os tipos de respostas

apresentadas nas justificativas para, em seguida, agrupá-las, classificando-as por

categorias. A seguir, descrevemos as categorias obtidas que utilizamos nesta

análise.

LEGENDA DESCRIÇÃO DA CATEGORIA

SVDG Respostas que indicassem a Soma dos Valores dos Dados do Gráfico.

ACMVE

Respostas que indicassem um Aumento nas vendas, Considerando o Maior Valor apresentado no Eixo vertical - 13

PTCG

Respostas em que a Previsão baseou-se na Tendência de Crescimento apresentada entre os dados do Gráfico, ou uso da média aritmética.

O Consideramos na categoria Outros, as respostas que não se encaixassem em nenhuma das anteriores.

Quadro 5.10: Categorias de análise do item “1e” do pré-teste e do pós-teste

Page 199: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

181

A seguir, mostramos o protocolo do pré-teste de uma aluna, cuja

resposta foi classificada na categoria SVDG para na seqüência fazermos sua

análise.

Figura 5.21: Resposta ao protocolo de Al-05 no pré-teste

Ao analisar a resposta apresentada na Figura 5.21, percebemos que a

aluna utiliza-se da soma dos valores dos dados do conjunto para indicar a

possível venda do mês de abril.

Segundo nosso entendimento, isso demonstra uma compreensão de

que para fazer uma previsão, a aluna considerou ser preciso somar todos os

valores apresentados.

A seguir, destacamos o protocolo do pós-teste desta mesma aluna, cuja

resposta foi classificada na categoria PTCG.

Figura 5.22: Resposta ao protocolo de Al-05 no pós-teste

No protocolo apresentado na Figura 5.22, observamos que no pós-teste,

embora a aluna indique uma previsão ainda utilizando a soma, esta já não é de

todos os valores do conjunto de dados. No pós-teste, a Al-05 passou a somar o

maior e o menor valor, o que demonstra uma análise mais detalhada dos dados

para realizar a previsão solicitada.

Page 200: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

182

Assim, a aluna estabeleceu uma relação entre os dados do gráfico, não

observada no momento do pré-teste.

A seguir, a tabela apresenta a quantidade de respostas em cada uma das

categorias estabelecidas para a análise do item “1e” no pré e no pós-teste.

COMPARAÇÃO DAS RESPOSTAS DO PRÉ PARA O PÓS-TESTE

Categoria SVDG ACMVE PTCG O

Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós

Item 1e 4 3 7 4 7 12 5 4

Tabela 5.3: Comparação entre as respostas ao item “1e” do pré para o pós-teste

Pelos dados da Tabela 5.3, observamos um considerável avanço no que

se refere a “ler além dos dados”.

No pré-teste, dos sete alunos que faziam a previsão, considerando o

maior valor, mostrado no eixo, apenas quatro apresentam esse entendimento no

pós-teste.

Outro dado importante é o crescimento do número de alunos que passa

a se basear na tendência apresentada pelos dados do gráfico para realizar a

previsão (PTCG). No pós-teste, alguns alunos utilizaram a média aritmética para

resolução desse item, o que entendemos como extrapolação na leitura de

gráficos, segundo Curcio (1987).

Page 201: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

183

5.3.1.2. Gráfico de Dupla Entrada - Extrapolação

Nesta categoria, apresentamos uma breve análise do que denominamos de

extrapolação na atividade 6B, utilizamos para isso fragmentos dos protocolos

dessa atividade.

No sétimo encontro, na atividade 6B foi proposto que os alunos

construíssem um gráfico com a quantidade de cada tipo de docinho consumido

pelos alunos, utilizando as informações contidas no banco de dados

ATDOCE.TDB.

A partir da construção do gráfico pelos alunos, foram trabalhadas questões

relativas à leitura e interpretação do gráfico e, também, de média. O item que

consideramos como extrapolação da leitura de gráficos, exigia que o aluno fizesse

uma previsão, qual seja: “Se o Imaginário chegasse na classe, qual seria o

docinho escolhido por ele?”

Nesta atividade, os alunos testaram diferentes variáveis nos eixos vertical e

horizontal, procurando obter um gráfico que auxiliasse na resolução das questões

propostas. Entretanto, após a discussão em grupo sobre o que havia sido

proposto, todos os grupos construíram um gráfico semelhante ao apresentado a

seguir:

Page 202: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

184

Figura 5.23: Gráfico gerado pelo grupo-08 na Atividade 6B

Alguns grupos optaram por indicar “alunos” no eixo vertical e “doce” no eixo

horizontal. Mas, considerando que nossa análise para esta atividade focou a

questão da extrapolação, observamos que embora tenhamos trabalhado durante

os últimos cinco encontros com leitura e interpretação de gráficos e conceito de

média aritmética, os alunos utilizaram-se do conceito de moda para realizar a

previsão solicitada no item “2f” da atividade 6B, como pode ser observado pelo

fragmento da transcrição de uma discussão ocorrida em um dos grupos:

Al-18: Eu acho o beijinho. O que eu contei, né, o beijinho tem

mais!!

Al-22: Eu preferia brigadeiro

Al-23: Eu também

Al:18: Se o Imaginário chegasse na sala qual o docinho que ele...

Al-22 e Al-23: Brigadeiro

Al-22: Porque é mais gostoso!!!

Analisando o fragmento, notamos que as alunas realizaram a previsão

de duas formas distintas. A Al-18 usou os dados apresentados no gráfico,

considerando que o beijinho poderia ser o doce escolhido pelo Imaginário,

justificou por ser este o doce mais consumido, de acordo com o gráfico de dupla

Page 203: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

185

entrada, o que demonstra que a aluna utilizou-se do conceito de moda para

realizar a previsão solicitada.

Por outro lado, as alunas Al-22 e Al-23 tomaram por base suas

experiências pessoais ao considerarem que o doce a ser escolhido pelo

Imaginário seria o brigadeiro, por ser o mais gostoso.

Ao se fundamentarem em suas experiências, as alunas também

utilizaram o conceito de moda para fazerem a previsão, visto que optaram pelo

brigadeiro por ser o “mais gostoso”, pois tratou-se de uma escolha centrada na

moda a partir do universo dos alunos do grupo.

Figura 5.24: Resposta ao protocolo do grupo-02 na Atividade 6B

A seguir, apresentamos o protocolo de um outro grupo que também

mostrou, ainda que, intuitivamente, o conceito de moda, apoiando-se, nos dados

apresentados no gráfico:

Figura 5.25: Resposta ao protocolo do grupo 05 na Atividade-6B

Pela resposta apresentada na Figura 5.25, notamos que os alunos desse

grupo, assim como outros, também, empregaram o conceito de moda para fazer a

Page 204: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

186

previsão proposta na atividade. Entretanto tomaram por base os dados do gráfico,

que apresentava maior quantidade de beijinhos.

5.3.2. Análise Relativa ao Conceito de Média Aritmética

Nesta seção, faremos à análise qualitativa, referente às questões

trabalhadas sobre média aritmética. A seguir, apresentamos o quadro que indica

as categorias definidas para a análise dos resultados relativos à média aritmética.

Quadro 5.11: Estrutura da análise qualitativa para média aritmética.

CONTEÚDO MATEMÁTICO

CATEGORIAS

CONCEPÇÃO

PREVISÃO

SOMA DOS VALORES DA VARIÁVEL E

QUANTIDADE DE VALORES

PROPRIEDADES

INVARIANTES OPERATÓRIOS

MÉDIA

ARITMÉTICA

ITENS DO PRÉ e PÓS-TESTE → Itens X

ATIVIDADES DE INTERVENÇÃO → At. X

At. 3C, 3D e 5A

Itens 1c, 2e, 3d

At. 2B, 5A

Item 3d

At. 5A

Item 1e

At. 5A

Page 205: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

187

5.3.2.1. Concepções atribuídas à média

Após os resultados obtidos no pré e no pós-teste, passamos a analisar

qualitativamente as respostas fornecidas pelos alunos do GE, no que se refere às

concepções de média.

Inicialmente, fizemos um levantamento de todos os tipos de respostas

para, em seguida agrupá-las, classificando por categorias. A seguir, descrevemos

as categorias de respostas usadas para esta análise.

CONCEPÇÃO DE MÉDIA APRESENTADA PELOS ALUNOS DO GE

Legenda Descrição da Categoria

SVC

Respostas que os alunos consideraram a média como Soma dos Valores do Conjunto.

VC

As respostas em que os alunos apresentam uma concepção próxima do conceito de mediana, procurando um Valor Central para representar o conjunto de dados.

SVC/2

Respostas nas quais os alunos consideraram a média como (Soma dos Valores do Conjunto)/2

MA

Respostas nas quais os alunos identificam os invariantes: soma dos valores do conjunto e o número total de valores do conjunto, relacionando-os ao algoritmo da Média Aritmética, ainda que apresentassem erro quanto à leitura de gráficos/operações.

O

Respostas que não se encaixavam em nenhuma das categorias anteriores, dentre elas: ponto de mínimo, ponto de máximo, ou sem justificativa, foram classificadas como Outras.

Quadro 5.12: Categorias de análise das concepções de média apresentadas

pelos alunos do GE.

Tomando por base as categorias das concepções de média descritas no

Quadro 5.12 apresentamos a tabela com a freqüência das respostas dos alunos

do grupo experimental em cada uma delas nos itens “1c”, “2e” e “3d” do pré-teste

e do pós-teste.

Page 206: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

188

CONCEPÇÃO DE MÉDIA DOS ALUNOS DO GE NO PRÉ E NO PÓS-TESTE

Categoria SVC VC SVC/2 MA O

Itens Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós

1c 07 10 05 01 00 00 00 07 11 05

2e 07 01 00 00 02 00 00 15 14 07

3d 08 03 01 01 02 00 00 12 12 07

Total (69) 22 14 06 02 04 00 00 34 37 19

Total (%) 31,8 20,3 8,7 2,9 5,8 0 0 49,3 53,5 27,5

Tabela 5.4: Concepções de média apresentadas pelos alunos do GE no

pré e no pós-teste

Pelos dados da Tabela 5.4, observamos que nos três itens que exigiam

a determinação da média, a maioria dos alunos (31,8%) apresentou no pré-teste a

concepção de média como soma dos valores do conjunto.

Segundo Stella (2003), esta concepção foi também apresentada por

50% dos alunos da 8a série do Ensino Fundamental que realizaram provas do

SAEB(2001).

Entretanto, após a fase de intervenção de ensino, percebemos

diminuição (de 22 para 14) no número de respostas mostrando a concepção de

média como soma dos valores do conjunto (SVC) e um aumento significativo (de

0 para 34) nas respostas com a concepção de média, na qual os alunos

passaram a utilizar a soma dos valores do conjunto e o número total de valores,

relacionando-os com o algoritmo da média aritmética (MA).

Page 207: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

189

Considerando os resultados do pré-teste, verificamos que 31,8% dos

alunos já indicavam um dos invariantes necessários para a determinação da

média: soma dos valores do conjunto. No entanto, seria preciso que eles

identificassem outro invariante envolvido no conceito de média aritmética: número

total de valores do conjunto.

Desse modo, consideramos que o uso da estratégia de redistribuição

dos dados para trabalhar inicialmente a situação de quantidade eqüitativa poderia

favorecer a identificação dos dois invariantes envolvidos no conceito de média

aritmética.

