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Definição A cárie é uma doença infecciosa e transmissível, de origem multifatorial, que resulta na perda localizada de tecido dentário. Representa a doença crônica mais comum na infância, atingindo bebês e crianças pré-escolares em todo mundo. Meta OMS para 2010 – 90% das crianças livres de cárie; SBBrasil 2010 – 53,4% apresentavam cárie aos 5 anos de idade. A cárie pode causar: Dor; Perda do sono; Alterações anatômicas; Prejudica mastigação, fala e respiração; alterar a qualidade de vida do indivíduo. A implementação de programas preventivos tem sido recomendada face à relevância da cárie dentária na infância, sendo que as estratégias de prevenção devem se basear no conhecimento da etiologia da doença. Devemos sempre ter em mente que a Cárie é uma doença e a lesão de cárie é um sinal dessa doença. Não é o dente que está “doente”, mas sim a criança e a família.... Cárie dentária na infância é uma doença com forte comprometimento familiar, por isso, é fundamental que o dentista compreenda o núcleo familiar. O Conhecimento da rede causal e de estratégias preventivas e de controle promovem uma diminuição na carga de doenças e melhora na qualidade de vida. Fatores etiológicos:

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OdontoCARIOLOGIA

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Definição

A cárie é uma doença infecciosa e transmissível, de origem multifatorial, que resulta na perda

localizada de tecido dentário.

Representa a doença crônica mais comum na infância, atingindo bebês e crianças pré-escolares em

todo mundo.

Meta OMS para 2010 – 90% das crianças livres de cárie;

SBBrasil 2010 – 53,4% apresentavam cárie aos 5 anos de idade.

A cárie pode causar:

• Dor;

• Perda do sono;

• Alterações anatômicas;

• Prejudica mastigação, fala e respiração;

• alterar a qualidade de vida do indivíduo.

A implementação de programas preventivos tem sido recomendada face à relevância da cárie

dentária na infância, sendo que as estratégias de prevenção devem se basear no conhecimento da

etiologia da doença.

Devemos sempre ter em mente que a Cárie é uma doença e a lesão de cárie é um sinal dessa doença.

Não é o dente que está “doente”, mas sim a criança e a família....

Cárie dentária na infância é uma doença com forte comprometimento familiar, por isso, é

fundamental que o dentista compreenda o núcleo familiar.

O Conhecimento da rede causal e de estratégias preventivas e de controle promovem uma

diminuição na carga de doenças e melhora na qualidade de vida.

Fatores etiológicos:

HOSPEDEIRO

• SALIVA (lavagem, tamponamento);

• DENTES (recém erupcionados, sulcos e fissuras, fossas e fissuras mal coalescidas, posição

dos dentes dificultando higienização, etc)

SUBSTRATO

• DIETA – Ingestão de açúcares (quantidade e consistência);

• HIGIENIZAÇÃO

TEMPO

• Não existe referência de tempo médio para o desenvolvimento da lesão.

FATORES MODIFICADORES

Dimensão Social e Política da doença → prevalência e severidade da doença são maiores em

comunidades menos favorecidas.

Baixo nível socioeconômico indicam um maior risco de desenvolvimento da cárie dentária;

Melhores Níveis de escolaridade e renda dos pais podem representar melhores cuidados e acesso a

bens.

O nível de escolaridade dos pais é uma das variáveis mais altamente correlacionadas com os

desfechos em saúde infantil, principalmente a escolaridade materna;

MELHOR EDUCAÇÃO → MELHORES EMPREGOS → MELHOR MORADIA;

Devemos ressaltar a importância da EDUCAÇÃO como forma de PROMOVER a saúde infantil

Quanto menor o nível de escolaridade dos pais, maior o risco e severidade da doença.

