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0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ROSENI BORTOLON GRASSI DE CARLI DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI- SÓLIDAS CONTENDO ÁCIDO CAURENÓICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA IN VIVO Itajaí - 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ROSENI BORTOLON GRASSI DE CARLI

DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-

SÓLIDAS CONTENDO ÁCIDO CAURENÓICO E AVALIAÇÃO DA

ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA IN VIVO

Itajaí - 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

ROSENI BORTOLON GRASSI DE CARLI

DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-

SÓLIDAS CONTENDO ÁCIDO CAURENÓICO E AVALIAÇÃO DA

ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA IN VIVO

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profa. Dra. Ruth Meri Lucinda Silva

Itajaí, novembro de 2007

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Dedico este trabalho ao meu esposo João Carlos e

aos meus amados filhos Felkpe, Tiago e Lucas

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AGRADECIMENTOS

A Deus que sempre atendeu meus apelos e preces, mostrando!sempre um caminho

nos momentos mais difíceiq, mostrando que por mais difícil que pudesse parecer eu

tinha condições de vencer.

Ao meu querido e amado esposo, João Carlos, por ter cuidado de nossos filhos,

Felipe, Tiago e Lucas, sendo pai e mãe por 2 anos. Sei que houve muitos momentos

difíceis, principalmente quando nosso0filho Lucas adoeceu, mas você conseguiu

superar seus receios e d`r-me força para não desistir de nossos planos, sem você

não existiria a menor chance de ter iniciado e terminado mais esta etapa de nossas

vidas.

Aos meus amados filhos, que conseguiram superar a minha ausência. Sei que fiz

muita falta, que mesmo quando estava em casa não tinha tempo de ajudá-los com

seus deveres nem paciência de ouvir o que tinham para contar, mas toda esta

abdicação foi pensando no futuro de vocês.

A meus pais, Nelci e José Luiz, que mesmo distante, sempre se preocuparam e

rezaram muito pela minha saúde e para que tudo corresse bem nas viagens

intermináveis.

Aos meus sogros, Norma e Almerino, que ficaram ao lado de meu esposo cuidando

de nossos fihos.

Aos funcionários da farmácia que ficaram sobrecarregados de trabalho, mas

conseguiram se superar e dar conta de todo o trabalho.

Aos novos amigos que fiz durante esta jornada, Tereza, Fabiana, Luiz e Mário, muito

obrigado pelo carinho e amizade de vocês.

Ao amigo de infância que reencontrei, Beto e sua esposa Tânia, obrigada pelo

incentivo e amizade recebida.

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A minha amiga e companheira de experimentos, Paula, a qual muito me ajudou, nos

momentos em que eu não podia estar presente.

A Roberta pela colaboração e paciência nas análises de CLAE.

Ao prof. Rilton que me orientou nos experimentos de irritação cutânea.

As minhas amigas Daiana e Lílian que me hospedaram em suas casas com todo

carinho.

A todas pessoas que direta ou indiretamente me auxiliaram a terminar mais esta

jornada da minha vida.

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

A minha querida orientadora Ruth, pela sua orientação, incentivo e carinho que sem

toda a sua paciência e compreensão jamais teria conseguido concluir esta etapa em

minha vida. Pela sua amizade e competência que muito contribuíram para meu

crescimento profissional. Por mais que o tempo passe, jamais poderei esquecer todo

o conhecimento que me passou e o carinho recebido, com certeza servirá muito em

minha vida pessoal e profissional.

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DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDA S

CONTENDO ÁCIDO CAURENÓICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

ANTIINFLAMATÓRIA IN VIVO

Roseni Bortolon Grassi de Carli novembro, 2007

Orientadora: Profa. Ruth Meri Lucinda Silva, Dra. Área de Concentração: Produtos Naturais e Substâncias Bioativas Número de Páginas: 117 O ácido caurenóico (AC) é um diterpeno encontrado em diversas plantas como a Sphagneticola trilobata, Annona glabra, Vigueira robusta, Copaifera langsdorffi, Mikania glomerata e Mikania laevigata. O AC tem apresentado in vitro atividade tripanosomicida, antimicrobiana e antiinflamatória entre outras, sendo um composto com potencial aplicação no desenvolvimento de novos medicamentos. Este trabalho teve por objetivo desenvolver cremes contendo AC e avaliar a atividade antiinflamatória in vivo. O AC foi isolado do extrato acetônico da Sphagneticola trilobata (caule e raiz) por maceração durante sete dias em temperatura ambiente utilizando acetona como líquido extrator na proporção de 6:1. A pureza do AC foi comprovada através de CCD, espectroscopia no IV e RMN 1H e 13C, perfil em CLAE e ponto de fusão. O AC foi incorporado em cremes previamente preparados, após dissolução em propilenoglicol. Foram preparadas cinco formulações com cera aniônica (Lanette®) e cinco formulações com cera não iônica (Polawax®), ambas contendo os promotores de absorção (uréia, alfa-bisabolol, oleato de isodecila, miristato de isopropila, lecitina de soja). Estas formulações foram submetidas a estudo prévio de estabilidade e estudo de estabilidade acelerado. Foram feitos testes de permeação cutânea in vitro utilizando células tipo Franz adaptadas e avaliação da atividade antiinflamatória in vivo, usando o método de edema de orelha induzido por óleo de cróton. O AC foi isolado da planta S. trilobata com um rendimento de 0,14%. Os cremes contendo AC e promotores de absorção apresentaram conformidade quando analisados quanto a estabilidade física e química durante 90 dias em temperatura ambiente e a 40 °C. Nos testes de perme ação in vitro foi observada baixa permeação do fitofármaco em todas as formulações, porém as formulações contendo miristato de isopropila e lecitina de soja apresentaram comportamento de permeação mais uniforme do que as demais. Nos estudos da avaliação da atividade antiinflamatória in vivo foi observado um efeito antiinflamatório comparado a preparações comerciais contendo dexametasona ou óleo essencial de Cordia verbenacea. Através deste estudo foram obtidas preparações farmacêuticas semi-sólidas contendo o AC e com atividade antiinflamatória tópica semelhante às preparações comerciais. Palavras-Chave: Ácido caurenóico. Atividade antiinflamatória tópica. Promotores de absorção. Cremes.

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DEVELOPMENT OF CREAMS CONTAINING KAURENOIC ACID AND

EVALUATION OF IN VIVO TOPICAL ANTIINFLAMATORY ACTIVITY

Roseni Bortolon Grassi de Carli

November, 2007 Supervisor: Dr. Ruth Meri Lucinda Silva Area of concentration: Natural products and Bioactive substances Number of pages: 117

Kaurenoic acid (KA) is a diterpene found in several plants such as Sphagneticola trilobata, Annona glabra, Vigueira robusta, Copaifera langsdorffi, Mikania glomerata and Mikania laevigata. This herbal drug presents trypanosomicidal, antimicrobial and antiinflammatory in vitro activity, among others, with potential application as an herbal drug in the development of new medications. The objective of this work is to develop creams containing KC and evaluate their in vivo antiinflammatory activity. KA was isolated from the acetonic extract of the S. trilobata (stem and root) by the maceration method for seven days at room temperature, using acetone as extractor solvent at a proportion of 6:1. The KA was characterized by chromatographic (TLC and HPLC) and spectroscopic methods (IR and NMR 1H and 13C), HPLC profile and melting point. The herbal drug was incorporated into the previously prepared cream formulations. After dissolution in propylene glycol, five formulations with anionic wax (Lanette®) and five formulations with non-ionic wax (Polawax®) were prepared, both containing the permeation enhancers (urea, alpha bisabolol, isodecyl oleate, isopropyl myristate, soy lecitin). The preparations were submitted to previous and accelerated stability studies. in vitro skin permeation tests were carried out using adapted Franz cells, and the antiinflammatory activity in vivo using the ear edema method, induced by croton oil. KA was isolated from the plant S. trilobata with a yield of 0.14%. The creams containing KA and permeation enhancers presented conformity when analyzed for physical and chemical stability for 90 days at room temperature, and at 40 °C. In the in vitro permeation tests low permeation of the herbal drug was observed in all the formulations, but those containing isopropyl myristate and soy lecitin presented a more uniform permeation profile than the others. In the studies to evaluate the antiinflammatory activity in vivo, antiinflammatory activity was observed, compared with commercial preparations containing dexamethasone or essential oil of Cordia verbenacea. Through this study, semi-solid pharmaceutical preparations were obtained containing KA, with topical antiinflammatory activity similar to that of commercial preparations Key words: Kaurenoic acid. Topical antiinflammatory activity. Permeation enhancers. Creams.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura da pele humana 20

6igura 2 Esquema da célula de Franz 40

Figura 3 Estrutura química do AC 42

Figura 4 Partes aéreas da planta Sphagneticola trilobata 43

Figura 5 Foto da célula de difusão utilizada no ensaio de liberação in vitro

58

Figura 6 Medida basal da orelha direita de camundongos com auxílio de micrômetro digital

60

Figura 7 AC na forma cristalina obtido após evaporação do solvente (hexano)

64

Figura 8 Espectro de absorção do AC na região do infravermelho 65

Figura 9 Perfil do AC em cromatografia de camada delgada (CCD). L1A – composto obtido na fração hexânica, L1B – composto obtido na fração Hex:AcOEt 99:1; P – composto referência

66

Figura 10 Perfil cromatográfico do AC em CLAE 66

Figura 11 Espectro de RMN 1H do AC. Solvente clorofórmio deuterado. Concentração: 30 mg/mL

67

Figura 12 Espectro de RMN 13C do AC. Solvente clorofórmio deuterado. Concentração: 30 mg/mL

68

Figura 13 Solubilidade do AC em meio aquoso com diferentes valores de pH, água e propilenoglicol

69

Figura 14 Titulação potenciométrica do AC 69

Figura 15 Curva analítica do AC em CLAE 71

Figura 16 Teste de estabilidade acelerado referente ao pH dos cremes com base Lanette com os promotores de absorção em temperatura ambiente.

79

Figura 17 Teste de estabilidade acelerado referente a espalhabilidade dos cremes com os promotores de absorção em temperatura ambiente

80

Figura 18 Teste de estabilidade acelerado referente à viscosidade dos cremes com os promotores de absorção em temperatura ambiente

81

Figura 19 Teste de estabilidade acelerado referente a tixotropia dos cremes com os promotores de absorção em temperatura ambiente

82

Figura 20 Teste de estabilidade acelerado referente ao pH dos cremes com os promotores de absorção em temperatura 40°C.

84

Figura 21 Teste de estabilidade acelerado referente a espalhabilidade dos 85

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cremes com os promotores de absorção em temperatura 40°C

Figura 22 Teste de estabilidade acelerado referente à viscosidade dos cremes com os promotores de absorção em temperatura 40°C

86

Figura 23 Teste de estabilidade acelerado referente a tixotropia dos cremes com os promotores de absorção em temperatura 40°C

87

Figura 24 Curvas de fluxo das formulações contendo ácido caurenóico com ou sem promotores de absorção antes e após estudo acelerado de estabilidade

91

Figura 25 Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e oleato de decila antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C

95

Figura 26 Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e alfa-bisabolol, antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40°C

96

Figura 27 Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e uréia antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C

97

Figura 28 Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e alfa-bisabolol e uréia antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C

98

Figura 29 Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e miristato de isopropila e lecetina, antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C

99

Figura 30 Perfil de permeação in vitro de AC de formulações semi-sólidas com base Polawax® contendo diferentes promotores de permeação

101

Figura 31 Perfil de permeação in vitro de AC de formulações semi-sólidas com base Lanette® ontendo diferentes promotores de permeação

102

Figura 32 Atividade antiinflamatória dos cremes de AC pelo método de edema de orelha

103

Figura 33 Placa de gel de agarose com creme contendo AC e controle positivo (DSS)

107

Figura 34 Creme com (A) e sem AC (B), sem contraste de fases (400X) 108

Figura 35 Controle positivo sem contraste de fases (400X) 108

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Resultados da análise de precisão do método analítico para quantificação do AC por CLAE

72

Tabela 2 Teor de ácido caurenóico por grama de creme antes e após estudo de estabilidade acelerado, por CLAE

94

Tabela 3 Porcentagem de inibição da atividade antiinflamatória dos cremes de AC pelo método de edema de orelha

104

Tabela 4 Resultados obtidos no teste de irritação cutânea nos cremes contendo AC através do método de agarose overlay

107

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Formulações de base semi-sólida com cera Lanette® e promotores de absorção

53

Quadro 2 Formulação de base semi-sólida com cera Polawax® e promotores de absorção

54

Quadrg 3 Classificação do grau de irritação Cutânea 63

Quadro 4 Características das formulações com base Polawax® sem AC no tempo zero e tempo 12 dias após estresse térmico (ciclo gelo-degelo)

75

QuAdro 5 Características das formulações com base Lanette® sem AC no tdmpo zero e no tempo12 dias após estresse térmIco (ciclo gelo-degeln)

76

Quadro 6 CaRacterísticas dos cremes com áciDo caurenóico e promotores de absorção no teste de estabilidade acelerado em temperatura ambiente

'8

Quadro 7 Características dos cremes com ácido caurenóico e promotores de absorção no teste de estabilidade acelerado em temperatura 40 °C

83

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LISTA DE ABREVIATURAS

AC Ácido caurenóico

AM/CL Amarelo/Claro

BR/OP Branco/Opaco

L Creme lanette® sem AC

LA Creme lanette® contendo 0,1% de AC

LAA Creme lanette® contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol

LAML Creme lanette®contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja

LAO Creme lanette® contendo 0,1% de AC mais oleato de isodecila

LAU Creme lanette® contendo 0,1% de AC mais uréia

LAUA Creme lanette® contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol

LML Creme lanette contendo miristato de isopropila e lecitina de soja

LO Creme lanette contendo oleato de isodecila

LU Creme lanette contendo uréia

LUA Creme lanette contendo uréia e alfa-bisabolol

PA Creme polawax contendo alfa-bisabolol

PML Creme polawax contendo miristato de isopropila e lecitina de soja

PO Creme polawax contendo oleato de isodecila

PU Creme polawax contendo uréia

PUA Creme polawax contendo uréia e alfa-bisabolol

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

2 OBJETIVOS ...................................... ................................................................... 19

2.1 Objetivo Geral ............................... ................................................................... 19

2.2 Objetivos Específicos ........................ ............................................................. 19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................... ...................................................... 20

3.1 Pele Humana .................................. .................................................................. 20

3.1.1 Anatomia e Fisiologia ...................... ............................................................ 20

3.1.2 Funções da Pele ............................ ............................................................... 22

3.2 Absorção Cutânea ............................. .............................................................. 23

3.3 Promotores de Absorção ....................... ......................................................... 26

3.3.1 Sulfóxidos ................................. .................................................................... 29

3.3.2 Pirrolidonas ............................... ................................................................... 31

3.3.3 Ácidos e álcoois graxos .................... .......................................................... 31

3.3.3.1 ÁCIDO OLÉICO E MIRISTATO DE ISOPROPILA ............................................................. 32

3.3.4 Azone ® .............................................................................................................................................................. 33

3.3.5 Uréia ....................................... ........................................................................ 35

3.3.6 Tensoativos ................................ .................................................................. 35

3.3.7 Óleos essenciais ........................... ............................................................... 37

3.3.7.1 D-LIMONENO .................................................................................................. 37

3.4 Métodos de permeação cutânea in vitro ......................................... .............. 39

3.5 Ácido Caurenóico ............................. ............................................................... 42

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................. ....................................................... 47

4.1 Materiais .................................... ....................................................................... 47

4.1.1 Matérias primas e reagentes ................ ....................................................... 47

4.1.2 Equipamentos ............................... ................................................................ 48

4.2 Métodos ...................................... ...................................................................... 49

4.2.1 Isolamento do AC ........................... .............................................................. 49

4.2.2 Caracterização do AC ........................ ............................................................ 50

4.2.2.1 SOLUBILIDADE E PKA DO AC ............................................................................. 50

4.2.2.2 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PARTIÇÃO DO AC EM ÓLEO/TAMPÃO ............ 51

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4.2.3 Quantificação do AC por CLAE ..................... ................................................ 51

4.2.4 Desenvolvimento e estudo da estabilidade das formulações .................... 52

4.2.4.1 PREPARAÇÃO DAS FORMULAÇÕES SEMI-SÓLIDAS ................................................ 52

4.2.4.2 ESTUDO PRÉVIO DE ESTABILIDADE ..................................................................... 54

4.2.4.2.1 CARACTERES ORGANOLÉPTICOS .................................................................... 54

4.2.4.2.2 DETERMINAÇÃO DO pH .................................................................................. 55

4.2.4.2.3 RESISTÊNCIA FÍSICA ...................................................................................... 55

4.2.4.2.4 ESPALHABILIDADE ......................................................................................... 55

4.2.4.3 PREPARAÇÃO DAS FORMULAÇÕES SEMI-SÓLIDAS CONTENDO AC ......................... 56

4.2.4.4 ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADO DAS FORMULAÇÕES SEMI-SÓLIDAS ............ 56

4.2.4.4.1 VISCOSIDADE E TIXOTROPIA ........................................................................... 56

4.2.4.4.2 CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD) ............................................... 57

4.2.4.4.3 TEOR DE AC ................................................................................................. 57

4.2.5 Estudo de Permeação in vitro ................ ....................................................... 57

4.2.6 Avaliação da atividade antiinflamatória in vi vo ........................................... 58

4.2.6.1 ANIMAIS .......................................................................................................... 59

4.2.6.2 MÉTODO DE EDEMA DE ORELHA INDUZIDO POR ÓLEO DE CRÓTON ....................... 59

4.2.6.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................... 60

4.2.7 Teste de irritação cutânea .................. ........................................................... 60

4.2.7.1 TÉCNICA PARA O PREPARO DE MEIO DE CULTURA COM SORO FETAL BOVINO .......... 60

4.2.7.2 TÉCNICA PARA O PREPARO DE MEIO DE CULTURA COM SORO FETAL BOVINO

CONCENTRADO ............................................................................................................ 61

4.2.7.3 CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO DO MEIO DE CULTURA COM SORO FETAL

BOVINO ....................................................................................................................... 61

4.2.7.4 MANUTENÇÃO CELULAR E CRESCIMENTO ............................................................ 61

4.2.7.5. ENSAIO AGAROSE OVERLAY ............................................................................. 62

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................... .................................................. 64

5.1 Isolamento e Caracterização do AC ............. .................................................. 64

5.1.1 Solubilidade do AC .......................... .............................................................. 68

5.1.2 Coeficiente de Partição ..................... ............................................................ 69

5.2 Quantificação do AC por CLAE .................. ...................................................... 70

5.3 Desenvolvimento e estudo de estabilidade das fo rmulações ....................... 72

5.3.1 Testes prévios de estabilidade .............. ....................................................... 72

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5.3.2 Estudo de Estabilidade Acelerado das Formulaç ões Semi-sólidas .......... 77

5.4 Estudo de permeação in vitro 100

5.5 Avaliação da atividade antiinflamatória in vivo 102

5.6 Avaliação da irritação cutânea 106

6 CONCLUSÕES ................................................................................................... 109

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 111

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1 INTRODUÇÃO

As plantas medicinais têm sido objeto de estudo na tentativa de descobrir

novas fontes de obtenção de princípios ativos. A partir do uso popular das plantas

medicinais, inicia-se a cadeia dos fitomedicamentos, que envolve conhecimentos

das áreas de botânica, agronomia, etnofarmacologia, etnobotânica, farmacologia,

fitoquímica, farmacognosia, médica e tecnologia farmacêutica, entre outras

(PETROVICK; MARQUES; DE PAULA, 1999). O estudo de fitomedicamentos é um

nicho estratégico para o desenvolvimento tecnológico nacional de novos

medicamentos (ALVES, 2005). Existe atualmente uma dependência dos laboratórios

farmacêuticos brasileiros na utilização de fármacos importados devido à existência

de poucas empresas produtoras de fármacos no País (em torno de 40). No ano de

2000 a dependência da importação foi de 80% da demanda, sendo necessário o

fortalecimento das indústrias para produzirem matérias -primas no território nacional

(BRASIL, 2003).

No Brasil, nos últimos anos, os fitomedicamentos apresentaram um

crescimento de 15% contra apenas 4% dos medicamentos sintéticos. Para registrá-

los são necessários estudos científicos que comprovem a qualidade, eficácia e

segurança de uso. O desenvolvimento desses medicamentos requer muito menos

recurso e menos tempo de pesquisa, comparado ao desenvolvimento de um novo

medicamento sintético (ACHE, 2005a).

Este trabalho tem a finalidade de desenvolver um fitomedicamento usando o

AC, um caureno, extraído da Sphagneticola trilobata, como fitofármaco. A S. trilobata

foi escolhida como fonte de obtenção da substância por ser uma planta estudada por

pesquisadores do Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas (NIQFAR). Já

foram realizadas análises fitoquímicas (BRESCIANI et al., 2004), biológicas como

antiinfamatória, analgésica (BLOCK et al., 1998) e antimicrobiano (SARTORI et al.,

2003), assim como foram desenvolvidas formas farmacêuticas semi-sólidas

contendo o extrato bruto da mesma (CZEPULA, 2006). Esta planta encontra-se em

abundância no estado de Santa Catarina e é cultivada no horto medicinal da

UNIVALI em Itajaí- SC. O AC é um dos compostos majoritários e foi selecionado

como marcador para validação da metodologia analítica para controle de qualidade

do medicamento fitoterápico por CLAE (ZANELLA et al., 2006).

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O AC está presente em grande quantidade nas raízes (6,65 mg/g de planta

seca) e nos caules (4,96 mg/g planta seca) desta planta (BRESCIANI et al., 2004).