Para Vergnaud (1993), o reconhecimento dos invariantes é essencial

para formação do conceito. Assim, ao utilizar o conhecimento prévio apresentado

pelo aluno para introduzir o conceito de média aritmética, decidimos trabalhar com

a estratégia de redistribuição que, segundo Lopes (1998), é proposta também

pelo currículo francês para crianças de faixa etária semelhante às do presente

estudo.

A seguir, mostramos o protocolo de uma aluna que ilustra o tipo de

resposta classificada como SVC, na Tabela 5.4.

Figura 5.26: Resposta ao protocolo de Al-23 no item “1c” pré-teste

Page 208: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

190

Analisando a resposta dada pela Al-23 no pré-teste, verificamos que,

inicialmente, ela apresentava a concepção de média como soma dos valores da

variável, visto que descreve explicitamente a soma dos valores dos três meses

apresentados no gráfico e conclui que o resultado desta soma é a venda média

mensal.

Outra concepção de média apresentada, inicialmente, pelos alunos,

pode ser ilustrada pelo fragmento do protocolo que apresentamos a seguir:

Figura 5.27: Resposta ao protocolo de Al-12 no item “1c” do pré-teste

O protocolo do pré-teste apresentado na Figura 5.27, ilustra uma das

respostas classificadas na categoria VC - Média como valor central. Analisando a

resposta do aluno Al-12 no item “1c”, notamos que embora tenha indicado “A

resposta de seu rui que é de Fevereiro” que considera uma venda média mensal

de seis minigames, entendemos que o aluno tinha a concepção de média como

mediana, visto que ao justificar sua resposta descreve a venda realizada nos três

meses, destacando que “o do meio é 6”, o que parece ter feito sua escolha em

função da ordem dos valores apresentados no gráfico.

A seguir, destacamos alguns protocolos e fragmentos das discussões

realizadas no decorrer do segundo encontro, para exemplificar as situações de

Page 209: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

191

quantidade eqüitativa, nas quais os alunos empregavam a estratégia de

redistribuição dos dados do conjunto.

Na atividade 2A, os alunos construíram o gráfico de freqüência usando o

banco de dados ANIVBALA.TDB. A seguir, mostramos a tabela do banco

ANIVBALA.TDB fornecida por nós e o gráfico construído por um dos grupos, com

base no qual foram propostas as questões sobre leitura do gráfico.

Figura 5.28: Tabela ANIVBALA.TDB e gráfico ANIVBALA.TT construído pelo grupo 05

Após trabalhar a leitura do gráfico, na atividade 2B propusemos uma das

situações que envolveram a média como quantidade eqüitativa. Assim, a questão

foi: “Como ficaria o gráfico se cada aluno ficasse com a mesma quantidade de

balas? Construam esse gráfico. Salvem-no como ANI-JOÃO.TT.”

A atividade proporcionou um momento muito rico de discussão entre os

alunos de todos os grupos. Ao passar pelos grupos, percebemos que dois deles

afirmavam que cada uma das crianças deveria receber cinco balas, porém, não

sabiam como “dar” estas balas às crianças, visto que na tentativa de mudar a

Page 210: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

192

posição da bala de uma criança para a outra, esta retornava para sua posição

inicial. Os demais grupos não comentavam sobre quantas balas cada criança

deveria receber, mas também tentavam passar as balas de uma criança para

outra, arrastando os ícones no próprio gráfico.

A tentativa de alterar a posição das balas no gráfico foi descoberta pelos

alunos, que parecem ter se apoiado na alteração das categorias (alunos), que

eles já haviam trabalhado na atividade 2A. A situação proposta na atividade 2B

parece ter sido desafiadora, visto que percebemos o envolvimento dos alunos na

pesquisa dos recursos do Tabletop, ainda não conhecidos, para solucionar o

problema proposto.

A seguir, apresentamos a transcrição de um fragmento da gravação feita

no decorrer do segundo encontro, quando os alunos realizavam a atividade 2B,

assim, podemos observar a procura de recursos do Tabletop para resolução da

questão proposta.

P: O que vocês estão fazendo para que Pâmela, Camila, Artur e

João recebam a mesma quantidade de balas?

Al-18: Eu sei! A gente clica é aqui.... é na balinha....

P: A balinha mexe?

Al-18, Al-22, Al-27: Mexe!

P: E aí? Então vocês vão dar a balinha pro João?

Al-18, Al-22, Al-27: Não dá! Ela volta!

P: Não dá? Mas o João quer mais balinhas! O que podemos fazer?

Neste momento, os alunos estavam manipulando os dados

apresentados no próprio gráfico, tentando refazê-lo. Para isso, tentavam passar a

bala de uma das crianças a outra. Alguns grupos tentaram, inclusive, mudar a

criança da qual iriam retirar a bala, para resolver o problema, ou seja, procuraram

Page 211: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

193

transferir a bala de “Artur” que voltava, buscaram, então, transferir a bala de

“Pâmela”, que, também, voltava.

Em outro momento, os alunos do grupo dez que demonstravam grande

satisfação, pois pensavam ter conseguido resolver o problema nos chamaram,

conforme ilustramos no fragmento seguinte:

Al-4: Rosana! Apertando duas vezes na balinha aparece a Pâmela

e a gente apaga.

P: Entendo!!! E como vocês apagam aí?

Al-8: Conseguimos!!!

Al-4: Ichi! Não dá!

Al-3: Aperta o delete

O aluno Al-4 tenta apagar o nome “Pâmela" usando o delete várias

vezes, mas não consegue, pois ao clicar duas vezes em cima do ícone o que

aparece é uma janela com as informações contidas no banco de dados sobre

este ícone, que só se modificam com base nas alterações realizadas no banco de

dados, isto é, na tabela.

Outros grupos também haviam percebido que, ao clicar duas vezes na

bala, aparecia o nome da criança e, então, queriam alterar aquele nome. Apesar

de pesquisarem os diversos recursos oferecidos pelo Tabletop, para solucionar a

questão, era necessário que notassem que os dados representados no gráfico

eram originários dos dados da tabela. Nesse momento, consideramos pertinente

uma intervenção, conforme descrito no fragmento seguinte:

P: Bem: Vamos clicar duas vezes na balinha da Pâmela?

Al- (vários): Vamos!

P: O que aconteceu?

Page 212: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

194

Al- (vários): Apareceu Aluno: Pâmela

P: Entendo! Então, essa balinha é de quem?

Al- (vários).: É da Pâmela

P: Se ela é da Pâmela, por que ela não vai para João?

Al-22: ela vai..., mas ela volta!

P: Por que ela volta?

Al-22: Porque ela não quer dar

Al-06: Porque ela acha que tem pouca!

No fragmento acima, notamos que, embora os alunos tenham clicado

duas vezes no ícone e percebido a quem a bala pertencia, eles justificaram o

retorno da bala à sua posição inicial baseados em suas experiências pessoais.

Verificamos que, pesquisando diversas estratégias para solucionar a questão,

eles apresentavam certa dificuldade para estabelecer uma relação entre

representação gráfica e tabular, o que pode ter ocorrido pelo fato das informações

não terem sido coletadas por eles.

Houve muitas e muitas tentativas dos alunos para mudar as balas no

próprio gráfico, até que, em um determinado momento, o aluno Al-30 do grupo

cinco percebeu a necessidade de retornar à tabela, conforme descrito no seguinte

fragmento:

P: E então? Pra que a bala de Pámela vá para João e não volte, o

que tem que acontecer?

Al-30: Tem que ir na tabela.

Al-08: Ah, já entendi! Tem que ir na tabela, apagar. Mudar o nome

e colocar Camila.

Após essa discussão, os alunos voltaram à tabela para alterar a

quantidade de balas por aluno, fazendo sua redistribuição entre os alunos.

Page 213: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

195

Entendemos que esta situação proporcionou uma motivação intrínseca

aos alunos em função de sua participação em uma experiência significativa, na

qual foram desafiados a encontrar a relação entre tabela e gráfico, já que a

pesquisadora não ofereceu a informação necessária, mas discutia as alternativas

apresentadas. Em nossa análise, consideramos esta situação como um

experimento do método da descoberta de Bruner.

A redistribuição foi feita de forma diferente pelos grupos, pois só três

grupos, notaram que Pâmela e Artur precisariam apenas fornecer balas e não

receber. Entretanto, os demais grupos foram distribuindo as balas de “Pâmela” e

“Artur” para “Camila” e “João”, que acabaram ficando com mais balas, precisando

devolver algumas, posteriormente.

A seguir, apresentamos um dos gráficos construídos após a

redistribuição dos dados realizada na tabela.

Figura 5.29: Gráfico de freqüência construído pelo grupo 05 na atividade 2A

Page 214: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

196

A Figura 5.29 mostra um gráfico construído pelos alunos, após a

redistribuição, no qual puderam observar e determinar a quantidade recebida por

criança, caso coubesse a todas a mesma quantidade, ou seja, a quantidade

eqüitativa, que foi identificada como média aritmética.

No decorrer do quinto encontro, durante a realização da atividade 5A,

verificamos diferentes concepções de média apresentadas pelos alunos

participantes do estudo. Nesta atividade, o banco de dados ATNENA.TDB,

fornecia a quantidade de salgadinhos consumida por seis alunos, cuja soma era

42.

A seguir, apresentamos os fragmentos das discussões ocorridas em dois

grupos, no que se refere à questão: ”Qual a quantidade média de salgadinhos

consumida pelos alunos desse grupo?”

Após a construção do gráfico de freqüência ATNENAF.tt, um dos grupos

havia indicado a soma dos salgadinhos dos seis alunos (42) apresentada no

gráfico como resposta para a média solicitada. Nesse momento, buscamos

questioná-los, e apresentamos a seguir o fragmento da discussão ocorrida:

P: O que vocês entenderam por média?

Al-11: É 42

P: O que é o 42?

Al-11: é o total

Analisando a fala do aluno Al-11, foi possível observar que no encontro,

o mesmo tinha a concepção de média como soma dos dados da variável, visto

que apresenta 42 como média, e, ao ser questionado sobre “o que é o 42?”,

identifica o valor como sendo o total.

Page 215: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

197

No mesmo encontro, notamos que outros grupos já possuíam outra

concepção de média. Ao presenciar a discussão dos alunos de um dos grupos,

que havia encontrado sete como média nessa questão, questionamo-los, para

melhor compreender o caminho percorrido. A seguir, apresentamos o fragmento

da outra discussão:

P: A média, vocês estão me dizendo que seria sete.

P: Como é que a gente obtém a média de salgadinhos por aluno

desse grupo?

Al-04: Eu peguei as crianças todas aí eu peguei o total. Aí é 42. Aí

dá pra ver quanto vai da pra cada uma.

P: Por que você quer ver quantas cada uma vai ganhar?

Al-03: Pra saber a média.

P: Então, o que é a média?

Al-03: A média é a quantidade que todo mundo vai receber igual.

Pela fala dos alunos desse outro grupo, entendemos que a quantidade

sete determinada inicialmente (Al-04), parece ter se baseado na situação de

média como algoritmo, cuja situação já havia sido trabalhada na atividade quatro

no quarto encontro. Entretanto, ao questionar o grupo, “por que você quer ver

quantas balas cada um vai ganhar?”, a resposta dada pela aluna “pra saber a

média” e a explicação dada “a média é a quantidade que todo mundo vai receber

igual” parece indicar que a aluna Al-03 pode ter encontrado a média sete,

baseando-se nas situações de quantidade eqüitativa, que também já havia sido

trabalhada em outras atividades.

