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0 ROSANGELA RIGATTI ESTRANGEIRISMOS: ACOLHER OU REPUDIAR? CANOAS, 2012.

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ROSANGELA RIGATTI

ESTRANGEIRISMOS: ACOLHER OU REPUDIAR?

CANOAS, 2012.

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ROSANGELA RIGATTI

ESTRANGEIRISMOS: ACOLHER OU REPUDIAR?

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Letras do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Letras.

Orientação: Profª. Mª. Maria Luisa Steiner Fleck

CANOAS, 2012.

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ROSANGELA RIGATTI

ESTRANGEIRISMOS: ACOLHER OU REPUDIAR?

Trabalho de conclusão aprovado como registro parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Letras pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle.

Aprovado pela avaliadora em 04 julho de 2012.

AVALIADOR:

____________________________________ Profª. Mª. Maria Luisa Steiner Fleck

UNILASALLE

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me deu o sopro da vida e que sempre me ouve nos

momentos de angústia, dor e aflição, proporcionando - me momentos de felicidade e

colocando em meu caminho pessoas do bem.

Neste contexto não poderia deixar de agradecer também a ajuda contínua, de um grande

amigo que, desde os tempos do TCC1, vem me auxiliando, tirando dúvidas, acalmando

minhas angústias e nervosismo, sugerindo ideias e indicando-me sites confiáveis de pesquisas

diversificadas sobre meu tema. André Augusto Bartz, Meu muito obrigada!

Agradeço a toda equipe de professores do Centro Universitário La Salle, pela

contribuição no meu processo de aprendizagem, transmitida através de conhecimento, alegria

e paixão pela profissão. Em especial à minha orientadora Maria Luiza Steiner Fleck sempre à

disposição nos momentos de maior dúvida com muita alegria, dedicação e rigor.

Agradeço também...

A quem me deu a maior das artes: A vida!

Ensinou-me a maior das ciências: Viver!

Mostrou-me o maior dos prazeres: Amar!

Legou-me a maior das alegrias: Sorrir!

Serviu-me como maior exemplo de grande mulher: Rosa Maria Rigatti, minha mãe!

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RESUMO

O presente trabalho tem como objeto de estudo o tema Estrangeirismos: Acolher ou

Repudiar? O objetivo geral será o de estudar a assimilação de estrangeirismos pela Língua

Portuguesa e os termos técnicos que conceituam esse processo que já é histórico, mas que se

acelerou com a globalização. A monografia também analisa os projetos de leis que tiveram a

intenção de normatizar o uso dos estrangeirismos em solo brasileiro e que não tiveram o

suficiente apoio para se transformarem em leis, tanto no âmbito nacional, quanto no Rio

Grande do Sul. Na parte prática, este estudo buscou detectar a opinião a respeito do uso dos

estrangeirismos na Língua Portuguesa, com quarenta acadêmicos de diversos cursos

superiores de uma Instituição de Canoas, a partir de um questionário, com perguntas abertas e

fechadas. Buscou-se verificar se concordam ou não com o uso de estrangeirismos na nossa

Língua e quais palavras estrangeiras têm sido mais assimiladas pela língua materna.

Objetivou-se verificar também a opinião sobre o possível prejuízo que os estrangeirismos

podem causar às crianças em sua fase de aquisição da língua materna. Os resultados da

pesquisa permitem concluir que a maioria das pessoas concorda com as questões apresentadas

na pesquisa, embora muito dos entrevistados estejam concordando em parte. Isso mostra que a

população acredita na importância dos estrangeirismos, mas não se submete a aceitar tudo por

modismo.

Palavras-chave: Estrangeirismos. Empréstimos Linguísticos. Análise de Leis. Pesquisa de

Campo.

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ABSTRACT

The present work has like object of study the theme Foreign words: to accept or to

repudiate? The general purpose it will be to study the assimilation of foreign words by

Portuguese and technical terms that conceptualize this process that is already history, but that

has accelerated with globalization. The monograph also analyzes the bills that were intended

to regulate the use of foreign words in Brazilian soil and did not have enough support to turn

into laws as nationally as Rio Grande do Sul. In the practical part, this study sought to detect

the opinion regarding the use of foreign words in Portuguese, with forty students from various

higher education courses in an institution of Canoas, from a questionnaire with open and

closed questions. We sought to determine if they agree or not with the use of foreign words in

our language and foreign words which have become more assimilated into the language. This

study assessed also review the possible harm that the foreign words can cause to children in

its early acquisition of language. The research results allow concluding that the majority of

people agree with the issues presented in the research, although much of the respondents are

agreeing in part. This shows that the population believes in the importance of foreign words,

but does not submit to accept everything for fad.

Keywords: Foreign Words. Loans Language. Analysis of Laws. Field Research.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O inglês no mundo ............................................................................................. 22

Figura 2 – Falantes nativos de inglês no mundo ................................................................. 23

Figura 3 – Faixa etária ......................................................................................................... 45

Figura 4 – Estrangeirismos na língua portuguesa ................................................................ 45

Figura 5 – Palavras estrangeiras .......................................................................................... 46

Figura 6 – A influência do estrangeirismo na língua materna 1 .......................................... 46

Figura 7 – A influência do estrangeirismo na língua materna 2 .......................................... 47

Figura 8 – A influência do estrangeirismo na língua materna 3 .......................................... 47

Figura 9 – O uso de estrangeirismos no Brasil .................................................................... 48

GRÁFICO

Gráfico 1 – Estrangeirismos ................................................................................................ 21

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Palavras estrangeirizadas................................................................................... 19

Quadro 2 - Lista de línguas por número total de falantes .................................................... 22

Quando 3 - Classificação dos empréstimos linguísticos ..................................................... 26

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9

2 CONCEITO DE ESTRANGEIRISMOS .......................................................................... 11

2.1 A história da língua portuguesa ...................................................................................... 11

2.2 A evolução da língua portuguesa .................................................................................... 14

2.3 O processo de globalização da língua ............................................................................. 16

2.3.1 O ensino de língua inglesa no Brasil............................................................................... 17

2.4 O poder da língua ............................................................................................................. 18

2.5 Por que as palavras emigram? ........................................................................................ 18

2.5.1 Exemplos de palavras estrangeirizadas: ........................................................................ 19

2.5.1.1 Estatística de estrangeirismos diversos ........................................................................ 21

2.5.1.2 Lista de línguas por numero total de falantes ............................................................... 22

3 CONCEITO DE EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS ..................................................... 24

3.1 Classificação dos empréstimos linguísticos .................................................................... 24

3.2 Fatores que podem gerar empréstimos linguísticos ...................................................... 25

3.2.1 Empréstimos linguísticos dialetais .................................................................................. 25

3.2.2 O que são os empréstimos semânticos? .......................................................................... 26

3.2.3 O que são os empréstimos denotativos? .......................................................................... 27

3.2.4 O que são os empréstimos conotativos? .......................................................................... 27

3.3 Sistemas linguísticos homogêneos ................................................................................... 27

3.4 Sistemas linguísticos heterogêneos .................................................................................. 28

3.4.1 Línguas mistas ................................................................................................................. 28

3.5 Sistemas linguísticos amalgamados ................................................................................ 29

3.6 Conceito de neologismos .................................................................................................. 29

3.7 Conceito de anglicismos ................................................................................................... 30

3.8 Conceito de galicismos...................................................................................................... 30

3.8.1 Alguns exemplos de galicismos ....................................................................................... 31

3.9 Conceito de xenismos ....................................................................................................... 31

3.10 Conceito de arcaísmos .................................................................................................... 31

4 A PREOCUÇÃO COM A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUE SA E COM O

SEU POTENCIAL INTEGRADOR DE NAÇÃO: OS PROJETOS DE L EIS ................ 33

4.1 Estrangeirismo e o universo infantil ............................................................................... 34

4.2 Estrangeirismos X Projeto de lei de Aldo Rebelo .......................................................... 35

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4.2.1 O projeto de lei do ex-Deputado Aldo Rebelo ................................................................. 36

4.2.2 Objetivos e determinações da lei 1676/1999 ................................................................... 37

4.3 Estrangeirismos X Projeto de lei de Raul Carion .......................................................... 38

4.3.1 Conteúdo do projeto do Deputado Estadual Raul Carrion ............................................. 40

4.3.2 Objetivos e determinações da lei 156/09 ......................................................................... 40

4.4. Efetividade ou Inocuidade de leis de restrição aos estrangeirismos ........................... 41

5 PESQUISA DE CAMPO .................................................................................................... 43

5.1 Conceito de pesquisa qualitativa ..................................................................................... 43

5.2 Conceito de pesquisa quantitativa .................................................................................. 43

5.3 Instrumento de pesquisa .................................................................................................. 43

5.3.1 Análise da pesquisa de campo ......................................................................................... 44

5.4 Interpretação dos resultados da pesquisa ...................................................................... 48

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 51

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo abordará o tema Estrangeirismos: Acolher ou Repudiar. O ponto

específico a ser abordado será a restrição ou não quanto ao uso dos estrangeirismos.

Abordaremos tal temática porque ela se faz presente no dia a dia da população brasileira

sendo discutida em diversos projetos de lei pelos deputados brasileiros e também porque

envolve as duas disciplinas do meu curso que são: Língua Portuguesa e Língua Inglesa.

Dentro deste assunto, aprofundaremos também outros aspectos como os Empréstimos

Linguísticos, Neologismos e os Anglicismos cuja compreensão permite ver as diferenças

existentes entre expressões muito próximas da temática central (estrangeirismos) e que são de

suma importância para diferenciá-las.

O objetivo geral é o de estudar a assimilação de estrangeirismos pela Língua Portuguesa

e os objetivos específicos serão os de (1) saber a opinião de pessoas através de uma pesquisa

de opinião, se as mesmas são contra ou a favor ao uso de estrangeirismos utilizados em nosso

dia a dia; (2) verificar quais expressões estrangeiras tem sido mais assimiladas pela língua

materna; (3) averiguar ate que ponto o ingresso de expressões estrangeiras prejudica o

vocabulário da língua materna; (4) analisar palavras estrangeiras que são utilizadas em nosso

vocabulário diário sem terem sido traduzidas porque não há uma palavra portuguesa para dar

o mesmo significado.

Nesse contexto, a fim de que os objetivos do trabalho sejam atingidos, serão abordados

dentro de seis capítulos, sendo o primeiro, Introdução e o último Conclusão. Para o capítulo

dois desenvolveremos os conceitos de estrangeirismos, como é o ensino de língua inglesa no

Brasil, sua história e evolução representada através de exemplos de palavras que importamos,

estatística de estrangeirismos diversos, listagem das línguas mais faladas no mundo e mapas

geográficos. No capítulo seguinte abordaremos o conceito de empréstimos linguísticos com

suas classificações, fatores que podem gerar esses empréstimos, conceitos de sistemas

linguísticos, neologismos, anglicismos, galicismos, xenismos e arcaísmos.

No quarto capítulo, analisaremos a aprendizagem de língua portuguesa nesse contexto

de globalização das línguas e do universo infantil, através de dois projetos de lei de (Aldo

Rebelo e Raul Carion) com suas justificativas, objetivos e determinações; e no quinto

capítulo, apresentaremos o resultado de uma pesquisa de opinião através de dados qualitativos

e quantitativos, demonstrando, posteriormente, a opinião de alguns alunos de graduação em

uma instituição de Canoas que foram convidados a responder tal pesquisa, de forma

espontânea.

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Em suma, a pretensão do presente trabalho não é esgotar o assunto, mas sim abordar, de

forma clara e concisa, os diversos temas propostos inicialmente, dando clareza a algumas

expressões e classificações que, no meio escolar ou universitário, muitas vezes passam

despercebidas.

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2 CONCEITO DE ESTRANGEIRISMOS

Estrangeirismos são palavras quem vem de outro país e que ainda não fazem parte da

língua de um determinado país. Os estrangeirismos surgem para preencher lacunas. Segundo

Garcez e Zilles (2004, p. 15): “Estrangeirismo é o emprego, na língua de uma comunidade, de

elementos oriundos de outras línguas. No caso brasileiro, posto simplesmente, seria o uso de

palavras ou expressões estrangeiras no português”.

Estrangeirismo vem a ser o emprego de palavras que se originam de outra língua

estrangeira e não possuem uma palavra correspondente a ela na nossa língua, apontadas em

nossas normas gramaticais como um vício de linguagem1. Sua pronúncia e escrita não sofre

qualquer alteração; temos exemplos recentes e antigos, como no caso de “long-play”,” close-

up”, standart”, etc.

