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ROTEIRO DE REFLEXÃO LAUDATO SI’ E O SÍNODO PARA A AMAZÔNIA Maio/2020 1

ROTEIRO DE REFLEXÃO LAUDATO SI’ E O SÍNODO PARA A … · nesta terra bendita, transbordante de vida! Tocai a sensibilidade dos poderosos porque, apesar de sen rmos que já é

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Page 1: ROTEIRO DE REFLEXÃO LAUDATO SI’ E O SÍNODO PARA A … · nesta terra bendita, transbordante de vida! Tocai a sensibilidade dos poderosos porque, apesar de sen rmos que já é

ROTEIRO DE REFLEXÃO

LAUDATO SI’ E O SÍNODO PARA A AMAZÔNIA

Maio/2020

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Page 2: ROTEIRO DE REFLEXÃO LAUDATO SI’ E O SÍNODO PARA A … · nesta terra bendita, transbordante de vida! Tocai a sensibilidade dos poderosos porque, apesar de sen rmos que já é

Mãe da vida,no vosso seio materno formou-Se Jesus,

que é o Senhor de tudo o que existe.Ressuscitado, Ele transformou-Vos com a sua luz

e fez-Vos Rainha de toda a criação.Por isso Vos pedimos que reineis, Maria,

no coração palpitante da Amazônia.Mostrai-Vos como mãe de todas as criaturas,

na beleza das fl ores, dos rios,do grande rio que a atravessa

e de tudo o que vibra nas suas fl orestas.Protegei, com o vosso carinho, aquela explosão de beleza.

Pedi a Jesus que derrame todo o seu amor nos homens e mulheres que moram lá,

para que saibam admirá-la e cuidar dela. Fazei nascer vosso Filho nos seus corações

para que Ele brilhe na Amazônia,nos seus povos e nas suas culturas,

com a luz da sua Palavra, com o conforto do seu amor, com a sua mensagem de fraternidade e jus� ça.

Que, em cada Eucaris� a,se eleve também tanta maravilha

para a glória do Pai.Mãe, olhai para os pobres da Amazônia,

porque o seu lar está a ser destruídopor interesses mesquinhos.

Quanta dor e quanta miséria,quanto abandono e quanto atropelo

nesta terra bendita, transbordante de vida!Tocai a sensibilidade dos poderosos

porque, apesar de sen� rmos que já é tarde,Vós nos chamais a salvar

o que ainda vive.Mãe do coração trespassado,

que sofreis nos vossos fi lhos ultrajados e na natureza ferida,

reinai Vós na Amazônia juntamente com vosso Filho.

Reinai, de modo que ninguém mais se sinta dono da obra de Deus.

Em Vós confi amos, Mãe da vida!Não nos abandoneis nesta hora escura.

Amém.

- Este Sínodo se desenvolve ao redor da vida: a vida do ter-ritório amazônico e de seus povos, a vida da Igreja, a vida do planeta. Como refl etem as consultas às comunidades amazônicas, a vida na Amazônia se iden� fi ca, entre outras coisas, com a água. O rio Amazonas é como uma artéria do con� nente e do mundo, fl ui como veias da fl ora e fauna do território, como manancial de seus povos, de suas culturas e de suas expressões espirituais. Como o Éden (cf. Gn 2, 6), a água é nascente de vida, mas também ligação entre suas diferentes manifestações de vida, na qual tudo está interliga-do (cf. LS, 16, 91, 117, 138 e 240). “O rio não nos separa, mas nos une, ajudando-nos a conviver entre diferentes culturas e línguas”.2 (Instrumentum Laboris, n8)

- No entanto, a vida na Amazônia está ameaçada pela des-truição e exploração ambiental, pela violação sistemá� ca dos direitos humanos elementares da população amazônica. De modo especial a violação dos direitos dos povos originários, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarca-ção dos territórios e à consulta e ao consen� mento prévios. Segundo as comunidades par� cipantes nesta escuta sinodal, a ameaça à vida deriva de interesses econômicos e polí� cos dos setores dominantes da sociedade atual, de maneira es-pecial de empresas extra� vistas, muitas vezes em conivência, ou com a permissividade dos governos locais, nacionais e das autoridades tradicionais (dos próprios indígenas). Como afi r-ma o Papa Francisco, quem persegue tais interesses pareceria estar desligado, ou ser indiferente aos clamores dos pobres e da terra (cf. LS, 49 e 91). (Instrumentum Laboris, n14)