Dentre as respostas do pós-teste, apresentamos a seguir o fragmento do

protocolo da aluna Al-22 classificado como MA:

Page 216: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

198

Figura 5.30: Resposta ao protocolo de Al-22 no item “3d” no pós-teste

Analisando a resposta da aluna, notamos que ela explicita cada um dos

invariantes identificados: soma dos valores do conjunto “então, eu peguei o total

que é 35” e o número de dados do conjunto “pelo dia da semana que é 5”,

demonstrando dar um significado a esses valores.

Ao analisar o protocolo da Al-22, observamos que a aluna escolhe

corretamente a variável (dias) para realizar a mediação solicitada. Assim,

entendemos que ela parece ter estabelecido uma relação entre “média diária” e a

variável “dias”, ao explicitar em sua resposta “dividir pelo o dia da semana que é

5”

Nesta questão, os dados estavam representados no gráfico de dupla

entrada que continha duas variáveis: agasalhos no eixo vertical e dias no eixo

horizontal. Assim sendo, neste tipo de gráfico, a quantificação do número total de

dados poderia ser feita, tanto no eixo vertical como no horizontal. Observamos

que, neste tipo de gráfico, a escolha da variável pela qual a soma dos dados

deveria ser distribuída, parece não se consistir em uma tarefa fácil, visto que dois

alunos apresentaram no pós-teste o seguinte tipo de resposta classificada como

O:

Page 217: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

199

Figura 5.31: Resposta ao protocolo de Al-06 no item “3d” do pós-teste

A aluna Al-06 havia mostrado no pré-teste uma concepção de média

como soma dos valores do conjunto. Observando sua resposta no pós-teste, é

interessante destacar que, apesar da resposta apresentar-se incorreta em função

do que foi solicitado, parece ter ocorrido uma mudança na concepção de média

para esta aluna.

Para Al-06, a soma dos valores do conjunto compreendido como média

no pré-teste, passa a ser reconhecida como um dos invariantes necessários para

a determinação da média aritmética no pós-teste.

Desconsiderando o não acerto na leitura do gráfico (o total de agasalhos

era 35), observamos que a dificuldade apresentada pela aluna em relação à

determinação da média, consistiu na identificação da variável, pela qual a

distribuição dos dados deveria ser feita: “porque eu fiz tem quatro coisas para

doar”. A aluna compreendeu a necessidade de uma totalização dos dados para

realizar a distribuição, entretanto parece ter encontrado dificuldade na

interpretação da questão: “Qual a média diária de agasalhos trazidos nesta

semana?”, que pode estar relacionada ao tipo de gráfico, por apresentar

variáveis, tanto no eixo horizontal como no vertical, diferente do gráfico de

freqüência.

Page 218: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

200

Apoiados, nas discussões feitas nesta seção, percebemos que as

diferentes situações apresentadas utilizando os distintos tipos de representação

ao longo da intervenção de ensino parecem ter favorecido o desenvolvimento de

diferentes concepções de média desses alunos. Observamos que a média

aritmética vista, inicialmente, como um valor absoluto no momento do pré-teste,

passa a ser observada como um valor relativo, entre soma dos valores do

conjunto e o número total de valores, no pós-teste.

5.3.2.2. Invariantes Operatórios da Média Aritmética

As diversas situações trabalhadas durante a intervenção de ensino,

exigiram dos alunos a identificação dos distintos invariantes envolvidos no

conceito de média. Nesta seção, apresentaremos algumas discussões ocorridas

no decorrer da intervenção, nas quais notamos o reconhecimento desses

invariantes pelos alunos, destacando as propriedades C, F e G de média

aritmética propostas por Strauss e Bichler (1988).

• PROPRIEDADES C E F DE MÉDIA ARITMÉTICA

Na atividade 3D32 trabalhada no quarto encontro, foi proposta aos alunos

uma situação, na qual deveriam alterar um dos dados do conjunto representado

no gráfico para, na seqüência, determinar a média desse novo conjunto de dados.

Nesta atividade, retomamos a propriedade C da média aritmética que já havia

sido introduzida na atividade anterior: “A média é influenciada por valores

32 Nesta atividade, a soma dos dados do conjunto era 8 e o número total de dados era 4, e o valor de um desses dados era 0. (Paula – 0 balas) Quanto à atividade 3C, a soma dos dados do conjunto era 12 e o número total de dados era 4.

Page 219: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

201

diferentes da média”. Entretanto, ao diminuir o valor de um dos dados na

atividade 3D, este valor passou a ser zero e, assim, introduzimos a propriedade F:

“Quando se calcula a média, o valor zero, se aparecer deve ser considerado”.

A seguir, apresentamos um fragmento da discussão ocorrida no decorrer

da realização desta atividade, na qual os alunos tentavam determinar a média do

conjunto de dados, cujo valor de um dos dados era zero, sendo solicitada a

determinação da média de balas por aluno desse grupo:

Al-08: Qual o total de balas do grupo?

Al-02, Al-04: Oito, oito.

Al-02: Eu que faço. Qual o total de alunos do grupo?

Al-03 e Al-02: Quatro.

Al-08: Não, mas sem contar.. A é! Mas não sei se agora conta com

a Paula ou não!!!

Al-02: Conta com a Paula, ela ainda está no grupo.

Al-08: O tia!! Aqui a gente conta com a Paula ou sem a Paula?

P: O que você acha [Al-08]?

Al-08: Eu acho que é sem a Paula.

Analisando a discussão transcrita, verificamos que os alunos Al-03 e Al-

02 incluíram o dado de valor nulo para determinar o total de crianças do grupo

que afirmam ser “quatro”. Entretanto, a Al-08 discordando dos colegas,

questionou sobre a inclusão ou não de “Paula”, para obter o total de crianças;

segundo esta aluna o dado de valor nulo não entraria para determinar o total de

crianças do grupo: “Eu acho que é sem Paula”.

O questionamento da Al-08 deu-se em função do não entendimento de

uma das propriedades da média: “Quando se calcula a média, o valor zero, se

Page 220: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

202

aparecer deve ser considerado”, e, neste caso, “Paula“ era um dos dados do

conjunto cujo valor era zero.

A seguir, destacamos a continuidade da discussão desse grupo de

alunos, na qual observamos a argumentação dos colegas na tentativa de

convencer a aluna Al-08 sobre a quantidade total de crianças que deveria ser

usada para a determinação da média.

Al-02 e Al-03: Mas, ela continua no grupo!

P: O que aconteceu com a Paula [Al-08]? Ela continua ou não no

Grupo?

Al-08: Não

Neste momento, solicitamos aos alunos desse grupo que explicassem

porque consideravam quatro, como total de crianças nesta questão.

Al-02: Porque ela não saiu do grupo. Ela simplesmente guardou

para os irmãos dela todas as balas. Ela não saiu do grupo.

Al-08: Concordo....

Apesar dos colegas tentarem convencer a aluna Al-08, ela parecia sentir

dificuldade para compreender porque “Paula” continuava no grupo, visto que ao

ser questionada sobre a continuidade ou não de “Paula” no grupo, inicialmente,

ela afirmou que “não”. Entendemos aqui que a aluna Al-08 parece ter associado o

valor do dado – quantidade de balas - (0) ao próprio dado (Paula), já que a Al-08

teve um início de concordância para considerar que “Paula” não havia saído do

grupo, só após a argumentação do Al-02: “Ela, simplesmente, guardou para os

irmãos dela todas as balas. Ela não saiu do grupo”. Nesta explicação, o Al-02

parece ter tido a intenção de fazê-la compreender que a quantidade de balas de

Page 221: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

203

“Paula” era zero, mas, “Paula” fazia parte do grupo e deveria ser contada como

uma das crianças do conjunto.

Apoiando-se nesta análise, percebemos a influência da compreensão

das propriedades da média aritmética na construção desse conceito, que,

segundo Strauss e Bichler (1988), o conhecimento das propriedades de média

pelo sujeito denota o domínio do conceito.

Nesta situação, salientamos que para determinação do invariante -

número total de valores do conjunto - era necessário que o aluno percebesse,

também, outro invariante: “Quando se calcula a média, o valor zero, se aparecer

deve ser considerado”. O não reconhecimento desse último invariante pode levar

o aluno a determinação incorreta do número total de valores do conjunto, e,

conseqüentemente, à determinação incorreta da média.

Neste mesmo encontro, também, foi trabalhada a propriedade C: “A

média é influenciada por valores diferentes da média” Na atividade 3D,

solicitamos que os alunos discutissem sobre o que havia ocorrido com a média

obtida, pois houve a redução do valor de um dos dados do conjunto. A seguir,

apresentamos o fragmento de uma das discussões, no qual observamos a

identificação da propriedade C por parte dos alunos do grupo:

Al-03: O que que aconteceu com a média?

Al-02: diminuiu

Al-04: Abaixou...

P: Por que será...[os alunos interrompem]

Al-08: Porque tava 3 e agora tá 2.

Al-04: Porque a Paula não tem mais..

Page 222: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

204

Pela discussão apresentada neste fragmento, notamos que os alunos

desse grupo perceberam que, com a redução do valor de um dos dados, a média

também seria reduzida. Pela justificativa da Al-08, “Porque tava 3 e agora tá 2”,

parece que a aluna baseia-se na comparação entre média anterior e atual, para

justificar a diminuição ocorrida de uma para outra. Mas, na fala de Al-04 “Porque a

Paula não tem mais”, o aluno pode ter associado o fato de “Paula” não ter mais

balas à diminuição da soma dos valores do conjunto o que, conseqüentemente,

diminuiria a média nesta situação, visto que a quantidade de dados do conjunto

não tinha sido alterada.

• PROPRIEDADE G – Média como Valor representativo

Na atividade 5A, os alunos construíram o gráfico de freqüência

ATNENAF33.tt, a partir do qual foram solicitados a determinar a média de

salgadinhos consumidos por aluno.

Após a determinação da média (que era 7), foi proposta, dentre outras, a

seguinte questão: “Se for possível fazer a previsão, quantos salgadinhos, ela

precisará fazer para uma classe com 30 alunos?” A seguir, descrevemos

fragmentos da discussão ocorrida no grupo 10, na qual observamos o caminho

percorrido pelos seus componentes para realizar esta previsão:

Al-03: 42 salgadinhos para 30 alunos ainda vai sobrar....

Al-08: Ah! Pode sobrar para a outra festa...

P: Mas não tem gente que come mais de um salgadinho?

Al-08: Tem...

P: E então? Como é que faz...

Al-08: Aí pode colocar outro número no lugar do 42. Não precisa

colocar 42. Podia ser 90! Vai dar 3 para cada um...

33Neste gráfico, a soma dos salgadinhos era 42, e, a quantidade de alunos, seis.

Page 223: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

205

Analisando a fala da Al-03, percebemos em uma primeira tentativa de

fazer a previsão que a aluna considera a quantidade de salgadinhos consumida

por seis crianças pode ser também usada para uma festa com 30 crianças. Ela

parece considerar que cada criança recebe um salgadinho e, ainda, sobra.

Entretanto, ao questioná-los sobre a possibilidade do consumo de

salgadinhos ser maior que um, a aluna Al-08 sugere aumentar a quantidade de

salgadinhos e determinar a média por aluno: “Podia ser 90! Vai dar três para cada

um ...” Entendemos que a aluna baseou-se nas relações envolvidas na

propriedade C de média aritmética para solucionar a questão, por ter observado

que, para aumentar a média de salgadinhos por aluno, ela deveria aumentar a

quantidade de salgadinhos. Na continuidade da discussão, os alunos continuam

fazendo tentativas nesse sentido, conforme podemos notar no fragmento

seguinte:

P: E o aluno que come mais de 3 salgadinhos, como é que fica?