A S. trilobata (Asteraceae) é conhecida como margaridão, pingo d’ouro,

pseudoarnica, entre outros. É largamente usada na medicina popular para diversas

desordens, incluindo infecções do trato respiratório, inflamações e afecções em

geral. Possui atividade antimicrobiana, antiparasiticida, inseticida, anti-HIV

(REZENDE et al., 2000), analgésica (BLOCK et al., 1998). Em estudos anteriores foi

demonstrada que estas atividades devem-se principalmente à presença do AC

(CECHINEL FILHO; YUNES, 1998).

Devido às importantes ações analgésicas e antiinflamatórias relatadas do AC

(BLOCK et al., 1998), este foi extraído da S. trilobata, isolado e incorporado em

formulações semi-sólidas usando bases emulsionadas com e sem promotores de

absorção a fim de verificar in vitro a permeação cutânea do AC e avaliar a atividade

antiinflamatória tópica in vivo.

Buscou-se com este trabalho o desenvolvimento de um novo fitomedicamento

para uso tópico com ação antiinflamatória, salientando-se a importância da busca

por novos fármacos a partir de plantas medicinais nativas, capazes de dar origem a

medicamentos seguros, eficazes e de fácil acesso à população por meio do

aproveitamento racional da nossa biodiversidade e contribuindo para o

desenvolvimento de laboratórios farmacêuticos nacionais.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver formas farmacêuticas semi-sólidas tópicas contendo AC e avaliar

a atividade antiinflamatória in vivo.

2.2 Objetivos Específicos

- Isolar e caracterizar o AC a partir das raízes da S. trilobata.

- Desenvolver cremes com diferentes bases e com diferentes promotores de

absorção.

- Incorporar o AC nas diferentes formulações semi-sólidas e verificar a sua

estabilidade.

- Analisar a permeação in vitro do AC a partir das formulações desenvolvidas

com diferentes promotores de absorção.

- Verificar a atividade antiinflamatória in vivo das formulações desenvolvidas

pelo modelo de edema de orelha.

- Verificar a irritação cutânea in vitro das formulações semi-sólidas através do

método de agarose overlay.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Pele Humana

3.1.1 Anatomia e Fisiologia

A pele é o maior órgão do corpo humano e também um dos mais complexos

(HARDING, 2004). É composta de três camadas de tecidos: a epiderme, derme e

hipoderme (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992), conforme mostrado na figura 1.

Figura 1 - Estrutura da pele humana (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002).

A epiderme cobre totalmente o corpo humano, sendo a camada mais

superficial da pele. Sua principal função é proteger o organismo das agressões do

ambiente exterior. A epiderme está constantemente em renovação, onde as células

dividem-se, migram, diferenciam-se e morrem (PRUNIÉRAS, 1994; HARDING,

2004).

Segundo Junqueira e Carneiro (2004) e Harding (2004), na epiderme há

quatro tipos de células, as células epiteliais, os melanócitos, as células de

Langerhans e as células de Merkel. Há quatro camadas de células epiteliais

distintas:

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• A camada basal (Stratum germinativum)

• O corpo mucoso de Malpighi (Stratum spinosum)

• A camada granulosa (Stratum granulosum)

• A camada córnea (Stratum corneum)

As células da camada basal formam uma camada monocelular implantada

sobre as papilas da derme superficial, entre as quais elas enviam brotos epidérmicos

interpapilares. As células do Stratum spinosum formam três ou quatro camadas de

elementos poliédricos que tendem a alongar-se horizontalmente nas camadas

superficiais. O Stratum granulosum forma uma faixa escura de três camadas de

células granulosas, achatadas, fusiformes, situadas imediatamente sob a camada

córnea. O Stratum corneum é constituído pela superposição de células

completamente queratinizadas, anucleadas, formando lamelas muito alongadas de

0,5 a 0,8 µm de espessura e até 30 µm de comprimento. O número das camadas

celulares é muito variável, 15 a 20 na altura do abdômen e do dorso, várias centenas

de camadas na altura da região plantar. O Stratum lucidum, subcamada

intermediária inconstante, situada abaixo da camada granulosa, tem aspecto de uma

faixa hialina estreita que se observa na altura da pele da região palmoplantar

(PRUNIÉRAS, 1994; HARDING, 2004).

Os melanócitos são células existentes na camada basal e produzem a

melanina, pigmento que cora a pele e são excretados para as células vizinhas, os

queratinócitos. As células de langerhans aparecem nos estratos intermediários da

epiderme, junto aos queratinócitos e, são considerados como macrófagos. As

células de Merkel são células epiteliais modificadas com extremidade nervosa

sensitiva, localizam-se entre as células epidérmicas basais (PRISTA; BAHIA; VILAR,

1992).

A derme, cútis ou córion é formada por tecido conjuntivo denso, vasos e

nervos. O tecido conjuntivo é constituído por células e elementos extracelulares. As

células são residentes (fibroblastos, histiócitos, macrófagos e mastócitos) e

migratórias (leucócitos, eosinófilos e plasmócitos). Os elementos extracelulares são

fibras (colágenas, reticulares, elásticas, pré-elásticas, de ancoragem) e a substância

intersticial, a qual é amorfa formada principalmente por glicoproteínas

(mucopolissacarídeos, ácidos) (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992). Ela necessita de um

suprimento sangüíneo eficiente para transportar nutrientes, remover produtos de

degradação, regular a pressão e a temperatura, mobilizar forças de defesa e

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contribuir para a coloração da pele. Ramificações do plexo arterial levam o sangue

para as glândulas sudoríparas, os folículos pilosos, a gordura subcutânea e a derme

(BARRY, 2005).

A espessura da derme, ou seja, a quantidade de colágeno depende do local

do tegumento. A derme do dorso é mais espessa que a dos membros e mais

espessa ainda que a das pálpebras. A espessura da derme varia com a idade, o

sexo e o estado nutricional. A espessura aumenta na infância e na adolescência,

atingindo sua espessura máxima na quarta década e diminui em seguida. A

espessura é maior nos homens do que nas mulheres e deficiências nutricionais

severas podem afinar a derme (PRUNIÉRAS, 1994).

A epiderme assenta sobre a derme, a qual se acomoda sobre uma camada

de tecido subcutâneo com células adiposas, a hipoderme. Na hipoderme nascem os

diversos apêndices cutâneos (folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas

sudoríparas écrinas ou apócrinas) os quais atravessam a pele e surgem à sua

superfície ou para ela se canalizam através dos pêlos. Uma completa rede vascular

composta de arteríolas, vênulas e capilares, surgem na hipoderme e atinge o limiar

da camada basal epidérmica (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992).

A hipoderme funciona como amortecedor mecânico e barreira térmica, que

sintetiza e estoca rapidamente substâncias energéticas prontamente disponíveis

(BARRY, 2005).

3.1.2 Funções da Pele

A pele desempenha diversas funções, como, contenção de fluidos e tecidos,

proteção em relação ao exterior, recepção de estímulos externos e manutenção da

homeostasia (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992; HARDING, 2004). É resistente e

flexível devido à presença de proteínas fibrosas, como o colágeno e a elastina. O

caráter elástico da pele permite após uma extensão, que os contornos iniciais se

mantenham, esta extensibilidade atribui-se ao alinhamento rígido das fibras de

colágeno (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992).

Com a idade, a pele enruga e torna-se mais rígida. A fina camada córnea é

relativamente forte e sua maleabilidade depende de um equilíbrio de lipídeos e água.

O tecido requer de 10 a 20% de umidade para agir como plastificante e manter sua

flexibilidade (BARRY, 2005).

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Quando a quantidade de água é inferior a 10% a pele fica com aspecto seco e

rugoso. A capacidade da pele em fixar água dos tecidos mais profundos depende

dos compostos nela dissolvidos e dos lipídeos teciduais. A hidratação cutânea

facilita a penetração das substâncias através da epiderme. Em seu estado normal a

pele atua como uma interface entre o meio interno e o ambiente, através do estrato

córneo e dos apêndices cutâneos. O estrato córneo é a camada mais externa da

pele e constitui uma barreira perfeita que controla a saída de compostos e água do

organismo, age contra a invasão microbiana, impedindo que bactérias e fungos

atinjam os tecidos viáveis da pele, dificultando o crescimento microbiano e atuando

como preventiva para as infecções (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992; HARDING,

2004).

Se os microorganismos penetrarem nas fendas superficiais e o estrato córneo

estiver danificado, pode permitir o acesso dos microorganismos a tecidos mais

profundos nos quais podem desenvolver-se. As glândulas da pele secretam ácidos

graxos de cadeia curta que inibem o crescimento de bactérias e fungos (BARRY,

2005).

3.2 Absorção Cutânea

A pele e as mucosas têm sido freqüentemente estudadas como via de

administração de fármacos sendo extremamente atrativa não apenas pelo seu efeito

cutâneo, mas também pela obtenção de efeito sistêmico (administração

transdérmica) e pela ausência do metabolismo hepático (PRAUSNITZ;

MITRAGOTRI; LANGER, 2004; HENRIQUES; SIMÕES-PIRES; APEL, 2007).

Durante muito tempo a pele foi considerada como uma barreira impermeável.

Este conceito foi modificado e se reconheceram diferentes graus de permeabilidade

(PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992). A velocidade de movimentação dos fármacos

através do estrato córneo depende da concentração destes no veículo, de sua

solubilidade, do coeficiente de partição óleo/água no estrato córneo e no veículo e

do massa molecular do fármaco (LUCINDA; EVANGELISTA, 1999; ALLEN Jr.;

POPOVICH; ANSEL, 2007). Independente do tipo de produto aplicado sobre a pele,

ele interfere com a biosfera cutânea e modifica em maior ou menor grau, a

bioquímica e a fisiologia cutânea (PRUNIÉRAS, 1994).

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A pouca penetração dos fármacos na pele limita a eficácia das formulações

tópicas. Esta penetração pode ser potencializada pela difusão ou pela solubilidade

crescente do fármaco na pele ou aumentando o grau de saturação deste na

formulação (MOSER et al., 2001; KAKUBARI, et al., 2006).

A absorção cutânea de um fármaco em preparações dermatológicas

(pomadas, cremes) não depende apenas das propriedades físico-químicas deste,

mas também do seu comportamento junto ao veículo farmacêutico e da condição da

pele. Um veículo pode não penetrar muito na pele nem transportar o fármaco através

dela, mas influencia a velocidade e o grau de penetração, variando para diferentes

fármacos e veículos. Para cada fármaco deve ser feita uma escolha individual do

veículo quanto a sua absorção e eficácia (ALLEN Jr.; POPOVICH; ANSEL, 2007).

Os veículos naturalmente podem modificar as propriedades do estrato córneo, por

exemplo, aumentar a hidratação, a qual pode influenciar no perfil de penetração dos

compostos ativos (DUPUIS et al., 1986). São pouco os compostos de interesse

farmacológico que possuem propriedades físico-químicas necessárias para penetrar

rapidamente a epiderme, principalmente no estrato córneo (SHOKRI et al., 2001).

Em geral existem duas rotas de difusão para as moléculas penetrarem na

pele após aplicação tópica: através das paredes dos folículos pilosos, das glândulas

sudoríparas e sebáceas (transcelular) ou por entre as células da camada córnea

(intercelular), sendo a rota intercelular considerada como a principal rota para

permeação de fármaco (YAMASHITA; HASHIDA, 2003; ALLEN Jr.; POPOVICH;

ANSEL, 2007). Os apêndices representam 0,1 % da superfície cutânea, sendo

pequena a sua contribuição, desse modo é essencial a transposição do estrato

córneo para penetração de compostos na pele (MOSER et al., 2001; YAMASHITA;

HASHIDA, 2003).

A pele é um tecido multicamada heterogêneo, e na absorção percutânea, o

gradiente de concentração desenvolve-se ao longo de vários estratos. O extrato

córneo, que é uma das camadas da epiderme, exerce o maior controle sobre a

permeação na pele. A maioria dos não-eletrólitos pouco solúveis em água difunde

no sistema capilar mil vezes mais rapidamente quando a epiderme está ausente,

danificada ou doente. Na pele intacta, as substâncias penetram a velocidade que

podem diferir em 10 mil vezes (BARRY, 2005).

O estrato córneo é considerado heterogêneo, possui dois regimes físico-

químicos distintos, cada um capaz de apresentar o seu fluxo. Um deles, através da

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matriz de queratina, é considerado polar e dispõe-se preferencialmente para a

transferência das substâncias polares. O outro caminho intercelular lipídico dá à pele

a qualidade de membrana lipóide (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992).

Como o estrato córneo é um tecido morto, não existem processos de

transporte ativo e nenhuma diferença fundamental entre processos de permeação in

vivo e in vitro. As camadas viáveis, principalmente a epiderme, podem metabolizar e

inativar um fármaco ou ativar um pró-fármaco. A camada papilar dérmica contém

tantos capilares que o tempo médio de residência de um fármaco na derme pode ser

de um minuto antes que seja absorvido. As camadas dérmicas mais profundas não

influenciam a absorção transdérmica, embora fármacos como agentes

antiinflamatórios não-esteróides possam penetrar profundamente até atingir os

músculos (BARRY, 2005).

O estrato córneo apresenta uma considerável barreira lipofílica à permeação

de substâncias químicas. Por outro lado, a epiderme viável, a qual está

imediatamente abaixo do estrato córneo é hidrofílica e pode atuar como um passo

limitante na absorção de fármacos altamente lipofílicos. O resultado de uma

característica ótima de absorção percutânea é o permeante ser razoavelmente

solúvel em ambos os meios hidrofílicos e hidrofóbicos, o qual é intimamente ligado

com o coeficiente de partição O/A do permeante (ROBERTS, 1991).

Os principais fatores que influenciam a absorção percutânea segundo Barry

(2005) e Allen Jr., Popovich e Ansel (2007), são:

• A quantidade absorvida por via percutânea aumenta à medida que a

concentração do fármaco no veículo aumenta.

• O fármaco deve apresentar maior afinidade físico-química com a pele do que

com o veículo no qual é apresentado, para que migre do veículo em direção à

pele.

• Certo grau de solubilidade do fármaco, tanto em lipídeos quanto em água, é

considerado essencial para absorção percutânea efetiva.

• A absorção é aumentada usando veículos que se espalhem facilmente sobre

a superfície da pele.

• Os veículos que aumentam a hidratação da pele geralmente favorecem a

absorção percutânea.

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• Os veículos oleosos e os curativos oclusivos agem como barreiras à umidade

levando ao aumento da hidratação cutânea.

• Quanto maior o período e a intensidade da fricção, maior a absorção.

• A absorção percutânea é maior quando o medicamento é aplicado na pele

que possui uma camada córnea fina.

• Várias aplicações diárias podem aumentar a biodisponibilidade e a absorção

do fármaco.

3.3 Promotores de Absorção

A propriedade de barreira da pele é atribuída à camada córnea que é formada

por corneócitos, cuja bicamada lipídica aumenta a resistência ao transporte de íons

(KOST; LEVY; LANGER, 1989; MORIMOTO et al., 1994; SHOKRI et al., 2001). O

estrato córneo é uma barreira resistente à penetração e tem uma grande

variabilidade biológica na sua permeabilidade e a maioria dos fármacos penetra na

pele humana com pouca intensidade (SHOKRI et al., 2001; BARRY, 2005;

HENRIQUES; SIMÕES-PIRES; APEL, 2007). Assim, o fluxo através da pele

depende da natureza química da substância. Fármacos lipofílicos são absorvidos em

toda área lipídica do estrato córneo, com coeficientes de permeação variáveis,

enquanto que a absorção de fármacos hidrofílicos se dá quase que exclusivamente

por poros de passagem sendo que o coeficiente de permeação é quase constante

(MORIMOTO et al., 1994). Devido à dificuldade na penetração de fármacos pela

pele, agentes químicos e físicos vêm sendo pesquisados para que as barreiras da

pele sejam diminuídas e, assim, se acentue a penetração cutânea. Estes agentes

químicos e físicos agem como promotores de absorção (KOST; LEVY; LANGER,

1989; MOSER et al., 2001).

Os promotores de absorção podem interagir suficientemente com o fármaco e

o estrato córneo para aumentar a taxa de penetração de um fármaco através da

pele. Alguns destes agentes têm efeito direto na permeabilidade da pele, sendo que

outros promovem a absorção percutânea do fármaco através de alteração da

atividade termodinâmica e conseqüente aumento da concentração do gradiente

através da pele (ALLEN Jr., 2002).

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Os promotores químicos de absorção são substâncias não-tóxicas que

diminuem temporariamente a impermeabilidade do estrato córneo, podem promover

a penetração de fármacos para efeitos locais ou sistêmicos. Estas substâncias

podem ser chamadas também de catalizadores, aceleradores ou adjuvantes. São

incluídos nos veículos como os demais adjuvantes (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992;

YAMANE et al., 1995).

Segundo Santos e Bahia (1995) e Barry (2005), os principais atributos que os

promotores de absorção devem ter para uma penetração ideal são:

• Ser farmacologicamente inertes.

• Não ser tóxico, irritante ou alergênico.

• Ter ação imediata, efeito adequado e previsível.

• Após a remoção do material, a pele deve recuperar imediata e totalmente

sua capacidade normal de barreira.

• Não deve causar perda de fluídos corporais, eletrólitos ou outros materiais

endógenos.

• Deve ser compatível com todos os fármacos e adjuvante.

• Ser um bom solvente para os fármacos.

• Ser cosmeticamente aceitável, ter uma boa espalhabilidade e sensação

sobre a pele.

• Ser usado em todas as variedades de preparações tópicas.

• Se possível, ser inodoro, insípido, incolor e barato.

Nenhum material isoladamente possui todas estas características, mas há

muitas substâncias que possuem várias destas propriedades. O mais seguro e

efetivo promotor de absorção é a água. A maioria das substâncias penetra melhor

pelo estrato córneo hidratado que seco (BARRY, 2005).

Há vários métodos físicos como iontoforese, sonoforese, eletroporação,

eletroosmose ou iontohidrocinese que são usados para melhorar a absorção dos

fármacos na pele, principalmente para substâncias de elevada massa molecular,

como peptídeos, aminoácidos, insulina, etc. Estes métodos agem alterando

momentaneamente a permeabilidade da pele, pela passagem de uma corrente

elétrica ou pela alteração da estrutura lipídica extracelular, formando verdadeiros

poros para a passagem do fármaco (LUCINDA; EVANGELISTA, 1999; KALIA et al.,

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2004; KAKUBARI et al., 2006). Várias pesquisas têm sido desenvolvidas usando

ultra-som, agente físico, como promotor de penetração cutânea de fármacos. Em um

dos estudos, o efeito do ultra-som foi analisado através de permeação cutânea da

cafeína in vitro com células de difusão vertical utilizando pele de suínos machos

Landrace x Large White com 50 dias e os resultados obtidos demonstraram

acentuada permeação da cafeína quando associada ao ultra-som (CAMPOS, 2004).

Métodos químicos envolvem a incorporação específica de agentes químicos

em formulações tópicas. O aumento da penetração facilita a absorção do promotor

através da pele temporariamente (GRAFOURIAN et al., 2004; KAKUBARI et al.,

2006). Muitas vezes é difícil determinar se os materiais usados para aumentar a

absorção influenciam diretamente o estrato córneo ou aumentam a liberação do

fármaco na pele. Os mecanismos propostos para a ação dos intensificadores da

absorção percutânea são: redução da resistência do estrato córneo, devido à

alteração de suas propriedades físico-químicas; alteração da hidratação do estrato

córneo; alteração da estrutura lipídica e lipoprotéica dos canais intercelulares, pela

desnaturação ou ação dos solventes, e mecanismos de transporte dos fármacos

ionizáveis (ALLEN Jr.; POPOVICH; ANSEL, 2007).

Estudos estão sendo realizados para encontrar promotores de absorção

seguros que promovam a absorção de fármacos de diversas classes como

antiinflamatórios não-esteróides, corticosteróides, anestésicos locais, hormônios,

vasodilatadores, antimicrobianos e antivirais (HENRIQUES; SIMÕES-PIRES; APEL,

2007). Algumas das importantes substâncias que aumentam a penetração são: a

água, os terpenos, terpenóides, pirrolidonas, ácidos e ésteres oleosos, sulfóxidos,

álcoois e glicerídeos, ácidos oleosos poliinsaturados, misturas incluindo fosfolipídios,

complexos com ciclodextrina, derivados de aminoácidos, a inibição da síntese de

lipídeos, ésteres e amidas do ácido clofíbrico, acetato de n-dodecila, m-dimetilamino

e enzimas (GRAFOURIAN et al., 2004; KAKUBARI et al., 2006).

Os terpenos estão entre os grupos químicos mais estudados, demonstrando

menor irritação à pele e baixa toxicidade sistêmica. Podem ser associados com

propilenoglicol, aumentando significativamente a permeação transdérmica de

fármacos hidro e lipofílicos como a cafeína e hidrocortisona, respectivamente. Com

relação à estrutura química dos terpenos, percebe-se que os que contêm grupos

hidroxila ou cetona interagem fortemente com a estrutura lipídica do extrato córneo,

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aumentando assim a difusão através da membrana (HENRIQUES; SIMÕES-PIRES;

APEL, 2007).

Um outro atributo dado aos promotores de absorção é a sua capacidade de

diminuir as propriedades de barreira do estrato córneo modificando sua estrutura

natural. Diversos solventes orgânicos como benzeno, álcool e éter têm se mostrado

como promotores de absorção de substâncias hidrossolúveis e lipossolúveis

removendo os lipídeos do estrato córneo (SARIGÜLLÜ et al., 2006). A acetona e o

álcool mostram ser os solventes menos efetivos, mas a sua mistura com éter ou

clorofórmio mostra-se mais eficaz. Alguns lipídeos são extraídos em 30 segundos

pela acetona (triglicerídeos, ceras, hidrocarbonetos), enquanto outros são só

retirados após contato por mais de 20 minutos (ácidos graxos, fosfatidilcolina,

colesterol e ceramidas) (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992; SARIGÜLLÜ et al., 2006).