Alguns autores descrevem o estrangeirismo como sendo palavras com traços

estrangeiros; outros dizem que o estrangeirismo só ocorre com a frequência de uso. A grande

maioria das palavras da língua portuguesa do Brasil possui origens: Latina, Grega, Árabe,

Espanhola, Italiana, Francesa e Inglesa.

Muitos são os motivos que as palavras são introduzidas em nossa língua entre os quais

fatores históricos, sócio-culturais, políticos, modismo ou avanços tecnológicos.

As palavras estrangeiras entram em nosso léxico, sofrendo algumas modificações

gráficas ou fonológicas tornando-se assim aportuguesadas ou não. Alguns exemplos desses

estrangeirismos são: (cappuccino – do italiano); (Drink – do inglês); (Abat-jour – do francês)

as quais em português ficaram com as seguintes grafias: (capucino, drinque, abajour).

Para Câmara Jr. os estrangeirismos são:

Os empréstimos vocabulares não integrados na língua nacional, revelando-se estrangeiros nos fonemas, na flexão e até na grafia, ou os vocábulos nacionais empregados com a significação dos vocábulos estrangeiros de forma semelhante. Na língua portuguesa os estrangeirismos mais frequentes são hoje galicismos e anglicismos. O vocábulo estrangeiro, quando é sentido como necessário, ou pelo menos útil, tende a adaptar-se à fonologia e à morfologia da língua nacional, o que para a nossa língua vem a ser o aportuguesamento (1998, p. 111).

1 Palavras ou construções que vão de encontro às normas gramaticais. Os vícios de linguagem costumam ocorrer por descuido, ou ainda por desconhecimento das regras por parte do emissor.

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2.1 A história da língua portuguesa

Segundo Coutinho (1976, p. 46): “A Língua Portuguesa proveio do latim vulgar que os

romanos introduziram na Lusitânia, região situada ao ocidente da Península Ibérica”. As

investigações feitas pela arqueologia, etnologia e linguística levam-nos a concluir que dois

povos primitivamente habitaram o solo peninsular: um cântabro-pirenaico e o outro

mediterrâneo.

O que aprendemos e ensinamos no Brasil e em Portugal até hoje nas aulas de história da língua portuguesa é uma falácia histórico-geográfica: “o português vem do latim”. Nada disso: o português vem do galego. O galego é que é, sim, uma língua derivada da variedade de latim vulgar que se criou no noroeste da Península Ibérica (BAGNO, 2003).

“Destes dois povos se teriam originado respectivamente o basco e o ibero. Coube a este

último papel mais importante na história da Península. É de seu nome que os historiadores

gregos chamaram a região Ibéria” (COUTINHO, 1976, p. 46).

No tempo de Augusto, a Península dividida foi em três províncias: a Tarraconense, a Bética e a Lusitânia. A primeira manifestação que se nota, da parte ficaria nele compreendida para separar os destinos da faixa ocidental da Europa, onde se constituiu mais tarde Portugal, do resto da Hispânia. Houve um povo da Península que não aceitou o latim como língua, antes continuou a falar o próprio idioma: o basco (COUTINHO, 1976, p. 47).

No século V, os bárbaros invadiram a Península, povos de origem germânicas,

localizados nas costas do Báltico, cada um com seu dialeto: vândalos, suevos e visigodos.

Depois dos vândalos surgiram os suevos e se estabeleceram na Galécia e na Lusitânia.

Habitaram nesta região, onde mais tarde se desenvolveu a nação portuguesa.

No século VIII, surgem os árabes ao norte da África, invadindo a Europa. Muitos destes

povos adotaram dos árabes os costumes esquecendo sua língua, então passaram a se chamar

moçárabes. Dois cientistas árabes pulverizaram a doutrina de Aristóteles na Europa,

traduzindo-lhes obras e comentando-as então nesse período grandes bibliotecas foram

erguidas.

Desse povo árabe, proveio a agricultura, o comércio e a indústria. Eles eram grandes

confeccionadores de tapeçarias e iguarias. Isso fez que o povo ficasse mais requintado e

luxuoso.

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A língua original da Europa antes da invasão era o “romance”, um latim vulgar

modificado. Depois dos árabes estarem instalados e compartilhando de riquezas culturais, a

língua oficial passou a ser o árabe, mas não com total influencia.

Quando D. Afonso Henriques é proclamado rei de Portugal em 1143, surge então à

nação portuguesa. O romance falado constituiu o dialeto galeziano ou galaico-português, com

algumas influências de imigrantes árabes.

Com a independência de Portugal, resultou a diferenciação entre o português e o galego. Documentos do latim bárbaro do século IX encontraram algumas formas vernáculas do galego-português. No século XII, textos e documentos apareceram inteiramente redigidos em português, já que, antes era apenas falado. Dado o século XV começaram a fazer várias traduções de obras latinas, francesas e espanholas. O século XVI foi apresentado como o verdadeiro século de ouro da Literatura Portuguesa, surgiram grandiosos escritores, vários gêneros literários, surge também a gramática disciplinando a língua (COUTINHO, 1976, p. 55).

“Pode-se afirmar que o português é o próprio latim modificado. O latim levado pelos

legionários, colonos, comerciantes e funcionários públicos romanos, impôs-se pela força das

próprias circunstâncias: tinha o prestígio de língua oficial, servia de veículo a uma cultura

superior, era o idioma da escola” (COUTINHO, 1976, p. 46).

O latim que se vulgarizou no território ibérico, foi o povo inculto, o sermo vulgaris, plebeius ou rusticus, de que nos dão notícia os gramáticos latinos. A outra modalidade, denominada sermo urbanus, eruditus ou perpolitus, em que escreveram suas obras imortais Cícero, César, Vergílio, Horácio e Ovídio, foi aí também conhecida, sim, mas nas escolas, o que é atestado pela existência de alguns célebres escritores hispânicos, como Sêneca, Marcial, Lucano e Quintiliano. Mais tarde são os conventos ou mosteiros que guardam as tradições da boa latinidade (COUTINHO, 1976, p. 50).

Segundo Maurício S. Ali (1966, p. 17): “Todas estas línguas e dialetos originaram-se do

latim, não do latim literário, que em muitos pontos era linguagem artificial, e sim do latim

vulgar, isto é, da linguagem viva, do latim falado”. Na época era considerado vulgar por não

possuir sintaxe, nem morfologia. Era uma língua autônoma, sem ligação com regras. Sabe-se

que a língua era e é usada atualmente como instrumento de dominação. Na região do

Mediterrâneo, no início da ascensão do Império Romano, o povo dominado era obrigado a

utilizar a língua imposta pelos romanos, conhecida como o latim vulgar.

Lembremo-nos de que a rota comercial do oriente ao ocidente nesta localização, países

mediterrâneos, basicamente comunicavam-se usando a língua corrente que era a imposta pelo

Império Romano, haja vista ser esta a potência dos primeiros séculos depois de Cristo.

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Do latim originaram-se muitos outros idiomas. As línguas sofreram acréscimos de

novos sons e palavras, fazendo com que muitas pessoas tivessem dificuldades em pronunciar

sons novos ou até mesmo era estranho aos ouvidos assimilar tais sons.

Com as descobertas marítimas, no século XVI, Portugal teve um papel importante na História, a partir daí a Língua Portuguesa se expande pelas Ilhas do Atlântico, as costas da Ásia e da África. Nenhum povo foi jamais tão longe através dos mares, como o lusitano, percorriam os oceanos em todos os sentidos e cuja bandeira tremulava em todas as partes do mundo, porque em todas elas Portugal possuía colônias. A área territorial do português é muito dilatada. Poucas línguas do mundo lhe levam vantagem nesse ponto conforme (COUTINHO, 1976, p. 58).

A coroa portuguesa e espanhola, nessa época, ganhou destaque no cenário de

dominação cultural e linguística. Já no final do século XIX e início do século XX, temos a

efervescência da revolução industrial, no campo da ciência e em outros ramos.

Foi de dialetos falados ao norte de Portugal que surgiu a Língua Portuguesa. Os

documentos mais antigos escritos em português que se conhece são do século XXI, porém há

vestígios de documentos em português escritos na época do latim bárbaro no século IX.

No século XVII havia produções literárias portuguesas narrativas e descritivas, com

linguagem simples, natural e elegante. No século XVIII é dedicado às academias literárias.

Floresce a poesia tanto em Portugal quanto no Brasil. Nessa época a linguagem não sofre

muitas modificações gramaticais. Os grandes intelectuais e escritores dessa época dirige-se à

França, onde há um grande movimento intelectual e política.

Muitos postulados científicos levam o nome de seus autores e ao chegarem a terras

estrangeiras os nativos se vêem obrigados a falarem tais nomes, caso quisessem se inserir na

elite.

A cultura e a língua francesa passam a ser, em Portugal e na Europa a principal fonte de

informação e inspiração para a literatura e a filosofia. Algumas novas expressões são

introduzidas e outras excluídas. Nessa época o anglicismo já tem força, porém alguns puristas

tentam rejeitá-lo com medo de que seja uma ameaça a sua língua oficial.

2.2 A evolução da língua portuguesa

Antes de os portugueses chegarem, a nossa língua falada era de origem indígena e a

mais falada era o dialeto tupinambá (língua predominante entre índios da época). Com a

colonização do Brasil a língua oficial passou a ser o Português de Portugal e devido à

convivência com a cultura indígena ocorreu a migração de palavras da língua tupinambá em

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nosso vocabulário. Algumas dessas palavras foram aportuguesadas outras ficaram em sua

forma inicial.

Na época da escravidão, os negros trazidos de várias regiões da África para trabalharem

no Brasil trouxeram consigo um pouco de sua cultura e de seu dialeto próprio, contribuindo

assim para o enriquecimento de nossa língua, porém nos atuais dias eles são os mais

desfavorecidos perante a sociedade. Possuem acesso restrito as universidades, aos grandes

cargos empresariais e sofrem discriminações diversas.

[...] a mobilidade social é muito restrita, a começar da própria cor da pele do cidadão: os negros brasileiros [...] constituíram uma das nações mais pobres do mundo, com níveis de desenvolvimento humano inferior ao de muitos paises miseráveis da África (BAGNO, 2003, p. 95).

Essas migrações de palavras chamadas estrangeirismos, tiveram também influências

europeias como o espanhol, o italiano, o francês e o inglês que chegou por último e continua

em crescente influência em nosso país. As palavras de língua espanhola participaram desse

processo através do meio musical e assemelham-se muito com nossa língua brasileira. O

francês deu sua contribuição na idade média através da arte. As palavras francesas foram

introduzidas principalmente por serem consideradas elegantes pela elite da época. Algumas

palavras francesas utilizadas hoje no Brasil são: (assassinato, toillete, vitrine, tricô e emoção).

O italiano contribuiu muito em nossa língua com a vinda dos imigrantes fugidos da

guerra e instalados principalmente em São Paulo e em algumas regiões do sul do país.

Enriqueceram nosso idioma na musica, na culinária e nas artes em geral. Como exemplo

temos as palavras: (cenário, caricatura e dueto).

Atualmente, o italiano está no 21º lugar das línguas mais faladas do mundo, no Brasil

muitas famílias de descendentes estão perdendo seu dialeto. Os casamentos entre raças e

culturas diferentes fazem com que as tradições de fala e costumes se percam. Está

acontecendo também em outras línguas como o alemão e o polonês fortes imigrantes assim

como o italiano.

A influência norte-americana deu-se a partir da segunda guerra mundial e continua com

seu imperialismo até os dias atuais crescendo constantemente por meio de sua cultura,

cinema, música e televisão. Hoje também dominam a indústria da tecnologia fazendo com que

palavras novas sejam incorporadas até os dias atuais pelo fato de serem dominantes também

na área da informática.

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A comunicação eletrônica via internet vem tornando cada vez mais difícil a delimitação entre o que, tradicionalmente, só era admitido na língua falada e o que era cobrado na língua escrita: existe uma mescla cada vez maior entre os gêneros textuais, além da proliferação de novos gêneros [...] (BAGNO, 2003, p. 98).

O mais assistido meio de comunicação dos tempos, a televisão, também contribuiu e

contribui muito para a proliferação de línguas, dialetos e gírias de diversos estados e países. O

Brasil hoje é o país com a maior cobertura televisiva do mundo, exportando noticiários,

telenovelas e programas diversos pelo mundo todo.

A partir da segunda metade do século XX houve democratização das escolas publicas.

Por muito tempo as escolas foram destinadas à elite da sociedade, porém a pressão social fez

com que as portas das escolas fossem abertas também para as crianças e jovens desprovidos

financeiramente e socialmente.