Al-08: É... 200! [a aluna al-08 faz 200 : 30, e a al-03 faz 180: 30]

Al-03: dá 6 pra cada um!

Analisando as falas das alunas Al-08 e Al-03, observamos que, para

realizar a previsão solicitada, elas aumentavam o total de salgadinhos buscando

encontrar a média (7) ao invés de utilizá-la diretamente. Assim, a compreensão da

propriedade C de média aritmética parece auxiliar no entendimento da

propriedade G. Esta situação pode ter favorecido o reconhecimento da

propriedade G de média aritmética que, segundo Strauss e Bichler (1988), é

considerada o aspecto central da média.

Page 224: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

206

No decorrer da realização desta atividade, um dos alunos do grupo, o Al-

04, sugeriu multiplicar 200 por 30 e ao apresentar 6.000 como resultado a Al-03

discordou do colega:

Al-08: Não!!!! Isso não!!!

Com essa discordância da aluna Al-03, em relação ao resultado obtido

pelo colega, parece que ela percebeu certa incoerência entre o resultado obtido e

a situação proposta. Assim, percebemos que os alunos ao refletirem sobre a

situação, buscam estratégias diversas, mas procuravam também validá-las para

que façam algum sentido.

O caminho percorrido pelas alunas mostra que o entendimento da

propriedade G, parece não ser tão simples para esta faixa etária. Mostra também

a possibilidade de trabalharmos questões de inferência com alunos das séries

iniciais, visto que observamos neste fragmento que os alunos procuram uma

relação coerente entre o resultado obtido e a situação proposta.

Este tipo de situação trabalhada, na fase de intervenção, pode ter

favorecido o entendimento dessa propriedade, já que obtivemos no pós-teste,

respostas na questão “1e”, nas quais alguns alunos chegaram a empregar a

média como valor representativo do conjunto de dados para realizar a previsão

proposta nesse item, conforme protocolo, a seguir:

Figura 5.32: Resposta ao protocolo de Al-23 no item “1e” no pós-teste

Page 225: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

207

A resposta apresentada pela aluna Al-23, leva a entender que ela usou a

média como um valor representativo do conjunto de dados. Além disso, ao somar

8 (média anterior) a soma dos valores do conjunto (24), ela demonstra ter

compreendido a propriedade C da média aritmética, observando que, ao

acrescentar um novo dado (abril), para manter a mesma média, o dado a ser

acrescentado, deveria ter o mesmo valor da média anterior.

Com base nestas análises, observamos que a utilização das diferentes

situações propostas no decorrer da intervenção de ensino proporcionou aos

alunos a articulação entre o conjunto de invariantes e das representações

simbólicas do conceito de média aritmética, o que segundo Vergnaud (1993)

contribui para a construção de um conceito significativo.

Diante da análise apresentada, passaremos ao capítulo VI que trata da

conclusão do presente trabalho.

Page 226: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

CAPÍTULO VI

CONCLUSÃO

6.1. Introdução

A presente pesquisa teve por objetivo investigar a introdução do conceito

de média aritmética, com base no uso de gráficos, em alunos da 4ª série do

Ensino Fundamental. Para isso, desenvolvemos uma intervenção de ensino com

apoio do ambiente computacional, no qual usamos o software Tabletop. Com

vistas a atingir nosso objetivo, planejamos um percurso, descrito no Capítulo I, o

qual teve início com a apresentação dos motivos que nos levaram a elaborar esta

pesquisa, bem como a delimitação da problemática, dos objetivos e a questão de

pesquisa a ser investigada.

Definida nossa questão de pesquisa, no capítulo II procedemos a uma

discussão sobre a média dos pontos de vista epistemológicos e históricos, para,

em seguida, descrevermos as principais medidas de tendência central: Média

aritmética, Mediana e Moda. Na seqüência, buscamos subsídios teóricos que

pudessem nos auxiliar, tanto na elaboração do experimento como em sua análise.

Ao trabalhar o conceito de média, utilizando as representações gráficas,

Page 227: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

209

consideramos dois objetos de estudo: conceito de média aritmética e leitura e

interpretação de gráficos.

Quanto ao conceito de média aritmética, destacamos o estudo realizado

por Strauss e Bichler (1988), cujo objetivo foi determinar o desenvolvimento da

compreensão de sete propriedades de média aritmética em crianças de 8, 10, 12

e 14 anos. A escolha das sete propriedades relaciona-se ao fato de que estas

exploram três aspectos do conceito de média aritmética, a saber: o estatístico, o

abstrato e o aspecto representativo de um grupo de valores individuais. Esse

estudo ofereceu subsídios para elaborarmos as atividades de intervenção, nas

quais abordamos cinco das sete propriedades de média aritmética usada por

esses autores.

No que se refere à leitura e interpretação de gráficos, usamos os níveis

de compreensão de gráficos segundo a perspectiva de Curcio (1987), quais

sejam: “ler os dados” (nível I), “ler entre os dados” (nível II) e “ler além dos dados”

(nível III).

O primeiro nível refere-se a questões simples que requerem a extração

dos dados que se encontram explícitos no gráfico. As questões do segundo nível

solicitam a interpretação e integração dos dados extraídos do gráfico, envolvendo

o uso de conceitos matemáticos. Por fim, as questões do terceiro nível, exigem a

realização de previsões e inferências apoiadas nos dados sobre as informações

que não são observadas diretamente no gráfico.

No Capítulo III, apresentamos a fundamentação de nosso estudo,

pautada na Teoria dos Campos Conceituais, proposta por Vergnaud, que define

conceito como uma terna de conjuntos: C=(S, I, R), e S é um conjunto de

Page 228: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

210

situações, I um conjunto dos invariantes operatórios e R um conjunto de

representações simbólicas.

Apoiando-nos na definição de Campo Conceitual apresentada por

Vergnaud consideramos Tratamento da Informação, como um Campo Conceitual

e especificamos os elementos da terna C=(S, I, R) envolvidos para cada um dos

dois objetos de estudo: conceito de média aritmética, leitura e interpretação de

gráficos.

Destacamos as idéias de Bruner (1978) no que se referem à

organização do currículo em espiral, e ao método da descoberta no qual o

professor deve desafiar os alunos, incentivando-os à procura de sua motivação

intrínseca.

De posse do nosso quadro teórico definido, assim como das leituras

sobre as pesquisas relacionadas ao presente estudo, traçamos a metodologia do

trabalho de campo (Capítulo IV), a qual se constituiu de três fases: na primeira,

aplicamos o pré-teste em dois grupos pesquisados – o grupo experimental (GE) e

o grupo controle (GC) –; na segunda, realizamos uma intervenção de ensino

apenas com o GE e na terceira fase os dois grupos GE e GC foram submetidos

ao pós-teste.

A intervenção de ensino realizada com o GE baseou-se na resolução de

problemas propostos por meio de fichas de atividades, todas elaboradas para

serem desenvolvidas em ambiente computacional, utilizando o Tabletop, um

software educacional que consiste em um pacote estatístico destinado à

organização e manipulação de dados.

Page 229: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

211

O Tabletop permite inserir etapas de construção e análise do banco de

dados. Os dados são organizados, inicialmente, na representação tabular

podendo ser tratados e visualizados sob diferentes representações gráficas. O

GC não teve intervenção em ambiente computacional, entretanto a professora da

classe abordou o conceito de média aritmética, seguindo o cronograma normal de

seu planejamento.

Concluído o estudo de campo, procedemos à análise dos dados,

apoiando-nos nas respostas dos alunos às questões do pré-teste, pós-teste e das

atividades realizadas na intervenção de ensino, assim como das transcrições de

discussões ocorridas durante a segunda fase do estudo e dos arquivos

eletrônicos construídos no decorrer das atividades desta fase.

Pautados no conjunto dessas análises, chegamos à conclusão do

estudo. Por isso, consideramos conveniente retomar a análise, apresentando uma

síntese dos resultados, tanto no que diz respeito à média aritmética quanto à

leitura e interpretação dos gráficos para, em seguida, responder às questões de

pesquisa que impulsionaram nosso estudo. Fecharemos este capítulo olhando

para o futuro e, assim, a partir da nossa conclusão, será possível propormos

estudos que possam avançar no tema aqui estudado.

6.2. Síntese dos Principais Resultados

Para destacar os principais resultados deste estudo, dividimos esta seção

em duas partes. A primeira descreverá os resultados referentes ao conceito de

Page 230: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

212

média aritmética e a segunda, os resultados referentes, à leitura e interpretação

de gráficos.

6.2.1. Média Aritmética

Considerando a complexidade do conceito de média aritmética e sua

intrínseca relação entre saberes da vida cotidiana e “saberes eruditos”, como

destacam Lavoie e Gattuso (1998), fazer dialogar estes universos constituí-se em

uma importante etapa aos alunos nesta fase de escolarização. Diante da

novidade deste conteúdo para esse grupo de alunos, percebemos que o ambiente

computacional constituiu-se em um universo interessante e capaz de estimular a

participação nas atividades de intervenção de ensino.

Quanto à concepção do conceito de média aritmética, observamos que

31,8% dos alunos apresentaram no pré-teste uma concepção de média, como

soma dos valores do conjunto. Após a intervenção de ensino, constatamos que

49,3% dos alunos passaram a utilizar esta soma como um dos invariantes

necessários à determinação da média. É importante destacar que, embora os

alunos apresentem erros de cálculo, o que se apreendeu desse fato é que eles

passaram a mostrar a concepção de média aritmética, como uma relação entre a

soma dos valores do conjunto e o total destes valores.

Quanto às propriedades da média aritmética, no decorrer da intervenção

de ensino, observamos que a maior dificuldade dos alunos estava nas

propriedades F e G do referido conceito.

Page 231: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

213

Interpretamos que a complexidade que os alunos sentiram para

compreender a propriedade F – quando se calcula a média, se um dos dados do

conjunto for zero, ele deve ser considerado – deveu-se ao fato da tendência que

eles apresentavam a desconsiderar este dado no cálculo da média. O fato levou-

os ao erro na identificação do outro invariante, qual seja, o número total de dados

do conjunto. No caso da propriedade G − O valor médio é representativo dos

valores, cuja média foi calculada – nas atividades, que sugeria o uso da média

para realizar algum tipo de previsão, percebemos que poucos alunos utilizavam-

na diretamente, entretanto notamos a necessidade desses alunos avaliarem a

coerência entre o valor obtido e os dados da situação.

Quanto à introdução do conteúdo de média aritmética, à medida que os

alunos realizavam as diversas situações propostas na intervenção de ensino,

passavam a serem capazes de identificar os invariantes, tais como: soma dos

valores do conjunto, o número total de valores, as propriedades da média

aritmética.

A identificação desses invariantes deu-se em função das diversas

situações propostas na fase de intervenção de ensino; que desafiavam os alunos

a refletirem sobre cada uma delas, favorecendo também a mobilização de outros

conceitos já conhecidos por eles. Segundo Vergnaud et al (1990) um problema

matemático consiste de situações nas quais o resultado não se encontra

disponível de imediato. Assim, compreendemos que várias das atividades

propostas constituíram-se em problema matemático, uma vez que exigiam

reflexões dos alunos, sobretudo, nas questões de extrapolação da leitura de

gráficos.