Renda inferior a 1 salário mínimo – 50% mais de chance de apresentar cárie dentária

MAIOR PROBABILIDADE DE A CRIANÇA SER LIVRE DE CÁRIE QUANTO MAIS CEDO TIVER ACESSO AO

PROFISSIONAL

• Orientação de práticas alimentares;

• Orientação de práticas de higiene bucal;

• Detecção precoce de lesões incipientes

Associação Brasileira de Odontopediatria e Associação Americana de Odontologia Pediátrica

recomendam que TODAS as crianças devem ter acesso a exame odontológico ao redor e 1 ano de

idade, no intuito de que se possa fazer a Identificação precoce de lesões incipientes; Avaliar e

orientar as práticas alimentares e de Higiene bucal

Comportamentos não se constituem apenas em decisões pessoais, podendo refletir características

sociais e econômicas de grupos, por isso devemos ter conhecimento do comportamento do indivíduo

e do NÚCLEO FAMILIAR

Época de início da escovação; Número de vezes que os dentes são escovados; Supervisão dos

responsáveis

PRÁTICAS ALIMENTARES

DIETA: Efeito local dos alimentos, diretamente sobre o tecido dentário

NUTRIÇÃO: Efeito sistêmico de alimentos consumidos

Alterações nutricionais podem causar: Erupção dentária atrasada; Defeitos estruturais; ↑

severidade de cárie; Alterações das glândulas salivares

Deficiências nutricionais podem afetar as glândulas salivares, causando diminuição do fluxo salivar e

alterações na composição da saliva, o que aumenta o risco de cárie após a erupção.

Secreção salivar reduzida, menor capacidade tampão. Menor secreção de íons cálcio e proteínas na

saliva, o que provoca uma piora nos fatores imunológicos presentes na saliva.

Porosidade do esmalte por deficiência de maturação ou mineralização aumenta a risco de cárie

A relação entre carências nutricionais e a ocorrência de cárie dentária na infância não é um consenso.

Crianças com cárie dentária na infância tendem a apresentar menos peso OU Crianças com menos

peso tendem a apresentar cárie na infância.

DIETA

• Introdução precoce da sacarose;

• Alta frequência de ingestão alimentar;

• Aleitamento materno prolongado e em alta frequência;

• Uso inadequado de mamadeira, com ênfase ao uso noturno

• Fase de desenvolvimento de sistemas de defesa do hospedeiro e colonização bacteriana;

uma dieta inadequada pode favorecer a formação de uma microbiota cariogênica;

• Novas superfícies dentárias vão sendo gradativamente expostas, novos sítios de colonização

e acúmulo de resíduos. O início do irrompimento dos dentes decíduos se dá por volta dos 6

meses e vai finalizar-se por volta dos 3 anos de idade.

Práticas inadequadas de desmame (introdução precoce da sacarose e uso da mamadeira em livre

demanda) O risco do açúcar como causa de cárie aumenta consideravelmente se for consumido

entre as refeições e sob uma forma física que o retenha na cavidade bucal por um período

prolongado

Existem três tipos de carboidratos: complexos, refinados e simples (Complexos – também

conhecidos como integrais). São ricos em amido, porém, possuem teor de gordura relativamente

baixo e ao mesmo tempo contêm vitaminas, minerais e fibras. Fazem parte desse grupo batatas,

batata-doce, milho, macarrão, arroz integral, feijão, ervilhas e lentilhas, por exemplo.

Os refinados de maneira geral, têm bastante caloria e são pobres em nutrientes essenciais. Pães

brancos, arroz branco, biscoitos, tortas, bolos e a maioria das sobremesas assadas fazem parte dessa

categoria.

Os açúcares constituem os carboidratos simples.

• Alta Frequência de consumo de alimentos → pH constantemente ácido → Intervalos de

reparo pequenos ou inexistentes

Com a estagnação do leite materno ocorre a metabolização da lactose, que é um carboidrato

fermentável, encontrado em maior quantidade no leite humano do que no leite bovino, o que

promove a produção de ácidos na região dos incisivos superiores.

Incisivos inferiores são menos atingidos devido a proteção da língua e proximidade de glândulas

salivares.

A diminuição do fluxo salivar e a capacidade tampão da saliva durante o sono são fatores que

potencializam a perda mineral.

Dimensão não biológica do alimento → Uso do alimento para acalmar; recompensar, agradar, etc...