As camadas média e alta da sociedade, receosas pelo contato físico e cultural com os

menos favorecidos, não aprovaram tal procedimento e então passaram a frequentar as escolas

particulares. A escola pública passou então a ser frequentada somente pela camada pobre da

sociedade a partir deste século.

Os professores das escolas públicas eram obrigados a trabalhar com cargas horárias

enormes, tinham pouco estudo, pois vinham de classes pobres, buscando no magistério elevar

seu grau de instrução e obter uma carreira, porém tinham pouco acesso à cultura e aos livros.

Hoje parte dessa realidade está em vigência; os professores continuam trabalhando muito,

ganhando pouco, resistindo ao descaso do governo e dos poderes públicos do país. As escolas

públicas estão nas grandes periferias, rodeadas, muitas vezes, por cidadãos marginalizados,

em meio à violência e ao descaso social. O material didático muitas vezes é ultrapassado, a

tecnologia obsoleta e salas de aula superlotadas.

2.3 O processo de globalização da língua

Todo ser humano, independente de sua nacionalidade, nasce associado a um processo de

comunicação, o que nos leva a evolução constante da língua a qual pertencemos. As pessoas

ao longo de suas experiências e vivências multiplicam e aperfeiçoam suas capacidades de

comunicação desenvolvendo códigos próprios que permitem expressar ideias, pensamentos e

vontades para os demais a sua volta. Esse código é mutável e sempre se modifica para

contribuir com o desenvolvimento mundial.

No caráter social da língua, levamos em conta que a mesma existe antes mesmo de

nossas existências. Quando nascemos à língua já está em constante mudança, porém já

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formada. Mesmo quando deixamos de existir ela continua em pleno processo de ajustes e

melhoramentos e assim será continuamente enquanto o mundo existir. Para Bagno (2003, p.

121) “As línguas estão sempre num estado de fluidez”. [...] “A língua só ficaria parada se a

sociedade parasse”.

No aspecto social, a língua é entendida como um sistema de signos convencionais que

possibilitam a comunicação ajudando as pessoas em suas relações. Entre a língua e a

sociedade existem signos linguísticos e inúmeras possibilidades de comunicação que formam

as mensagens, ou seja, os sons, os gestos, e as imagens que estarão associados à língua nos

ligando-nos ao cotidiano e também aos meios de comunicação em massa e em nossa vida

cultural, científica ou literária. Portanto:

A língua é um sistema social e não um sistema individual. Ela preexiste a nós. Não podemos em qualquer sentido simples, ver seus autores. Falar uma língua não significa apenas expressar nossos pensamentos mais interiores e originais; significa também ativar a imensa gama de significados que já estão embutidos em nossa cultura e em nossos sistemas culturais (HALL, 2006, p. 40).

Com a evolução dos tempos, grandes empresas e pessoas bem sucedidas, iniciaram um

processo de exploração cultural através de viagens de lazer ou de negócios, fazendo com que

as trocas de informações culturais e pessoais crescessem. Os avanços tecnológicos e

comunicativos proporcionaram então a globalização da língua.

O processo de globalização permitiu quebra de barreiras e de fronteiras, levando o homem, em rápidos instantes, ao contato com novos mundos e com novas culturas. Assim, a cultura enquanto ideal social precisa realizar uma função social; precisa oferecer, ou ao menos preservar, aqueles ideais de comunidade, identidade, etc., por meio da qual a ordem social pode ser mantida ou criticada em nome de uma ordem melhor (SLATER, 2002, p. 68-69).

O uso de computadores é um exemplo de comunicação que nos permite trocar

informações com as mais variadas culturas. Os brasileiros, por exemplo, estão atualmente

espalhados em diversas partes do mundo contribuindo e espalhando também nossa cultura e é

muitas vezes através desse meio de comunicação que mantêm contato com seu país de

origem. Os EUA dominam a linguagem da informática por serem precursores nessa

tecnologia por isso é que possui tanta força.

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2.3.1 O ensino de língua inglesa no Brasil

O ensino de inglês já é obrigatório, no Brasil, a partir da 5ª série ou 6º ano, conforme os

PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) de 1998. A proposta do MEC (Ministério da

Educação e Cultura) é promover a valorização da pluralidade sociocultural do Brasil em

relação à língua estrangeira.

Em todos os lugares que percorremos, em guloseimas que mastigamos, em objetos

utilizados e diversos outros, é notório ver na criança atual a esperteza em relacionar imagens

ou palavras de língua inglesa no seu vocabulário diário.

Elas crescem ouvindo e vendo os pais ensinarem novas palavras, ouve as músicas e os

filmes que os pais escutam em inglês, acessam jogos nos computadores de desenhos

importados, etc. já na sua alfabetização, ou antes, dela. Muitos já chegam à escola sabendo

muitos conteúdos, de forma solta é claro, mas isso faz com que o aprendizado desta segunda

língua flua rapidamente e sem maiores transtornos.

A idade da criança para o aprendizado de segunda língua influi imensamente. Quanto

mais nova, mais facilidade em assimilar novas palavras, expressões e conteúdos. Isso porque

ela está, com aproximadamente seis anos em média, na fase de receber inúmeras informações

ao mesmo tempo, principalmente na escola, onde ela terá diversas propostas de aprendizagem.

2.4 O poder da língua

A língua está sempre se modificando, se readaptando, se reformulando, num processo

de desconstrução e reconstrução. A língua é um processo constante de mudanças, por isso tal

processo nunca se conclui, ela é a voz de um povo. Devido às variedades geográficas, sociais

e individuais, a variedade linguística se dá através dos dialetos de cada região. Um exemplo

dessa variedade é a “bergamota” que pode ser também chamada de “tangerina” ou

“mexerica”, dependendo somente do estado em que estivermos.

Uma característica importante da língua é o fato de ela ser altamente estruturada, com

um sistema que possibilita a expressão de um mesmo conteúdo informacional por meio de

regras, todas, igualmente, lógicas e com coerência funcional. Isso possibilita aos falantes

plena interação sociocultural com entendimento entre as trocas de informações.

Segundo (Câmara Jr., 1968, p. 223) “A língua é um sistema de sons por que se processa

numa comunidade humana sob o uso da linguagem.” A língua é vida, é história de uma

geração, é renovação. Se ela pára, ela morre. Não existe hoje povo sem comunicação.

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Quando uma pessoa se comunica com outra e esta não a compreende, ou não percebe

suas intenções, a comunicação não se dá de forma plena. É preciso conhecer o vocábulo da

outra pessoa e a língua da região em que se está para que o contexto verbal expressado seja

claro e tenha sentido e coesão para o perfeito entendimento.

2.5 Por que as palavras emigram?

A emigração de novas palavras sempre traz alguma colaboração, seja ela boa ou não;

mas sabemos que elas estão aí para preencher lacunas ou para substituir palavras antigas que o

tempo apaga caindo no esquecimento e sendo lembradas somente por aqueles que

vivenciaram em tal época. Quantas vezes conversando com nossos avós ou com pessoas mais

vividas, nos deparamos com expressões a qual nunca ouvimos antes? Quantas pessoas jovens

possuem em sua família uma segunda língua? Quantos de nós brasileiros estamos no Brasil

com traços estrangeiros, culturas diversas nas culinárias, nas roupas de grife, nas gírias, nos

modos habituais? Quando vamos ao supermercado, quantos produtos compramos que não

foram produzidos em nosso país? E os eletrodomésticos? E os eletroeletrônicos? As palavras

emigram a todo tempo, e sem perceber, instalam-se em nosso vocabulário do dia a dia. Se o

mundo capta, só nos resta fazer o mesmo. Para Farina, são duas as caronas em que as palavras

embarcam: Pela economia e pela cultura.

A economia de paises desenvolvidos é o passaporte para o estrangeiro, pelo menos no mundo Ocidental. Como é do conhecimento e da vivência de todos nós, o capitalismo é o sistema que nos domina e impõe suas regras. Nas faturas das exportações, nos manuais de tecnologia exportada, nos dossiês das relações internacionais e em mil outras formas as palavras estrangeiras viajam em busca de novos paralelos e novos meridianos. A economia empurra, goela abaixo, suas marcas linguísticas através de seus produtos. A cultura de países desenvolvidos é o segundo passaporte que nos obriga a aceitar suas formas de falar ou de caracterizar determinados fenômenos [...]. A cultura propriamente dita não tem pátria, mas tem cara fashion: ela chega e se instala (2001, p. 22).

2.5.1 Exemplos de palavras estrangeirizadas

Vejamos no quadro abaixo, algumas de muitas palavras estrangeirisadas que se

instalaram em nossa língua. Muitas delas parecem ser de origem brasileira. Pronunciar de

outra forma é quase impossível, pois não há outra forma de chamá-los justamente porque as

introduzimos em nossa língua para preencher o vazio que nossa língua não foi capaz de

encher.

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Quadro 1 – Palavras estrangeirizadas

Palavra Origem Definição

Abajur Do francês abat-jour Luminária de mesa Ateliê Do francês atelier Oficina de artesãos

Baguete Do francês baguette Pão francês fino e longo Bangalô Do inglês bungalow Casa residencial com arquitetura de bangalô indiano

Basquetebol Do inglês basket ball Esporte cujo objetivo é fazer uma bola entrar numa cesta. Batom Do francês bâton Bastão usado para pintar os lábios. Bege Do francês beige Cor amarelada, como a da lã em seu estado natural. Bife Do inglês beef Fatia de carne

Bijuteria Do francês bijouterie Adorno barato Bistrô Do francês bistrot Restaurante pequeno, típico da França.

Blecaute Do inglês black-out Interrupção noturna no fornecimento de eletricidade. Boate Do francês boîte Casa noturna

Bói Do inglês boy Garoto de recado, contínuo. Boxe Do inglês box Pugilismo Bufê Do francês buffet Mesa para servir iguarias, bebidas, etc.

Buquê Do francês bouquet Ramalhete Capô Do francês capot Cobertura de motor de veículo

Carrossel Do francês carrousel Brinquedo próprio de parques de diversões Cassetete Do francês casse-tête Cacete curto de madeira ou borracha usado por policiais.

CD Do inglês compact disc

(sigla) Disco usado para armazenamento digital de áudio ou

dados.

Champanhe Do francês champagne Vinho branco espumante fabricado na região de

Champagne (França). Chiclete Do inglês chiclet Goma de mascar Chique Do francês chic Elegante Chofer Do francês chauffeur Motorista Clipe Do inglês clip Grampo usado para prender papéis.

Comitê Do francês comité Local em que se reúne determinada comissão. Conhaque Do francês cognac Bebida alcoólica obtida pela destilação do vinho branco.

Coquetel Do inglês cock-tail Drinque preparado através da mistura de bebida alcoólica

com frutas. Creme Do francês crème Substância espessa, gordurosa, branco-amarelada.

Croquete Do francês croquette Bolinho de carne Cupom Do francês coupon Pedaço de cartão ou de papel impresso; tíquete.

Debênture Do inglês debenture Título de crédito que representa uma dívida,

obrigação. Debutar Do francês débuter Iniciar-se na vida social, ao completar 15 anos.

Decolagem Do francês décollage Ato ou efeito de decolar, levantar voo.

Escore Do inglês score Resultado de uma partida esportiva expresso em números;

placar.

Esporte Do inglês sport Conjunto de exercícios físicos praticados com método;

desporto.

Esqui Do francês ski Longo patim de madeira, metal ou material sintético, para

deslizar na neve. Estresse Do inglês stress Estado gerado pela percepção de estímulos. Folclore Do inglês folklore Costumes e artes conservadas por um povo. Guichê Do francês guichet Pequena janela por onde se atende o público. Maiô Do francês maillot Traje de banho feminino.

Manicura Do francês manucure Profissional do tratamento de unhas. Maquiagem Do francês maquillage Conjunto de produtos cosméticos usados para maquilar-se.

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Palavra Origem Definição Menu Do francês menu Cardápio

Metrô Do francês métro Sistema de transporte urbano de massa realizado por trens

elétricos. Motobói Do inglês motoboy Contínuo que faz entregas de motocicleta. Náilon Do inglês nylon Fibra têxtil sintética

Nocaute Do inglês knock-out Em boxe, a derrota pela inconsciência durante 10

segundos, no mínimo. Omelete Do francês omelette Fritada de ovos batidos.