Page 232: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

214

Neste sentido, é importante retomarmos o outro objeto de estudo, leitura

e interpretação de gráficos, a partir do qual o conceito de média aritmética foi

trabalhado.

6.2.2. Leitura e Interpretação de Gráficos

Quanto à leitura e interpretação de gráficos, observamos que durante o

desenvolvimento das atividades, na fase de intervenção, os alunos demonstraram

maior facilidade para compreender que os dados representados no gráfico

relacionavam-se com os da tabela, quando eles partiram da coleta de dados.

Conseqüentemente, o estabelecimento da relação entre gráfico e tabela

apresentou maior dificuldade, quando o gráfico era construído baseado em um

banco de dados já estabelecido. Neste sentido, Healy e Hoyles (1994) e Magina

(1998) apontam a importância da participação do aluno na construção do banco

de dados. Para Vergnaud citado por Guimarães, Ferreira, Roazzi (2001), os

exercícios que permitem passar de uma representação gráfica para tabela e vice-

versa são importantes pedagogicamente, visto que contribuem, tanto para

atividades lógico-matemáticas como para as classificatórias.

Outro aspecto que gostaríamos de destacar dos resultados, foi a

pertinência de uso dos níveis de Curcio (1987) para a análise proposta, já que nos

permitiram problematizar os diversos aspectos que constituem o conceito de

média aritmética.

No que diz respeito à leitura e interpretação do gráfico de barras

especificamente, observamos que as justificativas dos alunos apresentaram no

Page 233: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

215

pós-teste maior ênfase nos dados do gráfico do que em suas experiências

pessoais, o que denota uma influência positiva da intervenção de ensino, quanto

à leitura desse tipo de gráfico.

No gráfico de barras com escala unitária, cujos valores dos dados

mostravam-se explícitos no eixo, os alunos não demonstraram dificuldades no pré

e no pós-testes, para identificar os invariantes: pontos de máximo e de mínimo.

Quanto ao gráfico de barras com escala não-unitária, houve uma

melhora no desempenho dos alunos em relação à identificação do ponto de

máximo no pós-teste. Embora também tenham melhorado o desempenho quanto

à identificação do dado de valor zero no pós-teste, poucos alunos consideraram-

no como ponto de mínimo.

No que se refere à “leitura entre os dados”, os alunos novamente

apresentaram um melhor desempenho no pós-teste, minimizando os erros de

leitura em gráficos com escala não-unitária, cujos valores dos dados eram

apresentados implicitamente no eixo.

No que tange à “leitura além dos dados” observamos que no pós-teste,

os alunos basearam-se na tendência de crescimento apresentada no gráfico para

realizar a previsão proposta no item “1e” passando a extrapolar o valor máximo

representado no eixo vertical. Destacamos, que alguns alunos utilizaram a média

aritmética para realizar essa previsão.

Quanto à leitura e interpretação do gráfico de dupla entrada, embora o

mesmo tenha sido trabalhado em apenas dois dos oito encontros da fase de

intervenção, os alunos não demonstraram grandes dificuldades quanto à sua

Page 234: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

216

leitura no pós-teste. Outro resultado que vale a pena ressaltar foi o conceito de

moda ter aparecido de forma intuitiva em vários dos alunos do GE ao longo da

intervenção de ensino. Estes se baseavam tanto nos dados representados no

gráfico como nas experiências pessoais para justificar a previsão realizada nas

atividades.

Este tipo de gráfico (dupla entrada) parece dificultar a identificação do

invariante – Total dos valores do conjunto - utilizado na determinação da média,

uma vez que apresenta variável nos dois eixos: vertical e horizontal. Assim, exige

que o aluno identifique qual a variável que deve ser usada para obter o invariante

Total dos valores do conjunto.

6.3. Respostas às Questões de Pesquisa

Considerando os resultados obtidos em nosso estudo, analisado

detalhadamente no Capítulo V e apresentado de maneira resumida na seção

anterior, sentimo-nos aptos a responder as questões de pesquisa, as quais

retomamos abaixo:

Quais as contribuições da intervenção de ensino proposta para a

introdução do conceito de média aritmética em alunos da 4ª série do Ensino

Fundamental, com o uso do ambiente computacional?

Para responder a esta questão, optamos inicialmente, por responder as

outras duas questões de pesquisa mais específicas e com base nos subsídios

fornecidos por essas respostas, voltamo-nos à questão mais ampla do estudo. A

seguir, apresentaremos e responderemos às questões específicas de pesquisa.

Page 235: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

217

Qual a relação existente entre leitura e interpretação de gráficos e o

conceito de média aritmética neste estudo?

Este estudo teve por objetivo investigar a introdução do conceito de

média aritmética apoiada na utilização da representação gráfica. Neste sentido, a

determinação da média era diretamente influenciada pela leitura e interpretação

dos dados representados graficamente.

Para trabalhar o conceito de média aritmética na situação de quantidade

eqüitativa graficamente, observamos que era essencial que os alunos

compreendessem que os dados representados no gráfico originavam-se da

tabela. Desta forma, apreender a relação entre duas representações distintas

(VERGNAUD,1985), fez-se necessário, para que pudéssemos trabalhar o conceito

de média aritmética. Neste caso, a estrutura do software Tabletop parece ter

favorecido a descoberta da relação tabela e gráfico pelos alunos (BRUNER apud.

GIACAGLIA, 1980), pois foi possível observar que estes se sentiram desafiados a

solucionar a questão, o que os levou a buscar vários recursos ainda

desconhecidos do software.

Estabelecida a relação entre tabela e gráfico, percebemos que a leitura e

a interpretação dos gráficos influenciaram diretamente na introdução do conceito

de média aritmética, já que os invariantes necessários para sua obtenção – soma

dos valores do conjunto e número total de valores do conjunto – precisariam ser

extraídos dos dados da representação gráfica.

Sendo assim, neste estudo, a leitura e a interpretação de gráficos

constituiu-se em um elemento fundamental para a introdução do conceito de

Page 236: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

218

média aritmética, pois, para a obtenção desses invariantes, era necessária uma

correta leitura dos dados representados graficamente.

Assim, o Campo Conceitual que envolve a leitura e interpretação de

gráficos, e o conceito de média aritmética favoreceu o estabelecimento de

relações entre os elementos constituintes de cada um desses objetos, uma vez

que a determinação da média aritmética nas diversas situações propostas

demandava a extração dos dados representados graficamente.

Quais foram as dificuldades apresentadas pelos alunos na

introdução de média aritmética, com o uso da representação gráfica?

Quanto à leitura e interpretação de gráficos, podemos destacar algumas

especificidades que defendemos ter interferido na construção do conceito de

média aritmética no presente estudo.

Uma delas é a leitura dos valores dos dados, que se apresentavam

implícitos, no eixo vertical. Esta dificuldade para realizar a leitura dos dados

influenciou na integração deles, o que, conseqüentemente, dificultou a

identificação do invariante - soma dos valores do conjunto -, identificação esta

fundamental para determinação da média.

Outra dificuldade gerada com base nos problemas de leitura de gráfico,

diz respeito à compreensão da propriedade F de média aritmética – quando se

calcula a média, se aparecer um valor zero, deverá ser considerado. De fato, a

determinação correta do invariante – número total de valores do conjunto –

relacionava-se à identificação do dado de valor nulo como um dos dados do

conjunto aos quais a soma dos dados seria redistribuída.

Page 237: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

219

No que se refere ao gráfico de dupla entrada, a escolha da variável pela

qual a soma dos valores deveria ser mediada, foi um fator que influenciou na

determinação da média, visto que o não acerto dessa escolha poderia implicar o

não acerto da identificação do invariante – número total dos valores – o que

poderia levar a obtenção incorreta da média aritmética.

Apoiados nas considerações feitas, podemos citar que no presente

estudo, a média aritmética esteve o tempo todo relacionada à leitura e

interpretação de gráficos, uma vez que sua determinação foi em diversos

momentos influenciada pelos fatores acima apresentados, tanto durante a

intervenção de ensino como no pré-teste e no pós-teste.

De posse das respostas das questões específicas, retomaremos agora à

questão geral do estudo.

Quais as contribuições da intervenção de ensino proposta para a

introdução do conceito de média aritmética em alunos da 4ª série do Ensino

Fundamental, com o uso do ambiente computacional?

Considerando as relações entre leitura e interpretação de gráficos e o

conceito de média aritmética, assim como as dificuldades apresentadas pelos

alunos, já discutidas em nossas questões específicas, podemos concluir que

nossa intervenção de ensino, proposta em ambiente computacional, proporcionou

condição aos alunos para a descoberta dos diferentes invariantes envolvidos no

conceito de média aritmética.

A inter-relação entre leitura e interpretação de gráficos e o conceito de

média aritmética presentes neste estudo, nos remetem a Vergnaud (1982) que

Page 238: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

220

considera que o conhecimento está organizado em campos conceituais. Notamos

que as situações propostas na intervenção de ensino favoreceram o

estabelecimento de importantes relações dos invariantes e das representações

entre os dois objetos de estudo, constituintes do Campo Conceitual Tratamento

da Informação usado nesta pesquisa.

Neste sentido, as atividades propostas na intervenção de ensino

contribuíram para que o aluno construísse seu conhecimento por meio de

situações variadas em detrimento da simples definição do conceito. Acreditamos

que a articulação entre conjunto de invariantes e de representações promoveu um

maior interesse na busca da solução das situações propostas.

Salientamos que os resultados obtidos foram favorecidos pelo uso do

ambiente computacional que oferecia a possibilidade de exploração de um

mesmo conjunto de dados, usando distintas representações. Entretanto, um

último aspecto que gostaríamos de destacar, refere-se à insuficiente

disponibilidade de computadores para os alunos, cuja proporção foi de 1x4 e 1x3.

Julgamos que a melhora da proporção computador x aluno poderia

constituir-se em um fator capaz de otimizar os resultados da intervenção de

ensino. Entendemos como Borba e Penteado (2001) que o acesso à informática

deve ser visto, como um direito, tanto nas instituições de ensino público como nas

particulares.

Pelas conclusões aqui expostas, obtidas com base na análise dos

resultados deste estudo, sugerimos que, ao trabalhar o conceito de média

aritmética, os professores ofereçam aos alunos situações distintas e explorem

propriedades do referido conceito desde a 4ª série do Ensino Fundamental.

Page 239: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

221

Quanto à leitura e interpretação de gráficos, recomendamos o uso de escalas

não-unitárias, nas quais os dados apresentem-se implicitamente no eixo, assim

como o uso do gráfico de dupla entrada desde as séries iniciais do Ensino

Fundamental.

6.4. Sugestões para Futuras Pesquisas

Ao finalizar este trabalho, julgamos oportuno propor outros estudos que

poderão contribuir para a discussão ora motivada e que se relacionem com a

presente pesquisa.

Um primeiro estudo a ser sugerido, seria a replicação de nossa

intervenção de ensino em uma menor quantidade de sujeitos, de forma que o

pesquisador pudesse observar mais profundamente as estratégias utilizadas

pelas crianças durante o desenvolvimento das atividades.

Acreditamos que trabalhar a intervenção com oito crianças, utilizando

um computador por dupla poderia oferecer dados preciosos ao pesquisador e ao

ensino.