A importância de usar solventes como etanol, propilenoglicol, ou N-metil-2-

pirrolidona na permeação de fármacos pela pele não é somente pela sua

solubilidade, mas também por reduzir a estrutura de barreira da pele. Pré-

tratamentos com solventes confirmam que a ação direta do solvente no estrato

córneo intensifica a fluidificação de lipídeos através deste e reduz a resistência à

permeação de fármacos. Muitos destes solventes podem causar irritação na pele,

mas o miristato de isopropila tem se mostrado como um componente relativamente

seguro. O aumento da permeação na pele por fármacos lipofílicos como a

indometacina e cetoprofeno tem sido observado na presença de D-limoneno. O

diclofenaco sódico tem a permeação aumentada pelo L-mentol e DL-menteno

(KAKUBARI et al., 2006).

3.3.1 Sulfóxidos

O dimetilsulfóxido (DMSO) é um clássico promotor de absorção (ALLEN Jr.,

2002). O mecanismo de ação do DMSO é caracterizado pela polaridade e poder

dissolvente que altera a permeabilidade da membrana celular. Através de análise

espectral, foi verificado que misturando DMSO com ácido oléico e linoléico ocorre

mudança na configuração isomérica, convertendo os derivados cis em trans,

modificando a geometria molecular do conteúdo lipófilo da membrana celular. O

aumento da permeabilidade produzido pelo DMSO nas concentrações de (2-20%) é

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reversível e desaparece ao fim de três horas, indicando que a desorganização da

integridade estrutural da pele não é definitiva (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992).

Muitas teorias diferentes a respeito do mecanismo de ação dos promotores

apareceram na literatura. Uma delas atribui os efeitos penetrantes de DMSO, de

dimetilformamida, e de dimetilacetamida à suas propriedades higroscópicas, que

aumentam o índice de água do estrato córneo, aumentando desse modo

extremamente sua permeabilidade (SARIGÜLLÜ et al., 2006).

A atividade do DMSO depende de sua concentração, uma resposta positiva

requer concentrações superiores a 60%. Em concentrações altas ocorrem

manifestações de toxicidade, como formação de eritemas, pápulas, lesões

irreversíveis na pele, alterações no estrato córneo e desnaturação das proteínas.

Devido aos efeitos tóxicos do DMSO, ele não é muito utilizado. As séries homólogas

de alquil-metilsulfóxidos são apontadas como potenciais promotores de absorção.

Ao que parece, o mais potente deles é o decil-metil-sulfóxido (DCMS), que promove

com êxito a penetração de substâncias e possui ação reversível. Possui bom efeito

de penetração para moléculas hidrofílicas e ionizadas, mas não ocorre o mesmo

efeito para moléculas lipofílicas (SANTOS; BAHIA, 1995).

Sarıgüllü et al. (2006), avaliaram e compararam a permeação transdérmica do

diclofenaco de sódio in vitro e in vivo. Foram preparadas microemulsões (O/A) e géis

de Carbopol 940 contendo diclofenaco sódico. Para estudar a permeação destas

formulações in vitro, foram usadas células de difusão tipo Franz usando a pele

dorsal de rato. Para investigar o desempenho in vivo foi usado como modelo, edema

de pata induzido por carragenina. Uma formulação comercial de diclofenaco de

sódio foi usada como referência. Estudos in vitro mostraram que a permeação da

microemulsão foi superior ao gel e a formulação de referência. Ao adicionar

dimetilsulfóxido (DMSO) 10% (p/p) na microemulsão a taxa de permeação

aumentou. Os coeficientes de permeabilidade do diclofenaco sódico em

microemulsão e do diclofenaco sódico + DMSO foram mais elevados (4,9 × 10−3 ±

3,6 × 10−4 cm/h e 5,3 × 10−3 ± 1,2 × 10−3 cm/h, respectivamente) do que o coeficiente

de permeação do diclofenaco sódico na formulação de referência (2,7 × 10−3 ± 7,3 ×

10−4 cm/h) e em gel de carbopol (4,5 × 10−3 ± 4,5 × 10−5 cm/h).

Nos testes in vivo, usando o modelo de edema de pata, a microemulsão que

apresentou melhor permeação demonstrou maior eficácia e a microemulsão +

DMSO mostrou quase a mesma eficácia da microemulsão. A taxa de permeação

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mais elevada do diclofenaco sódico em microemulsões é provavelmente devido aos

tensoativos e a fase oleosa, que agem como promotores de absorção facilitando a

permeação do fármaco. Os estudos in vitro e in vivo mostraram que a microemulsão

pode ser uma alternativa eficaz de veículo (SARIGÜLLÜ et al., 2006).

3.3.2 Pirrolidonas

As pirrolidonas além de promover a penetração cutânea, auxiliam a

constituição de reservas de substâncias retidas na camada córnea e nas unhas.

Podem facilitar a penetração de componentes do veículo na pele para promover o

particionamento do fármaco no tecido de forma a criar o “efeito reservatório”.

Promovem a hidratação do estrato córneo, formando canais polares que facilitam a

difusão dos fármacos. Apesar destes solventes possuírem grande atividade

aceleradora da penetração, eles não são muito usados devido as suas capacidades

irritantes, tóxicas e ao odor (SANTOS; BAHIA, 1995).

3.3.3 Ácidos e álcoois graxos

Os ácidos graxos e seus ésteres são bons promotores de absorção, atuando

em dois níveis, provocando dano às membranas e aumentando a solubilidade das

substâncias no veículo. Os ácidos e álcoois graxos de cadeia longa promovem a

absorção de compostos lipofílicos. A utilização de misturas binárias de ácidos ou

álcoois graxos com propilenoglicol apresenta um efeito sinérgico acentuado. Através

de técnicas colorimétricas, foi demonstrado que sistemas binários fluidificam os

lipídeos do estrato córneo, permitindo a difusão mais rápida das substâncias.

Considerando o comprimento, ramificação, grau de saturação das cadeias, foi

verificado que o ácido láurico (C12) possui maior efeito promotor do que os demais

ácidos graxos, concluindo-se que a presença de ligações duplas em cis nas cadeias

alquílicas potencializa a atividade aceleradora do ácido graxo (SANTOS; BAHIA,

1995).

3.3.3.1 ÁCIDO OLÉICO E MIRISTATO DE ISOPROPILA

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Chorilli et al. (2004) desenvolveram uma emulsão com diferentes

concentrações de extrato seco de guaraná, rico em cafeína, a qual é utilizada em

formulações tópicas para prevenção e tratamento da lipodistrofia ginóide, usando

como promotores químicos de permeação cutânea o ácido oléico (1%), que fluidifica

os lipídeos do estrato córneo, permitindo a difusão mais rápida das substâncias e o

miristato de isopropila (5%), éster de ácido graxo, que pode aumentar a solubilidade

das substâncias no veículo. Foram utilizados dois grupos experimentais com cinco

ratos machos wistar nos quais foram delimitados quatro áreas de tratamento de 1

cm² no dorso, os promotores foram usados separadamente sobre os vasos

sanguíneos da derme papilar dos ratos. O extrato seco de guaraná foi incorporado

nas formulações de tal forma que contivesse 2% e 5% de cafeína, sendo adicionado,

respectivamente, 20 e 50% de extrato seco de guaraná. Os resultados obtidos

mostraram que usando extrato seco de guaraná a 20% (cafeína a 2%), com ou sem

promotores, não mostrou diferenças estatísticas em relação ao grupo controle (área

da derme que não recebeu formulação). Entretanto quando foi usado extrato seco

de guaraná a 50% (5% de cafeína) foi obtido um aumento de 439,22% na

vascularização da derme papilar. Todavia a presença de promotores de absorção

não alterou estatisticamente o efeito do extrato seco de guaraná nos vasos

sanguíneos da derme (aumento do número de vasos sanguíneos de 500% com

ácido oléico e 460% com o miristato de isopropila) mostrando deste modo que os

promotores de absorção usados não potencializaram o efeito do extrato seco de

guaraná.

Para verificar a permeação do fumarato de formoterol in vitro, Kakubari et al.

(2006), usaram pele de rato wistar, montadas em células de Franz modificada. Como

promotores de absorção foram empregados vários compostos químicos, como

cineol, acetato linoléico, mentona, linolato de etila, dietil sebacate, miristato de

isopropila entre outros. A melhor permeação foi observada com cineol, mentona,

acetato linoléico, obtendo-se após oito horas 34,5, 28,6 e 23,5 µg/cm²

respectivamente; os valores encontrados foram cem vezes maiores do que com a

salina. Com relação ao linolato de etila, dietilsebacato, miristato de isopropila a

concentração observada após oito horas foi de 8,8, 8,1, 7,8 µg/cm²,

respectivamente. Usando uma mistura de solventes como cineol/N-metil-2-

pirrolidona, l-mentol/N-metil-2-pirrolidona, miristato de isopropila/N-metil-2-

pirrolidona, contendo 400 µg/mL do fármaco, foi observado um grande aumento da

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permeação de fumarato de formoterol comparado a permeação isolada de cada

promotor.

Para o desenvolvimento de um sistema transdérmico onde foram avaliadas a

permeabilidade intrínseca do flurbiprofeno e a influência de promotores de absorção

na penetração cutânea, Cornélio (2003) utilizou as células de difusão do tipo Franz,

usando a pele de orelha de porco como modelo de pele. Para aumentar o fluxo do

flurbiprofeno através da pele foram utilizados como veículos, éster decílico de ácido

oléico (Cetiol V®), 2-octildodecanol (Eutanol G®), Mygliol, miristato de isopropila,

palmitato de isopropila, álcool oleílico, propilenoglicol e poligol. Os resultados obtidos

demonstraram que o miristato de isopropila, por ser uma substância lipofílica,

aumentou o fluxo e as substâncias mais hidrofílicas reduziram o fluxo de penetração

do fármaco.

3.3.4 Azone ®

O Azone® ou laurocapramo (1-dodecil-aza-ciclo-heptano-2-ona) foi a

primeira molécula classificada como promotora de penetração na pele. Tem sido

usado como promotor tanto para fármacos hidro quanto lipofílicos, como esteróides,

antimicrobianos e antivirais. Embora esta substância esteja sendo estudada por mais

de 25 anos, seu mecanismo ainda é desconhecido. Provavelmente seu efeito

promotor seja resultante de sua interação com lipídios do extrato córneo. As

moléculas podem estar dispersas na barreira lipídica ou como reservatório na

bicamada lipídica. Estudos usando lipídios isolados do extrato córneo humano

trazem evidência que o Azone encontra-se total ou parcialmente como uma fase

distinta no extrato córneo (LUCINDA; EVANGELISTA, 1999, ALLEN Jr., 2002;

WILLIAMS; BARRY, 2004).

O Azone® é levemente irritante, mas ativo em pequenas concentrações

(0,1-5%). Solventes polares, como o propilenoglicol, apresentam sinergismo de ação

com o Azone®. A sua capacidade promotora depende da concentração.

Concentrações de Azone® superiores a 10% diminuem acentuadamente a absorção.

Compostos derivados do Azone® com cadeia terpênica de 10 carbonos e grupo

carbonila no anel azaciclo apresentam efeito mais pronunciado na absorção. Os

derivados com 20 carbonos na cadeia lateral terpênica diminuem a atividade

aceleradora. As cadeias alquílicas induzem mais irritação primária do que as

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alquilênicas. Analisando a ação promotora e o poder irritante deve-se preferir os

derivados com 2, 3 e 10 carbonos. O Azone® já foi usado como promotor em

formulações contendo antifúngicos, antivirais, antibacterianos, esteróides e pró-

fármacos (SANTOS; BAHIA, 1995).

Em estudos realizados para melhorar a permeação cutânea da furosemida in

vitro, observou-se que usando o Azone® entre 5 e 6,5% (v/v) e álcool oléico 7,5 a 9%

(v/v) em gel, ocorreu um aumento da permeação cutânea. Estas formulações

mostraram-se adequadas para possíveis sistemas transdérmicos de furosemida para

uso pediátrico com a liberação de 1 mg/kg, para o tratamento de doenças cardíacas

e pulmonares em bebês prematuros e neonatos (AGYRALIDES; DALLAS; REKKAS,

2004).

Duncan et al. (1990) demonstraram que a utilização do Azone® em

associação com o propilenoglicol em uma preparação tópica de ciclosporina

promoveu aumento significativo da penetração do mesmo na pele. Testes em

camundongos demonstraram a eficácia da preparação em atenuar a infiltração de

linfócitos.

O efeito de ionização do transporte transdérmico do 5-fluoracil através da pele

humana foi estudada em 3 diferentes valores de pH, 5,0, 7,4 e 8,0, a 37 ± 0,5 °C, em

meio aquoso. Para melhorar a penetração do 5-fluoracil na pele foi estudado alguns

promotores de absorção, como o Azone, álcool laurílico e miristato de isopropila.

As concentrações desses promotores na solução doadora foram 3% (p/v), 5% (p/v),

e 5% (p/p), respectivamente. No estudo com Azone, a solução foi emulsionada com

0,11% (p/v) de polissorbato 20. A permeação in vitro do 5-fluoracil na ausência de

promotores foi muito pequena (0,82 ± 0,06 x 104 cm/h) e na presença dos

promotores foi aproximadamente de 3, 4 e 24 vezes mais para miristato de

isopropila, álcool laurílico e Azone, respectivamente, quando estes foram

incorporados na solução doadora com pH 7,4 (SINGH; SINGH; SINGH, 2005).

Em estudos anteriores foi analisado o efeito dos promotores de absorção na

penetração da pele de fármacos com diferentes lipofilia. Um dos derivados

azacicloalcano, o 1-geranilazacicloheptano-2-ona (GACH), possui estrutura química

similar ao Azone, mas um aumento na permeação cutânea e menor toxicidade em

relação ao Azone. O aumento do efeito do GACH varia de acordo com o fármaco.

O maior efeito foi observado com fármacos de média lipofilia. Com fármacos

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altamente hidrofílicos ele demonstra ser ineficaz desde que eles penetrem

principalmente através de canais polares, também são ineficazes para fármacos

lipofílicos, desde que eles penetrem principalmente através de canais apolares

(YAMASHITA; HASHIDA, 2003).

3.3.5 Uréia

A uréia tem sido utilizada como agente hidratante no tratamento da ictiose,

psoríase e outros estados de hiperqueratose. É usado também como queratolítico,

especialmente após contato prolongado e em concentração superior a 7%. Alguns

fármacos, como a hidrocortisona e a indometacina, em presença da uréia têm sua

atividade aumentada, mas sobre outros fármacos como a naloxona e nicotinato de

benzila não promove aumento da permeação. Análogos da uréia, cíclicos e não

saturados, com radicais arila ou radicais alquila substituídos em C12 têm sido

sintetizados para serem utilizados como promotores de absorção. Estes compostos

em associação com o propilenoglicol, ao contrário da uréia, mostraram efetivo poder

acelerador da permeação in vitro através da pele humana para fármacos hidrofílicos

(SANTOS; BAHIA, 1995).

3.3.6 Tensoativos

O tratamento da epiderme com tensoativos aumenta a penetração de

moléculas polares as quais necessitam de um sistema anfótero de solvente polar e

lipídico para promover a mesma penetração de moléculas apolares (LUCINDA;

EVANGELISTA, 1999).

Os tensoativos podem promover a absorção cutânea por baixarem a tensão

interfacial. Os tensoativos aniônicos reduzem particularmente a resistência da

camada córnea por alteração das hélices da queratina e reagem com os locais de

ligação. O aumento de permeabilidade do laurilsulfato de sódio e do laurato de sódio

foi comparado a partir de soluções com pH e força iônica conhecidas. O aníon

laurato foi encontrado na epiderme e na derme e o laurilsulfato de sódio não foi

encontrado no tecido dérmico. Conclui-se que o laurato de sódio se converte em

ácido láurico, solúvel nos lipídeos cutâneos e o laurilsulfato de sódio encontra-se

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muito dissociado e que só a parte não-ionizada (ácido láurico) possa atravessar a

pele (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992).

A atividade catalizadora dos tensoativos iônicos depende fundamentalmente

da destruição das membranas a que dão origem, pois tendo afinidade com as α-

proteínas, como a queratina, ao se complexarem com elas provocam a

desnaturação reversível e a distensão dos filamentos. A expansão da membrana

causa a formação de cavidades e a perda da capacidade de ligação à água, que

resulta da conversão da α em β-queratina (SANTOS; BAHIA, 1995).

A configuração da molécula do tensoativo contribui para a sua ação como

promotor de absorção. A atividade aceleradora de penetração é maior se a cadeia

hidrófila for composta por mais de cinco unidades de óxido de etileno. Os

tensoativos aumentam principalmente o transporte de moléculas polares ou formas

ionizadas e secundariamente influem na absorção de moléculas lipófilas ou formas

não dissociadas. Um método com resultados bastante positivos consiste na adição

de pequenas quantidades de lipídeos (ácidos ou álcoois graxos) a uma base

contendo propilenoglicol (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992).

Tensoativos catiônicos e aniônicos, como o laurilsulfato de sódio,

proporcionam aumento da penetração, mas são altamente irritantes para a pele

(SANTOS; BAHIA, 1995, ALLEN Jr., 2002), causando edemas e alterações na

queratina. O dano provocado por dois agentes iônicos bivalentes pode ser reduzido

se for associado em concentrações equimolares com um agente não-iônico. Os

tensoativos não-iônicos aparentemente não apresentam efeitos lesivos à pele

(SANTOS; BAHIA, 1995).

Em estudos desenvolvidos com lapachol (substância com atividade

antiinflamatória) em formulações semi-sólidas, usou-se o Carbopol® (934 P, 940 e

941) como substâncias geleificantes e como promotor de absorção o polissorbato

80. A permeação cutânea foi verificada in vitro através de células de difusão tipo

Franz, usando membrana sintética Durapore® e pele de rato albino tipo Wistar. Os

resultados demonstraram que a presença do polissorbato 80 na formulação

promoveu um aumento da absorção do princípio ativo. Os melhores valores de

absorção foram observado em formulações com pH 8,0, na concentração de 0,5%,

não havendo variações significativas em relação aos diferentes tipos de Carbopol®

(LIRA et al., 2004).

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3.3.7 Óleos essenciais

Os óleos essenciais são alternativas promissoras, para potencializar e

veicular fármaco através da pele. Os óleos essenciais alteram a estrutura do estrato

córneo, tornando-o mais permeável. Estes compostos atuam, reduzindo a barreira

do estrato córneo transitoriamente e de modo reversível sem danificar a pele (REIS;

CAVALCANTI, 2005).

3.3.7.1 D-LIMONENO

Escribano et al. (2003) verificaram a permeação in vitro de formulações

contendo diclofenaco sódico 1 % (p/p), usando pele humana, obtida de cirurgia

plástica, como membrana (0,4 mm de espessura). Nestas preparações foram

avaliados parâmetros de permeação como: coeficiente de permeabilidade, fluxo,

permeação e retenção do fármaco na pele em 24 horas. A formulação contendo

Transcutol 59,2%, ácido oléico 14,9% e d-limoneno 5% (p/p) apresentou melhor

poder de absorção. A atividade antiinflamatória desta fórmula foi comparada com

uma preparação comercial semi-sólida de diclofenaco sódico através do método do

edema de pata em ratos induzido pela carragenina. Os resultados demonstraram

que a formulação apresentou maior atividade do que a preparação semi-sólida

comercial e, nenhum dos dois tratamentos irritou a pele quando testados em coelhos

durante 72 horas de tratamento.

O efeito de promoção da absorção transdérmica do succinato de sumatriptano

foram investigados em estudos de permeação in vitro usando células de Franz

horizontal. A pele de porco foi pré-tratada com etanol (veículo), sem e com

promotores (Span 20, R (+) limoneno (-), α bisabolol, 1,8 cineol, polietilenoglicol

600 e ácido oléico) na proporção de 5% em etanol p/p. Em todos os casos houve um

aumento do fluxo do succinato de sumatriptano. Foi observado um aumento da

permeação do fármaco através da pele pré-tratada com etanol em relação a

permeação na pele pré-tratada com tampão fosfato, porém este aumento foi

consideravelmente menor do que o apresentado pela pele pré-tratada com etanol

contendo os promotores, exceto o alfa bisabolol que apresentou um menor efeito

como promotor para o fármaco. A formulação com R (+) limoneno apresentou um

fluxo 22 vezes mais alto do que o controle (tampão pH 7,4), indicando que este

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componente pode ser um ótimo candidato para ser usado para melhorar a

permeação cutânea (FONT et al., 2005).

Os resultados obtidos por Font e colab. (2005), confirmaram a capacidade do

etanol em permear através do estrato córneo e alterar a organização dos lipídeos

intercelulares, por isso, intensifica a permeabilidade da pele. No entanto têm sido

descritos que concentrações altas de etanol podem reduzir o fluxo transdérmico de

algumas substâncias, devido à capacidade de desidratar a pele.