A alta frequência de ingestão alimentar causa uma constante produção de ácido e queda do pH no

biofilme bacteriano, o que impede a reposição fisiológica de minerias nos ciclos de des-

remineralização.

A ingestão frequente de alimentos é comum em crianças em idade pré-escolar: pensamento de que

a criança deve ser constantemente alimentada para estar bem nutrida e saudável, ou para

compensar o fato de que a criança não se alimentou de forma como os responsáveis julgaram

necessário, gerando um ciclo repetitivo de comer entre as refeições e falta de apetite.

Os alimentos são oferecidos com outros significados como culpa e recompensa.

Os alimentos oferecidos entre as refeições normalmente são carboidratos na forma sólida (bolos,

biscoitos, doces em geral) ou líquida (sucos, refrigerantes, leite)

MICROORGANISMOS

• Streptococcus mutans;

• Streptococcus sobrinus;

• Lactobacilos

As superfícies da cavidade bucal são colonizadas por microrganismos.

1 ml de saliva contém mais de 200 milhões de microrganismos de mais de 250 espécies diferentes.

A colonização por Estreptococcus do grupo mutans ocorre com a erupção dentária.

A época de colonização parece influenciar na incidência de cárie. Quanto maior a criança quando for

colonizada, menor a incidência de cárie

Fatores que influenciam na época de colonização:

• Práticas alimentares (sacarose)

Mãe como principal fonte da infecção por bactérias cariogênicas “DOENÇA TRANSMISSÍVEL”

INTERVIR NA INFECÇÃO PARA PREVINIR A CÁRIE → INTERVIR NA INFECÇÃO PARA PREVINIR A CÁRIE

SALIVA

• Capacidade tampão

• Limpeza mecânica

Capacidade tampão, atua neutralizando os ácidos formados pelo metabolismo microbiano e

reduzindo a desmineralização

Limpeza mecânica, fluxo salivar, presença contínua de fatores imunológicos na cavidade bucal.

Em crianças, geralmente o fluxo salivar e a capacidade tampão da saliva são altos.

FLÚOR

• Ação Preventiva

• Ação Terapêutica

Ação Preventiva: Dificulta a desmineralização do esmalte

Ação Terapêutica: Atua na Remineralização do esmalte desmineralizado (mancha branca)

Incorporado nos cristais do esmalte de dentes permanentes durante a fase de Maturação pós

eruptiva

O Flúor não é capaz de agir nos fatores etiológicos da cárie. Não evita a doença, porém é

indispensável para o controle da progressão da doença

DINÂMICA DA LESÃO DE CÁRIE:

A parte do dente que está em contato com o meio bucal é o esmalte, que é composto basicamente

por cristais de hidroxiapatita Ca10(PO4)6(OH)2

A saliva apresenta uma grande concentração de íons, entre eles temos Sódio (Na), Cloro (Cl),

Cálcio(Ca), Fosfato(PO), etc.

Em condições normais ocorre um equilíbrio dinâmico entre o esmalte e a saliva, liberando e

ganhando cálcio e fosfato

pH salivar normalmente é de 6,9

pH crítico do esmalte dental é 5,5; na presença de flúor ocorre a formação de fluorapatita e o pH

crítico torna-se 4,5.

Em condição de pH Bucal INFERIOR a 5,5

• SALIVA: composição SUBSATURANTE de Cálcio e Fosfato em relação à solubilidade da

Hidroxiapatita.

• TENDÊNCIA FÍSICO-QUÍMICA: Hidroxiapatita do dente perde Cálcio e Fosfato para o meio

bucal.

DISSOLUÇÃO DO ESMALTE → DESMINERALIZAÇÃO

Em condição de pH Bucal SUPERIOR a 5,5

• SALIVA: composição SUPERSATURANTE de Cálcio e Fosfato em relação à solubilidade da

Hidroxiapatita.

• TENDÊNCIA FÍSICO-QUÍMICA: Hidroxiapatita do dente GANHA Cálcio e Fosfato para o meio

bucal.