Outra sugestão seria a aplicação de uma intervenção de ensino em

ambiente computacional na 4ª série, abordando as três medidas de tendência

central: média aritmética, mediana e moda, visto que estes conceitos estiveram

presentes de forma intuitiva no decorrer das três fases desta pesquisa. O estudo

poderia também contribuir para entender como os sujeitos relacionam esses três

conceitos aos saberes da vida cotidiana.

Page 240: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

222

Pela complexidade do conceito de média aritmética já discutida, parece-

nos pertinente uma pesquisa abordando as sete propriedades deste conceito

propostas por Strauss e Bichler (1988), nas 5ª ou 6ª séries do Ensino

Fundamental. Para isso, sugerimos o uso do ambiente computacional, porém

partindo da coleta de dados realizada pelos sujeitos da pesquisa com vistas a

avaliar os resultados dessa forma de introdução ao conceito nestas séries.

Por fim, considerando que os professores de 1ª a 4ª séries,

necessariamente não possuem formação específica em Matemática, seria

oportuno questionar, quais seriam as concepções dos professores do Ensino

Fundamental sobre média aritmética. Julgamos que um estudo sobre estas

concepções acompanhado de uma formação para trabalhar estes conceitos traria

contribuições relevantes à área. Igualmente importante seria investigar como se

daria o uso das atividades de intervenção, por parte de um professor não

especialista.

Ao descrever as sugestões apresentadas nesta seção, entendemos que

embora o trabalho chegue ao seu final, acreditamos ter sido, na verdade, apenas

o início de um longo caminho a ser percorrido, já que, mediante as respostas

encontradas, muitas questões surgiram no decorrer do estudo.

Page 241: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AINLEY, J., NARDI, E., PRATT, D. Towards the construction of meaning for trend

in Active Graphing, International Journal of Computers for Mathematical

Learning, 5.2, 2000.

BALACHEFF, N & KAPUT, J. – “Computers Based Learning Environments” en:

Bishop et al (eds) International handbook of Mathematics Education. Pp.

8877-908, Kluwer Academic Publishers Holanda, 1996.

BATANERO, C. et al. 1992. Errores y dificultades en la comprensión de los

conceptos estadísticos elemetales. Disponível em:

<http://www.ugr.es/~batanero/ARTICULOS/CULTURA.pdf > Acesso em: 19 out.

2002

BATANERO, C. 2000b. Significado y comprensión de las medidas de

posición central. Disponível em:

<http://www.ugr.es/~batanero/ARTICULOS/CULTURA.pdf > Acesso em 19 out.

2002

Page 242: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

224

BATANERO, C. 2002. Los retos de la cultura estadística. Disponível em:

<http://www.ugr.es/~batanero/ARTICULOS/CULTURA.pdf > Acesso em 05 out.

2002.

BERTIN, J. Semiology of graphics. Madison: University of Wisconsin Press,

1983.

BORBA, M C.; PENTEADO, M G – Informática e Educação Matemática –

Coleção Tendências em Educação Matemática – Autêntica, Belo Horizonte - 2001

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

Nacionais: Matemática v. 3 Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRUNER, J. S. Uma nova teoria de aprendizagem. Tradução de Norah Levy

Ribeiro, Edições Bloch, 1976.

BRUNER, J. S. O processo da educação – tradução de Lólio Lourenço de

Oliveira - atualidades pedagógicas – v.126 – Companhia Editora Nacional, 1978.

CAI, J. Beyond the computional algorithm: Student’s understand of the arithmetic

average concept. In L. Meira (Ed.) Proceedings of the 19th PME Conference,

v.3, p. 144-151. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil.1995.

CAMPBELL, D. T.; STANLEY, J. C. Experimental and quasi-experimental

designs for research. Chicago: Rand MçNally & Company, 1972.

CARRAHER, D.; SCHIELMANN, A.; NEMIROVSKY, R. Graphing Form

Everyday Experience, Hands on! 18 (2), 1995.

Page 243: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

225

CARSWELL, C. M. Choosing specifiers: An evaluation of the basic tasks

model of graphical perception. Human Factors, 34, 535-554, 1992.

CAZORLA, I. M. A relação entre a habilidade viso-pictórica e o domínio de

conceitos estatísticos na leitura de gráficos. Campinas, 2002. Tese

(Doutorado em Educação), Universidade Estadual de Campinas.

COSTA, N.; MAGINA, S. Interpretação de diagramas em ambiente

computacional por professoras das séries iniciais do Ensino Fundamental. I

SIPEM, v. 1, 2000.

COSTA NETO, P. L. O. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher, 1977.

CRESPO, A. A. Estatística fácil. São Paulo: Saraiva, 1999.

CURCIO F. R. Comprehension of Mathematical Relationship Expressed in

Graphs. Journal for Research in Mathematics Education, New York, v. 18,

382-393, nov. 1987.

FRIEL, S. N.; CURCIO, F. R.; BRIGHT, G. W. Making Sense of Graphs: Critical

Factors Influencing Comprehension and Instructional Implications. Journal for

Research in Mathematics Education, New York, v. 32, n. 2, p. 124-158, mar.

2001.

GIACAGLIA, L. R. A. Teoria da instrução e ensino por descoberta: contribuições

de Jerome Bruner In: PENTEADO, W. M. A. Psicologia e Ensino – São Paulo:

Papelivros, 1980.

Page 244: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

226

GUIMARÃES, G. L.; FERREIRA, V. G. G.; ROAZZI, A. 2001. Interpretando e

Construindo Gráficos. In Anais da 24ª Reunião Anual da ANPED – GT

Educação Matemática. Caxambu (MG): Associação Nacional de Pós-Graduação

e Pesquisa em Educação. Também, disponível em:

<http://www.anped.org.br/24/tp1.htm#gt19,2001>

GUIMARÃES, G. L. Interpretando e Construindo Gráficos de Barras. Recife,

2002. Tese (Doutorado em Psicologia Cognitiva), Universidade Federal de

Pernambuco.

HANCOCK, C. The data Sctrutures Project; Fundamental data tools for

mathematics and science education. Technical Education Research Centres,

1991.

HEALY, L; HOYLES, C. Using Computer Databases to Compare Spinning Tops.

Mathematics in School. v. 23 nº 3 p.16-18, May 1994

HEALY, L., MAGINA., LOBO DA COSTA, N.M. e SANTOS S. S. Who is Right?

Reactions Of Primary School Teachers To Computer-Based Data Handling

Activities. Artigo apresentado no 9. International Congress on Mathematical

Education – ICME. 2000.

LAVOIE, P., GATTUSO, L. “An Historical Exploration of the Concept of

Average”. In Proceedings of the Fifth International Conference of Teaching

Statistics. Singapour: International Statistical Institute. P. 1051-1058. 1998.

Page 245: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

227

LOPES, C. A. E. A Probabilidade e a Estatística no Ensino Fundamental: uma

análise curricular. Campinas, 1998. Dissertação (Mestrado em Educação) –

Faculdade de Educação, Universidade de Campinas.

LOPES, C. A. E. O Conhecimento Profissional dos Professores e suas

Relações com Estatística e Probabilidade na Educação Infantil. Campinas,

2003. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade

Estadual de Campinas.

MAGINA, S. & GITIRANA, V.“Interpretação de gráficos e Diagramas em

Ambiente Computacional de Manipulação de Dados”, projeto temático CNPq,

Processo N° 521446/95-3, 1998.

MAGINA, S. “Integração do Computador nas Salas de Aulas de Matemática

do Ensino Fundamental: Formação e Desenvolvimento de um Núcleo de

Ensino e Pesquisa” projeto de pesquisa, FAPESP, processo No 00/04112-8,

2000.

MAGINA, M., CAMPOS, T.M.M., NUNES,T., GITIRANA, V. – Repensando

adição da Teoria dos Campos Conceituais. – 2a ed. – São Paulo: PROEM,

2001.

MCKNIGHT, C. C. Critical evaluation of quantitative arguments. In: KULL, G.

(Ed.). Assessing higher order thinking in mathematics. Washington, DC:

Ameri Association for the Advancement of Science, 1990. p. 169-185

Page 246: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

228

MOKROS, J., RUSSEL, S. J. “Children’s Concepts of Average and

Representativeness,” Journal for Research in Mathematics Education, v. 26, n°

1, p.20-39, jan. 1995.

OLIVEIRA, F. E. M. Estatística e Probabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes,

1986.

SANTOS, M.S. e GITIRANA, V. A interpretação de gráficos de barra, com

variáveis numéricas, em um ambiente computacional de manipulação de dados.

Anais do XIV Encontro de Pesquisa Educacional do Nordeste (EPEN),

Salvador – Bahia, 1999.

SANTOS, S. S.; MAGINA, S. Quando os dados advindos da realidade cotidiana

fazem sentido na interpretação de gráficos? Revista Brasileira de Tecnologia

Educacional, Rio de Janeiro, n. 152/153, 2001.

SANTOS, da S. S.; A Formação do Professor Não Especialista em Conceitos

Elementares do Bloco Tratamento da Informação – Um estudo de Caso no

Ambiente Computacional. São Paulo, 2003. Dissertação (Mestrado em

Educação Matemática), Pontifícia Universidade Católica.

SELVA, A.C. V. Gráficos de Barras e Materiais Manipulativos: Analisando

Dificuldades e Contribuições de Diferentes Representações no

Desenvolvimento da Conceitualização Matemática em Crianças de Seis a

Page 247: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

229

Oito Anos. Recife, 2003. Tese de Doutorado – Área de Concentração: Psicologia

Cognitiva – Faculdade de Psicologia, Universidade Federal de Pernambuco.

SPIEGEL, M. R. Estatística. São Paulo: Makron Books, 1993. (Coleção Schaum)

STELLA, C. A., Um estudo sobre o conceito de média com alunos do Ensino

Médio. São Paulo, 2003. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática),

Pontifícia Universidade Católica.

STRAUSS, S.; BICHLER, E. The development of children’s concepts of the

arithmetic average. Journal for Research in Mathematics Education, v. 19, nº 1,

p. 64-80, 1988.

TABLETOPTM AND TABLETOP JUNIORTM . New Computer Tools for Logic,

Information, Graphing and Data Analysis. Hands on! 17(2), 1994.

TOLEDO, G.L., OVALLE I.L. Estatística Básica. São Paulo: Editora Atlas, 1985.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Setor de Bibliotecas. Normas para

Apresentação de Documentos Científicos. Curitiba: Ed. Da UFPR, 2001. 10v

VALENTE, J.A. Análise dos diferentes tipos de software usados na

educação. Disponível em http://www.educacao.rr.gov.br/valente.htm

VERGNAUD, G. A classification of cognitive tasks and operations of thought

involved in addition and subtraction problems. In Carpenter, T., Moser, J. &

Romberg, T. (1982). Addition and subtraction. A cognitive perspective. Hillsdale,

N.J.: Lawrence Erlbaum. pp. 39-59, 1982.

Page 248: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

230

____________ Teoria dos campos conceituais. In Nasser, L. (Ed.) Anais do 1º

Seminário Internacional de Educação Matemática do Rio de Janeiro. p. 1-26.

1993.

____________ A comprehensive theory of representation for mathematics

education. Journal of Mathematical Behavior, 17(2): 167-181, 1998.