A permeação transdérmica do metotrexato através da pele de ratos usando

sistemas adesivos de policrilamida e base de hidrogel foi estudada in vitro usando

células de Franz modificada após pré-tratamento com terpenos (limoneno, cineol e

mentol) e etanol, sozinho ou em combinação com iontoforese. Dos terpenos usados

o mentol puro mostrou maior permeação (38%) e limoneno puro apresentou 9,9%. O

limoneno mostrou menor permeação provavelmente por ter ligações duplas em sua

cadeia possuindo melhor afinidade com substâncias hidrofóbicas. O grupo hidroxila

do mentol aceita e doa ligações de hidrogênio e o cineol apenas aceita ligações de

hidrogênio, conseqüentemente a permeação é menor do que com mentol. A

combinação entre o mentol e o etanol aumentou a permeação para 54,9% e quando

usados com iontoforese aumentou para 117% com um fluxo de 32,1 ± 1,45

µg/(cm2h). Foi usado etanol nas concentrações de 50 a 100%, sendo que o etanol a

75% demonstrou a melhor permeação (PRASAD et al., 2006). O cineol e

propilenoglicol foram empregados como promotores químicos para melhorar a

penetração transdérmica do cloridrato de propranolol e promoveram uma alta

permeação com um fluxo de 54,51 ± 0,52 µg/(cm2 h) e 93,81 ± 11,56 µg/(cm2 h),

respectivamente (AMNUAIKIT et al., 2004).

Em outro estudo, foram escolhidos quatro tipos de fármacos baseadas em

suas propriedades lipofílicas (cloridrato de nicardipina, hidrocortisona,

carbamazepina e tamoxifeno) e quatro terpenos foram usados como promotores de

absorção (fenchona, timol, d-limoneno e nerolidol). Os testes foram realizados in

vitro usando células de difusão tipo Franz. As formulações foram preparadas em

géis de hidroxipropilcelulose, um polímero hidrofóbico não iônico. Os promotores

apresentaram maior atividade para as substâncias hidrofílicas (cloridrato de

nicardipina seguido de hidrocortisona e carbamazepina) a menor atividade dos

promotores foi registrada com o componente mais lipofílico, o tamoxifeno. Entre os

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promotores, o maior fluxo de permeação foi encontrado respectivamente com

nerolidol, limoneno, timol e fenchona (EL-KATTAN, et al., 2001).

3.4 Métodos de permeação cutânea in vitro

As técnicas de permeação in vitro utilizam células de difusão, as quais

consistem de um líquido receptor e uma fase doadora separadas por membrana

sintética ou pele (figura 2). Quando solutos lipofílicos são investigados,

modificadores de solubilidade são utilizados com o fluido receptor para promover

uma adequada solubilidade e garantir as condições de penetração (SARVEIJA;

RISK; BENSON, 2004).

Há vários tipos de células de difusão, como células de Franz, bloco de duas

células perfurado em perspex, célula de vidro de difusão simples adequada para

pele humana, célula de vidro com circulação contínua das soluções doadora e

receptora, célula de vidro usada para determinação do vapor de difusão pela pele.

Em células de difusão projetadas para examinar o fluxo no estado estacionário e

deduzir parâmetros fundamentais, uma solução doadora mantém a concentração e

agitação constante, libera o penetrante pela membrana dentro de um líquido

receptor em condições sink, que simula o suprimento sanguíneo (BARRY, 2005).

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Figura 2 - Esquema da célula de Franz (adaptado de Youngin, 2006).

Como a pele humana é variável e de difícil obtenção, podem ser usadas

membranas artificiais como a de acetato de celulose, borracha de silicone ou

miristato de isopropila ou sistemas lamelares projetados para mimetizar os lipídeos

intercelulares do estrato córneo (LIRA, et al., 2004; BARRY, 2005; LONGO, 2006).

A pele humana é usualmente a membrana preferida para usar no estudo de

absorção in vitro. Nenhum modelo animal apresenta valor de absorção idêntico

aquele obtido com a pele humana. A pele de animal é geralmente mais permeável

que a pele humana, mas é usada para estudos preliminares (BRONAUGH;

YOURICK, 2000).

Os estudos de permeação cutânea in vitro podem ser realizados com peles

dissecadas de ratos, camundongos, e cobaias (normais e sem pêlos), coelhos,

hamsters, porcos, cães sem pêlos, cobras, macacos, etc. montadas em células de

difusão (BARRY, 2005).

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A pele de mamíferos varia consideravelmente em relação às propriedades do

estrato córneo e o número e densidade de apêndices (BARRY, 2005). A pele de rato

e camundongo difere da pele humana em numerosos pontos, sendo pouco favorável

para a objetivação das propriedades cosméticas. A pele de rato é recoberta por uma

pelagem espessa, uma epiderme fina, uma camada de Malpighi limitada a uma ou

duas fileiras celulares e uma camada córnea muito fina. Estas espécies animais

possuem um sebo muito diferente da emulsão epicutânea. Estas diferenças podem

ser exploradas para o estudo de propriedades específicas ou em controle

toxicológico. A pequena espessura da camada córnea associada ao grande número

de oríficios foliculares ocasiona cinética e taxas de absorção cutânea dos produtos

aplicados muito mais elevados do que no homem, podendo causar eventuais efeitos

tóxicos em nível sistêmico e cutâneo (PRUNIÉRAS, 1994).

A pele de porco não é igual à pele humana, mas as duas espécies possuem

particularidades estruturais e metabólicas muito próximas, tem uma pelagem

relativamente esparsa. Como a pele humana, a do porco apresenta dermatóglifos, a

derme é um pouco diferente, o tecido conjuntivo é mais rico em fibras elásticas, mas

a epiderme viva e a camada córnea apresentam numerosas “similitudes”

(PRUNIÉRAS, 1994). Devido à semelhança com a pele humana em termos de

densidade de folículos pilosos, a pele de orelha de porco, principalmente quando

jovem, tem sido usada como modelo de membrana para estudos de permeação

cutânea in vitro e in vivo (LOPES; KANEKO, 2000).

Os modelos animais permitem o estudo da inocuidade e do efeito dos

produtos cosméticos na pele, com mais facilidade do que no homem. Pode-se

controlar a penetração cutânea de substâncias no organismo, efetuarem diferentes

experiências de farmacocinética e acompanhar a influência dos produtos sobre a

bioquímica da pele (PRUNIÉRAS, 1994).

Quando possível o melhor é obter pele humana a partir de autópsias,

amputações e cirurgia estética. Utiliza-se estrato córneo, epiderme, pele sem a

derme ou a pele íntegra fixada em uma célula de difusão, e mede-se a passagem da

substância de um lado do estrato córneo por um banho de fluído (BARRY, 2005).

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3.5 Ácido Caurenóico

O AC (figura 3) é um caureno (ácido ent-caur-16-en-19-oico) e é considerado

um intermediário na biogênese da giberelinas, que são hormônios de crescimento e

defesa da planta. Este composto é um diterpeno que demonstra in vitro ter

atividades antiparasiticidas e antibacteriana, ação antiproliferativa em culturas de

células tumorais, efeito hemolítico em eritrócitos humanos e de camundongos e, em

esperma humano, reduz a motilidade, mas é um espermicida fraco. Está presente

em plantas como Sphagneticola trilobata, Copaifera langsdorffii, Annona glabra,

Mikania laevigata, Mikania glomerata e Xylopia frutescen (CAVALCANTI et al., 2006;

SILVA et al., 2002).

Análises farmacológicas revelaram que o AC possui efeito inibitório nas

contrações abdominais de rato induzidas por ácido acético (87% inibição) maior que

o efeito do ácido acetilsalicílico (83% inibição), dipirona (54% inibição), indometacina

(79% inibição), em relação ao acetominofeno (88% inibição) A DI50 obtida no estudo

foi de 43, 133, 125, 162, 76 (µmol/kg) para o AC, o AAS, acetominofen, dipirona,

indometacina, respectivamente (BLOCK et al., 1998).

O AC possui atividade antibacteriana para bactérias gram positivas. É

bactericida para Baccilus cereus. O AC foi isolado e purificado como o maior

componente de exsudatos das partes aéreas da planta Pseudognaphalium vira vira

(Asteraceae) (WILKENS et al., 2002).

O AC além de todas as propriedades descritas anteriormente é um potente

relaxante das contrações uterinas (PAGE; BALZA; NISHIDAT, 1992).

Tirapelli et al. (2002), demonstraram que o AC inibe contrações vasculares e

não-vasculares do músculo liso com diversos agonistas. O efeito inibitório do AC foi

totalmente suprimido após 90 minutos, indicando que o seu efeito é reversível.

Figura 3 - Estrutura química do AC (BLOCK et al., 1998; BRESCIANI et al., 2004).

COOH

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A Sphagneticola trilobata (L.) Pruski, 1986 (Wedelia Paludosa, Acmela

brasiliensis) (figura 4) é uma planta medicinal nativa a qual cresce em várias regiões

do Brasil, é conhecida popularmente por margaridão, pingo de ouro, pseudoarnica

ou vedélia. Todas as partes da planta são usadas na medicina popular para diversas

desordens, incluindo infecções do trato respiratório, inflamações e afecções em

geral. Possui também atividade antimicrobiana, antiparasiticida, inseticida, anti-HIV

(REZENDE et al., 2000), analgésica (BLOCK et al., 1998), suave efeito músculo-

relaxante (DE ALENCAR CUNHA et al., 2003) e hipoglicemiante oral (BRESCIANI,

2004). Considerando seus componentes químicos, foi demonstrada a presença de

vários constituintes como o AC, terpenos, lactonas eudesmanolide e flavonóides.

Extratos testados possuíram atividade contra leveduras de Candida albicans, C.

tropicalis, Cryptococcus neoformans e Saccharomyces cerevisiae ou contra fungos

filamentosos: A. fumigatus, A. flavus, A. niger ou Microsporum gypseum. As flores da

S. trilobata possuem atividade antifúngica contra dermatófitos, entretanto não exerce

atividade contra micoses sistêmicas. Das diferentes frações do extrato da planta

(hexano, diclorometano, acetato de etila e butanol), a concentração inibitória mínima

(CIM) foi maior que 1000 µg/mL. Os compostos isolados, o AC e luteolina,

apresentaram CIM maior que 250 µg/mL (SARTORI et al., 2003).

Figura 4 – Parte aéreas da planta S. trilobata (BRITTRICH; AMARAL, 2007)

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Bresciani et al. (2004) demonstraram a variação da concentração de AC nas

folhas, flores, caules e raízes da S. trilobata nas diferentes estações do ano, através

do método de cromatografia gasosa. Constataram que o outono é a estação que

apresenta maior quantidade de AC, e está presente em maior quantidade nas raízes

(0,66% de planta seca) e nos caules (0,5% de planta seca) e em menor quantidade

nas folhas (0,1% de planta seca) e nas flores (0,1% de planta seca). Nas demais

estações a concentração do AC é bastante reduzida.

Manczak e colab. (1996), mostraram em estudos preliminares que o extrato

hidroalcoólico de diferentes partes da S. trilobata exerce ação antinociceptiva em

diferentes modelos de dor em ratos.

Para isolar os componentes ativos presentes na S. trilobata, Cechinel Filho e

Yunes (1998) prepararam extrato hidroalcoólico com toda a planta e particionaram

sucessivamente com solventes de polaridade crescente, hexano, diclorometano,

acetato de etila e butanol (CECHINEL FILHO; YUNES, 1998). Foi investigado nestas

frações o efeito inibitório das contrações abdominais em rato induzidas com ácido

acético. As frações foram administradas intraperitonialmente (3 mg/kg), reduzindo

significativamente o número de contrações abdominais em ratos, induzido pelo ácido

acético em relação ao grupo controle. Os resultados indicaram que a atividade

antinociceptiva da planta é tanto para componentes apolares como polares, mas é

mais pronunciado nas frações n-hexano (55% inibição) e diclorometano (72%

inibição).

Dutra e colab. (2005), demonstraram que o extrato hidroalcoólico da S.

trilobata especialmente a fração hexânica, exibiu pronunciada propriedade

hipoglicemiante (redução de 26,47%) na dose de 50 mg/kg por via oral, indicando

que componentes apolares podem ter ação na glicemia. O composto majoritário

presente na fração hexânica que estaria exercendo efeito anti-hiperglicemiante seria

o AC. Dentre os animais que foram submetidos ao tratamento com as frações semi-

purificadas de S. trilobata, os grupos que receberam as frações hexano e

diclorometano (50 mg/kg, v.o.) apresentaram um aumento significativo da

colesterolemia quando comparados com o grupo controle (salina), indicando que,

embora a fração hexânica possa ter compostos que atuem reduzindo a

hiperglicemia, estes podem ao mesmo tempo estar, alterando o metabolismo de

lipídeos, principalmente aumentando a síntese de colesterol. Bresciani e colab.

(2004), induziram a diabete em ratos usando aloxano e demonstraram que o AC na

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concentração de 10 mg/kg por via oral apresenta considerável efeito

hipoglicemiante, sendo mais eficaz que o extrato hidroalcoólico e fração hexânica

estudados anteriormente por Dutra e colab. (2005).

O AC foi isolado da Copaifera langsdorffii (Leguminosae), sendo o diterpeno

encontrado em maior quantidade. A Copaifera langsdorffii é popularmente conhecida

como óleo de copaíba, considerado como um remédio natural para o tratamento de

dores de garganta, infecções urinárias, pulmonares e ulcerativas. Apesar do

potencial efeito terapêutico em estudos pré-clínicos, poucos estudos foram

realizados a respeito dos prováveis efeitos de genotoxicidade nesta substância

bioativa. Em estudos realizados in vitro, foi avaliado a genotoxicidade do AC em

células de pulmão de hamster chinês. Os resultados obtidos revelaram que o AC em

baixas concentrações (2,5-10 µg/mL), não apresenta potencial genotoxicidade, mas

em altas concentrações (30 e 60 µg/mL), manifesta significativa genotoxicidade

(CAVALCANTI et al., 2006).

As folhas de Annona glabra L., conhecida popularmente por araticum do

brejo, araticum cortiça, araticum da praia, araticum jangada, entre outros,

apresentam atividade anti-helmínticas e anti-reumáticas (CORRÊA, 1984).

Estudos fitoquímicos da Annona glabra determinaram a presença de diversos

alcalóides. Através do fracionamento do extrato etanólico das cascas das árvores,

isolou-se o AC em grandes concentrações. O AC encontra-se em maior quantidade

nas cascas e em pouca concentração nas folhas. A produção do AC varia totalmente

durante o ano, no outono há uma maior quantidade nas cascas (0,53% de peso

seco) e nas folhas (0,03% de peso seco), na primavera a concentração do AC

diminui nas cascas (0,4% de peso seco) e no inverno diminui nas folhas (0,01% de

peso seco). Popularmente a Annona glabra possui efeito antiinflamatório, entre

outros. Provavelmente este efeito antiinflamatório, seja devido à presença do AC em

sua composição (OLIVEIRA; SANT’ANA; BASTOS, 2002).

A planta do gênero Mikania (Asteracea), conhecida popularmente como

guaco, possui múltiplas propriedades farmacológicas, especialmente

antiinflamatórias, antialérgica, analgésica e atividades antimicrobianas. As espécies

mais estudadas são M. laevigata e M. glomerata, nas quais os maiores componentes

encontrados são cumarina, ácido cumárico, sesquiterpenos e diterpenos (como o

AC). Os componentes identificados nos extratos etanólicos da M. laevigata são

qualitativamente semelhantes aos da M. glomerata, entre os componentes mais

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encontrados está o AC com 17,64% e 17,94% na M. laevigata e M. glomerata

respectivamente (YATSUDA et al., 2005).

As sementes de Xylopia frutescens são usadas popularmente no Brasil como

agente antimicrobiano e antireumático. Estas espécies são conhecidas por conter

diversos diterpenos caurenos, entre eles o AC, presente abundantemente nas

sementes de Xylopia frutescens. O AC tem demonstrado atividade in vitro para o

protozoário Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de chagas, na dose de

0,68 mg/mL. Altas doses de AC promovem lise total das formas tripomastigotas do

Trypanosoma cruzi, mas também total lise dos eritrócitos. Por esta razão, o AC tem

sido submetido a diversas transformações, para obter novos componentes que não

apresentem este efeito indesejável (DE MELO et al., 2001).

Constituintes de própolis foram isolados a partir de uma amostra coletada de

abelhas nativas brasileiras, Melipona quadrifasciata anthidioides, sendo um desses

constituintes o AC. A própolis de abelhas nativas brasileiras mostrou moderada

atividade antimicrobiana com Staphylococcus aureus e Escherichia coli. O AC foi

ativo somente contra o S. aureus, sendo a mesma atividade encontrada no extrato

total (VELIKOVA et al., 2002).

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Materiais

4.1.1 Matérias primas e reagentes

- Acetato de etila (Biotec, lote 24275);

- Acetona (Vetec, lote 0504655);

- Acetonitrila grau HPLC (Tedia, lote 601154R);

- Acheflan® (lote L 0700467);

- Ácido caurenóico (substância referência isolada e caracterizada por pesquisadores

do NIQFAR);

- Agarose (Invitrogen, lote - 1106405);

- Água purificada por osmose reversa;

- Água ultrapura tipo I (obtida em ultrapurificador);

- Alfa-bisabolol (All Chemistry, lote All 18110);

- Butil-hidroxi-tolueno (BHT) (Pharmaspecial, lote – 75M2212K);

- Bicarbonato de sódio (Sigma, lote - 1368681);

- Células de fibroblasto L- 929 (Banco de células do Rio de Janeiro CR- 020)

- Cera aniônica (Cera Lanette® - All Chemistry, lote - All 09279);

- Cera não iônica (Cera Polawax® - All Chemistry, lote - All 18423);

- Clorofórmio (Lafan, lote 2494);

- Clorofórmio deuterado 99,8% (Cambridge isotrope laboratories - CIL, lote - 6C -

874);

- Dexametasona (Galena, lote DAC 041006);

- EDTA (Dinâmica, lote – 5796);

- Éter etílico (Isofar, lote 061216);

- Fetal Bovine serum (Soralid, lote - 903-7);

- Hexano grau PA (Quimex, lote 31271);

- Lecitina de soja (All Chemistry, lote 1-13301);

- Meio MEM (Gibico, lote 1336818);

- Metanol (Dinâmica, lote 19520);

- Metilparabeno (Nipagin® – All Chemistry, lote – 16217);

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- Miristato de isopropila (Vital, lote P2B060);

- Mistura de antibiótico e antifúngico (Gibco);

- Neutral red (Sigma, lote - 113k0792);

- Oleato de isodecila (All Chemistry, lote All 20733);

- Óleo de cróton (2,5%) (Fornecido pelo laboratório de Farmacologia/UNIVALI);

- Propilenoglicol (Isofar, lote – 051209);

- Propilparabeno (Nipazol® – Embrafarma, lote – DC 0111);

- TGM- Tioglicolato sódico USP (Difco , lote - 3114900);

- TSB- Triptone Soya Broth (Merck, lote - 3114900);

- Tripsina (Gibico, lote - 1368681);

- Uréia (Dinâmica, lote 21523).

4.1.2 Equipamentos - Agitador magnético (Marte®, mod. Mag-multi);

- Agitador mecânico (Fisatom®, mod. 752 A);

- Autoclave (Quimius®, mod. 190.22);

- Balança digital (Bioprecisa®, mod. FA 2104 N);

- Banho-maria com circulação de água (Marconi®, mod. MA-159);

- Célula de Franz adaptada;

- Centrífuga (Sanyo®, mod. Harrier 18/80);

- Chapa de aquecimento (Quimius®);

- Coluna (Phenomenex®, mod. 00F-4375-E0 Synergy 4 µm hydro-RP 80Ǻ, dimensão

150X4,6 mm);

- Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência (CLAE), Shimadzu®, equipado com

detector (Shimadzu®, mod. SPD-M10A), forno (Shimadzu®, mod. CTO 10), sistema

de bomba (Shimadzu®, mod. LC-10AD), software (Shimadzu® Class – VP, versão

6.14 SP2), sistema de injeção manual (looping de 20 µL);

- Espectroscópio de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), (Brucker®, mod. AC

300);

- Espectrofotômetro de infra-vermelho (IV) (Bomem Hartmann & Braun®, mod. MB-

series);

- Estufa (Fanem®, mod. 502C);

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- Estufa com 5% de CO2, 85% de umidade relativa e 37± 1°C (Ultrasafe ®, mod. HF

212UV);

- Estufa de cultura (Quimius®, mod. 316.22);

- Filtro (Milipore® de 0,45 µm com membrana PTFE modificada para filtração de

solventes orgânicos e aquosos);

- Fluxo laminar (Veco®, mod. VLFS-12 série 8195);

- Microcentrífuga (Fanem®, mod. 243);

- Micrômetro digital (Mitutoyo®, mod. APB-2D);

- Microscópio (Olympus®, mod. CKX41 c/ sistema digital de imagem Q colors 3 -

Olympus);

- Microseringa Hamilton® com capacidade de 50 µL;

- Moinho martelo (Cemar®, mod. F56H0996);

- Osmose reversa (Gehaka®, mod. osmose 10L TH farma);

- Ponto de Fusão (MQAPF®, mod. 302);

- Potenciômetro (Digimed®, mod. DM-20);

- Rotaevaporador (Quimis®, mod. 344B2);

- Sistema de filtração esterilizante (Millipore®);

- Ultrapurificador de água com membrana 0,2 µm de poro (Barnstead®, mod. – easy

pure LF);

- Ultrasom (Unique®, mod. USC 5000);

- Viscosímetro rotacional (HAAKE®, mod. VT 550 tipo cilindro-coaxial e cone placa);

4.2 Métodos

4.2.1 Isolamento do AC

O processo de isolamento do AC foi realizado pelas alunas de iniciação

científica do curso de Farmácia da UNIVALI vinculadas ao programa de bolsas PIPG

(Programa Integrado de Pós-graduação e Graduação) – ProPPEC/UNIVALI, Paula

Regina Alves de Siqueira e Marina Ledra Kaiser.