Piquenique Do inglês picnic Refeição em grupo feita em meio à natureza. Purê Do francês purée Batatas amassadas com temperos e margarina. Rali Do inglês rally Competição automobilística

Repórter Do inglês reporter Jornalista, profissional da notícia. Suéter Do inglês sweater Agasalho fechado, feito de lã. Sutiã do francês soutien-gorge Roupa íntima feminina usada para sustentar os seios. Tênis Do inglês tennis Jogo de origem inglesa, com raquetes e bola. Teste Do inglês test Exame, prova. Time Do inglês team Conjunto de jogadores que constituem equipe.

Toalete Do francês toilette Aposento sanitário; banheiro.

Voleibol Do inglês volley-ball

Jogo entre equipes separadas por uma rede, no qual se manda por cima dessa rede uma bola, batendo-lhe com a

mão ou com o punho. (forma abreviada: vôlei) Fonte: Só português.

2.5.1.1 Estatística de estrangeirismos diversos

Segue a listagem das onze línguas mais falados no mundo por número de falantes

nativos ou que optaram residir no país e acabaram por aprender a língua. Esta listagem foi

atualizada em janeiro de 2012, portanto poderá sofrer alguma modificação conforme a

emigração de novas pessoas se der.

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Gráfico 1 - Estrangeirismos

Fonte: Wikipedia, 2012.

Como se pôde observar no quadro acima, cerca de 375 milhões de pessoas falam inglês

como sua primeira língua. O inglês hoje é provavelmente a terceira maior língua em número

de falantes nativos, depois do hindi, do mandarim e do espanhol.

2.5.1.2 Lista de línguas por número total de falantes

Quadro 2 - Lista de línguas por número total de falantes

1 chinês (mandarim) - 1.7 bilhões de falantes

27 kannada - 44 milhões de falantes

2 inglês - 730 milhões de falantes 28 ucraniano - 39 milhões de falantes 3 hindi - 725 milhões de falantes 29 malaiala - 36 milhões de falantes 4 espanhol (castelhano) -500 milhões de

falantes 30 oriya - 32 milhões de falantes

5 árabe - 480 milhões de falantes; 31 tailandês - 31 milhões de falantes 6 russo - 280 milhões de falantes 32 sundanês - 27 milhões de falantes 7 português - 250 milhões de falantes 33 curdo - 26 milhões de falantes 8 bengali - 199,3 milhões de falantes 34 romeno - 26 milhões de falantes 9 indonésio - 175 milhões de falantes 35 somali - 25 milhões de falantes 10 alemão - 132 milhões de falantes 36 hausa - 24 milhões de falantes 11 japonês - 127 milhões de falantes 37 tagalog - 22 milhões de falantes

MANDARIM

INGLÊS

HINDI

ESPANHOL

ÁRABE

PORTUGUÊS

BENGALI

RUSSO

JAPONÊS

FRANCÊS

ALEMÃO

1300 milhões de nativos

375 milhões de nativos + 1000 milhões como segunda língua = 1375 milhões de falantes

422 milhões de nativos + 300 milhões como segunda língua = 722 milhões de falantes

406 milhões de nativos + 105 milhões como língua estrangeira = 511 milhões de falantes

280 milhões de nativos + 200 milhões como segunda língua = 480 milhões de falantes

249 milhões de nativos + 20 milhões como segunda língua = 269 milhões de falantes

171 milhões (nativos) + 14 milhões de Chittagonian + 10,3 milhões de Sylheti = 195,3 milhões de falantes.

170 milhões de nativos + 110 milhões como segunda língua = 280 milhões

125 milhões de nativos

110 milhões de nativos + 190 milhões como segunda língua + 200 milhões como língua estrangeira = 500 milhões de falantes.

110 milhões de nativos (105 milhões de alemão padrão, 5 milhões de alemão suíço) e 60 milhões = segunda língua = 170 milhões

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12 persa - 110 milhões de falantes 38 azeri - 21 milhões de falantes 13 italiano - 100 milhões de falantes 39 pashto - 21 milhões de falantes 14 punjabi - 104 milhões de falantes 40 malaio - 21 milhões de falantes 15 urdu - 104 milhões de falantes 41 assamês - 20 milhões de falantes 16 vietnamita - 86 milhões de falantes 42 uzbeque - 20 milhões de falantes 17 tamil - 77 milhões de falantes 43 sindhi - 20 milhões de falantes 18 javanês - 76 milhões de falantes 44 iorubá - 19 milhões de falantes 19 telugu - 75 milhões de falantes 45 lao - 19 milhões de falantes 20 turco - 75 milhões de falantes 46 cebuano - 18,5 milhões de falantes 21 coreano - 71 milhões de falantes 47 oromo - 18 milhões de falantes 22 marathi - 71 milhões de falantes 48 malaio - 18 milhões de falantes 23 árabe egípcio - 46 milhões de falantes 49 igbo - 18 milhões de falantes 24 gujarati - 46 milhões de falantes 50 malgaxe - 17 milhões de falantes 25 polaco - 46 milhões de falantes 51 nepalês - 17 milhões de falantes 26 birmanês - 42 milhões de falantes Fonte: Wikipedia, 2012.

A seguir, o mapa para visualizarmos com melhor clareza as nações que utilizam o inglês

como língua oficial ou como a língua predominante.

Figura 1 – O inglês no mundo

Fonte: Wikipedia, 2012.

Os países com maior população de falantes nativos de Inglês são em ordem decrescente:

Estados Unidos (215 milhões), Reino Unido (61 milhões), Canadá (18,2 milhões), Austrália

(15,5 milhões), Nigéria (4 milhões), Irlanda (3,8 milhões), África do Sul (3,7 milhões), e

Nova Zelândia (3,6 milhões), conforme censo de 2006 (WIKIPEDIA).

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Figura 2 – Falantes nativos de inglês no mundo

Fonte: Wikipedia, 2012.

Entende-se por língua oficial a língua utilizada nas diversas atividades de uma

população, seja ela na área legislativa, executiva ou judicial de um estado soberano ou

território; enquanto que a língua de facto é a “língua na prática”, ou seja, a língua popular do

povo.

No próximo capítulo, apresentaremos algumas análises técnicas acerca de processos

pelos quais passam as palavras importadas ao nosso léxico, muitas vezes de forma

involuntária, mas que influenciaram a língua portuguesa brasileira.

██ Países onde o inglês é a língua de facto em azul escuro

██ Países onde é o inglês é a língua oficial, mas não é a língua de facto

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3 CONCEITO DE EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS

Conforme o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, empréstimo é a “incorporação

ao léxico de uma língua de um termo pertencente à outra língua” (HOUAISS, 2001).

O empréstimo linguístico é quando uma língua recebe uma palavra existente de outra língua,

sendo que a palavra original não sofre grandes alterações mantendo seu sentido.

Carvalho (1989, p. 43) estabelece inicialmente as diferenças entre estrangeirismos e

empréstimo linguístico. Ele lança mão da dicotomia2 saussuriana langue / parole para

estabelecer tais diferenças. Para ele, o estrangeirismo faz parte da palavra parole (fala) – de

uso individual. Já o empréstimo é um elemento da langue (língua) – de uso social.

No livro de (1989, p. 35) a autora sugere dois autores para o conceito de empréstimo.

Para Haugen o empréstimo é uma tentativa de reproduzir numa língua os padrões linguísticos

já existentes em outras e Herman Paul, neurogramático, considera o empréstimo uma

consequência do contato entre as línguas.

Segundo Carvalho (1989, p. 44): “O empréstimo constitui-se na fase de instalação e

adaptação do termo. O termo pode ser adotado, rejeitado ou substituído”. Para exemplificar

tal conceito podemos falar sobre futebol. O termo original da Inglaterra (football) foi adotado

pela língua portuguesa sem sofrer grandes perdas ortográficas ou de pronúncia.

Outros termos do mesmo futebol inglês foram rejeitados pela nossa língua materna, um

exemplo dessa rejeição é a palavra do inglês (back) que em português chamamos de zagueiro.

Rodrigues (2005, p. 35) descreve: “Já tentaram transformar o football em ludopédio, balípodo

e bolapé. Ficou “futebol” porque a língua tem sua própria dinâmica, decidida nas ruas e não

nos gabinetes [...]”.

3.1 Classificação dos empréstimos linguísticos

Um artigo de revista realizado por três escritores da faculdade da ULBRA de Porto

Velho em Rondônia, relata que o linguista Câmara Júnior, embasando-se no linguista norte-

americano Leonard Bloomfield, classifica os empréstimos linguísticos em três tipos:

Culturais, Íntimos e Dialetais.

2 Divisão em duas partes; classificação que se baseia na divisão e subdivisão sucessiva em dois.

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- Empréstimos linguísticos culturais: Pertencem todos os vocábulos adquiridos por meio de

relações políticas, comerciais ou culturais entre povos de países diferentes.

- Empréstimos linguísticos íntimos: São apreendidos quando duas línguas coexistem num

mesmo território, por meio d e relações intimas no interior de uma determinada população.

- Empréstimos Linguísticos Dialetais: São os resultados entre os falares de uma mesma

língua, ou seja, da variabilidade linguística regional, das variantes sociais e jargões

especializados.

3.2 Fatores que podem gerar os empréstimos íntimos

• Imposição da língua dos conquistadores imigrantes como os portugueses em relação

ao tupi – exemplo de transformação social e cultural.

• Imposição lenta e gradual da língua dos conquistadores. Época do Império Romano,

onde os maiores dominavam na fala.

• Domínio de um grupo pequeno que desaparece. O inglês recebeu muitas palavras

francesas na época das conquistas da Inglaterra.

• A imigração de pessoas em diversos paises. Elas chegam ao outro país para morar,

aprendem à língua oficial local e também deixam as suas marcas linguísticas próprias.

3.2.1 Empréstimos linguísticos dialetais

Empréstimos linguísticos dialetais são os resultados entre os falares de uma mesma

língua, ou seja, da variabilidade linguística regional, das variantes sociais e jargões

especializados.

• Quanto à forma de derivação, os empréstimos podem ser classificados em diretos e

indiretos. Os diretos derivam-se diretamente da língua oficial; original. Exemplos: futebol

– football (inglês) / chique – chic (francês) / abajur – abat-jour (francês). Já os indiretos,

têm a língua oficial como intermediária na adoção/receptação. Exemplo: humor – humeur

(francês) – humour (inglês).

• Quanto à forma de adoção, os empréstimos podem ainda ser classificados em simples e

composto, completo e incompleto. O empréstimo simples é constituído de uma unidade

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lexical apenas. Exemplo: godê. O empréstimo composto é constituído por mais de uma

unidade lexical. Exemplo: pulôver – (pull-over do inglês). O empréstimo completo seria a

adoção do conjunto significante mais significado. Exemplos: nhoque, basquete.

O empréstimo incompleto seria a adoção de um novo significante para o significado já

existente na língua. Exemplo: Griffe – (do francês) que no português é sinônimo de “marca”.

Para a classificação dos empréstimos linguísticos, vários autores sugerem definições e

motivações distintas ou não, porem a classificação é quase a mesma para a maioria. Para um

melhor entendimento, esclarecimento e conhecimento das ideias que eles defendem, vejamos

abaixo o quadro:

Quando 3 – Classificação dos empréstimos linguísticos

AUTORES DEFINIÇÕES MOTIVAÇÃO CLASSIFICAÇÃO Bloomfield Adoção de traços

linguísticos que diferem daqueles que pertence ao sistema tradicional.

Difusão Cultural Dialetais Culturais Íntimos

Câmara Lexema externo à língua que foi integrado ao sistema linguístico do falante

Contato entre povos de línguas diferentes Dialetais Culturais Íntimos

Guilbert Lexema externo à língua que foi integrado ao sistema linguístico do falante

Necessidade de obtenção de termos (quando a língua não dispõe de um) para outro em determinadas áreas e situações. Quando o termo emprestado possui conteúdo mais rico ou oferece maior comodidade.

Denotativos Conotativos

Alves Lexema externo à língua que foi integrado ao sistema linguístico do falante

Prestígio Quando a unidade lexical estrangeira possui uma informação mais importante que a contida no elemento vernacular. Necessidade do desenvolvimento econômico e tecnológico.

Dialetais Culturais Íntimos

Carvalho Processo de adoção e adaptação de um termo de língua estrangeira

Conato interpessoal Contato a distância

Dialetais Culturais Íntimos

Fonte: BASTARRICA, 2009, p. 18.

3.2.2 Empréstimos semânticos

É a mudança que acontece no momento em que uma palavra estrangeira é transferida

para o português, no caso brasileiro, modificando-se ou perdendo-se muito do significado.

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Como exemplo podemos citar a palavra “ciao” que em italiano significa cumprimento tanto

na entrada quanto na saída. Em português ficou traduzida como “adeus”.