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ORAÇÃO INICIAL

FRAGMENTOS DA LAUDATO SI’ NOS DOCUMENTOS DO SÍNODO- No território amazônico não existem partes que podem sub-sis� r por si sós, apenas externamente relacionadas entre si, mas sim dimensões que existem cons� tu� vamente em rela-ção, formando um todo vital. Por isso, o território amazônico oferece um ensinamento vital para compreender de forma integral nossos relacionamentos com os demais, com a na-tureza e com Deus, como refere o Papa Francisco (cf. LS, 66). (Instrumentum Laboris, n21)

- A vida das comunidades amazônicas ainda não a� ngidas pelo infl uxo da civilização ocidental se refl ete na crença e nos ritos sobre a atuação dos espíritos, da divindade – chamada de inúmeras maneiras – com e no território, com e em rela-ção à natureza. Esta cosmovisão se resume no “mantra” de Francisco: “Tudo está interligado” (LS, 16, 91, 117, 138 e 240). (Instrumentum Laboris, n25)

- A vida das comunidades amazônicas ainda não afetadas pela infl uência da civilização ocidental se refl ete na crença e nos ritos sobre a ação dos espíritos da divindade, chamados de inúmeras formas, com e no território, com e em relação à na-tureza (LS 16, 91, 117, 138, 240). Reconheçamos que durante milhares de anos cuidaram da sua terra, das suas águas e das suas fl orestas, e conseguiram preservá-las até hoje para que a humanidade possa benefi ciar do usufruto dos dons gratui-tos da criação de Deus. Os novos caminhos da evangelização devem ser construídos em diálogo com estes conhecimentos fundamentais que se manifestam como sementes da Palavra. (Documento Final, n14)

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LEITURA BÍBLICA

ATOS DOS APÓSTOLOS 4,32-35

A mul� dão dos fi éis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava propriedade par� cular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre eles. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E todos eles gozavam de grande aceitação. Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade.

MEDITAÇÃO• Que aprendizados me trazem a Laudato Si e o Sínodo para a Amazônia

• Como tenho vivido minha experiência de comunidade? Que luzes nos são apresentadas pela Laudato Si e pelo Sínodo?

• A Laudato Si e o Sínodo ajudam a repensar o nosso lugar na sociedade frente à crise socioambiental que a� nge o mundo

inteiro. Que novas a� tudes me proponho?

- Como Igreja de discípulos missionários, suplicamos a gra-ça da conversão que “comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do en-contro com Jesus” (LS 217); uma conversão pessoal e comuni-tária que nos compromete a nos relacionar harmoniosamen-te com a obra criadora de Deus, que é a “casa comum”; uma conversão que promove a criação de estruturas em harmonia com o cuidado da criação; uma conversão pastoral baseada na sinodalidade, que reconheça a interação de tudo o que foi criado. Conversão que nos leve a ser uma Igreja em saída que entre no coração de todos os povos amazônicos (Documento Final, n18)

- Deus nos deu a terra como um dom e como tarefa, para cuidá-la e responder por ela; nós não somos seus donos. A ecologia integral tem seu fundamento no fato de que “tudo está estreitamente interligado” (LS 16). Por isso, a ecologia e a jus� ça social estão in� mamente relacionadas (cf. LS 137). Com a ecologia integral surge um novo paradigma de jus� ça, uma vez que “uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a jus� ça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o cla-mor da terra como o clamor dos pobres” (LS 49). A ecologia integral, assim, conecta o exercício do cuidado da natureza

com o da jus� ça pelos mais empobrecidos e desfavorecidos da terra, que são a opção preferida de Deus na história reve-lada. (Documento Final, n66)

(…)E isso requer que a humanidade (...) tome consciência cada vez mais das ligações existentes entre a ecologia natu-ral, ou seja, o respeito pela natureza, e a ecologia humana”.32 Essa insistência em que “tudo está estreitamente interligado” (LS, n. 16; 91; 117; 138; 240) vale especialmente para um ter-ritório como a Amazônia. (Querida Amazônia, n 41)

Para cuidar da Amazônia, é bom conjugar a sabedoria ances-tral com os conhecimentos técnicos contemporâneos, mas procurando sempre intervir no território de forma sustentá-vel, preservando ao mesmo tempo o es� lo de vida e os sis-temas de valores dos habitantes (LS, n. 144; 187). (Querida Amazônia, n51)

Se a chamada por Deus exige uma escuta atenta do grito dos pobres e ao mesmo tempo da terra (LS, n. 49), para nós “o grito da Amazônia ao Criador é semelhante ao grito do povo de Deus no Egito (Ex 3,7). É um grito desde a escravidão e o abandono, que clama por liberdade”.(Querida Amazônia, n52).

“Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazónia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazónicos.”