O AC foi isolado do caule e raiz da planta S. trilobata, a qual foi coletada no

horto medicinal da UNIVALI em Itajaí-SC, no mês de março de 2006, a planta foi

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lavada em água corrente, seca à temperatura ambiente e pulverizada em moinho

martelo (partículas < 10 mm).

O extrato obtido dos caules e raízes da S. trilobata foi preparado pelo método

de maceração durante sete dias em temperatura ambiente utilizando acetona como

líquido extrator na proporção de 6:1 (v/p). Após a maceração, o líquido extraído foi

filtrado, concentrado em rotaevaporador eliminando a acetona e particionado com

hexano para separação da água residual da planta.. O composto foi isolado usando

cromatografia líquida de sílica gel 60 (0,063-0,2 mm) e hexano:acetato de etila como

fase móvel em diferentes proporções com aumento da polaridade. As frações

coletadas foram monitoradas por cromatografia de camada delgada (CCD), usando

como fase móvel hexano:acetato de etila (95:5) e anisaldeído sulfúrico como

revelador. Como referência foi usada solução padrão de AC (100 µg/mL), disponível

no NIQFAR (Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas).

4.2.2 Caracterização e identificação do AC

A pureza do AC, previamente isolado e caracterizado, foi comprovada através

de CCD, espectroscopia no infra vermelho (IV), usando pastilha de KBr, perfil em

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), Espectroscopia de Ressonância

Magnética Nuclear de 1H e 13C, usando solução na concentração de 30 mg/mL em

clorofórmio deuterado, e foi determinado seu ponto de fusão, comparando-se com o

composto referência isolado anteriormente e com a literatura (BOECK et al., 2005).

4.2.2.1 SOLUBILIDADE E PKA DO AC

A solubilidade do AC em água, em meio aquoso com diferentes valores de pH

e em propilenoglicol foi verificada.

Para verificar a solubilidade em água foram testadas proporções AC:água 1:1

até 1:10.000. Para determinar a solubilidade em relação ao pH, em meio aquoso, foi

usada uma solução a 100 µg/mL e o pH foi alterado com ácido clorídrico ou

hidróxido de sódio para valores entre 1 e 11. As soluções obtidas foram

quantificadas por CLAE.

A solubilidade do AC em propilenoglicol foi verificada através da preparação

de solução a 0,5 mg/mL e 1 mg/mL.

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Para a determinação do pKa foi utilizado uma solução ácido caurenóico:água

(0,1g:10000 mL). Foram realizadas três titulações variando o pH de 1 – 10, conforme

tabelas abaixo:

4.2.2.2 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PARTIÇÃO DO AC EM ÓLEO/TAMPÃO

O coeficiente de partilha do AC foi determinado baseando-se no método

proposto por Wells (1988).

Anteriormente à partição, o octanol foi saturado com uma quantidade idêntica

de água. Para obter a saturação, a mistura foi agitada por um período de

aproximadamente 12 horas, em agitador magnético a 400 rpm. A fase aquosa foi

separada em funil de separação e centrifugada a 1400 g por 10 min.

Após a saturação das fases, foi adicionado 10 mL de uma solução aquosa pH

11 contendo AC (100 µg/mL) em 10 mL do octanol saturado. Esta mistura foi agitada

por 30 min, em temperatura controlada em banho termostatizado a 37 ± 0,5 °C,

sendo posteriormente transferida para um funil de separação e mantida em repouso

por 5 min. Após este período, a fase aquosa foi retirada e centrifugada por 5 min, à

2500 rpm. As amostras, em triplicata, foram quantificadas por CLAE.

4.2.3 Quantificação do AC em CLAE

Para realização destas análises foi usado o cromatógrafo líquido de alta

eficiência (CLAE) o qual foi equipado com uma coluna tipo Synergy 4 µm hydro-RP

80Ǻ (Phenomenex) com 150 X 4,6 mm. O tempo de corrida foi de 18 minutos, na

temperatura de 35 °C. Usou-se detector tipo arranjo de diodos e software Class-VP

versão 6.14 SP2, com fluxo de 1 mL/min, usando método isocrático.

A fase móvel usada foi acetonitrila, metanol e água acidificada com ácido

fosfórico (pH 3,5) na proporção 40:45:15 (v/v), respectivamente (ZANELA et al.,

2006). A fase móvel foi filtrada com um filtro de celulose regenerada, com

porosidade de 0,45 µm, sob vácuo. A análise foi monitorada em 210 nm.

A linearidade foi determinada através da construção da curva analítica. Foi

preparada uma solução estoque de AC, pesando-se exatamente cerca de 10 mg de

AC e dissolvendo em fase móvel (acetonitrila:metanol:água acidificada com ácido

fosfórico (pH 3,5) na proporção 40:45:15 (v/v)), em um balão volumétrico de 100 mL.

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A solução foi sonicada por 8 minutos e completado o volume com a fase móvel e

homogeneizado, obtendo-se uma solução padrão com concentração final de 100

µg/mL. A partir desta solução foram feitas diluições para obter soluções com

diferentes concentrações: 4; 10; 20; 30; 50 e 80 µg/mL. As diluições foram feitas em

triplicata.

Cada solução, previamente filtrada com filtro de 0,45 µm, foi injetada (20 µL)

em 3 replicatas no cromatógrafo CLAE.

Os valores de área obtidos foram plotados contra as respectivas

concentrações e foi calculada a equação da reta através da análise de regressão

linear da reta.

A precisão do presente método foi avaliada através da repetibilidade, usando

três diferentes concentrações de AC (4, 30 e 50 µg/mL). As análises foram feitas

com 6 replicatas, sendo cada concentração analisada em duplicada em três

diferentes períodos do dia.

4.2.4 Desenvolvimento e estudo da estabilidade das formulações

4.2.4.1 PREPARAÇÃO DAS FORMULAÇÕES SEMI-SÓLIDAS

As formulações foram desenvolvidas a partir dos excipientes clássicos, cera

Lanette N® (cera auto-emulsionante aniônica composta por alquil sulfato e álcool

cetearílico) e cera Polawax® (cera autoemulsionante não iônica composta por álcool

cetearílico e éster de sorbitan (PEG-20)). As bases foram preparadas seguindo

técnica usual de preparo. Os componentes da fase oleosa (fase A) e os

componentes da fase aquosa (fase B) foram aquecidos separadamente em um

béquer até a temperatura de 75 °C. Quando ambas as fases atingiram a temperatura

de 75 °C a fase aquosa foi vertida lentamente sob a fase oleosa, permanecendo sob

agitação e aquecimento por 5 minutos. Em seguida foi retirada do aquecimento

mantendo-se a agitação até a temperatura de 40 °C. Foram adicionados promotores

de absorção nas bases semi-sólidas emulsivas. Os promotores de absorção (alfa

bisabolol, oleato de isodecila, uréia) foram incorporados na fase B das respectivas

formulações descritas no quadro 1 e 2. Em uma das formulações foi incorporada na

fase C, lecitina de soja previamente dissolvida em miristato de isopropila, como

promotores de absorção.

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Quadro 1 - Formulações de base semi-sólida com cera Lanette® e promotores de absorção Fase Componentes Fórmu la

LO* LA* LU* LUA* LML*

A Cera Lanette® 15% 15% 15% 15% 15%

A Nipazol® 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1%

B Propilenoglicol 5,0% 5,0% 5,0% 5,0% 5,0%

B Nipagin® 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1%

B EDTA 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1%

B BHT 0,01% 0,01% 0,01% 0,01% 0,01%

B Água destilada qsp 100 mL qsp 100 mL Qsp 100 mL qsp 100 mL qsp 100 mL

B Alfa-bisabolol - 1,0% - 1,0%

B Oleato de

isodecila

5,0% - -

B Uréia - - 10% 10%

C Miristato de

isopropila

-

- - - 1,0%

C Lecitina de soja - - - 0,5%

*LO - creme lanette contendo oleato de isodecila como promotor; LA – creme lanette contendo alfa-bisabolol como promotor; LU - creme lanette contendo uréia como promotor; LUA – creme lanette contendo uréia e alfa-bisabolol como promotores; LML – creme lanette contendo miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

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Quadro 2 - Formulação de base semi-sólida com cera Polawax® e promotores de absorção Fase Componentes Fórmula

PO* PA* PU* PUA* PML*

A Cera

Polawax®

15% 15% 15% 15% 15%

A Nipazol® 0,02% 0,02% 0,02% 0,02% 0,02%

B Propilenoglicol 5,0% 5,0% 5,0% 5,0% 5,0%

B Nipagin® 0,18% 0,18% 0,18% 0,18% 0,18%

B EDTA 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1%

B BHT 0,01% 0,01% 0,01% 0,01% 0,01%

B Água destilada qsp 100ml qsp 100ml qsp 100ml qsp 100ml qsp 100ml

B Alfa-bisabolol - 1,0% - 1,0% -

B Oleato de

isodecila

5,0% - - - -

B Uréia - - 10% 10% -

C Miristato de

isopropila

- - - - 1,0%

C Lecitina de soja - - - - 0,5%

* PO - creme polawax contendo oleato de isodecila como promotor; PA – creme polawax contendo alfa-bisabolol como promotor; PU - creme polawax contendo uréia como promotor; PUA – creme polawax contendo uréia e alfa-bisabolol como promotores; PML – creme polawax contendo miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

4.2.4.2 ESTUDO PRÉVIO DE ESTABILIDADE

As formulações desenvolvidas foram submetidas a testes prévios de

estabilidade. Foram empregadas condições extremas de temperatura com o objetivo

de acelerar possíveis reações de degradação.

As amostras, em triplicata, sem a presença de AC, foram acondicionadas em

pote plástico de parede simples com tampa e submetidas a ciclos alternados de

resfriamento e aquecimento (BRASIL, 2004). Ciclos de 24 horas em estufa a 50 ± 2

°C e ciclos de 24 horas em freezer a – 5 ± 2 °C dur ante 12 dias. As amostras foram

avaliadas no tempo zero e no tempo 12 dias, sendo analisadas as seguintes

características:

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4.2.4.2.1 CARACTERES ORGANOLÉPTICOS:

Os caracteres organolépticos avaliados foram homogeneidade, cor, odor,

brilho, ausência de grumos e precipitados. Estes testes foram realizados visualmente

e pela percepção direta.

4.2.4.2.2 DETERMINAÇÃO DO PH:

A determinação do pH foi realizada pelo método potenciométrico. Preparou-se

uma solução aquosa das amostras em estudo a 10% (p/v) e procedeu-se à medida

do pH em triplicata para cada amostra (MONTAGNER; CORRÊA, 2004,

BORGHETTI; KNORST, 2006). O potenciômetro digital foi previamente calibrado

com soluções tampão de acetato pH 4,0 e tampão fosfato pH 7,0.

4.2.4.2.3 RESISTÊNCIA FÍSICA:

As amostras, em triplicatas, foram colocadas em tubos do tipo eppendorf e

submetidas às condições de estresse mecânico, através da centrifugação em uma

velocidade de 1370 g, por 15 minutos. As amostras foram avaliadas visualmente

quanto à presença de precipitação, coalescência e separação ou não de fases das

preparações semi-sólidas (MONTAGNER; CORRÊA, 2004).

4.2.4.2.4 ESPALHABILIDADE

Para realização dos testes de espalhabilidade foi usado uma placa-molde

circular de vidro com 20 cm de diâmetro e 0,2 cm de espessura, com orifício central

de 1,2 cm de diâmetro, a qual foi colocada sobre uma placa-suporte de vidro (20 cm

x 20 cm) posicionada sobre uma folha de papel milimetrado. A amostra foi

introduzida no orifício da placa-molde e a superfície foi nivelada com uma espátula,

esta placa foi cuidadosamente retirada e sobre a amostra foi colocada uma placa de

vidro (placa de petri) de peso conhecido. Após um minuto, foi realizada a leitura dos

diâmetros abrangidos pela amostra, em duas posições opostas, com auxílio da

escala do papel milimetrado. Posteriormente, foi calculado o diâmetro médio. Este

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procedimento foi repetido acrescentando-se sucessivamente outras placas, em

intervalos de um minuto. Os resultados foram expressos em espalhabilidade da

amostra em função do peso aplicado, de acordo com a equação 1, sendo que os

mesmos correspondem à média de três determinações. A determinação da

espalhabilidade foi realizada de acordo com metodologia previamente descrita na

literatura por Knorst (1991) e citada por Borghetti e Knorst (2006).

=4

2 πdEi eq.1

Onde:

Ei = espalhabilidade da amostra para um determinado peso i (mm²)

d² = diâmetro médio ao quadrado (mm)

π = 3,14

4.2.4.3 PREPARAÇÃO DAS FORMULAÇÕES SEMI-SÓLIDAS CONTENDO AC:

O AC foi incorporado nas formulações descritas nos quadros 1 e 2 na

concentração de 100 µg/g de creme, após prévia dissolução em propilenoglicol (1

mg/mL). As formulações foram armazenadas em bisnagas de alumínio.

4.2.4.4 ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADO DAS FORMULAÇÕES SEMI-SÓLIDAS

O estudo de estabilidade acelerado foi feito com as preparações semi-sólidas

com base aniônica (Lanette®). As amostras em triplicatas foram submetidas à

avaliação por um período de 90 dias, nos tempos 0, 30, 60 e 90 dias. O estudo foi

realizado nas seguintes condições de temperatura e umidade: 25 °C/ 60% UR; 40

°C/ 90% UR.

Durante estes estudos as formulações foram avaliadas pelos mesmos

parâmetros usados no estudo prévio de estabilidade, como, características

organolépticas, pH, resistência física (centrifugação), espalhabilidade e

complementados com análise reológica, perfil em CCD e CLAE e quantificação do

AC em CLAE.

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4.2.4.4.1 VISCOSIDADE E TIXOTROPIA:

As propriedades reológicas das formulações foram avaliadas com o auxílio de

um viscosímetro rotacional tipo cilindro-coaxial e cone placa a 25 °C acoplado a um

banho de água termostatizado circulante para controle da temperatura em 25 ± 1ºC.

A análise foi realizada em três etapas: 1 - velocidade de rotação crescente de 0-80

s-1, por 180 s; 2 - velocidade constante de rotação (80 s-1) por 30 segundos; 3 -

velocidade de rotação decrescente de 80-0 s-1 por 180 s. Em cada etapa foram

coletados 100 pontos e a viscosidade média foi calculada a partir dos dados

coletados na etapa 2. Os resultados correspondem à média de três determinações.

4.2.4.4.2 CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD)

Foram feitas cromatografias em camada delgada das preparações semi-

sólidas durante o estudo de estabilidade acelerada, nos tempos zero (24 horas), 90

dias. Para a extração do AC nos cremes, foi realizado 3 sucessivas extrações com

hexano, sob agitação mecânica, durante 15 minutos. Após a extração, as frações

concentradas foram aplicadas na placa cromatográfica, usando AC como substância

referência e hexano:acetato de etila na proporção de 80:20 (v/v) como fase móvel.

4.2.4.4.3 TEOR DE AC

O teor de ativo nos cremes foi quantificado pelo método da padronização

externa por CLAE, após extração do composto da base semi-sólida, conforme

método descrito no item 4.2.4.4.2.

Após a identificação do AC por CCD, realizou-se a evaporação do solvente. O

precipitado foi dissolvido com 2 mL de metanol. As soluções obtidas foram diluídas

1:1 com fase móvel (acetonitrila, metanol e água acidificada (pH 3,5) na proporção

40:45:15 (v/v)), respectivamente filtradas e injetadas em duplicata no cromatógrafo.

As amostras foram comparadas com uma solução padrão de AC.

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4.2.5 Estudo de Permeação in vitro

Todas as formulações foram testadas através do estudo de permeação in

vitro, usando célula de Franz (Fig. 5) adaptada e membrana de acetato de celulose

com retenção de moléculas com massa molecular maior que 12400..

Figura 5 - Célula de difusão utilizada no ensaio de liberação in vitro.

A célula de Franz foi preenchida com tampão fosfato pH 11 (solução

receptora, selecionada no teste de solubilidade) no compartimento receptor cuja

capacidade média é de aproximadamente 12 mL. Em seguida foi colocada a

membrana previamente hidratada sobre a célula e no compartimento superior foi

colocada 1 mL das diferentes formulações (fase doadora) com auxílio de uma

seringa de 3 mL. O conjunto foi firmado com uma pinça e o compartimento recoberto

com filme de PVC (cloreto de polivinila) a fim de que as formulações não sofressem

ação da umidade relativa do ar. A célula foi mantida a 37 °C através de um banho

termostatizado com água destilada circulante. Esta célula possui uma barra

magnética e o seu conteúdo foi agitado pelo agitador magnético a 3000 rpm no qual

a células se assentaram. As análises foram realizadas em 5 replicatas de cada

formulação. As amostras da solução receptora foram coletadas nos intervalos de

tempo de 2, 4, 8 e 12 horas repondo o volume total retirado imediatamente com o

líquido receptor e o AC quantificado por CLAE.

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4.2.6 Avaliação da atividade antiinflamatória in vi vo

As formulações semi-sólidas contendo AC (100 µg/g) e os promotores de

absorção foram avaliadas quanto à ação antiinflamatória em camundongos através

do edema de orelha induzido por óleo de cróton (CALIXTO et al., 1991; ZANINI et

al., 1992; OTUKI et al., 2005).

O trabalho foi submetido ao comitê de ética em pesquisa da UNIVALI e

aprovado conforme parecer n° 130/07 (Anexo A) e des envolvido no Laboratório de

Farmacologia in vivo, sob orientação da Profª. Drª. Márcia M. de Souza.

4.2.6.1 ANIMAIS

Foram usados camundongos machos pesando de 25 a 35 g, provindos do

Biotério Central da UNIVALI. Os camundongos foram alojados em gaiolas plásticas e

permaneceram em sala com temperatura de 21 ± 1 °C c om ciclo de luz 12/12 horas

controlados, recebendo água e ração ad libtum, exceto durante a vigência dos

experimentos.

4.2.6.2 MÉTODO DE EDEMA DE ORELHA INDUZIDO POR ÓLEO DE CRÓTON

Os animais foram divididos em oito grupos diferentes (n=6), anestesiados com

éter. O experimento foi realizado de acordo com a metodologia descrita por Calixto

et al. (1991), Zanini et al. (1992) e Otuki et al. (2005). A orelha direita dos animais

foram medidas com o auxílio de um micrômetro digital (medida basal) (figura 7). A

cada grupo de seis animais foi aplicado na superfície interna da orelha direita 100

mg das preparações semi-sólidas: creme lanette (controle negativo), dexametasona

0,5 % (p/p) (controle positivo), Acheflan® (controle positivo), creme lanette com alfa

bisabolol, creme lanette com uréia, creme lanette com uréia e alfa bisabolol, creme

lanette com oleato de isodecila, creme lanette com miristato de isopropila e lecitina

de soja. Após trinta minutos da aplicação dos respectivos cremes, foi aplicado o óleo

de cróton 2,5% (v/v) dissolvido em acetona, como agente irritante, na superfície

externa da orelha direita. Seis horas após a aplicação do óleo de cróton, as orelhas

foram medidas novamente e o edema de orelha foi avaliado através da diferença

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entre a medida basal e a medida realizada após aplicação do óleo de cróton. A

medida do edema foi expressa em mm.

Figura 6 - Medida basal da orelha direita de camundongos com auxílio de micrômetro digital.

4.2.6.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e o teste de

múltipla comparação utilizando o método de Dunnet, considerando o valor de p<

0,05 como indicativo de significância. Os dados foram analisados utilizando o

programa Graph-3®.

4.2.7 Teste de irritação cutânea

Foi realizado teste de irritação cutânea nas preparações semi-sólidas (creme

Lanette®) contendo solução de ácido caurenóico em uma concentração de 100 µg/g

(p/v) com e sem promotores através do teste de agarose overlay (INVITOX, 1991).

Este teste foi desenvolvido no Laboratório de Farmacologia in vitro, sob a orientação

do Prof. Rilton A. de Freitas.

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4.2.7.1 TÉCNICA PARA O PREPARO DE MEIO DE CULTURA COM SORO FETAL BOVINO

Foi pesado exatamente 4,803 g de meio MEM (minimum essential medium)

contendo L- glutamina (2 mM) e aminoácidos não essenciais (1%) e em seguida

exatamente 1,85 g de bicarbonato de sódio, ambos foram transferidos para um

erlenmeyer de 1000 mL. Adicionado 445 ml de água purificada sob agitação

constante. O pH foi corrigido para 7,3 -7,4 com solução de HCl 0,1 M/L e o volume

foi completado com 50 mL de soro fetal bovino estéril, inativado e isento de

micoplasma. Foi também adicionado 5 mL de mistura de antibiótico (PSN) e

antifúngico (fungizona), ambos em fluxo laminar, em seguida foi mantido sob

agitação por meia hora. Após a agitação foi feita nova leitura de pH e corrigido

novamente para 7,3 -7,4. O meio de cultura foi filtrado em sistema MILLIPORE® com

filtração seqüencial em membranas de 0,45 µm e 0,22 µm em fluxo laminar. O meio

foi transferido para frasco schott estéril e mantido sob refrigeração por até 30 dias.

4.2.7.2 TÉCNICA PARA O PREPARO DE MEIO DE CULTURA COM SORO FETAL BOVINO 2X

CONCENTRADO

O procedimento para o preparo do meio de cultura com soro fetal bovino 2 X

concentrado, segue a mesma técnica descrita no item 4.6.1, concentrando em 2X

todas as quantidades dos sais usados anteriormente. Foi preparado 200 mL deste

meio de cultura.