O aspecto semântico é apenas empréstimo de significado. É constituído de palavras já existentes na língua e utilizadas com uma nova acepção isolada – locutor (speaker) – ou na formação de composto - arranha-céu (skyscaper). Computador, termo que designava o agente humano que computa, passou, por influência do inglês, a designar o agente eletrônico, a máquina (CARVALHO, 1989, p. 50).

3.2.3 Empréstimos denotativos

Segundo Carvalho (1989 p. 52): “O aspecto denotativo tem função referencial e

introduz um objeto ou conceito novo em sua cultura, de acordo com a cultura exportadora.

São os mais frequentes e são impostos pela interpenetração e dominação cultural”. Estes

empréstimos normalmente provem de culturas dominantes trazendo estatus ou prestigio na

fala da alta sociedade, pois acaba modificando a cultura daquele que a recebe.

3.2.4 Empréstimos conotativos

CARVALHO, (1989, p. 52-53) menciona que as palavras que utilizamos até os dias

atuais, principalmente na área da moda, vida social e artes em geral foram introduzidas

através do estrangeirismo francês. Por intermédio de uma forte penetração francesa nos meios

de literatura, língua e civilização entre os séculos XVIII, XIX e XX o francês contribuiu para

alguns de nossos empréstimos. Antes do inglês, o francês era a língua que movia a alta

sociedade com belas maneiras de postura e elegância.

O aspecto conotativo tem função expressiva, sendo um recurso estilístico usado como imposição de expressividade [...] Uma outra função que ele pode ter é a social, adotado pela comunidade, ou individual, pertencente ao idioleto de determinado falante”. [...] “Os empréstimos conotativos se dividem em individual e social. O empréstimo conotativo individual é um recurso estilístico largamente utilizado por escritores em busca de “cor local”, [...] “já o empréstimo conotativo social, depende da moda do momento, resultado que é de uma influência; dominação cultural

3.3 Sistemas linguísticos homogêneos

Carvalho (1989, p. 33) descreve que:

[...] O empréstimo permanece segregado, sentido como termo não-nativo”. Podemos caracterizar os sistemas linguísticos homogêneos como os países que não aceitam a

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entrada de estrangeirismos na sua língua, como é o caso dos checos. No capitulo anterior, conforme o gráfico dos onze países que possuem as línguas mais faladas no mundo, o japonês também não é opção de segunda língua, como se pode observar, há apenas estatística de nativos em sua língua. São povos restritos a mudanças vocabulares.

3.4 Sistemas linguísticos heterogêneos

Ao contrário do item anterior, os sistemas linguísticos heterogêneos recebem novas

palavras na sua estrutura sendo receptíveis a mudanças e modificações ortográficas. Para

exemplificar isso, podemos citar o inglês, idioma estruturado também com palavras

estrangeiras. Carvalho (1989, p. 33) explica que: “[...] são receptivos aos termos alógenos,

integrando-os e adaptando-os a estrutura. Seria o caso do inglês, constituído de elementos

latinos, saxões, e que assimila facilmente as inovações”.

3.4.1 Línguas mistas

São línguas que sofreram fusões de dois sistemas e que são formadas por elementos

heterogêneos, fonemas e morfemas de origens diferentes. A origem das línguas mistas se dá

pelos dialetos pidgins, falares crioulos e pela língua franca ou sabir. Vejamos a seguir as

explicações desses dialetos conforme explica Carvalho (1989, p. 34):

• Pidgin não é a língua materna de nenhum grupo, mas um idioma bastante simplificado

na sua estrutura, usado na intercompreensão de comunidades linguísticas diferentes.

Origina-se da língua do colonizador. O termo teria origem em business, que seria uma

corruptela3.

• Crioulo é o resultado da adoção do Pidgin, transformado em língua materna. O termo

teria sua origem no verbo português criar e seria uma corruptela de criadouro. Os

portugueses – nos seus contatos com outros povos a partir da era dos descobrimentos –

deram enorme contribuição para o surgimento dos falares crioulo. O papiament, crioulo

espanhol falado em Curaçao, Aruba e Bonaire, derivam seu nome do verbo português

papear.

• Língua franca ou sabir: esta denominação engloba todas as mesclas linguísticas de

contato para a intercomunicação em situações bilíngues e plurilíngues. O termo língua

3 É a deformação de palavras, originada pela má compreensão/audição e posterior reprodução, ou ainda de forma proposital,

como forma de eufemismo para uma expressão considerada inapropriada ou de baixo calão. De certa forma comum na língua portuguesa, muitos vocábulos e palavras formaram-se a partir de corruptelas, como por exemplo, o pronome você, originado por várias corruptelas de "Vossa Mercê". (Vossa Mercê, Vosmercê, Vasmicê, Vance e finalmente você).

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franca teria sido usado pelos árabes e turcos (povos invadidos) para designar a língua do

povo invasor, designando inicialmente a língua de intercurso usada pelos cruzados.

Atualmente designa qualquer língua de intercurso, como o tupi ou a língua geral o foi nas

costas brasileiras.

3.5 Sistemas linguísticos amalgamados

Os amalgamados ficam no meio termo entre os dois sistemas linguísticos anteriores.

Aceitam os empréstimos desde que sejam próximos da sua grafia ou da sua pronúncia. Um

exemplo seriam as línguas neolatinas.

3.6 Conceito de neologismos

Segundo artigo de internet realizado por VILARINHO, Sabrina – O próprio significado

da palavra neologismo o define: nova palavra. Neologismo é um fenômeno linguístico que

consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de novo sentido a uma

antiga. Esses termos surgem como um modo de suprir uma necessidade vocabular

momentânea, transitória ou permanente. Vamos esclarecer cada um deles:

• Momentânea: surge bruscamente em um diálogo entre amigos. Pode até ter uma

repercussão maior, mas acaba sendo esquecida com o tempo: somatoriar.

• Transitória: aparece em um determinado grupo e se espalha para os demais. Pode tanto

ser esquecida, como pode se tornar parte do vocabulário da língua: mensalão.

• Permanente: surge rapidamente, mas por ser muito utilizada, acaba por se estabelecer

de vez no idioma e se tornar parte do léxico: deletar.

Geralmente, os neologismos são criados a partir de processos que já existem na língua:

justaposição, prefixação, aglutinação e sufixação. Podemos dizer que neologismo é toda

palavra que não existia e passou a existir, independente do tempo de vida.

Pode ser ainda a aquisição de palavras pertencentes à outra língua, como em alguns dos

termos na informática, já citados acima. Ainda pode ser um novo sentido que damos a termos

já existentes, como por exemplo, a palavra burro, que ganhou novo significado: pessoa que

não é inteligente!

O neologismo está presente na representação de sons (puf!, Vrum!, miar, piar, tibum,

chuá, cataplaft, etc) e na linguagem do msn (blz, flw, t+, qq, vc, ker, abc, xau, bju, etc). Nesta

última, até mesmo os próprios símbolos são neologismos, uma vez que estes representam à

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linguagem não verbal e são considerados como parte da língua: =) (feliz), =( (triste). Nós,

como falantes, sentimos necessidade em criar e recriar palavras e sentidos, pois a língua é

viva e apresenta muitas possibilidades de transformações, inovações.

O surgimento de palavras novas é comum na mídia e em todos os meios de

comunicação. Podemos vê-los todos os dias tornando parte do cotidiano, é o caso de, deletar,

twitar, entre outros. Um exemplo muito citado de neologismo está no poema de Manuel

Bandeira que possui este mesmo título:

Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras

Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana.

Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo:

Teadoro, Teodora.4

3.7 Conceito de anglicismos

Anglicismos são palavras estrangeiras que a língua portuguesa, em questão, recebe,

exercendo assim forte influência na nossa língua. Antes do inglês, a língua francesa no século

XX também contribuiu muito com seus anglicismos. Alguns anglicismos permanecem até os

dias atuais, já outros são substituídos ou esquecidos, conforme a evolução da sociedade. Um

exemplo de anglicismo bastante utilizado em nosso dia a dia é a palavra “marketing”, vinda

do inglês e que não sofreu nenhuma modificação, apenas a recebemos tal como ela é.

As palavras anglicistas são aquelas que sofrem pouca modificação e passa a fazer parte

do léxico, sendo que todas elas hoje, classificadas como empréstimo, foram um dia

estrangeirismo. Exemplos: hot dog, top model, fondue, menu, abajur, chofer e butique; laquê,

bisturi e filé; bureau, buquê, boné, toalete e purê.

3.8 Conceito de galicismos

Segundo Coutinho (1976, p. 195): “Os galicismos podem ser léxicos ou fraseológicos. É

galicismo léxico o emprego desnecessário de uma palavra francesa em português, ou o

emprego de uma palavra portuguesa com a acepção particular que tem no francês”. No caso

dos galicismos fraseológicos, seria o uso de mais de uma palavra léxica. 4 Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/NTM3MTcy/> Acesso em: 16/05/12.

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3.8.1 Alguns exemplos de galicismos

• Galicismos léxicos que mais utilizamos no português: abajur, bicicleta, buquê, creche,

bobina, detalhe, desert, elite, emoção, crachá, envelope, menu, seve, toilette, placa, pose,

nuance, lilás, etc.

• Galicismos fraseológicos: guardar o leito, grande mundo, perder a cabeça, a olho nu,

mal a propósito, em ultima análise, mal entendido, cair das nuvens, bater em retirada, etc.

3.9 Conceito de xenismos

O termo xenismo são os termos de língua estrangeira que não perderam nem sofreram

modificações quando introduzidas a uma nova sociedade ou há um novo país. Carvalho (1989

p. 44) relata “Designam xenismos as palavras que permanecem na forma original, apesar da

grande influencia de uso”. Um exemplo de xenismo é a palavra “show” que permanece em

sua pronúncia e grafia original, embora a mídia brasileira venha tentando mudar a grafia para

“xou”. Existem alguns autores como é o caso de (Bonnard, 1972, p. 1.580) a qual afirma que

xenismos e estrangeirismos seriam a mesma coisa.

3.10 Conceito de arcaísmos

São arcaísmos as diversas formas ou expressões que não estão sendo utilizadas, ou seja,

palavras que com o longo dos tempos e com a modernização da língua e da fala deixaram de

existir ou ficaram no esquecimento.

Nem sempre os vocábulos desaparecem inteiramente; as vezes, arcaízam-se numa forma, ao passo que, nas derivadas, continuam a viger e viçar; há ainda alguns que conservam o mesmo aspecto, mas mudam de significação (COUTINHO, 1976, p. 211).

As cinco causas que determinaram a arcaização, conforme Coutinho (1989, p. 211) para

o esquecimento de palavras diversas são: o desaparecimento das instituições, costumes e

objetos; a sinonímia ou o neologismo; o eufemismo ou a degradação de sentido; o sentido

especial e a homonímia. Vejamos alguns tipos de arcaísmos, conforme o autor classifica:

• Envezamento (substituído por: transtorno ou desordem);

• Palmeirim (substituído por: peregrino, estrangeiro);

• Mandadeiro (substituído por: mensageiro, procurador);

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• Festinar (substituído por: apressar);

• Sages (substituído por: prudente, sábio), etc.

Segundo Carvalho (1989, p. 56):

No Brasil, não há nenhum entrave para a adoção de empréstimos, como também nenhuma forma para normatizar ou uniformizar os termos adotados. Inclusive não há entre Brasil e Portugal nenhum acordo linguístico, nem sequer em vista; há apenas a possibilidade de uma uniformização da ortografia. Assim a doença do século chama-se AIDS no Brasil (adoção da sigla inglesa) e SIDA em Portugal (tradução da mesma para o português).

No próximo capítulo abordaremos outros pontos de vista a respeito do uso de

estrangeirismos, bem como a tentativa de alguns deputados em criar projetos de leis,

regulamentando esse uso, visando à proteção do nosso patrimônio linguístico em situações

bem específicas.

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4 A PREOCUÇÃO COM A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUE SA E COM

O SEU POTENCIAL INTEGRADOR DE NAÇÃO: OS PROJETOS DE LEIS

Faraco (2001, p. 74) descreve: “Outra coisa importante é lembrar que os estrangeirismos

não alteram as estruturas da língua, ou sua gramática” [...] “Os estrangeirismos contribuem

apenas no nível mais superficial da língua que é o léxico”. O autor também comenta neste

mesmo livro que muitas pessoas brasileiras acreditam na existência de uma língua brasileira

pura, sem contaminação estrangeira, porém não há.