GANHO DE ÍONS PELO ESMALTE → REMINERALIZAÇÃO/MINERALIZAÇÃO

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E HISTOPATOLÓGICAS

DA LESÃO DE CÁRIE EM ESMALTE

A lesão de cárie em esmalte apresenta características microscópicas distintas em 4 camadas diversas,

caminhando da superfície para dentina, sendo elas:

1. Camada Superficial Aprismática ou de Darling

2. Corpo da Lesão

3. Zona Escura

4. Zona Translúcida

1. CAMADA SUPERFICIAL

Permeável à entrada de produtos bacterianos (ácidos)

Microporosidades, Lamelas espaços intercristalinos e estrias incrementais de Retzius

Maior Resistência à formação de cavidade e à ação dos microrganismos

Alto grau de mineralização, conteúdo de flúor e maior teor de proteínas insolúveis

2. CORPO DA LESÃO

Localizada subsuperficialmente

Desmineralização ocorre mais rapidamente Solubilização dos cristais e aumento da porosidade

Porosidade: 10% a 25% do seu volume é ocupado por espaços inter- cristalinos ou microporos

Percentual crescente da periferia da lesão, acentuado as estrias incrementais de Retzius

75% a 90% do conteúdo mineral está intacto

3. ZONA ESCURA

Localiza- se na periferia imediata do corpo da lesão

Porosidade: Microporos representam 2% a 4% de seu volume

4. ZONA TRANSLÚCIDA

Representa a parte posterior da desmineralização do esmalte

Porosidade: 1% de seu volume é constituído por espaços intercristalinos ou microporos

Os aspectos macroscópicos da lesão de cárie em esmalte não cavitada variam de acordo com a

superfície envolvida

LESÃO DE CÁRIE EM ESMALTE EM SUPERFÍCIE LISA

Nas superfícies lisas, a lesão de cárie se apresenta na forma de cone, com o ápice direcionada para a

junção amelodentinária, e a base voltada para a superfície externa, seguindo a orientação dos

prismas de esmalte e estrias de Retzius. A mancha branca ou amarelada podem ser a expressão

clínica desse tipo de lesão.

LESÃO DE CÁRIE EM ESMALTE (SULCOS E FISSURAS)

Na superfície oclusal em regiões de sulcos, fissuras e cicatrículas, a difusão ocorre a partir das

paredes laterais, inclinando-se em direção à junção amelodentinária, o que resulta na forma cônica

aberta da lesão nas paredes laterais e fundo de sulcos e fissuras, cuja base está voltada para a dentina

e o ápice para a superfície oclusal.

CAVIDADE DE CÁRIE

Decorrente do aumento gradativo e considerável do corpo da lesão e da consequente porosidade

Desmoronamento da cavidade superficial

Formação da cavidade

PROGRESSÃO DA LESÃO DE CÁRIE EM ESMALTE

Estabelecimento da Zona Translúcida: primeira alteração morfológica específica do esmalte na cárie

(microscopia óptica)

Surgimento da Zona Escura

Vizualização do Corpo da Lesão

Aparece a Lesão Branca: parte orgânica está modificada e a dentina poderá ser alterada também

Estabelece-se uma superfície gredosa no esmalte (sinal radiográfico inicial de cárie)

Ocorre a formação da cavidade

• ESMALTE SADIO

Clinicamente apresenta-se: Sólido, microporoso e transluzente.

Composição: 95% COMPONENTES INORGÂNICOS; 4% MATÉRIA ORGÂNICA; 1% ÁGUA (ligada às

proteínas na camada de hidratação dos cristais, aprisionadas nos cristais ou livre)

Durante o processo de estabelecimento da lesão de cárie, ocorre uma diminuição no número e

tamanho dos cristais e consequentemente o aumento do espaço intercristalino, resultando no

aumento da porosidade de esmalte, com diminuição da translucidez e clinicamente observa-se a

mancha branca.

Quando o esmalte está úmido e não conseguimos visualizar a mancha branca é indicativo de menor

perda de conteúdo mineral, já quando a mancha branca é visível com o esmalte úmido isso é

indicativo de uma maior perda mineral

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E HISTOPATOLÓGICAS DA

LESÃO DE CÁRIE EM DENTINA

A lesão em dentina inicia-se quando a lesão do esmalte atinge a junção amelodentinária. Nesse

momento, a porção superficial da dentina sofre a desmineralização inicial.