4.2.7.3 CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO DO MEIO DE CULTURA COM SORO FETAL

BOVINO

Para realização dos testes de controle de qualidade microbiológico dos meios

de cultura com soro fetal bovino e soro fetal bovino 2X concentrado, foi retirado 1 mL

de cada meio e transferido para um tubo de ensaio contendo 15 mL de TSB e 1 mL

para um tubo de ensaio contendo 15 mL de TGM. Todos os tubos de ensaios foram

mantidos em estufa a 37 °C durante 48 horas a 14 di as, sendo analisado

visualmente a cada 24 horas, a presença ou não de turbidez, ou seja, o crescimento

ou não de bactérias e fungos.

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4.2.7.4 MANUTENÇÃO CELULAR E CRESCIMENTO

Foi acrescentado meio de cultura a uma garrafa contendo células de

fibroblasto L929, previamente descongeladas. O conteúdo desta garrafa foi

visualizado ao microscópio, para verificação do crescimento das células. Após ter

sido observado o crescimento das células com 80-90 % de confluência o meio de

cultura foi retirado, a monocamada lavada 3X com tampão salino fosfato pH 7,4

(PBS) e acrescentado 1,5 mL de tripsina (250 mg%), mantidas em agitação com

posterior incubação a 37 °C/5% CO 2 até descolamento da placa. Posteriormente, a

suspensão celular foi diluída com meio MEM e centrifugada a 1000xg por 10 min a

10 °C. Após a centrifugação o sobrenadante foi desp rezado, as células foram

ressuspendidas em meio de cultura, e transferidas para garrafas T25 (25 cm2). As

garrafas foram colocadas em estufa a 37 °C/5%CO 2 sendo observada no

microscópio a cada 24 horas, e o meio de cultura substituído a cada 48 horas.

4.2.7.5. ENSAIO AGAROSE OVERLAY

Foram tripsinizadas e transferidas 3 mL/poço de uma suspensão celular

(L929) a 300.000 células/mL em placas de 6 poços. Após 24 horas, o meio de

cultura foi substituído por MEM contendo 0,01% de vermelho neutro como corante

vital por 15 min no escuro. Posteriormente o excesso de corante vital foi removido e

adicionado em cada poço 3 mL de meio MEM, e incubado por 1 h até aparecimento

de coloração vermelha celular. O meio de cultura foi novamente removido e

substituído por uma mistura de 1:1,2 de meio agarose:meio MEM (mistura overlay),

mantidas em aquecimento (45 °C) a fim de evitar a s olidificação dos meios. Foram

transferidos 3 mL/poço de mistura overlay, e as placas mantidas em estufa a 37 °C

/5% CO2 por duas horas.

As amostras foram incorporadas em discos de papel (0,54 cm), previamente

lavados com PBS e secos, com posterior autoclavação (121 °C/20 min). Como

controle positivo foi utilizado uma solução de dodecilsulfato de sódio (DSS) a 1% em

água e como controle negativo solução salina. As placas foram incubadas por 24

horas em estufa a 37 °C /5% CO 2. O grau de irritação foi avaliado pela zona de lise

(ausência de incorporação do corante vital) através do uso de paquímetro e

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avaliação microscópica segundo a classificação descrita pela Farmacopéia

Americana (United States Pharmacopeia, 2006) (quadro 3).

Quadro 3 : Classificação do grau de irritação cutânea.

Classificação Reatividade Descrição da zona de reatividade

0 Nenhum Nenhuma reatividade ao redor da amostra

1 Leve Alguma má – formação ou degeneração ao redor da

amostra

2 Médio Zona limitou a área ao redor da amostra

3 Moderado Zona estende 0,5 a 1,0 cm além da amostra

4 Severo Zona estende maior que 1,0 cm além da amostra

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Isolamento e Caracterização do AC

Em 3,335 kg de caule e raiz de S. trilobata, coletada em março de 2006,

foram isolados 4,669 g de AC, representando um rendimento de 0,14%. Boeck et al.

(2005) isolaram o AC usando metodologia semelhante e obtiveram 0,2% e Bresciani

et al. (2004) obtiveram 0,66% de rendimento. A diferença de rendimento nos

trabalhos citados pode estar relacionado com a época de coleta da planta, pois

sabe-se que a planta apresenta maior quantidade de AC no outono. O composto

isolado apresentou-se na forma de cristais do tipo aciculares e hexagonais (Fig. 7),

de cor branca.

Figura 7 – AC na forma cristalina obtido após evaporação do solvente (hexano).

A temperatura de fusão encontrada foi de 176,3 – 180,2 ºC, resultado este

semelhante ao obtido por Boeck e colab. (2005) que foi de 179-180 °C.

A figura 8 apresenta a espectroscopia do AC na região do infravermelho (IV).

O ácido carboxílico presente na estrutura do composto apresenta absorção de

deformação axial de O-H intensa e muito larga na região de 3300-2500 cm-1. A

absorção na região 1710-1680 cm-1 é resultante da deformação axial de C=O dos

ácidos carboxílicos conjugados a insaturações C=C. Uma banda mais intensa,

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próxima a 1320-1210 cm-1, é geralmente associada à deformação axial de C-O.

(SILVERSTEIN; BASSLER; MORRIL, 1994). Os resultados obtidos estão de acordo

com os dados descritos na literatura (BOECK et al., 2005).

Figura 8 - Espectro de absorção do AC na região do infravermelho.

O perfil cromatográfico do composto isolado foi comparado com o perfil do

padrão do AC em cromatografia de camada delgada. Conforme apresentado na

figura 9 o perfil do AC isolado apresentou valor de Rf de 0,53, valor este semelhante

ao do padrão.

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Figura 9 - Perfil do AC em cromatografia de camada delgada (CCD). L1A – composto obtido na fração hexânica, L1B – composto obtido na fração Hex:AcOEt 99:1; P – composto referência. Eluente: Hex:AcOEt 80:20. Revelador: anisaldeído sulfúrico.

Para verificação do perfil por CLAE do composto isolado, foi preparada uma

solução deste na concentração de 100 µg/mL em fase móvel

acetonitrila:metanol:água acidificada (pH 3,5) na proporção 40:45:15,

respectivamente. O AC apresentou um tempo de retenção de aproximadamente 12

minutos. O perfil cromatográfico obtido foi semelhante à amostra referência do AC e

pode ser observado na figura10, destacando o perfil de absorção da substância no

ultravioleta (210 nm).

Figura 10 – Perfil cromatográfico do AC em CLAE, em 210 nm.

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O espectro de RMN 1H do AC (Fig. 11) apresenta como principais informações:

dois simpletos em 0,9 e 1,20 ppm referentes as duas metilas e dois simpletos em

4,74 e 4,80 ppm referentes aos hidrogênios olefínicos. Os sinais entre 0,6 e 2,8 ppm

são referentes aos metilenos e metinos. Os dados estão de acordo com os descritos

na literatura (BOECK et al., 2005).

Figura 11 - Espectro de RMN 1H do AC. Solvente clorofórmio deuterado. Concentração: 30 mg/mL.

A Fig. 12 apresenta o espectro de RMN 13C do AC. São observados os sinais

em 184,2 ppm referente a carbonila e em 155,8 e 102,9 ppm referentes aos

carbonos olefínicos. Os demais sinais entre 60 e 15 ppm são referentes aos

carbonos metilenos, metílicos e metinos. O espectro obtido está de acordo com os

dados descritos na literatura (BOECK et al., 2005).

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Figura 12 - Espectro de RMN 13C do AC. Solvente clorofórmio deuterado. Concentração: 30 mg/mL.

5.1.1 Solubilidade do AC

Foi verificada a solubilidade do AC em água, em meio aquoso em diferentes

valores de pH e em propilenoglicol. A substância não dissolveu em proporções entre

1:1 (AC:água) a 1:10.000, podendo ser considerada insolúvel em água.

Para verificar a solubilidade em meio aquoso em difentes valores de pH, foi

adicionado ácido ou base à solução contendo 100 µg/mL de AC e foram retiradas

alíquotas da solução em pH 1 ao 11 e quantificado em CLAE. Conforme

apresentado na figura 13, o AC possui solubilidade pH-dependente sendo que a

partir do pH 8 observou-se um aumento de solubilidade e em pH 10 foi observado o

máximo de solubilidade (187 µg/mL).

Em propilenoglicol foi verificada a solubilidade do composto nas

concentrações de 0,5 e 1 mg/mL. O composto dissolveu-se totalmente. Com isso, é

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possível classificar este como levemente solúvel em propilenoglicol (AULTON,

2005), como mostra a Fig. 13.

Solubilidade do AC ( µµµµg/mL)

0 200 400 600 800 1000 1200

Sol

vent

e

Propilenoglicol

pH 1

pH 2

pH 3

pH 4

pH 5

pH 6

pH 7

pH 8

pH 9

pH 10

pH 11

Água

Figura 13 - Solubilidade do AC em meio aquoso com diferentes valores de pH,

água e propilenoglicol. A partir dos dados da curva potenciométrica do AC em meio aquoso (figura 14) foi determinado o pKa do ácido caurenóico sendo 5,88.

-10 0 10 20 30 40 50 60 70

0

2

4

Volume NaOH (mL)

∆pH

/∆V

-10 0 10 20 30 40 50 60 700

2

4

6

8

10

pH

Volume NaOH (mL)

Figura 14- Titulação potenciométrica do AC e derivado da titulação potenciométrica.

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5.1.2 Coeficiente de Partição

O coeficiente de partição do AC no sistema tampão/octanol foi verificado

através da adição da solução tampão contendo AC em contato com octanol

previamente saturado com água. Através da quantificação do AC remanescente na

solução aquosa, foi verificado que 95,99 ± 2,26% particionou para a fase oleosa, ou

seja, octanol. A partir destes resultados o AC pode ser considerado um fitocomposto

com alto coeficiente de partição água/óleo.

5.2 Quantificação do AC em CLAE

Para quantificação do ácido caurenóico nos ensaios de caracterização deste

e nas formulações foi usado o método analítico por CLAE desenvolvido por Zanella

e colab. (2006). A linearidade e a precisão do método foram determinadas.

A linearidade é a capacidade da metodologia analítica demonstrar que os

resultados obtidos são diretamente proporcionais à concentração do analito na

amostra, em um intervalo especificado (BRASIL, 2003).

Para obtenção da curva analítica do AC, foi preparada uma solução padrão

com concentração de 100 µg/mL, em fase móvel acetonitrila:metanol:água

acidificada (pH 3,5) na proporção 40:45:15. A partir desta solução foram feitas

diluições em triplicata nas concentrações de: 4; 10; 20; 30; 50 e 80 µg/mL. Neste

experimento o tempo de retenção do AC foi de 11,55 minutos.

Os valores da área obtidos foram plotados com as respectivas concentrações

e foi calculada a equação da reta através de análise de regressão linear. Foram

obtidos a equação da reta e o coeficiente de regressão (R2) mostrados na Figura 15

O método apresenta linearidade de 4 a 50 µg/mL com coeficiente de regressão de

0,9991, atendendo as especificação da RE 899 (BRASIL, 2003) que recomenda um

coeficiente de no mínimo 0,99. Zanella et al. (2006) validaram a metodologia

analítica para quantificação do AC por CLAE e, nos testes de linearidade obtiveram

um coeficiente de correlação de 0,9996 na faixa de 10 a 80 µg/mL.

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Ácido Caurenóico (µg/mL)

0 10 20 30 40 50 60

Áre

a

0,0

2,0e+5

4,0e+5

6,0e+5

8,0e+5

1,0e+6

1,2e+6

Figura 15- Curva analítica do AC em CLAE. Fase móvel - acetonitrila:metanol:água

acidificada (pH 3,5) (40:45:15).

A precisão é a avaliação da proximidade dos resultados obtidos em uma série

de medidas de uma amostragem múltipla de uma mesma amostra. Esta é

considerada em três níveis: repetibilidade, precisão intermediária ou reprodutividade

(POLESELLO, 1997). A repetibilidade constitui a precisão estudada no mesmo

laboratório, em pequeno intervalo de tempo. A precisão intermediária é expressa

pela variação entre resultados obtidos em dias diferentes pelo mesmo laboratório. A

reprodutividade é estudada entre diferentes laboratórios, em diversas localidades do

mundo, utilizando o mesmo conjunto de amostras (AMARANTE et al., 2001).

Sendo a repetibilidade a análise do grau de concordância entre os resultados

obtidos, sob as mesmas condições de medição, o ensaio deve ser procedido

mantendo inalterado o procedimento de medição, o analista, o equipamento usado,

as condições e o local de análise, com repetições em curto espaço de tempo.

A partir de uma solução padrão (100 µg/mL) em fase móvel

acetonitrila:metanol:água acidificada (pH 3,5) na proporção 40:45:15 foram

preparadas três soluções nas concentrações de 4, 30 e 50 µg/mL. As análises foram

feitas com 6 replicatas, sendo cada concentração analisada em duplicada em três

diferentes períodos do dia.

Equação da reta: y = 20494x + 137,29 R2 = 0,9991

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72

A Tabela 1 apresenta a repetibilidade do método quando analisado em três

diferentes concentrações em 6 replicatas. O DPR para as concentrações de 4, 30 e

50 µg/mL foi de 4,78, 1,28 e 3,78 %, respectivamente. Portanto, o método analisado

apresenta precisão em nível de repetibilidade dentro dos limites recomendados pela

RE 899 (BRASIL, 2003), que é de no máximo 5%.

Tabela 1 – Resultados da análise de precisão do método analítico para quantificação do AC por CLAE

AC (µg/mL)

4 30 50

Média* 63604 525482 88387,3

Desvio Padrão 3040,10 6733,23 33438,24

DPR (%) 4,78 1,28 3,78

* n=6

5.3 Desenvolvimento e estudo de estabilidade das fo rmulações

Para o desenvolvimento das formulações semi-sólidas (cremes), foram

escolhidas duas bases clássicas, uma com características aniônicas (Lanette®) e

outra não-iônica (Polawax®), estas bases são preferidas pela boa estabilidade que

apresentam (ZANIN et al., 2001). Em ambas as bases foram adicionados diferentes

promotores de absorção como: miristrato de isopropila e lecitina de soja, alfa

bisabolol, oleato de isodecila, uréia. O AC foi adicionado, previamente dissolvido em

propilenoglicol, nas formulações na concentração de 100 µg/g de creme.

5.3.1 Testes prévios de estabilidade

As amostras em triplicata submetidas aos testes prévios de estabilidade,

creme Lanette®, creme Polawax® com adição dos promotores de absorção, foram

avaliadas quanto à estabilidade física no tempo zero (24 horas) e com 12 dias, após

estresse térmico (ciclo gelo-degelo). Os parâmetros analisados foram quanto à cor,

odor, homogeneidade, brilho, pH, espalhabilidade (mm²) e homogeneidade após

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73

estresse mecânico (centrifugação) (MAIA, 2001; ZANIN et al., 2001; CZEPULA,

2006; PROENÇA et al., 2006).

A estabilidade física faz com que os produtos permaneçam de forma

inalterada após sua fabricação. As propriedades físicas são avaliadas pela

manutenção da aparência, palatabilidade, uniformidade, dissolução e

suspentabilidade. Numerosos fatores podem afetar a estabilidade de um fármaco em

uma forma farmacêutica, incluindo pH, temperatura, solvente, luz, hidrólise,

oxidação, tamanho de partículas, entre outros (ALLEN Jr., 2002).

Através da centrifugação, consegue-se observar quando há separação da

fase interna (MONTAGNER; CORRÊA, 2004), avaliando a coalescência ou a

cremeação, podendo prever se o produto irá separar em função do tempo, avaliando

em curto espaço de tempo possíveis instabilidades físico-químicas (MORAES,

2006). A estabilidade física da emulsão é fundamental, pois a ocorrência de

separação de fases pode afetar todas as demais especificações de uma emulsão

(ALLEN Jr., 2002).

A determinação do pH é um dos fatores mais importantes, pois proporciona

informações que podem refletir a estabilidade química da preparação, principalmente

quanto a reações de degradação do princípio ativo ou adjuvantes da formulação

(MORAES, 2006).

Com o teste de espalhabilidade pode ser observado se as formulações

mantêm estáveis as características físicas e físico-químicas relacionadas à reologia

e conseqüente espalhabilidade do produto, que podem estar relacionadas à perda

ou ganho de umidade, à separação de fases e precipitação de adjuvantes, após

terem sido submetidas a diversas condições de armazenamento (CZEPULA, 2005).

Os resultados obtidos no teste prévio de estabilidade do tempo zero (24

horas) e tempo doze dias estão demonstrados nos quadros 4 e 5.

Todas as formulações em ambas as bases apresentaram-se estáveis durante a

análise inicial quanto aos caracteres organolépticos, homogêneas após estresse

mecânico (C-conforme) e permanecendo com a mesma consistência inicial (C-

conforme). As formulações LML e PML, contendo lecitina de soja e miristato de

isopropila apresentaram consistência inadequada e separação de fases, em

concentrações maiores, mantendo-se estáveis apenas nas concentrações descritas

no quadro 1 e 2. As formulações LU, LUA, PU e PUA apresentaram os maiores

valores de pH, provavelmente provocado pela presença da uréia como promotor.

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74

Todas as formulações (base Lanette® e base Polawax®) apresentaram-se

estáveis após o estresse térmico quanto aos caracteres organolépticos. As

formulações LU, LUA, PU e PUA apresentaram os maiores valores de pH,

provocado pela presença da uréia como promotor, como observado no tempo zero.

A espalhabilidade dos cremes com base Lanette®, apresentou uma pequena

variação e, os cremes com base Polawax®, apresentaram uma redução na

espalhabilidade, podendo tal alteração estar associada à perda de água durante o

estresse térmico, podendo ser uma característica da base, já que todas as

formulações apresentaram o mesmo comportamento independente do promotor

utilizado.

As preparações semi-sólidas descritas nos quadros 1 e 2, sem a presença do

AC, foram aprovadas para a continuidade dos estudos, pois não houve variações

significativas de pH e os caracteres organolépticos mantiveram-se estáveis

indicando que provavelmente não houve degradação das matérias-primas utilizadas.

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75

Quadro 4: Características das formulações com base Polawax® sem AC no tempo zero e tempo 12 dias após estresse térmico (ciclo gelo-degelo).

Parâmetros

Formulações *

PO PA PU PUA PML

t0 t12d t0

t12d

t0 t

12d t0

t12d

t0 t

12d

Cor BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP

Odor C C C C C C C C C C

Homogeneidade C C C C C C C C C C

Brilho C C C C C C C C C C

pH 4,44 4,10 4,56 4,07 6,28 7,36 6,12 7,58 5,63 4,26

Espalhabilidade (mm²) 1542,92 ±

20,05

812,28 ±

14,62

1440,23 ±

19,38

795,53 ±

14,39

1531,34 ±

20,05

820,72 ±

14,62

1417,90 ±

0

754,38 ±

0

1440,23 ±

19,37

660,32 ±

22,76

Homogeneidade após

estresse mecânico

C C C C C C C C C C

Consistência C C C C C C C C C C

Legenda: AM/CL: Amarelo/Claro; BR/OP: Branco/Opaco;C: Conforme; NC: Não Conforme; PO - creme polawax contendo oleato de isodecila como promotor; PA – creme polawax contendo alfa-bisabolol como promotor; PU - creme polawax contendo uréia como promotor; PUA – creme polawax contendo uréia e alfa-bisabolol como promotores; PML – creme polawax contendo miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores; t = tempo; d = dias

* n = 3

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76

Quadro 5: Características das formulações com base Lanette® sem AC no tempo zero e no tempo 12 dias após estresse térmico (ciclo gelo-degelo).

Parâmetros

Formulações *

LO LA LU LUA LML

t0 t12d t0

t12d

t0 t

12d t0

t12d

t0 t

12d

Cor BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP BR/OP

Odor C C C C C C C C C C

Homogeneidade C C C C C C C C C C

Brilho C C C C C C C C C C

pH 4,85 6,95 5,01 6,97 6,20 7,75 6,33 7,83 5,75 6,73

Espalhabilidade (mm²) 1330,38

± 18,70

1173,71

± 17,56

1235,20

± 18,01

1373,82

± 18,92

1395,80

± 19,15

1395,80

± 19,15

1395,80

± 19,15

1341,17

± 18,69

1277,06

± 18,24

1373,82

±18,92

Homogeneidade após

estresse mecânico

C C C C C C C C C C

Consistência C C C C C C C C C C

Legenda: AM/CL: Amarelo/Claro; BR/OP: Branco/Opaco; C: Conforme; NC: Não Conforme; LO – creme lanette contendo oleato de isodecila como promotor; LA – creme lanette contendo alfa-bisabolol como promotor; LU – creme lanette contendo uréia como promotor; LUA – creme lanette contendo uréia e alfa-bisabolol como promotores; LML – creme lanette contendo miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores; t = tempo; d = dias.

* n = 3

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77

5.3.2 Estudo de Estabilidade Acelerado das Formulaç ões Semi-sólidas

Para que a estabilidade química seja mantida, cada componente ativo deve

reter sua integridade química e manter-se potente dentro dos limites especificados e

dentro do período de armazenagem e de uso, preservando as propriedades e

características que possuía quando foram manipulados (MONTAGNER; CORRÊA,

2004).

Para os estudos de estabilidade acelerado optou-se em realizar apenas as

formulações semi-sólidas aniônicas (creme Lanette®), por ser uma base

tecnologicamente mais fácil de preparar e por ser uma base usual em preparações

de formulações semi-sólidas.