VERGNAUD, G. et al. Epistemology and psychology of mathematics

education. In Nesher, P. & Kilpatrick, J. (Eds.) Mathematics and cognition: A

research synthesis by International Group for the Psychology of Mathematics

Education. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

Page 249: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ANEXOS

Page 250: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Anexo 1

Atividades de Gráfico

Nome:___________________________________________________ 4a._______

1.Chico vende mini-games na praça da República. No gráfico abaixo está representado a quantidade de mini-games que ele vendeu nos meses de janeiro, fevereiro e março.

0123456789

10111213

Janeiro Fevereiro Março

Qua

ntid

ade

de m

ini-g

ames

a) Em Qual mês “seu Chico” vendeu mais mini-games? __________________________________________

Por que você acha que ele vendeu mais mini-games neste mês? __________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ b) Em Qual mês “seu Chico” vendeu menos mini-

games? ___________________________________

Por que você acha que ele vendeu menos mini-games neste mês? __________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________

c) “Seu Chico” pediu para seu netinho Luis determinar qual foi sua venda média mensal de

mini-games nesses meses. Luis pediu ajuda para seus colegas que responderam:

RESPOSTA DE LUIS: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 2 MINI-GAMES. RESPOSTA DE ALBERTO: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 12 MINI-GAMES. RESPOSTA DE PAULO: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 4 MINI-GAMES. RESPOSTA DE RUI: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 6 MINI-GAMES. RESPOSTA DE CARLOS: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 18 MINI-GAMES.

E para você, qual é a resposta correta? ____________________________________________

Como você faria para convencer “seu Chico” que sua resposta está correta? ______________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________

d) Se “seu Chico” tivesse vendido 7 mini-games no mês de março, sua venda média mensal

nesse período seria a mesma?_________________________ ���� Se você acha que SIM, explique porquê nas linhas abaixo. ���� Mas se você acha que NÃO escreva nas linhas abaixo qual seria a nova média.

____________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

e) Observe com atenção o gráfico acima novamente e diga quantos mini-games você acha que “seu Chico” deverá vender em Abril?_______________________ Como você chegou a esta conclusão?___________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 251: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Atividades de Gráfico

Nome:___________________________________________________ 4a._______

2) O gráfico abaixo informa o consumo de pães, da família de “seu Chico” durante uma semana.

0

2

4

6

8

10

12

2a 3a. 4a. 5a. 6a. sábado domingo

Dias da semana

Qua

ntid

ade

de p

ães

Lendo as informações no gráfico, responda as seguintes questões:

a) Qual o total de pães consumidos por essa família nessa semana?________

b) Em que dia o consumo de pães foi maior? _________

c) Em que dia o consumo de pães foi menor?________

d) Teve algum dia nessa semana em que não houve consumo de pão pela família do seu Chico?_____________________________ Se sim, qual foi esse dia?_________________

e) Qual o consumo médio diário de pães dessa família? ____________.

f) Que conta você fez para achar esse valor? __________________

Espaço para fazer as contas

Page 252: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Atividades de Gráfico

Nome:_______________________________ Idade: ___________ 4a._______

3) As crianças da 5a. série da escola Caetano de Campos fizeram uma campanha de reciclagem de latinhas de refrigerante. O grupo de Cristina marcou no gráfico abaixo, as latinhas que conseguiram trazer em cada um dos cinco dias da semana.

a) Qual a marca de refrigerante foi menos recolhida pelo grupo durante a semana? ________________________________________________________________________ O que fez você saber que foi essa a marca menos recolhida?_______________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) Carlos acha que no 2º dia foram trazidas menos latas de refrigerantes. Você concorda com ele?_________________________________________________________________ Por que? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________ c) Qual o total de latas de refrigerantes trazidas na semana?_______________________ Se alguém disser que sua resposta está errada, como você prova que ela está certa? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ d) Qual a média diária de latas trazidas nesta semana? ___________________________ Como você chegou a esta resposta? __________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

Page 253: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Anexo 2 Ficha 1

ATIVIDADE 1A GRUPO _________ DATA: __________ NOME___________NOME_________________NOME_____________________

1) Vocês irão desenvolver várias atividades neste grupo durante alguns encontros. O que vocês acham de se conhecerem melhor? Anotem na tabela abaixo os dados das pessoas que formam as famílias de todos os alunos de seu grupo. Anotem, também se a pessoa é adulto ou criança e o seu sexo. Não se esqueçam que vocês também fazem parte de suas próprias famílias!

ALUNO NOME DO FAMILIAR ADULTO/CRIANÇA SEXO F/M

2) Digitem estes dados na tabela do tabletop FAMI-COL.TDB. Não se esqueçam de salvar esses dados após a digitação.

Page 254: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ATIVIDADE 1B GRUPO _________ DATA: __________ NOME___________NOME_________________NOME_____________________

1) Com os dados desta tabela, façam um gráfico com o auxílio do tabletop que represente a quantidade de pessoas que pertencem à família de cada aluno do seu grupo. Não se esqueçam de salvar este gráfico como: FAMI-COL.TT Observando o gráfico que vocês fizeram, respondam às questões abaixo:

a) A família de qual aluno do seu grupo tem mais pessoas?_________________ Quantas pessoas têm nessa família?__________________________________

b) A família de qual aluno do seu grupo tem menos pessoas?_________________ Quantas pessoas tem nessa família?___________________________________ c) Há colegas do seu grupo que têm a mesma quantidade de pessoas na família? _______________________________________________________________________

Se houver, quais são os alunos com a mesma quantidade de pessoas na família? ________________________________________________________________ Agora vocês já conhecem um pouco mais sobre seus coleguinhas!

Page 255: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Bom dia! Me desculpem pelo atraso. Meu relógio não despertou e acabei me

ATIVIDADE 1C GRUPO _________ DATA: __________ NOME___________NOME_________________NOME_____________________

Como vocês puderam observar, acabou de chegar um aluno um pouco atrasado! Seu nome é “Imaginário”! 1) “Imaginário” gostaria de entrar no seu grupo. Como ficaria o gráfico com esse novo aluno, sabendo que ele mora sozinho?

Construa esse gráfico e salve-o como FAMI-IMA.TT

Page 256: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

FICHA 2 ATIVIDADE 2A

GRUPO _________ DATA: __________ NOME___________NOME_________________NOME_____________________ Na festa dos aniversariantes do mês de abril da classe da Professora Carla tinha um

“bexigão” cheio de balas. Ao estourar o “bexigão”, cada aluno pegou algumas balas. O

banco de dados ANIVBALA.TDB fornece a quantidade de balas pegas por quatro alunos

dessa classe.

1) Utilizando os dados do ANIVBALA.TDB, construam um

gráfico que mostre a quantidade de balas que cada um

destes alunos pegou. Salvem este gráfico com o nome de

ANIVBALA.TT

Utilizem este gráfico para responder as questões abaixo:

a) Qual aluno pegou mais balas?______________________

Quantas balas ele pegou?________________________________________________

b) Qual aluno pegou menos balas?___________________________________________

Quantas balas ele pegou?________________________________________________

c) Houve alunos que pegaram a mesma quantidade de balas?______________________

Se sim, quais foram esses alunos?_________________________________________

d) Quantas balas foram pegas, no total, por estes quatro alunos?___________________

e) Quantas balas pegou João?______________________________________________

Page 257: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

VAMOS AJUDAR A CAMILA?

ATIVIDADE 2B GRUPO _________ DATA: ________ NOME__________________NOME_______________NOME_________________

Camila ficou triste porque João conseguiu apenas duas balas. Ela propôs aos alunos de seu grupo que seria mais justo que todos ficassem com a mesma quantidade de balas.

1) Como ficaria o gráfico se cada aluno ficasse com a mesma quantidade de balas? Construam esse gráfico. Salvem-no como ANI-JOÃO.TT

2) De acordo com a proposta de Camila, com quantas balas cada aluno ficaria?______________

Essa quantidade de balas com que cada aluno ficaria é chamada de média dessas quatro quantidades. No dia-a-dia, vocês já devem ter ouvido expressões do tipo:

• Em média eles ganham... • A média de gols... • A média de filhos por família é...

Sendo assim, podemos dizer que a média

dessas quatro quantidades é 5 balas.

Obrigado por terem ajudado a Camila!

Page 258: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

FICHA 3 ATIVIDADE 3A

GRUPO _________ DATA: __________ NOME___________NOME_________________NOME_____________________

Na festa dos aniversariantes do mês de abril da professora Carla havia outros alunos. O banco de dados PAULA.TDB fornece a quantidade de balas que os alunos do grupo de Paula pegaram ao estourar o “bexigão”. 1)Utilizando este banco de dados, construa o gráfico de freqüência.

2) Observando este gráfico respondam: a) Qual o total de balas que este grupo de alunos pegou? _________ b) Qual o total de alunos deste grupo? _________________ c) Se cada aluno ficasse com a mesma quantidade de balas, com quantas balas cada um ficaria? _____________________________ d) Como é chamada essa quantidade que vocês encontraram na pergunta c)? __________________________________________________________________

GRÁFICO 3A

Page 259: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ATIVIDADE 3B

GRUPO _________ DATA: __________ NOME___________NOME_________________NOME_____________________

Paula tinha se esquecido de contar as 4 balas que havia guardado em seu bolso. Portanto, ela pegou 12 balas. 1) Refaçam o gráfico acrescentando as balas que Paula encontrou em seu bolso. (PAULAB.TT) 2) Observando este novo gráfico respondam: a) O total de balas mudou? ____________________________________________ Se sim, qual é o novo total de balas? _________________________________ b) O total de alunos mudou? __________________________________________ Se sim, qual é o novo total de alunos? ________________________________ c) Antes de Paula encontrar as balas em seu bolso, cada aluno ficaria com 4 balas. Acrescentando as balas que Paula achou, a média de balas por aluno vai mudar? ____ Se sim, qual será a nova média? ____________________________________ Essa nova média é maior ou menor que a média anterior?_________________

GRÁFICO 3B

Page 260: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

FICHA 4 ATIVIDADE 3C

GRUPO ________ DATA: _________________ NOME______________ NOME ________________ NOME_____________ NOME______________

Paula pensou em guardar para seus irmãos, 8 das balas que tinha pego. Os colegas do grupo concordaram. 1) Refaçam o gráfico, retirando as 8 balas que Paula guardou. (PAULAC.TT) 2) Respondam, observando este último gráfico feito: a) Qual o total de balas do grupo? ______________________________________ b) Qual o total de alunos do grupo? _____________________________________ c) Qual a média de balas por aluno? ____________________________________ d) O que aconteceu com a média? ______________________________________ e) Se vocês fossem do grupo de Paula, vocês concordariam com que ela guardasse as 8 balas? __________________________________________________________________ Porque? ________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

GRÁFICO 3C

Page 261: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ATIVIDADE 3D

GRUPO ________ DATA: _________________ NOME____________NOME______________NOME___________NOME_______ 1) Supondo que Paula tivesse guardado todas as suas balas, como ficaria o gráfico? Faça-o no Tabletop. (PAULAD.TT) 2) Observando este último gráfico, respondam: a) Qual o total de balas do grupo? ____________________________________________ b) Qual o total de alunos do grupo? ___________________________________________ c) Qual a média de balas por aluno? __________________________________________ d) O que aconteceu com a média? ___________________________________________ e) Seria melhor para Paula guardar todas as suas balas ou não?____________________ Por que? ________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

GRÁFICO 3D

Page 262: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ATIVIDADE 4

GRUPO ________ DATA: _________________ NOME____________NOME_____________NOME___________NOME________ No gráfico de freqüência BRUNA.TT, está representada a quantidade de balas que cada aluno do grupo de Bruna pegou, na festa da classe da professora Carla. 1) Observando este gráfico e, sem modificá-lo, respondam: a) Havia alguém que não conseguiu pegar nenhuma bala? _________ Quem? ________________________________________ b) Se cada aluno ficasse com a mesma quantidade de balas, com quantas balas cada um ficaria? _____________________________ c) Como é chamada essa quantidade que vocês encontraram na pergunta b)? ________________________ d) Qual o total de balas pegas pelo grupo? _____________ e) Qual o total de alunos deste grupo? __________________________ f) Vocês saberiam calcular a média utilizando o total de balas pegas pelo grupo e o total de alunos deste grupo? _____________________ Se sim, que conta vocês fariam? g) Bruna não ficou muito contente ao perceber que Tiago ficaria com a mesma quantidade de balas que todos do grupo, afinal ele não tinha pego nenhuma bala. Vocês concordam com Bruna? Por que? ________________________________________________________________ h) Para encontrar a média de balas por aluno precisamos incluir Tiago ou não? ________

Espaço para fazer a conta

Page 263: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Estou preparando uma festa! Vocês podem me ajudar?