Quando as lesões por desmineralização atingem a dentina, que em relação ao esmalte é menos

mineralizada e apresenta maior teor de proteínas, em geral ocorre progressão mais rápida do

processo cariogênico

A dentina é uma estrutura avascular que apresenta os prolongamentos dos odontoblastos dentro

de túbulos que a percorrem desde a polpa até a junção amelodentinária.

Progressão mais rápida (dentina menos mineralizada que o esmalte).

esclerose dos canalículos;

formação de dentina;

processo inflamatório da polpa

Quando as lesões por desmineralização atingem a dentina, que em relação ao esmalte é menos

mineralizada e apresenta maior teor de proteínas, em geral ocorre progressão mais rápida do

processo cariogênico

Os principais mecanismos de reação da dentina frente a qualquer agressão resumem-se na esclerose

dos canalículos dentinários, formação de dentina reacional na superfície interna e no processo

inflamatório no tecido pulpar, que ocorrem na dependência da intensidade do ataque

Segundo FUSAYAMA (1979), há basicamente duas camadas de dentina cariada, as quais são: a

infectada, que se apresenta amolecida, contaminada por bactérias e não pode ser reparada;

e a afetada, que é mais endurecida, livre de bactérias e pode ser reparada.

CARACTERÍSTICAS DA DENTINA INFECTADA

Consistência amolecida

Aspecto umidecido

Alta concentração de bactérias

Degradação das fibras colágenas pelos ácidos

e enzimas proteolíticas produzidas pelas bactérias

Não é mais passível de remineralização

CARACTERÍSTICAS DA DENTINA AFETADA

ASSEMELHA-SE À DENTINA SADIA

DENTINA PERITUBULAR DENSA E MINERALIZADA RICA EM FIBRONECTINA, PROTEÍNA QUE PARECE

EFETUAR CONTROLE SOBRE OS ODONTOBLASTOS.

MECANISMOS DE REPARO E REMINERALIZAÇÃO DENTÁRIA

RESPOSTA FISIOLÓGICA → Deposição de minerais e obliteração dos túbulos dentinários na camada

mais interna da dentina afetada (zona translúcida)

Retarda a invasão bacteriana e a difusão de toxinas à polpa.

REAÇÃO QUÍMICA DE MAILLARD → mecanismo de auto-defesa frente à agressão a exposição do

colágeno dentinário (proteína) ao açúcar leva à modificação estrutural na molécula do colágeno,

tornando-o mais resistente à degradação enzimática resulta em ESCURECIMENTO e PARALISAÇÃO

da lesão cariosa.

PRODUÇÃO DA DENTINA REPARADORA OU TERCIÁRIA → ocorre apenas em dentes vitais é

secretada pelos odontoblastos leva à diminuição na luz da câmara pulpar e aumento da espessura

da dentina que se interpõe entre a lesão cariosa e a polpa

CRITÉRIOS PARA REMOÇÃO DO TECIDO CARIADO

COLORAÇÃO DA DENTINA → NÃO deve ser critério para remoção de cárie

As lesões de cárie são caracteristicamente escuras;

A dentina desmineralizada deixada na junção amelodentinária pode adquirir coloração escurecida

em decorrência de pigmentos da dieta;

Íons metálicos provenientes de restaurações atravessam a dentina amolecida e necrótica

superficial e se depositam na camada interna da dentina cariada, que deve ser preservada.

DUREZA

KIDD et al. (1989): a dureza da dentina pode ser verificada com o uso de sonda exploradora,

especialmente na junção amelodentinária, ou colher de dentina nas paredes cavitárias. A dentina

seria considerada amolecida/cariada quando a sonda conseguisse penetrar na dentina sob pressão

firme, e endurecida/sadia quando a sonda não penetrasse.

DIAGNÓSTICO DAS LESÕES DE CÁRIE

Por que diagnosticar?

Para garantir o melhor tratamento para o paciente.

Existem diferentes métodos de diagnóstico de lesão de cárie dentária.