Nestas formulações semi-sólidas foi incorporada a solução de AC em

propilenoglicol na concentração de 100 µg/g de creme e os diferentes promotores de

absorção (oleato de isodecila, alfa bisabolol, uréia, miristato de isopropila e lecitina

de soja). O estudo de estabilidade acelerado destas preparações foi realizado em

triplicata durante 90 dias, avaliando-se nos tempos zero (24 horas), 30, 60 e 90 dias

em temperatura ambiente e nos tempos 30, 60 e 90 dias em estufa 40 °C. Foi

verificada a estabilidade física e físico-química através dos caracteres

organolépticos, pH, centrifugação (estresse mecânico), espalhabilidade, viscosidade,

tixotropia, CCD e CLAE.

Os caracteres organolépticos avaliados foram, homogeneidade, cor, odor,

brilho, ausência de grumos e precipitados. Estes testes foram realizados visualmente

e pela percepção direta. Em todos os tempos de análise e nas temperaturas usadas

às preparações mostraram-se estáveis com relação aos caracteres organolépticos e

após estresse mecânico. A determinação do pH e os testes de espalhabilidade,

viscosidade e tixotropia foi realizada em triplicata (quadros 6 e 7, figuras 16 a 23 ).

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78

Legenda: L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAO - contendo 0,1% de AC mais oleato de isodecila como promotor; LAA – contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAU - contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA - contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores; t = tempo; d = dias

* n = 3

For

mul

açõe

s Parâmetros (média ± desvio-padrão)*

pH Espalhabilidade (mm 2) Viscosidade (mPa.s) Tixotropia (Pa -1)

t0 t

30d t60d t

90d t0 t

30d t60d t

90d t0 t

30d t60d t

90d t0 t

30d t60d t

90d

L 5,73 ± 0,04

6,18 ±0,36

5,96 ± 0,04

5,91 ± 0,09

970,85 ± 15,98

1055,43 ± 16,65

1330,38 ± 18,70

1341,17 ± 18,70

2753,33 ± 628,52

2396,67 ± 151,44

2226,67 ± 77,67

2766,67 ± 223,68

3430,67±1097,8

1596 ± 246,31

1586,33 ± 355,78

2429,67 ± 396,40

LA 5,87 ± 0,06

5,88 ±0,02

6,09 ± 0,21

5,87 ± 0,04

998,65 ± 16,21

1153,56 ± 17,34

1277,06 ± 18,24

1277,06 ± 18,24

3573,33 ± 371,66

2673,33 ± 142,94

2616,67 ± 97,12

2723,33 ± 77,67

3386,33 ± 562,22

2254 ± 239,27

2417 ± 36,30

2792,33 ± 241,55

LAO 5,84 ± 0,01

5,93 ±0,01

5,78 ± 0,01

5,98 ± 0,01

1113,78 ± 17,11

1298,26 ±18,47

1395,80 ± 19,15

1153,56 ± 17,33

2520 ± 223,38

2173,33 ± 104,08

2210 ± 55,68

2536,67 ± 444,67

1725,33 ± 469,52

917,56 ± 267,72

983,43 ± 44,07

823,00 ± 845,88

LAA 5,76 ± 0,01

5,88 ±0,13

6,25 ± 0,24

5,84 ± 0,12

1084,41 ± 16,88

1214,53 ± 17,78

1531,34 ± 20,05

1277,06 ± 18,24

2700 ± 208,09

2043,33 ± 11,55

2076,67 ± 100,17

2346,67 ± 135,77

1968,33 ± 72,40

1492,57 ± 469,40

1671,33 ± 48,84

1724,67 ± 63,26

LAU 6,57 ± 0,05

7,40 ±0,09

7,55 ± 0,15

7,38 ± 0,06

1153,56 ± 17,33

1153,56 ± 17,33

1373,82 ± 18,92

1094,16 ± 16,88

2383,33 ± 275,38

2676,67 ± 66,58

2580 ± 121,65

2870 ± 272,21

1736 ± 99,45

2210,67 ± 336,00

2310,67 ± 149,43

1859 ± 523,14

LAUA 6,61 ± 0,01

7,24 ±0,07

7,62 ± 0,08

7,40 ± 0,05

1055,43 ± 16,65

1143,55 ± 17,33

1330,38 ± 18,69

1266,53 ± 18,24

2520 ± 166,43

2043,33 ± 167,43

1886,67 ± 81,44

2400 ± 304,14

2093,33 ± 252,84

1392,67 ± 104,74

928,17 ± 451,01

1290,67 ± 266,49

LAML 5,83 ± 0,02

5,90 ±0,16

5,99 ± 0,02

5,75 ± 0,06

889,80 ± 15,30

1008,00 ± 16,20

1143,55 ± 17,33

1026,84 ± 16,43

3086,67 ± 310,05

2696,67 ± 201,08

2660 ± 141,07

2956,67 ± 168,03

2028 ± 132,52

2517,67 ± 433,06

2713 ± 372,76

3386 ± 439,12

Quadro 6: Características dos cremes com ácido caurenóico e promotores de absorção no teste de estabilidade acelerado em temperatura ambiente.

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79

Figura 16- Teste de estabilidade acelerado referente ao pH dos cremes com base Lanette com os promotores de absorção em temperatura ambiente. L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAC -creme contendo 0,1% de AC mais cetiol V® como promotor; LAA -creme contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor ; LAU -creme contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA creme- contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

Tempo (dias)

T 0 T 30 T 60 T 90

pH

0

4

6

8

10

L L A LAC LAA LAU LAUA

LAML

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80

Tempo (dias)

T 0 T 30 T 60 T 90

Esp

alha

bilid

ade

(mm

)

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

L LA LAC LAA LAU LAUA LAML

Figura 17- Teste de estabilidade acelerado referente a espalhabilidade dos cremes com os promotores de absorção em temperatura ambiente. L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAC - creme contendo 0,1% de AC mais cetiol V® como promotor; LAA creme- contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAU - creme contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA – creme contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

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81

Tempo (dias)

T 0 T 30 T 60 T 90

Vis

cosi

dade

(m

Pa.

s)

1800

2000

2200

2400

2600

2800

3000

3200

3400

3600

3800

L LA LAC LAA LAU LAUA LAML

Figura 18- Teste de estabilidade acelerado referente à viscosidade dos cremes com os promotores de absorção em temperatura ambiente. L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAC – creme contendo 0,1% de AC mais cetiol V® como promotor; LAA - creme contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAU – creme contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA - creme contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

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82

Tempo (dias)

T 0 T 30 T 60 T 90

Tix

otro

pia

Pa

-1

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

LLA LAC LAA LAU LAUA LAML

Figura 19- Teste de estabilidade acelerado referente a tixotropia dos cremes com os promotores de absorção em temperatura ambiente. L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAC - contendo 0,1% de AC mais cetiol V® como promotor; LAA - creme contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAU – creme contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA – creme contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

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83

Quadro 7: Características dos cremes com ácido caurenóico e promotores de absorção no teste de estabilidade acelerado em temperatura 40 °C.

Legenda: L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAO - contendo 0,1% de AC mais oleato de isodecila como promotor; LAA - contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor ; LAU - contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA - contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores; t = tempo; d = dias

* n = 3

For

mul

açõe

s

Parâmetros (média ± desvio-padrão)*

pH Espalhabilidade (mm 2) Viscosidade (mPa.s) Tixotropia (Pa -1)

t0 t

30d t60d t

90d t0 t

30d t60d t

90d t0 t

30d t60d t

90d t0 t

30d t60d t

90d

L 5,73 ±0,04

5,79 ±0,15

6,26 ±0,14

5,94 ±0,18

970,85 ± 15,98

1183,85 ± 17,56

1173,71 ± 17,56

1113,78 ± 17,11

2753,33 ±628,52

2863,33 ±201,08

2953,33 ±308,92

3226,67 ±122,20

3430,67 ±1097,08

3885,67 ±1212,64

2156 ± 642,86

2392 ±210,41

LA 5,87 ±0,06

5,84 ±0,83

6,02 ±0,83

5,94 ±0,14

998,65 ± 16,21

1008,00 ± 16,20

1173,71 ± 17,56

952,53 ± 15,75

3573,33 ±371,66

3326,67 ±308,92

3103,33 ± 75,05

3520 ±140

3386,33 ±562,22

2948,33 ± 715,94

2560,33 ± 313,86

2710 ± 69,11

LAO 5,84 ±0,01

6,14 ±0,25

6,20 ±0,19

5,85 ±0,08

1113,78 ± 17,11

980,07 ± 15,97

1245,60 ± 18,02

1298,26 ± 18,47

2520 ±223,38

2826,67 ± 55,07

2743,33 ± 58,59

2740 ±17,32

1725,33 ±469,52

1427,33 ± 163,02

1612 ± 191,44

1689,67 ±172,32

LAA 5,76 ±0,01

5,85 ±0,13

6,10 ±0,06

5,91 ±0,14

1084,41 ± 16,88

889,80 ± 15,30

1542,92 ± 20,05

1074,66 ± 0

2700 ±208,09

2846,67 ± 86,22

2833,33 ±136,14

2783,33 ±145,72

1968,33 ± 72,40

2268,67 ± 92,12

2415,67 ± 448,08

2635,67 ±290,66

LAU 6,57 ±0,05

7,95 ±0,04

8,26 ±0,18

8,37 ±0,04

1153,56 ± 17,33

1094,16 ± 16,88

1065,05 ± 16,65

1214,52 ± 17,79

2383,33 ± 75,38

3110 ± 55,67

2813,33 ±170,10

2956,67 ± 98,15

1736 ± 99,45

3322 ± 156,14

2924,33 ±224,42

3063 ± 75,03

LAUA 6,61 ±0,01

8,14 ±0,05

8,64 ±0,23

8,55 ±0,14

1055,43 ± 16,65

1204,25 ± 17,78

1214,52 ± 17,78

1055,43 ± 16,65

2520 ± 66,43

2840 ± 51,33

2400 ±101,49

2493,33 ±273,01

2093,33 ±252,84

1986 ± 258,37

1364,67± 131,23

1578,33 ± 23,43

LAML 5,83 ±0,02

5,86 ±0,12

5,87 ±0,03

5,71 ±0,06

889,80 ± 15,30

980,07 ± 15,97

1113,78 ± 17,11

952,53 ± 15,75

3086,67 ± 10,05

2990 ±306,43

2896,67 ±327,19

3176,67 ±195,53

2028 ±132,52

4504,33 ± 726,49

3392 ± 18,05

3703,33 ± 61,33

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84

Tempo (dias)

T 30 T 60 T 90

pH

0

4

6

8

10

L LA LAC LAA LAU LAUA LAML

Figura 20- Teste de estabilidade acelerado referente ao pH dos cremes com os promotores

de absorção em temperatura 40°C. L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAC -creme- contendo 0,1% de AC mais cetiol V® como promotor; LAA – creme contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAU - creme contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA - creme contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

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85

Tempo (dias)

T 30 T 60 T 90

Esp

allh

abili

dade

(m

m)

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

L LA LAC LAA LAU LAUA LAML

Figura 21- Teste de estabilidade acelerado referente a espalhabilidade dos cremes com os

promotores de absorção em temperatura 40°C. L - cre me sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAC - creme contendo 0,1% de AC mais cetiol V® como promotor; LAA - creme contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAU - creme contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA – creme contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

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Tempo (Dias)

T 30 T 60 T 90

Vis

cosi

dade

(m

Pa.

s) 4

0c

2200

2400

2600

2800

3000

3200

3400

3600

L LA LAC LAA LAU LAUA LAML

Figura 22- Teste de estabilidade acelerado referente à viscosidade dos cremes com os promotores de absorção em temperatura 40°C. L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAC - creme contendo 0,1% de AC mais cetiol V® como promotor; LAA – creme contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAU – creme contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA – creme contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

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87

Tempo (dias)

T 30 T 60 T 90

Tix

otro

pia

Pa

-1

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

L LA LAC LAA LAU LAUA LAML

Figura 23- Teste de estabilidade acelerado referente a tixotropia dos cremes com os promotores de absorção em temperatura 40°C. L - creme sem AC; LA – creme contendo 0,1% de AC; LAC - contendo 0,1% de AC mais cetiol V® como promotor; LAA -creme contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAU - creme contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor; LAUA – creme contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores.

A maioria das formulações apresentou pouca variação de pH, em ambas as

temperaturas, durante o período de estudo, apresentando valores de pH levemente

ácidos, sendo esta faixa de pH considerada como ideal para as finalidades

propostas. As formulações LAU e LAUA apresentaram maior variação de pH em

ambas as temperaturas, provavelmente devido à presença de uréia nestas

formulações.

Em estudos anteriores de permeação cutânea in vitro do piroxicam com

formulações semi-sólidas (Lanette® + uréia e Net Fs® + uréia) estas também

apresentaram variação de pH. Para tentar estabilizar o caráter fortemente básico da

uréia, foram testados dois sistemas de tampão, tampão fosfato pH 6,5 e tampão Tris

pH 7, 0, sendo que a formulação com tampão Tris apresentou menor variação de pH

(BORTOLON, 2006).

Testes de avaliação da estabilidade com cremes contendo uréia em

diferentes valores de pH foram realizados por Montagner e Corrêa (2004), estas

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88

avaliações foram realizadas com pH 4, 6 e 8, armazenadas em diferentes locais,

prateleira (25 °C), geladeira (5 °C) e estufa (45 ° C) durante 90 dias. As formulações

com pH 4 e 6 tiveram seu pH aumentado quando armazenados na prateleira e

geladeira, os cremes com pH 8 tiveram seu pH diminuído no decorrer dos testes

armazenados na prateleira e geladeira. Todos os cremes armazenados em estufa

tiveram seus valores de pH alterados, os cremes com pH 4 e 6 tiveram seus valores

de pH alterados para 7 chegando até 8 com o decorrer do tempo, e no creme com

pH inicial 8, chegou em pH 9. Os autores atribuíram este aumento no pH ao

aumento da velocidade de reação, provocando instabilidade dos cremes com uréia.

As formulações foram aprovadas no teste de resistência física através da

verificação da homogeneidade após estresse mecânico (centrifugação) realizados

em triplicatas numa rotação de 1370 g por 15 minutos. Os cremes não apresentaram

precipitados, coalescência ou separação de fases durante o estudo, demonstrando

estabilidade com relação ao teste de estresse mecânico.

A espalhabilidade é a expansão de uma formulação semi-sólida sobre uma

superfície após um determinado período de tempo sendo uma das principais

características das formas farmacêuticas de uso tópico, pois está relacionada com a

aplicação destas formulações em seu local de ação (BORGHETTI; KNORST, 2006).

Através dos resultados apresentados nos Quadros 6 e 7, figuras 16 a 23 foi

observado que a as formulações semi-sólidas apresentaram uma espalhabilidade

menor no tempo zero, aumentando um pouco no tempo 30 dias, com exceção da

formulação LAU que se manteve estável. As formulações apresentaram um aumento

razoável na espalhabilidade com 60 dias, com exceção da formulação LAA, que teve

um aumento maior neste intervalo de tempo. Com 90 dias de estudo as formulações

L, LA, mantiveram-se com a mesma espalhabilidade do tempo 60 dias, as demais

formulações apresentaram uma redução na espalhabilidade. Este comportamento

das formulações provavelmente deve-se à perda de umidade durante o

acondicionamento ou pela presença dos promotores de absorção, pois as

formulações que se mantiveram mais estáveis (L, LA), foram as formulações que

não possuiam promotores de absorção na sua composição.

Em relação à avaliação da espalhabilidade das formulações armazenadas a

temperatura de 40 °C (Quadro 7), pode-se observar q ue as formulações L, LA, LAU

e LAUA, apresentaram uma maior espalhabilidade no tempo 30 dias em relação às

demais. As formulações L e LA não possuem promotores de absorção e as

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89

formulações LAU e LAUA possuem uréia como promotor de absorção, podendo este

comportamento estar relacionado à presença deste promotor. As formulações

quando avaliadas no tempo 60 dias apresentaram um aumento da espalhabilidade,

com exceção da L, LAU que tiveram uma pequena redução e a preparação LAA teve

o mesmo comportamento avaliado na temperatura ambiente, aumentando

siginificativamente a sua espalhabilidade. No tempo 90 dias as formulações

mostraram uma pequena redução na espalhabilidade, com exceção da LAA que

teve uma redução maior da estabilidade tendo este mesmo comportamento em

temperatura ambiente, mas mais acentuado a 40 °C. A s preparações LAO e LAU

mostraram um pequeno aumento da espalhabilidade, o mesmo não ocorrendo na

temperatura ambiente.

A determinação da viscosidade em emulsões é um critério adequado para

estimar a sua qualidade, mas não é realizado com valores absolutos de viscosidade

e sim com alterações desta durante o armazenamento (MONTAGNER; CORRÊA,

2004).

O comportamento reológico é utilizado para caracterizar o espalhamento de

um creme ou loção sobre a pele. O estudo da reologia abrange a viscosidade, tipo

de fluxo, valor de rendimento e tixotropia do produto (LONGO, 2006):.

Quando um corpo sólido ou líquido é aquecido, a viscosidade (η) diminui e a

fluidez aumenta. Esta relação é análoga à equação de Arrhenius da cinética

química.

RTEAe /νη = Eq. 2

onde, A é uma cosntante depedente da massa molecular e do volume molar do

líquido, Ev é a energia de ativação requerida para iniciar o fluxo entre camadas

moleculares, R é a constante universal dos gases (0,082 atm L K-1 mol -1) e T é a

temperatura expressa em Kelvin (NETZ; ORTEGA, 2002).

Os líquidos complexos e as preparações semi-sólidas apresentam

comportamento não-newtoniano, que se caracteriza por variações da viscosidade

aparente em função do gradiente de cisalhamento aplicado a amostra. Esses tipos

de fluídos podem ainda ser classificados quanto ao tipo de escoamento em

plásticos, pseudoplásticos ou dilatantes (ALMEIDA; BAHIA, 2003).

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90

Para as formulações dermocosméticas, o fluxo pseudoplástico é o mais

comum. Esses materiais têm sua viscosidade aparente diminuida gradualmente, à

medida que aumenta a tensão de cisalhamento podendo ou não se reestruturar

rapidamente. Se a recuperação é imediata, as curvas ascendentes e descendentes

do reograma são sobrepostas e a deformação é chamada tempo-independente, mas

se a estrutura não se recupera imediatamente e a curva ascendente indicar maior

viscosidade que a descendente, o material é chamado tixotrópico, quando ocorre o

contrário, o material é dito reopético (ALMEIDA; BAHIA, 2003; LONGO, 2006).

É interessante para as formulações de uso tópico possuir caráter tixotrópico, o

que as torna mais fluídas facilitando assim o espalhamento, mas o valor de tixotropia

não pode ser muito elevado para que o produto não escorra sobre a pele após

aplicação, possuindo uma recuperação muito lenta da sua estrutura e também não

pode ser um valor muito baixo, o que acarretaria em baixa espalhabilidade do

produto não permitindo uma distribuição uniforme sobre a pele (CORRÊA et al.,

2005).

O comportamento reológico dos cremes com e sem ácido caurenóico e

promotores de absorção antes e após estudo de estabilidade acelerado são

apresentados na figura 24.

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t0 (TA) t

90d (40°C) t0 (TA) t

90d (40°C) L

LA

LAO

LAA

LAU

LAUA

LAML

Figura 24 – Curvas de fluxo das formulações contendo ácido caurenóico com ou sem promotores de absorção antes e após estudo acelerado de estabilidade.

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Os cremes L, LA, LAUA, LAML, submetidos a estudo de estabilidade em

temperatura ambiente, apresentaram uma redução na viscosidade no decorrer dos

60 dias, retornando praticamente ao valor de viscosidade inicial ao final dos 90 dias,

com exceção da formulação LA que apresentou um valor de viscosidade menor do

que o apresentado no tempo zero. O creme LAO sofreu redução na viscosidade no

tempo 30 dias e aumento progressivo a partir dos 60 dias retornando ao valor inicial

ao final dos 90 dias. O creme LAA sofreu redução na viscosidade no tempo 30 dias

e aumento progressivo a partir dos 60 dias e ao final dos 90 dias apresentou um

valor de viscosidade menor do que o apresentado no tempo zero. O creme LAU

apresentou aumento na viscosidade no tempo com 30 dias, redução no tempo 60

dias e aumento no tempo 90 dias maior que o valor de viscosidade no tempo zero.

O comportamento viscosimétrico das formulações apresenta relação inversa

com o comportamento de espalhabilidade ao longo do estudo de estabilidade. Foi

observada redução da viscosidade média com posterior aumento da viscosidade,

enquanto a espalhabilidade foi aumentada e posteriormente reduzida, o que

confirma a relação existente entre os dois parâmetros analisados em preparações

semi-sólidas.

Os resultados de tixotropia apresentados no quadro 6 mostram que os

cremes L e LAUA apresentaram redução no valor de tixotropia nos tempos 30 e 60

dias e aumento no tempo 90 dias, mas não retornando ao valor do tempo zero. Os

cremes LA e LAA apresentaram também redução no valor de tixotropia no tempo 30

dias, mas aumento progressivo no tempo 60 e 90 dias, porém não retornando ao

valor inicial. O creme LAO apresentou redução no valor de tixotropia no tempo 30

dias, aumento no tempo 60 dias e redução no tempo 90 dias, contudo não

retornando ao valor inicial. O creme LAU mostrou aumento progressivo no valor de

tixotropia no tempo 30 e 60 dias e redução no tempo 90 dias sem retornar ao valor

inicial do tempo zero e o creme LAML apresentou perfil semelhante ao creme LAU,

porém no tempo 90 dias mostrou aumento do valor de tixotropia acima do valor do

tempo zero.