Cláudio Moreno, em artigo do jornal ZH comenta: “Em primeiro lugar, todo purismo

tem cunho fascista. Quando falam numa língua pura (quem conhece a história de qualquer

língua ocidental sabe que isso é uma alucinação), eu saco logo o meu revólver - ou o talão de

cheques (tanto faz, pois ambos vieram do Inglês, revolver e check). É assim que as coisas

começam: apontar estrangeirismos, limpar, expurgar — tudo isso em nome de uma pureza

linguística; depois, vem a limpeza étnica; depois, a ideológica. Nós já vimos este filme”.

A língua do povo brasileiro está em constante transformação principalmente a

tecnológica, todos nós, seja no ambiente familiar ou profissional precisamos entender palavras

estrangeiras. Empresas multinacionais são as que mais se utilizam de estrangeirismos em seus

canais de marketing, call center, etc.

O Brasil depende de diversos outros países para se desenvolver. Nós, brasileiros não

produzimos muitas peças, acessórios e equipamentos; com isso, importamos muitos materiais

e deixamos de produzir. Com a importação desses produtos, nos deparamos com linguagens

diversas, dentre as quais os descobridores da informática, por exemplo, se sobressaem com

sua língua nos produtos desse ramo. Faraco (2001, p. 165) comenta, em justificativa ao

projeto de lei: “[...] não se vê no projeto nenhuma tentativa de inibir a entrada de produtos que

trazem consigo os seus nomes e outros elementos lexicais (a informática é o melhor exemplo,

certamente) [...]”

Assim como as gírias que produzimos caem no esquecimento em curto espaço de tempo

e que também são palavras novas em nosso vocabulário, por que não damos tanta importância

a elas como damos aos estrangeirismos? Por quê? Seria pelo fato de serem uma língua

informal, produzida pela camada mais simples da sociedade?

Sabemos que a proibição de termos estrangeiros, em muitos artigos menciona a camada

mais culta da sociedade como sendo a maior incentivadora à restrição ao uso de palavras

estrangeiras. O que se vê é que as palavras só entram nos dicionários após o uso rotineiro da

fala informal das pessoas simples que formam nossa sociedade brasileira.

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Diante desse quadro, como lidar com os estrangeirismos com que se deparam nossas

crianças, ainda em idade de desenvolver a competência linguística na própria língua materna?

4.1 Estrangeirismo e o universo infantil e juvenil

A modernidade tecnológica na qual estamos inseridos faz de nós, brasileiros, um povo

que necessita estar sempre atentos ao multipluralismo de línguas e bens. A era tecnológica

entra sem pedir licença em nossas casas. As crianças, curiosas desde o nascimento, se

deparam com eletrônicos de todas as formas. Os pais por mais simples que possam ser,

possuem um celular de ultima geração ou um computador portátil qualquer.

Na escola essa criança com domínio de algumas tecnologias, conversa na sala de aula

com coleguinhas e professores. A troca de informações é constante. Neste meio, a informática

desde muito cedo é aplicada nas escolas desde as séries iniciais com diversos sites onde a

maioria dos desenhos não é nacional, sem contar os desenhos da televisão, grande maioria

importados.

As crianças de camadas sociais privilegiadas estão inseridas em culturas diversas desde

muito cedo. Os pais em viagens de férias, frequentemente, visitam outros lugares do mundo;

então essa criança, em idade escolar, facilmente absorverá os conteúdos de uma língua nova e,

além disso, ajudará os colegas interagindo socialmente. Para elas, há um incentivo dos pais

para que seus filhos tenham condições de viajar, conhecer novas culturas, trabalhar em

empresas multinacionais, etc.

Assim sendo, o mundo globalizado nos empurra a estudar uma segunda, terceira ou

mais línguas. O estrangeirismo neste ponto nos ajuda a conhecer de maneira tranquila

palavras soltas de um idioma tão forte e dominante.

[...] com raríssimas exceções, sempre se pensou que só pode haver um único motivo para alguém querer aprender uma língua estrangeira: o acesso a um mundo melhor. As pessoas se dedicam à tarefa de aprender línguas estrangeiras porque querem subir na vida. A língua estrangeira sempre representou prestigio (RAJAGOPALAN, 2003, apud NALINI).

Segundo Nalini, em uma pesquisa feita com crianças entre nove e dez anos de idade de

rede regular particular de uma cidade no interior de São Paulo buscando analisar a respeito da

relação dessas crianças com a nova língua que se ensina nas escolas, verificou-se na fala das

crianças que elas têm noção do inglês como língua universal, pois pensam que fora do Brasil

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todos falam inglês e que assim conseguirão se comunicar em qualquer lugar do mundo.

Outras relacionaram a importância da língua na profissão que irão exercer no futuro.

Percebe-se que as crianças entrevistadas já chegam investidas às escolas, atribuindo

valores sociais positivos à língua inglesa, antes do ensino regular, e que isso envolve as

práticas sociais em que estão inseridas, influenciando-as desde muito pequenas.

Muitos pais, por status ou por modismo acabam por registrar seus filhos com nomes

estrangeiros. Nas camadas populares isso acontece com maior frequência. É comum nas

escolas públicas depararmos com esse tipo de situação.

Tivemos contato com isso na escola na qual fizemos o segundo estágio e dentre as duas

turmas recebidas para o desempenho docente, na lista de chamada estavam os nomes: Weslley

– Stéfany – Nátalie – Brian – Thauam- Esloam – Nycolas – William, etc. Dentre os quarenta

alunos com os quais tivemos contato, praticamente 25% dos alunos possuíam nomes

estrangeiros. Logo, lidar com estrangeirismos não parece ser algo tão estranho na vida das

crianças e jovens.

4.2 Estrangeirismos X Projeto de lei de Aldo Rebelo

Segundo anexo do livro de Faraco (2001, p. 177-180) sobre o projeto de lei nº.

1676/1999 do ex-Deputado Aldo Rebelo, o assunto tem como intuito principal combater o uso

indiscriminado de termos estrangeiros na língua portuguesa, principalmente de termos

provenientes do inglês norte-americano. Em justificativa a este projeto, Rebelo descreve que

as palavras estrangeiras utilizadas pelas pessoas em suas lojas e comércios em geral das

grandes e pequenas cidades deixam as pessoas do interior, por exemplo, sem nenhuma noção

do que estão lendo.

Infelizmente, a nossa população ainda é muito heterogênea e as pessoas do meio rural

têm pouco estudo e nem acesso às escolas possuem. Ainda existem inúmeros brasileiros sem

nenhum grau de instrução, por isto jamais conseguirão traduzir palavras estrangeiras por si

próprias.

O inciso I do artigo 2º comenta em melhorar o ensino de língua portuguesa em todos os

graus, níveis ou modalidades escolares. Eu me pergunto: Não teria que melhorar nosso ensino

de qualquer forma?

O ensino de língua portuguesa precisa de reciclagem constante, assim como os

dicionários e livros estão em constante reformulação. Precisamos inovar nossos métodos,

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reciclar nossas ideias e ter mais incentivo dos políticos no dia a dia das escolas e não somente

em projetos de lei que sequer saem do papel.

Caso o projeto de lei em questão fosse aprovado, todas as palavras escritas em qualquer

documento deveriam obrigatoriamente ser alteradas por uma palavra de mesmo significado,

porém brasileira. Ora, como se sabe, muitas palavras estrangeiras são recebidas por nós,

brasileiros para suprir lacunas do nosso idioma. Em parágrafo único do artigo 5º em anexo ao

livro de Faraco diz: “[...] na inexistência de palavra ou expressão equivalente em língua

portuguesa, admitir-se-á o aportuguesamento da palavra ou expressão em língua estrangeira

ou o neologismo próprio que venha a ser criado”.

Para finalizar, o artigo 8º, no mesmo livro de Faraco, descreve que a Academia

Brasileira de Letras se incumbirá de realizar estudos que visem subsidiar a regulamentação

dessa lei. Muitos dos linguistas, ou a maioria deles, são contra tal projeto de lei. Fico me

perguntando, afirma o articulista, como se daria isso na prática. Como Faraco comentou em

seu livro, em muitas reuniões programadas para debates de projetos envolvendo a Língua

Portuguesa o ex-deputado não compareceu.

4.2.1 O projeto de lei do ex-Deputado Aldo Rebelo

Segundo Rafael Corrêa e Vanessa Vieira, ( CORRÊA; VIEIRA, 2007):

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados deu um passo atrás há uma semana. O grupo aprovou por unanimidade o projeto do deputado federal Aldo Rebelo, do Partido Comunista do Brasil, que pretende banir o uso de palavras estrangeiras em anúncios publicitários, meios de comunicação, documentos oficiais, letreiros de lojas e restaurantes. Caso o projeto se torne lei, quem for comprar um mouse para o computador terá de procurar na prateleira por um "rato". Aliás, ao comprar o próprio computador, terá de pedir ao lojista por um "ordenador". Não se poderá mais promover shows, e sim apresentações musicais e por aí afora. [...].

Muitos escritores brasileiros conceituados, como José Saramago se recusam a aderir a

palavras estrangeiras por mais pronunciadas que sejam em nosso país. Saramago se recusa a

falar mouse, ele o chamava de “rato” conforme a língua portuguesa descreve o acessório de

computador, ou melhor, dizendo, “ordenador”.

Ainda no mesmo artigo da revista Veja, há um comparativo bastante instigante entre o

ex-deputado, em questão, com os três maiores ditatoriais, cito: Mussolini (Itália), Hitler

(Alemanha), Mahmoud (Irã).

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A tentativa de proteger idiomas das influências estrangeiras é característica de governos autoritários. "Na Alemanha nazista, o projeto de arianização da cultura alemã teve sua imagem simbólica na queima pública dos livros não alemães” [...] De autoritarismo, Aldo Rebelo entende. Durante muito tempo ele e o PCdoB teceram loas ao comunismo ao estilo albanês, que produziu um dos países mais atrasados da Europa. Nas democracias modernas, a principal tentativa de promover um nacionalismo linguístico ocorreu na França. Em 1994, o presidente François Mitterrand sancionou a Lei Toubon, que determinava a substituição geral de termos estrangeiros por seus equivalentes em francês. Primeiro, a lei foi ridicularizada pelo povo, que a apelidou de Lei All Good – tradução para o inglês da sonoridade do nome do ministro Toubon, que a propôs. A seguir, vários de seus artigos foram considerados inconstitucionais e hoje vigora apenas uma versão mais branda da lei. E em que Aldo Rebelo se inspirou para criar seu projeto esdrúxulo de cercear o avanço do português? Na Lei Toubon, é claro. O deputado poderia começar sua sanha nacionalista mudando o nome da agremiação em que milita. Afinal, a palavra "comunista" é um imperdoável galicismo.

As tentativas mais extremas de se tornar isolada a língua de uma nação ocorreu nos

regimes ditatoriais da segunda guerra mundial representados por Adolf Hitler e Benito

Mussolini. Na atualidade isso se vislumbra no regime ditatorial estabelecido no Irã, cujo líder

foi Mahmoud Ahmadinejad.

Na Alemanha o regime Nazista estabeleceu que as palavras de procedência estrangeira

dessem lugar a termos arcaicos de origem alemã. Os filmes estrangeiros deviam ser dublados,

já os jornais oriundos de outros países tinham sua circulação proibida. Nas escolas eram

ensinadas somente as línguas mortas no lugar de línguas estrangeiras para dar ideia da

tradição do regime nazista.

Na Itália de Mussolini, as expressões estrangeiras foram proibidas na língua falada e

escrita. Os idiomas dos países inimigos foram proibidos e os filmes estrangeiros tinham que

ser dublados. No Irã foi criado um index5 que baniu as palavras de procedência estrangeira

devendo ser substituídas por palavras ou expressões equivalentes.

4.2.2 Objetivos e determinações da lei 1676/1999

O projeto de lei, do atual ministro dos esportes, Aldo Rabelo dispõe sobre a promoção,

a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa e dá outras providências. Objetiva defender,

proteger e promover a língua portuguesa em território brasileiro.

O projeto, em seu terceiro artigo, define os seguimentos sociais da lei aprovada, pela

Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados porem sem o aval do

Senado, que são:

• Todos os brasileiros; 5 Espécie de livro onde as palavras proibidas ou banidas eram registradas.

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• Todos os estrangeiros que se encontram em nosso país há mais de um ano.

No projeto há algumas situações em que a língua portuguesa deve ser usada. É

obrigatório o uso da língua: (1) No ensino e na aprendizagem; (2) No trabalho; (3) Nas

relações jurídicas; (4) Na expressão oral, escrita, audiovisual, e eletrônica oficial; (5) Na

expressão oral, escrita, audiovisual, e eletrônica em eventos públicos nacionais; (6) Nos meios

de comunicação em massa; (7) Na produção e no consumo de bens, produtos e serviços; (8)

Na publicidade de bens, produtos e serviços.

O artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor, retirado no site do Jus Brasil,

conforme Lei nº. 8.078 de 11 de Setembro de 1990 relata:

A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

O cliente consumidor deve estar certo de toda informação de qualquer produto que ele

possa vir a consumir, portanto, os rótulos devem mencionar de forma clara e objetiva seus

conteúdos.

O artigo de revista Natali, comenta: “A questão institucional do artigo 13 da

Constituição Brasileira, que define o português como língua oficial do país, não implica

proibição ao uso de palavras estrangeiras, porém a Legislação obriga que documentos oficiais

sejam redigidos em português e as palavras estrangeiras precisam vir com seu significado em

língua materna”.

4.3 Estrangeirismos X Projeto de lei de Raul Carion

O projeto de lei 156/09, do deputado Raul Carrion, determina a tradução das palavras

gringas usadas em documentos e informativos dirigidos ao público. Outra vez nos deparamos

com semelhanças entre os dois projetos, que têm como objetivo principal banir o uso rotineiro

dos estrangeirismos.

As leis são necessárias como uma forma de coibir os excessos do tipo: a palavra “sale”

ao invés de “liquidação”, por outro lado, com a crescente integração entre os diversos países,

isso causaria uma xenofobia linguística, ou seja; um preconceito linguístico.

Uma língua moderna, atual jamais conseguiria atualizar-se sem o uso importado de

palavras estrangeiras, porém podemos acomodá-los sempre que necessário nas regras da

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língua materna em questão. Nem sempre é possível criar novas palavras para suprir as lacunas

de inovações diversas que surgem mundialmente. Para tudo há regras e restrições, o que não

se deve é deixar que exageros permeiem nossa língua.

Na justificativa do projeto de lei, conforme página on-line de Carion consta:

A manutenção da unidade de um país gigantesco como o Brasil só foi possível pela existência de um idioma comum a todos os brasileiros, plenamente compreensível nos mais longínquos rincões, independentemente do nível de instrução e das peculiaridades regionais de fala e escrita. Língua que foi a base da construção de uma cultura comum a todos brasileiros. A história nos ensina que uma das formas essenciais de dominação de um povo sobre outro se dá através da imposição da língua, caminho para transmitir seus valores, tradições e costumes”

Em contraponto ao exposto acima, consta em site do Ministério da Cultura, que a

cultura indígena recebe atenção especial. O Brasil é formado basicamente por três raças:

(negros, indígenas e índios). A nossa língua oficial conforme consta na República Federativa

do Brasil é o português. Porém a FUNAI, órgão que cuidou da sociedade indígena até os anos

90, hoje defende o ensino da língua indígena. As políticas públicas também se engajaram

nessa causa. Não podemos excluir suas raízes, seus costumes tão fortes e tão valiosos. Só no

Amazonas, 90 % da população é formada por índios de diversas descendências.

Ainda no mesmo artigo diz que a Constituição Federal de 1988 reconhece, com base

nos artigos 215 parágrafo 2º. e 231, que os indígenas terão direito a uma educação

diferenciada. “O ensino fundamental será ministrado em língua portuguesa, assegurada às

comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de

aprendizagem” (Art. 210 parágrafo 2º). A formação de educadores aptos a ministrar uma

educação básica bilíngue tem sido um dos eixos centrais dessa política, ação que certamente

contribuirá para a sobrevivência das cerca de duzentas línguas indígenas ainda faladas hoje no

Brasil.

Para não entrar em repetições terminamos este capítulo mencionando o final da

justificativa de Carion que diz o seguinte: “Sabemos que não há língua que tenha o seu léxico

livre de algum eventual estrangeirismo, mas segundo um levantamento feito pela Academia

Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem, atualmente, cerca de 356 mil unidades lexicais,

dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Por que não aproveitarmos

um acervo linguístico destes? O abuso dos estrangeirismos – que além de tudo, na maioria das

vezes são mal colocados –ocasiona um imenso prejuízo ao processo de aprendizagem da

língua portuguesa por nossas crianças e jovens, que absorvem conhecimento também por

observação e repetição.

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Ora, pensar em prejuízo ao processo de linguagem de crianças e adolescentes é um

equívoco. O abuso de estrangeirismos só se dá a partir da globalização mundial e das

importações que necessitamos por não produzir. Sabemos que os pais que podem pagar cursos

de inglês para seus filhos o fazem bem cedo. Já os pais que não possuem condições para isso,

esperam de nossas escolas e de nossa sociedade o mínimo de conhecimento social, mundial.

Num mundo globalizado, queremos nossos filhos bem instruídos, viajando pelo mundo,

conquistando os mais elevados graus de instrução, conhecimento e cargos sociais, ou não?

4.3.1 Conteúdo do projeto do Deputado Estadual Raul Carrion

Segundo consta no site do deputado:

- O Projeto não proíbe nem impede o uso de palavras estrangeiras, unicamente

determina que, nesse caso, a palavra estrangeira deve ser traduzida, para que o cidadão

tenha, em seu país, o direito de receber as informações em sua língua pátria. Se a

palavra ou expressão estrangeira não possuir equivalente em português, deverá ter o

seu significado explicado.

- A exigência de tradução só se aplica à propaganda, publicidade, documentos ou

informativos dirigidos ao grande público, através da palavra escrita;

- O Projeto, não se aplica à linguagem falada;

- O Projeto não se aplica a nomes próprios;

- O Projeto não se aplica a obras científicas, a obras de arte ou literárias, a comunicação

privada;

- As palavras de origem estrangeira já aportuguesadas ou dicionarizadas estão excluídas

da necessidade de serem traduzidas.

- O Projeto tem caráter essencialmente educativo e não cria penalidades. Estas poderão

ser impostas pelo Executivo, mas somente no âmbito administrativo (por exemplo,

obrigatoriedade de substituir a propaganda ou publicidade em desacordo com a lei;

perda de eventuais benefícios do Poder Público no caso de desobediência a essa

determinação; etc.).

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4.3.2 Objetivos e determinações da lei 156/09

O líder do PcdoB na Assembleia, deputado Raul Carrion, ainda em sua página no site da

Assembleia Legislativa do RS, faz a justificativa da sua lei, sancionada em 18/05/2011 o

seguinte (mas vetada pelo Governador Tarso Genro):

O projeto determina a obrigatoriedade da tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa, em todo documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação através da palavra escrita no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, sempre que houver em nosso idioma palavra ou expressão equivalente.

No caso de não haver alguma palavra ou expressão equivalente, conforme Carion, o

significado ou tradução estrangeira deverá estar escrito, com o mesmo destaque no texto.

Todos os órgãos, instituições, empresas e fundações públicas deverão priorizar em seus

escritos oficiais a língua portuguesa.

O Projeto de Lei 156/09 tem três objetivos principais, conforme consta na sua página

on-line: O primeiro é valorizar o uso do português na linguagem escrita, evitando a sua

descaracterização pela utilização indiscriminada, abusiva e desnecessária de vocábulos

estrangeiros, o segundo é garantir ao cidadão brasileiro que todo documento público,

propaganda, publicidade ou informação sejam escritas em sua língua pátria, de forma a

facilitar-lhe a compreensão e o último é educar a população no correto uso da língua

portuguesa.

O projeto chegou a ser aprovado, em 26 de abril de 2011 por 26 votos a 24 na

Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, mas no mês seguinte foi parcialmente vetado

pelo governador Tarso Genro, que sancionou somente o artigo 2º, segundo a qual “todos os

órgãos, instituições, empresas e fundações públicas deverão priorizar na redação de seus

documentos oficiais, sítios virtuais, materiais de propaganda e publicidade, ou qualquer outra

forma de relação institucional através da palavra escrita, a utilização da língua portuguesa”.

Explica NATALI, (2011, p. 16).

4.4. Efetividade ou Inocuidade de leis de restrição aos estrangeirismos

Em relação aos dois projetos de lei citados anteriormente, cremos ser inócuos pela

forma como são expressos e realizados. Toda lei possui um objetivo em especial, pois buscam

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neste caso, proteger nosso idioma contra o abuso de expressões, mas a forma de como elas

são propostas é que deixam margem para a inocuidade.

Acreditamos que a opinião dos linguistas deveria constar na estruturação desses

projetos. Os linguistas são as pessoas que estudam a língua a todo momento enquanto que a

maioria das leis são criadas por cidadãos comuns, sem sequer ter uma graduação em

licenciatura portuguesa para tais procedimentos. Os projetos de lei analisados são

constitucionais, pois a Constituição protege a língua portuguesa, mas as leis analisadas não

têm uma utilidade prática, pois são feitos sem um estudo prévio adequado.

O que transforma e reforma uma sociedade são as pessoas que nela vivem. A evolução

da língua vem da fala cotidiana, do conjunto de signos que um grupo de falantes dá sentido,

fazendo com que a sociedade como um todo tenha interação entre si. De acordo com PILLA,

Éda Heloisa Teixeira (Professora e Dra. em Letras pela UFRGS).

Língua e Cultura são partes indissociáveis de um mesmo processo, no sentido em que é a cultura de uma comunidade que determina a sua forma de classificar ou recortar a realidade que lhe é pertinente, dando um nome a tudo o que ela percebe ou concebe. Ao aprender a língua de sua comunidade, portanto, o falante, já estará absorvendo a cultura subjacente a ela, e com ela uma visão de mundo complexa que reflete o modo como essa comunidade lida com seus problemas, formula seu pensamento e sua filosofia, e organiza sua vida social. A soma daqueles recortes (individualizados como palavras), relacionados e interdependentes, compõe uma estrutura, ou seja, um sistema linguístico coerente e harmônico. Nisso consiste a identidade da língua. Por isso, os linguistas costumam dizer que, para cada língua diferente, teremos um mundo diferente (Disponível em: <http://www.raulcarrion.com.br/pl156_09.asp> Acesso em: 21 maio 2012).

Há quem diga ser a favor à restrição ao uso de estrangeirismos, alegando que para cada

palavra estrangeira que adotamos, deixamos de criar uma palavra nossa ou então, deixa-se

desaparecer palavras que por modismo ou incorporação excessiva de estrangeirismos, caindo

no esquecimento.

Muitas palavras ficariam sem equivalência brasileira. Muito há de se fazer ainda nas

escolas. Como exemplo, temos a palavra “factoring” que significa troca de duplicatas,

transações financeiras, etc. que ainda não possui nenhuma expressão equivalente em nossa

língua.

Segundo Secchin6, desde 1995 os franceses proíbem o uso de palavras inglesas em

documentos oficiais e anúncios públicos. A Academia Francesa de Letras é quem cuida de

novas criações para termos diversos entre ele os da ciência e tecnologia. O problema é que

6 Membro da Academia Brasileira de Letras e professor da UFRJ em artigo expresso na Revista de Língua Portuguesa: Saramago, o compositor, (ano 01 nº 3, p. 29 2005).

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nem sempre os neologismos são aceitos pela sociedade francesa; assim, acreditamos que

aconteceria no Brasil.

No próximo capítulo, apresentaremos uma pesquisa de campo, que representa a parte

prática dessa monografia. Explicitaremos a respeito do tipo de pesquisa realizada, bem como

a sua metodologia aplicada a um determinado público-alvo.

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5 PESQUISA DE CAMPO

Para a elaboração da pesquisa a respeito da temática em estudo, fomos coletar dados

concretos a respeito do assunto: Estrangeirismos: Acolher ou Repudiar, conforme apêndice A.

Aplicamos um instrumento com ajuda de minha orientadora, a qual cedeu uma de suas tumas

de Língua Portuguesa, da qual fazem parte universitários, dos mais variados cursos de uma

instituição de ensino superior de Canoas RS.

A pesquisa é composta por um questionário contendo seis questões, sendo duas delas

abertas, também chamadas de “qualitativas” e as demais fechadas ou “quantitativas”,

conforme segue nos gráficos. Quarenta alunos responderam ao questionário.

5.1 Conceito de pesquisa qualitativa

Conforme trabalho acadêmico de Marcelo Dantas e Vanessa Cavalcante, da UFPE a

pesquisa qualitativa tem caráter exploratório, isto é, estimula os entrevistados a pensarem

livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Mostra aspectos subjetivos e atingem

motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. É utilizada quando

se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço

para a interpretação.