Os métodos apresentam falhas e pode-se, por exemplo, diagnosticar uma lesão de cárie em uma

superfície sadia (falso-positivo), ou ao contrário, diagnosticar como superfície sadia aquela que já

apresenta lesão de cárie que necessite tratamento.

O que avaliar?

Localização da lesão (superfície lisa, superfície oclusal)

Atividade da doença (ativa, inativa);

Tipo de tecido envolvido (esmalte, dentina, cemento);

Biofilme

Durante o exame clínico para diagnóstico devemos observar as características da lesão, como

localização (esmalte, dentina, cemento); Se é uma lesão ativa ou inativa;

A extensão da lesão, presença de biofilme, etc. Isso é importante para que se consiga estabelecer

a conduta adequada para cada paciente.

Como avaliar?

Inspeção visual;

Método tátil;

Exame radiográfico;

Diagnóstico por luz fluorescente, laser, etc...

INSPEÇÃO VISUAL

É o método de diagnóstico que registra e avalia as alterações que ocorrem na superfície dentária

em relação a sua coloraçãoe ao aspecto anatômico.

Para uma boa inspeção visual são necessárias superfícies dentárias limpas e secas, com uma ótima

iluminação.

Através desse método é possível detectar estágios iniciais de lesões de cárie que são caracterizados

pelo aumento da opacidade do esmalte

SONDAGEM

• Retenção em locais em que há uma alteração da morfologia dentária;

• A cavidade da lesão de cárie pode ser pequena e não detectável durante a sondagem;

• A ponta afiada da sonda pode causar dano iatrogênico e irreversível, causando a cavitação

da lesão de cárie que não estava cavitada;

• Pode servir como meio de transporte de microrganismos cariogênicos de um dente para o

outro

A sonda exploradora com ponta romba (ball point) pode auxiliar a inspeção visual, e deve ser

utilizada sem fazer pressão na superfície de esmalte.

EXAME RADIOGRÁFICO

Para que haja a detecção da lesão de cárie radiograficamente e necessário que ocorro perda

mineral.

O Exame radiográfico está indicado para diagnóstico de lesões interproximais, que não são visíveis

clinicamente e também nos acompanhamentos da evolução da doença.

MANCHA BRANCA ATIVA

Características Clínicas:

• Opaca

• Rugosas

• Sem brilho

• Localizada em esmalte

• Próxima da margem gengival

• Gengiva com características de inflamação

• Acúmulo de biofilme

• a camada mais superficial do esmalte ainda permanece íntegra

Principais microrganismos encontrados: S. mutans; S. sobrinus.

CONDUTA CLÍNICA

Lesões de cárie restritas ao esmalte podem, usualmente, serem controladas por meio do controle

do biofilme, alterações na dieta, utilização de agentes quimioterápicos

(vernizes de flúor e clorexidina) e CIV.

MANCHA BRANCA INATIVA

Características Clínicas:

Lisa

• Brilhante

• Localizada em esmalte

• Afastada da margem gengival

• Gengiva com características de saúde

• Sem presença de biofilme

CONDUTA CLÍNICA: Acompanhamento

LESÃO DE CÁRIE ATIVA EM DENTINA

Lesão irreversível, necessidade de tratamento restaurador

Pode estar localizada em superfície lisa ou em sulcos ou fissuras.

• Características Clínicas: Presença de cavidade

• Localizada em dentina

• Aspecto umedecido

• Brilhante

• Consistência amolecida

• Coloração predominante amarelo-acastanhada

Principais microrganismos encontrados: S. mutans; Streptococcus sobrinus; S. salivarius

Zona Infectada rica em microrganismos e restos celulares, consistência amolecida

Zona Afetada pela ação da microbiota acidogênica mostra-se desmineralizada e coloração

acastanhada.

CONDUTA CLÍNICA:

• Remoção parcial do tecido cariado;

• Terapia pulpar quando necessário;

• Restauração ou Reabilitação;

• Orientação de práticas alimentares e hábitos de higiene.