Analisando os resultados de comportamento viscosimétrico dos cremes

submetidos a estudo de estabilidade em estufa (40 °C) (quadro 7) foi observado que

houve variação em todos os cremes com exceção dos cremes LAO e LAA que

mostraram ser os mais estáveis, mostrando discreta redução no tempo 60 dias e

permanecendo praticamente estáveis até o final do estudo. Os cremes LAU e LAML

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apresentaram perfis semelhantes, mostrando redução no valor da viscosidade com

60 dias e aumento com 90 dias sem retornar ao valor inicial de 30 dias, porém o

creme LAU mostrou aumento menor do que com 30 dias e o creme LAML, ao

contrário, um discreto aumento em relação ao valor de 30 dias. O creme L

apresentou aumento progressivo de viscosidade até o final dos 90 dias. O creme LA

mostrou redução no valor da viscosidade no tempo 60 dias e aumento no tempo 90

dias superior ao tempo 30 dias. O creme LAUA mostrou redução significativa em sua

espalhabilidade no tempo 60 dias permanecendo praticamente este valor ao final

dos 90 dias.

Analisando os resultados do comportamento reológico das preparações

submetidas a teste de estabilidade em temperatura ambiente, apresentados na

figura 24 e quadro 6, mostram que os cremes L e LAUA apresentaram uma redução

no valor de tixotropia nos tempos 30 e 60 dias e um aumento no tempo 90 dias, mas

não retornando ao valor do tempo zero. Os cremes LA e LAA apresentaram também

uma redução no valor de tixotropia no tempo 30 dias, mas um aumento progressivo

no tempo 60 e 90 dias, porém não retornando ao valor inicial. O creme LAO

apresentou uma redução no valor de tixotropia no tempo 30 dias, um aumento no

tempo 60 dias e uma redução no tempo 90 dias, contudo não retornando ao valor

inicial. O creme LAU mostrou um aumento progressivo no valor de tixotropia no

tempo 30 e 60 dias e uma redução no tempo 90 dias sem retornar ao valor inicial do

tempo zero e o creme LAML apresentou um perfil semelhante ao creme LAU, porém

no tempo 90 dias mostrou um aumento do valor de tixotropia acima do valor do

tempo zero.

As preparações submetidas a teste de estabilidade em ambiente de estufa

(40 °C), figura 24 e quadro 7, apresentaram perfi semel hantes de tixotropia. Os

cremes L, LA, LAU, LAUA e LAML mostraram uma redução do valor da tixotropia no

tempo 60 dias e um aumento no tempo 90 dias sem retornar ao valor incial do tempo

30 dias. Os cremes LAO e LAA mostraram ter um perfil semelhante entre si,

apresentando um aumento progressivo da tixotropia até o tempo 90 dias,

permanecendo um valor superior ao valor inicial do tempo 30 dias.

As figuras 25 a 29 apresentam o perfil cromatográfico qualitativo por CLAE

dos cremes contendo AC e promotores de absorção, antes (tempo zero) e após

(tempo 90 dias) oestudo de estabilidade acelerado. Embora os perfis

cromatográficos dos cremes com a incorporação de diferentes promotores sejam

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diferentes em todos eles foi observado no tempo zero e no tempo 90 dias a

presença do pico correspondente ao AC, indicando a estabilidade do fitofármaco.

A quantidade de AC nos cremes foi quantificada por CLAE no tempo zero e

no tempo 90 dias (Tabela 2). Foi observado redução da quantidade de ácido

caurenóico, porém esta redução foi variável nas diferentes formulações. A diferença

de quantidade de AC antes e após estudo de estabilidade e nas formulações

estudadas pode estar relacionada com a dificuldade de extração do ácido do creme,

sendo necessária uma validação da extração do AC, pois no presente trabalho a

extração foi realizada usando diferentes métodos, não se obtendo recuperação

adequada para um método analítico devido a variabilidade nas diferentes

concentrações analisadas.

Tabela 2 – Teor de ácido caurenóico por grama de creme antes e após estudo de estabilidade acelerado, por CLAE.

Formulações Ácido caurenóico (µg/g de creme) ∆∆∆∆C/Ct0

t0 t90

LAO 131,98 117,72 0,108

LAA 79,64 58,35 0,267

LAU 52,32 35,12 0,329

LAAU 172,55 112,53 0,348

LAML 210,23 91,72 0,564

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95

mA

U

minutos

mA

U

minutos

A

mA

U

minutos

mA

U

minutos

B

Figura 25 - Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e oleato de decila antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C. A – tempo zero; B – tempo 90 dias.

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96

minutos

mA

U

minutos

mA

U

A

mA

U

minutos

mA

U

minutos

B Figura 26- Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e alfa-bisabolol, antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C. A – tempo zero; B – tempo 90 dias.

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97

mA

U

minutos

mA

U

minutos A

mA

U

minutos

mA

U

minutos B

Figura 27 - Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e uréia antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C. A – tempo zero; B – tempo 90 dias.

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98

mA

U

minutos

mA

U

minutos A

mA

U

minutos

mA

U

minutos B

Figura 28 - Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e alfa-bisabolol e uréia antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C. A – tempo zero; B – tempo 90 dias.

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99

mA

U

minutos A

minutos

mA

U

minutos

mA

U

B

Figura 29 - Perfil qualitativo dos cremes contendo AC e miristato de isopropila e lecitina, antes e após estudo de estabilidade acelerado na temperatura de 40 °C. A – tempo zero; B – tempo 90 dias.

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100

5.4 Estudo de permeação in vitro

Os estudos de permeação in vitro são importantes para a triagem de

formulações propostas no desenvolvimento de medicamentos para uso tópico, seja

para efeito local ou sistêmico. Estes estudos envolvem o uso de células de difusão

projetadas para examinar o fluxo no estado estacionário e a partição do princípio

ativo para a solução receptora em condição sink. O penetrante, princípio ativo, deve

particionar através de uma membrana (El- KATTAN at al., 2001; BARRY, 2005;

AMNUAIKIT et al., 2005). Uma vez que a pele humana e de animais é variável e de

difícil obtenção, membranas artificiais como acetato de celulose e borracha de

silicone têm sido empregadas (LIRA at al., 2004; BARRY, 2005; LONGO, 2006). A

membrana de acetato de celulose é considerada uma membrana não limitante,

portanto não controla o transporte de compostos através dela (LOPES, 2005). No

presente trabalho esta foi empregada, pois o objetivo do estudo de permeação foi

verificar a cedência do AC de cremes preparados com diferentes bases, aniônica e

não-iônica (Lanette® e Polawax®, respectivamente) e diferentes promotores de

absorção e não a permeação do AC através da pele, dado este explorado no estudo

de atividade antiinflamatória in vivo. A solução tampão com pH 11 foi escolhida como

solução receptora devido a solubilidade do AC ser maior em pH alcalino.

A figura 30 apresenta o perfil de permeação in vitro do AC incorporado em

cremes não-iônicos com diferentes promotores de absorção. De acordo com os

resultados a quantidade de AC liberado em 12 horas de análise variou de 0,8 a 1,4

µg/cm2 nas formulações contendo diferentes promotores. O creme contendo uréia

apresentou maior quantidade de princípio ativo liberado enquanto o creme contendo

oleato de isodecila apresentou a menor quantidade de AC liberado.

Observando o perfil de liberação, foi observado variações anômalas na

quantidade de AC permeado com o tempo. Praticamente todos as formulações

apresentam redução da permeação do AC após 12 horas de liberação. Cremes

contendo miristato de isopropila e oleato de isodecila apresentaram perfil mais

regular, ou seja, com a liberação crescente de AC ao longo do estudo.

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Tempo (horas)

0 2 4 6 8 10 12 14

Áci

do C

aure

nóic

o (

µµ µµg/c

m2 )

0

1

2

3

4

5

LAULAAULAOLAMLLAA

Figura 30 – Perfil de permeação in vitro de AC de formulações semi-sólidas com base Polawax® contendo diferentes promotores de permeação.

Os perfis de permeação do AC incorporado nas formulações com base

Lanette são apresentados na figura 31. A quantidade de AC que sofreu permeação

ao final de 12 horas de permeação variou de 0,5 a pouco mais do que 1 µg/cm2.

Embora a quantidade de ácido permeada das formulações com base aniônica tenha

sido menor do que a observado com as formulações com base não-iônica

(Polawax®), estas apresentaram perfil de permeação mais regular. As formulações

contendo uréia como promotor de permeação apresentaram maior permeação do

AC, seguido pela formulação contendo miristato, porém esta influência pode não

estar relacionada diretamente, em princípio, aos promotores devido a membrana

usada como barreira.

Como observado com as formulações com base não-iônica, o creme

contendo miristato como promotor apresentou perfil de liberação mais regular e

crescente com o tempo de análise.

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Tempo (horas)

0 2 4 6 8 10 12 14

Áci

do C

aure

nóic

o (

µµ µµg/c

m2 )

0

1

2

3

4

5

LAULAUALAOLAMLLAA

Figura 31 – Perfil de permeação in vitro de AC de formulações semi-sólidas com base Lanette® contendo diferentes promotores de permeação.

5.5 Avaliação da atividade antiinflamatória in vivo

Através de testes in vivo utilizando o organismo animal como um todo, é

possível observar a influência de outros parâmetros na absorção de fármacos, tais

como o metabolismo cutâneo e a presença da circulação sanguínea, que

influenciam muito o transporte de fármacos, principalmente os lipofílicos, até a

derme (MOSER et al., 2001). Estes ensaios reforçam os resultados obtidos através

de metodologias in vitro.

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Formulações

L

Achef

lan

Dexam

etas

ona LA LA

ALA

OLA

ULA

ML

LAUA

Esp

essu

ra d

a or

elha

(m

m)

0

50

100

150

200

250

****

**

**

**

**

**

**

Figura 32 – Atividade antiinflamatória dos cremes de AC pelo método de edema de orelha. L – controle negativo (creme sem AC); Acheflan® – controle positivo (creme contendo 0,5% de óleo essencial de Cordia verbenacea); Dexa – controle positivo (creme contendo 0,5% de dexametasona); LA – creme contendo 0,1% de AC; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores; LAUA - contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAA - contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAO - contendo 0,1% de AC mais oleato de isodecila como promotor; LAU - contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor. ** - diferença significativa do controle negativo com p < 0,01.

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Tabela 3: Porcentagem de inibição da atividade antiinflamatória dos cremes de AC pelo método de edema de orelha.

Creme Inibição(%) Desvio padrão

L 0,0 121,62

Acheflan® 54,89 13,78

Dexa 64,45 13,41

LA 61,73 23,23

LAML 71,71 15,77

LAUA 60,28 13,35

LAA 40,90 16,35

LAO 59,69 6,31

LAU 44,28 18,92

Legenda: L – controle negativo (creme sem AC); Acheflan® – controle positivo (creme contendo 0,5% de óleo essencial de Cordia verbenacea); Dexa – controle positivo (creme contendo 0,5% de dexametasona); LA – creme contendo 0,1% de AC; LAML – creme contendo 0,1% de AC mais miristato de isopropila e lecitina de soja como promotores; LAUA - contendo 0,1% de AC mais uréia e alfa-bisabolol como promotores; LAA - contendo 0,1% de AC mais alfa-bisabolol como promotor; LAO - contendo 0,1% de AC mais oleato de isodecila como promotor; LAU - contendo 0,1% de AC mais uréia como promotor.

Através dos resultados obtidos no teste de edema de orelha induzido por óleo

de cróton, foi constatada a atividade antiinflamatória do AC quando comparados com

os controles positivos (creme com dexametasona 0,5% e Acheflan®). Ao comparar

os resultados do creme com AC (100 µg/g) e com o creme com dexametasona 0,5%

não foi observada diferença significativa (p>0,05 e q>2,696) entre eles e quando

comparados os cremes com os diferentes promotores de absorção (oleato de

isodecila, miristato de isopropila+lecitina de soja, uréia+alfa bisabolol) não se

observou também diferença significativa em relação ao creme com dexametasona

0,5% (p>0,05) com exceção dos cremes com os promotores de absorção uréia e alfa

bisabolol, pois ambos apresentaram menor efeito antiinflamatório quando

comparados com a dexametasona 0,5% (p<0,01). Quando comparados os cremes

com AC (100 µg/g) sem promotores e com promotores (oleato de isodecila, miristato

de isopropila+lecitina de soja, uréia+alfa bisabolol) percebeu-se que não houve

diferença significativa entre eles (p>0,05 e q>2,656) com exceção dos cremes com

os promotores uréia (p<0,05) e alfa bisabolol (p<0,01) que apresentaram menor

absorção do AC. Quando os cremes com AC (100 µg/g) sem promotores e com

promotores foram comparados com o controle positivo Acheflan®, observou-se

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diferença significativa apenas na presença dos promotores de absorção miristato de

isopropila+lecitina de soja (p<0,05 e q> 2,696), onde os mesmos apresentaram

maior efeito antiinflamatório.

Após ter sido analisado os resultados acima pode-se observar que os cremes

com AC (100 µg/g) com os promotores uréia e alfa bisabolol não demonstraram

potencializar o efeito do AC, apresentando uma menor absorção do mesmo, quando

comparado ao creme sem promotor, mas quando os dois promotores (uréia+ alfa

bisabolol) são associados percebeu-se um aumento na permeação.

Em estudo anterior (CZEPULA, 2006), foi demonstrada a atividade

antiinflamatória do extrato de S. trilobata em preparações semi-sólidas (cremes),

usando o edema de orelha em camundongo, induzido com óleo de cróton, como

modelo farmacológico. O extrato de S. trilobata foi incorporado em diferentes

concentrações nas preparações semi-sólidas e comparado com creme de

dexametasona 0,1%, como controle positivo. A atividade antiinflamatória do creme

com a menor concentração de extrato comparado ao creme controle-negativo, não

foi significativo. Entretanto, comparando-se o creme contendo maior concentração

de extrato com o controle positivo, obteve-se 59,84% e 63,76% respectivamente de

percentual de inibição do edema, constatando-se que o extrato de S. trilobata possui

atividade anti-endematogênica de forma significativa e dose dependente e

possivelmente um dos principais componentes responsáveis pelo efeito é o AC.

Para avaliação dos efeitos antiinflamatórios do Acheflan® (Cordia verbenacea)

foram preparados diferentes extratos a partir das folhas da Cordia verbenacea para

serem avaliados em modelos farmacológicos in vitro e in vivo. Para avaliação do

edema de orelha em camundongos, os extratos etanólico a quente e metanólico,

aplicados topicamente na forma de creme na orelha de camundongo, apresentaram

marcada atividade antiinflamatória quando avaliados nos modelos inflamatórios

causados pela aplicação de ácido araquidônico, óleo de cróton ou capsaicina. Em

termos de eficácia, os extratos da Cordia verbenacea, produziram efeitos

antiinflamatórios semelhantes aos causados pela dexametasona. As ações

antiinflamatórias tópicas foram observadas tanto quando aplicadas previamente

como também após o estabelecimento do processo inflamatório (ACHE, 2005 b).

Em um estudo onde se avaliou a atividade antidermatogênica tópica das

frações etanólicas e diclorometano da espécie Leonurus sibiricus, usando o óleo de

cróton, como agente irritante, dexametasona 1%, como controle positivo, extrato

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bruto diclorometano (0,2 - 2,0 mg/kg orelha), extrato bruto etanólico (0,2 mg/kg

orelha), houve inibição do edema com as três doses utilizadas, mas o efeito máximo

semelhante ao da dexametasona foi atingido com extrato bruto diclorometano nas

duas doses (0,2 - 2,0 mg/kg orelha), confirmando que tal atividade deve-se a

presença de compostos com perfil lipofílico (SILVA, 2006).

5.6 Avaliação da irritação cutânea

O teste de irritação cutânea em gel de agarose foi utilizado para verificar o

potencial de irritação em emulsões e géis (BRASIL, 2003).

As amostras de cremes com ácido caurenóico com e sem promotores foram

incorporadas em discos de papel e aplicadas em placas sobre uma superfície de gel

de agarose em contato com as células L929, a citotoxicidade foi avaliada pela zona

de lise (ausência do corante vital). Como controle negativo foi usada solução salina e

como controle positivo uma solução aquosa de DSS a 1%. O halo de irritação foi

medido com o paquímetro e confirmado através de avaliação microscópica. Os

resultados obtidos no trabalho estão demonstrados na tabela 4.

Tabela 4: Resultados obtidos no teste de irritação cutânea nos cremes contendo AC através do método de agarose overlay.

Amostras Formação do halo

Controle Positivo¹ Presença

Controle Negativo² Ausência

L Ausência

LA Ausência

LAO Ausência

LAA Ausência

LAU Ausência

LAUA Ausência

¹ Solução de DSS 1% ² Solução salina Todas as amostras testadas apresentaram ausência de halo de irritação

(Figura 33), ou seja, as preparações semi-sólidas com e sem AC e na presença dos

diferentes tipos de promotores de absorção não apresentaram nenhum grau de

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irritação cutânea quando comparado ao controle positivo que apresentou um halo de

1,341 cm ± 0,06 (Figura 33) sendo classificado como 4 ou reatividade severa,

conforme demonstrado na tabela 4.

Figura 33 - Placa de gel de agarose com creme contendo AC (LA) e controle positivo (DSS).

A figura 33 mostra poços à esquerda contendo creme com AC representando

todas as demais formulações as quais não apresentaram halo de inibição (irritação

cutânea ou de conjuntiva) e ao lado direito, poços contendo (DSS 1%) como controle

positivo e apresentando halo de inibição.

A figura 34 mostra a presença de células viáveis (coradas com vermelho

neutro - corante vital) em creme com AC e sem AC, respectivamente demonstrando

a presença de células viáveis, comprovando que os cremes não possuem irritação

cutânea. A figura 35 mostra a ausência de células viáveis (ausência de corante

vermelho neutro) nas amostras contendo o controle positvo (DSS) demonstrando o

potencial citotóxico do DSS, e sua irritação severa.

LA DSS

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A B Figura 34- Creme com (A) e sem AC (B), sem contraste de fases (400X).

Figura 35- Controle positivo sem contraste de fases (400X).

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6 CONCLUSÕES

- O AC foi isolado do caule e raiz da planta S. trilobata com rendimento de 0,14%.

Os resultados obtidos nos ensaios de identificação mostraram que a substância

possui alto teor de pureza e estão de acordo com os dados descritos na literatura.

- O AC é insolúvel em água, possui solubilidade pH dependente, apresentado maior

solubilidade em pH 10. Em propilenoglicol, a substância pode ser considerada

levemente solúvel.

- O coeficiente de partição do AC no sistema tampão/octanol é de 95,99 ± 2,265%

para a fase oleosa.

- Todas as formulações desenvolvidas com bases aniônica e não-iônica (Lanette® e

Polawax®, respectivamente) com os diferentes promotores de absorção (uréia, alfa-

bisabolol, oleato de isodecila, miristato de isopropila+lecitina de soja) apresentaram-

se estáveis fisicamente nos testes prévios de estabilidade. As formulações contendo

AC apresentaram conformes quanto às características físicas, porém.foi verificada a

redução do teor de AC ao final de 90 dias do teste de estabilidade acelerado.

- No teste de permeação in vitro usando célula de Franz adaptada e membrana de

acetato de celulose, o AC liberado nas 12 horas do experimento foi de 0,8 a 1,4

µg/cm2 nas formulações não iônicas contendo diferentes promotores. O creme

contendo uréia apresentou maior quantidade de princípio ativo liberado e o creme

com oleato de isodecila apresentou a menor quantidade de AC liberado. A

permeação do AC nos cremes aniônicos ao final de 12 horas variou de 0,5 a pouco

mais do que 1 µg/cm2.

- Os resultados da avaliação farmacológica obtidos nas formulações desenvolvidas

com base aniônica (Lanette®) no teste de edema de orelha induzido por óleo de

cróton, demonstraram que o AC possui atividade antiinflamatória semelhante à

apresentada pelo creme com 0,5% de dexametasona. Os promotores que

apresentaram melhor permeação do AC foi o miristato de isopropila+lecitina de soja,

obtendo-se 71,71% de inibição do edema e o creme com 0,5% de dexametasona

apresentou 64,45% de inibição do edema, não havendo diferença significativa entre

eles (p>0,05 e q>2,696), os promotores de absorção uréia e alfa bisabolol ambos

apresentaram menor permeação do AC diminuindo seu efeito antiinflamatório (44,28

e 40,9%). Em relação ao Acheflan®, que apresentou 54,89% de inibição de edema,

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os cremes com AC apresentaram uma maior porcentagem de inibição do edema

(61,73%) e na presença dos promotores de absorção todos apresentaram inibição

de edema superior ao valor obtido pelo Acheflan® com exceção dos promotores alfa-

bisabolol e uréia que apresentaram 40,9 e 44,28% de inibição do edema,

respectivamente.

- Todas as preparações semi-sólidas não apresentaram potencial de irritação

cutânea quando avaliadas pelo método de agarose overlay.

Podemos concluir com este trabalho que devido à facilidade de obtenção do

AC de diversas plantas, ele é um fitofármaco promissor como antiinflamatório de uso

tópico possuindo atividade antiinflamatória em pequenas dosagens (100 µg/g)

comparado com o creme de dexametasona (0,5%) e quando comparado ao

Acheflan®, fitoterápico obtido do óleo essencial da Cordia verbenacea (0,5%)

mostrou-se mais eficiente na presença de miristato de isopropila+lecitina de soja

como promotores de absorção.

Sugere-se a continuidade dos estudos de validação da metodologia para

extração e quantificação do ácido caurenóico incorporado nos cremes, assim como

estudos in vitro e in vivo para melhor entendimento da ação adjuvante dos diferentes

promotores na penetração do ácido caurenóico através da pele.

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REFERÊNCIAS

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