5.2 Conceito de pesquisa quantitativa

Ainda de acordo com os acadêmicos citados acima, a pesquisa quantitativa é mais

adequada para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois

utiliza instrumentos estruturados (questionários). Deve ser representativa de um determinado

universo de modo que seus dados possam ser generalizados e projetados para aquele universo.

Seu objetivo é mensurar e permitir o teste de hipóteses, já que os resultados são concretos e

menos passíveis de erros de interpretação.

5.3 Instrumento da pesquisa

Segue o instrumento aplicado na busca de dados para a pesquisa.

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Questionário de pesquisa para os graduandos

A seguir analisaremos as respostas dos alunos, representando após cada comentário,

com gráficos ilustrativos para melhor clareza da pesquisa, lembrando que todos os alunos

estão na graduação, portanto, em grau superior incompleto. Durante o semestre, os alunos

tiveram acesso a textos a respeito do uso de estrangeirismos na Língua Portuguesa; portanto,

apresentam noções básicas acerca do tema.

5.3.1 Análise dos dados coletados

Dentre os alunos entrevistados, um (a) voluntário (a) estava abaixo do nível de idade à

qual me propus aplicar a pesquisa. Dos demais 27 (vinte e sete) pessoas estavam entre 18 e 25

anos, 9 (nove) pessoas entre 26 – 35 anos e acima de 35 (trinta e cinco) anos totalizaram 2

(duas) pessoas, conforme o gráfico abaixo:

Prezado (a) participante (a):

Estou realizando meu Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de Letras a respeito do tema Estrangeirismos: acolher ou repudir? A sua opinião é fundamental para o enriquecimento da minha pesquisa. Obrigada pela colaboração. Rosângela Rigatti – Acadêmica de Letras – Maio de 2012.

PESQUISA DE OPINIÃO Faixa Etária: ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) acima de 35 anos Grau de Instrução: Ens. Sup. Inc. ( ) Graduação ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) 1. O que você acha a respeito do uso de estrangeiri smos na Língua Portuguesa: ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Concordo em parte Justifique:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Você é a favor ou contra a apresentação de palavras estrangeiras para crianças menores de 6 (seis) ano s? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) Em parte 3. O uso excessivo de estrangeirismos na língua matern a influencia negativamente o aprendizado da língua portuguesa para adultos? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) Em parte 4. Você é a favor ou contra o uso de termos técnicos e strangeiros, de uso rotineiro, na língua materna? ( ) SIM ( ) NÃO Justifique:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Palavras ou expressões estrangeiras usadas repetida mente podem influenciar e modificar a língua de um país? ( ) SIM ( ) NÃO 6. (Aqui você pode marcar mais de uma opção ). O uso de estrangeirismos na língua Portuguesa, no Brasil, acontece devido: ( ) à globalização ( ) à falta de patriotismo ( ) ao modismo ( ) à força do poder econômico

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Figura 3 – Faixa etária

0

5

10

15

20

25

30

17 anos

18-25 anos

26-35 anos

acima de 35anos

Fonte: Autoria própria, 2012.

Questão 1: O que você acha a respeito do uso de estrangeirismos na língua portuguesa?

Esta questão é de cunho qualitativo e quantitativo, pois as pessoas, além de marcarem as

três opções, também podiam justificar sua resposta. Na questão quantitativa, 31(trinta e uma)

pessoas concordam em parte com a pergunta proposta, 7 (sete) pessoas concordam e apenas 2

(duas) discordam. Na análise qualitativa, a grande maioria acredita ser inevitável a entrada de

estrangeirismos na língua portuguesa brasileira, porém pensam que excessos de

estrangeirismos sem necessidade acabam prejudicando nossa língua. Segue o gráfico com a

amostra coletada:

Figura 4 – Estrangeirismos na língua portuguesa

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Concordo

Discordo

Em parte

Fonte: Autoria própria, 2012.

Questão 2: Você é a favor ou contra a apresentação de palavras estrangeiras para crianças

menores de 6 (seis) anos?

As respostas para esta questão de cunho quantitativo, esteve bem dividida entre 19

(dezenove) pessoas sendo a favor, 7 (sete) pessoas alegando serem contra e 14 (quatorze)

pessoas concordando em parte, conforme gráfico a seguir:

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Figura 5 – Palavras estrangeiras

0

5

10

15

20

Sim

Não

Em parte

Fonte: Autoria própria, 2012.

Questão 3: O uso excessivo de estrangeirismos na língua materna influencia negativamente o

aprendizado da língua portuguesa para adultos?

Esta questão está muito ligada com a primeira, até pelas respostas no âmbito qualitativo

da questão. Como nesta pergunta o cunho era quantitativo, as respostas foram próximas.

Foram 16 (dezesseis) pessoas a favor “sim”, 14 (quatorze) pessoas contra “não” e 10 (dez)

pessoas que concordam em parte. Vejamos o gráfico:

Figura 6 – A influência do estrangeirismo na língua materna 1

0

5

10

15

20

Sim

Não

Em parte

Fonte: Autoria própria, 2012.

Questão 4: Você é a favor ou contra o uso de termos técnicos estrangeiros, de uso rotineiro,

na língua materna?

Diante da questão, novamente de cunho duplo temos: 30 (trinta) pessoas a favor “sim”,

9 (nove) pessoas contra “não” e uma pessoa não soube responder, deixando em branco. Na

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justificativa da questão, a grande maioria diz ser inevitável o uso de tais termos, pois a alta

tecnologia importada não possui traduções para peças e acessórios, por exemplo. Acreditam

que até ajuda profissionalmente em contatos mundiais etc., porém alguns acham que sempre

que possível, devemos aportuguesá-las ou criar novas palavras para que o estrangeirismo não

domine nossa língua de forma descontrolada.

Figura 7 – A influência do estrangeirismo na língua materna 2

0

5

10

15

20

25

30

35

Sim

Não

Nenhuma

Fonte: Autoria própria, 2012.

Questão 5: Palavras ou expressões estrangeiras usadas repetidamente podem influenciar e

modificar a língua de um país?

As respostas quantitativas dessa questão totalizaram 29 (vinte e nove) pessoas

confirmando de forma positiva “sim” e apenas 11 (onze) confirmando negativamente.

Figura 8 – A influência do estrangeirismo na língua materna 3

0

5

10

15

20

25

30

35

Sim

Não

Fonte: Autoria própria, 2012.

Questão 6: O uso de estrangeirismos na língua portuguesa, no Brasil, acontece devido:

Essa última questão tinha opção de serem marcadas mais de uma alternativa. Quanto à

primeira opção, 38 (trinta e oito) pessoas acreditam ser devido à globalização. Para a falta de

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patriotismo, apenas 3 (três) pessoas acreditam ser esse o fato dos estrangeirismos invadirem

nossa língua. Na terceira opção, 32 (trinta e duas) pessoas acreditam que o modismo contribua

para a questão e 15 (quinze) pessoas marcaram a opção da força do poder econômico,

conforme o gráfico abaixo nos ilustra:

Figura 9 – O uso de estrangeirismos no Brasil

0

5

10

15

20

25

30

35

40À globalização

À falta depatriotismo

Ao modismo

À força do podereconômico

Fonte: Autoria própria, 2012.

5.4 Interpretação dos resultados da pesquisa

A partir da pesquisa de opinião, acreditamos que a maioria confirmou as nossas

hipóteses. Consideramos interessante compartilhar algumas falas: “ Acho que é importante

essa assimilação que aproxima as culturas e transcende as barreiras da linguagem”; “ O uso do

estrangeirismo é inevitável [...] fazer uso do estrangeirismo é bom mas não demasiadamente,

o que às vezes é inevitável”; “ Acredito que o estrangeirismo na língua portuguesa é um

fenômeno natural devido à globalização e a interação que há entre diversos países”.

Nenhuma das respostas analisadas desvirtuou o tema; todas se relacionam com os itens

abordados no corpo do trabalho. Acreditamos que a maioria dos brasileiros praticam

estrangeirismos em diversas falas cotidianas. Concordamos também quando lemos que os

estrangeirismos precisam de limites, pois a nossa língua necessita também evoluir. Tudo em

excesso causa transtornos não só na língua, mas também na vida, num sentido geral.

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6 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como propósito analisar os estrangeirismos de uma forma

geral, mas ainda há muito a ser estudado, pois este assunto é recorrente nos diversos meios da

sociedade, seja no âmbito cultural, tecnológico ou social como se pôde averiguar na análise

do contexto geral.

Ao longo da exposição, pudemos verificar que a sociedade brasileira está imersa num

vocabulário inglês intenso. Proibir é quase impossível devido à importação constante da

tecnologia computacional. Tentar traduzir essas nomenclaturas ou algumas palavras soltas

poderia ocasionar, muitas vezes, perda de sentido, pois achar uma palavra brasileira

adequada, geralmente, se torna uma tarefa impossível. Isso poderia favorecer problemas de

comunicação entre os usuários da língua, em todos os campos. Empresas multinacionais

exigem que seus funcionários tenham conhecimento da língua estrangeira e se familiarizem

com os estrangeirismos, para se adequarem ao mercado de trabalho em constante mudança.

Essa nova geração de jovens adultos sente o peso que a falta de uma segunda língua faz.

No início dos anos 90, por exemplo, não existiam celulares e poucas eram as pessoas que

aderiam à compra de computadores para seus lares. Hoje um bebê já tem em seu quarto, por

exemplo, um equipamento de babá eletrônica; depois disso, as crianças já manipulam os

jogos importados que desenvolvem o raciocínio, etc., e lá pelos 3 ou 4 anos já sabem ligar,

desligar e manusear equipamentos eletroeletrônicos como a televisão, o DVD, o aparelho de

rádio e, por fim, o celular, notebook, tablet, etc., muitos destes, apenas com o uso dos

dedinhos.

A escola e os professores, nesse universo tecnológico, precisam de instrução,

conhecimento e esperteza para atender às questões e saber se posicionar quanto ao tema.

Somos a favor de que todo professor do futuro precise saber inglês num curto espaço de

tempo em função da alta tecnologia e pela facilidade em viajar para diversos lugares do

mundo, além de poder compreender até onde os estrangeirismos possam ser imprescindíveis

ou não na língua materna.

A história da Língua Portuguesa Brasileira nos fez conhecer melhor nossas origens,

ainda que de forma bastante sucinta. A língua viaja no tempo e se faz viva constantemente.

Como proibir os estrangeirismos se até a nossa língua sofreu diversas influências em sua

trajetória desde o latim vulgar? Concordamos que o excesso de importações nos prejudica,

mas também precisamos entender que somos um país ainda emergente que tenta se impor e

ganhar ascensão mundial, mas que ainda é dominado pelos países de primeiro mundo.

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Para toda essa evolução deram-se diversos nomes e classificações para a nossa língua.

A mídia muito contribui expondo comerciais e programas de marcas famosas. O mercado

consumista é forte e decisivo para a globalização da língua estrangeira, sejam em roupas,

acessórios, perfumaria etc.

Muitas palavras permanecem em nosso vocabulário por algum tempo e logo

desaparecem, mas outras se enraízam de tal forma que se anexam ao vocabulário e até ao

dicionário e são pronunciadas como se fossem nossas. Algumas palavras, quando

introduzidas, passam para uma grafia similar à original ou ainda, permanecem iguais, como se

observou no quadro 1 (um) do capítulo 2 (dois) e nos demais exemplos.

Os projetos de lei criados, em destaque aos dois aqui mencionados, muito criticados

pelos linguistas, continuam em tramitagem no congresso nacional brasileiro. Concordamos

com Bagno em todos os sentidos quanto a esses projetos de lei. A educação precisa de mais

incentivo pelos governantes e afins. Proibir o uso de termos estrangeiros é desnecessário. A

escola deveria receber mais atenção e incentivos para aulas de inglês com melhores recursos.

Acreditamos que os alunos precisam de qualificação para competir nesse mercado mundial e

é na escola que ele precisa de investimento. Os cursos de inglês deveriam ser uma

continuação da escola e não um meio de aprender o que não sabem pela precariedade escolar.

A pesquisa de campo realizada com os acadêmicos demonstrou que há preocupação

com a nossa excessiva visão de país colonizado e que pouco valoriza a sua cultura, mas, por

outro lado, os dados apontam para o fato de que é inevitável que termos estrangeiros sejam

aportuguesados ou sejam adotados da forma como se apresentam, por força e por predomínio

dos países que dominam o mercado, especialmente o norte-americano.

Por derradeiro, resta salientar a importância do estudo do tema para que políticas

públicas possam ser geradas a fim de proporcionar ao povo brasileiro, melhores acessos à

cultura por meio de estudo consistente e aplicado que nos faça crescer como nação.

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