LESÃO DE CÁRIE CRÔNICA

lesão cariosa com baixa ou baixíssima velocidade de progressão

Característica clínicas:

Presença de cavidade

• Brilhante

• Dura

• Coloração marrom escuro ou enegrecida

CONDUTA CLÍNICA:

• Acompanhamento clínico/radiográfico;

• Restauração ou Reabilitação;

• Procedimentos preventivos;

• Orientação de práticas alimentares e hábitos de higiene.

LESÃO DE CÁRIE INATIVA

equilíbrio momentâneo ou duradouro entre o processo de desmineralização e remineralização,

podendo levar à regressão da própria cárie ou a sua paralisação no estágio em que se encontra

Característica clínicas:

• Brilhante

• Dura

• Coloração predominantemente enegrecida, superfície lisa não-retentiva

CONDUTA CLÍNICA:

• Acompanhamento clínico/radiográfico;

• Restauração ou Reabilitação;

• Procedimentos preventivos;

• Orientação de práticas alimentares e hábitos de higiene.

LESÃO DE CÁRIE EM CEMENTO

requer para seu estabelecimento a exposição deste tecido ao meio bucal

geralmente decorrente da recessão gengival (técnica de escovação incorreta) e a manutenção de

biofilme dental nesta região

Característica clínicas:

• lesões amolecidas na superfície radicular

• áreas amarelo-acastanhadas amolecidas que circundam toda a superfície da raiz.

• Normalmente apresenta maior extensão que profundidade

Principais microrganismos encontrados: Actinomyces viscosus; Actinomyces naeslundii; S.

mutans, S. sanguis, S. salivarius

LESÃO DE CÁRIE SECUNDÁRIA

são de cárie localizada ao redor ou nas margens de restaurações pré-existentes.

Principal fator desencadeante: margens fraturadas de restaurações, restaurações inadequadas ou

alterações dimensionais dos materiais restauradores utilizados, em conjunto com a ação local dos

fatores cariogênicos.

CÁRIE PRECOCE DA INFÂNCIA

lesão cariosa de grande velocidade de progressão.

Normalmente assume coloração esbranquiçada ou amarelada, com aspecto amolecido (cárie

aguda e rampante).

Principal fator desencadeante: mamadeira noturna (com ou sem açúcar) e ausência de

higienização.

Faixa etária: mais comum em crianças em amamentação ou que ingiram leite na mamadeira

Lesões de cárie envolvendo muitos ou até todos os dentes;

Evolução aguda;

Pode destruir rapidamente a coroa dental (comprometimento pulpar).

CONDUTA CLÍNICA

• Remoção parcial ou total do tecido cariado;

• Terapia pulpar quando necessário;

• Restauração ou Reabilitação;

• Orientação de práticas alimentares e hábitos de higiene

Diagnóstico Diferencial

MANCHAS BRANCAS

- CÁRIE INCIPIENTE

- HIPOPLASIA

- FLUOROSE

CÁRIE INCIPIENTE

Localização: REGIÕES RETENTIVAS(CERVICAL, OCLUSAL, PROXIMAIS)

Aspecto: Bordas irregulares acompanham o contorno cervical

Dentes afetados: DENTES PERMANENTES E DECÍDUOS

Coloração: BRANCAS OPACAS, RUGOSAS OU LEVEMENTE AMARELADAS

FLUOROSE

Localização: TODA SUPERFÍCIE DO DENTE ; PONTAS DE CÚSPIDES (snow cap)

Aspecto: Linhas difusas acompanhando as linhas de formação dos dentes; Assemelha-se a riscos

de giz

Dentes afetados: DENTES HOMÓLOGOS; DENTES DE MESMO PERÍODO DE FORMAÇÃO

Coloração: BRANCAS – FORMAS LEVES; ACASTANHADAS- FORMAS SEVERAS

HIPOPLASIA

Localização: CENTRALIZADA; SUPERFÍCIES LISAS

Aspecto: Lesão bem delimitada; Contornos oval ou arredondado

Dentes afetados: NORMALMENTE EM FACES VESTIBULARES DE UM ÚNICO DENTE OU DENTES

HOMÓLOGOS

Coloração: BRANCAS OPACAS; AMARELO- CREME; ALARANJADAS