FICHA 5 ATIVIDADE 5A

GRUPO ________DATA:_______________ NOME__________ NOME _____________NOME__________NOME__________

1) Observando este gráfico, respondam: a) Qual a quantidade média de salgadinhos consumida pelos alunos deste grupo?________________ b) Quem consome mais salgadinhos? ____________________________________ Quantos?_____________________ c) Quem consome menos salgadinhos?________________________________ Quantos?_____________________ d) Tem algum aluno do grupo, que consome mais salgadinhos que a quantidade média de salgadinhos consumida pelos alunos do grupo? __________________ Quem?____________________________________________________________

e) Tem algum aluno do grupo, que consome menos salgadinhos que a quantidade média de salgadinhos consumida pelos alunos do grupo?____________________ Quem?____________________________________________________________ f) Tem algum aluno do grupo, que consome a mesma quantidade da média de salgadinhos consumida pelos alunos do grupo?___________________________ Quem?____________________________________________________________

g) Vocês acham que com esses dados, a Tia Nena pode fazer uma previsão de quantos salgadinhos ela deverá preparar para a classe toda?________________ Por que?__________________________________________________________ __________________________________________________________________ h) Se for possível fazer a previsão, quantos salgadinhos ela precisará fazer para uma classe com 30 alunos?___________________________________________ Como vocês chegaram a este resultado? _______________________________

a

FICHA 6 ATIVIDADE 5B

Tia Nena está preparando uma festa para os alunos da 4a. série. Para isso ela precisa saber qual a média de salgadinhos consumida por essas crianças. O banco de dados ATNENA.TDB fornece a quantidade de salgadinhos consumida por seis alunos da 4a.série onde será a festa. Utilizando o tabletop, construam o gráfico de freqüência ATNENAF.TT.

Espaço para fazer a conta

Page 264: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

VAMOS CONSTRUIR UM GRÁFICO QUE AJUDE A TIA NENA?

FICHA 6 ATIVIDADE 5B

GRUPO ________ DATA: _________________ NOME__________NOME_____________NOME___________NOME__________

1) Utilizando o banco de dados da atividade anterior, construam com o auxílio do tabletop, um gráfico de dupla entrada que possa ajudar Tia Nena. Salve-o como ATNENAD.TT. 2) Observando este gráfico, respondam: a) Qual o total de salgadinhos consumidos pelas meninas? __________________ b) Qual o total de salgadinhos consumidos pelos meninos? ___________________ c) Vocês concordam que as meninas deste grupo consomem mais salgadinhos que os meninos?________ Por que?__________________________________________________________ d) Qual a quantidade média de salgadinhos consumida por estes alunos? __________________________________________________________________ e) Podemos afirmar que todos os alunos deste grupo consumiram exatamente _____ salgadinhos?_______ Por que?__________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________

Tia Nena quer saber se é verdade que, nesta classe, as meninas consomem mais salgadinhos que os meninos.

Page 265: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

ATIVIDADE 6A

GRUPO ________ DATA: ____________________ NOME______________ NOME ________________ NOME_____________ NOME______________

Tia Nena pretende também fazer docinhos para a festa que está preparando. Os alunos da 4a. série fizeram uma pesquisa com 5 coleguinhas para ajudar tia Nena. O banco de dados ATDOCE.TDB fornece os dados obtidos nesta pesquisa. 1) Utilizando o tabletop, construam um gráfico que possa ajudá-lo a responder as seguintes questões:

a) Quem comeu mais docinhos?______________________________________ Quantos docinhos esta criança comeu?__________________________________ b) Quem comeu menos docinhos?______________________________________ Quantos docinhos esta criança comeu?__________________________________ c) Qual a média de docinhos consumidos por aluno?________________________ d) A quantidade média de docinhos consumidos pode ser maior que a quantidade de quem comeu mais docinhos?________________________________________ e) A quantidade média de docinhos consumidos pode ser menor que a quantidade de quem comeu menos docinhos?______________________________________ f) Quantos docinhos tia Nena precisará fazer, sabendo que a 4a. série tem 30 alunos?____________

Espaço para fazer a conta

Page 266: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Tia Nena precisa saber o docinho preferido das crianças. Vamos ajuda-la?

FICHA 7 ATIVIDADE 6B

GRUPO ________ DATA: ____________________ NOME____________NOME_____________NOME___________NOME________ 2) Observando este gráfico, respondam: a) Qual o docinho preferido de Fernando? _______________________________ b) Qual o total de cajuzinhos consumidos por este grupo de alunos? ___________ c) Qual o docinho preferido por estes alunos?____________________________ d) Quantos docinhos Fabio consumiu?__________________________________ e) Quantos brigadeiros Laura consumiu? ________________________________ f) Se o “Imaginário” chegasse na classe, qual seria o docinho escolhido por ele? Por que? ______________________________________________________ g) Qual a média de docinhos por aluno? _________________________________

Com o banco de dados ATDOCE.TDB construam um gráfico que mostre a quantidade de cada tipo de docinho que cada aluno consome.

Page 267: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Deixem suas contas aqui!!!

FICHA 8

ATIVIDADE 7A

GRUPO ________ DATA: ____________________ NOME___________ NOME _________NOME___________NOME____________ No banco de dados PRENDA.TDB estão organizadas as prendas arrecadadas por um grupo de alunos da 4a. série B para a Festa Junina da escola. As prendas desta classe foram brinquedos.

a) Qual criança deste grupo trouxe mais prendas?__________Quantas? ____

b) Qual criança deste grupo trouxe menos prendas?_______Quantas? ______

c) Podemos dizer que a média de prendas trazidas pelos alunos do grupo foi 30?____________ Por que?________________________________________________________ _______________________________________________________________ d) Sabendo que a 4a.B tem 35 alunos, quantas prendas esta classe poderá

arrecadar?________ ____________________________________________________________________

1) Construam um gráfico no tabletop, que ajude vocês a responderem as questões abaixo. Depois, ajudem o professor Rogerio a prever a quantidade de prendas que será recolhida pela classe toda.

Page 268: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Bom dia! Me desculpem pelo atraso. Meu relógio não despertou de novo, mas eu trouxe minhas prendas

ATIVIDADE 7B

GRUPO ________ DATA: ____________________ NOME__________NOME___________NOME____________NOME___________ Observando este novo gráfico, respondam: a) Qual a nova média de prendas por aluno?______

Imaginário chegou atrasado, mas trouxe doze prendas. Inclua o Imaginário no gráfico da atividade anterior.

Deixem suas contas aqui!!!

Page 269: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Anexo 3

Atividades de Gráfico

Nome: _______________________________________Idade: _________________ 4a._______

2. Maria vende relógios na praça da Sé. No gráfico abaixo está representada a quantidade de relógios que ela vendeu nos meses de janeiro, fevereiro e março.

0123456789

10111213

Janeiro Fervereiro Março

Qua

ntid

ade

de r

elóg

ios

a) Em qual mês Maria vendeu menos relógios? _______________________________________

Por que você acha que ele vendeu menos relógios neste mês? _______________________________________ _______________________________________ b) Em qual mês Maria vendeu mais relógios? _______________________________________

Por que você acha que ela vendeu mais relógios neste mês? ___________________________________ _______________________________________ _______________________________________

c) Maria pediu para sua sobrinha Renata determinar qual foi sua venda média mensal de relógios nesses meses. Renata pediu ajuda para suas colegas que responderam:

RESPOSTA DE JOANA: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 4 RELÓGIOS. RESPOSTA DE SONIA: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 8 RELÓGIOS. RESPOSTA DE CARMEM: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 11 RELÓGIOS. RESPOSTA DE SILVIA: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 9 RELÓGIOS. RESPOSTA DE CARINA: SUA VENDA MÉDIA MENSAL É 24 RELÓGIOS.

E para você, qual é a resposta correta? _____________________________________

Como você faria para convencer Maria que sua resposta está correta? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

d) Se Maria tivesse vendido 6 relógios no mês de fevereiro, sua venda média mensal

nesse período seria a mesma?_________________________

���� Se você acha que SIM, explique porquê nas linhas abaixo. ���� Mas se você acha que NÃO escreva nas linhas abaixo qual seria a nova média.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

e) Observe com atenção o gráfico acima novamente e diga quantos relógios você acha que Maria poderá vender em Abril?_______________________ Como você chegou a esta conclusão?_______________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 270: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Deixem suas contas aqui!!!

Atividades de Gráfico

Nome:________________________________________________________ 4a._______

1. O gráfico abaixo informa o consumo de frutas, da família de Maria durante uma semana.

0

2

4

6

8

10

12

2a 3a. 4a. 5a. 6a. sábado domingo

Dias da semana

Qua

ntid

ade

de fr

utas

Lendo as informações no gráfico, responda as seguintes questões:

a) Qual o total de frutas consumidas por essa família nessa semana?________ b) Em que dia o consumo de frutas foi maior? _________ c) Em que dia o consumo de frutas foi menor?________ d) Teve algum dia nessa semana em que não houve consumo de frutas pela família de

Maria?_____________________________ Se sim, qual foi esse dia?_________________

e) Qual o consumo médio diário de frutas dessa família? ____________. f) Que conta você fez para achar esse valor? __________________

Page 271: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

Atividades de Gráfico

Nome:_______________________________________ Idade: ___________ 4a._______

3. Os alunos da 5a. série da escola Caetano de Campos organizaram a Campanha do Agasalho para ajudar às crianças da comunidade. O grupo de Patrícia marcou no gráfico abaixo, os agasalhos que conseguiram trazer em cada um dos cinco dias da semana.

a) Qual o tipo de agasalho que foi menos recolhido pelo grupo durante a semana?________________________ O que fez você saber que foi esse o tipo de agasalho menos recolhido?_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) João acha que na 3a.feira foram recolhidos menos agasalhos. Você concorda com ele?___________________ Por que? __________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________ c) Qual o total de agasalhos trazidos na semana?__________________________ Se alguém disser que sua resposta está errada, como você prova que ela está certa? ____________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ d) Qual a média diária de agasalhos trazidos nesta semana? ________________ Como você chegou a esta resposta? ____________________________________

Page 272: Rosana Catarina Rodrigues de Lima - TEDE: Página inicial · PUC-SP SÃO PAULO 2005. ii Rosana ... comentários e sugestões valiosas dadas na ocasião do ... gráfico de barras,

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________